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CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MINAS

GERAIS

CURSO DE EDIFICAÇÕES - DEC

ESTUDO DIRIGIDO

TÍTULO: ORIGEM, FORMAÇÃO E EVOLUÇÃO DOS


SOLOS/CARACTERÍSTICAS DAS FRAÇÕES

Autor: Rafael Gonçalves de Lima

Estudo Dirigido apresentado


como trabalho parcial do 1º
Bimestre de 2020 na disciplina
Mecânica dos solos, ministrada pelo
Professor Juracy Coelho Ventura.

Aluno: Rafael Gonçalves de Lima

Turma: EDI2A
Belo Horizonte, 30 de setembro de 2020
INTRODUÇÃO
O objetivo do trabalho é entender de forma geral os conceitos relacionados a origem,
formação e evolução dos solos/características das frações. A pesquisa foi feita com
ajuda de trabalhos disponibilizados na internet para uso de estudo e referências,
juntamente ao conteúdo é inserido imagens e tabelas para melhor entendimento e
compreensão de todos os assuntos descritos. O orientador disponibilizou três
perguntas que serviram de apoio e guia para realização do trabalho, esses foram
respondidos em tópicos. Além das questões do estudo dirigido foram adicionados
informações complementares como por exemplo tipos de frações encontradas além
dos tipos de solos.
Questões:
1) Descreva os processos mais comuns de degradação e/ou decomposição das
rochas gerando os solos.
2) O que são solos residuais e solos sedimentares. Quais as características e
propriedades básicas de cada grupo;
3) Quais as frações que compõem os solos. Características e propriedades
básicas de cada uma delas.
1. ORIGEM DOS SOLOS
Todos os solos se originam da decomposição das rochas que constituíam inicialmente
a crosta terrestre. Em geral, os solos são formados pela decomposição das rochas a
partir de agentes de intemperismo, processo de transformação das rochas por
desagregação (física) ou decomposição (química) de suas estruturas, dando origem
aos sedimentos e interferindo em processos sedimentares, como a erosão, a
diagênese e a pedogênese (formação dos solos). As rochas, ao aflorarem na
superfície, tornam-se expostas aos agentes externos ou exógenos de transformação
do relevo, tais como a água e a força dos ventos. Com isso, elas desagregam-se em
processos de oxidação ou “lavagem” de suas coberturas, além de permanecerem
expostas às variações de temperatura. Todos esses efeitos são considerados eventos
intempéricos.

Figura 1 -" Os diversos tipos de rocha" - CulturaMix.com


A ação do intemperismo dá-se através de modificações nas propriedades físicas e
químicas dos minerais e rochas. Quando predominam as primeiras, fala-se em
intemperismo físico; se predominam as segundas, fala-se em intemperismo químico.
Quando há participação de seres vivos e de matéria orgânica, é classificado em físico-
biológico ou químico-biológico.
1.1 Intemperismo Físico
Consiste basicamente na desagregação da rocha, com separação dos grãos minerais
que a compõem e fragmentação da massa rochosa original. As variações de
temperatura dilatam e contraem o maciço rochoso, gerando fissuras que com o tempo
vão se alargando. Os minerais, por sua vez, possuem diferentes coeficientes de
dilatação e respondem de maneira diferente a essas variações térmicas, contribuindo
também para o fissuramento. Essas mudanças são particularmente acentuadas no
ambiente desértico, que tem dias quentes e noites frias.

Figura 2 - Esquema sobre intemperismo físico (Foto: Colégio Qi)


As variações na umidade também provocam o mesmo efeito. E, se a água que se
infiltra em fraturas da rocha sofre congelamento, o intemperismo físico é bem mais
acentuado, porque ao congelar a água aumenta em 9% o seu volume e exerce grande
pressão sobre as paredes da rocha. Quando a água que se infiltra em fraturas e
fissuras contém sais dissolvidos (principalmente cloretos, sulfatos e carbonatos) e
esses vêm a precipitar, pode igualmente ocorrer um aumento de volume e
consequente fragmentação, pois isso causa enorme pressão sobre a rocha. Esse tipo
de fragmentação é um dos principais problemas que afetam monumentos feitos com
rocha. Seja qual for a causa da fragmentação, ela sempre acaba facilitando a
penetração da água e o consequente intemperismo químico da rocha.
1.2 Intemperismo Químico
A maior parte das rochas que hoje afloram formou-se em ambiente muito diferente
daquele que há na superfície terrestre atual, onde pressão e temperatura são baixas
e onde a água e o oxigênio são muito abundantes. Como consequência, os minerais
que formam essas rochas estão hoje em desequilíbrio químico e tendem a se
transformar em outros, mais estáveis.
O principal agente do intemperismo químico é a água, que, absorvendo o CO² da
atmosfera, adquire características ácidas. Em contato com a matéria orgânica do solo,
essa água fica mais ácida ainda, o que vai facilitar seu trabalho de dissolução de
carbonatos e outras substâncias. O intemperismo químico atua através de reações de
hidratação, dissolução, hidrólise, acidólise e oxidação. Os feldspatos e as micas são
transformados em argilas, permanecendo o quartzo inalterado. A ação da água sobre
o feldspato e a biotita leva à produção de argilas, das quais a principal é o caulim.

Figura 3 - Alteração de um feldspato potássico (Foto: Colégio QI)


“Variações de temperatura provocam trincas, nas quais penetra a água, atacando
quimicamente os minerais. O congelamento da água nas trincas, entre outros fatores,
exerce elevadas tensões, do que decorre maior fragmentação dos blocos. A presença
da fauna e flora promove o ataque químico, através de hidratação, hidrólise, oxidação,
lixiviação, troca de cátions, carbonatação, etc. O conjunto desses processos, que são
muito mais atuantes em climas quentes do que em climas frios, leva à formação dos
solos que, em consequência, são misturas de partículas pequenas que se diferenciam
pelo tamanho e pela composição química.” (PINTO, Carlos de Souza. Curso Básico
de Mecânica dos Solos)
1.3 Intemperismo Biológico
O processo de transformação das rochas a partir da ação de seres vivos, como
bactérias ou até mesmo animais. Incluem-se nesse processo as raízes das árvores,
as ações de bactérias, a decomposição de organismos ou excrementos, entre outros.
É bem menos importante que os dois tipos anteriores e se dá através da ação de
bactérias que decompõem materiais orgânicos. Esse tipo de intemperismo produz os
solos mais férteis do mundo, sendo muito comum na Rússia e na Ucrânia.

Figura 4 - Intemperismo Biológico - Criocalstia

1.4 Informações Gerais


Vários são os fatores que controlam a ação do intemperismo. Os principais são o
clima, o relevo, a composição da rocha-mãe, o seu tempo de exposição e a ação dos
seres vivos. O clima é o mais relevante fator de influência e controle sobre o
intemperismo. Isso porque ele interfere na ação dos principais agentes de
decomposição e desagregação das rochas, como a água (controlada pelo regime de
chuvas) e as temperaturas. Se chove muito em uma região, aumentam os casos de
intemperismos químicos; se a estiagem se prolonga, aumentam os casos de
intemperismos físicos, uma vez que as rochas e os solos se desagregam em função
do calor. O relevo influencia o intemperismo através de suas fisionomias e
disposições. Um exemplo é a declividade. Em zonas de declives acentuados, a água
corre mais rápido, gerando um maior impacto sobre as rochas e proliferando ações
intempéricas.
“Mineral é uma substância inorgânica e natural, com composição química e estrutura
definidas” (CAPUTO). As rochas podem ser constituídas de um ou diversos minerais,
são classificadas como ígneas (ou magmáticas), sedimentares ou metamórficas.
Rochas Ígneas originam-se da solidificação do magma; Rochas Sedimentares
originam-se da consolidação de sedimentos acumulados; Rochas Metamórficas
originam-se da transformação (fisico-química) da rocha original.
2. FORMAÇÃO DO SOLO

2.1 Solos Residuais (ou de alteração ou autóctones)


São os que permanecem no local da rocha de origem, observando-se uma gradual
transição do solo até a rocha. Esse tipo de solo pode ser encontrado na região Centro-
Sul do Brasil.
Solos residuais maduro: superficial ou sotoposto a um horizonte “poroso”, e que
perdeu toda a estrutura original da rocha mãe e tornou-se relativamente homogêneo.

Figura 5 - A passagem gradual da rocha sã até o solo residual. - Manual de Pavimentação do DNIT (2006)

Recebe, ainda, a subclassificação:


- Solo Residual Jovem (ou saprolítico): segundo Balbo, “trata-se do solo que, mesmo
mantendo a estrutura de sua fábrica (veios, fissuras, xistosidades, etc), não apresenta
consistência, sendo, portanto, facilmente desmontável”.
- Solo Residual Maduro (ou laterítico): segundo Balbo, “solo que, localizado
imediatamente abaixo da superfície, é muito homogêneo e não guarda mais nenhuma
estrutura da rocha matriz”.
Os solos residuais, bastante comuns no Brasil, originam-se da decomposição de
basaltos e rochas cristalinas. São características de um perfil de solo residual
acompanhar, em geral, a topografia do terreno; intemperismo variar com a
profundidade e atuar da superfície para o interior do terreno; apresentar pontos com
diferentes resistências, matacões, significativa variação na textura e grãos angulosos.
2.2 Solos transportados ou sedimentares
São divididos de acordo com o agente de transporte:
Sedimentares: são solos cujas partículas são transportadas pela água e se
sedimentam quando a velocidade desta diminui o coeficiente para tanto.

Glaciais: transportados por geleiras.

Figura 6 - Solo Glacial - Edubucher

Eólicos: transportados pelo vento.

Figura 7 - Erosão eólica em dunas da Califórnia.


Aterros: transportados pelo homem.

Figura 8 -Aterro sobre solos moles. (Imagem: Huesker)

Solos de Aluvião (aluvionares): foram transportados e arrastados pelas águas.


Materiais mais finos tendem a ser transportados a maiores distâncias. São mais
comuns em áreas de inundação. Segundo o DNIT, solos de aluvião são boas fontes
de materiais de construção, porém péssimos materiais de fundação.

Figura 9 - Planície aluvial do rio Waimakariri, Nova Zelândia. I, Gobeirne, 2007

Solos Coluviais (coluvionares): foram transportados pela ação da gravidade. São


mais comuns em pé de elevações, encostas e etc. O DNIT menciona que são
materiais inconsolidados, permeáveis e sujeitos a escorregamentos, tornando-se
inapropriados na visão de engenharia rodoviária. Também são ditos como depósitos
de tálus, porém CAPUTO firma entendimento que há diferença: coluvionares podem
ter presença de finos e tálus são essencialmente granulares.
Figura 10 - Solo Colovial - Judite Fontes de Sintra (2016)

2.3 Solos orgânicos


São formados pela mistura de matéria orgânica, animal ou vegetal, com sedimentos
pré-existentes. Ocorrem em locais característicos, mais favoráveis ao acúmulo de
matéria orgânica: áreas adjacentes aos rios, várzeas, baixadas litorâneas, depressões
(pântanos, etc). Possuem alto teor de matéria orgânica em decomposição e
apresentam coloração escura.

Figura 11 - Solo Orgânico - Conehcimento Cientifico, 2019


Solos orgânicos e turfas, geralmente, impõe características de mole a ultramole,
formando depósitos superficiais subconsolidados em áreas onde a água cobre o
terreno ou a região, podendo ficar presente próximo à superfície na maior parte do
tempo. Na medida em que deseja-se construir, particularmente, rodovias, dever-se-á
analisar sua abrangência e particularidades, em um programa detalhado de
reconhecimento de campo, de modo a não ocasionar recalques diferenciais, quando
da utilização de uma mesma modalidade de melhoramento de solo. Sondagens triviais
como SPT, CPTU e palheta não conseguem detalhar camadas de solos orgânicos e
turfosos, principalmente, turfas fibrosas, já que possuem grande variedade
comportamental, função de sua natureza errática. Na realidade, há diferentes opiniões
com relação aos métodos de investigação, ficando evidente que qualquer discussão
sobre obras de aterros sobre depósitos de turfas inclui, necessariamente, definição do
solo de fundação, diferenciando-se a presença de turfas, solos orgânicos turfosos,
solos orgânicos e solos com teor orgânico.
Suas propriedades geotécnicas variam enormemente, podendo ser o diferencial para
a ocorrência de rupturas no solo. No final das contas, o custo desta exploração,
detalhada, costuma ser positivo, o que exige experiência do projetista.
Frequentemente, são realizados serviços de geoenrijecimento de solo, com CPR
Grouting, em trechos localizados de rodovias e particularmente em encontros de
pontes, motivado por bolsões localizados de solos orgânicos e turfas, promovendo um
poderoso processo de compressão, seguido de consolidação e total confinamento.
Tecnicamente, qualquer solo que contenha carbono é chamado de “orgânico”. Solos
orgânicos, portanto, contém quantidade significativa de material orgânico, cuja fração
coloidal ativa é o húmus. Identificar este “solo” é extretamente importante para o
contexto de uma obra, pois caracteriza-se por ser pouco resistente e bem mais
compressível do que os solos inorgânicos (minerais), razão pela qual,
tradicionalmente, evita-se estes terrenos. Na realidade, com o advento do
geoenrijecimento de solos argilosos moles e orgânicos, como o CPR Grouting, não há
mais qualquer dificuldade executiva com estes solos, conforme explicado nos
capítulos seguintes deste livro.
O termo turfa refere-se a solos altamente orgânicos provenientes, primariamente, de
vegetação, caracterizando-se por formar depósitos não consolidados, tendo alto teor
de colóides (húmus) não cristalinos. Sua cor é variável, podendo variar do marrom
escuro até o preto, tendo consistência esponjosa e forte odor orgânico. Sua
composição fibrosa, ou o que restou das plantas, às vezes, é perfeitamente visível à
olho nú, no entanto, em estágios avançados de decomposição não ficam evidências.
Em regiões próximas ao mar, depósitos de turfas e solos orgânicos, costumam ser
superficiais, aprofundando-se na medida em que interioriza. A presença da água é
fundamental para a decomposição e sua preservação. Neste contexto, torna-se
importante o equilíbrio entre chuvas e a evapotranspiração, assim como a topografia
local, pois regula as características hidrogeológicas dos depósitos destes materiais.
De um modo geral, solos orgânicos e turfas apresentam características que os
distinguem da maioria dos solos minerais, exigindo todo um cuidado em sua análise,
tendo em vista a construção a ser realizada. Alguns dos cuidados a serem tomados
são:
-Seu alto teor de umidade presente (acima de 1.500%).
-A alta compressibilidade, incluindo-se significativa compressão secundária e
terciária.
-Baixa resistência cisalhante.
-Variabilidade espacial alta.
-Propensão à decomposição favorecida pelo ambiente.
-Alta permeabilidade comparada à argila.

3. FRAÇÕES QUE COMPÕEM OS SOLOS

Dependendo da espécie mineralógica que deu origem e dos mecanismos de


intemperismo e transporte, o solo apresenta diferentes conteúdo das frações: areias,
siltes ou argilas. O tamanho relativo dos grãos do solo é chamado de textura e sua
medida de granulometria (escala granulométrica), para classificação da textura dos
solos. A Figura abaixo é apresentada a escala de textura utilizada para solo.
Os horizontes do solos ou seja, camadas que diferenciam-se entre si são formados a
partir da modificação do material original, por meio dos processos de intemperismo,
apresentando diferentes colorações de acordo com o grau de hidratação do ferro, dos
teores de cálcio e óxido de sílício, além do teor de matéria orgânica nas camadas
superficiais. O perfil do solo, é então, o conjunto dos horizontes e/ou camadas que
abrangem, verticalmente, desde a superfície até o material originário. Os solos
apresentam grande variedade ao longo de uma mesma região e entre diferentes
regiões.

Figura 12 - Escala Textural


A grande maioria dos sistemas de classificação dos solos divide as partículas sólidas,
com base nas suas dimensões, nas seguintes categorias - matacão, pedra,
pedregulho, areia, silte e argila, com a opção de dividir a areia em grossa, média e
fina. Na figura seguinte, estão representadas as frações de solo adotadas por alguns
sistemas de classificação de solos e pela Associação Brasileira de Normas Técnicas
- ABNT.

Constata-se que as partículas podem apresentar dimensões superiores a 200 mm ou


serem menores do que 0,002 mm. A relação entre esses extremos é de 10^5. À
medida que a dimensão D diminui, o número de partículas contidas na unidade de
massa aumenta proporcionalmente a 1/D³ e sua massa individual diminui na mesma
relação. Outra distinção entre as partículas finas e grossas está no valor da grandeza
denominada superfície específica que expressa a área superficial total das partículas
por unidade de massa. Admitindo como esféricas as partículas de solo, a superfície
característica de uma areia fina é 0,03 m²/g, enquanto as das argilas minerais caolinita
e montmorilonita são 10 e 1000 m²/g, respectivamente. Essa propriedade influencia
largamente a interação entre as partículas de solo. Assim, enquanto nas areias
predominam as forças gravitacionais, nas partículas de argila, pela elevada superfície
específica, atuam, predominantemente, as forças eletrostáticas responsáveis pela
interação de uma partícula com outra e com o fluido que a cerca.

3.1 Solo Arenoso


São aqueles em que a areia predomina. Esta compõe-se de grãos grossos, médios e
finos, mas todos visíveis a olho nú. Como característica principal a areia não tem
coesão, ou seja, os seus grãos são facilmente separáveis uns dos outros. Por
exemplo, pense na areia seca das praias, em como é fácil separar seus grãos. Quando
a areia está úmida ganha algo como uma coesão temporária, tanto que até permite
construir os famosos “Castelos” que, no entanto, desmoronam ao menor esforço
quando secam. A areia úmida na praia serve até como pista de corrida graças a essa
coesão temporária. Mas os solos arenosos possuem grande permeabilidade, ou seja,
a água circula com grande facilidade no meio deles e secam rapidamente caso a água
não seja reposta, como acontece nas praias. Imagine a seguinte situação -- fazermos
uma construção sobre um terreno arenoso e com lençol freático próximo da superfície.
Se abrirmos uma vala ao lado da obra, a água do terreno vai preencher a vala e drenar
o terreno. Este perderá água e vai se adensar, podendo provocar trincas na
construção devido ao recalque provocado.
Note-se que esta é uma situação clássica, e acontece diariamente na cidade de
Santos, SP, onde são muito conhecidos os prédios inclinados na beira da praia. Estes
foram feitos com fundação superficial que afundou quando mais e mais construções
surgiram ao lado pois estas, além de aumentarem as cargas no solo, ajudaram a
abaixar o nível do lençol freático que, por sua vez, já vinha diminuindo devido à
crescente pavimentação das ruas.
Estradas construídas em terreno arenoso não atolam na época de chuva e não
formam poeira na época seca. Isto porque seus grãos são suficientemente pesados
para não serem levantados quando da passagem dos veículos, e também não se
aglutinam como acontece nos terrenos argilosos. Estes, em comparação, quando
usados em estradas sem pavimentação, torna as pistas barrentas nas chuvas e na
seca formam um pisa duro. Já estradas com pisos siltosos geram muito pó quando os
veículos passam, tudo isto em função do tamanho dos grãos e de como eles se
comportam na presença da água.
Na composição do solo arenoso entram por volta de 70% de areia e 15% de outros
materiais, a exemplo da argila. Apresenta uma textura que é leve e ao mesmo tempo
possui granulações, por onde escorre a água. Inclusive o escoamento de água entre
os grãos de areia é uma das dificuldades de sobrevivência nesse tipo de solo. É que,
ao escoar assim facilmente, a água leva quase todo sal mineral e empobrece o solo
de nutrientes. Outro fator a ser observado é que, além de escoar água com rapidez,
ele seca na mesma velocidade. Bastante presente na Região Nordeste brasileira, nele
se desenvolvem algumas espécies de plantas e também micro-organismos. Observe-
se inclusive que o solo arenoso é deficiente em cálcio e apresenta o PH ácido, isso
também explica o baixo teor de matéria orgânica. Esse solo tem alta possibilidade de
erosão, assim pela água como pelo vento, fator que se intensifica na ausência de
plantação.
O solo arenoso pode ser utilizado no uso para a agricultura, requer alguns cuidados
especiais, a fim de preservá-lo por ser mais sensível. Umas das técnicas de
conservação é a estratégia de manejo sustentável. Deve ser empregado também o
sistema de plantio direto, a rotatividade de culturas, a utilização de adubação orgânica
e aplicação do revezamento lavoura e pecuária. Isso evita o grande mal desse tipo de
solo, que é a erosão. A carência de nutrientes pode ser suprida com a aplicação de
resíduos vegetais e adubos orgânicos, a exemplo do bagaço de cana e do esterco de
gado. Outros minerais que podem ser aplicados é o fósforo e o potássio, que
contribuem para sua melhoria. Deve ser dada atenção, no entanto, ao índice de acidez
desse solo, que pode ser controlada com a adição de calcário. Esse mineral estabiliza
o PH, deixando-o mais alcalino, o que favorece o cultivo.
Se for plantar grama, deve-se irrigar levemente, mas de forma frequente, o que evita
o desperdício de água. Importante igualmente aguardar que a grama sinta
necessidade de água, com sinais de ressecamento. Há inclusive a possibilidade de
se manter a umidade no solo arenoso, que é o tratamento realizado com a turfa. Trata-
se de material de origem vegetal e que tenha sofrido parcial decomposição, formado
por juncos, árvores etc.

Figura 13 - Solo Arenoso

3.2 Solo Argiloso


O terreno argiloso caracteriza-se pelos grãos microscópicos, de cores vivas e de
grande impermeabilidade. Como consequência do tamanho dos grãos, as argilas:
• São fáceis de serem moldadas com água;
• Têm dificuldade de desagregação.
• Formam barro plástico e viscoso quando úmido.
• Permitem taludes com ângulos praticamente na vertical. É possível achar terrenos
argilosos cortados assim onde as marcas das máquinas que fizeram o talude duraram
dezenas de anos.
Em termos de comportamento, a argila é o oposto da areia. Devido à sua plasticidade
e capacidade de aglutinação, o solo argiloso é usado há milhares de anos como
argamassa de assentamento, argamassa de revestimento e na preparação de tijolos.
As lendárias Torres de Babel, assim como todas as edificações importantes da
Babilônia, foram feitas de tijolos de barro cozidos ao sol.
Figura 14 - Tipos de solo: canteiro de obra com solo argiloso

A maior parte do solo Brasileiro é de solo argiloso e este tem sido utilizado de maneiras
diferentes ao longo da nossa história, desde a taipa de pilão do período colonial até
os modernos tijolos e telhas cerâmicas, sem falar dos azulejos e pisos cerâmicos.
Os grãos de argila são lamelas microscópicas, ao contrário dos grãos de areia que
são esferoidais. As características da argila estão mais ligadas à esta forma lamelar
dos grãos do que ao tamanho diminuto. Quando não há argila nas imediações vai se
buscar onde ela estiver disponível, em regiões que passam a ser denominadas “área
de empréstimo”.

Figura 15 - Solo Argiloso

A terra roxa é um dos principais tipos de solo argiloso, de coloração vermelho-roxeada,


encontrada nos estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina,
Rio Grande do Sul; e também na Argentina chamada de “tierra colorada”.
Figura 16 - Terra Roxa

Considerado bastante fértil (presença de diversos minerais), este tipo de solo é muito
indicado para a prática da agricultura, principalmente para a cultura de café. Nesse
ínterim, vale lembrar que o nome “terra-roxa” surgiu da influência dos imigrantes
italianos que trabalham nas fazendas de café no Brasil nos séculos XIX e XX. Assim,
o termo “rosso”, que na língua italiana significa “vermelho”, ficou traduzido no
português como “terra roxa”.

3.3 Solo Siltoso


Esse tipo de solo é quase que um intermediário entre o argiloso e o arenoso. O silte
também é uma substância com partículas pequenas, mas sua ligação molecular não
é tão forte como a da argila. Estradas feitas com solo siltoso formam barro na época
de chuva e muito pó quando na seca. Cortes feitos em terreno siltoso não têm
estabilidade prolongada, sendo vítima fácil da erosão e da desagregação natural
precisando de mais manutenção e cuidados para se manter.

Figura 17 - Solos Siltosos

Devido a essa característica, ele não é muito interessante na construção. Quando


ele está presente em uma obra, é importante contar com a ajuda de um geólogo
para identificar as possibilidades no terreno.
O solo siltoso é pouco encontrado em seu estado puro, geralmente ele é identificado
em mistura com o solo argiloso ou arenoso.

Figura 18 - Tipos de solo: solo siltoso

3.4 Tamanho das partículas

A primeira característica que diferencia os solos é o tamanho das partículas que os


compõem.
Fração Lim. Inferior Lim. Superior

Bloco de rocha >1m -


Matacão 20cm 1m
Pedra de mão 6cm 20cm
Pedregulho Grosso 2cm 6cm
Pedregulho Médio 6mm 2cm
Pedregulho Fino 2mm 6mm
Areia Grossa 0,6mm 2mm
Areia Média 0,2mm 0,6mm
Areia Fina 0,06mm 0,2mm
Silte 0,002mm 0,06mm
Argila - <0,002mm

3.5 Constituição mineralógica


Os minerais encontrados no solo são basicamente os mesmos que constituem a
rocha matriz. Podem ser divididos em:
3.5.1 Fração grossa
3.5.1.1 Silicatos (quartzo, feldspato, mica, clorita, etc)
Os minerais silicatados ou simplesmente silicatos constituem a maior e mais
importante classe de minerais constituintes das rochas. Classificam-se de acordo
com a estrutura do seu grupo aniônico silicato, dependendo da razão entre seus
átomos de silício e oxigênio.

Figura 19 - Feldspato - Cristais de Curvelo

3.5.1.2 Óxidos (hematita, magnetita, limonita)

Figura 20 - Mecanica dos solos I Pedogênese - Diana Barbosa Faria, 2013


3.5.1.3 Carbonatos (calcita, dolomita)
Os carbonatos são sais inorgânicos ou seus respectivos minerais que apresentam na
sua composição química o íon carbonato CO32−.
Uma solução aquosa de dióxido de carbono contém uma quantidade mínima de
H2CO3, chamado ácido carbônico, que se dissocia formando íons hidrogênio ( H+ ) e
íons carbonato. O ácido carbônico seria um ácido relativamente forte se existisse na
forma pura, porém o equilíbrio favorece o dióxido de carbono e, sob tais condições,
são soluções razoavelmente fracas. Nos sistemas biológicos a enzima “anidrase
carbônica” catalisa a conversão entre o dióxido de carbono e os íons carbonatos.
O termo carbonato é usado para referir-se a sais e a minerais que contém o íon. O
mais comum é o calcário, ou carbonato de cálcio. O processo de remoção destes sais
é denominado calcinação.

Figura 21 - Mineralogia - Joaquim Pestana, 2014

3.2.1.4 Sulfatos (gesso, anidrita)


Minerais que tenham na sua constituição, o ião/íon sulfato: SO42-

Figura 22 - Anidrita - Alcione,2006


3.2.2 Fração fina
Com composição mais complexa, destacam a sílica (SiO2) e os sesquióxidos
metálicos. Principais grupos argílicos:
-Caulinitas, ilitas e montmorilonitas

Figura 23 - Caulinita, Wikimedia

Minerais formados pela associação de uma camada tetraédrica e uma camada


octaédrica (1:1). A ligação entre as estruturas é feita pelo hidrogênio, que é uma
ligação forte.

Figura 24 - Estrutura da Caulinita

Essa ligação forte impede a separação das estruturas, bem como a entrada de
moléculas de água.

Figura 25 - Modelo estrutural da caulinita (argilomineral do tipo 1:1).


Conclusão
Neste trabalho abordamos o assunto referente ao processo de transformação do solo
descrevendo sua origem e formação, explicando também a ação do intemperismo,
entende-se que este é um processo extremamente lento, porém necessário para
entender as formações do solo. Com o estudo de temas sobre granulometria e frações
do solo, entendemos um pouco mais dos constituintes de nossa base, os solos,
podendo assim diferencia-los quando necessário e estando aptos a trabalhar da
melhor maneira possível em qualquer tipo de solo que encontrarmos.
Pode-se entender especificamente de maneira mais clara os tipos de solo e os usos
deles no dia a dia, explicação extremamente necessária para entender como e onde,
principalmente, construir uma edificação. Entende-se, por exemplo, que algumas
cautelas devem ser observadas no trato com os solos arenosos. Não se deve construir
em terrenos próximos aos lençóis freáticos, evitando-se dessa forma rachaduras na
estrutura. Sabe-se também que os solos argilosos se distinguem pela alta
impermeabilidade. Aliás, são tão impermeáveis que se tornaram o material preferido
para a construção de barragens de terra, claro que devidamente compactadas. O
usual em relação aos solos siltosos é se utilizar de estacas mais profundas para a
fundação nesses tipos de solo, porém com uma escavação mais profunda, para evitar
problemas com a movimentação do solo, lençóis freáticos e tempestades que podem
resultar em, no caso de encostas, escorregamentos. Portanto conclui-se que o estudo
científico do solo, a aquisição e disseminação de informações do papel que o mesmo
exerce na natureza e sua importância na vida do homem, são condições primordiais
para sua proteção e conservação, e uma garantia da manutenção de meio ambiente
sadio e autossustentável.
Cumprimos todo o objetivo proposto e mais do que isso, o uso de informações
adicionais sobre a constituição mineralógica exemplificando frações grossas e frações
finas presentes no solo terrestre. A diferença dos tipos de solo desde sua origem,
descrevendo seu transporte para fixação, relatando em alguns casos até mesmo os
processos erosivos, suas granulometrias, exemplos de influência desses solos no
Brasil, até mesmo formações químicas de algumas rochas, tudo isso foi contemplado
neste trabalho. As três questões propostas pelo orientador foram muito bem
respondidas cumprindo assim o objetivo principal do estudo dirigido.
REFERÊNCIAS

BITTENCOURT, Prof. MSc. Douglas M. A. SLIDES 02 – Capítulo 1 - Origem e


formação dos solos, GEOTECNIA I. Disponível em:
http://professor.pucgoias.edu.br/sitedocente/admin/arquivosUpload/17430/material/P
UC_GEOI_02_Cap1_Origem%20e%20forma%C3%A7%C3%A3o%20dos%20solos.
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