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Revista Brasileira de Aplicações de Vácuo, v. 22, n. 2, 58-62, 2003.

 2003

PRIMEIROS RESULTADOS DO DESENVOLVIMENTO DE UM PROPULSOR À


PLASMA POR EFEITO HALL
I.S. Ferreira*‡ e J.L. Ferreira
Laboratório de Plasmas
Instituto de Física – Universidade de Brasília
Campus Universitário Darcy Ribeiro – Asa Norte, DF
CEP: 70919070 Caixa Postal:04455
* Divisão de Astrofísica - INPE

Palavras-chave: propulsão elétrica, fonte de plasma.

te, não mais que 1,5 kW seja consumido com o sistema de


RESUMO propulsão.
Estudou-se um tipo específico de fonte, a qual se baseia,
Este trabalho possui o intento de reportar a primeira série como será visto adiante, no efeito Hall para acelerar o plas-
de medidas que caracterizaram o comportamento estacio- ma. Este tipo específico de fonte começou a ser pesquisada
nário de uma fonte de plasma por efeito Hall. Como se pre- em meados da década de 1950, contudo somente atingiu a-
tende que esta seja aplicada na propulsão de artefatos es- ceitáveis níveis de eficiência no final dos anos 1970, graças
paciais, calcularemos ao final quantidades, como empuxo e aos trabalhos de pesquisadores soviéticos, principalmente de
impulso específico, com os quais se poderá comparar este A. I. Morozov (veja revisão detalhada em [1]).
com outros propulsores. Nossa fonte, chamada de PHALL-01, trás como inovação a
fonte de campo magnético, a qual é um conjunto de imãs
ABSTRACT permanentes de ferrita. Com esta mudança, esperamos bai-
xar o consumo de potência elétrica e eliminar uma fonte de
This is a report of the current status in the development of a corrente, que seria necessária para alimentar as bobinas do
Hall-effect plasma source. We will show a set of results that circuito magnético dos propulsores convencionais.
trace the stationary operation mode. Our intent is to use this
source like an electrical thruster for some space artefact, so 1.1 MECANISMO DE ACELERAÇÃO E
we will calculate quantities like thrust and specific impulse, GEOMETRIA DA FONTE
which enable us to compare our source with others.
Outra denominação para o tipo de fonte aqui tratada é fonte
1. INTRODUÇÃO por deriva eletrônica fechada. Isto porque usaremos o cam-
po magnético para confinar elétrons em uma trajetória circu-
Uma fonte de plasma projetada para atuar como propulsor, lar fechada. A fonte foi projetada com a forma de dois cilin-
deve apresentar as seguintes qualidades: dros coaxiais, sendo que entre estes cilindros, região que
1. Confiabilidade; chamaremos daqui por diante de canal, o plasma será pro-
2. Longa vida útil; duzido, e a corrente eletrônica cumprirá sua trajetória circu-
3. Facilidade de controle, isto é, necessitar de um menor lar sem interrupções.
número possível de fontes de alimentação; No canal, o campo magnético é predominantemente radial,
4. E, principalmente, baixa consumo de potência elétrica. de modo que um feixe de elétrons alinhados com a direção
Por confiabilidade entendemos que ela sempre entrará em axial sofrerá, sob a ação do campo magnético, uma deflexão
operação fornecendo a mesma corrente de íons para um de- para uma nova trajetória, alinhada com a direção poloidal
terminado conjunto de parâmetros de contorno, a saber: po- (ou azimutal). A figura 1 ilustra as correntes aqui referidas.
tência elétrica disponível, fluxo de gás e campo magnético. O módulo do campo magnético irá definir o quanto são alte-
A facilidade de controle pode ser contabilizada, por exem- radas as trajetórias dos íons e elétrons presentes no plasma
plo, pensando-se no número de fontes de potência necessá- produzido no canal, segundo a relação de Larmor. Nosso in-
rias à operação. Para o caso do propulsor aqui descrito, faz- tento é acelerar os íons, e para tal é necessário deixá-los “li-
se necessário o controle somente de uma fonte de tensão e vres”, isto é, insensíveis ao efeito do campo magnético. Por
uma fonte de corrente. outro lado, os elétrons devem estar confinados. Esta duas
O objetivo principal, no entanto, é atingir um ótimo desem- condições vinculam a geometria da fonte (extensão e largura
penho – leia-se energia e densidade do feixe – com baixo do canal), a intensidade do campo magnético e o tipo de gás
consumo de potência elétrica. Foi justamente neste aspecto utilizado (massa dos íons). O que temos, ao final, é uma re-
que mais se trabalhou nos 50 anos de pesquisa nesta área. Se lação entre o comprimento da fonte L, a tensão de descarga
espera que, para um satélite geoestacionário de grande por- disponível Vd, velocidade de injeção dos íons vi e mobilida-
de Me⊥ (que é uma função do campo magnético), dada por:


ivan@das.inpe.br
59 I.S. Ferreira & J.L. Ferreira Revista Brasileira de Aplicações de Vácuo

O anodo foi confeccionado em aço inox 304, e possui 2,0cm


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M V  de largura. Ele é móvel, sendo que os melhores resultados
L ≈  e⊥ d  (1) foram obtidos quando este foi posicionado a 3,8cm do fim
 νi  do canal, ou seja, definindo um comprimento efetivo da fon-
Para o PHALL-01, temos um L=3,8cm como comprimento te como o calculado anteriormente na equação (1). Nele são
ideal, para Vd=500V. aplicados potenciais entre 450 V e 700 V, com relação ao
A potência elétrica é introduzida na fonte pelo catodo, posi- catodo. Este último, é composto por um filamento de Tungs-
cionado próximo à saída do canal, o qual fornece os elétrons tênio com 2,0mm de diâmetro, recoberto por uma camada
para geração do plasma e para a formação da corrente de de- uniforme de óxido de bário e aquecido por uma corrente de
riva fechada – a própria corrente Hall, e também pelo ano- 25A. Logo, o processo de emissão dos elétrons primários é
do, posicionado no fundo do canal de aceleração. o termiônico.
A aceleração de um elemento de fluído será, em primeira O propelente, com o qual se produzirá o plasma via impacto
ordem (desconsiderando efeitos de gradientes de temperatu- eletrônico, é o Argônio. Este é distribuído no interior do ca-
ra e de densidade), dada por: nal via uma tubulação de cobre, isolada por camadas de mi-
ca, disposta junto à parede externa da fonte. Novamente, a
d r 1 r r figura 2 irá complementar esta descrição.
u = JH × B (2)
Completamente montada, a massa da fonte é 6,5 kg, apenas
dt n
2,5 kg a mais do que a massa média das fontes de mesma
dimensão.
Onde B é o campo magnético, JH é o corrente eletrônica
Hall, n e u é a densidade de massa e a velocidade do ele-
2.2 SISTEMA DE VÁCUO
mento de fluído, respectivamente.
O propulsor PHALL-01 foi montado no interior de uma câ-
mara MRC do tipo “Glass Bell Jar”. Esta possui 87 cm de
comprimento útil, sendo que com a fonte posicionada no
fundo da câmara, se tem uma região de 60 cm para propaga-
ção do feixe. O diâmetro da câmara é de 42,1 cm.
A câmara apresenta oito flanges, divididas entre o sistema
de diagnóstico, os passadores de potência e corrente, a inje-
ção de gás e os medidores de pressão. Para a medida da
Figura 1 – Esquema simplificado da geometria de um
pressão são usados um medidor Pirani e um Magnetron,
propulsor a plasma por efeito Hall. As setas indicam a
ambos da Edwards. Como eles estão muito próximos da re-
direção predominante do campo elétrico (E), do campo
gião de descarga, os mesmos sempre são desligados após a
magnético (B) e da corrente Hall (J). O campo elétrico
injeção do gás, imediatamente antes da injeção de potência
que condicionará, no início do processo de operação, a
elétrica. Quando este procedimento não foi observado, a
corrente eletrônica.
descarga se estendeu até estes medidores, danificando-os.
O vácuo é mantido por duas bombas: uma mecânica, da Pf-
2. DESCRIÇÃO DO EXPERIMENTO
feifer, com capacidade nominal de bombeamento de 35
m3/h; e uma difusora MRC, que bombeia estimados 500 l/s.
2.1 A FONTE DE PLASMA
Assim, a pressão na câmara para o início da operação da
fonte é sempre menor que 3x10-5 Torr, já durante a operação
O corpo da fonte foi construído em aço inox 430, nas di-
a pressão sobe até 7,5x10-4 Torr. Para se atingir a pressão de
mensões de 8,0 cm de comprimento e 20 cm de diâmetro. O
fundo mencionada acima, é usado um circuito de resfria-
cilindro interno apresenta um diâmetro de 13 cm, o que es-
mento da bomba difusora, onde circula nitrogênio líquido.
pecifica então um canal de plasma de 3,5 cm de largura. Es-
A injeção do gás é controlada por uma válvula do tipo agu-
tas medidas foram todas baseadas no modelo SPT-100, am-
lha, Não utilizou-se um medidor de fluxo de gás. Este parâ-
plamente referenciado na literatura (e.g. [1]).
metro, essencial nos cálculos dos parâmetros de performan-
Tanto na parte interna do cilindro menor, quanto na parte
ce, foi estimada com base nas variações de pressão, levan-
externa do cilindro maior, foram afixadas abas de alumínio
do-se em conta a pressão do cilindro de gás e as proprieda-
com o propósito de suportar os imãs permanentes, que fo-
des dos tubos de injeção.
ram confeccionados em ferrita, com as dimensões
6,5x2,0x1,0 cm. Ao todo, foram utilizados 76 imãs, lem-
brando que na parte externa estes são inclinados em 10o e
postos aos pares, como mostra a figura 2. O campo superfi-
2.3 DIAGNÓSTICOS
cial destes é, em média, 350 Gauss.
O canal tem suas paredes internas revestidas por cerâmica
Três quantidades caracterizam o plasma: temperatura eletrô-
refratária FiberFrax ®, composta de 47% Al2O3 e 48% SiO2,
nica, densidade eletrônica e o potencial do plasma. Foi utili-
a qual apresenta grande resistência à alta temperatura e ao
zado neste trabalho o método mais tradicional para se
desbaste iônico.
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Já para caracterizar o feixe de plasma verifica-se as proprie-


dades dos íons. A densidade, temperatura e distribuição es-
pacial destes pode ser obtida usando-se uma variante da
sonda de Langmuir, que é o coletor de íons, ou Faraday-cup
[3].
Para realizar as medidas, as duas sondas foram montadas,
uma por vez, num conjunto de hastes que apresentam dois
graus de liberdade. Primeiro, podem se movimentar parale-
lamente ao eixo de simetria da fonte, permitindo assim tra-
çar um perfil espacial das quantidades que caracterizam o
plasma no interior do canal. E depois, estas hastes podem se
movimentar de modo a variar o ângulo entre a direção nor-
mal da sonda coletora e o eixo de simetria da fonte. Assim,
pode-se obter a distribuição espacial do feixe. Deve-se en-
tender que no entanto se está limitado pelas dimensões da
câmara de vácuo, de modo que todas as medidas de distribu-
ição angular foram feitas somente a 30 cm da fonte.

Figura 2 – Corte do Propulsor PHALL-01 paralelo ao 3. RESULTADOS


eixo de simetria e apenas com um quadrante a mostra.
Temos em 1 o orifício através do qual se injeta Argônio; Na equação (2) foi mostrado a dependência entre a orienta-
em 2 o terminal para polarização do anodo; e em 3 uma ção e o módulo do campo magnético no interior do canal.
indicação do revestimento cerâmico que recobre as pa- Sendo assim, uma das principais medidas é a da intensidade
redes do canal. O catodo esta posicionado a 30 mm do do campo em cada direção. Os resultados destas medidas es-
fim do canal. tão na figura 3. Nela, pode-se observar que a componente
radial é de fato a mais intensa no interior do canal, porém as
outras duas componentes não são desprezíveis. Um efeito
imediato da presença de gradientes da componente axial,
principalmente na saída do canal, é que esta forma uma es-
pécie de espelho magnético, aprisionando ali parte dos elé-
trons, e assim colaborando para a aceleração.
As figuras 4, 5 e 6 trazem os perfis espaciais da densidade,
do potencial de plasma e da temperatura, respectivamente.
Um perfil unidimensional é satisfatório porque entendemos
que a fonte é simétrica, e também porque não queremos, no
momento, avaliar o que acontece nas proximidades das pa-
redes do canal. Logo, todas as medidas foram executadas no
centro do canal, para uma tensão de descarga de 600V.
Examinando os perfis obtidos, nota-se que a aceleração – in-
timamente ligada à queda de potencial – se dá logo à frente
do anodo. Nesta pequena região, na qual o plasma ainda não
foi acelerado, a densidade é maior, principalmente porque
Figura 3 – Perfil espacial das componentes de campo ali que circula a corrente Hall e a sonda de Langmuir foi
magnético. Os pontos quadrados representam a compo- construída com uma geometria que, nesta situação, favore-
cia a detecção da densidade de corrente Hall. O potencial
nente radial, enquanto que os losangos são da compo-
apresentará um aumento nas proximidades do fim do canal,
nente poloidal e os triângulos da axial. Neste gráfico a
o que também acontece no perfil de temperatura. Isto se dá
origem foi posicionada no fim do canal. O campo está
porque ali temos uma zona de transição do regime do fluido,
expresso em Gauss.
de subsônico supersônico. Uma das causas desta transição é
justamente o fim do canal, ou seja, a mudança nas condições
medir estas quantidades: a sonda de Langmuir. Trata-se de
de contorno impostas ao plasma (e.g. [4]). Observa-se tam-
um eletrodo de tungstênio imerso no plasma e no qual se a-
bém que a temperatura é maior nas proximidades do anodo,
plica um potencial pouco menor que o potencial que se es-
e isto está ligado à formação de uma região de ionização, ou
pera no plasma, e este é variado até um potencial de 700 V.
de formação do plasma[5].
A curva que se obtém, num gráfico de corrente coletada em
É interessante comparar a dependência espacial da densida-
função da tensão aplicada, vai nos dar, quando derivada du-
de, da temperatura e do potencial com o perfil espacial do
as vezes, a função de distribuição dos elétrons (veja detalhes
campo magnético. Assim se nota a íntima relação entre os
em [2]).
gradientes de campo e as zonas de aceleração e ionização.
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A figura 7 exibe a distribuição angular do feixe de plasma. números são comparáveis aos das fontes referenciadas na li-
Nota-se duas assimetrias: a primeira porque de um lado o teratura [1], em específico do SPT-100, fonte na qual este
feixe sempre possui maiores correntes do que com relação trabalho se baseou.
ao outro; a segunda se refere aos picos de corrente, ou ao fa-
to dela não seguir o perfil de uma gaussiana, por exemplo.
A explicação para a primeira assimetria é a presença do ca-
todo na região de menor corrente, ou seja, ele interfere na
propagação do plasma. Já a segunda assimetria está ligada
ao fato de que o feixe ainda não se propagou o suficiente
para ser colimado, de modo que as medidas enfatizam os pi-
cos de corrente quando se passa sobre os centros dos canais.
A literatura apresenta a distância mínima para a colimação
do feixe como sendo de 30 cm [6].

Figura 6 – Perfil espacial da temperatura eletrônica do


plasma expressa em elétron-Volts.

Figura 4 – Perfil Espacial da densidade eletrônica do


plasma. A origem deste gráfico e dos seguintes coincide
com a posição do anodo. A densidade está expressa em
x1014 m-3.

Figura 7 – Distribuição angular do feixe de plasma. As


medidas foram feitas em Ampères para distintas tensões
de descarga, a saber, 450 (■), 500 (●), 600 (▲) e 650(▼)
Volts. Ainda foram feitas medidas para uma descarga de
500 Volts para um fluxo de gás maior que o usual (0.5
mg/s), correspondendo aos losangos. A origem do siste-
Figura 5 – Perfil espacial do potencial de plasma medido ma corresponde a situação em que a normal do coletor
em Volts. estava paralela ao eixo de simetria da fonte.

Obteve-se com descargas de 600V uma distribuição acentu- 4. CONCLUSÃO


ada de íons com 540eV de energia, bem como com 360eV.
Assim, o PHALL-01 também poderá ser usado para trata- Dado o primeiro conjunto de resultados aqui exposto, pode-
mento de materiais que requeiram íons nesta faixa de ener- se agora trabalhar no incremento da performance da fonte de
gia. plasma, principalmente no quesito em que atualmente ela
Conhecendo a energia e a densidade dos íons, bem como a demonstra mais baixo rendimento, que é o grau de ioniza-
corrente de descarga, a tensão de descarga e o fluxo de gás, ção. Outro ponto que merece atenção é o aumento da vida
pode-se calcular o empuxo da fonte: 84,5 mN, para 33 % de útil da fonte, pois testes de longa duração mostraram a efici-
eficiência elétrica e um impulso específico de 1012 s. Estes ência do isolamento dos imãs – em 1 hora de operação, a
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temperatura destes não superou 90º C, tanto os internos 5. REFERÊNCIAS


quanto os externos – mas indicaram que a fonte de elétrons
é severamente deteriorada. 1. ZHURIN, V.; KAUFMAN, H.; ROBINSON, R., Plasma
Por outro lado, vemos que mesmo sendo esta apenas a pri- Sources Sci. Technol. 8, R1-R20, 1999.
meira geração, a fonte já apresenta parâmetros competitivos 2. WONG, A., Introduction to Experimental Plasma Physics,
com o de outros propulsores elétricos. E graças ao emprego Vol 1, UCLA, 1977.
3. WALKER, M.; HOFER, R.; GALLIMAN, A., The effects
de imãs permanente como fonte do campo magnético, pode-
of nude Farady-cup probe design and vacuum facility
se ter a fonte operando com um consumo de tão somente backpressure on the measured ion current density profile
100W, para um regime de baixa corrente, isto é, empuxo de of Hall-Thruster plumes, AIAA2002-4253.
26mN. 4. DORF, L.; SEMENOV, V.; RAITSES, Y.; FISCH, N.,
PPPL-3686, 2002.
5. FRUCHTMAN, A.; FISCH, N.; RAITSES, Y., Phys.
Plasmas 8, 1048-1056, 2001.
6. KEIDAR, M.; BOYD, I., J. Appl. Phys. 86, 4786-4791,
1999.

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