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Universidade Federal Fluminense

Docente: Rosilda Benacchio


Discente: Eduarda Araújo
Lélia Gonzalez, intérprete do capitalismo brasileiro – Bárbara Araújo

Lélia fez considerações importantes sobre o capitalismo, porém não teve visibilidade. E por
que será? Bem, a maioria dos “grandes intérpretes” do Brasil são homens brancos, foram poucos os
intelectuais negros que entraram nessa lista. Quem dirá uma mulher negra e feminista, né? Mas,
segundo Raquel Barreto, Lélia deveria ter esse reconhecimento. Pois, como a autora Bárbara nos
diz, Lélia continua a nos ensinar muito sobre as relações sociais, o capitalismo, o feminismo, o
racismo..
A autora diz que, provavelmente, Lélia foi a primeira pesquisadora e intelectual brasileira a
interceder a favor do pensamento crítico sobre as questões raciais, de classe e de gênero.
Segundo Bárbara, podemos dividir a obra de Lélia em duas partes, da década de 1970 ao
início dos anos 1980. Na década de 70, Lélia se mostra interessada em entender mais sobre a como
o capitalismo brasileiro se formou relacionando com as questões raciais, percebendo também a
influência marxista, mesmo que a autora tivesse um pensamento crítico sobre isso.
Na década de 80, o marxismo abre espaço para dialogar com a psicanálise, o feminismo e o
afrocentrismo.
Lélia se posicionava contra o capitalismo desigual, pois a população negra era vista como uma
“massa marginal” nas relações de trabalho, este conceito de “massa marginal” se encaixou na
explicação das relações trabalhistas do capitalismo brasileiro, tendo vista que o capitalismo é
baseado na desigualdade, no racismo e no sexismo. Segundo Lélia, “o gênero e a etnicidade são
manipulados de tal modo que [...] os mais baixos níveis de participação na força de trabalho,
coincidentemente, pertencem exatamente às mulheres e à população negra”.
Lélia faz uma conexão entre o racismo e o capitalismo, e diz que existe a divisão racial do trabalho.
Essa divisão racial defende e beneficia, de certa forma, os trabalhadores brancos, ou seja, os
trabalhadores em geral eram marginalizados, mas os mais prejudicados eram os negros. As
mulheres negras dentro desse contexto de massa marginal, prestavam serviços domésticos em casas
de classes média a alta, atuavam também em escolas e hospitais como serventes, sempre com baixa
remuneração, mais prejudicadas ainda pois além da raça, tem o gênero.
Em racismo e sexismo, Lélia fala sobre como a mulher negra é vista e sobre a falsa admiração de
alguns. Como no carnaval quando a mulata é endeusada, mas em sua rotina tudo muda, acontecendo
assim o mito da democracia racial.

Lélia fala sobre a escravidão da mulher negra, e descobre que “mucama” significa “amásia
escrava”, tendo como definição: “a escrava negra moça e de estimação que era escolhida para
auxiliar nos serviços caseiros ou acompanhar pessoas da família e que, por vezes era ama-de-
leite”. ”Amásia” significa amante, ou seja, amante escrava, mas este termo não conta a violência
sexual que as mulheres sofriam pelos homens brancos, que achavam que tinham livre acesso ao
corpo delas. Podemos dizer que Lélia é uma pioneira do feminismo negro global, visando não só a
problemáticas brasileiras, mas principalmente da mulher.

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