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AA 05Mar08Cap 1 EspMetr
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Métodos e Fins
Wilson Castro Ferreira Jr.
VERSÃO PRELIMINAR
IMECC-UNICAMP-05Mar08
CAPÍTULO 1
x ≠ y.
21), um conjunto limitado e fechado como a bola unitária fechada (ao contrário do que
ocorre nos R n reais) não é compacta, pois a seqüência e k 1≤k ( onde e k j kj não
admite subseqüência com limite. ( kj 0 se k ≠ j e, kk 1 , ∀k, j ∈ N; é o famoso delta
de Kronecker!). Ora, isto significa que em espaços de dimensão infinita, como neste caso,
"há muito espaço para o leão se esconder"!
Observações:
As caracterizações topologicamente corretas, cuja linguagem se baseia
somente nas propriedades dos conjuntos abertos, ampliam a generalização e a
abstração do conceito de convergência para um contexto que prescinde
completamente da existência de uma métrica.Esta abordagem, embora tenha
significado importante no desenvolvimento moderno da Matemática, o seu
impacto nas aplicações se faz quase que somente por intermédio da linguagem,
em vários casos, de fato, a mais conveniente, mas muito pouco pelos seus
resultados específicos.
A estrutura de espaço métrico permite que tratemos do conceito de
convergência de uma maneira muito próxima à utilizada no estudo dos números
reais; isto é, basicamente por meio de seqüências, que são processos enumeráveis
e algoritmizáveis. Entretanto, observou-se que seria possível estender o conceito
de convergência e continuidade para contextos em que o processo de
convergencia poderia ser realizado de maneira eventualmente não-enumerável,
algo um pouco fora de uma mentalidade algoritmico-construtiva da Matemática
Aplicada e Construtiva.
Estas estruturas mais gerais, ( introduzidas também por Fréchet ), são
denominadas de Topológicas e fazem uso apenas do conceito de conjunto
aberto. Não nos deteremos em defini-las aqui em todas as situações, mas em
oportunidades convenientes apresentaremos a versão topológica apropriada.Esta
atitude tem por finalidade mostrar uma ponte entre a duas abordagens e permitir
que as técnicas da Topologia fiquem também disponíveis para o caso em que se
mostrarem úteis.Entretanto, procuraremos sempre que razoável optar por
abordagens seqüênciais, enumeráveis e algorítmicas.
É importante observar que em espaços topológicos, o conceito de
convergência é caracterizado por intermédio de conjuntos abertos genéricos e o
sistema de verificação de convergência pode constar de uma família não
enumerável destes, ao contrário dos espaços métricos em que basta utilizar a
”base ” enumerável Bx, 1n , n ∈ N para cada ponto x . Portanto, definições
seqüênciais em espaços topológicos podem descrever conceitos distintos daqueles
expressos por meio de uma família não-numerável de abertos. Por exemplo, o
conceito de ponto aderente de um conjunto em um espaço topológico, se definido
seqüencialmente pode ser diferente do conceito definido por meio da base de
abertos. O mesmo acontece com o conceito de compacidade. Mas estas distinções
não serão importantes para o que se segue uma vez que trataremos apenas de
espaços métricos.
Uma excelente referência para o estudo da Topologia, naquilo que interessa à
Análise, escrito por um dos principais matemáticos do século XX, e também um
grande professor, (um acoplamento mais comum do que o sugerido por figuras
menos importantes), é a referência A.N. Kolmogorov - S.V. Fomin - Elementos
de la Teoria de Funciones y del Analisis Funcional, ed. MIR, 1972. ( Há uma
tradução em inglês com o título ”Introduction to Real Analysis ” em edição
brochura e barata pela editora Dover).
O desenvolvimento inicial da Análise Funcional via conceitos topológicos
deve muito à escola matemática polonesa, grande parte dela eliminada durante a
II Guerra Mundial, a começar por S.Banach, e a sua disseminação pós II Guerra à
escola Bourbakista, que exerceu muita influência no Brasil. Uma abordagem
nitidamente topológica é encontrada por exemplo no texto de Brézis, excelente
dentro de seus próprios termos:
H. Brézis - Analyse Fonctionelle , Masson, 1987.
Surpreendentemente, o mesmo acontece em um famoso e também excelente texto
que se diz escrito especificamente para os físicos,
M.Reed - B. Simon - Methods of Mathematical Physics, vol. I - Functional
Analysis, Academic Press, 1972., por razões que eles lá devem saber quais são.
.
contínua
Se a seqüência de funções f n contínuas entre dois espaços métricos, M 1 e M 2 , f n :
M 1 M 2 converge uniformemente para uma outra função :M 1 M 2 , então
esta função limite será contínua.
Demonstração:
Repita argumentos do Cálculo, que são semelhantes àqueles empregados na
demonstração do Teorema abaixo.
O limite apenas ponto a ponto, pode construir coisas horrorosas a partir de funções
muito bem comportadas.(v. Apêndice).
Um caso, não tão feio, é o limite pontual da seqüência f n x x n , quando consideradas
no intervalo fechado [0,1]. O conceito e alguns resultados clássicos de convergência
uniforme podem ser reinterpretadas de maneira conveniente no contexto de espaços
métricos de funções. É o que faremos em seguida.
TEOREMA :Completude de espaços de funções com métrica
uniforme
O espaço métrico : F B A, M conjunto das funções limitadas definidas em
um conjunto não vazio A qualquer com valores no
espaço métrico (M, d,com a métrica d f, g Max a∈A d ( fa, ga ) , será
completo se M for completo.
Demonstração.
Seja n uma seqüência de Cauchy em F, d . Então, para cada x ∈ A , a sequencia
em M dada por n x é de Cauchy pois,
d n x, m x ≤ d n , m Max a∈A d n a, m a .
Como M é completo, concluimos que n b converge em M , e com muita razão
definiremos uma função : A M , ponto a ponto, como x lim n x ; a
candidata natural para ser o limite da sequencia n ∈ B A, M.
Devemos mostrar que ∈ B A, M e, depois, que, de fato, n na métrica
d , isto é, que lim d n , 0.
Mostraremos ambos por meio de uma triangularização.
Seja 0 e, com base na condição de Cauchy, tomemos n tal que para
n, m n tenhamos d n , m .
Então, para qualquer x ∈ A temos, d x, n x ≤ d x, m x d
m x, n x ≤ d x, m x .
Como esta desigualdade vale para todos os m, n n , podemos leva-la ao limite
com m e fixando n n , de onde tiramos que
d x, n x ≤ , o que é válido para qualquer x ∈ A e n n . Isto significa
que é limitada e é limite de n na métrica d .
O Teorema de Cálculo acima mencionado, sobre limite uniforme de funções contínuas,
pode ser enunciado neste contexto como :
TEOREMA :
Se (M 1 , d 1 e M 2 , d 2 forem espaços métricos, então C 0B M 1 , M 2 funções
f : M 1 M 2 contínuas e limitadas, é um subconjunto fechado do espaço
métrico BM 1 , M 2 , d .
Demonstração:
Suponha então que n ∈ C 0B M 1 , M 2 e que n , onde ∈ BM 1 , M 2 .
Seja agora x 0 ∈ M 1 e 0. Existe então um n tal que se n ≥ n , d n ,
. Como n é contínua, existe uma bola , digamos Bx 0 , , tal que n
Bx 0 , ⊂ B n x 0 , .
Então, para todo x ∈ Bx 0 , , temos d n x, n x 0 d n x, n x d
n x, n x 0 d n x 0 , n x ≤ 3 .Fazendo agora n → nesta
desigualdade, obtemos no limite dx, x 0 3 , Portanto, Bx 0 ,
⊂ Bx 0 , 3 o que demonstra o teorema.
Se o espaço métrico de saída for compacto, então, de acordo com o teorema de
Weierstrass, todas as funções contínuas são limitadas. O teorema abaixo exprime
este fato em uma forma apropriada para a Análise Funcional, onde ele
desempenha um papel central.
TEOREMA:Funções contínuas em espaços compactos com
métrica uniforme
Se (K, d for um espaço métrico compacto e (M,d 0 , outro espaço métrico, então
o conjunto C 0 K, M funções contínuas f : K M , é um subconjunto
fechado de BK, M , d .
Exercício
38)- Demonstre o terorema acima.
A constatação de que uma seqüência de funções contínuas converge uniformemente
para uma outra função é, portanto, um fato notável que em muitas situações pode acarretar
resultados interessantes.Um importante teorema da análise real que estabelece um critério
suficiente para que a convergência pontual seja também uniforme, é devido ao matemático
italiano Ulisse Dini(1845-1918) que, no contexto de espaços métricos toma a seguinte
forma:
.
TEOREMA DE DINI :Monotonicidade pontual em um compacto
produz uniformidade
Seja K um espaço métrico compacto e n ∈ C 0 K, Ruma seqüência de funções
contínuas de valores reais, tais que
a) n1 x ≤ n x , para todos os x ∈ K e todos os n , isto é, a seqüência é
pontualmente não crescente,
b) lim n n x 0 , para todos os x ∈ K.
Então o limite é uniforme ou, em outras palavras, n 0 no espaço métrico
C 0 K, R , d .
Demonstração:
Seja 0 e consideremos os conjuntos E n { x ∈ K ; n x ≥ . Gostaríamos
de provar que para algum n este conjunto será vazio pois E n1 ⊂ E n . Suponha
que não, e selecione para cada n natural um elemento x n ∈ E n , e em seguida
(pela compacidade de K tome uma subseqüência x n P ∈ K. Mas, como
lim n n 0 , existe um n tal que 0 ≤ n 12 . Por outro lado, sendo
n contínua existe uma bola B , tal que ∣ n − n x ∣ 12 para
qualquer x ∈ B, .
Assim, por triangulação, teremos que para todo x ∈ B, , n x , e pela
monotonicidade, n x ≤ n x para todos n ≥ n .
Ora, mas isto é impossível uma vez que é um ponto limite de x n P para os quais,
n P x n P ≥ .
.
Exercícios:
39)Demonstre o teorema de Dini utilizando a negação formal de que a
convergencia é uniforme. (isto é, usando os quantificadores ∀ ,∃ ).
40)-Dê (contra) exemplos de que faltando apenas uma de cada vez das seguintes
condições, o teorema é falso:
i)compacidade,
ii)monotonicidade,
iii) continuidade das funções.
Uma função contínua que terá uma grande importância no estudo de aproximação de
funções por um subconjunto ( em espaços métricos de funções) é a definida pela distância
de um ponto a um subconjunto.
Definição :
A distância de um ponto x em um espaço métrico M a um subconjunto A de M , é
denotada e definida por :
dx , A infdx, a, a ∈ A. Analogamente se define distância entre
conjuntos; dA, B infda, b ; a ∈ A, b ∈ B.
Exercícios:
41)-Mostre que a função distância de pontos a um conjunto fixo é contínua.
42)-Mostre que se K for compacto, então para cada x 0 ∈ M existe pelo menos um
∈ K , tal que dx 0 , K dx 0 , . Diz-se neste caso que atinge ou realiza a
distância ou então que é uma (não necessariamente a única) melhor
aproximação de x 0 por meio de K.!
43)Considere o espaço métrico B0, 1, R, d e o subconjunto das funções
polinomiais de grau ≤ 2. Mostre que este conjunto é fechado mas não compacto.
Mesmo assim, obtenha um polinomio de segundo grau que melhor aproxima a
função fx e x no espaço métrico C 1 0, 1, R, d 1 e no espaço
B0, 1, R, d .
Um outro teorema que, apesar de abstrato neste contexto, será importante no estudo da
dependência de soluções de equações gerais com respeito aos dados, é devido ao notável
matemático russo Andrei Nikolaievich Tikhonov(!906-1993), famoso por ter iniciado
várias teorias e métodos importantes da Matemática e suas aplicações.
Um dos problemas mais universais e fundamentais da Matemática são as equações, que
genericamente podem ser expressas na forma funcional da seguinte maneira: fx a ,
onde a variável x ∈ M é a incognita e a ∈ A é o parâmetro, ou um "dado" do
problema.(J.Kazdan-Solving equations, Am.Math.Monthly....). Se sempre houver solução e
única para todo a em um conjunto A, podemos escreve-la na forma de uma função xa,
x : A → M. Uma vez garantida a existência e unicidade da solução, a próxima questão
natural que surge se refere à estabilidade ("robustês", ou "sensitividade") da solução com
respeito a perturbações do parâmetro (ou "dado") a do problema, ou seja, sobre a
continuidade da função inversa,xa.
Equações funcionais, onde a incognita é uma função, são particularmente
importantes.Por exemplo, considere um típico problema de valores iniciais para equações
diferenciais ordinárias lineares da forma: dx
dt
Axt ; x0 a., onde A é uma matriz real
n n e a incognita é uma função infinitamente diferenciável x : R → R n , ou seja,
x ∈ M C R, R n . Podemos obviamente reformular este problema e escrevê-lo como
t
uma equação funcional da seguinte maneira: x a, onde x xt − Axsds é
0
uma função : M → M e a ∈ A ⊂ M, o subespaço das funções constantes.
O teorema a seguir, embora não aplicável diretamente ao problema acima, nos dá uma
simples mas importante resposta neste sentido.
TEOREMA DE TIKHONOV I: Estabilidade de soluções únicas
para equações em um compacto
Se f : K M for uma função contínua e bijetora entre dois espaços métricos,
sendo o domínio K compacto, então,
f −1 , isto é , a sua inversa, será contínua em M.
Demonstração :
Considere uma sequencia y N y em M , e a sua pre-imagem x N f −1 y N em K.
Devemos então provar que x N converge para x f −1 y , ou seja, que ∀ 0 ,
∃N , ∀N N , dx N , x .
Suponhamos que isto não seja verdade, isto é, que : ∃ 0 0 , ∀N , ∃P N N ,
dx P N , x ≥ 0 .
Dado então o tal 0 , construiremos recursivamente a seguinte subsequencia: para
o inteiro N 1 , tomamos um inteiro P 1 1 para o qual dx P 1 , x ≥ 0 .Obtemos
x P R1 tomando um inteiro P R1 P R e tal que dx P R1 , x ≥ 0 .
Esta nova sequencia x P R , ( no índice R ) , admite uma subseqüência ( em J ),
x P RJ que converge para um ponto x ∈ K.
Ora, mas a função f é contínua em x e, portanto f x P RJ f x . Como
fx P RJ y P RJ y , temos y f x , e concluimos, pela injetividade de f, que
x x. Mas isto é impossível uma vez que a subseüência x P R1 foi construída fora
da bola Bx, 0 e não poderia se aproximar de x.
Observações:
1- M será também compacto.
2- A demonstração topológica deste teorema é considerada imediata ( pelos
topólogos!).Como curiosidade : Seja U um aberto de K.
Seu complementar K − U sendo fechado, é um compacto em K. Como f é
contínua, fK − U é compacto e, portanto, fechado. Por conseqüência, o seu
complementar é aberto, e, pela bijetividade de f , deve ser exatamente
fU imagem inversa de U pela f −1 .
É claro que o ”imediato ” aqui depende da familiariade com os argumentos
topológicos, mas este é um bom exemplo da eventual conveniencia da linguagem
topológica. conjuntista.
3-Este teorema não chama tanta a atenção no caso de funções reais onde a
compacidade é prescindível. Mostre que se f: IJ for contínua e bijetiva, então a
inversa será contínua, onde I é um intervalo da reta real. R. No caso R n , a coisa é
bem mais complicada!
Os exercícios seguintes apontam para as limitações (contra-indicações) do uso
deste teorema.
.
Exercício:
44)-Considere
a)-O Espaço Métrico M 1 0, 1 com a métrica usual dos reais ,
M 2 S 1 z ∈ C, |z| 1"Círculo unitário no plano complexo com a métrica
usual" e a função : 0, 1 → S 1 , t exp2it. Mostre que é contínua,
bijetora, mas a sua inversa não é contínua. Isto mostra que a compacidade do
primeiro espaço no Teorema de Tikhonov é essencial; e o espaço de chegada é
compacto!
b)O Espaço Métrico M 1 C 0 0, 1 , com a métrica d , M 2 g ∈ C 1 0, 1 , tais
que g0 0 }, d , e
s
a função será : M 1 M 2 , onde f s f d .Mostre que é
0
contínua, bijetora mas a sua inversa, a derivada, é notoriamente descontínua na
métrica uniforme (sup).
Estes (contra-) exemplos não estão aqui só para escândalo, eles são importantes e
voltarão em outras oportunidades e sob vários disfarces!Entenda-os bem. O primeiro
exemplo tem uma "deficiência"de ordem geométrica em suas condições, enquanto que o
segundo tem uma "deficiência" de ordem analítica!
Em particular, concluímos que este espaço métrico, C 0 0, 1 , d , não é compacto.
As funções bijetoras e bicontínuas são importantes pois, como vimos, nos garantem que
suas equações têm solução, única e, principalmente, estável com relação a
perturbações.Uma função desta classe de certa forma identifica (como em um espelho) os
processos de convergência de dois espaços métricos e, com isso adquirimos a possibilidade
de estudar um processo pela sua imagem no outro, talvez mais conveniente.Em Matemática
(Bourbakista) este tipo de identificação é denominado de morfismo.
Definição :Homemomorfismo Topológico
Uma função bijetora e bicontínua entre dois espaços métricos (isto é, quando f e
f −1 existem e são contínuas) é chamada de homeomorfismo topológico . Este tipo
de função identifica não somente os conjuntos mas, também a Topologia, ou seja,
identifica as duas noções de convergência.
O teorema de Tikhonov mostra como pode ocorrer esta identificação. Aliás, no contexto
deste Teorema, mais do que as seqüências convergentes são identificadas,mas também as
seqüências de Cauchy.(Porquê?).Estas questões ocorrem com muita freqüência quando os
espaços métricos diferem apenas da métrica, ou seja, quando o conjunto ”base ” é o mesmo.
E, como perguntar pode constranger mas não ofende, a função identidade (tu quoque,
Brute?) pode ser descontínua? Veja o exercício abaixo..
O que estamos querendo saber é simplesmente se as seqüências que convergem e os
seus limites são os mesmos com as duas métricas!
Exercícios:
45)-Mostre que a função identidade entre os espaços métricos C 1 0, 1, d e
C 1 0, 1, d 1 é contínua em uma direção e descontínua na outra.(!).
46)-Mostre, por outro lado e utilizando o Teorema de Tikhonov que, se a função
identidade for contínua, e um dos dois espaços métricos, (M, 1 ou ( M, 2 ) ), for
compacto, então as duas métricas serão topologicamente equivalentes.
Alguns espaços dispõe de uma estrutura apropriada para o uso de argumentos deste tipo
ainda que não sejam compactos, bastando para isso que sejam localmente compactos, isto
é, que cada ponto tenha uma bola centrada compacta. Os R n são os típicos localmente
compactos porque qualquer bola fechada em R n é um conjunto fechado e limitado, e
portanto, compacto. Tanto, que parece ser uma propriedade universal; mas não é! Aliás,
Exercício:
47)-Mostre que a bola unitária fechada do espaço C 1 0, 1 , d não é compacta ,
usando o Teorema de Tikhonov e os exercícios anteriores.
.
APÊNDICE
A abordagem deste resultado por algumas tribos que preferem uma via mais
"topologicamente correta" (conjuntista) faz uso do conceito de recobrimento, que também
é útil em outros argumentos.
Definição:
Uma familia de conjuntos A , não necessariamente enumerável, se diz
recobrimento de um conjunto B , se B ⊆ A .
Exercícios:
37a)-A uniformidade contínua de f em K pode ser expressa da seguinte maneira :
∀ 0 , ∃ 0 , ∀x, y ∈ K com dx, y , temos dfx, fy , Escreva
a negação formal desta afirmação com todo o cuidado lógico e suponha-a
verdadeira como primeiro passo para uma demonstração do Teorema de
Heine-Borel por absurdo.
Tome então o o que supomos existir por absurdo. Agora, para ′ s tome N1 e para
cada um destes os seus respectivos x N e y N ∈ K , com dx N , y N . Como K é
compacto, existe uma subsequencia x N K e um limite dela em K , digamos x.
Fazendo o mesmo com a sequencia y N K , conclui-se o desejado.
37b)-Mostre que em um espaço métrico, K é um conjunto compacto se e somente
se de todo recobrimentode K feito por uma família de bolas abertas B , é
possível retirar uma subfamília finita B 1 , . . . . . , B N , que ainda é um
recobrimento de K .
Em tribos mais topologicamente corretas esta caracterização é tomada como
definição de conjunto compacto, em lugar da definição seqüêncial adotada aqui.
fechado e limitado
Se f : K → R for uma função contínua definida em um conjunto de números reais
K fechado e llimitado, então existem pontos m, M ∈ K que são respectivamente
pontos de mínimo e máximo para fx em K, ou seja, fm ≤ fx ≤ fM, ∀x ∈ K.
Demonstração:
Argumentaremos apenas para o ponto de máximo, o que é
suficiente.Primeiramente observemos que o conjunto de valores da função fK é
limitado, pois, caso contrário teríamos uma seqüência x n ∈ K tal que fx k k e,
pelo Teorema de Bolzano (já escolhida a subsequencia), x k → ∈ K , o que
caracteriza uma descontinuidade infinita neste ponto, obviamente
impossível.Construa algoritmicamente uma sequencia x k tomando x 0 um ponto
qualquer e, considere o intervalo I 0 fx 0 , M onde M é um majorante de
fK. Efetue uma bipartição e escolha o intervalo à direita se nele houver alguma
imagem de f , e tome x 1 o valor que realiza esta imagem; caso contrário escolha o
da esquerda e nele o x 1 . Repetindo argumentos anteriores concluimos rapidamente
a demonstração.
DEFINIÇÃO: Semicontinuidade
Uma função de valores reais definida em um espaço métrico M , f : M R , é
dita semicontínua superiormente -scs
(semicontínua inferiormente-sci ) em x ∈ M , se para todas as seqüências x n x
, temos que limfx n ≤ fx (respectivamente, lim fx n ≥ fx ). Observação : lim
n sup dos pontos de acumulação da seqüencia n ( e lim n inf dos mesmos
).
TEOREMA: (semi) Weierstrass
Se uma função de valores reais, definida em um espaço métrico K compacto,
f : K R , for semicontínua superiormente em todo o K , então f será limitada
superiormente e terá pontos de máximo.
Demonstração:
Se f não fosse limitada superiormente, teríamos uma seqüencia x n ∈ K , tal que
fx n n ∈ N , de onde extrairíamos uma subseqüência x n k x ∈ K , onde
limfx n k o que é imposível pela definição de sc-superior. Para concluir o
teorema basta repetir o argumento do Teorema (completo) de Weierstrass.
III-Estranhos limites
Considere a função "parte inteira de um número real positivo
x"x maxn ∈ N ; n ≤ x e a seqüência de funções
f n x 2n
1
∑ 1 −1 10 n x . Interprete estas funções, continuidade e
0≤k≤n
descontinuidades, e analise seu limite pontual.
O exemplo acima repete um pouco da famosa seqüência de funções construída por
Weierstrass que produziu no final do século XIX uma função contínua que não tem
derivada em nenhum ponto, um resultado que causou "frisson" e escandalizou
enormemente os mais impressionáveis da época.(v. Riesz-Nagy-Functional Analysis)