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Professora Sílvia Cláudia Marques Lima

CONCEITO DE RESENHA

• DEFINIÇÃO: A resenha – também conhecida como crítica – é um texto


geralmente jornalístico, de opinião, que procura fazer uma avaliação
elogiosa, construtiva ou negativa de um objeto sociocultural, como um
show, um DVD, um filme, um espetáculo, um livro, etc.

• Sua estrutura divide-se em duas partes, sendo a primeira um pequeno


resumo ou visão geral do autor do objeto avaliado. Na segunda
parte, o resenhista desfila sua crítica, com critério e impessoalidade.
RESENHA - TIPOLOGIA

• Informativa ou descritiva: apenas expõe o conteúdo do texto. O


enfoque está na obra. O resenhista não aprofunda a análise do texto,
limitando-se a narrar a estrutura do mesmo.

Crítica: expõe o conteúdo e tece uma


análise profunda do pensamento
teórico do autor.
Faz relação do conteúdo do texto
com a produção teórica da área.
Explicita juízo de valor sobre a
qualidade do texto.

Crítico-informativa: Apresenta a obra ao mesmo tempo tecendo


comentários críticos sobre esta.
Requisitos Básicos
Salvador (1979, p. 139) aponta alguns requisitos para a
elaboração de uma resenha:

a) Conhecimento completo da obra;


b) Competência na matéria;
c) Capacidade de juízo de valor;
d) Fidelidade ao pensamento do autor.
RESENHA DE TEXTO
Objetivo: elaborar comentários sobre um texto para publicação ou
divulgação.

Formatação: A resenha inicia-se com a abertura de um cabeçalho onde


transcreve-se os dados bibliográficos completos da obra resenhada.

Estrutura da resenha:
 Introdução – Exposição sintética do conteúdo do texto.
Apresentação de sua estrutura.
 Desenvolvimento – Análise temática. Apresenta ideias principais,
argumentos, etc.
 Conclusão – Comentário sobre o texto. Faz-se uma avaliação da
obra que se resenhou.
Modelo de Resenha
AUTOR (SOBRENOME);
Nome. Título da Obra; n da edição; local de edição; editora e ano de
publicação.

Credenciais do autor:
Quem é? Títulos. De onde é? Onde faz pesquisa? Onde leciona? O que
publicou? Qual sua área/linha de pesquisa?

Resumo da obra: De que trata a obra? Qual sua característica principal?


Qual a perspectiva de tratamento do tema? Qual o problema focalizado?
Qual o objetivo do autor? Descrição do conteúdo.
ASPECTOS QUE
PODEM SER
ANALISADOS
Resenha Crítica
Apreciação do resenhista:
 Qual a contribuição da obra para a área?
 Qual sua coerência interna?
 Qual a originalidade do texto?
 Qual o alcance do texto?
 Qual a relevância do texto?
 A conclusão está apoiada em argumentos/fatos?

Indicações do Resenhista

 A quem é dirigida a obra? Exige conhecimento mais aprofundado do


assunto? Linguagem é acessível?
1° parágrafo: cabeçalho (Informações técnicas da obra: Título, autor ou diretor,
editora, cidade, duração p/ filme );
2° parágrafo- resumo da obra:

3°, 4°, 5°... parágrafos- analisando: (Cada item em um parágrafo diferente)


• Identificar os pontos positivos e negativos da obra;
• Como é a linguagem empregada e que tipo de público deseja atingir?
• Quais os pontos que mais chamaram sua atenção; quê?
• Qual o contexto histórico e social abordado; mesmo autor);
• Quais as mensagens subliminares;
Exercitando...
 O Diário de uma garota (Record, Maria Julieta Drummond de
Andrade) consiste em um texto que comove de tão bonito. Nele o leitor encontra o
registro amoroso e miúdo dos pequenos nadas que preencheram os dias de uma
adolescente em férias, no verão antigo de 41 para 42.

Acabados os exames, Maria Julieta começa seu diário, anotado em um


caderno de capa dura que ela ganha já usado até a página 49. É a partir daí que o
espaço é todo da menina, que se propõe a registrar nele os principais
acontecimentos destas férias para mais tarde recordar coisas já esquecidas.
 O resultado final dá conta plena do recado e ultrapassa em muito a
proclamada modéstia do texto que, ao ser concebido, tinha como destinatária
única a mãe da autora, a quem o caderno deveria ser entregue quando acabado.
 E quais foram os afazeres de Maria Julieta naquele longínquo verão?
Foram muitos, pontilhados de muita comilança e de muita leitura:
cinema, doce-de-leite, novena, o Tico-Tico, doce-de-banana, teatrinho,
visita, picolés, missa, rosca, cinema de novo, sapatos novos de camurça
branca, o Cruzeiro, bem-casados, romances franceses, comunhão,
recorte de gravuras, espiar casamentos, bolinho de legumes, festas de
aniversário, Missa do galo, carta para a família, dor-de-barriga, desenho
de aquarela, mingau, indigestão ... Tudo parecia pouco para encher os
dias de uma garota carioca em férias mineiras, das quais regressa
sozinha, de avião.
Tantas e tão preciosas evocações resgatam do esquecimento um modo de
vida que é hoje apenas um dolorido retrato na parede. Retrato, entretanto, que,
graças à arte de Julieta, escapa da moldura, ganha movimentos, cheiros, risos e
vida.
O livro, no entanto, guarda ainda outras riquezas: por exemplo, o tom
autêntico de sua linguagem, que, se comprometeu sua autora, evita as pompas,
guarda, no entanto, o sotaque antigo do tempo em que os adolescentes que
faziam diários dominavam os pronomes cujo / a / os / as, conheciam a
impessoalidade do verbo haver no sentido de existir e empregavam, sem
pestanejar, o mais-que-perfeito do indicativo quando de direito ...
Outra e não menor riqueza do livro é o acerto de seu projeto
gráfico, aos cuidados de Raquel Braga. Aproveitando para
ilustração recortes que Maria Julieta pregava em seu diário e
reproduzindo na capa do livro a capa marmorizada do caderno,
com sua lombada e cantoneiras imitando couro, o resultado é um
trabalho em que forma e conteúdo se casam tão bem casados
que este Diário de uma garota acaba constituindo uma grande
festa para seus leitores.
 Marisa Lajolo - Jornal da Tarde, 18 jan. 1986.
 O texto é uma resenha crítica, pois nele a resenhadora apresenta
um breve resumo da obra, mas também faz uma apreciação do
seu valor (exemplo, 1º período do 1º parágrafo, 3º parágrafo).

Ao comentar a linguagem do livro (6º parágrafo), emite um juízo de


valor sobre ela, estabelecendo um paralelo entre os adolescentes
da década de 40 e os de hoje do ponto de vista da capacidade de
se expressar por escrito. No último parágrafo comenta o projeto
gráfico da obra e faz uma apreciação a respeito dele.
Resumo X Resenha

São Iguais?
RESUMO
• É uma apresentação sintética e seletiva das ideias de um
texto, ressaltando a progressão e articulação delas. Nele deve
aparecer as principais ideias do autor no texto (Medeiros, 2005).

• O resumo tem por objetivo dar uma visão rápida ao leitor, para
que ele possa decidir sobre a conveniência da leitura do texto
inteiro.
Características do Resumo
• Redigido em linguagem objetiva;

• Não há repetição de frases inteiras do original;

• Respeita a ordem em que as ideias ou fatos são apresentados.

Atenção: Não apresenta juízo de valor


RESENHA

 Também chamada de recensão ou análise bibliográfica.

 É um tipo de resumo crítico, contudo mais abrangente: permite


comentários e opiniões, incluindo julgamento de valor, comparações
com outras obras da mesma área e avaliação da obra (Andrade apud
Medeiros, 2005);

 É uma síntese (não é resumo) ou comentário de obras


publicadas.
PASSOS PARA ELABORAR UM RESUMO:
 Compreender as partes essenciais do texto
1º. Leia o texto inteiro ininterruptamente e responda: do que o
texto trata?

2º. Releia o texto e compreenda melhor o significado das


palavras difíceis. Recorra ao dicionário se necessário.

 Identifique o sentido de frases mais complexas;


 Faça um glossário do texto para agilizar sua leitura;
 Estabeleça a progressão em que as partes do texto se
sucedem
 A correlação entre cada uma dessas partes
Exercitando a Resenha...
1001 discos para ouvir antes de morrer
Livro compensa pela ampla seleção, que vai do glam ao synth-pop

O nome do livro não é dos mais surpreendentes. 1001 Discos


Para Ouvir Antes de Morrer, catatau de 960 páginas, entra na esteira de
publicações que elegem os melhores filmes para assistir e lugares para
conhecer antes de bater as botas. Apesar do nome inspirar certa
desconfiança, a proposta é honesta: reunir 90 críticos e jornalistas
musicais para peneirar os lançamentos essenciais da música nos últimos
50 anos. O livro foi lançado no Brasil pela Sextante, em tradução para o
português de Portugal, e tem edição geral de Robert Dimery.
• O tratamento gráfico é vistoso, bem caprichado. A capa é
ilustrada com uma foto de Sid Vicious - ex-baixista dos Sex Pistols
- em um de seus arroubos de estrelismo, e as páginas internas
são recheadas por imagens de discos e de artistas fazendo poses.

• A divisão do livro é feita por décadas, e cada início de capítulo traz


pequenas pílulas de contextualização história, informando alguns dos principais
acontecimentos daqueles anos. Assim como toda lista de melhores filmes
sempre trará Cidadão Kane no topo, espere muitas obviedades, como uma
overdose de Beatles, Radiohead e a presença de brasileiros como Caetano
Veloso e Mutantes. Mas num geral, a coletânea é coerente e equilibrada,
lembrando o trabalho de gente como o Einsturzende Neubaten e Missy Elliot, por
exemplo.
O PIANISTA
Baseado em fatos reais, O Pianista, filme escrito e dirigido pelo cineasta Roman
Polanski, narra a história de um pianista polonês judeu que, contando com a sorte, por
meio de uma série de coincidências e com muita obstinação, consegue sobreviver ao
massacre de seu povo pelos alemães, nos guetos e nas ruas de Varsóvia, durante a 2ª
Grande Guerra.

O que faz dessa película especial está na abordagem peculiar de situar a crueldade

de determinadas cenas. Momentos em que a condição de violência e humilhação a

qual o povo judeu fora submetido. Retratada de forma tão direta e crua. Tamanha

crueldade filmada por Polanski parece não está em um contexto cinematográfico.

Como se não tivesse sido preparada. A cena é seca, surpreendente, naturalizada, sem

propósito, conforme o fora concebida e implementada pelos nazistas.


O PIANISTA
Em um primeiro momento, a abordagem coletiva, engloba o drama geral para a
população de judeus; nos dois terços finais, o diretor desloca o centro para um
drama individual, em que se assiste abismado um ser humano se tornar um farrapo,
representado pelo ator Adrien Brody. O personagem busca sobreviver àquela
insensata perseguição.
Entretanto, o personagem central assume uma posição dúbia: mesmo
indignado, abandona lutas coletivas de resistência. Tenta uma sua saída e de sua
família, no entando os seus morrem nos campos de concentração. Não há como
culpar as opções individuais em meio ao caos. Polanski não instaura um relativismo
de isenção absoluta. Deixa dúvidas sobre as possibilidades de julgar as opções
subjetivas em meio a tamanho conflito social.
O PIANISTA
O conflito entre a arte e a guerra surge de forma esplêndida.
O pianista utiliza sua notoriedade artística para estabelecer uma rede
de solidariedades que o ajudaram enquanto foi possível.
Há duas cenas centrais, no que se refere ao papel da arte: um
momento em que o ator protagonista toca imaginariamente um
piano, já que deveria se manter em silêncio. A segunda quando ao
tocar piano para o oficial alemão, como se sua arte estivesse no
último recôndito de dignidade. A arte, em última instância, revela-se
o baluarte da dignidade humana.
O PIANISTA
O ponto central na abordagem do diretor consite no fato de que, mesmo com
um final esperado (o “herói” se salva). As questões que permeiam o filme não
encontram respostas lineares e fáceis, instando a sociedade a pensar nos
caminhos possíveis para evitar os conflitos de guerra, que acabam por instaurar
a irracionalidade, tornar as pessoas não em humanos, mas em bichos em busca
da sobrevivência.
Enfim, O Pianista, aborda a coragem de reler feridas já tão remexidas, com
originalidade, profundidade e veemência. Esse filme constitui um alerta e um
épico de esperança para que a humanidade não se esqueça que em uma guerra
são pessoas comuns que perdem suas vidas. Humanos inocentes dos ardis de
poderosos e seus projetos de controle mundial.

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