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CURSO ONLINE – AFO PARA ANALISTA DO TCDF

PROF. GRACIANO ROCHA

AULA 05

Saudações, caro aluno!

Este é o último encontro de nosso curso. Como programado, trataremos, desta


feita, da lei que procurou mudar a cultura dos administradores públicos no
Brasil quanto às finanças públicas: a Lei de Responsabilidade Fiscal.

Ela envolveu um processo inclusive pedagógico sobre a forma de lidar com o


dinheiro público, e, acompanhada pela Lei de Crimes Fiscais (Lei
10.028/2000), buscou instituir um modelo responsável (como diz seu nome)
de gestão.

Então, vamos lá. Boa aula!

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LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL (LEI COMPLEMENTAR 101/2000)

Introdução

Antes de comentarmos os dispositivos da lei, vamos tratar de algumas


informações preliminares.

A LRF foi editada num ambiente de reformas reclamadas por vários setores da
sociedade brasileira, após o final dos governos militares. Entretanto, desde a
redemocratização, o Brasil, como federação, enfrentava problemas econômicos
graves, dos quais a chamada “inflação galopante” podia ser indicada como o
principal.

Num ambiente de alta inflação, o planejamento de receitas a arrecadar e de


despesas a efetuar durante o exercício financeiro é praticamente inútil. Isso
porque o índice de preços se altera substancialmente de um período para
outro, e as previsões feitas vários meses antes não são fonte confiável para
a gestão. Assim, a administração financeira era afetada por diversos vícios e
desvios provenientes do ambiente inflacionário.

Por isso, apenas depois da estabilização da moeda e do controle da


inflação, a partir de 1995, principalmente, criou-se o ambiente propício para
um novo (e sério) regramento das finanças públicas. As ideias/necessidades
principais que levaram à edição da LRF foram:

• controle das contas públicas, de forma a evitar déficits;

• necessidade de planejar a ação governamental, aplicando os recursos


de forma racional e sustentável;

• controle das despesas com pessoal e do montante da dívida pública,


para evitar o “sufocamento” dos entes governamentais num contexto de
gastos sem desenvolvimento econômico;

• transparência da gestão orçamentária e financeira, com


disponibilização de demonstrativos e resultados em meios de acesso
público.

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O trecho da LRF que serve como “mapa” da LRF é o § 1º do art. 1º. Os itens
constantes desse texto são ampliados nas seções da Lei, com a fixação de suas
regras próprias. Vejamos a lei seca:

Art. 1º, § 1º A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação planejada e


transparente, em que se previnem riscos e corrigem desvios capazes de afetar o
equilíbrio das contas públicas, mediante o cumprimento de metas de resultados
entre receitas e despesas e a obediência a limites e condições no que tange a
renúncia de receita, geração de despesas com pessoal, da seguridade social e
outras, dívidas consolidada e mobiliária, operações de crédito, inclusive por
antecipação de receita, concessão de garantia e inscrição em Restos a Pagar.

Vamos desdobrar os pontos integrantes desse trecho:

• pressuposto da gestão fiscal responsável: ação planejada e


transparente. A administração dos recursos públicos não pode ser feita
“de improviso”. Deve levar em conta as necessidades prioritárias da
sociedade e a escassez de recursos financeiros, bem como a
sustentabilidade das finanças públicas no tempo;

• objetivos da gestão fiscal responsável: prevenir riscos e corrigir


desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas. Nesse sentido, a
gestão responsável envolve o acompanhamento permanente do
comportamento das receitas, despesas e dívida pública;

• instrumentos da gestão fiscal responsável:

 cumprimento de metas de resultado entre receitas e despesas. O


equilíbrio fiscal depende da manutenção de uma diferença mínima
entre receitas e despesas, principalmente para controle do montante
da dívida;

 limites e condições quanto a

 renúncia de receita;

 geração de despesas com pessoal;

 geração de despesas da seguridade social e outras;

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 dívidas consolidada e mobiliária;

 operações de crédito, inclusive por antecipação de receita;

 concessão de garantia;

 inscrição de despesas em restos a pagar.

As maiores “dificuldades” criadas pela LRF no tocante a esses


pontos justificam-se pelo risco de desequilíbrio das contas públicas
em caso de descontrole. Perceba que todos esses itens que sofrem
“limites e condições” estão ligados à diminuição de receita ou ao
aumento (potencial ou real) de despesa.

Vamos comentar os principais aspectos dos itens acima.

Como isso cai na prova?

1. (CESPE/ANALISTA/CORREIOS/2011) A garantia de equilíbrio nas contas


mediante o cumprimento de metas de resultados entre receitas e
despesas, com limites e condições para a renúncia de receita e para a
geração de despesas, é um dos principais objetivos da Lei de
Responsabilidade Fiscal.

2. (CESPE/AUDITOR/TCDF/2012) As disposições, as proibições, as condições


e os limites constantes na LRF valem para o DF até que seja aprovada lei
complementar de âmbito local que disponha sobre a ação planejada e
transparente, voltada para a prevenção de riscos e correção de desvios
capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas.

3. (CESPE/TÉCNICO SUPERIOR/IPAJM-ES/2006) O conceito de


responsabilidade fiscal atende ao objetivo da política orçamentária de
evitar que os entes da Federação gastem mais do que aquilo que
arrecadam.

O primeiro trecho da LRF que destacamos, o § 1º do art. 1º, por sua


abrangência e importância, serve para fundamentar diversas questões. A nº 1
é um exemplo delas, o que a torna CERTA.

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A questão 2 está ERRADA: a LRF tem abrangência nacional, aplicando-se à


administração direta e indireta de todos os entes federados.

A responsabilidade fiscal é a responsabilidade no trato com as finanças


públicas. Portanto, para manter as finanças “saudáveis”, é necessário evitar
desequilíbrios fiscais. A questão 3 está CERTA.

Previsão constitucional

A LRF, segundo seu próprio texto, baseou-se no Capítulo II do Título VI da


CF/88. É o capítulo chamado “Das Finanças Públicas”, que abarca a Seção I,
sobre Normas Gerais, e a Seção II, “Dos Orçamentos”, ressaltando que esta
última contém a maioria das normas constitucionais que estudamos (regras
sobre leis orçamentárias, créditos adicionais, rito legislativo etc.).

Apesar dessa previsão genérica, de basear-se num capítulo inteiro da


Constituição, é possível identificar os trechos constitucionais específicos que a
LRF regulamenta. São eles:

Art. 163. Lei complementar disporá sobre:

I - finanças públicas;

II - dívida pública externa e interna, incluída a das autarquias, fundações e


demais entidades controladas pelo Poder Público;

III - concessão de garantias pelas entidades públicas;

IV - emissão e resgate de títulos da dívida pública;

(...)

Art. 165, § 9º - Cabe à lei complementar:

I - dispor sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos, a elaboração e a


organização do plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e da lei
orçamentária anual; (apenas o grifado)

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(...)

Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios não poderá exceder os limites estabelecidos
em lei complementar.

Mesmo tendo disposto sobre as matérias acima, a LRF não esgotou o


tratamento a ser dispensado a elas – principalmente o § 9º do art. 165. Dessa
forma, normas constantes da Lei 4.320/64 (recepcionada pela CF/88 como lei
complementar) ainda estão vigentes, como viemos estudando, embora a LRF
e a própria CF/88 tenham revogado tacitamente alguns trechos dessa lei
pretérita.

Como isso cai na prova?

4. (CESPE/ANALISTA/ANATEL/2009) Em atendimento ao disposto no texto


constitucional, estabelecendo a necessidade de lei complementar em
matéria orçamentária, editou-se a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF),
que preencheu as lacunas da Lei n.º 4.320/1964.

Como visto, o foco da LRF é a responsabilidade na gestão fiscal, e não a edição


de normas gerais de direito financeiro, como é o caso da Lei 4.320/64. Apesar
da coincidência em vários pontos (nos quais a LRF sobressai, por ser mais
recente), não houve a intenção de “substituir” ou “completar” uma lei com
outra. Questão ERRADA.

Abrangência da LRF

Outra disposição inicial da LRF diz respeito a quem está submetido às suas
regras e limitações.

A Lei utilizou um critério amplo para fixar sua “clientela”. Todos os órgãos de
todos os Poderes, fundações, autarquias, fundos, empresas estatais
dependentes, de todos os entes da Federação, devem observar as normas

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estabelecidas na LRF. Ou seja, está abrangida toda a administração direta dos


entes federados e quase toda a administração indireta.

Como exceção, apenas as chamadas “empresas estatais independentes”


estão fora do alcance da Lei (embora essas empresas tenham, geralmente,
suas próprias regras de governança corporativa, para “sobreviverem” no
mercado, regras estas que substituem, de certa forma, as regras de
responsabilidade fiscal).

Inicialmente, cabe destacar que ambas as espécies de estatais, as


dependentes e as independentes, são consideradas empresas controladas.
Isso significa que elas têm a maior parte de seu capital social com direito a
voto nas mãos de um ente federado (União, Estado, DF, Município, conforme o
caso). Ou seja, o ente federado é quem detém o poder de decidir, ao
final, como a empresa controlada se comportará e desenvolverá suas
atividades no mercado ou na prestação de serviços públicos.

Muito bem, o que leva à “dependência” ou não de uma empresa estatal é a


característica da autossustentabilidade quanto a suas atividades normais de
manutenção e de investimento. O tipo de recursos que são transferidos
pelo ente público às estatais reflete justamente essa característica.

Nesse sentido, estatais dependentes recebem recursos para cobertura de suas


despesas correntes, rotineiras, relativas ao pagamento de pessoal e de
custeio geral, bem como para suas despesas com investimentos. Vale
dizer, as estatais dependentes não conseguem se manter sem a
transferência de recursos do ente controlador. Suas atividades não envolvem,
como regra, a obtenção de lucro. Por essas características, as empresas
estatais dependentes normalmente estão abrangidas pelos orçamentos
fiscal e da seguridade social.

Já as estatais independentes, quando recebem recursos do ente controlador,


os recebem tipicamente como aumento de participação acionária, ou seja,
como forma de ampliação do controle, pelo ente público, sobre a
administração da empresa. Esse “perfil” leva as estatais independentes a
serem contempladas no orçamento de investimento.

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Como isso cai na prova?

5. (CESPE/ASSISTENTE/CNPQ/2011) Considere que um ente federativo


tenha adquirido 70% da empresa A e que a empresa A possua 80% do
patrimônio da empresa B. Assim, para os efeitos da LRF, a empresa B é
uma empresa controlada indiretamente pelo ente federativo.

6. (CESPE/AUDITOR/TCE-ES/2012) Considera-se empresa estatal


dependente a empresa controlada que receba do ente controlador
recursos financeiros para pagamento de despesas com pessoal ou de
custeio em geral ou de capital.

A empresa controlada, seja dependente, seja independente, caracteriza-se


pela maior parte do capital social com direito a voto pertencente ao ente
público controlador, direta ou indiretamente. A questão 5, portanto, está
CERTA.

A questão 6 reproduz parte do teor da LRF no que se refere ao conceito de


empresa estatal dependente, razão pela qual está CERTA.

Receita corrente líquida

Outra importante noção trazida nas primeiras linhas da LRF é a “receita


corrente líquida” (RCL), utilizada como base para vários limites de
gastos, estabelecidos posteriormente no texto da Lei (lembra-se dessa
palavra chave, “limites”, juntamente com “condições”?).

Já temos uma boa noção sobre receitas correntes, mas é bom relembrar: são
as receitas arrecadadas normalmente pelos entes públicos, geralmente de
efeito aumentativo sobre o patrimônio público, e que se destinam,
tipicamente, ao custeio das atividades e serviços a cargo da Administração
Pública.

O termo “líquida”, em “receita corrente líquida”, significa que, para sua


definição, haverá algum tipo de dedução ou desconto sobre o total bruto
de receitas correntes.

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Cada ente federado terá suas próprias deduções, mas, nos prendendo ao caso
da União, a RCL é calculada da seguinte forma:

(=) TOTAL DAS RECEITAS CORRENTES

(–) transferências constitucionais ou legais aos Estados/DF e Municípios

(–) contribuições sociais do empregador sobre a folha salarial e do trabalhador

(–) contribuição social para o Programa de Integração Social (PIS)

(–) contribuição previdenciária dos servidores públicos

(–) receitas previdenciárias de compensação entre os regimes geral e dos


servidores públicos

(–) compensação financeira aos Estados exportadores (Lei Kandir)

(–) complementação financeira ao FUNDEB (Emenda Constitucional 53)

Da análise do quadro acima, vemos que, do total de receitas correntes


arrecadadas, a União desconta os recursos obrigatoriamente transferidos
aos outros entes federados (ou fundos) e aqueles vinculados a ações da
seguridade social, principalmente. Portanto, essas deduções tratam de
parcelas da receita corrente com os quais a União não pode contar, em
virtude de sua aplicação predefinida.

Portanto, para resumir, podemos dizer que a RCL representa o montante


de recursos próprios em que o ente governamental pode “confiar” para
realizar seus programas; na esfera pessoal, seria equivalente ao salário
líquido recebido pelo trabalhador, com os descontos devidos já
efetuados (previdência social, vale-transporte etc.).

A LRF também determina que a RCL seja apurada somando-se as receitas


arrecadadas no mês de contabilização e nos onze anteriores, excluídas as
duplicidades. Assim, o cálculo da RCL é mensal.

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Como isso cai na prova?

7. (CESPE/ANALISTA/ANP/2013) A receita corrente líquida engloba todas as


receitas correntes lançadas no mês de referência e nos onze meses
anteriores.

8. (CESPE/ASSISTENTE/CNPQ/2011) Sob a óptica da LRF, para a apuração


da receita corrente líquida, serão englobados os valores referentes a
receitas tributárias e de contribuições, incluídas aquelas advindas da
contribuição dos servidores para o custeio do seu sistema de previdência e
assistência social.

Na questão 7, há um equívoco ao considerar que “todas as receitas correntes”


são integradas ao cálculo da RCL, já que, como visto, há diversas deduções a
fazer. Questão ERRADA.

A questão 8 também está ERRADA: a arrecadação da contribuição


previdenciária dos servidores não é considerada no cálculo da RCL.

LRF e Lei de Diretrizes Orçamentárias

Na parte dedicada ao planejamento da ação governamental, a LRF traz


diversas disposições sobre as funções e o conteúdo da Lei de Diretrizes
Orçamentárias e da Lei Orçamentária Anual.

No que se refere à LDO, determinou-se que essa lei tratasse dos seguintes
assuntos:

• equilíbrio entre receitas e despesas;

• critérios e forma de limitação de empenho;

• normas relativas ao controle de custos e à avaliação dos resultados


dos programas financiados com recursos dos orçamentos;

• demais condições e exigências para transferências de recursos a


entidades públicas e privadas.

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Portanto, a LDO recebeu da LRF tarefas ligadas ao planejamento


operacional, a respeito de quais procedimentos seguir diante de
desequilíbrios fiscais; tarefas de avaliação, trazendo normas sobre a
checagem de custos e resultados dos programas; e tarefas “contratuais”, no
sentido de estabelecer condições para a transferência de recursos.

Outra determinação da LRF sobre a LDO foi relativa à criação de anexos a


esta última lei. Vamos estudá-los agora.

a) Anexo de Metas Fiscais (AMF).

No início da aula, vimos que um dos instrumentos da gestão fiscal responsável


é o cumprimento de metas de resultado entre receitas e despesas.
Assim, o estabelecimento dessas metas se dá justamente no AMF, o que o
torna um documento importantíssimo na vida financeira dos entes públicos.

Para comprovar esse papel de destaque do Anexo, caso o Chefe do Executivo


deixe de apresentá-lo, isso será tomado como um crime fiscal, punível com
multa equivalente a 30% dos vencimentos anuais respectivos.

O AMF estabelece metas para o período de 3 exercícios (o de referência da


LDO e os dois posteriores), a partir da análise empreendida sobre as
ocorrências dos 3 exercícios anteriores.

As metas que compõem o AMF são:

• metas de receita: valores a arrecadar nos próximos exercícios;

• metas de despesa: valores a serem despendidos no mesmo prazo;

• metas de resultados nominal e primário: diferença a ser mantida


entre a arrecadação e os gastos, ora levando em conta receitas e
despesas financeiras (resultado nominal, que reflete os efeitos do
endividamento público), ora desconsiderando esses componentes
financeiros (resultado primário);

• metas de dívida: valor referente ao montante da dívida pública a ser


mantido nos próximos exercícios.

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Outros conteúdos do AMF são:

• avaliação do cumprimento das metas relativas ao ano anterior.


Portanto, o AMF é mais que um documento de projeção de metas; é
também um documento de avaliação dos resultados das metas traçadas
no exercício passado;

• demonstrativo das metas anuais, instruído com memória e


metodologia de cálculo que justifiquem os resultados pretendidos,
comparando-as com as fixadas nos três exercícios anteriores, e
evidenciando a consistência delas com as premissas e os objetivos da
política econômica nacional. As metas fiscais fixadas pelo Executivo, além
de serem estabelecidas no AMF, também devem ser explicadas e
sustentadas com argumentos técnicos, para convencimento do Poder
Legislativo e dos outros setores sociais;

• evolução do patrimônio líquido, também nos últimos três exercícios,


destacando a origem e a aplicação dos recursos obtidos com a alienação
de ativos. A ideia aqui é manter controle sobre o que o governo realiza
com os recursos provenientes da alienação, ou seja, da venda, de bens
públicos, como imóveis e estoques de produtos agropecuários.

• avaliação da situação financeira e atuarial:

o dos regimes geral de previdência social e próprio dos servidores


públicos e do Fundo de Amparo ao Trabalhador;

o dos demais fundos públicos e programas estatais de natureza


atuarial;

• demonstrativo da estimativa e compensação da renúncia de receita e


da margem de expansão das despesas obrigatórias de caráter continuado.

b) Anexo de Riscos Fiscais (ARF).

Esse Anexo que trata das ocorrências possivelmente causadoras de


desequilíbrios nos resultados fiscais.

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Os riscos fiscais são classificados como riscos orçamentários (riscos de


receita e de despesa, relativos à não concretização dos parâmetros planejados)
e riscos de dívida (riscos de administração da dívida mobiliária e passivos
contingentes).

Os passivos contingentes, que são um tipo de risco de dívida, representam


situações que podem ocasionar novas obrigações para o ente público.
Normalmente, trata-se de causas judiciais em que o ente pode vir a ser
condenado a pagar certas quantias questionadas.

Diante da concretização dos riscos fiscais, pode ser necessário empregar


recursos para cobrir eventuais gastos. A dotação orçamentária designada para
essas “emergências” é a nossa já conhecida reserva de contingência, que
estudamos ao tratar de créditos adicionais.

A reserva de contingência recebe tratamentos diferentes das leis de matéria


orçamentária:

• a LDO deve definir a forma de utilização da reserva, bem como seu


montante, que é calculado com base na receita corrente líquida (olha
a RCL aí de novo – como vimos, ela serve de parâmetro para diversos
limites e cálculos trazidos na LRF);

• por sua vez, a LOA prevê a reserva de contingência como uma dotação
orçamentária, no montante instituído pela LDO, deixando-a
contabilizada, com recursos atribuídos, e pronta para eventual execução.

c) Anexo especial federal

Para a União, está previsto um terceiro anexo. A mensagem presidencial


que encaminhar o PLDO ao Congresso deverá conter um anexo que trate
dos seguintes pontos, referentes ao exercício subsequente:

• objetivos das políticas monetária, creditícia e cambial;

• parâmetros e projeções para os principais agregados e variáveis


dessas políticas;

• metas de inflação.

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Assim, quando saem na mídia notícias sobre as “metas de inflação para o ano
que vem”, repare que o PLDO deve ter entrado em discussão no Congresso.

Como isso cai na prova?

9. (CESPE/ANALISTA/DPU/2010) Com a edição da LRF, a LDO recebeu em


seu conteúdo uma série de novas e importantes atribuições. Essas
atribuições incluem definir as normas para o controle de custos e a
avaliação dos resultados dos programas financiados pelo orçamento.

10. (CESPE/AUDITOR/FUB/2009) A partir da LRF, os anexos de metas fiscais e


de riscos fiscais devem integrar o projeto de lei orçamentária anual.

11. (CESPE/ANALISTA/DPU/2010) Metas fiscais são valores projetados para o


exercício financeiro e que, depois de aprovados pelo Poder Legislativo,
servem de parâmetro para a elaboração e a execução do orçamento. Para
obrigar os gestores a ampliar os horizontes do planejamento, as metas
devem ser projetadas para os próximos três anos, isto é, o exercício a que
se referem e os dois seguintes.

12. (CESPE/CONTADOR/SEDUC-AM/2011) Independentemente de sua


inclusão na lei de diretrizes orçamentárias, a reserva de contingência pode
ser utilizada para abertura de créditos adicionais, compreendendo o
volume de recursos destinados ao atendimento de passivos contingentes e
de outros riscos, bem como os eventos fiscais imprevistos.

Como visto, as normas para controle de custos e avaliação dos resultados dos
programas estão entre as novidades acrescentadas pela LRF à LDO. A questão
9 está CERTA.

A questão 10 está ERRADA: os anexos de metas fiscais e de riscos fiscais


devem integrar a LDO.

A questão 11 reflete bem a intenção da elaboração do AMF, reforçando a


questão da “ação planejada” que já destacamos. Questão CERTA.

A questão 12 está ERRADA. A reserva de contingência deve estar


obrigatoriamente prevista na LOA.

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Execução orçamentária

Os principais trechos da LRF a respeito desse tópico são o art. 8º e o art. 13:

Art. 8º Até trinta dias após a publicação dos orçamentos, nos termos em que
dispuser a lei de diretrizes orçamentárias (...), o Poder Executivo estabelecerá a
programação financeira e o cronograma de execução mensal de desembolso.

Art. 13. No prazo previsto no art. 8º, as receitas previstas serão desdobradas,
pelo Poder Executivo, em metas bimestrais de arrecadação, com a
especificação, em separado, quando cabível, das medidas de combate à evasão
e à sonegação, da quantidade e valores de ações ajuizadas para cobrança da
dívida ativa, bem como da evolução do montante dos créditos tributários
passíveis de cobrança administrativa.

Assim, logo após a publicação da LOA, num prazo de até 30 dias, faz-se
uma distribuição das despesas que os órgãos poderão executar
mensalmente, ao lado da distribuição bimestral da arrecadação prevista.
Com isso, a cada período, checa-se se o andamento da arrecadação poderá
suportar o calendário da despesa.

A LRF refere-se apenas ao Executivo, mas, conforme as LDO’s, todos os


Poderes e o MP devem estabelecer sua própria programação financeira e seu
cronograma de desembolso:

Lei 12.708/2012 (LDO 2013), Art. 48. Os Poderes e o Ministério Público da


União deverão elaborar e publicar por ato próprio, até trinta dias após a
publicação da Lei Orçamentária de 2013, cronograma anual de desembolso
mensal, por órgão, nos termos do art. 8º da Lei de Responsabilidade Fiscal,
com vistas ao cumprimento da meta de superávit primário estabelecida nesta
Lei.

Por outro lado, o desdobramento bimestral da arrecadação da receita, bem


como seu acompanhamento, ficam a cargo do Executivo mesmo, que é o
grande arrecadador entre os Poderes.

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Já estudamos anteriormente o parágrafo único do art. 8º, mas vamos


relembrá-lo:

Art. 8º, Parágrafo único. Os recursos legalmente vinculados a finalidade


específica serão utilizados exclusivamente para atender ao objeto de sua
vinculação, ainda que em exercício diverso daquele em que ocorrer o ingresso.

Como vimos, esse dispositivo garante que os recursos vinculados a certas


despesas, por força de lei ou instrumento contratual, somente nelas sejam
aplicados, mesmo que a execução só ocorra em exercício posterior. Assim,
é premissa para a execução do orçamento a garantia de vinculação entre os
recursos arrecadados e suas aplicações predefinidas.

Portanto, não existe um “zeramento” relativamente aos recursos vinculados,


pelo fato de não terem sido aplicados no âmbito do orçamento em que
porventura tenham sido arrecadados.

Como isso cai na prova?

13. (CESPE/BBCERTIFICAÇÃO/2012) A programação orçamentária e o


cronograma de desembolsos devem preceder a publicação da LOA.

14. (CESPE/ANALISTA/FINEP/2009) Recursos legalmente vinculados à


finalidade específica permanecem vinculados, ainda que em exercício
diverso daquele em que ocorrer o ingresso.

A questão 13 está ERRADA: a programação financeira e o cronograma de


execução mensal de desembolso devem ser elaborados por cada Poder e pelo
MP com base nas dotações fixadas na LOA, no prazo de 30 dias a partir da
publicação desta.

A questão 14 faz uma reescritura do parágrafo único do art. 8º da LRF.


Questão CERTA.

Cumprimento de metas de resultado

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Sobre o cumprimento de metas, o Manual Técnico de Orçamento traz os


seguintes comentários a respeito:

Em 1964, a edição da Lei nº 4.320 já evidenciava a preocupação do


legislador quanto ao fiel cumprimento do equilíbrio entre receitas e
despesas no orçamento, permitindo que o Poder Executivo se
organizasse de forma a prevenir as oscilações que aconteceriam no
decorrer do exercício financeiro, invocando a necessidade de estipular
cotas trimestrais para a execução da despesa. Em 2000, a Lei de
Responsabilidade Fiscal – LRF trouxe a necessidade de incorporar metas
de resultado fiscal, além de ressaltar o descompasso provável entre
receitas e despesas, de modo a equilibrar o orçamento em tempo hábil
para não prejudicar o desempenho do governo nas três esferas: federal,
estadual e municipal. Já a Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO
completa os dispositivos legais da determinação do controle fiscal e dos
recursos disponibilizados, informando, entre outros parâmetros, qual
será a base contingenciável, as despesas que não são passíveis de
contingenciamento, assim como o estabelecimento de demonstrativos
das metas de resultado primário e sua periodicidade.

Tratando da lei seca, a LRF aborda o cumprimento de metas de resultado no


art. 9º e seus parágrafos, como segue:

Art. 9º Se verificado, ao final de um bimestre, que a realização da receita


poderá não comportar o cumprimento das metas de resultado primário ou
nominal estabelecidas no Anexo de Metas Fiscais, os Poderes e o Ministério
Público promoverão, por ato próprio e nos montantes necessários, nos trinta
dias subsequentes, limitação de empenho e movimentação financeira, segundo
os critérios fixados pela lei de diretrizes orçamentárias.

§ 1º No caso de restabelecimento da receita prevista, ainda que parcial, a


recomposição das dotações cujos empenhos foram limitados dar-se-á de forma
proporcional às reduções efetivadas.

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§ 2º Não serão objeto de limitação as despesas que constituam obrigações


constitucionais e legais do ente, inclusive aquelas destinadas ao pagamento do
serviço da dívida, e as ressalvadas pela lei de diretrizes orçamentárias.

§ 3º No caso de os Poderes Legislativo e Judiciário e o Ministério Público não


promoverem a limitação no prazo estabelecido no caput, é o Poder Executivo
autorizado a limitar os valores financeiros segundo os critérios fixados pela lei
de diretrizes orçamentárias.

Vamos comentar essas regras.

Como já estudamos, o Anexo de Metas Fiscais estabelece, entre outras, metas


de resultado primário e nominal para o exercício de referência e para os dois
seguintes.

Deixando bem repisado, durante o exercício financeiro, faz-se um


acompanhamento constante da arrecadação da receita, que servirá como
condição para a execução da despesa programada. O Poder Executivo, após a
publicação da LOA, deve desdobrar a arrecadação prevista em metas
bimestrais.

Pelo lado da despesa, cada Poder, mais o Ministério Público, deve estabelecer a
programação financeira e o cronograma de execução mensal de
desembolso, sempre conforme o ritmo de arrecadação, para garantir a
sustentabilidade das liberações de gastos.

Ocorrendo alguma baixa na arrecadação, a ponto de ameaçar as metas de


resultado primário ou nominal, todos os Poderes e o MP devem “frear” o ritmo
de execução da despesa. Assim, tanto a emissão de empenhos quanto a
transferência de recursos devem ser reduzidas, para que o nível da
execução da despesa fique adequado ao cenário de receita diminuída. Isso que
o que se chama, comumente, de “contingenciamento de despesas”.

Perceba que não é o caso de aguardar a despesa superar a receita. O


parâmetro são as metas de resultado. Como as metas de resultado,
normalmente, são positivas, isso significa que, para contingenciar
despesas, não se espera “faltar dinheiro”, mas, simplesmente, “sobrar
menos dinheiro”.

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Havendo retomada da arrecadação, também se procede à liberação das


despesas contingenciadas, proporcionalmente às reduções antes
efetivadas.

É importante observar também que nem toda despesa pode ser


contingenciada. As despesas obrigatórias segundo a CF/88 (pessoal, dívida
pública e transferências constitucionais ou legais) não podem ser afetadas por
esse artifício de controle.

Da mesma forma, as despesas ressalvadas pela LDO não podem ser


contingenciadas. Como já está bem estudado, a LDO indica quais despesas são
prioritárias para a Administração no exercício em foco. Um dos efeitos de uma
despesa ser considerada prioritária na LDO é justamente ficar a salvo desses
cortes.

Ultimamente, um bom exemplo de despesas ressalvadas são as relativas


a projetos do Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC. Como o
governo aposta todas as fichas no PAC, é natural que os projetos
respectivos não sejam prejudicados pelo contingenciamento.

Muito bem, depois de afastadas as obrigações constitucionais e as ressalvas da


LDO, sobra o grupo das “despesas discricionárias”, sobre as quais incidirá o
contingenciamento.

Como já se destacou, todos os Poderes e o MP devem dar sua parcela de


contribuição para a manutenção do equilíbrio fiscal. Portanto, por ato
próprio, todos deverão limitar suas despesas diante de um quadro de queda
de arrecadação.

Entretanto, originalmente, a LRF dispunha que, caso algum Poder ou o MP


não procedesse ao respectivo contingenciamento, o Executivo poderia
descontar a parcela correspondente ao contingenciamento sobre o valor
repassado ao Poder “não solidário”. É a previsão do § 3º do art. 9º,
reproduzido acima.

O desconto se daria sobre o repasse mensal que o Executivo faz aos outros
Poderes, em obediência ao art. 168 da CF/88:

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Art. 168. Os recursos correspondentes às dotações orçamentárias,


compreendidos os créditos suplementares e especiais, destinados aos órgãos
dos Poderes Legislativo e Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria
Pública, ser-lhes-ão entregues até o dia 20 de cada mês, em duodécimos, na
forma da lei complementar a que se refere o art. 165, § 9º.

Entretanto, essa possibilidade de “desconto em folha” por parte do Executivo


foi declarada inconstitucional pelo STF (ADIN 2.238), devido à afronta ao
princípio da separação dos Poderes. Assim, o Executivo não pode
contingenciar despesas que não sejam as suas próprias, devendo aguardar
pela colaboração dos outros.

Como isso cai na prova?

15. (CESPE/ANALISTA/TJ-RO/2012) A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF)


prevê a limitação de empenho e movimentação financeira pelos Poderes e
pelo Ministério Público nos trinta dias subsequentes, se, ao final de um
bimestre, verificar-se que

A o montante da dívida se apresenta superior ao limite imposto pela LRF.

B a realização da receita não ultrapassará a sua previsão.

C a execução da despesa ultrapassará os valores fixados na LOA.

D as metas de resultado primário e nominal estabelecidas para o exercício


não serão alcançadas, devido à redução da realização da receita.

E as despesas primárias são inferiores às receitas primárias.

16. (CESPE/ANALISTA/FINEP/2009) O Poder Executivo é responsável por


promover, de imediato, a limitação de empenho em todas as dotações da
lei orçamentária anual quando houver indícios de que a realização da
receita não comportará o cumprimento das metas de resultado primário.

17. (CESPE/ANALISTA/TCU/2007) A recomposição das dotações cujos


empenhos foram limitados dar-se-á de forma proporcional às reduções
efetivadas.

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18. (CESPE/ANALISTA/MMA/2008) De acordo com a LRF, as despesas


destinadas ao pagamento do serviço da dívida não serão objeto de
limitação, ainda que se verifique, ao final de um bimestre, que a
realização da receita possa não comportar o cumprimento das metas de
resultado primário ou nominal estabelecidas no anexo de metas fiscais.

Na questão 15, a condição para a limitação de empenho e movimentação


financeira, segundo o art. 9º da LRF, é a ameaça de não alcance das metas de
resultado primário e nominal, diante da queda na arrecadação em relação à
prevista. Gabarito: D.

Quanto à questão 16, já vimos que o Executivo só pode contingenciar


despesas de seus órgãos e entidades, sem invadir a esfera dos outros Poderes.
Questão ERRADA.

A questão 17 está CERTA. O “retorno” gradual da receita aos patamares


esperados transmite sua gradação à recomposição das despesas.

A questão 18 traz uma reescritura meio estranha, mas correta, do caput e do §


3º do art. 9º da LRF. Questão CERTA.

Previsão e arrecadação de receitas

Trataremos agora da postura dos entes federados quanto à arrecadação das


receitas tributárias. Vejamos o art. 11 da LRF:

Art. 11. Constituem requisitos essenciais da responsabilidade na gestão fiscal a


instituição, previsão e efetiva arrecadação de todos os tributos da competência
constitucional do ente da Federação.

Parágrafo único. É vedada a realização de transferências voluntárias para o


ente que não observe o disposto no caput, no que se refere aos impostos.

Como visto, a LRF dispõe que, para ser considerado responsável em termos
fiscais, cada ente federado deverá empreender esforços para efetivamente
arrecadar as receitas tributárias de sua competência.

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Historicamente, os entes federados menores, principalmente os Municípios,


deixaram de instituir seus tributos próprios, vivendo apenas dos repasses
da União e dos Estados. A LRF tentou modificar esse costume, criando
exigências para que todos os entes obtenham sua arrecadação própria.

Essa necessidade de arrecadação própria é ainda mais significativa no que


diz respeito aos impostos, que são as fontes preferenciais de obtenção de
recursos tributários. Tanto é que a LRF prevê uma punição a quem não
instituir, prever e/ou arrecadar os respectivos impostos: o ente federado
faltoso não poderá receber recursos de transferências voluntárias
(geralmente, convênios) de outros entes.

Entretanto, essa punição é “aliviada” posteriormente:

Art. 25, § 3º Para fins da aplicação das sanções de suspensão de transferências


voluntárias constantes desta Lei Complementar, excetuam-se aquelas relativas
a ações de educação, saúde e assistência social.

O raciocínio por trás dessa “aliviada” no castigo aos entes federados é que a
população não poderia pagar um preço muito alto por causa da ação
irresponsável dos governantes locais. Assim, recursos relativos às áreas de
saúde, educação e assistência social continuarão sendo transferidos,
mesmo para entes que não tenham se esforçado para obter arrecadação
própria.

Sobre a previsão de receita, a LRF traz o seguinte:

Art. 12. As previsões de receita observarão as normas técnicas e legais,


considerarão os efeitos das alterações na legislação, da variação do índice de
preços, do crescimento econômico ou de qualquer outro fator relevante e serão
acompanhadas de demonstrativo de sua evolução nos últimos três anos, da
projeção para os dois seguintes àquele a que se referirem, e da metodologia de
cálculo e premissas utilizadas.

§ 1º Reestimativa de receita por parte do Poder Legislativo só será admitida se


comprovado erro ou omissão de ordem técnica ou legal.

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§ 2º O montante previsto para as receitas de operações de crédito não poderá


ser superior ao das despesas de capital constantes do projeto de lei
orçamentária.

§ 3º O Poder Executivo de cada ente colocará à disposição dos demais Poderes


e do Ministério Público, no mínimo trinta dias antes do prazo final para
encaminhamento de suas propostas orçamentárias, os estudos e as estimativas
das receitas para o exercício subsequente, inclusive da corrente líquida, e as
respectivas memórias de cálculo.

O caput e o § 1º do art. 12 refletem o caráter técnico que deve cercar a


previsão de receita. Os parlamentares não podem “inflar” a receita prevista
pelo Executivo, abrindo margem para novas despesas, com base em critérios
subjetivos – e, por dedução, o Executivo também deve pautar-se em
estudos e cálculos plausíveis para realizar a estimativa. Apenas erro ou
omissão de natureza técnica ou legal podem justificar uma emenda de receita.

Portanto, são fatores a se considerar no momento de prever as receitas:

• normas técnicas e legais. Nesse ponto, trata-se principalmente da


legislação que rege as receitas e permite sua arrecadação, considerando
os fatos geradores, o conjunto de contribuintes alcançados pela cobrança
etc.

• efeitos das alterações na legislação. No caso de estar sendo discutida e/ou


votada alteração na legislação tributária no âmbito do Legislativo, é
possível transferir ao orçamento os efeitos potenciais da arrecadação
afetada por tais mudanças. Inclusive, registra-se que a União tem fixado
despesas condicionadas na LOA, executáveis à medida que as receitas
potenciais, advindas de alterações legislativas, sejam aprovadas.

• efeitos do crescimento econômico. A previsão de uma crise econômica,


ou, pelo contrário, de uma aceleração nas atividades econômicas,
pode trazer efeitos importantes sobre os níveis de arrecadação. Esses
fatores devem ser cotejados ao se projetar o montante de receita para o
orçamento.

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• efeitos de qualquer outro fator relevante. Aqui, podemos pensar, a título


de ilustração, na informatização da logística de arrecadação de certa
receita, potencializando a ação do Fisco e diminuindo a evasão, ou num
evento excepcional, que aumente o consumo de bens e serviços – como
a Copa do Mundo no Brasil.

O § 2º do art. 12 da LRF foi declarado inconstitucional, em liminar, no


âmbito da já mencionada ADIN 2.238. É que, apesar de reproduzir a regra de
ouro, que já estudamos, esse dispositivo não trouxe a exceção constante da
CF/88 (art. 167, inc. III), que permite a desobediência à regra de ouro
mediante a aprovação, por maioria absoluta dos parlamentares, de créditos
suplementares ou especiais.

Por fim, o § 3º exige que o Executivo, depois de ter projetado a arrecadação


da receita, com base em tudo isso que vimos acima, disponibilize aos
outros Poderes e ao MP as informações necessárias, para que estes
elaborem suas propostas orçamentárias. Esse repasse de informações deve
ocorrer no mínimo 30 dias antes do prazo final para encaminhamento das
propostas setoriais à SOF.

Como isso cai na prova?

19. (CESPE/TÉCNICO/MPU/2010) Conforme dispõe a LRF, o estado ou


município que não promover a instituição, previsão e efetiva arrecadação
de todos os impostos de sua competência constitucional ficará
impossibilitado de receber transferências voluntárias da União.

20. (CESPE/TÉCNICO SUPERIOR/IPEA/2008) Afronta o conceito de


responsabilidade fiscal da receita o fato de, até a presente oportunidade, a
União não ter instituído o imposto sobre grandes fortunas.

21. (CESPE/CONTADOR/DETRAN-ES/2010) Para a definição da receita


orçamentária global, é obrigatória a utilização de recursos técnicos e
legais rigorosos, considerando-se os efeitos das alterações na legislação, a
variação do índice de preços, o crescimento econômico e a evolução da

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receita nos três anos anteriores ao da elaboração da proposta


orçamentária.

A questão 19 está CERTA: todos os entes federados deverão se esforçar para


obter as receitas tributárias a eles reservadas pela CF/88. A não observância a
essa regra resulta na vedação ao recebimento de transferências voluntárias da
União.

A questão 20 é mais exigente, e traz um exemplo de falha da União quanto à


responsabilidade fiscal. Apesar de autorizada pela CF/88 (art. 153, inc. VII), a
União ainda não instituiu esse imposto. Questão CERTA.

A questão 21 está CERTA. A previsão da receita exige considerar fatores


econômicos diversos, com técnica rigorosa, bem como a série histórica de
arrecadação dos últimos três exercícios.

Renúncia de receita

De cara, vamos à lei seca:

Art. 14. A concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza


tributária da qual decorra renúncia de receita deverá estar acompanhada de
estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva
iniciar sua vigência e nos dois seguintes, atender ao disposto na lei de
diretrizes orçamentárias e a pelo menos uma das seguintes condições:

I - demonstração pelo proponente de que a renúncia foi considerada na


estimativa de receita da lei orçamentária, na forma do art. 12, e de que não
afetará as metas de resultados fiscais previstas no anexo próprio da lei de
diretrizes orçamentárias;

II - estar acompanhada de medidas de compensação, no período mencionado


no caput, por meio do aumento de receita, proveniente da elevação de
alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração ou criação de tributo ou
contribuição.

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§ 1º A renúncia compreende anistia, remissão, subsídio, crédito presumido,


concessão de isenção em caráter não geral, alteração de alíquota ou
modificação de base de cálculo que implique redução discriminada de tributos
ou contribuições, e outros benefícios que correspondam a tratamento
diferenciado.

§ 2º Se o ato de concessão ou ampliação do incentivo ou benefício de que trata


o caput deste artigo decorrer da condição contida no inciso II, o benefício só
entrará em vigor quando implementadas as medidas referidas no mencionado
inciso.

§ 3º O disposto neste artigo não se aplica:

I - às alterações das alíquotas dos impostos previstos nos incisos I, II, IV e V do


art. 153 da Constituição, na forma do seu § 1o;

II - ao cancelamento de débito cujo montante seja inferior ao dos respectivos


custos de cobrança.

Antes de prosseguir, pode-se perguntar: por que um ente público deixaria de


arrecadar receita?

Várias razões podem justificar essa decisão. Por exemplo, um município pode
conceder descontos sobre o IPTU relativamente às empresas que se
instalarem em seu território a partir de certa data. Renuncia-se a parte
da arrecadação para, ao mesmo tempo, aumentar a atividade econômica local
(o que vai resultar, futuramente, em maior arrecadação tributária).

Ainda como exemplo, um Estado poderia favorecer o desenvolvimento de


determinado setor produtivo, diminuindo a incidência do ICMS sobre os
gêneros comercializados desse ramo.

Portanto, tendo em vista que a obtenção de receita é primordial para a


manutenção do equilíbrio fiscal, renunciar à arrecadação de certas receitas
deve ser algo bastante justificável.

Além dos instrumentos já definidos legalmente (anistia, remissão, subsídio,


crédito presumido e isenção), o § 1º aponta o principal critério para se
classificar certa medida como renúncia de receita: os efeitos devem ser

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“não gerais”, ou seja, não podem alcançar todos os contribuintes obrigados


ao pagamento. Portanto, renúncia de receita, para a LRF, consiste num
tratamento diferenciado quanto ao conjunto de contribuintes.

Para se conceder ou ampliar incentivos/benefícios tributários, as metas de


resultado (aquelas do Anexo de Metas Fiscais) não podem ser afetadas, ou
todo o trabalho de equilíbrio das contas seria posto a perder.

Assim, é necessário fazer um trabalho de planejamento a respeito da renúncia


de receita pretendida. Deve-se projetar o impacto dessa operação, em
termos orçamentários e financeiros, para o exercício de início da vigência e
para os dois subsequentes.

Outro ponto importante sobre a renúncia de receita é a necessidade, ou não,


de compensação dos recursos que deixam de ser arrecadados.

Por exemplo, se as condições fiscais do ente federado permitem que ele


simplesmente renuncie a parte da arrecadação, sem maiores problemas
quanto às metas fiscais, pode-se editar uma LOA com receita já abatida da
renúncia, não sendo necessário instituir quaisquer compensações.

Por outro lado, para renunciar a receita sem ter havido a previsão, na LOA, da
receita já diminuída, a alternativa é a obtenção, a partir de outra fonte,
dos recursos correspondentes para a compensação. Dispensa-se a
arrecadação de um lado para se obter o equivalente a partir de outro setor ou
atividade econômica. Perceba que, nesse caso, não se pode simplesmente
desprezar a previsão da receita feita pela LOA, diminuindo a arrecadação.

Nesse sentido, são opções de compensação à renúncia de receita: a criação


ou majoração de novo tributo; a elevação de alíquotas; a ampliação da
base de cálculo de tributo já existente.

A LRF indica, adicionalmente, que, sendo necessário instituir medidas de


compensação, a renúncia de receita só poderá se efetivar depois de tais
medidas entrarem em vigor. Como diz o ditado, “o seguro morreu de
velho”!

Por último, o § 3º do art. 14 explicita algumas exceções às condições para


concessão de incentivos. Os chamados “impostos regulatórios”, que servem

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mais como ferramentas de intervenção do governo na economia do que como


fonte de arrecadação (imposto de importação, de exportação, sobre produtos
industrializados e sobre operações financeiras) podem ser alterados pelo
Executivo sem a observância dessas regras, assim como o cancelamento de
débitos favoráveis ao ente público que sejam inferiores ao custo de sua
cobrança.

Como isso cai na prova?

22. (CESPE/TÉCNICO/MIN. SAÚDE/2010) A renúncia de receita prevista na


LRF compreende remissão, subsídio, crédito presumido, concessão de
isenção em caráter não geral, alteração de alíquota ou modificação de
base de cálculo que implique redução discriminada de tributos ou
contribuições, e outros benefícios que correspondam a tratamento
diferenciado, mas não contempla as situações de anistia fiscal.

23. (CESPE/CONSELHEIRO/TCE-ES/2012) Nos termos da Lei de


Responsabilidade Fiscal, a concessão de benefício tributário do qual
decorra renúncia de receita do IPI deve estar acompanhada de estimativa
do impacto orçamentário-financeiro e da correspondente compensação.

24. (CESPE/ANALISTA/TRE-MT/2010) No caso de concessão ou ampliação de


incentivo ou benefício de natureza tributária da qual decorra renúncia de
receita, é facultado o acompanhamento de estimativa do impacto
orçamentário-financeiro no exercício em que deva iniciar sua vigência.

O único problema da questão 22 é a exclusão da anistia do rol de hipóteses de


renúncias de receita. Questão ERRADA.

A questão 23 também está ERRADA. Como assinalado, os impostos


regulatórios (II, IE, IPI e IOF) podem ter suas alíquotas alteradas sem que se
observem as regras relativas à renúncia de receita.

A estimativa de impacto orçamentário-financeiro da renúncia de receita é


obrigatória, constituindo um dos requisitos para a concessão do benefício. A
questão 24 está ERRADA.

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Geração de despesa

Vamos começar nosso estudo sobre regras e condições para geração de


despesa pelo art. 16 da LRF:

Art. 16. A criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governamental que


acarrete aumento da despesa será acompanhado de:

I - estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva


entrar em vigor e nos dois subsequentes;

II - declaração do ordenador da despesa de que o aumento tem adequação


orçamentária e financeira com a lei orçamentária anual e compatibilidade com
o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias.

§ 1º Para os fins desta Lei Complementar, considera-se:

I - adequada com a lei orçamentária anual, a despesa objeto de dotação


específica e suficiente, ou que esteja abrangida por crédito genérico, de forma
que somadas todas as despesas da mesma espécie, realizadas e a realizar,
previstas no programa de trabalho, não sejam ultrapassados os limites
estabelecidos para o exercício;

II - compatível com o plano plurianual e a lei de diretrizes orçamentárias, a


despesa que se conforme com as diretrizes, objetivos, prioridades e metas
previstos nesses instrumentos e não infrinja qualquer de suas disposições.

§ 2º A estimativa de que trata o inciso I do caput será acompanhada das


premissas e metodologia de cálculo utilizadas.

§ 3º Ressalva-se do disposto neste artigo a despesa considerada irrelevante, nos


termos em que dispuser a lei de diretrizes orçamentárias.

§ 4º As normas do caput constituem condição prévia para:

I - empenho e licitação de serviços, fornecimento de bens ou execução de


obras;

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II - desapropriação de imóveis urbanos a que se refere o § 3º do art. 182 da


Constituição.

Com a exceção de despesas irrelevantes (a serem conceituadas pela LDO),


os incisos do art. 16 tratam das condições para que se crie ou amplie uma
despesa referente a criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação
governamental (normalmente, trata-se de ações orçamentárias do tipo
projeto).

Você já deve ter percebido que esse prazo de 3 exercícios aparece algumas
vezes na LRF. Aquela história da “ação planejada” que vimos logo no início da
aula se reflete, entre outras coisas, na observância dos efeitos de certos
fenômenos ou atos durante esse período.

Assim, a geração da despesa deve ser acompanhada da estimativa de


impacto orçamentário-financeiro no exercício de início e nos dois
seguintes.

Perceba também que a despesa criada ou ampliada deve ser compatível com
o PPA e a LDO, e ter adequação orçamentária e financeira com a LOA.

Sem o cumprimento dessas condições, não se pode iniciar a execução da


despesa nova: nada de empenhar, realizar licitação, contratar bens ou
serviços ou, até mesmo, desapropriar imóveis urbanos (o que deve ser
indenizado previamente e em dinheiro).

Como isso cai na prova?

25. (CESPE/PROCURADOR/AGU/2010) De acordo com a LRF, a contratação de


serviços, por meio de licitação, que acarrete aumento de despesa deve vir
precedida de demonstrativo da estimativa do impacto orçamentário-
financeiro apenas do exercício em que deva entrar em vigor a referida
despesa, bem como da declaração de responsabilidade do ordenador de
despesa.

26. (CESPE/ADVOGADO/AGU/2008) É condição prévia para empenho e


licitação de serviços criados por ação governamental nova, a declaração

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do ordenador da despesa de que o aumento tem adequação orçamentária


e financeira com todos os tipos de orçamentos.

27. (CESPE/ANALISTA/TRE-MT/2010) A despesa objeto de dotação específica


ou que esteja abrangida por crédito genérico é considerada compatível
com o plano plurianual e com a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).

A questão 25 está ERRADA. O impacto orçamentário-financeiro das despesas,


segundo a LRF, deve ser calculado em relação ao exercício de seu início e aos
dois subsequentes. Além disso, a declaração do ordenador da despesa não é
de “responsabilidade”, mas sobre a adequação orçamentária e financeira da
despesa.

A questão 26 está CERTA, reproduzindo o teor do art. 16, caput e § 4º, inc. I,
da LRF.

A questão 27 está ERRADA: a despesa que possua as características


mencionadas é considerada “adequada com a lei orçamentária anual”. Para
compatibilidade com a LDO e o PPA, a despesa deve se conformar com as
diretrizes, objetivos, metas e prioridades destes instrumentos, sem contrariar
suas disposições.

Despesas obrigatórias de caráter continuado

As despesas obrigatórias de caráter continuado (DOCC) têm suas


características discriminadas no art. 17 da LRF:

Art. 17. Considera-se obrigatória de caráter continuado a despesa corrente


derivada de lei, medida provisória ou ato administrativo normativo que fixem
para o ente a obrigação legal de sua execução por um período superior a dois
exercícios.

§ 1º Os atos que criarem ou aumentarem despesa de que trata o caput deverão


ser instruídos com a estimativa prevista no inciso I do art. 16 e demonstrar a
origem dos recursos para seu custeio.

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§ 2º Para efeito do atendimento do § 1º, o ato será acompanhado de


comprovação de que a despesa criada ou aumentada não afetará as metas de
resultados fiscais previstas no anexo referido no § 1º do art. 4º, devendo seus
efeitos financeiros, nos períodos seguintes, ser compensados pelo aumento
permanente de receita ou pela redução permanente de despesa.

§ 3º Para efeito do § 2º, considera-se aumento permanente de receita o


proveniente da elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração
ou criação de tributo ou contribuição.

§ 4º A comprovação referida no § 2º, apresentada pelo proponente, conterá as


premissas e metodologia de cálculo utilizadas, sem prejuízo do exame de
compatibilidade da despesa com as demais normas do plano plurianual e da lei
de diretrizes orçamentárias.

§ 5º A despesa de que trata este artigo não será executada antes da


implementação das medidas referidas no § 2º, as quais integrarão o
instrumento que a criar ou aumentar.

§ 6º O disposto no § 1º não se aplica às despesas destinadas ao serviço da


dívida nem ao reajustamento de remuneração de pessoal de que trata o inciso
X do art. 37 da Constituição.

§ 7º Considera-se aumento de despesa a prorrogação daquela criada por prazo


determinado.

Diferentemente das despesas que comentamos há pouco, relativas a criação,


expansão ou aperfeiçoamento da ação governamental, e que caracterizam
tipicamente investimentos, as DOCC são despesas correntes, ou seja, de
manutenção da máquina administrativa e de serviços públicos.

Por serem despesas correntes, as DOCC não importam enriquecimento do


Estado (o que é característica das despesas de capital). Portanto, DOCC são
executadas em favor de atividades e serviços que beneficiam direta ou
indiretamente a sociedade, mas que não envolvem aumento patrimonial.

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Vale anotar as outras características dessas despesas: elas são obrigatórias,


em virtude de serem instituídas por atos normativos, e são de longo prazo
(mais que dois exercícios).

Todas essas características das DOCC trazem alto risco para o equilíbrio
fiscal: trata-se de despesas que diminuem o patrimônio, que duram bastante
tempo e cuja execução não pode ser interrompida.

É por isso que a LRF traz tantas condições para a criação de DOCC. Vamos
esquematizá-las:

• estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que a


despesa deva entrar em vigor e nos dois subsequentes;

• demonstração da origem dos recursos para custeio;

• comprovação de não afetação das metas de resultado fiscais do AMF;

• compensação por meio de aumento permanente de receita ou redução


permanente de despesa;

• início da execução da DOCC apenas depois das medidas de compensação.

Veja que, diferentemente da renúncia de receita, que pode ser “absorvida”


pela LOA, a LRF não dá alternativa quanto às DOCC: elas devem ser
acompanhadas de medidas de compensação, e ponto final.

Essas medidas de compensação são aquelas que servem também para as


renúncias de receita, já comentadas (envolvendo aumento de receita). Mas,
aqui, também se pode compensar por meio da redução de despesa. De
qualquer forma, as medidas de compensação, em nome da “segurança fiscal”,
devem ser instituídas no mesmo instrumento que criar a DOCC.

O § 6º estabelece duas exceções à classificação de despesas como DOCC.


Apesar de apresentarem todas as características aqui estudadas, elas não
precisarão se submeter a esse rígido regime de aprovação e execução. Trata-
se das despesas relativas ao pagamento da dívida pública e ao reajuste
geral do funcionalismo.

O § 7º do art. 17 evita que uma despesa seja criada para um período curto,
fugindo à classificação como DOCC, e, posteriormente, seja prorrogada.

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Assim, estaríamos diante de uma DOCC camuflada, desobrigada de seguir


todas essas regras.

Para evitar essa situação, a prorrogação de uma despesa “normal” será


considerada “aumento de despesa”, e, dessa forma, será enquadrada nas
regras das DOCC.

Relembrando o que vimos anteriormente, o Anexo de Metas Fiscais da LDO


deverá conter um demonstrativo da estimativa e compensação da
renúncia de receita e da margem de expansão das despesas obrigatórias de
caráter continuado, e a LOA, por seu turno, trará as próprias medidas de
compensação a renúncias de receita e ao aumento de despesas obrigatórias
de caráter continuado.

Para finalizar, segundo o art. 15 da LRF, a geração de despesa ou a assunção


de obrigação que não atendam às regras para criação de despesa com
investimentos (art. 16) e de DOCC (art. 17) serão consideradas “não
autorizadas, irregulares e lesivas ao patrimônio público”.

Como isso cai na prova?

28. (CESPE/ANALISTA/EBC/2011) Se uma lei municipal determinar, por


exemplo, a construção de um hospital público por período superior a dois
exercícios financeiros, então as despesas correspondentes a essa obra
devem ser consideradas obrigatórias de caráter continuado.

29. (CESPE/ADVOGADO/AGU/2008) A revisão geral anual da remuneração de


servidores públicos é uma exceção à necessidade de que, para o aumento
da despesa, seja demonstrada a origem dos recursos para seu custeio.

30. (CESPE/ANALISTA/TJDFT/2008) A prorrogação de despesa criada por


prazo determinado não é considerada como aumento de despesa.

31. (CESPE/CONTADOR/AL-ES/2011) A lei de diretrizes orçamentárias deve


ser acompanhada das medidas de compensação a renúncias de receita e
ao aumento de despesas.

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A questão 28 apresenta uma pegadinha: apesar de a maior parte das


condições para classificação da despesa como DOCC, deve-se lembrar de que a
construção de imóveis públicos representa uma despesa de capital. As DOCC,
como visto, são despesas correntes. Questão ERRADA.

A questão 29 indica corretamente uma das exceções às exigências das DOCC.


Apesar de se caracterizar como tal, a revisão geral anual do funcionalismo não
precisa obedecer às limitações da LRF quanto ao tema. Questão CERTA.

A questão 30 está ERRADA: o único problema foi a presença da palavra “não”


em seu texto.

A questão 31 também está ERRADA, já que as medidas de compensação a


renúncias de receita e ao aumento das DOCC devem acompanhar a LOA.

Despesa com pessoal

A despesa com pessoal constitui um dos grandes pontos de interesse da Lei de


Responsabilidade Fiscal, pelo volume que assume nos gastos públicos e pelas
características de risco para o equilíbrio fiscal.

Para garantir a sustentabilidade das contas públicas, as despesas com pessoal


devem ser mantidas sobre controle, em virtude de suas características de
DOCC.

Despesas com pessoal são “eternas”, no sentido de não poderem, em


princípio, ser reduzidas ou cortadas. E ainda há os casos de prorrogação, ao
se transformar a remuneração de pessoal ativo em pensões ou
aposentadorias.

Em virtude dessas observações, faz parte da responsabilidade na gestão fiscal


manter sob controle as despesas com pessoal.

Para a LRF (art. 18), a despesa total com pessoal de um ente federado
abrange os seguintes itens:

(...) gastos com os ativos, os inativos e os pensionistas, relativos a mandatos


eletivos, cargos, funções ou empregos, civis, militares e de membros de Poder,

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com quaisquer espécies remuneratórias, tais como vencimentos e vantagens,


fixas e variáveis, subsídios, proventos da aposentadoria, reformas e pensões,
inclusive adicionais, gratificações, horas extras e vantagens pessoais de
qualquer natureza, bem como encargos sociais e contribuições recolhidas pelo
ente às entidades de previdência.

Além dessas, são contabilizadas como “outras despesas de pessoal” aquelas


referentes à terceirização de mão de obra que venha a substituir
servidores e empregados públicos. A terceirização de mão de obra que não
sirva a tal fim continuará sendo classificada como “outras despesas correntes”.

Para a contabilização da despesa com pessoal, são apuradas as despesas


executadas no mês de referência e nos onze anteriores. Esse período de
apuração é o mesmo da receita corrente líquida, que, como já dito, é a base
de comparação para diversos cálculos e limites da LRF.

A LRF instituiu os limites máximos da despesa total com pessoal, calculados


também sobre a RCL. Tais limites são de 50% da RCL para a União e de
60% da RCL para Estados, DF e Municípios.

Para realizar o cálculo da despesa com pessoal, definindo seu percentual em


relação à RCL, são feitas algumas deduções, das quais podemos destacar
as seguintes:

• indenização por demissão de servidores ou empregados;

• incentivos à demissão voluntária;

• decorrentes de decisão judicial e da competência de período anterior


ao da apuração da despesa total com pessoal (11 meses anteriores);

• despesas com inativos não suportadas diretamente pelo orçamento do


ente público.

Os limites de 50% ou 60% são, por fim, “rateados” entre os Poderes e órgãos
dos entes federados, cabendo a maior parcela ao Executivo (maior
“empregador”, como regra). Vejamos um quadro demonstrativo desse rateio:

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% sobre receita corrente líquida

UNIÃO (máximo de 50% da RCL)


Executivo Legis la tivo (incluin do o TCU) Judiciá rio MPU
40,9% 2,5% 6% 0,6%
ESTADOS/DF (máximo de 60% da RCL )
Executivo Legislativo (incluindo o T CE) Judiciá rio MPE
49% 3%
6% 2%
(48,6% se houver TCM) (3,4% se houver TCM)
MUNICÍPIOS (máximo de 60% da RCL)
Legislativ o (incluindo TC do M, quando
Executivo
houver)
54% 6%

Entrando um pouco na seara do Direito Constitucional, vamos diferenciar


Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) de Tribunal de Contas do
Município (TC do M).

A CF/88 permite (art. 31, § 1º) que os estados instituam um tribunal de


contas especializado para exercer atividades de controle externo sobre
os municípios do estado. Esse é o Tribunal de Contas dos Municípios, um
órgão estadual.

Atualmente, quatro estados têm TCM em sua estrutura orgânica: Pará,


Ceará, Bahia e Goiás.

Não havendo esse órgão especializado, o controle dos municípios será


exercido pelo próprio Tribunal de Contas do Estado, em auxílio às
Câmaras de Vereadores.

Quando aos Tribunais de Contas do Município (órgãos municipais), só


existem dois: o do município de São Paulo e o do Rio de Janeiro. E não

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podem existir outros: a CF/88 proibiu a criação de novos tribunais desse


tipo (art. 31, § 4º).

Como isso cai na prova?

32. (CESPE/ANALISTA/TCU/2008) Para efeitos da LRF, a despesa total com


pessoal engloba o somatório dos gastos do ente da Federação com os
ativos, os inativos e os pensionistas, relativos a mandatos eletivos,
cargos, funções ou empregos, civis, militares e de membros de poder,
com quaisquer espécies remuneratórias, tais como vencimentos e
vantagens, fixas e variáveis, subsídios, proventos da aposentadoria,
reformas e pensões, inclusive adicionais, gratificações, horas extras e
vantagens pessoais de qualquer natureza, bem como encargos sociais e
contribuições recolhidas pelo ente às entidades de previdência.

33. (CESPE/ANALISTA/TJ-AC/2012) Para efeito de cálculo do limite de


pessoal, a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) permite que se desconte,
do total das despesas, os valores relativos à indenização por demissão de
servidores ou empregados, os incentivos à demissão voluntária e os
decorrentes de decisão judicial e da competência de períodos anteriores.

34. (CESPE/ANALISTA/SECGE-PE/2010) Os limites para as despesas com


pessoal do Poder Executivo e do Poder Legislativo terão de ser repartidos
em percentual da receita corrente líquida entre os seus órgãos, de forma
proporcional à média das despesas com pessoal.

O comprido texto da questão 32 limitou-se a copiar o teor do art. 18 da LRF.


Questão CERTA.

A questão 33 está CERTA. O enunciado apresenta exemplos de despesas que


podem ser deduzidas do montante da despesa total com pessoal, segundo a
LRF.

A questão 34 está ERRADA. A LRF estabeleceu, em seu art. 19, § 1º, uma
forma de “rateio” entre os órgãos dos poderes Legislativo e Judiciário dos
entes federados. Eles fariam a divisão dos limites entre seus órgãos segundo

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as médias das despesas com pessoal observadas nos três exercícios anteriores
à edição da Lei. Além disso, essa divisão deveria se dar na forma de
percentuais da RCL.

Controle da despesa total com pessoal

A LRF determina que seja considerado nulo de pleno direito o ato que
provoque aumento da despesa com pessoal e não atenda às seguintes
exigências:

• condições dos arts. 16 e 17 (geração de despesa e DOCC);

• disposição do art. 37, inc. XIII, da CF/88 (proibição de vinculação ou


equiparação de espécies remuneratórias para efeito de remuneração
de pessoal);

• disposição do art. 169, § 1º, da CF/88 (autorização da LDO e previsão


na LOA para aumento da despesa com pessoal);

• obediência ao limite legal das despesas com pessoal inativo;

• proibição de aumento da despesa com pessoal nos últimos 180 dias do


mandato do chefe de Poder.

Além disso, os Poderes e órgãos dos entes federados não devem esperar que a
despesa com pessoal ultrapasse o limite máximo para fazerem alguma coisa. A
LRF também instituiu procedimentos de cautela, no tocante a esse assunto.

Essa cautela se refletiu no estabelecimento de sublimites a serem


observados, da seguinte forma:

• limite de alerta: 90% do limite máximo. Ultrapassado esse ponto, os


Tribunais de Contas devem alertar ao órgão ou Poder respectivo a
respeito do fato;

• limite prudencial: 95% do limite máximo da despesa total com


pessoal. Ultrapassado esse limite, o órgão ou Poder deve iniciar
procedimentos de controle da despesa com pessoal: fica proibido
conceder vantagem, aumento, reajuste (salvo por determinação legal,

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judicial ou contratual), criar cargos, empregos ou funções, admitir


pessoal, contratar hora extra etc.

• limite máximo da despesa total com pessoal: 50% ou 60% da RCL,


conforme o caso. Ultrapassado o limite máximo, o percentual excedente
deverá ser eliminado nos dois quadrimestres seguintes, sendo, pelo
menos, um terço no primeiro quadrimestre. E, para essa eliminação do
excesso, podem-se adotar as medidas sequenciais indicadas no art. 169,
§§ 3º e 4º, da CF/88, a saber: redução das despesas com cargos em
comissão e funções de confiança; exoneração de servidores não
estáveis; e, por fim, se necessário, exoneração de servidores
estáveis.

Se a eliminação do excesso da despesa com pessoal não for alcançada no


prazo legal, o ente federado fica proibido de receber transferências
voluntárias, contratar operações de crédito (exceto para refinanciamento
da dívida mobiliária e para redução das despesas com pessoal) e de receber
garantia de outro ente.

Como isso cai na prova?

35. (CESPE/AUDITOR/AUGE-MG/2009) Os tribunais de contas alertarão os


poderes ou órgãos relacionados na LRF quando constatarem que o
montante da despesa com pessoal ultrapassou 90% do limite autorizado.

36. (CESPE/AUDITOR/AUGE-MG/2009) No caso de ultrapassagem do limite da


despesa com pessoal e não alcançada a redução no prazo estabelecido
pela legislação, o ente não poderá receber transferência voluntária.

37. (CESPE/CONTROLADOR/PREF. VITÓRIA/2008) De acordo com a LRF,


qualquer ato de prefeito municipal que resulte em aumento de despesa
com pessoal, expedido nos cento e oitenta dias anteriores ao final de seu
mandato, é nulo de pleno direito.

A questão 35 indica a previsão trazida pelo art. 59, § 1º, inc. II, da LRF, que
atribui aos tribunais de contas a tarefa de avisar quanto ao limite de alerta
relativo às despesas com pessoal. Questão CERTA.

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A questão 36 está CERTA: a proibição de receber transferências voluntárias é


uma das principais “punições” que os entes federados podem sofrer pelo
descumprimento de regras da LRF.

A questão 37 está ERRADA: como visto, há despesas com pessoal que são
excepcionadas pela LRF, não compondo o limite, como as despesas com
demissão voluntária, despesas com pessoal inativo não custeadas pelo
orçamento, etc.

Transferências voluntárias

Vejamos os dispositivos aplicáveis ao tema:

Art. 25. Para efeito desta Lei Complementar, entende-se por transferência
voluntária a entrega de recursos correntes ou de capital a outro ente da
Federação, a título de cooperação, auxílio ou assistência financeira, que não
decorra de determinação constitucional, legal ou os destinados ao Sistema
Único de Saúde.

§ 1º São exigências para a realização de transferência voluntária, além das


estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias:

I - existência de dotação específica;

II - (VETADO)

III - observância do disposto no inciso X do art. 167 da Constituição;

IV - comprovação, por parte do beneficiário, de:

a) que se acha em dia quanto ao pagamento de tributos, empréstimos e


financiamentos devidos ao ente transferidor, bem como quanto à prestação de
contas de recursos anteriormente dele recebidos;

b) cumprimento dos limites constitucionais relativos à educação e à saúde;

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c) observância dos limites das dívidas consolidada e mobiliária, de operações


de crédito, inclusive por antecipação de receita, de inscrição em Restos a Pagar
e de despesa total com pessoal;

d) previsão orçamentária de contrapartida.

§ 2º É vedada a utilização de recursos transferidos em finalidade diversa da


pactuada.

§ 3º Para fins da aplicação das sanções de suspensão de transferências


voluntárias constantes desta Lei Complementar, excetuam-se aquelas relativas
a ações de educação, saúde e assistência social.

As transferências voluntárias referidas pela LRF, normalmente, tratam-se de


convênios celebrados entre os entes da Federação. Elas ocorrem,
normalmente, a título de cooperação, auxílio ou assistência financeira de um
ente federado relativamente a outros entes.

Convênios são uma espécie de acordo/contrato assinado por entes


interessados na obtenção do objeto conveniado (e apenas desse objeto). Para
tanto, ambos os integrantes destinam recursos à execução do ajuste
celebrado.

Fazem parte desse tipo de relação o concedente, a quem cabe transferir a


maior parte dos recursos, e o convenente, que apresenta o plano de
trabalho do convênio e assume a execução do objeto (embora também
deva, como regra, aplicar uma parte dos recursos, como contrapartida).

Como diz o próprio nome, as transferências voluntárias não decorrem de


mandamentos legais ou constitucionais. É o interesse do convenente e do
concedente que leva à assinatura do termo.

Porém, para receber transferências voluntárias, o ente federado a ser


beneficiado pela transferência deverá comprovar requisitos de credibilidade
e saúde financeira:

• comprovação, junto ao ente transferidor, de que se acha em dia quanto


ao pagamento de tributos, empréstimos e financiamentos;

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• comprovação, junto ao ente transferidor, de entrega de prestação de


contas de recursos anteriormente dele recebidos;

• cumprimento dos limites constitucionais relativos à saúde e à educação;

• observância dos limites da LRF (despesa com pessoal, limite da dívida,


despesas com operações de crédito e de inscrição em restos a pagar);

• previsão orçamentária de contrapartida (aplicação própria de recursos no


convênio).

Por sua vez, o ente transferidor deverá comprovar a previsão orçamentária


dos recursos a serem repassados e se certificar de que o convênio não servirá
para o pagamento de despesas com pessoal do ente beneficiário, o que é
proibido pela CF/88 (art. 167, inc. X).

Vale relembrar que a LDO pode trazer normas específicas sobre


transferências voluntárias, por força do art. 4º, inc. I, alínea ‘f’, da LRF (A
lei de diretrizes orçamentárias atenderá o disposto no § 2º do art. 165 da
Constituição e disporá também sobre demais condições e exigências para
transferências de recursos a entidades públicas e privadas).

Como isso cai na prova?

38. (CESPE/ANALISTA/MPU/2010) Transferência voluntária consiste na


entrega de recursos correntes ou de capital a outro ente da Federação, a
título de cooperação, auxílio ou assistência financeira, que não decorra de
determinação constitucional, legal ou os destinados ao Sistema Único de
Saúde (SUS).

39. (CESPE/ANALISTA/TRE-MA/2009) Segundo a Lei de Responsabilidade


Fiscal, entende-se por transferência voluntária a entrega de recursos
correntes ou de capital a outro ente da Federação, a título de cooperação,
auxílio ou assistência financeira, que não decorra de determinação
constitucional, legal ou destinada ao SUS. Uma das exigências para a
realização da transferência voluntária é

A o cumprimento dos limites constitucionais relativos à previdência social.

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B o atendimento parcial do pagamento de pessoal ativo, inativo ou


pensionista dos entes da Federação.

C a prestação de contas detalhada da utilização dos recursos transferidos


em finalidade diversa da pactuada.

D a previsão orçamentária de contrapartida.

E a inexistência de despesas inscritas em restos a pagar.

A questão 38 é praticamente literal, no tocante ao teor do art. 25, caput, da


LRF. Questão CERTA.

Na questão 39, a opção que reflete uma das exigências da LRF para a
realização de transferências voluntárias é a previsão orçamentária de
contrapartida por parte do ente favorecido. Gabarito: D.

Destinação de recursos para o setor privado

Antes de tratar das disposições da LRF a respeito desse assunto, vale destacar
que a CF/88 não trouxe uma postura muito liberal quanto à destinação de
recursos para auxiliar entidades em dificuldades. Acompanhe:

Art. 167. São vedados:

(...)

VIII - a utilização, sem autorização legislativa específica, de recursos dos


orçamentos fiscal e da seguridade social para suprir necessidade ou cobrir
déficit de empresas, fundações e fundos, inclusive dos mencionados no art.
165, § 5º;

Dessa forma, cada liberação financeira de recursos dos orçamentos fiscal e


da seguridade que tenha por objetivo “suprir necessidade ou cobrir déficit” de
empresas, fundações e fundos, precisará de uma lei específica que autorize
a operação.

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Além disso, pela redação aberta do dispositivo, tanto entidades pertencentes à


Administração Pública (estatais) quanto entidades privadas podem ser
favorecidas pela destinação de recursos a título de “auxílio/socorro”.

A Lei 4.320/64 já previa esse tipo de operação, classificando as despesas do


poder público concedente como “subvenções econômicas”:

Art. 12, § 3º Consideram-se subvenções, para os efeitos desta lei, as


transferências destinadas a cobrir despesas de custeio das entidades
beneficiadas, distinguindo-se como:

(...)

II - subvenções econômicas, as que se destinem a emprêsas públicas ou


privadas de caráter industrial, comercial, agrícola ou pastoril.

(...)

Art. 18. A cobertura dos déficits de manutenção das emprêsas públicas, de


natureza autárquica ou não, far-se-á mediante subvenções econômicas
expressamente incluídas nas despesas correntes do orçamento da União, do
Estado, do Município ou do Distrito Federal.

Parágrafo único. Consideram-se, igualmente, como subvenções econômicas:

a) as dotações destinadas a cobrir a diferença entre os preços de mercado e os


preços de revenda, pelo Govêrno, de gêneros alimentícios ou outros materiais;

b) as dotações destinadas ao pagamento de bonificações a produtores de


determinados gêneros ou materiais.

Art. 19. A Lei de Orçamento não consignará ajuda financeira, a qualquer


título, a emprêsa de fins lucrativos, salvo quando se tratar de subvenções cuja
concessão tenha sido expressamente autorizada em lei especial.

(...)

Art. 21. A Lei de Orçamento não consignará auxílio para investimentos que se
devam incorporar ao patrimônio das emprêsas privadas de fins lucrativos.

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Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se às transferências de capital


à conta de fundos especiais ou dotações sob regime excepcional de aplicação.

Veja que a exigência de lei específica para realizar ajuda financeira a empresas
já estava presente no arcabouço normativo desde a década de 60. A CF/88
acrescentou as fundações e fundos a essa lista.

Muito bem, vejamos o que diz a LRF sobre o tema:

Art. 26. A destinação de recursos para, direta ou indiretamente, cobrir


necessidades de pessoas físicas ou déficits de pessoas jurídicas deverá ser
autorizada por lei específica, atender às condições estabelecidas na lei de
diretrizes orçamentárias e estar prevista no orçamento ou em seus créditos
adicionais.

§ 1º O disposto no caput aplica-se a toda a administração indireta, inclusive


fundações públicas e empresas estatais, exceto, no exercício de suas
atribuições precípuas, as instituições financeiras e o Banco Central do Brasil.

§ 2º Compreende-se incluída a concessão de empréstimos, financiamentos e


refinanciamentos, inclusive as respectivas prorrogações e a composição de
dívidas, a concessão de subvenções e a participação em constituição ou
aumento de capital.

Art. 27. Na concessão de crédito por ente da Federação a pessoa física, ou


jurídica que não esteja sob seu controle direto ou indireto, os encargos
financeiros, comissões e despesas congêneres não serão inferiores aos
definidos em lei ou ao custo de captação.

Parágrafo único. Dependem de autorização em lei específica as prorrogações e


composições de dívidas decorrentes de operações de crédito, bem como a
concessão de empréstimos ou financiamentos em desacordo com o caput,
sendo o subsídio correspondente consignado na lei orçamentária.

Art. 28. Salvo mediante lei específica, não poderão ser utilizados recursos
públicos, inclusive de operações de crédito, para socorrer instituições do
Sistema Financeiro Nacional, ainda que mediante a concessão de empréstimos
de recuperação ou financiamentos para mudança de controle acionário.

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§ 1º A prevenção de insolvência e outros riscos ficará a cargo de fundos, e


outros mecanismos, constituídos pelas instituições do Sistema Financeiro
Nacional, na forma da lei.

§ 2º O disposto no caput não proíbe o Banco Central do Brasil de conceder às


instituições financeiras operações de redesconto e de empréstimos de prazo
inferior a trezentos e sessenta dias.

Dessa forma, somando os dispositivos da CF/88, da 4.320/64 e da LRF, são


condições para que seja concedida ajuda financeira a pessoas físicas ou
jurídicas (abrangendo as pertencentes e as alheias à Administração):

• autorização em lei específica;

• previsão orçamentária;

• atendimento às exigências da LDO;

• vedação a investimentos destinados ao patrimônio de empresas privadas


com fins lucrativos.

Perceba que as instituições financeiras estatais e o Banco Central não estão


compreendidos nesta proibição, já que as atribuições próprias dessas
entidades contemplam justamente a concessão de empréstimos,
financiamentos e instrumentos congêneres.

No art. 27, instituiu-se a previsão de que o ente público não deverá se


“sacrificar” além dos custos definidos em lei ou além do custo de
captação para realizar a transferência de recursos ao setor privado. Como
exceção a essa regra, é possível que, novamente, uma lei específica autorize
essa transferência subsidiada, desde que a parcela correspondente ao
subsídio seja prevista na LOA.

No art. 28, dá-se um destaque especial à restrição de auxílio/socorro a


instituições financeiras por parte do poder público – o que caracteriza uma
reação às operações realizadas no âmbito do “Programa de Estímulo à
Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional”, o Proer,
implementado na sequência do Plano Real, que auxiliou instituições financeiras

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em dificuldades e facilitou operações como fusões, aquisições, alterações


societárias, etc.

Nesse artigo, não se acrescentam novidades: a previsão da lei específica


continua lá. Entretanto, no desempenho de sua função de regulação do
sistema financeiro, o Banco Central pode, a despeito dessas restrições,
conceder operações de redesconto e de empréstimos de curto prazo
(menos que 360 dias) a essas instituições – o que ameniza, em tese, a
necessidade de socorro custeado por recursos do orçamento fiscal/seguridade.

O § 1º do art. 28 prevê ainda outros mecanismos para enfrentar


dificuldades de instituições financeiras, como a “constituição de fundos”
pelas instituições financeiras – solução que foi utilizada esse ano, com o
acionamento do Fundo Garantidor de Créditos para socorrer a crise do Banco
PanAmericano.

Como isso cai na prova?

40. (CESPE/ADMINISTRADOR/CEEE-RS/2004) A regra básica, que a LRF


estabelece para toda e qualquer destinação de recursos públicos ao setor
privado, é a previsão no orçamento ou em créditos adicionais.

41. (CESPE/PROCURADOR/TCE-RN/2003) Incluem-se no conceito de recursos


públicos para o setor privado a concessão de empréstimos,
financiamentos e refinanciamentos, inclusive as respectivas prorrogações
e a composição de dívidas, a concessão de subvenções e a participação
em constituição ou aumento de capital.

42. (CESPE/CONSULTOR/SEFAZ-ES/2010) Salvo mediante lei específica, não


podem ser utilizados recursos públicos, inclusive de operações de crédito,
para socorrer instituições do Sistema Financeiro Nacional, ainda que
mediante concessão de empréstimos de recuperação ou financiamentos
para mudança de controle acionário.

A questão 40 está ERRADA. A regra básica para a destinação de recursos


públicos ao setor privado, como vimos acima, é a edição de lei específica

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que autorize a operação. A previsão de dotações orçamentárias é “apenas


um detalhe” nesse caso, necessário à concretização da transferência.

A questão 41 está CERTA. Trata-se da reprodução do teor do art. 26, § 2º, da


LRF.

A questão 42 também está CERTA, e também baseada na literalidade: o


enunciado é cópia do caput do art. 28 da LRF.

Transparência da gestão fiscal

Como destacamos logo de início, a LRF pressupõe a “ação planejada e


transparente” no tocante às finanças públicas.

A transparência da gestão fiscal é garantida por alguns instrumentos, aos


quais se deve dar “ampla divulgação, inclusive em meios eletrônicos de
acesso público”. Os instrumentos e meios de garantir a transparência fiscal
foram indicados pela Lei, em seus arts. 48 e 49.

Esquematizando, são instrumentos de transparência da gestão fiscal:

• os planos, orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias;

• as prestações de contas e o respectivo parecer prévio;

• o Relatório Resumido da Execução Orçamentária (relatório bimestral,


abrangendo todos os Poderes, que reflete a execução da receita e da
despesa)

• o Relatório de Gestão Fiscal (relatório que reflete a obediência, pelo


Poder ou órgão emissor, quanto aos limites e critérios da
responsabilidade fiscal – montante da dívida, despesa com pessoal,
operações de crédito etc.);

• as versões simplificadas desses documentos.

Além disso, também estão previstos como formas de garantir a transparência


da gestão fiscal:

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• incentivo à participação popular e realização de audiências públicas,


durante os processos de elaboração e discussão dos planos, lei de
diretrizes orçamentárias e orçamentos (aqui, poderia ser citado como
exemplo a adoção do orçamento participativo);

• liberação ao pleno conhecimento e acompanhamento da sociedade, em


tempo real, de informações pormenorizadas sobre a execução
orçamentária e financeira, em meios eletrônicos de acesso público;

• adoção, pelos entes federados, de sistema integrado de


administração financeira e controle, com padrão mínimo de
qualidade estabelecido pela União (ou seja, uma versão do SIAFI para
adoção pelos entes federados).

As “informações pormenorizadas em tempo real” sobre a execução


orçamentária e financeira dos entes federados, a serem publicadas na
Internet, devem abranger o seguinte:

• quanto à despesa: no mínimo, dados referentes ao número do


processo, ao bem fornecido ou ao serviço prestado, à pessoa física ou
jurídica beneficiária do pagamento e, quando for o caso, ao
procedimento licitatório realizado;

• quanto à receita: o lançamento e o recebimento de toda a receita das


unidades gestoras, inclusive referente a recursos extraordinários.

No caso da União, os dados sobre a execução orçamentária e financeira, entre


outros, estão disponíveis no Portal da Transparência
(www.transparencia.gov.br).

Além dessa disponibilização de informações na Internet, a LRF prevê também


“meios físicos” de exercer a transparência fiscal. Nesse sentido, o art. 49
prevê que

“as contas apresentadas pelo Chefe do Poder Executivo ficarão disponíveis,


durante todo o exercício, no respectivo Poder Legislativo e no órgão técnico
responsável pela sua elaboração, para consulta e apreciação pelos cidadãos e
instituições da sociedade”.

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Como isso cai na prova?

43. (CESPE/ANALISTA/TRE-RN/2010) Para que a sociedade conheça e


acompanhe em tempo real a execução dos contratos públicos, o
lançamento e o recebimento de todas as receitas das unidades gestoras
devem ser disponibilizados em meios eletrônicos de acesso público, à
exceção dos recursos extraordinários.

44. (CESPE/ANALISTA/TRE-BA/2010) Os instrumentos de transparência,


relativos a planejamento, execução e controle da gestão fiscal incluem o
relatório resumido da execução orçamentária e o relatório de gestão fiscal.
Além disso, durante os processos de elaboração e discussão dos planos,
lei de diretrizes orçamentárias e orçamentos deve haver incentivo à
participação popular e realização de audiências públicas.

45. (CESPE/TÉCNICO/MIN. SAÚDE/2009) As contas apresentadas pelo chefe


do Poder Executivo ficam disponíveis, durante todo o exercício, no
respectivo Poder Legislativo e no órgão técnico responsável pela sua
elaboração.

A questão 43 está ERRADA. Mesmo os recursos extraordinários devem ter sua


arrecadação divulgada na internet, por exigência da LRF.

A questão 44 está CERTA: foram unidos, no enunciado, dois trechos da LRF


relativos à transparência da gestão fiscal.

A questão 45 está CERTA. Trata-se de reprodução simplificada do art. 49 da


LRF.

Relatório Resumido da Execução Orçamentária

O Relatório Resumido da Execução Orçamentária (RREO), como diz seu nome,


é um documento demonstrativo da execução das receitas e das despesas
constantes da LOA e dos créditos adicionais.

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É um documento bimestral, editado pelo Poder Executivo, mas abrangendo


todos os Poderes e o MP, e que serve para demonstrar o quanto a execução
orçamentária corresponde ao planejamento realizado durante o processo de
elaboração do orçamento, atualizando as informações conforme o andamento
do exercício.

No RREO, são demonstradas as receitas realizadas e a realizar, bem como as


despesas executadas e a executar, conforme diversas classificações
orçamentárias.

As disposições relativas ao RREO estão nos arts. 52 e 53 da LRF.


Reproduzimos abaixo esse trecho, em partes:

Art. 52. O relatório a que se refere o § 3º do art. 165 da Constituição abrangerá


todos os Poderes e o Ministério Público, será publicado até trinta dias após o
encerramento de cada bimestre e composto de:

I - balanço orçamentário, que especificará, por categoria econômica, as:

a) receitas por fonte, informando as realizadas e a realizar, bem como a


previsão atualizada;

b) despesas por grupo de natureza, discriminando a dotação para o exercício, a


despesa liquidada e o saldo;

II - demonstrativos da execução das:

a) receitas, por categoria econômica e fonte, especificando a previsão inicial, a


previsão atualizada para o exercício, a receita realizada no bimestre, a
realizada no exercício e a previsão a realizar;

b) despesas, por categoria econômica e grupo de natureza da despesa,


discriminando dotação inicial, dotação para o exercício, despesas empenhada e
liquidada, no bimestre e no exercício;

c) despesas, por função e subfunção.

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§ 1º Os valores referentes ao refinanciamento da dívida mobiliária constarão


destacadamente nas receitas de operações de crédito e nas despesas com
amortização da dívida.

§ 2º O descumprimento do prazo previsto neste artigo sujeita o ente às sanções


previstas no § 2º do art. 51.

Perceba que a LRF tentou imprimir um caráter obrigatório ao RREO (e ao


RGF, como veremos). As “sanções previstas no § 2º do art. 51”, aplicáveis em
caso de desrespeito aos prazos de publicação do Relatório, são o
impedimento ao recebimento de transferências voluntárias (recursos de
convênios, principalmente) e à celebração de operações de crédito (exceto
para o refinanciamento do principal da dívida mobiliária).

Art. 53. Acompanharão o Relatório Resumido demonstrativos relativos a:

I - apuração da receita corrente líquida, na forma definida no inciso IV do art.


2º, sua evolução, assim como a previsão de seu desempenho até o final do
exercício;

II - receitas e despesas previdenciárias a que se refere o inciso IV do art. 50;

III - resultados nominal e primário;

IV - despesas com juros, na forma do inciso II do art. 4º;

V - Restos a Pagar, detalhando, por Poder e órgão referido no art. 20, os


valores inscritos, os pagamentos realizados e o montante a pagar.

Uma disposição interessante diz respeito ao último RREO do ano: ele deve
trazer informações adicionais relativamente aos demais. Vejamos:

Art. 53, § 1º O relatório referente ao último bimestre do exercício será


acompanhado também de demonstrativos:

I - do atendimento do disposto no inciso III do art. 167 da Constituição,


conforme o § 3º do art. 32 [demonstrativo de atendimento à regra de ouro];

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II - das projeções atuariais dos regimes de previdência social, geral e próprio


dos servidores públicos;

III - da variação patrimonial, evidenciando a alienação de ativos e a aplicação


dos recursos dela decorrentes.

Em qualquer caso, na publicação dos RREO deve-se justificar “alterações de


percurso”, ou seja, por que razões a execução orçamentária deve ser alterada
(via de regra, isso ocorre por arrecadação a menor que o planejado):

Art. 53, § 2º Quando for o caso, serão apresentadas justificativas:

I - da limitação de empenho;

II - da frustração de receitas, especificando as medidas de combate à


sonegação e à evasão fiscal, adotadas e a adotar, e as ações de fiscalização e
cobrança.

Como isso cai na prova?

46. (CESPE/ANALISTA/CNPQ/2011) Se um ente federativo deixar de publicar,


no prazo legal, relatório resumido de execução orçamentária, ficará
impossibilitado de receber transferências voluntárias e de contratar
operações de crédito, excetuando-se as destinadas ao refinanciamento do
principal atualizado da dívida mobiliária.

47. (CESPE/ANALISTA/EBC/2011) Caso determinado estado pretenda publicar


relatório resumido da execução orçamentária referente aos meses de maio
e junho, ele não estará obrigado a incluir o demonstrativo da variação
patrimonial com a alienação de ativos e a aplicação dos recursos dela
decorrentes.

A questão 46 está CERTA. O descumprimento da obrigação de publicar o RREO


no prazo legal sujeita o ente faltoso à impossibilidade de receber
transferências voluntárias e de contratar operações de crédito (art. 51, § 2º,
da LRF).

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A questão 47 está CERTA: essas informações só devem constar do RREO


referente aos meses de novembro e dezembro (art. 53, § 1º, da LRF).

Relatório de Gestão Fiscal

O Relatório de Gestão Fiscal (RGF), diferentemente do RREO, é editado


descentralizadamente: cada órgão e Poder referidos no art. 20 da LRF deve
publicar o seu próprio relatório, ao final de cada quadrimestre.

Dessa forma, há RGF de todos os Tribunais Superiores, do Ministério Público,


do Tribunal de Contas, das Casas Legislativas e dos próprios Poderes.

Vejamos os principais dispositivos da lei aplicáveis ao RGF:

Art. 54. Ao final de cada quadrimestre será emitido pelos titulares dos Poderes
e órgãos referidos no art. 20 Relatório de Gestão Fiscal, assinado pelo:

I - Chefe do Poder Executivo;

II - Presidente e demais membros da Mesa Diretora ou órgão decisório


equivalente, conforme regimentos internos dos órgãos do Poder Legislativo;

III - Presidente de Tribunal e demais membros de Conselho de Administração


ou órgão decisório equivalente, conforme regimentos internos dos órgãos do
Poder Judiciário;

IV - Chefe do Ministério Público, da União e dos Estados.

Parágrafo único. O relatório também será assinado pelas autoridades


responsáveis pela administração financeira e pelo controle interno, bem como
por outras definidas por ato próprio de cada Poder ou órgão referido no art.
20.

Art. 55. O relatório conterá:

I - comparativo com os limites de que trata esta Lei Complementar, dos


seguintes montantes:

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a) despesa total com pessoal, distinguindo a com inativos e pensionistas;

b) dívidas consolidada e mobiliária;

c) concessão de garantias;

d) operações de crédito, inclusive por antecipação de receita;

(...)

II - indicação das medidas corretivas adotadas ou a adotar, se ultrapassado


qualquer dos limites;

III - demonstrativos, no último quadrimestre:

a) do montante das disponibilidades de caixa em trinta e um de dezembro;

b) da inscrição em Restos a Pagar (...);

c) do cumprimento do disposto no inciso II e na alínea b do inciso IV do art.


38; [quitação das ARO até 10 de dezembro e proibição das ARO no último ano
de mandato do Chefe do Executivo].

(...)

§ 2º O relatório será publicado até trinta dias após o encerramento do período


a que corresponder, com amplo acesso ao público, inclusive por meio
eletrônico.

§ 3º O descumprimento do prazo a que se refere o § 2º sujeita o ente à sanção


prevista no § 2º do art. 51.

§ 4º Os relatórios referidos nos arts. 52 e 54 deverão ser elaborados de forma


padronizada, segundo modelos que poderão ser atualizados pelo conselho de
que trata o art. 67.

Conforme os dados do art. 55, o RGF reproduz informações sobre os principais


temas tratados na LRF. É como se fosse um demonstrativo quadrimestral
do atendimento às regras e limites da Lei, por parte de cada Poder/órgão
emissor.

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Quanto à publicação, o prazo, assim como o do RREO, é de até 30 dias depois


do período de referência.

Como isso cai na prova?

48. (CESPE/ANALISTA/TCE-AC/2009) A comparação das despesas com os


respectivos limites faz parte do relatório de gestão fiscal.

49. (CESPE/ASSISTENTE/CNPQ/2011) O Relatório de Gestão Fiscal divulga as


dívidas consolidada e mobiliária, a concessão de garantias e as operações
de crédito, exceto as advindas de antecipação de receita.

50. (CESPE/AUDITOR/SECONT-ES/2009) No último quadrimestre, o RGF será


acompanhado de demonstrativo das projeções atuariais dos regimes de
previdência social, geral e próprio dos servidores públicos.

51. (CESPE/OFICIAL/ABIN/2010) Incluem-se entre os instrumentos de


transparência da gestão fiscal o relatório resumido da execução
orçamentária, de periodicidade trimestral, e o relatório de gestão fiscal, de
periodicidade semestral.

A questão 48 está CERTA: como vimos, o RGF funciona como um “checklist” do


cumprimento dos limites e condições da LRF por cada órgão/Poder.

A questão 49 está ERRADA. As operações de crédito por antecipação de receita


também fazem parte dos comparativos do RGF, como indica o art. 55, inc. I,
“d”, da LRF.

A questão 50 também está ERRADA: as projeções atuariais referidas no


enunciado são publicas juntamente com o último RREO do ano, e não com o
RGF.

Como vimos, o RREO é de periodicidade bimestral, e o RGF, de periodicidade


quadrimestral. A questão 51 está ERRADA.

Fiscalização da gestão fiscal

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A fiscalização da gestão fiscal foi tratada na LRF em um único artigo, o de nº


59:

Art. 59. O Poder Legislativo, diretamente ou com o auxílio dos Tribunais de


Contas, e o sistema de controle interno de cada Poder e do Ministério Público,
fiscalizarão o cumprimento das normas desta Lei Complementar, com ênfase
no que se refere a:

I - atingimento das metas estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias;

II - limites e condições para realização de operações de crédito e inscrição em


Restos a Pagar;

III - medidas adotadas para o retorno da despesa total com pessoal ao


respectivo limite, nos termos dos arts. 22 e 23;

IV - providências tomadas, conforme o disposto no art. 31, para recondução


dos montantes das dívidas consolidada e mobiliária aos respectivos limites;

V - destinação de recursos obtidos com a alienação de ativos, tendo em vista as


restrições constitucionais e as desta Lei Complementar;

VI - cumprimento do limite de gastos totais dos legislativos municipais, quando


houver.

§ 1º Os Tribunais de Contas alertarão os Poderes ou órgãos referidos no art.


20 quando constatarem:

I - a possibilidade de ocorrência das situações previstas no inciso II do art. 4º e


no art. 9º;

II - que o montante da despesa total com pessoal ultrapassou 90% (noventa por
cento) do limite;

III - que os montantes das dívidas consolidada e mobiliária, das operações de


crédito e da concessão de garantia se encontram acima de 90% (noventa por
cento) dos respectivos limites;

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IV - que os gastos com inativos e pensionistas se encontram acima do limite


definido em lei;

V - fatos que comprometam os custos ou os resultados dos programas ou


indícios de irregularidades na gestão orçamentária.

§ 2º Compete ainda aos Tribunais de Contas verificar os cálculos dos limites da


despesa total com pessoal de cada Poder e órgão referido no art. 20.

Dessa forma, o Poder Legislativo, que titulariza o controle externo, bem como
o sistema de controle interno de cada Poder, e mais o Ministério Público,
devem fiscalizar o cumprimento das normas da LRF, com prioridade aos temas
dos incisos do art. 59.

Além disso, os Tribunais de Contas receberam da LRF a atribuição de alertar


aos Poderes ou órgãos, conforme o caso, em razão das seguintes
ocorrências:

• queda de arrecadação que justifique o contingenciamento de despesas;

• montante da despesa total com pessoal superior a 90% do limite


máximo;

• montante das dívidas consolidada e mobiliária, das operações de crédito


e da concessão de garantia acima de 90% do limite máximo;

• ultrapassagem do limite legal de gastos com inativos e pensionistas;

• outros fatos que comprometam os custos/resultados dos programas ou


indícios de irregularidades na gestão orçamentária.

Por fim, os Tribunais de Contas também devem verificar os cálculos dos limites
da despesa total com pessoal de cada Poder e órgão relacionado no art. 20 da
LRF.

Como isso cai na prova?

52. (CESPE/ANALISTA/IBRAM-DF/2009) O Poder Legislativo, diretamente ou


com o auxílio dos tribunais de contas, e o sistema de controle interno de

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cada poder e do Ministério Público, fiscalizarão o cumprimento das normas


da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

53. (CESPE/ANALISTA/TCU/2008) O TCU deve alertar imediatamente o Poder


Executivo, os órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário e o Ministério
Público da União, sempre que as despesas de pessoal excederem 95% do
limite autorizado na LRF.

54. (CESPE/AUDITOR/AUGE-MG/2008) Segundo a LRF, será dada ênfase na


fiscalização dos limites e condições para a realização de despesas de
exercícios anteriores.

A questão 52 está CERTA. Trata-se da reprodução do teor do caput do art. 59


da LRF.

A questão 53 é uma das mais polêmicas que o CESPE já elaborou. A LRF


dispõe que os tribunais de contas devem alertar os Poderes/órgãos sempre
que as despesas com pessoal ultrapassarem 90% do limite fixado. O raciocínio
do gabarito é que 95% é mais que 90%, e, por isso, o alerta deve ser dado.
Mas muita gente não concorda com isso até hoje... De qualquer forma,
questão CERTA.

A questão 54 está ERRADA: não há esse item entre os tópicos que deverão ter
fiscalização com especial ênfase, indicados nos incisos do art. 59 da LRF.

Dívida e endividamento

Nessa parte, a LRF inicia suas disposições com o estabelecimento de alguns


conceitos. Vamos à leitura individualizada deles.

a) Relativamente à dívida fundada, vamos fazer um comparativo entre as


principais leis de nosso estudo, a Lei 4.320/64 e a LRF:

Lei 4.320/64, Art. 98. A dívida fundada compreende os compromissos de


exigibilidade superior a doze meses, contraídos para atender a desequilíbrio
orçamentário ou a financiamento de obras e serviços públicos.

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Pelo dispositivo acima, as duas características dos recursos emprestados que


compõem a dívida fundada são a exigibilidade superior a doze meses e a
aplicação em despesas orçamentárias, que tanto podem ser correntes
quanto de capital.

Agora, veja a conceituação da LRF:

LRF, Art. 29, inc. I – dívida pública consolidada ou fundada: montante total,
apurado sem duplicidade, das obrigações financeiras do ente da Federação,
assumidas em virtude de leis, contratos, convênios ou tratados e da realização
de operações de crédito, para amortização em prazo superior a doze meses; (...)

Art. 29, § 3º Também integram a dívida pública consolidada as operações de


crédito de prazo inferior a doze meses cujas receitas tenham constado do
orçamento.

O critério da LRF para classificação das obrigações como “dívida fundada ou


consolidada” foi a sua assunção em virtude de normativos ou
instrumentos contratuais. Como regra, o prazo de exigibilidade continua
sendo superior a doze meses, mas as operações de crédito de prazo inferior
que tenham constado do orçamento também pertencerão a esse grupo.

A LRF não revogou a Lei 4.320/64 quanto ao presente assunto, mas trouxe o
acréscimo relativo a essas operações de curto prazo, que não foram abordadas
por sua antecessora.

No art. 30, § 7º, encontra-se um novo “componente” da dívida fundada: os


precatórios judiciais (condenações de natureza pecuniária sofridas pelo
Estado) que não forem pagos durante a execução do orçamento em que
tiverem sido incluídos integram o montante da dívida, para fins de aplicação
dos limites.

Dessa forma, o não pagamento de precatórios resulta em maior


“endividamento” do ente público, diminuindo sua possibilidade de tomar
dinheiro emprestado (ou de realizar operações como as que discriminamos
acima).

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b) Apesar de não abordada na LRF, também devemos destacar a dívida


flutuante, que apareceu na Lei 4.320/64. Segundo essa Lei, a dívida flutuante
abrange:

• os restos a pagar;

• os serviços da dívida a pagar;

• os depósitos (para devolução a terceiros);

• as operações de crédito por antecipação da receita orçamentária (ARO).

A principal característica da dívida flutuante é sua configuração para pronto


pagamento – a quitação não depende de qualquer autorização legislativa.
Não obstante, isso não significa que tal pagamento seja feito em curto prazo.

Curiosamente, o segundo item da dívida flutuante, os “serviços da dívida a


pagar”, são compostos de itens da dívida fundada que vão vencendo. Assim,
para ser paga, a dívida fundada é convertida, gradativamente, em dívida
flutuante.

c) Sobre a dívida mobiliária, a LRF a definiu como “dívida pública


representada por títulos emitidos pela União, inclusive os do Banco Central do
Brasil, Estados e Municípios”. Ou seja, o ente público emite papéis em troco
de dinheiro, papéis que serão resgatados posteriormente pelos compradores
(bancos, investidores particulares etc.), com o acréscimo de juros e inflação ao
valor original.

Apesar de integrar a dívida fundada, a dívida mobiliária é tratada à parte


desta, inclusive recebendo limites totais diferenciados (CF/88, art. 52, inc. VI
e IX).

O refinanciamento da dívida mobiliária refere-se à emissão de novos


títulos pelo ente público, para pagamento do montante já contratado,
atualizado monetariamente.

d) A respeito das operações de crédito, que, em sentido estrito, referem-se


à tomada de recursos junto a agentes financeiros, a LRF as equiparou a
algumas transações que não envolvem a contratação de recursos no
mercado.

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Assim, operações como venda de títulos públicos, aprovação (mesmo sem uso)
de crédito, reconhecimento de dívida, financiamento de bens, receitas
antecipadas, leasing etc., todas são tratadas, para os fins da LRF, como
operações de crédito, sendo contadas, portanto, nos limites e metas de
dívida estabelecidos.

Os trechos aplicáveis são os seguintes:

Art. 29, inc. III – operação de crédito: compromisso financeiro assumido em


razão de mútuo, abertura de crédito, emissão e aceite de título, aquisição
financiada de bens, recebimento antecipado de valores provenientes da venda a
termo de bens e serviços, arrendamento mercantil e outras operações
assemelhadas, inclusive com o uso de derivativos financeiros;

Art. 29, § 1º Equipara-se a operação de crédito a assunção, o reconhecimento


ou a confissão de dívidas pelo ente da Federação, sem prejuízo do
cumprimento das exigências dos arts. 15 e 16.

A ideia da LRF foi “cortar pela raiz” o endividamento excessivo dos entes
públicos. Embora algumas dessas operações não resultem em endividamento
imediato, seus efeitos futuros também podem afetar o equilíbrio fiscal.
Essa foi a razão para o conceito tão alargado de operação de crédito.

O § 4º do art. 29 traz um dispositivo que serve ao controle do montante da


dívida, de modo a evitar seu aumento sucessivo:

§ 4º O refinanciamento do principal da dívida mobiliária não excederá, ao


término de cada exercício financeiro, o montante do final do exercício
anterior, somado ao das operações de crédito autorizadas no orçamento para
este efeito e efetivamente realizadas, acrescido de atualização monetária.

e) O conceito para garantia é autoexplicativo:

Art. 29, inc. IV - concessão de garantia: compromisso de adimplência de


obrigação financeira ou contratual assumida por ente da Federação ou
entidade a ele vinculada;

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Dessa forma, o simples risco de assumir dívida alheia traz, para o ente
público, a necessidade de registrar a garantia prestada como uma operação de
crédito, afetando seu limite de endividamento.

Como isso cai na prova?

55. (CESPE/ANALISTA/MPU/2010) A dívida pública mobiliária é representada


por títulos emitidos pela União, inclusive os do Banco Central do Brasil,
estados e municípios. Já a dívida pública consolidada ou fundada consiste
no montante total, apurado sem duplicidade, das obrigações financeiras
do ente da Federação, assumidas em virtude de leis, contratos, convênios
ou tratados e da realização de operações de crédito, para amortização em
prazo superior a doze meses.

56. (CESPE/PROCURADOR/AGU/2007) Considere que na lei orçamentária


anual de 2006, além da previsão da receita e fixação da despesa, tenha
havido autorização para recebimento antecipado de valores provenientes
de venda a termo de bens imóveis pertencentes à União. Essa autorização
é inconstitucional por ferir o princípio orçamentário da exclusividade.

A questão 55 está CERTA: trata-se da reprodução dos conceitos de dívida


mobiliária e consolidada da LRF.

A questão 56 está ERRADA: a autorização referida é possível, já que o


recebimento antecipado de valores é igualado a operações de crédito pela LRF,
e a LOA pode autorizar a celebração de operações de crédito, sem afetar o
princípio da exclusividade (trata-se de uma das exceções ao princípio).

Limites da dívida pública e das operações de crédito

Agora, vamos focar o art. 30 da LRF:

Art. 30. No prazo de noventa dias após a publicação desta Lei Complementar, o
Presidente da República submeterá ao:

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I - Senado Federal: proposta de limites globais para o montante da dívida


consolidada da União, Estados e Municípios, cumprindo o que estabelece o
inciso VI do art. 52 da Constituição, bem como de limites e condições relativos
aos incisos VII, VIII e IX do mesmo artigo;

II - Congresso Nacional: projeto de lei que estabeleça limites para o montante


da dívida mobiliária federal a que se refere o inciso XIV do art. 48 da
Constituição, acompanhado da demonstração de sua adequação aos limites
fixados para a dívida consolidada da União, atendido o disposto no inciso I do
§ 1º deste artigo.

As propostas de limites para veiculação por resolução do Senado e o projeto de


lei foram apresentados pelo Presidente da República, mas apenas as primeiras
foram convertidas em normas vigentes. Trata-se das Resoluções SF
40/2001 e 43/2001, cujas disposições são aplicáveis a todos os entes
federados.

O § 4º do art. 30 da LRF firma que a apuração da dívida consolidada, para


verificação dos limites, ocorrerá a cada quadrimestre.

Condições para contratação de operações de crédito

Como tratado no art. 32 da LRF e seus desdobramentos, para a celebração de


operações de crédito por parte dos entes federados, alguns requisitos
devem ser comprovados junto ao Ministério da Fazenda (isso vale para
todos os entes):

• formalização do pedido com fundamento em pareceres técnicos e


jurídicos, demonstrando a relação custo-benefício e o interesse
econômico e social da operação;

• existência de prévia e expressa autorização, na LOA, em créditos


adicionais ou em lei específica, para a contratação da operação;

• inclusão dos recursos da operação de crédito como receita, na LOA ou


em créditos adicionais;

• observância dos limites e condições fixados pelo Senado;

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• no caso de operação de crédito externa, autorização específica do


Senado;

• atendimento à regra de ouro do art. 167, inc. III, da CF/88


(comprovação de que a soma das operações de crédito não ultrapassam
o montante das despesas de capital);

• observância das demais restrições da LRF.

Operações de crédito celebradas em desacordo com a LRF devem ser


consideradas nulas, procedendo-se ao seu cancelamento e à devolução de
recursos (embora sem o pagamento de juros e encargos).

Essa devolução pode ocorrer no próprio exercício de contratação (o que


representaria uma “arrecadação a menor” no exercício), ou, caso isso não seja
possível, deve-se providenciar a reserva de dotação orçamentária para o
exercício posterior (nesse caso, a devolução se faz mediante a execução de
despesa orçamentária).

A reserva de dotação orçamentária também se aplica ao excesso de dívida


observado em decorrência da regra de ouro. Ou seja, o excesso de
recursos de operações de crédito que superarem o montante das despesas de
capital também deverá ser devolvido.

Enquanto não se fizer a devolução dos recursos ou não se providenciar a


reserva de dotação orçamentária, o ente público não poderá receber
transferências voluntárias, obter garantia de outro ente nem contratar novas
operações de crédito.

Recondução da dívida aos limites

Na leitura da LRF, podem-se perceber algumas semelhanças entre o controle


da despesa total com pessoal e o controle do estoque da dívida fundada.

O período de apuração de ambas é o mesmo: a cada quadrimestre. E,


ultrapassado o limite estabelecido, deve haver, imediatamente, medidas de
controle e de redução do excedente.

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Entretanto, essa redução do excedente deve ser mais intensa no caso da


despesa total com pessoal. Lá, o órgão ou Poder afetado deve eliminar o
excedente em dois quadrimestres, sendo, no mínimo, 1/3 no primeiro
quadrimestre.

No caso da dívida fundada que tiver “estourado”, o ente público terá três
quadrimestres para reconduzi-la aos limites, sendo que pelo menos 25%
dessa eliminação do excedente deverá ocorrer logo no primeiro
quadrimestre. Isso é estatuído pelo art. 31 da LRF:

Art. 31. Se a dívida consolidada de um ente da Federação ultrapassar o


respectivo limite ao final de um quadrimestre, deverá ser a ele reconduzida até
o término dos três subsequentes, reduzindo o excedente em pelo menos 25%
(vinte e cinco por cento) no primeiro.

Enquanto perdurar o excesso de dívida, o ente não poderá contratar nova


operação de crédito (exceto o refinanciamento do principal da dívida
mobiliária), e deverá obter resultado primário para recondução da dívida ao
limite, promovendo, entre outras medidas, limitação de empenho
(contingenciamento de despesas).

Caso o prazo para recondução da dívida ao limite seja ultrapassado, sem


sucesso, o ente público, além das duas medidas acima, ficará impedido de
receber transferências voluntárias enquanto perdurar o excesso –
lembrando que o impedimento do recebimento de transferências voluntárias é
a punição padrão da LRF aos entes federados pelo descumprimento de suas
regras.

Como isso cai na prova?

57. (CESPE/TÉCNICO/PGE-PA/2006) A LRF estabelece prazos e condições


rígidos para os entes que ultrapassarem os respectivos limites de
endividamento, sob pena de punições de natureza fiscal. Se verificado que
o ente ultrapassou os seus limites ao final de um quadrimestre, a estes
ele deverá retornar nos três quadrimestres seguintes, eliminando, pelo
menos, 25% do excesso já no primeiro período.

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58. (CESPE/TÉCNICO/ANCINE/2006) Caso a dívida consolidada de um ente da


Federação ultrapasse o respectivo limite ao final de um quadrimestre,
deverá ser a ele reconduzida até o término dos três subsequentes,
reduzindo o excedente em pelo menos 25% no primeiro. Assim, ao longo
do período de excesso, o ente estará proibido de realizar operação de
crédito interna ou externa, inclusive por antecipação de receita,
ressalvado o refinanciamento do principal atualizado da dívida mobiliária.

A questão 57 está CERTA, trazendo a descrição legal para o cálculo que


fizemos acima.

A questão 58 está CERTA: enquanto perdurar o excesso de dívida, o ente não


poderá realizar operações de crédito, a não ser para refinanciar o principal da
dívida mobiliária.

Vedações aplicáveis às operações de crédito

Nos arts. 35 a 37 da LRF, são listadas algumas vedações relativas às


operações de crédito. Vejamos esses dispositivos aos poucos:

Art. 35. É vedada a realização de operação de crédito entre um ente da


Federação, diretamente ou por intermédio de fundo, autarquia, fundação ou
empresa estatal dependente, e outro, inclusive suas entidades da administração
indireta, ainda que sob a forma de novação, refinanciamento ou postergação
de dívida contraída anteriormente.

§ 1º Excetuam-se da vedação a que se refere o caput as operações entre


instituição financeira estatal e outro ente da Federação, inclusive suas
entidades da administração indireta, que não se destinem a:

I - financiar, direta ou indiretamente, despesas correntes;

II - refinanciar dívidas não contraídas junto à própria instituição concedente.

§ 2º O disposto no caput não impede Estados e Municípios de comprar títulos


da dívida da União como aplicação de suas disponibilidades.

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A partir do caput do art. 35, conclui-se que órgãos e entidades


dependentes do orçamento público não podem tomar parte em operações
de crédito celebradas entre entes federados.

Apenas instituições financeiras de um ente público (não dependentes do


orçamento) podem emprestar recursos a outro – e, ainda assim, observando-
se as vedações de não se poder financiar despesas correntes nem
dívidas contraídas junto ao mesmo concedente.

O § 2º do art. 35 dispõe que a compra de títulos federais pelos entes menores,


a título de investimento das próprias disponibilidades, não se inclui na
vedação do caput.

Seguindo em frente:

Art. 36. É proibida a operação de crédito entre uma instituição financeira


estatal e o ente da Federação que a controle, na qualidade de beneficiário do
empréstimo.

Parágrafo único. O disposto no caput não proíbe instituição financeira


controlada de adquirir, no mercado, títulos da dívida pública para atender
investimento de seus clientes, ou títulos da dívida de emissão da União para
aplicação de recursos próprios.

A intenção refletida no art. 36 foi evitar um vício bastante comum no passado:


os entes federados (Estados, notadamente) tomavam recursos junto às
instituições financeiras por eles controladas, o que resultava em
operações nada transparentes e sem observância às regras de mercado, mas
decididas pelo peso das ações do controlador.

Entretanto, como visto acima, a compra de títulos emitidos pelo ente público,
por parte da instituição financeira, para fins de investimento, não se inclui
na vedação. Assim, é possível, por exemplo, que o Banco do Brasil compre
títulos emitidos pelo Tesouro Nacional, com a ideia de manter aplicações
financeiras conservadoras.

O art. 37 da LRF veda a realização de algumas operações, assemelhadas a


operações de crédito:

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• antecipação da receita relativa a tributo cujo fato gerador não tenha


ocorrido;

• recebimento antecipado de valores de empresa controlada (exceto lucros


e dividendos);

• assunção direta de compromisso, confissão de dívida ou operação


assemelhada, com utilização de título de crédito (exceto estatais
dependentes);

• assunção de obrigação sem autorização orçamentária.

Tais operações representam formas de endividamento do ente público, e,


por isso, também devem se somar ao montante da dívida pública para
observância do limite legal. Em todos esses casos, o ente público assegura
recursos com risco de devolução futura – daí a LRF equipará-los a operações
de crédito.

Operações de crédito por antecipação da receita orçamentária

A LRF também trouxe (e reafirmou) algumas normas sobre a contratação das


operações de crédito por antecipação da receita orçamentária, as ARO’s.
Vejamos:

Art. 38. A operação de crédito por antecipação de receita destina-se a atender


insuficiência de caixa durante o exercício financeiro e cumprirá as exigências
mencionadas no art. 32 e mais as seguintes:

I - realizar-se-á somente a partir do décimo dia do início do exercício;

II - deverá ser liquidada, com juros e outros encargos incidentes, até o dia dez
de dezembro de cada ano;

III - não será autorizada se forem cobrados outros encargos que não a taxa de
juros da operação, obrigatoriamente prefixada ou indexada à taxa básica
financeira, ou à que vier a esta substituir;

IV - estará proibida:

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a) enquanto existir operação anterior da mesma natureza não integralmente


resgatada;

b) no último ano de mandato do Presidente, Governador ou Prefeito


Municipal.

§ 1º As operações de que trata este artigo não serão computadas para efeito do
que dispõe o inciso III do art. 167 da Constituição, desde que liquidadas no
prazo definido no inciso II do caput.

Esquematizando, são as principais exigências para a contratação de ARO:

• autorização na LOA para a operação (exceção ao princípio da


exclusividade orçamentária);

• será realizada apenas a partir do décimo dia do início do exercício;

• deve ser liquidada, com juros e encargos, até o dia 10 de dezembro;

• é proibida enquanto houver operação semelhante não inteiramente


quitada;

• é proibida no último ano de mandato do Chefe do Executivo.

A LRF estabelece que, caso as ARO sejam quitadas até 10 de dezembro, como
requerido, seu montante não será considerado para efeito da regra de
ouro. Ou seja, as ARO não comprometerão o limite de operações de crédito
que podem ser contraídas, liberando maior “margem” de financiamento para o
ente público.

Como isso cai na prova?

59. (CESPE/ANALISTA/TST/2008) Para fins de cumprimento da chamada


regra de ouro da Lei de Responsabilidade Fiscal, computam-se também as
operações de crédito por antecipação de receitas, desde que liquidadas no
mesmo exercício em que forem contratadas.

60. (CESPE/ANALISTA/TCU/2004) A operação de crédito por antecipação da


receita orçamentária, proibida no último ano de mandato do presidente,

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governador ou prefeito municipal, destina-se a atender insuficiência de


caixa durante o exercício financeiro e deve cumprir, entre outras
exigências, as seguintes: autorização em lei para a contratação;
liquidação até o dia dez de dezembro de cada ano; previsão na receita
orçamentária.

A questão 59 traz uma previsão contrária ao disposto no art. 38, § 1º, da LRF,
que ressaltamos anteriormente. Questão ERRADA.

A questão 60 está ERRADA: a operação do tipo ARO não é prevista como item
da receita orçamentária.

Das disponibilidades de caixa

O tema das disponibilidades de caixa é abordado na LRF por apenas um artigo,


o de número 43, como segue:

Art. 43. As disponibilidades de caixa dos entes da Federação serão depositadas


conforme estabelece o § 3º do art. 164 da Constituição.

§ 1º As disponibilidades de caixa dos regimes de previdência social, geral e


próprio dos servidores públicos, ainda que vinculadas a fundos específicos a
que se referem os arts. 249 e 250 da Constituição, ficarão depositadas em conta
separada das demais disponibilidades de cada ente e aplicadas nas condições
de mercado, com observância dos limites e condições de proteção e prudência
financeira.

§ 2º É vedada a aplicação das disponibilidades de que trata o § 1º em:

I - títulos da dívida pública estadual e municipal, bem como em ações e outros


papéis relativos às empresas controladas pelo respectivo ente da Federação;

II - empréstimos, de qualquer natureza, aos segurados e ao Poder Público,


inclusive a suas empresas controladas.

O dispositivo inicialmente reforça o mandamento constitucional de que as


disponibilidades de caixa da União devem ser mantidas no Banco Central, ao

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passo que as dos demais entes federados devem ser depositadas em


instituições financeiras oficiais.

O restante do artigo trata das disponibilidades de caixa próprias dos regimes


de previdência, o geral e o próprio dos servidores públicos.

Em homenagem à importância social e econômica da previdência social, bem


como diante do impacto de demandas previdenciárias nas finanças públicas, a
LRF buscou manter esses recursos a salvo da utilização em favor de outras
finalidades. Para isso, determinou que as receitas previdenciárias fossem
depositadas em conta específica, separada dos demais recursos
pertencentes aos entes públicos, aplicadas em condições de mercado e com
observância aos procedimentos aplicáveis de segurança e prudência.

Reforçando a ideia de assegurar a manutenção dos recursos previdenciários “a


salvo”, o § 2º proíbe que sejam utilizados tais recursos em operações
financeiras, nas quais o poder público figurasse como detentor de direitos ou
créditos. No caso, valeu a máxima do “dinheiro na mão”.

Como isso cai na prova?

61. (CESPE/PROCURADOR/BACEN/2009) De acordo com a Lei de


Responsabilidade Fiscal, o BACEN não pode receber em depósito as
disponibilidades de caixa da União.

62. (CESPE/TÉCNICO SUPERIOR/MEC/2003) As disponibilidades de caixa dos


regimes de previdência social, geral e próprio dos servidores públicos,
exceto quando vinculadas a fundos específicos a que se refere a
Constituição da República, ficarão depositadas em conta separada das
demais disponibilidades de cada ente e aplicadas nas condições de
mercado, com observância dos limites e condições de proteção e
prudência financeira.

A questão 61 está ERRADA. Tanto a LRF quanto a CF/88 determinam que as


disponibilidades de caixa da União devem ser depositadas no BACEN.

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A questão 62 também está ERRADA: apesar de tentar reproduzir a literalidade


do art. 43, § 1º, da LRF, há um erro na menção ao texto legal. Mesmo a
vinculação das disponibilidades

Da preservação do patrimônio público

A gestão fiscal responsável não deve se preocupar apenas com o aspecto


financeiro, específico das finanças públicas. Essa responsabilidade alcança
também os bens e direitos não financeiros constituintes do patrimônio
público.

Os artigos de 44 a 46 da LRF tratam da preservação do patrimônio público, no


intuito de evitar a descapitalização dos órgãos e entidades da administração
pública. Vejamos:

Art. 44. É vedada a aplicação da receita de capital derivada da alienação de


bens e direitos que integram o patrimônio público para o financiamento de
despesa corrente, salvo se destinada por lei aos regimes de previdência social,
geral e próprio dos servidores públicos.

Art. 45. Observado o disposto no § 5º do art. 5º, a lei orçamentária e as de


créditos adicionais só incluirão novos projetos após adequadamente atendidos
os em andamento e contempladas as despesas de conservação do patrimônio
público, nos termos em que dispuser a lei de diretrizes orçamentárias.

Parágrafo único. O Poder Executivo de cada ente encaminhará ao Legislativo,


até a data do envio do projeto de lei de diretrizes orçamentárias, relatório com
as informações necessárias ao cumprimento do disposto neste artigo, ao qual
será dada ampla divulgação.

Art. 46. É nulo de pleno direito ato de desapropriação de imóvel urbano


expedido sem o atendimento do disposto no § 3º do art. 182 da Constituição, ou
prévio depósito judicial do valor da indenização.

A vedação do art. 44 procura evitar que o patrimônio público seja alienado


para aplicação de recursos em favor de despesas correntes. Situações desse

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tipo representam, em regra, a dilapidação do patrimônio, visto que as


despesas correntes, representadas pela aquisição de bens consumíveis,
serviços e transferências diversas de recursos, diminuem a situação
patrimonial líquida.

Nesses termos, por exemplo, a utilização da receita obtida com a venda de um


imóvel público para pagamento de despesas com pessoal, sob a ótica
patrimonial, não seria muito diferente, em longo prazo, da simples perda do
imóvel. Em pouco tempo, o valor de alienação do bem teria sido
consumido pela folha de pagamento do funcionalismo, que, embora
mantenham as atividades e serviços públicos em andamento, não geram
impacto patrimonial positivo.

O art. 45 demonstra a preocupação com a concretização dos investimentos


públicos no menor tempo possível, com a reserva de recursos para aqueles
que já estiverem em andamento, evitando a multiplicação de novas demandas
que pulverizem os esforços.

Por fim, o art. 46 exige que as desapropriações de imóveis urbanos, que


venham a se integrar ao patrimônio público, sejam realizadas nos termos do
art. 182, § 3º, da CF/88, ou seja, com prévia e justa indenização em dinheiro,
ou com prévio depósito judicial da indenização. Com isso, pretende-se que os
imóveis urbanos desapropriados sejam agregados ao patrimônio público
tempestivamente e em definitivo, sem pendências quanto a sua
titularidade.

Como isso cai na prova?

63. (FCC/ANALISTA/TCE-SE/2011) É vedada a aplicação da receita de capital


derivada da alienação de bens e direitos que integram o patrimônio
público para o financiamento de despesa corrente, mesmo se destinada
por lei aos regimes de previdência social, geral e próprio dos servidores
públicos.

64. (CESPE/TÉCNICO/UNIPAMPA/2009) A Lei Orçamentária só incluirá novos


projetos após adequadamente atendidos aqueles em andamento e

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contempladas as despesas de conservação do patrimônio público, nos


termos em que dispuser a Lei das Diretrizes Orçamentárias (LDO).

65. (FCC/ANALISTA/TRT-02/2008) Com relação à gestão patrimonial, a Lei da


Responsabilidade Fiscal prevê que

(A) as disponibilidades de caixa da União poderão ser depositadas em


instituição financeira privada, desde que sua remuneração exceda 6% ao ano.

(B) as disponibilidades de caixa dos regimes de previdência social poderão


ser aplicadas em empréstimos para os próprios segurados, desde que haja
garantia real.

(C) a desapropriação de imóvel urbano, desde que o interesse público o


recomende, poderá ser feito sem prévia indenização em dinheiro ou depósito
judicial.

(D) a aplicação de receita derivada da alienação de bens do ente da


Federação não poderá financiar qualquer tipo de despesas correntes.

(E) a empresa controlada por ente da Federação que firmar contrato de


gestão com este gozará de autonomia gerencial, orçamentária e financeira.

A questão 63 está ERRADA. É permitida a aplicação de receita de alienação de


bens em despesas correntes relativas aos regimes de previdência.

A questão 64 está CERTA: trata-se do princípio da conclusão de investimentos


antes do início de outros novos, indicado no art. 45 da LRF.

Analisando as opções da questão 65:

A: as disponibilidades de caixa da União devem ser depositadas


obrigatoriamente no Banco Central.

B: as disponibilidades dos regimes de previdência não podem ser aplicadas em


empréstimos de qualquer natureza, mesmo que aos beneficiários.

C: a desapropriação de imóvel urbano necessita de prévia indenização em


dinheiro ou prévio depósito judicial.

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D: a receita da alienação de bens pode ser aplicada em despesas correntes


relativas aos regimes de previdência.

E: é correta a previsão da alternativa, embora não pertença ao conteúdo


previsto para nossa prova.

Gabarito: E.

Prestações de contas

Esse trecho da LRF, constante dos artigos de 56 a 58, é origem de diversas


polêmicas, discutidas pelo STF na Ação Direta de Inconstitucionalidade 2.238-
5.

Inicialmente, vamos examinar o que diz a CF/88 sobre prestação de


julgamento de contas dos administradores públicos.

Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:

(...)

IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da República e


apreciar os relatórios sobre a execução dos planos de governo;

Dessa forma, as contas do Presidente da República são julgadas pelo


Congresso Nacional (nos entes subnacionais, as relações são as mesmas:
chefe do Executivo tem contas julgadas pelo Poder Legislativo). Entretanto,
para subsidiar o julgamento pelo Congresso, o TCU é responsável pela emissão
de um “parecer prévio”:

Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com
o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete:

I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República,


mediante parecer prévio que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de
seu recebimento;

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Além disso, o inciso seguinte do art. 71 trata dos demais administradores


públicos:

Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com
o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete:

(...)

II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros,


bens e valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as
fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as
contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de
que resulte prejuízo ao erário público;

Assim, as coisas pareciam bem estabelecidas: as contas do Presidente seriam


julgadas pelo Congresso (com base no parecer do TCU), e as contas dos
demais administradores, incluindo chefes de Poderes, seriam julgadas pelo
próprio TCU.

O problema surgiu quando a LRF trouxe a seguinte disposição:

Art. 56. As contas prestadas pelos Chefes do Poder Executivo incluirão, além
das suas próprias, as dos Presidentes dos órgãos dos Poderes Legislativo e
Judiciário e do Chefe do Ministério Público, referidos no art. 20, as quais
receberão parecer prévio, separadamente, do respectivo Tribunal de Contas.

§ 1º As contas do Poder Judiciário serão apresentadas no âmbito:

I - da União, pelos Presidentes do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais


Superiores, consolidando as dos respectivos tribunais;

II - dos Estados, pelos Presidentes dos Tribunais de Justiça, consolidando as


dos demais tribunais.

§ 2º O parecer sobre as contas dos Tribunais de Contas será proferido no prazo


previsto no art. 57 pela comissão mista permanente referida no § 1o do art. 166
da Constituição ou equivalente das Casas Legislativas estaduais e municipais.

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§ 3º Será dada ampla divulgação dos resultados da apreciação das contas,


julgadas ou tomadas.

Dessa forma, a LRF estabeleceu que o TCU (e os demais tribunais de contas,


nos entes subnacionais) não julgaria as contas dos chefes de Poderes, mas
emitiria também parecer prévio em relação a elas. E o julgamento das contas
de todos ficaria a cargo do Legislativo.

Na ADI 2.238-5, esse aspecto foi questionado. A ação ainda não teve
julgamento final, mas, em sede de cautelar, o STF deferiu a medida, com base
no seguinte trecho do Voto do Relator:

O artigo prevê que as contas submetidas pelo chefe do Poder Executivo a


parecer prévio do Tribunal de Contas incluirão as dos Presidentes dos
órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário e do chefe do Ministério
Público, disposição que, conforme acertadamente acentuado pelos
autores, contraria a norma do art. 71, II, da Carta, que confere
competência aos Tribunais de Contas para o julgamento das contas de
todos os administradores e responsáveis por dinheiros públicos, à
exceção, tão-somente, das contas prestadas pelo Presidente da
República, em relação às quais lhe compete, apenas, emitir parecer
prévio para apreciação pelo Congresso Nacional (art. 49, IX).

No entanto, por um erro de transcrição, a ata do julgamento deixou assentado


que

O Tribunal, por unanimidade, indeferiu a medida cautelar relativamente


ao art. 56, caput, e, por maioria, deferiu a cautelar quanto ao art. 57,
ambos da Lei Complementar 101, de 4 de maio de 2000, vencido o
Ministro Ilmar Galvão (Relator), que a indeferia.

Porém, no dia seguinte, houve uma retificação:

Fica retificada a decisão proclamada na assentada anterior para constar


que, quanto ao art. 56, caput, da Lei Complementar 101/00, o Tribunal,
por unanimidade, deferiu a cautelar, nos termos do voto do Relator.

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Essa confusão gerou um problema na prova para Técnico do TCU de 2012,


organizada pelo CESPE, em que foi cobrada a seguinte questão:

Em observância ao princípio constitucional da independência dos poderes, as


contas referentes à gestão financeira e orçamentária dos Poderes Legislativo e
Judiciário não são incluídas nas contas prestadas anualmente pelo presidente
da República, sobre as quais cabe ao TCU emitir parecer prévio.

O gabarito definitivo da questão foi ERRADO. Em resposta aos recursos


impetrados contra a questão, o CESPE argumentou o seguinte:

Recurso indeferido. De acordo com o art. 56, ‘caput’, da Lei


Complementar n° 101, de 2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal), "As
contas prestadas pelos Chefes do Poder Executivo incluirão, além das
suas próprias, as dos Presidentes dos órgãos dos Poderes Legislativo e
Judiciário e do Chefe do Ministério Público, referidos no art. 20, as quais
receberão parecer prévio, separadamente, do respectivo Tribunal de
Contas". Em Ação Direta de Inconstitucionalidade (n° 2.238-5), o STF
indeferiu liminar relativa ao art. 56 em julgamento de 12/02/2003, e
indeferiu medida cautelar, por unanimidade, em julgamento de
08/08/2007, referente ao dispositivo legal mencionado. Assim sendo, as
contas do Presidente da República incluem toda a gestão do governo
federal, abarcando, portanto, os Poderes Legislativo e Judiciário. Não é
por outro motivo que a Lei Orgânica do TCU determina, em seu art. 36,
parágrafo único, que as contas do Presidente consistirão nos balanços
gerais da União e no relatório sobre as leis de que trata o § 5º, do art.
165, da CF.

Não obstante, o próprio TCU deixou clara sua atuação nesse assunto,
contrariamente ao raciocínio do CESPE, ao emitir o parecer prévio das contas
de 2012 da Presidente da República (trecho do Voto do Relator):

Registro que o TCU emite parecer prévio apenas sobre as contas


prestadas pela Presidente da República, pois as contas atinentes aos

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Poderes Legislativo e Judiciário e ao Ministério Público não são objeto de


pareceres prévios individuais, mas efetivamente julgadas por esta Corte
de Contas, em consonância com a decisão do Supremo Tribunal Federal,
publicada no Diário da Justiça de 21/8/2007, ao deferir medida cautelar
no âmbito da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 2.238-5/DF.
Nada obstante, o Relatório sobre as Contas do Governo da República
contempla informações sobre os demais Poderes e o Ministério Público,
compondo, assim, um panorama abrangente da administração pública
federal.

Portanto, caso as bancas de concurso voltem a cobrar esse assunto em provas,


temos pronunciamentos oficiais do STF e do TCU para embasar nossas
opiniões.

Apenas para fechar a abordagem da LRF, o art. 57 continuou com a mesma


lógica do 56, fazendo pensar em um parecer emitido pelos Tribunais de Contas
a respeito das contas de todos os Poderes:

Art. 57. Os Tribunais de Contas emitirão parecer prévio conclusivo sobre as


contas no prazo de sessenta dias do recebimento, se outro não estiver
estabelecido nas constituições estaduais ou nas leis orgânicas municipais.

§ 1º No caso de Municípios que não sejam capitais e que tenham menos de


duzentos mil habitantes o prazo será de cento e oitenta dias.

§ 2º Os Tribunais de Contas não entrarão em recesso enquanto existirem


contas de Poder, ou órgão referido no art. 20, pendentes de parecer prévio.

Também esse artigo foi considerado inconstitucional, no julgamento da mesma


cautelar da ADI 2.238-5.

O art. 58 não trouxe problemas, e, por isso, não foi questionado:

Art. 58. A prestação de contas evidenciará o desempenho da arrecadação em


relação à previsão, destacando as providências adotadas no âmbito da
fiscalização das receitas e combate à sonegação, as ações de recuperação de

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créditos nas instâncias administrativa e judicial, bem como as demais medidas


para incremento das receitas tributárias e de contribuições.

Como isso cai na prova?

66. (CESPE/ANALISTA/TJ-CE/2008) Atualmente, as contas prestadas pelos


chefes do Poder Executivo incluem também, destacadamente, as dos
presidentes dos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário e do chefe do
MP. No âmbito federal, o TCU emite pareceres prévios distintos, pois o
julgamento é de competência do Congresso Nacional.

67. (CESPE/ANALISTA/TCE-AC/2008) Os tribunais de contas emitirão parecer


prévio conclusivo sobre as contas no prazo de 60 dias do recebimento, se
outro não estiver estabelecido nas constituições estaduais ou nas leis
orgânicas municipais.

68. (CESPE/ANALISTA/TCE-AC/2008) A prestação de contas evidenciará o


desempenho da arrecadação em relação à previsão, destacando as
providências adotadas no âmbito da fiscalização das receitas e do
combate à sonegação, as ações de recuperação de créditos nas instâncias
administrativa e judicial, bem como as demais medidas para incremento
das receitas tributárias e de contribuições.

69. (CESPE/ANALISTA/TJ-RO/2012) Segundo a Lei de Responsabilidade Fiscal


(LRF), as contas prestadas pelos chefes do Poder Executivo incluem as
suas próprias contas e as contas

A dos presidentes de empresas públicas ligadas ao Poder Executivo.

B dos presidentes dos Poderes Legislativo e Judiciário.

C da primeira-dama.

D dos membros dos Poderes Legislativo e Judiciário.

E de seus secretários.

As questões de 66 a 68 demonstram o entendimento errôneo do CESPE a


respeito do assunto, e foram consideradas CERTAS. Entretanto, elas estão

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absolutamente ERRADAS. O que fazer na prova, numa reincidência da banca?


Eu recomendo marcar conforme o entendimento do STF e do próprio TCU, já
que esse erro grosseiro não poderá subsistir por tanto tempo.

A questão 69, na mesma trilha, considerou como gabarito a letra B, mas trata-
se do mesmo equívoco.

Muito bem, caro aluno, chegamos ao fim de nosso curso.

Espero que nossas aulas tenham sido claras e abrangentes o suficiente para
garantir um bom desempenho em nossa matéria.

Bons estudos, e boa sorte!

GRACIANO ROCHA

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RESUMO DA AULA

1. As ideias/necessidades principais que levaram à edição da LRF foram:


controle das contas públicas, de forma a evitar déficits; necessidade de
planejar a ação governamental, aplicando os recursos de forma racional e
sustentável; controle das despesas com pessoal e do montante da dívida
pública, para evitar o “sufocamento” dos entes governamentais num
contexto de gastos sem desenvolvimento econômico; transparência da
gestão orçamentária e financeira, com disponibilização de demonstrativos
e resultados em meios de acesso público.

2. O pressuposto da gestão fiscal responsável é a “ação planejada e


transparente”.

3. São objetivos da gestão fiscal responsável: prevenir riscos e corrigir


desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas.

4. São instrumentos da gestão fiscal responsável: o cumprimento de metas


de resultado entre receitas e despesas e a obediência a limites e
condições quanto a renúncia de receita; geração de despesas com
pessoal; geração de despesas da seguridade social e outras; dívidas
consolidada e mobiliária; operações de crédito, inclusive por antecipação
de receita; concessão de garantia; inscrição de despesas em restos a
pagar.

5. Todos os órgãos de todos os Poderes, fundações, autarquias, fundos,


empresas estatais dependentes, de todos os entes da Federação, devem
observar as normas estabelecidas na LRF. Apenas as chamadas “empresas
estatais independentes” estão fora da abrangência da Lei.

6. As empresas estatais dependentes recebem recursos para cobertura de


suas despesas correntes, rotineiras, relativas ao pagamento de pessoal e
de custeio geral, bem como para suas despesas com investimentos. Ou
seja, as estatais dependentes não conseguem se manter sem a
transferência de recursos do ente controlador.

7. As estatais independentes, quando recebem recursos do ente controlador,


os recebem tipicamente como aumento de participação acionária, ou seja,

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como forma de ampliação do controle, pelo ente público, sobre a


administração da empresa.

8. A receita corrente líquida representa o montante de recursos próprios em


que o ente governamental pode “confiar” para realizar seus programas.
Na esfera federal, do total de receitas correntes arrecadadas, a União
desconta os recursos obrigatoriamente transferidos aos outros entes
federados (ou fundos) e aqueles vinculados a ações da seguridade social.

9. A LRF determinou que a LDO tratasse dos seguintes assuntos: equilíbrio


entre receitas e despesas; critérios e forma de limitação de empenho;
normas relativas ao controle de custos e à avaliação dos resultados dos
programas financiados com recursos dos orçamentos; demais condições e
exigências para transferências de recursos a entidades públicas e
privadas.

10. O Anexo de Metas Fiscais da LDO, criado por ordem da LRF, traz metas
que os entes públicos devem perseguir nos três exercícios seguintes,
relativas a receita, despesa, resultado nominal, resultado primário e
montante da dívida.

11. O Anexo de Riscos Fiscais da LDO, também criado pela LRF, discrimina os
passivos contingentes e outros riscos capazes de afetar as contas
públicas. Esses riscos se classificam em riscos orçamentários e riscos de
dívida.

12. Os recursos legalmente vinculados a certa finalidade só podem ser


utilizados para atender ao objeto de sua vinculação, ainda que em
exercício diverso daquele em que ocorrer o ingresso.

13. Se verificado, ao final de um bimestre, que a realização da receita poderá


não comportar o cumprimento das metas de resultados primário ou
nominal, os Poderes e o Ministério Público deverão promover, por ato
próprio e nos montantes necessários, limitação de empenho e
movimentação financeira.

14. Constituem requisitos essenciais da responsabilidade na gestão fiscal a


instituição, previsão e efetiva arrecadação de todos os tributos da

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competência constitucional do ente da Federação, em especial os


impostos.

15. Os atos que importem renúncia de receita deverão ser acompanhados de


estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva
iniciar sua vigência e nos dois seguintes.

16. As renúncias de receita deverão ter comprovação de que foram


consideradas na estimativa da receita da LOA ou ser acompanhadas de
medidas de compensação.

17. A criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governamental que


acarrete aumento da despesa será acompanhado de estimativa do
impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva entrar em
vigor e nos dois subseqüentes; declaração do ordenador da despesa de
que o aumento tem adequação orçamentária e financeira com a lei
orçamentária anual e compatibilidade com o plano plurianual e com a lei
de diretrizes orçamentárias.

18. Despesa obrigatória de caráter continuado é a despesa corrente derivada


de lei, medida provisória ou ato administrativo normativo que fixem para
o ente a obrigação legal de sua execução por um período superior a dois
exercícios.

19. Para a LRF, a despesa total com pessoal de um ente federado abrange os
seguintes itens: gastos com os ativos, os inativos e os pensionistas,
relativos a mandatos eletivos, cargos, funções ou empregos, civis,
militares e de membros de Poder, com quaisquer espécies
remuneratórias, bem como encargos sociais e contribuições recolhidas
pelo ente às entidades de previdência.

20. A despesa total com pessoal será apurada somando-se a realizada no mês
em referência com as dos onze imediatamente anteriores, adotando-se o
regime de competência.

21. A LRF determina que a despesa total com pessoal, em cada período de
apuração e em cada ente da Federação, não deve exceder os seguintes
percentuais da receita corrente líquida (RCL): União – 50%; Estados, DF e
Municípios – 60%.

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22. A despesa com pessoal envolve a fixação de sublimites para


acompanhamento de sua evolução, a saber: limite de alerta de 90% do
limite máximo (alerta pelo Tribunal de Contas respectivo); limite
prudencial de 95% do limite máximo (vedação a atos que gerem aumento
de despesas); e o próprio limite máximo (necessidade de recondução ao
limite).

23. Se a despesa total com pessoal de algum Poder ou órgão ultrapassar os


limites máximos, o percentual excedente terá de ser eliminado nos dois
quadrimestres seguintes, sendo pelo menos um terço no primeiro.

24. Transferência voluntária é a entrega de recursos correntes ou de capital a


outro ente da Federação, a título de cooperação, auxílio ou assistência
financeira que não decorra de determinação constitucional, legal ou os
destinados ao SUS.

25. Para poder receber recursos de transferências voluntárias, o ente público


beneficiado deverá comprovar, junto ao ente transferidor, requisitos de
credibilidade e saúde financeira (pagamento de tributos, empréstimos,
financiamentos, prestação de contas de recursos antes recebidos,
cumprimento de limites constitucionais quanto a saúde e educação,
observância dos limites da LRF, previsão de contrapartida).

26. No tocante à destinação de recursos para o setor privado, cada liberação


financeira de recursos dos orçamentos fiscal e da seguridade que tenha
por objetivo “suprir necessidade ou cobrir déficit” de empresas, fundações
e fundos, precisará de uma lei específica que autorize a operação.

27. São condições para que seja concedida ajuda financeira a pessoas físicas
ou jurídicas (abrangendo as pertencentes e as alheias à Administração):
autorização em lei específica; previsão orçamentária; atendimento às
exigências da LDO; vedação a investimentos destinados ao patrimônio de
empresas privadas com fins lucrativos.

28. Segundo a LRF, o ente público não deverá se “sacrificar” além dos custos
definidos em lei ou além do custo de captação para realizar a
transferência de recursos ao setor privado. Como exceção, é possível que

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uma lei específica autorize essa transferência subsidiada, desde que a


parcela correspondente ao subsídio seja prevista na LOA.

29. No desempenho de sua função de regulação do sistema financeiro, o


Banco Central pode, a despeito dessas restrições, conceder operações de
redesconto e de empréstimos de curto prazo (menos que 360 dias) a
essas instituições – o que ameniza, em tese, a necessidade de socorro
custeado por recursos do orçamento fiscal/seguridade.

30. Segundo a LRF, são instrumentos de transparência da gestão fiscal: os


planos, orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias; as prestações de
contas e o respectivo parecer prévio; o Relatório Resumido da Execução
Orçamentária e o Relatório de Gestão Fiscal; e as versões simplificadas
desses documentos.

31. O Relatório Resumido da Execução Orçamentária (RREO) é um


demonstrativo da execução das receitas e das despesas constantes da
LOA e dos créditos adicionais, bimestral, editado pelo Poder Executivo,
mas abrangendo todos os Poderes e o MP, e que serve para demonstrar o
quanto a execução orçamentária corresponde ao planejamento realizado
durante o processo de elaboração do orçamento, atualizando as
informações conforme o andamento do exercício.

32. O Relatório de Gestão Fiscal (RGF), diferentemente do RREO, é editado


descentralizadamente: cada órgão e Poder referidos no art. 20 da LRF
deve publicar o seu próprio relatório, ao final de cada quadrimestre. O
RGF reproduz informações sobre os principais temas tratados na LRF,
como se fosse um demonstrativo quadrimestral do atendimento às regras
e limites da Lei.

33. O Poder Legislativo, que titulariza o controle externo, bem como o sistema
de controle interno de cada Poder, e mais o Ministério Público, devem
fiscalizar o cumprimento das normas da LRF, com prioridade aos temas
dos incisos do art. 59.

34. Segundo a LRF, dívida fundada é “montante total, apurado sem


duplicidade, das obrigações financeiras do ente da Federação, assumidas
em virtude de leis, contratos, convênios ou tratados e da realização de

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operações de crédito, para amortização em prazo superior a doze meses”,


abarcando também as operações de prazo inferior a doze meses com
receitas constantes do orçamento.

35. A dívida flutuante abrange os restos a pagar; os serviços da dívida a


pagar; os depósitos (para devolução a terceiros); as operações de crédito
por antecipação da receita orçamentária (ARO).

36. A dívida mobiliária é conceituada como a “dívida pública representada por


títulos emitidos pela União, inclusive os do Banco Central do Brasil,
Estados e Municípios”.

37. O tratamento alargado que a LRF deu ao conceito de operação de crédito


abrange “compromisso financeiro assumido em razão de mútuo, abertura
de crédito, emissão e aceite de título, aquisição financiada de bens,
recebimento antecipado de valores provenientes da venda a termo de
bens e serviços, arrendamento mercantil e outras operações
assemelhadas, inclusive com o uso de derivativos financeiros”, além da
assunção, reconhecimento ou confissão de dívidas.

38. Operações de crédito celebradas em desacordo com a LRF devem ser


consideradas nulas, procedendo-se ao seu cancelamento e à devolução de
recursos (embora sem o pagamento de juros e encargos).

39. O período de apuração do montante da dívida é quadrimestral, em que se


verifica o respeito aos limites.

40. No caso da dívida fundada que tiver “estourado”, o ente público terá três
quadrimestres para reconduzi-la aos limites, sendo que pelo menos 25%
dessa eliminação do excedente deverá ocorrer logo no primeiro
quadrimestre.

41. Enquanto perdurar o excesso de dívida, o ente não poderá contratar nova
operação de crédito (exceto o refinanciamento do principal da dívida
mobiliária), e deverá obter resultado primário para recondução da dívida
ao limite, promovendo, entre outras medidas, limitação de empenho
(contingenciamento de despesas).

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42. Caso o prazo para recondução da dívida ao limite seja ultrapassado, sem
sucesso, o ente público também ficará impedido de receber transferências
voluntárias, enquanto perdurar o excesso.

43. Apenas instituições financeiras de um ente público (não dependentes do


orçamento) podem emprestar recursos a outro – e, ainda assim,
observando-se as vedações de não se poder financiar despesas correntes
nem dívidas contraídas junto ao mesmo concedente.

44. Conforme o art. 36 da LRF, é proibida a operação de crédito entre uma


instituição financeira estatal e o ente da Federação que a controle, na
qualidade de beneficiário do empréstimo. Entretanto, a compra de títulos
emitidos pelo ente público, por parte da instituição financeira, para fins de
investimento, não se inclui na vedação.

45. As principais exigências para a contratação de ARO são: autorização na


LOA para a operação (exceção ao princípio da exclusividade
orçamentária); realização a partir do décimo dia do início do exercício;
liquidação, com juros e encargos, até o dia 10/12; proibida enquanto
houver operação semelhante não quitada; proibida no último ano de
mandato do Chefe do Executivo.

46. O TCU emite parecer prévio apenas sobre as contas prestadas pela
Presidente da República, pois as contas atinentes aos Poderes Legislativo
e Judiciário e ao Ministério Público não são objeto de pareceres prévios
individuais.

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QUESTÕES COMENTADAS NESTA AULA

1. (CESPE/ANALISTA/CORREIOS/2011) A garantia de equilíbrio nas contas


mediante o cumprimento de metas de resultados entre receitas e
despesas, com limites e condições para a renúncia de receita e para a
geração de despesas, é um dos principais objetivos da Lei de
Responsabilidade Fiscal.

2. (CESPE/AUDITOR/TCDF/2012) As disposições, as proibições, as condições


e os limites constantes na LRF valem para o DF até que seja aprovada lei
complementar de âmbito local que disponha sobre a ação planejada e
transparente, voltada para a prevenção de riscos e correção de desvios
capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas.

3. (CESPE/TÉCNICO SUPERIOR/IPAJM-ES/2006) O conceito de


responsabilidade fiscal atende ao objetivo da política orçamentária de
evitar que os entes da Federação gastem mais do que aquilo que
arrecadam.

4. (CESPE/ANALISTA/ANATEL/2009) Em atendimento ao disposto no texto


constitucional, estabelecendo a necessidade de lei complementar em
matéria orçamentária, editou-se a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF),
que preencheu as lacunas da Lei n.º 4.320/1964.

5. (CESPE/ASSISTENTE/CNPQ/2011) Considere que um ente federativo


tenha adquirido 70% da empresa A e que a empresa A possua 80% do
patrimônio da empresa B. Assim, para os efeitos da LRF, a empresa B é
uma empresa controlada indiretamente pelo ente federativo.

6. (CESPE/AUDITOR/TCE-ES/2012) Considera-se empresa estatal


dependente a empresa controlada que receba do ente controlador
recursos financeiros para pagamento de despesas com pessoal ou de
custeio em geral ou de capital.

7. (CESPE/ANALISTA/ANP/2013) A receita corrente líquida engloba todas as


receitas correntes lançadas no mês de referência e nos onze meses
anteriores.

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8. (CESPE/ASSISTENTE/CNPQ/2011) Sob a óptica da LRF, para a apuração


da receita corrente líquida, serão englobados os valores referentes a
receitas tributárias e de contribuições, incluídas aquelas advindas da
contribuição dos servidores para o custeio do seu sistema de previdência e
assistência social.

9. (CESPE/ANALISTA/DPU/2010) Com a edição da LRF, a LDO recebeu em


seu conteúdo uma série de novas e importantes atribuições. Essas
atribuições incluem definir as normas para o controle de custos e a
avaliação dos resultados dos programas financiados pelo orçamento.

10. (CESPE/AUDITOR/FUB/2009) A partir da LRF, os anexos de metas fiscais e


de riscos fiscais devem integrar o projeto de lei orçamentária anual.

11. (CESPE/ANALISTA/DPU/2010) Metas fiscais são valores projetados para o


exercício financeiro e que, depois de aprovados pelo Poder Legislativo,
servem de parâmetro para a elaboração e a execução do orçamento. Para
obrigar os gestores a ampliar os horizontes do planejamento, as metas
devem ser projetadas para os próximos três anos, isto é, o exercício a que
se referem e os dois seguintes.

12. (CESPE/CONTADOR/SEDUC-AM/2011) Independentemente de sua


inclusão na lei de diretrizes orçamentárias, a reserva de contingência pode
ser utilizada para abertura de créditos adicionais, compreendendo o
volume de recursos destinados ao atendimento de passivos contingentes e
de outros riscos, bem como os eventos fiscais imprevistos.

13. (CESPE/BBCERTIFICAÇÃO/2012) A programação orçamentária e o


cronograma de desembolsos devem preceder a publicação da LOA.

14. (CESPE/ANALISTA/FINEP/2009) Recursos legalmente vinculados à


finalidade específica permanecem vinculados, ainda que em exercício
diverso daquele em que ocorrer o ingresso.

15. (CESPE/ANALISTA/TJ-RO/2012) A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF)


prevê a limitação de empenho e movimentação financeira pelos Poderes e
pelo Ministério Público nos trinta dias subsequentes, se, ao final de um
bimestre, verificar-se que

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A o montante da dívida se apresenta superior ao limite imposto pela LRF.

B a realização da receita não ultrapassará a sua previsão.

C a execução da despesa ultrapassará os valores fixados na LOA.

D as metas de resultado primário e nominal estabelecidas para o exercício


não serão alcançadas, devido à redução da realização da receita.

E as despesas primárias são inferiores às receitas primárias.

16. (CESPE/ANALISTA/FINEP/2009) O Poder Executivo é responsável por


promover, de imediato, a limitação de empenho em todas as dotações da
lei orçamentária anual quando houver indícios de que a realização da
receita não comportará o cumprimento das metas de resultado primário.

17. (CESPE/ANALISTA/TCU/2007) A recomposição das dotações cujos


empenhos foram limitados dar-se-á de forma proporcional às reduções
efetivadas.

18. (CESPE/ANALISTA/MMA/2008) De acordo com a LRF, as despesas


destinadas ao pagamento do serviço da dívida não serão objeto de
limitação, ainda que se verifique, ao final de um bimestre, que a
realização da receita possa não comportar o cumprimento das metas de
resultado primário ou nominal estabelecidas no anexo de metas fiscais.

19. (CESPE/TÉCNICO/MPU/2010) Conforme dispõe a LRF, o estado ou


município que não promover a instituição, previsão e efetiva arrecadação
de todos os impostos de sua competência constitucional ficará
impossibilitado de receber transferências voluntárias da União.

20. (CESPE/TÉCNICO SUPERIOR/IPEA/2008) Afronta o conceito de


responsabilidade fiscal da receita o fato de, até a presente oportunidade, a
União não ter instituído o imposto sobre grandes fortunas.

21. (CESPE/CONTADOR/DETRAN-ES/2010) Para a definição da receita


orçamentária global, é obrigatória a utilização de recursos técnicos e
legais rigorosos, considerando-se os efeitos das alterações na legislação, a
variação do índice de preços, o crescimento econômico e a evolução da

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receita nos três anos anteriores ao da elaboração da proposta


orçamentária.

22. (CESPE/TÉCNICO/MIN. SAÚDE/2010) A renúncia de receita prevista na


LRF compreende remissão, subsídio, crédito presumido, concessão de
isenção em caráter não geral, alteração de alíquota ou modificação de
base de cálculo que implique redução discriminada de tributos ou
contribuições, e outros benefícios que correspondam a tratamento
diferenciado, mas não contempla as situações de anistia fiscal.

23. (CESPE/CONSELHEIRO/TCE-ES/2012) Nos termos da Lei de


Responsabilidade Fiscal, a concessão de benefício tributário do qual
decorra renúncia de receita do IPI deve estar acompanhada de estimativa
do impacto orçamentário-financeiro e da correspondente compensação.

24. (CESPE/ANALISTA/TRE-MT/2010) No caso de concessão ou ampliação de


incentivo ou benefício de natureza tributária da qual decorra renúncia de
receita, é facultado o acompanhamento de estimativa do impacto
orçamentário-financeiro no exercício em que deva iniciar sua vigência.

25. (CESPE/PROCURADOR/AGU/2010) De acordo com a LRF, a contratação de


serviços, por meio de licitação, que acarrete aumento de despesa deve vir
precedida de demonstrativo da estimativa do impacto orçamentário-
financeiro apenas do exercício em que deva entrar em vigor a referida
despesa, bem como da declaração de responsabilidade do ordenador de
despesa.

26. (CESPE/ADVOGADO/AGU/2008) É condição prévia para empenho e


licitação de serviços criados por ação governamental nova, a declaração
do ordenador da despesa de que o aumento tem adequação orçamentária
e financeira com todos os tipos de orçamentos.

27. (CESPE/ANALISTA/TRE-MT/2010) A despesa objeto de dotação específica


ou que esteja abrangida por crédito genérico é considerada compatível
com o plano plurianual e com a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).

28. (CESPE/ANALISTA/EBC/2011) Se uma lei municipal determinar, por


exemplo, a construção de um hospital público por período superior a dois

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exercícios financeiros, então as despesas correspondentes a essa obra


devem ser consideradas obrigatórias de caráter continuado.

29. (CESPE/ADVOGADO/AGU/2008) A revisão geral anual da remuneração de


servidores públicos é uma exceção à necessidade de que, para o aumento
da despesa, seja demonstrada a origem dos recursos para seu custeio.

30. (CESPE/ANALISTA/TJDFT/2008) A prorrogação de despesa criada por


prazo determinado não é considerada como aumento de despesa.

31. (CESPE/CONTADOR/AL-ES/2011) A lei de diretrizes orçamentárias deve


ser acompanhada das medidas de compensação a renúncias de receita e
ao aumento de despesas.

32. (CESPE/ANALISTA/TCU/2008) Para efeitos da LRF, a despesa total com


pessoal engloba o somatório dos gastos do ente da Federação com os
ativos, os inativos e os pensionistas, relativos a mandatos eletivos,
cargos, funções ou empregos, civis, militares e de membros de poder,
com quaisquer espécies remuneratórias, tais como vencimentos e
vantagens, fixas e variáveis, subsídios, proventos da aposentadoria,
reformas e pensões, inclusive adicionais, gratificações, horas extras e
vantagens pessoais de qualquer natureza, bem como encargos sociais e
contribuições recolhidas pelo ente às entidades de previdência.

33. (CESPE/ANALISTA/TJ-AC/2012) Para efeito de cálculo do limite de


pessoal, a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) permite que se desconte,
do total das despesas, os valores relativos à indenização por demissão de
servidores ou empregados, os incentivos à demissão voluntária e os
decorrentes de decisão judicial e da competência de períodos anteriores.

34. (CESPE/ANALISTA/SECGE-PE/2010) Os limites para as despesas com


pessoal do Poder Executivo e do Poder Legislativo terão de ser repartidos
em percentual da receita corrente líquida entre os seus órgãos, de forma
proporcional à média das despesas com pessoal.

35. (CESPE/AUDITOR/AUGE-MG/2009) Os tribunais de contas alertarão os


poderes ou órgãos relacionados na LRF quando constatarem que o
montante da despesa com pessoal ultrapassou 90% do limite autorizado.

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36. (CESPE/AUDITOR/AUGE-MG/2009) No caso de ultrapassagem do limite da


despesa com pessoal e não alcançada a redução no prazo estabelecido
pela legislação, o ente não poderá receber transferência voluntária.

37. (CESPE/CONTROLADOR/PREF. VITÓRIA/2008) De acordo com a LRF,


qualquer ato de prefeito municipal que resulte em aumento de despesa
com pessoal, expedido nos cento e oitenta dias anteriores ao final de seu
mandato, é nulo de pleno direito.

38. (CESPE/ANALISTA/MPU/2010) Transferência voluntária consiste na


entrega de recursos correntes ou de capital a outro ente da Federação, a
título de cooperação, auxílio ou assistência financeira, que não decorra de
determinação constitucional, legal ou os destinados ao Sistema Único de
Saúde (SUS).

39. (CESPE/ANALISTA/TRE-MA/2009) Segundo a Lei de Responsabilidade


Fiscal, entende-se por transferência voluntária a entrega de recursos
correntes ou de capital a outro ente da Federação, a título de cooperação,
auxílio ou assistência financeira, que não decorra de determinação
constitucional, legal ou destinada ao SUS. Uma das exigências para a
realização da transferência voluntária é

A o cumprimento dos limites constitucionais relativos à previdência social.

B o atendimento parcial do pagamento de pessoal ativo, inativo ou


pensionista dos entes da Federação.

C a prestação de contas detalhada da utilização dos recursos transferidos


em finalidade diversa da pactuada.

D a previsão orçamentária de contrapartida.

E a inexistência de despesas inscritas em restos a pagar.

40. (CESPE/ADMINISTRADOR/CEEE-RS/2004) A regra básica, que a LRF


estabelece para toda e qualquer destinação de recursos públicos ao setor
privado, é a previsão no orçamento ou em créditos adicionais.

41. (CESPE/PROCURADOR/TCE-RN/2003) Incluem-se no conceito de recursos


públicos para o setor privado a concessão de empréstimos,

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financiamentos e refinanciamentos, inclusive as respectivas prorrogações


e a composição de dívidas, a concessão de subvenções e a participação
em constituição ou aumento de capital.

42. (CESPE/CONSULTOR/SEFAZ-ES/2010) Salvo mediante lei específica, não


podem ser utilizados recursos públicos, inclusive de operações de crédito,
para socorrer instituições do Sistema Financeiro Nacional, ainda que
mediante concessão de empréstimos de recuperação ou financiamentos
para mudança de controle acionário.

43. (CESPE/ANALISTA/TRE-RN/2010) Para que a sociedade conheça e


acompanhe em tempo real a execução dos contratos públicos, o
lançamento e o recebimento de todas as receitas das unidades gestoras
devem ser disponibilizados em meios eletrônicos de acesso público, à
exceção dos recursos extraordinários.

44. (CESPE/ANALISTA/TRE-BA/2010) Os instrumentos de transparência,


relativos a planejamento, execução e controle da gestão fiscal incluem o
relatório resumido da execução orçamentária e o relatório de gestão fiscal.
Além disso, durante os processos de elaboração e discussão dos planos,
lei de diretrizes orçamentárias e orçamentos deve haver incentivo à
participação popular e realização de audiências públicas.

45. (CESPE/TÉCNICO/MIN. SAÚDE/2009) As contas apresentadas pelo chefe


do Poder Executivo ficam disponíveis, durante todo o exercício, no
respectivo Poder Legislativo e no órgão técnico responsável pela sua
elaboração.

46. (CESPE/ANALISTA/CNPQ/2011) Se um ente federativo deixar de publicar,


no prazo legal, relatório resumido de execução orçamentária, ficará
impossibilitado de receber transferências voluntárias e de contratar
operações de crédito, excetuando-se as destinadas ao refinanciamento do
principal atualizado da dívida mobiliária.

47. (CESPE/ANALISTA/EBC/2011) Caso determinado estado pretenda publicar


relatório resumido da execução orçamentária referente aos meses de maio
e junho, ele não estará obrigado a incluir o demonstrativo da variação

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patrimonial com a alienação de ativos e a aplicação dos recursos dela


decorrentes.

48. (CESPE/ANALISTA/TCE-AC/2009) A comparação das despesas com os


respectivos limites faz parte do relatório de gestão fiscal.

49. (CESPE/ASSISTENTE/CNPQ/2011) O Relatório de Gestão Fiscal divulga as


dívidas consolidada e mobiliária, a concessão de garantias e as operações
de crédito, exceto as advindas de antecipação de receita.

50. (CESPE/AUDITOR/SECONT-ES/2009) No último quadrimestre, o RGF será


acompanhado de demonstrativo das projeções atuariais dos regimes de
previdência social, geral e próprio dos servidores públicos.

51. (CESPE/OFICIAL/ABIN/2010) Incluem-se entre os instrumentos de


transparência da gestão fiscal o relatório resumido da execução
orçamentária, de periodicidade trimestral, e o relatório de gestão fiscal, de
periodicidade semestral.

52. (CESPE/ANALISTA/IBRAM-DF/2009) O Poder Legislativo, diretamente ou


com o auxílio dos tribunais de contas, e o sistema de controle interno de
cada poder e do Ministério Público, fiscalizarão o cumprimento das normas
da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

53. (CESPE/ANALISTA/TCU/2008) O TCU deve alertar imediatamente o Poder


Executivo, os órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário e o Ministério
Público da União, sempre que as despesas de pessoal excederem 95% do
limite autorizado na LRF.

54. (CESPE/AUDITOR/AUGE-MG/2008) Segundo a LRF, será dada ênfase na


fiscalização dos limites e condições para a realização de despesas de
exercícios anteriores.

55. (CESPE/ANALISTA/MPU/2010) A dívida pública mobiliária é representada


por títulos emitidos pela União, inclusive os do Banco Central do Brasil,
estados e municípios. Já a dívida pública consolidada ou fundada consiste
no montante total, apurado sem duplicidade, das obrigações financeiras
do ente da Federação, assumidas em virtude de leis, contratos, convênios

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ou tratados e da realização de operações de crédito, para amortização em


prazo superior a doze meses.

56. (CESPE/PROCURADOR/AGU/2007) Considere que na lei orçamentária


anual de 2006, além da previsão da receita e fixação da despesa, tenha
havido autorização para recebimento antecipado de valores provenientes
de venda a termo de bens imóveis pertencentes à União. Essa autorização
é inconstitucional por ferir o princípio orçamentário da exclusividade.

57. (CESPE/TÉCNICO/PGE-PA/2006) A LRF estabelece prazos e condições


rígidos para os entes que ultrapassarem os respectivos limites de
endividamento, sob pena de punições de natureza fiscal. Se verificado que
o ente ultrapassou os seus limites ao final de um quadrimestre, a estes
ele deverá retornar nos três quadrimestres seguintes, eliminando, pelo
menos, 25% do excesso já no primeiro período.

58. (CESPE/TÉCNICO/ANCINE/2006) Caso a dívida consolidada de um ente da


Federação ultrapasse o respectivo limite ao final de um quadrimestre,
deverá ser a ele reconduzida até o término dos três subsequentes,
reduzindo o excedente em pelo menos 25% no primeiro. Assim, ao longo
do período de excesso, o ente estará proibido de realizar operação de
crédito interna ou externa, inclusive por antecipação de receita,
ressalvado o refinanciamento do principal atualizado da dívida mobiliária.

59. (CESPE/ANALISTA/TST/2008) Para fins de cumprimento da chamada


regra de ouro da Lei de Responsabilidade Fiscal, computam-se também as
operações de crédito por antecipação de receitas, desde que liquidadas no
mesmo exercício em que forem contratadas.

60. (CESPE/ANALISTA/TCU/2004) A operação de crédito por antecipação da


receita orçamentária, proibida no último ano de mandato do presidente,
governador ou prefeito municipal, destina-se a atender insuficiência de
caixa durante o exercício financeiro e deve cumprir, entre outras
exigências, as seguintes: autorização em lei para a contratação;
liquidação até o dia dez de dezembro de cada ano; previsão na receita
orçamentária.

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61. (CESPE/PROCURADOR/BACEN/2009) De acordo com a Lei de


Responsabilidade Fiscal, o BACEN não pode receber em depósito as
disponibilidades de caixa da União.

62. (CESPE/TÉCNICO SUPERIOR/MEC/2003) As disponibilidades de caixa dos


regimes de previdência social, geral e próprio dos servidores públicos,
exceto quando vinculadas a fundos específicos a que se refere a
Constituição da República, ficarão depositadas em conta separada das
demais disponibilidades de cada ente e aplicadas nas condições de
mercado, com observância dos limites e condições de proteção e
prudência financeira.

63. (FCC/ANALISTA/TCE-SE/2011) É vedada a aplicação da receita de capital


derivada da alienação de bens e direitos que integram o patrimônio
público para o financiamento de despesa corrente, mesmo se destinada
por lei aos regimes de previdência social, geral e próprio dos servidores
públicos.

64. (CESPE/TÉCNICO/UNIPAMPA/2009) A Lei Orçamentária só incluirá novos


projetos após adequadamente atendidos aqueles em andamento e
contempladas as despesas de conservação do patrimônio público, nos
termos em que dispuser a Lei das Diretrizes Orçamentárias (LDO).

65. (FCC/ANALISTA/TRT-02/2008) Com relação à gestão patrimonial, a Lei da


Responsabilidade Fiscal prevê que

(A) as disponibilidades de caixa da União poderão ser depositadas em


instituição financeira privada, desde que sua remuneração exceda 6% ao
ano.

(B) as disponibilidades de caixa dos regimes de previdência social poderão


ser aplicadas em empréstimos para os próprios segurados, desde que haja
garantia real.

(C) a desapropriação de imóvel urbano, desde que o interesse público o


recomende, poderá ser feito sem prévia indenização em dinheiro ou
depósito judicial.

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(D) a aplicação de receita derivada da alienação de bens do ente da


Federação não poderá financiar qualquer tipo de despesas correntes.

(E) a empresa controlada por ente da Federação que firmar contrato de


gestão com este gozará de autonomia gerencial, orçamentária e
financeira.

66. (CESPE/ANALISTA/TJ-CE/2008) Atualmente, as contas prestadas pelos


chefes do Poder Executivo incluem também, destacadamente, as dos
presidentes dos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário e do chefe do
MP. No âmbito federal, o TCU emite pareceres prévios distintos, pois o
julgamento é de competência do Congresso Nacional.

67. (CESPE/ANALISTA/TCE-AC/2008) Os tribunais de contas emitirão parecer


prévio conclusivo sobre as contas no prazo de 60 dias do recebimento, se
outro não estiver estabelecido nas constituições estaduais ou nas leis
orgânicas municipais.

68. (CESPE/ANALISTA/TCE-AC/2008) A prestação de contas evidenciará o


desempenho da arrecadação em relação à previsão, destacando as
providências adotadas no âmbito da fiscalização das receitas e do
combate à sonegação, as ações de recuperação de créditos nas instâncias
administrativa e judicial, bem como as demais medidas para incremento
das receitas tributárias e de contribuições.

69. (CESPE/ANALISTA/TJ-RO/2012) Segundo a Lei de Responsabilidade Fiscal


(LRF), as contas prestadas pelos chefes do Poder Executivo incluem as
suas próprias contas e as contas

A dos presidentes de empresas públicas ligadas ao Poder Executivo.

B dos presidentes dos Poderes Legislativo e Judiciário.

C da primeira-dama.

D dos membros dos Poderes Legislativo e Judiciário.

E de seus secretários.

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QUESTÕES ADICIONAIS

70. (CESPE/ANALISTA/SEGER-ES/2009) Com as disposições da LRF, procura-


se preservar o equilíbrio entre receitas e despesas.

71. (CESPE/TÉCNICO SUPERIOR/IPAJM-ES/2010) Empresas estatais


dependentes são entidades nacionais ou supranacionais de cujo capital a
União detenha maioria.

72. (CESPE/ECONOMISTA/MIN. SAÚDE/2010) Os limites impostos pela LRF


atingem integralmente os órgãos da administração direta, autárquica e
fundacional em todos os níveis de governo, mas não são aplicáveis a
empresas estatais.

73. (CESPE/TÉCNICO SUPERIOR/IPAJM-ES/2010) Receita corrente líquida


corresponde ao total de receitas correntes deduzido das receitas de
capital.

74. (CESPE/ANALISTA/SAD-PE/2009) A RCL é apurada somando-se as


receitas arrecadadas no mês em referência e nos onze anteriores,
incluídas as duplicidades.

75. (CESPE/ASSESSOR/TCE-RN/2009) Em relação à limitação de empenho e


movimentação financeira, segundo critérios estabelecidos na LDO, não
serão objeto de limitação as despesas que constituam obrigações
constitucionais e legais do ente, inclusive aquelas destinadas ao
pagamento do serviço da dívida.

76. (CESPE/ANALISTA/TCE-AC/2009) O conteúdo da Lei de Diretrizes


Orçamentárias (LDO) é estabelecido em dispositivos da Constituição
Federal (CF) e, a partir de 2000, por meio da Lei de Responsabilidade
Fiscal (LRF). A LDO contém a reserva de contingência.

77. (CESPE/ECONOMISTA/MIN. SAÚDE/2010) No âmbito da União, a


mensagem que encaminhar o projeto de lei de diretrizes orçamentárias
deverá discriminar os objetivos das políticas nacionais de natureza
monetária, creditícia e cambial, bem como as metas de inflação, para o
exercício subsequente.

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78. (CESPE/PROCURADOR/TCE-ES/2009) No prazo de sessenta dias após a


publicação dos orçamentos, as receitas previstas deverão ser desdobradas
pelo Poder Executivo em metas semestrais de arrecadação, com a
especificação em separado, quando cabível, das medidas de combate à
evasão e à sonegação.

79. (CESPE/ANALISTA/FINEP/2009) Tão logo seja observada uma recuperação


na arrecadação da receita, as dotações que tenham sofrido limitação de
empenho devem ser integralmente recompostas.

80. (CESPE/ADMINISTRADOR/AGU/2010) De acordo com a lei de


responsabilidade fiscal, o Poder Executivo pode limitar o empenho e a
movimentação financeira dos Poderes Legislativo e Judiciário.

81. (CESPE/ANALISTA/DPU/2010) Constitui requisito essencial da


responsabilidade na gestão fiscal a instituição, previsão e efetiva
arrecadação de todos os tributos da competência constitucional do ente da
Federação.

82. (CESPE/ECONOMISTA/MIN. SAÚDE/2010) Nos termos da legislação em


vigor, a instituição, previsão e efetiva arrecadação de todos os tributos da
competência constitucional de cada ente da Federação é obrigatória.

83. (CESPE/ASSESSOR/TCE-RN/2009) É vedada a realização de transferências


voluntárias para o ente que não observe os requisitos essenciais da
responsabilidade na gestão fiscal em relação aos impostos de sua
competência constitucional.

84. (CESPE/ANALISTA/SAD-PE/2009) A concessão das renúncias de receita


não devem ser levadas em consideração na estimativa da lei orçamentária
quando se trata da concessão de crédito presumido, de acordo com a LRF.

85. (CESPE/INSPETOR/TCE-RN/2009) A LRF prevê a aplicação de restrições à


gestão de recursos públicos, ainda que o limite de despesas de pessoal
não tenha sido atingido.

86. (CESPE/ANALISTA/SAD-PE/2009) Em atendimento ao que dispõe a LRF,


os valores dos contratos de terceirização de mão de obra referentes à

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substituição de servidores e empregados públicos são contabilizados como


outras despesas de pessoal.

87. (CESPE/TEFC/TCU/2009) Se o aumento acentuado e inesperado do


número de matrículas na rede pública de ensino obrigar a administração a
efetuar a contratação de novos professores mediante terceirização, as
despesas daí decorrentes terão de ser enquadradas entre as despesas de
pessoal e computadas para efeito de cálculo do respectivo limite.

88. (CESPE/PROCURADOR/TCE-ES/2009) Na verificação do atendimento dos


limites definidos na LRF, para despesas com pessoal, devem ser
computadas despesas relativas a incentivos à demissão voluntária.

89. (CESPE/ANALISTA/SAD-PE/2009) Entre os gastos contabilizados no


montante da despesa bruta com pessoal, deve estar o destinado ao
pagamento de incentivos à demissão voluntária.

90. (CESPE/PROCURADOR/TCE-ES/2009) Segundo a LRF, a União não pode


realizar despesa com pessoal em percentual superior a 50% da receita
corrente líquida, nela incluídas as despesas de indenização por demissão
de servidores ou empregados.

91. (CESPE/PROCURADOR/TCE-ES/2009) A despesa total com pessoal será


apurada pela soma no mês em referência com as previstas para os onze
meses imediatamente subsequentes.

92. (CESPE/AUDITOR/AUGE-MG/2009) Os tribunais de contas alertarão os


poderes ou órgãos relacionados na LRF quando constatarem que o
montante da despesa com pessoal ultrapassou 90% do limite autorizado.

93. (CESPE/CONSULTOR/SEFAZ-ES/2010) Desde que devidamente justificada,


é permitida a utilização de recursos recebidos a título de transferências
voluntárias em finalidade diversa da pactuada.

94. (CESPE/CONSULTOR/SEFAZ-ES/2010) Para fins de aplicação das sanções


de suspensão de transferências voluntárias constantes na LRF, excetuam-
se aquelas relativas a ações de educação, saúde e assistência social.

95. (CESPE/PROCURADOR/TCE-RN/2003) Qualquer recurso público que,


direta ou indiretamente, destine-se a cobrir necessidades de pessoas

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físicas ou déficits de pessoas jurídicas deverá atender às condições


estabelecidas na LDO e estar previsto no orçamento ou em seus créditos
adicionais.

96. (CESPE/CONTADOR/PARANAPREVIDÊNCIA/2002) Na concessão de crédito


por ente da Federação a pessoa física ou jurídica que não esteja sob seu
controle direto ou indireto, os encargos financeiros, comissões e despesas
congêneres não serão inferiores aos definidos em lei ou ao custo de
captação, exceto quando existir autorização em lei específica.

97. (CESPE/TÉCNICO SUPERIOR/MMA/2003) São vedadas as prorrogações e


composições de dívidas decorrentes de empréstimos, financiamentos e
refinanciamentos concedidos com recursos dos orçamentos fiscal e da
seguridade social.

98. (CESPE/ASSESSOR/TCE-RN/2009) A liberação ao pleno conhecimento e


acompanhamento da sociedade, em tempo real, de informações
pormenorizadas acerca da execução orçamentária e financeira, em meios
eletrônicos de acesso público, é uma das formas de assegurar a
transparência da gestão fiscal.

99. (CESPE/PROCURADOR/TCE-ES/2009) É lícito aos entes da Federação


disponibilizar a qualquer pessoa física ou jurídica o acesso a informações
referentes ao lançamento e ao recebimento de toda a receita das unidades
gestoras, inclusive referentes a recursos extraordinários.

100. (CESPE/ANALISTA/SECGE-PE/2010) Os demonstrativos referentes ao


resultado primário e ao resultado nominal acompanharão o relatório de
gestão fiscal e as demonstrações contábeis do período.

101. (CESPE/CONTROLADOR/PREF. VITÓRIA/2008) A LRF obriga prefeitos e


governadores a emitirem, mensalmente, relatório de gestão fiscal,
contendo a despesa total com pessoal de cada unidade administrativa
vinculada ao respectivo poder público.

102. (CESPE/ANALISTA/SECGE-PE/2010) Acompanhará o relatório resumido da


execução orçamentária demonstrativo relativo à apuração da receita
corrente líquida, sua evolução, assim como a previsão de seu desempenho
até o final do exercício.

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103. (CESPE/ANALISTA/CNPQ/2011) Se um ente federativo deixar de publicar,


no prazo legal, relatório resumido de execução orçamentária, ficará
impossibilitado de receber transferências voluntárias e de contratar
operações de crédito, excetuando-se as destinadas ao refinanciamento do
principal atualizado da dívida mobiliária.

104. (CESPE/AUDITOR/SECONT-ES/2009) A não divulgação do RGF, nos prazos


e condições estabelecidos em lei, impedirá que o ente da federação receba
transferências voluntárias até que a situação esteja regularizada.

105. (CESPE/CONSULTOR/SEFAZ-ES/2010) O cumprimento das metas fiscais


deve ser acompanhado com base nas informações divulgadas no relatório
resumido da execução orçamentária e no relatório de gestão fiscal.

106. (CESPE/PROCURADOR/TCE-PE/2004) No conceito de responsabilidade


fiscal, se o estado de Pernambuco recebe antecipadamente valores
provenientes da venda a termo de bens, tal negócio não se caracteriza
como operação de crédito.

107. (CESPE/PROCURADOR/TCE-PE/2004) Se um estado ultrapassa os limites


de endividamento estabelecidos na LRF e nas resoluções do Senado
Federal, a única conseqüência verificada é a impossibilidade de contratar
mais empréstimos.

108. (CESPE/PROCURADOR/TCE-PE/2004) A dívida mobiliária pública é


composta de títulos públicos e de empréstimos tomados pelo poder
público.

109. (CESPE/PROCURADOR/TCE-PE/2004) Para efeitos legais, se um estado


celebra uma operação de arrendamento mercantil, estará fazendo uma
operação de crédito.

110. (CESPE/PROCURADOR/PGE-PE/2009) Não se admite a realização de


operações de crédito entre uma instituição financeira estatal e o ente da
Federação que a controle, na qualidade de beneficiário do empréstimo,
mesmo nos casos de aquisição de títulos da dívida pública para atender a
investimento de seus clientes.

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111. (CESPE/PROCURADOR/PGE-PE/2009) Em casos excepcionais, a pedido do


Poder Executivo e mediante justificativas apresentadas pelo Ministério da
Fazenda, o limite para concessão de garantias, pela União, pode ser
ampliado temporariamente, ultrapassando 60% da sua receita corrente
líquida.

112. (CESPE/PROCURADOR/PGE-PE/2009) A dívida decorrente da emissão de


títulos de responsabilidade do BACEN não deve ser incluída no montante
da dívida pública fundada da União.

113. (CESPE/PROCURADOR/PGE-PE/2009) A amortização da dívida pública e o


pagamento dos juros correspondentes são classificados como despesas de
capital.

114. (CESPE/PROCURADOR/PGE-PE/2009) Para fins de apuração da dívida


flutuante, são excluídos os restos a pagar.

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GABARITO

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
C E C E C C E E C E
11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
C E E C D E C C C C
21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
C E E E E C E E C E
31 32 33 34 35 36 37 38 39 40
E C C E C C E C D E
41 42 43 44 45 46 47 48 49 50
C C E C C C C C E E
51 52 53 54 55 56 57 58 59 60
E C C E C E C C E E
61 62 63 64 65 66 67 68 69 70
E E E C E E* E* E* B* C
71 72 73 74 75 76 77 78 79 80
E E E E C E C E E E
81 82 83 84 85 86 87 88 89 90
C E C E C C C E E E
91 92 93 94 95 96 97 98 99 100
E C E C C C E C C E
101 102 103 104 105 106 107 108 109 110
E C C C C E E E C E
111 112 113 114
C E E E

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