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ESCOLA ORLANDO MENDES DE MORAES

ATIVIDADE ALÉM DA ESCOLA

PROF. CLEIDE SIQUEIRA

O MOVIMENTO NEGRO NO BRASIL.


Habilidades 1• identificar as principais reivindicações e estratégias adotadas pelo movimento negro
no Brasil.
2• analisar e problematizar a idéia da existência de uma democracia racial no Brasil.
O maior desafio do Movimento Negro no Brasil é acabar com o preconceito racial. Essa luta não vem de hoje.
O movimento começou a ganhar força na década de 30, com a Frente Negra Brasileira. Mas somente em
1978 nasceu o Movimento Negro Unificado, que deu origem a vários grupos de combate ao racismo, como
associações de bairro, terreiros de candomblé, blocos carnavalescos, núcleos de pesquisa e várias
organizações não-governamentais.

LEI CONTRA PRECONCEITO

A Lei Afonso Arinos (1951) considerava o preconceito racial uma contravenção e não um crime. Ou seja,
ofender um negro não resultava em punição. Em 1989 a comunidade negra de São Paulo fez um enterro
simbólico dessa lei e, no mesmo ano, foi aprovada a Lei Caó, que transformou o preconceito em crime. Hoje
o Congresso Nacional está estudando uma proposta de lei apresentada pelo Movimento pelas Reparações
dos Afro-descendentes (MPR), que propõe que o governo brasileiro indenize todos os 70 milhões de afro-
descendentes no Brasil de hoje pelo crime cometido pela escravidão. Cada um receberia 102 mil reais.
Comissões de direitos humanos e ONGs avaliam formas de obrigar o governo a investir esse dinheiro nas
chamadas ações afirmativas, como cotas para negros em universidades, no mercado de trabalho e nos
meios de comunicação.

DEMOCRACIA RACIAL é um termo usado por alguns para descrever as relações raciais no Brasil. O termo
denota a crença de que o Brasil escapou do racismo e da discriminação racial vista em outros países, mais
especificamente, como nos Estados Unidos. Pesquisadores notam que a maioria dos brasileiros não se veem
pelas lentes da discriminação racial, e não prejudicam ou promovem pessoas baseadas na raça. Graças a
isso, enquanto a mobilidade social dos brasileiros pode ser reduzida por vários fatores, como sexo e classe
social, a discriminação racial é considerada irrelevante.

O MITO DA DEMOCRACIA RACIAL NO BRASIL

Pierson concluiu que praticamente não havia problemas raciais no Brasil. Harris, embora não comungasse
da idéia de um "paraíso tropical", classificou a discriminação existente como de classe e não de raça. Assim,
nessa visão, o indivíduo negro ocupava as posições mais baixas na estratificação social, não porque
sofresse discriminação de raça, mas sim pela condição de pobreza de seus ancestrais.
Assim, segundo o autor, "só acidentalmente, e sem nenhuma relevância, existiria o fato de que o negro e o
mulato concentram-se nas classes proletárias ou mais pobres do campo e da cidade, da pequena e da
grande aglomeração urbana."
O ideal do embranquecimento, relata Hasenbalg , criou raízes profundas na sociedade brasileira, levando o
próprio negro a sua autonegação. Expõe que a hierarquização das pessoas em termos de sua proximidade a
uma aparência branca, ajudou a fazer com que indivíduos de pigmentação escura desprezassem a sua
origem africana, cedendo assim a forte pressão do branqueamento, levando-os a fazer o melhor possível
para parecerem mais brancos.
Clóvis Moura, apresentando uma pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE no
recenseamento de 1980, verificou que os não brancos, ao serem inquiridos sobre qual seria a sua cor,
tiveram dificuldade em assumir sua condição de negros ou mestiços, surgindo nas respostas um total de
cento e trinta e seis cores diferentes. Para Moura, tal resultado indica que o brasileiro foge da sua realidade
étnica, procurando, através de simbolismos de fuga, situar-se o mais próximo do modelo tido como superior e
levanta o seguinte questionamento: O que significa isto em um país que se diz uma democracia racial?
Significa que, por mecanismos alienadores, a ideologia da elite dominadora introjetou em vastas camadas de
não-brancos os seus valores fundamentais. Significa, também, que a nossa realidade étnica, ao contrário do
que se diz, não iguala pela miscigenação, mas, pelo contrário, diferencia, hierarquiza e inferioriza
socialmente de tal maneira que esses não-brancos procuram criar uma realidade simbólica onde se refugiam,
tentando escapar da inferiorização que a sua cor expressa nesse tipo de sociedade..

FATOS ALEGADOS PELOS CRÍTICOS - Não é necessário grandes estudos para perceber quão desigual é
a distribuição de oportunidades no Brasil, entretanto, quando se pretende uma análise científica sobre as
questões sociais brasileiras, torna-se imprescindível que tal afirmação tenha respaldo em dados concretos.
No rol das desigualdades, os cidadãos da raça negra parecem estar entre os grandes prejudicados.Segundo
dados do Censo de 2000 , promovido pelo IBGE, o Brasil possui 169,8 milhões de habitantes, dentre os
quais 76,4 milhões são pessoas negras (pardos e pretos), o que corresponde a 45% dos habitantes, o que
tem levado à afirmação de que o Brasil seria a segunda maior nação negra do mundo fora do Continente
africano, como informa Jaccoud e Beghin, o que tem sido contestado pelo movimento mestiço que entende
esta idéia despreza as populações mestiças (pardas) de regiões como a Amazônia, onde os caboclos
formam a absoluta maioria dos pardos, e também a auto-identificação dos mestiços afrodescendentes.Dados
do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), constante na obra de Ricardo Henriques, um de seus
pesquisadores, revelam que o Brasil possui um contigente de 53 milhões de pobres e 22 milhões de
indigentes. Verificou-se que os negros em 1999 representavam 64% da população pobre e 69% da
população indigente. Os brancos por sua vez, sendo 54% da população total brasileira, representavam
somente 36% dos pobres e 31% dos indigentes.

SISTEMA DE COTAS entende-se como uma medida governamental que cria uma reserva de vagas em
instituições públicas ou privadas para determinados segmentos sociais. É considerada uma forma de ação
afirmativa, segundo conceito surgido nos Estados Unidos na década de 1960. A elaboração do conceito.A
superação das desigualdades socioecônomicas impõe-se como uma das metas de qualquer sociedade que
aspira a uma maior equidade social. Em face aos problemas sociais, algumas alternativas são propostas
para atenuação de desigualdades que mantém em condições díspares cidadãos de estratos distintos. Uma
das alternativas propostas é o sistema de cotas que visaria a acelerar um processo de inclusão social de
grupos à margem da sociedade.
O conceito de cotização de vagas aplica-se a populações específicas, geralmente por tempo determinado.
Estas populações podem ser grupos étnicos ou "raciais", classes sociais, imigrantes, deficientes físicos,
mulheres, idosos, dentre outros.A justificativa para o sistema de cotas é que certos grupos específicos, em
razão de algum processo histórico depreciativo, teriam maior dificuldade para aproveitarem as oportunidades
que surgem no mercado de trabalho, bem como seriam vítimas de discriminações nas suas interações com a
sociedade.

ATIVIDADES:
1- Identifique as principais reivindicações e 7-O que foi a lei Afonso Arinos?
estratégias adotadas pelo movimento negro no 8-O que foi a lei Caô?
Brasil. 9-O que seria uma democracia racial?
2- Existe realmente uma democracia racial no 10- Quais são os principais problemas enfrentados pela
Brasil? população negra no Brasil?
3- O que é a teoria do branqueamento? 11-O que é o sistema de costa e que parcelas da
4- O que é o sistema de cotas? população pode beneficiar?
5- Onde existe o maior contingente de negros
fará da África?
6-Qual é a porcentagem de negros no Brasil?

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