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BIANCA BINS
Ijuí
2019
BIANCA BINS
Ijuí /RS
2019
BIANCA BINS
Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado para a obtenção do título de
ENGENHEIRO CIVIL e aprovado em sua forma final pelo professor orientador e pelo membro
da banca examinadora.
BANCA EXAMINADORA
A Deus em primeiro lugar, que me guiou até aqui me dando forças e sabedoria, e me
protegeu durante esses sete anos de idas e vindas na estrada de Panambi a Ijuí.
À minha família que sempre esteve ao meu lado e me deu todo suporte necessário para
concluir esse sonho. Em especial à minha mãe Rosane e meu pai Roland que em todo tempo
me apoiaram e jamais permitiram que algo me faltasse até aqui. À minha irmã Márcia que foi
quem me incentivou a cursar Engenharia Civil logo que concluí o ensino médio, e esteve ao
meu lado comemorando e me oferecendo o ombro de irmã e amiga em todos os momentos. Ao
meu cunhado Gilberto que foi minha inspiração de engenheiro na família e sempre teve os
conselhos mais sábios. Aos meus sobrinhos Carolina, Bernardo e Manuela que me deram forças
com seu amor puro e sincero de criança. Ao meu irmão Robert, minha cunhada Raquel e meu
irmão Marcos que também me acompanharam durante toda essa trajetória e me apoiaram.
Aos meus amigos que de alguma forma me deram forças e estiveram ao meu lado
durante essa fase. Em especial à minha amiga Cris, por todos os anos de companhia no ônibus
da faculdade, e por me dar a certeza que tenho alguém para contar em qualquer momento da
minha vida. Ao meu amigo Anderson, que sempre me ouviu e comemorou comigo as conquistas
e bons momentos, sendo meu ombro amigo e meu exemplo de bondade nesse mundo. À minha
comadre Bruna, que me deu a honra de ser madrinha do pequeno Miguel, e tenho certeza que
o carinho que recebo deles me manteve tranquila e alegre mesmo em fase de fim de faculdade,
onde a pressão e a exaustão são intensas. Aos meus colegas de faculdade pois sempre lutamos
juntos e nos apoiamos, e aos que se tornaram amigos vou levar com carinho em meu coração
pelo resto da minha vida.
E por último, mas não menos importante, ao meu orientador José Echeverria, que se
tornou um exemplo de professor, profissional e ser humano para mim. Seu amor pela profissão
refletido em suas aulas me inspirou como pessoa e como futura profissional, me incentivando
a amar a área de rodovias na engenharia e a sentir prazer em estudar qualquer conteúdo que
envolva esse assunto. Sua orientação e seu incentivo a desenvolver essa pesquisa foi o que me
possibilitou a fazer do TCC algo prazeroso, ao que tive muito interesse e dedicação.
Porque o Senhor dá a sabedoria; da sua boca é que vem
o conhecimento e o entendimento.
Provérbios 2:6
RESUMO
No Brasil, o pavimento flexível sofre desgaste precoce quando analisado sua vida útil
comparado a outros países. Sua vida útil é estimada em 10 anos, enquanto nos Estados Unidos
por exemplo, a vida útil dos pavimentos flexíveis é de 25 anos. Dentre os principais problemas
encontrados nos pavimentos brasileiros destaca-se o trincamento por fadiga, que é causada
principalmente pelos esforços de solicitações de tráfego e por ações térmicas. Quando
executado um serviço de recapeamento sobre um pavimento trincado, comumente ocorre o
fenômeno de reflexão de trincas, que baseia-se na propagação das trincas existentes do
pavimento antigo para a camada de restauração, atingindo a superfície dessa nova camada. Esse
processo também é considerado um processo de fadiga, onde deformações plásticas sucessivas
e frequentes acabam enfraquecendo o material e revela o aparecimento e crescimento de
fissuras existentes. A pesquisa apresentada visa explorar e comentar soluções para a prevenção
e retardação dessa reflexão de trincas através de superposição de camadas asfálticas. Essas
soluções baseiam-se em métodos de camadas anti-reflexão de trincas, que são camadas
executadas sobre o pavimento antigo e abaixo da nova camada de restauração. Podem ser
compostas por ligante asfáltico, materiais geossintéticos, mistura de asfalto convencional com
tipos de borracha vulcanizada impregnado com agregado (SAMI) ou materiais granulares. Após
análise e discussão dos métodos, será considerado que o melhor sistema para se controlar a
reflexão de trincas é a combinação de uma camada de alívio de tensões (SAMI) sobre a camada
trincada, com uma membrana de reforço geossintética colocada sob a camada asfáltica de
restauração. Esse sistema proporciona um aumento da vida de reflexão de trincas de uma
camada asfáltica de restauração e posterga por um tempo significativo o momento em que o
pavimento deve ser novamente restaurado. Ainda, são citadas obras realizadas no Brasil de
restauração de pavimento flexível com a adoção da camada anti-reflexão de trincas em
diferentes métodos, apresentando detalhes técnicos das obras e imagens.
BINS, Bianca. Study of alternatives for the use of cracked anti-reflection layers in flexible
pavement restoration. 2019. Completion of Course Work. Civil Engineering Course,
Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, Ijuí, 2019.
In Brazil, flexible pavement suffers early detrition when its useful life is analyzed and compared
to other countries. Their useful life is estimated at 10 years, while in the United States for
example, the life of flexible floors is 25 years. Among the main problems found in Brazilian
pavements is the fatigue cracking, which is mainly caused by traffic solicitation efforts and
thermal actions. When resurfacing a cracked pavement, the crack reflection phenomenon
commonly occurs, which is based on the propagation of existing cracks from the old pavement
to the restoration layer, reaching the surface of this new layer. This process is also considered
a fatigue process, where successive and frequent plastic deformations end up weakening the
material and revealing the appearance and growth of existing cracks. The presented research
aims to explore and comment on solutions for the prevention and retardation of this crack
reflection through asphalt layer overlap. These solutions are based on cracked anti-reflection
layer methods, which are layers that run over the old pavement and below the new restoration
layer. They can be composed of asphalt binder, geosynthetic materials, conventional asphalt
mixture with aggregate impregnated vulcanized rubber types (SAMI) or granular materials.
After analysis and discussion of the methods, it will be considered that the best system for
controlling crack reflection is the combination of a stress relieving layer (SAMI) on the cracked
layer with a geosynthetic reinforcement membrane placed under the asphalt layer restoration.
This system increases the crack reflection life of an asphalt restoration layer and postpones by
a significant amount the time when the pavement is to be restored again. Also, works carried
out in Brazil for restoration of flexible pavement will be mentioned with the adoption of the
anti-reflection crack layer in different methods, presenting technical details of the works and
images.
CA Concreto Asfáltico
TER Terminologia
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................... 13
4 RESULTADOS ....................................................................................... 47
5 CONCLUSÕES ...................................................................................... 71
REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 73
13
1 INTRODUÇÃO
1.1 CONTEXTO
No país, cerca de 61% das movimentações de carga são realizadas pelo modo rodoviário,
sendo este a principal forma de transportes no território brasileiro (CNT, 2018). Essa demanda,
conciliada com o avanço da tecnologia, exige e possibilita que os veículos de transporte de carga
sejam cada vez mais potentes e com uma capacidade de carga maior.
Por outro lado, as vias do país não possuem capacidade ideal de suporte para tal solicitação
de tráfego. Baseando-se em uma pesquisa sobre as condições das rodovias brasileiras (CNT, 2018),
de um total de 107.161 km de extensão pesquisada, cerca de 57% das estradas pavimentadas do
Brasil não se encontram em condições adequadas segundo quesitos gerais de Pavimento, como
representado na figura 1.
1.2 PROBLEMA
O pavimento no Brasil é projetado com vida útil estimada de 10 anos (CNT, 2018). Essa
estimativa é relativamente baixa, comparada com países como Estados Unidos, onde os pavimentos
são dimensionados para 25 anos. Um estudo feito pela CNT (2018), buscou identificar algumas
das principais causas do desgaste precoce dos pavimentos, e as possíveis oportunidades de
melhoria.
Dentre as dez principais razões que contribuem para a pouca durabilidade do pavimento
nas rodovias brasileiras (CNT, 2018), estão: destinação insuficiente de recursos para obras de
construção, fiscalização e manutenção de rodovias; problemas na manutenção preventiva dos
pavimentos; deficiências na contratação de serviços de manutenção.
Algumas das possíveis soluções de melhorias apontadas pela CNT (2018), enfatizam a
importância de um planejamento de manutenções preventivas com periodicidade adequada para
manter as condições mínimas de qualidade e funcionalidade do pavimento, adotando critérios de
contratação de obras de execução do pavimento, que considerem a qualidade técnica como fator
preponderante sobre o preço. Também é de extrema importância uma análise de custo do ciclo de
vida do pavimento e de ensaios de materiais para seleção das melhores alternativas tecnológicas
para se empregar nas obras, utilizando os materiais mais eficientes para pavimentação.
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Bianca Bins (biancabins@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ, 2019
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De acordo com a norma do DNIT – TER 005 (2003), a trinca é definida como uma fenda
existente no revestimento de fácil visualização a olho nu conforme pode ser visualizado na figura
3, tendo uma abertura maior que à da fissura e sendo apresentada como trinca isolada ou interligada.
Existem trincas no revestimento geradas por deformação permanente excessiva e/ou decorrentes
do fenômeno de fadiga, que são as trincas isoladas transversais e longitudinais, as trincas
interligadas do tipo “jacaré”; e trincas no revestimento não atribuídas ao fenômeno de fadiga, que
são as trincas isoladas devido à retração térmica, ou dissecação da base ou do revestimento, e as
trincas interligadas do tipo “bloco”.
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Estudo de alternativas da utilização de camadas anti-reflexão de trincas em restauração de pavimentos flexíveis
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Do ponto de vista de Fontes (2009), a maior parte das trincas de um pavimento são causadas
pelo fenômeno de fadiga, ou seja, decorrente de ações repetidas de esforços de tração por flexão
dessa camada. Esse é o primeiro sinal da redução da qualidade estrutural de um pavimento.
Segundo Balbo (2007), o fenômeno da fadiga acontece porque muitos materiais sofrem
repetidas solicitações em níveis de tensão inferiores àqueles de ruptura (para especifico modo de
solicitação), e assim vão desenvolvendo alterações em sua estrutura interna, resultando uma perda
de característica estrutural original. Esse esforço gera microfissuras que gradativamente se
ampliam, formando as trincas. Os níveis de deformação aplicados ao material isoladamente não o
levam instantaneamente à ruptura. Porém, cada deformação sendo aplicada repetidas vezes, vai
causando um acúmulo de incontáveis zonas de plastificação que, apesar de microscópicas e quase
imperceptíveis, ao longo do tempo vão ocasionando fraturas (BALBO, 2007).
trincas do tipo “couro de jacaré”, pois as trincas longitudinais isoladas evoluem para trincas
ramificadas. As trincas pela superfície do pavimento são causadas por problemas de estabilidade
dos materiais das camadas de desgaste, relacionados ao tráfego pesado do trecho ou pela ligação
deficiente entre a camada superior com a inferior da pavimentação (FONTES, 2009).
O fenômeno de fadiga ocorre devido a ações mecânicas e/ou térmicas que afetam a vida
útil do material asfáltico. A ASTM (1979) define o fenômeno de fadiga como o processo da
mudança estrutural permanente, progressiva e localizada que ocorre em um ponto do material que
é sujeito a tensões de amplitudes variáveis, que produzem assim fissuras que conduzem para
totalizar as falhas após determinado número de ciclos ou repetições. Balbo (2007) acrescenta que,
quanto mais frágil for a mistura do material asfáltico utilizado na execução do pavimento, e quanto
mais vazios forem encontrados em sua matriz, maiores serão as chances de fissuração.
Outros casos que podem ocorrer fissuras prematuras são em situações restauração de
pavimentos, onde surge a reflexão de trincas da camada inferior. Vilchez (1996) comenta que este
efeito invalida qualquer previsão de desempenho convencional e exige um estudo confiável e eficaz
para fins de dimensionamento e planejamento do projeto de restauração, com o intuito de
minimizar os custos de restauração e assim prolongar a vida útil do mesmo.
De acordo com Savasini (2019), diversas soluções já foram estudadas afim de corrigir o
problema de reflexão de trincas em camadas novas de revestimento, entre elas a utilização de
camadas espessas de reforço em concreto asfáltico, a modificação dos ligantes asfálticos, a
utilização de camadas de reforço, a selagem prévia das juntas, a utilização de camadas
intermediárias (aplicadas entre o pavimento deteriorado e uma nova camada asfáltica), entre outras.
A finalidade das camadas intermediárias é fazer com que as tensões de tração e de cisalhamento,
provocadas pela ação do tráfego e potencializadas devido às trincas, possam ser parcialmente
absorvidas nessa camada.
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Estudo de alternativas da utilização de camadas anti-reflexão de trincas em restauração de pavimentos flexíveis
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Questão principal
Quais alternativas de camadas anti-reflexão de trincas podem ser utilizadas para inibir o
fenômeno da propagação das mesmas em direção a superfície, em restaurações de pavimentos
flexíveis?
Objetivo Geral
Objetivos específicos
1) Revisar a literatura e as normas relacionadas ao tema degradação de um pavimento;
2) Estudar os princípios de formação de trincas e todos os fatores que levam ou aceleram o
surgimento da mesma;
3) Encontrar e explorar diferentes soluções para evitar a propagação de trincas de camadas
inferiores para a superfície de camadas asfálticas superpostas (overlay);
4) Avaliar diferentes tipos e casos de aplicação;
5) Justificar e comprovar a eficácia e viabilidade das camadas de alívio de trincas em
pavimentos flexíveis;
6) Apresentar soluções pesquisadas e sua melhor aplicabilidade;
7) Citar casos de aplicação.
1.2.3 Delimitação
2 REVISÃO DA LITERATURA
Balbo (2007) afirma que o pavimento é uma estrutura composta por camadas de diferentes
materiais compactados, sendo sobrepostas adequadamente para atender estrutural e
operacionalmente o tráfego, tendo uma boa durabilidade e de mínimo custo. É constituído
basicamente por quatro camadas, sendo elas: subleito, sub-base, base e revestimento, cujas
definições são:
• Base: camada que tem por função aliviar a tensão nas camadas inferiores, permitir
a drenagem das águas que se infiltram no pavimento por meio de drenos, e resistir às tensões e
deformações atuantes. É na camada de base que ocorre a tensão máxima de cisalhamento do
pavimento. Conforme Silva (2008), os materiais normalmente empregados para a execução da
camada de base são: Brita Graduada Simples (BGS), Concreto Compactado a Rolo (CCR), Brita
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Estudo de alternativas da utilização de camadas anti-reflexão de trincas em restauração de pavimentos flexíveis
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Graduada Tratada com Cimento (BGTC), Macadames Hidráulico e Seco, Solo-Cal, Solo-Cimento
e Solo-Brita.
De acordo com o Balbo (2007), a forma mais expressiva de diferenciar pavimentos rígidos
e flexíveis é como cada qual distribui os esforços sobre si aplicados no subleito. Enquanto uma
carga atuante em um pavimento flexível impõe nessa estrutura um campo de tensões concentrado,
em um pavimento rígido verifica-se um campo de tensões bem mais disperso, com efeitos de carga
distribuídos de maneira semelhante em toda a dimensão da placa de concreto, o que proporciona
menores magnitudes de esforços verticais sobre o subleito. Assim, resume-se que um pavimento
do tipo rígido impõe pressões significantemente reduzidas sobre o subleito, para uma mesma carga
aplicada, em comparação com um pavimento do tipo flexível, como pode ser observado na figura
4. (BALBO, 2007).
No Brasil, cerca de 99% das pavimentações são do tipo flexíveis, segundo dados da CNT
(2019). A mistura asfáltica mais utilizada em misturas de revestimentos flexíveis no país é o
Concreto Asfáltico (CA), também conhecido como Concreto Betuminoso Usinado a Quente
(CBUQ). Essa mistura é composta por agregados e cimento asfáltico dosados e aquecidos para
atingir a viscosidade desejada (BERNUCCI et al., 2008).
Segundo Trichês et al. (2017), o primeiro estágio do início de ruptura das camadas do
pavimento é caracterizado pelo aparecimento de trincas longitudinais isoladas, que se formam no
sentido do tráfego. Posteriormente, trincas transversais acabam se formando e se unindo as
longitudinais, formando um reticulado conhecido como “couro de jacaré”. A norma DNIT – TER
005 (2003) define essa trinca interligada como um conjunto de fissuras sem direções preferenciais,
assemelhando-se ao aspecto de couro de jacaré, conforme pode ser visualizado na figura 5. Essas
trincas podem ou não apresentar erosão de bordas.
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Fontes (2009) comenta que o fenômeno de trincas interligadas do tipo “couro de jacaré”,
em seu estágio final de evolução dá origem ao defeito denominado “panela”, formando depressões
verticais no pavimento, conforme figura 6. De acordo com a norma DNIT (2003), a panela ou
buraco é definida como uma cavidade que se forma no pavimento por diversas causas, podendo
inclusive alcançar as camadas inferiores do pavimento, provocando a desagregação dessas
camadas. Esse fenômeno pode ser causado, também, por falta de aderência entre camadas
superpostas, causando o desplacamento das camadas.
Figura 6: Panela/buraco
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Devido ao carregamento provocado pelo tráfego, surgem tensões de tração nas fibras
inferiores da camada de revestimento asfáltico. Estas tensões apresentam um instante de pico, e
após a passagem da carga, anulam-se, conforme representado na figura 7. Conforme repete-se este
estado de tensões é que se pode ter melhor compreensão do fenômeno de fadiga nos revestimentos
asfálticos (PINTO e PREUSSLER, 2002).
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Para Pinto e Preussler (2002), o problema do trincamento dos revestimentos asfálticos por
fadiga se deve à solicitação mecânica por flexão alternada nas camadas do pavimento.
Repetidamente, essa flexão altera lenta e progressivamente o estado de tensões e deformações do
meio estratificado, iniciando um processo de deterioração estrutural que resulta em uma redução
do nível de desempenho do pavimento.
Majidzadeh et al. (1971) afirmam que a ruptura por fadiga nos revestimentos asfálticos é
consequência de três processos básicos: início do fissuramento que consome apenas pequena
parcela da vida de fadiga; crescimento estável da trinca que corresponde à maior parcela da vida
de fadiga; e propagação instável da trinca, que culmina a ruptura. Há também que considerar a
influência de alguns fatores que levam em conta a ação do tempo, pois a medida que a mistura
asfáltica envelhece, torna-se mais frágil. Assim, torna-se mais susceptível a ocorrência de ruptura
por fadiga.
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O tráfego solicitante que atua sobre o pavimento da via é um dos fatores importantes para
se calcular e estimar a vida útil do asfalto. Segundo Castro (2013), as cargas que solicitam a
estrutura de um pavimento durante um período “P” de projeto, são representadas pela ação da
passagem das rodas de um eixo padrão. O dano causado pela passagem de cada veículo é
normalmente de pequena magnitude se analisado individualmente, entretanto o efeito acumulativo
deste dano determina a resistência de vida à fadiga dos pavimentos.
Castro (2013) comenta que, neste método de dimensionamento o tráfego que irá transmitir
sobre determinado pavimento ao longo de sua vida útil de serviço é convertido em um número de
operações ou solicitações de um eixo rodoviário padrão, conhecido como número “N”.
No Brasil o eixo rodoviário padrão é um eixo simples de rodas duplas, e que transmite ao
pavimento uma carga total de 8,2 toneladas (80 kN). A superfície de contato dos pneus com o
pavimento é representada nesse eixo por uma área circular de 10,8 cm de raio, e tensão de contato
de 5,6 kgf/cm² (CASTRO, 2013).
𝑁 = 𝑉𝑡 ∗ 𝐹𝑣 ∗ 𝐹𝑟 (1)
Onde:
Vt= Volume total de veículos em um sentido da via, para um período “P” de projeto;
V0 = VDM (mesmo sentido de tráfego) / número de faixas de tráfego no mesmo sentido; (2)
Para uma estimativa de crescimento linear do tráfego anual, se admite uma evolução em
progressão aritmética, conforme equação 3:
𝑉𝑝 = 𝑉0 ( 1 + 𝑃 ∗ 𝑡 ) (3)
( )
(4)
[ ( )]
(5) e 𝑉𝑡 = 365 ∗ 𝑃 ∗ 𝑉𝑚 (6)
Para o caso de uma estimativa de crescimento exponencial do tráfego anual, admite-se uma
evolução em progressão geométrica, calculando conforme a equação 7 o Vp:
𝑉𝑝 = 𝑉0 ( 1 + 𝑡 )𝑝 (7)
E o volume total de tráfego para o período de projeto P será dado com a equação 8:
[( ) – ]
𝑉𝑡 = 365 ∗ 𝑉0 ∗ (8)
• Fy: É o produto do fator de eixo pelo fator de carga. Esse fator transforma um
veículo qualquer em uma quantidade de solicitações equivalentes do eixo padrão de 8,2 toneladas,
que causaria o mesmo efeito destrutivo no pavimento.
𝐹𝐸 = 𝛴 ( 𝑁𝐸 𝑥 %𝑁𝐸 ) (9)
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Onde:
14 0,58
16 092
18 1,50
20 2,47
22 5,59
24 6,11
28 14,82
30 20,88
32 40,30
34 46,80
36 59,80
38 91,00
40 130,00
Fonte: Castro (2013).
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Reflexão de trincas é definido como o fenômeno observado quando as trincas que já existem
na camada antiga e degradada do pavimento se propagam, atingindo a superfície da nova camada
de revestimento executada. Analisando, pode-se dizer que é como se as trincas seguissem sua
trajetória até a superfície, atravessando a nova camada. Esse fenômeno tem origem nas tensões
geradas em torno das trincas no pavimento antigo devidas à deflexões diferenciais, movimentos de
fechamento e abertura de trincas e variações climáticas (PEREIRA e MOTTA, 2001).
Rodrigues (1991) cita que uma trinca subjacente a uma camada asfáltica pode atuar de duas
formas independentes, provocando sua reflexão. Em uma forma, se existe contato direto entre a
camada de reforço e o pavimento existente, ali ocorrerá uma concentração de tensões na região da
extremidade da trinca, o que provoca a abertura de uma nova trinca na camada de reforço. De outra
forma, mesmo que essa concentração não ocorra, a deflexão máxima sob a roda ocasionalmente se
dará na posição da trinca, fazendo com que as tensões máximas de tração sob o reforço ocorram
neste ponto, tornando ali o local mais propício para o aparecimento e propagação de trincas, como
um efeito indireto da trinca já existente.
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Atualmente, há diversos modelos de trincamento que podem ser empregados nos projetos
de pavimentos. A formulação de modelos se baseia em uma tentativa mais racional de prever o
comportamento das misturas asfálticas, mas deve-se ter cuidado quando for se aplicar um modelo
ou outro em uma avaliação ou projeto de pavimento. Deve-se ter clareza das condições de
modelagem antes da adoção de qualquer modelo, pois cada um resulta de processo cercado de
fatores limitantes, e seus fundamentos podem diferir da situação real da pista: forma de aplicação
de carga, temperatura, alterações de parâmetros de deformabilidade considerando o tempo,
materiais utilizados, entre outros aspectos (BALBO, 2007).
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Essas linhas de pesquisas citadas pelo DNIT (2006) abrangem uma série de soluções, dentre
as quais destacam-se:
Geotêxteis;
Camadas de alívio de tensões;
Camadas de interrupção do trincamento.
Uma alternativa para retardar a reflexão das trincas, de acordo com Bernucci et al (2008),
é realizar um recapeamento com uma espessura maior. Com isso, além de aumentar o percurso a
ser percorrido pelas trincas até chegar a superfície, também é promovido uma redução na variação
da temperatura, garantindo menores retrações térmicas. Entretanto, esse aumento de espessura não
previne a ocorrência de trincas por reflexão, mas reduz a velocidade de propagação e a severidade
das mesmas pois reduz os esforços de flexão e cisalhamento. Sua relação custo benefício é
significativa quando comparada com outras técnicas. Paixão et al (2017) também citam como
técnicas a serem avaliadas na prevenção de reflexão de trincas: aumento da espessura da camada
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De acordo com Rodrigues (1991), a mecânica da Fratura tem sido utilizada na busca de
estimativa da fadiga mais coerente com a vida útil de revestimentos asfálticos, pois leva em
consideração a natureza localizada do problema, as condições geométricas e de fronteira, e ainda,
o quanto possível, a microestrutura do material. Fornece uma compreensão mais fundamentada da
fadiga como um mecanismo resultante de processos de deterioração e propagação da trinca, dando
previsão da vida de fadiga mais consistente. Como a fadiga em misturas asfálticas é resultado da
propagação de fissuras existentes atingidas com esforços do tráfego, a vida da fadiga pode ser
estimada a partir de relações que exprimam sua taxa de propagação.
Segundo Morilha (2004), um fator que é dos mais influentes na vida de fadiga das misturas
é a rigidez do material. Normalmente, aumentos no valor do módulo de resiliência resultam em
vida de fadiga maiores, dependendo da forma do ensaio e da estrutura do pavimento. Entretanto,
não se deve considerar apenas esse fator. Pesquisas indicam que misturas asfálticas diferentes, mas
com valores de módulos de resiliência semelhantes podem apresentar diferentes expressões de vida
de fadiga.
O fenômeno da reflexão de trincas pode ser explicado pela mecânica da fratura. Através do
conceito do fator de intensidade de tensões, a forma que a trinca se comporta pode ser representada
por três movimentos independentes, relacionados às bordas das trincas, relacionando os
deslocamentos resultantes: abertura, cisalhamento ou rasgamento. Cada um dos movimentos da
trinca é associado a um campo de tensões próximo da extremidade da trinca, que provoca o fator
de intensidade de tensões, determinando a taxa e velocidade de propagação da trinca. Este fator
está relacionado à carga, geometria e configuração da trinca e rigidez do material (RODRIGUES,
1991).
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A estabilização mecânica do asfalto pode ser feita por meio de um geossintéticos adotado
como camada intermediaria do pavimento, atuando como um desviador ou retardador de trincas.
Um bom funcionamento da camada intermediaria requer boa aderência entre as camadas, e a
utilização de ligante asfáltico pode proporcionar esta função quando aplicado de forma homogêneo
e em uma taxa adequada para cada tipo de geossintéticos utilizado (VILCHEZ, 1996).
• Geogrelha: Produto com estrutura em forma de grelha, com função de reforço, cujas
aberturas permitem a interação do meio em que estão confinadas, constituído por elementos
resistentes à tração, conforme representado nas figuras 11 e 12.
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2.5.3.1 Geotêxteis
Os geotêxteis podem ser tecidos ou não tecidos e são fabricados com materiais como o
polipropileno, poliéster, fibra de vidro, nylon ou suas combinações. Normalmente, são
posicionados diretamente sobre o pavimento trincado existente, antes da camada de reforço,
embora não seja a forma de aplicação mais indicada (DNIT, 2006).
Rodrigues (1991) cita que a utilização de geotêxtil impregnado com asfalto como camada
intermediária no recapeamento de um pavimento proporciona benefícios, como a
impermeabilização do pavimento contra infiltração de águas pluviais – quando os poros da manta
são basicamente preenchidos e ela não se rompe, mesmo após a reflexão das trincas -, e a aderência
mais regular entre o pavimento subjacente e a camada de recapeamento, gerando uma distribuição
mais uniforme de imprimação, proporcionando assim um melhor desempenho global da camada
de recapeamento.
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quatro vezes mais ligante asfáltico na imprimação sem correr o risco de exsudação, quando
comparado com a taxa de imprimação necessária no caso de um recapeamento simples
(RODRIGUES, 2003).
O DNIT (2006) determina que a melhor forma de utilização de um geotêxtil inicia-se com
a aplicação de uma pintura de ligação no pavimento existente. Depois, sobre esta pintura de ligação
é estendido o geotêxtil, tomando os devidos cuidados especiais como por exemplo evitar dobras
ou sobreposições da manta. Em seguida, executa-se a camada de reforço sobre o pavimento antigo,
conforme figura 14.
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Wickert (2003) cita que os geossintéticos possuem funções específicas, como o desvio de
trincas (no caso do uso de geotêxteis) e a conversão de trincas para microfissuras (no caso de
utilização de geogrelhas). Entretanto, embora geossintéticos sejam geralmente considerados
eficazes somente como camada anti-reflexão de trincas, esse sistema também tem uma importante
função servindo como impermeabilizante do pavimento. O autor complementa que a ação das
camadas de geossintéticos como camada de baixa permeabilidade evita a perda de capacidade de
suporte dos solos e dos materiais granulares sob a ação das águas pluviais através das trincas do
revestimento. De acordo com o DNIT (2006), o geotêxtil age como uma membrana com boas
características de impermeabilidade, colaborando com a vida útil do pavimento, embora após
algum tempo possa vir a aparecer trincas no revestimento devido a solicitação de tráfego.
2.5.3.2 Geogrelhas
A ideia de reforçar a mistura asfáltica usando geogrelhas surgiu por volta de 1970, com a
intenção original de reduzir a quantidade de material utilizado em uma manutenção de pavimento,
economizando material betuminoso. Entretanto, segundo Vilchez (1996) esta ideia foi descartada
após ensaios que demonstraram que esse reforço resulta na verdade em um incremento da
resistência à fadiga e na redução de reflexão de trincas. Primeiramente foram utilizados como
reforço materiais da indústria do poliéster, e com o passar do tempo foram adotadas as geogrelhas
e as fibras de vidro. Com a eficácia do método, vêm-se desenvolvendo ao decorrer dos anos
diferentes geogrelhas de polímeros de alta resistência, utilizadas com sucesso para reforço de
pavimentos asfálticos. Ela proporciona alta resistência a tração dentro do pavimento,
complementando as propriedades mecânicas da mistura asfáltica e reduzindo o afundamento de
trilha de roda (VILCHEZ, 1996).
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Estudo de alternativas da utilização de camadas anti-reflexão de trincas em restauração de pavimentos flexíveis
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Vilchez (2002) realizou ensaios que mostraram bom desempenho qualitativo e quantitativo
de vigas com o uso de geogrelhas, quando comparadas com vigas similares sem a utilização do
método. Os resultados permitem a conclusão de que a presença da geogrelhas em camadas
asfálticas trincadas restringe a abertura das trincas, o que ajuda a manter o entrosamento entre os
agregados. A geogrelhas também modificam o padrão de trincamento da nova camada asfáltica.
As geogrelhas por serem rígidas agem como um elemento de reforço no pavimento (VILCHEZ,
2002).
2.5.4 Ligantes
Em um estudo apresentado por Klein et al (2003) analisando o custo entre o CAP, o asfalto
diluído e a emulsão asfáltica, analisa-se que o asfalto diluído é considerado inadequado quando
analisado o seu custo em relação ao desempenho, o qual é muito próximo ao da emulsão asfáltica.
A utilização do CAP pode ser positivo após o conhecimento de benefícios desse ligante. Já a
emulsão asfáltica apresenta o menor custo, o que justifica em partes a ampla utilização deste
produto no Brasil.
As emulsões asfálticas representam uma considerável economia de energia, uma vez que
podem ser aplicadas na maioria das vezes sem a necessidade de aquecimento. O transporte e
armazenamento do produto também é facilitado, pois requer instalações simples. Este ligante não
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gera vapores poluentes e tóxicos, o que representa um produto também ecologicamente viável
(CORREIA, 2010).
De acordo com o DNIT (2006), a emulsão asfáltica é o ligante que geralmente é empregado
também como capa selante na execução do pavimento, com a finalidade de incrementação das
condições de impermeabilização da camada a ser tratada. Correia (2010) complementa que a
emulsão é definida como uma dispersão estável de dois ou mais líquidos (asfalto e água), que
quando mantidos em suspensão por agitação ou por pequenas quantidades de emulsificantes,
formam uma mistura estável.
Correia (2010) cita que no Brasil, a emulsão asfáltica mais utilizada é a RR-1C, seguida da
RR-2C, devido a boa adesividade com outros agregados que essas emulsões apresentam.
Atualmente as emulsões catiônicas têm grande importância na pavimentação, por satisfazer de
forma econômica as condições exigidas nas inúmeras fases dos serviços.
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A SAMI tem sido utilizada com sucesso no controle da reflexão de trincas em restauração
de pavimentos que já apresentam a trinca. Segundo Vilchez (1996), existem dois sistemas de
projetos: com duas ou com três camadas SAMI. No primeiro sistema, a SAMI é aplicada sobre o
pavimento existente e a camada de reforço, atingindo uma espessura entre 25 e 75mm. No segundo
sistema, primeiramente aplica-se uma camada delgada de concreto asfáltico para proporcionar uma
uniformidade na superfície, antes de ser construída a camada SAMI sobre a qual será aplicada a
camada de reforço. Quando aplicadas duas camadas SAMI sobre a superfície trincada, pode-se
criar uma descontinuidade da membrana que estará sujeita a altos níveis de tensão, e o desempenho
da SAMI pode ser prejudicado. Essa aplicação pode ser visualizada nas figuras 16 (a) e (b)
(VILCHEZ, 1996).
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Figura 16: Aplicação de SAMI nas rodovias Fernão Dias - BR 381 e BR 050 em MG e GO
(a) (b)
De acordo com Vilchez (1996), a construção de uma SAMI e de uma SAM é a mesma. A
única diferença entre elas é a de se assegurar que o diluidor adicionado ao ligante asfalto-borracha
aplicado antes da aplicação da camada de reforço atinja uma evaporação adequada. O desempenho
estrutural de uma SAMI é similar ao do geotêxtil impregnado com asfalto, mas o custo do primeiro
método é superior ao custo do segundo. Em resumo, todos os modos em que os materiais asfalto-
borracha são utilizados para a redução da reflexão de trincas em serviços de restauração de
pavimentos asfálticos baseiam-se na sua capacidade fundamental de suportar elevadas
deformações sob carga sem ocorrer sua ruptura, na faixa de rodas do pavimento. Esta característica
do composto permite que ele absorva tensões na superfície da rodovia e atenue as deformações a
que é sujeito.
de pavimentos, deve-se ter cautela no seu emprego. Cada sistema intermediário a ser utilizado em
restauração de pavimentos flexíveis deve ser adotado para objetivos específicos. Nem todos
materiais possuem a mesma função, alguns revelam grandes vantagens no emprego destes sistemas,
outros apontam que os benefícios alcançados não são relevantes o suficiente a ponto de justificar
seu emprego. A cautela é necessária pois o uso inadequado desses materiais podem originar
impactos negativos no desempenho do pavimento (AL-QADI, 2008).
Segundo Pinto e Preussler (2002), este tipo de solução, quando apropriadamente executada
tem apresentado bons resultados em pavimentos do Brasil. Entretanto, se a mistura não for bem
compactada, poderá se tornar instável e ocasionar problemas de afundamento nas trilhas de rodas.
Bernucci et al (2008) complementa que as camadas são compostas por agregados de diâmetro
máximo 75 mm, granulometria aberta e podem ser misturadas com pequeno teor de ligante asfáltico
(normalmente um pré-misturado a quente). Os volumes de vazios elevados interrompem a
propagação das trincas, mesmo aquelas sujeitas a grandes movimentos. A espessura mínima
executada é de 100 mm.
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3 MÉTODO DE PESQUISA
Amaral (2007) afirma que a pesquisa bibliográfica afeta diretamente todas as etapas do
estudo. Este consiste no levantamento e arquivamento de informações significativas relacionadas
à pesquisa. Portanto, é indispensável uma pesquisa bibliográfica ampla e exaustiva sobre o tema
antes de qualquer tomada de decisão ou análise crítica sobre o assunto do trabalho oferecido.
De acordo com Gil (2008), a pesquisa bibliográfica oferece ao investigador uma pesquisa
muito mais ampla de fenômenos do que apenas uma pesquisa direta, permitindo a busca de dados
sobre o determinado assunto de forma simplificada, tendo a sua disposição adequadas bibliografias
para a obtenção das informações requeridas. Entretanto, é de suma importância que os
pesquisadores sejam assegurados das condições das fontes a serem utilizadas, de forma a manter a
pesquisa coerente.
3.2 DELINEAMENTO
Ainda segundo Gil (2008), delineamento é definido como o planejamento de uma pesquisa
em sua dimensão total, envolvendo sua elaboração, previsão de resultados e interpretação dos
mesmos, levando em consideração o local de coleta e levantamento de dados e as formas de
controle das variáveis. A figura 18 apresenta o delineamento da pesquisa.
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4 RESULTADOS
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Vilchez (1996), após analisar experiências de campo, conclui que a inserção do sistema
Geotêxtil – Asfalto proporciona um aumento da vida de reflexão de trincas de uma camada asfáltica
de restauração, quando aplicada sobre um pavimento trincado. Além disso, posterga por um tempo
significativo o momento em que o pavimento deva ser novamente restaurado, já que sua
degradação ocorrerá a uma velocidade menor e de forma controlada e previsível, em vista da menor
severidade das trincas de impermeabilização superficial.
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O pavimento inicial da rodovia MG-424, que inicia no entroncamento com a rodovia MG-
010 em Vespasiano, região metropolitana de Belo Horizonte, Minas Gerais, era constituído por um
pavimento rígido (Concreto de Cimento Portland). Ao longo dos anos recebeu uma camada de
concreto asfáltico flexível, conforme figura 19 (CARMO, 2014).
Após o trecho ser devidamente avaliado, foi realizada a fresagem da camada asfáltica
existente (figura 20) e em seguida foi executado uma camada asfáltica com 4,0 cm de espessura,
tendo a função de regularização da superfície (figura 21). Em seguida, foi aplicado a geogrelha
Hatelit C com espaçamento 40/17 (tabela 3) como camada de reforço. A restauração foi executada
basicamente com os procedimentos normais de um trabalho de pavimentação convencional. A
única diferença analisada foi o desenrolar da bobina das geogrelhas, o que é considerado um serviço
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simples e não exige mão de obra especializada. A facilidade de instalação garantiu um baixo índice
de riscos de mau funcionamento por problemas construtivos (CARMO, 2014).
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De acordo com o relatório de Carmo (2014), as geogrelhas para reforço de camada asfáltica
devem ser instaladas sempre entre duas camadas de materiais betuminosas, sendo elas a camada
do pavimento antigo e a nova camada asfáltica de recapeamento. Além disso, devem ser sempre
aplicadas sobre pintura de ligação com emulsão asfáltica. Nesta obra em questão, como a camada
asfáltica antiga foi fresada, torna-se necessário a execução da camada de regularização, como
mostra a figura 21. A superfície a ser coberta deve ser preparada para garantir uma boa aderência
entre as camadas de asfalto que serão aplicadas. Além disso, a superfície deve ser limpa e seca.
Para o processo de imprimação, Carmo (2014) relata que a superfície preparada para
receber a geogrelhas foi impregnada com emulsão asfáltica tipo RR-1C, atingindo uma taxa
mínima de 0,5 kg/m² de asfalto residual. Em alguns locais específicos com rugosidade elevada ou
com danos mais significativos, esse valor foi aumentado em 0,1 kg/m². A emulsão deve ser aplicada
e levada à ruptura, que é quando acontece a evaporação da água. Esse aspecto é identificado na
mudança da cor de marrom para preto da emulsão. Apenas após sua ruptura pode ser aplicada a
geogrelhas e a camada de asfalto subsequente. Essa aplicação pode ser visualizada na figura 22.
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Após a ruptura da emulsão asfáltica aplicada no pavimento, foi instalado o Hatelit C 40/17
em toda superfície da pista norte da MG-424, conforme figuras 23 e 24. A geogrelhas foi
desenrolada diretamente no local a ser posicionado, tendo cuidado em relação a dobras ou rugas.
Para a execução da camada de asfalto, Carmo (2014) comenta que foram seguidos os
procedimentos usuais de pavimentação. Sobre a camada de geogrelhas foi executada uma camada
asfáltica, faixa “C” do DNIT, com 5,0 cm de espessura. As máquinas utilizadas na execução da
camada asfáltica, conforme figura 25, devem ser movimentadas com cuidado sobre a geogrelhas
para evitar o deslocamento da mesma. A compactação do asfalto reforçado deve seguir
procedimento usual com rolos pneumáticos e rolos lisos, conforme figura 26.
(a) (b)
(a) (b)
A solução adotada para o trecho foi a fresagem do pavimento existente, segundo relatório
do Bidim (2011), seguido de uma camada de regularização, aplicação do geotêxtil Bidim RT e
execução de uma capa superficial de CBUQ. A fácil aplicação e o método construtivo semelhante
à restauração simples (apenas com CBUQ) facilitam ainda mais o processo.
Para a aplicação do geotêxtil Bidim, foi inicialmente aplicado um banho de emulsão, com
taxa residual de 0,8 l/m². Essa taxa residual serve para que haja completa adesão entre o geotêxtil
e as camadas do pavimento, tanto a antiga quanto a nova, garantindo assim a integridade do sistema
e seu ótimo desempenho (BIDIM, 2011). O procedimento executado para a restauração do
pavimento em questão, segundo relatório do Bidim (2011), resumiu-se em:
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4.1.4.3 Utilização de geotêxtil Bidim na restauração do pavimento da pista de pouso 15° 30° no
aeroporto internacional do Rio de Janeiro
no caso, exigiu imposição de rotinas de serviço que iniciavam pelo acompanhamento de desgaste
dos bits das fresadoras, onde era de extrema importância sua regularidade. A remoção da capa do
pavimento, principalmente nos primeiros 500 m onde foi constado o nível de impregnação de
borrachas pneumáticas muito intenso, gerou desgaste dos bits de forma heterogênea e de grande
magnitude. Especificamente nessa camada, a borracha durante a fresagem promovia uma
vulcanização nos referidos encaixes dos bits, os travando e os impedindo de executar essa
movimentação, gerando assim um grande desgaste progressivo, acelerado e heterogêneo.
Esse desafio técnico obrigou a empresa Bidim (2011) a tomar medidas afim de atingir os
cronogramas de execução da obra. Foi necessário colocar em operação três fresadoras com tambor
de 1 m, alcançando no final uma produtividade aceitável para atingir especificações técnicas da
obra no prazo previsto. Antes da execução da fresagem, foi efetuado um corte através de serra
diamantada de 0,05 m de profundidade, alinhando topograficamente todo o perímetro do reparo,
que abrange 1.545,50 m.
Nos primeiros 150 m de cabeceira do trecho restaurado, foram efetuadas ranhuras a cada 5
m através de fresagem no sentido transversal, para melhorar as condições de aderência do sistema
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geotêxtil-misturas betuminosas. No final dos 750 m restaurados foi feita uma superfície de
fresagem desencontrada, projetada em planta, também conhecida como dente de serra, tendo como
objetivo garantir que os trens de pouso da aeronave não passassem ao mesmo tempo na emenda da
capa nova com a capa antiga. O material resultante da fresagem foi acumulado em uma área de
estocagem, identificada pelo aeroporto, para que no futuro fosse possível utilizá-lo como camada
de regularização de pavimentos ou camadas de rolamento em caminhos secundários das estradas
de manutenção e vigilância do aeroporto, através de reciclagem (BIDIM, 2011).
A geometria perimetral projetada para o reparo é outro aspecto importante da obra a ser
analisado e registrado. Esta geometria foi adotada para a garantia de engastamento perfeito entre o
pavimento remanescente e o novo, aumentando a inércia de ancoragem. Esse projeto é representado
nas figuras 36, 37, 38 e 39, a seguir. Na primeira figura (36) é representado a forma de propagação
de fissuras do pavimento flexível antigo. Na figura 37 é então representada a estrutura do
pavimento flexível superposto existente. Na figura 38, é representada a fresagem da capa do
pavimento a ser executada na obra. Na figura 39, representa-se a fresagem da camada binder do
pavimento existente (BIDIM, 2011).
Figura 36: Sessão transversal da pista de pouso. Propagação de fissuras do pavimento flexível superposto.
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Figura 37: Sessão transversal da pista de pouso. Estrutura do pavimento flexível superposto
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Na obra foi utilizado o método de varredura mecânica e manual para otimizar o tempo de
produção (conforme figura 40), e sopro de ar comprimido para a remoção de pulverulento solto
nas ranhuras deixadas pela fresagem. Por fim, ao ser identificado partículas aderentes à superfície,
foi adotado o método de varredura hidrodinâmica de alta pressão (BIDIM, 2011).
A pintura de ligação foi realizada através de caminhão espargidor conforme figura 41,
aplicando a emulsão asfáltica catiônica RR-1C. Este primeiro banho sobre a superfície fresada e
limpa foi calculado de modo a preparar a superfície fresada e garantir condições de semi-saturação
e aderência do geotêxtil. A taxa de pintura deste banho ficou em 1,1 l/m² que após ruptura e cura
gera 0,64 l/m² de resíduo asfáltico, por se tratar de emulsão com 63% resíduo betuminoso ativo
(BIDIM, 2011).
O geotêxtil adotado para a obra foi o Bidim RT-10. As larguras das bobinas foram
escolhidas em função das aeronaves, ficando dispostas de tal forma que os transpasses não
coincidissem nem com a biquilha e nem com as rodas mais atuantes das aeronaves. Também se
teve o cuidado no comprimento das bobinas, de modo a se evitar o alinhamento entre faixas. O
material foi aplicado com extremo cuidado, sendo o mais esticado possível para evitar rugas. Em
casos eventuais de rugas, foram alinhadas com cortes e recuperado o local com sobreposições de
material. Nas uniões longitudinais foi definido que o transpasse deveria ter 0,10 m, sendo permitido
ocasionalmente até 0,15 m. Nas uniões transversais quando as quatro mantas se encontram, duas
eram cortadas angularmente para se evitar a superposição, conforme figura 42 (BIDIM, 2011).
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Figura 42: Detalhe do geotêxtil Bidim, recebendo pintura de ligação nas sobreposições
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Para facilitar a movimentação dos equipamentos sobre o geotêxtil impregnado com asfalto,
segundo a Bidim (2011) é necessário realizar uma operação de salgamento – espalhamento manual
enérgico de massa asfáltica – onde é fundamental que atinja uma taxa de no máximo 2 kg/m². Não
se deve atingir taxas mais elevadas que esta pois pode gerar uma camada delgada sem as
características de estabilidade desejadas e definidas em projeto. O salgamento deve interagir com
a massa asfáltica sem criar nenhum dano. Em caso de excesso, o material deve ser imediatamente
removido ainda quente. Esse salgamento pode ser visualizado na figura 45.
A camada de rolamento (figura 46) é constituída de dois tipos – Binder e Capa. Para essas
camadas, a friabilidade, porosidade, índice de forma, adesividade, granulometria e rugosidade dos
grãos devem ser analisados com atenção para que possa se atingir a performance ideal da mescla.
A aplicação das camadas, na obra, foi feita através do equipamento vibro acabadora de asfalto com
sensor de controle de greide para garantir o melhor desempenho no lançamento (figura 48). Na
rolagem de compressão foi utilizado rolo pneumático de pressão variável lastreados com 22
toneladas (figura 47). O desempenho da superfície foi garantido com o rolo auto-propelido
vibratório. As juntas, por fim, foram projetadas para não coincidirem com o geotêxtil Bidim, nem
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com as da capa de rolamento. Pode-se visualizar então o aspecto final da pista de pouso na imagem
49 (BIDIM, 2011).
Figura 46: Aplicação do CBUQ sobre o geotêxtil Bidim devidamente impregnado com asfalto
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Figura 49: Aspecto final da pista de pouso, após a compactação da capa de rolamento
Os resultados obtidos na obra foram satisfatórios e revelaram uma cativa redução nos custos
e no prazo de execução da obra, quando comparado com métodos de restauração convencionais.
Por seu baixo custo e pela rapidez em sua instalação, esta técnica, testada e aprovada em um
pavimento que atende rígidas normas internacionais de segurança, é certamente um método
eficiente a ser adotado em pavimentos flexíveis no Brasil.
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5 CONCLUSÕES
Os geotêxteis podem ser tecidos ou não tecidos e são fabricados com materiais como o
polipropileno, poliéster, fibra de vidro, nylon ou suas combinações. A aplicação do método como
camada anti-reflexão de trincas estende a vida de serviço da restauração e aumenta a espessura do
pavimento de 3 a 4 centímetros. O material é impregnado com asfalto e permite de três a quatro
vezes mais ligante asfáltico na imprimação sem correr defeitos, como exsudação por exemplo. O
geotêxtil também permite uma melhor impermeabilidade do pavimento, mesmo após o surgimento
das trincas na superfície. Sendo assim, o método previne inclusive a formação de panelas e geração
de afundamentos de trilha de roda.
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A principal finalidade da SAMI é gerar uma interface de baixa rigidez cisalhante, ou seja,
com características de maior flexibilidade, que reduz as tensões existentes de modo a resistir
deformações à camada superior do revestimento. Essa camada é o resultado de mistura de asfalto
convencional com tipos selecionados de borracha vulcanizada impregnado com agregado miúdo,
melhorando a transmissão de cargas.
Como sugestão para pesquisas futuras, podem ser realizados ensaios para a determinação
dos parâmetros de resistência e deformabilidade de geossintéticos impregnados com ligante
asfáltico, analisando diferentes aplicações de cargas cíclicas compatíveis com a realidade de
rodovias brasileiras, variando o tipo de geossintético, a taxa e o tipo do ligante. Esses ensaios
podem ser realizados com amostras e também com simulação em verdadeira grandeza, aplicando
camadas asfálticas de pavimento em escala real submetidas à ação de cargas de tráfego. Dessa
forma, podem ser avaliadas as condições de aderência entre o material e as camadas, o tipo,
velocidade e intensidade de propagação de trincas.
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