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MATEMÁTICA
FINANCEIRA
ESCOLA TÉCNICA
Curso Técnico em Transações Imobiliárias
Diagramação e Edição
Carolina Vitaliano Gurgel
Jansen Pereira
Coordenadora Pedagógica
Tamires da Silva Santos Pereira
Direção Pedagógica
Suellen Ewald Torres de Oliveira
Grandeza
É todo valor que, ao ser relacionado a outro de certa forma, quando há a variação de
um, o outro, como consequência, varia também. Em nosso dia-a-dia, quase tudo se associa a
duas ou mais grandezas. Assim, quando falamos em: velocidade, tempo, peso, espaço, etc.,
estamos lidando diretamente com grandezas que estão relacionadas entre si.
Ex.:
Uma moto percorre um determinado espaço físico em um tempo maior ou menor dependendo
da velocidade que ela poder chegar ou imprimir em seu percurso realizado.
A relação de dependência entre duas grandezas, conforme a condição apresentada, pode
ser classificada como Diretamente proporcional ou Inversamente proporcional.
Grandeza Diretamente Proporcional
A razão entre dois números, dados em certa ordem, sendo o segundo número sempre
diferente de zero, é o quociente indicado do primeiro pelo segundo.
Ex.:
a razão de 09 para 12 = 09/12 ou 09: 12
a razão de 05 para 10 = 05/10 ou 05:10
a razão de 06 para 18 = 06/18 ou 06:18
1) Lê-se: nove está para doze sendo que o 1º número é o antecedente e 2º número é o
consequente.
Então:
Cinco está para dez, sendo 05 o antecedente e 10 o consequente.
Seis está para dezoito, sendo 06 o antecedente e 18 o consequente.
2) Quando o antecedente de uma razão for igual ao consequente de outra, ou vice-versa,
dizemos que formam duas razões inversas.
Ex.:
c/d e d/c
Proporção é a sentença matemática que exprime igualdade entre duas razões.
2=4
5 3
Cada elemento de uma proporção é denominado termo da proporção sendo que os 1º e 3º
termos são chamados de termos antecedentes e os 2º e 4º são chamados termos consequentes
e que os 1º e 3º termos de uma proporção formam os meios e os 2º e 4º termos, formam os
extremos.
Propriedade Fundamental
Em toda proporção o produto dos meios é sempre igual ao produto dos extremos.
2/5 = 4/10 » 5 x 4 = 20 | 2 x 10 = 20
Aplicação:
7 / 8 = x / 40 onde 8 x X = produtos dos meios | 7 x 40 = produto dos extremos
Temos então:
8x = 280, logo X = 280/8 = 35.
Composição
6
Em toda proporção, a soma dos primeiros termos está para o primeiro ou para o segundo,
assim como a soma dos dois últimos está para o terceiro ou para o quarto termo.
Aplicação:
A soma de dois números é 80 e a razão entre o menor e o maior é 2/3. Achar o valor
desses números.
a = menor; b= menor
Em qualquer proporção, a diferença entre os dois primeiros termos está para o primeiro ou
para o segundo, assim como a diferença entre os dois está para o terceiro ou para o quarto
termo.
Aplicação:
Determinar dois números, sabendo-se que a razão entre eles é de 7/3 e que a diferença
é 48.
a = maior ; b=menor
Em toda proporção a soma dos antecedentes está para a soma dos consequentes, assim
como qualquer antecedente está para seu consequente.
Em qualquer proporção, o produto dos antecedentes está para o produto dos consequentes,
assim como o quadrado de um antecedente está para o quadrado de seu consequente.
Aplicação:
a = largura b = comprimento
Aplicação:
A soma do quadrado de dois números é 468 e a razão do menor para o maior é de 2/3.
Determinar esses números.
Divisão Proporcional
A = B = A+B = M = K
p q p+q p+q
A = B = A -B = 60 = 12
8 3 5 5
X1 X2 Xn
p1 = p2 = ... = pn
Ex.:
Para decompor o número 120 em três partes A, B e C diretamente proporcionais a 2, 4 e 6,
deve-se montar um sistema com 3 equações e 3 incógnitas, tal que A+B+C=120 e 2+4+6=P.
Assim:
Ex.:
10
Determinar números A, B e C diretamente proporcionais a 2, 4 e 6, de modo que 2A+3B-
4C=120.
A solução segue as propriedades das proporções:
Assim, basta montar o sistema com duas equações e duas incógnitas, tal que A+B=M.
Desse modo:
O valor de K proporciona a solução pois: A=K/p e B=K/q.
Ex.: Para decompor o número 120 em duas partes A e B inversamente proporcionais a 2 e
3, deve-se montar o sistema tal que A+B=120, de modo que:
Assim:
11
Assim A=40 e B=30.
Para decompor um número M em n partes X1, X2, ..., Xn inversamente proporcionais a p1,
p2, ..., pn, basta decompor este número M em n partes X1, X2, ..., Xn diretamente proporcionais
a 1/p1, 1/p2, ..., 1/pn.
Desse modo:
Para decompor um número M em n partes X1, X2, ..., Xn diretamente proporcionais a p1,
p2, ..., pn e inversamente proporcionais a q1, q2, ..., qn, basta decompor este número M em
n partes X1, X2, ..., Xn diretamente proporcionais a p1/q1, p2/q2, ..., pn/qn.
13
Regra de Sociedade
Desse modo:
p1=50x40=2000;
p2=60x30=1800;
p 3=30x40=1200
Regra de Três
Ex.:
Na extremidade de uma mola (teórica) colocada verticalmente, foi pendurado um corpo
com a massa de 10 Kg e verificamos que ocorreu um deslocamento no comprimento da mola
de 54 cm. Se colocarmos um corpo com 15 Kg de massa na extremidade dessa mola, qual
será o deslocamento no comprimento da mola? (Kg = quilograma e cm = centímetro).
Representaremos pela letra X a medida procurada. De acordo com os dados do problema,
temos:
Deslocamentodamola
Massa do corpo (Kg)
(cm)
10 54
15 X
As grandezas envolvidas - massa e deslocamento - são diretamente proporcionais.
Conhecidos três dos valores no problema, podemos obter o quarto valor, X, e, pelos dados
da tabela, podemos montar a proporção:
10/15 = 54/X
Observamos que os números 10 e 15 aparecem na mesma ordem que apareceram na
tabela e os números 54 e X também aparecem na mesma ordem direta que apareceram na
tabela anterior e desse modo 10·X=15·54, logo 10X=810, assim X=81 e o deslocamento
da mola será de 81cm.
1 2 3 4 5 ... ?
A1 B1 C1 D1 E1 ... Z1
A2 B2 C2 D2 E2 ... Z2
Ex.:
Funcionando durante 6 dias, 5 máquinas produziram 400 peças de uma mercadoria. Quantas
peças dessa mesma mercadoria serão produzidas por 7 máquinas iguais às primeiras, se
essas máquinas funcionarem durante 9 dias?
Vamos representar o número de peças pela letra X. De acordo com os dados do problema,
vamos organizar a tabela:
18
A grandeza Número de dias (C) é a que servirá como referência para as outras grandezas.
Analisaremos se as grandezas Quilômetros (A) e Horas por dia (B) são diretamente
proporcionais ou inversamente proporcionais à grandeza C que representa o Número de
dias. Tal análise deve ser feita de uma forma independente para cada par de grandezas.
Consideremos as grandezas Número de dias e Quilômetros. Usaremos a lógica para
constatar que, se rodarmos maior número de dias, percorreremos maior quilometragem; e
se rodarmos menor número de dias, percorreremos menor quilometragem. Assim, temos que
estas duas grandezas são diretamente proporcionais.
Na outra análise, vamos agora considerar as grandezas Número de Dias e Horas por dia.
Verificar que, para realizar o mesmo percurso, se tivermos maior número de dias utilizaremos
menor número de horas por dia; e se tivermos menor número de dias, necessitaremos maior
número de horas para o mesmo percurso. Logo, estas duas grandezas são inversamente
proporcionais e, desse modo: 2/5 = (200x5)/(500x4), que pode ser posta como 2/X = 19
1000/2000.
Resolvendo esta proporção, obtemos X=4, significando que, para percorrer 500 Km,
rodando 5 h por dia, o motociclista levará 4 dias.
Porcentagem
Preço de custo: Trata-se do valor de aquisição dos produtos ou mercadorias mais os custos
necessários para disponibilizá-los à produção ou venda, podendo ser mão-deobra, fretes,
energia, estocagem etc.
Custos
Custos são medidas monetárias dos sacrifícios financeiros com os quais uma organização,
uma pessoa ou um governo, têm de arcar a fim de atingir seus objetivos, sendo considerados
esses ditos objetivos, a utilização de um produto ou serviço qualquer, utilizados na obtenção
de outros bens ou serviços. A Contabilidade Gerencial incorpora esses e outros conceitos
econômicos para fins de elaborar Relatórios de Custos de uso da Gestão Empresarial.
No Brasil, o Decreto-Lei 1.598/77, em seu artigo 14, determina que: “o contribuinte que
mantiver sistema de contabilidade de custo integrado e coordenado com o restante da
escrituração poderá utilizar os custos apurados para avaliação dos estoques de produtos,
principalmente para fins fiscais”.
Sob a ótica contábil, custos os são gastos que a entidade realiza com o objetivo de por
o seu produto pronto para ser comercializado, fabricando-o ou apenas revendendo-o, ou
o de cumprir com o seu serviço contratado. Uma diferença básica para a despesa é que
“custo” traz um retorno financeiro e pertence à atividade-fim, pela qual a entidade foi
criada (determinada no seu Contrato Social, na cláusula Do Objeto). Já despesa é um gasto 21
com a atividade-meio e não gera retorno financeiro, apenas propicia certo “conforto” ou
funcionalidade ao ambiente empresarial.
A razão para se classificar os gastos correntes de uma entidade em despesas e custos é
que o primeiro vai direto para o resultado do período. Já “custos” irão formar um estoque (na
produção de um bem) e, na sua realização (venda), serão finalmente levados ao resultado, o
que poderá levar meses ou até anos.
Custos industriais geralmente são: matéria prima, energia consumida (eletricidade e/ou
combustíveis), água consumida, materiais industriais diversos, mão de obra, depreciação dos
itens imobilizados de produção, entre outros.
Custeio Direto (ou Variável): É um método de custeio usado para alocação apenas dos custos
variáveis ao produto. Segundo Leoni “o sistema de custeio variável ou direto é um método
que considera apenas os custos variáveis de apropriação direta como custo do produto ou
serviço”. Segundo Lopes de Sá, o custeio variável é “o processo de apuração de custo que
exclui os custos fixos”. Segundo Meglioni “enquanto no custeio por absorção eles são rateados
aos produtos, no custeio variável, são tratados como custos do período, indo diretamente
para o resultado igualmente as despesas”. A diminuição da necessidade de rateio deve-
se ao fato de que no sistema de custeio variável, são alocados aos produtos e/ou serviços,
somente os custos variáveis e, como na maioria dos casos, os custos variáveis também são
diretos, não alocando os rateios dos custos indiretos. Ele é usado para eliminar qualquer
distorção na apuração dos custos oriundos de problemas com rateios pois os custos fixos são
tratados como despesas.
Custeio por absorção (ou integral): O sistema de custeio por absorção é o sistema que
apura o valor dos custos dos bens ou serviços, tomando como base todos os custos da
produção incluindo os custos diretos, indiretos, fixos e variáveis. Segundo Meglioni, “o custeio
por absorção é o método que consiste em atribuir aos produtos fabricados todos os custos
de produção, quer de forma direta ou indireta. Assim todos os custos, sejam eles fixos ou
variáveis, são absorvidos pelos produtos.”
Custo-padrão: são custos predeterminados, porém, diferentemente dos custos estimados,
são calculados com base em parâmetros operacionais, e utilizados em operações repetitivas
de produção, onde não compensaria calcular o custo individual de cada repetição.
Custeio ABC: A alocação dos custos indiretos é baseada nas atividades relacionadas.
GECON (Modelo Gestão Econômica) é um modelo de mensuração de custos baseado em
gestão por resultados econômicos. Também conhecido por “Grid Economics and Business
Models Work”.
Custo-meta: O custo-meta, também conhecido como “Target Costing”, é uma estratégia de
gestão de custos que, a partir do preço de mercado e de uma margem de lucro desejada,
estabelece um teto de custo para os produtos ou serviços.
Custos Fixos: são os custos que, embora tenham um valor total que não se altera com
a variação da quantidade de bens ou serviços produzidos, seu valor unitário se
altera de forma inversamente proporcional à alteração da quantidade produzida.
Ex.: O pagamento de aluguel.
Custos Variáveis: são os custos que, em bases unitárias possuem um valor que
22 não se altera com alterações nas quantidades produzidas, porém, cujos valores
totais variam em relação direta com a variação das quantidades produzidas.
Ex.: Matéria prima.
Custos Totais: são a soma de Custos Variáveis mais Custos Fixos, representado pela formula
CT=CF+CV.
Custos Diretos: são os custos suscetíveis de serem identificados com os bens ou serviços
resultantes, ou seja, têm parcelas definidas apropriadas a cada unidade ou lote produzidos.
Geralmente são representados por mão-de-obra direta e pelas matérias primas.
Custos indiretos: todos os outros custos que dependem da adoção de algum critério de rateio
para sua atribuição à produção. No jargão da contabilidade brasileira, eles são chamados
de CIF, de Custos Indiretos de Fabricação.
Lucros e Prejuízos
Lucro é o retorno positivo de um investimento feito por um indivíduo ou uma pessoa nos
negócios. Já o prejuízo financeiro ocorre quando alguém ou alguma instituição gasta mais do
que arrecada. Em contabilidade, o prejuízo é o oposto do lucro. Ambos são saldos na conta
denominada “resultados” ou “lucros e perdas”, que podem ocorrer ao final do exercício (em
geral, um período de doze meses). Para fins de informação dos usuários da contabilidade,
as grandes corporações são obrigadas a publicar periodicamente uma “demonstração de
resultados” (uma das “demonstrações financeiras”), também conhecida como “balanço de
resultado econômico” ou “demonstrativo de lucros e perdas”, nas quais são decompostas
analiticamente as partes componentes que resultaram no lucro ou prejuízo do exercício.
Juros
Quando você vê em uma propaganda: “Compre uma televisão à vista por $ 1.000 ou
a prazo em 5 parcelas de $ 260” é provável que pensasse assim: “É melhor comprar a
prazo, pois prefiro pagar parcelado e, em apenas 5 meses, eu acabo de pagar.” Mas você
se esqueceu de um “detalhe”: 5 parcelas de $ 260 somam o equivalente a $ 1.300 – que
é 30% a mais do que a oferta à vista ($ 1.000). São em situações como essas que levam
a perceber como a Matemática Financeira é uma ferramenta útil na análise de algumas
alternativas de investimento ou financiamento de bens de consumo. Ela consiste em empregar
procedimentos matemáticos para simplificar a operação financeira.
Juro é o preço ou a remuneração paga, em moeda, pela utilização de uma quantia, “o
ágio obtido em dinheiro vivo sobre liquidez futura”. Com muita frequência os economistas não
se satisfizeram com essa definição banal, indagando o porquê da existência do juro.
Em vista da atualíssima discussão, no Brasil, acerca dos juros impostos ao consumidor, é
oportuno aprofundar nosso conhecimento a partir da lembrança de que economistas clássicos
entendiam que ele deve ser pago a fim de possibilitar uma poupança suficiente para permitir
progresso pelo acúmulo de capital. Conquanto se admita geralmente que alguma poupança
seria possível sem a cobrança de juro, o montante seria insignificante.
O juro tem sido considerado um “suborno” necessário para obrigar os que dispõem de
renda a consumir menos do que poderiam consumir. Sénior, um dos primeiros economistas a
oferecer uma explicação sem ambiguidades para esse termo, afirma que “o juro compensa
os sacrifícios da abstinência” .
Os socialistas, entretanto, desprezaram essa ideia, entendendo que, se a abstinência traz
sacrifício, então os Rothschilds e outros milionários devem ter sofrido atrozmente. Sénior poderia
naturalmente ter admitido que a prática de poupança pelos ricos não envolvia qualquer
sacrifício óbvio, ou não, acrescentando, porém que, sem o juro, haveria um volume insuficiente
de abstenção de consumo. K. Marx afirmou que os capitalistas desejariam consumir e, ao
mesmo tempo, adquirir poder através da acumulação de propriedade. Ë claro que a análise
marginal resolve a dificuldade, ao ver o juro meramente como o custo de oportunidade
da unidade marginal de poupança. Quando pequenas poupanças representam suprimento
marginal, então ocorre “sacrifício” real.
Não obstante, a crítica socialista deixou os economistas numa posição embaraçosa. O
socorro veio através de uma mudança de ênfase que transformou abstinência em preferência
pelo tempo.
A explicação do juro através do conceito da preferência pelo tempo foi desenvolvida
24 inicialmente no trabalho de W. S. Jevons e da escola austríaca, sobretudo E. Bohm-Bawerk,
que atribuiu ao homem uma “subestimação perspectiva das necessidades futuras”.
Para muitos, essa subestimação explica a preferência por bens presentes em relação a
bens disponíveis no futuro; a presença desse elemento não constitui, entretanto, ingrediente
necessário da teoria de preferência pelo tempo, exceto numa sociedade estacionária.
“Tudo o que se faz necessário para existência do juro numa sociedade progressista é que
seus membros sintam alguma relutância em adiar o consumo da renda presente, a fim de
elevar a renda futura a um nível superior ao presente, a uma taxa mais que limitada”. Poucos
economistas negam hoje a importância da preferência pelo tempo, porém muitos julgam que
a curva de poupança, na qual o volume de poupança é apresentado como função da taxa
de juro, tem pouca elasticidade em grande parte de sua extensão.
Em 1936, J. M. Keynes enfatizou a preferência pela liquidez como uma compulsão para
o pagamento de juros. O juro deve ser pago porque as pessoas e as instituições têm a
alternativa de entesourar suas poupanças monetárias.
Julgava Keynes que um declínio do juro criava expectativa de uma volta em nível mais alto.
Quanto mais baixa a taxa de juros, mais forte o estímulo ao entesouramento, pois toda queda
na taxa de juros “reduz os ganhos decorrentes da iliquidez, disponíveis como uma espécie de
prêmio de seguro para compensar o risco da perda em conta de capital, num montante igual
à diferença entre os quadrados da velha e da nova taxa de juros”.
Como D. H. Robertson sempre se dispunha a observar, Keynes quase dizia que o juro
existe porque se espera que ele difira em grandeza do que é. Um melhor enunciado da
teoria de preferência pela liquidez diria que o juro não pode cair abaixo de um mínimo
devido à alternativa de entesouramento, mas que qualquer taxa acima desse mínimo é
adequada para induzir o desentesouramento (se não forem previstas taxas futuras mais altas
e se outras circunstâncias forem favoráveis). Com justiça, Robertson censurava Keynes por
deixar de acentuar que, numa situação de equilíbrio, a taxa de juros deve satisfazer tanto à
“conveniência marginal de guardar dinheiro” como à “inconveniência marginal da abstenção
de consumo”. Observou R. Harrod que o tomador de empréstimo “terá de pagar o preço
necessário para satisfazer o prestamista por esperar ou o preço necessário a satisfazê-lo por
preterir a liquidez, seja qual for o maior. Keynes parece supor que o maior será o segundo.
Apesar da ênfase que dão à sua teoria favorita do juro, todos os economistas reconhecem
que a produtividade ou o rendimento do capital são um determinante do juro. Entretanto, muita
confusão é suscitada pela mistura de análises estáticas e dinâmicas. Tanto J. A. Schumpeter
como E. Bohm-Bawerk observaram que o importante era a produtividade de valor e não a
produtividade física.
Schumpeter observou que, se não houvesse quaisquer novas mudanças técnicas ou
perturbações, e se o processo de acumulação de capital não fosse interrompido, desapareceria
a perspectiva de um produto-valor marginal. Negou que houvesse qualquer razão para
preferência pelo tempo ou consequente equilíbrio isento de risco ou estado estacionário.
Também F. H. Knight sustentou que, sem crescimento e mudança contínuos, não haveria
razão para a preferência pelo tempo de Bohm-Bawerk. Assim, afirmou que, apesar de suas
negativas categóricas, Bohm-Bawerk defendia uma teoria da produtividade.
O estado estacionário de Schumpeter, para Knight, era uma impossibilidade, pelo menos
em teoria, uma vez que não existem “limites para o uso do capital”. Qualquer sociedade
estacionária verdadeira seria o resultado de forças “não-econômicas” ou sociológicas. As 25
teorias do juro com base na produtividade refletem, assim, o fato de que numa economia de
livre iniciativa o motivo para a tomada de empréstimo está na previsão de rendimento do
investimento.
Embora um Estado socialista pudesse calcular os custos de maneira diferente, e ter
diferentes escalas de valores, precisaria também considerar os rendimentos para efetuar
um planejamento racional. Todavia, aqueles que defenderam a preferência pelo tempo e a
preferência pela liquidez prestaram uma contribuição importante, pois mostraram que uma
única teoria da produtividade jamais era completa em si mesma.
Atualmente um número cada vez menor de economistas subscreve qualquer uma das
posições extremas representadas por E. Bõhm-Bawerk, J. M. Keynes ou J. A. Schumpeter. Num
nível empírico, se reconhece a influência de pelo menos três dimensões: perspectivas de lucro
devidas a mudanças técnicas etc., preferência pela liquidez, e poupança planejada. A esta
última pode-se acrescentar a preferência pelo tempo. Num artigo aprovado por Keynes, D.C.
McCord Wright demonstrou que “a eficiência marginal do capital” afetava a taxa de juro
através de variações induzidas em L, procura de liquidez.
Assim, é provável que a conclusão da maioria seja substancialmente a de que o juro exerce
sua influência em todos os mercados e que, em particular, opera simultaneamente sobre a
‘margem tríplice’ da preferência pelo tempo (decisões de consumo), sobre a produtividade
marginal do capital (decisões de investimento) e sobre a preferência pela liquidez.”
Juros Simples
Vimos que juro é toda compensação em dinheiro que se paga ou se recebe pela quantia em
dinheiro que se empresta ou que é emprestada em função de uma taxa e do tempo. Quando
falamos em juros, devemos considerar:
1. O dinheiro que se empresta ou que se pede emprestado é chamado de capital.
2. A taxa de porcentagem que se paga ou se recebe pelo aluguel do dinheiro é denominada
taxa de juros.
3. O tempo deve sempre ser indicado na mesma unidade a que está submetida a taxa, e
em caso contrário, deve-se realizar a conversão para que tanto a taxa como a unidade de
tempo estejam compatíveis, isto é, estejam na mesma unidade.
4. O total pago no final do empréstimo, que corresponde ao capital mais os juros, é
denominado montante.
Para calcular os juros simples j de um capital C, durante t períodos com a taxa de 1% ao
período, basta usar a fórmula:
Ex.:
1. O preço à vista de um aparelho é de R$ 450,00. A loja oferece este aparelho para
26
pagamento em 5 prestações mensais e iguais porém, o preço passa a ser de R$ 652,00.
Sabendo-se que a diferença entre o preço à prazo e o preço à vista é devida aos juros
cobrados pela loja nesse período, qual é a taxa mensal de juros cobrada por essa loja?
Existem situações onde o prazo de uma operação financeira é contado em dias, enquanto a
taxa de juros é indicada em alguma outra unidade de tempo maior (mês, bimestre, trimestre,
semestre, ano).
A contagem do número de dias envolvidos nestas situações será feita, na prática, de acordo
com uma das convenções abaixo: Prazo Comercial: Consideram-se todos os meses com 30
dias (mês comercial) e o ano com 360 dias (ano comercial). Este é o caso mais frequente nos
problemas de juros simples e os juros calculados de acordo com esta convenção são chamados
de juros comerciais ou juros ordinários.
Prazo Exato: Consideram-se os dias transcorridos efetivamente entre as datas apresentadas.
Cada mês poderá ter 30 dias (para abril, junho, setembro e novembro), 28 dias (para
fevereiro, sendo 29 se o ano for bissexto) ou 31 dias (para os demais meses do ano). O ano
terá um total de 365 dias (ou 366 dias se for bissexto). Os juros calculados de acordo com 27
esta convenção são chamados juros exatos.
Dado um conjunto com duas ou mais aplicações a juros simples, cada qual com seus próprios
valores de capital, taxa e prazo, dizemos que prazo médio é um prazo único tal que,
substituindo os prazos de cada uma das aplicações dadas, produzira o mesmo total de juros
das aplicações originais.
O prazo médio é sempre a media dos prazos ponderados pelos valores correspondentes
das taxas e dos capitais a eles associados.
Desconto
Descontos simples são obtidos com cálculos lineares, e os descontos compostos são obtidos
com cálculos exponenciais.
Desconto Simples: É aquele obtido em função de cálculos lineares (capitalização simples).
Distinguem-se dois tipos de descontos simples, o racional e o comercial ou bancário. Desconto
simples comercial ou simplesmente desconto por fora é o desconto aplicado sobre o valor
nominal, ou futuro do título, muito utilizado nas instituições financeiras e no comércio em
geral. O desconto comercial é uma convenção secularmente aceita e amplamente utilizada
nas operações comerciais e bancárias de curto prazo, merecendo, por isso, toda atenção
especial, pois por essa convenção altera-se o conceito básico e verdadeiro da formação e da
acumulação de juro, implicando, consequentemente, na determinação de taxas efetivas (custo
financeiro efetivo). O cálculo desse desconto é análogo ao cálculo do juro simples.
O valor atual ou valor presente (VP) no desconto por fora, é calculado por:
VP = VF / (1 + i n)
dr = VF – VP, portanto VP = VF – dr
Mas
29
dr = VF . i . n / 1 + i . n
logo
VPr = VF – VF . i . n / 1 + i . n
Sendo dc = VF . i . n e dr = VF . i . n / 1 + i . n dc – dr = (VF . i . n - VF . i . n) / 1 + i . n dc
– dr = (VF . i . n (1 + i . n) – VF . i . n) / 1 + i . n dc – dr = VF . i . n (1 + i . n – 1) / 1 + i . n
dc – dr = VF . i . n . i . n / 1 + i . n = dc – dr = dr . i . n dc = dr . i . n + dr dc = dr (1 + i . n)
Desconto Racional Composto (por dentro) ou Desconto Composto Real é aquele obtido pela
diferença entre o Valor Nominal ou Valor Futuro (VF) e o Valor Atual ou Valor Presente (VP)
de um compromisso que seja saldado “n” períodos antes do seu vencimento. Para uma melhor
compreensão, podemos dizer que o desconto racional composto passa a ser sinônimo de juro
composto. Este tipo de desconto é muito utilizado no Brasil.
Como D = VF - VP e como VF = VP (1 + i)n ,
então: D = VF – VF (1+i)-n D = VF.[1-(1+i)-n]
O melhor estudo que se pode fazer com o desconto racional composto é considerar o Valor
Atual ou presente (VP) como o capital inicial de uma aplicação e o Valor Nominal ou Futuro
(VF) como o montante desta aplicação, levando em consideração que as taxas e os tempos
funcionam de forma similar nos dois casos. Deste modo, a fórmula para cálculo do Valor Atual
ou Valor Presente, com base nos juros compostos, ficará:
30
Capitalização
Até este ponto estudamos o juro durante uma unidade de tempo e desenvolvemos uma
fórmula para este Juro (lembre-se que J = C.i). Na prática, porém, os problemas envolvem
vários períodos de aplicação e, portanto, precisaremos estudar a geração dos juros durante
mais de uma unidade de tempo; para isso, devemos conhecer o conceito de regime de
capitalização.
Do ponto de vista das finanças, capitalização é o processo de aplicação de uma importância
a uma determinada taxa de juros e de seu crescimento por força da incorporação desses
mesmos juros à quantia inicialmente aplicada. No sentido particular do termo, capitalização é
uma combinação de economia programada e sorteio, sendo que o conceito financeiro acima
exposto aplica-se apenas ao componente “economia programada”, cabendo ao componente
lotérico o papel de poder antecipar, a qualquer tempo, o recebimento da quantia que se
pretende economizar ou de um múltiplo dela de conformidade com o plano.
No final de cada período de Capitalização que é previamente estipulado, os juros
produzidos são adicionados ao capital, passando a fazer parte do mesmo para efeito de
cálculo dos próximos juros. Assim, estamos diante de uma aplicação de juros compostos. O
título é livremente negociável, podendo ser vendido, trocado ou doado, desde que seja
formalizada junto a Sociedade de Capitalização a transferência conjunta do cedente e
cessionário. Assim, o cessionário sucede o cedente em todos os seus direitos e obrigações.
Para a venda de um título de
Histórico
Ex.
Seja a aplicação de um capital de $1.000,00 à taxa de juro de 10% a.m., durante três meses, no regime de
capitalização simples. Calcule os juros totais e o montante?
Solução:
Sabemos que o regime é de capitalização simples e que C = $1.000,00 e i = 10% a.m.
Então no fim do primeiro mês teremos:
J1 = C.i logo J1 = 1.000. 10%
J1 = $100,00
No fim do segundo mês teremos:
J2 = C.i logo J2 = 1.000. 10%
J2 = $100,00
No fim do terceiro mês teremos:
J3 = C.i logo J3 = 1.000. 10%
J3 = $100,00
Logo, os juros totais poderão ser calculados através da soma dos juros em cada período
(mês):
J = J1+ J2+ J3
J = 100 + 100 + 100
J = $300,00
Ex.:
Seja a aplicação de um capital de $1.000 a taxa de juro de 10% a.m., durante três meses, no regime de
capitalização composta. Calcule os juros totais e o montante?
Solução:
A situação é análoga a do exemplo anterior, sendo que o regime agora é de capitalização
composta, C = $1.000,00 e i = 10% a.m.
Até o fim do primeiro mês temos uma unidade de tempo, logo, o juro em um mês será:
J1 = C.i logo J1 = 1.000 . 10%
J1= $100,00
M1 = C + J = 1.000 + 100
M1 = $ 1.100,00
Para formar o juro do segundo mês, a taxa de juro incidirá sobre o montante do fim do
primeiro mês.
Logo:
J2 = M1.i logo J2 = 1.100 . 10%
J2 = $ 110,00
E o montante do segundo mês será:
M2 = C + J1 + J2
M2 = 1.000 + 100 + 110
M2 = $ 1.210,00
Para formar o juro do terceiro mês, a taxa de juro incidirá sobre o montante no fim do
Segundo mês.
Então:
33
J3 = M2.i
J3 = 1.210 . 10%
J3 = $121,00
E o montante ao final do terceiro mês será:
M3 = C + J1 + J2 + J3
M3 = 1.000 + 100 +110 +121
M3 = $1.331,00
Inflação
Observe o quadro:
35
Década de
1930 média anual de 6%;
Década de
1940 média anual de 12%;
Década de
1950 19%
Década de
1960 40%
Década de
1970 330%
Década de
1980 média anual de 764%
Década de
1990 média anual de 8,6%
Ano de 2005 5,69%(IPCA):limitemáximonametaoficial=7%;objetivodogoverno=
5,1%;
A moeda nacional do Brasil mudou de nome várias vezes, principalmente nos períodos
de altos índices de inflação. Na maioria das renomeações monetárias, foram cortados três
dígitos de zero, estratégia esta que impediu que um quilo de carne custasse cerca de quatro
milhões de unidades da moeda vigente, por exemplo.
Títulos de Crédito
Crédito é uma palavra de origem latina, que significa crer ou confiar. Crédito, no sentido
econômico ou comercial, significa confiança de que a pessoa que pediu emprestado devolva
ao emprestador o objeto do empréstimo ou, em outras palavras, que o devedor satisfaça o
compromisso assumido, ou pague a dívida contraída.
O crédito é, portanto, a faculdade de usar de um capital alheio, mediante o compromisso
de devolvê-lo a seu dono no prazo estipulado. O juro é a remuneração a que tem direito o
dono do capital pelo empréstimo.
A apreciação, o juízo favorável, enfim, que o possuidor do capital fizer de outra pessoa ou
de um grupo de pessoas é o que determinará a efetivação ou não da concessão de crédito.
Crédito é, assim o elemento subjetivo; a base de tudo é a confiança, mas ela tem um
fundamento positivo estabelecido pela garantia material que o devedor possa oferecer para
o resgate da dívida ou pelo conceito moral de que ele goze. Nas relações de negócio está
excluída a generosidade ou magnanimidade. O comercio é feito à base
da segurança e ninguém que possua capital consente em privar-se dele senão com a
garantia da sua restituição na época determinada.
O capital em dinheiro está muitas vezes ocioso em mão de quem não tem aptidões para
empregá-lo. Passando para outras mãos mais hábeis e indo constituir um fator de utilidades,
36 desempenhará o papel que lhe compete na produção.
O elemento principal no crédito e o cronológico. Sem o fator tempo, que se denomina
prazo, não haverá crédito.
“É costume definir o crédito como sendo a troca de uma riqueza presente por uma riqueza futura”.
O crédito pode ser também definido como um direito presente a um futuro pagamento.
O fator confiança, no crédito, assume importância vital, porque nas operações de crédito
há entrega de moeda em troca de uma promessa de reembolso se a operação for dinheiro,
como há também transferência das utilidades, das mercadorias, dos serviços, em troca de
promessas de seu pagamento, em ou no próprio gênero da recebida.
O crédito não deixa de ser uma transferência de capital que tem como objetivo o auxilio
eficaz ao aumento da produção.
Convém, no entanto, acentuar que o crédito transfere mas não cria riquezas.
O crédito estimula, incentiva, facilita a produção de riquezas, mas, em si mesmo, é apenas
um meio, um instrumento. Assim, os papéis representativos de uma obrigação e emitidos de
conformidade com a legislação específica denominam-se títulos de crédito. A definição mais
corrente para título de crédito, elaborado por Vivante, é “documento necessário para o
exercício do direito, literal e autônomo, nele mencionado”. Os elementos fundamentais para
se configurar o crédito decorrem da noção de confiança e tempo. A confiança é necessária,
pois o crédito se assegura numa promessa de pagamento, e o tempo também, pois o sentido
do crédito é, justamente, o pagamento futuro combinado, pois se fosse à vista, perderia a
ideia de utilização para devolução posterior.
A classificação mais importante dos títulos de crédito é feita quanto a sua circulação, da seguinte
maneira:
* Títulos ao portador, que são aqueles que não expressam o nome da pessoa beneficiada.
Tem como característica a facilidade de circulação, pois se processa com a simples tradição.
* Títulos nominativos, que são os que possuem o nome do beneficiário. Portanto, tem por
característica o endosso em preto
* Títulos à ordem, que são emitidos em favor de pessoa determinada, transferindo–se pelo
endosso.
Os tipos de títulos de crédito utilizados nos Brasil são:
* A letra de câmbio: título que representa uma obrigação pecuniária, sendo o mais usado
em operações de crédito entre financiadoras e comerciantes. A emissão da letra de câmbio é
denominada saque; por meio dele, o sacador (devedor), expede uma ordem de pagamento
ao sacado (normalmente uma instituição financeira), que fica obrigado, havendo aceite, a
pagar ao tomador (um credor específico), o valor determinado no título.
Embora o crédito seja um só, na vida cotidiana costuma-se classificá-lo como crédito público
e crédito privado; o primeiro, vinculado aos créditos levantados pelo governo.
Amortização
Conceitos Relacionados
Ex.:
Um empréstimo de $ 1.000,00 com taxa de juros de 3% ao mês a ser pago em 4 parcelas mensais. Para
calcular o valor da parcela, deve-se usar a fórmula de juros compostos combinada com a da progressão geomé-
trica, resultando em:
41
Um mês depois do empréstimo, o saldo devedor cresce 3% indo para $ 1.030,00, porém,
como também deve ocorrer o pagamento de $ 269,03, o saldo devedor passa a ser $
760,97. Perceba que o pagamento da parcela cobriu os juros de $ 30,00 e também fez a
amortização de $ 239,03 (760,97 - 30,00) do valor emprestado. O mesmo ocorre nos meses
seguintes, porém, como o saldo devedor diminui a cada mês, o valor das parcelas relativo ao
pagamento dos juros é decrescente.
Há uma grande polêmica em torno da tabela, que foi construída, segundo seu autor,
Richard Price (1803- 1812), por juros compostos, muitas vezes confundidos com anatocismo
(juros sobre juros). A questão matemática foi, entretanto, após a expedição, pelos principais
autores de matemática financeira do Brasil, de manifesto cuja tônica é a afirmativa de que
a Tabela Price é construída com base no regime de capitalização por juro composto sem,
novamente, ser abordada a remota hipótese de existir o anatocismo.
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