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AULA 1

TECNOLOGIAS PARA A
INDÚSTRIA 4.0

Prof. Gabriel Vergara


TEMA 1 – REVOLUÇÕES INDUSTRIAIS

Para termos um bom norte do ponto em que a tecnologia está e como ela
se transformou, é de fundamental importância entendermos como se procedeu
cada uma das revoluções industriais. Observa-se aqui que a tecnologia não segue
uma função linear. Logo, os saltos tecnológicos são diferenciados para cada uma
das revoluções industriais, sendo elas, geralmente, ocasionadas por uma
necessidade.

1.1 Primeira Revolução Industrial

A Primeira Revolução Industrial ocorreu em 1760 e representou um grande


marco na história, que vem a ser a mecanização. Tal necessidade foi ocasionada
pela escassez de produtos manufaturados artesanalmente, pois já não eram mais
suficientes produções pontuais. Logo, uma sinergia entre as famílias se fazia
necessária no intuito de produzir bens e serviços para atender a uma demanda
crescente. Considerando essa sistemática, as indústrias começaram a
predominar no mundo bem como a utilização de diferentes fontes de energia.
O desenvolvimento das máquinas de tecer e fiar teve grande
representatividade para a referida revolução industrial, mudando a natureza da
manufatura no sentido de levar a produção de roupas para outro patamar —
agora, em grande escala. Por sua vez, a invenção da máquina a vapor por James
Watt, em 1769, não apenas substituiu os navios de madeira movidos pelo vento
por navios movidos a carvão, mas também provocou uma revolução no transporte
marítimo, mudando a natureza da economia mundial (Sacomano, 2018).

Figura 1 – Indústria têxtil

Fonte: Michael Warwick/Shutterstock.

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Figura 2 – Primeira máquina a vapor

Fonte: Antonia Reeve/Wikimedia Commons.

Em 1794, o industrial americano Eli Whitney inventou o gim de algodão,


que tinha por finalidade separar as sementes do respectivo tecido da matéria
prima, o que ocasionou um novo impulso à revolução industrial em andamento na
Grã-Bretanha. A referida invenção surgiu de uma necessidade de resolver um
problema e acabou se transformando em uma matéria-prima utilizada
extensivamente nas indústrias.
Como a maioria das invenções da Primeira Revolução Industrial ocorreu na
Grã-Bretanha, esta se tornou a primeira economia industrial moderna.
Posteriormente, tais tecnologias se difundiram para a Europa Ocidental e a
América do Norte, dando origem a economias industriais modernas nessas partes
do mundo.

1.2 Segunda Revolução Industrial

A Segunda Revolução industrial ocorreu entre 1870 e 1914, sendo


caracterizada por muitos avanços na tecnologia e nas fábricas, o que possibilitou
produzir mais mercadorias e produtos a serem vendidos. Essa revolução industrial
foi marcada pelos avanços em massa na agricultura, manufatura e transporte, que

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começaram na Grã-Bretanha, seguiram para a Europa e América do Norte e, em
seguida, rapidamente para o restante do mundo. O período da referida revolução
foi marcado por inúmeras invenções e significativas contribuições em aspecto
mundial.
Resgatando o aspecto da utilização de diferentes fontes de energia da
Primeira Revolução Industrial, uma das principais causas da segunda revolução
foi devido a recursos naturais e novas fontes de energia. Ressalta-se, ainda, a
oferta abundante de mão de obra, forte política governamental e as ferrovias que
revolucionaram o setor de transporte. Tais fatos proporcionaram um padrão de
vida melhor. Entretanto, originou um aumento de desemprego devido às máquinas
que assumiam o emprego do ser humano. Apesar desse revés, os custos e preços
de produção caíram drasticamente e houve um rápido aumento da produtividade,
o que promovia maior utilização dos recursos naturais, sendo os mais corriqueiros
carvão, petróleo, ferro e minério.
Por fim, outro ponto de destaque do referido período foi em relação às
invenções, tanto proporcionada por americanos como também pelos imigrantes.
Dá-se destaque à eletricidade, ao telefone e à linha de produção do Ford T.

Figura 3 – Produção em massa do Ford T

Fonte: Brunt, 2018.

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Figura 4 – Utilização de eletricidade

Fonte: Dorsey, 2018.

1.3 Terceira Revolução Industrial

O start da Terceira Revolução Industrial se deu em 1969 com o


desenvolvimento da Rede de Agências de Projetos de Pesquisa Avançada
(Arpanet), que consistia numa rede de computação de pacotes antecipada, sendo
esta a primeira rede a implementar o conjunto de protocolos TCP/IP. Tal fato
promoveu o desenvolvimento da internet, o que desencadeou a era da
informação.
A Primeira Revolução Industrial foi marcada pelo uso de eletrônicos e TI
(Tecnologia da Informação) para maior automação na produção. A fabricação e a
automação avançaram consideravelmente graças ao acesso à internet,
conectividade e energia renovável.
A Indústria 3.0, termo que faz alusão à referida revolução, introduziu mais
sistemas automatizados na linha de montagem para executar tarefas humanas,
ou seja, usar controladores lógicos programáveis (PLC). Embora existissem
sistemas automatizados, eles ainda contavam com contribuições e intervenções
humanas.
Rifkin (2011) descreve cinco pilares que sustentam a Terceira Revolução
Industrial. São eles:

1. A mudança para energia renovável;

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2. Transformação do material de construção em usinas verdes de
microenergia para coletar energias renováveis no local;
3. Implantação de hidrogênio e outras tecnologias de armazenamento em
todos os edifícios e em toda a infraestrutura para armazenar energias
intermitentes;
4. Uso da tecnologia da internet para transformar a rede elétrica de todos os
continentes em uma internet energética, que age exatamente como a
internet;
5. Transição da frota de transporte para veículos elétricos plug-in e células de
combustível.

Figura 5 – Automação em linha de produção automotiva

Fonte: Jenson/Shutterstock.

1.4 Quarta Revolução Industrial

Segundo Sacomano et al. (2018), a Quarta Revolução Industrial, ou


Indústria 4.0, baseia-se na integração de tecnologias de informação e
comunicação com o intuito de atingir novo patamares de produtividade,
flexibilidade, qualidade e gerenciamento, promovendo a oportunidade de novos
modelos de negócio.
O start dessa tecnologia parte das seguintes vertentes: avanço exponencial
da capacidade dos computadores, imensa quantidade de informação digitalizada
e novas estratégias de inovação (pessoas, pesquisa e tecnologia). Feitas tais
considerações, como podemos compreender o fundamento básico da indústria
4.0?
Citamos anteriormente a era da informação. Já na indústria 4.0, temos a
era digital ou, ao menos, algo muito próximo a isso em alguns países. Seguindo o

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processo evolutivo, podemos contemplar um cenário na era digital com uma
imensa quantidade de informações, tendo como alicerce uma capacidade
bastante considerável dos computadores modernos.
Se trouxermos esse contexto para o âmbito industrial, observaremos que o
CLP monitora e, consequentemente, fornece informações vitais para o correto
funcionamento do equipamento de interesse. Ao agregarmos um dos pilares da
indústria 4.0, que vem a ser a Internet das Coisas ou, do inglês, Internet of Things
(IoT), notaremos a possibilidade de realizar a comunicação entre máquinas. Logo,
podemos concluir que a estruturação de uma rede inteligente é plenamente viável.
Após tal reflexão, podemos definir o fundamento básico da indústria 4.0
como sendo o de conectar máquinas para criar redes inteligentes em toda a
cadeia de valor, o que se denomina por fábrica inteligente.

Figura 6 – Pilares da indústria 4.0

Fonte: The Boston Consulting Group.

A Figura 6 mostra os nove pilares que servem como base para a indústria
4.0, tendo como base alguns princípios: capacidade de operação em tempo real,
virtualização, descentralização, orientação a serviços e modularidade.

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A aplicação de tais pilares deve ser analisada para todos os portes de
empresa. Inclusive, existem startups destinadas ao fomento dessas tecnologias.
Um exemplo prático que pode ser citado é a startup de realidade aumentada
Magic Leap que, em 2018, recebeu um aporte total de US$ 1 bilhão, sendo um
dos investidores a própria Google.

TEMA 2 – HISTÓRIA DA TECNOLOGIA

As quatro revoluções industriais foram regidas pelo advento da tecnologia,


sendo que esse tópico é de grande importância para compreender de que forma
ela influenciou o nosso ecossistema nos mais diversos aspectos.

2.1 Considerações

A palavra tecnologia provém de uma junção dos termos tecno — do grego,


techné, que é saber fazer — e logia — do grego logus, razão. Portanto, tecnologia
significa a razão do saber fazer (Rodrigues, 2001). Em outras palavras, é o estudo
da técnica. O estudo da própria atividade do modificar, do transformar, do agir
(Veraszto, 2004; Simon et al., 2004a).
Além da compreensão do significado da palavra tecnologia, deve-se buscar
também assimilar que ela evolui e possui tal importância que se transforma em
uma prerrogativa para o entendimento da evolução humana.
Vale ressaltar que a evolução humana ocorre baseada em necessidade,
problemas ou acontecimentos espontâneos. Relembrando o tema anterior,
verifica-se que diversas invenções ocorreram mediante necessidade, como pode
ser observado, por exemplo, na primeira e segunda revolução industrial, seja com
a mecanização ou com a produção em massa. Tais marcos foram essenciais para
que a sociedade evoluísse.
Outro exemplo que proporciona certa clareza vem a ser a construção das
ferrovias, que representou uma nova era no transporte. Conforme mencionado
anteriormente, durante as revoluções industriais, houve uma grande busca por
recursos naturais, bem como a utilização de diferentes fontes de energia.
Considerando esta última frase, como estaríamos caso o ser humano não tivesse
se prontificado a sanar tal necessidade? Possivelmente, teríamos grandes
desafios para gerir a falta ou excesso de recursos naturais, além de não incentivar
o livre comércio que tanto beneficiou a humanidade.

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Ainda, o empilhamento das tecnologias já existentes promove a abertura
de um leque de oportunidades de negócio, o que significa dizer que você,
colaborador de dada empresa ou ainda empreendedor, deve fazer da tecnologia
a sua aliada — e, por que não, o seu próprio negócio?

2.2 Evolução da tecnologia

A evolução tecnológica é algo recorrente na vida do homem, visto que ela


é um dos pilares para o desenho de nossa sociedade. Tal evolução abrange desde
os primórdios até, e principalmente, os dias atuais. Analisando a Figura 7,
observamos que os primeiros passos da tecnologia foram a produção de energia
através do sol e a aparição das primeiras ferramentas de pedra, madeira e ossos.
Hoje, por sua vez, a tecnologia nos traz os computadores quânticos e a
nanotecnologia.
Ao se realizar uma análise macro, observa-se que a evolução tecnológica
nos primórdios atendia às necessidades mais básicas do ser humano, como na
Pirâmide de Maslow, ao passo que, na atualidade, a grande maioria dos avanços
abrange o topo da mesma pirâmide.

Figura 7 – Evolução tecnológica

Algumas invenções que merecem um destaque especial são: máquina a


vapor, locomotiva, lâmpada incandescente, computador e internet. O primeiro
destaque mencionado foi inventado no século XVIII, sendo que tais motores ou
máquinas a vapor eram usados em locomotivas e diversos outros motores.

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Mesmo depois da chegada dos motores a combustão, no final do século XIX, a
máquina a vapor não perdeu a utilidade, já que é utilizada ainda nos dias de hoje
nos reatores nucleares que servem para produzir energia elétrica. Por sua vez, a
primeira locomotiva foi criada pelo engenheiro inglês Richard Trevithick, no ano
de 1804. Tal invenção foi essencial para o referido período e representou um salto
tecnológico no setor de transportes.
Quanto à lâmpada incandescente, foi inventada em escala comercial por
Thomas Edison em 1879, utilizando uma haste de carvão (carbono) muito fina
que, aquecida acima de aproximadamente 900 K, passa a emitir luz.
Por sua vez, em relação ao computador, existiram alguns modelos prévios,
mas a história dessa tecnologia somente começou a ganhar forma com o primeiro
computador digital eletrônico de grande escala: o ENIAC (Electrical Numerical
Integrator and Calculator). O computador foi criado em fevereiro de 1946 pelos
cientistas norte-americanos John Presper Eckert e John W. Mauchly, da Electronic
Control Company.
Por fim, a internet teve sua primeira versão, a Arpanet, que funcionava
através de um sistema conhecido como chaveamento de pacotes, que é um
sistema de transmissão de dados em rede de computadores no qual as
informações são divididas em pequenos pacotes. Essa invenção foi tão
significativa que hoje temos o que se denomina por computadores quânticos,
diferente do computador clássico baseado na arquitetura de Von Neumann.

2.3 Reflexões a respeito da tecnologia

Acabamos de verificar diversas invenções, correto? Isso seria o mesmo


que inovação ou estamos tratando de conceitos diferentes?
Inovar e inventar possuem conceitos diferentes. Contudo, os termos partem
do mesmo princípio, que é mudar paradigmas. Inventar, segundo o InMarket
(2015), é a descoberta de algo novo, ou seja, sem precedentes, podendo esta ser
relacionada com produtos ou processos. Basicamente, é solucionar um dado
problema com base em uma ideia que saiu do papel para a prática.
Por sua vez, inovar é o ato de fazer algo diferente, aproveitando produtos
ou processos já existentes. Este último ato é o mais comum, visto que se trata de
transformar ou adaptar alguma coisa conforme necessidade. Entretanto, todas as
pessoas estão aptas a serem inovadoras ou mesmo inventivas? Ou será que
nascemos com esta característica?

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Ter potencial para invenções ou mesmo para inovações parte de algumas
habilidades esperadas no mercado de trabalho, como ser criativo e resolver
problemas complexos. Todas as habilidades podem e devem ser desenvolvidas
para o próprio crescimento profissional numa empresa ou para o desenvolvimento
de seu próprio negócio.
Por fim, ao abordarmos sobre tecnologia, outro ponto importante é a
expressão tecnologia disruptiva. Toda invenção ou inovação pode ser
considerada disruptiva? Segundo TOTVS (2019), “tecnologia disruptiva é aquela
que revoluciona, de maneira significativa, a solução que era anteriormente
utilizada ou simplesmente cria um novo mercado, produto ou serviço”.
Baseado na definição supracitada, podemos afirmar que nem toda invenção ou
inovação necessariamente será disruptiva. Logo, devemos ter cuidado ao utilizar
tal termo.

TEMA 3 – IMPACTOS DA TECNOLOGIA NA SOCIEDADE

A tecnologia é uma das vertentes que promove transformações na


sociedade, sejam elas benéficas ou não. Muito se questiona ainda, por exemplo,
se a robotização nas indústrias reduzirá as oportunidades de emprego ou
transformará os cargos em algo alinhado às novas expectativas de mercado.

3.1 Sociedade 4.0

Assim como a indústria, a sociedade também sofre impactos da tecnologia.


Juntamente a outras vertentes, também recebeu o rótulo “4.0”. A sociedade 4.0
possui uma forte influência das redes sociais e de toda a interatividade que a
tecnologia proporciona. Ela reduz a necessidade de contato humano e aumenta o
contato com a máquina, seja por uma maior quantidade de trabalho ou mesmo
por opções de entretenimento, como a Netflix. Em suma, a sociedade 4.0 possui
um ecossistema conectado (biológico, físico e digital).
Em plena Era da Informação e com apelo tecnológico, fica evidente que a
transformação digital — ou seja, os conceitos da indústria 4.0 além da indústria,
que contemplam o ecossistema como um todo —, possui como núcleo a
tecnologia, não se preocupando diretamente com o ser humano. Tal contexto traz
o desafio se adaptar às novas tecnologias.

Saiba mais

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Tal transformação causa de forma indireta alguns problemas de saúde
específicos, como estresse, depressão e burnout. Leia o artigo da Associação
Nacional da Medicina do Trabalho sobre as diferenças entre esses problemas de
saúde. Disponível em: <https://www.anamt.org.br/portal/2019/06/07/entenda-
diferencas-entre-burnout-estresse-e-depressao/>. Acesso em: 18 jan. 2020.

3.2 Sociedade 5.0

Após a compreensão de que era necessário um ajuste em relação ao que


vem sendo proposto, o Japão propôs, em 2016, uma nova forma de se trabalhar
com as respectivas tecnologias.
Segundo a The Answer Company Thomson Reuters (2019), a sociedade
5.0 é uma revolução que promete colocar o mundo a favor das pessoas,
reposicionando as tecnologias para melhorar a qualidade de vida da humanidade.
Dessa forma, todas as tecnologias criadas na indústria 4.0 serão usadas para
melhorar a sociedade, entre elas: Big Data e analytics, robôs autônomos, IoT,
computação em nuvem e realidade aumentada. A proposta é colocar a tecnologia
como fonte para a resolução de problemas em diversos setores que são
considerados os principais pilares dessa transformação: infraestrutura, tecnologia
financeira, saúde, logística e Inteligência Artificial (IA).
Ainda segundo a The Answer Company Thomson Reuters (2019), a
sociedade 5.0 será sustentada por vários pilares conceituais, mas três dos
principais valores-chave desse modo de vida são qualidade de vida, inclusão e
sustentabilidade.

TEMA 4 – INDÚSTRIA 4.0 NO MUNDO

Segundo Liao et al. (2017), em âmbito mundial, o termo indústria 4.0 foi
utilizado pela primeira vez na Alemanha, na Feira de Hannover, em 2011. Neste
mesmo ano, o governo dos Estados Unidos iniciou o AMP (Advanced
Manufacturing Partnership). Por sua vez, em 2012, Siegfried Dais (Robert Bosch
GmbH) e Kagermann (acatech) apresentaram um relatório de recomendações
para o governo federal alemão que, na sequência, instaurou o High-tech Strategy
Level 2020.
Seguindo a cronologia, em 2013, a França e o Reino Unido também
passaram a se atentar ao novo panorama industrial, ao passo que, nos países
asiáticos, o mesmo ocorreu em 2015. Como movimento continental, a comissão

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europeia compreendeu, em 2014, o crescimento exponencial da indústria 4.0 e
estabeleceu um investimento de US$ 80 bilhões até 2020.
Pela contextualização do presente tema, nota-se que, ao menos, grande
parte das iniciativas internacionais partiu de políticas governamentais, bem como
ocorre no setor de energia por meio do incentivo da utilização de fontes
renováveis, como a energia solar fotovoltaica e a energia eólica. Essa
conscientização e visão permitem aportes financeiros mais interessantes e
abertura para iniciativas privadas que auxiliam na fomentação da tecnologia e a
tornam, por vezes, mais acessíveis.
Ao retomarmos os nove pilares da indústria 4.0 mostrados na Figura 6,
construímos uma definição, ou ao menos um norte, de como enquadrar
determinada indústria perante a caracterização de cada uma das revoluções
industriais. Levando em conta alguns conceitos básicos ligados à engenharia de
produção, pode-se fazer a seguinte análise:

Figura 8 – Enquadramento de características por revolução industrial

A Figura 8 facilita a visualização de que patamar a indústria que você atua


se encontra no momento. Tratando de aspectos mundiais, uma boa porcentagem
das indústrias já se encontra classificada como indústria 4.0.

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TEMA 5 – INDÚSTRIA 4.0 NO BRASIL

No Brasil, como ocorre nos Estados Unidos, o nome mais utilizado para a
indústria 4.0 é manufatura avançada. O começo dessa tecnologia no Brasil,
diferente do que ocorreu na Alemanha e em outros países, não tem um início
exato, visto que ela foi implantada por multinacionais. Uma das pioneiras foi a
Bosch, que constatou a falta de maturidade da indústria no país, gerando uma
desmistificação do conceito.

Saiba mais
Entenda melhor sobre o posicionamento da Bosch. Disponível em:
<https://www.baguete.com.br/noticias/20/08/2018/bosch-adapta-industria-4-0-no-
brasil>. Acesso em: 18 jan. 2020.

A necessidade de desmistificação do conceito de indústria 4.0 promove


uma diferenciação em relação ao que é praticado nas maiores potências
mundiais. Logo, é adequado classificar a empresa que esteja em território
nacional (Brasil) como aquela que utiliza mais ou menos conceitos da indústria
4.0. Diversos pontos podem ser listados para este quadro atual, sendo um deles
o próprio aspecto cultural. Para dar um norte, para que uma indústria seja 4.0, as
parceiras também necessitam ser classificadas da mesma forma, o que muitas
vezes fica impedido pela questão financeira.
A primeira ação do governo em relação ao vigente panorama industrial vem
a ser a Agenda da Indústria 4.0 (2017-2019), que tem as seguintes premissas:

 Fomentar iniciativas de investimento privado;


 Propor agenda centrada no industrial/empresário, conectando instrumentos
de apoio;
 Testar, avaliar, debater e construir consensos, como a validação de
projetos-piloto;
 Equilibrar medidas de apoio para pequenas e médias empresas com
grandes companhias.

A expectativa é de que esta medida promova mudanças significativas com


o objetivo de promover competitividade no mercado mundial e consequente
melhoria da economia nacional.

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5.2 Estatísticas nacionais focadas em indústria 4.0

A seguir, serão apresentadas algumas estatísticas que têm por finalidade


mostrar, por meio de dados numéricos, o atual panorama da indústria nacional.

Figura 9 – Participação do setor de transformação industrial no PIB (%) entre 1985


e 2016

Fonte: Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Figura 10 – Índice global de inovação – países mais inovadores

Fonte: Universidade Cornell, INSEAD e OMPI, 2017.

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Figura 11 – Índice global de competitividade da manufatura

Fonte: Deloitte e Council on Competitiveness, 2016.

Figura 12 – Impacto da utilização de conceitos 4.0

Fonte: Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI).

5.3 Reflexões a respeito da indústria 4.0 no Brasil

Conforme estudado no item 5.1, o Brasil apresenta uma desmistificação no


que concerne ao conceito da indústria 4.0 se comparado às maiores potências
mundiais. Ainda, o item 5.2 demonstra numericamente o quanto o Brasil precisa
se aprimorar para se tornar competitivo e alinhado às novas tecnologias.
Por fim, o Conselho Nacional da Indústria (CNI) afirma que apenas 1,6% das
indústrias brasileiras utilizam conceitos da indústria 4.0, ao passo que, em uma
década, esta estatística deva atingir por volta de 21,8%. Embora a estatística
mostre um aumento considerável, ainda é algo para se atentar, pois
historicamente se verifica um encurtamento entre os saltos tecnológicos mais
significativos.

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REFERÊNCIAS

AGENDA BRASILEIRA PARA A INDÚSTRIA 4.0. Disponível em:


<http://www.industria40.gov.br/>. Acesso em: 14 dez. 2019.

BAGUETE. Bosch adapta indústria 4.0 no Brasil. Disponível em:


<https://www.baguete.com.br/noticias/20/08/2018/bosch-adapta-industria-4-0-no-
brasil>. Acesso em: 14 dez. 2019.

CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA. Disponível em:


<http://www.portaldaindustria.com.br/cni/>. Acesso em: 14 dez. 2019.

EAGLE LABS. Disponível em: <https://labs.uk.barclays/community/the-4th-


industrial-revolution>. Acesso em: 14 dez. 2019.

INMARKETING. Você sabe a diferença de invenção e inovação? Disponível


em: <https://www.inmarket.com.br/voce-sabe-a-diferenca-de-invencao-e-
inovacao/>. Acesso em: 14 dez. 2019.

INTERESTING ENGINEERING. Disponível em:


<https://interestingengineering.com/how-the-first-and-second-industrial-
revolutions-changed-our-world>. Acesso em: 14 dez. 2019.

SACOMANO, J. B. et al. Indústria 4.0: conceitos e fundamentos. São Paulo:


Blucher, 2018.

SILVA, E. et al. Automação & Sociedade: Quarta Revolução Industrial, um olhar


para o Brasil. Rio de Janeiro: Brasport, 2018.

VERASZTO, E. V. et al. Tecnologia: buscando uma definição para o conceito.


Prisma: 2008.

LIAO, Y. et al. Past, present and future of Industry 4.0: systematic literature review
and research agenda proposal. International Journal of Production Research,
2017.

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