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SIGNIFICADO
o punho, articulação distal do membro su- qualquer ângulo para pegar ou segurar um ob-
perior, permite que a mão - segmento realiza- jeto.
dor - se coloque numa posição ótima para a O complexo articular do punho compreen-
preensão. de duas articulações:
De fato, o complexo articular do punho - a rádio-carpeana, que articula a glenóide
possui dois graus de liberdade. Com a prona- antebraquial com o côndilo carpeano;
ção-supinação, rotação do antebraço sobre o seu - a médio-carpeana, que articula entre elas
eixo longitudinal, a mão pode-se orientar em as duas fileiras dos ossos do carpo.
1. MEMBRO SUPERIOR 141
142 FISIOLOGIA ARTICULAR
Os movimentos do punho (fig. 4-1) se rea- - um eixo BB', ântero-posterior que per-
lizam em torno de dois eixos, com a mão em po- tence ao plano sagital (tracejado hori-
sição anatômica, isto é, em máxima supinação: zontal). Este eixo condiciona os movi-
mentos de adução-abdução que se reali-
-.- um eixo AA', transversal, que pertence
ao plano frontal (tracejado vertical). Es- zam no plano frontal (tracejado verti-
te eixo condiciona os movimentos de cal):
ftexão-extensão que se realizam no pla- • adução ou desvio ulnar (seta 3): a mão
no sagital (tracejado horizontal): se aproxima do eixo do corpo e o seu
• flexão (seta 1): a superfície anterior ou lado interno - ou lado ulnar (do dedo
palmar da mão se aproxima da super- mínimo) -, forma, com o lado interno
fície anterior do antebraço; do antebraço, um ângulo obtuso aber-
to para dentro;
• extensão (seta 2): a superfície poste-
rior ou dorsal da mão se aproxima da • abdução ou desvio radial (seta 4): a
superfície posterior do antebraço. É mão se afasta do eixo do corpo e o seu
preferível não utilizar os termos fte- lado externo - ou lado radial (do po~
xão dorsal e, com maior motivo, fte- legar) -, forma, com o lado externo
xão palmar, por tratar-se de uma tau- do antebraço, um ângulo obtuso aber-
tologia. to para fora.
1. MEMBRO SUPERIOR 143
f\g.4-"\
----------
\- - _- -. - - ~._---~-~------------~-
144 FISIOLOGIA ARTICULAR
I
1. MEMBRO SUPERIOR 145
a c
b
Fig.4-2
b a c
Fig.4-3
146 FISIOLOGIA ARTICULAR
o MOVIMENTO DE CIRCUNDUÇÃO
omovimento de circundução se define co- A figura 4-5 mostra a parte da base do co-
mo a combinação dos movimentos de flexão-ex- ne de circundução (c):
tensão com os movimentos de adução-abdução. - o corte do cone pelo plano frontal (a)
Então, é um movimento que se realiza, si- com a posição de abdução R-adução C
multaneamente, com relação aos dois eixos da ar- e o eixo do cone de circundução OA;
ticulação do punho.
- o corte do cone pelo plano sagital (b)
Quando o movimento de circundução alcan- com a posição de flexão F e a posição
ça a sua máxima amplitude, o eixo da mão des- de extensão E.
creve uma superfície cônica no espaço, denomi-
A amplitude dos movimentos do punho é
nada "cone de circundução" (fig. 4-4).
menor em pronação do que em supinação, de
Este cone tem um vértice O, localizado no modo que o cone de circundução é menos
"centro" do punho, e uma base, representada na "aberto" em pronação.
figura pelos pontos F, R, E, C, que descrevem a
Contudo, graças aos movimentos asso-
trajetória que segue a ponta do dedo médio duran-
ciados de pronação-supinação, o achatamento
te o movimento de máxima circundução.
do cone de circundução pode-se compensar de
Além disso, o citado cone não é regular, a certo modo, e o eixo da mão pode ocupar to-
sua base não é circular. Isto se deve a que a am- das as posições no interior de um cone cujo
plitude dos diferentes movimentos elementares ângulo de abertura é de 160 a 170°.
não é simétrica com relação ao prolongamento do
Além disso, como em todas as articula-
eixo do antebraço 00'.
ções com dois eixos e dois graus de liberdade,
Sendo a amplitude máxima no plano sagita! do mesmo modo que vamos expor mais adian-
FOE e mínima no plano frontal ROC, o cone é te ao falar da articulação trapézio-metacarpea-
achatado no sentido transversal e podemos com- na, um movimento simultâneo ou sucessivo
parar a sua base com uma elipse (fig. 4-5, c) com em torno de dois eixos ocasiona uma rotação
um eixo maior ântero-posterior FE. automática ou inclusive uma rotação conjunta
Inclusive está deformada pela parte interna (Mac Conaill) em torno do eixo longitudinal
C, devido à maior amplitude do desvio ulnar. Por do segmento móvel, a mão, que orienta a pal-
conseguinte, o eixo do cone de circundução OA ma em direção oblíqua com relação ao plano
não se confunde com 00', mas que se encontra da superfície anterior do antebraço. Isto não
em desvio ulnar de 15°. Por outro lado, a posição está claro, salvo nas posições de extensão-adu-
da mão em adução de 15° corresponde à posição ção e de flexão-adução, embora não tenha a
de equilíbrio entre os músculos que dirigem o mesma importância funcional que no caso do
desvio. É um elemento da posição funcionaL polegar.
1. MEMBRO SUPERIOR 147
Fig.4-4
o
/
•
/ O'
c
R
R
E
Fig.4-5
r
148 FISIOLOGIA ARTICULAR
A inserção inferior destes dois ligamentos - o ligamento anterior está tenso durante a
se localiza, aproximadamente, no ponto de "iní- extensão (fig. 4-13).
cio" do eixo AA' de flexão-extensão. Os ligamentos laterais participam pouco.
A'
Fig.4-7
Fig.4-9
....
....
....
-
=
4~4J.· L3 I
Fig.4-12 Fig.4-11 Fig.4-13
150 FISIOLOGIA ARTICULAR
. 10
I 14
Fig.4-14
Fig.4-15
Fig.4-16
152 FISIOLOGIA ARTICULAR
Usamos como referência a N. Kuhlmann (1978) pa- nar à superfície anterior do colo do osso capita-
ra ressaltar os elementos novos na descrição dos ligamen- to, prolonga para baixo o ligamento rádio-lunar;
tos da articulação rádio-carpeana e da médio-carpeana. • o ligamento triqueto-capital (11), que se esten-
Como poderemos ver mais adiante, este conceito moder- de obliquamente por baixo e por fora da super-
no do aparelho ligamentar pennite explicar muito melhor fície anterior do piramidal ao colo do osso capi-
o papel que desempenha na estabilidade do carpa e, na tato onde constitui, com os dois ligamentos pre-
verdade, na sua adaptação às alterações que derivam dos cedentes, um autêntico aparelho ligamentar;
movimentos do punho. • o ligamento trapézio-escaf6ide (12), curto,
Em vista anterior (fig. 4-17), se distinguem: mas largo e resistente, une o tubérculo do esca-
- os dois ligamentos laterais da rádio-carpeana: fóide com a superfície anterior do trapézio, por
• o ligamento lateral interno, que se origina no cima da sua crista oblíqua;
processo estilóide ulnar e se entrelaça com a • o ligamento triqueto-ganchoso (ou triqueto-ha-
inserção do triangular (1), no nível de seu vér- mata!) (13), verdadeiro ligamento lateral inter-
tice. A seguir, se divide num fascículo poste- no da médio-carpeana;
rior estilo piramidal (2) e um fascículo ante- • finalmente, os ligamentos pisiunciforme (14) e
rior estilo-pisiforme (3); pisimetacarpeano (15), este último participa na
• o ligamento lateral externo, também constituí- articulação carpometacarpeana.
do por dois fascículos que se originam no pro- Em vista posterior (fig. 4-17 bis), podemos localizar:
cesso estilóide radial: um fascículo posterior
- o ligamento lateral externo da rádio-carpeana,
(4), que se expande do vértice do processo esti-
pelo seu fascículo posterior (4);
lóide até a superfície extema do escafóide para
inserir-se por baixo da superfície articular supe- - o ligamento lateral interno da rádio-carpeana,
rior, e umfascículo anterior (5), muito espesso também pelo seu fascículo posterior (2), cujas
e resistente que se estende do lado anterior do inserções estão entrelaçadas com o vértice do li-
processo estilóide até o tubérculo do escafóide; gamento triangular (1);
- o ligamento anterior da rádio-carpeana, consti- - o ligamento posterior da rádio-carpeana
tuído por dois fascículos: constituído por dois fascículos oblíquos para
baixo e para dentro:
• por fora, o fascículo rádio-lunar anterior (6),
que se estende obliquamente por baixo e por • ofascículo rádio-lunar posterior (16), ou freio
dentro do lado anterior da glenóide radial até o posterior do lunar;
haste anterior do semilunar; daí vem a denomi- • o fascículo rádio-piramidal posterior (17), cu-
nação de freio anterior do lunar; jas inserções são mais ou menos simétricas com
••por dentro, ofascículo rádio-piramidal anterior as do seu homólogo anterior, incluída a sua
(7), recentemente individualizado por N. Kuhl- união com a terminação do ligamento posterior
mann; suas inserções superiores ocupam a me- da rádio-ulnar inferior (18) sobre o lado poste-
tade interna do lado anterior da glenóide e todo rior da cavidade sigmóide do rádio: este fascí-
o lado anterior da cavidade sigmóide do rádio, culo posterior completa a "tira do piramidal";
onde se entrelaça com as inserções radiais do li- - as duas faixas transversais posteriores do carpo:
gamento anterior (8) da rádio-ulnar inferior; es- • afaixa da primeira fileira (19), que se esten-
te ligamento, de forma triangular, forte e resis- de transversalmente da superfície posterior
tente, se dirige para baixo e para dentro para in- do piramidal até a do escafóide, para se inse-
serir-se na superfície anterior do piramidal, por rir no haste posterior do lunar e enviando
fora da sua superfície articular junto com o pisi- uma expansão (20) ao ligamento lateral ex-
forme; constitui a parte anterior da "tira do pira- terno e uma expansão (21) ao ligamento rá-
midal", que voltaremos a ver mais adiante; dio-piramidal posterior;
- os ligamentos da médio-carpeana: • afaixa da segunda fileira (22) que se estende
• o ligamento rádio-capital (9), que se estende obliquamente por fora e levemente por baixo
obliquamente por baixo e por dentro da parte da superfície posterior do piramidal à do trape-
externa do lado anterior da glenóide até a su- zóide (23) e a do trapézio (24), passando por
perfície anterior do osso capitato. Está incluído trás do osso capitato;
no mesmo plano fibroso que 9s fascículos rá- - por último, o ligamento triqueto-hamatal (13),
dio-lunar e rádio-piramidal. E um ligamento cuja parte posterior se insere na superfície poste-
anterior da rádio-carpeana e da médio-carpea- rior do piramidal que, de tal forma desempenha,
na ao mesmo tempo; para a parte posterior do carpa, o papel de segu-
• o ligamento lunatocapital (10), que se estende rar o ligamento atribuído ao colo do osso capita-
verticalmente desde o haste anterior do semilu- to na sua superfície anterior.
1. MEMBRO SUPERIOR 153
6
9
4
5
10
12
Fig.4-17
I -
154 FISIOLOGIA ARTICULAR
Fig.4-18 Fig.4-19
Fig.4-20
3
156 FISIOLOGlAARTICULAR
Fig.4-24
Fig.4-23
Fig.4-28
Fig.4-26
158 FISIOLOGIA ARTICULAR
A DINÂMICA DO CARPO
I
1. MEMBRO SUPERIOR 159
a
Fig.4-34 Fig.4-35
Fig.4-36 Fig.4-38
c b
I
160 FISIOLOGIA ARTICULAR
A DINÂMICA DO CARPO
(continuação)
Fig.4-43 Fig.4-45
Fig.4-44
162 FlSIOLOGIA ARTICULAR
o PAR ESCAFÓIDE-SEMILUNAR
Nos movimentos de flexão-extensão do carpo, ou uma fratura ou luxação, como
punho, N. Kuhlmann distingue quatro setores veremos mais adiante.
(fig. 4-48):
O fato de se repetir a idéia do bloqueio ar-
- o setor de adaptação pennanente (I) até ticular foi necessário para esclarecer o assincro-
20°: as amplitudes dos deslocamentos
elementares são escassas e difíceis de nismo do bloqueio em extensão das colunas do
semilunar e do escafóide.
apreciar; os ligamentos estão distendi-
dos e a pressão sobre as superfícies arti- De fato, o bloqueio em extensão da coluna
culares é mínima. Os movimentos mais
.. do escafóide (fig. 4-49), causado pela tensão
comuns e que preCIsam necessanamen- máxima dos ligamentos rádio-escafóide (1) e
te restabelecer a sua mobilidade após trapézio-escafóide (2), provoca um autêntico en-
uma intervenção cirúrgica ou traumatis-
caixamento do escafóide entre o trapézio e a gle-
mo se realizam neste setor;
nóide radial, que acontece antes do bloqueio em
- o setor de mobilidade comum (lI) até extensão da coluna do semilunar (fig. 4-50):
40°; o jogo ligamentar começa a se ma-
neste bloqueio intervêm não só a tensão dos li-
nifestar e as pressões articulares se no-
tam. Até este ponto, as amplitudes na gamentos rádio-lunar anterior (3) e lunatocapital
rádio-carpeana e na médio-carpeana (4), mas também o impacto ósseo da superfície
são quase iguais; posterior do colo do osso capitato contra o lado
- o setor de alteração fisiológica mo- posterior da glenóide; de modo que o movimen-
mentânea (IlI) até 80°; as tensões liga- to de extensão continua na coluna do semilunar,
mentares e as pressões articulares al- enquanto já está parado na do escafóide.
cançam o seu ponto máximo, para rea- Se partirmos da posição de flexão (fig. 4-51)
lizar no fim do trajeto a posição de blo- (vista conjunta de perfil do semilunar e do esca-
queio ou dose packed position (Mac
fóide), num primeiro momento (fig. 4-52), a ex-
Conaill);
tensão arrasta simultaneamente o escafóide e o
- O setor de alteração patológica (IV) su-
semilunar, a seguir (fig. 4-53) o escafóide se de-
perior aos 80°: a partir deste ponto, a
tém, enquanto o semilunar continua a sua bascu-
continuação do movimento ocasiona
obrigatoriamente umà ruptura ou uma lação anterior 30° mais, graças à elasticidade do
distensão ligarnentar que, lamentavel- ligamento interósseo escafolunar. Assim sendo a
mente, passa despercebida com freqüên- amplitude total do movimento do semilunar é
Cia, provocando uma instabilidade do 30° maior que a do escafóide.
\
1. MEMBRO SUPERIOR 163
Fig.4-48 3
Fig.4-50
Fig.4-51
164 FISIOLOGIA ARTICULAR
Fig.4-54
Fig.4-55
U
Fig.4-56 Fig.4-58
Fig.4-57
166 FISIOLOGIA ARTICULAR
AS ALTERAÇÕES PATOLÓGICAS
Os dois movimentos cujo esforço máximo perfície externa do corpo do osso que se
gera mais desgastes anatômicos são a abdução e fratura neste ponto devido ao cisalha-
a extensão, com freqüência associados. mento.
A abdução levada além da posição de blo- A extensão exagerada acarreta, com muita
queio pode provocar dois tipos de lesões: freqüência, como' acabamos de comentar (fig. 4-
- umafratllra da porção inferior do rádio 61), uma fratura de Pouteau-Colles. Muito pou-
(fig. 4-60): a pressão do escafóide sobre cas vezes provoca desgastes ligamentares cujo
a SALIÊNCIA externa da glenóide ra- primeiro momento é a ruptura do ligamento lu-
dial fratura a epífise mais frágil devido à natocapital; em segundo lugar podem existir
osteoporose do indivíduo de idade avan- duas possibilidades:
çada; o deslocamento se realiza para fo- - o osso capitato ascende em extensão e a
ra e se associa com uma basculação pos- sua cabeça se encaixa por trás da haste
terior pela extensão do punho (fig. 4-61). posterior do semilunar que permanece
Este tipo de fratura permite notar a resis- no lugar: é a lllxação retrollll1ar do car-
tência do escafóide, sem dúvida bem po (fig. 4-64):
protegido quando está "ftexionado" (fig. - o freio posterior do semilunar, solicitado
4-61), situado totalmente debaixo do pela hiperextensão e a cabeça do osso
processo estilóide radial; também indica capitato, se desprende, provocando a
a resistência dos ligamentos anteriores; o enucleação para frente do lunar que, ao
processo estilóide ulnar sob tração asso- ficar fixo pela sua haste anterior, realiza
ciada do ligamento triangular e do liga- uma rotação sobre si mesmo de 90 a
mento lateral interno da rádio-carpeana 120° em tomo de um eixo transversal,
se fratura com freqüência na sua base; de modo que a sua superfície inferior se
- ou umafratura do escafóide (fig. 4-62): dirige para cima; então, a cabeça do os-
o escafóide, desta vez se encontra em so capitato ascende por baixo da glenói-
extensão e se localiza, em toda a sua de, deslocando o lunar para frente no ca-
longitude, debaixo da saliência da gle- nal carpeano onde comprime o nervo
nóide radial; por conseguinte, o proces- mediano. É a lllxação anterior do semi-
so estilóide radial impacta contra a su- lunar (fig. 4-65).
-------
1. MEMBRO SUPERIOR 167
Fig.4-60
~
Fig.4-63 .
Fig.4-64
~-------
168 FISIOLOGIA ARTICULAR
Em vista anterior do punho (fig. 4-66), ca, se inserem, o primeiro (6) na base do
podemos observar: segundo metacarpeano e o segundo (5)
- o palmar maior (1) que, após ter per- na base do terceiro metacarpeano.
corrido um canal especial por baixo do Para simplificar, nesta vista posterior não se
ligamento anular anterior do carpa, se representaram:
insere na superfície anterior da base do - os quatro tendões extensores comuns;
segundo metacarpeano e, de maneira
acessória, no trapézio e base do tercei- - o tendão do extensor p~óprio do dedo in-
dicador;
ro metacarpeano;
- o palmar menor (2), menos potente, - o tendão do extensor próprio do dedo
mínimo.
entrelaça as suas fibras verticais com as
fibras transversais do ligamento anular Poderemos ver mais adiante no corte (fig.
anterior do carpo e envia quatro faixas 4-71).
pré-tendíneas que se inserem na superfí- Numa vista do lado interno do punho
cie profunda da dermis da palma da (fig. 4-68), podemos observar os tendões:
mão;
- do flexor ulnar do carpo (3), a sua in-
- o flexor ulnar do carpo (3) que, após serção, deslocada para frente pelo pisi-
ter passado pela frente do processo esti- forme, aumenta a sua eficácia;
lóide ulnar, se insere no pólo superior
- do extensor ulnar do carpo (4).
do pisiforme e, de maneira acessória, no
ligamento anular, osso hamato e o quar- Estes dois tendões delimitam lateralmente
to e quinto metacarpeanos. o processo estilóide ulnar.
Para não sobrecarregar este esquema, não Numa vista do lado externo do punho
desenhamos os tendões flexores dos dedos que (fig. 4-69), podemos observar os tendões:
passam pelo canal carpeano junto com o nervo - do extensor radial longo (6) e curto (5)
mediano: do carpo;
- os quatro tendões flexores profundos; - do abdutor longo do polegar (7), que
- os quatro tendões flexores superficiais; se insere na parte externa da base do
primeiro metacarpeano;
- o flexor longo próprio do polegar.
- do extenso r curto do polegar (8), que
Estão representados no corte (fig. 4-71). se insere na superfície dorsal da base da
Em vista posterior do punho (fig. 4-67), primeira falange do polegar;
podemos observar: - do extenso r longo do polegar (9), que
- o extensor ulnar do carpo (4) que, se insere na segundafalange do polegar.
após passar por trás do processo estilói- Tanto os extensores radiais quanto os mús-
de ulnar, se insere na supeifície poste- culos do polegar delimitam o processo estilóide
rior da base do quinto metacarpeano; radial. O tendão do extensor longo do polegar
- os dois extensores radiais longo e cur- constitui o limite posterior da tabaqueira anatô-
to do carpo (5 e 6) que, após percorrer mim. Os tendões do abdutor longo e do extensor
a parte superior da tabaqueira anatômi- curto do polegar constituem o seu limite anterior.
I
1. MEMBRO SUPERIOR 169
Fig.4-68
Fig.4-69
170 FISIOLOGIA ARTICULAR
Na superfície posterior do punho, os ten- 3.° grupo: os palmares, o maior (2) e o menor
dões extensores passam por baixo do ligamento (3), são:
anular dorsal do carpo (fig. 4-70; as explicações - flexores do punho (localizados pela frente
são as mesmas para a figura seguinte) por seis do eixo AA');
túneis osteofibrosos acompanhados de seis
bainhas sinoviais. São de dentro para fora: - abdutores (localizados por fora do eixo
BB'). I
- o túnel do extensor ulnar do carpo;
4.° grupo: os extensores radiais do carpo, o
- o do extensor próprio do dedo mínimo; longo (4) e o curto (5), são:
- o dos quatro extensores comuns e o do - extensóres do punho (localizados por trás
extensor próprio do dedo indicador; do eixo AA');
- - o do extensor próprio do polegar; - abdutores do punho (localizados por fora
- o dos dois extensores radiais; do eixo BB').
- o do abdutor longo e o do extensor cur- Pela sua situação com relação aos dois eixos
to do polegar. da rádio-carpeana, nenhuma ação dos músculos
motores do punho é pura, o qual significa que pa-
O ligamento anular e os túneis osteofibro- ra obter uma ação pura será sempre necessária a
sos constituem para os tendões polias de refle- ação simultânea de dois grupos para anular um
xão quando o punho se encontra em extensão. componente: este é um exemplo de relação anta-
Tradicionalmente, os músculos motores gonismo-sinergia muscular.
do punho se classificam em quatro grupos. O - Flexão (a): 1.0 (flexor ulnar do carpo) e 3.°
esquema 4-71 representa esta classificação em grupos (palmares);
relação aos dois eixos do punho:
- Extensão (b): 2.° (extensor ulnar do carpo)
- o eixo AA': flexão-extensão; e 4.° grupos (radiais);
- o eixo BB': adução-abdução. -Adução (c): 1.°(flexorulnar do carpo) e 2.°
(O esquema representa um corte do punho grupos (extensor ulnar do carpo);
direito, parte inferior do corte, pelo qual B' na -Abdução (d): 3.° (palmares) e 4.° grupos
frente, B por trás, A' por fora e A por dentro. Os (radiais).
tendões assombreados são os motores do punho, Na verdade, estas ações estão mais matiza-
os brancos são os motores dos dedos.)
das. As experiências de excitação elétrica de Du-
1.0 grupo: o fiexor ulnar do carpo (1) é: chenne de Boulogne (1867) demonstraram que:
- flexor do punho (localizado para dian- - só o extensor radial longo (4) é extensor-
te do eixo AA') e abdutor; o extensor radial curto é direta-
mente extensor, daí vem a sua importân-
- adutor (localizado para dentro do eixo cia fisiológica;
BB'), mas em menor grau que o extensor
ulnar do carpo. Exemplo de flexão-adu- - palmar menor é diretamente flexor; o pal-
mar maior é também diretamente flexor; e
ção: mão esquerda tocando o violino.
também flexiona o segundo metacarpeano
2.° grupo: o extensor ulnar do carpo (6) é: sobre o camo de maneira que prona a mão.
Portanto, o palmar maior excitado de ma-
- extensor do punho (localizado por trás
neira isolada não é abdutor, e se se con-
do eixo AA');
trai durante a desvio radial, é para contra-
- adutor (localizado por dentro do eixo balançar o componente extensor do radial
BB'). longo, principal motor da abdução.
Fig.4-70
r
172 FISIOLOGIA ARTICl.JLAR
- Os músculos motores dos dedos não po- - os músculos extensores do punho são
dem mover o punho se não for em deter- sinérgicos dos flexores dos dedos (a):
minadas condições: ao estender o punho, os dedos se flexio-
Os flexores dos dedos, flexores comuns nam automaticamente, para estender os
dedos nesta posição, é necessária uma
profundos (7), flexores comuns superfi-
ação voluntária.
ciais (12) e o flexor longo próprio do po-
legar (13) só são flexores do punho se a Além disso, nesta posição de extensão
flexão dos dedos se detém antes do que do punho, os flexores possuem a sua má-
o trajeto dos tendões se esgote: por xima eficácia, porque os tendões flexo-
exemplo, se a mão segura um objeto vo- res são relativamente mais curtos que na
lumoso, como uma garrafa, a flexão do posição de alinhamento do punho e, con-
punho pode ser ajudada com a flexão seqüentemente, em flexão do punho: a
dos dedos. força dos fiexores dos dedos, medida com
o dinamômetro é, em fiexão do punho, a
Assim sendo, os extensores dos dedos,
quarta parte da que desenvolvem em ex-
os extensores curtos (8), o extensor pró- tensão.
prio do dedo mínimo (14) e o extensor
próprio do dedo indicador (15) partici- - os músculos flexores do punho são si-
pam na extensão do punho quando a nérgicos dos extensores dos dedos (b):
mão está fechada. quando se flexiona o punho, a extensão
da primeira falange dos dedos é auto-
- O abdutor longo (9) e o extensor curto mática; é necessária uma ação voluntá-
do polegar (10) se converiem em abdu- ria para flexionar os dedos sobre a pal-
tores do punho se a sua ação não é con- ma da mão e esta flexão carece de for-
trabalançada pela do extensor ulnar do ça. Assim sendo, a tensão dos flexores
carpo. Se o extensor ulnar do carpo se dos dedos limita a flexão do punho; é
contrai simultaneamente, a abdução iso- suficiente estender os dedos para que a
lada do polegar se realiza por ação do flexão do punho aumente 10°.
abdutor longo. De modo que a ação si-
Este delicado equilíbrio muscular pode-
nérgica do extensor ulnar do carpo é in-
se alterar com facilidade: a deformação
dispensável para a abdução do polegar. de uma fratura de Pouteau-Colles sem
Neste caso, podemos inclusive afirmar
reduzir não só determina uma mudança
que o extensor ulnar do carpo estabiliza
de orientação da glenóide antebraquial,
o punho.
mas também provoca um alongamento
- O extensor longo do polegar (11), que relativo dos extensores do punho, de mo-
realiza uma extensão e uma retropulsão do que repercute na eficácia dos flexores
do polegar, pode acarretar uma abdução dos dedos.
e uma extensão do punho se o flexor ul- A posição funcional de punho (fig. 4-73)
nar do carpo está distendido. se corresponde com a máxima eficácia dos mús-
- Outro estabilizador do punho, o exten- culos motores dos dedos, e sobretudo, dos flexo-
sor radial longo do carpo (4), é impres- res. Esta posição funcional é definida como:
cindível para manter uma posição corre- - leve extensão do punho, de 40-45°;
ta da mão: a sua paralisia provoca um
desvio ulnar pemwnente. -leve adução (desvio u1nar), de 15°.
A ação sinérgica e estabilizadora dos Nesta posição do punho é que a mão se
músculos do punho (fig. 4-72): adapta melhor para realizar apreensão.
1. MEMBRO SUPERIOR 173
Fig.4-72
Fig.4-73
I .