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SUMÁRIO
CRIMINOLOGIA .................................................................................................................................................. 2
ESCOLA DE CHICAGO ..................................................................................................................................... 2
TEORIA DA DESORGANIZAÇÃO SOCIAL ..................................................................................................... 2
ÁREAS DE DELINQUÊNCIA ......................................................................................................................... 2
ASSOCIAÇÃO DIFERENCIAL ............................................................................................................................ 5

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CRIMINOLOGIA
ESCOLA DE CHICAGO
A escola de Chicago ( conhecida como Escola Ecológica ou Ecologia Criminal) nasceu no
início do século XX, em meio a revolução industrial, crescimento desordenado acentuado
daquela cidade norte-americana, em especial do centro para a periferia.
Cuida-se de uma escola sociológica que busca explicar o fenômeno criminal a partir do
meio em que o indivíduo está inserido, estando classificada dentro das escolas de consenso.
A Escola de Chicago fomentou a utilização de métodos de pesquisa que propiciou o
conhecimento da realidade da cidade antes de se estabelecer a política criminal adequada para
intervenção estatal, para tanto, utilizou-se dos chamados "inquéritos sociais" (social surveys)
na investigação da criminalidade. Esses inquéritos eram realizados a partir de interrogatórios
direitos feitos por uma equipe de pesquisadores através de uma amostragem de pessoas,
juntamente com análises biográficas individuais que permitiam traçar um perfil delitivo.
A Escola de Chicago produziu duas ideias centrais: a teoria da desorganização social e as
áreas de delinquência.

TEORIA DA DESORGANIZAÇÃO SOCIAL


A teoria da desorganização social apregoa que a criminalidade é influenciada pelo
ambiente desorganizado em que estão inseridos os envolvidos. Tal teoria foi desenvolvida por
Clifford Shaw e Henry MacKay (1942), no âmbito da escola de Chicago. Os pesquisadores
observaram que havia um maior índice de criminalidade em bairros não planejados e com baixa
infraestrutura urbana. Essa teoria é aplicada, por exemplo, às favelas brasileiras.

ÁREAS DE DELINQUÊNCIA
Robert Park, um dos principais expoentes da Escola de Chicago, defendia que a cidade é
um verdadeiro estado de espírito, um organismo vivo, com sua própria identidade. Nas grandes
cidades há um enfraquecimento do controle social informal, formando as áreas de delinquência.
Com base nessas premissas Ernest Bugess desenvolveu a teoria das zonas concêntricas,
no qual explica que a cidade se desenvolve de dentro para fora (região central para os bairros),
em círculos concêntricos, descrito como zonas.

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Para Shecaira (2008, p. 167), “Uma cidade desenvolve-se, de acordo com a ideia central
dos principais autores da teoria ecológica segundo círculos concêntricos, por meio de um
conjunto de zonas ou anéis a partir de uma área central. No mais central desses anéis estava o
Loop, zona comercial com os seus grandes bancos, armazéns, lojas de departamento, a
administração da cidade, fábricas, estações ferroviárias, etc. A segunda zona chamada de zona
de transição, situa-se exatamente entre zonas residenciais (3ª zona) e a anterior (1ª zona) que
concentra o comércio e a indústria. Com a zona intersticial, está sujeita à invasão do
crescimento da zona anterior e por isso é objeto de degradação constante’’.

ESQUEMATIZANDO

ESCOLA DE CHICAGO

ESCOLA ECOLÓGICA OU
SINÔNIMOS
ECOLÓGIA CRIMINAL
SURGIMENTO INÍCIO DO SÉCULO XX
ROBERT PARK, ERNEST
REPRESENTANTES
BURGESS, CLIFFORD SHAW
APLICAÇÃO DE MÉTODO DE
PESQUISA E OBSERVAÇÃO
(EMPIRISMO), BEM COMO NA
COMPREENSÃO DA
IMPORTÂNCIA
CRIMINALIDADE INFLUÊNCIADA
PELO MEIO URBANO
(DESORGANIZAÇÃO E ZONAS
CONCÊNTRICAS)

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Veja como a teoria já foi cobrada em provas:

FCC - Procurador da Assembleia Legislativa da PB/2013

A avaliação do espaço urbano é especialmente importante para compreensão das ondas


de distribuição geográfica e da correspondente produção das condutas desviantes. Este
postulado é fundamental para compreensão da corrente de pensamento, conhecida na
literatura criminológica, como

a) teoria da anomia.
b) escola de Chicago.
c) teoria da associação diferencial.
d) criminologia crítica.
e) labelling approach.

Gabarito: Letra B

A Escola de Chicago tem como base os estudos do crime na cidade americana


com esse nome. Faz parte das teorias Ecológicas do delito e apregoam que o crime
sofre um forte fator do meio ambiente, ou seja, do local onde estão os criminosos. A
teoria pertence ao grupo das teorias de consenso.

A teoria da ecologia criminal defende a preponderância de ações preventivas


em detrimento de ações repressivas, sendo todos os exemplos trazidos na alternativa
ações defendidas: mudança efetiva nas condições econômicas e sociais das crianças;
reconstrução da “solidariedade social” por meio do fortalecimento das forças
construtivas da sociedade (igrejas, escolas, associações de bairros); apoio estatal
para redução e diminuição da pobreza e desemprego.

Vamos aos erros das demais assertivas:

a) política de tolerância zero; criação de programas comunitários com


intensificação das atividades recreativas; aumento das áreas verdes. - A política de
tolerância zero tem característica altamente repressiva, ou seja, ocorre depois de já
realizado o delito e consiste em punir severamente qualquer natureza de crime, até
mesmos os da baixa lesividade ao bem jurídico tutelado (crimes bagatelares)

b) prevalência do controle social formal sobre o informal; criação de comitês de


apoios de pais e mães para a educação das crianças; melhoria das condições das
residências e conservação física dos prédios. - Controle formal é aquele exercido
pelas instituições oficiais do estado como polícia, poder judiciário e ministério público.
Informal é aquele exercido pela própria sociedade como família, escola, igreja. O
controle formal é eminentemente repressivo, enquanto o controle informal é
preventivo.

c) aumento das penas para o cometimento de delitos simples; criação de zonas


de exclusão para isolamento das áreas mais perigosas; disseminação de atividades
recreativas como escotismo e viagens culturais. - Aumento das penas para o

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cometimento de delitos simples é um exemplo da teoria da política de tolerância zero


e tem cunho repressivo.

d) controle individualizado, ou seja, controle específico e rígido sobre cada


indivíduo; políticas uniformes em toda a cidade, diante do fracasso das estratégias
“por vizinhança”; implantação de escolas e postos de saúde. - A escola da ecologia
criminal demostrou que o crime não era uniforme e acontecia por zonas, chamadas
de hotspots do crime. Assim, não há o que se falar, para esta teoria criminal, em
políticas uniformes de combate ao crime em toda a cidade.

ASSOCIAÇÃO DIFERENCIAL
A teoria da Associação Diferencial foi idealizada por Edwin Surtherland e apregoa que
o comportamento criminoso se dá a partir da imitação, pela interação social. Foi a primeira
teoria criminal a romper com o paradigma pobreza x crime.
Trata-se de uma das principais teorias das chamadas teorias da aprendizagem. Tais
teorias se fundamentam na ideia de que a conduta delitiva não está em aspectos inconscientes
de personalidade, fatores biológicos ou algo intrínseco, mas sim aprendidos, modelados nas
experiências de vida, sendo um comportamento que se subordina a um processo de
aprendizagem. Essa teoria rompe com a relação crime/pobreza e serve para fundamentar os
crimes de colarinho branco, por exemplo.
Dentre todas essas a teoria da associação diferencial é a mais importante e muitas
vezes, em provas de concursos, ela acaba englobando todas as demais. Temos que ficar atentos
ao comando da questão para saber se o examinador quer que diferenciemos todas as teorias ou
apenas o conhecimento genérico da teoria da associação diferencial, levada como sinônimo das
demais teorias da aprendizagem.
A importância relevante da teoria foi explicar os casos de “crimes de colarinho branco”,
nos quais, na maior parte das vezes, os criminosos fogem da regra de serem pobres, sem
formação escolar, etc. Nesses casos, o agente acaba “aprendendo” a ser criminoso com
familiares, amigos, dentre outros.

Sutherland constrói sua teoria com alicerce em alguns postulados. Vejamos:


➢ O comportamento é aprendido – aprende-se a delinquir como se aprende também o
comportamento virtuoso.
➢ O comportamento é aprendido em um processo comunicativo. Estabelecem-se as
diferenças entre estímulos reativos e operantes. Inicia-se através do seio familiar e
estendem-se às relações sociais, empresariais e assim por diante.
➢ A parte decisiva do processo de aprendizagem ocorre no seio das relações sociais
mais íntimas. A aprendizagem é diretamente proporcional à interação entre as
pessoas.
➢ O aprendizado inclui a técnica do cometimento do delito.
➢ A direção dos motivos e dos impulsos se aprende com as definições favoráveis ou
desfavoráveis aos códigos legais. Todo ser humano se depara com tais fronteiras.
➢ A pessoa se converte em criminosa quando as definições favoráveis à violação da
norma superam as definições desfavoráveis. Princípio da ideia da Associação
Diferencial, processo interativo que permite desenvolver o comportamento
criminoso.
➢ Tais associações mudam conforme frequência, duração, prioridade e intensidade
com que o criminoso se depara com o ato desviante.

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➢ O conflito cultural é a causa fundamental da Associação Diferencial. A cultura


criminosa é tão real como a cultura legal. As relações culturais nas sociedades
diferenciadas são determinadas para as posturas.
➢ Desorganização Social (perda das raízes pessoais) é a causa básica do
comportamento criminoso sistemático.

APROFUNDANDO:
A aprendizagem social engloba as teorias da associação diferencial,
identificação criminal, reforço diferencial e neutralização.
• Associação diferencial: idealizada por Surtherland, tal teoria apregoa que o
comportamento criminoso se dá a partir da imitação, pela interação social. Foi a
primeira teoria criminal a romper com o paradigma pobreza x crime.
• Identificação criminal: idealizada por Daniel Glaser, afirma que de fato o
comportamento criminal é aprendido, mas que não há necessidade de contato direto
do delinquente com outro criminoso para que ele o aprenda. O indivíduo acaba
elegendo um modelo e comportamento e o segue.
• Reforço diferencial: para esta teoria o comportamento criminoso é fruto de
experiências passadas. A conduta criminosa é aprendida, portanto, por eventos que
ocorrem na vida da pessoa e podem ser potencializados a partir de princípios
psicológicos.
• Neutralização: Essa teoria os criminosos compartilham do mesmo sistema
de valores da sociedade, contudo eles aprendem a neutralizar, racionalizar e justificar
seu comportamento. O criminoso realiza os delitos por meio de cinco técnicas: a)
negação da responsabilidade - veem sua conduta criminosa como um acidente, que
se origina em outros fatores como drogas, lares violentos etc. b) negação da lesão -
o criminoso acredita que sua conduta não causa mal à vítima. É o caso por exemplo
de crimes bagatelares (insignificantes) c) negação da vítima - o criminoso acredita
que sua atitude seja crime, mas julga que a vítima merecia tal tratamento. É o que
acontece, por exemplo no caso de maridos traídos, homofobia, etc. d) condenação
dos condenadores - o criminoso passa a atacar aqueles que reprendem a ação
criminosa, apontando-os como corruptos, hipócritas, parciais etc. É o que acontece
por exemplo; no caso de políticos, que ao serem processos e condenados
criminalmente, alegam perseguição política. e) apelo à lealdade - ocorre quando o
delinquente invoca motivos éticos para justificar sua atuação, como patriotismo nos
casos de terrorismo, a religião para castigos físicos etc.

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Veja como a Ecologia criminal já foi cobrada em concursos:

INSTITUTO ACESSO - Delegado de Polícia (PC ES)/2019

Leia o texto a seguir e responda ao que é solicitado.

“Os irmãos Batista, controladores da JBS, tiveram vantagem indevida de quase R$73
milhões com a venda de ações da companhia antes da divulgação do acordo de delação
premiada que veio a público em 17/05/2017, conforme as conclusões do inquérito da Comissão
de Valores Mobiliários (CVM). O caso analisa eventual uso de informação privilegiada e
manipulação de mercado por Joesley e Wesley Batista, e quebra do dever de lealdade, abuso de
poder e manipulação de preços pela FB Participações”. (Jornal Valor Econômico, 13/08/2018):

Com relação à criminalidade denominada de colarinho branco, pode-se afirmar que a


teoria da associação diferencial.

a) entende que o delito é derivado de anomalias no indivíduo podendo ocorrer em


qualquer classe social.
b) sustenta como causa da criminalidade de colarinho branco a proposição de que o
criminoso de hoje era a criança problemática de ontem.
c) sustenta que o crime está concentrado na classe baixa, sendo associado
estatisticamente com a pobreza.
d) sustenta que a aprendizagem dos valores criminais pode acontecer em qualquer
cultura ou classe social.
e) enfatiza os fatores sociopáticos e psicopáticos como origem do crime da criminalidade
de colarinho branco.

Gabarito: Letra D

A associação diferencial faz parte das teorias da aprendizagem social e foi


idealizada por Surtherland. Essa teoria apregoa que o comportamento criminoso se
dá a partir da imitação, pela interação social. Foi a primeira teoria criminal a romper
com o paradigma pobreza x crime.
Ademais, assim como as demais teorias de aprendizagem social, fundamenta-
se na ideia de que a conduta delitiva não está em aspectos inconscientes de
personalidade, fatores biológicos ou algo intrínseco, mas sim aprendidos, modelados
nas experiências de vida, sendo um comportamento que se subordina a um processo
de aprendizagem. Essa teoria rompe com a relação crime/pobreza e serve para
fundamentar os crimes de colarinho branco, que são delitos cometidos por pessoas
de nível social elevado.

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VUNESP - Investigador de Polícia (PC SP)/2018

É correto afirmar que Edwin H. Sutherland desenvolveu a teoria da

a) labelling approach.
b) associação diferencial.
c) crítica e autocrítica.
d) escola de Chicago.
e) subcultura delinquente.

Gabarito: Letra B
A associação diferencial faz parte das teorias da aprendizagem social e foi
idealizada por Surtherland. Essa teoria apregoa que o comportamento criminoso se
dá a partir da imitação, pela interação social. Foi a primeira teoria criminal a romper
com o paradigma pobreza x crime.

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