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Muitas das informações que consegui, e aqui descrevo, foram por meio de relatos de
sobreviventes, bem como minha própria experiência como prisioneiro.
Essas poucas informações têm como objetivo mostrar aos aventureiros o perigo que
enfrentam ao se confrontarem com essas criaturas, porém, busco também desmistificar
um pouco sua fama.
Orcs são similares a outros monstros, tais como goblins, ogros e trolls em muitos
aspectos. No entanto possuem fisiologia própria, bem como uma sociedade complexa e
única.
São máquinas de matar, com uma inteligência latente desprezada pela própria cultura.
No entanto, enquanto as pessoas normais entendem que os Orcs devem ser aniquilados
da face do nosso mundo, eu penso no problema de uma forma um pouco mais
abrangente que essa.
Orcs não são uma praga. São criaturas pensantes. Embora normalmente vistas como
uma raça bestial, primitiva, sem alma e má. Por causa disso, elfos, anões e humanos
acreditam que essa espécie deva ser destruída.
Será que somos mesmo espécies intelectualmente e moralmente superiores aos Orcs?
Se isso for verdade, um genocídio seria justificado?
Ser perigoso, primitivo ou inferior significa merecer ter sua própria existência apagada
da criação?
E supondo que consigamos exterminar os Orcs do nosso mundo, qual seria o próximo
alvo de uma política de extermínio de “raças inferiores”? Será que os elfos deixarão,
nós, humanos, em paz? Com nossa população crescente e limites das cidades se
ampliando, quanto duraria uma aliança desse tipo?
Por isso, minha proposta é de entendermos a cultura dos Orcs. Que levemos a
civilização até eles, ao invés de destruirmos o que desconhecemos.
Origem:
De qualquer forma, os Orcs têm muito mais a ver com o Homem que com o Elfo. Um
orc pode ser considerado um espelho de tudo o que um elfo representa. Ao mesmo
tempo, potencial para a selvageria latente no ser humano, é explícito no orc.
Com tantas lendas e mitos, não consigo traçar uma história certa sobre esta espécie de
monstro.
Estranhamente, apesar de estarem espalhados pelo mundo, os Orcs falam uma língua
própria, com diversos dialetos e sotaques, porém, mantendo uma estrutura
compreensível para aqueles que a conhecem.
Fisiologia:
Orcs são criaturas musculosas, com uma altura próxima a de um humano normal, mas
bem mais largos. Embora, muitas vezes pareçam mais baixos, isso se dá porque Orcs
costumam andar com uma postura curva.
Apesar de sua altura semelhante, Orcs normalmente são bem mais fortes que um
humano.
Suas orelhas são pontudas e peludas, como as de um lobo, seus narizes achatados
(lembrando o de um porco) e seus dentes afiados. Suas mandíbulas inferiores são
projetadas para frente, e os caninos inferiores são tão grandes e afiados quanto os de um
javali. Muitos Orcs, quando em combate de perto, aproveitam para morder a vítima,
especialmente se o seu pescoço estiver próximo.
Orcs também possuem pêlos espalhados por todo o corpo (incluindo as fêmeas). Apesar
de apenas os machos possuírem pelos faciais. Não é raro encontrar um orc macho com
barba desgrenhada e mal cuidada.
Hábitos alimentares:
Não são raras as ocasiões em que um orc rouba o gado de uma fazenda, para matar uma
cabeça de gado por dia. Apenas para saciar sua vontade por carne fresca e sangue
quente.
Normalmente, Orcs caçam durante a noite. Por causa disso, muitas estórias dizem que
Orcs não suportam a luz do sol. Isso é uma versão errada do fato.
Orcs são predadores. Como não são dotados de graça natural, excepcional velocidade ou
andar silencioso, eles preferem a noite porque a escuridão favorece seus métodos de
caça, roubo e destruição.
Apesar da visão de um orc ser muito semelhante a de um humano durante o dia, Orcs
possuem visão noturna muito superior a de um humano.
Eles são onívoros, mas possuem uma predileção especial por carne. Qualquer tipo de
carne. Inclusive de criaturas sensientes como humanos, elfos ou anões. Se for crua,
melhor. Se ainda estiver quente, melhor ainda.
Para a espécie, o tempero principal da carne é o medo. Por isso Orcs costumam brincar
e torturar suas presas antes de matá-las. Assustar e torturar são as técnicas usadas para
deixarem suas presas ainda mais deliciosas.
Apesar do que muitas pessoas dizem, Orcs não preferem a carne de criaturas sensientes
pelo seu sabor, mas pelo prazer psicológico de vencer seu inimigo pela força. As
torturas impostas pelos Orcs aos seus inimigos trazem, além do medo, a sensação de
humilhação e impotência, o que dá ao orc o prazer de ser superior.
São uma sociedade altamente machista e hierarquizada (pela força). Por isso, os mais
fortes comem antes dos demais. O macho que permitir uma fêmea comer antes dele
demonstra fraqueza, o que lhe traz inúmeras conseqüências sociais.
A vida de um orc:
Os bebês Orcs são amamentados até o final do primeiro mês de vida, quando, então,
passam a procurar carne.
A cultura das tribos, baseada na força e vitalidade, prega que os fracos devem perecer, e
que antes da idade adulta, as crianças devem ser testadas por meio dessas provações.
Existe uma grande promiscuidade sexual na cultura orc, inclusive não possuem o
conceito de incesto. Os machos mais fortes tendem a manter “a posse” pelas fêmeas que
mais lhe agradam, mas essa “posse” só dura enquanto o macho mantiver sua cabeça
intacta.
As fêmeas desejam procriar com os mais fortes porque isso diminui a necessidade de
preocupação com as crias. Então, não existe o conceito de “fidelidade” ou “família” na
cultura orc, mas o conceito de “tribo” como sendo o mais semelhante. Apesar disso,
existe o ciúme entre os Orcs, mas não a idéia de traição.
É possível um orc lutar com outro macho por causa de uma fêmea, mas ele não brigará
com a fêmea com ter se deitado com outro macho. “Objetos” não têm culpa de serem
usados por outros.
Apesar de serem tratadas dessa forma, não é incomum uma fêmea orc assassinar
machos que tentam se deitar com elas sem o seu consentimento.
Mais de um orc já foi morto, e muitos ainda o serão, enquanto tentava estuprar uma
fêmea. É importante ressaltar que as fêmeas são tão fortes quanto sua contraparte, então,
apesar de serem consideradas inferiores na hierarquia da sociedade, ainda existe a
necessidade de cortejar a fêmea desejada.
Orcs não se casam. Apesar de um macho poder procurar a mesma fêmea várias vezes,
não há um contrato, ou coisa semelhante, que construa explicitamente um
relacionamento.
É muito comum uma fêmea ter cerca de 2 filhos por ano. Não há “resguardo”. Na
verdade, as fêmeas Orcs não precisam disso. Sua fisiologia é melhor preparada para o
parto que as humanas. Os partos são rápidos e envolvem pouca, ou nenhuma, dor.
Depois de nascerem, as crias são de propriedade das mães. Os pais não se importam
com as crias até atingirem a maturidade, quando os levam para caçar e lutar.
Quando atingem a idade de 8 anos, os jovens machos são largados pelas mães, que não
assumem mais a responsabilidade pela sua criação e alimentação. Nessa idade, os
jovens precisam passar a acompanhar os mais velhos.
As mães orcs possuem suas próprias tendas para criarem seus filhos. Isso acontece mais
pela intolerância dos machos adultos à presença de crianças que por qualquer outro
motivo.
Alguns machos, normalmente os mais fortes, podem possuir tendas próprias, ou clamar
pela de outros, quando desejar. Obviamente, quanto mais forte o macho, mais
imponente é sua casa. Apesar disso, Orcs machos, normalmente acostumados com a
caça e agruras da vida ao relento, não se importam de dormir ao ar livre.
Normalmente Orcs morrem ainda adultos, pela guerra ou luta pelo poder dentro da
própria sociedade. Exatamente por essa razão, os Orcs mais velhos são considerados os
piores de sua espécie e precisam ser evitados por qualquer aventureiro.
Apesar de não possuírem mais o vigor e a força de sua juventude, a sobrevivência desse
indivíduo se dá pelo seu raciocínio sagaz, vilania, crueldade e maestria de técnicas de
luta.
Isso é especialmente verdade para os Orcs que assumem o posto de xamã da tribo.
Os Orcs xamãs, como nas comunidades humanas, conseguem agregar ao redor de si um
grande número de seguidores, com grande capacidade de liderança, ou de influência
sobre o líder guerreiro, além de, obviamente, domínio sobre as esferas místicas de
poder.
Qualquer aventureiro que se deparar com um grupo de Orcs, deve se preocupar muito
com um xamã, já que seus poderes são primordialmente voltados para a batalha.
O poder do xamã vem das esferas divinas ou de feitiçaria. Não tenho conhecimento de
algum orc que tenha se tornado mago. Ou pelo menos um mago poderoso. Podemos
entender o motivo disso, já que a espécie não nutre simpatia pelos métodos arcanos, que
demoram anos para terem seus benefícios colhidos. Ao mesmo tempo, não posso
entender a razão pela qual algum mago aceitaria um orc como seu aprendiz.
Entendendo o comportamento:
O raciocínio de um orc é muito simplista. Eles se preocupam com suas necessidades
imediatas, ao invés de planejar o longo prazo.
Isso não significa que os Orcs sejam criaturas burras. Não são. Eles apenas não
enxergam valor na inteligência e raciocínio, o que resulta em falta de paciência para
maquinações mais complexas que dar um nó em uma corda.
Ter uma capacidade de raciocínio acima da média em uma tribo orc é uma faca de dois
gumes. A possibilidade de ascender na sociedade é imensa, especialmente pela
capacidade de pensar taticamente, bem como pensar nas implicações políticas de seus
atos. A desvantagem é que a ascensão na sociedade orc, traz consigo o foco das
atenções, e ambições, dos outros Orcs.
São criaturas fascinantes, sem dúvida, incapazes de anteciparem seu próprio futuro,
vivendo cada momento como o último e, por isso mesmo, felizes com o que possuem,
incapazes de ambições maiores que fazerem sexo antes do jantar.
Pela sua grande capacidade de reprodução, força e vilania, Orcs possuem um talento
natural para a conquista, e poderiam rivalizar com os humanos na colonização de
qualquer continente. No entanto, sua incapacidade de viver em grandes grupos
neutraliza quaisquer outras vantagens que a espécie possua para atingir esse objetivo.
Grandes vilões costumam aproveitar a grande força física, bem como a falta de visão,
dos Orcs em suas tropas, apesar do desafio de unir tribos diversas, e muitas vezes
inimigas, o trabalho árduo, e dom militar, da espécie compensam o sacrifício.
Apesar de não serem covardes, Orcs também não são corajosos por natureza e a falta de
raciocínio leva os guerreiros da espécie, muitas vezes, a se engajarem em lutas que não
podem vencer. Como uma força militar, Orcs são superiores aos humanos por causa
disso. Marchando sem discutir com seus líderes, a raça pode ir em direção a morte certa
sem temor, reparando na morte iminente quando já é tarde demais.
Habitat:
Tendo sido capturado por uma tribo de Orcs que habitava um pântano, posso afirmar
que isso não é verdade.
Os Orcs que se utilizam de cavernas, o fazem pela falta de perícias e/ou paciência para
estabelecerem acampamentos próprios. Normalmente refugiados de tribos escorraçadas
de suas terras, ou que perderam boa parte de seus guerreiros. Procurando lugar seguro
para o restabelecimento do seu número.
Uma tática de guerrilha muito utilizada pelos Orcs quando lutando contra elfos por
território, é incendiar a floresta na qual se encontram. Muitas vezes destruindo seu
objetivo (obter comida e novo refúgio na nova floresta), mas eles não se importam com
isso. Desde que vençam.
Uma tribo de Orcs normalmente possui cerca de 250 indivíduos, divididos em machos
(40%), fêmeas (20%) e crianças (40%). A taxa de nascimento é ligeiramente diferente
para cada sexo. 80% dos nascimentos são de machos.
Essa diferença é explicada pela grande mortalidade entre os machos da espécie.
A maior parte das tribos apresenta comportamento nômade. Migrando para uma área,
exaurindo seus recursos naturais e migrando para a próxima.
Tribos de Orcs, via de regra, são inimigas entre si. Isso normalmente acontece pelo
orgulho do líder tribal e dos seus seguidores. Como a hierarquia orc é altamente focada
na força, quando dois grupos distintos se encontram, essa hierarquia precisa ser refeita,
o que normalmente leva a destruição de um contingente enorme de indivíduos.
Durante uma guerra, uma tribo de Orcs pode se unir a outra, mas um líder inteligente
não deixaria as duas fisicamente próximas demais umas das outras.
A vida de uma tribo orc, quando isolada, é relativamente feliz. Orcs possuem desejos e
necessidades simples. Comer e procriar.
Como tática de luta, as tribos normalmente preferem emboscar suas vítimas, utilizando
a escuridão como sua aliada. Normalmente saqueando pequenas caravanas ou grupos de
viajantes. O grande problema desses pequenos grupos de Orcs é a ansiedade da espera
da presa. A espécie, como um todo, prefere ataques diretos e abertos, ao invés de
planejar o melhor posicionamento tático.
Uma horda orc surge junto a um forte líder. Composta por milhares de indivíduos,
mantidos coesos pelo uso da força bruta.
A proporção de machos e fêmeas é um pouco diferente nesse caso. 50% são machos,
15% são fêmeas e 35% são crianças.
Apenas um líder com um forte caráter ditatorial tem a força para manter coesa a
estrutura de uma horda. Apesar da crueldade e uso da força desmedidos, a cultura orc
não se rebela contra o líder em busca de liberdade ou melhores condições de vida. Na
verdade, quanto mais cruel o líder, mais respeito, e medo, ele terá dos seus seguidores.
Em luta, as hordas se dão ao luxo de invadirem cidades visando o saque. Embora ainda
não possuam a organização militar, o líder costuma utilizar o grande número de
indivíduos para superar as defesas inimigas. Nesse nível de organização, é possível que
patrulheiros Orcs sejam enviados para sondarem as vítimas, o que muitas vezes
denuncia a presença e/ou intenção dos Orcs. Durante um ataque, a horda costuma evitar
estradas movimentadas, e sempre realizam seus ataques durante a noite. As hordas
também se aproveitam de eventos naturais que escondam sua movimentação, tais como
a presença de neblina fechada, noite de lua nova, ou mesmo o céu encoberto. A
presença de uma tempestade é tida como um bom agouro para o saque e destruição.
Quando a invasão acaba, o destino dos sobreviventes dependerá muito do líder orc.
Alguns líderes conseguem vislumbrar que os sobreviventes são necessários para
reconstruírem a cidade, preparando-a para um novo saque. Outros podem ordenar a
morte de todos, apenas para a diversão do seu povo.
Em qualquer um dos casos, a tendência natural do orc é eliminar tudo o que se move, e
se não lhe for dada uma ordem explícita para poupar os sobreviventes, ele não o fará.
A vida em um exército:
Um exército orc difere de uma horda por, normalmente, possuir um número maior de
elementos mas, principalmente, por conter em sua estrutura tribos distintas.
Nesse caso, como a própria hierarquia e disciplina militar são necessárias para o
funcionamento do grande grupo, é normal que o líder do exército divida as funções
requeridas entre as tribos. Dessa forma, uma tribo é responsável pelas montarias, outra
pela forjaria, outra pela patrulha, etc. Como o preço pela má execução de um serviço é a
cabeça do líder da tribo. Não é incomum encontrar Orcs tentando subir na hierarquia
militar pela má execução de seus serviços, e conseqüente aniquilação dos seus
superiores.
Além disso, a ansiedade pela luta faz com que os indivíduos da espécie denunciem sua
presença com cantos, tambores de guerra e ataques inconseqüentes de pequenos grupos
que debandaram da grande formação.
A artilharia orc é fraca. A maior parte dos guerreiros prefere atacar de perto, com a
utilização de machados, ou qualquer outra arma capaz de causar danos devastadores
sobre o inimigo.
O cerco militar também não é uma opção de longo prazo para os Orcs. Os exércitos que
conseguiram realizar cercos duradouros o fizeram trocando as tribos de Orcs que eram
utilizadas na manutenção do cerco.
Um general que tente controlar seu exército durante muito tempo, corre um sério risco
de ver suas tropas implodindo, com seus próprios membros se aniquilando.
Ao contrário do que acontece nas tribos, os escravos de um exército são bem utilizados.
Aliás, a melhor chance de sobrevivência de um prisioneiro é tornar-se escravo em um
exército orc. Nesse caso, a definição de papéis torna a utilização dos escravos mais
necessária ao funcionamento da vida militar. Ao menos, em um exército, os escravos
recebem alguma lavagem para sua sobrevivência. É claro que esse raciocínio não vale
para qualquer indivíduo. Muitos elfos preferem tirar a própria vida a tentarem
sobreviver nas condições que lhes são dadas.
Como os escravos, nos exércitos, duram mais que a média. É comum que fêmeas
capturadas dêem a luz a meio-Orcs, nessas condições.
O parto é incrivelmente doloroso para a mãe, já que um bebê orc é um pouco maior que
um humano. Inclusive, os bebês híbridos já nascem com presas proeminentes e garras
afiadas, que podem causar pequenas hemorragias internas durante o parto.
Além disso, a vida de um meio-orc é muito mais árdua que a de um orc comum.
Estando abaixo da hierarquia social, e muitas vezes órfãos, os meio-Orcs enfrentam os
maiores desafios de toda a espécie. É impossível para um meio-orc ascender na
hierarquia da raça, simplesmente porque os demais Orcs não os aceitam como iguais. É
comum ver bandos de Orcs se unirem para derrotar um único meio-orc que tenha se
destacado em uma luta. Aqueles que conseguem sobreviver são raros, e freqüentemente
tornam-se os melhores líderes que os Orcs poderiam querer, já que herdam a capacidade
de raciocínio e discernimento dos humanos.
Meio-Orcs possuem a força dos Orcs, porém com comportamento mais sereno e menos
caótico. Todos são estéreis.