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Avaliação Qualitativa de Riscos Químicos

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Me. Fernanda Anraki Vieira

Revisão Textual:
Prof.ª Esp. Kelciane da Rocha Campos
Avaliação Qualitativa de Riscos Químicos

Fonte: Getty Images


Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos:
• Kit Internacional de Ferramentas de Controle Químico –
International Chemical Control Toolkit (ICCT);
• Metodologia;
• Fichas de Controle;
• Exemplo.

Objetivos
• Capacitar para aplicar a metodologia de avaliação qualitativa de riscos químicos baseada
na abordagem ICCT.

Caro Aluno(a)!

Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl-
timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.

Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.

No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões


de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e
auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados.

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de
troca de ideias e aprendizagem.

Bons Estudos!
UNIDADE
Avaliação Qualitativa de Riscos Químicos

Contextualização
A Norma Regulamentadora 15 (NR-15), que trata das atividades e operações
insalubres, em seus anexos 11, 12 e 13, relaciona os agentes químicos e ativi-
dades e operações envolvendo agentes químicos que podem ocasionar danos à
saúde dos trabalhadores. Os anexos 11 e 12 são de caráter quantitativo, enquanto o
anexo 13 é qualitativo (BRASIL, 2014).

Se os agentes químicos relacionados nos anexos 11 e 12 são quantitativos, por que


fazer a avaliação qualitativa?

A metodologia da avaliação qualitativa de riscos químicos complementa os métodos


tradicionais de controle e avaliação de riscos químicos.

Por exemplo, imagine um ambiente de trabalho no qual existe uma concentração aci-
ma do limite de tolerância de poeira mineral. De acordo com a abordagem tradicional,
a poeira mineral é quantitativa; logo, é necessário proceder sua medição. Ao realizar o
levantamento quantitativo, verificar-se-ia um ambiente insalubre. Após essa verificação,
seria necessário proceder às modificações deste ambiente de modo a reduzir a concen-
tração do agente químico. Em seguida, dever-se-ia proceder a uma nova medição, para
assegurar que as medidas de controle implantadas foram suficientes para adequação do
ambiente de trabalho.

Em complemento à abordagem tradicional, ao invés de se proceder a avaliação quan-


titativa, realizar-se-ia a avaliação qualitativa. Os resultados da avaliação qualitativa já
indicariam a necessidade de adoção de medidas de controle. Logo, somente após a ado-
ção destas medidas, seria realizada a avaliação quantitativa para garantir a eficácia das
mesmas. A avaliação qualitativa, neste caso, reduziria custos, visto que seria necessária
uma medição e não duas.

Confuso(a)? Não se preocupe! É uma metodologia simples e fácil de ser apli-


cada, que poderá auxiliá-lo(a) em diversas situações que envolvam a exposição
ocupacional a agentes químicos.

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Kit Internacional de Ferramentas de
Controle Químico – International Chemical
Control Toolkit (ICCT)
O Kit Internacional de Ferramentas de Controle Químico, do inglês International
Chemical Control Toolkit (ICCT), foi desenvolvido pela Associação Internacional de
Higiene Ocupacional (IOHA), como uma contribuição ao Programa Internacional de Se-
gurança Química (IPCS), que envolve a OIT (Organização Internacional do Trabalho), a
OMS (Organização Mundial da Saúde) e o PNUMA (Programa das Nações Unidas para
o Meio Ambiente) (BRASIL, 2012).

A abordagem adotada no ICCT foi desenvolvida para avaliar a exposição ocupacio-


nal oriunda do uso de produtos químicos nas formas de líquidos ou pós. Logo, uma das
limitações desta ferramenta é a avaliação de outras formas de agentes químicos, por
exemplo gases resultantes de processos ou formados acidentalmente (BRASIL, 2012).

A abordagem ICCT é considerada como um instrumento complementar para a pre-


venção de riscos químicos e deve ser utilizada no contexto de programas abrangentes de
prevenção e controle. O ICCT original, em inglês, encontra-se disponível gratuitamente
na internet, e o Ministério do Trabalho no Brasil, através da Fundacentro, publicou uma
adaptação desta ferramenta com o título: Avaliação Qualitativa de Riscos Químicos:
orientações básicas para o controle da exposição a produtos químicos (BRASIL, 2012),
abordada nesta unidade.

Saiba mais sobre a origem do ICCT em: http://bit.ly/2I9R2xA

Metodologia
O processamento e manuseio inadequado de substâncias químicas dá origem a riscos
nos ambientes de trabalho. O ICCT ensina como manusear produtos químicos sólidos ou
líquidos com segurança, desde que o material em questão tenha sido classificado de acor-
do com as frases R (ou com o GHS) e o resultado apareça na FISPQ (Ficha de Informação
de Segurança de Produtos Químicos) ou no rótulo do produto. Ainda que a abordagem
ICCT não se aplique às poeiras e aos fumos gerados durante os processos, muitas das
soluções apresentadas podem ser utilizadas para controlá-los (BRASIL, 2012).

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UNIDADE
Avaliação Qualitativa de Riscos Químicos

A metodologia ICCT está dividida em 5 etapas, conforme a Figura 1:

Etapa 1 Determinação da toxidade do produto (classificação pelas frases R ou pelo GHS)

Etapa 2 Determinação da quantidade utilizada

Etapa 3 Determinação da propagação no amibiente

Etapa 4 Determinação da Medida de Controle adequada

Etapa 5 Determinação das Fichas de Controle específicas

Figura 1 – Etapas da abordagem ICCT


Fonte: Adaptado de BRASIL, 2012

O objetivo é seguir as etapas para preencher o Questionário de Verificação, exposto


na Figura 2.

Figura 2a – Questionário de verificação


Fonte: BRASIL, 2012

Figura 2b – Questionário de verificação


Fonte: BRASIL, 2012

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Figura 2c – Questionário de verificação
Fonte: BRASIL, 2012

Figura 2d – Questionário de verificação


Fonte: BRASIL, 2012

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UNIDADE
Avaliação Qualitativa de Riscos Químicos

Etapa 1 – Alocação do fator de risco


As substâncias químicas podem causar efeitos variados ao organismo. Sendo assim,
as mesmas foram divididas em seis grupos, sendo que cinco destes grupos (A, B, C, D e
E, em que A são as menos perigosas e E as mais perigosas) estão relacionados aos da-
nos à saúde causados pela inalação ou ingestão destas substâncias. Existe ainda o grupo
S, que relaciona as substâncias que podem causar danos à saúde quando em contato
com os olhos e pele (BRASIL, 2012).

A primeira etapa da avaliação qualitativa de riscos químicos consiste na determinação


do perigo que a substância química analisada fornece. Esta alocação do fator de risco geral-
mente ocorre através de Ficha de Informação de Segurança do Produto Químico – FISPQ.

O passo a passo para a alocação do fator de risco consiste em:


• Verificar se a substância está alocada no Quadro 1;

Quadro 1 – Alocação do fator de risco para solventes comuns


Substância Categoria Volatilidade1
Acetona AeS Média
Acetato de Butila AeS Média
Diesel BeS Baixa
Acetato de Etila AeS Média
Hexano BeS Média
Álcool Isopropílico AeS Média
Metanol CeS Média
Metil-etil-cetona AeS Média
Metil-isobutil-cetona BeS Média
Parafina (Querosene) AeS Baixa
Percloroetileno CeS Média
Petróleo BeS Alta
Toluene BeS Média
Tricloroetileno CeS Média
Éter de Petróleo (C7-C12) BeS Baixa
Xileno AeS Média
1
Quando se trabalha em temperatura ambiente.
Fonte: BRASIL, 2012

• Se a substância estiver alocada no Quadro 1, marcar na “alocação do fator de risco


de acordo com a(s) frase(s) R” (Figura 3) do questionário de verificação, as catego-
rias encontradas;

Figura 3 – Parte do questionário de verificação


Fonte: BRASIL, 2012

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• Se a substância não estiver alocada no Quadro 1, verificar se a substância é um pesticida;
• Se a substância for um pesticida, marcar que o produto em questão é um pesticida no
questionário de verificação (Figura 4) e se dirigir às Fichas de Controle P100 a P104.

Figura 4 – Parte do questionário de verificação


Fonte: BRASIL, 2012

• Se a substância não for um pesticida, verificar se a substância está alocada no


Quadro 2. Escolhe-se um grupo de A a E, tendo certeza de combiná-los com as
frases R, que estão na FISPQ do produto. As mesmas podem estar isoladas ou em
combinação com outras, indicadas com o símbolo ‘/’ entre os números. É preciso
verificar se também estão alocadas no grupo S. As categorias encontradas devem
ser marcadas no questionário de verificação (Figura 3).

Quando alguma substância apresentar mais de uma categoria de A a E, deve-se marcar a


categoria que expressa o maior potencial de causar danos à saúde.

Quadro 2 – Alocação do fator de risco de acordo com as frases R ou GHS


Grupo Frases R GHS
R36; R36/38; R38; R65; R6.
Toxicidade aguda (letalidade), qualquer rota, classe 5.
Todas as substâncias cuja frase R não está
Irritabilidade da pele classes 2 ou 3.
A alocada nos grupos B-E.
Irritabilidade dos olhos classe 2.
Todas as poeiras e os vapores não alocados em
Todas as poeiras e os vapores não alocados nos grupos B-E.
outras bandas.
R20/; R20/21; R20/21/22; R20/22; R21; R21/22;
R22; R40/20/21/22. Toxicidade aguda (letalidade), qualquer rota, classe 4.
B
R33. Toxicidade aguda (sistêmica), qualquer rota, classe 2.
R67.
Toxicidade aguda (letalidade), qualquer rota classe 3.
R23; R23/24; R23/24/25; R23/25; R24; R24/25;
Toxicidade aguda (sistêmica), qualquer rota classe 1.
R25.
Corrosividade, subclasses 1A, 1B ou 1C.
R34; R35; R36/37; R36/37/28; R37; R37/38;
Irritabilidade dos olhos, classe 1.
C R39/23/24/25.
Irritabilidade do sistema respiratório (critério GHS a ser
R41; R43.
acordado).
R48/20; R48/20/21; R48/20/21/22; R48/20/22;
Sensibilização da pele.
R48/21; R48/21/22; R48/22.
Toxicidade da exposição repetida, qualquer rota, classe 2.
R26; R26/27; R26/27/28; R26/28; R27; R27/28;
R28.
Toxicidade aguda (letalidade), qualquer rota, classes 1 ou 2.
R39/26/27/28.
Carcinogenicidade classe 2.
D R40 Carc cat 3.
Toxicidade de exposição repetida, qualquer rota, classe 1.
R48/23; R48/23/24; R48/23/24/25; R48/23/25;
Toxicidade reprodutiva classes 1 ou 2.
R48/24; R48/24/25; R48/25.
R60; R61; R62; R63; R64.

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UNIDADE
Avaliação Qualitativa de Riscos Químicos

Grupo Frases R GHS


Mutagenicidade classes 1 ou 2.
Muta cat 3 R40; R42; R45; R46; R49.
E Carcinogenicidade classe 1.
R68.
Sensibilização respiratória.
R21; R20/21; R20/21/22; R21/22; R24; R23/24;
R23/24/25; R24/25; R27; R26/27; R26/27/28;
Toxicidade aguda (letalidade), somente pele, classe 1, 2, 3 ou 4.
R27/28.
Toxicidade aguda (sistêmica), somente pele, classes 1 ou 2.
R34; R35; R36; R36/37; R36/38; R36/37/38;
Corrosividade, subclasses 1A, 1B, ou 1C.
R38; R37/38; R39/24; R39/27.
S Irritação cutânea classe 2.
R40/21; R41; R43; R42/43.
Irritação dos olhos classes 1 ou 2.
R48/21; R48/20/21; R48/20/21/22; R48/21/22;
Sensibilização da pele.
R48/24; R48/23/24; R48/23/24/25; R48/24/25;
Toxicidade da exposição repetida, somente pele, classes 1 ou 2.
R66.
Sk
Fonte: BRASIL, 2012

Etapa 2 – Quantidade utilizada


Quanto maior a quantidade utilizada de uma substância química, maior a probabi-
lidade de ocorrência de danos à saúde dos indivíduos expostos. Logo, para estimar a
quantidade utilizada no processo avaliado, utiliza-se o Quadro 3 (BRASIL, 2012).

Quadro 3 – Determinação da quantidade utilizada


Sólidos Líquidos
Quatidade Embalagem Quantidade Embalagem
Pequena Gramas Pequenos recipientes Mililitros Garrafas
Média Kilogramas Sacas ou tambores Litros Tambores
Grande Toneladas Caminhões Metros cúbicos Caminhões
Fonte: BRASIL, 2012

Na dúvida, escolha a maior quantidade.

A quantidade encontrada deve ser anotada no questionário de verificação (Figura 5).

Figura 5 – Parte do questionário de verificação


Fonte: BRASIL, 2012

Etapa 3 – Propagação no ambiente


A forma física da substância química determina como a mesma se dispersa no am-
biente, sendo a dispersão determinada pela volatilidade, no caso de líquidos, e pela
quantidade de poeira, no caso de sólidos (BRASIL, 2012).

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• Se a substância química analisada for líquida, e as tarefas executadas à temperatura
ambiente (sem aquecimento), a volatilidade é determinada de acordo com o Quadro 4.

Quadro 4 – Determinação de volatilidade (trabalhos realizados em temperatura ambiente)


Volatilidade alta Ponto de ebulição menor que 50ºC
Volatilidade média Ponto de ebulição entre 50ºC e 150ºC
Volatilidade baixa Ponto de ebulição maior que 150ºC
Fonte: BRASIL, 2012

• Se a substância química analisada for líquida, e as tarefas executadas acima da


temperatura ambiente, a volatilidade deve ser determinada consultando-se a Figura
6, tendo conhecimento do ponto de ebulição do produto e da temperatura de ope-
ração. Deve-se localizar o ponto de convergência entre a temperatura de ebulição
(linhas horizontais) e a temperatura do processo (linhas verticais).

400
Volatividade
350 baixa
Volatividade média
300
Ponto de ebulição do líquido (ºC)

250

200

150
Volatividade alta
100

50

0
25 50 75 100 125 150 175 200

Temperatura de operação (ºC)


Figura 6 – Determinação da volatilidade de líquidos para trabalhos realizados acima da temperatura ambiente

Se o ponto de cruzamento dos dados se situar em cima das linhas divisórias, escolher a
volatilidade mais alta.
Se a FISPQ apresentar mais de um valor de ponto de ebulição para o produto, deve-se sem-
pre utilizar o de valor mais baixo.
Se a tarefa exigir vários níveis de temperatura, utilizar sempre a mais alta.
Se houver mistura de uma ou mais substâncias, considerar a de menor ponto de ebulição.

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UNIDADE
Avaliação Qualitativa de Riscos Químicos

• Se a substância química analisada for sólida, a propagação é determinada de acor-


do com o Quadro 5.
Quadro 5 – Determinação da quantidade de poeira produzida
Poeiras finas e leves
Empoeiramento alto Quando manipulados, observa-se formação de nuvens de poeira
que ficam muitos minutos no ar (cimento, pó de giz, carvão).
Sólidos granulares e cristalinos
Empoeiramento médio Quando manipulados, vê-se a poeira que logo se deposita
(sabão em pó).
Escamas grandes ou grânulos grossos
Empoeiramento baixo Quando manipulados, produzem pouca poeira (grânulos de PCV
ou flocos de cera)
Fonte: BRASIL, 2012

A quantidade encontrada deve ser anotada no questionário de verificação (Figura 7).

Figura 7 – Parte do questionário de verificação


Fonte: BRASIL, 2012

Etapa 4 – Como Encontrar a Medida de Controle Correta


Com as informações das etapas 1 a 3, a medida de controle adequada será localiza-
da através da Tabela 1. Na Tabela 1, as linhas correspondem à quantidade utilizada do
produto e as colunas correspondem à volatilidade ou ao empoeiramento. O cruzamento
de linha e coluna fornecerá um número que indica a medida de controle a ser adotada
(BRASIL, 2012).

Tabela 1 – Identificação da medida de controle


Baixa Alta
Quatidade Média Médio
volatilidade/ volatilidade/
utilizada volatilidade empoeiramento
empoeiramento empoeiramento
Grupo A
Pequena 1 1 1 1
Média 1 1 1 2
Alta 1 1 2 2
Grupo B
Pequena 1 1 1 1
Média 1 2 2 2
Alta 1 2 3 3
Grupo C
Pequena 1 2 1 2
Média 2 3 3 3
Alta 2 4 4 4

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Baixa Alta
Quatidade Média Médio
volatilidade/ volatilidade/
utilizada volatilidade empoeiramento
empoeiramento empoeiramento
Grupo D
Pequena 2 3 2 3
Média 3 4 4 4
Alta 3 4 4 4
Grupo E
Para todos os produtos do Grupo E, optar pela Medida de Controle 4
Fonte: BRASIL, 2012

Os números 1 a 4 apresentados na Tabela 2 indicam diferentes níveis de ação e con-


trole que devem ser implementados no local de trabalho para prevenir ou minimizar a
exposição a agentes químicos, demonstrados na Figura 7.

Tabela 2
Vetilação Geral
1 Medidas básicas de ventilação geral e boas Menor redução da exposição
práticas de trabalho.

Controle de Engenharia
2
Sistemas típicos de ventilação local exaustora.

Enclausuramento
3 Restringir a utilização de substâncias perigosas Maior redução da exposição
ou enclausurar o processo.
Especial
4 Necessário assessoria especializada para definir Suporte expecial
as medidas a serem tomadas.
Fonte: BRASIL, 2012.

A medida de controle encontrada deve ser anotada no questionário de verificação


(Figura 8).

Figura 8 – Parte do questionário de verificação


Fonte: BRASIL, 2012

No caso de uso de pesticidas, deve-se ir diretamente à Etapa 5 e seguir as orientações das


fichas de controle correspondentes.
Se a substância em questão foi alocada também no Grupo S, significa que há uma medida
de controle especial para esse produto (Etapa 5).

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UNIDADE
Avaliação Qualitativa de Riscos Químicos

Etapa 5 – Localização da ficha de controle


Através do preenchimento do questionário de verificação, é possível identificar
a substância utilizada como pesticida ou identificar a medida de controle 1 a 4.
Se a substância química for um pesticida, as fichas de controle a serem utilizadas
são P100 a P104. Caso as medidas de controle identificadas sejam de 1 a 4, são
utilizadas as fichas:
• Medida de controle 1: 100 a 103;
• Medida de controle 2: 200 a 221;
• Medida de controle 3: 300 a 318;
• Medida de controle 4: 400 (BRASIL, 2012).

Já nos casos em que a substância química foi alocada no grupo S, a ficha de controle
Sk100 é a indicada. E nos procedimentos que exigirem a utilização de equipamento de
proteção respiratória, consultar a ficha de controle R100 (BRASIL, 2012).

As fichas de controle fornecem orientações para proteger a saúde dos trabalhadores


contra os danos causados pela exposição aos agentes químicos nos locais de trabalho.
No entanto, alguns destes agentes químicos também causam danos ao meio ambiente.
Nestes casos, podem ser utilizadas as fichas E100, E200 e E300 (BRASIL, 2012).

Existe ainda a ficha Sg100, que trata da desenergização e sinalização de segurança,


no intuito de reduzir os acidentes de trabalho (BRASIL, 2012).

Outras recomendações para a realização da avaliação qualitativa de riscos químicos são:


• avaliar todos os produtos químicos e atividades envolvidas no processo;
• planejar como colocar em prática as medidas de controle definidas;
• avaliar também os riscos à segurança e ao meio ambiente;
• colocar em prática as orientações estabelecidas nas fichas de controle;
• rever as avaliações periodicamente (BRASIL, 2012).

Avaliação Qualitativa de Riscos Químicos, em: http://bit.ly/2Id7mh8


Avaliação Qualitativa de Riscos Químicos Aplicada a Fundições, em: http://bit.ly/2IbkAuu
Avaliação Qualitativa de Riscos Químicos Aplicada a Gráficas, em: http://bit.ly/2IdroIo

Fichas de Controle
As fichas de controle trazem orientações específicas para atividades comumente exe-
cutadas nos ambientes de trabalho. Cada ficha de controle traz informações acerca do
acesso, projeto e equipamento, testes e manutenção, higiene e manutenção da limpeza
no local de trabalho, equipamento de proteção individual, treinamento e supervisão
(BRASIL, 2012).

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Ventilação Geral: Princípios Gerais
Esta ficha de controle deve ser utilizada quando a Medida de Controle 1 for
indicada. Aqui são apresentadas as práticas corretas para implementação
dos princípios de ventilação geral no local de trabalho (incluindo o trabalho
ao ar livre). É indicada para uma série de tarefas de pequena, média e gran-
de escalas na utilização de sólidos e/ou líquidos. Descreve os pontos mais
importantes a serem seguidos para ajudar a reduzir a exposição aos agentes
químicos. É importante que todas as indicações sejam seguidas à risca ou
que medidas igualmente efetivas sejam adotadas. Esta ficha identifica os
padrões mínimos a serem adotados para proteger a saúde nos ambientes
de trabalho e, portanto, não pode ser utilizada para justificar um padrão
inferior ao exigido para o controle da exposição a outros agentes para os
quais maior nível de controle é requerido. Alguns produtos químicos são in-
flamáveis ou corrosivos e os controles devem ser adaptados para também os
abranger. Para mais informações, a FISPQ do produto deve ser consultada.
As agências ambientais locais poderão exigir o cumprimento de regulamen-
tos específicos para o descarte de resíduos e para a emissão atmosférica de
poluentes. Procure o órgão fiscalizador ligado à Secretaria do Meio Ambien-
te (estadual e/ou municipal) para obter informações sobre a regulamentação
local e se ela é aplicável à sua empresa/atividade.

As setas indicam ventilação natural

Saída
de ar
Entrada
de ar

Sistemas de exaustão: ventilação controlada

Figura 9
Fonte: BRASIL, 2012

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UNIDADE
Avaliação Qualitativa de Riscos Químicos

Acesso
• Restrinja o acesso somente àqueles trabalhadores realmente necessários
no local.
• O trabalho não deve ser realizado próximo às entradas de ar da instalação
para garantir que elas não sejam obstruídas. A corrente de ar deve passar
pelo operador e então pelo local onde se desenvolve a atividade (nunca o
contrário), sendo então direcionada para a saída.

Projeto e Equipamento
• O acesso ao ar fresco deve ser irrestrito. Para assegurar o acesso ao ar
fresco, podem-se ter áreas de trabalho ao ar livre. Esta exigência pode ser
cumprida através do trabalho ao ar livre.
• Se o trabalho for realizado no interior de um prédio, serão exigidas portas e
janelas abertas, tijolos furados ou aberturas laterais, bem como ventiladores
exaustores nas paredes e no teto para permitir que o ar fresco e puro que
entra substitua o ar poluído. Muitas vezes se torna mais efi ciente instalar um
ventilador que leve ar limpo em direção ao trabalhador do que exaurir o ar
sujo de dentro do prédio.
• O ar exaurido deve ser liberado em lugar seguro fora do prédio, longe de
portas, janelas e entradas de ar.
• A ventilação deve ser totalmente aproveitada, com a corrente de ar pas-
sando pelo operador e pelo local de trabalho ao se encaminhar para a
exaustão. Em trabalhos realizados ao ar livre, o vento é responsável pela
dispersão dos poluentes.
• Deve ser fornecida uma ventilação geral de boa qualidade por meio de
exaustores mecânicos, de parede ou janela. Recomendam-se, no mínimo,
cinco renovações de ar por hora.

Testes e Manutenção
• Ventiladores e exaustores devem ser mantidos em perfeitas condições de
limpeza e funcionamento.
• O funcionamento dos ventiladores deve ser verifi cado diariamente. Uma
fi ta pode ser amarrada na grade do ventilador para servir de indicador de
funcionamento.

Higiene e Manutenção da Limpeza no Local de Trabalho


• Garantir a limpeza diária dos equipamentos e do local de trabalho.
• O derrame acidental (de líquidos ou sólidos) é a maior causa da formação de
vapores e poeiras no local de trabalho. Devem ser contidos, removidos e a
área deve ser limpa imediatamente.
• Os recipientes devem ser tampados imediatamente após a utilização.

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• Devem ser armazenados em lugar seguro, onde não serão danifi cados, e
descartados em local apropriado.
• Não utilizar vassouras ou ar comprimido, mas sim panos úmidos ou aspira-
dores de pó para limpeza dos equipamentos e da área de trabalho.
• Os líquidos voláteis não devem ser armazenados em contato direto com o
sol ou fontes de calor.

Equipamento de Proteção Individual (EPI)


• Produtos químicos alocados no grupo S podem causar danos em contato
com olhos e pele ou entrar no corpo através da epiderme e causar danos.
Neste caso, consulte as orientações contidas na ficha de controle Sk100.
• Para se escolher o EPI adequado, deve-se consultar a FISPQ ou o fornece-
dor do produto.
• O EPI deve ser mantido em lugar limpo e ser substituído quando necessário.
Quando fora de uso, deve ser guardado em segurança para não ser danifi
cado ou contaminado.
• O EPI deve ser renovado periodicamente ou substituído quando danifi cado.
Rejeite as máscaras e as luvas descartáveis após cada utilização.

Treinamento e Supervisão
• Os trabalhadores devem ser informados sobre os danos à saúde causados
pelas substâncias que utilizam no trabalho e as razões para a adoção de
controles e de EPI/EPR.
• Devem ser treinados para: manusear produtos químicos com segurança,
verifi car se os controles estão funcionando, utilizar o EPI corretamente e
saber o que fazer se algo der errado (casos de emergência).
• Deve haver um sistema que verifi que a existência de mecanismos de contro-
le e se eles estão sendo seguidos.
Fonte: BRASIL, 2012

Exemplo
Para fixar o conteúdo exposto ao longo desta unidade, encontre as fichas de controle
adequadas para o exemplo a seguir.

Exemplo: Considere uma empresa que utiliza tinta em seu processo de pro-
dução. A tinta é adquirida em latas de 0,9L ou galões de 3,6L. As atividades são
executadas à temperatura ambiente.

A FISPQ da substância química está disponível em: http://bit.ly/2Ic2o45

Substância química: Preparado – Tinta a óleo.

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UNIDADE
Avaliação Qualitativa de Riscos Químicos

Etapa 1 – Alocação do Fator de Risco


Na FISPQ, item 2, foram verificadas as seguintes frases de risco: R11-20, R36-43,
R10, R36/38, R11, R20, R22 e R37, conforme mostra a Tabela 3.

Tabela 3 – Composição da tinta


Nome Químico CAS Namber Faixa de Conc.(%) Símbolo Frases R
Hidrocarb. Alifático 100-41-4 15 a 40 F, Xn R11-20
Metil Etil Cetoxima 96-29-7 0,1 a 1 Xi R36-43
Secante de Cobalto ND 0,1 a 1 F, Xi R10 / R36/38
Resina Alquídica
ND 15 a 40 ND ND
(sólido)
Aguarrás Mineral 64742-82-1 1a5 F/Xn R11 / R20 / R22
Dióxido de Titêneo 13463-67-7 7 a 13 Xi R 37
Fonte: Adaptação de RESICOLOR, 2018

Como o preparado não possui substância listada no Quadro 1, nem se trata de um


pesticida, vamos consultar o Quadro 2 para verificar as frases de risco. Consultando o
Quadro 2, foram obtidos os dados expostos na Tabela 4:

Tabela 4 – Grupos das frases R


Frase R Categorias Frase R Categorias
R10 Grupo A R22 Grupo B
R11 Grupo A R36/38 Grupos A e S
R11-20 Grupo A R36-43 Grupos A, C, D, E e S
R20 Grupo B R37 Grupo C

Na frase R36-43 (números separados por traço), devemos procurar por R36 a R43, ou seja:
R36, R37, R38, R39, R40, R41, R42 e R43. Já na frase R36/38 (números separados por barra),
devemos procurar por R36/38.

Como foram detectados vários grupos de A a E, será selecionada a categoria com


maior potencial de causar danos, ou seja, Grupo E. Ainda, será selecionado o grupo S,
visto que a substância pode causar danos aos olhos e à pele.

Etapa 2 – Quantidade Utilizada


Na FISPQ, item 9, verificou-se que a substância química em questão se trata de um
líquido. Ainda, conforme o enunciado da questão, a substância é adquirida em latas de
0,9L ou galões de 3,6L. Consultando o Quadro 3, conclui-se que a quantidade utilizada
é média.

20
Etapa 3 – Propagação no Ambiente
Na FISPQ, item 9, verificou-se que o ponto de ebulição da tinta analisada é de 145ºC.
Portanto, de acordo com o Quadro 4, trata-se de uma substância com volatilidade média
(ponto de ebulição entre 50 e 150ºC). Como as atividades são executadas à temperatura
ambiente, não há necessidade de correção da volatilidade de acordo com o Gráfico 1.

Etapa 4 – Encontrar a Medida de Controle Correta


Com as informações das etapas 1 (Grupos E e S), 2 (quantidade média) e 3 (média
volatilidade), através da Tabela 1, conclui-se que se deve adotar a Medida de Controle 4 –
Especial (necessário assessoria especializada para definir as medidas a serem tomadas).

Etapa 5 – Localização da Ficha de Controle


A ficha de controle correspondente à Medida de Controle 4 é a ficha 400, que trata
de princípios gerais. Ainda, como o Grupo S também foi identificado na etapa 1, cabem
as fichas para medidas de controle S, quais sejam: Sk100 (Danos em contato com olhos
e pele) e R100 (Seleção e utilização de equipamentos de proteção respiratória).

21
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UNIDADE
Avaliação Qualitativa de Riscos Químicos

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Leitura
Avaliação qualitativa de riscos químicos: orientações básicas para o controle da exposição a
produtos químicos
http://bit.ly/2Id7mh8
Avaliação qualitativa de riscos químicos: orientações básicas para o controle da exposição a
produtos químicos em fundições
http://bit.ly/2IbkAuu
Avaliação qualitativa de riscos químicos: orientações básicas para o controle da exposição a
produtos químicos em gráficas
http://bit.ly/2IdroIo
Avaliação qualitativa de riscos químicos: orientações básicas para o controle da exposição a
produtos químicos em fundições
Resenha
http://bit.ly/2I9R2xA

22
Referências
BRASIL. Avaliação qualitativa de riscos químicos. São Paulo: Fundacentro, 2012.

BRASIL. Leis e Decretos. Segurança e medicina do trabalho. 73ª ed. São Paulo:
Atlas, 2014.

BREVIGLIERO, Ezio; POSSEBON, José; SPINELLI, Robson. Higiene ocupacional:


agentes biológicos, químicos e físicos. 6ª ed. São Paulo: Senac, 2011. 452 p.

EDITORA SABERES. Saúde e segurança do trabalho. São Paulo, 2014 (e-book).

MELO JUNIOR, Abelardo da Silva. Higiene e segurança do trabalho. Rio de Janeiro:


Elsevier, Campus, 2011.

ROSSETE, Celso Augusto (org.). Segurança e higiene do trabalho. São Paulo: Person
Education do Brasil, 2014 (e-book).

SALIBA, Tuffi Messias. Manual prático de higiene ocupacional e PPRA: avaliação e


controle dos riscos ambientais. 4ª ed. São Paulo: LTr, 2018.

STELLMAN, Jeanne M.; DAUM, Susan M. Trabalho e saúde na indústria: riscos


físicos e químicos e prevenção de acidentes. São Paulo: EPU, 1975.

23
23
HigieneTítulo
Inserir do Trabalho:
Aqui
Inserir Químicos
Riscos Título Aqui
Avaliação Qualitativa de Riscos Químicos

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Me. Fernanda Anraki Vieira

Revisão Textual:
Prof.ª Esp. Kelciane da Rocha Campos
Avaliação Qualitativa de Riscos Químicos

Fonte: Getty Images


Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos:
• Kit Internacional de Ferramentas de Controle Químico –
International Chemical Control Toolkit (ICCT);
• Metodologia;
• Fichas de Controle;
• Exemplo.

Objetivos
• Capacitar para aplicar a metodologia de avaliação qualitativa de riscos químicos baseada
na abordagem ICCT.

Caro Aluno(a)!

Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl-
timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.

Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.

No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões


de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e
auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados.

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de
troca de ideias e aprendizagem.

Bons Estudos!
UNIDADE
Avaliação Qualitativa de Riscos Químicos

Contextualização
A Norma Regulamentadora 15 (NR-15), que trata das atividades e operações
insalubres, em seus anexos 11, 12 e 13, relaciona os agentes químicos e ativi-
dades e operações envolvendo agentes químicos que podem ocasionar danos à
saúde dos trabalhadores. Os anexos 11 e 12 são de caráter quantitativo, enquanto o
anexo 13 é qualitativo (BRASIL, 2014).

Se os agentes químicos relacionados nos anexos 11 e 12 são quantitativos, por que


fazer a avaliação qualitativa?

A metodologia da avaliação qualitativa de riscos químicos complementa os métodos


tradicionais de controle e avaliação de riscos químicos.

Por exemplo, imagine um ambiente de trabalho no qual existe uma concentração aci-
ma do limite de tolerância de poeira mineral. De acordo com a abordagem tradicional,
a poeira mineral é quantitativa; logo, é necessário proceder sua medição. Ao realizar o
levantamento quantitativo, verificar-se-ia um ambiente insalubre. Após essa verificação,
seria necessário proceder às modificações deste ambiente de modo a reduzir a concen-
tração do agente químico. Em seguida, dever-se-ia proceder a uma nova medição, para
assegurar que as medidas de controle implantadas foram suficientes para adequação do
ambiente de trabalho.

Em complemento à abordagem tradicional, ao invés de se proceder a avaliação quan-


titativa, realizar-se-ia a avaliação qualitativa. Os resultados da avaliação qualitativa já
indicariam a necessidade de adoção de medidas de controle. Logo, somente após a ado-
ção destas medidas, seria realizada a avaliação quantitativa para garantir a eficácia das
mesmas. A avaliação qualitativa, neste caso, reduziria custos, visto que seria necessária
uma medição e não duas.

Confuso(a)? Não se preocupe! É uma metodologia simples e fácil de ser apli-


cada, que poderá auxiliá-lo(a) em diversas situações que envolvam a exposição
ocupacional a agentes químicos.

6
Kit Internacional de Ferramentas de
Controle Químico – International Chemical
Control Toolkit (ICCT)
O Kit Internacional de Ferramentas de Controle Químico, do inglês International
Chemical Control Toolkit (ICCT), foi desenvolvido pela Associação Internacional de
Higiene Ocupacional (IOHA), como uma contribuição ao Programa Internacional de Se-
gurança Química (IPCS), que envolve a OIT (Organização Internacional do Trabalho), a
OMS (Organização Mundial da Saúde) e o PNUMA (Programa das Nações Unidas para
o Meio Ambiente) (BRASIL, 2012).

A abordagem adotada no ICCT foi desenvolvida para avaliar a exposição ocupacio-


nal oriunda do uso de produtos químicos nas formas de líquidos ou pós. Logo, uma das
limitações desta ferramenta é a avaliação de outras formas de agentes químicos, por
exemplo gases resultantes de processos ou formados acidentalmente (BRASIL, 2012).

A abordagem ICCT é considerada como um instrumento complementar para a pre-


venção de riscos químicos e deve ser utilizada no contexto de programas abrangentes de
prevenção e controle. O ICCT original, em inglês, encontra-se disponível gratuitamente
na internet, e o Ministério do Trabalho no Brasil, através da Fundacentro, publicou uma
adaptação desta ferramenta com o título: Avaliação Qualitativa de Riscos Químicos:
orientações básicas para o controle da exposição a produtos químicos (BRASIL, 2012),
abordada nesta unidade.

Saiba mais sobre a origem do ICCT em: http://bit.ly/2I9R2xA

Metodologia
O processamento e manuseio inadequado de substâncias químicas dá origem a riscos
nos ambientes de trabalho. O ICCT ensina como manusear produtos químicos sólidos ou
líquidos com segurança, desde que o material em questão tenha sido classificado de acor-
do com as frases R (ou com o GHS) e o resultado apareça na FISPQ (Ficha de Informação
de Segurança de Produtos Químicos) ou no rótulo do produto. Ainda que a abordagem
ICCT não se aplique às poeiras e aos fumos gerados durante os processos, muitas das
soluções apresentadas podem ser utilizadas para controlá-los (BRASIL, 2012).

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UNIDADE
Avaliação Qualitativa de Riscos Químicos

A metodologia ICCT está dividida em 5 etapas, conforme a Figura 1:

Etapa 1 Determinação da toxidade do produto (classificação pelas frases R ou pelo GHS)

Etapa 2 Determinação da quantidade utilizada

Etapa 3 Determinação da propagação no amibiente

Etapa 4 Determinação da Medida de Controle adequada

Etapa 5 Determinação das Fichas de Controle específicas

Figura 1 – Etapas da abordagem ICCT


Fonte: Adaptado de BRASIL, 2012

O objetivo é seguir as etapas para preencher o Questionário de Verificação, exposto


na Figura 2.

Figura 2a – Questionário de verificação


Fonte: BRASIL, 2012

Figura 2b – Questionário de verificação


Fonte: BRASIL, 2012

8
Figura 2c – Questionário de verificação
Fonte: BRASIL, 2012

Figura 2d – Questionário de verificação


Fonte: BRASIL, 2012

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UNIDADE
Avaliação Qualitativa de Riscos Químicos

Etapa 1 – Alocação do fator de risco


As substâncias químicas podem causar efeitos variados ao organismo. Sendo assim,
as mesmas foram divididas em seis grupos, sendo que cinco destes grupos (A, B, C, D e
E, em que A são as menos perigosas e E as mais perigosas) estão relacionados aos da-
nos à saúde causados pela inalação ou ingestão destas substâncias. Existe ainda o grupo
S, que relaciona as substâncias que podem causar danos à saúde quando em contato
com os olhos e pele (BRASIL, 2012).

A primeira etapa da avaliação qualitativa de riscos químicos consiste na determinação


do perigo que a substância química analisada fornece. Esta alocação do fator de risco geral-
mente ocorre através de Ficha de Informação de Segurança do Produto Químico – FISPQ.

O passo a passo para a alocação do fator de risco consiste em:


• Verificar se a substância está alocada no Quadro 1;

Quadro 1 – Alocação do fator de risco para solventes comuns


Substância Categoria Volatilidade1
Acetona AeS Média
Acetato de Butila AeS Média
Diesel BeS Baixa
Acetato de Etila AeS Média
Hexano BeS Média
Álcool Isopropílico AeS Média
Metanol CeS Média
Metil-etil-cetona AeS Média
Metil-isobutil-cetona BeS Média
Parafina (Querosene) AeS Baixa
Percloroetileno CeS Média
Petróleo BeS Alta
Toluene BeS Média
Tricloroetileno CeS Média
Éter de Petróleo (C7-C12) BeS Baixa
Xileno AeS Média
1
Quando se trabalha em temperatura ambiente.
Fonte: BRASIL, 2012

• Se a substância estiver alocada no Quadro 1, marcar na “alocação do fator de risco


de acordo com a(s) frase(s) R” (Figura 3) do questionário de verificação, as catego-
rias encontradas;

Figura 3 – Parte do questionário de verificação


Fonte: BRASIL, 2012

10
• Se a substância não estiver alocada no Quadro 1, verificar se a substância é um pesticida;
• Se a substância for um pesticida, marcar que o produto em questão é um pesticida no
questionário de verificação (Figura 4) e se dirigir às Fichas de Controle P100 a P104.

Figura 4 – Parte do questionário de verificação


Fonte: BRASIL, 2012

• Se a substância não for um pesticida, verificar se a substância está alocada no


Quadro 2. Escolhe-se um grupo de A a E, tendo certeza de combiná-los com as
frases R, que estão na FISPQ do produto. As mesmas podem estar isoladas ou em
combinação com outras, indicadas com o símbolo ‘/’ entre os números. É preciso
verificar se também estão alocadas no grupo S. As categorias encontradas devem
ser marcadas no questionário de verificação (Figura 3).

Quando alguma substância apresentar mais de uma categoria de A a E, deve-se marcar a


categoria que expressa o maior potencial de causar danos à saúde.

Quadro 2 – Alocação do fator de risco de acordo com as frases R ou GHS


Grupo Frases R GHS
R36; R36/38; R38; R65; R6.
Toxicidade aguda (letalidade), qualquer rota, classe 5.
Todas as substâncias cuja frase R não está
Irritabilidade da pele classes 2 ou 3.
A alocada nos grupos B-E.
Irritabilidade dos olhos classe 2.
Todas as poeiras e os vapores não alocados em
Todas as poeiras e os vapores não alocados nos grupos B-E.
outras bandas.
R20/; R20/21; R20/21/22; R20/22; R21; R21/22;
R22; R40/20/21/22. Toxicidade aguda (letalidade), qualquer rota, classe 4.
B
R33. Toxicidade aguda (sistêmica), qualquer rota, classe 2.
R67.
Toxicidade aguda (letalidade), qualquer rota classe 3.
R23; R23/24; R23/24/25; R23/25; R24; R24/25;
Toxicidade aguda (sistêmica), qualquer rota classe 1.
R25.
Corrosividade, subclasses 1A, 1B ou 1C.
R34; R35; R36/37; R36/37/28; R37; R37/38;
Irritabilidade dos olhos, classe 1.
C R39/23/24/25.
Irritabilidade do sistema respiratório (critério GHS a ser
R41; R43.
acordado).
R48/20; R48/20/21; R48/20/21/22; R48/20/22;
Sensibilização da pele.
R48/21; R48/21/22; R48/22.
Toxicidade da exposição repetida, qualquer rota, classe 2.
R26; R26/27; R26/27/28; R26/28; R27; R27/28;
R28.
Toxicidade aguda (letalidade), qualquer rota, classes 1 ou 2.
R39/26/27/28.
Carcinogenicidade classe 2.
D R40 Carc cat 3.
Toxicidade de exposição repetida, qualquer rota, classe 1.
R48/23; R48/23/24; R48/23/24/25; R48/23/25;
Toxicidade reprodutiva classes 1 ou 2.
R48/24; R48/24/25; R48/25.
R60; R61; R62; R63; R64.

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UNIDADE
Avaliação Qualitativa de Riscos Químicos

Grupo Frases R GHS


Mutagenicidade classes 1 ou 2.
Muta cat 3 R40; R42; R45; R46; R49.
E Carcinogenicidade classe 1.
R68.
Sensibilização respiratória.
R21; R20/21; R20/21/22; R21/22; R24; R23/24;
R23/24/25; R24/25; R27; R26/27; R26/27/28;
Toxicidade aguda (letalidade), somente pele, classe 1, 2, 3 ou 4.
R27/28.
Toxicidade aguda (sistêmica), somente pele, classes 1 ou 2.
R34; R35; R36; R36/37; R36/38; R36/37/38;
Corrosividade, subclasses 1A, 1B, ou 1C.
R38; R37/38; R39/24; R39/27.
S Irritação cutânea classe 2.
R40/21; R41; R43; R42/43.
Irritação dos olhos classes 1 ou 2.
R48/21; R48/20/21; R48/20/21/22; R48/21/22;
Sensibilização da pele.
R48/24; R48/23/24; R48/23/24/25; R48/24/25;
Toxicidade da exposição repetida, somente pele, classes 1 ou 2.
R66.
Sk
Fonte: BRASIL, 2012

Etapa 2 – Quantidade utilizada


Quanto maior a quantidade utilizada de uma substância química, maior a probabi-
lidade de ocorrência de danos à saúde dos indivíduos expostos. Logo, para estimar a
quantidade utilizada no processo avaliado, utiliza-se o Quadro 3 (BRASIL, 2012).

Quadro 3 – Determinação da quantidade utilizada


Sólidos Líquidos
Quatidade Embalagem Quantidade Embalagem
Pequena Gramas Pequenos recipientes Mililitros Garrafas
Média Kilogramas Sacas ou tambores Litros Tambores
Grande Toneladas Caminhões Metros cúbicos Caminhões
Fonte: BRASIL, 2012

Na dúvida, escolha a maior quantidade.

A quantidade encontrada deve ser anotada no questionário de verificação (Figura 5).

Figura 5 – Parte do questionário de verificação


Fonte: BRASIL, 2012

Etapa 3 – Propagação no ambiente


A forma física da substância química determina como a mesma se dispersa no am-
biente, sendo a dispersão determinada pela volatilidade, no caso de líquidos, e pela
quantidade de poeira, no caso de sólidos (BRASIL, 2012).

12
• Se a substância química analisada for líquida, e as tarefas executadas à temperatura
ambiente (sem aquecimento), a volatilidade é determinada de acordo com o Quadro 4.

Quadro 4 – Determinação de volatilidade (trabalhos realizados em temperatura ambiente)


Volatilidade alta Ponto de ebulição menor que 50ºC
Volatilidade média Ponto de ebulição entre 50ºC e 150ºC
Volatilidade baixa Ponto de ebulição maior que 150ºC
Fonte: BRASIL, 2012

• Se a substância química analisada for líquida, e as tarefas executadas acima da


temperatura ambiente, a volatilidade deve ser determinada consultando-se a Figura
6, tendo conhecimento do ponto de ebulição do produto e da temperatura de ope-
ração. Deve-se localizar o ponto de convergência entre a temperatura de ebulição
(linhas horizontais) e a temperatura do processo (linhas verticais).

400
Volatividade
350 baixa
Volatividade média
300
Ponto de ebulição do líquido (ºC)

250

200

150
Volatividade alta
100

50

0
25 50 75 100 125 150 175 200

Temperatura de operação (ºC)


Figura 6 – Determinação da volatilidade de líquidos para trabalhos realizados acima da temperatura ambiente

Se o ponto de cruzamento dos dados se situar em cima das linhas divisórias, escolher a
volatilidade mais alta.
Se a FISPQ apresentar mais de um valor de ponto de ebulição para o produto, deve-se sem-
pre utilizar o de valor mais baixo.
Se a tarefa exigir vários níveis de temperatura, utilizar sempre a mais alta.
Se houver mistura de uma ou mais substâncias, considerar a de menor ponto de ebulição.

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UNIDADE
Avaliação Qualitativa de Riscos Químicos

• Se a substância química analisada for sólida, a propagação é determinada de acor-


do com o Quadro 5.
Quadro 5 – Determinação da quantidade de poeira produzida
Poeiras finas e leves
Empoeiramento alto Quando manipulados, observa-se formação de nuvens de poeira
que ficam muitos minutos no ar (cimento, pó de giz, carvão).
Sólidos granulares e cristalinos
Empoeiramento médio Quando manipulados, vê-se a poeira que logo se deposita
(sabão em pó).
Escamas grandes ou grânulos grossos
Empoeiramento baixo Quando manipulados, produzem pouca poeira (grânulos de PCV
ou flocos de cera)
Fonte: BRASIL, 2012

A quantidade encontrada deve ser anotada no questionário de verificação (Figura 7).

Figura 7 – Parte do questionário de verificação


Fonte: BRASIL, 2012

Etapa 4 – Como Encontrar a Medida de Controle Correta


Com as informações das etapas 1 a 3, a medida de controle adequada será localiza-
da através da Tabela 1. Na Tabela 1, as linhas correspondem à quantidade utilizada do
produto e as colunas correspondem à volatilidade ou ao empoeiramento. O cruzamento
de linha e coluna fornecerá um número que indica a medida de controle a ser adotada
(BRASIL, 2012).

Tabela 1 – Identificação da medida de controle


Baixa Alta
Quatidade Média Médio
volatilidade/ volatilidade/
utilizada volatilidade empoeiramento
empoeiramento empoeiramento
Grupo A
Pequena 1 1 1 1
Média 1 1 1 2
Alta 1 1 2 2
Grupo B
Pequena 1 1 1 1
Média 1 2 2 2
Alta 1 2 3 3
Grupo C
Pequena 1 2 1 2
Média 2 3 3 3
Alta 2 4 4 4

14
Baixa Alta
Quatidade Média Médio
volatilidade/ volatilidade/
utilizada volatilidade empoeiramento
empoeiramento empoeiramento
Grupo D
Pequena 2 3 2 3
Média 3 4 4 4
Alta 3 4 4 4
Grupo E
Para todos os produtos do Grupo E, optar pela Medida de Controle 4
Fonte: BRASIL, 2012

Os números 1 a 4 apresentados na Tabela 2 indicam diferentes níveis de ação e con-


trole que devem ser implementados no local de trabalho para prevenir ou minimizar a
exposição a agentes químicos, demonstrados na Figura 7.

Tabela 2
Vetilação Geral
1 Medidas básicas de ventilação geral e boas Menor redução da exposição
práticas de trabalho.

Controle de Engenharia
2
Sistemas típicos de ventilação local exaustora.

Enclausuramento
3 Restringir a utilização de substâncias perigosas Maior redução da exposição
ou enclausurar o processo.
Especial
4 Necessário assessoria especializada para definir Suporte expecial
as medidas a serem tomadas.
Fonte: BRASIL, 2012.

A medida de controle encontrada deve ser anotada no questionário de verificação


(Figura 8).

Figura 8 – Parte do questionário de verificação


Fonte: BRASIL, 2012

No caso de uso de pesticidas, deve-se ir diretamente à Etapa 5 e seguir as orientações das


fichas de controle correspondentes.
Se a substância em questão foi alocada também no Grupo S, significa que há uma medida
de controle especial para esse produto (Etapa 5).

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UNIDADE
Avaliação Qualitativa de Riscos Químicos

Etapa 5 – Localização da ficha de controle


Através do preenchimento do questionário de verificação, é possível identificar
a substância utilizada como pesticida ou identificar a medida de controle 1 a 4.
Se a substância química for um pesticida, as fichas de controle a serem utilizadas
são P100 a P104. Caso as medidas de controle identificadas sejam de 1 a 4, são
utilizadas as fichas:
• Medida de controle 1: 100 a 103;
• Medida de controle 2: 200 a 221;
• Medida de controle 3: 300 a 318;
• Medida de controle 4: 400 (BRASIL, 2012).

Já nos casos em que a substância química foi alocada no grupo S, a ficha de controle
Sk100 é a indicada. E nos procedimentos que exigirem a utilização de equipamento de
proteção respiratória, consultar a ficha de controle R100 (BRASIL, 2012).

As fichas de controle fornecem orientações para proteger a saúde dos trabalhadores


contra os danos causados pela exposição aos agentes químicos nos locais de trabalho.
No entanto, alguns destes agentes químicos também causam danos ao meio ambiente.
Nestes casos, podem ser utilizadas as fichas E100, E200 e E300 (BRASIL, 2012).

Existe ainda a ficha Sg100, que trata da desenergização e sinalização de segurança,


no intuito de reduzir os acidentes de trabalho (BRASIL, 2012).

Outras recomendações para a realização da avaliação qualitativa de riscos químicos são:


• avaliar todos os produtos químicos e atividades envolvidas no processo;
• planejar como colocar em prática as medidas de controle definidas;
• avaliar também os riscos à segurança e ao meio ambiente;
• colocar em prática as orientações estabelecidas nas fichas de controle;
• rever as avaliações periodicamente (BRASIL, 2012).

Avaliação Qualitativa de Riscos Químicos, em: http://bit.ly/2Id7mh8


Avaliação Qualitativa de Riscos Químicos Aplicada a Fundições, em: http://bit.ly/2IbkAuu
Avaliação Qualitativa de Riscos Químicos Aplicada a Gráficas, em: http://bit.ly/2IdroIo

Fichas de Controle
As fichas de controle trazem orientações específicas para atividades comumente exe-
cutadas nos ambientes de trabalho. Cada ficha de controle traz informações acerca do
acesso, projeto e equipamento, testes e manutenção, higiene e manutenção da limpeza
no local de trabalho, equipamento de proteção individual, treinamento e supervisão
(BRASIL, 2012).

16
Ventilação Geral: Princípios Gerais
Esta ficha de controle deve ser utilizada quando a Medida de Controle 1 for
indicada. Aqui são apresentadas as práticas corretas para implementação
dos princípios de ventilação geral no local de trabalho (incluindo o trabalho
ao ar livre). É indicada para uma série de tarefas de pequena, média e gran-
de escalas na utilização de sólidos e/ou líquidos. Descreve os pontos mais
importantes a serem seguidos para ajudar a reduzir a exposição aos agentes
químicos. É importante que todas as indicações sejam seguidas à risca ou
que medidas igualmente efetivas sejam adotadas. Esta ficha identifica os
padrões mínimos a serem adotados para proteger a saúde nos ambientes
de trabalho e, portanto, não pode ser utilizada para justificar um padrão
inferior ao exigido para o controle da exposição a outros agentes para os
quais maior nível de controle é requerido. Alguns produtos químicos são in-
flamáveis ou corrosivos e os controles devem ser adaptados para também os
abranger. Para mais informações, a FISPQ do produto deve ser consultada.
As agências ambientais locais poderão exigir o cumprimento de regulamen-
tos específicos para o descarte de resíduos e para a emissão atmosférica de
poluentes. Procure o órgão fiscalizador ligado à Secretaria do Meio Ambien-
te (estadual e/ou municipal) para obter informações sobre a regulamentação
local e se ela é aplicável à sua empresa/atividade.

As setas indicam ventilação natural

Saída
de ar
Entrada
de ar

Sistemas de exaustão: ventilação controlada

Figura 9
Fonte: BRASIL, 2012

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UNIDADE
Avaliação Qualitativa de Riscos Químicos

Acesso
• Restrinja o acesso somente àqueles trabalhadores realmente necessários
no local.
• O trabalho não deve ser realizado próximo às entradas de ar da instalação
para garantir que elas não sejam obstruídas. A corrente de ar deve passar
pelo operador e então pelo local onde se desenvolve a atividade (nunca o
contrário), sendo então direcionada para a saída.

Projeto e Equipamento
• O acesso ao ar fresco deve ser irrestrito. Para assegurar o acesso ao ar
fresco, podem-se ter áreas de trabalho ao ar livre. Esta exigência pode ser
cumprida através do trabalho ao ar livre.
• Se o trabalho for realizado no interior de um prédio, serão exigidas portas e
janelas abertas, tijolos furados ou aberturas laterais, bem como ventiladores
exaustores nas paredes e no teto para permitir que o ar fresco e puro que
entra substitua o ar poluído. Muitas vezes se torna mais efi ciente instalar um
ventilador que leve ar limpo em direção ao trabalhador do que exaurir o ar
sujo de dentro do prédio.
• O ar exaurido deve ser liberado em lugar seguro fora do prédio, longe de
portas, janelas e entradas de ar.
• A ventilação deve ser totalmente aproveitada, com a corrente de ar pas-
sando pelo operador e pelo local de trabalho ao se encaminhar para a
exaustão. Em trabalhos realizados ao ar livre, o vento é responsável pela
dispersão dos poluentes.
• Deve ser fornecida uma ventilação geral de boa qualidade por meio de
exaustores mecânicos, de parede ou janela. Recomendam-se, no mínimo,
cinco renovações de ar por hora.

Testes e Manutenção
• Ventiladores e exaustores devem ser mantidos em perfeitas condições de
limpeza e funcionamento.
• O funcionamento dos ventiladores deve ser verifi cado diariamente. Uma
fi ta pode ser amarrada na grade do ventilador para servir de indicador de
funcionamento.

Higiene e Manutenção da Limpeza no Local de Trabalho


• Garantir a limpeza diária dos equipamentos e do local de trabalho.
• O derrame acidental (de líquidos ou sólidos) é a maior causa da formação de
vapores e poeiras no local de trabalho. Devem ser contidos, removidos e a
área deve ser limpa imediatamente.
• Os recipientes devem ser tampados imediatamente após a utilização.

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• Devem ser armazenados em lugar seguro, onde não serão danifi cados, e
descartados em local apropriado.
• Não utilizar vassouras ou ar comprimido, mas sim panos úmidos ou aspira-
dores de pó para limpeza dos equipamentos e da área de trabalho.
• Os líquidos voláteis não devem ser armazenados em contato direto com o
sol ou fontes de calor.

Equipamento de Proteção Individual (EPI)


• Produtos químicos alocados no grupo S podem causar danos em contato
com olhos e pele ou entrar no corpo através da epiderme e causar danos.
Neste caso, consulte as orientações contidas na ficha de controle Sk100.
• Para se escolher o EPI adequado, deve-se consultar a FISPQ ou o fornece-
dor do produto.
• O EPI deve ser mantido em lugar limpo e ser substituído quando necessário.
Quando fora de uso, deve ser guardado em segurança para não ser danifi
cado ou contaminado.
• O EPI deve ser renovado periodicamente ou substituído quando danifi cado.
Rejeite as máscaras e as luvas descartáveis após cada utilização.

Treinamento e Supervisão
• Os trabalhadores devem ser informados sobre os danos à saúde causados
pelas substâncias que utilizam no trabalho e as razões para a adoção de
controles e de EPI/EPR.
• Devem ser treinados para: manusear produtos químicos com segurança,
verifi car se os controles estão funcionando, utilizar o EPI corretamente e
saber o que fazer se algo der errado (casos de emergência).
• Deve haver um sistema que verifi que a existência de mecanismos de contro-
le e se eles estão sendo seguidos.
Fonte: BRASIL, 2012

Exemplo
Para fixar o conteúdo exposto ao longo desta unidade, encontre as fichas de controle
adequadas para o exemplo a seguir.

Exemplo: Considere uma empresa que utiliza tinta em seu processo de pro-
dução. A tinta é adquirida em latas de 0,9L ou galões de 3,6L. As atividades são
executadas à temperatura ambiente.

A FISPQ da substância química está disponível em: http://bit.ly/2Ic2o45

Substância química: Preparado – Tinta a óleo.

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UNIDADE
Avaliação Qualitativa de Riscos Químicos

Etapa 1 – Alocação do Fator de Risco


Na FISPQ, item 2, foram verificadas as seguintes frases de risco: R11-20, R36-43,
R10, R36/38, R11, R20, R22 e R37, conforme mostra a Tabela 3.

Tabela 3 – Composição da tinta


Nome Químico CAS Namber Faixa de Conc.(%) Símbolo Frases R
Hidrocarb. Alifático 100-41-4 15 a 40 F, Xn R11-20
Metil Etil Cetoxima 96-29-7 0,1 a 1 Xi R36-43
Secante de Cobalto ND 0,1 a 1 F, Xi R10 / R36/38
Resina Alquídica
ND 15 a 40 ND ND
(sólido)
Aguarrás Mineral 64742-82-1 1a5 F/Xn R11 / R20 / R22
Dióxido de Titêneo 13463-67-7 7 a 13 Xi R 37
Fonte: Adaptação de RESICOLOR, 2018

Como o preparado não possui substância listada no Quadro 1, nem se trata de um


pesticida, vamos consultar o Quadro 2 para verificar as frases de risco. Consultando o
Quadro 2, foram obtidos os dados expostos na Tabela 4:

Tabela 4 – Grupos das frases R


Frase R Categorias Frase R Categorias
R10 Grupo A R22 Grupo B
R11 Grupo A R36/38 Grupos A e S
R11-20 Grupo A R36-43 Grupos A, C, D, E e S
R20 Grupo B R37 Grupo C

Na frase R36-43 (números separados por traço), devemos procurar por R36 a R43, ou seja:
R36, R37, R38, R39, R40, R41, R42 e R43. Já na frase R36/38 (números separados por barra),
devemos procurar por R36/38.

Como foram detectados vários grupos de A a E, será selecionada a categoria com


maior potencial de causar danos, ou seja, Grupo E. Ainda, será selecionado o grupo S,
visto que a substância pode causar danos aos olhos e à pele.

Etapa 2 – Quantidade Utilizada


Na FISPQ, item 9, verificou-se que a substância química em questão se trata de um
líquido. Ainda, conforme o enunciado da questão, a substância é adquirida em latas de
0,9L ou galões de 3,6L. Consultando o Quadro 3, conclui-se que a quantidade utilizada
é média.

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Etapa 3 – Propagação no Ambiente
Na FISPQ, item 9, verificou-se que o ponto de ebulição da tinta analisada é de 145ºC.
Portanto, de acordo com o Quadro 4, trata-se de uma substância com volatilidade média
(ponto de ebulição entre 50 e 150ºC). Como as atividades são executadas à temperatura
ambiente, não há necessidade de correção da volatilidade de acordo com o Gráfico 1.

Etapa 4 – Encontrar a Medida de Controle Correta


Com as informações das etapas 1 (Grupos E e S), 2 (quantidade média) e 3 (média
volatilidade), através da Tabela 1, conclui-se que se deve adotar a Medida de Controle 4 –
Especial (necessário assessoria especializada para definir as medidas a serem tomadas).

Etapa 5 – Localização da Ficha de Controle


A ficha de controle correspondente à Medida de Controle 4 é a ficha 400, que trata
de princípios gerais. Ainda, como o Grupo S também foi identificado na etapa 1, cabem
as fichas para medidas de controle S, quais sejam: Sk100 (Danos em contato com olhos
e pele) e R100 (Seleção e utilização de equipamentos de proteção respiratória).

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UNIDADE
Avaliação Qualitativa de Riscos Químicos

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Leitura
Avaliação qualitativa de riscos químicos: orientações básicas para o controle da exposição a
produtos químicos
http://bit.ly/2Id7mh8
Avaliação qualitativa de riscos químicos: orientações básicas para o controle da exposição a
produtos químicos em fundições
http://bit.ly/2IbkAuu
Avaliação qualitativa de riscos químicos: orientações básicas para o controle da exposição a
produtos químicos em gráficas
http://bit.ly/2IdroIo
Avaliação qualitativa de riscos químicos: orientações básicas para o controle da exposição a
produtos químicos em fundições
Resenha
http://bit.ly/2I9R2xA

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Referências
BRASIL. Avaliação qualitativa de riscos químicos. São Paulo: Fundacentro, 2012.

BRASIL. Leis e Decretos. Segurança e medicina do trabalho. 73ª ed. São Paulo:
Atlas, 2014.

BREVIGLIERO, Ezio; POSSEBON, José; SPINELLI, Robson. Higiene ocupacional:


agentes biológicos, químicos e físicos. 6ª ed. São Paulo: Senac, 2011. 452 p.

EDITORA SABERES. Saúde e segurança do trabalho. São Paulo, 2014 (e-book).

MELO JUNIOR, Abelardo da Silva. Higiene e segurança do trabalho. Rio de Janeiro:


Elsevier, Campus, 2011.

ROSSETE, Celso Augusto (org.). Segurança e higiene do trabalho. São Paulo: Person
Education do Brasil, 2014 (e-book).

SALIBA, Tuffi Messias. Manual prático de higiene ocupacional e PPRA: avaliação e


controle dos riscos ambientais. 4ª ed. São Paulo: LTr, 2018.

STELLMAN, Jeanne M.; DAUM, Susan M. Trabalho e saúde na indústria: riscos


físicos e químicos e prevenção de acidentes. São Paulo: EPU, 1975.

23
23
HigieneTítulo
Inserir do Trabalho:
Aqui
Inserir Químicos
Riscos Título Aqui
Avaliação Quantitativa de Riscos Químicos

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Me. Fernanda Anraki Vieira

Revisão Textual:
Prof. Esp. Claudio Pereira do Nascimento
Avaliação Quantitativa de Riscos Químicos

Fonte: Getty Images


Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos:
• Metodologia de Avaliação;
• Reconhecimento ou Caracterização Básica;
• Avaliação Qualitativa e Priorizações;
• Estratégia de Avaliação Quantitativa;
• Metodologia Analítica;
• Interpretação de Resultados e Análise Estatística;
• Periodicidade dos Monitoramentos –Reavaliações.

Objetivo
• Capacitar a realização da avaliação quantitativa de agentes químicos.

Caro Aluno(a)!

Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl-
timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.

Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.

No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões


de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e
auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados.

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de
troca de ideias e aprendizagem.

Bons Estudos!
UNIDADE
Avaliação Quantitativa de Riscos Químicos

Contextualização
Como você já sabe, a Norma Regulamentadora 15 (NR-15), que trata das atividades e
operações insalubres, em seus anexos 11, 12 e 13, relaciona os agentes químicos e ati-
vidades e operações envolvendo agentes químicos que podem ocasionar danos à saúde
dos trabalhadores. Os anexos 11 e 12 são de caráter quantitativo, enquanto o anexo 13
é qualitativo (BRASIL, 2014).

Para atender aos requisitos de avaliação quantitativa dos agentes relacionados nos
Anexos 11 e 12 e outros agentes químicos não especificados nas normas nacionais, é
necessário ter domínio sobre as estratégias de coleta e análise de agentes químicos.

Uma avaliação de agentes químicos bem realizada e registrada adequadamente serve


como base para a elaboração de diversos documentos de segurança, inclusive, para
apresentação aos órgãos fiscalizadores e outros aos quais interessar.

De modo contrário, uma avaliação de agentes químicos mal feita pode acarretar di-
versos prejuízos às partes interessadas, resultando em doenças e acidentes envolvendo
os trabalhadores, comprometimento da imagem e credibilidade da empresa e do profis-
sional responsável pela avaliação, entre outras possibilidades.

Todas as etapas que compõem as estratégias de amostragem e análises são determi-


nantes para que o resultado obtido seja confiável e possa guiar o profissional de seguran-
ça na tomada de medidas de controle mais adequadas ao caso em questão.

6
Metodologia de Avaliação
A avaliação quantitativa de riscos químicos contempla o conjunto de ações necessá-
rias para a caracterização de um ambiente de trabalho ou da exposição ocupacional a
determinado agente químico.

Segundo a Norma Regulamentadora 09 (NR-09), que trata do Programa de Preven-


ção de Riscos Ambientais (PPRA):
A avaliação quantitativa deverá ser realizada sempre que necessária para:

a) comprovar o controle da exposição ou a inexistência de riscos iden-


tificados na etapa de reconhecimento;

b) dimensionar a exposição dos trabalhadores;

c) subsidiar o equacionamento das medidas de controle. (BRASIL, 2014)

São etapas da avaliação quantitativa:


• Reconhecimento ou caracterização básica:
» Referentes ao processo produtivo e ao local;
» Referentes aos trabalhadores e aos processos de trabalho;
» Referentes a avaliações anteriores;
• Avaliação qualitativa e priorizações;
• Estratégia de avaliação quantitativa;
» Amostra ou coleta pessoal;
» Amostra ou coleta estacionária;
» Amostras por duração;
» Critérios NIOSH e AIHA para grupos de trabalhadores;
» Avaliação inicial;
» Distribuição de amostras no tempo;
• Metodologia analítica;
• Interpretação de resultados e análise estatística;
• Periodicidade dos monitoramentos – reavaliações (BRASIL, 2018).

As etapas da avaliação quantitativa devem ser minuciosamente executadas e devida-


mente registradas para que tenha validade legal e possa retratar efetivamente as condi-
ções avaliadas.

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UNIDADE
Avaliação Quantitativa de Riscos Químicos

Reconhecimento ou Caracterização Básica


A etapa de reconhecimento ou caracterização básica consiste no levantamento ini-
cial de dados relativos ao que se deseja avaliar. Contempla a visita ao local de trabalho,
observação dos processos e atividades envolvidas e a participação dos trabalhadores
(BRASIL, 2018).

Referentes ao local e ao processo produtivo


Com relação ao local avaliado, deve-se buscar:
• Descrição física do local (ambiente aberto, fechado, área, pé direito, ventilação na-
tural ou artificial, existência de equipamentos de proteção coletiva etc.);
• Dados climáticos (temperatura ambiente, umidade relativa do ar, direção e veloci-
dade dos ventos etc.);
• Se existe interferência de áreas vizinhas (BRASIL, 2018).

Com relação ao processo produtivo, deve-se buscar:


• Descrição do processo produtivo;
• Relação dos equipamentos que processam agentes químicos e sua localização
no processo;
• Relação das possíveis fontes de emissão e geração de agentes químicos;
• Informações relativas aos agentes químicos (propriedades físico-químicas, parâ-
metros relativos à segurança, parâmetros de saúde e higiene ocupacional etc.),
geralmente obtidas através das Fichas de Informações de Segurança de Produtos
Químicos – FISPQ;
• Quantidade de agentes químicos processados (matérias-primas, insumos, produtos etc.).
• Parâmetros de operação (temperatura, pressão etc.) (BRASIL, 2018).

Referentes aos trabalhadores e aos processos de trabalho


Com relação aos trabalhadores, deve-se buscar:
• Duração da jornada e regime de trabalho;
• Descrição das funções, procedimentos e atividades que envolvam trabalhadores,
com respectivos locais, frequências e tempos de execução;
• Levantamento do número de trabalhadores expostos, possíveis grupos homogêne-
os de exposição e trabalhadores com maior risco de exposição, se houver;
• Identificação das zonas de trabalho, posição ou distâncias dos trabalhadores em
relação às fontes dos agentes químicos;

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• Dados indicativos de possíveis danos à saúde originados pela exposição a agentes
químicos (BRASIL, 2018).

Referentes a avaliações anteriores


Deve-se reunir os resultados de medições já realizadas, sejam elas amostras pessoais,
estacionárias, nas fontes de emissão, situações de emergência ou o que houver de inte-
resse para a análise (BRASIL, 2018).

Avaliação Qualitativa e Priorizações


A avaliação qualitativa precede a quantitativa e busca constituir e priorizar a seleção das
medidas de controle para as situações identificadas como de risco para a saúde, em espe-
cial as de risco grave e iminente. Ainda, serve para auxiliar na determinação dos agentes
químicos e situações que serão submetidos à avaliação quantitativa (BRASIL, 2018).

Estratégia de Avaliação Quantitativa


A estratégia de avaliação quantitativa é o planejamento das amostragens e das medições.
Nela se definem os métodos de coleta e medições, a duração da amostragem e medição,
o número mínimo de medições, a escolha dos períodos e momentos para a realização das
coletas e das medições e a realização do diagnóstico inicial (BRASIL, 2018).

A estratégia a ser adotada deve considerar:


• A capacidade de coleta do dispositivo coletor (volume máximo de ar admitido pelo
método analítico);
• O tempo necessário para realizar cada medição com o instrumento de leitura direta;
• O tipo de valor de referência para ambientes de trabalho (VRAT) que está sendo ava-
liado (média ponderada no tempo para 08h; curta duração – 15min; ou valor teto);
• O objetivo da avaliação (ex.: conhecer o perfil da exposição; verificar a eficiência de
medidas de controle adotadas etc.) (BRASIL, 2018).

Quantidade mínima de resultados


Como é inviável monitorar as condições de trabalho diariamente, é necessário reali-
zar um número mínimo de medições cujos resultados sejam representativos da exposi-
ção avaliada. Para a American Industrial Hygiene Association (AIHA), uma estimativa
válida do perfil de exposição é obtida a partir de seis a dez resultados. A partir daí, no
Brasil, o número mínimo de resultados (n) necessários para o julgamento da exposição
ou da contaminação dos ambientes de trabalho é de seis (n ≥ 6) (BRASIL, 2018).

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UNIDADE
Avaliação Quantitativa de Riscos Químicos

Amostra ou coleta pessoal


A amostra ou coleta pessoal é uma amostra de ar coletada com o equipamento po-
sicionado na zona respiratória do trabalhador (Figura 1). O resultado obtido representa
uma estimativa da exposição via inalação. Nos casos onde o trabalhador se movimen-
ta nos locais de trabalho, os resultados podem não refletir a contaminação do local
(BRASIL, 2018).

Figura 1 – Coleta de amostra pessoal


Fonte: BRASIL, 2018

Amostra ou coleta estacionária


A amostra ou coleta estacionária é realizada em um ponto fixo do local avaliado.
O dispositivo geralmente é posicionado à altura média da zona respiratória, a 1,60m do
chão (Figura 2) (BRASIL, 2018).

Figura 2 – Coleta de amostra estacionária


Fonte: BRASIL, 2018

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A amostra ou medição pessoal pode ser considerada estacionária quando o trabalha-
dor permanece parado no ponto de medição, durante todo o período de coleta. A amos-
tra ou medição estacionária é a mais apropriada para avaliar as condições ambientais.
Os pontos de coleta de amostras ou medições estacionárias devem ser determinados
considerando o número e localização das fontes do agente químico, direção dos ventos,
zonas ou locais de trabalho e arranjo físico do local (BRASIL, 2018).

Amostras por duração


As amostras podem ser classificadas em amostra única, amostras consecutivas,
amostras consecutivas em período parcial e amostras aleatórias, conforme sua duração
(Figura 3). O Quadro 1 resume algumas das características de cada tipo de amostra.

PROCEDIMENTO DE ANÁLISE DE
DADOS PARA A UTILIZADO

A PERÍODO COMPLETO
AMOSTRA ÚNICA

A B
PERÍODO COMPLETO
A B AMOSTRA
CONSECUTIVAS
A B C
TIPO DE AMOSTRA

A B
AMOSTRAS CONSECUTIVAS
A B EM PERÍODO PARCIAL
A B C

A B C D E
(ALEATÓRIA)
AMOSTRAS ALEATÓRIAS
A B C D

0 1 2 3 4 5 6 7 8
HORAS APÓS INÍCIO DO TURNO
Figura 3 – Quadro de referência dos tipos de medições de exposição que
poderiam ser tomadas para um padrão de exposição média de 08 horas
Fonte: NIOSH, 1977

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UNIDADE
Avaliação Quantitativa de Riscos Químicos

Quadro 1 – Características das amostras


Amostra Características
· Menor custo;
· Menos incômodo para o trabalhador;
Única · Não registra variações de concentração;
· Pode saturar o amostrador.

· Úteis em casos com atividades variadas;


· Permite avaliar variações de concentração;
Consecutiva · Reduz o risco de saturação do amostrador;
· Maior custo;
· Mais incômodo para o trabalhador.

· Pode ser única ou consecutiva;


Período parcial · Deve registrar, no mínimo, 70% do período de avaliação;
· Deve-se atentar à representatividade da amostra.

· Utilizada para avaliações de exposições de curta duração;


Aleatória · Deve ser realizada na pior condição de trabalho;
· Pode ser única ou consecutiva de amostras instantâneas.

Fonte: Adaptado de BRASIL, 2018

Critérios NIOSH e AIHA para grupos de trabalhadores


Na seleção de quais trabalhadores serão avaliados, pode-se utilizar os critérios
do Instituto Nacional de Saúde e Segurança Ocupacional (National Institute for
Occupational Safetyand Health – NIOSH) ou da Associação Americana de Higiene
Industrial (American Industrial Hygiene Association – AIHA). O NIOSH propõe que
o trabalhador mais exposto ou de maior risco seja avaliado, ainda que dentro de um
grupo homogêneo de exposição. Já a AIHA propõe que o grupo de trabalhadores deve
ser o mais similar possível, inclusive quanto ao perfil de exposição. Logo, caso sejam
identificados trabalhadores de funções ou cargos idênticos, mas visivelmente identificados
como mais expostos, estes devem ser separados dos demais (BRASIL, 2018).

Saiba mais sobre as aplicações de cada tipo de amostra e sobre os critérios NIOSH e AIHA
para grupo de trabalhadores no Guia Técnico sobre Estratégia de Amostragem da Funda-
centro, páginas 45-65, disponível em: http://bit.ly/2wh019w

Avaliação inicial
As avaliações iniciais devem contemplar, obrigatoriamente, os locais de trabalho, as
situações e os grupos de exposição classificados como críticos. As avaliações devem ser
realizadas nos dias de exposição efetiva ou mais críticos (BRASIL, 2018).

Distribuição de amostras no tempo


Não existe uma regra para distribuição das amostras no período de avaliação. A dis-
tribuição deve ser definida considerando as características do processo analisado (contí-
nuo ou intermitente), características das atividades realizadas (repetitiva ou concentrada

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em determinado momento), objetivos da avaliação, quantidade de jornadas a serem ava-
liadas e se há dispersão das concentrações do agente químico ao longo do período.
A escolha das jornadas de trabalho a serem avaliadas devem ser aleatórias, sendo
excluídos os dias atípicos ou não representativos da condição que se deseja avaliar
(BRASIL, 2018).

Equipamentos de Medição
Os equipamentos de medição utilizados para a avaliação de riscos químicos são co-
nhecidos por “bombas de amostragem”. Trata-se de um instrumento portátil e leve,
que utiliza bateria recarregável, onde se ajusta a vazão definida pelo método analítico.
As bombas de amostragem devem ser intrinsecamente seguras e possuir um sistema
automático de controle de vazão com capacidade para mantê-la constante, dentro de um
intervalo de ±5%, durante o tempo de coleta (BRASIL, 2018).

As figuras a seguir mostram um modelo de bomba de amostragem – Gillian BDX-II.

• Bomba de amostragem Gillian BDX-II: http://bit.ly/2Q8mgYa


• Posicionamento da bomba de amostragem Gillian BDX-II: http://bit.ly/2Q8CwbC

Saiba mais sobre o funcionamento da bomba Gillian BDX-II em: http://bit.ly/2wekewr

Metodologia Analítica
A metodologia analítica é composta pelos procedimentos de coleta, medição e análises
laboratoriais. Alguns conceitos devem ser esclarecidos para compreensão da metodologia.
• Volume amostrado [m³], conforme equação 1:

V=Q×T (Eq. 1)

Sendo Q a vazão [m³/min] e T o tempo de amostragem [min].

Obs.: Se a vazão Q da bomba for dada em litros por minuto, deve-se proceder a
conversão de unidades através da equação 2.

Q xT
V= (Eq. 2)
1.000

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UNIDADE
Avaliação Quantitativa de Riscos Químicos

• Concentração [mg/m³], conforme equação 3:

m
C= (Eq. 3)
V
Sendo m a massa da amostra [mg] e V o volume amostrado [m³].
• Concentração ppm, conforme equação 4:

1 cm3 1 cm3
1 ppm = = (Eq. 4)
1 m3 1.000.000 cm3

• Conversão de unidades mg/m³ para ppm (equação 5) e de ppm para mg/m³ (equação 6):

24, 45 x éëê mg / m3 ùûú


ppm = (Eq. 5)
PM
mg [ ppm ] x PM
= (Eq. 6)
m3 24, 45
Sendo PM o peso molecular da substância em questão.
• Brief & Scala: os limites de tolerância brasileiros são referentes à exposição de
48 horas semanais. Caso sejam utilizados os limites de exposição ocupacional da
American Conference of Governmental Industrial Higyenists (ACGIH), baseados
na exposição de 40 horas semanais, estes devem ser corrigidos através do fator de
redução (FR) Brief & Scala exposto na equação 7. Após determinar FR, o limite
de tolerância reduzido será resultado da multiplicação de FR pelo limite da ACGIH.

40 168 - h
FR = x (Eq. 7)
h 128
Sendo h a jornada de trabalho em horas.

Ainda, algumas recomendações devem ser seguidas para garantir a qualidade dos
dados obtidos, tais como:
• Utilizar uma bomba de amostragem devidamente calibrada para realizar a coleta;
• Após a coleta, medir a vazão final da bomba, sendo que amostras realizadas em
bombas que apresentem variações nas vazões inicial e final superiores a 5% devem
ser descartadas;
• Analisar as amostras em laboratórios confiáveis, que possuam equipamentos de
análise calibrados e controle de qualidade etc. (BRASIL, 2018).

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Comumente são utilizadas as metodologias analíticas de organismos e instituições
internacionais de renome como NIOSH (EUA), OSHA (EUA), ACGIH (EUA), ASTM
(EUA), EPA (EUA), HSE (UK), entre outras (BRASIL, 2018).

Para ilustrar os métodos analíticos, segue parte do método NIOSH 7602, para análi-
se de sílica cristalina (Figura 4). Nos métodos analíticos é possível verificar as condições
que a amostra deve ser coletada, tais como tipo do amostrador, vazão, volumes mínimo
e máximo de ar coletado, entre outras informações (destaque em vermelho na Figura 4).
Também é possível verificar as condições da análise da amostra (destaque em verde na
Figura 4) dentre outras referências pertinentes ao método.

Figura 4 – Parte do método analítico NIOSH 7602


Fonte: Adaptado de NIOSH, 2003

Explore a técnica de amostragem NIOSH 7602 em: http://bit.ly/2wh1QmS

Na dúvida, o laboratório que realizará a análise deve ser consultado. O resumo do


método analítico realizado pelo Laboratório SGS Group para análise de sílica.

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UNIDADE
Avaliação Quantitativa de Riscos Químicos

Resumo do método analítico para análise de sílica


SÍLICA LIVRE DE CRISTALINA
Método: NIOSH 7602 - Espectrofotometria de Infravermelho
Amostrador: cassete com filtro de PVC com porosidade de 5,0 μm pré-pesado em
microbalança eletrônica com sensibilidade de 0,001 mg referência SKC 225-8-01
Vazão de amostragem: 1,7 L/min
Volume de ar amostrado: mínimo de 600 L (nota 3) e máximo de 800 L
Brancos de Campo recomendados: 10% do número de amostras
Condicionamento: de rotina
Estabilidade: não determinada
Valor de Análise: CONSULTAR
Limite de quantificação: 5μg
OBSERVAÇÃO: A fim de determinar o limite conforme a NR15, é necessária a deter-
minação de Poeira Respirável e Poeira Total.
NOTAS: 1) O solicitante deve informar se a amostra pode conter os seguintes ma-
teriais que constituem interferentes e deverão ser removidos durante a análise: ci-
mento, sílica amorfa (este interferente não pode ser removido), calcita (acima de
20% da massa de poeira), grafite e silicatos. A falta dessa informação implica no não
tratamento da amostra com possível prejuízo do resultado.
2) A presença de material particulado colorido em alta concentração poderá impos-
sibilitar a leitura no espectrofotômetro de infravermelho e o resultado não será rela-
tado. O custo de análise neste caso será de CONSULTAR.
3) Para atender ao nível de ação para o TLV da ACGIH, é necessário pelo menos vo-
lume de 600 L.
Fonte: SGS Group, 2016

• Explore o resumo completo de métodos analíticos do SGS Group.


Disponível em: http://bit.ly/2VVzOwi
• Explore a 4ª Edição do Manual de Métodos Analíticos do NIOSH.
Disponível em: http://bit.ly/2JA0Pie

Interpretação de Resultados
e Análise Estatística
Comparar os resultados obtidos nas medições com os valores de referência para os
ambientes de trabalho pode não ser suficiente para se chegar a uma conclusão confiável.
Também é necessário avaliar a probabilidade e a confiança de que os limites estabele-
cidos não serão ultrapassados em momentos não monitorados. Para isso, é necessário
demonstrar a confiabilidade estatística do seu julgamento através da realização de testes
de conformidade com os valores de referência (BRASIL, 2018).

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Se os resultados obtidos se situam no, ou abaixo do, nível de ação (metade do limite
de exposição ocupacional) e a dispersão é razoavelmente baixa (Desvio Padrão Geomé-
trico – DPG<2), a análise estatística validará as medições realizadas (BRASIL, 2018).

Análise preliminar dos dados


Em posse dos resultados (n ≥ 6) deve-se:
• Verificar se um ou mais resultados ultrapassaram os limites de tolerância ou de ex-
posição ocupacional. Se sim, medidas de controle deverão ser tomadas para reduzir
as concentrações e posteriormente novas medições deverão ser realizadas (n ≥ 6);
• Se não, os resultados deverão ser submetidos ao procedimento estatístico para
serem validados.

Tratamento estatístico dos dados para jornada integral


Quando se tratar de dados que representam a média ponderada no tempo para
08h, deve-se:
• Calcular a Média Aritmética (MA) pela equação 1:

C1 + C2 + Cn
MA = (Eq. 1)
n

Sendo C1 a Cn os resultados das concentrações obtidos e n o número de resultados.


• Calcular o Desvio Padrão (DP) da Média Aritmética (MA) pela equação 2:

1 n 2
DP = å
n -1 i=1
(ci - MA) (Eq. 2)

• Calcular o logaritmo neperiano (ou natural) de cada resultado de concentração


obtido (Y = lnCi), a MA dos logaritmos (MA(lnCi), ou MAY) e o respectivo desvio
padrão (DP(lnCi), ou DPY);
• Calcular a Média Geométrica (MG) e o Desvio Padrão Geométrico (DPG) a partir
dos resultados da média dos logaritmos (MAY) e do desvio padrão da média dos
logaritmos (DPY), obtendo-se o exponencial (ou função inversa) de cada um deles,
conforme equações 3 e 4:

MG = exp(MAY) = eMAY (Eq. 3)

DPG = exp(DPY) = eDPY (Eq. 4)

• Obter o Limite Superior de Confiança Land’s Exato (LSCLE, 95%) para um inter-
valo de confiança a partir da equação 5:

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UNIDADE
Avaliação Quantitativa de Riscos Químicos

æç DPY 2 CPY 2 ö÷÷


ççç MAY + 2 + C ÷
LSCLE ,95% = e è n =1ø÷÷ (Eq. 5)

Em que C é o fator obtido no gráfico da Figura 5 como função do número de re-


sultados (n) e o desvio padrão da média dos logaritmos das concentrações (DPY),
identificado como S.

Figura 5 – Fator C do LSCLE,95% (95% UCL), como função do número de resultados (n) e do DPY (S)
Fonte: BRASIL, 2018, apud HEWETT & GANSER, 1997

• A partir do LSCLE,95%, calcular o índice de julgamento para a média verdadeira do


perfil de exposição (IMV) pela equação 6:

LSCLE ,95%
I MV = (Eq. 6)
VRATMPT

Sendo VRATMPT o valor de referência para ambiente de trabalho média podenrada


no tempo.
• Se IMV > 1,0, a situação é de não conformidade, pois não é possível garantir que
a média verdadeira dos dados observados esteja abaixo do VRATMPT, com 95% de
confiança. É necessário rever a caracterização básica (tarefas executadas, procedi-
mentos operacionais, fontes de emissões fugitivas, falhas ou vazamentos nos equi-
pamentos do processo etc.), adotar medidas de controle que eliminem ou reduzam
as concentrações de modo a atingir a conformidade e reavaliar (n ≥ 6 resultados);
• Se IMV ≤ 1,0, a situação é de conformidade, pois é possível afirmar que a concen-
tração média verdadeira do perfil de exposições é inferior ao VRATMPT, com 97,5%
de confiança (BRASIL, 2018).

18
Tratamento estatístico dos dados de curta duração ou
instantâneos (curta duração – 15 min ou valor teto)
Quando se tratar de dados que representam curta duração – 15 min ou valor teto,
deve-se:
• Calcular a Média Aritmética (MA), Desvio Padrão (DP), Média Geométrica (MG) e
Desvio Padrão Geométrico (DPG), conforme as equações 1 a 4;
• Calcular o percentil 95% (P95%) do Limite Superior de Tolerância (LSTP95%,95%,n)
através das equações 7 e 8:

P95% = MG × (DPG)1,645 (Eq. 7)

LSTP95%, 95%, n = MG × (DPG)k (Eq. 8)

Sendo K = K(0,95,0,95,n), obtido na Figura 6, para uma proporção igual a 95% (P=0,95),
um nível de confiança de 95% (γ = 0,95) e n resultados.

Figura 6 – Fatores K de tolerância para cálculo do LST(P95%,95%,n)


Fonte: BRASIL, 2018, apud BULLOCK & IGNACIO, 2006

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UNIDADE
Avaliação Quantitativa de Riscos Químicos

• Calcular os índices de julgamento do Percentil 95% (IP95%) e do Limite Superior de


Tolerância (ILST), através das equações 9 e 10:

P95%
I P 95% =
VRATCD , VRATTETO ouVMP
LSTP 95%,95%
I LST =
VRATCD , VRATTETO ouVMP

Sendo: VRATCD – valor de referência para ambientes de trabalho, curta duração;


VRAT TETO – valor de referência para ambientes de trabalho, valor teto e VMP -valor
máximo permissível;
• Se IP95% ou ILST > 1,0, a situação é de não conformidade, pois não é possível garantir
que 95% da distribuição das concentrações ou exposições estejam abaixo do limite,
com 95% de confiança. É necessário rever a caracterização básica (tarefas executa-
das, procedimentos operacionais, fontes de emissões fugitivas, falhas ou vazamen-
tos nos equipamentos do processo etc.), adotar medidas de controle que eliminem
ou reduzam as concentrações de modo a atingir a conformidade e reavaliar (n ≥ 6
resultados). Por se tratar de exposições agudas, configura-se uma situação de risco
grave e iminente à saúde;
• Se ILST ≤ 1,0, a situação é de conformidade, pois é possível garantir que 95%
da distribuição das concentrações estão abaixo do limite, com 95% de confiança
(BRASIL, 2018).

Para saber mais sobre o tratamento estatístico, estude o Apêndice I do Guia Técnico sobre
Estratégia de Amostragem da Fundacentro, páginas 92-98, disponível em: http://bit.ly/2wh019w

Periodicidade dos Monitoramentos –


Reavaliações
Na ausência de orientação específica na legislação, sugere-se que as condições de
trabalho sejam reavaliadas conforme segue:
• IMV, ou IP95% ou ILST > 1,0: Situação de não conformidade. Deverá ser monitorada
conforme necessidade para avaliação das medidas de controle adotadas;
• 0,50 < IMV, ou IP95% ou ILST ≤ 1,0: Após 4 meses;
• 0,25 < IMV, ou IP95% ou ILST ≤ 0,50: Após 8 meses;
• 0,10 < IMV, ou IP95% ou ILST ≤ 0,25: Após 12 meses;
• IMV, ou IP95% ou ILST ≤ 0,10: Após 24 meses (BRASIL, 2018).

20
Saiba mais sobre a exposição ocupacional a agentes químicos e a instrumentação para ava-
liação destes em: https://youtu.be/hnIjys-Cmxg

• Método de ensaio da coleta e análise de fibras na Norma de Higiene Ocupacional 04 –


NHO 04, disponível em: http://bit.ly/2wi7lS0
• Procedimento técnico de coleta de materiais particulados sólidos suspensos na Norma de
Higiene Ocupacional 08 – NHO 08, disponível em: http://bit.ly/2weEHkL
• Método de ensaio da análise gravimétrica de aerodispersoides sólidos na Norma de Hi-
giene Ocupacional 03 – NHO 03, disponível em: http://bit.ly/2weEXQL

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UNIDADE
Avaliação Quantitativa de Riscos Químicos

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Vídeos
Instrumentação Agentes Químicos
https://youtu.be/hnIjys-Cmxg

Leitura
Guia técnico sobre estratégia de amostragem e interpretação de resultados de avaliações
quantitativas de agentes químicos em ambientes de trabalho
http://bit.ly/2wh019w
Norma de Higiene Ocupacional 03 – NHO 03
Método de Ensaio: Análise Gravimétrica de Aerodispersóides Sólidos Coletados Sobre
Filtros e Membrana.
http://bit.ly/2weEXQL
Norma de Higiene Ocupacional 04 – NHO 04
Método de Ensaio: Método de Coleta e a Análise de Fibras em Locais de Trabalho.
http://bit.ly/2wi7lS0
Norma de Higiene Ocupacional 08 – NHO 08
Coleta de Material Particulado Sólido Suspenso no Ar de Ambientes de Trabalho.
http://bit.ly/2weEHkL
NIOSH Manual de métodos analíticos – 4ª Edição
http://bit.ly/2JA0Pie
NIOSH 7602
http://bit.ly/2wh1QmS
SGS GROUP – Resumo dos métodos
http://bit.ly/2VVzOwi

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Referências
BRASIL. Guia técnico sobre estratégia de amostragem e interpretação de resultados
de avaliações quantitativas de agentes químicos em ambientes de trabalho. São
Paulo: Fundacentro, 2018.

BRASIL. Leis e Decretos. Segurança e medicina do trabalho. 73.ed. São Paulo:


Atlas, 2014.

BREVIGLIERO, E.; POSSEBON, J.; SPINELLI, R. Higiene ocupacional: agentes


biológicos, químicos e físicos. 6.ed. São Paulo: Senac, 2011. 452 p.

EDITORA SABERES - Saúde e segurança do trabalho (livro eletrônico). São Paulo,


2014. (e-book)

INSTRUTHERM. Bomba de amostragem BDX-II. Disponível em: <https://www.


instrutherm.net.br/seguranca-e-medicina-do-trabalho/bombas-de-amostragem-de-
gases-e-poeira/2000.html>. Acesso em: 16/12/2018.

JUNIOR, A. S. M. Higiene e segurança do trabalho. Rio de Janeiro: Elsevier Campus, 2011.

NIOSH. Exposição profissional. Manual de estratégia de amostragem. Cincinnati:


1977. Disponível em: <http://www.abho.org.br/wp-content/uploads/2015/02/
Manual_NIOSH_Estrategia_Amostragem.pdf>. Acesso em: 16/12/2018.

ROSSETE, C. A. – Segurança e Higiene do Trabalho. São Paulo: Person Education


do Brasil, 2014. (e-book)

SALIBA, T. M. Manual prático de higiene ocupacional e PPRA: avaliação e controle


dos riscos ambientais. 4. ed. São Paulo: LTr, 2018.

SGS GROUP. Resumo dos Métodos. 2016. Disponível em: <https://www.sgsgroup.


com.br/~/media/Local/Brazil/Documents/Technical%20Documents/Technical%20
Guidelines%20and%20Policies/SGSOIL4709SAMBRENVFD10042013VxxResumo
Met.pdf>. Acesso em: 16/12/2018.

STELLMAN, J. M.; DAUM, S. M. Trabalho e saúde na indústria: riscos físicos e quí-


micos e prevenção de acidentes. São Paulo: EPU, 1975.

23
23
HigieneTítulo
Inserir do Trabalho:
Aqui
Inserir Químicos
Riscos Título Aqui
Medidas de Controle e Noções de Ventilação Industrial

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Me. Fernanda Anraki Vieira

Revisão Textual:
Prof. Esp. Claudio Pereira do Nascimento
Medidas de Controle e Noções
de Ventilação Industrial

Fonte: Getty Images


Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos:
• Medidas de Controle para Agentes Químicos;
• Ventilação Industrial;
• Ventilação Natural;
• Ventilação Geral;
• Equipamentos de Proteção Individual (EPI);
• Programa de Proteção Respiratória (PPR).

Objetivos
• Demonstrar a sequência de ações a serem tomadas no controle dos agentes químicos (na
fonte, trajetória e no trabalhador);
• Fornecer ao aluno o conteúdo teórico básico para entendimento das propriedades da
ventilação industrial;
• Apresentar os tipos de equipamentos de proteção individual e requisitos para cumpri-
mento da NR-6.

Caro Aluno(a)!

Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl-
timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.

Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.

No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões


de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e
auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados.

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de
troca de ideias e aprendizagem.

Bons Estudos!
UNIDADE
Medidas de Controle e Noções de Ventilação Industrial

Contextualização
Agora que já sabemos como avaliar os agentes químicos no ambiente, é necessário
aprender sobre as possíveis medidas de controle dos agentes químicos. Cada caso é
único e deve ser avaliado considerando a viabilidade e eficácia das medidas de controle.

Medidas de controle mal determinadas podem ocasionar a falsa sensação de prote-


ção, além de gerar custos desnecessários às organizações. A prioridade deve ser sempre
direcionada para a eliminação/redução das concentrações de agentes químicos na fonte
geradora e, por último, a adoção de medidas administrativas ou no trabalhador.

Na necessidade da adoção de protetores respiratórios ou para a pele, deve-se realizar


um estudo para selecionar os protetores adequados ao risco, treinar os trabalhadores
para utilizá-los, substituí-los periodicamente e registrar o fornecimento.

Todas as ações mencionadas também impactam diretamente na gestão de risco dos


agentes químicos.

6
Medidas de Controle para Agentes Químicos
Segundo a Norma Regulamentadora 9 (NR-9), o estudo, desenvolvimento e implan-
tação de medidas de controle devem obedecer à seguinte hierarquia:
• Medidas que eliminam ou reduzam a utilização ou a formação de agentes prejudi-
ciais à saúde;
• Medidas que previnam a liberação ou disseminação desses agentes no ambiente
de trabalho;
• Medidas que reduzam os níveis ou a concentração desses agentes no ambiente
de trabalho;
• Medidas de caráter administrativo ou de organização do trabalho;
• Utilização de Equipamento de Proteção Individual – EPI (BRASIL, 2014).

Logo, medidas de controle de engenharia, tais como substituição de substâncias por


outras menos tóxicas, mudanças ou alterações do processo, enclausuramento da opera-
ção, isolamento (no espaço ou no tempo) da operação, uso de sistemas de ventilação e
medidas de controles administrativas, como a redução do tempo de exposição, devem
ser consideradas prioritariamente ao uso de EPI.

Ventilação Industrial
A ventilação industrial compreende o processo de retirar ou fornecer ar por meios
naturais ou mecânicos de, ou para, um recinto fechado. Tem como objetivo controlar as
concentrações de contaminantes e as condições térmicas de referido local. Para que seja
possível um estudo das condições de ventilação de um ambiente, é necessário compre-
ender a composição do ar atmosférico (aproximadamente 79% de gases inertes e 21%
de oxigênio - variam conforme as condições de umidade e temperatura) e as necessida-
des humanas de ventilação (OLIVEIRA, 2018).

Sistemas de ventilação
A classificação dos sistemas de ventilação considera suas finalidades, quais sejam:
• Ventilação para manutenção do conforto térmico: refrigera ou aquece um ambiente;
• Ventilação para a conservação de materiais e equipamentos: reduz o aqueci-
mento de motores elétricos, máquinas etc. a fim de evitar deterioração;
• Ventilação para a manutenção da saúde e segurança do homem: mantém as
concentrações dos agentes químicos a níveis compatíveis com a saúde (abaixo dos
valores referência para ambientes de trabalho) e segurança (fora das faixas de infla-
mabilidade ou explosividade) (OLIVEIRA, 2018).

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7
UNIDADE
Medidas de Controle e Noções de Ventilação Industrial

Ventilação Natural
A ventilação natural ocorre através da movimentação de ar em um ambiente provo-
cada pelos agentes físicos pressão dinâmica e/ou temperatura. Quando a temperatura
no interior de um determinado ambiente é maior que a temperatura externa, produz-se
uma pressão interna negativa e um fluxo de ar frio entra pelas partes inferiores, o que
causa em seguida uma pressão interna positiva e um fluxo de ar quente sai nas partes
superiores. Pode ser controlada por meio de aberturas no teto, nas laterais e no piso
(OLIVEIRA, 2018).

Ventilação Geral
A ventilação geral consiste em movimentar o ar em um ambiente através de venti-
ladores, também chamada de ventilação mecânica. Um ventilador pode insuflar ar no
ambiente, tomando ar externo, ou exaurir ar desse mesmo ambiente para o exterior
(exaustor) (OLIVEIRA, 2018).

Algumas propriedades são fundamentais para compreensão dos sistemas de ventilação:


• Vazão (Q): volume de ar que se desloca na unidade de tempo em um ambiente ou
em uma tubulação (Equação 1);

V
Q= (Eq. 1)
t

Sendo: Q a vazão em [m³/h] ou [m³/min], V o volume em [m³] e t o tempo em [h]


ou [min].
• Taxa de renovação de ar ou trocas de ar (T): número de vezes que o volume de
ar desse ambiente é trocado na unidade de tempo (Equação 2);

Q
T= (Eq. 2)
V

Sendo: T a taxa de renovação em [1/h] ou [1/min], Q a vazão em [m³/h] ou [m³/


min] e V o volume em [m³] (OLIVEIRA, 2018).

Ventilação geral diluidora


A ventilação geral diluidora consiste em insuflar e exaurir ar de um ambiente no intui-
to de se reduzir a concentração de agentes nocivos através de sua dispersão ou diluição
(SALIBA, 2018).

O sucesso da ventilação geral diluidora depende de que:


• O contaminante não esteja presente em quantidade que exceda a capacidade que
pode ser diluída com determinado volume de ar;

8
• A distância entre os trabalhadores e o ponto de geração/emissão do contaminante
seja suficiente para garantir que os trabalhadores não estarão expostos a concen-
trações médias superiores ao limite de tolerância.
• A toxicidade do poluente seja baixa (LT < 500 ppm).
• O poluente seja gerado em quantidade razoavelmente uniforme (SALIBA, 2018).

A ventilação geral diluidora é mais indicada nos locais de trabalho sujeitos a modifica-
ções constantes e quando as fontes geradoras de contaminantes se encontram distribuí-
das. Não é frequentemente usada para controle de poeiras e fumos, pois pode requerer
uma quantidade excessiva de ar de diluição e seu custo de instalação é relativamente
baixo quando comparado com o da ventilação local exaustora (SALIBA, 2018).

Ventilação local exaustora


Aventilação local exaustora consiste em uma das principais medidas de controle con-
tra agentes químicos, pois tem o objetivo de captar os contaminantes de uma fonte antes
que estes se dispersem no ar do ambiente de trabalho (SALIBA, 2018).

4
3
1

Figura 1 – Sistema básico de ventilação local exaustora


Fonte: Adaptado de SALIBA, 2018

A Figura 1 apresenta o sistema básico de ventilação local exaustora, onde:


• 1 – Captor: ponto de entrada dos contaminantes a serem exauridos do ambiente.
Deve ser dimensionado considerando a posição em relação à fonte, vazão de cap-
tação, velocidade, perda de carga, entre outros parâmetros, para assegurar a maior
captação possível dos contaminantes.
• 2 – Sistema de dutos: conduzem os contaminantes ao longo do sistema. Devem
ser projetados para reduzir a perda de carga;
• 3 – Ventilador: fornece a energia necessária para movimentação dos contaminan-
tes ao longo do sistema. Existem diversos modelos, sendo os axiais e centrífugos
os mais utilizados;
• 4 – Equipamentos de controle de poluição de ar (filtros, lavadores, precipita-
dores etc.): responsáveis pela retenção dos contaminantes retirados do ambiente.
Impedem que os contaminantes sejam lançados na atmosfera (SALIBA, 2018).

Saiba mais sobre os sistemas de ventilação local exaustora em: https://youtu.be/ALroiDldPDo

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9
UNIDADE
Medidas de Controle e Noções de Ventilação Industrial

Equipamentos de Proteção Individual (EPI)


O uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) deve ser considerado quando:
• As medidas de controle necessárias estão sendo implementadas;
• Outras medidas de controle já foram adotadas, mas elas não foram suficientes para
controlar a exposição;
• A exposição é ocasional e de curta duração, sendo impraticável a implantação de
medidas de controle permanentes (por exemplo, em trabalhos de manutenção, de
emergência, fuga e resgate) (BRASIL, 2016).

O fornecimento de EPI deve atender, no mínimo, aos requisitos estabelecidos na Norma


Regulamentadora 6 (NR-6). Dentre as obrigações do empregador, estão:
a) adquirir o adequado ao risco de cada atividade;

b) exigir seu uso;

c) fornecer ao trabalhador somente o aprovado pelo órgão nacional


competente em matéria de segurança e saúde no trabalho;

d) orientar e treinar o trabalhador sobre o uso adequado, guarda


e conservação;

e) substituir imediatamente, quando danificado ou extraviado;

f) responsabilizar-se pela higienização e manutenção periódica; e,

g) comunicar ao MTE qualquer irregularidade observada.

h) registrar o seu fornecimento ao trabalhador, podendo ser adotados


livros, fichas ou sistema eletrônico. (BRASIL, 2014)

Dentre as obrigações do empregado, estão:


a) usar, utilizando-o apenas para a finalidade a que se destina;

b) responsabilizar-se pela guarda e conservação;

c) comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne impró-


prio para uso; e,

d) cumprir as determinações do empregador sobre o uso adequado.


(BRASIL, 2014)

O item D do Anexo I da NR-6, lista os equipamentos de proteção individual para


proteção das vias respiratórias:
D – EPI PARA PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA

D.1 – Respirador purificador de ar não motorizado:

10
a) peça semifacial filtrante (PFF1) para proteção das vias respiratórias
contra poeiras e névoas;

b) peça semifacial filtrante (PFF2) para proteção das vias respiratórias


contra poeiras, névoas e fumos;

c) peça semifacial filtrante (PFF3) para proteção das vias respiratórias


contra poeiras, névoas, fumos e radionuclídeos;

d) peça um quarto facial, semifacial ou facial inteira com filtros para ma-
terial particulado tipo P1 para proteção das vias respiratórias contra po-
eiras e névoas; e ou P2 para proteção contra poeiras, névoas e fumos;
e ou P3 para proteção contra poeiras, névoas, fumos e radionuclídeos;

e) peça um quarto facial, semifacial ou facial inteira com filtros quími-


cos e ou combinados para proteção das vias respiratórias contra gases
e vapores e ou material particulado.

D.2 – Respirador purificador de ar motorizado:...

D.3 – Respirador de adução de ar tipo linha de ar comprimido:...

D.4 – Respirador de adução de ar tipo máscara autônoma...

D.5 – Respirador de fuga... (BRASIL, 2014)

Os respiradores podem ser classificados conforme Figura 2.

Peça semifacial filtrante


para partículas
Dependentes da Não motorizado
atmosfera ambiente: Com filtro químico
respiradores
R purificadores de ar Motorizado Com filtro para partículas
E Com filtro combinado
S
P
I
R Fluxo contínuo
A Respirador de linha
D Demanda com pressão positiva
de ar comprimido
O
R Demanda sem pressão positiva
Respirador de linha
E de ar comprimido
S Independentes da com cilindro auxiliar Circuito Demanda sem
atmosfera ambiente: aberto pressão positiva
respiradores de Máscara autônoma
adução de ar Circuito Demanda com
fechado pressão positiva

Sem ventoinha
Respirador de ar
natural Com ventoinha manual
Com ventoinha motorizada
Figura 2 – Classificação dos respiradores
Fonte: Adaptado da ABNT NBR12543

11
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UNIDADE
Medidas de Controle e Noções de Ventilação Industrial

Dependendo do tipo de respirador, os equipamentos de proteção cobrem partes di-


ferentes do corpo do usuário (Figuras 3 a 7). Ainda, caso o agente químico em questão
ofereça riscos através da exposição cutânea, deverão ser observados os EPI para prote-
ção da pele, tais como vestimentas, luvas ou creme protetor de segurança.

Figura 3 – Cobertura das vias respiratórias do tipo bocal com a pinça nasal (ISO 16975.1).
Peça semi facial filtrante (PFF) sem e com válvula de exalação
Fonte: fundacentro.gov.br

Figura 4 – Coberturas das vias respiratórias cobrindo a boca, o nariz e o queixo (ISO 16975.1)
Fonte: fundacentro.gov.br

Figura 5 – Coberturas das vias respiratórias cobrindo a face (ISO 16975.1)


Fonte: fundacentro.gov.br

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Figura 6 – Coberturas das vias respiratórias cobrindo a cabeça (ISO 16975.1)
Fonte: fundacentro.gov.br

Figura 7 – Coberturas das vias respiratórias cobrindo o corpo (ISO 16975.1)


Fonte: fundacentro.gov.br

Seleção de respiradores
A seleção de um respirador consiste em determinar o tipo ou a classe de respirador
que proporcione proteção adequada a uma exposição específica. Para tal, deve-se levan-
tar informações acerca das substâncias químicas e condições do ambiente de trabalho,
da tarefa desenvolvida edo usuário (BRASIL, 2016).

O respirador deve ser selecionado considerando:


• Se a atmosfera é deficiente em oxigênio;
• Se é possível determinar qual o contaminante potencialmente perigoso;
• Se é possível determinar a concentração do respectivo contaminante;
• Se existe limite de exposição ou valores de orientação da exposição ocupacio-
nal disponíveis;
• No caso de mais de uma substância, se há efeitos aditivos ou sinérgicos;
• A adequação do respirador ao usuário, à tarefa e ao ambiente de trabalho (BRA-
SIL, 2016).

13
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UNIDADE
Medidas de Controle e Noções de Ventilação Industrial

Adequação do respirador ao usuário


Para avaliação da adequação do respirador ao usuário, devem ser considerados os
seguintes fatores:
• Vedação dos respiradores quanto às características faciais: um respirador com
vedação facial não deve ser usado por pessoa que apresente irregularidades na
região da face em que será feita a selagem do respirador (por exemplo: cicatrizes,
rugas ou dobras profundas, maçãs do rosto exageradas, queixo muito cônico, nariz
muito adunco etc.) (BRASIL, 2016);
• Vedação dos respiradores com relação aos pelos faciais: um respirador com
peça facial não deve ser usado por pessoas cujos pelos faciais (barba, bigode, cos-
teletas ou cabelos) possam interferir no funcionamento das válvulas ou prejudicar a
vedação na área de contato com o rosto (BRASIL, 2016);
• Vedação dos respiradores quanto ao uso simultâneo de outros EPI ou acessó-
rios: o uso de EPI (por exemplo: capacete ou máscara de solda) não deve interferir
na vedação da peça facial. Se houver a possibilidade de interferência com outros
EPI, deve-se optar por equipamentos conjugados. A cobertura dos respiradores
com vedação facial deve estar em contato direto com a face (BRASIL, 2016);
• Visão: Quando o usuário precisar usar lentes corretivas, óculos de segurança, pro-
tetor facial, máscara de solda ou outro tipo de proteção ocular ou facial, eles não
devem interferir na vedação do respirador. Necessidades adicionais para aumento
de visão, como, por exemplo, uso de lupa, microscópio, lente de aumento, devem
ser consideradas também para a escolha do respirador (BRASIL, 2016);
• Conforto: Na seleção de um respirador, devem ser considerados o calor e o frio ge-
rados por ele. Certos respiradores produzem superfícies quentes ou gás de inalação
quente durante o uso. Outros respiradores podem provocar correntes de ar sobre
a face do usuário que poderão esfriar a pele, como nos purificadores de ar motori-
zados. Dependendo das condições de uso, aquecimento ou esfriamento localizado,
pode representar sobrecarga ou desconforto ao usuário (BRASIL, 2016).

Adequação do respirador à tarefa


A avaliação da adequação do respirador à tarefa deve considerar os seguintes fatores:
• Frequência e duração da tarefa: deve-se avaliar o tempo de exposição ao conta-
minante, pois, para alguns tipos de respiradores, o tempo máximo de uso e a fre-
quência de uso podem ser limitados de acordo com a carga de trabalho e o conforto
do usuário. As características de cada respirador o tornam apropriado ou não para
uso rotineiro, não rotineiro, emergências ou resgate. Ainda, deve-se considerar a
vida útil dos filtros, carga e vida útil de baterias e capacidade de reservatórios de ar/
gás respirável (BRASIL, 2016);

14
• Nível de esforço físico: quanto maior é o esforço físico, maior é a quantidade de
ar/gás respirável demandada pelo usuário (BRASIL, 2016);
• Emprego de ferramentas: o emprego de equipamentos para solda, operações de
pintura spray e outros equipamentos elétricos podem influenciar no desempenho
do respirador (BRASIL, 2016);
• Mobilidade: a mobilidade necessária para realização da tarefa pode limitar a esco-
lha do tipo de respirador a ser utilizado de maneira segura (BRASIL, 2016);
• Comunicação: deve-se considerar o nível de ruído do ambiente e a necessidade de
comunicação do usuário. Falar em voz alta pode provocar deslocamento de algu-
mas peças faciais (BRASIL, 2016);
• Vida útil dos filtros: deve-se definir os tipos e as classes de filtros, bem como a
frequência de troca destes (BRASIL, 2016).

Adequação do respirador ao ambiente de trabalho


A avaliação da adequação do respirador ao ambiente de trabalho deve considerar os
seguintes fatores:
• Uso em condições climáticas extremas: condições de temperatura e umidade,
aumento ou diminuição da pressão do ambiente e velocidade do vento onde o res-
pirador será utilizado;
• Perigos não respiratórios: presença de fagulhas, abrasão, compatibilidade
eletromagnética, enriquecimento de oxigênio etc. (BRASIL, 2016).

Treinamento para Uso de Respiradores


Para garantir o uso correto do respirador, os usuários devem receber treinamento
específico que inclua:
• As medidas de proteção coletivas e administrativas já adotadas;
• A necessidade do uso de respiradores;
• As normas e os regulamentos sobre o uso de respiradores;
• O tipo de respirador adotado e sua justificativa;
• Os perigos, os riscos e as consequências da não utilização do respirador de mo-
do correto;
• O funcionamento, as características e as limitações do respirador selecionado, in-
cluindo a vida útil dos filtros;
• Realização de exercícios práticos referentes à colocação, uso, verificação da veda-
ção, inspeção, manutenção, higienização e guarda dos respiradores;
• A necessidade de informar ao supervisor qualquer problema que tenha ocorrido con-
sigo ou com seus colegas de trabalho devido ao uso do respirador (BRASIL, 2016).

15
15
UNIDADE
Medidas de Controle e Noções de Ventilação Industrial

Além dos usuários, outros profissionais, tais como supervisores, pessoas irão distribuir os
respiradores, e outros envolvidos, também deverão receber treinamento para possibilitar o
acompanhamento adequado dos usuários (BRASIL, 2016).

Uso de Respiradores
Os respiradores devem ser utilizados de acordo com as instruções do fabricante e sem
qualquer modificação. Deve-se fazer a inspeção preliminar no respirador antes do uso,
que inclui:
• Verificação da integridade do respirador (estado da superfície de selagem no rosto,
tirantes, válvulas etc.);
• Confirmação de que os filtros são do tipo e da classe selecionados, se estão fixados
corretamente e se estão em bom estado;
• Confirmação de que a selagem no rosto é aceitável pela realização da verificação
de vedação pelo teste de pressão positiva ou negativa. Para fazer o teste de pres-
são negativa, o usuário deve bloquear as aberturas de entrada de ar (filtros) com a
palma da mão, colocar um selo na entrada do filtro ou estrangular a traqueia ou
mangueira. Em seguida, deve inalar suavemente e segurar a respiração por alguns
segundos. Se a peça facial aderir ao rosto e permanecer por alguns segundos,
pode-se afirmar, com razoável segurança, que a vedação da peça facial é satisfató-
ria. Se a peça facial não permanecer aderida ao rosto enquanto o usuário segurar
a respiração, ele deve reajustar o respirador e refazer o teste. No teste de pressão
positiva, a válvula de exalação ou traqueia, ou ambas, são bloqueadas e o usuário
deve exalar suavemente. A vedação será considerada satisfatória quando o usuário
sentir ligeira pressão dentro da peça facial e não conseguir detectar nenhuma fuga
de ar na zona de vedação entre a peça facial e o rosto. Se ocorrer alguma fuga, o
usuário deve reajustar o respirador e refazer o teste (BRASIL, 2016).

O link a seguir mostra como colocar adequadamente um respirador, segundo a


fabricante 3M do Brasil.

Para visualizar o passo a passo de como colocar adequadamente um respirador, confira a


página 16, disponível no link: http://bit.ly/2whrqbo

Substituição dos filtros


Os filtros para partículas ou químicos devem ser substituídos periodicamente de acor-
do com a frequência definida pelo responsável ou quando o indicador do fim de vida
útil do filtro alertar. Os filtros usados aos pares devem ser substituídos simultaneamente
(BRASIL, 2016).

16
O responsável deverá ser informado caso alguns trabalhadores detectem odor ou
sinais de irritação antes do tempo de troca definido. Dessa forma, será possível reavaliar
o tempo de troca, a concentração de exposição, a umidade relativa, a taxa de trabalho
etc. (BRASIL, 2016).

Limpeza, higienização, inspeção, manutenção, descarte


e guarda de respiradores
Os procedimentos de limpeza, higienização, inspeção, manutenção, reparo, descarte
e guarda dos respiradores devem seguir as orientações do fabricante e atender às exi-
gências do Anexo 12 do PPR.

Quanto à limpeza e higienização dos respiradores, os de uso individual devem ser lim-
pos e higienizados quantas vezes forem necessários para serem mantidos em boas condi-
ções de higiene. Já os respiradores utilizados por mais de um indivíduo devem ser limpos
e higienizados antes de ser usado pelo outro. Os respiradores usados no ensaio de vedação
e no treinamento devem ser limpos e higienizados após cada uso (BRASIL, 2016).

A inspeção de respiradores de uso rotineiro deve ser feita conforme orientações do


fabricante imediatamente antes e depois de cada uso; depois da limpeza e higienização e
pelo menos mensalmente. Com relação à guarda, os respiradores devem ser guardados de
acordo com as orientações do fabricante, de modo que estejam protegidos contra agentes
físicos e químicos e que as partes de borracha não se deformem (BRASIL, 2016).

Saiba mais sobre as medidas de controle e uso de EPI em: https://youtu.be/W4_7Y-3ty5c

Programa de Proteção Respiratória (PPR)


O objetivo do Programa de Proteção Respiratória (PPR) é auxiliar os profissionais
responsáveis pela elaboração, implementação e administração de um programa que
abrange a seleção, a utilização e a manutenção corretas dos equipamentos de proteção
respiratória (EPR) (BRASIL, 2016).

O conteúdo do PPR deve detalhar, na forma de procedimentos operacionais escritos,


no mínimo:
a) política da empresa na área de proteção respiratória;

b) abrangência;

c) indicação do administrador do programa;

d) regras e responsabilidades dos principais atores envolvidos;

e) avaliação dos riscos respiratórios;

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UNIDADE
Medidas de Controle e Noções de Ventilação Industrial

f) seleção do respirador;

g) avaliação das condições físicas, psicológicas e médicas dos usuários;

h) treinamento;

i) ensaio de vedação;

j) uso do respirador e política da barba;

k) manutenção, inspeção, limpeza e higienização dos respiradores;

l) guarda e estocagem;

m) uso de respirador para fuga, emergências e resgates;

n) qualidade do ar/gás respirável;

o) revisão do programa;

p) arquivamento de registros (BRASIL, 2016).

Ainda, os procedimentos operacionais para o uso rotineiro de respiradores devem


incluir, no mínimo:
a) seleção dos respiradores para cada operação em que seu uso seja
considerado necessário;

b) avaliação da condição médica dos usuários;

c) treinamento dos usuários;

d) ensaios de vedação adotados;

e) distribuição dos respiradores;

f) limpeza, higienização, inspeção, manutenção, descarte e guarda


dos respiradores;

g) monitoramento do uso;

h) monitoramento do risco (BRASIL, 2016).

• Explore o Programa de Proteção Respiratória (PPR) disponível em: http://bit.ly/2wdLTO6


• Saiba mais sobre a proteção respiratória disponíveis em: http://bit.ly/2whrqbo e
http://bit.ly/2wgiL92

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Vídeos
Sistema de ventilação local Exaustora
https://youtu.be/ALroiDldPDo
EPI – Proteção respiratória
https://youtu.be/W4_7Y-3ty5c

Leitura
Cartilha de proteção respiratória 3M
http://bit.ly/2whrqbo
Guia de seleção de respiradores 3M
http://bit.ly/2wgiL92
Programa de proteção respiratória (PPR)
http://bit.ly/2wdLTO6

19
19
UNIDADE
Medidas de Controle e Noções de Ventilação Industrial

Referências
3M do Brasil. Cartilha de Proteção Respiratória. Disponível em: <https://docplayer.
com.br/2459504-3m-saude-ocupacional-protecao-respiratoria-cartilha-de-protecao-
respiratoria.html>. Acesso em: 18/12/2018.

BRASIL. Leis e Decretos. Segurança e medicina do trabalho. 73.ed. São Paulo: Atlas, 2014.

BRASIL. Programa de proteção respiratória. Recomendações, seleção e uso de


respiradores. São Paulo: Fundacentro, 2016.

BREVIGLIERO, E.; POSSEBON, J.; SPINELLI, R. Higiene ocupacional: agentes


biológicos, químicos e físicos. 6.ed. São Paulo: Senac, 2011. 452 p.

CELSO, A. R. Segurança e Higiene do Trabalho. São Paulo: Person Education do


Brasil, 2014. (e-book)

EDITORA SABERES - Saúde e segurança do trabalho (livro eletrônico). São Paulo,


2014. (e-book)

JUNIOR, A. S. M. Higiene e segurança do trabalho. Rio de Janeiro: Elsevier:


Campus, 2011.

OLIVEIRA, J. M. Noções de ventilação industrial. 2018. Disponível em: <http://


ftp.demec.ufpr.br/disciplinas/TM120/VENTILACAO_INDUSTRIAL.pdf>. Acesso em:
18/12/2018.

SALIBA, T. M. Manual prático de higiene ocupacional e PPRA: avaliação e controle


dos riscos ambientais. 4. ed. São Paulo: LTr, 2018.

STELLMAN, J. M.; DAUM, S. M. Trabalho e saúde na indústria: riscos físicos e quí-


micos e prevenção de acidentes. São Paulo: EPU, 1975.

20
HigieneTítulo
Inserir do Trabalho
Aqui
Inserir Químicos
Riscos Título Aqui
Exemplo de Avaliação de Agente Químico e Prevenção de Acidentes

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Me. Fernanda Anraki Vieira

Revisão Textual:
Prof. Esp. Claudio Pereira do Nascimento
Exemplo de Avaliação de Agente Químico
e Prevenção de Acidentes

Fonte: Getty Images


Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos:
• Exemplo de Avaliação de Agente Químico;
• Acidentes Químicos;
• Sistema Globalmente Harmonizado para Classificação
e Rotulagem de Produtos Químicos (GHS).

Objetivos
• Demonstrar, através de um exemplo, como realizar a avaliação de um agente químico;
• Examinar a ocorrência de acidentes envolvendo produtos químicos, apresentando alguns
meios de prevenção (sistema GHS e cuidados gerais na armazenagem e transporte de
produtos químicos).

Caro Aluno(a)!

Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl-
timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.

Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.

No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões


de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e
auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados.

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de
troca de ideias e aprendizagem.

Bons Estudos!
UNIDADE
Exemplo de Avaliação de Agente Químico
e Prevenção de Acidentes

Contextualização
Para fixar o conteúdo exposto nas unidades anteriores, vamos estudar um exemplo
de avaliação de um agente químico. Com relação aos acidentes de trabalho, examinare-
mos a ocorrência de acidentes envolvendo produtos químicos e apresentaremos alguns
meios de prevenção.

Segundo a Previdência Social (2018), foram registrados 549.405 acidentes de traba-


lho em todo o Brasil no ano de 2017. O transporte rodoviário de cargas foi a atividade
econômica que registrou o maior número de óbitos, com 252 casos; a construção de
edifícios, por sua vez, apresentou maior número de casos de invalidez permanente, com
364 registros.

A indústria química engloba muitos tipos de indústrias e, por isso, está entre as que
mais registram acidentes e óbitos. Para o ano de 2014, segundo a Previdência Social
(2015), ocorreram 35.487 acidentes. Os ramos químicos em que mais ocorreram aci-
dentes foram:
• plásticos: 10.935 acidentes e 19 óbitos;
• papel e celulose: 5.443 acidentes e 11 óbitos;
• borracha: 3.007 acidentes e 8 óbitos;
• químicos para fins industriais: 2.942 acidentes e 15 óbitos;
• vidro: 1.737 acidentes e 6 óbitos;
• farmacêutico: 1.646 acidentes e 7 óbitos;
• adubos e fertilizantes: 1.044 acidentes e 6 óbitos.

Sabendo que as substâncias químicas representam um grande perigo ao trabalhador


e ao meio ambiente, é muito importante discorrer acerca das estratégias de prevenção
de acidentes, seja nas atividades de transporte, armazenamento, produção industrial, ou
qualquer outra em que estes perigos sejam reconhecidos.

6
Exemplo de Avaliação de Agente Químico
Agora que você já conhece a metodologia de avaliação de um agente químico, é hora
de praticar através do estudo de um exemplo prático. Considere que a empresa em
questão é uma marmoraria que executa o corte de rochas diversas.

Deseja-se avaliar se há exposição ocupacional a agentes químicos.

Reconhecimento ou caracterização básica


• Referentes ao local: local semiaberto, com área de 200m², pé direito de 5m com
cobertura, iluminação natural e artificial e ventilação natural. A temperatura e umi-
dade relativa do ar são ambientes. Não há equipamentos de proteção coletiva e não
existe interferência de áreas vizinhas;
• Referentes ao processo produtivo: o processo consiste no corte de rochas di-
versas com o uso de cortadeiras tipo serra. Na atividade de corte pode ocorrer
exposição ocupacional à poeira através da projeção de partículas na direção do
trabalhador devido alta rotação do disco de corte;
• Referentes aos trabalhadores e aos processos de trabalho:
» Atuam 6 trabalhadores (GHE) na função de “Cortador”, em jornada de 44 horas
semanais, sendo 08h00 x 17h00 de segunda a sexta-feira, com 01 hora de inter-
valo, e 08h00 x 12h00 aos sábados, sem intervalo;
» As atividades de Cortador consistem em fazer o posicionamento da peça em
bancada (altura da cintura) e, em seguida, seu corte. Estima-se que 30% do tem-
po seja gasto na movimentação das peças e 70% em seu corte. Durante o corte,
observa-se proximidade do trabalhador em relação à peça, sendo possível visuali-
zar a projeção de partículas na altura das vias respiratórias e tronco dos trabalha-
dores. Não há dados indicativos de possíveis danos à saúde.
• Referentes a avaliações anteriores: não há resultados de medições realizadas
anteriormente;
• Avaliação qualitativa e priorizações: não é possível realizar a avaliação qualitati-
va visto que o método é limitado a produtos químicos nas formas de líquidos ou pós;
• Estratégia de avaliação quantitativa:
» Quantidade mínima de resultados: n = 6;
» Amostra ou coleta pessoal de período completo realizada em trabalhadores e
dias aleatórios.
• Equipamento de medição: Bomba de amostragem modelo Gillian BDX-II (calibra-
da há 2 meses) com ciclone separador de partículas para fração respirável;
• Metodologia analítica: Método NIOSH 7602 para análise de sílica cristalina.
A bomba de amostragem foi ajustada com uma vazão de 1,7L/min;
• Interpretação de resultados e análise estatística:
» Segundo o Anexo 12 da NR-15, o limite de tolerância para a sílica cristalina res-
pirável na forma de quartzo como poeira na fração respirável é (Equação 1):

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UNIDADE
Exemplo de Avaliação de Agente Químico
e Prevenção de Acidentes

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LT = (Eq. 1)
%SiO 2 + 2
» Considerando que a análise do laboratório apontou uma porcentagem de 12% de
quartzo, o limite de tolerância a ser considerado é LT = 0,57 mg/m³;
» Os resultados obtidos estão relacionados na Tabela 1:

Tabela 1 – Resultados das amostras


Amostra 1 2 3 4 5 6
Resultado (mg/m³) 0,35 0,24 0,56 0,18 0,06 0,48

» Análise preliminar dos dados:


Nenhum resultado ultrapassou o limite de tolerância, assim, os dados deverão ser
submetidos ao procedimento estatístico para serem validados;
» Tratamento estatístico dos dados para jornada integral utilizando-se a Planilha
IHStat-AIHA (Tabela 2):

Tabela 2– Interface da Planilha IHStat-AIHA


OEL Descriptive Statistics
0,57 Number of samples (n) 6
Maximum (max) 0,56
Minimum (min) 0,06
Sample Data
(max n = 50) Range 0,5
No less-than (<) Percent above OEL (%>OEL) 0,000
or greater-than (>)
Mean 0,312 MA
0,35 Median 0,295
0,24 Standard deviation (s) 0,188 DP
0,56 Mean of logtransformed data (LN) -1,386 MAY
0,18 Std. deviation of logtransformed data (LN) 0,817 DPY
0,06 Geometric mean (GM) 0,250 MG
0,48 Geometric standard deviation (GSD) 2,263 DPG
Test For Distribution Fit
W-test of logtransformed data (LN) 0,922
Lognormal (a = 0.05)? Yes
W-test of data 0,986
Normal (a = 0.05)? Yes
Lognormal Parametric Statistics
Estimated Arithmetic Mean – MVUE 0,327
LCL1,95% – Land’s “Exact” 0,196
UCL1,95% – Land’s “Exact” 1,268 LSCLE
95th Percentile 0,958
UTL95%,95% 5,161
Percent above OEL (%>OEL) 15,641 IMV
LCL1,95% %>OEL 3,478

8
Lognormal Parametric Statistics
UCL1,95% %>OEL 44,877
Normal Parametric Statistics
Mean 0,312
LCL1,95% – t statistics 0,157
UCL1,95% – t statistics 0,467
95th Percentile – Z 0,621
UTL95%,95% 1,01
Percent above OEL (%>OEL) 8,504
Fonte: Adaptado de aiha.org

PlanilhaIHStat-AIHA– Disponível para download no seu ambiente virtual de aprendizagem.

Para usar a planilha, basta inserir o limite de tolerância no campo “OEL”, os dados em
“Sample Data” e fazer sua leitura. Os dados necessários estão assinalados em negrito na
última coluna à direita.

Da planilha, obteve-se os seguintes resultados:


• Média Aritmética (MA): 0,312;

• Desvio Padrão (DP) da Média Aritmética (MA): 0,188;

• Média dos logaritmos neperianos (MAY): -1,386;

• Desvio Padrão dos logaritmos neperianos (DPY): 0,817;

• Média Geométrica (MG): 0,250;

• Desvio Padrão Geométrico (DPG): 2,263;

• Limite Superior de Confiança Land’s Exato (LSCLE, 95%): 1,268;

• Índice de julgamento (IMV): 15,641.

Neste caso, IMV = 15,641> 1,0. Ou seja, a situação é de não conformidade (não
é possível garantir que a média verdadeira dos dados observados esteja abaixo do
VRATMPT, com 95% de confiança). Sendo assim, é necessário rever a caracterização
básica (tarefas executadas, procedimentos operacionais, fontes de emissões fugitivas,
falhas ou vazamentos nos equipamentos do processo etc.), adotar medidas de controle
que eliminem ou reduzam as concentrações de modo a atingir a conformidade e reava-
liar (n ≥ 6 resultados).
• Periodicidade dos monitoramentos – reavaliações:
» IMV, ou IP95% ou ILST> 1,0: Situação de não conformidade. Deverá ser mo-
nitorada conforme necessidade para avaliação das medidas de controle adotadas.

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UNIDADE
Exemplo de Avaliação de Agente Químico
e Prevenção de Acidentes

Acidentes Químicos
A ocorrência dos acidentes químicos está diretamente relacionada ao aumento da
produção e consumo de substâncias químicas no mundo. Como consequência do au-
mento da produção, ocorre também o aumento de trabalhadores expostos aos perigos
originados pelas substâncias químicas (FREITAS, C. M. et al, 1995).

Acidentes ampliados, tais como explosões, incêndios ou emissões acidentais, indivi-


dualmente ou combinados, envolvendo uma ou mais substâncias químicas, marcaram a
história devido ao seu grande potencial de causar danos aos trabalhadores, à comunida-
de local e ao meio ambiente. A Tabela 3 apresenta uma síntese dos acidentes químicos
ampliados em nível global desde o início do século XIX até o ano de 1984 (FREITAS,
C. M. et al, 1995).

Saiba mais sobre acidentes químicos ampliados disponível em: http://bit.ly/2IbMCX0

Não menos importantes, as atividades que podem ocasionar acidentes menores,


que atingem a um ou poucos trabalhadores e não comprometem a comunidade lo-
cal ou o meio ambiente, também devem ser acompanhadas pelos profissionais de
segurança. É comum o relato de acidentes envolvendo falta de conhecimento dos
riscos oriundos da manipulação do agente químico, reação de substâncias químicas
incompatíveis, armazenamento de agentes químicos em embalagens não identifica-
das, entre outras situações que podem ocasionar acidentes de trabalho (incluam-se
as doenças ocupacionais).

Uma das etapas para a prevenção de acidentes envolvendo agentes químicos con-
templa a Norma Regulamentadora 26 (NR-26) que trata da Sinalização de Segurança.
A NR-26 estabelece critérios para a classificação e rotulagem de produtos químicos em
conformidade com o Sistema Globalmente Harmonizado para Classificação e Rotula-
gem de Produtos Químicos (GHS) (BRASIL, 2014).

Tabela 3 – Acidentes químicos ampliados em nível global


com mais de 20 óbitos do início do século passado até 1984
Data País Tipo de Acidente Substância Mortes
1917 Escócia Explosão de navio Explosivos militares 1.800
1921 Alemanha Explosão em fábrica de Nitrato >500
EUA Explosão em depósitode munições Trinitrotoluol 21
1926
EUA Vazamento de tanques Cloro 40
1929 EUA Incêndio com gases tóxicos em Nitrogênio, monóxido e dióxido de carbono 119
1930 Bélgica Gases tóxicos na atmosfera Fluoreto de hidrogênio 92
1933 Alemanha Explosão em fundição Gás 65
1934 China Incêndio em gasômetro Gás 42
1935 Alemanha Explosão em fábricade explosivos Dinitrotoluol, Trinitrotoluol 82
1939 Romênia Vazamento em indústria química Cloro 60
1942 Bélgica Explosão Nitrato de amônia 60-80

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Data País Tipo de Acidente Substância Mortes
1943 Alemanha Explosão de caminhão em indústria Butadieno 60-80
1944 EUA Explosão de nuvem de gás GLN 130
França Explosão de navio cargueiro Nitrato de amônia 21
1947
EUA Explosão de navio Nitrato 552
Alemanha Explosão de caminhão em indústria Éter dimetílico 209
1948
Alemanha Explosão em metalúrgica Poeira de carvão 50
1950 México Vazamento em fábrica Sulfeto de hidrogênio 22
1959 EUA Explosão de caminhão em rodovia Gás líquido de petróleo 26
1966 França Explosão em refinaria Propano e butano 21
Alemanha Explosão em indústria Cloreto 24
1968
Japão Contaminação de água por Cádmio 100
1970 Japão Explosão Gás 92
EUA Explosão em coqueria Propano 21
1972 Japão Vazamento de 6 indústrias Desconhecido 76
Brasil Explosão em refinaria Propano 38
1973 EUA Incêndio em GLP 40
1974 Inglaterra Vazamento seguido de explosão Ciclohexano 26
1976 Finlâdia Explosão Explosivos 43
Coréia do Sul Explosão de trem Explosivos 56
1977
Colômbia Vazamento em indústria de Amônia, nitrato e carbamida 30
Espanha Acidente de transporte rodoviário Propileno 216
México Explosão Butano 100
1978
México Explosão de gasoduto Gás 58
– Explosão de um vagão tanque GLP 25
URSS Acidente em fábrica Produtos químicos 300
Irlanda Explosão de tanque de óleo Óleo 50
1979 Turquia Explosão de transporte marítimo Óleo 55
China Naufrágio de um navio de Óleo 72
EUA Explosão e incêndio em tanque Óleo cru 32
Índia Explosão em 2 fábricas Explosivos 40-80
Irã Explosão em depósito de explosivos Nitroglicerina 80
1980
Espanha Explosão Explosivos 51
Tailândia Explosão de armamentos Explosivos 54
Venezuela Explosão Hidrocarbureto 145
1981
México Descarrilamento de trem Cloro 28
Canadá Naufrágio em navio de óleo Óleo 84
EUA Incêndio em navio de óleo Óleo 51
Noruega Naufrágio de navio de Óleo 123
1982
Espanha Explosão Explosivos 51
Tailândia Explosão de munições Explosivos 54
Venezuela Explosão Hidrocarbonos 145
1983 Brasil Explosão de trem Diesel 45
Brasil Explosão de oleoduto Petróleo 508
Brasil Explosão em plataforma de petróleo Petróleo 40
México Explosão de reservatório Gás líquido 550
1984 Índia Vazamento em indústria química Metil-isocianato >2.500
Paquistão Explosão de gasoduto Gás natural 60
Romênia Explosão em fábrica - 100
Índia Transporte rodoviário Petróleo 60
Fonte: FREITAS, C.M. et al (1995)

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UNIDADE
Exemplo de Avaliação de Agente Químico
e Prevenção de Acidentes

Sistema Globalmente Harmonizado


para Classificação e Rotulagem
de Produtos Químicos (GHS)
O Sistema Globalmente Harmonizado para Classificação e Rotulagem de Produtos
Químicos (GHSA) é um sistema de padronização que aborda a classificação de pro-
dutos químicos por tipos de perigos e propõe elementos de comunicação dos perigos
harmonizados, incluindo rótulos e fichas de dados de seguranca. Os princípios do GHS
foram publicados pela Organização das Nações Unidas (ONU) em um manual chamado
Purple Book (DEVINCENTIS, 2017).

A adesão dos países ao GHS é voluntária. O Brasil aplicou o GHS na norma ABNT NBR
14725/2009, incluindo as partes 1 – Terminologia, 2 – Sistema de classificação de perigo,
3 – Rotulagem e 4 – Ficha de Informações de Segurança de Produtos Químicos (FISPQ).
Ainda, através da Portaria MTE 229/2011, tornou obrigatório o uso do GHS na classifi-
cação e rotulagem de produtos químicos perigosos (DEVINCENTIS, 2017). Diz a NR-26:
26.2 Classificação, Rotulagem Preventiva e Ficha com Dados de Se-
gurança de Produto Químico
26.2.1 O produto químico utilizado no local de trabalho deve ser
classificado quanto aos perigos para a segurança e a saúde dos tra-
balhadores de acordo com os critérios estabelecidos pelo Sistema
Globalmente Harmonizado de Classificação e Rotulagem de Produtos
Químicos (GHS), da Organização das Nações Unidas.
...
26.2.2 A rotulagem preventiva do produto químico classificado como
perigoso a segurança e saúde dos trabalhadores deve utilizar proce-
dimentos definidos pelo Sistema Globalmente Harmonizado de Clas-
sificação e Rotulagem de Produtos Químicos (GHS), da Organização
das Nações Unidas.
26.2.2.1 A rotulagem preventiva é um conjunto de elementos com
informações escritas, impressas ou gráficas, relativas a um produto
químico, que deve ser afixada, impressa ou anexada à embalagem que
contém o produto.
26.2.2.2 A rotulagem preventiva deve conter os seguintes elementos:
a) identificação e composição do produto químico;
b) pictograma(s) de perigo;
c) palavra de advertência;
d) frase(s) de perigo;
e) frase(s) de precaução;
f) informações suplementares. (BRASIL, 2014)

Classificação de produtos químicos conforme o GHS


A classificação dos produtos químicos envolve a identificação do(s) perigo(s) da subs-
tância ou mistura. Uma categoria de perigo é estabelecida a partir de critérios previa-
mente definidos pelo sistema de classificação. Esta etapa envolve três estágios:

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• identificar as informações relevantes sobre os perigos das substâncias ou misturas;
• revisar essas informações para verificar os perigos associados com a substância
ou mistura;
• decidir se a substância ou mistura será classificada como uma substância ou mistura
perigosa e o grau de perigo, através da comparação das informações obtidas com
critérios de classificação de perigos aceitos (DEVINCENTIS, 2017).

Os produtos químicos são classificados quanto:


• Perigos físicos, conforme as classes e categorias da Figura 1;

Figura 1 – Critérios de perigos físicos segundo o GHS


Fonte: UNITED NATIONS, 2015

• Perigos à saúde humana, conforme as classes e categorias da Figura 2;

Figura 2 – Critérios de perigos à saúde humana segundo o GHS


Fonte: UNITED NATIONS, 2015

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Exemplo de Avaliação de Agente Químico
e Prevenção de Acidentes

• Perigos ao meio ambiente, conforme as classes e categorias da Figura 3.

Figura 3 – Critérios de perigos ao meio ambiente segundo o GHS


Fonte: UNITED NATIONS, 2015

Após a classificação do produto químico, os perigos são comunicados aos públicos-


-alvo, geralmente através dos rótulos e as Fichas de Informações de Segurança de Pro-
dutos Químicos (FISPQ) (DEVINCENTIS, 2017).

Rotulagem de produtos químicos conforme o GHS


A rotulagem adequada da substância química permite que o público-alvo entenda
facilmente os perigos aos quais estão expostos. O GHS utiliza pictogramas (Tabela 4),
palavras de advertência (“Perigo” ou “Aviso”), frases de perigo e precaução (frases pa-
drão atribuídas a uma classe e categoria de perigo que descreva a natureza do perigo)
para a identificação das classes de perigos dos agentes químicos (DEVINCENTIS, 2017).

Tabela 4 – Pictogramas e classes de perigo conforme GHS

Oxidantes Inflamáveis Explosivos


Autorreativos Autorreativos
Pirofóricos Peróxidos orgânicos
Autoaquecimento
Emite gás inflamável
Peróxidos orgânicos

Toxicidade aguda (grave) Corrosivos Gases sob pressão

Carcinogênico Toxicidade ambiental Irritante


Sensibilizador respiratório Sensibilizador dérmico
Toxicidade reprodutiva Toxicidade aguda
Toxicidade de órgãos-alvo Efeitos narcóticos
Mutagenicidade Irritação do trato respiratório
Toxicidade por aspiração
Fonte: Adaptado de UNITED NATIONS, 2015

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Saiba mais sobre o sistema GHS e a classificação e rotulagem de produtos químicos.
Disponível em: http://bit.ly/2IcP8w0

Armazenagem de produtos químicos


Qualquer local de armazenagem de produtos químicos deve seguir critérios rígidos
para armazenamento, principalmente quando se tratam de agentes químicos perigosos
(voláteis, tóxicos, corrosivos, inflamáveis, explosivos, peroxidáveis etc.) ou agentes quí-
micos em grandes quantidades (VERGA FILHO, 2009). Deve-se observar as exigências
legais para cada produto armazenado.

A norma ABNT NBR 14725, parte 4, que trata da Ficha de Informações de Segu-
rança de Produtos Químicos (FISPQ), informa que a subseção 7 da FISPQ – manuseio
e armazenamento, deve descrever medidas técnicas de armazenagem apropriadas e ina-
propriadas, sendo que as recomendações estabelecidas devem estar em acordo com as
propriedades físicas e químicas do produto. Ainda, se pertinente, a FISPQ deve fornecer
informações sobre:
• como evitar incompatibilidade, atmosferas explosivas, inflamabilidade, corrosivida-
de, evaporação e fontes de ignição;
• condições ambientais de armazenagem, tais como temperatura, pressão, umidade
e exposição à luz solar;
• como manter a integridade da substância ou mistura pelo uso de estabilizadores
e antioxidantes;
• exigências de ventilação;
• projetos específicos para os locais de armazenagem, por exemplo, instalação elétri-
ca, sistema de drenagem etc.;
• projetos específicos para recipientes de armazenagem;
• embalagens compatíveis;
• qualquer outra recomendação que se fizer necessária (ABNT,2009).

Também são boas práticas no armazenamento de produtos químicos:


• desenvolver procedimentos técnicos adequados para a armazenagem do produto
químico em questão;
• treinar adequadamente os trabalhadores que terão acesso ao local para realização
de atividades diárias;
• manter o ambiente limpo e organizado;
• garantir que os produtos químicos estejam armazenados em embalagens íntegras;
• não estocar produtos não identificados;
• estocar os líquidos mais perigosos próximos ao chão;
• manter o controle sobre os prazos de validade dos produtos;

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• descartar produtos químicos vencidos;


• não fumar no local de armazenagem;
• desenvolver procedimentos técnicos adequados para situações de emergência en-
volvendo produto químico em questão;
• treinar adequadamente os trabalhadores que realizarão atividades em caso
de emergência.

Transporte de produtos perigosos


O Decreto n° 96.044/1988, que aprova o Regulamento para o Transporte Rodoviá-
rio de Produtos Perigosos e dá outras providências, exige que:
• os veículos e equipamentos utilizados no transporte de produto perigoso portem
rótulos de risco e painéis de segurança específicos, de acordo com as NBR-7500 e
NBR- 8286;
• os veículos utilizados no transporte de produto perigoso portem o conjunto de
equipamentos para situações de emergência indicado por Norma Brasileira ou, na
inexistência desta, o recomendado pelo fabricante do produto;
• não ocorra o transporte conjunto de produtos incompatíveis (produtos que, em con-
tato entre si, apresentem alterações das características físicas ou químicas originais
de qualquer deles, gerando risco de provocar explosão, desprendimento de chama
ou calor, formação de compostos, misturas, vapores ou gases perigosos);
• os veículos portem Ficha de Emergência e Envelope para o Transporte, emitidos
pelo expedidor, de acordo com as NBR-7503, NBR-7504 e NBR-8285, preen-
chidas conforme instruções fornecidas pelo fabricante ou importador do produto
transportado, contendo:
» a) orientação do fabricante do produto quanto ao que deve ser feito e como fazer
em caso de emergência, acidente ou avaria; e
» b) telefone de emergência da corporação de bombeiros e dos órgãos de poli-
ciamento do trânsito, da defesa civil e do meio ambiente ao longo do itinerário
(BRASIL, 1988).

Já a Resolução n° 420/2004 da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT)


aprova as Instruções Complementares ao Regulamento do Transporte Terrestre de Pro-
dutos Perigosos, prevendo critérios de classificação, bem como informações sobre os
produtos e especificações de embalagens (BRASIL, 2004).

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) estabelece as Normas Brasileiras


(NBR) com as diretrizes e normatizações para as atividades de transporte, dentre elas:
• NBR 7500: Identificação para o transporte terrestre, manuseio, movimentação e
armazenamento de produtos;
• NBR 7501: Transporte de produtos perigosos – Terminologia;
• NBR 7503: Fichas de emergência e envelope para transporte terrestre de produtos
perigosos, características, dimensões e preenchimento;

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• NBR 9735: Conjunto de equipamentos para emergência no transporte terrestre
de produtos perigosos;
• NBR 14619: Incompatibilidade química.

A Figura 4 mostra os pictogramas utilizados na identificação de substâncias perigosas


no transporte terrestre conforme a ABNT 7500. A Tabela 5 mostra os pictogramas para
transporte em conformidade com o GHS.

Saiba mais sobre o sistema GHS e a legislação brasileira de transporte terrestre de produtos
perigosos disponível em: http://bit.ly/2IdswvB

Figura 4 – Pictogramas para transporte conforme ABNT 7500


Fonte: BRASIL, 2003

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Tabela 5 – Pictogramas para transporte conforme GHS

Líquido inflamável Sólido inflamável Pirofóricos


Gás inflamável Substâncias autorreativas (espontaneamente combustíveis)
Aerossol inflamável Substâncias autoaquecidas

Substâncias que em contato com a Gases oxidantes Explosivo


água emitem gases inflamáveis Líquidos oxidantes Divisões 1.1, 1.2, 1.3
(perigoso quando molhado) Sólidos oxidantes

Divisão explosiva 1.4 Divisão explosiva 1.5 Divisão explosiva 1.6

Gases comprimidos Toxicidade aguda (veneno): oral, Corrosivo


dérmica, inalação

Poluente marinho Peróxidos orgânicos


Fonte: Adaptado de UNITED NATIONS, 2015

Quanto ao transporte de produtos perigosos em malha ferroviária, aérea ou maríti-


ma, as legislações específicas devem ser observadas.

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Leitura
PlanilhaIHStat-AIHA
Disponível para download no seu ambiente virtual de aprendizagem.

Acidentes químicos ampliados: um desafio para a saúde pública


http://bit.ly/2IbMCX0
Aplicação do sistema globalmente harmonizado de classificação e rotulagem de produtos quí-
micos (GHS): análise do conteúdo de fichas de dados de segurança para substâncias produzidas
em larga escala
http://bit.ly/2IcP8w0
O sistema globalmente harmonizado de classificação e rotulagem de substâncias químicas –
GHS e a legislação brasileira de transporte terrestre de produtos perigosos
http://bit.ly/2IdswvB

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e Prevenção de Acidentes

Referências
ABNT. NBR 14725-4 Produtos químicos – Informações sobre segurança, saúde
e meio ambiente. Parte 4: Ficha de informações de segurança de produtos químicos
(FISPQ). Rio de Janeiro: ABNT, 2009.

AIHA. Planilha IHStat-AIHA. Disponível em: <https://www.aiha.org/get-involved/


VolunteerGroups/Documents/EXPASSVG-IHSTATmacrofree.xls>. Acesso em: 18/12/2018.

BRASIL. Decreto nº 96.044, de 18 de maio de 1988. Aprova o Regulamento para


o Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos e dá outras providências. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/antigos/d96044.htm>. Acesso em:
18/12/2018.

BRASIL. Leis e Decretos. Segurança e medicina do trabalho. 73.ed. São Paulo: Atlas, 2014.

BRASIL. RESOLUÇÃO Nº 420, DE 12 DE FEVEREIRO DE 2004. Aprova as Ins-


truções Complementares aoRegulamento do Transporte Terrestre deProdutosPerigo-
sos. (*). Disponível em: <http://www.sbpc.org.br/upload/conteudo/320110405154556.
pdf>. Acesso em: 18/12/2018.

BREVIGLIERO, E.; POSSEBON, J.; SPINELLI, R. Higiene ocupacional: agentes bio-


lógicos, químicos e físicos. 6.ed. São Paulo: Senac, 2011. 452 p.

DEVINCENTIS, C. H. B. Aplicação do sistema globalmente harmonizado de clas-


sificação e rotulagem de produtos químicos (GHS): análise do conteúdo de fichas
de dados de segurança para substâncias produzidas em larga escala. São Paulo, 2017.
Disponível em: <http://www.fundacentro.gov.br/biblioteca/biblioteca-digital/acervodi-
gital/detalhe/2017/7/aplicacao-do-sistema-globalmente-harmonizado-de-classificacao-
-e-rotulagem-de-produtos>. Acesso em: 18/12/2018.

EDITORA SABERES. Saúde e segurança do trabalho (livro eletrônico). São Paulo,


2014. (e-book)

FREITAS, C. M., PORTE, M. F., GOMEZ, C. M. Acidentes químicos ampliados: um


desafio para a saúde pública. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rsp/v29n6/
12.pdf>. Acesso em: 18/12/2018.

MELO JUNIOR, A. da S. Higiene e segurança do trabalho. Rio de Janeiro: Elsevier


Campus, 2011.

OSHA. Occupacional Safety and Health Administration. A guide to the globally


harmonized system of classification and labeling of chemicals (GHS). Produced
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ROSSETO, C. A. Segurança e Higiene do Trabalho / Celso Augusto Rossete, orga-


nizador – São Paulo: Person Educationdo Brasil, 2014. (e-book)

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SALIBA, T. M. Manual prático de higiene ocupacional e PPRA: avaliação e controle
dos riscos ambientais. 4. ed. São Paulo: LTr, 2018.

STELLMAN, J. M.; DAUM, S. M. Trabalho e saúde na indústria: riscos físicos e quí-


micos e prevenção de acidentes. São Paulo: EPU, 1975.

UNITED NATIONS. Globally Harmonised System of Classification and Labelling


of Chemicals (GHS). 6th ed. Rev. New York/ Geneva: United Nations, 2015. 527 p.
Disponível em: <https://www.unece.org/trans/danger/publi/ghs/ghs_rev06/06files_e.
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VERGA FILHO, A. F. Segurança em laboratório químico. São Paulo: CRQ-IV Região,


2009. Disponível em: <https://www.crq4.org.br/sms/files/file/mini_seg_lab_2009.
pdf>. Acesso em: 18/12/2018.

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