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Revista Cesuca Virtual: Conhecimento sem Fronteiras

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USO DO MOODLE COMO APOIO AO ENSINO PRESENCIAL

Patrícia Beatriz de Macedo Vianna1


Andrea Rapoport2

RESUMO

Investigar as concepções de professores da Instituição sobre a utilização do


ambiente virtual de aprendizagem (AVA) Moodle como apoio às disciplinas, bem
como sobre a possibilidade da realização de disciplinas totalmente a distância,
buscando relacionar essas concepções com as visões epistemológicas destes
grupos sobre o ensinar e o aprender.

Palavras-Chave: Professores; Educação a Distância; ambiente virtual de


Aprendizagem; Moodle.

ABSTRACT

This article aims to investigate the conceptions of teachers on the use of the
institution's virtual learning environment (VLE) - Moodle as supporting disciplines, as
well as about the possibility of performing fully the distance disciplines, seeking to
relate these concepts with the epistemological views of these groups about the teach
and learn.

Keywords: Teachers; Distance education; Virtual Learning Environment; Moodle.

1
Doutoranda em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, desenvolvendo
pesquisa na área de Educação a Distância. Mestre em Educação pela Pontifícia Universidade
Católica do Rio Grande do Sul (2004) e Professora de Graduação e Pós-Graduação no Complexo de
Ensino Superior de Cachoeirinha (CESUCA) patricia.vianna@cesuca.edu.br
2
Doutora em Psicologia do Desenvolvimento pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2003).
Mestre em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1999).
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INTRODUÇÃO

A Educação a Distância (EAD) tem crescido muito nas instituições de Ensino


Superior, tanto quanto cursos de modalidade mista como totalmente à distância.
Atualmente, com os avanços tecnológicos e com a profissionalização de educadores
voltados para esta área, pode-se dizer que tal modalidade educacional tem
contribuído e poderá contribuir ainda mais para a educação presencial e vice-versa.
Nesse contexto, aponta-se cada vez mais para as positividades de um processo
educativo elaborado de forma mista, com componentes presenciais e a distância,
também denominado blended learning, conforme apontam Pina (2010) e Donelly
(2010).
O presente estudo, a partir da análise das concepções de professores e de
uma instituição de Ensino Superior (IES) da grande Porto Alegre sobre a utilização
do ambiente virtual de aprendizagem (AVA) Moodle como apoio às disciplinas,
buscou verificar a possibilidade da realização de disciplinas totalmente a distância
nesta IES. O estudo pretendeu relacionar essas concepções com as visões
epistemológicas desenvolvidas no campo da educação, mais especificamente em
AVA.
As concepções de professores acerca de seu papel no processo de ensino e
aprendizagem nas modalidades presencial e a distância e a identificação de suas
concepções epistemológicas sobre o processo de ensino e aprendizagem são
relevantes na investigação sobre a temática proposta neste trabalho, pois para que a
utilização do Moodle ocorra de forma produtiva e favorecedora da construção do
conhecimento necessita-se de um papel ativo dos alunos e do professor e das
interações que se dão nesta modalidade de ensino, para que o ambiente não seja
um mero depositário de materiais e se reproduza o modelo tradicional de ensino.
Este trabalho constituiu-se em uma investigação preliminar que será ampliada
para a participação dos demais cursos da IES e também serão incluídos os alunos
no seguimento da pesquisa.

1 O IMAGINÁRIO DO LUGAR DOCENTE E DISCENTE

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Percebe-se, como afirma Tardif (2002), que a vivência enquanto alunos e as


representações sobre o ser professor são saberes muito fortes que persistem
através do tempo. Ou seja, aqueles alunos que vivenciaram um ensino tradicional
apresentam dificuldade de se colocarem em um papel ativo, pois estão acostumados
a uma pedagogia diretiva, o que pode dificultar a utilização do ambiente Moodle de
forma construtiva.
Em relação às concepções epistemológicas, de forma consciente e, grande
parte das vezes, inconsciente, a prática do professor baseia-se numa concepção de
ensino e aprendizagem “que determina sua compreensão dos papéis de professor e
aluno, da metodologia, da função social da escola e dos conteúdos a serem
trabalhados” (FRAGA, 2007, p.25).
Becker (2001)3 afirma existirem três concepções epistemológicas sobre o
ensinar e o aprender com seus respectivos modelos pedagógicos: empirismo
(pedagogia diretiva), apriorismo (pedagogia não diretiva) e construtivismo
(pedagogia relacional). Seguindo-se o modelo tradicional empirista, pode-se supor
uma resistência diante da utilização da educação à distância; já a partir da
concepção apriorista pode-se supor que os alunos são quem iriam dirigir o seu
processo de aprendizagem, especialmente num ambiente em que a interação
presencial está ausente; sendo que, a concepção construtivista, segundo Becker
(2001), pressupõe uma construção de conhecimento a partir da problematização e
de ação sobre o objeto de conhecimento. A partir dessa concepção epistemológica
de cunho construtivista, a educação a distância deve elaborar, a partir de seus
pressupostos, um AVA interativo, com utilização de diferentes recursos, materiais
em diferentes mídias e espaços que possibilitem a interação entre professor-aluno e
aluno-aluno e a construção de um conhecimento de forma colaborativa.
As práticas da educação à distância estão relacionadas às concepções dos
professores e aos modelos que estão se desenvolvendo nesta área. Para estes
autores, de forma diversa dos papéis tradicionais no ensino presencial, a EAD
desafia as representações tradicionais de alunos e de professores (STEIL, PILLON e
KERN, 2005).

3
Devido ao caráter resumido deste trabalho não apresenta-se aqui as concepções epistemológicas de forma
aprofundada. Para tal, sugere-se a leitura de Becker (2001).

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Além disso, estes devem ter uma efetiva participação e serem agentes
motivadores e incentivadores do processo de ensino e aprendizagem. Caso
contrário, os alunos “tendem a se sentirem abandonados e sem motivação para
superar as dificuldades inerentes ao processo de educação e aprendizagem”
(SARMET e ABRAHÃO, 2007 apud ARIEIRA et al., 2009, p.323).

2 VANTAGENS DO CONSTRUTIVISMO E PRESSUPOSTOS PARA A


AUTONOMIA

Com base no empirismo, especialmente a partir do aporte teórico de Skinner,


o ensino baseado em exercícios de instrução programada tem sido utilizado de
forma freqüente e por vezes exagerada na EAD, conforme refere Fraga (2007),
reduzindo-se à repetição, reprodução e reforço. Entretanto, considera-se que não
apenas na educação presencial o construtivismo é, sem dúvida, o melhor modelo,
mas também para a modalidade a distância. Este é um desafio para uma EAD de
qualidade, que promova a autonomia, a mediação, a colaboração e a cooperação,
conforme indica Fraga (2007).
Vários estudos têm buscado compreender as atitudes de alunos e de
professores diante da utilização de inovações educacionais, como a educação a
distância, sendo estas influenciadas pelos papéis do professor e do aluno nesta
modalidade de ensino (STEIL, PILLON e KERN, 2005; CAREGNATO e MOURA,
2003; SANTOS et al., 2010).
Caregnato e Moura (2003) realizaram um estudo sobre a percepção dos
alunos acerca de sua experiência nas disciplinas ministradas a distância em um
curso de Biblioteconomia. Dentre os aspectos positivos da EAD foram mencionadas
autonomia na aprendizagem, objetividade, participação intensa dos alunos nas aulas
e professor como facilitador. Autonomia de aprendizagem se refere à possibilidade
de seguir o ritmo próprio durante os estudos, apesar dos alunos reconheceram que
a flexibilidade e liberdade implicam em maior responsabilidade e necessidade de
organização. Outro aspecto demonstrado no estudo refere-se à participação dos
alunos que, se sentiram, em grande parte, mais à vontade para expressar suas
idéias, especialmente nos chats. Dentre os aspectos negativos de EAD destacou-se

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a necessidade de maior comprometimento do aluno, fato que também foi visto como
vantagem por alguns alunos e as limitações nas discussões nos chats, que seriam
muitas vezes superficiais. O chat, por outro lado, foi referido pelos alunos como um
dos pontos positivos da EAD.
No mesmo estudo, ao compararem a EAD com as experiências em aulas
presenciais, os participantes destacaram como positivos: a interação presencial com
colegas e professores, a independência do computador, discussões mais
aprofundadas e a possibilidade de trabalhos em grupos. Entretanto, os dois últimos
itens estão mais relacionados às experiências destes alunos do que com
características da modalidade de ensino, dependendo de como foram conduzidas.
Santos et al (2010, p.8) investigaram o comportamento e a percepção de
estudantes de um curso de administração na modalidade a distância e verificaram
que os discentes acreditam que:

[...] o curso a distância tem qualidade e duração semelhante ao presencial,


mas traz maior dificuldade, exigência de leitura, tempo de dedicação e
disciplina. O relacionamento com os demais colegas e com os monitores e
professores é de grande relevância e traz benefícios (troca de idéias,
esclarecimento de dúvidas e facilita o aprendizado). Os monitores e
professores são vistos como importantes apenas nos momentos de dúvidas,
não tendo sido mencionadas as demais atividades desenvolvidas por esses.
A realização do curso tem proporcionado mudanças no desempenho
(aumento de raciocínio e de conhecimento) e na vida social (falta de tempo,
aumento do círculo de amizades).

Já Steil, Pillon e Kern (2005) investigaram as atitudes de 22 alunos de uma


Instituição de Ensino Superior com relação a uma disciplina a distância. Esta foi
oferecida apenas nesta modalidade e foi a primeira experiência em EAD de todos os
alunos, que descobriram apenas no primeiro dia de aula que a disciplina seria nesta
modalidade. Este fato foi considerado relevante para entender as percepções
predominantemente negativas dos alunos. Estas envolveram críticas em relação a
pouca agilidade do professor para responder às questões encaminhadas pelo
ambiente de aprendizagem e a pouca atenção dispensada aos alunos, não os
encorajando através de questionamentos, desafios e críticas.
Ariera et al (2009) conduziram uma pesquisa para analisar a posição dos
alunos do ensino presencial sobre a metodologia de Educação a Distância utilizada
como ambiente de apoio à disciplina, avaliando os seus pontos fortes e fracos e

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vantagens e desvantagens da educação a distância em comparação à presencial.


Os resultados revelaram que a maioria dos respondentes estava satisfeita com os
resultados obtidos e com as possibilidades oferecidas pela modalidade de ensino
para complementar o aprendizado. Entretanto, apesar de reconhecerem a
importância da EAD, preferem o modelo tradicional do ensino presencial. O fato de o
aluno possuir um computador em casa e a frequência de acesso ao mesmo facilita o
aprendizado, assim como a disciplina para envolvimento com as atividades do
ambiente. O aluno mais disciplinado é aquele que considera menos importante a
presença física do professor e se compromete a estudar a distância. Os autores
constataram, como ponto fraco, que “a ausência do professor e do espaço físico da
sala de aula são ainda fatores de que os acadêmicos não estão dispostos, em sua
maioria, a abrir mão em seu processo de aprendizado” (p.336).

3 METODOLOGIA

3.1 Caracterização da Pesquisa

O presente estudo é de cunho qualitativo, buscando-se a descrição dos


fenômenos estudados para posterior compreensão e explicação dos mesmos. O
delineamento da pesquisa foi o estudo de caso, o qual consiste em estudar com
profundidade e exaustão os dados coletados visando construir detalhado
conhecimento.

3.2 Participantes

Duas professoras da IES investigada, sendo uma expert na área de educação


a distância e utilização do AVA Moodle e a outra iniciante nesta modalidade de
ensino, com experiência de dois semestres ministrando disciplinas totalmente a
distância em outra IES onde leciona e utiliza o Moodle como apoio às disciplinas a
cerca de dois anos. Ambas têm ampla experiência no ensino presencial, possuem
Pós-Graduação, sendo a primeira graduada em Pedagogia e doutoranda na área de
Educação e a segunda graduada em Psicologia e doutora em Psicologia do
Desenvolvimento.
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4 PROCEDIMENTOS DE COLETA E ANÁLISE DOS DADOS

4.1 Instrumentos de coleta de dados

Para realização deste estudo foram utilizados os seguintes instrumentos:


termo de consentimento informado da Instituição, termo de consentimento informado
do professor, questionário respondido pelas professoras participantes.

4.2 Análise dos dados

Optou-se, neste momento, por realizar este estudo preliminar com duas
pesquisadoras deste estudo, partindo-se dos pressupostos apontados por
Lankshear e Knobel (2008) ao abordarem de forma aprofundada a questão do
professor pesquisador e suas implicações. Para manter o distanciamento crítico e
reflexivo, segundo os autores, um terceiro pesquisador foi chamado para participar
da análise e discussão dos dados, trazendo um olhar externo à vivência das
professoras-pesquisadoras em questão por meio de uma análise de abordagem
hermenêutica.

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Percebe-se das entrevistas ora sob análise, um discurso positivo no que


concerne a utilização do AVA como elemento auxiliar as práticas docentes
presenciais, sendo possível identificar características de fusão (blended learning)
entre a EAD e o ensino presencial em muitos momentos das disciplinas, tendo em
vista as atividades síncronas e assíncronas propostas. As práticas docentes ganham
um apoio que sem dúvida merece respeito e estudos mais aprofundados para
verificarmos a extensão de suas possibilidades. Pensamos ser incontestáveis vários
dos argumentos e resultados promissores que foram destacados pelas professoras
nas entrevistas. Porém é forçoso fazer uma reflexão mais acurada, antes de

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ampliarmos nossa coleta e análise de dados para as demais disciplinas que utilizam
o AVA na IES, bem como, analisar a interface dos alunos em tal processo.
Ressaltamos que o fato de o aluno possuir acesso à “sala de aula” fora de
suas fronteiras físicas, e sua frequência de acesso ao AVA mediada pelo uso do
computador poderá potencializar o aprendizado, se este aluno seguir com a
autonomia e disciplina para envolvimento com as atividades do ambiente virtual.
Porém, é óbvio que estamos diante de um dilema que atravessa já há muito tempo
os debates da educação: diferença x homogeneização. Continuar apostando na
educação presencial sem autocrítica de todas as suas mazelas é tão errado, quanto
pensarmos que a EAD pode ser por si só a solução de diferentes problemas de
ordem didática e metodológica. Mas temos que reconhecer as possibilidades da
EAD como mais um passo no sentido de rompermos com a velha crença de padrões
epistêmicos homogeneizantes. Tal postura nos protege de liquidarmos
arbitrariamente com a diferença. Usando um preceito heidegeriano, somos seres
lançados nesse mundo, nessas formas, nesses jeitos e nesse acontecer onde se dá
o fenômeno educação.
É importante destacar que a abordagem hermenêutica utilizada neste estudo
permite questionar a postura dos homens em relação aos aportes epistêmicos a
nossa disposição. Nesse sentido, a ciência que a hermenêutica reconhece, é um
patrimônio da humanidade e tem valor fundamental para o processo de auto-criação
do homem e manutenção da vida planetária. A crítica a ciência que a hermenêutica
mantém viva e atual, refere-se àquela visão linear de ciência que permeia de forma
banalizada os olhares dos cientistas, professores, intelectuais que ainda acreditam
no controle absoluto das variáveis do mundo da vida, ou no cientificismo como única
via. Nesse sentido o AVA como foi experimentado nesse projeto, transcende uma
mera repetição acrítica metodológica e se pretende uma ferramenta para oportunizar
docentes e discentes alçar novos voos nas práticas educativas e construção do
conhecimento. A proposta aqui defendida visa possibilitar um diálogo frutífero e
proveitoso onde os resultados possam ser refletidos na vida dos interlocutores, para
além de práticas repetitivas que vêm hegemonizando os espaços educativos
tradicionais.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo buscou identificar as concepções de professores e de uma


instituição de Ensino Superior (IES) da grande Porto Alegre sobre a utilização do
ambiente virtual de aprendizagem (AVA) Moodle como apoio às disciplinas
presenciais, relacionando essas percepções com as visões epistemológicas
desenvolvidas no campo da educação, mais especificamente em AVA.
Foi identificado que para a utilização do Moodle ser produtiva e favorecedora
da construção do conhecimento necessita-se de um papel ativo dos alunos (além de
autonomia e organização do tempo), do professor e das interações síncronas e
assíncronas que se dão nesta modalidade de ensino, para que o ambiente não seja
um mero depositário de materiais e se reproduza o modelo tradicional de ensino. É
importante destacar que o estudo constituiu-se em uma investigação preliminar que
será ampliada para a participação dos demais cursos da IES e também serão
incluídos os alunos no seguimento da pesquisa e que a análise do discurso das
professoras entrevistadas permite inferir sobre as positividades de uma abordagem
mista entre educação presencial e a distância no processo de ensino e
aprendizagem.

REFERÊNCIAS

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