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A RELAÇÃO AFETIVA NO PROCESSO ENSINO APRENDIZAGEM ENTRE

PROFESSOR X ALUNO NO ENSINO FUNDAMENTAL

Alunas:

Orientador: João Paulo Rodrigues de Carvalho

RESUMO

Este estudo procura fundamenta-se nas contribuições de Henri Wallon e nas observações da
relação afetiva e sua influência no processo de ensino-aprendizagem, procurando compreender
como acontece a relação afetiva entre professores e alunos do 5º ano do Ensino Fundamental.
Para isso, procurou-se fundamentar este estudo em autores renomados, tais como: Almeida e
Mahoney (2007); Wallon (2008); Vygotsky (2001); Piaget (1980); Chalita (2004), Rossini
(2001), dentre outros. Objetivando-se buscar nas principais obras educacionais e pedagógicas
referências sobre a afetividade no processo de aprendizagem, elencando pesquisas
contemporâneas que refletem sobre as contribuições da relação entre professor e aluno para o
processo de aprendizagem escolar. O presente estudo tem como objetivo geral destacar a
importância da afetividade professor-aluno no processo de aprendizagem. E como objetivos
específicos: identificar sobre a afetividade como fator importante no relacionamento professor
e aluno, desenvolvendo análises sobre a interligação entre a aprendizagem e a afetividade na
sala de aula.

Palavras-chave: Teorias. Afetividade. Ensino-aprendizagem.

ABSTRACT
This study seeks to be based on the contributions of Henri Wallon and on the observations of
the affective relationship and its influence on the teaching-learning process, seeking to
understand how the affective relationship between teachers and students of the 5th year of
Elementary Education happens. To this end, we sought to base this study on renowned authors,
such as: Almeida and Mahoney (2007); Wallon (2008); Vygotsky (2001); Piaget (1980);
Chalita (2004), Rossini (2001), among others. Aiming to search the main educational and
pedagogical works for references on affectivity in the learning process, listing contemporary
research that reflects on the contributions of the relationship between teacher and student to
the school learning process. The present study has the general objective of highlighting the
importance of teacher-student affectivity in the learning process with students. And as specific
objectives: to identify about affectivity as an important factor in the relationship between
teacher and student, developing analyzes on the interconnection between learning and
affectivity in the classroom.

Keywords: Theories. Affectivity. Teaching-learning.

1. INTRODUÇÃO
No ambiente escolar durante o desenvolvimento da criança, tanto a família quanto os
professores exercem um papel importante na acepção da afetividade da criança porque são eles,
enquanto sujeitos mais experientes, que coordenam o processo de aprendizagem. Nesse sentido,
vários teóricos consolidam o entendimento sobre os aspectos socioafetivos para a cognição.
Dentre estes, pode-se destacar Piaget, Vigotsky e Wallon que já defendiam a importância da
afetividade no processo ensino aprendizagem.

Para se analisar a importância dos aspectos socioafetivos para o desenvolvimento e o


processo ensino-aprendizagem, com foco na importância da afetividade como recurso
motivacional e para a relação professor-aluno. Justifica-se então, o tema por entender que a
presença do afeto entre professores e alunos faz peso em seu relacionamento e, interfere,
positivamente, no desempenho do aluno, uma vez, que a afetividade é um tema que vem sendo
muito debatido, tanto nos meios educacionais quanto fora dele.
A afetividade é um composto fundamental das relações interpessoais que também
norteia a vida na escola, acresce em relevância uma pesquisa teórica que facilite a compreensão,
por exemplo, da relação entre a afetividade e a aprendizagem no âmbito da relação professor-
aluno para a construção do conhecimento, para o desenvolvimento da inteligência emocional e
para o processo de avaliação da aprendizagem. Tendo com isso, neste estudo com problemática
a ser levantada: Que importância deve ser dada à afetividade na relação professor-aluno durante
o processo de aprendizagem no Ensino Fundamental?
Neste sentido, torna-se necessário fazer algumas considerações acerca da Afetividade,
objetivando explicar as diferentes teorias a seu respeito e as diferentes posturas dos teóricos no
contexto histórico. Assim se destacou neste estudo autores renomados que tratam dessa
temática tais como: Almeida e Mahoney (2007); Wallon (2008); Vygotsky (2001); Piaget
(1980); Chalita (2004), Rossini (2001), dentre outros. Objetivando-se buscar nas principais
obras educacionais e pedagógicas referências sobre a afetividade no processo de aprendizagem,
elencando pesquisas contemporâneas que refletem sobre as contribuições da relação entre
professor e aluno para o processo de aprendizagem na escola.

2. CONTRIBUIÇÕES DO AFETO NA EDUCAÇÃO E O PAPEL DO PROFESSOR

As contribuições do afeto na educação têm relativa importância de se atentar para a


qualidade de relações que se estabelecem entre professores e alunos e entre professores e as
demais equipes da Escola.
Com isso, Antunes afirma que a relação professor e aluno devem ser baseados na
afetividade, pois:

se um professor assume aulas para uma classe e crê que ela não aprenderá,
então está certo e ela terá imensas dificuldades. Se ao invés disso, ele crê no
desempenho da classe, ele conseguirá uma mudança, porque o cérebro
humano é muito sensível essa expectativa sobre o desempenho (ANTUNES,
1996, p.56).

Por ser a escola, uma parte integrante e fundamental da sociedade, não pode ficar
alheia a esta busca. Portanto, deve apropria-se de pensamentos de teóricos como Piaget,
Vygotsky e Wallon, para basear suas ações pedagógicas e transformar a relação professor e
aluno em um momento mais rico no processo ensino-aprendizagem.
As reformas atuais da educação no Brasil requerem que o professor em seu
desenvolvimento profissional assuma novos paradigmas e novas práticas educativas com seus
educandos. Thurler destaca, que tais reformas, confrontam os professores a dois desafios de
envergadura:

reinventar sua escola enquanto local de trabalho e reinventar as si próprios


enquanto pessoas e membros de uma profissão. A maioria deles será obrigada
a viver agora em condições de trabalho e em contextos profissionais
totalmente novos, bem como a assumir desafios intelectuais e emocionais
muito diversos daqueles que caracterizavam o contexto escolar no qual
aprenderam seu ofício (THURLER, 2006, p. 90).

Saltini destaca que a educação fundada hoje, precisa ser refletida no respeito e no amor
ao educando o que exige um educador competente, sensível e humanamente preparado:

um educador com autonomia profissional que lhe permita tomar decisões


baseadas em conhecimentos científicos; que seja sujeito de sua história
pessoal; e que compreenda a necessidade de sua participação efetiva e afetiva
na transformação de nossa sociedade para que esta se torne cada vez mais
humana, mais justa e mais feliz; um educador que esteja aberto as mudanças
que refletem sua busca constante de aperfeiçoamento e harmonia. Um
educador que creia no poder da educação, sem, contudo acreditar que esse
poder é ilimitado (SALTINI, 1999, p. 9).

Partindo dos dois pressupostos acima mencionados, se entende que daqui pra frente,
estes profissionais precisarão não só reinventar suas práticas metodológicas, mas como ainda,
reinventar suas relações profissionais com os demais membros da escola. Se entende pelas
proposições apontadas pelos autores que a educação de hoje, não pode mais negligenciar a
relação do professor-aluno numa perspectiva tão limitada, como acontece em algumas escolas.
Verdadeiros educadores se preocupam com o ponto de vista do aluno, sobre o que as crianças
pensam dele e suas reações frente à turma. Na concepção de Freire;

Nenhuma formação docente verdadeira pode fazer-se alheada de um lado, do


exercício da criticidade que implica a promoção da curiosidade ingênua à
curiosidade epistemológica, e do outro, sem o reconhecimento do valor das
emoções, da sensibilidade, da intuição ou adivinhação (FREIRE, 2002, p. 51).

O professor nesse sentido precisa entender que deve procurar conhecer o aluno, ao
invés de tentar adivinhar suas possíveis falta de atenção, desinteresse e desmotivação na sala
de aula.
No entanto nos dias atuais, outros autores já propõem outro pilar: aprender a amar.
Como Chalita (2004, p.230) afirma que “o grande pilar da educação é a habilidade emocional”,
portanto, mesmo em ambiente escolar, é impossível desenvolver as habilidades cognitivas e
sociais, sem trabalhar a emoção. O mesmo autor reforça que o amor é capaz de quebrar
paradigmas, ranços. Pois é o amor que nos envolve, que nos move.

Junto com o amor veem o compromisso, o respeito, a necessidade de continuar a


estudar sempre, de preparar aulas mais participativas, de repreender com pertinência,
de abusar da paciência. Triste é o educador que já não acredita mais na capacidade de
aprendizado, que não se debruça para examinar melhor a peculiaridade de cada
aprendiz. A educação é, em todas as suas dimensões, um grande desafio. (CHALITA,
2004, p.12)

Neste caso, se compreende então, que afetividade é fundamental para o


desenvolvimento emocional na formação de pessoas capazes de interagir num ambiente
saudável. E é na escola que essas relações afetivas se fortificam quando o professor compreende
sua importância relacionando afeto com aprendizagem.
A atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN 9.394/96, Art. 2º, p.
5) nos diz que “a educação tem como finalidade a preparação do educando para o exercício da
cidadania”. No entanto, a forma como vêm sendo conduzidas as relações interpessoais no
âmbito educacional, principalmente a relação professor/aluno, tem produzido indivíduos com
autoestima fragilizada, sem consciência de si mesmos e de suas capacidades. Por isso, é preciso
que se reconsiderem algumas posturas adotadas pelo professor, bloqueadoras da aprendizagem
do aluno.

3. PEDAGOGIAS AFETIVAS DO PROFESSOR

É correto se afirmar que a afetividade acompanha o ser humano desde o seu


nascimento até a morte. E se diz ainda, que até os 12 anos de idade, o ser humano é dotado de
laços afetivos, mas a partir dessa idade, o futuro afetivo desse ser na fase adulta já tem
estabelecidas suas principais formas de afetividade.
Segundo, Piaget apud Rossini (2001, p. 9) “Parece existir um estreito paralelismo entre
o desenvolvimento afetivo e intelectual, com este último determinando as formas de cada etapa
da afetividade”. Porém o que se percebe no dia-a-dia é que a afetividade de certa forma é o
alicerce para a formação e construção do conhecimento racional do ser humano. Ou seja,
crianças que costumam crescer enraizados de laços afetivos no mundo que o cerca, futuramente
tende a compreender melhor sua realidade e consequentemente apresentar um melhor
desenvolvimento intelectual.

A afetividade domina a atividade pessoal na esfera instintiva, nas percepções,


na memória, no pensamento, na vontade, nas ações, na sensibilidade corporal
– é componente do equilíbrio e da harmonia da personalidade. (ROSSINI,
2001, p. 10)

O que não poderia ser diferente na relação professor-aluno, o aspecto afetivo é um


elemento importante que deve ser considerado no processo de aprendizagem. Nesse caso, na
escola o aspecto afetivo tem sua relevância na interação professor-aluno, o que é enfatizado por
Aquino:

Os laços afetivos que constituem a interação Professor-Aluno são necessários


à aprendizagem e independem da definição social do papel escolar, ou mesmo
um maior abrigo das teorias pedagógicas, tendo como base o coração da
interação Professor-Aluno, isto é, os vínculos cotidianos. (AQUINO, 1996, p.
50)

Com isto, se procura dizer que a interação professor-aluno perpassa as aquisições


cognitivas. Pois, no cotidiano escolar se pode perceber o poder da afetividade quando esta
interage de forma positiva ou negativa na aprendizagem. O aluno na qualidade de um ser
pensante vai construindo ao longo desse processo seu mundo e o conhecimento com sua
afetividade, suas percepções, suas expressões, imaginação e sentimentos.
Segundo Marchand, (1985, p. 19). “na prática pedagógica, podem surgir entre
professor e aluno, sentimentos de atração ou de repulsão”. E tais atitudes sentimentais têm o
poder de influenciar a metodologia com risco de alterá-la, provocando no aluno, rudes
transformações afetivas mais ou menos desfavoráveis ao ensino. Marchand aponta que na
psicologia diferencial do educador, o conteúdo da psicologia afetiva da criança é:

Frequentemente, resultado da posição sentimental do mestre: o autoritário


provocará o temor inibitório no aluno; o que procura se fazer amar provocará
na criança reações de complacência; aquele que se mostra maldoso despertará
sentimentos e atitudes de oposição que levarão a uma educação contrária à
desejada. (MARCHAND, 1985, p. 18)

Numa turma ao se colocar esses educadores frente às crianças a uma mesma situação,
tem posições sentimentais diferentes na solução de determinado conflito. Nesse sentido se
entende que é no relacionamento entre professor/aluno que se criam ambientes sociais
saudáveis. O conversar, o dialogar, o ensinar e o aprender ganham um novo enfoque e o afeto
constitui-se num fator primordial para a construção desse processo.
Embora se entenda que a educação de hoje busque um educador que focalize seus
ensinamentos atrelados a laços afetivos com as crianças, infelizmente se detecta que muito
desses educadores, segundo Marchand:

Têm a necessidade de cuidarem de sua vida mental, já que sua afetividade se


acha mais ou menos alterada pelo seu ofício. Não falaremos, é claro, dos que
já estavam doentes ao ingressar na carreira, e só Deus sabe como eles são
numerosos! É verdade que se lhes abrem inteiramente as portas do ensino, sem
examiná-los neste aspecto particular, quando um exame caractereológico
minucioso teria podido, de princípio, revelar certas tendências contrárias à
educação, de modo a desaconselhar a alguns deles, a carreira do magistério
(MARCHAND, 1985, p. 20).

Nesse contexto observa-se também que o educador tem que fazer sua parte, estando
emocionalmente equilibrado, para poder intervir nos conflitos que surgem em sua sala de aula.
O professor deve entender que seu papel vai além dessa simples transmissão de conhecimento,
para algo que há bem pouco tempo era tarefa específica de psicólogos e médicos especializados
na área de compreender o comportamento e pensamento afetivo do educando.
Nesta concepção, torna-se fundamental reconhecer que para a aprendizagem se
desenvolver significativamente em sala de aula é necessário que o professor esteja equilibrado
emocionalmente, saiba lidar com suas emoções e com as emoções de seus alunos. Cunha
ressalta em sua visão de que:
Aprendemos que, independentemente de patologias ou dificuldades na
aprendizagem, podemos vincular o prazer naquilo que fazemos com amor ao
despertar do aluno o desejo de aprender, aproveitando o potencial que ele
possui e que o estimula, para efetivamente educar (CUNHA, 2007, p. 23).

Nesse sentido, verifica que depende do professor criar um ambiente de confiança e de


aprendizagem, sendo o mesmo favorável ao rendimento do ensino. A identificação afetiva
emocional com o professor é um processo importante tanto para o desenvolvimento da
personalidade da criança quanto para o processo de sua aprendizagem.

4. CONTRIBUIÇÕES DA AFETIVIDADE NO PROCESSO ENSINO-


APRENDIZAGEM

Elencando-se através de uma abordagem histórico-cultural, vários autores têm sido


importante para a construção de uma base teórica que se fundamente na importância da
afetividade na construção do conhecimento, através do processo ensino aprendizagem.
E dentre as várias abordagens formuladas por diversos teóricos ao longo da história da
educação para a compreensão da importância da afetividade na inserção do trabalho docente no
sentido de descobrir maneiras eficientes que garantam uma educação de qualidade aos seus
educandos. Têm-se, portanto, como destaque as teorias dos grandes pensadores que de certa
forma ajuda na reflexão do ato de educar no dia-a-dia de cada professor.
Segundo Freire (1997, p. 33) a pedagogia de Sócrates “não abusava da técnica da
palavra e da retórica e não impunha ideias, mas através do diálogo crítico procurava descobrir
a verdadeira essência das coisas”. O mesmo valorizava o diálogo como processo de
investigação, pois acreditava que a aprendizagem deveria começar a partir da educação do
corpo, que por sua vez, permite controlar o físico. Para ele ficaria em segundo plano a educação
do espírito por se basear em princípios mutáveis.
Falar de afetividade e aprendizagem é falar da essência da vida humana, que por sua
natureza social, se constrói na relação do sujeito com os outros sujeitos, num contexto de inter-
relações. Ao se falar em afetividade conforme se desenvolve a inteligência ao longo do
crescimento do homem na sua forma de sentir, diz Piaget:

O sentimento dirige a conduta ao atribuir um valor aos seus fins [...] A


afetividade é caracterizada por sua composições energéticas, com cargas
distribuídas sobre um objeto ou um outro (cathexis) segundo as ligações
positivas ou negativas. O que caracteriza, pelo contrário, o aspecto cognitivo
das condutas é a sua estrutura (PIAGET, apud SALTINI 1999, p. 13).
Portanto, cada ser em particular relaciona-se com outro num processo de
desenvolvimento singular, delineado nas relações sociais. Organiza seu comportamento frente
às situações com as quais se depara no seu dia-a-dia, cujo processo realiza-se com base na
natureza biológica e cultural que caracteriza o comportamento humano, constituindo assim, a
história do sujeito.
Para Piaget o presente afetivo é determinado pelo histórico emocional vivido pelo
sujeito. Piaget (1996), com seus estudos sobre a epistemologia genética, demonstrou, com rigor
científico, o desenvolvimento cognitivo infantil, dentro de uma perspectiva lógico-formal. Para
Piaget as atividades mentais, assim como as atividades biológicas, têm como objetivo a nossa
adaptação ao meio em que vivemos.

A interação social se dá no pensamento, memória, percepção e atenção. A motivação,


a necessidade, impulso, emoção e afeto, parte através do pensamento. Outra importância da
relação ensino- aprendizagem no aspecto emocional se dá através do que Vygotsky classifica
como influência da educação no sentimento.

Se quisermos que os alunos recordem melhor ou exercitem mais o


pensamento, devemos fazer com que as atividades sejam emocionalmente
estimuladas. A experiência e a pesquisa têm mostrado que um fato
impregnado de emoção é recordado mais sólido, firme e prolongado que um
feito indiferente. Cada vez que comunicarem algo ao aluno tente afetar seu
sentimento. A emoção não é uma ferramenta menos importante que o
pensamento (VYGOTSKY apud OLIVEIRA, 1992, p. 45).

Assim, se para Vygotsky a emoção e o sentimento são fatores determinantes no


desenvolvimento cognitivo, podemos concluir que a escola é onde a intervenção pedagógica
interacional desencadeia o processo ensino-aprendizagem.
Para a concepção da psicologia genética da criança Wallon destaca que o estudo da
criança não é um mero instrumento para a compreensão do psiquismo humano, mas também
uma maneira de contribuir para a educação:

Mais do que um estado provisório, considerava a infância como uma idade


única e fecunda, cujo atendimento é tarefa da educação. A preocupação
pedagógica é presença forte na psicologia de Wallon, tanto nos escritos em
que trata de questões mais propriamente psicológicas - que constituem a
maioria - como naqueles em que discute assuntos específicos da pedagogia
(WALLON apud GALVÃO, 1998, p. 11).

Wallon (1978) entende que a primeira relação do ser humano ao nascer é com o
ambiente social, ou seja, com as pessoas ao seu redor. As manifestações iniciais do bebê
assumem um caráter de comunicação entre ele e o outro, sendo vista como meio de
sobrevivência típica da espécie humana.

Os únicos atos úteis que a criança pode fazer, consistem no fato de, pelos seus
gritos, pelas suas atitudes, pelas suas gesticulações, chamar a mãe em seu
auxílio. (...) Portanto, os primeiros gestos (...) não são gestos que lhe
permitirão apropriar-se dos objetos do mundo exterior ou evitá-los, são gestos
dirigidos às pessoas, de expressão (WALLON, 1978, p. 201).

Dessa forma, Wallon procurou em seus estudos ter uma visão integradora de todos os
aspectos que compões o funcionamento do ser humano. E o autor defende a ideia de uma
integração nos tipos de domínios funcionais que percorrem todas as etapas que a criança
percorre sendo estes, portanto os da afetividade, do ato motor, do conhecimento e da pessoa.
A responsabilidade é um dos sentimentos que o educador deve buscar promover no
adolescente, uma vez que ela tem ingredientes capazes de mobilizar essa faixa etária graças às
suas características específicas, pois responsabilidade representa:

Tomar a seu cargo o êxito de uma ação que é executada em colaboração com
outros ou em proveito de uma coletividade. A responsabilidade confere um
direito de domínio, por uma causa mas também um dever de sacrifício, o que
significa que o adolescente responsável é aquele que deve se sacrificar maior,
por tarefas sociais que contribuem para o crescimento e desenvolvimento da
coletividade e do grupo (WALLON, 1975, p. 222).

O professor pode, desta forma, auxiliar o adolescente em suas indecisões e angústias,


propondo atividades que propiciem o reconhecimento de suas tendências e o cultivo de aptidões
e orientando a proposição de metas e objetivos futuros.

5. METODOLÓGIA

Para a realização deste estudo se utilizou como metodologia a pesquisa bibliográfica e


descritiva fundamentada em reflexões teóricas de que abordam sobre o referido assunto. A
Pesquisa descritiva segundo Barros; Lehfeld (apud Faria, 2011, p. 31) “o pesquisador apresenta
o objeto de pesquisa, procurando descrever e demonstrar como um determinado fenômeno
ocorre, quais são as características e relações com outros fenômenos”.
Em muitos estudos acerca da afetividade no desenvolvimento humano, muitas das
investigações têm se dedicado a discutir a afetividade na sua vinculação com o processo de
construção do conhecimento. Defendendo a totalidade do ser humano, alguns trabalhos têm
procurado respostas para os problemas educacionais brasileiros, apoiando-se no enfoque
walloniano.
Haja vista, que o processo ensino-aprendizagem é o recurso fundamental do professor:
sua compreensão, e o papel da afetividade nesse processo, é um elemento importante para
aumentar a sua eficácia, bem como para a elaboração de programas de formação de professores.
Ademais, se acredita que um enfoque mais claro do conceito terá repercussão na sua
aplicação ao processo de formação de professores, introduzindo novos olhares para a relação
educativa e, consequentemente, facilitando o processo de ensino e aprendizagem.
Em se analisar o conceito de afetividade, tal como proposto por Wallon, traduz-se
numa forma de focalizar a afetividade em sua totalidade, considerando-a em sua relação com a
emoção, o sentimento e a paixão.
Através deste estudo se entende que o trato com os sentimentos pessoais e
interpessoais, vistos numa abordagem dos sentimentos humanos de forma sistematizada, é algo
necessário no ambiente educacional. Assim, uma forma de mudar o perfil de nossa educação,
seria tirar do papel e fazer de fato vigorar a elaboração de um projeto educativo que englobasse
o tema da afetividade. Um projeto elaborado que envolvesse a opinião dos pais, professores,
coordenadores e gestores, incluindo em seu currículo, não como apêndice, mas como
componente curricular para a Pedagogia do Afeto, que construa seres humanos capazes não
apenas de viver, mas, sobretudo, de entender a vida e participar dela de forma intensa.

6. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

No que diz respeito à influência da afetividade no Ensino Fundamental, pode-se


perceber que o professor desempenha um papel de grande relevância no processo de
aprendizagem, uma vez que a escola deve promover um espaço no qual as crianças possam se
expressar e dialogar com os colegas e com os professores.
Por meio das discussões em torno da afetividade, torna-se preponderante assinalar que
muitos foram os autores e artigos dos quais se teve contato durante o trabalho. Porém, de acordo
com a natureza do trabalho, foi preciso atentar-se para os que viessem corroborar diretamente
com a problemática dessa pesquisa.
Com isso, se percebe que o aspecto afetivo é um elemento importante que deve ser
considerado durante o processo de aprendizagem.
Pois, quando o professor se dispõe a ensinar e o aluno a aprender, vai se formando uma
corrente de elos afetivos que propicia uma troca entre ambos, onde a motivação, a boa vontade
e o cumprimento dos deveres acabam deixando de ser tarefas árduas para o aluno. Criatividade,
interesse e disposição para esclarecer dúvidas, funcionam como estímulo para o professor.
4. CONCLUSÃO

A preocupação quanto à questão da afetividade não se fundamentou em discutir os


aspectos afetivos como determinantes no processo de aprendizagem, mas como um fator
facilitador em como trabalhar com a interação entre professor e aluno, buscando contribuições
para que a escola seja um ambiente de relações mais agradáveis.
Para que o professor conheça bem seus alunos, é necessário que não negligenciem os
aspectos afetivos. É importante refletir sobre a importância da afetividade em uma sala de aula
nos anos iniciais do ensino fundamental, de modo que os alunos possam ser compreendidos,
aceitos e respeitados, de modo que os professores possam entender seus sentimentos. É preciso
ter sensibilidade para ouvi-los, dialogar com eles e apoiá-los para que busquem superar as suas
dificuldades.
Para isso, se sugere como metodologia para se trabalhar na escola a questão da
afetividade se adotar como base o modelo de Alfabetização emocional desenvolvido por Celso
Antunes que teve abrangência de alunos desde o ensino fundamental até a primeira série do
Ensino Médio. Sendo que este programa deveria abordar seis grandes temas, com
desdobramentos em vários outros, come segue abaixo:
1) O Autoconhecimento
a) Como conhecer os próprios sentimentos.
b) Como fazer opções conscientes.
c) Como gostar de si mesmo.
d) Como ser respeitado em casa, na escola e em sociedade.
e) Como aprender a pensar e a desenvolver a criatividade.
2) A administração das emoções
a) Como controlar os impulsos.
b) Como dispensar a ansiedade.
c) A interpretação dos indícios das emoções em outras pessoas.
d) Como “dialogar” consigo mesmo.
e) As etapas de uma tomada de decisões.
3) Ética social e empatia
a) As ferramentas da empatia.
b) A compreensão dos sentimentos e apreensão dos outros.
c) O reconhecimento no modo como as outras pessoas se sentem em relação às coisas.
d) As diferenças entre moral e ética.
e) A ética num país de contrastes.
4) A arte do relacionamento
a) O valor da cooperação.
b) A administração de conflitos.
c) Os tipos de personalidade.
d) Trabalhando com diferentes personalidades.
5) A automotivação
a) O monitoramento dos sentimentos.
b) As ferramentas do otimismo.
c) Meios de lidar com a raiva, a ansiedade, medo e tristeza.
d) A construção da consciência.
e) Aprendendo a ouvir. (ANTUNES, 2009, pp. 47-48)
Sendo importante destacar, que este modelo de proposta deve ser considerada como
ponto de partida para que o grupo de educadores de cada escola elabore o seu projeto
pedagógico, incorporando a ele as próprias experiências e as descobertas feitas com os alunos,
suas famílias e os companheiros de trabalho, respeitando as especificidades sociais, históricas
e culturais de cada comunidade escolar.
Através deste estudo, se pode analisar a questões afetivas embasados em pressupostos
de que a construção e reconstrução do saber acontecem quando se percebe o significado do que
está sendo vivenciado em sala de aula, quando há a mobilização e a interação dos sujeitos nesse
processo. Quando as relações professor/aluno/conhecimento permitem a participação, a
argumentação, o respeito pela palavra do outro, mesmo em meios aos tropeços no caminho, há
a possibilidade de avanço no processo de aprendizagem.
Por meio dos aspectos fundamentados nas discussões dos autores, conclui-se que a
afetividade manifestada na relação entre professor e aluno constitui elemento inseparável no
processo de construção do conhecimento, uma vez que a qualidade da interação pedagógica vai
conferir um sentido afetivo para o objeto de conhecimento.
Referências Bibliográficas:

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