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CENTRO UNIVERSITÁRIO

CATÓLICA DE SANTA CATARINA EM JARAGUÁ DO SUL

CURSO ENGENHARIA

PAC- PROJETO DE ATIVIDADE COLABORATIVA

EQUIPE DELTA

JOSILIANE DE OLIVEIRA

PROJETO DE BRINQUEDOS ACESSIVEIS PARA


PARQUES DA CIDADE DE JARAGUÁ DO SUL

BALANÇO

JARAGUÁ DO SUL

2021

SUMÁRIO
13

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Taxas de deficiências de acordo com grupos de deficiência.


Fonte: IBGE, 2010......................................................................................................19
Figura 2: IBGE, censo demográfico
2010..................................................................................19
Figura 3: Sistema nervoso central e
periférico..............................................................20
Figura 4: Divisão da coluna
vertebral..........................................................................21
Figura 5: Anatomia da
vértebra...................................................................................22
Figura 6: Coluna
vertebral...........................................................................................22
Figura 7: Coluna vertebral com
escoliose...................................................................23
Figura 8: Medula
espinhal...........................................................................................24
Figura 9: Porcentagens dos casos de lesões medulares traumáticas atendidos na
AACD..........................................................................................................................25
Figura 10: Cinco níveis de classificação para cada faixa etária
(GMFCS)..................27
Figura 11: Módulo de referência de uma pessoa utilizando cadeira de rodas. Fonte:
NBR 9050:2004..........................................................................................................31
Figura 12: Dimensões para a área de circulação. Fonte: NBR
9050:2004.................32
Figura 13: Área para manobra de cadeira de rodas sem deslocamento. Fonte: NBR
9050:2004...................................................................................................................32
Figura 14: Área necessária para manobrar a cadeira de rodas sem deslocamento
Fonte: NBR 9050:2004. .............................................................................................33
Figura 15: Medidas antropométricas gerais da cadeira de rodas. Fonte: NBR
9050:2004 ..................................................................................................................33
Figura 16: Balanço para
cadeirante............................................................................34
14

Figura 17: Espessura e


altura.....................................................................................36
Figura 18: Dimensões permitidas para acesso
direto..................................................37

INTRODUÇÃO ..........................................................................................................15

1. PLANEJAMENTO DO PROJETO .......................................................................16


1.1. PROBLEMATIZAÇÃO................................................................................16
1.2. JUSTIFICATIVA.........................................................................................17
1.3. ESCOPO DO PROJETO ...........................................................................17
1.4. OBJETIVO..................................................................................................18

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..........................................................................18
2.1. DADOS POPULACIONAIS DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIAS NO
BRASIL.......................................................................................................18
2.2. DEFICIÊNCIAS MOTORAS.......................................................................19
2.2.1. Sistema nervoso...................................................................................20
2.2.2. Coluna vertebral....................................................................................20
2.2.3. Medula espinhal e lesões
medulares.....................................................23
2.2.4. Paralisia
cerebral ..................................................................................26
2.3. DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA ATRAVÉS DA
BRINCADEIRA........27
2.4. INCLUSÃO ................................................................................................28
15

2.5. NORMAS E RECOMENDAÇÕES TÉCNICAS PARA


PLAYGROUNDS....30
2.6. ERGONOMIA.............................................................................................31
3. ESPECIFICAÇÃO DO PROJETO......................................................................34
3.1. BALANÇO..................................................................................................34
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................38

REFERÊNCIAS

Introdução

Este Trabalho tem por objetivo a construção de um brinquedo acessíveis para


praças públicas em que crianças cadeirantes consigam brincar junto com as
crianças não deficientes. A partir das informações adquiridas por pesquisas
bibliográficas, por entrevistas, por observações e por visitas, constatou-se tanto o
grande prejuízo no desenvolvimento das crianças cadeirantes por não poderem
desfrutar dos espaços públicos para os momentos de lazer, quanto o grande
prejuízo de não se possibilitar a “inclusão” essa palavra significa adicionar pessoas
em ambientes e grupos que não faziam parte. Incluir é um ato de igualdade e todos
têm direito de serem aceitos sem sofrer preconceito ou discriminação.

A Engenharia Mecânica desempenha papel crucial no desenvolvimento de


tecnologias para promover maior qualidade de vida a pessoas com deficiência.
16

Em Jaraguá do sul não existe brinquedos adaptados e, muitas vezes, esses


espaços não estão nem em discussão. Com o estudo desse assunto, pretende-se
levar a proposta para a prefeitura da nossa cidade e verificar a necessidade da
criação de novos brinquedos para as praças públicas que amplie a participação das
crianças cadeirantes nesses espaços e que estimule crianças com e sem deficiência
a brincarem juntas e a conviverem, promovendo, assim, a inclusão destas.

1. PLANEJAMENTO DO PROJETO

Essa etapa está destinada a pesquisas das NBR’s que serão necessárias para a
realização desse projeto. Nela é elaborado o escopo do produto e do projeto, a
justificativa, o que será desenvolvido e os objetivos do projeto.

1.1. PROBLEMATIZAÇÃO

A maioria das famílias de pessoas com deficiência relatam que os momentos


de lazer dessas pessoas consistem em assistir TV, ouvir música, ler e ir à casa de
outros familiares (MESSA et. al, 2005).

O brinquedo atua como necessidade da criança, e inclui tudo aquilo que é


motivo para ação. Sendo assim, torna-se necessário conhecer as necessidades da
17

criança e os incentivos que são eficazes para colocá-la em ação. É no brinquedo


que a criança aprende a interagir com outras crianças, criam laços e mostram que
são aceitos sem sofrer preconceito ou discriminação. Com o brinquedo há uma
concretização das palavras porque a criança começa a entender o sentido funcional
de conceitos ou de objetos.

Atualmente, os princípios de inclusão não vêm sendo aplicados nas praças


públicas de Jaraguá do sul. Caso estivessem, poderia haver brinquedos que
pudessem ser usados por um público muito maior de crianças, como os cadeirantes.

Em Jaraguá do Sul estão em andamento as adequações para inclusão de


toda a população, atendendo ao decreto Nº 11. 419/2017 que dispões sobre o
Cumprimento às Normas de Acessibilidade nos Estabelecimentos Comerciais,
composto por edifício ou ambiente de uso coletivo.  Os estabelecimentos terão prazo
até o mês de abril de 2020 para realizarem as adequações necessárias à
acessibilidade, quando deverão apresentar a "Declaração de Conformidade de
Acessibilidade"

1.2. JUSTIFICATIVA

Os Parquinhos Públicos podem ser considerados enquanto contextos de


desenvolvimento infantil já que constituem um dos espaços onde a criança terá
oportunidade de interagir e se relacionar com pessoas de diferentes idades e níveis
socioeconômicos, estimulando a vivência com a diversidade social e cultural, além
de proporcionar o contato com a natureza, com matérias primas de diferentes cores,
texturas e relevos, promovendo o desenvolvimento motor, sensorial, cognitivo e
emocional, através da ludicidade das brincadeiras que só esses espaços oferecem.

Atualmente em Jaraguá do sul os parques consistem em balanços, aparelhos


de ginástica, escorregadores e outro equipamentos imóveis em concreto, asfalto,
aço, madeira, plástico, cimento, grama, areia etc. Eles não atendem as Normas
Técnicas (ABNT). As crianças deficientes possuem, em geral, uma grande carga de
18

tratamentos e fisioterapias. Sendo assim, é muito importante que as praças públicas


disponham de brinquedos adaptados para que elas possam explorar momentos
lúdicos e adentrar nesses espaços públicos, se beneficiando de todo o
desenvolvimento gerado pela brincadeira e pela interação com as outras crianças.

1.3. ESCOPO DO PROJETO

O PROJETO DE BRINQUEDOS ACESSIVEIS PARA PARQUES vamos


poder aplicar os conhecimentos adquiridos nas disciplinas e contribuir com uma
demanda social da região que consiste na implantação de brinquedos acessíveis em
parques públicos, permitindo assim a integração entre crianças com e sem
deficiência. O espaço poderia consistir em brinquedos mais comuns como gira-gira,
balanço, gangorra e escorregador adaptados. Todos os brinquedos possibilitam a
utilização por crianças com e sem deficiência.

 Pesquisar as principais normas técnicas;


 Definir a geometria do brinquedo conforme norma;
 Especificar o material sustentável que será utilizado no projeto;
 Dimensionar os componentes estruturais do brinquedo;
 Redigir o projeto conforme normas
1.4. OBJETIVO

O objetivo deste projeto é desenvolver um brinquedo para praças públicas que


seja acessível para cadeirantes. Todos os projetos serão apresentados para as
Secretarias Municipais da Educação, em conformidade com a legislação nacional,
são responsáveis por elaborarem os padrões de infraestrutura para as instituições
de Educação Infantil, com base nos parâmetros nacionais e nas normas gerais e
critérios básicos estabelecidos na Lei Nº 10.098 (BRASIL, 2000b).

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Na fundamentação teórica são abordados: diferentes tipos e causas da


deficiência motora, como a brincadeira pode contribuir para o desenvolvimento das
crianças, a importância da inclusão, como se dá as atividades de manutenção nas
19

praças públicas do Brasil, quais as normas da ABNT a respeito dos playgrounds,


aspectos da ergonomia e da antropometria aplicada às crianças.

2.1. DADOS POPULACIONAIS DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIAS NO


BRASIL

Pelo menos 45 milhões de brasileiros têm algum tipo de deficiência. Isso representa
quase 25% da população, esses dados foram separados por região do país,
resultando, dessa forma, a constatação dos seguintes percentuais por região: 1,9%
das pessoas da região Norte; 7,6% das pessoas da região Nordeste; 9,7% das
pessoas da região Sudeste; 3,2% das pessoas da região Sul e 2,6% das pessoas da
região Centro Oeste (IBGE, 2010).

É muito importante que o governo e a sociedade pensem em ações para incluir os


brasileiros, independente de possuírem algum tipo de deficiência, em todos os lugares da
sociedade para que tenhamos direito à educação, ao emprego, à saúde e bem-estar.

O dia 21 de setembro é o Dia Nacional da Luta da Pessoa com Deficiência.


No último Censo Demográfico, 45,6 milhões de pessoas declararam ter pelo menos
um tipo de deficiência, seja do tipo visual, auditiva, motora ou mental/intelectual.
Estas pessoas não vivem em uma sociedade adaptada.
20

Figura 1: Taxas de deficiências de acordo com grupos de deficiência. Fonte: IBGE, 2010.

Figura 2: IBGE, censo demográfico - 2010

2.2. DEFICIÊNCIAS MOTORAS

Foram estudados vários aspectos relacionados à deficiência motora a fim de


se conhecer as diversas causas que possam vir a acarretar o uso da cadeira de
rodas para as crianças. Esse estudo foi feito para se conhecer a diversidade desse
público, bem como a diversidade de suas restrições e possibilidades.

2.2.1. Sistema nervoso

O sistema nervoso é o sistema responsável por captar, processar e gerar


respostas diante dos estímulos aos quais somos submetidos. É devido à presença
desse sistema que somos capazes de sentir e reagir a diferentes alterações que
ocorrem em nossa volta e mesmo no interior do nosso corpo. Ele pode ser dividido
em duas porções:

Sistema nervoso central: formado pelo encéfalo e medula espinhal.

Sistema nervoso periférico: formado pelos nervos, gânglios e terminações nervosas.


21

Figura 3: Sistema nervoso central e periférico

2.2.2. Coluna vertebral

A coluna também serve como um canal de proteção da medula espinhal, que


é responsável pela comunicação com o sistema nervoso periférico (OLIVEIRA,
2016).

A coluna vertebral é constituída por 33 vértebras intercaladas por discos


intervertebrais, apresentando a seguinte divisão:

Vértebras Cervicais: 7 vértebras;

Vértebras Dorsais ou torácicas: 12 vértebras;

Vértebras Lombares: 5 vértebras;

Vértebras Sacrais: 5 vértebras fundidas;

Vértebra Coccígea: 4 vértebras fundidas.


22

Figura 4: Divisão da coluna vertebral

Com exceção da 1ª e 2ª vértebras cervicais, atlas (C1) e áxis (C2),


respectivamente, todas as vértebras possuem 7 elementos básicos:

Figura 5: Anatomia da vértebra


23

Vista lateralmente, a coluna vertebral apresenta 4 curvaturas


consideradas fisiológicas, ou seja, naturais:

Figura 6: Coluna vertebral

Algumas doenças estão associadas a coluna vertebral. São elas:

 Cifose: Desvio anormal da coluna vertebral, fazendo com que a parte


superior das costas apareça mais arredondada do que o normal.
 Lordose: Curvatura excessiva da coluna vertebral.
 Hérnia de disco: Situação em que parte do disco intervertebral sai de sua
posição normal e comprime a porção nervosa da coluna vertebral.
 Escoliose: Deformidade na curvatura da coluna, que adquire um formato de
"s" ou "c".
24

Figura 7: Coluna vertebral com escoliose

2.2.3. Medula espinhal e lesões medulares

O significado da palavra medula é miolo e se refere ao que está dentro


(QUEIROZ, 2010). A medula espinhal é formada por 31 pares de nervos espinhais.
Esses pares são divididos de acordo com a região da medula em 22 que se
encontram. Sendo assim, há 8 nervos cervicais, 12 nervos torácicos, 5 nervos
lombares, 5 nervos sacros e 1 nervo coccigiano (ASIMOV, 2002, p. 207)
25

Figura 8: Medula espinhal

A medula espinhal exerce a função de enviar informações do cérebro para o


resto do corpo e vice-versa. É por meio dela que se faz o controle de 23 diversas
funções importantes como respiração, circulação, funcionamento do intestino e
funcionamento da bexiga, controle térmico e atividade sexual.

Além de seu papel na transmissão de mensagens para o cérebro e a partir


dele, a medula espinhal é capaz de produzir muitos movimentos sem qualquer
envolvimento do cérebro.

As lesões medulares podem ocorrem por causas traumáticas ou não


traumáticas. Por meio de um estudo dos casos de lesão medular da Associação de
Assistência à Criança Deficiente (AACD) mostrou-se que as causas traumáticas são
mais frequentes e que representam 85% dos casos atendidos. As causas não
traumáticas são menos frequentes e, em geral, são causadas por tumores, infecções
vasculares e degenerações.

Figura 9: Porcentagens dos casos de lesões medulares traumáticas atendidos na AACD

A American Spinal Injury Association (ASIA) padronizou a classificação neurológica


da lesão medular utilizando o músculo-chave para determinar os 24 níveis motor e o
ponto chave de sensibilidade para definir o nível sensitivo.

Classificação neurológica da
lesão medular
26

Raiz Músculo – chave


C5 Flexores do cotovelo
C6 Extensores do punho
C7 Extensores do cotovelo
C8 Flexor profundo do 3° dedo
T1 Adutor do 5° dedo

L2 Flexores do quadril
L3 Extensores do joelho
L4 Dorsiflexões do tornozelo
L5 Extensores do hálux
S1 Flexores plantares do tornozelo

Tabela 1: classificação neurológica da lesão medular

Baseando-se na classificação de Frankel, a American Spinal Injury


Association ASIA elaborou a Escala de Deficiência ASIA, que especifica o grau de
comprometimento sensitivo-motor provocado pela lesão medular, mostrado na
tabela.

A. Completa Ausência de função sensitivo-motora nos membros


afetados.
B. Incompleta Há função sensitiva abaixo do nível de lesão, porém não
há função motora.
C. Incompleta Há função motora abaixo do nível da lesão, e a maioria
dos músculos chave localizados abaixo da lesão tem grau
muscular inferior a três.
D. Incompleta Há função motora abaixo do nível de lesão, e a maioria
dos músculos chave localizados abaixo da lesão tem grau
muscular superior a três.
E. Normal As funções sensitivas e motoras são normais.

Tabela 2: Classificação do grau de lesão medular. Escala de deficiência – ASIA

2.2.4. Paralisia cerebral

Paralisia Cerebral (PC), a deficiência mais comum na infância, é


caracterizada por alterações neurológicas permanentes que afetam o
desenvolvimento motor e cognitivo, envolvendo o movimento e a postura do corpo.
Essas alterações são secundárias a uma lesão do cérebro em desenvolvimento e
27

podem ocorrer durante a gestação, no nascimento ou no período neonatal,


causando limitações nas atividades cotidianas. Apesar de ser complexa e
irreversível, crianças com PC podem ter uma vida rica e produtiva, desde que
recebam o tratamento clínico e cirúrgico adequados às suas necessidades.

O GMFCS possui cinco níveis de classificação para cada faixa etária. O


primeiro nível é representado por crianças que caminham sem limitações, elas
possuem limitações em atividades motoras globais mais elaboradas. O segundo
nível é representado por crianças que caminham com limitações. O terceiro nível é
representado por crianças que não caminham, mas que se arrastam usando as
mãos. O quarto nível é representado por 26 crianças que não caminham e se
arrastam com limitações. O quinto nível é representado por crianças que não
caminham nem se arrastam, são totalmente dependentes

Figura 10: Cinco níveis de classificação para cada faixa etária (GMFCS)

2.3. DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA ATRAVÉS DA BRINCADEIRA

A brincadeira é, portanto, uma parte fundamental da aprendizagem e


desenvolvimento da criança, momento em que ela exercita todos os seus direitos e
estabelece contato com os campos de experiência, como protagonista de seu
desenvolvimento.

O principal objetivo da brincadeira é explorar. Para uma criança pequena,


tudo é experimento, até jogar e brincar com o prato de comida. A brincadeira é um
espaço para explorar sentimentos e valores, assim como para desenvolver suas
28

habilidades. A brincadeira surge de objetos estruturados e não estruturados,


disponibilizados para as crianças.

A partir da brincadeira, observamos que a exploração e a sequência lúdica


dependem, única e exclusivamente, de cada criança ou, por vezes, de um grupo de
crianças dispostas a compartilhar o brincar. Através do brincar e a partir do
sentimento que aflora em cada brincadeira, a criança faz a leitura do mundo e
aprende a lidar com ele, recria, repensa, imita, desenvolvendo, além de aspectos
físicos e motores, aspectos cognitivos, bem como valores sociais, morais, tornando-
se cooperativo, sociável e capaz de escolher seu papel na sociedade.

No brincar a criança explora, coleta, seleciona, coleciona e constrói conforme


a sua vontade e/ou através de observações de experiências anteriores. Assim, ela
aprende a elaborar suas reflexões, estratégias, independência e criatividade,
permitindo que aumente a sua experiência e do grupo na qual está inserida. As
brincadeiras contribuem no desenvolvimento infantil de forma decisiva, construindo
um adulto que acredita em seu potencial transformador, cultivando dentro de si uma
forte vontade de viver em um mundo melhor.

Muitas vezes, as crianças deficientes possuem uma extensa rotina de


tratamentos. Essa rotina faz com que os momentos de lazer da criança sejam
dispensados. Isso ocorre, pois muitas pessoas acreditam que as crianças deficientes
não brincam, mas toda a criança brinca independente do seu tipo de deficiência. A
brincadeira permite que a criança com deficiência aprenda que o seu
desenvolvimento ocorre de acordo com suas habilidades e potencialidades e que ele
acontece independentemente de sua deficiência. Sendo assim, ela pode ter uma
vida saudável e produtiva como qualquer outra criança (PEDROSO, 2013).

2.4. INCLUSÃO

Inclusão social é o ato de incluir na sociedade categorias de pessoas


historicamente excluídas do processo de socialização, como negros, indígenas,
pessoas com necessidades especiais, homossexuais, travestis e transgêneros, bem
como aqueles em situação de vulnerabilidade socioeconômica, como moradores de
rua e pessoas de baixa renda.
29

Há em vigor diversas leis que asseguram os direitos dos deficientes, mas ainda
não há cumprimento a essas leis. Por isso, em geral, é inviável que os deficientes
desfrutem dos espaços públicos para o seu lazer

A lei federal n° 10.098, publicada em 19 de dezembro de 2000. Esta Lei


estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das
pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, mediante a
supressão de barreiras e de obstáculos nas vias e espaços públicos, no mobiliário
urbano, na construção e reforma de edifícios e nos meios de transporte e de
comunicação.

A lei federal n° 11.982, publicada em 16 de julho de 2009, acrescentou parágrafo


único ao art. 4 o da lei n° 10.098, citada acima, para determinar a adaptação de
parte dos brinquedos e equipamentos dos parques de diversões às necessidades
das pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida. Essa lei entrou em vigor
na data da sua publicação (PLANALTO, 2009). Esse parágrafo único dispõe que:

“Os parques de diversões, públicos e privados, devem


adaptar, no mínimo, 5% (cinco por cento) de cada
brinquedo e equipamento e identificá-lo para possibilitar
sua utilização por pessoas com deficiência ou com
mobilidade reduzida, tanto quanto tecnicamente possível”
(PLANALTO, 2009)

  A lei federal n° 13.146, publicada em 6 de julho de 2015, instituiu a Lei


Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com
Deficiência), destinada a assegurar e a promover, em condições de igualdade, o
exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência,
visando à sua inclusão social e cidadania.

A lei federal n° 8.069, publicada em 13 de julho de 1990, esta Lei dispõe


sobre a proteção integral à criança e ao adolescente. As crianças e os adolescentes
são sujeitos de direitos em estágio peculiar de desenvolvimento, assim, gozam de
absoluta prioridade na efetivação dos seus direitos fundamentais assegurados de
forma compartilhada pelo Estado, família e sociedade.
30

Como já afirmado, as leis e os programas propostos pelo governo, na maioria


das vezes, não são executados na prática. Além disso, muitas vezes há ações da
iniciativa pública e privada acontecendo em paralelo que ficam sem força para
mudar o quadro de exclusão existente. Outro problema é que diversas políticas
criadas em um governo para tentar mudar a situação atual são interrompidas e
substituídas por outras ações no governo seguinte, com isso, perdem a continuidade
e a abrangência

2.5. NORMAS E RECOMENDAÇÕES TÉCNICAS PARA PLAYGROUNDS

Para as crianças deficientes, a brincadeira ao ar livre surge como alternativa


não só de lazer como também de se integrar na sociedade. Esses momentos
ajudam as crianças a conhecerem seus limites, descobrirem sensações e emoções
e interagirem com outras crianças. Atualmente, as opções de lazer para esse público
são escassas e se restringem a locais fechados, como clínicas de fisioterapia e
espaços privados de instituições que trabalham com esse público.

As normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) foram


pesquisadas com o intuito de conhecer as especificações que o projeto deve
apresentar para se estar de acordo com as normas existentes referentes a
playgrounds. A norma referente aos playgrounds é a NBR 16071, que está dividida
em sete partes e traz diversas orientações para proporcionar a segurança dos
brinquedos, dos locais de instalação, além de orientar sobre inspeção, manutenção
e utilização do playground.

 Refere à terminologia.
 Refere aos requisitos de segurança para os equipamentos.
 Refere a requisitos de segurança para pisos a serem utilizados.
 Refere a métodos de ensaio.
 Refere a projetos da área de lazer.
31

 Refere a instalação.

 Refere a inspeção, manutenção e utilização.

A montagem e a instalação adequadas são fundamentais para a integridade


estrutural, estabilidade e segurança do equipamento. Antes de serem liberados para
uso, os brinquedos devem ser inspecionados, a fim de verificar a segurança do
playground. As instruções de instalação e o manual de montagem devem ser
fornecidos pelo fabricante e devem ser guardados sob responsabilidade do
proprietário ou responsável pela manutenção do playground (ABNT/NBR 16071-
6:2012).

2.6. ERGONOMIA

Entende-se por Ergonomia o estudo das interações das pessoas com a


tecnologia, a organização e o ambiente, objetivando intervenções e projetos que
visem melhorar, de forma integrada e não-dissociada, a segurança, o conforto, o
bem-estar e a eficácia das atividades humanas,

O termo “ergonomia-para-um” é usado em projetos de produtos centrados no


usuário. O objetivo é adaptar esses projetos às necessidades das pessoas, a fim de
potencializar as habilidades do usuário e minimizar as limitações impostas pela
deficiência. Para compreender as necessidades dos usuários, devem ser
pesquisados aspectos antropométricos do público-alvo. Contudo, referências sobre
as dimensões e proporções corporais são escassos no Brasil. É muito difícil
encontrar padrões antropométricos que incluam várias faixas etárias e limitações
motoras para o desenvolvimento de produtos para tentar reduzir essa dificuldade de
estipular medidas, foi estudada a NBR 9050:2004. Essa norma trata da
acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. O
objetivo dessa norma é estabelecer critérios e parâmetros técnicos a serem
observados nos projetos a fim de tornar os ambientes acessíveis (NBR 9050:2004).

A partir da norma NBR 9050:2004, pode se verificar alguns padrões corporais


referentes às pessoas com deficiência. As medidas são estipuladas como se o
32

usuário e a cadeira fossem um conjunto. É possível estipular, por exemplo, as


medidas mínimas que o cadeirante precisa para transitar.

Figura 11: Módulo de referência de uma pessoa utilizando cadeira de rodas. Fonte: NBR
9050:2004

Figura 12: Dimensões para a área de circulação. Fonte: NBR 9050:2004


33

Figura 13: Área para manobra de cadeira de rodas sem deslocamento. Fonte: NBR
9050:2004

Figura 14: Área necessária para manobrar a cadeira de rodas sem deslocamento. Fonte:
NBR 9050:2004.
34

Figura 15: Medidas antropométricas gerais da cadeira de rodas. Fonte: NBR 9050:2004.

3. ESPECIFICAÇÃO DO PROJETO

Nessa fase do projeto são definidas a geometria do brinquedo conforme norma,


especificar o material sustentável que será utilizado no projeto, dimensionar os
componentes estruturais do brinquedo e redigir o projeto conforme normas.

3.1 BALANÇO

Em muitos sites na internet o balanço para cadeirantes é um brinquedo bem


requisitado pelas crianças nas praças públicas. Além disso, esse balanço permite
que o cadeirante utilize a cadeira, sem ser necessário realizar sua transferência. O
brinquedo proporciona adrenalina e estimula o aspecto sensório motor com o seu
35

movimento. O ponto ainda mais positivo desse brinquedo é que a criança brinca
acompanhada, interagindo com outras crianças.

Figura 16: Balanço para cadeirante.

EXTRUTURA
DE FIXAÇÃO

SUPORTE

ESPAÇO PARA
CADEIRANTE
RAMPA

TRAVA DA RAMPA
36

Dimensões: (estrutura em azul)

Largura: 1,50 m.
Altura: 2,30 m (sem chumbar).
2,00 m (chumbado ao solo em bloco de concreto).
Comprimento: 2,60 m. 

- Estrutura do balanço em aço carbono tubular diâmetro de 100mm X 6mm;


- Estrutura da Cadeira em aço tubular diâmetro de 60mm x 5mm;
- Cadeira de polietileno pelo processo de rotomoldagem, atóxico e reciclável;
- Guarda corpo da cadeira em aço tubular de 60mm x 3mm e 30mm x 3mm;
- Rampa de acesso basculante para a lateral com estrutura em aço tubular de
30mm x 3mm
- Chapa piso em alumínio e espessura de 3mm;
- Fecho de segurança metálico entre rampa e cadeira;
- Acabamento com pintura epóxi a pó;
A NBR 16071 leva em conta todos os aspectos que possam causar acidentes
(especialmente pontos móveis e fixos) e as possíveis lesões, como beliscos,
esmagamento, arranhões e aprisionamento. Dessa forma, as crianças podem se
divertir livremente sem riscos à sua integridade física.
A norma NBR 16071 também estabelece que um playground precisa ser montado
sobre caixas de areia de no mínimo 30 cm de profundidade, grama sintética sobre
borracha amortecedora ou pisos de borracha, sendo estes últimos a opção que
exige menor manutenção. Deve-se levar em consideração sua espessura conforme
a altura dos brinquedos, veja a comparação entre espessura e altura;

 Para brinquedos de até 80 cm de altura, é necessário piso com 11 mm de


espessura;

 Para brinquedos de até 1,2 m de altura, é necessário piso com 20 mm de


espessura;

 Para brinquedos com até 1,5 m de altura, é necessário piso com 50 mm de


espessura;
37

Figura 17: espessura e altura;

Rampas Não devem ser usadas rampas com ângulos superiores a 38°. Para
ângulos de 15° e superiores, a superfície deve ter apoios para os pés, espaçados
conforme mostra a tabela

Figura 18: dimensões permitidas para acesso direto


38

É preciso que o balanço apresente assentos para crianças maiores e para as de


primeira idade (até três anos), estes devem ser em forma de “calça”, para proteção
da coluna dorsal (NBR 14350-1:1999), bem como devem ser projetados em material
leve, para que quando colocados em movimento não atinjam alta velocidade.
Recomenda-se a não utilização de correntes para pendurar os assentos, já que
representam um risco para a retenção dos dedos. Para determinar a altura livre do
chão, a altura poplítea do menor percentil deve ser equacionada aos limites
propostos pela norma. A largura de acesso do assento e do próprio assento deve
ser determinada de acordo com o equacionamento da medida da largura do acrômio
e a largura do quadril dos usuários (de maior percentil disponível). O comprimento
do assento deve ser determinado com o estudo dos dados antropométricos
referentes à variável sacro-poplítea das crianças.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao longo da realização do trabalho foi percebido a importância da brincadeira na


infância e o quanto prejudicial é para o desenvolvimento da criança não poder
desfrutar desses momentos de lazer. Como atualmente não há espaço para as
crianças cadeirantes desfrutarem das praças públicas, esse público foi tido como o
foco do projeto.

Perceber que a solução é inovadora em seu conceito foi um ponto-chave da


solução, pois o projeto objetivou criar um brinquedo para crianças cadeirantes
adaptados a crianças sem deficiência. Todas as funções do brinquedo permitem o
uso da cadeira de rodas. Em contrapartida, há como crianças sem cadeira de rodas
desfrutarem dos brinquedos. Isso foi muito importante, pois era fundamental para o
projeto que a solução proporcionasse integração entre crianças com e sem
deficiência.
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REFERÊNCIAS

https://cidades.ibge.gov.br/brasil/sc/jaragua-do-sul/pesquisa/23/23612?
indicador=23926&tipo=ranking

https://www.opet.com.br/faculdade/revista-pedagogia/pdf/n13/artigo3.pdf

https://leismunicipais.com.br/a1/sc/j/jaragua-do-
sul/decreto/2017/1141/11419/decreto-n-11419-2017-regulamenta-o-paragrafo-5-do-
artigo-2-da-lei-complementar-municipal-n-972010-de-19-de-abril-de-2010-que-
dispoe-sobre-o-cumprimento-as-normas-de-acessibilidade-nos-estabelecimentos-
comerciais-e-revoga-o-decreto-municipal-n-11-349-2017-de-15-de-maio-de-2017

https://revistas.unifacs.br/index.php/sepa/article/viewFile/3390/2433

https://www.hypeness.com.br/2014/10/brasileiro-cria-parque-acessivel-para-
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https://www.sarah.br/media/2262/relatorio-de-atividades-2016.pdf

https://censo2010.ibge.gov.br/noticias-censo?
id=3&idnoticia=2170&view=noticia#:~:text=O%20Censo%202010%20tamb
%C3%A9m%20investigou,anos%20ou%20mais%20de%20idade .

https://cnae.ibge.gov.br/en/component/content/article/95-7a12/7a12-vamos-
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https://brasilescola.uol.com.br/biologia/sistema-nervoso.htm#:~:text=Sistema
%20nervoso%20central%3A%20formado%20pelo%20enc%C3%A9falo%20e
40

%20medula%20espinhal.&text=Sistema%20nervoso%20perif%C3%A9rico%3A
%20formado%20pelos,as%20chamadas%20c%C3%A9lulas%20da%20glia .
http://revistaneurociencias.com.br/edicoes/2007/RN%2015%2003/Pages%20from
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https://bvsms.saude.gov.br/dicas-em-saude/3122-paralisia-cerebral

https://novapediatria.com.br/funcao-motora-paralisia-cerebral/

https://centraldefavoritos.com.br/2017/11/13/lei-no-10-0982000-promocao-da-
acessibilidade-das-pessoas-portadoras-de-deficiencia-ou-com-mobilidade-reduzida/

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