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Aula 3
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KRAFFT-EBING, idem, p. 1
pessoas temerem a insubmissã o nas ruas através do temor que se instaura
contra a insubmissã o do seu pró prio desejo.
É tendo esse contexto em vista que gostaria de abordar o caso mais
complexo dessa consolidaçã o clínica das formas de falar de sexo. Trata-se da
psicaná lise. Prá tica que se desenvolve mais ou menos à mesma época que a
emergência do discurso clínico sobre o sexual e que será uma de suas mais fortes
expressõ es. Eu havia dito a vocês na primeira aula que a influência da psicaná lise
em nossa forma de falar de sexo é extensa. Defendendo ou nã o a prá tica clínica
psicanalítica, é certo que estratos fundamentais de nossa cultura sã o
psicanalíticos. Nossa forma de falar sobre a família, sobre a infâ ncia, sobre os
conflitos de transmissã o e filiaçã o, sobre nossos sonhos e sobre nossas formas de
sofrer foi profundamente marcado pela cultura psicanalítica.
Mas além dessa questã o de influência, há ainda outra razã o para dar a
psicaná lise tal prevalência. Falar da psicaná lise e de sua forma de falar de sexo é
falar, necessariamente, de um campo fraturado. Há uma contradiçã o em seu seio,
como ela fosse atravessada por uma espécie de luta de classe que lhe divide em
dois. No que nos diz respeito, podemos dizer que ela será tanto a prá tica capaz
de vincular o discurso clínico ao horizonte de lutas sociais que se desenhavam a
época quanto a prá tica que fornecerá à ciência da sexualidade alguns de seus
dispositivos disciplinares mais resilientes. Da psicaná lise virá o impulso à s
temá ticas de uma revoluçã o sexual, da crítica implacá vel à melancolia
pressuposta em toda construçã o de identidades de gênero, da relaçã o entre
violência e colapso da ordem patriarcal. Ela virá também a reduçã o do circuito
do desejo a seu nú cleo familiar, a temá tica do cará ter necessariamente deceptivo
do processo civilizató rio, entre tantos outros.
Por isso, eu gostaria de utilizar duas aulas para falar de Freud e a primeira
aula gostaria de dedica-la à descriçã o de um fracasso. Na verdade, trata-se de um
fracasso conhecido como “o caso Dora”. Contrariamente à quilo que é a norma no
saber médico, Freud faz de um fracasso clínico um caso onde é questã o dos
limites da técnica analítica e seus desafios. Essa é uma maneira privilegiada de
procurarmos entender como a psicaná lise lida com essa dupla inscriçã o, como
ela será a cena na qual certa forma de falar de sexo encontrará seus impasses.
O direito do ginecologista.
Essa afirmaçã o está no início do texto dedicado ao caso Dora. Tais colocaçõ es sã o
mais importantes do que parecem. Elas expõ em todo um regime de fala do sexual
2
FREUD, Sigumnd; “Brichstuck einer Hysterie-Analyse” In: Gesammelte Werke Vol. V, Frankfurt:
Fischer, 1999, p. 186
que entã o se constituía. Demoremo-nos um pouco nessa singular inveja dos
“direitos do ginecologista”. Tal como o ginecologista, a fala de Freud nã o poderia
ser vista como fala que porta lubricidade, interesse. Freud dirá que ela deve ser
“seca e direta”, dando aos ó rgã os sexuais seus nomes técnicos e comunicando
seus nomes quando estes sã o desconhecidos pela paciente. Uma fala que
descreveria as perversõ es “sem indignaçã o”. Ou seja, como já disse Foucault, esta
fala é uma vontade de saber baseada na submissã o da sexualidade ao modo de
descriçã o de uma scientia sexualis. Através desta submissã o, a psicaná lise teria
produzido um imperativo de transformar o desejo em discurso clínico.
É desta transformaçã o que é questã o no caso Dora. Ao falar francamente
sobre sexo com uma garota, Freud nã o apenas escuta. Ele a ensina como falar, em
que condiçõ es seu desejo pode ser colocado em discurso, qual histó ria ele deve
contar, qual conflito ele deve assumir. Falar nã o é apenas liberar. Falar é também
internalizar uma gramá tica do desejo. Assim, podemos ler o caso freudiano
também como a histó ria de um conflito. O conflito que ocorre quando as relaçõ es
sexuais, seus ó rgã os e funçõ es sã o postos em um determinado regime de “falar
clínico”, sã o levados a assumir certas histó rias e dinâ micas. Se assumirmos tal
perspectiva, o caso Dora talvez aparecerá como um interessante relato de certa
forma de resistência que nã o é apenas uma reaçã o terapêutica negativa, mas a
insistência da dificuldade em constituir uma fala sobre a sexualidade que seja
capaz de dar voz aos arranjos contingentes que a sexualidade produz. A posiçã o
de Freud é aquela de quem fornece uma norma geral de fala. A posiçã o de Dora é
aquele de quem nã o a aceita completamente. É esta incompletude em relaçã o à
norma de fala fornecida por Freud que produzirá a ruptura do tratamento.
Para começar a compreender a natureza dessa norma geral de fala,
perguntemo-nos como Dora foi classificada. A categoria clínica que lhe
determinaria seria o que a época entendíamos por “histeria”. É do estudo sobre
as histerias que Freud parte
Sabemos como, desde os gregos a histeria era uma “questã o de mulheres,
ou melhor, de parteiras”3. De onde se segue sua etimologia deriva de hystera
(ú tero). Hipó crates falava dos sintomas provocados pela “sufocaçã o da matriz” e
pela mobilidade do ú tero que, ao tocar outros ó rgã os como o fígado, provocaria
reaçõ es como a perda de voz e a lividez. Para manter o ú tero em seu lugar, o
médico grego prescrevia a relaçã o sexual e a gravidez. Algo nã o muito diferente
encontra-se em Platã o que, no Timeu, compara o ú tero a um ser vivo possuído
pelo desejo de procriar e que se irrita quando permanece estéril durante muito
tempo, “causando toda variedade de doença” 4. Ou seja, a articulaçã o entre
histeria e sexualidade mostra-se como uma das correlaçõ es mais antigas da
histó ria da medicina. Neste sentido, mais do que um instaurador, Freud aparece
como um peculiar restaurador, isto ao insistir na etiologia sexual da histeria e na
necessidade da conduçã o da paciente à assunçã o do lugar que poderia
determinar sua sexualidade.
No entanto, como é pró prio das estratégias de Freud, mais do que
descrever desvios em relaçã o a uma sexualidade normal, ele tende a generalizar
a histeria como quadro geral de socializaçã o através da identificaçã o com o
g6enero feminino. Isso significa que, para Freud, nã o há identificaçã o de gênero
sem a produçã o de sofrimento, sem a produçã o de sintomas. Em suma, nã o há
3
TRILLAT, Etienne; História da histeria, São Paulo: Escuta, 1986, p.17
4
PLATAO, Timée, Paris: Pleiade, 1990, 91c
gênero sem sintoma. No caso da posiçã o feminina, esses sintomas sã o pensados
de forma preferencial através da histeria. É certo que Freud tem um horizonte de
cura e tratamento a lhe guiar. Tal horizonte se refere, sobretudo, a certas
disposiçõ es normativas vindas do complexo de É dipo e de sua maneira de
compreender os conflitos afetivos a partir da repetiçã o modular de conflitos
familiares. Mas o verdadeiro interesse do caso Dora está em outro lugar. Na
verdade, Freud acaba por mostrar, a contrapelo, os limites desse dispositivo
clínico fundado na mobilizaçã o edípica como matriz para uma leitura do sexual.
Vejamos como isso se dá .
Gozo e destruição
Ela tinha razã o : seu pai nã o queria levar em conta o comportamento do
Sr. K em relaçã o à sua filha, isto a fim de nã o ser incomodado na sua
relaçã o com a Sra. K. Mas ela havia feito exatamente a mesma coisa. Ela
havia sido cú mplice desta relaçã o e tinha descartado todos os índices que
testemunhavam sua verdadeira natureza5.
Sendo assim, a relaçã o nã o era exatamente insuportá vel, mas tinha uma funçã o
importante para o direcionamento do desejo de Dora. Freud lembra, por
exemplo, como ela estava a par, desde há muito, de toda situaçã o envolvendo seu
pai, isto graças à intervençã o de uma governanta. Ela também se ocupava dos
filhos da Sra. K, como se procurasse facilitar os encontros de seu pai. Sua relaçã o
com a Sra. K chega a ponto das duas dormirem juntas na mesma cama, à ocasiã o
em que Dora se hospedava na casa dos K, à beira do famoso lago.
Freud insiste que deve existir aqui a reatualizaçã o de um processo de
identificaçõ es que nã o ocorrera, de maneira satisfató ria, no interior do universo
familiar nuclear. Ele acredita que tal identificaçã o concernia a relaçã o entre Dora
e a Sra. K. No entanto, a partir de sua interpretaçã o, esta seria uma maneira de
ocupar o lugar da Sra. K diante de seu marido. Ele insiste vá rias vezes com Dora
que ela está apaixonada pelo Sr. K. Como se um dos fundamentos da histeria
fosse encontrado no fato de Dora ser incapaz de admitir e agir a partir da certeza
de uma paixã o que pareceria evidente a todos.
Poderíamos imaginar que o problema ligado ao reconhecimento de seu
amor pelo Sr. K fosse de ordem moral (apaixonar-se por um homem casado). No
entanto, ele é de outra ordem. Para Freud, há algo vinculado a uma certa
maturaçã o libidinal que nã o consegue se realizar. Primeiro, ele acredita haver
algo no comportamento de Dora que parece impedir a realizaçã o do curso
necessá rio das escolhas de objeto. Freud chega a afirmar que um dos traços
5
FREUD, idem, p. 210
característicos da neurose é a incapacidade de satisfazer as “exigências reais do
amor”. No caso de Dora, isto equivale dizer que a posiçã o de ser objeto de desejo
de alguém a quem ela amasse lhe aparecia como uma experiência insuportá vel.
Como se o desejo da histérica devesse permanecer, necessariamente, em posição de
insatisfação.
No entanto, há de se notar como Freud nã o teme aqui colocar-se na
posiçã o daquele que enuncia para a paciente qual o objeto de seu desejo. Ele
fornece, de maneira absolutamente expeditiva, a norma na qual o desejo da
paciente deve se reconhecer. Nã o sã o poucas as vezes em que Freud corta
qualquer possibilidade de elaboraçã o, por Dora, de sua pró pria experiência
afetiva, isto ao nomear, em seu lugar, o objeto de seu desejo. Há algo de muito
diferente entre a paciente elaborar, através de sua experiência, a nomeaçã o do
objeto de seu desejo e o analista nomeá -lo de forma absolutamente normativa.
Neste caso, a reaçã o do paciente nã o pode ser vista como alguma forma de
denegaçã o, mas como a compreensã o de que um objeto só advém necessá rio ao
desejo quando se enuncia no interior da série de contingências que
determinaram seu encontro. Neste sentido, o objeto nã o é o mais importante,
mas a rede de relaçõ es que construíram seu lugar.
A interpretaçã o de Freud produz um curto-circuito na constituiçã o de tal
rede, ele bloqueia seu aparecimento e a elaboraçã o singular de sua constituiçã o
(que poderia estar “naturalmente” em vias de se produzir). Se assumisse seu
amor pelo Sr. K, Dora o amaria à maneira de Freud, a maneira do médico que diz
ao paciente para onde seu desejo deve ir, qual é seu objeto (mesmo que esse
objeto nã o seja exatamente socialmente reconhecível, no caso, um homem
casado) e nunca à sua maneira. Como o amor é a elaboração singular de um
encontro contingente, nã o seria incorreto dizer que Freud fez com que toda a
paixã o pelo Sr. K perdesse o sentido para Dora. Freud precisa fazer isto para
fornecer à Dora o que seria a histó ria de seu desejo, uma histó ria de conflitos
edípicos nã o resolvidos. Mas talvez a histó ria de Dora fosse outra e sua forma de
ir embora depois de três meses fosse simplesmente a exposiçã o de tal erro.
Lembremos, por exemplo, dos dois sonhos de Dora interpretados por Freud. O
primeiro:
Trata-se de um sonho que Dora teve vá rias vezes. Freud procura localizar
a primeira incidência do sonho. De fato, ele ocorre logo apó s o assédio que Dora
sofreu do Sr. K à beira do lago. O que leva Freud a acreditar que se trata de um
sonho relacionado ao incidente. Ao relatar tal intepretaçã o, Dora produz uma
associaçã o. Um dia apó s a cena do lago, ela estava dormindo em seu quarto
quando acordou bruscamente e viu diante dela o Sr. K. Os dois discutiram e ele
afirmou haver entrado no quarto para pegar algumas coisas. Dora procura uma
chave para trancar o quarto, mas a chave acaba por desaparecer, o que a leva a
acreditar que o Sr., K a pegou. Com medo de que ele aparecesse bruscamente,
Dora sempre veste-se rapidamente.
Por outro lado, a caixa de joias remeteria a duas associaçõ es. Primeiro, a
uma situaçã o na qual Dora viu uma briga entre seu pai e sua mã e a propó sito de
uma joia. A mã e havia pedido brincos de pérola em forma de gotas, mas recebeu
um bracelete. Furiosa, ela afirma que, se é para dar presentes que ela nã o quer,
melhor dar para outra mulher. Freud afirma que Dora se viu como esta outra
mulher. No entanto, Dora nã o assente à interpretaçã o.
A segunda associaçã o remete ao Sr. K. Ele havia presenteado Dora com
uma caixa cara de joias. Freud lembra que “caixa de joias” é também uma
expressã o para vagina. Dora afirma entã o que sabia que ele, Freud, diria isto.
Segue-se a interpretaçã o freudiana: quem recebe um presente deve dar algo em
troca. Dora saberia que, no fundo, o Sr. K espera conquistá -la e transar com ela.
Ela estaria disposta a dar aquilo que sua mã e nã o deu para seu pai, a saber, a
gratidã o. No entanto, no momento em que ela poderia realizar seu desejo, eis que
o antigo amor de Dora por seu pai é chamado de novo para defende-la do amor
atual pelo Sr. K.
Dora nã o aceita a interpretaçã o freudiana. Note-se que a associaçã o da
caixa de joias com o ó rgã o sexual feminino nã o é uma produçã o associativa de
Dora, mas uma sugestã o de Freud, da mesma forma que a rivalidade entre Dora e
sua mã e e respeito da destinaçã o das joias. Tais interpretaçõ es deixam muito
claro o desejo freudiano de conduzir a situaçã o de Dora aos conflitos matriciais
do Complexo de É dipo.
Freud parece mais bem sucedido quando explora outra via do sonho, esta
que se refere ao incêndio. Dora lembra que seu pai e sua mã e brigaram porque a
mã e tinha o há bito de trancar a sala de jantar. Como o quarto do irmã o só tinha
acesso através da sala de jantar, ele ficava necessariamente trancado. O pai
protesta dizendo que o filho poderia precisar sair à noite. Como houve uma
tempestade violenta e o pai afirmou ter medo de incêndio, já que a casa nã o tinha
para-raio, Dora produziu a associaçã o.
Freud tenta associar o incêndio a situaçõ es infantis. Ele lembra que
normalmente proíbe-se crianças de brincar com fogo por medo delas urinarem
na cama, isto devido a uma oposiçã o á gua-fogo. “Nã o poder sair à noite” deve
também ser compreendido como “nã o poder ir ao banheiro”. Freud conclui que
tanto ela quanto seu irmã o deviam ter incontinência uriná ria até uma idade
avançada. De fato, o irmã o teve até o sétimo ano e Dora entre o sétimo e oitavo
ano. Um médico foi chamado, que diagnosticou fraqueza nervosa e recomendou
fortificantes. Freud coloca a incontinência na conta da descoberta da
masturbaçã o, isto devido a uma ideia da época que colocava os dois fatos em
relaçã o. Dora nega veementemente tal associaçã o.
No entanto, no decorrer da interpretaçã o de Freud, Dora demonstra ter
consciência da natureza da doença de seu pai. Ele era sifilítico e tudo indicava
que pegara a doença antes do casamento. Sua mã e parecia ter sintomas ligados à
transmissã o da doença, como dores no ventre e leucorreia. Na dimensã o
fantasmá tica, Dora também se colocava como portadora deste vínculo ao pai, daí
sua maneira patoló gica de vivenciar a sexualidade, em especial a sexualidade
genital. Sua histeria poderia assim ser interpretada como a sua maneira de
participar da doença do pai: “Meu pai estragou a experiência da sexualidade”,
pensa Dora. “Ele produziu um vínculo indissociá vel entre sexo e doença. Minha
maneira de ser a filha de meu pai, de assumir certa filiaçã o, é perpetuando tal
vínculo através da histeria”. A impotência produzida pela sífilis mostra, para
Dora, como a força do desejo pode acabar por destruir a própria possibilidade de
realização do desejo.
Note-se como, ao menos se seguirmos Dora, o problema da histeria está
ligado à incapacidade da figura paterna dissociar sexo e destruiçã o. O pai nã o
apenas destró i a mã e, mas adoece devido a seu desejo. A experiência do desejo
sexual transmitida pela figura paterna nã o é tranquilizadora, mas é encarnaçã o
de um índice de perigo e, sobretudo, de impotência. Por isto, Dora nã o pode
chegar perto demais da assunçã o de sua pró pria sexualidade. Dora paga com seu
corpo o colapso da ilusã o de que a ordem patriarcal poderia fornecer lugares
estabilizados ao desejo.
Freud ainda interpretará um segundo sonho de Dora antes do final de aná lise. A
seu ver, o sonho confirmaria algumas hipó teses maiores de sua interpretaçã o.
Ele é apresentado da seguinte forma:
Ando em uma vila que nã o conheço. Entro na casa que moro, vou a meu
quarto e encontro uma carta de minha mã e. Ela escreve nã o ter querido
informar que papai estava doente. “Agora que ele está morto, você pode
vir se quiser (?)”. Tento ir à estaçã o ferroviá ria. Pergunto talvez cem vezes
onde ela se encontra e sempre recebo a mesma resposta: - Cinco minutos.
Encontro-me em uma floresta espessa onde um homem me afirma: -
Ainda duas horas e meia. Ele propõ e me acompanhar, mas recuso. Vejo a
estaçã o diante de mim, mas nã o consigo alcançá -la. Depois, encontro-me
em casa. A empregada abre e responde: - Sua mã e e os outros já estã o no
cemitério. Apó s esta resposta, vou a meu quarto e leio, sem tristeza e
calmamente, um grande livro que estava lá .