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Uma cidadania plena, que conjugue liberdade, participação e igualdade para todos, é um ideal,
talvez, inatingível. Contudo, em um país marcado por graves problemas de ordem social, em
que direitos são desrespeitados, inefetivos ou mesmo inexistem, e cuja problemática da
desigualdade e da injustiça, vigente desde a colonização, ainda persiste, é de fundamental
importância compreender os alicerces do desenvolvimento e da consolidação dos direitos do
povo.
Os conceitos dos direitos que, combinados, constituem tal plena cidadania, são bem
conhecidos. Os direitos civis têm como fundamento a liberdade individual, abrangendo os
direitos à vida, à liberdade, à propriedade e à igualdade perante a lei. Os direitos políticos
pressupõem a participação do cidadão na política da sociedade, isto é, consiste na capacidade
de organizar partidos, de votar e de ser votado e de manifestar-se politicamente. Por último,
há os direitos sociais, que incluem a educação, o trabalho, a saúde e a renda justa e têm como
base a justiça social e a igualdade material.
Não se intentará aqui uma análise integral acerca do surgimento sequencial desses direitos. A
especificidade do período objeto deste trabalho destina-se a garantir uma melhor
compreensão do nascimento do fenômeno histórico da cidadania no nosso país. A demarcação
do Império como ponto de partida da análise faz-se coerente uma vez conhecido o avanço que
nossa primeira Constituição representou no que tange aos direitos políticos, despontando, de
fato, em que pesem sua precariedade e simbologia, o início da construção cidadã no Brasil.
Condizente também se faz, de igual modo, a inserção do ano de 1930, término da Primeira
República, como ponto de chegada, visto sua característica de divisor de águas na história
brasileira, a partir do qual avançaram as mudanças sociais e políticas com o advento do Estado
Social de Vargas e com a Constituição de 1934.
O presente artigo pretende, nessa ordem de referência, estudar o modo inicial com que se
delinearam os direitos do cidadão no Brasil, tendo como objeto de análise os dois sujeitos
envolvidos no processo: o Estado Brasileiro e a sociedade civil. Do primeiro buscar-se-á
abordar, particularmente, a partir da análise dos pressupostos de seus esforços na construção
dos ideais dos direitos do cidadão, sua atuação diante dos direitos sociais. E do segundo
objetiva-se colher sua participação nos caminhos tortuosos que tem seguido nossa cidadania.
Séculos de hegemonia da escravidão e da grande propriedade impediram a formação de
verdadeiros cidadãos na colônia. Inexistiam, à grande maioria da população, os direitos civis
básicos da liberdade, das manifestações, da integridade e da própria vida, dada a dependência
absoluta dos escravos, parte considerável da população, perante seus senhores, que podiam
servir-se daqueles como instrumentos. Não havia um poder que se pudesse chamar de
público, estando a justiça e as funções essenciais da administração a cargo do interesse e do
domínio dos particulares mais poderosos, como os latifundiários e a Igreja Católica. Tal quadro
permaneceu praticamente inalterado mesmo com nossa independência de Portugal, a qual,
como sabido, não implicou mudanças significativas na conjuntura vigente.
A Constituição de 1824 regulou os direitos políticos e, para os padrões da época, era muito
liberal, podendo votar quase toda a população masculina. Embora excluídos do voto as
mulheres e os escravos, a concessão desses direitos aos analfabetos implicou a consolidação
de uma das legislações mais liberais do período.
Na prática, contudo, os brasileiros que votavam eram os mesmos que sofreram as amarras da
colonização. Em quase sua totalidade, eram analfabetos, incapazes de ler um texto elementar
e sem prática alguma de exercício cívico. Com a submissão escravocrata ao senhorio, e com
90% da população vivendo em áreas rurais, não é difícil concluir que o voto não representava o
exercício da cidadania, mas, sim, um ato de obediência e de lealdade aos chefes políticos que
dele se aproveitavam para barganhar apoio e oferecer mercadorias a uma população carente
e, sobretudo, sem noção suficiente do significado do direito que “conquistaram” (CARVALHO,
2001).
O constitucionalismo do Império introduziu no país uma forma de organização do poder cujas
ideologias seguiam os princípios fundamentais da ideologia liberal. No entanto, tentou-se
impor um modelo que não refletia a realidade das instituições e estruturas políticas brasileiras
nem garantia sua concreta implementação. O próprio Poder Moderador, “chave de toda a
organização política”, segundo o texto constitucional, impedia a convivência harmônica entre
os três poderes e delegava ao imperador atribuições múltiplas que inibiam a difusão dos
preceitos liberais inseridos formalmente. Sob o manto de um Estado liberal, consubstanciado
no texto constitucional de 1824, escondia-se um poder público cujas práticas e costumes
inviabilizavam o alcance ao povo do real sentido de cidadania como a consciência de subsistir
como sujeito de direitos e deveres perante o Estado. Intocável a observação de Laurentino
Gomes:
Inspirado no modelo europeu, o sistema judicial brasileiro era igualmente exemplar. Pela
Constituição, todo cidadão – categoria na qual não estavam incluídos os escravos – tinha
direito de recorrer à Justiça para assegurar os seus direitos. O ritual previa amplo direito de
defesa dos réus, só passíveis de condenação depois de esgotados todos os recursos. Ninguém
podia ser preso sem culpa comprovada. O direito de liberdade de expressão era tão amplo no
Brasil quanto nos países mais desenvolvidos. Na prática, a execução da lei dependia mesmo
dos chefes locais, que mandavam prender adversários ou soltar aliados de acordo com suas
conveniências. ‘O braço da justiça não é nem bastante longo nem bastante forte para abrir as
porteiras das fazendas’, escreveu Joaquim Nabuco, ao fazer um retrospecto das instituições
imperiais em 1886” (GOMES, 2013, p. 105).
A proclamação da República em 1889 e a libertação dos escravos no ano antecedente
representaram o surgimento de uma alternativa excepcional ao Brasil. Era a possibilidade de
se criar um regime fundado na soberania popular e no exercício pleno da cidadania, esta
ampliada, inclusive, aos setores da população anteriormente marginalizados do jogo político
(DORIGO; VICENTINO, 1999).
No entanto, mais uma vez, em nossa história, deflagra-se um acontecimento de relevante
expressão nacional desacompanhado de medidas voltadas a surtir efeito verdadeiramente
positivo na realidade. As instituições se revelavam impotentes para romper a tradição, o
costume, a imaturidade cívica e os vícios sociais radicados. A ordem constitucional
formalmente estabelecida não era acompanhada na prática, na qual a organização social e as
demais vicissitudes da jovem nação republicana ainda mantinham os costumes do legado que
herdara. Percebia-se a impossibilidade de se alterar a conjuntura vigente apenas com leis
meramente codificadas.
A Constituição Republicana de 1891 eliminou a participação dos analfabetos, constante do
texto de 1824, restringindo significativamente a atuação da sociedade na formação dos
governos representativos e, portanto, esmagando o direito político de quase 90% do
eleitorado. Se a tendência dos países cuja democracia amadurecia era no sentido de ampliar
os direitos de voto, isto é, de participação política, o Brasil, lamenta-se, retroagiu.
Lima Barreto (1998, p.87) descreve a “república imaginária” em seu clássico “Os
bruzundangas”, em que, com efeito, o autor já advertia que “de há muito os políticos práticos
tinham conseguido quase totalmente eliminar do aparelho eleitoral este elemento
perturbador”, qual seja o voto.
Em 1886, estima-se que apenas 0,8% da população total votou nas eleições parlamentares.
Somado a isso, algumas mudanças, como a extinção do Poder Moderador, do Conselho de
Estado, do Senado vitalício e a introdução do Federalismo, embora tivessem escopo
democratizante de descentralização do poder, não vieram associadas a igual expansão da
cidadania política e implicaram a formação de oligarquias cujos interesses individuais
consubstanciaram uma prática política de consequências extremamente negativas. As práticas
eleitorais fraudulentas multiplicavam-se, as eleições eram cada vez mais compradas, e o voto
dos eleitores era simples retórica.
Durante toda a Primeira República, de modo semelhante ao que se via em relação ao sistema
eleitoral, os direito de liberdade, de propriedade e de manifestação encontravam-se no poder
dos coronéis. Num país predominantemente agrícola até 1930, o domínio exercido pelos
grandes latifundiários, claramente, impedia a participação política ao negar os direitos civis.
Sua lei e seu poder imperavam, e o controle sobre seus súditos dava-se nos mais diversos
segmentos da sociedade.
A justiça, pois, controlada pelos agentes privados, na verdade inexistia, e a lei, que deveria ser
instrumento de igualdade, era utilizada aos sabores de grupos particulares, tornando-se objeto
de castigo e perseguição contra inimigos, mas, ao mesmo tempo, de agrado e benevolências
para com os aliados. Desse modo, inviabilizavam-se as condições idôneas ao exercício dos
direitos dos cidadãos.
Durante o período aqui analisado, houve indícios de surgimento de uma cidadania consciente
e participativa, de modo que não se pode desprezar o valor das manifestações que, de fato,
mesmo que não frequentes, ocorreram, como demonstra a historiografia nacional. Embora
raras, apareceram como o marco inicial em nossa história da crença na existência de direitos,
os quais, como se viu, sofriam intensamente a opressão de um sistema que, dia a dia, foi
mostrando-se incapaz de alterar a realidade injusta e insuportável à população.
Convém, no entanto, que se diga que todos esses movimentos deram-se, muito mais, como
reação aos arbítrios do grupo dominante do que, verdadeiramente, pelo interesse de
reivindicar tudo aquilo que parecia razoável. Com efeito, o povo mostrava ter alguma noção
dos direitos dos cidadãos e dos deveres do Estado, embora a cidadania não se manifestasse de
forma propositiva. Eram manifestações reativas, de modo que o Estado era aceito desde que
não interferisse nos valores e elementos julgados essenciais pelos cidadãos. O povo assistia
aos acontecimentos políticos nacionais, mas pouco reivindicava, atentando apenas para
possíveis atuações do governo que lhes parecessem prejudiciais.
Finalmente, se extremamente precários eram os direitos civis e políticos, certo é não haver
como falar de direitos sociais no período em discussão. A assistência social, em quase sua
integralidade, estava no controle de entidades particulares. Irmandades religiosas e
sociedades privadas ofereciam a seus membros apoio em forma de empréstimo, auxílio-
seguro, tratamento de saúde, benefícios à aposentadoria e atendimento de caridade aos
pobres, proporcionalmente à contribuição de cada membro. O governo pouco cuidava de
legislação trabalhista e de proteção ao trabalhador. Não cabia ao Estado promover a
assistência social, o que ficou claro com o retrocesso de 1891, quando a Constituição
Republicana retirou do Estado a obrigação de fornecer a educação primária, constante do
texto de 1824, e proibiu a interferência do governo federal na regulamentação do trabalho,
vendo tal atuação como violação da liberdade do exercício profissional.
Não se despreza que houve medidas importantes na área, como o reconhecimento dos
sindicatos como legítimos representantes dos operários, o estabelecimento da
responsabilidade dos patrões pelos acidentes de trabalho e a criação do Conselho Nacional do
Trabalho e de uma Caixa de Aposentadoria e Pensão para os ferroviários, mas as intenções
padeciam de efetividade, e as poucas leis elaboradas relacionadas com a matéria não surtiram
efeitos práticos, como é o caso do Código de Menores de 1927 e de uma lei de 1926 que
regulou o direito de férias.
O constitucionalismo do Império manifestou uma sensibilidade precursora para o social,
criando o germe de uma declaração social de direitos, nascida sob o bojo da Declaração dos
Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, expressando sua preocupação, por exemplo, com
os problemas do desemprego e da educação primária. No entanto, os dispositivos ligados à
questão social eram praticamente desconhecidos, constituindo meras considerações de
problemáticas existentes, que não foram inseridas no âmbito de atuação das políticas públicas
e não tinham destinação específica. (ANDRADE; BONAVIDES, 1991).
Revela-se evidente que não se cogitava de promover igualdade material nem assistência
social. Outrossim, quase a totalidade das medidas restringia-se ao meio urbano, ficando o
poder no campo exercido quase plenamente pelos coronéis, que, além de controlarem a
justiça e a política, representavam o único meio de que se podiam valer os trabalhadores no
atendimento de suas necessidades relevantes Era a promiscuidade entre interesses públicos e
privados, presente durante praticamente todo o período em comento. Cerqueira Filho (apud
WOLKMER, 1989, p.46) comenta:
[...] a ‘questão social’ não aparecia no discurso dominante senão como fato excepcional e
episódico, não porque não estivesse já, mas porque não tinha condições de se impor como
questão inscrita no pensamento dominante. Por isso, popularizou-se, na Primeira República, a
sentença: ‘a questão social é um caso de polícia’. Não se inscrevendo como questão no
pensamento dominante, ela era, ao contrário, a grande questão para o pensamento marginal e
dominado. As classes dominantes, na medida em que mantinham o monopólio do poder
político, detinham, simultaneamente, o monopólio das questões políticas legítimas. [...] a
‘questão social’, por ser ilegítima, não era uma ‘questão’ legal, mas ilegal, subversiva e que,
portanto, deveria ser tratada no interior dos aparelhos repressivos do Estado.
Torna-se nítido perceber a fragilidade e a precariedade da cidadania no período ora aferido. Se
limitados e vulneráveis eram os direitos civis e políticos, não se pode deixar de constatar a
quase completa ausência de políticas públicas sociais. Não cogitando o Estado de promover
assistência social, não se pode analisar sua real atuação no que concerne aos direitos sociais, o
que só pode ser realizado a partir do momento em que ele se reconheça como ente
institucionalmente responsável em promover igualdade material e justiça social, mediante
atuações positivas consignadas em legislações específicas. E não é outro o objetivo precípuo
desse trabalho senão a constatação dessa proposição.
Conclusão:
No período histórico compreendido entre 1824 e 1930, no Brasil, constata-se a inexistência de
uma preocupação com políticas prestacionais por parte do Estado, já que este não se reputava
um ente institucional responsável por promover igualdade e justiça material, encontrando-se
as iniciativas a respeito, em quase sua totalidade, a cargo dos particulares. As poucas medidas
adotadas na área revelaram-se bastante tímidas e não surtiram efeito prático significativo.
A HISTÓRIA E A LUTA DA COMUNIDADE NEGRA
BRASILEIRA QUE RESULTOU NA CONQUISTA DE
DIREITOS CONTEMPORÂNEOS
A escravidão no Brasil
No trabalho do dia a dia havia divisão por sexo, sendo que, enquanto os
homens faziam os trabalhos mais pesados como corte de lenha,
desmatamentos, perfuração ou escavação de poços, as mulheres eram
utilizadas no corte da cana e na produção do açúcar. Algumas mulheres
também realizavam trabalhos domésticos, mas a grande maioria era
utilizada em serviços natureza rural.
A rotina de trabalho dos escravos nas fazendas de café era árdua, pois,
eles se levantavam antes do sol raiar, se dirigiam aos cafezais a pé ou
em carros de boi e lá passavam 15 horas por dia trabalhando. Quando
voltavam na sede da fazenda, ao anoitecer, ainda eram obrigados a
cortar lenha, preparar comida e torrar o café. Se recolhiam nas senzalas
feitas de pau a pique e sapé por volta das 10 horas da noite (MATTOS,
2012, p. 109).
Quilombos
Ocorre que, o acordo firmado por Ganga Zumba não foi consenso entre
os quilombolas de Palmares. Além disso, o acordo não foi cumprido
pelo Governo de Pernambuco e os quilombolas que se dirigiam a
Cucaú foram reescravizados.
Abolição da escravatura
Os efeitos da Lei do Ventre Livre não tiveram tanto efeito, eis que, o filho
de escravos, ao nascer, permanecia sob a tutela de seus pais escravos
até atingir 8 anos de idade. Nesse momento, o proprietário escolhia
entre receber uma indenização ou explorar gratuitamente o trabalho
escravo desse menor até que ele atingisse a maioridade aos 21 anos de
idade. (VICENTINO e DORIGO, 1997, p. 255).
MATTOS (2012, p. 150) aponta que “no senado, alguns políticos também
discursavam em favor da liberdade. Até mesmo na Corte essa ideia
tornou-se viável, em particular, pela Princisa Isabel [...].
Conclusão
O presente trabalho mostrou o contexto histórico da luta da
comunidade negra desde os tempos em que escravidão negra estava
concentrada na África. A escravidão de negros por negros na África
tinha como motivo, guerras, dívidas, punições, sacrifícios religiosos,
entre outros. Logo houve o interesse de europeus e asiáticos na
comercialização de escravos, o que, acabou se expandindo para o
continente americano em razão das grandes navegações a partir do
século XV.
Revolta dos malês
No século XIX aconteceram várias revoluções pelo Brasil. Esses movimentos ocorreram por
causa da insatisfação de boa parte da população. Com os escravos não era diferente. Eles
queriam deixar de exercer o trabalho forçado e passar por constrangimentos como: abusos
sexuais, humilhações públicas, torturas, violências físicas e psicológicas.
A data escolhida pelos líderes para realização do motim não foi aleatório. Na verdade, ela
representava o “Ramadã” - período mais importante para os muçulmanos, no qual
acontecem muitas preces e jejuns. A rebelião ocorreu justamente no final do mês de jejum,
25 de janeiro.
Os escravos queriam se livrar das péssimas condições em que levavam as suas vidas e, por
isso, desejavam o fim da escravidão. Na Bahia, a insatisfação com o sistema político e
econômico que imperava pelo Brasil também era comum entre os escravizados . Além
desses fatores, lutaram pela liberdade religiosa, pois eram obrigados a aderir o catolicismo.
A revolta dos Malês foi liderada por Luís Sanim (pertencente ao povo tapa, conhecido
também como nupes), Manoel Calafate, Pacífico Licutan e outros. Ela aconteceu no centro
da cidade de Salvador - Bahia e começou com um ataque ao Exército, para libertar os
escravos dos engenhos e tomar o controle da cidade.
Outros líderes da revolta dos Malês, a maior parte nagô, foram: Ahuna; Dassalu ou Damalu;
Elesbão do Carmo ou Dandará (haussá); Gustard e Sule ou Nicobé.
“Malê” é um termo que se origina da palavra “imalê”, que por sua vez tem origem na língua
iorubá. Na língua iorubá significa “muçulmano” e é um idioma referente à família linguística
nígero-congolesas.
Objetivo
A história do bairro, por sua vez, confunde-se com a expansão da malha ferroviária
paulista. Em 1867 foi inaugurada a estação Perus, como extensão da São Paulo
Railway, a ferrovia Santos-Jundiaí (hoje linha 7 Rubi da CPTM), o tronco irradiador do
desenvolvimento do estado na época. Tanto essa estação quanto sua conexão com a
já citada estrada de ferro Perus-Pirapora permitiram o adensamento populacional das
redondezas e a instalação de fábricas e comércios na região.
Em 1951 o deputado federal José João Abdalla assume a gestão da Fábrica de Perus,
integrando-a ao seu império. Além de deputado, Abdalla foi secretário do trabalho do
governador Ademar de Barros, entre 1950 e 1951, e era proprietário de fazendas,
bancos, pedreiras e ferrovias. Foi a partir desse momento que os conflitos entre
patrão e empregados começaram a se acirrar. Abdalla tinha fama de não pagar em dia
seus empregados e, na década de 1950, era tratado pelos jornais de grande circulação
como um “mau patrão”.
É nesse contexto, de primeiros anos de uma nova gestão, que eclode a primeira greve
na Fábrica de Perus. Em 1958 os operários paralisaram suas atividades por 46 dias,
reivindicando aumento salarial proporcional à valorização do cimento.
Foi nesse contexto da greve de 1958 que o apelido “queixadas” foi criado, para
designar o ímpeto de união e justiça existente entre os trabalhadores da Fábrica de
Cimento Portland Perus.
Outra passagem importante da história dessa greve foi sua repercussão positiva na
mídia paulistana e a simpatia por parte de Jânio Quadros, governador de São Paulo na
época.
Quarenta e seis dias depois do início da greve, os queixadas, recém-batizados,
conquistaram sua primeira vitória. Firmou-se um acordo que cedeu 40% de reajuste
salarial, o direito de retorno dos grevistas ao trabalho e o pagamento dos dias de
paralisação.