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ALTERNATIVAS DE
EDUCAÇÃO NO CAMPO
MISSÃO
VISÃO
EDITORIAL
Seja bem-vindo!
LISTA DE FIGURAS
SUMÁRIO
BIBLIOGRAFIA COMENTADA 27
CONCLUSÃO 28
INTRODUÇÃO DA UNIDADE 30
2.1 OS POVOS DO CAMPO 31
2.1.1 DIVERSIDADE DO CAMPO 31
2.1.2 AGRICULTURA FAMILIAR E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 33
2.1.2.1 A AGRICULTURA FAMILIAR 35
2.1.2.2 BRASIL: UMA POTÊNCIA AGRÍCOLA 36
2.1.2.3 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E MEIO AMBIENTE 37
2.1.3 A CULTURA CAMPONESA 41
CONCLUSÃO 44
INTRODUÇÃO 46
3.1 EDUCAÇÃO DO CAMPO 47
3.1.1 PEDAGOGIA DO CAMPO 47
SUMÁRIO
CONCLUSÃO 60
INTRODUÇÃO 62
4.1 PRÁTICAS PEDAGÓGICAS 63
4.2 MATERIAIS DIDÁTICOS 67
4.3 PEDAGOGIA SOCIALISTA 69
4.4 O PAPEL DO EDUCADOR DO CAMPO 74
CONCLUSÃO 77
INTRODUÇÃO 80
5.1 CAMPO BRASILEIRO: HISTÓRICO E OCUPAÇÃO DA TERRA 81
5.2 INDEPENDÊNCIA DO BRASIL E A QUESTÃO FUNDIÁRIA 84
5.3 A QUESTÃO DA TERRA NO SÉCULO XX: REPÚBLICA, CAFÉ
E RESISTÊNCIA 87
5.3.1 AS LIGAS CAMPONESAS 89
5.4 MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA (MST) 91
SUMÁRIO
BIBLIOGRAFIA COMENTADA 99
CONCLUSÃO 100
INTRODUÇÃO 102
6.1 POLÍTICAS PÚBLICAS E EDUCAÇÃO: REFLETINDO SOBRE
A NOÇÃO DE POLÍTICA E DE PÚBLICO 103
6.1.1 A NOÇÃO DE PÚBLICO 106
6.2 ORIGEM E CONCEITO DE POLÍTICAS PÚBLICAS 107
6.3 AS POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS 112
6.3.1 POLÍTICAS PÚBLICAS E MOVIMENTOS SOCIAIS 113
6.4 BASES LEGAIS E MARCOS NORMATIVOS DA EDUCAÇÃO DO CAMPO 115
6.4.1 A LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL (1996) 116
6.4.2 DIRETRIZES OPERACIONAIS PARA A EDUCAÇÃO BÁSICA
NAS ESCOLAS DO CAMPO 117
CONCLUSÃO 119
REFERÊNCIAS 120
ICONOGRAFIA
ATENÇÃO ATIVIDADES DE
APRENDIZAGEM
PARA SABER
SAIBA MAIS
ONDE PESQUISAR CURIOSIDADES
LEITURA COMPLEMENTAR
DICAS
GLOSSÁRIO QUESTÕES
MÍDIAS
ÁUDIOS
INTEGRADAS
ANOTAÇÕES CITAÇÕES
EXEMPLOS DOWNLOADS
BIODATA DO AUTOR
Fábio Luiz da Silva de Sousa Leão
JUSTIFICATIVA
O estudo desta disciplina possibilitará que você repense a trajetória da educação no
Brasil, tendo como referência a importância de se respeitar as diferenças culturais,
sociais e econômicas dos variados grupos que forma o país. Estudar as mais variadas
pedagogias relativas à Educação do Campo possibilita refletir sobre a necessidade de
pedagogias que sejam construídas a partir das realidades e experiências sociais dos
próprios educandos.
ENGAJAMENTO
Antes de iniciar a disciplina, reflita e, se preferir, tome nota das suas ideias:
Uma educação voltada para os povos do campo é uma ferramenta importante para a
construção da cidadania, uma vez que permite que os indivíduos que vivem nas áreas
rurais possam usufruir de uma educação embasada na realidade que o circunda.
• Você sabia que, no Brasil, os povos do campo têm direito a um currículo esco-
lar diferenciado?
Nesta disciplina, serão tratados todos esses temas, a partir da reflexão da trajetória
histórica da educação nas áreas do campo brasileiro.
APRESENTAÇÃO DA
DISCIPLINA
Caro aluno, seja bem-vindo! Nesta disciplina, serão esclarecidos os fundamentos e
concepções relacionados à Educação do Campo. Sendo assim, serão buscados subsí-
dios para essa reflexão nos próprios princípios desta educação. Além disso, será exami-
nada a diversidade apresentada pelos povos campesinos, desconstruindo a visão de
homogeneidade cultural, social e econômica desses povos.
Sua atuação é muito importante para colher bons frutos ao final dos estudos. Faça
as atividades propostas, participe dos fóruns de discussão e debata os assuntos com
seus colegas de curso.
Leia os materiais complementares e também pesquise a respeito. Tudo isso lhe dará
informações para que você possa aprofundar seus conhecimentos a respeito das
populações do campo.
OBJETIVOS DA DISCIPLINA
Ao final desta disciplina, esperamos que você seja capaz de:
UNIDADE 1
OBJETIVO
Ao final desta
unidade,
esperamos
que possa:
> Esclarecer os
fundamentos e
concepções da
Educação do Campo.
1 FUNDAMENTOS E
CONCEPÇÕES DA EDUCAÇÃO
DO CAMPO
Nesta unidade, serão tratados sobre os fundamentos e concepções acerca da Educa-
ção do Campo. A Educação do Campo é uma reivindicação histórica dos povos do
campo. A luta e organização dos povos campesinos, por uma educação que atenda
aos anseios dos povos do campo e que dialoguem com a realidade campesina, estão
presentes nos debates políticos do final do século XIX e ganha força nas primeiras
décadas do século XX.
EDUCAÇÃO EDUCAÇÃO
DO CAMPO NO CAMPO
Durante muitos anos, uma velha concepção tomou conta da mentalidade de parte
da população e até dos discursos dos políticos brasileiros. Afirmava-se que os povos
do campo, ao terem suas atividades relacionadas ao trabalho braçal, não necessita-
riam da formação escolar.
Essa concepção errônea, de que prática e teoria são coisas distintas, reforçava o mito
que de que os povos do campo não necessitavam de escola. Os governos, para justifi-
car a ausência ou baixos investimentos nas escolas do campo, repetiam essa máxima
como verdade.
A partir da mobilização dos camponeses foi possível reivindicar uma escola do campo
e garantir os recursos necessários para essas escolas, efetivando, dessa maneira, o
direito a educação de qualidade, garantidos em documentos como a Constituição
Federal que define a educação como um direito de todos os cidadãos, conforme
aponta o Art. 5º:
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida
e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento
da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o traba-
lho (BRASIL, 1988).
Diante da garantia desse direito, seria um crime privar o campo de uma educação de
qualidade, construída a partir da concepção de seus próprios sujeitos, que conhecem
e (re)conhecem a realidade que vivem e, por isso, tem plenas condições legais, éticas
e educacionais para empreender uma educação construída no campo para o campo.
Além da garantia desse direito pela Constituição Federal, podemos citar ainda a Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB, que define a Educação do Campo
como uma modalidade educacional, reforçando e legitimando o direito dos povos
do campo de construírem uma pedagogia própria que dialogue com suas especifi-
cidades.
A LDB define, em seu art. 28, que para “oferta de educação básica para a população
rural, os sistemas de ensino promoverão as adaptações necessárias à sua adequação
às peculiaridades da vida rural e de cada região” (BRASIL, 1996, art. 28). Assim, regu-
lamenta as especificidades e a escola do campo como um direito. O art. 28 destaca
em seu caput que:
Durante muitos anos, o campo sofreu com a falta de escolas. Muitas crianças e jovens
foram obrigados a abandonar suas casas e se mudar para outras localidades para conti-
nuarem estudando. Por outro lado, muitas pessoas que não tinham condições de se
manterem em outras cidades acabaram sendo forçadas a abandonar os estudos.
Se você conversar com pessoas adultas que viveram no campo durante sua infância,
certamente irá observar que a maioria delas só estudou até a 4ª série do primeiro
grau (atualmente o 5º ano do ensino fundamental). Isso ocorreu porque não existiam
no campo escolas suficientes para atender a todos aqueles que estavam em idade
para frequentá-las.
Ainda hoje o número de escolas existentes no campo não é suficiente para atendê-
-los, mas é importante registrar que já houve muitos avanços nos últimos tempos e
que agora o número de crianças e jovens na escola já é bem maior.
Essas primeiras escolas transformaram a vida de várias pessoas, não só daquelas que
aprenderam ali a ler e a escrever, mas também de todos os moradores do campo,
já que essas organizações sociais não pouparam esforços para o crescimento desse
projeto. Assim, mostraram ao Brasil e ao mundo como é importante que todas as
pessoas tenham acesso à educação.
Vale lembrar que, no contexto do final do século XIX e início do século XX, o Brasil
vivenciava um processo de urbanização. Ampliava-se, nesse período, o debate sobre
a necessidade de se investir no desenvolvimento econômico e social do meio rural.
É possível identificar três momentos principais acerca dos debates sobre educação
nos meios rurais:
• A partir da década de 20, o debate sobre educação traz para o cerne da discus-
são a valorização da escola primária situada nos meios rurais. Sob a bandeira
do chamado “ruralismo pedagógico”, tinha-se o objetivo de desenvolver uma
instrução para a permanência do habitante no campo.
É possível perceber que o debate sobre a Escola Primária rural começou a ser siste-
matizada na década de 20, pelo viés do “ruralismo pedagógico”. Esse movimento,
formado por uma elite intelectual e política rural e urbana, defendia que a escola
tinha, como dever, a valorização do meio rural, além do dever de possibilitar que os
povos dos meios rurais pudessem gozar das possibilidades econômicas e sociais rela-
tivas ao meio em que vivem, através da construção de uma estrutura educacional e
programas de educação diferenciados.
Na prática, a construção de uma escola diferenciada para o meio rural não se concre-
tizou. O Programa de Ensino Primário, de 1927, apontava que, no ensino das escolas
rurais, deveria ser dada ênfase aos conhecimentos elementares, tais como ler, escre-
ver e contar, tendo em vista que, para cultivar a terra, não seriam necessárias outras
habilidades que não essas.
O descaso do poder público com a educação no meio rural não se restringiu somente
até a década de 40. Apesar das inúmeras mudanças nas estruturas educacionais que
impactaram o meio rural, o cenário de descaso e desigualdades educacionais ainda
hoje é um peso para as populações que vivem no meio rural.
De acordo com Calazans (1993) e Souza (2000), desde então as escolas rurais vêm
sofrendo um processo de desmantelamento, sendo que as escolas resistentes perma-
necem sem grandes investimentos, quase que nas mesmas condições vivenciadas no
início do século XX.
Nesse sentido, a Educação do Campo deve ser compreendida como fruto da orga-
nização de movimentos sociais camponeses. Sem esse enfrentamento as escolas no
campo estariam fadadas ao abandono. Roseli Caldart, estudiosa destacada das esco-
las do campo pontua algumas aspectos importantes que perpassam pela luta da
escola do campo, destacando que:
Caldart (2009) destaca ainda que, para se conhecer a Educação do Campo e seu
processo histórico, é preciso ter em mente que se trata de uma modalidade que deve
ser percebida a partir dos seguintes princípios:
Para Caldart (2009), a Escola do Campo surge já como uma crítica ao modelo de esco-
la promovido nas cidades, compreendendo que não apenas o campo deva repensar
seu modelo de escola, mas também as cidades, que reproduzem um modelo educa-
tivo de insucesso que não beneficia os trabalhadores.
Esse modelo de escola que prega a autonomia e emancipação humana assusta dife-
rentes grupos na sociedade, fazendo com a luta pela Educação do Campo nunca
tenha fim. Cotidianamente, é preciso enfrentar e disputar a escola como um espaço
libertário, e a Educação do Campo não se exime dessa tarefa.
Parece, aliás, que essa relação da Educação do campo com a escola incomoda
a alguns: nasceu lutando por escolas e escolas públicas (através do MST fazen-
do a luta por escolas nos acampamentos e assentamentos), continua centra-
da nisso, e ao mesmo tempo nasceu, desde a radicalidade da Pedagogia dos
Movimentos Sociais, afirmando que educação é mais do que escola..., vincu-
lando-se a lutas sociais por uma humanização mais plena: luta pela terra, pelo
trabalho, pela desalienação do trabalho, a favor da democratização do acesso
à cultura e à sua produção, pela participação política, pela defesa do meio
ambiente (CALDART, 2009, p. 43).
A partir desses apontamentos, podemos perceber que a luta pelas escolas do campo
constituem-se dentro dos movimentos sociais e nesse permanecem vinculados até
o presente momento. Trata-se de uma escola com a árdua tarefa de construir uma
nova sociedade.
Ao realizar atividades que tinham um olhar voltado apenas para as grandes cidades
brasileiras, os livros utilizados no campo não conseguiam dialogar com as especifi-
cidades dessa região. Porém, com livros específicos tratando de temáticas próximas
da realidade do campo, os alunos e professores se identificam mais com essas obras
e tem a chance de construir um processo educativo mais expressivo e significativo.
O transporte escolar também deve ser citado como uma importante conquista da
Educação do Campo. Muitas crianças e jovens já precisaram caminhar longas distân-
cias para conseguirem chegar à escola. Esse processo é muito penoso para o estu-
dante que muitas vezes chegava tão cansado que não conseguia acompanhar a roti-
na escolar com qualidade, o que implicava o seu rendimento escolar.
Com a garantia do transporte e a construção de escolas mais próximas das casas dos
estudantes, a Educação do Campo conseguiu romper com as cercas da desigualda-
de que dividiam as crianças e jovens entre aqueles que podiam frequentar a escola e
aqueles eram excluídos desse processo.
É certo que as lutas do campo não param por aqui e não se resumem apenas a essas
pautas. Trata-se de um processo ainda mais complexo que será discutido ao longo
do material. Esses exemplos destacados, contudo, sinalizam-nos para as conquistas
efetivadas pela luta camponesa e nos permite refletir sobre os impactos que a orga-
nização política e social é capaz de promover em uma sociedade como a nossa.
BIBLIOGRAFIA COMENTADA
Veja a seguir algumas indicações de obras que complementarão seu conhecimento
sobre os assuntos abordados na disciplina.
ANTUNES ROCHA, Maria Isabel; MARTINS ALMEIDA, Maria de Fátima; MARTINS Aracy
Alves, [org.]. Territórios educativos na Educação do Campo: escola, comunidade e
movimentos sociais. Coleção Caminhos da Educação do Campo. 5. ed. Belo Horizon-
te: Autêntica Editora, 2012.
Esta obra é essencial para uma visão crítica a respeito dos caminhos e territórios rela-
tivos à Educação do Campo. O livro nos convida a repensar os múltiplos desafios para
a construção de uma Educação do Campo que seja balizada pela esperança e resis-
tência dos povos que compõem o campo brasileiro.
CONCLUSÃO
A Educação do Campo é um fenômeno e expressão da realidade social brasileira.
Para compreendê-la é necessário um olhar crítico para a formação histórica brasileira.
UNIDADE 2
OBJETIVO
Ao final desta
unidade,
esperamos
que possa:
2 OS POVOS DO CAMPO
Os povos do campo são formados a partir de uma grande diversidade. Muitas vezes,
quando nos referimos ao campo, somos induzidos a pensar em uma unidade, mas
isso é um erro, pois os povos do campo são muito diferentes entre si, embora carre-
guem algumas marcas em comum.
INTRODUÇÃO DA UNIDADE
O campo brasileiro é formado por uma diversidade de povos com organização políti-
ca, social e cultural próprias. Um olhar atento para a diversidade do Brasil nos revela
que os povos do campo, embora reproduzam algumas semelhanças culturais, são
bem diversos.
É com o intuito de revelar essa diversidade que nesta unidade iremos discutir ques-
tões referentes às semelhanças e diferenças que marcam esses povos. O estudo dos
povos camponeses deve considerar toda a diversidade cultural, política e econômica
que está ligada às suas trajetórias.
É na diversidade apresentada por eles que está a riqueza cultural do Brasil. Conhecer
a história e memória desses povos é um exercício importante, além de possibilitar
novas leituras da história do Brasil.
Os povos do campo são fruto de uma grande diversidade. Quando pensamos nos
moradores do campo, precisamos ter em mente que se trata de uma população
presente nas diferentes regiões do país; por isso, sua história, cultura e valores não
devem ser resumidos a um único modo de vida.
Por esse decreto podemos perceber que os povos do campo não são homogêneos,
pois são frutos de diferentes formas de organização cultural e social. Reconhecer essa
diversidade é fundamental para a compreensão das populações do campo.
Não há como definir uma forma única do campo, já que ele está presente em dife-
rentes regiões do Brasil e, por isso, reproduz os costumes e tradições desses locais. A
seguir, vamos conhecer um pouco mais sobre essa diversidade e como ela se revela
no cotidiano dos povos do campo.
O campo foi uma das primeiras regiões a ser habitada em nosso país. As várias tribos
indígenas que residiam nestas terras antes da chegada dos europeus tinham um
modo vida rural, cuidando dos seus familiares e da natureza.
Ao longo dos anos, nosso modo de vida foi se modificando. Se antes a maioria dos
brasileiros vivia no campo, hoje a realidade é bem diferente. Grande parte da popu-
lação brasileira vive nos centros urbanos e segue um modo de vida bem diferente de
seus antepassados que viviam no campo.
Muitas pessoas que foram obrigadas a sair do campo em busca de uma vida melhor
ainda hoje sentem saudades da vida que tinham. O cheiro do café e do fogão à lenha
traz muitas recordações para estas pessoas.
Algumas tradições do campo foram levadas para a nova vida na cidade, mas muita
coisa mudou. Nas cidades, diferentemente da vida no campo, as pessoas quase não
se conhecem, como é o caso daquelas que moram no mesmo prédio e nunca tiveram
Sentar na calçada no fim do dia para conversar com os vizinhos é uma oportunidade
que geralmente somente as pessoas que moram em cidades pequenas ainda têm.
Nas grandes cidades, a maioria está sempre com muita pressa e não realiza gestos
importantes e fraternais como este.
Um camponês do sul do Brasil, por exemplo, tem uma cultura muito diferente de um
camponês que vive no interior do Pará. Reconhecer essas especificidades é funda-
mental para compreender a diversidade do campo e perceber que não é porque são
moradores do campo que reproduzem os mesmos modos de vida.
Isso significa dizer que o movimento em prol da Educação do Campo tem como
grande desafio a construção de uma escola com uma concepção diferenciada de
educação, que deve ser pautada na vivência e nos interesses dos povos do campo e
Como aponta Molina (1999), é necessária uma proposta de educação básica que
assuma a identidade no meio rural, não só a partir de sua diversidade, mas, antes de
tudo, como um novo projeto de desenvolvimento do campo.
Nessa mesma linha de raciocínio, o pesquisador Antônio Júlio Menezes Neto aponta
que:
Dessa maneira, é importante que estejamos atentos para a discussão em torno dos
projetos desenvolvidos no campo e que visam, por um lado, à manutenção do mode-
lo já estabelecido e, por outro, à superação desse modelo.
Entretanto, devemos ficar atentos para reducionismos que não nos ajudam a refle-
tir de maneira mais profunda sobre essas questões. Um exemplo é a discussão que
aponta que a escola deve preparar os sujeitos do campo para mantê-los no campo
ou prepará-los para a vida na cidade.
É necessário entender o campo a partir de toda sua complexa dinâmica, social, cultu-
ral e política, o que nos leva a considerar o território do campo para além da produção
agrícola e dos embates entre produção agrícola e produção industrial.
Sendo assim, o campo e seus vastos e diversificados territórios devem ser compreen-
didos como espaços de produção de saberes, de novas relações sociais e de produ-
ção, de novas relações entre os indivíduos e o meio ambiente e como um espaço
dinâmico e complexo.
Como afirma Rocha (2004), para além dessa perspectiva, a educação do Campo deve
refletir sobre a quem pertence essa terra que se deve amar e cuidar. Além disso, uma
Educação do Campo comprometida com o desenvolvimento sustentável do campo
deve se atentar para a reflexão sobre a quem pertence os produtos e bens materiais e
simbólicos produzidos pelo trabalho de homens e mulheres do campo na busca de
superação e transformação de valores e práticas incrustadas na sociedade brasileira.
Desde as últimas décadas do século XX, diversas críticas e alertas vêm sendo feitos por
pesquisadores sobre os riscos ambientais, em nível global, provocados pelo modelo
produtivo industrial.
A falta de políticas públicas destinadas aos agricultores familiares, por exemplo, aces-
so à educação, transporte e saúde, é um dos fatores responsáveis pelo êxodo rural.
Deve-se garantir a esses trabalhadores condições, inclusive financeiras, para que
possam produzir alimentos com qualidade e sustentabilidade ambiental.
Os avanços das exportações brasileiras são fruto de uma grande modernização dos
meios de produção no campo. O uso de máquinas modernas e o investimento em
novas técnicas agrícolas de produção fizeram com que o Brasil se tornasse uma verda-
deira potência agrícola.
Ainda segundo o IBGE, no ano de 2008, apesar da grande crise financeira mundial,
o Brasil teve uma produção agrícola recorde, superando a produção do ano anterior
em 9,1%.
Nos últimos anos o setor agrícola brasileiro tem crescido muito, sendo responsável
por boa parte do Produto Interno Bruto (PIB). O PIB é o cálculo das riquezas que o
país produz, e o órgão responsável por calcular essas riquezas é o IBGE.
meio ambiente.
As ações predatórias dos recursos naturais do nosso planeta tornaram urgente a cria-
ção de políticas públicas que tenham como objetivo o desenvolvimento sustentável
do nosso planeta.
FIGURA 3 - SUSTENTABILIDADE
No Brasil, uma grande expansão industrial ocorreu nas décadas de 1940 e 1950. Esse
Um dos maiores desafios deste século será salvar a natureza. Isso exigirá uma nova
relação entre os seres e o meio em que vivem.
Meio ambiente é toda a natureza que está a nossa volta. São as árvores, o ar que
respiramos, as flores e nós mesmos. Dessa maneira, podemos entender meio
ambiente como um conjunto de fatores naturais, culturais e sociais que nos
influenciam e são influenciados por nós.
A preservação do meio ambiente é uma tarefa de todos os seres humanos. Isso quer
dizer que precisamos cuidar do nosso planeta, modificando nossas atitudes e hábi-
tos, como não deixar a torneira aberta enquanto escovamos os dentes, tomar banhos
rápidos, apagar lâmpadas acesas sem necessidade, utilizar baterias recarregáveis e
sacolas e recipientes retornáveis.
Além disso, é muito importante que toda a sociedade – família, escola, meios de produ-
ção de bens e serviços, políticos – seja sensibilizada e educada sobre a necessidade
Para se ter uma ideia, quando alguém compra um celular de última geração hoje,
possivelmente outros modelos mais modernos já estão sendo lançados no mercado,
tornando o telefone recém-adquirido obsoleto, ou seja, sua tecnologia foi superada.
Esses atos são naturais e são necessários à nossa sobrevivência. O problema está no
consumo abusivo de bens e serviços, que levam à excessiva exploração dos recursos
naturais, promovendo o desequilíbrio ambiental do planeta.
O relatório “Planeta Vivo 2012”, da ONG WWF, nos mostra que temos usado 50% mais
recursos do que o planeta Terra pode nos oferecer. Se o consumo dos recursos natu-
rais continuar abusivo, em 2030 nem mesmo “dois planetas” serão suficientes para
atender às nossas demandas.
Para conhecer um pouco mais sobre a questão dos recursos naturais do nosso
planeta e as metas estabelecidas mundialmente, recomendamos acompanhar
a páginas da “Agenda 2030” da ONU. A partir de uma reunião realizada em 2015
na sede da ONU foram estabelecidas diferentes ações que devem ser empreen-
didas pelas nações até o ano de 2030, visando diversas ações em busca da paz
e do meio ambiente. Visitando a plataforma da instituição é possível conhecer
todas as metas e ações a serem desenvolvidas.
A cultura camponesa é rica e diversificada. Cada região apresenta suas próprias formas
de viver e agir. As festas populares, o patrimônio, a história e os valores de cada gente
podem ser percebidos nas diversas manifestações culturais de cada região.
Uma receita de bolo ou o jeito de dançar, por exemplo, fazem parte dos nossos patri-
mônios imateriais, pois revelam um pouco da nossa cultura e do nosso jeito de ser.
Preservar estes patrimônios é cuidar para que nossas tradições sejam transmitidas
e conhecidas por diversas outras gerações. Nesta perspectiva existem duas medidas
em nosso país que têm a finalidade de proteger e preservar estes bens, o tombamen-
to e o registro.
Um casarão antigo, por exemplo, que foi utilizado como cadeia no decorrer do
século XVIII revela importantes características desta época. Por isso, é muito
importante que suas paredes, pinturas e tudo o que houver neste prédio seja
preservado da mesma forma que ele foi um dia.
O registro, por sua vez, é responsável por preservar os bens imateriais. Esses bens
ficam protegidos perante a lei evitando que tradições tão ricas sejam esquecidas ao
longo dos tempos.
As festas populares conservam hábitos e costumes do nosso povo e, por meio delas,
conhecemos importantes aspectos do nosso passado e presente. Algumas festas,
como a de São João, cresceram tanto que deixaram de ser exclusivas do campo e
passaram a fazer parte da vida de diversas pessoas moradoras das cidades.
A cultura dos povos também pode ser percebida no artesanato. Chamamos de arte-
sanato todo produto que é feito a partir de uma técnica manual, ou seja, construído
pelas mãos de uma ou mais pessoas em vez de ser construído por uma máquina.
O artesanato é considerado também obra de arte, e aqueles que produzem esta arte
são chamados de artesãos. A arte está presente na vida de todas as pessoas. Ela é
uma forma do ser humano expressar seus sentimentos, sua história e sua cultura.
Ao caminhar pela sua região com um olhar mais apurado, prestando atenção
em tudo o que há em seu redor, você certamente irá identificar diversos aspec-
tos da arte: um chapéu, uma rede, cesta, o grafite no muro de alguma casa, um
monumento exposto na praça.
Esta atividade é tão importante que o dia 19 de março foi definido no calendário
nacional como o Dia do Artesão. Nessa data os artesãos comemoram o seu dia e
reafirmam a luta em favor do reconhecimento e do respeito por seu trabalho.
A diversidade do campo também pode ser percebida por meio do seu artesanato,
já que este se modifica de região para região. As comunidades rurais, indígenas e
quilombolas produzem trabalhos artesanais que revelam um pouco da identidade
de cada uma destas culturas.
CONCLUSÃO
A partir dos apontamentos desta unidade podemos concluir que os povos do campo
são fruto de uma grande diversidade. Reconhecer essa diversidade é fundamental
para o combate a estereótipos que são construídos sobre os povos do campo e suas
culturas.
O modelo produtivo nas grandes sociedades, inclusive no Brasil, é fomentado por uma
disputa de mercado que nem sempre levam em consideração as questões ambien-
tais, mas esse é um tema urgente e necessário, visto que os recursos do planeta são
escassos.
A agricultura carece de uma reflexão que seja pautada no meio ambiente e na susten-
tabilidade como alternativas para os modelos produtivos desenvolvidos na atualida-
de. Trata-se de uma temática que interessa não apenas aos povos do campo, mas
toda a sociedade.
UNIDADE 3
OBJETIVO
Ao final desta
unidade,
esperamos
que possa:
3 EDUCAÇÃO DO CAMPO
Nesta unidade iremos discutir a temática da Educação do Campo, a partir de uma
reflexão sobre a relevância da construção de uma pedagogia que considere os anseios
e interesses dos povos do campo.
Também abordaremos a temática do currículo, uma vez que ele cumpre uma função
primordial na construção da escola do campo. É através do currículo que a escola
constrói sua identidade. É através do currículo que a escola tem a possibilidade de se
aproximar da comunidade escolar.
Bons estudos!
INTRODUÇÃO
Pensar em Educação do Campo é considerar a luta dos povos camponeses pelo direi-
to a uma educação diferenciada. Durante muitas décadas os povos do campo foram
submetidos a um modelo de educação que tinha como referência os valores urbanos
em detrimento ao campo.
Nesse modelo de educação, o campo era retratado como local do atraso e seu povo
era representado por um estereótipo negativo.
Embora na mentalidade de muitas pessoas ainda vigore uma visão negativa dos
povos do campo, essa situação vem mudando nos últimos anos. Essas mudanças
estão relacionadas às lutas dos povos campesinos por uma educação que valorize as
vivências e culturas que constituem os povos campesinos.
Dessa forma, vimos nos últimos anos os povos campesinos conquistarem o direito a
uma educação particularizada, balizada por um currículo flexível, que possibilita a
organização escolar a partir dos interesses e realidades dos povos do campo.
Além disso, a gestão democrática nas escolas do campo também vem contribuindo
de maneira efetiva para a participação social no processo educativo e na gestão da
escola.
Sendo assim, nesta unidade iremos nos debruçar na temática relativa à pedagogia
do campo, atentando-nos para a construção de um currículo diferenciado para as
escolas do campo e na gestão democrática.
A luta por uma educação diferenciada para as populações do campo faz parte das
lutas dos movimentos sociais do campo e visam à reparação de direitos negados a
esses grupos ao longo da história, entre eles o direito à escola e educação de qualida-
de. Sobre essa temática, Roseli Caldart aponta que:
Dessa forma, podemos entender as lutas pela Educação do Campo como a busca
pela transformação da escola e do seu fazer pedagógico. Para isso, faz-se necessário
repensar os modos de atuação e práticas pedagógicas.
A luta pela Educação do Campo nos leva a refletir sobre o modelo de escola oferta-
do às populações do campo. De acordo com Molina (2006), é necessário conhecer as
desigualdades que permeiam os sistemas escolares, pois somente assim seria possí-
vel compreender os resultados e reflexos das escolas do campo para a construção de
alternativas e caminhos para superação desses dilemas.
Torna-se relevante pensar uma escola do campo comprometida com uma pedago-
gia do campo, ou seja, é importante a construção de uma escola que valorize os
povos do campo e que esteja vinculada a um projeto de fortalecimento das múltiplas
identidades que constituem os povos campesinos.
Para isso, é necessário o desenvolvimento de uma pedagogia que tenha como pers-
pectiva e referência os saberes dos povos do campo. Além disso, uma pedagogia do
campo deve-se basear nos mais variados aspectos que constituem as populações
campesinas, tais como a economia, as relações produtivas e de trabalho, os laços
afetivos e identitários com a terra e os aspectos ligados ao valor histórico e cultural
dado ao território.
Importante ressaltar que não é possível refletir sobre uma pedagogia do campo sem
relacioná-la com as estruturas sucateadas em que se encontram muitas escolas do
campo.
Isso significa que, para garantir o direito à educação dos povos do campo, é neces-
sário que sejam construídas mais escolas e, além disso, é urgente a necessidade de
equipá-las com laboratórios, internet, cantinas, carteiras, bibliotecas, computadores,
entre outros.
Além desses imensos desafios, o êxito da pedagogia do campo está ligado a políticas
que possibilitem a permanência dos estudantes do campo na escola.
Como ressalta Antunes-Rocha e Hage (2010), muito mais do que o direito de organizar
uma escola por ciclo ou turmas seriadas e multisseriadas, espera-se que a educação
do campo busque entender os variados processos educativos formados a partir das
lutas coletivas, da transformação das realidades, da garantia do acesso e permanência
na escola e de como a própria escola se relaciona com a comunidade a sua volta.
Assim sendo, é importante pensar a escola do campo não só a partir de sua diferen-
ciação cultural, mas também a partir de um novo modelo e projeto de desenvolvi-
mento do campo.
Nas escolas do campo é muito importante uma pedagogia que relacione teoria e
prática, propondo reflexões sobre os problemas e anseios do campo, de modo que o
educando possa se sensibilizar pelas ações que precisam ser empreendidas em sua
vida cotidiana.
Assim, as escolas do campo anseiam por desenvolverem uma pedagogia que dialo-
gue com a vida de seus alunos, pois é preciso que a educação seja vista como algo
importante para todos, e não como um processo obrigatório e sem valor.
Estes diversos temas são estudados em conjunto com as matérias-padrões, que são
lecionadas também nas escolas urbanas, como Língua Portuguesa, Matemática,
História, Geografia e Ciências.
Por isso, torna-se de suma relevância que a pedagogia das escolas do campo seja
elaborada e construída pelos próprios camponeses, já que estes conhecem os anseios
e as necessidades de sua terra melhor que qualquer outra pessoa.
Por meio do currículo os sujeitos são produzidos, e, como aponta Silva (1999), também
podemos compreender o currículo como uma prática de significação, responsável
por instituir diferenças e hierarquias sociais, econômicas e raciais.
Sendo assim, é importante considerar o currículo a partir das tensões sociais e dos
diferentes projetos de desenvolvimento que refletem os interesses políticos e econô-
micos de diversos grupos, o que nos faz refletir sobre o:
Dessa forma, é necessário analisar o que é incluído ou o que fica fora do currículo
da Educação do Campo. Essa construção não se faz de maneira harmônica, mas, ao
contrário, acontece a partir de tensões sociais, políticas econômicas e culturais.
O currículo regula o que deve ou não ser ensinado, a partir de um certo controle que
define os sujeitos, ao mesmo tempo em que define o que é relevante ou não ser
considerado na trajetória de escolarização.
A construção curricular não é neutra, de modo que acaba por ser responsável por
criar e determinar posições sociais, assim como prestigiar e legitimar determinados
conhecimentos e saberes em detrimento de outros, justificar e reproduzir condutas
sociais consideradas válidas em determinado contexto social.
E essa luta dos povos do campo em prol da educação perpassa as disputas pelo currí-
culo. A Educação do Campo, para além do acesso global na escola, também busca
garantir o direito à uma educação baseada nas mais variadas maneiras e modos de
viver e se organizar que apresentam as populações do campo.
Nessas escolas, o currículo volta-se para a promoção de uma educação que constrói
e desenvolve seus objetivos de aprendizagem e planejamento, para a formação de
estudantes como sujeitos ativos e conscientes de seus direitos, assim como de seus
deveres, possibilitando-os exercerem plenamente a cidadania.
Pensar sobre as questões ligadas à organização curricular nas escolas do campo nos
leva a considerar a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDBEN 9394/96.
(BRASIL, 1996)
É importante destacar a relevância desses artigos, uma vez que eles superam a ideia
de um modelo de ensino universal, desvinculando o ensino do campo do urbano,
que durante muitos anos prevaleceu na educação brasileira.
A Lei também traz em seu texto a necessidade de adaptação dos conteúdos curri-
culares, calendário e materiais didáticos às necessidades e realidades dos variados
povos campesinos.
Além da LDB, outra importante lei que trata da organização curricular nas escolas do
campo são as Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo,
que entrou em vigor em 2002.
Essas Diretrizes são fruto de lutas históricas dos movimentos sociais do campo e enfa-
tizam em seu texto a questão da flexibilidade na organização das escolas do campo.
Isso significa que as escolas, tendo em vista suas particularidades, incluam no currícu-
lo aspectos relativos as suas especificidades, levando em conta as experiências coti-
dianas dos povos do campo, nos mais diferentes aspectos, sejam eles sociais, políti-
cos, culturais e econômicos.
O ano letivo, observado o disposto nos artigos 23. 24 e 28 da LDB, poderá ser
estruturado independentemente do ano civil (BRASIL, 2002).
Nos últimos anos, a temática da gestão democrática da escola vem ganhando força e
é um dos principais assuntos discutidos ao se tratar da educação brasileira.
Vale pontuar que pensar em gestão democrática nas escolas do campo é pensar
para além da obrigatoriedade de se ensinar os conteúdos escolares tradicionais. Esse
modelo de gestão traz em seu cerne o remodelamento da realidade escolar brasileira
por meio da participação da sociedade na construção da escola que deseja.
considerar a realidade social em que está inserida a escola é fundamental para conso-
lidação de uma gestão participativa.
Isso significa que a gestão deve estar atenta para os comportamentos individuais e
coletivos, bem como para as especificidades que marcam cada contexto escolar.
Esse olhar diferenciado e inclusivo possibilita a construção de uma escola que vai
além da formação técnica e conteudista, uma vez que visa preparar os sujeitos para
a vida social, a partir de uma formação integral, que combine conteúdos escolares e
saberes populares.
A gestão educacional possui um caráter amplo e sua abrangência vai além da organi-
zação burocrática. A gestão se dá no processo que envolve as relações pessoais entre
os atores que compõem a escola e a comunidade, e se manifestam no interior da
escola e a sua volta.
CONCLUSÃO
Uma reflexão sobre a Educação do Campo nos leva a pensar sobre o protagonismo
dos povos do campo na luta pelo direito a um modelo de educação que esteja rela-
cionado às experiências e vivências desses povos.
Isso significa pensar em uma pedagogia que possibilite estabelecer um canal entre
os anseios e interesses dos povos do campo e um currículo diferenciado, baseado na
junção entre os saberes tradicionais e científicos.
Para isso, é necessário um currículo que respeite a identidade das escolas do campo
e que seja flexível, possibilitando uma adaptação e organização curricular diferencia-
da, dialogando com as múltiplas realidades que marcam as populações do campo.
UNIDADE 4
OBJETIVO
Ao final desta
unidade,
esperamos
que possa:
4 PEDAGOGIA DO CAMPO
Nesta unidade, será abordada a importância da construção de práticas educati-
vas específicas para a educação do campo. As diversas realidades e contextos que
permeiam o campo brasileiro levam a refletir sobre a necessidade de um currículo
diferenciado, de acordo com cada realidade. É nesse sentido que, no decorrer da
unidade, será tratada a questão relativa aos materiais didáticos e a importância de
produzir materiais que dialoguem com as múltiplas realidades que constituem o
campo brasileiro.
Além disso, será abordada nesta unidade a pedagogia socialista, que tem como gran-
de referência a pedagoga e revolucionária russa Krupskaia. Sua luta por uma educa-
ção pública e gratuita exerce influência em muitas lutas dos povos do campo.
INTRODUÇÃO
As práticas educativas na educação do campo envolvem muitas especificidades. Por
ser constituído de múltiplas realidades, o campo brasileiro deve ser analisado a partir
de toda sua complexidade. No campo educacional, refletir sobre as práticas educa-
tivas significa considerar essas realidades dos povos do campo e, por isso mesmo,
considerar também a necessidade de um currículo flexível.
O papel do educador do campo assume grande relevância, uma vez que esse profis-
sional cumpre papel importante na mediação do saber. Vale destacar que o educa-
dor deve ser capaz de ministrar os conteúdos escolares, ao mesmo tempo em que
parte das múltiplas realidades dos educandos para a construção do conhecimento.
A educação do campo conta com práticas pedagógicas específicas para que se possa
promover um processo educativo que seja capaz de dialogar com as diferentes reali-
dades dos povos do campo.
A partir dos apontamentos dos autores, pode-se perceber que um dos problemas que
envolvem a implantação e efetivação do projeto libertador de educação do campo é
o interesse de grupos que visam conceber o campo não como um protagonista das
suas próprias ações, mas como uma região que deve ser subjugada apenas à explo-
ração econômica.
Nesse contexto de exploração e educação bancária, não há espaço para sujeitos críti-
cos, reflexivos e construtores de suas próprias histórias.
Machado (2017) sintetiza que as lutas dos povos do campo não são apenas em favor
de uma escola de qualidade que atenda às especificidades do campo, mas também
uma escola que seja capaz de se comprometer com a promoção de uma sociedade
melhor para todos.
Essa visão, contudo, serviu para justificar a falta de investimentos na educação nas
regiões do campo, fazendo com que os próprios sujeitos tivessem de ser tornar os
protagonistas das lutas do campo. Nesse contexto, a escola se torna uma pauta
urgente e necessária para as lutas.
Freire dizia, por exemplo, que não fazia sentido ensinar o aluno frases como: “vovô
viu a uva”. É preciso que a educação faça sentido para o aluno e também promova
reflexões sobre os modos de vida em sociedade. Assim, essa frase poderia ser substi-
tuída por situações, como quem planta a uva, o preço pelo qual ela é vendida, onde
se comercializa a uva, quem tem dinheiro para comprar a uva, entre outras refle-
xões que permitem que o aluno se torne um sujeito ativo na sociedade em que vive,
compreendendo sua estrutura, organização e, assim, construindo a possibilidade de
lutar por um mundo melhor.
Nesse sentido, as práticas pedagógicas devem ser construídas a partir de uma pers-
pectiva libertária, reflexiva e questionadora sobre a realidade que se estabelece no
campo e na cidade. Não basta ensinar apenas conteúdos escolares, é preciso promo-
ver reflexões sobre a estrutura da sociedade.
escola
Sociedade
Transformação
Por isso, o autor argumenta que: “A escola do campo é composta por sujeitos que,
por necessidades, lutam e conquistam, no decorrer de décadas, o direito a uma esco-
la que se envolva e seja envolvida por características que valorize suas identidades”
(MACHADO, 2017) Logo, não cabe à escola do campo ser uma reprodutora do mode-
lo tradicional em suas salas de aula, é preciso construir propostas educativas que
dialoguem com a realidade desses povos.
Durante muitos ano, imaginou-se que existia um padrão de educação que deveria ser
seguido por todas as pessoas, sem distinção. Essa realidade começou a se modificar
quando estudiosos da educação perceberam que o processo educativo deve dialogar
com a realidade das pessoas.
aulas poderiam dialogar melhor com a vida daqueles alunos. Assim, surgiu a ideia de
trabalharem a partir da realidade destes.
Para trabalhar matemática, por exemplo, passaram a calcular a área dos assenta-
mentos ou acampamentos, para, a seguir, propor questões, como: “Como poderia ser
dividida esta área entre as famílias acampadas? Qual seria a quantidade de material
necessário para a construção de cercas entre as casas?”.
Krupskaya (2017) constrói uma crítica ácida à situação das mulheres e crianças no
contexto russo que antecede ao processo revolucionário. Ela aponta que as mulheres,
fadadas a longas jornadas nas fábricas, não têm condições de educar e de cuidar dos
seus filhos.
Essa atividade acaba ficando relegada a terceiros e, no contexto russo, esses terceiros
normalmente são os irmãos mais velhos, que às vezes não têm nenhuma experiên-
cia com a tarefa de cuidar de uma criança ou são tão pequenos que não têm nem
mesmo condições físicas e psicológicas para exercer esse papel.
Krupskaya (2017) aponta que o trabalho nas fábricas era permitido a partir dos 12
anos de idade, o que fazia com que as crianças, desde muito cedo, assim que permiti-
do pela lei, passassem a realizar atividades laborativas em troca de salário. Essa situa-
ção revela hábitos muito diferentes do que são cultuados atualmente na sociedade
contemporânea, ao mesmo tempo em que permite refletir sobre como o debate em
torno do trabalho infantil pode ser prejudicial às crianças e jovens.
Trabalhar
Mulheres Crianças
Educar
As mães, ao irem para o trabalho, levam suas crianças pequenas para estes
jardins de infância e as deixam lá até o seu retorno do trabalho. Elas podem
trabalhar tranquilamente, porque nenhum desastre acontecerá com seus
filhos: no jardim de infância, muitas professores cuidam das crianças [...] Nós
apresentamos a descrição de um jardim de infância apenas para mostrar que
a educação das crianças pode começar a partir de uma idade muito precoce
e que no jardim de infância público as crianças podem passar o tempo de
forma bastante produtiva para elas e de forma muito mais alegre do que em
casa (KRUPSKAYA, 2017, p. 29).
Krupskaya (2017) destaca a importância da formação infantil desde muito cedo, reve-
lando a preocupação dos revolucionários com a infância e compreendendo que a
escola seria o local mais adequado, pois além de estar em um ambiente seguro e
protegido, ela ainda tem a oportunidade de estudar, aprender e se divertir.
Nota-se, desse modo, o valor que a educação tem no movimento revolucionário russo
e a importância de se discutir a situação das mulheres como uma categoria que não
se limita apenas à condição de trabalhadora, mas que também leva em consideração
sua condição de mulher.
Krupskaya (2017) enfatiza ainda qual deve ser o papel do professor nesse modelo
de escola auto-organizacional que se pretende construir e destaca que o papel do
professor deve ser o de promover:
No texto produzido para “Ao congresso dos professores públicos”, em 1913, Krupska-
ya defende outras concepções pedagógicos bem à frente do seu tempo, como:
É curioso imaginar como a autora foi capaz de apontar situações ideais para uma
escola há mais de 100 anos atrás e que algumas dessas concepções ainda podem
estar tão atuais e carentes de investimento, como é o caso da maior participação
das comunidades no cotidiano da escola ou mesmo a burocracia que perpassa pela
prática pedagógica.
A escola, sendo um espaço apenas para satisfazer aos interesses dos grupos dominan-
tes, e não dos sujeitos que a frequentam, fez com que fosse uma instituição reivindi-
cada pelo processo revolucionário russo, a fim de formar novas concepções para esse
importante espaço de formação.
Nesse sentido, a pedagogia socialista compreende que a escola também não deve se
limitar a simplesmente a reproduzir os conteúdos escolares burgueses, mas torna-se
um espaço para reflexão sobre os problemas que atingem a sociedade.
Assim, além dos conteúdos escolares, a escola precisa ser capaz de atender ao seu
povo e suas necessidades. A pedagogia socialista defendia uma escola que fosse capaz
de perpassar por diferentes necessidades das vidas dos sujeitos, discutindo desde sua
organização até os processos de trabalhos necessários à sociedade da época.
Pode-se concluir que a pedagogia socialista busca formar um sujeito integral, crítico
e ético, preocupado e consciente do seu papel dentro da sociedade, colaborando
para a efetivação de uma sociedade mais igualitária e melhor para todos.
É nesse sentido que a pedagogia socialista dialoga com a pedagogia do campo. Não
basta apenas o aprendizado dos saberes escolares. A pedagogia do campo visa à
preparação e formação de sujeitos críticos e capazes de decidir seus destinos.
Além disso, o tempo de aprendizagem é único em cada pessoa, por isso é preci-
so que o educador esteja também atento aos processos de aprendizagem dos seus
alunos, buscando teorias e metodologias diversas, de modo a atender a todas as esfe-
ricidades presentes na sua sala de aula.
Para ser educador e voltar-se para essa educação do campo, vejo necessária
a certeza da diversidade. O agricultor não é aquela figura pintada por muitos
do homem que não se atualizava, não buscava conforto. Educar no/para o
campo exige que o professor reconheça o aluno (a família) como responsável
pelo próprio capital, e que este, além de garantir o sustento do próprio lar,
exige o conforto cada vez melhor do seu grupo familiar (BERNADI; PELINSON;
SANTIN, 2004, p. 132).
Nota-se, ainda, que o educador tem a consciência de que o sujeito do campo deve
ser o protagonista da sua própria aprendizagem e, para garantir esse processo, é
importante que o educador reconheça essa autonomia e assim promova condições
adequadas para garantir o protagonismo dos sujeitos do campo.
Família
LDB
Escola
A escola, por sua vez, passa a receber contribuições da comunidade e, assim, pode
estruturar sua prática pedagógica dentro das expectativas dos povos que ali vivem.
CONCLUSÃO
Tratar da educação do campo é sempre um enorme desafio, tendo em vista a diver-
sidade que constitui e forma o campo brasileiro. Além disso, o campo é marcado por
uma diversidade que precisa ser compreendida a partir de toda sua complexidade.
De acordo com essa teoria, deveria ser valorizado não só os saberes científicos e esco-
lares, mas também os saberes tradicionais que todos indivíduos carregam.
Esse modelo educacional exige uma formação qualificada para o professor e educa-
dor do campo, uma vez que o mesmo deve mediar a relação entre os saberes escola-
res e os saberes que os educandos já trazem a partir de suas vivências.
UNIDADE 5
OBJETIVO
Ao final desta
unidade,
esperamos
que possa:
> Discutir e
problematizar as
desigualdades
e estereótipos
relacionados ao campo
e à cidade.
> Problematizar a
organização dos
povos do campo e dos
movimentos sociais do
campo.
5 CAMPO BRASILEIRO:
HISTÓRICO E OCUPAÇÃO
A formação histórica do Brasil é marcada pela concentração de terras, o que leva a
refletir sobre as desigualdades presentes na sociedade brasileira atualmente. Nesse
sentido, é importante problematizar essas desigualdades e trazer à tona a discussão
referente aos estereótipos relacionados ao campo e à cidade.
A ideia de modernização do país foi construída a partir de uma dicotomia que natu-
ralizou a mentalidade de que o campo é o lugar do atraso, enquanto a cidade seria o
espaço da modernidade.
Essa maneira de enxergar o processo histórico foi e é responsável por uma visão
preconceituosa do campo e de toda sua população. É nesse contexto que os movi-
mentos de luta pela terra ganharam visibilidade na luta por uma redistribuição de
terras justa e por oportunidades para os sujeitos do campo, sempre visando à supera-
ção das mazelas e desigualdades sociais.
Assim, esta unidade traz uma reflexão sobre a formação fundiária brasileira e a luta
dos movimentos sociais por uma educação do campo que valorize as culturas e iden-
tidades dos povos do campo.
INTRODUÇÃO
Desde o período da colonização portuguesa, o Brasil apresenta diversas tensões entre
grupos sociais que compõem o campo brasileiro. Essas tensões refletem também as
disputas de interesses relacionados ao uso e ocupação da terra.
Foi no contexto de luta pela terra que os movimentos sociais do campo se organiza-
ram para exigir não só uma redistribuição de terras, mas também o direito à educa-
ção, pois, ao longo de suas trajetórias históricas, perceberam que, para romper com
as desigualdades no acesso à terra, era preciso também conquistar outros espaços.
Monocultura
Tripé
econômico
Escravidão Latifúndio
Esse modelo ficou conhecido pela expressão “brecha camponesa”. A maior expansão
da agromanufatura açucareira ocorreu no final do século XVI e na primeira metade
do século XVII, quando a produção era realizada em mais de 250 engenhos, coinci-
dindo com o movimento acentuado de alta dos preços no mercado europeu.
• Agromanufatura açucareira
Durante todo o Período Colonial, o açúcar foi o principal produto agrícola de expor-
tação do Brasil. Entre 1796 e 1811, esse produto foi responsável por 35% das expor-
tações brasileiras. A renda média gerada pela agromanufatura do açúcar, inclusive no
século XVIII, o chamado “século do ouro”, foi maior do que a de qualquer outro setor
da economia colonial.
• Tabaco e algodão
• Setores subsidiários
• Comércio interno
Quanto ao comércio interno, vale destacar a articulação que ele propiciou entre os
vários polos econômicos. Ao mesmo tempo, desenvolveu-se um comércio ambulan-
te em muitas cidades coloniais, com destaque para São Paulo e Rio de Janeiro, reali-
zado principalmente pelos “escravos de ganho” (escravos alugados a terceiros ou que
dividiam os rendimentos auferidos com seus senhores atuando na construção civil,
nos serviços domésticos e em atividades artesanais).
Brasil
Capital Economia
Inglês cafeeira
• surgimento de uma nova elite econômica com uma mentalidade mais empre-
sarial e dinâmica: a burguesia cafeeira do Oeste Paulista.
• na década de 1820, o café respondeu por apenas 18,4% do total das exporta-
ções
De acordo com essa lei, as terras que ainda não haviam sido plenamente ocupa-
das (terras públicas), passaram a ser vendidas. Os grandes proprietários, que tinham
recursos financeiros, puderam incorporar grandes extensões de terras aos seus lati-
fúndios.
A lei não impediu a invasão e a grilagem, em todo o país, das terras devolutas por
parte dos latifundiários, ocorrendo, assim, uma maior concentração da terra.
Como se tratava de uma atividade econômica subordinada aos interesses das áreas
centrais do capitalismo e cuja produção voltava-se para atender à demanda externa,
a cafeicultura apresentava, a cada ano, safras recordes.
Tratou-se, no entanto, de uma valorização artificial, uma vez que, de acordo com o
Convênio de Taubaté, caberia ao governo federal retirar do mercado os excedentes
que não eram absorvidos pelo mercado internacional, numa tentativa de estabiliza-
ção de preços.
Ao longo das décadas de 1920 e 1930, a queda dos preços do café no mercado inter-
nacional provocou um deslocamento dos investimentos do setor agrário para o setor
industrial, reforçando, ainda mais, os vínculos entre a burguesia cafeeira e a burguesia
industrial.
Como reflexo dessa crise, toda a economia foi abalada, principalmente o setor primá-
rio-exportador, com destaque para o cafeeiro. Com o colapso desse setor, tornou-se
necessário redefinir o modelo econômico até então hegemônico no país.
A luta pela terra teve outro momento importante na década de 1950. Nessa época,
no município de Vitória de Santo Antão, interior de Pernambuco, surgiu um movi-
mento que ficou conhecido como Ligas Camponesas.
O principal líder desse movimento foi Francisco Julião, advogado e deputado esta-
dual pelo Partido Socialista em Pernambuco. Em 1954, solidarizou-se com os traba-
lhadores do Engenho Galileia, em Vitória de Santo Antão, que, após organizarem a
Sociedade Agrícola e Pecuária dos Plantadores de Pernambuco, foram ameaçados
de despejo, sob a alegação, por parte do proprietário, de que “isso era coisa de comu-
nista”. No dia 1º de janeiro de 1955, Francisco Julião legalizou a sociedade fundada
pelos “galileus” como Ligas Camponesas.
O principal objetivo das Ligas Camponesas era a reforma agrária, isto é, a revisão da
estrutura agrária do país com o objetivo de se alcançar uma distribuição mais iguali-
tária da terra, visando à promoção da justiça social.
Para elas, o latifúndio devia ser combatido, pois mantinha as desigualdades sociais
no campo e era responsável pelo crescente êxodo rural, porque não oferecia oportu-
nidades de trabalho para todos.
Em 1955, o poeta pernambucano João Cabral de Melo Neto escreveu o livro “Morte e
vida Severina e outros poemas em voz alta”. Nele o autor relata o drama do sertanejo
sem terra que se torna retirante e busca o litoral para fugir da seca e da pobreza. O
retirante de seu poema, chamado Severino, sonha ter uma vida melhor, distante do
latifúndio que o mantém na miséria.
A intensa mobilização dos trabalhadores rurais se deu num contexto em que recru-
descia a Guerra Fria em razão da vitória da Revolução Cubana, em 1959, no exato
momento em que seus líderes afirmavam o caráter anti-imperialista e socialista do
processo revolucionário.
Nessa situação, as Ligas Camponesas foram proibidas e muitos de seus líderes foram
presos. A luta pela terra foi duramente atingida nessa época, no entanto não acabou,
apesar de toda a repressão imposta pelo regime militar.
No final da década de 1970, por causa dos conflitos sociais no campo, na região Sul
do Brasil se formou o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST). Uma das formas
de luta do MST é a ocupação de terras como forma de pressionar o governo a acelerar
a reforma agrária.
A cada ano que passa, cresce a polêmica sobre o Movimento dos Trabalhadores Rurais
Sem Terra (MST) no Brasil. Internacionalmente, é visto como uma forte luta popular
em busca da reforma agrária.
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) nasceu do processo de luta e
resistência contra a política de desenvolvimento agropecuário implantada durante o
regime militar. O movimento foi fundado em 1984, em Cascavel, no Paraná.
As lutas que marcaram a história do MST, mesmo antes de sua fundação em 1984,
foram as ocupações realizadas no estado do Rio Grande do Sul em 1979, as ocupa-
ções em Santa Catarina em 1980 e, nesse mesmo ano, as realizadas no Paraná, como
consequência do conflito entre o governo federal e as mais de dez mil famílias que
tiveram suas terras inundadas com a construção da barragem de Itaipu.
Foi em meados da década de 1990 que o MST ganhou maior espaço na mídia e,
assim, a questão agrária ganhou maior visibilidade em áreas urbanas. Isso se deve,
entre outros motivos, à decisão do MST de intensificar seu trabalho para sensibilizar
a população das cidades, mostrando que a democratização da terra é fundamental
para resolver problemas sociais, tanto no campo quanto no meio urbano.
Até 1997, o MST havia se organizado em 24 estados, formando uma rede nacional
de luta e resistência, promovendo e criando ocupações, assentamentos, secretarias e
cooperativas implantadas em vários municípios.
Foi nessa época que o MST adotou a palavra de ordem “Reforma agrária, uma luta de
todos”. Além disso, os massacres de Corumbiara, em 1995, e de Eldorado dos Cara-
jás, em 1996, forçaram os meios de comunicação a discutir de forma mais intensa a
questão agrária.
Em abril de 1997, a “Marcha para Brasília” fez com que o MST fosse destaque nas
primeiras páginas dos jornais e revistas de maior circulação. Dois mil sem-terra parti-
ram de três diferentes pontos do Brasil em direção à capital federal, clamando por
terra, emprego e justiça. A caminhada durou dois meses e, no total, contou com cerca
de 40 mil participantes.
Ao se refletir sobre as escolas, algumas coisas logo vêm à mente, como livros, quadros
(lousas), bibliotecas, quadras, carteiras, professores e alunos. Mas, mesmo comparti-
lhando algumas coisas em comum, nem todas as escolas são iguais.
As escolas precisam dialogar com a realidade de cada um dos alunos que ali estu-
dam, por isso elas têm características próprias e tornam-se diferentes em cada região.
Quando se pensa nas escolas do campo, é muito importante refletir a partir da diver-
sidade dessas escolas, pois mesmo no campo existem as particularidades.
Muitas dessas pessoas não tinham instrução suficiente para praticarem essa função,
mas essa realidade modificou-se ao longo dos tempos e hoje essas escolas contam
com professores capacitados e formados para tal, embora ainda se faça necessário
um maior investimento, a fim de criar condições para que todas as regiões sejam
atendidas.
Essa situação também pôde ser percebida nas comunidades indígenas e quilombo-
las, que atualmente já têm membros da própria comunidade formados em cursos de
licenciatura para ministrar aulas para seus pares.
Esses dados revelam que a educação do campo ainda precisa de muitos avanços. É
preciso uma grande mobilização da sociedade civil, movimentos sociais e governan-
tes para que o direito à educação de qualidade seja garantido a todas as pessoas.
Nessas escolas, os alunos de idades diferentes estudam na mesma sala, mas apren-
dem conteúdos diferentes de acordo com seu desenvolvimento.
levados para estudar em cidades próximas às suas casas. As longas jornadas enfren-
tadas diariamente pelos alunos podem desestimular ou impossibilitar que eles conti-
nuem frequentando a escola.
Além disso, os altos valores pagos ao transporte escolar podem ser convertidos em
verbas para a construção de novas escolas multisseriadas, uma vez que estas deman-
dam menor espaço e menor investimento para construção e funcionamento.
Escolas Multisseriadas:
Nas áreas rurais da Colômbia, foram implantadas diversas escolas multisseriadas que,
em razão do seu modelo inovador, passaram a ser conhecidas como Escuela Nueva.
O governo da Colômbia realizou grandes investimentos nesse modelo de educação.
Formou professores, desenvolveu métodos e técnicas que foram muito eficientes na
formação dos diversos alunos que tiveram a oportunidade de estudar a partir desse
modelo.
O rendimento dos alunos das escolas multisseriadas foi superior ao dos demais que
estudavam a partir do modelo seriado. Esses resultados fizeram com que o governo
colombiano optasse pelas escolas multisseriadas também na zona urbana.
É preciso destacar que no campo também existem as escolas seriadas e que estas
têm apresentado resultados satisfatórios quanto ao desenvolvimento e aprendiza-
gem dos educandos. Algumas dessas escolas têm sido exemplo para várias outras,
visto que suas práticas de sucesso têm sido muito eficientes.
Nesse sentido, vale destacar a atuação das escolas itinerantes que operam na região
do campo, sobretudo a partir da organização de movimentos sociais, como o Movi-
mento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Muitas dessas escolas não recebem ajuda do governo e são mantidas pelo próprio
MST. As aulas acontecem em diversos lugares, como na beira de estradas e embaixo
de árvores ou lonas pretas. O cotidiano da vida do campo faz parte desse modelo de
escola.
Nessas escolas, os alunos aprendem a ser mais solidários com o próximo e têm aulas
que dialogam com sua realidade. Algumas escolas itinerantes foram perseguidas e
fechadas em alguns estados brasileiros, fazendo com que diversas crianças ficassem
longe das escolas. O MST e vários outros movimentos sociais têm lutado muito para
que essas escolas voltem a funcionar e atendam aos alunos que precisam delas.
BIBLIOGRAFIA COMENTADA
Veja a seguir algumas indicações de obras que complementarão seu conhecimento
sobre os assuntos abordados na disciplina.
CONCLUSÃO
Pensar sobre a formação e histórica do campo brasileiro instiga a questionar a forma
como se deu a ocupação do território e como as riquezas do solo brasileiro foram
apropriadas.
A concentração de terras nas mãos de poucas pessoas foi responsável por produzir
no campo um grande abismo social e fundiário, que coloca nas mãos de pequenos
grupos grandes porções de terras, que são utilizadas para a produção agrícola mono-
cultora de exportação. Por outro lado, milhões de pequenos produtores rurais foram
obrigados a deixar suas terras devido aos parcos incentivos para a produção.
Foi nesse contexto que os movimentos de luta pela terra passaram a se organizar na
busca de melhores condições e exigir políticas de redistribuição de terras.
Foi com o intuito de problematizar a formação fundiária brasileira que esta unidade
visou compreender as nuances que marcam o campo brasileiro e os múltiplos atores
que ali se encontram.
UNIDADE 6
OBJETIVO
Ao final desta
unidade,
esperamos
que possa:
6 EDUCAÇÃO DO CAMPO E
POLÍTICAS PÚBLICAS
Nesta unidade, serão tratadas as relações entre políticas públicas e educação do
campo. Inicialmente, será apresentada uma discussão em torno dos conceitos de
política e de público, buscando compreendê-los a partir de toda sua complexidade
e historicidade.
Também virá à tona o conceito de políticas públicas, por meio de uma análise que
buscou compreender sua origem e sua relevância para a garantia de direitos de todos
os cidadãos.
Dessa forma, você refletirá sobre a necessidade de que todos os sujeitos se atentem
e compreendam o que são as políticas públicas, como são criadas e sua importância
para a construção de uma sociedade mais igualitária e justa.
Serão focadas as nuances que marcam as relações entre a criação de políticas públi-
cas e a educação do campo, demonstrando o papel relevante dos movimentos sociais
do campo e dos sujeitos do campo na luta por uma educação do campo feita para e
pelos povos do campo.
INTRODUÇÃO
Nesta unidade será discutida a temática relacionada à educação do campo e às polí-
ticas públicas. Essa discussão é muito importante, pois permite compreender como
se dá o processo de construção de uma política pública a partir da discussão do
próprio conceito de o que vem a ser uma política pública.
Foi a partir da criação de políticas públicas, por exemplo, que existe hoje um olhar
diferenciado para a educação e ensino nas áreas rurais do Brasil. Tendo em vista a
importância do tema, além da discussão sobre o conceito e a origem das chama-
das políticas públicas, serão analisadas suas relações com a educação do campo e
a garantia do direito à educação. Essas reflexões são cada vez mais necessárias para
a formação de um sujeito crítico e reflexivo, pois possibilita entender que a garantia
dos direitos sociais passa, antes, pela atuação cidadã dos sujeitos que compõem uma
determinada sociedade.
Pensar em políticas públicas leva a refletir sobre o conceito de política. Pode-se desig-
nar a esse termo (política) uma gama variada de sentidos. Muitas pessoas relacionam
diretamente a palavra política a imagens de personalidades políticas, campanhas
eleitorais, propagandas de governo, partidos, voto e ações governamentais.
De fato, todas essas atividades podem ser associadas à esfera política, entretanto há
de se entender que política não se reduz apenas a essas atividades. A complexidade
do conceito de política o leva a se manifestar de forma diversa: quando um indivíduo
se posiciona (ou não) diante de uma determinada situação de opressão ou diante de
situações relacionadas a temas, como violência, miséria, desigualdades etc., ele está
tomando uma decisão que é política.
É muito comum ouvir as pessoas dizendo que política não se discute ou buscando se
afastar da política, alegando desinteresse ou sob o entendimento de que nada tem a
ver com ela. Outras pessoas se afastam, pois enxergam e associam a política a casos
de escândalos e grandes esquemas de corrupção.
De acordo com Maar (1994), apesar da variedade de significados que se pode atribuir
à palavra política, um significado se destaca, por ser unanimidade entre intelectuais,
que é a sua referência ao poder político e à esfera da política institucional.
Independentemente da sua nossa vontade, qualquer que seja o espaço ocupado por
um indivíduo na sociedade, este lugar está marcado pelas relações de poder, que se
expressam sob diferentes formas e maneiras.
Existem relações de poder que se expressam a partir das relações de governos, parti-
dos políticos, instituições, como o Estado, a família, a igreja, a escola, entre outras, e
existem relações que se expressam nos pequenos atos que acontecem no dia a dia.
Importante ressaltar que o termo política foi desenvolvido pelos gregos, na Antigui-
dade. Vale destacar que, na Grécia Antiga, as cidades-estados constituíam-se como
espaços autônomos e soberanos de participação na administração pública e nas
decisões da pólis.
A palavra política é derivada de “pólis”, que significa tudo que se relaciona à cidade.
Faz referência à maneira como os indivíduos se comportam no espaço público.
Complexidade
Política
Grécia Relações
Antiga cotidianas
Até aqui você viu como o conceito de política é complexo e perpassa todas as esferas
e instâncias da sociedade, desde os indivíduos até as instituições, mas deve se atentar
para as relações entre política e educação.
A palavra público tem sua origem no latim publicus, que significa vindo do povo. É
importante ressaltar que privado não significa liberdade total e ilimitada, pois a vida
privada é mediada pela esfera pública.
Quando se associa o público à política, deve-se atentar para o fato de que não é
apenas o governo que exercita a política. Ao organizar-se, a sociedade civil também
faz da política um instrumento de transformação da sociedade como um todo.
Um ponto importante que merece ser considerado é a grande confusão feita entre
o estatal e o público. De acordo com Davies (2003), muitos autores, percebendo a
presença de características privatistas na educação estatal, vêm discutindo os obstá-
culos à sua publicização e vêm oferecendo elementos para superar esses problemas
e avançar na construção de uma escola pública de qualidade, que não seja apenas
financiada pelo Estado.
Entre os pontos destacados por Davies (2003) para a publicização da educação esta-
tal, pode-se destacar:
• participação da comunidade.
Entretanto, o autor afirma que é necessário estar atento para a natureza e limites
embutidos nessa participação, bem como a participação da comunidade. Sendo
assim, deve-se considerar que a comunidade não é constituída por indivíduos e
grupos homogêneos, mas, pelo contrário, são compostos por grupos diversos.
Ao longo das nossas vidas, sempre se ouviu falar em políticas públicas relacionadas
ao campo da educação. Para muitos, as políticas públicas representam os programas
apresentados pelo governo, atribuindo a esse termo o seu vínculo com as ações do
Estado.
Entretanto, falar em políticas públicas exige um olhar mais profundo para entender
que elas se originam na dinâmica que envolve as dimensões da vida social, política,
econômica e cultural e que nascem dos mais diversos conflitos de interesses que
podem envolver determinada sociedade.
São as disputas entre essas forças que determinam as decisões na esfera estatal e as
necessidades ou não de indeterminadas intervenções do governo em uma determi-
nada situação. O conjunto dessas decisões é que inflige no que se chama de política
públicas.
Como aponta Cunha (2002), muitas ações do Estado foram resultado das pressões
provocadas por essas lutas. A organização e poder de pressão dos movimentos sociais
e demais movimentos em prol dos direitos vinculados à sociedade civil são fatores
fundamentais na conquista de novos direitos sociais, assim como na manutenção de
tantos outros direitos.
É válido salientar que as políticas públicas podem, também, ser orientadas por orga-
nismos e instituições internacionais. Entre esses grupos, pode-se destacar a atuação
do Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial (BIRD). Os documentos
e ações desses organismos enviaram propostas de reformas educacionais para os
países em desenvolvimento como condição essencial para ajuda financeira (conces-
são de créditos).
De acordo com Celina Souza (2006), os governos definem suas agendas de três formas
diferentes:
• Foco na política: a agenda com esse foco tem como característica a constru-
ção de uma consciência coletiva sobre determinado problema que deve ser
enfrentado.
Quando se trata de direitos sociais e suas garantias, a política pública tem como obje-
tivo a concretização desses direitos. Como aponta Duarte (2008), a educação escolar é
um direito presente na Constituição e cabe ao Estado garantir, por meio das políticas
públicas, as condições necessárias para que esse direito seja acessado pelos cidadãos.
Direitos
Diretrizes Planos
Políticas
Públicas
É por meio da legislação educacional que se pode cobrar esses direitos. Nesse senti-
do, é importante que as pessoas conheçam as leis que regem a educação e o proces-
so de formulação de políticas públicas e como as mesmas resultam em programas,
projetos e diretrizes que orientam e norteiam a educação.
Souza (2002) aponta que a cidadania participativa seria um dos caminhos para o
desenvolvimento de políticas públicas mais coerentes com os interesses sociais. Essa
relação entre cidadania e políticas públicas implica em luta por direitos. A busca pela
manutenção e ampliação dos direitos é que configura o que se chama de cidadania.
É nesse contexto de luta por direitos que a educação do campo emerge como bandei-
ra dos sujeitos e movimentos sociais do campo. Os processos de luta por emancipa-
ção social e conquista de direitos constitui-se de atitudes e valores cidadãos. É assim
que as políticas públicas nascem e as sociedades podem se tornar mais justas e igua-
litárias.
De acordo com Celina Souza (2006), as políticas públicas podem assumir quatro
formatos diferentes:
• Para Souza (2006), não existe apenas uma definição do que seja política públi-
ca, mas apesar de existirem abordagens e definições diferentes sobre esse
termo, as políticas públicas acabam assumindo, em geral, uma visão holística
do tema.
• a política pública abrange uma gama de questões e não se limita a leis e regras;
• as políticas públicas implicam em uma série de processos que vão desde sua
proposição até a sua implementação, execução e avaliação.
Nesse contexto, a década de 1990 foi marcada por múltiplos esforços dos setores
progressistas da sociedade na busca de regulamentação e implementação dos direi-
tos sociais presentes na Carta Magna de 1988.
O Estado brasileiro vem direcionando aos estados e municípios boa parte das respon-
sabilidades da gestão das políticas sociais. Um reflexo disso são as políticas públicas
sociais, que, a partir do princípio da descentralização, vêm passando por um processo
de municipalização.
De acordo com Schneckenberg (2000), muitas vezes se ouve falar que a ausência de
participação dos múltiplos sujeitos e atores sociais na definição das políticas educa-
cionais estão ligadas aos desinteresses deles ou então ao seu despreparo para uma
vivência democrática. Para esse autor, essas visões e representações não colaboram
para a construção de uma política educacional que garanta o acesso e participação
de todos.
Algumas ações por parte do poder público para a educação do campo, em específi-
co, podem ser vistas como um grande avanço. Entretanto, para Nascimento (2009), o
Estado não consegue e não tem interesse em incorporar as demandas dos movimen-
tos sociais, uma vez que suas aspirações ultrapassam os muros da escola.
Para esse autor, após os direitos serem alcançados, o conflito e a resistência não
podem ser desmobilizados.
Lutar por direitos significa caminhar até a metade do caminho e por ali esta-
cionar, ou seja, adquire-se a emancipação política onde lhe é outorgado pelo
Estado ou pelos governos o sentido político adquirido o de ser cidadãos sujei-
tos de direitos... não existe emancipação humana nessa lógica, uma vez que a
luta não acabou (NASCIMENTO, 2009, p. 18).
Por isso, ao se falar de educação do campo, pode-se pensar em uma série de instru-
mentos legais que dão subsídios para a construção de propostas educacionais e
para o desenvolvimento de políticas públicas que atendam às realidades e contextos
sociais do campo brasileiro.
Bases legais e
marcos normativos
Educação
do Campo
Vale lembrar que a educação rural só passou a receber atenção a partir de 1934,
entretanto sua viabilização se esbarrou na falta de interesse dos grupos que compu-
nham o poder naquele período.
Vale destacar que a flexibilização da lei permitida pela LDB possibilita que as escolas
do campo possam se organizar a partir de suas realidades diversas. As escolas multis-
seriadas são um grande exemplo dessa flexibilização e das especificidades das esco-
las do campo.
Embora a LDB seja um grande avanço para a educação nacional e em específico para
a educação do campo, ainda é necessário caminhar muito para a efetivação do direi-
to à educação de todos.
Nesse documento, existe uma preocupação com conceitos e estruturas que formam
o campo brasileiro, enfatizando a identidade e a diversidade como elementos funda-
mentais para a organização social dos povos do campo.
Apesar dos avanços, Nascimento (2009) chama a atenção para uma certa distân-
cia existente entre a política macroestrutural promulgada pelo Conselho Nacional
de Educação e a política microconjuntural existente nas localidades, nos munícipios.
Como afirma o autor:
CONCLUSÃO
Compreender a dinâmica e as relações que envolvem a criação de políticas públicas
é uma tarefa de grande relevância para qualquer sociedade que espera ser igualitária
e justa.
Foi por pressão desses movimentos que foram criadas políticas públicas voltadas
para a educação nas áreas rurais. Conhecer esses dispositivos legais é de suma impor-
tância para que todos os sujeitos do campo tenham seus direitos à educação e cida-
dania garantidos.
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FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
SUMÁRIO 125