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Farmacocinética
O metabolismo de interferon alfa não é diferente do encontrado para
os interferons em geral. Os interferons alfa são filtrados totalmente nos
glomérulos e degradados por proteases durante a reabsorção tubular,
de maneira que não reaparecem na circulação sistêmica nem na urina.
O metabolismo hepático não parece ser importante.
A concentração sérica de interferon alfa tem uma grande variação
individual. Os níveis máximos de atividade antiviral no soro são
alcançados 3 - 8 horas depois de uma injeção intramuscular ou
subcutânea de Interferon Alfa 2b Humano Recombinante. Este nível
é dose dependente (entre 50 e 200 UI/ml quando se administram 6
milhões UI por essa via). A vida média de eliminação no soro é de cerca
de 4 horas.
Resultados de Eficácia
Papilomatose Respiratória Recorrente (PRR)
Tabela 1
RS RP NR Total
Antes do Depois do p*
Tabela 2 tratamento tratamento
Crianças 2.96 +
_ 1.30 1.52 +
_ 0.60 0.011
Tabela 2 - Média anual de
recaídas ± DP em pacientes
com Papilomatose Respirató- Adultos 1.46 +
_ 0.61 0.63 +_ 0.46 < 0.001
ria Recorrente tratados com
Interferon Alfa 2b Humano
Recombinante
* teste pareado de Wilcoxon
Hepatite B Crônica
Hepatite C Crônica
Em estudo controlado, randomizado, foram incluídos 16 pacientes
no grupo controle (sem tratamento) e 19 no grupo Interferon Alfa 2b
Humano Recombinante, com as mesmas doses e esquemas anteriores.
Aqueles pacientes que mantiveram ALT anormal ao final das 13 semanas
de tratamento receberam dose dobrada do produto até a semana 39.
Houve 74% de resposta no grupo tratado com o produto e 33% nos
controles (p = 0,06). 57% dos respondedores no grupo Interferon Alfa
2b Humano Recombinante e nenhum dos controles teve resposta
sustentada ao final do seguimento. Realizou-se uma segunda biópsia
em 10 pacientes do grupo Interferon Alfa 2b Humano Recombinante:
9 tiveram melhoria no índice de Knodell e houve piora em um caso.
Os eventos adversos principais foram febre e cefaléia (33%) e mialgias
(29%). Um paciente teve trombocitopenia, da qual se recuperou depois da
suspensão da administração do produto. Nenhum paciente desenvolveu
anticorpos anti-Interferon Alfa 2b Humano Recombinante [8].
Ao final, alcançou-se 80% de resposta enzimática (normalização de
ALT) com monoterapia com Interferon Alfa 2b Humano Recombinante
em hepatite crônica C vs. 22% no grupo controle. Em 41% dos casos
estas respostas foram sustentadas depois de 9 meses de seguimento.
Estes primeiros estudos, realizados nos primeiros anos da década de
1990, têm a limitação de que não tiveram avaliação virológica mediante
a determinação do RNA viral no sangue. Não se contava com essa
prova nesta época. É de se esperar que a taxa de resposta virológica seja
inferior à resposta bioquímica encontrada. A boa resposta histológica
em 68% (13/19) dos pacientes tratados com o produto demonstra efeito
anti-fibrose e sugere eficácia antiviral.
O Interferon Alfa 2b Humano Recombinante deve ser usado em
combinação com ribavirina para o tratamento da hepatite C crônica.
Realizou-se um estudo randomizado, duplo cego, em 47 pacientes com
diagnóstico histológico e sorológico. Os pacientes tinham pelo menos
1,5 vezes o valor normal de atividade de ALT, eram positivos para
RNA-VHC e negativos para as infecções por hepatite B e HIV no soro.
A avaliação foi feita logo depois do final do tratamento e 6 meses após o
término. Ao final do tratamento 80% dos pacientes no grupo ribavirina
+ Interferon Alfa 2b Humano Recombinante tiveram ALT normal vs.
55% no grupo Interferon Alfa 2b Humano Recombinante + placebo
Carcinoma Renal
O carcinoma renal metastático é uma das indicações aceitas
internacionalmente para o Interferon Alfa 2b Humano Recombinante
[13]. Há três séries de casos com carcinoma metastático ou operados de
carcinoma renal tratados com Interferon Alfa 2b Humano Recombinante
nos quais utilizou-se o produto como tratamento adjuvante ou
neoadjuvante de manutenção. No primeiro estudo obteve-se 5 respostas
objetivas, 3 estabilizações da enfermidade e uma progressão em 9 casos.
Em quatro deles a resposta ou estabilização foi de mais de 18 meses. No
Tricoleucemia
Esta foi a primeira indicação aprovada para o Interferon Alfa 2b
Humano Recombinante no mundo [14]. Ainda que não se tenham
feito estudos nem relatado casos tratados com o produto, inclui-se a
indicação dada a equivalência entre estas preparações, demonstrada
em suas propriedades fisico-químicas, biológicas e a eficácia em outras
indicações, assim como os dados de segurança acumulados. Produz-se
regressão da enfermidade ou estabilização clínica significativa mesmo
que o paciente tenha sido esplenectomizado previamente.
Melanoma Maligno
Indicações
O uso de Interferon Alfa 2b Humano Recombinante é benéfico para
pacientes nas seguintes circunstâncias patológicas: infecções pelo papi-
lomavírus humano (papilomatose respiratória recorrente e condiloma
acuminado), hepatites virais (hepatite B crônica e hepatite C crônica),
infecção pelo vírus da imunodeficiência humana, neoplasias do tecido
hematopoiético (leucemia mielóide crônica e tricoleucemia), tumores
sólidos (sarcoma de Kaposi, melanoma maligno e carcinoma renal).
Contra-Indicações
O produto é contra-indicado para pacientes com reconhecida hiper-
sensibilidade a quaisquer componentes da formulação. Pacientes com
alterações no sistema nervoso, como distúrbios epilépticos, desordens
psiquiátricas graves, doenças cardíacas graves, doenças autoimunes,
alterações do estado imunológico e da coagulação sanguínea, doenças
renais e hepáticas graves, alterações da função da tireóide, diabetes não
controlada e doenças pulmonares devem ter estrita avaliação médica do
risco-benefício que o tratamento pode trazer.
Modo de Uso
O conteúdo do frasco-ampola deve ser dissolvido com 1 ml de água
para injeção (USP), adicionando-se suavemente para evitar a formação
de espuma. Deve ser facilmente dissolvido e não conter sólidos em sus-
pensão nem turvação.
Posologia
Em adultos a dose é de 3.000.000 a 6.000.000 UI. Em algumas situa-
ções particulares de pacientes com câncer podem usar-se doses maio-
res, tendo em mente que os efeitos secundários serão também mais in-
tensos. Em crianças a dose usual é de 3.000.000 a 6.000.000 UI/m2 de
superfície corporal.
A freqüência de administração varia entre uma vez por dia e uma,
duas ou três vezes por semana. As duas últimas opções são as mais usa-
das em esquemas prolongados de tratamento.
A via de administração é intramuscular ou subcutânea. Entretanto, as
vias intravenosa e intralesional também são possíveis.
Alguns dos esquemas de tratamento úteis são os seguintes:
Se ocorrer alguma recaída, deve-se regressar ao nível de dose ou fre- * tempo máximo de
qüência imediatamente superior. tratamento: 5 anos
Condiloma Acuminado
Hepatite B Crônica
Hepatite C Crônica
Tricoleucemia
Precauções e Advertências
A monitorização hematológica (hemograma e plaquetas), das
transaminases hepáticas, de creatinina e TSH poderá ser realizada a
critério médico.
O interferon alfa deve ser administrado com precaução em pacientes
com antecedentes de doença cardíaca grave, alterações renais ou
hepáticas graves, convulsões ou outra alteração funcional do sistema
nervoso central e doenças autoimunes ou alérgicas.
Embora não se tenha demonstrado nenhum efeito cardiotóxico
direto, é possível que algum dos efeitos secundários (por exemplo,
febre, calafrios, mal-estar geral), freqüentemente associados com a
administração de interferon alfa, exacerbem uma alteração cardíaca
anterior.
Devido a que um dos efeitos tóxicos associados com o uso de interferon
alfa pode ser a leucopenia, deve-se ser muito cuidadoso ao administrá-
lo a pacientes com mielossupressão.
Como o rim é o sítio onde o interferon alfa é metabolizado, deve-
se ter cuidado ao usar interferon alfa em pacientes com função renal
comprometida, devendo-se considerar a possibilidade de redução de
dose se necessário.
O uso de diferentes preparações de interferon alfa tem sido associado
a um aumento de manifestações alérgicas ou autoimunes como
broncoconstrição, lúpus eritematoso, psoríase, dermatite atópica ou
tiroidite. Embora estes fenômenos tenham ocorrido com muito baixa
freqüência com o uso de interferon alfa, deve-se ser cuidadoso.
Gravidez e Lactação
Interações Medicamentosas
A interação do interferon alfa com outros fármacos não foi ainda
completamente avaliada. Recomenda-se cautela na administração
concomitante com outros medicamentos.
Pode-se usar o paracetamol durante o tratamento com o interferon
alfa, pois além de combater os sintomas de febre e cefaléia, o seu
mecanismo de ação não afeta os mecanismos específicos do interferon
alfa.
Recomenda-se a administração de paracetamol, como terapia conco
mitante, em doses de 500 mg a 1 g, 30 minutos antes da aplicação de
interferon alfa. A dose máxima de paracetamol é de 1 g, 4 vezes ao dia.
Reações Adversas
As reações adversas são dependentes da dose e reversíveis. Sua
intensidade é geralmente leve (não requer tratamento) ou moderada
(responde ao tratamento sintomático). Os pacientes que recebem
doses de 6.000.000 UI podem ter reações adversas graves que requerem Tabela 4 - Freqüência
medidas adicionais, hospitalização, prolongamento da hospitalização das principais
ou suspensão do tratamento. As reações adversas relatadas em 809 reações adversas após
o uso de Interferon
pacientes de várias condições clínicas estão relacionadas a seguir (tabela Alfa 2b Humano Re-
4). Também foram relatados casos isolados de reações alérgicas leves combinante. Análise
(exantema e prurido) e toxicidade cardiovascular. de 809 pacientes de
diferentes estudos
Tabela 4
Imunogenicidade do
Interferon Alfa
As preparações de interferon alfa podem ser imunogênicas em uma
proporção variável de pacientes tratados com elas. Os anticorpos gerados
podem neutralizar a atividade do interferon e, portanto, impedir ou
reverter a resposta ao tratamento. A imunogenicidade do interferon
alfa tem sido monitorada nos diferentes ensaios clínicos feitos com
este produto. De um total de 563 pacientes tratados com interferon alfa
cujos soros foram avaliados, 14 (2,5%) tiveram atividade neutralizante
anti-interferon alfa.
Em resumo, os estudos realizados e o monitoramento das reações
adversas aos tratamentos com interferon alfa mostram resultados seme
lhantes, quanto ao tipo, apresentação e intensidade, aos relatados para
outras preparações que contêm como princípio ativo o interferon alfa.
Superdosagem
As reações adversas ao interferon alfa são dose-dependentes. Em
doses acima de 10.000.000 UI/m2 de superfície corporal são induzidas
as mesmas reações adversas, embora com maior intensidade. Foram
descritos estados de astenia intensa e depressão em doses muito altas.
Estes efeitos são reversíveis. Em caso de superdosagem está indicado
tratamento sintomático, com monitorização freqüente dos sinais vitais
e observação cuidadosa do paciente.
Referências
1. Deuñas L, Alcantaud V, Alvarez F, et al. Use of Inteferon alpha in
Laryngeal Papillomatosis: eight years of the national program in Cuba.
J Laryngol Otol 1997;111:134-140.
2. Díaz de la Rocha A, María J. Alvarez MJ, Sagaró-Delgado
B, Guillama E, López-Saura P. Tratamiento combinado tópico y
sistémico de condiloma acuminado con interferon alfa-2b o factor
de transferencia. Estudio aleatorizado, a doble ciegas, controlado con
placebo. Biotecnología Aplicada 1997;14(4):248-252.
3. Froutan Pishbijary H, Alamdary Sh, Mirmomen Sh. The efficacy
and safety of Interferon Alfa (Heberon) for the treatment of chronic
hepatitis B infected subjects in Iran. Report from the Tehran University
of Medical Science, Digestive Disease Research Center of “Emam
Khomeini” Hospital. Abstract in Biotecnología Aplicada 2001;18(Special
number – additional abstracts):E6.