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A Libido Primitiva. – C. G. Jung tentou resolver essa obscuridade seguindo linhas
especulativas, pressupondo existir uma só libido primitiva que podia ser sexualizada ou
dessexualizada e que, assim, em sua essência, coincidia com a energia mental em geral.
Essa inovação era metodologicamente discutível, provocou grande confusão, reduziu o
termo ‘libido’ ao nível de um sinônimo supérfluo e, na prática, defrontava-se ainda com a
necessidade de distinguir entre libido sexual e assexual. Não se iria escapar à diferença
entre os instintos sexuais e os instintos com outros objetivos por meio de uma
nova definição.
Sublimação. – Um atento exame das tendências sexuais, que por si mesmas eram
acessíveis à psicanálise, nesse meio tempo conduziria a algumas descobertas notáveis e
pormenorizadas. O que se descreve como instinto sexual mostra ser de uma natureza
altamente complexa e sujeita a decompor-se novamente em seus instintos componentes.
Cada instinto componente é inalteravelmente caracterizado por sua fonte, isto é, pela
região ou zona do corpo da qual sua excitação se deriva. Cada um deles possui, ademais,
como aspectos distinguíveis, um objeto e um objetivo. O objetivo é sempre a descarga
acompanhada pela satisfação, mas é capaz de ser mudado da atividade para a passividade.
O objeto acha-se menos estreitamente ligado ao instinto do que se supôs a princípio; é
facilmente trocado por outro e, além disso, um instinto que possuía um objeto externo
pode ser voltado para o próprio eu do sujeito. Os instintos separados podem permanecer
independentes uns dos outros ou – de um modo ainda inexplicável – combinar-se e fundir-
se uns com os outros, para realizar um trabalho em comum. Podem também substituir-se
mutuamente e transferir sua catexia libidinal uns para os outros, de forma que a satisfação
de um determinado instinto pode assumir o lugar da satisfação de outros. A vicissitude mais
importante que um instinto pode experimentar parece ser a sublimação; aqui, tanto o
objeto quanto o objetivo são modificados; assim, o que originalmente era um instinto
sexual encontra satisfação em alguma realização que não é mais sexual, mas de uma
valoração social ou ética superior. Esses diferentes aspectos ainda não se combinam para
formar um quadro integral.
A Natureza dos Instintos. – Essa visão nos permitiria caracterizar os instintos como
tendências inerentes à substância viva no sentido da restauração de um estado anterior de
coisas, isto é, seriam historicamente determinados, de natureza conservadora e, por assim
dizer, expressão de uma inércia ou elasticidade presente no que é orgânico. Ambas as
classes de instintos, tanto Eros quanto o instinto de morte, segundo este ponto de vista,
teriam estado operando e trabalhando um contra o outro desde a primeira origem da vida.