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O que compromete no tecido e órgão?

Macroscopia da medula e raízes. Na doença do neurônio motor há


alterações macroscópicas na medula espinal e raízes. A face anterior da medula é
reconhecível principalmente pela artéria espinal anterior, que a percorre na linha média.
Na DNM as raízes anteriores estão atróficas, e sua espessura contrasta
fortemente com as raízes posteriores, de espessura normal. O mesmo é possível
notar na cauda eqüina, onde raízes finas e grossas coexistem lado a lado.
As raízes anteriores, ou ventrais são motoras; a raiz posterior (dorsal) que possui
em seu trajeto um engrossamento ou gânglio espinhal é sensitiva.
No cérebro, em casos severamente afetados, é possível notar redução na
espessura do giro pré-central.
Plano de corte frontal
O giro pré-central direito comanda os músculos estriados esqueléticos do lado
oposto.
Nos quadros abaixo, comparamos cortes de tronco cerebral e medula espinal
de pacientes com esclerose lateral amiotrófica (à E) e normais à D. A idéia é
mostrar atrofia do trato córticoespinal nos vários segmentos. As imagens, tanto
de ELA, quando dos normais, são de vários pacientes e não foram obtidos exatamente
nos mesmos níveis.
O trato corticoespinhal ou trato piramidal é uma grande coleção de axônios que
viajam entre o córtex cerebral do cérebro e a medula espinhal. O trato
corticoespinhal é composto principalmente de axônios motores, constituindo o
componente voluntário da motricidade.

MESENCÉFALO

ELA Normal

No mesencéfalo, a degeneração do trato corticospinal é notada como discreta


palidez da mielina na porção média das bases do pedúnculo cerebral (setas),
que corresponde à posição anatômica deste trato. A porção mais medial é o trato
fronto-pontino, e a mais lateral é o trato têmporo-pontino. A foto à D é do mesmo corte,
com exagero no contraste para realçar a palidez da área degenerada.
PONTE

ELA Normal

Na ponte, a lesão da ELA é notada como diminuição de calibre e palidez dos tratos
corticospinais em seu trânsito pela base da ponte entre as fibras transversais, que conectam os
núcleos da base da ponte com o cerebelo via pedúnculo cerebelar médio.

ELA. Abaixo, cortes da parte alta da ponte mostrando redução do


diâmetro dos tratos córticospinais.
BULBO

ELA NORMAL
Cortes pela parte alta do bulbo mostrando no corte da E, de um caso de ELA, a
palidez da mielina nas pirâmides bulbares, que correspondem ao trato corticospinal.
Comparar com o lemnisco medial (fibras sensitivas), na linha média logo acima, e com
as pirâmides no corte de cérebro normal à D.

MEDULA ESPINAL

ELA NORMAL

Cortes pela medula espinal cervical. Há palidez da mielina dos tratos corticospinais
laterais (grandes, na porção posterior dos funículos laterais, junto aos cornos posteriores) e dos
tratos corticospinais anteriores (bem menores, junto do sulco mediano anterior). Notar que na
medula cervical os cornos anteriores são largos, devido ao grande número de neurônios motores
que inervam os membros superiores.

ELA NORMAL

Cortes pela medula espinal torácica. O nível é reconhecido pelo pequeno tamanho
dos cornos anteriores, já que há poucos músculos a serem inervados no tórax e o
número de motoneurônios é menor que nos níveis cervical e lombar. Aqui também há
palidez dos tratos corticospinais laterais e anteriores, nas mesmas localizações já
vistas na medula cervical.

ELA NORMAL

Cortes pela medula espinal lombar. No corte com ELA nota-se a palidez dos tratos
corticospinais laterais que, nesta altura, já estão muito reduzidos de diâmetro.

MICROSCOPIA

HE. Medula espinal. Os tratos corticospinais mostram


macrófagos com citoplasma claro contendo mielina degenerada.
Técnicas para mielina normal, comparando um trato normal à E (p. ex.,
funículo posterior) com um degenerado à D (trato corticospinal lateral).

Loyez. Os
axônios
mielínicos
cortados
transversalm
ente
aparecem
como
pequenos
círculos azuis
escuros. No
corte à D, há
poucos
axônios
remanescent
es.
LFB-Nissl.
Aqui, o
corante para
mielina é o
luxol-fast-blu
e, e a
contracoloraç
ão é cresil
violeta ou
tionina. A
diferença de
concentração
de axônios
mielínicos
também é
óbvia.

Técnicas para mielina degenerada.


Nos quadros abaixo, comparação entre técnicas para demonstrar degeneração da mielina nos
tratos corticospinais, que é secundária à perda dos axônios. Glóbulos de mielina degenerada são
fagocitados por células da micróglia que se transformam em macrófagos de citoplasma espumoso.
Aí podem ser demonstradas por técnicas para lípides neutros com o escarlate R ou sudão
vermelho, que coram a gordura em vermelho vivo. A mielina normal também se cora, mas
palidamente. Há também a técnica de Marchi para mielina degenerada, empregando tetróxido de
ósmio. Neste caso, a mielina degenerada se cora em negro.

LOYEZ SUDAM MARCHI


as áreas vermelhas revelam macrófagos com citoplasma
Em aumento forte,
abarrotado de lípides, que se coram pelo Sudam.

As pirâmides bulbares são acentuadas por fino


Método de Marchi para mielina degenerada.
pontilhado negro. Em aumentos mais fortes, os glóbulos de mielina degenerada que
aparecem em negro, corados pelo tetróxido de ósmio, encontram-se no citoplasma de
macrófagos.
Montagem
comparativa de
um corno anterior
normal (em cima) e
de um paciente com
ELA, ambos de
segmentos cervicais
da medula. Notar o
desaparecimento
quase total dos
neurônios e atrofia
dos poucos
restantes. Detalhes
nos quadros abaixo.
Comparação
entre
motoneurônio
normal à E, de
paciente
falecido por
outras
causas, e de
um caso de
ELA à D. O
neurônio
remanescent
e é muito
atrófico, e
pode nem
ter sido um
motoneurôni
o

Outro
exemplo,
em que o
neurônio à
D, também
de um caso
de ELA,
mostra
citoplasma
preenchido
por grânulos
azul escuros
(que se
coram por
luxol-fast-bl
ue), e
corresponde
ma
lipofuscina,
um
pigmento de
desgaste.

lipofuscina é um pigmento de desgaste habitualmente visto em células de vida longa que


não se dividem, como neurônios e miocardiócitos. A lipofuscina é originada em
lisossomos, organelas responsáveis pela digestão intracelular. podem ser sintoma de danos
na membrana, da mitocôndrias ou dos lisossomas.

Motoneurônios atróficos fotografados no mesmo aumento dos acima. Notar redução do


volume celular, nuclear e citoplasmático, picnose de alguns núcleos, perda dos corpúsculos de
Nissl, simplificação dos prolongamentos. Algumas células têm citoplasma levemente mais
pardacento devido ao acúmulo de lipofuscina. Na última foto, dois neurônios, normal e atrófico, em
montagem.

Músculos desnervados. A principal conseqüência da degeneração dos neurônios motores


periféricos na ELA é a atrofia das fibras musculares inervadas pelos mesmos. Nestes cortes de
parafina de material de autópsia de pacientes de ELA observa-se intensa variação de diâmetro das
fibras, tendo a maioria diâmetro muito pequeno em relação aos núcleos. Há tendência aos núcleos
agruparem-se em massas, conhecidas como grumos de núcleos. As fibras maiores pertencem a
unidades motoras cujos motoneurônios ainda não degeneraram, e sofrem hipertrofia
compensatória (ou vicariante).
● Fonte: http://anatpat.unicamp.br/bineuela2.html

● Imagens
https://tede2.pucrs.br/tede2/bitstream/tede/1709/1/443581.pdf

Diagrama contendo as principais hipóteses para a patogênese da doença

https://tede2.pucrs.br/tede2/bitstream/tede/1709/1/443581.pdf
- Mecanismo de ação do Riluzol
https://tede2.pucrs.br/tede2/bitstream/tede/1709/1/443581.pdf

A RM do cérebro na ELA também revela sinais anormais nas vias motoras do córtex motor
para o tronco cerebral, sendo a descoberta mais caraterística a hiperintensidade do trato
corticoespinhal e fluidos de recuperação de inversão atenuada

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