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Conceituando e mensurando a incapacidade funcional

ARTIGO ARTICLE
da população idosa: uma revisão de literatura

The concept and measurement of functional disability


in the elderly population: a literature review

Luciana Correia Alves 1


Iúri da Costa Leite 1
Carla Jorge Machado 2

Abstract This article aims to review the main Resumo O objetivo deste artigo é rever as prin-
concepts and measures of functional disability cur- cipais definições e formas de mensuração da inca-
rently used in studies focusing on this subject. Ac- pacidade funcional que vêm sendo utilizadas nos
cording to this review, functional disability can be estudos que focalizam o tema. De acordo com esta
defined as a difficulty or the need for help for per- revisão, a incapacidade funcional pode ser defini-
forming basic or more complex daily activities da pela dificuldade ou pela necessidade de ajuda
necessary for keeping an independent life in the para o indivíduo executar tarefas cotidianas bá-
community. As refers to measurement criteria, the sicas ou mais complexas, necessárias para a vida
studies do not follow a clear-cut standard, varying independente na comunidade e tarefas relaciona-
substantially in relation to scales, dimensions and das à mobilidade. Com relação aos parâmetros de
classifications besides depending directly or indi- mensuração, observa-se que os estudos não seguem
rectly on the kind of available information. A cor- um padrão bem definido. As medidas variam bas-
rect method for rating functional disability does tante quanto às escalas, dimensões e classifica-
not exist at yet. For this reason it is essential that ções. Também dependem direta ou indiretamente
the researchers clearly indicate the concept of func- do tipo de informação disponível. Não existe um
tional disability used in the studies and detail, método correto ou único para operacionalizar a
which measures or tools were applied. incapacidade funcional. Por isso, torna-se indis-
Key words Functional disability, Concept, Mea- pensável que os pesquisadores mencionem clara-
surement, Indicators mente em seus estudos o conceito de incapacidade
1
funcional empregado e informem detalhadamen-
Departamento de
Epidemiologia e Métodos te qual a medida ou quais instrumentos foram
Quantitativos em Saúde, aplicados.
Escola Nacional de Saúde Palavras-chave Incapacidade funcional, Defini-
Pública, Fundação Oswaldo
Cruz. Rua Leopoldo ções, Parâmetros de mensuração, Indicadores
Bulhões 1480/8o andar,
Manguinhos. 21041-210
Rio de Janeiro RJ.
luciana.alves@ensp.fiocruz.br
2
Centro de
Desenvolvimento e
Planejamento Regional,
Universidade Federal de
Minas Gerais.
1200
Alves, L.C. et al.

Introdução evidenciou que a população feminina dependente


aumentará de 2,8 milhões em 1986 para 8,6 mi-
Desde o século passado, quase todos os países do lhões no ano de 2044. Os autores encontraram
mundo vêm experimentando um processo de um padrão similar para os homens. Portanto,
envelhecimento populacional e de aumento da com o envelhecimento populacional, a propor-
longevidade da população. Com isso, as pessoas ção de idosos masculinos e femininos dependen-
idosas começaram a ter maior representatividade tes triplicará em menos de sessenta anos 2,3.
tanto em números relativos como absolutos e um Portanto, a capacidade funcional surge, atu-
número cada vez maior passou a sobreviver, em almente, como um novo paradigma de saúde4,
média, mais tempo e em idades mais avançadas. particularmente importante para o idoso por-
À medida que um maior número de pessoas que envelhecer mantendo todas as funções não
atinge idades mais avançadas, há uma tendência significa problema para o indivíduo, a família ou
de alteração no padrão de morbidade e de causas sociedade. O problema se inicia quando as fun-
de morte da população; em vez das doenças in- ções começam a deteriorar5.
fecto-contagiosas, tornam-se predominantes as Um indivíduo idoso portador de doenças crô-
doenças crônico-degenerativas e suas complica- nicas pode ser considerado saudável, se compa-
ções. Deste modo, a tendência atual é termos um rado com um idoso com as mesmas doenças,
número crescente de indivíduos idosos que, ape- porém sem controle destas, com seqüelas e inca-
sar de viverem mais, experimentam maior nú- pacidades associadas. Sendo assim, o que im-
mero de condições crônicas. A curto e a longo porta é a habilidade para desempenhar as ativi-
prazo, o aumento no número de doenças crôni- dades e não as doenças propriamente ditas4. De
cas leva a uma maior prevalência de incapacida- acordo com Rosa et al.6, a manutenção da capa-
de funcional. Ademais, com o processo fisiológi- cidade funcional pode ter implicações para a qua-
co do envelhecimento, a capacidade funcional de lidade de vida dos idosos, por estar relacionada
cada sistema do organismo humano diminui. Até com a capacidade do indivíduo se manter na
aproximadamente os 20 ou 30 anos, quando se comunidade, desfrutando a sua independência e
atinge um ápice, as pessoas vão desenvolvendo continuando as suas relações e atividades sociais
suas capacidades e, a partir daí, o desempenho até as idades mais avançadas.
funcional vai declinando pouco a pouco, ao lon- Como o idoso apresenta maior prevalência
go dos anos, ocorrendo o denominado envelhe- de doenças crônico-degenerativas e, conseqüen-
cimento funcional. Trata-se de um processo len- temente, de incapacidade, a capacidade funcio-
to e imperceptível, mas inexorável e universal1. nal torna-se uma das mais relevantes questões
As projeções apontam que a população idosa das pesquisas gerontológicas, dado que envelhe-
funcionalmente incapacitada tende a aumentar cer sem incapacidade é fator indispensável para a
significativamente e em um período curto de tem- manutenção de boa qualidade de vida. No en-
po. Manton2 , utilizando os dados do National tanto, existe uma enorme dificuldade na tentati-
Long Term Care Survey (NLTCS) de 1984 e do va de mensurar e conceituar incapacidade devido
National Nursing Home Survey (NNHS) de 1985, ao caráter multidimensional, dinâmico e com-
projetou a incapacidade funcional da população plexo desse fenômeno. Não há um consenso en-
idosa dos Estados Unidos e os resultados demons- tre os pesquisadores para identificar as popula-
traram um rápido aumento até o ano de 2060. ções com incapacidade. Além disso, pode-se uti-
Segundo o autor, a população institucionalizada lizar um conjunto de várias definições, o que re-
está prevista para crescer 245%, a população com sulta em dificuldades na aplicação e utilização da
incapacidade, 179% e a população que vive na informação. Diante deste contexto, torna-se ne-
comunidade e dependente em 5 a 6 AVDs (ativi- cessário esclarecer mais detalhadamente o con-
dades de vida diária), 208%. Por sua vez, a popu- ceito e as medidas de incapacidade.
lação idosa independente está projetada para au- O objetivo deste artigo é rever as principais
mentar somente em 126%. Como conseqüência, definições e formas de mensuração da incapaci-
a taxa de idosos independentes diminuirá, pas- dade funcional que vêm sendo utilizadas nos es-
sando de 3,2 para 1 em 1985 para 2,5 para 1 em tudos que focalizam o tema. Com isto, pretende-
2060. Um estudo dos idosos nos Estados Unidos, se estabelecer uma conceituação e linhas específi-
realizado por Rogers et al.3, com base nos dados cas de tratamento das informações disponíveis
do Longitudinal Study of Aging (LSOA) de 1986, para o desenvolvimento de futuras pesquisas.
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Conceituando a incapacidade funcional sempenho físico se refere à função sensório-mo-
tora do organismo, indicado por limitações em
A definição de incapacidade engloba alguns as- atividades como andar, subir, ajoelhar, alcançar,
pectos. A patologia, a deficiência, a limitação fun- ouvir,etc. O desempenho emocional se refere à
cional e a desvantagem são terminologias que efetividade psicológica de uma pessoa em lidar
estão diretamente associadas ao conceito de in- com o stress da vida e pode se manifestar por
capacidade. Alguns modelos teóricos foram de- meio da ansiedade e de uma variedade de sinto-
senvolvidos com a finalidade de explicar esses mas psicológicos. O desempenho mental denota
conceitos, facilitar o conhecimento e a compre- uma variedade de capacidades intelectuais e raci-
ensão dos termos utilizados e fundamentar a sua onais dos indivíduos, que geralmente são men-
aplicabilidade em pesquisas, políticas públicas e suradas por meio de testes de resolução de pro-
na prática clínica. blemas como o Quociente de Inteligência (QI).
Até a década de 1970, havia um predomínio Segundo o autor, a incapacidade significa a ina-
de um modelo essencialmente médico, no qual bilidade ou a limitação no desempenho de papéis
apenas as condições agudas eram contempladas. sociais e de atividades relacionadas ao trabalho,
Esse modelo tornou-se insuficiente por que não à família e à vida independente. Ao contrário dos
considerava as doenças crônicas, as suas conse- indicadores de desempenho, os indicadores de
qüências e não consideraria que o atendimento incapacidade podem ser encontrados nas carac-
poderia se estender para além dos cuidados mé- terísticas individuais e nos requisitos dos papéis
dicos7. Existia ainda uma enorme confusão con- sociais em questão. Os mesmos tipos e graus de
ceitual em torno do termo incapacidade. Somen- limitações no desempenho do organismo podem
te a partir de 1970 é que foram estabelecidas dife- levar a diversos tipos e graus de incapacidade.
renciações entre os conceitos de patologia, defi- Enquanto uma paralisia, que afeta os membros
ciência, limitações e incapacidade. superiores e, com isso, a utilização das mãos e
O sociólogo Saad Nagi foi o primeiro a ten- dos dedos, pode significar incapacidade para um
tar descrever o processo de incapacitação e a cirurgião, a mesma limitação física pode não in-
realizar uma distinção conceitual entre patolo- fluenciar um professor no desempenho de suas
gia, deficiência, limitação funcional e incapacida- atividades. Além disso, a incapacidade em um
de. O modelo proposto divide o processo de in- determinado papel não significa, necessariamente,
capacidade em quatro estágios. O primeiro está- incapacidade em outro. Nem todas as pessoas
gio, a patologia, caracteriza-se pela presença de incapacitadas para trabalhar requerem assistên-
uma condição que interrompe o processo físico cia na vida diária; por sua vez, nem todas as pes-
ou mental do corpo humano. Esse estágio leva a soas que precisam de assistência nas atividades
um segundo, a deficiência, que pode ser definida diária são incapacitadas para o trabalho8.
como alterações da estrutura ou das funções Em 1980, a Organização Mundial de Saúde
anatômicas, fisiológicas ou psicológicas. O ter- (OMS) propôs, em paralelo à Classificação In-
ceiro estágio, as limitações funcionais, que resul- ternacional das Doenças (CID), a Classificação
tam das deficiências e consistem em uma inabili- Internacional das Deficiências, Incapacidades e
dade pessoal de desempenhar as tarefas e as ati- Desvantagens (International Classification of Im-
vidades consideradas como usuais para aquele pairments, Disabilities and Handicaps – ICIDH),
indivíduo. O último estágio, a incapacidade, que que é uma classificação do impacto da doença.
se caracteriza pela discordância entre o desempe- Esse modelo apresenta três dimensões: a defici-
nho real de um indivíduo em um papel específico ência, a incapacidade e a desvantagem. A defici-
e as expectativas da comunidade do que é nor- ência é definida como qualquer perda ou ano-
mal para aquele indivíduo. Refere-se à inabilida- malia em uma estrutura ou função psicológica,
de para realizar as tarefas que são socialmente fisiológica ou anatômica. A incapacidade consti-
esperadas. Nessa perspectiva, o conceito de inca- tui qualquer restrição ou falta de habilidade, de-
pacidade é construído socialmente8. corrente de uma deficiência, para desempenhar
Adicionalmente, o autor incorporou no seu uma atividade da maneira ou dentro do interva-
modelo mais dois conceitos centrais: a incapaci- lo considerado normal para um ser humano. A
dade no desempenho em nível individual e a in- desvantagem é uma conseqüência de uma defici-
capacidade no desempenho de papéis sociais. De ência ou incapacidade que ocasiona uma limita-
acordo com o autor, três dimensões do desem- ção no desempenho de um papel social que é
penho são conceitualmente e analiticamente se- normal (dependendo da idade, sexo e fatores
paráveis: a física, a mental e a emocional. O de- culturais) para o indivíduo. Neste modelo, a in-
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Alves, L.C. et al.

capacidade mantém uma relação com a defini- saúde (visão, audição, memória, aprendizado) e
ção de limitação funcional e incapacidade relata- de domínios relacionados à saúde (educação, tra-
da por Nagi9. balho, transporte), de modo que esses domínios
Verbrugge & Jette10 desenvolveram um mo- possam ser descritos na perspectiva do corpo,
delo para o processo de incapacidade que associa do indivíduo e da sociedade. A classificação agrupa
os modelos de Nagi e da OMS. Os componentes os diferentes domínios de uma pessoa numa de-
primários incluem a patologia, a deficiência, a terminada condição de saúde, de modo a definir
limitação funcional e a incapacidade. A patologia o que uma pessoa com uma doença ou disfun-
(anormalidades biomecânicas e fisiológicas) in- ção possa ou não fazer. Nessa abordagem, a fun-
flui na deficiência (anormalidades em nível ana- cionalidade compreende todas as funções cor-
tômico, fisiológico ou mental) que gera limita- porais, tarefas ou ações, ao passo que a incapaci-
ções funcionais (restrições nas ações físicas e dade engloba as deficiências, limitação da capaci-
mentais básicas da vida diária como, por exem- dade ou restrição no desempenho de atividades.
plo, andar, subir escada, ler, ouvir outras pesso- O maior objetivo da ICF é estabelecer uma lin-
as, orientação no tempo e espaço, memória re- guagem comum para descrever o estado funcio-
cente, dentre outros), que finalmente causa a in- nal associado com as condições de saúde11.
capacidade (dificuldade em realizar atividades O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatís-
diárias). Segundo os autores, pode ocorrer algu- tica (IBGE)12 define a incapacidade por meio de
ma ruptura da seqüência em qualquer parte do questões sobre limitações e sobre funções e es-
processo, ou seja, uma pessoa pode ter incapaci- truturas do corpo. O conceito utilizado inclui
dade sem apresentar, necessariamente, uma defi- incapacidade de enxergar, de ouvir, de locomo-
ciência. Ademais, uma incapacidade pode não se ver-se (caminhar e subir escadas), deficiência
instalar e novas patologias podem aparecer a mental ou física permanente (tetraplegia, para-
partir das incapacidades existentes. Além disso, plegia, hemiplegia, ausência de membros superi-
esse modelo engloba fatores intra-individuais e ores e inferiores). A referência para caracterizar a
extra-individuais que influenciam ou modificam incapacidade é a presença de, pelo menos, uma
o processo de incapacidade, tanto no sentido de das deficiências investigadas ou a presença de al-
retardar como acelerar o processo. Esses fatores guma ou de grande dificuldade para enxergar,
compreendem os aspectos sociais, os psicológi- para ouvir ou para locomover-se.
cos e os ambientais, que interferem no processo O conceito de incapacidade tem passado por
de incapacidade. Os fatores intra-individuais uma enorme evolução durante as últimas déca-
considerados são as mudanças comportamen- das. Atualmente, a incapacidade se refere quase
tais e nos estilos de vida, os atributos psicossoci- exclusivamente a um declínio funcional13. A fun-
ais e as atividades de acomodação (mudanças na ção é definida pela capacidade da pessoa viver
atividade normal ou na forma em que as ativi- independentemente e cuidar dos seus negócios e
dades são realizadas). Os fatores extra-individu- de si própria14.
ais se referem aos cuidados médicos, à reabilita- Alguns autores 15-17 relataram que a definição
ção, à medicação, ao apoio externo (equipamen- de incapacidade está relacionada a vários aspec-
to especial), ao ambiente físico e social. Onde exa- tos da saúde do indivíduo, o que lhe confere um
tamente esses fatores intra-individuais e extra- caráter multidimensional. Segundo eles, existem
individuais se adaptam ao modelo e quais os ti- pessoas que podem ter problemas físicos, outras
pos de efeitos que eles provocam no processo de podem apresentar déficit cognitivo, enquanto
incapacidade ainda têm que ser determinado. algumas podem manifestar disfunções emocio-
Em 2001, a OMS estabeleceu uma nova abor- nais. Assim, a caracterização da incapacidade re-
dagem conceitual para a incapacidade por meio quer informações detalhadas sobre diferentes
da Classificação Internacional de Funcionalida- aspectos da saúde do indivíduo. Dessa forma,
de, Incapacidade e Saúde (International Classifi- para medir a incapacidade, é necessário conside-
cation of Functioning, Disability and Health, rar os aspectos físicos, cognitivos e emocionais.
2000), conhecida como ICF. Na nova aborda- O aspecto físico compreende o desempenho
gem, a incapacidade é uma classificação dos com- sensitivo e motor na execução de tarefas e ativi-
ponentes da saúde ao invés de classificação de dades específicas. Mudança de decúbito, sair da
conseqüência da doença. A ICF engloba todos os cama, transferências, deambulação, subir esca-
aspectos da saúde humana e alguns componen- das, curvar-se, levantar-se e carregar alguma coisa
tes relevantes para a saúde relacionados ao bem- são todos os exemplos de atividades físicas fun-
estar, descrevendo-os em termos de domínios da cionais. As capacidades funcionais sensoriais e
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motoras estão subjacentes aos padrões funda- Parâmetros de mensuração
mentais de organização diária de comportamen- da incapacidade funcional
to, que são adicionalmente classificados como
atividades de vida diária. As tarefas mais com- A operacionalização da incapacidade funcional é
plexas associadas com a vida independente na bastante difícil tanto para fins de pesquisa como
comunidade são classificadas como atividades para a abordagem clínica e de reabilitação. E essa
instrumentais de vida diária (AIVD). O desem- dificuldade aumenta ainda mais quando traba-
penho bem-sucedido das atividades funcionais lhamos com os indivíduos idosos. Embora exista
físicas complexas torna necessária a integração uma expressiva variação entre as investigações, a
de capacidades cognitivas e emocionais, assim incapacidade funcional é geralmente avaliada por
como físicas. O aspecto cognitivo abrange uma meio de auto-relato. Em adição, as medidas de
variedade de elementos como contar o tempo, desempenho físico, que avaliam objetivamente
realizar cálculos monetários, atenção, concentra- vários aspectos da função física, têm sido utiliza-
ção, memória e julgamento. O aspecto emocio- das recentemente para complementar o auto-re-
nal se refere de um modo geral aos “aborreci- lato, uma vez que essas medidas são menos influ-
mentos” da vivência diária, aos eventos traumá- enciadas pela função cognitiva, cultura e nível edu-
ticos, à auto-estima, à ansiedade, à depressão e cacional15,23-25. Mesmo assim, o auto-relato tor-
à adaptação18. na-se preferível entre os pesquisadores 18,26-29.
Bruce19 ressaltou que a incapacidade funcio- De acordo com alguns autores18, 30-32, a inca-
nal é um indicador de disfunção física, cognitiva pacidade funcional pode ser medida por meio
e emocional. Entretanto, Baptista17 afirma que a das escalas de dificuldade e dependência. Em ge-
incapacidade funcional é uma das maneiras de se ral, as escalas assumem três formas padrão: o
avaliar a incapacidade, onde são abordadas as grau de dificuldade para realizar certas ativida-
capacidades físicas do indivíduo, de acordo com des, o grau de assistência ou de dependência para
o desempenho nas atividades cotidianas. realizar a atividade e se a atividade não é realiza-
Segundo Yuaso & Sguizzatto20, a incapacida- da. A medida de dependência avalia se uma pes-
de funcional pode ser conceituada como a difi- soa necessita de ajuda ou se utiliza assistência
culdade ou inabilidade de realizar certas ativida- para realizar uma atividade ou se a mesma não é
des. Rosa et al.6 define a incapacidade funcional realizada. Assim, um indivíduo é classificado como
pela presença de dificuldade no desempenho de dependente quando necessita de ajuda de outra
atividades de vida diária ou mesmo pela impos- pessoa ou não consegue realizar uma tarefa. Por
sibilidade de desempenhá-las. Para Camargos21, sua vez, a dificuldade é composta de vários crité-
a incapacidade se refere à dificuldade ou à inabi- rios para avaliar como as atividades funcionais
lidade de desempenhar atividades ou papéis den- são desempenhadas e resume o grau de esforço
tro do que é considerado normal pelo ser huma- despendido ao desempenhar a tarefa. Isso envol-
no e a incapacidade funcional é definida como a ve elementos como a duração da atividade, o grau
inabilidade ou a dificuldade de realizar tarefas de desconforto que a pessoa experimenta e que
que fazem parte do cotidiano do ser humano, importância tem os aparelhos de auxílio. A esca-
dentro dos padrões considerados normais. Yang la de dificuldade requer cuidado tanto na defini-
& George22 definiram a incapacidade funcional ção da terminologia quanto na caracterização dos
como uma habilidade diminuída ou inabilidade indivíduos nos diferentes graus de dificuldade,
para realizar tarefas de auto-cuidado que nor- tais como nenhum, algum ou muito. Ou seja, é
malmente são necessárias para uma vida inde- um tipo de escala que incorpora uma enorme
pendente na comunidade. subjetividade. A maioria dos estudos prefere a
Portanto, a maioria dos autores considera que escala de dependência por duas razões: a depen-
o conceito de incapacidade envolve outros com- dência indica dificuldade severa e é um indicador
ponentes, tais como as condições físicas, mentais mais confiável de severidade do que as questões
e emocionais. A incapacidade funcional diz res- sobre dificuldade. Entretanto, a escolha vai de-
peito ao desempenho físico e pode ser definida pender mesmo dos objetivos do pesquisador.
pela dificuldade ou necessidade de ajuda para o Uma escala de dificuldade, por exemplo, pode
indivíduo executar tarefas cotidianas básicas ou ser empregada para avaliar o impacto das doen-
mais complexas necessárias para a vida indepen- ças na realização das AVDs ou mesmo da eficácia
dente na comunidade e tarefas relacionadas à de tratamentos para esses problemas. Por outro
mobilidade. Além disso, a incapacidade funcional lado, uma escala de dependência pode servir para
é um importante indicador de incapacidade. avaliar a necessidade de auxílio para realizar de-
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Alves, L.C. et al.

terminadas atividades e, ao mesmo tempo, para as AIVDs, que foram as escalas desenvolvidas
planejar a demanda por cuidados futuros pela por Lawton & Brody40 em 1969. As AIVDs são
população. tarefas mais adaptativas ou necessárias para vida
A maior parte dos estudos operacionaliza o independente na comunidade, como, por exem-
conceito de incapacidade como um fenômeno plo, fazer compras, telefonar, utilizar o transporte,
discreto e constante ao longo das idades. No en- realizar tarefas domésticas, preparar uma refei-
tanto, se o comportamento de um indivíduo ção, cuidar do próprio dinheiro. Essas tarefas
pode ser classificado somente como independente são consideradas mais difíceis e complexas do
ou dependente, então o sistema de contagem pode que as AVDs.
não ser sensível a mudanças reais que indiquem Adicionalmente à AVD e à AIVD, a mobilida-
o progresso do indivíduo e, por isso, ele pode ser de constitui um outro componente essencial da
erroneamente considerado como incapacitado. avaliação funcional. Refere-se à capacidade de sair
Por exemplo, o progresso entre ser totalmente da residência e pode ser mensurada por meio de
incapacitado para deambular e precisar somente um enfoque hierárquico, iniciando-se com tare-
de auxílio moderado pode representar melhora fas simples como transferir-se da cama para a
substancial da função. Portanto, abordar a inca- cadeira e progredindo para as tarefas mais com-
pacidade como um fenômeno discreto e cons- plexas como caminhadas de curtas e longas dis-
tante significa pressupor que a população em tâncias, subir e descer escadas, atividades que
cada estado de incapacidade é homogênea, o que exigem amplitude de movimento, resistência e
não faz sentido na maioria das vezes. A incapaci- força muscular41. Essa tarefa possui um grau de
dade é um processo dinâmico, ou seja, uma ques- complexidade intermediária entre as AVDs e as
tão de grau e não um atributo que está clara- AIVDs.
mente presente ou ausente33-35. As AVDs e AIVDs têm sido reconhecidas por
Uma ampla variedade de instrumentos tem diversos estudos como as principais medidas de
sido desenvolvida para mensurar a incapacidade incapacidade funcional 6,35,42-46, podendo ser ava-
funcional, especialmente em indivíduos idosos. liadas separadamente ou em associação dentro
Apesar disso, existe uma ausência de um padrão- de uma ou mais escalas. Algumas investigações
ouro. O instrumento selecionado depende dos utilizam apenas as AVDs27,47-50, outras adicionam
objetivos da pesquisa, da finalidade clínica ou da a mobilidade às AVDs e AIVDs51 e outras combi-
disponibilidade das informações. nam AVDs e mobilidade52. A incapacidade tam-
As atividades de vida diária, as atividades ins- bém pode ser operacionalizada por meio de uma
trumentais de vida diária e a mobilidade são as escala de incapacidade funcional hierárquica que,
medidas freqüentemente utilizadas para avaliar em geral, relaciona os indicadores de AVD, AIVD
a incapacidade funcional do indivíduo36,37. Esses e mobilidade distinguindo quatro categorias: in-
indicadores são determinados pela comunidade dependente, dependente somente nas AIVDs, de-
científica como válidos e confiáveis1,38. pendente nas AIVDs e mobilidade, dependente nas
As AVDs consistem nas tarefas de auto-cui- AIVDs, mobilidade e AVDs53. Nourhashemi et al.54
dado, como tomar banho, vestir-se, alimentar- usaram somente as AIVDs para medir a incapa-
se, deitar/levantar da cama, usar o sanitário, atra- cidade funcional. Blaum et al.55 mensuraram a
vessar um cômodo caminhando e são os indica- incapacidade pela seguinte escala: ausência de li-
dores de incapacidade funcional mais freqüente- mitação nas AIVDs e AVDs, uma ou mais limita-
mente utilizados. As AVDs se baseiam no índice ção nas AIVDs e AVDs, três ou mais limitações
de Katz, construído em 1963 por Sidney Katz e nas AIVDs e AVDs, ou seja, optou-se pela conta-
colaboradores39. Essa medida reflete um subs- gem do número de limitações nas tarefas como
tancial grau de incapacidade. Quando os indiví- uma das maneiras de medir. As limitações nas
duos são incapazes de realizar as tarefas de cui- atividades ou funcionais referem-se à redução em
dados básicos, eles tornam-se dependentes de longo prazo da capacidade da pessoa realizar as
cuidadores. Em geral, quanto maior o número atividades usuais ou as atividades associadas com
de dificuldade que uma pessoa tem com as AVDs, o seu grupo de idade56. O método Grade of Mem-
mais severa é a sua incapacidade. A prevalência bership (GoM) é uma outra forma de avaliar a
de dificuldade ou necessidade de ajuda para rea- incapacidade. O GoM é capaz de identificar as
lizar AVDs é inferior às demais medidas de inca- dimensões do conceito de incapacidade funcional
pacidade funcional. para um grande grupo de indicadores e estabele-
A incapacidade funcional também pode ser ce, simultaneamente, os graus de pertencimento
mensurada em relação à capacidade de realizar do indivíduo a cada perfil. O método trata dos
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erros de mensuração quando múltiplas medidas há um predomínio de pesquisas que utilizam ape-
discretas de incapacidade são projetadas em es- nas as medidas físicas e instrumentais. Deste
paços-estados difusos. Os escores mensuram com modo, a incapacidade funcional pode ser utiliza-
maior precisão os tipos e os graus de incapacida- da como uma medida do componente físico e um
de, uma vez que se um dos diversos indicadores indicador de incapacidade. De qualquer forma,
de incapacidade apresenta erros de classificação, podemos afirmar que as definições mais restritas
o escore individual muda levemente e não passa são segmentos das mais amplas, o que sugere que
de um estado caracterizado pela presença de inca- as diferenças encontradas entre os estudos não
pacidade para outro estado determinado pela podem indicar presença ou ausência de erros. Na
ausência de incapacidade57. realidade, não existe uma definição modelo.
Portanto, os estudos não seguem um padrão Com relação aos parâmetros de mensuração
bem definido. As medidas variam bastante quan- da incapacidade funcional, argumenta-se que a
to às escalas, dimensões e classificações. Tam- mesma é mensurável. Existem instrumentos de
bém dependem direta ou indiretamente do tipo medidas específicos que fornecem um escore ou
de informação disponível. um perfil de incapacidade, mas que variam bas-
tante entre as pesquisas. As AVDs, as AIVDs e a
mobilidade são os indicadores preferencialmen-
Considerações finais te utilizados entre os autores e universalmente
aceitos na literatura. Pode ser avaliada por meio
Esta revisão de literatura demonstra uma abran- do grau de dificuldade (nenhuma dificuldade,
gência nos conceitos de incapacidade e incapacida- pouca dificuldade, muita dificuldade, incapaz de
de funcional e nas formas de mensuração, poden- fazer) ou dependência (necessidade de ajuda de
do os mesmos ser considerados de várias manei- outra pessoa ou impossibilidade de realizar uma
ras. Quanto ao conceito, observa-se que apesar tarefa). Ademais, a incapacidade funcional é vis-
da diversidade é importante ressaltar que as defini- ta como um processo e não como um estado
ções variam, mas não são conflitantes. A maioria final ou um aspecto discreto.
dos estudos define a incapacidade funcional em Finalmente, não existe um método correto
termos de inabilidade ou dificuldade do indiví- ou único para operacionalizar a incapacidade
duo executar tarefas físicas básicas ou mais com- funcional. Por isso, torna-se indispensável que
plexas ou de algum domínio da vida considerada os pesquisadores mencionem claramente em seus
como normal. Embora algumas definições preco- estudos o conceito de incapacidade funcional
nizem que a incapacidade funcional compreenda empregado e informem detalhadamente qual a
três dimensões, a física, a cognitiva e a emocional, medida ou quais instrumentos foram aplicados.

Colaboradores

LC Alves foi responsável pela revisão bibliográfi-


ca, estruturação e redação do artigo; IC Leite par-
ticipou da discussão e da revisão crítica do artigo
e CJ Machado participou da discussão e da revi-
são crítica do artigo.

Agradecimentos

Os autores agradecem o apoio do Conselho Na-


cional de Desenvolvimento Científico e Tecnoló-
gico (CNPq).
1206
Alves, L.C. et al.

Referências

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