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CINESIOLOGIA E BIOMECÂNICA DA

CINTURA ESCAPULAR E DO OMBRO

Prof . Cláuffer Luiz


CASO CLÍNICO 1

 A paciente Sra. N., diabética, sedentária, empregada doméstica, 60 anos de idade, procurou
atendimento médico devido a dor no ombro esquerdo e à incapacidade de mover o braço.
Ao exame físico, constatou-se que ela tinha redução de força e de amplitude de movimento
no ombro esquerdo, bem como dor à palpação e edema.
 O diagnóstico foi -___________________ do ombro esquerdo, uma condição em que o
líquido acumulado __________________- uma bolsa de líquido situada entre o ombro e o
úmero - irrita o tecido ao redor, causando dor e limitando a mobilidade.
 Pode ter sido agravada por conta da diabetes, sedentarismo e o trabalho da paciente. Para
tratar recomenda-se repouso, anti-inflamatórios, fisioterapia e se necessário, intervenção
cirúrgica.
CASO CLÍNICO 2

Paciente: Masculino, 20 anos, com queixa de dor a palpação na


região anterior da clavícula que irradia para o ombro direito.
Histórico: Paciente sofreu uma queda da própria altura, com a mão
espalmada no local onde caiu, ao exame físico apresenta sinal da
Tecla Positivo, ao aplicar pressão no ombro direito sente dor;
diminuição de força muscular, dificuldade em levantar o braço em
relação ao lado não afetado e diminuição de Amplitude de todos os
movimento da articulação gleno-umeral.
CINTURA ESCAPULAR E COMPLEXO DO OMBRO

 Região de maior mobilidade;


 Funcionalidade;
 4 articulações (Esterno-Clavicular/Acrômio-Clavicular/Escápulo-
Torácica/Gleno-Umeral)
 A dor no ombro é a segunda causa de queixa de dor no aparelho
locomotor;
 A compressão do manguito rotador e das bursas adjacentes pelos
elementos contidos neste espaço é a causa mais comum de dor
no ombro (Síndrome do Impacto).
CINTURA ESCAPULAR

 A cintura escapular é formada por dois


pares ósseos, que são: clavícula e
escápula. Esta cintura apresenta uma
maior condição de livre movimentação
para os membros superiores, fazendo
com que os movimentos sejam mais
eficientes e cadenciados, graças a um
conjunto de articulações e segmentos.
CINTURA ESCAPULAR

 A cintura escapular é considerada um anel incompleto, o que


permite movimentos independentes para membros superiores
direito e esquerdo, o mesmo não ocorre para os membros
inferiores.
 Os membros superiores estão mais capacitados a realizarem
habilidades de manipulação, destreza e coordenação motora
fina.
OSSOS DA CINTURA ESCAPULAR
OSSOS DA CINTURA ESCAPULAR
OSSOS DA CINTURA ESCAPULAR
OSSOS DA CINTURA ESCAPULAR
CINTURA ESCAPULAR

 A cintura escapular deve ser inicialmente compreendida a partir


das articulações esternoclavicular e da acromioclavicular.
ARTICULAÇÃO ESTERNO CLAVICULAR

 O ponto de união da cintura


escapular e do membro superior
com o restante do esqueleto ocorre
na articulação esternoclavicular
(manúbrio), e é classificada como
articulação sinovial deslizante, com
um disco fibrocartilaginoso, sendo
suportada pelos ligamentos
interclavicular, esternoclavicular e
costoclavicular (o mais importante).
MOVIMENTOS DA CLAVÍCULA NA
ARTICULAÇÃO ESTERNO CLAVICULAR
 Movimento para cima e para baixo (elevação e depressão).
 Movimento para frente e para trás (protração e retração).
 A clavícula roda aproximadamente 50 graus em torno do seu eixo
longo (rotação anterior e posterior). Os movimentos da cintura
escapular são caracterizados a partir dos movimentos da escapula
LUXAÇÃO ESTERNO CLAVICULAR
LUXAÇÃO ESTERNO CLAVICULAR
LUXAÇÃO ESTERNO CLAVICULAR
ARTICULAÇÃO ACRÔMIO-CLAVICULAR
ARTICULAÇÃO ACRÔMIO-CLAVICULAR

 A articulação acrômio clavicular é


classificada como articulação
sinovial deslizante pequena e
possui disco fibro-cartilaginoso. A
articulação acrômio-clavicular fica
sobre o topo da cabeça do úmero
e pode restringir os movimentos
do braço. A articulação acrômio-
clavicular é reforçada por uma
capsula densa e tensão ligamentar,
em especial do ligamento córaco-
clavicular.
LUXAÇÃO ACRÔMIO-CLAVICULAR
LUXAÇÃO ACRÔMIO-CLAVICULAR
MOVIMENTOS DA ESCAPULA NA
ARTICULAÇÃO ACRÔMIO-CLAVICULAR
 Movimento para frente e para trás a partir do eixo longitudinal:
 protração ou abdução; e retração ou adução. Ocorre no plano transverso.
Protração: afastamento da borda medial da escapula da linha média do corpo.
Retração: aproximação da borda medial da escapula da linha média do corpo.
 Movimento alar: ocorre no plano frontal. Eixo ântero/posterior. Referência: ângulo inferior
da escapula.
Rotação superior: ângulo inferior da escapula gira para fora ou lateralmente.
Rotação inferior: ângulo inferior da escapula gira para dentro ou medialmente.
 Movimento da escapula para cima e para baixo: são movimentos de depressão ou
elevação. Não existe eixo de movimento, ocorre no plano frontal (movimento de
translação).
ARTICULAÇÃO ESCAPULO-TORÁCICA

 A articulação escapulotorácica é uma articulação fisiológica


(funcional), a escápula apoia-se sobre dois músculos: o serrátil
anterior e o subescapular.
 Fornece uma base móvel para o úmero aumentando a amplitude de
movimento do braço.
 Dos 180° conseguidos para os movimentos de elevação da
articulação do ombro (flexão e abdução do ombro), 120° pertencem
a articulação do ombro e 60° a articulação escapulotorácica.
ARTICULAÇÃO GLENOUMERAL

 É uma articulação de cabeça e


cavidade, sendo considerada a
articulação de maior amplitude do
corpo humano. Sua constituição
estrutural faz com que esta
articulação seja diartrose, sinovial e
triaxial.
 Cápsula frouxa e suporte ligamentos
limitados.
ARTICULAÇÃO GLENO-UMERAL

 A cavidade glenóide envolve somente 25%


da cabeça umeral, sendo a participação de
uma estrutura fibrocartilaginosa, chamada
lábio glenóide, responsável por aumentar
em 75% a área de contato na cabeça do
úmero. Juntamente com o lábio glenóide,
os tendões do manguito rotador (infra e
supra espinhal, subescapular e redondo
menor) auxiliam na fixação da cabeça do
úmero à cavidade.
ARTICULAÇÃO GLENOUMERAL
LUXAÇÃO DA GLENOUMERAL
LUXAÇÃO DA GLENOUMERAL
LUXAÇÃO DA GLENOUMERAL
MOVIMENTOS DA ARTICULAÇÃO GLENO-UMERAL

 Plano sagital / eixo latero-lateral:


 flexão (0 -180°)
 extensão (0 - 40°) e hiperextensão (0 - 60°).
Limitada pelos ligamentos glenoumerais superiores e médio
 Plano frontal / eixo antero posterior:
Abdução (0 -180°) e adução (0 - 75°)
 Plano transverso /eixo longitudinal:
Rotação interna (0 - 90°) e rotação externa (0 - 90°)
Adução horizontal (0-140°) / abdução – horizontal (0 - 45°)
RITMO ESCAPULO-UMERAL

 Movimento sincronizado entre as


articulações gleno-umeral e escapulo-
torácica, no qual a escapula gira
superiormente durante a elevação
(abdução ou flexão) do braço a partir de
30° de abd e 60 de flexão. Basicamente
o ritmo e que o ajuste ocorre é de 2:1.
 À medida que o braço abduz acima de 90°, o tubérculo maior do
úmero aproxima-se do arco córaco-acromial, a compressão dos
tecidos moles começam a limitar uma abdução adicional e a
tuberosidade faz contato com o acrômio.
 Se o braço é girado externamente, podem ocorrer 30° de
abdução quando o tubérculo maior é movido para fora do arco.
A abdução é limitada ainda mais e pode ocorrer 30° / 60° com
rotação interna do ombro, já que o tubérculo maior é mantido
sob o arco.
AÇÕES MUSCULARES
NO COMPLEXO DO OMBRO
 CINTURA ESCAPULAR AO TRONCO;
 CINTURA ESCÁPULAR AO ÚMERO;
 TRONCO AO ÚMERO.
AÇÕES MUSCULARES
NO COMPLEXO DO OMBRO
 CINTURA ESCAPULAR  TRONCO AO ÚMERO.  CINTURA ESCÁPULAR
AO TRONCO; Grande dorsal; AO ÚMERO;
Serrátil anterior; Peitoral maior;  Deltóide;
Trapézio;  Supra-espinhoso;
Rombóides;  Infra-espinhoso;
Peitoral menor;  redondo menor;
Elevador da escápula;  Subescapular;
 Redondo maior;
 Córaco braquial;
 Bíceps e tríceps*
AÇÕES MUSCULARES
NO COMPLEXO DO OMBRO
 Os músculos que contribuem para os movimentos de abdução e
flexão da articulação do ombro são similares. O deltóide gera
cerca de metade da força muscular para elevação do braço.
 O movimento de flexão solicita, prioritariamente, o deltóide
anterior. Já a abdução da articulação do ombro, solicita o
deltóide médio, sendo este mais ativo em 90° e 180°
 Acima de 90° de elevação da articulação do ombro a força da
bainha rotatória diminui, deixando a articulação do ombro mais
vulnerável a lesões.
AÇÕES MUSCULARES
NO COMPLEXO DO OMBRO
 As ações articulares mais fracas da articulação do ombro são os
movimentos de rotação, sendo a rotação externa mais fraca que
a rotação interna.
 Os músculos que agem na articulação do ombro e cintura
escapular geralmente trabalham combinados, fazendo com que
seja difícil isolar um músculo específico em um exercício.
TRÁPÉZIO

 Origem: Osso occipital, ligamento nucal, apófises espinhosas de C7 a T12


 Inserção:Espinha da omoplata (escápula), acrômio da escápula, ⅓ lateral da
clavícula

 Inervação Motora: nervo acessório


 Sensorial: ramos dorsais de C3 e C4

Ação: Elevação da escápula (fibras superiores), retração da escápula (fibras
médias), depressão da escápula (fibras inferiores), rotação ascendente da
cavidade glenoidal
DELTÓIDE

 Origem: 1/3 lateral da borda anterior da clavícula, acrômio e


espinha da escápula
Inserção : Tuberosidade deltoidea – úmero
Inervação: Nervo Axilar (C5 e C6)
Ação:Abdução do Braço, auxilia nos movimentos de Flexão,
Extensão, Rotação Lateral e Medial, Estabilização da
Articulação do Ombro
SERRÁTIL ANTERIOR

 Origem: Costelas (primeira à nona)


 Inserção:Borda medial da escápula
 Inervação:Nervo torácico longo
 Ação: Movimentação e estabilização da escápula; elevação do
braço acima de 90 graus; músculo inspiratório acessório.
ROMBÓIDES

 Romboide maior:
 Origem: Processo (apófise) espinhoso de T2 a T5
Inserção: Bordo medial da escápula

Romboide menor:
 Origem: Processo (apófise) espinhoso de C7 e T1
Inserção: Bordo medial da escápula
 Inervação: Nervo escapular dorsal (C4-C5)

Função: Adução, elevação e rotação da escápula. Estabilização da escápula
FUNÇÕES DO MANGUITO ROTADOR

 A principal função do manguito rotador é estabilizar e


centralizar a cabeça umeral no soquete articular, a cavidade
glenóide. Além disso, os músculos seguram a cápsula
articular, prevenindo um pinçamento durante movimentos
do ombro.
SUPRAESPINHAL

 Origem: Fossa supra-espinhal – escápula


Inserção: Faceta superior do tubérculo maior do úmero
Inervação: Nervo Supra-escapular (C5 e C6)
Ação: Abdução do Braço
INFRAESPINHAL

 Origem: Fossa infra-espinhal da escápula


Inserção: Faceta média do tubérculo maior do úmero
Inervação: Nervo Supra-escapular (C5 e C6)
Ação: Rotação Lateral do Braço
REDONDO MENOR

 Origem: 2/3 superior da borda lateral da escápula


Inserção: Faceta inferior do tubérculo maior do úmero
Inervação: Nervo Axilar (C5 e C6)
Ação: Rotação Lateral e Adução do Braço
SUBESCAPULAR

 Origem: Fossa subescapular


Inserção: Tubérculo menor
Inervação: Nervo Subescapular Superior e Inferior –
Fascículo posterior (C5 e C6)
Ação: Rotação Medial e Adução do Braço
 Os micro-traumas são mais comuns como causa das lesões do
complexo do ombro, em especial, na chamada área de
compressão.
 Dois tipos de lesões aparecem com frequência:
tendinite do supra-espinhoso;
bursite sub-acromial;
 Porém, antes da instalação das lesões, surgem indícios subjetivos
como desconforto articular e dor por compressão na região.
TESTES ESPECIAIS

Teste do impacto de Neer – o MS em extensão e rotação neutra é elevado


passivamente e rapidamente no plano da escápula, onde o tubéculo maior
projeta-se contra o acrômio, gerando dor caso haja impacto.
Irritação da bolsa serosa e do tendão do supra-espinhal.
TESTES ESPECIAIS
 Teste do impacto de Hawkins-Kennedy: MS em 90° de elevação, rotação neutra
e cotovelo a 90° é passivamente rodado para dentro, onde o tubérculo maior é
jogado contra o lig. coracoacromial e o tubérculo menor contra o processo
coracóide, gerando dor se houver impacto.
TESTES ESPECIAIS

 Teste do impacto de Yokum – O paciente coloca a mão sobre o ombro oposto


e procura fletir o braço, elevando o cotovelo ativamente, nesse teste o
tubérculo maior desloca-se sob o lig. coracoacromial e sob a articulação
acromioclavicular, gerando dor se houver osteófitos nesta articulação.
TESTES ESPECIAIS
 Teste do supra-espinhal – Elevação ativa do MS no plano da escápula em
extensão e rotação neutra contra a resistência, pode apresentar dor,
diminuição de força ou incapacidade de elevar o membro, indica desde
tendinites até roturas completas do tendão.
TESTES ESPECIAIS
 Teste de Jobe – Ombro em rotação interna, abdução de 45° e cotovelos
estendidos, faz-se uma elevação contra a resistência, testa-se os 2 lados ao
mesmo tempo, também usado para avaliar o tendão do supra espinhoso.
TESTES ESPECIAIS

 Teste de speed ou palm up – Flexão ativa do MS, em extensão e rotação


externa, contra a resistência, indica presença de alterações da cabeça longa do
bíceps.
TESTES ESPECIAIS

 Teste do infra-espinhal – MS ao lado do tórax e cotovelo a 90°, o paciente faz


rotação externa, sem mover o cotovelo, contra a resistência, também pode
apresentar dor associada ou não, a diminuição de força pode indicar
tendinites, lesões parciais ou totais do tensão.
TESTES ESPECIAIS

 Teste de Patte – MS em abdução de 90°, cotovelo a 90° e o paciente deve


forçar a rotação externa contra a resistência, também avalia o infra-espinhal.
TESTES ESPECIAIS

 Teste de Gerber – O paciente coloca o dorso da mão ao nível de L5, e procura


ativamente afastar a mão das costas, rodando internamente o ombro, a
incapacidade de afastar a mão sugere lesão tendínea do subescapular
TESTES ESPECIAIS

 Abdominal Press test – O paciente coloca a mão no abdome, mantendo o


braço em alinhamento no plano coronal, ao forçar a mão contra o abdome, o
cotovelo irá se deslocar posteriormente se houver lesão do subescapula.
TESTES ESPECIAIS

 Teste da apreensão – O examinador faz abdução, rotação externa e extensão


forçada do ombro do paciente e, ao mesmo tempo pressiona a face posterior
da cabeça do úmero, se houver instabilidade anterior, a sensação de luxação
iminente gera temor e apreensão do paciente.
TESTES ESPECIAIS

 Teste de Fukuda – Testa instabilidade posterior, o examinador faz adução e


flexão do ombro, procurando deslocar posteriormente a cabeça do úmero, se
houver instabilidade a cabeça desliza na cavidade glenóide e subluxa.
TESTES ESPECIAIS

 Teste da gaveta – O examinador coloca uma das mãos sobre a escápula e


clavícula do paciente e com a outra mão procura deslocar a cabeça do úmero
em sentido anterior e posterior, comparando com o lado contra-lateral, se
houver diferença ou dor indica instabilidade ou frouxidão capsulo-ligamentar.
TESTES ESPECIAIS

 Teste do Sulco – Ombro em posição neutra e cotovelo a 90°, o examinador


puxa o braço do paciente em sentido caudal, o aparecimento de um sulco de
1cm ou mais entre o acrômio e a cabeça do úmero indica frouxidão capsulo-
ligamentar.

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