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CAMPBELL
VOLUME 1
1 V
PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO
DE OMBRO E DE COTOVELO EM
PRINCÍPIOS BÁSICOS ADULTOS

1 Técnicas e Vias de Acesso Cirúrgicas 2 12 Artroplastia do Ombro e Cotovelo 532


Andrew H. Crenshaw, Jr. Thomas W. Throckmorton

2 Imagem por Ressonância Magnética 13 Artrodese de Ombro


na Ortopedia 127 e Cotovelo 583
Dexter H. Witte Thomas W. Th rockmorton

li
PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO
VI
DE QUADRIL EM ADULTOS
AMPUTAÇÕES
3 Artroplastia do Quadril 158
James W. Harkess e John R. Crockarell, Jr. 14 Princípios Gerais da Amputação 598
Patri ck C. Toy
4 Recapeamento do Quadril 311
David G. Lavelle 613
15 Amputações do Pé
David R. Richardson
5 Artrodese do Quadril 325
William E. Albers
16 Amputações dos Membros
Inferiores 637
6 Dor no Quadril em Adultos Jovens e Cirurgia
Marc J. Mihalko
Preservadora do Quadril 333
James L. Guyton
17 Amputações do
Quadril e da Pelve 651
Ili Marc J. Miha lko

18 Amputações da Extremidade Superior 659


PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO
Kevin B. Cleveland
DE JOELHO EM ADULTOS
19 Amputações da Mão 673
7 Artroplastia do Joelho 376 James H. Calandruccio
William M. Mihalko

8 Artrodese do Joelho 445


William E. Albers VII
9 Procedimentos de Partes Moles e Osteotomias
Corretivas no Joelho 453 INFECÇÕES
Andrew H. Crenshaw, Jr.
20 Princípios Gerais de Infecção 706
Kevin B. Cleveland
IV
21 Osteomielite 725
PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO Gregory D. Dabov
DE TORNOZELO EM ADULTOS
22 Artrite Infecciosa 749
10 Artroplastia Total do Tornozelo 486 Anthony A. Mascioli e Ash ley L. Park
G. Andrew Murphy
23 Tuberculose e Outras
11 Artrodese de Tornozelo 503 Infecções Incomuns 773
G. And rew Murphy Marc J. Miha lko

xxi
VIII XI
FRATURAS E LUXAÇÕES
TUMORES EM CRIANÇAS

24 Princípios Gerais Dos Tumores 788 36 Fraturas e Luxações em Crianças 1362


Patrick C. Toy e Robert K. Heck, Jr. S. Terry Cana le e James H. Beaty

25 Tumores Ósseos Benignos e Condições não


Neoplásicas Simulando Tumores Ósseos 859
Robert K. Heck, Jr. e Patrick C. Toy

26 Tumores Benignos/ Agressivos do Osso 887


Robert K. Heck, Jr.
A COLUNA

27 Tumores Malignos dos Ossos 909 37 Anatomia da Coluna Vertebral e


Robert K. Heck, Jr. Abordagens Cirúrgicas 1522
George W. Wood li
28 Tumores de Partes Moles 947
Patrick C. Toy e Robert K. Heck, Jr. 38 Fraturas, Luxações e Fratura-Luxações
da Coluna Vertebral 1557
Ke ith D. Wil liams

VOLUME li 39 Artrodese da Coluna 1627


George W. Wood li

IX 40 Coluna Cervical Pediátrica 1651


Wi lli am C. Warner, Jr.
TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE
DESENVOLVIMENTO 41 Escoliose e Cifose 1689
Wil liam C. Warner, Jeffery R. Sawyer,
29 Anomalias Congênitas e Derek M. Kel ly
dos Membros Inferiores 980
Derek M. Ke lly 42 Dor Lombar e Distúrbios dos
Discos Intervertebrais 1893
30 Anomalias Congênitas e do Raymond J. Ga rdocki e Ashley L. Park
Desenvolvimento do Quadril e da Pelve 1079 1961
Derek M. Kelly
43 Infecções da Coluna Vertebral
Franc is X. Cam illo
31 Anomalias Congênitas do Tronco e das 44 Outras Doenças da Coluna Vertebral 1989
Extremidades Superiores 1119 Raymond J. Ga rdocki e Francis X. Camil lo
Derek M. Kelly

32 Osteocondroses ou Epifisites e Outras


Afecções Diversas 1133 VOLUME Ili
S. Terry Ca nale
XIII
X MEDICINA ESPORTIVA
DOENÇAS DO SISTEMA NERVOSO 2048
EM CRIANÇAS
45 Lesões no Joelho
Robert H. Miller Ili e Frederick M. Azar

33 Paralisia Cerebral 1202 46 Lesões do Ombro e Cotovelo 2207


Jeffrey R. Sawyer Robert H. Miller 111, Frederick M. Azar
e Thomas W. Throckmorton
34 Distúrbios Paralíticos 1255
Jeffrey R. Sawyer 47 Luxações Recidivantes 2249
Barry B. Ph illips
35 Doenças Neuromusculares 1333
W illiam C. Warner, Jr. e Jeffrey R. Sawyer 48 Distúrbios Traumáticos 2305
Frederick M. Azar
XVII
ARTROSCOPIA MICROCIRURGIA

49 Princípios Gerais da Artroscopia 2358 63 Microcirurgia 3116


Barry B. Phillips Mark T. Jobe

50 Artroscopia de Pé e Tornozelo 2373


Susan N. lshikawa
l~ili• XVIII
~
51 Artroscopia dos Membros Inferiores 2387
Barry B. Philli ps e Marc J. Milhalko
AMÃO
52 Artroscopia de Membro Superior 2461
Barry 8. Phillips 64 Técnica Cirúrgica Básica e
Cuidados Pós-Operatórios 3190
XV David L. Cannon

65 Lesões Agudas da Mão 3211


FRATURAS E LUXAÇÕES David L. Cannon
EM ADULTOS

53 Princípios Gerais de Tratamento 66 Lesões dos Tendões Flexores e Extensores 3237


David L. Cannon
de Fratura 2554
George W. Wood li
67 Fraturas, Luxações e
54 Fraturas de Membros Inferiores 2611 Lesões Ligamentares 3295
Matthew 1. Rudloff James H. Calandruccio

55 Fraturas e Luxações do Quadril 2719 68 Lesões do Nervo 3357


John C. Weinlein Mark T. Jobe

56 Fraturas do Acetábulo e da Pelve 2771


James L. Guyton e Edward A. Perez
69 Distúrbios do Punho 3373
David L. Cannon
57 Fraturas do Ombro, Braço e Antebraço 2823
Edward A. Perez 70 Transtornos Especiais da Mão 3465
David L. Cannon
58 Fraturas Viciosamente Consolidadas 2911
A. Paige Whittle 71 Mão Paralítica
James H. Calandruccio e Mark T. Jobe 3483
59 Retardo de Consolidação
e Pseudartroses 2971 72 Deformidade da Mão na Paralisia
Kevin B. Clevela nd
Cerebral 3523
60 Luxações Agudas 3007 Mark T. Jobe
Anthony A. Mascioli
73 Mão Artrítica 3543
61 Luxações não Reduzidas Envelhecidas James H. Calandruccio
(Luxações Inveteradas) 3039
Wi lliam E. Albers 74 Síndromes Compartimentais
e Contratura de Volkmann 3601
VOLUME IV Mark T. Jobe

XVI 75 A Contratura de Dupuytren


James H. Calandruccio
3613

LESÕES DOS NERVOS PERIFÉRICOS 76 Síndrome do Túnel do Carpo,


Síndrome do Túnel Ulnar e
62 Lesões dos Nervos Periféricos 3052 Tenossinovite Estenosante 3625
Mark T. Jobe and Santos F. Martinez James H. Ca landruccio
77 Tumores e Condições 83 Deformidades dos Dedos Menores do Pé 3965
Tumorais da Mão 3649 G. Andrew M urphy
James H. Ca landruccio e Mark T. Jobe
84 Artroses do Pé 4011
78 Infecções da Mão 3681 David R. Richardson
David L. Cannon
85 Pé Diabético 4041
79 Anomalias Congênitas da Mão 3701 Susan N. lshikawa
Mark T. Jobe
86 Transtornos Neurogênicos 4063
E. Greer Richa rdson
XIX
87 Afecções das Unhas e da Pele 4101
Susa n N. lsh ikawa
O PÉ E O TORNOZELO
88 Fraturas e Luxações do Pé 4123
80 Técnicas Cirúrgicas 3784 Susan N. lsh ikawa
E. Greer Richardson
89 Lesões de Tornozelo em Esportistas 4197
81 Doenças do Hálux 3793 David R. Richardson
E. Greer Richardson

82 Distúrbios de Tendões e Fáscias e APÊNDICE


Pés Planos em Adolescentes e Lista de Técnicas A-1
Adultos 3907
G. Andrew M urphy ÍNDICE 1-1
Video 12-2: Reverse Total Shoulder Arthroplasty
Thomas W. Throckmorton
Video 12-3.· Total Elbow Arthroplasty
PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO Andrew H. Crenshaw, Jr
DE QUADRIL EM ADULTOS
Video 12-4.· Total Elbow Arthroplasty
3 Arthroplasty of the Hip Thomas W. Th rockmorton
Video 3-1: Mini-lncision Total Hip Arthroplasty
John R. Crockarell, Jr.
Video 3-2: Extended Trochanteric Osteotomy for Total Hip IX _ _ _ _ _ _ _~
Revision Arthroplasty
John R. Crockarell, Jr., and Greg D. Dabov TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE
Video 3-3: Hip Revision - "....-...- DESENVOLVIMENTO
Wi lliam W. Mihalko
29 Congenital Anomalies of the Lower Extremity
Video 29-1: Polydactyly of the Foot: Toe Amputation
Jeffrey R. Sawyer

PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO
DE JOELHO EM ADULTOS

7 Arthroplasty of the Knee FRATURAS E LUXAÇÕES


Video 7-1 : Posterior Stabilized Total Knee Replacement
EM CRIANÇAS
James L. Guyton
Video 7-2: Total Knee!Ligament Balancing 36 Fractures and Dislocations in Children
James L. Guyton Video 36-1: Supracondylar Fractures of the Humerus:
Pinning Technique
Video 7-3: Minimally lnvasive Total Knee Arthroplasty
James H. Beaty
James W. Harkess
Video 36-2: Screw Fixation of Slipped Capital Femoral Epiphysis
Video 7-4: Bilateral Total Knee Arthroplasty
William C. Warner, Jr.
Gregory Dabov

9 Soft Tissue Procedures and Corrective


Osteotomies about the Knee
Video 9-1: Supracondylar Osteotomy for the Arthritic
Valgus Knee
Andrew H. Crenshaw, Jr

38 Fractures, Dislocations, and


Fracture-Dislocations of the Spine
Video 38-1 : Anterior Cervical Discectomy and Fusion
Keith D. Will iams
PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO
DE TORNOZELO EM ADULTOS
41 Scoliosis and Kyphosis
10 Total Ankle Arthroplasty Video 41 - 1: VEPTR lnsertion
Video 10- 1: Chevron Osteotomy for Hallux Valgus Jeffrey R. Sawyer
E. Greer Richardson and G. Andrew Murphy
Video 41-2. VEPTR Adjustment
Jeffrey R. Sawyer
Video 41 -3.· Posterior Segmentai lnstrumentation
Using Pedicle Screws and Direct Vertebral Rotation
PROCEDIMENTO DE RECONSTRUÇÃO for !diopathic Scoliosis
DE OMBRO E DE COTOVELO EM Barney L. Freeman Ili
ADULTOS
42 Lower Back Pain and Disorders of
12 Shoulder and Elbow Arthroplasty Intervertebral Discs
Video 12-1: Total Shoulder Arthroplasty
Video 42- 1: Lumbar Microdiscectomy
Thomas W. Th rockmorton
Keith D. W illiams

*Disponíveis exclusiva mente em inglês no ExpertConsult.com.


xxv
44 Other Disorders of the Spine 57 Fractures of the Shoulder, Arm, and Forearm
Video 44- 1: Posterior Cervical Fusion Video 57- 1· Open Reduction and Internai Fixation of
Francis X. Ca millo Clavicular Fracture
George W. Wood li
Video 57-2: lntramedullary Nailing of Forearm Fractures
Andrew H. Crenshaw, Jr.

MEDICINA ESPORTIVA

45 Knee Injuries
Video 45- 1: ACL Reconstruction Using Central Third
Patellar Tendon
Robert H. Mi ll er Ili
AMÃO
Video 45-2 .· Osteochondral Allograft 69 Wrist Disorders
Frederick M. Azar Video 69- 7: Scaphoid Repair: Dorsal Approach
Video 45-3: Autologous Chondrocyte lmplantation George W. Wood li
Frederick M. Aza r and Robert H. Mi ller Ili
Video 45-4: Operative Treatment of Recurrent Lateral
71 Paralytic Hand
Video 7 7- 1: Ligamentous Reconstruction of the Thumb with
Patellar lnstability
Tenodesis lnterposition Graft Using Biotenodesis Screw
Frederick M. Aza r and Robert H. Mi ller Il i
Mark T. Jobe
Video 45-5: Allograft 8-PT-B Preparation for ACL Reconstruction
Frede rick M. Aza r
Video 45-6: Hamstring Graft Harvest
Frederick M . Aza r
Video 45-7." Tibial Tuberosity Allograft
Frederick M. Azar

48 Traumatic Disorders
Video 48- 1: Four Compartment Fasciotomy of the Leg 81 Disorders of the Hallux
Edward A. Perez Video 8 7- 7: Modified Keller Bunionectomy
E. Greer Richardson and G. Andrew Murphy
Video 81-2: Chevron Osteotomy for Hallux Balgus
E. Greer Richardson

82 Disorders of Tendons and Fascia and


ARTROSCOPIA Adolescent and Adult Pes Planus
Video 82- 7: Surgical Repa ir of Subluxation or Dislocation
52 Arthroscopy of the Upper Extremity of the Peroneal Tendons
Video 52-1: Rotator Cuff Repair E. Greer Richardson
Barry Phillips Video 82-2: FHL Transfer for lnsertional Achilles Tendinosis
G. Andrew Murphy
Video 82-3 .· Posterior Tibial Tendon Reconstruction with
Calcaneal Osteotomy and Flexor Digitorum Longus Transfer
G. Andrew Mu rphy
Video 82-4: Surgical Repair of Longitudinal Split Tear of
FRATURAS E LUXAÇÕES
Peroneus Brevis Tendon
EM ADULTOS G. Andrew Murphy and E. Greer Richardson
54 Fractures of the Lower Extremity Video 82-5: Surgical Repair of Anterior Tibial Tendon Rupture
Video 54-1: Percutaneous Plating of Distal Femoral Fractures David R. Richardson
George W. Wood li
88 Fractures and Dislocations of the Foot
55 Fractures and Dislocations of the Hip Video 88- 7: Open Reduction and Internai Fixation of
Video 55- 7: Reconstruction Nailing of Femoral Fractures Ca/caneal Fractures
Andrew H. Crenshaw, Jr. G. Andrew Murphy
PARTE

1
POLIDACTILIA 980 Joanete Dorsal 1012 DEFICIÊNCIAS CONGÊNITAS
SINDACTILIA 981 TÁLUS VERTICAL DOS OSSOS LONGOS 1027
MACRODACTILIA 982 CONGÊNITO 1013 HEMIMELIA TIBIAL 1027
ACHADOS CLÍNICOS E Classifi cação 1028
PÉ FENDIDO (ADACTILIA
PARCIAL) 984 RADIOGRÁFICOS 1013 Tratamento 1029
CONTRATURA OU
TRATAMENTO 1013 HEMIMELIA FIBULAR 1032
ANGULAÇÃO _DOS Artrodese Tríplice 1016 Classificação 1033
DEDOS DOPE 986 DEFORMIDADES Tratamento 1034
HÁLUX VARO ANGULARES DEFICIÊNCIA FOCAL FEMORAL
CONGÊNITO 987 CONGÊNITAS
DA PERNA 1016 PROXIMAL 1036
METATARSO ADUTO Classificação 1036
CONGÊNITO 990 PSEUDOARTROSE
CONGÊNITA DA Tratamento 1038
TRATAMENTO 992 FÍBULA E Amputações 1045
PÉ TORTO CONGÊNITO DA TÍBIA 101 7 Desarticulação do Tornozelo 1046
(TALIPES EQUINOVARUS) 994 FÍBULA 1017 DISCREPÂNCIA NO
AVALIAÇÃO RADIOGRÁFICA 995 TÍBIA 1018 COMPRIMENTO DOS
CLASSIFICAÇÃO 995 Cl assificação 1018 MEMBROS 1048
TRATAMENTO NÃO CIRÚRGICO 997 Tratamento 1019 AVALIAÇÃO CLÍNICA 1049
Técnica de Engessamento Complicações 102 1 AVALIAÇÃO RADIOGRÁFICA 1049
de Ponseti para Correção TÉCNICAS DE PREVISÃO
BANDAS DE CONSTRIÇÕES
de Pé Torto 997 DA PERNA 1022 DO CRESCIMENTO RESTANTE 1050
TRATAMENTO CIRÚRGICO 1001 HIPEREXTENSÃO
TRATAMENTO 1052
PÉ TORTO RESISTENTE 1005 E LUXAÇÃO CONGÊNITA TRATAMENTO CIRÚRGICO 1054
Artrodese Trípli ce e DO JOELHO 1024 Epifisiodese 1054
Talectomia para Pés Tortos LUXAÇÃO CONGÊNITA Encurtamento do Membro 1057
não Corrigidos 1009 DA PATELA 1026 Al ongamento do Membro 1061

Este capítulo descreve as anomalias congênitas do pé e das extre- POLIDACTILIA


midades inferiores. As anomalias congênitas do quadril e da pelve
são descritas no Capítulo 30, e as anomalias congênitas do tronco A polidactilia dos dedos do pé pode ocorrer em síndromes genéticas
e das extremidades superiores são descritas no Capítulo 32. As estabelecidas, mas ocorre mais comumente como um traço isolado
anomalias congênitas da coluna vertebral são discutidas nos Capí- com um padrão de herança autossômica dominante com penetrância
tulos 40 e 41 , e as anomalias congênitas da mão são discutidas no variável. A incidência geral da polidactilia é de aproximadamente dois
Capítulo 79. Muitas técnicas cirúrgicas descritas aqui são úteis no casos por 1.000 nascidos vivos. O tratamento cirúrgico da polidactilia
tratamento de outras condições e encontram-se nas referências de é a amputação do dígito acessório. Radiografias pré-operatórias
outros capítulos. devem ser feitas para detectar qualquer metatarso adicional articulado
A anomalia mais comum dos dedos do pé é a polidactilia: a com o dígito, o qual deve ser amputado com o dígito associado (Fig.
presença de dígitos extranumerários; outras são: sindactilia (dedos 29-1) . Ocasionalmente, uma deformidade combinada de polidactilia
dos pés fundidos), macrodactilia (dedos com tamanho maior) e e sindactilia exige uma correção cirúrgica mais complexa (Fig. 29-2),
contratura ou angulação congênita. Qualquer uma dessas condições como ressecção do dígito mais periférico usando pele residual para
pode exigir cirurgia. Quando a cirurgia é contemplada para anoma- cobertura.
lias nos dedos do pé, vários fatores devem ser considerados, Venn-Watson classificou a polidactilia e chamou a atenção
incluindo estética, dor e dificuldade de usar calçados. Um resultado para a diferença entre os tipos pré-axial e pós-axial (Fig. 29-3). Na
clínico satisfatório deve corrigir todos esses problemas. polidactilia pré-axial, o hálux ma is medial geralmente é excisado.

980
CAPÍTULO 29 ANOMALIAS CONGÊNITAS DOS MEMBROS INFERIORES Glll
O hálux remanescente deve ter um a reparação cuidadosa da •Incise a cápsula da articu lação metatarsofalângica trans-
cápsula, se necessário, para prevenir um hálux varo residual; a versalmente, disseque-a a partir do metatarso e desarti-
fixação por fio de Kirschner é utili zada durante 4 a 6 semanas. cul.e a articulação.
•Com um osteótomo ou um fórceps de corte do osso,
AMPUTAÇÃO QE UM DEDO resseque cortantemente qualquer osso que possa estar se
EXTRANUMERARIO projetando da cabeça do metatarso.
•Se a radiografia revelar um metatarso extra, resseque-o
TÉCNICA ~ depois de continuar a incisão proximalmente na face
'--~~~~~~--~ dorsal do pé.
• Na base do dedo a ser amputado, faça uma incisão oval ou
Veja, em inglês, o Vídeo 29-1.
em forma de raquete através da pele e da fáscia (Fig . 29-4).
• Puxe os tendões distalmente o máximo possível e divida-os.

SINDACTILIA
A sindactilia dos dedos do pé raramente interfere na função e a
cirurgia é indicada principalmente por razões estéticas; a mesma
técnica é utilizada para os dedos da mão (Capítulo 79).

lâ@ii;@ flim Combinação complexa de polidactilia e sindacti -


lia do quinto dedo do pé esquerdo com sindacti li a óssea e dos
Oldll;Hfl1:9 A, Polidactilia bilateral em uma criança de 6 tecidos moles. (De Lee HS, Park SS, Yoon JO, et ai: Classification of
meses de idade. B, O metatarso acessório de pé esquerdo pode postaxial polydactyly of the foot, Foot Ankle lnt 27:356, 2006.)
ser visto na radiografia.

Primeiro metatarso Cabeça metatarsiana Metatarso em Y Metatarso em T Cabeça metatarsiana Duplicação


Bloco curto larga larga comp leta
A B

O@llzjE!19 Classificação de Venn-Watson da polidactilia. A, Polidacti li a pré-axial. B, Polidactilia pós-axial.


PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE DESENVOLVIMENTO

rrrrrrmr

A B e
H@ii;J4G19 Polidactilia. A, Vista frontal do pé.B, Contorno da incisão passando pelo espaço da. membra~a ent_re o quinto. e o
sexto dedo e estendendo-se em uma incisão em forma de raquete ao longo da borda lateral do pe. C, Exc1sao c1rurg1ca do d1g1to
excedente. VEJA A TÉCNICA 29-1.

MACRODACTILIA REDUÇÃO DE RAIO


A macrodactilia ocorre quando um ou mais dedos das mãos ou dos

-==========-=--=~
pés estão hipertrofiados e significativamente maiores do que os
TÉCNICA
dedos restantes. As condições associadas mais comuns são neurofi-
bromatose, hemangiomatose e lipofibromatose congênita. A cirurgia •Esboce as incisões dorsais na pele, ao longo do raio a ser
é indicada para aliviar os sintomas funcionais, principalmente a dor reduzido, com uma única incisão longa ou várias incisões
ou dificuldade de usar calçados. O objetivo estético é alterar a apa- pequenas ao longo do metatarso e das falanges.
rência anormal do pé e dos dedos e alcançar um pé semelhante em • Resseque todo tecido fibroadiposo, protegendo os feixes
tamanho ao pé oposto (Fig. 29-5). digitais neurovasculares.
Muitos procedimentos cirúrgicos foram descritos para o • Osteotomize o colo do metatarso e encurte-o, remo-
tratamento da macrodactilia, incluindo sindactilia redutora, vendo um segmento suficiente para que fique com o
citorredução do volume dos tecidos moles combinada com ostec- mesmo comp rimento dos outros metatarsianos.
tomia ou epifisiodese, amputação dos dedos do pé e amputação •Funda a fise no nível da cabeça do metatarso. Se neces-
do raio. A citorredução do tecido mole combinada com a ostec- sário, repita esse procedimento em todas as falanges até
tomia ou a epifisiodese pode ser utilizada no tratamento inicial que o raio seja reduzido ao comprimento normal.
de um único dedo com macrodactilia; praticamente, a taxa de •Insira um fio de Kirschner longitudinal liso da ponta do
recorrência dessa técnica é de 100%. A ressecção do ra io, combi- dedo à base do metatarso para alinhar o raio.
nada com a citorredução repetida, se necessário, tem sido reco- •M antenha a hemostasia, feche a incisão com suturas
mendada; no entanto, quando o hálux está envolvido, o resu ltado interrompid as e aplique um gesso cu rto na perna.
muitas vezes é apenas regular, e a citorredução de volume repe-
tido de tecidos moles pode ser necessária. Kotwal e Farooque CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O fio de Kirschner é
descreveram um procedimento em estágios, no qual foi feita removido em 6 sema nas e um gesso curto é usado na perna
retirada de gordura de um lado do dígito, geralmente o convexo, até que todos os procedimentos ósseos tenham sido
para reduzir a espessura de 10% a 20%. Três meses depois, foi consolidados.
feita a retirada de gordura no outro lado, em conjunto com o
encurtamento do osso.
Quando a hipertrofia do dedo ou do antepé é menos grave,
recomenda-se a epifis iodese das fises falangeanas assim que o
dedo do pé atinja o tamanho adulto; a citorredução é repetida AMPUTAÇÃO DE RAIO
conforme necessário. A amputação do raio é indicada em pacien-

------~
tes com hipertrofia intensa dos ossos e dos tecidos moles. A TÉCNICA
amputação do raio também é o procedimento de escolha para
recorrência grave após sindactilia redutora ou citorred ução de •M arque o raio a ser amputado com retalhos de pele
volume dos tecidos moles. Pode ocorrer hálux valgo após a res- para in cluir a amputação da ponta do dedo à base do
secção do segundo raio e, ocas ionalmente, precisar de correção metatarso. )
cirúrgica durante a adolescência.
CAPÍTULO 29 ANOMA LIAS CONGÊNITAS DOS MEMBROS INFERIORES

H@ilajfl!m A, Macrodactilia em criança de 2 anos de idade com síndrome de Klippel -Trenaunay-Weber. B, Radiografia anteropos-
terior; observe a hipertrofia dos tecidos moles das falanges do seg undo e do terceiro raio . C, Aparência clínica da macrodactilia em
outra criança.

r1

A B e
O!ijiiij·'fJ!l9 Amputação do raio para macrodactilia. A, Incisão na superfície dorsal do pé. B, Incisão plantar. C, Incisão fechada após
a amputação. VEJA A TÉCNICA 29-3.
-- PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE DESENVOLVIMENTO

H[diHHfllm A, Pé fendido bilateral em um menino de 4 anos de idade. B, Vista anteroposterior; observe a deformidade angular
das articulações metatarsofalangeanas do hálu x e do quinto dedo do pé.

• Faça incisões dorsais e plantares, começando sobre a arti-


)
cu lação metatarsofalangeana, conectando as incisões no
espaço interdigital dos dedos adjacentes. Estenda as inci-
sões proximalmente, dorsalmente e na direção da planta
até a base do metatarso a ser ressecado (Fig . 29-6).
•Ampute o metatarso e suas falanges associadas e todo
tecido mole hipertrofiado circundante. Proteja os feixes
neurovasculares que suprem os dedos adjacentes.
•Depois de ressecção adeq uada do tecido, feche a incisão
com suturas interrompidas normalmente.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Um gesso curto é ap li-


cado na perna para proteger a fratura até que o processo
de consolidação ocorra em 4 a 6 semanas.

li Ili
PÉ FENDIDO (ADACTILIA PARCIAL}
O pé fendido (pé em garra de lagosta) é uma anomalia em que uma H@ii;ljiB19 Classificação clínica da deformidade do pé fendido
única fenda se estende proximalmente no pé, às vezes, até o mediopé. (ver texto).
Geralmente, um ou mais dedos e partes de seus metatarsos estão
ausentes e, muitas vezes, os ossos do tarso encontram-se anormais. do primeiro raio, se necessário, antes dos 5 anos de idade. O tipo III é
Embora a deformidade varie de grau e tipo, o primeiro e o quinto uma ausência completa do primeiro ao terceiro ou quarto raios, para o
raios geralmente estão presentes (Fig. 29-7). Se o metatarsiano qual não recomendam tratamento cirúrgico. Eles relataram resultados
estiver parcial ou completamente ausente, o seu dedo respectivo satisfatórios (sem cirurgia adicional, sem recorrência da fenda, uso
sempre estará ausente. Blauth e Borisch classificaram as deformida- normal de calçado sem dor e paciente satisfeito) após 23 de 24 proce-
des em seis tipos, com base no número de ossos dos metatarsos pre- dimentos cirúrgicos (Fig. 29-9); seis dos nove pés não tratados (seis do
sentes. Os tipos I e II são pés fendidos com deficiências menores, tipo I, dois do tipo II e um do tipo III) também apresentaram resultados
ambos com cinco metatarsos. Os metatarsianos estão normais no tipo satisfatórios. Abraham et al. recomendam a sindactilia para todos os pés
I e com hipoplasia parcial no tipo II. O número de metatarsos presen- fend idos de tipo II nos primeiros 3 anos de vida, enquanto o antepé
tes diminui progressivamente: tipo III, quatro metatarsos; tipo IV, três ainda é flexível. Todos os seus pacientes com mais de 5 anos com defor-
metatarsos; tipo V, dois metatarsos; e tipo VI, um metatarso. midades do tipo II tiveram a amputação do primeiro raio.
Abraham et al. descreveram uma classificação clínica simplificada Qualquer cirurgia para pé fendido deve mefüorar a função e a
na qual eles basearam suas recomendações de tratamento (Fig. 29-8). aparência. Quando é realizada a correção cirúrgica, são levantados reta-
O tipo I tem uma fenda ou deficiência do raio central (geralmente, o füos dorsais e plantares da pele das superfícies opostas, as quais que são
segundo ou o terceiro raio, ou ambos) estendendo-se até o meio do suturadas jm1tas. Se o metatarso não tiver o dedo correspondente, ele é
metatarso sem acometer os raios laterais ou mediais. Para esse tipo de extirpado, e a fenda é fechada como descrito (Fig. 29-10). Toda deformi-
pé fendido, eles recomendaram sindactilia dos tecidos moles com cor- dade óssea ou articular do primeiro ou do quinto raio deve ser corrigida
reção de hálLL'< valgo parcial, se necessário; no entanto, esse tipo de no momento da cirurgia. Isso pode exigir capsulotomias e osteotomias
deformidade tipicamente resulta em pouca limitação funcional e trata- de quaisquer raios retidos. Se for usada fixação por pinos para fixação de
-se, principalmente, de uma preocupação estética. O tipo II tem uma osteotomias das falanges ou dos metatarsianos, os pinos e os gessos curtos
fenda profunda até os ossos do tarso com deslocamento do antepé, para para pernas removidos 6 semanas após a cirmgia e rnn gesso curto ou
o qual recomendaram a sindactilia de tecidos moles com a osteotomia uma bota de gesso podem ser usados por mais algi.unas semanas.
CAPÍTULO 29 ANOMALIAS CONGÊNITAS DOS MEMBROS INFERIORES cm

A B e

D E

O[riii;Hfl!Ji9 Sindactilia da fenda. A-C, A fenda é fechada manualmente, e a área de clivagem é marcada com tinta estéril no dorso
e na planta do pé. D, A pele e alguns tecidos subcutâneos são removidos conforme definido pelas linhas de tinta. E, As bordas de pele
são aproximadas com suturas em U horizontais.

•No lado latera l, ou no quinto raio, leva nte um retalho


FECHAMENTO DA FENDA retangu la r começando da superfície plantar do pé para o
Wood, Peppers e Shook descreveram um fechamento simplifi- dorso (Fig. 29-11 A) . Isso não inclui a f áscia, mas inclui um
cado da fenda utilizando retalhos retangulares. Segundo eles, retalho bastante espesso com gordura.
essa técnica é mais fácil do que as técnicas que utilizam vários •Exatamente no lado oposto desse retalho, no lado medial,
retalhos triangulares e produz resultados estéticos superiores. ou do primeiro raio, levan te um retalho retangular come-
Eles recomendam a correção do pé fendido com 6 meses de çando no dorso do pé até o aspecto plantar. Repita esse
idade por haver menos risco anestésico, deformidades mínimas procedimento duas ou três vezes, até que a pele de toda
de crescimento e maleabilidade dos tecidos moles. a fenda seja removida (Fig. 29-11 B)
•No dedo mais longo, levante um reta lho com base distal

-------~
TÉCNICA até suturar o dedo do pé adjacente para criar uma grande
membrana.
(WOOD, PEPPERS E SHOOK) •Se os dedos se separa rem, faça uma osteotomia em fend a
com fechamento na base de cada metatarso para centra-
•Pelo menos dois metatarsos devem estar presentes para lizar os dedos (Fig. 29-11 C) e estabilize as osteotomias
que haja um bom fechamento da fenda. com fios de Kirschner (Fig. 29-11 D). )
llllI9 PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE DESENVOLVIMENTO

• Para estabilizar ainda mais a distância intermeta~ars.iana


)
e descarregar a tensâo sob re os retalhos rnurg1cos,
reconstrua o ligamento intermetatarsiano com tecido
ligamenta r local, cápsula articular ou tendão obtido do
pé fendido ou com enxerto autólogo de tendão plantar
ou da fáscia lata .
•Feche a incisão de forma rotineira e coloque um gesso.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Em 3 semanas, é per-


mitido apoiar sobre o gesso. Em 6 sema nas, o uso do gesso
é interrompido e os fios de Kirschner são removidos.

CONTRATURA OU ~NGULAÇÃO
DOS DEDOS DO PE
A contratura, angulação ou subluxação congênita do quinto dedo é
uma deformidade familiar bastante comum, mas raramente causa
sintomas. A anomalia raramente é incapacitante, e a cirurgia em
A B geral é indicada apenas para melhorar a função do pé ou tornar a
colocação de calçados mais fácil. A direção da angulação do quinto
h[dm§ifllD Corre ção de pé fendido. A, Incisões na pele ao dedo determina o procedimento cirúrgico. Os procedimentos cirúr-
longo da fenda entre raios anormais do pé. B, Sindactilia cirúrgica gicos para a correção de um dedo do pé angulado incluem apenas
criada após a exc isão da fenda da pele, aposição dos raios e oste- correção de tecidos moles, correção de tecido mole com falangecto-
otomias dos metatarsos. mia proximal e amputação.

A B

li!§ll;§ifilm Fechamento de pé fendido


,,. (ver texto). A, Retalhos retangulares são
,"// l 1-1--;
__"
-}- )
..,,
levantados em ambos os raios. B, Retalhos
são levantadas até que a pele de toda a
,.,,..,.
~ -1 ~-.,
fenda seja removida . Na extremidade distal
,. do dedo do pé mais longo, um retalho é
tOt'rí
levantado para ser suturado ao dedo do pé
adjacente para criar uma membrana longa.
C, Se os dedos se separarem, é realizada uma
osteotomia em cunha de fechamento na
base de cada metatarso para centralizar os
ossos. D, Fios de Kirschner são inseridos para
e D manter a posição. VEJA A TÉCNICA 29-4.
CAPÍTULO 29 ANOMALIAS CONGÊNITAS DOS MEMBROS INFERIORES

ARTROPLASTIA DA QUINTA
ARTICULAÇÃO METATARSOFALÂNGICA
A artroplastia de Butler pode ser feita para a correção de um
quinto dedo subreposto dorsal. Uma complicação da artro-
plastia de Butler é a possibilidade de dano vascular causada
pela tensão excessiva no feixe neurovascular. Essa complica-
ção pode ser prevenida (1) evitando-se qualquer tensão sobre
o feixe neurovascular, (2) tendo cuidado para não manipular
ou exercer tração sobre o dedo do pé e (3) evitando a utiliza-
ção de fixação ou imobilização circunferencial rígida.

------~
A
TÉCNICA
(BUTLER)

•Depois de preparar e drapejar o pé e aplicar um torni-


quete, faça uma dupla incisão em raquete dupla, com a
alça dorsal acompanhando o tendão do extensor longo
e a alça plantar inclinada lateralmente para proporcionar
uma incisão circunferencial (Fig. 29-13A).
•Para expor o tendão do extensor contraturado, levante
retalhos cutâneos por dissecção romba, protegendo o
feixe neurovascular (Fig. 29-138).
•Seccione o tendão extensor do quinto dedo do pé trans-
versalmente e divida o aspecto dorsal da cápsula articular
metatarsofalangeana (Fig. 29-13C).
•O dedo do pé agora deve girar parcialmente para baixo
B e lateralmente até a posição correta. Em deformidades
de longa data, o aspecto plantar da cápsula está aderido
H@i@!m:fl Correção de cruzamento congênito do quinto e impede a redução completa da falange proximal no
dedo. A, Aspecto pré-operatório. B, Incisão em forma de Z com metatarso durante a derrotação do dedo do pé.
ângulos de 60 graus. As setas indicam a direção em que os reta- • Se necessário, separe a cápsula plantar aderida por dis-
lhos são transpostos para permitir o alongamento ao longo do secção romba e divida-a transversalmente para permitir
eixo longitudinal da Z-plastia. (De Thordarson DB: Congenital cros- que o dedo do pé fique livremente numa posição total-
sover fifth toe correction with soft tissue release and cutaneous Z-plasty, mente corrigida (Fig. 29-130 e E).
Foot Ankle lnt 22:511, 2001.) VEJA A TÉCNICA 29-5. •Feche a pele com várias suturas interrompidas e aplique
uma leve bandagem sobre a linha de sutura (Fig . 29-13F
CORREÇÃO DE DEDOS DO PÉ e G).
ANGULADOS CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Pode-se usar um gesso
~ curto na perna ou um calçado cirúrgico pós-operatório
TÉCNICA
~~~~~~~~-~ com um curativo leve somente sobre o quinto dedo do
pé. É permitida atividade protegida, conforme tolerado.
•Administre um anestésico para bloquear o tornozelo
(Capítulo 80) e infle um torniquete estéril de tornozelo.
•Aborde a quinta articulação metatarsofalângica através
de uma incisão de Z-plastia. Com o dedo mantido na
posição corrigida, puxe a parte central do membro da
Z-plastia ao longo da faixa de pele contraída até o quarto
espaço da membrana. Crie os retalhos proximais e distais
da Z-plastia com comprimentos iguais (Fig. 29-12). Faça
o ângulo da Z-plastia com 60 graus, que permite alonga- HÁLUX VARO CONGÊNITO
mento máximo ao longo do eixo longitudinal da Z-plastia O hálux varo congênito é uma deformidade em que o hálux encon-
quando os retalhos forem transpostos. tra-se angulado mediaimente. A deformidade em varo do dedo varia
•Libere o tendão do extensor longo do quinto dedo do pé em gravidade de apenas alguns graus a 90 graus. O hálux varo pode
de maneira longa e oblíqua. ocorrer na articulação metatarsofalângica com um metatarso normal
•Libere a cápsula dorsal e medial e coloque o dedo do pé ou pode ocorrer em associação com outras deformidades do
na posição corrigida. mediopé, como epífise de suporte ou polidactilia pré-axial.
•Transponha os dois retalhos da Z-plastia e suture-os com Tipicamente, o hálux varo congênito é unilateral e está asso-
suturas crômicas interrompidas. ciado a uma ou mais das seguintes características: ( 1) um pri-
meiro metatarso curto e grosso; (2) ossos ou dedos dos pés
~
~ PARTE IX TRANSTORNOS CONGtNITOS E DE DESENVOLVIMENTO

( (

-:,._ ' ({" 'r e

F G

O@il;tjfllll Art roplastia de Butle r. A, Incisão dupla em fo rma de raq uet e. B, Exposição de te ndões ext e nso res. C, Tra nsecção do
tendão ext e nsor. D, Se paração da cápsu la ade rente. E, Posição corr ig ida do dedo. F e G, Fechament o da pele. VEJA A TÉCNICA 29-6.

acessórios; (3) deformidade em varo de um ou mais dos quatro


metatarsos laterais; e (4) uma faixa fibrosa firme que se estende CRIAÇÃO DE SINDACTILIA DO l:IÁLUX
desde o lado medial do hálux até a base do primeiro metatarso E DO SEGUNDO DEDO PARA HALUX
(Fig. 29-14). A explicação para essa anomalia é que dois hálux se VARO
originam no útero, mas o medial ou acessório não consegue se

------~
desenvolver. Mais tarde, o dedo do pé medial rudimentar, em TÉCNICA
conjunto com a faixa de tecido fibroso, atua como uma corda
esticada e gradualmente p uxa o hálux plenamente desenvolvido (FARMER)
até uma posição em varo.
O tratamento adequado para o hálux varo congênito depende • Levante um reta lho amplo em forma de Y de pele e de
da gravidade da deformidade e da rigidez das partes moles con- tecido subcutâneo da superfície dorsa l do espaço entre o
traídas. A técnica de Farmer é eficaz para corrigir deformidades primeiro e o segundo dedo (Fig. 29-16); co loque a base
leves ou moderadas. A cirurgia de Kelikian et ai. também é satis- do retalho dorsa lmente no espaço entre o primeiro e o
fatória para corrigir deformidades graves com um primeiro segundo metatarsiano e inclua-o no contíguo da pele
metatarso excessivamente curto (Fig. 29-15). Cada um desses com a membrana, dista lmente, ao longo dos dois dedos
procedimentos é projetado para criar uma sindactilia entre o para um t erço do seu comprimento.
segundo dedo do pé e o hálux para manter a correção da defor- • A partir da borda medial da base do retalho, curve a
midade. Se a deformidade for complicada pela artrite traumática incisão med iaimente e de maneira ligeiramente dista l do
da articulação metatarsofalângica, indica-se a artrodese dessa outro lado da face med ial da primeira articulação meta-
articulação (Capítulo 81). Em casos raros, se a deformidade for tarsofa lângica. Aprofunde essa incisão transversa l através
muito grave para ser corrigida ou para ser submetida à artrodese, da parte media l da cápsu la da primeira articu lação
indica-se a amputação. metat arsofalângica.
CAPÍTULO 29 ANOMALI AS CONGÊNITAS DOS MEMBROS INFERIORES cm

0!§11;H fll9 A, Hálux varo congênito do pé direito. B, Radiografia anteroposterior; observe o primeiro metatarso curto e a falange
acessória distal. C, Aparência após correção cirúrgica.

•Mova o hálux latera lmente contra o segundo dedo do pé


e crie uma sindacti lia entre esses dois dedos suturando as
bordas de pele opostas juntas.
•Um f io de Kirschner long itudinal liso pode ser inserido
pela ponta do hálux no primeiro metata rso para alin har
o dedo polegar numa posição neutra.
• Excise qualquer fa lange acessória ou tecido mole hiper-
trofiado do hálux por meio de uma incisão dorsomedial
separada.
•Gire o reta lho de pe le em forma de Y e o t ecid o subcutâ-
neo media imente e sutu re-o no loca l para cobrir o defeito
na pele nos aspectos dorsais e mediais da primeira arti-
culação metatarsofa lâng ica.
•Em uma técnica alternativa descrita por Farmer, o reta lho
A B de pele em forma de Y e o tecido subcutâneo são levan-
tados da superfície planta r do pé (Fig. 29-17); o resto do
lâ!§ll;f.!B.la Procedimento de Kelikian para hálu x varo con- procedimento é o mesmo já descrito: o retalho girando
gênito. A, Aparência pré-operatória do pé. B, Após sindactilia media imente para cobrir o defeito na pele na primeira
artificial. articulação metatarsofalângica . Qua lquer imperfeição que )
11111» PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE DESENVOLVIMENTO

ij@ilajflill!9 Procedimento de Farmer para


hálux varo congênito. VEJA A TÉCNICA 29-7.

Cápsula
articular

suturado Enxerto
no lugar de pele
H@IJ;Hmfa Procedimento alternativo de
Farmer para hálu x varo congênito. VEJA A
TÉCNICA 29-7.

causa marcha com progressão em rotação interna. Pode ocorrer


não puder ser fechada pelo retalho é deixada aberta para como uma anomalia isolada ou em associação com o pé torto. Entre
)
cicatrizar secundariamente ou ser coberta por um enxerto as crianças com metatarso aduto, 1% a 5% também têm displasia do
de pele de espessura tota l. desenvolvimento do quadril ou displasia acetabular.
Clinicamente, o metatarso aduto pode ser classificado como
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O pé é imobilizado com leve, moderado ou grave (Fig. 29-18). Na forma leve, o antepé pode
gesso. Em 6 semanas, o gesso e os pinos são removidos ser clinicamente abduzido na linha média do pé e além (Fig.
e atividades completas são permitidas. 29-19A) . A forma moderada tem flexibilidade suficiente para per-
mitir a abdução do antepé na linha média, mas, normalmente, não
além (Fig. 29-19B). Em metatarsos adutos rígidos, o antepé não
pode ser de todo abduzido. Também pode haver uma prega trans-
METATARSO ADUTO CONGÊNITO versal na borda medial do pé ou aum ento do espaço da membrana
O metatarso aduto, que consiste na adução do antepé em relação ao entre o dedo grande e o segundo dedo (Fig. 29-20). Em geral, o
mediopé e o retropé, é uma anomalia comum, que frequentemente metatarso aduto leve se resolve sem tratamento. O metatarso ad uto
CAPÍTULO 29 ANOMALIAS CONGtNITAS DOS MEMBROS INFERIORES -

Normal Leve Moderado Grave

h(êjll;Mm:EI Bissetriz do calcanhar define a relação do calcanhar com o antepé da esquerda para a direita: normal (dividindo o
segundo e o terceiro dedo do pé), metatarso aduto leve (dividindo o terceiro dedo do pé), metatarso aduto moderado (dividindo o
terceiro e o quarto dedo) e metatarso aduto grave (dividindo o quarto e o quinto dedo) .

H!ijl!;fdmli) Metatarso aduto congênito. A, Leve e B, Moderado.

lillliiAiliMI•lil' mi Metatarso aduto congênito. A, Grave; observe a prega transversal medial profunda. B, Adução grave como vista na
radiografia.
lllD PARTE IX TRANSTORNOS CONGtNITOS E DE DESENVOLVIMENTO

GllhMé' 29-1 Tratamento do Metatarso Aduto no feixe neurovascular posterior ao maléolo medial. Pinos
de Steinmann inseridos paralelamente às bordas medial e
Nenhum - deformidades leves se resolvem lateral do pé geralmente são necessários para manter o pé
Alongamento em série e engessamento - na posição corrigida até que as osteotomias tenham sido
raramente para deform idades moderadas e graves consolidadas . Sem fixa ção interna, o tecido mole do lado
Cirurgia - deformidade grave não corrig ida por medial pode causar recorrência da deformidade.
t ratamento conservador

-------"~
Dor TÉCNICA
Aparência questionável
Dificuldade na colocação de calçados (BERMAN E GARTLAND)
2-4 anos: Capsulotomias tarsometatársicas (Heyman,
Herndon e Strong) • Aborde todas as cinco bases do metatarso dorsal mente.
2:4 anos: Várias osteotomias do metatarso (Berman e Gart- Faça duas incisões dorsais longitudina is, uma entre o
land); osteotomia dupla do cuneiforme medial e do primeiro e o segundo metatarso e a outra se sobrepondo
cuboide lateral ao quarto. Proteja os tendões extensores e nervos super-
ficiais e preserve as veias superficiais o máximo possível.
•Exponha subperiostea lmente a metáfise proximal de cada
metatarso e, com uma pequena broca, faça uma osteo-
moderado ou grave é mais bem tratado inicialmente com alonga- tomia em forma de cúpu la em cada um com o áp ice da
mento e gesso serial durante 6 a 12 semanas ou até que o pé esteja cúpula proximalmente (Fig. 29-22). Evite a fise na base
clinicamente fle xível. do primeiro metatarso.
O metatarso aduto pode ser visto como uma deformidade resi- • Se não for possível obter correção adequada com essas
dual em pacientes previamente tratados cirurgicamente ou de forma osteotomias, resseque pequenas cunhas de ossos com
conservadora para corrigir pé torto congênito. Esse metatarso aduto base lateral nas osteotomias, conforme necessário.
residual pode ser rígido, indicando posicionamento fixo do antepé •Alinhe os metatarsos e transfixe o pé na posição corrigida
sobre o mediopé e o retropé, ou pode ser dinâmico, provocado por um com pinos de Steinmann pequenos e lisos inseridos pro-
desequilíbrio do tendão tibial anterior durante a marcha. A rigidez ou ximalmente através dos eixos do primeiro e do quinto
a flexibilidade do antepé devem ser determinadas antes de se iniciar metatarsos e através das osteotomias nestes ossos e, se
qualquer correção cirúrgica em uma criança mais velha. O metatarso necessário, em todos os cinco metatarsos. Previna angu-
aduto, particularmente nas suas formas mais leves, frequentemente tra- lação dorsal ou volar e sobreposição dos fragmentos.
ta-se apenas de uma preocupação estética. No entanto, usar calçados • Antes de fechar a incisão, verifiqu e a colocação dos pinos,
também pode-se tornar um problema com o crescimento da criança. a posição das osteotom ias e o al inhamento do antepé
por radiografias (Fig . 29-23 ). O ângu lo formado pelo tálus
anteroposterio r e o primeiro metatarsiano deve ser corri-
TRATAMENTO gido para O a 1O graus.

Nas crianças mais novas, a cirurgia não é indicada até que o trata- CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Aplica-se um gesso curto
mento conservador falhe. Quando uma criança atinge a idade ade- na perna com o pé na posição corrigida. Em 6 semanas,
quada para alongamento e engessamento serial, a cirurgia torna-se o gesso e os pinos são removidos e o apoio é iniciado,
uma opção razoável. As indicações para a cirurgia incluem dor, geralmente em um gesso para caminhar ou uma bota de
aparência desagradável e dificuldade para colocar calçados por causa gesso por 2 a 4 semanas .
da adução residual do antepé. Inúmeros procedimentos ósseos e de
tecidos moles foram descritos para a correção do metatarso aduto.
Nós preferimos adaptar a cirurgia à idade e à deformidade da criança
em particular (Quadro 29-1). OSTEOTOMIAS CUNEIFORMES
E CUBOIDES
McHale e Lenhart recomendaram a osteotom ia em cunha
aberta do cuneiforme medial e a osteotomia em cunha
OSTEOTOMIAS EM FORMA DE fechada do cuboide para correção de deformidades no
CÚPULA DAS BASES DO METATARSO mediopé com encurtam ento grave da coluna medial (pé
"em forma de feijão").
Berman e Gartland recomendaram osteotomias em forma
de cúpu la para todas as cinco bases dos metatarsos para
adução do antepé resistente em crianças de 4 anos de TÉCNICA
idade ou mais (Fig. 29-21 ). Para um pé maduro com meta-
tarso aduto não corrigido, ou se todas as estruturas mediais (MCHALE E LENHART)
dos tecidos moles estiverem contraturadas, eles recomen-
daram uma osteotomia em cunha de fechamento com •Com o paciente anestesiado em decúbito dorsal, faça uma
base latera l através das bases dos metatarsos. Corrigi r o pequena incisão longitudinal sobre o cuboide (Fig. 29-24A)
alinhamento sem encurtar a borda latera l do pé pode •Retire uma cunh a de 7 a 1O mm com a sua base posição
causar tensão excessiva sobre a pele na borda medial ou dorsolateral (F ig. 29-248).
CAPÍTULO 29 ANOMALIAS CONGÊNITAS DOS MEMBROS INFERIORES

O@ll;tfimJI A e B, Metatarso aduto rígido em criança de 8 anos de idade. C e D, Após várias osteotomias do metatarso.

•Aborde o cuneiforme medial utilizando parte da extensão interdigital, através do cuneiforme med ial, do navicular
distal da incisão medial (Fig . 29-24A) ou uma incisão de do tarso e no tálus.
2 cm mediaimente sobre o cuneiforme medial. •Confirme a posição dos pinos e a correção da deformi-
•Faça a osteotom ia no cuneifo rm e, deixando o tibial ante- dade óssea com rad iografias.
rior inserido na peça distal do osso. •Após o posicionamento correto do pé, os três dedos
•Espalhe a osteotom ia medial do cuneiforme com uma laterais podem permanecer em f lexão in corrigível passi-
espátula lisa e insira a cunha de osso removida do vamente. Se assim for, execute a tenotomia simples do
cuboide com a base da cunha lin ear mediaimente (Fig. flexor.
29-24C). •Feche as incisões e aplique um gesso curto na perna com
• Confira a correção clínica da deformidade. Se a borda revestimento espesso para permitir o edema.
latera l do pé ainda parecer proeminente (a supinação da
parte média do pé não foi corrigid a), retire uma cunha CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Em 2 semanas, as incisões
maior do cuboide. são verificadas e aplica-se um gesso mais moldado. Os
•Use dois fios de Kirschner lisos para fixar o pé na posição pinos são removidos em 6 semanas e aplica-se um gesso
corrigid a. Insira um pino através do cuboide, começando para apoio. Usa-se um gesso ou uma bota de gesso até
no ca lcãneo e sa indo através da base do quinto metatar- que a consolidação esteja evidente nas rad iografias, gera l-
siano. Coloque o outro pino através do primeiro espaço mente em 8 a 12 semanas.
-- PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE DESENVOLVIMENTO

lit§ll;Mf!IB Técnica de Berman e Gartland para osteotomias


do metatarso. Osteotomia em forma de cúpula é concluída na
base de cada metatarso. VEJA A TÉCNICA 29-8.

O@ll;@m l Osteotomias completas com pinos de Steinmann


inseridos para manter a posição corrigida. VEJA A TÉCNICA 29-8.

\
\
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\
\
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1
l \
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1

A B e
H@ll1MBE1 Osteotomias de cuneiforme medial e cuboide para correção de deformidade residual. A, Incisões laterais e mediais.
B, Remoção de cunha dorsolateral do cuboide. C, Colocação de cunha em osteotomia no cuneiforme medial. VEJA A TÉCNICA 29-9.

PÉ TORTO CONGÊNITO causam alterações ósseas secundárias. Clinicamente, as crianças


(TALIPES EQUINOVARUS) com pé torto apresentam uma artéria tibial anterior hipotrófica,
além da atrofia evidente da musculatura em torno da panturrilha.
A incidência de pé torto congênito é de aproximadamente um a cada Vários autores documentaram uma distribuição anormal de fibras
1.000 nascidos vivos. Embora a maioria dos casos seja de ocorrên- musculares tipo I e tipo II em pés tortos. O pé anormal pode ter
cias esporádicas, há relatos de famílias com pé torto como um traço metade de um tamanho pequeno em comprimento e em largura.
autossômico dominante com penetrância incompleta. Deformida- As alterações patológicas causadas pelo pé torto congênito
des bilaterais ocorrem em 50% dos pacientes. devem ser entendidas para que a anomalia seja tratada de forma
Várias teorias têm sido propostas sobre a causa do pé torto. eficaz. As quatro deformidades básicas do pé torto são cavo,
Uma delas é que um defeito primário do plasma germinativo no adução, varo e equino. A deformidade varia em gravidade, de um
tálus causa flexão plantar contínua e inversão desse osso com alte- pé torto posicional moderado, que é corrigido passivamente atin-
rações subsequentes dos tecidos moles nas articulações e nos com- gindo quase a posição neutra, até um pé torto muito mais grave,
plexos musculotendinosos. Outra teoria é que as anormalidades com retropé extremamente rígido, em equino e com antepé em
primárias dos tecidos moles dentro das unidades neuromusculares adução. A deformidade típica é mostrada na Figura 29-25. O pé
CAPÍTULO 29 ANOMALIAS CONGÊNITAS DOS MEMBROS INFERIORES

interna das articulações calcaneocuboides causa contratura do liga-


mento bifurcado (Y), do ligamento plantar longo, do ligamento cal-
câneo plantar, do ligamento cuboide navicular, do retináculo
extensor inferior (ligamento cruzado), do ligamento calcâneo dorsal
e, ocasionalmente, do ligamento cubonavicular.
Os metatarsos frequentemente também se encontram defor-
mados. Eles podem-se desviar nas articulações tarsometatársica ou
essas articulações podem ser articulações normais e as diáfises dos
metatarsianos em si podem ser aduzidas.
Se o pé torto puder permanecer deformado, muitas outras
modificações adaptativas tardias ocorrem nos ossos. Essas modifi-
cações dependerão da gravidade das contraturas dos tecidos moles
e dos efeitos do apoio. Em adultos não tratados, algumas articula-
ções podem fundir-se espontaneamente ou podem desenvolver alte-
rações degenerativas secundárias à presença de contraturas.
O exame inicial do pé e o progresso do tratamento devem
depender do julgamento clínico e do exame radiográfico ocasional.
h(dll@E.im Pé torto congênito em um recém-nascido. Vista
posterior - inversão, flexão plantar e rotação interna do calcâ-
neo e deformidade em cavo com prega plantar transversa.
AVALIAÇÃO RADIOGRÁFICA

Se a deformidade do pé torto for um pouco atípica, estiver associada


torto frequentemente é acompanhado por torção tibial interna. a uma condição genética ou neurológica global, ou parecer resistente
As articulações do tornozelo, mediotársicas e subtalares estão ao tratamento inicial conservador, deve-se realizar a avaliação radio-
todas envolvidas no processo patológico. gráfica. Em uma criança que não seja deambuladora, as radiografias
Turco atribuiu a deformidade ao deslocamento medial do navi- padrão incluem as incidências laterais em dorsiflexão de estresse e
cular e do calcâneo ao redor do tálus. O tálus é forçado a ser equino anteroposteriores de ambos os pés. As radiografias anteroposteriores
pelo calcâneo e o navicular subjacente, enquanto a sua cabeça e o seu e laterais em pé podem ser feitas em uma criança mais velha.
colo são desviados mediaimente. O calcâneo é invertido sob o tálus, Ângulos importantes a considerar na avaliação do pé torto são
com a extremidade posterior deslocada para cima e lateralmente e a o ângulo talocalcâneo na radiografia anteroposterior, o ângulo talo-
extremidade anterior deslocada para baixo e mediaimente. calcâneo na radiografia lateral e o ângulo tálus-primeiro metatarsiano
A partir de uma perspectiva tridimensional, a relação do calcâ- (Fig. 29-26). O ângulo anteroposterior talocalcâneo em crianças
neo com o tálus é caracterizada por rotação anormal nos planos normais varia de 30 a 55 graus (Quadro 29-2 e Tabela 29-1). Em pés
sagital, coronal e horizontal. À medida que o calcâneo gira horizon- tortos, esse ângulo diminui progressivamente com o all\nento do varo
talmente, girando sobre o ligamento interósseo, ele desliza por baixo do calcanhar. Na radiografia lateral em dorsiflexão, o ângulo talocal-
da cabeça e do colo do tálus anteriormente à articulação do tornozelo câneo num pé normal varia de 25 a 50 graus; no pé torto, esse ângulo
e a tuberosidade do calcâneo se move em direção ao maléolo fibular diminui progressivamente com a gravidade da deformidade até um
posterior. A proximidade do calcâneo com a fíbula é causada princi- ângulo de O grau. O ângulo tibiocalcâneo em um pé normal é de 10
palmente por rotação horizontal da articulação talocalcânea, em vez a 40 graus na rad iografia lateral de estresse. Em pés tortos, esse ângulo
de apenas por equino. O calcanhar parece estar varo porque o calcâ- geralmente é negativo, indicando o equino do calcâneo em relação à
neo gira através da articulação talocalcânea num plano coronal e tíbia. Por fim, o ângulo tálus-primeiro metatarsiano é uma medida
horizontalmente. A articulação talonavicular fica em uma posição de radiográfica da adução do antepé. Isso é útil apenas no tratamento do
inversão extrema à medida que o navicular se move ao redor da aduto do metatarso, mas é igualmente importante no tratamento do
cabeça do tálus. O cuboide é deslocado mediaimente no calcâneo. pé torto para avaliar a posição do antepé. Em um pé normal, esse
Em um modelo tridimensional computadorizado de pé torto, ângulo varia de 5 a 15 graus em visão anteroposterior; no pé torto,
mostrou-se que o colo do tálus roda internamente em relação à normalmente é negativo, indicando adução do antepé.
mortalha do tornozelo, mas o seu corpo roda externamente na arti-
culação. O calcâneo tem rotação interna significativa com a faceta
articular inclinada da articulação calcânea causando rotação interna CLASSIFICAÇÃO
adicional do mediopé.
As contraturas ou anomalias dos tecidos moles exercem ainda A comparação dos resultados dos tratan1entos do pé torto é dificultada
mais forças de deformação e resistem à correção da deformidade pela falta de um sistema de classificação uniforme amplamente utilizado
óssea e realinhamento das articulações. O realinhamento da articu- para descrever a gravidade inicial da deformidade e o resultado após o
lação talocalcânea se opõe ao ligamento calcaneofibular, pelo reti- tratamento. Duas das classificações mais comtm1ente usadas por Pirani
náculo fibular superior (retináculo fibular do calcâneo), pelas et ai. e Dimeglio et ai. baseiam-se exclusivan1ente no exame físico, não
bainhas dos tendões fibulares e pelo ligamento talocalcaneano pos- exigindo medição radiográfica ou outros estudos especiais. O sistema
terior. A resistência ao realinhamento da articulação talonavicular é de Pirani é composto por 10 achados diferentes encontrados no exame
realizada pelo tibial posterior, pelo ligamento deltoide (navicular físico (Tabela 29-2), cada um recebendo O para nenhuma anormalidade,
tibial), pelo ligamento calcaneonavicular (ligamento em mola), por 0,5 para anormalidade moderada ou 1 para anormalidade grave. Cada
toda a cápsula talonavicular, pelo ligamento dorsal talonavicular, pé recebe uma pontuação total, no máximo de 10 pontos, com uma
pelo ligamento bifurcado (Y), pelo retináculo extensor inferior e, pontuação mais alta indicando uma deformidade mais grave. No
ocasionalmente, pelo ligamento oblíquo cubonavicular. A rotação sistema de Dimeglio et ai., quatro parâmetros são avaliados com base
PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊN ITOS E DE DESENVOLVIMENTO

H@mO&D Ava liação radiográfica de pé torto. A, Vista anteroposterior do pé torto direito com diminui ção no ângulo talocalcâneo
e ângu lo talo-primeiro metatarsiano negativo . B, Ângu lo ta localcâneo em incidência anteroposterior de pé esquerdo normal. C, Ângulo
t alocalcâneo de O grau e âng ulo tibiocalcâneo negativo em vista lateral em dorsiflexão do pé torto direito . D, Ângulos taloca lcâneo e
tibiocalcâneo em vista latera l em dorsiflexão do pé esquerdo norma l.

Variação Normal de Ângulos [T/\Dci /\ 11'1 Progressão de Ângulos do Pé em


QUADRO 29-2 Radiográficos para Comparação iiiiii. .
29 1, Pés Normais com Média de
com Pé Torto Acompanhamento de 6 Anos
Ângu lo ta localcâneo
MÉDIA PARA A
Vista anteroposteri or: 30-55 graus PRIMEIRA MÉDIA PARA A
Vista lateral em dorsiflaxão: 25-50 graus ÂNGULO VISITA ÚLTIMA VISITA
Ângu lo ta loca lcâneo VISTA ANTEROPOSTERIOR
Vista lateral com estresse: 10-40 graus 36,3 27,4
Talocalcaneal
Âng ulo tá lus-primeiro metatarsiano
Calcâneo-segundo 14,4 12,3
Vista anteroposteri or: 5 a 15 graus
metatarso
Tálus-primeiro 16,9 8, 1
metatarso
na sua redutibilidade com manipulação suave, medida com um goniô- VISTA LATERAL
metro de mão: (1) desvio equino no plano sagital, (2) desvio varo no Talocalcâneo 46 44,2
plano frontal, (3) derrotação do bloco calcaneopedal no plano horizon- Calcâneo-primeiro 150 148
tal e (4) adução do antepé em relação ao retropé no plano horizontal metatarso
(Fig. 29-27 e Tabela 29-3) . Numa comparação entre os dois sistemas,
Tibiocalcâneo 61,5 73,2
ambos mostraram ter boa reprodutibilidade após a fase inicial de apren-
Tálus-primeiro 16,3 12, 1
dizagem. O uso clínico de rotina de um ou de ambos os sistemas de
metatarso
classificação pode ser útil na documentação da manutenção da correção
Índice talocalcâneo 83 71 ,6
ou da recorrência ao longo do tempo.
CAPÍTULO 29 ANOMALIAS CONG ÊNITAS DOS MEM BROS INFERIORES cm
•M=HM "29~2 ' ,
1
Classificação de Pirani da Deformidade Pé Torto

PONTUAÇÃO

ACHADOS DO EXAME FiSICO o 0,5 1,0


Curvatura da borda lateral do pé Reta Curva distal leve Curva na articulação
calcaneocuboide
Gravidade da prega medial (pé Várias pregas finas Uma ou duas pregas Pregas profundas
mantido em correção máxima) profundas mudam o contorno do
arco
Gravidade da prega posterior (pé Várias pregas finas Uma ou duas pregas Pregas profundas
mantido em correção máxima) profundas mudam o contorno do
arco
Intervalo medial maleolar-navicular Depressão definida Intervalo reduzido Intervalo não palpável
{pé mantido em correção máxima) sentida
Palpação da parte lateral da Navicular "reduz" Navicular "reduz" Navicular não "reduz";
cabeça do tálus (antepé completamente; borda parcialmente; borda borda lateral da
totalmente em abdução) lateral da cabeça do lateral da cabeça fica cabeça facilmente
tálus não pode ser menos palpável sentida
sentida
Calcanhar oco (pé e tornozelo em Tuberosidade do Tuberosidade do Tuberosidade do
correção máxima) calcâneo facilmente calcâneo mais difícil de calcâneo não palpável
palpável palpar
Intervalo entre fíbula e tendão de Depressão definida Intervalo reduzido Intervalo não palpável
Aquiles (quadril flexionado, joelho sentida
estendido, pé e tornozelo
corrigidos ao máximo)
Rigidez de equinos (joelho Dorsiflexão normal do Tornozelo faz Não é possível
estendido, tornozelo corrigido ao tornozelo dorsiflexão além da dorxi flexã o do
máximo) posição neutra, mas não tornozelo na pos ição
completamente neutra
Rigidez de adução (antepé está Antepé pode ser Antepé pode ser Antepé não pode ser
totalmente em abdução) hipercorrigido em corrigido além da corrigido para posi ção
abdução posição neutra, mas não neutra
completamente
Contratura do flexor longo (pé e Articulações MTP Articulações MTP podem Articulações MTP não
tornozelo mantidos na posição de podem realizar realizar dorxi fle xã o podem realizar
correção máxima) dorsiflexã o a 90 graus além da posição neutra, dorsiflexão para a
mas não co mpletamente posição neutra
MTP, metatarsofalângico.
Modificada de Flynn JM, Donohoe M, Mackenzie WG : An independent assessment of two clubfoot-cl assification systems, J Pediatr Orthop 18:323, 1998.

TRATAMENTO NÃO CIRÚRGICO pela lesão da artéria peroneal ou da veia safena menor; fazer um a
pequena incisão aberta diretamente sobre o tendão antes de tenoto-
O tratamento inicial do pé torto é não cirúrgico. Vá rios esquemas mizá-lo, fazer a tenotomia de medial para lateral (Fig. 29-28) e usar
de tratamento têm sido propostos, incluindo o uso de talas correti - uma lâmina mais arredondada podem ajudar a evitar lesão vascular.
vas, imobilização por faixas e gesso. Apesar de várias técnicas de As taxas de recorrência relatadas após o método de Ponseti vão
engessamento serem utilizadas, a técnica mais amplamente ace ita é de 10% a 30%; entretanto, muitas deformidades recorrentes podem
a descrita por Ignacio Ponseti e consiste em manipulação em série se r tratadas com sucesso com a repetição do engessamento, com ou
semanal e engessamento durante as primeiras semanas de vida. sem a adição da tenotomia do tendão de Aquiles ou a transferência
do tendão tibial anteri or. Vários autores têm observado que o fator
mais importante para evitar a deformidade recorrente é a adesão do
• TÉCNICA DE ENGESSAMENTO DE PONSETI paciente ao regim e de uso de órtese pós-operatória. Não foi desco-
PARA CORREÇÃO DE PÉ TORTO berto nenhum efeito significativo da gravidade da deformidade, da
A correção bem-sucedida da deformidade do pé torto geralmente é idade do paciente no começo do tratamento e do tratamento prévio
relatada em mais de 90% das crianças de 2 anos ou menos tratadas no caso de risco de reco rrência.
com o método de Ponseti mesmo após tratamento não cirúrgico ante- Embora o método de Ponseti seja idealmente utili zado em
rior que não foi bem-sucedido. Vários estudos têm destacado o recém -nascidos, muitos estudos têm demonstrado o uso bem-suce-
sucesso e a reproduti bilidade do método de Ponseti, mesmo em dido do método de Ponseti em crianças mais velhas ou crianças com
nações em desenvolvimento. A tenotomi a do tendão de Aquiles geral- deformidades reco rrentes após o tratamento inicial com gesso.
mente é necessária, e a transferência do tendão tibial anterior pode Apesar de as taxas de sucesso serem menores em crianças m ais
ser adi cionada à rotina do engessamento, quando necessário. Foram velhas, o tratamento não cirúrgico deve ser considerado a primeira
relatadas complicações hemorrágicas após a te notomia percutânea linha de tratamento, mesmo em uma criança que iniciou a marcha.
. , PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE DESENVOLVIMENTO

·I
04 pontos
03 pontos
02 pontos
01 ponto

20º -20º -20° 20°


A Oº B Oº

cri -20º Oº
u.: 04 pontos
03 pontos 20º -20º
02 pontos
01 ponto

45°

20°

0[ijlhf4G1Ja Classificação da gravidade do pé torto por Diméglio (ver texto e Tabela 29-3). A, Desvio em equino . B, Desvio em varo.
C, Derrotação. D, Adução. (De Diméglio A, Bensahel H, Souchet P, et ai. Classification of clubfoot, J Pediatr Orthop B 4:129, 1995.)

1APLICAÇÃO DE GESSO DE PONSETI mata-borrão em virh1de da dorsiflexão do pé através da articulação


O método de Ponseti consiste em duas fases: tratamento e manuten- do tornozelo em vez do médio-pé. Cada gesso mantém o pé na
ção. A fase de tratamento deve começar o mais cedo possível, ideal- posição corrigida, permitindo a remodelação gradual. Geralmente,
mente na primeira semana de vida. A manipulação suave e o cinco a seis gessos são necessários para corrigir o alinhamento do pé
engessamento são feitos semanalmente, embora trocas mais frequen- e do tornozelo totalmente. Antes da aplicação do gesso final, a maioria
tes do gesso ao longo de um curto período de tempo tenham sido dos bebês necessita de uma tenotomia percutânea do tendão de
defendidas por alguns autores. A ordem de correção por manipulação Aquiles (Fig. 29-28) para ganhar alongamento adequado do tendão
em série e gesso deve ser a seguinte: em primeiro lugar, a correção do de Aquiles e prevenir a deformidade em mata-borrão.
cavo do antepé e da adução; em seguida, a correção de varo do calcâ- A primeira aplicação de gesso corrige o cavo, alinhando o
neo; e, finalmente, a correção do retropé equin o. Deve-se buscar cor- antepé com o retropé, supinando o antepé para aproximá-lo ao
reção nesta ordem para que seja evitada uma deformidade em calcanhar e elevá-lo (dorsiflexão) do primeiro metatarso (Fig. 29-29A).
CAPÍTULO 29 ANOMALIAS CONGÊNITAS DOS MEMBROS INFERIORES -

1bMHd 29::
., F :
...
Classificação de Gravidade de Pé Torto por Dimeglio et ai.

PARÂMETROS MEDIDOS REDUTIBILIDADE (GRAUS) PONTUAÇÃO


Desvio em equino no plano sagital (Fig . 29-27A) 90 a 45 4
Desvio em varo no plano frontal (Fig . 29-278) 45 a 20 3
Derrotação do bloco calcaneopodálico no plano horizontal 29 a O 2
(Fig. 29-27C)
Adução de antepé em relação ao retropé no plano horizontal O a -20
(Fig. 29-27D) f--20 o
Outros elementos considerados:
Prega posterior acentuada
Prega mediotarsal acentuada
Retração plantar ou cavo
Condição muscular ruim 1
Pontuação total possível 20

GRAU TIPO FREQUÊNCIA (%) PONTUAÇÃO REDUTIBILIDADE


Benigno 20 1-4 >90 % macio-macio, esclarecido
li Moderado 33 5-9 >50% macio-rígido, reduzível, parcialmente resistente
Ili Grave 35 10-14 >50% rígido-macio, resistente, parcialmente reduzível
IV Muito grave 12 15-20 <10% rígido-rígido, resistente
Dados de Diméglio A, Bensahel H, Souchet Ph, et ai: Classification of clubfoot, J Pediatr Orthop 8 4:129, 1995.

Tendão do flexor longo do hálux


Nervo tibial

1 ~~--Tendão de Aquiles
Veia safena menor

*=="--Nervo sural
"*"""--Artéria fibular

iâ@ii;M fl!El:I Técnica de tenotomia percutânea do tendão de Aquiles de medial para latera l; observe a proxi midade da artéria
fibular, da veia safena menor e do nervo sural até a borda lateral do tendão.

Os gessos devem ser aplicados em duas etapas: primeiro, um gesso gesso. Uma semana após a ap licação, o primeiro gesso é removido
curto na perna até um pouco abaixo do joelho e, em seguida, uma e, após cerca de 1 minuto de manipulação, o próximo gesso que
extensão acima do joelho quando o gesso secar. Gessos longos nos vai dos dedos do pé à virilh a é aplicado (Fig. 29 -29B). A manipu-
membros inferiores são essenciais para manter uma força de lação e o engessamento, nesta fase, estão focados na abdução do
rotação externa do pé so b o tálus, para permitir o alongamento pé ao redor da cabeça do tálus, com o cuidado de manter a posição
adeq uado das estruturas medi ais e para evitar o desli zamento do supin ada do antepé e evitar qualquer pronação. Durante essas
llllm) PARTE IX TRANSTORNOS CONGtNITOS E DE DESENVOLVIMENTO

A B

Ot§IJ;tjfml Técnica de engessamento de Ponseti para correção de pé torto (ver texto). A, Primeiro gesso; observe o posicionamento
do antepé para alinhar com o calcanhar com a borda externa do pé inclinada ainda mais para baixo por causa da tensão do tendão
de Aquiles. B, O seg undo gesso é ap licado com a borda externa do pé ainda inclinada para baixo e o antepé movido ligeiramente para
fora. C, Terceiro gesso; o tendão de Aquiles é esticado trazendo a borda externa do pé para uma posi ção mais normal já que o antepé
está mais virado para o exterior. D, Último gesso; o tendão de Aquiles é mais esticado com o pé apontado para cima. (De Scher DM: The
Ponseti method for clubfoot correction, Oper Tech Orthop 15:345, 2005.)

m anipul ações, o nav icul ar pode ser sen tido com a redução so bre removido imediatam ente antes da manipulação repetida e do
a cabeça do tálus pelo polegar colocado sob re ela. É fundament al engessamento e uma va ri edade de m aterial de engessamento
que a redu ção da rotação do an tepé ocorra so bre o tálus, e não pode ser utili zada com sucesso sem elh ante.
so bre a arti cula ção calcaneocu bó idea , e o calcanhar não deve ser O último gesso é aplicado com o pé na m es ma posição de
manipulado diretamente. Man ter a supin ação do antepé durante abdução máxima e co m dorsiflexão de 15 grau s. Na maioria das
todo o processo e co rri gir a subluxação talonav icular sem pro- cri anças, um a tenotomi a percutânea do tendão de Aqui les é feita
duzir um a deformid ade em mata-bor rão fará com qu e o calcãneo para prevenir o desenvolvimento de um a deformidade em mata-
ab du za e everta. A co rreção final da deformidade calcãnea resi- -borrão. Esse proced im ento pode se r rea lizado tanto na clínica
dual pode então ser obtida com um a te notomia percutânea do com anestesia cutânea loca l, usando crem es anestésicos, ou em
tendão de Aquil es. centro cirúrgico sob sedação ou anes tesia geral. O benefício da
A manipulação e o engessamento continuam semanalmente tenotomia em ambiente clínico é a redução da necessidade de
pelas próximas 2 a 3 semanas para que haja abdução do pé gra- anestesia e jej um prolongado; no entan to, na sala de ci rurgi a,
dualmente ao redo r da cabeça do tálus. O pé nunca deve ser pode-se co ntrol ar mais fac ilmente o excesso de sangram ento que
pronado at ivamente; no enta nto, a quantidade de supin ação gra- possa ocorrer. O pé é engessado na posição final a aproximada-
du alm ente é diminuída ao lo ngo desses vár ios engessam entos até mente 70 graus de ab du ção e 15 gra us de dorsiflexão durante 3
que o antepé esteja em posição neut ra em relação ao seu eixo semanas (Fig. 29-29D ). Ge ralmente, são necessários cinco ou seis
longi tudinal (Fig. 29-29C). Idealmente, cad a gesso deve ser gessos para co rrigir a defor midade.
CAPÍTULO 29 ANOMALIAS CONGÊNITAS DOS MEMBROS INFERIORES Glilm
1 FASE DE MANUTEN ÇÃO
Quando o gesso é retirado, a criança é colocada em uma órtese que
mantém o pé na posição corrigida (em abdução e dorxiflexão). O
suporte (órtese da abdução do pé) consiste em sapatos montados em
uma barra, numa posição de 70 graus de rotação externa e 15 graus
de dorxiflexão. A distância entre os sapatos é fixada em cerca de 1
cm acima da largura dos ombros da criança. Esse suporte é usado
23 horas por dia, durante os primeiros 3 meses após o engessamento
e, em seguida, durante o sono por 2 a 3 anos. A adesão ao uso da
órtese é de extrema importância na manutenção da correção e na
prevenção da recorrência.

1ABORDAGE M DA RECORRÊNCIA
A recorrência da deformidade não é frequente se o protocolo de
órtese for acompanhado de perto. Recorrências precoces (geral-
mente, equino leve e varo do calcâneo) são mais bem tratadas com
a manipulação repetida e engessamento. O primeiro gesso pode
exigir alguma dorxiflexão do primeiro raio se a deformidade em
cavo estiver presente. Os gessos subsequentes fazem a abdução do
pé ao redor da cabeça do tálus, corrigindo o varo e, finalmente,
permitindo a dorxiflexão do tornozelo. O .alongamento do tendão B
de Aquiles (Fig. 29-28) pode ser necessário se a dorxiflexão for
insuficiente; a transferência do tendão tibial anterior (Capítulo 34)
pode ser necessária para ajudar a manter a correção.

TRATAMENTO CIRÚRGICO

A cirurgia do pé torto é indicada para deformidades que não res-


pondem ao tratamento conservador por manipulação e gessos seria-
dos. Muitas vezes, em crianças com deformidade rígida significativa,
o antepé foi corrigido por meio de tratamento conservador, mas o
retropé permanece fixo em varo e equino ou houve recorrência da
e
deformidade. Cirurgias para o tratamento do pé torto devem ser
adaptadas à idade da criança e à deformidade a ser corrigida.
O@il;WmI!) Incisão circunferencia l t ransversa l (Cinc innati),
como descrito por Crawford et ai. A, Vista méd ia . B, Visão poste-
Uma liberação extensa que inclui o complexo ligamentar poste-
rior. C, Vista latera l. VEJA AS TÉCNICAS 29-10 E 29-19.
rolateral é, na maioria das vezes, necessária para deformidades graves.
O procedimento descrito por McKay leva em consideração a defor-
midade tridimensional da articulação subtalar e permite a correção
da deformidade em rotação interna do calcâneo e a liberação das com deform idade rotaciona l interna grave do ca lcâneo.
contraturas do pé posterolateral e posteromedial. Um procedimento Um possível problema com essa incisão é a tensão na li nha
de McKay modificado através de uma incisão circunferencial trans- de sutura quando se tenta colocar o pé em dorxiflexão para
versal (Cincinnati) é a nossa técnica preferida para o tratamento cirúr- ap licar o gesso pós-operatório. Para evitar isso, o pé pode
gico inicial da maioria dos pés tortos. ser colocado em flexão plantar no gesso pós-operatório
Os princípios gerais para qualquer liberação extensa de pé torto imediato e, em seguida, em dorxiflexão para a posição
em estágio único incluem (1) a liberação do torniquete após a conclusão corrigida na primeira troca do gesso quando a incisão t iver
do procedimento e a obtenção de hemostasia com eletrocautério e (2) cicatrizado, em 2 semanas. Essa troca de gesso frequente-
o fechamento cuidadoso da pele e do subcutâneo, com o pé em flexão mente exige sedação ou anestesia gera l ambu latorial.
plantar, se necessário, para evitar a tensão na pele. O pé pode ser colo- Se o fechamento primário da pele for difícil num pé,
cado numa posição totalmente corrigida 2 semanas após a cirurgia para numa posição totalmente corrig ida, pode-se usar um
a primeira troca de gesso pós-operatório. A cirurgia pode ser feita com fechamento de retalho fasciocutâneo. A rotação de reta-
a criança em decúbito dorsal ou ventral, a critério do cirurgião. lhos V-Y permite o fechamento comp leto da incisão sem
qua lquer tensão da pele.

INCISÃO CIRCUNFERENCIAL
TÉCNICA
TRANSVERSA (CINCINNATI}
Uma opção para a libertação abrangente é a utilização da (CRAWFORD, MARXEN E OSTERFELD)
incisão circunferencial transversa, também conhecida como
incisão de Cincinnati. Essa incisão proporciona uma expo- •Inicie a incisão na face media l do pé, na região da articu-
sição excelente da articu lação subtalar e é úti l em pacientes lação navicu locuneiforme (Fig. 29-30A). )
E!) PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE DESENVOLVIMENTO

•Dirija a incisão posteriormente, curvando suavemente por •Entre no compartimento do feixe neurovascular plantar
)
ba ixo da extremidade dista l do ma léo lo media l e subindo medial e siga-o até o arco do pé, bem além dos
ligeiramente para passar transversalmente sobre o tendão cune iformes.
de Aquiles, aproximadamente no nível da articulação •Levante o músculo abdutor do hálux e as bainhas do
tibiotalar (Fig. 29-308) . tendão t ibia l posterior e os tendões do flexor longo do
•Continue a incisão em uma curva suave sobre o maléolo hálux e do flexor longo dos dedos.
lateral e termine -a distalmente e ligeiramente media l ao •Seccione a fa ixa estreita da fáscia entre os ramos medial
seio do tarso (Fig. 29-30C) e latera l do nervo plantar para perm iti r que o abdutor
•Estenda a incisão dista lmente, medial ou latera lmente, desli ze dista lm ente .
dependendo dos requisitos da cirurg ia. •Entre na bainha do tendão tibia l posterior imediatamente
posterior e acima do maléolo medial. Divida a bainha e
o ligamento do deltoide superficial acima da tíbia até que
o múscu lo possa ser identificado.
LIBERAÇÃO EXTENSA •Alongue o tendão por Z-plastia pelo menos 2,5 cm pro-
POSTEROLATERAL E POSTEROMEDIAL xima lmente ao maléolo media l até a distância máxima
permitida pela incisão. A partir do ponto em que os
TÉCNICA
mlll ~ tendões do flexor longo dos dedos e do flexor longo do
hálux se cruzam, disseque cortantemente ambas as
(MCKAY MODIFICADA) ba inhas do sustentáculo do tá lus, movendo-se na direção
proxima l até que a arti cu lação talocalcânea seja aberta.
•Incise a pe le através de uma incisão circunferencia l •Continue a dissecção abaixo e ao redo r do navicular,
t ransversal (C incinnati), preservando, se possível, as mantendo o segmento dista l do tendão tibial posterior
veias no lado lateral, e proteja o nervo su ral (veja a alongado ligado ao osso.
Técnica 29 - 10). •Abra a articu lação talonavicular puxando a inserção do
•Disseque o tecido subcutãneo acima e abaixo do tendão tendão tibial posterior restante e corte cuidadosamente o
de Aqui les pa ra alongá-lo pelo menos 2,5 cm no plano ligamento do deltoide (ligamento navicular tibial media l),
coronal. Se o alongamento no plano sag ital for efetuado, a cápsula talonavicular, o ligamento talonavicular dorsa l e
a inserção lateral do tendão de Aqui les ao calcâneo deve o ligamento ca lcaneonavicular plantar (mo la) perto do
ser preservada para auxiliar na correção do varo do navicu lar.
retropé. •Entre e exponha cuidadosamente, por dissecção romba e
• Incise o retináculo fibular superior, fora do calcâneo, no ponto retração, o interva lo entre o aspecto dorsal da articu lação
onde ele se conecta com a bainha do tendão de Aquiles. talonavicu lar e os tendões extensores e o feixe neurovas-
•Dissecando com cuidado, separe os ligamentos do calca- cular no dorso do pé. Não disseque ou lese o forneci-
neofibular e do calcaneotalar posterior, o retinácu lo mento de sangue do aspecto dorsal do tá lus.
fibular superior espessado e a bainha do tendão fibular. •Continue a dissecção, fazendo uma in cisão na cápsu la da
•Incise o li gamento calcaneofibular perto do ca lcâneo articu lação talonavicu lar em toda a sua volta medial, infe-
(esse li gamento é curto e grosso e se insere mu ito perto rior, superi or e latera lmente. Inferior e lateralmente à
da apófise). articu lação está o ligamento bifurcado (Y); incise ambas
•El eve as bainhas dos tendões f ibu lares e do retináculo as extrem idades deste li gamento para corrig ir a rotação
fibular superior, a partir da face latera l do ca lcâneo, uti- horizonta l do ca lcâneo.
lizando dissecção cortante, mas tomando cuidado para •Complete a liberação dos ligamentos da articu lação talo-
não cortar os tendões fibulares. ca lcânea e da cápsu la fazendo uma incisão na cáps ul a
•Incise o ligamento ta loca lcâneo latera l e a cápsu la latera l posteromed ial e medial remanescente e no ligamento
da articu lação ta loca lcânea de sua fixação na articu lação superficial do deltoide anexado ao tálus. Não faça
calcânea, no ponto onde eles entram na ba inh a do nenhuma incisão nos li gamentos talocalcâneos (ligame n-
tendão flexor do hálux longo posteriormente. Em pés tos interósseos) neste momento.
tortos mais resistentes, a origem do extensor curto dos •Retraia o nervo plantar late ral, retire a ori gem do músculo
dedos, o li gamento cruzado crura l (retinácu lo extensor quadrado plantar, usando um destaca-periósteo na
inferior), o lig amento calcaneocuboide dorsa l e, ocasio- superfície inferi or medial do ca lcâneo, e exponha o liga-
nalmente, o ligamento cubonavicu lar oblíquo devem ser mento plantar longo sobre o ligamento calcâneo plantar
desinseridos do calcâneo para perm itir que a parte ante- e o tendão fibular longo.
rior do calcâneo se mova latera lmente. •Neste ponto, o tá lus deve rodar para a articu lação do
•N o lado medial, li berte o feixe neurovascu lar (nervos tornozelo, expondo pelo menos 1,5 cm da carti lagem
planta res medial e latera l e componentes vascu lares hialina do seu corpo. Se isso não acontecer, incise o liga-
associados) por meio de dissecação no arco do pé, pre- mento talofibular posterior. Se o tálus ainda não roda r
se rvando o ramo ca lcâneo medial do nervo plantar para a articu lação do tornozelo, corte apenas a parte
lateral. Proteja e retraia o feixe neurovascular com um posterior do ligamento deltoide profundo .
pequeno dreno de Penrose. Comp lete a dissecção do •Deve-se tomar uma decisão quanto à necessidade de
feixe neu rovascu lar medial e latera l através de todo o dividir o li gamento interósseo ta loca lcanea l para co rri gir
arco do pé. a rotação horizonta l anormal através da articulação
CAPÍTULO 29 ANOMALIAS CONGtNITAS DOS MEMBROS INFERIORES Cl!m
taloca lcânea . Essa decisão depende da integ ralid ade da CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Ap lica-se um gesso longo
correção e da mobilidade do comp lexo subtalar, con- na perna com o pé em flexão plantar. Em 2 semanas, o
forme determinado pela posição do pé . gesso é trocado e o pé é colocado na posição corrigida.
•Alinhe o lado medial da cabeça e do colo do tálus com Isso pode ser feito com sedação ou anestesia geral, como
o lado medial dos cuneiformes e empurre mediaimente um procedimento ambu latorial. Em 6 semanas, o gesso
o ca lcâneo posterior para a articulação do tornozelo é trocado novamente e os pinos são removid os (Fig.
enquanto empu rra o pé como um todo em direção pos- 29-32). Todos os engessamentos são interrompidos em
terior. Exam ine o ângulo formado pela interseção do
1O a 12 semanas após a cirurgia.
plano do bimaleolar do tornozelo com o plano horizontal
do pé; se o ângulo for de 85 a 90 graus, o ligamento não
necessita de corte. Entretanto, em crian ças com mais de Deve ser dada atenção especial a do is problemas específicos no
1 ano de idade, essa in cisão geralmente é necessá ri a, pé torto. O primeiro é o retropé equino resid ual em crianças de 6 a
porque o ligamento gera lmente se torna amplo e espesso, 12 meses de idade qu e tenham obtido correção adequ ada da adução
impedindo a derrotação da articulação talocalcânea . do antepé e do varo do retropé. Esse equino pode ser corrigido de
• Após o pé ter sido corrigido satisfatoriamente, passe um forma adequada com alongamento do tendão de Aquiles e capsulo-
pequeno fio de Kirschner através do tálus do aspecto tomia posterior do tornozelo e das articulações subtalares sem uma
posterior ao meio da cabeça . Posicion ar o pino em uma liberação extensa posteromedial de um a fase. O exame fís ico e as
direção ligeiramente latera l na cabeça do tá lus é bené- radiografias devem ser revistos cuidadosame nte para gara ntir que
fico em crianças mais velhas com desvio medial mais uma liberação mais extensa não seja necessária, em vez de um pro-
protuberante da cabeça e do co lo do tálus, pois permite cedimento limitado que corrige apenas o equino do retropé. O varo
o deslocamento lateral do navicular e dos cuneiformes do calcanhar e a rotação interna devem ser corrigidos de forma
sobre a cabeça do tálus para eliminar a adução do adequada se o alongamento do tendão de Aquiles e a capsulotomia
antepé . posterior tiverem de ser usados sozin hos.
•Passe o pino através da articu lação ta lonavicula r e dos O segundo problema específico é o metatarso ad uto dinâmico
cuneiformes e por fora do antepé em qualquer lado causado pela sobretensão do tendão tibial anterior em crianças mais
medial ou lateral do primeiro metatarso. Enquanto um velhas que passaram pelo procedimento de co rreção de pé torto. Nas
assistente insere o pino, molde o antepé para retirar a raras crianças com sintomas, o tratamento de escolha é a transferên-
adução . Corte a extremidade do pino perto do corpo do cia do tendão tibial anterior, seja como um a transferência dividida
t álus e use uma broca em posição ant erior para avançar ou corno urn a transferência de todo o tendão ao cuneiforme inter-
o pino para fora do antepé até ele ficar enterrado no médio. O antepé deve ser fl exível para que a transferência do tendão
corpo posterior do tálus . seja bem-sucedida.
•Para corrigir a rotação do calcâneo sob o tálus, empurre
o conjunto anterior do calcâneo com a articu lação do ALONGAMENTO DO TENDÃO DE
t orn ozelo numa direção late ral , enquanto empurra a AQUILES E CAPSULOTOMIA POSTERIOR
parte posterior do ca lcâneo com a articulação do torno-
zelo numa direção medial e plantar. TÉCNICA ~
• Verifique o posicionamento adequado do pé: o plano ~~~~~~~~-~
longitudinal do pé va ria de 85 a 90 graus em relação ao •Faça uma incisão long itudina l reta sobre o aspecto medial
plano do tornozelo bimaleolar e o ca lcan har sob a tíbia do tendão de Aqu iles, começando em seu ponto mais
está em um lige iro va lgo. distal e estendendo-a proximalmente a 3 cm acima do
•Se o li gamento talocalcâneo tiver sido dividido, insira um nível da articulação do tornozelo. Faça uma dissecção
pino através do calcâneo, enterrando-o no fundo do tálus cortante através do tecido subcutâneo .
da superfície plantar. Não penetre na articulação do •Identifique o tendão de Aquiles e faça uma incisão
tornoze lo. medi aimente através do peritendão. Disseque o tendão
•Suture todos os t endões co nfortave lm ente com o pé de Aq uil es circunferencia lmente para expô-lo em um
em um ângu lo máximo de 20 graus de dorsiflexão . comp rimento de 3 a 4 cm.
Após a sutu ra dos tendões, puxe as bainhas do flexor • Realize uma tenotomia do tend ão plantar, se ele estiver
longo do hálux e do flexor longo dos tendões dos presente.
dedos para baixo sobre eles. Reposicione o tendão •Identifique o flexor longo do hálux media imente, o flexor
tib ial posterior alongado em sua bainha e repare a curto dos dedos e os tendões tibiais posteriores e o feixe
ba inha aba ixo do ma léolo media l. Com o tecido fibro- neurovascu la r; proteja-os com drenos de Penrose.
adiposo que ficou conectado ao ca lcâneo, anterior- •Realize uma Z-plastia pa ra alongar o tendão de Aquiles,
mente ao tendão de Aquiles, cubra a face lateral da liberando a metade medial distalmente e a metade lateral
articulação do tornozelo. Evite que os tendões fibulares proximal mente a uma distância de 2,5 a 4 cm (Fig . 29-33).
e a bainhas de se deslocarem levemente em torno da • Suavemente desbride a gordura pericapsular no nível da
fíbul a suturando as ba in has dos tendõe s fibu lares ao arti culação subtalar.
retalho f ibrad iposo. Feche o t ec ido subcutâ neo e a pele •Identifique o aspecto posterior da articul ação do torno-
com suturas interrompida s.
zelo por flexão plantar e dorsiflexão suave do pé. Se a
• Aplique um curativo não ade rente e, muito vagamente, articulação do tornozelo não puder ser identificada facil-
aplique um gesso longo acolchoado na perna com o pé mente, faça uma pequena incisão vert ica l na linha méd ia
em flexão planta r e flexiona do a 90 graus (Fi g. 29-31). até qu e sa ia fluid o sinovial da articulação. )
~ PARTE IX TRAN STORNOS CONG ÊN ITOS E DE DE SEN VOLVIMENTO

H@l!;f4'mJ:I Procedimento modificado de McKay usando incisão de Cincinnati. A, Aparência clínica após a correção . B e C, Radio-
grafias anteroposteriores e laterais pré-operatórias. VEJA A TÉCNICA 29-11.

H@l!;fdfl!l9 A e B, Aparência rad iográfica do pé esquerdo em crian ça de 6 anos de idade que passou por procedimentos modifi-
cados de McKay aos 6 meses de idade. VEJA A TÉCNICA 29-11.
CAPÍTULO 29 ANOMALIAS CONGÊNITAS DOS MEMBROS INFERIORES G!I!Dlll

iã!ijii:OmJI Alongamento do tendão de Aquiles. VEJA A


TÉCNICA 29-12.

•Rea li ze uma capsu lotomia transversal no aspecto mais


)
medial, parando na bainha do tendão tibial posterior e
O[dil;Mm:I Hipercorreção aparente do pé torto esquerdo
de uma menina de 6 anos de idade.
na articu lação mais latera l da articu la ção tibiofibular. Não
divida a bainha do tendão tibial posterior e o ligamento
deltoide profundo subjacente. A deformidade pode assumir muitas formas e não há orientações
•Se for necessária a capsu lotomia subta lar posterior, entre claras sobre o tratamento. Cada criança deve ser avaliada cuidado-
na articulação subta lar no aspecto mais proximal da bainha samente para determinar qual tratamento seria melhor para corrigir
do tendão do fl exor longo do hálux e estenda a capsu lo- seu comprometimento funcional particular. O exame físico com-
tomia medial e lateralmente, conforme a necessidade. pleto deve incluir uma avaliação cuidadosa do antepé e do retropé.
•Coloque o pé em 1O graus de dorxiflexão e aproxime o A deformidade residual do antepé deve ser determinada como dinâ-
tendão de Aquiles para avaliar a tensão. Coloque o pé mica (com um antepé flexível) ou rígida. A quantidade de inversão
em flexão plantar e repare o tendão de Aqui les no com - e eversão do calcâneo e de dorsiflexão e flexão plantar do tornozelo
primento adequado. deve ser determinada. Todos os procedimentos cir úrgicos anteriores
•Esvazie o torniquete, obtenha hemostasia com eletrocau- que tenham causado cicatrizes significativas em torno do pé ou
tério e feche a incisão em camadas. perda de movimento devem ser observados. Radiografias anteropos-
• Aplique um gesso longo com joelhos flexionados com o teriores e laterais em pé devem ser obtidas para avaliar as medidas
pé em 5 graus de dorxiflexão. anatômicas; se a deformidade do pé torto for unilateral, o pé oposto
pode ser usado como um parâmetro para as medidas. Todas as
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O gesso é removido 6 possíveis causas da deformidade persistente, incluindo neuropatia
semanas após a ciru rgia. Um suporte pós-operatório com subjacente, crescimento anormal dos ossos ou desequilíbrio muscu-
uma órtese que vai do tornozelo ao pé pode ser usado lar, devem ser investigadas. A maioria das deformidades foi relatada
por mais 6 a 9 meses. como resultante de subcorreção no momento da cirurgia principal
por causa da falha na liberação da articulação e da fáscia plantar
calcânea e da falha em reconhecer a adução do antepé residual em
radiografias intraoperatórias; no en tan to, a hipercorreção com valgo
Raramente, as crianças com pé torto corrigido, seja por meios do retropé ou a subluxação dorsal do navicular não são incomuns.
cirúrgicos ou não cirúrgicos, desenvolverão um metatarso aduto A correção incompleta pode não ser óbvia no momento da
dinâmico pelo desequilíbrio do tendão tibial anterior. Nesses casos, cirurgia, mas torna-se evidente com o crescimento à medida que as
a transferência de parte do tendão tibial anterior ou a transferência deformidades persistentes tornam-se mais evidentes (Fig. 29-34). O
de todo o tendão ao cuneiforme intermédio é apropriada se os sin- pé torto que, por avaliação clínica e radiográfica, parece não ter sido
tomas forem suficientes para exigi r cirurgia, mas isso raramente é corrigido nem sempre exige cirurgia. A capacidade funcional da
indicado em crianças neurologicamente normais (Capítulo 33). criança, a gravidade dos sintomas associados à deformidade e a
Várias avaliações de longo prazo em pés tortos tratados com probabilidade de progressão, se a deformidade não receber trata-
cirurgia demonstraram bons resultados. Os pés tipicamente são mento, devem ser consideradas quando as decisões sobre o trata-
plantígrados, funcionais e relativamente indolores; no entanto, a mento estiverem sendo tomadas.
rigidez e desconforto leve persistentes ao ficar em pé por muito A correção cirúrgica básica do pé torto resistente inclui libe-
tempo ou em atividade são comuns. ração de tecidos moles e osteotomias. Os procedimentos e a combi-
nação de procedimentos adequados dependerão da idade da criança,
da gravidade da deformidade e dos processos patológicos envolvi-
PÉ TORTO RESISTENTE dos. As orientações gerais a serem empregadas na tomada de decisão
são apresentadas na Tabela 29-4.
O tratamento do pé torto residual ou resistente em crianças mais Em geral, quanto mais velha a criança, mais provável que pro-
velhas é um dos problemas mais difíceis em ortopedia pediátrica. cedimentos combinados sejam necessários. Crianças de 2 a 3 anos
~ PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE DE SENVOLVIMENTO

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O valgo do tornozelo deve ser diferenciado do va lgo do retropé
2974
.,,,.,,,.., "
Tratamento do Pé Torto Resistente
porque os métodos e a época da cirurgia de correção são diferentes .
DEFORMIDADE TRATAMENTO Para valgo sintomático do torn ozelo, indica-se a epifisiodese per-
cutânea maleolar medial com um parafu so corti cal de 4,5 mm.
Metatarso >5 anos: osteotomia do metatarso
Pa ra o varo isolado do calcanhar com supinação leve do
aduto
antepé, pode ser realizada uma osteotomia de Dwyer com uma
Retropé em <2 a 3 anos: procedimento modificado
osteo tomia em cunha de fec hamento lateral do calcâneo. Uma oste-
varo de McKay
otornia em cunha de abertu ra do calcâneo ocasionalmente é seguid a
3 a 10 anos:
por deiscência da pele ao longo da incisão so bre o calcâneo. Por
Osteotomia de Dwyer (varo isolado do
conseguinte, emb ora algum a altura do calcâneo seja perdida após
calcanhar)
Procedimento de Dillwyn-Evans (coluna
uma osteo tomia em cunha de fechamento lateral, a maiori a dos
medial curta) autores prefere atua lmente a osteo tomia em cunha de fechamento
Procedimento de Lichtblau (coluna lateral com fixação por fios de Kirschner, se necessário. A idade ideal
lateral longa) para a cirurgia é de 3 a 4 anos, mas não há limite máximo.
1O a 12 anos: artrodese tripla Se a deformidade do retropé incluir varo do calcanhar e
Equino Alongamento do tendão de Aquiles rotação inte rn a residual do calcâneo com coluna longa lateral do pé,
mais capsulotomia posterior da o procedim ento de Lichtblau pode ser apropriado. Esse procedi -
articulação subtalar, articulação do mento co rrige a coluna lateral longa do pé com uma osteo tomia em
tornozelo (deformidade de leve a cunha de fechamento do aspec to lateral do calcâneo ou com enucle-
moderada) ação do cub oide. Os melhores res ultados com esse procedimento
Procedimento de Lambrinudi são obtidos em crianças com 3 anos de idade ou mais em que o
(deformidade grave, imaturidade calcâneo e a coluna lateral sejam longos em relação ao tálus. Com -
óssea) plicações potenciais incluem o desenvolvimento de um pé em fo rm a
Todos as três > 1O anos: artrodese tripla de "Z" ou pé em serpentina.
deformidades Relatou-se que o aduto do antepé, como medid o pelo seg undo
ângulo do metatarso do calcâneo, melhora após a osteotomia com-
bi nada do cuboide com o cuneifo rm e, sem que sejam necessárias
outras cirurgias.
O equin o residual do calcanh ar po de se r corri gido pelo
alongam ento do te nd ão de Aq uil es e p or capsul otomi as subtalar
e do to rn ozel o pos teri or em um a cri an ça mais nova com um a
defo rm idade leve. Em casos raros, um isolado, um a defo rmi-
de idade podem ser candi datas ao procedim en to modificado de dade fi xa em equ in o em urn a cri ança mais velha exige um a art ro-
McKay (veja a Técnica 29- 11 ), mas se a liberação anterior de tecidos dese de Lam brinudi.
moles tiver causado rigidez da articul ação subtalar, osteonecrose do Foram relatados bons resultados a longo prazo com a liberação
tálus ou contraturas graves na pele, as osteotomias são a melhor completa dos tecidos moles e a fusão calcaneocuboide para pé torto
escolha. Crianças com mais de 5 anos quase sempre precisam de recorrente, possivelmente evitando a necessidade da artrodese trí-
osteo tomias para correção de deformid ade resistente; crianças de 1 plice mais â frente.
a 5 anos de idade constituem uma zona cinzenta em que as ori en- A ar tro dese ta lo nav icular também tem sid o descrita para
tações sobre tratamento não são claras sendo necessário um julga- deformid ades residuais do medi opé, com o u sem encurtamento
mento cuidadoso. Os componentes separados da defo rmidade da coluna lateral, e os teo tomia em cunh a do calcâneo com
residual devem ser avaliados com precisão, e o tratamento deve ser melhori a dos sintom as. Isso deve ser cuidadosamente co nside-
conduzido de fo rma adequada. Os compo nentes comuns da defo r- ra do se a maio r parte do movimento do pé estive r ocorrend o
midade de pé torto resistente são adução ou sup inação, ou ambas, nes ta articul ação.
do antepé, coluna medial curta ou coluna lateral longa do pé, rotação Se todas as três defor midades estiverem presentes em um a
interna e varo do calcâneo e equin o. criança com mais de 10 anos (Fig. 29-35), a artro dese tríplice pode
A correção do antepé com adução residual ou supinação, ou ser apropriada. A torção tibial intern a ocorre ocasionalmente asso -
ambas, é semelhante à correção do metatarso aduto isolado com ciada â deformidade do pé to rto resistente, m as raramente precisa
vári as osteotomias do metatarso ou osteotomias combinadas do de osteo tomia derrotacional. Antes de se considerar a osteotomia
cuneiforme medial e do cuboide lateral, qu ando a defo rmid ade for da tíbia, deve-se determin ar absolutamente qu e a condição pato-
no antepé. Como a supinação e a adu ção din âmicas muitas vezes são lógica esteja confi nada â tíbia e q ue não seja um a deformidade
causadas por hiperatividade do tendão tibial anterior e hipoativi- resistente no pé.
dade do tendão fibular, um procedimento de equilíbrio de tendão A correção usando o dispos itivo de Ilizarov, com ou sem
pode ser a solução mais razoável no pé fl exível. procedim entos ósseos, fo i desc rita para a co rreção em crian ças
A avaliação do retropé deve determinar se a deform ação é com graves deformid ades ósseas e dos tecidos moles. Os princípios
causada por varo isolado do calcanhar, coluna lateral longa do pé ou da correção de Ili zarov para casos graves de pé torto res istente
coluna medial curta. Em cri anças com menos de 2 ou 3 anos que incluem fixação óssea estável à tíbia, ass im como a fixação de pino
não passaram por uma cirurgia anterior, o varo residual do calca- no tálus, no calcâneo e no antepé. Alguns defend em a liberação
nhar pode ser corri gido por uma extensa liberação subtalar, mas as parcial de tec idos moles antes da co rreção gradu al, mas o risco de
crianças de 3 a 10 anos de idade que têm deformidades ósseas e de complicações da frat ura é mui to m aior com essa abordagem. Após
tecidos moles residuais geralmente precisam de procedimentos a co rreção, a liberação de tecidos moles, com ou sem art ro dese,
combinados. também pode ser necessári a para manter a correção e prevenir a
CAPÍTULO 29 ANOMALIAS CONGÊN ITAS DOS MEMBROS INFERIORES

O@iljf4mit A e B, Defo rm idades em men ino de 12 anos de idade depo is de subcorreção do pé to rto esq uerdo. Obse rve o met a-
tarso aduto, o varo do calcanhar e a torção tibia l interna.

recorrência. Essa abordagem oferece a possibilidade de manter o


comprimento do pé e alcançar uma posição plantígrada e a corre- LIBERAÇÃO MEDIAL CO!'JI
ção da deformidade tridimensional. No entanto, o impacto psico- OSTEOTOMIA DO CALCANEO DISTAL
lógico do tratamento de Ilizarov deve ser cuidadosamente considerado,
e a reabilitação pode ser bastante desafiadora. Uma alternativa para a artrodese calcaneocuboide é a osteo-
t omia de fechamento em cunha lateral do calcâneo, como
descrito por Lichtblau (Fig. 29-36). Esse proced imento pode
impedir a rigidez a longo prazo do retropé observada com
o procedimento de Di llwyn-Evans .
~
OSTEOTOMIA DO CALCÂNEO PARA TÉCNICA
---~--==--~~~----'~
DEFORMIDADE EM VARO (LI CHTBLAU)
PERSISTENTE DO CALCANHAR
Dwyer descreveu a osteotomia do calcâneo para recaída de pé •Se for necessária liberação de tecidos moles med iai -
torto, usando uma osteotomia em cunha de abertura mediai- mente, faça uma incisão na face media l do pé come-
mente para aumentar o comprimento e a altura do calcâneo. çando cerca de 1 cm abaixo do maléolo media l, cruzando
A osteotomia é mantida aberta por uma cunha de osso retirado a tuberosidade do navicular e inclinando para baixo até
da tíbia. Uma modificaçâo desta técnica é uma osteotomia em a base do primeiro metatarso . Identifique e libere a
cunha de fechamento de base lateral do calcâneo. borda superior do múscu lo abdutor do há lux e rebata -o
em direção plantar.

-------~
TÉCNICA • Isole o tendão tibial posterior na sua inserção na tuberosi-
dade do navicular, disseque-o de sua bainha e rea lize uma
(DWYER, MODIFICADO) Z-plastia cerca de 1 cm de sua inserção. Permita que a
extremidade proximal do tendão retraia, usando a extremi-
•Exponha o calcâneo através de uma incisão latera l sobre dade distal como um gu ia para a articu lação ta lonavicular.
o calcâneo, o cuboide e a base do quinto metatarsiano. • Faça a ressecção da bainha do tendão que recobre a
•Exponha a superfície lateral do osso subperiostealmente articu lação e abra-o generosamente em seus aspectos
e, com um osteótomo largo, resseque uma cunha de osso mediais, dorsais e plantares.
com base lateralmente suficientemente grande, que, •Abra as bainhas dos tendões flexores e alongue-os por
quando removida, permita a correção do varo do ca lca- meio da técn ica de Z-p lastia.
nhar. Não lese os tendões fibulares . •Faça uma incisão lateral de 4 cm de comp rimento cen -
•Retire a cunha de osso, coloque o ca lcanhar na posição trada sobre a articulação ca lcaneocuboide.
corrigida e feche a incisão com suturas interrompidas. •Disseq ue a origem do músculo extensor curto dos dedos
• Se necessário, fi xe a osteotomia com um fio de Kirschner. desde o calcâneo e rebata-o distalmente para permitir a
•Aplique um gesso curto na perna com o pé na posição exposição e a abertura da articu lação calcaneocuboide.
corrigida. •Identifique a extremidade dista l do calcâneo e realize uma
osteotomia em forma de cunha, removendo cerca de 1
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O fio de Kirschner é cm da borda distal e lateral do ca lcâneo e 2 mm da borda
removido em 6 semanas, e o uso do gesso é interrompido distal e medial. Deixe a superfície articular do calcâneo
em 8 a 12 semanas. intacta.
)
11111!1) PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE DESENVOLVIMENTO

O@ii;MmI!t A-D, Deformidade residual grave de pé torto em criança de 5 anos de idade em radiografias anteroposterior (A) e
latera l (C). B e D, Após procedimento de Lichtblau. VEJA A TÉCNICA 29-14.

•Ponha o cuboide em contato com a extremidade distal


)
do ca lcâneo no local da osteotom ia e aval ie a quantidade
de correção da deformidade em varo. Se o cuboide não
puder ser estreitamente aproximado do calcâneo, resse-
que mais o calcâneo .
•U m f io de Kirschner liso pode ser inserido através da
articu lação ca lcaneocuboide para fixar a osteotomia.
• Repare t odos os t ecidos moles e feche o tecido subcutâ-
neo e a pele . Ap lique um gesso longo na perna com o
pé na posição corrigida.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O gesso longo na perna


é trocado por um gesso curto 3 semanas após a cirurgia.
O gesso curto é usado por mai s 6 semanas. O pino é
removido com 8 a 12 semanas.

OSTEOTOMIAS SELETIVAS DE
PROTEÇÃO DAS ARTICULAÇÕES PARA
DEFORMIDADE RESIDUAL CAVOVARO
Descritas por Mubarak e Va n Va lin, as osteotomias seletivas
de proteção das articu lações do pé podem ser usadas em
várias etiologias que resultem em deform idades ríg idas dos
pés em cavo e cavovaro, incluindo neuropatias hereditárias
lâ@l@1mJa Proced im ento de Lichtblau. VEJA A TÉCNICA sensório-motoras, traumatismo craniano, lipoma na medula
29-14.
espinhal e pé torto residu al ou recorrente . A técnica envo lve
a correção gradual de cada aspecto da deform id ade com
uma osteotomia em cunha de fechamento do prime iro
CAPÍTULO 29 ANOMALIAS CONGÊNITAS DOS MEMBROS INFERIORES cm:m
metatarso, osteot omia em cu nh a de abertura plantar do
cuneiforme med ial, osteotomia em cunha de f echamento
do cuboide, osteotom ias do segundo e do tercei ro meta-
tarso, osteotomia deslizante do calcâneo, fasciotom ia
plantar e transferência do f ibu lar curto . As ind icações para
esse proced imento são deform idade rígida em cavo ou
cavovaro, sintomas de instabil idade no t ornozelo o u no pé,
incluindo dor, cabeça dos metatarsos dolorosas e calosida-
des e entorse do torn ozelo ou do pé ou fraturas.
A
TÉCNICA
(MUBARAK E VAN VALIN)

• Para corrig ir cavo rígido, faça uma incisão ao longo do pé


medial sobre o primeiro metatarso e o cuneiforme media l.
•Libere parcialmente o tendão tibial anterior para expor o
cun eiforme.
•Sob orientação fluo roscó pica, coloque agu lhas intraós-
seas ou pequenos fios de Kirschner na parte média do
cuneiforme med ial e 1 cm distal à primeira f ise do meta- B
tarso. Tome cuidado para não lesar a fise.
• Real ize uma osteotom ia dorsa l em cunha de fechamento
do primeiro metatarsiano, removen do uma grande cunha
com 20 a 30 graus (Fig. 29-38A). Em segu ida, crie uma
osteotom ia em cunha de abertura do cuneiforme media l
com base planta r e insira a cunha óssea (Fig. 29-38B).
Esta bilize as duas osteotom ias com fios de Kirschner.
• Para corrigir o varo do antepé, faça uma incisão lateral
longitudinal que recubra o cuboide. Identifique as articu la-
ções do calcâneo com o cuboide e do cuboide com o quinto
metata rsiano com fluoroscopia e proteja essas articu lações.
Faça uma osteotom ia em cun ha de fechamento do cuboide e
com base lateral, removendo uma cu nha triangular do osso
com um tamanho na base de 5 a 1O mm (Fig . 29-38C). Fixe O@il;MfllI> Osteotomias seletivas de proteção das articula-
a osteotomia com um fio de Kirschner. ções (Mubarak e Van Valin). A, osteotomia em cunha de fechamento
• Se a proeminência da seg unda e da terceira cabeça dos dorsal do primeiro metatarso. B, Osteotomia em cunha de abertura
metatarsianos permanecerem após as osteotomias t erem do cuneiforme medial com base plantar. C, Osteotomia em cunha
sido concluídas, serão necessá rias osteoto mias dorsais em de fechamento do cuboide com base lateral. (Redesenhada de
cunha de fec hamento do segundo e do terceiro meta- Muba rak SJ, Van Valin SE: Osteotomies of the foot for cavus deformities
tarso (Fig . 29-38C). Faça uma única incisão sob as bases in children, J Pediatr Orthop 29:294, 2009.) VEJA A TÉCNICA 29-15.
do segundo e do t erceiro metatarso. Crie, dorsalmente,
uma osteotomia com base ligei ramente latera l em cun ha
de f echamento da base de cada metatarso e esta bilize-as
com fios de Kirsc hn er intramedu lares.
•Para varo do retropé rígido, realize uma osteotomia de
Dywer do calcâneo (veja a Técnica 29-13).
•Em seg uida, ava lie a fáscia plantar. Se essa estrutura estiver
tensa, rea lize uma fasciotomia plantar (Capítu lo 86).
•Para deformid ades ca usadas por doenças neurológicas,
considere uma transferênci a do fibular lon go ao curto. • ARTRODESE TRÍPLICE E TALECTOMIA PARA PÉS
Através da mesma incisão usada para a osteotomia do TORTOS NÃO CORRIGIDOS
cuboide, libere o fibular longo im ed iatamente sob o
A artrodese tríplice e a talectomia geralmente são ciru rgias de sal-
cuboide e anexe-o ao curto .
vamento para pé torto não corrigido em crianças mais velhas e
•Feche a incisão. Aplique um gesso curto bivalvado à pern a.
ado lescentes (Figs. 29-39 e 29-40). A artrodese tríplice corrige o pé
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O gesso bi va lva do deve gravemente deformado por meio de uma osteotomia lateral em
ser f echado em 1 semana. O paciente não deve descar- cunh a de fechamento através das articulações subtalares e mediotá.r-
regar ca rga sobre a perna durante 4 semanas. Os pinos sicas. Os resultados funcionais geralmente são aprimorados apesar
são removidos com sedação anestésica e ap lica-se um da rigidez ar ticul ar pós-operatória. A tal ectomi a deve ser reservada
gesso curto à perna. O paciente pode fazer carga sob re para pé torto grave, sem tratamento; para pé torto tratado anterior-
a perna no segundo engessa mento por mais 4 semanas. mente, que é incorri gível por quaisquer outros procedimentos cirúr-
gicos; e para pé torto neuromuscular.
lllI!:m> PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊN ITOS E DE DESENVOLVIMENTO

O!§lh@&ID A, Pé torto não tratado em uma menina de 14 anos de idade . B, Varo recorrente do retropé
esquerdo em uma menina de 8 anos de idade.

• Por meio de uma abordagem oblíq ua anterolateral, exponha


as articulações mediotársicas e subta lares (Fig. 29-41 ).
• Faça a ressecção de uma cunha óssea de base latera l, que
inclua as articulações mediotársicas. Faça ressecção óssea
suficiente para corrig ir as deformidades em varo e a
adução do antepé.
•Através da mesma incisão, resseque uma cunha óssea,
novamente com base latera l, que inclua a articulação
subtalar. Resseque osso suficiente para corrigir a deformi-
dade em varo do ca lcâneo. Se necessário, inclua na cunha
o navicu lar e a maior parte do cuboide e do cune iforme
latera l e da parte anteri or do tá lus e do calcâneo e, na
segunda cunha, incl ua a ma ior parte da parte superior do
calcâneo e da parte inferior do tá lus.
•Alongue o tendão de Aqui les por Z-p lastia e realize uma
capsulotomia posterior da articu lação do tornozelo. Ao
manipular o tornozelo, corrija a deformidade em equ in o.
•Mantenha a posição correta com um fio de Kirschner
inserido através das articu lações ca lcaneocuboide e talo-
navicular ou com f ixação por grampos.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Com o pé na pos ição


corrigida e o joelho em flexão de 30 graus ap lica-se um
gesso longo à perna a partir da base dos dedos do pé até
a virilha. O fio de Kirschner e o gesso são removidos em
6 semanas . Um gesso curto na perna é usado por mais
O!§IHMmr!) A, Pé torto hipercorrigido em menino de 12
4 semanas.
anos de id ade, mostrando va lgo do retropé, lu xação dorsal do
navicular no tálus e deformidade de joanete dorsal. B, Radiogra-
fia latera l com o paciente em pé.
TALECTOMIA
Trumble et ai. descreveram uma ta lectomia pa ra a defor-
midade do pé torto em pacientes com mielomeningocele,
ARTRODESE TRÍPLICE mas a técnica pode ser modificada pa ra o tratamento de

------'~
uma deformidade grave, resistente e idiopática.
TÉCNICA
~
• Faça uma incisão ao longo do lado medial do pé, TÉCNICA
parale lamente à borda inferior do calcâneo.
~---------1~
• Libere os ligamentos da fáscia plantar e dos flexores (TRUMBLE ET AL.)
curtos dos dedos da face plantar do ca lcãneo.
•Por manipulação, corrija a deformidade em cavo ao máximo •Exponha o tálus através de uma in cisão para lela à
possível. borda inferior do ca lcâneo (F ig. 29-42A). Se for
CAPÍTULO 29 ANOMALIAS CONGÊNITAS DOS MEMBROS INFERIORES G!Dllll

H@ii;@mJI Artrodese para pé torto persistente ou não tratado. A área entre linhas verdes sól idas representa a quantidade de
osso removido da reg ião mediotársica e da articulação subtalar em deformidade fixa moderada. Em uma deformidade grave, a cunha
pode incluir grande parte do tálus e do calcâneo e parte dos cune iformes. VEJA A TÉCNICA 29-16.

necessária a liberação ad iciona l de tecido mole, pode-se •Corrija a deformidade em equino do retropé seccionando
realizar a talectom ia após a liberação periférica (vej a a o tendão de Aquiles e permitindo que a sua extrem idade
Técnica 29-1 O) proximal se retraia .
•Leve a dissecção até a margem articular lateral proemi- • Em pés com deformidade em equinovaro grave e sem corre-
nente do navicular, no intervalo entre o extensor longo ção, a cúpula do tálus pode ser extraída anteriormente à sua
dos dedos e os tendões do terceiro fibular. Inverta e fle- relação normal na pinça do tornozelo. O estreitamento adap-
xione no sentido plantar o antepé. tativo do encaixe pode exigir liberação dos ligamentos tibio-
•Coloque uma pinça de campo em volta do colo do tálus fibulares anteriores e posteriores da si ndesmose para permitir
e exteriorize-o pela incisão; disseque todos os seus liga- o posicionamento posterior adequado do calcâneo.
mentos (Fig. 29-428) . Retire o tálus intacto porque os •Na posição plantígrada adequada, o eixo longitudinal do
restos acumulados de carti lagem podem interferir no pé deve ser alinh ado em um ângu lo reto com o eixo
posicionamento adequado do pé; esses restos também bimaleolar do tornozelo, e não em relação ao eixo da
podem crescer e causar mais tarde deformidades e perda articu lação do joelho. Isso gera lm ente precisa de 20 a 30
da correção. graus de rotação externa do pé.
• Faça a derrotação do antepé e desloque o calcâneo poste- • Quando a posição correta tiver sido obtida, insira um ou dois
riormente na pinça do tornozelo até que o navicular alinhe- pinos de Steinmann do calcanhar ao calcâneo e na tíbia distal.
se à borda anterior do pilão tibial. A superfície articular •Aplique um gesso longo à perna com o joelho flex ionado
exposta do pilão tibial deve ser oposta à faceta articular a 60 graus.
média do calcãneo. Se for necessário obter deslocamento
posterior adequado, excise o navicular do tarso. CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Os pinos de Steinmann
• Seccione o deltoide e os ligamentos colaterais laterais do são removidos em 6 semanas e aplica-se um gesso leve.
tornozelo . O gesso é usado por mais 12 semanas.
lllll!JD PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE DESENVO LVIMENTO

• JOANETE DORSAL
Os joanetes dorsais que se desenvolvem após a ci rurgia do pé torto
OSTEOTOMIA DO PRIMEIRO
são atribuíd os à fraqueza muscular, particularmente do tríceps sural, METATARSO E TRANSFERÊNCIA DE
ond e um joanete se desenvolve à med ida que o paciente tenta impul- TENDÃO PARA JOANETE DORSAL
siona r co m os flexores do dedo para compensa r a fraqu eza do tríceps

------~
ou o desequilíbrio entre o músculo tibial anteri or e um músc ul o TÉCNICA
fibul ar longo pouco funcion al. A maioria dos autores recomenda a
transferência do flexor longo do hálux para o colo do primeiro (SMITH E KUO)
metatarso, combinada com a co rreção óssea por osteotomia em
cunha de fechamento plantar do primeiro metatarso (Fig. 29-43). • Através de uma incisão medial, exponha o primeiro
metatarso e faça uma osteotomia em cunha de
fechamento plantar proximal.
• Ali nhe o metatarso com o antepé pela flexão plantar e
insi ra um fio de Kirschner para fixação.
•Leve a incisão distalmente ou faça uma seg unda incisão
na articu lação metatarsofa lângica para perm itir a identi-
fi cação e a tran secção do fl exor longo do tendão.
•Faça um orifício no colo dista l do primeiro do metatarso
em uma direção dorsa l-p lantar.
• Passe o tendão flexor do hálux pelo ori fício e o suture
sobre si mesmo.
• Feche as incisões e aplique na perna um gesso curto e leve.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O paciente não deve


apoiar sobre o gesso durante 6 semanas, após as quais o
A B f io de Kirschner é removido. O gesso curto na perna é
usado por 4 semanas. Em gera l, as atividades pod em ser
lj!§il;Mfll9 Talectomia. A, Incisão na pele antero lateral . B, retomadas plenamente em 3 a 4 meses.
Talectomia total . VEJA A TÉCNICA 29-17.

H(dll;§im!I A, Joanete d orsa l em menino de 9 anos após liberação do pé torto aos 9 meses de idad e. B, Vista lateral do joa nete
do rsa l na a rticula ção metatarsofa langi ana do hálu x esquerdo. C, Aparência pós-operatória do pé esq ue rd o após osteotomia plantar
em cunh a de fechamento do primeiro metatarso com transfer ê ncia do flexo r longo do hálu x pa ra o co lo do prim eiro metatarso.
CAPÍTULO 29 ANOMALIAS CONGÊNITAS DOS MEMBROS INFERIO RES G!llll

H@ii;tg! Et!19 A, Tálus vertica l congênito bilateral em criança de 14 meses de idade. B, Aos 6 anos de idade após correção cirúrgica
bilateral com a idade de 14 meses em que foi utilizada a abordagem circunferencial transversal.

anteroposteriores em flexão plantar; as últimas confirmam o diagnós-


TÁLUS VERTICAL CONGÊNITO
tico do tálus vertical congênito (Fig. 29-45).
O tálus vertical congên ito, pé chato em mata-borrão ou pé plano
rígido congêni to, deve ser diferenciado do pé plano flexível comu-
mente visto em bebês e crianças. O tálus vertical congênito pode TRATAMENTO
estar associado a numerosas doenças neuromuscul ares, como artro-
gripose e mielomeningocele, mas também pode ocorrer corno urna O tálus vertical congênito é difícil de ser corrigido e tende a recidi-
anomalia congên ita isolada. var. De qualquer forma, manipulações delicadas seguidas de imobi-
lização com gesso são benéficas, quando a pele, as estruturas de
tecidos fibrosos e os tendões no aspecto anterior do pé e do torno-
ACHADOS CLÍNICOS E RADIOGRÁFICOS zelo estão esticados. A redução da articul ação talonavicular rara-
mente é possível apenas por meios conservadores; consequentemente,
Ge ralmente, o tálus vertical congênito pode ser detectado ao nasci- a redução aberta geralmente é necessária.
mento pela presença de uma saliência arredondada das superfícies Dobbs descreveu o uso ambulatori al de engessamento em série
mediais e plantares do pé produzida pela localização anormal da para alcançar relaxamento das estruturas dorsolaterais do pé e
cabeça do tálus (Fig. 29-44). O tálus encontra-se tão distorcido no redu ção parcial ou completa da articulação talonavicular seguida de
sentid o plantar e medial que fica quase verti cal. O calcâneo também pinagem percutânea retrógrada ou de redução aberta e pinagem
se encontra numa posição em equino, mas em menor grau. O an tepé retrógrada da articulação talon avicular na sala de cirurgia. Uma vez
encontra-se dorxiflexionado nas articulações mediotársicas e o navi- que a articulação talonavicular esteja estabili zada pela fixação com
cular se situa no aspecto dorsal da cabeça do tálus. A sola está pinos, realiza-se a tenotomia percutânea do tendão de Aquiles para
convexa e existem pregas profundas sobre o aspecto dorsolate ral do alcançar a dorsiflexão do tornozelo, sem defo rmidade persistente em
pé anterior e infe rio rmente ao maléolo lateral. mata-borrão. Excelentes resultados em termos de aparência clínica,
À medid a que o pé se desenvolve e começa o apo io, mudan- fun ção e correção de deformidade foram relatados em 19 pés trata-
ças adaptati vas ocorrem no tarso. O tálus fi ca co m a forma de dos com essa técnica, mas um acompanhamento mais longo é neces-
um a ampulheta, mas permanece em uma posição em equino tão sário para estabelecer a eficácia dessa técnica.
acentuada que o se u eixo longitudinal é quase o mesm o que o da A indicação cirúrgica exata é determinada pela idade da criança
tíbia e ape nas o terço posterior da sua sup erfí cie articular sup e- e a gravidade da deformidade. Crianças de 1 a 4 anos de idade geral-
rior se art icula com a tíbia. O calcâneo perm anece em um a mente são tratadas de forma mais adequada com redução aberta e
posição em equin o e tamb ém encontra- se deslo cado poste rior- realinhamento das articulações talonaviculares e subtalares. Ocasio-
mente, e a parte anteri o r da sua superfície plantar se torn a arre- nalmente, em crianças com 3 anos ou mais que têm uma deformidade
dondada. Desenvolvem-se calosidades abai xo da extremidade grave, a excisão navicular é exigida no momento da redução aberta.
anter ior do calcâneo e ao longo da borda medial do pé, supe rfi - Crian ças de 4 a 8 anos de idade podem ser tratadas por redução aberta
cialm ente à cabeça do tálus. Quando é realizad o apo io total, o e procedimentos de partes moles combinados com artrodese subtalar
antepé fica gravemente abduzido e o calcanhar não toca o chão. extra-articular. Crianças com 12 a.nos ou mais são mais bem tratadas
Alterações adaptativas ocorrem nas estruturas m oles . Todas as por artrodese tríplice para correção permanente da defo rmidade.
cáp sul as, ligamentos e tendõ es no dorso do pé fic am co ntratura- Kodros e Dias relataram um procedim ento em estágio único
dos . O tendão ti bial posterior, o fibular longo e o curto podem em que um fio de Kirschner rosqueado é utilizado como um joystick
fi car em posição anterior ao m aléolo e agir como fl exores dorsais para manipular o tálus para a posição correta. A posição corrigida
em vez de fl exores plantares. é obtida com fios de Kirschner rosqueados através das articulações
Pode ser difícil distinguir o tálus vertical congênito do pé plano talonaviculares e subtalares (Fig. 29-46). Para uma cri ança mais
grave, embora os dois possam ser diferenciados pelo uso de radiografias nova com deformidade leve ou moderada, recomenda-se a técnica
adequadas. As radiografias de rotina devem incluir vistas laterais e de Kumar, Cowell e Ramsey.
~ PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊN ITOS E DE DESENVOLVIMENTO

O!ijil;b)f!i19 Correção de fase única do t álus vertical congê-


nito. A, Um fio de Kirschner rosqueado é colocado axial mente no
tálus vertical de posterior e é usa do como joystick para manipular
o tálus na posi ção reduzida. B, O fio é avançado através da arti-
culação talona vicular.
htijl!;fdm Radiografias com estresse lateral em fl exão
plantar no d iagnóstico de tá lus vertica l co ng ênito . A, Em um pé
normal, o eixo longo do primeiro metatarso passa na direção
plantar para o eixo longo do tálus. B, Em tálus vertica l congênito, • Faça a segunda incisão no lado med ial do pé, centrada
o eixo longo do primeiro metatarso dorsal permanece dorsa l ao sobre a cabeça proeminente do tálus. Isso expõe a cabeça
eixo longo do tálus, indicando luxação dorsal do mediopé e do do tálus e a parte medial do navicular.
antepé. Observe a deformidade em equ ino do ca lcâneo. •O tendão tibial anterior também fica exposto; se o tendão
estiver contraturado, along ue-o com uma Z-p lastia. A lter-
nativamente, libere o tendão tibial anterior de seu pont o
de fixação ao cune iforme medial e o primeiro raio e
t ransponha-o para o aspecto plantar da cápsula talona-
REDUÇÃO ABERT_A E REALINHAMENTO vicu lar reparada.

..
DAS ARTICULAÇOES •Libere todas as estruturas tensas sobre os aspectos medial
TALONAVICULARES E SUBTALARES e dorsal da cabeça do tálus e do navicular. Libere também
a parte anterior do tálus dos seus li gamentos ao navicular
TÉCNICA ~ e o calcâneo. Isso inclu i a liberação do ligamento dorsal
talonavicu lar, o ligamento ca lcaneonavicu lar planta r e a
(KUMAR, COWELL E RAMSEY) parte anterior do li gamento superf icial do deltoide. Se
necessário, divida parte do li gamento interósseo ta loca l-
• Faça a primeira de três incisões sobre a face lateral do pé, câneo de modo que o tálus possa ser facilmente colocado
centrada sobre o seio do ta rso, ou utilize a abordagem ci r- na posição por um instrumento rombo. Se os tendões
cunferencial transversa l (Cincinnati) (Fig. 29-30), que é a que fibu lares, do extensor longo do hálux e do extensor longo
nós preferimos. Evite entrar latera lmente no seio do ta rso. dos dedos permanecerem contraturados, exponha e alon-
• Exponha o extensor curto dos dedos e rebata-o dista lmente gue-os por meio de Z-plastia.
para expor a parte anterior da articu lação talocalcânea. •Faça uma terceira incisão de 5 cm de comprim ento no
• Identifique a articu lação ca lcaneocuboide e libere todas lado medial do tendão de Aqu il es. A longue o tendão por
as estruturas tensas em torno dela, incluindo o ligamento meio de Z-p lastia e, se necessá rio, realize uma capsu loto-
ca lcaneocuboide. mia posterior e subta lar do tornozelo.
CAPÍTULO 29 ANOMALIAS CONGÊN ITAS DOS MEMBRO S INFERI ORES G!Blll

H!§il;Hfl:llg Radiog rafias intraop erat órias ap ós correção do tá lus verti ca l congê nito po r meio de uma abordagem circunfe re ncial
transversal. A, A vista anteroposterior mostra a co rreção dos ângul os do t alocalcâneo e do t álus-prim eiro metatarsiano. B, A vi sta lateral
mostra a posi ção do tálu s e a redu ção do navicul ar e do ant epé após a fixação co m pino de Steinmann único . VEJA A TÉCNICA 29-19.

• O tá lus e o ca lcâneo agora podem ser colocados na TÉCNICA ~


posição correta, e o antepé pode ser reduzido no retropé. ----~~~~~~-----'~
• Passe um pino de Steinmann liso através do navicular e (GRICE-GREEN)
para dentro do colo do tálus para manter a red ução. Faça
radiografias anteroposteriores e laterais para confirmar a •Faça uma incisão curvilínea curta na face lateral do pé
redução do tálus vertical (Fig. 29-47) diretamente sobre a articulação subta lar.
•Tente reco nstrui r o li gamento talonavicu lar e fec he a • Prolongue a incisão por baixo através dos tecidos moles
incisão em camadas. para expor o ligamento cruzado que recobre a arti cul a-
• Aplique um gesso longo na pe rn a com o joelho flexio- ção. Divida esse li game nto na direção de suas fibras e
nado e o pé na posição ap rop ri ada. disseque o tecido ad iposo e li ga mentar do seio do tarso.
•Disseque os extensores curtos dos dedos do calcâneo e
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Com 8 sema nas, o gesso rebata-os dista lmente. A re lação do ca lcâ neo com o t álus
e os pinos de St einmann são removidos. Um novo agora pode ser determinada e o mecanismo da deforma-
gesso longo para perna é ap licado, e esse tipo de gesso ção pode ser observado.
é usado du rante 1 mês. Um gesso cu rto é usado na perna • Coloque o pé em eq uino e inverta-o para posicionar o
por ma is 1 mês. O apoio é liberado com um tutor curto calcâneo sob o tálus.
por mais 3 a 6 meses. •Uma deformidade grave e de longa duração pode exigir a
divisão da cápsu la posterior da articu lação subtalar ou a
remoção de um pequeno pedaço de osso lateralment e por
ba ixo da superfície art icular anterossuperior do ca lcâ neo.
• Insira um osteótomo ou um destaca-periósteo largo no seio
REDUÇÃO ABERTA E FUSÃO SUBTALAR do tarso e bloqueie a articulação subtalar para avaliar a esta-
bil idade do enxerto e o seu tamanho e posição adeq uados.
EXTRA-ARTICULAR •Prepare os leitos de enxerto por remoção de uma fina
Coleman et ai. descreveram a redução aberta e a fusão camada de osso cortica l da superfície inferior do tálus e
subt alar extra-a rti cu lar em crianças mais vel has com defor- da superfície superior do ca lcâ neo (Fig. 29-48).
midades graves ou recorrentes . Essa técnica combina o •Faça uma incisão linear sobre a superfície anteromedial
processo de Kumar et ai . com uma fusão de Grice-Green da metáfise proximal da tíbia, incise o perióst eo e pegue
rea lizada 6 a 8 semanas ma is ta rde. Dennyson e Fulford um bloco de osso grande o suficiente para dois enxertos
modificaram essa técn ica, usando fixação de parafuso (gera lmente 3,5 a 4,5 cm de comprimento e 1,5 cm de
através da articu lação do talocalcâ neo. largu ra). Como uma alterna tiva ao osso t ibial, um curto )
llllI!JD PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE DESENVO LVIMENTO

li@ii;fiifDEI Fusão subtalar de Gri ce-Green. A, Pre paração de leito do enxerto e co locação de enxerto no aspecto latera l da arti-
culação subtalar. B, Vista latera l de um paciente de 10 anos submetido à redução aberta e fusão de Grice-G reen para tálus vertica l
congênito aos 3 anos de idade. VEJA A TÉCNICA 29-20.

segmento da fíbu la distal ou um seg mento circular da


)
crista ilíaca pode ser uti lizado.
• Corte os enxertos para caberem nos leitos preparados. Use
uma goiva para moldar os enxertos, para que possam ser
embutidos no osso esponjoso para impedir a luxação lateral.
• Com o pé colocado em uma posição ligeira mente hiper-
corrig ida, coloque os enxertos no se io do tarso. Everta o
pé para fixar os enxertos no lugar.
• Se um seg mento da crista ilíaca ou da fíbu la for usado,
um fio de Kirschner liso pode ser utilizado para manter o
enxerto no lugar durante 12 semanas ou um parafuso
pode ser inserid o anteriormente do co lo do tá lu s para
o ca lcâneo para f ixação rígida (Fig. 29-49)
•O pé deve f icar estável o suficiente para perm itir a corre-
ção da deformidade em equino por alongamento do
tendão de Aqu iles, se necessá ri o.
•Aplique um gesso longo na perna com o joelho flexio-
nado, o tornozelo em dorsiflexão máxima e o pé na
posição corrig ida.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O gesso longo na perna


é usado durante 12 semanas e não é permitido apoio. O
f io de Kirschner é removido e um gesso curto que permita
cam in ha r é aplicado na perna por ma is 4 semanas. H@ii;tljfl!ID A, Tálus ve rtical co ngênito em criança de 6 anos
de idade. B, Posição corrigida do tálus fixado com parafuso
através do colo do tálus e m calcâneo, como descrito por Denny-
son e Fulford. O enxerto ósseo em aspect os médio e posteri or da
a rti cu lação subta la r. VEJA A TÉCNICA 29-20.

• ARTRODESE TRÍPLICE
Crianças mais velhas (> 12 anos) com tálus vertical não co rrigid o deformidades em que ele é posterior. Em ambos, a tíbia, muitas
que sintam dor ou dificuldade de usar calçados podem ser tratadas vezes, está arqueada não só anterior ou posteriormente, mas também
com artrodese tríplice. O procedimento geralmente exige incisões medial ou lateralmente. O arqueamento anterior da tíbia é com u-
mediais e laterais e osteotomias adequadas para colocar o pé em uma mente associado à neurofibromatose.
posição plantígrada, uma técnica semelhante à usada para a corre- As deformidades angulares posteriores da tíbia tendem a
ção de uma deformidade de coligação tarsal grave (Capítulo 34). melhorar com o crescimento (Fig. 29-50). Uma discrepância do
comprimento dos membros também pode estar presente, variando
de alguns milímetros até vários centímetros. Crianças com essas
DEFORMIDADES ANGULARES deformidades devem ser examinadas anualmente para constatar
CONGÊNITAS DA PERNA qualquer discrepância de comprimento dos membros em potencial
que possa exigir uma equalização dos membros, geralmente por
As deformidades angulares congênitas da perna são basicamente de uma epifisiodese adequadamente cro nom etrada ou alongamento do
dois tipos: deformidades em que o vér tice da angu lação é anterior e membro em deformidades graves.
CAPÍTULO 29 ANOMALIAS CONGÊNITAS DOS MEMBROS INFERIORES cmllll

h[riii;f;)m l Técnica de Langenskió ld para a criação de sinos-


tose entre as metáfises distais da tíbia e da fíbu la para evitar
deformidade em va lgo do tornoze lo na pseudoartrose congênita
da fíbula (ver texto).

Sua causa é desconhecida, mas ocorre com bastante frequên cia em


pacientes com neurofibromatose ou estigmas relacionados para
sugerir que a neurofibromatose, se não a causa da pseudoartrose
congênita, está intimamente relacionada com ela. A pseudoartrose
congênita envo lve mais comumente a metade distal da tíbia e muitas
vezes a da fíbula no mesmo membro. A verdadeira causa do baixo
potencial de cura do osso no local da pseudoartrose é desconhecida;
no entanto, o tecido fibro so hamartomatoso espessado com cresci-
h@l!;f;)f!iE!I Arqueamento posteromedia l congên ito da tíb ia
mento vascular interno limitado é visto universalmente no local da
direita. A, Aparência clínica . B, Aparência radiográf ica.
pseudoartrose.

FÍBULA
As deformidades angulares anteriores da tíbia são mais preo- A pse udoartrose congênita da fíbula frequentemente precede ou
cupantes por causa de sua associação potencial com a pseudoartrose acompanha a mes ma condição na tíbia ipsolateral. Vários graus
congênita da tíbia. Ocasionalmente, essas tíbias mantêm um canal de gravidade dessa pse udo artrose são observados: curvatura da
medular normal e não mostram evidências de estreitamento ou de fíbul a sem pse udoartrose, pseudoartrose fibular sem deformi-
"tíbia de alto risco" esclerótica. Se houver qualquer indício de estrei- dad e no torno zelo, pseudoartrose fibular com deformidad e no
tamento do canal medular ou se ele se desenvolver em uma tíbia tornozelo e pse udoartrose fíbular com pseudoartrose latente da
anteriormente arqueada, deve-se colocar uma órtese no membro até tíbi a. Às vezes, ela se dese nvolve até mes mo entre o momento do
que a maturidade óssea seja atingida. enxerto ósseo bem-sucedido de uma pse udoartrose da tíbia e a
O arqueamento anterior unilateral da tíbia com duplicação maturidade óssea; como o maléolo lateral fica deslocado proxi-
do hálux foi descrito como uma síndrome distinta, que deve ser malm ente, uma deformidade em valgo progress iva do torno zelo
considerada no diagnóstico diferencial da curvatura anterolateral se desenvolve.
da tíbia e não deve ser confundida com pseudoartrose congênita. Até qu e a maturidade óssea seja atingida, o tornozelo pode
As condições associadas, além da duplicação do hálux, incluem ser estabilizado por uma órtese tornozelo-pé. Na maturidade, qual-
encurtamento da tíbia, que res ulta em discrepância significativa no qu er deformidade significativa pode ser tratada com osteotomia
comprimento da perna, clinodactilia, e maturação anormal dos supramaleolar feita essencialmente com osso normal, podendo-se
ossos do carpo e dos metaca rpos. esperar a união da osteotomi a. Entretanto, Langenskiõld concebeu
uma cirurgia para as crianças para evitar essa deformidade em
valgo ou interromper a sua progressão. Ele criou uma sinostose
PSEUDOARTROSE CONGÊNITA DA entre as metáfises distais da tíbia e da fíbula. Como na pseudoar-
FÍBULA E DA TÍBIA trose congênita pode ser tão difícil assegurar uma consolidação
por enxerto ósseo tanto na fíbula qu anto na tíbia, uma cirurgia que
A pseudoartrose congênita é um tipo específico de falha de consoli- impeça a deformidade do torno zelo sem enxerto da pseudoartrose
dação que, no momento do nascimento, está presente ou é incipiente. fibular é útil (Fig. 29 -51).
llllliJD PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE DESENVO LVIME NTO

SINOSTOSE TIBIOFIBULAR
TÉCNICA ~
-------~....J~
(LANGENSKIÕLD)

•Faça um a incisão longitudinal anteriormente sobre a


f íbula distal.
•Divida a fíbul a proximalmente, 1 a 2 cm, até o nível da
f ise distal da tíbia e excise a parte em forma de cone do
eixo fibul ar distal.
•Na superfície lateral da tíbia, no nível da superfície de
corte da fíbula, e no nível da fixação da membrana
interóssea, faça um orifício tão larg o quanto o diâmetro
da fíbula . Prox imalmente ao orifício, remova o periósteo
e a membrana interóssea da t íbi a sobre uma área de
vários centímetros quadrados.
•No ílio, obt enha um enxerto ósseo da mesma largura que
o orifício na tíbia e com comprimento suficie nte para se
estender desde a superfíci e lateral da fíbu la até o osso
esponjoso da metáfise da tíbia.
•Insira o enxerto perpendicularmente ao eixo longo do
membro de modo a que ele repouse sob re a superfície
de corte da fíbu la e se estenda para dentro da abertura
no córtex da tíbia .
•Acondicione o osso ilíaco esponjoso no ângulo entre a O@ii;@Blfl Pseudoartrose congênita tipo li da tíbia. A, Vista
superfíci e proxima l do enxerto e a superfíci e latera l da anteroposterior da tíbia esquerda. B, Vista lateral. Observe o
tíbia. arqueamento anterior e o canal medular estreito e esc lerótico.
•Aplique um gesso abaixo do joelho até a base dos dedos.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Aos 2 meses, permite-se


apoio t ota l com o gesso e, aos 4 meses, o uso do gesso Tipo II: a pseudoartrose ocorre com arqueamento anterior e urna
é interrompido. constrição em ampulheta na tíbia presente ao nascimento.
Fratura espontânea, ou fratura após pequenos traumas, geral-
mente ocorre antes dos 2 anos de idade. Essa é a chamada tíbia
de alto risco. A tíbia é côn ica, arredondada e escleróti ca e o
canal medular é obliterado. Esse tip o é o mais comum, fre-
TÍBIA quentemente está associado à neurofibromatose e tem o pior
prognóstico. A recorrência da fratura é comum durante o
A pseudoartrose congênita da tíbia é rara; a sua incidência é de período de crescim ento, mas diminui de frequ ência com a
aproximadamente um em 250 mil nascidos vivos. A maioria das idade e, geralmente, deixa de ocorre r após a maturação esque-
grandes séries relata associação de 50% a 90% desta doença com os lética (Fig. 29-52).
estigm as da neurofibromatose, incluindo lesões cutâneas e ósseas. Tipo III: a pseudoartrose se desenvolve em um cisto congênito,
Em um grande estudo multicêntrico da European Pediatric Ortho- geralmente perto da junção dos terços médio e distal da tíbia.
paedic Society, 186 (55%) dos 340 pacientes apresentaram sintomas O arqueamento anterior pode preceder ou acompanhar o desen-
de neurofib rorn atose. volvimento de um a fratura. A reincidência da fratura após o
tratamento é menos comum do que no tipo II e excelentes
• CLASSIFICAÇÃO resultados que duram bem até a idade adulta são relatados após
Vários sistemas de classificação foram criados para desc rever a um a única cirurgia (Fig. 29-53).
pseudoartrose congênita da tíbia. Esses sistemas de classificação Tipo IV: a pseudoartrose se origina no segmento esclerótico do osso
tendem a ser mais descritivos a respeito da aparência radiográfica na localização clássica sem estreitamento da tíbia. O canal
da lesão em um determin ado curso da doença e, muitas vezes, medular encontra-se parcialmente ou totalmente obliterado. Uma
fornecem pouco insight sobre o tipo correto de tratamento ou fratura por "insuficiência" ou por "estresse" se desenvolve no
prognóstico. No entanto, uma classificação descritiva pode ser útil córtex da tíbia e gradualmente se estende através do osso escleró-
para a com unicação entre médicos e é importante do ponto de tico. Com a conclusão da fratura, não ocorre cicatrização e a
vista histórico. Nós preferimos a classificação de Boyd de pseudo- fratura se alarga e se torna uma pseudoartrose. O prognóstico
artrose congê nita da tíbia: para esse tipo geralmente é bom, especialmente quando é tratado
Tipo I: a pseudoartrose ocorre com arqueamento anterior e um antes da fratura por insuficiência se tornar completa (Fig. 29-54).
defeito na tíbia presente ao nascimento. Outras deformidades Tipo V: a pseudoartrose da tíbia ocorre com a fíbula displásica. Uma
congênitas também podem estar presentes e podem afetar o pseudoartrose da fíb ul a ou da tíbia, ou ambas, pode se desen-
manejo da pseudoartrose. volver. O prognóstico é bom se a lesão estiver confinada à fíbula.
CAPÍTULO 29 ANOMALIAS CONGÊNITAS DOS MEMBROS INFERIORES lmij8

H!riii;f4fllil Pseudoartrose congênita tipo Ili da tíbia. A, O!rii@iE!EJ Pseudoartrose cong ênita tipo IV da t íbia . A,
Vista anteroposterior da tíbi a direita. B, Vista lateral. Observe a Vista anteroposterior da tíbia direita . B, Vista lateral. Obs erve a
forma ção de cisto no terço méd io da tíbia com arqueamento fratura no córtex anterior no terço distal da tíbia .
anterior e canal medular estreito distalmente ao cisto.

Se a lesão progridir para um a pseudoartrose tibial, a história co nsiderados. O membro é imobilizado em gesso até que o enxerto
natural geralmente se assemelha à do tipo II. se fund a e depois uma ór tese co m apoio no tendão patelar deve se r
Tipo VI: a pseudoartrose ocorre como um neurofibroma intraósseo usada até que a maturid ade óssea seja atingida.
ou um schwannoma. Isso é extremamente raro. O prognóstico Uma tíbia com arqueamento anterior e um canal esclerótico
depende da agressividade e do tratamen to da lesão intraóssea. estreito (tipo II ou tíbia de alto risco), muitas vezes fratura durante
os primeiros 2 anos de vida. Quando ocorre uma fratura, o trata-
• TRATAMENTO mento deve se r cirúrgico. Inicialmente, a órtese pode ser benéfica
O trata mento de pseudoartrose congênita da tíbia depende da idade para um a tíbia arqueada anterolatera lmente, com um canal estreito
do paciente e da presença ou ausência de um a fratura. Antes de no qual uma fratura não ten ha se desenvolvido, para adiar o trata-
começar a andar, pouco tratamento é necessário para uma pseudoar- mento cirúrgico até que a cri ança fiqu e mais velha; melhores taxas
trose, mas quando a criança começa a dar os primeiros passos, a pern a de cura fo ram observadas em crianças com mais de 3 anos de idade.
deve ser imobilizada em uma órtese em concha e protegida. Se não A pse ud oartrose congênita esta belecida na tíbia era tratada
houver fratura, a criança pode ser tratada com órtese até atingir a no passado com enxerto ósseo ou amp utação. Provavelmente, é
maturidade óssea com acompanhamento rigoroso. Uma vez que uma mais difícil de obter uni ão óssea nes te estado do qu e em qualqu er
verdadeira pseudoartrose da tíbia se desenvolva, não se pode esperar outro (3 1% a 56% relataram tratamento bem-sucedido). Traub et
que ela se cure quando tratada apenas com gesso ou órtese. O con trole ai. identifica ram di versos fatores que se correlac ionaram com os
cirúrgico inicial da pseudoartrose tibial envolve restauração do ali- maus resultados: neurofibromatose, lesões displásicas e vá ri os pro-
nh amento mecân ico e fixação int ramedular. Esses dois princípios ced imentos cirúrgicos. Eles alertaram que, mesmo quando se
básicos muitas vezes são reforçados por resseção da pseud oartrose, obtém uni ão, a discrepância no comprimento da pern a e o mau
encurtamento primário e enxerto ósseo suplementar. alinhamento podem exigir correção cirúrgica. Mesmo qu ando se
A amputação raramente, ou nunca, é considerada no controle obtém un ião, muitas vezes ela é transitória e é comum ocorrer um a
inicial da pseudoartrose congênita da tibia; no entanto, frequentemente nova fr atura, necessitando de tratamento cirúrgico adi cional e pos-
ela é necessária e deve ser discutida no início como um resultado even- sivelmente uma amputação.
tual de uma tentativa de tratamento. Os fatores que favorecem a ampu- A idade do paciente, a dific uldade na obtenção da consolida-
tação incluem encurtamento antecipado de mais de 2 ou 3 polegadas ção, o encur tamento residua l previsto e outras deformidades da
(5 a 7,5 cm), um histórico de várias falhas em procedimentos cirúrgicos tíbia, para a união ser obtida, tudo deve ser considerado. Em um
e rigidez e diminuição da função de um membro que seria mais útil bebê ou cri ança pequena, o enxerto ósseo é indicado o m ais cedo
depois de wna an1putação e uso de uma prótese. quanto possível. Embora a probabilidade de obter uni ão aumente
Para a tíbia com um cisto no canal med ul ar (tipo III ), a cure- com a progressão da id ade, especialmente após a puberdade, quanto
tagem profilática e o enxerto ósseo autógeno no ilíaco deve m ser mais se adiar o enxerto, mais curta e ma is mal dese nvolvida a perna
m!D> PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE DESENVOLVIMENTO

vai ser. Quando a consolidação é obtida em uma criança pequena,


o apoio com uma órtese resulta em um desenvolvimento mais
normal do membro. Os pais da criança devem ser in formados de
que o tratamento geralmente consiste em várias cirurgias e que,
mesmo assim, a amputação pode se r necessária mais tarde por causa
do insucesso de se obter consolidação. Se for indicado enxerto, mas,
por alguma razão, o procedimento for adiado, o membro deve ser
colocado em uma órtese para evitar o aum ento da angulação da
pseudoartrose. Em uma criança mais velha, o enxerto ósseo é indi-
cado se o encurtamento ou outra deformidade do membro for de
tal forma que a função fique melhor após a ampu tação e o uso de
uma prótese. McElvenny, primeiro, chamou a atenção para a espessa
borda de tecido que envolve o osso na pseudoartrose e argumentou
que a presença deste tecido, seja congên ito ou resultante de urna
fratura, pode diminuir a produção de ossos e, consequentemente, a
cura. Qualquer cirurgia de pseudoartrose congênita deve incluir a
excisão completa deste tecido.
O enxe rto ósseo e os procedimentos intramedulares conti-
nuam sendo o pilar do tratamento da pseudoartrose congênita da
tíbia. Embora tenham sido descritas muitas técnicas, a mais com u-
mente utili zada é a técnica da haste intramedular descrita por
Anderson et ai. A pseudoartrose frequentemente é bastante distal na
tíbia, tornando a fixação intramedular isoladamente insuficiente e
instável. Ass im, frequentemente a articu lação do tornozelo deve ser
atravessada pela haste para proporcionar estabilidade adiciona l.
A haste pode migrar com o crescimento, resultando na recuperação
de alguns movimentos do tornozelo ao longo do tempo. O[riil;ljifllm Pseudoartrose congênita da tíbia tratad a com
Além da fixação intramedular, a ressecção do local da pseudo- enxerto ósseo vascularizado da fíbula . A, Radiografia pré-opera-
artrose e a colocação de material de enxerto ósseo devem ser reali- tória de tíbia com pseudoartrose distal estabelecida após vários
zadas. Vários autores têm relatado bons índices de consolidação procedimentos cirúrg icos fracassados. B, Três anos após reparo
inicial usando essa combinação de restauração do alinhamento com enxerto fibular vascu larizado.
mecânico, ressecção de tecido fibroso hamartomatoso, fixação intra-
medular e enxerto ósseo.
A ressecção da pseudoartrose com reconstrução usando um
enxerto ósseo vasc ularizado livre tanto com enxertos fibulares ou da •Exponha a crista ilíaca ipsolateral e colha o máximo de
crista ilíaca (Fig. 29-55) tem sido descrita com bons resultados. No osso esponjoso e osso da tábua externa que possa ser
entanto, o procedimento exige experiência com técnicas microvas- obtido de forma segura.
culares e recomenda-se o uso de duas equipes cirúrgicas, uma para •Acesse a tíbia através de uma incisão anterior, que esteja
colher o enxerto, enquanto a segunda prepara o local da pseudoar- centralizada sobre a pseudoartrose e imediatamente
trose para recebê-lo. latera l à crista tibial. Divida a fáscia profunda do compar-
Bons resultados iniciais também foram relatados com a técnica timento anterior neste nível.
de Ilizarov, mas os problemas incluíram dificuldade de transportar • Subperiostealmente, exponha o osso normal da diáfise da
a tíbia proximal, desalinhamento do "transporte" e a má qua lidade tíbia imediatamente proximal e distal à pseudoartrose.
do osso regenerado, levando a uma nova frat ura . Para pseudoar- • Excise comp letamente o osso e o tecido fibroso da pseu-
troses mais estabelecidas, o tratamento inicial deve ser com hastes doartrose até que o osso medular normal de ambos os
intramedulares e enxer tos ósseos. Enxertos fibulares vascu larizados fragmentos da tíbia fique exposto . A ressecção geral-
podem ser indicados para pseudoartroses com fal has de mais de 3 mente resulta num encurtamento tibial de 1 a 3 cm.
cm e para as pseudoartroses em que vários procedimentos cirúrgi- • Desobstrua os canais medulares de ambos os fragmentos
cos tenham falhado. da tíbia com uma broca ou uma pequena cureta, ou ambas.
• O dispositivo de W illiams consiste em uma haste de habitação
e uma haste de inserção. A haste de habitação é lisa e cilín-
INSERÇÃO DA HASTE drica e varia de diâmetro. A extremidade proximal é usinada
INTRAMEDULAR DE WILLIAMS até uma ponta de diamante e a extremidade distal é rosque-
ada internamente até cerca de 15 mm, de modo que uma
E ENXERTO ÓSSEO
segunda haste (de inserção) com diâmetro externo igual

-~=------~
TÉCNICA possa ser ligada temporariamente a ela. A haste de inserção
é usinada proximalmente de modo que as suas roscas exter-
(ANDERSON ET AL.) nas se parafusem à extremidade distal da haste de habitação
e isso é usinado distalmente à ponta de diamante.
• Coloque o paciente em posição supina em uma mesa de •Para determinar o comprimento necessário da haste. faça
cirurgia radiotransparente e apl ique um torniquete na coxa. uma radiografia lateral para determinar o comp rim ento
CAPÍTULO 29 ANOMALIAS CONGÊNITAS DOS MEMBROS INFERIORES GDll

O[dil;t.)m Inse rção de haste de Peter Williams para pseudoartrose congênita da tíb ia, como descrito po r Anderson et ai. A, Vista
a nteroposte rio r da pseudoartrose congên ita t ipo li da tíb ia em criança de 16 meses de idade. B, Vista late ral. C, Vista anteroposterior
pós-o peratória . D, Vista late ral pós-operatória. VEJA A TÉCNICA 29-22.

previsto da perna após o osso afetado e os tecidos f ibrosos A remoção do gesso e a instituição do apoio prog ressivo,
serem removidos e a deform idade angu lar ser corrigida. norma lmente são possíveis vários meses após a ci ru rg ia.
• Dirija as hastes acopladas para dentro da parte dista l da Um tutor longo (KAFO) ou uma órtese com apoio do
tíbia até o local da osteotomia, através das articu lações tendão patelar é usado até que a maturidade óssea seja
subtalar e do tornozelo, e para fora da planta do pé através atingida.
da almofada do calcanhar. Quando a haste for colocada
através da articulação do tornozelo, é importante corrigir
a deformidade em va lgo do tornozelo e a deformidade
em dorsiflexão do pé, que são consequências inevitáveis
do apoio em uma tíb ia anterolateralmente ba ixa. A fluo- 1 PROTEÍNA MORFOGENÉTICA ÓSSEA
roscopia é útil durante essa parte do procedimento. NO TRATAMENTO DA PSEUDOARTROSE
• Aproxim e os fragmentos da tíbia e cond uza a haste retró- CONGÊNITA DA TÍBIA
grada até a reg ião da metáfise proximal da tíb ia, quase Vários trabalhos têm documentado o sucesso do uso de proteína
até a fise tibial mas não invad indo-a. Desparafuse a haste morfogenética óssea humana recombinante (rhBMP) no tratamento
de inserção com uma única volta comp leta e verifiqu e a da pseudoartrose congê nita da tíbia. Ambas as formas disponíveis
junção da haste em uma rad iografia lateral . atualmente (rh BMP-2 e rhBMP-7) desta proteína são usadas. Em
• Desmonte tota lmente (desparafu se) a haste de inserção cada série, a BMP foi usada em conj unto com out ras formas aceitas
e remova-a, deixando a extremidade dista l da haste de estab ilização óssea, como a fixação intramed ular. As taxas iniciais
implantada no calcâneo . de consolidação relatadas têm sido favo ráveis, m as um acompanha-
• Arrume as tiras de osso autógeno corticoesponjoso da mento a longo prazo e estudos prospectivos comparativos são neces-
crista ilíaca em torno da osteotomia e pren da-as com sá rios para entender melhor a eficácia a longo prazo e a seg urança
sutu ras circunferenciais de aço inoxidável fino ou suturas desses tratamentos. Co mo o trata mento da pse udoartrose congênita
absorvíveis, como vem sendo feito mais recentemente. da tíbia é um desafio, as proteínas morfoge néticas ósseas devem ser
• Fasciotomias profiláticas muitas vezes são necessárias consideradas um complemen to ao tratamento.
antes do fechamento da incisão.
•Feche o tecido subcutâneo e a pele e ap li que um gesso
longo na perna . • COMPLICAÇÕES
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO A duração da imobiliza- 1 RIGIDEZ DO TORNOZELO E DO RETROPÉ
ção e o tipo de gesso são determinados pela consolidação Deve-se espera r um tornozelo rígido até qu e a ponta distal da haste
observada em exames clínicos e radiográficos. Quando a con- esteja proximal à articulação do tornozelo, após o crescimento lon-
solidação for eficiente, o uso do gesso será interrompido. gitudina l da extremidade distal da tíbia. Mesmo que a rigidez per-
sista, ela raramente prejudica os resultados funcionais.
PARTE IX TRANSTORNOS CONGtNITOS E DE DE SENVOLVIMENTO

H[riii;Hfl!lil A, Constriçã o co ng ênita da perna e tálus vertica l congênito . B, Aparência após excisão das bandas constritivas. (De
Gabas PG: Modified tech nique for the surgical treatment of congen ital co nstriction ba nds of the arms and legs of infants and children, Orthopedics
29:40 1, 2006.)

1 REFRATURA BANDAS DE CONSTRIÇÕES


A refratura é comum em pacientes co m pse udoa rtroses, apesar da DA PERNA
consolidação clínica e radiográfica apare ntemente sólida. A refratura
pode ser controlada com imobilização gessada ou remoção e subs- A co nstrição congênita circunferencial, ou ba nd a de "Streeter", dos
tituição da haste intramed ul ar com enxe rto ósseo adicional. Por tecidos moles da perna é rara. Ela é observada ao nascimento como
ca usa da possibi lidade de refratura, a remoção da haste depois da um a dep ressão nos tecidos moles que circundam completa mente o
consolidação não é recomend ada até qu e a maturidade esqu eléti ca membro (Fig. 29-57) . Frequentemente, o pé também está defor-
seja atingida. mado, a fáscia profunda pode estar afetada e geralmente os vasos
linfáticos e a circulação sup erficial estão parcialmente obstruíd os.
1 DEFORMIDADE EM VALGO DO TORNOZELO Distalmente à constrição, há um edema persistente que só pode ser
O fragmento di stal da tíbi a deve ser fixado de modo que a deformi- curado pela excisão da constrição e, na maiori a dos casos, do tecido
dade em va lgo do tornozelo seja corrigida no momento da colocação edematoso distal a ele. Foram relatadas frat uras da tíb ia e da fíbu la
da haste intramedular. A fluo roscopia intraoperatória é útil para no nível da constrição. Em contraste ace ntu ado co m a pseudoartrose
monitorar o procedimento. A ortetização de longo prazo é obriga- co ngênita, após tratamento bem -sucedido da constrição, as fraturas
tória durante os anos de crescimento para minimizar a deformid ade se consolidam prontamente sem ci rurgia.
em valgo progressiva do tornozelo ou pode-se indicar o tratamento Tradicionalmente, as bandas de constrição são liberadas em
cirúrgico com o procedimento de Langenskiiild . duas ou três etapas para prevenir o compro metimento vascular da
Ve rifi co u- se que a deformidade em va lgo é signifi cativamente parte distal da extremidade. Ma is recentemente, entretanto, vár ios
mais frequente quando a fíbu la perman ece intacta do que quando au tores relataram bons resultados com a liberação em estágio único.
a osteotom ia fibul ar é reali zada (com ou sem fixação da fíbula). As vantagens de um a liberação em um estágio incluem cuidados
Além disso, a presença de insufic iência fibular (fratura ou lesão pós-operatórios mais fáce is, especialmente em crianças, e a evitação
antes da pse ud oartose) parece se r altamente prognóstica para de uma segunda ou terceira cirurgia co m períodos adicionais de
deformidade em valgo posterior, co m ou sem a fíb ul a eventual- anestesia.
m ente co nsolid ada. Henniga n e Kuo dividiram 135 bandas de const rição em 73
pacie ntes em quatro zonas (F ig. 29-58) . A maioria (50%) estava na
1 ENCURTAMENTO DA TÍBIA zona 2, entre o joelho e o tornoze lo. Eles tamb ém classificaram as
O encurtamento da tíbia pode ser predito em qu ase todas as crian- bandas de acordo com a gravidade: bandas de grau 1 envolvem o
ças. A red ução máxima projetada nos pacientes de Anderson et ai. tecido subcutâneo; bandas de grau 2 se estendem para a fásc ia;
foi de 4 cm. Em pacientes selecionados, o encurtamento tibial pode bandas de grau 3 se estendem para a fásc ia e necessita m de libera-
ser tratado por uma epifisiodese con tralateral bem cronom etrada ou ção; e as bandas de grau 4 são amputações co ngê nitas. A prevalên-
alongamento da tíbia proximal. A técnica de Ilizarov pode ser útil cia de pé torto em pacientes com bandas constritivas congênitas
inicialmente em casos graves com encurtamento significativo e uma varia de 12% a 56%. Todos os déficits neuro lógicos fora m em
grand e fa lha na consolidação ou em pacientes nos qua is os procedi - crianças com banda de grau 3 na zona 2 e o pé torto nes tas crianças
mentos de fixação medular e de enxerto ósseo padrão fal ham. exigi u numerosas e mais extensas cirurgias, com res ultados piores
CAPÍTULO 29 ANOMALIAS CONG ÊNITAS DOS MEMBROS INFERIORES ~

Zona 1

A
Zona 2

Zona3---c=
rr
,l ~
rt rr ,,
1 L > 1 JJ
1

Zona4 B

O@i!;Mfm!I Zonas de bandas constritivas descritas por Hen- O!ijil;tgiE'!m Constrição congênita . A, Excisão de constrições
nigan e Kuo (ver texto). e enfraquecimento das bordas da pele. B, As bordas de pele
foram suturadas, exceto em dua s áreas em que foram feitas inci-
sões por Z-plastia. VEJA A TÉCNICA 29-24.

do que os observados em crianças sem déficits neurológicos. Esses


autores sugeriram a liberação antecipada completa do tecido mole,
juntamente com a consideração de transferências de tendão e
observaram que a cirurgia óssea, eventualmente, torna-se necessá-
ria e que a ortetização prolongada será necessária para evitar a
recorrência.
TÉCNICA

(PEET)
LIBERAÇÃO EM ESTÁGJO ÚNICOft DA •Remova toda a constrição por excisão circunferencia l da
BANDA DE CONSTRIÇAO CONGENITA pele e do tecido subcutâneo até a fáscia profunda (Fig.
CIRCUNFERENCIAL 29-59) Se o membro se afilar, curve a incisão dista l em uma
linh a serpentiforme de modo que o seu comprim ento seja

-------~
TÉCNICA aproximadamente o mesmo que o do proximal.
•Enfraqueça a pele e o tecido subcutâneo em cada lado
(GREENE) da área excisada.
•Aproxime os tecidos profundos com suturas interrom-
• Excise uma margem de 1 a 2 mm de pele normal e de pidas.
tecido subcutâ neo para minimizar o risco de recorrência. •Aproxime as bordas da pele com suturas interrompidas,
•Faça a ressecçâ o de toda a fáscia e todos os múscu los exceto em uma área; nesta área, alongue as bordas da
constritos que foram convertidos em tecido conjuntivo pele com uma ou mais Z-plastias, com retalhos de cerca
fibroso denso. de 2 cm de comprimento.
•Após a ressecção do tecido dentro da faixa de constrição, • Levante e transponha os reta lhos tria ngu lares, e suture-os
identifique as estruturas vascu lares e neurológicas proxi- na posição com pequenas suturas interrompidas.
mais e dista is à banda com dissecação cu idadosa já que
a pele e o tecido subcutâ neo estão prejud icados. CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO É aplicada uma faixa de
•Se houver tecido subcutâneo em excesso, especialmente compressão da área proximal até a área da cirurgi a na
no dorso dos dedos, deve ser realizada citorredução. extremidade distal do membro. Em crianças pequenas,
•Feche a pele com vá rias Z-plastias, formando retalhos aplica-se um gesso por 2 a 3 semanas até que a in cisão
bem grandes em um ângulo de 60 graus. tenha cicatrizado.
lllD PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE DESENVOLVIMENTO

HIPER~XTENSÃO E LUXAÇÃO
CONGENITA DO JOELHO
A hiperextensão congênita do joelho é apenas o menor grau de uma
anormalidade que é dividida em três graus de acordo com a gravi-
dade: grau 1, hip erextensão congênita; grau 2, hiperexte nsão co ngê-
nita co m subluxação an terior da tíbia sobre o fêm ur; e grau 3,
hiperextensão co ngênita com luxação anterior da tíbia sobre o fêmur
(Fig. 29-60) . A hiperextensão congênita ou luxação do joelho geral-
mente está associada a anorma lidades esqueléticas em outros luga res
da extremidade, como a displasia do quadril (Fig. 29-61) .
Tem sido postulado que o defeito básico na luxação congênita
do joelho é constituído pela ausência ou hipoplasia dos ligamentos
cru zados, embora outros considerem esses achados um resultado do
deslocamento.
A condição patológica ge ralmente varia de acordo com a gra -
vidade da deformidade, mas a cáps ula anterior do joelho e o meca-
nismo do quadríceps sempre estão contraturados. Confo rm e a
gravidade da luxação anterior da tíbia aumenta, outros achad os
incluem aderências intra-articulares e outras anorma lidades na arti- A
culação e hipoplasia ou ausência da patela. Fibrose e perda de
volu me do múscu lo vasto lateral foram observadas, bem corno obli- H@ilif!ifl!B A, Hiperextensão congênita. B, Subluxação do
teração da bolsa sup rapatelar do tendão aderente do quadríceps e joelho. C, Luxação de joelho.

O@il;Jfl& I Luxação congênita do joelho. A, Recém -nascido com lu xações bilaterais. B, A lu xação anterior da tíbia e da fíbula é
evidente na radiografia lateral. (Co rtesia de Jay Cummings, MO. )
CAPÍTULO 29 ANOMALIAS CONGÊN ITAS DOS MEMBROS INFERIORES

luxação lateral da patela. Em uma luxação anterior grave, verificou-


se que os ligamentos colaterais cursam anteriormente aos seus
anexos femorais e que, em alguns pacientes, a luxação anterior dos
músculos isquiotibiais funciona como extensores do joelho nesta
posição deformada.
O tratamento da hiperextensão congênita do joelho depende
da gravidade da subluxação ou luxação e da idade do paciente. Em
um recém-nascido com hiperextensão ou subluxação de leve a
moderada, os métodos de tratamento conservadores, como o uso do
suspensório de Pavlik, para posicionamento do joelho em uma
posição continuada, e o uso de gesso em série para aumentar a flexão
do joelho, são mais propensos a ter sucesso. Roach e Richards pro-
puseram dois critérios para o tratamento não cirúrgico bem-suce-
dido da luxação congênita do joelho: evidência radiográfica de
redução e flexão do joelho a 90 graus ou mais. Segundo a maioria
dos autores, o tratamento não cirúrgico pode ser continuado por 3
meses. Em crianças que não respondem às medidas conservadoras,
o uso da tração esquelética para correção é uma opção, mas a defor-
midade é difícil de ser corrigida com esse método. Em crianças mais
velhas, com subluxação ou luxação moderada ou grave, a cirurgia é
indicada. Em uma criança com luxação congênita do joelho e
luxação congênita do quadril, é aconselhável a correção cirúrgica do B
joelho em primeiro lugar.
Curtis e Fisher descreveram um procedimento para correção
O@il;MmD Técnica de Curtis e Fisher para luxação congênita
de luxação congênita do joelho que é recomendado para crianças de
do joelho. A, Linhas de incisão para liberar a cápsula ant erior
6 a 18 meses de idade. A técnica combina liberação capsular anterior,
medial e lateralmente e o retináculo medial e latera l do mecanismo
alongamento do mecanismo do quadríceps e liberação de aderências
do quadríceps. B, Correção após liberação dos tecidos moles e
intra-articulares. Ocasionalmente, as superfícies articulares do
alongamento do músculo reto femoral. VEJA A TÉCNICA 29-25.
joelho permanecem anormais se a deformidade recidivar. Teorica-
mente, pode-se obter uma amplitude de movimento funcional. Em
casos raros, pode ser necessária a osteotomia do fêmur ou da tíbia fixação da massa muscular proximal depois do meca-
em uma criança mais velha. nismo extensor ser alongado.
Shah, Limpaphayom e Dobbs propuseram um tratamento •Divida a cápsula anterior transversalmente e estenda a
menos invasivo da luxação congênita do joelho que envolve o uso incisão posteriormente aos ligamentos colaterais da tíbia
de gessos em série e atenotomia semiaberta do quadríceps com e da fíbula. Mobilize e desloque esses ligamentos poste-
capsulotomia anterior adicional, se necessário. Esse protocolo resul- riormente à medida que o joelho for flexionado.
tou na correção bem-sucedida da deformidade em 14 de 16 joelhos, •Se a patela for deslocada lateralmente, li bere a parte
com dois joelhos necessitando de cirurgia ad icional. É necessário lateral do tendão patelar e do vasto lateral para que a
um acompanhamento maior para determinar os efeitos duradouros patela possa ser movida para o local adequado nos côn-
deste tratamento. di los do fêmur.
•Libere qua lquer faixa iliotibial aderida e alongue o liga-
mento colatera l fibular, se necessário.
•Mobilize todos os músculos do quadríceps aparente-
mente normais e alinhe-os no eixo longo do fêmur para
LIBERAÇÃO CAPSULAR E , exercer uma tra ção direta na patela.
ALONGAMENTO DO QUADRICEPS • Suture o mecanismo do quadríceps alongado com a repara-
PARA ÇORREÇÃO DA LUXAÇÃO ção do músculo vasto medial até o reto femoral alongado.
CONGENITA DO JOELHO •Ava lie o rastreamento da patela desde a extensão até 90
graus de flexão.
TÉCNICA ~ •Feche a incisão e aplique um gesso longo na perna com
~~~~~~~~--~ o joelho flexionado a 30 graus.
(CURTIS E FISHER)
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Se a pele anterior estiver
• Faça uma longa incisão na linha média anterior começando sob tensão excessiva, o gesso pode ser trocado em 2
superomedialmente ao nível do terço médio do fêmur e semanas com a utilização de anestesia em regime ambu-
estendendo-se inferolateralmente até a tuberosidade da tíbia. latorial. Em 4 a 6 semanas, o gesso é removido e são ini-
•Exponh a os músculos anteriores da coxa e divida o meca- ciados exercícios ativos e passivos. Em pacientes mais
nismo do quadríceps superiormente até a patela com velhos, o movimento passivo contínuo pode ser usado para
uma incisão em forma de V invertido (Fig . 29-62) ou uma recuperar o movimento durante as primeiras 3 a 6 semanas
Z-plastia. A incisão anterior proporciona uma lingueta de após a cirurgia e um gesso longo é usado na perna por 6
tecido superiormente à patela que é adequada para a a 12 meses para prevenir a hiperextensão do joelho.
PARTE IX TRAN STORNOS CONG ÊNITOS E DE DESENVOLVIMENTO

LUXAÇÃO CONGÊNITA DA PATELA é mais grave em pacientes com luxações congênitas. As técnicas
cirúrgicas va ri am de acordo com a exte nsão e o grau desses achados
Frequentemente, a luxação congênita da patela é fa miliar e bilate- ci rúrgicos. O objetivo principal é a liberação das estruturas encur-
ra l. Ocasionalmente, ela é aco mpanh ada por outras anormali da - ta das no lado lateral da patela (cápsul a lateral, banda iliotibi al e parte
des, especialmente artrogripose múltipla co ngêni ta e síndrome de lateral do qu adríceps) para pe rmitir a redu ção da patela. A plicatura
Down. Ela é persistente e irredutível e ge ralmente acompanhad a medi al da cápsula frou xa é necessária para es tabilizar a patela redu-
por anorm alidades do meca nismo do quadríceps. O vasto lateral zida. Na maioria dos pacientes, especialmente crianças mais novas,
po de es tar ause nte ou gravemente contratu rado e a patela pode ser a liberação lateral extensa e a plicatura capsul ar são suficientes para
deslocada lateralmente e ligada ao aspec to anterio r da banda ilio- obter co ngruência patelofem oral. Em crianças mais velhas, muitas
tibial. Muitas vezes, a patela apresenta-se pequ ena e disfor me e vezes, o avanço do músc ul o vasto medial é necessário para fixa r o
encontra-se em uma locali zação anormal no meca nismo do qua- músculo e melhorar a ação muscular.
dríceps. O joelho valgo e a ro tação extern a da tíbia sobre o fêmur
se desenvolve m frequentemen te. A cápsul a do lado medi al d o
joelho encont ra-se alongada, o cô ndil o fe m oral lateral está acha-
tado ou a inse rção do tendão pa telar enco ntra-se localizada late-
ralm ente m ais do qu e o nor mal.
Eilert observou que duas síndromes clínicas foram descritas
na literatura: a luxação congênita da patela ou luxação lateral fixa da
patela e a luxação habitual da patela, que ele suge riu ser chamada
com mais precisão de "luxação obrigatóri a" da patela. Essas du as
síndromes têm apresentações clí ni cas difere ntes (Tabela 29-5) e o
• ~;:~:- Dois Tipos de Luxação Congênita

LUXAÇÃO PERSISTENTE
A patela é deslocada
lateral e
: da Patela

persistentemente nessa
LUXAÇÃO OBRIGATÓRIA
A patela se desloca e reduz
espontaneamente com flexão e
extensão da articulação do
momento da correção cirú rgica é di fere nte. localização joelho
Muitas vezes, é difícil faze r o di agnóstico de luxação congê- Frequentemente Normalmente presente dos 5
nita da patela antes que o paciente tenha 3 a 4 anos de idade por evidente na infância aos 1O anos de idade
ca usa d a fa lta de ossificação da patela; no entan to, os casos mai s Frequentemente Normalmente anomalia isolada
graves, com contraturas associadas de flexão do joelho, po dem se r associada à síndrome
diagn osti cados logo após o nasc imento. A RM pode mostrar a generalizada
patela ca rtilaginosa lateralmente ao fê mur e pode confirmar o Contratura em flexão A amplitude de movimento do
di agnósti co qu ando há suspeita de luxação lateral congênita da do joelho está joelho costuma ser normal
patela. Vári os autores desc reve ram o uso de ul trassonografi a para presente
defin ir a posição da patela cartilag inosa. Como a gravidade da Quase sempre produz Pode ser bem tolerada com
deform ação está di retam ente relac ionada co m o tempo que a incapacidade funcional pouca incapacidade funcional
deformid ade pode permanece r não co rrigida, a cirurgia pode ser A correção cirúrgica pode ser
Correção cirúrgica
realizad a ass im qu e o di agnós tico seja feito para tentar impedir precoce adiada até o paciente torna-se
um a defo rmid ade em rotação externa ou em va lgo e flexão do sintomático
joelho (Fig. 29-63) .
Adaptada de Eilert RE: Congenital dislocation of the patella, Clin Orthop
A condi ção patológica subjacente da luxação congêni ta o u
Re/at Res 389:22, 2001 .
habitual da patela é a cont ratura do mecan ismo do quadríceps, qu e

O@ll;f;)m!I Deslocamento congênito da patela esquerd a não tratado em um menino de 5 anos de idade. A, Vista anteroposterior
mostra luxação lateral fixa . B, Na vista lateral, a patela parece ausente por causa dos côndilos femorais sobrepostos.
CAPÍTULO 29 ANOMALIAS CONGÊNITAS DOS MEMBROS INFERIORES Gim
LIBERAÇÃO LATERAL E PLICATURA CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O gesso é removido apro-
MEDIAL ximadamente 6 semanas após a ciru rgia e são iniciados
exercícios ativos e passivos de amplitude de movimento.
TÉCNICA ~
~~~~~~~~---~
(BEATY; MODIFICADO DE GAO ET AL. E LANGENSKIÕLD)

•Faça uma incisão na linha média do aspecto distal do


fêmur até a tuberosidade da tíbia. Rea lize uma dissecção DEFICIÊNCIAS CONGÊNITAS DOS
de espessu ra tota l da pele sobre a patela para expor os OSSOS LONGOS
aspectos mediais e laterais da articu lação do joelho e do A primeira abordagem científica ao problema da deficiência con -
múscu lo femoral do quadríceps. gênita dos ossos longos foi realizada por Fran tz e O'Rahilly em
•Libere o músculo vasto latera l de sua ori gem muscular 196 1. Seu sistema de classificação amp lamen te utili zado descreveu
mais proximal no quadríceps f emoral ao nível da articu- as deficiências como term inais ou intercalares. Nas deficiências
lação. Isso pode exigir liberação do trato il iotibial latera l- terminais, há uma amputação sem partes do corpo distal ao local
mente ao septo intermuscular. (Fig. 29-64A). Nas deficiências intercalares, falta um segmento
•Como uma incisão cirú rg ica na linha média sobre a patela médio, mas os segmentos distais estão presentes (Fig. 29-64B).
tende a se cu rar com mais cicatrizes proliferativas em Deficiências terminais e intercalares são mais bem-definidas como
crianças do que em adu ltos, Eilert sugeriu fazer a incisão transversais ou longitudinais. A ausênc ia completa de uma mão no
cirúrgica sobre o joelho anterolateral de modo que a pulso é uma deficiência transversa l terminal. Uma mão completa
cicatriz não ficasse sob pressão direta contra a patela. A sem raio ou ulna é uma deficiência transversal intercalar. Um
incisão deve ser longa o su fi ciente para expor uma parte exemplo de deficiência longitudinal terminal é a hemimelia fi bular,
considerável do músculo do quadríceps de modo que ele na qual os dois ra ios laterais também estão ausentes. A hemimelia
possa ser real inhado. Em uma criança com luxação con- fibular, na que o pé encontra-se normal, é uma deficiência longi-
gênita patelar, a in cisão pode estender-se até a metade tudinal intercalada.
da coxa.
•Ocasiona lmente, o reto f emoral deve ser dissecado e
alongado por uma Z-plastia. HEMIMELIA TIBIAL
• Incise o vasto medial ob líquo desde a sua origem, proxi-
mal e distalmente, da patela, da cápsu la medial e do Desde que foi descrita pela primeira vez por Otto em 1941, a
tendão patelar. hemimelia tibi al foi conhecida por uma var iedade de nom es,
•Reduza a patela ao sulco femoral. incl uin do deficiência congênita longitudinal da tíbia, displasia
•Fixe novamente, lateral e distalmente, o múscu lo vasto congênita da tíbia, hemimelia tibial para-axial, displasia tibial
medial oblíquo no tendão patelar e no retináculo medial e deficiência congênita ou ausênc ia da tíb ia. Essa co ndi ção
para proteger a patela no su lco femoral. representa realmente um espectro de deformidades, varian do
•Quando a sutura inicial tiver sido colocada distal mente, desde a ausência total da tíbia (a forma mais grave) até a hipo -
mova o joelho através de uma esca la de movimento suave plasia leve da tíbia (forma menos grave). A incidência foi esti-
para aval iar a redução e o rastreamento da patela no mada em um de 1 m ilhão e a condição pode ser bilateral em
sulco femoral. Se a te nsão estiver muito alta sobre o vasto 30% dos pacientes. Em gera l, ela ocorre esporadicamente,
med ial ob líquo, remova o fio da sutura e transfira o embora casos fam iliares com padrão de transmissão autossô-
músculo ligeiramente em direção proximal. Se a tensão mica dominante ou recessiva tenham sido relatados. Pelo menos
esti ver muito bai xa, anexe o vasto medial ob líquo de quatro síndromes dist intas possuem a hemimelia tibial como
maneira mais dista l e lat eral. um componente: po lidact ili a-síndrome do polegar de falange
•Ocasionalmente, a patela fica tão instáve l que o músculo tripla (síndrome de Werner), d ipl opodia hemimelia tibial,
grácil ou o tendão sem itend inoso deve ser dividido na hemimelia tibial-síndrome da mão/do pé di vidido e hemimelia
junção muscu lotendínea e transferido para a patela como tibial-micromelia-síndrome braquicefálica trigonal. Embora a
uma rédea para dar maior estabilidade. O vasto medial causa exata seja desconhecida, Sweet e Lane descreveram um
oblíquo é suturado no retináculo restante da patela e no modelo murino para a hemimelia tibial em que a mutação
quad rado da coxa . dominante reside no cromossomo X.
•Continue a reparação do múscu lo vasto medial ob líquo A perna envolvid a é curta, e a cabeça da fíb ul a é palpável,
proximal e distalmente. se for deslocada proximalmente. O pé é mantido em equinovaro
• Mova o joelho de novo através de uma amplit ude de movi- grave e o retropé fica rígido (Fig. 29-65). Em crianças mais
mento para avaliar a redução da patela no sulco femoral e velhas, a base da tíbia proximal pode ser palpável, mesmo que
o movimento normal durante a flexão e a extensão. não seja visível radiograficamente. O joelho geralmente encon -
•Esvazie o torniquete e obtenha hemostasia com eletro- tra-se fletido; nas deformidades mais graves, a insuficiência do
ca utério. Insira um dreno profundo na incisão e feche o quadríceps provoca um déficit de extensão do joelho. A avaliação
tecido subcutâneo e a pele. clínica cuidadosa do mecanismo extensor do quadríceps é impor-
•Aplique um gesso longo à perna com o joelho em 30 tante, porque isso tem va lor prognóstico importante a respeito
graus de fl exão. do potencial para a reconstrução do joelho. Pode ser observada
hipoplasia femora l.
m!) PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE DESENVOLVIMENTO

Deficiências terminais Deficiências intercalares


Sem partes afetadas distais a A parte média do membro é deficiente, mas
e alinhadas com a parte deficiente as partes proximal e distal estão presentes

Transversal Para-axial Transversal Para-axial


O defeito se estende Apenas a parte pré-axial Parte central inteira Ausência segmentar
transversalmente por ou pós-axial do membro de membro ausente dos segmentos
toda a largura do membro está ausente com encurtamento distal pré-axial ou pós-axial do membro;
proximal e distal intactas

Hemimelia Hemimelia
incompleta radial
Amei ia Focomelia Hemimelia
Hemimelia Hemimelia incompleta ulnar
radial ulnar

Focomelia
completa
Hemimelia
tibial
A B

H@ii;Mm l Classificação de Frantz-O'Rahilly das deficiências congênitas dos membros. A, Deficiências terminais. B, Deficiências
intercaladas.

Na deformidade tipo lA, há uma ausência radiográfica com-


pleta da tíbia e uma epífise hipoplástica distal do fêmur (em com-
paração com o lado normal) (Fig. 29-67). Na deformidade tipo lB,
também não há evidência radiográfica de uma tíbia, mas a epífise
femoral distal aparece mais normal em tamanho e forma. Essa dife-
rença é fundamental, porque a deformidade do tipo lB tem uma
base cartilaginosa da tíbia proximal que pode calcificar com o
tempo. A artrografia, a ultrassonografia e a RM mostraram essa base
cartilaginosa em deformidades do tipo lB (Fig. 29-68). Com o
tempo, a base da tíbia proximal de uma deformidade de tipo lB pode
ossificar e se tornar uma lesão de tipo 2.
Na deformidade tipo 2, uma tíbia proximal de tamanho vari-
ável está presente ao nascimento. A fíbula geralmente tem tamanho
normal, mas a cabeça está deslocada proximalmente (Fig. 29-68A).
A deformidade tipo 3, na qual a tíbia proximal não é visível
radiograficamente, é rara. A epífise da tibial distal, por vezes, é
visível juntamente com uma metáfise distal madura; contudo, pode
haver só uma densidade calcificada difusa na base distal da tíbia. A
epífise distal do fêmur geralmente está bem formada, mas a extre-
midade superior da fíbula proximal encontra-se deslocada. Embora
a epífise femoral distal geralmente seja de tamanho normal, o joelho
em geral é instável.
Na deformidade tipo 4, que é rara, a tíbia é reduzida e há uma
l@@ii;HGJD Hemimeli a tibial bilateral em menina de 3 meses migração proximal da fíbula com diástase tibial fibular distal (Fig.
de idade; observe a ausência do hálux no pé direito, deformida- 29-69). Essa deformidade também foi chamada de diástase congê-
des graves em varo dos pés e contraturas em fle xão fixa do joelho. nita da articu lação do tornozelo e diástase tibiofibular congênita.
Na hemimelia tibial, o nervo fibular superficial pode acabar no
nível do tornozelo. Os músculos da perna que normalmente se
• CLASSIFICAÇÃO inserem na superfície plantar do pé tendem a se misturar em uma
O esquema de classificação mais amplamente utilizado para hemi- camada de tendão comum. O tálus e o calcâneo frequentemente
melia tibial é o de fones, Barnes e Lloyd-Roberts (Fig. 29-66), o qual estão congenitamente fundidos. A artéria tibial anterior está ausente
é baseado na apresentação radiográfica precoce. As recomendações e o arco plantar arterial está incompleto. Achados vasculares seme-
de tratamento são dadas para cada tipo. lhantes no pé torto e na hemimelia fibular sugerem redução do fluxo
CAPÍTULO 29 ANOMALIAS CONGÊNITAS DOS MEMBROS INFERIORES 4m:llll

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1A 18 2 3 4

h[dihfrimml Classifi cação da hemimelia tibial. No tipo 1A, a fíbula é deslocada proxima lmente, a tíbia não é evidente radiografi-
camente e a epífise distal do fêmur é menor do que no lado normal. No tipo 1B, a fíbula é des locada proximal mente e a base tibial
proximal pode ser visível ao nascimento por meio de ultrassonografia ou RM, mas não em radiografias simp les. A deformidade tipo 2
apresenta deslocamento proximal da fíbula e tíbia proximal rad iograficamente visíve l com aparência norma l da articu lação do joelho .
Na deformidade tipo 3, a fíbu la está deslocada proximalmente, a tíbia distal é visível radiograficamente, mas a tíbia proximal não é
vista . Na deformidade rara tipo 4, a fíbula migrou proximalmente com diástase da articu lação tibiofibular distal.

h!ijll;fi1fl!D Hemime lia tibial congênita tipo 1A. A, Aparência clínica. B, Aparência radiográfica .

vascular como causa. As anomalias associadas geralmente são mais podem frequentemente ser reconstruídas pa ra produzir uma
graves quando a tíbia encontra-se menos desenvolvida. Em defor- articulação funcional para o joelho.
midades tipo 4, a epífise distal da tíbia pode estar ausente. As duas opções para o tratamento de deformidades tipo lA
são a desarticulação e a reconstrução do joelho (com ou sem ampu-
• TRATAMENTO tação do pé) . A opção mais fácil e frequentemente mais eficaz é a
Assim como em todas as defic iências congên itas dos membros desarticulação do joelho seguida de encaixe com uma prótese acima
in feriores, o objeti vo do tratamento é um membro funcional do joelho. Essa opção proporciona uma solução definitiva com uma
com comprim ento igual ao do membro normal. O tipo de tra- cirurgia e é indicada quando não há complexo intacto do tendão do
tamento ci rúrgico depende da classificação radiográfica e da quadríceps e da patela. A desarticulação do joelho é preferível à
aparênc ia clínica. Para deficiências graves, amputações e reabi- amputação acima do joelho, porque a amp utação acima do joelho
litação protética são os meios mais práticos de tratamento. As para deformidade tipo lA pode resu ltar em problemas de pele por
deformidades tipo 1A são tratadas com mais frequência com causa do hipercrescimento ósseo do coto. Como o crescimento
desarticulação do joelho; no entanto, as deformidades tipo lB femora l final muitas vezes é pequeno, o resultado final de um a
11111!1> PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE DESEN VOLVIMENTO

H@ii;HBJD Recém-nascido com diástase congênita do tor-


nozelo representando hemimelia tibial tipo 4; observe a ausência
do primeiro raio .
H@ihf;ifmlt A, Hemimel ia tibial bilateral em recém -nascidos.
Obse rve a presença de remanescente proximal da tíbia à esquerda d ese nvolve, provocand o um a deform ação sec undári a. Fundir a
e a ausê ncia de remanescente à direita. As epífises distais do fí bula sob a tíbia incentiva a sua tran sfo rm ação em um osso m ais
fê mur est ã o igualmente bem desenvolvidas. O lado esquerdo é sem elhante à tíbia. A amputação d e Sym e é preferível a um a ampu -
uma d e formidade tipo 2 e o lado direito é uma deformidade tipo tação transtibial para preve nir proble mas transdiafisá rios d e cresci-
1 B. B, Im a gem de RM do mesmo paciente mostra base tibial pro- mento excess ivo do coto e preservar o se u comprimento m áximo.
ximal em ambos o s lados; o lado esquerdo tem epífise óssea, Alguns autores tentaram tratar a hemim eli a tibial com a equa-
enquanto o lado direito é puramente cartilaginoso . As contratu- li zação cirúrgica do comprimento d a pern a, a produção d e um pé
ras em fle xão de ambos os joelhos nessas imagens coronais obs- plantígrado e a criação d e um joelh o estável. O s procedim entos
curecem a parte inferior das pernas. trad icio nais d e alongam ento d a pern a, a reco nstru ção de tecidos
moles e o en gessamento não alca nça ram esses obj etivos d e form a
d esa rti cul ação d o joelh o pode ser uma am p utação funcion al acim a co nfi ável em pacientes com hemim elia tibi al; no entanto, o m éto d o
do nível d o joelho. As crianças tratadas d essa man eira são qu ase de Ilizarov o ferece uma opção viável p a ra a reconstrução em casos
uni fo rm emente usuá ri as d e p ró teses fun cio nais e ativas. As ten tati - selecion ad os, esp ecialmente as lesões tipo 2 e tipo 4. Essas decisões
vas d e co rrig ir o equin ovaro e a articulação ausente do joelh o fre- pode m ser bastante difíceis. A am p utação é um a op ção indesejável
qu en te mente resultam em cirurgias repetid as e fa lh as eventu ais. pa ra muitas famílias que esperam um membro n o rm al. Portanto, a
Pode se r ra zoável prese rvar o pé em d eformidad es bilaterai s po rque fun ção esperada do m e mbro reco nstruíd o, os múltiplos pro cedi -
a d iscrepância no comprim ento do m embro não é con siderad a, m as m entos cirúrgicos necessários e o tempo prolongado em um fixado r
as tentativas d e reco nstruir o joelho em conj un to com a am p utação exte rn o d evem ser c uid ad osam en te po nd erados em relação à fun ção
do pé tê m prod uzido resul tad os m istos. q ue po d e ser obtid a com a a m putação atempad a e o man ejo p roté-
Nas defo rmi dad es tipo l B e tipo 2, existe um a articu lação ti co. Para lesões tipo I A e tipo 3, a a mp utação precoce e a reabilita -
fun cion al d o joelho e a d esarticulação do joelh o não é necessá ri a se ção p rotética continu am sendo o tratam ento primá rio.
o mecanismo d o quadríceps es tiver presente e fu ncio nal. Um a sinos- O utros pro cedimentos enge nh osos são utilizad os para a
tose tibi ofi bular proxim a l co m bin ad a co m um a amputação de Sym e reconstru ção em cri an ças com hemimelia tibia l.
ou um a reconstrução di stal é o tratam ento d e esco lh a (F ig. 29-70). Em pacientes co m he mimeli a tibi al e d efi c iência femoral ipso -
Fazer um a sin os tose entre a fíbul a e a tíbi a cri a um eixo m ecâ nico latera l, a artrodese da fíbul a ao fêmur di sta l po de ser executada ou,
mais uni fo rm e, a linhad o e com apoi o. Q uando a fíbul a não é tran s- e m cri anças mais jovens, a co nd ro d ese, alinh ando a fíbula direta -
fe rid a para a tíbia, uma fíbula p eculiar, curvad a, hipertrofiad a se m ente com o fêmur e a fo ssa intercondila r. Combinar isso a uma
CAPÍTULO 29 AN OMALIAS CONGÊNITAS DOS MEMBROS INFERIORES

resultados são obtidos com a amputação do pé e a equalização protética


do membro na defi ciência tipo lB ou 2. Alguns autores recomendam a
desarticulação do joelho mesmo nas deficiências tipo 2 se contraturas
graves em flexão do joelho estiverem presentes antes da cirurgia. A
sinostose tibiofibular proximal não é absolutamente indicada para todas
as deformidades tipo 2; a literatura apresenta relatos de reabilitação
protética satisfatória após a amputação de Sym e isolada; no entanto, se
a fíbu la for transferida sob o remanescente da tíbia, pode-se esperar que
ela se remodele de forma confiável e, eventualmente, forme um grande
osso semeU1ante à tíbia.
As deficiências tipo 3 são extremamente raras e, nos relatos
li m itados dispon íveis, elas foram tratadas com amp utações do pé,
seja no nível de Syme ou de Chopart. Esses pacientes funcionam
bem, como pessoas amp utadas abaixo do joelho. Em alguns pacien-
tes, a sinostose tibiofibular é um a possibilidade.
Para pacientes com deficiências tipo 4, o tratamento deve ser
individualizado. A amputação de Syme proporciona excelente resultado
funcional. A reconstrução personalizada da articulação do tornozelo
para manter o pé e o tornozelo também fo ram descritas. A maior parte
dos pacientes pode ser tratada com combinações de sinostose tibiofi-
bula.r distal e epifisiodese fíbul ar distal. As deformidades em equinovaro
dos pés, se presentes, exigem liberações de tecidos moles.

ARTRODESE FIBULOTALAR DISTAL


Htijl!;t.)fJ!m Hemimelia tibial tipo 2 em criança de 18 meses
de idade que foi submetida à transferência de fibula para a tíbia. TÉCNICA ~
~~~~~~~~~~
Como o invó lucro periosteal foi deixado intacto, a conexão entre
a fibula distal transferida e fibula proxim al original foi refor- • Coloque o paciente em posição supina na mesa de cirurg ia.
mada. A amputação de Syme pode ser considerada como um • Aborde a articu lação fibulotalar distal anterolateralmente
segundo estágio. VEJA A TÉCNICA 29-28. para expor ambos os ossos.
•Disseque os tecidos moles para permitir a colocação
central do corpo do tálu s na extremidade distal da fíbula.
amputação de Syme aumenta signifi cativa mente o braço de alavanca
•Criar uma fenda através da cúpu la do tá lus em que a
efi caz do fêmur.
fíbula dista l será colocada em plantígrado e em al inha-
Embora as amputações de Syme e Boyd tenham sido os trata-
mento neutro com o pé.
mentos aceitos para facilitar a reabilitação protética, outras alterna-
• Se necessá rio, f ixe a articulação fibulotalar com fios de
tivas também fora m descritas. Se uma fam ília é absolutam ente
Kirschner longitudinais e cruzados .
co ntra a amputação do pé, uma alternat iva ace itável é a reconstrução
•Remova a cartilagem da epífise fibular dista l e da cúpu la
do co mplexo do pé e do tornozelo através da implantação da fí bula
do tálus para permitir o contato entre os ossos.
di stal no tálus em uma posição em equino extrema para aumentar
•Feche a incisão e apl ique um gesso longo na perna com
o co mprimento do membro (Fig. 29-71A) . Próteses podem ser cons-
o joelho fl exionado .
truídas para tirar vantagem deste comprimento extra ao mesmo
tempo em que acomodam o pé.
Nas deficiências tipo lB, existe uma articulação do joelho mesmo
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O gesso é usado até que
a artrodese se una, gera lmente em 12 a 16 semanas.
quando ela não pode ser vista na radiografia e pode ser possível reali zar
urna reconstrução funcional, como nas deficiências tipo 2. Em ambos
os tipos, um segmento proximal da tíbia está presente. O tratamento
recomendado é a transecção da fíbula proxim al ao nível da ponta distal SINOSTOSE TIBIOFIBULAR
do remanescen te da tíbia proximal e a transferência da fíbula distal para PROXIMAL
se fundir com o remanescente da tíbia. Putti usou uma configuração
lado a lado (Fig. 29-7 1B e C), mas a maioria dos autores agora prefere TÉCNICA ~
~~~~~~~~~~
um alinhan1ento de terminoterminal entre o remanescente da tíbia e a
fíbul a. Embora parecesse preferível esperar até que o esboço proximal •Faça uma incisão anterolateral começando na tíbia proxi-
da tíbia ossificasse, pode-se alcançar estabilidade mesmo quando a tíbia ma l e se este ndendo dista l e ant eriormente ao terço
proximal é puramente cartilaginosa. Numa segunda fase, o pé é ampu- médio da tíbia. Identifique e proteja o nervo fibular.
tado para facilitar a reabilitação protética. A retenção do pé durante a •Disseque uma porção suficiente da musculatura do com-
reconstrução da t.tbia proximal é útil porque serve co mo Lun ponto de partimento anterior da tíbi a proximal medial para expor
fixação para um gesso longo na perna. a base ca rtil agi nosa da tíbia proximal (na deficiência tipo
Novas técnicas de reconstrução do membro, como as técnicas 1B) ou a tíbia proximal óssea (na deficiência tipo 2).
descritas por Ilizarov, poderão permitir a eq ualização de compri- •Deixe as inserções proxima is da fíbula intactas, mas realize
mento dos membros na hemimelia tibi al grave, mes mo qu ando asso- uma dissecção subperiosteal da fíbula. )
ciada à deformidade em equinovaro grave, mas atu almente os melhores
1111!!» PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE DESENVOLVIMENTO

e
0!§11;f4ml Variações do procedimento de Putti para a reconstrução da ausência congênita da tíbia. A, A fíbula é inserida no
retropé com o pé em equino grave para alongar o membro. A fíbula também foi transferida para a fossa intercondilar. B, A fíbula foi
transferida para a fossa intercondilar e foi criada uma sinostose tibiofibular distal. C, Deficiência tipo 2. Foi realizada a sinostose da
fíbula para a tíbia proximal e inserida no retropé com o pé posicionado em equino para obter comprimento adicional. É preferida a
sinostose de uma extremidade a outra; se for realizada sinostose de lado a lado, pode-se usar parafuso transversal para a fixação.

•Num ponto apropriado em frente à extremidade distal da conforme necessário. A ponta da parte remanescente da tíbi a proxi-
) mal deve ser seccionada o sufi ciente para criar uma ampla supe rfíci e
base da tíbia proximal, realize uma osteotomia da fíbula.
•Coloque um pino de Steinmann de tamanho apropriado para condrodese ou sinostose com a fíbula. O periósteo da fíbula
distal mente através do canal medu lar da fíbula no aspecto deve ser suturado com o remanescente da tíbia proximal, se possível,
plantar do pé. para evitar a reformação da fíbula ao seu remanescente proximal.
• Redu za a fíbula sobre a tíbia proximal e conduza o pino
medular de modo retrógrado para o resto da tíbia
proximal. HEMIMELIA FIBULAR
• Se necessário, passe o pino no fêmur distal até a estabi-
lização. A hemimelia fíbular, também con hecida como aus ência congênita
• Distalmente, dobre o pino em 90 graus e corte-o abaixo da fíbula, deficiência congênita de fíbula, hemimelia fibular para-axfa l
do nível da pele a ser removida de 6 a 8 semanas mais e aplas ia ou hipoplasia da fíbula, é a deficiência de osso longo mais
tarde . Imobili ze a perna com um gesso. comum (seguida pela aplasia do rádio, fêmur, da tíbia, ulna e do
úmero). Se a disgenesia vascu lar e a isquemia relativa afetam o
mesênquima em desenvolvimento e fazem com que a displasia
Posteriormente, o pé pode ser amp utado. Em alguns pacientes, esquelética seja vista na hemimelia fibular ainda é uma informação
o pé pode ser recuperado com um a combinação de liberação de conjectura!. Não há mecanismos patogên icos genéticos ou tóxicos
tecidos moles, técnica de Ilizarov e talectomia ou artrodese, claros. A hemimelia fibular consiste em um espectro de anomalias,
CAPÍTULO 29 ANOM ALIAS CONGÊNITAS DOS MEMBROS INFERIORES

2
li@il;MGB Radiografia de criança com hemimelia fibular
clássica . O fêmur e a tíbia são curtos e o pé está em valgo com
raios laterais ausentes. lât§l!;f4G&I Classificação de Achterman e Kalamchi da hemi-
melia fibular. Tipo 1A: a epífise fibular proximal é mais distal e a
epífise fibular distal é mais proximal do que o normal. Tipo 18:
deficiência mais grave da fíbula com pelo menos 30% a 50% de
sendo que a menos grave é o encurtamento fibul ar leve e a m ais falta da fíbula e sem apoio distal para articulação do tornozelo.
grave a ausência total da fíbula associada a defeitos no pé, na tíbia Tipo 2: ausência completa da fíbula com encurvamento e encur-
e no fê mur. Por causa das inumeráveis anomalias associadas até tamento da tíbia .
mesmo com a defi ciência fibular leve, a hipoplasia postaxial pode
ser uma designação mais descritiva para essa condi ção.
A apresentação clínica depend e da classificação específica e das
anomalias associadas. Geralmente, há discrepância no comprimento
dos membros com deformidade em equin ovalgo do pé, contratura
em flexão do joelho, encurtamento femoral, instabilidade do joelho
e do tornozelo e retropé rígido com raios laterais ausentes (Fig.
29-72). Embora o equinovalgo seja a deformidade mais comum do
pé, o equinovaro e o calcaneovalgo tamb ém fora m relatados. Os
problemas clínicos são a desiguald ade no comprimento da pern a e
a instabilidade no pé e no tornozelo. No envolvimento bilate ral, a
discrepância do comprimento da perna geralmente se mani fes ta
como nanismo desproporcion al porque amb os os lados geralmente
são afetados em grau semelhante.

• CLASSIFICAÇÃO
Um esquem a de classificação útil proposto por Achterman e Kalam-
chi (Fig. 29-73) distingue uma deformidade ti po 1 (hipoplasia da
fíbul a) de uma deform idade tip o 2 (ausência completa da fíbul a). As
deformidades tip o 1 são subdivididas aind a em tipo l A e tipo lB.
No tipo l A, a epífise fibul ar proximal é distal à epífise proximal da
tíbia e a epífise distal da fíbul a é proximal à cúpul a talar. No tipo lB,
a deficiência fi bular é m ais grave, co m encurtamento de 30% a 50%
e sem apoio distal para a articulação do tornozelo (Fig. 29- 74). As
anorm alidades do fê mur são comuns, como a hipoplasia da patela e
o côndilo femoral lateral. Os ligamentos cruzad os tamb ém são cli-
nicamente instáveis A angulação da tíbia é enco ntrada com m ais
frequência em pacientes com deficiências tip o 2 (Fig. 29-75). A
enartrose do tornozelo está presente na maioria dos pacientes com
deficiências tipo l A e problem as mais graves do pé e do to rnozelo
são encontrados em pacientes co m deformidades tipo 2. Alguns
pacientes com deformidades tipo 2 têm as articulações do to rnozelo
relativamente estáveis; no entanto, apesar da ausê ncia da fíbula, iê@il;Ofli&I Hemimelia fibular do tipo 18 de Achterman e
outros têm instabilidade completa da articulação tibiotalar. As coa- Ka lamchi com fíbula muito hipotrófica e pouco visível; encurta-
lizões do tarso e as ausências dos raios laterais são comuns. mento leve de fêmur; e encurtamento moderado de tíbia .
mi) PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE DESENVOLVIMENTO

li@!hf!1flm A e B, Hemimelia fibular completa com arqueamento da tíbia e uma grave deformidade rígida em equinovalgo do
pé. O tratamento incluiu a amputação de Syme pouco antes de começar a andar e tratamento protético precoce.

Outra classificação descrita por Birch et ai. leva em conside-


ração a desigualdade geral no comprimento do membro e a função
do pé para a determinação do tratamento (Tabela 29-6) . O pé é
considerado funcional se ele puder ficar em posição plantígrada e
tiver três ou mais raios. A desig ualdade no comprimento do
membro é determinada por uma radiografia de corpo inteiro ou CLASSIFICAÇÃO TRATAMENTO
uma escanografia. O percentual de encurtamento permanece cons- TIPO 1 - PÉ FUNCIONAL
tante em 85% dos pacientes com deficiência da fíbula. Se ambos IA-0% a 5% de Ortose, epifisiodese
os membros estiverem envolvidos, o membro maior é considerado desigualdade
"normal" e a porcentagem de encurtamento é medida em relação IB - 6% a 10% de Epifisiodese ±
ao membro normal. desigualdade alongamento do membro
IC - 11 % a 30% de 1 ou 2 procedimentos de
• TRATAMENTO desigualdade alongamento do membro
Na avaliação inicial, o médico deve tentar prever a discrepância no ou amputação
comprimento final do membro, com base no percentual atual de ID - > 30% de desigualdade >2 procedimentos de
encurtamento. Geralmente, como o percentual de encurtamento em alongamento do membro
uma criança permanece relativamente constante ao longo da infân - ou amputação
cia, previsões razoáveis a respeito da discrepância no comprimento TIPO li - PÉ NÃO FUNCIONAL
final de um membro pode ser feita com base nas primeiras radio- llA - membro superior Amputa çã o precoce
grafias. A função do pé também é avaliada conforme descrito. Em funcional
um paciente com pé funcion al e desigualdade mínima no compri- Considere procedimento
llB - membro superior não
mento dos membros($ 5%), os objetivos do tratamento são a equa- funcional de salvamento do
lização do comprimento dos membros e a correção da deformidade membro
do pé. São receitados calços nos calçados durante a fase de cresci-
mento, e a epifisiodese da pern a normal é executada no momento
apropriado de modo que os comprimentos das pernas sejam iguais Para uma desiguald ade de 6% a 10%, a epifisiodese adequa-
no final do crescimento esquelético. Se a epifisiodese contralateral damente programável pode ser utilizada com ou sem alonga-
ou o encurtamento resultarem na diminuição geral inaceitável da m ento de membros em pac ientes com um pé funcional. Stevens
altura, o médico é confrontado com uma decisão difícil: ou a pern a e Arms recomendaram combinar alongamento de membros com
curta é alongada ou o pé é amputado e o comprimento é equalizado hemiepifisiodese do fêmur distal ou do tornozelo ou ambos para
com uma prótese. corrigir o alinham ento valgo. Eles também sugeriram que a
CAPÍTULO 29 ANOMA LIAS CONGÊNITAS DOS MEMBROS INFERIORES

ep ifi siodese contralateral adjuvante pode ser preferível ao alon-


gamento repetido do membro, enfatizando os vários procedi-
mentos que podem ser necessários para as deform idades
associadas. Se a discrepância prevista é mais do que pode ser
corrigido com procedimentos de equalização de membros, a
amputação de Syme e a reabilitação protética são recomendadas.
Atualmente, a amputação de Syme e o tratamento protético são
recomendados quando se prevê que a discrepância no compri-
mento do membro será maior do que 12 a 15 cm e o pé está
deformado. As vantagens da amputação precoce incluem menos
internações e procedimentos cirúrgicos. Crianças que se subme-
tem a amputação em uma idade precoce apresentam excelente 8
adaptação emocional e aceitação psicológica da sua deficiência e
têm bons resultados funcionais.
Para deformidades mais graves do pé, aquelas com menos de
O(ftii;Hm A e B, A técnica de cunha de fechamento pode
resultar em deformações da translação com o maléolo medial
três raios, ou equinovalgos rígidos, várias liberações de tecidos
proeminente (B).
moles não obtiveram de forma confiável um pé plantígrado. As
deformidades mais graves nos pés também podem ser acompanha-
das por graus mais graves de encurtamento do membro. Diante da
perspectiva de cirurgias múltiplas e imprevisíveis para a correção da
discrepância do comprimento dos membros e deformidades do pé,
a amputação precoce e a reconstrução protética geralmente são con-
sideradas as melhores opções para esses pés não funcionais; no
entanto, se os membros sup eriores também estiverem gravemente
afetados, o salvamento do pé deformado pode ser benéfico para
manter a função geral.
Em relação aos pacientes com 11 % ou mais de desigualdade
do comprimento de membro e pé funcional, uma decisão difícil deve
ser tomada: realizar o salvamento do membro com vários alonga-
mentos ou amputar. McCarthy et ai. constataram que os pacientes
que se submeteram a amputações foram capazes de realizar mais 8
atividades, tiveram menos dor, ficaram mais satisfeitos, tiveram um
número menor de complicações e passaram por menos procedimen- O@ihf4mla Osteotomia em varo de Wiltse para deformi-
tos cirúrgicos do que os pacientes com alongamentos da tíbia; no dade de tornozelo em valgo. Essa osteotomia corrige a translação
entanto, a decisão de prosseguir com a amputação muitas vezes é que ocorre durante o osteotomia em cunha de fechamento. A,
uma tarefa difícil para as famílias. Ocorre mudança na translação porque a deformidade está pre-
Choi et ai. notaram que a epífise da tíbia distal em pacientes sente na articulação do tornozelo e a osteotomia é feita mais
com hemimelia fibular muitas vezes se apresenta em forma de proximalmente na metáfise. B, Transladar um fragmento distal
cunha e descobriram que a gravidade da cunh a foi preditiva da lateralmente resulta em um contorno mais natural do tornozelo.
gravidade da deformidade do pé depois do alongamento da tíbia. VEJA A TÉCNICA 29-29.
Em pacientes com epífises levemente em cunha (tipo I), graus
variados de retardo leve do crescimento e deformidade mínima do
pé devem ser antecipados; em pacientes com epífises moderada-
mente em cunha (tipo II), o agravamento do retardo assimétrico
de crescimento e a deformidade progressiva do pé devem ser pre- do que um procedimento de Syme, ela deve ser usada com cautela
vistos; e em pacientes com epífises gravemente em cunha (tipo III), em crianças muito novas, porque a amputação de Boyd deixa um
o retardo grave de crescimento e as deformidades graves nos pés resquício do calcâneo que pode migrar posteriormente (Fig. 29-78).
devem ser previstos. O seccionamento profilático do tendão de Aquiles deve ser conside-
Nos casos em que o pé será recuperado, vários procedimentos rado quando a amputação é realizada para deficiências congênitas
de reconstrução foram descritos. Para deformidade em equinovalgo, dos membros.
liberações posteriores e laterais são necessárias. O tendão de Aquiles
e a base fibrocartilaginosa da fíbu la ausente devem ser liberados. Em
crianças mais velhas, o tornozelo valgo pode ser corrigido com uma
osteotomia cupuliforme em varo supramaleolar. A osteotomia de OSTEOTOMIA EM VARO
varização encurta o membro, mas também elimina a proeminência SUPRAMALEOLAR DO TORNOZELO
medial associada a uma osteotomia em cunha de fechamento

-------~
simples (Fig. 29-76). Uma osteotomia de Wiltse corrige a deformi- TÉCNICA
dade translacional (Fig. 29-77).
Nos casos em que o pé será amputado, a amputação de Syme (WILTSE)
geralmente é realizada. No momento da amputação, qualquer cur-
vatura residual da tíbia pode ser corrigida com uma osteotomia ou •Faça uma abo rdagem anterior à tíbia distal e uma abor-
essa correção angular pode ser adiada para uma idade mais avan- dagem lateral à fíbula distal. )
çada. Embora uma amputação de Boyd ofereça maior comprimento
PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE DESENVOLVIMENTO

O@ll;fflflll!I A, Deficiências bilaterais tipo 2 que afetam o lado direito mais gravemente do que o lado esquerdo - quatro raios
no pé esquerdo e apenas três no direito. B, Após amputação de Boyd à direita e centralização à esquerda. (Cortesia de Robert N. Hen-
singer, MD.)

•Crie uma osteotomia triangu lar, removendo um segmento ligamentos cruzados do joelho. Outras anomalias congênitas foram
) relatadas em associação com a PFFD, incluindo pé torto, coalizões
de osso que pode ser usado para enxertos ósseos (Fig
29-77 A). Faça a base do triângulo paralelamente ao châo, talocalcâneas, anomalias cardíacas congênitas, displasia da coluna
mas não paralelamente à articulação do tornozelo. vertebral e displasias faciais.
•Faça uma osteotomia oblíqua da fíbula distal. A incidência de PFFD foi relatada como uma em 50.000 nas-
•Desloque os segmentos distais proximal e lateralmente, cidos vivos. O diabetes materno foi implicado na hipoplasia femoral.
evitando a proeminência excessiva do maléolo medial
(Fig . 29-778). • CLASSIFICAÇÃO
•Fixe a osteotomia com pinos de Steinm ann e aplique um O esquema de classificação em quatro partes de Aitken (classes A,
gesso longo à perna. B, C e D) constitui uma das primeiras tentativas de fornecer uma
taxonomia sistemática dessa condição (Fig. 29-80). Na classe A
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Não é permitido apoio até (Fig. 29-SOA), há um acetábulo e uma cabeça femoral normais com
que as osteotomias tenham consol idado adequadamente. encurtamento do fêmur e ausência do colo do fêmur nas primeiras
radiografias. Com a idade, o colo cartilaginoso ossifica, em bora
isso seja frequentemente associado a uma pseudoartrose. Esta
pode consolidar, mas a imagem radiográfica hab itual mostra coxa
va ra grave com encurtamento significativo do membro. A classe B
é semelh ante à classe A, na qual o acetábulo e a cabeça femoral
DEFICIÊNCIA FOCAL FEMORAL PROXIMAL es tão presentes; no entanto, não há conexão óssea entre o fêmur
proxim al e a cabeça do fêmur e uma pseudoartrose es tá presente
Da mesma forma que muitas outras defici ências congênitas longitu- (Fig. 29-SOB). Na classe C (Fig. 29-SOC) , há uma degradação maior
dinais e transversais, a deficiência foc al femora l proximal (PFFD, do na formação do quadril, caracterizada por um acetábulo displásico,
inglês proximal f em oral focal de.ficiency) inclui um amplo espectro pela ausência da cabeça femoral e por um fêmur curto. Um
de defeitos. As formas leves resultam na hipoplasia menor do fêmur, pequeno tufo ossificado e separado pode ser visto na extremidade
enquanto o comprometimento grave pode resultar na agenesia com- proximal do fêmur. Na classe D, o acetábulo, a cabeça do fêmur e
pleta do fêmur (Fig. 29-79). Mais comumente, a PFFD consiste em o fêmur proximal estão totalmente ausentes (Fig. 29-SOD) e, em
um defeito parcial do esqueleto no fêmur proximal com um encur- contraste com a classe C, não há um tufo ossificado tampando o
tamento instável e variável da articulação do quadril e outras ano- fêmur proximal. Pacientes com PFFD classe D frequentemente
malias assoc iadas. A maioria dos pacientes com PFFD, especialmente aprese ntam anomalias bilaterais.
os pacientes com acometimento bilateral, apresenta anomalias asso- Outros autores têm expandido a definição de PFFD para incluir
ciadas, as mais comuns são a hemimelia fibular e a agenesia dos expressões menores de malformação femoral. Em sua avaliação com
CAPÍTULO 29 ANOMALIAS CONGÊNITAS DOS MEMBROS INFERIORES cm

O@lht;:iE ) A, Criança com deficiência


focal femoral proximal grave. Além do fêmur
ausente, a tíbia é curta e o raio lateral está
ausente . B, Aos 5 anos de idade, após ampu-
ta ção de Boyd. A epífise distal do fêmur é
vista, mas não há eixo ou cabeça femoral. O
acetábulo não mostra sinal de desenvolvi-
mento. A base carti laginosa da epífise femoral
distal estava presente ao nascimento, mas
ainda não era radiograficamente evidente.

A B e
O[êiil;tgif!ID Esquema de classificação de Aitken da defi ciência femora l focal proximal. A, A articu lação do quadri l parece formada,
mas o colo do fêmur está ausente nas primeiras radiografias, e o fêmur est á encurtado . B, A cabeça femoral é mais rudimentar e a
deficiência do eixo femoral proximal é mais significativa . A pseudoartrose entre o eixo femoral e a cabeça está sempre presente. C, A
cabeça femoral está ausente, o acetábulo é raso e o f êmur proximal est á represe ntado apenas por um pequeno tofo. D, A cabeça do
fêmur e o acetábu lo estão ausentes e a defici ência do eixo f emo ral é mais significativa .

125 pacientes com PFFD, Pappas descreveu nove classes qu e va ri a- desenvolveram um esquema simplificado de classificação da deficiên-
vam em gravidade: desde a co mpl eta ausê ncia do fêmur proximal cia co ngê nita do fêmur, que incluiu cinco grupos: grupo I, fêmur curto
(classe I) até a aplas ia femoral leve (classe IX) . A classe II de Pappas e articulação do qu adril intac ta; grupo II, fêmur curto e coxa vara do
co rrespond e à classe D de Aitken, a classe III de Pap pas co rrespo nde quad ril; gru po III, fê mur curto, mas acetábulo e cabeça femoral bem
à classe B de Aitken e as cl asses IV e V de Pappas podem ser corre- dese nvolvidos; grupo IV, arti culação do quadril ausente e segmento
lacionados com a classe A de Aitken (Tabela 29-7) . Ka lam chi et ai. femoral d isplás ico; e grupo V, ausência total do fêmur.
llllll!I) PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE DESENVOLVIMENTO

29-7 Nove Classes de Pappas de Anormalidades Congênitas do Fêmur

CLASSE li CLASSE IV
CLASSE 1 (AITKEN D) CLASSE Ili (AITKEN B) (AITKEN A)

,,,,
/ 1

,,,,
Encurtamento do 70-90 45-80 40-67
fêmur(%)
Anormalidades Fêmur ausente Ausência da Sem ligação óssea entre o Cabeça e eixo do
femoropélvicas Estruturas ósseas cabeça do eixo e a cabeça do fêmur fêmur unidos
isquiopúbicas fêmur Cabeça do fêmur com por ca lcificação
subdesenvol- Estruturas ósseas atraso na ossificação irregular na
vidas e isquiopúbicas Acetábulo pode estar matriz fibrocarti-
deficientes com atraso na ausente laginosa
Falta de ossificação Côndilos femorais mal
desenvolvi- desenvolvidos
mento Tufo Irregular na
acetabular extremidade proximal do
fêmur (raro)

Anormalidades Fíbula ausente Tíbia encurtada Tíbia encurtada 0-40% Tíbia encurtada
associadas Fíbula, pé, Fíbula encurtada 5-100% 0-20%
articulação do Patela ausente ou pequena Fíbula encurtada
joelho e e elevada 4-60%
articulação do Instabilidade comum da Instabilidade
tornozelo articulação do joelho frequente da
anormais Pé malformado articulação do
joelho
Pé pequeno com
malformações
não frequentes
Objetivos do Controle da Estabilidade União entre o eixo femoral União entre a
tratamento prótese femoropélvica e o quadril para cabeça, o
por meio de estabilidade pescoço e o eixo
controle Controle da prótese femoral
protético Controle da
prótese

De Pappas AM: Congenital abnorma lities of the femur and related lower-extremity malformations: classifications and treatment, J Pediatr Orthop
3:45, 1983.

Gillespie e Torode identi ficara m dois grand es grupos para fi ns os membros eram muito encurtados, ro dados e marcados por co ntra-
de tratam ento. Os pacientes do grup o 1 tinh am um fêmur hipoplástico turas em flexão do qu adril e do joelho a serem corrigidas. Esses
em que o quadril e o joelho eram reco nstruíve is e a equali zação da pacientes necessitavam apenas de procedimentos reconstrutivos que
perna às vezes era possível. Os pacientes do grup o II apresentavam fac ilitassem o tratamento protético.
urna PFFD "verdadeira" na qual a articul ação do qu adril era acentu-
adamente anormal. Embora algun s des tes pacientes tivesse m cone- • TRATAMENTO
xões tênues entre a cabeça femoral e o fê mur proximal, o alinh amento Os principais problemas são a desigualdade no comprimento do
e a musculatura ao redor eram acentu adam ente anorm ais. Além disso, membro e a inadequ ação vari ável da musculatura femoral proximal
CAPÍTULO 29 ANOMALI AS CONGÊN ITAS DOS MEMBROS INFERIORES

CLASSE V (AITKEN A) CLASSE VI CLASSE VII CLASSE VIII CLASSE IX

,,,,
,,,, ",,,,
,, ,,,,
48-85 30-60 10-50 10-41 6-20

Ossificaçã o Fêmur distal curto, Coxa vara Coxa valga Fêmur hipoplástico
incompleta do irregular e Fêmur hipoplástico Fêmur hipoplástico
fêmur, hipoplástico hipoplástico Di áfise femoral Cabeça e colo do
e irregular Diáfise femoral proximal irregular fêmur menores
Terço médio do distal irregular com córtex espesso Fise femoral proximal
fêmur anormal Deficiência comum no horizontal
côndilo femoral Anomalia comum dos
latera l côndilos femoral com
Fêmur va lgo distal curvatura associada
do ei xo e do valgo
do fêmur distal

Tíbia encurtada Osso único da Tíbia encurtada Tíbia encurtada 0-36% Tíbia encurtada
4-27 % parte inferior < 10-24% Fíbula encurtada 0-15%
Fíbula encurtada da perna Fíbula encurtada 0-100% Fíbula encurtada
10-100% Patela ausente < 10-100% Patela comum lateral e 3-30%
Instabilidade articular Pé malformado Patela comum lateral elevada Malformações
comum no joelho e elevada Pé malformado adicionais
Malforma ções graves ipsolaterais e
comuns do pé contra laterais
comuns

Control e protético Controle protético Igualdade no compri- Igualdade no Igualdade no


mento das extremi- comprimento das comprimento das
dades extremidades extremidades
Alinhamento melho- Alinhamento
rado do fêmur (a) melhorado do fêmur
pro ximal e do (b) (a) proximal e do (b)
distal distal

e da articulação do quadril. O tratamento é altamente individuali- sociais ou estéticas podem ser fornecidas próteses de extensão. Os
zado e va ria de amputação e reabilitação protética a salvamento do pacientes aprendem a aceitar a sua baixa estatura e são bastante
membro, alongamento e reconstrução do quadr il. A históri a natural funcionais. A cirurgia no pé pode ser necessária para corrigir outras
da variante particular e as limitações de reconstrução cirú rgica anomalias. O alongamento do membro não é indicado nestes
devem ser consideradas. pacientes porque seriam necessári os alongamentos extremos e os
Muitas vezes, nenhuma reconstrução cirúrgica é indicada. A PFFD quadris são instáve is. A fusão do joelho não é indicada porque o
bilateral é mais bem tratada com métodos conservadores (Fig. 29-8 1). joelho opera em conjunto com a pseudoartrose do quadril para
Esses pacientes podem andar bem sem as próteses, mas por razões promover movimento útil.
lllliD> PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE DESENVOLVIMENTO

iê!§il;fi'fmt Deficiência femoral focal proxima l bi lateral


grave (classe D de Aitken) em menino de 3 anos de idade; observe
a ausência tota l da forma ção do acetábulo.

ij@il;MfillD Prótese incorporando o pé .


Em pacientes selecionados, o controle protético que incorpora
o pé do paciente, sem tratamento cirúrgico, pode ser utilizado para
PFFD, porém, mais comumente, esse tipo de controle protético é
utilizado como uma solução temporária em pacientes mais novos até alongamento do membro (conforme descrito posteriormente neste
que a cirurgia definitiva seja realizada. Várias abordagens estão dispo- capítulo). A artrodese do joelho e a amputação do Syme ou a artrodese
níveis para tornar a reabilitação protética mais fác il. A maioria das do joelho e a plastia rotacional são indicadas para pacientes com
crianças com PFFD pode aprender a and ar sem a prótese, mas uma quadril estável e comprimento do membro inferior a 50% da extre-
prótese ajuda a igualar o comprimento das pernas. A amputação do midade contralateral. Finalmente, se o quadril for instável, a estabili-
pé deve ser feita entre 1 e 2 a.nos de idade, antes que os pais e a cri an ça dade pode ser alcançada com uma fu são do fêmur à pelve, seguida
se acostumem psicologicamente ao conceito de ter um pé e uma pela amputação de Syme ou plastia rotacional.
prótese de extensão. A prótese que incorpora o pé do paciente é acei- Quando o quadril estiver estável e relativa.mente com pouco
tável em uma criança pequena (Fig. 29-82), mas quando a criança se encurtamento (< 50% ), o salvamento do membro geralmente é prefe-
torna adolescente, uma prótese mais estética pode ser fornecida. rido. Para pacientes com uma cabeça femoral e um acetábulo (classe A
Uma abordagem alternativa permite usar a prótese para e classe B de Aitken), vários autores recomendaram cirurgia para esta-
moldar o pé em equino, para que ele se encaixe em uma prótese para belecer a continuidade entre a cabeça femoral e o fêmur. Se houver
amputação aci ma do joelho. O bocal é feito para acomodar todo o pouco estoque ósseo, é melhor que a cirurgia seja adiada até que a
fê mur. Mais tarde, um a artrodese pode ser feita, se necessário, para ossificação da cabeça do fêmur e a metáfise proximal estejam adequa-
tornar mais fácil o encaixe protético. É possível, no entanto, que das; mesmo assim, pode ser necessário enxerto ósseo autógeno suple-
alguns movimentos do joelho no coto da prótese sirvam como um mentar no local da pseudoartrose. Embora a imagem radiográfica possa
mecanismo de proteção para o quadril proximal anormal. Se uma ser melhorada com a correção da pseudoartrose proximal, ainda falta
artrodese do joelho for realizada, os benefícios potenciais do and ar demonstrar que a função pode ser melhorada. Muitos pacientes trata-
e o tratamento protético podem prevalecer sobre o aumento do dos com métodos conservadores têm bom movimento e fun ção boa e
estresse colocado no fêmur proximal e na art iculação do quadril razoável. Para PFFD menos graves (classe VII, VIII classe e classe IX de
proximal e na pseudoartrose, se houver. Pappas), a reconstrução do quadril está limitada a osteotomias que
Uma vez determinado que o tratamento cirúrgico é necessário, melhorem o alinhamento biomecânico. Cuidados devem ser tomados
dois fatores principais devem ser avaliados: a estabilidade da articula- para não danificar a fise femoral proximal nessas crianças que já tenham
ção do qu adril e o percentual de desigualdade no comprimento do problemas com o crescimento diminuído do fê mur.
membro. Para pacientes com um quadril estável e comprimento pre- O alongamento cirúrgico de membros, com ou sem encurta-
visto de mais de 50% do membro co ntralateral, deve-se considerar o mento con tralateral, deve ser considerado apenas se o fêm ur
CAPÍTULO 29 ANOMALI AS CONGÊNITAS DOS MEMBROS INFERIORES G!lllllll
Vista anteroposterior Vista lateral

Acetábulo

Fêmu r proximal
ausente--

h@il;MmD Fusão iliofemoral de Steel. A, Fêmur proxi mal ausente. B, O f êmur foi encurtado logo acima da fise distal e rotacionado
180 graus para que a fossa poplítea agora fique virada para trás. Uma osteotomia pélvica de Chiari foi fixada com dois parafusos; isso
é opcional, dependendo do contato ósseo do fêmur até a pel ve. O fêmur é fixado na pelve com vários parafusos. C, Vista lateral da
posição final do fêmur. É importante que o fémur seja encurtado o máximo possível e que a epífise femoral seja cauterizada. (Redese-
nhada de Herring JA, editor: Tachdjian's pediatric orthopaedics, ed 4. Philadelphia, 2008, Elsevier.)

estiver intacto. São recomendados de 10 a 12 cm como a quanti- sim ultânea (Capítulo 30) para criar um leito ósseo adequado para
dade máxima de alongamento possível em um único osso longo receber o pequeno remanescente femoral, permite que a articu-
com deficiência congênita e, combinado com encurtamento con- lação do joelho ass uma a função da articulação do quadril. O
tralateral, 17 a 20 cm como a quantidade máxima de desigualdade fragmento femo ral é fundido em uma posição flexionada a 90
que pode ser corrigida. O alongamento do membro deve ser feito graus em relação à pelve, de modo que a extensão do joelho agora
apenas em um fêmur com mais de 50% do comprimento femora l sirva como flexão do quadril. Enxerto ósseo adicional para garan-
previsto ou menos de 20 cm de encurtamento projetado; outros tir a fusão tem sido recomendado para as fusões de Steel. As
pré-requisitos para o alongamento incluem a estabilidade do osteotomias com cunha de fechamento podem ser usadas para
quadril e pé plantígrado estável. Independentemente da técnica, o eliminar a curvatura anterior do fêmur e permitir flexão ad icio-
alongamento de membros em pacientes com PFFD é difícil, sempre nal do quadril para sentar. A modificação de Brown (Fig. 29-84)
com risco de subluxação no joelho e no quadril. Para grandes da fusão de Steel reso lve parcialmente essa preocupação, rotacio-
discrepâncias, o alongamento pode ser feito em etapas: uma aos 4 nando o fragme nto femoral em 180 graus. Com essa técnica, o
ou 5 anos de idade, a segunda aos 8 ou 9 anos e uma terceira segmento femoral é fundido na pelve na posição estendida. Nesta
durante a adolescência. Dependendo das previsões da altura total posição, a antiga flexão do joelho agora funciona como flexão do
do paciente com base na perna normal, uma epifisiodese contra- quadril, e a antiga flexão dorsal agora funciona como flexão do
lateral pode ser indicada. joelho. A fusão iliofemoral pode limitar a mobilidade do membro.
Procedimentos de alongamento de membros colocam pressão Mesmo com certa quantidade de instabilidade, o joelho geral-
sobre o quadril e o joelho. Bowen et ai. enfatizaram a importância mente funciona corno uma dobradiça, proporcionando apenas
de evitar a subluxação e a luxação do quadril durante o alongamento flexão e extensão. A rotação e a abdução são perdidas após a
femoral em pacientes com encurtamento femoral unilateral. Eles artrodese iliofemoral. Atualmente, a artrodese do joelho (Fig.
identificaram vários fatores que predizem a subluxação progressiva 29 -85 ) com amputação do pé, em vez do alongamento dos
ou a luxação do quadril durante o alongamento femoral: (1) tipo de membros, muitas vezes é o tratamento preferido para deformi-
deformidade (classificação de Kalamchi), (2) anomalia combinada dades significativas (Fig. 29-86). A artrodese do joelho, como
da coxa vara com o arco varo da diálise do fêmur e (3) displasia descrita por Ki ng, serve para criar um único segmento ósseo da
acetabular presente antes de alongamento. Não ocorreram anoma- tíbia e do fêmur encurtado para funcionar como uma amp utação
lias no quadril após o alongamento em pacientes com deficiência de ac ima do joelho.
Kalamchi do tipo I ou II, mas ocorreu subluxação progressiva ou
luxação do quadril em pacientes com fêmures tipo IIIA com coxa
vara e arco varo combinados do eixo femoral inferior a 11 5 graus e
um índice acetabular de mais de 25 graus. Eles recomendaram a FUSÃO DO JOELHO PARA DEFICIÊNCIA
correção do arco varo do fêmur e do ângulo cervicodiafisário para FOCAL FEMORAL PROXIMAL
120 graus e o índice acetabular para menos de 25 graus antes do
alongamento dos fêmures do tipo IIIA. TÉCNICA ~
Para deformidades mais graves em que o quadril seja instá-
~~~~~~~ ........~
vel e não haja cabeça femora l ou acetáb ul o (classe C e classe D (KING)
de Aitken ou classe II e classe III de Pappas), muitos autores
recomendam que não seja feita nenhuma tentativa de reconstru- •Faça uma incisão em forma de S para expor o fêmur distal
ção do quadril, embora haja exceções notáveis. A fusão iliofemo- e a tíbia proximal anteriorm ente. )
ral de Steel (Fig. 29-83), que exige uma osteotomia de Chiari
lllllllilD PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE DESENVOLVIMENTO

Segmento do fêmur
e músculos
da coxa removidos

Nervo
isquiático
e vasos
femorais
permanecem
intactos

O@iizjmml Plastia rotac ional de Brown e artrodese


femoropélvica (ver texto). A, A parte proximal do fêmur
(com cabeça hipoplástica) e os músculos ao redor da coxa
são removidos, e a perna é rotacionada 180 graus. B, O
A membro é rotacionado, e o fêmur residual é ligado à pelve.

O@ll;HmB Quando o fêmur proximal é pequeno, com pseu - lfüii!;MfillD A, Deficiência focal femoral proximal em cr iança
doartrose entre o colo do fêmur e o eixo, ele pode ser estabili - de 7 anos de idade; o fêmur está gravemente encurtado e a tíbia
zado para cr iar um braço de alavanca melhor. A artrodese está relativamente hipoplástica. B, Após amputação do tornozelo
sim ultânea do joelho pode ser realizada para criar uma perna de Boyd, estabilização com pinos medulares de Steinmann e
com um osso só . Se possível, a fixação medular deve parar um artrodese por grampo da articulação do joe lho, o paciente pode
pouco abaixo da epífise femoral proximal. ser reabilitado como após a desarticulação do joe lho .
CAPÍTULO 29 ANOMALIAS CONGÊNITAS DOS MEMBROS INFERIORES

•Com uma serra oscilante, remova o aspecto proximal da


)
epífise proximal da tíbia até que o núcleo ossificado seja
visto. Em seguida, remova toda a epífise distal do fêmur.
A epífise tibial restante e a metáfise distal do f êmur serão
aproximadas e estabilizadas para possibilitar a fusão.
•Insira uma haste intramedular na tíbia proximal de
forma anterógrada até que ela sa ia da superfície plantar
do pé.
• Excise completamente a patela para prevenir os sintomas
patelofemorais no decorrer da vida.
•Em seguida, aproxime as duas superfícies ósseas, tendo
cuidado de garantir o alinhamento rotacional adequado,
mantendo o segmento alinhado.
•Avance a haste retrógrada no interior do canal intrame-
dular do segmento femoral.
• Feche a incisão da forma rotineira e aplique um gesso
para imobilização do quadril.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O gesso para imobiliza-


ção do quadril e a haste são remov idos na sa la de cirurg ia
quando a consolidação óssea no local da artrodese for
alcançada, geralmente em 6 semanas. A amputação do
pé muitas vezes é feita no momento da retirada da haste.

A desarticulação do tornozelo, a amp utação de Syme ou a H@il;f4m!i,I Criança de 12 anos de idade com amputação
amputação de Boyd podem ser usadas para a remoção do pé. A anterior de Boyd, mas sem artrodese do joelho. O manejo da prótese
almofada do calcanhar é estabilizada tanto pela amputação de Syme é o mesmo da amputação abaixo do joelho, mas o resultado é este-
como pela de Boyd, uma vantagem sob re a desarticulação simples ticamente ruim por causa da "tíbia" extremamente longa.
do tornozelo. A amputação de Boyd salva todo o calcâneo e fornece
um coto um pouco mais bulboso e comprimento adicional. Entre-
tanto, se o comprimento total da tíbia, do remanescente do fêmur e joelho com a rotação da tíbia distal em 180 graus externamente de
do pé for maior do que o fêmur no lado oposto, levando em conta forma que a art iculação do tornozelo torne-se uma articulação fun-
o potencial de crescimento, não há vantagem no pequeno aumento cional do joelho: a flexão plantar do tornozelo torna-se extensão do
e no comprimento adicional fornecido pela amputação de Boyd. "joelho" e a dorsiflexão do tornozelo torna-se flexão do "joelho''. A
A reconstrução protética pode ser facilitada em casos graves articulação de um quadri l razoavelmente estável e um tornozelo em
por uma amputação de Syme. A criança é observada com uma série bom funcionamento são necessários para essa técnica. Muitos
de escanografias até que dados suficientes sejam recolhidos para a pacientes com PFFD também apresentam hemimelia fibular, com
construção de um gráfico de Moseley em linha reta; em seguida, uma articulação do tornozelo em mal funcionamento. Um movi-
uma nova cirurgia pode ser planejada. Se a artrodese joelho for mento em arco ou do tornozelo de pelo menos 90 graus é necessário
selecionada para melhorar a adaptação de uma prótese e o andar, para que a reconstrução por plastia rotacional seja benéfica. O
pode-se realizar a epifisiodese nas fises ao redor do joelho, se neces- fêmur, o joelho e a tíbia devem ser iguais ao comprimento do fêmur
sário, para assegurar que o joelho protético esteja no mesmo nível oposto, mas isso geralmente não é o caso, de modo que a epifisiodese
que o joelho contralateral normal quando a criança atingir a matu- ipsolateral do joelho é feita para igualar a unidade femoral recons-
ridade óssea. Previsões precisas são desnecessárias, porque peque- truída e o fêmur contralateral normal.
nas quantidades de crescimento adicional na perna envolvida podem Brown descreveu uma modificação do procedimento de Van
ser facilmente acomodadas pela prótese. Entretanto, se a unidade Nes na qual o membro é completamente separado, exceto pelo nervo
femorotibial envolvida for mais longa do que o fêmur contralateral isquiático e os vasos femorais, a parte proximal do fêmur displásico
normal, o joelho protético pode ser colocado em uma posição muito e alguns músculos são ressecados, o membro residual é rodado
proximal ou muito distal, o que é esteticamente menos desejável externamente em 180 graus e a parte distal rotacionada do fêmur é
(Fig. 29-87). Embora isso possa ser tratado com um procedimento fundida na pelve (Fig. 29-84). Com esse procedimento, o joelho
de encurtamento da perna durante a maturidade óssea, um proce- rotacionado funciona como um quadril com flexão e extensão e o
dimento preventivo simples, como uma epifisiodese oportuna tornozelo rotacionado age corno um joelho, permitindo que os
durante os anos de crescimento, é preferível. pacientes amputados ajam corno pacientes com amputação abaixo
do joelho. Brown observou que, como os músculos distais ao joelho
1 PLASTIA ROTACIONAL não são acometidos, o problema da derrotação do membro, um
A plastia rotacional (procedimento de Van Nes) pode ser usada problema frequente após a plastia rotacional de Van Nes, não ocorre.
como alternativa para a artrodese do joelho e a amputação. Essa Alguns problemas significativos devem ser discutidos com o
reconstrução deve ser considerada em pacientes que, por causa de paciente e com os pais antes de se empreender esse tipo de recons-
um encurtamento femoral significativo, não sejam candidatos ao trução. Primeiro, a aparência da perna, com o pé rotacionado para
alongamento femoral. O procedimento combina a artrodese do trás (Fig. 29-88), pode ser psicologicamente perturbadora; grand e
mi!!) PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE DESENVOLVIMENTO

O@lhHf!ID Aparência do membro após plastia rotacional de Van Nes: vista anterior (A), vista posterior (B) e com a
prótese (C) .

cuidado deve ser tomado na consulta pré-operatória para deixar isso •Aplique tração na cápsu la proximal e distal mente para
claro. É útil dispor de outro paciente que já se submeteu ao proce- expor tota lmente a articu lação do joelho dividindo os
dimento para mostrar como a prótese funciona. Se esse paciente não ligamentos colaterais e a cápsu la anterior, medial e lateral.
estiver disponível, a família deve ver fotografias e desenhos de uma •No lado medial, disseque cuidadosamente a inserção do
plastia rotacional. Outro problema, especialmente em crianças adutor magno até o nível da artéria femoral.
novas, é a derrotação do pé rotacionado cirurgicamente, qu e tem • Divida o adutor magno para permitir que a artéria rode
sido relatada em até 50% dos pacientes. Em comparação com a
anteriormente e para limitar a derrotação pós-operatória.
amputação de Syme, a plastia rotacional mostrou resultar em urna •Trace a artéria femoral distal e posteriormente, até que
marcha ligeiramente mais eficiente em termos de energia (10%) do ela se torne a artéria poplítea.
que a amputação de Syrne, embora um estudo de análise eletromio- • Divida os músculos isquiotibiais mediais em sua inserção.
gráfica e da marcha tenha mostrado que os pacientes mais velhos •No lado latera l, disseque cuidadosamente o nervo fibular.
geralmente apresentaram escores funcionais menores, distâncias Se a fíbula for deficiente, a relação anatômica entre o
percorridas mais curtas e padrões de andar piores. Os pacientes mais nervo fibula r e a cabeça da fíbula proxima l pode ser
jovens conseguiram se adaptar à situação anatômica e funcional anorma l. Para evitar danos ao nervo f ibu lar, siga o nervo
alterada e desenvolver um bom funcionamento. proxim al mente até o seu ponto de origem no nervo isqui-
ático. Libere todos os anexos fasciais distais sobre o nervo
fibular.
•Após as principais estruturas neurovasculares terem sido
PLASTIA ROTACIONAL completamente identificadas e protegidas, divida a
cápsula posterior do joelho e corte as origens das cabeças

---------~
TÉCNICA do gastrocnêmio.
•Os únicos anexos remanescentes do fêmur à tíbia são a
(VAN NES) pele, o tecido subcutâneo e as estruturas neurovascula-
res. Libere os isquiotibiais laterais.
• Coloque o paciente em posição supina e deixe todo o •Com um osteótomo ou uma serra oscilante, remova a
membro livre para que a pele seja exposta dos dedos dos pés carti lagem articular da tíbia proximal para baixo até o
até a crista ilíaca. Coloque um pequeno coxim sob o sacro. nível da epífise da tíbia proxima l. Não danifiqu e a fise
•Comece a incisão proximal e latera lmente até o joelho e tib ial proxima l.
estenda-a através do joelho distalmente ao longo da •Se a perna precisar ser reduzida, encurte o fêmur remo-
crista subcutânea da tíbia. vendo a epífise dista l do fêmur e a fise.
•Eleve os retalhos medial e lateralmente para expor a •Insira uma haste de Rush intramedular através do fêmur
cápsu la do joelho e o tendão patelar. distal proximalmente, saindo através da fossa piriforme
•Divida o tendão patelar e abra a cápsula do joelho na nádega. Se necessá rio, frese o fêmur com uma broca
transversalmente. para evitar fragmentação durante a inserção da haste.
CAPÍTULO 29 ANOMALIAS CONGÊNITAS DOS MEMBROS INFERIORES cm.

-
B e
iuijil;f4mD Plastia rotacional de Van Nes. No pré-operatório, a articulação do tornozelo da extremidade mais curta fica aproxi-
madamente ao nível da articulação do joelho oposto. A, Incisão longa na face lateral da perna se estende do quadril ao terço médio
da tíbia . B, Os tendões do quadríceps e do sartório são retirados distal mente para expor o hiato do adutor e a artéria femoral; o nervo
fibular é dissecado livre . C, Após a ressecção da articulação do joelho e a liberação da artéria femoropoplítea, a tíbia é rotacionada
externamente 140 graus. D, A rotação de mais 40 graus é possível após a osteotomia da tíbia, permitindo alongamento em tecidos
moles sobre uma distância maior. A rotação externa é preferível à rotação interna para evitar o alongamento do nervo fibular. E,
Fixação com haste medular de Rush. VEJA A TÉCNICA 29-31.

•Fa ça uma pequena incisão na nádega onde a haste sa i. • AMPUTAÇÕES


•Retire a haste e reinsira-a, de proximal para distal, através Embora a maioria dos princípios cirúrgicos básicos de amputação
do fêmur e da tíbia, parando perto da fise da tib ial distal. em adultos se aplique a crianças, há diferenças importantes. A
Enquanto a haste está sendo inserida, rode a tíbia exter- maioria das amputações em crianças é realizada por condições con-
namente para re laxar o nervo f ibul ar. gênitas. Ou a criança nasce sem uma parte do membro ou uma
•Transfira cuidadosamente a artéria poplítea femoral ante- amputação é realizada para fazer a reconstrução e reabilitação pro-
riormente através do hiato adu t or. tética com mais facilidade em um membro deficiente. O trauma é
• Se a perna não puder ser rot acionada confortavelmente responsável pelas amputações adquiridas em crianças. Em contraste
através da ressecção do joelho, obtenha rotação ad iciona l com os típicos pacientes adultos portadores de insuficiência vascu-
por meio de uma osteotomia separada no eixo médio da lar, as crianças podem tolerar enxertos de pele sobre cotos e, até
tíbia, que também é estabilizada pela haste intramedu lar. certo ponto, a tensão na linha de sutura. A maioria das cirurgias de
•Um encurtamento ad iciona l pode ser realizado através da revisão em crianças com amputações congênitas envolve a extremi-
tíb ia, se necessário. Em ta is casos, uma osteotom ia fibular dade inferior. A cirurgia de revisão da amputação de deficiências da
também é realizada. extremidade sup erior raramente é necessária.
• Tente rotacionar a extremidade em 180 graus. Se a rotação O tratamento protético após amputação em crianças deve
colocar torque em excesso nas estruturas vasculares e os começar após a cicatrização completa e a preparação padrão do coto.
pulsos distais estiverem perdidos, derrotacione a perna através Um curativo rígido pós-operatório gessado, que é bivalvado para
do joelho até que a pressão sobre os vasos seja aliviada. permitir o inchaço, é o preferido. Quando as fraturas estiverem
•Feche as incisões e aplique um gesso que mantenha a suficientemente consolidadas, o envolvimento do coto com ligadu-
rotação. ras elásticas é iniciado para prepará-lo para urna prótese. Dores
fantasmas e sensações fantasmas são problemas em crianças com
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Se for necessária der- amputações, especialmente após cirurgia de tumor. A formação de
rotação do pé para al iviar a pressão vascula r, o pé será neuroma é rara, mas a manipulação cuidadosa dos nervos e o corte
rotacionado em série usando gessos sucessivos para imo- com o bisturi, sem aplicação de tração excessiva sobre os nervos,
bilização do quadril, para rodar o pé sobre o eixo da haste deve ser o procedimento de rotina em todas as cirurgias de ampu-
intram edular. Quando as osteotom ias consolidarem, a tação em crianças.
criança será equ ipada com uma prótese modificada No planejamento de cirurgia de amp utação, o comprimento
aba ixo do joelho. Embora seja possível amputar os dedos máximo deve ser preservado para fornecer fo rça máxima no
dos pés para fazer com que o pé fique mais parecido com braço de alavanca para dar força à prótese. A fise deve ser pre-
um coto abaixo do joelho e menos como um pé "virado servada sempre que possível para garantir o crescimento contí-
para trás", a maioria dos pacientes recusa essa opção. nuo do membro. Isso é especialmente verdadeiro para as fises ao
redor do joelho, que proporcionam a maior parte do crescimento
~ PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊN ITOS E DE DESENVOLVIMENTO

na extremidade inferior, e as fises ao redor do ombro e do punho, membros, como hemimelia tibial ou ti.bular, o tornozelo distal apre-
que proporcionam a maior parte do crescimento longitudinal da senta-se relativamente hipoplástico, no entanto, um coto bulboso
extremidade superior. Embora a amputação através de um osso geralmente não representa problema.
longo em uma criança em crescimento possa resultar em cresci-
mento excessivo do terminal apos icional, essa não é uma razão
suficiente para sacrificar o comprimento. Em amputações abaixo AMPUTAÇÃO DE SVME
do joelho em crianças pequenas, é muito provável que a fíbula e,
TÉCNICA ~
em menor medida, a tíbia, vai crescer demais, mas isso pode ser --~~~~~~____.~
satisfatoriamente corrigido por cirurgia de revisão. Embora a
•Faça um a inci são boca de peixe começando no maléolo
desarticulação do joelho possa evitar o crescimento excessivo, é
latera l, estendendo-a ao lo ng o do dorso do pé e ter-
muito mais importante preservar a articulação do joelho para dar
minando 1 cm distal mente ao maléolo medial (Fig . 2 9-91 A)
força a uma prótese abaixo do joelho do que prevenir o cresci-
A parte plantar deve-se estend er distalmente o sufi-
mento excessivo do coto. Mesmo segmentos curtos abaixo do
ciente para permitir o f echamento adequado da pele
joelho devem ser preservados, se possível, em crianças em cres-
anterio rm ente.
cimento. Como a fise proximal da tíbia contribui para a maioria
•Coloque o pé o máximo possível em eq uino para expor
do crescimento da tíbia, um coto inicialmente curto tem o poten-
a cápsula anterior do tornozelo e divida-a.
cial de se tornar mais longo, mais funcional. Em crianças mais
•Divida o lig amento do deltoide entre o tálus e o maléolo
velhas, é possível prolongar um coto curto abaixo do joelho
medial, mas não danifique os vasos tibiais posteriores
usando a técnica de llizarov para fornecer um coto mais funcional
próximos.
para pacientes selecionados.
•Seccione o ligamento latera l entre o calcâ neo e a fíbula.
O crescimento excessivo terminal foi relatado mais frequente-
•Segure o tálus com um grampo grande e force-o mais
mente no úmero, seguido da fíbula, da tíbia e do fêmur. Como
em equ in o para permitir a dissecção da cá psu la posterior
parec.e ser causada pela formação óssea periosteal distal, e não pelo
do tornozelo.
crescunento epifisário proximal (Fig. 29-90), a epifisiodese não
•Faça uma dissecção subperiostea l do aspecto posterior do
impede o crescimento excessivo do coto. Uma variedade de técnicas
ca lcâ neo através da articulação do tornozelo.
fo i criada para evitar o crescimento excessivo do coto, mas nenhuma
•Corte o tendão de Aqui les no seu ponto de inserção no
fo i completamente bem-sucedida. Pequenas proeminências nos
calcâneo, mas não o fixe através da pele.
ossos que se formam na borda do osso seccionado não constituem
•Coloque mai s tração no retropé e mais hiperflexão no
um crescimento excessivo verdadeiro e raramente exigem remoção
equi no e disseque os tecidos moles com um destaca-pe-
cirúrgica. O crescimento excessivo do coto ocorre em amputações
riósteo e um bisturi, permanecendo no plano subpe ri os-
congênitas e traumáticas.
tea l para evitar danificar o coxim do ca lca nhar.
Luxações da patela e patela alta são problemas comuns em ado-
•Continue a dissecção até que todo o calcâneo seja exci-
lescentes com amputações abaixo do joelho, presumivelmente causa-
sado (Fig. 29-91 B).
das pela força da prótese de apoio no tendão patelar contra a superfície
• Para prender o coxim no calcanhar, faça orifícios na face ante-
inferior da pateta. O alongamento do tendão patelar pode ser preve-
rior da tíbia distal e use sutu ras robustas do aspecto distal do
mdo pela modificação da prótese para distribuir a força ao redor de
coxim, fixando-o na aponeurose da tibia distal (Fig . 29-91 C).
uma área maior, em vez de uma concentração no tendão patelar.
•Em crianças, não é necessário remove r a carti lagem da
tíbi a distal, mas, se desejar, o alarg amento do maléo lo
• DESARTICULAÇÃO DO TORNOZELO
medial e a fíbul a distal podem ser cortados para criar uma
Embora as técnicas de amputação padrão estejam descritas no Capí-
superfície mais uniforme de apoio.
tulo 15, existem variações importantes de amputações ao redor do
•Puxe os tendões flexores distalmente, corte-os transver-
tornozelo para reconstrução em crianças com deficiências congêni-
sa lmente e permita que se retrai am.
tas dos membros. As duas amputações reconstrutivas mais comuns
•Ligue as artéria s tibiais posteriores e anteri ores, o mais
realizadas nessas crianças são os procedimentos de Syme e de Boyd.
distalmente possível, para evitar a necrose isquêm ica dos
A amputação de Syme é uma desarticulação modificada do torno-
retalh os.
zelo. O procedimento de Boyd amputa todos os ossos do pé, exceto
•Insira drenos de sucção na incisão e feche a pele em
o calcâneo, e funde o calcâneo à tíbia distal.
camadas (Fig. 29-910)
Muitos estudos têm documentado excelentes resultados com
•Aplique um cu rativo gessado rígido para diminuir a dor
ambos os procedimentos, mas a literatura parece favorecer uma
após a cirurgi a; bivalve o gesso para permitir o edema.
amputação de Boyd bem realizada do que uma amputação de Syme.
Os problemas encontrados em amputações de Syme em crianças
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O apoio no coto em
foram o crescimento excessivo de apófises calcâneas retidas, a
um gesso é ad iado até que a ferida tenh a cicatrizado
luxação dos calços no calcanhar e a formação de exostoses. As van-
adequadamente.
tagens da cirurgia de Boyd são o comprimento adicional adquirido
e a prevenção do deslocamento posterior do calço no calcanhar, que
ocorre em muitos pacientes com amputações de Syme. Na amputa-
ção de Boyd, é importante alinhar adequadamente o calcâneo. Se o AMPUTAÇÃO DE BOYD
calcâneo não estiver alinhado corretamente, ele muda o ângulo para
~
equino e interfere no apoio. TÉCNICA
Um problema comum às amputações de Syme e de Boyd é o
---~~~~~~-'~
alargamento da metáfise da tíbia distal, o que dá uma forma de bolbo •Faça uma incisão boca de peixe, como descrito para a
ao coto distal e necessita de uma prótese especial com uma abertura amputação de Syme.
medial removível. Em crianças com deficiências congênitas nos
CAPÍTULO 29 ANOMALI AS CO NGÊNITAS DOS MEMBROS INFERI ORE S (mDllll

H[êiil;fdfl!E!I A, Recé m-nascido com amp utação congênita através da t íb ia proxim al. B, Com 5 anos de idade, o crescimento co ntinu o
do coto dista l e o pencilin g resu ltaram na sa liência do osso da pe le. (Cortesia de Robert N. Hensinger, MD.)

•Eleve os retalhos de pele proxima lmente e ampute o •Resseque uma quantidade adequada da cartil agem arti -
antepé através das articulações mediotársicas. cular da tíbia dista l para que sua epífise óssea fique
• Excise todo o tá lus, util izando dissecção cortante. exposta (Fig. 29-92 8)
•Com uma serra osci lante ou osteótomo, corte transver- • Modele o ca lcâneo para se enca ixar com precisão na
sa lmente a extremidade distal do ca lcâneo (Fig. 29-92A). superfície da epífise tibial dista l. Estabi lize com um pino
•De modo semelhante, remova a superfície articular da de Steinmann liso que entre no coxim do ca lcanhar e
articulação subtalar no calcâneo perpendicularmente ao proporcione uma f ixação da tíbia através do cruzamento
eixo longo da tíbia. da fise tibia l distal até a metáfise.
)
lllm) PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE DESENVOLVIMENTO

b[dll;M& I Amputação de Syme. A, Incisão boca de peixe. B, Enucleação do tálus e do calcâneo. C, Retalho plantar suturado na
tíbia distal. D, Fechamento concluído com dreno no local. VEJA A TÉCNICA 29-32.

A e
O[dl!;Mfl!l9 Amputação de Boyd. A, Incisão boca de peixe; as áreas sombreadas representam ressecção óssea. B, A cartilagem da
tíbia distal é removida raspando gradualmente até a epífise óssea ser atingida; o calcâneo é deslocado anteriormente e tendão de
Aquiles é seccionado para evitar que ele migre proximalmente. C, Fixação com pino medular liso ajuda a fusão do calcâneo na epífise
tibial distal. VEJA A TÉCNICA 29-33.

)
•Ocasion almente, o tendão de Aqui les deve ser cortado DISCREPÂNCIA NO
para permitir o posicionamento preciso do calcâneo. COMPRIMENTO DOS MEMBROS
•É importante deslocar o calcâneo anteriormente antes de A igualdade no comprimento dos membros inferiores não é apenas
fixá-lo com o pino de Steinmann (Fig. 29-92C). um a preocupação estética, mas também uma preocupação funcio-
• Seccione os nervos plantares medial e lateral e permita nal. O andar com uma perna curta é estranho, aumenta o gasto
que eles se retraiam. energético por causa da ascensão vertical e da queda excessiva da
•Seccione as artéria s tibiais posterior e anterior, o mais pelve e pode resultar em dor lombar se o indivíduo ficar muito
distalmente possível, para evitar necrose da incisão. tempo em pé. Escoliose compensatória e diminuição da mobilidade
•Feche a incisão sobre drenos e aplique um gesso. Pode da coluna vertebral também foram relatadas com discrepâncias de
ser necessário um gesso para a imob ilização do quadril 1,2 a 5,2 cm; no entanto, deve-se notar que as desigualdades no
em crianças mais novas. comprimento dos membros de 0,5 a 2,0 cm são comuns na popula-
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O pino geralmente pode ção normal assintomática.
ser removido em 6 semanas e um novo molde é aplicado e
Desigualdades no comprimento dos membros de mais de 2,5
usado durante um período adicional de 6 semanas. Depois cm tradicionalmente são consideradas significativas, com aum ento
disso, o coto normalmente se cura o suficiente para a reabili-
da probabilidade de dor no joelho, no quadril e na coluna lombar;
no entanto, fa lta o embasamento para esse valor exato na literatura.
tação protética.
O tratamento de um paciente com desigualdade no comprimento
CAPÍTULO 29 ANOMALIAS CONGÊN ITAS DOS MEMBROS INFERIORES Cl!m
dos membros é bastante complexo, e vári os fatores, incluindo a
causa da discrepância, condições associadas, dor e expectativas do
paciente/da família devem ser levados em conta juntamente com
a diferença medida antes de o tratamento ser realizado.
A desigualdade no comprimento dos membros pode ser
adquiri da e resultar de trauma ou infecção que dan ifique a fise,
de condições assimétri cas de paralisia (p. ex., poliomieli te ou
paralisia cerebra l) o u de tumores ou lesões pseudotumorais que
afe tem o crescime nto do osso ao est imularem o crescimento
assimétr ico, como ocor re na artrite reu matoide juven il ou na
hi pervascularidade pós-fratura. A hipoplas ia e a hiperplasia uni-
lateral idiopática são outras causas comuns de discrepância no
comprimento de membro. Finalmente, con dições congên itas,
como deficiência femoral ou fibular o u a hemimelia tibial,
podem causar a desig uald ade.
O tratamento da discrepância no comprimento dos membros
deve ser adaptado às condições e às necessidades de cada paciente
individual mente. Os planos de tratamento só podem ser formulados
após uma avaliação cuidadosa que inclua a aval iação das idades
cronológica e esquelética do paciente, a discrepância atual e a pre-
vista do comprimento dos membros, a estatura adu lta prevista, a
causa da discrepância, o estado funcional das articul ações e o back-
ground social e psicológico do paciente e da família.

AVALIAÇÃO CLÍNICA

A avaliação clíni ca deve incluir a avaliação de quaisquer defor-


midades rotacionais e angulares, diferenças de altura do pé,
escoliose, obliquidade pélvica, mobilidade e função art icular.
Em determinadas co ndições de paralisia, particularm ente a diple-
gia espástica, as contraturas em fl exão do joelho e do quadril
fazem o membro parecer mais curto do que rea lmente é em lê!§il;Hfl!m Escanometria obtida para ava liação da discre-
exames clínicos e radiográficos; no entanto, o encurtamento leve pânci a no comprimento do membro em menino de 12 anos de
do lado paralítico pode melhorar o andar, permitindo que o pé idade com hemimelia fibular à direita .
paralítico desprenda do chão com mais fac ilidade durante a fase
de balanço do an dar.
O meio mais simples de medir a discrepância no compri-
mento dos membros é colocar blocos de madeira de alturas
con hecidas sob a perna curta até que a pelve esteja nivelada; no
en tanto, o desenvolvimento pélvico assimétrico o u a obliquidade
pélvica podem causar erro no cálculo. A medição também pode
se r feita da espinha ilíaca an terossuper ior até o maléolo medial,
mas essa medida po de não ser exata por causa da posição do paralaxe seja maior com a ortorradiografia em pé, é oferecida a
paciente. As medições em supin o e em prono de Galeazzi podem vantagem adicional da exibi ção do alinhamento dos membros, assim
ajudar a localizar a discrepância no segme nto femoral ou tibial, como a redução da exposição à radiação ionizante. Com qualquer
respectivamente. dos estudos, é imperativo que as pernas sejam posicionadas com a
patela virada para a frente .
A idade óssea é um fator importante para incluir na tomada
AVALIAÇÃO RADIOGRÁFICA de decisões de tratamento. Uma visão do punho esquerdo é obtida
para estimar a idade óssea do at las de Greulich e Pyle; no entanto,
As medidas radiográficas são uma parte essencial da avaliação da isso não é necessário em cri anças com menos de 5 anos de idade
desigualdade no comprim ento dos membros e são importantes para porque as idades óssea e cronológica não são significativamente
a precisão, pois marcos clinicamente palpáveis podem ser impreci- diferentes nessas crianças. Embo ra o uso do atlas de Greulich e Pyle
sos. Duas técnicas radiográficas comumente usadas para medir a seja uma parte importante da aval iação geral da idade óssea, deve-se
discrepância no comprimento dos membros são a ortorradiografia observar que o desvio padrão desse atlas é apenas um aspecto de
em pé e a escanografia. A ortorradiografia é feita em um filme qualquer maneira.
radiográfico longo que inclui quadril, joelho e tornozelo em uma As escanografias por TC foram consideradas uma melhoria em
única exposição. Um marcador de amplificação colocado na perna relação às escanografias padrão, porque a exposição à radiação é
ao nível do osso minimiza erros de ampliação. A escanografia usa menor e a precisão não é comprometida. Em escanografias por TC
exposições separadas do quadril, joelho e tornozelo, por isso há laterais, a medição exata pode ser feita mesmo em um membro com
pouco erro de paralaxe (Fig. 29-93). Mas isso exige que a criança deformidade em flexão. Nas escanografias por TC biplanares, a
permaneça parada durante as três posições. Embora o erro de altu ra do pé também pode ser medida.
1111!1> PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊN ITOS E DE DESEN VO LVIM ENTO

100

90

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Idade óssea-meninas
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50 50
Idade óssea-meninos

40

2000 2001 2002 2003

iâ@mf.jflil!II Gráfico em linha reta de Mose ley. O exemplo apresentado é de menino com hemiatrofia idiopática observada clini-
camente durante 4 anos consecutivos . Em 2000, a perna mais comprida media 70 cm, a perna mais curta tinha em média 67 cm, e a
idade óssea era de 9 anos. As escanografias e as rad iografias adicionais da id ade óssea são plotadas como mostrado. A linha reta
horizontal (A) se estende até a linha de maturidade, com número igua l de idades esque léticas acima e abaixo da linha . Na maturidade
óssea, a perna mais comprida é projetada para medir 92 cm e a perna mais curta é projetada para medir 87 cm. A linha pontilhada (B)
representa o crescimento projetado da perna mais comprida se as ep ifisiodeses do fêmur distal e da tíbia proxima l forem executadas
quando a perna ma is longa atingir 84 cm de comprimento, obtendo equalização entre os membros pela matu rid ade óssea.

TÉCNICAS DE PREVISÃO DO CRESCIMENTO Curvas de referências são fornecidas para a previsão do cres-
RESTANTE cimento futuro do membro depois da epifisiodese do fêmur distal,
da tíbia proximal, ou de ambos. A diferença entre as curvas da perna
Duas técnicas são amplamente utili zadas para prever o crescimento normal e da perna mais curta é a inibição do crescimento. O alon-
e ajudar o cirurgião a determinar a temporização dos procedimentos gamento da perna curta de uma criança em crescimento pode ser
de equalização dos membros. Um deles é o gráfico do crescimento representado por uma elevação vertical aguda, seguida por uma
remanescente de Green-Anderson . O uso adequado desse gráfico inclinação gradual contínua equivalente à inclinação do crescimento
exige que o clínico estime a porcentagem de inibição do crescimento antes do alongamento (Fig. 29-95).
do paciente tornando duas medidas de intervalos separadas por pelo Uma crítica às tabelas de Green-Anderson e ao gráfico em
menos 3 meses. A diferença entre o crescimento do membro com- linha reta de Moseley para discrepância no comprimento dos
prometido e o membro normal é multiplicada por 100 e esse resul- membros é que eles não incluem uma estimativa para a altura do pé.
tado é dividido pelo crescimento do membro normal. Moseley A discrepância de 4 cm por escanometria radiográfica pode ser de
simplificou o gráfico de Green-Anderson manipulando matematica- 5 cm pela técnica clínica dos blocos se a perna curta também tiver
mente os dados originais para permitir que ele caiba em um gráfico pé e tornozelo pequenos.
linear que é visualmente simples e mais fácil de aplicar (Fig. 29 -94). Existem algu ns problemas fundamentais com os métodos
Ele evita a necessidade de cálculos matemáticos da inibição do cres- de Green-Anderson e Moseley. Os dados originais para cresci-
cimento e proporciona uma previsão pronta dos resultados da epi- mento e altura podem não ser aplicáveis a cr ianças modernas. A
fisiodese, do alongamento e do encurtamento (Q uadro 29-3) . idade óssea de acordo com o atlas de Greulich e Pyle é, na melhor
CAPÍTULO 29 ANOMALIAS CONGÊNITAS DOS MEMBROS INFERIORES

QUADRO 29-3 Instruções para Usar o Gráfico de Linha Reta de Moseley para Desigualdade no
Comprimento das Pernas
Representação de Crescimento Passado Efeitos da Cirurgia
• Em cada visita ao consultório, obtenha três valores: Epifisiodese
Comprimento da perna norma l, medida por escanome- • Determine o comprimento da perna normal imediata-
tria da parte mais superior da cabeça femo ral ao meio mente antes da ciru rgia e marque esse ponto na li nha da
da superfície arti cular da t íbia no tornozelo perna norma l.
Comprimento da perna curta • A partir desse ponto, t race uma linha para lela ao ponto
Estimativa radiográfica da idade óssea de referência para a f ise fundida em particular. Essa é a
• Coloque o ponto para a perna normal na linha de perna nova linha de crescimento para a perna norma l (contri-
normal com o comprimento adequado. buição das fises para o crescimento total da perna: fêmur
• Desenhe uma linha vertical através desse ponto por toda distal, 37%; tíbia proximal, 28%; ambos, 65%).
a altura do gráfico e através da área "escalar" da idade •A diminuição percentual na inclinação da nova linha de
óssea de meninos ou meninas; a linha representa a idade crescimento (tendo a inclinação anterior como 100%)
óssea atual. representa exatamente a perda da contribuição da fise ou
• Coloque o ponto para a perna curta na linha da idade das fises fundidas.
esquelética atual do compri mento correto.
Alongamento
• Marque o ponto onde a linha da idade esquelética atua l • Desenhe a linha de crescimento para a perna alongada
cruza a inclinação "esca lar " na área da idade óssea que exatamente paralela à linha de crescimento anterior, mas
corresponde à estimativa rad iográfica da idade óssea. deslocada pa ra cima por uma distância exatamente igua l
• Trace conjuntos sucessivos de três pontos da mesma forma. ao aumento do comprimento alcançado. Como as f ises
• Desenhe a linha reta que melhor encaixa os pontos traçados não são afetadas, a taxa de crescimento não é afetada e,
anteriormente para comprimentos sucessivos da perna curta. assim, a inclinação da linha não se altera .
• Discrepância é representada pela distãncia vertical entre
duas linhas de crescimento. Tempo da Cirurgia
• Inibição é representada pela diferença da inclinação entre Epifisiodese
as duas linhas de crescimento, tendo a inclinação da perna • Projete a linha de crescimento da perna curta para cruzar
norma l como 100. a linha da matu ridade, levando em conta o efeito de um
proced imento de alongamento, se necessário.
Previsão de Crescimento Futuro •A partir do cruzamento com a lin ha da maturidade,
• Estenda à linha de crescimento da di reita da perna curta. desenhe uma lin ha cuja incl inação seja igua l à incl inação
• Desenhe a linha reta horizonta l que melhor enca ixa os de referência para a ci rurg ia proposta.
pontos traçados anteriormente na área da idade óssea. • O ponto em que essa linha se encontra à linha de cresci -
• O crescimento percentual é representado pela posição mento da perna normal ind ica o ponto no qual a ci rurgia
dessa linha horizontal e indica se a criança é maior ou deve ser feita. Esse ponto é definido não em termos de
menor do que a média . ca lendário, mas em termos de comprimento da perna
• A escala da idade óssea está representada pelas inter- normal.
secções dessa linha horizontal com os esca lares na área
Alongamento
da idade óssea. O ponto de maturidade é a intersecção
• Como os procedimentos de alongamento não afet am a
da linha com a escala de maturidade.
taxa de crescimento, o tempo desse procedimento não é
• Desenhe uma linha vert ica l através do ponto de maturi-
crítico e é governado por considerações clín icas.
dade. Essa linha representa a maturidade e a interrupção
do crescimento. Sua intersecção com as linhas do cresci- Acompanhamento Pós-operatório
mento das duas pernas rep resenta seus comprimentos • Desenhe a nova linha de crescimento da perna norma l,
previstos na mat uridade. como expl icado em Efeitos da Ciru rgia.
• Para manter o gráfico de uma criança atua lizado, reco- • Graficamente, os dados são traçados exatament e como
menda-se que essas linhas sejam desenhadas a lápis. A antes, exceto pelo comprimento da perna curta que é
adição de mais dados torna esse método mais preciso e traçado primeiro e colocado na linha de crescimento pre-
pode exigir pequenas mudanças nas posições destas li nhas. viamente estabelecida para a perna cu rta.

das hipóteses, uma aprox imação. O cresc imento humano nem comp rimento dos membros seg ue as curvas tradicionais de pre-
sempre é matematicamente previsível por ser infl uenciado por visão do crescimento.
fatores nutricionais, metabólicos, hormona is e socioeconóm icos, Métodos mais simples de previsão de crescimento estão disponí-
bem como pela causa da d iscrepância no comprimento. A discre- veis. O método de Menelaus é conveniente, porque ele não necessita de
pância no comprimento dos membros em alg um as crianças com tabelas ou gráficos especiais e baseia-se na idade cronológica, e não na
artrite re umatoide juven il e doença de Pert hes pode seguir um idade óssea. Menelaus pressupõe que em adolescentes com idade supe-
padrão de inclinação asce ndente/descendente em que a discre- rior a 9 anos de idade, o fêmur distal cresce 9 mm por ano, a tíbia
pância se corrige. No crescimento excessivo após uma fratura proximal cresce 6 mm por ano, e o crescimento cessa aos 14 anos nas
femora l, o padrão de crescimento pode-se estabili za r e, depois de meninas e aos 16 anos nos meninos. Usando sua técnica, Menelaus
um curto período de tempo, a discrepância mantém-se constante. conseguiu uma discrepância final no comprimento dos membros infe-
Apesar destes padrões atípicos, a maio ri a das di screpâncias no rior a 18 mm em 94 pacientes que foram submetidos à epifisiodese.
llllm) PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE DESEN VOLVIMENTO

90

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Idade óssea-meninas

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Idade óssea-meninos
2 3 4 5 6 . 7 8 9 10 11 12 13 14 16
20

iâ!§il;f4ifI!IB O gráfico de Mose ley de paciente com fêmu r curto e hem imel ia f ibular congênitos mostra plano de alongamento
femora l, alongamento tib ial e ep ifis iodese femora l d istal. (De Moseley CF: A straight-li ne graph for leg-length discrepancies, J Bone Joint Surg
59A: 174, 1977.)

Paley et ai. (2 000) dese nvo lve ra m um mé to do "multipli ca- métod os; e m um grupo co m epi fis io dese, o m étodo multipli ca-
do r" pa ra preve r a di sc repância no co mprim ento do s membros d o r fo i m ais preciso. Em dois es tud os de valid ação clínica p os -
na ma tur idade esquel ética. Usa nd o bases de dado s di sponíveis, teri o res, Ag ui lar et al. mostraram qu e o métod o multipli cad o r
eles di vid iram co mprimentos fem o rais e tibi a is na maturidade é m ais preciso do que os m étod os de Moseley e Ande rson ; o
óssea po r comprimentos fem orais e tibi ais em cada idade pa ra métod o mu ltipli cador tamb ém foi m ais rápid o e simples de usa r,
cada g rup o perce ntual. O núm ero res ult an te fo i cham ado de necess itand o apenas de um a medi ção pontu al para a previsão
multipli ca d o r. Esse multiplicador é utili za d o em fó rmulas pa ra d o co mprim ento do s memb ros na m aturid ade. Não impo rta o
preve r a di sc repância no comprim ento d os membros e a qu an - méto do utili zado ; to d os são, na m elhor d as hip ó teses, aproxi-
tid ade res tante de crescime nto e para ca lcul ar o tempo de epi - m ações . A di sc repân cia clíni ca fin a l de 1 a 1,5 cm após o trat a-
fi siodese. D e acordo com esses autores, o méto do mu ltipli cad o r mento deve se r co nsid erada um exce lente res ultad o.
permite um de cá lculo rápido da di sc repâ ncia prevista do com -
p rim e nt o d os membros n a matu rid ade d o es qu eleto, sem a
necess id ade de tr açar gráfi cos, e base ia-se em um a o u du as TRATAMENTO
med ições. Um gráfi co simples de multipli cad o res e vá ri as fó r-
mul as são tudo o qu e é necessá ri o (Ta bela 29-8) . O métod o Os objetivos do tratamento são coluna e pelve equilib ra das, com -
multipli cad o r pode se r apli cad o à di sc repâ ncia to tal no compri - prim ento igual dos membros e um eixo mecâ nico de apoio ali-
mento dos membros, incluindo dife renças fe m ora is, tibi ais e d a nh ado. Em pacientes com escoliose rí gida e um a junção
altura do pé. O s dados clínico s em se u es tud o co nfirm aram qu e lomb ossac ral oblíqua, algum grau de disc repância no compri -
o méto do mu ltip licador está in timame nte co rrelac ionado com mento dos membros pode se r desejáve l para m anter um a colun a
o méto do de Moseley. N um grup o de pac ientes com alonga - eq uilibrada. Por conve nção, o term o epifisiodese é usad o para
m ento dos membros, não houve di fe rença na preci são dos doi s desc reve r a inibição d o crescim ento de um a fi se em parti cul ar.
CAPÍTULO 29 ANOMALIAS CONGÊN ITAS DOS MEMBROS INFERIORES

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Multiplicadores de Membros Inferiores para Meninos e Meninas

MÉTODO MULTIPLICADOR PARA PREVER DISCR EPÂNCIAS NO COMPRIM ENTO DO MEMBRO


MULTIPLICADOR INFERIOR
IDADE
(Ano + Mês) ME NINOS MEN INAS
Nascimento 5,080 4,630 Discrepânci a Congênita no Comprimento do Membro
0+3 4,550 4, 155 L'.m = L'.X M
0+6 4,050 3,725
0+9 3,600 3,300 Essa fórmu la pode ser util izada para determinar a d iscrepância no comprimento
1+ o 3,240 2,970 do membro em pacientes com fêmur curto, hemimelia f ibular, hemi-hipertrofia ou
hemiatrofia congên itos
1+ 3 2,975 2,7 50 Discrepância no Comprimento do Membro durante o Desenvolviment o
1+ 6 2,825 2,600 L'.m =L'. + (l x G)
1+9 2,700 2,490
2+0 2,590 2,390 onde 1 = 1 - (S - S')/(L - L') e G = L(M - 1). Essa fórmu la pode ser usada para
2+3 2,480 2,29 5 determ inar a diferença de comprimento do membro em pacientes com ma l de
Ol lier, poliomielite, ou interrupção do crescimento . Ela t ambém pode ser usada
2+6 2,385 2,200
para determi nar a discrepância em pacientes com uma discrepância co ngênita. Ela
2+9 2,300 2, 125 também é útil para predizer a discrepância do crescimento remanesce nte em
3+0 2,230 2,050 pacientes que já foram submetidos a um ou ma is proced imentos de alongamento
3+6 2, 11o 1,925 de membro.
4+0 2,00 1,830
4+6 1,890 1,740 Comprimento na Maturidade Esquelética
5+0 1,820 1,660 Lm = L x M
5+6 1,740 1,580
6+0 1,670 1,51 o Essa fórmula pode ser utilizada para determinar o comprimento do fêmur, da
6+6 1,620 1,460 tíbia, do fêmur e da tíb ia, ou todo o membro inferior, incluindo a altura do pé. É
aplicada igualmente a membros curtos e longos.
7+0 1, 570 1,430
7+6 1,520 1,370 Tempo da Epifisiodese
8+0 1,470 1,330 L. = Lm -G.
8+6 1,420 1,290
9+0 1,380 1,260 e
M. -Lm l L•.
9+6 1,340 1,220
10 +o 1,310 1, 190
Consu lte a tabela de multipl icadores pelo va lor de Ml8l e determine qual idade
10 + 6 1,280 1, 160 corresponde a esse va lor de multiplicador. Essa é a idade do paciente no momento
11 + o 1,240 1, 130 da ep ifisiodese.
11 + 6 1,220 1, 100 G, qua nt idade remanescente de crescimento; 1, q uantidade de in ibição de
12 + o 1, 180 1,070 cresc imento; L, comprimento atua l do membro longo; L', comprime nto do membro
12 + 6 1, 160 1,050 longo, conforme medido em radiograf ias anteriores (de preferência f eitas, pelo
menos, 6 ou 12 meses antes das rad iografias atuais); Lm, comprimento do fêmur ou
13 +o 1, 130 1,030
da tíbia na maturidade óssea; M, multip licador; 5, comprimento atua l do membro
13 + 6 1, 100 1,010 curto; S', comprimento do membro curto, conforme medido em radiografias
14 + o 1,080 1,000 anteriores (de preferência feitas, pe lo menos, 6 ou 12 meses antes das radiografias
14 + 6 1,060 NA atuais); !'!., discrepância no comprimento do membro atual; óm, discrepância no
15 + o 1,040 NA comprimento do membro na matur idade óssea; E, correção desejada após
15 + 6 1,020 NA ep ifisiodese; G., quantidade de crescimento femoral ou t ibial restante na idade de
epifisiodese (G, = EI0,71 para o fêmur e EI0,57 para a tíbia); L., comprimento
16 + o 1,01 0 NA
desejado do osso a ser submetido a epifisiodese no momento da epifisiodese; M,,
16 + 6 1,010 NA multip licador na idade da epifisiodese.
17 + o 1,000 NA
De Paley D, Bhave A, Herzenberg JE, et ai: Multiplier method for predicting limb-length discrepancy, J Bane Joint Surg 82A:1432, 2000.
NA, Não aplicável.

(O crescimento fisár io, em vez de epifisá ri o, é interrompido por protética, epifisiodese da perna longa, enc urtamento da perna
esse processo, e o termo .fisiodese pode ser mais preciso. No entanto, longa (e m pacientes muito velhos para a epifisiodese) e alonga-
epi.fisiodese é usado no resta nte do capítulo qu ando se discute a mento da perna curta. Combinações criteriosas do alongamento
cessação do crescimento da fise). ipsolateral e da epifisiodese contralateral podem ser usadas para
Quatro tipos de tratamento estão disponíve is para equali za- discrepâncias signifi cativas a fim de red uzir a quantidade de alon-
ção do comprimento dos membros: calço ortopédico ou conversão ga mento necessário.
11119 PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE DESENVOLVIMENTO

Para pequenas discrepâncias, de 1,5 cm ou menos, não é neces- de alongamento de membros. Atualmente, a epifisiodese não é reco-
sário tratamento. Se um paciente desejar, um calço de 1 cm pode ser mendada para redução de mais de 5 cm.
fornecido para uso no interior do sapato. O calço não precisa com - Uma técnica mais recente de epifisiodese envolve o uso de
pensar toda a discrepância, porqu e as pessoas raramente ficam instrumentação percutânea para obliterar a fise através de pequenas
eretas com os joelhos e os quadris em linha reta e muitas pessoas incisões esteticamente agradáveis (veja a Técnica 29-34). Curetas
têm pequenas diferenças (de 1 cm) que são funcionalmente insigni- angulares podem ser usadas em vez de esmeris de alta velocidade
ficantes. O grau de discrepância que pode ser compensado com um para raspar a ca rtilagem epifisária. A anatomia fisária normal geral-
calço interno é limitado; no entanto, e com diferenças de 2 a 4 cm, mente contém várias ondulações ou picos e vales. Deve-se tomar
é necessário um calço do lado de fora do calçado. Para discrepâncias cuidado para obliterar o máximo de fise possível, para que a inter-
pequenas, pode-se usar um calço no calcanhar; para diferenças rupção do crescimento seja completa e previsível.
maiores, é necessário um calço para a sola toda. Para limitar a quan-
tidade do calço externo, o sapateiro pode diminuir o calcanhar no
sapato da perna longa em 1 cm. Um calço pode ser usado para
EPIFISIODESE PERCUTÂNEA
grandes discrepâncias, se o paciente recusar o encurtamento ou o
alongamento. Entretanto, calços de 5 a 10 cm são feios e instáveis e Métaizeau et ai. descreveram uma técnica para epifisiodese
podem exigir que o paciente fique mais tempo na vertical ou uma percutânea usando parafusos transfisários (PETS). Em 32
órtese do tornozelo ao pé para ajudar a apoiar o tornozelo. pacientes com discrepâncias no comprimento das pernas,
Muitas crianças rejeitam calços no calçado ao chegar à adoles- os PETS reduz iram a discrepância fina l a menos de 1 cm
cência, preferindo caminhar com mecanismos compensatórios, em 82% e a 5 mm ou menos em 56%. Os PETS também
incluindo equino do tornozelo, inclinação pélvica e flexão contrala- mostraram sucesso na correção de deformidades angulares
teral do joelho. No entanto, calços nos sapatos muitas vezes são das extremidades inferiores. Vários autores citaram como
benéficos nessa faixa etária como um teste para permitir que o vantagens dos PETS a simplicidade da técnica, o tempo
paciente avalie os benefícios potenciais de uma opção cirúrgica pro- curto cirúrgico, a rápida recuperação pós-operatória e o
posta. Próteses de extensão são "calços modificados", em que o pé potencial de reversibilidade .
não é amputado. Em vez disso, o pé é forçado a uma posição em
~
equino e é encaixado em uma prótese personalizada que tem um pé TÉCNICA
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protético distal ao pé natural. Entretanto, a conversão com uma
amputação de Syme ou de Boyd é preferível para tornar mais fácil o (MÉTAIZEAU ET AL.)
encaixe protético.
•Prepare todo o membro inferior da vi rilha aos pés .
• Através de uma pequena incisão sobre o aspecto latera l
TRATAMENTO CIRÚRGICO da metáfise distal do fêmur, faça um orifício dirigido
obliquamente para baixo e mediaimente.
Teoricamente, o alongamento do membro curto constitui o trata- • Apontando de maneira ligeira posteriormente para o
mento ideal, mas dificuldades técnicas e complicações frequentes dos plano mediocoronal do fêmur, avance a broca passando
procedimentos de alongamento fizeram da epifisiodese uma opção pelo eixo anatômico e atravessando a fise na junção de
mais atraente para pequenas discrepâncias. Para crianças em cresci- seus terços médio e interno e parando um pouco abaixo
mento, a epifisiodese é um procedimento relativamente simples, com da superfície articular do côndi lo femoral medial.
morbidade razoavelmente baixa e rápida recuperação. Em adolescen- •Insira um parafuso esponjoso com roscas longas; um
tes velhos demais para uma epifisiodese eficaz, o encurtamento do parafuso esponjoso com roscas curtas e uma arruela
membro é preciso, seguro e simples, com um a taxa de complicação podem ser usados.
ligeiramente superior à epifisiodese. A rigidez articular após o encur- • Insira o segundo parafuso a partir do aspecto medial, sime-
tamento é rara porque os músculos são atrofiados pelo encurtamento tricamente ao primeiro parafuso em relação ao eixo ana-
do membro, em contraste com o alongamento, o qual frequentemente tôm ico do fémur distal, mas ligeiramente anterior ao plano
resulta em rigidez articular permanente e subluxação. mediocoronal para evitar o primeiro parafuso (Fig . 29-96).
O encurtamento e a epifisiodese apresentam várias desvanta- •Uma construção alternativa consiste em mais dois para-
gens: (1) o membro normal é operado em vez do membro patológico fusos com orientação vertica l que não se cruzem entre si,
e, se houver um a deformidade no membro mais curto, uma segunda nem com o eixo anatômico do fêmur distal. Em vez disso,
cirurgia pode ser necessária para corrigir a deformidade; (2) as eles atravessam a fise, um em cada extremidade do seu
proporções corporais resultantes podem ser esteticamente desagra- terço médio, para uma distribuição mais uniforme das
dáveis depois do encurtamento; (3) o gra u de encurtamento possível forças de retenção (Fig . 29-97) . Essa técnica parece mais
é limitado por causa da incapacidade de os músculos se adaptarem fácil na teoria do que na prática. A colocação correta dos
ao encurtamento de mais de 5 cm; e (4) a altura final, após o encur- parafusos nem sempre é fácil de consegu ir, porque a
tamento ou a epifisiodese, pode ser inaceitavelmente baixa. espessura dos tecidos moles determina se a inclinação
vertical adequada da broca pode ser obtida em relação
• EPIFISIODESE ao eixo longitudinal do membro.
Phemister descreveu a epifisiodese em 1933 e a sua técnica original, • Comece a inserção do parafuso tibia l lateral imediata-
com pequenas modificações, tem sido amplamente utilizada para mente posterior à crista tibial para evitar os músculos do
equali zação do comprimento dos membros. A maioria dos autores compartimento anterior da perna. Direcione-o mediai-
recomenda a epifisiodese quando 2 a 5 cm de encurtamento são mente, para cima e um pouco posteriormente, para cruzar
necessários; no entanto, Menelaus e outros recomendaram a epifisio- a fise na junção de seus terços médio e medial (Fig . 29-96) .
dese para discrepâncias de 8 a 10 cm a fim de evitar as complicações
CAPÍTULO 29 ANOMALIAS CONGÊNI TAS DOS MEMBROS INFERIORES Gim

M •
:t

. Incisões
J.mediais
l' na pele t Incisões
laterais
na pele

h[§ii@m Epifisiodese percutâ nea com parafusos transfi-


sários. Parafusos transfi sá rios cruzados em pares através das f ises
femoral distal e tibial proximal. L, parafusos laterais; M, parafusos
mediais . VEJA A TÉCNICA 29-34. h@il@flil'lill Epi fisiodese por placa de ten são. VEJA A TÉCNICA
29-36.

A epifisiodese fibu lar proxim a l é fe ita apenas se mais de 2 cm


de correção tibia l forem necessários. A inserção percutânea de um
parafuso através da epífise fibu lar proximal é perigosa. Uma pequena

til tQQt L
incisão é necessária para identificar e proteger o nervo fibu lar. A
curetagem aberta também pode ser feita através de uma abordagem
anterior pequena.
Um m étodo a lternativo de epifisiodese é o grampeamento
M fisário o u o p laqueamento de tensão (F ig. 29-98). Embora essa
técnica seja amplamente reservada à hem iepifis iodese em corre-
ções angulares, ela pode se r usada pa ra epifisiodese completa se os

e..
L M\ L M implantes forem utili zado s em ambos os lados da fise. Essa téc nica

i~ ~t
tamb ém aprese nta a vantagem d a retom ad a potencial do cresc i-

r~ m ento com a remoção do implante; no entanto, a restauração do


cresc imento norm al muitas vezes é imprevisível após a remoção
do impl ante e o sin croni smo cuidadoso da epifisiodese aind a é
importante. Recentemente, fa lh as de implante foram descritas com
a u tili zação de um a úni ca placa com d ois orifícios e o uso d e pl acas
ad icio nai s ou maiores, placas de qu atro furos, deve ser conside-
. Incisões Incisões rado. A m a ior parte d estes sistem as d e p laqueamento não possui
.Lmediais
l' na pele t laterais
na pele
bloque io, o que perm ite a lgum grau de divergê ncia do parafuso no
interior da placa à medida que a fise continua crescend o. É prová-
vel que a interrupção do crescimento não ocorra até que a diver-
H@li;f.!fl!m Epifisiodese percutânea usando parafusos transfi-
gê nci a m áxima do parafuso seja alcan çada . Portanto, é aconselh ável
sários. Parafusos transfisários que não se cruzam . Cada par atravessa
co locar os parafusos de forma d ivergente no momento da cirurgia
uma fise, um parafuso em cada extremidade do seu terço médio. L,
para permitir que a interrup ção d o crescimento ocorra o m ais
parafusos laterais; M, parafusos media is. VEJA A TÉCNICA 29-34.
rapidamente possível.
Independentemente d a técnica utili zad a, o sincronismo caute-
Uma construção alternativa pode ser uti lizada, em que os loso e a consideração da altura final do joelho são importantes. Para
parafusos não se cruzem ou cruzem o eixo anatômico da discrepâncias envolvendo o fêmur e a tíbia, a epifisiodese d e ambas
tíbia (Fig . 29-97). pode ser necessária para garantir que os joelhos e a pelve estejam
• Após a inserção de todos os parafusos, flexione total- nivelados. As complicações ci rúrgicas são incomuns; as complica-
mente o joelho para liberar quaisquer aderências entre os ções relatadas in cluem rete nção cutânea do n ervo, infecções, inter-
parafusos e o quadríceps. rupção do cresc ime nto ass im étri co, subcorreção e hipercorreção e
fa lhas de implantes.
~ PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊN ITOS E DE DESENVOLVIMENTO

EXPOSIÇÃO FISÁRIA AO REDOR DO •Depois, coloque a placa de tamanho adequado sobre o


fio de referência, utilizando o orifício de centragem.
JOELHO •Coloque pinos-guia nos orifícios metafisários e epifisários
TÉCNICA ~ para sistemas canu lados e faça um furo sobre os pinos-
~~~~~~~~---~ guia. Para sistemas não canu lados, simp lesmente faça
orifícios metafisários e epifisários .
(ABBOTT E GILL, MODIFICADA)
•Coloque os parafusos nos orifícios metafisários e epifisá-
rios para fixar a placa de tensão na superfície do osso.
•Flexione o joelho a 30 graus para relaxar os músculos
Esses parafusos devem ser colocados de maneira diver-
isquiotibiais e faça uma incisão latera l, 6,5 cm proximais
gente, porque a interrupção do crescimento não começa
ao côndi lo femoral lateral, continuando dista lmente
até que os parafusos atinjam a divergência angu lar per-
entre o tendão do bíceps e a faixa iliotibia l à cabeça da
mitida pela interface parafuso-p laca.
fíbu la, estendendo-se anteriormente sobre o aspecto
•Feche as incisões com suturas subcutâneas e apl ique um
lateral da tíbia.
curativo estéril .
•Entre no intervalo entre o septo intermuscular latera l e o
vasto lateral.
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O apoio imediato com
• Cauterize as artérias geniculadas superiores.
muletas é permitido; um imobilizador de joelho acolchoado
•Faça uma incisão vertical no periósteo sobre a fise e
é usado durante 2 a 3 semanas.
identifique a "linha branca" fina de cartilagem.
•Proteja o nervo fibu lar por trás da cabeça da fíbula e incise
o periósteo sobre o aspecto anterior da cabeça da fíbula.
•Rebata os músculos do compartimento anterior ao largo
da tíb ia, distalmente, para expor a fise tibia l proximal.
•No lado media l, faça uma incisão curva começando no EPIFISIODESE PERCUTÂNEA
tubérculo adutor e continuando primeiro posteriormente
e, em seguida, anteriormente ao longo do tendão sartó- ~
TÉCNICA ;...-..~~~~~~--'~
rio. Ligue as artérias geniculares.
•Incise o periósteo do fêmur distal entre o vasto medial e (CANALE ET AL.)
os músculos intermédios. Mantenha a dissecção subpe-
riostea l para evitar entrar na articulação do joelho. •Após a administração de anestesia geral, coloque o
•Ao longo da tíbia proximal, retraia posteriormente o paciente em posição supina na mesa de cirurgia. Prepare
tendão da pata de ganso, ligue as artérias geniculares e o membro de forma padrão e deixe-o solto. Se desejado,
faça uma incisão vertical para auxiliar na exposição subpe- pode-se usar um torniquete .
riostea l para loca lizar a fise. •Coloque uma pinça hemostática na face lateral da perna
para loca lizar a parte lateral da fise femoral distal. Depois
de ela ter sido local izada com intensificação de imagem,
faça pequenos acessos mediais e laterais com aproxima-
damente 1,5 cm de comprimento.
Quatro incisões curtas (2,5 cm) podem ser usadas em vez de •Coloque um pino de Steinmann liso ou um fio de Kirs-
duas mais longas para melhorar a estética . A dissecção do nervo chner na f ise e faça um orifício no lado da f ise femora l
fibu lar não é obrigatória . A fluoroscopia ou intensificação de dista l. Confirme o posicionamento correto do pino com
imagem, usando agulhas para localizar as fises, é útil para posicio- vistas anteroposteriores e laterais de intensificação de
nar as incisões . Radiografias pré-operatórias mostrando a relação imagem. Gire o intensificador de imagem em vez da
da fise femoral distal com a patela também ajudam no posiciona- perna porque a rotação da perna faz com que a banda
mento da incisão. il iotib ial e a musculatura med ial apertem e interfiram na
colocação dos instrumentos.
•Coloque uma fresa canu lada sobre o pino-guia (Fig. 29-99A)
e perfure a fise, aproximadamente na metade do cam inho
EPIFISIODESE POR PLACA DE TENSÃO (Fig. 29-998) e verifique isso com intensificação de imagem.

TÉCNICA mm
• Exponha a fise como descrito na Técnica 29-35, tendo o
~
•Após a remoção da fresa, introduza uma furadeira pneu-
mática de alta velocidade com uma broca dentária .
Proteja a pele durante a perfuração para impedir a
necrose por calor da pele; usar uma proteção para a broca
cuidado de evitar uma lesão significativa do periósteo ou dentária é aconselhável.
do anel pericondra l. • Escarefique a fise proximalmente e dista l mente, anterior
•Utilizando fluoroscopia, coloque um f io de referência no e posteriormente, especialmente nas bordas, para criar
centro da fise. Para evitar a interrupção do crescimento um efeito de "alvo" no centro da fise na borda lateral.
assimétrico, o pino deve ficar no centro da fise, na pro- •Não é necessário remover toda a fise. Uma área luscente
jeção lateral fluoroscópica. Como alternativa, o pino de ou efeito apagão é observada na intensificação da
referência pode ser colocado mais anterior ou posterior- imagem onde a fise e o osso ao seu redor foram remo-
mente para alcançar algum grau de extensão ou de vidos. Se o efe ito de "alvo" não for alcançado, use uma
flexão, respectivamente, na fise. cureta ou um alargador maior (p. ex., a partir de um
CAPÍTULO 29 ANOMALIAS CONGÊNITAS DOS MEMBROS INFERIORES

llilli~loll·11
• mD A, Inserção de alargador canulado com pino-guia na tíbia proximal. B, Perfuração percutânea da tíbia distal e das fises
fibulares . C, M étodo alternativo de usar curetas inseridas através de orifícios feito s no córtex. VEJA A TÉCNICA 29-37.

conjunto de parafusos de compressão de quadril para angu ladas e retas, usando o intensificador de imagem,
adu ltos) e repita o procedimento no lado medial com ava- conforme necessário (Fig. 29-99C) .
liação frequente por intensificação de imagem. Muitas • Na tíbia proximal, é importante palpar a cabeça f ibular, fazer
vezes, as imperfeições media l e latera l podem estar ligadas. a incisão através da fise com controle de imagem e ficar na
•Irrigue copiosamente para remover todos os fragmentos parte anterior. Não é necessária uma broca para abordar o
soltos de cartilagem e osso esponjoso. córtex fibular proximal; uma pequena cu reta reta funciona
•Feche as incisões com suturas subcutãneas e aplique um bem e não acarreta o risco de lesão do nervo fibu lar.
curativo estéril.
•A mesma técnica é usada na fise tibia l proximal, exceto CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO É perm itido apoio ime-
pela f ise tibia l ser mais ondulada que a femoral e exigir diato em um imobilizador de joelho macio. O imobi liza-
perfuração mais cuidadosa . A ep ifi siodese da fise fibular dor é usado durante 2 a 3 semanas. Se forem reali zadas
proximal pode ser desnecessária, especia lmente se a ep ifisiodeses femorais e ti biais, um imobil izador de joelho
interrupção do crescimento desejado na tíbia proxima l for é usado durante 1O a 14 dias e, em segu ida, exercícios
menor do que 2,5 cm. Rea lize a epifisiodese f ibu lar pro- ativos de ampl itu de de movimento são iniciados . São
xima l com um peq ueno pino de Steinmann, uma pequena utilizadas muletas para apoio pelas primeiras 4 semanas.
fresa canulada e uma broca de mão ou cureta sob visão
direta através de uma pequena incisão sepa rada. Por
causa da possibil idade de danos mecânicos ou térmicos
ao nervo fibular, tome muito cuidado nesta área. • ENCURTAMENTO DO MEMBRO
•Com o uma modificação desta técnica, uma mesa radio- O encurtamento geralmente é reservado para pacientes esqueletica-
transparente pode ser utilizada em vez de uma mesa de mente maduros com uma discrepância superior a 2 cm, que possa
fraturas. Use um torniquete e faça um acesso grande o aceitar perd a de estatura necessária para equaliza r o comprimento
suficiente para inserir uma broca de 6,25 mm para per- dos membros. Ao planejar a cirurgia, deve ser considerado o com-
furar a cortica l. Faça a curetagem da fise com curetas primento final e o alinhamento. Wagner destacou a abordagem
padrão para encurtamento do membro, mas foram feitas melhorias
nas técnicas de encurtamento femo ral, como a técnica fechada para
lll:r!I) PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE DESENVOLVIMENTO

encurtamento da diáfise desc rita por Winquist. No fémur, 5 a 6 cm


é o comprimento máximo qu e pode se r removido sem afetar grave-
mente a função muscular; na tíbia, o máximo provavelmente é de 2
a 3 cm; no entanto, já foi relatada a remoção de até 5 cm da tíbia.
Em geral, o encurtamento femoral é mais bem tolerado do que
o encurtamento tibial, porque o envelope de tecido mole muscular é
muito maior, tornando mais fác il o fechamento da pele, proporcio-
nando um resu ltado estético melhor e assegurando a união rápida da
osteotomia. Entretanto, se a discrepância estiver em grande parte limi-
tada à tíbia, o encurtamento tibial é o preferido para nivelar a altura
do joelho.
Wagner recomendou a osteotomia metafisiária se a correção ou
a rotação angular for necessária e a osteotomia diafisiária se apenas o
encurtamento for necessário. A osteotomia metafisária proximal do
fêmur apresenta menos complicações do que a osteotomia distal, a
qual pode comprometer o movimento do joelho. Além disso, o encur-
tamento femoral proximal tem efeito menos negativo sobre a força do
quadríceps. A osteotomia metafisária femora l distal deve ser evitada
a menos que seja necessária para a correção da deformidade angu lar.
O desenvolvimento da fixação por bloqueio intramedular fez do
encurtamento diafisário uma opção preferível à osteotomia metafisá- O!dlhh)mr!» Técnica de Wagner para encurt amento metafi-
ria femoral, mesmo se for necessária a correção da rotação. O encur- sário femo ral proxim al. VEJA A TÉCNICA 29-38.
tamento sobre uma haste intramedular deve ser adiado até que a
maturidade óssea completa tenha sido alcançada ou o portal de
entrada da haste deve ser o trocânter maior, em vez da fossa piriforme,
para diminuir o risco de osteonecrose da cabeça femoral.

TÉCNICA
(WAGNER)
__________
ENCURTAMENTO METAFISÁRIO
FEMORAL PROXIMAL
__,~

• Antes da cirurgia, planeje a osteotomia para propiciar


correção angular necessá ria.
• Através de uma incisão latera l proxima l, divida a fá scia
lata e eleve o vasto lateral e o periósteo.
• Molde um loca l de inserção para a placa de lâmina em
ângu lo reto ou o parafuso de quadril de acordo com o
plano pré-operatório.
• Marque o osso para controlar a rotação e remova seg-
mento proscrito com uma serra oscilante. Deixe um pico
do córtex medial e o trocânter menor intactos para eles
ag irem como um contraforte. O@ll;himI!D Técn ica de Wagner para encurtamento met afi-
•Remova o segmento e coloque o fragmento distal em sário femora l d ista l. VEJA A TÉCNICA 29-39.
aposição direta com o segmento proximal.
•Apl ique a placa de osteossíntese e insira os parafusos
para criar compressão através da osteotomia.
• Faça uma incisão lateral através da fáscia lata e eleve o vasto
lateral anteriormente, evitando a articulação do joelho.
ENCURTAMENTO METAFISÁRIO • Use o dispositivo de assentamento da placa da lâmina
FEMORAL DISTAL para preparar a entrada da placa de lâmina .

- -"-------------'
• Com uma serra oscilante, faça a osteotomia proximal e,
TÉCNICA em seguida, a osteotomia distal. Para estabilidade adicio-
nal, tente preservar um ponto med ial do osso com o
(WAGNER) fragmento distal.
• Comprima os dois fragmentos e ap lique a lâmina sob
• Antes da cirurgia, plan eje cuidadosamente a ressecção e compressão, ou insi ra um parafuso deslizante femoral
a correção angular. distal e um disposi tivo de placa de fi xação.
CAPÍTULO 29 ANOMALIAS CONGÊNITAS DOS MEMBROS INFERIORES ~

A B

h@il;fuml!!) Técnica de W agner para encurtamento tibial h!§ll;Hm:I!D A e B, Técnica de encurtamento diafísiário tibial
metafisário proximal. VEJA A TÉCNICA 29-40. em pacientes esqueleticamente imaturos. VEJA A TÉCNICA 29-41.

ENCURTAMENTO METAFISÁRIO
TIBIAL PROXIMAL
TÉCNICA
(WAGNER)

• Através de uma incisão lateral, resseque uma parte da


fíbula na junção dos terços proximal e médio.
• Faça uma incisão anterior separada para expor a tíbia
proximal subperiostealmente.
•Resseque a quantidade desejada de osso (não mais que
4 cm, exceto em circunstâncias incomuns) abaixo da
tuberosidade da tíbia com uma serra oscilante.
• Segure as duas extremidades ósseas sob compressão com A B
uma placa em T.
• Real ize uma fasc iotom ia profilática.
• O fechamento da incisão pode ser difíci l, por causa da
h@il;J.)flilI!D A, Encurtamento diafisário com fi xação medular.
B, Encurtamento tibial distal com haste intramedular bloqueada.
natureza da pele em torno da tíbia proximal.
VEJA A TÉCNICA 29-41.

• Encurte a perna e fixe a osteotomia em step-cut com dois


ENCURTAMENTO DIAFISÁRIO TIBIAL parafusos de retardação (Fig. 29- 1038) ou, em pacientes
TÉCNICA ~ adultos, com uma haste intramedular (Fig. 29-104). Essa é a
~~~~~~~---'~ única técnica indicada em pacientes com esqueleto imaturo.
(BROUGHTON, OLNEY E MENELAUS)

•Faça uma incisão longitudinal sobre a superfície antero- ENCURTAMENTO DIAFISÁRIO


medial da tíbia. FEMORAL FECHADO
• Realize uma dissecção subperiostealmente e faça uma oste-
~
otomia em step-cut, removendo a quantidade desejada de TÉCNICA ~~~~~~~~~~
osso e permitindo uma sobreposição de 5 a 7,5 cm após o
encurtamento. (WINQUIST, HANSEN E PEARSON)
•Através de uma incisão separada , remova uma quanti-
dade equiva lente de osso do eixo médio da fíbu la (Fi g. •Posicione o paciente em uma mesa de fratura em decú-
29- 103A). bito dorsal na posição de "t esoura". )
llllEm) PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE DESENVOLVIMENTO

n\.c,~""liôiJlllS:::-
;;;-- Rotação da lâmina
no eixo define
a largura de corte

Alargador Ajustes da serra Corte da Corte da Gancho Haste bloqueada


serra nº 1 serra nº 2
A B

H!§il;Mflll!D Encurtamento diafisário femoral fechado, como descrito por Winquist et ai. (ver texto). A, O ca nal medular é fresado
com alargador canulado padrão. Uma serra medular especial é inserida no cana l fresado . Uma ou duas rota ções são feitas com se rra em
cada ajuste, e a serra é aberta progressivamente até que a lâmina esteja completamente exposta. B, Depois de ambos os cortes da serra
terem sido feitos, o segmento intercalar é dividido usando um cinze l com lâmin a reversa. O alin hamento rotacional e a distração podem
ser controlados com haste medular bloqueada. VEJA A TÉCNICA 29-42.

•Use as técnicas padrão para o uso de haste intramedula r entre esses dois componentes deve ser igual à quantidade
)
fresada (Capítulo 53) e frese até a largura desejada em de fêmur a ser ressecado.
incrementas de 0,5 mm. Considere a despressurização da •Gire a porca distal mente para travar a alça do dispositivo
junção metafisiária e diafisiária distal com uma broca canu - de medição.
lada de 4,8 mm para evitar embolia gordurosa. • Com um assistente prendendo o dispositivo de medição
• Ajuste a serra para a profundidade adequada de acordo com firmeza contra o trocânter maior, faça a segunda
com o plano pré-operatório e insira a serra até que, com osteotomia (p roxima l) da mesma forma que a primeira.
a lâmina totalmente retraída, o dispositivo de medição •Depois de comp letar a segunda osteotom ia, retrai a a
esteja firme contra o trocânter maior. lâmina completamente e remova a serra. O osso resse-
• Enquanto um assistente aplica pressão para manter o dis- cado deve ser preferencialmente subtrocantérico em vez
positivo de medição no local para os cortes proximais e de diafísário para diminuir o efeito sobre o mecanismo
distais, implante a lâmina da serra em incrementas, fazendo do quadríceps.
voltas completas (Fig . 29-105A). Se necessário, volte um •Insira um cinzel interno de tamanho adequado, conecte
nível para repetir os cortes se a lâmina ficar presa . o aspecto medial do segmento intercalar e bata na ala-
•Continue cortando lentamente até que a marca final seja vanca para trás com um martelo diapasão para divid ir o
atingida, ponto em que a lâm ina está totalmente implan- osso (Fig. 29-1058).
tada. A área mais difícil de cortar encontra-se posterior- • Repita essa manobra, pelo menos, mais uma vez no seg-
mente à linha áspera. Se necessário, comp lete o corte por mento latera l.
via percutânea com um osteótomo fino. A próxima •Use o gancho do cinzel para empurrar os fragmentos
lâmina de tamanho maior pode ser inserida para obter para longe do canal.
um diâmetro de corte maior, mas isso pode ser difícil se •Peça ao assistente que remova o pé da mesa de
o canal não for amplamente fresado. fratura novamente e impacte a osteotomia, deslo-
•Depois de completar o primeiro corte, retra ia a lâm ina cando os fragmentos segmentares para ambos os
totalmente . lados, usando o cizel pa ra manipular os fr agmentos,
•Remova o pé da mesa de fratura e angule o fêmur distal se necessário.
a 60 a 70 graus em todas as direções para completar a • Em alguns casos, a divisão dos pedaços ósseos ressecados
osteotomia; recoloque a tração. do "anel de guardanapo" não tem êxito. Caso isso
•Avance a alavanca do dispositivo de medição distal mente, ocorra, faça uma pequena incisão latera l para remover o
mantendo a porca no lugar. A distância que se desenvolve segmento interca lar.
CAPÍTULO 29 ANOMALIAS CONGÊNITAS DOS MEMBROS INFERIORES Gm:llll
membro depende em grande parte dos esforços do paciente na
fisioterapia e dos cuidados do fixador exte rn o. Em bora melhorias
técnicas tenham reduzido a frequência com que as principais com-
plicações assoc iadas ao alonga m ento de m em bros ocorram, o pro-
cesso continua send o difícil e deve ser realizado por cirurgiões
com expe ri ênci a adequada.
Os procedimentos de encurtam ento são preferíveis para
mui tos pacientes que são candidatos ao alongamento de membros.
Os pacientes que não podem participar de um acompanhamento
frequente ou que não têm apoio para cuidar do fixador corretamente
e se submeteram a uma fisioterapia vigorosa são mais bem tratados
por o utros meios que não o alongamento. Os candidatos ao alonga-
mento de membros e seus pais se benefi ciam do contato com outros
pacientes nas várias fases do processo de alongamento.
O alongamento agudo de ossos lo ngos raramente é indi -
cado; no entanto, Salter descreveu o alo ngamento ag udo e a
interp os ição d e enxer to do osso inominado. M ill is e H all rel ata -
ram uma modificação d essa técnica; eles alcançaram um alonga-
mento médio de 2,3 cm em 20 pacientes com disp lasia ace tab ular
com encur ta m en to fe m oral, desigualdade pura de co mprim ento
de membros, escoliose descompensada e assime tri a intrapélvica
primária. Essa técnica pode se r útil em pacientes qu e tamb ém
necessitam de reconstrução acetab ul ar, mas tanto epifisiod ese
como as técn icas de alongam ento grad ual por di st ração são alter-
nativas mais confi áve is para discrepâncias isoladas no compri-
mento dos m embros.
h@il;füEDI!Il) A, Uma men ina de 16 anos de idade passou por
encurtamento femora l fec hado de 4 cm. Logo após a cirurgia, o
fragmento interca lar é visto em to rn o do loca l da osteotom ia,
atuando como enxerto ósseo. B, A osteotomia conso li dou 8
semanas depois. Pe lo me nos 4 mm de d istração ocorre ram após a
ALONGAMENTO TRANSILÍACO
osteotomia. O bloque io da haste é recomendado para preservar o
alinhamento e o comprimento, se necessário. VEJA A TÉCNICA 29-42.
TÉCNICA mm____ ~
(M ILLIS E HALL)
•Passe um fio-guia de tamanho apropriado para o pino
através da osteotomia e insi ra para fixação, enquanto o • Use a abordagem ilioinguinal anterior para a pelve descrita
assistente mantém o alinhamento rotacional. para o osteotomia inominada de Sa lter (Ca pítulo 30).
•Bl oque ie o pino proximal e distalmente para obter con - •Use uma serra de Gigli para faze r a osteotomia do entalhe
trole de rotação e evitar alongamento acide ntal no isquiático até a espinha ilíaca anteroinferior (Fig. 29-107 A)
pós-operatório (Fig . 29-106) . • Insira um distrator em lâmina na face anterior da osteo-
• Pinos de Steinmann podem ser inseridos no aspecto tom ia.
lateral do côndi lo femoral e no trocânter maior im ediata- •Peça a um assistente para fazer pressão ca udal na crista
mente antes da primeira osteotomia para servir como ilíaca para evitar o des loca mento do fragmento proxi-
referência para o controle do al inhamento rotacional. mal pela força de cisa lhamento através da articulação
• Verifique o ali nhamento rotacional antes de deixar a sala sacroilíaca , enquanto outro assistente aplica tra ção no
de cirurgia. fêmur, mantendo o joelho fl exionado para relaxar o nervo
isquiático.
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Uma t ala de joelho é •Mo lde um bloco de espessura tota l da crista ilíaca em um
usada para estabi liza r o mecanismo do quadríceps trapézio. A altura do enxerto diretamente superior ao
encurtado e um programa de reforço vigoroso é iniciado. acetáb ulo determina a quantidade do alongamento.
A reabi litação será mais rápida se o paciente tiver partici- • Encunhe o enxerto do ilíaco no local do alongamento (Fig.
pado de um programa de fortalecimento do quadríceps 29-107 B) e segure-o com dois pinos grandes de Steinmann
e do isquiotibial antes da cirurgia. Podem ocorrer rotação rosqueados que transfixem o fragmento proximal, o enxerto
ou distração no local da osteotomia se uma haste blo- e o fragmento dista l supra-acetabular (Fig. 29-107C).
queada não for usada.
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Éaplicada tração durante
5 dias. Exercícios de amp litud e de movimento são inicia-
dos em 3 dias e a descarga de peso é permitida em 7
• ALONGAMENTO DO MEMBRO dias. O apoio total é retardado até que a incorporação
U m programa de alon gam ento do mem bro exige um paciente e do enxerto esteja evidente nas radiografias, geralmente
uma fa míli a totalm ente comprometidos com a participação em 3 a 6 meses.
máx ima em um projeto amp liado. O suce sso do alongamento do
mm!) PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE DESEN VOLVIMENTO

I I
I I
/ I
I
/ I
I
I

... I
...... '
... ...

li[rili;Mml!D A, Alongamento transilíaco agudo seg uido por modifica ção da técnica de Salter. Em vez de um en xerto triangu lar, é
usado um enxerto quadrado ou trapezoidal. O alongame nto é maior nos enxertos maiores. B, Displasia acetabular e desigualdade
moderada no comprim ento do membro. A ob liquidad e pélvica resu lta em esco li ose compensatória. Na f igura do meio, o bloqueio foi
co loca do deba ixo da perna mais curta . Embora isso equil ibre a pelve e end ireite a co luna, faz com que o acetábulo fique aind a mais
vertica l. Na direita, o alongamento transilíaco foi realizado para melhorar a cobertura acetabular femoral e recuperar o comprimento.
C, Alongamento transilíaco com enxerto trapezoidal. VEJA A TÉCNICA 29-43.

O alonga mento por calotaxia (o u corti cotomia de baixa A taxa de distração deve ser de aprox imadamente 1 mm por di a
energia seg uid a de distração gradu al de frag mentos ósseos com um dividida em qu atro incrementos de 0,25 mm. A fo rmação da rege-
aparelho mecânico) tem sido o procedimento bás ico para o alon- neração por distração deve ser cuidadosamente monitorada com
gamento de memb ros desde o relato de Putti so bre a técni ca em avaliação radiográfica fre quente e a taxa de alongam ento deve ser
1921. As técnicas de osteotom ia e fixação fora m modi fica das po r alterada em conformidade para evitar a consolidação prematura
vá ri os auto res, mas os princípios permanecem os mes mos. A co r- ou a formação da má regeneração. Não impor ta qual tipo de apa-
ti cotomia deve ser fe ita po r métodos de baixa energia, vá rios ori- re lho externo tenha sido utilizado, o d ispositivo deve ser mantid o
fí cios percutâneos habituais conectados por um osteó tomo, tendo no local durante 1 mês, para cada 1 cm de comprimento obtido.
cuidado de evitar lesões significativas nos tecidos moles circun - Mes mo com técnica cuidadosa e excelente colaboração do paciente,
dantes . A distração deve começar após um breve período de latên - altos índices de complicações são relata dos com todos os métodos,
cia de 1 a 3 semanas para per mitir a form ação de calo ini cial. incluindo infecção profunda, fa lha de consolidação, fratura após a
CAPÍTULO 29 ANOMALIAS CONGÊNITAS DOS MEMBROS INFERIORES

retirada do dispositivo, consolidação viciosa, ri gidez articular e •Uti lize brocas Orthofix acop ladas, guias de perfuração e
paralisia de ner vo. parafusos-guia para inseri r parafusos cônicos, corticais e
Vários fixadores foram desenvolvidos, incluindo o fixador uni- esponjosos.
lateral de Wagner, o fixador monolateral, o Orthofix de Debastiani •Insira um parafuso esponjoso 2 cm distalmente ao aspecto
(McKinney, TX), o aparelho de Ilizarov e o Taylor Spatial Frame medial do joelho, paralelamente à articulação do joelho.
(Smith e Nephew, Memphis, TN), os quais foram objetos de diversas •Coloque o temp late rígido apropriado para lelamente à
modificações. O dispositivo inicial de Wagner é ajustável em apenas diáfise da tíbia e insira o parafuso mais distal.
dois planos e a modificação de Hoffman é ajustável em um plano • Vá até a parte proxim al do temp late e insi ra o parafu so
adicional. O dispositivo de Debastiani (Orthofix) tem componentes seguinte no quarto orifício do temp late distalmente até
modulares que permitem certas correções angulares simples. O apa- o parafuso supe ri o r. O último parafuso a ser colocado
relho de Ilizarov é extremamente modular e pode ser adaptado com está no templ ate distal, no orifício mais distante do
extensõ es e dobradiças para alongar e corrigir deformidades angu- parafuso ma is dista l.
lares e translacionais. As deformidades rotaciona is podem ser cor- •Remova o template e execute uma corticotomia imedia-
rigidas no momento da aplicação do fixador ou posteriormente com tamente dista l à tuberosidade da tíbi a.
a aplicação de estabilizadores aos anéis. •Faça uma incisão na pele anterior e no periósteo
O Taylor Spatial Frame também foi utilizado para correção de longitudinalm ente .
deformidades e alongamento. Esse aparelho utiliza os princípios de •Sob visão di reta , faça uma série de orifícios un icorticais
correção lenta do sistema de llizarov, mas acrescenta uma análise da na tíbia . Ajuste o limitador de profundidade a 1 cm para
deformidade de seis eixos incorporados num programa de computador. evitar a penetração medular.
O Taylor Spatial Frame mostrou ter uma curva de aprendizagem e um •U se um osteótomo f ino para conectar os orifícios perfu-
custo elevado. Além disso, não tem sido observadas diferenças entre os rados e para seccionar ao longo dos córtices posterome-
quadros de Taylor e Ilizarov em termos de índice de alongam ento e taxa dial e posterolateral da maneira ma is segura possível.
de complicações, embora a correção de deformidades rotacionais, •Flexione a tíb ia na corticotomia para quebrar o seu
translacionais e residuais seja mais fácil com o quadro de Taylor. aspecto posteri or.
Os dispositivos circulares são mais difíceis de aplicar do que • Aplique o alongador Orthofix. Se o dispositivo de fixação
os fixadores monolaterais e são recomendados experiência e treina- de fratura for usado, f ixe a articu lação esférica rig idamente
mento extensos antes de usá-los. Para obter descrições detalhadas com uma pequena quantidade de metilmetacrilato.
sobre os componentes desses fixadores, planejamento pré-operató- • Suture o periósteo e f eche a pele sobre drenos.
rio e construção e aplicação de estruturas, consulte o Capítulo 53.
Dispositivos de alongamento internos têm sido desenvolvidos CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O apoio parcial e a fisiote-
para eliminar os problemas associados à infecção no trajeto dos rapia são iniciados imed iatamente. A distração é retardada
pinos e à transfixação de tecidos moles, para manter o alinhamento até que o calo seja visível nas radiografias, geralmente de
mecânico e a estabilidade durante o alongamento e a consolidação 1O a 15 dias. A distração começa com 0,25 mm, a cada 6
e para melhorar o conforto e a tolerância do paciente. O alonga- horas, mas pode ser reduzida se ocorrer contração muscular
mento desses dispositivos pode ser iniciado pela rotação do membro ou dor. São feitas radiografias 1 semana após o começo da
envolvido (haste de Albizzia; DePuy Austral ia Pty Ltd Mount distração, para assegurar que a osteotomia fique completa,
Waverly, Austrália); pela rotação controlada, deambulação e apoio e depois com intervalos de 4 semanas. Se o calo regenerado
(Intramedullary Skeletal Kinetic Device; Orthofix, McKi nn ey, TX); for de má qualidade, a distração será interrompida por 7
ou por um dispositivo motorizado implantado e ativado eletrica- dias. A recompressão é indicada para falhas no ca lo e para
mente (Fitbone; Wittenstein Igersh eim, Alemanha). Atualmente, evidência de distração neurovascu lar excessiva. Quando o
somente o Intramedullar y Skeletal Ki netic Device (ISKD) está apro- comprimento desejado for obtido, o mecanismo de enrosca-
vado pela Food an d Drug Ad ministration. mento de parafuso é apertado e o mecanismo de distração
Por fim, algu ns autores relataram o uso de uma haste intrame- é removido do fixador. O apoio total será permitido quando
dular ou placa submusc ular, além de um fixador externo para a for observada uma boa consolidação do calo e, em seg uida,
osteogênese por distração. Como a maioria dessas técn icas, a oste- o parafuso será desenroscado para permitir que haja com-
ogênese por distração é feita com a utili zação de um dispositivo pressão axial dinâmica. O fixador será removido quando a
externo, como descrito anteriormente, e a placa submuscul ar ou o cortical ização estiver completa. Se a estabilidade for confir-
pino intramed ul ar são utilizados em seguida para estabilizar o rege- mada, os parafusos serão removidos. Se houver qualquer
nerado conforme ele consolide, permitindo a remoção precoce do dúvida quanto à estabil idade do osso, o fixador será reco-
dispositivo extern o.
locado por um período adicional.

ALON GAMENTO TIBIAL TÉCNICA


TÉCNICA ~
'---~~~~~~~~~
(ILIZAROV, MODIFICADA)

(DEBASTIANI ET AL.) •A pré-montagem do aparelho envolve a montagem de


uma estrutura constituída por quatro anéis iguais de lli-
•Coloque o paciente em decúbito dorsal sobre uma mesa zarov dimensionados para o paciente; utilize os anéis de
radiotransparente. menor diâmetro que deixem um espaço suficiente para o
•Resseque 2 cm da fíbula distal por meio de uma aborda- edema após a cirurgia. Deve haver um dedo de espaço
gem lateral. entre o anel proximal e a tuberosidade da tíbi a e dois )
~ PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE DESENVOLVIMENTO

h!ijl!;Hm:r:!Il) A, Arqueamento posteromedial congênito da tíbia em uma menina de 11 anos. Embora grande parte da deformidade
tenha sido corr ig ida espontaneamente, a criança ficou com 6 cm de encurtamento e angu lação em va lgo do terço médio da tíb ia. B,
Alongamento tibial de níve l dup lo. É feita uma corticotom ia inferior no áp ice da deformidade angu lar no terço médio e uma cortico-
tomia superior poderia ter sido feita mais proximalmente na reg ião metafisária. Após distra ção com dobrad iça devidame nte co locada,
uma corticotomia mais distal não só se abre para um alongamento, mas também corr ige deformidade em valgo. C, Resultado fina l
após a remoção do fi xador mostra um osso regenerado exce lente nas lacunas. Esse alongamento de 6 cm precisou de 4,5 meses no
fixador. A conso lidação prematura da osteoto mia proxima l da fibula resu ltou na epifisiólise proximal espontânea da f íbula . VEJA A
TÉCNICA 29-45.

dedos posteriormente no ma ior diâmetro dos músculos ciru rgiões conectam o conjunto de dois anéis superi ores
)
posteriores da panturrilha (Fig . 29- 109A). O anel mais ao conjunto inferior com hastes rosqueadas anteriores e
proximal pode ser um anel de 1,56 cm para permitir uma posteriores ligadas ao mais baixo dos dois anéis proximais
fl exão maior do joelho após a cirurgia, especialmente se com duplas de arruelas cônicas. Essas permitem que uma
o fêmur ipso latera l for aumentado, ao mesmo tempo, inclinação de 7 graus seja incorporada ao sistem a.
porque os anéis completos se tocariam com uma flexão • Ajuste a estrutura de modo que os anéis proximais
re lativamente pequena do joelho. fiquem mais elevados anterior e mediaimente. O apare-
• Conecte os dois anéis superiores, com roscas sextavadas lho é aplicado nesta posição; após a corticotomia ser
de 20 mm para melhor estabilidade. Em pacientes peque- realizada, os parafusos de arruela côn ica são removidos
nos, pode haver espaço proximalmente para apenas um e todos os quatro anéis são alinhados paralelamente,
anel e um pino. Os dois anéis distais podem ser mais colocando a t íbia em cerca de 5 graus de recurvato e
afastados do que os dois primeiros anéis para obter varo profiláticos.
melhor estab ilidade, mas para ter um alonga mento sig- • Mais frequentemente, um apa relho simetricam ente ali-
nifi cativo, é melhor que a construção distal de duplo anel nhado é usado sem qualquer posicionamento profilático.
fiqu e re lativa mente mais longe do loca l da corticotomi a Em vez disso, exige-se ate nção para as radiografia s de
metafisária proximal a que se destina; ta l disposição maxi- acompan hamento durante o alongamento . Se desvios
miza a quantidade de tecidos moles para alongamento axia is forem encontrados no fina l de alongamento, as
disponível, contribuindo para o alongamento total. dobradiças de correção são colocadas sobre o anel para
• Para a pré-constru ção inicia l, use apenas duas conexões se obter o alinhamento adequado.
entre cada par de anéis, uma anteriormente e uma dire- • Para a aplicação do aparelho, posicione o paciente em
tamente posterior. Pla neje a estrutura para que os para- uma mesa rad iotransparente e coloque um torniquete na
fusos da conexão central estejam centrados diretamente parte superior da coxa.
sobre a tuberosidade da tíbia e a crista anterior da tíbia. • Através de uma incisão latera l, exponha o terço médio da
•Conecte todos os anéis simetri camente . fíbula e, por dissecção subperiostea l, faça a tran seção
• Para compensar a angulação anterior e o va lgo, que muitas dela com uma serra oscil ante.
vezes ocorrem durante o alongamento tibial, alguns • So lte o torniquete e feche a incisão fibu lar em camadas .
CAPÍTULO 29 ANOMALIAS CONGÊNITAS DOS MEMBROS INFERIORES cmm

Otdll;?jiE!IIm) Aparelho típico de llizarov para alongamento tibial moderado. A, Em cr ianças esqueleticament e imaturas com fises
intactas, o segmento proximal não teria espaço suficiente para dois ané is. Um anel ún ico d istal à epífise tibia l prox imal é usado com
fio para a estabilização segmentar ad icional do segmento proximal. Para uma quantidade significativa de alongamento, o terceiro ane l
pode ser colocado mais dista l mente para permitir que uma massa maior de tecido mole seja uti li zada no processo de alongamento. B,
Se necessário, os anéis de ll izarov podem ser utilizados para completar o aspecto posterior da corticotomia por rotação externa do
segmento distal. VEJA A TÉCNICA 29-45.

• Sob controle fluoroscópico, insira um fio de referência de •Após o tensionamento e a fixação dos fios, corte as extre-
medial a lateral, perpendicularmente ao eixo longo da tíbia midades (cerca de 4 cm) e enrole-as diretamente por cima
(para uma perna alinhada normalmente), logo abaixo da fise do parafuso de f ixação do f io, para permitir que ele seja
tibial proximal. Use fios de 1,8 mm em crianças e adoles- retensionado mais tarde, se necessário. Dobre os pontos
centes grandes e fios de 1,5 mm em crianças menores. de corte do fio nos orifícios disponíveis no anel para que
• Conecte a estrutura pré-montada com esse fio de não firam os membros do paciente ou da equipe.
referência. •Após os dois primeiros fios terem sido fixados ao aparelho e
• Coloque outro fio da fíbula para a tíbia, imediatamente esticados, a estrutura pode atuar como um guia de perfura-
proximal à fise tibial distal. Use os princípios padrão de ção para a colocação dos fios restantes. Os f ios no primeiro
llizarov de inserção e fixação do fio em todos os momen- anel são os fios de referência transversais iniciais e um f io de
tos (Capítulo 53). face medial, que é paralelo à superfície medial da tíbia.
• Os fios devem ser empurrados ou batidos suavemente •Coloque um terceiro f io da cabeça da fíbula para a tíbia a
através dos tecidos moles, e não perfurados, especia lmente fim de evitar a dissociação da articulação tibiofibular pro-
quando saírem perto de estruturas neurovasculares. ximal durante o alongamento. Esse fio não apresenta risco
• Ao passar os fios através dos múscu los do compartimento de danos ao nervo fibular se a cabeça da fíbu la estiver
anterior, segure o pé em dorsiflexão, pela mesma razão. facilmente palpável. Não use um fio olivado porque ele iria
comprimir a articulação t ibiofibu lar proximal. Idealmente,
•Incise a pele para permitir a passagem de fios olivados.
esse f io deve ser proximal à fise proxima l da fíbula .
•Nu nca puxe ou dobre um fio no anel. Em vez disso,
•N o segundo anel, coloque um fio transversal e outro fio
coloque arruelas no fio até o anel para evitar torção
de face medial, evitando os tendões de pata de ganso,
indevida e movimentos indesejáveis sobre a tíbia.
se possível.
• Tensione os fios a 130 kg, a não ser que o fio esteja
• Como há uma forte tendência de valgo durante o alonga-
suspenso fora de um anel; neste caso, 50 a 60 kg de
mento tibial proximal, coloque f ios ol ivados na parte supe-
tensão são utilizados para evitar a deformação do anel.
rior e inferior dos anéis lateralmente e no meio de dois anéis
O melhor é usar dois fios tensionadores para apertar dois
mediaimente para funcionar como pontos de apoio para
fios simu ltaneamente no mesmo anel, se possível, para dobrar a tíbia em varo. Meios pinos (5 mm ou 6 mm) agora
evitar a deformação do mesmo. são usados com mais frequência, especialmente na diáfise. )
~ PARTE IX TRANSTORNOS CONGtNITOS E DE DESENVOLVIMENTO

• Para corticotomia, remova as duas hastes roscadas que a cirurgia. As radiografias são feitas de 7 a 1O dias após a
)
ligam o bloco de fixação proximal ao bloco de fixação distal. distração ser in iciado para documentar a separação no local
•Faça uma incisão de aproximadamente 2 cm sobre a crista da corticotomia. O osso regenerado deve ser visto na fa lha
da tíbia logo abaixo da tuberosidade tibial. em 4 a 6 semanas, embora estrias lineares geralmente sejam
•Incise o periósteo longitudinalmente e insira um pequeno visíveis no osso regenerado antes disso, especialmente em
elevador periosteal. crianças mais novas. Se a formação de osso regenerado for
• Eleve uma parte estreita de periósteo da largura do insuficiente, a taxa de distração deve ser abrandada, inter-
pequeno elevador periostea l ao longo das superfícies rompida, ou, em alguns casos, invertida temporariamente.
med ial e lateral da tíbia O apoio e a atividade funcional dos membros ajudam na
•Insira um osteótomo de 1,2 cm (1/2 polegada) transver- maturação do osso regenerado. A ultrassonografia pode
salmente no espesso córtex anterior. detectar a formação de cistos, que se forem extensos, em
•Use um osteótomo de 5 mm (1/4 de polegada) para marcar última análise, exigem o uso de enxertos ósseos esponjosos
o lado medial e, em seguida, o lado lateral. O elevador autógenos. Durante a distração, contraturas em flexão do
periosteal pode ser colocado alinhado ao longo do osso joelho e contraturas em equino do tornozelo podem ser
para atuar como um guia direcional para o osteótomo. evitadas com talas profiláticas e órteses. O fixador é remo-
•A corticotomia é guiada pelo tato e pela audição da mudança vido quando há evidência de corticalização do osso regene-
de som quando o osteótomo sai do córtex. No lado medial, rado e o paciente é capaz de andar sem auxílio.
não há estruturas importantes que corram risco; no córtex Para alongamento significativo, especialmente quando
lateral, o ventre do músculo tibial posterior fica entre a tíbia a mobilidade do tornozelo era anormal antes da cirurgia,
e as estruturas neurovasculares profundas. o pé pode ser fixado no dispositivo de alongamento com
•Após o corte dos córtices medial e lateral, retire o osteó- a inserção de um fio olivado de cada lado do calcâneo com
tomo e reinsira-o ao longo do córtex media l. ângulos divergentes entre si. Esses estão ligados a um
semianel com dimensão apropriada. Esse semianel deve
•Gire o osteótomo 90 graus para afastar os córtices e
estar a 2 cm da parte posterior do ca lcanhar para capturar
rachar o córtex posterior. Repita essa manobra no córtex
os fios colocados obliquamente anteriormente. O anel do
lateral, se necessário.
calcanhar está ligado ao anel inferior do quadro de alon-
•Apesar de llizarov ter recomendado não violar o canal
gamento com placas curtas e hastes rosqueadas . O anel e
medular, a maioria dos cirurgiões ocidentais adotaram
os fios de ca lcanhar podem ser removidos após o alonga-
método de Debastiani de fazer vários orifícios em toda a
mento acabar para evitar rigidez subta lar. Uma órtese per-
extensão para enfraquecer o córtex posterior. A corticotomia
sonalizada pode ser construída para acomodar o pé.
também pode ser completada por rotação externa da tíbia
Para alongamento de mais de 6 cm, o alongamento de
distal, mas não rotacionar a tíbia internamente por causa do
nível duplo acelera o processo e reduz o tempo de fixação
risco de estiramento do nervo fibular (Fig. 29-1098).
em cerca de 40%. Nesta modificação, três anéis são uti li-
•Para "corticotomias" tibiais metafisárias proximais ou
zados com um pino em cada anel para dar fixação de "dois
distais, uma serra de Gigli faz uma osteotomia suave, sem
níveis" a cada segmento (Fig. 29-109) A fíbula deve ter
risco de fratura em locais com pinos adjacentes. O método
um fio de transfixação em cada um dos três anéis. Duas
da serra de Gigli exige duas incisões transversais, uma
osteotomias fibulares e duas corticotomias são necessá rias,
anterior e uma posterior. É feita uma dissecção subperi- uma de cada um pouco abaixo do anel proxima l e uma de
óstea com um pequeno elevador em todos os três lados cada um pouco acima do anel mais distal. Um anel de
da tíbia. Grampos curvos e em ângulo reto são usados calcanhar e fios são adicionados para evitar o equino do
para passar uma forte sutura, que está ligada à serra de tornozelo. A parte inferior dos anéis pode ser conectada
Gigli . A sutura pode ser passada antes da aplicação do para fornecer uma alça estável nos segmentos distais para
aparelho e a serra de Gigli após a conclusão da fixação. completar a corticomia proxima l, e os dois anéis de cima
Ao usar a serra, os assistentes devem retrair as bordas da podem ser conectados ao completar a corticomia distal.
pele. Deve-se tomar cuidado para proteger a face periós- Se uma contratura fixa no joelho se desenvolver durante
tea medial na parte final da osteotomia. o alongamento, deve-se fazer fisioterapia com mais frequên-
• Para montagem do aparelho, reduza a fratura e insira quatro cia. Se a contratura do joelho não responder à fisioterapia
hastes de distração ou hastes telescópicas graduadas, cerca e à imobi lização, o aparelho pode ser estendido proximal-
de 90 graus de separação, no meio de dois anéis. mente para a coxa com um gesso que incorpore uma bra-
•Feche o local da corticomia sobre um dreno, se necessá- çadeira de anel e uma dobradiça incorporada no eixo da
rio, e aplique curativos compressivos . rotação aproximada do joelho. O dispositivo pode ser usado
• Revista os locais dos fios com esponjas de espuma fixadas para distrair e corrigir a contratura no joelho lentamente.
por grampos de plástico ou rolhas de borracha. Se forem Para corrigir outras deformidades da tíbia durante o alon-
utilizadas ro lhas de borracha, coloque-as antes de fixar gamento, o aparelho de llizarov pode ser modificado com
os fios aos anéis . dobradiças para efetuar a correção angular e translacional
simultaneamente. A rotação interna pode ser corrigida distal-
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO A fisioterapia e o uso de mente por osteotomia no momento da aplicação do fixador.
muleta para andar com carga parcial são iniciados imedi- Proximalmente, a rotação interna deve ser corrigida gradual-
atamente. A distração é adiada por 5 a 7 dias. Em crianças, mente após o alongamento terminar, mas antes que o osso
a taxa de distração é de 0,25 mm, quatro vezes por dia. regenerado tenha consolidado. O uso do dispositivo de ll iza-
O paciente e sua família são ensinados a cuidar dos pinos rov para correções multiplanares deve ser tentado apenas por
antes da alta hospitalar, geralmente 5 a 7 dias após cirurgiões com experiência nestas técnicas.
CAPÍTULO 29 ANOMALIAS CONG ÊNITAS DOS MEM BROS INFERIORES

ALONGAMENTO TIBIAL SOBRE HASTE


INTRAMEDULAR (ISKD, ORTHOFIX,
MCKINNEV, TX)
TÉCNICA mm
(COLE, PALEY E DAHL)
~
• Coloque o paciente em decúbito dorsal com o joelho flexio-
nado e a perna acometida pendurada verticalmente para
Terço médio
baixo ou com o joelho fl exionado em cima de uma barra
acolchoada, evitando qualquer tipo de pressão sobre a
1-2 cm
cabeça da fíbula (nervo fibular comum). O posicionamento
do paciente para o procedimento de ISKD é o mesmo
adotado nos outros procedimentos de haste intramedular.

DISTRAÇÃO PRÉ-INSERÇÃO E
VERIFICAÇÃO FUNCIONAL
•Antes de inserir o ISKD, use pequenas rotações de va ivém
da seção dista l para configurá-lo para a quantidade de
alongamento determinado com o planejamento pré-ope-
ratório. Não distraia o dispositivo longe demais.
•Verifique a integridade do im ã com o monitor do ISKD
que fo i colocado num saco estéril duplo.
•Ligue e leia o monitor e coloque-o imediatamente acima
do anel principal na extremidade distal da secção proxi-
O[dl!;t!'.jflillil)
Lo ca li zação de osteotomias para alongamento
tibial com lntramed ullary Skeletal Kinetic Device. (De Cole JD:
mal. Gire todo o alongador lentamente até que o monitor
lntramedullary skeletal kinetic distractor. ln Tibial surgical technique
sina lize duas mudanças na polaridade.
manual, McKinney, TX, Orthofix.) VEJA A TÉCNICA 29-46.
VENTILAÇÃO DO CANAL INTRAMEDULAR
•Faça um ou dois orifícios com 6 mm de diâmetro na tíb ia
distal através de um córtex e no ca nal intramedu lar. Posi-
cione o orifício abaixo da extremidade mais distal do ISKD
(quando inserido).
•Insira uma cânu la oca dentro do orifício de modo a que INSERÇÃO DA HASTE
a sua ponta fique nivelada com a superfície cortical intra- •Faça uma incisão cutânea verti ca l de 5 cm na linha média,
cent rada no nível do platô tibial. Certifique-se de que o
medular, mas não sa liente dentro do canal.
portal de entrada não está mais do que 1 centímetro distal
•Limpe a cânula com frequência com um fio-guia durante
à borda anterior do platô t ibial; um ponto de entrada mais
o procedimento para garantir um fluxo in interrupto de
conteúdo intramedu lar. distal pode resultar em danos ao córtex posteri or.
•Rebata os tecidos cutâneos e subcutâneos mediaimente
OSTEOTOMIA até que a borda medial do tendão patelar esteja visível,
•Crie uma osteotomi a na junção dos terços superior e faça uma incisão med ial no tendão e proximal na tube-
méd io da tíbia (Fi g. 29-11 O). Não faça a osteotom ia nas rosidade da t íbi a e retraia o tendão latera lmente para
áreas metafisárias proximal ou dista l, onde o diâmetro permitir a identifi cação do ponto médio da margem ante-
maior do canal intramedular pode levar à instabi li dade do rior do platô t ibia l.
fragm ento alongado e onde os momentos de flexão mais •Use um perfurador ou fresa canulada ao longo de um
elevados resu ltam em ca rga excessiva do ISKD. fio-gui a para abrir o cana l medular na linha média, man-
• Para fazer a osteotom ia, utilize uma serra intramedu lar, um tendo a parte linear do furador para lelamente ao eixo
osteótomo através de uma pequena incisão ou uma série lo ngo da tíbi a. Use intensificação de imagem nos planos
de orifícios abertos no osso e ligados com um osteótomo. sagita l e fronta l para confirmar que a ponta do perfurador
Preserve o periósteo para proteger o fornecimento de ou o pino-guia esteja na linh a do cana l t ibial.
sangue ao osso regenerado. Pode ser difícil cortar o córtex •Use um alargador rígido de 7 mm para atin gir o cana l
posterior e pode ser quebrado por meio de osteoclasia pela med ular. Confirme o alinhamento.
rota ção do membro. Certif ique-se de que as formas dos •Aumente o portal de entra da para 9 mm com alargadores
fragmentos perm item uma rotação fácil. ríg idos.
• Retire 1 a 2 cm do terço médio inferior da fíbula para • Insira o f io-gu ia até que sua ponta f ique 0,5 a 1 cm pro-
perm itir que o ISKD seja utilizado . xi mal à articulação do t ornozelo, garantindo que ela
• Fixe a fíbula distal na tíbia com um parafuso de sindesmose. esteja exatamente na linha média .
• Verifique se os dois segmentos ósseos rodam livre e inde- •Usando alargadores cada vez ma iores (incrementos de
pendentemente um do outro. 0,5 mm), alargue de 1,5 a 2 mm acima do proposto para )
1111!1) PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE DESENVOLVIMENTO

em que a marca circular esteja de 7 a 12 mm acima da


parte superior da guia do parafuso.
•Não faça o segundo orifício até que o parafuso de fixação
esteja inserido.
•G ire a chave T no sentido horário, com uma leve pressão,
até que a marca dela atinja o topo da guia do parafuso.
Dê mais uma volta completa para apertar o parafuso
tota lmente. Não continue girando após esse ponto, senão
a rosca no osso pode espanar.
• Faça o segundo orifício de bloqueio usando uma técnica
idêntica e insira o segundo parafuso de bloqueio.
•Solte os paraf usos-guia de bloqueio e remova ambas as
H!§i@imJD Gui as de broca para uso co m lntramedu llary guias de parafuso. Remova a barra-gu ia da alça.
Skeleta l Kinetic Device . (De Cole JD: lntramedullary skeletal ki netic •Verifique se a osteotomia não está distraída e verifique
distractor. ln Tibial surgical technique manual, McKinney, TX, Orthofix.) se há a livre rotação do membro.
VEJA A TÉCNICA 29-46. •Retire o gatilho externo e a barra-gu ia proxima l. Remova
a alavanca depois de soltar a haste de bloqueio com
algumas voltas com a chave A llen de 4 mm.
•Insira a tampa da extremidade do alongador e aperte-a
aumentar o diâmetro. Continue além do istmo, porque é firmemente com a chave T.
)
importante que o ISKD não se encaixe com muita força •Depo is de uma irrigação cuidadosa para remover os
no canal intramedular, o que iria impedi r o movimento fragmentos de ossos remanescentes, insira o dreno por
de rotação. asp iração fechada, feche a incisão em camadas de
•Quando o alargamento estiver concluído, remova o forma usua l e ap li que curativos firmes para evitar a
fio-gu ia e irrigue a incisão com soro f isio lógico para formação de hematoma.
remover todos os fragmentos ósseos.
•Use uma chave T de 3,5 mm para remover a tampa do CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Os drenos são removidos
ISKD do alongador (a tampa deve ser substituída após a 24 a 48 horas após a cirurgia. O apoio parcial com mu letas
inserção do alongador). é permitido em 1 semana e continua ao longo das fases de
• Insira a haste de bloqueio através da alça no alongador alongamento e de consolidação. O apoio total não é per-
e aperte-a com a chave A llen de 4 mm. mitido até que a cortificação do osso regenerado esteja
•Coloque cuidadosamente o ISKD no lugar, tomando evidente em três dos quatro córtices durante o final da fase
cuidado para não rodá -lo ou torcê-lo. de consolidação. Exercícios isométricos para todo o membro
•Com uma técn ica manua l livre, insira dois parafusos são encorajados cedo. A mobilização suave do joelho pode
distais de bloq ueio ser in iciada após cerca de 4 dias, dentro dos li mites de
•Antes do bloqueio proximal da haste, use intensificação conforto. O alongamento deve ser iniciado 5 dias após a
de imagem para assegurar que há uma abertura entre os ci rurg ia. Embora 1 mm por dia seja recomendado, exames
dois fragmentos do osso, de modo que eles sejam capazes clínicos e radiog ráficos (normalmente a cada 2 semanas)
de girar livre e independentemente um do outro. podem ind icar um alongamento mais lento ou mais rápido.
•Solte o parafuso de bloqueio da barra guia. Insira a barra Para o paciente, o instrumento principal para determinar a
até que a marca em P esteja no nível da superfície fronta l taxa de distração é o mon itor do ISKD, o qual deve ser usado
da mão e a mantenha em posição . Monte o estabilizador todos os dias durante a distração. O ISKD norma lmente é
proximal e insira dois guias de parafuso. removido 12 a 18 meses após a inserção, se for constatada
•Faça uma incisão aba ixo de cada guia de parafuso, exponha consolidação óssea completa nas radiografias.
o córtex tib ial de cada lado por dissecção romba, avance
os guias do parafuso até o córtex e prenda-os na posição.
•Insira uma guia de parafuso intermed iário na guia de
parafuso principal (Fig. 29-111 ). Insira um guia de broca ALONGAM ENTO FEMORAL
de 4,8 mm mediaimente e bata suavemente para encai-

-------~
xar os dentes da guia de parafuso no córtex. Faça esse TÉCNICA
orifíc io primeiro através de am bos os córtices.
• Retire a broca, a gu ia de broca e a guia de parafuso (DEBASTIANI ET AL .)
intermediário.
•Verifique se a extremidade da gu ia de parafuso está •Coloque o paciente em decúbito dorsa l sobre uma mesa
tocando o osso. Insira o medidor de profundidade e rad iotra nspa rente.
engate o gancho no córtex mais distante. Veja o compri- •Use brocas acopladas, guias de perfuração e guias de para-
mento correto do parafuso de bloqueio na parte superior fuso para inserir os parafusos corticais e esponjosos cônicos.
da guia de parafuso. • Insira um parafu so cortica l ao nível do trocânter menor,
• Insira um parafuso de bloqueio de comprimento correto perpendicu larmente ao eixo do fêmur.
e empurre-o através do osso com a chave de parafuso T • Fixe o template rígido e insira o parafuso ma is distal,
até que a sua rosca engate no córtex medial, no ponto alinhando o template paralelamente ao eixo do fêmur.
CAPÍTULO 29 ANOMALIAS CONGÊN ITAS DOS MEMBROS INFERIORES era

A B

iâ@ll;fumlf) Técnica de Debastiani para corticotomia. A, Usando exposição aberta limitada e broca Orthofi x (McKinney, TX), vários
orifícios são perfurados na metade anterior do osso. Esses são conectados com osteót omos de 5 mm, os quais também são utilizados
para comp letar a corticomia posteriormente. B, Dispositivo Orthofi x pa ra alongamento femoral. Para controla r o desvio em varo, t rês
parafusos são usados proximalmente e três distalmente ou um aparelho pode ser aplicado com va lgo profilático construído. VEJA AS
TÉCNICAS 29-47 E 29-48.

• Volte para a extremidade proximal do template e insira o prob lema comum de varo neste nível. A tenotom ia do
próximo parafuso no quarto orifício do temp late distal- adutor também é aconselhada .
mente ao parafuso superior. O último parafuso deve ser •Suture o periósteo e feche a pele sob re drenos. É reco-
colocado no template distal, no orifício mais distante do mendado o uso de seis pinos para o alongamento femoral
parafuso mais distal. a fim de ganhar estabilidade e resistir a uma tendência
•Remova o temp late e execute uma corticotomia 1 cm de desvio em varo (Fig. 29-11 2B) .
distal aos dois parafusos proximais (imediatamente dista l
à inserção do iliopsoas). CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O pós-operatório é o
• Faça uma incisão na pele da coxa anterior longitudinalmente mesmo do alongamento tibia l (veja a Técnica 29-44).
e disseque por dissecção romba entre o músculo sartório e
o múscu lo tensor da fáscia lata e através da substância do
vasto intermédio e reto femora l. Incise o periósteo longitu-
dinalmente e eleve-o lateral e med iaimente. TÉCNICA
• Sob visão direta, faça uma série de orifícios unicorticais
de 4,8 mm, no aspecto visível dos dois terços anteriores (ILIZAROV, MODIFICADA)
da circunferência do fêmur (Fig. 29-112A) . Ajuste o limi-
tador de profundidade a 1 cm para evitar a penetração •A pré-construção do aparelho inclui as seguintes conside-
medu lar. rações. O aparelho de alongament o femora l padrão con-
•Use um osteótomo fino para conectar os orifícios sem siste em um bloco de fixação proxima l feito de dois arcos,
violar a medula. Flexione o fêmur na corticotomia para um bloco de fixação distal feito de dois anéis de tama -
quebrar o córtex posterior, completando a corticotomia. nhos id ênticos e um anel do meio "vazio" (geralmente
Não use pinos Orthofix como alças para comp letar a de tamanho maior do que o dos anéis dista is) para ligar
corti cotomia, eles podem se soltar. os dois blocos de fixação .
• Reduza a fratura e aplique o alongador Orthofix. Se o dispo- •Construa previamente o apa rel ho para reduzir o tempo
sitivo de fixação de fratura Orthofix for usado, f ixe rigi da- gasto na sala de cirurgia.
mente a articulação esférica com uma pequena quantidade • Use anéis de menor diâmetro que deixam espaço suficiente
de metilmetacrilato. O dispositivo de alongamento Orthofix para o edema após a cirurgia , porque os anéis menores
pode ser usado com ou sem grampos giratórios. fazem uma constru ção mecanicamente mais estável. Deve
• Se forem utilizados grampos giratórios, considere bloqueá-los haver um dedo de espaço entre o anel dista l e a coxa
com metilmetacrilato. O alongador é muito útil para alonga- anterior e dois dedos posteriormente no maior diâmetro
mento de nível duplo. dos músculos posteriores da panturrilha. O anel mais distal
Price recomendou o valgo agudo de alguns graus para pode ser um anel de 1,56 cm para perm itir maior flexão
alongamento subtrocantérico para ajudar a prevenir o do joelho após a ci rurgia. Isso é especia lmente importante )
lllmi> PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE DESENVOLVIMENTO

se houver um alongamento simultâneo da tíbia ipsolateral • Para o pino de referência proxima l, insira um meio-pino
)
com anéis tibiais proximais. (Anéis completos se tocariam imed iatamente distal no nível do trocânter ma ior, para le-
após uma flexâo relativamente pequena do joelho, limi- lamente a uma linha imaginária traçada da ponta do
tando a mobi lidade do joelho). trocânter maior até o centro da cabeça femoral, norma l-
• Conecte os dois anéis do fundo inicialmente com duas mente dentro de 3 graus do paralelo ao eixo da articula-
roscas sextavadas de 20 ou 40 mm para melhorar a esta- ção do joelho.
bilidade, uma posicionada diretamente anterior e uma •O f io de referência distal deve ser perpendicular ao eixo
diretamente posterior. Com os anéis de fibra de carbono mecânico do fêmur, não perpendicular ao eixo anatômico
mais recentes, é possível "cortar" a parte de trás do anel (Fig . 29- 113A). Isso é importante porque o alongamento
dista l, conforme necessário, para melhorar a flexão do deve ocorrer ao longo do eixo mecânico, e não no ei xo
joelho e evitar impacto contra uma construção tibial. da diáfise. O não cumprimento deste princípio rompe o
Reforço apropri ado para o anel mais próximo é necessário eixo mecânico normal e causa a medialização do joelho.
antes de o anel de fibra de carbono ser cortado. Em •Fixe o aparelho pré-montado ao pino de refe rência supe-
pacientes pequenos, pode haver espaço dista lmente rior e ao fio de referência inferior e garanta que o c/ea-
apenas para um anel e um f io do tipo drop wire . rance entre a pele e a estrutura seja adequado e que
• Planeje o aparelho de modo que os parafusos de conexão todas as conexões estejam firmes.
centra l estejam centralizados diretamente sobre as linhas • Tensione os fios a 130 kg de força depois de fixar a ext re-
méd ias anteri or e posterior. midade do fio olivado ao ane l distal. Certifique-se de que
•Escolha dois arcos paralelos para coincidir com o con- haja uma c/earance adequada para o tecido mole e use
torno da coxa lateral proxi mal, geralmente um arco de a estrutura como guia para inserir o meio-pino proximal
90 graus mais proximal e um arco de 120 graus abaixo protegido com um grampo de fixação ou um grampo
dele; isso causa menos impacto na extremidade proximal afivelado (Fig. 29-1138 e C).
do fixador contra a parte inferi or do abdome e da pelve •Para a fixação, insira dois fios obl íquos lisos sobre o ane l
durante a flexão do quadri l. dista l e um fio ol ivado med ial e um fio liso oblíquo no
• Conecte os dois arcos com duas roscas sextavadas de 40 anel acima.
mm. O alcance do arco de 120 graus pode ser estend ido • Alguns aspectos técnicos importantes devem ser lembra-
ligando dois suportes oblíquos fo ra do primeiro e do dos durante a inserção dos f ios. Ao inserir um fio de
últi mo orifício no arco . anterior para posterior da coxa, primeiro flexione o joelho
•Fixe o suporte oblíq uo no anel do meio vazio, o qual nâo a 45 graus à medida que o fio penet ra na pele anterior.
detém fios, mas permite um afastamento mais balanceado Em seguida, flexione o joel ho a 90 graus à medida que o
de 360 graus entre os blocos de fixação proximal e distal. fio penetra no músculo do quadríceps. Passe o fio através
• Conecte o anel do meio vazio ao bloco de fixação distal do fêmur apenas até a cortical oposta. Toque o fio através
com duas hastes rosqueadas, uma colocada anterior- do tecido mole, mantendo o joelho completamente esten-
mente e outra mediaimente, para alinhar o ane l vazio dido enquanto o fio atravessa os tendões; fl exione o joelho
com o bloco do anel distal anterior e mediaimente, onde a 45 graus à medida que o fio sai da pele.
a manga de tecido mole da coxa é mínima, e o anel maior •Depois de cada fio ter sido inserido, mova o joelho da
e vazio colocado lateral e posteriormente, onde é neces- posição de extensão tota l até 90 graus de flexão. O fio
sária a c/earance de pele extra. Pode ser necessá rio, ma is deve "flutuar" no tecido mole e não deve ser puxado
tarde, a colocação de placas de conexão no bloco distal pelo múscu lo ou esticar a pele. Essa técnica de coloca ção
latera l e posteriormente para coloca r barras rosqueadas do f io ajuda a minimizar a irritação da pele e as contra-
ou hastes telescópicas graduadas adiciona is nestes locais. turas articula res.
• Para a colocação de fios de referência, posicione o paciente • Se um fio não sair diretamente no plano do anel, construa o
em decúbito dorsal com uma folha dobrada sob a nádega anel ao nível do fio com arruelas ou colunas. Não dobre o fio
ipsolateral. Uma mesa radiolúcida que se divide nas extre- em qualquer plano para fazê-lo f icar mais perto do anel.
midades inferiores, permitindo a remoção da parte da mesa • No arco proximal, adicione mais um pino anteri orm ente, no
sob a perna envolvida, é útil. Coloque o pé em uma mesa lado oposto do arco, a f im de evitar o pino de referência.
de Mayo ou outra mesa pequena para facilitar a flexão e a Não insira esse pino mais mediaimente do que a espinha
extensão do joelho e do quadril para permitir a avaliação da ilíaca anterossuperior ou o nervo femoral estará em risco.
colocação dos f ios nos tecidos moles ao redor do joelho. •N o segundo arco, coloque dois pinos adicionais, um em
•U se fluoroscopia para gu iar a inserção do fio de refe rência cada lado do arco, no plano oblíquo entre os dois pinos
distal. No fêmur dist al, use fios de 1,8 mm; e no fêmur superiores. O posicionamento mecân ico idea l de fios e
proximal , use parafu sos côn icos autoperf urantes e autor- pinos deve-se aproximar de 90 graus quando visto axia l-
rosqueantes de 5 mm. Se preferir, outros meios-pinos de mente, dentro dos lim ites anatôm icos. Uma f ixação de 90
calibre pesado, especialmente aqueles projetados para graus, distribuída dentro de um dado bloco de fixação ou
serem pré-perfurados, podem ser substituídos. Ao usar anel, resiste à flexão de forma mais uniforme. Fios oliva-
pinos côn icos, tome cuidado para não puxá-los depois dos aumentam a resistência mecânica da constru ção, mas
que tenham sido inseridos ou eles vão se so ltar. não devem ser usados em demasia. Os fios olivados fun-
• Sob controle fluoroscópico, insira, como fio de referência cionam como pontos de apoio sob o osso para resistir ou
distal, um fio olivado, de lateral para medial, quase per- corrigir o desvio axial. O alongamento em torno do
pendicular ao eixo mecân ico do fêmur, para lelamente à joelho tende a angular em va lgo, enquanto o alonga-
articu lação do joelho, mas ligeiramente maior no lado mento perto do tornozelo e do quadril tende a angular
medial no nível do tubérculo dos adutores. em varo. Todos os locais são propensos à angulação anterior.
CAPÍTULO 29 ANOMALIAS CONGÊNITAS DOS MEMBROS INFERIORES

Eixo : {_E ixo da


mecânico-1 diálise do
1
f fêmur
1
I
I
I
I
I
I
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I
I
I
I
I
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I
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I
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1
1
I
I

A B e
O@l!;MEIJI) Aplicação do aparelho de llizarov (ver texto). A, O aparelho é aplicado perpendicularmente ao eixo mecânico, não ao
eixo da diáfise do fêmur. Distalmente, o fio de referência é colocado paralelamente ao côndilo femoral. Proximalmente, o pino de
referência é colocado perpendicularmente ao eixo mecânico . B, O aparelho de alongamento femoral de llizarov é construído com pinos
de referência proximais e distais. O anel do meio é maior em diâmetro do que os dois anéis distais para acomodar a forma cônica da
coxa. C, Aparelho femoral concluído. Os distratores telescópicos graduados são colocados em posições alternadas, para cima e para
baixo, para obter maior estabilidade. Fios clivados adicionam maior estabilidade à construção. O anel "vazio" do meio serve até mesmo
como ponto de afastamento. D, Aparelho modificado de llizarov no lugar após as osteotomias femorais para o alongamento. VEJA A
TÉCNICA 29-48.

Os fios olivados na construção femoral são colocados o canal medular. Como alternativa, faça a corticotomia
estrategicamente para resistir à angulação em valgo. Um como descrito por Debastiani (Fig. 29-112).
fio olivado adiciona l pode ser colocado em frente a um •Para evitar a fragmentação do córtex medial e a extensão
fio olivado lateral do anel distal para fixar o anel distal no da fratura nos fios distais, faça três orifícios de 3,2 mm no
lu gar, se desejado. Mais recentemente, um método alter- córtex medial, inserindo a broca a partir da incisão latera l.
nativo de f ixação do anel distal vem sendo utilizado, •Frature o córtex mais medial dobrando o fêmur. Certifi-
consiste em um fio transversa l de referência e dois meios- que-se de que os fragmentos mostrem movimento sufi-
-pinos, um posteromedial e outro posterolateral. ciente indicando que a corticotomia está completa, mas
• Para a corticotomia, remova as hastes anteriores e mediais não a ponto de deslocá-los .
entre o anel vazio e o bloco de fixação distal. •Reduza a fratura e alinhe os blocos de fixação proximal
• Faça uma incisão de 1,25 cm na pele lateral imediatamente e distal paralelamente um ao outro.
proximal ao bloco de fixação distal. Fazer uma incisão da • Use quatro hastes rosqueadas verticais ou tubos telescó-
fáscia lata transversalmente torna o processo de alongamento picos curtos e graduados para conectar o bloco de fixação
mais fácil e diminui a tendência de angulação em valgo. distal ao anel vazio (Fig. 29-113C). Comp lete o aparelho
•Disseque abruptamente até o fêmur com tesoura Mayo adicionando componentes até que existam quatro conec-
e insira um elevador periosteal pequeno e agudo até o tores entre cada arco ou anel no aparelho (Fig. 29-113D).
córtex lateral do fêmur. •Feche a pele sobre um dreno, se necessário, e aplique um
•Com um bisturi, faça uma incisão longitudinal através do curativo de compressão na incisão lateral.
periósteo e use o destaca-periósteo para tirar uma seção •Revista os locais dos fios e pinos com esponjas. Aplique
fina de 1 cm de largura do periósteo anterior e posterior- rolhas de borracha para cada loca l de fio e pino antes de
mente, o máximo que puder ser alcançado . anexá- los ao aparelho. As rolhas ajudam a manter
•Faça a transecção do córtex lateral com um osteótomo uma leve pressão sobre os curativos dos pinos e diminuir
de 1,25 cm; corte os córtices anterior e posterior, incluindo o movimento da interface pino-pele, que é um prelúdio
a linha áspera, com um osteótomo de 0,62 cm. Não viole para a infecção no local do pino. Enrole os quatro pinos )
PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE DESENVOLVIMENTO

proximais firmemente com uma gaze esticada para dimi -


)
nuir o movimento da pele sobre esses pinos.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO A fisioterapia e o apoio Margem de


segurança
protegido com muletas começam imediatamente. Uma
flexão do joelho de pelo menos 45 a 75 graus é incentivada, Deve-se deixar
mas o joelho é imobilizado em extensão durante a noite. O uma margem de
alongamento é iniciado 4 a 6 dias após a cirurgia, de acordo segurança de
com a idade da criança, e avança a uma taxa de 0,25 mm 3 cm do parafuso
quatro vezes por dia. O paciente e sua família são ensinados de fixação e uma
margem de
a como alongar antes da alta hospitalar e um reg istro de
segurança de
alongamento deve ser mantido. Embora seja desejável que o 3 cm da
alongamento seja feito precisamente a cada 6 horas, é muito extremidade
mais prático alongar no café da manhã, no almoço, no jantar distal da haste
e na hora de dormir. Uma incidência em lateral pré-operatória Margem de grossa ISKD.
do joelho é essencial para ajudar a avaliar os primeiros sinais segurança
de subluxação, especialmente durante grandes alongamen-
tos em pacientes com deficiências congênitas do fêmur. As
radiografias devem ser feitas 7 a 1O dias após o alongamento
ter começado para assegurar a distração da corticomia. Se
j
não houver osso regenerado suficiente após 4 a 6 semanas,
a taxa de distração pode ser ajustada.
Quando o comprimento desejado tiver sido alcançado,
Ht§lhbJ fl!llD Osteotomias para alongamento femoral com
o fixador é mantido no lugar até que haja corticalização lntramedulla ry Skeletal Kinet ic Device. (De Cole JD: lntramedullary
do osso regenerado. Alguns cirurgiões "treinam" o osso skeletal kinetic distractor. ln Tibial surgical technique manual,
regenerado antes da retirada do fi xador, colocando-o sob McKin ney, TX, Orthofix.) VEJA A TÉCNICA 29-49.
ligeira pressão ou retensionando os fios. O apoio e a
estabil idade do fi xador são fatores cruciais na produção
de um osso regenerado saudável. No momento da
remoção do fixa dor, o joelho pode ser manipulado, se • Co loque o paciente em decúbito dorsa l ou em decúb ito
necessário, mas apenas antes da remoção do dispositivo. lateral, dependendo da preferência do cirurgião, e
O apoio protegido e a fisioterapia vigorosa têm continui - prepare a perna da esp inha ilía ca anterossuperior à tíbia
dade e a atividade aumenta gradua lmente. Quando o
proxi mal.
alongament o estiver completo, o movimento do joelho
•Faça uma osteotomia na junção dos terços méd io e pro-
tipicamente ficará limitado a cerca de 40 graus, mas após
xima l do fêmur. Tal como acontece com a t écnica tibia l,
a retirada do aparelho, o movimento geralmente é recu-
não faça osteotomia nas áreas metafisárias proxima l ou
perado na proporção de 1O a 15 graus por mês.
dista l (Fig . 29-114) .
O aparelho e a apl icação de ll izarov podem ser modi-
• Faça uma incisão de 7 a 1O mm proximal ao trocânter
ficados para corrigi r o desvio do eixo mecânico ou a
maior; continue a dissecção até que a ponta do trocânter
deformid ade do fêmur proximal. As dobradiças podem
ser colocadas no loca l da corticotom ia do alonga mento ma ior possa ser apa lpada. Divida as fi bras da banda ilio-
para efeito de correção angula r. As deform idades proxi- t ibial exatame nte no meio do trocân ter.
mais podem ser imediatamente corrigidas pela osteoto- • Verifique as dimensões do trocânter por pa lpação para
mia percutânea entre os dois arcos proximais. Inicialm ente, local izar a inserção na linha média; a posição ideal está
os arcos são angu lados em relação ao outro, a osteotomia na fossa piriforme, perto de sua pa rede lateral, im ediata-
é realizada, e os arcos são imed iatamente postos em mente medial ao trocânter maior. Para evitar lesão da
al inhamento paralelo para efetuar a correção desejada. artéria ci rcunflexa fe moral, certifique-se que o loca l de
Correções rotacionais são mais bem feitas agudamente inserção não seja muito media l.
por meio de uma osteotomia proxima l (subtroca ntérica) •Usa ndo um f io de Kirschner e um alargador ca nulado, crie
no momento da aplicação inicial do aparelho. a entrada para a fossa piriforme imediatamente medial ao
trocânter, insira o alargador de 1 a 2 cm e verif ique a sua

______
posição com intensificação de imagem pa ra garantir que
ALONGAMENTO FEMORAL SOBRE a ponta do alargador esteja di ret amente alinhada com o
eixo da diáfise nos planos frontal e sag ital.
HASTE INTRAMEDULAR (ISKD) • Quando a posição correta for verificada, usando uma
___.~ li ge ira pressão e movimento de rotação, ava nce o alarga-
TÉCNICA
dor para o canal femoral, por 3 a 4 cm, mantendo a parte
reta da alavanca al inhada com a diáfise.
(COLE, PALEY E DAHL)
• Posicione o fio-guia centralmente e conduza-o para baixo
at é que a sua ponta se assente no osso subcondral, exa-
• A distração de pré-i nserção do ISKD e a ventil ação do
tamente no teto da fossa intercondil ar, a meio cam inho
fêmur são feitas como descrito para o alongamento tibial
entre os côndilos do fêmur.
(veja a Técnica 29-46).
CAPÍTULO 29 ANOMALIAS CONGtNITAS DOS MEMBROS INFERIORES G!Dll
•Co meça ndo co m um alargad or de 9 mm, alargu e o ca nal rem oção do pino puser em risco a estabilidade do aparelho, um pino
medular com alarg adores ca da vez maiores (incrementas substituto deve ser inserid o. Com o aparelho de Ilizarov, isso é rela-
de 0,5 mm) até que se obtenha uma la rgura de 2 mm tivamente simples: um fi o pode ser colocado em um orifício ou
maior do que o diâmetro do alongador proposto. deixado nas proximidades do anel em um bloco para evitar qu e o
•Insira o ISK D e os parafu sos de f ixaçã o proximal e dista l, local seja infectado pelo pino. Com fixadores monolaterais, a inser-
como descrito para o pino tibi al (veja a Técnica 29-46). ção de um pino substituto longe do local infecta do é mais difícil. O
•Remova a guia de perfuração e fech e as in cisões de modo dispositivo de parafuso co mplementar Orthofix pode se r útil para a
habitua l. Gera lmente, é necessária uma drenagem por inserção adi cional de meios-pinos fo ra do eixo. Infecções graves
aspiração apenas na incisão proxi mal (portal de entrada). geralmente requerem curetagem da faixa do pino e do osso.
Aplique um cura ti vo de compressã o e uma ligadura elás- Problemas Musculares. As complicações m ais difíceis que oco rrem
ti ca enrolada em torn o do quadril, começa ndo no pé, a durante o alongamento es tão rel acionadas com os músculos. Teori -
fim de evitar serom a na fer ida. camente, os ossos podem ser alongados em qualquer quantidade,
mas os m úsc ulos têm um a capacidade limitada de elasticidade. Nor-
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O dreno é rem ovido 24 malmente, os músc ul os que causam mais problem as são o tríceps
a 48 horas após a ci rurg ia. O apoio pa rcia l com mu letas sural, dura nte o alonga mento tibi al, e o quadríceps, durante o alon-
é permitido após 1 semana; o apoio t otal não é permiti do gamento fe moral. A contratura em fl exão do joelho é comum
até que a co rtifi cação do osso regenerado seja visível em durante o alonga mento tibi al e pode ser prevenida com tal as profi-
t rês dos quatro córtices no fin al da fa se de conso lidação. láti cas, especialmente à noite. Órteses personalizadas e comercial-
Os exercícios isométricos começam cedo e a mobi lização mente disponíveis Dynasplints (Dynasplint Systems, Severn a Park,
suave do joel ho pode ser iniciada em cerca de 4 dias . O MD) são úte is e a fi sioterapia intensa e fre quente é fund amental. O
tratamento profilático deve ser iniciado 1 semana após a cirurgia
alongamento é in icia do 3 dias após a ciru rgia (ver Cuidado
Pós-Operat ório da Técn ica 29-46) original. Pa ra alongamentos tibiais de mais de 4 a 5 cm, o pé deve
ser fixado em posição neutra com a aplicação de uma ta la de gesso
pos terior para fixadores monolaterais ou com a colocação de dois
fios no calcanhar qu e deve m ser conectados à estrutura de um
fixa dor circu lar de fio fin o. Os pinos do calcan har devem se r re mo-
1 COMPLICAÇÕES DO ALONGAMENTO vidos o m ais rápido possível após o alongamento ficar completo
Todos os tipos de dispositivos e técnicas de alongamento de membro têm (desde qu e o joelho não seja contraturado) para permitir que as
em comum algwnas complicações, mas certas complicações são mais ou arti cul ações subtalares e do tornozelo recuperem o movimento. O
menos prováveis de ocorrer com wn determinado dispositivo. alongamento do tendão de Aquiles deve ser considerado se persistir
Infecção pelo Pino. O problema m ais com um é a in fecção po r via um a co ntratu ra residual. Qualquer contratura pré-operatória do
do pino, que pode ser minimizada por meio de cuidados co m a tendão de Aquiles deve ser corrigida antes ou durante o alonga-
inserção do pino. Os fios fin os devem se r inseri dos através da pele mento tibial.
diretamente no nível em qu e o fio entra no osso para evitar qu e a Problemas de Articulações. A subl uxação e a luxação das articula-
pele seja es ticada. No fin al do proce dimento, m over as articulações ções têm sido relatadas durante o alonga mento femoral, especial-
vizinh as através de uma ga ma co mpleta de movimento identifica mente se as articulações do quadril ou do joelho estiverem instáveis
es ti cam entos da pele sobre os fios, e os locais podem ser liberados antes da cirurgia (como é o caso fre quente em pacientes com PFFD).
co m um bistu ri. Os fi os fin os de transfixação podem ca usar me nos Em pacientes com defo rmid ades congênitas, as tenotomias profil á-
problem as do que os meios- pinos grand es, m as a pele e o movi- ti cas do reto femoral proxi mal, dos adutores e, às vezes, dos isquio-
mento musc ul ar sobre qu alquer fi o ou pino devem se r minimi za- tibiais podem ser úteis. Para qu adris com deformidad es em va ro, a
dos por meio de técn icas es peciais de curati vo. Pa ra fixadores com osteotomi a corretiva em valgo deve se r adiada até depois do alon-
fi os fi nos estão disponíve is comercialmente cub os de espuma de gamento. Como regra ge ral, a radiografi a do quadril deve mostrar
2,5 cm com uma fe nda qu e são colocados em torno do local do um ân gulo do cent ro à borda de pelo menos 15 a 20 graus antes de
pino. A fe nd a é grampead a para seg urar o cu bo no lugar. Fin al- o alongamento femoral se r considerado; caso contrário, uma osteo-
mente, um clipe ou rolha de borracha previamente aplicad a é redu - tom ia pélvica preliminar pode ser necessári a. Os ligam entos cruza-
zida so bre a es puma para aplicar uma pressão suave sobre a pele. dos ge ralmente são defi cientes em do entes com PFFD, torn ando a
Entretanto, deve-se evitar pressão excessiva, um a vez que pode subluxação do joelho m ais provável e a fixação profiláti ca da articu-
causa r ulcerações, especia lmente so bre proemin ências ósseas. Para lação do joelho com um a dobrad iça móvel se torna possível com o
pinos grandes, especialmente na coxa, gazes cirúrgicas podem ser aparelho de llizarov. Um a tíbia deslocada posteriormente pode ser
enrol adas con fortave lmente em torno de dois ou mais pinos vizi - lentamente puxada anteriormente com um a dobradiça de Ilizarov
nhos para aplicar pressão so bre a pele em torn o dos pinos. Todos m óvel em um trilh o para redu zir a luxação e permitir o movimento
os cuidados com os fi os e pinos devem incluir es terili zação diária do joelho. Com fixadores monolaterais, essas opções não estão dis-
com um antissé ptico, com o iodopovidona (Betadin a) ou gluconato poníveis. Para a subluxação de quadril, tração e repouso geralmente
de clorexid ina (Hibistat), m as apenas um a pequ ena quantid ade ( 1 são suficien tes.
mL por pino) deve ser usada para evitar a irritação da pele. Se a Problemas Neurovasculares. Complicações neurovasculares geral-
pele fi ca irritada, a solução pode se r diluíd a ou pode-se usar um a mente estão relacionadas co m a colocação defeituosa de pinos, mas
pomada antibiótica não irritante, como o sul fato de polimixina B podem resultar de um estiramento durante o alongam ento. Se a taxa
- sulfa to de neo micin a (Neosporin ). de distração fo r de l mm por dia, os tecidos neurovasculares quase
Ao primeiro sinal de in fecção no trajeto do pino, antibióticos sempre conseguem estica r para acom odar o alongamento. D iminuir
de amplo espectro devem ser utilizados, cuid ados locais com os ou parar temporariamente a distração geralmente é suficiente. Se um
pinos devem ser intensificados e o local do pino deve receber uma nervo cutâneo for esticado sobre um fio ou pino, é indicada a reti -
incisão para p romove r a drenagem, se necessário. Se a infecção não rada deste pino. A disfun ção do nervo fibul ar que ocorre durante o
melhorar com essas medidas, o pino poderá se r rem ovido. Se a alongamento tibial deve se r tratada com desco mpressão do nervo
llll!D) PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE DESENVOLVIMENTO

na cabeça da fíbula, estendendo-se proximalmente 5 a 7 cm e dis- ANOMALIAS DOS PÉS


talmente no compartimento anterior.
Problemas Ósseos. Complicações ósseas da distração osteogênica METATARSO ADUTO CONGÊNITO
incluem consolidação prematura e consolidação atrasada. Proble- Paton RW, Choudry Q: Neonatal foot deformities and their relationship to
mas comuns do alongamento de Wagner são infecção profunda, developm ental dysplasia of the hip: an 11 -year prospective, longitudin al,
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Debastiani, um atraso ou uma consolidação prematura geralmente
podem ser resolvidos sem comprometer um resultado satisfatório.
A consolidação prematura é causada por um período de latência PÉ TORTO
excessivo. Para alongamento femoral em crianças, recomenda-se um Bensa hel H, Gu illaume A, Csukonyi Z, et ai: The intimacy of clubfoot: the
período de latência de 5 dias e, para alongamento tibial, são reco- ways of functional treatment, f Pediatr Orthop B 3:155, 1994.
mendados 7 dias. Para pacientes idosos e pacientes com vasculari- Bensa hel H, Guillaume A, Czukonyi Z, et ai: Results of physical therapy for
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zação dos membros comprometida, longos períodos de latência
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podem ser apropriados. A consolidação prematura da fíbula nos
Bensahel H, Souchet Ph, Mazda K, et ai: Abstract: The early physiotherapic
alongamentos tibiais pode ser evitada com a utilização de uma oste- treatment in clubfoot: Results at 10 years follow up. Pediatric Orthopaedic
otomia aberta padrão da fíbula em vez de uma corticotomia. Em Society of North America 2000 Annual M eeting. Rosemont, JL, 2000.
alguns relatos de consolidação prematura, os pacientes relataram Bor N, Coplan )A, Herzenberg )E: Ponseti treatment for idiopathic club foot:
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"estalo'; seguido de uma dor breve, mas intensa, indicando ruptura Bor N, Herzenberg )E, Frick SL: Ponseti managernent of clubfoot in older
espontânea através do osso regenerado consolidado. As extremida- infants, Clin Ortl10p Relat Res 444:224, 2006.
des ósseas devem voltar ao nível de aposição antes da ruptura e, Bradish CF, Noor S: The Ilizarov method in the management of relapsed
depois de um breve período de latência, o alongamento deve ser clubfeet, ! Bane foint Surg 82B:387, 2000.
reiniciado. A falta de back up pode resultar na formação de cisto e Bradish CF, Tan S: Residual ban e cysts after Ili zarov treatment of relapsed
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na falha de consolidação.
Changulani M, Garg N, Bruce CE: Neurovascular complications following
A consolidação atrasada é mais comum com o alongamento
percutaneous tendoachiLles tenotorny for congenital idiopathic clubfoot,
diafisiário do que com a corticotomia metafisiária. Os fatores que Arch Orthop Trauma Surg 127:429, 2007.
contribuem para isso incluem instabilidade do aparelho, cortico- Cummings R), Bashore C), Bookout CB, et ai: Avascular necrosis of the talus
tomia excessivamente vigorosa com um destacamento periosteal after McKay clubfoot release for idiopathic congenital clubfoot, ! Pediatr
excessivo e uma taxa de distração muito rápida, especialmente Ortl10p 21:221, 2001.
depois de um período de latência muito breve. As osteotomias com Diméglio A, Bonnet F, Mazeau P, De Rosa V: Orthopaedic treatment and
serra de Gigli em ossos corticais diafisiários grossos podem levar passive motion machine: consequences for the surgical treatment of club-
a uma consolidação demorada. Problemas de saúde ou nutricio- foot, f Pediatr Orthop B 5: 173, 1996.
nais subjacentes e falta de exercício são outros fatores que contri- Dobbs MB, Gordon )E, Walton T, Schoenecker PL: Bleeding complicati ons
following percutaneous tendoachilles tenotomy in the treatm ent of
buem. Além de corrigir esses fatores, a distração pode ser retardada
deformity, f Pediatr Orthop 24:353, 2004.
ou interrompida, o osso pode ser comprimido ou alternadamente
Dobbs MB, Rudzki )R, Purcell DB, et ai: Factors predictive of outcome after
comprimido e alongado. Andar a pé e o uso normal do membro use of the Ponseti method for the treatment of idi opathic clubfeet, J Bane
devem sempre ser incentivados. Em ad ultos e crianças mais velhas, foint Surg 86A:22, 2004.
o osso regenerado se desenvolve melhor em pacientes que são Edmondson MC, Oliver MC, Slack R, Tucson KW: Long-term follow-up
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joso antólogo nas lacunas é o último recurso. Precauções extras 2007.
devem ser tomadas durante a preparação e o drapeamento do El-Deeb KH, Ghoneim AS, El-Adwar KL, Khalil AA: Is it hazardous or
fixadores porque os locais dos pinos podem ab rigar bactérias. Com mandatory to release the talocalcaneal interosseous ligament in clubfoot
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CAPÍTULO 29 ANOMALIAS CONG ÊNITAS DOS MEMBROS INFERIORES

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DISPLASIA CONGÊNITA Recém-nascidos COXA VARA
E DO DESENVOLVIMENTO (do Nascimento aos 6 Meses) 1082 CONGÊNITA E DO
DO QUADRIL 1079 Lactentes (6 aos 18 Meses) 1083 DESENVOLVIMENTO 1112
DIAGNÓSTICO E Bebês (18 aos 36 Meses) 1093 EXTROFIA DA BEXIGA 1114
APRESENTAÇÃO CLÍNICA 1080 Crianças (3 a 8 Anos) 109 5 OSTEOTOMIAS ILÍACAS
DIAGNÓSTICO POR IMAGEM 1080 Adolescentes e Adultos Jovens ANTERIORES E APROXIM AÇÃO
TRATAMENTO 1082 (> 8 Anos) 1112 DA SÍNFISE PÚBICA 1114

DISPLASIA CONGÊNITA E DO quadril é mais comum em primogênitos do que em irmãos subse-


quentes. Um histórico fa miliar de displasia congênita do quadril
DESENVOLVIMENTO DO QUADRIL aumenta a probabilidade dessa condição para aproximadamente
10%. As raízes étni cas desempenh am algum papel uma vez que a
Ge ralmente, a displasia congênita do quadril inclui subl uxação displas ia co ngênita do qu adril é mais comum em crianças brancas
(luxação parc ial) da cabeça femora l, displas ia acetabular e luxação que em cri anças negras. O utros exemplos relatados incluem a alta
completa da cabeça fe moral a partir do verdadeiro ace tábulo. Em incidência entre os índios navajos e a incidência relativamente baixa
um recé m-nasc ido com luxação co ngên ita do quadril verdadeira, a entre chineses.
cabeça fe moral pode estar luxada e reduzida para dent ro e para fora Existe também uma fo rte associação entre a displasia co ngê-
do acetáb ul o verdade iro. Em um a criança mais velha, a cabeça nita do qu adril e outras anormalidades muscul oesqueléticas, como
fe moral perm anece luxada e as alterações secundárias se desenvol- torcicolo congênito, metatarso ad uto e pé torto calcân eo valgo. A
vem na cabeça fe moral e no acetábul o. taxa de coexistência de to rcicolo musc ular congênito e DDQ é de
Histori camente, a incidência de displasia congên ita do qu ad ril aproxi madamente 8%, sendo que os meninos têm quase cinco vezes
era es timada em aproxim adamente um po r 1.000 nascidos vivos. mais probabilidade de ter ambos do que as meninas. A relação ent re
Uma metanálise da literatura es timou a incidência de displasia do DDQ e pé torto co ngênito é co nt rove rsa. Em um estudo com 349
desenvolvimento do quadril (DDQ), revelada por exame físico fe ito bebês com pé to rto, somente em um fo i encontrado quadril displá-
por pedi atras, em 8,6 por 1.000; para seleção ortopédi ca, 11 ,5 por sico. De form a co ntrária, out ro es tudo com 11 9 bebês com pé torto
1.000; e para exame de ultrasso m, 25 por 1000. As odds ratio esti- encont ro u nove qu adris displásicos em sete pacientes; os autores
madas foram 5:5 para DD Q e feto de ap resentação pélvica, 4:1 para recomendaram avaliações de ultrassom de seleção do qu adril para
o sexo feminino e 1:7 para um histórico fa miliar positivo. A triage m bebês com deformidade de pé torto. Nós recomendamos um exame
por ultrassom de 18.060 quadris detectou 1.001 que desviaram do físico de triagem cuidadoso do quadril em crianças com defo rmi-
norm al (incidência de 55, l por 1.000); no entanto, somente 90 dade de pé torto e temos um baixo limiar para obter uma avaliação
quadris conti nuara m anorm ais em exames repetidos em 2 e 6 de triagem de ultrassom de quadr il nesta população de pac ientes.
semanas, pa ra uma verdadeira inc idência de DDQ de 5 por 1.000. Várias teori as sobre a causa de displasia congê nita do quadril
Nenhum dos outros quadris com "DDQ ultrassonográfi ca" dese n- foram propostas, incluindo fatores mecânicos, frouxidão ar ticular
volveu uma DDQ verdadeira durante 12 meses de acompanha- induzida po r hormônio, displasia ace tabular primária e herança
mento. O envolvimento do qu adril esqu erd o é mais comum do que genética. A aprese ntação pélvica, com as forças mecânicas de fl exão
o do direito e o comprometimento bilateral é mais comum do qu e ano rmal dos quadris, pode fa cil mente ser vista como uma causa de
o comprometimento do qu adril direito isoladamente. luxação da cabeça femoral. A posição intrauterina mais comum
Vá rios fato res de risco devem leva ntar suspeita de displas ia posiciona o quadr il esqu erd o do feto co ntra o sacro matern o. Isso
co ngêni ta do quadril. O distúrbi o é mais comum em meninas do poderia explicar parcialmente o aumento da incidência de DDQ no
que em menin os - em muitas séries, cinco vezes mais comum. As quadril esquerdo. Os fa tores mecânicos pós- natal também poderiam
apresentações pélvicas constituem de 3% a 4% de todas as apresen- desempenhar um papel. Um aum ento da incidência de displasia
tações e a incidência de displasia co ngêni ta do qu adril é significat i- congênita do quadril foi relatado em culturas que enfaixam os bebês
vam en te maio r nesta população. MacEwe n e Ramsey, em um estudo com o quad ril em constante extensão.
de 25.000 bebês, descobriram que a combinação de bebês do sexo Vários autores propuseram a froLLxidão ligamentar como um
fe minino e apresentação pélvica resulta em displasia congêni ta do fa tor que co ntribui para a displas ia co ngênita do quadril. De aco rdo
quadril em um entre 35 nascimentos. A displasia congênita do com a teo ri a, a influência do horm ôni o materno - relaxina -. qu e

1079
mi) PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE DESENVOLVIMENTO

produz o relaxamento da pelve durante o parto pode causar frouxi- luxação do quadril em crianças com exames radiográficos e clíni-
dão ligamentar na criança no útero e durante o período neonatal cos neonatais normais; eles a denominaram displasia do desenvol-
para permitir a !mação da cabeça femora l. Essa teoria tem credibi- vimento, que seria oposta à displasia congênita do quadril, como é
lidade porque se mostrou que a relaxina atravessa a placenta e a conhecida atualmente.
DDQ é mais comum no sexo feminino, o qual, presumivelmente, é Conforme a criança atinge a idade de 6 a 18 meses, vários
mais suscetível às influências da relaxina. fatores mudam na apresentação clínica. Quando a cabeça femoral
Wynne-Davies descreveu uma ocorrência familiar de um está luxada e a capacidade de reduzi-la por abdução desapareceu,
acetáb ul o "raso", definida como um "traço de displasia", ao propor vários outros sinais clínicos tornam-se óbvios. O primeiro e mais
a displasia acetabular primária como um dos fatores de risco da confiável é uma diminuição na capacidade de abduzir o quadril
displasia congên ita do quadr il. O risco de uma influência gené- luxado por causa da contratura da musculatura adutora (Fig. 30-2A).
tica foi observado por Ortolani, que re latou uma incidência de As dobras assimétricas da pele são frequentemente mencionadas
70% de história fam ili ar positiva em crianças com displasia con- como um sinal a observar, mas esse sinal nem sempre é confiável
gênita do quadril. porque crianças normais podem ter dobras assimétricas na pele e as
crianças com quadris luxados podem ter dobras simétricas. Em
geral, a taxa de DDQ é muito maior em quadris com pelo menos
DIAGNÓSTICO E APRESENTAÇÃO CLÍNICA um achado clínico anormal do que em quadris sem nenhum. A
limitação da abdução e as dobras assimétricas na pele são os dois
A apresentação clínica da displasia congênita do quadri l varia de achados mais comuns.
acordo com a idade da criança. Em recém-nascidos ( < 6 meses de O sinal de Galeazzi é observado quando a cabeça femoral se
idade), é especialmente importante realizar um exame clínico cui- torna luxada não apenas lateralmente, mas também proximalmente,
dadoso, porque as radiografias nem sempre são confiáveis para se causando uma redução aparente do fêmur no lado do quadril luxado
estabelecer o diagnóstico de displasia congênita do quadril nesta (Fig. 30-2B) . As luxações bilaterais podem parecer simetricamente
faixa etária. anormais.
O bebê deve estar calmo e relaxado durante o exame e apenas Em uma criança em idade de andar com um quadril luxado
um quadril deve ser examinado de cada vez. O examinador coloca não detectado, as famílias descrevem um tipo de marcha "gingada",
a mão em torno dos joelhos dos bebês de modo que o polegar fique indicando a luxação da cabeça femoral e um padrão de marcha de
na coxa interna e os dedos médio e indicador fiquem no nível do Trendelenburg. Os pais também podem descrever a dificuldade de
trocânter maior. O teste de Ortolani é realizado abduzindo suave- fazer a abdução do quadril durante as trocas de fra lda.
mente o quadril flexionado enquan to se aplica uma força direcio-
nada anteromedialmente ao trocânter maior para detectar qualquer
redução da cabeça femoral no acetábul o verdadeiro. A manobra DIAGNÓSTICO POR IMAGEM
provocativa de Barlow detecta qualquer subluxação potencial ou
luxação posterior da cabeça femoral por pressão direta no eixo lon- Muitos relatos avaliaram o uso de triagem por ultrassom de
gitudinal do fêmur enquanto o quadril está em adução. Um baque recém-nascidos para o diagnóstico precoce da displasia congê-
é sentido (e não ouvido) conforme a cabeça femoral reduz ou nita do quadril. Os dados mais abrangentes da anatom ia do
sublma do acetábulo (Fig. 30- 1). quadril do bebê por ultrassom são informados por Graf da
Uma criança pode nascer com displasia acetabular sem Áustria, que descreveu a anatomia ultrassonográfica do quadril
luxação do quadril, mas ela pode se desenvolver semanas ou meses do recém-nascido e concebeu uma classificação ultrassonográ-
mais tarde. Westin et ai. relataram o desenvolvimento tardio de fica para a displasia do quadril (Fig. 30-3). Embora o ultrassom
não seja invasivo e de uso relativamente simples, muitos autores
enfatizaram que o exame é altamente dependente do observador
e que é fácil sobrediagnosticar urna "displasia". Além disso, os
achados de ultrassom antes de 6 semanas de idade podem ser
questionáveis por causa da frouxidão ligarnentar no período
inicial do recém-nascido; o tratamento antes de 6 semanas de
idade deve ser baseado no exame físico, e não em achados isola-
dos de ultrassom. O diagnóstico ao ultrassom de "displasia ace-
tabular", com um exame físico de quadril estável, no período
precoce do pós-natal, pode resultar em tratamento desnecessário.
No entanto, o ultrassom pode ser um adjuvante útil para o exame
físico e, muitas vezes, paramedir e documentar a resposta do
quadril ao tratamento com o uso de suspensório de Pavlik.
Embora as radiografias nem sempre sejam confiáveis para se
estabelecer o diagnóstico de displasia congênita do quadril em recém-
nascidos, a triagem por radiografias pode revelar displasias acetabu-
lares graves ou achados de uma luxação teratológica. Como uma
criança com um quadril luxado envelhece e os tecidos moles ficam
Olfflh@EI!19 Manobra de Ortolani para triagem de rotina de contraídos, as radiografias tornam -se mais confiáveis e úteis no diag-
lu xação congênita do quadril. O examinador estabi liza cu idado- nóstico e tratamento (Fig. 30-4). As linhas de referência mais normal-
samente o quadril e o membro inferior esquerdo do bebê e co loca mente utilizadas são a linha vertical de Perkins e a linha horizontal de
a mão esq uerda em torno da coxa direita e os dedos ind icador e Hilgenreiner, ambas utilizadas para avaliar a posição da cabeça
médio sobre o trocânte r maior. femoral. Além disso, a linha de Shenton apresenta-se interrompida
h@lhtijE?m Sinais clínicos de luxação congênita de quadril em um bebê de 13 meses de idade. A, Diminuição da abdução do
quadril direito com contratura em adu ção. B, Sinal positivo de Galeazzi com encurtamento aparente do membro inferior direito.

' ', Ílio- ;


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0[dli;HE!l9 A, O ângulo a é formado pela intersecção da linha de base e a linha do teto do acetábulo; ele normalmente é menor
que 60 graus. O âng ulo ~é formado pela intersecção da linha de base e a linha de inclina ção; ele normalmente é menor que 55 graus.
Em um quadril normal, a linha de base deve bisseccionar a cabeça femoral. B, Aparência do ultrassom de um quadril normal : ângulo
a de 60 graus e linha de base bissecciona a cabeça femoral. C, Quadril luxado.
mD PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE DESENVOLVIMENTO

TRATAMENTO
A escolha do tratamento da disp lasia congênita do quadril ou
DDQ está relacionada com a idade e deve ser adequada à condição
patológica específica. Cinco grupos de tratamento relacionados
com a idade foram designados: recém-nascido (do nascimento aos
6 meses de idade), lactente (6 a 18 meses de idade), criança jovem
(18 a 36 meses de idade), criança mais velha (3 a 8 anos de idade)
e adolescente e adulto jovem (> 8 anos de idade). Pode haver sobre-
posição dessas faixas etárias que exijam a modificação dos planos
de tratamento.

• RECÉM-NASCIDOS
(DO NASCIMENTO AOS 6 MESES)
A partir do nascimento até aproximadamente 6 meses de idade, o
Normal Displásica tratamento é direcionado à estabilização do quadril que tem um teste
2 2 positivo de Ortolani ou Barlow ou à redução do quadril luxado com
contratura leve a moderada em adução. Quando se faz o diagnóstico,
3 3 clínica ou radiograficarnente, é essencial avaliar cuidadosamente a
direção da luxação, a estabilidade e a redutibilidade do quadril antes
do tratamento. Uma taxa de sucesso de 85% a 95% foi relatada em
crianças tratadas com o suspensório de Pavlik durante os primeiros
meses de vida. Conforme a criança cresce e as contraturas das partes
moles se desenvolvem junto com alterações secundárias no acetábulo,
-- 9 -----~ "1-:.c- 6 , a taxa de sucesso do suspensório de Pavlik diminui. Atenção aos
... , f" _., , , detalhes é necessária no uso deste suspensório, porque as complica-
1 , , 10 a & b
~-... ' 1 , ' ções potenciais incluem a osteonecrose da cabeça femoral, embora
5 5~ 1 1 7
isso pareça ocorrer em menos de 1% dos pacientes.
13 : :
1 / Quando adequadamente aplicado e mantido, o suspensório de
1 1
3 3 1 / Pavlik constitui uma ortose dinâmica de flexão-abdução que pode
1 1
1
produzir excelentes resultados no tratamento de quadris displásicos
1 e luxados em bebês, durante os primeiros meses. Por outro lado, é
1
14 difícil utili za r o suspensório em crianças que estão engatinhando ou
1
1 que têm contraturas de partes moles rígidas e luxação fixa do quadril.
1
1
Se uma luxação teratológica estiver presente, o suspensório de Pavlik
1
não deve ser utilizado.
B O suspensório de Pavlik consiste em uma faixa peitoral, duas
faixas no ombro e dois estribos. Cada estribo tem uma faixa de flexão
h(êill;hjEI!19 A, Luxação congênita do quadril esquerdo em anteromedial e urna faixa de abdução posterolateral. O suspensório é
lactente de 13 meses de idade. B, Sinais radiográficos de luxação aplicado com a criança na posição supina e com uma camiseta con-
congênita do quadril. 1, Linha Y horizontal (linha de Hilgenreiner); fortável. A faixa peitoral é presa em primeiro lugar, permitindo espaço
2, linha vertical (linha de Perkins); 3, quadrantes (formados pelas suficiente para que três dedos sejam colocados entre o tórax e o sus-
linhas 1 e 2); 4, índice acetabular (Kleinberg e Lieberman); 5, linha pensório. As faixas dos ombros são aj ustadas para manter a faixa
de Shenton; 6, luxação superior da cabeça femoral; 7, luxação peitoral na linha dos mamilos. Os pés são colocados nos estribos um
lateral da cabeça femoral; 8, figura em U da sombra da gota de de cada vez. O quadril é colocado em flexão (90 a 110 graus) e a faixa
lágrima (Kohler); 9, coordenada Y (Ponseti); 1O, displasia epifisária de flexão anterior é ajustada para manter essa posição. Finalmente, a
da cabeça (a, aparecimento atrasado do centro de ossificação da faixa lateral é presa frouxamente para limitar a adução, não para forçar
cabeça femoral; b, maturação irregular do centro da ossificação); a abdução. Uma abdução excessiva, para garantir a estabilidade, é
11, bifurcação (frangeamento do teto acetabular na infância tardia inaceitável. Os joellios devem manter de 3 a 5 cm de distância em
(Ponseti)); 12, hipoplasia da pelve (ílio); 13, fusão adiada Uunçâo adução máxima no suspensório (Fig. 30-5).
isquiopúbica); 14, atitude de adução de extremidade. Uma radiografia do paciente no suspensório pode ajudar a
confirmar que o colo femora l esteja direcionado para a cartilagem
tri-irradiada. Durante as primeiras semanas de utilização do suspen-
sório, quando o quadril aparenta estar estável clinicamente, a ava-
liação por ultrassom é apropriada para confirmar a redução.
em uma criança mais vellia com quad ril luxado. Normalmente, o bico Quatro padrões básicos de luxação persistente foram observados
metafisário do fêmur proximal encontra-se dentro do quadrante infe- após a aplicação do suspensório de Pavlik: superior, inferior, lateral e
rior interno das linhas de referência observadas por Perkins e Hilgen- posterior. Se o deslocamento for superior, a flexão adicional do quadril
reiner. O índice acetabular em um recém-nascido geralmente é de 30 é indicada. Se o deslocamento for inferior, indica-se diminuição da
graus ou menos. Qualquer aumento significativo nesta medição pode flexão. Um deslocamento lateral no suspensório de Pavlik deve ser
ser um si nal de displasia acetabular. observado inicialmente. Enquanto o colo femoral está direcionado para
CAPÍTULO 30 ANOMALIAS CONGÊNITAS E DO DESENVOLVIMENTO DO QUADRIL E DA PELVE

h[dil;§ilID A, Lu xação do desenvolvimento do quadril em


menino de 2 meses de idade . B, Aos 5 meses de idade após a
h@ih§i EID Suspensório de Pavli k adequadamente aplicado
redução no suspensório de Pavlik.
(ver texto) . (Cortesia de Wheaton Brace, Carol Stream, IL.)

a cartilagem tri-irradiada, como confirmado por radiografia ou ultras- A d ocu me ntação radiográfica ou ultrassonográfica pode ser
som, a cabeça pode reduzir gradualmente e se "encaixar" no acetábulo. utilizada em todo o período de tratame nto para verificar a posição
Uma luxação posterior persistente é difícil de tratar e, frequentemente, do quadril. A avaliação ultrasso nográfica é útil nos seguintes
o tratam ento com o suspensório de Pavlik é mal-sucedido e deve ser momentos: imediatamente após o início do tratam ento, depo is de
interrompido. A luxação posterior geralmente é acompanhada de um grande aj uste no suspensório, qu ando o exam e do quadril estiver
encurtamento dos músculos adutores do quadril e pode ser diagnosti- estável após começar o tratamento com o suspensório d e Pavlik e 6
cada por palpação do trocãnter maior posterio rmente. semanas após o qu adril se estabili zar clinicamente o u no mom ento
Se qualquer um desses p adrões d e luxação ou subluxação per- que o desmame com eça. As radiografias são úteis aos 6 m eses e no
sistir por mais de 3 a 6 semanas, o tratamento no suspen só rio d e 1º ano de id ade (F ig. 30-6 ).
Pavlik d eve se r susp enso e um novo programa ini ciado; na m aioria Os fatores de risco sugeridos para a falha do suspensório de Pavlik
dos pacientes , isso consiste em redução aberta ou fechada e im ob i- são: sinal ausente de Ortola.ni na avaliação inicial (luxação irredutível),
li zação gessada. O suspensório de Pavlik deve ser utilizado em luxações bilaterais do quadril, desenvolvimento de uma paralisia do
tempo integral até a estabilidade ser obtida, como determinado por nervo femoral durante o tratamento de Pavlik, ângulo acetabuJar de 36
testes d e Barlow e Ortolani negativos. D urante esse tempo, o paciente graus ou ma.is em uma radiografia, quadris irredutíveis, cobertura inicial
é examinado em intervalos de 1 a 2 seman as e as faixas do suspen - de menos de 20% (como determinado por ultrassom) e atraso do trata-
sório são ajustadas para se adaptarem ao crescimen to. A fam ília é mento com o suspensório de Pavlik além das 7 semanas de idade. A falha
instruída sobre os cuidados com a crian ça no suspensório, incluindo do tratamento com o suspensório de Pavlik de uma luxação de desenvol-
banho, troca de frald as e d e roupa. vimento do quadril normalm ente indica wna necessidade de redução
A função do quadríceps d eve ser obse rvada a cada exam e para fechada ou aberta e wn acetábulo mais displásico.
d etectar um a paralisia do nervo femora l, ass im como as fam ílias Em várias séries d e quadris luxados, reduzidos com o us o do
d evem ser instruídas a rem over as pernas d a braçadeira diariamente suspensór io de Pavlik, q uanto mais grave era a luxação, maiores as
para se ce rtificare m de que o bebê é capaz de estender ativamente o taxas de fa lha de redução e os teon ecrose, enfati zando a necessidade
joelh o co ntra a gravidade. Se uma paralisia d o nervo femoral se de uma redução suave e d e progressão para o utras formas de trata-
d esenvolve, a órtese d eve se r interrompida até que a completa fun ção mento quando o suspensório fal ha. O acompanhamento d e longa
m o tora seja retornada. A du ração d o tratamento d epende d a idade duração de pacien tes em tratamento com o suspen sório d e Pavlik é
do paciente du rante o di agnósti co e do grau de instabilidade d o necessário, porqu e muitos pacientes têm mudanças no acetáb ul o
quadril. Há po ucas diretrizes sobre a suspenção d a órtese. As reco- d urante o acomp anham ento de longo prazo, apesar das radiografias
mendações variam de interrup ção abrupta do suspe nsó rio de Pavlik n ormais nos exa mes de acompanham ento de 3 anos e de 5 anos.
6 semanas após a estabilidade clínica ter sido obtida a d esm ame de
até 2 horas por sem ana até que a órtese seja utilizada apenas à noite, • LACTENTES (6 AOS 18 MESES)
a fim de se fazer uma transi ção para uma órtose de abdução noturna Quando a criança atinge a idad e de engatinhar (4 a 6 m eses de idade),
durante semanas ou meses adicionais. o sucesso com o suspensório de Pavlik diminui sign ificativam ente.
MM:I' PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE DESENVOLVIMENTO

Um bebê com 6 a 18 meses de idade com um quadril luxado prová- pode ser bem-sucedida, (4) em que medida as partes moles dentro do
velmente demandará redução abe rta ou fechada. acetábulo podem interferir na completa redução da luxação, (5) a
Em crianças nesta faixa etária, frequentemente, obse rva-se ini - co ndição e a posição do lábio acetabul ar (o limbo) e (6) se o acetábulo
cialmente um a extremidade mais curta, abdução passiva limitada e e a cabeça femoral estão se desenvolvendo normalmente du rante o
um sinal de Galeazzi positivo. Se a criança estive r and ando, a m archa tratamento. Como nem semp re é fácil interpretar os artogramas, o
de Trendelenburg pode estar presente. As mudan ças radiográficas cirurgião deve estar completamente familiarizado com os sinais
incluem ossificação atrasada da cabeça femoral; luxação lateral e norm ais e anormais que possam ser revelados e com a técnica de fazer
proximal da cabeça femoral; e um ace tábulo displásico. artrogramas (F ig. 30-7).
Com di spl asia persistente, a cabeça femora l eve ntualm ente Um artrograma do quadril é benéfico para todas as crianças,
m ove-se sup erior e latera lmente com a descarga de peso. A independentemente da idade, que recebem um a anestesia geral para
cápsula se torn a per manentemen te alongada, e o tendão d o psoas redução fechada, a menos que a redu ção fechada seja obviamente
pod e obstruir anteri orm ente a redução da cabeça femora l no impossível. Ela é mais útil para dete rminar qu ando a redução por
ace tábulo verd adeiro. O limb o do ace tábulo pode hipert ro fi ar manipulação é instável ou quando a cabeça femoral não es tá con-
junto co m a periferia do acetábu lo, e o ligamento redondo hiper- centricamente localizada dentro do acetáb ul o. O fator mais impor-
trofi a e alo nga. A cabeça femoral torna-se reduzida em tamanho tante que determina o resultad o do tratamento da luxação congê nita
com achatamento posteromedial e observam-se coxa va lga e anti- do quadril é a qualidade da redução inicial. Os critérios propostos
versão excessiva. O ace táb ul o verd ad eiro é caracteri sticamente para um a redu ção aceitável são uma zona contrastada m ed ial de 5
ra so e, na cirurgia, parece pequeno por causa da constriç ão cap- mm ou menos e a manutenção da redução em uma "zona segura"
sul ar anterior, do limbo hip er trofi ado e da const ri ção d o liga- aceitável.
mento acetabular profundo. O uso de intensificador de imagens na artrografi a to rna a
O tratamento nesta fai,xa etá ri a pode incluir tração pré-opera- inserção da agulha muito mais fácil. O perigo de a agulha danificar
tóri a, tenotom ia de adutores e redução fechada e artrograma ou as superfícies articul ares diminui e pode-se prevenir a possibilidade
redução aberta em crianças com fa lha da red ução fechada. O encur- de injetar o meio de contraste diretamente no núcleo de ossificação,
tamento femoral pode ser necessário em um quadril co m luxação na fise ou na artéria circunflexa medial.
proxim al alta. A tração pré-operatória, a tenotom ia de adutores e a Os ac hados ao exame clínico e à artro gra fia , no momento
redução suave em um a "zona segura" aceitável são especialm ente da tentativa de redução fechada, determi nam se o qu adr il estará
úteis na prevenção de osteonecrose da cabeça femoral. estável ou se poderá exigir redução aberta. Um achado clínico
que geralmente indica um a red ução fechada ace itáve l é a sensa-
1TRAÇÃO PRÉ-OPERATÓRIA ção de um "tranco" conforme a ca beça femora l redu z no ace tá-
O papel da tração preliminar de reduzir a incidência de osteonecrose bulo verdade iro. O co nceito de "zona seg ura" de Ramsey, Lasser
e de melhorar a redução é controverso. Não há consenso se a tração e MacEwen pode ser utili zado para d etermi nar a zo na de abdução
cutânea ou esquelética deve ser usada, se a tração domiciliar ou e adução em que a cabeça femoral permanece redu zida no ace-
hospitalar é preferível, a quantidade de peso que deve ser usada, a tábul o. Uma amp la zo na seg ura (mí nim o de 20 gra us, preferivel-
direção m ais benéfica de tração e a duração da tração. Embora haja m ente 45 gra us) (Fig. 30-8) é desejável e um a zo na segura estreita
co ntrovérs ia, alguns sugerem que, se a tração diminui o risco da implica um a redução fechada instáve l ou inaceitável. Um a cuid a-
osteonecrose mesmo leveme nte, o uso de um programa de tração dosa ava liação clínica da red ução deve ser feita antes e após a
cutânea domiciliar em crianças com pais complacentes e ed ucados tenotomia de ad uto res e antes do artrograma, porque, quando a
poupa as despesas de hospitalização e permite que a criança fique cáps ul a do quadri l é distendida com o co ntraste, o exa m e clínico
em tração em ambiente fami liar. A tração esquelética não é indicada se torna mais difícil.
e o encurtamento femoral primário, agora, é rotineiramente usado
em crianças mais velhas. O objetivo da tração ou do encurtamento
femoral primário é trazer, lateral e proximamente, a cabeça femoral
deslocada para baixo e abaixo do nível do verdadeiro acetábulo para ARTROGRAFIA DO QUADRIL EM DDQ
possibilitar um a redução mais suave.

-------'~
TÉCNICA
1TENOTOMIA DO ADUTOR
Uma tenotom ia percutânea de ad utores em condições estéreis pode • Coloque a criança em posição sup ina após a anestesia
ser realizada para um a leve contratura da adução. Para uma contra- geral ter sido admin istrada. Rea lize a preparação estéril e
tura da adução mais grave ou um a de longa duração, uma tenotomia a colocação de campos estéreis para o quadril.
aberta de ad uto res, por meio de uma pequena incisão transversal, é •C om uma ponta do dedo ca lçado com a luva, local ize a
preferível. articulação do quadril imediatam ente inferior à metade
do li gamento ingui nal e a uma po lpa digital lateralmente
1ARTROGRAFIA E REDUÇÃO FECHADA ao pulso da artéria femora l (Fi g. 30-9). Alternativamente,
A artrografia e a redução fechada suave são realizadas com a criança insira a agulha mediaimente, anterior à muscu latura
sob anestesia ge ral. abdutora.
A interposição do tecido mole no acetábulo pode ser sugerida •Com o auxíli o de um intensif icador de imagens, insira uma
pela laterali zação da cabeça femoral. Como a radiografi a do quadri l agu lha raquid iana ca libre 22 conectada a uma sering a de
de um bebê ou criança jovem pode não fornecer toda a informação 5 ml , preenchida com soro fisiológico, até que ela penetre
desejada para diagnosticar ou tratar uma DDQ, a artrografia é útil a articu lação do quadril; sente-se uma resistência conforme
para dete rmin ar (1) se há uma leve displasia, (2) se a cabeça femora l a agulha passa através da cápsula de articulação.
está subluxada ou luxada, (3) se a redução por manipul ação foi ou
CAPÍTULO 30 ANOMALIAS CONGÊNITAS E DO DESENVOLVIMENTO DO QUADRIL E DA PELVE Umf#

h!ijmHE!m A, Lu xação do desenvolvimento do quadril esquerdo em uma menina com 5 meses de idade. B, Artrografia intraope-
ratória do quadril esquerdo irredutível mostrando o acúmulo excess ivo de corante. C, Mesma paciente aos 4 anos de idade; observe a
displasia acetabular leve residual do quadril esquerdo . D, Artrografia do quadril direito em uma menina com 18 meses de idade com
lu xação irredutível, constrição capsular e hipertrofia do labrum.

•Solte o êmbolo da serin ga; o soro fisio lógico que está sob
Reluxação
pressão nela inverte o êmbolo e o fluido retorna para a
serin ga.
•Aspire o soro fis iológ ico da arti cu lação e remova a serin ga
da agu lha.
•Preencha a seringa com 5 ml de uma solução Hypaque®
a 25% e injete de 1 a 3 ml através da ag ulha na articu-
lação com intensificador de imagens.
•Retire rap idamente a agu lha e, enquanto o quadril ainda
não está reduzido, faça um artrograma, neste momento,
se o intensificador de imagens estiver indisponível.
•Antes de revelar o primeiro artrograma, reduza suave-
mente o quadri l em uma posição estável e real ize um
segundo artrograma.
•Mantenha a redução até que os dois artrog ram as tenham
sido reve lados e ava liados. Alternativame nte, utilize o
O!di@HI!I• Zona segura usada para determinar a aceitabili- intensificador de imagens para ava liar a red ução e a zona
segura.
dade da redução fechada de lu xação congênita de quadril.

Quando fo r necessária a rea li zação de artrogramas em ambos


•Injete a solução sa lina na articu lação; isso é fácil na pri- os quadris, in sira urn a ag ulh a em cada um, garantindo que ambos
meira vez, mas torna -se mais difícil conforme a articula- estejam dentro das articulações antes de a articu lação ser injetada.
ção se distende e o quadril fl exiona gradualmente. Inj ete ambos os quadris conforme desc rito aqui e faça artro gramas
de ambos.
PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE DESENVOLVIMENTO

H[êimHEI!m A, Inserção de agu lha espinha l de cal ibre 22 a uma polpa digital lateral à artéria femora l e imediatamente inferior à
espinha il íaca anterossuperior para artrografia. B, Em amostra de necropsia, áreas do quadril em que o corante pode ser facilmente
injetado abaixo do lábio acetabular, na bolsa capsular medial ou latera l e na junção da parte ossificada e cartil ag in osa da cabeça
femoral. C, Quadril irredutível com coleção de corante med ial. (Cortesia de John Ogden, MD.) VEJA A TÉCNICA 30-1.

•Após a pos ição correta de fl exão e abdução para estabi-


APLICAÇÃO DE GESSO PELVIPODÁLICO lidade ter sido determinada, coloque uma pequena toalha
Após a confirmação de uma redu çã o estável , a imobiliza- na frente do abdome .
ção gessada para o quadril é aplicada com a articu lação •Cubra a pelve e as extremidades com estoquinete. En role
em 95 graus de flexão e 40 a 45 graus de abdução. Salter algodão de 2 polegadas (5 cm) a partir do nível dos
defendeu essa "posição humana " como melhor para mamilos até os tornozelos (Fig . 30-1 OB). Proteja as proe-
manter a estabilidade do quadril e minimizar o risco de minências ósseas com coxins de feltro padrão de 2 pole-
osteonecrose . Kumar descreveu uma técnica simples e gadas (5 cm). Aplique o primeiro coxim sobre a extremidade
facilmente reproduzível para aplicar o gesso. A fibra de proximal do aparelho de imobilização, próximo à linha do
vidro pode ser usada no lugar de gesso, mas a técnica é mami lo (Fig. 30-10C).
descrita em sua forma origina l. •Inicie uma segunda peça do mesmo tamanho do feltro
no nível da virilh a direita e traga-a posteriormente em
TÉCNICA ~
todo o sulco glúteo, sobre a crista ilíaca direita, na frente
o--~~~~~~~--~
do abdome, sobre o aspecto lateral da coxa esquerda, e
(KUMAR) para a área inguinal esquerda (Fig. 30-1 OC ).
• Aplique uma terceira peça de feltro sobre o joelho (Fig.
• Coloque a criança anestesiada no apoio para gesso. Faça 30-1 OC) e uma quarta peça acima do tornozelo sobre a
a abdução do quadril entre 40 e 45 graus e flexione-o perna distal. Coloque peças semelhantes de feltro sobre
aproximadamente 95 graus (Fig. 30- 1OA) A quantidade o joelho e perna opostos.
de flexão e abdução do quadril necessária para manter o •Aplique o gesso em duas seções - uma seção proximal,
quadril na posição mais estável deve ser determinada da linha do mamilo para os joelhos, e uma seção distal,
clinicamente e verificada por radiografias. dos joelhos para os tornozelos .
CAPÍTULO 30 ANOMALIAS CONGtNI TAS E DO DESENVOLVIMENTO DO QUADRIL E DA PELVE CE!lll

A B e

D E F

h!ijl!;fdEI!ID A-F, Técnica de aplicação de gesso pelvipodálico para lu xação congên ita do quadril. Observe o posicionamento do
paciente na posição "humana". (Redesenhada de Kumar SJ: Hip spica application fo r the treatment of congenital dislocat ion of the hip, J Pediatr
Orthop 1 :97, 1981 .) VEJA A TÉCNICA 30-2.

•Aplique uma única camada de gesso de 4 polegadas (1 O •Continue com outro rolo de gesso de 3 polegadas (7, 5 cm).
cm) a partir da linha do mamilo até o nível dos joelhos As faixas do ombro podem ser consideradas para evitar o
em ambos os lados. Ap lique quatro ou cinco talas de pistonamento da criança no molde, mas, geralmente, são
gesso a partir da linha do mamilo até a parte de trás do desnecessárias com um gesso bem moldado (Fig . 30-1 OE).
sacro para reforçar a parte de trás do gesso . Ao mesmo • Como o aparelho gessado é reforçado latera lmente em torno
tempo, aplique uma tala grossa e curta sob re o aspecto dos quadris, um amplo segmento pode ser removido da
anterolateral da área inguinal (Fig . 30-1 OD). frente dos quadris sem enfraquecer o molde. Isso torna pos-
• Aplique outra tala. Começando a partir da área ingui- sível radiografias mais adequadas dos quadris (Fig. 30-1 OE).
nal direita, traga-a posteriormente através da região do A visualização f inal do molde de gesso inferiormente
glúteo, da crista ilíaca, à frente do abdome, e de volta deve parecer conforme mostrado na Figura 30-1 OF, com
da mesma forma na coxa oposta (Fig . 30-1 OD). Essa é aproximadamente 40 a 45 graus de abdução. A quanti-
uma ta la de reforço que prende a coxa ao segmento dade de abdução é determinada pela posição de estabil i-
superior. da de do quadril. A abdução excessiva deve ser evitada. Nós
• Aplique outra tala grande a partir do nível do joelho observamos que os quadris sempre são flexionados menos
através do aspecto anterolateral da área inguinal e até a do que eles parecem estar e são abduzidos mais do que
parede torácica (Fig. 30-1 OD). Essa ta la é uma das princi- parecem . Um molde de gesso sobre o trocãnter maior pode
pais fixa ções da coxa ao tronco. ajudar a manter a redu ção do quadril.
• Siga com um rolo de gesso de 4 polegadas (1O cm) a
partir da linha do mami lo até os joel hos. Isso completa a CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO A imobilização gessada
seção proximal do aparelho de imobilização. continua por 3 a 4 meses. O gesso pode ser trocado no meio
• Complete o molde dos joelhos até os tornozelos. Faça tempo com o paciente em anestesia geral. As radiografias
isso apl icando em ambos os lados um único rolo de gesso ou os artrogramas podem ser obtidos para garantir que a
de 3 polegadas (7, 5 cm) do joelho até o nível do torno- cabeça femoral esteja reduzida anatomicamente no acetá-
zelo e reforce com duas ta las sobre os aspectos medial e bulo. O acompanhamento clínico e radiográfico é essencial
lateral da coxa, joelho e perna. até que o quadri l seja considerado normal. A TC ou a RM )
llllill!I!D PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE DESENVOLVIMENTO

O@il;f4E!IJI A, Radiografia a nteroposter ior da pe lve obt ida em pac iente co m gesso pe lvipodá li co para quadr il a pós a redução
fechada. Observe a difi cul dade de ava li ar a posição d a cabeça fe mo ral. B, TC d a pe lve para confirmar a red ução da ca beça femora l
b il atera l no acetábu lo verdadeiro .

de osteonecrose ( 10% a 15%). Embora a abordagem medial permita


são úteis na avaliação do pós-operatório da redução. Uma
) a remoção dos impedidores da redução, ela não permite a capsulor-
comparação de RM e TC na ava li ação de redução de
rafia e é, portanto, recom endada geralm ente em bebês de 6 a 18
DDQ encontrou sensibilidade de 100 % tanto para a TC
meses de idade.
como para a RM e especificidade de 96% para a TC e
100% para a RM. A TC exigiu menos tempo (3 minutos)
do que a RM (1O minutos) e foi menos cara. Em con-
traste com a radiografia de rotina, um aparelho gessado
não altera a imagem de uma TC ou RM axial (Fig.
ABORDAGEM ANTERIOR

IE:lm~~~~--~
30-11 ), mas, por causa da exposição à radiação, o
número de cortes deve se r lim itado .
TÉCNICA
(BEATY; APÓS SOMERVILLE)

• Faça uma incisão na linha do biquín i anterior a partir do


meio da crista ilíaca até um ponto médio entre a espinha
1 REDUÇÃO ABERTA ilíaca anterossuperior e a linha média da pelve . A crista
Em crianças em que os esforços para reduzir uma luxação sem força ilíaca anterossuperior deve estar no ponto médio da
falharam, a redução aberta é indicada para corrigir as estruturas das incisão, que pode ser realizada 1 cm abaixo da crista ilíaca
partes moles interpostas e para reduzir a cabeça femoral concentri- (Fig. 30-12A)
camente no acetábulo. Essa opção cirúrgica é indicada por patologia • Realize a dissecçã o através do tecido subcutâneo até a
e não por idade, porque a redu ção aberta pode ser exigida em fá scia profunda.
crianças com m enos de 6 meses e a redução fechada, ocasional- • Identif ique e abra o interva lo entre os múscu los sartório e
mente, pod e ser bem-sucedida em crianças com 18 meses de idade. tensor da fáscia lata, protegendo o nervo cutâneo femoral
A redução aberta pode ser realizada por meio de uma abordagem lateral por meio de retração com um dreno Penrose
anterior, anteromedial o u medial; a esco lh a depende da experiência durante todo o proced imento. A presença dos gânglios
do cirurgião e da luxação específica. linfáticos inguinais na maioria da dissecção media l indica
A abordagem anterior exige dissecção mais anatômica, mas a proximidade do feixe neurovascular.
proporciona maior versatilidade, porque a condição patológica nos •Separe a apófise ilíaca do ílio, começando na espinha
aspectos anterior e lateral é facilmente abordada, e a osteotomia ilíaca anterossuperior e estendendo 4 cm posteriormente
pélvica pode ser realizada por meio dessa abordagem , se necessário. ao longo do ílio .
A abordagem anteromedial, desc rito por Weinstein e Ponse ti, é, na • Disseque subperiostealmente a lateral do tensor da
verdade, uma abo rdagem anterior ao qu ad ril por meio de um a fáscia lata para expor o ílio e tod a a extensão da cápsula
inc isão anteromedial. O quadri l é abordado no intervalo entre o anterolatera l.
músculo pectíneo e um fe ixe neurovascular femoral. Essa aborda- • Identifique a origem do músculo sartório na crista ilíaca
gem é recomendada para crianças com 24 meses d e idade ou mais anterossuperior, seccione-o e deixe -o retrair dista lmente.
novas. O acesso às estrutu ras laterais para dissecção ou osteo tomia • Disseque a origem do tensor da fásc ia lata até a espinha
é impossível com essa abordagem. ilíaca anteroinferior.
A ab ordagem medial (Ludloff) utili za o intervalo entre o iliop- • Coloque um afastador ao longo do aspecto medial da
soas e o pectíneo. Esse acesso coloca os vasos med iais circunflexos espinha ilíaca anteroinferior no ramo púbico superior. )
em maior risco e há relatos que o associam a uma incidência maior
CAPÍTULO 30 ANOMALIAS CONGÊNITAS E DO DESENVOLVIMENTO DO QUADRIL E DA PELVE cmm

0@1!;61m!I Técnica de Somerville de redução aberta anterior na


luxaçã o congênita do quadril. A, Incisão na linha do biquíni. B, Divisão
dos tendões do sartório e do reto femoral e da epífise ilíaca . C, Incisão
em forma de T da cápsula. D, Capsulotomia do quadril e uso do liga-
mento redondo para encontrar o acetábulo verdadeiro. E, Redu ção e
capsulorrafia após a excisão da cápsula redundante . F, Luxação de
desenvolvimento do quadril direito. G, Após a redução aberta antero-
lateral . H, Aos 7 anos de idade; observe a remodelagem da cabeça
femo ral e do acet ábulo . VEJA A TÉCNICA 30-3.
llll!ZJ) PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE DESENVOLVIMENTO

• Identifique o tendão do psoas no seu sulco, no ramo femora l no acetábu lo. O aparelho gessado é trocado na
)
púb ico superior, e rea lize uma tenotom ia de recessão para sa la de ciru rgia em 5 a 6 semanas, com remoção f ina l em
fac ilitar a colocação de um afastador angu lado para a 1O a 12 semanas. Rad iografias seriadas são utilizadas para
direita no su lco do ramo púbico superior, norma lmente ava li ar o desenvolvimento da cabeça fe mora l e do acetá-
ocupado pelo tendão do iliopsoas. O afastador protege bulo (Fig. 30-1 2G a I); elas são obtidas em uma base regu lar
o múscu lo psoas e o fe ixe neurovascu lar anteri ormente e até que a criança atinja a maturidade do esqueleto.
ajuda na exposição media l.
• Identifiq ue as origens das cabeças direta e reflexa do
múscu lo reto femoral e rea lize uma tenotomia de apro-
ximadamente 1 cm distalmente à esp inha ilíaca anteroin-
ferior (Fig . 30- 128). Marque o segmento distal com um ABORDAGEM ANTEROMEDIAL

Elllll~~~~~~~~
ponto e deixe o tendão retra ir dista lmente.
• Identifique a cápsula da articulação do quadril anterior, TÉCNICA
media l e latera lmente. Uma grande quantidade de cápsu la
redundan te pode estar presente lateralmente na região de (WEINSTEIN E PONSETI)
um fa lso acetábulo.
• Faça uma incisão em forma de T a partir do aspecto ma is • Com o paciente em posição supina, rea lize a antissepsia e
media l da cápsu la para o ma is latera l e continue a incisão colocação de campos de maneira a deixar a extremidade
ao longo da borda anterior da cabeça e do colo f emora l afetada e a hemipelve livres pa ra permit ir o movimento
(Fig. 30- 12C). Para maior exposição, uti lize pinças Kocher tota l do quad ril e do joelho. Com o quadril flexionado em
pa ra retrair a cápsu la. 70 graus e em abdução não forçada , identif ique o feixe
• Identif ique a cabeça femora l e o ligamento redondo; neu rovascu lar e as bordas superior e inferior do múscu lo
separe o li gamento redondo da cabeça femora l e colo- adutor longo .
que-o em uma pinça Kocher. Siga o ligamento redondo •Faça uma incisão da borda inferior do adutor longo dire-
até o acetábulo verdadeiro e excise com uma goiva ou tamente inferior ao feixe neurovascular femora l na prega
por incisão qua lquer remanescente no acetábulo verda - da vi rilha .
deiro (Fig. 30- 120). • Incise a pele e os tecidos subcutãneos até a fáscia pro-
• Exponha cuidadosamente a superfície articu lar óssea do f unda, e incise a fásc ia sobre o adutor longo na di reção
acetábulo com sua cartilagem circunferencia l. das fib ras muscu lares.
•Exponha o acetábu lo latera l, superior, med ial e inferior- •I sole o adutor longo, seccio ne-o em sua origem e de ixe-o
mente para o nível do ligamento acetabular transversa l retra ir.
profundo, o qual deve ser seccionado para aumentar o • Siga o ramo anterior do nervo obturatóri o, proxima lmente,
aspecto mais inferior do acetábulo. Amplie a ent rada para até a sua entrada na coxa sob o múscu lo pectíneo. Suave-
o acetábu lo ao seccionar a gordura do aspecto mais mente, afaste superiormente o feixe neurovascular. Man-
interno do acetábu lo até que a entrada seja grande o tenha o ramo anterior do nervo obt uratório em vista, abra
suficiente para perm iti r a redução da cabeça femora l sem a ba inha que sobrepõe o músculo pectíneo e identifique
dificuldade. suas bordas superior e inferior.
• Após red uzir a cabeça femora l no acetábu lo, mova o •Identifique e disseque de mane ira romba o interva lo entre
quadril através de uma faixa completa de moviment o o múscu lo pectín eo e o fe ixe neu rovascu lar femora l.
(incluindo flexão, extensão, adução e abdução), para •Isole o tendão do iliopsoas no aspecto inferior da ferida,
determinar a "zona segura" da redução. seccione-o e deixe-o retrair.
• Se a redução estiver concêntrica e estável, reduza a • Com afastamento cu idadoso do fe ixe neurovascular
cabeça femora l e feche a cápsu la, suturando o reta lho superi ormente e o múscu lo pectíneo infe ri ormente, li bere
latera l da incisão em T tão mediaimente quanto possível, a cápsu la de articu lação do quadril por dissecção romba.
para eli min ar qua lquer cápsu la redundante na região do •Faça uma peq uena incisão na cápsula anteromed ial para-
falso acetábulo (Fig. 30- 12F). Uma capsulorrafia ade- lelamente à ma rgem acetabular anterior.
quada melhora signifi cativamente a estabi li dade do • Prenda o li gament o redondo com um gancho Gra ham e
quadril. Coloque as suturas nas pontas do " T" e ao longo traga-o pa ra a ferida.
da borda superi or do acetábu lo. •Estenda a incisão capsu lar ju ntamente com o li gamento
• Quando a capsulorrafia estiver concluída, suture o tendão redondo até a sua inserção na cabeça femoral. Rode a
do reto femora l de vo lta à sua origem e a apófise ilíaca pern a para colocar essa fixação à vista.
à fáscia do tensor da fáscia lata ao longo da crista ilíaca. • Se o ligamento redondo estiver hipertrofiado ou alon-
•Feche as camadas superficiais da fásc ia, os tecidos sub- gado, corte-o para tornar a redução ma is fáci l. Prenda o
cutãneos e a pele. Apl ique um gesso pelvipodál ico duplo coto do ligamento redondo com uma pinça Kocher e
para imobilização, com os quadris entre 90 e 100 graus identifique o intervalo entre o ligamento e o aspecto
de fl exão e 40 e 55 graus de abdução. anteroinferior media l da cápsu la de art icu lação; desen -
volva esse intervalo com uma tesoura. Afaste o múscu lo
pectíneo e incise a margem anteromedia l da cápsu la.
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Rad iografia, TC ou RM • Seccione o ligamento redondo na sua base j untamente
podem ser utilizadas para confirmar a redução da cabeça com o ligamento acetabu lar t ransverso para abrir a
CAPÍTULO 30 ANOMALIAS CONGÊNITAS E DO DESENVOLVIMENTO DO QUADRIL E DA PELVE

O@'hf41I!111 Redução aberta anteromedial. A, Lu xação congênita de quadril bilateral em uma menina de 32 meses de idade. B,
Aos 12 anos de idade, há desenvolvimento normal da cabeça femoral e do acetábu lo bilateralmente . (Cortesia de Stuart Weinstein, MD.)

1. Quadril estável em posição neutra: nenhuma osteotomia


"ferradura" do acetábulo e aumentar o seu diâmetro.
2. Quadr il estável em flexão e abdução: osteotomia inominada
Remova todo pulvinar com uma pequena goiva.
3. Quadril estável em rotação interna e abdução: osteotomia der-
•Reduza a cabeça femoral no acetábulo e mova o quadril
rotatória varizante do fêmur proximal
através de um arco de movimento para testar a estabili-
4 . Acetábulo de "diâmetro duplo" com deficiência anterolateral:
dade da redução.
osteotomia do tipo Pemberton
•Irrigue a ferida copiosamente, deixe a cápsula de articu-
Além da necessidade de osteotomia, no momento da redução
lação aberta e aproxime a fáscia profunda com suturas
aberta, para manter a estab ilidade, também há preocupações sobre
contínuas absorvíveis.
a displasia acetab ul ar residual. Melhores resultados foram relatados
• Feche os tecidos subcutâneos e a pele com suturas
em crianças com menos de 30 meses de idade que foram tratadas
absorvíveis.
com redução aberta combinada e osteotomia de Salter do que
•Aplique um gesso pelvipodá lico, com o quadril em uma
naquelas tratadas com procedimentos estagiados.
posiçâo de máxima estabilidade em flexão e leve abdução.
A osteotomia concomitante deve ser feita no momento da
redução aberta, quando necessário, para manter uma redução segura
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O aparelho gessado é
e estável. Se a redução aberta est iver estável sem uma osteotomia,
ut ilizado durante 1O a 12 semanas. Se as radiografias
um procedimento ósseo para deformidade residual deve ser consi-
mostrarem uma posição satisfatória do quadril 4 a 6
derado no momento da redução aberta em uma criança mais velha
semanas após a ciru rgia, a parte do gesso abaixo do joelho
(> 18 meses) e utilizada com cuidado mesmo em bebês mais jovens,
é removida para permitir o movimento do joelho e alguma
rotaçâo do quadri l. Após a remoção total do gesso, uma quando necessário.
órtese de abdução é uti lizada em tempo integral durante
4 a 8 semanas; em seguida, é uti lizada somente à noite e 1 LUXAÇÕES TERATOLÓGICAS
A luxação teratológica do quadril é aq uela que ocorre em algum
durante cochilos por 1 a 2 anos, até que o desenvolvi-
momento antes do nascimento, resultando em resistência e distor-
mento acetabular normal esteja evidente (Fig. 30-13).
ção anatômica significativas para o tratamento. Muitas vezes, ela
ocorre com ou tras condições, como artrogripose, síndrome de
Larsen, mielomeningocele e nanismo diastrófico.
1 OSTEOTOMIA CONCOMITANTE As alterações anatômicas nas lu xações teratológicas são
O uso de uma osteotomia concomitante do ílio, acetábulo ou fêmur, muito mais avançadas do que as alterações em uma típica luxação
no momento da redução aberta, permanece con troverso. A osteoto- congênita do quadril em uma criança com a mesma idade. O ace-
mia inominada, a acetabu loplastia, a osteotomia derrotatória vari- tábulo é pequeno, com forma oblíqua ou achatada; o li game nto
za nte do fêmur proximal ou a osteotomia de encurtam ento femoral redondo é espesso; e a cabeça femoral é de tamanho var iável e pode
podem aumentar a estabilidade da redução aberta. No entanto, em estar achatada no lado medial (Fig. 30-14). A articu lação do
crianças mai s novas (< 12 m eses), a remodelagem acetabular poten- quadril geralm ente é ríg ida e irred utível, e as radiografias mo stram
cial poderia tornar esses procedimentos desnecessários. De forma luxação superolateral.
contrária, a remodelagem inadequada, após a redução aberta, pode A maioria dos autores concord a que a redução fechada é
necessitar de um retorno para a sala de cirurgia em uma data pos- ineficaz e que a redução aberta é necessária, mas as indicações para
terior para um procedimento ósseo. o tratamento não são claras. A maioria concorda que as luxações
Zad eh et ai. utili zara m a osteotomia concomitante no momento unilaterais devem ser tratadas mais agressivamente qu e as luxações
da redução abe rta para manter a estabilidade da redução e relataram bilaterais, e o potencial ambulató rio do paciente, provavelmente, é
resultados satisfató ri os em 86% d e 82 crianças (95 quadris) em que a consideração mais importante para decidir como tratar as luxa-
o segu in te teste de estabilidade após a redução aberta fo i utilizado. ções bilaterais. A dificuldade de tratar de forma bem-sucedida as
mli!) PARTE IX TRANSTO RNOS CONGÊNITOS E DE DESENVOLVIMENTO

O@mbJEI!19 A, Lu xação teratológica do quadril esquerdo em uma menina de 18 meses de idade. B, Aparência aos 3 anos de idade
após encurtamento femora l primário, redu çã o aberta anterior e osteotomia do inominado.

luxações teratol ógicos reflete-se nos resultados de Gru el et ai. , que o tratamento adequad o e o prognóstico para um paciente específico;
observa ram qu e, dos 27 qu ad ris de sua série, 44% tinham res ulta- no entanto, a classificação adequada pode não ser identifi cada nas
dos ruin s e 70% tinham complicações. A osteonecrose ocorre u em radiog rafi as até que a criança tenha de 4 a 6 anos de idade.
48% dos qu adris, nova luxação em 19% e subluxação em 22%. A O tratamento deve se r direcionado para os problemas clín icos
redução abe rta anteri or e o encurtam ento fe moral produ ziram os associados a cad a grupo de classificação radiog ráfica. Muitos pacien-
melhores res ultados com menos complicações, co nsiderando que tes não necessitam de qualquer tratam ento durante a adolescência e
os piores res ultados e a maio ria das compli cações ocorreram nos começo da idade adulta. Em alguns, a deformidad e da cabeça femora l
quadris tratados por redu ção fechada. e a displasia acetabul ar, predispondo a articulação do qu adril para a
Embora vá rios procedimentos possam se r necessários, bons incongrui dade e persistente subllL""<ação, podem ser tratadas com
resultados e um quadr il estável pode m ser alcan çados em pacientes osteotomia femoral ou osteotomia pélvica apropriada ou ambas.
selecio nados adequadamente. A red ução ab erta por meio de uma As crianças co m osteonecrose após o tratam ento da luxação
abordagem medial fo i recomend ada para crianças de 3 a 6 meses de congênita do qu adril deve m ser acompanh adas até a maturid ade
idade combinada com a co rreção cirúrgica das contraturas congên i- com radiografias seriadas. Resu ltados signi ficat ivam ente melhores
tas do joelho e do pé. Em crianças mais velhas, o encurtamento foram relatados em pacientes tratados precocemente ( 1 a 3 anos
femoral primári o e a red ução abe rta anterior, com ou sem os teoto- após o evento isquêmico) com osteotom ia inominada do que em
mia pélvica, são preferido s. pacientes tratados tard iamente (5 a 10 an os após o evento isq uê-
mico) e pacientes sem os teotomia pélvica. Os pacientes tratados
1 OSTEONECROSE precocemente também tinh am m enos dor e menos perturbações da
A complicação mais séria associada ao tratamento da displasia co n- marcha e necessitava m de poucos p rocedimentos adicionais para a
gênita do quadril na in fância precoce é o desenvolvi mento de osteo- dismetr ia dos membros ou para o crescimento trocantérico exces-
necrose. As taxas estimadas de osteonecrose são de 2,5 por 1.000 sivo. A osteotomia inom inada precoce fo i sugerida para indu zir a
bebês encaminh ados para o tratam ento antes de 6 meses de idade e remodelagem esférica da cabeça femoral, com uma artic ul ação co n-
109 por 1.000 bebês encaminhados após 6 meses de idade. Alguns gru ente res ultante, enquanto, co m a os teotomi a tardia, a ca beça
autores sugeriram que a osteonecrose é mais frequente quan do a femoral já es taria defo rm ada, co m pouco potencial para remode-
redução é feita antes da aparição do núcl eo de ossificação da cabeça lagem. A di sm etria significati va dos membros pode ser co rrigida
femora l, enquanto outros afirmaram que esperar até o aparecimento por técni cas apropri adas, ge ralmente um a epifisiodese oportuna.
do núcleo de ossificação não afeta o desenvolvimento da osteonecrose. O supercrescimento sintomático do trocânter maior pode ser tratado
Luhmann et ai. observaram que atrasar a redução de um quad ril em pacientes mais velhos co m maior avanço trocantérico, o qu al
lmmdo até o aparecimento do núcleo de ossificação aum entou drasti - aumenta o comprimento dos músculos abdutores e aum enta o braço
camente a necessidade de cirurgia futura. Apesar de um leve aumento de alavanca do abdutor (F ig. 30- 16).
da taxa de osteonecrose, após a redu ção dos quad ris sem um núcleo
de ossificação, eles defenderam que a redução precoce otimiza o
desenvolvimento do quadril com um núm ero mínimo de ciru rgias. AVANÇO TROCANTÉRICO
Sequelas potenciais de osteo necrose incluem deformidade da
cabeça femoral, di splasia acetab ul ar, subluxação lateral da cabeça
femora l, supercrescimento relativo do trocânter maior e desigualda-
TÉCNICA
1%irm~~~~--~
des dos comprimentos dos membros; a osteoartrite é uma compli - (LLOYD-ROBERTS E SWANN)
cação tard ia comum. Bucholz e Ogden e Kalamchi e MacEwen
propuseram o sistema de class ificação com base nas mudanças mor- • Acesse o trocânter através de uma longa incisão lateral.
fo lógicas da epífise femora l capital, da fise e da metáfise fe moral Coloque uma serra de Gig li profundamente aos músculos
proximal (F ig. 30- 15). Essas classificações são úteis para determin ar
CAPÍTULO 30 ANOMALIAS CONGÊNITAS E DO DESENVOLVIMENTO DO QUADRI L E DA PELVE GDlll
• Chanfreie o córtex femoral para ajudar a red uzir a tensão
e melhorar o encaixe do trocânter.
•Fixe o trocânter ao fêm ur com parafusos e suture o peri-
ósteo f emoral e o músculo vasto latera l. O topo do tro-
cânter maior, agora, deve ser posicionado no nível do
A centro da cabeça femoral em uma radi og rafia anteropos-
terior. O trocâ nter gera lmente exige que o avanço seja
anterior e distal .

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O quadril é protegido por


um gesso pelvipodálico em abdução durante 3 a 6
semanas. A f isioterapia é in iciada para reabilitação da
musculatu ra abdutora do quadril.

• BEBÊS (18 AOS 36 MESES)


Po r causa da triagem de recé m -nascid os, está se tornando m enos
comum a DDQ passar despercebida além da idade de 1 ano. Um a
e criança mai s velha com essa condição tem um períneo amplo,
m embro in fer ior encurtado e hiperl ordose da coluna lombar, co rno
resultado da instabilidade femoropé lvica. Para essas crianças com
di splasia do quadril bem estabelecida, a redução aberta com osteo-
tomia femo ral o u p élvica, o u amb as, muitas vezes é n ecessá ria.
A displasia pers iste nte pode ser corrigid a com uma osteo tomia
D femor al proximal redirecionai em crianças muito jovens. Se a di s-
plasia primária fo r acetabu lar, a os teo to mia redirecionai pélvica por
si só é mai s apropri ada. No entanto, muitas crianças m ais ve lh as
exigem os teotomias fe moral e pélvica, se em um a de fo rmidade sig-
nifi cati va esti ver prese nte em amb os os lados da articulação.

E 1 OSTEOTOMIA FEMORAL NA DISPLASIA DO QUADRIL


Os cirurgiões q ue reco m end aram osteotom ias femorais aco nse-
lh am a real ização de ci rurgia no lado pélvico da articul ação
O@il;t.)E:1!J:D Classificação de Buchol z e Ogde n da osteon e- so m ente após (1) a ca beça fem oral ter sid o colocada conce nt r ica-
crose da ca beça femoral na luxação congênita do quadril . A, mente no acetáb ulo di splás ico por um a osteo tomia, (2) a art icul a-
Cabeça femoral normal aos 2 meses (a), 1 ano (b) e 9 anos (c) de ção não ter se desenvolvido de forma sa ti sfa tória e (3) n ão existir
idad e. B, Tipo 1: a, locais de oclusão vascu lar temporária; b, ossi- mais crescimento potencial d o acetáb ulo. As opiniões diferem
fica ção irregu lar no centro secundário; c, contorno epifisário amplame nte quanto à id ade em qu e o acetábul o perde a sua ha bi-
normal, leve diminuição da a ltura do centro de ossificação lidade de se desenvo lver sa tis fa toriam ente sobre a cabeça femora l
femoral capital. C, Tipo li : a, provável local primário de oclusão con centricam ente locali zada , embora a id ade de 8 anos pareça se r
vascular; b, irregularidades metafisária e epifisária; c, fusão pre- m ais freq uentem ente citada co rn o limi te de idade superior depois
matu ra da metáfise e da epífise latera l. D, Tipo Ili : a, locais de da qu al po ucos benefícios são atin gid os p ela os teotomia femo ral
oclusão vascu lar temporária; b, crescime nto long itudinal prejudi- por si só. A osteotomia femora l é m ais frequen tem ente indicada
cado da epífise femoral capital; c, cabeça femoral de contorno para o encurtam ento femora l prim ário, ma s a técnica está incluída
irregular. E, Tipo IV: a, locais de oclusão va scula r temporária; b, aqu i em sua integrid ade.
crescimento longitud inal e latitudinal prejudicado; c, fechament o
epifisário prematuro. (Redesenhada de Bucholz RW, Ogden JA: Pat-
terns of ischemic necrosis of the proximal femur in nonoperatively OSTEOTOMIA DEBROTATÓRIA
t reated co ngeni ta l hip disease. ln The h1p. proceedings of the Sixth
Open Scientific Meeting of the Hip Society, St. Lou is, 1978, Mosby.)
VARIZANTE DO FEMUR NA DISPLASIA
DO QUADRIL, COM FIXAÇÃO POR
glúteos médio e mínimo e divida o trocânter na sua base.
PARAFUSO DO QUADRIL
~~~~~~~~---.~

Proteja a artéria cervical ascendente latera l mediaimente TÉCNICA


até a fossa piriforme. ~---------'~
• Mobi lize os músculos glúteos anterior e posteriormente •Posicione o paciente em posição supin a em uma mesa de
conforme eles são dissecados da cápsu la articular e libe- cirurgia radiotransparente. A radioscopia na projeção
re-os a uma curta distância do ílio para cima. anteroposterio r é desejável.
•Desloque o trocânter osteotomizado junto com a sua •Realize a antissepsia e posicione os campos na extremi-
musculatura inserida distalmente ao córtex lateral do dade afeta da, deixa ndo o membro não afetado livre para
fêmur enquanto realiza a abdução do quadril. permitir radiografias ou radioscopias intraoperatórias. )
llllm) PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE DESENVOLVIMENTO

iâ@ii;f4E!11'l9 A, Osteonecrose da cabeça femoral esquerda em uma menina de 4 anos de idade após a redução fechada da lu xação
congênita do quadril esquerdo aos 6 meses de idade. B, Aos 1O anos de idade, agora com osteonecrose tipo li com fechamento epifi-
sário prematuro latera l e crescimento excessivo relativo trocantérico. C, Aos 13 anos de idade, após a transferência do trocânte r distal
e anteriormente .

)
•Faça a incisão lateral a partir do trocãnter maior distal- • Posicione o stop no macho no mesmo comprimento uti-
mente por 8 a 12 cm, incise o trato iliotibial e rebata o lizado na fresagem. Macheie o furo até que o stop encon -
músculo vasto lateral para expor o aspecto latera l do fêmur. tre o córtex lateral. Insira o parafuso de compressão
•Faça uma linha transversal no córtex femoral com um apropriado no pino-guia (Fig. 36-1060 e E)
osteótomo para marcar o nível da osteotomia ao nível do • Pegue a placa escolhida durante o planejamento pré-ope-
trocânter menor ou ligeiramente distal. O posiciona- rat ório e, com um guia de barri l, insira o barril sobre a
mento correto da osteotomia pode ser verificado com um extremidade traseira do parafuso deslizante. O ângu lo da
intensificador de imagem. placa finalmente determina o ângu lo final do quadril.
•Faça a linha de orientação longitu dina l no córtex femoral • Remova o guia de barri l e insi ra um contrapino para evitar
anterior para determinar a rotação correta. que a placa se separe durante a manobra de redu ção. Uti lize
•Perfure um orifício dista l ao trocânter maior e verifiqu e a a chave de fenda para o contrapino ou a chave de fenda
sua posição com o intensificador de imagem. hexagonal para o parafuso deslizante. Se a placa obscurecer
•Coloque um pino-guia aprop ri ado de comprimento ade- o local da osteotomia, solte o contrapino e gire a placa.
quado no colo femoral com a ajuda de um guia angu lar •Faça a osteotomi a na linha transversal, no córtex, em uma
ajustável (Fig. 36- 106A) direção transversal ou ob líqua. dependendo da correção
•Verifique a colocação do pino-guia com intensificador de desejada. Se, além da angular, for desejada a correção
imagem. Quando o pino-guia for colocado, utilize um rotacional, comp lete a osteotom ia através do córtex
medidor percutâneo para determinar o comprimento do media l. Utilizando a marca longitudinal no córtex femora l
parafuso deslizante. como um gu ia, gire o fêmur, conforme necessário, para
•Ajuste o stop da fresa para o comprimento do parafuso corrigir a anteversão femoral (geralmente 15 a 30 graus).
interfragmentário determinado pelo medidor percutâneo. Como a deformidade é mais rotacional que angular,
•Coloque a fresa sobre o pino-guia e penetre até que o stop avalie a posição do fêmur com radiografias ou intensifi-
alcance o córtex lateral (Fig. 36- 106C). É prudente verificar cador de imagem antes de continuar com a correção em
period icamente a imagem fluoroscópica durante o alarga- varo. Para alcançar a angu lação em varo, remova uma
mento para garantir que o pino-guia não esteja inadverti- cunha apropriada de osso do córtex med ial para alcançar
damente avançando proximalmente na epífise. um ângulo cervicodiafisá rio de 120 a 135 graus.
CAPÍTULO 30 ANOMALIAS CONGtNITAS E DO DESENVOLVIMENTO DO QUADRIL E DA PELVE (t:m
•Para obter compressão, insira a broca ou o guia do macho osteotomia pélvica, tem sido um método aceitável de tratamento da
na porção distal do encaixe de compressão mais distal. DDQ em crianças mais velhas. Essa abordagem evita a cara tração
Perfure através do córtex medial. Se for necessária mais hospitalar, obtém redução previsível e resulta em uma taxa menor
compressão, siga as mesmas etapas detalhadas na porção de osteonecrose (Fig. 30-17).
distal do segundo ou do terceiro furo distal para 2,5 mm O encurtamento femoral primário, a redução aberta anterior
de compressão. e a capsulorrafia, com ou sem osteotomia pélvica, como indicado,
• Selecione o comprimento apropriado do parafuso e insi- foram recomendados para crianças de 3 ou mais anos de idade.
ra-o utilizando a chave de fenda. Utilize a camisa de Certas circunstâncias, como a luxação teratológica do quadril ou um
autorretenção para evitar que o parafuso se separe da programa de tração que tenha fracassado, podem tornar o procedi-
chave de fenda (Fig. 36-106F). mento apropriado para crianças ainda mais jovens. Um quadril
• Finalmente, no encaixe mais proximal, a combinação broca/ completamente luxado em uma criança mais velha torna-se fix.o em
guia pode ser angulada, proximalmente, de modo que a uma posição superior para o acetábulo verdadeiro. O grau dessa
broca e o parafuso cruzem a linha de osteotomia. O posi- migração superior varia de subluxação grave (cabeça inferior ainda
cionamento do parafuso do osso proximal desta forma pode adjacente ao lábio), luxação com formação de um falso acetábulo
fornecer estabi lidade adicional no local da osteotomia. superior ao acetábulo verdadeiro, até luxação grave com a cabeça
• Insira parafusos em qualquer orifício de parafuso rema- femoral alta dentro da musculatura abdutora sem formação de um
nescente. falso acetábulo. A extensão da migração proximal determina o grau
• O parafuso deslizante pode ser inserido mais profunda- de deformação da cápsu la e a extensão da reconstrução necessária
mente para fornecer mais compressão. Para inserir o das partes moles para corrigir a deformidade.
parafuso deslizante com aproximadamente 5 mm de com- A anormalidade capsular em um quadril congenitamente
pressão, interrompa quando o córtex lateral estiver na luxado deve ser reconhecida e corrigida para se alcançar a redução
profundidade entre as duas calibrações (Fig. 36-106G). aberta com sucesso. Os métodos para correção óssea são bem-defi-
Para inserir o parafuso interfragmentário com aproxi - nidos, talvez porque as técnicas podem ser claramente ilustradas e
madamente 1O mm de compressão, pare quando a documentadas radiograficamente, mas as anormalidades das partes
segunda calibração de profundidade atingir o córtex lateral moles e os métodos para a sua correção não estão bem descritos.
(Fig. 36-106H). Como resultado, um quadril que parece imediatamente reduzido
•C onfirme a posição do dispositivo de fixação e os frag- após a cirurgia pode subluxar ou deslocar novamente com a des-
mentos proximal e distal com uma radiografia anteropos- carga de peso, embora o procedimento ósseo pareça radiografica-
terior ou um intensificador de imagem. mente impecável.
•Irrigue a ferida e feche-a em camadas, inserindo um A luxação do quadril provoca aumento adaptativo da cápsula
dreno de sucção se necessário. Aplique um gesso pelvi- do quadril, com a cápsula atingindo quase duas vezes o tamanho
podálico inteiro no membro afetado e até a metade do normal no quadril completamente luxado. O ligamento redondo
contralateral. hipertrofia e, muitas vezes, se torna uma estrutura de descarga de
peso parcial. Em crianças mais velhas, esse ligamento ocasional-
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O gesso é utilizado durante mente avulsiona da cabeça femoral, retraindo e aderindo à cápsula
8 a 12 semanas, até que a consolidação da osteotomia inferior e formando uma massa de tecido que pode impedir a
ocorra. A fixação interna pode ser removida em 12 a 24 redução. O lábio fibrocartilaginoso é achatado superolateralmente,
meses, se desejado. com a cápsu la anexa hipertrofiada saliente na massa muscular abd u-
tora sobrejacente, a qual adere à cápsula deslocada. Se a cápsula não
for separada adequadamente dos músculos sobrejacentes aderidos,
a redução é difícil e a chance de nova luxação aumenta.
Em um quadril luxado gravemente alto, os músculos abdutores
se contraíram e, ocasionalmente, apesar da tração prévia ou do
encurtamento femoral, esses músculos e a fáscia contraídos tornam
• CRIANÇAS (3 A 8 ANOS) difícil puxar distalmente o fêmur proximal o suficiente para reduzir
O manejo da luxação congênita do quadril não tratada em uma totalmente a cabeça femoral. Em casos raros, isso exige a liberação
criança com mais de 3 anos de idade é difícil. Nessa idade, o da inserção piriforme, ou a liberação das fibras mais anteriores do
enc urtamento adaptativo das estruturas periarticulares e as altera- glúteo mínimo, ou ambas, para permitir o movimento distal ade-
ções estruturais na cabeça femoral e no acetábulo já ocorreram. quado da cabeça femoral após o encurtamento femoral. As porções
Nessa faixa etária, os quadris luxados exigem redução aberta. A média e inferior da cápsula previsivelmente estão constritas pelo
tração esquelética pré-operatória não deve ser usada por causa das tendão do psoas sobrejacente. O ligamento acetabular transverso,
altas frequências de osteonecrose (54%) e nova luxação (31 %) cruzando a base do acetábul o verdadeiro em forma to de ferradura,
relatadas com se u uso isolado. O encurtamento femora l ajuda na é contraído e espessado.
redução e diminui o potencial de complicações, mas é tecnica- A seguinte descrição da técnica para encurtamento femoral
mente exigente, como é o tratamento do quadril luxado neste primário é uma modificação das técnicas descritas por Klisíc et ai.
grupo de idade mais avançada. e por Wenger e inclui a redução aberta anterior (Técnica 30-3) e a
osteotomia derrotatória varizante (Técnica 30-6), juntamente com
1 ENCURTAMENTO FEMORAL PRIMÁRIO o manejo das partes moles. Essas técnicas devem ser revisadas
Desde o início da década de 1990, a combinação da redução aberta cuidadosamente antes de o encurtamento femoral primário ser rea-
primária e do encurtamento femoral, geralmente acompanhada de lizado (Fig. 30-18) .
llllrmD PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊN ITOS E DE DESENVOLVIMENTO

O@l!;MII!lfl Encu rtamento femoral primário para lu xação congên ita do quadril. A, Lu xação congên ita do quadril em cr ia nça com
3 anos de idade. B, Após redu ção aberta antero late ral e encurtamento femoral primário. C, Aparência do qua dri l aos 6 anos de idade .

LCQ pré-operatória Redução aberta anterior+


Quadril esquerdo capsu lorrafia
(visto de baixo)

Anterior
~rrafia

A B
Posterior

Redução aberta anterior Redução aberta anterior


+ capsulorrafia + caps ulorrafia
+ Salter + Salter
+ derrotação-encurtamento

e
O@l!;fflE!IEI A, Fêmur e acetábu lo antevertidos na luxação congênita do quadril não tratada. B, Redirecionamento do colo femoral
por capsulor rafi a anterior complacente. C, Capsulorrafi a e osteotomia inom inada de Salter. D, Capsul orrafia, osteotom ia inominada de
Salter e derrotação femoral comp leta. Combinada em excesso, essa sequência pode produzir luxação posterior. E, Redu ção aberta,
encurtamento femoral primário, osteotomia derrotatória e osteotomia de Salter produziram luxação posterior fixa do quadril em uma
menina de 5 anos de idade . (A-D redesenhada de Wenge r DR: Congen ital hip dislocation: techniq ues fo r primary open reduction including femora l
shorte ning, fnstr Course Lect 38:343, 1989.) VEJA A TÉCNICA 30-7.
CAPÍTULO 30 ANOMALI AS CONGÊNITAS E DO DESENVOLVIMENTO DO QUADRIL E DA PELVE

•Irrigue ambas as feridas e feche-as de ma neira habitual.


ENCURTAMENTO FEMORAL PRIMÁRIO Os drenas de sucção podem ser inseridos, se necessário.

TÉCNICA ~ •Aplique um gesso pelvipodálico co m o membro em


'---~~~~~~---'~ rot ação neutra e leve flexão e abdução.

•Coloque o paciente em posição supina, na mesa ci rúr-


CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Os dren as são removi-
gica, com um pequeno coxim radiolúcido aba ixo do
dos de 24 a 48 horas após a cirurgia . O gesso pelvipodá-
quadril afetado. Realize a antissepsia e a colocação de
lico é removido em 8 a 12 semanas. Radiografias seriadas
campos estéreis na extremidade da maneira habitual para
são obtidas para ava li ar o desenvolvimento da cabeça
permitir a exposição da pelve e do fêmur.
femoral e do acetábu lo. Embora incomum, a discrepância
•Duas incisões são feitas - uma incisão ilioinguinal ante-
do comp rim ento do membro deve ser estimada anual-
rior e uma incisão reta lateral, conform e descrito para a
mente por ava liação clín ica e radiografia.
redução aberta anterior (veja a Técnica 30-3) e para a
osteotomia femoral (veja a Técnica 30-1 O)
• Por meio de uma in cisão ilioin guin al anterior, realize a
redu ção aberta anteri or, conforme descrito na Técnica
30-3, continuando a dissecção para o ponto onde a cap -
sulorrafia normalmente seria realizada.
1 OSTEOTOMIA PÉLVICA
• Prossiga o encurtamento femoral. Faça uma incisão em As cirurgias na pelve, isolada s o u com binadas com a redução
linh a reta lateral a partir da ponta do trocânter maior até aberta, são úteis na displasia congên it a ou luxação d o quadril para
o terço distal da diáfise femoral. garantir ou aum entar a estabilidade d a articulação. As ciru rgias
• Exponha a diáfise por dissecção através do músculo do tensor mais frequentemen te usadas são (1) osteotomia d o osso inomi-
da fáscia lata, do trato iliotibial e do músculo vasto latera l. nado (Salter), (2) acetabul oplastia (Pembe rton ), (3) osteotomias
•Faça uma marca transversal no eixo f emoral, no nível do que lib eram o acetáb ul o (os teotom ia inominada tripla de Steel ou
trocânter menor, para indica r o local de osteotomia, e osteotomia acetabu lar de Ga nz), (4) em prateleira (St aheli ) e (5)
faça uma marca longitudinal na borda anterior do eixo osteotomia inominada com d es locamento medial do ace tábu lo
proximal para orientar a derrotação do fêmur. (Chiari) . Em uma criança mais vel ha, um a dessas cirurgias pode
•Insira um parafuso deslizante no co lo femoral da maneira ser combin ada com a os teotomia femoral para corrigir as anorma-
usual. lidad es femoral e acetabular.
• Estime a quantidade de encurtamento que será necessá- A osteotomia do osso inom in ado, um a cirurgia concebid a por
ri a a partir das radiografias pré-operatórias, medindo do Salter, é útil somente quando uma subluxação o u luxação foi redu-
aspecto mais proximal da cabeça femoral até a cartilagem zida ou pode ser reduzida por redução aberta no momento d a
trirradiada. A quantidade de encurtamento geralmente osteotomia em um a cr iança de 18 meses a 6 anos de idade. To d o
necessária varia de 1 a 3 cm. Por outro lado, a quantidade o acetáb ulo junto com o púbis e o ísquio é girado como uma
correta de ressecção óssea pode ser avaliada conforme o unidade, com a sí nfise púbica agindo como um fulcro. A osteo-
osso é removido, até que a cabeça f emora l possa ser tomia é mantida abe rta anterolateralmente por um a c unh a de
redu zida no acetá bulo sem tensão indevida. osso e o teto do acetáb ulo é d eslo cado mais a nter ior e latera l-
• Realize uma osteotomia do fêmur ligeiramente distal ao mente. A osteotom ia é contraindi cada em pacientes co m quadris
parafu so deslizante do colo femoral. não concêntricos ou di sp las ia grave.
• Faça uma segunda osteotomia na distância apropriada distal- A acetabuloplastia também é útil somente quando uma sublu-
mente à primeira. Faça o ângulo dessa osteotomia para per- xação o u luxação foi red uzida ou pode ser reduzida por red ução
mitir o varo e a derrotação do fêm ur, conforme necessário. aberta no momento da cirurgia em crianças com pelo m enos 18
•Remova o segmen to osteotomi zado da diáfise femoral meses de idade. Na acetab ul oplastia, a inclinação do teto acetabular
(Fig . 30-19) é diminuída por uma osteotomia do ílio, feita superiormente ao
•Cuidadosamente, incise subperiostealmente a ligação do acetábul o. Pemberton descreveu uma osteotomia pericapsular do ílio
iliopsoas no trocânter menor e na cápsu la fixada ao colo em que a osteotomia é feita através da espessura total do osso, a
femoral medial, evitando a artéria circunflexa med ial. partir da porção superior à esp inha ilíaca anteroinfe ri or, anterior-
• Reduza suavemente a cabeça femoral no acetábu lo, uti- mente à cartilagem trirradiada; a car til agem trirradiada atua como
lizando o parafuso deslizante no colo femoral como uma um fulcro em que o teto acetab ul ar é girado anterior e lateralmente.
alavanca. A derrotação do fragmento proximal de 15 a Esse procedimento diminui o volum e do acetábulo e produz uma
45 graus geralmente é necessária. incongruência da articulação que rexige remodelagem.
• Aproxime os dois segmentos do fêmur e prenda a placa As osteotomias que soltam o acetábulo fo ram criadas por Steel,
lateral ao parafuso no colo femora l e f ixe-a no eixo femora l Eppright e Ganz. Essas cirurgias soltam par te da pelve, criando um
distal. Utilize radiografias ou radioscopia para avalia r o segmento móvel d e osso que inclui o acetábulo. Elas são indi cadas
encurtamento femoral e a redução da cabeça femoral. para adolescentes e ad ulto s com o esqueleto m aduro, com displasia
•N este ponto, uma osteotomia de Salter ou Pemberton, residual e sub luxação, em que a remodelagem do acetábulo não
se indicada para corri gir a displasia acetabu lar, pode ser pode mais ser esperada. Essas cirurgias são úteis porque colo cam a
realizada. Um a capsulorrafia completa e meticulosa deve cartilagem articular sobre a cabeça femoral. A cirurgia em prateleira
ser rea lizada conform e anteriormente descrito. O retal ho e a ci rurgia de Chi a ri interpõem tecido fibroso pericapsular entre a
mais lateral da cápsula deve se r transposto mediaimente cabeça femoral e o acetáb ul o reconstruído.
para eliminar a cápsu la redundante do fa lso acetábulo. Na osteotomia tripla in omin ada (Steel), o ísquio, o ramo púbico
sup erior e o ílio s up eri o r ao ace tábu lo são todos seccionados e o
lllm) PARTE IX TRANSTORNOS CONG ÊNITOS E DE DESEN VOLVIMENTO

redirecion ado para cobri r a cabeça fem oral de fo rma apropriada.


A osteotomi a periacetabular de Bernese (Gan z) cria um segmento
acetabular livre por m eio de uma série de osteotomi as no ísquio, ram o
púbico superior e ílio, preservando a coluna posterior da pelve.
O procedimento em prateleira (Staheli ) é útil para subluxações
e luxações qu e fo ra m reduzid as e no qual nenhum a o utra osteo tomia
es tabelece ria uma articul ação congruente com ap osição da ca rtila-
ge m articul ar do acetábulo para a cab eça fem o ral. Em um a cirurgia
clássica em prateleira, o teto acetabular é estendido lateral, p osteri o r
o u anteriorm ente por um enxerto o u por desvio di stalm ente so bre
a cabeça fe m oral do teto acetabular e parte do có rtex lateral do ílio
supe ri o r a ele.
A A osteotomia inominada com deslocamento medial do acetá-
bulo, um a cirurgia con cebida po r C hi ari p ara p acientes com mais
de 4 anos de idade, é um a cirurgia em prateleira modificada qu e
coloca a cabeça fe mo ra l abaixo de um a superfície de osso e da
cá psul a articular, corrigindo a lu xação lateral patoló gica do
fê mur. Um a oste o tomi a é feita no níve l d o acet ábulo e o fêmur
e o ace tábul o são d esloca dos m ed iaim ent e. A sup erfí cie inferi o r
d o frag m ento proxima l form a um te to sobre a cab eça fe m oral.
As reco m endações ge rais pa ra todas essas osteoto mias estão res u-
mid as na Ta bela 30- 1.

1 OSTEOTOMIA INOMINADA DE SALTER


D urante a redução aberta de luxações congê nitas do qu ad r il, Salter
o bservo u qu e todo o acetábulo está direcionado m ais anterolate-
B
ralmente qu e o no rmal. Quand o o qu adril é estendid o, a ca beça
fem oral fi ca insufi cientem ente "cober ta" anteriorm ente e, qu and o
ele é aduzido, não há co bertura sufi ciente superiormente. A osteo-
tomi a de Salter do osso inomin ado redireciona todo o ace tábulo
de m o do qu e o se u teto "cub ra" a cabeça femoral anterior e supe-
riorm ente. Se indicada para corri gi r a displas ia aceta bular, q ual-
que r luxação o u subluxação deve ser redu zid a concentri camen te
antes de es ta ciru rgia se r realiza da; se não, a redu ção ab erta é fe ita
no m o m ento da os teo to mi a. Durante a ci rurgia, algum as co ntra-
turas dos mú sculos adu tores o u do iliopsoass são liberadas po r
ten otomi a e, nas luxações, qu and o a cá psul a está alon gada, um a
capsul o rrafi a é reali zada.
Sal ter recom endou sua os teoto mi a no tratam ento primário da
e luxação congênita do qu adri l em cri anças de 18 meses a 6 anos de
id ade e n o tratamento primári o da subluxação congênita no in íc io
da idade adulta. Ele tamb ém a reco mend ou no tratam ento sec und á-
. O@il;fiimD Técnica para redu ção aberta, encurtamento rio de qu alquer luxação o u subluxação residu al ou reco rrente após
femoral primário e osteotomia de Salter. A, A cabeça femoral é outros métodos de tratam ento dentro dos limites de idade descritos
deslocada. Os músculos glúteos (a) são afastados e ligeiramente (F ig. 30-20).
encurtados. O múscu lo iliopsoas (b) está intacto. A cápsu la é A seguir, estão os pré-requisitos para o sucesso desta cirurgia:
interposta entre a cabeça femoral e o ílio. Segmento do fêmur 1. A cabeça femo ral deve ser posicio nada d efronte ao n ível do
é ressecado . B, Fêmur proximal em abdu ção; o tendão do iliop- acetábulo. Isso pode exigir um período de tração antes da
soas (b) é dividido. A cápsula é cortada na superfície inferior cirurgia ou do encurtam ento fem o ral primário.
paralela ao colo femoral. C, A cirurgi a está completa . Os músculos 2. As contraturas dos músculos iliopsoas e adutores devem ser
g lúteos (a) estão tensos. O múscu lo iliopsoas (b) é reinserido . A liberadas. Isso é indicado nas subluxações e luxações. A redução
osteotom ia de Salter é concluída com en xerto no loca l. Os frag - aberta é reali zad a pa ra a luxação do qu adril , mas geralmente
mentos femora is são fixados com pa rafuso de quadri l pediátrico . é des necessá ri a para a subluxação.
VEJA A TÉCNICA 30-7.
3. A cabeça femora l deve se r redu zid a na profundid ade d o
ace tábulo ve rd ad eiro comp leta e con ce ntricam ente. Isso
geralm ente exige um a re du ção aber ta cui da dosa e excisão
de q ualquer p ar te m ole do ace táb ul o, excetu and o-se o
acetábulo é reposicionado e estab ilizado por um enxerto ósseo e pinos labr um.
metálicos. Na osteotomi a pericapsul ar rotadora do acetábulo (Eppri - 4. A articulação deve ser razoavelmente congru ente.
ght), todo o acetábulo é liberad o superio r, posterior, inferior e ante- 5. A amp litude de movimento do qu adril deve ser boa, especial -
riorm ente pelas osteo to mi as e como um ún ico segm ento de osso é mente em ab dução, rotação intern a e fl exão.
CAPÍTULO 30 ANOMALIAS CONGÊNITAS E DO DESENVOLVIMENTO DO QUADRIL E DA PELVE Gmm
•@=Hbi '.fo-,1 Osteotomias Recomendadas para Luxação Congênita ou de Desenvolvimento do Quadril

OSTEOTOMIA IDADE INDICAÇÕES


Osteotomia inominada de 18 meses-6 anos Redu ção congruente do quadril; <10-15 graus
Salter de correção do índice acetabular necessária
Acetabuloplastia de 18 meses-1O anos > 10-15 de correção do índice acetabular
Pemberton necessária; cabeça femoral pequena, acetábulo
grande
Osteotomia de Steel ou Final da adolescência até a Displasia acetabular residual; sintomas;
Ganz maturidade esquelética articulação congruente
Procedimento de prateleira Adolescência até a maturidade Articulação incongruente; sintomas; outra
ou osteotomia de Chiari esquelética osteotomia impossíve l

H@il;fr'E!m Osteotomia de Salte r para lu xação congênita do quadr il. A, Di splasi a acetabu lar residual e sublu xação do quadril
direito em menina de 4 anos de idade na qual a redução aberta foi realizad a aos 9 meses de idade. B, Um ano após a reabord agem
de redu ção aberta e osteotomia inominada de Salter.

OSTEOTOMIA INOMINADA
INCLUINDO A REDUÇÃO ABERTA
~
TÉCNICA ~~~~~~~............. ~
(SALTER)
Em um estudo com cadáveres, Birnbaum et al. identificaram
várias estruturas que apresentam risco de lesão durante uma osteo- • Coloque o paciente em posição supina na mesa de cirurgia,
tomia inom inada de Salter, como segue: com o tórax no lado afetado elevado por um coxim radio-
1. O nervo cutâneo femora l lateral pode ser lesionado durante o transparente. Coloque os campos no tronco, no lado afetado,
acesso anterior. Certificar-se de que a pele, incluindo o nervo até a linha média anterior e posteriormente e até os arcos
cutâneo femoral lateral, seja tracionada anteriormente evita isso. costais superiormente. Deixe o membro inferior livre de modo
2. Os vasos nutrientes para o músculo do tensor da fáscia lata podem que possa ser movido livremente durante a cirurgia.
ser lesionados se a retração for excessivame nte prolongada. •Libere os mú sc ulos ad utores por tenotomia subcutânea
3. O nervo ciático pode ser comprimido ou irritado por urn a o u aberta.
abordagem subperiosteal inadequada durante a tração no afas- •Incise a pele começando imediatamente inferior ao meio
tador de Hohmann. da crista ilíaca, estendendo anteriormente até a parte
4. Uma aplicação subperiosteal medial inadequada do afastador imediatamente inferior à espinha ilíaca anterossuperior,
de Hohmann pode lesar o nervo ob tu rató rio. contin uando at é aproximadamente o meio do li gamento
5. O afastamento muito prolongado do múscu lo iliopsoas pode ingu inal. Rea li ze a hemostasia, aplicando compressão
causar a compressão do nervo femoral. com compressas nas bordas da ferida .
Por causa da conexão espacial estreita entre os planos anatô- • Faça a dissecção entre o múscu lo do t ensor da fáscia lata,
micos e a área de osteotomia, uma dissecção subperiosteal rigorosa latera lmente, e o sartório e o reto femoral , mediaimente,
e o uso cuidadoso dos afastadores são essenciais para prevenir as e exponha a espi nha ilíaca anterossuperior. )
lesões em nervos e vasos.
llllm> PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE DESENVOLVIMENTO

A B e

O@ii;HEml A-C, A Técnica de osteotomia do osso inominado de Sa lter, inclui ndo a red ução aberta. VEJA A TÉCNICA 30-8.

•Disseque o reto femoral da cápsula de articu lação subja- •Envolva as superfícies expostas com compressas para con-
)
cente e libere a sua cabeça reflexa. trolar a perda de sangue e aumentar o interva lo entre o
•Faça uma incisão profunda sepa rando a apófise ilíaca periósteo e o osso.
juntamente com a crista da extremidade posterior da • Exponha a parte tendínea do músculo iliopsoas no nível
incisão da pele até a espinha ilíaca anterossuperior ante- do anel pélvico. Com tesouras, separe a parte tendínea
riormente e, em seguida, curve distalmente até a espinha da parte muscular e corte o primeiro, protegendo o
ilíaca anteroinferior. músculo.
•Reflita a parte lateral da apófise ilíaca e o periósteo da •Passe uma pin ça passa-fio curva subperiostea lmente,
superfície lateral da crista ilíaca como uma lâmina contí- mediaimente ao ílio, na incisura isquiática e, com ela,
nua, inferio rmente, até a borda superior do acetábu lo e, prenda uma extremidade de uma serra de Gigli. Retraia
posteriormente, até a incisura isquiática maior. suavemente a pinça curva para passar a serra de Gigli na
•Libere as aderências da cápsu la de articulação da super- incisura isquiática.
fície lateral do ílio e de um eventual falso acetá bulo . •Afaste os tecidos medial e lateralmente do íl io e divida o
•Exponha a cápsula anterior e lateralmente, dissecando o osso com a serra em uma linha reta a partir da incisura
intervalo entre ela e os músculos abdutores. isquiática até a espinha ilíaca anteroinferior.
• Envolva os espaços dissecados com compressas grandes •Remova um enxerto com espessura completa da parte
para controlar o sangramento e aumentar o intervalo anterior da crista ilíaca (Fig. 30-21A) e corte-o no formato
entre o periósteo refletido e a incisura isquiática. de uma cunha. Faça a base da cunha com tamanho igual
• Se a redu ção concêntrica da cabeça femoral no acetábulo à distância entre as espinhas ilíacas anterossuperior e
for impossível, abra a cápsula superior e anteriormente, anteroinferior.
paralela e aproximadamente a 1 cm distal da borda do • Com pinças de campo, agarre cada fragmento do ílio
acetábulo . osteotomizado.
• Resseque o ligamento redondo se ele estiver hipertrofiado. •I nsira um destaca curvo na incisura isq uiática e, alavan-
•Reduza suavemente a ca beça femoral no acetábulo. cando-o anteriormente e exercendo tra çã o na pinça de
Nunca corte o limbo. Faça a incisão do retalho distal da campo que segura o fragmento inferior, desloque esse
cápsula nos ângu los retos em relação à primeira incisão, fragmento anterior, inferior e lateralmente para abrir a
criando um a incisão em forma de T, e faça a ressecção osteotomia anterolateralmente. Certifique-se de que a
do retalho triangu lar inferolateral criado. Teste a estabili- osteotomia permaneça fechada posteriormente (Fig.
dade da articulação; se a cabeça se desloca superior- 30-21B). Colocar o membro em "figura de 4" torna o
mente do acetábulo, quando o quadril é aduzido, ou deslocamento do fragmento dista l mais fácil.
anteriormente, quando ele é estendido ou rodado exter- •Não aplique tra ção em uma direção cefá lica no frag-
namente, a osteotom ia do osso inominado é realizada. mento proxim al, porque isso pode luxar a articulação
•Deixe o quadril luxar novamente e, em segu ida, libere a sacroilíaca.
metade media l da apófise ilíaca da metade anterior da •Insira o enxerto ósseo na osteotomia e solte a tração do
crista ilíaca e solte o periósteo da superfície medial do ílio, fragmento inferior.
posterior e inferiormente, para expor todo o aspecto •Passe um fio de Kirschner forte através da parte superior
medial do osso até a incisu ra isquiática. remanescente do ílio, através do enxerto, e no fragmento
CAPÍTULO 30 ANOMALIAS CONGtNITAS E DO DESENVOLVIMENTO DO QUADRIL E DA PELVE -

h@l!;fflllm Acetabuloplastia de Pemberton . A, Displasia acetabu lar sintomática residual em uma menina de 8 anos de idade após
o tratamento da lu xação congênita do quadril direito . B, Após a acetabu lop lastia de Pemberton .

inferior (Fig. 30-21 C). Garanta que o fio de Kirschner não meio ela espessura total do ílio, utilizando a cartilagem trirradiada
entre no acetábu lo, mas que ele atravesse todos os três como fulcro, em torno da qual o teto acetabular é rodado anterior
fragmentos . e lateralmente. Após uma revisão de 115 quadris em 91 pacientes
•Passe um segundo fio de Kirschner paralelo ao primeiro, acompanhados durante pelo menos 2 anos após a cirurgia, Pem-
utilizando as mesmas precauções. berton recomendou esse procedimento para qualquer quadril clis-
• Reduza a cabeça femoral novamente no acetábulo e reavalie plásico em pacientes entre a idade de 1 ano e a idade quando a
a sua estabilidade. Agora, a redução deve estar estável, com carti lagem trirradiada torna-se muito inflexível para agir como
o quadril em adução ou em leve rotação externa. um a dobradiça (aproximadamente 12 anos de idade em menin as
• Ao fechar a ferida, tenha um assistente pa ra manter o e 14 anos em meninos), desde que qualquer subluxação ou luxação
joelho fletido e o quadril ligei ramente abduzido, flexio- estivesse reduzida ou pudesse se r reduzida no momento da osteo-
nado e internamente girado . tomia (Fig. 30-22).
•Obl itere qualquer recesso res idual da cápsula rea lizando Uma vantagem ela osteotomia pericapsular sobre as osteoto-
uma capsulorrafia. mias inominadas é que a fixação interna nem sempre é necessária e
• Mova a metade distal do retalho lateral da cápsu la uma segunda cirurgia, embora pequena (remoção elo implante), é
mediaimente além da espinha ilíaca anteroinferior. Isso evitada. Um grau maior de correção pode ser alcançado com uma
mantém as bordas capsu lares juntas e aumenta a estabi- rotação menor do acetábulo na osteotomia pericapsular, porque o
lidade da redução, mantendo o quadril internamente fulcro, a cartilagem trirradiada, está mais próximo elo local desejado
girado. Suture a cápsula com pontos intervalados. de correção; no entanto, a cirurgia de Pemberton é tecnicamen te
•Suture os tendões do sartório e do reto femoral em suas mais difícil de realizar. Além disso, ela altera a configuração e a
origens. capacidade elo acetábulo e pode resultar em uma relação incon-
•Suture junto à crista ilíaca as duas metades da apófi se gru ente entre ele e a cabeça femoral; co nsequentemente, alguma
ilíaca. remodelagem do acetábulo é necessária.
•Corte os f ios de Kirschner de modo que suas extrem ida-
des anteriores estejam dentro da gordura subcutânea.
•Feche a pele com uma su tura subcuticular contínua. OSTEOTOMIA PERICAPSULAR
•C om o quadril mantido na mesma posição em que estava DOÍLIO
durante o fechamento, ap lique um gesso pelvipodálico.
~
TÉCNICA
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Em 8 a 12 semanas, o ----------~~~-~
gesso é removido e, com o paciente em anestesia geral (PEMBERTON)
ou local, os f ios de Kirschner também são removidos. As
posições da osteotomia e do quadri l são verificadas por • Coloque o paciente em posição supina com um pequeno
radiografias. coxim radiotransparente aba ixo do quadril afetado e exponha
o quadril através de um acesso iliofemoral anterior.
•Faça a parte superior da in cisão distal e paralelamente
à crista ilíaca e estenda-a da esp inha il íaca anterossupe-
1ACETABULOPLASTIA DE PEMBERTON rior, anteriormente, até o meio da crista posteriormente.
Estenda a parte distal da incisão a partir da espinha ilíaca
O termo acetabuloplastia designa as ciru rgias que redirecionam a anterossuperior, inferiormente, por 5 cm paralelamente
inclinação do teto acetabular por uma osteotomia elo ílio superior à prega inguinal.
ao acetáb ulo, segu ida por alavancagem elo teto inferiormente. •Começando na crista, avu lsione o glúteo e os músculos
Pemberton ideali zo u uma acetabu loplastia que ele chamo u ele tensores da fáscia lata, subperiostea lmente, do terço )
osteotomia pericapsular do ílio, em que a osteotomia é feita por
lllllI!D PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE DESENVOLVIMENTO

anterior do ílio, distalmente, até a cápsu la articu lar e, pos- mais posterior essa parte da osteotomia, mais o teto
)
teriormente, até a incisura isqu iática maior ficar exposta. acetabular gira anteriormente.
•Com um destaca pontiagudo, separe a apófise ilíaca com • Após completar a osteotomia dos dois córtices, insira um
seus músculos abdom ina is fi xados a partir do terceiro osteótomo curvado largo na parte anterior da osteotom ia
anterior da crista ilíaca e retire os múscu los, subperioste- e alavanque o fragmento dista l, distalmente, até que as
alm ente, a partir do aspecto medial do ílio até a incisu ra bordas anteriores dos dois fragmentos afastem-se pelo
isqu iática ser novamente exposta. menos 2 a 3 cm.
•Abra a cápsula do quadril e remova qualquer parte mole • O teto acetabular deve ser rodado inferiormente, distante
que restrinja a redução. o suficiente para resultar em um índice acetabu lar esti-
•Reduza o quadril sob visão direta e certifique-se de que mado de O grau em uma ra diografia.
ele esteja bem acomodado; luxe-o novamen te até que a •Corte um su lco estreito na direção anteroposterior em
ost eotom ia seja feita e mantida aberta com um enxerto. cada superfície cruenta do ílio.
•Insira dois afastadores planos, subperiostea lmente, na •Faça a ressecção de uma cunha de osso da parte anterior
incisura isqu iática - um junto à superfície media l do íl io do íl io, inclui ndo a espinha ilíaca anterossuperior; com um
e outro junto à superfície lateral para manter o terço distratar de lâminas, separe os fragmentos da osteotomia
anterior do ílio exposto medial e lateralmente. e posicione a cunha de osso nos sulcos feitos nas super-
•C om um osteótomo curvo estreito, corte através do fícies do ílio; introduza a cu nha no loca l e impacte-o fir-
córtex latera l do ílio da seg uinte forma. Inicie levemente memente. O teto acetabu lar deve permanecer fixo na
superior à espinha ilíaca anteroinferior e curve a osteoto- posição corrigida (Fig. 30-23 8)
mia, posteriormente, cerca de 1 cm proximal e paralela- • Mantenha a correção com um fio de Kirschner, se
mente à cá psula articular até que o osteótomo seja visto necessário.
imediatamente anterior ao afastador que repousa na •Se o quadri l permaneceu luxado du rante a osteotomia,
incisu ra isquiática. A rad ioscopia ajuda a confirmar o reduza-o neste momento.
posicionamento correto da osteotomia. •Realize uma capsu\orrafia meticulosa para estabilidade
• A partir deste ponto, quando conduzida adiante, a lâmina adiciona l das partes moles.
do osteótomo desaparece de vista, sendo importante • Sutu re a apófise ilíaca sobre o íli o remanescente e feche
direciona r suficientemente a sua ponta inferiormente de a ferida .
modo que ela não penetre na incisura isquiática, mas sim
que penetre na corda ili oisquiática da ca rtil agem trirra- CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Com o quadril em po-
diada no seu ponto médio. sição neutra (ou em leve abdução e rotação interna, se
• Após direcionar o osteótomo adequadamente, condu- essa foi considerada a posição mais favorável para fecha-
za-o mais 1,5 cm para completa r a osteotomia do córtex mento da ferida), um gesso pelvipodálico é apl icado a partir
lateral do ílio . da linha do mami lo até os dedos, no lado afetado, e acima
•Com o mesmo osteótomo, faça um corte correspondente do joelho, no lado oposto. Em 8 a 12 semanas, o gesso é
no córtex medial do ílio, começando anteriormente no removido, e a osteotom ia é verificada por radiografias.
mesmo ponto superior à espinha ilíaca anteroinferi or. Dire-
cione esse corte, posteriormente, paralelo ao córtex lateral
até que ele atinja a carti lagem trirradiada (Fig. 30-23A).
• A direção em que o teto aceta bular torna -se luxado após 1 OSTEOTOMIA DE STEEL
a osteotom ia é controlada pela variação da posição da
pa rte posterior da osteotomia do córtex medial. Quant o A osteotomia pericapsular de Pemberton é limitada pela mobili-
mais anterior essa parte da osteotomia, menos o teto dade da cartilagem trir radiada e dobrar essa cartilagem pode
acetabu lar roda anteriormente; inversamente, quanto causar fechamento prematuro da fise. Embora a osteotomia ino-
minada de Salter possa ser usada em pacientes mais velhos, os seus

A B

H!§il;b)lmt Osteot om ia pericapsular de Pemberton. A, Linha de osteotomia começando ligeiramente superior à espinha ilíaca
anteroinferior e curvando em direção à carti lagem trirradi ada . B, Osteoto mia concluída com t eto acetabular na posição corrigida e
cunha de osso impactada no local da osteotomia aberta . VEJA A TÉCNICA 30-9.
CAPÍTULO 30 ANOMALIAS CONGÊNITAS E DO DESENVOLVIMENTO DO QUADRIL E DA PELVE Gm
resultados dependem da mobilidade da sínfise púbica e a quanti-
dade de cobertura da cabeça femoral é limitada. Outras osteoto-
mias mais complexas, como as de Steel e Eppright, podem fornecer
maior correção e melhorar a cobertura da cabeça femoral.
Na osteotomia inominada tripla desenvolvida por Steel, o
ísquio, o ramo púbico superior e o ílio superior ao acetábulo são
seccionados, e o acetábulo é reposicionado e estabilizado por um
enxerto ósseo e pinos. O objetivo deste procedimento é estabelecer
um quadril estável na posição anatômica para luxação ou subluxação
do quadril em crianças mais velhas quando isso é impossível por
qualquer uma das outras osteotomias (Fig. 30-24). Para a cirurgia
ser bem-sucedida, as superfícies articulares devem ser congruentes
ou se tornarem quando o acetábulo foi redirecionado, de modo que
um arco de movimento funcional e indolor seja alcançado e a
marcha de Trendelenburg esteja ausente. Steel analisou 45 pacientes
nos quais 52 osteotomias foram realizadas. Os resultados foram
satisfatórios em 40 quadris e insatisfatórios em 12. Os quadris insa-
tisfatórios estavam doloridos e ficavam facilmente fadigados; em
dois, o teste de Trendelenburg fo i positivo e, em um, uma mobili-
dade significativa havia sido perdida.
Lipton e Bowen modificaram a osteotomia de Steel por (1)
ressecção de 1,0 a 1,5 cm de osso, após a osteotomia isquiática, para
facilitar a mediatização e a rotação do acetábulo, (2 ) fazendo a res-
secção de uma cunha triangular de osso retirado do córtex externo
da parte proximal do ílio, para criar um encaixe que sirva como um
pilar, no qual o aspecto distal posterior do ílio se ajuste, e (3) utili-
zando dois parafusos canulados de 7,3 mm em vez de pinos de
Steinmann para fixação da osteotomia ilíaca. O procedimento é feito
através de duas incisões - uma incisão isquiática e outra incisão
iliofemoral do tipo biquíni. As principais vantagens dessa técnica
são a melhor cobertura da cabeça femoral por cartilagem articular
do acetábulo, melhor estabilidade articular do quadril para descarga
de peso e nenhuma necessidade de imobilização com gesso pelvipo-
dálico. As desvantagens incluem a dificuldade técnica do procedi-
mento; também não altera o tamanho do acetábulo e distorce a pelve
de tal modo que o parto natural pode-se tornar impossível na vida
adulta. O encurtamento femoral pode ser realizado e, se necessário,
quaisquer músculos contraturados em torno do quadril são libera-
dos cirurgicamente.
Utilizando TC tridimensional, Frick, Kim, e Wenger identi-
ficaram uma rotação externa excessiva (> 10 graus) do acetábulo H@il;ij EI!EI Osteotomia inominada tripla de Steel . A, Menina
após a osteotomia inominada tripla em cinco quadris, que incluí- de 16 anos de idade com quadril direito doloroso, subluxação e
ram duas pseudoartroses da osteotomia púbica, duas pseudoartro- displasia acetabular. B, Após a osteotomia de Steel. C, Um ano
ses isquiáticas e uma rotação externa acentuada da perna. Eles após a cirurgia. (Cortesia de Randa l Betz, MD, and Howard Steel, MD.)
alertaram que a técnica cirúrgica para osteotomia inominada
tr ipla deve ser projetada para evitar rotação externa excessiva do
fragmento acetabular, o que pode resultar em (1) rotação externa
excessiva do membro inferior, (2) cobertura posterior diminuída,
(3) aumento das brechas nos locais de osteotomia púbica e isqtiiá- OSTEOTOMIA TRIPLA INOMINADA
tica, com maiores taxas resultantes de pseudoartrose e (4) latera-
lização do centro da articulação. As mod ificações da técnica por TÉCNICA
Frick et ai. incluíram evitar a manobra "em figura de 4" para
mobilizar o acetáb ulo (eles acreditam que isso promove a rotação (STEEL)
externa do acetábulo); rigorosa atenção às referéncias anatômicas
intraoperatórias do ílio proximal e da espinha ilíaca anteroinferior, •Coloque o paciente em posição supina na mesa cirúrgica
mantendo a espinha ilíaca anteroinferior em linha com o plano do flexione o quadril e o joelho a 90 graus. Mantenha o
ílio proximal para prevenir a rotação externa; e o uso de um pino quadril em abd ução-ad ução e rotação neutras.
de Schanz temporário no segmento acetabular para servir como • Posicione os campos no aspecto posterior da coxa proxi-
alavanca para orientar o acetábulo na posição correta. A cuidadosa mal e na nádega, deixando o túber isquiático exposto.
avaliação da posição acetabular no plano transversal, antes e após •Faça uma incisão transversa perpendicular ao eixo da diáfise
a fixação provisória, é recomendada para auxiliar na prevenção de femoral, 1 cm proximal à prega glútea. )
mau alinhamento rotacional.
_, PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE DESENVO LVIME NTO

O!riiJ;HEI!m Osteotomia inominada tripla de Steel.


A, Osteotomias a serem re al iza das na asa il íaca e ramos
púbicos su perior e inferio r. Observe a cunha de osso a
ser retirada como enxe rto da parte mais superior do íli o.
B, Visão lateral mostrando o enxe rto posicionado e a
A B fixação com do is fios de Kirschner. VEJA A TÉCNICA 30-10.

• Afaste o múscu lo glúteo máximo lateralmente e exponha espesso, passe uma segunda hemostática inferi ormente ao
)
os músculos do jarrete na sua origem isquiática. ramo e direcione-o superiormente para entrar em contato
•Por dissecção cortante, libere o bíceps femoral, o músculo com a primeira.
mais superficial da área, a partir do ísqu io, e exponha o •Direcione um osteótomo posteromedia lmente e a 15
interva lo entre os músculos semimemb ranoso e semiten- graus da perpendicu lar e realize a osteotomia do ramo
dinoso. O nervo ciático está longe lateralmente o sufi- púbico.
ciente para não ser ameaçado. • A arté ri a, a ve ia e o ne rvo obturat órios são proteg id os
• Insira uma pinça hemostáti ca curva no interva lo entre as pela pinça hemostática. Utilizando a técn ica , conforme
ori gens do semimembranoso e do sem itend inoso, profun- descrito por Salter para osteotomia inominada, divida
damente, no ísquio e para dentro do forame obturado. o ílio com uma serra de Gigli. Quando a osteotomia
•E leve as origens dos obturadores interno e externo e for concluída, libere o pe ri ósteo e a fásc ia da parede
externe a ponta da pinça hemostática na margem infe ri or media l da pe lve para liberar o segmento acetabu lar
do ramo isquiático. Certifique-se de que a pinça hemos- (Fi g. 30-25)
tática permaneça em contato com o osso durante a sua • Se a cabeça femo ral estiver subluxada ou luxada, abra a
passagem profunda até o ramo . cápsula neste momento e remova qua lquer tecido que
•Com um osteótomo direcionado posterolateralmente e a esteja obstruindo a redução. Redu za a cabeça femoral tão
45 graus da perpendicular, divida completamente o ramo próximo quanto possível do centro da cartilagem trirra-
isqu iático. Deixe a origem do bíceps femora l encontrar o diada e feche a cápsula.
seu lugar. • Com uma pinça de campo, segure a espinha ilíaca ante-
• Suture o glúteo máximo à fáscia profunda e feche a pele. roinferior e gire o segmento acetabular na direção dese-
•Troque os capotes, luvas e instrumental e comece, na área jada, geralmente anterior e lateralmente, até que a cabeça
iliopúbica, o segundo estágio da operação. Como alterna- femoral esteja coberta. Em uma criança mais velha, utilize
t iva, os ramos púbicos superior e inferior podem ser disse- um spreader de lâm ina pa ra abrir a osteotomia, porque a
cados e divid idos através de um acesso media l adutor. articu lação sacroilíaca gera lmente é mais estável nesta
Entretanto, se uma incisão posterior for escolhida, prossiga faixa etária e não costuma ser subluxada.
com uma antissepsia completa da pele mediaimente à •Com o fragmento acetabular na posição adequada, esta-
linha média e superiormente ao rebordo costal e coloque bilize-o com um enxerto ósseo triangular removido da
os campos, deixando o membro livre. borda superior do ílio.
•Com um acesso il iofemoral anterior, rebata os músculos • Transfi xe o enxerto com dois pinos penetrando a parede
ilíacos e glúteos da asa do ílio. interna do ílio.
•Libere o sartório e as inserções latera is do ligamento • Deixe os músculos pectíneo e iliopsoas encontrarem seus
inguinal da espinha ilíaca anterossuperior e rebata-os lugares.
media imente. •Reinsi ra o sartório e a extrem idade lateral do ligamento
•Rebata os músculos ilíacos e psoas subperiostea lmente a ingu inal na espinha ilíaca anterossuperior e feche a ferida
partir da tábua interna da pelve; isso protege o feixe por planos.
neurovasc ular femoral .
•Divida a parte tend ínea da origem do ili opsoas e exponha
o tubércu lo pectíneo. Destaque o múscu lo pectíneo, CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Um gesso pelvipodálico
subperiostea lmente, a partir do ramo púbico superior e é apl icado com o quadri l em 20 graus de abdução, 5
exponha o osso 1 cm med ial ao tubércu lo púbico. graus de flexão e rotação neutra. Em 8 a 1O semanas, o
• Passe uma pinça hemostática curva superiormente ao gesso e os pinos são removidos, e os movimentos ativo
ramo púbico superior, no forame obturador, perto do osso. e passivo do quadri l são iniciados. Tod as as três osteoto-
Com essa hemostática, penetre a fáscia obturadora de mias geralmente se consolidam por volta de 12 sema nas
modo que a ponta da hemostática seja trazida para fora, após a cirurgia, momento em que a descarga de peso
na parte inferior ao ramo . Se o osso for particu larmente com muletas é iniciada .
CAPÍTULO 30 ANOMALIAS CONGÊNITAS E DO DESENVOLVIMENTO DO QUADRI L E DA PELVE Gm

O!ijlh@llm Antes {A) e após {B) a osteotom ia transilíaca de Dega.

1 OSTEOTOMIA DE DEGA •Destaque de forma cortante os músculos abdutores da


Em 1969, Dega descreveu uma osteotomia transilíaca para o trata- parede lateral do ílio imediatamente dista l à apófise ilíaca,
mento da displasia acetabular residual secundária à displasia ou mas não abra a apófise em si. Separe completamente os
luxação congên ita do quadril. Essa osteotomia transilíaca incom- múscu los abdutores e o periósteo do íl io e a cápsula do
pleta envo lve as porções anterior e média do córtex interno do ílio, quadril até a incisura isquiática, que fica totalmente
deixa nd o intacta pos teriormente um a dobradiça que consiste no exposta e insira um afastador de Hohmann de tamanho
córtex ilíaco posteromedial intacto e na incisura isqui ática. A técn ica adu lto na incisura. Não disseq ue os músculos ou o peri-
original e as m odificações e os resultados do procedimento foram ósteo da parede interna do íli o.
desc ritos quase exclusivame nte na literatura alemã e polonesa. •Separe a cabeça reflexa do múscu lo reto femoral a partir
Por causa da locali zação variável da dobradiça, a osteotomia da cápsula do quadril e a incise. Separe o tendão da
de Dega pode se r fe ita com a cartilagem tr irrad iada aberta ou cabeça direta do músculo reto femoral a partir da espinha
fechada, embora ela geralmente seja feita antes do fechamento da ilíaca anteroinferior somente quando for necessário para
carti lagem trirradiada. Essa osteotomia é apenas um componente a exposição adequada da cápsula.
da abrangente e complicada cirurgia necessária para tratar a dis- •Isole a porção tendínea do músculo iliopsoas a partir da
plasia congênita grave do quadril em crianças com idade de andar. cápsu la e corte-o transversalmente sobre o aspecto ante-
Ela deve se r acompanhada pela redução aberta satisfatória e pela romedial da cápsu la imediatamente distal ao anel pélvico
co rreção apropriada d a deform idade femoral proximal quando ou mais distalmente próximo à sua inserção.
necessá ri as (Fig. 30-26). •Se necessário, reduza o quadril e rea lize uma osteotom ia
femo ral com encurtamento e rotação para corrigir uma
anteversão excessiva.
•Faça a osteotomia de Dega para dimin uir a displasia
acetabu lar e melhorar a contenção da cabeça f emoral .
OSTEOTOMIA TRANSILÍACA {DEGA) •Ma rque a ori enta ção da osteotom ia no córtex lateral do
ílio (Fig . 30-27B) . A di reção da osteotomia é curvi línea

-------~
TÉCNICA quando visua lizada a partir do córtex latera l, começando
aci ma da espinha ilíaca anteroinferior, curvando de
(GRUDZIAK E WARD) maneira suave cefá lica e posteriormente para alcançar um
ponto superior ao ponto médio do acetábulo e, em
•Posicione o paciente em posição sup ina com o quadril seg uida, continuando posteriormente para termin ar 1,0
envolvido inclinado acima 30 a 40 graus por um coxim a 1,5 cm à frente da incisura isquiática . A porção ma is
colocado no nível médio lombar. cefálica da osteotom ia f ica no meio do acetábu lo, em um
•Faça uma incisão anterolateral estendida começando 1 ponto no ílio determinado pela inclinação do acetábulo .
cm inferior e posterior à espinha ilíaca anterossuperior, As inclinações acetabulares mais acentuadas exigem um
estendendo distal mente sobre a parte proximal do fêmur, ponto médio correspondente mais alto.
centralizada sobre o trocânter maior (Fig . 30-27 A). •Insira um fio-guia sob controle fluoroscópico no ponto
• Desenvolva o intervalo entre os músculos tensores da mais cefálico da linha de marcação curvi línea, direcionan -
fáscia lata posteriormente e o músculo sartório anterior- do-o cauda l e mediaimente para garantir que a osteoto-
mente e li bere o sartório de sua orig em na espinha ilíaca mia sa ia no nível apropriado acima da porção horizonta l
anterossuperior. da ca rtil agem trirradi ada. )
~ PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE DESENVOLVIMENTO

Espinha ilíaca
anterossuperior

~"';:----Reto femoral
--;...--11 iopsoas
Vasto lateral

-=.__,~"'--Aspecto lateral
do fêmur exposto

A B

O local da osteotomia
1 é alavancado para
I

:/\ "º '""


I abrir e receber o

I
I
I

O!§ii;HEim Osteotomia de Dega (ver texto). A, Incisão da pele. B, A linha de osteotomia é marcada no córtex lateral do ílio; o fio-
-guia é inserido para sair acima da porção horizontal da cartilagem trirradiada . C, O osteótomo penetra o córtex interno. D, Vista do lado
interno da pelve mostra a dobradiça cortical posteromedial intacto; o comprimento do córtex interno intacto depende da quantidade de
cobertura anterior e lateral desejada. E, A osteotomia é aberta com a alavanca de osteótomo ou pequena lâmina. F, O enxerto maior é
inserido anteriormente; o enxerto posterior deve ser menor para evitar o afrouxamento do enxerto anterior. (Redesenhada deGrudziak JS,
Ward WT: Dega osteotomy for t he treat ment of co ngenital dysplasia of th e hip, J Bane Joint Surg 83A:845, 200 1.) VEJA A TÉCNICA 30-11 .
CAPÍTULO 30 ANOMALIAS CONGÊNITAS E DO DESENVOLVIMENTO DO QUADRIL E DA PE LVE

•Utilize um osteótomo reto de 0,62 ou 1,25 cm para fazer a osteotomia estiver do acetábulo, mais fino e mais male-
)
o corte do osso, que se estende obliquamente, medial e ável será o fragmento acetabu lar, teoricamente permitindo
inferiormente, para lelo ao fio-guia para sa ir através do que ocorram maior remodelagem e menor redireciona-
córtex interno logo acima das porções iliopú bica e iliois- mento. Essas mudanças tridimensionais na osteotomia são
quiática da cartilagem trirradiada (Fig. 30-27C), deixando difíceis de quantificar, como é verdadeira a natureza
o terço posterior do córtex interno intacto (Fig. 30-270). anatômica de um quadril displásico. Um cirurgião orto-
•Se a cobertura predominantemente anterior for desejada, pédico experiente que está familiarizado com o espectro
corte o córtex medial (interno) sobre a porção anterior e da patologia do quadril displásico e que ap lica os prin-
média, deixando apenas a articulação da incisura isquiá- cípios descritos deve ser capaz de real izar uma osteotom ia,
tica posterior intacta . no entanto, que seja precisamente adequada para a única
•Se uma cobertura mais lateral for desejada, deixe a maior patolog ia de um determinado quadril displásico.
parte do córtex medial intacta, resultando em uma dobra- •Quando a osteotomia é feita, a cobertura satisfatória da
diça posteromedial com base no córtex posteromedial cabeça femoral pode ser observada e o quadri l deve estar
interno e em toda a incisura isquiáti ca. Em geral, aproxi- estável durante a flexão e a rotação.
madamente, um quarto a um terço do córtex pélvico •Após o fechamento, aplique um gesso pelvipodál ico "um e
interno permanece intacto posteriormente. Com experi- meio" com o quadril na extensão neutra, aproximadamente
ência, a osteotomia pode ser feita de forma segura sem 20 graus de rotação interna e 20 a 30 graus de abdução.
orientação fluoroscópica, como na descrição original de
Deg a; no entanto, preferimos utilizar a fluoroscopia. CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O gesso é utilizado durante
• Utilize um osteótomo 1,25 cm como alavanca para abrir 8 a 12 semanas, dependendo da consol idação do local
suavemente o local da osteotomia, anterior ou lateralmente, da osteotomia. Após o gesso ser removido, marcha pro-
de maneira controlada (Fig. 30-27E). Um spreader de lâminas gressiva e ganho de movimento são iniciados, mas
pequenas também é útil para essa manobra. Muitas vezes, nenhuma forma de fisioterapia é prescrita.
enquanto o local da osteotomia está sendo aberto, o corte
da osteotomia, no córtex externo do ílio, se propaga para a
incisura isquiática como uma fratura em galho verde. Entre-
tanto, como a porção posterior do córtex interno ainda está
intacta, a fratura em galho verde da cortical externa não 1 OSTEOTOMIA PERIACETABULAR DE GANZ
enfraquece o recuo e a estabi lidade no local da osteotomia . (BERNESE)
• Mantenha o local da osteotomia aberto, inserindo dois enxer- Ganz et ai. desenvolveram uma osteotomia periacetabular tripla-
tos ósseos corretamente dimensionados (Fig . 30-27F). Modele
nar para adolescentes e adultos com quadris displásicos que exigem
os enxertos a partir de um segmento bicortical do osso da
correção da congruência e da contenção da cabeça femoral. Se
crista ilíaca ou, alternativamente, se o encurtamento femora l
mudanças degenerativas significativas envolvendo a superfície da
foi feito, utilize o segmento do fêmur que foi removido.
cabeça femoral na área de carga estiverem presentes, uma osteoto-
•Se houver uma lacuna substancial no local da osteotomia,
mia femoral proximal pode ser adicionada para fornecer descarga
um enxerto femora l autógeno ou a crista ilíaca pode ser
de peso nas superfícies do fêmur proximal e do acetábulo não
insuficiente. Sob essas circunstâncias, a altura do enxerto
acometidas (Fig. 30-28). As vantagens relatadas da osteotomia
pode ser aumentada, utilizando aloenxerto fibular liofi li-
periacetabular são as seguintes: (1) somente um acesso é utilizado;
zado em formatos trapezoidais.
(2) uma grande quantidade de correção pode ser obtida em todas
•A altura correta do enxerto é determinada simplesmente
as direções, incluindo os planos medial e lateral; (3) o suprimento
pela observação da abertura da lacuna de osteotomia
de sangue para o acetábulo é preservado; (4) a coluna posterior da
criada pelo spreader ou peloosteótomo . Na displasia con-
hemipelve permanece mecanicamente intacta, permitindo marcha
gênita, a deficiência acetabular é mais pronunciada ante-
riormente, obrigando a colocação do enxerto maior mais imediata com muletas, com mínima fixação interna; (5) o formato
anteriormente. Coloque um enxerto menor mais poste- da pelve verdadeira permanece inalterado, permitindo parto
riormente, à frente da in cisu ra isquiática intacta. Garanta normal; e (6) pode ser combinada com a osteotomia trocantérica,
que ambos os enxertos sejam de altura apropriada e que se necessário. A técnica de osteotomia periacetabular de Ganz é
a quantidade de correção do acetábu lo displásico forneça descrita no Capítulo 6.
cobertura suficiente para a cabeça femoral .
•Depois que os enxertos foram inseridos, eles ficam estáveis 1 OPERAÇÕES EM PRATELEIRA
por causa do recuo inerente no local da osteotom ia pro- Os procedimentos em prateleira têm sido utilizados para aumen -
duzido pela incisura isquiática intacta. A fixação metá lica tar o volume do acetábulo; no entanto, as osteotomias pélvicas
interna é desnecessária. As va riações no tamanho e na redirecionais e de luxações têm substituído amplamente este tipo
colocação do enxerto, a extensão dos cortes cortica is exter- de cirurgia. As osteotomias redirecionais são inapropriadas em
nos e internos e a espessura do fragmento acetabular quadris nos quais a cabeça femoral e o acetáb ulo estão deforma-
tornam possível reorientar e remodelar o acetábulo. dos, mas ainda são congruentes, porque o redirecionamento pode
Quanto mais posterior a extensão do corte cortical externo causar incongruência.
e quanto maior a quantidade do córtex interno deixado Staheli descreveu um procedimento de aumento acetabular para
intacto, mais lateral a inclinação do acetábulo. Um ponto criar uma extensão acetabular congruente em que o tamanho e a
de início mais cefálico e um ângu lo de osteotomia mais posição do aumento podem ser facilmente controlados. Um acetábulo
inclinado produzem uma cobertura mais lateral. Um corte deficiente, que não pode ser corrigido por osteotomia pélvica redire-
mais extenso através do córtex interno permite a cobertura cionai, é a principal indicação dessa cirurgia. As contraindicações
mais anterior do quadril. Finalmente, quanto mais próximo incluem quadris displásicos com congruência esférica adequada para
E!) PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE DESENVOLVIMENTO

O@il;f4E!Ell A, Mulher com 28 anos de idade com displasi a acetabular bilateral dolorosa. B, Pós-operatório da osteotomia de Ga nz
do quadr il. (Cortesia de James Guyton, MD.)

osteotomia redirecional, quadris que exijam redução aberta concomi - selecionado e faça uma radiografia anteroposterior para
tante e que devam ter estabilidade complementar e pacientes inade- verificar a posição correta. O assoalho do entalhe deve ser
quados para a imobilização com gesso pelvipodálico. de cartilagem acetabular articular e pouco osso; a extremi-
dade e o teto da fenda devem ser de osso esponjoso .
A fenda deve ter 1 cm de profundidade.
AUMENTO ACETABULAR •Faça a fenda perfurando uma série de furos com uma
FENDIDO broca de 4,0 mm e junte-os com um saca-bocado
estreito . Determine o comprimento do enta lhe intraope-

--------~
TÉCNICA ratoriamente pela necessidade de cobertura. Se exces-
siva anteversão femoral estiver presente, estenda a
(STAHELI) fend a anteriormente. Se o acetábu lo estive r deficiente
posteriormente, estenda a fenda nessa direção.
•Antes da cirurgia, determine o ângulo de centro-borda •Colha lâminas finas de osso cortical e esponjoso a partir da
de W iberg a partir de radiografias pélvicas anteroposte-
superfície lateral do ílio; corte-as tão longas quanto possível.
riores e desenhe um ângulo do centro-borda normal
• Estenda a decorticação superficial inferiormente a partir
(a proximadamente 35 graus) no filme. Meça a largura
da crista il íaca até a margem superior do entalhe pa ra
ad iciona l necessária para estender o acetábulo existente
garantir rápida conso lidação do enxerto no íli o. Não
para alcançar o ângulo norm al (Fi g. 30-29). Isso deter-
rem ova a tábua interna do ílio, porque isso pode alterar
mina a largura do aumento; essa medição ad icionada
o contorno da pelve .
para a profund idade da fenda fornece o comprimento
• Meça a profund idade da fenda e ad icione a mesma
tota l do enxerto.
med ição para a largura do aumento conforme determ i-
•Se o paciente é pequeno ou pode ser facilmente movi-
mentado, utilize uma mesa de cirurg ia padrão com o lado nado de modo pré-operatório.
afetado elevado 15 graus em um coxim. Para os pacientes •Sel ecione as lâminas finas (1 mm) do osso esponjoso e
mais pesados, util ize uma mesa ortopédica e deixe corte-as em retângulos com aproximadamente 1 cm de
exposto o membro envolvido. largura e comprimento apropriado. Monte essas peças
•Faça uma incisão na pele na linh a do biquíni 1 cm aba ixo retangu lares em uma compressa úmida, cortando o sufi-
e paralelo à crista ilíaca. ciente para fornecer uma única camada com o compri-
•Exponha a articu lação do quadril através de um acesso mento do aumento.
iliofemoral padrão. • Aplique a primeira camada radialmente a partir do enta lhe
•Divida o tend ão da cabeça reflexa do músculo reto com o lado côncavo para baixo para fornecer uma exten-
femoral anteriormente e desloque-o posteriormente. Se são congruente.
a cápsula estiver anormalmente grossa (> 6 mm), afine-a • Selecione as ma iores faixas esponjosas para a segunda
"descascando-a" com um bisturi. camada e corte-as para o comprimento da extensão.
•O posicionamento da fenda acetabular é a parte mais Coloque-as em ângu los retos à primeira cama da e para-
crítica do procedimento; a fenda deve ser criada exata- lelas ao acetábulo. Elas podem ser um pouco mais grossas
mente na margem acetabu/ar. Determine a posição da (2 mm), especialmente a lâmina mais lateral, para forne -
fenda colocando um palpador na articulação para sentir a cer uma margem lateral bem-definida na extensão.
posição do acetábulo . Coloque uma broca no local Ambas as camadas devem ser de largura e comprimento
CAPÍTULO 30 ANOMA LIAS CONGtNITAS E DO DESEN VOLVIMENTO DO QUADRIL E DA PELVE Glm

-+-""='---'-'~'----Primeira camada
-',~~~--C á psul a

H[ijii;füE!B) Aumento acetabular em prate leira de Stahe/i . A, A la rgura do aumento (LA) é determinada no pré-operatório a partir
da rad1ograf1a em ortostat1smo anteroposterior da pelve. O â ngulo centro-borda e o ângulo de 35 graus são desenhados. O compri-
mento do e nxerto (ce) é a soma de LA e da profundidad e do e ntalhe . B, O obj etivo do procedimento é fornecer uma extensão con-
gruente de acetábulo. C, Detalhes da extensã o. VEJA A TÉCNICA 30-12.

apropriados. O aumento não deve-se estender muito 1 OSTEOTOMIA DE CHIARI


anteriormente pa ra evitar o bloqueio da flexão do quadril.
A osteotomia de Chiari é um a ar trop lastia de interposição capsular
•Fixe essas duas camadas de enxertos esponjosos ao trazer
e deve ser considerada somente em situações em que outras recons-
a cabeça reflexa do reto femoral até os enxertos e sutu-
truções são imposs íve is, como qu ando a cabeça fe moral não pode
rando-a em sua posição origi nal. Um reta lho capsular
ser cen tralizada adequada mente no ace tábulo ou em qu ad ris dolo-
pode ser substit uído se esse tendão estiver indisponível.
rosamente subluxados com sinais precoces de osteoartrite. Esse pro-
• Corte os enxertos remanescentes em pequenas peças e com-
ced imento aprofund a o acetábulo defici ente por deslocamento
prima-os acima, mas não além da camada inicial. Eles são
medial do fragmento pélvico distal e melhora a cobertura femoral
mantidos no loca l pelos músculos abd utores reinseridos.
superolateral.
• Con f irme a posiçã o e a larg ura do enxert o por rad io-
graf ias.
O procedimento de Chiari é uma cirurgia qu e coloca a cabeça
femo ral aba ixo da sup erfíc ie do osso esponj oso com capacidade para
• Após o fechamento, apl ique um gesso pelvipodá lico un i-
regeneração e corrige o deslocamento lateral patológico do fêmur.
lateral com o quad ril em 1 5 graus de abdução, 20 graus
de flexão e rotação neutra.
Uma osteotomia da pelve é realizada na margem superi or do ace tá-
bul o e a pelve in fer ior à osteotomi a, jun ta com o fê mur, é deslocada
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO mediaimente (Fig. 30-31). O frag mento superior da osteotomia, em
O gesso é removido após
6 semanas; a marcha com auxílio de muletas é permitida com
seg uida, torna-se um a prateleira e a cápsul a é interposta entre ela e
descarga parcial de peso no lado afetado até que o enxerto
a cabeça fe moral.
esteja incorporado, geralmente de 3 a 4 meses (Fig. 30-30). Depo is de utili za r essa ciru rgia em mais de 600 pacientes, 400
dos quais observados por mais de 2 anos, Chiari recomend ou a
~ PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE DESENVOLVIMENTO

magna após doença de Perthes ou osteonecrose após o tratamento


de displasia congênita. Essas indicações são mais amplas que as
indicações geralmente aceitas pela maioria dos ortopedistas pedi-
átricos. Para crianças com menos de cerca de 10 anos de idade, a
osteotomia não é recomendada em subluxações ou em luxações
que possam ser reduzidas cirúrgica ou conservadoramente e nas
quais a osteotomia do osso inominado, a acetabuloplastia ou as
osteotomias que liberam o acetábulo resultariam em um acetábulo
competente. Alguns cirurgiões recomendam a cirurgia para
pacientes com mais de 10 anos de idade que tiveram subluxação
sintomática precoce do quadril com displasia acetabular muito
grave para ser tratada por outras osteotomias pélvicas; para estes,
a osteotomia inominada com deslocamento medial é preferível a
uma operação em prateleira.
A cirurgia de Chiari é uma artroplastia capsular porque a
cápsula é interposta entre o teto acetabular recentemente formado e
a cabeça femoral. Como a biomecãnica do quadril é melhorada pelo
deslocamento do quadril para mais perto da linha média, a claudi-
cação de Trendelenburg muitas vezes é eliminada.

OSTEOTOMIA DE CHIARI

------~
TÉCNICA
•Coloque o paciente em posição supina em uma mesa
ortopédica com o pé preso à placa de tração. Faça uma
leve abdução e gire externamente o quadril afetado.
•Faça uma incisão anterolateral na linha do biquíni ante-
rolateral com cerca de 1O cm de comprimento. Desen-
volva o interva lo entre os músculos tensor da fáscia lata
e o sartório, afastando o último lateralmente.
•Incise a apófise ilíaca em linha com a crista ilíaca. Com
um destaca-periósteo, solte a metade latera l da apófise
junto com o músculo do tensor da fáscia lata e a parte
anterior do músculo glúteo médio.
•Faça a dissecção destes músculos subperiostea lmente e
afaste-os posteriormente.
•Insira um destaca-periósteo entre a cápsula do quadril e
o glúteo mínimo.
•Disseque subperiosteal e posteriormente até o ponto
onde a pelve curva inferiormente.
H@ii@iEl!m Aumento acetabular em prateleira de Staheli. A, •Com um destaca-periósteo curvo, faça a dissecção subpe-
Menina de 14 anos de idade com displasia acetabular direita riostealmente mais posteriormente até que a incisura
dolorosa. B, Quatro meses após a cirurgia. C, Um ano após a isquiática seja alcançada. Substitu a esse destaca por um
cirurgia, excelente incorporação do enxerto. (Cortesia de Lynn afastador metálico flexível em lâmina de 3 cm de largura .
Staheli, MD.) Isso completa a dissecção posteriormente.
•Retorne anteriormente para o aspecto medial do ílio. Com
um destaca-periósteo, retire o músculo ilíaco e o periósteo
subjacente posteriormente até a incisura isquiática.
•Quando a incisura isquiática for alcançada, substitua o
destaca por um afastador metálico flexível em lâmina que
cirurgia nas seguintes situações: (1) para subluxações congênitas toca e se sobrepõe ao afastador em lâmina já na incisura.
em pacientes de 4 a 6 anos de idade ou mais velhos, incluindo •Com tesouras curvas, separe o músculo reto e a sua
adultos (incluindo subluxações que persistem após o tratamento cabeça reflexa da cápsu la da articu lação do quadril. Sec-
conservador de luxações e subluxações previamente não tratadas); cione a cabeça reflexa.
(2) para luxações congênitas não tratadas em pacientes com mais •A osteotomia deve ser feita com um afastador de
de 4 anos de idade, logo após a redução aberta ou fechada; (3) para Hohmann precisamente entre a inserção da cápsula e a
quadris displásicos com osteoartrite; (4) para luxações paralíticas cabeça reflexa do reto, seguindo pela inserção capsular
causadas por fraqueza ou espasticidade muscular; e (5) para coxa
CAPÍTULO 30 ANOMALIAS CONGÊN ITAS E DO DESENVOLVIM ENTO DO QUADRIL E DA PELVE Gllllll

H[êj!jm)€I!IJI Osteotomia de Chia ri . A, Adulto jovem com dor, disp las ia acetabu lar bilateral, maior no lado esquerdo que no direito.
B, Após osteotomia de Chiari do quadril esquerdo. Observe a fi xação intern a opciona l e o en xerto ósseo medial. C, Displasia acetabu lar
bilateral em uma menina de 12 anos de id ade. D, Após a cirurgia, o quadri l direito está comp letamente luxado. E, Um ano após a
osteotom ia de Chiari . (A e B cortesia de Randal Betz, MD .)

em uma linha curva e terminando dista l à espinha ilíaca 30-32B). Entretanto, se os músculos adutores estiverem
anteroinferior anterior e posteriormente na incisura isqui- extrema men te relaxados, pode se r necessá rio manipu-
ática. Não abra ou danifique a cápsula articular. lar a cabeça manualmente o u deslocar o fragmento
•Depois que a linha da ost eotomia for determinada, inicie dista l com um instrum ento. Garanta que o fragm ento
a osteotomia com um osteótomo reto e estreito, abrindo distal sej a des locado sufi cientemente longe media i-
a tá bua lateral do ílio ao longo dessa linha. mente (se necessário, 100% da largura do íli o) de modo
• Determine a posição exata do osteótomo no princípio que o fragmento proxi mal cubra comp letamente a cabeça
usando um intensificador de im agens ou rad iog rafias . f emoral.
Direcione a osteotom ia superiormente, aproxi madamente •Uma fi xaçã o intern a pode ser inserida para proteger e
20 graus, em direção à tábua interna do ílio (Fig. 30-32A) manter o deslocamento adeq uado.
Troque a posição do osteótomo, conforme necessá rio, •Depois que a luxação estiver concluída, diminua a
para fazer a curva da osteotomia superiormente. Não abdução do membro para ap roxim adamente 30 graus.
direcione a osteotom ia ma is de 20 graus superiormente •Se a cápsu la estiver solta, real ize a capsu lorrafia.
porque ela poderia entrar na articul ação sacroil íaca. • Verifique a posição do quadril e a osteotomia por radios-
• Quando a osteotomia for concluíd a, desloque o quadri l cop ia o u rad iografias .
med iaimente, liberando a tra ção na extrem idade e for- •Reposicione e suture a apófise il íaca e feche a ferida.
çando o membro em abdução. O fragmento distal se •Aplique um gesso pelvipodá lico com o quadril em 20 a
desloca media imente, angu lando na sínfise púbica (Fig . 30 graus de abd ução, rotação neutra e extensão neutra. )
lllllD PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE DESENVO LVIMENTO

O@ll;f.'E!IEI Osteotomia de Chiari de deslocame nto medi a l. A, Li n ha de osteotom ia estendendo-se da parte im e di atame nte supe rior
ao láb io do acetá bulo à in cisura isqu iát ica. A osteotom ia pode ser cu rva para faci litar a cobertura da cabeça femoral. B, Osteotomia
concluída com deslocamento me dial de fragme nto d ista l para artrop last ia ca psular interposicional . VEJA A TÉCNICA 30-13.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Em crianças e adultos, o


gesso é removido em 6 a 8 semanas, e os exercícios ativos e
) passivos do quadril são iniciados. A descarga de peso parcial
com muletas é permitida e progride de forma tolerada.

• ADOLESCENTES E ADULTOS JOVENS (> 8 ANOS)


Em cr ianças co m mais de 8 an os ou em adu ltos jovens em que a
cabeça femora l não pode ser repos icionada distalmente para o nível
do acetábu lo, apenas as cirurgias paliativas de salvamento são possíveis.
Raramente, um encurtamento femoral combinado com uma osteoto-
mia pélvica poderia ser considerado, mas as chan ces de criar um quadril
para durar uma vida inteira são mínimas. A redução de um desloca-
mento unilatera l deve ser ser iam ente considerada, mesmo em crian-
ças com 6 anos de idade. Após alguns anos, as mudanças artríticas
degenerativas se desenvolvem na articu lação do quadril. Quando O@lhb'EI!EI Lu xa ção congên ita de qua d ril bil ateral não
essas mudan ças ca usam dor suficiente ou limitação de movimento tratada em menina de 12 a nos de id ade.
qu e exigem cirurgia ad icional, uma cir u rgia reconstrutiva, como
um a a rtrop lastia total do quadril, pode se r in dicada na idade apro-
priada. Agora, a artrodese raramente é indi cada para luxações
ant igas não red uzidas e é contraindicada para luxações bilaterais.
Em luxações bilaterais nesta faixa etár ia, os quadr is deve m se r dei-
xados sem redução (Fig. 30-33) e as artrop lastias do quadril podem é descoberto até que a criança esteja andando, é mais comum que o
ser feitas durante a vida adulta. A doença degenerativa articular é primeiro e não está associado a nenhuma anormalidade.
mais suscetível a se desenvolver na vida adulta precoce em um A coxa vara, muitas vezes bilateral, é caracterizada po r urna
quadri l luxado com um falso acetábu lo na asa do ílio do que em um diminu ição progressiva do ângulo entre o colo femoral e a diáfise,
quadril luxado sem formação d e um fa lso acetábulo. Os pacientes um encurtamento progressivo do membro e a presença de um
com cabeças femorais reduzidas, mas com displasia acetabular dolo - defeito na parte med ial do colo. Microscopica mente, o tecido neste
rosa, podem se r tratados com uma osteotomia pélvica apropriada defeito consiste em cartilagem e se assemelh a a um a fise anorm a l; o
(Tabela 30- 1). Esses e outros procedimentos para preservação d o arranj o das suas célul as é irregular e a ossificação dentro é atípica.
quadr il são desc ritos no Capítulo 6. O osso m etafisário adj acente é osteopo rótico, sua trab ecu lação é
atrófica e, ocas ionalm ente, contém grandes grupos d e células de
cartil agem. Quando se inicia o andar, as forças q ue o colo femora l
COXA VARA CONGÊNITA E DO d eve suportar aum entam e, corno o co lo é fraco, uma deformidade
DESENVOLVIMENTO va ri za nte gradualmente se desenvolve.
Conforme o pac iente se torna mais velho e mais pesado, a defor-
O termo coxa vara congênita foi atribuído a dois tipos de coxa vara midade aumenta até o trocânter maior, eventualmente situando-se
vistos na infância. O primeiro tipo está presente no nascimento, é acima da cabeça femoral; pode haver desenvolvimento de pseudoa r-
raro, e está associado a outras anomalias congênitas, como defic iên- trose do colo femora l. Em adultos, o trocânter pode chegar a se encon-
cia femora l focal proximal ou anoma li as em outras partes do corpo, trar várias polegadas acima da cabeça femoral e, se uma pseudoartrose
como d isostose cleidocraniana. O segundo tipo, que geralm ente não estiver presente, a cabeça femoral pode ser largamente separada do
CAPÍTULO 30 ANOMALIAS CONGÊNITAS E DO DESENVOLVIMENTO DO QUADRIL E DA PELVE Glllll
colo femoral. Após a idade de 8 anos, a probabilidade de obter um
quadril com função normal rapidamente diminui.
O tratamento de escolha para correção da coxa vara de
desenvolvimento é a osteotomia subtrocantérica para colocar o
colo femoral e a cabeça em uma posição valga apropriada com a Linha de
diáfise do fêmur. A cirurgia pode ser adiada até que a criança Hilgenreiner
tenha 4 ou 5 anos de idade, tornando a fixação interna mais fácil. 1

O tratamento cirúrgico é indicado quando a deformidade coxa


vara é progressiva, dolorosa, unilateral ou associada à discrepân- 1
·~=~~~
i~
1
cia do comprimento do membro ou quando o ângulo Hilgenrei- 1-.......__Linha
ner-epífise (H-E) é maior do que 60 graus (Fig. 30 -34). A cirurgia
epifisária
também é indicada quando o ângulo do eixo do colo é de 11 O
graus ou menos. A osteotomia subtrocantérica é fixada interna-
mente com placa-lâmina ou com placa e parafuso (Fig. 30-35). Ângulo H-E
Embora biomecanicamente isso possa fornecer fi xação interna <45º Bom prognóstico
suficientemente rígida para eliminar a necessidade de imobiliza- 45º-59º Monitorar atentamente para progressão
ção pós-operatória, um gesso pelvipodálico pode ser utilizado até >60º Prognóstico ruim ; alto risco de progressão;
cirurgia está indicada
que a consolidação esteja completa.
Independentemente do método de osteotomia, a deformidade
pode recidivar, de modo que as crianças devem ser examinadas h!ijii;@Em Ângulo epifisário de Hilgenreiner (H-E) com mais
periodicamente após a cirurgia até que seu crescimento esteja com- de 60 graus é uma indicação para tratamento cirúrgico da coxa
pleto. O risco de recorrência pode ser diminuído, melhorando o vara congênita.

O@ilít·!EI!l!I Coxa vara congênita. A, Menina com 2 anos de idade com coxa vara congênita. B, Radiografia pré-operatória mostra
o ângulo colo-diáfise com menos de 90 graus bilateralmente aos 5 anos de idade. C, Após osteotomias subtrocantéricas bilaterais e
fixação interna com parafuso pediátrico de quadril.
llllllD PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE DESENVOLVIMENTO

ângulo de H-E para menos de 38 graus. Além de monitorar a recor- e do deslocamento lateral e da rotação externa do acetábulo resul-
rência da deformidade em varo, um número significativo de crianças tantes, os quais, se não corrigidos, resultariam em marcha cam-
com coxa vara tem hipoplasia femoral e discrepância do compri- baleante, em base larga e rodada externamente. Outras anomal ias
mento do membro associadas, que também precisam de monitora- ortopédicas podem estar presentes junto com a extrofia da
mento e podem exigir a equalização dos comprimentos. bexiga, incluindo luxação congênita ou displasia do quadril e
mielomeningocele.

OSTEOTOMIAS ILÍACAS ANTERIORES E


OSTEOTOMIA VALGIZANTE PARA APROXIMAÇÃO DA SÍNFISE PÚBICA
COXA VARA DE DESENVOLVIMENTO
Como a maioria das estruturas urológicas está presente ou é bífida,

--~----~
TÉCNICA a reconstrução é possível. Entretanto, a menos que a sínfise púbica
seja aproximada, a reconstrução urológica é seguida por compli-
• Realize uma tenotomia de adutor através de uma pequena cações, como a formação de físt ulas ou recorrências. Essas com-
incisão medial. plicações parecem ser causadas pela tensão colocada nos tecidos
•Exponha o trocânter maior e a diáfise proximal do fêmur moles durante o fechamento; essa tensão pode ser aliviada pelo
através de uma incisão longitudinal e lateral de 8 a 1O cm. reparo da sínfise púbica. O'Phelan descreveu os resultados das
•Se um parafuso com dispositivo de placa lateral for utili- osteotomias ilíacas posteriores bilaterais e a aproximação da sínfise
zado para fixação interna, insira o parafuso na linh a (Fig. 30-36). Mais recentemente, Sponseller et ai. recomendaram
média do colo femoral como determinado por radiosco- as osteotomias ilíacas anteriores bilaterais, com fixação interna ou
pia ou radiografias anteroposteri or e lateral. Insira o para- externa, citando como vantagens o aumento da mobilidade do
fuso tão perto quanto possível da apófise trocantérica púbis e o aumento da correção e a evitação da rotação do paciente
sem violá-la. Se possível, centra lize o parafuso no colo sob anestesia, o que necessitaria de preparação repetida. A tração
femoral distal à fise anorma l. Se isso for tecn icamente pós-operatória foi desnecessária na maioria dos seus 82 pacientes.
impossível, centra lize o parafuso na cabeça femoral. A deiscência de ferida ou prolapso da bexiga ocorreu em 4% dos
•Faça uma osteotomia transversal ligeiramente distal ao pacientes, e a única complicação importante das osteotomias foi a
parafuso próximo ao nível do trocânter menor. paralisia transitória do nervo femo ral esquerdo em sete crianças.
•Se necessário, pegue uma pequena cunha latera l de osso As crianças mais velhas no momento da osteotom ia mantiveram a
para corrigir o ângulo do eixo do colo para 140 a 150 melhor correção ao longo do tempo. Em um trabalho posterior,
graus. Okubadejo, Sponseller e Gearhart analisaram os registros de 624
•Fixe a placa na diáfise femoral de maneira usual. pacientes que tiveram reparo de extrofia de bexiga e descobriram
•Irrigue a f erida e feche-a em planos, inserindo um dreno que as complicações ortopédicas ocorreram em 26 (4%). Eles divi-
de irrigação-sucção, se desejado. diram as complicações em cinco categorias: complicações ósseas
•Aplique o gesso pelvipodálico "um e meio". no local da osteotomia (19%), complicações ne urológicas no local
da osteotomia (50%), complicações de tração (15%), in fecção pro-
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O gesso é removido em funda (8%) e infecção tardia (8%).
8 a 12 semanas, quando a consolidação radiográfica da Em um relato de 25 pacientes com extrofi a de bexiga, Kasat e
osteotomia tiver ocorrido. O acompanhamento regular Borwankar identificaram 11 fatores importantes para obter um
inclui avaliação de possível recorrência da deformidade e fechamento primário bem-sucedido: ( 1) seleção adequada do
o desenvolvimento de progressiva discrepância do compri- paciente, (2) uma abordagem em estágios, (3) aproximação anterior
mento do membro que precisa de tratamento adicional. dos ossos púbicos com colocação da bexiga e uretra dentro da pelve
verdadeira, (4) osteotomias ilíacas posteriores bilaterais quando
indicadas, (5) fechamento em dupla camada da bexiga, (6) 2 semanas
de cateter ureteral adequado, (7) prevenção da infeção, (8) imobili-
zação pós-operatória prolongada e adequada, (9) tratamento ime-
EXTROFIA DA BEXIGA diato de prolapso da bexiga, (10) prevenção da distensão abdominal
no pós-operatório e (11) descarte de obstrução do esvaziamento da
A extrofia da bexiga ocorre como resultado de uma falha congênita bexiga antes de remover o cateter vesical.
de fusão dos tecidos da linha média da pelve. A anomalia principal As três etapas são realizadas em procedimento cirúrgico
é um mau desenvolvimento da parte inferior da parede abdomina l único: (1) osteotomias ilíacas anteriores; (2) reparo das estruturas
e da parede anterior da bexiga, de modo que a superfície anterior anteriores por um cirurgião urológico; e (3) reparo da sínfise
da parede posterior da bexiga é exposta para o exteri or. As hérnias púbica. Uma sutura espessa e não absorvível pode ser substituída
e outros defeitos da parede abdominal anterior também podem estar por uma fixação com pinos. Embora descrita para tratamento de
presentes mais proximalmente. Entretanto, como observado por crianças mais velhas ou crianças com deformidades recorrentes,
O'Phelan, o ortopedista envolve-se no tratamento por causa da diás- preferimos essa técnica para tratamento inicial precoce e para
tase da sínfise púbica, do alargamento lateral dos ossos inominados crianças mais novas (Fig. 30-37).
CAPÍTULO 30 ANOMALIAS CONGÊN ITAS E DO DESENVOLVIMENTO DO QUADRIL E DA PELVE Gllll

h[Clii;HII!II!I A, Extrofia congê nit a da bex iga em menino recém-nascido. B, Observe a diástase púbica na radiografia com 1 ano de
idade. C, Após as osteotomias ilíacas bilatera is posteriores e reconstrução anterior.

h@il;MEI!liil A, Técnica para reconstrução em extrofia da bexiga (ver text o). A inserção mostra a sutura dos ossos púbicos. B, Radio-
grafia pós-operatória após as osteotomias inom inadas bilaterais anteriores de Sa lter.
~ PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE DESENVOLVIMENTO

OSTEOTOMIAS ILÍACAS BILATERAIS

..
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Uma tração leve de
ANTERIORES Buck ou um gesso pelvipodá lico pode ser usado durante
1 a 2 semanas para manter o conforto e repouso no leito .
TÉCNICA ~ Isso é obrigatório em cri anças com menos de 1 ano de
idade, porque elas têm re lativamente menos osso cortica l
(SPONSELLER, GEARHART E JEFFS) para f ixação, mas as crianças mais velh as podem receber
alta hospitalar mais cedo, se for obtida boa fixa ção
•Coloque o paciente em posição supina na mesa de cirur- externa . A f ixação externa continua durante 4 semanas
gia; realize antissepsia circunferencialmente e estenda em crianças com menos de 2 anos e durante 6 semanas
para todo o corpo abaixo do umbigo. Eleve o sacro com em crianças ma is velhas. A retomada gradua l das ativida-
campos dobrados. des é, então, perm itida. A fisioterapia formal não é neces-
•Faça um acesso il iofemora l anterior para a pelve, seme- sária, mas um andador é úti l durante a primeira semana
lhante àquele usado para uma osteotomia de Salter; de ambu lação em crianças mais velh as.
ambos os lados podem ser expostos simu ltaneamente.
•Exponha amplamente o córtex ilíaco med ial e eleve cui -
dadosamente o periósteo posteriormente em torno da
incisura isquiática, utilizando destacas cu rvos e gazes. REFERENCIAS
•Com uma serra de Gigli, realize as osteotomias inomina-
das de Salter. Se estiver difícil passar a serra, ela pode ser DISPLASIA CONGÊNITA E DO DESENVOLVIMENTO DO
guiada por uma fita umbil ical. Em crianças com menos
QUADRIL
de 6 meses de idade, utilize uma serra oscil atória, porque
a força apl icada pela serra de Gigl i pode causar sepa ração
Aksoy MC, Musdal Y: Subtrochanteric valgus-extension osteotomy for
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•Em crianças com mais de 6 meses, um pequeno fixador 2006.
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•Insira dois pinos em cada asa ilíaca e dois em cada frag-
lopmental dysplasia of th e hip in children: results of seventy- three co n-
mento distal. A pré-perfuração pode ser necessária para secutive osteotomies after twenty-six to thirty- fi ve years of fo llow- up,
prevenir a separação do osso em bebês pequenos. f Bane foint Swg 84A: 178, 2002.
•Coloque um pino no fragmento distal da espinha ilíaca 8orowski A, 1hawrani D, Grisso m L, et ai: 8i laterall y di slocated hip treated
anteroinferior para a incisura, paralelo e 5 a 1O mm infe- with the Pavlik harness are not at a higher risk fo r fa ilure, ] Pediatr Orthop
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posterior profundo da incisura . Bri en EW, Randolph DA Jr, Za hiri CA: Radiographic analysis to determin e
•Insira outro pino rosqueado abaixo deste pino, mas angu- the treatment outcom e in developm ental dysplasia of the hi p, Am
lado externamente em 30 graus. f Ortl10p 29:773, 2000.
• Feche as feridas. Carmi chael KD, Longo A, Yngve D, et ai: The use o f ultrasound to determine
•Tenha um cirurgião urológico para preparar o campo cirúrgico tim ing of Pavli k harness di scontin uati on in treatment of developm ental
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ELE\{AÇÃO CONGÊNITA DA LUXAÇÃO CONGÊ~ITA SINOSTOSE
ESCAPULA (DEFORMIDADE DA CABEÇA DO RADIO 1127 RADIOULNAR
DE SPRENGEL) 1119 CONGÊNITA 1129
PSEUDOARTROSE
TORCICOLO MUSCULAR CONGÊNITA DO
CONGÊNITO 1122 RÁDIO 1128
PSEUDOARTROSE PSEUDOARTROSE
CONGÊNITA DA CONGÊNITA
CLAVÍCULA 1126 DA ULNA 1128

Este capítulo discute a elevação congênita da escáp ula, o torcicolo característica, com diminuição na proporção entre altura e
congênito e a pseudoartrose congênita da clavícula, do rádio e da largura. Foi encontrada uma relação inversa entre a rotação
ulna. As anomalias congênitas da mão e outras anomalias do ante- escap ul ar e o deslocamento superio r; nen huma diferença signi-
braço são discutidas no Capítulo 79. As condições congênitas da ficativa fo i enco ntrada na versão glenoidal. Cho et ai. sugeriram
coluna vertebral são discutidas nos Capítulos 40, 41 e 44. que o ponto de ligação da conexão omovertebral, quando pre-
sente, pode determinar a forma, a rotação e o deslo camento
sup erior da escápula e qu e um a TC tridimensional pode se r úti l
ELE\(AÇÃO CONGÊNITA DA para delinear a deformidad e e planejar a correção da escápula.
ESCAPULA (DEFORMIDADE DE Se a deformidade e a deficiência forem leves, o tratamento não
é indicado; se forem mais graves, a cirurgia pode ser indicada,
SPRENGEL) dependendo da idade do paciente e da gravidade de quaisquer
deformidades associadas. Como a deformidade é mais do que um a
Na deformidade de Sprengel, a escápula se encontra mais elevada simples elevação escapular, os resultados do tratamento cirúrgico da
do que deveria em relação à caixa torácica e, geralm ente, apre- deformidade de Sprengel podem variar. O funcionamento a longo
senta hipoplasia e deformação. Outras anomal ias congênitas prazo e a aparência estética do omb ro devem ser cuidadosamente
podem estar presentes, como costelas cervicais, malformações medidos em relação ao risco cir úrgico e à história natural da defor-
das costelas e anomalias das vértebras cervicais (síndrome de midade. Uma revisão de 26 anos realizada com 22 pacientes com a
Kli ppel-Feil); raramente, um ou mais músculos da cintura deformidade de Sprengel, tratados por observação ou correção
escap ular estão parcial ou completamente ausentes. A gravidade cirúrgica, sugeriu que os pacientes tratados cirurgicamente tiveram
da deficiência funcional está tipicamente relacionada com a gra- quase 40 graus a mais de abdução do que os casos não cirúrgicos,
vidade da deformidade. Se a deformidade for leve, a escáp ula com uma melhora subjetiva na aparência.
ficará apenas ligeiramente elevada e um pouco menor do que o Tenta-se uma cirurgia ideal para trazer a escápula inferior-
normal e o seu movimento, apenas levemente limitado; no mente para perto da sua posição normal logo após 3 anos de idade,
entanto, se a deformação for grave, a escápu la ficará muito porque a cirurgia torna-se mais difícil à medida que a criança cresce.
peq uena e poderá estar tão elevada a ponto de quase tocar o Em crianças mais velhas, um a tentativa de trazer a escápula inferior-
occipício. Muitas vezes, a cabeça do paciente encontra-se des- mente para o seu nível normal pode lesar o plexo braquial.
viada para o lado afetado. Em ce rca de um terço dos pacientes, Várias cirurgias foram descritas para corrigir a deformidade
um ossíc ul o extra, o osso omovertebral, encontra-se presente; ele de Sprengel. Green descreveu a liberação cirúrgica dos músculos da
é const ituído por uma p laca romboidal de cartila gem e osso que escápula, juntamente com a excisão da porção supraespinhal da
fica em um a bainha fascial for te que se es tende a partir do ângulo escápula e qualquer osso omovertebral. A escápula é movida infe-
superior da escápula até o processo espin hoso, a lâmina ou o riormente para uma posição mais normal, e os músculos são reco-
processo espinhoso transversal de uma ou mais vértebras cervi- locados. Outras modificações incluem a sutura da escápula em um
cais inferiores. Uma estrutura óssea semelhante também foi rela- bolso no grande dorsal após girar a escápula e movê-la caudalmente
tada se estendendo desde a borda medial da escápula ao occipício. para uma posição mais normal, evitando a dissecção do músculo
Algumas vezes, uma articul ação bem desenvolvida é encontrada serráti l anterior para que a movimentação seja iniciada imediata-
entre o osso omovertebral e a escáp ula; às vezes ela está ligada à mente após a cirurgia.
escápu la apenas por tecido fibroso. É raro haver uma crista óssea Woodward descreveu a transferência da origem do músculo
sólid a entre os processos espinhosos e a escáp ula. do trapézio para uma pos ição mais inferior sob re os processos
Em uma análise morfométrica utilizando TC tridimensio- espinhosos. Greitemann , Rondhuis e Karbowski recomendaram
nal, Cho et ai. constataram que a maioria das escáp ul as afetadas o procedimento de Woodward para pacientes com perda funcio-
em 15 pacientes com deformidade de Sprengel tinha urna forma nal; para pacientes apenas com problemas estéticos, preferiu-se

1119
lllm> PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊN ITOS E DE DESENVOLVIMENTO

lâ@ii;tijB19 A, Deformidade de Sprengel (lado esquerd o) em um menino de 5 anos de idade. B, Radiografia po steroanterior mostra
elevação congên ita da escápula es querda . C, Radiografia posteroanterior após procedimento de Woodward.

a ressecção parcial do ângul o sup eri o r da escápula. Eles suge ri - um primeiro passo no tratamento cirúrgico da deformidade de
ram qu e os melhores res ultad os são obt idos com o procedim ento Sprengel. Isso não faz pa rte da rotina do tratamento cirúrgico,
de Woo dward porque (1) os músculos são subm etidos a uma mas é reco mendada em deformidades graves ou em crian ças que
incisão mais longa da escáp ul a, o que reduz o risco de fo rm ação aprese ntem sinais de paralisia do plexo braquial após a co rreção
de um queloide, que pod e fixar a escáp ul a em uma posição ruim ; cir úrgica. Outros sugeriram o uso de potenc iais evocados so ma-
(2) é poss ível fazer um a m obili zação m aior; e (3) a cicatri z pós- tosse nsori ais intrao perató rios para monitora r a fun ção do plexo
-o perató ri a não fica tão espessa quanto no procedimento de braqui al durante a correção cir úrgica.
Green. Borges et ai. acresce ntaram a excisão da borda superome-
di al proeminente da escápula ao procedimento de Woodward.
Nós, geralmente, preferimos o procedimento de Woodard (ver
m ais adi ante) (Fig. 31-1) . PROCEDIMENTO DE WOODWARD
Em um esforço para melhorar a fun ção do ombro e a aparên -

------~
cia es téti ca, Mears desenvo lve u um procedim ento que inclui a TÉCNICA
ressecção parcial da escápula, a remoção de qualquer comunicação
omovertebral e a liberação da cabeça longa do tríceps a partir da • Coloque o paciente em decúbito ventra l na mesa de
escápula. Nos oito pacientes nos quais se utili zo u esta técn ica, a ci rurgia e prepare os ombros de modo que a cintura
fl exão médi a melhorou de 100 a 175 graus, e a abdução melhoro u escapu lar envolvida e o braço possam ser manipul ados e
de 90 a 150 graus. Em dois paci entes, formaram -se cicatri zes hiper- escápu la não envo lvida possa ser inspecionada em sua
tróficas na incisão curvi línea; es te problema fo i eliminado pela posição normal.
utili zação de uma incisão transversal nos pacientes posteriores. •Faça uma incisão na linha média do processo espinhoso
Mears observou que uma contratura da cabeça longa do tríceps da primeira vérteb ra cervical distalmente ao da nona vér-
parece representar um a li mitação signifi cativa da abdução co m- tebra torácica (Fig. 31-2A). Corte a pele e os tecidos
pleta em pacientes com defor midade de Sprengel e qu e a liberação subcutâneos lateralmente à bord a med ial da escápula.
desta co nt rat ura per mite o aum ento da ab du ção. Exercícios pós- • Identifique a borda lateral do trapézio na extrem idade
-operatório s ativos e assistidos do ombro são usados para mel ho rar distal da incisão e, por dissecção romba, separe-a do
o fun cionamento. múscu lo grande dorsal subjacente.
A paralisia do plexo braquia l é a co mplicação mais grave da •Por meio de dissecção corta nte, libere a bainha fascial da
cirurgia para a deformidad e de Sprengel. Nessa deformid ade, a origem do trapézio dos processos esp in hosos.
escápu la aprese nta hip op las ia, se comparada com a escáp ul a •Identifique as origens dos múscu los romboide maior e
normal. Durante a cirurgia, a atenção deve ser dirigida à coloca- menor e, por dissecção cortante, liberte-as dos processos
ção da esp inha da escápula no mesmo níve l em que estão no lado espinhosos.
oposto, em vez de alinhar exatamente os ângulos inferi ores d as •Libere os romboides e a parte superior do trapézio dos
escápul as. Para evitar a para lisia do plexo braquial, vá rio s autores músculos da parede torácica anterior a eles.
recomend ara m a divisão da clavícul a no lado ipsolateral , co m o
CAPÍTULO 31 ANOMA LIAS CONGÊNITAS DO TRONCO E DAS EXTREMIDADES SUPERIORES

O[dil;Mn:g Cirurgia de Woodward para a elevação congênita da escápu la. A, El evação da escápu la, origem extensa do trapézio
e a incisão na pele são mostradas. B, A pele foi incisada na linha média. As origens do trapézio e do romboide maior e menor foram
liberadas dos processos espinhosos, e estes músculos foram retraídos latera lmente. O levantador da escápu la, qualquer osso omover-
tebral e qualquer ângulo superior deformado da escápula devem ser cortados. C, O lig amento estreito remanescente do trapézio foi
dividido superiormente ao nível de C4. A escápula e uma lâmina de músculos anexa foram deslocadas inferiormente, e as aponeuroses
do trapézio e dos romboides foram recolocadas nos processos espinhosos em um nível mais inferior. Uma dobra redundante de apo-
neurose do trapézio é formada inferiormente. Uma dobra de aponeurose do trapézio foi incisada, e as bordas livres resultantes foram
sobrepostas e suturadas no local. A borda superior li vre do trapézio também foi suturada. (Modificada de Woodwa rd JW: Congenita l
elevation of the scapula: correction by release and transplantation of muscle origins: a preliminary report, J Bane Joint Surg 43A:2 19, 1961 .) VEJA
A TÉCNICA 31-1.

•Afaste o fascia dos músculos lateralmente para expor •Desloque a escápu la, juntamente com a lâmina de mús-
qua lquer osso omovertebra l ou faixas fibrosas ligados ao cu los anexa dista lmente até que a sua co luna se encontre
ângu lo su perior da escápula. no mesmo nível que o da escápula oposta (Fig . 31-2C).
• Por meio de uma dissecção extraperiosteal, remova o osso •Enquanto mantém a escápula nesta posi çã o, recoloque
omovertebral, ou se o osso estiver ausente, resseque qualquer as aponeuroses do trapézio e dos romboides nos proces-
banda fibrosa ou o músculo levantador da escápula quando sos espinhosos em um níve l mais inferior.
contraturado, evitando lesar o nervo espinhal acessório, os • Na parte distal da incisão, crie uma prega na origem do tra-
nervos dos romboides e a artéria cervical transversa . pézio e excise o tecido em excesso ou incise a prega e coloque
• Se a parte supraespinhal da escápula estiver deformada, uma parte sobre a outra e suture as bordas livres resultantes.
resseque-a junto com seu periósteo; isto libera o levantador
da escápula (se já não tiver sido extirpado), perm itindo que CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Uma imobilização do tipo
a cintura escapular se mova mais livremente (Fig. 31-28). Vel peau deverá ser aplicada e usada durante cerca de 2
•Divida transve rsalmente a fixação remanescente estreita semanas. Exercícios de amplitude de movimento ati vos e
do trapézio ao nível da quarta vértebra cervica l. passivos deverão se r iniciados.
111111!) PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE DESENVOLVIMENTO

em crianças com TMC. Um rastreamento cuid adoso dos quadris e,


MORCELIZAÇÃO DA CLAVÍCULA se necessário, um a ava lição por ul trassom são indicados.
Existem várias hipóteses para a causa do TMC. Entre elas,

-------~
TÉCNICA podem se r citadas: mau posicionamento do fe to no útero, parto
traum ático, infecção e lesão vascul ar. Davids, Wenger e Mubarak
•Faça uma incisão em linh a reta ao longo da clavícula descobriram que a RM de 10 crianças com TMC mostrou sinais no
que se estenda 1,5 cm latera lmente à articu lação ester- músculo esternocleidom astóideo semelhantes aos sinais observados
noclavicular e 1,5 cm med iaimente à articulação no antebraço e na perna depois da síndrome de compartimento.
acromioc lavicu lar. O utras investigações incluíram dissecações de cadáveres e es tud os
•Exponha a clavícula subperiostealmente. de injeção que definiram o compartim ento do músculo esternoclei-
•Divida o osso em 2 cm de uma extremidade a outra, domas tóideo; as medições de pressão de três pacientes com TMC
remova-o e corte-o em pedaços pequenos (morcelizar) . que confirmaram a presença desse compartimento in vivo; e revisão
• Substitua as peças no tubo periosteal e feche-o com clínica de 48 crianças com TMC que mostrou uma relação entre a
suturas interrompidas. posição de nascimento e o lado afetado pela contratura. Estes
•Feche os tecidos subcutâneos e a pele como de costume . achados levaram os autores a postular que o TMC pode representar
a sequela de uma síndrome co mpartim entai intrauterina ou perina-
tal (Fig. 31-4) .
TORCICOLO MUSCULAR Em ge ral, um nód ulo palpáve l está presente no músc ulo ester-
CONGÊNITO nocleidomastóideo afetado ao nascimento ou nas primeiras seman as
de vida. O paciente também pode aprese ntar plagiocefalia e assime-
tria fac ial assoc iadas. A presença do nódulo fibrótico característico
O torcicolo muscular congênito (TMC) é causado por fibrom atose confirma o diagnóstico, tornand o a avaliação radiográfica ainda
dentro do músculo esternocleidomastóideo. Uma massa pode ser mais desnecessária na maior parte dos casos. Quando o diagnóstico
apa lpada ao nasci mento ou torna-se palpável , geralmente, durante permanece duvidoso, rad iografias da coluna cervical são apropriadas.
as primeiras 2 semanas. O torcicolo muscular congê nito é m ais Por fim , alguns autores têm defendido a ultrassonografia para a
comum no lado direito do que no lado esquerdo. Pode envolver o avaliação e o controle do torcicolo muscular congênito.
múscu lo difusamente, mas, mais freque ntemente, está locali zado Quando o TMC é observado no começo da infância, é
perto da inserção clavicular do músculo. A massa alcança tamanho impossível di ze r se a massa que es tá ca usando o TMC irá desa-
máximo em 1 ou 2 meses e pode permanecer do mesmo tamanho parece r es pontaneamente. Lin e Ch ou info rm aram qu e a ultras-
ou diminuir; normalmente, ela diminui e desaparece em 1 ano. Se sonog rafia foi útil para prever quais cri anças poderiam precisar
não desaparece r, o músculo torna-se permanentemente fibrótico e de tratame nto ci rúrgico. Esses pacientes, nos qu ais a alteração
contraído, causando um torcicolo, que também se torna permanente fibrótica foi limitada apenas ao terço inferior do músculo ester-
se não for tratado (Fig. 31-3). nocleidomastóideo, se recuperaram sem cirurgia, enquanto 35%
Embora o TMC seja conhecido há sécu los, sua causa perma- dos pacientes com comprometimento muscular completo preci-
nece desconhecida. Estudos clínicos têm demonstrado que as crian- saram de liberação cirúrgica.
ças com TMC são, mais freq uentemente, o produto de um parto Apenas o tratamento conservador é indicado durante a infân-
difícil e têm uma incidência maior de distúrbios musculoesqueléti- cia. Os pais devem ser orientados a alongar o músculo este rn oclei-
cos associados, como metatarso varo, d isplasia do desenvolvimento domastóideo, manipulando a cabeça da criança. O qu eixo da criança
do quadri l e pé torto. Há uma incidência relatada de luxação con- é girado em direção ao ombro, no lado do músculo esternocleido-
gênita do quadri l ou displasia do acetábulo qu e var ia de 7% a 20% mastóideo afe tado, enquanto a ca beça es tá inclinada em direção ao
ombro oposto. Extirpar a lesão durante a primeira infância é injus-
tificado; a cirurgia deve ser adi ada até que a evolução da fibromatose
esteja completa e, em seg uid a, se necessário, o músc ulo pode ser
liberado em um a ou ambas as extremidades. O TMC normalmente
se resolve com um programa de alonga mento em casa durante o
primeiro ano de vida. No enta nto, Ca nale et ai. constataram que o
TMC não se resolve espontaneamente se persistir além do primeiro
ano de idade. As crian ças que fo ram tratadas durante o primeiro ano
de vida tiveram melhores res ultados do que as crianças tratadas mais
tarde. Verificou-se tam bém que um programa de exercícios teria
mais chances de se r bem-s ucedido se a restrição de movimento fosse
menor do que 30 graus e não houvesse assimetria fac ial ou se a
assimetria fac ial houvesse sido notada apenas pelo examin ador.
O tratamento não cirúrgico após o primeiro ano de idade raramente
tinha sucesso. Independentemente do tipo de tratamento, a assime-
tria facial estabelecida e a limitação de movimento sup erior a 30
graus no início do tratamento impediam um bom resultado.
Qualquer torcico lo permanente piora lentamente durante o
crescime nto. A cabeça fica inclinada para o lado afetado e o rosto
para o lado oposto. Se a deformidade for grave, o ombro ipsolateral
torna-se elevado, e o diâmetro occipital fronta l do crânio pode tor-
H@iiit!iEJll Torcico lo congênito em um menino de 14
nar-se menor do que o normal. Essa deformidade grave pode e deve
meses de idade.
CAPÍTULO 31 ANOMALIAS CONGtNITAS DO TRONCO E DAS EXTREMIDADES SUPERIORES GDlll
Feto Contratura
No útero
1 Torcicolo
Período de dilatação Trabalho Fibrose
flexão, curvatura, rotação de parto

Infarto
Lesão por compressão muscu lar
do esternocleidomastóideo
Parto Isquemia
Lesão por reperfusão muscular
Lesão
no nervo

Edema

Aumento de pressão compartimentar Tamponamento compartimentado

O@ii;@EJl9 Fisiopatologia do torcico lo muscular congênito proposta por Davids, Wenger e Mubarak, que sugeriram que o torcico lo
muscular congênito pode representar a seque la da síndrome compartimenta i intrauterina ou perinatal.

Várias ciru rgias foram co ncebidas para liberar o músculo


esternocleidomastóideo na clavícula. A libertação unipolar do
músculo distalmente é apropriada para deformidades leves. A libe-
ração bipolar proximal e distal pode ser indicada para torcicolo
moderados e graves. A liberação endoscópica do músculo esterno-
cleidomastóideo tem sidodescrita e entre as vantagens sugeridas,
temos: divisão precisa das fibras musculares, preservação das estru-
turas neurovasculares e cicatriz imperceptível; nós não temos expe-
riência com essa técnica e não foram relatadas grandes séries.

LIBERAÇÃO UNIPOLAR
A tenotomia unipolar aberta do músculo esternocleido-
mastóideo pode acarretar aderências da cicatriz até as
estruturas profundas, retorno da inserção da cabeça clavi-
cular ou da cabeça esternal do músculo esternocleidomas-
tóideo, perda do contorno do músculo, falta de correção
O@il;h)EJm Torcico lo não tratado (à direita) em um homem da inclinação da cabeça ou falha da correção da assimetria
de 19 anos de idade; observe a rotação limitada e a plagiocefa lia. facial. A aderência da cicatriz até as estruturas profundas
é mais comum em pacientes mais jovens; portanto, a
cirurgia só deve ser feita após os 4 anos de idade.
ser prevenida por cirurgia durante a primeira infância. Idealmente,
a cirurgia é realizada imediatamente antes da idade escolar de modo TÉCNICA
que permaneça um crescimento suficiente para a remodelação de
assimetria facial, dando tempo suficiente para o crescimento das •Faça uma incisão de 5 cm logo acima e paralela à extre-
estruturas para tornar a dissecção cirúrgica e a liberação mais fáceis. midade media l da clavícula (Fig. 31-6) e aprofunde-a até
Muitos pacientes são vistos pela primeira vez apenas após as defor- os tendões dos anexos esternal e clavicular do músculo
midades se tornarem fixas e o potencial de crescimento remanes- esternocleidomastóideo.
cente ser insuficiente para corrigi-las (Fig. 31-5). No entanto, muitos •Faça uma incisão longitudinal na bainha do tendão e
autores têm sugerido que a liberação cirúrgica em crianças m ais passe uma pinça hemostática ou outro instrumento
velhas pode ser bem-sucedida e deve ser tentada mesmo que a rombo posteriormente aos tendões.
criança se apresente mais tarde. Os resultados clínicos são significa- • Por tra ção na pinça hemostática, tracione os tendões para
tivamente menos bem-sucedidos em crianças que terminaram o fora da incisão superior e inferiormente à pinça hemos-
crescimento do que em crianças que ainda estão nesta fase; entre- tática ; prenda-os e resseque-os a 2,5 cm de suas extre-
tanto, a maioria dos pacientes apresenta melhora acentuada no midades inferiores. Se estiverem contraídos, divida o
movimento do pescoço e na inclinação da cabeça, com resultados músculo platisma e a fáscia adjacente. )
funcionais e estéticos satisfatórios.
~ PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE DESENVOLVIMENTO

• Com a cabeça da criança voltada para o lado afetado e •Feche a inc1sao e ap li que um curativo volumoso que
)
o queixo virado para baixo, explore a 1nc1são com os mantenha a cabeça na posição supercorrigida.
dedos, procurando por quaisquer faixas remanescentes
do músculo contraído ou da fáscia; e, se forem encontra- CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Uma semana após a
dos, divida-os sob visão direta até que a deformidade cirurgia, a fi sioterapi a, incluindo alongamento manu al do
possa , se possível, ser supercorrigida. pescoço para manter a posição supercorrigida, deve ser
•Se após esse procedi mento, a sob recorreção não for ini ciada. O alongamento manual deve ser continuado três
possível, faça uma peque na in cisão transversal inferior vezes por dia, durante 3 a 6 meses; o uso de gesso ou
ao processo mastoide e divida cu idadosamente o órteses é gera lmente desnecessário (Fig . 31-7).
músculo perto do osso. Evite danif ica r o nervo esp inhal
acessório.

LIBERAÇÃO BIPOLAR
A correção cirú rgica em crianças com deformidade grave
ou após o insucesso da ci rurgi a geralmente exige uma
liberação bipolar do múscu lo esternocleidomastóideo.
Ferkel et ai. descreveram uma liberação bipolar modificada
e Z-plastia do músculo para serem usadas nessas circuns-
tâncias. Esta abordagem reduz a aparência afundada o u
oca da extrem idade dista l do esternocleido mastóideo que,
muitas vezes, ocorre com uma tenotomia simples, propor-
cionando, assim, ao paciente um resultado est ético melhor.

TÉCNICA ~
~~~~~~~~~~

(FERKEL ET AL.)

•Faça uma incisão tran sversal proximal curta atrás da orelha


(Fig . 31-8A) e divida a inserção do músculo esternoclei-
domastóideo tran sversa lmente, im ed iatamente distal à
ponta do processo mastoide. Com esta incisão limitada,
o nervo espinhal acessório é poupado, embora a possibi -
lidade de que ele possa t er um percurso anormal deva ser
considerada .
•Faça uma incisão distal com 4 a 5 cm de comprimento,
H@ll;h'Gm Liberação unipolar para torcicolo. Observe a alinhada com as dobras da pele, um dedo proximal da
linha da incisão na pele. extrem idade medial da clavícula e da fúrcula externa.

O(êill;füElllt Menino de 7 anos de idade com torcicolo muscular congênito à esquerda. A, Antes da libera ção supraclavicular uni-
polar. B, Após a liberação unipola r; observe a cicatriz superior à clavícula em linha transversal da dobra cutânea. VEJA A TÉCNICA 31-3.
CAPÍTULO 31 ANOMALIAS CONGÊN ITAS DO TRONCO E DAS EXTREM IDADES SUPERIORES

A B e
H@ll;@B119 Cirurgia de Z-plastia bipolar para torcicolo. A, Inci sões na pele. B, Os anexos claviculares e mastoides do músculo
esternoc leid omast óideo são co rtados, e a Z-plastia é executada na origem esterna l. C, Cirurgi a concluída; observe a preservação da
parte medial do anexo do esterno. (Redesenhada de Ferkel RD, Westin GW, Dawson EG, et ai: Muscu lar torticollis: a modified surgical approach,
J Bane Joint Surg 65A:894, 1983 ) VEJA A TÉCNICA 31-4.

O@ll;tjEJD Liberação bipolar para torc ico lo congên ito . A, Torcicolo congê nito grave (lado direito) em uma garota de 8 anos de
idade. B, Após a li berta ção bipolar. VEJA A TÉCNICA 31-4.

• Divida o tecido subcutâneo e o músculo platisma, expondo •Obtenha o grau desejado de correção através da mani-
os anexos clavicular e esternal do músculo esternocleidomas- pulação da cabeça e do pescoço durante a liberação.
tóideo. Evite cuidadosamente as veias jugulares anteriores e •A li beração de faixas contraídas ad icionais da fáscia ou,
externas e as carótidas e a bainha durante a dissecção. ocasionalmente, do músculo é necessá ri a antes do
•Corte a parte clavicu lar do múscu lo transversalmente e fechamento.
realize uma Z-plastia no anexo do esterno de modo a •Feche as duas incisões com suturas subcuticulares.
preservar o contorno normal em forma de V do músculo
esternocleidomastóideo na linha do pescoço (Fig. 31-88 CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO A fis ioterapia, que con-
e C). Como alternativa, libere a cabeça clavicular direta- siste em alongamento, fortalecimento muscu la r e exercícios
mente da clavícula, enquanto atravessa o cabeça esternal de amplitude ativa de movimento, é instituída no período
em posição proxima l à sua inserção em 1 ou 2 cm. Então, pós-operatório imediato. A tração tipo halo craniano ou um
su ture as duas pontas de um lado ao outro ou de ponta colar cervical também podem ser usados du rante as pri-
a ponta (Fig. 31-SD). meiras 6 a 12 semanas após a ci rurgia (Fig. 31-9).
llllllfD PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE DESENVOLVIMENTO

O@lhMDll!) Pseudoartrose congênita da clavícula. A, Proeminência subcutânea no terço médio da clavícula direita em uma criança
de 4 anos. B, Visão lateral.

provável que o enxerto seja bem-sucedido. A ressecção simples não


PSEUDOARTROSE CONGÊNITA DA é recomendada, pois resulta em extremidades proeminentes e dolo-
CLAVÍCULA rosas dos ossos, proeminência das extremidades durante os movi-
mentos do ombro e assimetria da cintura escapular. A ressecção
A pseudoartrose congênita da clavícula é rara. Várias teorias sobre simples das pseudoartroses fibrosas e das extremidades ósseas
sua ca usa foram propostas. Como a clavícula se desenvolve em duas escleróticas, seguida de dissecção cuidadosa e preservação da pro-
massas separadas por centros de ossificação medial e lateral, a pseu- teção periosteal, para manter a continuidade e aproximação das
doartrose poderia ser explicada por uma falha na ossificação da extremidades ósseas, sem enxerto ósseo ou fixação interna, têm se
ponte pré-cartilaginosa que, normalmente, conecta os dois centros mostrado bem-sucedidas em crianças com menos de 6 anos de
de ossificação. Por outro lado, a pressão direta da artéria subclávia idade. No entanto, a maioria dos autores recomenda excisão da
sobre a clavícula imatura pode ser a causa. A pseudoartrose congê- pseudoartrose, enxerto ósseo e fixação com placa de reconstrução
nita da clavícula ocorre quase sempre à direita; o envolvimento pequena ou um fio de Kirschner intramedular.
bilateral ocorre em aproximadamente 10% dos pacientes. Em uma É mais fác il obter na pseudoartrose congênita da clavícula do
série de 60 lesões unilaterais, 59 foram à direita e, em um paciente que na da tíbia. Quase todos os tipos de enxertos ósseos adequados
com uma pseudoartrose na esquerda, constatou-se dextrocardia. A para a pseudoartrose traumática da clavícula têm sido satisfatórios
pseudoartrose da clavícula está presente ao nascimento e, geral- na pseudoartrose, mas a redução aberta e a fixação interna com
mente, encontra-se no terço médio da clavícula (Fig. 31-10). Os placa e parafusos e enxerto ósseo autógeno do ilíaco produziram
diagnósticos diferenciais incluem disostose cleidocraniana e rara - os resultados melhores, especialmente em crianças mais velhas
mente fa lha de consolidação após a fratura clavicular. (Fig. 31-11).
A pseudoartrose congênita da clavícula pode necessitar de
tratamento, não por causa da dor ou da hipermobilidade da
cintura escap ular, mas, geralmente, por causa de uma aparência
inaceitável ou, ocasionalmente, por causa da dor em pacientes
ado lescentes. Sales de Gauzy et al. descreveram uma síndrome R~DUÇÃO ABERTA E ENXERTO NO
do desfiladeiro torácico em um adolescente com pseudoartrose ILIACO PARA PSEUDOARTROSE
congênita da clavícula. Hiperabdução do braço causada por com- CONGÊNITA DA CLAVÍCULA
pressão da artéria subclávia pela extremidade medial do frag-
mento clavicular latera l. Após a ressecção da pseudoartrose,
enxerto ósseo do ilíaco e fixação de placas, o paciente ficou li vre
TÉCNICA ------~
de dor com recuperação funcional total. Apesar de a pseudoar- •Faça uma incisão transversal de 7,5 cm centrada sobre o
trose congênita da clavícula ser assintomática na infância, o tra- corpo da clavícula, aproximadamente um dedo acima da
tamento cirúrgico pode restaurar a morfologia normal e evitar borda superior do osso.
problemas funcionais ou vasculares na adolescência e na idade •Faça a dissecção através do tecido subcu tâneo para expor
adu lta. A união espontânea é desconhecida e, consequentemente, a clavícula, medial e latera lmente, no terço central, na
qualquer união desejada exige tratamento cirúrgico. A maioria área da pseudoartrose.
dos cirurgiões concorda que o tempo ideal para colocar o enxerto • Exponha o osso subperiostea lmente, protegendo as estru-
é entre 3 e 5 anos de id ade. Apesar de o enxerto poder ser feito turas neurovasculares subjacentes.
em qualquer idade, com o aum ento da idade do paciente, é menos
CAPÍTULO 31 ANOMALI AS CONGÊN ITAS DO TRONCO E DAS EXTREM IDADES SUPERIORES Gm
• Faça o desbridamento local da pseudoartrose de todo o •Fixe a placa na clavícul a como de costume.
tecido fibroso e cartilagin oso até o osso no rm al de forma •Obtenha enxertos ilíacos autógenos e coloque-os sobre
medial e lateral . os aspectos superiores, inferiores e posteri ores da pseudo-
•Dobre uma placa de quatro furos (semitubu lar, compres- art rose.
são din âmica ou recon st rução acetabul ar) para se ajustar •Feche a in cisão em ca madas e a pele com suturas subcu-
aos contorn os do osso. ti cul ares.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Uma t ipoia de lona com


apoio para o braço deve se r usada durante 2 a 3 semanas.
A placa pode ser removida em 12 a 24 meses, ou quando
ocorrer união radiográfi ca .

LUXAÇÃO CON,GÊNITA DA
CABEÇA DO RADIO
A luxação co ngênita da cabeça do rádio é ra ra, mas deve se r ti da
como suspeita qu and o a cabeça do rádio tiver ficado deslocada por
um longo tempo, não houve r nenh um a evidência de qu e a ulna
tenha sido fraturada e a cabeça do rádi o parecer anormalmente
pequena e disforme. Os achados radiológicos são bastante caracte-
rísti cos. O eixo radi al encontra-se anorm almente longo e, geral -
mente, a uln a está anormalmente baixa. A cabeça do rádi o está
luxada, com fre quência poste riormente, mas, algumas vezes, ante-
riorm ente; encontra-se arredondada, mos trando pouca ou nenhum a
depressão na artic ul ação com o capítulo; e, geralmente, está menor
do que o norm al. Ocasionalmente, há uma área de ossificação nos
tecidos ao redor da cabeça do rádi o. O capítul o tamb ém pode se r
pequeno, e o entalhe rad ial da ul na, que deve estar articulado com
a cabeça do rá dio, pode ser pequ eno ou ause nte (Fig. 31-12) . Emb ora
a bilateralidade tenh a sido listada em estudos mais antigos co mo
critério para o diagnós ti co da luxação congê nita da cabeça do rádio,
relatos mais recentes confir maram a existência de luxações unilate-
rais. A luxação congêni ta da cabeça do rádi o pode ser fa miliar,
Oiijii;HBm A, Pseudoa rtrose co ng ênita da clavícula d ire ita especialmente pelo lado patern o, e pode estar associada à condro-
antes de chapea me nto e e nxerto ósseo. B, Aos 7 a nos de idade -osteodistro fi a, acondroplasia, hipocondroplasia, síndrome de Larsen
a pós a re moção da pl aca . e sínd rome unha-patela.

H@il;J4D19 Lu xação co ngê ni ta da cabeça do rá di o. A, Vi são lat e ra l. B, Visão antero post erior.
~ PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE DESEN VOLVIMENTO

H[rill;ffllJID Pseudoartrose congênita do rádio. A, Fraturas fechadas do rádio e da ulna em criança com manifesta ções de neuro-
fibromatose. B, União do rád io após enxerto ósseo dual-onlay.

Um a cab eça do rádio congenitamente luxada é irredutível Outros relataram bons resultados após a ressecção completa
manu a l ou cirurgicamente por ca usa das alterações adaptativas nos do rádio comprometido, com o periósteo circundante e os tecidos
tecidos moles e d a ausência d e sup erfícies n orm ais para a articulação moles, e a transferência fibul ar vascularizada livre. Esta cirurgia
com a uln a e o úmero. Co nsequentemente, a redução aberta da pode ser adiada até a m aturidade esquelética co m a utilização d e
luxação e a recon strução do li gamento an ul ar na infân cia n ão são uma tala no punho até a cirurgia se r realizada. Alternativam ente,
aconselhadas. Q ualquer diminui ção da função normalm ente é p acientes m ais jovens têm sido submetidos a enxertos li.bula res vas-
causada pela limitação da rotação do an tebraço; em crianças, a fisio- cularizados, mas a obtenção de uma fLxação intern a estável pode ser
terapia para melh orar este movimento é o único tratamen to indi - um desafio n este grupo. A fixação por placa e pa ra fu so pode colocar
cado. Se a dor pers istir até a id ade adulta, a cabeça e colo do rádio em risco o suprimento vasc ular d o periósteo ao redor do enxerto
pod em ser excisados. Qualquer ressecção da cabeça do rádio deve fibular, mas a fixação instável apenas com fio s d e Kirschner intra-
ser adiada até que o cresci m ento esteja completo, mas, m es mo assim, medulares e cruzados pode atrasar a união. Em sua revisão da lite-
pode não melhorar o movimento por causa das contraturas d e ratura inglesa, Witoonchart et al. ve rificaram que o enxerto li.bular
tecid os moles. No entanto, a exc isão d a cabeça do rádio d eve se r vascular livre obteve o melhor índice d e consolidação entre os pro-
considerada em caso d e dor em um paciente mais velho e pod e cedimentos relatados: foi bem -suced ido em 18 das 19 pseudoartro-
prop orcionar alguma melhora na amplitud e do movim ento. ses ninares o u radiais relatadas. O enxerto li.bular vascular é descrito
no Capítul o 63.

PSEUDOARTROSE CONGÊNITA
DO RÁDIO PSEUDOARTROSE CONGÊNITA
DA ULNA
A pseudoartrose congênita do rádio é extrem amente rara. Em
pacientes com neu rofibromatose, a p se ud oartrose se d ese nvolve a A pseudoa rtrose congênita da uln a também é extremamente rara.
partir d e um cisto n o rádio e, em ge ral , os pacientes apresentam Ela normalm ente ocorre em pacientes com neurofibromatose e um a
manifestações cutâneas de neurofibromatose ou um forte hi stórico pse ud oartrose congên ita associad a do rádio é comum. A pseudoar-
familiar da doença. trose ulnar produz angulação do rádio, encurtamento do antebraço
Em cada caso relatado, a pseudoartrose d o rádio ocorreu no e luxação da cabeça do rádio (Fig. 3 1- 14) .
terço distal do osso e o fragm ento distal era muito curto. Co mo a Vários métodos de tratamento da pseudoartrose ulnar congênita
lesão está perto da li.se distal do rád io, as extremidades do osso foram descritos, incluindo o enxerto ósseo não vascularizado com e
encontram-se atenuadas e o cúbito apresenta-se relativamente longo. sem fixação interna, criação de um antebraço de Lll11 osso só, enxerto
O tratamento d e escolh a é o enxerto ósseo dual-onlay, como reco- vascularizado li.bular livTe e técn ica de compressão-distração de Ilizarov.
m endado por Boyd para a pseudoartrose co ngê nita d a tíbia (Capí- O enxerto ósseo d a pseudoartrose congênita da ulna geralm ente
tulo 29) . Esta cirurgia recupera o comprim ento, proporciona um a fa lha, mas com o um a c urvatura significativa d o rádio se d ese nvolve
fixação como se fosse um grampo no fragmento dista l osteoporótico, em crianças muito n ovas, a cirurgia precoce é indicada. Se a pseu-
aumenta o tamanh o da extrem idad e distal do fragmento proximal, doartrose se desenvo lveu a partir d e uma lesão cística, a curetagem
e gera lmente resulta em uni ão satisfatória (Fig. 31- 13). precoce do cisto, a fixação interna do osso e o en..xerto ósseo geralmente
CAPÍTULO 31 ANOMALI AS CONGÊN ITAS DO TRONCO E DAS EXTREM IDADES SUPER IORES

O@il;f.!BJD Pseud oartrose congênita da ulna com luxação da cabeça do rádio . A, Antes da cirurg ia. B, Após a excisão da cabeça
do rádio, a criação de si nostose entre o rádio proxim al e a ulna e a fi xação com hastes med ul ares. C, Aparênc ia final do antebraço de
um osso só.


são bem-sucedidos. Na pseudoartrose estabelecida com afilamento das
_1 Clas.sificações da ÃSi~ostose
extremidades do osso, a ulna distal deve ser excisada precocemente para 31 Rad1oulnar Congemta
aliviar o seu efeito de tensionamento sobre o rádio; em seguida, coloca-
se urna tala apropriada no antebraço. Se a cabeça do rádio ficar luxada, Tachdjian
ela deve ser excisada e uma sinostose (antebraço com um osso só) deve Tipo 1: Cabeça do rád io ausente, fusão óssea proxima l
ser produzida entre o rádio e a ulna (Fig. 31-14). Pode ser indicada Tipo li: Lu xação da cabeça do rádio, fusão óssea proximal
também urna osteotomia distal do rádio para corrigir a curvatura do Tipo Ili: Sinostose fibrosa proxima l impedindo a rotação do
braço. O uso do dispositivo de Ilizarov foi relatado em pacientes com antebraço
pequenas "lacunas" de pseudoartrose e fragmentos ósseos de qualidade
aceitável. Bae et al. relataram sucesso com enxerto fibular vascularizado Cleary e Omer
livre em quatro crianças com pseudoartrose congênita da ulna. Em duas Tipo 1: Sinostose f ibrosa
das crianças (3 e 5 anos de idade), a epífise fibular proximal foi incluída Tipo li: Sinostose óssea, redução da cabeça do rádio
no enxerto e observou-se um crescimento contínuo durante 6 e 3 anos, Ti po Ili: Sinostose óssea, cabeça do rádio luxada
respectivamente, após a cirurgia. posteriormente
Tipo IV: Sinostose óssea, cabeça do rádio luxada
anteriormente
SINOSTOSE RADIOULNAR
CONGÊNITA
A sinostose radioulnar congênita geralmente envolve as extremida-
des proximais do rádio e da ulna, fixando, na maioria das vezes, o Duas outras classificações classificam a deformidade com base
antebraço em pronação. É mais frequentemente bilateral do que na presença ou ausência de uma luxação associada da cabeça do
unilateral. A predisposição familiar é frequente, e a deformidade rádio e a existência de uma sinostose fibrosa ou óssea (Quadro 31- 1).
parece ser transmitida pelo lado paterno da fam ília. Wilkie observou Estes dois sistemas de classificação destacam a associação com a
dois tipos. No primeiro tipo, os canais medulares do rádio e da ulna luxação da cabeça do rádio que pode representar um espectro da
estão unidos. A extremidade proximal do rádio apresenta malfor- doença desde o período embrionário precoce. O desenvolvimento
mação e está fundida com a ui.na em vários centímetros (Fig. 31-15). embrionário precoce da sinostose radioulnar também explica a sua
O rádio é mais longo e maior do que a ulna e seus arcos do eixo associação com mu itas outras síndromes congênitas, como a sín-
mais para trás do que o normal. No segundo tipo, o rádio é bastante drome de Apert, a síndrome de Klinefelter, a síndrome de Carpenter,
normal, mas a sua extremidade proximal encontra-se luxada ante- a artrogripose, entre outras.
rior ou posteriormente e está fundida com o eixo ulnar proximal; a A sinostose radioulnar congênita é difícil de tratar. Os tecidos
fusão não é nem tão grande nem tão íntima quanto no primeiro tipo. fasciais são curtos, e suas fibras são dirigidas anormalmente, a
Wilkie afirmou que o segundo tipo muitas vezes é unilateral e que, membrana interóssea é estreita, e os músculos supin adores podem
por vezes, outra deformação, como um polegar supranumerário, ser anormais ou ausentes. As anomalias do antebraço podem ser tão
ausência do polegar ou sindactilia, também pode acontecer. disseminadas que, às vezes, não seria possível fazer uma rotação,
lllllllD> PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊN ITOS E DE DE SENVOLVIMENTO

HtêifüfulJll:!t Sinostose rad ioul nar congên ita . A e B, Prime iro tipo: o rádio proxima l e ulna são fundidos em 3 cm, e o rádio é
amp liado. C e D, Segundo tipo: o rádio é luxado posterior e lateralmente .

mes mo que o rádio e a ulna sejam separados e a membrana interós- norm almente não é in capac itante o suficiente para justificar uma
sea di vidida em toda a sua extensão. Além disso, as expectativas ciru rgia extensa . O movimento do ombro, especialmente qu ando
dos pacie ntes e dos pais po r um a melh ora do movime nto após o o cotovelo é alongado, compensa bem a deformidade na maioria
trata mento cirúrgico mu itas vezes leva à decepção, caso a cirurgia das crianças.
seja tentada. Simplesmente retirar a parte fundi da do rá di o não Ocasionalmente, a osteotomia é indicada em crianças com
melhora o fu ncionamento. Não é aco nselháve l reali za r qua lquer hi perpronação bilateral, mas a posição exata do antebraço é contro-
cirurgia com a esperança de obter pro nação e supinação. Não se versa. Alguns sugeriram posicionar um antebraço em rotação neutra
recomenda cirurgia para a maioria dos pacientes, pois a deformidade pa ra ajudar na higiene. No entanto, o uso disseminado de teclados
CAPÍTULO 31 ANOMALIAS CONGÊN ITAS DO TRONCO E DAS EXTREMIDADES SUPERIORES -

e dispositivos de com unicação portáteis torna uma leve pronação


mais atraente em nações desenvolvidas. Em culturas asiáticas, foi
sugerido que os hábitos alimentares de segurar uma tigela na mão
não dominante podem exigir uma ligeira supin ação.
Seitz, Gordon, e Konsens relataram o uso de um pequeno
dispositivo de fixação externa após a os teotomia denotacional em
uma crian ça de 2 anos de idade com sinostose radiou lnar congê- A
nita. Eles citaram como vantagens dessa técn ica a correção precisa
da rotação, a estabili zação adequada e a prevenção da imobilização
por gesso.
Lin et ai. descreveram U111a técnica de dois estágios para correção Orifício d e \
de deformidades rotacionais graves do ante braço, incluindo a sinostose
radioulnar congênita. Osteotomias percutâneas assistidas por perfura-
''""'"'º' \
ção do rádio e da ulna são realizadas e seguidas 10 dias após por mani-
pulação do antebraço com orientação para a posição funcional desejada.
Não se utiliza fixação interna ou externa; é utilizada a imobilização com B
gesso longo no braço por 6 a 8 semanas. Estes autores relataram melhora
funcional em 25 de 26 antebraços, incluindo todos os 12 antebraços li@i!;t!iUD Correção de sinostose radioulnar congênita com
co m sinostose radioulnar congênita. Apesar de a amplitude de movi - osteotom ias percutâneas assistidas por perfuração do rádi o (A) e
mento não ter sido alterada significativamente, o arco de movin1ento da uln a (B) . Dez dias depois, o antebraço é colocado em um a
ficou em uma posição da mão mais funcional. posição mais funcional. VEJA A TÉCNICA 31 -6.

•Verifique cuidadosamente os pulsos após a manipulação


e monitore a extremid ade atentamente para detectar
sinais de síndrome de compartimento.
OSTEOTOMIA RADIAL E ULNAR PARA •Aplique um gesso longo no braço, que deverá ser usado
CORREÇÃO DA SINO~TOSE por 6 a 8 semanas para possib ilitar a cicatri zação com-
pleta das osteotomias.
RADIOULNAR CONGENITA

------~
TÉCNICA
(LIN ET AL.)
Kanaya e Ibaraki descreveram uma técnica para a mobilização da
sinostose radioulnar congênita com o uso de um enxerto vascularizado
• Com o torniquete inflado, faça uma incisão de 1 a 2 cm
de enxerto livre de fásc ia e go rdura para evitar anquilose recorrente.
sobre a crista dorsolateral do terço distal do rádio (Fig.
O enxerto fo i obtido a partir da face lateral do braço ipsolateral e os
31 -1 6A)
autores relataram morbidade mínima do local doador e nenhuma
•Exponha o osso subperiostealm ente e marque o local da
dificuldade com o fechamento. Os sete pacientes nos quais este
osteotomia com várias perfurações finas que penetrem
procedimento foi feito tiveram melhoras acentuadas na supinação e
na cortica l.
na pronação; em qu ase 4 anos de acompanhamento m édio, nen hum
•Faça uma segunda pequena incisão sobre o aspecto sub-
paciente apresen tou anquilose ou perda reco rrente do retalho.
cutâneo do terço proximal da ulna e exponha e perfure
Ka naya e Ibaraki descobr iram que a adição de um a osteotomia
este osso da mesma forma (Fi g. 3 1-168).
radial ao procedimento impediu a luxação da cabeça do rádio e o
•U se um osteótomo afiado para completar a separação do
aumento do arco de movimento (83 graus em pacientes com osteo-
rádio e, em segu ida, da ulna.
tomia em comparação com 40 graus em pacientes sem osteotomia).
•N ão faça nenhuma tentativa de mudar a posição do
Nós não temos experiência com esta técnica.
braço por enquanto.
•Esvazie o torniquete e obtenha uma hemostasia ade-
quada. Lave as incisões e fech e-as com sutu ras subcuti-
REFERENCIAS
cu lares. Coloque um gesso longo no braço sobre cu rativos
estéreis.
ELEVAÇÃO CONGÊNITA DA ESCÁPULA
• Dez dias depois, remova o gesso com o paciente sob
anestesia geral e prone ou supine o antebraço até a
Andrault G, Salmeron F, Laville JM: Green's surgical procedure in
posição desejada.
Sprengel's deformity: cosmetic and functional results, Orthop
• Obtenha radiografias anteroposteriores e laterais para
Traumatol Surg Res 95:330, 2009.
confirmar a aposição óssea e o alinhamento. Geral-
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dades não dominantes devem ser colocadas em 20
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OSTEOCONDROSE Comprometimento Bilateral 1147 Sinovectomia Artroscópica 1165
OU EPIFISITE 1133 Avaliação por Imagem 1147 Sinovectomia Aberta de
EPIFISITE DE TRAÇÃO DA TRATAMENTO 1147 Tornozelo 1165
BASE DO QUINTO METATARSO (DOENÇA Osteotomia do Osso Inominado 1148 ARTRODESE 1166
DE ISELIN) 1133 1166
Procedimento da Prateleira OSTEOTOMIA
OSTEOCONDROSE DA Lateral 1149 COMPLICAÇÕES DA HEMOFILIA 1166
CABEÇA DO METATARSO
Osteotomia Varizante e RAQUITISMO,
{INFRAÇÃO DE FREIBERG) 1134
Derrotatória 1150 OSTEOMALACIA E
OSTEOCONDROSE DO NAVICULAR OSTEODISTROFIA RENAL 1166
Osteótomia em Cunha de
(DOENÇA DE KÕHLER) 1136
Abertura Lateral 1154 TÍBIA VARA
OSTEOCONDRITE DO TORNOZELO 1137
Artrodiastase 1155 (DOENÇA DE BLOUNT) 1168
EPIFISITE DA TUBEROSIDADE
CIRURGIA RECONSTRUTIVA 1156 OSTEOTOMIAS 1171
TIBIAL (DOENÇA DE
Osteotomia de Extensão e Valgo 1156 COMPLICAÇÕES NEUROVASCULARES
OSGOOD-SCHLATTER) 1137
Osteotomia em Flexão, Valgo e DA OSTEOTOMIA ALTA DA TIBIA 1179
OSTEOCONDRITE DISSECANTE
DO JOELHO
Rotação 1nterna 1157 AFECÇÕES CONGÊNITAS 1181
1139
Queilectomia 1157 OSTEOGÊNESE IMPERFEITA 1181
OSTEOCONDRITE DISSECANTE
DA PATELA 1141 Procedimento de Prateleira 1158 Osteotomias Múltiplas,
OSTEOCONDROSE DO Osteotomia de Chiari 1158 Realinhamento e Fixação
CAPITELO (OSTEOCONDRITE Sobrecrescimento Trocantérico 1158 com Haste Medular 1182
DISSECANTE) 1143 OSTEOCONDRITE DISSECANTE Osteotomia e Haste Medular
DOENÇA DE_ DO QUADRIL 1161 com Haste TriGen 11 86
LEGG-CALVE-PERTHES 1145 HEMOFILIA 1162 NANISMO (BAIXA ESTATURA) 1187
DIAGNÓSTICO 1145 ARTROPLASTIA TOTAL 1163 PARADA FISÁRIA TRAUMÁTICA
Classificação 1146 SINOVECTOMIA 1164 POR PONTE ÓSSEA 1189

associada à perda de vascularização e não deve ser agrupada com as


OSTEOCONDROSE OU EPIFISITE osteocondroses. Somente os distúrbios das epífises que, às vezes, neces-
Os termos osteocondrose e epifisite designam distúrbios do cresci- si tam de tratamento cirúrgico, incluindo a doença de Osgood-Schlatter,
mento ativo da epífise. O distúrbio pode ser localizado em uma única são discutidos neste capítulo.
epífise ou, ocasionalmente, pode envo lver duas ou mais epífises simul-
tânea ou sucessivamente. A causa, em geral, é desconhecida, mas as
evidências indicam uma falta de vascularização que pode ser resul- EPIFISITE DE TRAÇÃO DA BASE DO
tado de trauma, infecção ou malformação co ngêni ta. QUINTO METATARSO (DOENÇA DE ISELIN)
Em algumas epífises, a os teoco ndrose é pec uli ar o suficien te
para se r fac ilmente reconh ecida co mo um a entidade clínica dis - Na literatura alemã, em 1912, lselin descreveu urna epifisite de
tinta. A os teocondros e de algumas ep ífises intra-arti culares pod e tração da base do quinto metatarso que ocorria em adolescentes
se assem elh ar a outras doe nças; no entanto, exige um diagnóstico jovens no momento do aparecimento da epífise proximal do quinto
cuid ado so. A disp lasia epifisári a múltipla pode se assemelhar à metatarso. Esse centro de ossificação sec undário é uma pequ ena tira
doença de Legg-Calvé-Pert hes do quadril. As radi og rafias do tor- de osso em forma de concha, lige iramente orientada obliquamente
nozelo devem ser analisadas para o estreitamento lateral ou o em relação à diálise do metata rso e localizada no aspecto plantar
encunhamento da epífise tibi al di stal, que é uma característi ca da lateral da tub erosidade (F ig. 32- 1). Estudos anatôm icos mostraram
displasia epifisária múltipla. Na doença de Legg-Calvé- Per thes, a que esse osso está localizado dentro do alargamento cartilaginoso
idade óssea, norm almente, encontra-se 1 a 2 anos atrás da id ade no qual o fibular curto se inse re. Geralmente, ele não é visível em
cro nológica, ao passo qu e a idade óssea gera lmente é norm al na radiografias anteroposteriores ou latera is, mas pode ser visto na
displasia epifisária múltipla . visão oblíqua. Ele aparece em meninas de cerca de 10 anos de idade
Estudos histológicos de espéci mes excisadas têm indicado que a e em meninos com aproximadamente 12 anos de idade; a fus ão
doença de Osgood-Schlatter é de origem trawnática, mas não está ocorre cerca de 2 anos mais tarde.

1133
lllllED PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊN ITOS E DE DESENVOLVIM ENTO

O!§i!;fi11!19 Ossificação da epífise no qu into metatarso.

O[ijii@E!m Alargamento e fragmenta ção da epífise (doença


de lse lin).
A doença de Iselin provoca sensibilidade sobre o quinto meta-
tarso proximal proeminente. A descarga de peso produz dor sobre
o aspec to lateral do pé. A participação em esportes que exigem
corrida, salto e drible, causando estresse em inversão no antepé, é
um fator com um. A área afetada sobre a tuberosidade é maior no
lado envolvido, com edema de partes moles e eritema local. A área
é sensível à palpação na inserção do fíbular curto, e a eversão contra
resistência e a flexão plantar ou a dorsiflexão extremas causam dor.
Radiografias oblíquas mostram aumen to e muitas vezes fragmenta-
ção da epífise (Fig. 32-2), além de alargamento da junção óssea-
cartilaginosa. A cintilografia óssea com tecnécio-99m mostra aum ento
da captação sobre a epífise. A não união do quinto metatarso (Fig.
32 -3) foi relatada em vários ad ultos como resultado da doença de
Iselin e fracasso da fusão da epífise.
A epífise unid a não deve ser confundida com urn a fratura e
esta não deve ser co nfundida com a epífise. Os vesalianum, um
sesamoid e no fibular curto (Fig. 32-4) , e a epifisite de tração com
alargamen to da epífise também devem ser diferenciados da doença
de Iselin.
O tratamento visa à prevenção de sintomas recorrentes. Quando
os sintomas são agud os, o tratamento inicial deve diminuir a reação
de estresse e a inflamação aguda causada pelo excesso de tração do
tendão fibular curto. Se os sintomas forem leves, geralmente, a limi-
tação da atividade esportiva, a aplicação de gelo e administração de
anti-inflamatórios não esteroides são suficientes. Se os sintomas forem H!§ii;fiilfl9 Pseudoartrose do quinto metatarso como resul-
graves, pode ser necessária imobilização com gesso. A fixação interna tado de doença de lse lin .
da epífise não é indicada.

OSTEOCONDROSE DJ.\ CABEÇA DO


METATARSO (INFRAÇAO DE FREIBERG) Ocasionalmente, um corpo livre está presente (Fig. 32-6) e a sua
simples remoção pode aliviar os sintomas. Outros procedimentos
A infração de Freiberg geralmente ocorre na cabeça do segundo utilizados incluem raspagem da área esclerótica, substituindo-a
metatarso, mas também pode ocorrer no terceiro (Fig. 32-5), quarto por osso esponjoso (procedimento de Smill ie), transplante osteo-
e quinto metatarso. A cirurgia não é recomendada durante a fase condral (Fig. 32 -7), os teotomia em cu nha dorsal e artroplastia total
aguda, que pode persistir durante 6 meses a 2 anos. Ela pode ser (Fig. 32-8). O tratamento cirúrgico desta doença é discutido no
indicada mais tarde por causa da dor, deformidade e incapacidade. Capítulo 83.
CAPÍTULO 32 OSTEOCONDROSES OU EPIFI SITES E OUTRAS AFECÇÕES DIVERSAS Gim

Os
vesa/ianum

Doença
de lselin

O@ii;MEfm Infração de Fre iberg do segundo metatarso com


dois corpos livres.
O!rili;t.!1!19 O vesa /ianum deve ser distinguido da doença de
lseli n.

e
O[êiil;@E!m A e B, A conde nsação e a esclerose do terceiro metatarso em comparação com o segundo e o q uarto metatarsos
indica m doença aguda de Freiberg precoce em menina de 11 anos de idade. C, A cinti lografia óssea mostra aumento da captação na
cabeça do metatarso, indicando doença de Freiberg; um aumento da captação no colo do metatarso indi caria fratura por estresse.
~ PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE DESENVOLVIMENTO

Côndilo femoral Cabeça metatársica

O@lh@ ~ Diagrama de enxerto osteocondra l colhido em


um local sem sustentação de carga, no côndilo femoral lateral
superior do joelho ipsilateral, e transp lante do enxerto para o
osso da segunda cabeça metatarsal. (Redesenhada de Miyamoto W,
Takao M, Uchio Y, et ai: Late-stage Freiberg disease treated by osteo-
chondral plug transplantation: a case se ri es, Foot Ankle lnt 29:950,
2008)

O@ihf41!19 As radiografias latera l (A) e ob líqua (B) mostram


característica navicular menor e mais esclerótica da doença de
Koh ler.

do navic ular. O suprimento de sangue para o navicular é constituído


A B por numerosos vasos penetrantes em crianças e adultos. O desen-
volvimento do núcleo ossificante é associado mais frequentemente
a uma única artéria, mas a incorporação de outros vasos penetrantes
como parte do suprimento vascular varia; ocasionalmente, um vaso
isolado é a única fonte até a idade de 4 a 6 ano s. O atraso da ossifi-
cação fo i sugerido como sendo o evento mais precoce nas alteraçôes
que conduzem à ossificação irregular, porque a ossificação tardia do
navicular o sujeita a um aumento de pressão que as estruturas ósseas
não podem suportar. A ossificação anormal pode ser uma resposta
do desprotegido e crescente núcleo para estresses normais da des-
carga de peso. Se os vasos ósseos são comprimidos conforme passam
e D através da junção entre a cartilagem e osso, a isquemia resultante
provoca hiperemia reativa e dor. O diagnóstico da doença de Kohler
O@ihffl1!19 Osteotomia para infração de Freiberg . A, Traçado é clínico e exige a presença de dor e sensibilidade na área do tarso
de cunha óssea a ser ressecada . B, Osteotomia da cunha óssea. C, navicular associada a alterações radiográficas de esclerose e taman ho
Fechamento da osteotomia. D, Fi xação da osteotom ia com fio. reduzido do osso (Fig. 32-9). O aparecimento de vários centros de
ossificação, sem aumento da densidade, não deve ser confundido
com a doença de Kohler, e os achados radiológicos semelhantes à
doença de Kohler em um pé assi ntomático devem ser considerados
uma irregularidade da ossificação.
Segundo relatos, a imobilização com gesso produz um a reso-
OSTEOCONDROSE DO NAVICULAR lução mais rápida dos sintom as. Essa é uma condição autolimitante,
(DOENÇA DE KÕHLER) e o tratamento cirúrgico raramente é indicado.
Ocasionalmente, dor e incapacidade se desenvolvem após a
A osteocondrose do navicular tarsal foi originalmente descrita por osteocondrose, quando o navicular torna-se distorcido e esclero-
Kohler em 1908. Os centros de ossificação do navicular aparecem sado, a cabeça do tálus se aplana, as superfícies articulares dos dois
entre 1,5 e 2 anos de idade em meninas e 2,5 e 3 anos nos meninos. ossos se tornam fibriladas e formam-se osteófitos ao longo da
As anormalid ades de ossificação var iam de pequenas irregularida- margem das superfícies articulares. A cirurgia é indicada qu ando
des no taman ho e na forma do navicular a mudanças grosseiras os sintomas incapac itantes persistem. A artrodese é a única cirur-
indistinguíveis de osteocondrose. Esses núcleos oss ificantes anormais gia de va lor, e a arti culação calcaneocuboide é incluída porque a
são mais comuns nos centros de ossificação de aparecimento tardio maioria de sua função se perde quando a articulação talonavicular
CAPÍTULO 32 OSTEOCONDROSES OU EPIFISITES E OUTRAS AFECÇÕ ES DIVERSAS Gm
é fundida. As articu lações mediotársicas (talonavicular e calcaneocu- edema de partes moles, sem fragmentação radiográfica, e que
boide) podem ser artrodesadas por uma técnica semelhante à usada eram ass intomáticos no acompanhamento. Uma forte associação
para as deformidades da poliomielite (Capítulo 34). Os resultados foi observada entre a doen ça de Osgood-Schlatter e a pateta alta.
dessa cirurgia geralmente são excelentes; a maioria dos pacientes fica O aumento da altura da patela pode exigir aumento da força do
livre dos sintomas, mas pode-se perceber perda dos movimentos late- quadríceps para atingir plena extensão, o que poderia ser respon-
rais do pé. Quando os sintomas também surgem a partir das articu- sável pela lesão apofisária. Pode-se argumentar, no entanto, que a
lações naviculocuneiformes, essas articulações devem ser incluídas na patela alta é o resultado de av ulsão crônica da tub erosidade óssea.
fusão. Aqui, é difícil obter artrodese; a fixação interna metálica e a Rob ertsen et al. observaram num exame histológico urna pse udo-
colocação de enxertos de osso esponjoso autógeno são úteis. artrose co berta com cartilagem e nenhum sinal de inflamação.
Eles sugeriram qu e os sintomas persistentes de doença de Osgoo-
d-Schlatter por mais de 2 anos necessitariam de exploração.
OSTEOCONDRITE DO TORNOZELO Krause et ai. concluíram que os sintomas da doença de Osgood
-Schlatter resolvem- se espontaneamente na maioria dos pacientes
A osteocondrite do tornozelo em adultos é discutida no Capítulo 89. e que os pacientes que continuam a apresentar sintomas são sus-
A história natural da lesão em crianças com fises abertas parece ser cetíveis a ter tuberosidades tibiais defo rmadas associadas à frag-
semelhante a da osteocondrose do joelho, em que há cura da lesão mentação da apófise em radiografias iniciais. Lynch e Walsh
com imobilização na maioria das crianças. Bauer et ai., em um estudo descreveram fus ão prematura da parte anterior da fise tibial sup e-
qu e acompanhou 30 crianças com osteocondrite de tornozelo por rior em dois pac ientes com doença de Osgood-Schlatter, que
longo prazo (2'. 20 anos), constataram que apenas um paciente desen- foram tratados conservadoramente, e recomendaram a triagem
volveu artrite grave. Apenas mudanças radiográficas menores ocorre- para essa rara complicação.
ram no restante dos pacientes, em contraste com a osteocondrite do A cirurgia pode ser co nsiderada se os sintomas forem persis-
joelho, na qual a osteoartrite é frequente. Duas das lesões nessa séri e tentes e gravemente incapacitantes; no entanto, a sequestrectomia
estavam localizadas nas superfícies articu lares da tíbia distal, um local tibial (remoção dos fragmentos) não produz melhores resultados do
previa.mente não relatado. Bauer et ai. observaram que as lesões em que qua lquer tratamento conservador. A inserção de estacas de osso
crianças são indistinguíveis daquelas observadas em adultos; no na tuberosidade da tíbia (procedimen to de Bosworth) é simples e
entanto, corno as lesões em crianças curam, pode haver alguma varia- quase sempre aliv ia os sintomas; no entanto, uma proeminência
ção na ossificação do ta.Jus (Fig. 32-10). Independentemente da causa, de má aparência permanece após essa cirurgia. A proeminência
o tratamento inicial deve ser não cirúrgico. óssea pode ser excisada (ressecção de ossículos e tuberoplast ia
tibial) por meio de uma incisão longitudinal no tend ão patelar ou
pela remoção artroscópica do desbridamento ossicular e tubérculo
EPIFISITE DA TUBEROSIDADE TIBIAL tibial. As compli cações relatadas da do ença de Osgood-Schlatter,
(DOENÇA DE OSGOOD-SCHLATTER) tratada cirurgicamente ou não, incluem subluxações da patela,
patela alta, pseudoartrose do fragmento ósseo na tíbia e fus ão pre-
A cirurgia raramente é indicada para a do ença de Osgood -Schlat- matura da parte anterior da epífise com o consequente recurvatum
ter; a doença em geral torn a-se assin tomática, sem tratamento ou do joelho. Por ca usa da possibilidade de recurvatum do joelho, a
com simples medidas conservadoras, como a restrição das ativi- cirurgia deve ser adiada até a apófise fundir. Nós temos removido
dades ou a imobilização por gesso de 3 a 6 semanas. Dois grupos apenas o ossículo com res ultados satisfatórios; acreditamos que
distintos foram identificados: (1) pacientes qu e antes do trata- todo o tubérculo deve ser retirado somente se ele estiver significa-
mento ti veram fragmentação radiográfica e que tinham ossículos tivamente aumentado e a apófise estiver fechada. O montante a ser
separados ou tuberosidades anormalmente ossificadas no acom- excisado (debridado) deve ser determinado no pré-opera.tório, como
panham ento e (2) pacientes qu e, antes do tratamento, tiveram desc rito por Pihlajamaki et al. (Fig. 32-11).

INSERÇÃO DE ESTACAS ÓSSEAS NA


TUBEROSIDADE TIBIAL POR CAUSA
DA DOENÇA DE OSGOOD-SCHLATTER
TÉCNICA ~
---------------------------------~
(BOSWORTH)

•Faça uma incisão longitudinal na linha média de 7,5 cm


de comprimento iniciando-a no terço distal do tendão
H@il;@E!ID Esquerda, Osteocondrite dissecante em criança patelar e continuando distalmente sobre a tuberosidade
com fise distal da tíbia aberta. Direita, Três anos depois, fise fechada, e diáfise da tíbia (Fig. 32-12). Incise o periósteo longitu-
o paciente encontrava-se assintomático e a lesão da osteocondrite dinalmente distal à tuberosidade. )
dissecante não estava mais presente.
~ PARTE IX TRANSTORN OS CONG ÊNITOS E DE DESENVOLVIMENTO

1 1
1 1
1 1
1 1

• •• ••
·- - l _ 1
: A ,' 87
•• •• ••
• • •
• • 1
• • 1
• • •
• • 1
O@i!:tJ.11!19 Técnica de Bosworth de inserção de cavilhas
ósse as para a doença de Osgood-Schlatter (ver texto). VEJA A
TÉCNICA 32-1.
O@ii;biE!lll O índice de tuberosidade da tíbi a avalia a espes-
sura relativa da tuberosidade em radiografias. A linha através
da base da tuberosidad e tibial é paral ela à linha tibial vertica l
média. A linha tibial ve rti ca l média é determinada medindo-se EXCISÃO DA TUBEROSIDADE TIBIAL
o meio da projeçã o da tíbi a a partir de quatro pontos localizados NÃO UNIDA PARA DOENÇA DE
em vários níveis verticai s do córtex da parte proximal do córtex OSGOOD-SCHLATTER
tibial. A altura da tuberosid ade é medida a partir da linha qu e

-------~
corre paralel a à linha tibi al ve rtical média e pa ssa através da base TÉCNICA
da tuberosidade. A base do tubércul o é determinad a aju st ando
a linha através da base estimada da tub erosidad e tibial, de modo (FERCIOT, THOMSON)
que fique paralela à linha ti bial vertica l média e delineie a tube-
rosidade da tíbi a do córtex tibial anteri or. O índice da tuberosidade •Faça uma incisão longitudin al centra lizada sobre a tu be-
tib ial é a razão entre a distância do t opo da tuberosidade (linha ros ida de da t íbia.
pontilhada mais afastada à direita) at é a linha paralela do córtex •Exponha o tendão pat elar e in cise-o longit udinalm ente
tibial anterior (meio da linha pontilhada B) e a dist ância do (Fig. 32-1 3). Eleve o te ndão lat era l e med iaimente e
topo da tuberos idade da tíbi a até a linha média da tíbia (linha ext irpe quaisq uer fragme ntos soltos de osso e córtex
pontilhada mais afastada à esquerda A + B). O índice da tube- tibi al, ca rtil agem e osso es ponjoso suf icientes para
rosidade tibial é calculado dividind o-se o comprimento da linha re move r co mpl et amente qualquer proemin ênci a óssea.
horizontal B pela soma das linhas ho riz ontais A e B. (Redesen hada Não mexa nas marge ns perifé ri cas e distais da inse rção
de Pihlajamaki HK, Matti la VM, Parviainen M, et ai: Long-te rm outcome do te ndão pat elar.
after surgical treatment of unresolved Osgood-Sch latter disea se in •Feche a incisão.
youn g men, J Bane Join t Surg 91A:2350, 2009 .)
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Um gesso cilíndrico para
apoio no mem bro é aplicado e usado por 2 a 3 semanas .
Posteriorm ente, os exercícios são iniciados.

• Com uma serra elétrica, corte duas esta cas de 4 cm de


)
comprimento da tíbi a; faça a base de ca da estaca ma ior
do que a sua ponta. DESBRIDAMENTO ARTROSCÓPICO DO
• Faça dois f uros através da t uberosidade da tíbia - um OSSÍCULO E DA TUBEROSIDADE
perto, mas não em contato com a f ise tibia l proxima l e
in cli nando proxima l e late ralmente, e o outro também TIBIAL PARA DOENÇA DE
dist al à fi se e inclin ando proxima l e med iaimente. OSGOOD-SCHLATTER
•Insi ra as estacas nesses orifícios e resseque suas extremi-

--~----~
da des sa lientes. TÉCNICA
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Um gesso é ap licado da •Faça os porta is pad rão para artroscopia de joelho.
vi rilha até os dedos dos pés e é usado por 2 semanas. •Para melhora r a visu alização do intervalo anterior, eleve
Um gesso cilíndri co para apoio no me mbro é usa do por a local ização dos portais patelar do tendão infero media l
mais 4 se manas . e lat eral ligeiramente.
CAPÍTULO 32 OSTEOCONDROSES OU EPIFISITES E OUTRAS AFECÇÕES DIVERSAS -

1
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1
1
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I
I
I
I
1
1
1

H(§IJ;f41!19 Centros de ossificação anômalos bilaterais (media l


e lateral) no aspecto posterior dos côndilos femorais (sem osteocon-
drite dissecante).

8 de diagnóstico de osteocondrite dissecante do joelho, a RM é um


método altamente sensível para a detecção de osteocondrite disse-
li@l!;f4Eml Excisão de Ferciot e Thomson da tuberosidade cante instável. A presença de um a linha de base de alto sinal de
da tíbia não unida. A, A tuberosidade tib ial está exposta. B, A intensidade entre a lesão e o osso subj acente, uma área cística ou um
proeminência óssea é excisada . VEJA A TÉCNICA 32-2. defeito articu lar focal indicam instabi lidade e podem ajudar no pla-
neamento pré-operatório. A osteocondrite dissecante do joelho em
crianças não deve ser confundida com centros de ossificação anô-
• Usando um shaver mecânico e um dispositivo de ablação malos. Como esses centros de ossificação podem estar presentes em
por radiofrequência, faça a liberação do intervalo ante- ambos os côndilos e em ambos os joelhos, aconselha-se fazer radio-
rior. Visualizando os cornos anteriores do menisco e os grafias de comparação dos joelhos afe tados e não afetados (Fig.
ligamentos intermeniscais e permanecendo anterior a 32-14). Os achados de RM parecem ser diferentes para os centros
essas estruturas, debride agressivamente no declive tibial de ossificação e osteocondrite dissecante.
anterior. A osteocondrite dissecante do joelho em crianças com fise
• Libere as lesões ósseas de seus tecidos moles aderidos. aberta geralmente co nsol ida quando tratada com imobilização por
•Remova os fragmentos pequenos e frouxos com um gesso. Esse tratamento é preferível à excisão do fragmento e criação
rounger pituitário; remova os fragmentos maiores com de uma cratera no início da vida (Fig. 32- 15). Se houver um deslo-
um shaver de abrasão. Estender o joelho e retirar a tensão camento grosseiro, os resultados geralmente são melhores após o
do tendão patelar facilita o desbridamento ao longo do tratamento cirúrgico do que após o tratamento conservador. As
declive tibial anterior. lesões de tamanho grande, com inchaço associado e sintomas mecâ-
nicos, têm menos probabilidade de cura.
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Os pacientes são libera- O tratamento não cirúrgico deve ser sempre considerado em
dos para descarga total de peso e amplitude de movimen- pacientes com fise aberta (Fig. 32- 16); as indicações específicas para
tos irrestrita após a cirurgia. o tratamento cirúrgico de osteocond.rite dissecante em crianças são
dor prolongada, sem evidências de cura durante um período de 6
meses, uma lesão não consolidada em que os sintomas persistem
após o fechamento da fise, uma lesão esclerótica na cratera e um
corpo livre problemático (Fig. 32-17). Em indivíduos com maturi-
OSTEOCONDRITE DISSECANTE DO JOELHO dade esq ueléti ca, a cirurgia é necessária para avaliar melhor a lesão
e instituir o tratamento.
A osteocondrite dissecante do joelho geralmente é unilateral e Saber se a lesão será perfurada (retrógrada ou transarticular) ,
pode ser dolorosa. Apesar de não haver achados físicos específicos excisada, curetada, substituída e fixada, incluindo fragmentos soltos
lllllli> PARTE IX TRANSTORNO S CON GÊNITOS E DE DESENVOLVIMENTO

H@ii;t!11!19 A, Osteocondrite di ssecante do côndil o femoral medial em crian ça com fise aberta. B, Quatro anos depois, a fise est á
fechada e a lesão cicatrizad a.

H@li;fflE!ID A, Osteocondrite dissecante do côndilo femoral medial tratada com imobilizador de joelho em crian ça de 13 an os de
idade com fise aind a aberta. B, Com 3 meses de acompanham ento, o defeito parece estar con solidado; possível corpo osteocondral
livre é observa do. C, Com 5 meses de acompanhamento, o pa ciente encontra -se assintomático, com lesão cicatri zada na radiografia e
corpo livre ass into mático.

ou osso enxe rtad o, depende do tamanho, da estabilidade e da natu- •Faça um a incisão de 1 a 2 cm sobre o côndilo f emoral
reza da localização do local de descarga de peso, o que só pode ser afet ado dista l à f ise f emoral. Para lesões medi ais, a incisão
determinado no momento da cirurgia. No Capítulo 45 são discuti- deve ser imediat amente anteri o r ao liga mento colat eral
dos procedimentos e as técnicas cirúrgicas, incl uindo o uso e as
medi al e, para as lesões laterais, deve ser imediat amente
complicações de parafusos de Herb ert, palitos ósseos, implantes de anteri or ao ligamento colateral lat eral.
pi nos de copolímero poli 96L/4D -lático bioabsorvíveis, enxertos • Com a extremidade inferior em posição anat ômica e o
osteocondra is (mosaicoplas tia), perfuração retrógrada e perfuração joelh o em ext ensão co mpl eta , fa ça perfurações para
retrógrada transepifisá ria em cri anças (Fig. 32- 18) .
passar fi os de Kirschner de tamanho adeq uado na lesão, de
proxi mal para distal, evitando a f ise. Di recione os f ios de
Kirschner em direção à lesão no plano anteropost erior. Uma
imagem anteroposterior com o arco em C lateral deve ser
PERFURAÇÃO EXTRA-ARTICULAR uti lizada a fi m de guiar a perfuração para o def eito, de
modo a não penetra r na articulação do joelho ou violar a
PARA OSTEOCONDRITE DISSECANTE ca rtil agem articular. b sucesso do processo est á relacionado
DO JOELHO com a perfuração da borda corti ca l da lesão Se isso não fo r
~ fe ito, a revascularização provavelmente não irá ocorrer.
TÉCNICA ~~~~~~~--'~ CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O joelho é envolvido
(DONALDSON E WOJTYS) em cu rativo suave após a ci ru rg ia. Os movime ntos são
encorajados e os pacientes são manti dos em apoio pro-
•C oloq ue o pacien t e em decúb ito dorsa l e exam ine o prioceptivo sobre mu letas por 6 semanas . A f isioterap ia
joelho art roscopicame nte pa ra determi nar a est abi li dade deve t er como foco exercícios de am pl itud e de movi-
da ca rt ilagem art icul ar. me nto e trein amento de fo rça de baixa resi st ência.
CAPÍTULO 32 OSTEOCO NDROSES OU EPIFI SITES E OUTRASAFEC ÇÕES DI VERSAS GDllll

li@il;fümfa A e B, Grande defeito de osteocondrite dissecante no côndi lo femoral late ral visto nas imagens de RM e rad iografi a .
O condrob lastoma foi descartado neste paciente com fise a inda aberta . C e D, Após 9 meses de tratamento conservador sem sucesso,
a artroscopia e a fixação com pa rafuso de Herbert foram rea li zadas. No momento da artroscop ia, a lesão foi elevada, mas ane xada .
Esse procedimento exige o uso de intensificador de imagem para a colocação correta do fio-guia e para evitar a f ise com parafusos de
Herbert. E e F, Radiografias pós-operatórias anteroposterior e latera l com parafusos de He rbert em pos ição ace itável.

OSTEOCONDRITE DISSECANTE DA PATELA 40% das vezes, ocorre bilateralmente. Safran et ai. afirmaram que a
RM mostra, em definitivo, que o defeito dorsal não envolve a super-
A osteocond rite d issecante da patela é um a entidade rara que afeta fíc ie articular em comparação com a osteocondrite dissecante (Figs.
o osso sub condral, a sup erfície articular e a ca rtilagem que recobre 32- 19C e D e 32-20C e D). Uma cintilografi a óssea também pode
a superfície da patela. Ela pode aparece r co mo um fragmento elíp- ajudar a diferenciar entre os dois. Na osteocondrite dissecante da
ti co dentro de uma cratera . Em casos raros, ocorre bilateralmente. patela, a cintilografia óssea é excepcionalmente "quente" (Fig. 32-19B)
Com frequ ência é dolorosa e bastante debilitante. Meninos com 10 em comparação com os defeitos dorsais em que são "frios''.
a 15 anos de idade são mais comum ente afetados. O tratam ento da osteocond rite dissecante da patela, especial-
A osteocondrite dissecante da patela deve ser diferenciada de mente em crianças pequenas, cuja fi se ai nd a está aberta, é não cirúr-
um defeito dorsal da pateta de modo que o tratamento cirúrgico gico, se possível. Vários dos nossos pacientes apresentaram uma patela
não seja realizado em um defeito assinto máti co (Tabela 32- 1). As dolorosa após a excisão do fragmento. A restri ção das atividades e a
di fe renças entre os dois são suti s, mas presen tes. Dife rente da imobili zação temporári a são recomendadas para evitar a excisão
os teocond rite d issecante da patela (F ig. 32- 19A), um defeito do rsal cirú rgica. Se o tratamento co nservador fa U1ar, a lesão pode se r
é um defeito sub co ndral assi ntomático simples, na porção supero- perfurada e, se ela estiver solta, mas aind a dentro da cratera, a lesão
lateral da patela, qu e não envolve a ca rtil age m articu lar e, geral- pode ser fixada internamente com um parafuso de Herbert de
m ente, é um achado incidental na ra di og rafi a (Fig. 32-20A e B). pequeno diâm etro. Tivemos pouca sorte com pinos de ácido poli-L
Uma bord a esclerótica está presente em al gun s casos, e, em 20% a -lác tico nessa área. Se um defeito e um corpo livre antigo esti verem
E!) PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE DESENVOLVIM ENTO

~ :· - / Diferenciação entre
Jiiiili 32- 1 Osteocondrite Dissecante da
Patela e Defeito Dorsal da Patela

OSTEOCONDRITE
DISSECANTE DA PATELA DEFEITO DORSAL DA PATELA
Normalmente Normalmente
sintomática assintomática
Separação do fragmento Achado incidental na
condral ou osteocondral radiografia
do osso subcondral
Envolve a cartilagem Não envolve a cartilagem
articular articular
B Raramente bilateral Defeito subcondral
redondo na parte
H[dl!;ME!IEI Ilustração anteroposterior (A) e lateral (B) mos- superolateral da patela;
trando a colocação do pino na osteocondrite di ssecante do joelho borda ocasionalmente
em pacientes com esqueleto imaturo. (Redesenhada de Donaldson esclerótica; 20% a 40% de
LD, Wojtys EM: Extraarticular drilling for stable osteochondritis dissecans ocorrência bilateral
in the skeleta lly immature knee, J Pediatr Orthop 28:831, 2008.) Quente em cintilografias Frio em cintilografias
ósseas ósseas

h[ijihfüEflD Osteocondrite dissecante da patela. A, Radiografia lateral. B, Cintilografia óssea. C e D, Imagens de RM mostram
fragmento osteocondral, incluindo cartilagem articular dentro da cratera.
CAPÍTULO 32 OSTEOCONDROSES OU EPIFISITES E OUTRAS AFECÇÕES DIVERSAS Gl!lll

h@li;@l!E!I A e B, Radiografias de defeito dorsal da patela no quadrante supero lateral. C e D, A RM revela defeito dorsal da
patela com defeito cístico observado, mas sem envo lvimento da cartilagem articular.

presentes, o corpo livre deve ser removido e a cratera debridada e está limitada ao arremesso de uma bola de beisebol. Pode ou não
perfurada. Se o corpo livre parecer ter osso subcondral viável, a existir relação entre osteocondrose e osteocondrite dissecante do
cratera deve ser revitalizada e o corpo livre colocado dentro da capitelo (Fig. 32-21).
cratera e fixado internamente. A maioria dos pacientes com osteocondrite dissecante do capi-
Peters et al. usaram condroplastia artroscópica, remoção de telo relata sintomas de dor no cotovelo e rigidez que são agravados
corpos livres e liberação retinacular em 37 pacientes com sintomas pela atividade e aliviados pelo repo uso. Relatos de bloqueio ou tra-
mecânicos (24 na patela e 13 no sulco troclear). A idade média dos vamento arti cular sugerem a presença de corpos livres dentro da
pacientes era de 15 anos, e 54% tinham fise aberta. A maioria dos articulação. Radiografias anteroposteriores e laterais devem ser
pacientes melhorou após a cirurgia, mas os pacientes com perda da obtidas, e comparações do cotovelo contralateral são úteis para iden-
cartilagem articular tinham crepitação femoropatelar persistente e tificar mudanças sutis no capitelo, rodeado por esclerose subcondral
desconforto. Em nossa experiência, os resultados após a condroplas- demarcada por uma zona semilunar de rarefação característica
tia da patela foram insatisfatórios. (sinal da crescente); lesões mais antigas podem ter uma borda
esclerótica. Corpos livres podem ser vistos dentro da articulação. A
RM muitas vezes identifica alterações precoces de edema medul ar
OSTEOCONDROSE DO CAPITELO antes que as mudanças sejam vistas em radiografias simples.
(OSTEOCONDRITE DISSECANTE) A OCD do cotovelo é mais frequentemente classificada pelos
achados radiológicos:
Little Leaguer's elbow é um termo qu e tem sido usado livremente
para descrever mudanças no cotovelo secundárias ao arremesso la Intacta/ Cartilagem articular intacta, sem perda da
de beisebol, geralmente limitada a capitelo, cabeça do rádio ou estável estabilidade subcondral
epicôndilo medial. Temos observado osteocondrose e osteocon- lb Intacta/ Cartilagem articular intacta, osso subcondral
drite dissecante do capitelo. A causa de ambas é obscura e não instável instável com iminente colapso
llllDD PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊN ITOS E DE DESENVOLVIMENTO

Se um co rpo livre não estiver presente, o tratamento não


cirúrgico geralmente é satisfatório, em especial se a lesão parecer
estável (tipo Ia) . Repousar a articu lação por 3 a 6 semanas, com
o uso de uma órtese de cotovelo art iculada para eliminar o
es tresse excessivo, geralmente permite voltar à at ividade em 3 a
6 meses. As indicações para o trata mento cirúrgico incluem sin-
tomas persistentes, corpos livres sintomáticos, fratura da ca rtila-
gem articular e deslocamento da lesão osteocondral. O manejo
cirúrgico pode envolver a excisão de corpos livres ou de lesões
parcialmente soltas, condroplastia com enxer to osteoco ndral
autógeno (mosaicoplastia) ou perfuração subcondral ou fixação
interna de um fragmento livre. Resultados var iados têm sido
relatados com todas essas técnicas, com taxas de resultados ruins
de até 50%.
Na literatura mais recente, os resultados cirúrgicos parecem
ser melhores, especialmente no que se refere ao movimento, por
causa das técnicas artroscópicas. Os procedimentos artroscópicos
incluem sinovectomia parcial, excisão de corpos livres, perfuração
da cratera ou lesão intacta, fixação interna de fragmento viável ins-
tável e osteotomia do capitelo. Embora os resultados artroscópicos
pareçam ser melhores do que as outras técnicas, nenhum procedi-
mento, como observado por Byrd e Jones, garante o retorno a um
esporte de arremesso, como o beisebol, e o prognóstico deve ser
realista. A artroscopia e especialmente um artrograma do cotovelo
ou RM podem ser indicados quando houver suspeita de um corpo
livre não visto nas radiografias simples. A artroscopia do cotovelo é
descrita no Capítulo 52.

RECON~TRUÇÃO DA
SUPERFICIE ARTICULAR
COM ENXERTO OSTEOCONDRAL
PARA OSTEOCONDROSE
DO CAPITELO
~
TÉCNICA o--~~~~~~~__.~

(TAKAHARA ET AL.)

ARTROSCOPIA DE REMOÇÃO DE FRAGMENTOS


• Após a rea lização da anestesia geral, coloque o paciente
em posi ção supina.
•Inj ete 1O a 20 ml de lidocaín a a 1 % com ep inefrin a na
articula ção do cotovelo. O uso de torniquete geralmente
não é necessá rio.
•Flexione o ombro 90 graus e eleve o cotovelo até que o
braço esteja qu ase vertica l. Mantenha essa posição com
t ração da pele aplicada no antebraço a pa rtir de uma
barra superior.
• Co nfirme a posição adeq uada e a direção dos portais com
h@iiif4l!IJI A, Osteocondrose do capitelo. Incidências ante- uma agul ha de ca libre 23. Crie portai s posterior, postero-
roposterior (B) e de Jones (C) um ano mais tarde mostram evidência lateral, anteromed ial e anterolatera l com uma lâmina
de alguma consolidação, mas parece haver forma ção de osteocon- ponti ag uda.
drite dissecante. •Libere de maneira romba os tecidos subcutâneos evitando
os nervos cutâ neos.
li Aberta Fratura de cartilagem, colapso ou • Alargu e os portais com o uso de câ nulas.
instável deslocamento parcial do osso subcondral •In si ra um artroscópio de 30 graus com 4 mm de diâmetro
Ili Corpo Fragmentos de cartilagem soltos dentro da para remover os corpos livres.
li vre articulação
CAPÍTULO 32 OSTEOCONDROSES OU EPIFISITES E OUTRAS AFECÇÕES DIVERSAS

ABORDAGEM ABERTA PARA REMOÇÃO DE


FRAGMENTOS
•Para um acesso posterolateral, coloq ue o braço em cima
da mesa cirúrgica com o ombro em abdução e o cotovelo
tota lmente fletido.
• Faça uma incisão posterolateral oblíqua na pele de 4 a 6
cm em uma linha a partir da borda posterior do epicônd ilo
lateral ao aspecto posterior da articulação radioulnar.
•Depois de insuflar o torniquete, incise a pele e a fáscia.
Desenvolva o plano intermuscular entre o extensor ulnar
do carpo e o músculo ancôneo ou as fibras musculares.
•Incise a cápsula sobre a lesão capitelar, alongando a
incisão a partir da borda posterior do epicôndilo lateral
até o aspecto posterior da articulação radioulnar.
•Realize uma sinovectomia local limitada.

RECONSTRUÇÃO USANDO ENXERTOS ÓSSEOS


• Após a remoção dos fragmentos soltos artroscopica-
mente ou por meio de uma abordagem aberta, col ha
ósseos osteocondrais cilíndricos da parte lateral do cônd ilo
femoral lateral no nível da articulação patelofemoral,
mantendo o tubo de coleta em um ângulo de 90 gra us
com a superfície articular. De um a três conectores podem
ser necessários dependendo do tamanho do defeito. O@lhffll!l!I Reconstrução da superfície articular do capitelo
• Prepare o leito receptor. umeral utilizando enxertos de plugue osteocondral do côndilo
• Coloque os osteocondrais cilíndricos em direção ao centro femoral lateral. (De Takahara M, Mura N, Sasaki J, et ai: Classificat ion,
do capitelo para obter fixa ção estável. Tome cuidado para treatment, and outcome of osteochondritis dissecans of the hume ral
não danificar a fise capitelar ou a parte distal do fêmur em capitellu m, J Bone Joint Surg 90A:47, 2008 .)
pacientes com esqueleto imaturo (Fig. 32-22). Considerando
que a espessura da cartilagem hialina e a sua curvatura da
superfície diferem entre o cotovelo e o joelho, insira os
conectores de modo a coincidir com a superfície articular
esférica do capitelo. A superfície articular do enxerto osteo- entretanto, que a trombofilia hereditária não está associada à osteo-
condral deve estar ligeiramente deprimida, e não proemi- necrose da doença de Legg-Calvé-Perthes. Embora a investigação
nente em relação à superfície capitelar, devendo o degrau continue, parece que os distúrbios de coagulação não são fatores
ser menor do que 1 mm. Raramente, é necessário raspar a etiológicos na doença de Legg-Calvé-Perthes.
superfície articu lar do enxerto osteocondral. Reconstruir
todo o defeito capitelar não é necessário.
DIAGNÓSTICO
(ilJ!1f411X.lg1)0j1]Qã;f!i(1'3[1) Imobilize o cotovelo durante
1 a 2 semanas e proteja o joelho de flexões vigorosas Diferenciar um quadril irritado com sinovite transitória dos sinto-
durante 3 semanas. A fisioterapia deve se concentrar em mas agudos da doença de Legg-Calvé-Perthes pode ser difícil.
reduzir a dor e o inchaço e recuperar a amplitude de movi- Características diferenciadoras incluem o sexo e a idade do paciente
mento. Três meses após o procedimento, os exercícios do e a duração dos sintomas. A síndrome do quadril irritável ocorre
cotovelo contra resistência leve evoluem para carga total duas vezes com mais frequência em meninos do que em meninas,
aos 4 meses. Arremessar é permitido em 4 a 5 meses se enquanto a doença de Legg-Calvé-Perthes ocorre três vezes mais
não houver dor e a amplitude de movimento do cotovelo frequentemente em meninos do que em meninas. A idade média
volta r a níveis pré-operatórios. O paciente é liberado para dos pacientes com quadril irritável é de 3 anos, e a idade média dos
atividade esportiva completa em 6 a 8 meses. pacientes com doença de Legg-Calvé-Perthes é de 7 anos. Crianças
com quadril irritável têm uma duração média de sintomas de 6 dias,
enquanto as crianças com doença de Legg-Calvé-Perthes têm sinto-
mas presentes durante 6 semanas em média.
DOENÇA OI; A displasia de Meyer pode ser facilmente confundida com
LEGG-CALVE-PERTHES a doença de Legg-Ca lvéPe rthes e conduzir a diagnósticos, proce-
dimentos e tratamentos desnecessários. Verificou-se que a dis-
A causa da doença de Legg-Calvé-Perthes é desconhecida, mas tem plasia de Meyer é mais comum em meninos com menos de 4 anos
provocado controvérsia considerável. Anteriormente, alguns autores de idade e tem mais probabilidade de ser bilateral. Os acha do s
pensavam que uma trombofilia hereditária promovia oclusão trom- característicos incluem centros de ossificação atrasados ou
bótica venosa na veia femoral, causando necrose óssea na cabeça do pequenos na radi ografia, epífise separada ou rachada, alterações
fêmur, finalmente conduzindo à doença de Legg-Calvé-Perthes. císticas, leve dor e claudicação. Condensação, fraturas sub con -
Estudos mais recentes não encontraram uma hipercoagulabilidade drais, fragmentação e sublu xação normalmente não estão presen-
herdada ou uma deficiência na atividade da proteína C, indicando, tes na displasia de Meyer.
~ PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE DESENVO LVIMENTO

As crianças com infecção perinatal pelo vírus da imunodefici-


ência humana (HIV) podem apresentar risco maior de osteonecrose
do quadril, devendo esse diagnóstico ser considerado qu an do as
crianças infectadas com HIV se queixam de dor no quadril ou clau-
dicam. Não se sabe se a do ença de Legg-Calvé-Perthes (osteo ne-
crose) é atribuível ao próprio HIV, a complicações associadas ao
HIV ou se está relacionada com as terapias à infecção.

• CLASSIFICAÇÃO
Quando o diagnóstico estiver estabelecido, o objetivo principal do
tratamento da doença de Legg-Calvé-Perthes é a contenção da
cabeça femoral dentro do acetábulo. Se isso for alcançado, a cabeça
fe moral pode se remodelar de forma concê ntrica, o qu e Salter
chamou de plasticidade biológica.
Catterall et ai. classificaram os pac ientes com essa doe nça
em grupos de acordo com a quantidade de envolvimento da
epífise femoral: grupo I, envolvimento parcial ou de m enos da
metade da cabeça; grupos II e III, envo lvimento de mais da metade
0@11;(41!1!1 Fratura subcondra l tipo B envolvendo mais de
da cabeça e formação de sequestro; e grupo IV, envolvimento de
50% da cabeça femo ral.
toda a epífise. Eles observaram que ce rtos sinais radiográficos
desc ritos como "cabeça em risco" co rrelac ionam -se positivamente
co m resultados ruin s em especial em pacientes dos grupos II , III
e IV. Esses sinais de ca beça em ri sco incluem: (1) sublu xação
la teral da cabeça femora l no acetábulo, (2) calcificação salpicada
lateral à epífise capital, (3) reação metafi sá ria difusa (cistos meta-
fi sá rios), (4) fi se hori zontal e (5) o sinal de Gage, um defeito em
forma de V rad iolucente na epífise latera l e na metáfise adj ace nte.
Eles recom end ara m a co nten ção por osteotomia derrotati va de
varo femoral para cri anças mais ve lh as dos grupos II, III e IV co m
sinais de cabeça em ri sco. As co ntraindi cações inclu em uma
cabeça femoral já defo rm ada e atraso do tratamento de mais de 8
meses após o início do s sintomas. A cirurgia não é recom end ada A B e
pa ra qualquer criança do grup o I ou qu alquer criança sem os
sinais de cabeça em risco.
h@ll;Hml A-C, Classifica çã o do pi lar lateral com base na
Salter e T hompson defe nderam a dete rminação do grau de
altura do pilar lateral.
envolvimento com a descrição da ex tensão da fratura subcondral
na parte sup erolateral da cabeça femora l. Se a ex tensão da
fratura (linha) fo r inferior a 50% da cúp ula sup erior da ca beça
do fémur, o envo lvim ento é considera do do tipo A, e bon s res ul -
tados pod em ser es perados. Se a ex ten são da fratura for m aior
do que 50% da cúpula, o envolvimento é co nsiderado do tipo B, resultado fina l (classificação de Stulb erg) e a perda da altura do pilar.
e resultados moderados o u ruin s podem se r esperados (F ig. Os pacientes do grupo A obtivera m bons resultados unifo rme-
32-23). Segundo Sa lter e Thompson, essa fratura sub co ndral em mente; os pacientes do grupo B, qu e a princípio tin ham menos
toda a sua exte nsão pode se r observa da radiograficamen te ma is de 8 a 9 a nos de idade, obtiveram bons resultados, m as os pacien -
cedo e de form a mai s fácil do que tentar determinar a class ifi - tes com idade sup erior a 8 a 9 anos apresentaram res ultados
cação de Catterall (8, 1 meses em média) . De acordo com esses menos favoráve is; os pacientes do grupo e apresentaram os
autores, se a ca beça fe moral for class ifi cada como do tipo B, piores re sultados, com a maioria de cabeças femorais asféricas,
provavelmente, uma cirurgia, como um a osteotomia in ominada, independentem ente da idade de in ício ou do tipo de tratamento.
deve se r rea li zad a. Ve rificou- se qu e a ex tensão da linh a d a A reprodutibi li dade desse sistem a de classificação foi confi rmada
fratura subcondral , quando prese nte, é mai s precisa para pred i- por 78% dos membros do grupo de es tudo usado. Herring et ai.
ze r a extensão da necrose do que a exte nsão da necrose obser- observaram que as vantagens dessa classificação são: (1) ela pode
vada na RM. Em nossa experiência, no entanto, as fratura s ser apli cada fac ilmente durante as fases at ivas da do ença e (2) a alta
subcondrais estão presentes no início do curso da do ença em correlação entre a altura do pilar lateral e o montante do achata-
apenas um terço do s pacientes e, em bora essa classifica ção seja mento da cabeça femora l na maturidade esquelética permite apre-
um indicador confiável no grupo co m fraturas, ela tem pouco a visão precisa da história natural e dos métodos de tratamento. Price
oferecer qu a nd o se trata de de cidir so bre o tratam ento inicial contestou os co nceitos que sus tenta m que os sinais do pilar lateral
do s outros doi s te rços do s pacientes. permitem a previsão precisa da história natural e do tratamento.
Herring et ai. descreveram uma class ificação baseada na altura Ele observou que o sinal pode mudar de A para C no curso da
do pilar lateral: grupo A, sem envolvimento do pilar latera l; grupo doen ça e que a contenção pode não se r mais benéfica. O sinal pilar
B, pelo menos 50% da altura do pilar latera l preservada; e grupo C, lateral pode ajudar a guiar o tratamento em alguns pacientes;
menos de 50% da altura do pilar lateral prese rvada (Fig. 32-24). Foi contud o, um indicado r de progn óstico para auxiliar na tomada de
encontrada uma co rrelação estatisti camente signifi cativa entre o decisão das fases ini ciais da doença pode se r necessário.
CAPÍTULO 32 OSTEOCONDROSES OU EPIFISITES E OUTRAS AFECÇÕ ES DIVERSAS Gim
• COMPROMETIMENTO BILATERAL natural e a duração prev isível da doença (24 a 36 meses). Rotineira -
Quanto à bilateralidade e ao sexo, os relatos na literatura indi ca m m ente, co locamos pacie ntes em repouso na cama com 0,45 kg de
que (1 ) os pacientes com doença de Legg-Calvé-Perthes bilateral tração cutânea até que a si novite retro ced a (4 a 14 dias). Um pro-
apresentam comprom etim ento mais grave do que os pacientes co m grama d e fisioterapia diária em casa, incluindo amplitud e de mov i-
doença unil ateral, porque a m aioria tem wna cl assifica ção de Cat- m ento ativo e ativo -ass istido e exercícios d e alongamento mu scula r
terall III ou IV ou d e Herring B ou C e taxa de 48% em Stulberg 4 para o qu adri l e o joelh o, é recomendad o de modo a tentar manter
ou 5 em relação à maturidade esquelética e (2) os meninos e as um arco n o rmal de m ov imentação do quadril. Cri anças de 2 a 3 anos
men in as que apresentam a mesma class ificação de Catterall o u a de id ade podem se r ape nas observad as e não necessitam d e trata-
classificação do pilar lateral n o m omento da avaliação inicial podem mento agressivo.
vir a ter resultados semelhantes de acordo com o sistema de classifi- A pe rd a de movimento a qualquer momento indica uma
cação de Stulberg et al. O comprometimento bilateral pode ser con- mud ança s ignificativa no prognóstico. Se a perda de movimento
fundido com displasia epifisári a múltipla dos quad ris. As radiografias for s ignifi cativa e a subluxação latera l estiver ocorrendo, são indi-
das outras articulações e uma radiografia do punho, para d etermin ar cados: o repouso no leito, a tração da pele, a fisioterapi a progres-
a idade óssea (que está atrasad a na doença de Legg-Calvé-Pe rthes), siva passiva e ativa, os exe rcí cios de ab du ção e a terapia n a pisc in a,
ajudam a distinguir os doi s. se possível. Recomend amos a redução fec hada com o pac ien te sob
an es tes ia gera l e ten o tomia percutânea do adutor longo, seguid a
• AVALIAÇÃO POR IMAGEM d e gesso em abdu ção (Petri e) em regim e ambulatorial durante 6
No passado, o diagnóstico muitas vezes era adiado porque as altera- seman as o u mai s.
ções nas radi ografia s simples não se tornam visíveis até 6 seman as ou Nós ra ramente reco m endamos a cirurgia para a doença de
mais após o início clínico da doença de Legg-Calvé-Perthes. A cinti - Legg-Ca lvé-Perthes, por causa d as possíveis complicações após uma
lografia e a RM podem estabelecer o di agnóstico muito mais preco- cirurgia de quadril, seja uma osteotomi a varizante derrotatória ou
cemente. No passado, utilizávamos a cintilografia óssea para tentar uma osteotomia inomin ad a. Se a cirurgia for indicada durante a fase
determin ar mais precocem ente o quanto da cabeça femoral estava ativa d a doe nça, o procedimento a ser usado é controverso. Histo-
comprometido. Comparávam os a captação com a do quadril contra- ricamente, Salter, Cana le et al., Coleman e outros conseguiram "con-
lateral e, se a captação estivesse reduzida a menos de 50% em compa- tenção" por osteotomia pélvica acima d a articulação do quadril ,
ração com a cabeça do fémur oposto no início do curso da doença, a enquanto Axer, Craig, So merville e Lloyd -Roberts et ai. defenderam
doença era considerada Catterall I ou II. Se a captação estivesse redu- a osteotomia variza n te derrotatória. Ma is recentemente, muitos
zida em mais de 50%, a doença era considerada do grupo Catterall III estudos têm enfatizado mais a importância da época e as indi cações
ou IV, Salter tipo B ou pilar lateral tipo C. d a cirurgia do que o tipo d e procedimento, recomendando que a
A RM também parece ser superior à cintilog rafia pa ra descre- in tervenção ci rúrgica d eve ser fe ita na fase inicial de frag mentação
ver a extensão do comprometimento no estágio inicial ou ao lo ngo antes que o remo delam ento d e uma cabeça femoral m a lfor mada
da evolução d a doen ça de Legg-Calvé-Perthes. A RM tornou-se possa ocor rer.
padrão em nossa instituição pa ra d eterminar o gra u de comprom e- O tratamento cirúrgico não pode produzir res ultados melho-
timento, a classificação e o plano de tratamento. res do que o tratamento conservador em pacientes mais jove ns, mas,
em ge ral, m elhores res ultad os foram relatados em crianças tratadas
ci rurgicam ente do que em cri anças tratad as conservadoramente
TRATAMENTO quando o comprometimento da cabeça femora l era grave (pilar
lateral B, B/C).
Um acompanhamento em nossa clínica, durante 22 an os, de 80 A osteotomia varizante d errotatória e a osteotomia ino minada
crianças que tiveram a doença de Legg-Calvé- Perthes unilateral têm vantagens e d esvantagens. A osteotomia varizante derrotatória,
identifico u 84% de bons resultados, 11 % de resultados moderados teori camente, permite maior cobertura. Contudo, se ocorrer corre -
(aparência radiográfica insati sfató ria, mas exame clínico normal , ção excessiva (varo) e se a fise capital femoral fec har prematura-
se m sintomas) e 9% de resultados ruins (aparência radiográfica insa- m ente como resultad o d a doe nça, a deformidade excessiva em varo
ti sfatória e sintomas significa tivos). A partir dessa série, vári as con - pode persistir. Teoricam ente, um ligeiro aumento no comprimento
clusões foram obtidas, como se segue: d o membro pode o correr com osteotom ia inominada, enqu anto o
1. A maior parte dos pacientes pode ser tratada por métodos se m encurtamento leve pode ocorrer com um a osteotomia varizante. A
contenção e obter bons resultados (84%). compressão de uma cabeça femoral já comprom etida tamb ém pode
2. Resultados clíni cos satisfatórios, frequentemente, podem ser ocorrer com osteotomia inomin ada. O s dois procedimentos exigem
obtidos no acompanhamento a longo prazo, apesar de uma apa- gesso pelvipodálico e uma segunda cirurgia para remover o material
rência radiográfica insatisfatóri a (nove qu ad ris). de os teossíntese, e ambos têm compli cações semelhantes a qu alquer
3. A class ifi cação d e Catterall é um indi cador válido d e res ultados, grande cirurgia no quadril. Não foi demonstrado qu e algum pro ce-
m as não é aplicável como um guia terap êutico para um a médi a dimento possa acelerar a reso lução do processo da doença. Embora
de 8, 1 meses após o in ício d a doença. vários autores recom end em um procedimento em detrim en to de
4. Os sin ais de cabeça em ri sco pouco acrescen taram à classifica- outro, até que haj a ev idências conclusivas de sup eriorid ade, parece
ção d e Catterall como um indicador d e prognóstico ou guia que a escolh a deve ser ditada pela familiaridade e a experiê ncia do
terapêuti co. cirurgião co m determin ado procedimento.
5. Todos os resultados regul ares e ruins ocorreram em pacientes A Artroplastia e m prateleira tem sid o defendida para a doen ça
com envolvim ento Cattera ll III ou IV e in ício da doen ça com 6 de Legg-Ca lvé-Perthes grave (Catterall III ou IV) nos estágios ini-
anos de idade ou mais. (Um a class ificação de Catterall III ou IV ciais (fragmentação), com a in corporação do enxe rto em prateleira
é equiva lente aos grupos d e Herring B e C) . na pelve com o res ultado do co ntínuo cresc im ento das estruturas do
Nosso protocolo de tratam ento atual para crianças com 4 anos acetábulo lateral. Embora a cobertura e o tamanho acetabular
de idade ou mais co meça com a explicação aos pais sobre a história possam aumentar em cr ianças com menos de 8 anos de idade, essas
11111) PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE DESENVOLVIMENTO

mudanças são observadas em acompanhamento de curto prazo, va lgizante subtrocantérica é indicada; (2) cabeça femoral malfor-
enquanto a quantidade de cobertura no acompanhamento de longo mada no grupo Catterall III tardio ou no grupo residual IV, para a
prazo foi semelhante à obtida por osteotomia inominada. qual a queil ec tomia de Garceau pode se r utili zada; (3) coxa magna,
A distração da articulação do quadril (artrod iastase) com para a qual a prateleira daria cobertura; (4) grande cabeça femoral
fixador externo durante uma média de 4 meses fo i descrita em malformada com subluxação lateral, para a qual a osteotomia pélvica
crianças mais velhas com do ença de Legg-Calvé-Perthes ativa e pode ser considerada; e (5) fechamento da fi se capital femoral, para
grave. Muitas complicações menores, como quebra de pino e traços o qual o avanço ou a epifisiodese trocantérica podem ser exec utados.
de infecções, foram relatadas com esse procedimento. A fixação externa através da pélvis e do quadril tem sido utili zada
A RM antes da ci rurgia é fundamental para determinar (1) se de modo a reduzir a cabeça femoral a fim de evitar abd ução em
já existe achatamento da cabeça femoral, o que contraindicaria a dobradiça e subluxação persistente. Todos esses procedimentos são
maioria das osteotomias de qu alquer tipo, e (2) quanto de subluxa- de salvamento para um quadril já malform ado, e não se deve esperar
ção está presente e quanto de contenção cirúrgica se rá necessária. uma alta porcentagem de res ultados satisfató rios.
Uma osteotomia combinada (osteotom ia pélvica de Salter e
osteotomia va ri zante derrotatór ia ), utilizada co mo procedimento de • OSTEOTOMIA DO OSSO INOMINADO
salvamento para a doen ça grave de Legg-Cal vé-Pe rth es, apresenta a As vantagens de osteotomia inominada (Figs. 32-25 e 32-26) incluem
vantagem teórica de obter contenção m áxima da cabeça femoral, a cobertura anterolateral da cabeça femora l, o alongamento do
evitando as complicações de qu alquer proced imento isolado, como membro (possivelmente encurtado pelo processo avascular) e a evi-
encurtamento do membro, angu lo colo-diáfise em varo extremo e tação de um a segunda cirurgia para retirada de placa. As desvanta-
fraqueza de abd utores assoc iada. gens de osteotomia inominada incluem a incapacidade de obter
As indicações para a cirurgia reconstrutiva na doença de Legg- contenção adequada da cabeça femoral em alguns casos, especial-
CalvéPerthes são: (1) abdução em dobradiça, para a qual a osteotomia mente em crianças m ais velhas; aumento da pressão no acetábulo e

H@l!;!Jl!la Osteotomia do inominado para doença de Legg-Calvé-Perthes. A, Crian ça de 7 anos de idade, com envolvimento
bi lateral do grupo Ili de Catterall, com sinais de "cabeça em risco" de calcificação lateral (subluxação) e cisto metafisários à esquerda .
B, Oito semanas após a osteotomia inominada com fixação com três pinos . C, Três anos após a osteotomia do inominado. A cabeça
femoral está contida, sem evidências de sublu xação. O ângulo centro-borda tem 28 graus e a cabeça femora l está concêntrica, mas
li geiramente alargad a.
CAPÍTULO 32 OSTEOCONDROSES OU EPIFISITES E OUTRAS AFECÇÕES DI VERSAS (Em
•Use um ou ma is pinos rosq ueados para fi xação e deixe
as pontas no subcutâneo para que eles possam ser remo-
vidos mais tarde, sob anestesia loca l ou geral.
•Usar o ângulo centro-borda de W iberg (Cap ítulo 30) na
posição de descarga de peso no momento de avaliar por
radiografia a cobertura e a conte nção da cabeça f emora l.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O paciente é imobilizado


de 1O a 12 semanas em gesso pelvipodálico antes de os
pinos serem removidos. Exercícios de amplitude de movi-
mento e deambu lação com descarga de peso comp leta são
iniciados, e uma ava li ação rad iog ráfica é repetid a.

O@ii;hil!ltll Ost eot om ia do inom inado usando e nxerto qua-


dra ngul a r (ver t exto) para a doença de Legg-Calvé-Perthes. (De • PROCEDIMENTO DA PRATELEIRA LATERAL
Canale ST, d' Anca AF, Cotler JM, et ai: Use of innom inate osteotomy in Exceto no estágio ativo da doença, a acetab ul oplas tia em p rate leira
Legg-Calvé-Perthes disease, J Bane Joint Surg 54A:25, 1972.) VEJA A lateral pode se r usada em crianças ma is velhas, q ue não são can-
TÉCNICA 32-6. didatas à os teo tomia femora l por causa da capacidade de remode-
lação insufic iente e da probabilidade de o encur ta mento do fê mu r
causar claudicação persistente. Recenteme nte, ela tem sido indi-
cada no s estágios iniciais ativos. Os defen sores da reali zação do
na articul ação do quadr il que pode provocar ma is altera ções procedim ento de suporte labra l precoce argumentam que ele tem
avasculares da cabeça femoral; e aumento do comprimento do três efeitos benéficos: (1) estimulação do crescimento acetab ular
membro do lado operado em comparação com o lado normal , o lateral, (2) prevenção da subluxação e (3) resolução da prateleira
que pode causar uma relativa adução do quad ril e diminuição da após reoss ificação epifisári a femoral.
cobert ura da cabeça femoral. A osteotomia inominada, como
descrita por Sal ter, está inclu íd a na d isc ussão sobre deformidades
congênitas (Capítulo 30). O procedimento de Sal ter inclui a libe- PROCEDIMENTO DA PRATELEIRA
ração do iliopsoas. LATERAL P~RA DOENÇA DE
LEGG-CALVE-PERTHES

----~
OSTEOTOM IA INOM INADA PARA TÉCNICA
DOENÇA DE LEGG-CALVÉ-PERTHES
TÉCNICA
(CANALE ET AL.)
mm____ ~
(WILLETT ET AL.)

•Faça uma incisão curva abaixo da crista ilíaca, passando


1,5 cm abaixo da espinha ilíaca anterossuperior para
evitar o nervo cutâneo latera l da coxa. Eleve os glúteos
•Através do acesso de Smith-Petersen para o quadril subperiostealmente da tábua externa do ílio até o níve l
(Técnica 1-53), libere o sartório, o tensor da fáscia e o da inserção da cápsula articular. Mobilize e divida a
reto femora l e exponha a espinha ilíaca anteroinferior. cabeça reflexa do reto femoral.
• Libere o tendão do psoas da sua inserção e disseque subpe- •Crie uma ca lha no osso imediatamente acima da inserção
riostealmente as paredes internas e externas do ílio até a da cápsula (Fig. 32-27 A). Levante um retalho ósseo de 3
incisura isqu iática. Usando afastadores na incisura isquiática, cm de largura x 3,5 cm de comprimento superiormente
com uma pinça em ângulo reto, passe uma serra de Gigli do córtex externo do ílio.
através da incisura. Com a serra, corte com cuidado hori- •Corte tiras de enxerto esponjoso do ílio acima do retalho
zontal e anteriormente através do ílio, tão próximo quanto e insira-as na ca lha de modo que elas fo rmem um dossel
possível da inserção acetanular da cápsula. na superfície superior da articulação do quadril (Fig.
•Flexione ao máximo o joelho e flexione e abduza o quadri l 32-278) . Preencha o espaço em forma de rede entre o
para abrir a osteotomia . Use uma pinça de campo para puxar retalho e o dosse l do enxerto com enxerto de osso espo n-
o fragmento distal da osteotomia anterior e lateralmente. joso (Fig. 32-27C).
•Retire um enxerto quadrilátero da asa do ílio, com espes- • Repare a cabeça refletida do reto femoral sobre a prate-
su ra total de 2 x 3 cm, de acordo com o tamanho do leira criada.
espaço produzido pela abertura da osteotomia (Fig. 32-26). • Feche a incisão de forma habitual e aplique um gesso
Perfure ou modele o contorno do enxerto sobre as super- pelvipodá lico.
f ícies do ílio para evitar fratura dos córtices interior e exte-
rior. Molde cu idadosamente o enxerto quadrilátero para CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O gesso é usado durante
ele se encaixar no espaço produzido e impacte-o no loca l 8 semanas. Uma descarga de peso protegida tendo um
da osteotomia. gesso unilateral continua sendo usada por mais 6 semanas.
llllm> PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE DESENVOLVIMENTO

A B e
H[riii;ME!IJa A-C, Técnica cirúrgica para acetabuloplastia de prateleira lateral (ver texto) na doença de Legg-Ca lvé- Perthes. VEJA A
TÉCNICA 32-7.

• OSTEOTOMIA VARIZANTE E DERROTATÓRIA alongamento da extremidade por estimulação do crescimento, pode


As vantagens da osteotom ia va ri zan te d e r rotató ria do fêmur pro- ser adicion ada uma an gul ação var izante de 5 a 10 graus.
xima l incluem a capacidade de obte r cobert ura máxima da cabeça Informações confiáveis sobre a contenção acetabular da cabeça
do fê mur, espec ialm en te em urna criança mais velh a, e a capaci- do fémur, o tamanho da cabeça, o achatamento d a epífise e a larg ura
dade de corr igir a anteversão femora l excess iva com a mesma do espaço articular m edial podem ser obtidas a partir de artrografia
osteotomia (F ig. 32-28). As desvantagens da osteotomia variza nte pré-operatória ou de RM. A cabeça do fêm ur osteocartilaginosa
derrotatória incluem a ang ul ação excessiva em varo, que pode deve ser devidamente coberta pelo teto acetabular, uma vez que o
não corrigir com o cresc imen to (especia lm ente em cr ianças m ais fêmur é abduzido e o segm ento achatado da cabeça do fêmur é
velh as), o enc urtam ento de uma extremidade já enc urtada, a girado para as profundezas da fossa acetabu lar. Usam os a osteotomia
possibilidade de marcha de Trendelemburg produzida pela dimi- em varo (cu nha de fechamento medial) fixada com uma placa DHS
nuição d o compr im ento do braço de alava nca da musculatura pediátrica ou para adolescentes (Fig. 32-29) .
glú tea, a possibilidade de pse udoartrose da osteotomia e a neces-
sid ade de um a seg und a c irurg ia para remover a fixação interna.
O fechamento prematuro da fise da cabeça femoral pode ca usar
mais deformidade em varo. Aksoy e t ai. relataram resultados
ruins em crianças com q uadris do grupo C do pi lar, especial- OSTEOTOMIA VARIZANTE
mente após a idade de 9 anos. A osteotomia varizante derrotató-
ria é o procedimento de esco lh a quando a contenção da cabeça
DERROTATÓRIA DO FÊMUR
fe moral é n ecessá ri a, ma s não pode ser alca nçada co m o uso de PROXIMAL ~ARA DOENÇA DE
órtese por razões psicossociais o u outras, quando a cr iança tem :LEGG-CALVE-PERTHES
8 a 10 a nos de idade e não apresenta desigualdade no compri-
~
mento dos membros, quando no artrograma ou na RM a maior TÉCNICA "--~~~~~~--'~
parte da cabeça femoral está descoberta e o ângulo de Wiberg
diminuído e quando existe um a quantidade significativa de ante- (STRICKER)
ve rsão femoral. Uma rad iografia anteroposterior da pelve é feita
com as extremidades in feriores em rotação interna e paralelas • Posicione o paciente em decúbito dorsal na mesa de cirur-
uma a o utra (sem abdução). Se a contenção satisfatória da cabeça gia, com um apoio radiotransparente abaixo do paciente.
femoral é observada, a osteotom ia derrotatória é realizada isola- Um intensificador de imagem posicionado na incidência
damente. O grau de derrotação é es timad o aproximadamente a anteroposterior é desejável. Realize a antissepsia e o cam-
partir da quantidade de rotação interna da extremidad e, mas peamento da extremidade afetada, deixando-a livre para
novos aj ustes são feitos durante a cirurgia. possibilitar radiografias intraoperatórias ou radioscopia.
Quando a rotação interna está seriamente limitada e assim •Faça uma incisão lateral a partir do trocãnter maior dis-
permanece no pré-operatório após 4 semanas de repouso no leito tal mente de 8 a 12 cm e rebata o vasto lateral para expor
com tração, a osteotomia varizante é realizada com a adição de a face lateral do fêmur.
extensão, que é alcançada por uma li geira inclinação para trás •Identifiqu e a inserção femoral do glúteo máximo e faça
do fragmento proximal. Quando a rotação interna é suficiente, a uma linha transversa l no córtex femoral com um osteó-
abdução da extremidade provoca a contenção desejada da cabeça do tomo para marcar o nível de osteotomia no nível do
fémur. O grau d e abdução é expresso pelo ângulo formado pela trocãnter menor ou ligeiramente dista l (F ig . 32-29A).
diálise do fêmur e uma linh a vertical paralela à linha média da pelve. O posicionamento correto do local da osteotomia pode
Esse ângulo representa o ângu lo desejado da osteotom ia (Técnica ser verificado com o intensificador de imagem .
32-8). Como a osteotomia derrotatória iso lada pode resu ltar em
CAPÍTULO 32 OSTEOCONDROSES OU EPIFISI TES E OUTRAS AFECÇÕES DIVERSAS

H@ii#JE!Ell A, Doença de Legg-Ca lvé- Pert hes em cr iança de 7


anos de idade com envo lvimento do grupo Ili de Catterall. B, Imedi a-
tame nte após a osteotomia em varo, há subluxação lateral leve. C,
Dezo ito meses após a ciru rg ia, há alg um a remodelação do posiciona-
mento em varo e a ca beça fe moral est á mais bem ce ntrada do q ue
imediatamente após a ciru rgia.

•Após a parte lateral do trocânter e a lateral do fêmur pro- •Quando o fio-guia estiver colocado a 5 mm da f ise,
xima l terem sido expostas, coloque um fio-guia fora da utilize o medidor direto pe rcutâneo para determ inar o
cápsu la, anteriormente ao colo. Usando a imagem fluoros- comprimento do parafuso-guia (Fi g. 32 -29C, amp lia-
cópica, determine a direção do colo. Coloque o guia de ção 2)
ângu lo ajustável em 120 graus e posicione-o contra o córtex •Defina o stop da fresa ao comp ri mento do pa rafu so
lateral. Prenda o guia na diáfise com uma pinça de placa. deslizante de acordo com a medição. Insi ra a fresa sobre
Insira o fio-guia através da parte canulada do guia angular o fio-guia, e perfure até que o stop encontre o córtex
ajustável e no colo femoral (Fig. 32-29B). A pré-perfuração latera l (Fig. 32-290). Não viole a f ise. É prudente conferir
do córtex lateral com a broca helicoidal pode ajudar na com fluoroscopia periodicamente durant e a fresagem
colocação do fio-guia. Certifique-se de que o fio-guia esteja para assegurar que o fio-guia não está avançando inad-
posicionado no centro do colo femoral a 5 mm da fise do vertidamente através da epífise femoral.
fémur proximal, sem a violar a apófise trocantérica (Fig. •Ajuste o stop no macho para o mesmo comprimento
32-29C, ampliação 1). Verifique a colocação do fio-guia nas que foi fresado. Macheie até o stop ating ir a cortical
incidências radiográficas anteroposterior e perfil. lateral. )
~ PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE DESENVOLVIMENTO

~~----- Glúteo
médio

Stop positivo

e D

li[dih@!ml Osteotomia var izante derrotatória (ver texto) em doença de Legg-Calvé-Perthes . A, Nível da osteotomia. B e C, Inserção
do fio-guia. D, Fresagem do f êmur. E, Primeira marcação de profundidade alinhada com o córtex lateral. F, Remoção de cunha para
ajustar o enca ixe.
CAPÍTULO 32 OSTEOCONDROSES OU EPIFI SITES E OUTRAS AFECÇÕ ES DIVERSAS -

G H

K L

h@i!;f41ifJ.Jiii·l1IM G-1, Aplicação de placa e parafuso de compressão. J-L, Inserção de parafusos ósseos. (Redesenhada de Stricker S:
lntermediate and pediatric osteotomy systems: technique manual, Memphis, TN, 2005, Smith & Nephew Orthopaedics.) VEJA A TÉCNICA 32-8.
m1' PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE DESENVOLVIMENTO

•Insira o pa rafuso desli zante se lecion ado na extrem idade •Se lec ione o comprimento do parafuso de osso ade-
)
distal da chave de inserção/remoção. Coloque-o no fio- quado e insira-o usando a chave hexagonal. Use a
guia e dentro do furo macheado. O parafuso está na manga de autorretenção para evitar que o parafuso se
profundidade apropriada quando (1) a marcação da inser- desengate da chave. Nos casos em que a compressão
ção ou a remoção da primeira profundidade da chave estiver sendo ap licada, o parafuso assenta com a face
estiver nivelada com o córtex latera l e (2) o cabo da distal in clinada no furo da placa, forçando a placa e o
inserção ou remoção da chave estiver perpendicular à fragmento proximal levemente para dista l, até que
diáfi se do fêmur, com a linh a long itudina l voltada proxi- haja resistência por compressão na osteotomia (Fi g.
malm ente. Esse posicionamento garante que o tambor 32-29K). Siga os mesmos passos para os dois furos
da placa e o eixo do parafuso estarão devidamente restantes.
combinados para a estabi li dade rotacional (Fig. 32-29E) . •No furo mais proximal, a broca (e posteriorm ente o para-
Remova o fio-guia quando o parafuso estiver no compri- fuso) pode ser in cl inada de modo que a sua parte proxi-
mento apropriado. mal atravesse a linha de osteotom ia. Posicionando o
•Com o parafuso-guia posicionado, realize a osteotomia parafuso proximal desse modo, pode-se proporcionar
(osteotomia transversa em 20 graus está ilustrada). Faça uma estabilidade adicional no local da osteotom ia (Fig.
o corte tão proximal quanto possível, logo abaixo do 32-29L) .
ponto de entrada do parafuso-guia, porque o osso meta- • Irrigue a incisão e feche em camadas, inserindo um dreno
fisário proximal gera lmente cicatriza melhor do que o de sucção, se necessário. Ap lique gesso pelvipodá lico
osso cortica l subtrocantérico. Além disso, a correção do comp leto do lado operado e parcial no membro oposto.
defeito do fémur proximal é mais bem realizada próximo
da deformidade (isto é, o mais próximo da cabeça femoral CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O gesso é usado de 8 a
quanto possível). 12 semanas, até que a consolidação seja alcançada . A
•Insira o guia do t ambor na parte de trás do parafuso-guia fixação interna pode ser removida de 12 a 24 meses após
implantado para ajudar a posicionar o fêmur proximal A a osteotomia, se desejado.
correção desejada pode ser realizada por meio da inclinação
da cabeça em valgo ou, neste caso, varo, removendo cunhas
para personal iza r o ajuste, se necessário (Fig. 32 -29F). A
tenotomia ou o alongamento do iliopsoas também podem
• OSTEOTOMIA EM CUNHA DE ABERTURA
faci litar o posicionamento da osteotomia.
•Pegue a placa escolhida pré-operatoriamente durante o LATERAL
planejamento (100 graus x 76 mm x 4 furos, neste caso) Axer descreveu uma osteotom ia em cunh a de abe rtura latera l para
e insira seu tambor no seu guia e na parte traseira do crianças de 5 anos de idade ou menos, em que uma placa pré-
parafuso (Fig. 32 -2 9G). Se necessário, insira o batedor moldada é usada para manter os córtices afastados latera lmente na
canu lado sobre o gu ia e bata-o vá ri as vezes para encaixar quantidade medida. O defeito late ral é preenchido rap idamente
a placa totalmente (Fig . 32-29H) em crianças pequenas, mas a cunha de abertura pode resu ltar em
•Remova o guia do tambor e insira um contrapino de retardo de consolidação ou pseudoartrose em crianças com mais
compressão para impedir que a placa desengate durante de 5 anos. Como poucas crianças com menos de 5 anos são ope-
a manobra de redução. Use a chave de fenda ou hexa- radas nos Estados Un idos, as ind icações para esse procedimento
gona l para o contrapino de compressão (Fig. 32 -291). são raras.
•Reduza a osteotomia e fixe a placa no fêmur usando uma
pinça redutora de placa. Verifique a posição de rotação
da extremidade inferior em extensão.
•U ma compressão de 2,5 a 6,5 mm na diáfise femoral é
OSTEOTOMIA EM CUNHA DE
possível com o uso de uma placa DHS intermediária. Para ABERTURA LATERAL PARA A
ati ngir 6,5 mm de compressão, insira a broca de perfura- DOENÇA DE LEGG-CALVÉ-PERTHES
ção na porção mais distal do último furo da placa Perfure
~
através do córtex medial utilizando a broca. Se menos TÉCNICA
compressão for necessária, siga os mesmos passos des- --~~~~~~---'~
critos anteriormente na parte distal do segundo ou do (AXER)
terceiro furo dista l para 2,5 mm de compressão. Se não
houver necessidade de compressão, siga os mesmos •Com o paciente deitado de costas na mesa de cirurgia,
passos enumerados anteriormente, mas comece posicio- deixe o membro inferior livre para a manipulação.
nando a broca na parte proximal do furo da placa, em •Faça uma incisão lateral reta, a partir do nível do meio do
vez de na parte distal utilizada para a compressão . trocãnter maior e continue distalmente por 10 a 13 cm.
•Posicione o protetor de partes moles e insira o macho Exponha subperiostealmente a parte proximal do fémur
através do osso . com a origem do múscu lo vasto latera l.
•Insira o medidor de profundidade através do furo da placa •Aplique um clamp ósseo vertica lmente na diáfise do fêmur
e do osso. Certifique-se de que o fio-guia esteja total - tão distalmente quanto possível enquanto a extremidade
mente inserido no furo da placa. Insira a agulha do inferior é mantida em rotação interna total. Esse c/amp
medidor de profundidade e gancheie-a no córtex medial. serve como um afastador eficiente e permite ao cirurgião
Leia a medição do comprimento do parafuso. controlar o fragmento distal após a osteotomia.
CAPÍTULO 32 OSTEO CONDROSES OU EPIFI SITES E OUTRAS AFECÇÕES DI VERSAS GBJlllll
•Escolha duas placas ósseas de Sherman de tamanho idên- CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Um gesso pelvipodálico
t ico, de modo que a metade do comprimento da placa duplo é aplicado e removido após 6 a 8 semanas ou
se estenda desde a base do trocânter ao local da osteo- quando a consolidação for confirmada por radiografia.
tomia. Pré-dobre uma placa no meio, para o ângu lo dese- A criança é estimulada a andar in icia lmente na água, se
jado de osteotomia, e segure a outra contra o aspecto for notado aumento da rigidez articu lar. Nenhuma restri-
lateral do fémur, de modo que a sua extremida de proxi- ção é imposta à criança, com exceção do acompanha-
ma l alcance a base do trocânter maior. Faça uma marca mento a cada 3 meses no primeiro ano.
transversa l na diáfise femoral no nível da futura osteoto-
mia, que corresponde ao ponto médio da placa . Faça dois
pontos de perfuração de 2,8 mm através dos dois orifícios
proximais da placa e através de ambos os córtices femo-
rais e deixe-os lá.
• ARTRODIASTASE
A lógica que sustenta a artrodiastase é que di stração da articulação
•Remova a placa e meça com paquímetro a largura do eixo
não só amp lia, mas também descar rega o espaço da articulação,
fe moral no nível da osteotomia subtrocantérica. Leia o
reduz a pressão sobre a cabeça do fémur, permite a reparação fibro sa
comprimento da base da cunha a ser aberta na Tabela
de defeitos da cartilagem articular e preserva a congruência da
32-2 . Selecione uma cunha de abertura ou uma técnica
cabeça femoral. O fixador articulado possibi lita 50 graus de fl exão
de cunha invertida pa ra a osteotom ia, como indicado.
do quadril.

TÉCNICA DE CUNHA DE ABERTURA


• Enquanto a extremidade é mantida em rota ção interna,
divida o osso com uma serra oscilante no nível previamente
ARTRODIASTASE PARA A
marcado. Segure o fragmen to proximal em rotação interna
levemente abaixo da rotação máxima e em abd ução com DOENÇA DE LEGG-CALVÉ-PERTHES
l!llm~~~~___.~
a ajuda dos pontos pré-perfurados.
•Traga os córtices mediais dos fragmentos proxi mal e distal TÉCNICA
juntos, após rodar externamente o fragmento distal até
(SEGEV ET AL.)
que a patela aponte para frente.
• Deslize a placa óssea pré-moldada sobre os pontos de
•Co loque o paciente em decúb ito dorsa l em uma mesa de
perfuração e fi xe-a nos fragmentos proximal e distal da
cirurgia radiotransparente. Obtenha um artrograma
diáfise do fêmur com duas pinças ósseas autotravantes.
medial do quadril para avaliar a arquitetura da cartilagem
Verifiqu e o contato dos córtices mediais e o posiciona-
e o grau de abdução em dobradiça.
mento exato da placa na superfície externa do osso, de
• Ten otomize os tendões adutores e do iliopsoas por meio
modo que o ângu lo varo necessário seja estabelecido.
de um acesso media l.
• Com cuidado, tente rodar a extremidade internamente;
•Usando intensificação de imagem, insira um fio de Kirschner
uns poucos graus de rotação deverão ser possíveis. Veri -
de 1,6 mm dentro da cabeça do fêmur no centro de
fique a posição da patela para assegurar que não existe
rotação do quadril, mantendo a perna em 15 graus de
muita rotação externa do pé na posição intermediária da
abdução com a patela apontando para frente.
articulação.
•Usando o corpo articu lado para o dispositivo de fixa ção
•Insira os parafusos de comprimento adequado no frag-
externa de quadril Orthofix (Bussolengo, Itá lia; Fig. 32-30),
mento distal e no fragmento proximal, util izando os
aplique-o sobre o fio de Kirschner e anexe o modelo body
pontos de pré-perfuração.
kit padrão para a dobrad iça distal.
• Fixe a parte proximal na área supra-acetabular com um
TÉCNICA DE CUNHA REVERSA grampo T usando dois ou três parafusos Orthofix de 5 a
• Após o cá lcu lo da altura da base da cunha a ser remo- 6 mm. O procedim ento é feito usando um gabarito que
vida (Tabela 32-2), segure a extremidade em rotação é su bstituído pelos elementos acim a referidos.
interna no quadril e a marque uma cunha com a metade •Real ize a distração do espaço articular de 4 a 5 mm sob
da altura sobre a superfície anterior do fémur com a intensificador de imagem. Continue a distração em 1 milí-
base medial. metro por dia até que a linha Shenton seja hipercorrigida.
•Remova a cunha com uma serra oscilante, rode o frag -
mento dista l externamente para o gra u desejado, gire a CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Exercícios de flexão e
cunha óssea 180 graus e insira-a na osteotomia com a extensão são incentivados com o fixador no local , e o
sua base lateral ou revertida. Como a sua base agora é paciente é mantido sem descarga de peso. O fixador é
lateral , o ângu lo varo obtido é igual ao ângulo que seria deixado no loca l durante 4 a 5 meses até a reossificação
obtido com a remoção de uma cunha óssea media l de do pilar lateral aparecer. O fixador é removido na sa la de
altura completa. cirurgia, e um artrograma de quadril é obtido . Após a
• Fixe os fragmentos ósseos com a placa pré-moldada, rem oção do aparelho, o paciente continua protegido sem
como descrito anteriormente, com todos os córtices em descarga de peso, além de realizar fisioterapia intensiva
contato . Quando a cunha óssea invertida não estiver e hidroterapia por um período adicional de 6 semanas.
estável o suficiente, fixe-a no fragmento dista l ou proxi- Nessa fase, a descarga de peso tota l é permitida com
mal com f ios de Kirschner pequenos. fi sioterapia contin uada por mais 6 meses.
~ PARTE IX TRANSTORNOS CONGtN ITOS E DE DESENVOLVIMENTO

'4i:lit4 32-2 Cálculo da Altura da Base da Cunha a Ser Removida para Osteotomia Varizante*

MUDANÇA LARGURA DO EIXO FEMORAL NO LOCAL DA OSTEOTOMIA (mm)


ANGULAR
DESEJADA
(GRAUS) 10 12,5 15 17,5 20 22,5 25 27,5 30 32,5 35 37,5 40
10 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5 5,5 6 6,5 7 7, 5
15 2 3 4 4,5 5 6 6,5 7,5 8 9 10 10,5 11 ,5
20 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
25 4,5 5 6,5 7,5 9 10 11,5 12,5 14 15 16 17,5 18,5
30 5,5 6,5 8 10 11,5 12,5 14 15,5 17 18,5 20 22 23
35 6,5 8 10 12 13,5 14 17 18,3 21 22 24 26 27,5
40 8 10 12,5 14,5 16, 5 18,5 20 23 25 27 29 31,5 33,5
*A altura da base da cunha em milímetros é lida na junção do eixo horizontal (gra us desejados de mudança angu lar) e do eixo vertical (largura do eixo
femoral no local da osteotomia).
Creditado a Orkan e Roth . Dados de Axer A: Persona l comm un ication, 1978.

O@il;Ml!IJI A-C, Osteotomia valgizante para reduzir a abdução


em dobradiça e aumentar a flexão do quadril; a osteotomia é fi xada
com parafuso pediátrico e placa latera l.

a cabeça femora l deformada não desliza no interior do acetábulo.


Uma fenda é formada lateralmente, adjacente a uma parte grande
O@iljtljE!II!J A e B, Fi xa dor exte rno art icu lado (Orthof ix, Bus- não coberta da cabeça deformada anterolatera lmente. Com o auxílio
solengo, Itália) para artrodiastase na doen ça de Legg-Calvé-Perthes.
de flu oroscopia, Snow et ai. reconh eceram impacto anterior tardio
(De Maxwel l SL, Lapp in KJ, Kealey WD, et ai: Arth rod iastasis in Perthes'
da cabeça femora l em quatro pacientes com a doença de Legg-Ca l-
disease, J Bane Joint Surg 868:244, 2004.) VEJA A TÉCNICA 32-10.
vé-Perthes, os quai s tiveram dor de início tardio desencadeada pela
rotação interna. Três dos quatro pacien tes tinham danos na supe r-
fíc ie articular e projeções osteocondrais na área de impacto anterior.
O desbridamento artroscópico e a osteotomia do fêmur proximal
aliviaram os sintomas em todos os quatro pacientes. Mais recente-
mente, Raney et ai. descreveram a osteotomia valgizante subtrocanté-
CIRURGIA RECONSTRUTIVA rica para cabeças femorais malformadas com abdução em dobradiça.
Todas foram classificadas como Cattera ll III e IV com fa lh a no
• OSTEOTOMIA DE EXTENSÃO E VALGO tratamento prévio. Co m 5 anos de acompan ham ento, 62% apresen-
Um a sequela da doença de Legg-Calvé-Perthes é uma cabeça femora l taram resultados sa ti sfató rio s. Usamos um a osteotomia de extensão
malformada, co m resultante abdução em dobradiça. A abd ução em e valgo, como descrito por Catterall, fixada po r DHS pediátrico
dobradiça do quadril é um movimento anorma l que ocorre quando (Fig. 32-31) para alivia r essa condição.
CAPÍTULO 32 OSTEOCONDROSES OU EPIFISITES E OUTRAS AFECÇÕES DIVERSAS Glilll

Ofüil;Hmzl Queilectomia da doença de


Legg-Calvé-Perthes. A, Radiografia do quadril
esquerdo de menino de 7 anos de idade com
doença de Legg-Calvé-Perthes, que foi tratad o
sem contenção e desenvolveu subluxação lateral
da cabeça femoral (grupo Ili tardio). B, Mesmo
paciente em estágio residual com coxa plana e
protuberância latera l da cabeça femoral para fora
do acetábu lo, que causava dor e limitação da
abdução do quadril. C, Radiografia feita durante
a cirurgia para queilectomia . Grande área saliente
do osso foi retirada. D, No acompanhamento
vários anos mais tarde, apresentava alívio da dor
e aumento do movimento, incluindo abdução.
Área de mios ite ossificante ou calcificação pode
ser observada na cápsula superior da articulação
do quadril.

• OSTEOTOMIA EM FLEXÃO, VALGO E ROTAÇÃO • QUEILECTOMIA


INTERNA Ocasionalmente, como sequela final da doença de Legg-Calvé-Perthes,
Kim e We nge r, usa ndo TC tri dimensional na d oen ça d e Legg- a criança permanece com a cabeça femoral malformada, geralmente em
Calvé Pe rth es, obse rvaram "retrove rsão fun cional" em vez d e fo rma de um cogumelo grand e (coxa plana) ou uma protuberância
anteve rsão fe moral. Como res ultado, eles reco mendaram uma lateral da cabeça femoral para fo ra do acetábulo. Para essa protuberân-
osteo to mi a em fl exão, valgo e rotaçã o interna, m ais um a ace ta- cia lateral na cabeça do fémur, quando o quadril está doloroso e tem
bulopl as tia simultânea em pac ientes com defo rmidade grave d a perda de abdução ou sensação de clique em abdução, a queilectomia
cabeça fe m oral. O p ro cedim ento co mbin ad o (1) corrige a coxa pode ser utilizada para a sua remoção (Fig. 32-32). Entretanto, os resul-
va ra e a abdução em dobradi ça fun cionais (osteo tomi a valgi- tados após a queilectomia, apesar de bons em acompanhamento de
zante); (2) estabelece uma arti cul ação mais norm al entre a po rção curto prazo, se deterioram com o tempo, segundo os relatos. Quando
pos tero medi al d a ca beça do fêmur ve rd adeira e o acetábulo, a cabeça femoral apresenta a fo rma de cogw11elo, como na coxa plana
enqu an to d istancia a parte anterolateral salie nte da ca beça e na subluxação do acetábulo, e quando o quadril está doloroso, a
fem oral em relação à marge m acetab ul ar anterolateral (os teoto - cobertura pode ser conseguida por wna osteotomia de Chia.ri.
mi a em fl exão e va lgo) ; (3) corri ge a d efo rmid ad e em rotação Avaliação pré-operatóri a da qu eilec tomia inclui determinar se
extern a d o m embro distal (osteo to mia de rot aç ão intern a); e (4 ) a protuberância é anterior ou posterior. Em nossa experiência, usual-
melh o ra a co ngruência articul a r e a co bertura da cabe ça fem oral mente ela é anterior e lateral e, por isso, geralmente, usamos uma
anterol ateral nos qu adri s com di splas ia ace tabular associada. abordagem lateral (Técnica 1-56).
lllm'J PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE DESENVOLVIMENTO

QUEILECTOIYllA PARA A DOENÇA DE


LEGG-CALVE-PERTH ES
TÉCNICA Emm____ ~
(SAGE E CLARK)

•Com o paciente em decúbito dorsal e o quadril envolvido


em um coxim, comece uma incisão lateral de aproxima-
damente 5 cm proximal ao trocãnter maior e leve-a para
distal por 7,5 a 1O cm.
•Localize o interva lo entre os músculos glúteo médio e
tensor da fáscia lata e realize a dissecção proximal para
expor o ramo inferior do nervo glúteo superior. Afaste
esse nervo com cuidado, pois ele inerva o músculo tensor
da fáscia lata. Conclua a separação do interva lo e exponha
a cápsula do quadri l.
•Abra a cápsula long itud inalmente, ao longo da superfície
anterossuperior do colo do fêmur. Como a protuberância
quase sempre se encontra lateralmente, ela pode ser vista
anterior ou posteriormente. Quando ela estiver mais poste-
rior, separe uma pequena porção de f ibras do tendão glúteo
médio do trocânter para exposição. Excise a protuberância
com um osteótomo cortante. Dirija o osteótomo para longe
da borda lateral da fise femoral proximal a fim de evitar a
sua excisão. O deslizamento da epífise capital femoral pode
segu ir uma queilectomia e pode estar relacionado com a
excisão da parte latera l da f ise e do córtex adjacente do colo.
•Verifique a ampl itude de movimento, especia lmente a
abdução, para assegurar que a queilectomia realizada
tenha sido suficiente.
O@il;t41!111 A, Osteotomia ideal de Chiari com 15 graus de
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO A extremidade é colo- curvatura ascendente para obter cobertura em displasia coxofe-
cada em tração suspensa e, ao longo das próximas 2 a 3 moral leve. B, Osteotomia de Chiari com enxerto suplementar e
semanas, são fe itos exercícios de amplitude de movi- prateleira para quadril gravemente displásico.
mento, especialmente a abdução do quadril.

elevação (crescimento excessivo) do trocânter diminui a tensão e


eficiência mecânica dos músculos pélvicos e trocantéricos; o
• PROCEDIMENTO DE PRATELEIRA encurtamento do colo do fêmur move o trocânter maior mais para
Se o quadril estiver congruente, um procedimento de aumento o centro de rotação do quadril, diminuindo o braço de alavanca e
em prateleira de Staheli ou Cattera ll (Capítulo 30) será realizado a vantagem mecânica dos músculos e prejudicando a estabilização
em caso de coxa magna e fa lta de cobertura acetabular da cabeça muscular do quadril; a linha de tração dos músculos torna-se mais
femoral. ve rti cal, aumentando as forças de pressão concentradas sobre uma
área reduzida da sup erfície articular do quadril; e o impacto do
• OSTEOTOMIA DE CHIARI trocânter contra a borda do teto acetab ul ar durante a abdução
Temos usado a osteotomia pélvica descrita por Chiari (Fig. 32-33) limita a amplitude de movimento. Macnicol e Makris descreveram
como procedimento de salvamento para obter cobertura de uma um sinal de "alavanca de câmbio" do impacto trocantérico que é
cabeça femoral grande e achatada em uma criança mais velha, út il na avaliação pré-operatória. Esse si nal é baseado na observa-
quando ela está subluxada e dolorosa (F ig. 32-34). Isso está descrito ção de que a abdução do quadril é limitada pelo impacto do tro-
em detalhes no Capítulo 30. câ nter maior sobre o ílio, quando o quadril está estendido, mas a
abdução completa é possível quando o quadril está totalmente
• SOBRECRESCIMENTO TROCANTÉRICO flexionado. O si nal de "alavanca de câmbio" é especialmente útil
Embora o sobrecrescimento trocantérico possa ser causado por para a diferenciação entre impacto trocantérico e outras causas de
várias co ndições, incluindo osteomielite, fratura ou displasia con- abdução limitada. A transferência distal do trocânter maior res-
gênita, ele ocorre na doença de Legg-Calvé-Perthes quando a taura a tensão normal dos músculos trocantéricos e melhora a
doença causa o fec hamento precoce da fise capital femora l. Qual- eficiência mecânica; ela também posiciona mais horizontalmente
quer que seja o mecanismo, o resultado é o mesmo: parada do a ação de tração da musculatura pélvica e trocantér ica, para dis-
crescimento longitudinal do colo femoral com a continuação do tribuir forças sobre a articulação do quadril de maneira mais uni-
crescimento do trocânter maior (Fig. 32-35). De acordo com forme, e aumenta o comprimento do colo do fêmur para ampliar
Wagner, as consequências funcionais sempre são as mesmas: a a abdução e diminuir o impacto acetabular.
CAPÍTULO 32 OSTEOCONDROSES OU EPIFISITES E OUTRAS AFE CÇÕ ES DIVERSAS GBllll

lij@il;ME!llJ Ost eotomia de Chi ari para doença resid ua l de Legg-Ca lvé-Pert hes. A, Doença residu al de Leg g-Calvé-Perthes (coxa
plana) e sublu xaçã o do quadril à di re ita. B, Oito meses após osteotom ia de Chi ari co m boa co bertura da cabeça femoral.

O fechamento prematuro da fise femora l proximal frequen- •Afaste o músculo glúteo méd io posteriormente e insira um
teme n te ocorre após a doença de Legg-Ca lvé-Perthes e pode fio de Kirschner superiormente, em pa ralelo ao colo do
limi ta r a ab du ção e prod u zir insufic iência glútea. O avanço trocan- fêmur e à fise trocantérica ma ior e apontando na direção
té ri co te m sid o d efe ndido pa ra o tra tam ento tard io da d oença de da fossa t rocantérica (Fig. 32-36A). Confirme o posici ona-
Legg-Calvé-Perthes e fo i co ncebid o pa ra me lh orar a efi ciência dos mento do f io-g uia pela flu oroscopia. Rodar internamente
g lú teos e au mentar a am plitude de abdução, q ue é li m itada pe la o quad ril de forma suave aj uda a colocação do fi o e
co lisão do trocânter contra o ílio. Os métodos alternativos de permite uma imagem melhor.
tratamento incluem osteotomia de abdução e valgo do fêmur e •Faça a osteotomia paralelamente ao fio de Kirschner
epifisiodese trocantérica. A epifisiodese trocantérica não parece com uma serra oscilante de baixa velocidade, comple-
a lterar a aparência rad iográfica mas, de acordo com alguns autores, tando-a proximalmente com um osteótomo plano (Fig.
reduz a marcha de Trendelenburg. 32-36B). Forçe a osteotomia até fratura r o córtex medial
(Fig. 32 -36C e D)
•Mob il ize o trocânter ma ior primeiro cefa li ca mente e, co m
uma tesou ra dissecante, remova qu aisquer aderên ci as, a
cápsula arti cular e partes moles no nível da superfície
AVANÇO TROCANTÉRICO PARA O medial do trocânter, poupa ndo os vasos sa nguíneos na
SOBRECRESCIMENTO TROCANTÉRICO fossa trocantérica (Fig. 32 -3 6E).
•Quando o trocânter ma ior estiver liberado, transfira-o
TÉCNICA ~ dista l e lateralmente. Se houver anteversão excessiva, ele
---~~~~~~~--~ também pode ser transferido anteriormente.
(WAGNER) • Utilizando um osteótomo, cruentize o córtex femoral lateral
para o qual o trocânter será anexado. Coloque o trocânter
• Com o paciente em decúbito dorsal, acesse o quadril através contra o córtex femoral lateral e verifique a posição com
de uma incisão lateral. Faça uma incisão na fáscia lata lon- um intensificador de imagem. De acordo com Wagner,
gitudina lmente e libere o vasto lateral do trocânter maior. a ponta do t rocânter ma ior deve estar nivelada com o )
llllm> PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE DESENVOLVIMENTO

) centro da cabeça femora l, e a distância entre eles deve


ser 2 a 2,5 vezes o raio da cabeça do fémur.
• Quando a posição correta for confirmada, fi xe o trocânter
maior com dois parafusos inseridos em direção cefa lola-
teral para cauda l (Fig. 32-36F). Esses parafusos com
arruelas devem comprimir uma área de contato ósseo
entre o trocânter e o fêmur. Enterre as cabeças dos para-
fusos retraindo todos os tecidos moles para evitar a sua
A necrose e a irritação mecânica loca l no pós-operatório.
Wagner usa uma sutura forte de banda de tensão suple-
mentar que ele acredita ajudar a absorver as forças de
\
\\ tra ção dos músculos pélvicos e trocantéricos e impede
'"
1111
111\
avu lsão trocantérica; nós não acred itamos que essa sutura
seja necessária.
• ~ li li
·, "''
;;!/
, 11//
• Não há necessidade de imobilização pós-operatória se o
, 1/I
paciente mostrar adesão ao tratamento e a fi xação estiver
"" segura.
. '"'""
""
B """"""
1111
e CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO A deambulação com mu-
letas é iniciada em 7 dias, mas os exercícios ativos dos
músculos pélvicos e trocantéricos não são permitidos até
O[ê\'hf;.iEf.III A e B, Crescimento do fêmur proximal; as set as 3 semanas. Senta r reto e fletir o quadril também devem
indicam o local e a direção de cresc imento. C, Se o potencial de ser evita dos, porque a tração excessiva do múscu lo glúteo
cresc imento for prejudicado, o crescimento longitudinal é impe- médio pode causar perda de fixação.
dido, mas o trocânter maior continua a crescer.

A B e

D E F

H@ii;HE!II!I A-F, Avanço trocantérico para supercrescimento trocantérico (ver texto). VEJA A TÉCNICA 32-12.
CAPÍTULO 32 OSTEOCONDROSES OU EPIFISITES E OUTRAS AFECÇÕES DIVERSAS

• Use uma pequena broca para delinear os quatro cantos


de um retângulo que cobre a parte lateral da epífise
trocantérica ma ior. Remova esse retângulo lat era l de osso
cortical com um osteótomo.
• Curete a fise, inverta o retângulo de osso e reposicione-o
em seu leito.
•A fixação interna é desnecessá ria.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO A imobilização com gesso


no pós-operatório não é necessária, a menos que a cure-
tagem tenha sido tão vigorosa que a fise do trocânter
maior tenha f icado excessivamente enfraquecida. A des-
A B carga de peso progride conforme tolerada .

H@lhffll!li» A e B, A pós osteotom ia in icia l do t rocânter


maior, uma cunh a trap ezo idal de osso é rem ovida. (Redesenhada
de MacNicol MF, Makris D: Distal transfer of the greater trochanter, J
OSTEOCONDRITE DISSECANTE DO
Bane Joint Surg 738:838, 199 1.) VEJA A TÉCNICA 32-13.
QUADRIL

A osteocondrite dissecante do quadri l ocorre com mais freq uência


AVANÇO TROCANTÉRICO PARA O após a doença de Legg-Calvé-Perthes; ela raramente ocorre como
SOBRECRESCIMENTO TROCANTÉRICO uma entidade isolada. Em crianças, os corpos livres secundár ios à

--'---------'~
doença de Legg-Calvé-Perthes, à osteonecrose da doença falcifor me
TÉCNICA e à displas ia epifisária múltipla têm de ser descartados antes que
(MACNICOL E MAKRIS) possam ser estabelecidos como um diagnóstico isolado. Em ad ultos,
a osteonecrose idiopática, a doença de Ga ucher e traumas ocultos,
• Acesse o trocânter ma ior do fêmur por meio de uma
como a ruptura do labrum acetabular, têm de ser considerados no
incisâo lateral reta sob fluoroscopia lateral.
diagnóstico diferenc ial.
• Com uma serra automática, divida a base do trocânter
A menos que o fragme nto interfira na mecânica do quadr il, o
em linha com a borda superior do colo do fémur. Mobilize
tratamento da osteocondrite dissecante do quadril após a doença de
o fragmento trocantérico e os músculos glúteos de sua
Legg-Calvé-Perthes deve ser conservador (Fig. 32-38).
fixação distal das partes moles.
O tratamento cirú rgico exige luxação da articulação do quadril
• Retire uma cunha fina de osso a parti r do córtex femoral
com o risco de da nos vascu lares adicionais à cabeça fe moral. Numa
póstero lateral (Fig. 32-37) a f im de proporcio nar um le ito
criança assintomática com osteocond rite dissecante do quadril, a
de osso esponjoso para o trocânt er transferido e assegu-
restrição de atividades e o acompanhamento prolongado são indi-
rar que o trocânter não sobressa ia muito lateralmente.
cados para possibilitar a cicatrização e a revascularização.
Qua lquer proem inência indevida causaria atrito da fáscia
O tratame nto cirúrgico é indicado para lesões graves com
lata, produzindo desconforto e bursite.
sintomas incapacitantes. A escolha do procedimento cirúrgico
•Fixe o trocânter com dois parafusos de compressão para
depende da extensão e da localização da lesão, da idade e das
evita r a rotação do fragme nto e possibil itar desca rga
expectativas de atividades do paciente, além da presença de alte-
parcial de peso precoce .
rações articulares degenerativas. Bons resultados têm sido relata-
dos em séries pequenas de pacientes que fizeram excisão aberta ou
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Gesso não é usado, mas
artroscópica do fragmento, fixação interna do fragmento, curetagem
os pacientes andam com muletas no final da primeira
ou perfuração e remoção artroscópica de fragmentos osteocartila-
sema na após a cirurgia. Exercícios para gan ho de movi-
ginosos soltos. Nen hum desses procedimentos é recomendado se
mento são introduzidos gradua lmente, mas os pacientes
alterações osteoartríticas graves estiverem presentes, e um proce-
não são forçados a sentar, abduzir, fletir e rodar interna-
dimento para redirecionar a cabeça femoral (p. ex., osteotomia de
mente o quadril na posição vertical.
extensão em va lgo) for preferido.
Além de remoção de uma lesão causada por osteocondrite, a
artroscopia do quadril pode ser indicada para biópsia sinovial,
EPIFISIODESE DO TROCÂNTER remoção de corpos livres, remoção de detritos e inspeção do labrum
MAIOR PARA O SOBRECRESCIMENTO após fratura- luxação e sinovectomia parcial ou total. A artroscop ia
TROCANTÉRICO do quadril não é um procedimento simples e não deve ser conside-
rada fácil. Se a lesão não for anterior ou anterolateral, dificilmente
TÉCNICA Elm..,_______J~ será visualizada, e a tração longitudi nal deverá ser utilizada para
aumentar a visibilid ade das lesões posteriores o u posterolaterais.
• Aborde a fise do trocânter maior através de uma incisão A mesa ortopédica e a fl uoroscopia são úteis na avaliação da quanti-
lateral e determine a sua localização e orientação por dade correta de distração e penetração da articulação. Os portais
meio da inserção de uma agulha de Keith. Se necessário anteriores são usados com mais freq uência mas os portais laterais
uti lize rad iografias para confirmar a sua posição. ' podem ser necessários para as lesões localizadas mais posterior-
mente. A artroscopia do quadril é descrita no Capítulo 51.
~ PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE DESENVOLVIMENTO

Dtriii;§il!IIll Osteocondrite dissecante do quadril. A, Iníci o da doença de Legg-Calvé-Perthes em paciente de 6 anos de id ade . B,
Quatorze meses depois, a fragm entação e o estág io de reossifica ção . C, Def eito pers istente 5 anos após o início. D, Lesão osteocondritica
aos 7 anos com algumas evidências de cu ra. E, Radiografia lateral durante mesmo período mostra lesão osteocondrítica . Observe o
artrograma aéreo com a superfície da carti lagem lisa. F, Aos 8 anos o defeito está consolidado . G, Radiografia lateral na mesma época
não mostra evidência de defeito.

hemofilia não deve ser realizada despreocup adamente. As órteses de


HEMOFILIA alívio de peso, os gessos com cunh as e as órteses com m olas, co mo
o Dynaspli nt, podem ser usadas junto com a fisioterapia para pro-
A cirurgia eletiva para os pacientes com hemofilia clássica (deficiên- teger as articu lações ou alongar as co ntraturas dos tecidos moles.
cia do fator VIII), hemofilia A e doença de Christmas (deficiência Essas medidas podem ser tão importantes quanto o controle hema-
do fator IX), ou hemofilia B, tornou-se possível e aceitável com a tológico a fim de evitar a cirurgia.
disponibilidade dos concentrados do fator VIII e do fator IX. Ante- A popularidade atual da terap ia domiciliar para os pacientes
ri ormente, apenas a cirurgia de salva mento era rea li zada, e a mor- hemofílicos com a autoadm inistração do fator VIII ou IX logo que
ta lidade era alta. Hematomas de ferida com enormes coágulos e a rigidez e a dor periarticular ocorreram pode resultar em um a
infecção eram comuns. As complicações catastróficas podem ser in cidência menor de artrite degenerat iva e em menos indi cações
minimi zadas apenas com manejo especializado e um rigoroso con- dos principais proced imentos de reconstru ção. Os fa tores fo rn eci-
tro le dos mecan ismos de coagulação. Cirurgia em pacientes com dos profilaticamente desde 1 ou 2 anos de idade até a adolescência
CAPÍTULO 32 OSTEOCONDROSES OU EPIFI SITES E OUTRAS AFECÇÕ ES DIVERSAS Cmlll
(evitando que a concentração do fator VIII diminua a < l do
normal) parecem impedir a artropatia hemofílica, e apenas defei-
to s articulares secundários têm sido observados. A Nat ional
Hemophiliac Foundation recomenda o fator profilático; no entanto,
o fator profilático fornecido diariamente tem d e ser administrado
por via intravenosa através d e um acesso central, o que aumenta a
possibilidade de contaminação e infecção.
Três mudanças têm sido observadas em relação à cirurgia em
hemofílicos: ( 1) diminuição da necessidade de cirurgias, (2) aum ento
da idade do paciente e (3) mudanças dos tipos de cirurgias. As
indicações para cirurgia incluem:
1. Aumento crôn ico e progress ivo da hipertrofia sinovial por
hemartrose repetida que n ão pode ser controlada por reposição
do fator adequado; de preferência, a sinovectomia deve se r feita
antes do afinamento da cartilagem e que pelo menos alguma
cartilagem articular esteja preservada. A sinovectomia em
tempo oportuno também pode diminuir a incid ência de hemor-
ragia na art iculação. Isso pode ser feito por meio de injeção H@lhttimll) Art iculação do joelho danificada com hemofilia
intra-articular de radioisótopos, artroscopia o u com um proce- (deficiência do fator VIII). Canto superior direito, Destruição acen-
dimento aberto. tuada e erosão da superficie articular do côndi lo femoral. Centro,
2. Contraturas graves de partes moles que não responderam às Li gamento cr uzado anterior e fossa intercondilar. Os planaltos
medid as não cirúrgicas (p. ex., uma contratura em flexo do tibiais estão grosseiramente erodidos, e as superfícies articulares
joelho, que é tão grave qu e os gessos seriados ou um a técnica e os meniscos estão destruídos pe la in vasão de sinóvia.
de órtese de tração causaria uma subluxação da articul ação do
joelho); a osteotomia supracondiliana do fêmur tem sido bené-
fica neste caso, desde que 70 a 80 graus de movimento d o joelho envolvimento deve ser investigado. Contagem de linfócitos T e
permaneçam e a contratu ra não seja tão grave que a correção outros parâmetros devem ser conhecidos para determin ar a capaci-
resultaria em tra ção excessiva sobre o feixe neu rovascular no dade d e cicatrização e o potencial de infecção.
espaço poplíteo. Para a co rreção de contratura em fl exo do Post e Telfer enfat iza ram a técnica cirúrgica meticulosa e a
joelho com menos de 45 graus, depois que as medidas conser- avaliação pré-operatória detalhada nessas cirurgias. Eles recomen-
vadoras falharam, bons resultados têm sido relatados com a daram (1) realizar tantos procedimentos em apenas um tempo cirúr-
liberação dos isquiotibiais e a capsu lotomia transversal poste- gico quanto o paciente puder tolerar - isso reduz o tempo que o
rior. A correção pela osteotomia de um a contratura sup erior a paciente ficará exposto aos riscos de compli cações hemorrágicas e
50 a 60 graus provavelmente deve ser feita em etapas e de pre- hepatite, a lém de redu zir o custo elevado do concentrado e a possi-
ferência após o fechamento da fise. bilidade de indu zir um inibid or; (2) uma técnica asséptica met icu-
3. Uma deformidade óssea grave o suficiente para exigir osteotomia. losa e o uso de torniqu etes pneumáticos sempre que possível; (3)
4. Um hem atoma em expansão (pseudotumor) que continua a fechamento cuidadoso e justo da incisão para evitar espaço morto;
aumentar, apesar da reposição adequada do fator e possivel- (4) evita r a eletrocauterização por causa da tendência das áreas de
mente rad ioterapia. coágulos se desprenderem após a cirurgia; (5) sucção de incisão em
5. Extrem idades inúteis ou cronicamente infectadas (amputação). incisões profundas para um mínimo de 24 horas; (6) não prescrever
6. Alterações artríticas graves com dor incapacita nte e hemorragia aspirina ou o u tros medicamentos pós-operatórios que inibam a
(artroplast ia total) (Fig. 32-39). função plaquetária; e (7), na medida do possível, não aplicar injeções
A ciru rgia bem-sucedida em hemofilia d epende de uma intramusculares no pós-operatório para o alívio da dor.
estreita rel ação de trabalho entre o ortopedista e um hematol ogista Quando a coagulação é controlada com terapia hematológica,
experiente. Todos os aspectos hematológicos de cuidados ao paciente normalmente não ocorrem soltura de coágulos da incisão ou infec-
devem ser da responsabilidade do hematologista. ção. E geralmente se obtêm alívio da dor e diminuição substancial
O distúrbio hemorrágico deve ser diagnosticado com precisão de hemartroses recorrentes.
antes d e a cirurgia se r realizada. A correta reposição dos fatores de
coagulação não pode ser reali zada sem a identificação precisa e
quantificação do fator ausente. As reservas adequadas de concen- ARTROPLASTIA TOTAL
trado devem estar disponíveis antecipadamene, e o laboratório de
apoio deve ser capaz de reali za r exames ilimitados para o fator. A sin ovectom ia ou a artroplastia total do joelho (Capítulo 7) podem
Também é essencial determinar a poucos dias da cirurgia se o ser rentáveis cons id erando-se que o custo de manutenção hemato-
paciente desenvolveu um inibidor contra o seu fator deficiente, uma lógica (concentrados) é significativamente m enor após a cirurgia.
vez que o inibidor impede a terapia hematológica e pode eliminar a A artrop lastia total do joelh o deve ser considerada apenas se a
possibilidade de cirurgia eletiva o u sem ieletiva. Além disso, uma artrite hemofílica fo r avançada e a amplitud e de movimento for
do sagem do fator deve ser obtida no momento da cirurgia. O hema- adequada , pois é pouco provável que a artroplastia melh ore o
tócrito deve se r medido durante vários dias após a cirurgia, espe- movimento. Um exame c uid adoso do mecanismo do quadríceps
cialmen te e m grupos sanguíneos A, B e AB, pois uma ane mia e a correção de contraturas em flexão superiores a 30 graus são
he molítica positiva de Coombs pode se desenvolver. A situação recom e ndados antes da cirurgia. Nós também suspeitamos que
do paciente em relação ao HIV e à hepatite deve ser conhecida as complicações tardias se melhantes àquelas observadas na artrite
antes da ciru rgia. Em pacientes com HIV ou hepatite, o grau de reumatoide poderiam se desenvolver por causa da osteopen ia de
llllB) PARTE IX TRANSTORNOS CONGtNITOS E DE DESENVO LVIMENTO

O cotovelo é um local frequente (perdendo apenas para o


joelho) de hemorragia de repetição seguida por alargamento da
cabeça do rád io e artrite degenerativa das articulações radio capitelar
e ulnotroclear. Estamos satisfeitos com o alívio da dor resultante da
sinovectomia da articu lação do cotovelo e ressecção d a cabeça do
rádio. A melh ora da fl exão e da exte nsão do cotovelo não devem ser
esperad as, mas frequentemente obse rva -se gan h o de rotação d o
antebraço.
A sinovectomia ta mbém tem se mostrado benéfica para artro-
patia hemofílica do to rn ozelo. A sinovectomia aber ta pode ser pre-
ferível frente à sin ovectomi a artroscóp ica, exceto para aqueles com
exper iência considerável com a artroscopia do tornozelo (ver Capí-
tulo 50), pois a remo ção do tecido sin ovial posterior das profundi-
dades dos m aléo los é difíc il e p ode causar d anos à ca rtilagem
art icular, m es m o com a utili zação do portal posterolateral e de dis-
tração da ar ticul ação com um fixador extern o.
As sinovectomias artroscópicas de tornozelo, joelho e cotovelo
estão descritas nos Capí tul os 50 a 52.
A sin ovectomia por radion uclídeos, ou sin oviortese (destrui-
O@ii;HmI!) Complicações tard ias da artropatia hemofílica . ção do tecido s inovial por inj eção intra -articular d e um agente
Observe osteopenia e fraturas resultantes por causa da manipulação. radioativo), tem produzido resultados animadores. O procedimento
tem pouca morbidade e pode se r feito em nível ambulatorial n o
departamento de radio logia. O isótopo parece encolher a camada
externa da m embran a sinov ia l, d iminuind o a dor, o sangramento e
a taxa de recorrência.
d esuso (F ig. 32-40). Como a maioria dos candidatos à artroplastia A melhora da amplitude de m ovimento e a diminui ção d a
total do joelh o em artropatia hemofílica é relat ivam ente jovem, frequência de hemo rragias têm sido relatadas em quase 80% d os
devem-se tentar, em primeiro lugar, todos os o utros meios de pacientes adu ltos tratados com si noviortese do cotovelo ou do
aliviar os sintomas. Na maioria das vezes, os dois joelhos estão joelho usando fosfato crô mi co P32 e 0,5 a 1 m Ci d e silicato de ítrio-
comprometidos e, assim, ar tropl ast ias bilate rais são indi cadas, 90, d ependendo da articul ação em questão. A si noviortese parece
embora a artrodese de um joelho e a artroplas ti a total do outro ser mai s efi caz quando feita precocemen te, antes d a hipertrofia
sejam a ltern at ivas razoáveis à artrop lastia bilateral, desde que o sin ovia l.
movi m ento d o joelho selec ionado para a artrop las tia va ri e de 80 a Como a maioria das hemorragias articulares recorrentes com eça
90 gra us no pré-operatório. na infância, esse proced imento pode ser útil na prevenção de lesões
A artroplast ia total do quadril (Capítul o 7) é uma cirurgia nas articulações ósseas em crianças com hemofilia que desenvolveram
apropriada para a artropati a hemofíl ica do quadril incapacitante. hemartrose crôn ica ou si novite. No entanto, os efeitos a longo prazo
sobre as articulações em crianças, como o fechamento prem aturo da
fise ou a formação de tw11ores, são desconhecidos. Foi relatado que
SINOVECTOMIA dois pacientes com hemofilia desenvolveram leucemia lin fob lástica
aguda após a sinovectomi a radionuclídea. No entanto, a relação causal
Embora a sinovectomia d e articulações possa diminuir a dor e o entre a radi ação e a malignidade não foi estabelecida.
número de episódios de sangramento em pacientes co m hemofilia, Em nossa expe ri ên cia, os resultados a cu rto prazo da sin ovec-
ela parece não a lterar o curso da destruição articul ar. Realizamos 16 tomia radionuclídea do tornozelo em crianças e adultos têm sido
sinovectomias de joelho em 14 cri anças, adolescentes e jovens encoraj adores, pois o nuclídeo parece ser capaz d e p enetrar poste-
adultos com hem ofilia. A dor foi elimin ada ou reduzida, e o núm ero riorm ente; no entanto, a taxa de recorrên cia (necessidade de um a
de ep isódios de sangramento diminuiu drasticamente em todos os segunda sinovio rtese) parece ser mais elevad a do que para sin ovec-
pac ientes em 3 anos de acompanh amento. A lgum a mobilidade do tomia aber ta ou a rtroscópica.
joelh o foi perdid a em cinco pacientes. No acompanhamento a longo
prazo (média 9 anos) de nove desses pac ientes (11 joelhos), a dimi-
nuição da dor e a frequência de episód ios hemorrágicos foram man-
tid os, mas a artro patia progrediu em todos os 11 joelhos, se ndo que SINOVECTOMIA DO JOELHO EM
oito joelhos perderam o movimento em compa ração com o acom- HEMOFILIA
panhamento a curto prazo. Uma constatação preocupante nesse
~
grupo de pacientes foi d e que, no acompanhamento a longo prazo, TÉCNICA
todos os nove ou eram HIV-positivos o u dese nvolve ram síndrom e '--~~~~~~--~
d a imunodeficiência adqui r id a (AIDS). •Insufle o torniquete pneumático na coxa.
Tanto as sinovectomais abertas quanto as artroscópicas do • Através de uma incisão parapatelar medial (Técnica 1-31 ),
joelh o em pac ientes com hem ofili a "clássica" podem red uzir a remova o máximo de sinóvia da cápsu la do joelho quanto
hema rtrose; no entanto, o procedimento artroscóp ico parece apre- possível. A remoção de toda a si nóvia do recesso latera l
sentar menos morbidade. Embora a artroscopia possa exigir um é extremamente difícil e, em geral, ocorre sangramento
tempo cirúrgico maior, ela necessita de menor tempo de internação considerável nessa área.
e menor reposição de fator.
CAPÍTULO 32 OSTEOCONDROSES OU EPIFISITES E OUTRAS AFECÇÕ ES DIVERSAS Gm
• Remova a sinóvia do espaço articular med ial, incluindo aumentar o nível do fato r de coagulação deficiente para cerca de
sobre e em torn o do me ni sco med ial e do li gamento 100%. A sinovectomi a aberta do tornozelo é fe ita por meio de inci-
colateral. Remova a sinóvia do espaço intercondi lar e do sões anteromediais, anterolaterais e posteri ores.
liga mento cruzado anterior e, f ina lmente, do espaço art i-
cu lar lateral.
• Solte o t orniquete e rea lize hemostasia meticulosa com
SINOVECTOMIA ABERTA DE
elet rocautério; isso pode exi gir mais t empo do que a TORNOZELO EM HEMOFILIA
re moção da sinóvia.

---------'~
• Feche bem a cápsula e os tecidos moles em camadas para TÉCNICA
ob literar qualquer espaço morto; insira um tubo de dre-
nagem por pressão negativa. (GRE ENE)
• Se a cápsula medial esti ver redundante, suture-a excessi-
vamente pa ra evita r luxação recidivante da patela. •Coloq ue um coxim de areia por baixo da nádega ipsila-
teral de modo a faci lita r o posicionamen to do tornozelo
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O joelho é imobi lizado pa ra o momento da sinovectom ia anterio r.
durante 24 horas. Em seguida, o movimento é iniciado •Faça uma incisão medialmedial de 3 cm de comprimento,
com a ajuda do fi sioterape uta e um apa relho de movi- imed iata mente med ial ao te ndão tibi al anteri or.
ment o passivo contínuo, se disponível. O dreno é re mo- • Afaste o te ndão t ibial anterior lateralmente e os ra mos
vido em 48 horas com a substit uição do fator de da veia safena med iaimente.
coagula çã o adequado. A fi sioterapia continua durante 6 • Faça uma incisão longitudinal na cápsu la articular. Preserve a
semanas; o aparelho de movi mento passivo contínuo cápsula, mesmo que ela esteja alongada e atenuada pelo
pode ser uti lizado em casa. tecido sinovial hipertróf ico subjacente, porque a sua presença
pode facilita r a recuperação pós-operatória. Libere a cápsula
articular do tecido sinovial aderente por dissecção cortante.
• SINOVECTOMIA ARTROSCÓPICA • Remova todos os tecidos sinovia is visíveis. Use pequenos
A sinovectomia art roscópica é descrita no Capítul o 51. saca-bocados hipofisários para remover dobras de tecido
sinovial que se estendem até as goteiras entre o tálus e
o maléolo med ial.
SINOVIORTESE PARA O TRATAMENTO •Faça uma incisão anterolat eral de 3 cm ce ntrada, imed ia-
tamente lat eral ao te ndão fibu lar terceiro e afaste esse
DE ARTROPATIA HEMOFÍLICA tendão mediaimente.

--------'~
•Abra a cápsu la articular longitudinalmente e resseque o
TÉCNICA tecido sinovial da mesma maneira descrita para a incisão
anteromed ial.
• A terapia de reposição para hemostasia no momento da
• Resseq ue as dob ras do tecido sinovial interp ost as entre o
sinoviortese é a mesma util izada nas pequenas cirurgias. Para
tá lus e o ma léolo latera l.
os pacientes nos quais um inibidor esteja presente, a sinovior-
• Remova o coxim de ba ixo da nádega ipsilateral e coloque-o
tese algumas vezes é feita sem preparo para hemostasia.
sob a nádega contralateral antes de fazer a incisão posterior.
•Ut ilizando uma técnica asséptica , anestesie a pele com
Faça uma incisão posterior aproximadamente duas vezes
procaína a 2% (sem epi nefrina) com uma agu lha de ca libre
ma is longa que a incisão anterior, centra lizando-a entre o
23. Observe o fluxo livre de proca ína , indicando a introdu-
maléolo medial e o tendão de Aquiles. Abra a bainha do
ção da agu lha no interi or do espaço intra-articu lar.
tendão tibia l posterior, de modo que ele possa ser afastado
• Retire líquido sinovial quando possível.
de forma adequada . Disseque os outros ten dões posteriores
• Injete 2 a 5 mL de meio de contraste e, com a radiografia,
e as estruturas neurovascu lares, afastando-os da parte pos-
assegure que não há vazamento perceptível a partir do
terior da cápsu la da articu lação do torn ozelo.
espaço sinovial. Inj ete coloide de fosfato crômico P3 2
• Co loq ue um afast ador lat eralmente ao múscu lo fl exor do
(Phosphocol P32) intra-arti cu larmente.
hálux e mediaimente ao tendão tibi al posterior, possibili-
•U se 1 mC i para os joel hos e 0, 5 mCi para as outras
tando o afastamento das estruturas de partes moles loca-
articulações.
lizadas posteriormente à articulação do tornozelo. Isso
•Lave a agulha injetando lidocaína a 2% e remova-a.
proporciona uma exposição co mpleta da parte post erior
• Aplique um cu rativo plástico estéril e um imobi lizador
da cápsula. Incise a cápsula horizontalmente, a parti r do
apropriado.
maléolo medial até a extremidade distal da fíbul a.
•Disseque a inserção do tecido sinovial no tálus e na ext re-
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O paciente pode des-
midade dista l da tíbi a. Use saca-bocados hipofisá rios pa ra
carregar peso no membro imed iatament e, mas as ativi-
remover quaisquer dobras res id ua is do tecido sinovia l que
dades devem ser reduzidas por 48 horas.
se encontrem nas profund idades do maléo lo . Se a sinóvia
não pu der ser re movida da cá psula ou esta pa rece r inti-
mame nte envolvida, a remoção de gran des porções da
• SINOVECTOMIA ABERTA DE TORNOZELO cápsu la pode ser necessária. Segundo Gree ne, a reabil i-
A tra nsfusão do fator de coagulação ause nte (fa tor VIII ou IX) é tação pós-operatória pode ser dificu ltada por uma extensa
baseada no protocolo descrito anteriorm ente. Aproximadamente reação da cicatriz na cápsula posterior. )
2 horas antes da cirurgia, o paciente recebe uma transfusão a fim de
~ PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE DESENVOLVIMENTO

•Quando a si novectomia estiver concluída, esvazie o tor- fêmur ou na pelve em ad ulto s e tem prognóstico excepcionalm ente
) ruim; o o utro ocorre mais distalmente nas extremidades em crian-
niquete pneumático e realize segura e meticu losamente
a hemostasia. ças e tem um prognóstico melhor. O tratamento recomendado
• Repare a parte anterior da cápsula, mas deixe a parte pos- inclui reposição do fator, imobilização, observação atenta e pre-
venção da aspiração do cisto. A ressecção cirúrgica do pseudotu-
terior aberta e coloque um dreno. Feche as feridas de forma
padrão e imobilize a articulação do tornozelo na posição mor tipo adulto pode ser uma ameaça à v id a, e a amputação deve
neutra, com um curativo volumoso e uma tala de gesso. ser considerada. A avaliação pré-operatória do tamanho do tumor
e o gra u de infiltração é fundamental no manejo cirúrgico. A res-
CUIDADO PÔS-OPERATÓRIO secção precoce elimina a possibilidade de infecção endógena. A
Os pacientes que têm
deficiência do fator VIII devem receber terapia de trans- ressecção parcial de grandes tumores para o tratamento de com-
fusão contínua, e os pacientes com deficiência do fator pressões e a recuperação de função, deixando a parede lateral
intacta, pode ser preferível à excisão de toda a parede, o q ue dei-
IX devem receber fator IX em bolus a cada 12 horas. A
xar ia um enorme espaço morto que permitiria a formação de um
transfusão deve continuar durante todo o tempo de
enorme hematoma e sepse. Vários estudos têm mostrado resulta-
internação hospitalar (7 a 1O dias) Após a alta, a trans-
fusão é dada três vezes por semana durante 4 semanas. dos iniciais promissores com a radiação de pseudotumores que são
Esse regime mantém o nível de deficiência do fator de inacessíveis ou inadequados à ressecção.
Além do envolvimento de várias articulações, as lesões neu-
coagulação suficientemente elevado para minimizar o
risco de uma hemartrose espontânea durante o período ro lógicas são comuns em pacientes com hemofilia. Katz et ai. des-
pós-operatório imediato, enquanto a reação dos tecidos creveram 8 1 dessas lesões de nervos periféricos. O nervo femoral
moles está se resolvendo . O dreno é retirado no primeiro foi o mais acom etido, seguido pelo nervo mediano e o nervo ulnar.
dia pós-operatório, e exercícios ativos de amplitude de Em 49% das lesões, os nervos tiveram recuperação motora e sen-
movimento, com a ajuda de hidroterap ia, são iniciados sitiva completa após hemorragias significat ivas. Em 34%, um
no segundo dia após a cirurgia. Inici almente, a descarga déficit se nso ri a l res idu al (motricidade norma l) estava presente e,
de peso não é permitida e o tornozelo fica intermiten - em 16%, déficits sensoria is e motores persistentes estavam presen-
temente imobi lizado em uma posição neutra até que a tes. Os pacientes que possuíam inibid ores do fator VIII tinham
amplitude de movimento, a partir da dorsiflexão neutra menos probab ilidade de recuperar completamente as funções
a 25 graus de flexão plantar, seja obtida. O hematolo- sensor ial e motora do que os pacientes que não tinham anticorpos.
gista e o cirurgião determinam a alta hospitalar. A O tempo de recuperação motora completa desses pacientes foi
marcha usando mu letas com toque proprioceptivo do significativame nte maior.
pé prossegue durante cerca de 5 semanas após a alta A AIDS relacionada com a hem ofilia fo i relatada pe la pri-
hospitalar. meira ve z nos Estados Unidos em 1981. As estimativas atuais da
porcentagem de pacientes hemofílicos com ant icorpos HIV
variam de 30% a 90%. Antes de 1985, estimava-se que 90% dos
pacientes aten dido s em clínicas hemofílicas eram HIV-positivos,
e uma grande porcentagem de pacientes também apresentava
evidência laboratorial de hepatite. O Centers for Disease Contrai
and Prevention estimou que 9.000 hemofílicos, ou 45% da popu-
ARTRODESE lação hemofílica, contraíram AIDS e que 1.900 pacientes morre-
ram como resultado da síndrome. A triagem da presença do HIV
A artrodese de tornozelo (Capítulo 11), ombro (Capítulo 13) e joelho no sangue e em derivados para transfusões d esde 1985 e o desen-
(Capítul o 8) tem sido satisfatória em pequenas séries de pacientes com volv im ento de an ticorpo s monoclonais contra o fator VIII e de
hemofilia. Recomenda-se o uso de fixação interna, em vez de Jixado- hemoderivados sintéti cos têm diminuído a taxa de transmissão
res externos que precisam de pinos transcutâneos para reduzir a acentuadamente. No entanto, o HI V não pode ser identificado
hemorragia e a infecção em torno dos pinos (Fig. 32-41). As contra- no período de "janela" por testes atualm ente empregados para
turas em flexão fixa podem ser corrigidas removendo as cunhas ósseas rastrear doadores de sangue. Por causa do au mento do ri sco de
adequadas no momento da artrodese. infecção pelo HIV em pacientes hemofíli cos, os cirurgiões orto-
pédicos que tratam esses pacientes devem obser var não apenas
as precauções universais recomendadas pelos Centers for Disease
OSTEOTOMIA Contrai and Prevention, mas também as recomendações da Ame-
ri can Academy of Orthopaedic Surgeons Task Force on AIDS a nd
Em pacientes hemofílicos com deformidades ósseas sintomáticas, as Orthopaedic Surgery.
osteotomias podem se r necessárias. Em pacientes com deformidade
joelho em varo sintomática, podem ser feitas osteotomias de fecha-
mento de cunha valgo proximal (Capítulo 29). RAQUITISMO, OSTEOMALACIA
E OSTEODISTROFIA RENAL
COMPLICAÇÕES DA HEMOFILIA O raquitismo é a manifestação óssea de alterações do metabolismo
da vitamina D, cálcio e fó sforo em uma criança; a osteomalacia é a
O pseudotumor hemofílico ilíaco é uma comp li cação rara, ma s forma adulta. Existem várias causas de raquitismo e osteom alácia;
incapacitante e muitas vezes com risco de vida, que ocorre em 1% mas independentemente da causa do metabolismo anorma l, as
a 2% dos pacientes com deficiência do fator VIII. Dois tipos de crianças com raquitismo apresentam deformidades semelhantes nos
pseudotumor foram identificados : um ocorre principalmente no ossos longos e no tronco.
CAPÍTULO 32 OSTEOCONDROSES OU EPIFISITES E OUTRAS AFECÇÕES DIVERSAS Gm

O@ilzjEflll A, Rad iografia pré-operatória de artropatia hemofílica grave e tornozelo inchado doloroso . B e C, Radiografias no
pós-operatório de fixa çã o com parafusos rosqueados cruzados. Aos 6 meses, dor e fratura por estresse d istais da tíb ia são visualizadas.
D, Aos 12 meses, ca lo da fratura por estresse é visua lizado, mas nenhuma dor. E, Aos 24 meses, há consol idação sól ida . A fratura por
estresse se reso lve u.

Co mo a d eficiência d e vitamina D tem se tornado m en os Antes da cirurgia, o controle do d efeito metabólico com vita-
comum nos Estados Unidos, o raquitismo e a osteomalácia não são mina D, fósforo e cálcio ou out ras medid as aprop riadas deve ser feito
muitas vezes considerados no diagnóstico diferencial de pacientes por vários meses. Se a doença não for control ada metabolicam ente,
que têm dor nas extremidades ou deformidades. No entanto, o orto- a deformidade provavelm ente voltará a ocorrer após a osteotomia
pedista d eve se m anter familiarizado com os achados radiológicos e corretiva. No entanto, o tratamento com doses elevadas de vitam ina
laboratoriais que acomp anham essas doenças. Ao tratar pacientes D deve ser interrompido pelo meno s 3 sem ana s antes da cirurgia
com raquitismo, osteom alácia o u distrofia rena l, o ortoped ista deve porque, caso contrári o, provavelmente ocorrerá hip ercalcerni a em
sempre se preocupar com o efe ito que o tratam en to pode ter sobre função da imobilização.
a homeostase a lte rada do cálcio. Se um a preparação hidrossolúvel de vitamina D, corno di -hi-
Em crian ças muito pequenas com d eformid ades, o tratamento drotaquistero l for usada em vez de colecalciferol (que é a rmazenada
do defeito m etabó lico complementado por talas corretivas ou órtese no fígado), o período se m m edicação antes da cirurgia pod e ser
pode corrigir a d eformid ade (F ig. 32-42) . Em crianças pré- púberes reduzido. Além disso, n o raquitismo hipofosfa têmico res istente à
o u adolescentes, o controle clínico e órteses normalmente não cor- vitamina D, se a doença for con trolável com a utilização de fosfato
rigem um a defo rmidade estabelecida, e a os teotomia precoce é indi - inorgânico e 50.000 U o u menos d e vitamina D por dia, os sintomas
cada para assegurar que as artic ulações estejam em um a posição d e da hip erca lcemia durante o período pós-operatório im ediato têm
função caso se to rnem rígid as. m enos probab ilid ad e de ocorrer, m esm o se, no pré-operatório, a
lllllJB) PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE DESENVOLVIMENTO

deformidades sem a interrup ção do tratamento clínico. Os pacientes


com hip er tensão resistente geralmente têm expectativa de vida curta
e não devem ser considerados candidatos à cirurgia. Além disso,
quando a autonomia das paratireoides está presente e não contro-
lada por paratireoidectomia e tratamento clínico, a cirurgia não é
indicada.
Na maioria das vezes, as defo rmidades que exigem correção
cirúrgica são o joelho varo e o joelho va lgo. No joelho varo, geral-
mente o fêmur, a tíbia e a fíbula estão deformado s, muitas vezes
os dois últimos com mais gravidade; não há apenas arqueamento
lateral, mas também torção interna. A osteotomia da tíbi a e da
fíbula, perto do vértice do arqueam ento mais grave gera lmente é
necessária. Às vezes, a osteotomia do fêmur também é necessária
(Fig. 32 -43). As osteo tomi as podem ser feitas bilateralmente em
uma só cirurgia.
No joelho valgo, geralmente, a maior parte da cur vatura
encontra-se no fêmur, e uma deformidade grave em crianças mais
velhas e em adultos pode se r corrigid a por os teotomia supracondi -
liana. O objetivo das osteotomias da tíbia e do fêmur deve se r a
correção da deformidade e o alinham ento, para que o plano de cada
articulação do joelho fique perfeitamente horizontal com o paciente
em ortostatismo.
H@l!@m:fa Raquitismo por deficiênc ia de vitam ina D. A,
As técnicas de osteotom ia são descritas na discussão das defo r-
Radiografia em pé de criança pequena com raquitismo nutricio-
midades angulares e torsionais (Capítulo 29).
nal por deficiência de vitam ina D. B, Mesma criança, 18 meses
ma is tard e, após tratamento com vitamina D e órteses.
TÍBIA VARA
(DOENÇA DE BLOUNT)
vitamina D não for interrom pid a. No entanto, recomend amos inter-
romper a administração de vitamina D 3 semanas antes da cirurgia, Considera-se que Erl ac her tenha d escrito pela primeira vez a tíbia
porque a hip ercalcemia pode causar graves si ntomas de anorexia, vara e a to rção tibial interna (1922), mas foi o artigo de Bloun t, em
náuseas, vôm itos, perda de peso, confusão e convulsões. A mob ili- 1937, que levou ao reconhecimento desta doença. Bloun t descre-
zação do paciente, o mais ráp ido possível, após a cirurgia, para ve u a tíbia vara como "um a osteocondrose semelhante à coxa plana
possibilitar a rápida retomada do tratamento clínico, impediri a o e à deformidade Madelung, mas localizada no lado m edial da
atraso da mineralização da consolidação da osteotomia e evitari a a epífise proximal da tíbia''. No entanto, atu almente, a tíbia vara é
recorrência da deformidade com o crescimen to contín uo. Em cri an- considerada uma doença adquirida da metáfise proximal da tíbia,
ças mais velhas, quando a deformid ade é grave e não houve trata- e não um a displasia epifisária ou osteocondrose. A causa exata é
mento médico prévio, após a reali zação de estudos diagnósticos desconhecida, mas a ossificação end oco ndra l parece estar alterada.
completos e se o paciente não apresenta osteodistrofia azotêmi ca, Os fato res sugeridos que podem causar essa co ndição incluem
pode se r melhor prosseguir logo para a ci rurgia com o paciente em infecção, trauma, osteonecrose e um a forma latente de raqu itism o,
estado homeostático ruim , mas com condição metabólica compen- embora nenhum deles tenha sido provado. Uma combi nação de
sada, em vez de sobrecarregá- lo antes da ci ru rgia com doses elevadas fatores hereditários e de desenvolvimento é a causa mais provável.
de vitami na D, de cálcio e de fósforo e correr o risco de hipercalce- A descarga de peso deve ser necessária para se u desenvolvimento,
mia e calcificação extraóssea, especialmente no ri m. porque não ocorre em pacientes não deambulantes, e a relação da
Na osteodistrofi a azotêmica, o manejo médico especializado marcha precoce e da obesidade com a doença de Blount tem sido
tanto no pré-operatório como no pós-operatório é essencial e ideal- claram ente docum entada.
mente é realizado por um a equipe especial treinada no tratamento Embora a causa exata da tíbia vara seja con troversa, os achados
da insufici ência renal crônica. A correção da anem ia, a hi dratação clínicos e radiográficos são consistentes. A anomalia é caracteri zada
adequad a, o co nt role de uremia e o balanço eletrolítico são por varo e torção interna da tíbia e joelho em recurvatum. Blount
necessários para a administração segura da anestesia. A diálise peri - distinguiu dois tipos de tíbia vara de aco rdo com a idade de apre-
toneal ou a hemod iálise podem ser necessárias an tes da cirurgia. Se se ntação: in fa ntil, qu e co meça antes dos 8 anos de idade, e adoles-
fo r dad a atenção aos detalhes, as cri anças com osteodistrofia azotê- ce nte, que começa depois de 8 anos de idade, mas antes da maturidade
mica podem passar por um a cirurgia ortopédica com sucesso. Os esquelética. A form a infantil é difícil de diferenciar da curvatura
requisitos da cirurgia são expectativa razoável de vida, paciente e fis iológica comum nessa faixa etária, especialmente antes da idade
pais intelige ntes e motivados, melhora demonstrada de lesões ósseas de 2 anos. A tíbia vara infantil é bilateral e simétrica em aproxima-
com tratamento clínico, deformidades que podem ser co rrigidas dame nte 60% das cria nças afetadas; a curvatura fisio lógica é quase
com um ou dois procedim entos ortopédicos e a probabilidade de sempre bilateral. Na doença de Blount, a deformidade em varo
que a cirurgia red uzi ri a signifi cativamente a incapacidade do aum enta progressivamente, enquanto a curvatura fisiológica tende
paciente. A cirurgia para cri anças com osteodistrofia renal e defor- a se resolver com o crescimento.
m idades do joelho é factíve l, mas o planejamento cirúrgico cui - Apesar de não ser comum na in fância, a doença de Blount na
dadoso e a estab ili zação metabólica pré-operatória são essenc iais . adolescência foi dividida em dois tipos: (1) a fo rm a adolescente, que
O uso de um fixador exte rn o pode permitir a correção precisa das ocorre entre 8 e 13 anos de idade e é causada pelo fechamento parcial
CAPÍTULO 32 OSTEOCONDROSES OU EPIFISITES E OUTRAS AFEC ÇÕES DI VERSAS

lâ@ll;t4!1!19 Raquitismo resistente à vitamina D. A, A cria nça apresenta deformidades no fêmur distal antes do tratamento . As
tíbias não são mostradas neste filme. B, Três meses após osteotomias va lgizant es dos fêmures e das tíbias distais utilizando pinos incor-
porados no gesso acima e abai xo dos locais de osteotomia . C, Dois a nos após osteotomias, o raquitismo resistente à vitamina D está
bem controlado com grandes doses de vitamina D, cálcio e fósforo. Não há deformidades recorrentes.

da fise após trauma ou infecção, e (2) a tíbia vara de "início tardio':


que ocorre em crianças obesas, especialmente nas neg ras, entre 8 e
13 de idade, sem uma causa distinta. A semelhança notável das
alterações histológicas que ocorrem em pacientes com tíbia vara de
in ício tardio e em pacientes com tíbia vara infa ntil e epifisió lise
fe moral sugere uma causa comum para essas cond ições.
Na tíbia vara, carac teristicamente, a m etade medial da epífise
vista nas radiografias é curta, fina e em cunh a; a fise te m contorno
irregul ar e é inclinada medialmente. A metáfise proximal for m a
uma projeção medial que, muitas vezes, é palpável, m as essa pro-
jeção não é di agnóstica de tíbia vara. A fragmentação metafisá ria
medi al é pato gnomôni ca para o desenvo lvimento de uma tíbia vara
progressiva. A deformid ade an gular ocor re imed iata mente distal à
projeção.
Langenskiõld observo u a progressão das alterações epifisá rias
e da deformidade através de seis estágios com o crescimento e o
desenvolvimento (Fig. 32 -44) . No estágio VI, a parte medi al da
epífise se fu nde em um ângul o descendente de 90 graus.
Normalmente, o ângulo tibiofem oral progride de varo pronun -
ciada, antes da idade de 1 ano, para valgo entre 1,5 e 3 anos de idade.
Vários autores têm sugerido que o desvio do desenvolvimento
normal do ângulo tibi ofemoral indica doença de Blount e que o
ângulo metáfise-d iafisário seja um indicador precoce de doença H@ii;@E!III Diagra ma de alterações radiográficas observa-
Blount. Em um es tudo, a maioria das crianças com ângul os rnetafi - das em tipo infantil de tíbia vara e seu desenvolvimento com
sários-diafisário de 11 graus ou mais desenvolveu a doença de aumento da idade. (De Lange nskiõld A, Riska EB : Tibia va ra (osteo-
Blount, enquanto as crianças com ângulos infe riores a 11 graus chondrosis deformans tibiae): a survey of seventy-one cases, J Bone Joint
tinham curvatura fis iológica qu e se resolveu com o crescimento. Surg 46A: 1405, 1964.)
Essa medida não é um fator prognóstico absoluto de doença de
Blount, m as um ângulo rnetáfise-diafisá ri o superior a 11 graus predizer resolução tardia do arqueamento da tíbia, comprimento da
merece urna observação cuidadosa (Fig. 32-45). Por causa da fíbula comparada co m a tíbia e gravidade da angulação proximal da
rotação, o ângulo Drennan é considerado, por alguns, pouco confi- tíbia em relação à angulação fem oral distal. Embora outros ângulos
ável, apesar de excelente confi abilidade entre observadores ter sido do fêmur e da tíbi a no joelho possam ser determinados (Fig. 32-46),
notada. O utras medidas de ângulo foram sugeridas: RM para qu ando a deformid ade está presente, a maiori a dos autores concord a
mi) PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE DESENVOLVIMENTO

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A B e
O@ii;f!i&II!t A, Ângulo formado pelas diáfises do fêmur e da
tíbia . B, Ângulo formado pelo côndilo femoral e a diáfise da tíbia .
C, Depressão do planalto medial da tibia. (De Schoenecker PL, Joh nston
R, Rich MM, et ai: Elevation of t he media l platea u of t he tibia in the
t reat ment of Blo unt disease, J Bane Joint Surg 74A:3 51 , 1992.)

Htijii;H ~ A, O â ngulo tibiofemoral é form a do por linhas


tra çadas ao longo dos eixos longitudinais da tíbia e do fêmur. B,
O ângulo metafisário-diafisário é formado pela linh a traçada per-
pendicular ao eixo longitudinal da tíbia e uma linha desenhada
através de dois bicos da metáfise para determinar o ei xo transver-
sal da metáfise da tíbia. (Redesen hada de Levine A, Drennan J: Physio-
logical bowing and t ibia va ra: the metaphysea l-d iaphysea l ang le in
measurement of bowleg deformities, J Bane Joint Surg 64A: 11 58, 1982.)

qu e o eixo m ecânico do m embro deve ser a m edi ção m ais fun cio nal
da quantid ade de defo rmação presente, um a vez qu e se relaciona
co m o ângulo tibiofem oral n as radiografi as (Fig. 32-47).
Klin e et ai. descreveram o varo fem oral como um a defo rmid ade
significativa de início tardio da doença de Blount. Eles m ostraram
uma deformi dade m édia de 10 graus do varo femoral m ais do que o
ângulo articul ar fêmur-tibial calculado como ideal. Isso representou
34% a 76% da deformid ade em varo do joelh o dos m embros afetados. A B
Gordon e Schoenecke r recom end aram que os cálculos sejam feitos
em radiografias em ortostatism o para determinar a quantidade de O!riil;t!il!lfa Eixo mecanico do membro que se refere ao
varo femoral excessiva, e que isso deve se r co rrigido pela osteoto mia ângulo formado pelo côndilo femoral e a diáfise tibial. A, Alinha-
femoral ou epifisiodese no m omento da osteotomia da tíbia, a fim de mento normal. O ângulo formado pelo côndilo femoral e a diáfise
evitar uma deformidade compensatória poste rior. tibial é de aproximadamente 90 graus. B, Tíbia vara. O ângulo
A displas ia fib rocartilagin osa fo cal fo i relatada com o uma formado pelo côndilo femoral e o ei xo tibial é menor do que 90
causa da tíbia vara em algun s pacientes. Bell descreveu a aparência graus. (De Schoenecker PL, Johnston R, Rich MM, et ai: El evation of
rad iográfi ca ca racterística e a natureza uni lateral da lesão da metá- the medial plateau of the tibia in the t reatment of Blou nt disease, J
fi se m edial proximal. Relatos m ais recen tes sugerem que isso geral- Bane Joint Surg 74A:351, 1992.)
m ente constitui uma condição autolimitada qu e se corrige
espo ntanea mente (F ig. 32-48) e qu e um a p rogressão grave deve se r
documentada antes qu e a osteo tomia va lgizante seja fe ita. A fise
p roximal da tíbia tem o potencial de co rrigir a defo rmidade nas O tra tam ento da doença de Blount depend e da idade da
m etáfises adjacentes, dependend o da idade do p aciente e da g ravi- criança e da gravid ade da deformidade varo. Geralmente, a obser -
dade da deformidade. A osteotomi a é indicada apenas p ara um a vação o u uma tentativa com ó rtese é indicada para crianças entre 2
defor midad e signifi ca tiva em uma crian ça m ais velh a quando a cor- e 5 anos de idade, mas a deformid ade progressiva normalmente
reção espon tânea não pode ser esperada. exige osteo tomia. A recidiva da deformidade não é tão frequ ente
CAPÍTULO 32 OSTEOCONDROSES OU EPIFISITES E OUTRAS AFECÇÕES DIVERSAS GDllll
alterações radiográficas grau IV de Langenskiõld, (4) peso corporal
acima do percentil 95 e (5) meninas negras que atendam aos cri-
térios anteriores . A ressecção da ponte óssea deve ser considerada
em crianças que ainda tenham potencial de crescimento e pode ser
feita em conjunto com a osteotomia de tíbia se a angulação for
significativa.
Em crianças com mais de 9 anos de idade, com envolvimento
mais grave, pode ser indicada osteotomia isolada, com ressecção
da barra óssea ou com epifisiodese da tibial lateral e fise fibular.
A ressecção da barra fisária medial isolada tem sido descrita como
eficaz quando o fechamento prematuro da fise é evidente, mas uma
deformidade angular significativa não seria corrigida apenas pela
ressecção da barra. A epifisiodese tibial lateral pode ser feita, com
ou sem osteotomia, após 9 anos de idade, mas antes da maturidade
esquelética. No envolvimento unilateral, a epifisiodese da perna não
comprometida pode ser indicada para corrigir a discrepância do
comprimento dos membros.
Em pacientes mais velhos nos quais a órtese e a osteotomia de
tíbia não conseguiram evitar a deformidade progressiva e quando o
risco de epifisiodese medial espontânea anormal é grande, como
evidenciado por ossificação endocondral desordenada grave, uma
osteotomia intraepifisária para corrigir a instabilidade articular
grave e uma osteotomia em valgo metafisária para corrigir a angu-
lação em varo podem ser indicadas.
Um elemento essencial desse procedimento é a reconstrução
O@ihtJ&ml Displasia fibrocartilaginosa na tíbia proximal do nível horizontal do planalto tibial medial. Esse método é indicado
com deformidade em varo resultante sim ulando "pernas arque- para uma depressão considerável do côndilo femoral medial dentro
adas" da doença de Blount. do defeito do osso epifisário tibial e quando existe a possibilidade
de uma ponte óssea entre a metáfise e a epífise da tíbia medial. Além
da elevação da depressão do planalto tibial medial, a osteotomia
após a osteotomia em uma idade precoce como após a osteotomia valgo metafisária pode ser necessária para corrigir o alinhamento da
quando a criança é mais velha, com taxas de recorrência de cerca de tíbia (Fig. 32-49).
80% em crianças mais velhas em comparação com menos de 20% Zayer descreveu uma osteotomia tibial hemicondilar através
em crianças mais novas. Beaty et ai. relataram que a osteotomia da epífise, mas não através da fise, até o espaço intercondilar (Fig.
precoce (2 a 4 anos) produziu os melhores resultados, com apenas 32-50). Esse método corrige a inclinação medial da epífise tibial,
um de seus 10 pacientes com recidiva da deformidade. Por outro evitando a fise. Como a obesidade, a dismetria dos membros e a
lado, de 12 pacientes nos quais a osteotomia foi feita depois de 5 deformidade femoral muitas vezes estão presentes em pacientes
anos de idade, 10 (83%) apresentaram recidiva da deformidade com a doença de Blount, a fixação externa, incluindo a estrutura
necessitando uma nova osteotomia. Eles recomendaram osteoto- espacial de Taylor, pode ser indicada para alcançar estabilidade após
mias valgizantes da tíbia e da fíbula proximais com leve hipercorre- a osteotomia e a correção imediata. Ela também parece ser um
ção em crianças pequenas. excelente método de tratamento em um paciente extremamente
Rab descreveu uma osteotomia de tíbia proximal para a obeso para o qual um gesso unilateral ou especialmente bilateral seja
doença de Blount em que um corte de plano único oblíquo possi- impraticável. Um fixador externo uniplanar também pode ser usado,
bilita a correção simultânea da deformidade em varo e da rotação especialmente nas deformidades frontais isoladas de um plano, com
interna e permite colocações de cunha no gesso no pós-operatório, resultados satisfatórios. As vantagens parecem ser a facilidade de
se necessário para obter uma posição apropriada. Mais recente- aplicação, a adaptabilidade, a descarga de peso precoce, a capacidade
mente, Laurencin et al., num esforço para evitar complicações de alongar a extrem idade e a evitação de uma segunda cirurgia para
fisárias e neurovasculares, descreveram uma osteotomia em cunha, remover os implantes (Fig. 32-5 1). A técnica de Ilizarov é eficaz na
de fechamento, oblíqua, incompleta, fixada com uma placa de correção da deformidade e do alongamento, se necessário, em
tensão lateral. Greene também descreveu uma osteotomia em pacientes adolescentes. Essa técnica possibilita o ajuste do alinha-
chevron em que cunhas de abertura e fechamento podem ser feitas mento do membro após a cirurgia, se necessário, para se obter um
de modo que a discrepância do comprimento do membro presente eixo mecânico perfeito. A fixação da tíbia é obtida pot meio de
em uma tíbia vara moderada a grave não aumente. Ele prefere uma quatro fios proximais e quatro distais que são afixados nos anéis e
osteotomia em forma de crescente, com um a meia-cunha de fecha- tensionados. Modificações com pinos de Schanz também podem
mento lateral, usando o enxerto mediaimente numa cunha de ser utilizadas.
abertura para manter o comprimento. A fixação interna do enxerto
muitas vezes é necessária.
Uma das causas da recid iva da deformidade após a osteoto- OSTEOTOMIAS
mia é uma barra fisária. Greene listou os seguintes critérios para
decidir se estudos tomográficos devem ser feitos antes da cirurgia A osteotomia oblíqua descrita por Rab começa em um ponto
para determinar se uma barra óssea está presente: (1) idade supe- distal ao tubérculo tibial, proximal à metáfise tibial posterior e
rior a 5 anos, (2) inclinação da fise medial de 50 a 70 graus, (3) imediatamente distal à fise e é feita com urn a incisão transversal
~ PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE DESENVOLVIMENTO

0!§11;f;.1EEl:D Doe nça de Blount grave. A, Osteotomia em cunha de fechamento metafisária. B, Elevação epifisária. VEJA A
TÉCNICA 32-20.

OSTEOl:OMIA METAFISÁRIA
PARA TIBIA VARA
Tenso TÉCNICA ______.....
;....._
~
~

(RAB)

•Prepare o paciente e disponha os campos da maneira


usual e posicione e insufle o torniquete .
• Faça uma incisão transversal no polo inferior do tubérculo
O@i!i(;.1EfS Osteotomia he micondilar. (De Zayer M Hemico n- tibial (Fig. 32-55A) Faça uma incisão em forma de Y no
dylar tibia l osteotomy in Blount's disease: a report of two cases, Acta periósteo e disseque periostalmente (incluindo a inserção
Orthop Scand 63:350, 1992.) pes anserinus mediaimente) até que os afastadores maleá-
veis ou de Blount possam ser colocados atrás da tíbia (Fig .
32-55B). Alongue a incisão periosteal distalmente, se neces-
sário, para obter proteção subperiosteal posteriormente.
estética. A fasciotomia e a osteotomia da fíbula são feitas por •Posicione um pequeno pino de Steinmann em um ângulo
meio de urna incisão separada. Como fixação interna rígida não de 45 graus, um centím etro distal ao tubérculo tibial e
é usada, os ajustes pós-operatórios através de cunh as no gesso avance-o sob controle do intensificador de imagem até que
são possíveis. passe junto ao córtex posterior (Fig. 32-55C). Verifique se o
A correção é obtida pela rotação em torno da face da osteoto- pino está distal à f ise no córtex posterior na visão do inten-
mia oblíqua e pode ser mais bem descrita considerando os cortes sificador de imagem. Meça o comprimento do pino e use
individuais nos seus planos anatômicos (Fig. 32-52). A correção de uma caneta ou Steristrip para marcar o mesmo compri-
urn a deformidade puramente rotacional exige uma osteotomia no mento sobre os osteótomos e nas lâminas da serra sagital
plano transverso, enquanto a correção puramente em varo ou va lgo (Fig. 32-550). Isso serve como um lembrete da profundidade
exige uma osteotomia no plano frontal (coronal). Uma osteotomia da serra e pode indicar se o posiocionamento do intensifi-
oblíqua, dirigida de anterodistal para posteroproximal, partilha a cador de imagem lateral está apropriado.
diferença entre os planos transversal e frontal. A rotação com suas • Com a serra e o osteótomo, faça com cuidado o corte da
duas faces em contato corrige em varo e rotação interna. Os cortes osteotomia imediatamente dista l ao pino de St einmann,
de osteotom ia mais verticais (frontal) corrigem mais em varo do que checando frequentemente com o intensificador de imagem
rotação interna. Os cortes mais horizontais (transversais) fazem o (Fig. 32-55E). Como o corte se aproxima da conclusão,
oposto. De acordo com Rab, os pacientes com doença de Blount têm pode ser útil fazer algum corte do lado anteromedial da
quantidades quase iguais de varo e rotação interna e, na prática, uma tíbia, onde a exposição subperiosteal é melhor.
osteotomia com 45 graus cefálicos proporciona correção adequada • Faça uma segunda pequena incisão sobre a metade da fibula
na maioria dos pacientes. Ele relatou correção simultânea de defor- e excise subperiostealmente um segmento de 1 a 2 cm da
midade em varo de 44 graus e rotação interna de 30 graus. A esti- f íbula. Mova a osteotomia da tíbia para frente e para trás a
mativa rápida do ângu lo da osteotomia quando são necessários fim de liberar qualquer periósteo posterior dos fragmentos.
diferentes gra us de rotação externa e correção valgo é fornecida na • Faça um orifício no sentido anteroposterior cruzando o
Figura 32-53. Um modelo matemático das rotações de osteotomia é corte da osteotomia, lateralmente ao tubérculo tibial.
mostrado na Figura 32-54.
CAPÍTULO 32 OSTEOCONDROSES OU EPIFISITES E OUTRAS AFEC ÇÕ ES DI VERSAS

O[ijii;@Efllt A e B, Radiografias anteropos-


teriores de tíbia vara bilateral grave em ado les-
cente obeso . C e D, Radiografias de fixadores
externos de moldura unilateral após osteotomias
metafisá ria s.

Gire a osteotomia no seu plano por meio de rotação CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O gesso é trocado em 4
ext erna e rotação em va lgo (na doença de Blount), hiper- semanas e a descarga de peso é permitida, conforme
corrig indo se necessário. Através do orifício, fixe a oste- tolerado, se o ca lo for visível na radiografia. O gesso é
otomia com um ún ico para fu so-gu ia esponjoso ou cortica l usado du rante 8 semanas ou até que a consol idação esteja
de 3,5 mm passado além da medida anteriorm ente (Fig. evidente rad iografica mente.
32-55F). Não aperte demais esse parafuso.
•Realize uma fasciotomia subcutãnea entre as duas inci-
sões e libere o torniquete. Verifique se há retorno de
pulsos, especialmente na artéri a dorsal do pé. Realize
hemostasia e feche a incisão sobre drenas de sucção com
sutu ras subcutãneas e subcuticul ares absorvíveis f in as. Greene prefere uma osteotomia em chevron de abertura e
Veri f ique ambas as extremi dades para o alinhamento fechamento, que é uma modificação da osteotomia em cúpula e tem
clínico correto, que é crucial nesta fase. O único parafuso a vantagem de proporcionar uma estabi lidade maior e alterações
está solto o suficiente para permitir o ajustamento da mínimas do comprimento do membro. As desvantagens teóricas são
posição da osteotom ia com gesso e cunh as se necessário. um período de imobilização por gesso um pouco mais longo, o qual
Ap licar um gesso longo com joelhos fl etidos. pode ser necessário para incorporar o segmento de cunha e a perda
de correção provocada pela perda de fixação.
llllD> PARTE IX TRANSTORNOS CONGtNITOS E DE DESEN VOLVIMENTO

O!§ll;b'E!EI Princípio da osteotomia oblíqua para tíbia vara .


Rotação em torno da face do corte produz va lgo e rotação
externa.

Osteotomia

50°

=>
(Q
e H@il;MEfEI Descrição matemática de rotações da osteoto-
40º o mia . Os vetores representam a rotação nos planos frontal , trans-
CD
40º versa l e sagital e Rosteot é a rotação real em torno da face do corte
oO) 35º da osteotomia. Os vetores que descrevem a rotação são normais
Cii para (em ângulo reto com) o plano de corte da osteotomia.
> 30º
E 30º
Ql
o
<CU
o
~ 20º
o
o
1Oº

10º 20º 30º 40º 50º

Correção em rotação externa

O@ihfül!lil Nomograma para o cálculo do ângulo de oste-


otomia oblíqua para tíbia vara. A correção va lga pretendida A B
encontra-se no eixo vertical, e a correção de rotação desejada
encontra-se no eixo horizontal; a intersecção indica o ângulo da
osteotomia a partir da horizontal, como mostrado (inserção).
(Redesenhada de Rab GT: Oblique t ibial osteotomy for Blount's disease
(tibia vara), J Pediatr Orthop 8:7 15, 1988 ) VEJA A TÉCNICA 32-20.

OSTEO"(OMIA EM CHEVRON
PARA TIBIA VARA D

TÉCNICA ~
0@11;@ ~ Osteotomia tibial ob líqu a (ver texto) para tíbia
----~~~~~~~--~ vara. A, Incisão transversal no tubérculo tibi al. B, Incisão perios-
(GREENE) teal em forma de Y. C, Inserção do fio de Steinmann após a
exposição subperiostal. D, Marcação para serra e osteotomias
•Antes da cirurgia, faça um gabarito no papel que limite a fim de evitar superpenetração . E, Corte ob líquo abaixo do
a cunha lateral desejada. fio. F, Rotação da osteotomia e fixação com um único para-
fuso. VEJA A TÉCNICA 32-18.
CAPÍTULO 32 OSTEOCONDROSES OU EPIFISITES E OUTRAS AFECÇÕ ES DIVERSAS

•Coloque o paciente em decúbito dorsal na mesa de cirur-


gia com um coxim de areia sob o quadri l ipsilateral para
melhorar a exposição da fíbula. Prepare a perna desde os
dedos dos pés at é a coxa proximal. Deixe o pé exposto
para permitir uma ava liação mais precisa da torção t ibial
e permitir a ava liação dos pu lsos pedioso dorsa l e t ibial
posterior quando o torniquete fo r esvaziado.

OSTEOTOMIA FIBULAR
•Exponha o terço méd io da fíbu la através do intervalo
entre os compartimentos lateral e posterior. Incise o
periósteo da f íbula e eleve-o com cuidado circunferen-
cialmente para evitar acidentes com os vasos fibulares
adjacentes .
•Remova um segmento de 1cm da fíbula com uma serra
oscilante. Corte a fíbu la ob liquamente, de superolatera l
para inferomedial. Isso permitirá qu e a porção distal da
f íbu la deslize pelo fragmento proxima l quando a perna
for trazida de uma posição em varo para valgo.

OSTEOTOMIA TIBIAL
•Faça uma incisão em taco de hóquei de 4 a 5 cm dista lmente
ao tubérculo t ibial ficando medial e lateral à crista anterior
da tíbia. Estenda a incisão para a tuberosidade da tíbia e
curve-a lateralmente em direção ao tubérculo de Gerdy.
Incise o periósteo imediatamente adjacente aos músculos U@l!;ME!Elt Osteotomi a de abe rtura e fecham ento em
do compartimento anterior. Incise o periósteo transversa l- chevron para tíb ia vara. A, Cortes d a ost eotom ia. B, A cu nh a
mente apenas dista l ao tubércu lo t ibia l e eleve-o circunfe- lat eral é inserida mediaim ente. (De Greene WB: lnfantile t ibia vara,
renc ialmente a f im de que os afastadores cu rvos possam J Bane Joint Surg 75A:130, 1993.)
ser colocados para proteger os tecidos moles posteriores.
Por causa da sua forma triangular, é necessário ter mais
cuidado nas bordas posterolaterais e posteromediais da tíbia
para garantir que a dissecção permaneça subperiosteal.
•Delineie os cortes ósseos na face anterior da tíb ia com
um osteótomo ou cautério (Fig. 32-56). O ápice da oste- CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Nenhuma descarga de
otomia deve ficar imediatamente distal ao tubérculo peso é perm it ida nas primeiras 4 semanas após a cirurgia.
tibial. Faça um orifício de anterior para posterior neste O gesso é trocado em 4 semanas e, se a consolidação estiver
momento para minimizar o risco de estender a osteoto- satisfatória na radiografia, os pinos são removidos e a des-
mia além do loca l desejado. Comp lete a osteotomia com carga de peso é iniciada. Normal mente, são necessá rias 8 a
uma serra oscila nte e remova a cun ha latera l. 1O semanas de imobi lização, dependendo da idade da
•Gire a tíbia dista l para a posição desejada em va lgo e criança . A osteotomia deve ser protegida durante o tempo
rotação externa. Insi ra med iaimente a cunha latera l remo- que for suficiente para min imizar o risco de fratura, seguindo
vida, em uma posição que mantenha a correção. um rápido e vigoroso restabelecimento da atividade.
• Dependendo da idade da criança, do grau de obesidade,
bem como da estabilidade da osteotomia, um único pino
ou dois pinos cruzados podem ser utilizados para a
fixação, se necessário. Use pinos lisos ou com rosca e
pré-perfure a diáfise para tornar a inserção dos pinos mais
fácil e precisa. Qua lquer pino usado para f ixação deve OSTEOTOMIA METAFISÁRIA E
atravessar a osteotomia e sair através do córtex proxima l EPIFISÁRIA PARA TÍBIA VARA
sem cruza r a f ise .
• Solte o torniquete e verifique a circu lação no pé. Se a
circu lação estiver satisfatória e a correção estive r ade-
TÉCNICA Emm~~~~~~
quada nas radiografias, enterre as extremidades dos pinos (INGRAM, CANALE, BEATY)
sob a pele para preveni r infecção no trajeto e ulceração
da pele. Realize a fasciotomia subcutânea no comparti- • Determine no pré-operatório o tamanho da cunha a
mento anterolatera l. ser remov ida das áreas epifisárias e metafisá rias (F ig.
• Feche as incisões fibular e tibial, deixando a fáscia aberta 32 -49) e se um enxerto será coletado a partir da fíbula
e fechando a pele com suturas subcuticulares. Aplique ou tíbia.
gesso longo no membro com joelho fletido a 45 graus e • Rea lize assepsia e colocação de campos no paciente da
o tornozelo em posição neutra. maneira usua l. Ap li que e insufle o torn iquete. )
PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE DESEN VOLVIMENTO

h@ll;HE!m Osteotomia epifisária e metafisária para tíbia vara . A, Doença de Blount grave com fise deslizou 90 graus. B, Exposi ção
da fise . C, Osteotomia. D, Elevação do planalto tibial medial. E, Colocação do enxerto ósseo sob compressão. F, Gesso incorporando os
pinos. VEJA A TÉCNICA 32-20.
CAPÍTULO 32 OSTEOCONDROSES OU EPIFISITES E OUTRAS AFECÇÕES DIVERSAS Glilll
•Exponha a tíbia proximal por meio de uma incisão o ramo infrapatelar do nervo safeno no nível do aspecto
)
longitudinal de aproximadamente 1O cm de comprimento inferior da incisão.
na borda lateral do osso na área da fise . Aprofunde •Abra a articulação do joelho por meio de uma incisão
a dissecção através das partes moles para expor a fise capsular anterior ao ligamento colateral medial. O
(Fig. 32-57B) . Continue a exposi ção subperiostea l dis- menisco medial pode se encontrar hipertrofiado; tenta-
ta lmente e coloque afastadores invertidos na área meta- mos preservá-lo. A incisão capsular permite a inspeção da
fisária do osso na região da fi xação do li gamento colateral superfície articular da tíbia assim que a osteotomia é feita.
tibial sobre a tíbia. Faça uma pequena incisão no terço •Com um bisturi, faça uma incisão circunferencial através
proxima l do compartimento lateral e rea lize a dissecção da cartilagem epifisária até o centro de ossificação primá-
dos tecidos moles até a fíbula, evitando o nervo fibu lar. ria da epífise proximal da t íbia, estendendo-se do canto
•Remova um segmento da fíbula de aproximadamente 1,5 posteromedial da tíbia para o canto anteromedial; fa ça a
cm de comprimento. Se um enxerto for usado sob o incisão a meio caminho entre a superfície articular e o
planalto tibial, um segmento mais longo de fíbula pode anel vascular proeminente dos vasos que penetram a
ser necessário. epífise im ediatamente proximal à fise .
•Pode ser feita uma fasciotomia através dessa incisão • Usando um osteótomo suavemente curvo de 18 mm,
ou através da incisão da tíbia. Com um osteótomo e fa ça uma osteotomia através do aspecto medial do centro
um martelo, faça uma osteotomia através da fise, res- de ossificação primário da epífise. Por causa da inclinação
secando qualquer barra óssea (Fig. 32-57C). Complete anormal do planalto tibial medial, a osteotomia segue
a osteotomia da periferia ao centro do joelho de anterior paralela à superfície articular medial e deve atingir o
para posterior, evitando vasos e nervos posteriores. osso subcondra l na região intercond ilar adjacente ao
Coloque um elevador no local da osteotomia e com li gamento cruzado anterior (Fi g. 32-58). Eleve suave-
cuidado alavanque e eleve o planalto tibial medial até mente esse segmento, trazendo o planalto tibial medial
que esteja tão paralelo quanto possível ao planalto congruente com o côndilo femoral medial e nivelado
lateral (Fig. 32 -570). Se houver qualquer degrau da com o plana lto tibial lateral. Siffert afirmou que isso
osteotomia no meio da articulação, pode ser feita uma deve corrigir a recurvatum do joelho que frequente-
artrotomia para inspecionar a articu lação; o tecido mole mente está presente .
abundante e a cartilagem na área da iminência tibial •Insira pequenos enxertos corticais da tíbia proximal medial
agem como uma dobradi ça, prevenindo qualquer degrau. (ou de banco de osso) na osteotomia aberta . Como a
•Corte a cunha de fechamento lateral adequada na depressão articular geralmente é mais posterior que ante-
metáfise e insira dois pinos de Steinmann paralelos. rior, enxertos de diferentes tamanhos e formas são neces-
Coloque a cunha de osso (ou enxerto de osso reti rado sários para manter a congruência articular e o contato
da fíbula ) sob o planalto tibial elevado (Fig. 32-57E); durante toda a amp litude de movimento normal. É
apli que compressão se desejado (Fig. 32-57 E). importante que o enxerto seja colocado apenas no osso
•Insira pinos de Steinmann cruzados através da epífise epifisário da cunha de abertura, e não na carti lagem
e do en xerto tibia l proximal. medial.
•Feche a incisão e aplique um gesso longo no membro
com joelhos fletidos, incorporando os pinos no gesso
(Fig . 32-57F) ou em um aparelho de fixador externo.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Os pinos no local da oste-


Andrade et ai. descreveram uma cirurgia mais ampla utili-
otomia são removidos em 6 semanas, e os pinos do
zando broca dental e pino de metil-metacrilato construído para
planalto medial são removidos em 12 semanas. A imobi-
fixação . Eles enfatizaram a importância de elevar a depressão
liza çã o com gesso é interrompida em 12 semanas, e
(Fig. 32-59). A osteotomia de cunha de abertura de base medial na
exercícios de amplitude de movimento são iniciados.
tíbia proximal também pode ser necessária para corrigir a defor-
midade em varo da tíbia. A osteotomia fibular proximal é essencial
e, através da incisão lateral necessária à osteotornia fibular, reco-
mendamos realizar urna fa sciotornia subcutânea, tendo o cuidado
OSTEOTOMIA INTRAEPIFISÁRIA de proteger o nervo fibular superficial assim que penetra na fáscia
PARA TÍBIA VARA profunda da região inferior da perna para se tornar subcutâneo. Nós

TÉCNICA mm_______~ também inserimos um pino liso de Steinmann proximal e distal à


osteotomia da tíbia proximal e, com eles incorporados num gesso
longo, a posição da osteotomia é mantida sem enxerto. Um enxerto
(SIFFERT, ST0REN, JOHNSON ET AL.) cortical também pode ser utilizado em uma cunha de abertura e
mantido com pinos de Steinmann cruzados. A técnica de osteotornia
•Com o joelho em extensão, inicie uma incisão longitudi- da tíbia proximal é descrita na seção sobre deformidades angulares
nal medial no epicôndilo femoral medial, estendo-a distal e torsionais (Capítulo 29).
e anteriormente e termine-a 2 centímetros medial e distal A epifisiodese lateral pode ser feita com qualquer das oste-
à tuberosidade tibial . (Siffert prefere uma incisão trans- otornias, estendendo a dissecção subperiosteal proximal para
versa l ao longo da linha articu lar medial, curvada distal- expor a fise. Urna cureta ou broca dental podem ser usadas para excisar
mente à tuberosidade tibial) Tome cuidado para preservar a fise cartilaginosa. A técnica de epifisiodese está descrita no
Capítulo 29.
llllllZl) PARTE IX TRANSTORNOS CONG ÊNITOS E DE DESENVOLVIM ENTO

•Insira três pinos transfixantes de 4 ou 5 mm, dependendo


do tamanho do paciente, no fragmento do plana lto tib ial
medial, para lelamente à linha articu lar media l conforme
determinado por um artrograma intraoperatório e TC tri-
dimensiona l (Fig. 32-60) . Se houver uma incl inação poste-
rior, os pinos devem ser colocados para lelamente a ela, de
anterior para posterior. A incisão da pele pode ser reaberta
e a osteotomia completada com osteótomos de Lambotte,
deixando a carti lagem arti cu lar proximal intacta . Examine
a osteotomia clín ica e radiograficamente.
•Anexe um semianel de taman ho apropriado para os três
pinos transfixantes orientados paralelamente à linha da arti-
cu lação nos planos anteroposterior e mediolateral. Apl ique
duas armações de anéis distalmente perpendicu lares ao eixo
longo da tíbia e anexe-os ao semianel usando dobradiças
anteriores e posteriores. Coloque as dobrad iças opostas à
cartilagem articu lar intacta na extremidade proxima l da oste-
otom ia. Na presença de uma inclinação posterior, com base
Ht§il@E!Ell Correção do componente intra-articular da na TC, a dobradiça posterior funciona como uma dobradiça
doen ça de Blount pela osteotomia da epifise. A, Incisão feita na de distração para elevar a incl inação posterior, enquanto a
cartilagem epifisária, mediaimente, em sua parte média. Ost eo- dobradiça anterior está fixa. Posicione a dobradiça anterior
tomia curva dirigida lateral e proximalmente para a reg ião sub- cu idadosamente na linha média sobre a espinha da tíbia. A
condral intercondilar paralelamente à superfíci e articular. B, dobradiça deve f icar sobre a junção osteocondra l, pois é
Côndilo tibi al osteotomizado elevado em sua dobradi ça cart ilagi- onde se localiza o fu lcro da osteotomia. Duas barras rosq ue-
nosa intercondilar até a posição de congruência com o fêmur; adas, montadas media imente, funcionam como motores.
suportes ósseos são colocados na lacuna para manter contato em Use um semipino de 4 mm e um fio olivado em cada nível
todos os planos de movimento e ten sio nar o ligamento medial. para f ixação dos anéis distais.
(De Siffert RS: lntraepiph yseal osteotomy for progressive tíbia vara: case
report and ration ale of management, J Pediatr Orthop 2:8 1, 1982 .) ESTÁGIO 2
VEJA A TÉCNICA 32-21. •O segundo estágio é fe ito após o plana lto medial e o osso
regenerado con so lidarem.
•Remova ou ajuste o aparelho de llizarov para o alonga-
mento; se necessário, corrij a as deform idades rotac ionais.
Corrija qua lquer deform idade em varo res id ua l.
OSTEQTOMIA DE HEMIELEVAÇÃO •Em pacientes com fi se aberta, as epifi siodeses da fíbu la
DA EPIFISE COM O USO DO proxi mal e da fi se latera l da tíb ia devem ser feitas com o
APARELHO DE ILIZAROV PARA uso de intensifi cador de imagem para preven ir a recor-
ALONGAMENTO DA PERNA NA rência da deform idade. A t íbi a deve ser alongada pelo
mesmo comp ri mento do encu rtamento previsto (usando
TÍBIA VARA um gráfico de Moseley), e a diferença mensurada en tre
o comp ri mento dos membros.
TÉCNICA •Realize uma osteotom ia fibu lar no níve l da osteotomia
ti bial por meio de uma incisão cutânea longitudinal, uti-
(JONES ET AL., HEFNEY ET AL.) lizando uma serra osci lante.
• Usando intensificador de imagem, marque o loca l da
ESTÁGIO 1
osteotomia ti bial proposta e co loque uma serra de Gig li
• Coloque o paciente em decúbito dorsal e ap lique um
subperiostealmente com duas min i-incisões na pele.
torniquete.
•Adicione um semia nel ao sem ianel existente sobre o pla-
• Faça uma incisão na pele em forma de J no lado medial do
nalto medial para convertê-lo em um anel comp leto. Fi xe
joelho para a exposição subperiosteal da tíbia proxima l.
a tíb ia proximal com fios ol ivados. Fi xe o bloco de anel
• Coloque um afastador com cabo em anel subperiostealmente
proximal ao bloco de anel distal existente usando hastes
atrás do joelho para proteger as estruturas neurovasculares.
rosqueadas para simples alongamento ou dispositivos de
• Determine o nível da osteotomia proposta usando o intensi-
derrotação para correção da rota çã o, se necessário.
ficador de imagem e insira um fio de Kirschner na linha média
•C onclua a osteotomia da tíbia com a serra de Gigl i e
da tíbia anteriormente, logo abaixo da espinha tibia l. Coloque
sutu re as incisões na pele.
um segundo fio de Kirschner no aspecto medial da tíbia
proximal (d istal ao primeiro fio) para marcar a extensão distal
da osteotomia (geralmente na junção metafisária-diafisária). (ilJl1Yrj1IeJ41J.'.j1]ij*iji{e);H1)A perna é mantida elevada,
Pré-perfure a osteotomia em linha com os fios de Kirschner. e uma radiografia da tíbia é obtida. A distração é iniciada
verificando a posição dos orifícios usando fluoroscopia. 3 a 5 dias depois sob supervisão de um f isioterapeuta. A
•Feche a pele temporariamente. desca rga de peso é permitida conforme tolerada.
CAPÍTULO 32 OSTEOCONDROSES OU EPIFI SITES E OUTRAS AFECÇÕES DIVERSAS GD.111

IUêjii;f;.il!m Epifisiólise medial para tíbia vara infantil estág io IV. A, Osso metafisário e lesão de Blount que serão excisados são
delineados. B, Reconstrução tridimensional da TC mostrando a extensão do osso epifisário anormalmente deprimido anteriormente. A seta
indica a fenda na superfície anterior da metáfise onde a ressecção inicial para a epifisió lise começa. C e D, Vistas laterais e posterola-
terais do bico metafisário. (De Andrade N, Johnston CE: Medial epiphysiolysis in severe infantile tíbia va ra, J Pediatr Orthop 26:652, 2006.)

Janoyer et ai. utili zaram um protótipo de fixador exte rn o


COMPLICAÇÕES NEUROV!\SCULARES DA
Orthofix (Gentilly, França), que é composto por um anel art icular
OSTEOTOMIA ALTA DA TIBIA
supraepifisário. Isso possibilita a elevação do planalto medi al no
declive ortogonal com um eixo posterolateral de 10 a 20 graus. Os Complicações neurovasculares após um a osteotomia para joelho em
resultados iniciais foram bons, com complicações semelhantes aos varo resu ltam mais comum ente da oclusão vascular ou da paralisia
outros dispositivos de fixação ex tern a. Van Huyssteen relatou um a do nervo peron eal. O estiramento da artéria tibial anterior ocorre
osteotomia de elevação do planalto tibial m edial com epifisiodese na membrana intraóssea co m correção em varo (como para joelho
lateral (reali zada tardia ou co ncom itanteme nte) para doença de va lgo), enquanto a compressão da artéria oco rre com correção em
Blount de ap resentação tardia (F ig. 32-6 1). A vantagem desse pro- va lgo (co mo p ara joelho em varo). Indepe ndentemente da causa, o
cedimento é que todas as deformidades podem ser corrigidas em reconhecimento precoce é mandatário. O diagnóstico imediato com
uma única cirurgia. o retorn o da ext remid ade à posição pré-o peratória da deformidade
lllllm> PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE DESENVOLVIMENTO

· •Em!I Eleva ção do hemiplana lto para tíbia vara infantil. A, Artrograma intraoperatório uti lizando intensificador de imagem
mostrando furos de marcação no local proposto para a osteotomia. B, Dois sem i pinos inseridos no fragmento do plana lto tibia l media l
paralelos à verdadeira linha articular medial do joe lho. C e D, Osteotom ia concluída com elevação do hemiplanalto em curso usando
o aparelho de llizarov. (De Jones S, Hosalkar HS, Hill RA, et ai: Relapsed infantile Blount's disease treated by hemiplateau elevation usi ng the lli-
zarov frame, J Bane Joint Surg 85B:565, 2003.) VEJA A TÉCNICA 32-22.

é benéfico independentem ente da causa, em espec ial porque os 1. Para tração do nervo fibular (mais comum com correção de
fatores causais podem não estar tão evidentes em cada paciente. A deformidade em varo), remova o gesso e retorne a perna à
perda sensorial no dorso do pé e a perda da dors ifl exão ativa do pé posição pré-operatória. Retire toda a pressão sobre o nervo
sem d or ge ra lm ente são causadas pela paralisia d o nervo fibul a r fibular, solte todos os cu rativos d a coxa aos artelhos e o bserve
comum. A diminuição da fl exão dorsal e a dor intensa na flexão de perto.
plantar dos d edos dos pés são os sin ais clínicos m ais comuns da 2. Para sí ndrome do compartimento anter ior, remova o gesso e
oclusão da artéria ou de uma síndrome do compartimento anterior retorne a perna à pos ição pré-operatória. Afrouxe tod os os
(Capítulo 48). Matsen e Staheli descreveram um tratamento apro- curativos da coxa aos artelhos. Se não ocorrer m elhora ime-
priado para cada um desses problemas como segue: diatamente, um a fasciotomi a im ed iata é obrigatór ia.
CAPÍTULO 32 OSTEOCONDROSES OU EPIFISI TES E OUTRAS AFECÇÕES DI VERSAS

lâ@'hMDJ Radiografias anteroposteriores pré-o peratórias do joelho esquerdo em menino de 12 anos de idade com doença de
Blount em estág io V. A, Radiografia pré-operatória mostrando ângulo de depressão do planalto t ibial medial de 50 graus e ângu lo em
va ro da tíbia de 95 graus. B, Dez meses após a cirurgia, nota-se varo mecânico recividante de 5 graus; o ângu lo de depressão do pla-
nalto tibial medial foi mantido em 25 graus, mas o ângu lo de varo tibial aumentou para 90 graus por causa da fusão da fise ti bia l
medial com uma fise latera l aberta. (De van Huyssteen AL, Olesak M, Hoffman EB: Double-elevating osteotomy for late-presenting infantile
Blount's disease. J Bane Joint Surg 87B:710, 2005.)

3. Para oclusão da artéria tibial anterior, remova o gesso e retorne classificação sugerid a por Falvo et ai., a osteogênese imperfeita
a perna à posição pré-operatória. Afrouxe todos os curativos tardia tipo 1 se diferencia da tardia tipo 2 pela presença de arquea-
da coxa aos dedos dos pés e observe atentamente. Se não mento dos ossos longos. Os pacientes com classificação tardia tipo
houver evidência de melhora imediata, considere uma arterio- 2, sem o arqueamento, aparentemente apresentam uma forma mais
grafia seguida por uma cirurgia apropriada. branda da doença. As fraturas podem estar presentes ao nasci-
mento nos dois tipos da doença, embora muito raramente na tardia
tipo 2. Apesar de muitas crianças com osteogênese imperfeita apre-
sentarem esclera azul, as duas únicas características presentes em
AFECÇÕES CONGÊNITAS todos os pacientes com osteogênese imperfeita são as fraturas e a
osteoporose generalizada.
A maioria das afecções ósseas aparentemente de origem congênita A cirurgia ortopédica está mais envolvida com o encurva-
pode responder de modo favorável à cirurgia. O tratamento cirúr- mento dos ossos longos na osteogênese imperfeita tardia tipo l , na
gico da encondromatose (doença de Ollier) e da exostose múltipla qual as deformidades, progressivamente crescentes, podem causar
hereditária é descrito no Capítulo 25. deterioração da atividade das crian ças, que passam de caminhantes
a sentadores e de ortetizáveis a não ortetizáveis. A cura de fraturas
e de osteotomias geralmente é satisfatória, embora o osso curado
OSTEOGÊNESE IMPERFEITA possa não ser mais forte do que o original. O calo hiperplásico
ocasionalmente é observado após fraturas e osteotomias, apesar de
Apa rentemente, a osteogênese imperfeita é uma doença dos tecidos pseudoartroses difíceis e persistentes terem sido relatadas. Por causa
mesodérmicos com colágeno anormal ou deficiente, que pode ser do osso, muitas vezes, frági l e insuficiente e das deformidades arti-
encontrada no osso, pele, esclera e dentina . A chamada tríade culares e das fraturas que impedem a deambulação, um programa
diagnóstica, formada por esclera azul, dentinogênese imperfeita e de reabilitação integral com órtese longa dos membros inferiores
osteoporose generalizada em um paciente com várias fraturas ou tem sido sugerido para resultar em um alto nível de atividade fun-
encurvamento dos ossos longos, em geral é usada clinicamente. cional com um nível aceitável de risco de fraturas em crianças com
Não existe qualquer teste laboratorial específico para essa doença. osteogênese imperfeita. Os res ultados da cirurgia nesses pacientes
Vários ossos suturais (worm ianos) em volta da base do crânio têm sido incons istentes, com frequentes relatos de complicações.
constituem um achado importante apenas no tipo congênito da Os pacientes devem ser examinados para escoliose antes de os pro-
osteogênese imperfeita. A osteogênese imperfeita congênita se cedimentos cirúrgicos serem realizados, pois uma escoliose torácica
caracteriza ao nascimento por várias fraturas, arqu eamento dos superior a 60 graus tem efeitos adversos graves na função pulmonar
ossos longos, extremidades curtas e osteoporose generalizada. Na nos portadores de osteogênese imperfeita, o que pode, em parte,
m!) PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE DESENVOLVIMENTO

explicar o aumento da morbidade pulmonar em pacientes adultos


com osteogênese imperfeita e escoliose em comparação com a popu-
lação em geral.
Tem sido observado que a utilização de bisfosfonatos reduz a
reabsorção óssea mediad a pelos osteoclastos. A adm inistração intra-
venosa de bisfosfonatos, como o pamidronato, o zolendronato e o
risedronato, tem de monstrado diminuir a dor óssea e a in cidência
de fraturas e aumentar a densid ade óssea e o nível de d eambulação
com efeitos colaterais mínimos. O aumento do tam anho dos corpos
vertebrais e o espessamento do osso cortical também foram relata-
dos. Não há diretri zes padroni zadas para o início do tratamento com
A
bifosfonatos em cri an ças. Dados recentes sugerem que tanto os bis-
fosfonatos intravenosos como os orais são eficazes, mas ainda não
foi estabelecido qual medicação e posologia são ótimas e quanto
tempo os pacientes devem ser tratados. Recentemente, o pamidronato
foi recomendado para uso em co mbin ação com a cirurgia, tanto n o
pré-operatór io quanto no pós-operatório.

• OSTEOTOMIAS MÚLTIPLAS, REALINHAMENTO E


FIXAÇÃO COM HASTE MEDULAR
O método cirúrgico m ais bem -s ucedido no tratam ento das d efor- B
midades da osteogê nese imperfeita é baseado no trabalho de Sofield
e Millar. Eles usaram um método de osteotomias múltiplas, rea li-
O@l!;f!jl!lfl Posicion ame nto da haste medular em osteoto-
nham ento d e fragmentos e fixação com h as te m edular para ossos
mias para osteogênese imperfeita. A, Redução incompleta com
longos. Atualmente, essa cirurgia e suas mo dificações são ampla-
má posição da haste. A haste não está posicionada no centro e é
m ente utili zadas qu ando é indi cado tratam ento cirúrgico de fraturas
anterior na epífise. A fise ainda está inclinada em ambas as pro-
recentes e, para correção de curvatura e profilaxia de fraturas de
jeções. B, Redução completa dos fragmentos finais e bom posi-
repeti ção a fim de que a cr ian ça possa ter m ais atividade. Sofi eld e
cionamento central da haste medular. (De Tiley F, Albright JA:
Millar não relataram di stúrbios de crescim ento qu ando a haste
Osteogenesis imperfecta: treatment by multiple osteotomy and intra-
medular lisa penetra a fise. Quase rotineiramente, o osso cresce para
medullary rod insertion, J Bane Joint Surg 55A:701, 1973.)
além da ext remid ade da haste, em ge ral di sta lmente, urn a vez que
são os ossos dos membros inferiores os m ais tratados cirurgica-
m ente. O osso qu e se estende para a lém d a extrem idad e da h aste
m edular ten de a se angular, e a própria haste tende a extruir e estabilizados em um só tempo. Uma p oss ível solução para o rápido
permitir a deformidade, com tendê ncia para a fratura em sua au m ento da di stânc ia d as hastes parece ser a estabilização inicial
ponta. A colocação d a has te centralm ente at ravés da fi se d e rotina com implantes simples n ão expansíveis e, por volta dos 4 anos de
tem sido recomendada a fim de adicionar co mprim ento à haste e idade, a inserção d as h astes telescópicas.
adi a r o problema de ela se tornar muito curta. Determinar o di â- Bailey e Dubow utili zaram uma haste telescópica medular com
m etro correto d a haste a partir de radiografias pré-operatórias é pequenas roscas nas suas extrem idades dista l e proximal, que são
impreciso, porqu e não é possível obter r adiografi as anteroposte- fixadas no interior da epífise óssea ou córtex do osso. Com o cres-
riores e latera is perfeitas nesses pacientes por causa das di storções cimento, a haste alonga-se e poss ibilita que todo o comprimento do
da anatomia óssea. Muitas vezes as rad iografi as sup erestimaram o osso lon go permaneça durante vá rio s anos reforçado pelo mesmo
di âmetro do canal medular. Um método mais prec iso consiste em suporte interno. Dos vários tipo s de hastes medulares que temos
repet ir os exam es d e fluoro sco pia e m vários planos durante a cirur- usado em pacientes com essa doença, essas hastes telescópicas pro-
gia para obter v izualizações do canal medular em diferentes níve is. duziram o s melhores resultado s. Apesar das complicações frequen-
O s pontos importantes do tratam ento incluem redução adequada tes, as hastes expansíveis podem corrig ir d efo rmid ades angulares,
d as extrem idades dos ossos lon gos, posicionam ento adequado da diminuir o número de fraturas e permitir que as crianças que antes
has te na m etáfi se e na epífise (F ig. 32-62), uso d e um ga nch o nas não andava m passem a an dar.
h astes femorais para evitar a migra ção, utili zação de uma haste de Co mparando as hastes expansíve is de Bailey-D ubow com as
comprimento adequado e in corpo ração de forças corretivas em hastes sem alongamento, as taxas d e complicações das hastes de
gessos e ó rteses pós-operatórios. BaileyDubow têm sido leve mente sup eriores, mas as taxas de reope-
Em crian ças com uma forma grave d e osteogênese imp er- ração das has tes sem alon gam ento têm sido maiores. A complicação
feita, a técn ica cirúrgica fo i bastante modificada daquelas apresen- mais comum dos dois tipos de hastes é a mi gração. Em geral, as
tadas anteriormente na literatura. A estabili zação intramed ul ar compli cações, reope rações, substituições e o número de migraçõ es
precoce, mes m o lo go após o nascimento, pode ser justificada em das hastes não fo ram considerados significativam ente diferentes
certos pacientes com osteogênese imperfe ita grave para melhorar entre os d o is tipos d e hastes (F ig. 32-63) . A taxa d e substituição
as possibilidades de desenvolvimento motor e tornar a fu tura tamb ém foi maior para as hastes sem alongam ento. Das compli ca-
inse rção de hastes telescópicas mais fácil. As técn icas fechadas e ções das h astes de Bailey-Dubow, 34% envo lveram a peça em Te
se mifech adas parecem se r sup e riores à fr agmen tação aberta, pois eram potencialmente evitáveis. Recentemente, tem sido d efendid o
são relativamente fáce is e eco no mi zam temp o, o traum a ci rúrg ico o uso d e urn a haste telescópica interli gada di stal para evitar os pro-
é menor, a morbidade é mais bai xa e vá ri os ossos podem ser blemas da peça em T.
CAPÍTULO 32 OSTEOCONDROSES OU EPIFISITES E OUTRAS AFECÇÕES DIVERSAS

e a sua extremidade proximal deve situar-se no canal próximo


da fise proximal, como na tíbia, ou deve projetar-se proxi-
malmente à extrem idade proximal do osso, como no
fémur, na ulna ou no úmero. (As técnicas de haste medular
são descritas no Capítulo 54.)
• Nós rotine iramente modificamos essa técnica original de
Sofield para estender as hastes medulares na porção óssea
da epífise até a placa óssea subcondra l. Suture o periósteo
sobre o osso e feche a incisão de maneira rotineira (Fig.
32 -64E)

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO A extremidade é imobi-


lizada com gesso. A im ob ilização continua sendo usada
até que as osteotom ias estejam consolidadas.

CIRURGIA DE SOFIELD-MILLAR
MODIFICADA DO FÊMUR
E DA TÍBIA NA OSTEOGÊNESE
IMPERFEITA
~
lâ(ijil@m l Várias TÉCNICA
---~~~~~~--'~
osteotomias do fêmur e da tíbia e inser-
ção de hastes intramedulares alongáveis de Bailey-Dubow em
paciente com osteogênese imperfeita . (Cortesia de Jay Cummings, MD.) (LI ET AL.)

•Coloque o paciente em decúbito dorsal e eleve o lado a


ser operado.
Para permitir o uso da haste mais longa possível na tíbia, •Use o intensificador de im agem para guiar a entrada da
Williams descreveu uma técnica em que uma extensão é rosqueada haste e monitorar o progresso das osteotomias.
na extremidade distal da haste e é conduzida através da tíbia distal, • Exponha a ponta do trocânter maior e frese como para
inserção fechada de uma haste intramedular. Insira uma
se externando na planta do pé. Após os segmentos da tíbia serem
fresa do mesmo tamanho que o canal femoral através do
realinhados, a haste é reinserida de maneira retrógrada até que a sua
trocânter maior.
parte distal assente imediatamente proximal à superfície articular do
•Pare a fresa no primeiro ponto de angulação do fêmur
tornozelo. A extensão é liberada, deixando a haste se estender apenas
(Fig. 32-65) e confirme com o intensificador de imagem.
até a epífise distal da tíbia.
•Faça uma pequena incisão lateral com cerca de 2 cm de
comprimento para expor uma pequena parte do fémur.
•Faça uma incisão no periósteo longitud inalmente, eleve
OSTEOTOMIA E HASTE e proteja-o.
•Retire uma pequena cunha latera l do osso para corrigir a
MEDULAR EM OSTEOGÊNESE angulação usando um cortador de osso ou serra osci-
IMPERFEITA lante. Deixe o córtex medial intacto para proporcionar

----------~
estabilidade.
TÉCNICA •Reduza a deformidade e avance a haste mais distal.
•É comum que um segundo bloqueio ocorra, e o procedi-
(SOFIELD E MILLAR) mento deve ser repetido. Normalmente, duas osteotomias
são suficientes para corrigir a deformidade e permitir que
• Exponha toda a diáfise do osso subperiostealmente, faça a haste seja passada para a região condi lar. Ocasional-
uma osteotomia através das metáfises proximal e distal e mente, uma terceira osteotomia pode ser necessária.
cuidadosamente remova a diáfise da incisão (Fig. 32-64A- •A extremidade da haste deve estar idealmente no meio
C). Estude a diáfise para determinar o número de vezes que dos côndilos femorais.
deve ser osteotomizada, de modo que os segmentos possam •Suture o periósteo se possível, feche a incisão e ap lique
ser penetrados por uma haste medular linear. um gesso pelvipodálico.
• Realize as osteotomias, em geral três ou quatro para corrigir • Para a tíbia, o local de entrada é logo atrás do tendão patelar;
o alinhamento, e habilmente troque e gire os fragmentos de senão, o procedimento é o mesmo que para o fémur.
ponta a ponta, conforme necessário para al inhá-los sobre a
haste reta (Fig. 32-64D). Quando o córtex do osso for extre- CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Um gesso longo de mem-
mamente fino, adicione enxertos homogéneos. bro inferior é ap licado. O paciente deve ser imobilizado
•Depois de a haste ter sido inserida, a sua extrem idade distal durante 6 semanas, e pode descarregar peso assim que
deve situar-se dentro do canal medular, perto da fise distal, possível.
lllllED PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE DESENVOLVIMENTO

iâ[riil;Hml A-E, Técnica para fragmentação e realinhamento dos


ossos e inserção de haste medular (ver texto) . (De Sofield HA, Millar EA:
E Fragmentati on, realignm ent, and intramedullary rod fixation of deformities
of the long banes in chi ldren: a 10-year appraisa l, J Bone Joint Surg 41A:1371,
1959.) VEJA A TÉCNICA 32-23.

O dispositivo de fixação interna utilizado neste procedimento

\ \ !
consiste em uma haste tubular (ou manga) com uma haste sólida
(obturador) que encurta por dentro. Para o fêm ur, ele é usado com
li uma extremidade ancorada no interior da parte distal da epífise
femoral distal imediatamente adjacente à articulação do joelho e da

\ \ 1
extremidade proximal da parte superior do colo, na sua junção com
o trocânter maior. Na tíbia, cada extremidade permanece dentro da
parte óssea da epífise adj acente à articulação.

J il OSTEOTOMIA E HASTE
MEDULAR TELESCÓPICA
NO FÊMUR PARA OSTEOGÊNESE
li IMPERFEITA
A B e D
TÉCNICA mm_____~
0[riii;f4EPJD Procedimento de Sofield-Millar modificado . A, (BAILEY E DUBOW)
Haste intramedular passada até o ponto de angulação sob inten-
sificador de imagem . B, Osteotomia realizada com exposição mínima • Acesse o fêm ur subperiostealmente assim como na técnica
e haste passada mais distalmente. C, Segunda osteotomia realizada de Sofield. Exponha a fossa intercondilar do fêmur por meio
no próximo local de angulação. D, Correção final. (De Li YH, Chow de uma incisão parapatelar. Para a tíbia, utilize uma incisão
W, Leong JCY: The Sofi eld-Mi llar operation in osteogenesis imperfecta, semelhante proximalmente e uma incisão transversa medial
J Bone Joint Surg 828: 11, 2000) VEJA A TÉCNICA 32-24.
CAPÍTULO 32 OSTEOCONDROSES OU EPIFISITES E OUTRAS AFEC ÇÕ ES DIVERSAS

pelos fragmentos da diáfise e pela metáfise oposta, encai-


xando a haste obturadora dentro da manga tubular. Torça
manualmente com compressão a flange em forma de T,
de modo que ela não afrouxe. Gamble et ai. e Janus et ai.
recomendaram o seguinte : evite o afrouxamento da junção
T da parte do obturador ao marcar a peça em T antes da

- sua inserção no interior da manga ou denteie fortemente


a manga após a inserção da peça em T; coloque o T abaixo
do osso subcondral ou abaixo da superfície periósteo-pe-
ricondral, mas não tão profundamente que possa migrar
para dentro do cana l medular. Após a inserção, gire a peça

-
em T 90 graus na direção da inserção para ajudar a preve-
nir a extrusão.
• Escareie a extremidade em forma de T do obturador

- através da cartilagem articular e para dentro da parte


óssea da epífise distal. A extremidade da haste oca é, de
forma semelhante, impactada dentro da cartilagem arti-
cular da tíbia proximal ou na extrem idade proximal do

"
fêmur contra a base do trocãnter.
A e •Após as radiografias, feche o periósteo ao redor dos
fragmentos e fec he as incisões cirúrg icas restantes.
B
liWl!llimE!ID Hastes medulares alongáveis no tratamento da CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O paciente é imobilizado
osteogênese imperfeita. A, Várias osteotomias são realizadas. B, com um gesso pelvipodálico (fêmur) ou gesso longo de
Articulações proximais e distais são penetradas, e cada metade da perna (tíbia) até que as osteotomias estejam consolidadas.
haste é inserida . C, Os fragmentos são rosqueados nas metades
da haste, as quais são telescopadas juntamente e as peças em T
são cuidadosamente rotacionadas e afundadas abaixo da super- HASTE MODIFICADA COM
fície articular em cada extremidade. A manga e a haste (obtura-
dora) devem ser maiores que o ilustrado, e cada uma deve ser
OBTURADORINTERBLOQUEADO
quase tão longa quanto o osso. (De Marafioti RL, Westin GW Elon- PARA OSTEOGÊNESE IMPERFEITA
--=------'~
gating intramedul lary rods in the t reatme nt of osteogenesis imperfecta,
TÉCNICA
J Bane Joint Surg 59A467, 1977.) VEJA A TÉCNICA 32-25. . .
(CHO ET AL.)
at ravés do ligamento deltoide distalmente para luxar o
tálus e entrar na articu lação do tornozelo. O acesso para •Realize osteotomias em vários níveis para realinhar o seg-
a parte proximal do fémur pode exigir apenas uma pequena mento do membro ao longo da haste. As osteotomias
incisão colocada bem sobre a extremidade da manga percutãneas são preferidas, mas, se houver necessidade
tubu lar, conforme ela é perfurada proximalmente através de fresagem intramedular para um cana l medular estreito
do canal medular e fora da face superior do colo, imedia- ou ob literado, ou for necessária a ressecção de uma
tamente medial à base do trocãnter maior. cunha de osso substancia l para corrigir uma angu lação
•Após as osteotomias terem sido feitas nas metáfises do aguda, então as osteotomias abertas serão necessárias.
osso comprometido, faça as múltiplas osteotomias como •Coloque um fio de Ki rschner através do cana l medular
na técnica de Sofield, de modo que os segmentos possam dos fragmentos da osteotom ia.
ser alinh ados com a inserção da haste. A haste quando •Corte a haste canulada em um comprimento adequado
colapsada deve alcançar da parte mais proximal para a e insira-a sobre o fio de Kirschner em direção anteró-
extremidade mais distal do osso inteiro menos 2 cm a fim grada. É importante assegurar que a ponta distal da haste
de possibil itar uma margem de erro e a compactação dos aponte para o centro da epífise distal nas incidências
segmentos da diáfise após a cirurgia. radiográficas anteroposterior e perfil.
•Coloque a manga tubular com a ponta da broca desta- •Substitua o fio de Kirschner pela haste obturadora, que
cável especial, e perfure o cana l medular de uma metáfise é avançada anterógrada dentro da manga na epífise
através da epífise óssea e na articulação. Repita esse distal. A orientação rotatória do orifício, na sua extremi-
procedimento na extremidade oposta do osso. dade dista l, pode ser controlada e ajustada com a utiliza-
•Depois de perfurar o canal medular de todos os fragmen- ção de um impactador de obturador.
tos com a mesma broca ligada à manga tubular, substitua •Usando uma técnica de mão livre, ancore o obturador na
a broca por uma flange em forma de T que se enrosca epífise distal com um fio de Kirschner e avance com
sobre a extremidade da manga tubular. Na outra extremi- batidas suaves.
dade do osso, insira a haste obturadora cruzando a articu- •Corte o fio para um comprimento adequado e empurre-o
lação através da carti lagem articu lar e no interior do canal para a profundidade, de preferência para dentro da epífise
que foi perfurado na metáfise. Passe a haste canulada óssea.
)
~ PARTE IX TRANSTORNOS CONG ÊNITOS E DE DESENVOLVIMENTO

-----+- --
A

iij[dil;f4Efm Esquema do pro-


cedimento cirúrgico para a inserção
da haste telescópica bloqueada na
tíbia (A) e no fêmur (B). O obtura-
dor é inserido dentro da manga de
forma anterógrada e transfi xa do na
epífise distal. (Redesenhada de Cho
T-J, et ai: lnterlocking telescopic rod for
patients with osteogenesis im perfecta,
J Bane Joint Surg 89A: 1028, 2007 )
VEJA A TÉCNICA 32-27.
B

•No fêmur, ajuste a posição da haste canulada de modo • OSTEOTOMIA E HASTE MEDULAR COM HASTE
)
que a peça em T encoste na ca rtil agem do trocânter TRIGEN
maior confinando-se aos músculos glúteos. Na tíbia, esca- Em uma criança mais velha, na qual o distúrbio da fise não causaria
reie a peça em T da haste canu lada dentro da epífise um problema significativo de crescimento, uma haste medular de
óssea. Se uma manga de 3 mm for utilizada, através da pequeno diâmetro pode ser usada com ou sem bloqueio proximal
qual a haste do obturador não consiga passar, monte a ou distal. A haste TriGen está disponível no diâmetro de 8 mm e
manga e o obturador primeiro e em seguida insira como nós a usamos com sucesso em várias crianças mais velhas com
uma peça única através fragmentos da osteotomia. osteogênese imperfeita. O fio-guia é passado de modo fechado, pro-
Quando a manga chegar ao seu destino, avance o obtu- ximalmente ao ponto de angulação (Fig. 32-68A). Através de uma
rador na epífise distal e transfixe-o como descrito acima. pequena incisão, uma osteotomia é feita neste local onde o fio-guia
está impedido (Fig. 32-68B). A haste medular é inserida de modo
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O membro é imobilizado fechado e bloqueada proximal e distalmente. A haste deverá esten-
com uma tala longa para perna de 4 a 6 semanas após a der-se tão longe distalmente quanto possível para evitar fratura
cirurgia. distal. A técnica de inserção de uma haste medular bloqueada é
descrita no Capítulo 54.
CAPÍTULO 32 OSTEO CON DROSES OU EPIFISITES E OUTRAS AFEC ÇÕES DI VERSAS CJm
é leve e não p recisa de ciru rgia. A escoliose grave é comum em an ões
dias tróficos, e a correção e fu são cir úrgica parece ser o único trata -
men to razoavelmente efi caz. Com p rofunda hipotonia, fro uxid ão
ligam entar e coluna colapsando, a fu são pod e ser necessária para a
estabilidade quand o assentad a.
A fr o uxidão li gamentar p o de causa r cifose na acondropl as ia.
A cifo esco li ose p rogress iva grave com um corp o vertebral des lo -
cad o p oste riormente o corre às vezes na acondroplasia e numa
var ied a d e d e n ani smos. Par a o d éfic it ne urol ógico, a d esco m p res-
são anterior e a fu são são os m elhores procedimentos, sendo segui -
A dos por fusão v ia poste rior qu ando a d efo rmid ad e é sup e rio r a
60 graus.
Na coluna lombar, a lordose profunda , o a ba ula m ento d o s
discos inter verteb ra is e um ca na l m edul a r es treito são carac te rís-
ticas d a aco ndroplasi a. Na terceira d écad a d e vida, muitos d esses
pacientes queixam- se d e d or lomb a r, têm sin ais radic ular es e,
ocas io n alm ente, des e nvolve m sí nd ro m e da cauda equin a e
cla udicação. A laminec tomia , a d escompressão da m edula e da
ra iz nervosa, a discec to mi a e a fusão d a co lun a vertebral, em
B últim a an á li se, po de m se r n ecessá ri as p ara aliv ia r o s sintomas em
a lguns p a cien tes.
H[ijihME!Ell Osteotomia e haste medular (ver texto) A, Fio- Em muitas sí nd rom es d e nani sno, a articulação do quadril é
guia passado até o ponto de angula ção. B, Osteotomia . po upada co mparando- se com o resta nte da extremidade inferior. A
d isp las ia epifisária múltipla e a displas ia espo ndiloepifisária acom e-
tem as epífises e pod em causa r artrite grave com incapacid ad e
precoce. Geralm ente, a artrod ese d o qu adril não é indicada em
an ões po r três razões: (1) com estatura extremamente baixa, a m obi-
lidade é fun dam ental pa ra as ativ idad es da vida di ária, como ves tir-
NANISMO (BAIXA ESTATURA) se e subir escada; (2) a artrodese do quadril pode aum entar a dor
lombar que p od e já esta r presente po r causa da lo rdose lombar; e
O nanism o com encurtam ento desp ro porcion al d o tronco ou d as (3) a artrod ese do quadril encurtaria ainda m ais um paciente já d e
extre midad es tem muitas causas dife rentes e ge ralm ente é difíc il de baixa estatura. Rea li zam os art roplasti a to tal d o quadril em an ões
classifica r, m as certos problem as ortopédicos são co muns a muitos com artrite grave. O planejam ento c uidad oso é necessá rio, pois o
d esses pacientes. As principais áreas de preoc upação d os ci rurgiões taman ho fora d o padrão d os co mp o nentes fem orais e acetabula r
ortopédicos são a instabilidad e atlantoaxial, a di sp las ia d o quadril e quase sem p re são necessári os. A luxação bilateral d o qu adril é bas -
o desa linh am ento d as extremidad es in fe rio res. tante vista na sín drom e de Morquio e não costum a ser tratada in ci-
A m ie lo pati a cervica l e as a nom a lias d a colun a ce rv ica l são sivamen te (F ig. 32-69).
comuns esp ecialm ente em an ões co m tro nco d es prop orciona l- Duas outras condições, coxa vara e coxa valga, ocorrem em urna
m ente c u r to, e são raro s na acondropl as ia. An ões co m tron co porcentage m substancial de anões. A coxa valga é comum na sín -
curto p o d e m apresentar um processo o d o ntoid e rudim e nta r o u drome d e Morquio, e a coxa vara é comum na displ asia espondiloepi-
a usente, co m fro uxidão li gam en tar e in stabilidad e atla nto axia l fi sária (Fig. 32-70). As osteoto mias varizantes e valgizantes dos
res ultante. quadri s de pacientes com displas ias ósseas raramente são feitas e
Os p rimeiros sintom as d e mielopati a são diminuição da res is- som ente d epois de muito estudo, por causa da provável instabilidade.
tência fí sica e fadi ga precoce, sem défi cit neurológico. Sina is n euro- As osteoto mi as intertrocantér icas para coxa valga grave devem ser
lógicos pode m se desenvolver m ais tard e. A compressão d a m edula reservadas para a instabili dad e comprovad a de quadril res ultan te de
ocorre por ca usa d o deslo ca m ento ósseo, instabilidade liga men tar d eformidade em valgo e, para coxa vara grave, elas d evem ser reser-
e hiper trofia d o ligamento long itudin al poste rio r. M uitas vezes, a vadas para marcha gingada e defeitos cartilaginosos. As osteoto mias
m edula espinhal se desloca late ralm ente de ntro do can a l, e ca u- varizantes e valgizantes do qu adril são descritas nos Capítulos 30 e 33.
sand o sin a is e sintomas n eurológ icos unil aterais. A co mpressão d a Um a percentagem substa ncial d e an ões apresenta joelho varo
m edula também p o de o correr no foram e m ag no (a nões acond ro- o u valgo Em geral, os anões com troncos desproporcionalm ente
plás icos) o u sec und ariam ente à c ifose cervi ca l grave d e fro ux id ão curtos têm jo elho valgo, enqu anto os anõ es com extremid ad es des-
li gam entar. O di ag nó stico d e instabilidad e atlantoax ial pode se r prop orcion almente curtas têm joelho varo. A angulação pode res ul-
fe ito a parti r d e radi ografi as late rais em ex tensão e flexão o u com tar d a fro uxid ão li gamentar, d o arqueam ento d a tíbi a proximal e d o
cin errad iografia. A fu são cer v ica l ge ra lm ente é indi cad a apenas fêmur di stal o u, como é ca racterístico d e anões acondroplásicos, do
qu ando ( 1) há sin ais clínicos óbv ios d e mi elopatia compressiva o u arqu ea mento d a tíbia di stal.
(2) há obliteração d o espaço sub aracn o ide e m torn o d a m edula em Em geral, a d eformid ad e é prog ressiva com uma d iscrepância
fl exão o u extensão, como visto na m ielogra fi a gasosa. A instabili - d o com pr imento fin a l entre a fíbul a e a tíbia. Os p és fic am em
d ad e atlantoaxial d emon strad a em r ad iogra fi as ou cinerrad iogra- posição varo o u valgo força d a, d epen dend o da direção d a an gul ação
fia s não é em si uma indicação p ara a cirurgia, e a órtese profilática d os joelh os. Osteo to mia no loca l ou perto d o d efeito é o n osso tra -
n ão é indi cad a (Capítulo 40). tam ento p referido. Quand o está operando um joelho valgo recidi-
A cifose e a escoliose ocorrem comumente em anões de tron co vante, o cirurgião d eve estar preparad o para liberar as estruturas
curto, mas, com exceção dos anões di astró ficos, a escoliose e, em geral, laterai s, co m o o trato ilio tibial, e enc urtar as estruturas m ediais por
~ PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊN ITOS E DE DESENVO LVIMENTO

O@ii;f4Em) A, Paciente adulto com doen ça de Morqu io e quadris


lu xados bilateralmente. O quadr il esquerdo estava doloroso e incapa-
citante. B, Aparência após artroplastia total do quadril com compo-
ne nte femoral de desenho perso nalizado com haste pequena . Apesar
disso, a diáfise do fêmur proximal foi fraturada durante a inserção. C,
Aparência após revisão da artrop lastia total do quadril, com seg und o
compo nente femoral de haste longa e desenho perso nalizado e an co-
ragem por parafuso s de metilm etacrilato. O resultado foi satisfatório.

avançamento do vasto media l. Nós tentamos contro lar a deformi-


dad e em crianças novas com órteses am bul ato riais do tipo "choqu e ALONGAMENTO TIBIAL SOBRE UMA
de joelh os" ou "perna arqueada". Esses suportes são pesados e HASTE INTRAMEDULAR COM FIXAÇÃO
incômodos e podem promover frou xid ão ligamentar, mas em
vário s pacientes fomos capazes de deter a progressão ou melh orar
EXTERNA NO NANISMO
a defo rmidade (Fig. 32-71). Em crianças mais velhas, reali zamos ~
TÉCNICA ;....__~~-=--~~~~-~
uma osteotomia sem recorrência da angulação.
Por causa do comprimento desproporcional das extremidades, (PARK ET AL.)
especialmente das inferiores, o alongamento dos membros tem sido
realizado com vários métodos. Antigamente, o método mais utili zado • Para ser tratada com alongamento sobre uma haste intrame-
nos Estados Unidos era aquele popularizado por Wagner, que combi- dular, o diâmetro medular da tíbia deve ter pelo menos 8 mm.
nava osteotom ia com distração lenta (ver Capítulo 29). De acordo •Insira uma haste AO tibial com um diâmetro de 1 mm
com os relatos, as técnicas de llizarov e DeBastiani alcançam maior menor do que o do istmo tibial . Para torn ar a passagem
alongamento com menos complicações. Mais rece ntemente, o menos traumática, remova as irregularidades da superfí-
alongamento da tíbia sobre uma haste intramedular com o uso de cie endosteal com uma única passagem de uma fresa.
um fixador externo tem demo nstrado resu ltados na formação de • Insira dois parafusos de bloqueio proximal na direção
novo osso igual à té cnica convencional de llizarov, mas com menos medio lateral .
complicações e menos tempo necessário à fixação interna. Entre- •Para lelamente à haste, aplique um aparelho de ll izarov
tanto, a frequência de complicações e o período de imobili zação pré- montado com dois anéis conectados por hastes
pro longado assoc iados ao alongamento de membros por qual- telescópicas.
quer método têm levado alguns autores a desencorajar o seu uso, •Insira dois fios proximais tensionados posteriormente à haste.
espec ialmente em anões . O alongamento do m embro deve ser Pelo menos um fio de cada anel deve passar pela cabeça da
tentado apen as em pacientes informados, cooperativos e compro- fíbula ou a parte distal da fíbula, para evitar a migração de
metidos com a morosidade do processo e com expectativas realis- um segmento fibular durante o alongamento.
tas do resultado.
CAPÍTULO 32 OSTEOCONDROSES OU EPIFISITES E OUTRAS AFE CÇÕ ES DIVERSAS -

01311'.mJEflZ!I Displasia espondi loepifisá ria. A, Grave deformidade de coxa vara bilatera l. B, Platispondilia no mesmo paciente. C,
Após osteotomia valgizante do quadr il direito usa ndo pa raf uso des lizante de Coventry. O defeito cartil aginoso agora está mais hori-
zontal e sob compressão em vez de cisalham ento.

•Rea lize uma corticotomia tibia l na junção met afi siária-


diafisária com uma técnica que util ize vá rios furos.
• Inicie o alongamento 7 a 1O dias após a cirurgia a um a
taxa de 0,25 mm quatro vezes po r dia em cada loca l
de distração. Obtenha radiografias a cada se mana
durante a fase de distra çã o e a cada 4 semanas durante
a fase de conso li dação. Determina -se que a formação
de ca los tenha ocorrid o quando a formação de osso
novo é observada na f enda de distração em radiogra-
f ias late rai s.
•Quando o comprimento desejado for alcançado, insira
dois pa rafusos de travamento di st ais e um parafuso
t ibi ofibu lar dista l transfixa nte, após a consolidação da
fí bul a.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Os pacientes podem des-


carregar peso com o uso de duas muletas.

PARADA FISÁRIA TRAUMÁTICA POR


miji!;ffll!IJI Displasia epifisária múltipla. A, Radiografia obtida
PONTE ÓSSEA
com sustentação de peso em menino de 4 a nos de idade, mostrando
atraso na ossificação da epífise capita l femoral, coxa vara e arquea- A parada fisár ia após fratura em crianças pequenas pode produzir um
mento femoral e tibi a l. B, Aparência 1 ano após o tratamento com encurtamento significativo do membro e urna deformidad e angulató-
órteses deambu latórias para pernas arqu e adas. Curvaturas femo- ria. As osteotomias de angul ação, a epifisiodese da epífise comprome-
rais e tibiais claramente melhoradas. tida e a epifisiodese da epífise contralateral são procedimentos que
llllmi) PARTE IX TRANSTORNOS CONGÊNITOS E DE DESENVOLVIMENTO

H@ii;ME!IZI A e B, Radiografias anteroposterior e lateral no pós-operatório imediato demonstrando alongamento tibial sobre uma
haste intramedular. C, Após o alongamento gradual, dois parafusos de bloqueio distal e um parafuso tibiofibular distal transfi xante
sã o inseridos. O fi xador externo é removido . (De Park HW, et ai : Tibi al lengthen ing over an intramedullary nai l with use of the lliza rov externa i
f ixator for idiopathic short stature. J Bone Joint Surg 90: 1970, 2008.) VEJA A TÉCNICA 32-27.

valem a pena e consagrados pelo tempo para reduzir a deformidade os teotomias necessárias durante o crescimento de uma cri ança,
angul ar e a d isc repância no co mpri me nto dos membros. reduzindo a taxa de recorrência da deformidade angular.
Bright e Lange nskiõld desc reveram a ressecção de pontes Ingram, nes ta clínica, descreveu uma técnica para osteo tomi a
ósseas pequ enas e locali zadas (após fratura transfis ária) que pro du - no nível da ponte óssea adj acente e paralela à fise. Com essa técnica,
ziram defo rmi dade angular ou discre pância de co mprimento do a ponte não deve necessariamente ser periféri ca. Quand o a osteoto-
membro. Eles recomendaram tal procedim ento para crianças com mi a é aberta, a ponte branca e esclerótica de osso pode ser fac ilmente
defo rmidade significativa causada por uma ponte óssea através de diferenciada do osso esponjoso metafisá ri o normal, com ou sem
menos de metade da fise de um osso periférico e acessível. Tomo- um a lupa de aumento ou mi croscópio. A ponte é ressecada com um a
gramas, TC e RM são úteis para determinar a extensão da ponte broca dental, deixando apenas a fise normal e o osso esponjoso da
óssea. A reco nstrução para produzir um modelo tridimensional tem epífise e da metáfise. Um enxerto de gordura livre ou um a peça de
sido desc rita de modo a mostrar a ex tensão e ajudar no "mapea- silico ne são colocados no defeito, e a osteotomia é fixada após a
mento" pré-operatório da barra. inse rção de uma cunha de osso para corrigir a deformidad e.
Após a ressecção, Lange nskiõld encheu o espaço com go rdura
e Bright uso u Silasti c 382. Emb ora, aparentemente, a fis e não se
rege nere na área onde a ponte óssea foi ressecada, as células res - RESSECÇÃO DE PO!'JTE ÓSSEA
ta ntes norm ais da cartilagem da fi se em torn o dessa área podem PARA PARADA FISARIA
produ zir osso de form a m ais linea r e ordenada qu e antes. Em um
modelo de coel ho, Lee et ai. co mp araram os res ultados da inter-
posição com enxe rtos fisá ri os, go rdura livre e Silastic ap ós epifi -
TÉCNICA
-----~~
siodese para co rreção de parada parcial do crescimento. Os es tudos (LANGENSKIÓLD)
clínicos, radio gráficos e hi stológicos mos traram qu e os enxe rtos
fi sári os (da cri sta ilíaca) seri am supe ri ores ao Silas ti c na co rreção • A ntes da cirurgi a, a localizaçã o exata e a estimativa do
da defo rmid ade angul ar e co ntribuiriam para o crescimento lon - t aman ho da po nte óssea por RM , TC e ra diograf ia em
gitudinal da tíbia após a ressecção de uma ponte óssea grand e pelo menos dois planos são essenciais (Fig . 32-73 A e B).
situ ada na pe riferi a. A interposição de gordura produziu os piores Ma is da metade da f ise deve estar normal, e a ponte óssea
res ul tados. Nós temos ressecado po ntes ósseas em co njunto com deve ser periféri ca, provoca ndo deformidade angular pro-
um a os teo tomi a an gul ar e usad o go rdura ou silico ne para pree n- gressiva ou discrepãncia progressiva do comprimento dos
cher a área ressecada. membros ou am bas.
Depende ndo da locali zação da fise e do tam anh o da defo rmi - •Expo nha a periferi a da fi se por um acesso apropriado
dade, nós co nco rdamos co m MacEwe n (co municação pessoal), a perto da po nte óssea. Use um torniquete a fim de obter
ressecção da ponte óssea ge ralmente não corri ge um a defo rm ação um ca mpo cirúrg ico livre de sa ngue para localizar a pl aca
angular signifi cativa, mas a ressecção pode diminuir o núm ero de
CAPÍTULO 32 OSTEOCONDROSES OU EPIFI SITES E OUTRAS AFECÇÕES DIVERSAS G:mllll
carti lag inosa, que pode ser f ina quando perto da ponte. CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO A descarga de peso e as
O uso de um microscóp io ou lupa binocular torna mais atividades devem ser limitados at é que a osteotomia esteja
fácil o proced imento . completamente consolidada e os pinos sejam removidos.
• Defina a parte mais periférica da ponte óssea e remova
o periósteo sob rejacente. Remova a ponte óssea até que
periferia normal da f ise seja at ing ida nos dois lados da
po nte e até que a placa cartil aginosa possa ser vista em As barras periféricas e lineares são mais fac ilmente abordadas e
t orno de t oda a cavid ade. É essencial que nenhuma parte identificadas do que as barras centrais. O anel peri condral normal no
da ponte seja deixada e que a carti lagem f isária normal perímetro da fise saudável é substituído por periósteo sobre a barra e
não seja removida desnecessariamente. é facilmente removido. A ressecção da barra periférica envolve resse-
• Solte o t orn iquet e e, enquanto a hemostasia é realizada, car a barra, não obstante deixando a fise saudável residual intacta. Para
separe um pedaço de gordura do tecido subcutâneo, de isso é necessário saber onde a barra encontra a fise no perímetro do
preferência retirado da prega glútea, para preencher a osso e a profundidade em que a barra atinge a fise.
cavid ade. Depois de interrompido o sa ng rame nto, preen-
cha a ca vidade com a gordu ra autógena. Quando a cavi -
dade ressecada for irregu lar, divida o transplante de RESSECÇÃO DA ,BARRA FISÁRIA
gordura em vários pedaços a fi m de assegu rar o preen- LINEAR E PERIFERICA PARA PARADA
chimento completo .
•Para manter a gordura autógena no lugar, suture o liga-
FISÁRIA

-------'~
mento, músculo ou tecido subcutâneo sobre o defeito.
TÉCNICA
Feche a incisão em ca madas, sem dreno.
(BIRCH ET AL.)

RESSECÇÃO DA PONTE ÓSSEA E • Expon ha cu idadosamente a junção periférica da barra e o

OSTEOTOMI~ DE ANGULAÇÃO PARA anel peri condral saudável em uma ou de preferência ambas
as bordas da barra. Essa junção serve como um excelente
PARADA FISARIA ponto de partida para a remoção da barra. Use fluoroscopia
~ para assegurar que a ressecção permaneça no nível da fise
TÉCNICA ~~~~~~~----'~ e não se desvie para a metáfise ou epífise (Fig. 32-74A).
•Continue a ressecção até que a fise esteja visível a partir
(INGRAM)
de ca da extremidade do pericôndrio saudável e ao longo
•Em geral, aco mpanhando uma ponte óssea, há não só de toda a profundidade da cavidade (Fig. 32-748). Como
deformid ade angu lar, mas também encurtamento, sendo alternativa, identifique a barra removendo o periósteo e
uma osteotom ia de cunha aberta usualmente indicada com orient ação fluoroscópica e desenvolva uma cavidade
para ga nhar comprimento. direcionada para a fise até qu e ela seja identificada (Fig .
• Realize a osteotom ia do mesmo lado do osso onde se 32-74C). Estenda essa cavidade perifericamente até que
encontra a ponte óssea que causa a deformidade angular o pericôndrio saudável seja identificad o em cada extremi-
(Fig. 32-73A e B). Exponha a área metafisária do osso sem dade da barra.
danificar a periferia da fi se do lado do osso em que a ponte •Preencha o defeito com gordura autógena da região ou
está localizada. a partir de uma pequena incisão na vi rilh a ou nas nádegas.
• Após a exposição subperiostea l, coloq ue um f io-guia na
metáfise pa ral ela à fise e imed iatamente adjacent e a ela,
usando controle radiográfico ou intensificador de imagem
fluoroscópico. O f io-guia deve penetrar ou ficar apenas
ao lado da ponte óssea (Fig. 32-73C). As barras centrais podem ser acessadas a partir da cavidade
• Realize uma osteotomia no nível do f io-guia e abra o local medular metafisária através de um a janela cortical metafisária ou de
da osteotomia com um spreader laminar largo. Usando uma uma osteotom ia. A ressecção da barra central assistida por artros-
pequena broca dental, resseque completamente a ponte copia foi descrita usando o artroscópio para identificar a cartilagem
óssea esclerótica branca, usando um microscópio cirúrgico ou normal após a ressecção do defeito com broca dental.
uma lupa de aumento para melhorar a visualização (Fig.
32-73D). Prossiga com a ressecção pela fise, garantindo que
toda a ponte óssea seja ressecada e que cartilagem fi sá ria RESSECÇÃO DA BARRA FISÁ~IA
normal apareça em todos os lados da cavidade. Isso pode ser
facilitado com a utilização de um espelho dentário.
CENTRAL PARA PARADA FISARIA

------!~
• Após a ressecção adeq uada, realize hemostas ia e preen-
cha a área com gord ura aut ógena obtida do t ecido sub- TÉCNICA
cutâneo na incisão ou com um im pla nte de silicone.
Co rrij a a deform idade angular adequ ada, inse rindo uma (PETERSON)
cun ha de osso autógeno na osteotom ia e fi xe a osteoto-
mia com pinos lisos (Fig . 32-73E). • Para barras que se estendem completamente através da fi se,
•Feche a incisão em camadas e apliqu e curativo estéril e ava li e os mapas tomográficos para determinar o acesso
uma ta la de gesso. cirúrgico e asseg urar a remoção completa (Fi g. 32-75). )
lllm) PARTE IX TRANSTORNOS CONG ÊNITOS E DE DESENVO LVIMENTO

O[ijil;ful!lil Parada epifisária traumática por ponte


óssea. A e B, Radiografias anteroposteriores e tomogra -
fia de lesão resultante de trauma no aspecto medial da
epífise tibial distal. C-E, Etapas da técnica cirúrgica de
lngram para excisão da barra óssea e osteotomia em
cunh a de tíbia di stal (ver texto). F, Radiografia mos-
trando correção da deformidade e do defeito no loca l
de ponte óssea . (C-F de Cana le ST, Harper MC: Biotrigono-
metric analysis and practica l applications of osteotomies of
tibia in children, lnstr Course Lect 30:85, 1981 .) VEJA AS
TÉCNICAS 32-28 E 32-29.
CAPÍTULO 32 OSTEOCONDROSES OU EPIFISITES E OUTRAS AFECÇÕ ES DIVERSAS

A B

H@il;MEfEI Ressecção da barra periférica (ver texto). A, A fluoroscopia garante que a ressecção permanecerá no níve l da fise. B,
A ressecção contínua até a fise está visível em toda a profundidade da cavidade. C, Um método alternativo para a exposição é o levan-
tamento periosteal com orienta çã o fluoroscópica. (Redesen hada de Birch JG: Technique of partial physeal bar resection, Op Tech Orthop 3 166,
1993.) VEJA AS TÉCNICAS 32-30 E 31.

Acesse as barras localiza das centralmente através da metá-


)
fise ou da epífise (Fig. 32-76A). Como a barra não é logo
acessível transepifisariamente e como em gera l isso
exige atravessar a articulação, o acesso transmetafisário é
preferível apesar de ser necessária a remoção de uma
janela óssea cortical e algum osso esponjoso metafi sá ri o
para alcançar a barra óssea.
• Após a remoção de toda a barra com uma broca de alta
velocidade, inspecione a fise normal com um pequeno
espelho dent ário (Fig. 32-76C) As lat erais da cavidade
devem ser planas e lisas (Fig. 32-77).
•Posicione marcadores metálicos, como clips cirúrgicos, na
metáfise e na ep ífi se para ajudar na medição precisa do
crescimento subsequente da fise envolvida . Coloque
A esses marcadores no osso esponjoso, e não em contato
com a cavidade, no mesmo plano longitudinal proximal
O[dll;HE!m A-C, Barra alongada que se estende da superfí- e distal ao defeito.
cie anterior para a posterior. Embora todas as três tenham a mesma •Em uma grande cavidad e que dependa de gravidade, der-
aparência em vista anteroposterior (fileira superior), elas têm con- rame líquido Cranioplast dentro do defeito. Se a cavi dade )
tornos diferentes em secções transversais (fileira inferior) (ver texto).

o@•hME!llll A, Barra central com crescimento


periférico resultando em fise em "tenda" ou "copo"
(ver te xto) . B, Exc isão de barra central através de
janela na metáfise (ver texto). C, Exame de toda
a fise com espelho dental (ver texto) . VEJA A
A B TÉCNICA 32-31.
llllllD PARTE IX TRANSTORNOS CONGtNITOS E DE DESENVO LVIMENTO

O@ihf4Efm Re gulari zação da superfície óssea metafisária O!dihf4mD Contorno em "botão de co la r" de plugue para
(ver texto). VEJA A TÉCNICA 32-31. atua r como âncora (ver texto) . VEJA A TÉCNICA 32-31 .

não depender da gravidade, coloque o Cranioplast em uma


)
seringa e injete no defeito através de um tubo de polietileno
curto (Fig . 32-78A) ou deixe que o Cran ioplast endureça
parcia lmente e empurre-o como uma massa no defeito.
Permita que tão pouco Cranioplast quanto possível perma-
neça na metáfise. Após o Cranioplast maturar, preencha o
restante da cavidade metafisária com osso esponjoso (Fig.
32-788). O contorno da cavidade também é importante. A
formação da barra é menos provável quando o material de
B interposição permanece na epífise (Fig . 32-79A) do que
quando a epífise cresce longe dele (Fig. 32-798)
• Métodos de manter o plugue na epífise incluem a aber-
h@ihhi&ml A, Inserção de Cranioplast com seringa (ver
tura de furos na cavidade (minar) (Fi g. 32 -80) e a amp lia-
texto) . B, En xerto ósseo preenchendo o restante do defeito
(ver texto) . VEJA A TÉCNICA 32-32.
ção da cavidade (Fig. 32-8 1).

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO A mobi lização articu lar


é iniciada imedi atamente. Se não houver sido re alizada
osteotom ia, não haverá necessidade de engessar ou imo-
bil izar. A descarga de peso é incentiva da no dia da cirur-
gia ou logo que ela seja confortável. O acompanhamento
com escanogramas deve continuar até a maturidade.
Marca-
Marca- dores
dores metá-
metá- licos REFERENCIAS
licos
DOENÇA DE FREIBERG; OSTEOCRONDOSE DO TORNO-
A
ZELO, JOELHO, E COTOVELO E DOENÇA DE
OSGOOD-SCH LATTER
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CAPÍTULO 32 OSTEOCONDROSES OU EPIFISITES E OUTRAS AFE CÇÕES DIVERSAS

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1
ETIOLOGIA 1202 INTERVENÇÃO NEUROCIRÚRGICA 1211 Deformidade em Calcâneo 1242
CLASSIFICAÇÃO 1204 QUADRIL 1213 Deformidade em Cavo 1242
CLASSIFICAÇÃO DEFORMIDADES DE FLEXÃO 1214 Deformidade em Adução do Antepé 1243
GEOGRÁFICA 1204 DEFORMIDADES DE ADUÇÃO 1215 Deformidade em Hálux Valgo 1243
Monoplegia 1204 SUBLUXAÇÃO E LUXAÇÃO 1218 Dedos em Garra 1243
Hemiplegia 1204 Osteotomia Derrotatória de OBLIQUIDADE PÉLVICO-
Diplegia 1204 Varização 1219 ESPINHAL E ESCOLIOSE 1243
Tetraplegia 1205 JOELHO 1224 EXTREMIDADE SUPERIOR 1245
Envolvimento Corporal Total 1205 RELAÇÕES DO QUADRIL E OMBRO 1245
Outros Tipos 1205 DO JOELHO 1224 COTOVELO 1245
CLASSIFICAÇÃO DEFORMIDADE DA FLEXÃO 1224 ANTEBRAÇO, PUNHO E MÃO 1246
FISIOLÓGICA 1205 HIPEREXTENSÃO DO JOELHO 1230 ADULTOS COM
Espástica 1206 JOELHO VALGO 1231 PARALISIA CEREBRAL 1246
Ateto ide 1206 PATELA ALTA 123 1 ADULTOS COM ACIDENTE
Coreiforme 1206 ANORMALIDADES VASCULAR CEREBRAL 1247
Rígida 1206 DE ROTAÇÃO 1231 EXTREMIDADE INFERIOR 1247
Atáxica 1206 PÉ 1231 QUADRIL 1248
Hipotônica 1206 DEFORMIDADE EM EQUINO 1232 JOELHO 1248
Mista 1206 Correção Cirúrgica da PÉ 1248
DIAGNÓSTICO 1207 Deformidade em Equino 1232 Pé Equino 1248
FATORES PROGNÓSTICOS 1207 Alongamento do Músculo Pé Torto Equinovaro 1248
ANÁLISE DA MARCHA 1207 Gastrocnêmio-sóleo 1234 Pé Varo 1249
CONDIÇÕES DEFORMIDADE EM VARO OU VALGO 1235 Planova lgo 1249
ASSOCIADAS 1208 Deformidade em Equinovaro 1235 Flexão dos Artelhos 1249
TRATAMENTO 1208 Hemitransferênci as de Tendão 1236 EXTREMIDADE SUPERIOR 1250
TRATAMENTO NÃO CIRÚRGICO 1209 Osteotomia do Calcâneo 1238 Ombro 1250
TRATAMENTO CIRÚRGICO 1210 Deformidade em Equinovalgo 1238 Cotovelo 1250

ETIOLOGIA Acredita-se que a lesão cerebral ocorra entre o momento da


concepção e os 2 anos de idade, momento em que uma quantidade
A paralisia cerebral é uma doença heterogênea do movimento e da significativa de desenvolvimento motor já ocorreu. Entretanto, uma
postura que possui uma grande variedade de apresentações, que lesão semelhante no cérebro após 2 anos de idade pode apresentar
vão desde uma perturbação motora leve a um grave comprometi- um efeito semelhante e, muitas vezes, ela é chamada paralisia cere-
mento total do corpo. Em virtud e da variabilidade da apresentação bral. Aos 8 anos de idade, grande parte do desenvolvimento do
clínica e da ausência de um teste de diagnóstico definitivo, definir cérebro imaturo está completo, como o desenvolvimento da marcha,
exatamente o qu e é a paralisia cerebral é uma tarefa difícil e con- por isso uma lesão no cérebro resultaria em um quadro clínico e um
troversa. É consenso geral que há três características distintivas prognóstico mais próximo de uma lesão em um adulto.
comuns em todos os pacientes com paralisia cerebral: (1) algum Embora o déficit neurológico seja permanente e não progres-
grau de comprometimento motor, que a distingue de outras con- sivo, o efeito que ele pode ter sobre o paciente é dinâmico, e os
dições, como o atraso global do desenvolvimento ou autismo; (2) aspectos ortopédicos da paralisia cerebral podem mudar dramatica-
uma lesão do cérebro em desenvolvimento, tornando-a diferente mente com o crescimento e o desenvolvimento. O crescimento, jun-
das condições que afetam o cérebro maduro em crianças mais tamente com as forças musculares alteradas através das articulações,
velhas e adultos; e (3) um déficit neurológico não progressivo, o pode provocar uma perda progressiva do movimento, contraturas e,
que a distingue de outras doenças motoras da infância, como as eventualmente, subl uxação ou deslocamento articular, resultando
distrofias musculares . em degeneração que pode exigir intervenção ortopédica.

1202
CAPÍTULO 33 PARALISIA CEREBRAL CEm
Crianças com paralisia cerebral constituem o maior grupo de Região anterior da cabeça
1
pacientes pediátricos com doenças neuromusculares nos Estados 1
1
Un idos. A prevalência da paralisia cerebral varia ao redor do mundo Arté ria 1
de acordo com a quantidade e qua.lidade do pré-natal, a condição cerebral 1
1
socioeconômica dos pais, o ambiente e o tipo de atendimento obsté- 1
1
tri co e pedi át ri co que a mãe e a cri ança recebem. A determinação da
verdadeira prevalência também é difícil, porque muitas crianças não -=--=-~---.---Área de
necrose
são diagnosticadas até os 2 ou 3 anos de idade. Isso é mais frequente
em grupos socioeconômicos que têm menos acesso a cuidados
médicos. Nos Estados Un idos, a incidê ncia é de cerca de dois casos a a.,----~.....- Ventrículo
cada 1.000 nascidos vivos; com cerca de 25.000 novos pacientes com lateral
paralisia cerebral a cada ano e aproximadame nte 400.000 crianças
-f,~~'9--- Radiações
com paralisia cerebral em um dado momento. Os Estados Un idos ópticas
experimentaram uma queda inicial no número de crianças afetadas
nas décadas de 1950 e 1960, corno resultado de uma compreensão
mais adequada e o tratamento da incompatibilidade de Rh materno- 1
1
fetal e de melhorias nas técnicas obstétricas. Mais recentemente, acre- 1
1
ditava-se que a prevalência de paralisia cerebral estivesse aumentando
Região posterior da cabeça
por causa do aum ento da taxa de sobrevida de recém-nascidos com
baixo peso e prematuros; no entanto, dois grandes estudos de popu-
lacionais co nduzidos por Winter et ai. e O'Shea mostraram que a
O[êjl!;t.)E!IJt Leucomalácia periventricular. Vista transversal
mostra vasos sanguíneos que suprem o cérebro com sangue
melhora da taxa de sobrevida desses bebês não contribuiu para o
(à esquerda) e as estruturas cerebrais (à direita). A área em torno
aumento da prevalência de paralisia cerebral nos Estados Unidos. Em
dos ventrículos contém "substância branca", que inclui vias neu-
todo o mundo, a prevalência varia de 0,6 a 7 casos a cada 1.000 nas-
ronais descendentes do sistema de controle motor. Essa área,
cidos vivos. O custo do tratamento cirúrgico em crianças com para-
especialmente mais à frente no cérebro, é suscetível a danos em
lisia cerebral é substancial. Em 1997, havia uma estimativa de 37.000
bebês prematuros por causa da relativa escassez de vasos sanguí-
procedimentos cirúrgicos realizados, sendo que a maioria era consti-
neos. Flutuações no fluxo de sangue, de oxigênio no sangue ou
tuída pela colocação de tubo de gastrostomia, liberação de tecidos
nos níveis de glicose no sangue podem causar danos nesta área,
moles, fundoplicaturas, artrodeses da coluna vertebral e osteotomias
resultando em distúrbios do sistema de controle motor e subse-
do quadril. Esses procedimentos foram responsáveis por 50.000 dias
quente paralisia cerebral (geralmente espástica).
de hospitalização e custaram 150 miU1ões de dólares.
Danos ao cérebro em desenvolvimento podem ocorrer em
qua lquer momento da gestação à primeira infância e, normal-
mente, são classificados como pré-na tal, perinatal ou pós-natal. Ao
co ntrár io da crença popular, menos de 10% das lesões que resultam
em paralisia cerebral ocorrem durante o processo de nascimento,
com a maioria delas ocorrendo no período pré-natal. Foi identifi-
cada no período pré-natal uma grande variedade de fatores de
risco para a paralisia cerebral, incluindo os fatores de risco ineren-
tes ao feto (geralmente distúrbios genéticos), fatores inerentes à
•li
Ili
IV
~ Classificação das Lesões
iiíiiJ~ Periventriculares
Sangramento confinado à matriz germinal
Sangramento estendendo-se aos ventrículos
Sangramento nos ventrículos com dilatação
Sangramento na substância cerebral
mãe (dist úrbio s convulsivos, retardo m enta l e perda de grav id ez Adaptada de Pellegrino L, Dormans JP: Definitions, etiology, and epidemio-
anter ior) e fatores inerentes à própria gravidez (incompat ibili - logy of cerebral palsy. ln Pellegrino L, Dormans JP, editors: Caring for
dade de Rh, polidrâmnio, ruptura da placenta e exposição a children with cerebral palsy: a team-based approach. Baltimore, 1998, Paul
. drogas ou ao álcool). Fatores externos, como a síndrome de Brookes .
TORCH (toxoplasmose, outros agentes, rubéola, citomegalovírus,
h erpes simples), também podem provocar paralisia cerebral no
período pré-natal. Ocorrências na ausência de fatores de ri sco a asfixia. Recém-nascidos com baixo peso (<l.500 g) apresentam um
conhecidos podem ser ca usadas por algum fator ainda desconhe- risco drasticamente alto de paralisia cerebral, com uma incidência de
cido durante esse mom ento crítico do desenvolvimento cerebra l. 60 casos a cada 1.000 nascimentos em comparação com dois casos a
Vár ios est ud os mais recentes sugerira m um possível papel da cada 1.000 nascimentos em bebês com peso normal. Acredita-se que
co rioamni o nite como sendo um desses fatores. esse aum ento da incidência ocorra por causa da fragilidade dos vasos
A paralisia cerebral no período perinatal, desde o nascimento sanguín eos periventriculares, que são altamente suscetíveis a varia-
até poucos dias após o nascimento, geralmente está associada à asfixia ções fisiológicas durante a gravidez (Fig. 33- 1). Essas flutuações, que
ou a um trauma que ocorre durante o trabalho de parto. O aumento inclu em episódios de hipóxia, patologia placentária, diabetes gestacio-
de ocitocina, o prolapso do cordão umbilical e a apresentação pélvica nal e infecção, podem lesionar esses vasos e causar hemorragia intra-
foram associados ao aumento da ocorrência de paralisia cerebral. ventricul ar subsequente. Essas lesões são classificadas em um a escala
Apenas 10% dos casos de paralisia cerebral ocorrem durante esse de I a IV (Tabela 33-1), com uma incidência maior de sequelas neu-
período de tempo e a maioria dos pacientes com paralisia cerebral não rológicas, como hidrocefalia e paralisia cerebral, no grau III (sangra-
têm histórico de asfixia. Embora a paralisia cerebral, muitas vezes, seja mento nos ventrícu los com dilatação) e no grau IV (sangrarnento na
associada a baixos índices de Apgar, durante esse período, muitos substância cerebral). Além disso, a área periventricular, que é impor-
recém-nascidos têm baixos índices em função de outras condições, tante para o controle motor, é especialmente suscetível da 26ª até a 32ª
como os distúrbios genéticos, que não possuem nenhuma relação co m semana de gravidez. Se essa área estiver lesionada poderá ocorrer
lllllE!) PARTE X DOENÇAS DO SISTE MA NERVOSO EM CR IANÇAS


diplegia. Muitas vezes, uma combinação sinérgica de eventos provoca
Classificação Geográfica da
lesão cerebral e subsequente desenvolvimento de paralisia cerebral. 33 - 2 Paralisia Cerebral
Gestações envolvendo vários nascimentos também apresentam maior
risco de paralisia cerebral, principalmente por causa da sua associação
COMPROMETI-
com o parto prematuro. TIPO DESCRIÇÃO MENTO
Embora a maioria das crianças qu e nascem com para lisia
Monoplegia Uma extremidade
cerebral seja constituída por nasci dos a termo, es tes apresentam comprometida,
um risco muito menor de desenvolver paralisia cerebral do que os geralmente a
recém-n ascidos prematuros. A encefalopatia hip oxicoisquêmica, inferior
que é caracteri zada por hip otonia, diminuição do movimento e con-
vulsões, é uma causa comum de paralisia ce rebral du rante o período
pós-natal. A aspiração de mecô nio e a circulação feta l persistente Hemiplegia Ambas as extremida-
com isquemia verdadeira são as ca usas ma is comuns de encefalo- des do mesmo lado
patia hipoxicoisquêmica. Infecções, co mo a encefalite e a menin - comprometidas
gite, norm almente causadas por Streptococcus do grup o B e herpes, Geralmente, a
podem prococar paralisia cerebral durante esse período. A lesão extremidade
cerebral traumática em acidentes ou o abuso de crianças também superior está mais
são responsáveis por um núm ero significati vo de casos de paralisia comprometida
cerebral que se desenvolvem no período pós- nata l. As melhorias que a extremi-
dade inferior
no atendimento obstétrico diminuíram dras ti camente a frequência
de lesão cerebral iatrogên ica. Paraplegia Ambas as extremi -
dades inferiores
igualmente
comprometidas
CLASSIFICAÇÃO
Em virtude da ampla variabilidade na apresentação e tipos de paralisia
cerebral, não há nenhum sistema de classificação universalmente aceito. Diplegia As extremidades
inferiores estão
A paralisia cerebral pode ser classificada pelo quadro clínico fisiológico,
mais comprometi-
a região do corpo afetada ou a região neuroanatômica do cérebro que das que as
foi lesada. Ela também pode ser classificada temporalmente em relação extremidades
ao momento do nascimento, como descrito anteriormente. superiores
Anormalidades
sensoriais/motoras
CLASSIFICAÇÃO GEOGRÁFICA finas na extremi -
dade superior
A região anatômica do corpo afe tada pelo distúrbio de movimento Tetraplegia Todas as
deve ser identificada de acordo com a Tabela 33-2. Muitas vezes, é extremidades
difícil class ificar totalmente o padrão de envolvimento geografica- comprometidas
mente, pois algumas extremidades podem estar comprometidas igualmente
Controle normal da
apenas sutilmente e o padrão de envolvimento do paciente pode
cabeça/pescoço
mudar ao longo do tempo. Entretanto, essa classificação é útil para
descrever padrões gerais de comprometimento. Hemiplegia Todas as extremida-
dupla des comprometi-
das, com
• MONOPLEGIA
comprometi-
A monoplegia é bastante rara e geralmente ocor re após a meningite.
mento maior das
A maioria dos pacientes diagnos ti cados com monoplegia na ve rdade superiores que
tem hemiplegia com uma extre mid ade leve men te afetada. das inferiores
Corpo Todas as
• HEMIPLEGIA inteiro extremidades
Na hemiplegia, um lado do co rpo está envolvido, com a extremidade gravemente
superior geralmente mais afetada do que a extremidade inferior. Os comprometidas
pacientes com hemiplegia, aproximadamente 30% dos pacientes Sem controle da
com paralisia cerebral, em geral também apresentam alterações sen- cabeça/pescoço
soriais nas extremidades afetadas. Alterações sensoriais graves, espe-
D Normal
cialm ente na ext remidade sup erior, constitu em um pred itor de D Comprometimento leve
prognóstico funcional ruim após a cirurgia reconstrutiva. Os pac ien- D Comprometimento grave
tes hemiplégicos também podem ter uma di sc repância no compri-
mento da perna, com o encurtamento do lado afetado, o qu e pode ser
tratado com epifisiodese contralateral ou alongamento da perna. com dipl egia apresentam alterações motoras em todas as quatro
extremidades, sendo as extremidades inferi ores mais afetadas que as
• DIPLEGIA superiores. A grande proximidade entre as vias das extremidades infe-
A diplegia é tipo anatômico mais comum de paralisia cerebral, cons- riores e os ventrículos, provavelmente, explica o envolvimento m ais
titu ind o aproximadame nte 50% de todos os casos. Os pacientes frequente dos membros in feriores com as lesões periventriculares
CAPÍTULO 33 PARALISIA CEREBRAL

(Fig. 33-1). Esse tipo de paralisia cerebral é mais comum em recém- A paraplegia é bastante rara e é caracterizada pelo compro-
nascidos prematuros; e a inteligência geralmente é normal. Em algum metimento bilateral das extremidades inferiores - ao contrário da
momento, a maioria das crianças com diplegia andará, embora a diplesia - com habilidades motoras globais e finas completamente
marcha só apareça normalmente por volta dos 4 a.nos de idade. normais na extremidade superior. Muitos pacientes diagnosticados
com paraplegia são, na verdade, diplégicos com leve envolvimento
• TETRAPLEGIA dos membros superiores. Embora ocasionalmente mencionada,
Na tetraplegia, todas as quatro extremidades estão igualmente com- a triplegia, o envolvimento de três extremidades, provavelmente
prometidas e muitos pacientes apresentam deficiências cognitivas não existe. Com um exame cuidadoso, a maioria dos pacientes
importantes que tornam os cuidados mais difíceis. O controle da que se acredita ter triplegia, de fato, possui déficits motores sutis
cabeça e do pescoço normalmente está presente, o que aj uda na do membro menos envolvido.
comunicação, educação e no ato de sentar. Os objetivos do trata-
mento de pacientes com tetraplegia incluem uma coluna reta e pelve
nivelada, quadris reduzidos e móveis, com 90 graus de flexão para CLASSIFICAÇÃO FISIOLÓGICA
sentar e 30 graus de extensão para articu lação, pés plantígrados que
possam caber em calçados e uma cadeira de rodas adequada. A maioria dos pacientes com paralisia cerebral apresenta padrões
reconhecíveis de movimento que também podem ser classificados.
• ENVOLVIMENTO CORPORAL TOTAL Uma compreensão básica do desenvolvimento normal do cérebro é
Os pacientes com envolvimento corporal total normalmente apre- importante para entender os vários tipos de movimento. Durante o
sentam déficits cognitivos profundos, além de perda do controle primeiro trimestre, o cérebro imaturo se separa nas estruturas globais,
da cabeça e do pescoço. Em geral, esses pacientes necessitam de incluindo o cérebro, o cerebelo e a medula. Os neurônios começam a
assistência em tempo integral para as at ividades diárias, além de se formar no segundo trimestre, e o número total de neurônios que
sistemas de assentos especializados para ajudar no posicionamento um indivíduo eventualmente terá está presente no final desse período
da cabeça. Sialorreia, disartria e disfagia também são comuns e de tempo. Quaisquer neurônios perdidos a partir deste ponto em
difíceis de tratar. diante são insubstituíveis. As conexões sinápticas e a mielinização
começam durante o terceiro trimestre e continuam até a adolescência
• OUTROS TIPOS de forma altamente organizada. Conforme essas sinapses se desenvol-
Alguns pacientes apresentam um padrão de hemiplegia dupla vem e a mielinização continua, os reflexos primitivos desaparecem e
como resultado de sangramento em ambos os hemisférios do surgem padrões motores mais maduros. Por causa desse desenvolvi-
cérebro. Muitas vezes, é difícil diferenciar a hemiplegia dupla da mento contínuo após o nascimento, muitas lesões do sistema nervoso
diplegia ou da tetraplegia; no entanto, na hemiplegia dupla, as do recém-nascido passam despercebidas até que a ausência dos
extremidades superiores geralmente estão mais comprometidas do padrões esperados possa ser detectada. Como diferentes vias do
que as inferiores. cérebro são mielinizadas em momentos diferentes, a diplegia espástica

Hemiplagia Diplegia Quadriplegia Atetoide Distônico Atáxico


'-~~~~~~~-P_ir~a_m_id~a~l~~~~~~~_JILl~~~~~~--=E~x~tr=a~p~ira=m~id~a=I~~~~~~~
D Normal
D Comprometimento leve
D Comprometimento grave

H@IJ;fflElm Classificação da paralisia cerebral. Embora existam sobreposições na terminologia, a paralisia cerebral pode ser classi-
ficada de acordo com a distribuição (comprometimento regional versus global, hemiplegia, diplegia, tetraplégica), tipo fisiológico
(espástica, discinética/distônica, discinética/atetoide, atáxica) ou substrato neurológico presumido (piramidal, extrapiramidal). (Redese-
nhada de Pellegrino L: Cerebral palsy. ln Batshaw M L, editor: Children with disabilities, ed 4, Baltimore, 1997, Paul H. Brookes.)
~ PARTE X DOENÇAS DO SISTEMA NERVOSO EM CRIANÇAS

geralmente não é detectada até os 8 a 10 meses de idade, a hemiplegia


_ Siste!_l'la de Classificação da
até os 20 meses de idade e paralisia cerebral atetoide depois dos 24 33 3 Funçao Motora Grossa
meses de idade. É importante manter isso em mente, uma vez que o
padrão de uma criança pode mudar com o tempo. Tem a função motora global quase normal
Fisiologicamente, a paralisia cerebral pode ser dividida em um li Caminha independentemente, mas tem
tipo espástico, que afeta os tratos corticoespinhais (piramidais), e um limitações para correr e saltar
tipo extrapirarnidal, que afeta as outras regiões do cérebro em desen- Ili Utiliza dispositivos de apoio para andar e
volvimento. Os tipos extrapiramidais de paralisia cerebral incluem: cadeira de rodas para longas distâncias
atetoide, coreiforme, atáxica, rígida e hipotônica (Fig. 33-2). IV Capaz de ficar em pé para transferências,
mas capacidade mínima para andar; depende
• ESPÁSTICA de cadeira de rodas para a mobilidade
A paralisia cerebral espástica é a forma mais comum de paralisia V Falta controle da cabeça, não pode sentar-se
cerebral, constituindo aproximadamente 80% dos casos, e geralmente de forma independente e depende em todos
está associada à lesão dos tratos piramidais do cérebro imaturo. A os aspectos de cuidados
espasticidade, ou aumento do tônus muscular dependente de velo-
cidade com esti ramento passivo, é causada por um exagero do
reflexo normal de estiramento passivo do músculo. Booth mostrou pois, com o tratamento, muitas crianças com ataxia são capazes de
histologicamente que essa função muscular alterada causa deposição melhorar a sua função de marcha sem cirurgia. O alongamento bem
de colágeno tipo I no endomísio do músculo afetado, provocando agressivo de tendão nos pacientes com ataxia pode provocar fraqueza
espessamento e fibrose, cujo grau se correlaciona com a gravidade da iatrogênica, o que interfere ainda mais na função de marcha.
espasticidade. Muitas vezes, os pacientes apresentam contração simul-
tânea dos grupos musculares normalmente antagônicos, o que produz • HIPOTÔNICA
fadiga, perda de destreza e coordenação e dificuldade de equilíbrio. A paralisia cerebral h ipotônica é caracterizada por fraqueza asso-
Contraturas articulares, subluxação e degeneração são comuns em ciada a baixo tônus muscular e reflexos tendin osos profundos
pacientes com paralisia cerebral espástica. normais. Muitas crianças que, em últim a instância, desenvolvem
paralisia cerebral espástica ou atáxica passam por um estágio hipo-
• ATETOIDE tônico, com duração de 1 ou 2 anos, antes da verd adeira natureza
A paralisia cerebral atetoide é causada por urna lesão nas vias extrapi- de sua lesão cerebral tornar-se evidente. A hip otonia persistente
ramidais e é caracterizada por movimentos despropositados e disciné- pode acarretar dificuldades, como o equilíbrio ao sentar, o posicio-
ticos que podem ser exacerbados por estimulação ambiental. O quadro namento da cabeça e a comunicação.
clínico varia de acordo com o nível de excitação do paciente. Na para-
lisia cerebral atetoide pura, as contraturas articulares são inco1mms; os • MISTA
resultados das liberações de tecido mole, em contraste com aqueles Muitos pacientes com paralisia cerebral apresentam características
observados na paralisia cerebral espástica, são imprevisíveis, e os pro- de mais de um tipo e, por isso, são referidos como tendo paralisia
cedimentos possuem urna taxa alta de complicação. Com as melhorias cerebral mista. Os pacientes com paralisia cerebral mista geralmente
na prevenção da incompatibilidade de Rh, que leva ao kernicterus, a apresentam si nais de déficits piramidais e extrapiramidais. O aspecto
incidência de paralisia cerebral atetoide está diminuindo. A distonia, clínico final é determinado pelos componentes relativos de espasti-
que é caracterizada pelo aumento do tônus global e posicionamento cidade, atetose e ataxia. Liberações cirúrgicas neste grupo podem
distorcido em resposta a movimentos voluntários, ou a hipotonia ser menos previsíveis, especialmente quando um grande compo-
também podem ocorrer com a paralisia cerebral atetoide. nente atetoide ou atáxico está presente.
Em virtude da sua heterogeneidade, nenhum sistema é ideal
• COREIFORME para a classificação e descrição dos pacientes com paralisia cerebral.
A paralisia cerebral coreiforme se caracteriza por movimentos des- Como muitos pacientes apresentam padrões variáveis de atividade
propositados contín uos dos punhos, dedos, pés e tornozelos dos motora que não se encaixam completamente em uma categoria ou
pacientes. Esse movimento contínuo pode dificultar a colocação de outra, uma abordagem individua li zada deve ser utilizada para cada
órtese e a função de sentar. paciente. Palisano et al. desenvolveram o Sistema de Classificação
da Função Motora Grossa (Gross Motor Function Classification
• RÍGIDA System, GMFCS) para ajudar a resolver essas dificuldades de classi-
Pacientes com paralisia cerebral rígida constituem o tipo mais hiper- ficação (Tabela 33-3). Esse sistema de classificação numérica de
tônico de todos os pacientes com paralisia cerebral. Essa hipertoni- cinco níveis, que se descobriu ser um método confiável e estável de
cidade ocorre na ausência de hiperreflexia, espasticidade e clônus, classificação e predição da função motora de crianças de 2 a 12 anos,
que são comuns na paralisia cerebral espástica. Esses pacientes leva em conta as limitações funcionais para dispositivos de apoio,
possuem uma rigidez tipo "roda dentada" ou "tubo de chumbo", que como andadores e cadeiras de rodas, e a qualidade do movimento
muitas vezes exige liberação cirúrg ica. Quando uma liberação cirúr- com base na idade. Essa escala enfatiza o movimento autoiniciado
gica é realizada, é essencial não enfraquecer o músculo, o que pro- e a função de andar e sentar. Soo et al. analisaram uma coorte de 3
vocaria deformidade oposta. anos com 323 crianças que nasceram com paralisia cerebral na Aus-
trália e as classificaram de acordo com essa escala. Eles descobriram
• ATÁXICA que 35% tinham função grau I; 16,4%, grau II; 14,2%, grau III;
A paralisia cerebral atáxica é bastante rara e, provavelmente, constitui 16,l %, grau IV; e 18%, grau V. A maioria dos pacientes com hemi-
o tipo mais frequentemente subdiagnosticado. Ela é caracterizada plegia tinha função grau I ou II, enquanto os pacientes com diplegia
pelo distúrbio do movimento coordenado, com frequência maior do ou tetraplegia foram distribuídos por todos os graus. Eles também
caminhar, como resultado de uma lesão no cerebelo em desenvolvi- descobriram que o grau do Sistema de Classificação da Função
mento. É importante distinguir a ataxia verdadeira da espasticidade, Motora Grossa era preditivo para luxação do quadril.
CAPÍTULO 33 PARALI SIA CEREBRAL CEmllll


'l;:~~'f.:,~,
com paralisia cerebral. A presença de reflexos tônicos cervicais geral-
·. · . , Marcos Iniciais do
~.~-~,: , Desenvolvimento Motor mente é incompatível com o equilíbrio em pé independente e com a
capacidade de executar movimentos alternados das extremidades
inferiores necessários para o andar. Sentar-se de forma independente
IDADE
MÉDIA aos 2 anos de idade é um bom preditor de deambulação independente.
MARCO (meses) PERCENTIL 95% Se a criança não puder se sentar independentemente aos 4 anos, é
Controlar a cabeça 3 6 pouco provável que ela venha a andar sem precisar de ajuda. Se uma
criança não ap rendeu a andar até os 8 anos de idade, e não é limitada
Sentar-se 6 9
independentemente por contraturas graves, é pouco provável que venha a andar.
Sinais de prognóstico ruim para a função de andar relatados
Engatinhar 8 Variável, não
por Bleck incluíam (1) reflexo tônico cervical assimétrico (2), reflexo
ocorre em
de Moro persistente, (3) fo rte impulso extensor na suspensão verti-
alguns casos
cal, (4) reflexo de alinhamento cervical persistente e (5) ausência de
Manter-se ereto 8 12
reação normal de paraquedas depois dos 11 meses. A persistência
Marcha 12 17 destes reflexos primitivos está associada a um dano cerebral extenso
independente
e grave e a um prognóstico ruim em relação à deambulação inde-
pendente, autocuidado e atividades do dia a dia.
DIAGNÓSTICO
A história e o exame físico são as principais ferramentas no diagnóstico ANÁLISE DA MARCHA
da paralisia cerebraL O histórico deve incluir uma investigação com-
pleta da gravidez e do parto. Com exceção de várias condições raras, Antes do desenvolvimento dos sistemas de análise de marcha com-
como a paraparesia espástica fam iliar e a ataxia congênita, não há putadorizados, a observação clínica cuidadosa era o principal
componente genético conhecido para a paralisia cerebral. Exames método de diagnóstico dos distúrbios de marcha em crianças com
complementares, como radiografias, estudos hematológicos, análise paralisia cerebral. Ela ainda é um componente essencial para fa zer
cromossômica, TC, RM e tomografia por emissão de pósitrons, rara- o diagnóstico. Essa observação clínica é realizada assistindo-se repe-
mente são necessários para se fazer o diagnóstico, mas eles podem ser tidamente a criança andando para frente, para os lados e para trás,
úteis para determinar o tipo e a extensão da paralisia cerebral. Chegar estudando um componente da marcha de cada vez. Deve-se dar
ao diagnóstico de paralisia cerebral antes dos 2 anos de idade pode ser atenção à pelve, ao quadril, joelho, tornozelo e pé, bem como ao
bem difícil. Nelson e Ellenberg constataram que 55% das crianças com comprimento dos passos, à cadência, ao alinhamento rotacional, à
diagnóstico de paralisia cerebral com 1 ano de idade não cumpriam os posição do tronco e as diferenças lado a lado.
critérios de idade de 7 anos. A distonia transitória da prematuridade é A análise quantitativa moderna da marcha utiliza câmaras de
uma condição caracterizada pelo aumento do tônus nas extremidades vídeo de alta velocidade a partir de diferentes ângu los, marcadores
inferiores entre os 4 e 14 meses de idade e, muitas vezes, é confundida retrorrefletores sobre a superfície da pele, alinhados com pontos de
com a paralisia cerebral. Essa é uma condição autolimitante e é resolvida referência esqueléticos palpáveis e plataformas de força para medir
sem tratamento. Além disso, as crianças afro-americanas tendem a ter os vários componentes da marcha. Os dados cinemáticos fornecidos
tônus muscular maior do que outros grupos étnicos, o que também são apresentados em urn a forma de onda que representa o movi-
pode levar a um diagnóstico errado de paralisia cerebral. mento tridimensional das articulações durante o ciclo da marcha.
O conhecimento dos marcos normais de desenvolvimento Testes eletrorniográficos (EMG), que documentam a ativação de
motor e dos reflexos primitivos permite a identificação de crianças vários músculos durante o ciclo da marcha, também são utilizados
que estão com o desenvolvimento motor em atraso. O desenvolvi- para determinar quais músculos estão atuando em um padrão
mento motor ocorre geralmente em um padrão cefalocaudal, normal e quais estão atuando fora de fase. Outros componentes de
começando com a deglutição e a sucção, que estão presentes ao análise quantitativa da marcha incluem a podobarometria (pressão
nascimento, e prossegue com o controle do esfíncter, que ocorre dos pés) e a medição do consumo de oxigênio. Combinados, são as
aos 24 a 36 meses de idade (Tabela 33-4). Os padrões de reflexo ferramentas que proporcionam a um examinador treinado uma
primitivo da atividade motora, que são superados como parte do representação precisa da complexa interação de todos os componen-
processo de maturação norma l, persistem por mais tempo que o tes da marcha. A análise da marcha frequentemente é utilizada no
normal e, em alguns casos, de forma permanente em crianças com planejamento pré-operatório antes da cirurgia da extremidade infe-
paralisia cerebra l. Outros padrões motores mais maduros, que são ri or para delinear os desvios de marcha específicos de um paciente
essenciais para a deambulação normal, podem atrasar significati- e planejar a intervenção adequada. Um estudo constatou que,
vamente ou mesmo nunca aparecerem. Determinar quais reflexos quando examinadores experientes receberam uma análise quantita-
estão presentes ou ausentes permite determinar também a idade tiva da marcha de pacientes, após recomendações cirúrgicas que já
neurológica da criança. Pela comparação da idade neurológica haviam sido feitas com base em observação clínica, a recomendação
com a idade cronológica, um quociente neurológico pode ser cirúrgica mudou em 52% das vezes.
determinado, o que é útil na determinação do prognóstico e do Embora a análise quantitativa da marcha forneça dados objeti-
tratamento. A presença dos reflexos primitivos também pode con- vos, a interpretação desses dados parece ser subj etiva. Observou-se
tribuir ainda mais para a deform idade. apenas uma concordância de leve a moderada entre os médicos sobre
a identificação de problemas ósseos e de tecidos moles e sobre as
recomendações para o tratamento. Também foram encontradas dife-
FATORES PROGNÓSTICOS renças institucionais significativas no diagnóstico e nas recomenda-
ções de tratamento. Foi relatado que o exame clínico combinado com
Um trabalho considerável tem sido feito para investigar os fatores a análise da marcha melhorou o resultado cirúrgico. Como observado,
prognósticos para a função, incluindo deambulação, em pacientes a análise da marcha pós-operatória pode ser útil não apenas para
111!1) PARTE X DOENÇAS DO SISTEMA NERVOSO EM CRIANÇAS

avaliar os resultados, como também para fazer novas recomendações profundos sobre a aprendizagem, comunicação e deambulação. Isso
de tratamento, incluindo recomendações para órtese, protocolos espe- provocou um interesse renovado pelos sistemas alternativos de
cíficos de fisioterapia e nova intervenção cirúrgica. administração de medicamentos, como baclofeno intratecal e inje-
Embora as técnicas de análise qu antitativa da marcha conti- ções intramusculares de toxina botulínica.
nuem a melhorar, seu papel na avaliação e no tratamento de crianças A osteopenia com aumento do risco de fratura também é
com paralisia cerebral continua controverso. Apesar de a análise da comum em crianças com paralisia cerebral, especialmente nas crian-
marcha ter mostrado que muda a tomada de decisões, são necessá- ças afetadas com mais gravidade. As fraturas, muitas vezes, podem
rios estudos para determinar se essas mudanças levam à melhora ser difíceis de diagnosticar, especialmente em pacientes não verba-
dos resultados clínicos. Davids et ai. propuseram um paradigma de lizadores. O uso de cintilografia com tecnécio de todo o corpo pode
cinco passos para a tomada de decisão clínica a fim de otimizar a ser útil para identifi car fraturas ocultas nestes pacientes. O trata-
capacidade de andar de crianças com paralisia cerebral. Os cinco mento cirúrgico e não cirúrgico destas fraturas apresenta uma alta
pontos são: história clínico, exame físico, diagnóstico por imagem, taxa de complicação e geralmente interfere nas atividades sociais e
análise quantitativa da marcha e exame sob anestesia. Acreditamos escolares da criança, o que pode torn ar a tarefa das pessoas respon-
que esse tipo de abordagem é melhor do que dep ender apenas da sáveis pelos cuidados aind a mais difícil. Em seu estudo sobre crian-
análise quantitativa da marcha no diagnóstico e tratamento de crian- ças afetadas de forma moderada ou grave, Henderso n constatou que
ças com paralisia cerebral. a osteopenia femora l era significativa (densidade mineral óssea com
escore Z de< -2) em 77% das crianças com paralisia cerebral e em
97% das crianças que não conseguem ficar de pé sozinhas; as fratu -
CONDIÇÕES ASSOCIADAS ras ocorreram em 26% dos pacientes com mais de 10 anos de idade.
As fraturas femorais podem ocorrer especialmente em pacientes não
A maioria dos pacientes com paralisia cerebral apresenta deficiên - deambuladores com comprometimento grave. Embora elas possam
cias associadas que interferem em sua fun ção diária, independência, ser tratadas conservadoramente, há uma alta taxa de consolidação
mobilidade e saúde em geral. Esses problemas podem ser mais viciosa necessitando de cirurgia e aum ento das complicações rel a-
importantes para o paciente, a fa mília do paciente e seus cuidadores cionadas com a imobilização. Em estudos pequenos, bisfosfonatos
do que a capacidade de marcha da criança. Essas co ndições devem e hormônio do crescimento têm demonstrado que são seguros e
ser levadas em conta quando se considera qualquer tipo de inter- eficazes no aumento da densidade mineral óssea em crianças com
venção terapêutica. Em um estudo, adu ltos com paralisia cerebral paralisia cerebral; porém, estudos multicêntricos grandes ainda são
class ificaram o que era mais importante para eles, a educação e a necessários. Problemas médicos graves, como a pneumonia de
comunicação foram os itens mais importantes, seguidos das ativida- aspiração e os problemas de alimentação profundos, podem causar
des do dia a dia e da mobilidade. A deambulação ficou em qu arto desnutrição, imunossupressão e alterações metabólicas. O refluxo
lugar. Em virtude da natureza muitas vezes complexa dessas condi- gastroesofágico, muitas vezes, pode ser tratado clinicamente e com
ções, uma abordagem com equipe multidisciplinar para pacientes posicionamento, mas nestes casos um a fundoplicatura pode ser
com paralisia cerebral é essencial. necessária. Outras vezes, o suporte da alimentação enteral é neces-
As condições associadas mais comuns nos pacientes com para- sário por causa da disfunção da deglutição e do risco de pneumonia
lisia cerebral incluem deficiência mental ou dificuldade de apren di - aspirativa. Isso pode ser feito com o auxílio de uma sonda de gas-
zagem (40%); convulsões (30%); distúrbios de movimentos trostomia ou jejunostomia. Os pacientes com desnutrição proteica
complexos (20%); deficiência visual (16%); distúrbios da nutrição e apresentam um risco maior de infecção pós-operatória.
condi ções semelhantes, como refluxo gas tro esofágico, obesidade e Problemas emocionais também se sornam a essas condições
des nutrição (1 5%); e hidrocefa lia (14%). A deficiência mental e a associadas. A autoimagem da crian ça desempenha um papel impor-
dificu ldade de aprendizagem podem variar de déficits bem leves a tante, principalmente na adolescência, quando as diferen ças entre a
deficiência grave e incapacidade de viver de fo rma independente. O criança afetada e os seus colegas se torn am mais evidentes. As difi-
retardo mental, qu e é defi nido como um QI inferior a 50, ocorre em culdades de comunicação também podem afetar a autoimagern
30% a 65% das crianças com paralisia cerebral, com frequ ência neste estágio. As atitudes dos pais, irmãos, da equipe de tratamento
maior em tetraplégicos. As dificuldades de aprendizagem são agra- e da comunidade são importantes para aj udar a criança ou o jovem
vadas por distúrbios convulsivos, vários medicam entos com efeitos adulto a maximizar sua independência e fun ção. Conforme se atinge
colaterais sobre o sistema nervoso centra l e dificuld ades de comu- a idade adulta jovem, preocupações com emprego, autocuidado,
nicação. O comprometimento bulbar pode provocar salivação exces- função sexual, casamento, cri ação de filhos e cuidar de pais idosos
siva, disfagia e dificuldades de fala, o qu e pode limitar ainda mais o podem se tornar fatores de estresse emo cional.
desenvolvimento cognitivo e social.
Muitas crianças com paralisia cerebral (50% em algumas
séries) apresentam difi culdades visuais significativas, com 7% delas TRATAMENTO
aprese ntando um defeito visual grave. Os distúrbios visuais comuns
incluem miopia, ambliopia, es trabismo, defeitos do campo visual e Em virtude da natureza heterogênea da paralisia cerebral, é difícil
cegueira cortical. Exames visuais são indicados para todas as crian- fazer afirmações ge neralizadas em relação ao tratamen to, sendo
ças com paralisia cerebral. A perda auditiva ocorre em 10% a 25% mel hor ter urn a abordagem individuali zada para cada paciente e
das crianças com paralisia cerebral, o que pode agravar ainda mais suas necessidades. Em alguns centros, a abordagem com uma equip e
as dificuldades de comunicação e de aprendizagem. Exames de multidisciplinar - incluindo fonoaudio logia, fisioterapia e terapia
audição, semelhantes aos exames visuais, devem faze r parte da ava- ocupacional; ortopedia; nutrição; assistência social; ortopedia; e
liação de rotina dos pacientes com paralisia cerebral. pediatria geral - tem sido bem-sucedida. Existem quatro princípios
Aproximadamente 30% dos pacientes com paralisia cerebral básicos de tratamento. O primeiro é que, embora a lesão do sistema
também têm convulsões, com mais frequência os pacientes com hemi- nervoso central, por definição, não seja progressiva, as deformidades
plegia, tetraplegia ou síndromes pós-natais adquiridas. As convulsões causadas por forças musculares anormais e contraturas são progres-
e os medicamentos usados em se u tratamento podem ter efeitos sivas. O segundo, o que pode ser uma fonte de frustração, é que os
CAPÍTULO 33 PARALISIA CEREBRAL ~

tratamentos atualmente disponíveis corrigem apenas as deformid a-


des secundárias e não o problema primário, ou seja, a lesão cerebral.
O terceiro é que as deformidades normalmente pioram durante
períodos de rápido crescimento. Para alguns pacientes pode ser
benéfico atrasar a cirurgia até depois de um es ti rão de crescimento
signifi cativo, com o intuito de red uzir o risco de reincidência. Ao
determinar o momento da cirurgia, é importante considerar o fato
de que a maioria das crianças com paralisia cerebral tem uma idade
óssea avançada em comparação com a idade cronológica de aproxi-
madamente 2 anos, além de uma idade significativamente avançada
em comparação com os con troles normais de ambos os sexos. A
maior correlação entre a idade óssea avançada foi encontrada em
tetraplégicos e em meninos que apresen tavam o nível III no Sistema
de Classificação da Função Motora Grossa (GMFCS) e meninas com
um índice de massa corporal menor que 15. O quarto princípio
considera que o tratamento cirú rgico ou não cirúrgico deve ser
reali zado de maneira a minimizar o efeito negativo que ele tem li@il;tgi E!19 Infusão contínua de baclofeno intratecal. O bacio-
sobre a sociali zação e a educação do paciente. É importante estar feno é injetado através da pele até o reservatório, que está locali-
ciente destas questões de tempo ao se considerar qualquer fo rm a zado dentro da bomba cirurgicamente implantada por bai xo da pele
de tratamento nesta população de pacientes. Também é importante do abdome. A bomba, que é aproximadamente do tamanho de um
reconhecer que, para a maioria dos pacientes, uma abordagem com- disco de hóquei, pode ser programada com o auxílio de um dispo-
binada, utilizando métodos cirúrgicos e não ci rúrgicos, é mais bené- sitivo coloca do contra a pele e sobre a bomba. A medicação é
fica do que uma forma de tratamento apenas. infundida continuamente através do cateter que passa sob a pele e
é inserido diretamente no ca nal medular; o baclofeno então se
mistura com o Jíquor, afetando diretamente a medula espinhal e
TRATAMENTO NÃO CIRÚRGICO diminuindo a espastici dade.

As modalidades não cirúrgicas, como medicamentos, talas, órteses


e fisioterapia, normalmente são utilizadas como tratamento primá-
rio ou em conjunto com outras formas de tratamento, como a cirur- semelhante ou melhor. Injetar baclofeno intratecalmente com um a
gia. Uma ampla variedade de medicamentos é utilizada para tratar bomba programável implantável diminui dramaticamente a dose
a paralisia cerebral. Os três agentes mais comuns são o diazepam e necessária para afetar a espasticidade e diminui alguns dos efeitos
o baclofeno, que atuam centralmente, e o dantroleno, que atua no colaterais, como a sedação. Essa bomba normalmente é implantada
nível do músculo esquelético. O baclofeno imi ta a ação do ácido subcutaneamente na parede abdominal e exige reabastecimento apro-
y-aminobutírico, um neurotransmissor inibidor potente, central e ximadamente a cada 2 a 3 meses (Fig. 33-3). Uma metanálise que
perifericamente, enquanto o diazepam potencializa a atividade do envolveu 14 estudos de adm inistração de baclofeno intratecal desco-
ácido y-aminob utírico. Esses medicamentos podem ser difíceis de briu que ele reduziu a espasticidade na extremidade inferior, o que
serem utilizados por causa da grande variabilidade da eficácia entre pareceu melhorar a função e a facilidade dos cuidados e apresentou
as crianças e da janela terapêutica es treita. Como esses medicamen - complicações controláveis. O baclofeno também atua no nível da
tos aum entam a atividade do neurotransmissor inibidor, os efeitos medula espinal para reduzir os reflexos espinais anormais e diminuir
colaterais sistémicos comuns incluem sedação, dificuldade de equi- o impulso dos neurônios motores, podendo reduzir ainda mais a
líbrio e disfunção cognitiva, o que pode ter um efeito negativo dra - espasticidade. Um monitoramento cuid adoso é necessário para evitar
mático na deambulação, ed ucação e comunicação. uma sobredosagem, o que pode provocar diminuição do tônus do
O dantroleno atua no nível do músculo esquelético e reduz a tronco, fraqueza e sedação. As compl icações do baclofeno intratecal
liberação de íons de cálcio no músculo. Ele possui um a afinidade incluem infecção ou mau funcionam ento do cateter e da bomba,
com as fibras musculares de contração rápida e diminui seletiva- vazamento de fluido espinhal, depressão respiratória, reações medi-
mente o tônus e os reflexos de es tiramento muscular anormais. camentosas e sedação excessiva. De 10% a 20% dos pacientes neces-
O dantrolene é utilizado com menos frequênc ia do que outros medi - sitam de uma nova cirurgia ou remoção da bomba. Houve também
camentos, porque alguns pacientes nos quais ele é administrado preocupações sobre a progressão de escoliose em pacientes que
desenvolvem uma fraqueza profunda e há um risco de hepatotoxici- recebem terapia com baclofeno intratecal. Entretanto, um estudo
dade com o uso a longo prazo. Em vi rtude dos efeitos colaterais sis- recente que comparou a progressão da magnitude da curva em
témicos desses medicamentos, há um interesse renovado em sistemas pacientes com e sem o uso de baclofeno intratecal não mostrou dife-
alternativos de administração de medicamentos, como o baclofeno renças na progressão da curva entre os grupos. Até que estudos de
intratecal e as inj eções intramusculares de toxina botulínica. longo prazo possam ser reali zados, esse método de tratamento é indi-
O baclofeno, além de inibi r a atividade extensora anorma l cado para os pacientes cuj a espasticidade interfere significativamente
monossináptica e a atividade flexora polissináptica, tem mostrado que no autocuid ado e na qualid ade de vida e também para os pacientes
dimin ui os níveis de substância P, o que limita a nocicepção. O baclo- nos quais outras modalidades já tenham falhado.
fe no tem-se mostrado que mal consegue penetrar na barreira hema- A toxina botulínica é uma neurotoxina potente, da qual existem
toencefálica, além de ter meia-vida curta (de 3 a 4 horas). Isso exige sete soro tipos, produzida pela Clostridium botulinum. A toxina
uma titulação gradual da medicação e a utili zação de níveis sistémicos botulú1ica tipo A (BTX-A) (Botox, Dysport) tem sido utilizada para
extremamente elevados para obter um efeito central de redução da enfraquecer seletivamente os músculos de pacientes com paralisia cere-
espasticidade. A injeção intratecal de baclofeno precisa de uma dose bral. A BTX-A injetada diretamente no músculo age no nível da placa
30 vezes menor que a de baclofeno oral para obter uma resposta motora, bloqueando a liberação do neurotransmissor acetilcolina e
lllB?i> PARTE X DOENÇAS DO SISTEMA NERVOSO EM CR IANÇAS

inibindo a contração muscular. Como ela pode se difundir de 2 a 3 paralisia cerebral, a órtese geralmente é utilizada para prevenir ou
cm nos tecidos, é mais fácil obter o efeito desejado com BTX-A do retardar a progressão da defo rmidade. As órteses mais utili zadas para
que com outros agentes, como fenol ou álcool, que exigem uma o tratamento de paralisia cerebral incluem órteses de tornozelo-pé,
injeção mais precisa. Ela também é m ais segura do que esses outros órteses de abdução do quadril, talas de mão e punho e órteses espi-
agentes, pois se liga seletivamente à junção neuromuscular, e não a nhais. Deve-se utilizar uma abordagem centrada no paciente. Os obje-
outros tecidos circundantes. tivos de uma órtese para uma criança com capacidade de locomoção
Esse efeito começa aproximadamente 24 horas após a injeção e diferem dos objetivos para uma criança com comprometimento grave.
tem uma duração de 2 a 6 meses. Devem se r tomados cuidados para O uso de órteses nas extrem idades inferiores, mais frequ entemente as
evitar a injeção sistêmica dessa toxina, que, em grandes doses, pode órteses tornozelo- pé, é comum em pacientes com paralisia cerebral.
causar depressão respiratória e morte. A dose máxima segura de Essas órteses demon straram melhora da fun ção da marcha e diminui-
BTX-A, com base nos dados de primatas, é de 36 a 50 unidad es por ção do agachamento durante o caminhar, mesmo na au sência de
quilograma de peso corporal; no entanto, a maioria dos estudos relata cirurgia, em crianças co m capacidade de lo co moção. Os objetivos da
doses de menos de 20 unidades/kg. A BTX-A mostrou ser eficaz órtese em uma criança grave mente afetada incluem facilitar o uso de
quando utili zada em conjunto co m outras modalidades, como a fisio- calçados, evitar a progressão de cont raturas, melhorar o posiciona-
terapia ou a imobilização com gesso se riado. Os efeito s colaterais mento da cadeira de rodas e auxiliar os programas de sustentação em
m ais comuns são dor local e irritação à inj eção. O uso m ais co mum pé. O uso de órteses tornozelo-pé de reação ao solo, que utilizam urna
da BTX-A é como auxiliar de órtese, imobilização com gesso ou combinação de flexão plantar e extensão do joelho para aj udar a eli-
programa de tratamento fisioterapêutico durante um período finito. minar a marcha em agachamento e melhorar a extensão do joelho na
Ela é benéfi ca para pacientes jovens nos quais há necessidade de fase de apoio, diminuiu drasticamente a necessidade de apoios acima
retardar a cirurgia. Ela também tem sido usada para prever os resul- do joelho com órteses joelho -tornozelo-pé.
tados da cirurgia de alongamento tendín eo; no entanto, isso ainda é
co ntroverso. A BTX-A também demonstrou melhorar o gasto ener-
gético com caminhadas e há relatos de que ela melhora a função da TRATAMENTO CIRÚRGICO
extremidade superior e o autoc uidado, porém os resultados são bas-
tante variáveis. Quando utilizada a longo prazo, a sua eficácia pode Em geral , o tratamento cirúrgico é indicado quando as contraturas
diminuir em virtude da produção de anticorpos contra a toxina; por ou defo rmidad es diminuem a fun ção, causam dor ou interferem nas
isso, recom enda- se que as injeções sejam administradas com 3 a 4 atividades do dia a dia . Ele é o único tratamento efica z qu ando
meses de intervalo e apenas quando os outros métodos falharem. As existem contraturas fixas importantes. Como muitos pacientes co m
co ntraindi cações da terapia co m BTX-A incluem resistência conhe- paralisia cerebral apresentam comorbidades significativas, o trata-
cida ou ant icorpos, contratura ou deformidad e fixa, uso concomitante mento cirúrgico traz consigo um aumento do risco de compli cações
de antibióticos aminoglicosídeos, insuficiência de resposta anterior e em co mparação com a população geral. Os procedimentos cirúr-
algumas condições neurológicas, como a miasteni a grave. gicos devem ser agend ados para minimi za r o núm ero de intern a-
A fi sioterapia é um componente esse ncial no tratamento de ções e a interferência na escola e nas atividades sociais. A "cirurgia
pacientes co m paralisia cerebral. A fisioterapia é utilizada tipi ca- de aniversário" ou os vários procedimentos reali zados em mo men -
mente como uma modalidade de tratam ento primário e em con- tos diferentes , conforme descrito por Rang, devem se r evitados
junto com outras modalidades, como imobili zação com gesso, sempre que possível (Fig. 33-4) . A cirurgia multinível em um único
órtese, BTX-A e cirurgia. O terapeuta tem um papel fund amental tempo mostrou melhorar a fun ção das extremidades superiores e
em todos os aspectos dos cuidados, incluindo identificar as cri anças
que possam ter paralisia cerebral, tratar sua espasti cidade e contra-
turas, fabric ar talas e órteses, proporcionar edu cação familiar e
acompan hamento, atuar corno um elo com a escola e outros presta-
dores de cuidados de saúde e implementar programas dom ésticos
de exercícios de alongamento com os pacientes e suas famílias. Por
causa da variabi lidade dos pacientes com paralisi a cerebral, é neces-
sá rio que a terapia tenha uma abordagem individu alizada. Os obje-
tivos para pacientes com capacidade de locomoção incluem o
forta lecimento dos músc ulos enfraquecidos, a prevenção da contra-
tura e o treinamento do equilíbrio e da marcha; para os indivíduos
gravemente afetados, os objetivos incluem a melhoria do equilíbrio
ao sentar, higiene e facilidade de cuidado para cuidadores. Os pais
devem ser encorajados desde o início a terem um papel ativo no
A B
programa de terapia da criança.
Na literatura, são poucos os dados obj etivos que apoiam ou
contestam o uso da fisioterapia em pacientes com paralisia cerebral, O@i!;(4f!l9 "cirurgia de aniversário" deve ser evitada em
pois a maiori a dos estudos envolve pequenos grupos de pacientes favor da cirurgia mu lt inível simu ltânea. A e B, Criança com d iple-
heterogêneos não randomizados. As perguntas não respondidas gia e marcha na ponta dos pés (A) submetida a alongamento
incluem quais os tipos de mod alidades terapêuti cas devem ser utili - isolado do tendão calcâneo, o que aumenta a marcha em aga-
zados, por quem e por quanto tempo. Não há dados claros que apoiem chamento (B). C, Um ano depo is, a criança apresento u alonga-
a fisioterapia vitalícia, embora muitos pais a solicitem . A fisioterapia mento isquiotibial isolado e desenvolveu contratura de fle xão do
vitalícia pode ser prejudicial para a criança e a famí lia, seja no âmbito quadril. D, Um ano depois, ela teve liberação da flexão do quadril
do desenvolvimento, social, emocional ou financeiro. que lhe perm itiu deambu lar na posição vert ica l. (Redesenhada de
A órtese, assim como a fisioterap ia e a medi cação, norm almente Rang M: Neuromuscular disease. ln Wenger DR, Rang M, editors: The
é utilizada em conj unto com outras modalid ades. Em pacientes com art of pediatric orthopaedics, New Yo rk, 1993, Rave n Press.)
CAPÍTULO 33 PARALISIA CEREBRAL fDlll
inferiores, bem corno a qualidade de vida, minimizand o a exposição que atuam através de uma articulação. Uma preocupação importante a
do paciente à reabilitação e às internações repetidas. Novas técn icas, respeito da neurectomia é o enfraquecimento excessivo do músc ulo
corno o alonga mento muscul ar e as osteotomias percutâneas, são afetado, o que provoca uma função antagonista descontrolada e o
promissoras em termos de diminuição da perda de sangue, do desenvolvimento de urna deformidade secundária oposta. Se a neurec-
tempo de cirurgia e do retorno à mobili zação. Uma consulta pré- tomia for considerada, um ensaio pode se r realizado interrompendo,
-operatória co m o pediatra, pneumologista e outros membros da mecânica ou farmaco logicamente, a função do nervo temporariamente
equipe de cuidados do paciente pode aj ud ar a otimizar a condi ção antes do procedimento definitivo. Um agente anestésico de ação curta,
do paciente antes da cirurgia e diminuir o risco. Trinta por cento como a lidocaína, pode ser injetado para determinar se um procedi-
dos pacientes com paralisia cerebral aparentam-se subnutridos, o mento ablativo, como a neurectomia, teria o efeito desejado. Se esse for
que aumenta o risco de problemas de cicatrização e infecção pós- benéfico, o nervo poderá então ser injetado com um agente permanente
-operatória. Um nível de albumina sérica inferior a 35 g/L e urna ou de longa duração. A injeção de álcool diretamente no músculo
contagem de lin fócitos no sa ngue menor qu e l ,5 g/L foram associa- também tem sido experimentada a fim de inibir a transmissão neuro-
dos a um aum ento significativo do risco de infecção pós-operatória. lógica, mas isso ap resenta um sucesso limitado. Esse procedim ento
Determinar o es tado nutri cional de um paciente e melhorá-lo antes precisa de anestesia geral e a duração do efeito varia. As respostas
da cirurgia pode diminuir a taxa geral de complicação. irreversíveis e muitas vezes va riáveis à neurectomia e à injeção intra-
É essencial garantir que as preocupações e expectativas dos pais muscular fizeram com que esses procedimentos caíssem em desuso.
e pacientes sejam discutidas antes de uma intervenção cirúrgica. Pais Com forças musc ul ares anormais contínuas sendo aplicadas
de crianças mais novas e crianças com manifestações m ais graves através de um a articulação, podem ocorrer alterações patol ógicas,
mostram níveis de preoc up ação sobre a cirurgia m ais elevados. incluindo subluxação, luxação e degeneração ca rtilaginosa. Procedi-
As principais preocupações pré-operatórias incluem a duração da mentos de estabilização das articulações, como as osteotomias,
reabilitação, a dor pós-operatóri a imediata, a an estesia geral e o custo. geralmente co mbinados co m liberação de tecidos moles, produzem
A satisfação dos pais no pós-operatório mostrou estar correlacionada bons resultados a longo prazo. Quanto à destruição grave das arti-
com um nível maior de GMFCS (nível I), com o envo lvimento unil a- culações, procedimentos co mo a artrodese, especialmente no pé, e
teral e com uma idade menor no momento da cirurgia. a artroplastia de ressecção, especialmente no quadril, têm-se mos-
O tratamento cirú rgico das deformidad es relacionadas com trado benéficos. A artroplastia com implante, que inicialmente era
paralisia cerebral pode se r dividido em vá ri os grup os, incluindo os contraindicada em pacientes com doenças neuromusculares, como
procedimentos para (1) corrigir deformidade estáti ca ou dinâmica, a paralisia ce reb ral, també m tem sido utili zada em pacientes com
(2) equilibrar a força muscu lar através d e um a arti cula ção, (3) artrose em estágio final , ap rese ntando uma boa melhora fun cional
reduzir a espasticidade (neurectomia) e (4) estabili za r articulações e alívio da dor. A substitui ção da articulação deve se r realizada
incontroláve is. Muitas vezes, os processos podem ser combinados; apenas em pacientes cuidadosamente selecionados e em um centro
por exemplo, uma liberação do tendão adutor pode se r realizada no com expe ri ência nesse tipo de procedimento.
momen to da osteotomia pélvica para subluxação do quadril.
No rmalmente, as defo rmidades estáticas e dinâmicas flexíveis
são corrigidas com um procedim ento de alongamento musculoten- INTERVENÇÃO NEUROCIRÚRGICA
díneo; as capsulotomias e osteotom ias são reservadas para defo rmi -
dades mais graves ou rígida s. Com o tempo, a espasticidade provoca A rizotomia dorsal seletiva é uma técnica para reduzir a espasticidade
um encurtamento relativo da unidade musculotendinosa, causando e equilibrar o tônus muscular em pacientes cuidadosamente seleciona-
movimento articular e carga anormais e, se não tratado, à alteração dos. Em pacientes com paralisia cerebral, o controle inibitório normal
degenerati va . O alongamento cirúrgico da unidade musculotendi- do sistema gama eferente do sistema nervoso central é defici ente, o que
nosa provoca um enfraquecimento relativo do músculo com restau- provoca uma resposta exagerada do reflexo de estiramento. Além disso,
ração das forças e movimentos mais normais ao longo da articulação. a capacidade de coordenar o movimento, mediada pelos neurônios
O alongamento pode ser reali zado por deslizamento ou por libe- motores alfa, é anormal. Os sinais estimulantes aferentes do fuso mus-
ração da apo neurose muscular na junção musculotendin osa, urna cul ar viajam para a med ul a espi nhal através das radícul as dorsais.
Z- plastia dentro da substância do próprio tendão ou um a tenotomia O objetivo da rizotomia dorsal seletiva é identificar as radículas que
completa, dependendo das circunstâncias. Os alongamentos por transportam informação estimulante excessiva e dividi-las para reduzir
deslizamento tendem a evitar complicações qu e podem ocorrer com a entrada de sinais estimulantes das fibras se nsoriais dorsais.
o alongam ento excessivo e a subsequente fraqueza qu e pode ocorrer O paciente ideal para esse procedimento é urna criança de 3 a
com a tenotomia ou a Z- plastia. Geralmente, as defor midades m ais 8 anos co m diplegia espástica, control e vo lu ntário m otor e do
graves não podem ser corrigidas apenas co m a liberação de tecidos tronco, espast icidade pura e sem contraturas fixas. Crianças que
moles, normalmente exigindo uma osteotomia. nasceram prematuras ou co m baixo peso tendem a ter melhores
Equilibrar as forças musculares em qualquer articulação tende a res ultados do que as crianças que nasceram a termo, po rqu e elas
ser uma tarefa difícil, ainda mais em pacientes com paralisia cerebral tendem a ter espasticidade pura, enquanto as crianças nascidas a
por causa da diminuição do controle da função muscular voluntária, termo são mais propensas a terem espasti cidade associada à rigidez.
diminuição do limiar dos reflexos de estiram ento, aum ento da fre- Além disso, o paciente e a fa mília devem apresentar um a compre-
quência de concentração de grupos musculares antagônicos e incapa- ensão razoáve l e um alto ní vel de motivação, uma vez que esse
cidade de aprender a usar o músculo transferido em um a função ou procedimento exige fisioterapia extensa no pós-operatório. Uma
local alterado. Além disso, os músculos que estão espásticos por todo o combi nação de rizotomi a e fi sioterapia mostrou se r mais eficaz do
ciclo da marcha normalmente permanecem espásticos após a transfe- que apenas a fisioterapia. No período pós-operatório precoce, os
rência. Muitas vezes, o objetivo da transferência do tendão, nesta popu- pacientes apresen taram fraqueza significativa, mas, qu and o a rea-
lação de pacientes, é para remover urna força muscular deformante ou bilitação era co mpleta, a maioria dos pacientes apresentava uma
fora de fase de uma articulação ou para agir como uma tenodese. m elh ora signifi cativa na fun ção da ex tremidade inferi or e na
A neurectomia, por uma variedade de métodos mecânicos e quí- deambul ação. Espera-se qu e a maioria dos pacientes melhore um
micos, foi proposta como um meio para diminuir as forças musculares níve l de GMFCS. Também podem ocorrer melhoras na fun ção da
lll!JD PARTE X DO ENÇAS DO SISTEMA NERVOSO EM CRIANÇAS

extremidade superior, na deglutição e fa la, na função da bexiga, no


• Monitore continuamente a atividade do EMG. Com o
controle da dor e na felicidade geral, porém, essas melhoras são
auxílio de um microscópio cirú rgico, identifique as raízes
menos previsíveis. O papel da rizotom ia posterior seletiva é menos
nervosas de L2 e separe a raiz dorsa l de L2 da raiz ventra l
claro em pacientes com tetraplegia espástica e hemiplegia e, geral- (Fig . 33-58) . Siga as raízes ventral e dorsal em direção ao
mente, não é recomendada. Um estudo de acompanhamento de 10
cone medular até que a fenda entre as raízes seja identifi-
anos mostrou que o pico da amplitude do movimento articular e do
cada . Em seguida, t racione L2 e as raízes dorsa is adjacentes
estado ambulatorial ocorreu 3 anos após a rizotomia e, em segui da,
med iaimente e coloque um algodão sobre as raízes ven-
dim inuiu gradualmente. Nesse grupo, 16 dos 19 pacientes (84%) trais (Fig. 33-5C) . Deixe a raiz de L1 intocável neste ponto.
tiveram uma média de três procedimentos ortopédicos, indicando • Exam ine o cone medular e o filamento terminal e identifique
que o desenvolvimento de contratura na paralisia cerebral não é as raízes sacrais de S2-5 que saem do cone medular. A raiz
mediado in teiramente pela espasticidade. Embora haja uma queda
de S2 pode ser volumosa e as raízes de S3-5 são fil iformes.
nos resultados com o tempo após a rizotomia, parece que os pacien - Como as raízes dorsais e ventrais estão j untas, sem espaço
tes ainda apresentam melhora estatística em termos de mecânica da entre elas, as raízes nervosas de S3-5 são deixadas intactas.
marcha em relação aos seus valores pré-ope ratórios; a relevância Se as raízes nervosas de S3-5 não puderem ser identificadas
clínica destes gan hos permanece controversa. precisamente, então será preciso poupar a ra iz dorsal de S2 .
As complicações da rizotomia seletiva dorsal incluem subluxação • Assim que as raízes dorsa is de L2-S2 forem identificadas,
e luxação do quadril em pacientes com nível alto de GMFCS, hiperlor- coloque uma folha de Silastic de 5 mm de largura envol-
dose lombar (especialmente em pacientes com > 60 graus de lordose vendo todas as raízes dorsa is e isolando-as do cone
no pré-operatório), escoliose, espondilolistese e espondilólise. A pro- medu lar para mantê-las de forma seg ura e separar as
gressão de anormalidades do plano coronal e sagital foi documentada raízes ventra is e sacrais inferiores durante o resto do pro-
em 25% dos pacientes com escoliose, 32% dos pacientes com cifose e cedimento (Fig. 33-5D). Antes do teste EMG, examine
36% dos pacientes com hiperlordose. Aproximadamente metade dos novamente a saída foram ina l de L2, a fenda latera l até o
pacientes também desenvolveu defo rmidades dos pés planos valgos. cone medu lar entre as ra ízes ventra is e dorsa is e as raízes
Uma das complicações pós-operatórias mais difíceis de gerir é a fra- de S3-5 para garantir que nenhuma ra iz vent ra l ou sacra l
queza - tanto a iatrogênica quanto a fraqueza pré-operatória não reco- inferior esteja sobre o Silastic.
nhecida, que se torna aparente após a cirurgia. Aproximadamente 65%
dos pacientes que se submetem a esse procedimento após os 4 anos de INDENTIFICAÇÃO DAS RAÍZES DORSAIS INDIVIDUAIS
idade necessitam de uma nova cirurgia ortopédica. • Espalhe as raízes dorsais sobre a folha de Silastic. Identifique
as raízes dorsais de L3 e L4 localizadas mediaimente à raiz
RIZOTOMIA SELETIVA DORSAL de L2 (cada raiz é constituída por duas ou três radícu las
separadas naturalmente). Identifique as raízes de L5 e S1

-~---~
TÉCNICA mediais à raiz de L4. Elas são as maiores das todas as raízes
lombossacrais e consistem em três ou quatro radículas com
• Coloque eletrodos de agu lha bilatera lmente no adu tor separaçôes naturais. A ra iz de S2 possui um único fascícu lo
longo, no vasto lateral, no t ibial anterior, nos isqu it ibiais • Com auxíli o do EMG, teste o pad rão de inervação de cada
mediais e nos músculos gastrocnêmios mediais para raiz. Coloque a raiz individual sobre dois ganchos de uma
testes EMG intraoperatórios . sonda de rizotomia e grave a estimulação elétrica dos
• Coloque o paciente em decúbito ventra l na posição de músculos da extrem idade inferior (Fig. 33-5 E). Teste toda
Trende lenburg para minimizar a perda de líqu ido cefalor- a raiz dorsa l em cada nível, imed iatamente antes de sub-
raquidiano. dividir a raiz dorsa l nas radíc ulas.
• Após a inervação de uma ra iz dorsa l ser determinada,
• Localize o cone medular com o auxílio de ultrassonografia
subdivida a ra iz com uma agu lha Scheer em três a cinco
at ravés de um espaço interlaminar L1-2 ou de uma janela
fascícu los de radículas menores de igua l tamanho . Sus-
por lam inectomia lombar. Se o cone medular não puder
penda os fascículos de radículas sobre dois ganchos da
ser identificado, o exame de ultrassom deve ser repetido
sonda de rizotomia. Ap lique impu lsos constantes de onda
através do espaço interlam inar L1-2.
quadrada com duração de O, 1 ms na radícu la a uma taxa
• Após o cone medu lar ser ident if icado, rea lize uma lam i-
de 0,5 Hz. Aumente a intensidade do estímu lo em passos
nectom ia ún ica com auxílio de um craniótomo. Pelo
até obter um reflexo do múscu lo ipsi latera l.
menos 5 mm do cone caudal deve ficar exposto. A lami-
• Após o limiar de reflexo ser determinado, aplique uma
nedomia deve se estender lateralmente perto da articu-
sequência de estimulação tetân ica de 50 Hz na radícula
lação facetá ria (Fig. 33-5A). durante 1 segundo. Classif ique a resposta do reflexo de O
• Após a lâm ina ser remov ida , rea lize outro estudo de a 4+ (Tabela 33-5). As rad ícu las que produzem uma res-
ultrassom para confirmar que o cone medu lar e a cauda posta O são deixadas intactas. Aquelas que produzem res-
equina estão no local da laminectomia. Na avaliação do postas 3+ e 4+ às vezes são poupadas. Coloque as radículas
ult rassom, o cone medular parece hipoecogênico e a dorsa is a serem poupadas trás da folha de Si lastic. Naque-
cauda equina parece hiperecogênica . Na vista axial do las com respostas 1+ e 2+, os radicais com as respostas
ultrassom, uma pequena fenda pode ser vista entre as mais ativas são cortados (Fig. 33-5F). Deixe pelo menos
ra ízes nervosas dorsais e ventra is no aspecto latera l do uma radícula, independentemente da resposta do EMG, a
cone. Esse pont o de referência anatômico serve como um fim de evitar perda de sensibi lidade pós-operatória.
guia ao separar as raízes dorsais das ventrais. • Continue a realizar esse procedimento na sequência nas raízes
• Faça uma incisão durai. Remova a membrana aracnoide dorsais de L3-S2 restantes. Por fim, identifique a raiz dorsal de
e identifique o cone medular e o filo terminal. L1 no forame neural e corte metade dela sem teste EMG, já
CAPÍTULO 33 PARALISIA CEREBRAL 4EiElll

A B e

IU§i!;f;!E!IJt Rizotomia dorsal seletiva de Park e Johnston . A, Cone med ul ar é identificado com auxíli o de ultrassom através do
espaço interlaminar de L1 -L2 ou laminectomia parcial lombar. Apenas uma laminectomia é realizada . B, Após incisão durai, as raízes
nervosas de L1 e L2 são identifi cadas no forame intervertebral correspond ente e o filamento terminal é localizado na linha média. C,
A raiz dorsal de L2 e aquelas mediais à ela são retraída s mediaimente para separa r as raízes dorsais das ventrai s de L2-S2. Um algodão
é co locado sobre as raízes ve ntrais e sacra is inferiores. D, Uma folha de Silastic é colocada so b as raízes dorsais de L2-S2 . Toda s as raízes
dorsais de L3-S2 são agrupadas em grupos individu ais presum idos e o padrão de inervação de cada uma é determinado utilizando as
respostas do EMG. Cada raiz dorsal é subdivid ida em três a cinco fascíc ul os de radículas e passa por testes de EMG . E, Uma estimulação
do fascículo da radícula de L2 provoca uma descarga insustentável em uma sequência de estímulos titânicos . Portanto, a radícula é
poupada do secciona mento e colocada atrás da folha de Silastic. F, A estim ulação de um fascículo de radícul a provoca descargas con-
tínu as de vá rios músculos, a raiz é seccionada . (De Park TS, Johnston JM : Surgical techniques of selective dorsal rhi zotomy for spastic cerebra l
palsy, Neurosurg Focus 2 1:E7, 2006.) VEJA A TÉCNICA 33-1.

que se verificou que o teste da raiz de L1 não é confiável. O QUADRIL


seccionamento da raiz dorsal de L1 é necessário para reduzir
ainda mais a espasticidade nos flexores do quadril. As deformidades do quadril em pacientes com paralisia cerebral variam
• Realize a rizotomia dorsal seletiva no lado contra lateral. de subluxação leve e indolor até luxação completa com destruição arti-
Irrigue o espaço intradural com solução sa lina. Controle cular, dor e mobilidade prejudicada. Quando l1l11 quadril começa a
qualquer sang ramento das extrem idades cortadas dos subluxar, ele raramente melhora sem tratamento. Dor no quadril é wna
fascículos com cau tério bipolar. Feche a dura-máter com das principais queixas dos ad ultos jovens com paralisia cerebral; ela
pontos contínuos de nylon monofilamentar 4-0. afeta até 47% dos pacientes. Estima-se que a instabilidade progressiva
•Inve rta a posiçã o de Trendelenburg. Coloque uma fa ixa do quadril ocorra em aproximadamente 15% dos pacientes com para-
de Ge lfoam sobre o defeito da lam inectomia e f eche a lisia ce rebral, com frequência maior em pacientes gravemente afetados
ferida em camadas. e pacientes com tetraplegia espástica. Um estudo constatou que 92%
dos pacientes com paralisia cerebral espástica apresentam alglll11 grau
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Os pacientes devem ser de deformidade no quadril e outro estudo verificou que 60% dos
colocados em uma un idade de tratamento intensivo pacientes dependentes de assistentes apresentam subluxação e luxação.
durante a noite. É utilizada ana lgesia ep id ural para con - Em pacientes com paralisia cerebral, todos os quadris devem ser con-
trolar a dor pós-operatória. Os pacientes são autorizados siderados anormais até que se prove o contrário.
a senta r-se no terceiro dia pós-operatório; em seg uida, a Na maioria dos pacientes, o quadril apresenta-se normal ao
fi sioterapia é iniciada. Os pacientes podem receber alta nasci mento e as alterações radiográficas geralmente se m anifestam
no quinto dia pós-operatório. entre os 2 e 4 anos de idade. A ca usa dessa deformidade progressiva
é multifa torial e inclui deseq uilíbrio musc ular, reflexos primitivos
lllm) PARTE X DOENÇAS DO SISTE MA NERVOSO EM CRIANÇAS

iTABELA 33 _5 Critérios de Gradu~ção_ ~as


Respostas Eletrom1ograf1cas na
Rizotomia Dorsal Seletiva

CLASSFICAÇÃO RESPOSTA ELETROMIOGRÁFICA


O Descarga única ou não sustentada para
uma sequência de estímulos
1+ Descargas sustentadas de músculos
inervados pelo segmento estimulado na
extremidade inferior ipsilateral
2+ Descargas sustentadasde músculos
inervados pelos segmentos estimulados e
pelos imediatamente adjacentes
3+ Desca rgas sustentadas de músculos
inervados segmentalmente e de músculos
inervados por segmentos distantes daquele
que é estimulado
H@il@E!m Articulação do quadril esquerdo subluxada. O índice
4+ Descargas sustentadas de músculos
de migração (IM) é calculado dividindo a largura da cabeça femoral
contralaterais com ou sem descargas
descoberta A pela largura total da cabeça femoral B. O acetábulo é
sustentadas dos músculos ipsilaterais
displásico (sourcil tipo 2), com canto lateral do acetábulo acima da
cúpula. Quadril normal (lado direito) com índice acetabular (IA) indi-
cado. Há um sourcil norma l (tipo 1); o canto da lateral está agudo e
aba ixo da cúpu la da área de carga . H, eixo horizontal.

ac umul ados, posicionamento anorma l e o bliquidade p élvica. Essas


forças alteradas no quadril, juntamente com a diminuição da sus-
tentação de peso, ca usam defo rmidad es ósseas, incluindo di splasia m argem lateral do acetábulo ósseo. A largura da cabeça femoral
acetab ul ar, anteversão femoral excessiva, aum ento do ângul o cervi- descoberta (lateral à linha perp endicul ar) é dividida pela largura
codiafisá ri o e os teopenia. O ân gul o cervicodiafisário em crianças total da cabeça femoral e multiplicada por 100 para fornecer a por-
co m paralisia cerebral demonstrou aumentar com a idade e a ante- centage m de migração (F ig. 33-6) . Norm almente, esse índice é O até
versão, que normalmente diminui com a idade, não se altera em os 4 anos de idade e menor que 5% dos 4 anos até a maturid ade
crianças com paralisia cerebral. Aumento da anteversão é mais esquelética. Reimers descreveu uma migração sup eri or a 33% como
com um em deambuladores do que em não deambuladores e não se subluxação e uma mai or qu e 100% como luxação. A subluxação do
altera significativamente após os 6 anos de idade. quadril, m edida pela porcentagem de migração, mostrou um
Em um estudo sobre a incidência e a patogênese das alterações aumento de aproxi m adamente 12% ao ano em não deambuladores
estruturais ao redor do quadril em pacientes com paralisia cerebral, em comparação com os 2% ao ano em deambuladores, sendo os n ão
apenas 21 % fo ram con sideradas nor m ais. A espasticidade prolon- deambuladores tetraplég icos co m menos de 5 anos de idade o grupo
gada dos músculos ad utores provoca um domín io relativo dos mús- de maior risco. Mais importante que o va lo r absoluto é a mud ança
cul os abd utores, causando uma inibição do crescimento do trocânter obser vada em um determinado pacien te.
maior e produ zindo um sup ercrescimento relativo em valgo do
fêmur proximal. Entretanto, em muitos pacientes, o aum ento apa-
rente no ângulo cervicodiafisário observado pode ser devido mais à DEFORMIDADES DE FLEXÃO
imagem a da anteversão aumentada na radiografia do qu e a um
aumento real no ângulo cervicodiafisário. A marcha em agachamento, ou flexão do quadril, com ou sem con-
A subluxação do quadril em pacientes com paralisia cerebral traturas de flexão ao redor do quadril, joelho e tornozelo, vem sendo
pode se r difícil de ser detectada clinicamente em virtude da presença discutid a detalhadamente por vá ri os autores. A fl exão excessiva do
de forças musculares anormais e co nt raturas e também porque a quadril tra z o centro de gravid ade para frente, o que é compensado
subluxação precoce do quadril norm almente é ind olor. Exames clí- pelo aum ento da lord ose lombar, fl exão do joelho e dorsiflexão do
nicos e radiográficos de rotina devem se r reali zados a cada 6 meses, tornozelo (Fig. 33-7) . É impor tante determinar se o aumento da
especialmente nas crianças em rápido crescimento e nos pacientes flexão do quadril é uma deformação primária ou secundári a em
com tetraplegia espástica. Em 1969, Bea ls desc reveu um método relação a o utras deformidades ao longo das extre midades inferiores,
radiográfico prático para q uantificar a quantidade de subluxação como as contraturas do joelho ou tornozelo. Se uma contratu ra de
presente no quadril, a qual fo i descrita po r Reimers como a "por- fl exão do joelho não reconhecida estiver presente, a liberação dos
centagem de migração''. O posicionamento cu idadoso do paciente, flexores do quadril pode enfraq uecê-lo ai nd a mais e aumentar a sua
com o paciente em decúbito dorsal , quadris juntos, e a paleta virada flexão. Um exame físico cuidadoso será útil para determinar isso.
para a frente, aumenta a precisão da medição. O erro de medição de Uma fonte de confusão é a diferenciação entre deformidade em
um exa minador experiente utilizando esse m étodo é de aproxima- flexão e rotação interna do quadril, o u "pseudoadução", e deformi-
damente 5 graus. O porcentual de migração (Fig. 33-6) é determi- dade de adução isolada, emb ora mu itas vezes ambas coexistam no
nado pelo desen ho da linha de Hilge nreiner, que liga as duas mesmo paciente. Crianças com deformidade em flexão e rotação
cartilage ns trirradiadas e, em seguid a, as linhas pe rp endiculares na interna sentam-se com uma amp la base de apo io na posição W:
CAPÍTULO 33 PARALISIA CEREBRAL

do psoas por meio de deslizamento miotendíneo sobre a borda


pélvica, especialmente em crianças com capacidade de marcha, nas
quais a liberação completa do iliopsoas em sua inserção pode provo-
car fraque za excessiva da flexão do quadril e dificuldades no despren-
dimento do pé durante a fase de balanço da marcha. Contraturas de
mais de 30 graus podem exigir liberações mais extensivas dos mús-
culos reto femoral, sartório, tensor da fáscia lata e das fibras anteriores
dos glúteos mínimo e médio, além do iliopsoas. Como eles atravessam
duas articulações, Root sugeriu que o tensor da fáscia lata e o reto
femoral e as fi bras anteriores do glúteo médio e mínimo seriam as
verdadeiras causas da deform idade de flexão, e não o músculo iliop-
soas. Quando ele liberou todas essas es truturas, não houve reinci-
dência da deformidade; e quand o ele não liberou todas elas, uma
deformidade de flexão de aproximadamente 15 graus persistiu. Essa
técnica, em virtude da sua natureza extensa, deve ser mais apropriada
para grandes deformidades e o alongamento do iliopsoas isolado deve
H@ihMIEfa Postura de agachame nto típica ca usada por defor- ser mais adequado para as deformidades pequenas.
midade em fle xão dos quadris ou deformidade em flexão fi xa dos
joe lhos.
DEFORMIDADES DE ADUÇÃO

Adução é a defo rmidad e do quadril mais comum nas crianças com


paralisia cerebral. Contraturas em adução podem causar várias difi-
culdades, incluindo o efeito tesoura das pernas durante a marcha, a
subluxação do quadri l e, em crianças gravemente afetadas, dificul-
dades com a higiene perineal. Para contraturas leves, urn a tenotomia
dos adutores ge ralmente é suficiente; contraturas mais graves exigem
frequenteme nte a libertação do músculo grácil e da metade anterior
do músc ul o adutor curto. Tenotomias dos adutores norm almente
são reali zadas bilateralmente para evitar obliqu idade pélvica "em
ventania". Imediatamente após a cirurgia, inicia-se um programa de
fisioterapi a e órtese de abd ução.

TENOTOMIA E LIBERAÇÃO DOS


ADUTORES
A tenotomia dos adutores é indicada para um paciente com
uma contratura de adução leve, conforme indicado pela
marcha em tesoura, ou uma luxação de quadril inicial. Esse
procedimento deve ser realizado precocemente, pois os danos
ao desenvolvimento do acetábu lo pelas forças musculares
anormais do quadril é maior antes dos 4 anos de idade. O
candidato ideal para alongamento das partes moles é uma
criança com capacidade de marcha que tenha menos de 8 anos
lfü\ll;fJE!19 Posição W
de idade e de preferência com menos de 4 anos que apresente
abdução do quadril inferior a 30 graus e um índice de migração
inferior a 50%. A neurectomia do ramo anterior do nervo
quadris flexionados a 90 graus e rotacionados internamente ao obturador deve ser evitada para prevenir contratura iatrogênica
máximo, com os joelhos flexionados ao máximo e os pés rotaciona- de abdução do quadril. Miller et ai . relataram os resultados da
dos externamente (F ig 33-8.). Com a deformidade em flexão e liberação de adutores em 147 quadris (74 crianças) com
rotação interna, a anteversão femora l e a torção tibial externa abdução do quadril inferior a 30 graus ou índice de migração
aumentam e os pés planos valgos esta rão presentes. Com uma con- maior que 25%. Em um acompanhamento médio de 39
tratura em ad ução verdade ira, essas deformidad es secundárias no meses, 54% dos quadris foram classificados como bom, 34%
colo do fêmur, tíbia e pés es tarão ausentes. como regular e 12 % como ruim com base no índice de
No momento da cirurgia do quadril, as contraturas nos joelhos migração. Um estudo a longo prazo conduzido por Turker e
e tornozelos também devem ser corrigidas. É preferível realizar pro- Lee, com um acompanhamento médio de 8 anos, mostrou
cedimentos multiníveis em um único tempo do que procedimentos que 58% dos pacientes necessitaram de um segundo proce-
em um único nível e escalonados, pois a hospitalização, a imobiliza- dimento cirúrgico, o que indica que, apesar de ainda benéfica,
ção, o tempo de reabilitação e o número de exposições anestésicas são a liberação precoce dos tecidos moles por si só pode não ser
menores. Procedimentos em um único tempo também minimizam os suficiente para evitar a subluxação e a luxação do quadril
efeitos da cirurgia sobre a interação social e a educação. Contraturas a longo prazo. Entretanto , ela pode adiar uma cirurgia )
em flexão de 15 a 30 graus geralmente são tratadas com alongamento
~ PARTE X DOENÇAS DO SISTEMA NERVOSO EM CRIANÇAS

O@il;@Dm Tenotomia dos adutores. A, Posicionam en to do


paciente. B, Incisão da pele e dissecção subcutânea para identificar a
fáscia do adutor longo. C, Pin ça hemostática co loca da sob o ramo
anterior do nervo obturador. D, Liberação do músculo grácil tenso com
eletroca utéri o. E, Fechamento da fáscia adutora. VEJA A TÉCNICA 33-2.

óssea até que o risco de reincidência seja reduzido e o estoque • Identifique o adutor longo por palpação e faça uma
)
ósseo para a reconstrução melhore. incisão transversal de 3 cm sobre o seu tendão, aproxi-
madamente 1 cm distal da sua origem .
TÉCNICA ~ •D isseque através do tecido subcutâneo e identifique a
----~~~~~~~----~ fáscia do adutor longo (Fi g. 33-9B).
• Coloque o paciente em decúbito dorsal na mesa de cirur- •Faça uma incisão longitud ina l na fáscia do adutor; iden-
gia e prepare a área dos dedos dos pés até a margem tifique a porção tendinosa do adutor longo; em seguida,
costa l inferior, isolando o períneo (Fig . 33 -9A) resseq ue-o com eletrocautério.
CAPÍTULO 33 PARALISIA CEREBRAL

•Libere com eletrocautério quai sq uer fibras musculares


restantes do adutor longo conforme necessário. Evite
lesões no ramo anterior do nervo obturador, que está no
intervalo entre o adutor longo e o curto (Fig. 33-9C).
•Abduza gradua lmente o quadril e determine a quanti-
dade de correção obtida . Se for necessária outra corre-
ção, libere lentamente a metade anterior do adutor curto
com eletrocautério, evitando lesões nos ramos do nervo
obturador. É importante não liberar uma quantidade
excessiva do adutor curto e proteger o ramo posterior do
nervo obturador para evitar uma contratura de abdução.
•Se o múscu lo grácil estiver tenso, libere-o com auxílio do
eletrocautério (Fig. 33 -9D).
•Quando a correção final for obtida, feche a ferida por
planos. Tome o cuidado ao fechar a fáscia do adutor para
evitar ondu lações da pe le no pós-operatório (Fi g. 33-9 E).

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO No pós-operatório, o pa-


ciente é colocado na posição de abdução. Dependendo do
estado funciona l do paciente, da qua lidade dos cuidado-
O@il;tiiE!II!I Abordagem cirúrgica de Skaggs et ai. para o
alongamento do iliopsoas. Quando o procedimento for reali-
res e de outros procedimentos realizados, o paciente
zado isoladamente, uma incisão muito menor é adequada . VEJA
pode ser imobilizado com gessos longos bi laterais com
A TÉCNICA 33-3.
uma barra de abdução ou almofada de abdução por 1
mês. Uma almofada de abdução removíve l pode ser uti-
•Apa lpe a borda pélvica apenas medial e inferior à origem
li zada, o que permite que a fisioterapia seja iniciada ime-
diatamente após a cirurgia para ajudar a manter e aumentar do reto femora l para loca liza r o tendão do iliopsoas em
a amplitude de movimento do qu adril . um su lco raso.
•Flexione levemente o quadri l para re laxa r as estruturas
dos tecidos moles ao redor do quadri l.
•Coloque um afastador de ângulo reto no aspecto latera l
LIBERAÇÃO DO ILIOPSOAS do múscu lo iliopsoas e puxe o afastador medial e ante-
riormente, expondo o aspecto posteromedial do músculo
Bleck recomendava a li beração do iliopsoas quando o quadri l e o tendão do psoas (Fig . 33-1 O). O afastador está pro-
girasse internamente durante a marcha ou quando a rotação tegendo o nervo femoral, que está media l a ele.
externa passiva estivesse ausente com o quadril em extensão •Disseque a fáscia muscular circundante e isole o tendão
total e presente quando a articu lação estivesse passivamente do múscu lo com uma pinça de ângu lo reto. Verifi que se
flexionada a 90 graus. Esse procedimento normalmente é restou múscu lo suficiente nesse nível para que a continui-
rea lizado em conjunto com outras liberações de tecidos dade seja mantida após a li beração do tendão.
moles das extremidades inferiores . O alongamento mioten- •Sob visão direta, com cuidado, gire interna e externamente o
díneo do iliopsoas é uti lizado mais frequentemente do que quadril para observar o tendão se afrouxar e se retesar. Se
a tenotomia completa no nível do trocãnter menor para houver qua lquer dúvida quanto à identif icação do tendão,
evitar uma fraqueza excessiva da flexão do quadril . utilize um elevador para dissecar ao redor do tendão proxi-
malmente até que as fibras musculares sejam identificadas.
~
TÉCNICA ~~~~~~~~__.~
Um estimulador elétrico de nervos ou uma breve e cuidadosa
estimulação com eletrocautério também podem ser utilizados
(SKAGGS ET AL.) para ajudar a confirmar que o tendão fo i encontrado e que
o nervo femoral não foi identificado erroneamente.
• Coloque o paciente em decúbito dorsa l com um rolo •Seccion e a parte t endinosa, deixando as f ibras musculares
debaixo da nádega do lado operaratório. em continuidade. Estenda e gire o quadril internamente
•Apalpe o curso da artéria femoral e marque-a na pele, para separar as extremidades do tendão.
mantendo em mente que o nervo femoral está lateral- •Feche a ferida em camadas e apli que curativos estéreis.
mente a ela.
• Para um alongamento do iliopsoas isolado, faça uma incisão CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Os pacientes com libera-
de 5 cm tipo "biquíni ". Essa incisão pode ser modificada ção do iliopsoas isolada são encaminhados imediatamente
conforme a necessidade, caso outros procedimentos forem pa ra um programa de fis ioterapia com ênfase em extensão
ser realizados ao mesmo tempo. Centralize a incisão mediai- do quadril e rotação externa. Os pacientes, especialmente
mente e 2 cm abaixo da espinha ilíaca anterossuperior. aqueles que não são capazes de cooperar com a fisiotera-
• Identifique e desenvolva o intervalo entre o tensor da fáscia pia, são colocados em repouso em decúbito ventral para
lata e o sartório para expor a cabeça direta do reto femoral ajudar a melhorar a extensão do quadril. Isso pode ser
com sua origem na espinha ilíaca anteroinferior. Não é neces- modificado conforme a necessidade, caso out ros proce-
sário identificar as estruturas neurovasculares femorais. dimentos forem rea lizados ao mesmo tempo.
PARTE X DOEN ÇAS DO SISTE MA NERVOSO EM CRIANÇAS

m aior risco de subluxação progressiva. Radiograficamente, um


LIBERAÇ~O DO ILIOPSOAS qu adril em risco apresenta aume nto do ângulo cervicodi afisári o e
NO TROCANTER aumento da anteve rsão fe moral. Displasia acetabular e um índice de
migração anorm al tamb ém podem estar presentes. Q uando um
A liberação do il iopsoas em sua inserção no trocâ nter
quadril em risco é identificado, um programa de fisioterapia agres-
menor é melhor para pacientes não dea mbu ladores do
siva e imobilização de ab dução geralmente é iniciado, embora não
que para os pacie ntes com ca pacidade de march a por
existam estud os a longo prazo bem co nt ro lados para apoiar esse
cau sa do risco de ca usar fraqueza excessiva da fl exão
procedimento. Se a progressão continuar, é indicado então o trata-
do quadri l, o que pode afetar gravemente um paciente
mento cirúrgico precoce, qu e consiste na liberação dos tend ões con -
deambu olado r. Muitas vezes, ela é re ali zada no mesmo
traturados. O objetivo da liberação dos adutores é a res tauração de
t empo de outro procedim ento, como liberação do adutor
mais de 60 graus de abdução com os quad ris flexionados e de 45
ou osteotom ia derrotat ória e de va rização .
graus com os quadris estendid os. A liberação se inicia, sequ encial-
A liberação adicional dos fl exores do quadril secundá-
mente, com a liberação completa do adutor longo, a metade anteri or
rios, incluindo o sa rtório e o reto femoral, t ambém pode
do adutor curto e, ocasionalmente, o grácil, até que a amplitude de
ser utiliza da para defo rmidades graves.
movimento desejada seja alcançada. Cuid ados devem ser tomados

TÉCNICA ~ para não se rea li za r uma liberação muito extensa, o que pode causar
~~~~~~~~--~ uma contratura em abdu ção, qu e é extrem amente difíci l ser tratada.
Por essa razão, a neurectomi a do ramo anterior do nervo obturador
• Faça uma incisão tra nsversa l de 1 a 3 cm distalmente da
te m caído em des uso; ela nu nca deve ser considerada em pacientes
prega ingu ina l. Se uma liberação do adutor for ser rea lizada
atetoides, por causa do alto risco de ca usar urna contratura em
ao mesmo tempo, faça uma incisão longitudinal na fáscia
abdução gravemente incapac itante. Em vez de liberação, a transfe-
do adutor longo e t ranseccione o adutor longo com eletro-
rência dos adutores para a tub ero sidade isquiática ou para o grácil
cautéri o; se necessário, realize uma miotomia do grácil.
tem sido utilizada para melhorar a estabilidade e prevenir a sublu -
•Resseque o adutor curto o ta nto quanto necessá rio para
xação. Os res ultados des ta transferência, qu e é tecnicamente mais
obter 4 5 graus de abdução.
difícil que a libera ção, não têm sido muito diferentes da simples
•Desenvo lva o interva lo entre o adutor curto residu al e o
li beração dos adutores. Imedi atamente após a liberação ou transfe-
pectíneo ou entre o pectín eo e o feixe neurovasc ular at é
o f êm ur ser ident ifi ca do. rência do adutor, um program a de fisioterapia é iniciado, com ênfase
na abdução do quadril e na imobilização noturna durante 6 meses.
• Abra a bursa sobre o iliopsoas e sua bai nh a.
A subluxação do qu adr il ocorre quand o mais de um te rço
•Coloque um afasta dor na bainh a do tendão e afast e o
d a ca beça femoral es tá desco berta e há um a ruptura na linha de
tend ão media imente.
Shenton. O tratamento conservador sozinh o neste m omento é ine-
• Passe uma pinça de ângulo reto debaixo do tendão do iliop-
fi caz. Nas cri anças mais novas, apenas a liberação dos tecidos moles
soas, que pode ser completamente liberado com auxíl io do
pode ser sufi ciente, porém a maioria dos pacientes com subluxação
eletroca utério se a criança não tiver capacidade de marcha.
do quadril precisa de osteo tomia além da liberação dos tecidos
• Li bere o il iopsoas proximalmente, o máximo possível, se
moles. Nesta fase, é necessári a a correção cirúrgica do valgo femoral,
a cri ança t iver ca pacidad e de locomoção, para preservar
da anteversão e da displas ia acetabular a fim de evitar o agravamento
o mú sculo ilía co li gado ao tendão do iliopsoas.
da subluxação e da luxação. Exames de ra diografi as simples e TC
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO são necessários para avaliar as deformid ades acetabulares e do fêmur
A fi siot erapi a é iniciada
prox imal. TC tridimensionais muitas vezes são úteis. Es tudos de
2 dias após a cirurgia, enfat iza ndo exercícios de ampli-
ro tação uti lizand o TC podem ser úteis para quantifica r a anteve rsão
tud e dos movimentos dos quadris e joel hos. !mobilizado-
femoral e a rotação da tíbi a.
res são util iza dos de 8 a 12 horas por dia pelo período
A osteo tomia derrotató ria (rotação extern a) e de varização
de 1 mês . Os pais são incent iva dos a co locar a criança
femoral, muitas vezes, co mbin adas com encurtamento femoral,
para dorm ir em decúb it o ventral t anto quanto possível.
ge ralmente, são utilizadas para reduzir o ângulo cer vicodi afisá rio
para 11 5 graus em pacientes com capacidade de marcha e frequ en -
temente menos em pacientes sem capacidade de marcha. Um a
SUBLUXAÇÃO E LUXAÇÃO ampla variedade de osteotomias acetabulares tem sido utilizada no
tratamento de displasia acetabular nos pac ientes co m paralisia ce re-
A luxação do quadril oco rre em um contínuo, desde subluxação leve bral, incluindo as descritas por Salter, Pemberton , Dega, Ganz e
até uma luxação verdadeira com alterações dege nerativas signi fica - Steel, e as osteo tomias do tipo salvamento, como a de Chiari e a em
tivas. Como a intervenção precoce pode ser bas tante eficaz na pre- prateleira. A escolha cuidadosa do procedimento mais adequad o
venção ou retardamento do desenvolvimento da luxação, um pa ra a defo rmid ade é esse ncial para evitar o se u agravamento
trabalho considerável tem sido conduzido para identificar qu adris iatrogê ni co inadve rtido. A osteotomi a de Salte r, que re direciona
em risco. Crianças com fato res de risco para subluxação ou luxação o acetáb ul o, anteri or e latera lmente, se realizad a em um paciente
devem ser examinadas, devendo -se obter radiog rafi as com interva- co m de fi ciência acetabular posterio r, irá descobrir a cabeça
los de 6 meses até qu e se possa estabelecer qu e os quadris estão fe moral ainda mais. Muitas vezes, os pac ientes co m paralisia
estáve is; então, o aco mpanhamento poderá ser menos freq uente. ce rebral aprese ntam um a defic iência pos tero ss upe ri o r, para a
Das luxações do quad ril, 70% a 90% ocorrem em pacientes co m qu al a os teotom ia de D ega ou o aum ento acetabul ar entalhado
tetraplegia, o que exi ge um rastreamento em todos os pacientes neste em prateleira se mostram eficazes. A m orfom etr ia po r T C
grup o de alto risco. Clinicamente, um quadril em risco apresenta mostro u qu e a osteo tomi a de D ega aum en ta a cobertura anteros-
contraturas dos adutores e flexores. Quadris com contraturas em sup erio r, sup erolateral e pos tero ss up erior, além de aumentar o
flexão acima de 20 graus e abdução abaüm de 30 graus apresentam volum e ace tabu lar em 68%. Embora classicamente seja realizado
CAPÍTULO 33 PARALISIA CEREBRAL '81111
antes do fech amento da cartilagem trirradiada, esse procedimento idealmente unil ateral. A literatura a respeito do tratamento cirúr-
já foi feito em pacientes com paralisia cerebral após o seu fecha- gico de quadris luxados em pacientes com parali sia cerebral faz
mento com boa melhora na subluxação e luxação, radiograficamente com que seja difícil comparar os es tudos. Por causa da natureza
falando. No pós-operatório, os pacientes podem ser imobilizados variável da paralisia cerebral , a maioria dos es tudos inclui um
por um curto tempo com gesso pelvicopodálico, seguido por um amplo espectro de gravidade de envolvimento neurológico e uma
período de reabilitação agressiva que inclui fisioterapia, órteses e ampla var iedade de procedimentos utilizados. A osteotomia de
sustentação de peso progressiva. Em virtude das preoc up ações com varização femoral foi considerada em um es tudo efica z na pre-
o risco de contratura em abdução e de fratura após imobilização com ve nção da reluxação e cirurgia em 84%. A quantidade de defor -
gesso, hoje em dia, procuramos evitar o engessamento e realizamos midade óssea presente no pré-operatório, medid a pelo ângulo
a fisioterapia precoce para aumentar a amplitude de movimento. centro-borda e pelo índice de migração, foi um preditor do resul-
A luxação do quadril é comum em pacientes com paralisia tado final. Fo ram relatados resultados piores em tetraplégicos do
cerebral, especialmente em tetraplégicos gravemente afetados. As que em dipl égicos e hemiplégicos.
alterações radiográficas, como o aumento do ângulo cervicodiafisá- Em um estudo realizado por McNerney, Mubarak e Wenger,
rio e da rotação femo ral interna, se mostraram correlacionadas com foram relatados bons resultados em 95% dos pacientes com acom-
o aumento do nível de GMFCS. Alterações acetabulares semelhantes panhamento médio de 7 anos após uma abordagem combinada que
também têm sido observadas em pacientes com quadris luxados incluiu alonga mentos dos tecidos moles, redução aberta com capsu-
com defeitos acetabulares globais e volume acetabular menor do que lorrafia (aberta caso o índice de migração fosse sup erior a 70 graus),
naqueles com quadris subluxados com defeitos acetabulares poste- osteotomia derrotatória de va ri zação e acetabuloplastia pericapsular.
riores e maior volume acetabular. O risco de luxação do quadril do Resultados igualmente bons foram relatados por Sankar et ai. em
paciente está relacionado com o nível de GMFCS, com uma inci- uma média de 17 anos após um procedimento misto que consistiu
dência de 0% para os pacientes com função grau I (atividade motora em liberação de tecidos moles, capsulotomia, encurtamento, osteo-
quase normal) e 90% para pacien tes com função gra u V (sem con- tomia derrotatória de varização e acetabuloplastia seguida de imo-
trole da cabeça, totalmente dependentes). bilização com gesso.
A histó ri a natural do quadril não tratado nesses pacientes con- Em uma série de pacientes tratados com osteotomias de
siste em subluxação progressiva associada à defo rmidade óssea do Chiari, 79% dos 23 quadris se mostraram indolor em um acompa-
fêmur proximal e do acetábulo. Os adutores e os extensores espás- nhamento médio de 7 anos; no entanto, 29% dos quadris apresentou
ticos do quadril comprimem a cabeça femoral contra a borda pos- um índice de migração de 30% ou mais; a resubluxação ocorreu
terolateral do acetáb ulo e do labrum. A cápsula e a borda sup erior tipicamen te no primeiro ano após a cirurgia.
do acetábulo causam deform ação focal na cabeça femoral. A cabeça
femoral inden tada fica travada na borda acetabular causando perda • OSTEOTOMIA DERROTATÓRIA DE VARIZAÇÃO
significativa da cartilagem e dor. Modelos matemáticos previram A osteotomia derrotatória de varização, normalmente combinada
que uma criança com quadril espástico apresenta um aumento nas com a lib eração do tecido mole, é indicada para pacientes co m
fo rças sobre o quadril seis vezes maior. O acetábulo das crianças anteve rsão excess iva e defo rmid ade em va lgo do fêmur proxim al
afetadas geralmente é normal até cerca dos 30 meses de idade, e um quadril que esteja subluxado ou luxado. Modelos computa-
quando a mudança do índice acetabular é observada. Com forças dorizados mostraram qu e, pa ra normalizar as forças musculares
musculares anormais continuadas, o quadril se desloca superolate- através de um quadril espástico, o psoas, o ilíaco, o grácil e o
ralmente, o que foi confirmado por exames de TC. Achados tardios adutor longo e curto devem ser liberados. O benefício de uma
incluem luxação do quadril e alterações degenerativas. osteotomia derrotatória de va ri zação provém, principalmente, do
A maioria dos autores co ncorda que a subluxação e a luxação enc urtamento ósseo que atua biomecanicamente de forma sem e-
do quadril devem ser prevenidas em todos os pacientes qu e são lhante a um alongamento dos tecidos moles. Diminuir o ângulo
clinicamente capazes de tolerar o tratamento. O tratamento de um a cervicodi afisá ri o e a anteversão tem um efeito pequeno nas forças
luxação estabelecida é mais controverso. Um paciente com um a do quadril. Uma osteotomia derrotatória de varização isolada, muitas
luxação duradoura não é um bom candidato a um procedimento de vezes com enc urtamento femoral, é indicada apenas quando há
redução em virtude das deformidades do fêmur proximal e do ace- pouca ou nen huma displasia ace tabular presente, pois o potencial
tábulo, que também podem estar associadas a alterações degenera- de remodelação do acetábulo é pequeno em pacientes com para-
tivas. As opções de tratamento da luxação do quadril em pacientes lisia cerebra l. A osteotomia derrotatória de vari zação pode ser
com paralisia cerebral incluem observação; procedimentos recons- combinada com a osteotomia acetabular se houver subluxação e
trutivos no fêmur, acetábulo, ou ambos; ressecção femoral proximal; displasia acetabular significativas. Em um estudo prospectivo que
artrodese do qu adril; e, em pacientes cuidadosamente selecionados, abordou a marcha de 37 pacientes, Murray-Weir descobriu que a
a artroplastia total do qu ad ril. Independentemente do procedimento osteotomia derrotatória de varização melhorou a extensão e a rotação
realizado, a grande melhora é na qualidade de vida e, portanto, os extern a do quadril, a força de extensão do joelho e a aparência
objetivos cir úrgicos devem ser o alívio da dor e a melhora do movi- es téti ca e diminuiu a inclinação pélvica anterior. Pacientes sem
mento do quadril. capacidade de marcha e pacientes com gastrostomia ou traqu e-
Drummond et ai. observaram que um qu adril luxado geral- ostomia aprese ntam maio r ri sco de complicações pós-operató -
men te não é incapacitante em um paciente grave mente afetado, rias, incluindo úlceras de dec úbito e fratura s (maior risco de 29%
neurologicamente imaturo, bastante comprometido intelectu al- e 68%, respectivamente, de acordo com Staskelis et ai.). O risco
mente, acamado e institu cionalizado. Esses autores es tabeleceram de luxação recidivante é maior em pacientes com correção insu-
quatro critérios para a redução aberta de um quadril luxado: (1) ficiente do va lgo e da displ as ia acetabular e o risco de osteone-
o paciente deve ser moderadamente amadurecido intelectual- crose é proporcional à idade do paciente e ao grau de subluxação
mente, (2) o paciente deve ter o potencial de, pelo m enos, se pré-operatório.
sentar, caso não te nha a capacidade de andar, (3) a obliquidade A técn ica de osteotomia derrotatória de varização é desc rita
pélvica devem ser mínima ou co rrigida e (4) a lu xação deve se r no Capítulo 30 (Técnica 30-6).
lllm!> PARTE X DOENÇAS DO SISTE MA NERVOSO EM CRIANÇAS

Sem o deslocamento medial do fragmento distal, a fixação


COR,REÇÃO COMBINADA DE QUADRIL

_____
com placa e parafusos pode resu ltar em tensionamento dos
ESPASTICO LUXADO EM UM ESTAGIO adutores do quadril, aumenta ndo uma das principais forças
{PROCEDIMENTO DE SAN DIEGO) deformantes do quadril.
_____,~
TÉCNICA ABORDAGEM ANTERIOR {OSTEOTOMIA PÉLVICA
PERICAPSULAR)
(MCNERNEY, MUBARAK, WENGER) • Vo lte para a incisão anterior e coloque cin co suturas não
absorvíveis no 1 na capsulotomia para rea liza r o fecha-
ABORDAGEM MEDIAL mento mais t ard e.
{LIBERAÇÃO DE TECIDO MOLE) •Com um osteót omo reto, faça uma osteotom ia de 0,5 a
• Com o paciente em uma mesa rad iolúcida, prepare e posi- 1,0 cm acima da borda do acetábu lo, sobre uma linha
cione o quadril dos dedos dos pés até a margem costal. tra çada entre a espinha ilíaca anterior inferior e a incisura
•Utilize um eletroca utéri o para liberar o adutor longo e o isquiática. Esten da-a através da parede lateral da pelve,
grácil. Nest e ponto, o ramo anterior do nervo obturador mas não através da parede medial (Fi g. 33 -12). Para pos-
poderá ser seccionado, se desejado. Não costumamos sib ilitar a fl exão adequada, ambos os cantos devem ser
realizar uma neurectomia do obturador. corta dos nas extrem idades ant erior e posterior da ost eo-
•Libere o psoas no interva lo entre o feixe neurovascu lar e tom ia (esp inha ilíaca anterossuperior e incisura isqu iáti ca) .
o pectíneo. Após o nervo ciático ter sid o cuidadosamente Isso é reali zado mais fac ilm en t e utilizando uma rugin a
identificado, libere os isquiotibia is proximais posteriores padrão anteriormente e uma rug ina grande de Kerri son
ao adutor magno. Evite o nervo ciático. posteriormente na incisura isqu iática.
ABORDAGEM ANTERIOR {REDUÇÃO ABERTA) •Utilize um osteótomo curvo com 1,9 a 2,5 cm de largura e
um intensificador de imagem para real izar a segunda parte
•Faça a segunda incisão para lela à crista ilíaca utilizando
da osteotomia. Direcione o osteótomo a meio caminho
uma incisão de Salter (Técn ica 30-3)
entre a superfície arti cu lar e o córtex medial. Estenda o corte
•Divida a apófise da crista il íaca e disseq ue a asa do ilíaco
medial e distalmente até o nível da cartilagem trirradi ada.
subperiostealmente até a incisura isquiática media l e late-
Use uma pressão descendente suave no osteótomo para
ralmente . A ltern ativa mente, a apófise da cri sta ilíaca
abri r a osteotomia de 1,0 a 1,5 cm (Fig. 33-13).
pode ser elevada em vez de ser divid ida.
• Retire um enxerto bicortical da crista ilíaca e molde-o em três
• Resseque as cabeças diretas e indi retas do reto femoral e
ou quatro enxertos triangulares medindo aproximadamente
retraia-as distalmente para expor a cápsula subjacente .
1 cm na base. Insira os enxertos na osteotomia, utilizando o
•Faça uma capsu lot om ia em T e identifique o li gament o
maior para a área de cobertura mais desejada.
redondo.
• Alternativamente, um enxerto ósseo tricortical pode ser uti-
•Retire o ligamento redond o, co rte o li gamento aceta bul ar
lizado, o que dá um bom suporte estrutural à osteotomia.
transverso contraturado e lim pe o acetábul o de qua lquer
• Quando uma redução estáve l fo r obtida, re pare a cápsu la
tecido mole remanescente.
utilizando as sutu ras colocadas anteriormente.
•Inspecione a cabeça femoral para aval iar a deformidade
• Feche todas as três fer idas da forma padrão e examine a
e a perda de cartilagem . Se mai s do que 50 % da ca rtil a-
rad iografia para garantir a redu ção adequada antes da
gem tiver sid o perdida, a redução pode ser malsucedida
ap licação do GPP com o quadril em 45 graus de flexão e
e outra s opções (p. ex., osteotomia de va lgização ou
30 graus de abdução.
ressecção da cabeça femora l) devem ser consideradas.

ABORDAGEM LATERAL {OSTEOTOMIA FEMORAL) CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O paciente é colocado


•Faça uma incisão no aspecto lateral do fêmur proximal e em um GPP bem acolchoado, que norma lmente é retirado
rea lize uma exposição latera l. com 6 semanas de pós-operatório com o paciente aneste-
•Divida o tensor da fáscia lata e disseque até o aspecto siado. A fisioterapia para amplitude de movimento e susten-
lateral do f êmu r. tação progressiva do peso é iniciada após a retirada do gesso,
•Rea li ze uma ost eotom ia f emora l derrotatória de varização porém a fisioterapia vigorosa e o apoio com carga total não
e encurtamento no trocânter menor. Remova de 1 a 2 cm são recomendados até 1O semanas após a cirurgia.
do osso (Fig. 33- 11).
•O âng ulo cervicod iaf isário deve ser reduzido para 11 O
graus e a anteversão deve ser corrigida de 1O a 20 grau s.
• Fixe a osteotomia femora l com uma placa-lâmina AO de O utras técnicas de osteotomia pélvica são discutidas no Capí-
tamanho apropriado para a criança. Na maioria das crianças tulo 30.
com menos de 1O anos de idade, uma placa infantil pode A artropl astia de ressecção, a artrodese e a artrop lastia total do
ser utilizada; um parafuso desl izante pediátrico e uma placa quadril foram propostas para o tratamento do quadril luxado dolo-
lateral também podem ser utilizados. Quando o parafuso roso quando um procedimento de reconstrução é impossível. Os
deslizante com placa lateral é utilizado, é importante a rea li- objetivos desses procedimentos são o alívio da dor, a melhora do
zação de uma osteotomia de deslocamento medial do frag- estado funcional e facil itar o trabalho dos cuidadores. A artropl astia
mento distal, pois a maioria dos sistemas pediátricos não de ressecção do quadril, mais comumente empregando uma ressec-
possui o deslocamento encontrado nas placas-lâmina angu- ção intertrocantérica de Girdlestone, tem sido utilizada para o tra-
ladas utilizadas em adultos. Sistemas mais recentes que incor- tamento do estágio final da degeneração do quadril causada por
poram esse desloca mento (offset) estão sendo desenvolvidos. outras condições, como a osteoartrose, a osteonecrose, a artrite
séptica e o desli zamento epifisário femora l proximal. Em pacientes
CAPÍTULO 33 PARALISIA CEREBRAL 4ZJm

maior
trocânter
maior

- -Trato - vasto
iliotibial máximo lateral
(refletido)

A e

Corte proximal

áspera

Com rotação
interna
D E F

Ângu lo
cervicodiafisário
corrigido

G H

O[rili;h)E!lll Osteotomia derrotat iva de varização do quadril de Root e Siegal. A, Incisão na pe le . B, Incisão através do glúteo
má ximo e da fáscia lata (trato iliotibial). C, O g rande trocânter, o quadrado femoral, a origem do vasto lateral, a inse rção tendinosa
do g lúteo máximo e a linha áspera são identificados. D, O loca l da osteotomia é exposto na área do trocânter menor; o tendão do
psoas pode ser liberado se for necessário. E, O fio-guia e o cin ze l são inseridos em posição paralela. A área somb read a representa a
cunha a ser retirada; a linha marcada é a referência para a rota ção posterior. F, Loca li zação dos planos de osteotom ia; a osteotomia
proxim a l está distal a 15 mm do cinzel. G, A rota ção é conseguida através da rota ção externa do fêmur. H, A osteotomia é fixada com
parafusos e placa AO. VEJA A TÉCNICA 33-5.

co m paralisia ce reb ral, o uso desse tipo de artropl astia de ressecção tecnicamente simples, exige m enos imobi lização no pós-operatório
fo i abandonado por ca usa da alta taxa de dor pós-operatória sec un - e menor tempo na sala de cirurgia, além do que ela não exige
dária ao impacto ilíaco femo ral. A ressecção fe moral proximal, co m- implantes perm anentes, ao contrári o de outras técnicas, como os
binada com a interposição dos tecidos moles, conforme descrita por procedim entos de realocação e a artrodese. Castle e Schneider rela-
Castle e Schneider, é efi caz no alívio da dor asso ciada a um quadril taram um a melhora do confo rto ao sentar, da facilidade de cuidado
luxado doloro so. A vantage m deste tip o de ressecção é que ela é e das co ndi ções da pele em todos os 12 pacientes que passaram por
lllf1!) PARTE X DOENÇAS DO SISTEMA NERVOSO EM CRIANÇAS

uma ressecção femoral proximal. McCarthy et ai. descreveram uma


modificação do procedimento de Castle e Schneider, relatando que
em 34 pacientes institucionalizados, gravemente afetados, que tiveram
ressecções femorais proximais (56 quadris), 33 foram capazes de sen-
tar-se confortavelmente e receberem cuidado perineal indolor em um
acompanhamento de 2 anos. Eles observaram que 79% dos pacientes
desenvolveram ossificação heterotópica no pós-operatório, mas isso
teve pouco ou nenhum efeito sobre a função global.

RESSECÇÃO FEMORAL PROXIMAL


~
TÉCNICA '--~~~~~~---'~
(CASTLE E SCHNEIDER; MODIFICADA POR MCCARTHY
ET AL.)

H@llJ4m:fl Correção em estágio un1co de quadril lu xado •Após a administração de anestesia geral, coloque o
espástico de Mubarak et ai. A, A acetabuloplastia pericapsular é paciente em decúbito dorsal com um coxin elevando o
iniciada a aproximadamente 1 cm acima da margem lateral do quadril afetado.
acetábulo. B, A osteotomia prossegue na linha entre espinha ilíaca •Faça uma incisão latera l reta ao longo do fêmur proximal,
anteroinferior e a incisura isquiática, apenas penetrando na parede começando 1O cm acima do trocânt er maior e termi-
externa do ílio. Cortes bicorticais são rea lizados na espinha ilíaca nando aba ixo do nível do trocânter menor.
anteroinferior e na incisuraisquiática. Um osteótomo reto ou lige i- •Divida a f áscia do tensor da fáscia lata e femoral e retire
ramente curvado estende a osteotomia na direção da cartilagem extraperiostealmente as inserções do vasto latera l e dos
trirradiada, evitando a penetração da articulação e da parede glúteos médio e mínimo do fêmur proximal .
pélvica interior. VEJA A TÉCNICA 33-5.

1
1
1 I
I
I

PJ i'>/
I

Alava ncamento
para baixo

I
I
I
I

'}/

Acetabuloplastia
D si metrica mente a berta

Hl§ii;fflm!I Correção em estágio único de quadril luxado espástico de Mubarak et ai. A osteotomia para a vários milímetros da
cartilagem trirradiada e é aberta lateralmente em dobradi ça para corrigir a displasia. A, O segmento tricortical da asa do ilíaco é colhido
para enxerto ósseo. B, Segmentos trapezoidais são adaptados para se encaixarem no local da osteotomia. C e D, Três segmentos tra-
pezoidais de enxerto ósseo tricortical são fixados no local para manter o local da osteotomia aberto. A elasticidade do córtex medial
intacto mantém os enxertos ósseos no local; não sendo necessária uma fixação. VEJA A TÉCNICA 33-5.
CAPÍTULO 33 PARALISIA CEREBRAL 411111
•Retire o ten dão do psoas do trocânter menor e complete
a exposição do fêmur proximal extraperiostea lmente.
•Faça uma incisão no periósteo ci rcunferencia lmente ao
redor do fêmur, distal à inserção do glúteo máximo ou
no nível proposto da ressecção femora l.
•Determine o nível da osteotomia traçando na rad iogra fi a
anteroposteri or pré-operatória uma li nha do ísquio ao
fêmur, para lela à borda inferior do ísqu io.
•Divida os rotadores externos curtos.
•Faça uma incisão na cápsula circunferencialmente e
solte-a da base do colo femoral.
•Divida o ligamento redondo e retire o fêmur proximal,
utilizando uma serra oscilante para rea lizar a osteotomia
(Fi g. 33- 14A).
•Teste a amp litude de movimento do quadril neste ponto
e, se for necessá ri o pa ra o movimento, rea lize uma teno-
tomi a dos isquiotibiais proximais por meio da mesma
incisão após a identifi cação do nervo ciático. Se necessá-
rio, libere também os adutores.
•Sele a cavidade acetabular su turando comp letamente as
bordas capsula res. A lternativa mente, o iliopsoas pode ser
suturado até a parte late ral da cápsula e os ad utores até
a parte med ial da cápsu la.
•Traga o vasto latera l de lateral para media l sob re o coto
femoral, suturando-o no múscu lo reto femora l.
•Intercale os múscu los glúteos entre o acetábu lo e o fêmur
proximal (Fi g. 33-14B).
•Para diminuir o ri sco de oss ificação heterotóp ica, man u-
seie o tecido com cuidado, extirpe comp letamente o peri-
ósteo e irrigue bem.
•Faça uma homeostasia meti cu losa e feche a fe ri da sobre O@ll;MEJm Ressecção femora l proximal de McCarth y et ai.
um dreno de sucção. A, Abordagem ext rap eriosteal, incisão periosteal e liberação das
inserções musculotendinosas. B, Artroplastia de interposiçã o -
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO A tração esque lética é ili opsoas e abd utores são suturados na cáps ula do quadril e o coto
apli cada imediat amente após a ci rurgia e é removida femoral é coberto pel o vasto lateral. VEJA A TÉCNICA 33-6.
diariamente para real ização de exercícios leves. Exercícios
leves de amp litude de movimento, com ênfase na flexão
e extensão máxima, abd ução e rotação interna e externa doen ça un ilatera l e sem envolvimento da colun a vertebra l.
do quadril são iniciados no seg undo dia após a cirurg ia. A artrodese do quadri l pode ser preferível em pacientes
Durante as primeiras 6 semanas de tração, a cabeceira da com capacidade de marcha, pois ela permite a suste ntação
cama é gradualmente elevada para evitar hipotensão pós- do peso, diferentemente das ressecções fem orais proxi -
tração. Os pacientes são autorizados a retomar o uso de mais. Em dois estudos sobre artrodese em pacientes com
cadeira de rodas conforme tolerado. para lisia cerebral e luxação dolorosa do quadril , a conso-
lidação foi obtida em se is de o ito pacientes e em 11 de
14 quadris após a primeira tentativa, resu ltando no alívio
da dor e na melhora da postura . Os outros pacientes pre-
A osteotom ia de redirecionamento também tem sido proposta cisa ram repetir a artrodese.
como alternativa à artroplastia de ressecção. Essa osteotomia de

---------~
valgização femoral proximal coloca as pern as em uma posição mais
ab duzida, o que melhora a hi giene perineal e a posição sentada. O TÉCNICA
candidato ideal para esse procedimento é um a criança com adução
•Coloque o paciente em decúbito dorsa l com um coxim
grave do quadril, com pouca ou nenhuma dor. A osteotom ia, que
macio debaixo da reg ião glútea.
normalmente é de cerca de 60 graus, direciona o tro cânter menor
•Rea lize uma tenotom ia dos adutores conforme descrito
no acetábul o e a cabeça femoral para longe da pelve.
na Técnica 33 -2.
•D ivida os múscu los glúteos através de uma incisão latera l
e long itudinal ao quadri l.
•Estenda a exposição da arti cu lação do quadril para per-
ARTRODESE DO QUADRIL mitir uma tenotom ia do iliopsoas.
A artrodese do quadril também pode ser eficaz no alívio •Resseque o pu lvinar e o ligamento redondo, remova qua l-
da dor e na melhora da função em pacientes cuidadosa- quer ca rtilag em restante da cabeça f emoral e do acetá-
mente selecionados. O cand idato id ea l é um paciente com bulo e aprofund e o acet ábulo disp lásico. )
llll!D PARTE X DOENÇAS DO SISTEMA NERVOSO EM CRIAN ÇAS

) • Posicio_ne o quadril e_'."11 40 graus de_ flexão, 15 graus de


abduçao e em rotaçao neutra. O d1spos1t1vo de fixação
utilizado depende da largura e da qualidade local do
osso, do tamanho da cabeça e do colo femoral e do grau
desejável de flexão do quadril. Os implantes adequados
incluem uma placa de paralisia cerebral AO-D de 4,5 mm,
uma placa AO-Cobra e parafusos canulados de 6,5 mm.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Uma imobilização com


GPP é utilizada por 2 meses no pós-operatório. Em seguida,
os pacientes são iniciados em um programa progressivo
de amplitude de movimento e de sustentação de peso.

A artroplastia total do quadril é uma opção para os pacientes


com paralisia cerebral com degeneração do quadril em estágio H@IJlt4DIEt Postura de salto típica causada por deformida-
final. O candidato ideal é um paciente deambulador inteligente, des da fle xão plantar dos tornozelos, que exigem flexão dos
independente, com contraturas leves de tecidos moles. Foram rela- joelhos, quadril e coluna lombar para colocar o centro de gravi-
tados bons resultados a longo prazo (< 10 anos) após artroplastia dade sobre a superfície de sustentação do peso.
de quadril (17 de 18 em um estudo realizado por Buly et ai. e 13
de 15 em um estudo realizado por Cabanela e Weber). Outro
estudo relatou retorno à função pré-operatória em todos os pacien-
tes, retorno à funç ão de pré-dor em 88% e sobrevida do implante energético. Isquiotibiais espásticos, quadríceps fraco s ou urna com-
em 95% em 2 anos e 85% em 10 anos. O aumento da anteve rsão e binação dessas condições podem causar flexão do joelho isolada.
da inclinação do componente acetabular, para aj udar a aumentar Isso também pode resultar de patologias do quadril ou do tornozelo.
a estabilidade, e o uso de cimento no fêmur proximal com osteo - Pacientes com flexores do quadril espásticos ou extensores de
porose têm sido recomendados. quadril fracos, ou ambos, desenvolvem flexão compensatória do
joelho que resulta em marcha em agachamento na qual os quadris,
joelhos e tornozelos são fl exionados (Fig. 33-15). Pacientes com
JOELHO músculos gastrocnêmio e sóleo enfraquecidos, por causa da paralisia
cerebral ou, mais comumente, por causa do alongamento do tendão
RELAÇÕES DO QUADRIL E DO JOELHO de Aquiles, deambulam com flexão do joelho para acomodar a
tensão relativa maior dos dorsiflexores de tornozelo. A espasticidade
As deformidades do joelho em pacientes com paralisia cerebral são prolongada e a marcha com joelho agachado podem causar contra-
difíceis de serem avaliadas e tratadas e, raramente, ocorrem de forma tura verdadeira intrínseca do joelho. Esse é um problema difícil de
isolada. As deformidades pélvicas, do quadril, joelho, tornozelo e pés lidar e levou ao aumento do uso de cirurgia multinível em tempo
estão interligadas. O quadril e o joelho estão fortemente acoplados em único em vez de procedimentos escalonados. Foi proposta uma
função dos músculos que cruzam ambas as articulações, os "músculos grande variedade de procedimentos para esse problema, incluindo
biarticulares". Esses músculos incluem o reto femoral anteriormente, encurtamento femoral ou osteotomia femoral distal de extensão
o grácil medialmente, o semimembranoso, o semitendinoso e o bíceps com o avanço do tendão patelar ou ambos. O avanço patelar tem
femoral posteriormente. As condições patológicas que afetam esses mostrado aperfeiçoar a mecânica da marcha melhor do que o pro-
músculos (como espasticidade ou contratura) e alterações cirúrgicas cedimento de osteotomia de extensão realizado sozinho.
afetam a função das duas articulações. Existe uma relação semelhante Para encontrar a fonte da flexão do joelho, os músculos devem
entre o joelho e o tornozelo e o músculo gastrocnêmio, que atravessa ser avaliados para determinar se a deformidade é causada pela espasti-
ambas as articulações. Um paciente com paralisia cerebral que deam- cidade, pela contratura ou por ambas. Um teste de força deve ser reali-
bula com seus joelhos flexionados pode não ter espasticidade ou con- zado, embora isso possa ser difícil em pacientes com paralisia cerebral.
tratura dos isquiotibiais. Um paciente com uma contratura de flexão A paralisia cerebral é uma doença dos neurônios motores superiores,
do quadril deambula com o aumento da flexão do joelho para ajudar na qual o cérebro está geograficamente afetado, fazendo com que o
a manter o equilíbrio sagital. Um exame físico cuidadoso de toda a corpo seja afetado regionalmente. Ela é diferente de uma lesão do
extremidade inferior é essencial quando se avalia o joelho em pacien- neurônio motor inferior, como mna laceração do nervo periférico, em
tes com paralisia cerebral. que apenas o músculo inervado ou grupo de músculos é afetado. Em
paciente com paralisia cerebral, se os isquiotibiais estão comprometi-
dos, o mais provável é que o qu adríceps também esteja em algum nível.
DEFORMIDADE DA FLEXÃO A força, a espasticidade e o padrão de acionamento do quadríceps
devem ser avaliados através do ciclo de marcha. O alongamento e essen-
Flexão é a deformidad e do joelho mais comum em pacientes com cialmente o enfraquecimento dos isquiotibiais, na presença de um reto
paralisia cerebral e ocorre com frequência em crianças com capaci- femoral espástico, podem resultar em deformidade da hiperextensão do
dade de marcha. As deformidades de flexão do joelho evitam que o joelho e problemas significativos na marcha.
joelho se estenda totalmente no fina l da fase de balanço da marcha. A força e a espasticidade dos isquiotibiais, e a contratura do
Isso faz com que o joelho esteja fl exionado durante a fase de apoio, joelho são avaliadas com o paciente em decúbito dorsal e ventral.
produzindo diminuição da extensão da passada e aumento do gasto Com o paciente em decúbito ventral, o examinador estende os
CAPÍTULO 33 PARALISIA CEREBRAL

e
H@il;ffll!II!I Teste de espasticidade e contratura dos isquioti-
biais. A, O paciente está em decúbito dorsal com os quadris esten-
didos. Os joelhos sofrem pressão para que sejam estendidos. A
flexão restante nos joelhos é a contratura em flexão absoluta do
joe lho. B, O joelho no lado a ser testado é fle xionado, enquanto
o joelho oposto é mantido estendido. C, Tentativa de flexão do
quadril resulta em mais flexão no joelho. O@IJ;tfj1E19 Teste de tensão dos adutores e isquiotibiais mediais.
A, As coxas são bem aduzidas com os quadris e os joelhos flexionados,
quadris o máximo possível e exerce um a leve pressão sobre as pan- indicando que não há contratura dos adutores. B, Com os quadris
turrilhas. O ângulo formado pelo fêmur e a tíbia depois de a resis- estendidos e os joelhos flexionados, os quadris abduzem bem. C, Com
tência da espasticidade ter sido vencida é o grau de contratura dos os quadris estendidos, estender os joelhos faz com que as coxas sejam
tecidos moles posteriores do joelho. Em seguida, o paciente é colo- aduzidas, ind icando espasticidade dos isquiotibiais mediais.
cado em decúbito dorsal para testar a espasticidade dos isquiotibiais.
O examinador estabiliza o joelho oposto na maior extensão possível
e eleva a perna, que é examinada com o joelho estendido. Se a fora da extremidade da mesa. O examinador estende os quadris e
extensão do joelho estive r limitada conforme o quadril é flexionado, permite que os joelhos sejam passivamente flexionados (Fig. 33-19A)
há tensão nos isquiotibiais, seja ela lateral ou medial (Fig. 33-16). O e, em seguida, pede ao paciente que ele estenda os joelhos voluntaria-
paciente pode ter a espasticidade dos isquiotibiais examinada em mente contra a resistência (Fig. 33-19B). Para determinar se o reto
decúbito ventral, com os joelhos flexionados e os pés fora da mesa. femoral está espástico, o examinador deixa o paciente em decúbito
Isso relaxa os músculos isquiotibiais proximalmente e permite que ventral e realiza o teste de Ely para o reto femoral (Fig. 33-20). Com o
o quadril seja abduzido caso não haja contratura dos músculos ad u- paciente em decúbito dorsal e com os joelhos estendidos, o examinador
tores. Se a extensão não for possível a menos que o quadril seja flexionará os joelhos. Se o reto estiver espástico, os quadris serão flexio-
aduzido, isso significa que há tensão nos isquiotibiais medial e grácil nados e as nádegas serão elevadas da mesa quando o reto for esticado.
(Fig. 33-17). A quantidade de equino do tornozelo deverá ser É melhor realizar esse procedimento com w11 lado de cada vez para
medida com o joelho fl exionado e totalmente estendido (Fig. 33-18). determinar a espasticidade relativa de cada músculo reto femoral.
Se a dorsiflexão melhora com a flexão do joelho, isso significa que A fisioterapia e os imobilizadores podem ser utilizados para
há espasticidade ou contratura do gastrocnêmio. deformidades leves. Gessos seriados em extensão também têm sido
Como já foi mencionado anteriormente, é importante avaliar a eficientes nessa etapa, mas deve-se tomar muito cuidado para evitar
força, a contratura e a função dos quadríceps ao avaliar um paciente complicações no tecido mole ou rupturas e neurapraxia. O alon-
com deformidade em flexão do joelho. A força no quadríceps é mais gamento dos músculos isquiotibiais é indicado quando a elevação
bem avaliada com o paciente em decúbito ventral e com os pés para da perna é menor que 70 graus ou o ângulo poplíteo tem menos
llll!D PARTE X DOENÇAS DO SISTEMA NERVOSO EM CRIANÇAS

A
A

O@ll;ffll!ID Teste de força do quadríceps. A, Com os quadris


B estendidos, os joelhos podem ser fle xionados para fora da mesa.
B, O paciente voluntariamente estende os joelhos a partir da posição
flexionada contra a resistência .

e
MliiiM!o.tlilil' E!IJ!I
Teste de espasticidade e contratura do gastroc-
nêmio. A, Com o joelho estendido, nota-se que o tornozelo está em
equino. B, Com o joelho flexionado, o tornozelo é facilmente dorsi-
flexionado, indicando que não há contratura no sóleo. C, Conforme
o joelho é estendido, a dorsiflexão do tornozelo encontra resistência
dos músculos gastrocnêmios espásticos ou contraturados.

B
de l 35 graus, na ausência de deformidades ósseas significati vas.
Em um paciente dea mbulador, a co nt ratura do joelho acima dos
10 graus pode resultar na fl exão excessiva compensatória do quadril
e na dorsiflexão do tornozelo. Deve-se tomar cuidado para não
alongar demais os músc ulos isquiotibiais, pois isso pode resultar em
fraqu eza excessiva e uma hiperex tensão do joelh o durante a
marcha. Quando isso ocorre, o fêm ur movimenta -se para frente
sobre a tíbia fixa, a qual não poderá se movimentar para frente por
causa da espasticidade do gastrocnêmio e do sóleo ou por causa da
dorsiflexão limitada do tornozelo. A espasticidade do reto femoral,
co mum em pacientes com paralisia cerebral, também pode agravar
essa condição. Por esse motivo, muitos cirurgiões começam o alon-
gamento dos músculos isquiotibiais mediais através da Z-plastia dos
tendões do grácil e do semitendinoso e de um alongamento fra cio- e
nai do semimembranoso. Caso haja o desejo de realizar mais corre-
ções, os bíceps femurai s podem ser alongados através do alongamento Hfüiii4Dm Teste do reto femoral na posição prona. A, O pa-
fracional. É importante identificar anteriormente a aponeurose pro- ciente está em decúbito ventral e os joelhos estão estendidos. B, A
ximal do músculo semimembranoso, pois ela vem do tendão da flexão dos joelhos faz com que as nádegas afastem-se da mesa . C,
fixação proximal. Ela é separada e proximal da aponeurose distal e A espasticidade no reto é vencida pela pressão nas nádegas, dire-
também deverá ser solta no momento da ci rurgia. cionada para baixo.
CAPÍTULO 33 PARALISIA CEREBRAL C!Dlll
ALON(jAMENTO FRACIONAL DOS
TENDOES DOS ISQUIOTIBIAIS
Embora se tenha verificado que a extensão do joelho, na
fase de apoio, melhora significativamente depois do alon-
gamento dos isquiotibiais, não se constatou melhora da
TÉCNICA
_____
latera is e mediais; no entanto, houve maior risco de hipe-
rextensão do joelho e de fraqueza dos isquiotibiais.

____,~

•Coloque o paciente em decúbito ventra l e infl e o torni-


velocidade, do comprimento da passada e da cadência. quete em volta da coxa.
Com o quadríceps e os isquiotibiais espásticos, a flexão •Faça incisões posterolaterais e mediais a partir da prega
do joelho durante a fase de balanço diminui bastante. poplítea, estendendo de 7 a 1O cm proxim almente. Alter-
Além disso, foi re latado que os resultados da cirurgia dete- nativamente, uma única incisão med iana pode ser feita
rioravam-se com o tempo e, em 17% dos casos, foi neces- (Fig. 33-21A)
sário realizar outra operação. Alguma melhora no ângu lo •Disseque o tecido subcutâneo e a fáscia profunda alin ha-
poplíteo e na extensão do joelho foi observada em pacien- dos com a incisão da pele, protegendo o nervo cutâneo
tes submetidos a alongamento conju nto dos isquiotibiais femoral posterior na parte proximal da ferida. )

B
Pinça evertendo o músculo semimembranoso para
expor a parte tendinosa; divisão em dois níveis

H!êjlh!·'BIJI Alongamento gradual dos músculos isquiotibiais. A, Incisão na pele


e na fáscia profunda atrás do joelho. B e C, Incisões no semi membranoso . D, Incisões
Fechamento meticulosamente separado de cada no bíceps femoral; note a pinça hemostática posicionada anteriormente ao nervo
bainha de tendão; fáscia profunda não suturada
fibular. E, Bainhas dos tendões do bíceps femoral e semi membranoso são suturadas
E antes que a ferida seja fechada. VEJA A TÉCNICA 33-8.
lllm) PARTE X DOENÇAS DO SISTEMA NERVOSO EM CRIANÇAS

•Identifique os músculos isqu iotibiais através de dissecção • Insira um cinsel de uma placa-lâmina 90 graus, apenas pro-
)
romba, isole o semimembranoso e incise a bainha do xima l ao fio-guia, posicionado em um ângulo de 90 graus
tendão longitudin almente . Divida as fibras do tendão, na em relação à diáfise femoral e logo acima da fise (ou cicatriz
sua face profunda de forma transversa l, em dois níveis f isária) com o ângulo-guia paralelo à tíbia. Esse procedi-
(Fig. 33-21 B e C). mento evita o desvio em valgo ou varo da osteotomia.
• Exponha o tendão do semitendinoso e disseque a sua porção •Remova uma cunha óssea triangular anterior com o
distal obliquamente até as f ibras do músculo. Faça a incisão mesmo grau da contratura. A lém disso, remova qualquer
do tendão transversalmente ou realize uma Z-plastia . osso saliente posterior ao fragmento distal (Fig. 33-22).
•Estenda o joelho e flexione o quadril e a parte tendinosa Anormalidades nos planos coronal e transversal podem
do semitendinoso deslizará sobre o músculo. Caso seja ser corrigidas simultaneamente .
necessário realizar mais correção, identifique o tendão do • O tipo de avanço do tendão patelar depende da maturidade
bíceps femoral latera lmente e isole-o do nervo peroneal esquelética do paciente. Se a f ise estiver aberta, sepa re o
medialnente. Posicione um instrumento rombo profunda- tendão patelar do tubérculo tibial para evitar lesão fisária e
mente ao tendão do bíceps femoral, incise a sua parte avance-o sob um f/ap periosteal. Se a fise estiver fechada,
tendinosa transversa lmente em dois níveis com distância transponh a o tubérculo tibial com o. tendão patelar distal-
de 3 cm e deixe as fibras do múscu lo intactas (Fig. 33-21 D). mente e fixe-o com um parafuso de compressão.
•Realize uma manobra semelhante de alongamento, fl e- •Insira um f io calibre 16 ou uma banda de tensão trans-
xionando o quadril e estenda o joelho. versalmente, através da patela e na parte proximal da
•Feche todas as bainhas do tendão, mas não feche a fáscia tíbia. Isso protegerá os reparos realizados (Fig. 33-23).
profunda (Fig. 33-21 E).
•Após desinflar o torniquete, realize a hemostasia e feche
os tecidos subcutâneos e a pele.
1TRANSFERÊNCIA DISTAL DO RETO FEMORAL
• Aplique um gesso longo com o joelho em extensão máxima.
A marcha com joelho rígido é comtm1 em pacientes com paralisia cere-
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO A elevação do membro bral e é causada por uma contratma do quadríceps e dos isquiotibiais ou
estendido deve começar imediatamente após a cirurgia, pela fraqueza resultante de um alongamento anterior dos músculos
ainda com o gesso, para ajudar a alongar os tendões isquiotibais, ou ambos. Uma espasticidade conjunta dos isquiotibiais e
isquiotibiais. O paciente poderá andar com muletas e des- quadríceps causa perda de flexão no joelho, que resulta na diminuição
carregar peso conforme tolerado. Após 3 a 4 semanas, os de potência e dificuldade para o desprendimento dos pés durante a fase
gessos são removidos e o paciente começa a fisioterapia de balanço da marcha. Pacientes com espasticidade do reto femoral
para manter e, em alguns casos, melhorar a amplitude dos também apresentam dificuldade em passar da posição de pé para a
movimentos. !mobilizadores noturnos para extensão do sentada. A análise da EMG dinâmica frequentemente revela também
joelho são uti lizados de 8 a 12 semanas após a cirurgia. atividades anormais do reto femoral dmante a fase de balanço. Para
ajudar a obter equilíbrio da função do joelho durante essa fase, a trans-
ferência do tendão do reto femoral distal para o músculo semitendinoso
mediaimente ou para o trato iliotibial lateralmente pode ser realizada,
1 OSTEOTOMIA EXTENSORA FEMORAL DISTAL E dependendo da presença de má rotação. Até 10 graus de má rotação
AVANÇO DO TENDÃO PATELAR podem ser corrigidos dependendo da direção da transferência, mas
Stout et. al. descrevem a osteotomia extensora femoral distal e o avanço graus maiores exigem uma osteotomia rotacional do osso afetado. Gage
do tendão patelar para o tratamento da marcha em agachamento em et ai. detectaram melhoras significativas do movimento do joelho e do
casos de paralisia cerebral, na qual uma melhora na função e no nível desprendimento dos pés durante a fase de balanço quando os critérios
de capacidade de marcha foi obtida. A reincidência da deformidade é a seguir foram seguidos: ( l) a contratura dos isquiotibiais deve ter sido
menos provável em pacientes que já completaram o crescimento. corrigida de maneira que o joelho possa ser totalmente estendido na fase
de apoio médio, (2) os pés devem se manter plantígrados e estáveis na
fase de apoio e (3) os pés devem estar na linha de progressão para gerar
OSTEOTOMIA EXTENSORA um momento de magnitude suficiente para manter a extensão do joeU10
na fase de apoio médio e apoio terminal. Chambers et ai. compararam
FEMORAL_ DISTAL E AVANÇO a transferência do tendão do reto femoral distal com a liberação do
DO TENDAO PATELAR tendão isoladamente e descobriram w11a melhora significativa no des-
Stout et. ai. descrevem a osteotomia extensora femoral distal prendimento dos pés e na eficiência da marcha no grupo da transferên-
e o avanço do tendão patelar para o tratamento da marcha cia. Tem sido relatadas mais melhoras do que deterioração em crianças
em agachamento em casos de paralisia cerebral, na qual deambuladoras no acompanhamento a longo prazo.
uma melhora na função e no nível de capacidade de marcha
foi obtida. A rei ncidência da deform idade é menos provável TRANSFERÊNCIA DO RETO FEMORAL
em pacientes que já completa ram o crescimento.

TÉCNICA ~~~~~~~~~~
~
TÉCNICA
--~~~~--~
(GAGE ET AL.)
(STOUT ET AL.)
•Com o paciente anestesiado e em decúbito dorsal, faça
• Acesse a porção distal do fêmur posterior ao músculo uma incisão longitudinal na face anterior da coxa, a de 5
vasto lateral. a 6 cm do polo superior da patela. )
CAPÍTULO 33 PARALISIA CEREBRAL

ij@lljffll!l!I A e B, Radiografias laterais pré e pós-operatória mostram o joelho esquerdo na extensão máxima em paciente tratado
com osteotomia extensora femoral distal. (De Stout et ai: Dista l femoral extension osteotomy and patellar tendon advancement to treat persistent
crouch gait in cerebral palsy, J Bone Joint Surg 90A:2470, 2008.) VEJA A TÉCNICA 33-9.

h@l!ajgm A e B, Radiografias anteroposterior e lateral do joelho em extensão má xima após o avanço do tendão patelar. (De
Stout et ai: Distal femoral extension osteotomy and patellar tendon advancement to treat persistent crouch gait in cerebra l palsy, J Bone Joint Surg
90A: 2470, 2008.) VEJA A TÉCNICA 33-9.
llllm!) PARTE X DOENÇAS DO SISTEMA NERVOSO EM CRIANÇAS

A B e
Hcêii!;f4BEJ Liberação distal ou transferência do reto femoral. A, O reto femoral é separado do vasto medial, vasto lateral e vasto
intermédio. Detalhe, incisão longitudinal ao longo da borda medial do terço distal do reto femoral. B, O reto femoral pode ser transferido
através do septo intermuscular medial para o sartório, se necessário. C, O reto femoral é suturado ao sartório. VEJA A TÉCNICA 33-10.

•Id entifiqu e o tendão do reto femoral proximal mente, mais ereta com o joelho totalmente flexionado. No terceiro
)
entre o vasto medial e o vasto lateral. Separe o tendão dia, é permitido ficar em pé com apoio e o imobilizador do
do reto do rest ante do tendão do quadríceps; evite entrar joelho será removido para que o joelho possa fazer movi-
na articulação do joelho. Disseque-o até 3 cm proximal à mentos ativos e passivos. Em 4 semanas, o paciente será
patela. Isol e o tendão e separe-o posteriormente do instruído por um fisioterapeuta, para que ele comece exer-
tendão vasto intermed iário. cícios vigorosos que encorajarão o alongamento muscular e
•Transfira o coto do tendão individualizado para o coto o treino da marcha. Melhoras na função da marcha são
distal do sem itendinoso ou para o trato iliotibial, depen- vistas durante os 12 meses após a cirurgia.
dendo do efeito rotatório desejado: se for a rotação
lateral, transfira-o para o trato iliotibial, e se for a medial,
transfira-o para o semitendinoso.
• IPara a tran sferência medial para o semitendinoso, disse- HIPEREXTENSÃO DO JOELHO
que o mesmo 2 a 3 cm proximal da sua junção musculo- A hiperextensão do joelho é causada por um desequilíbrio relativo
tend inosa e disseque distalmente até a sua inserção na entre o quadríceps e os isquiotibiais; isso ocorre por diversos fatores,
pata de ganso. Transfira o tendão através do septo inter- incluindo ( 1) coespasticidade do quadríceps e dos isquiotibiais, na
muscular medial e faça a sutura nele para a extremidade qual o quadríceps é mais forte; (2) enfraquecimento dos isquiotibiais
distal do tendão do reto femoral. após uma cirurgia, excesso de alongamento ou transferência; (3)
•Para a transferência lateral para o trato iliotibi al, res- fraqueza do sóleo e do gastrocnêmio após uma liberação de cabeça
seque as fibras do trato iliotibial até que as restantes proximal e (4) tornozelo equino. Para um paciente com contratura
estejam na posição posterior em rela ção ao eixo da em equino, a única maneira de deixar os pés retos é a compensação
art iculação do joelho . Passe a ext remid ade distal do pela hiperextensão do joelho.
reto femoral ao redor da banda iliotibial e suture-a O teste do reto em decúbito ventral pode ser utilizado para testar
nela mesma. a espasticidade do quad.ríceps. Se o reto femoral estiver tenso, ele pode
ser alongado ou tenotomizado em pacientes que não sejam deambula-
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Se o alongamento dos dores e transferido posteriormente em crianças com capacidade
isq uiotibiais foi realizado em conjunto, os pacientes utiliza- marcha. A hiperextensão do joelho causada pela fraqueza excessiva dos
rão gessos longos por 3 a 4 semanas. Caso o alongamento isquiotibiais é difícil de ser tratada. Uma reinserção de tendões transfe-
dos isq uiotibiais não tenha sido realizado, não é necessário ridos ou o encurtamento de tendões alongados excessivamente podem
imobilizar com gesso; em vez disso, utilize um imobilizador não melhorar a potência funcional, uma vez que os músculos foram
para o joelho. O paciente poderá sentar-se em uma cadeira permanentemente enfraquecidos pela cirurgia anterior.
reclinável e será gradualmente movido para uma postura Para determinar se a hiperextensão do joelho é causada pelo
tornozelo equino, um gesso curto ou órtese para o tornozelo é
CAPÍTULO 33 PARALISIA CEREBRAL

aplicado mantendo o tornozelo na posição neutra. Se a hiperexten-


são do joelho ocorrer com os pés plantígrados, ela não é causada
pelo tornozelo equino. Se houver tornozelo equino, é indicada a sua
correção através de cirurgia ou de outra maneira. Uma hiperexten-
são significativa deve ser tratada com órteses longas bilaterais para
os membros, co m uma banda pélvica e com os joelhos travados em
um ângulo de 20 graus de flexão e com limitador de dorsiflexão do
tornozelo em 5 graus. Quando o controle do quadril for obtido, a
banda pélvica pode ser removida, mas as órteses do joelho geral-
mente são utilizadas por anos até que ele fique es tabilizado. A oste-
otomia de flexão não é recomendada nestes casos.

JOELHO VALGO
Geralmente, o joelho vago em pacientes com paralisia cerebral é
causado por uma deformidade em adução do quadril e raramente
ocorre de forma independente. Geralmente, ele está associado à
rotação interna do quadril e flexão dos joelhos, o que pode acentuar
a aparência do joelho valgo. Na maioria dos pacientes, a correção da
adução do quadril e da rotação interna melhora a posição e a apa-
rência do joelho. Nesses casos, a cirurgia do joelho em si raramente
é indicada.
Uma contratura do trato iliotibial pode causar uma deformi- O@i);fJ E!ID Patela alta em paciente com paralisia cerebral.
dade em valgo do joelho. A contratura do trato pode ser determi-
nada deitando-se o paciente de lado e flexionando o joelho próximo
à mesa até o peito. Com o joelho flexionado, o quadril testado é
flexionado e abduzido, movimentado da posição de flexão até a Essas deformidades gera lm ente ocorrem em vários níveis, incluindo
extensão e, em seguid a, aduzido. Se o quadril não aduzir sem flexão, o quadril ou o fêmur, a tíbia ou o tornozelo e o pé. As órteses não
o trato iliotibial está contraturado e geralm ente pode ser apalpado se prestam para corrigir essas deformidades em pacientes com para-
subcutaneamente no terço distal da coxa. O trato contraturado deve lisia cerebral. Uma avaliação rotaciona l minuciosa é essencial antes
ser ressecado (ver Capítulo 34). de qualquer intervenção cirúrgica. Um amplo estudo de análise da
marcha com 412 crianças constatou que a causa mais com um da
marcha de rotação interna é a rotação do quadril, seguida pela torsão
PATELA ALTA tibial interna; várias anormalidades foram encontradas em quase
50% dos membros afetados. Foram observadas diferenças entre
A patela alta é comum em pacientes com paralisia cerebral (93% em pacientes hemiplégicos e diplégicos. O es tudo verificou que os locais
um estudo) e geralm ente está associada à marcha em agachamento mais comuns onde se encontravam deformidades de rotação interna
(Fig. 33-25). Isso pode ser causado pela espasticidade do quadríceps em diplégicos eram o quadril (57%), a tíbia (52%) e a pelve (19%);
ou pela deformidade em flexão do joelho de longa duração. A patela nos hemiplégicos, as deformidades no pé incluíram pé varo (42%)
alta provoca uma redução do braço no momento de extensão terminal e metatarso aduto (24%).
do joelho, o que enfraquece ainda mais um mecanismo extensor já Essas deformidades deverão ser corr igidas no momento em
enfraquecido. Esse aumento na tensão pode resultar em microtrau- que os procedimentos de partes moles forem realizados. Osteoto-
mas repetitivos nos tendões patelares e do quadríceps, causando o mias percutâneas minimamente invas ivas do fêmur e da tíbia supra-
alongamento destas estruturas e a fragmentação ou mesmo fraturas maleolar têm sido relatadas.
por estresse da patela e tubérculo tibial; há a hipótese de que essa seja
uma das causas das dores no joelho em pacientes com paralisia cere-
bral. Como essas mudanças são quase universais nos pacientes deam- PÉ
buladores com paralisia cerebral e como a maioria deles não sente
dores, o tratamento cirúrgico raramente é indicado. Geralmente, a Deformidades no pé causadas por forças musculares anormais ou
correção da deformidade da flexão do joelho com o alongamento dos alteradas são comuns em pacientes com paralisia cerebral, com 70%
isquiotibiais e outros procedimentos associados resulta na melhoria a 90% das crianças afetadas. A deformidade mais com um é o torno-
não só da patela alta, mas também da função do joelho em geral. O zelo equino, com deformidades equinovaras e equinovalgas sendo
tratamento cirúrgico para corrigir o processo patológico subjacente, igualmente comun s. Em uma série de 306 crian ças com paralisia
geralmente uma subluxação e luxação patelar, e útil para os pacientes cerebral, Ruda e Frost relataram que cerca de 50% tinham balanço
que não obtiveram resposta com o tratamento conservador. "lateral" normal, 25% tinh am deformidades em va lgo e 23% tinham
deformidades em varo. Uma deformidade do pé pode ter efeitos
significativos na capacid ade geral de marcha do paciente. A presença
ANORMALIDADES DE ROTAÇÃO de deformidade bilateral, em contraste com uma unilateral, inde-
pendentemente do tipo, tem sido reportada como tendo um efeito
Anorma lid ades de rotação, internas ou externas, podem causar dis- significativo no nível gera l de deambulação. A deformidade de um
funções significativas na marcha de pacientes com paralisia cerebral. paciente pode mudar ao longo do tempo, especialm ente em crianças
llllDD PARTE X DOE NÇAS DO SISTEMA NERVOSO EM CRIANCAS

pequenas. Por exemplo, em um a criança muito nova com deform i- feito no nível da junção miotendíne; a taxa mais alta de alongamento
dade em valgo, reflexos tônicos persistentes e forças musculares anor- excessivo relatada com o uso de Z- plastia aberta resulta em fraqueza
mais podem, com o tempo, faze r com que uma deformidade em residual. Um pequeno estudo randorn izado e cego (28 pés) mostrou
varo do pé se desenvolva. A espasticidade dos músculos intrínsecos que o uso da abordagem perc utânea proporciona um a cicatrização
do pé pode provocar outras deformidades, como hálux valgo, dedos rápid a (co m o dem onstr ado pela ava liação ult rassonográfi ca do
em garra e adução do antepé. Elas podem ocorrer isoladamente, mas tend ão), menor tempo cirúrgico e de hospitalização, dorsiflexão pós-
é mais frequ ente que ocorram associadas a outras deformid ades -operatória e maior satisfação dos pais. Estudos mais amplos são neces-
relacionadas co m a musculatura extrínseca anormal do pé. sári os para avaliar melhor esse ponto. O alongam ento excessivo do
mús culo gastrocnêmio-sóleo deve ser evitado, especialmente em
cri anças com deambuladoras, pois causa marcha em agachamento e
DEFORMIDADE EM EQUINO fra queza do desprendimento do calcâneo. Como o alongamento exces-
sivo é muito menos comum com uma secção aponeuróti ca, preferimos
A defo rmid ade em equino é a deformi da de no pé mais comum em esta técnica para as crianças deambul adoras e reservamos o alonga-
pacien tes co m paralisia cerebral, afetando 70% das crianças, d as mento aberto do tendão de Aquiles para os pacientes com deformida-
quais aprox im adamente 25% desenvolve m um a deformi dade des graves, que não podem ser co rrigidas de outra forma, e para os
grave o sufic iente para precisa r de cirurgia. Os tratame ntos co n - pacientes sem capacidade de marcha. É importante, após o alonga-
se rvadores consistem em alongamentos, ór teses, toxina botu líni ca mento do tendão de Aquiles, avaliar os pacientes quanto às contraturas
A (BTX-A) e, ocasionalmente, gesso e co nt inuam se ndo a primeira em flexão dos artelhos que se torn am evidentes após o procedimento,
fo rm a de tratam ento ou meio para adi ar uma intervenção ci rú r- pois elas podem resultar em t m 1 apoio anormal nas pontas dos dedos.
gica. A defor m idade é causada pela espas ti cidade do músculo gas- Essa condição pode ser tratada com alongam entos em Z-plastia simul -
trocnê mi o-sóleo, a qu al fre quentemente piora durante períodos de tânea do flexor longo dos dedos e do flexor longo do hálux.
rápido cresci mento po r causa do crescimento excessivo d a tíbia
relativa ao m úscu lo gas trocnêm io-sóleo. Estud os em animais têm
demonstrado que os músc ulos de ratos com espasticidade heredi - ALON~AMENTO ABERTO DO
tária crescem mais lentamente do que os múscul os norm ais. Ava- TENDAO DE AQUILES
liações por ultrasso nografia da jun ção m iotendín ea revelaram que
pacientes co m paralisia cerebral poss uem tendões de Aqui les m ais
longos e ventres musc ulares mais curtos do qu e os co nt ro les
TÉCNICA mm_______.~
norm ais. Enqu anto a dorsiflexão aume nta em pacientes subm eti - (MODIFICAÇÃO DE WHITE)
dos à cirurgia, a arquitetura do tend ão e do músc ulo continua
anorm al. A or teti zação, especialmente durante a noite, para evitar • Utilize uma incisão posteromedia l para expor o t endão de
que o pé caia em equin o, é essencial. As indicações exatas pa ra a Aq uiles desde a sua inserção até aproximadamente 1O cm
ciru rgia não são claras, em virtude da natureza va ri ável da paralisia proximal mente, preserva ndo a ba inha (Fig. 33 -26A) .
ce rebra l. No entan to, geralmente ela é indicada quando o tornozelo • Incise os dois terços post eromed iais do tendão próximo
não pode fica r em posição ne utra em uma criança dea mbuladora de sua inserção.
e qua nd o d ificu lta a higiene, vestir calçados e fica r em pé nas • A pl ique uma fo rça de dorsiflexão moderada no pé e incise
crianças não deambulado ras. os dois terços mediais do tendão, de 5 a 8 cm proxi mal-
me nte ao local da incisão dista l.
• Faça dorsifl exão at é que o alonga mento desejado do
• CORREÇÃO CIRÚRGICA DA DEFORMIDADE t end ão seja alcan çado (Fig . 33 -26B).
EM EQUINO • O t endão pode ser sut urado lat eralmente com uma sutura
Por causa da natureza variável da paralisia cerebral e pelo fato de absorvível.
que dive rsos proced imentos e regimes pós-operatórios têm sido • Feche cuidadosamente a bainha do t endão e o tecido sub-
utili zados no tratamento da contratura em equ ino, é difícil comparar cutãneo, para evitar aderência do t endão à pele sobreposta.
estudos e taxas de sucesso. Além d isso, muitas recorrências aconte- • A pliq ue um gesso curto com o tornozelo em dorsi fl exão
cem 5 anos ou mais após a primeira ci rurgia e podem não ser máxima.
incluídas em estudos a cur to prazo. A taxa de reincidência na lite-
ratura va ri a de 0% a 50%, dependendo do tipo de pacien te e do CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O paciente poderá apoiar
tempo de acom panhamento. Em pacientes mais jovens, especial- co m ca rga t otal no pós-ope ratór io. O gesso deve rá se r
mente os que têm menos de 3 anos e são hemi plégicos, há um a mantido por 4 semanas. Du ra nte esse período, a extensão do
probabilidade maior de reincidência. A reincidência em pacientes joelho será encorajada para manter o alongamento do com-
acima de 6 anos é bas tante rara. Urn a metanálise de grande porte plexo gastrocnêmio-sóleo. O gesso será removido e a órtese
re lato u que a idade é o fator mais determ inante da reincidência e suropodálica será posicionada com o tornozelo em máxima
qu e a correção excessiva, que resulta na deformi dade em calcâneo, dorsiflexão. Como alternativa, um molde para uma órtese
era ma is com um em diplégicos (15%) do que em hem iplégicos (1 %). suropodálica personalizada poderá ser feito no momento do
Apesar das diversas técn icas util izadas, não parece haver uma d ife- procedimento inicial, de modo que ficará pronta quando o
rença signi ficativa entre os resul tados dessas técn icas, embora a gesso for removido. Isso será bastante útil caso o acompa-
maioria dos estudos tenh a nível de evidência IV. nhament o e a adesão do paciente fore m questionáveis.
O músculo gastrocnêmio-sóleo pode ser alongado tanto na O paciente começa utilizando a órtese em tempo integral, o
junção miotendínea, através de wna secção aponeurótica, ou no nível que vai sendo modificado de acordo com o seu crescimento
do tendão de Aquiles, por uma abordagem aberta ou percutânea. Para restante e o prog resso da f isiote rapia.
contraturas leves e moderadas, recomenda-se que o alongamento seja
CAPÍTULO 33 PARALISIA CEREBRAL

HM'@1E!m Alongamento em Z-plastia do tendão de Aquiles.


B A, Incisão longitudinal a meio caminho entre o aspecto posterior
do maléolo medial e o tendão. O corte longitudinal no tendão é
completado proximalmente em uma direção e distalmente na
O[ijll;MDD Alongamento por deslizamento do tendão de
direção oposta. B, As extremidades são suturadas para reparar o
Aquiles. A, Incisão posteromedial. B, Dois cortes são feitos através
tendão. VEJA A TÉCNICA 33-12.
de uma metade do tendão em direções opostas. A rotação das
fibras deverá ser seguida precisamente. Conforme o pé é colo-
cado em dorsiflexão, as fibras do tendão são separadas. VEJA A •Segure a parte cortada do tendão com uma pinça e traga
TÉCNICA 33-11. o bisturi para a parte proximal da incisão longitudinal no
tendão.
ALONGAl\llENTO EM Z-PLASTIA •Gire o bisturi para a direção oposta à do corte distal e
divida essa metade do tendão, transversalmente, para
DO TENDAO DE AQUILES soltar totalmente o tendão de Aquiles.
Rattey et ai. relataram a ocorrência de contraturas em 18% •Incise o tendão do plantar delgado na face medial do
a 41 % de pacientes diplégicos e hemiplégicos com 1O anos tendão de Aquiles de forma transversal.
após 77 alongamentos abertos em Z-plastia do tendão de •Avalie a excursão passiva do músculo tríceps sural utili-
Aquiles. Crianças com 6 anos ou mais, na época em que zando uma pinça Kocher para puxar o coto proximal do
realizaram o alongamento, não apresentaram reincidência. tendão até o seu comprimento máximo esticado.
Os pacientes diplégicos que passaram por cirurgia antes • Deixe que o tendão se retraia proximalmente até a metade
dos 4 anos e aqueles que realizaram incisões longitudinais do seu comprimento de repouso e suture-o na extremi-
tiveram taxas de reincidência estatisticamente maiores. dade distal do tendão neste ponto (Fig. 33-27B).
• Controle a tensão ainda mais ajustando a posição do pé:

--~---~
neutra para espasticidade leve, 1O graus de dorsiflexão para
TÉCNICA envolvimento moderado e 20 graus para deformidade grave.
•Realize o reparo lateralmente com suturas absorvíveis
•Faça uma incisão posteromedial a meio caminho entre o
resistentes.
tendão de Aquiles e o aspecto posterior do maléolo •Feche a lesão com suturas absorvíveis ou subcuticulares
medial. O limite inferior da incisão situa-se na borda e adesivos de pele e aplique um gesso longo.
superior calcânea, continuando no sentido cefálico por 4
a 5 cm (Fig. 33-27 A). CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO É permitido deambular
•Exponha o tendão de Aquiles com dissecção cortante assim que o paciente se senta confortável. Quando não
direcionada a ele posteriormente. houver mais dor (de 5 a 1O dias), o gesso é substituído por
•Faça uma incisão na bainha do tendão de Aquiles, longi- um mais curto, facilitando a marcha. A imobilização com
tudinalmente a partir do limite superior até o inferior da gesso é mantida por 6 semanas. órteses são utilizadas se
incisão. Liberte o tendão dos tecidos ao seu redor. o músculo tibial anterior não estiver forte ou se não estiver
•Faça uma incisão longitudinal no centro do tendão de sob controle voluntário. Se o músculo tibial anterior não
Aquiles, de proximal para distal (Fig. 33-27 A). apresentar função, é preciso utilizar a órtese em tempo
•Gire o bisturi medial ou lateralmente e divida esta metade integral. Se o músculo tibial anterior só funciona com a
do tendão transversalmente. Faça o corte distal na direção retirada da órtese, será preciso utilizá-la em tempo integral
medial para deformidades em varo e na direção lateral durante alguns meses e depois só à noite, para evitar a
para deformidades em valgo. reincidência da contratura do tendão de Aquiles.
lllBD PARTE X DOENÇAS DO SISTEMA NERVOSO EM CRIANÇAS

• ALONGAMENTO DO MÚSCULO
GASTROCNÊMIO-SÓLEO
Em 1950, Strayer descreveu uma cirurgia na qual o tendão apo-
neurótico do gastrocnêmio era seccionado transversalmente
próximo de sua junção com o do sóleo, o tornozelo era dorsifle-
xionado até a posição neutra e a parte proximal retraída do tendão
era suturada no sóleo. Strayer acreditava que a cirurgia era útil
porque alterava os impulsos proprioceptivos recebidos da extremi-
dade, inibindo os reflexos de alongamento anormais. Muitas modi-
ficações neste procedimento foram descritas, incluindo uma de
Vulpius, na qual o tendão aponeurótico do gastrocnêmio é seccio-
nad o e se deixa que a parte distal se retraia distalmente, mas não
suturada ao sóleo. Baker propôs um procedimento semelhante
que utiliza um a modificação do tipo "lingueta na fenda" na cirur-
gia de Vulpi us. Basset e Baker compararam se us resultados em
três procedimentos cirúrgicos diferentes: neurectomia de ramos
do nervo tibial posterior, desinserção proximal do gastrocnêmio
e modificação de Baker do procedimento de alongamento da
aponeurose. O alongamento da aponeurose produziu resultados
muito melhores, com taxa de reincidência de 4%, a qual os pes-
quisadores atribuíram à correção incompleta no momento da
cirurgia ou a cuidados pós-operatórios inadequados. Usando
li@ll;f+il!Ell Incisões para o alongamento percutâneo do ten- marcadores radiográficos, Craig e van Vuren mostraram que um
dão de Aquiles. As extremidades cortadas deslizam sobre si mesmas alongamento do gastrocnêmio-sóleo do tipo Strayer proporcio-
com a força da dorsiflexão do pé. VEJA A TÉCNICA 33-13. nava maior grau de correção do equino, pois a origem do sóleo
estende-se distalmente até a metade da tíbia e fíbula, desta forma
prendendo o tendão do gastrocnêmio e diminuindo o alonga-
ALONGAMENTO PERCUTÂNEO mento. Eles também relataram que a redução do espasmo no
DO TENDÃO DE AQUILES gastrocnêmio é essencial quando a deformidade em equino é
Moreau e Lake descobriram que, quando realizado ambu lato- causada por uma persistência do reflexo de apoio positivo ou
ria lmente, o alongamento percutâneo do tendão de Aqu iles é por um reflexo hiperativo de alongamento. Para deformidades em
rápido, barato e sem complicações. Dos 90 membros tratados equino, nas quais a causa principal da contratura é a espasticidade
desta forma, 97% mostraram melhora na função de marcha. ou o aumento da atividade elétrica apenas no gastrocnêmio, uma
das técnicas descritas aqui é recomendada. A neurectomia parcial,

-----~
nesta situação, não é mais indicada. O procedimento escolhido
TÉCNICA deverá ter como base a experiência do cirurgião e o estado clínico
de cada paciente.
(MOREAU E LAKE)

• Com o paciente em decúbito ventral e o membro preparado


da metade da coxa até os dedos do pé, estenda o joelho e ALONGAMENTO DO MÚSCULO
dorsiflexione o tornozelo para sentir o tendão de Aquiles.
Dessa forma, ele será facilmente identificado no subcutâneo
GASTROCNÊMIO-SÓLEO

------~
e ficará longe de estruturas neurovasculares anteriores.
•Faça três tenotomias parciais no tendão de Aqu iles (Fig . TÉCNICA
33-28). Faça o primeiro corte medial, bem na inserção do
(STRAYER)
tendão, no ca lcâneo, abrangendo metade da largura do
tendão. Faça uma segunda tenotomia medial e proxima l-
•Faça uma in cisão longitudinal posterior no meio da pan-
mente, bem aba ixo da junção miotendínea. Faça a terceira
turrilha, no nível da junção miotendínea, exponha a
tenotomia lateralmente, abrangendo metade da largura
aponeurose do gastrocnêmio e faça uma incisão trans-
do tendão, a meio caminho entre os dois cortes mediais.
versa l ou invertida ao longo dela (F ig. 33-29A). Libere-a
• Faça duas incisões do lado media l em caso de calcanhar
de lateral para medial, para garantir que ela foi total-
varo, como geralmente acontece, e do lado latera l, em
mente solta.
caso de calcanhar va lgo.
•Solte totalmente as rafes do gastrocnêmio-sóleo e do
• Rea lize a dorsiflexão do tornozelo até o ângu lo desejado.
tendão plantar (Fig. 33-298)
•As incisões não precisam de sutura, devendo ser utiliza-
•Leve o tornozelo a uma dorsiflexão leve para separa r as
dos apenas uma compressa estéril e um gesso longo com
extremidades do tendão (Fig . 33-29C)
o joelho totalmente estend ido.
•Se a aponeurose do tendão do sóleo estiver contraturada
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O cuidado no pós-ope- e mais correção for necessária, divida-a, mas preserve o
ratório é o mesmo descrito para a Técnica 33-11. músculo sóleo em si.
CAPÍTULO 33 PARALISIA CEREBRAL CBm
deformidades faz com que o pé assuma uma posição em valgo. Em
pacientes hemiplégicos, a coxa rodada internamente e o joelho total-
mente estendido na fase de apoio faz com que o pé gire internamente
e produza uma deformidade em varo.

• DEFORMIDADE EM EQUINOVARO
A deformidade em varo, geralmente acompanhada pela deformi-
dade em equino, tem como causa mais comum um músculo tibial
posterior anormal, o qual é excessivamente ativo ou se contrai fora
da fase correta. O músculo tibial posterior normal fica ativo
durante a fase de apoio, para estabilizar o pé, e fica inativo durante
a fase de balanço. Em mui tas crianças com paralisia cerebral, esse
músculo fica contraído durante a fase de balanço, o que resulta em
um pé em varo no choque do calcanhar. Isso também pode ser
associado à disfunção do músculo tibial anterior; no entanto, a
função do músculo tibial anterior isoladamente tem menos proba-
bilidade de resultar em pé varo. Estudos de marcha utilizando
EMG são úteis para determinar quais músculos estão excessiva-
mente ativos ou fora da fase . É essencial determinar quais múscu-
O[dii;HE!m Alongamento do gastrocnêmio. A, Incisão sobre los são responsáveis pela deformidade antes de qualquer tipo de
a face posterior da panturrilha. B, Corte transversal através do correção cirú rgica. A contratura do músculo gastrocnêmio-sóleo
tendão. C, O pé é dorsiflexinado até o neutro para separar as que, geralmente acompanha a contratura em varo, também contri-
extremidades do tendão. VEJA A TÉCNICA 33-14. bui para a deformidade em varo do pé. Também é importante
determinar se a deformidade é flexível e corrigível ou rígida, pois
• Baker modificou a técn ica de Vu lpis ao alongar o tendão os pacientes com deformidades flexíveis têm probabilidade maior
aponeurótico do músculo gastrocnêmio por meio do método de serem tratados com sucesso conservadoramente, com órteses e
"lingueta na fenda". Preferimos uma incisão transversal modificações dos calçados e, cirurgicamente, com procedimentos
simples, por meio de uma abordagem levemente postero- de tecidos moles, como alongamentos, liberações ou transferências
medial, soltando também o tendão plantar. do tendão (geralmente do músculo ativo de forma anormal). Os
pacientes com deformidades rígidas em varo geralmente precisam
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Os pacientes devem utili- de procedimentos ósseos, como a osteotomia calcânea.
zar um gesso curto durante 4 semanas e podem descarregar
peso conforme tolerado . A extensão do joelho é encora- 1ALONGAMENTO DO TENDÃO TIBIAL POSTERIOR
jada e a fisioterapia, para manter a dorsiflexão do tornozelo, O tendão tibial posterior pode ser alongado de diversas formas,
deverá ser iniciada após a retirada do gesso. Após a cirurgia, incluindo uma Z-plastia aberta do tendão e vários procedimentos
os pacientes utilizarão uma órtese suropodá lica noturna de deslizamento, como o alongamento step-cut e o miotendíneo. O
por 6 meses, mantendo a dorsiflexão máxima. tipo de procedimento utilizado depende da gravidade da deformi-
dade e de outros procedimentos sendo realizados. A Z-plastia do
tendão, apesar de trazer grandes correções, pode fazer com o que o
DEFORMIDADE EM VARO OU VALGO tendão fique preso ou sofra danos, resultando na reincidência da
deformidade. Os procedimentos de deslizamento, como o alonga-
Deformidades em varo ou valgo podem ocorrer em pacientes com mento miotendíneo, apresentam um risco menor de alongamento
paralisia cerebral; a maioria está associada à deformidade em excessivo e danos na bainha do tendão. Esses procedimentos são
equino. A direção da deformidade depende do tipo e da gravidade bons para pacientes com alto rico de reincidência ou nos quais uma
da paralisia cerebral e da biomecânica geral do membro afetado. transferência tibial posterior poderá ser necessária, pois o tendão
Análises de movimento por computador e EMG dinâmicas têm em si é poupado.
mostrado que a disfunção isolada do músculo tibial anterior ou a
combinação desta com a disfunção do músculo tibial posterior é,
com mais frequência, a causa da deformidade em varo do que a
disfunção tibial posterior isolada. Na hemiplegia, verificou- se que ALONGAMENTO POR Z-PLASTIA DO
a deformidade do pé era em equino ou equinovaro e, nos casos de TENDÃO TIBIAL POSTERIOR
diplegia e tetraplegia, constatou-se que era em valgo em 64% dos

---------'~
casos e em varo em 36% das crianças afetadas. Apesar de serem TÉCNICA
menos comuns, as deformidades em varo são mais limitantes fun-
cionalmente, mais difíceis de tratar conservadoramente e mais •Faça uma incisão longitudinal de 8 cm, começan do logo
fáceis de serem corrigidas cirurgicamente. Por consequência, a acima e posteriormente ao maléolo medial.
cirurgia é mais comum e mais bem-sucedida nos casos de defor- • Identifique a bainha do tendão tibial posterior e faça a
midade em varo do que em valgo. incisão nela, protegendo o feixe neurovascular subjacente.
A biomecânica do quadril e do joelho também influencia •Faça uma incisão de 6 cm no meio do tendão tibial pos-
quanto qual das duas deformidades ocorrerá. Os pacientes diplégi- terior. Solte proximalmente a metade medial do tendão
cos geralmente possuem quadris ad uzidos, com rotação interna, e solte distalmente a metade latera l do tendão. )
joelhos flexionados e rotação externa na tíbia. Essa combinação de
~ PARTE X DOENÇAS DO SISTEMA NERVOSO EM CRIAN ÇAS

•Traga o pé para a posição corrigida, inclu indo a dorsifle-


)
xão neutra, e repare as extremidades sobrepostas do
tendão lateralmente com sutu ra não absorvíve l.
•!:"=~~...,..- Divisão somente
•Feche a bainha do tendão com suturas absorvíveis. da parte tendinosa
•Feche a incisão e aplique um gesso curto com o pé li gei- do tibial poste rior
ramente em hipercorreção. em dois níveis

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO A sustentação de peso


Alonga mento
conforme tolerado é permitid a com o paciente usando por des lizamento - - ·
gesso por 4 a 6 semanas. O paciente utiliza rá uma órtese
su ri podá li ca em tempo integra l, durante 3 meses, e uma
órtese noturna por mais 3 meses. A fi sioterapia e o pro-
grama de alongamento em casa começam assim que o
gesso for removido.

ALONGAMENTO STEP-CUT DO B
TENDÃO TIBIAL POSTERIOR

------~
TÉCNICA A

• Exponha a bainha do tendão conforme descrito anteriormente. O!ijil;@E!ID Alongamento por deslizamento do tendão tibial
•Bem acima do ma léolo medial, faça uma incisão na posterior. A, Posição dos cortes no t e ndão . B, Along ame nto por
metade latera l da ba inha e do tendão. deslizamento. VEJA A TÉCNICA 33-17.
•Mova proxima lmente de 6 a 8 cm e faça a incisão da
metade med ial da bainha e do tend ão.
•Manipule o pé até a posição corrigida; o tendão deslizará
sobre si mesmo dentro da bainha. CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O paciente poderá sus-
•Não faça reparos no tendão ou feche a sua bainha. tentar pesos totais caso utilize um gesso du rante 4 semanas.
•Feche o tecido subcutâneo e a pele antes de aplicar um O início da fisioterapia e o uso de órtese não são recomen-
gesso cu rto com o pé levemente hipercorrigido (va lgo). dados antes de 2 meses após a cirurgia, para perm it ir que
a fun ção motora e o balan ço do pé se recuperem.
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O cuidado no pós-ope-
ratório é o mesmo da Técnica 33- 15.
• HEMITRANSFERÊNCIA DE TENDÃO
Dependendo dos músculos que estão fora da fase, as hemitransfe-
rências do s tendões anteriores ou posteriores podem ser realiza-
DESLIZAMENTO MIOTENDÍNEO DO das. As transfe rências totais de tendõ es deverão ser evitadas, por
TIBIAL POSTERIOR ca usa do alto risco de complicações e hipercorreção da deformi-
dade. A transferência total do tend ão tibial posterior para o dorso

------~
TÉCNICA do pé não é recomendada, em virtude dos fatores supracitados.
Foram relatados em um estudo 78% re sultados negativos com
•C oloq ue o paciente em decúbito dorsal e faça uma in cisão transferência total do tendão, por causa da deformidade do varo
longitudinal de 3 cm sobre o aspecto posteromedial da rígida não conhecida, alongamento simultâneo do tendão de
tíbia, na junção entre o terço médio e o terço dista l. Aquil es resultando em deformidade calcânea, transplante lateral
•Faça a incisão na fásc ia profunda e identifique o flexor do tendão res ultando em deformidade em valgo e a soltura do
longo dos dedos e retra ia-o posteriormente. tendão transferido na interface do tendão-osso. Antes da cirurgia,
•Identifique a junção miotend inosa do tibial posterior, é essencial gara ntir que a deformidade seja flexível e identificar que
colocando uma pinça hemostática sob ela e observando o tendão correto será transferido. A transferência isolada de um
sua ação ao inverter o pé sem flexionar os dedos. tendão não é suficiente para corr igir uma deformid ade ríg ida.
•Passe a pin ça ao redor da porção tendinosa da junção A hemitransferência do tendão não apenas melhora a função ativa
para isolá-la do múscu lo ao redor, protegendo o feixe do múscu lo durante a marcha, mas também exerce o "efeito teno-
neurovascu lar. dese", equilib rando as forças anormais ao longo do pé.
•I ncise a parte tend inosa da un idade miotendínea do tibia l
posterior, deixa ndo suas fibra s musculares intactas (Fig. HEMITRANSFERÊNCIA DO
33-30A)
•M an ipule o pé para uma posi ção hipercorrigida (Fig.
TENDÃO TIBIAL POSTERIOR
33-30 8). Kling, Kaufer e Hensinger relataram 37 hem itransferências
•Feche a ferida e apli que um gesso curto para marcha. do tendão t ibia l posterior em 30 crianças com pa ralisia
CAPÍTULO 33 PARALISIA CEREBRAL "1m
•Disseque a porção plantar do tendão tibial posterior a
partir de sua inserção no navicular, preservando o máximo
possível do comprimento para transferência.
•Posicione essa parte do tendão pa ra o aspecto proximal
da ferida e coloque uma sutura não absorvível na extre-
midade livre do tendão.
•Faça uma segunda incisão sobre a lateral do tornozelo, a
2 cm do maléolo lateral, e estenda-a para a inserção do
tendão fibular curto na base do quinto metatarso.
•Abra a bainha do tendão fibular curto.
•Através da incisão medial, crie um túnel posterior à tíbia
e anterior ao feixe neurovascular, lateralm ente direcio-
nado para a fíbula.
• Passe a extrem idade livre do tendão através do túnel,
garantindo que o tendão transferido esteja posteriormente
loca lizado em relação à tíbia e à fíbula e anteriormente
localizado em relação ao feixe neurovascular e aos tendões
dos flexores dos artelhos, para evitar a compressão neuro-
vascu lar e tendinosa durante a contra ção do músculo.
•Entrelace a extremidade do tendão através do tendão
fibular curto e suture-a ao tendão.
• Ajuste a tensão sobre o tendão transferido para que o retropé
esteja neutro com o tornozelo em dorsiflexão neutra.
•Se o tendão de Aquiles for alongado com uma Z-plastia,
faça a sutura neste momento.
• Feche as feridas como de rotina e aplique um gesso longo
com o joelho levemente flexionado e o pé em posição neutra.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO A sustentação do peso é


iâ!§l@)BIJI Kaufer, hemitransferência do tendão tibial pos-
permitida imediatamente. O gesso longo deverá ser utili-
terior para deformidade em varo. A, Pé na posição em varo. B, O
zado por 6 semanas e, em seguida, um curto será utilizado
tendão tibial posterior é dividido, uma metade é solta distal mente
durante 2 semanas. Uma órtese suropodá lica será prescrita
e os tendões dos fle xo res dos artelhos e o fei xe neurovascular são
apenas se o paciente apresentar função do músculo tibial
posteriormente retraídos. C e D, A metade solta do tendão é
anterior fraca ou ausente antes da cirurgia.
passada de medial para lateral, atrás da tíbia, e suturada ao tendão
fibular curto próximo à sua inserção. VEJA A TÉCNICA 33-18.

HEMITRANSFERÊNCIA DO
TENDÃO TIBIAL ANTERIOR
Hoffer et. ai. relataram um acompanhamento de 1O anos
cerebral. Em um acompanhamento médio de 8 anos, houve com 21 pacientes submetidos à hemitransferência do
resultados classificados em excelente (30), bom (4) e ruim tendão tibia l anterior. Dezenove dos 21 pacientes eram
(3). Os resultados não pioraram com o tempo e a maioria deambuladores comunitários com melhora da marcha sem
dos pacientes pode se locomover sem órteses . o uso de órteses. Barnes e Herring combinaram o alonga-
mento intramuscular do tibial posterior e o alongamento
TÉCNICA do tendão de Aqu iles com a hemitransferência do tendão
tibial anterior com resultados bons ou excelentes em 18 de
(KLING, KAUFER, HENSINGER) 20 crianças. Os resultados ruin s vieram de pacientes com
deformidades fixas no retropé e tendões tibiais anteriores
•Inicie a primeira das duas incisões 5 cm proxim al e mediai- que já eram fracos antes da cirurgia . Hui et ai. relataram
mente ao maléolo medial e estenda-a distalmente com a que para uma hemitransferência , o loca l ideal da inserção,
extremidade sobre o navicular. biomecanicamente, é o quarto metatarso e, para transfe-
•Identifique o múscu lo e o tendão tibial posterior e o tendão rência total do tendão, é o terceiro metatarso.
de Aquiles, o qual poderá ser alongado, se necessário.

-"'-----~
•Identifique e proteja o feixe neurovascular durante todo TÉCNICA
o procedimento.
•Abra o aspecto anterior da bainha do tendão tibial pos- (HOFFER ET AL.)
terior a partir do navicular até a junção miotendinosa,
preservando o túnel posterior para evitar o deslocamento •Três incisões são utilizadas para a hemitransferência do
do tendão. tendão tibial anterior. )
_, PARTE X DOENÇAS DO SISTE MA NERVOSO EM CRIANÇAS

• Com o paciente em decúbito dorsal, faça a primeira


)
incisão mediaimente sobre a inserção tibial anterior no
OSTEOTEMIA DO CALCÂNEO

EEll~~~~--~
cuneiforme medial e no primeiro metatarso.
•Identifique o tendão tibia l anterior, protegendo a artéria
TÉCNICA
pediosa, e divida o tendão com uma fita umbilical (Fi g. (DWYER)
33-32 8).
•Faça uma seg unda incisão sobre o aspecto anterior da •Expon ha o aspecto latera l do pé através de uma incisão
perna na junção miotendinosa e identifique o tendão curvada paralela e a cerca de 1 cm posterior e inferior-
t ibial anterior; passe a fita umbilica l pela segunda incisão mente ao tendão fibular longo (Fig. 33-33A).
(Fig. 33-32C). •Retraia a extremidade superior da lesão até que a bainha
• Identifique a metade latera l do tendão, solte-a de sua do tendão fibular longo esteja exposta .
inserção e prenda-a dando um ponto (Fi g. 33-320), pre- • Corte o periósteo das superfícies superior, latera l e infe-
servando o máximo de comprimento possíve l. Em seguida, rior do ca lcâneo posterior a esse tendão.
passe-a para a segunda incisão. •Remova uma cunha óssea do calcâneo logo inferior e
•Faça a tercei ra incisão no pé sobre o aspecto dorsal do posterior ao tendão e em para lelo a ele (Fi g. 33 -338) .
cuboide. Passe a metade lat eral do tendão subcutanea- Faça a cunha com uma largura de 8 a 12 mm, conforme
mente para a terceira incisão e feche as duas primeiras necessário para a correção da deformidade, e afine a
(Fig. 33-32E) cun ha mediaimente em direção ao córtex medial do cal-
•Faça um furo no cuboide, preservando um teto ósseo. câneo, sem rompê-lo (Fi g. 33 -33C).
Passe a porção lateral do tendão pelo furo e suture-a em •Rompa manualmente o córtex media l e feche o espaço
si mesmo com sutura não absorvível, com o tornozelo em restante no osso. Traga as superfícies ósseas bem juntas
leve dorsiflexão e eversão do retropé . ao pressionar o pé em dorsiflexão contra o empuxo do
• Se esse procedimento for combinado com o alongamento tendão de Aquiles (Fig. 33-33 0 ) Falha ao fecha r esse
do tendão de Aqu iles ou do tend ão tibial posterior, estes espaço no ca lcâneo indica que um pequeno pedaço de
deverão ser realizados antes da transferência do tendão osso foi deixado para trás no vértice da cunha e esse
tibial anterior. deverá ser removido. Garanta que a deform idade em varo
• Segu re cuidadosamente o pé na posição correta durante foi corrigida e que o ca lca nhar está na posição neutra ou
o f echamento da ferida e na apl icação do gesso curto levemente em varo. Feche a ferida e apli que um gesso a
(Fig. 33-32F). partir dos dedos do pé até a t uberosidade tibial.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Um gesso curto é util i- CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Assim que a cicatrização
zado durante 6 semanas e a sustentação de peso é per- do tecido mole estiver garantida o paciente pode andar. A
mitida imed iatamente. Uma órtese de pé-tornozelo é imobilização com gesso deverá continuar até que a osteoto-
utilizada por 6 meses para evitar reincidências. mia esteja consolidada, geralmente não mais que 8 semanas.

• OSTEOTOMIA DO CALCÂNEO • DEFORMIDADE EM EQUINOVALGO


Quando o calcanhar estiver fixo em varo, um procedimento de cor- Deformidades em equinovalgo são comuns nos pés de crianças com
reção no osso é necessário, comb inado com um procedimento de diplegia e tetraplegia, as quais, ao contrário das em equinovaro, rara-
partes moles para equilíbri o muscul a r. A osteotomia do calcân eo mente causam dores ou disfunção na marcha. A espasticidade do
defe ndida por Dwyer corrige o varo do calcanhar e, ao contrário d a músculo gastrocnêmio-sóleo geralmente vem acompanhada por
artrodese tríplice, não prejudica a mob ilidade nas articulações sub - função exacerbada dos músculos ti.bulares ou por fraqueza dos inver-
talar o u mediotársica. sores do pé ou ambas. O gastrocnêmio-sóleo age como a força primária
Bons res ultados a longo prazo têm sido relatad os após uma de deformação. O tendão de Aquiles contratmado age como uma corda
osteotom ia do calcâneo de Dwyer modificada (S ilver et ai.) (F ig. de arco, evitando a dorsiflexão do tornozelo. Essa dorsiflexão, obser-
33-33) . O paciente precisa ter pelo menos 3 anos d e idade para vada duran te a marcha, ocorre nas articulações mediotársicas, provo-
reali za r essa os teotomia. A artrodese tríplice é reco m endada em cando eversão do calcâneo e removendo o sustentáculo do tálus de sua
crianças a partir de 9 anos. posição normal de suporte, por baixo do tálus. Isso, junto com a
Osteotomias em cunha de abertura do calcân eo não são reco- abdução da articulação m ediotársica, faz com que o tálus movimente-se
mendadas. A pele latera l e medi al ao osso possui apenas um a para uma posição mais medi al e verticaL A deformidade em rotação
pequ ena mobilidade e as cunhas de abertura colocam tensão na externa da tíbia, a qual é com um nos pacientes com diplegia e tetraple-
linha de sutu ra e tendem a causar necroses in cisionais de pele. Os gia, também possui um papel nesta deformidade. Essa posição talar
nervos calcâneos mediais também podem ser estirados po r uma alterada pode causar dores com a sustentação de peso e a formação de
osteotomia em cunha d e abertura realizada na face m edial, o que calo sobre a cabeça do tálus descoberta. Por esse motivo, o alongamento
causa neurom as dolorosos. Por isso, uma osteotomia de ressecção do gastrocnêmio-sóleo deverá acompanhar qualquer procedimento
em cunha d e fec hamento do calcâneo é reco me ndada. Para defor- que tenha como intenção corrigir urna deformidade em equinovalgo.
midades em varo, a incisão é lateral e a base da cunha do osso A maioria dos pacientes pode se r tratada d e forma conserva-
removido é lateral. dora , com m o dificações no tipo de ca lçado ou uma órtese para
CAPÍTULO 33 PARALISIA CEREBRAL CDm

li(êjl!ihi!!19 Transferência do tendão tibial anterior. A, Aparência do pé antes da cirurgia; observe a sup inação flexível do antepé.
B, A metade lateral do tendão tibial anterior é solta da inserção, com o cu idado de ressecá-la o mais distalmente possível para maxi-
mizar o comprimento do enxerto. C, O tendão tibial anterior é identificado no compartimento anterior e o enxerto é trazido para a
incisão anterior. D, O tendão é preso com uma sutura não absorvível. E, A porção lateral do tendão é passada subcutaneamente para
a terceira incisão, na borda lateral do pé. F, A posição corrigida do pé após a cirurgia; observe a melhora da posição do antepé e a
posição do tendão transferido. VEJA A TÉCNICA 33-19.
lllm> PARTE X DOENÇAS DO SISTE MA NERVOSO EM CRIANÇAS

Linhas de
osteotom ia

A B Osteótomos

e
H@i!;z.!E!EI Osteot omi a do calcâneo em cunha de f echamento de Dwyver para calca nhar em varo . A, A incisão de pe le lateral é
feita abai xo e paralelamente aos ten dões fib ul ares. B, A cunha do osso é ressecad a com a sua base lat eralmente. C, A cu nh a do osso
é media imente afi nada. D, O calcâneo é fechado após o osso ter sido removido e a deform idade em varo é corrig ida para um va lgo
leve . VEJA A TÉCNICA 33-20.

ajudar a co ntrolar a eve rsão do retropé. A cirurgia é indicada para maior. Urna osteo torni a em cunha de fechamento do cun eifor me
os pacientes nos quais o tratamento conservador não teve efeito ou médio e medial pode ser adicionada para corrigir ainda mais a
nos que poss uem defo rmidades significativas dolorosas ou que abdução do antepé e a sup inação.
limitem a fun ção. Somente procedi mentos de tecido mole, como o Mosca revisou essa experiência com o alongamento da coluna
alongam ento ou a transferência de tendões fib ulares, geralmente são lateral em 31 pés de 20 crianças com graves deformidades em valgo no
insuficientes para corrigir essa deformidade. Perry e Hoffer transfe- retropé, que não obtiveram sucesso com tratamentos conservadores.
riram o tendão fib ular longo ou curto para o tendão tibial posterior, Resultados satisfatórios foram obtidos em 29 dos 31 pés, com boa pre-
caso um deles ou ambos estivessem ativos apenas durante a fase de servação do movimento subtalar. Essa técnica é descrita no Capítulo 82.
apoio. A artrodese com gram po da articulação subtalar caiu em
desuso por causa dos resultados imprev isíveis e urna taxa de fracasso
de aproximadamente 50%. A osteo tomia do calcâneo, que consiste OSTEOTOMIA DO CALCÂNEO
no alongamento da coluna latera l, confo rme descrito por Evans e
depois por Mosca, é eficaz no tratamento de deformid ades leves a
COM DESLOCAMENTO MEDIAL
moderadas e é mais efic iente para norm alizar pressões de contato Para deformi dades mais graves, uma osteotomia transla-
do pé do que a artrodese subtalar. Demonstrou-se que radiografias ciona l do ca lcâ neo pode ser uti liza da. Koman et ai. rela-
pré-operatórias em perfil com apoio qu e possuam um ângulo talo- ta ram excelentes resu ltados em 17 de 18 pacientes, com
calcâneo abaixo de 35 graus, um ângulo de talo-primeiro me tatarso uma méd ia de 42 meses após a osteotomia do ca lcâneo
com menos de 25 graus e um calcâneo-solo acima de 5 graus estão com deslocamento medial para corrig ir o retropé em va lgo.
associadas a bons resultados. A subluxação pós-operatória da arti- Um procedi mento comb inado de osteot omia com deslo-
culação calcâneo-cub oide é com um após o alongamento da coluna ca mento medial, osteotom ia do cuboide em cunha de
lateral; no entanto, a estabilização da articulação calcâneo-cuboide abert ura e osteot omia pronadora de fl exão plant ar do
no momento da correção não tem red uzido a sua incidência ou cuneiforme medial t ambém mostrou um bom restaura-
magnitude. Esse processo é mais eficaz em crianças deambuladoras, mento da posição do pé.
enquanto as não dearnbuladoras poss uem urn a taxa de reincidência
CAPÍTULO 33 PARALISIA CEREBRAL

A B

O@ii;Ml!m Dennyson e Fulford, técnica da artrodese subta-


lar extra-articular utilizando parafuso e fragmentos ósseos espon-
josos. A, Incisão na pele e área curetada do osso na lateral do
tálus e do calcâneo. B, Posicionamento dos fragmentos ósseos da
crista ilíaca na lateral do tálus e do calcâneo após o parafuso ter
A B
sido inserido através da articulação subtalar com o calcanhar na
posição corrigida. VEJA A TÉCNICA 33-22.
H!§lht!imlJ Deslocamento medial do calcâneo para retropé
em valgo. A, Osteotomia transversal do calcâneo. B, Fixação com
fio de Kirschner após o fragmento distal ter sido deslocado ARTRODESE SUBTALAR
mediaimente para colocar o calcâneo na linha de carga da tíbia.
VEJA A TÉCNICA 33-21. A artrodese também tem sido utilizada no tratamento de
pés calcaneovalgos, sendo que o procedimento clássico é a
artrodese subtalar extra-articular de Grice. Deve notar-se
~ que, embora o alinhamento do retropé melhore, ela não
TÉCNICA
-----~~~~~~~--~ trata a supinação residual do antepé e o tornozelo equino.
(KOMAN ET AL.) Por causa da alta taxa de fa lhas com enxerto e pseudartrose
com a técnica inicial, foram propostas diversas modificações.
•Coloque o paciente em decúbito dorsal e ap lique um Tais modificações tiveram como objetivo melhorar a reten-
torniquete na metade da coxa. ção do ca lcâneo sob o tálus, com fixação interna e diminui-
•Exponha a superfície latera l do ca lcâneo através de uma ção das taxas de pseudartrose. De acordo com Hadley et ai ,
incisão que comece próximo da tuberosidade lateral do foram observados bons resultados em 70% dos pacientes
tendão de Aquiles e que se estenda distalmente, inferior submetidos à a artrodese extra-articular modificada por Den-
e paralelamente ao nervo sural. nyson-Fulford em um período médio de acompanhamento
•Por dissecção romba, exponha a superfície lateral do cal- de 5,6 anos . A taxa de pseudoartrose ficou em 6,4%. Alter-
câneo, refletindo os tendões fibulares e o nervo sura l nativamente, a artrodese tibiotalocalcaneana é um procedi-
superiormente. mento de sa lvamento relatado em pequenas séries de
•Utilizando a superfície plantar do pé como guia, coloque pacientes com graves deformidades ca lcaneova lgas.
um fio de Kirschner ao longo da lateral do calcâneo e,
com uma imagem fluoroscópica, determine o posiciona-
mento adequado da osteotom ia. Ele não deverá se esten-
der para a articulação subtalar ou ca lcaneacubóidea. (GRICE, MODIFICADA POR DENNYSON E FULFORD)
•Faça a osteotomia transversa l e paralelamente à sola do
pé, apenas posterior à articulação subta lar, e direcione-a •Faça uma incisão oblíqua na pele ao longo do seio do
na direção plantar, para a origem da fáscia plantar do tarso, começando anteriormente, no meio do tornozelo,
ca lcâneo (Fig. 33-34A). Ao realizar a osteotomia, proteja e seguindo lateralmente em direção aos tendões fibulares
o tendão de Aquiles superiormente e os músculos, nervos (Fig. 33-35A).
e vasos plantares inferiormente. Não penetre no periósteo •Faça um retalho cutâneo espesso incluindo a gordura
medial. subcutânea e a origem do músculo extensor curto dos
•Ao completar a osteotomia, deslize o fragmento inferior dedos.
mediaimente para alinhar o ca lcâneo com a tíbia . •Com uma dissecção cortante, excise a gordura do seio do
•Insira um fio de Kirschner rosqueado direcionado para tarso para baixo, até o osso, de maneira proximal e distal.
baixo e mediaimente, através dos dois fragmentos do • Usando uma goiva ou um escarificador, remova o osso
calcâneo (Fig. 33-348). cortica l do ápice do seio do tarso para expor o osso espon-
•Feche a ferida com drenagem da sucção e aplique um joso no colo talar e a superfície superior do calcâneo. Não
gesso curto. remova o osso cortical da parte exterior do seio do tarso,
onde um parafuso de transfixação deverá passar.
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O gesso será substitu - •Exponha dorsalmente a pequena depressão bem atrás do
ído em 4 semanas e o fio será removido. Um novo gesso colo do tálus através de uma pequena incisão separada
será colocado e a sustentação de peso progredirá ao na pele e por dissecção romba entre o feixe neurovascular
longo das próximas 4 semanas. e os tendões do extensor longo dos dedos.
lllll!lD PARTE X DOENÇAS DO SISTEMA NERVOSO EM CRIANÇAS

•Segure o ca lcâ neo na posição corrigida e passe um per-


)
furador posteriormente, inferior e li geiramente na lateral,
para que ele passe através do osso cortica l do tálus acima,
abaixo e através do osso cortical do calcâneo, acim a e
inferolateralmente. Utilize esse perfurador para determi-
nar o comprimento desejado do parafuso necessário para
a fixa çã o e insira o parafuso no furo.
•Alternativamente, um parafuso canu lado pode ser colo-
cado com auxílio da fluoroscopia (Fig . 33-35B).
•Remova os fragmentos do osso esponjoso da crista ilíaca
e introdu za-os no seio do tarso e sobre o osso que foi
desnudado no tálu s e no calcâneo.
•Reposicione o extensor curto dos dedos e feche a pele.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Um gesso cu rto é apli-


cado com acolchoamento e moldagem em torno do cal-
canhar feitos de forma cuidadosa. Esse gesso será utilizado
durante 6 a 8 semanas com o paciente sem apoiar o
membro. Ele será substituído por um gesso para marcha
e, gradualmente, a sustentação de peso será iniciada.

A artrodese tríplice também tem sido utili zada no tratamen to


de deformidades de pés em equinovalgo. A adição de um alonga- 'i@il;füm?ll A, Vista anteroposterior do tornozelo (com o
mento de coluna lateral, conforme proposto por Horton, permite paciente em pé) mostra deformidade em valgo da articulação do
um a correção melhor da defo rmidade do pé plano, enquanto oferece tornozelo. B, Alin hamento de tornozelo obtido através da oste-
um bom alívio da dor. Após a maturidade esqu elética, todas as otomia supramaleolar.
deformidad es restantes no torn ozelo, retropé e mediopé podem se r
corrigidas por uma artrodese tríplice, co m ressecções em cunha osteotomia do ca lcâneo em crescente pa ra alongar o pé e
apropriadas (Capí tulo 34). Antes de reali za r um a artrodese trípli ce elevar a base do ca lcanhar.
em um a criança com paralisia cerebral, o cirurgião deverá se mpre
obter radiografias anteroposteriores do tornozelo co m apoio. O qu e, ~
TÉCNICA
muitas vezes, parece ser um valgo do calcanhar pode ser um va lgo ~-------~
da pinça do tornozelo, o qual deve ser corrigido por uma osteo tomia (SAMILSON)
supramaleolar para realinham ento do tornozelo, em vez da criação
de uma deformidade compensatória secundária na articulação sub - •Infle um torniquete no meio da coxa e faça a incisão da
talar (Fig. 33-36). Qualquer torção tibial externa deverá ser reconh e- pele lateralmente sobre o calcâneo, posteriormente à arti-
cida antes de um a ar trod ese tríplice, pois se a articulação do cu lação subtalar, abrangendo a tuberosidade posterior do
tornozelo estiver externamente girada, o pé ainda aparentará estar ca lcâneo. Os tendões fibulares deverão ficar anteriorm ente
em va lgo e abdução após a artrodese tríplice. à incisão, a qual deverá estar em para lelo com eles.
•Exponh a a lateral do ca lcâneo, proteja os tendões fibul a-
• DEFORMIDADE EM CALCÂNEO res e rea lize uma fasciotomia plantar a partir da superfície
A deformidade isolada em calcâneo é rara em pacientes com paralisia lateral do pé.
ce rebral e, ge ralmente, está assoc iada à defo rmidade em calcaneo- •Faça uma osteotomia em crescente no ca lcâneo com uma
valgo. Ela é, com maior frequ ência, causada pelo excesso de alonga- lâmina de serra ou osteótomo curvos (Fig . 33-37A).
mento ou alongamentos repetidos no tendão de Aquiles. Pode se •Libere a tuberosidade posterior do ca lcâneo e transfira-a
desenvolver como uma defo rmidade primária qu ando os dorsiflexo- proximal e posteriormente na linha da osteotomia para
res do pé são espásticos e o gastrocnêmio-sóleo é fraco. Essa condição corrigir a deformidade ca lcaneocavo (Fig . 33-37B).
tende a ser progressiva e não responde a tratamentos com órtese. Uma •Prenda os fragmentos com um fio de Kirschner ou grampo
variedade de transferências de tecidos moles tem sido proposta para e aplique um gesso curto.
ajudar a corrigir a deformidade, incluindo a transferênc ia do tendão
tibial anterior ou dos fibulares para o calcâneo, co m sucesso limitado. CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O gesso e o grampo ou
O melhor tratamento desta condição é a prevenção do alongamento o fio de Kirschner são removidos 6 semanas após a cirur-
excessivo ou da den ervação do complexo gastrocnêmio-sóleo. gia e a sustentação total de peso é permitida.

OSTEOTOMIA DO CALCÂNEO
EM CRESCENTE • DEFORMIDADE EM CAVO
A defo rmidade em cavo é rara em crian ças com paralisia cerebral e
Ocasionalmente, o pé calcâneo localiza-se apenas no
geralmente é causada pelo desequilíbrio entre a musculatura extrín-
retropé e é acompanhado por uma deformidade em cavo
seca e intrínseca do pé. Em sua revisão com 33 crianças, nas quais
no mediopé . Para esses casos, Samilson recomendou um a
foram feitas 38 osteotom ias para deformidade em cavo, Dekel e
CAPÍTULO 33 PARALISIA CEREBRAL

causam pron ação do pé, forçando a primeira arti culação m etata rso-
falangeana a fi ca r em abdução e criando um a d efo rmidade em hálux
valgo. O tendão extensor d os hálux pode sofrer subluxação no pri-
m eiro espaço e tornar-se um abdutor do hálux, o que res ulta em
m ais deformidade.
Quaisqu er outras d eformidades subj acentes, corno calcanhar
valgo ou rotação externa da tíbia, d everão se r corrigidas antes da
correção c irúrgica do hálux valgo. Se as deformidades causadoras
não forem corrigidas, a reincidência é quase certa, especialmente se
a fusão da primeira articulação metatarsofalangeana não for reali-
zada. Proced im entos isolados d e tecidos moles para o hálux valgo
e m pacientes co m paralisia cerebral, em virtude de forças muscula-
O@l!;Mmia Técnica de Samilson de osteotomia crescente do res alterad as, raramente são bem -sucedid os e apresentam alta taxa
calcâneo. A, Linha da osteotomia . B, Deslocamento posterossupe- de reincidência. Dessa forma, a fusão da primeira articulação meta-
rior do fragmento posterior do calcâneo . VEJA A TÉCNICA 33-23. tarsofalangeana é recomendada.
Foi constatado que a fusão da primeira a rti cul ação metatarso-
fa langea na proporciona melhor resultad o geral, com ganhos funcio-
Weissman relataram que apenas uma criança (do is pés) tinha paralisia nai s e co rreção anatômica da deformid ade se ndo mantidos. O s
cerebral. A deformidade em cavo pode ocorrer por causa da deformi - procedimentos cirúrgicos para a correção d e hálux valgo são discu-
d ade do retropé, na qual o calcâ.neo se enco ntra numa posição dorsi- tidos no Capítulo 81.
flexionada, ou por causa da deformidade do mediopé, na qual a
angulação do pé ocorre neste nível. Apenas o tratamento conservad or • DEDOS EM GARRA
raramente é bem-sucedido nessas condições. O antepé em cavo Os ded os em ga rra são co muns em ad o lescentes e adultos com
m oderado pode responder à liberação d a fásc ia plantar mais o gesso; paralisia cereb ra l, a mai oria exija ap enas o bservação e modifi cações
no entanto, a maioria dessas deformidades exige osteotomias, como no uso de calçados, como os de caixa a lta. O tratamento cirúrgico é
descrito no Capítulo 35. Deformid ades graves em cavo podem ser recomendado caso essa deform idade torne-se dolorosa, interfira no
tratadas através da artrodese tríplice. É necessário garantir que o uso de calçados ou n a capacidade d e anda r do paciente. Embora
paciente não tenha o tornozelo em valgo ou uma deformidade tibial tenha sid o recomendada neurecto mia do nervo plantar lateral, pre-
externa signifi cati vos antes de realizar a artrodese tríplice. ferimos tratar os dedos em garra com ca psul otomias da articulação
metatarsofa langea na e tenotomia dos extensores longos dos dedos,
• DEFORMIDADE EM ADUÇÃO DO ANTEPÉ com ressecções da articulação interfalangea na proximal ou artrode-
A d efo rmid ade em adução do antepé pod e ocorrer em pacientes ses por meio d a fixação com fio de Kirschner até que a fu são óssea
com paralis ia cerebral como uma deformidade isolada ou asso- ocorra . Os procedimentos cirúrgicos para dedos em garra são dis-
ciada a outras d eformidades, como p é torto reco rrente ou co rri - cutidos no Capítulo 86.
g ido d e forma incompleta. Em pacientes co m co ntratura iso lada
do ab dutor do hálux, o tendão tenso gera lm ente pode ser apalp ado
quando o hálux do p é é aduzido. Pac ientes com espas ticidad e OBLIQUIDADE PÉLVICO-ESPINHAL
iso lad a d o abd utor do hálux possuem um antepé passivamente E ESCOLIOSE
corrigível, com o ca lcanha r e o tornozelo es tab ili zados. A injeção
de pro ca ín a n o mús culo abdutor do hálux pode ajudar a confirmar A combina ção da luxação do quadril , obliqu id ade pélvica e esco-
o diagnóstico. Bleck observou que algun s pacientes que reali zaram o liose é com um nos pacientes res trito s à ca d eira de rodas e que
alonga mento do músculo gastrocnêmio -sóleo aumentaram a espas- tenham paralisia ce rebral; essa combinação pode causar grand es
ti cid ad e do abdutor do hálux, em virtude d o padrão substituto d e dificu ldades, po r ca usa d as d o res, fa lta de eq uilíbrio ao sen tar e
ac ionam ento musc ular. indepe nd ênc ia geral d o paciente (Fig. 33-38). Nas crianças deam -
buladoras, a d eformid ad e da colun a e o d esequilíbrio podem fazer
1 CORREÇÃO DA ADUÇÃO DO ANTEPÉ FLEXÍVEL com que a tarefa se de m anter em p é seja difícil ou imposs ível. Nas
Se o antepé fo r passivamente corrigível, Bleck recomend a o resseca- cr ianças não deambu lad oras, a escoli ose pode resultar em áreas de
mento d e um segmento do músc ulo e d e seu te ndão. Ele relatou qu e, pressão ano rm ais na p ele e úlceras d e decúbito e, em casos graves,
em 18 pés tratados co m esse procedimen to, 16 não tiveram aumento comprometi m ento cardiop ulm on a r. A escoli ose nos pacientes com
n a defo rmid ade em adu ção e dois d ese nvolveram hálux va lgo. paralisia cereb ra l é diferente d a esco li ose idi opát ica d o adoles -
Em cri an ças mais velhas, a adução do antepé que interfere no ce n te, na qua l as cu rvas tend em a ser toraco lo mbares e lo ngas, em
uso de ca lçad os ou é dolorosa deve se r corrigida por meio de um a forma de C, co m o u sem associação d e ob liquidad e p élvica. O
os teoto mi a d os m etatarsos, realinhamento e fixação com fio de Kirs- tratame nto id ea l da escoli ose associada à luxação do quadril e
chn er, co nfo rm e descrito no Capítulo 29. A osteoto mia em cunha o bliquid ad e pélvica é co ntroverso.
d e abertura d a coluna m edial (cun eiform e m edi al) e a osteotomia A esco li ose afeta 7% dos pacientes d ea mbuladores e 35% do s
em cunha de fechamento da coluna lateral (cuboide) também têm pacie ntes não d eambuladores com paralisia cere bral. Madigan e
sido utili za das para tratar desta condição. Walla ce ver ifi ca ram que 64% d e 272 pacientes com paralisia cerebral
institucionali za dos tinham escoliose, com o tipo mais comum sendo
• DEFORMIDADE EM HÁLUX VALGO o da curva longa e suave em forma de C. Lonstein e Beck, em uma
A deformidade em hálux valgo nos pacientes co m paralisia cerebral revisão que englobou 500 crianças com paralisia cerebral, não
geralm ente está associada a outras deformidades, como pé em equi - encontraram nenhuma correlação en tre a freq uênci a d os quadris
novalgo, calca nh ar valgo e rotação externa d a tíbia. Essas condições luxad os, bilaterais ou unil aterais, e a obliquid ad e pélvica. Todos os
llllD PARTE X DOENÇAS DO SISTE MA NERVOSO EM CRIANÇAS

cadeira e na comuni cação, sendo norm almente tratada com modifi-


cações na cadeira de rodas, como a ad ição de suportes para o peito
ou reclinação do asse nto. Uma órtese mac ia também pode ser utili-
zada. A hiperlordose ocorre menos frequentemente e geralmen te está
associada a contraturas em flexão do qu ad ril ou a uma cifose torácica
rígida. O tratamento da deformidad e primári a geralmente melhora
ou corrige a hiperlordose.
O tratamento cirúrgico deverá se r co nsiderado nos pac ien-
tes em que a escoliose ou a obliquidade pélvica interferem nas
funções ge rai s, em vez d e ter como base a magnitud e abso luta d a
curva . O tratamento deve ser orientad o para a fun ção e relac io-
nado com a perda do equilíbrio ao se ntar, a obliquidade pélvica
e a prese nça de dor, em vez grau de curvat ura. Os obje tivos da
cirurgia são : evitar um a deformid ade maior, proporcio nar uma
colun a bem equilib rada nos planos coro nal e sagital e co rr igir
qualquer obli quid ade pélvica subjacente. As taxas de com plica-
ção após a cirurgia de escoliose em pac ientes com paralisia ce re-
OlijiJifüE!m A, Vista posteroanterior da co luna de um paciente bral são acentuadam ente sup eriores às de escoliose idiopáti ca do
com paralisia cerebra l tetraplégica espástica, com 73 graus de esco- adole scente e es tão relac ionadas frequ entemente com comorbi-
liose toracolombar e obliquidade pélvica . B, Vista latera l da coluna dad es, como aspiração, es tado nutricional ruim, comprometi-
do mesmo paciente mostra lordose lombar progressiva . Acred ita-se mento cardiopulm onar e aum ento do risco d e in fecção. A
que essa deformidade tenha contribuído para aumentar a pressão incidência de infecção profunda d a ferida após a cirurgia de
na pele e a dificuldade de sentar. (De McCarthy JJ, D'Andrea LP, Betz escoliose em pacientes co m para lisia ce rebral pode chega r a 10%.
RR, et ai: Scol iosis in t he child with cerebral palsy, J Am Acad Orthop Pacientes com deiscê ncia de ferida e m aiores curvas residua is,
Surg 14 367, 2006.) m aior co ntagem de células brancas d o sa ngue no pré-operatório
e fu são utilizando unidad es de hastes podem estar em maior
ri sco. A estabili zação cirúrgica gera lm ente co nsiste na in stru-
m entação posterior da coluna com fi xação segmentar através de
graus de obliquidade pélvica foram encontrados em crianças nas parafusos, ga nchos o u fio s. O uso da fix ação com parafuso pedi -
quais ambos os quadri s estavam deslocados. A freq uência da luxação cul ar tornou-se mais co mum e pode diminuir a taxa de cirurgia
do quadril no mesmo lado da hemipelve elevada não apresentou anterior e posterior co mbinada, especialmente em pacientes co m
nenhuma correlação direta com o grau de obliquidade pélvica Eles curvas m enores e mai s fle xíveis. O uso de enxertos ósseos
também constataram que, em qu adris "em ventania': não havia cor- impregnados com a ntibi óticos pode diminuir a taxa de infecção
relação entre o lado para o qu al os quadris estavam desviados e a pós-o peratória, se ndo cada vez comum .
direção da obliquidade pélvica. Eles concl uíram que a patologia dos Embora a satisfação dos pais e cuidadores após a fu são espi-
quadris resu lta de um desequilíbrio muscular ao redo r do quadril e nhal em pacientes co m paralisia cereb ral permaneça elevada, é
que a obliquidade pélvica e a escoli ose estão relacionadas com um difíci l encontrar critérios objetivos qu e se correlacionem com isso.
desequilíbrio muscular do tron co e são independ entes da posição Uma avaliação de 50 pacientes com escoliose e paralisia cerebral
dos quadris. Paci entes com paralisia cerebral e escoliose, especial- tratados com a fusão espinhal posterior mostro u uma melhora esta-
mente os que possuem quadris em ventania, podem ter deformida- tisticamente significativa nas pontuações da qua lidade de vida rela-
des no plano transverso na própria pelve, o qu e pode causar ou cionada com a saúde (QVRS) no pós-operató rio. No entanto, ape nas
ag ravar a obliquidade pélvica. uma fraca correlação entre a magnitud e da correção da curva e as
A escoliose assoc iada à parali sia cerebral está relacio nad a pontuações da QVRS fo i encontrad a, e não fo i encontrada correla-
com a gravidade do comprometimento motor, co m 50% a 75% ção entre as compli cações e a extensão da fu são até a pelve. Outro
dos tetraplégicos afetados, em co mparação com men os d e 5% dos grande estudo com 84 pacientes revelo u que enquanto a melhora
hemiplégicos. Em compa ração com as curvas na escoliose idi o- fun cional no pós-operatório era limitada, a satisfação era alta, o
páti ca, as curvas em pac ientes co m paralisia cerebral tend em a que pode estar relacion ado com o eq uilíbri o ao sentar e a es téti ca
ocorrer em um a idade m ais jovem e ser mais progressivas, além corporal. Nes te estudo, fatores associados a um a satisfação menor
de norm almente demandarem um tratam ento cirúrgico. A orte- incluíram uma taxa de co mplicações m aior, maior ma gnitud e da
tização dem onstrou se r in efi caz na preve nção d a progressão de curva res idu al e hip erl o rdose, qu e pod e estar relacio nada com
escoliose, mas ocasionalmen te é utili zada para melh ora r o equi- um pior equilíbrio ge ral ao se nt ar. Est ud os mais aprofundados
líbrio ao sentar o u para retardar a cirurgia em pacientes não do s fatores qu e levam à sa tisfa ção do s pais e cuidadores após a
completamen te desenvolvidos, o qu e perm ite um desenvolvi- fu são espinhal em pacientes com paralisia cerebral são necessários.
m ento torác ico adic ional. Fatores de risco para a progressão da Cassidy et ai. compararam pacien tes co m paralisia ce rebral que
curva incluem grau de co mprom etimento motor, id ade, equilí- foram submetidos à fusão espinhal com pacientes que não fo ram e
brio ruim ao se se ntar, obliquid ade pélvica e curvas múltiplas. não encontraram diferenças significativas na dor, necess idade de
Curvas de m ais de 30 graus tend em a progredir, mesmo após a medicação ou terap ia pu lmonar, presença de úlceras de decúbito,
maturidade esquelética. fun ção do paciente ou tempo necessá rio para o cuidado di ár io. No
Pacientes co m paralisia cerebral tamb ém possuem anormalida- en tanto, subj etivam ente, a maioria dos profissionais de saúde ac re-
des no plano sagital. A hipercifose é a deformid ade mais co mum, dita que pacientes submetidos à fus ão se sen tem mais co nfortáve is.
especialmente em crianças jovens co m músculos extensores da coluna Tsirikos et al. relatara m que 96% dos pais e 84% dos cuidadores
fracos . Ela pode interferir significativamente no posicionamento na reco mendariam a cirurgia da coluna.
CAPÍTULO 33 PARALISIA CEREBRAL ~

EXTREMIDADE SUPERIOR COTOVELO


Muitos pacientes co m paralisia cerebral apresentam comprometi- Os doi s grupos de pac ientes qu e demonstram poder obter benefícios
mento das extremidades superiores, especialmente aqueles co m nos procedimentos ci rúrgicos no cotovelo são aqueles altamente
hemiplegia e tetraplegia. Embora a maioria dos pacientes com para- fun cionais, cuj a mão ap resenta capacidade funcional, e aqueles
lisia cerebral tenha comprometimento das extrem idades superi ores, se riamente co mprom etidos, com contraturas significativas, as quais
apenas aproximadamente 5% são candidatos à ci rurgia. Muitos provocam ruptura da pele da fossa an tec ubital. Ao soltar a contra-
pacientes podem se r tratados conservadoramente com fi sioterapia, tura em flexão do cotovelo, é importante evitar estender agudamente
imobilização e BTX-A. Isso pode estar relacionado co m o fato de todo o cotovelo, para que não haja lesão por alongamento na artéria
qu e o objetivo da cirurgia da ex tremidade superior, na mai oria dos braquial e no nervo medi ano, os quais também serão encurtados.
pacientes, é a m elhora da mobilidade funcion al, enqu anto na extre-
midade inferior, o objetivo é a estabilidade indolor, o que em um
paciente com paralisia cerebral é muito mais fácil de alcançar. Na LIBERAÇ~O DA CONTRATURA
paralisia cerebral, o distúrbio de movimento da extre mid ade sup e- EM FLEXAO DO COTOVELO
rior frequentemente está associado a déficits se nso ri ais, particu lar-
Mital et ai. relataram os resultados de 32 liberações anterio-
mente à propriocepção, estereognosia, barognose e toqu e leve e,
res do cotovelo, nas quais não houve lesões neurovasculares
raramente, há sensibilidade normal na mão afetada. Essa alte ração
nem reincidência da deformidade. As indicações para essa
da sensibilidade pode causar um a completa negligê ncia da extremi-
cirurgia são contratura fixa do cotovelo em 45 graus ou mais
dade afetada. As crianças que provavelmente se beneficiarão com a
ou uma atitude em flexão do cotovelo de 100 graus (1O
cirurgia da extremidade sup erior são aquelas altame nte fun cio nais
graus acima de um ângu lo reto) que interfira na capacidade
e que têm dificuldades na vida diária, corno vestir-se e higien ização,
de avançar, sendo o antebraço e a mão funcionais. Outros
ou que apresentam graves contraturas e deformidades, as quais
procedimentos que melhoram a supinação do antebraço e
resultaram em dor e lesões na pele. Outros fa tores preditivos posi-
a função da mão por meio da liberação da origem muscu lar
tivos para um bom resultado após a cirurgia na extremidade supe-
do extensor-pronad ora na cápsu la medial resultam em um
rior incluem alta moti vação, intel igência razoável, estabilidade
leve ganho também na flexão do cotovelo.

mm______.~
emocion al, ausência de negligência, bom control e voluntári o, força
e sensibilidade normal. Crianças com espasticidade grave, atetose e
TÉCNICA
negligência de membro ainda podem se beneficiar da cirurgia que
consiste em procedimentos de estabilização es táti ca da articulação, (MITAL ET AL.)
como a artrodese. Também é importante garanti r qu e a família tenh a
expectativas realistas em relação aos objetivos da ci rurgia na extre- •C om o paciente em decúbito dorsal e o braço totalmente
midade superior, de modo a evitar decepções co m o resultado. campeado e com ou sem um torniquete, acesse o espaço
Exames complementares, como es tudos de EMG cinéti ca, são úteis antecubital com uma incisão em forma de S suave ao
na avaliação da extremidade superior antes da cirurgia. longo da prega flexora. Se necessário, ligue as veias que
As deformidades mais comuns nas extremidades superiores passam pela região.
de pacientes com paralisia cerebra l são : posição/ fl exão dos dedos, •Disseq ue as partes moles e a fáscia profunda até o ventre
flexão ou adução do polega r, fle xão do punho, pronação do ante- muscular do bíceps proximalmente e siga o músculo dis-
braço, flexão do cotovelo e rotação interna e adu ção do ombro. A talm ente até o seu tendão e o /acertus fibrosus. Isole o
função das extremidades sup eriores consiste em posicionar a mão la certus fibrosuse resseque-o (Fig. 33-39A) .
no espaço para realizar uma at ividade específica . Se a mão é fun - •Identifique e proteja o nervo cutâneo lateral do antebraço
cional, procedimentos para corrigir essas defo rmidades podem se r conforme ele penetra na área entre o bíceps e o braquial,
úteis para melhorar a fun ção geral. Johnston e et ai. revi saram os latera lmente.
resultados da cirurgia em 84 membros de 64 pacientes com para- • Retraia o nervo lateralmente e, em seguida, flexione o coto-
lisia cerebral com acompanhamento médi o de 4 anos. Eles cons- velo parcialmente e solte o tendão do bíceps para baixo, na
tataram que houve uma melhora estatisticamente significativa na direção de sua inserção na tuberosidade do rádio proximal.
capacidade funcional, higiene e aparência em pacientes cuidado - • Divida o tendão do bíceps para reali za r um alongamento
samente selecionados. por Z-plastia (Fig. 33-398) . A superfície miofascial do bra-
quial pode ser vista por baixo dele. O nervo radial encontra-
se na latera l do músculo braquial, e a artéria braquial e o
OMBRO nervo mediano encontram-se na posição medial em rel ação
a ele. Identifique e proteja essas estruturas.
A contratura do ombro e a espasticidade dos músculos que o con- • Estenda o cotovelo ao máximo e faça uma incisão circun-
trolam geralmente não são sufi cientemente incapacitantes para jus- ferencial nas fibra s tendinosas aponeuróticas do músculo
tificar urna cirurgia. A adução e a rotação interna são as deformidades braquial, na sua extremidade distal, em um ou dois níveis
mais comuns. Quando a cirurgia é indicada, procedimentos úteis (Fig . 33-39C).
incluem aqueles semelhantes aos realizados para a paralisia braquial •Est enda o cotovelo ao máximo e, se necessário, realize
uma capsulotomia anterior do cotovelo. Deixe que o tor-
obstétrica e a osteotomia rotacional do úmero reali zado no nível do
niqu ete seja inflado e assegure a hemostasia.
tubérculo deltoide (Capítulo 34). O uso da liberação do peitoral
•Estenda o cotovelo e repare o tendão do bíceps dividido
maior isoladam ente e em co mbinação com a liberação do gra nd e
anteriormente (Fig . 33-39D).
dorsal para defo rmidades graves pode ser benéfi co em pacientes
•Garanta a integ rid ade do nervo medial e da artéria
com paralisia ce rebral grave, pois isso melhora a higiene axilar, o
braquial. )
banho e o vestir-se.
~ PARTE X DOEN ÇAS DO SISTE MA NERVOSO EM CRIANÇAS

O[fflh@E!ID Liberação da fle xão do cotovelo de acordo com Mital. A, A aponeurose bicipal
(lacertus fibrosus) é separada através de um a inc isão no espa ço antecub ita l. B, O tendão da
inserção do músculo do bíceps é a lon gado por meio de Z-p last ia. C, A fáscia cobrind o o músculo
braquial anteriormente é cortada em dois níveis. D, A Z-p lastia no tendão do bíceps é suturada
após o cotove lo ter sido estendido . VEJA A TÉCNICA 33-24.

• Feche somente o tecido subcutâneo e a pele e imobil ize socied ade. Esses avan ços são relati vam ente recentes e pouco se sabe
) sobre adultos com paralisia ce reb ral e os resultados a lo ngo prazo
o braço com um gesso bem acolchoado e com o cotovelo
este ndido ao máximo (mas sem ser mu ito forçado) e com d o tratam ento. Estudos d e base po pulac ion al têm mostrado que os
o antebraço tota lmente supinado. Biva lve o gesso. adultos com paralisia ce rebral po de m viver independentemente e
m anter um alto nível de fun ção. Strauss et al. avaliaram 904 adultos
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O braço é mantido ele- co m p aralisia cerebral e verifi caram qu e há um declínio acentuado
vado por 48 horas e o movimento dos dedos é incentivado. n a locomoção aos 60 a nos d e idade, co nsiderando que são indiví-
O gesso bivalvado será afrouxado caso ocorra inchaço. Após duos qu e têm boa mobilid ade qua ndo adultos jovens. Eles consta -
4 dias, o curativo será trocado e, após 5, exercícios de flexão taram que outras habilid ad es, co mo alim entação, fala e capacidade
e extensão sem o gesso serão inciados. Durante 6 semanas d e pedir refeiçõ es em público, estava m bem preservadas. Em seu
após a cirurgia, o gesso do braço será reposicionado quando estudo, 18% d as pessoas co m 60 a nos viviam de form a independente
o período de exercícios tiver sido finalizado. Exercícios de e 4 1% moravam em institui ções que prestam cuidados de saúde d e
pronação e supinação serão ad icionados 3 semanas após a alto nível. Os pesquisadores também d escobriram que as taxas d e
cirurgia . A imobil ização noturna continuará por 6 meses. sobrevivê ncia a lon go p razo eram mo d erad amente piores do qu e as
A extensão máxima do cotovelo geralmente é obtida entre da população em geral , espec ialm ente em pacientes não deambula-
3 e 5 meses após a cirurgia. dores. Em sua avaliação com 819 adultos com paralisia cerebral,
Mich elsen et ai. co nstataram qu e 33% d os pacientes (77% d os con-
trol es ) estudaram al ém d o ensin o m édio, 29% (82% dos controles )
estavam bem co locad os no me rcado de trabalho e 5% tinham
ANTEBRAÇO, PUNHO E MÃO
emprego c ri ad os espec ialm ente para eles. Eles verificaram qu e havia
Deformid ad es d o antebraço, punh o e m ão são d esc ritas no Capítulo um a taxa d e desem p rego ma is elevada em pacientes com o utras
72 na discussão da m ão em pacientes com paralisia cerebral. co mo rbid ades, com o co nvul sões, e nenhum impacto substan cial d a
gravidad e d o com pro metim en to m o to r na taxa d e emprego.
M uitos pacientes co m paralisia cerebral voltam a p recisar de
ADULTOS COM PARALISIA tratam entos ortopédicos na faixa de 30 a 40 anos, quando os m eca-
CEREBRAL nismos compensatóri os com os qu ais eles haviam contado antes
começam a falhar. Problem as ortopédicos comuns em adultos com
Em virtude d os grand es avanços nos cuidad os prestad os aos pacien - paralisia cerebral incluem a instabilidad e d o joelho, que resulta do
tes com paralisia ce rebral, um a geração d e crianças que, no passado, tornozelo em equino de lon ga data, d oença degenerativa do quadril,
poderia ser instituciona li zad a, ago ra es tá integ rad a à família e à deformidades do pé chato e escoliose. Com frequên cia, a osteopeni a
CAPÍTULO 33 PARALI SIA CEREBRAL cem
também é encontrada em adultos com paralisia cerebral, o que pode locomoção. Quando a rec up eração m áxim a motora for obtida e a
deixá-los predispostos a fraturas. Uma abordagem centrada no função da m archa se estabili zar, a órtese d efiniti va pode ser feita. Ela
paciente, semelhante à das crian ças, deve ser utilizada no tratamento deverá ser a mai s co nfortáve l, funcional e cosmeticamente aceitável
de um adulto co m para lisia ce rebral. Ne m todas as deformidades e que controle os defeitos da marcha.
necess itam d e tratam ento e a atenção deverá se r vo ltada para as defor- Perry et al. contribuíram muito para a compreensão da neuro-
midad es que causam dores ou interferem na fun ção independente. fi siologia em indivídu os normais e em pacientes que sofreram um
Estudos de acompanhamento a longo prazo de pacientes adultos com acid ente vasc ular ce rebral. Eles listaram sete fontes neurológicas de
paralisia cerebral estão em andamento para que, no futuro, possamos m ovim ento. D uas são co mpon entes sofisticados de função normal
ter uma compreensão m eU10r do tratamento desses pacientes. (controle seletivo e co ntrole habitual ). C in co delas são forma s de
controle primiti vo, que normalmente são sublimadas em um fundo
preparató rio, mas em pacientes espásticos, são expressas como
ADULTOS COM ACIDENTE fontes ev id entes de movim ento (padrão d e locomoção, verti cali-
VASCULAR CEREBRAL dade, sin ergia do m embro, es tiramento rápid o, estiramento len to) .
O controle seletivo é a capacidade norm al de movimenta r um a
Muito foi escrito sobre a avali ação ortopédica e o tratamento de articul ação independentemente de o utra, d e contrair um músculo
pacientes qu e sofreram um ac idente vasc ular ce rebra l. Com a in ci- isolado ou de selecionar um a combinação d esejada de movim entos.
dê ncia destes acide ntes e a taxa de sobrevivência aumentando, essa O controle habitual é o d ese mpenho automático normal de um a
área es tá recebendo um a atenção considerável. habilidade apre nd id a, como o caminhar, e provavelmente surge a
partir dos gâng li os da base.
Os padrões de locomoção primitivos são movimentos em
EXTREMIDADE INFERIOR massa de flexão e exte nsão. O paciente pode iniciar ou terminar
os mov im entos, mas não pode modificá- los d e outra forma. Se o
Dos pacientes que so frem um ac idente vascu la r ce rebral, 65% a 75% joelho for es tendido, o to rn ozelo tamb ém se rá automaticam ente
recuperam fun ção suficiente em suas extremidades inferiores que flexionado plantar, e o quadril tamb é m se rá es tendido. O s movi-
perm item a march a. Isso ocorre porque a extre mid ade inferior não m entos opostos ocorrem na flexã o do joelh o. Esse m ov imento
d epende tanto da se nsação para o se u fun cio namento, ao con trári o voluntário é preservado após uma p erda de controle cortica l e
d a extremidad e super io r, e as atividades necessá ri as para ca minh ar presumivelmente é co ntro lado pelo m ese ncéfalo. O controle da
são funções motoras grossas, que são reforça d as por reflexos postu- verticalidade é um a fun ção vestibul ar e um mecanismo d e antigra-
rai s primitivos. A maioria dos pacientes com hemiparesia res idua l vidade. Quando o co rpo estiver ereto, os mú sc ulos extensores
precisa utilizar um supo rte externo e uma ó rtese para, pelo menos terão tôn us m aior d o que q uando o corpo es tiver em decúbito
inicialmente, caminhar independente. dorsa l. Além disso, ficar em pé cria um est ímulo mais intenso do
Os exe rcícios d e amplitud e de movi m ento da extremid ad e que fica r se ntado. Na extremidade supe rior, os músculos flexores
in fer ior e o posicionamento ortótico começam nas primeiras fases respond em d essa forma. A sinergia do membro primitiva é o resul -
d e rernperação, qu and o o objetivo prin c ipa l é a preven ção d e tado d e um re fl exo medul a r multissegm e ntar, unindo a ação dos
contraturas fixas . Esse tratamento estende-se desd e o período d e músc ul os exte nsores à p ostura do membro. Quando o joelh o for
rec up e ração motora e treino da m archa até quando o d éficit neu- estendido, o tônus d o só leo e do gas trocnêmio será bastante
rológico torn a-se es tac ioná ri o e uma ó rtese definitiva para aj udar aumentado, fa zendo com que ambo s os músculos fiquem muito
na locomoção é necessár ia. Na fase inicial, a pa ra lis ia geralme nte mais sensíveis ao a longame nto do qu a nd o o joelho é fl exio nado.
é fl ác ida e ocorrem deformidades como res ul tado d o mau posicio- Da m esma fo rma, o tô nu s nos mú sc ul os antagon istas p o de ser
namento. Exe rcíc ios pass ivos de amplitude d e movimento ajudam inibido. Essa ati vidade co n funde os resu ltados no teste d e Silfver-
a evitar padrõ es ind esejados de movimentos, o qu e, muitas vezes, skiõld utili za do para dife renciar a contratura do gastrocnêmio da
oco rre na fase d e recuperação. Deformidades e m equino devem contratura d o sóleo. O reflexo de estiramento rápido, carac teri zado
ser impedid as por m eio de imobilização adequada e exercícios por um a resposta cl ô ni ca famil iar, é provocado por uma explosão
frequentes de amp litud e d e m ovi m ento. Evitar deformidades na intermitente de ativid ad e musc ular. Ela é ini ciada por sensores d e
extremidade infer ior pode se r muito facilitado faze ndo com q ue o velocidade nos fusos mus cul ares. O reflexo do estiram ento lento é
paciente se leva nte e a nde assim qu e as suas con di ções médicas ca racte ri zado pela rigid ez, um termo clínico para a reação musc u-
pe rmitam. A es timul ação elétr ica p o de ser utili zada para aj ud a r a la r contínu a ao a longamento, o qual, frequ entemente, é m al inter-
manter a força, ma nter as articula ções m óve is e co mo uma ferra- pretado com o co ntratura. Quando o pac iente estiver an estes iado,
m enta edu cac ion al se nsório- m otora para a um e ntar a consciência os múscu los es tarão relaxados, e a d efo rmidade, que é causa d a
da se nsação das co ntra ções musrnlares. Na fase inicial, isso pode pelos se nso res d e mud ança de compr im e nto no fuso musc ul a r,
se r fe ito por m eio da es timula ção cutânea; e ma is ta rde, durante a d esaparece rá. Pad rões d e locomo ção primitivos e control e da ve r-
fase de recuperação, ele trod os podem ser co locado s diretam ente ticali dad e, a lé m da ativ id ade do reflexo de es tiramento, são espe -
em um nervo motor co m a estimulação co ntrol ada através de um cialmen te problemáticos para os pacientes que es tão se rernpera ndo
tra nsmisso r externam ente posicionado. de um acide n te vasc ul ar cerebral.
A recuperação motora geralmente ocorre durante os primeiros Além d e problemas motores, esses pacientes frequ entemente
3 a 4 m eses e a qualidade da marcha pode mudar dramaticam e nte têm a sensib ilid ade prejudicada . A propriocepção prejudicada é espe-
durante esse tempo. Para se tornar um deambulador funcion a l, o cialmente imp ortante, pois causa atraso ou hesitação em dar um a
paciente deverá obter um a melhora espontânea ad equada para per- resposta m oto ra vo luntária. A duração deste atraso indica o tempo
mitir o co ntrol e volu ntário do quadril e joelh o. !mobilizado res que leva para processar os sinais nervosos centrais e, se o atraso fo r
podem ser necessários para aj udar a atingir esse obje tivo; no enta nto, muito grande, o caminhar pode não ser um objetivo razoável.
muitos dos utilizados para estab ilizar o joelh o podem ser difíceis de Perry et a i. tamb ém ressa ltaram a impo rtância da aná lise visual
aplicar e m anusear e podem afetar negativa mente a capacidade d e da marcha e d e vários testes e m ortostatismo, incluindo apoio duplo
E!) PARTE X DOENÇAS DO SISTEMA NERVOSO EM CRIANÇAS

nos membros, apoio com um úni co membro hemiparético e flexão um AVC. A liberação do reto fe moral da patela por excisão de seu
do membro hem iparético; os res ultados da aná lise da marcha e segmento distal pode melhorar a flexão do joelho de 15 a 20 graus
destes testes determinam se o paciente pode ter expectativas para durante a fase de balanço.
voltar a andar e se é possível esperar que cirurgias ortopédicas
melhorem o resultado. Outras informações também são obtidas
com a EMG cinesiológica, e algumas decisões sobre a cirurgia não PÉ
podem ser tomadas sem essa aj ud a.
A cirurgia deverá ser adiada pelo menos nos 6 meses após o O pé torto equinovaro é a deformidade do pé mais comum em
acidente vascular cerebral. A maioria dos pacientes tem uma recu- pacientes que sofreram um AVC. Outras deformidades podem
peração espontânea rápida durante as primeiras 6 a 8 semanas. Eles ocorrer, como equin o sem varo, antepé em varo, pé caído, pé plano-
posteriormente forta lecem esses ganhos e apre nd em a viver com sua valgo e contratura em fl exão dos artelhos.
deficiência. Ocorrem progressos no controle do membro, mas eles
normalmente não se devem à cirurgia, e sim à terapia intensa. Por • PÉ EQUINO
volta de 6 a 9 meses após um acidente vascular cerebral, os pacientes O objetivo da cirurgia é corrigir o pé equ ino nas fases de balanço e
alcançarão a melhora espontânea máxima e perceberão a permanên- apoio intermediários, preservando a capacidade de elevação do cal-
cia de suas limitações residuais. Os resultados da cirurgia deverão canhar na fase de apoio terminal e permitindo um contato plano
ser explicados cuidadosamente, para evitar expectativas irreais do pé com o chão. Esse objetivo pode ser obtido por meio de uma
quanto aos resu ltados. A intervenção cirúrgica é indicada se houver hemissecção subcutânea trip la percutânea do tend ão de Aquiles.
possibilidade de melhorar a função ou a higiene ou diminuir a dor. O corte distal é feito mediaimente, proximal à inserção do tendão;
Ocasionalmente, ela poderá melhorar o aspecto estético, como no o próx.i mo é fe ito a 2,5 cm proximal ao primeiro, na metade lateral
caso de uma extrem idade gravemente deformada. Ela é feita, na do tendão; e o último é feito a 2,5 cm proximal ao segundo, na
maioria das vezes, nos tecidos moles, como as unidades miotendi- metade medial do tendão. Após a cirurgia, o pé é imobilizado com
nosas, e raramente nas estruturas ósseas. Embora se possa esperar gesso em leve equino, assim a marcha não estica excessivamente o
urna melhora em um déficit específico, a restauração da fun ção tendão. Os pacientes podem sustentar peso com o gesso durante 4
normal na extremidade é quase impossível. semanas an tes de ele ser retirado.

• PÉ TORTO EQUINOVARO
QUADRIL O pé torto equinovaro é comum em pacientes que sofreram AVC
cerebral, por causa da fraqueza dos dorsiflexores e eversores do pé
A marcha em tesoura secundária a uma espasticidade dos adutores ou da espasticidade dos se us antagon istas. O objetivo da cirurgia é
pode ser corrigida por maio da liberação de partes moles. Para proporcionar um pé plantígrado que possa ser ortetizado em um
determinar se os adutores do quadril são necessários para a flexão paciente não deambulador ou liberar um paciente deambulador
do quadril em um paciente, um bloqueio diagnóstico do nervo desse suporte. Na presença de ação moderada do músculo tibial
obturador é recomendado antes da cirurgia. Se o paciente for anterior sem a ajuda dos ex.tensores dos artelhos, a deformidade em
incapaz de anda r depois que o nervo obturador fo r bloqueado, a equino é cor rigida pelo reequilíbrio do pé para eliminar a deformi-
cirurgia não terá benefícios. Se o efeito do bloqueio do nervo for dade em varo. O tibial anterior e posterior, o sóleo, o extensor longo
prolongado, ele poderá ser repetido uma ou duas vezes e, ocasional- dos dedos e o extensor longo do hálux., independentemente de sua
mente, os resultados serão permanentes. ação na fase de balanço e na fase de apoio, também podem ser ativos
A li beração cirúrgica de uma contratura em flexão do quadril em outra fase e muitas vezes são continuamente ativos. Eles também
raramente é indicada em pacientes com AVC, por causa da diminui- podem ser inativos. Uma deformidade em varo na fase de apoio ou
ção da força de flexão do quadri l, a qual poderá tornar o paciente de balanço pode ser causada por qualquer destes músculos ou uma
incapaz de andar. Quando a EMG de marcha mostrar atividade combinação deles em estado anormal, ao contrário da deformidade
contínua dos flexores do quadril e dos isqui otibiais mediais, a libe- em varo em pacientes com paralisia cerebral. A unidade miotendí-
ração do iliopsoas e do adutor longo e a transferência dos isquioti- nea do tibial posterior raramente é a força deformadora em um
biais mediais para o fêmur poderão permiti r que o membro ass um a paciente que sofreu um AVC.
uma posição ereta.

CORRECÃO DO PÉ TORTO
JOELHO EQUINOVARO
Contraturas em flexão do joelho podem ser tratadas por cirurgia, Com base na experiência cirúrgica e nas técn icas de EMG
caso o paciente tenha força sufic iente no glúteo máximo e no qua- de marcha, Perry et ai. recomendaram a segu inte cirurgi a
dríceps para estender o quadr il quando os isquiotibiais são alonga- para corrigir a deformidade em equinovaro: três quartos
dos. Keenan et ai. relataram que 43% de 30 pacientes obtiveram do tendão tibial anterior são transferidos lateralmente para
capacidade de marcha após a liberação dos isquiotibiais e 17% reto - o terceiro cuneiforme, o tendão do flexor longo do hálux
maram a capacidade de transferência. Esses autores recomendam é transferido anteriormente para a mesma área , o tendão
cautela em pacientes com doença vasc ular periférica grave, em do fl exor longo dos dedos é liberado e o tendão t ibial
virtude do aumento do risco de complicações resultantes da má posterior não sofre intervenção (Fig. 33 -40). Melhora sig-
cicatrização da ferida e risco de lesão neurovascu lar. nificativa na autonomia do paciente, capacidade de marcha
A marcha do joelho rígido, causada pelo aumento da atividade independente e aumento da capacidade de usar calçados
do reto femora l durante a fase de balanço da marcha, pode causar normais têm sido relatados após esse procedimento.
dificuldades no desprendimento dos pés em pacientes que sofreram
CAPÍTULO 33 PARALISIA CEREBRAL Cf!JI
•Com o tornozelo na posição neutra e o pé ligeiramente
evertido, suture os dois tendões em si mesmos como
laços.
• O flexor longo dos dedos pode ser transferido em vez do
flexor longo do hálux, caso o flexor dos dedos esteja ativo
na fase de balanço da marcha.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Como o tendão de Aquiles


foi alongado, deve-se aplicar gesso no pé, posicionado
em uma lig eira flexão plantar. Em 6 semanas, o gesso será
retirado e o pé estará protegido com uma órtese rígida
Parte lateral de tornozelo durante um período adicional de 6 meses.
do tendão anterior Como os músculos de um paciente hemiplégico fazem
t1b1al anterior-""""'="""''""""' muita força ou não fazem força nenhuma, vários meses
são necessários para a cicatrização completa, sem o risco
de ceder sob tensão.

Resultados satisfatór ios têm sido relatados em hemiplégicos


adultos com equinovaro com o uso de um procedimento que con-
siste em um corte triplo para alongame nto do tendão de Aquiles,
alongamento aberto através de Z-plastia e sutura do tendão tibial
posterior proximal ao maléolo medial, transferência de metade do
tendão tibial anterior para o terceiro cuneiforme e divisão trans-
versal dos tendões do flexor longo e do curto dos dedos na base
O@il;@BII!) Técnica de Perry et ai. para correção da defor- de cada artelho.
midade em equinovaro em pacientes com AVC. Três quartos late-
rais do tendão tibial anterior e do tendão do flexor longo do • PÉ VARO
hálux são transferidos para o terceiro cuneiforme. O flexor longo Em geral, o músculo tibial anterior constitui a força de deformação
dos dedos é liberado (ver texto). VEJA A TÉCNICA 33-25. em um paciente com ante pé varo. A hemitransferência do tendão
tibial ante rior (Técnica 33- 19) é o procedimento de escolha para
essa cond ição, desde que não haja a presença de varo fixo no
retropé. O gesso curto que possibilite andar será utilizado por 6
semanas. Uma órtese suropodálica é usad a quando o paciente anda
TÉCNICA para proteger a transferência do músculo durante um período
adicional de 6 meses.
(PERRY)
• PLANOVALGO
•Faça uma incisão de 2 cm na borda medial do pé sobre Se o pé já era plano antes do AVC, em casos raros uma deformi-
o navicu lar. dade em planovalgo pode ocorrer após o AVC. A espasticidade do
• Identifique e exponha a inserção do tendão tibial anterior. músculo tríceps sural puxa o calcâneo lateralmente, e os fibulares
•Separe e retire os três quartos da lateral do tendão de um podem se tornar hiperativos e sem função opositora do músculo
quarto medial. tibial posterior durante a fase de apoio. Se caminhar não for
•Traga a parte sepa rada para fora através de uma incisão possível devido à dor, uma correção cirúrgica é indicada. Como
a 2 cm do tornozelo e encam inhe-a, subcuta neam ente, acontece com a deformidade em equino, o tratamento envolve o
até a superfície dorsal do terceiro cuneiforme. alongamento do tendão de Aquiles com uma hemitenotomia
• Expon ha o cuneiforme, faça orifícios convergentes no tripla. A hemissecção di stal no tendão de Aquiles é realizada na
osso e utilize uma cureta para construir um túnel . Passe metade latera l do tendão, para reduzir a posição e a tração do
a parte livre do tendão através deste túnel, formando valgo o u do tendão no calcâneo.
uma alça que será ancorada posteriormente. Se os fibulares se tornam hiperativos durante a fase de apoio,
•Através de uma incisão sepa rada de 4 cm no arco do pé, o fibular curto pode ser transferido mediaimente para o tendão tibial
utilize o eletrocautério para liberar os flexores plantares posterior para apoiar a borda medial do pé ou o fibular longo e o
dos dedos. fibular curto podem ser alongados. A artrodese tríplice, em última
•Por meio de uma incisão posterior no nível do tornozelo, instância, será necessária se a órtese suropodálica não controlar a
identifique o tendão do flexor longo do hálux em seu deformidade.
túnel, sepa re-o e passe-o anteriorm ente através de uma
grande janela feita na membrana interóssea. • FLEXÃO DOS ARTELHOS
•Insira esse tendão através do túnel no terceiro cunei - A flexão dos dedos do pé ocorre na articulação metatarsofalangiana
forme, no sentido oposto ao tendão tibial anterior. e é diferente da deformidade em garra na maioria dos distúrbios
•Alongue o tendão de Aqui les conforme descrito na neurológicos nos quais os extensores estão hiperativos. A curvatura
Técnica 33-11. ou a flexão dos artelhos em pacientes que sofreram AVC ocorre em
função da hiperatividade dos flexoreslongos dos dedos. Se todos os
llllmi) PARTE X DOEN ÇAS DO SISTE MA NERVOSO EM CRIANÇAS

dedos es tiverem envolvidos, os fl exo res longos dos dedos e do hálux ~


TÉCNICA
podem ser tenotomizados através de um a incisão pl antar ao longo ~~~~~~~~--~
da borda medi al do pé, refletind o o abdutor do hálux na di reção
plantar e locali zando os tend ões entre a primeira e a terceira cam adas
(BRAUN ET AL.)
da superfície plantar do pé. Uma alternativa reco mend ada por nós
•Faça um acesso deltopeitora l anterio r no ombro .
é a tenotomi a dos tendões fl exo res nas articula ções metatarsofa lan -
•Identifiqu e o tend ão subesca pular e cauteri ze o feixe
geanas de tod os os dedos do pé.
vascul ar em sua borda distal. Libere esse tendão, mas
preserve a cápsula anterior da articul ação do ombro.
• Apalpe o t end ão do peitora l ma ior, passe uma tesou ra,
EXTREMIDADE SUPERIOR
dista lment e ao longo do úmero, e corte sua inse rção
tendinosa.
Q uanto à rec up eração da fun ção no rmal da ex tremidade supe-
ri or em p ac ientes qu e sofreram AVC, o prognós ti co é ruim e
um terço d os pac ientes aca ba co m um m emb ro se m fun ção de
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Uma tipoi a é utilizada
no braço e um programa de exercícios assistidos de ampli-
fo rm a perm a nente. Isso oco rre prin cipalm ente porque os
t ude de movimento é iniciado nos prim eiros dias após a
padrões de ati vidade n euromu scul ar na ex tremid ade sup eri o r,
ci rurgia. Exercícios de reação recíproca com polia são
quand o fun cio nando normalm ente, são a ltame nte sofisticad os,
iniciados nos primeiros 5 di as . É importante supervisionar
co mplexos e modificados por vá ri os impulsos somatosse nso-
a participa ção do paciente nestes exercícios.
riai s sofi stic ados . Danos perm anentes n a fun ção motora e se n -
so ri al na ex tremidade sup eri o r são in curáve is e o défi cit
fu nc io nal defi ni tivo é espera do. A rea bilitação do braço e da
m ão co nsiste prin cipalm ente no trein am en to d o ind ivíduo pa ra
q ue ele co nsiga realizar at ivid ades d iári as co m o se fosse urn a • COTOVELO
pessoa qu e poss ui uma úni ca m ão. Pa ra pacie ntes qu e aprese n - A flexão fixa do co tovelo prejudi ca gravemente a fun ção da extre-
tam rec up era ção neurol óg ica sufi ciente, é indi cado o treina - mid ade superi or. A liberação anterior no tún el antecubital é um a
m ento ad iciona l para o dese nvo lvim ento d a fun ção de apo io. ci rurgia importante, m as pode resultar em co mplicações graves. Às
O cirurgião ortop édi co poderá liberta r co ntraturas, enfra- vezes, um a defo rmidade de fl exão fixa pode se r prevenid a por meio
qu ecer os músc ul os espás ti cos qu e ca usa m desequilíbrio e defo r- de uma inj eção aberta de fenol no nervo musculocutâneo, reali zada
mid ade e transfe rir unidades musc ul ares em fun cionam ento pa ra com um mínimo de dissecção adi cionada no momento em qu e o
tentar res taurar al gum equilíbri o na extre mid ade afetada. Essas ombro é liberado. A inj eção proporciona ao paciente 6 meses para
cirurgias tamb é m podem a li viar a d or persistente, qu e causa desenvolve r o tônus extenso r adequado antes que a força motora
maio r imo bilid ade e falt a de parti cipação em outras áreas d a retorne aos músc ulos flexo res do co tovelo inervados por ele.
reab ilitação. Q ualquer liberação necessá ri a é reali zada através de uma
in cisão em S no aspecto anterio r do cotovelo. O fe ixe neurovas-
• OMBRO cular é isolado e protegido ao longo de toda a cirurgia. O tend ão
Alguns pac ientes com AVC relatam dor local izada precisamente no do bíceps é alongado por step -cut. A fásc ia sobre o músc ul o
ombro e, especificamente, no grupo dos adutores e rotadores inter- bra qui al é di vidida e, se necessári o, o própr io braqui al é dividid o
nos. Em outros, um tipo de desconfo rto hem ico rp oral difuso está em sua junção miotendin osa; a o ri ge m fl exo- pronadora é libe-
prese nte e não há métodos efi cazes pa ra o se u tratamento. Pacientes rada; a fás ci a braquiorradi al é liberad a; a cápsul a do cotovelo é
co m o primeiro tipo de dor dese nvolvem perd a progressiva da dividid a e o nervo uln ar é tran spos to a nteri o rmente. A ferid a é
amplitude de movimento na articulação, apesar do tratamento con- fechad a sobre um dreno. Essa cirurgia raramente é utili zada po r
se rvador intensivo. Eles tamb ém apresentam um reflexo de estira- ca usa da natureza incert a dos res ultados.
mento exage rado na rotação externa ráp ida do ombro, abdução de
menos de 45 graus e rotação intern a de menos de 15 graus. A 1 BLOQUEIO DO NERVO COM FENOL
ciru rgia é recomendada apenas para os pacientes qu e terão um Braun et ai. relataram a injeção de fenol em nervos motores em 24
programa de exe rcícios dispon ível após a cirurgia, para os qu e irão adultos e 10 cri anças com hemiplegia espástica. Os nervos foram
participar totalmente do programa de exercícios e para os que têm expostos cirurgicamente. Um estimul ador de nervos foi utili zado
um potencial razoável de reabilitação. para confirm ar que o nervo co rreto havia sido identificado. O nervo
fo i então injetado de forma intraneural com 3% a 5% de solução de
fenol so b a bainha neural e na substância do nervo. O volume da
LIBERAÇÃO DA CONTRATURA EM solução era de 2 a 5 mL dentro de um segmento de 2 cm do nervo.
A injeção fo i aplicada até se r co nstatado bloqueio da estimul ação
ROTAÇAO INTERNA DO OMBRO elétrica proximal ao local da inj eção. Esses bloqu eios, em 18 pac ien-
Bra un et ai. avaliara m a su a experiência in icial com a ci rur- tes, inicialmente resultaram em melhoras em 17, mas um a análise
gia descrita aqu i e observaram um alívio comp leto da dor posterior revelou que 11 destes bons resultados se deterioraram em
e melhora sign if icativa no movimento em 1O dos primeiros 6 meses. Em do is pacientes, a defor mi dade vo ltou em 1 ano. Os bons
13 pacientes nos qua is ela fo i feita. Dos 12 pacientes de resultados du raram mais de 1 ano apenas em do is pacientes. Braun
controle com sintomas semelh antes qu e não passa ram por et ai. co ncl uíram qu e a injeção intraneural de fe nol tem um efeito
cirurgi a, nenhum teve uma reso lu çã o espo ntânea da con- esperado de 6 meses. Isso abre uma janela para iniciar progra mas
tratura do lorosa da articu lação. de tratamento destinados a diminuir contraturas e treinar m ús culos
enfra quecidos ou transferid os antes que a espas ti cidade retorne.
CAPÍTULO 33 PARALISIA CEREBRAL C!m
1 ESTIM ULAÇÃO ELÉTRICA FUNCIONAL DO NERVO Lee SH , C hung CY, Park MS, et ai: Parental satisfaction after single-event
multilevel surgery in ambulatory children with cerebral palsy, f Pediatr
A estimulação elétrica func ional pe rmite a restauração da função
Orthop 29:398, 2009.
dos músculos paralisados através da estim ul ação elétrica. O obje-
Oeflinger DJ, Tylkowski CM, Rayens MK, et ai: Gross Motor Function C las-
tivo é fazer o controle muscular funciona l ocorrer durante a esti- sification System and outcome tools for assessing ambulatory cerebral
mulação, mas, ocasionalmente, uma transição ocorre e o músc ulo palsy: a mul ticenter study, Dev Med Chi/d Neuro / 46:311, 2004.
fica sob controle voluntário mesmo durante períodos sem estimu- O'Shea TM: Ce rebral palsy in very preterm in fants: new epidem iological
lação. A estimulação elétrica funcional teoricamente depende de insights, Ment Retard Dev Disabil Res Rev 8: 135, 2002.
um único estímulo, ta l como a elevação do calcanhar sendo trans - Palmer FB: Strategies for the early diagnosis of cerebra l pa lsy, f Pediatr 145(2
ferido por meio de um a antena para um implante elétrico, o qual Suppl):S8, 2004.
di spara outro sinal para o nervo referente do músculo, tal como Park MS, C hung CY, Lee KM, et ai: lssues of concern before single event
o nervo peroneal, para realizar uma função, como a dorsiflexão multi levei surgery in patients with ce rebral palsy, f Pediatr Orthop 30:489,
do pé. O dispos iti vo deve ser pequeno e esteticamente aceitável, 20 10.
Saraph V, Zwick EB, Steinwender G, et ai : Leg lengthening as part of gait
e a ativ idade deverá estar sujeita a certo grau de controle volun-
improvement surgery in cerebral palsy: an evaluation using gait analysis,
tário, caso contrário um a estimulação em excesso poderá ocorrer.
Gait Posture 23:83, 2006.
A estimulação elétrica funcional é utili zada nas extremidades Schwartz MH, Viehweger E, Stout ), et ai: Comprehensive treatment of
superiores e inferiores, em torno do pé e do tornozelo para supri- ambul ato ry ch ildren with cerebral palsy: an outcome assessment,
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eletrofrê ni ca e para o controle da bexiga. Há ainda a necessidade Svehlik M, Steinwender G, Kraus T, et ai: The inílu ence of age at single-event
de controle externo da gradação da unid ade motora para a ativi- multi level surgery on o utcome in children with cerebral palsy who walk
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CAPÍTULO 33 PARALISIA CEREBRAL

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POLIOMIELITE 1255 Transferências de Tendão e Deformidade em Supinação 1304
ACHADOS PATOLÓGICOS 1256 Músculo para Paralisia do Deformidade em Calcâneo 1305
EVOLUÇÃO CLÍNICA E Subescapular, do Supraespinhal Retropé Va lgo 1306
TRATAMENTO 1256 ou do lnfraespinhal 1290 Tá lus Vertical 1306
Estágio Agudo 1256 Artrodese 1290 Deformidade em Pé Cavo 1306
Estágio de Conva lescência 1256 COTOVELO 1290 Deformidades dos Dedos do Pé 1306
Estágio Crônico 1257 Transferências de Músculo e TORNOZELO 1306
TRANSFERÊNCIAS DE TENDÃO 1257 Tendão para Restaurar a Hemiepifisiodese da Epífise
ARTRODESE 1257 Flexão do Cotovelo 1290 da Tíbia Distal 1308
Transferências de Músculo JOELHO 1309
PÉ E TORNOZELO 1258
para a Paralisia do Tríceps 1294 Contratura em Flexão 1310
Transferências de Tendão 1258
ANTEBRAÇO 1295 Contratura em Extensão 1310
Procedimentos Ósseos
Contratura em Pronação 1295
(Osteotom ia e Artrodese) 1262 Deformidade em Varo
PUNHO E MÃO 1296 ou Va lgo 1311
Técnicas de Transferência de
Tendão 1268 MIELOMENINGOCELE 1296 QUADRIL 1312
JOELHO 1275 EPIDEMIOLOGIA 1296 Contratura em Flexão 1312
Contratura em Flexão do Joelho 1275 CONDIÇÕES ASSOCIADAS 1297 Contratura em Rotação Externa,
Para lisia do Quadríceps 1276 Hidrocefalia 1298 Flexão e Abd ução 1312
Joelho Recurvado 1277 Hidrossiringomielia 1298 Contratura em Rotação Externa 1313
Joelho Instável 1279 Malformação de Arnold-Chiari 1298 Contratura em Abdução 1313
TÍBIA E FÊMUR 1279 Medula Presa 1298 Contratura em Adução 1313
QUADRIL 1280 Outras Anormalidades Vertebrais 1298 Luxação e Subluxação
Contraturas em Flexão e Disfunção Urológica 1298 do Quadril 1313
Abdução do Quadri l 1280 Hipersensibilidade ao Látex 1298 Obliquidade Pélvica 1316
Paralisia dos Músculos Glúteo Problemas Médicos Diversos 1299 COLUNA 1316
Máximo e Médio 1282 CLASSIFICAÇÃO 1299 Escoliose 1316
Luxação Para lítica AVALIAÇÃO ORTOPÉDICA 1300 Cifose 131 8
do Quadril 1284 AVALIAÇÃO DA MARCHA 1301 ARTROGRIPOSE
DISCREPÂNCIA DO COMPRIMENTO PRINCÍPIOS DO TRATAMENTO MÚLTIPLA CONGÊNITA 1318
DOS MEMBROS INFERIORES 1284 ORTOPÉDICO 1301 TRATAMENTO 1319
ARTROPLASTIA TOTAL Tratamento não Cirúrgico 1301 Extremidade Inferior 1319
DA ARTICULAÇÃO 1285 Tratamento Cirúrgico 1302 Extremidade Superior 1321
TRONCO 1285 PÉ 1302 ESCOLIOSE 1323
Obliquidade Pélvica 1286 Deformidade em Equino 1302 PARALISIA DO PLEXO
OMBRO Pé Torto 1303 BRAQUIAL 1323
Transferências de Tendão e Músculo Deformidade em Varo 1304 CARACTERÍSTICAS CLINICAS 1324
para Para lisia do Deltoide 1287 Deformidade em Cavovaro 1304 TRATAMENTO 1324

POLIOMIELITE dos tratos gastrointestinal e respiratório e se espalha para o sistema


nervoso central através de uma via hematogênica. Embora a
A poliomielite aguda anterior é um a infecção virai localizada nas maioria dos indivíduos, em uma área endêmica, seja infectada por
células do corno anterior da medula espinhal e certos núcleos poliovírus, apenas 0,5% dos indivíduos infectados desenvolve
motores do tronco encefálico. Um dos três tipos de vírus de polio- pol iomieli te paralítica . Os fatores vira is e do hospedeiro responsá-
mielite geralmente é a causa da infecção, mas outros membros do veis pela penetração no sistema nervoso central constituem áreas
grupo enteroviral podem ca usar uma condição clínica e patologi- de investigação at iva.
camente indistinguível da poliomielite. A transmissão vira! é prin- Desde a introdu ção e o uso exte nsivo da vacina, a incidência
cipalmente feca l-oral, e a invasão inicial pelo vírus ocorre através de poliomielite aguda a nterior no mundo ocidental diminuiu

1255
~ PARTE X DOENÇAS DO SISTEMA NERVOSO EM CRIANÇAS

drasticamente de urna prevalência de aproximadamente 600.000 são afetados com maior frequência, e a paralisia é duas vezes mais
casos n o período de pré-vacina para menos de 1.000 casos no comum nos músculos da extremidade in ferior do que nos músc u-
ano de 2000. Atua lmente, na maioria das vezes afeta cr ianças com lo s da extrem idade superior. Na extrem idade in ferior, os músculos
menos de 5 anos de idade, em países tropicais e su btropica is em mais afetados são o quadríceps, os glúteos, o tibial anterior, os
desenvolvimento e indivíduos não imunizados. Surtos isolados isqui o tibia is mediais e os fl exores do quadril; na extremidade supe-
d e poliomielite ocorrer am na Amér ica do Norte e Europ a na r ior, o d eltoide, o tríceps e o peitoral maior são mais afetados.
década d e 1990. O potencial de recuperação da função do músc ul o depende
A administ ração de três doses da vacina oral Sabin contra da recuperação das célul as do corno anterior danificadas, mas
pólio, contendo todos os três tipos de vírus aten uados, pode prevenir não destruídas. A maior pa rte da recuperação clínica ocorre
a doença. O uso da vacina de vírus v ivos aten uados permanece durante o primeiro mês depoi s da doença ag uda e fica quas e
controverso. A vaci na oral de poliovírus vivos (OPV) pode imunizar completa em 6 meses , embora uma recuperação limitad a possa
contatos que ainda não tenham sido vacinados; no entanto, isso ocorrer em cerca de 2 anos. Um múscu lo paralisado após 6 meses
representa um risco de dese nvolver pólio paralítica associada à permanece paralisado.
vaci na, que foi est imada em 1 caso por 2,5 milhões de doses. Os
surtos de poliomielite paralítica nos Estados Unidos foram associa-
dos ao uso de vacina de poliovírus vivos. A imp lementação de um EVOLUÇÃO CLÍNICA E TRATAMENTO
cronograma de vac ina de pólio inativa (IPV) nos Estados Un idos,
em 2000, elimin ou nativos qu e adquiriram poliomielite associada à Aproxim adamente 95% de pacientes in fecta d os pelo poli ovírus per-
vacina. Apesar da seguran ça e eficácia da IPV, a OPV continua sendo manecem assintomáti cos. Os achados não específicos, como febre e
a vacina de escolh a para erradicação global em muitas partes do dor de garganta, ocorrem em 4% a 8% das pessoas infectadas. Entre
mundo onde as questões logísticas e o maior custo da IPV proíbem 0,5% e 2% dos pacientes progred irão para a poliomielite. A evol ução
se u uso e em locais onde o saneamento inadequado d emanda uma da poliomielite pode ser dividida em três estágios: agudo, convales-
barrei ra de m ucosa ideal para circulação do poliovírus do tipo sel- ce nte e cró ni co. As diretrizes gerais para o tratamento estão descritas
vagem . Os desafios para a erradicação completa da pólio incluem a aqui. As indi cações e as técnicas específicas para procedimentos
transmissão do vírus tipo selvagem nas áreas endêmicas, os surtos cirúrgicos são discutid as nas seções específicas.
advindos d e poliovírus relacionados com a vac in a e a excreção dos
ví rus relacionados com a vacina em vacinados com imunodeficiên- • ESTÁGIO AGUDO
cia de célula B. Em geral, o estágio agudo dura de 7 a 10 dias e até 95% de todas as
cél ulas do corno anterior podem ser infectadas. Os sintomas variam
de mal-estar leve até encefalom ielite generali zada com paralisia de
ACHADOS PATOLÓGICOS todo o corpo. Com o envolvim ento da medula espinhal superior, a
disfunção diafragmática e o comprometimento respiratório podem
Quando o vírus da poliomielite invade o organismo através da via ser fatais. Um alto índice de suspeita é n ecessário, especialm ente nos
orofaríngea, ele se multiplica nos lin fonodos do trato digestivo e pacientes co m comprometimento do ombro, dada a proximidade de
se espalh a através do sangue, atacando precisamente as célul as suas respectivas células do corno anterior. Em crianças m ais novas,
ganglionares do corno anterior da med ul a espin hal, especialmente os sintomas sistêmicos incluem apat ia, dor de garganta e um ligeiro
nos alargamentos lombar e cervical. Como o vírus penetra a barreira aumento da temperatura; esses sintomas podem ser transitórios,
hematoencefálica e por que tem wna predileção pelas células do corno mas os sintomas recorrentes, incluindo hiperestesia ou parestesia
anterior está sob investigação. O período de incubação é de 6 a 20 nas extremidades, dor de cabeça grave, dor de garganta, vómito,
dias. As célul as motoras do corno anterior podem ser danificadas rigidez da nuca, dor nas costas e dificuldade de elevação da perna
diretamente pela multiplicação virai ou por subprodutos tóxicos do reta, culminam em paralisia caracteristicamente assimétrica. Em
vírus, ou indiretamente por isquemia, edema e hemorragia nos crianças mais velhas e adultos, os sintomas incluem leve aum ento
tec idos gliais que as rodeiam. A destruição da medula espinhal ocorre da temperatura, rubor marcante da pele e apreensão; a dor muscular
de modo foca l e aleatório e, em 3 dias, a d ege neração walleriana é comum. Os músculos são sensíveis m es mo à pa lpação suave. Pri-
é ev idente em todo o comprimento da fibra nervosa individual. meiro, em geral, os reflexos superficiais estão ausentes, e os reflexos
Os macrófagos e os neutrófilos cercam e removem parcialmente as profundos de tendão desaparecem quando o grupo muscular é para-
células ganglionares necróticas, e a resposta inflamatória aos poucos lisado. Os diagnósticos diferenciais incl uem síndrome de Guilla in
dimin ui. Na intimidade do mú sculo, a "germ in ação" axonal ocorre -Barré e outras formas de encefalornieli te. Em casos raros, a mielite
quando as células nervosas das unid ades motoras sobreviventes transversa pode acompanhar o receb ime nto de OPV.
desenvolvem novos axónios, os quais in ervam as células musculares O tratamento da poliomielite no estágio agudo geralmente
que perderam o seu neurónio motor in ferior, amp li ando o tamanho consiste em repouso, analgésicos e posicioname nto anatómico dos
da unidade motora. Após 4 meses, as áreas residu ais de gliose e as membros para prevenir contraturas. Exercícios passivos e suaves de
células linfocitárias preenchem a área das células motoras destruídas amp litude de movimento de todas as articulações devem ser rea li -
na medula. As células reparativas da neuróglia proliferam. A atividade zados várias vezes por dia.
contínua da doença foi relatada nos segmentos da medula espinhal 20
anos depois do in ício da doença. • ESTÁGIO DE CONVALESCÊNCIA
O número de músculos indiv iduais afetados pela paralisia O estágio de convalescê ncia começa 2 dias após a temperatura retor-
flá c id a resultante e a grav id ade da paralisia variam; a fraqu eza nar ao normal e contin ua por 2 anos. Estim a -se que cerca de
clínica é proporcional ao número de unidades motoras perdidas. metade das cél ul as do corno a nterior infectadas sobrevive à infec-
A fraq ueza é cl inicamente detectável somente quando mais de 60% ção inicial e a força do múscu lo melhora esponta neamente durante
das células nervosas que inervam o músc ulo fora m destruídas. Os esse estág io, em especial durante os primeiros 4 meses e mais
músc ulo s in ervados pelos segmentos da coluna cerv ical e lombar gradualm ente depois disso. O tratamento durante esse estágio é
CAPÍTULO 34 DISTÚRBIOS PARALfTICOS

semelhante ao tratamento durante o estágio agudo. A fo rça m uscular 3. Excursão. O tend ão a ser transferido deve ter uma faixa de
deve ser avaliada mensalmente durante 6 meses e, em seguida, a excursão similar àquela do músculo a ser reforçado ou substi-
cada 3 meses. A fisioterapia deve enfatizar a atividade muscular em tuído. Ele deve ser mantido em sua própria bainha ou na
padrões normais e o desenvolvimento da capacidade máxima dos bainha de outro tendão ou deve ser passado através dos tecidos,
músculos específicos. Os músculos com mais de 80% de retorno da corno a gordura subc ut ânea, o qu e lhe perm itiria desli zar.
força se rec upera m espontaneamente sem tratamento específico. De A passagem de um tendão através de túneis da fáscia ou ósseo
acordo co m Johnso n, um músculo específico com menos de 30% da pode provoca r cicatrizes e diminui ção da excursão.
força normal após 3 meses deve ser considerado permanentemente 4. Neurovascular. O nervo e o suprim ento san guín eo para o
paralisado. múscu lo transfer ido não devem ser danificados ou traumati-
Exercícios vigorosos de alongamento passivo e cunhas em zados ao se fazer a transferência.
gessos podem ser usados para contraturas leves ou moderadas. A 5. Articular. A articulação em que o músculo deve atu ar precisa
liberação cirúrgica da fáscia e apo neuroses musculares contratura- estar em uma posição satisfatória; quaisquer contraturas devem
das e o alongamento dos tendões podem ser necessários para con- se r liberadas antes da transferência do tendão. De um músculo
traturas que persistem por m ais de 6 meses. As órteses devem ser transferido não se espera corrigir uma defor midade fixa.
utilizadas até que nenhuma recuperação adicional seja prevista. 6. Tensão. O tend ão transferido deve ser firmemente preso sob
um a tensão ligeiramente maior do que a normal. Se a tensão
• ESTÁGIO CRÔNICO for insuficiente, a excursão é utili zada para remover a fo lga na
O estágio crônico da poliomielite ge ralm ente começa 24 meses após unid ade miotendínea, em vez de produzi r a funç ão desejada.
a doença agud a. Durante esse tempo, o ortopedista tenta ajudar o As transferênci as musculares, sempre que possível, devem
paciente a alcançar a máxima capacidade funcional através do oco rrer entre músc ulos ago nistas que são fásicos ou ativos, no
gere nciamento das consequências a longo prazo do desequil íbrio mes mo momento do ciclo de marcha. Os músculos anterio res da
muscular. Os objetivos do tratamento incluem corrigir qualquer perna são predominantemente músculos da fase de balanço, e os
desequilíbrio muscular significativo e prevenir ou corrigir deformi- músculos posteriores, ou flexores, são os músculos da fase de apoio;
dades de tecidos moles ou ósseas. A instabilidade estática da articu - na coxa, o quadríceps é caracteristicamente um músculo da fase
lação em geral pode ser controlada indefinidamente por órtoses. de apoio, e os isquiotibiais são músculos da fase de bala nço. Em
A instabilidade dinâmica da art icul ação, por fim, resu lta em urna geral, as transfe rências fás icas mantêm a sua atividade fás ica pré-
deformidade fixa qu e não pode ser controlada com órtoses. As -operatór ia e recuperam a sua du ração da co ntração e in tensidade
crianças mais novas são m ais propensas a desenvolver deformidade elét ri ca pré-o pera tória s. Em contraste, as transfe rências musc ula-
óssea do que os ad ultos por causa do seu potencial de crescimento. res não fás icas muitas vezes mantêm a sua atividade fás ica pré-ope-
A cirurgia do tecido mole, com o a transferência de tendão, deve ser ra tória e não conseguem ass umir a ação dos músc ulos qu e estão
feita nelas antes do dese nvolvimento de quaisquer alterações ósseas sendo substituídos, e não são recomendadas. Algumas transferê n-
fixas; os procedimentos ósseos para corrigir uma deformidade ge ral- cias não fás icas são capazes de conversão fásica; no entanto, a co n-
mente podem ser adiados até que o crescimento esqu eléti co esteja versão fás ica é um tanto imprevisível e exige fisioterapia pós-operatória
perto da conclusão. intensiva. A conversão fásica não está relacionada com o uso de
imobi li zado res e/ou órteses ou com o tempo entre o início da doença
e a transferência muscular.
TRANSFERÊNCIAS DE TENDÃO O músculo ideal para transferência de tendão teri a a mesma
atividade fás ica que o músculo paralisado, seria de aproximada-
As transferências de tendão são indicadas quando o desequilíbrio mente o mesmo tamanho na seção transversal e de igual fo rça e
muscular dinâmico resulta em uma deformidade que interfere na poderia ser colocado em relação adequ ada com o eixo da articul ação
marcha ou na fun ção das extremidades superiores. A cirurgia deve para permiti r máxima eficácia mecâni ca. Nem todos esses critéri os
ser adiada até que o máximo retorno da força muscular esperada no podem ser aten didos em todos os casos.
músculo envolvido seja alcançado. Os objetivos de uma transferência As deformidades paralíticas por paralisia muscular podem ser
de tendão são (1) fornece r força motora ativa para substituir a função dinâmicas ou estáticas, e muitas vezes os dois tipos estão presentes.
de um músculo ou músculos paralisados, (2) eliminar o efeito defor- Deve-se determ inar o quanto a deformidade paralítica é dinâmica ou
mante de um músculo quando seu antagonista está paralisado e (3) estática po rque uma deformidade estática pode ser controlada com
melhorar a estabilidade, aprimorando o equilíbrio muscular. órtese em uma cri ança em crescimento ou com artrodese em um
A transferência de tendão muda um a inserção tendínea de seu adulto. É mais provável que uma deformidade dinâmica seja apro-
loca l normal para outra locali zação de modo que o seu músculo priada para uma transferência de tendão em crianças e adultos. Em
possa substituir um músculo paralisado na m esm a região. Ao sele- uma cri ança em crescimento com deformidade dinâmica, a recorrên-
cionar um tend ão para transferir, os seguintes fatores devem ser cia é possível com artrodese isolada; em uma criança com deformi-
cuid adosamente considerados: dade estática, no entanto, a recorrência após a artrodese é rara. Em
1. Força . O músculo a ser transferido deve se r forte o sufi ciente uma cri ança em crescimento com deformidade dinâmica, um a trans-
para cumprir o papel do músculo paralisado ou para comple- fe rência de tendão apropriada com suporte externo mínimo redistri-
mentar a força de um músculo parcialmente paralisado. Um bui a força muscular, prevenindo a deformid ade permanente até que
músculo a ser transferido deve ter uma classificação de bom o paciente tenha idade suficiente para urna artrodese.
ou melh or porque um músculo transferido perde pelo menos
um grau de força após a transferência.
2. Eficiência. O tendão transferido deve ser preso o mais próximo ARTRODESE
à inserção do tend ão paralisado quanto possível e deve ter um
traj eto o mais direto possível entre a origem do músculo e a Uma articul ação flácida o u instável é estabilizada res tringin do a
sua nova inse rção. sua amplitude de movimento. Embora uma órtese adequada mente
llllm) PARTE X DOENÇAS DO SISTEMA NERVOSO EM CRI ANÇAS

co nstru ída possa co ntrol ar um a articul ação instável, uma cirurg ia • TRANSFERÊNCIAS DE TENDÃO
reco nstrutiva não apenas eliminaria a necess id ade para uma órtese, As transfe rênci as de tend ão em to rn o do pé e d o tornozelo depo is
mas também m elh oraria a fun ção, send o, ass im, mai s eficaz. A artro- dos 10 an os d e id ade podem ser complem entadas por artrod ese a
d ese é o m étodo mais eficiente d e es tabili zação permanente de um a fi m d e corrig ir d efo rmidades fixas, estabelecer estabilid ade lateral
articu lação. As tenodeses qu e utilizam os tendões flexores o u exten - suficiente para o suporte de peso e comp ensar em parte a perda d e
so res para estabiliza r articulações dos ded os (Cap ítulos 66 e 71) são função dos músc ulos everso res e inve rso res do pé. Quando as tran s-
exceçõ es n o táveis, ass im com o são as te no d eses do tend ão fibul ar ferê nci as de tendão e a artrod ese são combinadas na mes m a cirur-
longo ou de Aquil es nas defo rmidades paralíticas em calcâneo; os gia, a artrodese deve ser reali zada prime iro.
resul tados são sati sfatórios aqui porqu e a fo rça da gravidade e o peso A transferência de um tendão gera lm ente é p refer ível à exc isão,
do co rpo geralm ente não são suficie ntes para esticar em excesso os não ape nas pa ra preservar a fun ção, mas também para preven ir a
tendões. atrofia adic ional da perna. Q uand o a paralisia é grave o sufic iente
Com o as extre midad es inferio res são projetadas principal- para exigir a ar trod ese, geralm ente há algum a fra qu eza dos múscu-
mente para suportar o peso do corpo, é impo rtante qu e as suas los dorsifl exo res ou flexores plantar. Nesse caso, os múscu los ever-
articulações sejam estáveis e qu e seus mú scul os tenham força sufi- so res e inverso res podem ser tran sfer idos para a linh a m édia do
ciente. Quando se perde o controle de u ma o u mai s articulações do pé anterior o u posteriorm ente no ca lcâ neo e no tendão de Aqui les.
pé e do tornozelo por causa d a p aralisia, a esta bili zação pod e ser No caso raro em que a funç ão do mú scul o é descartada , 7 a 10 cm
n ecessá ria. Na extrem id ade superior, alcança r, agarrar, aperta r e do seu tend ão d evem ser retirados pa ra evitar cicatri zes d as extre-
liberar exige m m ais mobilidad e do qu e es tabilidad e e mais d estreza midades do tendão por tecido fibro so. Além da artrod ese e d as
d o que força. Uma cirurgia para limitar o u obl iterar o m ovim ento transfe rências de tendão, qu aisqu er defo rmidades d a perna, como
em um a articu lação d e um a extremidad e sup eri or deve ser reali zad a torção excess iva da tíbia, joelh o varo ou joelho valgo (pernas arqu e-
apenas após o es tudo cu idadoso de suas van tagens e desvantagens e adas), devem se r corrigidas, pois, caso contrário, ela podem causar
de seu efeito gera l sobre o paciente, espec ialmente na ativid ade recorrência da deformidad e d o pé.
d iária normal. Em virtude d a alta prevalência da fraqueza da ex tre-
midad e inferior em pacientes com poli om ielite, levand o muitos a 1 PARALISIA DE MÚSCULOS ESPECÍFICOS
utiliza rem di spos itivos d e ass istência à march a, qualqu er tratamento Músc ul os isolados podem ser para lisado s no s pacientes com polio-
cirú rg ico que afete a extremidade superio r pode ter um imp acto mi elite, m as na maiori a d as vezes combin ações de mú sc ul os são
dram ático na ma rch a também . A ar trod ese do ombro é útil em afetadas . O mú sculo específico o u os músculos en vo lvidos e o
a lgun s pacientes, mas tem certas desvantage ns estéticas e fun cio nais d esequilíbrio musc ular res ulta nte devem ser d eterm in ados a ntes
que devem ser ponderad as. A artrod ese d o cotovelo raramente é d e o tratam ento se r iniciado. As d efo rmidad es comuns ca usa d as
indi cada na poliomieli te. A artrodese d o punho, embora útil em pelo desequilíbrio mu sc ul a r n o pé e n o tornozelo são d escritas, d e
a lguns pacientes, pode aumentar a in capac idade em outros pacien - acordo com os mús culos en vo lvid os. O padrão exato d a paralisia
tes. Um paciente que utili za cadeira de rodas ou mu letas e tem um do músc ulo e a deformidade específica qu e ocorre devem se r cui -
punh o artrodesado na posição "ideal" (para aga rrar e apertar ) pode dad osam ente determinados antes d e qua lquer intervenção cirúr-
ser incapaz de levan tar de uma cadeira ou manipular muletas porque gica ser realizada.
não pode deslocar o peso do corpo para a palma d a m ão com o Músculo da Tíbia Anterior. A fraqueza grave e a p ara li sia d o
punho estendid o. músc ulo tibi a l an te rior r es ulta m na perda d a força d e d o rsiflexão
e d e in ve rs ão e produ zem um a defo rmid ade lenta m ente progres-
s iva - equin o e cavo ou dife rentes gra us de plano va lgo - qu e
PÉ E TORNOZELO pr im e iro é evid ente na fase d e balan ço d a marcha. Os ex tensores
lo n gos do s a rtelhos, qu e gera lm e nte ajudam n a dorsiflexão, tor-
Co mo o pé e o torn ozelo são as pa rtes m a is d ependentes d o cor po nam -se hip e rativos em um a tent ativa d e sub stituir o mú sc ul o
e estão suj eitas a qu a ntid ad es signifi cat ivas de estresse, eles são tibi al ante rior paralisado, ca usa nd o hip e rextensão d as fa la n ges
es pec ia lm ente susce tíveis à deformidade da para lisia. As d efo rmi - proximais e d epressão d as cabeças dos m e tatarso s. Uma d efor-
dad es m ais comu ns d o pé e do torn oze lo incluem d edo s em ga rra , midad e em cavovaro ocas ionalm ente resu lta d e um a a ti vidad e
pé cavova ro, joanete dorsal, pé torto equin o, pé to rto equin ovaro, se m o pos ição do fibular lo n go co mbin ada com um mú sc ulo t ibi a l
pé to rto cavovaro, pé torto equin ovalgo e pé torto calcâneo. poste ri or ativo.
Q uando a parali sia é de curta duração, essas defo rmidades din â- O alongamento passivo e gessos em série podem se r tentad os
mi cas não estão fixas e podem ser ev id e ntes apenas na contração antes da cirurgia para corrigir a co ntratura em equino. A capsu lo-
de músc ulos se m oposição ou no apo io co m carga; mai s tard e, tomia pos terior do tornozelo e o alon gamento do tendão d e Aquiles
co m o res ultado do d esequilíbri o mu scul ar, pos tura habitual, cres- ocasiona lm ente são n ecessários e são combin ado s com a tra nsfe rên -
cim ento e alinh ame nto ano rm a l do ap o io, um a d efo rmid ade pe r- cia anterior d o fibular lon go para a base do seg undo m etatarso.
m ane nte pode ocorre r por ca usa d e um a co ntratura dos tec id os O fibular c urto é suturad o no coto do fibu lar longo para preven ir
moles e even tua is alterações ósseas. um joanete dorsa l. Co mo a lternativa, o extensor lon go dos dedos
A marcha exige um pé plantígrado, es tável, com distribui ção pode ser rebaixa do para o dorso do mediopé a fim d e fo rn ecer
d e peso equilibrada entre o calcanhar e o antepé e nenhuma defor- dors ifl exão ativa. A d eformidade d e d ed o em garra é tratada pela
mid ad e fixa sign ificativa. No pé, a transfe rênc ia do múscu lo é rea li - transferência dos exte nsores longos dos d edos do p é para os colos
zada para evitar a formação de contratura, eq uili brar os múscu los dos metatarsos (Capítulo 86) .
responsáveis pela dorsifl exão e flexão pla nta r, para inversão e rever- A fasc io to mia plantar e a lib eração dos músculos intrínsecos
são e reestabelecer um a marcha tão norma l qu anto possível. A artro- po d em ser necessárias antes da cirurgia do tendão para uma defor-
dese para corrigir a d eformid ade o u estab ili za r as arti culações midade e m cavovaro fixa. Nessa situação, o fibular lon go é tran sfe -
ge ralm ente d eve se r ad iada até aproxim ad a me nte 10 a 12 anos de rido para a base do segun do m etata rso, e o extensor longo d o hálux
id ade d e modo a permitir o cresci mento ad eq uad o do p é. é transferido para o co lo d o primeiro metatarso. A d efo rmidad e de
CAPÍTULO 34 DISTÚRB IOS PARALÍTICOS

dedo em ga rra frequentemente recorre por ca usa da reinserção do do cun eiforme interm edi ári o, com sutura da transferência em um
extensor longo do hálux; isso pode se r evitado suturando o seu coto botão sobre urn a almofada de feltro colocada na área de desca rga de
distal no extenso r curto do hálux. peso da superfície plantar do pé.
Músculos Tibial Anterior e Posterior. Se os músculos tibi al ante- Músculos Fibulares. A paralisia isolada dos músculos fibu lares é
rior e tibi al pos terior forem paralisados, o desenvolvi mento do equi - rara em pac ientes com poli omi elite, m as pode ca usar grave defo r-
novalgo do retropé e antepé é mais rápido, e a deformidade torna-se midade do retropé em varo po r causa da atividade sem oposição
fixa conforme o tendão de Aqu iles e os músc ulos fibul ares encurtam . do músculo tib ial posterior. O calcâneo torna-se invertido, o
Essa deformidade pode se r se melhante ao tálus ver tical congênito antepé é ad uzid o e a deformidade em varo aumenta pela ação dos
em um a rad iografia lateral com apoio, mas o tálus vertical aparente músculos inversores durante a marcha. A atividade do tibi al ante-
não é confirmado quando um a incidênci a lateral com fl exão plantar ri or sem oposição pode ca usar um joanete dorsal. Nessa situação,
é obtida. Gessos em sé ri e são utilizados antes da cirurgia para o músculo tibia l anterior pode ser transferido lateralmente para a
alongar o tend ão de Aquil es e evitar o enfraquecim ento do gas- base do seg und o metatarso; no entanto, a transferência isolada do
trocnêmi o-sóleo. Se os músc ulos fib ul ares estivere m nor mais e músculo tibial ant erior po d e res ult ar em excesso de at ivid ade
ambos os músculos tibi ais estivere m paralisados, um dos músculos do extensor longo do hálux, ca usando hip erextensão deste e desen-
fibulares deve ser transferido. Por causa da sua maior excursão, o fibular volvimen to de um calo doloroso sob a cabeça do primeiro meta-
longo é transferido para a base do seg undo metatarso de modo a tarso. Em crian ças co m m enos de 5 anos de idade, o alongamento
substitui r o tibia l anterior, e um dos flexores longos dos artelhos subs- do tendão exte nso r longo do hálux pode se r necessário. Em crian-
titui o tibi al pos terior. O fibu lar curto é suturado no coto di stal do ças co m mais de 5 anos, o extensor longo do hálux deve se r trans-
tendão fibu lar longo. ferido para o co lo do primeiro metatarso antes que a d efo rmid ade
Músculo Tibial Posterior. A paralisia isolada do músculo tibial óssea se torne fixa.
posterior é rara, mas pode res ultar em eversão do retropé e do Músculos Fibulares e Extensores Longos dos Artelhos. A paralisia
antepé. O flexor longo do hálux e o flexo r longo dos dedos têm sido dos músculos fib ulares e extensores longos dos artelhos causa uma
utilizados para transferê ncias tendíneas nesta situação. Por meio deformidade em equin ovaro menos grave qu e pode ser tratada pela
de uma incisão posteromedial, os músc ul os plantares intrínsecos transferência do tibial anterior para a base do terceiro m etatarso ou
são dissecados de sua orige m calcânea, e um do s fl exo res longos para o cu neifo rme interm ed iário.
dos artelhos é exposto e incisado. Se o fl exo r longo dos dedos for Músculo Gastrocnêmio-Sóleo. O gastrocnêmio-sóleo é um grupo
utilizado, ele será di ssecado de sua bainha tendínea posterior e forte de músculo que levanta todo o peso do corpo em cada
proxima l ao m aléolo m edial , reencaminh ado através da bainha passo. A paralisia do gastrocnê mi o-sóleo, deixa ndo os dorsifle-
tibial pos terior e anexado ao navicular. Em casos raro s, co mo xo res se m opos ição, ca usa um a defo rmi dade em calcâneo rapi -
alternativa, o extensor longo do hálux pode ser transferido poste- damente progress iva. A tensão adequada d o tendão de Aquiles é
riormente através da m emb ra na interóssea e, em segui da, através importan te pa ra a fun ção norm al dos flexo res e extenso res longos
do tún el da tíb ia posteri or. dos artelhos e para os músc ul os intrínsecos do pé. Se o gastroc-
Em crianças de 3 a 6 anos de idade, Axer recome nd o u trazer nêmio-sóleo estive r fraco, o tibial posterior, os fibulares e os
a conjun ção dos tendõ es extensor longo d os dedos e fibular ter- flexores longos dos artelhos não podem efe tivamente e fazer fl exão
ceiro através de um tún el transversal no colo talar e suturar o plantar co m o retrop é; no entanto, podem abaixar as cabeças dos
tendão d e vo lta a si próp ri o. Na deformidad e em equin o fixa, o meta tarsos e ca usa r uma defo rmid ade em equino. O encurta-
alongamento do tendão de Aquiles pode se r necessár io antes da mento dos intrí nsecos e d a fásc ia plantar ap roxima as cabeças dos
transfe rência do tendão. Para valgo grave, Axer recomendou a metatarsos e o calcâneo de forma se melhante a uma corda de
transfe rência do fibul ar longo para o lado media l d o colo ta lar e arco. Os eixos longos da tíbia e do calcâneo coincidem, nega ndo
a transferência do fibul ar curto para o lad o lateral. A transferên- q ualqu er força res idual do gas trocnêmi o-só leo.
cia isolada do fibular curto não deve ser fe ita porqu e pode ca usar Manter o pé em ligeiro equino durante a fase aguda da poliomie-
uma defor mid ade d e in ve rsão do antepé. Após a cirurgia, a lite ajuda a prevenir o estiram ento excessivo do gastrocnêmi o-sóleo, e
imobili zação por gesso co ntinu a durante 6 seman as, seguida por a posição é mantida na fase de convalescência. Se o gastrocnêmio-
6 meses de uso de órtese. sóleo es tiver fraco, a marc ha precoce será desencorajad a. As radio-
Músculos Tibial Anterior, Extensor do Dedo do Pé e Fibular. grafias em ortostatismo em série devem se r obtidas com frequência,
A deformid ade em equinova ro progressivamente grave se desen- especialmente em crianças co m menos de 5 anos de idade, por causa
volve quando o tibial posterior e o gastrocn êmi o-sóleo ficam sem do ráp ido desenvo lvimento da defo rmidade.
oposição. O músculo tibial posterior aum enta a deformidade do A co rreção cirúrgica é indicada para prevenir o desenvolvi-
antepé em equin o e cavo, abaixando a cabeça dos metatarsos e encur- mento da deformidade em calcâneo e restaura r a flexão plantar do
tando o arco medial do pé. A deformidad e adicional em equin o e varo retropé. Na fase aguda, a úni ca indicação absoluta para tra nsfe rência
re sulta da co ntratura do gas trocnêmio -sóleo, qu e atu a corno um de tendão em crianças co m menos de 5 anos de idade é um a defor-
ponto fixo para o qual os músculos plantares intrínsecos puxam e midade prog ress iva em calcâneo.
aumentam a ad ução do antepé. A comb inação de músculos transferidos posteri or m ente
O alongamento com gessos se riados pode ser tentado, mas o depende d a força resid ual do gastrocn êmi o-sóleo e do padrão
alongamento do tendão de Aquiles geralmente é necessá rio. A libe- fun cional musc ular rem anesce nte. Se a força motora do gas troc-
ração radi cal de partes moles da deformidade do antepé cavo nêmio -só leo for razoável, a tran sferên cia posterior de doi s ou três
também pode se r necessária. A transferência anterior do tibi al pos- músc ulos pode se r sufi ciente para a marcha no rmal. Se o gastroc-
terior para a base do terceiro metatarso ou do cuneiforme interme- nêmi o-sóleo estiver co mpl eta mente parali sado, todo s os múscu -
di ário pode ser compleme ntada pela transferência anterior do flexo r los que estiverem disponíveis devem se r transferidos. A fasc ioto mia
longo dos dedos. A artrodese geralmente não é necessári a; a defor- plantar e a liberação d os músc ulos intrínsecos são necessárias
midade pode ser controlada por meio de fis ioterapia e órtoses. Um antes da transferência d e tendão em defo rmidades fixas do antepé
túnel ósseo pode ser feito através da base do terceiro m etatarso ou em cavo.
lll:m) PARTE X DOENÇAS DO SISTEMA NERVOSO EM CRIANÇAS

O músculo tibial anterior pode se r transferido posteriormente


18 meses após a fas e aguda da poliomielite. Isso pode ser feito co mo
um procedimento isolado se os estabilizadores laterais estiverem
equilibrados e se os extensores fortes dos artelhos puderem ser usados
para dorsiflexão. Nas deformidades mais graves, a transferência
dos exte nso res dos artelhos para as cabeças dos metatarsos e a fusão
das articulações interfalangeanas podem ser necessá rias de modo a
prevenir a deformidade de dedo em garra.

TRANSFERÊNCIA POSTERIOR DO
TENDAO TIBIAL ANTERIOR
TÉCNICA ~
~~~~~~~~--~
(DRENNAN)
B
•Tome cu id ado para obter o máximo comprimento do
tendão t ibial anterior, que pode t er encurta do por causa O!iji@i BIJt Vista s anterior (A) e lateral (B) da tenod ese do
da deformidade em ca lcâneo da membrana interóssea. tendão de Aquiles na fíbula .
•Separe a inserção do tendão de Aquiles longitudinal-
mente e desenvolva os retalhos osteoperiosteais na tube-
rosidad e ca lcâ nea.
•C oloque o pé em flexão plantar máxima para garantir que é fl exionado plantar ao máximo, permitind o o li.bular longo se
a transferência seja fixada na tensão apropriada. Se for deslocar posterio rm en te para o sulco do calcâneo, e, por fim, adere
necessário obter flexão plantar adequada, libere outras ao osso. A artrodese subtalar extra -articular pode ser necessá ri a
estruturas moles dorsais, incluindo a cápsula articular do como um segundo procedimento.
tornozelo ou alongue os exten sores longos dos artelh os. Nos raros casos em que nenhum inversor ou eversor estiver
Se o tendão de Aqu iles atenuado precisar ser encu rtado, presente para a transferência, os isquiotibi ais podem ser utili zados a
utilize uma técnica de Z-plastia para ressecção do tend ão fim de substituir o gastrocnêmio-sóleo. Os pré- requisitos desse pro-
redund ante na porção proximal. cedimento incluem paralisia completa do gastrocnêmio-sóleo, isq uio-
•Fixe o tendão t ibia l anterior tran sferido na tuberosidade tibiais mediais ou bíceps fe morais for tes e dorsiflexo res do tornozelo
do ca lcâneo e no coto dista l do tendão de Aqu iles, o e quadríceps fortes. As inserções do semitendíneo e do grác il e, oca-
sionalmente, do semimembranoso são mobili zadas, passadas subcu-
qual manteve a sua inserção normal na tuberosidade
calcâne a. taneamente e anexadas à incisão sagital do tendão de Aquil es. Uma
•Fech e a inci são de modo normal e ap liq ue um gesso sutura contínua na extremidade proximal do tendão de Aquil es
impede essa incisão se es tender proximamente. Os tendões são sutu-
longo co m o pé em flexão plantar. O gesso será uti li-
zado durante 5 semanas, e uma órtese utilizada por rados com o joelho flexionado em 25 graus e o pé em flexão plantar.
mais 4 meses.
1 PÉ INSTÁVEL
Quando todos os músc ul os distais ao joelho es tiverem para lisa-
dos, a defor midade em equin o res ul ta da fl exão plantar passiva.
Se os inversores e everso res es tive rem equ ili brados, um a defor- Os músc ul os intrínsecos podem manter alguma fun ção, levando o
midade em calcaneocavo pura se desenvolve. A transferência poste- antepé em equino ou em equino cavo. A liberação plantar radical,
rior de apenas um conjunto desses músculos causa instabilidade e algumas vezes combinad a com a n eurectom ia plantar, geralmente
deformid ade. Se a força do gastrocnê mi o-sóleo for razoável, a controla essa deformid ade. A ressecção da cunha do mediopé pode
transferência do li.b ular curto e do tibi al posterior para o calcanhar ser necessár ia para a deformidade em equino do antepé em pacie n-
será suficiente para controlar a defo rmid ade em ca lcâ neo e permi- tes mais velhos.
tir a marcha normal. O desequilíbrio lateral exige a transposição do
inversor ou eversor ativo para o calcanhar. Ambos os múscul os 1 JOANETE DORSAL
li.bulares são transferidos para o calcanh ar na deformidade em cal- Em um a defo rmidade em joanete dorsal, o eixo do primeiro meta-
caneoval go, e o tibial posterior e o fl exor longo do hálux podem se r tarso está dorsiflexionado e o hálux flexionado; ela geralmente
transferidos para a deformid ade em cavovaro. resulta do desequilíbri o muscul ar, embora às vezes possa ser por
Westin e Deli.ore reco mendaram a ten odese do tend ão de outras causas. Nos estágios iniciais, a deformid ade não é fixa, mas
Aqui les para a fíbula para d eformid ade paralíti ca em calcaneo- está presente apenas com o apoio, especialmente ao andar. Se o
va lgo (F ig. 34- 1). Eles utiliza ram um a incisão em forma de T no desequilíbrio muscular não for corrigido, a defo rmidade to rn a-se
periósteo em vez de um a perfuração por broca, co m imbricação fixa, embora perman eça mais pronunciada ao apo io (Fig. 34-2A).
do segmento di stal do tend ão seccionado abaixo do periósteo. Para Normalmente, so mente a art iculação metatarsofalangea na do
a deformid ade móvel do calcâneo, Makin reco m endou a transfe- hálux é fl exio nada e, ao apoiar, a cabeça do primeiro m etatarso é
rência do li.bular longo em um sulco co rtado no calcâneo posterior, deslocada para cima; o eixo longitudinal do m etatarso pode se r
se m perturbação da origem ou inse rção do tendão. O tend ão é hori zontal ou sua extremidade distal pode até mes mo ser direcio-
liberado proxim al ao maléolo lateral e no sulco do cuboid e, e o pé nada levem ente para cim a. O primeiro cuneiforme também pode
CAPÍTULO 34 DISTÚRBIOS PARALfTICOS

transferências imprudentes de tendão na poliomi elite residual. Nesses


pacientes, as ações opostas no primeiro metatarso dos músculos
V
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fibul ar longo e tibial anterior fo ram consideradas nas transferências.
Tendão Antes de qu alquer transferência do tendão fibular longo, o efeito de
tibial sua perda no primeiro metatarso deve se r cuidadosamente conside-
anterior---
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I
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rado. Quando o tibial anterior é paralisado e a transferência de tendão
é viável, o tend ão fibul ar longo ou os tendões do fibular longo e fibular
curto deve m se r transferidos para o terceiro cuneiforme, e não para
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a inse rção do tibial anterior; como alternativa, o tendão fibul ar curto
pode ser tra nsfe rido para a inserção do tibial anterior, deixando o
Tendão flexor tendão fi bular longo intocado. Nós acreditam os que, quando o tendão
longo do hálux
fib ular longo é transferido, a extremidade proximal do seu segmento
A distal deve estar firm emente fixa da no osso no nível da secção.
Quando o grupo gastrocnêmio-sóleo está fraco ou paralisado e os
músculos tibial anterior e fibular longo estão fortes, o fibul ar longo
não deve ser transferido para o calcâneo a menos que o tibial anterior
seja tra nsferido para a linha média do pé. No entanto, um joanete
dorsal nem sempre segue as transferências imprudentes de tendão,
uma vez que o desequilíbrio muscular pode não ser grave o suficiente
para causá- lo. Quando a deformid ade é progressiva, a cirurgia pode
simples mente consistir em transferir o tibi al anterior (ou o fibular
longo anteriormente transferido) para o terceiro cun eiforme; corrigir
a deform idade em si pode ser desnecessário. Entretanto, quando a
deform idade fo r fixa, a cirurgia não deve corrigir apenas o desequilí-
brio muscular, mas também a deformid ade.
O segund o e menos comum desequilíbrio muscular que pode
ca usa r um joa nete dorsal resulta da paralisia de todos os mús culos
Tendão flexor
B longo do hálux co ntrol adores do pé, exceto o grup o gas trocnêmio-sóleo, o qual
pode ter fo rça variável, e os flexores longos dos artelhos, que são
fo rtes. Esses fo rtes flexores dos artelhos ajudam a estabilizar o pé
li@il!;f!iDIJt A, Cirurgia de Lapidus para corrigir o joanete
no apo io e a manter a impul são na m archa. O flexor longo do hálux
dorsal. As áreas sombreadas mostram o osso a ser ressecado e as
ass um e um a grande parte dessa fun ção adi cional e, com o uso
articulações a serem fundidas. B, Cirurgia concluída. O flexor
ativo, o hálux pode perman ecer qu ase sempre flexionado plantar;
longo do hálux foi convertido em depressor do primeiro meta-
a cabeça do primeiro metatarso é deslocada para cima d e m odo a
tarso, e a ação do tibial anterior como dorsiflexor do primeiro
acom odá- lo. Um músculo flexor curto do hálux forte tamb ém
metatarso foi eliminada pela transferência de sua inserção poste-
po de ajudar a produzir a deformid ade.
riormente . VEJA A TÉCNICA 34-2.
Existem outras causas m enos comuns para a deformid ade. Ela
pode se dese nvo lve r em conjunção com um hálux rígido em qu e a
dorsiflexão da primeira articulação metatarsofalangean a é dolorosa.
ser inclinado para cima. Uma pequ ena exostose pode se form ar no As sup erfíc ies articulares tornam -se irregul ares, e a parte pl antar
dorso da ca beça do metatarso. Quand o a fl exão do hálux é grave o da cápsul a arti cul ar gradualmente se co ntra i; a proliferação óssea
suficiente, a articulação metatarsofalangean a pode subluxar, e a no dorso d a ca beça do prim eiro m etatarso muitas vezes torn a-se
parte dorsal da cartilagem da cabeça do metatarso, por fim, pode pronun ciada e bloqueia a dorsiflexão da articulação. Ao andar, o
degenera r. A parte plantar da cápsula arti cular e o músculo flexor pac iente pod e inconscientemente supin ar o pé e flexionar plantar
curto do hálux podem ficar contraturados. o hálux para proteger o coxim plantar do hálux. Algumas vezes, um
Dois tip os de desequilíbrio muscul ar podem ca usar um joanete joanete dorsal tamb ém é observado em um pé plano congênito grave
dorsal. O mais comum é a dorsiflexão do primeiro metatarso, com com um a defo rmidade em mata-borrão.
a fl exão plantar do hálux sendo secundári a. O menos comum é a
fl exão plantar do hálux, com a dorsiflexão do primeiro m etatarso
sendo sec und ária.
O desequilíbrio mais comum enco ntra-se entre os músculos
TRANSFERÊNCIA DO FLEXOR LONGO
tibi al anterior e fibular longo; norm a.lmente, o músculo tibial anterior DO HÁLUX PARA TRATAMENTO DO
levanta o primeiro cuneiforme e a base do primeiro metatarso, e o JOANETE DORSAL
fibul ar longo se opõe a essa ação. Quand o o fi bul ar longo está fraco

------~
ou paralisado ou foi transferido para outro local, o primeiro metatarso TÉCNICA
pode ser do rsiflexionado por wn músculo tibial anterior forte ou por
um músculo substituindo-o. Quando o primeiro metatarso é dorsifle- (LAPIDUS)
xionado, o hálux torna-se ativamente flexionado plantar de modo a
es tabelece r um ponto de apoio para o lado med ial do antepé e ajudar •Faça uma incisão longitudinal sobre o aspecto dorsome-
no desprendimento da m arch a. A fraqu eza dos músculos dorsifle- dial da primeira articula ção metatarsofalangeana para
xo res do hálux tamb ém pode favorece r o dese nvolvimento dessa expor a parte dorsal da cápsula . )
posição do artelho. Muitos joanetes dorsais se desenvolvem depois das
111!1) PARTE X DOENÇAS DO SISTEMA NERVOSO EM CR IANÇAS

)• Del i~eie um reta lho dorsal de teci?o capsu lar em fo rmato isolada mente ou em combinação com outros procedimen tos. A
de l1ngua com sua base anexada a falange proximal; abra escolha das cirurgias depende da idade do paciente e da deformi-
a articulação, refletindo esse retalho distalmente. Com dade particular que deve ser corrigida.
um osteótomo, remova qua lquer osso anorma l do dorso
da cabeça do metatarso. 1 OSTEOTOMIA DO CALCÂNEO
• Agora, faça uma segunda incisão long itud ina l na borda Uma osteotom ia do calcâneo (Capítul o 29) pode ser reali zada para
dorsomed ial do antepé e expon ha a primeira arti cu lação a co rreção da deform idade do retropé em varo ou valgo em crianças
metatarsocuneiforme e, se necessário, também a primeira em crescimento. No caso de uma deformidade em cavovaro, ela
articu lação naviculocuneiforme. pode ser combinada com a liberação dos músculos intrínsecos e da
• Se o músculo tibial anterior estiver hiperativo, solte o seu fáscia plantar e, na deformidade em calcaneovaro, com uma osteo-
tendão e transfira-o para o segundo ou terceiro cunei- tomia de deslocamento posterior do calcâneo. A deformidade em
fo rme no dorso do pé ou para o navicular. Assim, a ação va lgo fixa pode exigir uma osteo tomia de deslocamento media l em
do múscu lo t ibial anterior em dorsiflexão da diáfise do um plano paralelo aos tendões fibu lares.
primeiro metatarso será el iminada.
• Remova uma cunha de osso da primeira articu lação meta- 1 OSTEOTOMIA DE DILLWYN-EVANS
tarsocuneiforme e, se necessário, também da primeira A osteotomia de Dillwyn-Evans pode ser utili zada para corrigir
arti cu lação navicu locuneiforme (Fi g. 34-2A); a base da defo rm idade de pés to rtos em calcaneovalgo com o altern at iva à
cunha ou cunhas deve ser plantar e o seu tamanho va i artrodese tríplice em crianças de 8 a 12 anos de idade. Essa osteo-
depender da gravidade da deformidade. tomia, que é o inverso da técn ica origina l utilizada para pé torto
•Solte o tendão do flexor longo do hálux da sua inserção congênito, alonga o calcâneo por meio de uma osteotomia transver-
e puxe-o proximalmente pela incisão sobre o antepé . sal do calcâneo e a inserção de um enxerto ósseo para abrir uma
•Perfure um túnel oblíquo na diáfise do primeiro meta- cunha e alongar a borda lateral do pé (Fig. 34-3).
tarso, do seu aspecto plantar proxima l para o seu aspecto
dorsa l dista l. Traga a extremidade do tendão do flexor 1 ARTRODESE SUBTALAR
longo do hálux dorsalmente através desse túnel para o A deform idade paralítica em equinovalgo resulta da paralisia do tibial
acesso sobre o hálux; isso converte o flexor longo do anterior e do tibial posterior e da ação sem oposição dos fibulares e
hálux em um flexor plantar do primeiro metatarso e el imina do gastrocnêmio-sóleo. O calcâneo é evertido e deslocado lateral
sua ação de fl exor plantar do hálux. e poste riormente. O sustentáculo do ta lo não funciona mais com o
•Corrija comp let ame nte a contratura em flexão do há lux suporte do calcâneo para a cabeça do tálus, que se desloca mediai-
por tenotomia e capsu lotomia plantar subcutânea da pri- mente e em equino. A deformidade em equinovalgo do re tropé e do
meira articulação metatarsofalangeana somente proximal antepé se desenvolve rapidamente e, com o crescimento, torna-se fixa
aos sesamoides. e exige correção óssea.
• Sobreponha o retalho capsular dorsa l para colocar o Grice e Green desenvolveram uma fusão subtalar extra-arti-
hálux em alguns graus de dorsiflexão; se houve r há lux cular para restaurar a altura do arco longitudi nal med ial em
va lgo, suture o reta lho com mais tensão no seu lado pacientes de 3 a 8 anos de idade. Idea lmente, esse proced imento é
medial. Em seguida, fixe a extremidade distal do tendão realizado quando a deformidade em va lgo está locali zada na ar ti -
do flexor longo do há lux transferido no retalho capsular culação subtalar e quando o calcâneo pode ser manip ul ado para
para reforçar passivamente a cápsula dorsal. Suture sua posição normal aba ixo do tá lus . Exames clín icos e rad iográfi-
também o tendão no periósteo onde ele emerge a partir cos cuidadosos devem determinar se a defor midade em va lgo está
da diáfise do metata rso (F ig. 34-28) localizada primariame n te na ar ti culação sub talar o u na articul ação
do tornoze lo. Se o antepé não estiver móvel o suficie nte para ficar
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Um gesso é aplicado dos plantígrado quando o retropé fo r corrigido, o procedimento é con-
dedos do pé até o joelho com o pé na posição corrigida. traindicado. As complicações mais comuns da artrodese de Grice
Após 2 semanas, o gesso é substituído por um gesso sem e Green são a deform idade em varo e o aumento do va lgo na
acolchoamento, que permite a flexão do hálux; o apoio articu lação do tornozelo por ca usa da hipercorreção. Infecção
gradua lmente é retomado. Em 8 a 1O semanas, esse óssea, pseudoar trose, reabsorção do enxerto e artrose das articu-
gesso é removido, um suporte de arco é adaptado no lações dos metatarsos também foram relatadas.
ca lçado, e a fisioterapia é iniciada. Dennyson e Ful ford descreveram uma técnica para artrodese
subtalar em que um parafu so é inserido através da artic ulação sub-
talar para fixação interna, e um enxerto da crista ilíaca é colocado
no seio do tarso. Como o parafuso fornece fixação in terna, a manu-
• PROCEDIMENTOS ÓSSEOS (OSTEOTOMIA E tenção da posição correta não depende do enxerto ósseo.
ARTRODESE)
O objetivo da artrodese em pacientes com poliomielite é reduzir o
número de articulações que os músculos enfraquecidos ou paralisa- ARTRODESE SUBTALAR-GRICE E
dos devem controlar. A deformidade óssea estrutural deve ser cor- GREEN
rigida antes de uma transferê ncia de tendão ser realizada. Os
procedimentos de estabi lização do pé e dor tornozelo tradicional -
mente são de cinco tipos: (1) osteotomia do calcâneo, (2) artrodese
TÉCNICA
-------------~
•Faça uma incisão curvilínea curta no aspecto lat eral do pé
subtalar extra-a rticular, (3) artrodese tríp lice, (4) artrodese do
tornozelo e (5) bloqueios ósseos para li mi tar o movimento na arti- diretamente sobre a articulação subtalar.
culação do tornozelo. Esses procedimentos podem ser realizados
CAPÍTULO 34 DISTÚRB IOS PARA LITICO S cmlll

ht§l!;@BIJt Procedimento de Dill wyn- Evans .

Olfflht.)D19 Fusão subta lar de Grice-Gree n. Preparação do leito do enxerto e co locação do enxerto no aspecto latera l da articu lação
su btalar. VEJA A TÉCNICA 34-3.

• Faça uma incisão para baixo através dos tecidos moles de •Prepare os leitos do enxerto, removendo uma fina camada
modo a expor o ligamento cruzado que se sobrepõe à de osso cortical da superfície inferior do tálus e da super-
articulação. Divida esse ligamento na direção de suas fície superior do calcâneo (Fig. 34-4).
fibras e faça a dissecção do tecido gorduroso e ligamentar •Agora, faça uma incisão linear sobre a superfície antero-
do seio do tarso . medial da metáfise da tíbia proximal, incise o periósteo e
•Faça a dissecção do extensor curto dos dedos a partir do pegue um bloco de osso grande o suficiente para dois
ca lcâneo e afaste-o dista lmente. A relação do ca lcâneo enxertos (gera lmente 3,5 a 4,5 cm de comprimento e 1,5
com o tá lus agora pode ser determ inada, e o mecanismo cm de largura). Como alternativas para o osso da tíbia,
da deform idade pode ser demonstrado. pegue um curto segmento da fíbula distal ou um seg-
•Coloque o pé em equino e, em seguida, inverta-o para mento circu lar da crista ilíaca.
posicionar o calcâneo abaixo do tálus. Uma deformidade •Corte os enxertos para ajustar aos leitos preparados. Utilize
grave, de longa duração, pode exigir a liberação da cápsula uma pinça a fim de posicionar os enxertos de modo que
da articu lação subtalar posterior ou a remoção de uma eles possam ser embutidos no osso esponjoso para impedir
pequena parte do osso lateralmente abaixo da superfície o deslocamento latera l.
articula r anterossuperior do ca lcâneo . •Com o pé mantido em uma posição li gei ramente hiper-
•Insira no seio do tarso um osteótomo ou um elevador corrigida, coloque os enxertos no seio do tarso. Everta o
periosteal largo e bloqueie a articulação subtalar para pé pa ra bloquear os enxertos no loca l.
ava li ar a estabilidade do enxerto e seu tamanho e posição • Se um segmento da fíbula ou da crista ilíaca for utilizado, um
adequados . fio de Kirschner pode ser empregado para manter o enxerto )
~ PARTE X DOENÇAS DO SISTEMA NERVOSO EM CRIANÇAS

/
A B

e D

H[§IJ;@Et19 Artrodese subta la r com fi xação interna. A, Incisão oblíqua sobre o seio do tarso. B, Exposição do seio do tarso, do osso
esponjoso do calcâneo e do tálus. C, Pino de Steinmann é colocado através da articulação subtalar entrando no tálus tão distal quanto
possível com o pé mantido na posição corrigida. D, Parafuso é co locado através da articulação subtalar a partir do colo do tálus até o
calcâneo; o seio do tarso é preenchido com enxerto ósseo da crista ilíaca. E, Radiografia do pé corrigido com parafuso no lugar. VEJA
A TÉCNICA 34-4.

no lugar por 12 semanas. Um parafuso pode ser inserido da linha média da face anterior do tornozelo proximal e
)
anteriormente a partir do colo do tálus no ca lcâneo para lateralmente até os tendões fibulares (Fig. 34-SA)
fixação rígida. •Eleve a origem do extensor curto dos dedos, junto a um
• Aplique um longo gesso com o joelho flexionado, o torno- coxim de gordura subcutânea, proximamente, e afaste-o
zelo em máxima dorsiflexão e o pé na posição corrigida. distalmente para expor o seio do tarso.
• Remova a gordura do seio do tarso por dissecção cor-
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Após 12 semanas de peso tante junto ao osso e, com uma goiva estreita, remova
não suportado, o gesso longo é removido e um gesso curto o osso cortical do ápice do seio do tarso para expor o
para marcha é aplicado e utilizado por mais 4 semanas. osso esponjoso da superfície inferior do colo do tálus
e da área não articular na superfície superior do ca lcâ -
neo (Fig. 34-58). Não remova o osso cortica l da parte
externa do seio do tarso na área onde o parafuso vai
passar.
ARTRODESE SUBTALAR - •Exponha a depressão na superfície superior do colo do
DENNYSON E FULFORD tálus por dissecção romba entre o tendão do extensor
longo dos dedos e o feixe neurovascular.

-------~
TÉCNICA • Segure o calcâneo na sua posição corrigida e passe um
perfurador dessa depressão no colo do tálus e através do
• Faça uma incisão oblíqua em linha com as pregas de flexão seio do tarso para entrar na superfície superior do ca lcâ-
da pele, centralizada sobre o seio do tarso e estendendo-se neo, em direção lateral, até que ele perfure o córtex do
CAPÍTULO 34 DISTÚRBIOS PARALÍTICOS (fl1I

A B

O@il;J!i1D9 Artrodese tríplice. A, Incisão oblíqua no seio do tarso para expor as articulações subtalar, talonavicular e calcaneo-
cubóidea. B, Cartilagem e osso cortical removidos de todas as superfícies articulares, caso necessário; cunhas apropriadas são removidas,
se necessário. C, Cunhas necessárias para correção de deformidade em valgo. D, Cunhas necessárias para correção da deformidade em
varo. VEJA AS TÉCNICAS 34-5 E 34-63.

calcâneo na sua borda inferolateral (Fig. 34-SC). O per- 1 ARTRODESE TRÍPLICE


furador deve passar através do osso cortical nas superfí- O procedimento de estabilização mais eficaz no pé é a artrodese
cies superior e inferior do colo do tálus e nas superfícies tríplice (Fig. 34-6): a fusão das articulações subtalar, calcaneocubói-
superior e inferolateral do calcâneo. dea e talonavicular. A artrodese tríplice limita o movimento de
•Determine o comprimento do perfurador que está dentro flexão plantar e dorsiflexão do pé e do tornozelo. É indicada quando
dos ossos e insira um parafuso esponjoso de pequenos a maior parte da fraqueza e da deformidade está nas articulações
fragmentos do mesmo comprimento. Aperte o parafuso subtalar e mediotársica. A artrodese tríplice é realizada (1) para
até que a sua cabeça seja assentada na superfície superior obter realinhamento estável e estático do pé, (2) remover forças de
do tálus. deformação, (3) parar a progressão da deformidade, (4) eliminar a
• Preencha o ápice do seio do tarso com lascas de osso dor, (5) eliminar o uso de uma órtese curta ou proporcionar corre-
esponjoso da crista ilíaca (Fig. 34-SD) ção suficiente para permitir a adaptação de uma órtese longa de
•Reposicione o extensor curto dos dedos e feche a incisão. modo a controlar a articulação do joelho e (6) obter uma aparência
•Aplique um gesso longo sem apoio. mais normal do pé. Geralmente, a artrodese tríplice é reservada para
a deformidades graves em crianças com 12 anos de idade ou mais;
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O gesso longo é remo- ocasionalmente, pode ser necessária em crianças de 8 a 12 anos de
vido em 6 a 8 semanas, e um gesso curto para marcha é idade com deformidade progressiva e incontrolável.
aplicado e utilizado por mais 4 a 6 semanas. A técnica exata de artrodese tríplice depende do tipo de defor-
midade, o que deve ser determinado antes da cirurgia. Um modelo
~ PARTE X DOENÇAS DO SISTEMA NERVOSO EM CRIANÇAS

de papel pode se r feito a pa rtir de uma radiografia lateral do torno-


• Identifique o processo articular anterior do ca lcâneo e
zelo, e os compo nentes da articulação subtalar são divididos em três corte-o no nível do assoalho do seio do tarso para melhor
seções: os componentes tib iotalar e calcâneo e out ro componente exposição de todas as articulações.
que compreenda todos os ossos do pé di stais à art iculação medio- • A fim de fazer essa osteotomia, utilize um osteótomo
társica. Esses são reagrup ados com o pé na posição corrigida de colocado pa ralelamente à superfície plantar do pé; reserve
modo qu e o tamanho e o for mato das cunh as a serem removidas o osso para enxerto.
possa m se r medidos com precisão.
• Com um osteótomo, remova as superfícies articu lares da
Em pés tortos em equin ovalgo, o arco longitudinal medial do pé articulação calcaneocubóidea para expor o osso esponjoso.
é reduzido, a cabeça do tál us é alargada e flexionada plantar e o antepé • Remova uma quantidade igual de ambos os ossos, a
é abd uzido. Levantar a cabeça do tálus e deslocar o sustentáculo do menos que a correção da cunha de uma deformidade
talo mediaimente abaixo da cabeça e do colo do tálus restaura o arco. óssea seja necessária (Fig. 34-68).
Uma cunha baseada mediaimente que consiste em uma porção da • Remova a parte distal da cabeça do t álus com osteótomos
cabeça e do colo do tálus é cortada (F ig. 34-6C). Q uando a deformi- de 0,6 e 1,2 cm retos e curvos. Remova apenas o sufi-
dade em va lgo do retropé for corrigida, o antepé te nderá a supinar; ciente para expor o osso esponjoso da cabeça do tálus,
isso é resolvido pela ressecção da articul ação mediotársica com uma a menos que uma cu nha medial seja necessária para
cunha de base med ial. Uma incisão medial ad icional pode ser neces- corrigir uma deformidade fixa . Um pequeno espéculo de
sária para ressecção da articul ação talonavicu lar. lâmina pode se r inserid o para melhor exposição . Uma
Em pés tortos em equin ovaro, a cabeça alargada do tálusse segunda incisão media l pode ser necessária para expor a
posiciona lateralmente ao eixo da linha média do pé e bloqueia a parte mais medial da arti cu lação ta lonavicu lar.
dorsiflexão. Uma cunh a subtalar co m base lateral, combinada com
•Remova a superfície arti cu lar proximal e o osso subcon-
a ressecção da art iculação mediotársica, deixa a cabeça do tálus dral do navicular e molde e regu larize as superfícies para
ligeiramen te medial ao eixo da linha média do pé (Fig. 34-6D). um ajust e confortável com o tá lus.
Em pés calcaneocavo, a artrodese deve permitir o deslocamento • Excise as superfícies arti cula res do sustentácu lo do ta lo e
posterio r do pé na articulação subtalar. Após a liberação da fáscia da faceta anterior da articu lação subtalar.
plantar, uma cunha de osso é removida, para favorecer a correção da • Acesse a articulação subtalar e remova completamente
deformidade em cavo, e outra cunha óssea é removida da articulação suas superfícies articulares. Para melhor exposição da porção
subtalar para corrigir a rotação do calcâneo (Fig. 34-6D). posterior, uti lize o pequeno espéculo de lâmina para expor
O balanço muscu lar do pé e do tornozelo determina quanto o a articulação subtalar. Remova cunhas apropriadas dessa
pé deve se r deslocado posteriorm ente. O desloca mento posterior do articu lação, se necessário; caso cont rári o, faça as ressec-
pé transfere o seu fulcro de movimento (o to rn ozelo) anteriormente ções em para lelo para as superfícies articula res.
para um a posição próxim a ao seu centro e alonga o se u braço de • Corte o osso removido em pequenos pedaços a serem
alavanca posterior; isso é especialmente importante quando o grupo utilizados como enxerto. Coloque a maior parte do enxerto
gastrocnêmio-sóleo está fraco. ósseo em torno da articulação talonavicular e na profun-
didade do seio do tarso.
• A correção é mantida com fixação interna, geralmente
ARTRODESE TRÍPLICE pinos de Steinmann lisos ou fios de Kirschner.
•Feche o pedículo do músculo extensor curto dos dedos

--------~
TÉCNICA sobre o seio do tarso para reduzi r o espaço morto.
•Feche a incisão sob re um dreno de sucção e ap li que um
• Faça uma incisão oblíqua centralizada sobre o seio do ta rso gesso cu rto bem acolchoado .
de acordo com as dobras da pele na latera l do pé, come-
çando dorsolatera lmente na borda lateral dos tendões dos CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Pode-se esperar que haja
extensores longos dos artelhos no nível da articulação talo- um sangramento consideráve l pelo dreno e através da
navicular (Fig. 34-6A). Continue a incisão posteri ormente, própri a incisão. O pé deve ser elevado para minimizar o
angulando em direção plantar e terminando no nível dos inchaço. O dreno é removido em 24 a 48 horas. An dar
tendões f ibul ares. Proteja cuidadosa mente os tendões com muletas ou um andador, com apoio propioceptivo no
extensores e fibu lares e rea lize a dissecção cortante através pé operado, é permitido assim que tolerado. O gesso e os
do seio do tarso até o músculo extensor curto dos dedos. pinos ou fios são removidos em 6 a 8 sema nas, e um gesso
• Afaste a origem desse músculo distalmente junto com a curto para marcha é apl icado e utilizado até que a união
gordura no seio do tarso. esteja completa, gera lmente 4 semanas a mais.
•Limpe o restant e do seio do tarso de todo o tecido para
expor as arti cu lações subta lar e ca lcaneocubóidea e a
parte latera l da articulação ta lonavicular.
•Faça a inc isão da cápsula das articulações talonavicu-
lar, calcaneocubóidea e subtalar circunferenc ialmente CORREÇÃO DA DEFORMIDADE
de modo a obter a máxima mobilidade possível. Se essa
liberação permitir ao pé ser colocado na posição normal,
EM CAVO
a remoção de grandes cunhas ósseas não será necessá - ~
TÉCNICA ~~~~~~~~~
ria. Se a correção for impossível depois da liberação de
partes moles, cunhas ósseas apropriadas serão removidas • Real ize uma liberação plantar medial radical para corrigir
(Fi g. 34-6C e D) . os tecidos moles contraturados do arco long itudinal. Em
CAPÍTULO 34 DISTÚRBIOS PARALfTICOS em
15 anos, em especial com excisão inadequada de todo o tálus. A
segu ida, corrija forçosamente a deformidade em cavo tanto
quanto possível . artrodese tibiocalcaneana pode ser realizada quando a talectomia
falha e normalmente é indicada por causa da dor persistente. A técnica
•Exponha as articulações calcaneocubóidea , talonavicular
e subta lar através da incisão descrita anteriormente. de talectomia está descrita no Capítulo 29.
• Com um osteótomo, remova das articu lações ta lonavicu-
lar e ca lcaneocubóidea uma cu nha de osso com a sua ARTRODESE DE LAMBRINUDI
base anterior e grande o suficiente para corrigir a defor-
midade em cavo que permanece depois da liberação da A artrodese de Lambrinudi é recomendada para a correção
fásc ia plantar. de deformidade isolada fixa em equino em pacientes com
• Dorsiflexione o antepé e oponha as superfícies cruentas para mais de 1O anos. A atividade mantida no gastrocnêmio-
ver se o cavo foi corrigido; em caso afirmativo, exponha a sóleo, combinada com os dorsiflexores e fibulares inativos,
articulação subtalar e dela remova uma cunha de osso com causa a deformidade em pé caído. O tálus posterior encosta
sua base posterior para corrigir a deformidade ou a rotação na superfície da tíbia, e a cápsula posterior da articulação
do calcâneo (Fig. 34-60). Certifique-se de que todas as do tornozelo se contrai para criar uma deformidade fixa
superfícies do osso estejam bem encaixadas e que o pé em equino. No procedimento de Lambrinud i, uma cunha
esteja em posição satisfatória antes de fechar a incisão. de osso é removida da parte plantar distal do tálus de modo
que o tálus permanece em equino completo na articulação
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO A correção geralmente do tornozelo enquanto o restante do pé é reposicionado
é mantida com pinos de Steinmann ou fios de Kirschner. para o grau desejado da flexão plantar. A li beração ou a
Um gesso é aplicado, e pressão firme é exercida sobre a transferência de tendão podem ser necessárias para pre-
sola do pé, enquanto o gesso está sacando, de maneira a venir a deformidade em va lgo ou varo se força muscular
alongar as estruturas plantares o tanto quanto possível. ativa permanecer. A artrodese de Lambrinudi não é reco-
Quando não for utilizada fixação interna, o gesso e as mendada para um pé instável ou quando a instabilidade
suturas serão removidos em 1O a 14 dias, o pé será inspe- do quadri l ou do joelho precisa de uma órtese . Um bom
cionado e serão feitas radi ografias. Se a posição não estiver resultado depende da força dos ligamentos dorsais do
satisfatória, o pé será manipulado com o paciente sob tornozelo. Se for observada sub luxação do tálus anterior
anestesia geral. Um novo gesso, confortável e adequada- em uma radiografia em perfil com apoio, recomenda-se
mente acolchoado, é, então, aplicado e é moldado para o uma artrodese pantalar em dois estágios. As complicações
contorno do pé; esse gesso é removido em 12 sema nas. da artrodese de Lambrinudi incluem instabi lidade do tor-
nozelo, deformidades residuais em varo ou va lgo, causadas
pelo desequilíbrio muscular, e pseudoartrose da articu lação
Complicações da Artrodese Tríplice. A complicação mais comum talonavicular.
da artrodese trípbce é a pseudoartrose, especialmente da articulação

-------'~
talonavicular. A pressão adicional na articulação do tornozelo causada TÉCNICA
pela perda de mobilidade do retropé pode levar ao desenvolvimento
da artrite. A ressecção excessiva do tálus pode causar osteonecrose, (LAMBRINUDI)
especialmente em adolescentes; em geral, isso torna-se evidente nas
radiografias tiradas 8 a 12 semanas depois da artrodese tríplice. A • Com o pé e o tornozelo em flexão plantar extrema, faça
frouxidão ligamentar do tornozelo pode exigir a sua fusão. O dese- uma radiografia latera l e um modelo de papel a partir do
quilíbrio muscular depois da estabilização do retropé pode provocar filme. Corte o modelo em três partes ao longo dos contor-
deformidade do antepé; a função sem oposição do tibial anterior ou nos das articulações subtalar e mediotársica; a partir dessas
dos fibulares é a causa mais comum desta complicação e deve ser partes, a quantidade exata de osso a ser removida do tálus
corrigida pela transferência de tendão. A deformidade residual geral- pode ser determinada com precisão antes da cirurgia . No
mente é causada por correção insuficiente na cirurgia, imobilização modelo, a linha que representa a articulação do tálus com
inadequada, pseudoartrose ou desequilíbrio muscular. a tíbia não é tocada, mas as correspondentes às suas partes
plantar e distal devem ser cortadas de modo que, quando
1 TALECTOMIA o navicular e a articulação calcaneocubóidea forem monta-
A talectomia proporciona estabilidade e deslocamento posterior do dos depois, o pé ficará 5 a 1O graus em equino em relação
pé e geralmente é recomendada para crianças de 5 a 12 anos de idade à tíbia (Fig. 34-7), a menos que a extremidade seja encur-
quando a deformidade não é corrigível pela artrodese. A talectomia tada; mais equ ino poderá, então, ser desejável.
limita o movimento da art iculação do tornoze lo, em especial a dor- • Exponha o seio do tarso através de uma longa incisão lateral
siflexão, e cria uma anquilose tibiotársica. O deslocamento posterior curva .
do pé coloca a tíbia distal sobre o centro da área de carga, produ- • Seccione os tendões fibulares com um corte em formato
zindo uma distribuição equilibrada de peso e boa estabilidade de Z, abra as articulações talonavicular e calcaneocubói-
lateral. A aparência geralmente é satisfatória, a dor é aliviada e cal- dea e libere os ligamentos interósseos e colaterais f ibula-
çados especiais ou órtoses não são necessários. res do tornozelo para permitir o completo deslocamento
A causa mais comwn de falha da talectomia é o desequilíbrio medial do tarso na articulação subta lar.
muscular, mais pela presença de um músculo tibial anterior ou poste- •Com uma pequena serra elétrica (mais precisa do que um
rior forte. A atividade da musculatura intrínseca pode causar contratura cinzel ou osteótomo), remova a cunha de osso predeter-
da fáscia plantar, resultando em urna deformidade em equino do minada das partes plantar e distal do colo e do corpo do
antepé. Em crianças com menos de 5 anos de idade, a recorrência da tálus. Remova a cartilagem e o osso da superfície superior )
deformidade é frequente e a dor é comw11 em indivíduos com mais de
illllm') PARTE X DOENÇAS DO SISTEMA NERVOSO EM CRIANÇAS

1 ARTRODESE DO TORNOZELO
A fusão do tornozelo pode ser indicada para um pé instável ou
para recorrência da deformidade depois da artrodese tríplic e.
A artrodese de com pressão (Capítulo 11) geralmente é reco-
mendada para crianças mais velhas e adolescentes. De início,
podem ser realizados a fasciotomia plantar subcutânea e o alo n-
gamento do tendão de Aq uiles, seguidos pela artrodese do
tornozelo.

1 ARTRODESE PANTALAR
A artrodese pantalar é a fusão das articul ações tibiotalar, talona-
vicular, subtalar e calcaneocubóidea. Para o pé instável com qua-
dríceps paralisado, a artrod ese pantalar pode ser indicada a fim de
eliminar a necessidade de órteses longas para o joelho. O paciente
ideal para essa cirurgia é aquele com pé e tornozelo instáveis e
\
músculos normais em torno do quadril e do joelho. Os pré-requi-
\
\
sitos absolutos para esse procedimento incluem um glúteo máximo
\
forte, de modo a iniciar o desprendimento dos dedos durante a
----:...-. :_/ marcha, e um joelho normalmente alinhado com a extensão com-
\
pleta ou alguns graus de hiperextensão.
O tornozelo deve ser fundido em 5 a 10 graus em equino a fim
de produzir o impulso para trás na articulação do joelho necessário
para apoio estável. A posição em equino excessiva do tornozelo
resulta em dor e aumento da pressão sob as cabeças dos metatarsos;
A
a flexão plantar aceitável deve ser confirmada por uma radiografia
lateral durante a ci rurgia. A artrodese pantalar pode ser feita em
dois estágios: o primeiro no pé e o segundo no tornozelo, porque
B é difícil alcançar e manter a posição adequada do pé e do tornozelo
ao mesmo tempo. As complicações da artrodese pantalar incluem
füijihJ.) Em Cirurgia de Lambrinudi para pé torto equino. A, pseudoartrose, calosidades plantares dolorosas, causadas por uma
A área colorida indica parte do tálus a ser ressecada . B, Margem distribuição desigual de peso, e excessivo calcanhar em equino, que
distal pontiaguda da parte remanescente do tálus foi encravada na causa aumento da pressão no antepé.
superfície preparada do navicular, e as superfícies ósseas cruentas do
tálus, calcâneo e cuboide foram apostas. VEJA A TÉCNICA 34-7. • TÉCNICAS DE TRANSFERÊNCIA
DE TENDÃO
do ca lcâneo para formar um plano paralelo ao eixo lon-
) 1 PÉS EQUINOVARO
gitudina l do pé.
•Em seguida, faça um su lco em forma de V transversal- Os pés em equinovaro ca usados pela poliomielite se caracterizam
mente, na pa rte inferior do navicular proximal , e desnude pela deformidade em equino do tornozelo, inversão do calcanhar
a articu lação calcaneocubóidea de osso suficiente para e, nas artic ulações mediotársicas, adução e supinação do antepé.
corrigi r qualquer deformidade lateral. Quando a deformidade existe há muito tempo também há uma
•I nsira firmemente a margem distal afiada da parte rema- deformidade em cavo do pé; dedos em garra podem se desen -
nescente do tálus como uma cunha no su lco do navicular volver secundariamente à substitui ção de padrões motores. Em
e opon ha o ca lcâneo e o tálus. Tome cuidado para co locar pés tortos paralíticos em equinovaro, os músculos fibulares
a margem distal do tálus bem med iaim ente no su lco; caso ficam paralisados ou gravemente enfraquecidos, mas o músculo
contrário, a posição do pé não ficará satisfatóri a. O tálus tibial posterior ge ralm ente está normal; o tibial anterior pode
é agora bloqueado na arti culação do tornozelo em equino estar enfraquecido ou normal. O gastrocnêmio-sóleo encontra-
completo, e o pé não pode ser mais flexionado plantar. se comparativamente forte, mas torna-se contraturado em virtude
•Insira fi os de Kirschner suaveis para f ixar as articulações de uma combinação de desequilíbrio motor, crescimento, gravi-
talonavicular e ca lcaneocuboídea. dade e postura. O tratamento depende da idade do paciente, das
• Suture os tendões fibulares, feche a incisão de forma roti - forças que causam a deformidade, da gravidade da deformidade
neira e aplique um gesso com o tornozelo em neutro ou e sua taxa de piora.
dorsiflexão leve. A transferência anterior do tendão tibial posterior remove uma
força de deformação dinâmica e auxilia a dorsiflexão ativa do pé; no
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O gesso e as sutu ras são entanto, a transferência sozinha raramente restaura a dorsiflexão
removidos em 1O a 14 dias, e a posição do pé é ava liada ativa. O redirecionamento do tendão anterior para o maléolo medial
por radiografias. Se a posição estiver satisfatóri a, um diminui a sua força de flexão plantar e alonga o músculo tibial pos-
gesso curto será apl icado, mas o apoio não será permitido terior; entretanto, a deformidade não pode ser cor rigida, porque o
durante 6 semanas. Após isso, um gesso curto para músculo retém a sua ação de vari zação. Todo o tendão pode ser
marcha será ap licado e utilizado até que a fusão esteja transferido através da membrana interóssea para o cu neifo rm e
completa, geralmente em 3 meses. intermediário ou ele pode ser dividido e, nesse caso, a metade lateral
será transferida para o cuboide.
CAPÍTULO 34 DISTÚRBIOS PARALfTICOS

da ci rurgia, o gesso é removido e um programa de exer-


TRANSFERÊNCIA ANTERIOR
cícios de reabi litação é iniciado. Esse prog rama continua
DO TENDÃO TIBIAL POSTERIOR sob supervisão até que uma gama completa da função
ativa sob res istência seja obtida . A transferência é prote-
TÉCNICA gida durante 6 meses por uma órtese de barra dupla para
pé caído com uma t ira externa em T
(BARR)

•Faça uma incisão na pe le no lado media l do tornoze lo


começando distalmente na inserção do tendão tibia l ~
TÉCNICA
posterior e estendendo-se proximamente sobre o tendão ~-~~--~-~
posteriormente ao ma léolo e, daí, proximamente ao longo (OBER)
da borda medial da tíb ia por 5 a 7,5 cm.
• Libere o tendão da sua inserção, preservando tanto quanto •Através de uma incisão med ial longitudina l de 7,5 cm de
possível o seu comprimento. comprimento, libere o tendão t ibial posterior da sua inser-
•Abra a sua ba inha e libere-a em uma direção proxima l ção no navicular (Fig. 34-8).
até que 5 cm dista is do múscu lo sejam mobi lizados. Pre- • Faça uma segunda incisão med ial longitud ina l de 1O cm
serve com cuidado os nervos e os vasos que suprem o de comprimento central izada sobre a junção muscu loten -
múscu lo. dínea do tib ial posterior.
• Faça uma segunda incisão na pele anteriormente; comece-a •Retire o tendão pela incisão proximal e li bere o ventre
distalmente no nível da articulação do tornozelo e estenda-a muscu lar bem acima da t íbia.
proximamente por 7,5 cm latera lmente ao tendão do tibial •Abra o periósteo de forma ob líq ua na superfície med ial
anterior. Rea lize a dissecção profunda entre os tendões do da tíbia de modo que quando o tendão fo r movido para
tibial anterior e do extensor longo do hálux, preservando o compartimento anterior da tíbia apenas o ventre mus-
cu idadosamente a artéria pediosa dorsal; exponha a mem- cular entre em contato com o osso desnudo. O tendão
brana interóssea proximal ao maléolo. não deve estar em contato com a t íbia .
•Corte uma janela generosa na membrana interóssea, mas •Faça uma terceira incisão sobre a base do terceiro meta -
evite soltar o periósteo da tíbia ou da fíbu la. tarso, extraia o tendão tibial posterior a partir da segunda
• Passe o tendão tibial posterior através da janela entre os para a terceira incisão e f ixe a sua extremidade dista l na
ossos, tomando cuidado para que não seja torcido, entran- base do terceiro metatarso.
çado ou restrito e que os vasos e os nervos para o múscu lo
não sejam dan ificados. Passe o tendão abaixo do liga- CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Cuidado pós-operatório
mento cruzado, que pode ser aberto, se necessário, para é o mesmo util izado na Técnica 34-8.
aliviar a pressão sobre o tendão.
•Exponha o terceiro cu neiforme ou a base do terceiro
metatarso através de uma incisão transversa l de 2,5 cm
de comprimento.
•Retraia os tendões extensores, faça a incisão em forma HEMITRANSFERÊNCIA DO
de cruz no periósteo e dobre os reta lhos osteoperiosteais. TENDÃO TIBIAL ANTERIOR
• Perfure um orifício no osso em linha com o tendão e com
~
largura suficiente para recebê-lo; f ixe-o no osso com um TÉCNICA
~~~~~~~--"~
pull-out. Certifique-se de que o botão da superfície plantar
do pé seja bem acolchoado. •Faça uma incisão longitudina l dorsomedia lmente de 2 a
•Suture os retalhos osteoperiostea is no tendão com duas 3 cm sobre o cune ifo rme med ial (Fi g. 34-9A).
suturas não absorvíveis em forma de oito. • Identifique o tendão tibia l anterior e divida-o longitudinal-
•Feche a incisão e aplique um gesso para manter o pé na mente na parte média. Solte a metade latera l do tendão
posição em ca lcaneovalgo. de sua inserção, preservando o máximo de comprimento
Em vez da longa incisão media l ut ili zada por Barr, nós possível, e continue a divisão proximamente pela extensão
fazemos uma curta incisão longitudina l para liberar o da incisão .
tendão tibia l posterior na sua inserção e o retiramos •Faça uma segunda incisão de 2 a 3 cm anteriormente
através de outra incisão de 5 cm de comprimento na sobre a tíbia dista l, identifique a ba inha do tendão tibia l
junção musculotendínea, imed iatamente posterior à anterior e abra -a longitudinalmente.
borda subcutânea da tíb ia (Fig. 34-8). O tendão também •Contin ue a divisão no tendão t ibial anteri or proxima-
pode ser fixado ao osso passando-o através de um ori- mente nesta incisão até a junção musculotendínea. Uma
fício perfurado no osso e suturando-o em si mesmo com fita umbi lica l pode ser util izada para continuar a divisão
suturas não absorvíveis. no tendão. Coloque a fita na divisão e traga as suas duas
extremidades para a incisão proximal. Antes de a metade
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O gesso é removido em latera l do tendão ser so lta, conti nu e a divisão até a j unção
3 semanas, as incisões são inspecionadas, as sutu ras removi- musculotendínea puxando a fita.
das e um gesso curto é aplicado com o pé na posição neutra •Uma vez que a divisão no tendão esteja comp leta, solte
e o tornoze lo em leve dorsiflexão. Se is semanas depois a metade lateral e traga-a para a incisão proxima l. )
llm!> PARTE X DOENÇAS DO SISTEMA NERVOSO EM CRIANÇAS

l -----Linha de incisão
sobre o músculo
tibial posterior

A B

h@ii;MB1l9 Transferência anterior do tendão tibial posterior de Ober. A, A inserção do tendão tibial posterior foi exposta. Observe
a linha da incisão na pele sobre o músculo. B, O tendão foi liberado da sua inserção, e o músculo foi dissecado da tíbia. C, O tendão
e o músculo foram passados através do compartimento anterior da tíbia para o dorso de pé, e o tendão foi fi xado no terceiro meta-
tarso. VEJA A TÉCNICA 34-9.

•Faça uma terceira in cisão long itudinal de 2 a 3 cm sobre 1 PÉS EM CAVOVARO


)
o cuboide no aspecto dorsolatera l do pé . Os pés paralíticos em cavovaro podem ser causados por um dese-
• Perfure dois orifícios no cuboide, coloca ndo-os o mais quilíbrio dos músculos extrínsecos ou por função persistente dos
longe possível entre si de modo que se encontrem bem flexores curtos dos artelhos e outros músculos intrínsecos quando o
dentro do corpo do cuboide (Fig . 34-9B). Aumente os orifí- pé é, sob outros aspectos, instável. O tratamento do pé cavo é dis-
cios com uma cureta, se necessário, mas se certifiqu e de cutido no Capítulo 86.
deixa r uma ponte de osso entre os dois orif ícios.
• Passe a porção lateral da divisã o do t endão tib ial anterior 1 PÉS EQUINOVALGOS
distalmente através do túnel subcutãneo da incisão pro- Os pés equinova lgos ge ralmente se desenvolve m quando os mús-
ximal para a incisão dorsolateral sob re o cuboide. culos tibial anterior e poste rior são fracos, o fibular longo e fibular
•Fixe uma sutura não absorvíve l na extrem idade do tendão curto são fortes e o gas trocnêmio- só leo é for te e cont raturado.
e passe-a pelos orifícios no cuboide (Fi g. 34-9C). O gastrocnêmio-sóleo puxa o pé em equino e os fibulares em valgo;
•Segure o pé em dorsiflexão, puxe o te ndão sob tensão e quando os músculos extensor longo do s dedos e fibu lar terceiro
suture a extrem idade livre na sua parte proximal sob ten são tamb ém são fortes, eles aj ud am a puxar o pé em valgo ao andar.
moderada (Fig. 34-90). As mudanças estruturais nos ossos e ligamentos seg uem o des e-
•Como alternativa, perfure um orifício no cuneiforme através quilíbrio muscul ar; por fim, o ligamento calcaneonavicular plantar
do córtex plantar, passe o tendão através desse orifício e torna -se alongado e aten uado, no apoio, o movimento desloca-se
fi xe-o no aspecto plantar do pé com uma sutura sob re para a borda medial do pé, o antepé cai em abdução e pronação, e
feltro e um botão. a cabeça e o colo do tálus tornam -se reduzidos e proeminentes no
lado medial do pé.
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Um gesso cu rto é utili- O tratamento desta deformidade em um pé imaturo esquele-
zado durante 6 semanas. Uma órtese suropodálica pode ticamente é difícil. A artrodese subtal ar e a transferência anterior
ser necessá ri a por 6 meses. dos tendões fibular longo e curto geralmente são suficientes até a
maturidade esquelética se r alcançada; se necessári o, um a artrodese
trípli ce pode, então, ser feita. A falha da transferência de tendões é
1 HEMITRANSFERÊNCIA DO TENDÃO TIBIAL a causa comum de recorrência.
POSTERIOR A paralisia isolada do tibial anterior geralmente causa apenas uma
A técnica de hemitransferência do tendão tibi al posterior é utili zada deformidade moderada em valgo, a qual é mais pronunciada durante a
mais frequentemente nos pacientes com paralisia cerebral e está dorsiflexão do tornozelo e pode desaparecer durante a flexão plantar. O
descrita no Capítulo 33. tratamento dessa defo rmid ade pode exigir a transferência do fib ular
CAPÍTULO 34 DISTÚRBIOS PARALÍTICOS QDll
eq uin ovalgos em pacientes com esqueleto maduro geralmente preci-
sam de artrodese tríplice (Técnica 34-5) e alongamento do tendão
de Aquiles, segui do em 4 a 6 semanas por transferências apropriadas
de tendão.
1
TRANSFERÊNCIA DE TENDÃO
FIBULAR

------~
TÉCNICA
I
•Exponha os tendões do fibular longo e fib ular curto por
meio de uma incisão oblíqua em paralelo com as dobras
A B da pele em um ponto intermediário entre a ponta distal
do maléo lo lateral e a base do quinto metatarso.
•Solte os tendões o mais dista lmente possível, suture fir-
memente a extremidade dista l do fibular longo na sua
bainha, para prevenir o desenvolvimento de um joanete
dorsal, e li bere os tendões proximamente até a borda
posterior do maléolo lateral. (Quando estão para serem
transferidos no momento da artrodese, eles podem ser
soltos através de uma curta extensão da incisão de rotina,
conform e mostrado na Figura 34-6.)
•Faça um a segunda in cisão de 5 cm de comprimento na
e junção do terço médio e dista l da perna, sob re os
tendões . Retire suavemente os tendões das suas ba in has,
tomando cuidado para não romper a origem do músculo
f ibular cu rto.
D •O novo loca l de inserção dos t endões f ibula res é deter-
minado pe la gravidade da deform idade e pe la fo rça
O!iji@iB:m Hem itra nsferência do tendão tib ial anterior. A, muscu lar ex istente . Quando o extensor longo do hálux
Três incisões: longitudinal sobre a inserção do tendão tibi al ante- est á funcionando e será transferido para o colo do
rior e longitudina lmente sobre a perna distal e sobre o cuboide. prime iro metatarso, os tendões f ibulares devem serem
B, Doi s orifícios são perfurados no cuboide. C, A metade so lta do transferidos para o cuneiforme latera l; quando nenhum
tendão tibial anterior é pu xa da para dentro de um orifício e para outro dorsiflexo r fun cionante estiver dispon íve l, eles
fora pel o outro e suturada em si mesma. D, Nova divisão de parte devem ser transferidos para o cuneiforme intermediá -
do tendão em sua posição recorrigid a. VEJA A TÉCNICA 34-10. ri o anteriormente.
• Exponha o novo loca l de inserção dos tendões através de
uma curta in cisão long itudina l.
• Retraia os tendões do extensor longo dos dedos e faça
um corte em cruz ou em fo rm a de H -no periósteo do
longo para o primeiro cuneiforme, a transfe rência do extensor longo osso receptor.
do s dedos ou o procedimento de Jon es (Capítulo 86) . A paralisia • Levante e dobre os retalhos osteoperiostea is e faça um
isolada do tibial posterior pode causar uma deformidade em plano- orif ício no osso grande o suf iciente pa ra receber os
valgo. No rmalm ente, esse músculo inverte o pé durante a flexão tendões. Em seg uida, traga os tendões aba ixo do liga-
plantar; quando é paralisado, uma deformidade em valgo se desen- mento cruzado nessa in cisão e fixe-os lado a lado e em
volve. Corno a maior parte das fun ções do pé é realizada durante a igual tensão através de um orifício perfurado no osso,
flexão plantar, a perda do tibial posterior constitui um a grave defi- suturando-os neles mesmos ou fixando-os firmemen te no
ciência. O tratamento dessa deformidade pode envolver a transfe- osso utilizan do um grampo.
rência do tendão fibu lar longo, do flexo r longo dos dedos, do fl exor •Como alternat iva, faça um orifíci o através do cunei-
longo do hálux ou do extensor longo do hálux. A para lisia do tibia l forme intermediá ri o e puxe os tendões através do ori-
anterior e do tibial posterior resulta em um a ext rema deformidade fício e, em seguida, através de um botão no aspecto
semelhante ao pé plano em mata-borrão. Para essa deformidade, plantar do pé.
é exigida uma transferência para substituir o tibi al posterior, •Quando houver garra sign ifi cativa do hálux, o tendão do
seg uid a por outra para substituir o tibial anterior, se necessário. exte nsor longo do hálux deve ser transferido para o colo
A artrodese subtalar extra-articu lar pode se r indicada para a do primeiro metatarso e, em seg uida, a articulação inter-
deformidade em equinova lgo em crian ças de 4 a 10 anos de idade. falangeana será fund ida (proced imento de Jones, Capí-
O equino deve se r co rrigido pelo alongamento do tendão de tulo 86)
Aquiles na cirurgia de modo a permitir ao calcâneo ser levado longe •A garra residual dos quatro dedos latera is gera lmente tem
o suficiente d istalmente abaixo do tálu s para corrigi r a deformi- pouca ou nenhuma importância depois da transferência
dade. A técnica de Grice e Green (Técnica 34-3) ou, de preferência, dos tendões f ibular e extensor longo do hálux.
de Dennyson e Fulford (Técnica 34-4) podem ser utili zadas. Os pés
llll!JD PARTE X DOENÇAS DO SISTEMA NERVOSO EM CRIANÇAS

TRANSFERÊNCIA DO TENDÃO •Libere e retrai a os músculos plantares curtos e exponha


o tendão flexor longo dos dedos conform e ele surge atrás
FIBULAR LONGO, FLEXOR do maléolo medial.

..
LONGO DOS DEDOS OU FLEXOR •Libere o tendão o mais distalmente possível, solte-o e
OU EXTENSOR LONGO DO HÁLUX retire-o através da primeira incisão; agora, passe-o através
da bainha do tendão tibial posterior e fixe-o no navicular,
TÉCNICA ~ conforme descrito.
• Quando houver necessidade de transferir o tendão do flexor
(FRIED E HENDEL) longo do hálux, utilize o mesmo procedimento conforme
descrito para o flexor longo dos dedos.
•Nesta cirurgia, os tendões do fibular longo, flexor longo •Quando houver necessidade de transferir o tendão exten-
dos dedos, flexor lon go do hálux ou extensor lon go do sor longo do hálux, co rte-o perto da articulação metatar-
hálux podem ser transferidos para substitui r um músculo
sofa langeana do hálux.
tibial posterior paralisado
•Suture a sua extremid ade distal ao tendão extensor longo
•Quando o tendão f ibular longo for transferido, faça uma do segundo dedo do pé.
incisão longitudinal de 5 a 8 cm de comprimento lateral- •Retire a extremidade proximal através de uma incisão
mente sobre a diáfise da fíbula. longitud inal anterolateral na parte dista l da perna.
•Após a incisão da fáscia dos músculos fibulares, inspecio- • Abra a membrana interóssea amplamente, faça a incisão
ne-os; se a cor não confirmar a sua classificação pré- ope- perto do ma léolo medial, como descrito anteriormente,
ratória, a transferência va i falhar. e com um palpador extra ia o tendão através do espaço
•Agora, faça uma segunda incisão ao longo da borda interósseo e através da bainha do tendão tibial posterior
lateral do pé sob re o cuboide e o tendão fibu lar longo. até a inserção desse tendão.
•Libere o tendão, solte-o o mais distalmente possível na •Em seguida, continue a cirurgia conforme descrito para
sola do pé, sutu re a sua extremidade distal na sua bainha a transferência do tendão fibular longo.
e retire o tendão através da primeira incisão.
•Por dissecção romba, crie um espaço entre o gastrocnê- CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Um gesso curto para
mio-sóleo e a camada profunda dos músculos da perna; marcha é aplicado. Em 6 semanas, o gesso é removido, uma
a partir daí faça um amplo túnel posterior à fíbula e aos tala é utilizada a noite e a reeducação muscular é iniciada.
músculos profundos, direcionado para um ponto proxi-
mal e posterior ao maléolo medial.
•Agora faça uma pequena incisão neste ponto e extra ia o
tendão fibular longo através do túnel; ele agora emerge 1 PÉS CALCÂNEOS
onde o tendão tibial posterior entra na sua bainha. O pé calcâneo é uma deformidade paralítica, rapidamente progres-
•Faça uma quarta incisão de 5 cm de comprimento sobre siva, que surge quando o gastrocnêmio-sóleo é paralisado e os outros
a linha média do lado medial do pé centra lizada abaixo músculos extrínsecos do pé, especialmente os músculos que dorsifle-
da tuberosidade do navicu lar. xionam o tornozelo, permanecem funcionais. A deformidade leve em
•Libere e retraia em direção plantar a borda anterior do pacientes com esqueleto imaturo deve ser tratada de forma conserva-
músculo abdutor do hálux e exponha a tuberosidade do dora com órtoses até que a taxa de progressão da deformidade possa
navicular e a in serção do tendão tibial posterior; proximal ser determinada. Para deformidades rapidamente progressivas, em
ao maléolo medial, abra a bainha desse tendão e nela especial em crianças novas, transferências precoces de tendão são
introduza e avance um palpador curvo até que surja com recomendadas. O objetivo da cirurgia no pé esqueleticamente imaturo
o tendão na sola do pé. é interromper a progressão da deformidade ou corrigir a grave defor-
•Utilizando o palpador, puxe o tendão fibular longo através midade sem danificar o crescimento do esqueleto; pode ser necessária
da mesma bainha, que é grande o suficiente para conter uma artrcdese depois da maturidade do esqueleto. Se houver múscu-
esse segundo tendão. los disponíveis com força adequada, os tendões devem ser transferi-
•Perfure um túnel estreito através do navicular, começando dos precocemente para melhorar a função e evitar uma deformidade
na sua superfície plantar, lateralmente à tuberosidade e progressiva. Se não houver músculos adequados disponíveis, a teno-
emergindo através da sua superfície anterior. dese do tendão de Aquiles para a fíbula pode ser apropriada.
•Puxe o tendão fibular longo através do túnel em uma O ângulo calcaneotibial (Fig. 34- 10) é formado pela intersec-
direção anterior e fixe-o com uma sutura tipo pu/1-out de ção do eixo da tíbia com uma linha desenhada ao longo do aspecto
Bunnell. Suture-o também no tendão tibial posterior plantar do calcâneo. Normalmente, esse ângulo mede entre 70 e 80
perto de sua inserção. graus; na deformidade em equino, ele é superior a 80 graus e, na
•Feche as incisões e aplique um gesso curto com o pé em deformidade em calcâneo, é inferior a 70 graus. Quando a tenodese
ligeiro equino e varo. é fixada em 70 graus ou mais no momento da cirurgia, observou-se
•Quando houver necessidade de transferir o tendão flexor uma tendência para desenvolver uma deformidade progressiva em
longo dos dedos, faça a incisão próxima do maléolo equino com crescimento. O equino progressivo também está dire-
medial, como acabamos de descrever, mas estenda-a por tamente relacionado com a idade do paciente na cirurgia: quanto
cerca de 7 cm. mais jovem o paciente, maior o ângulo calcaneotibial e mais prová-
•Libere os três músculos profundos e observe a sua cor; se vel o desenvolvimento de deformidade progressiva em equino com
estiver satisfatória, faça a incisão no lado medial do pé, crescimento subsequente.
conforme descrito. No pé esqueleticamente maduro, a cirurgia inicial para pés
tortos calcâneos consiste na fasciotomia plantar e na artrodese tríplice,
CAPÍTULO 34 DISTÚRBIOS PARALÍTICOS Cmllll
que corrige o calcâneo e as deformidades em cavo; a artrodese deve
deslocar o pé o mais posteriormente possível para aum entar o seu TENODESE DO TENDÃO DE AQUILES

------~
braço de alavanca posterior (o calcâneo) e assim reduzir a força
muscular necessária para elevar o calcanh ar. Seis semanas depois da TÉCNICA
artrodese, os tendões do fibular longo e fibular curto e o tendão tibial
posterior são transferidos para o calcâneo; e quando o extensor (WESTIN)
longo dos dedos estiver funcional, ele pode ser transferido para um
cuneiforme e, em seguida, o tendão tibial anterior pode ser transfe- • Com o paciente em posição supina e inclinado para o lado
rido para o calcâneo. não operado, aplique e infle um torniquete pneumático.
•Faça uma incisão longitudinal posterolateral logo atrás da
borda posterior da fíbula começa ndo de 7 a 1O cm acima
da ponta do ma léolo lateral e estendendo-se distalmente
para a inserção do tendão de Aquiles no calcâneo.
• Exponha o tendão e seccione-o transversalmente na junção
musculotendínea, em geral, 6 cm da sua inserção. Stevens

1
aconselhou que o tendão seja dividido excentricamente,
deixando um qu into lateral para prevenir a retração. Faça
Epífise a transecção dos quatro quintos mediais proximamente.
fibular~
1J •Exponha os tendões fibular curto e longo e, se eles esti-
verem paralisados o u espásticos por completo, faça a
/";(_ excisão deles. Expo nha a fíbul a dista l, tomando cuidado
'/;/ para não danificar a sua fise distal.
•C erca de 4 cm proximal à fise distal, utilize uma broca fina
para fazer um orifício transversal em uma direção antero-
posterior. Faça o orifício grande o sufi ciente para o tendão
de Aqu iles passa r através dele facilmente (Fig . 34-11 A).
•Se o tendão for muito grande, corte-o de maneira lon-
gitudinal pa ra cerca de 2,5 cm. Traga o tendão através
do orifício e sutu re-o em si mesmo sob tensão suf iciente
Liberação para limitar a dorsiflexão do torn oze lo em O grau (Fig.
plantar 34-11 B). Não suture o tendão com o pé muito equino,
devido à possibilidade de causar uma deformidade f ixa
em equ ino .
• Em pacientes com tibial anterior ativo, a transferência simul-
tânea desse tendão através da membrana interóssea para o )
O!§ihflEII!) Medição do ãngulo calcaneotibial (ver texto) .

iâ[êjil;tgim Tenodese do calcâneo. A, Após a divisão do tendão de Aquiles, tenotomia do fibular curto e longo e desinserção do
tendão tibial anterior, um orifício transversal é feito na fíbula 2 cm proximal mente à epífise . B, O tendão de Aquiles é passado através
do orifício na fíbula e suturado em si mesmo. C, Se necessário, o tendão tibial anterior pode ser passado através da membrana interóssea
e inserido no calcâneo. VEJA A TÉCNICA 34-13.
llllD PARTE X DOENÇAS DO SISTEMA NERVOSO EM CR IANÇAS
) ca lcâneo é indicada de modo a evitar o alongamento do
tendão de Aqu il es depois da cirurgia (Fig . 34-1 1C).
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O pé é imobili zado em
um gesso longo com o tornozelo em flexão plantar e o
joelho em 20 graus. As su turas em pull-out e o gesso
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO É permitido apoio em um (e o pin o axial, se uti lizado) são removidas em 6 semanas,
gesso curto com o tornozelo em 5 a 1O graus de equino . e in icia-se a fisioterapi a. O apoio não é permitido até que
O gesso é removido em 6 semanas, e uma órtese suropo- a flexão plantar ativa seja possível e a dorsiflexão até a
dálica é ajustada com o tornozelo na posição neutra. Qua l- posição neutra seja recuperada. O pé é protegido durante
quer deformidade residua l em cavo será corrigida com pelo menos 6 meses adicionais com uma órtese de tor-
li beração plantar de 3 a 6 meses depois da tenodese. noze lo com dorsiflexão bloqueada em 90 graus e com
elevação ap ropriada do ca lcanhar.

Em pés com maturidade esquelética, a cirurgia inicial para pés


tortos calcâneos consiste em fasciotomia plantar e artro dese tríplice,
que corrige ambas as deformidades em calcâneo e cavo; a artrodese TRANSFERÊNCIA POSTERIOR DO
deve deslocar o pé o mais posteriormente possível a fim de aumentar TIBIAL POSTERIOR, FIBULAR
o seu braço de alavanca posterior (o calcâneo) e reduzir a força LONGO E FLEXOR LONGO DO HÁLUX
muscular necessária para elevar o calcanhar. Seis semanas depois da

-------~
artrodese, os tendões do fibular longo e fibular curto e do tibial TÉCNICA
posterior são transferidos para o calcâneo e, quando o extensor
longo dos dedos estiver func ional, ele pode ser transferido para um (GREEN E GRICE)
cuneiforme e, em seguida, o músculo tibial anterior pode ser trans-
ferido para o calcâneo. •Coloque o paciente em posição prona para facilitar o
acesso ao ca lcan har.
• Em prim eiro lu gar, exponha o tendão tibial posterior
através de uma incisão ob líqua de 3 ou 4 cm de compri-
TRANSFERÊNCIA POSTERIOR DO
mento que vai de inferior ao maléolo med ial até o aspecto
FIBULAR LONGO, FIBULAR plantar da articulação talonavicu lar; abra a sua ba inha e
CURTO E TIBIAL POSTERIOR solte-o o mais próximo possível do osso para máximo
comprimento.

------~
TÉCNICA • Remova o peritendão dos seus 3 ou 4 cm dista is, escari-
fique-o e insira uma sutura fenestrada de fio 1-0 ou 2-0
•Exponha os tendões fibular longo e f ibu la r curto através não absorvível na sua extremidade distal.
de uma incisão ob líqua de 2,5 cm de comprimento cen - •Quando o tendão do flexor longo do hálux também for trans-
trada entre a ponta do maléolo latera l e a base do quinto fe rido, expon ha-o através dessa mesma incisão onde se
metatarso. encontra posterior e lateral ao tendão flexor longo dos dedos.
•Solte os tendões o mais distal mente possível e suture •No nível adequado para o comprimento desejado do
firmemente a extremidade distal do tendão fibu lar longo tendão, coloque duas suturas fenestradas não absorvíveis
na sua ba inha. no tendão do fl exor longo do hálux e separe-o entre elas;
• Traga os tendões através de uma seg unda incisão sobre a suture a extremidade dista l desse tendão no tendão fl exor
ba inha f ibular na junção do terço médio e distal da perna . longo dos dedos.
•Se desejado, suture o fibu lar curto na sua junção muscu- • Em segundo lugar, faça uma incisão med ial longitudinal-
lotendín ea, no tendão fibular longo e desca rte a extrem i- mente, com cerca de 1O cm de com primento, sobre o
dade distal do tendão f ibular curto. músculo t ibia l posterior, estendendo-a dista lmente a partir
•Exponha o tendão tibia l posterior através de uma curta da junção do terço médio com o terço distal da perna.
incisão sobre a sua inse rção; libere a sua extremidad e distal •Abra o compartimento posterior profundo da perna e iden-
e suavemente traga-o através de uma seg unda incisão de tifique o tibial posterior e o músculo flexor longo do há lux.
2,5 cm de comprimento na sua articulação musculotendí- •Utiliza ndo esponjas úmidas, traga os tendões desses dois
nea 5 cm proxima l ao maléolo medial. músculos para esta incisão.
•Redirecione todos os três tendões subcutaneamente para •Em t erceiro lugar, faça uma incisão paralela à sola do pé,
fora de uma in cisão lateral separada e anterior à inserção aproximadamente do tamanho de um dedo, de distal ao
do tendão de Aqui les. maléolo latera l, até a base do quinto metatarso.
• Faça um orifício na superfície superi or da parte posterior • Exponha os tendões fibular longo e f ibular curto em todo o
do calcâneo, imedi ata mente latera l à linha méd ia do osso comprimento da incisão e solte o do fibular longo entre as
e aumente-o o sufi ciente para receber os tendões; fixe os suturas tão distalmente quanto possível na sola do pé e traga
tendões no orifício com uma grande sutura tipo pu/1-out, a sua extremidade proximal para trás do maléolo lateral.
mantendo o pé em equino e o calcanhar na posição •Faça uma sutura no tendão fibular curto, solte-o da sua
corrigida. Um pino axial também pode ser inserido pelo inserção no quinto metatarso e sutu re-o na extrem idade
ca lcâ neo e deixado no local por 6 semanas. distal do tendão fibular longo.
•Com suturas interrompidas em figura de oito, fi xe os •Faça um a incisão lateral longitudinal sob re o aspecto
tendões no t end ão de Aqui les perto da sua inserção; em posterior da fíbula no mesmo nível que a incisão med ial
seg uida, feche as incisões. e traga o tendão f ibular longo por ela.
CAPÍTULO 34 DI STÚRBIOS PARALÍTICO S C!l1ll
•Faça uma incisão transversal posterolateral com 6 cm de
comprim ento sobre o ca lcâneo na parte do ca lcanhar que
não atinge o solo nem pressiona contra o sapato. Apro-
funde a incisão, afaste os retalhos de pele subcutanea-
mente e exponha o tendão de Aq uiles e o ca lcâneo.
•Começando lateralmente, solte um pouco o tendão de
Aqu il es na sua inserção e afaste-o mediaimente, expondo
a apófise do calcâneo.
•Com uma broca de 3,5 mm, faça um orifício através do
calcâneo começando no centro da sua apófise e emer-
gindo através do seu aspecto plantar perto da sua borda
latera l. Aumente o orifício o suficiente para receber os três
tendões e alargue a sua extremidade posterior de modo a
fazer uma faceta rasa para a sua inserção mais fácil.
• Em segu ida, através do acesso medial na perna (a segunda
incisão), faça a incisão ampla no septo intermuscu lar entre
os compartimentos medial e posterior; insi ra um passador
de tendão através da incisão e ao longo do lado anterior do
tendão de Aqui les até a incisão transversal sobre o calcâneo.
Passe as sutu ras nas extrem idades dos tendões do t ibial
H@ll;fflmf» Osteotomia da extensão supracondilar do fêmur
posterior e do flexor longo do hálux através do passador de
para deformidade fi xa de fle xão do joelho em crianças mais velhas.
tendão e traga os tendões para o ca lcan har.
•Através da incisão lateral na perna (a quarta incisão), abra
amplamente o septo intermuscular entre os comparti-
mentos medial e posterior nessa área e passe o tendão JOELHO
fibular longo pa ra o calcanhar.
•Passe todos os tendões através dos tecidos moles em uma As incapacidades causadas pela paralisia dos músculos que atuam
linha reta o mais proximamente possível para evitar angu- através da articulação do joelho incluem (1) contratura em fl exão
lação. do joelho, (2) paralisia do quadríceps, (3) joelho recurvado e (4)
•Com um passa-fio, traga os tendões através do orifício joelho instável.
no calcâneo; suture-os no periósteo e nas inserções li ga-
mentosas onde emergem. • CONTRATURA EM FLEXÃO DO JOELHO
•Qu ando os dorsifl exores estiverem fracos, suture-os com A contratura em flexão do joelho pode ser causada por um a contra-
tensão suficiente para manter o pé em 1O a 15 graus de tura do trato iliotibial, a qual pode causar não apenas contratura em
equino e, quando eles estiverem fortes, suture-os em flexão, mas também joelho valgo e uma deformidade da rotação
aproximadamente 30 graus de equino. Suture também externa da tíbia em relação ao fêmur. A contratura em flexão também
os tendões na apófise, na extremidade proximal do túnel, pode se r ca usada por paralisia do músculo quadríceps quando os
e uns aos outros com suturas 2-0 ou 3-0. isquiotibiais são normais ou apenas parcialmente paralisados.
•Reposicione o tendão de Aqui les posteriormente aos Quando o bíceps femoral é mais forte do que os isquiotibiais mediais
tendões transferidos e sutu re-o na sua posição original. pode haver joelho valgo e uma deformidade da rotação externa da
•Feche as incisões e apli que um gesso longo com o pé em tíbia em relação ao fêmur; muitas vezes, a tíbia subluxa posterior-
equino. mente ao fêmur.
As co ntraturas de 15 a 20 graus ou menos em crianças novas
podem ser tratadas com alongamento dos isqui otibiais e capsuloto-
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Em 3 semanas, o gesso mi a posterior. As contraturas mais graves geralmente exigem uma
é biva lvado e os exercícios são iniciados com a perna na osteotomia de extensão supracondilar do fêmur (Fig. 34- 12) .
metade anterior do gesso; o gesso bivalvado é reposicio- As contraturas em flexão com mais de 70 graus resultam na defor-
nado entre os períodos de exercício. Inicialmente, os exer- midade das superfícies articulares do joeU10. Em uma criança em cres-
cícios de dorsiflexão não são perm itidos, mas, mais tarde, cimento com poliomielite, uma diminuição da pressão e uma tendência
o movimento recíproco ori entado é permitido. Os exercí- para a subluxação posterior causam o aumento do crescimento na
cios aumentam gradualmente e, em 6 semanas, o paciente superfície anterior da tíbia proximal e do fêmur distal. A expansão dos
tem o ortostatismo liberado, mas sem apoio para suportar quadríceps adere aos côndilos femorais, e os ligamentos colaterais são
a carga tota l no pé. Os períodos de apoio parcial com incapazes de deslizar facilmente . As contraturas graves em flexão
muletas são aumentados, dependendo da eficácia da do joelho em crianças em crescimento podem ser tratadas com libera-
transferência, da cooperação do paciente e da capacidade ção do trato iliotibial e dos tendões isquiotibiais, combinada com cap-
de controla r os seus movimentos. Gera lmente, em 6 a 8 sulotomia posterior. A tração esquelética depois da cirurgia é mantida
semanas um único passo é permitido, utilizando muletas por meio de um pino na tíbia distal; um segundo pino na tíbia proximal
e um ca lcan har elevado; ma is tarde, mais passos são per- puxa anteriorme nte para evitar a subluxação posterior da tíbia. O uso
mitidos, utilizando muletas e uma órtese de flexão planta r a longo prazo de uma órtese longa de perna pode ser necessário para
com uma banda elástica posterior. As muletas são utiliza- permitir o remodelamento da articulação. A osteotomia supracondilar
das durante 6 a 12 meses. pode ser necessária como um procedimento de segundo tempo em
pacientes mais veU10s perto da maturidade esquelética.
PARTE X DOENÇAS DO SISTEMA NERVOSO EM CRIANÇAS

• PARALISIA DO QUADRÍCEPS • Com um osteótomo, li bere o tendão do bíceps, junto com


A incapacidade em virtude da paralisia do músculo quadríceps é
um fino pedaço do osso da cabeça da f íbula. Não solte
grave, porque o joelho pode se tornar muito instável, especialmente
o ligamento colateral lateral, que fica f irmemente aderido
se houver contratura fixa em flexão, mesmo que seja leve. Quando
ao tendão do bíceps no seu ponto de inserção .
há ligeiro recurvado, o joelho pode ficar estável se o gastrocnêmio- •Libere o tendão e o seu ventre muscu lar proximamente
sóleo estiver ativo.
ta nto quanto a incisão permitir; libere a origem da cabeça
Em geral, os tendões são transferidos em torno da articulação
curta do bíceps proximamente até onde o seu forneci-
do joelho para reforçar um músculo quadríceps fraco ou paralisado; mento sa nguín eo e nervoso entra, de modo que a nova
as transferências são desnecessárias na paralisia dos isquiotibiais
linha de tração do músculo possa ser tão ob líqua quanto
porque, ao andar, a gravidade flexiona o joelho quando o quadril é possível.
flexionado. Vários músculos estão disponíveis na transferência para •Crie um túnel subcutâneo a partir da primeira incisão em
o tendão do quad ríceps e patela: o bíceps femora l, o semitendíneo, direção à incisão latera l da coxa, fazendo-o amplo o
o sartório e o tensor da fáscia lata. Q uando a força de outros mús- suficiente para que o ventre muscular transferido desl ize
cul os é satisfatória, a transferência do bíceps femoral é bem-suce- 1ivremente.
dida. A transferência de um ou mais dos tendões isqui otibiais é •Para aumentar a ob liquidade de tração do múscu lo trans-
contraindicada a menos que outro flexor na coxa e o gastrocnêmio- ferido, divida o trato iliotibi al, a fáscia do vasto lateral e
sóleo, que também atua corno um flexor do joelho, estejam funcio- o septo intermu scu lar lateral em um ponto distal onde o
nando. Para que um resultado satisfatório seja esperado depois da múscu lo va i passar.
transferência de um isquiotibial, a força não apenas dos isquiotibiais, • Começando di sta lmente sobre a inserção dos tendões
mas também dos flexores do quadril, do glúteo máximo e do gas- isqu iotibiais mediais, na t íbi a, faça uma t erceira incisão
trocnêmio-sóleo deve ser razoável ou melhor; quando a força dos long itudin almente ao longo do aspecto posteromedia l do
músculos flexores do quadril é menos do que razoável, o despren- joelho e estenda-a at é o meio da coxa.
dimento da extremidade do solo pode ser difícil depois da cirurgia. • Loca lize o ten dão sem itendíneo; ele se insere no lado
A tra nsferência dos músculos tensor da fáscia lata e sartório, emb ora med ial da tíb ia bem anteriormente, junto à sua crista, e
teoricamente mais satisfatória, é insuficiente, porque esses músculos
post eriormente ao tendão do sartório e dista lmente ao
não são for tes o bastante para substituir o quadríceps.
do gráci l. Solte a inserção do tendão sem itendíneo e
A facilidade com degraus ascendentes ou descendentes depende libere o músculo até o meio da coxa.
da força dos flexores e extenso res do quadril. Os isquiotibiais fortes •Redirecione esse músculo e o tendão subcuta neamente
são necessários para que haja extensão ativa do joelho contra a gravi- para surgirem na prime ira incisão sobre o joe lho.
dade depois da transferência; no entanto, um isquiotibial medial fraco •Faça uma in cisão longitudinal através da fáscia, ten dão
pode ser transferido para servir como um a rédea na patela de modo do quadríceps e peri ósteo sobre a superfície anterior da
a preveni-la de uma luxação lateral. Um gastrocnêm io-sóleo normal
patela e destaque esses tecidos med ial e latera lmente.
é desejável, porque ele auxilia na prevenção do joelho recurvado e Com uma broca de 4,36 mm, faça um orifício transver-
permanece como flexor ativo do joelho depois da cirurgia; no entanto, sa lmente através da patela na ju nção dos seus terços
ele não pode prevenir sempre o joelho recurvado, o qual pode resultar médio e proxima l; se necessário, aumente o túnel com
de outros fatores. O recurvado depois das transferências isquiotibiais uma pequena cureta.
pode ser mantido de form a mínima se (1) a força no gastrocnêrnio- •Coloque o tendão do bíceps em linha com e anterior ao
sóleo for razoável ou melhor; (2) o joelho não for imobilizado em tendão do quadríceps, a patela e o tendão patela r.
hiperextensão depois da cirurgia; (3) os pés equinos, quando pre- •Suture o tendão do bíceps na patela com o joelho em
sentes, forem corrigidos antes de retomar a descarga de peso; (4) a extensão ou hiperextensão.
imobilização no pós-operatório for utilizada para prevenir a hipe- •Quando ape nas o tendão do bíceps fo r transferido, fe che
rextensão do joelho; e (5) a fis ioterapia fo r iniciada para promover os tecidos moles sobre o aspecto anterior da patela e o
a extensão ativa do joelho.
tendão transferido . Com pontos sepa rados, fixe o tendão
do bíceps no lado med ial do tendão do quadríceps.
TRANSFERÊNCIA DOS TENDÕES DO •Quando o sem iten díneo também for transferido, colo-
que-o sobre o bíceps e suture os dois juntos com pontos
BÍCEPS FEMORAL E DO separados; coloque sutu ras ad icionais proximal e dista l-
SEMITENDÍNEO mente através dos tendões semitendíneo, quadríceps e

TÉCNICA
mm
•Faça um a in cisão ao longo do aspecto anteromed ial do
~
patelar.
•Outra alternativa é soltar a inserção do semitend íneo da
tíbia através de uma incisão de 2,5 cm de compri mento
e trazê-lo através de uma incisão posteromedia l de 7,5
joe lho abrange ndo a borda medial do tendão do quadrí- cm de comp rimento sobre a sua jun ção musculotendínea
ceps, da pate la e do tendão pate lar. (Fig. 34- 13). Incise a fáscia envolvente, para prevenir a
• Retraia a borda latera l da incisão e exponha a patela e o angu lação aguda do múscu lo, e passe o tendão subcuta-
tendão do quadríceps. neamente em uma linha reta com a incisão patelar.
•Incise long itudinal mente o lado lateral da coxa e da perna
de um ponto 7,5 cm distais à cabeça da fíbula até a
junção dos terços proxima l e médio da coxa. CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Com o joelho na posição
•Isole e retraia o nervo fibular comum, que está próximo neutra, um gesso longo é aplicado. Para preven ir o inchaço,
do lado medial do tendão do bíceps. a extremidade é elevada erguendo-se o pé do leito em vez
CAPÍTULO 34 DI STÚRBIOS PARA LÍTICOS

tíbia na maior parte dos casos inclina-se posteriormente, e a subluxação


parcial da tíbia pode ocorrer gradualmente. No segundo tipo, os mús-
culos isquiotibiais e gastrocnêmio-sóleo são fracos. A hiperextensão do
joelho resulta do alongamento destes músculos, muitas vezes seguido
pelo alongamento ligamentar capsular posterior.
O prognóstico depois da correção do primeiro tipo de recur-
vado é excelen te. A deformidade esquelética é corrigida primeiro e,
em seguida, um ou mais tendões podem ser transferidos para a pateta.
Irwin descreveu uma osteotomia da tíbia proximal para corrigir o
primeiro tipo de joelho recurvado causado pelas mud an ças estrutu-
rais do osso. Storen modificou a osteotomia de Campbell, imobili-
zando os fragmentos da tíbia com um grampo de Charnley.

OSTEOTOMIA DA TÍBIA
~Tendão PARA O JOELHO RECURVADO
semitendíneo

-------'~
dividido na
sua inserção
TÉCNICA
(IRWIN)
O@lhfdmD Tran sf erência dos tendões sem itendíneo e bíceps •Através de uma curta incisão longitudinal, remova uma
femoral para a patela para paralisia do qu ad ríceps. VEJA A TÉCNICA
seção da diáfise da fíbula de cerca de 2,5 cm de compri -
34-16.
mento imediata mente distal ao colo.
• Preencha o defeito com fragmentos da parte seccionada
do osso.
de util iza r travesseiros; caso contrário, a fl exão do quadri l
• Feche o periósteo e os tecidos moles adjacentes.
pode colocar mu ita tensão nos tendões transferidos. Em
•Através de uma incisão anteromed ial, exponha e osteto-
3 seman as, a fisioterapia e os exercícios ativos e passivos
mize, sem entrar na articu lação, o quarto proxima l da
são in iciados. A flexão do joel ho é gradua lmente desen-
tíbia da segu inte forma: com um osteótomo fino ou uma
volvida, e os músculos isquiotib iais são reeducados. Em 8
serra elétrica, esboce uma lín gua de osso, mas deixe-a
sema nas, o apoio com carga é inici ado, com a extremi-
anexa da ao córtex anterior do fragmento dista l. Em um
dade apoiada em uma órtese articulada de joelho bloqueada
ãngu lo ret o com o eixo longitudinal da articu lação do
em extensão. Gradua lmente, permite-se o movimento do
joelho e paralelamente ao seu plano lateral, passe um fio
joelho na órtese quando os músculos dos tendões trans-
de Ki rschn er através da extrem idade distal do fragmento
feridos ficarem fortes o suficiente para estender o joel ho
proxima l proposto antes de a diáfise da tíbia ser osteoto-
ati vamente contra uma res istência considerável. Para pre-
mizada. Comp lete a osteotom ia com uma serra de Gig li ,
ve nir o estira mento ou a tensão dos músculos, uma tal a
um osteótomo ou uma serra elétrica.
noturna é uti lizada pe lo menos durante 6 semanas, e a
• Levante a extrem idade proxima l do fragmento dista l a
órtese pelo menos du rant e 12 semanas.
partir do seu leito periostea l e remova dela uma cunha
de osso de tamanho predeterminado, sua base sendo o
córtex posterior.
• JOELHO RECURVADO • Reposicione a língua de osso em seu recesso, no fragmento
No joelho recurvado, a deformidade é oposta à qu e ocorre em uma proximal, e empurre os fragmentos f irmemente juntos.
contratura de fl exão, e o joelho fica hiperestendido. O joelho recur- •Suture o periósteo, que é bastante espesso nessa área,
vado leve pode causar alguma incapacidade, mas quando o quadrí- firmemente sobre a língua de osso; essa é a f ixação sufi -
ceps fica gravemente enfraquecido o u paralisado, tal deformidade é ciente para manter os fragmentos na posição até que um
desejável, porque ela estabiliza o joelho ao andar. Entretanto, o joelho gesso possa ser ap licado.
recurvado grave é signifi cativam en te incapacitante. A osteotomia pode ser fixa com fios de Kirschner per-
Na poli o mielite, há dois tipos de joelho recurvado: o causado cutâneos, um fixador externo ou em adultos, uma fixação
pe las mudanças estruturais articulares e ósseas decorrentes da fa lta ríg ida com placa. A Figura 34-14 mostra a correção do
de força no quadríceps e o causado pelo relaxamento dos tecidos joelho rec urvado pela técnica de Campbell.
mol es em torno do aspecto posteri o r do joelho. No pr im eiro tipo, o
quadríceps não tem força para bloquear o joelho em extensão; os
isquiotibiais e gastrocnêmio-sóleo gera lm ente estão normais. As
pressões do apoio e da gravidade causam mudanças nos cõndilos da 1 CIRURGIAS DE PARTES MOLES PARA O JOELHO
tíbia e no terço proximal da diáfise da tíbia. Os côndi los tornam-se RECURVADO
alongados posteriormente; as suas margen s anteriores apresentam- Outro tipo d e joelho rec urvado res ulta do alongamento dos tecidos
se d eprimidas em comparação com as posteriores; e o ângulo das mo les posteriores. O prognóstico é menos certo depois da correção
suas superfíci es articulares com o eixo longo da tíbia, que em geral desse tipo de deformidade; nenhum múscu lo está di spo nível para a
é de 90 graus, torna-se mais agudo. O terço proximal da diáfise da transferência, a causa base não pode ser corrigida, e a deformidade
mfJi) PARTE X DOENÇAS DO SISTE MA NERVOSO EM CRIANÇAS

H@ihf!iDm Osteotomia em cunha


de fechamento para joelho recurvado.
A, Cunha de osso removida da tíbia.
B, Recurvado secundário à inclinação
do platô anterior da tíbia. C, Cinco
meses depois da cirurgia. VEJA A
TÉCNICA 34-17.

pode recorrer. Uma cirurgia nos tecidos moles, a tenod ese tripla do
joelho, foi descrita para corrigir o joelho rec urvado para lítico. Se a TÉCNICA
deformidade for de 30 graus ou menos, a imobilização prolongada
do joelho em flexão geralmente previne aumento da deformidade. (PERRY, O'BRIEN E HODGSON)
Entretanto, quando a deformidad e é grave, a imobilização é inefi-
caz, o joelho torn a-se instáve l e fraco, a marcha é inefi ciente e, em • Coloque o paciente em posição prona, aplique um torniquete
adu ltos, a dor é acentuada. Os três seguintes princípios devem ser alto na coxa e coloque um grande saco de areia abaixo do
considerados a fim de que as cirurgias nos tecidos moles para o tornozelo para flexionar o joelho cerca de 20 graus.
joelho rec urvado sejam bem -s ucedidas: •Faça uma incisão na forma de S começando lateralmente
1. A massa do tecido fibro so utilizada para tenodese deve ser paralela ao tend ão do bíceps e 1 cm anterior a ele; esten-
suficiente para contrapor as forças de alongamento geradas ao da-a dista lm ente 4 cm para a prega transversal de flexão
andar; todos os tendões disponíveis devem ser utilizados. do joe lho, continue-a mediaimente através da fossa
2. Tecidos em cicatrização devem ser protegidos até que estejam poplítea e estenda-a distalmente por 4 ou 5 cm sobre ou
totalmente maduros. A cirurgia não deve ser realizada a menos imed iatamente medial ao tendão sem itendíneo.
que o cirurgião tenha a ce rteza de que o paciente vai utili za r •Identifique o nervo su ral e retraia-o lateralmente. Em
conscientemente urna órtese que limita a extensão em 15 graus seguida, identifique o nervo tibial e a ve ia e a artéria poplí-
de flexão durante 1 ano. tea e proteja-os com uma fita de borracha macia. Em
3. O alinhamento e a estabilidade do tornozelo deve m atend er segu ida, identifique e libere o nervo fibular e proteja-o de
os requisitos básicos da marcha. Qualquer deformidade em maneira semelhante. Retraia o feixe neurovascular lateral-
equino deve ser corrigida pelo menos para a posição neutra. mente e identifique a parte posterior da cápsu la articular.
Se a força do sóleo for menor do que bom no teste em •Solte a cabeça medial do músculo gastrocnêmio com um
ortostatismo, esse defeito deve ser co rrigido pela transfe- corte agudo, preserva ndo uma longa faixa forte proxi mal
rência de tendão, tenodese ou artrodese do tornozelo na do tendão a ser utilizada na tenodese (Fig. 34-1 SA)
posição neutra . •Em segu ida, utilize um bisturi para soltar a cápsu la arti-
cu lar da sua inserção no fêmur imed iatamente proximal
aos côndi los e à fossa intercondi liana .
•Solte os tendões do grácil e semitendíneo nas suas junções
musculotendíneas e suture as suas extrem idades proximais
TENODESE TRIPLA PARA O JOELHO no sartório. Certifique-se de soltar esses tendões o ma is
RECURVADO proximamente quanto possível, porque todo comprimento
disponível será necessário.
A cirurg ia para tenodese tripla para joelho recurvado é cons- •Em seg uida, faça um orifício na tíbia, começando em um
tituída por três partes: avanço proximal da cápsula do joelho ponto na li nha média posteriormente inferior à fise e
posterior com a articu lação flexionada a 20 graus, constru- emergindo perto da inserção da pata de ganso; tome
ção de uma rédea na linha média, posteriormente, uti lizando cuidado para evitar a fise.
os tendões do sem itendíneo e do grácil, e cria ção de duas •Faça um orifício no fêmur, começa ndo na linha média
fai xas diagonais, posteriormente, utili za ndo o ten dão do posteriormente proximal à fise femoral e emergindo no
bíceps e a metade anterior do trato iliotibial. aspecto lateral do fêmur distal (Fig. 34-1 SB)
CAPÍTULO 34 DISTÚRBIOS PARALÍTICOS

Trato
iliotibial
Semitendíneo 1

--Bíceps
fem oral

1
Bíceps
A B e femoral

lâ(êjihf4m9 Cirurgia de Perry, O'Brien e Hodgson para joelho recurvado. A, Origem da cabeça medial de gastrocnêmio foi liberada,
deixando um coto proximal. Um retalho grande da cápsula posterior é liberado para futuro avanço. B, Tendões semitendíneo e grácil
são divididos nas junções musculotendíneas. Cada um é passado através do túnel na tíbia, em seguida, através do exterior da articulação
e, em seguida, através do tún el no fêmur. O retalho da cápsula posterior é avançado e suturado sem tensão com o joelho fle xio nado
a 20 graus. C, Fai xas cruzadas são feitas com o bíceps femoral e o trato iliotibial. VEJA A TÉCNICA 34-18.

• Extraia os tendões do grácil e do semitendíneo através do é corrigida gradua lmente pa ra o neutro por meio de
orifício na tíbia, passe-os posteriormente à parte solta da gessos seriados; o apo io não protegido é, então, permi-
cápsula e empurre-os através do orifício no fêmur para emer- t ido. É importante que os tecid os moles estej am com-
girem no aspecto lateral do fêmur distal; suture os tendões pletamente cicatrizados antes de serem suj eitos ao
no periósteo local com tensão moderada com suturas pesadas alongamento excessivo causado pelo apoio não prote-
não absorvíveis com o joelho flexionado a 20 graus. gido ou por cunhas no gesso.
•Avance a borda livre da cápsula articu lar proximamente
no fêmur até que toda a folga desapareça e suture-a no
periósteo em sua nova posição utilizando suturas não
absorvíveis. • JOELHO INSTÁVEL
•Solte o tendão do bíceps do seu músculo, gire-o na sua Quando o joelho estiver instável em todas as direções e a força mus-
inserção fibular, passe-o através do aspecto posterior da cular suficiente para superar essa instabilidade não estiver disponível
articulação, profundamente às estruturas neurovascula- para transferência de tendão, uma órtese longa com uma articulação
res, e fixe-o na origem femoral da cabeça medial do gas- do joelho com travamento deverá ser utilizada, ou o joelho deverá ser
trocnêm io sob tensão moderada (Fig . 34-1 SC). artrodesado. A fusão do joelho em uma boa posição não apenas
•Solte a metade anterior do trato iliotibial de sua inserção permite uma marcha satisfatória, mas também a melhora por meio
na tíbia, passe-a profundamente para a porção intacta do da eliminação do peso da órtese; a fusão do joelho causa inconveni-
trato, do tendão do bíceps e das estruturas neurovascula- ência ao sentar. Uma opção é adiar a fusão até que o paciente tenha
res e suture-a na inserção do semimembranoso, na tíbia, idade suficiente para pesar as suas vantagens e desvantagens antes que
sob tensão moderada. uma decisão final seja tomada. Quanto aos pacientes que realizam
•Se um dos tendões que serão usados for de um músculo trabalhos braçais ou que teriam problemas em usar uma órtese, as
ativo, divida esse tendão e utilize apenas metade de le vantagens de ficarem livres dela superam as vantagens de serem
na tenodese, deixando a outra metade anexada à sua capazes de sentar com o joelho flexionado em uma órtese; nesses
inserção. pacientes, uma artrodese é indicada. Os que ficam sentados a maior
•Feche a incisão em camadas e utilize a drenagem por parte do tempo podem preferir o uso de uma órtese permanente-
sucção durante 48 horas. Aplique um gesso bem acol- mente. Quando os dois membros estão gravemente paralisados, um
choado da viri lha até os dedos do pé com o joelho fle- joelho pode ser fundido e o outro estabilizado com uma órtese.
xionado em 30 graus para prevenir tensão nas suturas. Antes de uma artrodese ser realizada, um gesso cilíndrico pode
ser aplicado a título de teste, imobilizando o joelho na posição em
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O gesso é removido em que seria fundido; isso permite ao paciente tomar uma decisão
6 semanas, e uma órtese longa que fo i medida antes da informada sobre as vantagens e desvantagens da artrodese do joelho.
cirurgia é ap licada. A órtese é projetada para limitar a As técnicas de fusão do joelho são descritas no Capítulo 8.
extensão do joelho a 15 graus de flexão. O apoio com
carga total é permitido com a órtese e, à noite, uma ta la
de gesso é utilizada para manter o joelho flexionado a 15 TÍBIA E FÊMUR
graus. Doze meses depois da cirurgia, o paciente é read-
mitido no hospital, e a contratura em flexão do joelho As deformidades angulares e torcionais da tíbia e do fêmur são mais
frequentemente causadas por condições diferentes da poliomielite,
llllm> PARTE X DOENÇAS DO SISTEMA NERVOSO EM CRIANÇAS

como anoma lias congênitas, distúrbios metabólicos ou trauma. 2. Joelho valgo e contratura em flexão do joelho. Com o cresci-
As várias osteotomias utilizadas em seu tratamento são discutidas mento, o trato iliotibial contraturado age como uma corda de
nos Capítulos 29 e 36. arco tensa através da articulação do joelho e gradualmente
abduz e flexiona a tíbia.
3. Discrepância do comprimento do membro. Embora o meca-
QUADRIL nismo exato não tenha sido claramente definido e possa estar
relacionado com a perda da função neurológica e muscular,
A paralisia dos músculos em torno do quadril pode causar grave um trato iliotibial contraturado unilateralmente pode ser asso-
deficiência. Essa deficiência pode incluir contraturas em flexão e ciado a um considerável encurtamento dessa extremidade
abdução do quadril, instabilidade do quadril e claudicação causada depois de anos de crescimento.
por paralisia dos músculos do glúteo máximo e médio e desloca- 4. Torção externa da tíbia, com ou sem subluxação da articulação
mento paralítico do quadril. do joelho. Como a sua inserção distal é lateral, o trato iliotibial
gradualmente gira a tíbia e a fíbula externamente sob o fêmur;
essa rotação pode aumentar se a cabeça curta do bíceps for forte.
• CONTRATURAS EM FLEXÃO E ABDUÇÃO DO Quando a deformidade torna-se extrema, o côndilo lateral da
QUADRIL tíbia subluxa sobre o côndilo femoral lateral e a cabeça da fíbula
Uma contratura em abdução é a deformidade mais comum asso- encontra-se no espaço poplíteo.
ciada à paralisia dos músculos em torno do quadril; isso geral- 5. Deformidades secundárias do tornozelo e do pé. Com a torção
mente ocorre em conjunção com as contraturas em flexão e externa da tíbia, os eixos articulares do tornozelo e do joelho
rotação externa com graus var iados. Menos frequentemente, pode ficam mal alinhados, causando mudanças estruturais que podem
ocorrer uma contratura do quadril, que consiste em adução com exigir correção cirúrgica.
flexão e rotação interna. Quando as contraturas do quadril são 6. Obliquidade pélvica. Quando o trato iliotibial é contraturado
graves e bilaterais, a locomoção é possível apenas como um qua- e o paciente está em supino com o quadril em abdução e flexão,
drúpede; a posição ereta torna-se possível depois que as contra- a pelve pode permanecer em um ângulo reto com o longo eixo
turas forem liberadas. da coluna (Fig. 34-19). Entretanto, quando o paciente fica de
O espasmo dos isquiotibiais, flexores do quadril, tensor da pé e a extremidade afetada é levada para a posição de apoio
fáscia lata e abdutores do quadril é comum durante os estágios (paralela ao eixo vertical do tronco), a pelve assume uma
agudo e de convalescência da poliomielite. A elevação da perna reta posição oblíqua: a crista ilíaca fica baixa no lado contraturado
geralmente é limitada. O paciente assume a posição de rã, com os e alta no lado oposto. O momento lateral força a pelve para o
joelhos e quadris flexionados e as extremidades completa.mente giradas lado não afetado. Os músculos do tronco no lado afetado
externamente. Se essa posição for mantida durante algumas semanas, alongam e os músculos no lado oposto se contraem. Uma
secundariamente ocorrem contraturas do tecido mole; urna defor- escoliose lombar associada pode se desenvolver. Se não corri-
midade permanente se desenvolve, em especial quando os músculos gidas, as duas contraturas contralaterais (isto é, o trato no lado
glúteos estiverem enfraquecidos. A deformidade coloca o glúteo afetado e os músculos do tronco no lado não afetado) mante-
máximo em desvantagem e previne o seu retorno para a força rão a pelve nesta posição oblíqua até que as alterações esque-
normal. Se a posição incorreta não for corrigida, o crescimento dos léticas fixem a deformidade (Fig. 34-20).
tecidos moles contraturados não manterá mesmo ritmo do cresci- 7. Aumento da lordose lombar. As contraturas bilaterais em flexão
mento ósseo, e a deformidade aumentará progressivamente. Se o do quadril puxam a parte proximal da pelve anteriormente;
posicionamento no leito for correto enquanto o espasmo muscular para o tronco assumir uma posição ereta, um aumento com-
estiver presente e se as articulações forem trabalhadas em uma pensatório na lordose lombar deve se desenvolver.
amplitude completa de movimento, em intervalos regulares depois A contratura em flexão e abd ução do quadril pode ser mini-
que o espasmo muscular desaparece, as contraturas podem ser pre- mizada ou evitada no estágio inicial de convalescência da polio-
venidas, e os tecidos moles podem ser mantidos suficientemente mielite. O paciente deve ser colocado no leito com os quadris em
longos e elásticos para atender as exigências funcionais normais. rotação neutra, leve abdução e nenhuma flexão. Todas as articu la-
A grande expansão do tensor da fáscia lata deve ser reconhe- ções devem ser levadas em uma amplit ude completa de movimento
cida antes de as possibilidades de deformação pelo trato iliotibial passivo várias vezes por dia; os quadris devem ser alongados em
poderem ser apreciadas. Proximamente, a fáscia lata surge do cóccix, extensão, adução e rotação interna. Para prevenir a rotação, uma
do sacro, da crista ilíaca, do ligamento inguinal e do arco púbico e barra similar a uma órtese de Denis Browne é útil, especialmente
cobre os músculos da coxa e da nádega. Tanto a camada superficial quando um rolo no joelho é utilizado para prevenir uma deformi-
quanto a camada profunda são ligadas à maior parte do músculo dade de joelho recurvado; a barra é presa à sola do sapato para
glúteo máximo e a toda a musculatura do tensor da fáscia lata. Todas manter os pés em ligeira rotação interna. A contratura é cuidado-
as inserções da fáscia convergem para formar o trato iliotibial na samente observada nos estágios agudo e de convalescência inicial;
lateral da coxa. uma vez detectada, ela deve ser corrigida antes de a marcha ser
A contratura do trato iliotibial pode contribuir para as seguin- permitida.
tes deformidades: As mudanças adaptativas secund árias ocorrem logo após o
1. Contratura em flexão, abdução e rotação externa do quadril. trato iliotibial contraturar e a deformidade resultante, independen-
O trato iliotibial posiciona-se lateral e anteriormente à articu- temente da sua duração ou da idade do paciente, não puder ser
lação do quadril e a sua contratura pode causar deformidade corrigida por medidas conservadoras; pelo contrário, tentativas na
de flexão e abd ução. O quadril é girado externamente para o correção com tração só aumentam a obliquidade e a hiperextensão
conforto e, se não corrigido, os rotatores externos do quadril da pelve e não podem exercer qualquer força corretiva útil contra a
contraem e contribuem para uma deformidade fixa. deformidade.
CAPÍTULO 34 DISTÚRBIOS PARALÍTICOS

•Feche a incisão sob re um dreno de sucção e apliqu e um


gesso pelvicopodálico com o quadril em extensão total,
1O graus de abdução e, se possível, rotação interna.
•Para o proced im ento de Yount, expon ha a fáscia lata
atra vés de uma in cisão latera l longitudina l imediatamente
proximal ao cõnd il o femoral.
•Divida o trato iliotibial e a fáscia lata posteriormente sobre
o tendão do bíceps e anteriormente na linha méd ia da
coxa em um nível 2,5 cm proximal à patela.
• Neste nível, excise um segmento do trato iliotibial e do septo
intermu scu lar lateral com 5 a 8 cm de comprimento.
•Antes de fec har a incisão, verifiqu e por palpação se todas
as bandas tensas foram so ltas .

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O gesso é removido em


2 semanas, e uma órtese longa com uma banda pélvica
é ajustada com o quadril na mesma posição.

Ll~ERAÇÃO COMPLETA DOS


MUSCULOS DA ASA DA
0@1l;f4Bllil Liberação completa da contratura externa de
CRISTA ILÍACA E TRANSFERÊNCIA
flex ão-abdu ção-rota ção do quadril. VEJA A TÉCNICA 34-19. DA CRISTA ILÍACA

------~
TÉCNICA
Fasciotomias simples em torno do quadri l e do joelho podem (CAMPBELL)
corrigir w11a contratura leve, mas a recorrência é comum; elas não cor-
rigem uma contratura grave. Para contraturas em abdução e rotação • Incise a pele ao longo da metade ou dos dois terços ante-
externa, uma liberação completa dos músculos do quadril (procedi- riores da crista il íaca até a esp inha anterossuperior e, em
mento de Ober-Yount) é indicada. Para deformidades graves, a libe- segu id a, faça uma incisão dista lmente de 5 a 1O cm na
ração completa de todos os músculos da asa ilíaca com a transferência superfície anteri or da coxa.
da crista ilíaca (técnica de Campbell) é indicada. •Separe a f áscia superficial e profunda da cri sta ilíaca.
•Retire as orige ns dos músculos tensor da fáscia lata e do
glúteo médio e mínimo, subperiostea lmente, da asa do
LIBERAÇÃO COMPLETA _DA íleo até o acetábu lo (Fig . 34- 17 A).
•Libere a pa rte proximal do sartório do tensor da fáscia lata.
CONTRATURA EM FLEXAO, •Com um osteótomo, faça a ressecção da espinha ilíaca
ABDUÇÃO E ROTAÇÃO EXTERNA DO anterossuperior junto com a origem do múscu lo sartório e
QUADRIL permita que ambas se retraiam distal e post eriormente.
•Desnude a bord a anterior do íleo até a espi nha il íaca ante-
~
TÉCNICA roinferi or. Li bere subperiostealmente as inserções dos mús-
--~~~~~~~--~ cu los abdom inai s da crista ilíaca (ou faça a ressecção de
(OBER; YOUNT) uma fa ixa estreita de osso com as inserções). Solte o músculo
ilíaco subperiostealmente da tábua interna.
•C om o paciente em uma posição latera l, faça uma incisão • Libere a cabeça direta do músculo reto femora l da espinha
transversa l medial e distal à espinha ilíaca superior ante- ilíaca anteroinferior e a cabeça refletida da margem ante-
rior, estendendo-a latera lmente aci ma do trocânter maior. rior do acetábulo ou, sim plesmente, divida o tendão con-
•Corte o tendão do iliopsoas distalmente e excise 1 cm dele. junto do músculo. Frequentemente, a liberação dessas
•Solte o sartório de sua origem na espinha ilíaca anteros- estruturas contraturadas permitirá ao quadril ficar hiperes-
superior, solte o reto da esp inh a ilíaca anteroinfer ior e tendido sem aumentar a lordose lombar; esse é o ponto
separe o tensor da fásc ia lata da sua borda anterior com- mais im portante, porque, nessa situação, a correção pode
pletamente em direção posterior (Fig . 34-16). ser mais aparente do que a real.
• Solte o glúteo médio e mínimo e os rotatores externos •Se o quadril não puder ser hiperestendido, outras estru-
curtos das suas inserções no trocânter. turas contraturadas devem ser soltas. Se necessário, abra
• Retraia o nervo ciático posteriormente e, em segu ida, a cápsu la do quadril ob liqua mente de proximal para distal
abra a cápsula do quadril de anterior para posterior, para- e, como um último recurso, libere o múscu lo ili opsoas do
lelamente ao lábio acetabu lar. trocânter menor por tenotomia. )
E!) PARTE X DOENÇAS DO SISTEMA NERVOSO EM CR IANÇAS

•Agora, com um osteótomo, remova uma cunha de osso


da crista do íleo distal para a fi se, de anterior para pos-
terior; o seu ápice deve ficar tão posterior quanto a
extremidade da incisão e a sua base anterior e 2,5 cm ou
mais em largu ra , conforme necessário para corrig ir a
deformidade.
•Em seguida, desloqu e a crista do íleo distal mente para
entrar em contato com a parte principa l do íleo e fixe-a
no local com suturas através dos tecidos moles.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Quando a deform idade


é leve, o quadril é colocado em hiperextensão e cerca de
1O graus de abdução, e um gesso pelvicopodálico é apli-
cado no lado afetado e acima do joelho no lado oposto.
Após 3 ou 4 semanas, o gesso é removido e o quadril é
mobi lizado. O suporte pode ser desnecessário durante o
dia, quando o paciente está de mu letas; no entanto, a
extensão de Buck ou uma ta la apropriada deve ser utili-
za da à noite.
A

• PARALISIA DOS MÚSCULOS GLÚTEO MÁXIMO E


MÉDIO
Uma das deficiências mais graves da poliomielite é causada pela
paralisia do glúteo máximo ou do glúteo médio ou ambos; o resul-
tado é um quadril instável e uma claudicação de má aparência e
fatigante. Durante o apoio no lado afetado, quando o glúteo médio
sozinho está paralisado, o tronco balança para o lado afetado e a
pelve inclina-se para o lado oposto (a marcha "compensada" de
Trendelenburg). Quando o glúteo máximo sozinho está paralisado,
o co rpo cambaleia para trás. A força dos músculos glúteos pode ser
mostrada pelo teste de Trendelenburg. Quando uma pessoa normal
apoia o peso em uma extremidade e flexiona a outra no quadril, a
pelve é mantida em um plano hori zo ntal, e os glúteos ficam no
mesmo nível; quando os músculos glúteos são acometidos e o peso
é apoiado no lado afetado, o nível da pelve no lado normal cai
aba ixo do nível do lado afetado; quando a paralisia do glúteo é
B
grave, o teste não pode ser feito, porque o equilíbrio na extremidade
deficiente é impossível.
O[iji@iDlfl Transferência de Campbe ll da crista ilíaca para
Como nenhum aparelho estabiliza a pelve quando um ou
contratura em flexão do quadril. A, Origens dos músculos sartó-
ambos os músculos estão paralisados, a função só pode ser melho-
rio, tensor da fáscia lata e glúteo méd io são so ltas do íleo. B, Parte
rada pela transferência musc ular para substituir os glúteos, quando
redundante do ileo é ressecada. VEJA A TÉCNICA 34-20.
viável. Essas operações são apenas relativamente bem-su ced idas.
Quando os músc ulos glúteos ficam completamente paralisados, o
• Após a deform idade ter sido completamente corrigida, equilíbrio normal nunca é restaurado. Embora a claudicação glútea
)
faça a ressecção da parte redundante do íleo desnudo possa ser diminuída, ela permanece; no entanto, quando a para lisia
com um osteótomo (Fig. 34- 17B). é apenas parcial, a marcha pode ser acentuadamente melhorada.
•Suture os músculos abdominais na borda dos músculos
glúteos e do tensor da fáscia lata sobre a bord a restante
do íleo com pontos separados. Suture a f áscia superfi cial
do lado medial da in cisão na fáscia profunda, no lado
TRANSFERÊNCIA POSTERIOR
lateral, para trazer a incisão na pele 2,5 cm posterior- DO ILIOPSOAS PARA A
mente à borda do íleo. PARALISIA DO MÚSCULO
• Para preservar a fise ilíaca em um a criança jovem, modi- GLÚTEO MÉDIO E MÁXIMO
fique o procedimento da seguinte forma: libere os múscu-
los subperiostealmente a partir da superfície lateral do íl eo. Quando há fraqueza dos abd utores do quadril, o tendão do
• Solte o sartório e o reto femora l conforme descrito e, se iliopsoas pode ser transferido para o trocãnter maior. Embora
necessário, libere a cápsula e o múscu lo iliopsoas. Reti ra r seja uma ciru rgi a mais extensa, o tendão iliopsoas e todo o
os músculos da superfície media l do íleo é desnecessá rio. múscu lo ilíaco podem ser transferidos posteriormente quando
CAPÍTULO 34 DISTÚRBIOS PARALfTICOS em

psoas

---~- Músculo
Nervo ilíaco
femoral - - -\+--'-,-i

A e

D E F

h[§ii;@mEI Transferência do múscu lo ili opsoas de Sharrard . A, O tendão do iliopsoas é solto do trocânter menor. B, O tendão e
o trocânter menor são so ltos, os múscu los ilíaco e psoas são elevados, a origem do ilíaco é liberada, e um orifício é feito no íleo. C, O
tendão do il iopsoas é passado de posterior para anterior através do orifício no trocânter maior. D, O músculo iliopsoas e o trocânter
menor são fixados ao trocânter maior com um parafuso. E e F, Modificação da técnica na qual o músculo e o te ndão são redirecionados
latera lmente através de um ental he no íleo e inseridos no trocânter maior, conforme descrito por W eisinger et ai. VEJA A TÉCNICA 34-21 .

o glúteo máximo e o glúteo médio estão paralisados. A teno- •Exponha o trocânter menor e desconecte-o do fêmur (Fig .
tomia aberta dos adutores deve sempre preceder a transfe- 34-18A). Em seguida, li bere o músculo psoas tão proxi-
rência do iliopsoas. mamente quanto possível.
•Faça uma segunda incisão imed iatamente abaixo e para-
TÉCNICA ________ _J~
~ lela à crista ilíaca.
•Solte a crista com os músculos da parede abdomina l e
(SHARRARD) abra a bainha do músculo psoas . Localize a inserção do
músculo com a ponta do dedo.
• Coloque o paciente na mesa de cirurgia ligeiramente incli- •Através da primeira incisão, segure o trocânter menor
nada para o lado não operado. Através de uma incisão com uma pinça de Kocher e leve-o para cima, dentro da
transversal sobre o adutor longo, exponha e divida os mús- bainha do psoas e para o campo cirúrgico superior (Fig .
culos adutores. 34-18B).
)
llll!ID PARTE X DOENÇAS DO SISTEMA NERVOSO EM CRIANÇAS

normal nos flexores e adutores, mas paralisia dos músculos glúteos.


) •Em seguida, exponha o músculo sartório e divida-o na
sua metade proximal. Deixe o múscu lo permanecer na A menos que esse desequilíbrio muscular seja corrigido, a recor-
parte cartilaginosa da esp inha ilíaca superior anterior, a rência da luxação provavelmente ocorrerá ind ependentemente de
qual é retraída mediaimente. outro tratamento. O deslocamento também pode se desenvolver
•Identifique a cabeça direta no músculo reto femoral e por causa da obliquidade pélvica fixa, em que o quadril contra-
divida-a na sua origem, na espinha ilíaca anteroinferior. lateral é mantido em abdução acen tuad a, geralmente por causa
Identifique a cabeça refletid a do músculo reto femoral, de um trato iliotibial tenso ou uma escoliose estruturada . Se a
disseque-a soltando-a da cápsula do quadril e eleve-a obliquidade pélvica não for corrigida, o quadril grad ualmente
posteriormente. subluxa e, por fim, desloca. A fraqueza da musculatura abdutora
•Se o quadril estiver deslocado, abra a cápsula anterior e retarda o crescimento da apófise trocantérica maior. A epífise
lateralmente, em paralelo ao lábrum, excise o ligamento capital femoral proximal continua a crescer em relação ao tro-
redondo e remova qualquer hipertrofia do pulvinar. cânter maior e aumenta a deformidade em va lgo do colo femoral;
• Reduza a articulação do quadril. a anteversão femoral também pode aumentar; e o quadril torna-
•Faça um orifício através da asa ilíaca imediatamente se mecanicamente instável e gradualmente subluxado. A pressão
lateral à articulação sacroi líaca. Faça uma oval com seu irregular no acetáb ul o provoca aumento da obliquidade no teto
longo eixo long itudina l, a sua largura ligeiramente maior acetabular.
do que um terço daquela da asa ilíaca e o seu compri- Os objetivos do tratamento das luxações paralíticas do quadril
mento 1,5 vez mais longo do que a sua largura. são a redução da cabeça femoral no acetábulo e a restauração do
• Passe o tendão iliopsoas e todo o múscu lo ilíaco através equ ilíbrio muscular. A deformidade óssea deve ser corrigida antes
do orifício (Fig . 34-18C) Passe um dedo da região glútea ou no momento de qualquer procedimento de equilíbrio muscular.
dista l e posteriormente para a bursa profunda, no tendão Frequentemente, a redução do quadril em crianças mais novas
do glúteo máximo, e identifique por toque o aspecto pos- pode ser alcançada pela simples abdução, muitas vezes auxiliada
terolateral do trocânter maior. Tendo esse ponto como pela tenotomia aberta dos adutores e tração. A tração pode ser
referência, exponha o aspecto anterior correspondente do utilizada de modo a trazer a cabeça femoral para perto do ace tá-
trocânter maior, realizando a dissecção através da fáscia. bulo antes de a redução fechada ser tentada . Se o quadril não pode
•C om perfurador e escarificadores e de anterior para pos- ser reduzido por tra ção, a redução aberta e a tenotomia dos adu-
terior, faça um orifício através do trocânter maior até que tores podem ser necessárias, em combinação com o encurtamento
seja grande o suficiente para receber o tendão. primário femoral, a osteotomia de derrotação e varização do fêmur
•Enquanto o quadril é mantido em abdução, extensão e e reconstruções acetabulares apropriadas (Capítulo 30). A artro-
rotação neutra, passe a extremidade do tendão através dese do quadril raramente é indicada e deve ser utilizada como
da nádega e de posterior para anterior através do túnel última alternativa para o tratamento de um quadril instável que
no trocânter maior (Fig . 34-1 8C) . precisa de estabilização ou de um quadril artrítico em um jovem
• Fi xe o psoas e trocânter menor no trocânter maior com adulto que não pode ser corrigido com artroplastia total do quadril.
sutu ra s ou um parafuso (Fig . 34-180). O procedimento de Girdlestone é a opção final para a correção
•Suture a origem do músculo ilíaco do íleo inferior para a crista. fracassada da luxação.
•Para coxa va lga ou anteversão grave que precisa de mais
de 20 a 30 graus de abdução para estabilidade, uma
osteotomia de derrotação e varização com fixação intern a DISCREPÂNCIA DE COMPRIMENTO DOS
pode ser realizada antes da inserção e sutura do tend ão MEMBROS INFERIORES
iliopsoas no trocânter maior.
•Como alternativa, corte uma "calha" ou entalhe, na crista As discrepâncias de comprimento dos membros inferiores são comuns
ilíaca posterolateral em vez de uma janela no íleo. O músculo em pacientes com poliomielite em função de uma variedade de
e o seu tendão podem ser redi re cionados lateralmente fatores, incluindo o crescimento anormal do membro, forças muscu-
através do enta lh e e inseridos no trocânter maior (Fig. lares anorm ais e contraturas articulares. Na maturidade esquelética, a
34-18E e F). Isso é tecnicamente mais simples, porque o maioria dos pacientes apresenta discrepâncias na faixa de 4 a 7 cm e
músculo ilíaco não é transferido para fora da pelve. muitos têm deform idades associadas das extremidades inferiores,
normalmente do pé.
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O quadril é imobil izado O alongamento ósseo em geral e especialmente em pacientes
durante 6 semanas em um gesso em abdução. neuromusculares está associado a uma alta taxa de complicação.
Em pacientes com poliomielite, o alongamento é um processo mais
longo (aproximadamente 1 cm por 2 meses) do que em outros
pacientes por causa da atrofia muscular associada e da hipoplasia
do osso. Essa consolidação atrasada coloca os pacientes diante de
• LUXAÇÃO PARALÍTICA DO QUADRIL um risco maior de infecção de pino, afrouxamento de pino e con-
Se uma criança contrai poliomielite antes de 2 anos de idade e os tratura articular. Por causa das forças musculares anormais, esses
músculos glúteos ficam paralisados, mas os flexores e adutores do pacientes também apresentam um risco maior de contraturas arti-
quadril não, ela pode desenvolver uma ltncação paralítica do quadril culares. Relatou-se que o uso de haste intrarnedular para alonga-
antes de concluir o crescimento. Essa combinação entre desequilí- mento da tíbia em pacientes com poliomielite diminui o tempo
brio da força muscular, posturas habitualmente incorretas e cresci - médio de consolidação em comparação com o alongamento sem
mento, que são importantes para a produção de deformidades, em haste. Urna alta taxa de recorrência da deformidade do pé foi encon-
nenhuma outra parte é mais bem ilustrada do que nesta situação. trada com o uso do alongamento de Ilizarov, e artrodese tríplice fo i
Geralmente, as crianças com luxação paralítica do quadril têm força recomendada em vez da liberação da contratura. Constatou-se que
CAPÍTULO 34 DISTÚRBIOS PARA LÍTICOS 41.1111
os pacientes com poliomielite com discrepância de comprimento
dos m embro s inferiores não apresentam um nível mais elevado da
função de m archa do que aqueles com discrepânci a e deform id a-
des angulares asso ciadas. O alongamento m elhorou a função de
marcha em vá rias distâncias so mente quando combinado com a
correção angular. Recomenda-se deixa r uma pequen a disc repância
de comprimento residu al para facilitar o desprendimento do
membro fraco.

ARTROPLASTIA TOTAL DA ARTICULAÇÃO

O uso da artroplastia total da articulação em pacientes neuromuscu-


lares também está associado ao aumento das taxas de complicação.
Várias pequenas séries e estudos de caso relataram acompanha-
mento relativamente curto da artroplastia total em pacientes com
poliomielite. Melhoras da amplitude de movimento do joelho, da
dor e da fun ção foram relatadas depois da artroplastia total do
joelho, mas um estudo mais aprofundado e um acompanhamento
mais longo são necessários para estabelecer totalmente a eficácia e
a segurança da artroplastia total da articulação em pacientes inter-
nados com poliomielite.

TRONCO

Para entender as deformidades e as deficiência s que podem ocorrer


quando os músculos do tronco e dos quadris são afetado s pela
poliomielite é necessário conhecer as ações normais e as interações
desses músculos. Ir win descreveu as açõ es dos abdutores do quadril
e do s músculos laterais do tronco durante o apoio co m carga con-
forme segue.
Os diferentes grupos musculares, as alavancas ósseas e os sus- O@il;fdmD A maioria das obliquidades pélvicas fixas verda-
tentadores no apoio têm uma relação simétrica e triangular, con- deiras são secundárias a contraturas abaixo da crista ilíaca (ver
forme mostrado nas Figuras 34-19 e 34-20. A linh a BC representa texto).
os mú sculos abdutores do quadril; AB, a cabeça femoral , o colo e o
trocânter, qu e fornecem uma alavanca para os músculos abdutores;
AC, o peso sustentado na cabeça femoral; DF e CF, os músculos relação à sustentação do p eso acima é alterada. A linha de força do
laterais do tronco; CE, a alavanca óssea da pelve através da qual os peso acima, FE, agora se aproxima muito do quadril afetado, e a
músculos do tronco atuam; e FE, o peso acima sustentado na linha pelve é inclinada de modo oblíquo. A posição aduzida do quadril
média da pelve. Quando o corpo está equilibrado, os triângulo s não afetado, alonga os músculos abdutores, DG, aproximadamente
acim a e abaixo da pelve são simétricos. na m esma extensão em que os abdutores no lado afetado, BC, foram
Durante a marcha normal, os abdutores do quadril no lado que encurtados, assim m es mo quando os abdutores, DG, estão normais,
apoia puxam para baixo a pelve, e os músculos laterais do tronco no a sua contratilidade e eficiência diminuem. A demanda sobre esses
lado oposto prn<:am para cima; esses dois conjuntos dos músculos mú sculos enfraquecidos aumenta em virtude do aumento do com-
seguram a pelve em um ângulo reto com eixo longitudinal do tronco. primento da linha DE.
A cabeça femora l no lado que apoia serve como ponto de apoio. O Os músc ulos do tronco também são afetados por essa assime-
ponto de fixação dos músculos do tronco (as costelas e a coluna) é tria. Os músculos laterais do tronco, CF, tornam-se alongados, e a
menos estável do que o dos músculos abdutores. Quando DF eleva a sua eficiência é prejudicada. O alongamento dos abdutores, DG,
pelve, CF deve fornecer a contrafixação; CF depende dos abdutores altera a sua inter-relação com os músculos laterais do tronco, DF, de
do quadril, BC, para contrafixação. A cada passo, o fêmur no lado de fornecer um ponto fixo para a contração dos músculos laterais do
apoio é o ponto central da ação para esse sistema coordenado de tronco, CF. Os músculos laterais do tronco, CF, normalmente
fixação e contrafixação. Cada parte do sistema depende das outras elevam a pelve desse lado, mas a sua posição atual previne a função
para qu e haja equilíbrio pélvico adequado durante a marcha. eficiente. A redução da alavanca, EC, coloca os músculos do tronco,
CF, em uma desvantagem maior. Todas essas alterações na fun ção e
• OBLIQUIDADE PÉLVICA na estrutura perturbam a mecânica da marcha. Quando os músc ulos
Quando há uma contratura em abdução do quadril, a linha BC é laterais contraturados do tronco, DF, e abdutores contraturados do
reduzi da; conforme a extremidade afetada é colocada na posição de qu adril, BC, mantêm a pelve muito tempo nessa posição, a sua obli-
apoio, o fêmur, que atua através do grupo abdutor contraturado, BC, quidad e torna -se fixa através de mudanças adaptadas na coluna.
abaixa a pelve deste lado. Durante esse movimento, a extremidade Quando a obliquidade pélvica está associada à paralisia dos
afetada e a pelve atuam como um a unidade; a pelve é deslocada pelo m embros inferiores grave o suficiente para precisar de duas órteses
impulso lateral para o lado oposto, e a simetria normal da pelve em longas, andar é ainda mais difícil. Quando o quadríceps é forte do
~ PARTE X DOENÇAS DO SISTEMA NERVOSO EM CRIANÇAS

no Capítulo 41. Após esse tratamento ser concluído, as contraturas


em torno do quadril são liberadas .
Para adultos com alterações degenerativas na coluna lombar
que tornam a correção impossível, o apoio na extremidade aduzida
(aquela apa rentemente curta) pode ser deslocado perto da linha
média por osteotomia de va lgização; um a grave fraqueza unila-
teral do glúteo médio também pode ser tratada desta maneira.
Esse procedimento pode possibilitar ao paciente andar, o que não
poderia fazer antes. Quando a obliquidade pélvica é extrema e a
cabeça femora l da extremidade abduzida (aquela aparentemente
longa) está quase no centro de gravidade, a osteotomia de vari-
zação do fêmur é indi cada. A osteotomia geralmente é feita no
nível do trocânter menor, e os fragmentos são imobilizados por
fixação interna apropriada.
Paralisia do Músculo Serrátil Anterior. Os seguin tes procedimen-
tos foram recomendados para tratar a paralisia do músculo serrátil
anterior:
1. Transplante da fáscia para fixar o ângulo inferior da escápula
na borda inferior do peitoral maior.
2. Vários transplantes da fáscia que se estendem desde a borda
vertebral da escápula até o quarto, quinto, sexto e sétimo pro-
cesso espinhoso torácico.
3. Transferência do tendão redondo maior do úmero para a
quinta e a sexta costela.

I 4. Transferência da inserção coracoide do músculo peitoral


menor para a borda vertebral da escápula.
5. Transferência da inserção coracoide do peitoral menor para o
J ângu lo inferior da escápula.
6. Transferência do peitoral menor para o terço distal da escápula.
Paralisia do Trapézio e do Elevador da Escápula. Os seguintes
procedimentos são utilizados para tratar a paralisia do trapézio e do
elevador da escápula:
1. Transplantes da fáscia que se estendem da espinha da escápula
H@ihf4BE!I Relações mecânicas anormais são criadas quando para os músculos cervicais e para o primeiro processo espi-
o quadril contraturado é trazido para a posição de apoio (ver nhoso torácico; fixando também o ângulo inferior da escápula
texto). nos músculos paraespinhais adjacentes para estabilidade.
2. Transplante de duas faixas da fáscia, uma que se estende da
borda vertebral da escápula, proximal à sua espinha, para o
lado da contratura em abdução (a extremidade aparentemente longa), sexto processo espinhoso cervical, e a outra a partir de um
a órtese pode ser destravada para permitir a flexão do joelho e o ponto 6 cm distal ao primeiro transplante para o terceiro pro-
andar torna-se possível, embora com uma claudicação acentuada. cesso espinhoso torácico.
Quando a órtese no lado afetado não pode ser destravada e o calca- 3. Transplante da fáscia que se estende do meio da borda verte-
nhar no lado oposto (a extremidade aparentemente curta) não é bral da escápula para o processo espin hoso da segunda e ter-
elevado, a extrem idade afetada precisa ser muito abduzida ao andar; ceira vértebra torácica, e a transferência da inserção do músculo
caso contrário, o peso é apoiado apenas na extremidade afetada, e o elevador da escápula lateralmente na espinha da escápula para
lado oposto torna-se quase inútil. um ponto adjacente ao acrômio.
Escoliose Paralítica. O tratamento da escoliose paralítica é discu-
1 TRATAMENTO tido no Capítulo 4 1.
A maioria das obliquidades pélvicas surge a partir de contraturas
distais à crista ilíaca e algumas surgem a partir da fraqueza unilateral
dos músculos abdominais e laterais do tronco. Quando as contraturas OMBRO
distais à crista ilíaca estão ausentes, uma obliquidade pélvica não deve
ser considerada como verdadeira, mas sim secundária à escoliose. A incapacidade causada pela paralisia dos músculos em torno do
A origem precoce de um a verdadeira obliquidade pélvica ombro pode ser diminuída em certa medida pelas transferências de
secundária à contratura do trato iliotibial já foi discutida. Antes de tendão e músculo ou por artrodese da articulação; o padrão e a
começar o tratamento, o grau de estruturação da escoliose lombar gravidade da paralisia determinam qual método é mais apropriado.
deve ser determinado por radiografias. Quando a deformidade é En tretanto, nenhum dos procedimentos é indicado, a menos que a
leve e a escoliose lombar não é estruturada, a obliquidade pélvica mão, o antebraço e o cotovelo continuem funcionais ou assim se
é corrigida tratando a contratura em flexão e a abdução do tornaram por meio de cirurgia reconstrutiva.
quadril (Técn ica 34-1 9). Quando a obliquidade pélvica é mode- Os tendões e músculos são transferidos para substituir um
radamente grave e a escoliose lombar é estruturada, a escoliose músculo deltoide paralisado ou reforçar um fraco. Para essas cirur-
é corrigida primeiro através da instrumentação, conforme descrito gias serem bem-sucedidas, a força deve ser razoável, ou melhor, no
CAPÍTULO 34 DISTÚRBIOS PARALÍTICOS

e D

H@lh@e&I Transferência do trapézio para para lisia do músculo deltoide de Bat eman. A, Incisão da pe le. B, A espinha da escápula
é osteotomizada ob liquamente perto da sua base nos planos latera l e distal. A linha pontilhada ind ica a abertura do de lto ide . C, O
deltoide atrófico é dividido, a superfície profund a do acrômio, da espinha e da área correspondente no aspecto latera l do úmero são
cruentadas, e a extremidade lateral da clavícula é ressecada . D, O acrômio é fixado ao úmero o mais distal possível com dois ou três
parafusos. VEJA A TÉCNICA 34-22.

serrátil anterior, no trapézio e nos rotatores externos curtos do fixação da transferência co m parafusos depois qu e o múscu lo é
ombro (para a transferência do trapézio, a força deve ser razoável, puxado como um cap uz sob re a cabeça do úm ero (Fig. 34-2 1). Em
ou melhor, no peitoral maior, no romboide e no elevador da uma modificação da técnica, o trapézio superior e médio é com-
escáp ula). Quando os rotatores externos curtos estão abai.xo do nível pletamente mobili zado lateralmente de sua origem, e a transferên -
funcional, o grande dorsal ou o redondo maior podem ser transfe- cia é feita 5 cm mais longa sem prejudicar o se u nervo ou o
ridos para o aspecto lateral do úmero para reforçá- los (Harmon). fornecimento de sangue; esse comprimento adicionado aumenta a
Quando o supraespinhal está aba ixo do ní vel fun cional, o elevador alavanca da transferência no úmero. Toda a in se rção do trapézio é
da escáp ula (preferido), o esternocleidomastoide, o escaleno ante- liberada com a ressecção da clavícula lateral, do acrômio e da parte
rior, o escaleno médio ou o escaleno superior podem ser transferi- adjacente da espinha da escapular; estes são fixados no úmero por
dos para a tuberosidade maior. Quando o subescap ular está abaixo parafusos (Fig. 34-22).
do nível funcional, o peitoral menor ou as duas digitações sup eriores Saba desenvolveu uma classificação fun cional dos músculos
do se rrátil anterior ou o grand e dorsal ou o redondo maior poste- em torno da articulação e recomendou uma avaliação cuidadosa da
riormente podem se r transfer idos para a tuberosidade menor para sua força antes da cirurgia.
um ponto exatamente oposto ao da inserção do Sllbescapular (aqui 1. Motores primários: o deltoide e a cabeça clavicular do peitoral
a ação é para trás, embora idêntica à do subescap ular depois da m aior, qu e na elevação exercem forças em três direções na
elevação> 90 graus). A artrodese do ombro pode ser indicada quando junção dos terços proximal e méd io da diáfise do úmero.
a paralisia em torno da articulação é extensa, desde que a força do 2. Grupo de direção: o subescapular, o supraespinhaJ e o infraes-
serrátil anterior e do trapézio seja razoável, ou melhor. pinhal. Esses músculos exercem forças na junção dos eixos da
cabeça e do colo do úmero e da diáfise do úmero. À medida
que o braço é elevado, a cabeça do úmero, por movimentos de
• TRANSFERÊNCIAS DE TENDÃO E MÚSCULO rolamento e deslizamento, muda constantemente o se u ponto
PARA PARALISIA DO DELTOIDE de co ntato co m a cavidade glenoide. Embora esses músculos
A transferência da inserção do trapézio é a cirurgia mais satisfató- exerçam pouca força na elevação do braço, a sua fun ção prin-
ria para a paralisia completa do deltoide. A ressecção de um a parte cipal é estabilizar a cabeça do úmero conforme ela se move na
da espinha da escápula e a sua inclusão na transferência permite a glenoide.
lllllEi1!) PARTE X DOENÇAS DO SISTEMA NERVOSO EM CRIANÇAS

do comprimento de suas fibras. Quando as transferências adequa-


das estão indisponíveis, a inserção do trapézio pode ser fixada mais
anterior ou posteriormente no úm ero para restaurar a rotação
interna ou externa. As contraturas dos músculos sem oposição em
torno do ombro raramente são graves o suficiente para causar
incapacidade extrema; a maioria pode ser corrigida no momento
da transferência ou artrodese.

TRANSFERÊNCIA DO TRAPÉZIO
PARA PARALISIA DO DELTOIDE

----------~
TÉCNICA
(BATEMAN)

• Com o paciente em posição prona, acesse o ombro através


de uma incisão em forma de T (Fig. 34-21 A); estenda a
parte transversal em torno do ombro sobre a espinha da
O@iiajB:m Transferência do trap ézio de Saha para paralisia escápu la e o acrômio e encerre-a acima do processo cora-
do deltoide. Toda a inserção do trapézio junto com a extremidade
coide; estenda o membro longitudin al distalmente sobre o
lateral da clavícula, a articulação acromioclavicular, o acrômio e
aspecto lateral do ombro e braço superior por 6 cm.
a parte adjacente da espinha da escápula em anexo foram fixados
• Mobilize os retalhos, divida o músculo deltoide atrofiado
por dois parafusos no aspecto lateral do úmero distal às tubero-
e expon ha a articulação.
sidades. VEJA A TÉCNICA 34-23.
•Libere a superfície infer ior do acrômio e da espinha da
escápula do tecido mole e osteotomize a espinha da
escápula perto de sua base em um plano oblíquo distal
3. Grupo depressor: o peitoral maior (cabeça esternal), o grande e lateral; dessa forma, uma ampla porção do trapézio é
dorsal, o redondo maior e o redondo menor. Esses músc ulos liberada, mas ainda f ixada na espinha e no acrômio.
estão locali zados intermediariamente e exercem suas forças •Faça a ressecção dos 2 cm laterais da clavícula, tomando
no quarto proximal do eixo diafisário do úmero. Durante a cuidado para evitar danificar o ligamento coracoclavicular.
elevação, eles giram a diálise e, nos últimos graus do movi- • Cruente a superfície profunda do acrômio e da espinha,
mento, abaixam a cabeça do úmero. Eles exercem uma única abduza o braço a 90 graus e, no nível apropriado no aspecto
ação de direcionamento mínimo na cabeça. A ausência da lateral do úmero, cruente uma área correspondente.
sua força não causaria incapacidade aparente, exceto que o •C om firme tração, traga o retalho muscular lateralmente
desempenho do membro ao levantar pesos acima da cabeça sob re a cabeça do úmero e fixe o acrôm io no úmero tão
ficaria enfraquecido. distalmente quanto possível com dois ou três parafusos
Os métodos clássicos de transferência de um único músculo (Fi g. 34-21 D). Imobilize o braço com gesso no ombro
(ou mesmo vários músculos para urna inserção comum) parares- abduzido a 90 graus.
taurar a abdução do ombro não consideram as funções dos mús-
culos de direção. Quando os músculos de direção ficam paralisados CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO A imobilização continua
e um único músculo foi transferido para restaurar as funções apenas durante 8 semanas mas, em 4 a 6 semanas, a parte do
do deltoide, o braço não pode ser elevado acima de 90 graus, e o braço e do ombro em imobilização é bivalvada para per-
movimento escapuloumeral é significativamente perturbado. Para mitir algum movimento. Quando o acrôm io transplantado
a paralisia do deltoide, toda a inserção do trapézio pode ser trans- se consolidar com o úmero, o braço será colocado em uma
fer ida para o úmero a fim de substituir as partes anterior e média órtese de abdução umeral e gradualmente será abaixado
do músculo; no entanto, o subescapular, o supraespinhal e o infra- para o lado e o músculo reeducado através de exercícios.

______
espinhal devem ser cuidadosamente avaliados. Quando dois desses
músculos ficam paralisados, as suas funções também devem ser
restauradas, porque, caso contrário, a eficácia do trapézio transfe-
rido como um elevador do ombro seria enormemente reduzida.
_..~
Como já mencionado, para a paralisia do sub escapular, o peitoral TÉCNICA
menor ou as duas digitações superiores do serrátil anterior podem
ser transfer idos porque podem ser reencaminhadas e fi xadas na (SAHA)
tuberosidade menor; como procedimento alternativo, o grande
dorsal ou o redondo maior podem ser transferidos posterior- •Faça uma incisão curva (Fig. 34-22) mediaimente convexa;
mente para um ponto exatamente oposto à tuberosidade menor. in icie-a anteriormente um pouco superi or à margem infe-
Para a paralisia do supraespinhal, o elevador da escápula, o ester- rior da prega auxi liar anterior aproximadamente em sua
nocleidomastoide, o escaleno anterior, o esca leno médio ou o linh a média, estendendo-a superiormente; em seguida,
escaleno sup erior podem ser transferidos para a tuberosidade maior; posteriormente e, por fim, inferiormente e termine-a um
destes, o elevador da escápula é o melhor por causa da direção e
CAPÍTULO 34 DISTÚRBIOS PARALÍTICOS azm
pouco inferior à base da espinha da escápula e 2,5 cm Clavícula
lateralmente à borda vertebral da escápula.
• Mobilize os retalhos de pele e exponha o trapézio mediai-
mente a 2,5 cm mediaimente à borda vertebral da
escápula; exponha o acrômio, a cápsula da articulação
acromioclavicular, o terço lateral da clavícula e toda a
origem do músculo deltoide paralisado.
• Solte e afaste latera lm ente a origem do deltoide e loca lize
l'?----4- - - Parte
a borda anterior do trapézio.
atrofiada
•Identifique o ligamento coronoide e divida a clavícula do músculo
imediatamente lateral a ele. deltoide
• Apalpe a incisura escapular, identifique o acrômio e a
parte adjacente da espinha da escápula e, com uma serra
de Gigli e chanfrando posteriormente, faça a ressecção
da espinha.
• Eleve a inserção do trapézio junto com a extremidade lateral
anexada da clavícula, a articulação acrom ioclavicular e o
acrôm io e parte adjacente da espinha da escápula. Em
A
seguida, libere o trapézio da borda superior da parte rema-
nescente da espinha da escápula mediaimente na base da
espinha onde as fibras inferiores do músculo deslizam sobre
a área triangular da escápula. Em seguida, libere a borda
anterior do trapézio da fáscia cervical profunda e levante o
músculo a partir do seu leito para redirecionamento.
• Desnude as superfícies inferiores dos ossos da inserção -Implante
do trapézio libertado; com uma pinça, quebre esses ossos do músculo
em vários locais, mas deixe intacto o periósteo nas suas deito ide
sobre a
superfícies superiores. Desnude também a área no aspecto
parte
lateral do úmero proximal selecionado para a fixação da atrofiada
transferência.
• Com o ombro em rotação neutra e 45 graus de abdução,
fi xe a transferência com dois parafusos passados nos
fragmentos ósseos e no úmero proxi mal (Fig . 34-22).
• Quando não houver transferências adequadas disponíveis
para substitui r quaisquer rotatores externos ou internos B
paralisados, fixe o músculo um pouco mais anterior ou
posteriormente. As transferências para a paralisia do subes-
O@ll;MDl!I Transferência da origem do deltoide de Harmon
capu la r, do supraespinha l ou do infraespinhal serão discu-
para paralisia parcial. A, A parte posterior do deltoide está fun-
tidas posteriormente; quando indicadas elas devem ser
cionando; as partes média e anterior estão paralisadas. B, A parte
realizadas no momento da transferência do trapézio.
po sterior transferida do deltoide é sobreposta à parte anterior
atrófica . Quando a transferência contrai, ela previne a luxação
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Um gesso é aplicado com
anterior do ombro e exerce força de abdução mais direta do que
o ombro abduzido 45 graus, rotacionado e flexionado de
na sua localização posterior prévia. VEJA A TÉCNICA 34-24.
forma neutra no plano da escápula. Em 1O dias, as suturas
são removidas e radiografias são feitas para se ter certeza
de que a cabeça do úmero não se deslocou inferiormente.
Em 6 a 8 semanas, o gesso é removido e os exercícios
ativos são iniciados.
lateralmente, indo posteriormente em torno do ombro
logo distal ao acrômio até o meio da espinha da escápula.
•Levante os reta lhos de pele e tecido subcutâneo proximal
e distalmente.
TRANSFERÊNCIA DA ORIGEM DO •Solte subperiostea lmente de sua origem a parte posterior
DELTOIDE PARA PARALISIA PARCIAL ativa do deltoide e libere-a distalmente das estruturas
profundas até cerca de metade do seu comprimento,

-------~
TÉCNICA tendo cuidado de não lesionar o nervo axila r e os seus
ramos.
(HARMON) •Exponha subperiostealmente o terço lateral da clavícul a,
transfira o retalho do músculo anteriormente e fixe-o na
•Faça uma incisão em formato de U de 20 cm de com - clavícula com suturas simp les não absorvíveis nos tecidos
primento estendendo-se do terço médio da clavícu la moles adjacentes (Fi g. 34-23). )
mn> PARTE X DOENÇAS DO SISTEMA NERVOSO EM CRIAN ÇAS

•Com um instrumento rombo, abra o intervalo entre o


t • t 1 •1 Um gesso é aplicado no
deltoide e a cabeça longa do tríceps.
ombro, mantendo o braço abduzido em 75 graus. Em 3
•Identifique o tubérculo na extremidade inferior da tube-
semanas, parte do gesso é removida para massagem e
rosidade maior, leve a extremidade da transferência para
exercício ativo. Em 6 semanas, todo o gesso é removido,
esse tubérculo e, mantendo o membro em rotação neutra,
e uma órtese de abdução umeral é colocada para ser
fi xe a transferência com suturas simples.
utilizada durante pelo menos 4 meses; os exercícios ativos
supervisionados continuam durante esse tempo.

• TRANSFERÊNCIAS DE TENDÃO E MÚSCULO • ARTRODESE


Quando a paralisia em torno do ombro é extensa, a artrodese pode
PARA PARALISIA DO SUBESCAPULAR, DO ser o procedimento de escolha, especialmente quando há uma
SUPRAESPINHAL OU DO INFRAESPINHAL luxação paralítica, os músculos do antebraço e mão são funcionais
Quando dois desses três músculos ficam paralisados, as suas funções e o se rrátil anterio r e o trapézio são fortes. O movimento da escápula
deve m ser res tauradas po r transferências adequadas; isso é tão compensa a falta de movimento da articu lação. A fun ção normal do
necessário quanto a transferência do trap ézio para a paralisia do antebraço e da mão é um pré-requisito.
delto ide. Sem a função desses músculos ou de se us substitutos, a A posição do ombro para a realização de um a artrod ese é
eficácia do trap ézio transfe rido para elevar o ombro seria ace ntu - semelh ante à recomendada para qualquer fusão do ombro (Capí-
adamente redu zida. Os múscu los adequ ados para a transferência tul o 13) . O âng ul o de abdução deve ser determinado com base
são aqueles cujas ext remidades distais podem se r levadas até as na apresentação clínica da posição do braço em relação ao co rp o.
tuberosidades do úmero e cujas direções gerais de tração corres- Ele tradicionalmente é obtido pela medição do âng ul o entre a
pondem às dos músculos qu e es tão para subst ituir. As tran sfe- bord a vertebral da escáp ula e do úmero; entretanto, em ge ral, é
rências devem se r reenc am inhadas para perto da extremid ade do difí ci l determinar isso nas radiografias. A posição do braço na
eixo da cabeça e do colo do úmero, caso co ntrário as funções artrodese do ombro deve ser estabelecida com o braço no lado
desejadas não serão restauradas. O nervo e o fornecimento de do corpo, com abdução suficiente do braço clinicamente deter-
sangue para qualquer músc ulo transferid o devem se r protegidos. minada do lado do corpo para higieni za r a axila (15 a 20 graus)
Atualm ente, as transferências mais reali zada s são a do grande e flexão (25 a 30 graus) e rotação interna (40 a 50 graus), sufi -
dorsa l ou redondo maior o u ambos e a transfe rência posterior do cientes para trazer a mão à linha média do corpo. Dez gra us
peitoral menor para a escápula. Essas transferências, qu ando adicionai s de ab du ção devem ser obtid os em cri anças com polio-
indicadas, são feitas ao mes mo tempo que a transferência de Saba mielite quando nenhum a fixação interna é utili zada. Quando os
de trap ézio para a parali sia do deltoide. Co nsequ entemente, em dois ombros precisa rem ser fundidos, as suas posições devem
cada caso, a incisão curva já estaria feita, a ex tremidade late ral perm itir ao paciente trazer as mãos juntas. Um ombro fraco ou
da clavícula e o ac rômi o e parte adjacente da espinha da escáp ula instável deve se r fundido apenas com leve ab du ção. D eve-se
já teriam sid o elevados, e o trapé zio sup erior e médio já teri am tomar cuid ado para preservar a fise do úm ero proximal em
sido mobilizados conforme já descrito. pacientes esqueleti camente imaturos. As técn icas de artrodese do
ombro são descritas no Ca pítulo 13.
TRANSFERÊNCIA DO GRANDE
DORSAL OU DO REDONDO MAIOR COTOVELO
OU AMBOS PARA A PARALISIA
DO SUBESCAPULAR OU DO A maioria das cirurgias para paralisia dos músculos que atuam no
INFRAESPINHAL cotovelo é projetada para restaurar a flexão ou a extensão at iva da
articulação. As cirurgias para corrigir defo rmidades ou as cirurgias
~
TÉCNICA para es tabilizar a articul ação, como bloqueio ósseo posterior ou
~~~~~~~~-~
artrodese, raramente são necessárias.
(SAHA)

•E leve o braço cerca de 130 graus. Em seguida , faça uma • TRANSFERÊNCIAS DE MÚSCULO E TENDÃO
incisão na prega axilar posterior começando no braço PARA RESTAURAR A FLEXÃO DO COTOVELO
superior cerca de 6,5 cm inferior à prega da axila e esten- Vár ios métodos de rest auração at iva de fle xão do cotovelo estão
dendo até o ângu lo inferior da escápula, cruzando a disponíveis. Aqui, como em outros lu ga res, a função e a força
prega em um zigue-zague . relativa dos músculos remanescentes devem ser determinadas
•Exponha e libere a inserção do grande dorsal e leva nte o com prec isão antes de um procedimento de transferência ser
múscu lo do seu leito, tomando cuidad o para preservar o escolhido. Além disso, como a função da mão é mais importante
seu suprimento nervoso e sanguíneo. do qu e a fle xão do cotovelo, essas cirurgias não devem ser feitas
•Se a transferência precisar ser reforçada pelo redondo quando os músculos qu e co ntrolam os dedos estiverem paralisa -
maior, li bere e levante ambos os músculos. dos, a menos que a sua função tenha sido ou possa ser restaurada
•Dobre a inserçã o liberada em si mesma e feche suas por transfe rências de tendão. Vários métodos de restauração da
margens com suturas simples; coloque em sua extremi- flexão do cotovelo foram descritos : (1 ) flexo rplastia (Steindler), (2)
dade uma forte sutura contínua. transferência anterior do tendão do tríceps (Bu nn ell e Ca rrol!),
(3) transferência de parte do músculo peitoral maior (Clark), (4)
CAPÍTULO 34 DISTÚRB IOS PARALfTICOS 4mllll
transferência do múscu lo esternocleidomastoide (B unnell), (5)
transfe rência do múscu lo peitoral meno r (Spira), (6) transferên-
cia do tendão peitoral maior (Brooks e Seddon) e (7) transferên-
cia do músculo grande dorsa l (Hovnan ian) .
Úmero--"'=--~ /

FLEXORPLASTIA
A flexorplastia consiste em transferir a origem comum dos
músculos pronador redondo, flexor radial do carpo, palmar
longo, flexor superficial dos dedos e flexor ulnar do carpo
da região epicondi lar medial do úmero proxima l cerca de 5
cm. A sua principal desvantagem é o desenvolvimento fre-
quente de uma deformidade de pronação do antebraço.
= ='""-Músculo flexor
A flexorplastia é indicada quando o bíceps braquial e ulnar do carpo
o braquial estão paralisados e o grupo de músculos que
se originam no ep icôndilo med ial encontra-se razoáve l .~-.,,,,'7'"72~--Músc ul o flexor
superficial
ou melhor em força. Os me lhores resu ltados são obtidos
dos dedos
quando os flexores do cotovelo estão apenas parcia lmente
pa ral isados e os flexores dos dedos e punho estão normais.
A força de flexão ativa e a amplitude de movimento do
cotovelo depois da cirurgia não podem ser comparadas li!rimMEmt Modif icação de Bunnell da flexorplastia de Steindler.
favorave lmente com aque las do cotove lo norma l, mas, por A origem musc ul ar com um é transfe rid a lat eralmente no úmero
outro lado, a util idade do braço aumenta. Quando apenas por meio do transp lante de fáscia . VEJA A TÉCNICA 34-26.
o flexor superficial dos dedos está ativo, o cotovelo pode
se r flex ionado somente quando os dedos estão forte- o tendão do flexor ulnar do ca rpo da ma rgem ulna r do
mente flexionados; isso interfere na função da mão, e antebraço para o raio dista l.
outro método deve ser utilizado para restaurar a flexão •Aplique um gesso com o cotovelo em flexão aguda e o
do cotove lo. Os res ultados sem sucesso desse proced i- antebraço ne utro qua nto à pronação e à supinação.
mento gera lmente são causados por superestimação da
força dos músculos a serem transferidos. Uma forma CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Em 2 semanas, o gesso
prática para testá- los é manter o braço do paciente em é substituído por uma ta la que segu ra o braço nessa
ângulo reto com o corpo, girá-los para eliminar a influên- mesma posição pelo menos durante 6 semanas; fisiotera -
cia da gravidade e determinar se os músculos a serem pia e exercícios ativos são, então, iniciados e aumentam
tra nsf eri dos podem fl ex ionar o cotove lo nessa posição; se grad ualmente para fo rtalece r os músculos t ransfe ri dos.
não, esse tipo de transferência falhará, e outro método
deverá ser utilizado.
TRANSFERÊNCIA ANTERIOR

-----~
TÉCNICA DO TRÍCEPS
(BUNNELL) A t ransferência anterior do tendão do tríceps pode ser fe ita
para recuperar a flexão ativa do cotovelo. Uma desvanta-
•Faça uma incisão curva longitudinal no lado medial do coto- gem dessa t ransferência é que o tendão do tríceps não
velo, começando 7,5 cm proximais ao epicôndi lo med ial e alcançaria a tuberosidade do raio; um curto enxerto da
estendendo distalmente posterior ao cônd ilo medial e dali fáscia ou um enxerto do tendão deve ser uti lizado para
anteriormente na superfície valar do antebraço ao longo do completar a transferência.
curso do músculo pronador redondo.

-------~
• Localize o nervo ulnar posterior ao epicôndilo medial e TÉCNICA
retraia-o posteriormente.
• Solte em bloco a origem comum do pronador redondo, (BUNNELL)
flexor rad ial do carpo, palmar longo, flexor superf icial dos
dedos e flexor ulna r do carpo do epicônd ilo media l próximo •Através de uma incisão posterolatera l, exponha o tendão
ao periósteo. Libere esses músculos dista lmente por 4 cm do tríceps e solte-o na sua inserção.
e prolongue a origem comum dos músculos com um •Disseque-o do aspecto posterior do quarto dista l do
enxerto livre da fáscia lata. úmero e transfira-o em torno do aspecto lateral.
• Avance essa origem 5 cm para cima até o lado latera l em •Faça uma incisão curvilínea anterolatera l e retraia os mús-
vez do lado media l do úmero (Fig. 34-24); isso resulta em cu los braqu iorradia l e pronador redondo para expor a
uma correção moderada, embora não comp leta da ten - tuberosidade do raio.
dência da transferência para pronação do antebraço. •Prolongue o tendão do t ríceps por meio de um enxerto
• Caso uma deformidade em pronação persista depois de fáscia lata que tenha 4 cm de comprimento e largura
desse procedimento, ela pode ser corrigida transferindo-se suficiente para fazer um tubo. )
lllm) PARTE X DOENÇAS DO SISTE MA NERVOSO EM CRIANÇAS

movimentos indesejados do omb ro durante a fl exão do

_____
cotovelo depois deste procedimento, o controle muscu lar do
ombro e da escápula deve ser bom, ou uma artrodese do
ombro deve ser rea lizada .
____.~
TÉCNICA
(BROOKS E SEDDON)

•Faça uma incisão a partir da extremidade distal do su lco


deltopeitoral até a junção dos terços proximal e médio do
braço.
• Solte o tendão de inserção do peitoral ma ior tão próximo
ao osso quanto possível e por dissecção romba mobi lize
o múscu lo da parede torácica proximamente até a claví-
cula (Fig. 34-26A).
•Retraia o deltoide latera l e superiormente e expo nha o
tendão da cabeça longa do bíceps conform e ele corre
proximamente para o interior da arti cu lação do ombro;
corte esse tendão na extremidade proximal do su lco bici-
pital e reti re-o na incisão.
•Por dissecção romba e afiada, libere o ventre da cabeça
O@lhH B!D Transferência anterior do tríce ps de Bunnell para long a do bíceps do da cabeça curta e ligue e corte todos
paralisia do bíceps. O tendão do tríce ps alongado por um curto
os vasos na junção deles.
enxerto da fáscia ou tendão, encam inhado lateralmente e inserido na
•Faça uma incisão em forma de L no cotovelo com seu
tuberosidade do rá dio por sutura em pull-out. VEJA A TÉCNICA 34-27.
braço transversal na prega de flexão e seu braço longitu-
dinal este ndendo-se proximamente ao longo da borda
media l do bíceps.
) •Fixe -o na tuberosidade cruentada do raio com uma sutura
• Mob il ize a cabeça longa do bíceps, soltando os seus
de aço em pu/1-out passada para o dorso do antebraço
feixes neurovasculares remanescentes de modo que o
através de um orifício perfurado através da tuberosidade
e do colo do ra io (Fig . 34-25). t endão e o músculo sejam completament e liberados dis-
talmente até a tuberosidade do raio; reti re o tendão e o
• Flexione o cotovelo, puxe cuidadosamente a sutura com
múscu lo através da incisão distal (Fig. 34-268 e C)
tensão, adaptando o tendão contra o osso e amarre a
(Q uan do o ventre muscu lar ficar aderido à fáscia sobre-
sutura sobre um botão acolchoado .
jacente, libere-o por dissecção afi ada .)
• Ap lique um gesso com o cotovelo em flexão aguda e o
• Reposicione a cabeça longa do bíceps no seu sítio original
antebraço neutro quanto à pronação e à supinação.
e, através da incisão proximal, passe o seu tendão e o
• Carroll descreveu um método semelhante de transferência
ventre muscu lar através de duas divisões no tendão do
do t ríceps em que o tendão é passado superf icial ao nervo
peitora l maior; faça uma alça com a cabeça longa do
rad ial através de uma divisão longitu dina l no tendão do
bíceps sobre si mesma, de modo que o se u tend ão pro-
bíceps e é suturado sob tensão com o cotovelo em fl exão.
ximal seja conduzido para a incisão dista l.
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO •E m seguida, uti liza ndo suturas não absorvíveis, suture a
Em 2 semanas, o gesso
extremidade do tendão proximal através de uma divisão
é substituído por uma tala que mantém o braço na mesma
no tendão distal (Fig. 34-26 0 ) e suture o tendão do pei-
posição pelo menos durante 6 semanas . O fio de pull-out
toral maior na cabeça longa do bíceps na sua jun ção.
é removido em 4 semanas. A fisioterapia e os exercícios ativos
•Feche as incisões e ap lique uma tala posterior de gesso
têm início em 6 semanas e gradualmente aumentam .
com o cotovelo em flexão.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Em 3 semanas, a tala é


TRANSFERÊNCIA DO TENDÃO DO removida e a reeducação muscular é iniciada. Deve-se
tomar cuidado pa ra estender o cotovelo gradua lmente de
PEITORAL MAIOR modo que a fl exão ativa de mais de 90 graus seja preser-
Brooks e Seddon descreveram uma ciru rgia pa ra restaurar a vada. Pode levar de 2 ou 3 meses antes que a extensão
flexão do cotovelo em que todo o músculo peitoral maior é completa seja possível.
utilizado como motor e o seu tendão é prolongado distal-
mente por meio da cabeça lon ga do bíceps braquial. Essa
transferência só deve ser feita se o bíceps estiver completa-
mente para lisado; eles a recomendaram quando a flexor- TRANSFERÊNCIA DO MÚSCULO
plastia não é aplicável, quando a parte distal do peitora l
ma ior está fraca, mas a parte proximal está forte, ou quando
GRANDE DORSAL
ambas as partes do músculo estão tão fracas que todo o Hovnanian descreveu um método de restaurar a flexão ativa
múscu lo é necessário para a t ransferência. Para evitar do cotovelo com a t ransferência da origem e do ventre do
CAPÍTU LO 34 DISTÚRBIOS PARALÍTICOS ~

A B e

O[ijiJ;@m Transferência de Brooks-Seddon do tendão do peitoral maior para paralisia dos flexores do cotovelo . A, A inserção do
peitora l maior é so lta tão próxima ao osso quanto possíve l. 8, O tendão da cabeça longa do bíceps é exposto e cortado na extremidade
proximal do sulco bicipital. C, O tendão e o músculo da cabeça longa de bíceps são completamente movidos dista lmente para a tubero-
sidade do rádio, dividindo todos os vasos e nervos que entram no músculo proxima l ao cotovelo. D, A cabeça longa do bíceps é passada
através de duas divisões no peitora l maior, formando uma alça de modo que o seu tendão proximal seja t razido para a incisão d ista l e
seja suturado através da divisão no seu tendão distal. E, Para evitar movimentos indesejáveis do ombro durante a flexão do cotovelo depois
da sua transferência, o controle muscular do ombro e da escápula deve estar bom, ou o ombro deve estar artrodesado. O ombro esquerdo
mostrado está instável; o direito foi artrodesado. Quando a transferência do lado esquerdo se contrai, parte da sua força é desperdiçada por
causa da fa lta de contro le do ombro, mas, no lado direito, a transferênc ia move apenas o cotovelo. VEJA A TÉCNICA 34-28.

grande dorsal para o braço e a fixação da origem perto da superiormente ao longo da borda lateral do grande dorsal
tuberosidade do rádio. Essa tran sferência é possível porque até a dobra auxiliar posterior e, então, distalmente ao longo
o fei xe neurovascular do músculo é longo e facilmente mobi- do aspecto media l do braço e, por fim lateralmente para
lizado (Fig . 34-28A); uma transferência semelhante em que terminar na fossa antecubital (Fig . 34-27B). Exponha com
a origem é fixada no olécrano para restaurar a extensão ativa cuidado os aspectos dorsal e lateral do grande dorsal, dei-
também é possível. xando a sua fáscia de revestimento intacta.
•Libere a origem do músculo, cortando toda a sua junção

------~
TÉCNICA miofascial inferiormente e suas fibras musculares supe-
riormente. Em seguida, libere gradualmente o músculo
(HOVNAN IAN) dos outros músculos subjacentes no abdome e no flanco .
•Solte as quatro porções do músculo que se originam das
•Coloque o paciente de lado com a extremidade afetada quatro costelas inferiores e as poucas presas ao ângulo
para cima. Inicie a incisão da pele no flanco e estenda-a da escápula. )
me PARTE X DOENÇAS DO SISTEMA NERVOSO EM CRIANÇAS

Músc ul o redondo ma ior - -'f-'--"a

Nervo toracodo rsal ~

Músc ul o grand e do rsal - -

Múscul o
gra nde do rsal
trans plantado

Nervo
toracodorsal
B e

O[§lhfül!m Tra nsfe rência de Hov na ni an do múscul o g ran de dorsa l para pa ra lisia dos múscul os bíceps e braq ui a l. A, Anat om ia
no rm a l da ax il a; ass egu re-se de qu e a a rté ria e o ne rvo toracodorsa l sejam lo ngos e possa m se r fa cilme nt e mob ili zados. B, In cisão da
pe le. C, A o ri ge m e o ve nt re do g ra nd e d orsa l fo ram tra nsfe ri dos pa ra o braço, e a o rig e m foi sut urada no t e nd ão do bíceps e e m
outras estrut u ras di stais à artic ul ação do cotovelo . VEJA A TÉCNICA 34-29.

• Proteja cuidadosamente o feixe neurovascular que entra •Feche a incisão em camadas e enfa ixe o braço contra o
)
no terço superior do múscu lo. Pa ra preven ir lesão dos tó rax com o cotove lo fl exionado e o anteb raço pronado.
vasos para o grande dorsal, ligue os seus ramos que
anastomosam com os vasos torácicos laterais. Identifique CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Exercícios para os dedos
e libere suavemente o nervo toracodorsa l que supre o são encorajados no início. Em 3 ou 4 semanas, a banda-
múscu lo; o seu tronco mede cerca de 15 cm de compri- gem é removida e exe rcícios passivos e ativos do cotovelo
mento e corre do ápice da axila ao longo da superfície são iniciados.
profunda do ventre muscular.
•E m seguida, prepare um leito no aspecto anteromedial
do braço para receber a transferência.
• Acomode com cuidado a transferência nesse leito sem • TRANSFERÊNCIAS DE MÚSCULO PARA A
torcer os seus vasos ou nervos. Para evitar a torção dos
PARALISIA DO TRÍCEPS
vasos, solte o nervo intercostobraquia l e os ramos cutâneos
A fra queza ou a pa ralisia do tríceps ge ralmente são consideradas de
latera is do terceiro e quarto nervos intercosta is; libere
po uca importância porque a gravidade estenderia o cotovelo passi-
também, o quanto necessário, quaisquer bandas da fáscia.
vamente na maioria das posições que o braço assume. Entretanto,
• Agora, suture a origem aponeurótica do músculo no
um bom tríceps é essencial para andar de m uletas ou deslocar o peso
tendão do bíceps e nos tecidos periostea is sob re a tube-
do corpo para as mãos durante essas atividades, como mover- se de
rosidade rad ial e, em seguida, suture a origem remanes-
um leito para uma cadeira de rodas. Um tríceps funcional permite
cente nas bainhas dos músculos do antebraço e no
ao paciente rea li zar essas atividades, travando o cotovelo em exten-
lacerto fibroso (Fig. 34-27C)
são. Para colocar a mão no topo da cabeça quando o paciente está
CAPÍTULO 34 DI STÚRBIOS PARALÍTICOS 'mlill
ereto, o tríceps deve ser forte o suficiente a fim de estender o cotovelo acentuadamen te a mão funciona l. Os procedimentos recomenda-
contra a gravidade; os movimentos de impulsionar e empurrar com dos pa ra essa defo rmid ade incluem o red irec ionamen to do tend ão
o antebraço também exigem um tríceps funcional. Em outras ativi- do bíceps (Za ncolli) e a osteoclasia manual dos terços médios do
dades, relativamente, a extensão ativa forte do cotovelo não tem raio e da ulna (Blount). Esse último é recomendado para cri anças
importância em comparação com a flexão at iva fo rte. com menos de 12 anos de idade com força muscular insuficiente
para a transferênc ia do tendão.
1 TRANSFERÊNCIA DO DELTOIDE POSTERIOR
(PROCEDIMENTO DE MOBERG)
Moberg desc reveu uma cirurgia para transferência do terço poste-
rior do músc ul o deltoide para o tríceps a fim de restaurar a extensão REDIRECIONAMENTO DO TENDÃO
ativa do cotovelo no paciente quadriplégico. Os pacientes com qua- DO BÍCEPS PARA DEFORMIDADES
driplegia completa com n ível funci onal em CS ou C6 têm flexão EM SUPINAÇÃO DO ANTEBRAÇO
ativa do cotovelo, flexão e abd ução do ombro e possivelmente exten-
são do punho. A extensão do cotovelo ocorre ape nas por gravidade, ~
TÉCNICA '----~~~~~~~---~
se m função do tríceps (C7) . A extensão ativa é impossível. A marcha
não é uma meta realista para tais pacientes. Em vez di sso são obje- (ZANCOLLI )
tivos: a melhora da fo rça, da mobilidade e da fu nção, e a melhora
da hab ilidade de alcançar acima da cabeça, de realizar a higiene • Se a pronação comp leta passiva for possível antes da
pessoal, de aliviar a pressão isquial da cadeira de rodas, de alcançar cirurgia, om ita a primeira parte da ci ru rg ia. Caso contrá-
a capacidade de dirigir e usar a cadeira de rodas e de comer e con- rio, faça uma incisão longitudina l no dorso do antebraço
trolar talheres. sobre a diáfise radial (Fig . 34-28A, 1)
O procedimento de Moberg fo i modificado pela co nfecção de • Por dissecção romba , exponha a membrana interóssea e
línguas tendin operiosteais proxi mal e di stalmente em vez da utili - retraia radialmente os músculos dorsais para proteger o
zação de enxertos de tendão li vre do pé. O ventre posterior do nervo interósseo posterior (Fig. 34-288) .
músculo deltoide é liberado, junto com a inse rção mais di stal • Corte a membrana interóssea em todo o seu comprimento
do m úsculo e uma faixa do periósteo de 1 X 3 cm, contínua ao perto da ulna. Se os ligamentos dorsais da articulação
músculo e sua inserção. A língua do tendão do tríceps de 1,5 a 2 cm radioulnar dista l estiverem contratu rados, estenda a incisão
de largura é desenvolvida por incisões paralelas e uma faixa co ntínua distalmente e rea lize uma capsulotomia dessa articu lação.
do periósteo semelhante à do deltoide, se possível. •Se necessário, libere o múscu lo supinador depois de iden-
O comprimento das línguas tendinop eri osteais deve ser tal tif icar e proteger o nervo interósseo posterior na parte
que, com o cotovelo es tendid o e o braço aduzido, as suas superfícies proximal da incisão. Neste ponto da cirurgia, a pronação
profundas devem se opo r quando o tendão do tríceps é dobrado em passiva comp leta do antebraço deve ser possível.
180 graus. O ângulo da reflexão tendínea é reforçado por uma fo lha •Agora, faça uma segunda incisão; comece-a no aspecto
estreita de Dacron enrolada em torno dos enxertos e suturada nas med ial do braço, proximal ao cotovelo e estenda-a distal-
línguas e em si mesmo. mente até a prega de flexão da articu lação, em seguida,
lateralmente através da prega e, então, distal mente sobre
o aspecto anterior da cabeça do rádio (Fi g. 34-28A, 2) .
ANTEBRAÇO •Identifique e retraia o nervo mediano e a artéria braquial.
•Divida o lacerto fibroso e exponh a a inserção do tend ão
Após a poliomielite, as cirurgias no antebraço co nsistem em teno- do bíceps na tuberosidade do rád io.
to mi a, fasciotomia e osteotomia para corrigir as deformidades e as •Agora, divid a o tendão do bíceps co m uma longa Z-plas-
transferências de tendão para restaurar a função. tia (Fig. 34-28C)
•Redirecione o segmento dista l do tendão em torno do
• CONTRATURA EM PRONAÇÃO colo radial mediaimente, em seguida, posteriormente e,
As deformid ades do antebraço raramente são incapacitantes o então, lateralmente de modo que a tração nele leve à
sufic iente para demandar cirurgia; a exceção mais comum é uma pronação do antebraço (Fig. 34-280).
contratura fixa em pronação fixa em virtude do desequilíbrio • Coloque as extremidades do tendão do bíceps lado a lado
entre supin adores e pronadores. Q uand o o pronador redo ndo e suture-as juntas sob ten são que garanta a pronação
não é forte o sufi ciente pa ra transferênc ia a fim de sub stituir os completa e ainda permita a extensão do cotovelo.
supinadores paralisados, ape nas a cor reção d a contrat ura é indi- •Se a cabeça radial estiver su blu xada ou deslocada, redu-
cada, desde que haj a fl exão ativa do cotovelo. No entanto, quando za -a se possível e mantenha-a no loca l por capsu lorrafia
os pronadores do antebraço e os flexores d o punho estive rem da articu lação umerorradial; se a ca beça radial não puder
ativos, a função pode se r melhorada não apenas corrigin do a ser reduzida, excise-a e transfira o segmento proximal do
contratura em pronação, mas tamb ém tra nsfe rin do o fl exor ulnar tendão do bíceps para o tendão braquia l.
do carpo (Cap ítulo 72). •Feche as incisões e ap lique um gesso com o cotovelo
A deformidade fixa em supin ação se desenvolve a partir do flexionado a 90 graus e o antebraço moderadamente em
desequilíbrio muscular em que geralm ente os pronadores e os pronação.
fl exores dos dedos es tão fraco s e o bíceps e os extensores do
punh o es tão fortes . Os tecidos mol es, co mo a membrana interós- CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Em cerca de 3 semanas,
sea, se co ntraem; os ossos se tornam deformados e, por fim, as o gesso e as suturas são removidos, e exercícios ativos e
art icul ações radioulnares podem 1uxa r. A deformidade fixa em passivos in iciados.
supin ação combin ada com a fraca abdução do ombro limita
llllD PARTE X DOENÇAS DO SISTE MA NERVOSO EM CRI ANÇAS

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1
1-----..;;;,:-
A B

e
O[êjil;Hm Redirecionamento de Zancolli do tendão do bíceps para deformidade em supinação do antebraço. A, 1, Incisão dorsal
na pele (linha pontilhada) é estendida dista l mente para a quando a articulação radioulnar distal exige capsulotomia. 2, Incisão anterior
para expor o tendão do bíceps e a cabeça radial. B, Exposição da membrana interóssea, retraindo os músculos dorsais radialmente (ver texto).
C, A linha em b mostra a incisão de Z-plastia a ser feita no tendão do bíceps. A membrana interóssea é dividida em a. D, Em e, o tendão do
bíceps é alongado com Z-plastia, o segmento distal é redirecionado em torno do colo radial mediaimente, e as extremidades do tendão são
suturadas juntas. A tra ção no tendão agora fará a pronação do antebraço conforme indicado pela seta. VEJA A TÉCNICA 34-30.

PUNHO E MÃO tecido neural (Fig. 34-29A). A herniação da medula espinhal e de


suas meninges através do defeito no canal vertebral resulta em
O tratamento das incapacidades do punho e da mão causadas pela defeitos neurológicos variáveis dep endend o da localização e da
paralisia é disc utido no Capítulo 71. gravidade da lesão. A meningocele é uma distens ão cística das
meninges através de arcos vertebrais não fundidos, mas a medula
espinhal permanece no canal vertebral. A maioria das lesões são
MIELOMENINGOCELE posteriores, mas às vezes uma meningocele anterior ou latera l pode
ocorrer. Os déficits neurológicos não são tão comuns como na
EPIDEMIOLOGIA mielomeningocele. Espinha bífida oculta é um termo que se refere
a um defeito nos elementos vertebrais posteriores que inclui o
A mielomenin gocele é uma malformação congênita complexa do processo espinhoso e, muitas vezes, par te da lâmina, normalmente
sistema nervoso central. Os avanços na medicina, na cirurgia e nos da quinta lombar e da primeira vérteb ra sacra!. A espinha bífida
serviços de saúde aliados redu ziram as taxas de m ortalidade dos oculta oco rre em cerca de 10% das colunas de ad ultos assi ntomá-
pacientes que nascem com defeitos graves do sistema nervoso ticas e com frequência co nstitui um achado incidental nas radio-
central. O desafio dos cirurgiões ortopédi cos é auxiliar esses grafias simples que raramente está assoc iado ao envolvimento
pacientes a alcançar a melhor fun ção possível dentro das suas neurol ógico.
limitações anatômicas e fisiológ icas. Com os ava nços na tecnolo- O sistema nervoso se desenvolve pela formação de um a es tru-
gia, como a análise da m arc ha, assim como o uso da medi cina tura tubular (neurulação) . O fechamento desse tubo é concluído
baseada em evidências e os modelos de atenção multidisciplinar, pelo fechamento dos neuroporos cranial e caudal entre a terceira e
mudanças significativas na condução de pacientes com mielome- a quarta semana de gestação. De acord o com uma teoria sobre a
ningocele estão ocorrendo. causa de mielomeningocele, as dobras neurais não conseguem se
A mielomeningocele é a mais comum no espectro das co n- fundir durante esse processo. Outra teo ria é que o defeito ocorre
dições descritas como espinh a bífida . A mielomeningocele é um a como res ultado de um a ruptura de um tubo neural anteriormente
forma grave de disrafismo espinhal que também inclui meningo- fechado. Ambas as teorias têm mérito, mas o desenvolvimento
cele, lipomenin gocele e síndrome da regressão caudal. Defeito do embriológico exato é desconhecido.
tubo neural é um termo mais amplo que inclui mielomeningocele, A mielomeningocele é fo rm ada pela protrusão da dura-máter
anencefalia e encefalocele. A mielomeningocele é um a es trutura e da aracnoide por meio do defeito nos arcos vertebrais. A medula
semelhante a um saco qu e contém líquido cefalorraquidiano e espinhal e as raízes nervosas são transportadas através desse defeito
CAPÍTULO 34 DISTÚRBIOS PARALfTICOS

Líquido
e cefalorraquidiano

O!§ii;MBm A, Criança com mielomeningocele. A lesão pode ser de pequena extensão (B) ou grande protrusão
séssil (C).

(Fig. 34-29B e C) . Essas lesões podem ocorrer em qualquer nível da defeito do tubo neural. Se nenhuma anormalidade for encontrada
coluna vertebral, mas normalmente ocorrem nas regiões torácica no exame por ultrassom, uma amnioce ntese é recomendada para
inferior e lombossacra. A pele sobre a mielomeningocele quase avaliar a a-fetopro teína e a ace tilcolinesterase. Com esse pro-
sempre está ausente. O placode neural é coberto por uma fina grama de propedêutica pré-natal, houve diminuição relatada da
membrana (aracnoide), a qual se rompe em poucos dias, deixando prevalência de nascim entos co m anencefalia de 100% a 80% e da
uma superfície granulada e ulcerada. A face superficial do placode preva lênci a de nascimento com mielomeningocele de 80% a 60%.
neural representa o interior eve rtid o do tubo neural. A superfície O utros estudos mostraram redução de 60% a 100% do risco de
ventral representa o que deveria ser o lado de fora de um tubo defeitos do tubo neural quando níveis adequados de folato são inge-
neural fechado. Por causa dessa anatomia patológica, as raízes ridos por mulheres gráv idas. A Food and Drug Administration reco-
nervosas surgem da parte ventral do placode neural. Os pedículos menda qu e todas as mulheres em idade fértil recebam 0,4 mg de
estão evertidos e quase hori zontais no plano coronal. As lãminas fo lato antes da concepção e durante o início da gravidez. Os Centers
afetadas são hipoplásicas e evertidas, e os músc ulos paraes pinhais for Disease Contrai and Prevention também recomendam que as
estão evertidos com os pedículos e em uma posição anterior. Esses mulheres que tenham um alto risco (isto é, mulheres que já deram
músculos atuam como flexores da coluna, em vez de funcionarem à luz a uma criança afetada ou tenham um parente de primeiro grau
norm almente como extensores por causa da sua posição anterior. com um defeito do tubo neural ) recebam 4 mg de fo lato por dia.
A incidência de mielomeningocele nos Estados Unidos é de Os fatores genéticos tamb ém dese mpenham um papel na mi e-
0,6 a 0,9 por 1.000 nascimentos e provavelmente seria maior, mas lomeningocele. Há uma incidência maior dos defeitos do tubo
estima-se que 23% das gestações com mielomeningocele são inter- neural, incluindo mielomeningocele, em irmãos de crianças afeta-
rompidas. A incidência geral de crianças nascidas com defeitos no das, na fa ixa de 2% a 7%. Também há uma frequência maior em
tubo neural está diminuindo, o que provavelmente está relacio- gêmeos do que em nascimentos únicos. Com mais de 100 genes
nado co m a melhora do acompanhamento pré-natal e com o uso conhecidos que afetam a neurulação e com a baixa frequ ência de
de complementação de ácido fóli co antes da concepção e durante ocorrência na população, a determinação do(s) defeito(s) molecu-
o primeiro m ês de gravidez. Os testes para níveis maternos eleva- lar(es) exato(s) permanece difícil.
dos de a-fetoproteína sérica entre 16 e 18 semanas de gestação
podem detecta r 75% a 80% das gestações afe tadas. Se a-fetopro-
teína sérica materna estiver elevada, o exa m e por ultrasso m, a CONDIÇÕES ASSOCIADAS
RM ultrafast e a amniocentese para a -fetoproteína e acetilco-
linesterase podem ser necessários no se ntido de confirmar um A história natural de mielomeningocele mudou ao longo das últimas
possível defeito do tubo neural. O ultrassom é um teste sensível décadas por causa de avanços do tratamento médico. Os pacientes
e eficiente para determinar a presença e a localização de um que nasciam com mielomeningocele muitas vezes morriam de
llllBD PARTE X DOENÇAS DO SISTE MA NERVOSO EM CRIANÇAS

infecção do trato urinário, insufi ciência renal, meningite e sepse. tosse deprimid o. A fraqueza espásica das extremidades superiores
Com interve nção neurocirúrgica e urol ógica precoce, os pacientes também pode estar presente. A colocação de uma derivação ventri-
que nascem co m mi elomenin gocele estão sob reviven do até vid a culoperitoneal para co ntrolar a hidrocefalia muitas vezes resolve os
adulta, com aproximadamente 65% tendo inteligência normal. sintomas do tronco encefálico, e a descompressão cirúrgica da mal-
Acreditava-se que a mi elom eningocele não fosse progressiva, mas formação de Arnold-Chiari torna-se desnecessária a m enos que os
es tudos mostraram que pode ocorrer deterioração neurol ógica sintomas neurológicos não sejam aliviados pela derivação. Nesses
progressiva, manifestada pelo aum ento do nível da paralisia e pela casos raros, a fossa posterior e a coluna cervical superior exige m
diminuição da fun ção das extremid ades sup eri o res. Hidrocefalia e descompressão cirúrgica.
hidross iringomieli a assoc iada, malformação de Arno ld -Chi ari e
síndrome da medula presa têm sido associadas à deterioração neu- • MEDULA PRESA
rológica progressiva. A RM mostra sinais de med ul a espinhal presa na maioria das crian-
ças co m mielomeningocele, mas somente 20% a 30% apresenta m
• HIDROCEFALIA manifestações clínicas. Os sinais clínicos variam, mas os mais co n-
A hidrocefalia é uma dilatação dos ventrículos do cérebro em virtude sisten tes são (1) perda da função motora; (2) desenvolvimento de
do excesso de líquido cefalorraquidiano. Antes do fechamento do espasti cidade nas extremidades inferiores, principalmente nos
defeito da mielomeningocele, os ventrícu los são descomprimidos isquiotibiais mediais e nos dorsiflexores e everso res do tornozelo;
pela sua comunicação direta com o ca nal ce ntral persistentemente (3) desenvolvimento de escoliose antes de 6 anos de idade na ausên-
aberto da medula. Das crianças com mielom enin gocele, 80% a 90% cia de anoma lias congênitas dos corpos vertebrais; (4) dor nas costas
aprese ntam hidro cefa lia qu e precisa de derivação ce rebro esp inhal. e aumento da lordose lombar em crianças mais ve lhas; e (5) mudan-
A incidênci a de hidrocefa lia está relacionada co m o nível neurol ó- ças da função urológica. A deterioração do potencial evocado soma-
gico da lesão, com pacientes com lesões torácicas e lombares altas tossensorial do nervo tibial posterior foi utili zada para documentar
tendo uma incidência maior do que aqueles co m lesões nos níve is a dete rioração da função da extremidade inferior e med ul a presa
lombar baixo e sac ra!. O tratamento precoce da hidrocefalia melho- clinicamente significativa. A avaliação por RM deve ser rea li zada em
rou a taxa d e mortalidad e ini cial e, m ais sig nificati vam en te, qualquer criança suspeita de ter síndrome da medula presa. Como
melhorou o desenvolvimento intelectual de longa duração dessas os elementos dérmicos são deixados em anexo durante o fecha-
crian ças. Se a hidro cefalia não for tratada, o aumento da pressão do mento inicial, frequentemente se observam cistos dérmicos em asso-
fluido resu lta em atrofia do cérebro, hidromielia e siringomielia. As ciação co m medula presa. Se forem docum entados sinais clínicos, o
crian ças que não exige m derivação têm um prognóstico melhor em tratamento cirúrgico se rá indicado para preve nir a deterioração da
relação à fun ção da extremidad e superior e ao equilíbrio do tron co função motora e diminuir a progressão da espasticidade e da esco-
do qu e as crianças que precisam de derivação. O mau funciona- liose. É importante fazer um diagnóstico precoce e iniciar o trata-
mento da deri vação manifesta-se por sinais de hidrocefalia aguda, mento, pois a liberação cirúrgica da medula presa raramente fornece
como náusea, vôm ito e dor de cabeça intensa. Em crianças mais retorno completo da função perdida.
velhas, o diagnóstico pode ser mais difícil porque o mau funciona-
mento da deri vação pode esta r assoc iado ao aum ento da irritabili - • OUTRAS ANORMALIDADES VERTEBRAIS
dade, diminui ção subjetiva da fun ção motora, déficit de aten ção, As anomalias das vértebras, co mo defeito em segmentação e falha da
dores de cabeça intermitentes, piora da escoliose e aumento do nível formação dos corpos vertebrais, podem causar escoliose, cifose e cifo-
de paralisia. escoliose congênita. Outras anom alias vertebrais às quais o médico
assistente deve estar ate nto são a duplicação da medula espinhal e a
• HIDROSSIRINGOMIELIA diastematomielia. A diastematomielia pode causar perda progressiva
A hidrossiringomielia é um acúmu lo do fluid o no canal central da fun ção neurológica.
ampli ado da medula espinhal. Isso geralmente é o resultado da
hidrocefalia ou de uma alteração da din âm ica normal do líquido • DISFUNÇÃO UROLÓGICA
cefalorraquidiano. A hidrossiringomielia pode ca usar três proble- Quase todas as crian ças com mielomenin gocele têm alguma fo rm a
mas e m pacientes com mielomeningocele: (1) aum ento do ní vel de di sfun ção da bexiga, se ndo que a maioria apresenta paralisia da
de paralisia das extremidades inferiores, muitas vezes associado a bexiga. A insufici ência renal crônica e a se pse por infecções do
aumento da espasticidade da extremidade inferior; (2) escoliose pro- trato urinário foram as ca usas mais comuns de mortalidade tardia
gressiva; e (3) fraqueza n as mãos e nas extremidades sup eriores. Essa em pacientes com mielomeningocel e antes dos métodos de trata-
condi ção pode ser diagnosti cada com RM; o tratamento precoce mento urológico mod ernos. O objetivo do tratam ento urológico é
pode reverter parte da perda neurológica e a escoliose. alcan ça r a continência em um a idade apropriada, descomprimir
o trato urin á rio sup er ior, para prevenir a in sufici ên cia renal e
• MALFORMAÇÃO DE ARNOLD-CHIARI as infecções do trato urin á rio. A base do trata mento é a cate te-
A malformação de Arnold-Chiari (deslocamento caudal do lobo riza ção intermitente limp a, para preve nir a hidron efrose e
posterior do cerebelo) é um achado consistente em pacientes com manter a co mplacência e a capacidade da bexiga. Os exa mes de
mielomeningocele. A malformação de Arnold-Chiari tipo II é obser- triagem, que consistem em estud os urodinâmicos e ultrassonogra-
vada com mais frequência em crianças com mielomeningocele e se fias renais, são rotineiramente feitos a cada 6 a 12 meses. O ortope-
ca racteriza pelo des locamento da med ul a ob longa para o ca nal dista deve es tar ciente dos efei tos que qualquer cirurgia ortop éd ica
neural cervica l através do forame magno. Essa má formação ca usa pode ter na necessidade de autocateterização e quaisq uer possíve is
disfun ção do s ner vos cranianos in feriores, res ultan do em fraqueza procedimentos urin ário s.
ou paralisia das cordas voca is e dificuldade de alimentação, choro
e respiração. Algumas vezes, esses sin tomas são esporádicos, o que • HIPERSENSIBILIDADE AO LÁTEX
torna o diagnóstico difícil. Na in fância, os sintomas podem con- A hip erse nsibilidade ao látex tem sido obse rvada em crianças
sistir em nistagmo, es tridor, difi culd ades de deglutição e reflexo de com mielomeningocele, co m incidênc ia relatada de 3,8% a 38%.
CAPÍTULO 34 DISTÚRBIOS PARALÍTICOS

GllhM;0134-1 Protocolo de Evitação do Látex


+fii=HM '34-'"f:~~
T ~J~ ~1 ,)
Profilaxia da Alergia ao Látex

• Uso de luvas sem látex pelo pessoal de cirurgia, anestesia GRUPO DE ALTO RISCO
e e nfermage m A. O paciente é adm itido 24 horas antes do proced imento
• Evitação de qualquer produto sabidamente de látex no programado
ca mpo estéri l pelo cirurgião B. As seg ui ntes med icações são ad mi nistradas intravenosa-
• Uso de máscara de a nestesia plástica para pré-oxigenação mente an tes da cirurgia e durante 72 h no pós-operatório,
e ventilação co m pressão positiva admin istradas a cada 6 h (mínimo, duas doses)
• Uso de saco reservatório anestésico sem látex para venti- DOSE (mg/kg) MÁXIMO (mg)
lação com pressão positiva Metilprednisolona 50
• Uso de torniquete sem látex para colocação do cateter
Difenidramina 1 50
intravenoso
Cimetidina 5 300
• Uso de cateter para pressão sanguínea, eletrodos do ele-
trocardiogra ma e estetoscópio sem látex C. Tente elim inar todos os materias que contêm látex do
• Uso de fita sem látex ambiente da sala de cirurgia
• Injeção intrave nosa através da t o rn e ira em vez do portal GRUPO DE RISCO MODERADO
de injeção de borracha A. O paciente pode ser t ratado ambulatoria lmente
B. Medicações orais são iniciadas 24 h antes da cirurgia
De Birmingham PK, Dsida RM, Grayhack JJ, et ai: Do latex precautions in children DOSE (mg/kg) MÁXIMO (mg)
with myelodysplasia red uce intraoperative allergic reactions? J Pediatr Orthop Prednisona 50
16:799, 1996. Difenidramina 50
C. Os seguintes medicamentos são ministrados a cada 6 h,
durante 24 h, antes da cirurgia com o mínimo de duas doses
DOSE (mg/kg) MÁXIMO (mg)
A hipersensibilidade é uma resposta tipo l mediada por IgE para Prednisona 1 50
proteína livre residual encont rada nos produtos com látex. Tosi et Difenidramina 1 50
al. relataram uma prevalência sorol ógica de hipersensibilidade em Cimetidina 5 50
38% dos pacientes de risco, mas uma prevalência clínica de 10%. D. Tente elimina r todos os materiais que contêm látex do
Um histórico detalhad o é a forma mais sensível de detectar indiví- ambiente da sa la de cirurgia
duos em risco para reação ao látex. Reco menda-se que todos os GRUPO DE BAIXO RISCO
pacientes com mielomeningocele sejam tratados sem o uso de látex
A. O paciente pode ser tratado como paciente ambu latorial
durante a cirurgia, evitando-se o uso de luvas de látex e de acessórios
B. A terapia oral é iniciada 12 h antes da cirurgia
que contenham látex (cateteres, adesivos, torniquetes e equipamen-
DOSE (mg/kg) MÁXIMO (mg)
tos de anestesia) (Q uadro 34-1, Tabela 34- 1). Os pacientes de alto
risco ou aqueles com reações de hipersensibilidade conhecidas Prednisona 50
podem ser tratados profilaticamente com corticosteoides e/ou anti- Difenidramina 50
-histamínicos antes dos procedimentos médicos. C. Os seguintes medicamentos são ministrados 1 h antes da
ciru rgia
• PROBLEMAS MÉDICOS DIVERSOS DOSE (mg/kg) MÁXIMO (mg)
Dependendo da gravidade do comprometimento, as crianças com Prednisona 50
mielomeningocele apresentam risco de depressão, assim como de Dife nidramina 50
disfun ção cognitiva e dificuldade de aprendizagem. A obesidade D. Tente eliminar todos os materiais que contêm látex do
também é um problema das crianças com mielomeningocele tanto ambiente da sala de cirurgia
do ponto de vista médico como fun cional. Isso é especialmente
ve rd adeiro em crianças não deambulato ras, nas quais pode ser difícil De Dormans JP, Templeton J, Schreinder MS, et ai: lntraoperative latex
anaphylaxis in children: class ification and prophylaxis of patients at risk,
aumentar o gasto calórico. Pequenas alterações do peso corpo ra l
J Pediatr Orthop 17:622, 1997.
podem ter um impacto dramático na marcha, por causa do aumento
das demandas impostas aos músculos pelo peso adicional. É excep-
cional mente raro que uma criança obesa não deambuladora perca
peso e recupere a capacidade de marcha.

Algun s pacientes podem não ter níveis si métricos nas extremidades


CLASSIFICAÇÃO e alguns podem ser flácidos, enquanto outros podem ter alguma
espasticidade nas extremidades inferiores comprometidas.
A classificação mais utilizada na mielomeningocele baseia-se no Apesar dessas limitações, os pacientes com mielomeningocele
nível neurológico da lesão (Fig. 34-30); no entanto, existem muitas podem ser agrupad os em quatro níveis distintos: nível torácico, nível
dificuldades com esse sistema de classificação, incluindo a realização lombar alto, nível lombar baixo e nível sacra!. Essa classificação
de testes de músc ulo isolado em crianças novas, as diferenças nos aj uda a prever a história natural do paciente e as deformidades
sistemas de classificação e as diferenças no nível neurológico esperadas que podem precisar de intervenção. Os pacientes podem
afetado em comparação com o defe ito anatômico. Além disso, nem ser colocados em um dos quatro grup os de acordo com o nível de
todos os pacientes apresentam esses níveis distintos de paralisia. lesão e fun ção muscular resu ltante. Os pacientes com lesões em nível
Em) PARTE X DOENÇAS DO SISTEMA NERVOSO EM CRIAN ÇAS

L1 L2 L3 L4 L5 51 52 53
lliopsoas
1 Sartório
Pectíneo
1 Gráci l 1
Ad . longo 1
Ad. curto 1
Adutor maqno
Ouadríceps
1 Obt. ext.
Tib . ant.
1 Tib. post.
1 Ten. tas. lata 1
Glút. méd . & mín .
Semimembranoso
Semitend íneo 1
Ext. lna . hálux 1
Ext. lng. dedos 1
Fib. terc. 1
Fib. curto
1 Fib . longo 1
1 Rt. ext. do auadril. I

1 Gastrocn .
Sóleo & plant. 1
Bíceps femoral 1
Glúteo máx.
IFI. dedos. 1. & c. I
1 FI. dig. 1. & c. 1 lfüill;fdBIIi) Inervação neurossegmentar dos mús-
Intrínsecos do pé cu los do membro inferior.

torácico não têm flexão ati va do quadril e nenhum controle muscu- AVALIAÇÃO ORTOPÉDICA
lar voluntário nas extremidades inferiores. Os pac ientes co m lesões
de nível lombar alto têm fo rça va riável co m fl exão e adução do A ava liação ortopédi ca de crianças co m mi elomen ingocele deve
quadril (Ll- 2) e fu nção do qu adríceps (L3). Os pacientes com lesões incluir o seguinte:
de nível lombar baixo têm fl exão ativa do joelho co ntra a gravidade 1. Exames sensoriais e motores em série: ava liam o nível neuroló-
(fo rça isquiotibial), função do tibi al anterior (L4) e função do exte n- gico da função; isso pode se r impossível antes de 4 anos de
sor longo do hálux (L5). Os pacientes com lesões de nível sacra! idade.
apresentam fraque za dos músculos fibul ares e intrínsecos do pé, mas 2. Equilíbrio ao sentar: indica a fun ção do sistem a nervoso
têm algum a fu nção ativa dos flexo res dos dedos do pé e força dos central; se há necessidade de apoio para se sentar, a probabili-
extensores e dos ab dutores do quadril. dade de marcha é muito reduzida.
Suge riu- se que o nível sensorial seria a melhor forma de defi nir 3. Função da extrem idade superio r: ava li a a capacidade de utili za r
o nível de para lisia, porque os músculos que podem se com uni ca r dispo sitivos de auxílio: força de preensão reduzida e atrofia da
com o cérebro at ravés do retorno sensorial são fun cionais, m as os musculatura tenar são indicações de hid romielia.
músculos que não podem se tornam fl ác idos ou espásticos, funcio- 4. Avaliação da colu na: ava liação clinica e radiografias an uais são
nando apenas por reflexo. Uma classificação de nível sensorial necessárias para detectar o desenvolvimento de escoliose e/ou
também pode se r mais reprod utível entre dife rentes observadores. cifose e hiperlordose lomb ar.
A Escala de Mobilid ad e Fun cional (FMS) também tem sid o 5. Avaliação do quadril: amplitude de movimento, estabi lidade,
utili zad a para avaliar a capac id ade fun cional de crianças co m co ntraturas, obliquidade pélvica
distúrbi os neuromuscul ares . Essa escala é simples e rápid a, cl as- 6. Avaliação do joelh o: amplitude de movimento, alinhamento,
sificando a mobilidade d a cri a nça em um a esca la d e 1 a 6 (1 = co ntraturas e espasticidade
cadeira de rodas, 2 = cam inh ante, 3 = du as mu letas, 4 = um a 7. Avaliação rotacional: incluindo torção in terna/externa da tíbia
muleta, 5 = independen te so bre as super fícies pl anas, 6 = inde- 8. Avaliação do tornozelo: ampl itude de movimento, deformidade
pendente em todas as superfíc ies) em três diferentes di stâncias : em valgo
casa (5 metros), escola (50 metro s) e co munid ad e (500 metros) . 9. Avaliação do pé: defo rmidades dos pés, incluindo tálus vertical
As vantagens adicionais da FMS incluem a capac idade de com- congê nito, rup tura da pele
parar d e forma siste m át ica crianças afetadas por dife rentes 10. Avaliação de mobilidade e ortetização : mudan ças na mobili-
do enças neuromusc ul ares e o fa to de se r um a medida verdade ira dade qu e se mantivera m estáveis; órteses bem adaptadas e em
d as capacidades funcion ais d a crian ça e não ape nas testes senso- boa co ndição
riais ou m oto res iso lado s. 11. Diversos: depressão, obesidade, desemp enh o escolar
CAPÍTULO 34 DISTÚRBIOS PARALÍTICOS Gmllll
AVALIAÇÃO DA MARCHA
Os avanços na qualidade e o uso da análise da marcha têm produzido
informação útil sobre a fun ção da marcha e o gasto energético em
pacientes com mielomeningocele. A maioria dos pacientes com mie-
lomeningocele, especialmente aqueles com envolvimento em nível
mais alto, apresentam deformidades tridimensionais em vários níveis.
Essas deformidades podem ser difíceis de avaliar no exame clínico
isolado. A análise da marcha permite a avaliação do paciente em
tempo real durante a marcha, que pode ser útil diagnostica.mente,
assim como no planejamento das estratégias de tratamento. A análise
da marcha demonstrou que a força abdutora do quadril é um dos
determinantes mais importantes da cinemática e da capacidade
ambulatorial; que a obliquidade pélvica, determinada pela força abdu-
tora do quadril, apresenta urn a correlação mais forte com o consumo
de oxigênio durante a marcha; e que as crianças tendem a selecionar
sozinhas tanto a velocidade corno a dinâmica para manter um nível
de esforço confortável. Os estudos da marcha também mostraram
aumento da flexão dinâmica do joelho em pacientes com mielome-
ningocele em comparação com o exame estático.

A B
PRINCÍPIOS DO TRATAMENTO
ORTOPÉDICO H@ii;MlmJI A, Postura em extensão com quadris e joelhos
estendidos, pés plantígrados; postura buscada a despeito da imo-
O tratamento ortopédico deve ser adaptado para atender objetivos
bilização necessária . B, A postura em flexão dos quadris impõe a
específicos durante a infância, levando em conta a função esperada
lordose lombar e o paciente utiliza os dois braços para sustenta-
na idade adulta. O objetivo para uma criança com mielomeningo-
ção de peso, perdendo outras funções mais valiosas.
cele é estabelecer um padrão de desenvolvimento que seja o mais
próximo do normal possível. A marcha não é o objetivo de toda
criança. Apesar da melhora do atendimento cirúrgico e médico, cerca
de 40% das crianças com mielomeningocele serão incapazes de andar consumo de energi a e mínima imobilização é possível em apenas
quando ad ultas. Uma revisão baseada em evidências descobriu que o cerca de 50% dos pacientes adultos. Embora a marcha na adolescência
nível neurossegmental é o principal determinante da capacidade de e na vida adu lta seja improvável, as crianças que andam tendem a ter
andar e da função física . Outros fatores que acreditamos desempenhar mais mobilidade do que as que nunca andaran1 e menos fraturas e
um papel menor na capacidade de andar das crianças com mielome- úlceras cutâneas de pressão. Se uma criança tiver os quadriceps e os
ningocele incluem capacidade cognitiva, fisioterapia, pais engajados, isquiotibiais mediais funcionais, bom equilíbrio ao sentar e função da
deformidade em pé torto, escoliose, aumento da idade, dor nas costas extremidade superior, todos os esforços devem ser feitos para alcançar
e fa lta de motivação. Muitas vezes, o objetivo do tratamento ortopé- a marcha.
dico é uma postura estável em órteses ou em uma cadeira de rodas.
A cirurgia pode ser mais prejudicial do que útil, causando incapaci- • TRATAMENTO NÃO CIRÚRGICO
dade a longo prazo. Antes que tratamento ortopédico agressivo seja Quase todas as crianças com mielomeningocele precisarão de algum
instituído, o prognóstico do tempo de vida do paciente deve ser con- tipo de dispositivo ortótico. Os objetivos do tratamento ortótico
siderado. Apenas 30% de todos pacientes com mielomeningocele são incluem a manutenção do movimento, a prevenção de deformidades,
funcionalmente independentes, e apenas 30% dos adultos com mie- assistência à marcha/mobilidade e a proteção da pele insensível. A
lomeningocele são empregados em tempo integral ou tempo parcial. imobilização e a ortetização variam com o grau de déficit motor e com
Quase todos os pacientes com nível de lesão em L2 ou acima utilizam o equilíbrio do tronco, e cada criança deve ser cuidadosamente ava-
uma cadeira de rodas, e mais de dois terços dos pacientes com lesões liada com a utilização de uma abordagem em equipe. As crianças com
em níveis mais baixo (L3-5) utilizam uma cadeira de rodas pelo 12 a 18 meses de idade podem se beneficiar do uso de um suporte
menos parte do tempo. para ortostatisrno em posicionamento ereto e, em crianças com mais
A maioria das crianças atinge o seu nível máximo de marcha em de 2 anos, um parapódio que suporte a coluna, permitindo marcha
torno de 4 a 6 anos de idade. Se uma criança com mielomeningocele com muletas ou andador, pode ser benéfico. Urna órtese suropodálica
não conseguir ficar de pé de modo independente em torno dos 6 anos é utilizada em crianças com lesões em nível lombar ou sacra! e com
de idade, andar será improvável. Os pré-requisitos para andar incluem função razoável do quadríceps. A órtese suropodálica deve ser
uma coluna equilibrada sobre a pelve; ausência de contraturas do rígida o suficiente para propiciar estabilização do tornozelo e do
quadril e do joelho (ou apenas contraturas leves); e pés plantígrados, pé e manter o tornozelo a 90 graus. Uma órtese de joelho, tornozelo
flexíveis e ortetizáveis com o centro de gravidade centralizado sobre e pé pode ser indicada para uma crian ça com uma lesão no nível
eles. Uma postura em extensão dos quadris e dos joelhos pode ser lombar e fun ção fraca do quadríceps, a fim de prevenir valgo
mantida com apoio mínimo dos músculos das pernas e dos braços, anormal do joelho durante a fase de apoio da marcha. As cri anças
enquanto uma postura em flexão tende ao colapso (Fig. 34-31) . Pelo com lesões em nível alto muitas vezes apresentam aum ento da
menos 80% das crianças com mielomeningocele apresentam alguma incl inação pélvica anter ior e da lordose lombar e necessitam de uma
deficiência em suas extremidades sup eriores; marcha eficaz com baixo extensão pélvica, seja por meio de uma órtese convencional de quadril,
mi) PARTE X DOENÇAS DO SISTE MA NERVOSO EM CRIANÇAS

J~z-~t~ Deformidades do Pé em Pacientes com Mielomeningocele*

NIVEL PÉ TORTO DEFORMIDADE EM CALCANEOVALGO TÁLUS VERTICAL SEM DEFORMIDADE


Torácico 40 8 o 38
L1, L2 22 4 13
L3 24 21 9 o
L4 50 4 o 14
L5 11 38 5 20
Sacra l 19 4 o 41
Tota l 166 60 7 13 5
*Em pacientes com paralisia assimétrica, cada pé foi contado separadamente.
De Schafer ME, Dias LZZS: Myelomeningoce/e: orthopaedic treatment, Baltimore, 1983, Williams & Wilkins.

joelho, torn ozelo e pé ou uma órtese para marcha recíproca. A órtese PÉ


para marcha recíproca também pode ser uti li zada em pacientes com
lesão lombar alta, permitindo o ortostatismo e auxiliando nas tenta- Ce rca de 75% das crianças co m mi elomeningocele têm deformi -
tivas de marcha. Essa órtese é iniciada po r volta dos 2 anos de idade da des no pé qu e podem lim itar seriamente a fun ção. Essas defor-
e permite andar de modo recíproco po r acoplamento dinâmico da mid ades podem assumir vári as fo rmas (Tabela 34-2), incluindo pé
flexão de um quad ril com extensão sim ultânea do quadril contralate- to rto, equinovaro adquirido, varo, meta tarso aduto, equin o, equi -
ral. Para a órtese de reciprocidade ser eficaz, o paciente deve ter uma novalgo, tálus ve rt ical, pé to rto calcâneo, calcaneovalgo, calcaneo-
boa força na extremidade superior, equil íbrio ao sentar (tronco) e varo, calcaneocavo, cavo, cavovaro, supinação, pé plano va lgo e
flexão ativa do quadril. O gasto energético em cri anças com órtoses deform idades nos dedo s.
de ma rcha recíproca ou com órtoses de quad ril, joelho e pé tradicio- O obj etivo do tratamento ortopédi co das d eformid ad es do
nais é semelhante; no entanto, as cri anças com órtoses de quadril, pé é u m p é plantígrado, ind olo r, móvel, orteti zável. O s p roce di-
joelho e pé têm uma velocidade da marcha mais rápida. A criança mentos de eq uilíbrio musc ul ar qu e removem as forças d efo rman-
pode se r deslocada de um a órtese de marcha recíproca para um a tes são mais co nfiáve is do qu e os pro cedimentos d e tran sferên cia
órtese de quadril, joelho e pé se ela desenvolver fo rça na metade de tendão. As deform idades ósseas devem ser co rrigidas por
superior do corpo sufic iente para utili zar muletas de for ma segura. os teo tomi as apropriadas que p rese rve m o movi mento da articu-
O uso de materiais mais novos, co mo fib ra de carbono, pode lação. A artrod ese d eve se r ev itad a se possível, porque a maio ria
prop iciar um a alternativa aos pacientes qu e não se benefici am das dos pés do s pac ien tes co m mi elom enin gocele é inse nsível, o que
órteses atu ais. As órtoses su ropodálicas de fibra de ca rbono mostra- pode causar problem as neu ropá ti cos, incl uind o a d es trui ção da
ram aumentar o retorno de energia, assim co mo o movimento de arti cul ação e úlceras d e pressão.
fl exão plantar do tornozelo, o trabalho positivo e o co mprimento do A m an ipulação e a imobilização co m gesso devem se r utili za-
passo em comparação com os mate ri ais padrão. das com precaução nesses pacientes para evitar úlceras de pressão e
frat uras iatrogênicas. A maioria das deformidades do pé acaba pre-
• TRATAMENTO CIRÚRGICO cisando de correção cirúrgica se a correção da deformid ade fo r
As defo rmidades ortopédicas em crianças com mielomeni ngocele são necessária para melhorar a fun ção. Apesa r da correção cirúrgica, há
ca usadas por (1 ) desequilíbri o muscular resultante da anormalidade uma taxa de recorrência de deformid ade relati vam ente alta por
neurológica, (2) postu ra habitualmente ass umida e (3) malfo rmações causa das forças neurológicas defo rm antes presentes.
co ngêni tas associadas. A correção cirúrgica das deform idades pode
ser indicada. A maioria dos procedimentos cirúrgicos em pacientes • DEFORMIDADE EM EQU INO
com m ielomeningocele é reali zada du ran te os primeiros 15 anos de O equino geralmente é um a defor mid ade adqui rida que pode se r
vida. Q uando a cor reção cir úrgica for indicada, a deformidade deve preve nida ou atrasada por órteses e talas. Dependendo da fu nção
ser co mpleta e perm anente mente corrigida. ambu latóri a do paciente, um alongam ento do tend ão de Aquiles,
Os princípios do tratamento orto péd ico incluem: um a tenotomi a ou uma ressecção podem ser realizadas. O equino
1. Vá ri os proced imentos deve m se r fe itos ao mes mo tempo para é obse rvado com m ais frequ ência em cri anças com lesões de nível
minimi za r exposições anestésicas repetidas. lomb ar alto ou torácico. Para deformidades leves, a excisão de 2
2. Imobili zação por gesso, especialmente na co nva lescência, deve cm do tend ão de Aquil es através de um a incisão vertical ge ral-
se r minimizada por causa do ri sco de osteope nia e fratura mente é sufi ciente. Outra altern ativa é realizar um alongam ento
patológica. percutâ neo do tend ão de Aqui les. Muitas vezes, os flexores longos
3. O programa de tratamento ortopédico deve ser in tegrado ao dos dedos do pé devem ser liberados pa ra preve n ir deformid ades
program a geral de tratam ento. persistentes em flexão dos artelhos que podem resultar em úlceras
4. A ausê ncia de sensibilidade, a osteope nia e o aumento do risco de pressão. Para defo r mid ades mais graves, a liberação posterio r
de infecção secundária aos problemas do trato urinário devem radi cal é necessá ria, in cl uind o a excisão de todos os tend ões que
ser sempre considerados. co ntribu em pa ra o equin o e as caps ul otomias ex tensas do torn o-
5. O tempo de hospitalização deve se r mínimo. zelo e subtalares. Em casos raros, p roced imentos de sal va men to,
6. As demand as familiares em termos de temp o, esfo rço, despesas como osteotomia ou ta lec tomia, podem se r necessários pa ra um a
e separação deve m ser minimizadas. defo rm idade sintomática.
CAPÍTULO 34 DISTÚRBIOS PARALÍTICOS Clll

Maléolo 1 _.,--
l ateral~

B
• -----~Retalho

rotacional

Intervalo
de tecido-~-=-"
mole

O!ijii;HE19 1ncisões ut ilizadas para correção do pé torto . A, Técn ica de


duas inc isões de Carro ll. B, Modificação da inc isão de Cinci n nat i po r Noonan
e Posição corrigida et a i. C, Técnica de reta lho de avanço V-Y de Lub icky e Alti ok.

• PÉ TORTO relatadas em crianças com mielomeningocele tratadas com esse


O pé torto está presente ao nascimento em cerca de 30% das crianças método. A recorrência da deformidade é frequente, apesar da co r-
co m mielo menin gocele. Essa deformidade na mielomeningocele em reção cirúrgica adequada.
gera l é rígida e se assemelha à artrogripose múltipla congênita e se A cirurgia pode se r rea lizada entre 10 e 18 meses de idade. A
diferencia acentuadamente do pé torto idiopático. É carac teri zado liberação radical posteromediallatera l por meio da incisão de Cincin -
por grave rigidez, defo rmidade em supin ação e varo, mau alinha- nati (Capítulo 29) é reco mendada. Se houver equino significativo,
mento rotacional do calcâneo e tálus, subluxação das articulações uma variedade de técn icas foram desc ritas para ajudar a preven ir o
calcaneocubóideas e talonavicular e, muitas vezes, um componente sofrimento de partes m oles posterior e deiscência da incisão, incluindo
cavo. A torção interna da tíbia muitas vezes está presente. Com o o uso de incisões mediais e posteriores (Carroll), uma modificação da
aumento da utilização da técnica de imobilização por gesso para pé incisão de Cincinnati, que inclui a liberação completa de pele circun -
torto de Po nseti, as crianças com mi elomeningocele estão sendo fe rencial (Noonan et ai. ) e um retalho V-Y modificado (Lubicky e
tratadas com esse método. Embora algun s pacientes, em especial os Altiok) (F ig. 34-32). Outro m étodo para evitar tensão indevida na
menos gravemente afetados , podem ser tratados com sucesso com in cisão posteriormente é imobili za r o pé depois da cirurgia em uma
essa técnica, as taxas de compli cação e recorrência são muito mais posição subcorrigida até qu e a incisão cicatrize. Duas semanas mais
altas do qu e no pé torto idiopático. Um a taxa de recidiva precoce de tarde, quando a incisão estiver cicatrizada, o gesso pode ser alterado
68% e uma taxa de liberação cirúrgica extensa de 25% foram e o pé pode se r colocado em uma posição corrigida de form a segura.
lllll!D PARTE X DOENÇAS DO SISTEMA NERVOSO EM CRIANÇAS

Tenotomias, e não o alongamento do tendão, devem ser feitas


para minimizar qualquer recorrência que surja com o crescimento.
Se o tendão tibial anterior estiver ativo, a tenotomia simples deve ser
realizada para prevenir deformidades recorrentes em supin ação. Em
crianças mais velhas, o desequilíbrio entre as colunas medial e lateral
do pé pode ser tão grave que ele não possa ser corrigido apenas
com liberação de partes moles. A osteotomia em cunha de fecha-
mento do cuboide (Capítulo 29), a ressecção lateral em cu nh a do
calcâneo distal (procedimento de Lichtblau; Capítulo 29) ou a
artrodese calcaneocubóidea (procedimento de Dillwyn-Evans;
Fig. 34-3) podem ser necessárias para encu rtar a coluna latera l.
A talectomia (Capítulo 29) é indicada como procedimento de salva-
mento para uma deformidade em pé torto seriamente rígida em
crianças mais velhas. O tálus deve ser removido por completo, porque
qualquer fragmento deixado para trás poderia retomar o seu cresci-
mento e causar recorrência da deformidade. O tendão de Aquiles
pode precisar ser ressecado depois da talectomia para prevenir
novas deformidades em equino. A talectomia corrigiria a deformi-
dade do retropé, mas qualquer deformidade em adução deve ser
h!§l!;füDm Osteotomia em cunha de fechamento latera l do
corrigida por encurtando da coluna lateral através da mesma incisão. calcâneo para deformidade isolada em varo do retropé .
As deformidades no antepé necessitam de osteotomias mediotársi-
cas ou metatarsais (Capítulo 29).
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Após o inchaço ter dimi-
nuído, o gesso é reforçado e inicialmente trocado após 1
PROCEDIMENTO V-O a 1O dias, mantendo-se o pé em posição neutra ou ligei-
Verebelyi e Ogston descreveram um procedimento de enu- ramente corrigida. Quatro semanas após a cirurgia, no
cleação para corrigir deformidades residuais de pé torto em momento da segunda troca de gesso, é feito um molde
pacientes com mielomeningocele. Esse procedimento con- do pé em uma posição ligeiramente hipercorrigida para
siste em rem over o máximo de osso esponjoso possível do uma órtese suropodá lica. Quando o gesso for removido
tá lus e do cuboide. Isso deixa uma casca oca de osso e mais em 6 semanas, uma órtese passará a ser utilizada geral-
espaço para correção. O pé é manipulado em calcâneo e mente até a maturidade esquelética.
valgo, que, por causa do colapso ósseo do tálus e do cuboide,
levaria à correção da deformidade residu al. Em pacientes
selecionados, esse procedimento pode ser preferível à
• DEFORMIDADE EM VARO
talectomia para correção de deformidades rígidas graves
A deformidade isolada em varo do retropé é rara; ela está associada
em pé torto.
à deformidade em adução do antepé, deformidade em cavo ou

--------'~
deformidade em supinação. O desequilíbrio entre os inversores e os
TÉCNICA eversores deve ser avaliado cuidadosamente. Para deformidades em
•Faça uma incisão oblíqua no aspecto dorsolateral do pé varo do retropé isoladas e rígidas, uma osteotomia em cunha de
para expor o cuboide e o tálus. fechamento é indicada. Após a remoção da cunha lateral (Fig.
• Retraia os tendões f ibulares e o nervo sural de modo 34-33 ), o calcâneo deve ser translado lateralmente, se possível, para
plantar e proteja-os, enquanto o extensor curto dos aumentar a correção.
dedos é retraído dorsalmente.
•Corte uma janela quadrada no cuboide com um osteó- • DEFORMIDADE EM CAVOVARO
tomo de 0,64 cm e remova todo o osso esponjoso com A deformidade em cavovaro ocorre principalmente em crianças com
uma cureta. lesões em nível sacra!. O cavo é a deformidade primária que causa o
•Na face lateral do tá lus, corte uma janela retangu lar com varo. O teste de Coleman (Capítulo 35) aj uda a determinar a rigidez
a maior dimensão paralela ao eixo longo do tálus e curete da deformidade em varo. Para uma deformidade flexível, a liberação
o conteúdo esponjoso do corpo, colo e cabeça. radical plantar (Capítulo 35) é indicada para corrigir a deformidade
•Confirme a remoção de todo o osso esponjoso com flu- em cavo, sem cirurgia óssea do retropé. Se a deformidade em varo
oroscopia ou radiografia, especialmente no aspecto pos- for rígida, independentemente de ser feita liberação plantar com ou
terior do tálus. sem osteotomia mediotársica, uma osteotomia em cunha de fecha-
• Obtenha a correção pelo colapso dos invólucros cartilogi- mento (Capítulo 86) é indicada. O equilíbrio muscular deve ser cor-
nosos vazios do cuboide e do tálus. Se não for obtida rigido antes dos procedimentos ósseos ou ao mesmo tempo. A
correção satisfatória, remova as cunhas laterais do cuboide artrodese tríplice (Técnica 34-5) raramente é indicada, embora possa
ou do colo do tálus. ser utilizada como um procedimento de salvamento.
•Se necessário, realize um alongamento percutâneo do
tendão calcâneo. • DEFORMIDADE EM SUPINAÇÃO
•Feche as incisões de forma rotineira e apl ique um gesso A deformidade em supinação do antepé ocorre mais frequentemente
curto, monovalvado para inchaço. em crianças com lesões de nível L5-Sl e é causada pela ação sem
oposição do músculo tibial anterior quando o fibular curto e fibular
CAPÍTULO 34 DI STÚRBIOS PARALÍTICOS 4E!m
longo estão inativos. A deformidade em adução também pode estar
presente. Se o desequilibrio muscular não for corrigido, a deformidade
se tornará fixa. Se a deformidade for flexível, uma simples tenotomia
do tendão tibial anterior será adequada. Uma tenotomia simples geral-
mente é o método de tratamento preferido para pacientes com mielo-
meningocele, mas uma transferência de tendão pode ser indicada em
situações selecionadas. Se houver alguma atividade do gastrocnêmio-
sóleo e nenhuma espasticidade, o tendão tibial anterior poderá ser
transferido para o mediopé em linha com o terceiro metatarso. A hemi-
transferência do tendão tibial anterior (Técnica 34-10) ocasionalmente
pode ser utilizada, com a metade lateral do tendão inserida no cuboide.
A osteotomia do primeiro cuneiforme ou a base do primeiro metatarso
podem ser necessárias para deformidade óssea residual.

• DEFORMIDADE EM CALCÂNEO
Cerca de um terço das crianças com mielomeningocele têm defo r-
midades em calcâneo, mais frequ entemente crianças com lesões de
LS a Sl. A forma mais com um é uma deformidade em calcaneovalgo hi§ihf4f!ID Libera ção anterolateral para deformidade em
causada pelos músculos anteriores da perna ativos e os músculos calcâneo (ver texto). A, Incisões transversal e longitudinal. B e C,
posteriores inativos. A espasticidade dos eversores e dos dorsiflexo- Excisão de parte dos tendões e de suas bainhas. VEJA A TÉCNICA 34-32.
res pode causar a deformidade em calcâneo em crianças com lesões
de nível alto. A deformidade em calcâneo não tratada produ z um
calcanh ar proeminente e volumoso que está propenso a úlceras de
pressão e torna o uso de calçados difícil. Se a deformidad e for flexí- CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O gesso é utiliza do
vel, como geralmente acontece, a manipulação e a ortetização durante 1O dias e, então, uma órtese suropodá lica é fabri-
trari am o pé para uma posição neutra. Isso raramente promove a cada para uso notu rn o .
co rreção permanente. O desequilíbrio muscular pode ser co rrigido
precocemente com uma simples tenotomia de todos os dorsiflexores
do tornozelo, assim como do fib ul ar curto e do fibular longo. Em
alguns pacientes, após a liberação anterolateral, a espasticidade se
des envolve n o músculo gastrocnêmio-sóleo, causando uma defor- TRANSFERÊNCIA DO TENDÃO TIBIAL
midade em equino que exige tenotomia do tendão de Aquiles ou ANTERIOR PARA O CALCÂNEO
liberação posterior. A transferência posterior do tendão tibial ante-

----------~
rior foi relatada com bons res ultados. Isso muitas vezes é feito em TÉCNICA
combinação com outros procedimentos de partes moles e ósseos
para eq uilib rar o pé. Em crianças mais velhas com graves defo rmi- • Com o paciente em posição supina, faça uma incisão no
dades estruturais, transferências de tendão ou tenotomias raram ente aspecto dorsa l do pé no nível da inserção do ten dão tib ia l
alcançam a correção, sendo indicados procedimentos ósseos. anterior na base do primeiro metatarso .

_ , ______
•Retire cu idadosamen te o tendão da sua inserção e libe-
re-o o mais proximamente possível.
LIBERAÇÃO ANTEROLATERAL •Faça uma segunda incisão no aspecto antero lateral da
perna, im ed iatamente latera l à crista da tíbi a e 3 a 5 cm
TÉCNICA ~ acima da articu lação do tornozelo.
•Libere o tendão o mais distal mente possível e traga -o para
• Com o paciente em posição supina, aplique e infl e um a incisão proximal.
torniquete pneumático . •Exponha a membran a interóssea e f aça uma ampla aber-
• Faça uma incisão transversa l com cerca de 2,5 cm de tura nela.
compriment o, 2 a 3 cm acima da articula ção do tornozelo •Faça um a terceira incisão transversal posteriormente no
(Fig. 34-34A) . A lternativamente, uma incisão anteri or em nível da inserção do tendão de Aqu il es no ca lcâneo.
S suave pode ser feita. Com dissecção co rtante, divida a •Ut ili zando um passador de tendão, traga o tendão tib ial
fásc ia superficial para expor os tendões do extensor longo anterior através da membrana interóssea, de ante ri or
do hálux, extensor comum dos dedos e tibi al anterior. para posterior, até o nível dessa última incisão.
• Divida cada tendão e excise pelo menos 2 cm de cada • Faça um grande o rifício no ca lcâneo, começando posterior
um (Fig . 34-348). e mediaimente e sa indo lateralmente e em direção plantar.
•Loca lize o tendão fibular terceiro na parte mais lateral da •Passe uma sutura de Bunn el l no tendão e utilize uma
incisão e divida -o. agulha de Keith para passar o tend ão através do orifício.
•Faça uma segunda incisão longitudinal acima da articu la- Uma sutura com botão não é recomendada por causa das
ção do tornozelo lat era l e posterior à fíbula (Fig. 34-34A) úlceras de pressão. Suture o tendão nos tecidos moles
•Identifiqu e e divida os tendões fibular curto e longo e circundantes no nível da sua entrada no ca lcâneo e no
excise uma seção de cada um (Fig. 34-34C). Feche as tendão de Aqu iles.
incisões e aplique um gesso cu rto. •Feche as in cisões e ap lique um gesso curto.
~ PARTE X DOENÇAS DO SISTEMA NERVOSO EM CRIANÇAS

• RETROPÉ VALGO
A deformidade em valgo na articulação do tornozelo e a deformi -
dade em rotação externa da tíbia e da fíbula frequentemente podem
exacerbar urna deformidade em valgo do retropé. A princípio isso
pode ser controlado com uma órtese bem ajustada, mas conforme
a criança torna-se mais alta e mais pesada, o controle da deformi -
dade fica mais difícil, úlceras de pressão se desenvolvem sobre o
rna léolo medial e a cabeça do tálus, e o tratamento cirúrgico é
indicado. Medições clínicas e radiográficas do retrop é valgo devem
se r obtidas; m ais do que 10 mm de "deslocamento lateral" do cal-
câneo é significativo. A artrodese extra-articular de Grice (Técnica
34-3) é o tratamento clássico para esse problema, mas as compli-
cações frequentemente relatadas incluem reabsorção do enxerto,
não união, hipercorreção em varo e valgo residual. Um acompa-
nhamento durante 19 anos de 35 pés tratados com a artrodese de ij@ll;ij1m9 A, Vista posterior do pé direito de uma criança
Grice demonstrou melhora significativa no escore de satisfação VAS. normal com alinhamento correto dos maleólos e do retropé. B,
Embora tenha havido casos com leve aumento em valgo do torno- Na criança com mielomeningocele, o maléolo medial é proemi-
zelo, 83% dos pacientes estavam satisfeitos com o resultado. A oste- nente e o maléolo latera l é reduzido, causando a deformidade
otomia de translação medial tem sido recomendada para a correção em valgo do tornozelo.
do retropé em valgo, de manei ra que a artrodese da articulação
subtalar possa ser evitada (Capítulo 11). A combinação do va lgo do
retropé e do tornozelo deve se r co nsiderada; se a deformidade do cavo, a osteotomia em cunha de fechamento anterior do primeiro
tornozelo for maior que 10 a 15 graus, além da osteotomia do cal- metatarso (Capítulo 86) é indicada além da liberação radica l plantar.
câneo, a osteotomia em cunha de fechamento ou a hemiepifisiodese As osteotomias em cunha de abertura do mediopé também podem
da tíbia distal são recomendadas. ser realizadas para corrigir o cavo. Para deformidade residual em
varo, a osteotomia de Dwyer em cunha de fechamento do calcâneo
• TÁLUS VERTICAL (Capítulo 33) é recom endada.
As deformidades em tálus ver tical ocorrem em aproximadamente
10% das crianças com rnielom eningocele. A deformidade se carac- • DEFORMIDADES DOS DEDOS DO PÉ
teriza pelo mau alinhamento do retropé e do rnediop é. O tálus As deformidades em garra dos dedos do pé, ou dedo em martelo no
torna-se quase vertical, o calcâneo fica em equino e valgo, o navicu- pé, ocorrem com frequ ência em crianças com lesões em nível sacra!
lar é deslocado dorsalmente em relação ao tálus, e o cuboide pode e podem causar problemas com a adaptação de sapatos e órteses.
ser subluxado dorsalmente em relação ao calcâneo. Dois tipos de Para a deformidade flexível em garras dos dedos do pé, a tenotomia
tálus vertical, do desenvolvimento e o congênito, ocorrem em crian- simples dos flexores no nível da falange proximal geralmente é sufi-
ças com mielomeningocele. Nem o do desenvolvimento nem o tipo ciente. Deformidades rígidas em garras dos dedos do pé podem ser
congênito podem ser corrigidos por métodos conservadores. No tratadas com ressecção parcial da articulação interfalangeana ou
tálus vertical do desenvolvimento, o pé é mais flexível e o desloca- artrodese. O procedimento de Jones (suspensão pelo tendão; Capí-
mento talonavicular pode ser redu zido por fl exão plantar do pé. No tulo 86) é indicado quando a garra do hálux está associada à defor-
tá lus ve rtical congênito, a manipulação com imobilização por gesso midade em cavo. A artrodese da articu lação interfalangeana
pode corrigir parcialmente as contraturas das partes moles como (Capítulo 86) ou a tenodese do coto distal do extensor longo do
preparação para uma liberação completa posteromedial e lateral polegar no extensor curto do polegar são recomendadas junto com o
(Capítulo 29), que deve ser realizada quando a criança já está pronta procedimento de Jones, embora a artrodese seja uma opção mais
para ficar de pé nas órteses, geralmente entre 12 e 18 meses de idade. segura que uma tenodese. A transferência de Hibbs (Capítulo 35)
O tendão tibial anterior pode ser ressecado ou transferido para o pode ser realizada para tratar a garra dos artelhos.
colo do tálus. Ocasionalmente, uma artrodese subtalar extra-articu-
lar é necessária a fim de estabi li za r a articu lação subtalar.
TORNOZELO
• DEFORMIDADE EM PÉ CAVO
A deformidade em cavo, sozinha ou associada a garra dos dedos do A deformidade progressiva em valgo no tornozelo sozinha ou em
pé ou varo do retropé, ocorre na maioria das vezes em crianças com combinação com retrop é valgo ocorre mais frequentemente em
lesões de nível sacra!. Ela pode causar calosidades dolorosas na crianças com lesões de nível lombar baixo. A força do músculo
cabeça dos metatarsos e dificuldade de usar sapatos. A flexão plantar gastrocnêmio-sóleo d iminui ou está ausente, e a frouxidão excessiva
do primeiro raio deve ser corrigida com uma correção bem-suce- do tendão de Aquiles possibilita uma dorsiflexão passiva acentuada
dida da deformidade. Embora vários procedimentos tenham sido do tornozelo. O maléolo medial torna-se proeminente, a cabeça do
recom endados para essa deformidade, há poucos relatos em pacien - tálus é deslocada mediaimente, e ulcerações de pressão nestas áreas
tes com mielomeningocele. Para uma deformidade isolada em cavo são comuns. A defo rmidade em calcaneovalgo, em geral, aparece
no retropé varo, a liberação radica l plantar é indicada. Q uando a cedo, mas os problemas co m as órteses não surgem até que a criança
deformidade em varo está presente, a liberação subtalar medial tenha cerca de 6 anos de idade. O encurtamento fibular é comum
(Capítulo 29) é indicada. Após a cirurgia, um gesso curto é aplicado em crianças com lesões em L4, L5 ou de nível mai s alto. No membro
e, 1 a 2 semanas mais tarde, a deformidade é gradualmente corrigida paralítico, o encurtamento anormal da fíbula e do maléolo lateral
com trocas de gesso a cada semana ou a cada 2 semanas durante 6 causa inclinação em valgo do tálus, com subsequente deformidade
semanas. Em crianças mais ve lhas com deformidades rígidas em em valgo no tornozelo (Fig. 34-35). O encurtamento da fíbula altera
CAPÍTULO 34 DISTÚRBIOS PARALfTICOS

lâ@ll;!ijGm Posição norma l da fise da fíbula distal. A, Proximal à cúpu la do tàlus em cr ianças de até 4 anos de idade. B, No nível
da cúpula do tá lus em cr ianças entre 4 e 8 anos de idade. C, Di sta l à cúpula do t álus em crianças com ma is de 8 anos de idade.

mdmtijelil Técn ica radiográfica para ava liação


de tornozelo va lgo . A, Des locamento norma l do ca l-
câneo var ia de 5 a 10 mm . B, Des locamento latera l
de 15 a 18 mm indica va lgo excess ivo .

a distribuição normal de forças na superfície articu lar da tíbia e, em crianças co m mais de 8 anos, está 2 a 3 mm distal à cúpula do
distal e aum enta as forças de compressão na parte lateral da epífise tálus (Fig. 34-36C). As diferenças de mais de 10 mm desses valores
da tíbi a, inibindo ainda mais o crescimento, enquanto a diminui- são consideradas sign ificativas. A inclinação em valgo do tálus pode
ção da compressão na parte medial da epífise da tíbia ace lera o se r medida precisamente nas radiografias anteroposteriores co m
crescimento. Esse desequilíbrio provoca o enc unh amento lateral apoio. O deslocamento lateral do calcâneo é mais difícil de determi-
que produ z um a inclinação em va lgo do tálus. O gra u de encun ha- nar, e têm sido desenvolvidas técnicas radiográficas para avaliar o
mento lateral da epífise da tíbi a se co rrelac iona com o grau do va lgo do tornozelo e o alinhamento do retropé. Se a incli nação do
encurtamento fibular. tálus excede 10 graus, o tubo de raios X deve ser inclinado de forma
Para avaliar com precisão a deformid ade em valgo do torno- adequada para obter uma verdadeira vista lateral do pé com apo io.
zelo em crianças com mielomenin gocele, três fatores devem ser Nessa vista, o eixo da tíbia com apoio é dese nhado, e a distâ ncia
determinados: (1) o grau de encurtamento da fí bula, (2) o grau de dessa li n ha ao centro do calcâ neo é med id a. Em uma vista an tero-
inclinação em valgo do tálus na pinça do tornozelo e (3) a quanti- posterior com apoio, o fe ixe deve se r dirigido hori zontalme nte
dade de "deslocamento lateral" do calcâneo em relação ao eixo de para preservar a relação corona l em ambas as dimensões. O pé é
susten tação do peso da tíbia. O encurtamento da fíbu la pode ser posicionado em ligeira dors ifl exão colocando-se uma cunh a rígida
avaliado medindo-se a distância entre a fise da fíbu la distal e a de esp um a sob a superfície plantar, mas não so b o calcâneo, e
cúpul a do tálus. Na articulação normal do torno zelo, a fise da posicionando o filme atrás do pé e do tornozelo. O deslocamento
fíbu la distal encontra- se 2 a 3 mm proximal à cúpula do tálus em normal latera l do calcâneo é de 5 a 10 mm (Fig. 34-37 A); se o
crianças co m 4 anos de idade (Fig. 34-36A). Entre 4 e 8 anos de ce ntro do calcâneo estive r a mais de 1O mm lateral em relação à
idade, a fise está no mesmo nível que a cúpul a do tálus (Fig. 34-36B) linha de ca rga, haverá excesso de va lgo (Fig. 34-37B). Essa técn ica
PARTE X DOENÇAS DO SISTEMA NERVOSO EM CRIANÇAS

O[riii;Hm Corante radiopaco mostra a extensão da hemie-


pifisiodese medial da epífise da tíbia distal.

e
é útil para determinar antes da cirurgia se a deformidade em va lgo
encontra-se no nível do tornoze lo ou da subtalar.
O tratam ento cirúrgico é indicado quando a deformidade em Ht§i!;@ml1) A, Radiografia pré-operatória anteroposterior
valgo do tornozelo causa problemas à adaptação da órtese e quando do tornozelo com apoio em um garoto de 8 anos e 6 meses de
não pode ser aliviada com órtoses. A tenodese do tendão de Aquiles idade com pés planos fle xíveis sintomáticos. Observe o alinha-
é indicada para a inclinação do tálus em valgo entre 10 e 25 graus mento em valgo do eixo tibiotalar (11 graus em va lg o), elevação
em pacientes de 6 a 10 anos de idade (Fig. 34-1). O utros procedi - fibular (nível 1) e acunhamento epifisário da tíbia distal (índice
mentos para corrigir o tornozelo em valgo causado pelas deformi - 0,55). As radiografias com apo io anteroposterior (B) e latera l (C) 1
dades ósseas incluem hemiepilisiodese para defo rmidade leve em ano e 3 meses depois da colocação do parafuso maleolar transfi-
cri anças com crescimento remanescente e osteotomia de derrotação sário medial. O ei xo tibiotalar melhorou (3 graus em varo).
supramaleolar para deformidad e angular grave. A osteotomia de enquanto o nível fibular e o acunhamento epifisário estão inalte-
desli zamento medial do calcâneo pode ser indicada se a deformi- rados. Observe a posição do parafuso em ambos os planos, a
dade em va lgo estive r na articulação subtalar e no calcâneo. deformidade metafisária sutil da tíbia distal e a obliqu idade da
fise criada pelo parafuso. D, Radiografia com apo io anteroposte-
• HEMIEPIFISIODESE DA EPÍFISE DA TÍBIA DISTAL rior do tornozelo 1 ano e 4 meses depois da remoção do parafuso.
A hemiepilisiodese da epífise da tíbia distal é indicada em crianças Com a liberação da "amarra" medial e a retomada do cresci-
jovens com deformidades em va lgo inferiores a 20 graus e encurta- mento fisário completo, o valgo do tornozelo recorreu (6 graus
mento leve da fíbula. Através de uma incisão medial no tornozelo, em va lgo). (De Davids JR, Va ladie AL, Ferguso n RL, et ai: Surgical mana-
o aspecto medi al da epífise é exposto, e a epilisiodese é reali zada por gement of ank le va lgus in chil dren: use of a transphyseal medial malleo-
meio de um método percutâneo ou aberto (Fig. 34-38). A parada do lar screw, J Pediatr Orthop 17:3, 1997.)
crescimento da fi se medial combinada com o crescimento contínuo
do lado latera l corrige gradua lmente o enc unhamento lateral da
possibilitando a correção gradua l do tornoze lo em valgo
epífise da tíbia. Se houver hiperco rreção, a epifisiodese deve ser
(taxa média de correção de 0,59 graus por mês). Se o
concluída lateralmente. Esse procedimento nã o co rrige qualquer
parafuso for removido, o crescimento retoma, e a deformi-
componente rotacional da deformid ade, e uma osteotomia de der-
dade va i reinc id ir. Esse proced imento é recomendado em
rotação da tíbia e da fíbula di stais pode ser necessá ria.
cria nças com mais de 6 anos de idade (Fig . 34-39).

-------'~
EPIFISIODESE COM PARAFUSO TÉCNICA
Bons resultados foram obtidos com epifisiodese com para- •Coloque o paciente em posição supina .
fuso para correção do tornozelo em va lgo, que envolve a •Faça uma mini-incisão de 3 mm sobre o ma léolo med ia l.
coloca ção de um parafuso vertica l de 4,5 mm através da Utilize o intensificador de imagens para determinar ade-
fise maleolar medial para redu zi r o crescimento medial, quadamente a posição da incisão.
CAPÍTULO 34 DISTÚRBIOS PARAlÍTICOS IFI•P*

B e
0(rill;6'mI!) Osteotomia supramaleolar de varização e derrota ção para deformidade grave do tornozelo em valgo em adolescentes.
A, Remoção da cunha medial da metáfise da tíbia distal. B, Fi xação da osteotomia com placa e parafusos. C, Fixação co m fios cruzados.
VEJA A TÉCNICA 34-35.

•Insira um fio-guia do parafuso canulado de 4,5 mm no • Grampos ou fios de Kirschner (Fig . 34-40C) ou, em pacien-
maléolo medial e avance-o proxima l e media imente tes próximos damaturidade esquelética, uma placa e
através da f ise da tíbi a distal. Confirm e a posição do fio- pa rafusos (Fig. 34-408) podem ser utilizados para fi xação
gu ia com fluoroscopia. Ele deve ser tão verti ca l quanto interna.
possível no quarto media l da fise medial da tíbia distal no •Feche as incisões e apl ique um gesso longo com o torno-
plano anteroposterior. No plano sag ital, o fio-guia deve zelo e o pé em posição neutra.
cruzar a fise através do seu terço médio.
•Faça perfure e macheie o osso através da f ise sobre o CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O apoio parcial com
fio-guia. Insira um parafuso ca nulado e tota lmente ros- mu letas é permitido imediatamente. Em 3 semanas, o
queado sobre o fio-guia até que ele esteja comp leta- gesso é trocado para um gesso abaixo do joelho e o apoio
mente encaixado. com carga total é permitido . Os f ios de Kirschner podem
ser removidos em 8 a 12 semanas.

OSTEOTOM!A DE VARIZAÇÃO E
As deformidades rotacionais da extremidade inferior podem
DERROTAÇAO SUPRAMALEOLAR causar problemas funcionais em pacientes com mielomeningocele. Os
A osteotomia supramaleolar é recomendada para crianças dedos do pé virados para fora podem resultar de uma deformidade
com mais de 1O anos de idade com lesões de nível lombar da rotação externa do quadril ou de torção externa da tíbi a e podem
baixo, grave encurtam ento da fíbula (> 1O a 20 mm), causar estresse anormal do joelho, principalmente valgo, assim como
incl inação em va lgo de mais de 20 graus e torção externa dificuldades com a adaptação de órteses. As osteotonlias de rotação
da tíbia. interna devem ser consideradas em crianças com 20 graus ou mais da
torção da tíbia que interfira na marcha. Os dedos do pé virados para
TÉCNICA ~ dentro podem causar dificu ldades à liberação do pé durante a fase de
~~~~~~~~--~ apoio da marcha. Os dedos do pé virados para dentro frequentemente
• Com o paciente em posição supina, faça uma incisão ocorrem em pacientes com lesões em L4 ou LS, por causa do dese-
longitudinal anterior no terço distal da perna. Exponha a quilíbrio entre os isquiotibiais mediais e laterais. Os isquiotibiais
tíbia distal e identifique a epífise. tendem a permanecer ativos durante a fase de apoio da marcha e,
•Faça uma segunda incisão sobre o terço distal da fíbula quando o bíceps femoral fica paralisado, o desequilíbrio muscular
e rea lize uma osteotomia ob líqu a começando latera l- produz um a marcha em rotação intern a. O utra causa dos dedos do
mente e estendendo-se dista l e mediaimente, depen- pé virados para dentro é a torção interna residual da tíbia.
dendo do grau de va lgo a ser corrigido . A deformidade em rotação do quadril e a torção tibial externa
•Faça a osteotom ia em cunh a com base medial tão distal e interna podem se r corrigidas por osteotomias de derrotação. A
na tíbia quanto possível (Fig. 34-40A) marcha com rotação interna dinâmica da tíbia pode ser corrigida com
• No momento da correção do valgo, gire o fragmento a transferência do semitendín eo lateralmente para o tendão do bíceps.
distal internamente para corrigir a torção externa da tíbia.
• Utilize dois fios de Kirschner para segurar temporaria-
mente os fragmentos no local e obtenha radiografias de JOELHO
modo a ava liar a correção da deformidade em valgo. O
tá lus deve estar horizontal e o maléolo lateral mais infe- A dor no joelho é comum em pacientes com mielomeningocele e pode
ri or do que o ma léolo media l. causar dificu ldade significativa na manutenção da função deambulató-
ria. As deformidades do joelho em pacientes com mielomeningocele
PARTE X DOENÇAS DO SISTEMA NERVOSO EM CR IANÇAS

são de quatro tipos: (1) contratura em flexão, (2) contratura em


extensão, (3) deformidade em valgo e (4) defo rmidade em varo.

• CONTRATURA EM FLEXÃO
As contraturas em flexão são mais comuns do que as contraturas em --Alongamento
extensão. Aproximadamente metade das crianças com lesões em da aponeu rose
do bíceps
nível torácico ou lombar apresentam contraturas em flexão do joelho.
As contraturas de 20 graus são comuns ao nascimento, mas a maioria
se corrige espontaneamente. As contraturas em flexão do joelho
podem se tornar fixas por causa da (1) posição típica assumida
quando em posição supina - quadris em abdução, flexão e rotação
externa; joelhos em flexão; e pés em equino; (2) contratura gradual
dos músculos isquiotibial e bíceps, com contratura da cápsula do A
joelho posterior em virtude da fraqueza do quadríceps e dos longos Liberação completa
períodos que o paciente fica sentado; (3) espasticidade dos isquioti-
biais, que pode ocorrer com a síndrome da med ul a presa; e (4) con-
tratura em fl exão do quadril ou deformidade em calcâneo no paciente
deambulador. As contraturas em flexão do joelho com mais de 20
graus podem interferir em um programa de ortetização e ortostatismo
eficaz e na marcha em um paciente deambulador. Os pacientes que
não são deambuladores podem tolerar maiores graus de contraturas
posteriores
em flexão desde que elas não interfiram nas transferências e no equi- do trato
líbrio sentado. A liberação radical do flexor em geral é necessária para iliotibial
contraturas de 20 a 30 graus, especialmente em crianças que andam
com órteses abaixo do joelho. A osteotomia supracondilar de extensão B
do fêmur (Fig. 34- 12) muitas vezes é necessá ria para contraturas
acima de 30 a 45 graus em crianças mais velhas que são deambulado-
res comunitários e nas quais a liberação radical dos flexores não foi
bem-sucedida. Se uma contratura em flexão do quadril estiver pre-
sente, as contraturas do quadril e do joelho devem ser corrigidas ao
mesmo tempo. Nenhum tratamento cirúrgico é indicado em crianças
mais velhas que não são deambuladores comunitários quando a con-
tratura não interfere na mobilidade ou no equilíbrio sentado.

LIBERAÇÃO RADICAL DOS FLEXORES


TÉCNICA ~
----~~~~~~----'~
•Faça uma incisão vertical medial e lateral logo acima da O@l!;§iBIJt Li beração dos tendões f lexores para contratura
prega de flexão. Outra alternativa é fazer, uma incisão em flexão do joe lho. A, Procedimento mínimo . B, Proced imentos
vertical na linha média imediatamente acima da prega de adicionais opcionais acim a do nível articu lar. C, Procedimentos
flexão. Uma incisão em forma de Sou Z que cruze a prega adicionais opcionais no nível da articu lação. VEJA A TÉCNICA 34-36.
de flexão deve ser evitada por causa da dificuldade de
fechamento da pele depois de uma liberação radical dos •Feche a in cisão sobre um dreno de sucção e ap li que um
fl exores. gesso long o com o joelho em extensão comp leta. Se a
•Em uma criança com uma lesão de nível alto, identifiqu e contratura em fl exão for maior do que 45 graus, por
e divida os tendões isquiotibiais mediais (semitendíneo, causa da possibilidade de prob lemas vascu lares, o pri-
semimembranoso, grácil e sartório). meiro gesso deve ser ap licado com o joelho em 20 a 30
•Faça a ressecção de parte de cada tendão (Fig. 34-41 A). graus de flexão e gradua lmente colocado em extensão
•Lateral mente, identifique, divida e faça a ressecção do completa por meio de trocas de gesso seriadas.
tendão do bíceps e do trato iliotibial.
• Em uma criança com uma lesão lombar baixa, alongue CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O gesso é removido em
intramuscu larmente o bíceps e o semimembranoso para 14 dias, e uma órtese longa será uti lizada à noite. Em
preservar algu ma força flexora. crianças com lesões de nível lombar baixo, a fisioterapia
• Libere a origem do gastrocnêmio dos côndilos medial e intensiva para fortalecer o mecanismo do quadríceps é
latera l, expondo a cápsu la posteri or do joelho e rea lize imperativa após a remoção do gesso.
uma capsu lectom ia extensa (Fig. 34-4 1B).
•Se a extensão completa não for obtida, divida os li gamen-
tos colaterais medial e lateral e o li gamento cruzado • CONTRATURA EM EXTENSÃO
posterior (Fig . 34-4 1C). As contraturas em extensão do joelho podem ocorrer em pacientes
com mielomeningocele. Aproximadamente dois terços não possuem
CAPÍTU LO 34 DI STÚRBI OS PARALfTI COS GDllll

A B
A B
O@il;@m!I A, Mov ime nto má ximo no p la no corona l e
posição posterom ed ia l da força de rea ção do so lo e m re lação ao
H@ih@E19 Quad ricepsp last ia em V-Y para co ntratura em centro da articu laçã o do joelh o . B, Vista de perto da for ça de
hipere xtensão do joelho . A, Liberação do tend ão do reto femora l rea çã o do solo durante o des locame nto má ximo do tronco no
de seu próprio ventre, dos músculos vasto med ia l e vasto late ra l; p lano coronal. (De Gupta RT, Va nkoski S, Novak RA, Dias LS: Tru nk
os músculos vast o med ial e latera l são separa dos do trato ilioti- kinematics and the influe nce on va lgus knee stress in pe rso ns with hig h
bia l, dos múscu los isq uiotib ia is laterais, dos múscu los isqu iot ibiais sacra l levei myelomeningocele, J Pediatr Orthop 25:89, 2005.)
med iais e do múscu lo sa rtório . B, Qua ndo o joe lh o é f lexiona do ,
os músculos isquiotib ia is e o tensor da fá scia lata des lizam post e-
riormente para o ei xo do joelho, restaura nd o a fun ção no rm a l. • DEFORMIDADE EM VARO OU VALGO
Os músculos quadríceps são repa rados na posição a longada. A deformidade em varo ou valgo do joelho pode ocorrer em pacientes
com m ielomeningocele e resultar da mecânica an ormal do tronco que
provoca a mecân ica anorm al do joelho ou da consolidação viciosa de
uma fra tu ra supracondi lar do fêmur ou um a fratura metafisária pro-
nenhuma fu nção musc ul ar útil nas extremid ades infe riores, um ximal da tíbia. Em pacientes deambuladores, a instabilidade em valgo
te rço das quais são causadas por fun ção do quadríceps sem oposição do joelho é mais com um . Isso ocorre em vi rtu de de vários motivos
dos isqui otibiais paralíticos. As contratu ras em extensão geralmente em pacientes deambu lado res. A fraq ueza dos músculos quadríceps,
são bilaterais e muitas vezes es tão associadas a outras anomalias gastrocnê mio-sóleo e abd utores do quadri l fo rça o joelho em valgo
co ngê nitas, como a luxação do quadril ipsilateral, a contratu ra do confo rm e o paciente desloca a hemip elve lateralmente durante a fase
qu adril em rotação extern a, a deformidade em equin ova ro do pé e, de apoio. A quantid ade de valgo no joelho é proporcional ao grau de
ocasion almente, a deformid ade em valgo do joelho. A contratura em comprometimento neuro lógico. Essa defo rmidade também pode
extensão do joelho pode prejudicar a m archa e tornar o sentar na estar associada a anteversão fe moral excessiva ou torção extern a tibial
cadeira de rodas e as tra nsferências di fíce is. A imobilização por excessiva. As duas aum entam as tensões em valgo ou o momento
gessos seriados, tentand o flexionar o joelho pelo menos até 90 gra us, abdutor do joelho durante a fase de apoio da m archa (Fig. 34-43). Isso
é bem- sucedid a em alguns pacientes. Se isso não corrigir a co ntra- acaba causando aumento da fro uxidão arti cular e m udanças degene-
tura, o alongam ento do qu ad ríceps é ind icado. O procedimento rativas no joelh o. O tratamento não cirú rgico consiste no uso de
mais comum para corrigir essa deformidade é um alongam ento V-Y bengalas canadenses para diminuir a marcha de Trendelenburg. A
do quadríceps, liberação capsular e reposicionamento posterior dos imobilização com um a órtese de joelho, torn ozelo e pé pode se r uti-
músculos isqu io tibi ais (Fig. 34-42). Isso geralmente é feito por volta lizada para estabiliza r o joelho, mas muitas vezes essas órteses são
de l ano de idade. O utros métodos de alongamento foram desc ritos, muito vo lumosas e não são bem aceitas pelo paciente dea mbu lador.
incluindo a "circuncisão anterior", na qual todas as estru tu ras da As deformidades que interferem na ortetização e na m obilidade
frente e do lado do joelho são divididas po r tenotomia subcutânea, exigem osteotomia supracondilar ou tibi al com fixação interna para
liberação subcu tânea do tend ão do quad ríceps, Z-plastia do meca- co rrigir a deformidade. A hemiepifisiodese, o gramp eam ento ou uma
nismo extenso r com binada com capsulotomi a anterior e liberação placa em oito através da fise também podem ser utilizados p ara co r-
subcutân ea do tend ão patelar. reção se a defo rm idade angul ar for reconh ecida precocem ente.
llllBD PARTE X DOENÇAS DO SISTE MA NERVOSO EM CRIANÇAS

QUADRIL manutenção de uma postura ereta quando as contraturas em flexão


do quadril são superiores a 30 graus. As contraturas em fl exão do
As reco mend ações de tratame nto para deformidades e instabilidade joelho, que em geral ocorrem com as contratu ras do quadril, devem
do quadril em cri anças com mielomeningocele mudaram drastica- ser corrigidas ao mesmo tempo qu e a contratura do quadril.
mente ao longo da última década, em parte, por ca usa do uso da A liberação anteri or do quadri l envolve a liberação dos mús-
análise da m archa. As deformid ades e a instabilidade do quadril culos sartório, reto femoral , iliopsoas e tensor da fásc ia lata; a cápsula
em cri anças com mielomeningocele podem se r causadas por dese- anterior do quadril; e o tendão iliopsoas. Esse procedimento pode
quilíbrio muscul ar, displasia congê nita, postura habitual ou um a corrigir de for ma adequada as contraturas em flexão de 60 graus. Se
combinação desses três. Aproximadamente metade das crianças a deformidade continuar após a liberação, a osteotomi a de extensão
com mielomen ingocele têm subluxação ou luxação do quadril, com subtrocantéri ca é indi cada.
pouca co rrelação com a função geral do quadril e com o pote ncial
de marcha. Muitos autores consideram que a prese nça de um a
redução concêntrica não melhora a amplitude do movimento do
qu ad ril, e a capacidade de caminh ar e não diminui a dor. O objetivo
dos atu ais protocolos de tratamento é manter a amplitude de movi-
LIBERAÇÃO ANTERIOR DO QUADRIL

------~
mento do qu adril através da prevenção da co ntratura e a liberação
em vez de obter redu ção anatôm ica co ncê ntrica.
TÉCNICA
As contraturas em abdu ção ou ad ução do quadril podem
•Faça uma incisão da pele na " linha do biquíni" ligeira-
ca usar obliquidade infrapélvica, qu e pode interferir na marcha e
mente distal e paralela à crista ilíaca, estendendo-a obli-
na ortetização. As contraturas em flexão do quadr il com lordose
quamente ao longo da prega inguinal.
lombar associada e a contratura em fl exão do joelho podem ca usa r
•Identifique e proteja o feixe neurovascular mediaimente.
m ais in capacidade do que quadris luxados móveis. Por ca usa dos
•Identifique o tendão iliopsoas o mais dista lmente possível
d ifere ntes níve is de paralisia e da combin ação de paralisia mista e
e divida-o transversa lmente.
fl ácida, o tratame nto deve ser indi viduali zado para cada paciente.
•Libere o múscul o sa rtório da sua origem na crista ilíaca
Uma revisão baseada em evidências sob re cirurgia do quadril em
superi or.
pac ientes com mielomenin gocele co nstatou que não ho uve bene-
•Identifique a inserção do músculo reto na crista ilíaca
fí cio co m o tratam ento cirúrgico de quadris luxado s e que a
anteroinferior e solte-a .
capacidade de andar estava relac ionad a com o grau de contratura
•Lateralmente, identifique o músculo tensor da fáscia lata
prese nte. O úni co subgrup o qu e pode se beneficiar da cirurgia são
e depois, com cuidado, separando-o da fáscia, divida por
as crian ças co m mielomenin gocele aba ixo da 1 4 co m um a luxação
completo a fáscia transversalmente posterior à borda
unilatera l do quadril. As crianças desse grupo tendem a apresentar
anterior dos músculos glúteos para expor a cá psula ante-
m archa de Trendelenburg ag ravada por causa da discrepância do
rior do quadril.
co mprim ento dos membros; no entanto, isso permanece co ntro-
• Se houver qualquer contratura residual de flexão, abra a
verso. A análise da m archa m os trou que a velocidade ao andar não
cá psu la articular tran sversalmente a cerca de 2 cm do
é afetada pela prese nça de um a luxação do quadril em pacientes
labrum acetabu lar.
co m mielorn eningocele de nível baixo e que a simetria da marcha
• Coloque um dreno de sucçã o na in cisão, suture o tecido
co rrelaciona-se m ais estreitamente co m a ausência de contraturas
subcutâneo com suturas simp les e aproxime as bordas da
da art iculação ou com a presença de cont raturas simétricas do que
pele com suturas intradérmicas de nái lon.
co m o estado do quadril em si.
• Aplique um gesso pélvico-podá lico com o quadril em
Além disso, a taxa de complicação da redução cirúrgica do
exten são completa, 1O graus de abdução e rotação neutra.
qu ad ril em pacientes com m ielomeningocele pode ser muito alta,
•E m crianças com lesões de nível lombar baixo, essa libe-
var iando de 30% a 45%. As co mplicações incluem perda de movi-
ra ção reduz muito a força de flexão do quadril e pode
mento, frat uras patológicas, piora da fun ção deamb ul atória e ag ra-
prejudicar a mobilidade. Um enxerto livre de t endão,
vamento dos déficits neurológicos.
utilizando parte do tensor da fáscia lata, pode ser usado
para rei nserir o sart ório na crista ilíaca anterossuperior, e
• CONTRATURA EM FLEXÃO o tendão do músculo reto pode ser sut urado distalmente
A deformidade de flexão do quadril ocorre mais frequentemente em
ao múscul o sa rtóri o, na cápsula do quadril.
cri anças com lesões de nível lombar alto ou torác ico. As causas
propostas para uma contratura em flexão do quadril são a ação sem
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O apoio precoce durante
oposição dos flexores do qu adri l (iliopsoas, sartório e reto femoral), 2 a 3 horas por dia é encorajado . O gesso é removido em
a postura habitual em virtude de longos períodos na posição se ntada
4 a 6 sema nas, e uma órtese corporal tota l é adaptada
ou deitada e a espasticidade dos flexores do qu adril. As contraturas
com o quadril na mesma posição .
em flexão do qu adril devem se r dis tin guid as da posição em fl exão
fi siológica, e a quantidade de flexão do quadril deve se r determ inada
pelo teste de Thomas. Por causa de uma tendência a melhora r, as
deformid ades em flexão do quadri l raramente devem ser tratadas
ciru rgicamente antes de 24 meses de idade. A contratura em flexão
do quadril de 20 a 30 gra us ge ralm ente pode se r aco m odad a. • CONTRATURA EM ROTAÇÃO EXTERNA, FLEXÃO
O aum ento da lordose lombar e a flexão do joelho muitas vezes estão E ABDUÇÃO
assoc iados às contraturas em fl exão do quadril e podem tornar urna As contraturas em flexão, ab dução e rotação exte rn a são comuns em
postura ereta es tável difícil. A liberação cirúrgica é indicada para crianças com lesões de nível torácico e paralisia co mpleta dos mús-
contraturas que interferem na ortetização, na marcha ou na culos da extremidade inferior. A rotação externa contínua do quadril
CAPÍTULO 34 DI STÚR BIOS PARAlÍTICOS lifh@
na posição supina provo ca contraturas da cáps ula posterior do
quadril e dos músculos rotatores externos curtos; essa ocorrência LIBERAÇÃO DOS ADUTORES

--==============~
pode ser diminuída com a utilização de órteses noturnas (órtese
corporal total) e exercícios de amplitude de movimento. A liberação TÉCNICA
completa do quadril (Técnica 34-19) é indicada somente quando a
deformidade interfere na ortetização. Se os quadris estiverem con- •Faça uma incisão inguinal transversal de 2 a 3 cm de
traturados, como costuma acontecer, ambos devem ser corrigidos comprim ento imediatamente distal à prega inguinal sobre
ao mesmo tempo. o tendão adutor long o.
• Abra a fáscia superficial para expor o tendão adutor longo.
• CONTRATURA EM ROTAÇÃO EXTERNA •Utilizando um eletroca utéri o, corte o tendão perto de sua
A contratura em rotação externa isolada do quadr il ocasionalmente inserção no ramo púbico.
ocorre em crianças com lesões de nível lombar baixo. A princípio, •Se necessário, corte as fibras musculares do grácil proxi-
a ortetização e a fisioterapia ajudam a melhorar a contratura em mamente e corte completamente as f ibras musculares do
ro tação externa. Se a rotação externa do quadril persiste depois que adutor curto, tomando cuidado para proteger o ramo
a criança fizer 5 ou 6 anos de idade, uma osteotomia subtrocantérica anterior do nervo obtu rador. Uma abdução de pelo
de rotação interna (Capítulo 33) é indicada. menos 45 graus deve ser possível.
•Feche a incisão sobre um dreno de sucção e ap lique um
• CONTRATURA EM ABDUÇÃO gesso pélvico podálico com o quadril em 25 a 30 graus
A contratura em abd ução isolada unilatera l é um a causa comum de abdução.
de obliquid ade pélvica, escoliose e dificuldade de sentar e andar.
Ela geralmente é causada pela contratura do tensor da fáscia lata, CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O gesso é removido em
mas também pode ocorrer depois da transferência do iliopsoas. É 2 semanas, e uma órtese corpora l tota l é posicionada
comum em crianças com lesões de n ível alto, e a ortetização e a com o quadril em 25 graus de abdução.
fisioterapia precoces podem diminuir o risco de sua ocorrência. A
liberação da fáscia é indicada quando a contratura em abdução
causa obliquidade pélvica e escoliose e interfere na função ou na
ortetização. • LUXAÇÃO E SUBLUXAÇÃO DO QUADRIL
A verdadeira lu xação do desenvolvimento do quadril é rara em
pacientes co m mielomeningocele e ocorre em crianças com lesões
de nível sacra! sem desequilíbrio muscular. O tratamento deve seguir
métodos conservadores padrão (suspensório de Pavlik, tração e
LIBERAÇÃO DA FÁSCIA red ução fechada e imobilização por gesso pélvico podálico). As luxa-
ções teratológicas geralmente ocorrem em crianças com lesões de

--~------'~
•Incise a pele ao longo da metade ou dos dois terços ante-
nível alto. As radiografias iniciais mostram um acetábulo displástico
com a cabeça do fêmur deslocada proximamente; essas luxações não
devem ser tratadas a princípio.
riores da cri sta ilíaca até a espinha ilíaca anterossuperior. A subluxação ou luxação paralítica é o tipo mais comum que
•C orte todas as estruturas tensas fasciais e tend íneas do ocorre em 50% a 70% das crianças com lesões de nível baixo (L3
aspecto anterolateral do quadril; fáscia lata, fáscia sobre ou L4) . A luxação ocorre com mais freq uência durante os primei-
o glúteo médio e glúteo mín imo e tensor da fáscia lata. ros 3 anos de vida, em virtude do desequilíbrio ent re as forças de
•Não divida o tecido muscular, apenas as estruturas fascia is abdu ção e adução. As luxações em crianças mais velhas geralmente
envolventes. são causadas por contraturas ou espasticidade dos adutores e fle-
• Fasciotom ia da fásc ia lata dista lmente, conforme descrito xores sem oposição associadas a uma síndrome da medula presa
por Yount (Técnica 34-19), também pode ser necessária . ou hidromielia.
•Feche a incisão sobre um dreno de sucção e ap li que um A red ução das luxações do quadril em crianças com mielome-
gesso pé lvico podá li co com o quadril operado em abdução ningocele geralmente não é recomendada. Manter a pelve nivelada
neutra e o quadril oposto em 20 graus de abdução, sufi- e os quadris flexíveis parece mais importante do que a redução da
ciente pa ra permitir o cuidado perineal. luxação do quadril. O objetivo do tratamento deve ser a função
máxima, em vez da redução radiográfica. A liberação de partes
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O gesso é removido em moles isolada é indicada em pacientes sem função do quadríceps
2 semanas, e uma órtese corpora l total é colocada. porque raramente permanecem deambuladores comunitários
quando ad ultos. A redução aberta é apropriada somente para casos
raros de crianças com envolvimento do nível sacra! que têm quadrí-
ceps fortes bilateralmente, equilíbrio normal do tronco e função
normal das extremidades superiores. A luxação bilateral ou unil ate-
• CONTRATURA EM ADUÇÃO ral do quadr il ou subluxação em crianças com lesões de nível alto
As contraturas em adução são comuns com luxação ou subluxação não requer tratamento cirúrgico extenso, mas as contraturas de
do quadril em crianças com lesões de nível alto por causa da espas- partes moles devem ser corrigidas.
ticidade e da contratura dos músculos ad utores. A cirurgia é indi- Se for rea li zado tratamento para subluxação ou luxação do
cada quando a contratura causa obliquidade pélvica e interfere no quadril nos raros pacientes que podem se beneficiar dele, os princí-
sentar ou andar. A liberação dos adutores pode ser combinada com pios da cirurgia para o quadril paralítico devem ser seguidos da
o tratamento cirúrgico da subluxação ou luxação do quadril. seguin te forma: (1) obter redução do quadril no acetábulo, (2)
PARTE X DOENÇAS DO SISTEMA NERVOSO EM CRIANÇAS

corrigir qualquer deformidade óssea residual e (3) equilibrar as


forças musculares deformantes para prevenir a recorrência. Os dois •Libere o músculo oblíquo interno subjacente por dissec-
procedimentos mais comuns para equilibrar as forças musculares ção romba até o aspecto posterior ser alcançado no tri-
deformantes em um quadril instável em pacientes com mielome- ângu lo de Petit.
ningocele têm sido a transferência do músculo iliopsoas (proce- • Eleve as fibras musculares da crista ilíaca, cortando de
dimento de Sharrad ou Mustard) e a transferência do músculo posterior para anterior ao longo da crista.
oblíquo externo. A transferência do iliopsoas com liberação dos •Feche o defeito que permanece na aponeurose do oblíquo
adutores, capsulorrafia e acetabuloplastia pode ser feita adicio- externo, começando no púbis e estendendo tão latera l-
nalmente à redução aberta. A transferência do iliopsoas de mente quanto possível.
Sharrad através do íleo posterolateral (Técnica 34-21) é mais •Dobre as bordas cortadas do músculo e da aponeurose e
utilizada. A transferência do iliopsoas é controversa, com taxas de suture com pontos contínuos na junção múscu lo-tendínea.
sucesso relatadas variando de 20% a 95% . Os procedimentos alter- •Faça uma sutura forte e não absorvível na aponeurose em
nativos incluem a transferência do músculo oblíquo externo para preparação para a transferência (Fig. 34-44C).
o trocânter maior (Técnica 34-20) em conjunto com a osteotomia •Atenção é, então, direcionada para o tensor da fáscia lata.
femora l e a transferência posterolateral do tensor da fáscia lata com •Retire a orig em do tensor da fáscia lata do íleo.
transferência dos adutores e músculos oblíquos externos. •Separe o múscu lo ao longo da sua borda anterior do sar-
tório para abaixo até a sua inserçã o no trato iliotibial.
•Divida o trato iliotibi al transversalmente até a parte pos-
terior da coxa.
•Leve a incisão no trato ili otibia l proximamente até a inser-
TRANSFERÊNCIA DE ADUTORES, ção das fibras oblíquas do tensor da fáscia lata e do
OBLÍQUO EXTERNO E TENSOR DA tendão do glúteo máximo. Tome cu idado para preservar
o nervo e as artérias glúteas superiores abaixo do músculo
FÁSCIA LATA glúteo médio aproximadamente 1 cm distal e posterior à
~ espinha ilíaca anterossuperior (Fig. 34-44D).
TÉCNICA
"----~~~~~~--'~ •Abduza o quadril e dobre a origem do tensor da fáscia lata
sobre si mesmo até o limite perm itido pelo feixe neurovas-
(PHILLIPS E LINDSETH) cu lar e, então, suture-o no íleo com suturas não absorvíveis
de modo que a sua ori gem sobreponha o músculo glúteo
•Coloque o paciente em posição supina e exponha os médio. Não prenda a extremidade distal no tendão glúteo
músculos adutores através de uma incisão transversal, máximo até o fim do procedimento.
começando imediatamente anterior ao tendão do adutor •O quadril, o fêmur proxima l e o íleo estão agora facil-
longo e estendendo-a posteriormente até o ísquio. mente acessíveis aos procedimentos corretivos indicados,
•Incise a fáscia longitudinalmente e retire os tendões do como a redução da abertura do quadril, a plicatura cap-
grácil, adutor longo e breve e o terço anterior do magno su lar, a osteotom ia femoral proximal e aumento da cober-
do púbis. tura acetabu lar. As origens do reto femoral e do tendão
•Faça a dissecção posteriormente até a tuberosidade isqui- psoas não são rotineiramente soltas, embora possam ser
ática e suture as origens sol tas dos múscu los adutores no li beradas neste momento se houver uma contratura em
ísquio com pontos não absorvíveis. Tome cuidado para flexão do quadril.
não lesar o ramo anterior do nervo obturador que inerva •Com o paciente completamente re laxado ou paralisado,
os músculos adutores. t ransfira o tendão do oblíquo externo para o trocânter
•Transfira o múscu lo oblíquo externo abdominal para o maior.
tendão do glúteo médio ou, de preferência, para o trocânter • Faça um orifício no trocânter maior e passe o tendão do
maior, conforme descrito por Thomas, Th ompson e Straub. oblíquo externo de posterior para anterior e suture-o sobre
•Faça uma incisão oblíqua na pele estendendo-a do terço si mesmo . O múscu lo deve alcançar o trocânter maior e
posterior da crista ilíaca até a espinha ilíaca anterossupe- segu ir uma li nha reta a partir da caixa torácica até o tro-
rior (Fig. 34-44A). cânter; se isso não acontecer, as bordas do músculo devem
•Curve a incisão distal e posteriormente em direção à ser inspecionadas para garantir que elas esteja m livres de
junção do terço proximal e médio do fêmur. todas as aderências (Fig. 34-44D)
•Com dissecção cortante e romba, levante retalhos de pele •Prenda a extremidade dista l do tensor da fá scia lata no
para expor a fásc ia da coxa da borda lateral do sa rtório tendão do glúteo máximo, enquanto o quadril é abdu-
até o nível do trocânter maior. zido em aproximadamente 20 graus.
•Exponha o oblíquo externo de modo semel hante ao da
crista ilíaca até a espinha ilíaca posteriorssuperior e da sua
origem costal até o púbis (Fig. 34-44B). CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Um gesso pélvico podá-
•Faça duas incisões com aproximadamente 1 cm de dis- lico é aplicado no pós-operatório com os quadris em exten-
tância na aponeurose do oblíquo externo paralelamente são e abduzidos em 20 graus. A criança é encorajada a
ao ligamento de Poupart e junte-as perto do púbis no fazer ortostatismo com o gesso para prevenir a osteopenia.
anel externo. O gesso é removido 1 mês após a cirurgia, e a fisioterapia
•Estenda a incisão superior proximamente ao longo da é in iciada. O paciente retorna às órteses utilizadas antes da
borda medial do ventre muscular até que a margem cirurgia. Qualquer modificação na imobilização é feita
costal seja alcançada. conforme indicado no acompanhamento.
CAPÍTULO 34 DISTÚRBIOS PARALÍTICOS Gllll

iâ!ri'i;@E?ID Transferência dos adutores,


do oblíquo externo e do tensor da fáscia lata .
f A, Incisão na pele. B, Os retalhos da pele são
elevados para expor a fáscia da coxa e o músculo
oblíquo externo . C, As bordas do corte no
múscul o oblíquo externo e a aponeurose são
dobradas e suturadas. O defe ito na aponeu-
ro se é suturado. A origem do tensor da
fáscia lata no íleo é solta, tomand o-se
cuidado para preservar o fei xe neurovascu-
lar. O restante do músculo é preparado para
a tra nsferên cia. D, O t e ndão do oblíquo
externo é tran sfe rido para o trocâ nte r ma ior
de posterior para anterior. A extremidade
distal do t e nsor da fáscia lata é costurada
através do tend ão do glúteo má ximo . VEJA
A TÉCNICA 34-40.

Para displasia acetabular grave, um procedimento em prateleira


fo ram recomend adas para cri anças com defi ciência grave
ou um a osteotomia pélvica de Chiari (Capítulo 30) podem ser feitos
com quadris luxados e graves co ntraturas em adução da
ao mesm o tempo em que a transferência é feita. Se mais de 20 a 30
extrem idade inferior.
graus de abdução forem necessários para manter a redução concên -

----------"'~
trica do quadril, uma osteo tomia femoral de varização é indicada.
TÉCNICA
Mesmo com esses procedimentos para corri gir a displasia acetabular
há Lm1a taxa elevada de falh a se os procedimentos de equilíbrio mus- (BAXTER E D'ASTOUS)
cular não forem incluídos como parte do procedimento.
• Posicione o paciente co m um saco de areia abaixo do
quad ril af et ado .
RESSECÇÃO FEMORAL PROXIMAL E •Faça uma abord agem lat era l reta começa ndo a 1O cm
proximal ao t rocâ nter maior e este ndendo abaixo no
ARTROPLASTIA DE INTERPOSIÇÃO fêmur prox imal.
A rig idez articula r grave é um dos res ulta dos mais incapa - •Abra a f áscia lata.
cita ntes da ci rurg ia do qu ad ri l em pacientes com mielome- •Solte o vasto lateral e o glúteo máximo das suas inserções
nin gocele. Se o quadril f ica r rígid o em exten são, a criança e solte-os do t rocâ nte r maior.
não pode se senta r; se fi ca r rígido em fl exão, a cria nça não •Identifi que o tend ão psoas e retire a sua inserção dista l
pode f icar em pé; se f icar rígido "no meio do cam inho", no t rocâ nter menor pa ra expor extra peri ostea lmente o
a criança não pode se ntar nem fi car de pé. O tra tamento fêm ur proxima l.
desta co mpli cação raramente tem sido discut ido. A res- •In cise o pe riósteo circunferencialmente bem dist al à
secção da ca beça e do co lo fe mora l não é efi caz . A res- inserção do glúteo máximo e faça a t ransecção do osso
secção femoral proximal e art ropl asti a de interposição nest e nível.
)
~ PARTE X DOENÇAS DO SISTEMA NERVOSO EM CRIANÇAS

•Divida os rotatores externos curtos. Incise a cápsu la cir-


)
cunferencialmente no nível da base do colo.
OSTEOTOMIA PÉLVICA
•Corte o ligamento redondo, remova o fêmur proximal e ~
teste a ampl itude de movimento do quadril. Se necessá-
TÉCNICA ;.__~~~~~~---'~
rio, realize uma tenotomia isqu iotibial proximal através da
(UNDSETH)
mesma incisão depois de identificar o nervo ciático.
•A liberação dos adutores também pode ser realizada • A abordagem é seme lhante à descrita por O'Phelan para
através de uma incisão separada na virilha. osteotomia ilíaca para corrigir a extrofia da bexiga (Capí-
• Vede a cavidade acetabular suturando as bordas cap - tulo 30).
su lares. •C om a criança de bruços, faça incisões bilaterais em
•Cubra a extremidade proximal do fêmur com os músculos forma de L invertido, começando acim a da crista ilíaca,
vasto lateral e reto femoral. procedendo mediaimente em direção à esp inha ilíaca
•Interponha os músculos glúteos entre o acetábulo fechado posterossuperior e, em seguida, curvando para abaixo ao
e a extremidade coberta do fêmur proximal para atuar longo de cada lado do sacro para a incisura isqu iática.
como um coxim de partes moles. •Retire a apófise ilíaca dividindo-a longitudina lmente, come-
•Feche a in cisão em camadas sobre um dreno de sucção. çando na espinha ilíaca anterossuperior e prosseguindo
posteriormente (Fig. 34-458)
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO A extremidade inferior •Retraia os músculos paraespinhais, o músculo quadrado
operada é colocada em tração de Russell em abdução até lombar e os músculos ilíacos mediaimente ao longo da
que os tecidos moles cicatrizem e, então, os exercícios de metade intern a da epífise e do periósteo interno do íleo.
amplitude de movimento são iniciados. • Após a origem sacra ! do glúteo máximo ter sido so lta do
sacro, divida o periósteo externo do íl eo lon gitudinal-
mente, imediatamente latera l à borda ilíaca posterome-
dial, estendendo-a da espinha ilíaca posterossuperior até
a incisura isquiática.
• Retire o periósteo externo ao longo dos músculos do glúteo
• OBLIQUIDADE PÉLVICA e a metade externa da epífise da tábua externa do íleo,
A obliquidade pélvica é comum em pacientes com mielomenin- tomando cuidado para não danificar os vasos e os nervos
gocele. Além de predispor o quadril à lu xação, ela interfere no glúteos superiores e inferiores. Retraia os tecidos moles para
ato de sentar, ficar de pé e andar e pode provocar ulceração sob ba ixo até a incisura isquiática e proteja-os inserindo os retra-
a tuberosidade isqui ática proeminente. A obliquidade pélvica é tores maleáveis. Em seg uida, faça osteotom ias bilaterais a
um importante determinante da marcha, perdendo apenas para cerca de 2 cm latera lmente a cada articulação sacroi líaca. O
o nível neurológico de envolvimento. A análise da marcha mostrou tamanho da cunha é determinado pela quantidade da cor-
que a obliquidade pélvica apresenta a maior correlação com o reção desejada e não pode ultrapassar um terço da crista
consumo de oxigênio em pacientes deambuladores com mielome- ilíaca; a base da cunha geralmente tem cerca de 2,5 cm de
ningocele e que os pacientes podem selecionar a velocidade da comprimento (Fig. 34-45C)
marcha para minimizar a oscilação pélvica nos planos sagital e •Após a cunha óssea ter sido removida, corrija a deformi-
coronal durante a marcha. Mayer descreveu três tipos de obliqui- dade puxando o membro no lado curto e empu rrando o
dade pélvica: (1) infrapélvica, causada pela contratura dos abd uto- membro no lado longo (Fig . 34-45C). Normalmente, isso
res e dos músculos do tensor da fáscia lata de um dos quadris e fecha a osteotomia no lado longo. Se a migração superior
pela contratura dos aduto res do quadril oposto; (2) suprapélvica, do íleo em relação ao sacro for grave, corte o excesso da
causada por escoliose não compensada resultante da deformi- crista ilíaca.
dade óssea da coluna lombossacral ou grave escoliose paralítica; •Feche a osteotomia em cunha com dois pinos roscados
e (3) pélvica, ca usada pela deformidade óssea do sacro e articu- ou suturas através dos furos.
lação sacroilíaca, como agenesia parcial do sacro, causando ass i- • Em segu ida, utilize um espéculo de modo a abrir a osteoto-
metria da pelve. A incidência de obliquidade infrapélvica pode mia no lado oposto (curto) o suficiente para receber o enxerto.
ser reduzida por ortetização, exercícios de amplitude de movi- •Utilize dois fios de Kirschner para manter o enxerto no
mento e posicionamento, mas quando as contraturas do quadril lugar (Fig . 34-450)
estão bem estabelecidas, a liberação de partes moles é necessária. • Feche a incisão sobre os drenas de sucção-irrigação e
Ocasionalmente, as deformidades mais graves exigem osteotomia aplique um gesso pélvico podá lico duplo em todo o quadril.
femoral proximal. A obliquidade seprapélvica pode ser corrig ida
pelo controle da escoliose com órtoses ou fusão espinhal. Se uma CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O gesso é utilizado
escoliose grave não puder ser completamente corrigid a, a obli- durante 2 semanas. Os fios de Kirschner são removidos
quidade pélvica óssea torna-se fixa. quando as radiografias mostram que já houve cicatriza-
Uma obl iquidade de 20 graus é suficiente para in terferir na ção suficiente da osteotom ia.
marcha e produzir úlceras isquiáticas de decúbito; Mayer reco-
mendou a osteotomia pélvica neste caso. Antes da osteotomia, as
contraturas do quadril devem ser liberadas e a escoliose deve ser COLUNA
corrigida por fusão espinhal. O grau de correção da obliquidade
pélvica é determinado no pré-operatório a partir de radiografias • ESCOLIOSE
apropriadas da pelve e da coluna (Fig. 34-45A). A correção máxima Deformidades paralíticas da coluna foram relatadas em 90% dos
obtida com osteotomias ilíacas bilaterais é de 40 graus. pacientes com mielomeningocele. A escoliose é a deformidade mais
CAPÍTULO 34 DISTÚRBIOS PARALÍTICOS Gim

~
Medida do
A desalinhamento B
da coluna vertebral

e t D

H@ii;tijmII Osteotomia pélvica para ob liquidade pélvica, conforme descrita por Lindseth. A, Planejamento pré-operatório do
tamanho da cunha ilíaca a ser removida e transfer ida . B, Exposição do íleo. C, Após osteotomias bilaterais e remo çã o da cunha do lado
bai xo, a deformidade é corrigida. D, A cunha ilíaca transferida é fi xada com dois fios de Kirschner. VEJA A TÉCNICA 34-42.

co mum e gera lmente é progress iva. A incidência de escoliose está atinj a 10 anos de idade e podem aum entar rapidamente no es tirão
relac ionada co m o nível dos defeitos ósseos e co m o nível de para- de crescimento do adolesce nte. Raycroft e C urtis estabeleceram uma
lisia: 100% co m lesões em T l 2, 80% com lesões em L2, 70% com di fe rença ent re escoliose do dese nvolvimento (sem anom ali as ve r-
lesões em L3, 60% com lesões em L4, 25% co m lesões em L5 e 5% tebrais) e escoliose congê nita (anorm alid ades estruturais dos co rpos
com lesões em Sl. Glard ampliou esse conceito, dividindo os p ac ien- vertebrais) em pacientes com mi elomeningocele. Os dois tipos
tes em qu atro grupos n eurossegmentais com base nas deformid ades foram qu ase igualmente di vididos em seus pacientes. Eles sugeri ram
da coluna qu e ocorrem dent ro de cada grup o. O grupo 1 (L5 ou o desequilíbrio muscular e a postura habitual como as causas da
abaixo) não apresentou deformid ade esp inh al, o grup o 2 (L3-L4) escoli ose do dese nvolvimento. As curvas do desenvo lvimento
apresento u defo rmidades va ri áve is, o grup o 3 (Ll-L2) foi preditivo ocorrem m ais tarde do qu e as curvas congênitas, são mais fl exíveis
de defo rmid ade espinhal e o grupo 4 (Tl 2 e acima) preditivo de e geralm ente locali zam -se na área lombar com curvas compensató-
cifose. As curvas desenvolvem -se gradualmente até que a crian ça ri as acima e abaixo. Vários autores sugeriram que a escoliose do
EE> PARTE X DOEN ÇAS DO SISTEMA NERVOSO EM CRIANÇAS

A cifose geralmente está presente ao nascimento e pode tornar o


fechamento da bolsa difícil. A curva geralm ente se estende desd e o
nível torácico inferior até o sacro, com seu ápice na região lombar
média. A deformidade na maioria das vezes é progressiva.

1 CIFOSECTOMIA
A cifose congênita é insensível à ortetização e gera lmente exige
cirurgia para correção. O obje tivo do tratamento da cifose não é
obter um a coluna normal, mas fornecer equilíbrio ao sentar sem o
uso d os braços e das m ãos para apoio. Outros objetivos são aumen-
tar a al tura lombar, para abrir espaço para os conteúdos abdominais,
e propi ciar melhor mecânica respiratória, além de prevenir úlceras
de pressão, reduzindo a proeminência cifótica.
A cifosectomia é muito eficaz para corrigir a cifose, mas a taxa
de complicação é extremamente elevad a. A ruptura da pele e a
deiscência da ferida são as complicações mais com uns que ocorrem
em até 50% dos pacientes.
As técnicas cirúrgicas de fusão espinhal para escoliose e a
correção da cifose estão descritas no Capítulo 41. As complicações
da cirurgia espinhal em pacientes com mielom eni ngocele são sig-
nificativamente maiores do q ue em pacientes com esco liose idio-
lâ!§ll;b'mr!I Correção de escoliose grave com fusão anterior pática. A com plicação mais com um é a pse udoartrose, que é
com instrumentação de Dwyer (A) seguida por fusão posterior relatada em 40% do s pacientes. Taxas de infecção d e 43% tamb ém
com hastes de Luque (B) . foram relatadas.

desenvolvimento pode ser causada, em alguns pacientes, por hidro- ARTROGRIPOSE MÚLTIPA
mielia ou sí ndrome da medula presa e que freque ntemente a esco- CONGÊNITA
li ose tem início precoce ( <6 anos) nos pacientes com essas lesões.
As radiografias espinhais devem ser obtidas pelo menos uma A ar trogripose múltipla congênita (contraturas congên itas múlti-
vez por ano, co meçando quando a criança tem 5 anos de idade. Se plas) constitui um grup o de doenças não re lac io nadas, com a
qualquer escoliose for detectada, uma avali ação é indicada. A RM característica fenotípica comum de múltiplas contraturas articulares.
deve ser realizada para determinar se há hidromielia ou medula A artrogripose múltipla congênita deve ser considerada um com-
espinhal presa. O uso de uma órtese toracolombossacral para uso plexo de sintomas que resulta neste fen ótipo característico que pode
diurno, quando a curva é superior a 30 graus, pode ajudar no equ i- ocorrer em 300 diferentes distúrbios. A artrogripose geralmente é
líbrio ao sentar e reduzir a progressão da curva. A imob ilização uma sínd rome n ão progressiva caracterizad a por articulações d efor-
retarda a progressão da curva e ad ia a intervenção cirúrgica, mas madas e rígidas que afetam duas ou mais áreas do corpo. Os mús-
não evita o progresso da maioria das c urvas. culos o u grupos musculares envolv idos são atrofiados ou ausentes.
As indicações para fusão espinhal incluem um aumento pro- As extrem idades envolvidas parecem cilíndricas, fusiformes ou em
gressivo da deformidade angular, que não pode ser controlado por fo rm ato d e cone e apresentam diminuição das dobras da pele e do
im obilização, d eformidades in aceitáve is e lo rdose torácica progres- tecido subcutâneo. Contraturas da cápsul a articular e dos tecidos
siva. Os objetivos da cirurgia são alcança r uma fusão sólida com periarticulares estão presentes. É com um haver luxação das articu-
m áxima correção segura, minimizar a obliquidade pélvica e aumen- lações, espec ialmente do quadril e do joelho (F ig. 34-47) . A sensi-
tar a tolerância ao sentar e a independência. Esses objetivos devem bilidade e o intelecto permanecem normais. A in cidência de
ser ponderados em relação à taxa de complicação extremamen te artrogr ipose é de 1 em 3.000 nascidos v ivos.
elevada d e cirurgia espinhal nessa popu lação de pacientes; as com- Mais de 300 entidad es específicas podem estar associad as ao
plicações incluem pseudoartrose em até 40% dos casos, infecção que ficou conhecido co m o artrogrip ose múltipla congênita; como
profunda, irritação do material de implante e resultante ruptura da não é mais considerada um a entidade clínica específica, o termo
pele, além d e perda da função d eambul atória. Em 49 pacientes sub- contraturas congênitas múltiplas é preferido. As deformidades podem
metidos à cirurgia espinhal, o equilíbri o ao sentar melhorou em resultar d e fato res neurogênicos, miogênicos, esqueléticos ou
70%, mas a capacid ade de andar fo i afetada de forma negativa em ambi enta is. A avaliação ge nética é recomendada para os pacientes
67% dos pacientes submetidos à abordagem anterior e posterior. com artrogripose. O movimento intrauterino limitado é comum a
O utro estudo constatou que sentar era o único resultado a ser todos os tipos de artrogripose. A an álise histológ ica mostra um a
melhorado por meio da cirurgia espinhal e uma revisão baseada em pequena massa muscular com fibrose e gord ura entre as fibras mus-
evidências concluiu que os benefícios da cirurgia espinh al nesta culares. As características miopáticas e neuropáticas muitas vezes
população de paciente eram incertos. Ver ifi cou-se que a abordagem são encon tradas no músculo. As es truturas de partes moles periar-
anterior e posterior proporciona maior correção com taxas inferio- ticulares são fibróticas e cri am um a anquilose fibrosa.
res de pseudoartrose (Fig. 34-46). O exame clínico é a melhor modalidade para es tabelecer o
diagnóstico da artrogripose múltipla congêni ta. Os estudos de ava-
• CIFOSE liação neu ro lógica, a eletrom iografia, os es tud os da cond ução
A deformid ade espinhal mais grave em pacientes com mielomenin- nervosa, os testes de enzimas séricas e a biopsia d o músculo podem
gocele é a cifose congênita; ela ocorre em cerca de 10% dos pacientes. ajudar a determinar o di agnóstico subj acente. O exame radiográfico
CAPÍTULO 34 DISTÚRBIOS PARALITICOS

Ol§il;f4Bli,I Recé m-nascido com artrogrip ose múltip la congênita. Observe as condições ortopédicas: lu xação cong ê nita dos joe lhos,
pés tortos teratológicos, contraturas em rotaçã o inte rn a dos ombros, contraturas em extensão dos cotovelos e contraturas em fle xão
dos punhos.

avalia a integridade do sistema esqueléti co, especialmente a presença O tratam ento ortopédi co de artro gripose tem co m o foco
ou ausência de quadris ou joelhos luxados, escoliose e outras ano - alcançar dois objeti vos m aiores : (1 ) marcha independ ente e (2)
malias do esqu eleto. As deformid ades mais comuns da extremidade fun ção independente d as extremidades supe ri ores para atividades
inferior são o pé torto rígido e as contraturas fixas em extensão ou da vida di ária. Para alcan ça r esses obj etivos, é necessári o co rrigir
em fl exão do joelho. Os problemas principais da extremidade sup e- o alinhamento das extremid ades inferi ores a fim de torn ar possí-
rio r em geral são os ombros imóveis, aduzidos e internamente rota - vel o apoio pl antígrado e a marcha. O movimento arti cul ar exis-
cionad os; as contraturas do cotovelo; as deformidades fixas e graves tente deve ser preservado e posicionado na localização m ais
em flexão palmar e desvio uln ar do punh o; e as co ntraturas das funci onal. O tratamento tamb ém deve se co ncent rar no m ovi-
articulações metaca rp ofalangea na e interfa langeana. O comp ro me- m ento ativo, e as tran sferên cias miotend íneas devem ser feltas
timento mui tas vezes é bilateral, mas nem sempre simétrico. Rela- qu and o necessário. Além disso, as articul ações rígidas deve m ser
tou -se qu e a escoliose oco rre em 10% a 30% dos pac ientes. posicionadas pa ra prove ito fun cional. A interve nção cirúrgica
A artrogripose clássica, ou amioplasia, geralmente envolve todas pode se r dividid a em tratamento p recoce e tardi o. O tratam ento
as quatro extremidades. Os ombros encontram-se intern amente precoce deve co nsegui r ta ntas melh oras fun cionais nas ex tremi-
girados e aduzidos. Em geral, o cotovelo apresenta uma contratura em dades envolvidas quanto possíveis por vo lta de 6 a 7 anos de idade.
extensão e os punhos são flexionados palmarmente e com desvio A cirurgia do qu ad ril e do joelho deve ser fe ita por volta de 6 a 9
ulnar. Os dedos muitas vezes são flexionados ri gidamen te co m os m eses de idade. A cirurgia do pé deve se r feita perto do m omento
polegares aduzidos. É co mum haver um hemangioma cutâneo na em que o paciente normalm ente começa a fica r de pé, para dimi-
linha médi a da testa. Os pacientes com artrogripose distal apresentam nu ir a incidê ncia de reco rrência.
contraturas fixa nos pés e nas mãos, mas as principais grandes articu-
lações dos mem bros superiores e infe ri ores são poupadas. A artrogri- • EXTREM IDADE INFERIOR
pose distal é dividida em tipo I e tipo II com base na ausência ou A deformidade rígida do pé nos pacientes com contraturas congê-
presença de anormalidades faciais. Em contraste co m a amioplasia, nitas múltiplas geralmente são pé tor to ou tálus ve rti cal congênito.
que oco rre esporadicamente, a artrogripose distal é herd ada de fo rma O obj etivo do tratamento é a co nversão da defo rm idade rígida do
autossômica dominante. A análise genética identificou 10 tipos dis- pé em um pé plantígrado rígido; um pé norm al não é um objetivo
tintos de artrogripose distal até o momento. Outras causas comuns da realista do tratamento. Se o pé valgo fo r plantígrado, o trata mento
artrogripose estão listadas na Tabela 34-3. geralmente não é necessári o. A deformidade do pé m ais comum é
o pé torto. O método de Po nseti de imobilização gessada do pé torto
tem sido utilizado com sucesso em pacientes com artrogripose e pés
TRATAMENTO tortos, m as fo i necessári o um núm ero maior de gessos do que para
os pés tortos idiopáticos, e a taxa de recidiva fo i de 27% no acom-
A maiori a das cri anças co m artrogrip ose tem um prognóstico rela- panhamento de 2 anos. Um temp o m aior de acompanh amento é
tivamente bom; o trata mento deve fo caliza r a obtenção da fun ção necessário para determin ar a eficácia do método de Ponseti nesta
m áxima. Parece qu e algumas contraturas podem piorar com a idade, população de pacientes, em virtude da aita taxa de recorrência da
mas nenhum a articulação nova fica comprometida. Pelo menos 25% deformidade. Se a imobilização po r gesso fa lhar, uma extensa libe-
dos pacientes afetados são não deambuladores. Recomenda-se um ração posteromedi al e posterolateral (Capítul o 29) é recomendada.
programa precoce de exe rcícios de alo nga mento passivo para cada Se a deformidade reincide em um a cri ança mais nova ou é tão grave
articulação contratu rada, a ser seguido por imobili zação com órteses que ela não pode ser corrigida por liberação pos teromedial das
termoplás ti cas personali zadas. Emb ora sejam alcançados ganhos na partes moles, a talectomia é indicada. A fu são da articul ação calca-
fun ção das extremid ades e a necessidade de cirurgia corretiva seja neocubóidea no momento da talectomi a pode diminuir o risco de
reduzida, a maioria dos autores relata qu e qualquer melhora depois adução progressiva do mediopé. Gross descreveu um a técnica seme-
da fisioterapi a é no máxim o transitóri a, e que a recorrência da defo r- lhante à descrita por Ogs ton e Kopits para tratar a mi elomeningo-
mid ade é provável. cele. Trata-se da técnica de enucleação do tá lus e do cuboide em qu e
PARTE X DOENÇAS DO SISTEMA NERVOSO EM CRIAN ÇAS

DOENÇA INFLUÊNCIA GENÉTICA ACHADOS/FATORES ADICIONAIS


Amioplasia Esporádica Envolvimento geralment e quadrimélico
Mielomeningocele Multifatorial Deficiência de ácido fálico
Síndrome de Larsen AD Luxações articulares, polegares espatulados, ponte nasal achatada
Artrogripose distal tipo 1 AD Envolvimento da mão e do pé
Síndrome de pterígio múltiplo AR Pterígio das extremidades inferiores e superiores e do pesco ço
(Síndrome de Escobar)
Síndrome de Freeman-Sheldon AD Aparência de assobio da face, desvio ulnar das mãos, pé
(S índrome da face de assobiador) t orto, tálus vertical congênito
Aracnodactilia contratura! de Beal AD Membros delgados com contraturas dos joelhos, cotovelos e mãos
Agenesia do sacro Esporád ica Diabetes materno, exposição a solventes orgânicos, ácido retinoico
Displasia diastrófica AR Pé torto, polegar de mochileiro, bai xa estatura, escoliose,
pavilhão auricular hipertrófico
Displasia metatrópica AD.AR Platispondilia, cifose, escoliose
Síndrome de trombocitopenia e AR Agene sia dos rádios com polegares presentes, envolvimento
ausência do rádio (TAR) dos joelhos, trombocitopenia
Distrofia miotônica de Steinert AD Miotonia, fácies típica
Atrofia muscular espinhal AR Degeneração das células do corno anteri or
Distrofia muscular congênita AR Grupo heterogêneo de doenças, algumas com envolvimento
do sist ema nervoso central
Síndrome de Mõb ius Esporádica, AD Parali sia dos nervos cranianos VI e VII; micrognatia, pé torto
AD, autossômica dominante; AR, autossômica recessiva.
Bernstein RM : Arthrogryposis and amyoplasia, J Am Acad Orthop Surg 10:417, 2002.

A
/ e
O[dil;f;'jmg Enucleação do t álus e do cubo id e. A, Inci são . B, Janela no tálus e no cuboide para expor o osso esponjoso. C, Osteo-
t o mi a em cunha de fecham ento no cubo id e.

u m a janela é criada no córtex dorsal do cubo ide e no có rtex lateral As d uas d eformid ades mais com uns no joelh o são a contratura
d o colo e do co rpo do tálus (F ig. 34-48) . To do osso esponjoso é em fl exão e a contratura em extensão. O tratamen to inicial das con-
cuidad osam ente curetado, e a d eformid ade é corrigid a p or m an ipu- tratu ras em fl exão é feito com ortetização o u gessos seriados em graus
lação m anu al (Técn ica 34-3 1). A artro d ese trí pli ce po de ser realizad a progressivos d e ext ensão. A m archa é poss ível com uma contratura
para tratar d efo rmidad e rígida em adolescentes. A co rreção grad ual residual em fl exão do joelh o de 15 a 20 graus. Se não for obtida cor-
da defo rm id ade com fixado res externos circu lares fo i relatad a, m as reção com pleta por volta dos 6 a 12 meses d e idade, o alongamento
é tecn icam ente exigen te. isqui otibial m edial e lateral e a capsulo tom ia posterior d o joelho são
CAPÍTULO 34 DISTÚRBIOS PARALÍTICOS

indicados. Isso deve ser abordado através de incisões posterolaterais das extremidades superiores consiste em fornecer a melhor função
e medioverticais ou uma incisão extensa posterolateral de Henry. As possível da mão em atividades da vida diária. A função pode ser
incisões em formato de S devem ser evitadas porque colocam exces- adequada, apesar da grave deformidade das crianças com artrogri-
siva tensão na pele depois da correção, causando subsequente aber- pose; os benefícios da intervenção cirúrgica devem ser cuidadosa-
tura da incisão. Após a liberação posterior ter sido realizada, a mente ponderados em relação aos riscos da cirurgia.
liberação anterior do tecido cicatricial pode precisar ser feita para O ombro geralmente é aduzido e rodado internamente. A fra-
obter a correção. A osteotomia de extensão supracondilar do fêmur queza e a rigidez no ombro não prejudicam de forma significativa a
distal pode ser necessária para corrigir uma contratura e possibilitar função e geralmente não necessitam de tratamento, mas a rotação
o uso de órtoses. As osteotomias de extensão devem ser feitas quando interna fixa do ombro torna-se um grande obstáculo para a função
o paciente está perto da maturidade esquelética, se possível, para normal do cotovelo e da mão. A osteotomia proximal de rotação do
diminuir o risco de recorrência da deformidade pela remodelação. Se úmero (Técnica 34-45) pode ser indicada para corrigir essa defor-
as osteotomias forem feitas antes da maturidade esquelética, cerca de midade em rotação interna.
50% de correção será mantida mesmo que haja reincidência da defor- A deformidade do cotovelo geralmente significa grave limita-
midade. Muitas vezes, um encurtamento femoral precisa ser combi- ção tanto da flexão como da extensão. O cotovelo rígido em flexão
nado com uma osteotomia de extensão para proteger as estruturas não é uma deficiência grave, e a cirurgia não é indicada. A deformi-
neurovasculares. Quando o pterígio de partes moles está associado à dade fixa em extensão do cotovelo, especialmente se bilateral, é uma
contratura em flexão do joelho, um fixador externo circular pode ser grave deficiência funcional. Os objetivos da cirurgia para um a defor-
utilizado para alcançar a correção gradual. A contratura do meca- midade fixa em extensão do cotovelo são atingir a amplitude fun-
nismo do quadríceps pode causar hiperextensão do joelho, que é cional de movimento e alcançar a flexão ativa do cotovelo. As opções
tratada inicialmente com gessos seriados. Se a deformidade não res- cirúrgicas disponíveis para o cotovelo fi..'Co em extensão são a libe-
ponder ao tratamento não cirúrgico por volta dos 6 a 12 meses de ração das contraturas em extensão (Fig. 34-49) , a tricepsplastia,
idade, a correção cirúrgica por quadricepsplastia (Capítulo 45) é reco- transferência do tríceps, flexorplastia e transferência do peitoral
mendada. É importante aconselhar as famílias que, embora a ampli- maior. O alongamento do mecanismo do tríceps e a capsulotomia
tude de movimento e a função do joelho melhorem a curto prazo, posterior são os procedimentos cirúrgicos mais confiáveis e duráveis
tanto a função como os resultados pioram conforme as deformidades disponíveis. Esse procedimento é indicado quando a flexão do coto-
recorrem com o tempo. velo é limitada a 45 graus ou menos, tendo como objetivo ganhar
O quadril está comprometido em aproximadamente 80% dos amplitude funcional de movimento no cotovelo. A transferência do
pacientes com contraturas congênitas múltiplas. Em geral, as defor- tríceps pode ser feita para ganhar flexão do cotovelo, mas ao longo
midades do quadril devem ser tratadas com exercícios de alonga- do tempo, um a contratura em flexão muitas vezes ocorre. A estabi-
mento passivo, começando na infância. Se as medidas conservadoras lidade do cotovelo em extensão não deve ser sacrificada com esse
falharem, a correção cirúrgica da deformidade do quadril deve ser procedimento, o que pode tornar o uso de muletas difícil. Os pro-
adiada até que as deformidades do joelho sejam corrigidas. As con- cedimentos para alcançar a flexão ativa do cotovelo no paciente
traturas leves em flexão do quadril podem ser acomodadas pelo artrogripótico são a transferência do tríceps, a flexorplastia, a trans-
aumento na lordose lombar. As contraturas em flexão de mais de 45 ferência do peitoral maior, a transferência do Jatíssimo e a transfe-
graus devem ter liberação cirúrgica. A luxação do quadril ocorre em rência livre do grácil. Todos esses procedimentos foram relativamente
15% a 30% dos pacientes com artrogripose. As recomendações tradi- ineficazes para manter a flexão do cotovelo a longo prazo e apresen-
cionais são que as luxações teratológicas bilaterais do quadril não tam morbidade significativa do local doador.
devem ser reduzidas porque a redução tende a não melhorar a função. A flexorplastia de Steindler produz a flexão do cotovelo, transfe-
Bons resultados foram relatados, no entanto, com redução precoce rindo a origem flexorpronador do epicôndilo medial para o úmero
(3 a 6 meses de idade) por meio de uma abordagem medial. Se a anterior (Fig. 34-24). Para esse procedimento se tornar benéfico, os
intervenção cirúrgica for feita entre 12 e 36 meses de idade, a redução flexores e extensores do punho precisam estar ativos. Esse procedi-
aberta em tempo único, o encurtamento femoral primário e uma mento raramente é indicado em crianças com contraturas congênitas
possível osteotomia pélvica são recomendados. A luxação unilateral múltiplas, porque os flexores do punho geralmente estão inativos e
do quadril, seja flexível ou rígida, deve ser reduzida cirurgicamente e contraturados. Um extensor radial do punho ativo também precisa
colocada em uma posição funcional para evitar uma possível obliqui- estar presente para evitar a flexão inaceitável do punho após uma fle-
dade pélvica e escoliose. O tratamento de luxações bilaterais deve ser xorplastia. A transferência do tríceps possibilitaria a melhora precoce
individualizado. Os relatos têm mostrado que as luxações bilaterais da flexão do cotovelo, mas, ao longo do tempo, as contraturas em flexão
do quadril tratadas com abordagem medial apresentam bons resulta- ocorrem e a função deteriora, por isso é preciso ser cauteloso no uso
dos. Se os quadris luxados forem tratados cirurgicamente, a imobili- desta transferência. A transferência da cabeça longa do tríceps pode ser
zação pós-operatória deve ser limitada a 6 a 8 semanas. utilizada como alternativa (Fig. 34-25). A cabeça longa do tríceps tem
um pedículo neurovascular separado que pode ser individualizado do
• EXTREMIDADE SUPERIOR resto do tríceps. Um enxerto de fáscia lata muitas vezes é necessário
As recomendações tradicionais referentes ao tratamento das extremi- para possibilitar a transferência para a ulna proximal. Essa transferência
dades superiores em crianças com artrogripose consistiam em deixar frequentemente possibilita a flexão adequada do cotovelo sem a perda
os ombros aduzidos e rodados internamente, os cotovelos estendidos da extensão ativa. A transferência microcirúrgica do músculo grácil
e os punhos fletidos. A maioria dessas crianças se adapta às suas · para o braço foi relatada. Estudos adicionais precisam ser feitos para
deficiências e desenvolvem alguma forma de função bimanual. A cor- determinar os seus benefícios a longo prazo.
reção das deformidades das extremidades superiores deve ser adiada O punho usualmente é fletido e com desvio ulnar. A estabiliza-
até a marcha ser alcançada, geralmente por volta de 3 a 4 anos de ção do punho na posição funcional ideal provavelmente é o procedi-
idade. Se a cirurgia for adiada até 8 anos de idade, os padrões funcio- mento mais benéfico em pacientes com contraturas congênitas
nais já estarão tão bem estabelecidos que a criança não se adaptará múltiplas, mas a determinação da melhor posição para a função deve
bem à correção cirúrgica. O objetivo do tratamento das deformidades ser feita com cuidado. Desvio ulnar neutro ou leve e dorsiflexão
lllE!D PARTE X DOENÇAS DO SISTEMA NERVOSO EM CRIANÇAS

Nervo ulnar
transferido

A Posterior B e
Intervalo
desenvolvido

~
~~~.-Músculo
curvilínea pronador
na fossa redondo
antecubital P'"''°' de teodão
de Ober usado para
D Anterior E F passar o tendão do
tríceps à incisão anterior
por via subcutânea,
superficialmente ao
Tendão do tríceps "tubolizado" nervo radial
puxado po r fenda do tendão
do bíceps braquia l e suturado
~ • no periósteo da tuberosidade radia l

'-

h!§ii;HmD Liberação posterior da contratura em extensão do cotovelo . (Redesenhada de Herring JA, ed itor: Tachdjian's pediatric
orthopaedics, ed 3. Philadelphia, 2002, Saunders)

entre 5 e 20 graus parece ser a posição m ais satisfatória. Os proce-


dimentos descritos para o punho artrogripótico são carpectomia da LIBERAÇÃO POSTERIOR D~
fil eira proximal, osteotornia em cunha de fechamento dorsorradial CONTRATURA EM EXTENSAO DO
do carpo e artro dese do punho. Muitas vezes, a ca rpectomia da COTOVELO (TACHDJIAN}
fileira proximal não é recomendada por causa da perda de correção
~
e da ri gidez obse rvada com esse procedim ento. Em pacientes mais TÉCNICA ;....-~~~~~~---'~
jovens, uma osteotomia em cunha de fechamento no ca rpo pode
corrigir a deformid ade do punho. Quando o paciente está perto da •C oloque o paciente lateralmente.
m aturidade esquelética, uma artrodese do punho pode ser realizada •Faça uma incisão na linha média do aspecto posterior do
pelos métodos tradi cionais. braço, começando em seu terço méd io e estendendo-se
As contraturas em fl exão do s dedos são mais bem tratadas com dista lmente a um ponto lateral ao olécrano; continue a
imobilização e alongamento passivo. Os procedimentos cir úrgicos incisão sobre a superfíci e subcutãnea da diáfise ulnar por
não tiveram qualquer benefício funcion al em relação ao tratamento uma distância de 5 cm.
conservador. A deformidad e do polegar na palma pode responder •Abra o tecido subcutâneo e mobi lize os reta lhos cutâneos
às liberações apropriadas. Isso ge ralmente é alcançado com urna (Fig. 34-49A)
liberação tenar abra ngente.
CAPÍTULO 34 DISTÚRB IOS PARALÍTICOS

•Identifique o nervo ulnar e mobilize-o mediaimente para


protegê-lo de lesão.
•Expo nha o septo intermuscula r late ra lmente.
•M obi li ze o nervo ulnar e transfira-o anter iorm ent e.
• Alongue o múscu lo do tríceps em W, dei xa ndo uma longa
língua proximal (Fig. 34-49B).
•Li bere o músculo tríceps e mobilize-o proximamente

TIPO

li
~ Classificação e Prognóstico da
iitiill
Quadro clínico
CS-6

CS-6
Paralisia Obstétrica

Recuperação
Completa ou quase em
1-8 semanas
Flexão do cotovelo: 1-4 semanas
tanto quanto a sua in e rvação permitir. Os ramos motores C7 Extensão do cotovelo: 1-8 semanas
do nervo radial para o tríceps entram no músculo no Limitada do ombro: 6-30 semanas
interva lo é ntre as cabeças latera l e med ia l conforme o Ili CS-6 In suficiente do ombro :
nervo radial entra no sulco um era l. 10-40 semanas
• Sutu re em si mesma a parte distal do tríceps solta para C7 Flexão do cotovelo:
forma r um tubo (Fig. 34-49C). C8-T1 (sem 16-40 semanas
•Faça uma incisão curvil ínea na foss a an tecubital e desen- sinal de Extensão do cotovelo :
vo lva o intervalo entre o braquiorradial e o pronador Horner) 16-20 semanas
redondo (Fig . 34-490 e E) Punho : 40-60 semanas
• Com um passador de tendão, passe o tendão do t ríceps Completa da mão: 1-3 semanas
para a incisão anterior de modo subcutâneo, superficia l- IV CS-7 Insuficiente do ombro:
ment e ao nervo radial (Fig. 34-49F). 10-40 semanas
•Com o cotovelo em 90 graus de fl exão e o antebraço em C8 Flexão do cotovelo :
supinaçâo total, suture o t endão do tríceps no tendão do T1 (sinal de 16-40 semanas
bíceps o u fixe-o à tuberosidade radial com uma sutura Horner Extensão do cotovelo
passada através de uma perfuração (Fig. 34-49G ). temporário) incompleta, insuficiente :
•Feche a incisão de forma rotineira. 20-60 semanas ou nada
• Ap lique um gesso ax ilopa lmar com o cotove lo em 90 Punho : 40-60 semanas
graus de flexão e supinação total. Mão completa : 20-60 semanas
V CS-7 Ombro e cotove lo
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Quatro semanas depois C7 Punho insuficiente ou somente
da ciru rgia, o gesso é removido, e exe rcícios ativos são C8 e xtensão; flexão insuficiente
iniciados para desenvolver a fl exão do cotovelo. A g ravi- ou nenhuma
dade promove a ext ensão pa ra o cotove lo. T1 Muito insuficiente para mão
C8-T1 (sinal com flexores e extensores
de Horner fracos ou ausentes; nenhum
normal- intrínseco como acima
ESCOLIOSE mente
presente)
A escoliose tem sido relatada em 10% a 30% dos pacientes com Modificado de Narakas AO: Injuries to the brachial plexus. ln Bora FW
contraturas congênitas múltiplas, geralmente associada à fraqueza Jr, editor: The pediatric upper extremity: diagnosis and management,
neuromuscular ou obliquidade pélvica. Se a deformidade fo r grave Philadelphia, 1986, Saunders.
e progressiva, recomenda-se a intervenção cirúrgica precoce. As
indicações e as técn icas para o tratam ento de escoliose em pacientes da paralisia depende de quais raízes do plexo braqui al foram lesio-
com contraturas congênitas múltiplas são as mesmas indicadas para nadas e da extensão da lesão.
pacientes com outros distúrbios neuromusculares (Capítulo 41) . A paralisia do plexo braquial é classificada de acordo com a
localização da lesão do plexo braquial. O grupo 1 inclui lesões do plexo
superior envolvendo CS e C6. O grupo II inclui lesões de CS, C6, e C7.
PARALISIA DO PLEXO BRAQUIAL O grupo III inclui lesões de todo o plexo. O grupo VI é caracterizado
apenas pelo envolvimento das raízes inferiores do plexo. Bora modifi-
A paralisia do plexo braquial (tradicionalmente conhecida como cou essa classificação com base no prognóstico de recuperação (Tabela
paralisia braquial obstétrica) pode ser observada depois de uma 34-4). Os tipos mais comuns são a paralisia do plexo superior (Erb-
lesão no plexo braquial durante o nascimento. As incidências rela- Duchenne), na qual os músculos supraespinhal e infraespinhal são os
tadas variam de 0,1% a 0,4% de nascidos vivos. Apesar dos avanços mais frequentemente paralisados; paralisia de todo o plexo ("mista"),
no cuidado obstétri co, acredita-se que a incidência de paralisia do na qual há paralisia completa sensitiva e motora de toda a extremidade
plexo esteja aum en tando por causa do aumento do número de crian- por causa de grave lesão em todas as raízes do plexo braquial; e para-
ças com peso elevado ao nascimento. Inúmeros fatores de riscos lisia do plexo inferior (Klumpke), na qual os músculos do antebraço e
foram identificados, incluindo grande peso ao nascimento, parto da mão, juntamente com as partes atendidas pela cadeia simpática
prolongado, parto difícil, parto com fórceps e nascimentos an terio - cervical, ficam paralisados depois da lesão da oitava cervical e primeira
res com plexopatia braquial. A distócia do ombro é o fator mecânico raiz nervosa torácica. As lesões no nível das raízes superiores (CS-6)
que resulta em uma lesão do tronco superior. Uma apresentação ocorrem com mais frequência (aproximadamente 90% dos pacientes)
pélvica muitas vezes resulta em um estiramento do plexo inferior e têm prognóstico melhor; as lesões do plexo inferior e de todo o plexo
pela tração aplicada no tronco com o braço abduzido. Além disso, têm prognóstico pior, mas são muito menos comw1s.
uma extração difícil do braço em uma apresentação pélvica pode A lesão do plexo braquial pode var iar de neu raprax ia ou
resu ltar em uma lesão de avulsão do tronco sup erior. A gravidade axoniotmese até ruptura de raízes e avulsão da medula espinhal.
mi) PARTE X DOENÇAS DO SISTE MA NERVOSO EM CRIANÇAS

A neurapraxia é uma paralisia que ocorre na ausência de degenera-


ção periférica. A recuperação geralmente é completa neste tipo. A
axon iotmese é um dano da fibra nervosa com completa degeneração
periférica, mas com tecidos externos intactos para fornecer suporte
à regeneração. Uma boa recuperação pode ser esperad a. A neurot-
mese é a ruptura dos tecidos neurais e de suporte, que acarreta um
prognóstico ruim. Isso inclui neuroma em continuidade, divisão do
nervo e interrupção anatômica.
Sunderland classificou as lesões nervosas em cinco graus. Uma
lesão de primeiro grau preserva toda a estrutura, mas a condução fica
temporariamente bloqueada. Nas lesões de segundo grau, ocorre
degeneração walleriana, mas a integridade endoneural é mantida e a
recuperação é completa. Uma lesão de terceiro grau apresenta destrui-
ção endoneural e desorganização fasc icular interna. Em uma lesão de
quarto grau, há completa desorganização interna, mas alguma conti-
nuidade da estrutura externa. Uma lesão de quinto grau significa que
houve ruptura completa de todas as estruturas nervosas.
iâ[riii;MDE!) A imagem de RM gradient-echo tridimensional
ponderada em T2 mostra uma pseudoglenoide. O contorno da
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS glenoide e a linha do centro escapular estão destacados pela
linha . (De Pearl M L, Edgerton BW, Kazimiroff PA, et ai: Arthroscopic
Geralmente, o diagnóstico é evidente ao nascimento. O recém-nas-
release and latissimus dorsi transfer for shoulder internai rotation con-
cido apresenta diminuição do movimento espontâneo e assimetria
tractures and glenohumeral deformity secondary to brachial plexus birth
dos reflexos infantis, como o reflexo de Moro ou o reflexo tônico
palsy, J Bane Joint Surg 88A:564, 2006.)
cervical assimétrico. Quando há comprometimento das raízes supe-
riores, o braço é mantido em rotação interna, e a abdução at iva é
limitada. O cotovelo pode ser ligeiramente flexionado ou ficar em meningoceles indicam avulsão da raiz. A radiografia simples, a artro-
completa extensão. O polegar pode ser flexionado e às vezes os dedos grafia, a TC e a RM, assim como a artroscopia diagnóstica, foram uti-
não se estendem. Na paralisia completa, o membro fica flácido. Belis- lizadas para determinar a natureza e a gravidade da deformidade
car não produz nenhuma reação. O descontrole vasomotor pode ser glenoumeral. Muitas vezes, as radiografias sin1ples mostram ossificação
indicado pela palidez relativa da extremidade envolvida. Uma sín- atrasada do úmero proximal. A RM vem sendo mais utili zada do que
drome de Horner ipsilateral, que consiste em ptose e uma pupila a TC para avaliação da articulação glenourneral, por causa de sua capa-
pequena, indica lesão dos nervos simpáticos ce rvicais de Tl, o que cidade de mostrar a anatomia cartilaginosa, assim corno a anatomia
significa um resultado ruim. As radiografias do ombro podem revelar óssea, e pela não exposição do paciente à radiação ionizante. A artro-
fratura da epífise proximal do úmero ou fratura da clavícula. Uma grafia diagnóstica, embora invasiva, é a única modalidade em que a
fratura clavicular ocorre em associação com paralisia do plexo em avaliação dinâmica da articulação pode ser obtida. Muitas vezes, ela é
10% a 15% de pacientes. A pseudoparalisia de uma fratura clavicular realizada como parte da reconstrução cirúrgica.
ou do úmero proximal deve se recuperar dentro de 10 a 21 dias. Se o
movimento continua limitado depois de 1 mês de idade, provavel-
mente uma paralisia concomitante do plexo braquial está presente. TRATAMENTO
Um ombro séptico em uma criança também pode causar uma pseu-
doparalisia, a qual pode ser diferenciada de w11a paralisia do plexo As lesões mínimas respondem bem ao tratamento conservador e,
braquial pela evidência de doença sistêmica e pela resolução da pseu- embora a recuperação possa levar 18 meses, geralmente, a incapaci-
doparalisia depois que a infecção é tratada. dade ou a deformidade residual são discretas. A maioria dos autores
As deformidades características em geral se desenvolvem rapida- relata recuperação significativa nos primeiros 3 meses, ocorrendo
mente. O ombro torna-se fletido, rodado internamente e um pouco menor recuperação nos 6 a 12 meses seguintes. Se nenhuma evidência
abduzido; a abdução ativa da articulação diminui; e a rotação externa da recuperação do deltoide ou do bíceps for observada por volta dos
desaparece. As forças musculares anormais no ombro provocam altera- 3 meses de idade, a exploração cirúrgica deve ser considerada.
ções precoces na glenoide. Essas alterações incluem achatamento da O objetivo do tratamento nos estágios iniciais é a prevenção
glenoide posterior, criando uma pseudoglenoide (Fig. 34-50). Con- das contraturas dos músculos e articulações. Exercícios passivos são
forme a deformidade progride, o centro articular glenow11eral torna-se iniciados para manter a amplitude completa de movimento passivo
mais posterior, e a glenoide torna-se mais retrovertida e achatada ou de todas as articulações da extremidade superior, especialmente a
mesmo convexa. Isso provoca uma subluxação glenoumeral posterior extensão total dos dedos, da mão e do punho; pronação e supinação
progressiva e eventual luxação com a cabeça do úmero se tornando completas do antebraço; extensão total do cotovelo; e total abd ução,
achatada contra a glenoide. Essas alterações glenoumerais avançadas extensão e rotação externa do ombro. Constatou-se que o uso de
podem ocorrer precocemente e já foram descritas aos 2 anos de idade. fisioterapia com imobilização por gesso, assim corno de inj eções de
A avaliação da lesão neurológica do plexo braquial pode incluir avalia- toxina botulínica, é eficaz no tratamento das contraturas em flexão
ção clínica, estudos de diagnóstico elétrico, mielografia e RM. O uso do cotovelo; no entanto, a recorrência é comum e pode ser resultado
combinado de RM e eletromiografia é útil, porque a RM pode se de não adesão ao tratamento. A imobilização funcional pode ajudar
correlacionar melhor do que a eletromiografia com os achados do a incentivar o uso precoce da mão.
exame físico. Além disso, a RM pode ajudar na localização anatômica O papel do reparo microcirúrgico do nervo e dos enxertos
da lesão nervosa e no planejamento cirúrgico. Um grande divertículo e continua a evoluir. As indicações atuais para reparo da lesão do
CAPÍTULO 34 DI STÚRBIOS PARALfTICOS GBll
n ervo incluem pacientes co m nenhum a fun ção ativa d o bíceps aos
3 m eses de idad e, idade infe ri o r a 1 ano e aqueles co m lesão no nível
do nervo. Os pacientes com avu lsões d as raízes nervosas resp ondem
mal ao reparo d o nervo d ev ido à ausê ncia de um a raiz nervosa
proximal saud ável a ser reinserid a e são candidatos para enxertos d e
A
nervo e p rocedimentos d e transferência. Smith et ai, em sua série d e
107 repa ros d o plexo braqui al, constataram que o reparo do nervo
CS foi con fiáve l, que o reparo dos nervos C6 e C7 fo i ruim e qu e a
transferência d e nervo fo i a única opção para os pacientes com
lesões em CS e T l. Além disso, eles n ão relataram qu alqu er diferen ça
fun cion al a lo ngo prazo em crianças tratadas co m e sem repa ro
precoce d o pl exo braquial.
\
A cirurgia para parali sia d o pl exo braqui al não resolvida ge ral- \
\
m ente é direc ionad a para m elhorar a fun ção do o mbro e as contra-
turas ar ticulares. Um a ampla vari ed ade de p rocedimentos fo i
descrita para a para lisia d o pl exo braqu ia l; eles po d em se r dividid os B
em três grupos: (1 ) tran sferências d e tend ão se m redu ção aberta, (2)
redução aberta, geralmente co m tran sferência de tend ão concomi -
tante e (3) p roced im entos d e sa lvam ento, tipicamente para pacientes
m ais velh os com grave deformidade gleno umeral.
A liberação anterior fo i descrita primeiro por Fairbanks e
m odi ficad a por Sever. Por causa d e urna alta taxa d e co ntratura em
rotação inte rn a iatrogênica e d o desequilíbrio entre a rotação extern a
e intern a d o o mbro, Hoffer recomendou a transferênci a do grande
dorsal e d o red ond o m aio r, além d a liberação anteri o r. A liberação
d a origem subescap ular tam bém ajuda no equilíb rio das fo rças d e
rotação in te rna e externa em todo o ombro, mas deve se r utilizad a
ap enas em cri anças mai s novas com leves deform id ades, porque a
redução in co mpleta da arti cul ação gl enourn eral e a pe rda de ganh os
e
foram relatad as em estudos d e longo prazo. Verificou -se que a lib e-
ração artroscópi ca, co mbinad a co m um a transferência d o grande
d orsal em cri anças com m ais de 3 anos, m elhora radicalmente o lâ[rill;frlEmJ Fisiopatologia da deformidade em sup inação e
m ovim ento e a fun ção do ombro, ass im com o a rem o d elagem d a da deformidade progressiva com o crescimento. A, Simples contra-
glenoide. A lib eração capsular e a restauração d a rotação externa, tura com supinação do rádio (1) e contratura da membrana interós-
por técnica aberta ou a rtroscó pica, é essencial para restauração a sea (2). B, Lu xação volar da epífise distal da ulna. C, Luxa ção vo lar
lon go p ra zo da m ecâ nica e d a anato mi a glen oumeral. da epífise distal da ulna e da cabeça do rádio (figura final) .
Waters recomend o u qu e os pacientes com grau I (norm al),
grau II (l eve aumento n a retroversão d a glen oide) o u d eformid ad es
glenoumerais de grau III leve (ligeira sublrnrnção posterio r) sejam sub- (Técnica 34-30) ; isso m elh o ra a exten são do cotovelo e a pron ação
metidos a Lun alongamento musculotendíneo anterior do peitoral do antebraço. Na presença de urna contratura em supinação, uma
maior e transferência posterior do grande dorsal e do redondo maior lib eração d a m embran a interóssea simultânea pode ser efi caz. A
para o m anguito rotator. Os pacientes com deform idades glenoumerais correção óssea d a d eformid ad e do antebraço pode ser real izad a de
avançadas de grau III, grau IV o u grau V devem ser submeti dos a urna fo rm a m ais previsível. Isso pode ser alcançado por osteoclase ou
osteotomia umeral de derrotação. Os estudos de acompanhamento osteoto mia co m fi xação intern a do antebraço. O antebraço d eve ser
mostraram que tanto as transferências de tendão sozinhas quanto a posicion ad o e m 20 a 30 graus d e pron ação.
redução aberta, normalmente com transferências de tendão associadas,
melhoram a amplitude de movimento do ombro; no entanto, os pacien-
tes submetidos à redução aberta demonstram remodelagern da retro- LIBERAÇÃO ANTERIOR DO OMBRO
versão da glenoide e m elhora da articulação glenourneral , o que não é
observado nos pacientes submetidos à transferência de tendão isolada.
As d efo rmidades em fl exão do cotovelo e em supinação d o
Elm_____~
antebraço pod em ocorre r na paralisia d e Klumpke (CS -T l ) ou na (FAIRBANK, SEVER)
lesão mista d o pl exo braqui al. As deformid ad es progress ivas ocorre m
por causa d a fra queza ou da ausê ncia d o tríceps, d o pronad or • Faça uma incisão no aspecto ante ri or do ombro no sulco
redon do e pro nador qu adrad o, com um bíceps intacto. Isso cr ia de ltopeito ral dista lmente à ponta do processo co racoide
urn a d efo rmid ad e pro gress iva em fl exão d o cotovelo e e m supin a- até um ponto dista l à inserção tendínea do mú sculo
ção em virtud e d e o bíceps es tar sem oposição. A luxação d a cabeça pe itoral maior; divida esse tend ão para lelamente ao
do rádio po d e ocorrer co m a d eformid ad e associad a d o rádio e d a úme ro .
uln a (Fig. 34-51). O punh o e a mão ge ralmente são m antidos e m •Retraia a marg em anterior do deltoide lateralmente e
extrem a dors iflexão po r causa d os d orsiflexores do punh o sem op o- o peito ral ma ior media imente e exponha o músculo
sição. O tend ão d o bíceps po de ser alon gad o em Z e redirecion ad o coracob raq uial. )
em torno do raio para convertê- lo de um supinador para um pronad or
~ PARTE X DOENÇAS DO SISTEMA NERVOSO EM CRIANÇAS

Tendão
•Sob visão direta, gire externamente o fra gmento distal do
subescapular
úmero em 90 graus; certifique-se de que os fragmentos
estejam com boa aposição.
•Fixação com f io de Kirschner pode ser util izada, se
F.!!l!~gl~'.'.'J!ll~~i--- Processo necessário.
coracoide •Feche a incisão.
;;;;\--+:'- Cabeça curta
do músculo CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Com o ombro abduzido
bíceps braquial a 40 graus, o cotovelo flexionado a 90 graus e o antebraço
em supinação, um gesso é aplicado no ombro e uti lizado
durante 8 a 12 semanas. Os fios de Kirschner, se utilizados,
são removidos no momento da remoção do gesso.

LIBERAÇÃQ. DA CONTRATURA
EM ROTAÇ~O INTERNA E
li@il;@Blfl Liberação ant erio r do ombro para contratura TRANSFERENCIA DO GRANDE
em rotação interna da paralisia do plexo braquial.
DORSAL E DO REDONDO MAIOR
Quando rea lizada antes de 6 anos de idade, o procedi-
•Com o ombro rotacionado externamente e abduzido, trace mento de Sever-L'Episcopo, conforme modificado por Hoffer,
) melhora a rotação externa do ombro, li berando a contra -
o coracobraquia l superiormente ao processo coracoide.
•Se o coracoide for alongado, faça a ressecção de 0,5 a 1 tura em rotação interna e transferindo o grande dorsal e
cm da sua ponta junto com as inserções do coracobra- o redondo maior posteriormente para fornece r rotação
quial, a cabeça curta do bíceps e o múscu lo peitora l externa ativa .
menor; essa ressecção aumenta a amplitude de movi-

--------'~
mento do ombro em rotação externa e abdução. TÉCNICA
•Agora loca lize a borda inferior do tendão subescapular
na sua inserção na tuberosidade menor do úmero, eleve-o (SEVER-L'EPISCOPO, GREEN)
(Fig. 34-52) e divida-o completamente sem fazer a incisão
da cápsula. A rotação externa e a abdução do ombro, em • Coloque um saco de areia sob a parte superior do tórax
segu ida, devem f icar quase normais. para exposição adequada. Prepare e campeie de maneira
•Um prolongamento curvo do acrômio pode interferir na usua l. Uma quantidade adequada de sang ue deve estar
abdução e na redução de qualquer sub luxação posterior disponíve l para transfusão.
leve da articulação; nesse caso, faça a ressecção da parte •Faça uma incisão anterior, começando sobre o processo
obstrutora ou corte o acrômio e eleve essa parte. coracoide e estendendo-a distalmente ao longo do sulco
deltopeitoral por 12 cm (Fig. 34-53A *)
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Uma órtese que seg ura •Identifique a veia cefá lica e li gue ou retra ia-a com algumas
o ombro em abdução e leve rotação externa é aplicada fibras do músculo deltoide.
e utilizada constantemente durante 2 semanas e intermi- •Com dissecção romba, desenvolva o interva lo entre os
tentemente por mais 4 semanas. Exercícios ativos são músculos peitoral e deltoide. Exponha o coracobraquia l,
ini ciados mais cedo e continuam até que tenha ocorrido a cabeça curta do bíceps, o processo coracoide a inserção
o máximo de melhora. da parte tendínea do subescapu lar e a inserção do peito-
ral ma ior.
•Solte a cabeça curta do bíceps e o coracobraquia l de sua
origem no processo coracoide e rebata-os pa ra baixo.
•Na parte dista l da incisão, exponha a inserção do peitora l
OSTEOTOMIA ROTACIONAL maior no úmero (Fig. 34-538*).
DO ÚMERO •Com um elevador periosteal, afaste as fibras muscu lares

--------~
do peitoral maior med iaimente para expor a parte tendí-
TÉCNICA nea da sua inserção.
• Para rea lizar o alongamento em Z, divida a metade distal
(ROGERS) da inserção tendínea do peitoral maior imed iatamente
sobre a diáfise do úmero (Fi g. 34-53C*)
•Acesse o úmero anteriormente entre os múscu los del-
toide e o peitora l ma ior.
•Com o braço abduzido, rea lize uma osteotom ia 5 cm
distalmente à articu lação.
*Disponível, em inglês, em www.expertconsult.com.
CAPÍTULO 34 DISTÚRB IOS PARALÍTICOS G!Dlll
• Divida a metade superior da parte tendínea do peitoral o máximo alongamento. Suture o peitoral maior de forma
maior tão mediaimente quanto um bom material tendí- simi lar.
neo aponeu rótico existente permitir, em geral, a 4 a 5 cm •Fixe novamente o coracobraquial e a cabeça curta do
da sua inserção (Fig. 34-53D*). Mais tarde, o coto distal bíceps na base do processo coracoide. Se o coracobra-
do tendão será f ixado no tendão proximal inserido no qu ial e a cabeça curta do bíceps estiverem curtos, alon -
úmero, fornecendo, assim, maior comprimento para o gue-os na sua junção miote ndínea (Fig. 34- 53 1* e J*).
peitoral maior. A inserção mais proxima l do tendão pos- •Os múscu los alongados devem ter comprimento sufi-
sibilita um grau ma ior de abdução do ombro, mas ciente para permitir rotação externa comp leta em abdução
tam bém a função rotaciona l. sem tensão indevida.
•Aplique as suturas no tendão ainda fixado à diáfise e na •Feche a incisão de maneira usual e imobilize o membro
parte do tendão fixada no músculo. superior em um gesso em "estátua da liberdade" pre-
• Exponha o músculo subescapular sobre a cabeça do úmero. viamente preparado, biva lvado, que segu re o ombro em
Começando mediaimente com um instrumento rombo, 90 graus de abdu ção, 90 graus de rota ção externa e 20
separe o subescapular e eleve-o da cápsula. Não abra a graus de flexão anterior. Posicione o cotovelo em 80 a
cápsula do ombro. Com um bisturi, alongue o tendão 90 graus de flexão.
subescapu lar por meio de um corte oblíquo (Fig. 34-53E*). •Coloque o antebraço e a mão em posição neutra f uncional.
•Começando med iaimente, corte o tend ão nas metades
anterior e posterior, começando latera lmente mais super- CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Exercícios têm início
fic ial e comp letando o corte na inserção do subescapular 3 semanas depois da cirurgia para desenvolver a abdução
no úmero. Novamente, tome cuidado para não abrir a e a rotação externa do ombro, assim como a adução e a
cápsula. rotação interna do ombro. Uma ênfase particular é dada
• Uma vez que o subescapular tenha sido liberado, a articula- ao desenvolvimento da função e à força dos músculos
ção do ombro vai abduzir e externamente girar livremente. transferidos. Quando o braço abduzir de forma satisfató-
•Se o processo coracoide for alongado, angulado para ria, uma tipoia será utilizada durante o dia e um gesso
abaixo e lateralmente, lim itando a rotação externa, ele bivalvado do ombro será utilizado à noite. O suporte
deve ser retirado na sua base. Da mesma forma, se o noturno continua por 3 a 6 meses adicionais. Os exercí-
acrômio estiver com o ápice para baixo obstruindo a cios são rea lizados durante mu itos meses ou anos para
abdução do ombro, resseque-o pa rcialmente. preservar a ampl itude funcional de movimento do ombro
•Em segu ida, ide nt ifi que e exponha as inserções do grande e manter o controle muscular.
dorsal e do redondo maior separando-as dos tecidos adja-
centes tanto anterior como posteriormente.
•A inserção do grande dorsal é superior e anterior à do
redo ndo maior. Solte ambos os tendões imediatamente
no osso e repare cada tendão com um ponto simples de
sutura. Relatou-se que a transferência do grande dorsal e do redondo
•Com o paciente virado para o lado e com os seus braços maior para o mangu ito rotator tem u m efeito estabilizador no man-
aduzidos sobre o peito, faça uma incisão de 7 a 8 cm guito rotator e aumenta a abdução glenoumeral e a rotação externa
sobre o intervalo deltoide-tríceps (Fig. 34-53F*) (Fig. 34-54).
•Retra ia o múscu lo deltoide anteriormente e a cabeça Técnicas artroscóp icas foram dese nvolvidas para li beração e
longa do tríceps posteriormente. Tenha cuidado para não liberação comb inada com transfe rência do gra nde dorsal (recomen-
lesar os nervos radial e axilar. dada para cria nças mais velhas). Re latou-se que esses proced imen tos
• Subperiostealmente, exponha a superfície lateral da diáfise restauram a rotação externa passiva quase normal e a articulação
proximal do úmero. glenoumeral centralizada no mom ento da ci ru rgia; no entanto, os
•Faça uma fenda longitudinal de 5 cm utilizando brocas, ganhos em elevação ativa são mínimos, e a perda da rotação interna,
um osteótomo e uma cureta. de moderada a grave, ocorre em todas as crianças depois desta
•Faça quatro orifícios da profundidade da fenda e saindo cirurgia. Pearl et ai. listaram as seguintes diretrizes para o trata-
na superfície medial da diáfise do úmero junto à antiga mento artroscápico das co ntraturas e da defo rm idade secundária à
inserção dos músculos redondo maior e grande dorsal. para lisia do plexo braquial ao nascimento:
• Identifique os tendões do grande dorsal e do redondo maior Liberação artroscópica: crianças com menos de 3 anos de idade com
na incisão anterior e leve-os para a incisão posterior de rotação extern a pass iva menor do que a neutra (O grau) com o
modo que a sua linha de tração seja reta a partir de suas braço de lado.
origens até o local de fixação proposto no úmero lateral. Liberação artroscópica mais a transferência do grande dorsal: crian-
•Encaixe os tendões do grande dorsal e do redondo ma io r ças com mais de 3 anos de idade com um grau de contratura
no sulco no úmero e amarre firmemente na posição com semelhante.
sutu ras de seda 1-0 pela frente (Fig . 34-53G * e H*). Transferência artroscópica do grande dorsal sem liberação: crianças
•Suture o tendão subescapular, o qual é alongado "pordes- co m mais de 3 anos de idade que não apresentam contratura
lizamento", nas suas extremidades cortadas para fornecer em rotação interna substa ncial, mas têm fraque za da rotação
exter na .

*Di spo nível, em inglês, em www.expertco nsult.com. *Di sponível, em inglês, em www.expertconsult.com.
lllll!D PARTE X DOENÇAS DO SISTEMA NERVOSO EM CRIANÇAS

Linha de incisão
no redondo maior
e tendões do
grande dorsal

Músculo
Músculo
grande dorsal ----:~~='1#.
deito ide

Músculo tríceps
(cabeça lateral)

A B

Músculos grande dorsal e redondo maior


e D passados pelas incisões no manguito rotador

E Tendões suturados de volta em si mesmos

htijih@Emt Transferência do grande dorsal e do redondo maior para o manguito rotator. (Redesenhada de Herring JA, editor: Tachdjian 's
pediatric orthopaedics, ed 3. Philadelphia, 2002, Saunders.)

abdução do braço em aproximadamente 90 graus para


LIBERAÇÃQ ARTROSCÓPICA E
permitir a passagem da ótica através da articu lação gle-
TRANSFERENCIA DO GRANDE DORSAL noumeral. Um assistente mantém a posição do braço
TÉCNICA ~ enquanto aplica tração long itudinal. Faça o portal poste-
~~~~~~~~....... ~ rior na linha articu lar glenoumeral posterior cerca de 1
(PEARL ET AL.) cm aba ixo do níve l da parte posterior do acrômio. Tome
cuidado pa ra não fazer o portal excessivamente baixo.
•Com o paciente em decúbito lateral, estabeleça um Uma posição superior torna mais fácil inserir o artroscópio
po rtal posterior (Capítulo 52). Por causa da deformidade aci ma do topo da cabeça do úmero para evita r danos à
e da contratura e avan ça das, pode haver necessidade de superfície articu lar.
CAPÍTULO 34 DISTÚRBIOS PARALÍTICOS

Emara KM, Khames A: Functional outcome after lengthening with and


•Faça um porta l anterior de fora para dentro, sob obser- without deformity correction in palio patients, Int Orthap 32:403, 2008.
vação direta, através do portal posterior. Fucs PM, Sva rtman C, Santili C, et al : Results in the treatment of paralytic
•Utilize um dispositivo eletrocautério para liberar os liga- calcane us-valgus feet with the Westin technique, Int Orthap 31:555,
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• Após a li beração dos tecidos moles anteriores, iden-
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tifique o nervo axi lar. Não libere a parte muscular do
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• Libere a contratura por tenotomia do subescapular na sua Savolainen -Kopra C, Blomqvist S: Mechanisms of genetic va riation in polio-
inserção e a cápsula articular sobrejacente. Em crianças viruses, Rev Med Virol 20:358, 20 10.
mais novas, isso deve permitir a total rotação externa (70 Schwend RM, Drennan JC: Cavus foot deformity in children, J Am Acad
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crianças ma is ve lhas e naquelas com contraturas mais Shahcheraghi GH, javid M: Abductor paralysis and externai oblique transfer,
graves, libere o tecido do interva lo do rotator, expondo a J Pediatr Orthap 20:380, 2000.
base do processo coracoide. A liberação não é conside- Sierra RJ, Schoeniger SR, Millis M, Ganz R: Periacetabular osteotomy for
conta inment of the nonarthritis dysplastic hip secondary to poliomyeli-
rada completa, a menos que uma rotação externa de 45
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graus ou mais seja obtida.
Song HR, Myrboh V, Oh CW, et ai: Tibial lengthening and concom itant foot
•Se houver necessidade de uma transferência do grande deformity correction in 14 patients with permanent deformity after
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pe le, imediatamente medial à prega axil ar posterior em Tigani D, Fosco M, Amendola L, Boriani L: Total knee arthroplasty in
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•Isole cuidadosamente do redondo maior (que é deixado ment of paralytic pes calcaneus, Foat Ankle Int 29:683, 2008.
no loca l) o tendão do grande dorsal. Libere-o direta-
mente do úmero e transfira-o aba ixo do aspecto poste- MIELOMENINGOCELE
rior do deltoide para a tuberosidade maior, adjacente à
inserção do tendão infraesp inh al. Prenda o tendão com Banit DM, lwinski HJ, Talwalkar V, et ai: Posterior spinal fusion in paralytic
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CONSIDERAÇÕES Exame Físico 1338 DISTROFIAS CONGÊNITAS 1349
SOBRE O TRATAMENTO 1334 Tratamento Medicamentoso 1340 DISTROFIA MIOTÔNICA 1349
FRATURAS 1334 Tratamento Ortopédico 1340 NEUROPATIAS SENSORIAIS E
ÓRTESES 1334 OUTRAS VARIANTES DA MOTORAS HEREDITÁRIAS 1349
SISTEMAS DE ASSENTO 1335 DISTROFIA MUSCULAR 1345 DOENÇA DE CHARCOT-MARIE-TOOTH
DIFERENCIAÇÃO ENTRE Distrofia Muscular de Becker 1345 (ATROFIA MUSCULAR FIBULAR) 1349
DOENÇA MUSCULAR E Distrofia Muscular de Deformidade do Pé em Cavovaro 1350
DOENÇA DOS NERVOS 1335 Emery-Dreifuss 1345 Displasia do Quadril 1355
ESTUDOS HEMATOLÓGICOS 1335 Distrofia de Cinturas 1345 Deformidades da Coluna 1355
ESTUDOS ELETROMIOGRÁFICOS 1335 VARIANTES DA DOENÇA
Distrofia Muscu lar
BIÓPSIA DO TECIDO MUSCULAR 1335 Facioescapuloumeral 1346 DE CHARCOT-MARIE-TOOTH 1355
DISTROFIA MUSCULAR 1338 Distrofia Muscular ATAXIA DE FRIEDREICH 1356
DISTROFIA MUSCULAR Facioescapu loumera l Infantil 1348 ARTROFIA MUSCULAR ESPINHAL 1356
DE DUCHENNE 1338

A doença neuromuscular em crianças inclui condições que afetam a de 3 a 4 cm. A técnica atraumática é essencial para obtenção de
med ula espinhal, os nervos periféricos, as junções neuromusculares e resultados significativos em qualquer tipo de biópsia.
os músculos. O diagnóstico preciso é essencial, pois os procedimentos Grand es avanços fo ram feitos no entendimento da base gené-
normalmente usados para tratar deformidades em pacientes com tica das doenças neuromusc ul ares. Por causa dos avanços na biolo-
doença neuromuscular, corno poliomielite ou paralisia cerebral, podem gia molecular, as localizações cromossômicas de vári os genes
não ser apropriados às condições neuromuscu lares h ereditárias. anormais foram identificadas, caracterizadas e sequenciadas (Tabela
O diagnóstico é feito com base no histórico clínico, histórico familiar 35- 1). Em algumas doenças, como a distrofia muscular de Duchenne
detalhado, exame fís ico, exames laboratoriais (incluindo estudos de e de Becker, não apenas os genes foram localizados, clonados e
enzimas séricas, especialmente níveis séricos da creatina quin ase e da sequenciados, mas também a base bioquími ca dessas doenças,
aldolase), testes genéticos, eletromiografia, estudos de velocidade de agora, é entendida. O gene responsável pela distrofia muscular de
co ndução nervosa e biópsias de nervos e músculos. Os níveis séricos Duchenne e de Becker es tá localizado na região Xp2 1 do cromos-
enzimáticos da creatina quinase em geral são elevados, mas o aumento somo X. Essa região é responsável pela codificação da proteína dis-
varia drasticamente com níveis de 50 a 100 vezes o normal em pacien- trofina. O teste de distrofina (imunotransferência de distrofina)
tes com algumas condições rnúsculares distróficas (p. ex., distrofi a pode ser usado como um teste bioquímico para a distrofia muscular;
muscular de Duchenne) a apenas ligeiros aumentos (urna a duas vezes ele também é útil para a diferenciação entre a distrofia muscular de
o normal) em alguns pacientes com rniopati a congênita ou atrofia Duchenne e a distrofia muscular de Becker. Além disso, difere ntes
muscular espinhal. tipos de mutações ou variações podem ser utilizados para prever o
A biópsia de nervos ou músculos, ou amb as, são úteis pa ra o prognóstico. Por exe mplo, a ataxia de Fri edrich é provocada pela
diagnóstico preciso. A amostra da biópsia deve ser obtida a pa rtir expansão das repetições de nucleotídeos GAA no intron do gene
de um músculo que está comprometido, mas ainda em fun ciona- fraxtina. A quantidade de expansão das repetições GAA se correla-
mento - geralmen te o deltoide, o vasto lateral ou o gastrocnêrn io. ciona com a gravidade da doença e a progressão.
A amostra da biópsia não deve ser colhida nas junções miotendín eas O tratamento ortopédico tem como objetivo prevenir o agrava-
po rque os septos normais do tecido fibro so podem ser confundidos mento de defo rmidades e proporcionar estabilidade ao sistema esque-
com a fibrose patológica. As amostras deve m ter ce rca de 10 mm de lético para melhorar a qualidade de vida dessas crianças. Embora a
comprimento e 3 mm de profundidade e devem ser fixadas em cura possa ser possível no futuro com a terapia genética, o tratamento
glutaraldeído na preparação para microscopia eletrônica. A amostra ortopédico ai nda é necessário para melhorar a qualidade de vida da
do músculo que deve ser processada para microscopia de lu z deve m aioria dessas crianças, não importa o quão gravemente incapacita-
se r congelada em nitrogê nio líquido alguns minutos após a remoção. das estejam. Louis et ai. rel ataram 34 procedimentos cirúrgicos reali-
A amostra não deve se r colocada em solução salina ou form o!. Para zados em indivíduos com graves defici ências múltiplas para melhorar
bi ópsia de nervo, geralmente é escolhido o nervo sural. Esse nervo o cuidado, o co nforto e a postura ao sentar. Verificou-se melhora
pode ser acessado lateralmente entre o tendão de Aquiles e o ma léolo significativa na maioria dos pacientes, e nenhum paciente teve piora.
lateral imediatamente proximal ao nível da articulação tibiotalar. Bleck relatou as prioridades dos pacientes com doenças neuromuscu-
Toda a espessura do nervo deve ser colhida por um comprimento lares graves na seguinte ordem: a capacidade de se comun icar com

1333
~ PARTE X DOENÇAS DO SISTEMA NERVOSO EM CRIANÇAS

- DOENÇA
3·S-1

RECESSIVA LIGADA AO X
Classificação das Principais Distrofias Musculares

Distrofia de Duchenne-Becker
LOCUS

Xp21
PROTEINA

Distrofina
Distrofia de Emery-Dreifuss Xp28 Emerina
AUTOSSÔMICA DOMINANTE (AD)
Distrofia miotônica 19q Miotonina
Distrofia facioescapuloumeral 4q ?
LGMD-1A Sq ?
LGMD-1B Outro ?
AUTOSSÔMICA RECESSIVA (AR)
LGMD-2A 15q Calpaína
LGMD-2B 2q ?
LGMD-2C 13q y-sarcoglican
LGMD-2D 17q a -sarcoglican
LGMD-2 E 4q ~-sarcog li can
LGMD-2 F Sq 8-sarcogl ican
DISTROFIAS CONGÊNITAS
Muscular congên ita (AR) 6q Merosina
Doença de Fu kuyama (AR) 9q13 ?
MIOPATIAS CONGÊNITAS
Doença do núcleo central (AD) 19q Receptor de rianodina
14q Miosina
Doença da haste nemalínica (AD) 1q22 Tropomiosina
Miopatias miotubulares Xq26 ?
Distrofia muscular distal (AD) 14q ?
Distrofia ocu lofaríngea (AD) 14q ?
LGMD, distrofia muscular de cinturas.
De Brown RH Jr, Phil D: Dystrophy-associated proteins and th e muscular dystroph ies, Annu Rev Med 48:457, 1997.

outras pessoas, a capacidade de reali zar muitas atividades da vida tendo sofrido fraturas. A maioria das fraturas são fraturas m etafisá-
diária, a mobilidade e a deambulação. O papel do cirurgião ortopé- ri as sem desvio que se curam rapidam ente. As fraturas rnetafisári as
dico para alcançar essas metas inclui a prescrição de órteses para o minimamente desviadas dos membros inferiores devem ser imobi-
controle das extremidades inferi ores a fim de fac ilitar a transferê n- lizadas de maneira qu e a marcha possa se r retomada rap idamente.
cia de e para cadeiras de rodas, prevenir ou corrigir contraturas Se aparelhos estão sendo usados, podem ser alargados para aco mo-
articulares, e manter posturas adequa das em pé e sentad o. O tra- dar o membro fraturado e permitir o suporte do peso progressivo.
tamento deve ser individualizado a cada paciente. A escolha e o As fraturas desviadas da diálise podem ser tratadas com aparelhos
momento dos procedimentos dependem da doença em particular, gessados ou redução aberta e fixação interna, se indicado, para per-
da gravidade do comprometimento, da capacidade de marcha do mitir a marcha durante a cicatrização da fratura. O tratamento
pacie nte e da experiência do médico. Este capítulo discute as médico da osteopenia por desuso pode ser benéfico na redu ção da
doenças neuromusculares co muns em crianças que frequentemente frequênc ia de fraturas nessa população de pacientes.
necessitam de intervenção cirúrgica.

ÓRTESES
CONSIDERAÇÕES SOBRE O
TRATAMENTO Ocasionalmente, a ortetização da coluna vertebral pode ser usada
para aj ud ar no equilíbrio sentado. Essa abordagem pode retardar,
mas não impedir a progressão da deformidade da colu na vertebral.
FRATURAS
A ó rtese da coluna vertebral pode consistir em um colete de poli-
As fraturas são comuns nas crianças com doença neuromuscular po r propileno com uma camada de esp um a macia de polietil eno, na
causa da osteoporose por desuso e quedas frequentes . Larson e Hen- forma de uma órtese de contato total anterior e posterior (bival-
derson observaram urna diminuição significativa na densidade vadas) ou uma órtese toracolombossacral de abertura anter ior
mineral óssea em exam es de absorciometria por raios X co m dupla com co ntorn o lordótico lombar. As órteses de joelho/tornozelo/
energia em men inos com distrofia muscular de Duchenne, com 44% pé fo rn ecem estabilidade aos pacientes com fraqueza muscular
CAPÍTULO 35 DOEN ÇAS NEUROMUSCULARES GJm
proximal. Uma extens ão para a pelve com travamento no quadr il
e no joelho pode ser adicionada, se necessá ri o. As órteses suropo-
dálicas aj udam a posicionar o tornozelo e o pé de maneira plantí-
grada em um esforço de evitar d efo rmid ades progressivas em
equino e em equinovaro.

SISTEMAS DE ASSENTO

Para a maioria das crianças com doença neuromuscular grave, cami-


nhar é difícil e frustrante, e uma cadeira de rodas eventualmente pode
ser necessária. A cadeira - seja ela manual ou elétrica - deve ser
cuidadosamente contornada. Uma cadeira estreita com um assento A B e
firme aumenta o apoio pélvico, e um encosto firme em ligeira exten-
são dá suporte à coluna vertebral. Os suportes laterais para a coluna H@l!;f4i!l19 Unidades motoras vistas em eletromiografia . A,
vertebral acoplados à cadeira pod em ajudar no equilíbrio sentado, Potencia l tr ifásico da unidade motora normal. B, Grandes unidades
m as geralmente não alteram a progressão da escoliose. Clínicas espe- motoras polifásicas como visto nos distúrb ios neurogên icos, como
ciali zadas em assentos pod em fornecer cadeiras personalizadas, equi- a atrofia muscu lar espinhal, na qua l elas também estão em número
padas com inúmeras opções para o uso diário. Essas cadeiras reduzido. C, Pequenas un idades motoras po lifásicas conforme
personalizadas e equipad as podem aco modar a ma ioria das deformi - visto na distrofia muscu lar. Elas gera lmente têm número normal.
dades da co luna vertebral e obliquidade pélvica que estão presentes. (Cortesia de Tulio E. Bertorini, MD.)

DIFERENCIAÇÃO ENTRE DOENÇA creatin a na urina. Na distrofia miotônica, em virtude da capacidade


MUSCULAR E DOENÇA DOS reduzida de o fígado produ zir o fosfato de creatina, o nível de
creatinina no sa ngue diminui.
NERVOS A a ldolase é outra en zima que é elevada em pacientes com
distrofia musc ular. Seu curso é semelhante ao da enzima creatina
Além do histór ico, exam e físico e dos exa mes laboratoriais d e rotina, quinase. Os valores de aspartato aminotransferase e lactato d es idro -
alguns exam es especiais, como a eletromiografia, a biópsia do tecido ge nase também podem es tar elevados, mas essas enzimas são ines-
mu sc ula r, a en zima sérica e os estud os moleculares e ge néticos pecíficas para doença muscular.
ajudam a diferenciar as duas doenças. A análise de mutação do DNA (reação em cadeia da polimerase
ou aná lise de transferência de DNA) pode fornecer um diagnóstico
definitivo da distrofia muscular de Duchenne ou de Becker. Esses testes
ESTUDOS HEMATOLÓGICOS também podem ajudar a identificar portadores e permitir, em alguns
casos, um diagnóstico pré- natal. Esses testes de DNA podem ser feitos
Os tes tes d e enzimas séricas são muito úteis, espec ialmente o nível a partir de uma pequena amostra de san gue ou líquido amniótico.
séri co d e creatina quin ase. A creatina quinase sérica é um teste
sensível para mostrar anormalidades da função do músculo estriado.
A elevação d essa enzima é muito importante para o diagnóstico nas ESTUDOS ELETROMIOGRÁFICOS
fases iniciais d a distrofia muscular de Duchenn e. A elevação d a
creatina quin ase acompanha a quantidade de necrose muscul ar. Em um eletromiograrna do músculo normal, os músculos em descanso
Ex iste um aum ento significat ivo no início do processo d a doença, geralmente apresentam silêncio elétrico relativo; na contração voluntá-
mas a elevação diminui com o tempo, conforme o músc ulo é sub s- ria de um múscu lo normal, o eletromiograma mostra um potencial de
tituíd o por gord ura e tecido fibro so. Os níve is de creatin a quinase ação com frequência, duração e amplitude características (Fig. 35-1).
podem estar elevados de 20 a 200 vezes acim a dos limites normais. Em uma miopatia, o eletromiograma mostra awnento da frequência,
O nível pod e diminuir nos estágios m ais ava nçados da doença, diminuição da amplitude e diminuição d a duração dos potenciais de
qu and o o grosso da massa muscular já se dete riorou e há menos ação motora. Em uma neuropatia, mostra diminuição da frequência,
d egradação da massa mu sc ular que nas fases ante riores. Os níveis aume nto da amplitude e da duração dos potenciais de ação. Na neuro-
são ma is elevados na distrofia mu scul ar de Duchenne que na de patia, a velocidade de condução nervosa geralmente é reduzida; na
Becker; no entanto, há alguma sobrepos ição e ntre as duas doenças. miopatia, a velocidade de condução nervosa geralmente é normal. A
Esse teste é útil na detecção do estado do p ortador de di strofias distrofia miotônica é caracte rizada pelo aumento da frequ ência, duração
musculares de Duchenne e Becker, já que a creat ina quinase gera l- e amplitude dos potenciais de ação à inserção dos eletrodos de agulha,
m ente é elevada na mulher portadora. Um teste de provocação mus- o que diminui gradualmente ao longo do tempo. Esses potenciais de
cular també m é benéfico para detecta r o estado do portador do sexo ação, quando amplificados, cr iam o som de "bombardeiro de mergu-
feminino, já que a elevação dos níve is d e creatina quinase é maior lho'; que é quase universal nessa doença.
após exercício extenuante em mulheres portadoras do qu e não por-
tadoras. A creatina urinária é excessiva em pacientes distróficos n a
fase ativa de degradação muscular. No entanto, qualquer processo BIÓPSIA DO TECIDO MUSCULAR
que provoque degradação d o músculo, como em excesso de exercí-
cios, di abetes melito e fome extrem a, em qu e a ingestão d e carbo i- A interpretação da biópsia do tec ido muscular diferencia não apenas
dratos é reduzida, além das neuropati as, pod e causa r um excesso d e a miopati a da neuropatia, mas também os vários tipos de distrofia
llllE!D PARTE X DOENÇAS DO SISTEMA NERVOSO EM CRIANÇAS

O@l!;t.)11!9 A, Amostras normais de biópsia muscular (à exceção de uma pequena fibra angular). Observe a forma poligonal da
miofibrila, a distribuição normal das fibras tipo 1 e tipo li e o tecido conjuntivo normal do endomísio (coloração NADH-TR, x 125). B,
Distrofia muscular. As fibras são mais arredondadas, algumas fibras têm núcleos internalizados e outras são atróficas. Uma fibra muscular
se apresenta necrótica e está passando por fagocitose. O tecido conjuntivo entre as fibras está aumentado (hematoxilina e eosina,
X295). C, Atrofia neurogênica crônica (atrofia muscular espinhal juvenil). Observe o agrupamento de fibras do mesmo tipo e algumas
fibras angulares atróficas. A gordura está aumentada entre os fascículos musculares (coloração NADH-TR, x 125). D, Doença do núcleo
central. Observe as áreas pálidas dos núcleos centrais nas fibras musculares características desta doença (coloração NADH-TR, X200).
(Cortesia de Tu li o E. Bertorini, MD.)

congênita uns dos outros. Além da coloração habitual de hematoxilina Na neuropatia, a image m microscópica é bem diferente (Fig.
e eosina, coloraçôes e técnicas especiais, como a coloração tricroma 35 -2C). Há pouco ou nenhum aumento de tecido fibroso, e fibras
de Gomori modificada, a coloração nicotinamida adenina dinucleó- pequenas, angulares e atróficas estão presentes entre os grupos de
tido-tetrazólio redutase (NADH-TR) e a coloração vermelha S de fibra s musculares de tamanho normal. Colorações especiais que evi-
alizarina, são úteis. A microscopia eletrônica também é benéfica. denciam o tipo de fibra mostram que 80% das fibra s são do tipo II.
O estudo histopatológico do músculo afetado por miopatia Uma amostra adequada de biópsia deve ser obtida para faze r
mostra um aumento da fibro se dentro e entre os feixes musculares um diagnóstico correto. Em ge ral, uma biópsia aberta do músc ulo
com necrose das fibras (Fig. 35-2B). Poste ri ormente, ocorre dep osição é realizada, m as, em alguns casos, uma biópsia por agulha em crian-
de go rdura no interior das fibras, acompanhada por hialina e degene- ças pequenas se revela satisfa tória. Os músculos que estão total-
ração granular das fibras. O número de núcleos aumenta com a mente comprometidos não devem se r utilizados; são indicadas
migração de alguns núcleos para o centro das fibras. Alguns grupos biópsias dos músculos suspei tos de co mprometim ento precoce. Em
pequenos de células inflamatórias também podem ser observados, e geral, os ventres muscul ares do gastrocnêmio de um paciente com
as células inflamatórias encontram-se acentuadamente aumentadas di strofia muscular de Duchenne estão comprometidos desde o
na polimiosite. As colorações histoquímicas especiais que podem início e são locais ruins para se obter materi al de biópsia, enqu anto
mostrar o tipo de fibra muscular evidenciam uma predominância de o quadríceps (principalmente, o vasto lateral no meio da coxa) e o
fib ras do tipo I. No músculo esquelético normal, a proporção de fibras reto ab dominal geralmente mostram comprom etimento precoce
do tipo I para o tipo II é de 1:2 (Fig. 35-2A). Em algumas distrofias sem substituição total dos feixes musculares por tecido fibroso ou
diferentes do tipo Ouchenne, a divisão das fibras é aparente. O acúmulo gordura. As amostras de biópsia desses músculos geralmente são
de cálcio nas fibras musculares também foi demonstrado. mais confi áve is.
CAPÍTULO 35 DOENÇAS NEUROMUSCULARES GDll
•Usando uma pinça dupla especial (Fig. 35-3 ) o u suturas
de seda com cerca de 2 cm de distãncia (Fig. 35-4), segure
o músculo e corte do lado de fora dos braços da pinça
ou suturas.
•Evite sangramento dentro do músculo e colha apenas
pequenas amostras de biópsias.
•Colha mais de uma amostra, porque colorações diferen-
tes precisam de diferentes técnicas de conservação; por
exemplo, algumas alterações histoquímicas são mais bem
mostradas em amostras congeladas frescas que tiveram
coloração especial. O patologista deve saber previamente
que uma biópsia muscular será feita de modo que as
técnicas de f ixa dores especiais, como o congelamento
com nitrogênio líquido, estejam prontamente disponíveis
quando a amostra for recebida.
h@ih!j1EL19 Duas hemostáticas unidas para preservar o com-
primento ao colher a biópsia muscular. (De Cruess RL, Renni e
WRJ: Adult orthopaedics, New York, 1984, Churchill Livingstone.) VEJA
A TÉCNICA 35-1.
BIÓPSIA MUSCULAR PERCUTÂNEA
Mubarak, Chambers e Wenger descreveram a biópsia mus-
cular percutânea em 379 pacientes. Esse procedimento pode
ser realizado em ambulatório apenas com anestesia local.

-------'~
TÉCNICA
(MUBARAK, CHAMBERS EWENGER)

•Prepare o local da biópsia com tintura de iodo. Coloque


OC§ii;@EJl:9 Comprimento muscular mantido por biópsia mus-
um campo adesivo fenestrado sobre o local. Infiltre a pele
cular feita no lado externo das suturas colocadas anteriormente.
e o tecido subcutân eo com 5 a 8 ml de lidocaína a 1 %
VEJA A TÉCNICA 35-1.
sem epinefrina. Quando uma amostra de biopsia do qua-
dríceps for colhida, anestesie também a fáscia.
•Verifique a agulha de biópsia Bergstrõm para garantir um
Ao se fixar uma amostra de biópsia, é preciso ter cuidado para deslizamento suave do cortador dentro do trocarte. Corte
que o músculo seja mantido em se u comprimento normal entre o tubo K-50 em um ângu lo e coloque-o na extremidade
pinças (Fig. 35-3) ou suturas (Fig. 35-4). A amostra de biópsia tamb ém da agul ha de corte com a outra extremidade ligada a um a
não pode ser violada por um eletrodo de agulha, durante um eletro- seringa de 1O ml.
miograma, ou infiltrada com um anestésico local antes da biópsia. •Use uma lâm ina de bisturi nº 11 para fazer uma pequena
As agul has de biópsia devem ter um diâmetro mínimo de 3 mm. perfuração na pele e na fáscia lata no nível da parte
Uma segunda amostra de tecido muscular deve se r colhida no média da coxa.
momento da biópsia e encam inhada para análise da di strofina (imu- •Insira a agulha Bergstrõm no mú scu lo, de preferência no
notransferência da distrofina). A distrofina é um a proteína do reto femoral, em um ângulo oblíquo.
músculo que se encontra ausente, diminuíd a ou modificada em •Recue a agulha cerca de metade do seu comprimento,
determinados tipos de distrofia. A medição e a quantificação da então um assistente aplica sucção com a seringa de 1O ml.
proteína combinadas com o quadro clínico de certas formas de
Isso permite que o múscu lo seja puxado para dentro da
distrofia muscular têm contribuído significativamente para a capa- câmara de corte.
cidade de diagnosticar vári as distrofias.
•Corte comprimindo o cortador no trocarte.
Um bloqueio regional pode ser utilizado para a biópsia, mas um a • Remova o aparelho Bergstrõm da coxa. Remova a amostra
anestesia geral pode ser necessária. A anestesia geral comporta o risco
muscular da câmara com uma agulha fina e coloque-a em uma
conhecido das complicações anestésicas, como a hipertermia maligna.
gaze embebida em soro fisiológico em uma placa de Petri.
•Através da mesma incisão e caminho, reinsira a agulha
BIÓPSIA DO MÚSCULO ABERTO de Bergstrõm e repita o procedimento até cinco ou seis
amostras serem obtidas.

----~-----'~
TÉCNICA •Feche o pequeno ferimento com tiras adesivas de 0,64 cm.

•Bloqueie a área regionalmente com lidocaína a 1 % e faça CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Esponjas de curativo
uma incisão de 1,5 cm através da pele e tecidos são aplicadas e mantid as no lugar com a fita de espuma
subcutãneos. para servir como uma atadura de compressão, sem cons-
• Divida cu idadosamente a fásc ia envolvente para expor trição, durante 2 dias. As tiras adesivas são deixadas no
claramente os feixes musculares a partir dos quais a local durante 1O dias; não são necessá rios antibióticos
amostra da biópsia deve ser colhida. perioperatórios ou analgésicos narcóticos.
llllm) PARTE X DOE NÇAS DO SISTEMA NERVOSO EM CRI ANÇAS

DISTROFIA MUSCULAR
As distrofi as muscu lares são um grupo d e d oen ças hereditári as do
músculo esquelético que produze m a sua degeneração progressiva
com fraqu eza associad a (Tabela 35 -1). As di stro fias ligadas ao X são
mais comuns, n elas estão incluídas a di strofi a muscul ar d e Duchenn e,
a distrofia mu scular de Becker e a di stro fia muscu lar de Em e ry-
Dreifuss. A distrofia musc ular de cinturas e a di strofia mu scu la r
congênita são as duas di strofias musc ul ares autossô micas recess ivas
mais co mun s. A distrofi a muscular fac ioescapulo um eral é herd ad a
com o um traço autossômico do min ante (Tabela 35-2).

DISTROFIA MUSCULAR DE DUCHENNE

A distrofi a musc ul a r d e Duchenne, um a carac te rísti ca hereditá ri a


recess iva ligada ao sexo, o corre em hom en s e em mulheres com
síndrom e de Turner ; p ortadores são d o sexo feminino. Ocorre em
um entre 3.500 nascid os vivos. Existe histórico famili ar em 70% d os
pacientes, e a condição ocorre com o uma mutação es pontânea em
cerca d e 30% dos pac ientes.
O@il@B19 Sin a l de Gow er. A cr iança p rec isa usa r as mãos
A di strofia mu scular d e Duchenne é o resultado de um a
para se leva ntar da posição se ntada. (Redesen hada de Siegel IM: Clinica/
mutação na região Xp21 d o cromosso mo X, que codifica a prote ín a
management of muscle disease, London, 1977, W illiam Heinemann.)
distrofin a 400- kd. A di strofina é imp orta nte pa ra a estabilidad e d a
m embrana celul ar do citoesqueleto. Em pacientes com distro fi a
muscula r d e Duchenne, a ausência tota l dessa p ro teí na transcelula r
resulta em d egen eração muscular prog ressiva e p erd a d e fun ção.
As cri anças com distrofi a musc ular d e Duch enne geralm ente
atingem os p rimeiros m arcos m otores n os momentos apropriados,
m as a deambulação independen te po d e fica r atrasad a e muitos, ini -
cialm ente, and am nas po ntas dos pés. A d oença geralm ente se to rn a Sangue para análise de
evidente entre 3 e 6 anos d e id ade. Os sinais clínicos incluem mús- m utação de DNA
culos d a panturrilha grandes e firm es; a tendênci a d e andar n a ponta
do p é; um a postura lordótica com base ampla; um andar gingad o Sem mutação
de Trendelenburg; e um teste positivo de Gower indi cativo d e fra-
queza muscular proxim a l (Fig. 35-5) . O diagnós ti co no rmalmente é
óbvio quando a crian ça tem 5 ou 6 a nos de idad e (Fig. 35-6). Um
n ível extrem amente elevado d e creatin a quin ase (5 0 a 100 vezes o
norma l) e a análise d e DNA de amostras d e san gue confirm am o
diagn ósti co. A biópsia musc ular m ostra variações no tamanho de
fibr as, núcl eos intern os, fibras divididas, d egen eração o u rege nera-
ção d e fibras e deposição d e tecido fibro adiposo. Testes de distrofin a
na am ostra da biópsia muscu lar ajudarão a co nfirm ar o tipo d e
di strofi a muscular, m as n ão são 100% co nfirm ató ri os. Biópsia muscular para
aná lise de distrofina

• EXAME FÍSICO
O grau d e fraqueza muscular depend e d a idade do paciente. Com o a

~A7''1
musculatura proxim al en fra quece antes d os múscul os distais, o exam e Normal
das extremidades inferio res apresenta uma fraqueza precoce de força
muscular glútea. A fraqueza nos músculos proxim ais dos m embros
inferiores pode ser dem onstrada por uma diminui ção d a capacid ade 1 Ausrte 1 1 Altlada 1
de se leva ntar do chão sem ajuda dos membros superio res (sina l de
Gower). A pseudo- hip ertrofi a da pan turrilha é causad a pel a infiltra- ~IN_ã_o_D_M~D-
/D_M_B_,I ~ ~ ~
ção do músculo por go rdura e fibrose, d ando às panturrilh as a se nsa-
ção de borracha du ra (Fig. 35-7) . Os músculos ex trínsecos do pé e d o
torn ozelo mantêm a sua força por mais tempo do que os múscu los iâ[rii!;f4B1'9 Flu xograma do processo para ava liação d iagnós-
proxim ais do quadril e do joelho. O músculo tibial posterior mantém tica mo lecular de pac ientes nos qua is se suspe ita do diagnóstico
a sua fo rça p or m ais tem po. Esse pad rão de fraqueza provoca um a de distrofia m uscu lar de Duche n ne (DM D) ou d istrofia muscu lar
deformidade equinovara do pé. A fra qu eza da musculatura da cin tura de Becker (DMB) . (De Shapiro F, Specht L: Current co ncepts review :
escapula r po de ser m ostrada pelo sin a l d e M eryon, que é provocad o the d iag nosis and o rt hopaed ic t reatment of inherited muscula r d iseases
p ela elevação da criança com um braço circund ando o se u pe ito. of chil dhood, J Bane Joint Surg 75A:439, 1993.)
CAPÍTULO 35 DOEN ÇAS NEUROMUSCULARES Glll
35-2 Características das Distrofias Musculares

TIPO IN ICIO SI NTOMAS PROGRESSÃO HERANÇA


Duchenne Prime ira Fraqueza generalizada e atrofia Por fim, afeta t odos os Re cessiva li gada
infânci a muscular afetando múscu los vo luntá- ao X
(2-6 anos) prime iramente os múscu los dos rios, bem como o
quadris, área pélvica, coxas e coração e a respira -
om bros. Panturri lhas ção . So brev ivência
fre q uentemente aumentadas incomum depois do
iníc io dos 30 anos
Becker Ado lescê ncia ou Semelhante à de Duchenne, mas A progressão é lenta e Recessiva ligada
iníc io da menos grave variável, mas pode ao X
idade adulta afetar todos os
múscu los vo luntários.
A sobrevivência
gera lmente chega
até a metade e o
fina l da idade ad ulta
Emery-Dre ifuss Infância, Fraqueza e atrofia dos múscu los A progressão é lenta; Recess iva ligada
normalmente do ombro, braço e panturril ha; complicações ao X
por volta dos enrijecimento articu lar; cardíacas são comuns Autossôm ica
10 anos desmaios causados por e pode haver dominante
anorma lidades cardíacas necessida de de A utossôm ica
marca passo rece ssiva
Cinturas Infância at é fase Fraqu eza e atrofia prime iramente A progressão é lenta; Autossôm ica
ad ulta afet ando os múscu los dos comp licações domi nante
ombros e quadris cardíacas comuns Autossômica
nos está gios finais recess iva
da doença
Fac ioescapu loumeral Ado lescê ncia ou Fraqueza e atrofia dos múscu los A progressão é lenta Aut ossômica
(Landouzy- começo da ao redor dos olhos e da boca, com períodos de dom inante
Dejerine) idade adulta, bem como ombros, braços e deterioração rápida;
norma lmente parte inferior das pernas pode dura r muitas
por volt a dos inicia lmente; post eriormente décadas
20 anos afeta os múscul os abdominais
e os músculos do quadril
M iotônica (doe nça Forma congê- Fraqueza e atrofia dos músculos A progressã o é lent a, Autossôm ica
de Steinert) nita ao da face, parte inferior das por vezes durando dom inante
nascimento; pernas, antebraços, mãos e de 50 a 60 anos
fo rma ma is pescoço, com atraso do re laxa-
com um e mento dos músculos após
me nos grave contração. Pode afetar o sistema
na adolescê n- gastrointestina l, visão, coração
eia ou na ou respiração. Dificu ldades de
idade adu lta aprendizagem, em alguns casos
Ocul ofa ríngea Ida de adulta, Fraq ueza dos múscu los das A progressão é lenta A utossô mi ca
norma lmente pá lpebras e da garganta e, domi nante
dura nte a posteriormente, dos músculos Autossôm ica
quinta ou a da face e dos membros. São recessiva
sexta década comu ns prob lemas de
de vida degl ut ição e dificu ldade de
manter os olhos abertos
Dista l Infância até Fraqueza e atrofia dos múscu los A progressão é lenta; Aut ossômica
idade ad ulta das mãos, antebraços e sem risco à vida dom in ante
membros inferiores Autossôm ica
recessiva
Congên ita Ao nascim ent o Fra queza muscu lar genera lizada, A progressão é variável; A utossôm ica
ou próximo possível enrij ecimento ou algumas formas têm recessiva
ao nasci mento fro uxidão articu lar; pode progressão lenta e A utossômica
envolver escoliose, insuficiência algumas reduzem o dominante
respiratória e deficiência menta l tempo de vida Espo ntânea
Dados de www.mda.org . Acessado em 30 de dezembro de 2008.
llllD> PARTE X DOENÇAS DO SISTE MA NERVOSO EM CR IANÇAS

+fu:Hh' 35-3 Tratamento Ortopédico da Distrofia Muscular de Duchenne

ESTÁGIO DE DISTROFIA MUSCULAR IDADES TRATAMENTO ORTOPÉDICO


Estágio 1 (Estágio do diagnóstico) Do nascimento Nenhuma interven ção ortopéd ica indicada
aos 5 anos
Estágio 2 (Estágio quiescente) 5-8 anos Alongamento do tendão de Aquiles
Possível liberação do quadril e joelho
Tratamento de fratura
Estág io 3 (Perda da deambulação) 9-12 anos Libera ções de contratura
Alongamento ou tenotomia do tendão de Aquiles
Transferência do múscu lo tibia l posterior ao dorso do pé
Estágio 4 (Assentador em tempo integra l/ 12-16 anos Fusão espinhal
desenvolvimento de deformidade espinhal)
Estágio 5 (Dependência comp leta e <': 15 anos Tratamento de fratura
desenvolvimento de insuficiência
respiratória)

que decidiram não tomar essa medicação. Oitenta por cento dos
meninos não tratados desenvo lve ram escoliose de pelo menos 20
graus aos 18 anos de idade, enquanto menos de 25% dos meninos
do grupo de tratamento desenvolveram escoliose. Tem sido relatado
que o deflazacorte em doses diárias elevadas também resulta na
manutenção a longo prazo da função pulmonar. A idade em que os
meninos se tornaram usuários de cadeira de rodas em tempo inte-
gral aum entou em vários anos em relação aos meninos que não
usaram deflazacorte. Essa terapia tem efeitos colatera is significati-
vos, incluindo ganho de peso, osteopenia, alterações de comporta-
mento, catarata e miopatia. A osteopen ia pode provocar fraturas
patológicas da coluna e extrem idades e torna a instrumentação da
coluna vertebral para escoliose mais difícil. Gordon relatou que a
adição de bisfosfonatos ao tratamento com esteroides melhorou a
sobrevivência em comparação com o tratamento apenas com este-
ro ides. O utras terapias medicamentosas que foram utilizadas, mas
não demonstraram um benefício definido, são: transferências de
mioblastos, azatioprina e aminoglicosídeos. A terapia gênica e a
terapia com células-tronco podem se mostrar promissoras como
tratamento de distrofia muscular, mas estão ainda em investigação.
hldll;HED Pseudo-hipertrofia da panturrilha na distrofia
• TRATAMENTO ORTOPÉDICO
muscular.
O objetivo do tratamento ortopédico é manter a deambulação funcio-
nal tanto quanto for possível. Os procedimentos específicos exigidos
A maioria das crianças contrai os músculos ao redor do ombro para variam de acordo com a idade da criança e o estágio de gravidade da
aumentar a estabilidade do ombro e facilitar o levantamento. Em doença (Tabela 35-3). En tre 8 e 14 anos de idade (média de 10 anos),
crianças com distrofia muscular, no entanto, os braços abdu zem por as crianças com distrofia muscular de D uchenne geralmente têm uma
causa da fa lta de tônus muscu lar adutor e grave fraqueza musc ular da sensação de travamento das articulações. As contraturas dos membros
cintura escapular, de maneira que a criança eventualmente desliza inferiores podem exigir tratamento precoce para prolongar a capaci-
através braços do examinador, a menos que o peito seja firmemente dade de a criança deambular, mesmo que por 1 a 2 anos. Isso exige
abraçado. Depois, no processo da doença, o teste de Thomas mostra prevenção ou retardo do desenvolvimento de contraturas dos membros
uma con tratura em flexão do quadril, e o teste de Ober mostra uma in fer iores, o que acabaria imped indo a deambul ação. É mais fác il
contratura em abdução do quadril. m an ter os pacientes andand o do que induzi- los a retomar a cami-
nhada depois de terem parado. Quando crianças com distrofia mus-
• TRATAMENTO MEDICAMENTOSO cular de Duchenne param de andar, também se tornam mais
O uso de prednisona e deflazacorte demonstro u preservação ou suscetíveis ao desenvolvimento de escoliose e cont raturas graves dos
melhora da força, prolongamento da deambulação e retardo da pro- membros inferiores. A escoliose se desenvolve em quase todas as
gressão da escoliose. Os esteroides aj ud am a estabilizar as membra- cri anças com distrofia muscular de Duchenne, geralmente quando
nas celulares e a diminuir a inflamação e, por conseguinte, têm o elas precisam de auxílio para se moverem ou logo após se tornarem
potencial de inibir a morte dos miócitos e, ass im, diminuir os efeitos cadeirantes. A utilização de esteroides reduz a ocorrência de escoliose
secundários associados à morte celular. Um grupo de meninos tra- nesses pacientes, conforme mostrado na literatura.
tados co m altas doses diárias de deflazacor te teve uma taxa substan- Para a co rreção cir úrgica de contraturas dos membros inferio-
cialmente reduzida de escoliose em com paração com os meninos res, três abordagens têm sido utili zadas, co mo segue:
CAPÍTULO 35 DOEN ÇAS NEUROMUSCULARES

0.----_ _ _ _ _7_ _ _~1º~----------=;20 Idade (anos) de rã são úteis inicialmente. Curiosamente, há indícios de que um nível
Fase deambulatória Fase de cadeira de rodas elevado de atividade muscular acelera a morte dos miócitos, indicando
que certos exercícios podem diminuir a força.
1
Se a cirurgia for indicada, as contraturas dos pés e quadris
1
devem ser liberadas sim ultaneamente, em geral, por meio de inci-
Vida normal Deambulação Escoliose: 80% Estágio
sões percutâneas. A deambulação deve ser retomada imed iatamente
reduzida Comprometimento terminal
respiratório: 10% após a cirurgia, se possível. Os aparelhos de polipropileno são mais
adequados para imobilização do que o gesso por um longo prazo.
O@lhf;)B19 Gráfico do curso natural da distrofia muscular de A imobili zação prolongada deve ser evitada para prevenir o u limitar
Duchenne: estág ios relacionados com a idade. (De Rideau Y, Duport a fraqueza muscular progressiva causada pelo desuso.
G, Delaubier A, et ai: Early treatment to preserve quality of locomotion for
children w ith Duchenne muscular dystrophy, Semin Neurol 15:9, 1995.)
LIBERAÇÃO PERCUTÂNEA DA
CONTRATURA DO QUADRIL EM
1. Abordagem na deambulação. O objetivo da cirurgia durante o FLEXÃO E ABDUÇÃO E l?A

-
CONTRATURA DO TENDAO DE AQUILES
período deambulatório é corrigir eventuais contraturas na extre-
midade inferior, enquanto o paciente ainda tem capacidade de
TÉCNICA
~
marcha. Rideau recomendou cirurgia agressiva precoce. Suas
indicações para a ciru rgia eram: primeira aparição de contratu-
ras nos membros inferiores; um platô na força muscular, geral- (GREEN)
mente em torno de 5 a 6 anos de idade; e dificuldade de manter
a postura ereta com os pés juntos. Rideau recomendou que a •Com a criança em posição sup in a na mesa de operação,
cirurgia fosse realizada antes da deterioração do tempo de prepare e campeie ambos os membros inferiores das
manobra de Gower ou tempo para levantar do chão. Outros cristas il íacas até os dedos dos pés.
cirurgiões recomendaram cirurgia mais tardia para os deambu- • Primeiro flexione e, em seguida, estenda o quadril para ser
liberado, mantendo-o em adução para colocar tensão sobre
ladores, pouco antes da cessação da marcha.
os músculos a serem liberados; mantenha o quadril oposto
2. Abordagem de reabilitação. A cirurgia é realizada depois que o
em flexão máxima para retificar a coluna lombar.
paciente perde a capacidade de andar, mas com a intenção de
•Insira um bisturi nº 15 percutaneamente logo media l e
que a caminhada seja retomada. Geralm ente, a cirurgia durante
dista l à esp inha ilíaca anterossuperior (Fig. 35-9).
essa fase permite apenas a locomoção mínima com aparelhos.
•Libere o músculo sartório em primeiro lugar e, em seg uida,
3. Abordagem paliativa. A abordagem paliativa trata apenas das o tensor da fáscia lata. Empurre o bisturi lateral e subcu -
contraturas que interferem no uso de calçados e no posiciona- taneamente - sem cortar a pele - para liberar o tensor
mento confortável em uma cadeira de rodas. da fáscia lata completamente . Traga o bistu ri ao ponto
Uma comparação entre deambulação e posição do pé em três de inserção origina l e empu rre-o profundamente para
grupos de pacientes com distrofia muscular de Duchenne (aqueles que liberar o reto femora l por completo. Evite as estruturas
fizeram cirurgia para manter a dean1bulação, aqueles que fizeram cirurgia neurovascu lares da região anterior da coxa.
para corrigir e manter a posição de pé e aqueles que não fizeram cirurgia) •Aos 3 a 4 cm proximais ao polo superior da patela, por via
constatou que a idade média de cessação da marcha naqueles que fizeram percutãnea, libere a fáscia lata latera lmente com uma incisão
a cirurgia foi de 11,2 anos, em comparação com 10,3 anos naqueles não em sua porção média. Empurre o bisturi quase até o fêmur
submetidos à cirurgia. A posição do pé era neutra em 94% daqueles para li berar completamente o septo intermuscu lar lateral.
submetidos à cirurgia, e nenhw11 tinha deformidades em flexão dos arte- •Realize uma liberação percutãnea do tendão de Aqui les.
lhos; 96% dos que foram submetidos à cirurgia relataram ser capazes de •Coloque um gesso longo com os pés em posição neutra
usar qualquer tipo de calçado, em comparação com apenas 60% daque- e com os calcanhares bem acolchoados para evitar úlceras
les que não passaram por nenhuma cirurgia. Em contraste, outro estudo de pressão.
com usuários de cadeira de rodas, em tempo integral, com distrofia mus-
cular de Duchenne não verificou diferenças significativas entre os pacien- CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O paciente é mobil i-
tes submetid os ou não a uma cirurgia no pé em relação ao uso de zado imed iatamente após a cirurg ia. Se tolerados, alguns
calçados, hipersensibilidade ou cosmese. A mobilidade do retropé foi passos são perm itidos. A deambu lação assistida por andador
bem melhor, mas a contratma em equino foi significativamente pior é iniciada o mais cedo possível; e, quando a transferência
naqueles que não passaram por cirurgia. for alcançada, o paciente será colocado sobre uma cama
Atua lm ente, a abordagem mais comum é corrigir as contratu- normal e a fisioterapia continua. Os gessos são bivalvados,
ras pouco antes de o paciente ter um declínio significativo na deam- e as órteses de polipropi leno longas bilaterais são colocadas
bulação e antes de o paciente ter de usar uma cadeira de rodas o mais rápido possível. Os pacientes recebem alta do hospi-
(abordagem na deambulação) (Fig. 35-8). tal assim que puderem deambu lar de forma independente
Contraturas leves em equino dos pés podem ajudar a forçar o com um andador.
joelho em extensão, o que ajuda a prevenir a queda em flexão do joelho
causada por fraqueza grave do quadríceps. Exercícios de alongamento
e órtese noturna podem ser utilizados para evitar que as contraturas se 1 TÉCNICA DE RIDEAU
tornem graves. No entanto, as contraturas em flexão e em abdução do Rideau et ai. descreveram uma técnica semelhante, mas com um
quadril impedem a deambulação e devem ser minimizadas. Exercícios procedimento aberto para liberar as contraturas dos flexores do
de alongamento dos músculos do quadril e órteses nos membros infe- quadril e as contraturas da face lateral da coxa. Eles também cortam
riores usadas à noite para evitar que as crianças durmam em posição a banda iliotibial e o septo intermuscular lateral (Fig. 35- 10).
111111) PARTE X DOENÇAS DO SISTEMA NERVOSO EM CRIANÇAS

TRANSFERÊNCIA DO TENDÃO tibia l posterior sozinho. Embora a transferência do tendão


tib ial posterior seja tecnicamente mais exigente e tenha
TIBIAL POSTERIOR PARA O uma taxa de complicação perioperatória maior, Greene
DORSO DO PÉ observou que os pacientes mantiveram a postura plantí-
Em pacientes com tração acentuada do músculo tibial pos- grada dos pés, mesmo depois de parar de andar. Apesar
terio r, Greene descobriu que a transferência do tendão do procedimento cirúrgico mais extenso, a deambulação
tibial posterior para o dorso do pé combinada com outras precoce dos pacientes não foi impedida.
tenotomias ou o alongamento de tendão proporcionava
resultados melhores do que o alongamento do tendão TÉCNICA
(GREENE)

•Coloque o paciente em posição supina; depois de colocar


um torniquete, faça uma incisão de 3 cm começando
mediaimente no colo do tálus e estendendo até o navi-
cu lar (Fig. 35-11A).
•Abra a bainha do tendão tibial posterior da extensão
distal do retináculo flexor até o navicular.
O@i!;MEJil9 Locais de tenotomia para li beração de flexores •Libere o tendão de suas inserções ósseas, preservando o
do quadril (1), tensor da fáscia e fáscia lata (2, 3) e tend ão de máximo de comprimento possível.
Aqui les (4) . VEJA A TÉCNICA 35-3. •Faça uma segunda incisão de 6 a 8 cm de comprimento
na vertical entre o tendão de Aquiles e a tíbia distal
medial. O tendão de Aquiles pode ser alongado através
da mesma incisão, se necessário.
•Incise a bainha do tendão tibial posterior e puxe a porção
distal do tendão através do segundo acesso.
•Faça uma terceira incisão de 6 cm de comprimento late-
ralmente à crista anterior da tíbia e estenda-a para o
retináculo extensor superior (Fig. 35-11 B).
•Incise o compartimento anterior da fáscia e retraia o
2 3 4 tendão tibial anterior lateralmente.
•Incise cuidadosamente a membrana interóssea no aspecto
H@ii;f.!ml!I Locais cirúrgicos para li berações miotendinosas latera l da tíbia, adjacente à sua inserção tibial em uma
de modo a reduzir bilateralmente contraturas do quadril (1), coxa distância de 3 cm. Aumente a abertura com cortes
(2), joelho (3) e tornozelo (4).

'\
A B e
O[dilij·!& I Transferência do tendão tibial posterior. A, Primeira e segu nda incisões . B, Terce ira e quarta incisões e colocação de
pinça a fim de puxar o tendão tibial posterior do compartimento posterior para o compartimento anterior da perna. C, Posi ção do
tendão transplantado e sutura amarrada sobre feltro e botão na face plantar do pé. VEJA A TÉCNICA 35-4.
CAPÍTULO 35 DOENÇAS NEUROM USCU LARES GDll
hori zo ntais proximais e dista is, qu e se estendem por •Abra a ba inha do tendão ti bial posterior do aspecto ante-
metade da largura da membrana interóssea. rior do maléolo medial ao navicu lar.
• Passe uma pinça curva próximo à tíbia do compartimento •Libere o tendão de suas inserções ósseas, preservando o
anterior proximalmente em direção à segunda incisão. máximo de comprimento possível.
Mantenha a pinça curva na tíbia para evitar lesões nos •Faça uma segunda incisão posteromedial na panturrilha,
vasos fibu lares. na região da junção miotendínea do t ibial posterior. Uma
•Após prender o tendão tibia l posterior e puxá-lo para a liberação do gastrocnêm io pod e ser feita através dessa
terceira incisão, inspecione o tendão através da segunda incisão, caso seja necessário, mas o alongamento exces-
incisão de modo a garantir que ele não esteja torcido em si sivo do complexo do tríceps sural deve ser evitado para
mesmo e nem enrolado no tendão flexor longo dos dedos. prevenir o desenvolvimento de uma marcha agachada no
•Faça uma quarta incisão de 3 cm de comprimento no pós-operatório.
dorso do pé, na região do cuneiforme intermédio. •Abra a ba inha do tendão t ibial posterior e puxe o tend ão
• Incise o periósteo do cuneiforme intermédio e exponha a através da ba inha no acesso da panturrilha.
parte central do osso. •Na junção miotendínea do tibia l posterior, faça a incisão
•Faça um furo de 5 a 8 mm para inserir o tendão pelo transversal no tendão até a metade de sua largura.
meio do cuneiforme . Estenda essa incisão distal mente para até 0,5 cm do corte
•Passe uma pinça de Kelly subcutaneamente a partir da ter- de inserção do tendão tibia l.
ceira incisão à quarta incisão distalmente, de modo a criar um •Fixe o aspecto dista l do tendão com uma única sutura para
caminho subcutâneo para o tendão tibial posterior. Puxe o evitar que o corte longitudinal se estenda até a extremi-
tendão ao longo do subcutâneo com um passador de tendão. dade do tendão. Esse procedimento efetivamente dobra o
•Mantendo as suturas presas à extremidade do tendão comprimento do tendão tibial posterior (Fig. 35-12A) .
tibial posterior, passe o tendão no buraco do cuneiforme •Faça uma terceira incisão de 6 cm de comprimento lateral
interméd io e passe os pontos através do dorso do pé com à crista ante rior da tíbia, estend endo-a para o retin ácu lo
o auxílio de agu lhas retas . extensor superior.
•Libere o torniquete, inspecione, irrigue e feche os feri- • Realize uma fasciotomia no compartimento anterior e
mentos. retraia o tendão tibial anterior lateralmente.
•Após as feridas serem suturadas, amarre a sutura sobre •Incise a membrana interóssea do aspecto lateral da tíbia
uma almofada de feltro e botão no aspecto plantar do por uma distâ ncia de 3 cm.
pé com este em uma posição neutra (Fig. 35- 11 C). •Coloq ue uma pinça de Ke lly através do acesso do com-
• Aplique um gesso longo com o joelho estendido e o partimento anterior e através da membrana interóssea
tornozelo em posição neutra. em direção ao compartimento posterior profundo. Segure
a extremidade do tendão tibial posterior alongada e
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Ficar em pé e andar são traga-o através da membrana interóssea para o compar-
permitidos de 24 a 48 horas após a cirurgia. Um gesso longo t imento anterior da perna (Fi g. 35-128).
na perna é usado durante 4 a 6 semanas, e uma órtese de • Faça outra incisão, de 2 a 3 cm de comprimento, ao longo
joelho-tornozelo-pé é usada de forma permanente. da base do segundo metatarso. Disseque até a base do
segundo metatarso e, subperiostalmente, disseque em torno
da base do segundo metatarso circunferencialmente.
• Pegue o tendão t ibial posterior alongado e passe-o por um
túnel subcutanea mente para a incisão sobre o dorso do
TRANSFERÊNCIA DO TENDÃO segundo metatarso. Passe o tendão em torno da base do
segundo metatarso como uma alça e suture-o a ele mesmo
TIBIAL POSTERIOR PARA O com a tensão apropriada sobre o tornozelo, para mantê-lo
DORSO DA BASE DO SEGUNDO em flexão plantar e dorsiflexão neutras (Fig. 35-1 2C).
METATARSO •Libere o torn iq uete e inspecione os vasos t ibiais para
garanti r que eles não estão sendo comprimidos pelo
Mubarak descreveu a transferência do tendão tibial poste-
tendão transferido. Irrigue os ferimentos e feche-os de
rior para o dorso da base do segundo metatarso. Mubarak
forma padrão.
preferiu essa técnica à de Greene, porque o posiciona-
mento mais distal do tendão tibial posterior aumenta o
braço de alavanca de dorsiflexão do t ornoze lo, e a t écn ica
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O pós-operatório é o
mesmo da transferência do tendão tibial posteri or do
fac ilita o equ ilíbrio entre a fl exão plantar e a dorsiflexão do
dorso do pé (Técnica 35-4).
tornozelo no momento da cirurgia.

, TÉCNICA ~ Contraturas em equino podem ser corrigidas tanto por um


~~~~~~~---'~
alongamento percutâneo como por um alongamento aberto do
(MUBARAK) tendão de Aq uiles (Capítulo 33). Se for necessário um procedimento
aberto po r causa de contraturas graves, o alongamento ou a libera-
•Com o paciente em posição supina e com torniquete ção do tibia l posterior, flexor longo dos dedos e do hálux também
posicionado, faça uma incisão de 3 cm sobre a inserção pode ser necessário. Quando esses procedimentos de alongamento
do tendão tibial posterior no navicular. e liberação fore m fe itos, a criança precisará de uma órtese suropo-
dálica para co ntinuar a ficar de pé ou dea mbular.
llllllD PARTE X DOEN ÇAS DO SISTEMA NERVOSO EM CRIANÇAS

O!ijiJ;tijmg A, Tendão tibial posterior remo-


vido da inserção. O comprimento pode ser efetiva-
mente duplicado, dividindo-o na junção miotendínea
até a extremidade do corte . Ponto médio do tendão
alongado preso por sutura . B, O tendão alongado
é passado através do furo na membrana interóssea
(posterior para anterior) e por via subcutânea através
da face anterior do tornozelo . C, O tend ão alon-
gado é pu xado por via subcutânea através de dorso
do mediopé, enro lado em torno da base do segundo
metatarso e suturado em si mesmo com tensão sufi-
A B e ciente para manter o tornozelo na posição neutra.
VEJA A TÉCNICA 35-5.

O@ihtijmg A e B, Radi ografias de pacientes com escoliose . C e D, Radiografias pós-operatórias após o tratamento com a técnica
de Luque-Galveston.

Embora a liberação de co ntraturas geralmente permita mais 2 da piora da função cardíaca e pulmonar durante a espera. A maioria
a 3 anos de deambulação, aos 12 anos a 13 anos a maioria das crian- dos autores recomenda qu e a capac idade vi tal forçada dos pulmões
ças com distrofia muscular de Duchenne não pode mais andar, e a seja de 50% ou mais do normal para reduzir as complicações pul-
defo rmid ade da coluna vertebral se torna o principal problem a. A monares a um nível acei tável. Ca mbridge e Drennan consideraram
escoliose afeta quase todas as crianças com distrofia musc ul ar de a capacidade vital forçada de menos de 35% co mo um a co ntra in-
Duchenne, e a curva geralmente é progressiva (Fig. 35- 13), emb ora dicação relativa à cirurgia e co mo sinal de cardiom iopatia signifi -
o uso de es teroides no tratamento medicam entoso da distrofia mus- ca ti va. A cirurgia ainda pode se r feita quando a capacidade vital
cular de Duchenne tenha diminuído a frequê ncia de escoliose. A for menor que 50%, m as o risco de complicações pulmonares e
escoliose produz obliqu idade pélvica, o qu e torn a cada vez mais ca rdí acas aumenta.
difícil fi car sentado. Ortetização e cadeira de rodas com sistemas de A fusão espinhal posterior co m instrumentação segmentar é a
suporte espinhal podem retardar a progressão da curva, mas a fu são cirurgia de escolha. A fusão e a instrumentação devem se estender
espinhal acaba sendo necessária para a maioria dos pacientes. à coluna torácica proximal para evitar cifose pós-operatória acima
Q uand o um paciente de ixa de deambular, a escoliose quase da fu são. A artrodese da faceta articular deve ser realizada em todos
sempre piora e uma cifose significativa se desenvolve. Muitos autores os níveis, usando-se enxerto autógeno ou alógeno, conforme neces-
recomendam artrodese espinhal no início da escoliose, quando a sário. A maioria dos autores tem recomendado qu e a fusão se
curva é de apenas 20 graus. Em virtude do históri co natural da estend a até a pelve com a exte nsão das hastes no ilíaco pela técn ica
doença, adiar a cirurgia até que a cur va chegue a 40 ou 50 graus não de Galves ton. Por causa da osteopenia associada, a possibilidade de
tem va ntagem e pode deixar a cirurgia mais complicada por causa cut out das hastes da pelve é signifi cativa.
CAPÍTULO 35 DOENÇAS NEUROMUSCULARES GBll
OUTRAS VARIANTES DA DISTROFIA morte súbita cardíaca, o que pode ser evitado por um rnarcapasso
MUSCULAR cardíaco. A m aiori a dos pacientes é capaz de deambular até a quinta
ou a sexta déca da de vida.
O tratamento ortopédico da distrofi a musc ular de Emery-
• DISTROFIA MUSCULAR DE BECKER Dreifuss envolve a liberação das co ntraturas do tendão calcâneo e
A distrofi a musc ular de Becker é um a doença recessiva ligada ao de out ros músc ul os ao redor do pé. Isso geralmente exige um alon -
sexo que tem início m ais tardio e ritm o mais lento de deterioração ga mento do tend ão de Aquiles e capsulotomia posterior do torn o-
muscular do que a distrofia muscular de Duchen ne. A prevalência zelo. A transferê ncia anterior do tend ão tibial posterior tamb ém
da distrofia muscular de Becker, baseada na análise da distrofin a, é pode ser necessári a. Co ntraturas em flexão do cotovelo normal-
de 2,3 por 100.000. O gene afetad o na distrofi a muscular de Becker mente não excedem 35 graus, mas contraturas de 90 graus têm sido
é idêntico ao da distrofi a muscular de Duchenne (loca li zado no locus relatadas. A flexão co mpleta e a normalid ade da pronação e da
Xp21 no crom ossomo X), mas os pacientes com distrofia muscular supinação são m antid as. Resultados bem-sucedidos da liberação de
de Becker mostram alguma evidência de uma distrofi na intracelular contraturas de co tovelo não for am relatados. Co ntraturas em torno
funci onal. Embora presente, a distrofina, na distrofia muscular de do pescoço e costas devem ser tratadas de form a co nservadora com
Becke r, apresenta alteração de tam anho ou qu antid ade menor ou exercícios de ampli tud e de movimento, apesar de a amplitude com-
ambas. A gravidade da doença depende da quantid ade de distrofi na pleta de movimento não ser esperada. A escoliose pode oco rrer
funcional nos músc ul os. Agora, estudos genéticos e testes de distro- nessa fo rm a de distrofi a musc ular, m as tem uma incidência menor
fina permitem que o clínico defin a melhor as fo rmas graves da de progressão.
distro fia muscular de Becker. Os níve is séricos de creatina quin ase
estão m ais elevados antes de a fraqueza muscular se r clinicamente • DISTROFIA DE CINTURAS
aparente, podendo estar 10 a 20 vezes acima dos n íveis norm ais. A distrofi a de cinturas é urna doença autossômica recessiva, embora
O início dos sintomas geralmente oco rre após os 7 anos, e os pacien- um padrão autossômico dominante de herança tenha sido relatado
tes podem viver até po r volta de 40 anos ou mais. O comprometi- em algumas famílias. As característi cas clínicas, às vezes, são indistin-
mento cardíaco é frequ ente em pacientes com distrofia musc ular de guíveis das da distrofia muscular de Becker, mas observa-se nos
Becker, uma alta porcentagem de pacientes com essa doença apre- exames laboratoriais que a distrofi na permanece. A doença geral-
senta anomalias eletroca rdiográficas e ca rdiom iopatia. mente ocorre entre a primeira e a qu arta década da vida. A fraqueza
O tratamento ortopédico da distrofi a muscular de Becker muscular inicial co mpromete as cinturas pélvica ou escapular (Fig.
depende da gravidade da doença. Em pacientes co m grandes quan - 35- 14). A fraqueza na extremid ade infe rior geralmente compromete
tidades de distrofin a fun cional, procedim entos ortopédicos frequen- glúteo máximo, il iopsoas e qu adríceps. A fraqueza da extremidade
temente não são necessários durante a infância e, em pacientes com
formas m ais graves da doença, o tratamento considerado é o mesm o
que para a distrofia muscular de Duchenne. Contraturas do pé e
tração do músculo tibial posterior podem ser tratadas efi cazmente
com alongamento do tendão de Aquil es e transferências do tendão
tibial posteri or com bons resultados a longo prazo. Ra ramente, os
pacientes precisam da liberação de tecidos moles ao redor do
quadril. A escoliose não é tão comum em pacientes com distrofia
muscular de Becket-, e não há recomend ações definiti vas na litera-
tura, então o tratamento deve ser individualizado.

• DISTROFIA MUSCULAR DE EMERY-DREIFUSS


A distrofi a muscular de Emery-Dreifuss é uma doença recess iva
ligada ao cromossomo X; o desenvolvimento completo da doença é
observado apenas em meninos, embora a doença de form a ma is
branda tenh a sido relatada em menin as. O locus do gene para a
forma m ais comum da distrofia musc ul ar de Eme ry- Dreifuss encon -
tra -se na região Xq28 do cromossom o X. Essa região codifica um a
proteína de membrana nuclea r cham ada emerina. A biópsia musc u-
lar de pacientes com distrofia musc ul ar de Emery-D reifuss mostra
níveis norm ais de distrofi na, mas ausê ncia de emerin a.
D urante os primeiros anos de vida, os pacientes têm fr aqueza
muscular, andar desaj eitado e tendência a andar na ponta do pé. A
síndrom e completa geralmente ocorre na adolescê ncia e se carac te-
riza por deformidades fixas em equin o dos tornozelos, contraturas
na flexão dos cotovelos, contratura na extensão do pescoço e tensão
da musculatura parave rtebral lombar. Um fator significativo no
diagnóstico e tratamento da distro fi a muscular de Emery- Dreifuss
é a presença de anormalidades cardíacas: a bradica rdi a e os defeitos
de condução atriventricular podem provocar o bloqueio completo
do coração. É importante reconhecer a distrofia musc ular de Eme ry- H!ijii;HE119 Padrão de fraqueza na distrofia de cinturas.
Dreifuss po r causa das alterações cardíacas, qu e inicialmente são (Red esen hada de Si egel IM: Clinica/ management of musc!e disease,
quase sempre assin tom áticas, mas acarretam uma alta incidência de London, 1977, W illiam Heinemann.)
llll!D PARTE X DOENÇAS DO SISTEMA NERVOSO EM CRIANÇAS

joelho-tornozelo-pé. A escoliose é rara, embora o aumento da


lordose lombar seja comum.
Em ge ral, a incapacidade de flexionar e abd uzir o ombro
funcionalmente é tratada com estabilização da escápula, com
artrodese escapulotorácica. A fusão escap ulotorácica com enxertos
de suporte ou com placas e parafusos propicia uma fusão satisfa-
tória da borda medial da escápula às costelas torácicas posteriores;
no entanto, está associada a complicações significativas, como
pneumotórax, derrame pleural, atelectasia e pseudoartrose. As téc-
nicas que utilizam fios de fixação foram descritas por Jakab Gle-
dhill, Twyman et ai. e Diab et ai. Copeland et ai. descreveram um a
técnica de fusão semelhante mas, em vez de fios, eles usaram
parafusos para estabilizar a escápula à quarta, quinta e sexta cos-
telas (Fig. 35-16).
As indicações para fusão escap ulotorác ica incluem abdução e
flexão limitada do ombro superior a 90 graus, escáp ula alada e des-
conforto no ombro; a força do deltoide deve ser de pelo menos grau
4 de 5 no momento da cirurgia. Em seus 11 procedimentos em oito
pacientes, a única complicação relatada por Diab et ai. foram fios
subcutâneos proeminentes que exigiram corte em dois pacientes.
Eles observaram que a fusão escapulotorácica pode aliviar a fadiga
e a dor no ombro, possibilitar abdução e flexão suaves da extremi-
dade superior e melhorar a aparência do pescoço e do ombro.
Embora a progressão da doença ao afetar o músculo deltoide possa
causar perda de abdução, outros benefícios do procedimento são
h(di!;fümJit Padrão de fraqueza na distrofia mantidos a longo prazo.
facioesca pu loumera 1.

superior pode comprometer o trapézio, o serrátil anterior, os romboi- FUSÃO ESCAPULOTORÁCICA


des, o Iatíssimo do dorso e o peitoral maior. Alguma fraqueza também

---~---""'~
pode se desenvolver nos motores primários dos dedos e punhos. TÉCNICA
Há duas formas principais de distrofia de cinturas: o tipo mais
comum, na cintura pélvica, e um tipo escapuloumeral. A cirurgia (DIAB ET AL.)
raramente é necessária em pacientes com distrofia de cinturas. A esta-
bilização da escápula às costelas pode ser necessária para escáp ula •Coloque o paciente em posição prona, com o quarto dian-
alada e, em casos raros, podem ser necessárias transferências mus- teiro coberto livremente. Abduza o membro superior de
culares em torno do punho. modo que a escápula fique plana contra a parte posterior
do tórax, com a sua borda vertebra l externamente rodada
em um ângu lo de 25 graus em rel ação à linha média.
• DISTROFIA MUSCULAR •Faça uma incisão linear ao longo de toda a borda verte-
FACIOESCAPULOUMERAL bral da escápu la na posição reduzida .
A distrofia muscular fac ioescapuloumeral é uma cond ição autos- •Corte o músculo trapézio em linha com a incisão cutânea.
sômica dominante com fraqueza característica dos músculos •Libere o elevador da escápu la e os músculos romboide
faciais e cintura escapular (Fig. 35-15). O gene afetado está locali- maior e menor de seus loca is de inserção na borda verte-
zado no cromossomo 4q35. A doença pode ter início na primeira bral da escápu la e disseque-os mediaimente. Esses múscu-
infância, caso em que ela segue um curso rápido e progressivo, los geralmente são atróficos e acentuadamente f ibróticos
confinando a maioria das cri anças a um a cadeira de rodas na idade e gordurosos.
de 8 a 9 anos; alternativame nte, o início pode ocorrer em pacientes •Rebata os músculos supraespinhal, infraespinhal e redondo
com 15 a 35 anos de idade, caso em que a doença progride mais maior 2 a 3 cm lateralmente de seus loca is de origem, na
lentam ente. A manifestação clínica mais marcante é a fraqueza borda vertebral da escápula.
facial com incapacidade de assobiar, apertar os lábios, franzir a •Exponha a superfíci e posterior da borda vertebral da
testa ou inflar as bochechas. As maiores limitações funcionais são escápula subperiosta lmente (Fig. 35-17 A).
a incapacidade de abduz ir e flexionar os braços nas articu lações •Rebata um segmento de 4 a 5 cm da origem do subes-
glenoumerais e a presença de escápula alada, ambas ca usadas por capu lar lateralmente, a partir da parte anteromedial da
fraqueza progressiva dos músculos que fixam a escápula à parede escápu la, também no plano subperiosta l. Excise parte do
torácica, enquan to os músculos que abdu zem a articulação glenou- subescapular, se necessário, para expor a superfície pro-
meral continuam fortes. À medida que a doença progride, a fra- funda da borda vertebral da escápu la e possibilitar a sua
queza dos membros inferiores, especialmente nos músculos aposição contra as costelas adjacentes.
li.bulares e tibiais anteriores, resulta em um pé caído que precisa •No processo de limpar a borda vertebral da escápula
do uso de uma órtese tornozelo-pé. Às vezes, o músculo quadrí- subperiostea lmente, libere a inserção do serrátil anterior
ceps é envolvido, exigindo expansão da órtese para uma órtese de
CAPÍTULO 35 DOENÇAS NEUROMUSCULARES Gm

A B e
H@ih!ijml!I Técn ica de Copeland da fusão escapulotorácica. A, Descorticação das costelas. B e C, Perfuração e inserção de parafusos
na coste la depois da aplicação de enxerto de osso esponjoso.

anteriormente de toda a extensão da borda medial da única placa contornada for muito volumosa, duas placas
escápula . Isso deve permitir que a escápula seja posicio- podem ser uti lizadas, com uma acima e outra abaixo da
nada sem tensão em uma posição mais medial e inferior espinha escapular.
contra a parte posterior da parede torácica. É importante •Passe uma extremidade de cada um dos f ios de anterior
não tentar obter a correção med ial inferior por esforços para posterior através do furo adjacente na borda vertebra l
vigorosos, pois isso pode esticar as estruturas neurovas- da escápu la e através do furo na placa sobrejacente ou
culares adjacentes e causar paralisia do plexo braquial . arruelas.
•Exponha subperiostealmente, desde o colo até o ângulo • Aperte o enxerto ósseo esponjoso entre as superfícies
posterior, cinco costelas no local de fusão, em geral da escapular e costal, com as costelas adjacentes ligadas por
segunda à sexta ou da terceira à sétima costela, tendo o tiras esponjosas (Fig. 35-17C).
cuidado de proteger a pleura parietal e os feixes neuro- • Com a escápu la mantida em sua posição final, puxe a
vasculares subcostais. outra ponta de cada um dos fios ao longo da parte pos-
•Colh a um enxerto esponjoso autógeno da crista ilíaca terior da placa e aperte os fios, torcendo sequencialmente
posterior. no sentido horário.
•Use um escarificador motorizado para decorticar parcia l- •Coloque qualquer enxerto ósseo remanescente entre as
mente ao sangramento ósseo da face anterior da escápu la superfícies posteriores das costelas, mediaimente, e a
e na face posterior das costelas. borda vertebral da escápula (Fig. 35- 170)
•Co loque a escápula contra a parte posterior da parede •Preencha o campo cirúrgico com solução cristaloide e
torácica e marque os pontos de passagem do fio da realize uma manobra de Va lsalva para detectar lágrimas
borda vertebra l da escápu la às costelas imediatamente pleurais relativamente grandes.
adjacentes . Posicione os fios com um acima da espinha • Corte e torça os fios a fim de que permaneçam achatados.
escapular, um no nível da espinha e outro abaixo, com •Feche os músculos posteriores sobre a superfície posterior
o mai s baixo na parte mais dista l da borda vertebra l da escápula para proporcionar um efeito de tenodese e
(F ig . 35- 17B). cobrir os implantes. Feche os acessos torácico e ilíaco
•Dobre um fio calibre 16 duplicado em forma de C e posterior de forma rotineira.
passe-o sob a costela subperiostealmente, de superior •Na sala de recupera ção, faça uma radiografia de tórax
para inferior; torça as duas extrem idades uma vez contra para verificar se há um pneumotórax em desenvolvi -
a superfície posterior da costela para evitar impacto mento; os sintomas clínicos podem ser mascarados por
contra a pleura. sonolência pós-operatória ou medicações para dor.
•Faça furos ao longo da borda vertebral da escápula, 1,5
a 2 cm de sua margem, oposta às costelas selecionadas, CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O ombro e os membros
na fossa supraespinhal e infraespin hal, e através da base superiores são imobilizados em uma tipoia e enfaixados
da espinha da escápula (Fig . 35-17B) durante 4 semanas. Em seguida, a tipoia é usada sozinha,
•Aplique parafusos com arruelas ou de preferência uma placa com exercícios ativos de amplitude de movimento diários
de compressão dinâmica ou uma placa semitubular acha- do cotovelo, antebraço, punho e mão, mas nenhuma
tada na superfície posteromedial da escápula para reforçar abdução ou flexão do úmero é permitida durante 4
o osso escapular fino (Fig. 35-17C). Ocasionalmente, se uma semanas. A abdução e a flexão do ombro progridem para )
lllllD PARTE X DOENÇAS DO SISTEMA NERVOSO EM CR IAN ÇAS

h@l!;@Emfl Técnica de Diab et ai. para a fusão escapulotorácica (texto). A, As bordas vertebrais da escápula e das coste las são
vistas após os músculos circundantes, tecidos adiposo e fibroso e periósteo terem sido limpos. B, Cinco fios duplos de ca lib re 16 são
passados subperiostea lmente sob as costelas e torcidos sobre si mesmos para evitar impacto na pleura. Cinco buracos são perfurados
na face medial da escápula, adjacente ao ponto de fixação planejado para as costelas . C, Placa única é dobrada para estar de acordo
com forma de escápula, e uma extremidade de cada fio é passada pe lo furo correspondente ao furo da placa. O enxerto ósseo é colo-
cado entre a borda anterior da escápula e a superfície posterior da costela. D, Outra extremidade de cada fio é puxada para o lado
posterior da escápula e da placa e apertada para pressionar firmemente a escápula contra as costelas. (Redesenhada de Diab M, Darras
BT, Shapiro F: Scapulothoracic fusion fo r facioscapu lohumeral muscul ar dystrophy, J Bone Joint Surg 87A:2267, 2005 .) VEJA A TÉCNICA 35-6.

as ex tremidad es inferi ores tamb ém são afetad as . Os p ac ientes se


amplitude tota l ativa de movimento com desmame da tornam cad eirantes na seg unda décad a de vida. A fraqu eza fa cial
)
tipoia ao longo das próximas 4 a 8 semanas. Aos 3 a 4 é obse rvad a na infânci a, se nd o seguida p o r perda auditiva neu-
meses após a cirurgi a, quan do o programa de reabil itação ro ssen so ri a l em m édia aos 5 anos de idade. Uma hip erlord ose
tiver levado a abdução e flexã o clín ica livre de dor, a lombar progressiva se dese nvolve, sendo qu ase p ato gn omôni ca
atividade irrestrita é perm itida. p ara a di st ro fi a musc ul ar fac ioescapulo um eral infantil. A hip er-
lordose provoca co ntraturas fixas na fl exão d o quadril. O trata -
m ento con siste em acomod açã o da lo rdo se na cadeira de rod as.
A orteti zação espinha l não teve sucesso. A fu são espinhal po de
• DISTROFIA MUSCULAR ser indicad a para ajud ar o equilíbrio na p osição sentada . A fusão
FACIOESCAPULOUMERAL INFANTIL escapulotorác ica ge ralm ente não é in d icad a nesses p ac ientes por
Uma form a d e início precoce da di stro fia musc ul ar fa cioesca pu - causa d a fra qu eza ava nçad a ass oci ad a a essa fo rm a de di st ro fi a
loumeral foi de scrita, na qual a fr aque za progrid e rapidamente e musc ul ar fac ioescapuloume ral.
CAPÍTULO 35 DOEN ÇAS NEUROMUSCULARES GIDll
35-4 Classificação das Neuropatias Sensório-motoras Hereditárias

TIPO NOME(S) HERANÇA


Atrofia fibular, doença de Charcot-Marie-Tooth (forma hipertrófica), Autossômica dominante
síndrome de Roussy-Lévy (distasia arrefléxica)
li Doença de Charcot-Marie-Tooth (forma neuronal) Variável
Ili Doença de Dejerine-Sottas Autossômica recessiva
IV Doença de Refsum
V Neuropatia com paraplegia espástica
VI Atrofia óptica com atrofia muscular fibular
VII Retinite pigmentosa com fraqueza e atrofia muscular distal

DISTROFIAS CONGÊNITAS co rrig ir a deformid ad e, e um a talectomia pode ser necessá ria. Uma
ó rtese suropod álica, qu e frequentem ente é necessária para a fra-
As distrofias congênitas incluem condi ções relativam ente raras, queza na fl exão dorsal, pode m anter a correção no pós-operatório.
co mo a distrofia nemalínica, a mi opatia do núcleo central, a miopa- Em a lgun s pacientes ad o lescentes, a escoliose se d esenvolve e d eve
tia mi otub ul ar, a desproporção congênita de fibras e a doença de ser tratada com os m esmos princípios do tratamento d e escoliose
múltiplos e mininúcleos. As mio patias congênitas e as distrofias idiopáti ca. A alta incidência de anormalid ades cardíacas e a dimi -
musc ulares co ngên itas geralm ente são definidas pela aparência hi s- nu ição d a fun ção pu lmonar aum enta m o risco de cirurgia e podem
tológica das amostras d e biópsia muscular, e não critérios clínicos até proibir a ciru rg ia nesses pacientes.
o u moleculares específicos. A microscopia eletrônica pode ser
necessária para diferenciar a lguns dos tipos. A fraqueza e as contra-
turas ao nascim ento podem causa r luxação do qu adril, p és tortos o u NEUROPATIAS SENSORIAIS E
outras d efo rmidades. A fraqueza respiratória e a dificuldade com a MOTORAS HEREDITÁRIAS
alimentação e a deglutição são comun s. A aparência clínica é de
di smorfism o com cifoescoli ose, deformid ad es torácicas, rosto com - As neuropatias senso ri a is e m otoras hereditárias constituem um
prido e um palato alto. O tec ido muscular é grad ualm ente substi - grand e grupo de doenças neuropáticas herdadas. O distúrbio mai s
tuído por tecido fibroso, e as co ntraturas podem se tornar graves. O co mum entre essas neuropatias é a d oe nça de Ch arcot-Marie-Tooth.
tratamen to visa manter o paciente d eambulador e prevenir contra- As neuropatias senso riais e motoras he reditárias foram classificada s
turas por meio de exercícios e ó rteses. As deformidades em equin o em se te tipos; os tipos I, II e III ocorrem m ais frequentem ente em
e varo dos pés podem precisar d e li berações, se interferirem na crianças e tipos IV, V, VI e VII ocorrem em adultos (Tabela 35-4).
deambulação. A luxação congênita do quadril e o pé torto são tra-
tados convencion almente, m as a recidiva é frequente .
DOENÇA DE CHARCOT-MARIE-TOOTH
(ATROFIA MUSCULAR FIBULAR)
DISTROFIA MIOTÔNICA
A doença d e C harcot-Ma ri e-Tooth é um distúrbio d egenerativo
A distrofia miotônica se caracte ri za pela in capacidade d e os mú scu- hereditá rio dos sistem as nervosos central e periférico; ela provoca
los relaxaram após contração. Ela é progress iva e geralmente está atrofi a musc ular e perda da propriocepção. Ge ralmente, consiste em
presente ao nascimento, embora possa se d ese nvo lver n a infâ nc ia. um traço autossômi co dominante, m as pode ser recessiva ligada ao
Na maioria das vezes, a heran ça é autossôm ica dominante, mas pode X ou autossômica recess iva. A incidência das várias fo rmas d a
ser autossôm ica recessiva. O defeito genéti co está localizado no cro- doença de C harcot-Ma ri e-Too th var ia d e 20 por 100.000 a um por
mosso m o 19. Além d a incapacid ade d e os músculos relaxarem , a 2.500. A atrofia m uscular tem progressão constante na m aioria d os
fraqueza muscul ar causa maior compro metimento funcional. O ut ros pacientes com a forma autossômica dominante; com m enos frequên-
defeitos incluem hiperosteose do crânio, ca lvície fronta l e temporal , cia, a d oe nça é completam ente latente ou se manifesta de forma
atrofia go nad a l, disfas ia, disa rtria, a lterações eletrocardiográ fi cas e intermitente. As forma s recessivas têm início precoce (primeira ou
retardo m e ntal. A aparên cia clínica carac terís ti ca é a boca em segunda década) e são mai s rapidamente progressivas. As queixas
fo rma d e te nda, diplegia fac ia l e exp ressão embotada. Ce rca de ini ciais são fraqu eza gera l do pé e marcha instável. Problemas nos
m etade das crianças com di strofia miotôni ca tem pé torto, e a dis- pés inclu em dor sob as cabeças d os m etatarsos, d edos em garra,
plasia do qu adril e a escoliose po dem es ta r presentes. A displasia do fa d iga do pé e dificuld ad e d e usar sapatos normais. A perda dista l
quadril é tratada de forma co nvencio nal , m as, por causa da fro uxi- da propriocepção e a ataxia espinhal são comuns. Deve-se suspeitar
dão capsul ar, ela pode não responder tão prontamente como em da doença de Charcot-Marie-Tooth em pacientes com dedos em
outras crianças. Gessos seriad os podem corr ig ir a deformidade em garra, arcos plantares elevados, pernas fin as, falta de equilíbrio e
equinovaro no início, m as a reincidência é provável, e a lib eração marcha instável. Os pacientes tamb ém podem ter di sfun ção da m ão
extensa gera lm ente é n ecessária; a a rtrod ese trípli ce pode ser que se manifesta por di fic uldades com a escrita, por causa da fra-
necessária na maturidade esquelética em v irtude da rein cidência, queza, dor e sensibilidade alte rada, as quais podem torna r o uso de
apesa r d as lib erações exten sas. Em pacientes com pé torto acentu- dispositivos de assistência à marcha mais difícil. Além do exam e
ad o, uma exten sa liberação pos terom edial pode ser insufici ente para fís ico e do históri co familiar, as ele tromiografia s, qu e mostram
llm!> PARTE X DOE NÇAS DO SISTE MA NERVOSO EM CRIANÇAS


aumento da amplitude da du ração da resposta e velocidade de con-
Possíveis Causas da Deformidade
du ção nervosa lenta, normalmente confirm am o di agnóstico. 35 - 1 em Cavovaro do Pé
Os avanços da biologia m olecular melhoraram a capacidade
de co nfirmar o di agnósti co da doença de Charcot-Marie-Tooth e Cérebro
di fere nciar as va riantes da doença. Uma mu tação do gene cone- • Parali sia cerebral
xin a-32 fo i desc rita como associada à for ma mais comum da doença • At axia de Friedreich
de Charcot-Marie-Tooth ligada ao X. O tip o IA da doença de Char- • Acidente vascular cerebral
co t-Marie-Too th , ou neuropati a hereditári a co m predisposição de •Tumor
défi cit sensitivo da pressão, tem sido assoc iado a um a duplicação • Degen era çã o espin ocerebelar
ou deleção do ge ne da proteína mielínica periféri ca 22 (PM P22) .
Essa associação foi encontrada em 70% dos pacientes com o tip o IA Medula Espinhal
doe nça de Charcot-Mari e-Tooth. A análise de So uthern blot pode •Tumor
agora ser realizada em laboratórios co merciais para confirmar a • Disrafismo espinh al
presença ou a ausê ncia dessas anormalidades genéticas. O uso da • Polio mielite
biologia molecu lar pode possibili tar que os cirurgiões ortopédicos • At rofia muscu lar espi nhal
recomedem tratamentos mais específicos aos pacientes com as Sistema Nervoso Periférico
va riantes da do ença de Charcot-Marie-Too th. • Neuropatia sensório-motora hereditári a (p. ex., doença de
Charcot-Marie-Tooth)
• DEFORMIDADE DO PÉ EM CAVOVARO • Lesão traumática do nervo periféri co (nervo ciático)
Defo rmidades do pé em cavovaro são as defo rmidades ortopédi cas
Músculo e Tendão
m ais comuns em todos os tipos da doe nça de Charcot- Marie-Tooth,
• Sín drom e de comparti mento na pe rn a
exceto o tip o II, em qu e as deformidades do pé em planovalgo são
• Defo rm ida de residual do pé torto
mais comuns. A doe nça de Charcot-Marie-Tooth é a causa neuro-
• Laceração do t endão fi bul ar longo
musc ul ar m ais comum da defo rmid ade do pé em cavovaro em
• Distrof ia muscular de Duchenn e
cri anças, mas outras ca usas devem se r consideradas ao se avaliar
urn a cri ança co m um a deformid ade em cavova ro do pé (Quadro Osso
35- 1). Trata-se de um a defo rmidade co mplexa do antepé e retropé. • Coalizão tarsa l
A cirurgia frequentemente é necessá ria para es tabili zar o pé. Embora • Consolidação viciosa de fratura do t álus ou do calcâneo
não haja dúvida de qu e a deformid ade em cavovaro seja causada Idiopática
po r desequilíbrio muscular, as teorias qu e explicam quais músc u-
los estão comprometidos e como os desequilíbrios produze m a Adaptado de Lee MC, Sucato DJ: Pediatric issues with cavovarus foot deformity,
defo rmidade rígida em cavovaro não justifi cam co mpletamente a Foot Ank/e Clin North Am 13:199, 2008.
deformidade clínica. Suge re-se que a deformid ade em cavovaro neu-
ropáti ca da doe nça de Charcot-Mari e-Too th seja causada por uma
com binação de fra queza intrínseca e extrí nseca, que começa com
fra qu eza intrínseca dos múscul os do pé e o múscu lo tibial anterior,
co m a fo rça normal dos músculos tibial posterior e fibul ar longo. pode ser estimado com a vista lateral, determinando o ângulo de
O tríceps sural também está fraco e pode estar contraturado. O antepé Meary, o ângulo entre o eixo longitudinal do primeiro metatarso e o
é puxado em equino em relação ao retropé, sendo que o primeiro raio eixo longitudinal do tálus; o ângulo norm al é de O grau. As radiogra-
se torn a flexionado plantar (Fig. 35-18). Os extensores longos dos fias utili zando o teste com blocos de Coleman mostram a correção da
dedos tentam ajudar o fraco tendão tibial anterior na dorsiflexão, mas defo rmidade em varo, se o retropé for fl exível.
co ntribuem para a flexão plantar do metatarso, e o antepé é pronado
em uma posição em va lgo com adução leve dos metatarsos. Inicial- 1 TRATAMENTO ORTOPÉDICO
me nte, o pé é flexível e plantígrado com suste ntação de peso, mas O tratamento é de terminado pela idade do paciente, a causa e a
confo rm e o antepé se torna mais rig idamente pronado, o retropé gravidade da deformidade. O tratam ento medicamentoso com ácido
assume uma posição em varo. O sup orte de peso se torna um meca- ascórbico em altas doses se mostrou ineficaz na alteração do histó-
nismo de "tripé'; com o peso suportado pelo calcanh ar e a cabeça do rico natural dessa co ndição. O tratamento não cirúrgico do pé em
prim eiro e do quinto metatarso. cavovaro, incluindo o uso de gessos seri ados e toxina botulínica, em
geral, não aprese ntou sucesso. Os procedim entos cirúrgicos são de
1 AVALIAÇÃO CLÍNICA E RADIOGRÁFICA três tip os: tecidos m oles (liberação da fáscia plantar, liberação ou
A ava liação clínica da defo rmidade em cavovaro inclui a determi - transferência do tendão), os teotomi a (metatarso, mediop é, calcâ-
nação da rigidez do va ro no retropé, ge ralmente co m o teste com neo) e estabilização da articul ação (a rtro dese tríplice).
blocos de Coleman (Fig. 35- 19) e a ava liação da fo rça musc ul ar A experi ência no tratamento de defo rmidades dos pés na
individual e do equilíbri o geral. Um exa me cuidadoso dos sistemas doença de Charcot-Marie-Tooth mos tro u que o tratamento precoce,
nervosos central e periférico é necessário, incluindo estudos de velo- ag ressivo, quando o retropé estiver fl exível, e a liberação precoce
cidade de condução nervosa e eletromi og rafi a. dos tecidos moles podem atrasa r a necessidade de procedim entos
As radiografias padrão anteroposteriores, laterais e oblíquas são reco nstrutivos mais extensos. Mes mo em pacientes jovens co m
os métodos mais úteis para a avaliação do pé da criança; no entanto, uma defo rm idade no retropé fi..xa , a li beração limitada de tecidos
a fim de determin ar quaisquer relações significativas entre os ossos, é moles combin ad a com um a osteotomi a no primeiro meta tarso ou
essencial que as incidências anteroposteriores e laterais sejam fe itas mediopé, ou no calcâneo, ou amb os, pode proporcionar um res ul -
com apoio ou na posição simulada de apoio. As incidências antero- tado fun cional satisfató ri o, sem sacrifi ca r o m ovimento arti cul ar
posteriores documentam o grau de adução do antepé. O grau de cavo do re tropé e do médio- pé, que é perdid o após a artrodese trípli ce.
CAPÍTULO 35 DOEN ÇAS NEUROMUSCULARES

O@ii;MmEt A e B, Radiografias esquerda e direita em perfil de uma criança com apoio com doen ça de Charcot-Marie-Tooth
demonstrando arcos e levados, dedos em garras e primeiro metatarso plantar flexionado. Observe a assimetria entre os dois lados. (De
Beals TC , Ni ckish F: Charcot-Marie-Tooth disease and the cavovarus foot, Foot Ankle Clin North Am 13:259, 2008.)

A B 2cm e
Ofdl!J41!1D Teste com blocos de Coleman. A, Calcanhar e borda lateral do pé são colocados sobre b loco de madeira, perm itindo
que a cabeça do primeiro metatarso ca ia em fl exão plantar. B, Se o retropé em varo estiver secundário ao efeito tr ipé do primeiro raio
flexionado p lantar, o retropé irá corrigir para o alinhamento neutro ou va lgo. C, Se retropé em varo estiver rígido, e le não irá corrigir.

Por causa das alterações degenerativas precoces no tornozelo, an tepé osteotomias poupadoras das artic ulações para os pés rígidos. Essas
e mediop é, a artrodese tríplice deve se rvir como um procedimento osteotomias incluem (1) osteo tomia em cunha de fechamento dorsal
de salva mento para pacientes nos quais outros procedimentos não do primeiro metatarso, (2) osteo tomi a em cunha de ab ertura plantar
tive ram sucesso ou em paci entes co m defo rmid ades fixas não tra- do cun eiform e medial, (3) osteo tomia em cunha de fechamento do
tada s (Fig. 35-20). cuboide e (4) os procedimentos acessór ios, conforme necessário,
Cri anças com menos de 8 anos com retropé fl exível geralmente incluindo osteotomia do segundo/terceiro metatarso, osteo tomia de
respondem às liberações plantares e tran sferências de tendão apro- desli za men to do calcâneo e transferência do fibular longo para
pri adas. Em crianças com menos de 12 anos, co m deformidades curto. O método de llizarov também tem sido utilizado em pequenas
rígidas n o retropé, a liberação plantar medial radical, a osteotomia séri es para corrigir defo rmid ades rígidas. Em bora a sati sfação do
do primeiro metatarso ou mediopé e uma osteo tomia do calcâ neo paciente tenha melhorad o, não houve melhora significativa da dor,
ge ralmente co rrigem a defo rmid ade. Em um retropé fixo com um fun ção ou amplitude de movimento após a cirurgia. Estudos apro-
calcân eo proeminente, um a osteo tom ia em cunh a de fechamento fundados são necessários sobre o uso de fixa dor externo na co rreção
lateral de Dwyer pode se r prefe rida pa ra encurtar o calcan har dessas deformidades. A excisão completa do navicular e a osteoto-
(Cap ítulo 33) . Se o calcanhar não fo r proeminente, a osteotomia mi a de fec hamento em cunh a no cuboide tamb ém podem ser utili-
de deslizam ento do calcâneo (Capí tulo 33) dá resultados sati sfató- zadas como um proced imento de salvamento em deformidades
rios. Mubarak recomendou um a abordage m por etapas usa nd o rígidas graves, nas quais a fu são não é apropriada.
1111!!) PARTE X DOE NÇAS DO SISTE MA NERVOSO EM CRIANÇAS

H@ihhiELIZ!) Deformidade em cavovaro na doen ça de Charcot-Marie-Tooth . A e B, Radiografias pré-operatórias. C e D, Após artro-


dese tríplice, alongamento do tendão de Aqui les e transferência de tendão tibia l posterior. (Cortesia de Jay Cummings, MD.)

Aproximadam ente 15% dos pacientes co m doe nça de Charco t- fo r co rrigida. Para garras em um a cri ança sem fraqu eza grave do
Marie-Tooth precisam de artrodese tríplice (Capítul o 82) . A art ro- múscul o tibi al anterior, os ex tenso res do dedo do pé podem se r
dese de Hoke, ou um a modi ficação dela, é mais frequentemente tra nsfe rid os para o col o dos metatarsos com teno dese da arti cu-
recomend ada. Ressecções adequ adas em cunh a co rri gem o ret rop é lação inter fa lângica do háliu x (procedim ento de )ones) . Para
em va ro e o compon ente do medi opé d a defo rmid ade em cavo; adolesce ntes ou crianças com fr aqu eza grave d o músc ul o tibi al
a libertação do s tecidos m oles e o equil íbrio musc ul ar são neces- anteri ores, todos os tend ões extenso res longos d os dedos podem
sá ri os para a deformid ade d o antepé. Nas defo rmid ades mais se r transfe rid os para o cun eifo rm e interm édi o co m fu são d a
graves, a trípli ce artrod ese de Lambrinudi pode pro duzir um pé arti culação interfalângica (proced imento de Hibbs) . Para defor-
pla ntíg rado indolor. A res tauração da es tabilid ade do retropé mi da des g raves, o tend ão tibi al pos terior pode se r transferid o
co m artro dese tríplice e a transferência anterior do tend ão tibial anteri o rm ente ao cun eifo rm e interm édi o em vez dos ex tenso res
pos terior têm sido recomendadas para elimin ar a necessidade de lo ngos do dedo do pé (Técn ica 35- 9).
um a órtese para pé caíd o no pós-operató rio, co m 88% de relatos Os procedimentos cirúrgicos geralmente ocorrem em etapas.
de res ultados bons ou excelentes. O alonga mento do tend ão de O procedim ento inicial consiste em um a li bertação radi cal plantar
Aquil es co m artrod ese tríplice é recomend ado após a correção ou plantar medi al, com um a os teotomia em cunha de fechamento
d o antepé (Fig. 35 -20). Mes m o co m a co rreção cirúrgica e a dorsal da base do primeiro metatarso, se necessári o. O alongamento
melh ora nos parâ metros radiográfi cos, o exame cui dadoso dos do tend ão de Aquiles não deve ser realizado como parte do processo
pés no pós-operatório é esse ncial, pois as pressões po dobaromé- inicial, porque a força usada para dorsi flexão do antepé iria dorsi-
tri cas p odem continu ar anormais no pé q ue apa rece co rri gido flex ionar o calcâneo em um a posição inaceitável. Se o retropé estiver
radio grafi cam ente. flex ível e um a liberação pos teri or fo r des necessária, a transferência
A deformid ade fl exíve l do ded o em ga rra ge ralmente se rá do tend ão tibial posterior pode ser feita como parte do procedi-
co rrigida, sem cirurgia adicional, quando a deformid ade do m ediop é mento inicial usado na fra qu eza tibi al anterior grave.
CAPÍTULO 35 DOENÇAS NEUROMUSCULAR ES Gim

A B

H!ijil;MnlJI Lib era ção plantar medial rad ica l e osteotomia A B


em cunha de fechamento dorsa l para deformidade em cavovaro.
A, Incisão. B, Li beração da massa miotendínea . VEJA A TÉCNICA 35-7. H[ijil@nl!I Transfe rência do tendão extensor longo do hálux
para deformidade do dedo em garra (procedimento de Jones).
A, Incisões. B, Proced imento concluído. VEJA A TÉCNICA 35-8.

LIBERAÇÃO RADICAL PLANTAR-


MEDIA[ E OSTEOTOMIA EM CUNHA •Feche o acesso de forma rotineira e aplique um gesso
DE FECHAMENTO DORSAL curto com o pé na posição corri gida.

-------'~
TÉCNICA CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Se houver tensão exces-
siva na ferida, o pé pode ser engessado em ligeira flexão
(COLEMAN) plantar. Um novo gesso deve ser apl icado em 2 semanas
com o pé em uma posição totalmente corrigida . Os pinos
e os gessos são removidos em 6 a 8 semanas.
• Faça uma incisão curvada sobre o aspecto medial do pé,
estendendo-a anteriormente do ca lcâneo à base do pri-
meiro metatarso (Fig. 35-21A).
• Identifique a origem do abdutor do há lu x e separe-o
de suas conexões ósseas e do tecido mo le, proximal
TRANSFERÊNCIA DO TENDÃO
e dista lmente, mas de ixe -o ligado à sua origem e EXTENSOR LONGO DO HÁLUX PARA
inserção. DEFORMIDADE DO DEDO EM GARRA
•I dentifiqu e o feixe neurovascu lar posterior conform e ele

-----~
se divide em ram os medial e latera l e entra na muscula- TÉCNICA
tura intrínseca do pé .
•Identifique a origem tendinosa do abdutor em sua ligação (JONES)
no calcâneo entre os ramos plantares media l e lateral do
nervo e artéria e corte-o para libertar a origem do abdutor •Exponha a articulação interfalângica do hálux através de
do hálux. uma incisão em forma de L (Fig. 35-22 ).
• Identifique o flexor longo dos dedos conforme ele corre • Retraia o retalho de pele e o tecido subcutâneo, med ial
ao longo do aspecto plantar do pé e seccione o retinácu lo e proximalmente, e exponha o tendão do extensor longo
dos tendões. do hálux.
• Corte as origens da aponeurose plantar, do abd utor do • Corte o tendão transversa lmente 1 cm proximal à articu-
há lux e dos flexores curtos de suas inserções no calcâneo lação e expo nha a articulação.
(Fig . 35-2 1B) e disseque com cu idado toda essa massa • Excise a carti lagem, aproxime as superfícies articu lares e
muscu lotendinosa, dista l e extraperiosta lmente, até a arti- insira um f io de Kirschner intramedu lar de 2 mm ou para-
cu lação calcaneocubóidea . fuso para fixação. Corte o fio do lado de fora, rente à pele.
• Se o primeiro metatarso permanecer em flexão plantar •Exponha o colo do primeiro metatarso através de uma
após essa liberação, faça uma osteotom ia em cunha de incisão dorsomedial de 2,5 cm, estendendo-a distalmente
fechamento dorsal imediatamente dista l à f ise, remo- até a dobra extensora proxima l da pele.
vendo osso suficiente para corrigi r o ângu lo lateral tá lus/ • Disseque livremente o tendão extensor longo do hálux,
primeiro metatarso a O graus. mas proteja o tend ão extensor curto. De forma li mpa e
•Fixe a osteotomia com um pino de Steinmann liso ou fio cuidadosa, excise a bainha do tendão extensor longo pelo
de Kirschner. caminho at é a incisão proximal. )
lll!a) PARTE X DOEN ÇAS DO SISTEMA NERVOSO EM CRIANÇAS

•Começando sobre o aspecto inferomedial, no colo do pri-


)
meiro metatarso, faça um furo transversal ao eixo longitu-
OSTEOTOMIAS DO PÉ POR ETAPAS
dinal do osso para emergir no aspecto dorsolateral do colo. POUPADORAS DE ARTICULAÇÃO
•Passe o tendão através do buraco e sutu re-o nele mesmo ~
TÉCNICA
com suturas interrompidas. '----~~~~~~----'~
•O mesmo procedimento pode ser realizado nos dedos em
garra adjacentes. (MUBARAK E VAN VALIN)
•Feche os acessos e aplique um gesso curto com o torno- OSTEOTOMIAS DO PRIMEIRO RAIO
zelo em posição neutra. (OSTEOTOMIA EM CUNHA DE ABERTURA DO
CUNEIFORME MEDIAL, OSTEOTOMIA EM CUNHA
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO É permitido andar com DE FECHAMENTO DO PRIMEIRO METATARSO)
muletas em 2 a 3 dias. Em 3 semanas, o gesso e as suturas • A atenção inicial é dirigida ao primeiro raio. Faça uma
da pele são removidos, e aplica-se um gesso curto para incisão media l sobre o pé ao nível do primeiro metatarso
anda r. Em 6 semanas, o gesso para andar e o f io de Kirs- e prim eiro cuneiforme.
chner são removidos e exercícios ativos são iniciados. • Li bere parcialmente a inserção do tendão tibial anterior
no cuneiforme .
•Coloque duas agu lhas para identificar a porção média do
TRANSFERÊNCIA DO TENDÃO cuneiforme e uma posição de pe lo menos 1 cm distal à
EXTENSOR PARA O CUNEIFORME fise do primeiro metatarso. Tome cuidado para não lesar
a fise do primeiro metatarso, que é proximal.
MÉDIO •Remova uma cunha dorsal 20 a 30 graus a partir do
~ primeiro metatarso e reserve-a (Fig. 35-24A).
TÉCNICA
'----~~~~~~----'~ •Realize uma osteotom ia de abertura em cun ha do cunei-
(HIBBS) forme medial (se necessário) (Fig. 35-24B) e coloque a
cunha óssea da osteotom ia do primeiro metatarso nela e
•Faça uma incisão curvada de 7 ,5 a 1O cm de compri- prenda-a com um ou dois fios de Ki rschner.
mento no dorso do pé latera l à li nha média e exponha OSTEOTOMIA EM CUNHA DE FECHAMENTO DO
os tendões exte nsores comuns (Fi g. 35-23). CUBOIDE
•Solte os tendões o ma is distal mente possível, passe suas • Faça uma incisão lateral sobre o cuboide e identifique as
extremidades proximais através de um túnel no t erceiro articu lações calcaneocubóidea e cuboide-qu into meta-
cuneiforme e fixe-as com uma sutura não absorvíve l. tarso flu oroscop iamente. Remova uma cunha dorsa l de 5
• Como alternativa, use um botão plantar e prenda com a 1O mm do cuboide e reserve a cunha (Fig. 35-24C). Fi xe
uma sutura de Bunnell para fora. a osteotom ia com um único fio de Kirschner.
•Feche o acesso e apli que um gesso de bota na perna com
o pé na posição corrigida. OSTEOTOMIAS DO METATARSO
• Se a segunda e a terceira cabeça dos metatarsos estiverem
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O gesso e o botão plantar agora proeminentes, osteotom ias dorsais de fechamento
são removidos em 6 semanas. em cunha podem ser feitas. Introduza uma única incisão
entre o segundo e terceiro metatarso e remova e conserve
as cunhas dorsais. Cada uma dessas osteotom ias pode ser
fixada com um ún ico f io de Kirschner intramedula r.

PROCEDIMENTOS ACESSÓRIOS
• A osteotomia do ca lcâneo, geralmente um deslocamento
lateral e fechamento em cunha, é feita se houver uma
deformidade fi xa do retropé (Fi g. 35-25)
• As fasciotomias plantares geralmente são feitas através
de uma pequena incisão, se a fásc ia plantar estiver tensa
após as osteotomias tiverem sido fina lizadas.
• A transferência f ibular do longo para o curto pode ser
feita após a osteotomia em cunha de fechamento do
cuboide. Identifique o fibular longo na superfície plantar
do cuboide e li bere-o. Fixe a extrem idade proximal ao
fibular curto utilizando sutura não absorvível.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O paciente fica sem sus-


tentação de peso em um gesso curto, que é bivalvado para
perm itir o inchaço. Os pinos são retirados sob sedação leve
l@[riii;HEmJ Transferência de tend ões extensores para o cerca de 4 semanas após a cirurgia, e um gesso de cami-
cu neiforme méd io para deformidade de dedo em garra (procedi- nhada é aplicado. Os pacientes podem suportar tota l-
mento de Hibbs). A, Incisões. B, Procedimento concluído co mbi- mente o peso 8 semanas após a cirurgia.
nado com o pro cedimento de Jones. VEJA A TÉCNICA 35-9.
CAPÍTULO 35 DOENÇAS NEUROMUSCULARES GIJlll

B e
H@il;t!iGfa Osteotomias poupadoras das articulações em
fases para deformidades de pé cavo (ver texto). A, Osteotomia
do calcâneo por abordagem lateral . B, Osteotomia em cunha
de fechamento e deslizamento lateral. C, Fechamento e desli-
zamento da osteotomia em cunha. (Redesenhada de Mubarak SJ,
Van Va lin SE: Osteotom ies of the foot for cavus deformities in ch ildren,
J Pediatr Orthop 29 294, 2009.) VEJA A TÉCNICA 35-10.

motora e se nsitiva tipo I do qu e no tipo II. O médico deve rá estar


e ciente dessa assoc iação. Se a displasia do quadril estiver prese nte,
ela deve se r corrigid a.
H@ii;t!ilmt Osteotomias poupadoras das articulações em
fases para deformidades de pé cavo (ver texto). A, Osteotomia • DEFORMIDADES DA COLUNA
em cunha de fechamento do primeiro metatarso; pedaço remo- As defo rmid ades da colu na es tão presentes em cerca de 25% de
vido será utilizado no cuneiforme. B, Osteotomia em cunha de todos os pacie ntes com doe nça de Charcot- Marie-Tooth. Aproxi-
abertura do cuneiforme medial. C, Osteotomia em cunha de madamente 75% desses pacientes poss uem neuropatia hereditária
fechamento do cuboide, com ou sem osteotomias do segundo e motora e se nsitiva tipo I com duplicação do PMP22 (gene da
terceiro metatarsos. (Redesen hada de Mubarak SJ, Van Va li n SE : Oste- proteína mielínica per iférica no cromossom o 17) . A escoliose é
otomies of the foot for cavus deformities in chi ldren, J Pediatr Orthop in comum em associação co m a do ença de Charcot- Marie-Tooth,
29 294, 2009.) VEJA A TÉCNICA 35-10. ocorrendo em 10% a 30% do s pacientes jovens, e a curva geral-
mente é leve a mod erada e, muitas vezes, não necessita de qualquer
tratamento. Em pacientes co m a doença de Charcot-Marie-Tooth,
Em pacientes com doença de Charcot-Marie-Tooth avançada, a o tratamento não cirúrgico com uma órtese geralmente é bem
artrodese tríplice pode ser necessária para estabelecer um pé plantí- tolerado e co ntrola com sucesso a curva em muitos pacientes.
grado; no entanto, a artrodese tríplice não deve ser feita rotineira- Geralmente, as deformidades da coluna ver tebral em crianças com
mente em pacientes mais jovens com doença menos grave, pois pode doen ça de Charcot- Ma rie-Too th podem ser tratadas pelas mesm as
resultar em alterações degenerativas do tornozelo. Em pacientes que técnicas utili zadas para a escoliose idiopática. Em virtude da des -
não foram submetidos a procedimentos mais simples durante o início mielini zação dos nervos periféricos e da degeneração dos gânglios
da adolescência, mas têm grandes deform idades do retropé, mediopé da raiz dorsa l e da coluna dorsal da medula espinhal, potenciais
e antepé, a artrodese tríplice pode ser a única opção de tratamento. evocados somatossensoriais podem estar ausentes.
Na deformidade grave, um procedimento mais extenso, como uma
artrodese tríplice de Lambrinudi, pode ser realizado. Técnicas para a
artrodese tríplice são descritas no Capítulo 34. VARIANTES DA DOENÇA DE
CHARCOT-MARIE-TOOTH
• DISPLASIA DO QUADRIL
A displasia do quadril, qu e geralmente se torna evidente na A análise genética dos pacientes com a forma autossômica domi-
segunda e na terceira década de vida, tem sido relatada em 6% a nante da doença de Charco t-Marie-Tooth mostra a dupli cação do
8% dos pacientes com do ença de Charcot-Marie-Tooth . A displa- cromossomo 17. Um gene de proteína da mielina periférica humana
sia tem maior probabilidade de ocorrer na neurop atia hereditária está contido dentro da duplicação, e um a anomalia nesse gene
~ PARTE X DOE NÇAS DO SISTE MA NERVOSO EM CRIANÇAS

codi fica uma proteína de mielina, que é a base eti ológica da doença de Aqu iles, do tendão tibial poste ri or no tornozelo e dos flexores
de Charcot- Marie-Tooth. dos ar telhos na face plantar das articulações rnetatarsofalângicas
A síndrome de Roussy-Lévy (distas ia arrefléxica hered itária) é pode m ser feitas com o paciente sob anestesia local. A ci rurgia deve
uma doença autossômica dominante com as características clínicas ser adi ada nos pacientes que são capazes de caminhar e que têm
da doe nça de Charcot-Marie-Tooth clássica e um trem or estático deformidades que são flexíve is ou podem se r controladas por
nas mãos. A do ença geralmente começa na infância e é beni gna até órteses; no entanto, as deform idades em cavovaro tendem a se
a adolescência. É caracterizada por alterações graves na condução ag rava r e se a se tornarem rígidas. Em pacientes com defo rmidade
nervosa e na disfun ção sensorial. rígida em cavovaro, a artro dese trípli ce primár ia proporciona urn a
A síndrome de Dejerine-Sottas (neurite hipertrófica intersticial sólida base de apoio com um pé plantígrado fixo. Corn o a maiori a
fa miliar) geralmente é urna doença autossôrni ca recessiva, mas pode dos pacientes se torna cadeirante, raramente, o dese nvo lvimento
mostrar uma herança autossôrnica dominante com penetrãncia variá- posterior de alterações dege nerati vas no tornozelo e no rnediopé é
vel. A doença geralmente começa na infância, mas pode não aparecer clinicamente significativo. A tenotorn ia, o alongam ento ou a trans-
até a adolescência. Junto com a clássica deformidade dos pés em cavo, fe rência do tibial posterior devem ser combinados com a artro dese
a perd a marcante da sensibilidade ocorre em todas as quatro extremi- tríplice. A ortetização rotineiramente é necessária após a ciru rgia.
dades, e os pacientes podem ter pé torto ou cifoescoliose. Em um estudo com 56 pacientes com a ataxia de Friedreich e
A doença de Refsurn é urn a doença autossôrni ca recessiva com escoliose, os padrões de curvas fo ram semelhantes aos da escoliose
início na infância ou na puberdade, em que o nível de proteína do idiopática, muitas curvas não fo ram progressivas, não houve um a
líquido cefalorraquidiano é maior. O gene responsável pela do ença relação entre a fraque za muscular e a curvatura, e o início da esco-
de Refs urn está no cromosso mo 10. A condi ção é causada por um liose antes da puberdade fo i o maior fator de progressão. No
defeito na hidroxilase fit anoil-CoA, enzima responsável pela degra- entanto, ao contrário d a escoliose idiopática, a cifose fr equente-
dação do ácido titâni co. É acomp anhada por retinite pigrnentosa mente fo i observada em pacientes com ataxi a de Friedreich. Os
e é ca rac teri zada por um a neuro patia hipertró fi ca com ataxia e autores reco mendaram qu e as curvas com menos de 40 graus
arreflexia. A perda sensitiva e motora distal oco rre nas m ãos e nos deve m ser observadas, e as curvas com m ais de 60 graus devem ser
pés. O curso é imprevisível, com reativações e remissões repetidas, tratadas cirurgicamente; o tratamento das curvas entre 40 e 60 graus
mas o prognóstico é ruim. é baseado principalmente na idade do paciente no início da doença,
O tipo neuronal da doe nça de Charcot-Marie-Tooth é urna a idade em que a escoliose foi reconhecida pela primeira vez e evi-
doe nça autossômica domin ante com início geralmente tardio (meia- dência de progressão da cur va. A es tabilização da coluna deve se r
-idade ou mais). Os pequenos músc ulos das mãos não ficam tão feita quando a curva for maior que 40 a 50 graus e o paciente já não
fracos corn o em outras form as da doença, mas os músculos do fo r mais dearnbulador. Urna artrodese posterior de estágio único com
torn ozelo e os músculos plantares dos pés torn am-se muito mais instrumentação segmentar é o tratamento de escolha (Capítul o 41 ).
fracos e mais atróficos. A fu são deve se estend er desde a coluna torácica superi or até a
coluna lombar inferior.

ATAXIA DE FRIEDREICH
ATROFIA MUSCULAR ESPINHAL
A ataxia de Friedreich é urn a doença autossôrnica recessiva caracte-
ri zada pela degeneração espinocerebelar. A prevalência da ataxia de A atrofia muscular espinhal é urna doença degenerativa hereditária
Friedreich é de aproxi madamente um em 50.000. O gene anormal das células do corno anterior da medula espinhal que ocorre em um
está localizado no crom ossomo 9, m as a fo rm a definitiva da ataxia em cada 20 mil nascimentos. Geralmente, ela é transmitida por um
de Fri ed reich é causad a p or urn a repeti ção de trinucl eó tidos de gene autossôrnico recessivo, mas outros padrões hereditários têm sido
GAA, qu e provoc a a perd a de expressão d a pro teí na frat axina. descritos. Hoffrnann (1893) e Werdnig (1 894) descreveram pela pri-
O que, por sua vez, provo ca urna neuroniopatia do gânglio da raiz meira vez urna condição in fan til de fraqueza generalizada que resul-
dorsal, que conduz à degeneração das fibras dos nervos periféricos tava na morte precoce por insuficiência respiratória e, em 1956,
e das colunas dorsais da medula. Urna m archa atáxica geralmente é Kugelberg e Welander desc reveram urna condição similar de in ício
o sintom a de apresentação, com início habitualmente entre 7 e 15 juvenil que era menos progressiva. A atrofia muscular espinhal foi
anos de idade. A tríade clínica ataxia, arreflexia e refl exo de Babinski classificada em três tipos. No tipo infantil agudo (tipo I), a fraq ueza
positivo sugere o diagnóstico. Um d iagnóstico defin itivo pode ser generalizada grave se manifesta em pacientes com menos de 6 meses
fe ito com o teste de DNA. A doença é progressiva, e quase todos os de idade e a insuficiência respi ratóri a terminal ocorre cedo. Um tipo
pacientes tornam-se cadeirantes na primeira ou na segunda década crônico infantil (tipo II) se inicia durante o meio do primeiro an o e,
de vida. Os pacientes ge ralmente apresentam disartri a progressiva após a progressão inicial da fra queza, pode permanecer es tática por
ou fra qu eza, diminui ção da se nsibilidade vib ra tóri a nos membros longos períodos. O tipo juve nil (tipo III ) se desenvolve mais tarde,
in fe ri ores, cardiorniopatia, pés cavas e escoliose. O reflexo do joelho co m o aparecimento gradual de fra queza e um curso lentamente pro-
e o do tornozelo são perdidos muito cedo. Os pac ientes geralmente gressivo. Em pacientes com atrofia muscular espinhal, a creatina
morrem na quarta ou na quinta décad a de vida, co rn o resultado do quin ase ou o valor aldolase no sangue são norm ais ou ligeiram ente
agravamento da cardiorniopati a, pneumoni a e asp iração. elevados. A eletrorniografia revela denervação muscular. As velocida-
A pri ncipal preocupação do ortopedista é a co rreção das defor- des de condu ção nervosa são normais. Os estudos genéticos demons-
midades do pé e da coluna vertebral. Em pacientes com ataxia de traram que o gene defeituoso está localizado no cromossomo 5. Em
Fri ed reich, o reflexo plantar, às vezes, é tão intenso que, quando o 98% dos pacientes com atrofia muscular espinhal, as deleções tanto
paciente tenta se apoiar, os pés e os dedos imediatamente flexionam do éxon 7 quanto do éxon 8 foram identificadas no gene da sobrevi-
plantar e o tendão tibial poste rior puxa o antepé em equ inovaro. Se vência dos neurônios motores (SMN) . Um segundo gene modificador
a anes tesia geral for contraindicada por causa do co mp ro metimento da doença, SMN2, também desemp enha um papel na gravidade da
do mi ocá rdio ou outras condi ções médi cas, tenotorni as do tendão doe nça. Os avanços na biologia molecular proporcionaram um teste,
CAPÍTULO 35 DOENÇAS NEUROMUSCULARES (Eilll
agora disponível comercialmente, para esses genes e suas deleções mais estável para assentar. Os esforços para manter a redução dos
potenciais. Os três tipos de atrofia muscular espinhal parecem resultar quadris em um bom equilíbrio assentado podem prevenir a dor e
de mutaçõ es diferentes do mesmo gene. a obliquidade pélvica. A observação, e não a intervenção cirúrgica,
As características clínicas de atrofia muscular espinhal incluem geralmente é recomendada por causa do pequeno número de
fraqueza grave e hipotonia, arreflexia, tremor leve dos dedos, fascicu- pacientes com sintomas ou problemas ao assentar.
lação da língua e sensibilidade normal. Os músculos proximais são Entre as crianças com atrofia muscular espinhal que sobrevi-
mais afetados que os di stais, e as extremidades inferiores geralmente vem à infân cia, a escoliose se torna a maior ameaça durante a
são mais fracas do que as extremidades superiores. Evans, Drennan e adolescência. A prevalência de escoliose é quase de 100% nas
Russman propuseram uma classificação funcion al para auxiliar no crianças com o tipo II da atrofia muscular espinhal e nas crianças
planejamento dos cuidados ortopédicos a longo prazo: os pacientes com o tipo III qu e se tornam não deambul adoras. Geralmente, ela
do grupo I nunca desenvolvem força para se sentar de forma inde- é progressiva e grave e pode limitar a função diária e causar
pendente e têm pouco controle da cabeça; os pacientes do grupo II problemas cardiopulmonares. Um colete pode ser indicado durante
desenvolvem o controle da cabeça e podem se sentar, mas são inca- os anos de crescimento para retardar a progressão da curva, mas
pazes de andar; pacientes do grupo III podem se levantar e caminhar a estabilização da coluna vertebral acaba sendo necessária em
de forma limitada, muitas vezes com o uso de órteses; e os pacientes quase todo s os pacientes adolescentes. Vários autores têm enfati-
do grupo IV desenvolvem a capacidade de andar e correr normal- zado a importância da cirurgia precoce, antes que a curva se torne
mente e de subir escadas antes do início da fraque za. grave e rígida. O tratamento de escolha para a maioria dos pacien-
O tratamento ortopédico em geral é necessário para proble- tes, especialmente os m ais velhos, é uma fusão posterior longa
mas do quadril e d a coluna. As fraturas são frequentes ness es usando instrumentação segmentar. Essa fus ão e instrumentação
pacientes, especialmente nos não deambuladores, com o fêmur, o normalmente deve se estender até a pelve em pacientes não deam-
tornozelo e o úmero sendo os locais m ais comuns. Também podem buladores para evitar obliquidade p élvica. Construções com haste
ocorrer contraturas articulares, especialmente n as extremidades telescópica demonstraram melhorar a altura da coluna, o espaço
superiores, e tendem a piorar com a idade. As crianças com atrofia disponível para os pulmões e o controle da obliquidade pélvica nos
muscular espinhal tipo I são acentuadamente hipotônicas e geral- pacientes joven s com escoliose progressiva que são jovens demais
mente morrem em decorrência da do en ça no início da vida. Nesses para a fusão espinhal definitiva.
pacientes, a reconstrução ortopédica não é justifi cada; no entanto, As complicações intraoperatórias e pós-operatórias são fre-
os pacientes com atrofia muscular espi nh al tipo I podem apre- quentes nesses pacientes, e a avaliação pré-operatória minuciosa é
sentar fr aturas qu e curam rapidamente com imobilização ade- obrigatória. Numerosos estudos demonstram que a frequência de
quad a. Mu itas crianças com atrofia muscular espinhal infantil infecções do trato respiratório antes da cirurgia e a capacidade vital
(doença de Werdnig-Hoffmann) nunca serão capazes de caminhar, dos pulmões são bons indicadores da capacidade de o paciente
mes mo com órteses, mas a m aioria dos pacientes com a forma tolerar a cirurgia. A traqueostomia deve ser considerada em qual-
juvenil (doença de Kugelberg-Welander) é capaz de caminhar por quer paciente com frequentes infecções do trato respiratório pré-
muitos anos. Exercícios passivos suaves de amplitude de movi- operatórias e uma capacidade vital abaixo de 35% do normal.
mento e instruções de posicionamento podem ser benéfico s inicial-
mente. A liberação cirúrgica de contraturas raramente é necessária.
Por causa da ausência de movimento e de descarga de peso, a :REFERÊNCIAS
deformidad e em coxa valga é frequente, e a subluxação unilateral
ou bilateral do quadril pode ocorrer (Fig. 35-26). Como muitas GERAIS
dessas crianças são assentadoras, uma posição sentada estável e
confortável é essencial. Tradicionalmente em pacie ntes n ão ambu- Canavese F, Sussman MD: St rategies of hip ma11ageme11t i11 neuromuscular
latoriais, a osteotomia de vari zação e a derrotação do femo ral pro- disorders: Duche1111e muscular dystrophy, spinal muscular atrophy,
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PARTE

1
LESÕES FISÁRIAS 1363 FRATURAS DO EPICÔNDILO Osteotomia 1445
FRATURAS EXPOSTAS 1365 MEDIAL 1399 Quilectomia 1454
FRATURAS FRATURAS DO CÔNDILO MEDIAL 1401 COMPLICAÇÕES 1454
PATOLÓGICAS 1366 FRATURAS SUPRACONDILARES 1402 Osteonecrose 1454
FRATURAS AO NASCIMENTO Redução Fechada e Pinagem Condrólise 1455
E FRATURAS CAUSADAS Percutânea 1403 Fratura do Colo Femoral 1456
POR ABUSO DE MENORES 1366 Redução Aberta e Fixação
Deslizamento Progressivo 1457
PRINCÍPIOS GERAIS DO Interna 1407
Complicações Precoces 1407 FRATURAS DO FÊMUR 1458
TRATAMENTO DE FRATURAS
CIRÚRGICAS EM CRIANÇAS 1367 Complicações Tardias 1408 FRATURAS DA DIÁFISE FEMORAL
SEPARAÇÃO DE TODA A (OU FRATURAS DIAFISÁRIAS
FRATURAS, LUXAÇÕES
E FRATURAS-LUXAÇÕES EPÍFISE DISTAL DO ÚMERO 1412 DO FÊMUR) 1458
DA FRATURA DA Complicações 1467
FRATURAS DA DIÁFISE
MÃO E PUNHO 1368 DE EXTREMIDADE FRATURAS DA FISE
FRATURAS DA FALANGE 1368 PROXIMAL DO ÚMERO 1414 FEMORAL DISTAL 1469
FRATURAS DO METACARPO 1371 LUXAÇÕES Complicações 1473
Fraturas do Metacarpo do Polegar 1371 ACROMIOCLAVICULARES 1416 LUXAÇÕES E FRATURAS
LUXAÇÕES 1372 FRATURA.S E LUXAÇÕES DO JOELHO 1473
OUTRAS FRATURAS E DA CLAVICULA 1416 LUXAÇÕES DA PATELA 1473
FRATURAS-LUXAÇÕES 1373 FRATURAS-LUXAÇÕES FRATURAS DA PATELA 1475
DA COLUNA 1417
FRATURAS DO ANTEBRAÇO 1374 FRATURAS DA EMINÊNCIA
COLUNA CERVICAL 1418 INTERCONDILAR DA TÍBIA 1477
FRATURAS DO TERÇO
Fratura-l uxação Atlantoaxial 1418
DISTAL DO ANTEBRAÇO 1374 FRATURAS DA TUBEROSIDADE
Fraturas do Odontoide 14 19 DA TÍBIA 1480
FRATURAS DO TERÇO
Fraturas e Lu xações da C3-7 1419
MÉDIO DO ANTEBRAÇO 1376 FRATURAS OSTEOCONDRAIS 1483
FRATURAS DA COLUNA
FRATURAS DO TERÇO LESÕES DO JOELHO FLUTUANTE 1484
LOMBAR E TORÁCICA 141 9
PROXIMAL DO ANTEBRAÇO 1377 FRATURAS DA TÍBIA
FRATURAS PÉLVICAS 1420
Sinostose (Consolidação Cruzada) 1378 E FÍBULA 1485
FRATURAS POR AVULSÃO 1423
Deformação Plástica 1378 FRATURAS FISÁRIAS
FRATURAS PÉLVICAS 1423 PROXIMAIS DA TÍBIA 1485
Fraturas de Monteggia e Galeazzi 1378
FRATURAS ACETABULARES 1424
LUXAÇÃO ISOLADA FRATURAS METAFISÁRIAS
DA CABEÇA RADIAL 1383 FRATURAS DO PROXIMAIS DA TÍBIA 1487
QUADRIL EM CRIANÇAS 1425
FRATURAS:LUXAÇÕES DA FRATURAS DA DIÁFISE MÉDIA
SEPARAÇÕES TRANSEPIFISÁRIAS
ARTICULAÇAO DO COTOVELO 1384 E DISTAL DA TÍBIA 1490
DO TIPO 1 1425
FRATURAS DO COLO E FRATURAS EPIFISÁRIAS DA
FRATURAS TRANSCERVICAIS
CABEÇA RADIAL 1384 FÍBULA E TÍBIA DISTAIS 1492
DO TIPO li 1427
FRATURAS DO OLÉCRANO 1387 FRATURAS TRIPLANARES 1496
FRATURAS CERVICOTROCANTÉRICAS
FRATURAS DO PROCESSO DO TIPO Ili 1428 FRATURAS DE TILLAUX 1498
CORONOIDE 1388 FRATURAS INTERTROCANTÉRICAS FRATURAS DO PÉ E
LUXAÇÕES DO COTOVELO 1388 DO TIPO IV 1428 TORNOZELO 1500
Luxações Agudas 1388 RECOMENDAÇÕES DE TRATAMENTO 1428 FRATURAS DO TÁLUS 1500
Luxações Crônicas LUXAÇÕES TRAUMÁTICAS DO Fraturas do Domo Talar 1500
Recorrentes do Cotovelo 1390 QUADRIL EM CRIANÇAS 1436 Fraturas do Domo e Processo
Luxações Não Reduzidas EPÍFISE FEMORAL CAPITAL Lateral do Tálus 1501
Antigas do Cotovelo 1391 DESLIZADA 1438 Fraturas Osteocondrais
FRATURAS DO ÚMERO DISTAL 1391 TRATAMENTO 1440 do Tálus 1503
FRATURAS CAPITELARES 1392 Fixação do Parafuso ou Pino ln Situ 1440 FRATURAS DO CALCÃNEO 1505
FRATURAS DO CÔNDILO LATERAL 1392 Deslizamentos Contralaterais 1443 FRATURAS DO TARSO 1507
PSEUDOARTROSE ESTABELECIDA Redução Fechada 1443 FRATURAS DO METATARSO
COM CÚBITO VALGO 1397 Redução Aberta 1444 E FALANGE 1508
1362
CAPÍTULO 36 FRATU RAS E LUXAÇÕES EM CRIANÇAS ifl$M
As fraturas em crianças são muito diferentes daqu elas em adul tos. pode afetar a fun ção das articulações acima e abaixo dela. Por esse
As fr atu ras adj ace ntes às arti cul ações e angul adas no se u plano de motivo, deve ser fe ito um esforço maior para corri gir a angulação
movimento em crianças mais jove ns re modelam ; no entanto, em varo ou valgo no mo mento da fra tu ra. As ext remidades toleram
angulação em varo e valgo ou ma u alinhamen to rotacional pode a angulação em valgo dos ossos longos mais fac il mente do que a
não co rrigir tão fa cilmente. Os ossos longos de crianças têm epí- angu lação varo, em es pecial as menores extrem idades. No úm ero
fises e fi ses, sendo as últim as os pontos mais fracos no esq ueleto proximal e em ce rta medida no fêmur, o movimento global no
da criança. Essas ligações fr acas representam a diferença significa- ombro e a articu lação do qu adril (articulações bola e soquete)
tiva ent re a localização das fra turas em crianças e ad ul tos. As parecem compensa r até certo ponto a má rotação leve.
epífises e fises são partes em que a anatomia norm al deve ser
preservada. O dilema é o seg uinte: as fi ses são pontos ma is fracos
nos ossos e os locais de muitas fraturas das crianças, também são LESÕES FISÁRIAS
as estruturas que devem ser preservadas em condições qu ase tão
normais q uanto possível para evitar a parada do crescime nto e A ocorrência de algumas fraturas está relacionada com a idade da
defo rmidades angulares. criança. A maiori a das fraturas côndilo lateral do úmero ocorre entre
As fra tu ras pediátricas podem afeta r o ajuste da criança e o as idades de 3 e 7 anos. As fraturas do torn ozelo em crianças causa-
funci onamento familiar imediatamente após a lesão e ao longo de das por uma fo rça de ad ução quase sempre estão localizadas em toda
6 meses ou até mais de 1 ano. As fratur as da extremidade in fe ri or a fise distal da tíbia no plafond medial e podem ocorrer em crianças
e as fratu ras qu e exigem imobilização prolongada têm um im pacto mais velhas ou jovens. Po r outro lado, qu ase todas as fraturas fisárias
mais negativo sobre a cri ança e a unid ade fa miliar do que o utras na face lateral da tíbia distal ocorrem em crianças mais velhas. Elas
fraturas . É importante observar que as "fraturas pediátricas" são fraturas de Salter-Harris do tipo III e ocorrem co nfo rme a fise
incluem fraturas em pacientes que variam do período neo nata l até fecha de medial a lateral (fratura de Tillaux) .
o fin al da adolescência. As lesões qu e envolvem a fise e a epífise historicamente cau-
Es te capítulo disc ute principalmente as fr aturas em crianças saram cessação de crescimento e defo rmid ades angulares res ultan-
que precisam de tratamen to cirúrgico. Algum as fra turas (do cô ndilo tes. Essas lesões fo ram class ificadas por Weber et al. , Poland,
lateral do úm ero, colo femo ral e epífise distal da tíbia) são des- Ogden, e outros, mas a class ificação mais com um ente utilizada é
critas como "fraturas de necessidad e;' para as quais a cirurgia é a de Salter-Harris, qu e é baseada na aparência radiográfica da fratura
quase sempre necessári a. O utras fraturas raramente, ou nun ca, (Fig. 36-1). Essa class ificação represe nta a quantidade de envolvi-
exigem redução aberta e fi xação interna (RAFI) . Emb ora tal tra- mento da fise, a epífi se e a articulação. Quanto maior a classificação,
tamento possa resultar em maior incidência de co nsolidação, as o mais provável é ocorrer a parada de crescimento fisária ou incon-
fr aturas fechadas em cri anças ra ramente resu ltam em pse ud oar- grui dade da articulação.
trose. Como Boyd observo u, se a pse ud oa rt rose ocorre em um a • Fratu ras do tipo I são separações epifisá rias apenas através da
crian ça, ela provavelmente é "exposta;· patológica, ou iatrogêni ca; fi se, com ou sem luxação. As radi ografias sob estresse são úteis
se não, a pse udoartrose é muito mais refratá ri a ao tratamen to do em determin ar se essa fra tura está presente.
que um a pse ud oartrose em um adulto. • Fratu ras do tip o II têm um a porção metafisá ria anexada à epífise
O crescimento do osso é determin ado pela idade do paciente, separada (sin al de Thurston-Holland ) com a separação também
e em um a cri ança jovem ele compensa a imperfe ição em apos ição e através da fise.
em alguma extensão o alinhamento imperfe ito e até mesmo o encur- • Fratu ras do tipo III são a separação fisária com uma fra tura
tamento. Essa última compensação é exempli fica da por fra turas do através da epífise na articulação com incongruidade da articula-
fê mur, que podem estimular o crescimento excessivo da extremi- ção quando a frat ura é desviada.
dade. Em cri anças muito jovens, as fraturas da di áfise do úmero e • Fratu ras do tipo IV são fra turas através da metáfise, da fise, da
do fêmur normalmente cicatri zam e crescem independente do ali- epífise, e na arti culação, também com possível inco ngruidade da
nhamento e da posição dos fragmentos. Uma maior angulação é articulação.
aceitável qu ando a criança é jovem e a defo rmi dade está perto do • Fratu ras do tipo V, que podem ser diagnosticadas apenas em
fi nal do osso. A redução deve ser aceitável se a criança estiver perto retrospectiva, são fra tu ras de compressão ou es magamento da
da maturid ade ou se a fratu ra estive r per to do meio do osso. A fi se, pro duzindo dano permanente.
correção espontânea de um a deformid ade angul ar é maior quando Peterson ques ti onou a validade da lesão compressão de Salter-
a angulação está no plano de movimento de uma articulação: em Harris do tipo V da fi se, observando, entre outros fa tores, o fec ha-
fraturas imedi atamente proximais ao joelho ou ao punho, a angul a- mento uniform e completo da fise em lesões em que outros padrões
ção com seu ápice para o aspecto flexor da arti culação normalmente de frat ura não são causados por fo rças compressivas que ocorrem
resulta em po uca deformid ade. A flexão é limitada, mas a rest ri ção na mes ma extremidade. Rang modifico u a class ificação de Salter-
de movimento, em geral, não é incapacitante. A hiperextensão, se Harris, descrevend o um a "entorse" ou contusão na periferi a da fi se.
presente, norm almente é insignificativa. A fun ção muitas vezes volta Essa lesão aparentemente menor pode ca usar cicatri z, constrição e
ao normal, a menos que a fratura ocorra perto do fi nal do período pa rada de crescimento da periferi a da fise, que pode ser a área mais
de crescimento. A angul ação em qualquer out ra direção é provável crucial em relação à deformidade angular.
de persistir pelo menos em alguma extensão. As deformidades rota- Utili za m os rotin eiramente a classificação de Salte r-Harr is
cionais são provavelmente permanentes. e percebemos que qu alquer lesão fisár ia pode res ultar em pertu r-
Embora a angulação em varo ou valgo possa se corrigir espon- bação do crescim ento, embora seja mais comum após as fr aturas
taneamente em certa medida após as fraturas de ossos longos em de Sa lter-Harri s dos tip os III e IV. A maiori a das fr aturas dos
crianças, uma quantidade excessiva de angulação não pode ser espe- tip os I e II pode se r tratada por redu ção fec hada. As fratu ras dos
rada para co rrigir e causa defo rmidade angul ar residual. Essa defor- tip os II I e IV muit as vezes exige m RAFI para reposicionar os
midade não somente é esteticamente desag radável, mas também frag me ntos anato mi camente e co rrigi-los de fo rm a seg ura, de
MFI$t PARTE XI FRATURAS E LUXAÇÕES EM CRIANÇAS

Tipo Poland Salter-Harris Ogden

A B e

I
li
-~ _;,; ;i:: ..~;
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A B e D

,

Ili

A B t e
-
D
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IV

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'·-
V
JtJ
-.;.., ·~·,

VI
-
VII

O@ii;Mm9 Classifica ção de lesões fisárias por Pola nd, Sa lter e Harris, e Ogden . Todos os três sistemas são sim ilares, mas, da
esquerda para a direita, aumentam a sua complexidade. A class ifica ção de Salter-Harris é um ref inament o do sistema de Po land, e a
class ifica ção de Ogden, que inclu i todos, adiciona mais subclasses para sistemas ma is simp les.

m odo que o crescimento na fise possa conti nuar e a arti culação Cerca de 90% das fra turas fis árias agudas podem se r trata-
possa ser co ngru ente. Um exemplo é uma lesão desviada do tipo IV das de m odo não cir úrgico. As indicações para redução aber ta de
do cô nd ilo late ral d o úm ero, que, como mencionado anterior- fraturas fi sárias são dadas em detalh es nas seções apropriadas
mente, é um a "fratura de necessidade" e quase sempre requer deste capítulo. Se um a fra tura envolve um a fi se, os pais deve m
redu ção e fi xação inte rn a. se r info rmados totalmente no momento d a fratura em relação à
CAPÍTULO 36 FRATURAS E LUXAÇÕES EM CRIANÇAS

Proximal 80% 40%

Comprimento Comprimento
total do úmero total da
extremidade
superior

Fise distal 20% 10%


Método de fixação tipo IV
Distal 25% 11 %
A B Proximal { Ulna 15%
}---- 10%

iâ(riii;!·' ~ Fixação da fratura fisária. A, Colocação correta Comprimento Comprimento


de parafusos canulados através da epífise e metáfise. B, Pinos lisos total do total do membro
podem atravessar a fise, se necessário, para manter a redução. rádio e ulna superior
Distal
_, Distal { Ulna 75% 39%
}----
85% 40%

possibilidade de perturbação do crescimento e a necessidade para O@ll;fflEa Aproximadamente 80% do crescimento de úmero
acompanhamento. ocorrem na fise proximal; na ulna e rádio, cerca de 85% ocorrem
Embora a classificação de Salter-Harris seja excelente, na fise distal.
algumas fraturas não se comportam como previstas, e nem todas
as fraturas dos tipos I e II têm sucesso após a redução fechada e
nem todas as fraturas dos tipos III e IV têm sucesso após a redução
aberta. Uma fratura da fise do fêmur distal do tipo II, que é signi- feita epifisiodese do membro oposto utilizando várias técnicas
ficativamente desviada, muitas vezes resulta em parada do cresci- (Capítulo 29), incluindo uma epifisiodese percutânea sob con-
mento e deformidade angular. Uma delicada redução anatômica trole de um intensificador de imagem. As técnicas de encurta-
fechada dessa fratura é necessária para evitar esmagamento ou de mento ou alongamento do fêmur e tíbia podem ser utilizadas
outra forma lesionar as células germinais na fise no fragmento para desigualdade do comprimento da perna em uma criança
proximal; mesmo assim, a fise pode fechar prematuramente. mais velha. Para avaliação da extremidade inferior, o gráfico de
Embora muitos autores indiquem que as fraturas distais da tíbia linhas de Moseley (Capítulo 29) deve ser utilizado com atenção
não desviadas dos tipos III e IV podem ser tratadas fechadas, as especial aos detalhes. Na extremidade superior, o comprimento
fraturas não desviadas desses tipos que se tornam desviadas no não é tão importante quanto a função como na extremidade
gesso podem desenvolver uma ponte óssea fisária; por esse motivo, inferior. Aproximadamente 80% do crescimento do úmero
quase todas as fraturas dos tipos III e IV são tratadas por RAFI, ocorrem na fise proximal; na ulna e rádio, aproximadamente 85%
independentemente da quantidade de luxação. Cruzar a fise com ocorrem nas fises distais (Fig. 36-3).
qualquer forma de fixação deve ser evitado se possível (Fig. 36-2).
Em fraturas dos tipos III e IV, os pinos devem cruzar a epífise nas
áreas fraturadas, e em fraturas dos tipos II e IV, elas devem cruzar FRATURAS EXPOSTAS
a rnetáfise e epífise se possível. Os pequenos parafusos canulados
são bem adequados para essas fraturas. A classificação e os princípios de tratamento de fraturas expostas em
Em crianças mais velhas, a excisão é indicada para urna ponte adultos também se aplicam em crianças. Em uma criança jovem, a
óssea ou barra fisária com deformidade angular (Capítulo 32). Em história sobre o mecanismo da lesão, o ambiente em que ela ocorreu
crianças mais jovens, a ressecção da ponte óssea e a interposição e a última ingestão oral pode não ser tão precisos ou confiáveis
da gordura ou algum material inerte foram utilizadas sozinhas quanto em um adulto. Independentemente da classificação de uma
para essa complicação. Geralmente em crianças jovens, se a defor- fratura exposta, onde e como o acidente ocorreu são fundamentais
midade angular for menor que 10 a 20 graus, a ressecção da ponte no tratamento. Se a história é questionável, uma fratura exposta deve
óssea sozinha pode ser utilizada; no entanto, se a deformidade for ser tratada como contaminada. Observamos várias feridas puntifor-
maior que 20 graus, a ressecção da ponte óssea mais a osteotornia mes do "tipo I" (classificação de Gustilo no Capítulo 53) em ambos
será indicada. Esses números variam dependendo de qual extre- os ossos que se tornam seladas com mais de um seroma, produzindo
midade e qual deformidade angular estiverem presentes. Em geral, um meio perfeito para o Clostridium perfringens e gangrena gasosa
maior deformidade angular pode ser tolerada na extremidade que pode resultar em amputações acima do cotovelo. Por esse
superior do que na extremidade inferior, maior deformidade valgo motivo, temos tratado menores fraturas expostas como maiores se
pode ser mais tolerada do que a deformidade varo, e maior defor- a história for questionável de qualquer modo. A maioria das feridas
midade na flexão pode ser mais tolerada do que a deformidade na em fraturas expostas é alargada, irrigada e desbridada em um
extensão. Na extremidade inferior, maior deformidade pode ser ambiente estéril no departamento de emergência, especialmente se
tolerada proximalmente do que distalmente; o mesmo ãngulo varo a anestesia geral for contraindicada. Como regra geral, no entanto,
no quadril pode ser compensado melhor do que no joelho e não todas as fraturas expostas devem ser irrigadas e desbridadas com-
muito bem no tornozelo. pletamente na sala de cirurgia regular com o paciente sob anestesia,
Se o crescimento cessa simetricamente em toda a fise, e o e o paciente deve ser internado para observação e tratamento de
encurtamento é significativo em uma criança jovem, pode ser rotina com antibióticos intravenosos.
PARTE XI FRATURAS E LUXAÇÕES EM CR IANÇAS

Duas revisões sistemáticas da literatura em fraturas abertas da


Pesquisa Padrão do Esqueleto para
tíbia em crianças e adolescentes alcançaram conclusões semelhantes: 36 - 1 Suspeita de Abuso de Menores
fraturas expostas do tipo III (grave) e idade superior a 10 anos estão
associadas a complicações e resultados similares aos resultados em Mínimas Vistas Necessárias
adultos, enquanto pacientes mais jovens tendem a ter consolidação • Incidências anteroposteriores de todo o esqueleto
mais rápida e menores complicações. O desbridamento frequente • In cidênc ias dedicadas de mãos e pés
(a cada 36 a 48 horas) e vigoroso, irrigação da fratura exposta e • Incidências laterais do esqueleto apendicu lar - crânio e
estabilização adequada da fratura parecem diminuir as taxas de coluna
pseudoartrose e infecção, independentemente da idade ou gravidade
da fratura . Em casos raros, após a redução fechada de uma fratura Imagens Também Sugeridas
(sem quaisquer pinos de tração esquelética ou injeção de anestesia • Incidências oblíquas das costelas
local na fratura), osteomielite hematogênica ocorre na fratura. • Incidências oblíquas das mãos e pés
Imagens Úteis Opcionais
• Incidências latera is das articu lações - punhos, tornoze-
FRATURAS PATOLÓGICAS los, joelhos
• Incidências ortogonais de qua isquer fraturas encontradas
Muitas fraturas patológicas em crianças podem ser tratadas cirurgica-
m ente, com possível diminuição da morbidade e imobili zação.
A redução aberta e fixação interna muitas vezes são benéficas. As crian-
Especificidade do Trauma no
ças que possuem defeitos maiores que exigem en,,erto ósseo podem 36-2 Esqueleto para Abuso de Menores
igualmente se beneficiar da cirurgia. As entidades como pseudartrose
da tíbia na neurofibromatose, as fraturas através dos cistos ósseos uni- Alta Especificidade
camerais e múltiplas fraturas de ossos longos em crianças com mielo- • Fraturas metafisárias clássicas
meningocele ou osteogênese imperfeita podem exigir RAFI ou fixação • Fratura posterior da costela
externa. Em crianças em que o tratamento conservador pode ser impe- • Fratura da escápu la
dido por causa da lesão na cabeça ou poli traumatismo, algumas fraturas • Fratura do processo espinhoso
podem se beneficiar de RAFI. Cada uma dessas entidades e suas fratu - • Fratura do esterno
ras resultantes são discutidas em outros capítulos.
Especificidade Moderada
• Múltiplas fraturas, especia lm ente bilaterais
• Fraturas em vários estágios de cicatrização
FRATURAS AO NASCIMENTO E
• Separação epifisária
FRATURAS CAUSADAS POR • Fratura ou separação do corpo vertebral
ABUSO DE MENORES • Fratura digital
• Fratura complexa do crânio
Dois grupos de fraturas especiais em crianças devem ser mencio-
nados, embora o tratamento cirúrgico normalmente seja desneces- Baixa Especificidade
sário. No primeiro grupo estão fraturas presentes no nascimento. • Fratura da clavícu la
Estas ocorrem mais comumente na clavícula, úmero, quadril e • Fratura da diáfise do osso longo
fêmur. Elas rara mente exigem cirurgia, mas com frequência são • Fratura linear do crânio 1
diagnosticad as como "pse udoparalisia", infecção ou lu xação. As
lesões relacion adas com o nascimento em locali zações incomuns
podem se r esquecidas inicialmente e podem resultar em signifi-
cativa morbidez. acidentais (Fig. 36-4). Mais recentemente, as fraturas metafisárias
O segundo grupo de fraturas especiais compreende lesões não distais do fêmur foram sugeridas como indicadores de ab uso de
acidentais. A porcentagem mais alta de abuso de menores ocorre menores em crianças de 1 ano de idade ou mais jovens (antes da
entre o nascimento e 2 anos de idade. Em qualquer criança mais idade de caminhar); em um grupo de 20 crianças com essas fraturas,
jovem do que 2 anos de idade com uma fratura significativa e uma 15 (75%) tiveram confirmação ou suspeitas de serem vítimas de
história questionável ou mecanismo de lesão, deve-se suspeitar de abuso de menores. As fraturas da costela foram encontradas com
abuso de menores. Para descartar essa possibilidade, cintilografia um valor preditivo positivo de lesão não acidental de 95% em crian-
(Quadro 36-1) geralmen te é indicada. A TC, RM e avaliações de ças com menos de 3 anos de idade e foram a única manifestação do
ultrassom também podem ser benéficas, especialmente em crianças esqueleto de abuso em quase 30% das crianças (Quadro 36-2).
com suspeita de trauma na cabeça. Falha em reconhecer o abuso de menores pode resultar em um
Múltiplas fraturas em diferentes estágios de cicatrização quase risco de 25% de abuso repetido e um risco de óbito de 5%. Cada
sempre indicam abuso de menores. Múltiplas áreas de grandes equi- estado requer que médicos relatem suspeita de abuso de menores.
moses em diferentes estágios de resolução (de preto e azul a marrom O conhecimento definitivo ou um diagnóstico específico não são
e verde) tamb ém são patognomônicas de abuso de menores. Outros necessá rios. É provavelmente lamentáve l que algumas fraturas nesse
achados menos comuns incluem qu eimaduras da pele, alterações grupo de idade precisem de RAFI. Se precisarem, algumas crianças
oculares, hem atúria e sinais abdominais. Os locais mais comuns vítimas de abuso podem se beneficiar da cirurgia para serem prote-
de fraturas causadas por abuso de menores são úmero, tíbia e gidas dos seus agressores. Independentemente, o cirurgião ortopé-
fêmur. As fraturas epifisá rias-m etafisárias ("canto") são quase dico deve proteger uma criança que tem uma fratura causada por
sempre patognomônicas de abuso de menores, porque as forças de abuso de menores e deve informar aos pais sua responsabilidade
puxar e torcer necessárias para produzir essas lesões raramente são legal de relatar qualquer suspeita às autoridades.
CAPÍTULO 36 FRATURAS E LUXAÇÕES EM CRIANÇAS

O@ihf41?!19 Abuso de crianças. A e B, Alterações metafisárias e ep ifi sá ria s em diferentes estágios de cicatrização da fratura dos
ossos de joelhos e tornozelos. C, Envolvimento aparente do fêmur e quadril. D e E, No acompanhamento, alterações extensivas estão
presentes na tíbia, tornozelo, joelhos, diáfise do fêmur e quadril .

PRINCÍPIOS GERAIS DO
importante na fise. O fragmento cartil aginoso deve es tar em
TRATAMENTO DE FRATURAS posição anatômica; qualquer compensação resultante pode
CIRÚRGICAS EM CRIANÇAS causar um a ponte óssea e inco ngru idade da articulação.
4. Utilize a fixação adequ ada, mas não mais do que é necessária,
Fraturas selecionadas em crianças exigem RA FI. Se a redução aberta tendo em mente a possibilidade de mobilização precoce em
for necessária, estes princípios ge rais de tratamento cirúrgico devem algumas situações.
ser seguidos: 5. Utili ze a fixação qu e pode ser removida fa cilmente.
1. Não pense que todas as fraturas em crianças vão remodelar 6. Utilize pinos lisos em vez de rosqueados.
completamente e qu e a redução adequada é desnecessária. 7. Tente não atravessa r a fise, mas sim paral elo à epífise ou pino
2. Conheça a anatomia cirúrgica especial das fises . Cada fise, do pi co da fratura na metáfise (Figs. 36-2 e 36-5).
além de não ser ondulada, também é exclusiva no contorn o 8. Evite orifícios de broca des necessári os qu e depois podem se
em cada articulação e não é apenas um a sup erfície plana. torn ar iatrogeni camente fraturas patológicas criadas.
3. Se uma redução aberta for necessári a, reposicione os fragmentos 9. Evite a penetração do pino em articulações.
tão anatom icam ente quanto possível. Isso é especialm ente 10. Utili ze um fechamento sub cuticular com sutura absorvível.
llllBD PARTE XI FRATURAS E LUXAÇÕES EM CRIANÇAS

11. Imobilize uma criança não cooperativa adequadamente. na mão ocorre em atividades esportivas. Os dedos da borda (dedos
12. Observe a insuficiência neurovascular durante a convalescença. indicador e mínimo) são os dedos mais comumente lesionados.
13. Alerte os pais sobre as complicações cirúrgicas precoces e A falange proximal é o osso mais comumente lesionado, e fraturas
complicações tardias, como a formação de ponte óssea, defor- Salter-Harris do tipo II são as fraturas da fa lange mais frequentes.
midade angular e osteonecrose. As fraturas da ulna distal e rádio (p unho) são mais frequentes
durante o pico de crescimento do adolescente e muitas vezes durante
as atividades esportivas.
FRATURAS, LUXAÇÕ~S As indicações para tratamento cirúrgico de fraturas fechadas
E FRATURAS-LUXAÇ9ES da mão em adultos são raras e são ainda mais raras em crianças
devido à remodelagem. A exceção para isso é uma fratura fisár ia
DA FRATURA DA MAO E PUNHO desviada, que requer redução anatôm ica e ocasionalmente trata-
mento cirúrgico. O tempo do fechamento fisiológico das fises deve
As fraturas pediátricas da mão ocorrem principalmente em dois ser observado nas falanges e metacarpos, porque o fechamento em
grupos de idade: crianças e adolescentes. Em crianças, as fraturas geral ocorre mais precocemente aqui do que em outras fises. O
em geral são lesões por esmagamento, como quando um dedo ou fechamento é precoce distalmente (falanges) e tardio proximalmente
mão é preso em uma porta. Em adolescentes, a maioria das lesões (rádio distal), e quando as fises fecharem, uma fratura da criança
deve ser tratada como um adulto.

FRATURAS DA FALANGE

Em um estudo de fraturas relacionadas com os esportes em 408


adolescentes por Wood et al., as fraturas mais comuns eram fraturas
da falange, ocorrendo em quase 30%. Entre 360 crianças mais jovens
do que 16 anos de idade relataram por Vadivelu et al., 67% das
fraturas da fa lange ocorreram na fa lange proximal (Fig. 36-6).
As lesões de avulsão de uma falange distal e fise podem pro-
du zir uma fratura de Salter-Harris do tipo I ou III (Fig . 36-7) .
A redução fechada adequada das fraturas do tipo I produz resulta-
dos satisfatórios. As fraturas do tipo III da falange distal produzem
um dedo em "martelo''. Em uma criança jovem, isso normalmente
O@il;f4ml9 Fixação da fratura fisária. Se os pinos rosquea- requer somente uma redução fechada precisa, mas se isso não puder
dos ou parafusos esponjosos forem utilizados, e les devem cruzar ser obtido e mantido, será indicada RAFI. Uma grande porcentagem
a epífise ou metáfise e não a fise. de separações fisárias ocorre nas falanges média e proximal, mais

ij@il;ME!19 Fratura da falange extra oitava. A, Aparência clínica. B, Aparência radiográfica .


CAPÍTULO 36 FRATURAS E LUXAÇ ÕES EM CRIANÇAS Clllll

H@ii;Ml l a O raro dedo pediátrico em martelo. A e B,


B Fratura de Salter-H a rri s do t ipo li da falange distal. C, Após a
redu çã o fechada e aplicação de uma tal a de hiperextensão.
O@ii;@Em Dois tipos de fraturas fisárias equivalente s ao
martelo na crian ça. A, Fratura de Salter-H a rri s do tipo 1. B, Fratura
d e Sa lter-H a rris do tipo Ili.

O!§i@HIII!J Na fi xação pe rcutânea, o curto fragm e nto da


A B e fratura distal est á clini ca me nte a linhado com a falange mé dia por
hiperextensão suave da a rticul açã o interfalangeal proximal. O fio
O!§i!zj!EI19 Três tipos de fratura s fisária s das falang es. A, de Kirschner está alinhad o clinicamente com a falange média na
Fratura de Salter-Harris do tipo li. B, Fratura do tipo Ili. C, Ra ra lat e ral e perfurado no fra gmento distal. O segundo fio de Kirs-
fratura do tipo IV. chner é inserido nos outros lados no ângulo de 45 graus para a
fal a nge proximal. Com ambos os fios de Kirschner somente no
comumen te Salte r-Harris do ti po II. As fra turas do tipo III ocorrem, fragmento distal, a fratur a é reduzida com a articulação inte rfa-
mas as fra turas dos tipos I e IV são muito raras nas falanges (F ig. la ngeana proximal em lige ira fle xã o, e os fio s perfurados em toda
36-8). A m aioria das fraturas do tipo II pode ser tratada satisfato- a fratura surgem na falange média .
riamente po r métodos fechados (Fig. 36-9). Uma fratura desviada
do tipo III requ er uma redução anatômica. Se isso não puder ser da fratura e reparo do leito ungueal. Normalm ente, o reparo do
ob tido fec hado, será necessária RAFI. tecido mole fo rn ece a estabilidade adequada para a redução da
Uma lesão em fl exão pode res ultar em separação fisária entre fratura, m as a fixação com pino pode ser utilizada por 3 a 4 semanas,
o tendão exte nsor dorsalmente e a inserção do flexor profu ndo do se necessário, para m anter o alinhamento da fr atura.
dedo (fratura de Seymour). A matriz germinativa do leito un gueal As fraturas diafisárias tamb ém ocorrem nas fa langes. A maioria
pode ser interp osta na fratura fi sá ria e impedir a redução. Essa lesão das fraturas das falanges distal e média pode ser tratada por redução
pode ser diagnosticada de m odo inco rreto como um dedo em fec hada. Ocasionalmente, em crianças mais velhas, como em adultos,
martelo e inco rretam ente tratada co m imobilização dorsal. Em a redução não pode se r mantida e a fixação intern a pode ser neces-
geral, o tratamento cirúrgico adequado inclui a remoção da placa sá ri a (Fig. 36 -10). Os fi os e m ba nda de tensão p od em se r utili-
ungueal, cuidadosa remo ção da matriz germinativa retid a, redução zados para o tratam ento de frat uras d e Salter- H ar ris dos tipos III
lllmi> PARTE XI FRATURAS E LU XAÇ ÕES EM CRIANÇAS

li Ili a

HMii;MEill) Fratura desviada da falange .

e IV e de avulsão na mão. A colocação de um fio de pequeno calibre


através da inse rção do li gamento no frag mento da fratura obtém a
redu ção e estabilidade precisas que pe rmitem a mobilização precoce.
Essa técnica evita a fise e muitas das arm adilh as e complicações de
out ros métodos de fixaç ão interna.
As fra turas do colo da falan ge muitas vezes são instáveis e
lll b ll lc llld
rotacionadas, tornando o tratamento fec hado di fíc il (Figs. 36- 11 e
36- 12) . Mesmo se a redução fechada fo r obtida, a pinage m percutâ-
nea norm almente é necessária para mante r a redu ção. Sob orienta-
H@IUJ4EI19 Classificação das fraturas da falange do co lo de
acordo com o grau e tipo de luxação do fragmento dista l. As
ção fluo roscópica, os fios de Kirschn er são inse ridos através do
fraturas do t ipo 1 são não desviadas . As fraturas do tipo li são
recesso colateral e em toda a fratura, envo lvendo o córtex contrala-
desv iadas, mas mantêm a lgum contato osso a osso com o frag-
teral proximal para a fratura. Alternativa mente, se o fragmento
mento prox imal. Nas fraturas do t ipo Ili, há perda do co ntato osso
di stal fo r pequeno, os fi os poderão ser inse rid os longitudinalmente
a osso entre fragmentos proxima l e dista l. (Redesen hado de Al-Qattan
através da supe rfíc ie articular da fal an ge, atravessa nd o a fratura e
· MM: Phalangeal neck fractu res in ch ildre n: classification an d outcome
envolve nd o o frag mento proximal.
in 66 cases, J Hand Surg 26B 112, 2001.)
Vá ri os tip os de fraturas intra-articul ares das fa langes podem
ocorrer: condil ar (F ig. 36-1 3A), co ndil ar T (F ig. 36- 13B) ou osteo-
condral (F ig. 36- 13C). As fraturas intra-a rticul ares da fal ange nor-
mal m ente exigem redu ção aberta ou pe rcu tânea e fLxação com fio s
lisos ou, em adolescentes, miniparafu sos. Q ualqu er dispositivo de
fixação deve evitar co nstrição dos li ga mentos colaterais, qu e vão
impedir a fl exão. A redução ab erta é indicada se o componente
intra-arti cul ar for deslocado e grande o sufi ciente pa ra ser fixada
intern amente (ve r Capítulo 67 para a técnica) .
As co mplicações das fratura s pedi átri cas da fal ange são inco-
mun s, mas podem ocorrer pse udoa rtrose, con solidação viciosa,
osteo nec rose e perturbação do crescimento. A pseud oartrose é rara,
exceto em lesões graves em que os frag mentos da fratura são des-
vascu larizados. A consolidação viciosa é mais co mum e p ode resul -
tar em angul ação ou deformidades rotac ionais e movimento limitado
(F ig. 36-1 4) . Embora a m aioria das consolidações viciosas remodele
de modo satisfa tório, especialmente em cri anças joven s, um a consi-
derável deformidade pode exigir osteo tomi a para realinhamento.
Waters et al. descreve ram uma técnica percutânea para redução da
consolidação viciosa das fraturas no colo da fal ange com cicatriza-
ção óssea pa rcial (Fig. 36-15) . Um fi o de Kirschn er obliquamente
inse rido (0,9 a 1,6 111111 , dep endendo do tamanho da criança) é A B e
utili zado para romp er o calo e cica tri zar parcialmente o osso e
alava nca r o fr agmento do côndilo d orsalm ente deslocad o e rota- li@i)ajE?ID Tipos de fraturas intra-art icu lares do cônd il o. A,
cion á-la de volta à pos ição anatômi ca correta. Um ou dois fio s Único côndi lo . B, Ambos os côndi los. C, Fratura osteocondra l.
CAPÍTULO 36 FRATURAS E LUXAÇÕES EM CRIANÇAS GDll
'hN!!!i 1,§~~ · Fraturas da Base do Metacarpo do Polegar em Crianças

TIPO DESCRIÇÃO TRATAMENTO


A Entre a fise e a junção dos terços Redução fechada + gesso
proximal e médio do osso Angulação residual de 20-30 graus é aceitável dependendo
Muitas vezes transversal ou ligeiramente da idade da criança e aparência clínica do polegar
oblíquo Se instável após a redução, será necessária a pinagem
Muitas vezes algum impacto medial percutânea -
Angulado na direção do ápice lateral
B Fratura fisária de Salter- Harris li com Angulação leve - sem redução, gesso
fragmento metafisário no lado medial Angulação moderada - redução fechada + gesso
Mais comum do que o tipo e Angulação grave - redução fechada + pinagem percutânea;
e Fratura fisária de Salter-Harris li com redução aberta e fixação se a redução fechada não obtiver
fragmento metafisário na lateral sucesso
D Fratura de Salter-Harris Ili ou IV Redução fechada ou aberta e fi xação interna
Lembra a fratura de Bennett em adultos

11 11
Cicatrização
do calo-

A B e Vista AP

li!!§l1;@Eil:EI A, Redução percutânea da consolidação da


fratura da falang e no colo com cicatrização óssea parcial. B, Fio
de Kirschner é utilizado para romper o calo e a cicatrização óssea
parcial e a lavancar o fragmento na posi ção anatômica. C, Um ou
do is fios percutâneos são utilizados para manter a redução.

A maioria das fraturas dos metacarpos em crianças pode ser


tratada por redução fechada e observação. A rotação normal deve
O!§ii;HEI19 Consolidação viciosa da fratura da falange no ser confirmada pela capacidade de flexionar os dedos na palma
colo produzindo mal a linhamento dos dedos. (Capítulo 67) . Mesmo uma pequena quantidade ( <10 graus) de mau
alinhamento rotacional pode criar sobreposição dos dedos durante
a flexão e causar lim itações funcionais; a osteotomia corretiva de
percutâneos (0,7 a 1,1 mm) são utili zados para manter a redução. alinhar o dedo muitas vezes é necessária. Se o incômodo da má
A osteonecrose, em geral, está relacionada com a fratura gravemente rotação persistir, a fratura não vai remodelar e RAFI será indicada.
cominuída, a lesão grave do tecido mole, ou dissecção cirú rgica Para múltiplas fraturas do eixo do metacarpo em cri anças, RAFI
extensiva de uma fratura intra-articular. A perturbação do cresci- ocasionalmente é indicada para estabilidade, como em adultos
mento pode resultar de qu alquer lesão que envolve as fises, mas é (Capítulo 67). Uma fratura da cabeça do metacarpo intra-articular
incomum após as fraturas da falange. desviada também pode exigir RAFI.

• FRATURAS DO METACARPO DO POLEGAR


FRATURAS DO METACARPO A maioria das fraturas do metacarpo do polegar em crianças ocorre
proximalmente perto da fise, em vez da cabeça do metacarpo, como
As fraturas dos metacarpos podem ocorrer na epífise, fise, colo, nos outros metacarpos (Tabela 36- 1). Como uma variante rara, o
di áfise ou base. O local mais comum das fraturas do metacarpo em metacarpo do polegar pode ter uma fise nas extremid ades proximal
crianças é o colo do m etacarpo, normalmente nos dedos mínimo e e distal. Uma fratura da base do metacarpo do polegar normalmente
anelar. Os mecanismos mais comuns da lesão são esportes de contato não requer redução aberta (Fig. 36-16A), mas é tratada em uma
e arremesso de objeto (p. ex., fratura do boxeador). abdução gessada do polegar. A fratura fisária que ocorre na maioria
mi) PARTE XI FRATURAS E LUXAÇÕES EM CRIANÇAS

Q bandas latera is. Exponha a fise, mas tome cuidado para


não danificá-la ou o anel pericondral ou o periósteo
! ~l recobrindo-o.
•Mobilize cu idadosamente os fragmentos; limpe quais-
quer pequenos fragmentos ou hematoma e com os
pequenos instrumentos cirúrgicos da mão, reduza a
fratura anatomicamente. Assegure que a redução seja
satisfatória na fise e na superfície da articulação.
•Com uma broca elétrica (ba ixo torque, alta velocidade),
transfixe a fratura com dois pinos lisos e paralelos, de
Tipo A Tipo B Tipo C Tipo D
preferência na metáfise ou ep ífise. Os pinos cruzados e
os pinos que cruzam a fise gera lmente devem ser evita-
OC§i!;f;im Classificação das fraturas do metacarpo do dos, mas algumas vezes pequenos fragmentos da fratura
polegar. Tipo A, Fratura metafisária. Tipos B e C, fraturas fisárias não podem ser adequadamente transfixados e mantidos
de Salter-Harris do tipo li com angulação lateral ou medial. Tipo de outro modo. Corte os pinos abaixo da pele, mas dei-
D, Fratura de Salter-Harris do tipo Ili.
xe-os tempo suficiente para serem remov idos faci lmente
na sala como um procedimento ambu latorial.
•Feche os tecidos moles de forma apropriada, e aplique
uma tala ou gesso.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Os pinos são removidos


em 4 semanas, e um programa de exercício de ampl itude
de movimentos é iniciado nesse momento ou pouco
tempo depois. Esse programa deve ser ensinado aos pais
e ao paciente e deve concentrar-se apenas na ampl itude
de movimento ativa. (Exercícios de amplitude de movi-
mento passiva em uma criança fazem com que a criança
retire-se ou proteja-se contra qualquer movimento em
gera l.) Os pais devem ser alertados da possibilidade de
parada do crescimento com subsequente deformidade
B\ angular. Eles também devem ser alertados da possibili-
dade de osteonecrose das cabeças da falange ou meta-
hlijl!;Mll'l:fl Exemplo de polegar do esquiador. A, Fratura carpo após as fraturas nessa área.
fisária do tipo Ili. B, Após a redução aberta e fixação interna com
pinos.

LUXAÇÕES
das vezes nesta área é uma lesão de Salter-Harris do tipo II, e ela
pode ser tratada por redução fechada (Fig. 36-16B e C). As fraturas As luxaçõess das articulações da mão em crianças são ainda mais
pediátricas de Bennett podem ocorrer, no entanto, são fraturas de raras do que em adultos, principalmente por causa da fraqueza das
Salter-Harris do tipo III (Fig. 36-1 6D). Essa fratura (equiva lente ao fises, que se separam em vez das articulações adjacentes que se
polegar do esquiador em um adulto) (Fig. 36-17) é intra-articular, e tornam desviadas. Por causa da frouxidão ligamentar e da maleabi-
em uma criança ela pode resultar em perturbação fisária se não lidade da cartilagem, no entanto, luxações ocorram. As luxações da
tratada adequadamente. A redução fechada e fixação percutânea articulação interfalangeal distal são extremamente raras. O mais
com pino ou RAFI com pinos lisos, como em um adulto com fratura comum é que elas ocorram na artic ulação interfalangeana proximal,
de Bennett, provavelmente é indicada (Capítulo 67). Em certas oca- onde a fa lange média se desloca dorsal ou lateralmente na falange
siões, em um adolescente mais jovem, uma fratura da base do pri- proxima l. As fraturas-luxações são incomuns, e RAFI não é indicada
meiro metacarpo que não envolve a fise (fratura de Rolando) pode a menos que a luxação seja irredutível, por causa da interposição das
ser reduzida de modo satisfatório e fixada percutaneamente com o estruturas do tecido mole, normalmente a placa valar. As luxações
auxílio de intensificação da imagem. podem ocorrer na artic ulação metacarpofalangeana, em especial no
polegar e dedo indicador; esta normalmente é uma luxação dorsal
e em gera l pode ser reduzida por métodos fechados. Se a luxação
REDUÇÃO ABERTA E FIXAÇÃQ for complexa e completa, com a placa valar interposta, e o meta-
INTERNA DAS FRATURAS FISARIAS carpo estiver envo lvido pelas cabeças do músculo flexor curto do
DAS FALANGES E METACARPOS polegar, a redução aberta normalmente será necessária (Fig. 36-18).
A cabeça do metacarpo do polegar também pode ser presa em um
TÉCNICA ~ cordão apertado formado pelo flexor curto do polegar e adutor do
~~~~~~~~-......~
polegar, com o flexor longo do polegar deslocado ulnarmente; este
•Faça uma in cisão reta médio latera l (Capítulo 64) sobre também requer redução aberta.
a fise envo lvida. Após a dissecção e o afastamento do Uma lesão de "polegar do esquiador" em wna criança pode resul-
tecido mole, mobilize as estruturas neurovasculares e tar em instabilidade ulnar do metacarpo do polegar devido à ruptura
do ligamento colateral ulnar ou uma fratura fisária de Salter-Harris do
CAPÍTULO 36 FRATURAS E LUXAÇÕES EM CRIANÇAS GDll

ma•@HIID Fratura-luxação da articu lação metacarpofa lan-


geana do dedo indicador.

OUTRAS FRATURAS E FRATURAS-LUXAÇÕES

As lesões dos ossos do ca rpo ge ralm ente são consideradas raras em


cri anças jovens, mas muitas podem ser negligenciadas. As fraturas
do escafoide são as lesões do carpo mais comuns em crianças e
ado lesce ntes e tornaram-se ainda mais comuns conforme mais
crianças participam de esportes competitivos. O escafoide é o ma ior
osso na linha proximal do carpo, e a ossificação começa aqui entre
5 e 6 anos de idade e é concluída entre 13 e 15 anos de idade. Antes
da ossificação, o escafoide está quase completamente cartilaginoso,
rep resentando poucas fraturas do escafoide em crianças mais jovens.
h@l!;!ij!IEI A, Luxação da articu lação metacarpofalangeana O pico de incidência das fraturas pediátricas do escafoide está entre
de polegar. B, Aparência radiográfica .
as idades de 12 e 15 anos; elas são raras em crianças com menos de
8 anos de idade. As fraturas de outros ossos do carpo geralmente
seguem se us tempos de ossificação: piramidil, entre 12 e 13 anos de
idade; trapézio e trapezoide, entre 13 e 14 anos de idade; e hamato,
tipo I ou III da falange proximal. RAFI é recomendada para fraturas na idade de 15 anos.
fisárias do tipo III; a técnica cirúrgica para essa fratura é a mesma que O mecanismo de lesão em fraturas do escafoide varia com a
para as outras fraturas fisárias das falanges. O reparo das rupturas do localização da fratura. As fraturas do polo distal normalmente são cau-
ligamento colateral ulnar do polegar é descrito no Capítulo 67. sadas por trauma direto ou avulsão, enquanto as fraturas do terço médio
Uma luxação comum da articulação metacarpofalangeana do na maioria das vezes são causadas por uma queda com a mão estendida
dedo indicador (Fig. 36-19). A cabeça do metacarpo é fixada através com o antebraço em pronação; fraturas do polo proximal, embora raras,
da fáscia palmar com os tendões flexores no seu lado uln ar e os foram relatadas em atletas adolescentes que competem.
músculos lumbricais no lado radial. A placa vo lar é rasgada e virada A classificação de fraturas pediátricas do escafoide foi desen-
dorsalmente para se tornar presa entre a cabeça do metacarpo e a vo lvida com base na idade da criança e no grau presumido de ossi-
base da falange proximal. A redução fechada dessa luxação quase ficação. As lesões do tipo 1 ocorrem em crianças com menos de 8
sempre falha, e a redução aberta normalmente é indicada. As técni- anos de idade; a linha de fratura pode ser puramente condral ou
cas para redução das luxações da articulação metacarpofalangea na pode envolver parte do núcleo ósseo. Essas lesões são incomuns e
do polegar e indicador estão descritas no Capítulo 67. podem exigir RM para diagnóstico. As fraturas do tipo II ocorrem
As luxações do carpo metacarpo e punho são muito raras em pacientes de 8 a 11 anos de idade e são lesões osteocondrais. As
em crianças. O se u tratamento é o mes mo que em ad ultos (Capí- lesões do tipo III ocorrem em adol escentes com 12 anos de idade e
tulo 69). mais velhos e são o tipo mais comum; como o escafoide é quase
~ PARTE XI FRATURAS E LUXAÇ ÕES EM CR IANÇAS

Ot§il;frjEE!I A, Pseudoartrose do escafoide em criança com fises abertas do rádio distal e ulna . B, Após a redução aberta e a fixação
interna com parafuso de compressão de Herbert. C, Em 1 ano, a pseudoartrose foi cicatrizada.

completamente ossificado; essas fraturas são similares às do s adultos. Uma pse udoartrose estabelecida em urna criança pode ser tratada
As fraturas pedi átricas do escafoide também podem ser classificadas cirurgicamente como em um adulto se ela limita as atividades da
por localização: tub erosidade, polo distal transversal, avulsão do vida diária. Uma abordagem dorsal ou volar pode ser utilizada. Os
polo distal, cintura ou polo proximal. Em crianças, as fraturas do pinos lisos devem ser considerados para fixação interna em crianças
terço distal do escafoide (polo distal transversal e tuberosidade) são jovens, porque esse é um ce ntro de ossificação primária com poten-
as mais comun s. cial crescimento remanescente; caso co ntrário, um parafuso de com-
Os sinais clínicos mais comuns da fratura do escafoide são pressão pode ser utilizado (Fig. 36-20). Alguns autores especularam
incha ço dorsal do pulso, se nsibilidade na tabaqueira anatômica e que o escafoide bipartid o pode ser urna fratu ra na cintura não con-
sobre a parte distal do rád io, além de dorsiflexão dolorosa do punho solidada qu e ocorreu com as características de um osso bipartido.
ou extensão do polegar. As radiografias deve m incluir incidências O escafoide bipartido normalmente é bilateral, assi ntomático e não
anterop osterior, lateral e do escafoide co m o punho em desvio relacionado com o traum a.
uln ar ; no entanto, as radiografias norm ais não impedem a prese nça As fraturas do piramidal em cri anças muitas vezes são avulsões
de um a fratura do escafoide. Se um a fratura do escafoide for suge- sutis ou fraturas impactadas que exige m boas radiografias oblíquas
rida, mas as radiografias forem negativas, o pulso deverá ser imo- para reconhecimento. A incidência dessas fraturas provavelmente é
bili zado e reavaliado em 2 sem anas. Em um estudo de 104 fraturas muito maior do qu e atualmente con hecida, porque muitas são diag-
suspeitas do escafoide, 31 (30%) fora m confirm adas no aco mpa- nosti cadas de modo incorreto com o entorses do punho ou lesões
nham ento. A sensibil id ade vo lar do escafoide, dor com desvio fisári as do tipo I do rádio di stal e ulna. Três se manas de imobilização
radial e dor com movimento ati vo do punho era m indicativos de por gesso em geral são sufi cientes para o tratamento.
uma maior probabilidade de fratura do escafoide. Foram sugeridas
RM, para eliminar a necessidade de aco mpanhamento adicional,
radiografias em 58% dos pac ientes co m fraturas suspeitas do esca- FRATURAS DO ANTEBRAÇO
foide e uma imagem RM inicial normal tão precoce como 2 dias
após a lesão ter sido relatada para ter um va lor negativo preditivo As fraturas do antebraço são muito co muns em crianças. A maioria
de 100%. das fraturas em qualquer nível não exige RAFI. Para a redução
As fraturas do polo proximal, embora raras, parece m cicatrizar fechada, a maioria dos autores concorda que para fraturas distais, o
sem intercorrências quando tratadas por imobilização prolongada. braço deve ser colocado em ligeira pronação; para as fraturas do
As fraturas em avulsão no terço distal do escafoide são comuns em terço médio, na posição neutra; e para fraturas proximais, em ligeira
crianças e normalmente exigem som ente imobilização em um supinação. Há padrõ es de fratura selecionados que não são "estáveis"
molde de gesso adequado. Os tempos de consolidação das fraturas e podem exigir redu ção fechada ou RAFI.
do escafoide foram descritos co mo 3 a 4 sem anas para fraturas de
tuberosidade, 4 a 16 semanas para fraturas da cintura, 4 a 8 se manas
para fra turas do escafoide di stais e 3 a 6 se man as para avulsões FRATURAS DO TERÇO DISTAL DO
distais. ANTEBRAÇO
As indicações para o tratamen to cirúrgico de fraturas do esca-
fo ide em pacientes pediátricos em ou perto da maturidade do esque- As fraturas do terço distal do antebraço são extremamente comuns,
leto são similares àquelas para fraturas do escafoide em ad ultos represe ntando cerca de 75% das fraturas do antebraço. A maioria
(Capítulo 69) . é dorsalmente desviada e no plano do movimento da articulação, e
Uma pseudoarto rseo dolorosa do escafoide proximal, que em elas remod elam de modo satisfatório se a remodelagern potencial
crianças é extre mamente rara, pode ocorrer após um atraso no tra- permanecer. Além das fraturas únicas e de ambos os ossos, as fra-
tamento em geral por causa de um diagnóstico incorreto ou falta de turas fisári as do rád io distal e uln a ocorrem. As fraturas de Salter
imobilização (um gesso do polegar por um mínimo de 12 semanas). -Harris dos tipos l e II são comun s, mas as dos tipos III e IV são raras.
CAPÍTULO 36 FRATURAS E LUXAÇÕES EM CRIANÇAS CEm

O@ii;f4EEI A, Fratura do rád io d ista l com o que parece ser fratura de Salter-Harris do tipo 1da ulna distal 2 semanas após a lesão.
B, Em 4 meses, a remode lagem do rádio é aparente; a ulna parece normal. C, Em 6 meses, o rádio parece quase totalmente remode lado,
mas com sugestão de ponte óssea da fise ulnar. Em 2 anos, a parada do crescimento e o encurtamento de ulna são óbvios, secunda-
riamente à fratura de Salter-Harris do t ipo 1 ou V. D, Desvio ulnar do rádio resultou da constri çã o da ulna (pseudodeformidade de
Made lung) . O alongamento ulnar ou osteotom ia de angulação do encurtamento do rád io pode ser necessário quando a criança é mais
velha. E, Rádio distal contra lateral normal.

Essas lesões fisárias normalmente não exigem cirurgia e têm unifor- procedim ento de Sauve-Kapandji (Fig. 36- 21) (Técnica 69-36) .
memente bons resultados. A RAFI foi descrita após a redução Outras co nseq uências do fechamento fisário prem aturo incluem
fechada ter fa lhado por uma razão, como a interposição do periósteo curvatura radial, angulação uln ar do rádio di stal e translocação
entre os fragmentos ou síndrome do tún el do ca rp o aguda associada. ulnar do ca rp o.
No entanto, o fechamento prematuro da fi se radial distal foi relatado Ocasionalmente, a redução é perdida em uma fratura em galho
após as lesões de compressão fi sárias (fraturas de Salter-Harris do verde do terço distal do rádio ou do rádio e ulna, causando angula-
tipo V) ou tentativas vigorosas repetidas na redução. Essas lesões ção vo lar inace itável. Uma fratura completamente desviada, distal
não exigem tentativas repetidas na redução se a redução inicial de ambos os ossos do rádi o e uln a pode ser difíci l de reduzir. Qual-
atingir a aposição de mais de 50% . quer uma dessas fraturas, no entanto, quase semp re pode ser tratada
Zehntner et ai. relataram a perturbação do crescimento por métodos fechados .
ca usada por fe chamento parcial da fi se radial distal após trauma O tratamento cirúrgico é necessário para fragmentos grave-
(pse udod eformidade de Madelung) e desc reve ram uma osteoto- mente deslocados com comprimento inaceitável, alinh amento ou
mi a em cunha de abertura do rádio para corrigir a relaç ão entre o estabilidade. As fratu ras expostas do antebraço exige m irrigação e
rádio e ulna. O encurtamento ulnar pode ser realizado para fecha- desbridamento, e quando são in erentemente instáveis, alguma
mento prematuro da fise radial distal e alongamento ulnar para forma de fixação interna pode ser necessária. Os pinos lisos de
parada do crescimento distal ulnar. A parada do crescimento di stal Steinm ann podem ser utilizados em toda a fise através do estiloid e
uln ar tamb ém pode raramente ocorrer; as opções de tratamento radial. Um a placa metáli ca, no entanto pequena, deve se r utili zada
incluem epifisiodese, alongamento uln ar, osteotomia radial e o com cautela nessa área, por ca usa da possibilidade de danificar a
llllliD PARTE XI FRATURAS E LUXAÇÕES EM CRIANÇAS

O@il;fdmJI Fixação intramedular da ulna na fratura do


antebraço de ambos os ossos.

H!ijii;@Em A e B, Fraturas gr.a vemente desv iadas de ambos


os ossos do antebraço. C e D, Após a redução aberta e fixação m atéri as de síntese que são usadas em ambos os ossos de adulto.
interna com placas de compressão. Excelen tes resultados também foram rel atado s co m has tes intra-
m edulares elásticas. Essa fixação geralmente é recomendada pa ra
fraturas desviadas do antebraço em crianças com idade sup eri or a
10 anos e em crian ças mais jovens qu an do o tratamento conserva-
li.se. A remodelagem satisfató ria das deformidad es angulares nor- dor fa lha, e uma abordagem di stal foi sugerid a para evitar a
malmente ocorre se a fratura estiver no plano de movimento da dissecção extensiva e permitir o movim ento da ex tremidade im e-
articulação do pulso. Entretanto, a remodelagem não corrige as diatamente após a cirurgia. Alguns reco mend ara m a fixação
deformidades de rotação. Alguma perda de pronação e supinação internamente percutânea do osso que teve a maior luxação inicial
pode ocorrer por causa da perda do espaço interósseo se a angulação e, então, verifica r a estabilidade clinicam ente e com ra d iografias
varo ou va lgo persistir. através d a banda de movimento de pronação e supin ação. Se
amb os os ossos estiverem bem alinhados e estáveis, um gesso será
ap licado sem fixação do outro osso. Caso contrário, o outro osso
FRATURAS DO TERÇO MÉDIO DO é percutan eamente fixado com hastes intramedulares elás ticas
ANTEBRAÇO es táve is (Fig. 36-23). A maioria dos autores evita a li.se, utiliza ndo
pinos ou hastes intrarnedulares elásticas estáveis começando na
As fr aturas do terço m édio do antebraço raramente exigem rn etáfise, mas urna grande série de pacientes com fixação tra nsfi -
redução aberta, especialmente em crianças mais jovens em qu e a sá ria (rád io di stal, ulna proximal) intrarnedular do fio de Kirschner
remodelagem signifi cativa da fratura pode ser espera da. O tra- não relatou fechamento fisário prematuro. A translação pré-ope-
tamento cirúrgico é indicado para (1) fratur a exposta, (2) ratória inicial de mais de 100% foi relacionada com urn a maior
fr atura em crian ça m ais velha, (3) pse udoartrose, (4) fratura chance de interposição de tecido que requer urn a rninirredu ção
que é irredutíve l por ca usa d a interposição do te cido mol e, (5) aberta. As vantagens técnicas teóricas das hastes intrarn edulares
padrões de fr atura instável com padrões de co mprimento ou ali- elást icas es táveis na fi xação intramedular do fio de Kirschner
nham ento e (6) múltiplas refraturas ocorrendo em um curto incluem fixação de três pontos e tamanho e comprimento exatos.
período. A redução abe rta também é indicada em um a criança Uma comparação retrospectiva das hastes intramedulares e
m ais ve lha quando vár ias tentativas em reduções fechadas fa lh a- placa de compressão e fixação do parafuso de fraturas instáve is do
ram. Em um a criança mais ve lha em que a remodelagem não é antebraço encontrou excelentes resultados em 78% de ambos os
esperada, RAFI é preferível para consolidação viciosa e perda de grupos. Os resultados funcionais, a taxa de consolidação e a taxa de
movimento. O uso da fixação interna diminui o risco de pseudo- co mplicações foram estatisticamente similares para os grupos. A
artro seo ou reco rrência do mau p osicionamento. As placas de fixação intramedular permitiu menor tempo de cirurgia, mínima
co mpressão e hastes intramedulares foram descritas para fixação . dissecção do tecido mole, facilidad e de remoção do hardware e
Utilizamos a fixação interna com compressão para fraturas do movimento precoce após a remoção da haste, no entan to, forneceu
terço m édio em ad olescentes mais velhas com más reduções e excelentes resultados cosméticos.
flexívas hastes intramedulares em um ou ambos os ossos em Em nossa instituição, reservamos a fixação interna para fratu-
jove ns. RAFI para fraturas de ambos os ossos está descrita no ras do antebraço que são expostas e instáveis ou têm angulação
Capítul o 57. A placa de comp ressão não deve cruzar um a li.se inaceitável de mais de 20 graus após as tentativas se m sucesso com
aberta, mesmo em um a criança mais velha (Fig. 36-22) . manipulação fec hada. Utilizamos rotineiramente as hastes intram e-
Flynn e Waters descreveram a fixação intramedular com pino dulares elás ticas estáveis ou pinos lisos de Steinmann introduzidos
do rád io ou a uln a ou ambos para fra turas de ambos os ossos para na metáfise distal do rádio e epífise proximal da uln a. Es tabilizamos
qual a redução fechada fa lhou. A sua justificativa para o trata mento rotineiramente a uln a inicialmente e fixamos internam ente o rádio
consistiu em estabilizar ape nas um osso, girando as outras na se ela não puder ser reduzida de modo satisfató rio. Quanto m ais
redução. Os se us resultados eram uniformemente bons, a anes tesia velha a criança e quanto mais instável o padrão de fratura, mais
repetida foi evitada, e a má redução fo i prevenida sem utilizar provável que a fixação de ambos o rádio e ulna seja feita.
CAPÍTULO 36 FRATURAS E LUXAÇÕES EM CRIAN ÇAS

A B F

O@ii;!dEml Hastes intramedulares das fraturas de ambos os ossos do antebraço. A, Fraturas desviadas de ambos os ossos. B,
Pino é introduzido no osso menos desviado, lado curvado primeiro. C, Pino é avançado para o local da fratura. D, Fratura é reduzida
por manipulação externa, e o pino é avançado na metáfise proximal. E, Fratura de outro osso é reduzida e fixada do mesmo modo.
F, Ambos os pinos no local. VEJA A TÉCNICA 36-2.

As complicações relatadas após a fixação intramedular do fio


HASTES JNTRAMEDULARES de Kirsch ner incluem perda de redução após a remoção do fio,
PERCUTANEAS refratura, infecção profunda, infecção no local do pino, paralisia
transitória do nervo interósseo anterior e úlceras da pele através de

-----~
TÉCNICA fios enterrados.
Os pacientes tratados com hastes intramedulares para fratu-
(VERSTREKEN ET AL.) ras expostas ou fechadas do antebraço foram relatados tendo um
aumento na incidência da síndrome do compartimento em com-
•Coloque a criança na posição de decúbito dorsal com paração com os pacientes tratados com redução fechada e imobi-
o braço afetado em uma mesa lateral, e ap lique um lização. Além disso, os pacientes com maiores tempos de operação,
torniquete pneumático se a redução aberta for neces- aumento do uso da fluoroscopia intraoperatória e múltiplas tenta-
sá ria, mas não infle-o. tivas na pinagem percutânea fechada estão em maior risco de
•Faça uma incisão longitudinal de 1 cm na lateral da metá- desenvolver a síndrome do compartim ento. Observação cuidadosa
fise distal do osso menos deslocado. e monitoramento de todos os pacientes com fraturas de ambos os
•Com um perfurador, perfure um orifício no osso 1 cm ossos do antebraço são recomendados, mas especialmente destas
proximal à metáfise, primeiro perpendicularmente e, em em risco.
seguida, obliquamente ao cotovelo. Em fraturas ipsilaterais de ambos os ossos e fratura supracon-
•Dependendo do diâmetro do osso, escolha um pino diliana do úmero, um "cotovelo flutuante;' a fratura supracond iliana
romba de titânio ou aço inoxidável de tamanho apro- é reduzida e fixada percutaneamente para estabilizar o cotovelo, e a
priado. Os pinos va riam de 2,0 a 4,5 mm, e as extrem i- fratura do antebraço é reduzida por métodos fechados. A redução
dades proximais são curvadas 30 graus. Introduza o pino fechada e pinagem percutânea (pinagem de redução) (RFPP) da
no lado curvado do osso e emp urre-o, com um martelo, fratura supracondiliana estão descritas nas Técnicas 36-15 e 36-16.
se necessário, para o local da fratura (Fig . 36-24). A estabilização da fratura supracondilia.na e da fratura do antebraço
• Reduza a fratura por manipulação externa, e fixe o pino com pinos cruzados no local da fratura ou hastes intramedulares foi
na metáfise proximal. Repita o procedimento para o outro recomendada para prevenir a angulação inaceitável do antebraço.
osso. Dobre as outras pontas dos pinos e corte-as 5 a 1O
mm do osso.
• Se necessário, realize a redução aberta da fratura do rádio FRATURAS DO TERÇO PROXIMAL DO
ou ulna . ANTEBRAÇO
•Feche todas as fer idas; aplique um gesso longo e bivalve.
As fraturas do terço proximal do antebraço são incomuns. Por causa
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Após a fixação intrame- da possibilidade da luxação da cabeça radial proximalmente e dis-
dular do pino, o gesso é removido após 6 semanas. Os sociação radio ulnar distalmente, as radiografias das articulações do
pinos são extra ídos em 6 meses ou mais. A participação cotovelo e punho sempre devem ser obtidas em qualquer fratura do
em esportes é evitada por 2 meses. antebraço. Porque as fraturas proximais do antebraço em crianças
jovens podem ser instáveis quando o cotovelo for flexionado, mas
1111111' PARTE XI FRATURAS E LU XAÇ ÕES EM CRIANÇAS

estáve is qu ando o co tovelo for este ndido, a imo bili zação em um sob anes tesia geral. Como o arqu eam ento po de ocorrer em mais d e
gesso d e braço longo com o cotovelo estendido po de forn ecer u ma um plano, as fo rças sequ enciais são apli ca das para corrigir a defor-
alternativa aceitável à fixação intern a para algumas fratura s instáveis mid ad e em ambos os plan os. É necessário ter cuidado para ev itar
em crianças jovens. Por causa dos res ultados ruin s após o trata- col oca r a força sobre as fi ses. Co m a aplicação d e urna força de 20 a
mento não cirúrgico em crian ças mais velhas, o tratamento cirúr- 32 kg, a deformidade gradu almente corrige em 2 a 3 minutos. Se o
gico pode se r indicad o. out ro osso for fratu rado, ele será tratado pelo m étodo fechado ou
aberto que seri a escolhido, a deformação pl ásti ca não oco rreu. Um
• SINOSTOSE (CONSOLIDAÇÃO CRUZADA) gesso de braço longo é aplicado com o cotovelo em 90 graus d e
A sinostose é uma complicação rara d as fratu ras do antebraço em fl exão, e o antebraço em rotação apropriada; o gesso é utili zado por
crianças, mas quando am bos os ossos são unid os po r um úni co calo, 6 a 8 semanas. Vá rio s pontos importantes devem ser lembrados
o corre pe rda d e supin ação e p ronação. Vários fato res fora m suger i- so bre essa técnica: (1 ) anestes ia ad equada é essencial, (2) o osso mais
do s co mo colab orad o res para o dese nvo lv im ento da consolidação defo rm ado d eve se r reduzido primeiro, (3) pressão é aplicada para
cruzad a, incluindo grave luxação inicial, luxação após a redução, as extremidades distal e proximal do antebraço adjacente, m as não
interp os içã o p erio stea l, cirurgia, cirurgia adi ad a, remanipul ação, diretam ente sobre as fi ses, e (4) força d evem ser aplicados gradual-
excisão d a cabeça radial, além de fraturas no m esm o nível do rádio e m ente para prevenir a fratur a.
ulna (Fig. 36-25) . Vin ce e M iller cl ass ifi caram a sinostose em crianças
de acordo com a localização: tipo 1, intra-articular no terço distal; tipo • FRATURAS DE MONTEGGIA E GALEAZZI
2, não articul ar no terço distal ou médio; e tipo 3, no terço proxi mal. Fraturas-luxações especiais do antebraço e cotovelo for am d escritas
A sinostose do tipo 3 foi a m ais fre qu ente e ocorreu mesm o após a por Monteggia, e um análogo di stal foi desc rito por Gal eazzi. Essas
lesão leve e o tratamen to não cirúrgico e após grave trauma; sinostose fr aturas aparentem ente benignas do rádio e ulna, com luxação
do tipo 2 consistentem ente ocorreu após grave trauma; não houve o culta da articulação radiouln ar proximalmente (Monteggia) ou da
sinostose do tipo l em seus pacientes. Eles concluíram que o ri sco de cabeça ulnar di stalmente (G aleazzi), pod em res ultar em m á função
sinostose é aumentado por traum a cirúrgico para os tecidos moles se não diagnosti cad as e tratad as de form a ad equada.
entre o rádio e a ulna e que a excisão da cabeça radi al sozinha era um
fator de risco maior do que a redução aberta sozinha. Embora seus 1 FRATURA DE MONTEGGIA
resultados após a excisão da sinostose não tenham sido tão bons com o Nas fraturas d e Monteggia, as radiografias do cotovelo, por vezes,
em adultos, eles observaram que atrasar a excisão até que a cri ança n ão são feitas, e mesmo quando são, uma luxação sutil ou sublux a-
seja m adura es queleticamente pode impedir a recuperação da p rona- ção d a cabeça radial muitas vezes não é reconhecida. A cabeça radial
ção e supin ação por causa das co ntraturas do tecid o mole. sempre deve ser direcionada através do m eio d o capítulo em qual-
quer posição, especialmente na radiografia lateral. Isso pode ser
• DEFORMAÇÃO PLÁSTICA co nfirmado com base na radiografia de um a linha reta através da
D evido à natureza pl ás ti ca d os ossos d as crianças, os ossos lo ngos cabeça radial; em qualquer pos ição, essa linh a deve passar através
podem d obrar o u curva r em vez de fra tura r co mpletam ente (Fig. da porção central do capítulo. Quatro tipos de fraturas de Monteggia
36- 26) . A m aiori a d as deformid ades plásticas no rádi o e ulna ocorre e três tipos "equ ivalentes" fo ram descritos. O mais comum é uma
em ad olescentes jovens. Além da d eformidad e es téti ca, a curva tura fratura do terço proximal d a uln a, angulação anterior da fratura e
d e um o u ambo s os oss os do antebraço pode ca usa r limitação d a lux ação anterio r da cabeça radi al (tipo I; Fig. 36-27). O segundo
pron ação e supinação conform e os ossos angul ad os o cup am o m ais comum é a fratura da ulna proximal, angulação posterior da
espaço interósseo. A remodelage m fi siológica em crian ças jovens fratura e luxação posterio r da cabeça radial (tipo II; Fig. 36-27) . A
eventu alm ente pode p ermitir total p ronação e supin ação, mas isso an gulação lateral d a fratur a ulnar prox im al pode res ultar em um
é improvável ocorrer em crian ças mais velhas co m d eformidad e não te rceiro tipo co m uma luxação lateral da cabeça radial (tipo !II; Fig.
corri gid a. A d eform ação pl ás ti ca grave não tratada do anteb raço 36-27) , e um quarto tipo raro po de ocorrer com um a frat ura proxi-
pode res ultar em d efo rmidade estética e perd a de rotação do ante- mal d e ambos os ossos e luxação anterior da cabeça radia l (tipo IV;
braço. A angulação d e m en os de 20 graus em cr ianças jove ns n o r- Figs. 36-27 e 36-28 ).
malmente remodela sa ti sfatori am ente, mas a redução deve ser Mais recentemente, vári os autores suge riram que, e mbora essa
consid erad a em crian ças co m idad e superior a 4 an os ou em qual- class ifi cação possa estar relacionad a com o m ecanismo de lesã o, não
quer cri an ça com urn a d eformid ad e d e m ais de 20 graus, especial- tem relação com o tratamento ou res ultados dessas lesões em crian -
m ente se ela limita a p ron ação e supin ação. As reco mend ações para ças. Le tts et al. suge ri ram um sistem a d e classificaç ão m ais extensivo
o tratam e nto são basead as na id ade d o pacien te e na grav id ad e da para incluir equivalentes d e Monteggia em que há curvatura, ou
d eformid ade: (1 ) em crian ças com idade sup erior a 10 anos, defo r- "galho verde", d a uln a.
mid ad es d e 15 graus o u m ais devem ser m anip ul adas e corri gidas; A m aioria d as fraturas de Monteggia em crianças po de ser
(2) em cri anças de 6 a 10 an os, a correção de deformidades de 20 tratada por métodos fechados. Se as m anob ras recomend adas n ão
graus o u m ais d eve se r tentad a; e (3) em crianças 5 anos e ma is p ro duzem um a redução ad equ ad a, a interposição do ligamento
jovens, n enhuma correção é n ecessária, p orque a rem od elage m m ais anul ar o u a cápsul a pode es tar presente, e uma redução aberta pode
provável va i restaura r a an atomia e fun ção co rretas. Se a redu ção for ser necessári a.
tentad a, os p ais devem ser in for m ad os de que a fra tura d e um o u Três fra turas d e M onteggia "equiva le ntes" fo ram d esc ritas : ( 1)
amb os os ossos po de ocorrer e exige tratam ento adicional. lu xação isolad a da cabeça radi al (ve r Luxações Iso lad a d a C ab eça
A redu ção fec ha d a da d eform ação plás ti ca do antebraço Radia l) (Fig. 36-29), (2) fratura da ulna proxim a l com fratura d o
cons iste em aplica r um a força direc io na d a transve rsalm e nte pro- colo radial e (3) a mb as as fra turas do terço proximal d os oss os d o
x im a l e di stal ao áp ice d o arco co m o ápice co locad o sob re um a antebraço com a fr atura radi al m ais prox imal do qu e a fratura
toalh a enrolad a. Norm a lm ente, isso é reali zado co m o pac iente uln ar. O alinh am en to ad eq uado muitas vezes n ão p o d e se r obtido
CAPÍTULO 36 FRATURAS E LUXAÇÕES EM CRIANÇAS Gllll

iâ@ii;@Em Sinostose entre rádio e ulna após a fratura do antebraço.


111111!> PARTE XI FRATURAS E LUXAÇÕES EM CRIANÇAS

A B

H!§ii;MEm Deformação plástica da ulna. A, Curva anterior.


B, Galho verde anterior. C, Aparência radiográfica.

li

Ili IV

H@ilajl?m Tipos de fraturas de Montegg ia. Tipo 1 co m lu xação anterior da cabeça radial e angulação anterior da fratura ulnar.
Tipo li co m lu xação posterior da cabeça radial e angulação posterior da fratura ulnar. Tipo Il i com lu xação latera l da cabeça rad ia l e
angulação lateral da fratura ulnar. Raras fraturas do tipo IV dos eixos radial e ulnar e lu xação da ca beça radial.
CAPÍTULO 36 FRATURAS E LUXAÇÕ ES EM CRIANÇAS (EJllll
manter a ulna com "comprimento estável" e alinh ada, utilizando a
haste intrarnedular ou fixação com placa. A miosite ou sinostose
nessa área é comum, e o desgaste dos tecidos moles incluindo o
periósteo deve ser mínimo. Qualquer tecido mole interposto na
articulação radiocapitelar deve ser removido, e a luxação deve ser
estabilizada, de preferência pelo reparo do ligamento anular e fle-
xionando o cotovelo a 120 graus. Mantivemos a articulação radio-
capitelar com um pi no inserido através da cabeça radial e colo e no
capítulo. Isso pode ser mais apropriado como parte do tratamento
"tardio" de Monteggia. Tecnicamente, esse é um procedimento exi-
gente, e os resultados não foram sempre satisfatórios. Os perigos do
pino transcapitelar são bem conhecidos; no en tanto, quando neces-
sário, um grande pin o liso conforme descrito por King pode ser
utili zado. Os pais devem ser alertados de possível infecção na via do
pino ou quebra do pino. RAFI das fraturas agudas de Monteggia é
descrito no Capítulo 57.
As lesões do nervo interósseo posterior e anterior e sinos-
tose radioulnar proximal foram descritas em fraturas d e Monte-
O!§li;@Erlllt Fratura do tipo IV de Monteggia com fraturas ggia e seus equivalentes. Historicamente, após a fratura de
da diáfiseradial e ulnar e luxa ção da cabeça radi al. Monteggia com luxação crônica persistente da cabeça radial ou
luxação crônica iso lada e não tratada da cabeça radial, a luxação
pode ser ignorada até a maturidade do esqueleto. Nesse momento,
se necessário, a cabeça radial é ressecada. A ressecção da cabeça
radial em uma criança em crescimento leva à deformidade
angular do cotovelo e do punho. Se a luxação for sintomática, ela
deve ser ressecada apenas n a maturidade do esqueleto. Embora
a ressecção da cabeça radial possa ser teoricamente condenável,
o procedimento em pacientes mais ve lhos praticamente não
parece produzir qualquer consequência significativa, e foi rela-
tado que a excisão da cabeça radi a l para a luxação congênita em
cr ianças mais velh as aumenta a amplitude de movimento e diminui
a dor no cotovelo.
De acordo com os relatórios na literatura, a cabeça radial
pode ser reduzida satisfatoriamente 6 meses ou até mesmo maior
tempo após o traum a. Isso geralme nte requer osteotomia da uln a
angulada seg uida por redução aberta da cabeça radial, reconstru-
ção do ligamento anu lar com fáscia ou outro tecido mole, e
estabilização da cabeça radial na posição normal contra o capí-
tulo. Se a ulna não estiver bem unida (F ig. 36-30), independen-
temente de quão pouca ou quanta remodelagem ocorreu, uma
osteotomia muitas vezes é n ecessár ia para "alongar" a ulna e
produzir uma redução estável da cabeça radial. Um deslizamento
da fásc ia da aponeurose do extensor (Boyd), um deslizamento
central da fásc ia do tríceps (Bell Tawse) e o aspecto lateral da
fáscia do tríceps anexado distalmente (Lloyd-Roberts) foram
todos utilizados para reconstruir o ligamento anular rasgado ou
ljt§l!;ME?m Fratura do terço anterior da cabeça radial com atenuado (F ig. 36-31). Se necessário, utilizamos um pino trans-
subsequente lu xação. capitelar para manter a redução em crianças mais velhas; um pino
intramed ular ou placa de compressão é utilizado para fixar a
osteotomia da ulna em qualquer posição que mantenha a redução
d a cabeça rad ial e, em seguida, o pino radiocapitelar é removido.
Em crianças jovens, a fixação interna da ulna normalmente é
desnecessária. Essa operação não deve ser realizada para luxação
em equivalentes de Monteggia, e a redução aberta pode ser neces- congênita da cabeça radial. As luxações congênitas normalmente
sária. As lesões equivalentes de Monteggia são extremamente são posteriores, em contraste com a luxação usual anterior vista
raras, mas como nas fraturas de Monteggia, elas devem ser habil- após o trauma. Uma cabeça radial congenitamente desviada não
mente manipuladas. parece ser bem formada como é uma cabeça radial normal que
Nas fraturas de Monteggia, se a redução aberta da cabeça radial foi traumaticamente desviada, e a luxação congênita é bilateral
fo r realizada, a fixação interna da ulna é feita quando necessário para em cerca de 40% dos pacientes.
lllll!D PARTE XI FRATURAS E LUXAÇÕES EM CRIANÇAS

H!§il;ijmI!J Consolidação da ulna e luxação anterior da cabeça radial. A, Antes do tratamento. B, Em Três anos após a cirurgia,
mostrando a manutenção da redução da cabeça radial.

• Se o ligamento anu lar não puder ser reparado adequada-


mente, solte uma banda da fáscia, 1,3 cm de largura e
aproximadamente 11,5 cm de comprimento, a partir dos
músculos do antebraço, deixando-o anexado à ulna proxi-
mal. Passe a banda da fáscia entre o entalhe radial da ulna
e a tuberosidade do rádio e em torno do colo do rádio .
Aperte-a para si com suturas não absorvíveis ininterruptas.
•Se o rádio proximal ainda estiver instável, mantenha a
redução com um pino oblíquo do rádio para a ulna pro-
xima l, ou fixe-o com um grande pino de Steinmann liso
transarticular conforme descrito na Técn ica 36-4.
A •Em seguida, fixe a ulna ou osteotomia uln ar na posição
que mantém a estabilidade da cabeça radial e, em
segu ida, remova o pino radiocapite lar.
•Irrigue a ferida, e feche-a por planos. Mantenha o ante-
braço lig eiramente em supinação e aplique um curativo
estéril e um gesso de braço longo.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Os pais devem ser aler-


tados sobre a possível quebra do pino transcapitelar e
infecção se esse pino for deixado no local. O gesso e o
B pino são removidos em 3 a 6 semanas, e os exercícios de
aplitude de movimento são iniciados.
H@ii;fül?lll Procedimento de Bell Tawse. A, Condição pato-
lógica na articulação radioumeral . lnset, Incisão da pele. B, Uso

----~---~
da banda da fáscia do tendão tríceps para reconstruir o ligamento TÉCNICA
anular. VEJA A TÉCNICA 36-4.
(BELL TAWSE; LLOYD-ROBERTS E BUCKNILL; KING)

•Coloque o paciente em decúbito dorsal na mesa de cirur-


REDUÇÃO ABERTA DE FRATURA DE gia; prepare e estenda o braço no modo habitual em uma
MONTEGGIA ANTIGA EM CRIANÇAS mesa de mão.
•Faça uma incisão longitudinal centrali zada sobre o áp ice
TÉCNICA ~ da fratura ulnar, e realize a dissecção do tecido mole
----~-----'~ abaixo da fratura mal al inhada.
(SPEED E BOYD) •Realize uma osteotomia no áp ice da fratura. Se a conso-
lid ação viciosa estiver angulada anteriormente, tracione
•Exponha a fratura da ulna e a luxação da cabeça radial o fragmento proximal em hiperextensão. Em uma criança
através da abordagem de Boyd (Técnica 1-105). jovem, a sobreposição dos fragmentos é aceitável.
•Se a ulna for conso lidada em mau posicionamento, faça •Fa ça uma abord agem de Boyd. Realize a dissecção abaixo
uma osteotom ia através da área de consolidação. da cabeça radial, remova a cápsula e a interposição dos
• Reposicione a cabeça do rád io anatom icamente após restos do ligamento anular que estiverem bloqueando a
remover qualquer porção do li gamento anu lar que pode redução da cabeça radial contra o capítu lo, e redu za o
estar interposta na articulação radioumeral. rád io proximal.
CAPÍTULO 36 FRATU RAS E LUXAÇÕ ES EM CRIANÇAS CElll
•Libere um deslizamento central ou latera l da fáscia do Lincoln e Mubarak, no entanto, questionam a existência de
tríceps, de 8 cm de comprimento por 1 cm de largura, e uma luxação "isolada" traumática da cabeça radial quando se iden-
deixe-o anexado distalmente à ulna adjacente ao colo tifica o "sinal de arco ulnar" na ulna em vários pacientes que se
rad ial. Passe a fáscia de medial a lateral em torno do colo acredi ta terem luxações isoladas traumáticas da cabeça radial. O
rad ial e através dos orifícios perfurados na ulna, e a suture sinal do arco ulnar é determinado desen hando uma linha reta na
em si mesmo (Fig. 36-31). radiografia ao longo da bord a dorsal da ulna a partir do nível do
• Veri f ique a red ução da cabeça rad ial, e introduza um olécrano para a metáfise uln ar dista l. A localização do máximo arco
grande pi no liso de Steinmann através do cap ítul o, em ulnar após a luxação da cabeça radia l sem fratura uln ar uniform e-
toda a articulação, e na cabeça e colo do rádio . Dobre a mente oco rreu perto da uln a média, em uma distância média de 45
sua extremidade proximal para fora da pele. Se a fixação mm a partir da extremidade proximal, e com uma média de 4 mm
interna é necessária em crianças mais velhas, f ixe a ulna de curvatura. Em um grup o de controle, a máxima curvatura uln ar
com um grande pino de Steinmann medular ou uma foi menor do que l mm a pa rti r da li nha reta desenhada ao longo
placa de compressão. da borda ulnar dorsal, sugerindo que a curvatura ulnar com defor-
• Aplique um gesso longo com o cotovelo em 90 graus de mação plástica de mais de l mm pode significar a presença de uma
flexão e o antebraço em leve supinação. lesão séria no antebraço para a possibilidade de uma luxação não
detectada da cabeça radial.
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O cuidado pós-operató- Após a manipulação fechada bem-su cedida de urna luxação
rio é o mesmo após a Técn ica 36-3. anter ior, o antebraço deve ser mantido em supinação com o cotovelo
fletido a 90 graus. Por outro lado, em um a luxação poste rior, o
antebraço deve ser mantido em urn a posição de pronação com o
cotovelo em 90 graus. A redução aberta é indicada somente quando
a luxação persisti u pa ra mais de 3 semanas ou quando a m anipul a-
ção fechada não fo i bem-sucedida; o tratamento pode ser seme-
1 FRATURA-LUXAÇÃO DE GALEAZZI lhante ao tratamento tardio de uma lesão de Monteggia. Para a
A fratura-luxação de Galeazzi, fratura do rádio com rompimento da redução aberta, nós utilizaremos a abo rdagem de Boyd, reparando
art iculação radio ulnar distal, é rara em crianças. A maioria das o ligamento anular e utilizando um pino colocado obliquamente ou
fraturas do terço distal do rádio está associada a lu xação anterior da um pino transcapitelar quando necessário. A redução deve ser
cabeça uln ar; inversamente, a maioria das fraturas na junção dos mantid a por 3 semanas ou mais em um a cri ança mais velha. O pino
terços médio e distal está associada a luxações posteriores. Sim il ar é removido, e o gesso é utili zado para um adicional de 3 semanas.
às lesões de Mo nteggia, a fratura-luxação de Galeazzi muitas vezes Como observado por Vesely, as co mplicações da redução abe rta
não é reconhecida. incluem nova luxação e sinostose radioulnar proximal.
A maioria dessas lesões em cri anças pode se r tratada por
redução fechada. Após o rádio ser resta urado para comprimento e
a angulação corrigida, a articulação radioulnar distal reduz e se OSTEOTOMIA DA ULNA E
torna estável. A redução da articul ação deve ser verificada após a HIPERCORREÇÃO DA DEFORMIDADE
redução da fratura radial antes da imobili zação com um gesso acima ANGULAR
do cotovelo com o antebraço em supinação. Se a redução fechada
~
não puder se r obtida, RAFI do rádio com uma placa de compressão TÉCNICA
(Capítu lo 57) é indicada, especialmente em crianças mais velhas. ---~~~~~~---"~
Um a variante da fratura -luxação de Galeazzi foi desc rita em (HIRAYAMA ET AL.)
crian ças em que a separação da arti culação radiou lnar distal ocorre
através de uma fratura fisá ri a desviada de Salter-Ha rris do tipo II da •Após inflar o torn iquete pneumático no braço superior, faça
uln a distal. Em adu ltos, a luxação radioulnar não pode ocorrer sem uma incisão da pele posterolateral que se estende acima do
rompimento do complexo da fibrocartilagem triangular; mas em cotovelo a um ponto suficiente para expor a articulação e o
cri anças com fises abertas, a fise ulnar distal pode ser avulsionada terço proximal da ulna. Excise o tecido cicatricial em torno
antes que a ruptura do complexo e interposição do periósteo possam das articulações radioumeral e proximal.
bloquear a redução. •Realize uma osteotomia subperiosteal da ulna 5 cm
abaixo do olécrano. Distraia a osteotomia por cerca de 1
cm para alon gar a ulna, e faça um ângulo de modo a
LUXAÇÃO ISOLADA DA produzir a hipercorreção da deformidade. Corrija a luxação
CABEÇA RADIAL anterior da cabeça radial por angulação posterior da ulna
(Fig . 36-32), e corrij a a luxação latera l por angul ação
As luxações isoladas da cabeça rad ial são muito raras. As luxações media l. Mantenha a osteotomia com uma placa de metal
norm almente oco rrem em conjunção com frat uras da uln a; no angulada em um ângu lo de cerca de 15 graus. Assegure
entanto, por causa da plasticidade do osso em crianças, um a luxação que a cabeça radial reposicionada se encontre no enta lhe
isolada aguda anterior ou uma luxação extremamente rara lateral ou radial da ulna para garantir o espaçamento adequado da
posterior pode ocorre r se m frat ura da ulna. O diagnóstico clínico articulação rad ioumeral e prevenir a pressão excessiva na
da luxação da cabeça radia l com ou sem fratura ulnar muitas vezes cabeça radial.
é difícil. Um atraso no d iagnóstico de l semana a 18 meses foi •Antes do fechamento da ferida, teste a estabilidade da
observado por vá ri os autores para res ultar em um aumento do cabeça reposicionada por fl exão, extensão, pron ação e
núm ero de crianças que necessitari am de tratam ento aberto e que sup inação. )
ti ve ram resultados menos satisfatórios.
llllED PARTE XI FRATURAS E LUXAÇÕ ES EM CRIANÇAS

h@ll;fflEilll A, Fratura que ocorre quando a luxação do coto-


velo é reduzida . B, Fraturas que ocorrem no momento da lu xação
do cotovelo.

normalmente não começa antes dos 5 anos de idade. A angulação


anatômica normal do colo radial em crianças foi erroneamente diag-
nosticada como fratura em fivela nesta área. A maioria das fraturas
em crianças é de colo radial e não da cabeça radial. As fraturas da
epífise da cabeça radial em geral são fraturas de Salter-Harris dos
tipos III e IV. A maioria das fraturas do colo radial ocorre através
da metáfise, mas elas podem ocorrer através da fise, com um pico
metafisário do osso produzindo uma lesão epifisária característica
de Salter-Harris do tipo II.
Inúmeras classificações das fraturas do colo radial apareceram,
incluindo as de Vostal, Newman, O'Bri en e Jeffery. Wilkins com-
binou as classificações de Jeffery e Newman: tipo A, lesões de
O[ijii;H1I19 A, Deformidade após a fratura de Monteggia .
B, Após a osteotomia de hipercorreção (ver texto) . VEJA A
Salter-Harris dos tipo I e II das epífises proximais radiais; tipo B,
TÉCNICA 36-5.
lesões de Salter-Harris do tipo IV das epífises proximais radiais;
tipo C, fraturas envolvendo apenas a metáfise radial proximal; tipo
D, fraturas que ocorrem quando um cotovelo luxado está sendo
• Aproxime o múscu lo ancôneo, mas não repare o liga-
) reduzido (Fig. 36-33A); e tipo E, fraturas que ocorrem em conj un-
mento anular.
ção com a luxação do cotovelo (Fig. 36-33B). As frat uras podem
• Ap lique uma tala de gesso com o cotovelo em 90 graus
ser anguladas, translocadas (mudadas) ou totalmente desviadas
de flexão e supinação completa .
(Fig. 36-34) . Após a luxação do cotovelo, o fragmento proximal
pode ser solto na articulação ou pode estar interposto, o que impede
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O gesso é remov id o em
a redução (Fig. 36 -35).
4 semanas, e os movimentos ativos são iniciados.
Trinta graus de angul ação residual normalmente são aceitos
no tratamento fechado com resultados satisfatórios. Uma fratura
significativamente angulada da cabeça rad ial e colo muitas vezes
FRATURAS-~UXAÇÕES DA pode ser reduzida perto de um ângulo menor do que 45 graus. Os
ARTICULAÇAO DO COTOVELO resultados não são tão bons em crianças mais velhas com fraturas
do colo e da cabeça radial em crianças com outras lesões associadas
FRATURAS DO COLO E CABEÇA RADIAL da extremidade sup erior, normalmente no aspecto medial do coto-
velo. Os melhores resultados são obtidos se o tratamento for iniciado
As crianças com fraturas no colo radial normalmente têm de 4 a 14 cedo e a redução fechada para uma posição aceitável (30 graus) é
anos de idade, principalmente porque a ossificação da cabeça radial alcançada.
CAPÍTULO 36 FRATURAS E LUXAÇÕES EM CRIANÇAS

H!ijll;HEEI Exe mp los de angu lação, translocação e lu xação


total das fraturas do co lo radia l.

O!ijl@!m Técnica de redução para fraturas do co lo radia l.

h!§ii;f.1m Fratura desv iada de Sa lter-Harris do t ipo li da


cabeça radial e colo.

Com o uso da anestesia gera l se necessária e a fluoroscopia


O!iji!;(rimJa Fratura do colo radial em relação à arcada de
Frohse. Durante a redu ção pe rcutânea, o fio deve ser introduz ido
(in tens ificação da imagem), um assistente estabiliza o rádio distal
no lado ulnar do rádio para ev itar ramo profundo do nervo radial.
para o colo radial fraturado. Com o cotovelo em extensão, o cirur-
gião aplica um estresse em varo com uma mão no cotovelo e pressão
lateral diretamente sobre a cabeça radial com o polegar da o utra mão
(F ig. 36-36).
Para fra turas que são desviadas e angul adas late ralmente, nossa
técnica preferida é utilizar um pino percutâneo com o aux íli o de um Se uma redução fechada satisfatória não puder se r obtida, a
inte nsificador d e imagem para m anipular e reduzir a angulação dos red ução abe rta deve ser feita para qualquer angulação maior d o que
fragmentos d a fratura (Fig. 36-37). A pinagem intramedular fec hada 45 gra us. A c irurgi a deve ser reali zada até 5 a 7 dias da lesão para
também pode ser feita d e acordo com a técn ica de Metaizeau. Essa prevenir a mi osite ossificante do cotovelo, que parece ocorrer na
técnica cons iste em inserir um fio de Ki rsc hn er de aço curvado que maioria das vezes após o tratamento cirúrgico atrasado. Rotineira-
é fortemente curvado no último 1,5 cm retrógrado através da metá- mente utilizamos uma in cisão latera l (Técn ica 1-92) e descobrimos
fise radial distal no canal medular o u urn a haste intramedular elás- que a fixação interna é necessária; as suturas no periósteo não são
tica. O fio ou haste é avançado até que o ponto fixa na epífise e eleva de fixação interna adequada . Um ou mais pinos oblíquos podem ser
e o substitui sob o côndilo lateral. O pino é girado em torno do seu inseridos entre os fragmentos da fratura, embora isso seja tecnica-
lon go eixo por 180 graus, produzindo uma luxação medial da cabeça mente difícil. As co mpli cações após a redução aberta incluem
radial e reduzindo-a. Stiefel et ai. complementaram a pinagem intra- perda de movimento, fechamento prematu ro fisário, pseudoar-
m ed ular fechada utilizando um método de redu ção de "alavanca- trose do radial, osteonecrose da cabeça radial, sinostose radiou l-
gem" (F ig. 36-38). nar, miosite oss ificante e possível lesão do nervo interósseo posterior.
~ PARTE XI FRATURAS E LUXAÇÕES EM CRIANÇAS

o@•@HIID Mecanismo de redução da fratura do colo radial.


VEJA A TÉCNICA 36-6.

REDUÇÃO ABERTA E FECHADA DAS


FRATURAS DO COLO RADIAL
TÉCNICA ~
~~~~~~~----'~
• Após administrar a anestesia geral, coloq ue o paciente
em decúbito dorsal.
•Utilize a técnica de manipulação conforme descrita por Pat-
terson. Tenha um assistente para segurar o braço proximal-
mente, com uma mão colocada mediaimente contra o
úmero distal, e aplique a tração longitudinal distal reta.
Aplique uma força em va ro para o antebraço e pressão dos
dedos diretamente sobre a cabeça radial inclinada a fim de
completar a redução. Mantenha o antebraço em 90 graus
de flexão e em pronação (Fig. 36-39). Se essa redução da
manipulação não for bem-sucedida, tenha o assistente para
manter o braço com o ombro abduzido a 90 graus e o
antebraço mantido em supinação. Com o uso de um inten-
sificador de imagem e em um campo cirúrgico estéril, intro-
duza um fio de Kirschner através da pele no lado radial do
cotovelo abaixo da cabeça radia l e colo angu lado e deslo-
e cado. Bernstein et ai. sugeriram introduzir o fio no lado ulnar
do rádio para evitar a arcada de Frohse, a qual o ramo
O@iht.)mill A-D, Redu ção da cabeça radial por método de profundo do nervo radial atravessa (Fig. 36-39). Empu rre a
alavancagem e pinagem intramedular retrógrada com fio de Kirs- cabeça radial na posição anatômica com o fio de Kirschner.
chner. Observe a ponta levemente curvada apontando lateral- Remova o fio e fl exione o cotovelo a 90 graus. Aplique um
mente. Após ser colocada na cabeça radial é girada a 180 graus gesso na posição neutra, e deixe-o por 4 a 6 semanas.
ao longo do seu eixo. (Redesenhado de Stiefel D, Meuli M, Altermatt • Se essas manobras não forem bem-sucedidas em reduzir
S: Fractures of the neck of the radius in chi ldren early experience with a fratura para menos de 30 graus de ang ul ação, prepare
intramedul lary pinning, J Bane Joint Surg 838:536, 2001.) VEJA A para uma redução aberta. Após preparar o paciente no
TÉCNICA 36-7. modo habitual, aborde a luxaçã o através da abordagem
de Boyd (Técnica 1-105). Remova qua isquer detritos ou
li gamento anu lar rasgado. Reduza a fratura cu idadosa-
Se nenhum tratamento for reali zado e a angulação for maior do que mente. Segure a fi xação com pequenos fios de Kirschner
45 graus, a pronação e a supinação pod em ser limitadas sign ificati- co locados obl iqu amente em toda a fratura do co lo radi al
vamente. Se esse é um problema após a maturidade do esqueleto, a proximal. Em um adolescente perto da maturidade do
cabeça radial pode ser excisada. Antes de a maturidade do esqueleto esqueleto, uma placa de min ifragmento pode ser utili-
ser alcançada, a ressecção da cabeça radial pode resultar em sinos- zada para fixação.
tose radioulnar proximal, cúbito valgo e desvio radial da mão.
CAPÍTULO 36 FRATURAS E LUXAÇÕ ES EM CRIANÇAS Clm
• Se o ligamento anular for rasgado, repare-o . Feche a quantidade máxima de deformidade da fratura e marque
incisão no modo padrão, mantendo o ant ebraço em o nível da tuberosidade bicipital do rádio proximal.
rotação neutra ou em pronação e o cotovelo em 90 graus •Faça uma incisão na pele dorsal de 1 cm no nível marcado
de flexão, e ap lique um gesso longo. imediatamente latera l à bord a subcutânea da ulna.
•Insira cu idadosamente um elevador periosteal entre a
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Os pinos são removidos ulna e o rád io, tendo atenção para não perturbar o periós-
em 3 a 6 semanas, mas o gesso pode ser continuado se teo do rádio ou ulna (Fig. 36-408). O eixo radia l em gera l
houver qua lquer preocupação sob re a pseudoartrose. está mu ito mais ulnarmente deslocado do que o esperado,
e o nervo radial é lateral para o rádio nesse nível.
• Enquanto a contrapressão é aplicada contra a cabeça
rad ial, erga o fragmento dista l longe da ulna (Fig . 36-40C).
PINAGEM INTRAMEDULAR FECHADA
Um assistente pode auxiliar nessa manobra, aplicando cui-

------~
dadosamente a tração e girando o antebraço para trás e
TÉCNICA
pa ra frente de modo a não afetar os fragmentos da fratu ra.
(METAIZEAU) • Se necessário para corri gir a angu lação, insira um f io de
Kirschner percutâneo no local da fratura, pa ral elo à cabeça
•C om o paciente em anestesia geral, prepare e est end a o rad ial, e ut ilize-o a fim de alavancar a epífi se perpendicular
membro superi o r. ao eixo radial (Fig . 36-400)
•Exponha a metáfise rad ial dista l através de uma incisão •U ma vez que a redu ção adequada foi obtida, insira um
rad ial curta de 1 ou 2 cm proximal à placa f isária, evitando fio de Kirschner oblíquo para fornecer f ixação da fratura.
a lesão para o ramo cutâneo do nervo rad ial.
•Perfure o córtex. CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O f io de Kirschner é
•Dobre os últimos 1,5 cm de um fio de Kirschner de 1,4 removido 3 semanas após a cirurgia.
a 1,8 mm de diâmetro de aço curvado de 20 a 30 graus.
Introduza o fio de Kirschner no cana l medular. Ava nce o
fio utiliza ndo punções do martelo de modo que o ponto
se f ixe na epífise e eleve-o até que seja substituído sob o FRATURAS DO OLÉCRANO
cônd ilo lateral, que ajuda a prevenir a hipercorreção .
• Se uma luxação lateral de alguns milímetros permanecer, As fraturas fisárias puras do olécrano são extremamente raras e são
gire o pino 180 graus em torno do seu longo eixo de confusas por causa da complexidade dos cent ros de ossificação
modo que o seu ponto seja voltado para dentro. Isso sec und ários da ulna proximal. A epífi se se funde à rnetáfise em cerca
produz uma luxação medial da cabeça rad ial e o reduz . de 14 anos de idade. Urna margem esclerótica no local da fu são pode
A tensão produzida no periósteo intacto lateral previne a persistir através da idade ad ulta, no entanto, e pode ser confundida
hipercorreção mediaimente. com urna fratura. Dois tipos de padrões de fratura fisária do olé-
• Corte a menor extremidade metafisária do pino, e feche crano foram descritos (Fig. 36-41).
a pele. O primeiro tipo é puramente fisário; o segundo tipo ocorre em
•Quando a epífise é impossível de alcançar, a inclinação de crianças mais velhas e tem um grande fragmento metafisário
mais de 80 graus por man ipulação externa ou por anexado à epífise. Muitas vezes, as fraturas da cabeça radial ocorrem
pinagem percutânea torna possível obter pelo menos com fraturas do olécran o.
uma redução parcia l, que é mantida com um fio intrame- As fraturas isoladas do olécrano em crianças também podem
du lar. Se a redução não for perfeita, introduza um ser classificadas como intra-a rticul ar ou extra-articular. Incluídas
segundo f io da maneira descrita para o primeiro fio e nas fraturas intra-articulares estão frat uras simples, fraturas com
fixe-o na epífise. Retire o primeiro f io; o segundo fio é mí nima ltL-xação, fraturas completas do olécrano envolvendo a carti-
utilizado como se a inclinação in icia l fosse mínima. lagem arti cular e com leve luxação dorsal do fragmento proximal,
além das frat uras grosseirame nte desviadas. Um a fratura galho verde
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O braço é imobilizado é a única fratura extra-articular. Se o desvio, especialmente intra-ar-
em um gesso longo por 2 a 3 semanas . O fio de Kirschner ticu lar, for maior do que 3 a 4 mm, RAFI é indicada (Quadro 36-3).
não é removido até aproximada mente 2 meses depois, Independentemente do tipo de fratura, se a luxação sign ifi-
qua ndo a fratura fo i consolidada . cativa persistir após tentativas de redução fechada, RAFI co m
fixação em band a de tensão deve se r reali zada co mo em frat uras
de adulto (Capítulo 57). No entanto, obtivemos bons resultados
PINAGEIYI E REDUÇÃO com o tratamento não cirúrgico de fraturas desviadas de 5 mm ou
PERCUTANEA mais. RAFI com fixação em banda de tensão também fo i recomen-
dada se a palpação do defeito no olécrano ou flexão do cotovelo
~
TÉCNICA ~~~~~~~~--'~
sugeri r instab ilid ade. A causa primária dos resultados insatisfató-
rios após as fraturas do oléc rano é a perda de movimento em fl exão
• Com o paciente em anestesia geral, prepare e estenda o e exte nsão.
membro superior. As fraturas metafisárias ocorrem das lesões de flexão ou exten-
• Com a fluoroscopia na projeção antero post erior (F ig. são. As lesões de extensão norm almente estão assoc iadas a um com-
36-40A), determ ine a rotação do anteb ra ço que expõe a ponente valgo seg uindo um padrão de lesão de cisalhamento.
Independentemente do tip o, se a fra tura for estável após a redução
m!) PARTE XI FRATURAS E LUXAÇÕES EM CRIANÇAS

Ol§l!;fflml!I Técnica de Wallace de redu ção da cabeça radial. A, Fratura da cabeça radial desviada. B, Elevador periosteal é utili za do
para alavancar o fragmento distal latera lmente, enquanto o polegar empurra o fragmento proximal mediaimente. C e D, Fios de Kirschner
são utilizados na redução se necessário. (B e D, redesenhados de Erickson M, Frick S: Fractures of the proximal radius and ulna. ln Beaty
JH, Kasser JR, editors: Rockwood and Wilkins' fractures in children, ed 7, Philadelphia, Wolters Kluwer, 201 O.) VEJA A TÉCNICA 36-8.

fechada, a cirurgia raramente será necessária. Se a redução for ins- envolvendo mais de 50% do processo (Fig. 36-44). Eles recom enda-
tável, e a fratura for intra-articul ar, no entanto, RAFI com pinos ram o tratamento fechado para as fraturas dos tipos I e II e RAFI
axiais, ban da de tensão ou parafusos oblíquos podem ser necessários para as fraturas do tipo III, se possível.
(Figs. 36-42 e 36-43). As técnicas para RAFI das fraturas do olécrano
estão desc ritas no Capítulo 57.
LUXAÇÕES DO COTOVELO

FRATURAS DO PROCESSO CORONOIDE • LUXAÇÕES AGUDAS


Regan e Morrey classificaram as fraturas do processo coronoide As lu xações do co tovelo em crianças são raras, represe ntando
como tipo I, um pequeno fragmento na fratura; tipo II, uma fratura apenas 6% de todas as fraturas das crian ças e luxações envolve ndo
envolvendo menos de 50% do processo; e tipo III, uma fratura o co tovelo. A maiori a das luxações puras são posteriores, mas elas
_ Classificação das Fraturas do
36 3 Olécrano em Crianças

Local Anatômico
Epifisá rio (apofisário)
Fratu ra na ponta do olecra no ext ra-arti cu lar
Int ra-a rti cu lar
Fisário (Sa lter-H arris equ iva lentes)
M et afisá rio
Justafisário
Metafisário verdadeiro
Olécra no com bin ado - lesão do processo coronoide
Configuração da Fratura (Angulação da Linha da
Fratura para a Diáfise da Ulna em Graus)
Transversa l (<3 0 graus)
H@ii;tgimJI Dois tipos de fraturas fi sária s do olécrano. Inde- Oblíqua (30-60 graus)
pendente do tipo, se a lu xação for significativa, a reduçã o ab erta
Longitud inal (>60 graus)
e fi xação interna serão provavelmente indicadas.
Luxação Intra-articular
<2 mm de luxação
2-4 mm de luxação
>4 mm de luxação
Lesões Associadas (Cotovelo lpsilateral e Membro
Superior)
Fratura da ca beça/colo radial
Luxação/sub luxação da ca beça radial (va riante de
Montegg ia)
Lesão f isá ri a do côndilo lat eral do úmero
Lesão fisária do cônd ilo med ial do úmero
Frat ura do su pracon dilar do úmero
Fratura radi al/uln ar distal
iâ@ll;Hl:Il!I Fratura metafisária intra-articular do o lécran o
que é instável e requer redu ção aberta e fi xação intern a, aqui De Evans MC, Gra ham HK: Olecranon fractures in children: 1. A clinicai review;
com o parafuso oblíquo. li. A new classification and management algorithm, J Pediatr Orthop 19:559,
1999.

O@ii;tJ11I19 A, Fratura de Monteggia. B, Após a redu ção aberta e fixa ção da placa.

li Ili

O!§l!;f.1&9 Classifica ção das fraturas do coronoide . Tipo 1, pequena avulsão do fragmento . Tipo li, envolvimento de menos do
que 50% do processo corono ide. Tipo Ili, envolvimento de mais do que 50 % do processo coronoide.
11111!> PARTE XI FRATURAS E LUXAÇÕES EM CRI ANÇAS

A B e
O@iljfum9 A e B, Mecanismo da lesão após a queda na mão estendida com o cotovelo em aproximadamente 30 graus de flexão.
Existe a separa ção de todas as três articu lações, com o úmero atuando como cun ha entre o rádio proximal e ulna (B). C, Mecanismo
de redu ção visa inverter as forças de deform ação com tra ção longitudinal e compressão do rádio e ulna juntos. (Redesenhado de Altuntas
AO, Balakumar J, Howells RJ, et ai: Posterior divergent dislocation of the elbow in child ren and adolescents: a re port of three cases and review of
the literature, J Pedia tr Orthop 25:3 17, 200 5.)

podem oco rrer anterio r, medial ou lateralmen te. O rompim ento luxação recorrente do cotovelo foram sugeridas na literatura: (l) um
da articul ação radioulnar proximal ra ra (luxação d ive rge nte) pode sulco trocl ear superficial que permite fác il luxação do oléc rano da
ocorrer no pl ano anterop osterior ou no plano transve rsal medi al tróclea; (2) frouxidão capsular medial, lateral ou combinada do coto-
(Fig. 36-45). velo; (3) fraturas intra-articulares que causam instabilidade medial ou
A mai ori a das luxações do co tovelo pode ser redu zida de lateral do olécrano na tróclea; e (4) frouxid ão congênita dos ligamen-
fo rma fechada. As principa is indicações para redução aberta são a tos medial e lateral em torno do cotovelo. Muitas vezes, a causa é uma
incapacidade de obter uma redu ção fechada, uma luxação exposta combinação de duas ou mais dessas condições.
e fraturas associadas que exigem RAFI. Se um a redução ab erta de Uma avaliação completa da condição patológica específi ca é
uma luxação fechada for necessá ri a, ela normalmente está associada obrigatória e deve incluir (1 ) radiografias anteroposterior e lateral
a uma fratura do epicôndil o medi al ou colo radial. As luxações de ambos os cotovelos para comparação, co m atenção especial para
expostas podem ter lesões arteriais qu e também exigem cirurgia. qualqu er displasia do úm ero di stal, particularm ente um sulco tro-
Quando a redução fec hada é alcançada, a luxação normal- clear superficial (qu alquer corpo livre ósseo ou fraturas articulares
mente é estável, mas o cotovelo deve se r imobilizado por 7 a 10 dias, tamb ém podem ser observados); (2) radi ografias de estresse em va ro
com movimento precoce, em uma órtese de movimento control ado. e valgo de ambos os cotovelos para determinar qualquer instabili-
As complicações incluem envolvimento de todos os três principais dade ligamentar medi al ou lateral; (3) artrografia ou RM, que pode
nervos em torn o do cotovelo. O nervo mediano pode se interp or e ser útil em pacientes com uma fratura condilar intra-articular sus-
bloqu ear a redu ção. Podem ocorrer lesões arteri ais especialmente peita ou co rpo livre; e (4) exame fluo roscópico du rante a cirurgia.
em luxações abertas, mi osite ossificante, luxações recorrentes, fr atu - A artroscopia do cotovelo tamb ém foi utili zada para avaliar a insta-
ras osteocondrais e uma rara translocação iatrogê nica radi ouln ar bilidade do cotovelo.
proximal após a redução. Outras compli cações incluíram pse udar- O p ro cedim ento cirúrgico deve ser selecion ad o para co rri-
trose do epicôndil o m edi al em um a crian ça e perda de flexão e gir a condi ção es pecífica . Se as radiog rafi as simples revela m um
rotação de 10 a 30 graus em 10 cri anças. sulco troclea r sup erfi cial, e ra dio grafi as e artrog rafi as em es tresse
são no rm a is, transferê ncia do ten dão do bíceps ou tríceps ou
amb os esta rá apropriada. O te ndã o do bíceps po de ser tra nsfe-
rido ao processo co ron o ide da uln a e suturad o no periós teo no
• LUXAÇÕES CRÔNICAS RECORRENTES DO aspe cto anterior do processo coronoide com dois fio s li sos: o
COTOVELO tend ão pod e se r passa d o através de um orifício n o coro noide para
As luxações recorre ntes, embora raras, ocorrem na maioria das vezes a borda sub cutânea d a uln a, onde ela é suturada, ou um liga -
em adolescentes. Vimos vá ri os pac ientes co m lu xações crôni cas m ento "cru zado" po de ser fo rmado por envolvimento de um a
reco rrentes que eram preocupan tes por causa de fa lta de compreensão banda do tend ão do bíceps através d e um orifí cio na pequ ena
da co ndi ção patológica. Qu atro ca usas subj ace ntes primári as da porção do osso separand o o coron oid e e fo ssa do oléc rano e
CAPÍTULO 36 FRATURAS E LUXAÇÕES EM CRIANÇAS Gmllll
suturand o-o na ponta do oléc ran o; um desliza mento central do
arti cu lares antigas podem ser obscurecidas por tecido
tendão d o tríceps é tracionado at ravés do mes m o ori fício e sut u- fib roso dentro da articul ação. Libere a cápsula contratu -
rado no processo coro no ide .
rada fibrótica e espessa e faça a ressecção das porções
Se as rad iografias em estresse revelam fro uxi dão ligamentar conforme necessário. Remova todo o tecido fibroso da
significativa, o reparo caps ular e a imbricação são apropr iados . articulação, protegendo a cartilagem subjacente. Corte o
Para a fro uxidão medi al e lateral, o reparo posterolateral pode ser
tecido cicatriza do cuidadosamente, porque muitas vezes
feito por meio de orifícios transve rsais através do côndil o lateral, é difíci l distinguir a cicatriz firme branca da carti lagem
colocando as sutu ras através dos o rifíci os e a pa rte posterolatera l articu lar normal . Tam bém remova o novo osso subperios-
da cápsul a, e fixando a cáps ul a firme mente ao osso; quando neces- tea l quando ele é um obstáculo para redução da luxação .
sário, o aspecto medial da cápsula é similar mente reparado. Para • Se o tríceps estiver tenso, imped indo a redução ou limi-
frou xidão isolada do aspecto medial, o ligamento colatera l media l tando a flexão para cerca de 30 graus após a redução,
ulnar e epicônd ilo medial podem ser avançados posteriormente, e alo ngar o múscu lo uti liza ndo a plastia do múscu lo em V-Y
o epicô ndilo fixado ao úmero co m um parafuso. Para frouxidão de Speed (Cap ítu lo 61 ).
isolada latera l, o córtex da área do epicônd ilo latera l pode ser • Reduza cuidadosamente o cotovelo. Se a redução ainda
removido, os orifícios através do epicô ndil o lateral, e as suturas for difícil, libere os tecidos moles proximalmente em torno
passadas at ravés dos orifíc ios para religar as estruturas capsuloli- do úmero e distal mente do olécrano e o ligamento an ular
garnentares encurtadas. até que cotove lo possa ser reduzido se m força .
Se um a radiografia ou artrografia revelar um a condi ção pato- •Não religue os ligamentos ao osso para evita r fa zer o
lógica intra-articular, isso deverá se r avaliado no momento da reparo muito tenso. Se o nervo ulnar está tenso ou foi com-
reconstrução capsular e liga mentar. A artrotomia medial ou lateral primido no pré-operatório, transponha-o anteriormente.
ou amb as pode ser necessária para remover os corpos livres ou • Verifique a estabilidade da redu ção manualmente em 90
consertar as grandes frat uras osteocondrais. graus de flexão. Se a articulação reluxa faci lmente, insira
A instabilidade pos terolatera l é a lesão pós-traumática mais um ou dois grandes fios de Kirsc hner através do o lécrano
comum. Os procedimentos para o tratamento da instabilidade pos- e no úmero com o cotove lo flexiona do a 70 graus. Feche
terolateral incluem reparo do tecido mole e reconstrução lateral do a ferida, e aplique um gesso longo com o antebraço em
cotovelo, reforço dessa área e reconstrução do ligamento colateral rotação neutra.
lateral ulnar. É importa nte doc umentar o tipo de luxação porque
urna reconstrução lateral pode causar apenas mais luxações se a CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O gesso e qua isquer f ios
luxação inicial fo r diferente da latera l. Outras técnicas de reco nstru - de Kirschner são remov idos em 2 a 3 semanas. A mob i-
ção para o tratamento de luxações recorrentes do cotovelo são des- lização ativa do cotovelo é ini ciada lentamente e é
critas no Capítulo 47. encorajada.

• LUXAÇÕES NÃO REDUZIDAS ANTIGAS DO


COTOVELO
Nesta clínica, Speed observou que quando as luxações do cotovelo FRATURAS DO ÚMERO DISTAL
permaneceram não redu zidas por 3 meses ou mais, um resultado
fun cional satisfatório ainda poderia ser ob tid o por um a red ução As fraturas do úmero dista l em crianças são mais frequentemente
aberta, e os res ul tados foram melhores do que após os procedimen- supracondi lares (70%) ou envolvem um único côndilo. Algum as
tos de artroplas tia extensiva em pac ientes imaturos. A técn ica utili - características são com uns a todas as fr aturas do côndilo. Em pri -
zada por Speed para as luxações crônicas persistentes (anti gos) do meiro luga r, as radiografias podem se r enganadoras, porque (1 ) o
cotovelo em adultos é descrita no Capítulo 6 l. fragmento consiste principalmente em cartilagem; (2) em uma
criança imatura, o fra gmento parece menor do que ele realmente
é; e (3) a luxação, embo ra seja pronunciada, pode não parecer
REDUÇÃO ABE_RTA DA LUXAÇÃÇ> apreciável. Em segundo luga r, os fortes grup os de músc ulos fl exor
POSTERIOR NAO TRATADA (CRONICA) e extenso r anexados aos cô ndilos m edi al e lateral separados muitas
DO COTOVELO EM CRIANÇAS vezes giram e deslocam o côndil o envol vido pela sua tração.
Mesmo se a redução fechada fo r possível, essa tração rotacional

-------~
TÉCNICA sobre o frag mento frequ en temente desloca novamente o frag-
mento após a ten tat iva de redução fechada. Em terceiro lugar,
(FOWLES ET AL.) embora o acesso li vre à fr at ura seja obtido na cirurgia, o ajuste
preciso das sup erfícies d a fr atura e a fi se pode se r d ifícil. Em quarto
•Exponha o cotovelo posteriormente através de uma abor- lugar, após a redução, a necessidade para algum tipo de fi xação
dagem de Campbell posterolatera l (Técnica 1-92). Libere interna é faci lmente mostrada se os músculos anexados são colo-
subperiostea lmente todos os anexos musculares do úmero cados sob leve tensão; a tração suave desloca ri a o fra gmento. Em
distal anterior e posteriormente. Solt e os anexos da cápsula quinto lugar, após a fi xação interna, os fios lisos de Kirschner
de articulação em torno dos côndilos do úmero. Exponha norm alm ente deve m ser removidos em 3 a 6 semanas dep endendo
a articulação circunferencialmente, e libere os ligamentos do tipo de frat ura. Emb ora na teo ria, os pinos que cru zam a fise
colaterais das suas inserções proximais. possam ca usar perturbação do crescimento, isso é raro; aqu i, como
• Uma anquilose fibrosa se forma na maioria dos pacientes em out ros luga res, é necessá rio que os pinos passem através da fise.
com o cotovelo em 30 a 60 graus de fl exão, e as fraturas Finalmente, os adol escentes mais velhos deve m ser tratados como
adultos com fi xação com placa e parafu so.
lllBD PARTE XI FRATURAS E LUXAÇÕ ES EM CRIANÇAS

O sin al do coxim de gordura posterior fo i mostrado co rn o co tovelo e causar dano se per manecere m não diagnosticadas. As
sendo um indicador forte de um a fratura sobre o cotovelo. Apoia- fraturas d o tipo I do capítul o consistem em um grande fragmento
mos a prática d e tratar crianças que tê m urna história d e traum a no em osso esponjoso e possivelmente parte da tróclea, fratura s do tipo
cotovelo e um cox.irn d e gordura poste ri or elevada, m as nenhuma II normalm ente são car til agin osas e podem incluir um pequeno
ou tra evid ência radiográfica d e fratura como se tivesse m uma fra tura fragm ento do osso subcondral, e fraturas do tipo III são fraturas
não desviada em to rno do co tovelo. cominuídas (F ig. 36-46). O tratam ento inclui a redução fechada,
No passado, a artrografia era um excelente meio de determin ar RAFI e a exc isão do fragmento.
os padrões da lesão antes de completar a ossificação do cotovelo; no
en tan to, a artrografia deve ser raramente n ecessária quando são
obtidas radiografias adequadas, incluindo vistas de comparação do FRATURAS DO CÔNDILO LATERAL
cotovelo oposto. Ultrassonografia e RM tornaram a artrografia
m enos frequentemente utili za da. As fratura s do côndilo lateral do úmero são comuns e ocorrem
A falha em diagnosticar e trata r as fratura s do úmero distais aproxim ada mente aos 6 anos d e idade. Elas são as fraturas epifisár ias
ad equadamente em crianças pode res ultar em graves compli cações, do úm ero di stal mai s comun s e são a segunda em frequência no
como segue: co tovelo, perdendo apenas para fraturas su pracondilares do úmero.
1. Pseudoartrose: isso é mais com u m após fraturas do cô ndilo M ilch descreveu do is tipos básicos de fraturas laterais do cônd il o
individua is. isoladas. Na fratura do tip o I, uma linh a de fratura passa mediai-
2. Consolidação viciosa: perturbações no ân gul o de carregamento m ente à tró clea através e no sulco capitelo-troclear. Essa fratura d o
do cotovelo po dem resultar de pse ud oartrose o u perturbação tipo I é rara; no entanto, por causa d a localização da linha de fra tura,
fisár ia do cresc im en to. A deform idad e de cú bito varo após as é urna verdadeira fratura de Salter-Harris do tipo IV, mas é frequen -
fraturas supracondila res isoladas mais frequ entemente resulta temen te estável (Fig. 36-47). As radiografi as em geral revelam um
da consolidação viciosa. O aum ento d o â ngulo de ca rrega- pequeno fragmento metafi sário ósseo em forma de "wafer", e radio -
mento ou deformidade de cúbito va lgo é mais comum após as grafias em estresse são valiosas em observar qualquer m ovim ento
fraturas laterais do cô ndi lo indiv idu ais e resu lta pred ominan - no local da fratura, implicando em instabilidade. Na fratura do tipo
temente da pseudoartrose. II descrita por Milch, que é a m ais comum, a linha d e fratura se
3. Perturbações do crescimento fisário: isto é com mais frequência estende na á rea d a tróclea e produz a instabilidade inerente do
o resultado de uma lesão fi sária de Salter-Harris do tipo III ou cotovelo, por causa da capacidade do fragm ento distal e o antebraço
IV e po d e levar ao cúbito varo ou valgo. Apenas 20% do cres- não apenas para angular, m as também para translação em uma
cimento é através d a fise do úm ero dista l. posição lateral. As fraturas laterais do cô ndilo individu ais tamb ém
4. Osteonecrose do côndilo: essa complicação é relativamente rara, foram classificadas d e acordo com a quantidad e de luxação: (1) não
mas pod e ocorrer após praticame nte qualqu er fra tura. Q uando desviada, (2) moderadamente desviad as e (3) completamente des-
ocorre, pode causar um a d eformidade li geiramente prog res- viada e rodada (F ig. 36-48) . Os critérios radiográficos também
siva de c úbito varo o u va lgo. foram d esenvolvid os para d eterminar a estabilidade d a fratura e
5. Comprometimento neurovascular agudo: o comprom etimento plan eja r o trata mento inicial (F ig. 36-49): tipo I, fratura através do
agudo do estado neurológico ou circulatório na extremidad e côn dilo lateral do úmero com mínimo espaço lateral - urna fratura
é comum após as fraturas em to rn o d o co tovelo em cri anças. estável; tip o II, fratura através do côndilo lateral do úmero para a
A maiori a dos comprometim entos é trans itó ri a e leva a com- car tilagem ep ifisária com um espaço lateral - uma frat ura co m
plicações não permanentes qu ando o tratamento adequ ado é risco indefi nido; e tipo III, fratura através do cônd il o latera l do
instituído imediatam ente. A m ais séria de todas as comp li ca- úmero com o espaço da fra tura tão amplo lateralm en te corn o
ções vasc ul ares em to rn o do cotovelo é urn a contratura d e mediaimente - urn a fratura com alto risco de lux ação tardia.
Vo lkrnann (ver discu ssão d a lesão do ner vo nas pp. 1407 e Algumas vezes, é difícil determinar a quantidade desviada
1408), que resulta em urna g rave deformidad e que pode signi- através da s up erfíc ie ar tic ular, se ho uve r ; quando a dúvida ex iste,
ficativamente prejudicar a fun ção d a mão e a ntebraço. a fratura d eve ser tratada conforme fos se desviada. Vim os o qu e
O dano aos nervos e o comprometim ento da circulação d evem acreditam os ser um a fr atura não desviada beni gna qu e 1 sema na
ser suspeitados em todas as fraturas do cotovelo em crianças. Se o após a im obilização torna -se co mpl eta m ente d esviad a e RAFI fo i
paciente pode d obrar os d ed os com as articulações m etacarpofa lan- necessá ri a. Essas fratura s são notórias para complicações, co m o
gea nas estendid as e pode opor o polegar para o dedo mínimo, os pior send o a pse ud oartrose co m subsequen te migração proxima l
três principais troncos do nervo são intactos . O si nal auxiliar pass ivo do fragm e nto n ão consolid ado, um aum ento no ângu lo (cú bito
(ver discussão da lesão do nervo nas pp. 1409 e 1410) pode se r útil. valgo) e paralisia tardia do nervo ulnar. Speed encontro u resulta-
A di stribui ção sensorial desses nervos também deve ser testada. dos send o tão insati sfató rio s após o tratamento fec hado que RAFI
Quando a circul ação é prejudicada, o pulso radi al é diminuíd o o u foi necessária, portanto, o termo fratura de necessidade. Outros
ausente, a ci rcul ação capilar é lenta, e ocorre m o inchaço, cia nose, acredita m que se a fratura é não desviad a (M ilch tip o I com esta-
branqueamento e parestesia ou anestes ia da mã o e dedos. Os testes bilidade in e rente), apenas a imobilização co m gesso é necessá ria.
d os nervos e vasos devem ser repetidos e monitorados após o trata- Se esse trata m ento for utili zado, n o entanto, a o bse rvação rigorosa
mento. A observação frequente e ri gorosa do estado neurovasc ul ar a cada 5 a 7 dias será necessária. As b oas radiografias d a imobi li -
na m ão é importante no cuidado pós- operatório e qualquer defici- zação d eve m ser feita s em cada visita para determin ar o estad o d a
ência requer ate nção imed iata. fratura ; isso pode exigir tempo e esfo rço con sideráveis. Co rno
mencion ad o anteri ormente, se a fratura fo r desviada e rodada,
RAFI sempre se rá n ecessária.
FRATURAS CAPITELARES A frequência de complicações após as fra turas d esviadas,
incluindo osteo necrose do capítulo (Fig. 36-50), parada fi sária tro-
Embora as fratura s articul ares do capítulo sejam raras, espec ial- clear, pseudoartrose (F ig. 36-51), deformidade em cúbito varo, fra-
mente em crianças, elas pod em limitar bastante o movi m ento do queza com perda de m ov imento do cotovelo e d or ocasion al, e além
CAPÍTULO 36 FRATURAS E LUXAÇÕES EM CRIAN ÇAS Gm

H@ii;@E!III A e B, Fratura capitelar em um adolescente. C e D, Após a redução e fixação com parafusos canulados.

A B
e
H@ll;fjjm:f.I Fraturas do úmero lateral do côndilo individuais.
A, Fratura de Milch do tipo 1, que é a fratura epifisária de Salter- h!§ll;füEIII> Diferentes estágios de lu xação da fratura do
Harris do tipo IV. B, Fratura de Milch do tipo li, que é a fratura côndilo lateral : não desviada (A), moderadamente desviada (B),
epifisária de Salter-Harris do tipo li. e completamente desviada e girada (C).
llllD PARTE XI FRATURAS E LU XAÇÕES EM CRIANÇAS

A ultrasso nografia de alta resolução tamb ém pode identi fica r o


envolvimento articul ar e pode di fe renciar as fraturas estáveis das
instáveis do côndilo lateral em cri an ças; no entanto, um ultrassono-
grafista experiente será im po rtan te.
Se a redução aberta fo r necessá ri a, utili zaremos um a abord a-
gem lateral rotineiramente, manipul ando o fragmento sem di ssec-
ção significativa e fi xando -o internam ente com pinos ou parafusos.
Dife rentes autores sugeriram várias fo rm as de fixação, incluindo (1)
fi xação com sutura, a qu al é inadequ ada; (2) fixaç ão co m pin o, de
preferência com dois pinos, através da epífise e/ou através do pico
metafisá ri o; e (3) fixação com parafu so, de preferência através da
área m etafisária. Utilizam os uma abordage m lateral roti neiram ente,
fixação com dois pinos lisos e imobilização por 6 a 12 se manas. Dois
có rtices (bico rti cais) devem se r envo lvidos per to e longe, e se mais
do qu e 3 se manas de fi xação fo r utili zada, os pinos deve m ser sepul-
tados. Para a maioria das fraturas desviadas, um período de 3
semanas de fixação do fi o e imobili zação é o máximo necessá ri o.
Co mo men cionado anteri orm ente, as complicações dessa
lesão, como parada fi sária, es timu lação fi sári a, osteonec rose e pse u-
doartrose com cúbito valgo res ultante, podem ocorrer. O superco-
mocrescimento condilar lateral, proeminência radial e variação no
ângulo de carregam ento do cotovelo foram atribuídos para o estí-
mulo transitório, que pode se r preve nido pelo uso de um parafu so
i nterfrag mentári o metafisá ri o.
A osteonecrose do capítulo ou uma pequena parada do cres-
cimento na fi se central oco rre co m deformid ade em "rabo de peixe"
(aprofundamento do sulco troclear) e rara defo rmid ade em va ro.
Por causa da falta de casos, os dados sobre prevenção, tratamento e
aco mpanh amento de longa duração são limitados. Para evitar a
deformidade angular, lenta e progressiva, a epifisiodese da fise não
envolvida pode se r considerada.
A pseudo artrose com cúbito valgo res ultante provavelmente é
a compli cação mais significativa. A pseudo artrose deve se r diferen -
ciada do retardo de consolidação. A imobi lização da fratura mesmo
com m ínimo desvio para mais do que 6 seman as mui tas vezes é
necessári a. Um retardo de co nsolidação pode resultar de imobiliza-
H(riihf;iEII!I Fraturas do côndi lo lateral do úmero . A, Ti po 1, ção extern a ou fi xação interna inadequada. Se a co nsolidação não
fratura estável com mínimo espaço lateral. B, Tipo li, fratura envol- fo r alcançada em 12 semanas, um pequ eno enxerto ósseo em fo rma
vendo a cartilagem epifi sária com um espaço lateral; risco de luxação de cunha pode ser colocado em todo o fragmento metafisári o co m
não defini do. C, Tipo Ili, espaço da frat ura tão amp lo late ralmente fixação do pino complementar. Se o cotovelo parecer es tável e não
quanto mediaimente; alto risco de lu xa ção posterior. doloroso, e tudo o qu e es tiver presente for uma linha lítica se m
movimento do fragmento da fratu ra na visão sob es tresse, podem
ser necessárias observação e imobilização prolongada. Se o movi-
de paralisia tardi a do nervo ulnar, demonstra qu e RAFI é apropriada mento es tiver prese nte ou um a pse udoa rtrose pa recer estar se desen-
para fraturas desviadas; o tratamento adequad o de fraturas não des- volve ndo, no entanto, a cirurgia precoce é indicada. Na cirurgia
viadas é o problema. Algumas fraturas não desviadas se curam se m tardi a para pse ud oartrose, (1) o cirurgião deve ser experiente na
interco rrências. As radiografias em estresse em varo ou valgo são cirurgia do cotovelo de cria nças, (2) a quantidade de luxação deve
utili zad as para determinar se a fratura é estável e tem uma articulação ser 1 cm ou menos, e (3) pse udoartrose deve ser co mprimida e a
carti laginosa intacta. Se o desvio ocorrer qu and o a fratura for estres- superfície articular não deve ser ampl amente exposta na cirurgia.
sad a, a articulação provavelmente não estará intacta, e a fratura será
instável; será indicada RAFI. Por outro lado, se nenhuma luxação
ocorrer qu ando a fratura for estressada, a imobilização por gesso
sozinha poderá se r adequ ada. Esses pac ientes deve m ser acompa- REDUÇÃO ABERTA E FIXAÇÃO
nhados de perto com imobilização por gesso e radiografias por 6 a INTERNA
8 se manas. A pinage m percutânea fo i recom endada para fra turas do
~
côndilo lateral isoladas com menos de 2 mm de luxação e superfícies TÉCNICA ~~~~~~~~~~
de arti culação congruentes.
A RM tamb ém foi utili zada para d etermin ar a es tabilidade • Exponha o cotovelo através de uma abordagem latera l J
do côndil o lateral minimamente desvia do das fra turas do úm ero. de Kocher (Fig. 1-97), e rea lize a dissecção abaixo do
Se a linha de fratura passar da metáfi se lateral para a fi se, mas não côndilo lat eral do úme ro. A dissecçã o do tecido mole
através d ela, a fr atura será co nsiderada es tável. Se a linha cru za r a deve ser feita entre o braq uiorra dia l e o tríceps. Exponha )
fi se para o espaço articular, a fratura se rá potencialmente instável.
CAPÍTULO 36 FRATURAS E LUXAÇÕES EM CRIANÇAS

O[ijii;tijE!E!I A, Fratura do côn dil o latera l do úmero através do núcleo de ossificação . B, Desenvo lvimento da osteonecrose do
capítulo.

O@li;h)Elll A e B, Pseudo da fratura do cônd il o lateral após o tratamento fechado.


PARTE XI FRATURAS E LUXAÇÕES EM CRIANÇAS

O@ii;MEim A e B, Radiografi as mostrando a fratu ra não desviada do cô ndilo lateral. A fratura foi tratad a em gesso de braço
longo. C, Vista antero posterior em 3 semanas mostra ndo a lu xação . D, Após a re dução aberta e fi xação co m f ios lisos. E e F, Conso li-
dação é completa, com o cresci mento excess ivo do cô nd ilo lat eral e ost eon ecrose. VEJA A TÉCNICA 36-10.

as superfícies posterior e anterior da articulação, sepa- através da fise e na metáfise do úmero. Direcione os f ios
)
rando as f ibras da massa comum do múscu lo extensor. em um ângu lo de 45 a 60 graus.
Disseque o tecido mole somente o que é necessário para • Verifique a redução e a posição da fixação interna por
expor o fragmento, a fratura e a articulação. radiografias antes de fechar a ferida. Corte as extremida-
• O desvio e o tamanho do fragmento são sempre ma iores des dos fios abaixo da pele, mas deixe-as longas o sufi-
do que são aparentes nas radiografias, porque a maior ciente para permitir a fáci l remoção (Fig. 36-52).
parte do fragmento é carti laginosa. O fragmento normal- • Coloque o braço em uma tala de gesso posterior com o
mente está rodado é e desviado. Irrigue a articu lação para cotovelo flexionado a 60 graus.
remover coágulos de sangue e restos, reduza a superfície
articular de forma precisa e confirme a redução, obser- CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Acreditamos que a imo-
vando a superfície articular, particularmente na crista tro - bilização deve continu ar por 3 a 4 semanas. No fina l desse
clea r. Mantenha a posição com um pequeno tenáculo. tempo, os pinos podem ser removidos se a consolidação
•Se um grande fragmento metafisário estiver presente, estiver progredindo. O movimento ativo do cotovelo em
insi ra dois fios lisos de Kirschne r em toda a porção med ial geral é real izado interm itentemente fora da tala. Nessas
da metáfise; se necessário para fi xação segura, insira os fraturas é notório o retardo de consolidação, e algumas
fios em toda a fise. Se a porção epifisária for pequena, exigem a imobilização com exercícios da amplitude de
insira dois fios lisos de Kirschner através do côndi lo, movimento intermitentes para mais de 6 semanas.
CAPÍTULO 36 FRATURAS E LUXAÇÕ ES EM CRIANÇAS

O!§l!;t'Jilml A, Pseudoartrose do côndilo lateral com fragmento distal na posição aceitável para enxerto ósseo e fixação interna. B e
C, Pse udoartrose do enxerto ósseo transfixada e renovada; fise do fragmento condilar não é violada por pino ou enxerto. VEJA A TÉCNICA 36-11.

REDUÇÃO ABERTA E FIXAÇÃO •Tente opor o fragmento condi lar firmemente contra a
INTERNA COM ENXERTO OSSEO metáfise. A penetração do córtex oposto do úmero
muitas vezes é necessária.
PARA PSEUDOARTROSE E RETARDO
DE CONSOLIDAÇÃO DAS FRATURAS CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O membro é imobilizado
MINIMAMENTE DESVIADAS em um gesso longo com o cotovelo em 60 graus de
flexão e o antebraço em rotação neutra por 4 a 6 semanas,
Flynn descreveu RAFI com enxerto ósseo para a pseudoar- e os exercícios ativos são iniciados.
trose precoce estabelecida do cônd ilo latera l. Ele observou
que a função é satisfatóri a após a cirurgia se o segmento
estiver em uma posição aceitável (Fig. 36-53A) e a f ise do
fragmento condilar estiver aberta. PSEUDOARTROSE ESTABELECIDA COM
CÚBITO VALGO
TÉCNICA ~
~~~~~~~~--~
O cúbito valgo ocorre não do fechamento prematuro da ti.se capi-
(FLYNN ET AL.; JEFFERY) telar, mas da não co nsolidação com migração proximal do côndil o
lateral (Fig. 36-54). Isso ocorre na maioria das vezes após as fra-
•Exponha a fratura como descrito para redução aberta. Lim ite turas desviadas que não são reconhecidas e não tratadas. Essa
a dissecção do tecido mole para que apenas o necessário pseudoartrose pode ser similar a algumas pseudoartroses em
exponha o fragmento metafisário da pseudoartrose. outras áreas do esqueleto, como no escafoide do carpo. Na pseu-
•Na porção distal da incisão, expon ha a ulna proximal e doartrose, se o desvio do fragmento proximal for significativo, a
retire um enxerto ósseo de 5 mm de largura x 2,5 a 3 sup erfície arti cular cartilaginosa do fragmento distal entra em
cm de comprimento, dependendo da idade da criança e co ntato com a superfície óssea do fragmento proximal, e nessa
do tamanho do fragmento condi lar latera l. Como alter- situação, a co nsolidação não ocorre.
nativa, utilize um pequeno enxerto de osso da crista Uma comparação da transposição anterior do nervo uln ar, a
ilíaca . osteotomia corretiva e a transposição anterior do nervo ulnar, e
• Exponha o fragmento metafisário cuidadosamente, mas osteossíntese da pseudoartrose combinada com a neurólise e trans-
não perturbe a consolidação fibrosa articular. posição anterior do nervo ulnar, com ou sem osteotomia corretiva
•Insira o osso esponjoso entre a metáfise do úmero e o do úmero, para o tratamento de pseudoartroses antigas estabeleci-
fragmento condilar lateral. das, indicou que a dor e apreensão desapareceram na maioria dos
• Insira um parafuso esponjoso ou parafuso canu lado adja- pacientes tratados por osteossíntese, mas a amplitude de movimento
cente ao enxerto (Fig. 36-538). do cotovelo diminuiu. A osteossíntese é indicada para o tratamento
da pseudoartrose do côndi lo lateral do úmero apenas se o paciente
PARTE XI FRATU RAS E LU XAÇÕ ES EM CRIANÇAS

0[dll;f41?m Correção do cúbito va lg o por osteotomia . A,


Cúbito va lgo secundário para pseudoartrose de cô ndil o latera l do
úmero . B, Osteotomia em cunha de abertura lateralmente para
restaurar o a linhamento.

O[riil;(41l'E) A, Fratura do cônd il o latera l do úmero em um


menino de 5 anos de idade . B, Pseudoatrose estabe lecida 1 ano
após o tratamento não cirúrgico (apenas observação) . C, Migra-
ção proxim al aparente do capítulo e côndilo em 3 anos. D, O
cúbito va lgo gra ve 9 anos após a fratura.

tiver grave dor no cotovelo ou estiver apreensivo utili zando o coto-


velo por ca usa da instabilidade lateral.
M ilch ideali zou duas osteotomias para pse udoartrose do
côndil o lateral; com cada uma, fixação intern a e enxerto ósseo são
recomendados. Nas fraturas de Mil ch do tipo l (Salter-Harri s do tipo
IV) há pouca luxação late ral quando a pse udoartrose é vista relati -
vamente cedo. Com o res ultad o, o cúbito va lgo normalmen te n ão é
tão evidente. Uma osteotomia em cunha de fechamento medial
como descr ita por Speed ou um a osteotom ia em cunha de abertura e D
latera l co mo descrita por Milch pode ser fe ita nessas pse ud oartroses
(Fig. 36-55) . Combinamos a osteotom ia co m um enxerto ósseo h@li;@E?m A e B, Frat ura de Milch do tipo li significativa-
autóge no e fixação com pino para a epífise. me nte desviada do côndilo lateral, em que a simp les osteotomia
Em fratura s de Milch do tipo II há a luxação lateral signi fica- res ultaria em alinhamento inaceitável. C e D, Osteotomia com
tiva do frag mento e alguma rotação. Co nsequentemente, um a lu xação lateral do fragmento do úmero dista l, a linhando o bra ço
simples osteo tomia em cunha de aber tura lateral resulta em um a satisfatoriam ente com o anteb ra ço. VEJA A TÉCNICA 36-12.
CAPÍTULO 36 FRATURAS E LU XAÇÕES EM CRIANÇAS Gm
proem inência medial inaceitável e coloca o úmero distal e antebraço antebraço; ocas ionalmente, elas são avulsas pelo ligamento colateral
em alinhamento inaceitável (Fig. 36-56A e B). Milch recomendou ulnar do cotovelo. A maioria das frat uras não desviadas ou minima-
uma osteotomia em cunha de abertura (Fig. 36-56C e D). Para a mente desv iadas pode ser tratada por métodos fechados. As fra turas
deformidade mais grave e correção extensiva, Kim et ai. descreve- sign ificat ivamente desviadas podem exigir tratamento m ais exte n-
ram um a osteotomia de translação simi lar (Técnica 36-21). sivo. Essas fraturas podem ocorrer com uma luxação do cotovelo, e
Se a paralisia do nervo ulnar tardia se desenvolveu devido o fragmento pode ou não se tornar encarcerado na articu lação,
a pseudoartrose e cúbito va lgo, corrigimos a deformidade angu lar prevenindo a redução da luxação. As indicações para redução aberta
com ou sem transposição do nervo uln ar. Se a deformidade incluem ( 1) rotação e desvio de mais de 1 cm, por causa da fraq ueza
angul ar for mínima, e uma paralisia do nervo ulnar tardia estiver resultante dos flexores do anteb raço ou deformidade estética (Fig.
presente, uma transposição anter ior do nervo estará indi cada 36-57), (2) ap risionamento persistente de um fragmento da frat ura
(Capít ul o 62). na articulação após a redução de uma luxação do cotovelo, (3) dis-
função do nervo ulnar e (4) instabilidade em valgo. Estresse em
valgo do cotovelo pode ser utilizado para testar a estabilidade. Se o
OSTEOTOMIA PARA CÚBITO VALGO cotovelo estiver instável após essa fra tura, especialmente em atletas
ESTABELECIDO SECUNDÁRIO A de alto desempenho que utilizam as suas extremidades superiores,
a fixação do liga mento colate ral (a nteri or oblíquo) e o fragmento
PSEUDOARTROSE OU PARADA NO estarão indicados.
CRESCIMENTO As fraturas não desviadas do epicôndil o medial isoladas não
~ exigem cirurgia. Há co nt rovérsia em relação a quanto de luxação
TÉCNICA ;.,._~~~~~~---'~ requer RAFI. O tratamento cirúrgico fo i recomendado para fraturas
desviadas mais do que 2 mm; no entanto, bons resultad os foram
(MILCH)
relatados com seguimento não cirú rgico de fraturas isoladas do
epicôndilo medial do úmero com 5 a 15 mm de desvios.
•Coloque o paciente em decúbito ventral com o antebraço
As parestesias do nervo ulnar podem ocorrer com essa frat ura;
apoiado em um anteparo.
o fragmento deve se r reduzido tão precisamente quanto possível.
•Utilize uma incisão de divisão da músculatura posterior,
A transposição precoce do nervo ulnar, entretanto, não parece se r
expondo a extrem idade distal do úmero, mas não abra a
justificada. Se o fragme nto for interposto na articulação, o cotovelo
articu lação do cotovelo.
quase sempre permanece desviado por causa do grande tam anh o do
•Divida as fibras do múscu lo do tríceps, retraia-as e iden-
fragmento e suas inse rções dos múscu los flexores (Fig. 36-58). Se o
tifique o nervo ulnar. Quando indicado para o tratamento
fragmento for pequeno, ele pode se r difícil de ver na radiografia
da para lisia do nervo ulnar tard ia, so lte o gru po flexor de
anteroposterio r após a redução bem-sucedida da luxação. O frag-
músculos do epicônd il o media l e transfira o nervo ante-
mento pode ser sobreposto pela epífise do úmero distal, ou pode ser
riormente . Reinsira os músculos flexores.
confundido com um dos centros de oss ificação d a tróclea. O
•Como um marco, observe o limite superior do fragmento
diagnóstico pode ser perdido. O epicôndilo medial deve ser identi-
condilar. Realize uma simples osteotomia transversal no
ficado, e a sua locali zação observada após cada luxação do cotovelo.
nível da intersecção do eixo do antebraço com o córtex
A comparação de radiografias anteroposterior e lateral do coto-
lateral do úmero (Fig. 36-56A e B) Para a deformidade
velo oposto pode ser útil. Se o epicônd ilo pud er ser visto na
do tipo li (Milch) de cúbito varo, uma osteotomia exten-
radiografia lateral, ele estará interposto dentro da articulação. Se
siva é necessária.
o fragmento permanecer interposto dentro da articulação, um a
•Entalhe a superfície inferior do fragmento proximal para
redução fec hada deve se r tentada com o antebraço em sup in ação
receber o áp ice da superfície superi or do fragmento
e estressado em va lgo com o paciente sob anestesia gera l. A dor-
distal, que é movido lateralmente (Fig. 36-56C e D) A
siflexão passiva dos dedos pode aj ud ar a colocar tração na epífise.
adução do fragmento distal até o ângulo excessivo de
Mais provavelmente, a redução aberta será necessária co m
abdução (valgo) foi reduzida para o ângulo de carrega-
remoção do fragmento da articu lação e excisão ou redução e
mento normal, controlando a quantidade de correção por
fixação interna do fragmento.
rad iografias feitas com a extremidade e os fragmentos
em extensão.
•Quando a correção for satisfatória, fixe os fragmentos
inserindo dois fios de Kirschner lisos e cruzados, cuidado-
samente flexione o cotovelo, e imobilize-o em gesso em
90 graus.
EPICÔNDILO MEDIAL DESVIADO OU
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O gesso é deixado por
4 a 6 semanas, dependendo da idade da criança e evi-
APRISIONADO
dência da consolidação. Os fios são removidos, e o movi - ~
mento é incentivado neste momento.
TÉCNICA :;____~~~~~~---'~
•Comece uma incisão medial de 7,5 cm de comprimento
imediatamente distal ao cotovelo e realize-a proximal-
FRATURAS DO EPICÔNDILO MEDIAL mente, paralela à superfície medial do úmero.
•Se o fragmento estiver aprisionado dentro da articulação
A maioria das fraturas da epífise ep icond ilar medial são lesões por do cotove lo quando a loca lização normal do epicônd ilo )
avulsão agudas causadas por sobretensão dos tendões flexores do
llllmi> PARTE XI FRATURAS E LUXAÇÕES EM CRIANÇAS

H@ii;t.)El'm A, Frat ura gravemente desviada do epicôndi lo media l. B, Vista em estresse mostra maior lu xação e rotação. C e D,
Após a redução aberta e fixação interna com parafuso interfragmentário esponj oso.

O[riil;f.)l?Ell A, Fratura do epicôndi lo medial co m aprisionamento de um fragmento medial. B, Após a redução aberta e fi xação.
CAPÍTULO 36 FRATURAS E LUXAÇÕES EM CRIANÇAS 4m
medial for exposta, apenas a superfície óssea do cônd ilo
será vista; nenhum fragmento solto estará visível. O nervo
ulnar encontra-se posteriormente. A cápsu la medial, a
origem musculotendinosa dos longos músculos flexores
e o epicôndilo são dobrados dentro da articulação,
cobrindo a menor parte da fossa do processo coronoide.
Com um pequeno tenáculo, remova o epicôndilo com os
seus anexos do tecido mole de dentro da articulação.
Agora considere o fragmento simplesmente como uma li Ili
fratura epicondilar desviada. Reduza o epicôndilo preci-
samente, e fixe-o com um parafuso ou fio de Kirschner. h!ijl!;ffllml Três tipos de fraturas mediais do cônd il o indivi-
A fixação com parafuso é utilizada com mais frequência duais descritas por Ki lfoyle: tipo 1, impactado; tipo li, epifisário e
para permitir o movimento precoce. intra-articular; e tipo Ili, luxação de todo o côndi lo medial.
•Se a fratura for antiga ou o fragmento pequeno, a
redu ção do epicôndilo será impossível, excise o frag -
mento e suture os músculos flexores na metáfise do
úmero distal. Transfira o nervo ulnar anteriormente (Capí-
tulo 62) se necessário.
•Suture a cápsula e os músculos do antebraço, feche a
ferida, e aplique uma tala de gesso posterior ou gesso
com o cotovelo flexionado 45 a 60 graus.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO A ta la ou gesso é uti-


lizado por 2 a 3 semanas. Em seguida, o braço é apoiado
por uma banda permitindo o movimento ativo do coto-
ve lo, mas prevenindo a dorsiflexão forçada do pulso ou
supinação do antebraço.

FRATURAS DO CÔNDILO MEDIAL

As fraturas do côndilo medial do úmero medial estão entre as lesões


menos comuns do cotovelo. Kilfoyle descreveu três tipos: tipo I, em 0@11;(4&1 A, Fratura do côndilo medial que se acreditava
galho verde ou fratura impactada; tipo II, a frat ura através do ser a fratura do epicôndilo medial. B, Em 12 semanas após a lesão,
côndilo do úmero na articulação com pouco ou nenhum desvio; e a pseudoartrose do côndi lo medial é óbvia.
tipo III, uma fratura epifisária que é intra-articular e envolve o
côndilo medial com o fragmento desviado e rodado (Fig. 36-59). As
fraturas do tipo III são responsáveis por cerca de 25% das fraturas
do côndilo mediais isoladas e ocorrem mais frequentemente em
crianças mais velhas. As fraturas do tipo I são mais comuns em REDUÇÃO ABERTA E FIXAÇÃO
crianças mais jovens. O diagnóstico de uma fratura condilar medial INTERNA
pode ser difícil, porque a tróclea ossifica muito depois do capítulo e
não se torna ossificada por completo até aproximadamente a idade
de 9 anos; as vistas radiográficas oblíquas, artrografia, ou RM podem
TÉCNICA
--~~
ser úteis em estabelecer o diagnóstico e ângulo de luxação. As fra- •Comece uma incisão media l imediatamente dista l para o
turas do tipo I e não desviadas do tipo II podem ser tratadas por côndilo fraturado, e estenda-a proximalmente 7,5 cm
observação e imobilização posterior; no entanto, uma pseudoartrose paralela ao longo do eixo do úmero. Realize a dissecção
do côndilo medial e a formação de uma ponte óssea (Fig. 36-60) abaixo do osso, iso lando o nervo ulnar e retraindo-o
podem ocorrer. O desvio das fraturas do tipo II pode ser difícil de posteriormente . A cápsula normalmente está rompida
determinar; se o desvio for suspeito, a RAFI será apropriada para amplamente e não precisa ser aberta para expor a fratura .
evitar a perturbação do crescimento e pseudoartrose. As fraturas do •Examine cu id adosamente o côndilo solto e remova todas
tipo III devem ser tratadas por RAFI. O diagnóstico precoce, as partículas soltas do osso. O fragmento é surpreenden-
redução precisa e fixação interna são essenciais para evitar a pertur- temente grande, e muitas vezes uma parte do capítulo é
bação do crescimento, rugosidade articular, incapacidade funcional, incluída.
pseudoartrose e osteonecrose. •Reduza cuidadosamente a fratura, e mantenha-a com um
As fraturas não diagnosticadas e não tratadas podem exigir a tenáculo do osso sem perturbar os anexos do tecido mole
osteotomia em valgo em cunha de fechamento supracondilar para do fragmento . Restaure o contorno normal das superfí-
corrigir a deformidade de cúbito varo e melhorar a amplitude de cies articu lares. )
movimento do cotovelo.
lllllI!!) PARTE XI FRATURAS E LUXAÇÕES EM CRIANÇAS

Os côndilos são presos uns aos outros, primeiro com parafusos


) •Insira. dois fios, lisos de Kirschner através do fragmento
cond1lar e no umero em uma direção proximal e latera l. ou fios de Kirschner e são fixados ao eixo com fios de Kirschner ou
Dois f ios são necessários para preven ir a rotação do frag- placas e parafusos, dependendo da idade da criança (Fig. 36-62). No
mento. Utilize fios de Kirschner lisos em vez de parafusos pós-operatório, o braço é imobilizado por 1 a 3 semanas antes de
se a criança for jovem, porque eles são menos prováveis um programa de exercício de amplitude de movimento ativo ser
de lesion ar a fise. Antes do fechamento da in cisão, veri- iniciado. Os adolescentes mais velhos podem ser tratados como
fique a posição dos fios e o fragmento por radiografias. adultos, com redução aberta, fixação interna rígida e mobilização
Corte os f ios abaixo da pele, deixando-os longos o sufi- precoce. A técnica para red ução aberta das fraturas T do côndilo
ciente pa ra permitir a fáci l remoção. isolada é descrita no Capítul o 57.
•Feche a ferida, e aplique uma tala de gesso com o coto-
velo fl exionado 90 graus.
FRATURAS SUPRACONDILARES
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O cuidado pós-operató-
rio é o mesmo que o descrito para fratura do côndi lo Muita ate nção foi direcionada aos problemas de frat uras supracon-
lateral (Técnica 36-1 O). dilares isoladas do úmero em crianças. No passado, pe nsava-se que

Outras fraturas do úmero distal, como fraturas do epicôndilo


lateral isoladas, normalmente não exigem tratamento cirúrgico. Por
outro lado, as raras fraturas osteocondrais do capítulo ou tróclea em
crianças podem exigir artrotomia ou artroscopia cirúrgica com
excisão do fragmento ou RAFI por pinagem do fragmento intra-ar-
ticular. A rara fratura condilar em T desviada que ca usa incongru-
ência da articulação (Fig. 36-61) requer RAFI similar à fratura
condilar em T em adultos. Várias abordagens foram descritas para
exposição das fraturas complexas do úmero, incluindo uma aborda-
gem de divisão de tríceps posterior que evita a dissecção extensiva.
A divisão do tríceps geralmente é preferível para a osteotomia do
olécrano em crianças que exigem redução aberta das fraturas com-
plexas do úmero distal. Ocasionalmente, a osteotomia do olécrano
pode ser necessária para exposição adequada. A abordagem poste-
romedial (Bryan- Morrey), (Técnica 1-95) e o uso das osteotomias
do olécrano foram estatisticamente melhor no acompanhamento do
que a abordagem de divisão do tríceps.
O@l!;tijEilll) Fratura condilar em T do úmero.

o@•i;@EID A, Fratura condil ar em T


cominuída do úmero. B, Após a redução aberta
e fi xação com fi xação transversal.
CAPÍTULO 36 FRATURAS E LUXAÇ ÕES EM CRIAN ÇAS tijt1g@
cúbito varo ou valgo fre quentemente oco rri a por causa da parada • REDUÇÃO FECHADA E PINAGEM PERCUTÂNEA
do crescimento da fise do úme ro distal, em vez de por causa da má As técni cas de pinage m perc utânea se torn aram o tratam ento de
redução da frat ura. escolha para a maio ria das frat uras supracondilares isoladas. RAFI
A preve nção d e cúbito va ro o u va lgo ou perd a d e fl exão e é indi cada pa ra fraturas abertas, fra tu ras irredutíveis, lesões vas-
ex tensão por obtenção de um a redu ção tão an atômica qu anto culares, aprisionam ento do nervo ou vaso e redução fechada ina-
poss ível é necessá ri a. Depend end o d o tip o d e fr atura, existem ceitável. No passado, po r ca usa da necessidade de evitar o
qu atro tipos básicos de tratamento: ( 1) tração d a pele no lado d o comprom etim ento vasc ular, a síndrome do comp artim ento, edem a
braço, (2) tração tran sesqu elética, (3) RF PP e (4) RAFI. A cl as- e possível da no ao ner vo, fr aturas supraco ndilares desviadas iso la-
sificação d e Ga rtl and é útil para determin ar o tra tam ento ap ro- das fora m trata das co mo emergê ncias. Co m fixação percutânea
pri ad o para fr aturas supraco ndil ares isolad as : tipo I, se m desvio; co m pino sendo o tratame nto de escolha e em algun s casos a
tip o II, desviada co m có rtex posteri o r intac to; e tipo III, desviada redu ção aber ta, an estesia ge ral e um a equip e cirúrgica são neces-
se m con tato cortical. A lu xação da frat ura é desc rita co mo pos- sári as. Com o resultado, alguns desafi aram o conceito de tra ta-
tero m edi al o u pos terol ateral. As fr aturas do tipo I nã o desviad a m ento de em ergência, não infor mand o di fe rença no trata mento de
podem se r sa tisfatori am ente tra tadas com imobilização fec hada, emergência ( <8 horas) e tratamento urge nte (>8 ho ras, mas <24
co m gesso. As fraturas do tip o II são desviad as e d ifíce is de horas) sobre a necessidade para redu ção aberta, m aior tempo de
redu zir e pa ra m anter redu ção por m étod os incru entos, a m aio ri a intern ação, res ultad os insatisfatóri os ou co mplicações periope ra-
exige redu ção e pinagem. Como as fr aturas do tipo III são des- tórias (s índrome do co mpartimento, lesão do ner vo iatrogêni co,
viadas pos terom edi almente o u pos terol ateralmen te sem contato infecção do trajeto do pino) . O mau alinhamento precisa se r tem-
co rti cal, o periósteo pode es tar lesad o; a redu ção é difícil, e po rari am ente reduzido co mo um a emergência, co m tratamento
manter a redu ção é quase imposs ível se m alguma fo rm a d e defini tivo send o feito em menos de 24 horas.
fi xação interna (F ig. 36-63 ). As configurações do pino percutâneo incluem dois pinos cru -
Tentativas for am feitas pa ra relacionar várias medid as radio- zados, dois pi nos latera is (três pi nos late rais podem se r utilizados se
gráficas com redução adequada da fratura. O ân gul o de Baumann é a fratu ra fo r considerada instável co m ap enas dois pinos laterais),
o método mais citado de avaliar a redu ção da fratura e foi relatado dois pinos late rais "dive rge ntes" (Fig. 36-66) e do is pinos lateral-
qu e se relac iona bem com o ângul o fin al de carrega mento, não altera men te e um m edi aimente. Em nossa expe ri ência, bons resul tados
significativam ente a partir do tempo de redução inicial até acomp a- podem ser obtidos com RFPP na m aioria das fraturas supracondi-
nhamento fin al, e não é obsc urecido ou invalidado por fl exão do lares isoladas do tipo III. Normalmente preferimos a pinagem
co tovelo ou pronação. Embora vá rios m étodos de m edir esse ângulo medial e lateral para es tabilidade adicionada, mas se os marcos
tenh am sido utilizados, o ângulo de Baum ann norrn alrnente é con - ósseos não puderem ser apalpados por causa do edema ou se a lesão
siderado o ângulo formado pela intersecção de um a linha perpen - para o nervo uln ar com um pino medial for motivo de preocupação,
dicul ar ao longo do eixo do úm ero e a linha fisári a do côndilo lateral então, a pinagem lateral sozinha pode rá ser preferida.
(Fig. 36-64); valores normais vari am de 9 a 26 graus. Um a regra
co mum é qu e um ângulo de Baumann de pelo menos 10 graus é 1 LESÃO DO NERVO ULNAR
acei tável. O dano transitório ou pe rm anente ao nervo uln ar é raro após a
O utros ân gulos fo ram relatados como se ndo mais precisos do pinagem pe rcutânea e nor malmente se resolve de m odo espo ntâ-
que o ân gulo de Baumann em aproximar o verdadeiro ângulo de neo. Os m étod os relatad os para evitar a lesão do nervo uln ar
carregamento (ângulo do úm ero, uln ar e punho) e determin ar a durante a inse rção do pin o medi al incluem evitar a hiperflexão do
adequ ação da redução (ângul o metafisári o-diafisá rio) . cotovelo durante a inse rção do pino m edi al, utili zand o um a
Nessa fratura, o cúbito va lgo ca usa pouco problema, princi- pequ ena incisão sobre o epicô ndilo m edial e colocand o um gui a
palmente, porque o ângulo de ca rrega m ento é 5 a 7 graus de valgo de perfuração sobre o osso, através do qu al o fi o é inserid o. Os
fi siológico e nada mais do que isso é uma acentu ação do norm al. pinos devem ser angul ados superi orm ente em ce rca de 40 gra us e
Por outro lado, o cúbito varo produz urn a deformidad e estética, posteri orm ente em 10 gra us. Os pinos deve m continuar no có rtex
mas apenas raram ente qualquer limitação de movimento. Muitos opos to para fo rnecer fi xação sólida. Os pinos lisos são prefe ridos.
autores mos traram que a luxação p ura posterior causa po uca Alguns autores aconselharam colocar o pac iente em decúbito
defo rmidad e e, assim como a rotação hori zontal pura, porqu e a ventra l com o cotovelo flexio nado em vez de supin o. Rotin eira-
ro tação é adequadam ente comp ensada na articul ação do ombro. mente utilizam os a posição em supin o, no entanto, temos tentado
A incl inação coronal pode oco r re r com a abertura do as pecto a posição em decúbito ve nt ral, a qual te m acessibilidade m ais fác il
lateral d o local da fr atura, ca usa ndo a angul ação em um a posição para a colocação do pino, mas a ori entação dos fr agm entos co m o
va ro, ou co m impacto do lado medial d o local da fratu ra, resul - pac iente em dec úbito ve ntral é difícil m es mo qu and o o intensifi -
tando em cúbito varo (Fig. 36-65) . A rotação horizontal predi spõe cador de image m es tá se nd o utili zado. Utili za mos dois ou três
de inclinação coronal e um a combin ação de rotação hori zontal, pinos laterais e utilizam os um pino m edial apenas se a fr atura
inclinação co ronal e luxação posteri or pode res ultar em um a parece r instável intraopera toriamente.
deformid ade trid imensional de cúbito varo. RFP P tem a van tagem de fo rn ecer excelente estabilidade da
Ge ralm ente, a redução fechada e imobilização das fra turas fratura supracondiliana em qu alquer posição do cotovelo (F ig.
desviadas resultam em uma m enor porce ntagem de bons resultados 36-67). O resultado fin al é so mente tão bom quanto a redução
e um a ma ior porcentagem de co mplicações precoces e ta rdias em inicial. Se a frat ura não fo r satisfatoriamente red uzida e fo r mantida
co mparação com a tran sesqu eléti ca, pinage m percutânea e red ução em urna posição insatisfatóri a com pinos, o resultado será insatisfa-
ab erta; o tratamento com gesso é apro pri ado ape nas para fraturas tório, tal corno se nenhum a fixação do pino foss e utili zada. Embora
não desviadas. Os critérios para redução fec hada são fraturas de fácil 21% das fra turas tratadas desta maneira tenham um pequeno grau
redu ção, fra tura es tável, mín imo inchaço e nenhu m comp rometi - de cúbito varo residual, isso é pri nc ipalmente porque uma posição
mento vasc ular. ruim fo i aceita no mom ento da pinage m.
lllm) PARTE XI FRATURAS E LUXAÇÕ ES EM CRIANÇAS

Olijl!;@mt Fi xação interna da fratura supracondiliana. A e B, Fratura supracondiliana do tipo Ili gravemente desviada . C e D,
Redu çã o fechada e pinagem percutânea fo ram realizadas. E e F, Resultado final.
a

iâ[dllzjE?ID Mecanismo de inclinação coro nal. A, Impacto da


fratura media im ente . B, Incl inação do fragmento mediaimente.
h@lh@m l Ângulo de Baumann. a, Linh a média do eixo e
C, Rotação horizontal.
diáfise da linha média do úmero. b, Linha perpendicular à linha
média. e, Li nha através da fise do côndi lo lateral. Ângulo A é o
ângulo de Baumann original. VEJA A TÉCNICA 36-16.

H!dll;f41D Fixação das fra-


turas supracond il ares do úmero
pode ser feita com (A) dois pinos
cruzados ou (B) dois pinos laterais.

O!riii;@E!ID A, Fratura supracond il ar do úmero do tipo Ili com lesão vascu lar. B, Oclusão da artéria braquial com fratura supracon-
dilar do úmero.
PARTE XI FRATURAS E LUXAÇÕES EM CRIANÇAS

medial para identificar o epicôndi lo media l e nervo ulnar.


Insira um pin o med ial ao longo do loca l da fratu ra para
envolver o córtex latera l.
• Corte os pinos de fora da pele e dobre ou cubra as pontas
do pino.
Veja também, em inglês, o Vídeo 36-1.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Uma ta la de gesso lon go


posteri or ou gesso biva lvado é utilizada por 3 semanas.
A função dos nervos ulnar, radial e mediano e estado
vascu lar devem ser verificados após a anestesia. Os pinos
são removidos em 3 a 4 semanas, e outra tala posterior
é aplicada. Em 4 semanas, a ta la é removida, e os exercíoos
da amplitude de movimento ativos interm itentes são ini-
ciados em casa; eles podem ser ensinados pelo fisiotera-
peuta para a criança e o pa i, explicando que ª. criança
precisa rea lizar o seu próprio programa de amplitude de
H@i!;fyilElJ Fratu ra supracond ilar do úmero tipo fle xão. movimento ativo . O movimento passivo e o movimento
manipulador vigoroso devem ser evitados em uma criança.

REDUÇÃO FECHADft E
As fraturas do tipo flexão (Fig. 36-68) são responsáveis por 2% PINAGEM PERCUTANEA DA
a 3% de todas as fraturas supracondilares isoladas. Em fraturas com
flexão desviadas, as lesões do nervo ulnar são comuns, a redução é FRATURA SUPRACONDILAR
mais difícil, e os res ultados são piores do que nas fraturas de exten- (DOIS PINOS LATERAIS)
:--~~~~~~~~--.

são. A redução aberta e a pinagem percutânea são indicadas para


essas fraturas anteriormente desviadas se a redução fechada não for TÉCNICA
possível.
(MODIFICADA POR THOMETZ, E ARONSON E PRAGER)

•Posicione o paciente em decúbito dorsal, e utili ze ointen -


sificador de imagem pa ra determinar a direção do desvio
e o estado dos tecidos moles da extremidade lesionada.
REDUÇÃO FECHADft E •Deixe o antebraço em supin ação e pronação para tensio-
PINAGEM PERCUTANEA nar os tecidos moles lateral e medial das arti culações do
DA FRATURA SUPRACONDILAR tecido; flexione e estenda o cotovelo pa ra tensionar as
(PINOS CRUZADOS articulações posterior e anterio r.
•Para a fratura supracond iliana de fl exão rara com luxação
MEDIAL E LATERAL) anterior do fragmento dista l, estenda o cotovelo para
TÉCNICA ~ obter a redução fechada satisfatória.
~--~----~ •Para o tipo em extensão mais com um da fratura supra-
cond iliana, com contratração no úmero, apl ique a tração
•Coloque o paciente em decúbito ventral ou supino em
para o antebraço e examine a fratura com intensificad_?r
uma mesa de fratura, e prepare e estenda o cotovelo.
de imagem. Deixe o antebraço em supinação e pron.açao
Uma mesa de braço radiolucente ou o braço C pode ser
pa ra girar o fragmento distal de modo a corrig ir o alin ha-
utilizado para apoiar o cotovelo. Trace o triângu lo poste-
mento rotaciona l com o fragmento proximal. Manipule o
rior da articulação do cotovelo - os epicôndi los med ial
fragmento dista l de maneira semelhante para corrig ir a
e latera l e o olécrano.
luxação medial ou lateral . Apesa r de manter a tração e
•Reduza a fratura aplicando a tração long itudina l, esten -
rotação precisa do antebraço, flexione gentilmente o coto-
dendo a fratura e manipulando com os polegares para
velo. Coloque leve pressão no olécrano conforme o cotovelo
corrigir a inclinação latera l, impacto medial, ou luxação
está flexionado para corrigir a luxação posterior do frag-
posterior. Flexione o cotovelo para 90 a 100 graus. Veri -
mento dista l. Flexione de modo máximo o cotovelo e
fique a redução anteroposterior e lateral com o auxílio de
deixe o antebraço em pronação para tension ar as articu-
um intensificador de imagem.
lações do tecido mole posterior e medial . . .. _
• Insira um pino lateral ao longo do local da fratu ra e
•Confirme a redu ção anteroposteri or com 1ntens1f1caçao
envolva o córtex medial. Se a estabilidade adicional for
de imagem, visando o feixe através do antebraço e
necessária, insira um segundo ou terceiro pino lateral.
girando o úmero de med ial a latera l. Confi rme a redução
•Para fraturas com extrema instabil idade, um pino medial
lateral girando externamente o ombro para obter uma
pode ser útil. Após os dois pinos laterais serem inseridos,
vista latera l do cotovelo.
estenda o cotovelo a 45 graus de flexão. Faça uma incisão
CAPÍTULO 36 FRATURAS E LUXAÇÕ ES EM CRIANÇAS

sem contato co rtical e o periósteo completamente solto ou com um


fragmento da fratura "enru gando" ou até mesmo penetrando na pele
(fratura aberta), uma redução fechada satisfatória pode ser impos-
sível por causa da lesão vascular. Se após um a ou duas tentativas na
redução fechada com a criança sob anestesia geral, os fragmentos
não puderem ser reduzidos e mantidos por pinagem percutânea,
RAFI é indicada.
A manipulação deve ser evitada em fraturas desviadas do tipo III
posterolatera.is com déficit neurovascular se a evidência clínica indicar
que um fragmento da fratura tem se sobressaído através do músculo
braquial, pois o feixe neurovascular pode ser preso em um local da
fratura . Outras indicações para redução aberta incluem fraturas expos-
tas que exigem irrigação e desbridamento e fraturas complicadas por
lesão vascular. Possíveis complicações de redução aberta incluem infec-
ção, lesão vascular, miosite ossificante, formação excessiva do calo com
rigidez residual e amplitude de movimento diminuída.
Se RAFI for feita, deve se r realizada em caráter de urgência ( <8
horas) ou com urgência (:Q4 horas) ou depois que o inchaço dimi-
nuir, mas não depois de 5 dias da lesão, po rque a possibilidade de
miosite ossificante aparentemente aumenta após esse tempo. Prefe-
rimos uma abordagem anterior para lesões de extensão e uma abor-
A dagem posterior para lesões de flexão.
Vári os estudos relataram bons resultados, utilizando RAFI de fra-
turas gravemente desviadas que poderiam não ser reduzidas ou tinham
comprometimento vascular significativo. Eles também recomendaram
a fasciotomia ao mesmo tempo do reparo vascular. Embora raras, infec-
ções profundas, lesões do nervo, miosite ossificante, cúbito varo e movi-
mento limitado do cotovelo podem ocorrer.

ABORDAGEM ANTERIOR
~
TÉCNICA ---~~~~~~---'~
h@il;@EIID A, A deformidade rotac iona l e a luxação ava- •Se uma abordagem anterior precisar ser utilizada, faça
liada com inte nsifica ção de imag em; correção anatômica destas uma incisão transversal sobre o espaço antecubita l.
deformidades deve se r obtida antes que o cotove lo seja fi xa do. Desenvolva um plano entre o bíceps e tendões braquiais.
B, A posição precisa dos pinos assegura por intensificação de Libere a aponeurose do bíceps, protegendo a artéria bra-
imagem durante o procedimento. VEJA A TÉCNICA 36-16. quia l. Retraia o bíceps e músculo braqu ial mediaimente e
o braquiorradial latera lmente. Protej a o nervo radial e
•Mantenh a a redução ao realizar a pinagem percutânea artéria interóssea posterior.
fechada com intensificador de imagem a fim de verificar •Observe o fragmento supracondilar, e observe o seu ali-
que os dois pinos laterais envolvem ambos os fragmentos nhamento com o fragmento proximal. Utilize uma pequena
da fratura (Fig. 36-69). cureta para remover qualquer hematoma no local da
•Depois que os pinos são inseridos, estenda o cotovelo tão fratura. Observe quaisquer interdigitações nas extremida-
longe quanto possível se m curvar os pinos. Com o auxíli o des do osso e combinando-os, reduza a fratura.
da intensificador de imagem, verifique a estabilidade da •Utilize dois ou três pinos de Steinmann de um modo seme-
redução girando e sa lientando o cotovelo para determinar lhante ao descrito para pinagem percutânea. O intensifi -
se um terceiro pino (medial ou lateral) é necessário. cador de imagem simplifica a colocação do pino. Corte os
Compare o ângulo de carregamento com o da extremi- pinos para fora da pele para fácil remoção posterior.
dade normal e obtenha verdadeiras rad iog rafias antero- •Feche a incisão em camadas.
posteriores de ambos os antebraços para julgar a qualidade
de redução. Posicione cuidadosamente o braço com os CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Uma tala de gesso pos-
epicôndilos medial e lateral paralelos ao cassete. Direcione terior é aplicada, e o pulso radial e função neurológica são
o feixe de raios X para obter uma verd adeira vista antero- verificados após a anestesia. Os pinos são removidos em
posterior do úmero distal. Utilize o âng ulo de Baumann 3 a 4 semanas, e um programa de amplitude de movi-
para avaliar a qualidade de redução (Fig. 36-64) mento ativo é iniciado.

~ Veja também, em inglês, o Vídeo 36-1 .


• COMPLICAÇÕES PRECOCES
• REDUÇÃO ABERTA E FIXAÇÃO INTERNA 1 LESÃO DO NERVO
RAFI de fraturas supracond ilares isoladas é indicada quando a Há relatos de que o comprometim ento neurológico - n ormalmente
redução fechada é insatisfatória. Em uma fratura desviada do tipo III uma neurapraxia - ocorre em 3% a 22% dos pacientes com frat uras
@@(H:I PARTE XI FRATURAS E LUXAÇÕ ES EM CRIANÇAS

Flexor rad ial do carpo

O[riii;Hm:I A, Abordagem de Henry para o aspecto va lar do antebraço. B, Abordagem de Henry para compartimentos superficia l
e prof undo do antebraço.

supracondilares isoladas. Quaisquer dos nervos periféricos - agudamente flexionada) implica em interposição da artéria em um
mediano, interósseo anteri or, radial ou uln ar - podem ser danifi- local da fratura e requ er exploração cirúrgica.
cados, e lesões do nervo mistas foram relatadas.
Em urn a criança jovem, muitas vezes é difícil deter minar o 1 SÍNDROME DO COMPARTIMENTO
estado neurológico da extrem idade sup erior no pós-operatório. A sí ndrom e do compartimento é uma co mplicação incomum, mas
Descrevemos um sinal de "ajuda passiva" em que a criança ajuda a séria das frat uras supraco nd ilares isoladas. A síndrome do co m-
realizar a fun ção motora passiva da mão envolvida utilizando a mão partimento ocor re como resultado do dano hip óxico causado pela
co ntralateral. Esse teste é útil, porque mostra que a criança entend e inter rup ção da circulação para os músculos. Qualquer evidência
o co mand o (pedido) e qu e o movimento da parte não é doloroso de síndrome do compartimento requer co nsulta vascular, medidas
(sem um a síndrome do compart imento), mas qu e a criança não de pressão do compartimento e fasciotomia . Em crian ças co m
pode realizar a extensão ou flexão ativa da mão. Quando esse sinal fraturas sup racondilares isoladas, as pressões no comp artim ento
é observado, ele deve ser um alerta de que um déficit do nervo pode anterior fo ram encontradas sendo basta nte elevadas em compara-
estar presente. A indicação absoluta para exploração é a disfun ção ção com as pressões em outros compartimentos. As pressões foram
do nervo mediano, ulnar ou radial após a cirurgia quando a fun ção signifi cativamente maiores m ais perto do co tovelo dentro de cada
estava normal antes da cirurgia. compartim ento. A redução da fratura não teve um efeito imedi ato
O retorno completo da função do nervo é hab itual, embora consistente sobre as pressões. O efeito da flexão do cotovelo nas
isso possa exigir vários meses. Alguns autores recomendam a explo- pressões de pós-redução também foi avaliado; flexão além de 90
ração cirúrgica se a função do nervo não tiver retornado em 6 a 8 gra us produziu elevação significativa da pressão e deve se r evitada.
semanas de redução, enquanto outros recomendam permitir um A fasciotornia é recomendada na presença de sinais clínicos de
mínimo de 2 a 4 meses para resolução. As para lisias contínuas do síndrom e do compartimento, como dor desproporcional e um a
nervo após a fratura podem indicar a comp ressão do nervo em um firm eza palpável no antebraço. Wilkins des tacou qu e a morbide z
calo da frat ura. causada pela fascioto mia é mínima, enquanto a causada por uma
síndrome do co mpartim ento não tratada é muito m aior. As indi-
1 LESÃO DA ARTÉRIA BRAQUIAL cações gerais para fascio tom ia são (1) dor com movimento passivo,
A lesão da artéria braquial ocorre em aproximadamente 10% dos (2) dor desproporcio nal para a lesão, (3) sinais clínicos com o perda
pacientes com fraturas supracondilares isoladas. Muitas vezes o pro- motora ou sensori al demonstrável, (4) pressões do compartimento
blema é corrigido depois que a fratura fo i reduzida e a circulação maiores do que 35 mmHg (técnica do cateter de fenda ou mecha)
retorna ao normal. Muitas vezes a mão fica rosa e viável com pulsos ou maior do que 40 mmHg (técnica da agulha), e (5) circulação
ausentes, e a observação é necessária. Uma mão sem pulso, pálida e arterial interrupta para a extremid ade m aior do que 4 horas. Inú -
fria é uma indicação para exploração. A maioria dos autores reco- meras técnicas foram defendidas para a fasc iotomia do antebraço,
menda observação rigorosa do estado vasc ular após a redução; se a m as a abordagem padrão de Henry (Fig. 36-70) é utili zada com
circulação não retornar ao normal (com o co tovelo flexionado para m ais frequência.
<45 graus) em cerca de 5 minutos, recomenda-se consulta com um
cirurgião vascular, e a exploração cirúrgica da artéria braquial • COMPLICAÇÕES TAR DIAS
pode ser necessária. Além dos si nais clínicos de enchimento capilar O cúbito varo é a deformidade angular mais comum que resulta das
e pulso, as medidas Doppler fo ram recomendadas para avaliar a fraturas supracondilares isoladas em crianças. O cúbito valgo, embora
circulação após a redução. As crianças com um a mão bem perfun - mencio nado na literatura corn o causador da paralisia do nervo ulnar
d ida, m as um pulso radial ausente após a redução fechada satisfa- tardia, raramente ocorre e é na maioria das vezes causado por pseu-
tória, não exigem exploração de rot ina da artéria braquial. doartrose de fraturas laterais do côndilo individuais. Como o ângulo
Excepcionalmente a dor isquêmica grave após a redução é um a de carregamento normalm ente aLUnenta desde a infância até a vida
indicação de problemas vasculares. O desaparecimento do pulso ad ulta, um aumento em valgo não é tão esteticamente notável quanto
radial com tentativas de redução da fratu ra (não em um a posição uma inversão completa para uma posição em varo.
CAPÍTULO 36 FRATURAS E LUXAÇÕES EM CRIANÇAS l§t.ijM

--

H@ihtjEmt A osteotomia tridimensional para correção da deformidade de cúbito varo. A inclinação medial e posterior é corrigida.
Após a osteotomia, o fragmento distal é compactado com fragmento proximal, adicionando rotação externa utilizando cunha do córtex
do úmero. O enxerto ósseo é adicionado, se necessário. (De Uchida Y, Ogata K, Sugioka Y: A new three-dimensional osteotomy for cub itus
varus deformity after supracondylar fracture of the humerus in chi ldren, J Pediatr Orthop 11 :327, 1991.)

Várias causas para cúbito varo foram sugeridas. A luxação a mais estável. A diferença primária nos tipos de osteotomias de
medial e rotação do fragmento distal foram citadas na maioria das cunha de fechamento lateral são os métodos de fixação, que incluem
vezes, mas os estudos experimentais mostraram que a inclinação o uso de dois parafusos e um fio anexado entre eles, fixação com
em varo do fragmento distal foi a causa mais importante da alte- placa, fixação com compressão, fios cruzados de Kirschner e
ração no ângul o de carregamento. Outras causas sugeridas grampos. A osteotomia supracondilar para cúbito varo deve ser
incluem inclinação em varo do fragmento distal e perturbação do visualizada como um procedimento reconstrutivo e não como
crescimento no úmero distal, especialmente crescimento exces- gerenciamento da fratura. A fixação utilizada pode ser ajustada com
sivo do côndilo lateral. A osteonecrose e crescimento tardio da a idade da criança e o grau de deformidade (Fig. 36-72). Uma com-
tróclea, com crescimento excessivo relativo da lateral normal da binação de parafusos e fios de Kirschner pode ser necessária para os
epífise do úmero distal, são causas raras de deformidade de pacientes mais jovens, enquanto a fixação com placa e parafuso é
cúbito varo progressiva após a fratura supracondiliana. Essa anor- mais apropriada para os adolescentes.
malidade de crescimento progressivo não pode ser prevenida por DeRosa e Graziano relataram bons resultados com w1rn técnica
estabilização do fragmento distal, porque provavelmente está rela- de osteotomia escalonada fixada com wn único parafuso cortical (Fig.
cionada com a lesão para o fornecimento de sangue da tróclea no 36-73). Eles não relataram as lesões do nervo ulnar ou radial, infec-
momento da fratura. ções, pseudoartroses ou cicatrizes hipertróficas, e todos os pacientes
Fraturas do côndilo lateral isoladas após fraturas supracondila- mantiveram amplitude de movimento no pré-operatório. Eles conclu-
res isoladas com consolidação viciosa do úmero com subsequente íram que essa osteotomia com fixação com único parafuso é um
deformidade de cúbito varo foram atribuídas para o momento torsio- procedimento seguro que pode corrigir múltiplos planos de deformi-
nal e a força de cisalhamento gerada em toda a fise capitelar através dade, mas eles enfatizaram a importância do planejamento pré-ope-
de uma queda que é aumentada com mau alinhamento varo, suge- ratório e atenção especial para detalhe cirúrgico.
rindo que o cúbito varo pós-traumático pode predispor uma criança Se uma osteotomia mais extensiva for necessária, Kim et ai.
a subsequente fratura do côndilo lateral e que essa deformidade deve recomendaram o uso de uma simples osteotomia escalonada e a
ser visualizada melhor do que um problema estético. fixação com uma placa no úmero em forma de Y para firme fixação
O mau alinhamento rotacional pode ocorrer, mas não é uma que permite o movimento precoce da articulação. Eles trataram o
deformidade significativa. A má rotação do úmero distal é compen- cúbito varo ou valgo secundário para fraturas supracondilares ou
sada para um grande grau por movimento da articulação do ombro. côndilo lateral isoladas em crianças mais velhas e adultos jovens com
Como resultado, o componente rotacional em deformidades de esse método e obtiveram bons resultados clínicos (Fig. 36-74).
cúbito varo é de pouca consequência e tudo o que é necessário para
correção da deformidade de cúbito varo é uma osteotomia em cunha
de fechamento lateral. Ocasionalmente, uma deformidade de hipe-
rextensão requer a adição de um componente de flexão. OSTEOTOMIA EM CUNHA DE
Três tipos de osteotomias foram descritos: uma osteotomia em FECHAMENTO LATERAL
cunha de abertura medial com um enxerto ósseo, uma osteotomia
~
oblíqua com redução de rotação e uma osteotomia em cunha de TÉCNICA ~~~~~~~~~~
fechamento lateral. Uchida et ai. descreveram uma osteotomia tri-
dimensional para correção da deformidade de cúbito varo, em que (VOSS ET AL.)
a inclinação medial e posterior e rotação do fragmento distal podem
ser corrigidas se necessário (Fig. 36-71). •Após a preparação padrão e o torniquete inflado, apro-
Em nossa experiência, uma osteotomia em cunha de fecha- xime o cotovelo através de um incisão lateral. )
mento lateral é a osteotomia mais fácil, mais segura e inerentemente
PARTE XI FRATURAS E LUXAÇ ÕES EM CRIANÇAS

O@ii;tjl?m A e B, A deformidade de cúbito varo do cotovelo esquerdo. C, Após a osteotomia e fixação


do parafuso.

1
1
•Enfraqueça o córtex medial utilizando uma broca e uma
1
1
pinça. Apl ique uma tensão valgo para completar a oste-
1 otomia com o antebraço em pronação e o cotovelo
1
1 flexionado.
1
1 • Feche a osteotomia, e avance os fios de Kirschner a partir do
1
côndilo lateral no córtex medial do fragmento proximal.
•Deixe os fios enterrados sob a pele. Um terceiro fio pode
,,
~

,,,,
ser utilizado se necessário pa ra estabilidade.
•Feche a ferida em planos, e imobi lize o braço em 90 graus
1 de flexão e tota l pronação.
1
I 1
I 1
I 1 CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Os fios são removidos
I 1
em cerca de 6 semanas após a cirurgia, e um programa
11 0~
de amplitude de movi mento é iniciado.

'!-
A B

O@il;§iE'Im A, Osteotomia designada para corrigir a defor-


midade de cúb ito varo de 13 graus. O fragmento d istal pode ser OSTEOTOMJA OBLÍQUA
g irado para corrigir a deformidade adiciona l. B, Após a remoção e DERROTATORIA
fechamento da cunha, o parafuso é utilizado para a fi xação. (Rede-
senha do de DeRosa GP, Graziano GP: A new osteotomy for cubitus varus,
Clin Orthop Relat Res 236 160, 1988.) VEJA A TÉCNICA 36-20.
TÉCNICA
(AMSPACHER E MESSENBAUGH)
------------'~
•Com o paciente em decúbito ventral e um torniquete
pneumático no local, exponha o cotovelo posteriormente
•Com orientação fluoroscópica, insira dois fios de Kirs- através de uma incisão long itudinal que modela uma
) chner no côndilo lateral antes da osteotomia e avance-os língua da fáscia do tríceps e divide o músculo do tríceps
imediatamente distal ao corte distal planejado. Esteja pre- de acordo com suas fibras (Técnica 1-92) Exponha subpe-
parado para avançar proximalmente após a osteotomia riostea lmente a parte supracondi lar do úmero, prote-
da cunha de fech amento ter sido feita. gendo os nervos radia l e ulnar na periferia da ferida.
•Faça uma osteotomia em cunha de fechamento lateral- •Utilize uma serra oscilante para fazer uma osteotomia
mente, deixando o córtex med ial intacto. oblíqua de cerca 3,8 cm proximal à extremidade distal do
CAPÍTULO 36 FRATURAS E LUXAÇÕ ES EM CRIANÇAS 1§11@

H!§il;t.)Eml Osteotom ia de trans lação de corte escalonado. A, Após o ângulo do úmero, do cotove lo e do pu lso ser determ inado
na radiografia anteroposterior, a linha da osteotomia in icia l transversal é fe ita 0,5 a 1,0 cm superior à fossa do olécrano e perpendicular
ao eixo do úmero. Área tr iangu lar ind ica a área a ser ressecada . B e C, Cúbito varo é corrigido girando o fragmento d ist al e fazendo
a translação media imente após completar a osteotomia inicial transversal. A sobreposição triangu lar das porções do úmero proxima l
e dista l significa que a ressecção é indicada . Para cúbito varo, o grau de correção aumenta conforme a loca lização de ápice se move
mediaimente. D e E, Cúb ito va lgo é corrig ido g irando a parte distal do úmero mediaimente e faze ndo a translação latera lmente de
acordo com o formato anatômico do cotovelo normal. F, Fixação do local da osteotomia. (De Kim HT, Lee JS, Yoo CI: Management of
cubitus varus and va lgus, J Bane Joint Surg 87 A: 771 , 2005.) VEJA A TÉCNICA 36-21.

úmero, direcionando-a de superoposterior para anteroin-


ferior posteriormente; complete-a anteriormente com um
OSTEOTOMIA ESCALONADA
osteótomo . Incline e gire o fragmento distal até que a TÉCNICA
rotação interna e o cúbito varo sejam corrigidos
•Com os fragmentos em posição adequada, fixe-os com (DEROSA E GRAZIANO)
um parafuso inserido através do meio da osteotomia.
•Com o paciente em decúbito ventra l e um torniquete
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O braço é imobilizado inflado, faça uma abordagem posterior para o úmero
em uma tala ou gesso de longo até que a consolidação distal (Técnica 1-92), e afaste o tendão do tríceps, prote-
seja sólida em 4 a 6 semanas. gendo os nervos ulnar e radial. )
MHf» PARTE XI FRATURAS E LUXAÇÕES EM CRIANÇAS

•Utilizando um modelo construído no modo pré-opera - • Em pacientes com cúbito varo, mova a borda lateral do
)
tório, faça uma osteotomia em cunha de fechamento fragmento distal no ápice do local da osteotomia proximal
lateral na regi ão metafisária superior para a fossa do e aumente o grau de correção conforme o ápice é movido
olécrano. Co loque o ápice do modelo (ângu lo a ser med iaimente. Em pacientes com cúbito va lgo, mova a
corrigido) media imente com a margem superior perpen- borda medial do fragmento distal no ápice do local da
dicu lar ao eixo do úmero. Junte a margem inferior à osteotomia proxima l. O grau de correção aumenta con-
margem superior para delinear a osteotomia (Fig. 36-73A). fo rm e o ápice é movido latera lmente (Fig. 36-74D e E)
Remova uma osteotomia em cunha, de ixando um pico • Uma contratura em flexão ou deformidade rotacional
latera l do osso no fragmento dista l. Alguma porção da requer correção durante a mesma operação imediata-
parte lateral do fragmento proximal pode se r necessária mente após a osteotomia corona l. Osteotom ize um frag-
para aproximação da osteotomia. mento de osso a partir da parte posterior da parte
•Fixe temporariamente a osteotom ia com fios de Kirschner proximal do úmero em forma de V do úmero . Corrij a a
cruzados, e examine o braço para qualquer deformidade rotação quando o ângulo de rota ção diferir em 1O graus
restante. Se necessário, corrija o mau alinhamento rota - do lado normal. Gire a parte dista l do úmero externa-
cional e a deform idade da hiperextensão. Insira um para- mente de acordo com a quantidade determinada durante
fuso cortica l como um parafuso interfragmentário através o exa me físico no pré-operatório.
do pico lateral no fragmento proxima l, e remova os fios •Após a correção inicia l, ainda pode haver algum espaço
de Kirschner (Fig. 36-73B) . para rotação do fragmento distal. Para correção rotacio-
• Feche a ferida de forma rotineira, e aplique um gesso nal, corte porções da parte distal do úmero a f im de
longo com o cotovelo em ligeira flexão e o antebraço em ajustar a parte proximal em forma de V do úmero e
tota l supinação. fornecer uma superfície lisa para colocação da placa.
Molde a placa para o formato do osso.
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O gesso é removido em •Após a correção da deformidade, temporariamente util ize
4 semanas, e exercícios ativos da amplitude de movi - os fios de Kirschner para f ixação. Tome cuidado para
mento são ini ciados. Uma órtese posterior é utilizada pa ra prevenir a lesão do nervo ulnar. Dobre ambos os braços
proteção entre os períodos de exercício até a consolida- da placa de aço inoxidável em forma de Y (Stryker,
ção ser obtida. Selzach, Suíça) para os contornos naturais do osso.
Apli que três pa rafu sos proximalmente de 3,5 mm e cinco
parafusos distalmente (Fig. 36-74F). Em pacientes com
cúbito varo, apli que dois parafusos no cônd ilo medial e
OSTEOTOMIA DE TRANSLAÇÃO t rês parafusos no côndilo lateral; o inverso é feito em
ESCALONADA COM UMA PLACA DE pacientes com cúbito va lgo.
ÚMERO EM FORMATO DE Y •Em pacientes com cúb ito valgo resultante de pseudoar-
trose do cônd ilo lateral, remova o tecido fibroso hipertró-
TÉCNICA
(KIM ET AL.)
EBm~----~ fico seguido pela decorticação do osso e a ad ição de um
enxerto em forma de cun ha.
• Após a fixação, retire as protrusões residuais dos côndi los
medial e lateral com uma serra elétrica e util ize esses frag-
•Coloque o paciente em decúbito dorsal, e verifique o mentos de osso para os enxertos ósseos complementares.
ângu lo de carregamento de ambos os cotovelos. Flexione
o ombro para 90 graus, e gire-o internamente 90 graus. CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O braço é protegido com
Flexione o cotovelo para 90 graus. uma tala longa removível, cinta ou gesso com o cotovelo
•Através de uma abordagem posterior, faça uma incisão em 45 a 60 graus de flexão e o antebraço em rotação
longitudinal na pele de 7 a 8 cm sobre a porção posterior neutra. Os exercícios ativos de amplit ude de movimento
do úmero. Faça a dissecção do tecido mole, e exponha o são iniciados 2 a 3 semanas após a operação. Quando há
nervo ulnar. Em pacientes com paral isia do nervo ulnar, uma contratura da flexão do cotovelo, os exercícios passi-
rea lize uma transposição subcutânea anterior do nervo. vos da amplitude de movimento assistida são implemen-
Divida o tend ão do tríceps, e seccione o aspecto posterior tados em 5 ou 6 semanas no pós-operatório.
da cápsula para melhor exposição dos côndilos medial e
latera l.
•A osteotomia básica de translação escalonada utilizada é
uma osteotom ia un iplanar que corrige as deformidades
apenas no plano coronal . Rea lize a osteotomia inicial de SEP~RAÇÃO DE TODA A EPÍFISE DISTAL
0,5 cm superior à fossa do olécrano, perpend icu lar ao DO UMERO
eixo do úmero, com uma serra elétrica e uma lâmina de
6 ou 9 mm de largura (dependendo do tamanho do osso Em crianças jovens, tod a a epífise do úmero distal pode se separar
a ser osteotomizado). Coloque o modelo triangular do úmero na mesma área em que as fraturas supracondilares isola-
(virado com a face para baixo por causa da abordagem das ocorrem em crianças mais velhas. Embora essa área seja mais
posterior) sobre a porção proximal do úmero, e marque espessa em crianças jovens, ela é mais fraca porque é carti lagem
a área que ele cobriu com uma caneta cirúrgica. Osteo- fisária (Fig. 36-75). DeLee et ai. classificaram essas separações em
tomi ze a parte proximal do úmero de acordo com a linha três grupos com base na idade da criança e o grau de ossificação da
desenhada (Fig. 36-74A-C) epífise do côndilo lateral. As fraturas do grupo A são vistas em
crianças antes do centro de ossificação secundário do côndilo lateral
CAPÍTULO 36 FRATURAS E LUXAÇÕ ES EM CRIANÇAS iUfM

iâ[dl@Hl'!ID Linhas horizontais tracejadas indicam a área


proximal, onde a fratura supracondiliana ocorre, e a área distal,
onde a separação da fratura fisária ocorre em maior parte do
úmero distal no grupo etário mais jovem.

HfijlJ;J4Eiflil Luxação transfisá ria em um recém-nascido.

distal nesta separação de frat ura epifisária (Fig. 36-77). Se essa


relação, normalmente posteromedial, for vista e ficar equidistante,
A B e D o diagnóstico de separação de toda a epífise do úmero distal deve
ser considerado. Em crianças mais velhas em que a epífise lateral é
H[ijil;J4EIIZlt Lesões do cotovelo que podem ser confundidas ossificada, um a relação constante é mantida entre a epífise visível e
clinicamente . A, Cotovelo normal antes de três centros de ossifi- a cabeça radial. Se um desvio sign ificativo, angulação ou rotação
cação. B, Separação de toda a epífise do úmero distal. C, Luxação estiver presente, a redução aberta ou fechada e a pinagem percutânea
do cotovelo. D, Fratura do côndilo lateral. podem ser indicadas.
A artrografia ou RM é mais precisa do que a radiografia padrão
no diagnóstico de algumas lesões do cotovelo em crianças jovens,
porque os centros de ossificação cartilaginosa podem não ser visíveis
nas radiografias; isso é especialmente verdadeiro em crianças jovens
aparecer. Essas fraturas normalmente são lesões fisárias de Salter em que o núcleo de ossificação do capítulo não está presente. Como
-Harris do tipo I. Por causa da falta de ossificação da epífise, elas são procedimentos não invasivos, a ultrassonografia e a RM estão
podem ser confundidas com luxações do cotovelo. De acordo com agora sendo utilizadas para identificar fragme ntos não ossificados
Barrett et ai. e outros, essas fraturas podem ocorrer como um a lesão da fratura e estabelecer o diagnóstico. Essa separação fisária está
no nascimento ou em recém-nascidos, mas mais importante, podem incluída aqui para enfatizar que RAFI não é sempre necessária
ser causadas nesse grupo de idade por abuso de menores. As fra- porque a separação é uma fratura de Salter-Harris do tipo I ou II e
turas do grupo B ocorrem em crianças de 1 a 3 anos de idade, remodelaria conforme ela está no plano de flexão e extensão do
quando o centro de ossificação da epífise do cõndilo lateral está cotovelo. A maioria dessas fraturas remodela sem deformidade
definitivamente presente, e podem ser fraturas de Salter-Harris do residual, e RAFI pode ser fe ita desnecessariamente, porque essas
tipo 1 ou II. As fraturas do grupo C ocorrem em crianças mais lesões são confundidas com fraturas supracondilares ou laterais
velhas e produzem um grande fragmento metafisário, deslocado individuais do cõndilo. Se houver dúvida sobre uma fratura, RFPP
mais lateralmente, mas possivelmente medial ou posteriormente. As poderá ser feito.
fraturas dos grupos A e B quase sempre são desviadas medial ou Em uma criança pequena, um a fratura do grupo A normal-
posteromedialmente. mente pode ser reduzida de modo satisfatório e imobilizada em uma
Embora a separação de toda a epífise seja rara, ela deve ser tala de gesso posterior. Em uma criança mais velha com uma fratura
diferenciada de uma luxação do cotovelo em recém-nascidos e de do grupo C, as recomendações do tratamento incluem redução
uma fratura do cõndilo lateral em crianças mais velhas, que normal- fechada com o paciente sob anestesia geral e imobilização por gesso.
mente é urna separação epifisária de Salter-Harris do tipo IV (Fig. Se a fratura for desviada mediaimente, uma posição em pronação
36-76). Essa separação completa normalmente é uma fratura de provavelmente deverá ser utilizada após redução. Após a redução
Salter-Harris do tipo II e pode ser tratada como um a fratura supra- satisfatória, um gesso longo ou uma tala de gesso posterior deve ser
condilar do úmero. Radiograficamente, a cabeça radial e a ulna aplicado se a separação estiver estável. Se a fratura for instável após
proximal são desviadas como uma unidade em relação ao úmero a redução fechada satisfatória, pinos lisos podem ser utilizados para
MHG• PARTE XI FRATURAS E LU XAÇÕ ES EM CRIANÇAS

O@il;@II!ll!t Fratura diafisária proximal do úmero. A e B, Fratura gravemente desviada não envo lvendo a fise. C e D, Boa remode-
lagem de fratura com amplitude de movimento satisfatória após má redução.

estabili za r a fratura, similar ao tratamento para fraturas sup racon- fixação interna da fratura, mesmo em crian ças, são indicadas em
dilares isoladas, para prevenir as complicações como consolidação adultos (Capítulo 57).
viciosa e pseudoartrose (ver Redução Fechada e Pinagem Percutâ- Embora a metáfise proximal ocasionalmente seja fraturada
nea Precoce). Como essa é uma fratura de Salter-Harris do tipo I ou (Fig. 36-78), as fraturas do úmero proximal são normalmente fisá-
II com alguma remodelagem potencial, a RAF I é indicada somente rias, as lesões, em geral, são mais de Salter-Harris do tipo II. As
em fraturas com grave luxação que não pode ser reduzida e mantida fraturas de Salter-Harris do tipo I ocorrem, mas são mais comuns
por métodos fechados. Em geral, as frat uras posteriormente desvia- em crianças mais jovens, enquanto as fraturas dos tipos III e IV são
das são reduzidas através de uma incisão anterior. raras (Fig. 36-79). Uma grave fratura ou lesão fisária em uma criança
jovem deve levantar suspeita de abuso de menores. Neer e Horowitz
class ificaram as fraturas envolvendo a fise do úm ero proximal de
FRATURAS DA DIÁFISE E acordo com a quantidade de luxação. Uma fratura de grau I é
EXTREMIDADE PROXIMAL desviada menos de 5 mm , enquanto uma fratura de grau IV
envolve o desvio total. As fraturas de Salter- Harris dos tipos I e II
DO ÚMERO do úmero proximal raramente exigem tratamento cirúrgico (Fig.
36-80). Em nossa experiência, se um a frat ura for gravemente des-
As fraturas da diáfise do úmero em crianças quase sempre consoli- viada, RFPP com o auxí lio de um intensificador de imagem é
dam; se forem tratadas com um a pinça de con feteiro, encurtamento, indi cado. A redução abe rta é indicada se o fragmento distal estiver
angulação e deformidade rotacional são mínimos, e a redução aberta completamente saliente através do músculo deltoide, es tiver coli -
quase nun ca é indicada. Ocasionalmente, em uma fratura na junção dindo co nt ra a pele e não puder ser reposicionado por métodos
dos terços médio e distal, o nervo radial intacto, mas a sua função fechados. A redução aberta deve ser feita por me io de uma curta
desaparece após imobilização ou colocação das talas. Essa perda de abordage m de divisão do deltoide, tornando cuidado para não dan i-
fun ção deve alertar o cirurgião de que o nervo está provavelmente ficar o nervo auxiliar. A diáfise será reduzida através da divisão do
aprisionado entre os fragmentos da fratura; exploração do nervo e músculo deltoide, e a fratura será fixada percutaneamente.
CAPÍTULO 36 FRATURAS E LUXAÇÕ ES EM CRIANÇAS

REDUÇÃO FECHADA E)MOBILIZAÇÃO


OU PINAGEM PERCUTANEA
~
TÉCNICA --~~~~~~-.1~
•Pos icione o paciente para permit ir as image ns anteropos-
terior e auxil iar do ombro lesiona do. Prepare e campe ie
o paciente de forma estéril.
li Ili IV •Manipu le o fragmento dista l em ligeira rotação externa,
90 graus de flexão e 70 graus de abdução, utilizando o
O@il;hi&ml Classificação de Salter-Harr is das lesões fisárias intensificador de imagem . Isso traz os fragmentos em
do úmero proximal. Os tipos 1 e li são extremamente comuns; os conjunto de forma satisfatória. Essa manobra deve
ti pos Ili e IV são muito raros. empurrar a parte superior do eixo de volta através do
músculo deltoide e periósteo anterior e corrigir a angu la-
ção anterior. Tenha um assistente apoiando o fragmento
proximal para ajudar a alcançar e manter a redu ção .
• Perfure dois pinos lisos de Steinmann através do eixo
lateral em uma di reção proxim al na cabeça do úmero de
modo a manter a redução. Corte os pinos aba ixo da pele
que devem ser removidos em 4 a 6 sema nas, e imobi lize
o braço em uma tipoia.

"\
\

\ 1
1
1
1
1
1
1
1
1
1 1 A redução aberta tam bém pode ser indi cada para (1) as raras
1 1
1 1 fraturas desviadas de Salter-Harr is do tipo III e IV, (2) interposição
1 1
1
1
1 do tendão do bíceps em um local da fratura em um adolescente, (3)
1
1 fraturas-luxações (F ig. 36-8 1) e (4) fraturas abe rtas. RAFI de fraturas
de Salter-Har ri s do tipo III ou IV e interposição do bíceps e fratu -
O@ih@mI!) Remodelag em potencial da fratura fisária do ras-luxações são simila res aos procedimentos cirúrgicos necessários
úmero proximal por causa da margem do periósteo . para fratura s Teer do tipo III ou IV em ad ultos (Capítulo 57).

O!ijll;@mD A, Lu xação irredutíve l da fratura de Salter-Harris do t ipo li do úmero proximal em um men ino com 15 anos de idade.
B, Após a redu çã o aberta e fixação do parafuso.
~ PARTE XI FRATURAS E LUXAÇÕ ES EM CRIANÇAS

t~
uma fratura não reconhecida da extrem idade distal da clavícula
ocorre, com os ligamen tos acrom ioclaviculares e coracoclav icula-
res per manecendo intactos e anexados ao tu bo periosteal vazio ou
ao fragmento mais distal. Em cri anças e adolesce ntes de até 15 anos
de idade, as luxações acromioclaviculares dos tipos I, II e III,
m es mo co m a fratu ra do terço distal d a clavícula, podem se r tra-
tadas por meios conse rva dores. Em pacientes co m idade sup eri o r
a 15 anos, as lesões do tipo III podem exigir cirurgia. RAFI deve
se r considerada para fr aturas ace ntuadamente desviadas dos tipos
Tipo 1
IV e V (Capítulo 57).
Em luxações acromioclaviculares dos tipos IV e V, é impo r-
tante separar a clavícula distal do trapézio e músculos deltoide. Se
isso não fo r bem-sucedido por meios fechados, a cirurgia é indicada
para remover a clavícula dos múscul os e colocá-la no tubo perios-
teal. O tubo periosteal deve ser reparado, e a fásc ia do músc ulo
deltoide- trapézio deve se r imbricada superiormente sobre a claví-
cula. Se o reparo for instável, a fixação interna é necessária, como
em adultos, por fi xação acromioclavicular ou co racoclavicular, con-
fo rm e descrito no Capítulo 57.
Tipo Ili

FRATURAS E LUXAÇÕES DA
CLAVÍCULA
As frat uras da clavícul a podem se r class ifi cadas onde oco rre nos
terços d istal, médio e proxi mal (m edi al). As fr aturas do terço
distal d a clavícula cicatri zam satisfato riam ente sem tratam ento
cirúrgico porque o tubo p erios tea l pe rm anece intacto no local da
fr atura . O s ligam entos an exos ta mb ém perm anecem intactos. A
remodelagem da fratura ocorre ao longo do tubo periosteal intacto
(Fig. 36-83). Alguns autores afirm am que quando os ligamentos
Tipo V
coracoclaviculares de apoio são rompidos, as fraturas da clavícula
distal em adultos exige m cirurgia para reduzir e alinhar um a fra tu ra
H@ihhiEI!ID Cinco t ipos de separaçã o acrom ioclavicular ocor- adequadamente. Po r causa do tubo periosteal, a fratura da clavícula
rendo em crianças (ver texto) . Os liga me ntos acromioclav iculares distal em crianças jove ns não é an áloga àquela em adultos, e a ciru r-
e coracoclaviculares são anexad os ao tubo periosteal, embora a gia é des necessária.
extremidade distal da clavícula seja sign ificativamente desv iada A redução aberta foi recomendada para cosmese se a luxação do
em t ipos Ili, IV e V.
fragmento metafisário central resultar em encurtamento da clavícul a e
deformidade do ombro. Se a cirurgia é indicada em um adolescente
mais velho, o tratamento cirúrgico é como descrito no Capítulo 57.
LUXAÇÕES As fraturas do terço médi o da clavícul a raramente exigem
tratamento cirúrgico. A cirurgia é reservad a para grave desvio co m
ACROMIOCLAVICULARES encu rtamento, perd a de elasticidade da pele, ou uma lesão em
"omb ro flu tuante". A redução aberta norm almente é evitada porqu e
Dameron, Reibel e Rockwood descreveram ci nco tipos de lesões parece aum entar as incidências do retardo de consolidação e pseu-
acromioclaviculares em cri anças (Fig. 36-82) . Um a lesão do tipo I é doartrose. Se a fra tura estiver provocando a perda de elasticidade da
um a contusão da articulação não suficie nte para romper os ligamen- pele, ela pode ser reduzida abaixo do trapézio com um clipe de
tos acrom ioclavicula res ou coracoclaviculares. Uma lesão do tip o II toalha com o paciente sob anestesia geral ou local. As fra turas da
danifica os ligamentos acromioclaviculares, mas não os ligamentos clavícula em crianças não devem ser confun didas co m pse udartrose
coracoclavicul ares; uma lesão da margem do periósteo também congênita da clavícula (Capítulo 31).
ocorre. Em uma lesão do tipo III, o ligamento acromioclavicul ar é Além do desbridamento de uma fratura aberta, as únicas indi -
completamente rompido, m as os ligamentos co racoclaviculares cações para cirurgia em um a fratura clavicular do ei..xo médi o em
ficam intac tos, porque ainda estão anexados ao periósteo. A claví- um a criança são uma lesão vascular compli cando a fra tura, que deve
cula é instável e é desviada superi orm ente através da margem peri os- ser tratada com o emergência vasc ul ar, e um a pse udoartrose estabe-
teal (pseudodesvio). Um a lesão do tipo IV é idêntica ao tip o III, lecida causada por trauma.
exceto que, além de ser desviada superiormente, a clavícula é des- As fraturas do te rço proximal ou medial da clavícula são di fí -
viada posteriormente. A lesão do tipo V é grave; os ligamentos ceis de diagnosticar. A radiografia em inclinação cefálica em 45
acro mi oclaviculares são interrom pidos, e embora os ligamentos graus é útil em diferenciar entre uma luxação da articulação este r-
coracoclavicul ares ainda estejam anexados à margem periosteal, a noclavicul ar, que raramente oco rre em crianças, e uma fratura de
clavícula está agora instável e sua extremidade lateral está interposta Salter-Harris do tipo I ou II da fi se clavicular proximal, qu e é
no trapézio e músculos deltoides ou está locali zada sob a pele no co mum . A fi se medi al da clav ícul a normalmente não se fun de até a
aspecto posterior do ombro. Em muitos desvios dos tipos III, IV e V, idade de 20 a 24 an os, e a m aioria das lesões que são consideradas
CAPÍTULO 36 FRATURAS E LUXAÇÕES EM CRIANÇAS

}-rubo periosteal

Normal

O!§l!;fd&I Fratura da clavícula distal com ligamentos coracoclavicular e coracoacromial ainda intactos ou pelo menos anexados
ao tubo periosteal. Fratura em criança remodela satisfatoriamente sem cirurg ia.

Para possíveis verdadeiras luxações da articulação esternocla-


vicular, obtivemos uma incidência radiográfica em supino com
inclinação de 45 graus cefálica. Na ausência de uma fratura proximal
ou separação fisária, toda a clavícula, se luxada anteriormente, é
cefálica comparada com a extremidade medial não envolvida con-
tralateral da clavícula. Em uma luxação posterior, a qual é extrema-
mente rara, ela é caudal à extremidade medial contralateral não
envolvida da clavícula. A TC axial pode melhor determinar a relação
anatômica. O tratamento dos desvios esternoclaviculares é discutido
no Capítulo 60.

FRATURAS-LUXAÇÕES DA
COLUNA
O@ii;t!iEID Lesão mostrada é a separação fisária de Salter-
Embora as fraturas da coluna representem apenas 1% a 3% de todas
Harris do tipo 1 da clavícula medial em vez da lu xação da articu-
as fraturas pediátricas, tem-se mostrado que estão associadas à mais
lação esternoclavicular.
elevada taxa de mortalidade de todas as lesões ortopédicas em crian-
ças. Elas muitas vezes são indicadores de que outro trauma sério
luxações da articulação esternoclavicular em crianças e adultos ocorreu. Um estudo identificou uma ou mais lesões associadas em
jovens é realmente fratura de Salter-Harris dos tipos I e II da cla- 65% das crianças com fraturas da coluna vertebral, e uma revisão
vícula proximal (Fig. 36-84). A TC axial é a modalidade de imagem recente de 332 pacientes pediátricos com fraturas da coluna verte-
mais informativa. Um "nó" normalmente aparece 2 semanas após bral na nossa instituição descobriu que 80% tiveram lesões associa-
a lesão na extremidade medial da clavícula. Essas fraturas fisárias das; 46% tiveram múltiplas fraturas da coluna vertebral, 36% das
devem ser tratadas de forma conservadora. A redução é fácil, mas quais estavam em níveis não contíguos. Os adolescentes com idade
não pode ser mantida. No entanto, essas fraturas remodelam e superior a 12 anos formam o maior grupo de pacientes (84%) e
deixam somente uma pequena prominência anterior. O tratamento tiveram as maiores frequências de múltiplas fraturas da coluna ver-
cirúrgico tem riscos por causa dos vasos circundantes, e inúmeras tebral (48%) e fraturas não contíguas da coluna vertebral (39%). Os
complicações foram descritas após más indicações nessas lesões pacientes jovens (nascimento de 3 anos de idade) tiveram as lesões
benignas. As fraturas retroesternais fisárias desviadas podem ser associadas mais frequentes (87%), as lesões ortopédicas (33%) e as
exceções, e tratá-las como emergências pode ser indicado para lesões neurológicas mais frequentes (29%). Esses achados enfatiza-
evitar complicações associadas à compressão das estruturas ram a importância de toda a avaliação e imagem de toda a coluna
mediastinais adjacentes. A redução fechada pode ser tentada, mas vertebral em um paciente com uma fratura da coluna vertebral em
a maioria exige RAFI. Atenção aos detalhes é necessária para evitar qualquer nível para evitar uma possível não detecção de lesões com
complicações associadas. risco de vida.
PARTE XI FRATURAS E LU XAÇÕ ES EM CRIANÇAS

6. Hipermobilidade "pseudosubluxação;' especialmente da C2


anterior a C3.
7. Aumento no intervalo atlanto-odontoide de 4 mm.
8. Ausência de ossificação do arco anterior de Cl no primeiro
ano de vida, o que sugere a luxação posterior da Cl no
odontoide.
9. Variações fisiológicas na largura do tecido mole anterior da
coluna cervical.
10. Anatomia sobrejacente, como as orelhas, cabelo trançado,
dentes ou o osso hioide.
11. Facetas horizontalmente orientadas em urna criança normal,
que cria a ilusão de um a fratura da coluna.
12. Anomalias congênitas, como os odontoideum, espinha bífida e
HtijihHBB Relações de atlas e áx is. A, Ep íf ise apica l. B, fa lta de segmentação.
Espa ço entre o odonto ide e atlas anteriormente, que pode ser 13. Menos lordose fisiológica da coluna cervical do colo.
maior do que 3 mm em crianças. C, Arco anterior de atlas. D, A cintilografia do colo, TC e RM podem ser útéis em distinguir
Sincondrose basilar odontoide ou placa carti laginosa, que pod e as variantes do crescimento normal das lesões traum áticas na coluna
se fund ir entre 7 e 1O anos de idade . cervical.
Herzenberg et ai. descreveram as modificações do protocolo-
padrão para alinhamento mais seguro da coluna durante o trans-
COLUNA CERVICAL porte de crianças jovens com lesões da coluna cervical. Em seu
estud o de 10 crianças com menos de 7 anos, eles descobriram que
As fraturas na coluna cervical não são tão comuns em crianças as lesões instáveis da coluna cervical tinham angulação anterior ou
quanto em adultos. Elas ocorrem em recém-nascidos como resul- translação ou ambas e que a extensão fo i a posição adequada para
tado de abuso de menores, em crianças jovens com anomalias redução em todas as 10. Como as crianças jovens têm uma grande
congênitas como sínd rome de Down, e em crianças mais ve lh as cabeça comparada com o resto do corpo, posicionar a coluna cervi-
como resultado de acidentes que ocorrem no mergulho. A região cal em um modo padrão pode forçar o colo em cifose relativa, assim
cervical é mais flexível em crianças do que em adu ltos. É difícil o uso de um recesso para o occipital ao baixar a cabeça ou uma dupla
diferenciar o normal do anorma l nas radiografias de flexão e almofada é recomendado para levantar o tórax e prevenir a flexão
extensão da coluna cervical de um a criança. Fieldin g chegou a cervical indesejável.
várias conclusões sob re a mobilidade entre a Cl e C2 nas radio-
grafias laterais em adultos . A luxação anter ior do atlas de 3 mm • FRATURA-LUXAÇÃO ATLANTOAXIAL
está dentro da banda normal. Quando a distância entre o pro- As lesões na área do occipital ao atlas ou Cl são muito raras e nor-
cesso odontoide e o arco de Cl é de 3 a 5 mm, os ligamentos malmente letais. Hosalkar et ai. descreveram 16 crianças com luxa-
transversais são rompidos. Quando a distância é maior do que 10 ções atlanto-occipitais traumáticas, oito das quais estavam mortas
a 12 mm, todos os ligamentos fa lh aram. A lu xação anterior de 3 na chegada ao departamento de emergência e três das quais morre-
mm ou mais do atlas em flexão foi observada como uma variação ram durante os procedimentos neurocirúrgicos. Quatro das cinco
normal em crianças ass intomáticas de 1 a 7 anos de idade (Fig. restantes tiveram fusão occipital-C2; mas todas, exceto uma, tiveram
36-85) . Essa diferença entre adu ltos e crianças provavelmente é alguma espasticidade residual, leve em três e profunda em uma.
causada pela mobilidade e froux id ão ligamen tar. A pseudosublu- As lesões da coluna cervical de C l a C4 são mais frequentes
xação de C2 em C3 também foi descrita como uma variante em crianças comparadas com lesões em adultos, que são mais pre-
normal. É importante distinguir as variantes normais das fraturas valentes de C3 a C7. Fielding relatou quatro lesões que ocorrem no
agudas ou fraturas-luxações. Um relatório recente indicou taxas intervalo Cl-2 em crianças: (1) frouxidão ligamentar relacionada
de erro de 24% em crianças jovens (s8 anos de idade) e 15% em com inflamação ou outra afecção local, (2) deformidade rotatória,
crianças mais velhas ( ~ 9 anos de idade) . Aproximadamente um (3) rompimento ligamentoso traumático e (4) fratura odontoide.
terço dos diagnósticos incorretos foram fraturas perdidas, A luxação atlantoaxial causada por inflamação, após uma
enquanto dois terços foram variantes norm ais com diagnósticos infecção virai para o trato respiratório, tuberculose, sífilis, polio-
incorretos das frat uras. mielite, artrite reumatoide juvenil, ou espondilite anqu ilosante, ou
As variações radiográficas normais que podem ser interpreta- em síndrome de Down ou granu loma eosinofílico não deve ser
das de modo incorreto como lesões agudas incluem: confundida com rompimento ligame ntar traumático. Uma história
1. O centro de ossificação apical do odontoide, que pode ser cuidadosa e exames físico e radiográfico, incluindo a TC, devem
confundido com um a fratura aguda. determinar se uma lesão traumática significativa ocorreu. Com o
2. Os centros de ossificação secundários nas pontas dos proces- tratamento apropr iado da inflamação ou outra afecção, e tração
sos transversos e espi nhosos,.os quais podem ser confundidos cervical em extensão para estabilizar a vértebra, a maioria das luxa-
com fraturas de avulsão. ções atlantoaxiais evolui bem .
3. A ossificação incompleta, especialmente do processo odontoide, A luxação rotatória lateral da área odontoide-axial é relativa-
com aparente subluxação superior do arco anterior da Cl. mente com um e é uma das causas mais frequentes de torcicolo
4. Persistência da sincondrose (fise) na base do odontoide. traumático. A maioria das deformidades rotatórias exige pouco mais
5. Cunh a anterior em um corpo vertebral, que pode ser interpre- do que a tração da cabeça ou cerebelo, relaxantes musculares e
tada de modo incorreto como uma fratura compressão ou uma repouso. Fielding observou, no enta nto, que algumas dessas defor-
subluxação. midades podem se tornar fixas, especialmente se a luxação rotatória
CAPÍTULO 36 FRATURAS E LUXAÇÕES EM CRIANÇAS cz:m
especialmente em atletas adolesce ntes; essas crianças devem se r
vigiadas de perto para qualquer evidência de instabilidade. Se os
sintom as justificam -nas, a coluna cervical deve ser fundida como em
adultos (Capítulo 38).

• FRATURAS E LUXAÇÕES DA C3-7


As fraturas abaixo da C2 em crianças jovens são extremamente raras
e difíceis de di agnosticar porque a cunha anterior de uma placa fina l
muitas vezes pode estar presente, simulando uma frat ura de com -
pressão anterior de um corpo vertebral. Por causa das facetas
O@lhf;im:t!I Padrão das fraturas do odontoide. a marca o mais hori zontais e frou xidão ligamentar em uma criança, a
nível de habituais fraturas de adulto; b marca a área de fraturas luxação anterior da vértebra superior a 3 mm ou mais pode, co mo
na infânc ia na sincondrose. anteriormente observado, simul ar um luxação (pseudoluxação).
O granuloma eosinofíl ico e a vértebra plana não devem ser con-
fundido s com uma fratura traumática; eles são colapsos patológi-
cos que curam sem interco rrênci as. Uma fratura significativa ou
uma fratura- luxação da colun a cervical pode exigir a estabilização
for significativa. Ele recomendou uma fusão da Cl e C2 para esta- como em adu ltos (Capítulo 38).
bilidade e de modo a manter a correção quando as seguintes condi- A fusão da coluna ce rvical em crianças ocorre mais rapida -
ções es tiverem presentes: (1) envolvimento neurológico persistente, mente do que em adu ltos. A m assa de fu são em crianças se
(2) luxação rotatória anterior significativa, (3) falha em alcançar ou dese nvolve mais rápida e profusamente, e, como resultado, é
manter a correção se a deformidade estiver presente por mais de 3 prudente explorar apenas a área em que a fus ão é indicada. Caso
meses, e (4) recorrência da deformidade com tratamento conserva- co ntrário, a extensão da fusão acima ou abaixo da área de fratura
dor consistindo em pelo menos 6 semanas de imobilização. ou lu xação pode res ultar em uma fusão mais extensiva do que é
O rompimento ligamentar traumático é difícil de diagnosticar necessária, com maior ri gidez do colo. Isso é especialmente ve r-
em crianças, porque na flexão pode haver 3 mm ou mais de desvio dadeiro na artrodese da C l a C2, em que uma generosa exposição
anterior do at las no eixo sem trauma significativo. Fielding sugeriu superior e inferior resultaria em uma fusão de occipital C3, que
qu e se houver evidência de trauma significativo e mais de 5 mm de é desnecessá ria.
desvio, uma ruptura ligamentar definitiva ocorreu. Se a ruptura for
aguda, ele recomendou, e concordamos que a redução em extensão
por tração deve ser realizada; depois um halo gesso é utilizado para FRATURAS DA COLUNA LOMBAR E
manter a redução por 8 a 12 semanas. As radiografias flexão e exten- TORÁCICA
são devem ser obtidas. Se a luxação e sintomas persistirem, a fusão
de C l a C2 deve ser realizada (Capítulo 38). As fraturas da coluna lombar e torác ica em crianças são mais raras
do que as fraturas na coluna cervical. Elas ocorrem em recém-nas-
• FRATURAS DO ODONTOIDE cidos, como resu ltado de abuso de menores, em crianças mais
A fa lha de ossificação do processo odontoide ap ical ou falta de fusão velhas, co mo resu ltado de ac identes de ve ículos a motor, e em
sincondrótica da base do odontoide não deve se r confundida com adolescentes, co mo resultado de es portes e atividades recreativas.
fratura (Fig. 36-85). A sincondrose (ti.se) da base do odontoide nor- O granuloma eosinofílico, doença de Gaucher, doença metastática,
malmente se fecha com 7 anos de idade, mas pode persistir rad io- osteogênese imperfeita, osteoporose juven il idiopática e doença de
graficamente por 2 a 4 anos a mais. Como resultado, a maioria das Scheuermann podem simu lar as fraturas de compressão aguda trau-
fraturas do processo odontoide em crianças ocorre em torno da mática em crianças. Hensinger descreveu uma fratura de compres-
idade de 7 anos ou menos e quase invariavelmente ocorre entre o são da cunha anterior simulando a doença de Scheuermann nas
processo odontoide e o corpo da segund a vérteb ra cervical, em ou colunas toracolombar e lombar. Ele sugeriu que essas são microfra-
perto da sincondrose (Fig. 36-86). As fraturas do odontoide em turas que podem ocorrer em adol escentes halterofilistas e especial-
crianças com menos de 7 anos de idade qu e são tratadas normal- mente em ginastas do sexo fem inino. A doença de Scheuermann na
mente cicatri zam sem sequelas. As fraturas muitas vezes podem ser coluna torácica e espondilolise traumática e espondilolistese são
reduzidas por manipulação ou passiva em um colchão dividido e descritas no Capítulo 41.
com tração da cabeça e cabresto em extensão. A imobilização na Um fragmento deslocado da epífise do ane l vertebral lombar
posição reduzida por 2 a 3 meses em um colar cervical ou um halo em ado lesce ntes pode simular a ruptura do disco (Fig. 36-87).
gesso ou colete deve resultar na cura. Um halo gesso não deve ser O achado na cirurgia normalmente é um fragmento ósseo deslocado
aplicado até que a fratura seja reduzida. Se a fratura aguda não puder do anel apofisário, que é deficiente posteriormente. O material do
se r reduzida, pode ser necessária tração transesqueleto ou até mesmo disco herniado também pode causar sequela neurológica. RM é o
a redução m anipulati va fechad a com o paciente sob anestesia geral. procedimento de diagnóstico de escolha e foi relatado como sendo
A tração deve ser utilizada com cuidado por causa da possibilidade capaz de diferenciar as fraturas fisárias da placa terminal e as fraturas
de distração perigosa. Mais recentemente, o tratamento em estágios de Chance dos discos herniados em crianças.
com estabili zação inicial em um halovest e fusão precoce foi reco- Por causa da elasticidade de uma coluna de criança e da natu-
mend ado para aqueles com lesões instáveis, grave luxação ou envol- reza cartilaginosa da vértebra, as forças são transmitidas sobre
vimento neurológico. muitos segmentos, e múltiplas fraturas podem ocorrer. A m aioria
As anomalias congênitas, como os odontoideum ou um odon- das fraturas toracolombares com perda neurológica associada está
toide rudimentar, podem contribuir para instabilidade da Cl a C2, associada às fraturas vertebrais do corpo; algumas têm fraturas e
11111!?!> PARTE XI FRATURAS E LUXAÇÕES EM CRIANÇAS

ocorrer em todos os níveis. A conduta de cifoescoliose paralítica está


descrita no Capítulo 41.

FRATURAS PÉLVICAS
As fraturas da pelve em crianças são incomuns. A RAFI raramente
é necessária para essas frat uras. Em gerai, os resultad os de longa
duração do tratamento conservador são satisfatórios por causa da
remodelagem potencial da pelve em crianças. As lesões do tecido
mole que ocorrem em conjunção com fraturas pélvicas podem ser
graves, no en tanto, e exigem o tratamento de emergência. Muitas
O[êiil;@IIID Lesão fisária posterior que pode imitar o disco fraturas pélvicas ocorrem em crianças atingidas por veíc ulos em
rompido . A avulsão da apófise do ane l produziu o fragmento movimento. As lesões associadas incluem fraturas do crânio, cervi-
desviado pressionando a raiz nervosa. cal, facia l e osso longo; hematomas subdurais, contusões cerebrais e
concussões; contusões pulmonares; hemotórax; hemopneumotórax;
diafragma rompido; e lacerações no baço, fígado e rim. As lesões
que podem estar asso ciadas e adjacentes às fraturas pélvicas incluem
dano aos principais vasos sanguíneos, sangramento retroperitoneal,
subluxação do arco neural em vez da luxação. A restauração da lacerações retais e ruptura ou laceração da uretra ou bexiga. A loca-
altura de uma vé rtebra comprimida causada por frat uras em crian- lização e o número de fraturas pélvicas es tão fortemente associados
ças é parcialmente o resultado da hipervascularidade da resposta à probabilidade da lesão abdom inal: 1% para fraturas púbicas isola-
reparadora e estímul o da fise . Isso provavelmente explica a ocor- das, 15% para fraturas ilíaca ou sacra, e 60% para múltiplas fraturas
rência não frequente de cifose em crianças com múltiplas fraturas do anel pélvico. Por causa dessas outras lesões, a mortalidade em
de compressão. Em geral, o tratamento cirúrgico em uma criança crianças é alta (9% a 18%). Em um estudo de 54 pacientes com as
jovem é indicado apenas na presença de envolvimento neuroló- principais fraturas pélvicas, 87% tiveram lesões assoc iadas pélvica
gico significativo, desvio franco persistente ou bloco no mielo- ou extrapélvica (tecido mole); 14,8% fa leceram. A maioria dos
grama. Também observamos que as fraturas de compressão mais pac ientes (70,4%) foi tratada de forma conservadora. Isso sugere que
anter iores em crianças curam sem sequelas, e algum a altura da os princípios de tratamento em crianças não devem diferir muitos
vérteb ra é obtida após a fratura . Isso também ocorre após múlti- dos princípios dos ad ultos. As lesões sérias pélvica ou extrapélvica
plas fraturas, e pouca cifose res idu al deve ser espe rada. Em fra- associadas podem represe ntar mais problemas de tratamento do que
turas de compressão, o tipo de tratamento não parece afetar o as reais fraturas pélvicas. A taxa de óbito das fraturas pélvicas isola-
resultado, e vár ios dias a várias semanas de repouso normalmente das é muito baixa (0% a 2,3%).
são suficientes para os sintomas desaparecerem por completo. As Torode e Zieg relataram 11 óbitos em 141 pacientes com
fraturas mais complexas como fraturas de explosão com frag- fraturas pélvicas, e 40% dos pacientes com lesões do tipo IV (Fig.
mentos salientes no canal espinal, a rara fratura de Chance e a 36-89) precisam de laparotomia por causa das outras lesões. Com
fratura-luxação devem ser tratadas similarmente às dos adu ltos frequência, uma criança que tem o que radiograficamente parece
(Capítu lo 38) . um a frat ura pélvica menor tam bém teve signific ativas e possivel-
Uma assoc iação foi observada entre as fraturas de Chance mente lesões de ameaça à vida no tecido mole em torno da pelve.
pediátricas causadas por uso de cinto de segurança e lesões intra-ab- A pelve em crianças difere da dos ad ultos em qu e (1) maior
dominais, especialmente quando a criança tem um sinal de "cinto maleabilidade está presente por causa da natureza do osso em si, o
de segurança" (contusão abdom inal consistindo em equimose e aumento da elasticidade das artic ulações, e a capacidade das estru-
hematomas em um a banda que corresponde à posição do cinto de turas cartilaginosas para absorver energia; (2) a elasticidade das
segurança em todo o abdome). Na presença de um déficit neuroló- artic ul ações em torno da pelve é maior, o que pode permitir um a
gico após uma fratura-luxação ou frat ura de Chance, a redução luxação significativa e resultar em frat ura de apenas uma área em
aberta deve ser feita e a fratura deve ser estabilizada por fixação vez da du pla ruptura tradicional no anel pélvico vista em ad ultos;
interna (Fig. 36-88). (3) a cartilagem na apófise é inerentemente fraca em comparação
As indicações e técnicas cirúrgicas para as fraturas da coluna com o osso, por isso, as fraturas de avulsão ocorrem mais frequen-
lombar e torácica em crianças são semelhantes às dos adultos (Capí- temente em crianças e adolescentes do que em adultos; e (4) as
tulo 38). A lam inectomia é indicada apenas raramente e, en tão, para fraturas na cartilage m trirradiada podem ocorrer, causando parada
progressão do déficit neurológico. Caso contrário, a laminectomia do crescimento, o que resulta em desigualdade do comprimento da
deve ser evitada, como em adultos. perna e desenvolvimento defeituoso do acetáb ulo.
A principal complicação das fraturas da coluna torácica em Em crianças e adolescentes com fraturas pélvicas, o ramo
crianças é a paraplegia. As sequelas da paraplegia incluem (1) púbico isolado e fraturas da asa ilíaca ocorrem na maioria das vezes
aumento no número de fraturas de ossos longos; (2) desvios paralí- em quadris imaturos (cartilagem trirradiada aberta), enquanto as
ticos do quadril; (3) úlceras de decúbito; (4) contraturas de flexão; fraturas acetabulares e púbicas ou diástase sacroilíaca ocorrem na
(5) complicações geniturinárias; e (6) deformidade espinal progres- maioria das vezes em quadris maduros (cartilagem trirradiada
siva, incluindo escoliose, cifose e lordose. Idade, tipo de lesão e fechada). Em pacientes com uma pelve imatura, o tratamento das
quantidade de espasticidade parecem os fatores mais importantes no fraturas pélvicas deve se concentrar nas lesões associadas (p. ex.,
desenvolvimento da de formidade espinal significativa, que pode cabeça, abdominal) que muitas vezes são a causa de mortalidade.
O(dil;MmD A e B, Fraturas de explosão e compressão da T12 em uma criança de 14 anos de idade. C e D, TC mostra mais do que
50% do comprometimento do canal. E e F, Restauração da altura vertebral após a redução .
E!) PARTE XI FRATURAS E LU XAÇÕES EM CRIANÇAS

O@l!;Mlm!I Única ruptura no ane l pé lvico, com duas fraturas


do ramo ips il atera l.

Inúmeros sistemas de classificação foram criados para fraturas


pélvicas em crianças. Toro de e Zieg propuseram uma classificação
em qu atro partes de fraturas pélvicas (Fig. 36-89) : tipo!, avulsão dos
elementos ósseos da pelve; tipo II, fraturas da asa ilíaca; tipo III ,
fraturas simples do anel, incluindo fraturas envolvendo o ram o
púbico ou rompimentos da sínfise púbica; e tip o IV, fraturas de
rompimento do anel, que criam um segmento instável do anel
pélvico, incluindo fraturas no ramo púbico bilateral (Fig. 36-90),
fraturas envolvendo o ram o púbico direito ou esquerdo ou a sínfise
púbica e a fratura através dos elementos posteriores ou rompimento
da articul ação sacro ilíaca, além de fraturas envolvendo as estruturas
anteri ores e po rção ace tabular do anel pélvico. Essa cl assificação
não inclui fraturas acetabulares. Quinby e Ra ng class ificara m as
fraturas pélvicas em três categorias: fra turas não complicadas, fra-
turas co m lesões viscerais qu e exigem exploração cirúrgica e fra-
turas associadas com hem orragia massiva imediata. Emb ora essa
classificação sej a útil em relação ao res ultado fina l do paciente, a
sua ênfase está nas lesões asso ciadas do tecido mole, em vez da
fratura pélvica em si. More no et ai. desc reve ram qu atro tip os de
"geometria da fra tura" com base na aparência radiográfi ca e utili -
zaram para identificar os pacientes em risco para grave hem orra-
gia. As classificações por Judet et ai. , Pennal et al. , Ogden e o grup o
AO/ ASIF enfati za ram a es tabilidade da fr atura. Young et ai. clas-
sificaram as fraturas pélvicas de acordo com a direção da fo rça:
compressão lateral, compressão anteroposteri or, cisalhamento ve r-
ti cal e mecanismos combinados. A classificação de Key e Conwell
das fra turas pélvicas em adultos é baseada no número de ruptu ras
no anel pélvico. O seu sistema, qu e inclu i fra turas acetabulares,
também é aplicável em crianças (Fig. 36-91 ). Nós ava liamos 134
fratur as pélvicas em crianças; as porcentagens dos ossos individu -
ais e tipos de fraturas são fo rnecidos na Tabela 36-2. A Orth opa-
edic Traum a Association criou um esquema de classificação que
consiste em três principais tipos e inúmeros subtipos: A, lesão
escassa (ou sem desvio de) arco posterior; B, rompimento incom -
pleto do arco pos terior, parcialmente es táve l; e C, ro mpimento
completo do arco posterior, instável.
A comparação entre os estudos utilizand o diferentes sistemas
O@il@El'!ID Classificação de Torode e Zieg das fraturas pé l- é di fíc il. A infor mação mais útil é se a fr atura é estável ou instável.
vicas (ve r texto) . A maioria das fraturas pélvicas em crianças é estável.
CAPÍTULO 36 FRATURAS E LUXAÇÕES EM CRIANÇAS

•M=Hhi 36-2 Distribuição das Fraturas Pélvicas em Crianças, Série Clínica de Campbell {134 Pacientes)*

1-0SSOS INDIVIDUAIS 66,5% li-ÚNICA RUPTURA 11,9% Ili-DUPLA RUPTURA 11,9% IV-ACÉTABULO 9,7%

A B C D A B c A B c A B c D
13,4% 33,6% 18% 1,5% 8,2% 3% 0,7% 3% 8,2% 0,7% 0,7% 6% o 3%

COMPARAÇÃO COM OUTRAS SÉRIES

PEL TIERt
DUNW (115 (186 REED 1 (84 HALL, KLASSEN, ILSTRUP' CAMPBELL CLINIC'
PACIENTES) PACIENTES) PACIENTES) (204 PACIENTES) (134 PACIENTES)
1-0ssos 10% 60,5% 24,5% 66,5%
individuais
li-Única ruptura 70% 39% 2,5% 18,6% 11,9%
Ili-Dupla ruptura 30% 27% 32% 31,9% 11,9%
IV-Acetábulo Não incluído 24% 5% 7,8% (17,2% acetábulo 9,7%
e pelve)
·classificação de Key e Conwell.
1
Série adulto.
' Série de crianças.
De Rockwood CA Jr, Wilkins KD, King RE, editores: Fractures in children, ed 3, vol 3, Filadélfia, 1991, Lippincott.

O@ihM&I Pequena fratura da borda acetabular e fratura


de compressão da cartilagem trirrad iada .

FRATURAS POR AVULSÃO


li(ijii;@El'flla Distribuição de 20 fraturas por avulsão em crian-
As fratura s por avulsão ocorrem mais em atletas adolescentes; elas ças relatada por Fernbach e W il kinson: crista il íaca, 1; espinha
ocorrem nas colunas ilíaca anterior superior e anterior inferi or e na ilíaca anterior superior, 4; esp inha ilíaca anterior inferior, 4; tro-
tub ero sidade isquiáti ca (Fig. 36-92) e são causad as por sobretensão cânter menor, 5; ísquio ou apófise isquial, 6.
do músculo sa rtório, músculo reto femora l e músc ulo s isquiotibiais.
O tratamento cirúrgico dessas lesões é raramente indicado, indepen-
dente da qu an tidade de desvio. Em casos raros, a formaçã o excessiva cirúrgico não ga rante o retorno do atleta para o m esmo padrão
do calo ou miosite ossifi cante ocorre após uma fra tura desviada de que o anterior à lesão. Qualquer uma dessas lesões por avuls ão,
tuberosid ade isqui ática. Em dois dos no ssos pacientes, foi neces- esp ecialmente na área do ísquio, pode ser confundida com infec-
sári o seccionar o fragmento e o calo, em vez de rea nexa r o frag - ção, mi osite ossificante e sarcoma de Ewing.
mento. A recorrência de algum calo excess ivo ou miosite ossificante
oco rreu, m as esses doi s pac ientes continuaram a sua atividade
atlética. Sundar e Ca rty desc reveram 32 fratur as por avulsão da FRATURAS PÉLVICAS
p elve em adolescentes (idade média de 13,8 an os) vistas em uma
m édi a de acompanh amento de 44 meses; 10 pacientes tiveram Três sinais físi cos são mais associados às fratura s pélvicas: (1) sinal
in capacidade p ersistindo na vida adulta e limitação d a atividade de Destot, uma grande formação sup erficial do hematoma ab aixo
esportiva, e seis pacientes continuaram a ter sintomas persistentes. do ligamento in guinal ou no escroto; (2) sinal de Roux, uma dimi-
Embora eles defend essem a exploração cirúrgica e remo ção dos nuição na distância do trocânter maior para a espinha púbica no
fr agmentos não unidos, Sundar e Carty alertaram qu e o tratamento lado afetado nas fraturas de compressão lateral; e (3) sinal de Earl e,
llllm) PARTE XI FRATURAS E LUXAÇÕES EM CRIANÇAS

uma prominência óssea ou grande hematoma e sensibilidade no


exame retal, indicando uma fratura pélvica significativa. A pressão
posterior na crista ilíaca causa dor no local da fratura conforme o
anel pélvico é aberto, e a compressão do anel pélvico na crista ilíaca
de lateral para medial causa dor e possivelmente crepitação. A
pressão baixa na sínfise púbica e posteriormente nas articulações
sacroilíaca causa dor e movimento se uma ruptura no anel pélvico
estiver presente. A dor na área inguinal pode ser desencadeada por
flexão e extensão dos quadris.
Como já mencionado, a maioria das fraturas pélvicas em
crianças pode ser tratada conservadoramente, em geral por
alguns dias ou semanas de repouso. Qualquer deformidade resi-
dual norm almente não é importante ou remodela com o cresci-
mento. Em alguns casos, uma diástase significativa da sínfise
requer repouso em um anel pélvico, seguido por gesso pélvico
-podálico na posição redu zida. Também utilizamos um fixador
pélvico externo para fechar a diástase da sínfise. A sínfise púbica
e subluxações sacroilíacas devem ser tratadas tão agressivamente
em crianças quanto em adultos porque pouca ou nenhuma remo-
delagem ocorre para compensar as subluxações ou luxações da
artic ulação. A técnica de fixação externa das fraturas pélvicas é
descrita no Capítul o 56.
A fratura de Malgaigne, uma dupla fratura vertical no anel
pélvico ou uma fratura com lLL""<ação, deixa a hemipelve instável, mas
é menos comum em crianças do que em adu ltos. A TC pode ser útil
em determinar a quantidade de desvio articu lar. Vários métodos de
tratamento para Malgaigne ou fraturas gravemente cominuídas
foram descritos. No passado, utilizamos um a combinação da tração
transesqueletética seguida gesso pélvico-podálico. Em inúmeras
ocasiões, utilizamos um fixador extern o ou RAFI para instabilidade
anterior e posterior.

FRATURAS ACETABULARES
As fraturas-luxações acetab ulares em crianças diferem das luxa-
ções em adultos, porque podem ser causadas por trauma trivial
em crianças. Dano à cartilagem trirradiada em uma criança pode
causar parada do crescimento e um acetábulo displásico sup erfi-
cial (Fig. 36-93). A TC pode ajud a r a determinar a extensão do
envolvim ento acetab ular e estabilid ade da cabeça femoral. A clas-
sificação de fraturas acetab ul ares é baseada na extensão do envol-
vimento acetab ul ar: (1) pequenos fragmentos na maioria das
vezes associados a luxação do quadril (Fig. 36-9 1), (2) fraturas
lin eares associadas a fraturas pélvicas sem desvio (3) grandes
fraturas lineares com instabilidade da art iculação do quadril e (4)
fratura-luxação central.
A redução de uma luxação do quadril pode revelar uma H@llajlml Fechamento prematuro da carti lagem trirra-
pequena fratura da margem posterior do acetábulo, mas o quadril diada. A, Fratura do íleo direito é óbvia . Fratura no lado esquerdo
normalmente é estável. As radiografias antes da redução muitas não foi identificada. B, Em 4 meses, a fratura no lado direito é vista
vezes revelam o fragmento oculto mais prontamente do que filmes novamente. No lado esquerdo, o acetábu lo mostra aumento da
feitos após a redução. A consolidação quase sempre ocorre. Em esclerose causado pela fratura isquial no acetábulo. C, Em 5 anos, o
certas ocasiões, um fragmento osteocondral pode intepor dentro da fechamento prematuro da cartilagem trirradiada esquerda. D, Em 6
articulação do quadril após uma redução aparentemente satisfatória. anos, fechame nto prematuro da cartilagem trirradiada esquerda e
As radiografias do quadril oposto deve m ser tiradas para compara- subluxação da cabeça femoral causadas por acetábulo raso.
ção para garantir que a redução seja congruente. As fraturas lineares
estáveis exigem apenas o tratamento conservador; um período de
descarga de peso com muletas é suficiente. As fraturas lineares pro-
du zindo instabilidade na articulação do quadril exigem tração do 6 a 12 semanas em adultos para preve nir a luxação superior do teto
esqueleto e uma redução precisa. Essa lesão normalmente ocorre em acetabu lar. Dependendo da idade do esqueleto da criança, no
crianças mais velhas, e o tratamento deve ser o mesmo que para entanto, esse longo período de tração pode ser desnecessário, mas é
adu ltos. Nesses pacientes, a tração do esq ueleto foi recomendada por melhor continuar a tração por mais tempo do que necessário em vez
CAPÍTULO 36 FRATURAS E LUXAÇÕES EM CRIANÇAS Gfm

h!§'hf)m l Tipos de lesões para a pelve e cart ilagem trirradiada. A, Hemipelve normal. B, Fratura de Salter-Harris do tipo 1.
C, Fratura de Salter-Harris do tipo li . D, Fratura de Salter-Harris do tipo V.

de permitir a luxação superior do fragmento. Utilizamos a redução de criança não é facilmente compreendida ou aceita pelos pais.
aberta para obter uma redução congruente e evitar a tração prolon- O tratamento agressivo das fraturas do quadril em crianças é neces-
gada e repouso. sário, no entanto, para prevenir essas complicações tardias.
Fraturas-luxações centrais em crianças devem ser reduzidas As fraturas do quadril provavelmente constituem menos de 1%
prontamente porque a cartilagem trirradiada pode estar envolvida. de todas as fraturas das crianças, e a maioria dos cirurgiões ortopé-
Como a lesão para a cartilagem trirradiada é facilmente perdida nas dicos trata essas fraturas apenas algumas vezes durante a sua car-
radiografias iniciais, todos os pacientes com trauma pélvico devem reira. Geralmente, um quadril de criança difere de um adulto porque
ser seguidos clínica e radiograficamente durante pelo menos 1 ano. a fise pode contribuir para uma separação transepifisária do tipo 1
Dois padrões principais do rompimento fisário foram identificados em que a epífise capital femoral pode ficar dentro do acetábulo ou
em pacientes com lesões de cartilagem trirradiada: uma lesão de pode ser desviada. Os vasos sanguíneos para a cabeça femoral são
Salter-Harris do tipo I ou II, que tem um prognóstico favorável facilmente danificados, e uma alta incidência de osteonecrose ocorre
para crescimento ace tabular normal contínuo, e uma lesão de em fraturas cervicais e transepifisárias em crianças, mesmo maiores
esmagamento de Salter-Harris do tipo V, que tem um prognóstico do que em adultos. A parada do crescimento na fise pode causar
ruim por causa do fechamento prematuro das fises trirradiadas encurtamento de 15% da extremidade total. A angulação varo ou
para formação de uma ponte óssea med ial (Fig. 36-94). Em ambos valgo do colo femoral também pode ocorrer a partir da parada
os padrões, o prognóstico depende da idade do paciente no de apenas um lado da fise . As fraturas do quadril em crianças
momento da lesão. Em crianças jovens, especialmente aquelas com também diferem das fraturas em adultos porque uma criança
menos de 10 anos, o crescimento acetabular anormal pode resultar pode tolerar a imobilização muito mais prontamente do que um
em um acetábulo superficial. Pela maturidade do esqueleto, o cres- adulto e há mais escolhas para o tratamento, incluindo tração,
cimento desigual pode aumentar a incongruência da articulação gesso pélvico-podálico e repouso, além do tratamento cirúrgico.
do quadril e levar à subluxação progressiva. A reconstrução aceta- A fixação interna com pinos rosqueados muitas vezes é utilizada em
bular pode ser indicada para correção da subluxação gradual da fraturas do quadril do adulto e pode ser utilizada através da fise
cabeça femoral. capital femoral em uma criança para prender firme a fixação do colo
A tração longitudinal do esqueleto é necessária. Se isso for femoral. Em uma criança jovem, no entanto, isso pode causar fecha-
inadequado, a tração lateral deve ser adicionada para garantir a mento prematuro fisário e desigualdade significativa do compri-
redução satisfatória. Ocasionalmente, a RAFI pode ser necessária mento da perna (Fig. 36-95).
como em adultos (Capítulo 56), embora Heeg et al. tenham desco- Utilizamos a classificação proposta por Delbet: tipo I, separa-
berto que a redução cirúrgica, necessária para às fraturas-luxações ções transepifisárias com ou sem luxação da cabeça femoral do
posteriores instáveis e fraturas-luxações centrais irredutíveis, não acetábulo; tipo II, fraturas transcervicais, desviadas e não desviadas;
melhoram os resultados em seus pacientes, especialmente pacientes tipo III, fraturas cervicotrocantéricas, desviadas e não desviadas; e
com fraturas do tipo V. fraturas trocantéricas do tipo IV (Fig. 36-96).

FRATURAS DO QUADRIL EM SEPARAÇÕES TRANSEPIFISÁRIAS DO TIPO 1


CRIANÇAS
Em nossa experiência, os resultados das separações transepifisárias
foram os piores de quaisquer tipos de fratura. Os pacientes com sepa-
As fraturas do quadril incluem fraturas da cabeça, colo e da região rações transepifisárias muitas vezes têm luxação da cabeça femoral a
intertrocantérica do fêmur. Elas diferem das fraturas pélvicas e partir do acetábulo e frequentemente desenvolvem osteonecrose. A
acetabulares, porque embora possam ocorrer em conjunção com redução fechada e fixação com pinos através de uma curta incisão
uma lesão que ameaça à vida, em geral, elas produzem complica- lateral devem ser realizadas em uma criança mais velha se possível,
ções tardias como osteonecrose, coxa vara, pseudoatrose e fecha- mas a redução aberta pode ser necessária (Fig. 36-97). Essas separa-
mento prematuro fisário. A importância de operar em um quadril ções transepifisárias com desvios muitas vezes ocorrem em crianças
~ PARTE XI FRATURAS E LU XAÇÕES EM CRIANÇAS

O@il@Elm A, Separação transepifisá-


ria do tipo 1 em uma criança de 3 anos de
idade (com espícula metafi sária - Salter-
-Harris do tipo li) . B, Separação tratada com
tração femoral distal do esqueleto por
causa da fratura femoral ipsilateral e para
evitar o cruzamento da fise com pinos em
criança jove m . C e D, No acompanhamento,
a remodelagem da fratura com fise ainda
em aberto; paciente teve boa amplitude de
movimento.

n
li Ili IV

O@ii;@mI!I Classificação de Delbert das fraturas do quadril em crianças. Tip o 1, transepif isárias, com ou sem lu xação do acetábulo.
Tipo li, transcervical. Tipo Ili, cervicotrocantérico (basicervical). Tipo IV, intertrocantérico.
CAPÍTULO 36 FRATURAS E LUXAÇÕES EM CRIANÇAS Clm

O@i!;f4Em A, Tipo 1, separação transepifisária com luxação da cabeça femoral. B, Desenvolvimento da osteonecrose após redução
aberta e fixação.

jovens em que a fixação com parafusos rosqueados ou pinos pode


FRATURAS TRANSCERVICAIS DO TIPO li
causar fechamento prematuro fisário. A fise deve ser cruzada apenas
por pinos lisos quando a fixação interna for necessária. As fraturas transcervicais ocorrem com mais frequência do que
Utilizamos especialmente os pinos lisos, semelhantes aos outras fraturas do quadril em crianças. A maioria destas está luxada
pinos, mas sem roscas, para tentar prevenir o fechamento prema - e uma quantidade de luxação parece estar diretamente relacionada
turo fisário. Os pinos lisos não voltam atrás com colapso no local com o desenvolvimento da osteonecrose. Acreditamos que a fratu-
da fratura, no entanto, como fazem os pinos rosqueados. Por ra-luxação é responsável pela insuficiência vascular e qu e a quan-
causa das pontas afiadas, os pinos lisos parecem migrar para o tidade máxima de luxação provavelmente ocorre no momento da
acetábulo se qualquer colapso ocorrer. Se a cabeça femoral não lesão. A distensão capsular e subsequente tamponamento dos vasos
for luxação do acetábulo, a redução fechada pode ser feita, com foram sugeridos para aumentar a incidência de osteonecrose, e eva-
o auxílio de intensificador de imagem, por tração longitudinal cuação do hematoma precoce por aspiração ou liberação capsular e
em abdução e rotação interna, e fixação interna percutânea ou fixação interna precoce foi recomendada para diminuir a taxa de
uma pequena incisão lateral com pinos, parafusos canulados do osteonecrose (Fig. 36-98). Em um rel atório de 28 fraturas do colo
quadril, ou pinos lisos. O número de pinos necessários depende femoral em crianças, no entanto, a RAFI precoce ainda resultou em
do tamanho da criança. Com o parafuso canulado do quadril de l1ma incidência de osteonecrose de 30%. A ocorrência de osteone-
maior diâmetro, dois ou até mesmo um pode ser sufi ciente. Se a crose estava relacionada com o grau da da fratura-luxação inicial e
cabeça femoral for luxada, e houver qualquer dú vida so bre se ela para a localização da fratura. As fraturas transcervicais do tipo II
é luxada anteriormente ou posteriormente, uma pesq uisa por TC estavam em maior risco (50%) do qu e as fraturas do tipo III.
será útil. Se for necessária uma redução aberta, e a cabeça femoral A fixação interna é recomendada para todas as fraturas do tipo
for luxada anteriormente, uma abordagem de Watson-Jones II, porque a maioria é instável. Quase invariavelmente, as fraturas
(Técnica 1-56) permitirá a redução e inserção dos pinos ou para- transcervicais luxadas e não luxadas do tipo II, "desvio" na coxa vara
fu sos sobre visão direta. Se a cabeça femoral for luxada poste- são tratadas apenas por fixação externa ou por redução fechada e
riormente, uma abordagem modificada de Gibson (Técnica 1-6 1) fixação externa (gesso pélvico-podálico). A pseudoatrose também
deverá ser utilizada. pode ocorrer se a fixação interna não for utilizada. Uma redução
Em recém-nascidos, uma entidade chamada epijisiólise femoral fechada suave, semelhante às fraturas do colo femoral do adulto,
proximal às vezes ocorre onde a fise se separa provavelmente no deve ser feita com tração longitudinal, abdução e rotação interna,
nascimento. Se não considerada, ela pode ser confundida com seguida por fixação com pinos ou parafusos canulados do quadril.
luxação congênita ou infecção do quadril. Uma artrografia é geral- Para reduções fechad as insatisfatórias, a redução aberta através de
mente necessária para fazer o diagnóstico precoce. Em cerca de 2 uma abordagem anterior de Watson-Jones será utilizada. A pinagem
semanas após a separação, o calo pode ser visto ao longo da borda percutânea pode ser feita com o uso de um intensificador de imagem.
medial do colo femoral. O tratamento cirúrgico com fixação A cabeça e o colo de um fêmur de uma criança são extremamente
interna não é necessário para essa separação. Os sinais clínicos, rígidos, e o uso de hastes triflangeadas ou outros dispositivos seme-
como pseudoparalisia da extremidade inferior, e estudos laborato- lhantes devem ser evitados por medo de distração da fratura e pos-
riais devem auxiliar na diferenciação da epifisiólise femoral proxi- sível separação da epífise femoral capital. Em crianças pequenas,
mal da infecção. A artrografia ou RM é necessária para diferenciar dois pinos podem ser suficientes, embora três possam ser utilizados.
a luxação congênita precoce do quadril. O comum é utiliza rmos dois parafusos canulados do quadril.
E!) PARTE XI FRATU RAS E LUXAÇÕES EM CRIANÇAS

O!ffii;hiEI!II> Li beração capsular antero late ra l; evacuação do


hematoma, redução aberta e fixação interna com pinos, e reparo
da cápsu la fe ito como procedimento de emergência.

Swiontkowski e Winquist recomendaram parafusos corticais de 4,5 H@ii;@E?ll!D A, Fratura (cervicotrocantérica) desv iada do tipo
mm AO inseridos na fise e perfurados no fragmento proximal para Ili em uma criança com 1O anos de idade . B, Após a red ução
um efeito interfragmentário. Por causa dos inúmeros problemas aberta, descomp ressão capsu lar e fixação com parafusos canu la-
com não aderência, gesso pélvico-podálico com o quadril abduzido dos de 4 mm .
é utilizado por 6 semanas.

uma redução aceitável. Após o alinhamento parecer estável, em 2 a 3


FRATURAS CERVICOTROCANTÉRICAS DO semanas dependendo da idade da criança, uma abdução gesso pélvi-
TIPO Ili co-podálico é aplicada e é utilizada por 6 a 10 semanas. Ocasional-
mente, quando a fratura não pode ser reduzida com tração, a
As fraturas do tipo III (cervicotrocantéricas) são semelhantes às manipulação fechada pode ser utilizada seguida por um molde de
fraturas que ocorrem na base do colo femoral em adultos, embora gesso pélvico-podálico. Em outras ocasiões, a fixação interna pode ser
a osteonecrose após essa fratura em crianças seja mais comum do o tratamento ideal (Fig. 36-100). O tipo de fixação interna utili zado
que em adultos. Se a fratura for verdadeiramente não desvi ada, depende da idade da criança. Como a fratura está a alguma distância
recomenda-se tratamento em uma abdução com gesso pélvico-po- da fise, a necessidade do dispositivo de fixação interna não a cruza.
dálico após um período de tra ção. Se a fratura for desviad a, a
redução fechada e fixação interna com pinos ou parafusos canula-
dos do quadril devem ser feitas. Mais recentemente, por causa de RECOMENDAÇÕES DE TRATAMENTO
várias pseudoartroses, utilizamos um parafuso canulado com uma
placa lateral para fixação das fraturas cervicotrocan téricas "baixas" As nossas recomendações de tratamento são as seguintes:
em crianças mais velhas (Fig. 36-99). Se desvio da fratura for 1. Tipo I, separações transepifisárias sem luxação - redução
questionável, ela deve ser tratada com uma fratura desviada. Várias fechada suave e fixação interna; com luxação - redução fechada
fraturas em nossa série foram consideradas não desviadas e foram suave, e em seguida, se não bem-sucedida, redução aberta ime-
tratadas em gesso pélvico-podálico apenas para tê-las em um varo diata e fixação com pinos ou parafusos canulados do quadril.
inaceitável. 2. Tipo II, transcervical - redução aberta ou fechada e fixação
interna independentemente da quantidade de desvio.
3. Tipo III, fraturas cervicotrocantéricas, se desviada - redução
FRATURAS INTERTROCANTÉRICAS fechada suave e fixação interna; se não desviada - abdução de
DO TIPO IV molde de gesso.
4. Tipo IV, fraturas intertro cantéricas - redução fechada e i mo-
Em nossa experiência, as fraturas (intertrocantéricas) do tipo IV bilização por gesso imediata; pele ou tração transesqueleto,
resultam em menores complicações do que as de outros tipos. Por gesso pélvico-podálico em abdução; fixação interna pode ser
causa do potencial osteogênico da criança na área trocantérica, a necessária se a fratura não puder ser reduzida e mantida em
rápida consolidação quase sempre ocorre, normalmente em 6 a 8 um gesso pélvico-podálico ou se a tração seguida por imobi-
semanas. A princípio, utilizamos a tração do transesqueleto para obter lização não for uma opção.
CAPÍTULO 36 FRATURAS E LUXAÇÕ ES EM CRIANÇAS

O@ii;fii ~ A, Fratura (intertrocantérica) do tipo IV em uma criança de 12 anos de idade . B, Após a fi xaçã o com um parafuso de
compressão intermediário do quadril.

tipo I ou II, remoção dos pinos produziu resultados aceitáveis. Em


geral, a descarga de peso restrito não produziu resultados aceitáveis
no tratamento da osteonecrose; os relatórios na literatura indicam que
é bem-sucedido em menos de 25% dos pacientes. As opções de trata-
mento cirúrgico incluem descompressão do núcleo, com ou sem
enxerto ósseo esponjoso; enxerto ósseo não vascularizado e vascula-
li 111 rizado (Capítulo 63); várias osteotomias para girar o segmento necró-
tico da cabeça femoral fora da área de suporte de carga; e até mesmo
ressurfacing ou artroplastia total do quadril em adolescentes mais
O@ii;t!imI!D Três tipos de osteonecrose descritos por Ratliff.
velhos. Alguns relatórios preliminares indicam que a adição dos
Tipo 1, envolvimento total da cabeça. Tipo li, envolvimento do
fatores osteoind utores ou angiogênicos pode melhorar os resultados
segmento. Tipo Ili, envolvimento da linha de fratura para a fise.
da descompressão do núcleo.
A coxa vara ocorre com menos frequência do que quando a
fixação interna é utilizada. Em nossa experiência, se o ângulo do eixo
Vários tipos de parafusos can ulados esponjosos estão disponí- do colo for maior do que 120 graus em uma criança jovem, a remode-
ve is. O di spositivo de fixação pode ser removido em 7 a 12 meses lação vai ocorrer para algum grau, e mesmo que não, a deformidade
após a fratura, quando a consolidação estiver assegurada, ou nos causa pouca deficiência. Se o ângulo do eixo do colo estiver entre 100
primeiros sinais de osteonecrose. Tentamos evitar penetrar a fise, e 110 graus, no entanto, a deformidade coxa vara geralmente não remo-
especialmente em crianças com menos de 9 anos de idade em que dela. A coxa vara significativa causa extremidade encurtada, fraqueza
os parafusos canulados do quadril podem fornecer melhor pega, dos abdutores e glúteos e alterações generativas tardias na articulação.
mas se eles puderem ser cruzados, especialmente em crianças mais Por esses motivos, temos rotineiramente utilizado uma osteotomia sub-
jovens, os pinos lisos poderão ser utilizados. O tratamento da fratura trocantérica valgizante para deformidade coxa vara persistente e para
é a principal prioridade; uma subsequente discrepância do compri- pseudoartrose (Fig. 36-103). A osteotomia em cw1ha de fechamento
mento da perna pode ser conduzida. imediatamente di stal ao trocânter maior, utilizando um parafuso inter-
A complicação mais séria das fratura s do quadril em crianças é fragmentário pediátrico com uma placa lateral para fixação interna, é
a osteonecrose, que foi relatada em quase metade daquelas com fra- preferida. Embora a não consolidação da osteotomia seja rara, ainda
turas do quadril e em até 88% daquelas com fraturas desviadas do colo aplicamos uma gesso pélvico-podálico por 12 semanas.
femoral. O tipo de fratura e idade na lesão parecem os melhores A fixação interna também diminui a taxa de pseudoartrose,
preditores da osteonecrose. Uma metanálise da literatura que incluiu mas quando a pseudoartrose ocorre, o tratamento cirúrgico deve ser
360 fraturas do quadril em crianças determinou as taxas de osteone- realizado tão logo quanto possível. Utilizamos uma osteotomia valgo
crose em geral de 38% para fraturas do tipo I, 28% para fraturas do subtrocantérica para fazer a pseudoartose mais horizontal e permitir
tipo II, 18% para fraturas do tipo III, e 5% para fraturas do tipo IV. forças verticais compressivas para auxiliar na consolidação. Essa
Ratliff descreveu três tipos de osteonecrose: tipo I, envolvimento de osteotomia pode ser aumentada, se necessário, com enxertos ósseos.
toda a cabeça; tipo II, envolvimento parcial da cabeça; e tipo III, uma A fixação interna é rotineiramente utili zada em todo o local da
área de osteonecrose da linha de fratura para a fise (F ig. 36-10 1). pseudoartrose, e um gesso pélvido-podálico é colocado por 12
Embora a osteonecrose em geral seja diagnosticada radiograficamente semanas. A modificação da osteotomia intertrocantérica de Pauwels,
em 12 meses de lesão, ela pode não ser clinicamente evidente por utilizando uma placa de osteotomia de ângulo duplo de 120 graus,
vários anos. O prognóstico e as opções de tratamento para osteone- foi descrita para o tratamento da pseudoartorse ou coxa vara ou
crose dep endem da extensão da osteonecrose, o grau de deformid ade ambas (Técnica 36-26) .
e colapso, e a idade em que os sintomas começam (Fig. 36-102). Em Embora o fechamento prematuro fisário possa ocorrer, porque
vá rias crianças com menos de 10 anos de idade, com osteonecrose do a fise capital femoral contribui com 15% do crescimento de toda a
lllm> PARTE XI FRATU RAS E LUXAÇÕ ES EM CRIANÇAS

O@ll;fJ.iEll!!) A, Osteonecrose após a fratura do tipo Ili em uma menina de 11 anos de idade. A fratura foi t ratada com redução
aberta urgente e fi xação interna e descompressão capsular. B, Um ano após o enxerto fibular vascu larizado.

(1) um tipo transversal na porção superior do colo femoral, que pode


se tornar desviada e causar grave morbidez, e (2) wna fratura de
compressão por estresse na porção inferior do colo femoral, que rara-
mente se torna desviada, embora a deformidade varo leve tenha ocor-
rido em pacientes jovens (Fig. 36-104). A fixação interna com parafuso
ou pino é recomendada para o tip o transversal, enquanto o tipo de
compressão pode ser tratado por não suporte de peso e limitação da
atividade da criança; no entanto, uma fratura por estresse pode pro-
gredir para uma fratura completa se o tratamento adequado não for
iniciado e a criança puder continuar a mesma atividade. A técnica
para redução fechada e pino percutâneo ou fixação do parafuso é
descrita na seção na epifisiólise (Técnica 36-28).

REDUÇÃO FECHADA E
O@ii;f4jlD) Deformidade em coxa vara após a fratura do FIXAÇAO INTERNA

-------'~
tipo Ili. Inclusive a cabeça femora l na fi xação pode prevenir a coxa
vara perioperatória .
TÉCNICA
•C oloq ue a criança em decúbito dorsa l em uma mesa de
extremidade inferior e normalmente fecha antes da maioria das fratura e fixe os pés.
outras fises de extremidade inferior, o encurtamento geralmente é •Realize uma suave redução fechada, apl icando a tra ção
menor do que 2 cm. A discrepância normalmente é maior do que 2 long itudin al, abdução e rotação interna. Verif ique a
cm apenas em crianças em que a osteonecrose também se desen- redução com radiografias anteroposterior e lateral ou
volve. No entanto, tentamos evitar penetrar a fise, especialmente em com um intensificador de imagem.
uma criança jovem. A desigualdade do comprimento da perna deve •Com o uso de um intensificador de imagem, faça um a
ser determinada com escanometrias e cuidadosamente registrada. incisão percutãnea ou uma incisão de 7 cm imediata-
A epifisiodese na extremidade oposta pode ser feita, se necessário. mente dista l ao trocãnter maior e faça a dissecção através
A infecção é incomum após as fraturas do quadril em crianças. da fáscia lata. Afaste o vasto latera l anteriormente,
A condrólise após fraturas do quadril em crianças foi relatada, expondo o eixo proximal do fêmur. Eleve o periósteo, e
mas a maioria dos investigadores não encontrou essa complicação. coloque os afastadores em torno do fêmu r proxima l para
As fraturas por estresse do colo femoral podem ocorrer em auxiliar em exposição.
crianças, especialmente em adolescentes. Devas observou dois tipos:
CAPÍTULO 36 FRATURAS E LU XAÇÕES EM CR IANÇAS GDllll

O@il;f;iErll!D Fratura por estresse do colo femoral.


A, Radiografia mostrando possível fratura do co lo
femoral inferior. B, Radiografia feita 3 semanas depois
revelando a formação do ca lo no colo inferior na
fratura por estresse. C, Imagem por RM mostra
fratura por estresse.

•Com um intensificador de im agem, determine a correta CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O gesso é utilizado por
colocação para um orifício no eixo latera l do fêmur. Com 6 sema nas. O paciente progride para suportar o peso com
uma broca elétrica e uma broca de 3,57 mm, faça um mu letas durante as próximas 6 semanas. Os pinos ou
orifício no córtex latera l. Através do orifício, perfure um parafusos devem ser remov idos em 1ano quando a fratura
pino-guia através do local da fratura e proximalmente no se uniu ou quando há evidência de osteonecrose.
colo femoral. Em crianças jovens, é importante evitar
penetrar a fise, se possível. Verifique a posição correta do
pino-gu ia com o intensificador de imagem.
• Meça o comprimento exato da porção do pino-guia no REDUÇÃO ABERTA E FIXAÇÃO
osso. Perfure um pino ou um parafuso canu lado do quadri l INTERNA
de mesmo comprimento que o comprimento med ido do
pino-guia paralelo para ou sobre todo o loca l da fratura. TÉCNICA
•Remova o pino-guia, e coloque um seg undo pino ou
parafuso canulado para lelo ao primeiro através do orifício (WEBER ET AL.; BOITZY)
do pino-guia. Uti lize um mínimo de dois pinos ou um
parafuso canu lado de 6,0 mm. Geralmente utilizamos •Coloque o paciente em decúbito dorsal, e estenda o
três pinos ou dois parafusos canulados de 6,0 mm, membro de modo que ele possa ser movido livremente
dependendo do tamanho da criança e do colo femoral. durante a opera ção.
Coloque os pinos ou parafusos para lelos e em uma for- •Uti lize uma abordagem de Watson -Jones para a articu la-
mação "ag lomerada". ção do quadri l (Técnica 1-56).
•Feche a incisão e apl ique um gesso pélvico-podál ico e •Faça a incisão na cápsu la de articu lação do quadril longi-
uma metade do molde de gesso com o quadri l na posi ção tudinalmente, e evacue e expulse o hematoma, que nor-
abduzida. malmente está sob pressão. )
mi) PARTE XI FRATU RAS E LUXAÇÕES EM CRIANÇAS

•Reduza a fratura com um elevador periostea l. Isso pode


)
ser faci litado por tração apropriada e rotação interna da
extremidade.
•Estabilize temporariamente a fratura com fios de Kirs-
ch ner e verifi que a redu ção na região do ca lcar. Fixe a t> H
fratura de forma permanente com parafusos esponjosos
fixados com arrue las. As roscas do parafuso devem estar H
no fragmento proxima l apenas e não em toda a fise da
cabeça femora l.
•Confirme a redução radiograficamente, e feche a cápsu la
do quadril.
Uma abordagem anterior, como a de Wat son-Jones,
pode ser utilizada para fraturas desviadas dos tipos li e Ili
e para separações transepifisá rias do tipo 1 quando a cabeça
femoral é luxação do acetábulo anteri ormente. Se a cabeça
femoral for desviada posteri ormente, uma abordagem
mod ificada de Gibson (Técn ica 1-61) é utilizada. A cabeça O@ll;t!Ul'IIil' Ilustração do comprimento da cabeça-colo cons-
femora l pode ser desprovida de todo fornec imento de tante L, iteração nos ângulos 8 a 81, e fin almente mudança na
sa ngue. Ela deve se r reduzida no acetábu lo, no entanto, altura, t>H. Fórmula é utilizada para determinar a mudança na
assegurando que não existem fragmentos cartilaginosos ou altura; H = segmento da cabeça-colo; H, = Lcos 8,; t> H = L(cos 8,
ósseos na arti cu lação, e fixados ao colo femora l com para- - cos 8). VEJA A TÉCNICA 36-25.
fusos esponjosos.
osteotomia para o meio da cabeça femoral (L) vezes o
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Se a fixação interna for cosseno de um ângulo menos o cosseno do novo ângul o:
estável , a descarga de peso com muletas é mantida por
6 semanas. Se a estabi lidade for questionável, um gesso L'> H = L(cos8 1 - cos8)
pélvico-podá li co ou um gesso longo com uma banda
pélvica deve ser utilizado por 6 semanas. Ir de uma posiçã o varo para uma posição va lgo aumenta
o comprimento da perna e, por outro lado, ir de uma
posição va lgo pa ra uma posição varo diminui o compri-
mento da perna, ou L'> H. Por causa da dificuldade de utilizar
as tabelas de seno e cosseno, a Tabel a 36-3 está incluída.
OSTEOTOMIA SUBTROCANTÉRICA EM O ângulo original é dado para os segmentos da cabeça-colo
VALGO PARA COXA VARA ADQUIRIDA fem oral de 2, 3 e 4 cm. O aumento estimado ou diminuição
OU PSEUDOARTROSE no comprimento da perna são dados para o "ângu lo dese-
jado" obtid o por uma osteotom ia varo ou va lgo.
TÉCNICA ----~-~ • Quando o ângu lo de correção é determinado, a osteoto-
mia apropri ada lateralmente em cunha de fechamento
• Coloque o paciente em uma mesa de fratura com um inten- pode ser determinada. Primeiro determine o diâmetro do
sificador de imagem ou equipamento radiográfico no local osso por meio da perfuração de um pino-gu ia transversal-
para obter as rad iografias anteroposterior e lateral. Prepare o mente através do fêmur. Determine o tamanho correto da
quadril no modo habitual. Se os enxertos ósseos precisarem cunha, utiliza ndo um modelo, tabelas de t angente (W =
ser utilizados, prepare e estenda a crista ilíaca também . tangente do ângulo x o diâmetro), ou a fórmu la W = 0,02
• Faça uma incisão latera l longitudinal reta começando no x diâmetro x ângu lo. Faça osteotomia apropriada em
trocânter maior e estendendo-se dista lmente para 8 a 1O cunha de fechamento na área subtrocantérica.
cm . Realize a dissecção abaixo do aspecto lateral do fêmur. • Após a preparação do local de osteotomia, a atenção
Eleve o periósteo e insira afastadores em torno do fêmur deve ser voltada para à colocação de um parafuso de
subperiostea lmente para expor o aspecto lateral do osso . compressão intermediári o do quad ril. Perfure um orifício
•Determ ine no pré-operatório a quantidade do valgo imediatamente dista l ao trocânter ma ior, e verifique a sua
necessária para alinhar o quadril adequadamente compa - colocação com o intensificador de imagem . Coloque um
rando as radiografias com aque las do quadril contralate- pin o-gu ia apropriado do comprimento adequado no co lo
ral. Utilizamos as funções trigonométricas para avaliar o femoral com o auxílio de um guia de ângulo ajustável
efeito da osteotom ia femora l proxima l. Se uma osteoto- (Fig. 36-1 06A) . Se a criança for jovem, evite cruzar a f ise,
mia varo ou va lgo for rea lizada na área subtrocantérica se possível. Se a pseudoartrose for proximal, cruzar a fise
ou trocantérica, o compri mento da cabeça femora l e pode ser necessário para obter a consolidação. A fise
fragmento do colo não alterará; apenas os ângulos e o femoral proximal contribui 30% para o crescimento do
comprim ent o da perna mudam (Fig. 36-1 05). A quanti- fêmur e somente 15% para toda a extrem id ade inferior
dade de mudança no comprimento da perna pode ser (Fig. 36- 106B). Muitas vezes é preferível obter a consol i-
ca lcu lada para determinar a mudança nos dois ângulos. dação do colo femoral e se preocupa r menos com o
A mudança no comprimento da perna (L'>H) é igua l ao comprimento moderado desigual da perna. Verifiq ue a
comprimento do ponto a partir do meio de um local da colocação do pino-guia com intensificador de imagem. )
TABELA 36-3 Estimativas da Mudança do Comprimento da Perna para uma Variedade de Mudanças na
Angulação*

L, ÂNGULO ORIGINAL (GRAUS) ÂNGULO DESEJADO (GRAUS)

90 100 110 120 130 135 140 150 160


2cm
90 o 0,3 0,6 1,0 1,3 1,4 1,5 1,7 1,9
100 - 0,3 o 0,3 0,7 0,9 1, 1 1,2 1,4 1,5
11 o - 0,6 - 0,3 o 0,3 0,6 0,7 0,9 1,0 1,2
120 -1 - 0,7 - 0,3 o 0,3 0,4 0,5 0,7 0,9
130 - 1,3 - 0,9 - 0,6 - 0,3 o O, 1 0,2 0,4 0,6
135 - 1,4 - 1, 1 - 0,7 - 0,4 - 0, 1 o O, 1 0,3 0,5
140 - 1,5 - 1,2 - 0,9 - 0,5 - 0,2 - 0, 1 o 0,2 0,3
150 -1,7 - 1,4 - 1,0 - 0,7 - 0,4 - 0,3 - 0,2 o 0,1
160 - 1,9 - 1,5 - 1,2 - 0,9 - 0,6 - 0,5 - 0,3 - 0,1 o
3cm
90 o 0,5 1,0 1,5 1,9 2, 1 2,3 2,6 2,8
100 - 0,5 o 0,5 1,0 1,4 1,6 1,8 2, 1 2,3
110 -1 - 0,5 o 0,5 0,9 1,1 1,3 1,6 1,8
120 - 1,5 -1 - 0,5 o 0,4 0,6 0,8 1, 1 1,3
130 - 1,9 - 1,4 - 0,9 - 0,4 o 0,2 0,4 0,7 0,9
135 - 2, 1 - 1,6 - 1, 1 - 0,6 - 0,2 o 0,2 0,5 0,7
140 - 2,3 - 1,8 - 1,3 - 0,8 - 0,4 - 0,2 o 0,3 0,5
150 - 2,6 - 2, 1 -1,6 - 1, 1 - 0,7 - 0,5 - 0,3 o 0,2
160 - 2,8 - 2,3 - 1,8 - 1,3 - 0,9 - 0,7 - 0,5 - 0,2 o
4cm
90 o 0,7 1,4 2,0 2,6 2,8 3, 1 3,5 3,8
100 - 0,7 o 0,7 1,3 1,9 2, 1 2,4 2,8 3, 1
11 o - 1,4 - 0,7 o 0,6 1,2 1,5 1,7 2, 1 2,4
120 - 2,0 - 1,3 - 0,6 o 0,6 0,8 1, 1 1,5 1,8
130 - 2,6 -1,9 - 1,2 - 0,6 o 0,3 0,5 0,9 1,2
135 - 2,8 - 2,1 - 1,5 - 0,8 - 0,3 o 0,2 0,6 0,9
140 - 3, 1 - 2,4 - 1,7 - 1, 1 - 0,5 - 0,2 o 0,4 0,7
150 - 3,5 - 2,8 - 2, 1 - 1,5 - 0,9 - 0,6 - 0,4 o 0,3
160 - 3,8 - 3, 1 - 2,4 - 1,8 - 1,2 - 0,9 - 0,7 - 0,3 o
Sem
90 o 0,9 1,7 2,5 3,2 3,5 3,8 4,3 4,7
100 - 0,9 o 0,8 1,6 2,3 2,7 3,0 3,5 3,8
11 o - 1,7 - 0,8 0,8 1,5 1,8 2,2 2,6 3,0
120 -2,5 - 1,6 - 0,8 o 0,7 1,0 1,3 1,8 2,2
130 - 3,2 - 2,3 - 1,5 - 0,7 o 0,3 0,6 1, 1 1,5
135 - 3,5 - 2,7 - 1,8 - 1,0 - 0,3 o 0,3 0,8 1,2
140 - 3,8 - 3,0 - 2,2 - 1,3 - 0,6 - 0,3 o 0,5 0,9
150 -4,3 - 3,5 - 2,6 - 1,8 - 1, 1 - 0,8 - 0,5 o 0,4
160 - 4,7 - 3,8 - 3,0 - 2,2 - 1,5 - 1,2 - 0,9 - 0,4 o
6cm
90 o 1,0 2, 1 3,0 3,9 4,2 4,6 5,2 5,6
100 -1 o 1,0 2,0 2,8 3,2 3,6 4,2 4,6
110 - 2,1 - 1,0 o 0,9 1,8 2,2 2,5 3, 1 3,6
120 - 3,0 - 2,0 - 0,9 o 0,9 1,2 1,6 2,2 2,6
130 - 3,9 - 2,8 - 1,8 - 0,9 o 0,4 0,7 1,3 1,8
135 - 4,2 - 3,2 - 2,2 - 1,2 - 0,4 o 0,4 1,0 1,4
140 - 4,6 - 3,6 - 2,5 - 1,6 - 0,7 - 0,4 o 0,6 1,0
150 - 5,2 - 4,2 -3, 1 - 2,2 - 1,3 - 1,0 - 0,6 o 0,4
160 - 5,6 - 4,6 - 3,6 - 2,6 - 1,8 - 1,4 - 1,0 - 0,4 o
*Coluna da mão esquerda tem diferentes ângulos, com L (o comprimento do colo ao centro da cabeça) sendo 2 cm, 3 cm, 4 cm, 5 cm e 6 cm . Ir do ângulo
original na coluna da mão esquerda para o ângulo desejado na parte superior mostra a mudança estimada na altura ou L'.H (em cm).
De Harper MC, Canale ST, Cobb RM : Proximal femoral osteotomy: a trigonometric analysis of effect on leg length, J Pediatr Orthop 3:431, 1983.
ED PARTE XI FRATURAS E LU XAÇÕ ES EM CRIANÇAS

A B

e D E

F G

,. ,
(H
l 1

O@ii;f;.)Emil) A-H, Técnica para inserção do parafuso de compressão intermediário. VEJA A TÉCNICA 36-25.
CAPÍTULO 36 FRATURAS E LUXAÇÕES EM CRIANÇAS

) •Após o pino-guia ser colocado, utilize um medidor direto for feita mais horizontal colocando o quadril em uma
percutâneo para determinar o comprimento do parafuso posição valgo no local da osteotomia subtrocantérica . O
interfragmentário. Defina a parada positiva ajustável no tecido fibroso não precisa ser removido da pseudoare-
alargador de combinação para o comprimento do para- trose. Um enxerto ósseo esponjoso ou cortica l colocado
fuso interfragmentário determinado por uma medição em todo o local da pseudoartrose pode ser útil em crian -
direta percutânea . Coloque o alargador sobre o pi no-guia, ças ma is velhas. O enxerto é inserido por perf uração de
e aumente até que a parada positiva alcance o córtex um orifício do tamanho do enxerto através do colo
lateral (Fig. 36- 106C). É prudente verificar a imagem fluo- femora l adjacente e paralelo ao dispositivo de fixação.
roscópica periodicamente durante o alargamento para Deve-se ter cuidado para não soltar o dispositivo. Um
garantir que o pino-guia não esteja inadvertidamente enxerto cortical da tíbia ou fíbula pode ser utilizado, mas
avançando proxima lmente na epífise. preferimos o osso esponjoso da crista ilíaca. Não util iza-
•Defina a parada positiva ajustável na ponta do parafuso mos um enxerto ósseo rotineiramente neste procedi-
interfragmentário para o mesmo comprimento que foi mento. Em crianças mais jovens com boa fixação interna,
alargado. Vire até que a parada positiva atinja o córtex tornar a pseudoartrose mais horizonta l tem sido sufi-
lateral. Utilize o parafuso de compressão intermediário ciente. Uma menor versão do parafuso de compressão do
apropriado sobre o pino-guia (Fig . 36-1060 e E). quadril está disponível para crianças.
•Tire a placa escolhida du rante o planejamento pré-operató-
rio, e insira o seu tambor sobre o guia do tambor e na parte CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Gesso pélvico-podál ico
de trás do parafuso interfragmentário. O ângulo da placa deve ser util izado por aproximadamente 12 semanas,
finalmente determina o ângulo final do quadril. Remova o dependendo da idade da criança. Quando o gesso for
guia do tambor, e insira um parafuso de compressão para removido, o suporte de carga em muletas será iniciado.
preven ir a placa de se soltar durante a manobra de redução.
Utilize a chave de fenda para o parafuso de compressão
pediátrico ou a chave de fenda hexagonal para o parafuso
de compressão intermediário. Se a placa obscurecer o local
OSTEOTOMIA INTERTROCANTÉRICA
da osteotomia, solte o parafuso e gire a placa lateral. MODIFICADA DE PAUWELS PARA
•Faça a osteotom ia em ângulo apropriado uti lizando uma COXA VARA ADQUIRIDA OU
serra elétrica, remova a cunha e alinhe os dois fragmentos.
•Reduza a osteotomia e fixe a placa ao fêmur utiliza ndo
o grampo de placa . Verifique a posição da rotação da
extremidade inferior em extensão.
PSEUDOARTROSE
TÉCNICA ....._ ______ ...... ~
~

•Para conseguir compressão, insira uma broca ou guia de (MAGU ET AL.)


perfuração na porção distal do local da compressão mais
distal. Perfure através do córtex medial. Se a menor com- •Com radiografia normal do quadril, determine o ponto
pressão for necessária, siga as mesmas etapas deta lhadas correto de entrada do cinzel para acomodar a lâmina no
anteriormente na porção distal das fendas do segundo colo femoral, o comprimento apropriado da lâmina, a
ou terço distal para 2,5 mm de compressão. linha de osteotomia e a cunha intertrocantérica apro-
•Selecione o parafuso de osso de comprimento apro- priada (Fig. 36-107 A e 8) Em um paciente com fises
priado, e insira-o util izando a chave hexagona l. Utilize o abertas, tenha certeza de que o comprimento da lâmina
dispositivo de autorretenção (Fig. 36- 106F). Fina lmente, escolhido evitará a penetração da fise femo ral proximal.
na fenda mais proximal, a combinação intermediária •Contorne uma placa sem itubu lar em uma placa de ângu lo
broca/guia de perfuração pode ser inclinada proxima l- duplo de 120 graus (Fig. 36-1078).
mente de modo que a broca e, por fim, o parafuso de •Tente a redução fechada através da tração do transesque-
osso, cruze a linha da osteotomia. Posicionar o parafuso lético (se um pino da tíbia proximal já estiver no local) ou
de osso proximal dessa forma pode fornecer estabilidade tração manual.
adicional em um loca l de osteotomia. Insira os parafusos •Com orientação do intensif icador de imagem, faça uma
em qualquer orifício de parafuso restante. abordagem lateral padrão para a articulação do quadri l e
•O parafuso interfragmentário pode ser inserido mais para estabilize provisoriamente o quadril com dois fios de Kirs-
fornecer compressão em toda a pseudoartrose. Para inserir chner de 2 mm a fim de prevenir a rotação da cabeça
o parafuso interfragmentário por aproximadamente 5 mm f emoral quando a acomodação do cinzel for utilizada
de compressão, pare quando o córtex latera l estiver no para criar um caminho pa ra a lâm ina do imp lante.
meio entre as duas calibrações profundas (Fig. 36-106G). • Faça os dois cortes de osteotomia conforme determinado
Para inserir o parafuso interfragmentário por aproximada- na radiografia normal do quadril para criar uma cunha
mente 1O mm de compressão, pare quando a segunda intertrocantérica de osso latera lmente baseada em 15 a
calibração profunda atingir o córtex lateral (Fig. 36- 106H). 30 graus (Fig. 36-1078). Remova essa cunha de osso para
• Feche a ferida por camadas. Insira um tubo de drenagem colocar a cabeça femoral em va lgo, conforme definido
de sucção, e aplique um e meio gesso pélvico-podálico do pelo planejamento pré-operatório.
molde de gesso com o quadril em 30 a 40 graus de abdução. •Insira o cinzel através do ponto de entrada anteriormente
• Para fixação de uma pseudoartrose, o parafuso de com- determinado, mantendo o retalho do cinzel paralelo ao
pressão intermediária do quadril deve cruzar o loca l da eixo do fêmur (Fig. 36-1078). Avance o cinzel na metade
pseudoartrose . A pseudoartrose parece curar melhor se inferior do colo femoral para um comprimento igual ao )
~ PARTE XI FRATURAS E LU XAÇÕ ES EM CRIANÇAS

A B B

O@il;tijll'II!D A-D, Osteotomia intertro-


cantérica modificada de Pauwe ls pa ra coxa
vara adquirida ou pseudoartrose. (Redese-
nhado de Magu NK, Rohilla R, Singh R, Tater
R: Modified Pauwels' intertrochanteric osteo-
tomy in neglected femora l neck fractu re, Clin
e D Orthop Relat Res 467 1064, 2009 .) VEJA A
TÉCNICA 36-26.

traum a trivial pode causa r um a luxação do quadril em crian ças


da lâmina de uma placa de osteotom ia mol dada a 120
) jove ns principalmente porq ue a sua cartil agem im atura é mal eável
graus (normalmente 65 mm).
e se us ligamentos n ão co nferem es tabilidade. A distribui ção etári a
•Remova o cinzel e insira a parte da lâm ina da placa de
relatada das luxações traum áti cas do qu adril vario u en tre os
osteotom ia no seu caminho (Fig. 36-107C ).
autores, com algun s sugerindo qu e mais da metade oco rre entre as
•Faça a abdução do fragmento distal para fechar uma
idades de 12 e 15 an os, algun s relataram nenhum pico por grup o
osteotomia e estabi lizar a placa para o fêmur com para-
de idade, e alguns identi fica ram doi s grupos di stintos: cri anças de
fusos (Fig. 36-1 07D).
2 a 5 an os de idade (8 pacientes) e crianças de 11 a 15 anos de
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Um gesso pélvico-podá- idade (14 pacientes) . Co mo em adulto s, as lu xações posteriores são
lico do quadril é utili za do por 6 a 1O semanas, depen- mais comuns do qu e as anteriores. Os fatores que influenciam o
dendo da consolidação da osteotomia. O gesso é resultado final após as luxações do quadril são (1) a grav idade da
removido, e suporte do peso com muletas é iniciado, lesão, (2) o interva lo entre a lesão e a redu ção, (3) o tipo de trata-
seguido por suporte de peso tota l e parcial graduado mento, (4) o período de não supo rte de peso, (5) se a luxação
entre 12 e 20 semanas. recorrente se desenvolve, (6) se a osteo necrose se desenvolve e (7)
se a redução foi incompleta, por ca usa da in terposição de tecidos
na ar ti cul ação. A luxação do qu adril com redução espontânea
LUXAÇÕES TRAUMÁTICAS DO inco mpleta provavelmente oco rre com mais frequência do que
anterior mente se pensava, e o diagnós tico d a subluxação do qu adr il
QUADRIL EM CRIANÇAS
pode ser negli genciado.
As ILLxações traumáticas do quadril em crianças são mais com uns Em nossa experi ência, quanto mais grave a lesão, pior o res ul -
do que as fraturas do qu adril, emb ora tamb ém sejam raras. Um tado. Os quadr is n ão reduzidos do lado por mais de 24 horas
CAPÍTULO 36 FRATURAS E LUXAÇÕES EM CRIANÇAS CIDll

O@ihtijEI'II!Il) Osteonecrose da cabeça


fe mo ra l após luxação do quadr il. A, Luxação
traumática em criança mais velha . B, Após a
redu ção fechada satisfatória . C, Em 1 ano
após a redução, a sugestão de osteonecrose
precoce. D, Em 8 anos após a redu ção, a apa-
rê ncia cística da osteonecrose.

normalmente têm piores resultados, e a osteo necrose da cabeça A red ução compl eta pode não ser co nseguida por interposição
fe m oral se dese nvolve com m ais frequência do qu e em quadr is pron- da cápsul a, labrum, outro tecido mole, ou um fragm ento osteocar-
ta mente redu zidos. O intervalo entre a lesão e a redução é um crítico ti laginoso. As radi ografias de amb os os quadris devem ser feitas após
em luxações em ad ul tos, parece menos importante em crianças. a redu ção fec hada para compa rar a largura dos espaços da articul a-
Uma red ução fecha da, qu and o bem -sucedida, prod uz m elhores ção. Se o es paço da ar ticul ação envolvido for maior e a linha de
resultados do que a redução aberta. A redução aber ta pode ser Shen ton for quebrada, uma redução inco ngruente deve ser suspei ta
necessária, no entan to, para lesões m ais graves. Ao contrário dos (Fig. 36- 109). Um a tentativa de dese ncaixa r o objeto interpos to pode
relatos anteri ores, o período de não suporte do peso não parece se r feita, movend o o qu adril através de um a amplitude de movi-
influenciar o desenvolvimento da osteonecrose da cabeça femoral. mento total co m a criança sob anestesia geral. A cabeça fem oral não
A luxação recorrente também é mais co mum em crianças do deve se r co mpletamente redesviada durante essa m anobra. Se isso
que em adultos po r causa da flexibilidade cartilagi nosa e fro uxidão não for bem-sucedido, a TC ou RM em ge ral revela o objeto in ter-
ligamentar. As luxações recorrentes são mais fre qu entes em crianças pos to. Se a inter posição for indi cada por achados clíni cos, TC ou
co m sínd rom es de hip erfro md dão, es pecialmente a sí nd ro me de RM, reco mendam os a redução ab erta. Para luxações pos teri ores, a
Down, e podem exigir plicatu ra posterior da cápsula e um procedi- abordagem posterior, co mo uma abordage m modifica da por Gibson
mento ósseo, com o osteotomi a inominada ou fe m oral em varo. As (Técn ica 1-61) ou Moore (Técnica 1-63), deve ser utilizada. Para
luxações recorrentes podem ser involuntárias e pós-traumáticas e luxações anteriores, uma abordagem anterior, com o a abordagem de
deve m ser diferenciadas das luxações voluntárias, que podem ser Smith -Petersen ou Watson Jones (Técnicas 1-53 e 1-56), será utili -
habituais ou não habituais. zada. Se a d ireção do desv io não puder ser determinada, a aborda-
A osteo necrose da cabeça fe moral ocorre após o simples desvio gem posterior será utilizada, porque essa é a d ireção m ais comum
do quadril em uma estim ativa de 10% a 26% de adultos e 8% a 10% de luxação. Em redu ção aberta, o qu adril deve ser redesviado, e o
de crianças (Fig. 36-108). Os at rasos na redução e a gravidade da acetáb ulo deve ser ve rificado para fragm entos ósseos soltos ou um
lesão provavelmente influenciam o desenvolvimen to da osteone- lim bo inve rtido ou outro tecido mole. A redução deve ser confir-
crose. A paralisia do nervo ciático, ossificação hetero tópica e coxa mada radi og rafi ca mente na sala de cirurgia, assegurando que a
magna també m foram relatadas co mo complicações de luxações do largura do espaço da arti culação tenha retornado ao no rmal. A
qu adril em cri anças. técnica para redu ção aberta de uma redu ção fechada inco ngruente
llilm) PARTE XI FRATURAS E LU XAÇÕES EM CRIANÇAS

O@ll;ffl&Ilm Sinal de "crecente" na epífise femoral proxima l


desviada. A de nsidade dupla pode ser vista na metáfise . (De Steel
HH: The metaphyseal blanch sign of slipped capital femoral epip hysis,
J Bane Joint Surg 68A:920, 1986.)
li!dil;f4ED> Redução incongruente do quadr il. Radi ografi a
de ambos os quadris depois do que foi considerada uma red ução
fechada bem-suced ida da luxação traumática do quadril direito
em ado lesce nte. A redução é incongruent e, no e ntanto, conforme desli zamento normalmente ocorre em 12 a 18 meses do desli za-
most rado pela ruptura na linha de Shenton e aumento na la rg ura mento inicial.
do espa ço da articu lação . Vários fatores etiológicos foram sugeridos para EFP, incluindo
trauma local, fatores mecâ nicos (especialmente obesidade, estirão
é a mesma para a luxação irredutível do quadril e está desc rita no de crescimento e puberdade), co ndições inflamatórias, d istúrbios
Capítulo 55. endócrinos (p. ex., hipotireoidis mo, hipopituitarismo e doe nça renal
Raramente, uma luxação traumática negligenciada pode exigir crôni ca), fatores genéticos, síndrome de Down e variações sazonais.
a redução aberta em uma criança ou adolescente. Em um recente Os achados artroscóp icos de erosão da cartilagem artic ular anteros-
relato de oito luxações crô ni cas, a tração falhou em obter a red ução superior, dano ao labrum acetabular posterolateral, erosão cartilagi-
em todo s os oito, e a redução aberta fo i necessá ria por causa da dor nosa e uma fenda transve rsal na superfície anterior da cabeça
e distúrbios da marcha. Em um acom panhamento médio de quase femora l foram citados para apo iar a hip ótese de que todos os meca-
8 anos, seis dos quadris permaneceram reduzidos; todos tinham nismos patológicos de EFP são traumáticos. Embora as forças de
evidência de osteonecrose. Embora esses resultados não sejam par- cisalhamento geralmente sejam citadas corno fatores causadores, as
ticularmente bons, eles são, de aco rdo com os autores, preferíveis forças de torção tamb ém desempenham um papel em EFP. A verda-
para aqueles obtidos com outros métodos de tratame nto ou sem deira ca usa de EFP provavelmente é rnu ltifatorial: a fise que é enfra-
tratamento. O ut ros autores recomendaram a redução aberta das quecid a por alguma condição su bjacente fa lha quando está sujeita a
luxações negligenciadas, mesmo com a probabilidade de osteone- forças maiores do que o estresse norma l, res ultando em desliza-
crose, porque um a cabeça femoral colocada anatomicamente mento da epífise femora l proximal.
mantém o estímulo para o crescimento da pelve e fêmur, previne a Os si ntomas clínicos e sinais radiográficos de EFP variam de
deformidade e mantém o comprimento do membro. acordo com o tipo de deslizamento, mas normalmente incl uem dor
Ocasionalmente, uma fratura femoral ipsilateral ocor re no na virilha, na região medial da coxa ou joelho e limitação do movi-
momento da luxação do quadril. O tratamento desta combinação de mento do quadril, especialmente rotação interna. Mui tas vezes,
lesões é descrito no Capítulo 55. quando o quadril é flexionado, a perna gira externamente em um a
posição de perna de sapo. EFP deve ser suspeita em pacientes com
idade de 10 a 16 anos que se queixam de dor vaga no joelho, que
EPÍFISE FEMORAL CAPITAL pode ser a referida dor do quadril. Os pacientes com deslizam entos
DESLIZADA crônicos podem ter encurtamento leve ou mod erado da extremi -
dade afetada, a perna pode estar em rotação externa fixa, e uma
Uma fratura-separação transepifisária do tipo 1 e epifisiólise femoral marcha de Trendelenburg pode estar presente se o desliza mento for
proximal (EFP) são separações epifisárias, mas a controvérsia sobre de grau moderado.
as suas histórias naturais e patogênese separa os dois distúrbios. As O diagnóstico de EFP normalmente é aparente a partir das
separações transep ifisárias do tipo I em geral são causadas por radiografias anteroposteriores, mas as incidências radiográficas
trauma de alta energia, enquanto EFP pode oco rrer insidiosamente especiais podem ser úteis. A incidência em batráquio, ou verdadeira,
e menor trauma pode causa r sepa ração aguda ou deslizam ento incidência lateral pode ajudar a determinar a extensão da luxação
crônico. As separações transepifi sá rias do tipo I são mais comu ns posterior da epífise, e um a incidência lateral em "batráqui o" mostra
em crianças jovens, enquanto EFP ocorre em um distinto grupo melhor o desli zamento sutil. A TC pode ajudar a confirmar o di ag-
etário mais velho (idade de 10 a 16 anos); 78% dos pacientes com nóstico em pacientes com desli zamento precoce e leve que não é
EFP são ado lesce ntes na rápida fase de crescimento. EFP ocorre aparente nas radiografias. Muitas vezes uma densidade dup la é vista
com mais frequência em crianças obesas e é quase duas vezes mais na m etáfise quando a cabeça femoral é leve mente deslizada poste-
comum em meninos do que em meninas. Ele ocorre cerca de duas riormente na radiografia regul ar quando comparada com o quadril
vezes mais freq uentemente em crianças negras do que em crianças contralateral; isso foi chamado de sinal de "branqueamento" rneta -
brancas. O quadri l esquerdo é afetado duas vezes mais que o d ireito, fisário pela sobreposição de tecido (Fig. 36-110). A linha de Klein é
e o envolvimento bilateral é relatado e pode ocorrer em 25% a 40% uma linha que tangencia a porção latera l do colo femora l que nor-
das crianças. Quando os deslizamentos bilaterais ocorrem, o segundo malmente cruza a epífise. Em deslizamentos precoces, a epífise é
CAPÍTULO 36 FRATURAS E LUXAÇÕES EM CRIANÇAS

/
/
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I
I
1
1
\

A B
e
h!§ll;@EIIJD A linha de Klein: em deslizamentos iniciais, a
epífise é nivelad a com ou abaixo desta linha.

A
ni velada co m ou abaixo dessa linha (F ig. 36- 111). A modificação
dessa medi ção co nsiderou que um desli zam ento ti vesse ocorrido se
a largura máxima da epífise latera l para a linh a de Klein diferisse 2
mm ou mais do quadril contralateral. Foi relatado que essa modifi -
cação melhora a sensibilidade de 40% para qu ase 80%. A ultrasso-
nografia e RM foram utili zadas para diagnóstico e avaliação de EFP.
Embo ra a RM possa não mostrar o deslizamento, ela pode revelar
B
edema em torno da fise nas image ns ponderadas de T2, que deve m
ser um sinal de que um deslizamento está presente.
A EFP tradi cionalmente fo i class ifi cada de acord o com a
duração dos sintomas e da gravidade do deslizamento. Os desli za-
mentos instáveis agudos são aqueles com um início rep entin o de
sintoma normalm ente grave qu e es ti ve ram presentes em menos de
2 se man as. As radiografias mostram a lu xação epifisária co m
nenhum a evidência de co nsolidação d o osso ou remodelagem. Os
des li za mentos crônicos estáve is são ca rac terizados pelo início B
grad ual e sintomas de m ais de 2 semanas de duração. Algum a
co nsolidação óssea e remodelage m ao longo do colo femoral pos- H@IJ&Jml!) A e B, Mediçã o do ângulo do eixo da cabeça nas
terior e medial normalmente são visíveis nas radiografias. Os des- radiografias anteroposterior e lateral. Linha A se conecta com as
li zamen tos crôn icos ag udizados são deslizamentos com sintomas porções periféricas da fise. Linha B é perpendicular à linha A, e a
que duram m ais de 1 m ês e um a recente repe ntina exace rb ação de linha C está em longo e ixo do d iáfise do fêmur. A intersecção das
dor após uma lesão relativamente trivial. Nas rad iografias antero- linhas B e C forma o ângulo do eixo da cabeça em ambas as vistas.
posteri ores, o ângu lo normal da di áfise e da cabeça femoral é de
145 graus; na incidência lateral é de 170 graus ou mais. Loder et
al. desc re vera m uma rara EFP em va lgo (4 [3% ] de 141 desli za-
mentos idiopáticos). deslizamentos (38 agudos, 17 crô nicos agudi zados), 30 eram instá-
O pré-deslizamento é um achado esse ncialm ente radiográfico veis e 25 era m estáveis. Quatorze desliza mentos eram leves, 16 era m
de irregul aridade, alargam ento e indefi nição de processos mamilares moderados e 25 eram graves. Os resultados satisfatórios fora m
da fise. O deslizamento leve (grau I) existe quand o o colo é deslo- obtidos em 96% dos deslizamentos estáveis em comparação com
cado menos do que um terço do diâmetro da cabeça femoral ou 47% dos deslizame ntos instáveis.
quando o ân gul o da cabeça desvia-se do normal por 30 graus ou A EFP também pode ser idiopática ou atíp ica (associada a
menos em cada projeção (Fig. 36-1 12). No deslizamento moderado insuficiência renal, tratamento por radi ação e distú rbios endóc ri -
(grau II), o colo é deslocado entre um terço e metade do diâmetro nos) . As cri anças com m enos de 10 anos de idade ou com mais de
da cabeça femora l ou um ângulo da cabeça se desvia entre 30 e 60 16 anos fo ram relatadas co mo se ndo 4,2 vezes mais prováve is de ter
gra us do normal em ambas as incidências. O desli zam ento grave EFP at ípica e 8,4 vezes m ais provável se o seu peso estivesse abaixo
(grau III) é caracterizado por luxação do colo de mais da metad e do de 50%. Os deslizamentos qu e ocorrem em crianças com endocri-
diâmetro da cabeça ou desvio do ângu lo da cabeça de mais de 60 nopatias subj ace ntes ou quadris instáveis em crianças com uma
graus. Na ma ior parte das grandes sé ri es de EFP, 60% a 90% dos históri a de dor antecedente do joelho ou quadril (comumente
deslizamentos são classificados como crô nicos, e mais da m etade são chamado de deslizamento crôni co agudi zado) podem ser suscetíve is
classificados como deslizamentos leves. a fa lha de fixação do parafus o e desli zamento progressivo. Em tais
Uma simples classificação de duas partes de EPF baseada na pacientes, o acompanhamento de perto com radiografias é necessá-
es tabilidade da fis e conforme desc rito por Loder et al. é a classifica- rio quando os sintomas de dor co ntinuam (média de 5 m eses). Os
ção ace ita hoje. Um deslizame nto é classificado como instável se a pinos de Steinmann foram recomendados para permitir o cresci-
dor fo r grave e impedir a ca minh ada, mes mo com muletas, inde- mento co ntínuo em pacien tes mais jovens com osteodistrofia renal.
pendente da duração dos sintomas. Com um deslizamento estáve l, Um úni co parafuso canul ado co m di âm etro de 7 mm com roscas de
a caminhada é possível, com ou sem muletas. Em seu relato de 55 10 mm tamb ém pode se r utili zado. O parafuso deve ser colocado
~ PARTE XI FRATURAS E LUXAÇÕES EM CRIANÇAS

O@l@imli) Princípio da f ixa ção din â mica do parafuso . O


parafuso de rosca curta (1 O mm) somente na e pífise e o parafuso
e arruela d e ixados ao longo do crescimento contínuo.
h@limil?lm Posições do parafuso no fêmur proximal. Posição
1, e ixo central do parafuso está localizado sobre a linha central da
no centro d a cabeça femora l d e modo que todas as roscas do para- cabeça femora l ou dentro da d istância igual à metade do diâmetro
fu so estejam d entro da cabeça fe moral e não na articul ação. O para- do parafuso (posição ideal) . Posição 2, distância entre o ei xo do
fuso ficará sa li ente na di áfi se femoral em 15 a 20 mm para perm itir parafuso e a linha centra l da cabeça femoral é entre um e meio
o crescim ento fi sário (Fig. 36-11 3) . e um diâmetro de parafuso. Pos ição 3, eixo do parafuso é maior
do que um diâmetro do parafuso da linha centra l. A posição é
dada como dois números: primeiro para a posi çã o do parafuso na
TRATAMENTO radiografia anteroposterior e segundo para a posição conforme
vist o na vista lateral. Posição idea l é de 1.
O tratamento ideal d e EFP d eve ev ita r o des li za mento adicional d a
epífise e estimula r o fechamento fi.sário ini cia l, evitando as compli -
cações d e osteonecrose, co ndrólise e os teoartrite. A estabilização do
deslizamento e fechamento d a fise são relativamente fáceis de se precisa. Esses parafusos têm canais de corte inverso qu e torn am a
obter por um a variedade d e métodos; no enta nto, a prevenção das remoção mais fácil, e eles n ormalmente são autoperfurantes. Se os
complicações provou se r ma is difícil. O tratamento não cirúrgico pinos o u parafusos canulados do quadril forem utili zados, não
por tração e im obilização por gesso foi relatado por preve ni r o d es- devem se r removid os até qu e a fise feche.
lizame nto em 82% a 97% d os pacientes, resultando em fechamento Preferimos a técnica de único pino. Uti li za mos a fixação per-
prematuro fi sário em 82%, mas isso é raram ente uti lizado hoje, po r cutânea de úni co parafuso canulado em m ais de 500 qu adris e des-
causa das co mpli cações. cobrimos que a mo rbidez é menor e a colocação do pino é mai s
Os m é todo s de tratamento cirúrg ico de EFP incluíram a precisa, porqu e não é limitada por um a incisão lateral. Geralmente
pinagem pe rcutânea e aberta in situ, RA FI, ep ifisiod ese, osteotomia utilizam os doi s pa rafusos para deslizam en tos (instáveis) agud os e
e reconstru ção por artroplastia, artrodese o u que il ectomi a. Cada um pa ra deslizamentos (estáveis) crôn icos.
técnica tem seus defensores e opositores, e a escolha do tratamento A penetração do pin o na artic ulação do quadril fo i a desvan-
deve se r individu ali zada para cad a crian ça, d ependendo d e idade, tagem m ais sé ria d a pinagem in situ. O s efe itos adversos atribuídos
tipo de desli za mento e gravidade da luxação. à penetração na articulação n ão reconhecida do pin o incluem
sepse d e art ic ulação, erosão ace tab ul ar locali zad a, sinovite, dor
• FIXAÇÃO DO PARAFUSO OU PINO IN SITU pós-operatória do quadril , condrólise e osteoartrite degenerativa
A pinagem percutânea in situ atualmente é o tratamento mais tardia. A incidência d a penetração do pin o fo i relatada e pode variar
utilizado p ara EPF leve, mode rad a e algum a EF P grave aguda ou d e 14% a 60%.
crô nica. A pinagem aberta in situ p o d e ser indicad a para desli za- Como um guia, a ponta do pino d eve ser ava nçad a a 8 mm do
m ento mai s grave e agud o o u crônico agud izado. No passado, os osso subco ndral, semp re que a projeção fo r mais próxima. Isso
pinos d e Knowles, pinos rosq ueados de Ste inmann , parafusos d e coloca a ponta real de 7 a 18 mm d o osso subco ndral, d eixando uma
compressão do qu adril e sistemas d e parafuso can ulad o foram m arge m segura. A incidência de penetração do pino também fo i
utili za dos co m sucesso pa ra fixação. Embora os relato s anterio res d iminu ída pelo uso de um único parafu so ou pino em vez de múl-
indiquem que d ois o u três pinos eram necessá ri os para esta bili - tiplos p in os. A colocação do parafuso n o centro d a cabeça fem o ral
dad e, e os res ultados d e múl tipl os pinos gera lm ente fo ram satisfa- ajuda a diminuir a prevalência d a penetração do parafuso na arti-
tór ios, o s relatos atuai s reco m endam o uso d e um ú nico pino o u culação do qu adril (Fig. 36- 114).
parafuso ce ntra l d e maior di âmetro, porqu e a inserção de um Vár ios auto res en fa tiza ra m o uso d e um fl uoroscópico rotativo
ún ico pino é tecnicam e nte m ais simples do que a inserção de para detectar a penetração. Esse é o m éto d o que preferimos. Visua-
múltiplos pin os. li zamos o quadril, ao girar o intensifi.cad or de im agem através d e um
O dese nvo lvimento de parafu sos canul ados pediátricos para arco d e anteroposteri o r para a posição lateral ; o qu adri l tamb ém
inserção so bre fi os-guias tornou a fixação d e EFP m ais fácil e mais pode ser movido para a posição de batráquio durante essa rotação.
CAPÍTULO 36 FRATURAS E LUXAÇÕES EM CRIANÇAS Gllll
Essa manobra é útil, mas não totalmente infalível; ela pode dar
anteroposterior correta na imagem fl uoroscópica (Fig.
resultados fa lso-negativos, porque o intensificador de imagem não
36-115F), e marque a posição do fio na pele. Em EFP, a
tem um giro completo de 360 graus.
epífise é desviada posteriormente em re lação ao colo
A pi nagem in situ é uma técn ica radiográfica, e as rad iogra-
femora l, e esses ângulos do fio-gu ia lateral de anterior a
fias de boa qualidade ou intensificação de imagem deve m esta r
posterior aparecem na imagem fluoroscóp ica para entrar
d isponíveis para pinagem bem -suced ida. Dois erros co m uns são
no colo femora l anterior. As duas linhas da pele devem
a passagem do pin o obliquamente à superfície anterior em vez
se cruzar no aspecto anterolatera l da coxa. Ma ior será o
do centro da cabeça femora l e passagem do pino fora do colo
grau do deslizamento (mais posterior à epífise), quanto
posterior e na cabeça. Uma solução é selecionar o ponto de início mais anterior a intersecção.
do dispos itivo de fixação n a base da posição da cabeça femora l, •Coloque um fio-guia, broca ou pino através de uma
iniciando o disposit ivo no colo femora l de modo que quando ele pequena incisão lateral (punção) na intersecção das duas
sai do colo, entra na cabeça femoral perpendicular à superfície linhas da pele. Monitore o al inhamento adequado,
fisá ria e no seu centro.
posição e profundidade da inserção na epífise femora l
Utilizamos uma técnica fluoroscópica baseada em axiomas proximal nas imagens fluoroscópicas anteroposterior e
geométricos para determinar o modo pré-operatório do local apro- lateral. Tome cuidado para não curva r, dob rar ou cortar
priado de modo a permitir que o fio-g ui a seja colocado no sistema o f io-guia por receio de rupt ura interóssea.
do parafuso canulado através de uma mínima incisão ou uma • Insira os parafusos canulados rosq ueados de 6 mm do
simples fe rida. Os princípios geométricos d izem respeito à intersec- quadri l na fo rma rotine ira; os f ios dos parafusos na ponta
ção dos planos da pele com a linha de inserção co rreta do parafuso. devem atravessa r a fise (Fig. 36- 115F).
Existem algumas limitações na precisão dessa técnica, porque as
linhas da pele e sua intersecção são feitas em tecido mole móvel e
os fios -guias são flexíve is. Além disso, o fio-gu ia ou pino pode "cami-
~
nhar" ao longo do osso cortical para uma posição inaceitável. TÉCNICA
O ponto de início e alinhamento devem ser confirmados fl uorosco- --~~~~~~~--~
picamente antes de avançar o fio. Essa técnica simplesmente auxi lia (MORRISSY)
em localizar e minimizar a incisão da pele e ajuda a determinar o
ângulo aproximado do fio-guia e pino, mas ela não previne os erros • Coloque o paciente em uma mesa de fratura com a perna
técn icos de colocação do pino. afetada abduzida 1O a 15 graus. Isso traz o co lo femora l
tão próximo quanto possível pa ralelo ao piso pa ra auxiliar
a obter as verdadeiras visões da imagem ante rior e lateral .
Posicione o intensificador de imagem entre as pernas de
modo que as vistas anteroposterior e lateral possam ser
DETERMINAR Q PONTO DE ENTRADA obtidas movendo o tubo em torno do arco da máqu ina
PARA A FIXACAO DO P4RAFUSO (Fig. 36- 116).
CANULADO D"E UMA EPIFISE •Após a preparação padrão e com o controle da imagem,
DESLIZADA insira um fio de Kirschner percutaneamente através da
área anterolateral da coxa abaixo do colo f emoral (Fig .

--------~
TÉCNICA 36-117), ajustando o fio-guia na projeção anteroposterior
para determinar o eixo do co lo femora l. Obt enha uma
(CANALE ET AL.) vista latera l para determ inar a quantidade de inclinação
posterior necessá ria.
• Coloque o paciente em decúbito dorsa l de modo que as •Quando o ponto de início no colo femo ral e a quantidade
incidências fluoroscópicas anteroposterior e lateral de inclinação posterior tiverem sido estimados, insira o
possam ser obtidas sem reposicionar o paciente ou a conjunto-guia através de uma pequena ferida de punção.
extremidade; a mesa de fratura pode ser util izada (Fig. Avance-o pa ra a f ise, e confirme a colocação no eixo
36-115A). Toda a epífise femora l proxima l e espaço de centra l da cabeça femoral por fluroscop ia. Se a posição
articulação do quadril devem estar claramente visíveis em estiver correta, avance o conjunto-guia através da placa.
ambas as vistas. Prepare e estenda a extrem idade para (Se o posicionamento estiver incorreto, insira um segundo
permitir livre acesso a toda a superfície anterior da coxa conjunto-guia uti lizando o primeiro para det erminar qual
e tão longe mediaimente quanto o púbis na área ingu ina l é a correção no ponto de início ou angulação necessária.)
(Fi g. 36-11 5B) Um fl uoroscópico com braço em C é Quando a profund idade adequada for alcançada (pelo
uti lizado para uma imagem anteroposterior e uma menos 0,5 cm do osso subcondra l), remova a cânu la e
imagem latera l exata. Na vista lateral, o colo femoral deve deixe o f io-gu ia no osso.
estar paralelo ao eixo do fêmur. •Determ ine o comp rimento correto do pa rafuso passando
• Coloque um f io-guia no aspecto anterior da coxa (Fig. um fio-guia de comprimento idêntico ao longo do osso
36-115C) de modo que a imagem anteroposterior mos- e medindo a diferença. Avance o parafuso no compri-
tre-o na posição varo-va lgo desejada (Fig. 36-115 0 ), e mento correto sobre o pino-gu ia, e remova o pino.
marque a posição do fio-guia na superfície anterior da • Remova a perna do dispositivo de tração, e mova-a em
coxa com uma caneta de marcação. múltiplas direções, utilizando as vistas anteroposterior e
• Coloque o fio-gu ia ao longo do aspecto lateral da coxa lateral para confirmar que o parafuso não penetra na
(Fig. 36- 11 5E) de modo que ele esteja na posição articu lação . Se dois parafusos são considerados necessários )
lllD!) PARTE XI FRATURAS E LU XAÇÕ ES EM CRIANÇAS

U(rilhfJE?lm Técnica para determinar o local da incisão para fixação percutânea de EFP (ver texto). A, Posicionamento do paciente
e braço C. B, Extremidade é envolvida livre para permitir o acesso para toda a coxa anterior. C, O fio-guia colocado no aspecto anterior
da coxa. D, Imagem anteroposterior do fio-guia. E, Fio-guia colocado no aspecto lateral da coxa. F, Imagem lateral do fio-guia. VEJA A
TÉCNICA 36-27.
CAPÍTULO 36 FRATURAS E LUXAÇÕ ES EM CRIANÇAS 1§0@
com muleta de peso suportado parcial de três pontos no
primeiro dia após a cirurgia e são liberados no mesmo
dia. As muletas são utilizadas at é que todos os sinais de
sinovite esteja m cessados e o movimento livre e indolor
(normalmente 2 a 3 semanas). Para deslizamentos instá-
veis, o apoio parcial suportado é mantido com muletas
por 6 a 8 semanas. Todos os esportes rigorosos e outras
atividades são limitados até que as fises tenham fechado.
A remoção do parafuso não é necessária, mas os parafu-
sos podem ser removidos depois que o fechamento fisário
for mostrado radiograficam ente. O método mais fácil de
remoção é passa r um f io-guia na cãnu la do parafuso sob
controle de imagem para permitir que a chave seja gu iada
na cabeça do parafuso sobre o fio-guia . Por causa dos
problemas e comp licações cirúrgicas, rotineiramente não
rem ovemos os parafusos .

• DESLIZAMENTOS CONTRALATERAIS
Os desli zam entos bilaterais estão presentes em 20% a 25% dos
pacientes na apresentação inicial; a frequ ência relatada de um des-
lizamento subsequente e contralatera l durante o período de cresci-
mento subsequente variou de 20% a 40%. Castro et ai. estimara m
h@ihf;ill'llil) Fixação percutânea in situ de EFP. Posiciona- que os pacientes com EF P unilateral são 2.335 vezes mais prováve is
mento do intensificador de imagem de modo a permitir a rota ção de desenvolver um desli za mento contralateral do que aqueles que
necessária para obter as vistas lateral e anteroposterior. (De Morrissy nunca tiveram EFP precisa m ter um deslizamento inicial. Mesmo
RT: Slipped capital femoral epiphysis: tech nique of percutaneous in site com essa prevalên cia mui to alta dos desli zamentos bilaterai s,
fixation, J Pediatr Orthop 10:347, 1990.) VEJA A TÉCNICA 36-28. pinagem profilática do quadril contralateral em um paciente com
um desli zamento unil ateral permanece controversa. Por causa dos
riscos associados a pinagem profiláti ca de um quadril radiográfica
e clinicamente normal, foi enfatizada a tentativa de prever quais
pacientes co m um desli zamento unil ateral vão finalmente desenvol -
ver um segund o desli za mento contralateral.
A idade parece um fator preditivo. As mulheres co m menos de
1Oanos de idade e h omens co m menos de 12 anos de idade têm um a

J
r incidência substanci almen te aumentada de EFP contralateral, e a
pinagem profilática in situ provavelmente é indicada a esses pacien -
tes pa ra prevenir problemas com desigual dade no comprimento da
perna e doença da arti culação degenerativa de longa du ração. A
pinagem profilática tamb ém pode ser indicada em pacientes com
anormalidades endócrinas ou outros processos relacionados com
sua EFP, para aqueles em que o aco mpanh amento confiável não é
viável, e para aqueles que têm fatores de alto ri sco para desenvolver
osteonecrose ou condrólise, corno obesidade em crianças mais
jovens. Um ângulo de "inclinação posterior" de mais de 12 graus
(F ig. 36-118) foi descrito como preditivo do desenvolvimento de um
h!§il;§ill'IID Fio de Kirschner passado percutaneamente para deslizamento contralateral. O uso de um parafuso canulado com
o ponto de início estimado no fêmur. VEJA A TÉCNICA 36-28. menor co mprim ento rosqueado qu e não envolve a fise foi recomen-
dado em crianças jovens para manter a estabilidade se m causar o
fecham ento fi sá rio e encurtamento da extremidade.
para um deslizamento ag udo, o primeiro parafuso deve
)
estar no eixo central da cabeça femoral e o seg undo aba ixo
dela, evitando o quadrante superolatera l. O segundo para-
• REDUÇÃO FECHADA
A redução man ipulativa foi relatada para deslizamentos agudos (in s-
fuso deve parar pelo menos 8 mm do osso subcondral.
táveis) e agudos a crônicos com luxação moderada e grave; no
•Feche a ferida causada por incisão com uma única sutura
entanto, os deslizamentos tratados sem redução, mesmo os desliza-
subcuticular.
mentos moderado e grave, fo ram relatados como apresentando
~ Veja também, em inglês, o Vídeo 36-2. melhores resultados quando fixados in situ, mesmo após um a
redução "incidental", do que após a redução manipulativa. Embora
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Os exercícios de arco de uma assoc iação de osteonecrose co m redu ção m an ipulat iva tenha
movimento são iniciados no dia após a ci rurgia. A maioria sido sugerid a, o desenvolvimen to da osteo necrose pode estar rela-
dos paci entes começa a deambul ar com uma marcha cionado com a gravidade do desli zamento, em vez da redução mani-
pulativa, desde que apenas uma suave redução seja reali zada. Ela
lllll:D PARTE XI FRATU RAS E LUXAÇÕES EM CRIANÇAS

graves. C hen et al. d escreveram o se u protocolo para gerenc iamento


de EFP instáve l como red ução e fixação urgentes da posição com
dois parafusos can ulados; mais da metade dos se us pacientes
também tiveram capsulotomias percutâneas e cinco tiveram capsu-
lotomias abertas.

REDUÇÃ.9 POSICIONAL
E FIXAÇAO
~
TÉCNICA
---~~~~~~~--'~
(CHEN, SCHOENECKER, DOBBS, ET AL.)

•Após a indução da anestesia gera l, coloque o paciente em


uma mesa de fratura com a extremidade envolvida na
tração suave e o quad ril em extensão, rotação neutra e
abdução neutra.
•Flexione o quadril não envolvido na posição de litotomia
a fim de permitir um intensificador de imagem para
O[ijii;@E:lll'i) Ângulo de inclinação posterior de ma is de 12 acesso adequado da pelve . Obtenha as imagens fluoros-
graus é descrit o co mo prediti vo no desenvo lvimento de um des- cópicas anteroposterior e lateral antes de fazer uma
li zamento contralat eral. Linha A é desenhada ao longo do co lo incisão. Muitas vezes o simp les posicionamento resulta
f emoral (eixo diafisário). Linha B é desenha da ao longo do pl ano da em redução e pode ser determinado pela remodelagem
fi se. Linh a C é desenh ada perpen dicu lar à li nha A. a é o âng ulo do colo femora l, particu larmente na vista latera l.
de inclin ação posterior. (De Park S, Hsu JE, Rendon N, et ai: The utility • Se a redução não for obtida por posicionamento, aplique
of posterior sloping angle in predicting contralateral slipped capital o mín imo de rotação interna (gera lmente não mais do que
femoral epiphysi s, J Pediatr Orthop 30:683, 201 O.) 1O graus) com um pouco mais de tração; não faça uma
tentativa de redução forçada além da posição pré-aguda.
Essa redução reestabelece o comprimento pré-agudo dos
provavelmente é melhor, no entanto, em manipu lar somente os des- vasos retinacu lares que fornecem uma cabeça femoral.
lizamentos graves e agudos (instáveis) que podem ser tecnicamente • Se a descompressão de um hematoma intra-articu lar for
difíceis o u impossíveis de fixar in situ. Ocasionalmente realizamos necessária, realize uma capsulotomia através de uma abor-
uma suave redução somente se a redução gradua l falhar e a pos ição dagem iliofemoral anterior entre o tensor fáscia lata e
da epífise for inaceitável. Isso é realizado com o paciente em uma múscu los sartóri os, tomando cui dado para não sacrif icar o
mesa de fratura, e a rotação interna sozinha normalmente é sufi- ramo ascendente da artéria circunflexa lateral femoral.
ciente para obter a redução adequada, e muitas vezes ocorre por
• Uma vez que a articu lação do quadri l é exposta, aplique
simples posic ionamento do paciente. Uma separação aguda em u m
a suave flexão e rotação interna pa ra confi rmar a redução
quadril anteriormente normal pode ser reduzida facilmente;
sob observação direta.
nenhuma tentativa deve ser feita para red uzi-la por manip ul ação •Utilize uma técnica de triang ulação com um f io-gu ia sob
forçada. Uma redução gradua l por tração da pele e rotação interna
vista fl uoroscópica pa ra determinar o ponto de entrada
sobre 3 a 4 d ias é menos traumática para a epífise do que a redução
da pele no aspecto anterolateral do quadril.
manip ul ativa. A redução fechada deve ser verificada radiografica-
•Avance o fio-gu ia através do aspecto anterior do colo
mente ou com a intens ificação de imagem, e a epífise deve ser fixada
femoral e direcione-o perpendicular à fise, ligeiramente
com um parafuso canulado do quadril.
superior e anterior ao centro da fise.
• Coloque um segundo fio-gu ia para lelo ao primeiro e ligei-
• REDUÇÃO ABERTA ramente inferior e posterior ao centro da fise.
Por causa da possibilidade de os d istúrb ios biomecânicos causados
• Avance uma broca canu lada sobre cada f io-gu ia, e insira
pela incl inação da epífise causarem impacto femoroacetabular e alte-
dois parafusos canulados de tamanho apropriado sobre
rações iniciais degenerativas na articulação, a redução aberta, oste-
os fios-guias. Quando a posição dos parafusos estiver
otom ia limitada e fixação interna, se necessário, foram recomendadas confirmada, remova os f ios-gu ias .
se um desli zamento grave agudo ou crô n ico não puder ser red u zido
e fechado. A osteo necrose foi re latada após a redução aberta, e os CAPSULOTOMIA PERCUTÂNEA PARA
vasos retinacu lares posteriores devem ser protegidos durante a DESCOMPRIMIR A HEMATOMA
redução aberta. O encurtamento do colo femoral foi recomendado INTRA-ARTICULAR
para prevenir a tensão nos vasos posteriores quando a epífise for •Coloque longas tesouras de Metzenbaum no colo femoral
reduzida (procedimento de Dunn), fazendo o proced imento de oste- anterior imediatamente dista l à f ise sob confirmação
otomia da cu n ha de fechamento, em vez de uma simples red ução fluoroscópica.
aberta. Uma comparação do procedimento de Dunn com a ep ifisio- •Utilize a confirmação tátil para loca lizar a cápsu la do
dese de Heyman-Herndon mais conservadora determinou que, quadril geralmente dura que cobre o colo femoral ante-
embora o proced imento de Heyman-Herndon fornecesse consisten- rior, e avance, com cuidado, as tesouras pa ra perfurar a
temente bons resu ltados para des lizamentos moderados, o procedi- cápsula. Confirme isso com fluoroscopia.
me nto de Dunn forneceu melhores resultados para desli zamentos
CAPÍTULO 36 FRATURAS E LUXAÇÕES EM CRIANÇAS CIDlll
Alguns autores recomendam que para deslizamentos agudos,
o paciente deve ser mantido sem deambulação ambulatorial (com
ou sem tração), ou em repouso para permitir a resolução da efusão
ou hematoma e recuperação do fornecimento de san gue antes do
procedimento de realinhamento (osteotom ia) extensivo do colo
femora l ou cabeça ser feito. Isso está em contraste com aqueles que
recomendam a redução aberta urgente de EFP aguda instável. De
acordo com a literatura, isso demora cerca de 3 sem anas e pode ser
clinicamente determinado quando o movimento do quadril contra
a resistência não é mais doloroso. Teoricamente, esse período de
repouso converte um deslizamento agudo e instável para um desli-
~e zamento crônico e estável e diminui o risco de osteonecrose ou
condrólise após a osteotomia do colo femora l.
Para a integridade, várias osteotomias do colo femoral são
descritas: a técnica de Fish, a técnica de Dunn imediatamente distal
ao deslizamento, a técnica de realinhamento subcapital de Leuing et
al., a técnica de base do colo de Kramer et ai., e a técnica de Abraham
et ai. As osteotom ias compensatórias na região trocantérica (osteo-
tomia de Imhauser) e quilectomia parcial para reduzir a deformi-
dade também são descritas.
iê@ii;@E'lm> Osteotomias para EFP. A. Através do colo perto
da epífise. 8, Através da base do colo. C, Através da região
trocantérica . OSTEOTOMIA CUNEIFORME DO
COLO FEMORAL (FISH)
Embora alguns dos nossos piores resu ltados tenham seguido
• Alternativamente, avance uma broca através da cápsula a osteotomia do colo femoral, a redução por uma osteoto-
e na epífise sob a orientação do intensificador de imagem. mia cuneiforme foi imed iatamente distal à fise, e a fixação
interna pode ser necessária para um deslizamento grave
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Os pacientes são restri- crônico ou agudo a crônico. As incidências relatadas de
tos ao apoio proscrito sobre muletas ou em uma cadeira osteonecrose e condrólise após esse procedimento foram
de rodas por aproxim adamente 2 meses. excepciona lmente altas.

~
TÉCNICA :.....-~~~~~~---'~
• OSTEOTOMIA (FISH)
Como os deslizamentos crônicos moderadamente ou gravemente
deslocados produzem irregularidades permanentes em uma cabeça •Coloque o paciente em decúbito dorsal em uma mesa de
femoral e acetábulo, alguma forma de procedimento de realinha- cirurgia padrão com um rolo radiolucente abaixo do lado
mento na maioria das vezes é indicada para restaurar a relação envolvido da pelve para elevá- lo. Prepare o membro livre
normal da cabeça femoral e colo e possivelmente o atraso do início para permitir a manipulação do quadril durante a osteo-
da doença articular degenerativa; no entanto, no acompanha- tomia e para determinação radiográfica da posição da
mento de longa duração, houve relatos de pacientes com osteoto- cabeça femoral e os pinos utilizados na rotação interna
mias tendo pontuações piores, a cada década, na classificação de (suave manipulação sob anestesia é feita apenas para
quadri l de Iowa, do que os pacientes sem procedimentos de reali- pacientes com um deslizamento agudo).
nham ento do quadril. As indicações suger idas para osteotom ia • Faça uma abordagem anterolatera l para o quadril (Técnica
incluem problemas com a marcha, ao sentar ou aparência estética 1-55), e realize a dissecção entre o tensor da fáscia lata e
em mais de 1 ano após a estabili zação por causa da capacidade da glúteo médio para o aspecto anterior da cápsula da arti-
epífise femoral proximal para remodelar. A osteotomia também culação do quadril. Exponha generosamente a cápsula
pode ser indicada para consolidação viciosa de um deslizamento proxima l à borda do acetábu lo. Abra a cápsu la longitudi-
crônico; uma epífise desli zada mal unida difere de um desli za- nalmente, e faça in cisões transversais em cada extremidade
mento crônico somente na antiga fise que se fundiu e não ocorre de uma in cisão longitudinal de modo a expor o co lo
maior deslizamento. femoral (Fig. 36-120A). Retraia cu idadosamente a cápsula
Existem dois tipos básicos de osteotomia: osteotomia da cunha com grampos apropriados ou afastadores de Meyerding.
de fechamento através do colo femoral, normalmente perto da fise •Identifique a epífise femoral proximal, que normalmente
para corrigir a deformidade, e osteotomia compensatória através da é pouco visível na borda do acetábulo. A porção de pro-
região trocantérica para produzir um a deformidade na direção jeção do colo deve ser óbvia. Localize a fise com o auxílio
oposta (Fig. 36-119). A vantage m da osteotomia através do colo de uma agulha de Keith ou pequeno osteótomo afiado
femoral é que a deformidade em si é corrigida, mas as incidências e curvado. Determine o tamanho da cunha a ser remo-
de osteonecrose variando de 2% a 100% e de co ndrólise de 3% a 37% vida, observando o grau de deslizamento e a posição da
foram associadas a esse procedimento. Por esse motivo, raramente epífise. Remova osso suficiente para permitir a redução )
fazemos uma osteotomia no colo femoral.
PARTE XI FRATURAS E LUXAÇÕES EM CRIANÇAS

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0(rilhJ.) E?!IEI) Técnica de Fi sh para osteotomia cuneiforme do co lo femoral. A cabeça femoral e co lo são expostos. A, lnset, Cápsula
articular é cortada longitudin almente e, então, a incisão transve rsal é feita em cada extremidade da incisão longitudina l de modo que
a fise possa ser identificad a. B, Osteotomi a é feita distal à fise. C, Cunha do osso é removida em pequenos peda ços com o osteótomo
e martelo. D, A maioria dos ossos é removid a com pequena cureta ou osteótomo curvado . E, A linham ento anatômico é obtido. Após
a cunha ser removida, o diâmetro da cabeça femora l é muitas vezes maior do que o colo femoral. F, Epífise é fi xa da ao co lo femoral.
VEJA A TÉCNICA 36-30.

anatômica sem esforço da cabeça e colo. Marque a base porcas serrilhadas contra o córtex femoral, e corte os
)
da cunha anterior e superiormente para corrigir o posi- pinos próximos às porcas (Fig . 36-120F)
cionamento da epífise. Em geral, uma cunha maior supe-
riormente é necessária em um deslizamento mais grave. CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Quando o paciente está
Molde a cunha do osso a ser removida, de modo que o na cama, o membro envolvido é apoiado nos travesseiros.
contorno curvado da epífise combine com a superfície Quando confortável, é permitido ao paciente sair da
esponjosa cu rvada correspondente do colo femoral. cama, utilizando as muletas com apenas suporte de peso
• Após determinar o tamanho da cunha, remova o osso no membro envolvido. O apoio total é permitido depois
suavemente em pedaços pequenos com um osteótomo que as radiografias mostram uma osteotom ia completa -
e martelo (Fig. 36-1 20B e C). Aproxim e o aspecto poste- mente cicatrizada, em aproximadamente 5 meses. Os
rior do colo com cuidado para evitar o dano vascular. Essa pinos são removidos, e a completa atividade é permitida
área pode ser li mpa com uma pequena cureta ou um 2 meses depois.
osteótomo curvado de mão (Fig. 36-1200 e E).
• Após remover osso suficiente, reduza a epífise por flexão,
abdução e rotação interna do membro. Se osso insufi- OSTEOTOMIA CUNEIFORME DO COLO
ciente for removido, e a redução for rigorosa, muita tensão
pode ser colocada no periósteo posterior, cápsu la e vasos .
FEMORAL (DUNN)
• Após a redução, fixe a epífise para o colo com três ou A osteotomia de Dunn para deslizamentos crônicos graves
quatro pinos. Utilize os pinos que são de 6 polegadas em crianças com fises abertas é baseada em dois fatos bem
(15, 2 cm) de comprimento e rosqueados em uma metade conhecidos: (1) o deslizamento da cabeça femoral retira o
de seus comprimentos, com uma porca serrilhada nas peri ósteo da parte de trás do colo femoral, e um bico de
roscas. Não deixe os pinos penetrarem a cartilagem arti- novo osso é previsto abaixo dele (Fig. 36- 121 ), e (2) o prin-
cular da epífise, mas penetre a epífise profundamente cipal fornecimento de sangue retinacular corre até a parte
suficiente para obter a firme fixação. de trás do colo femoral. A abordagem lateral permite retirar
• Uti lize as rad iog rafias anteroposterior e latera l em batrá- o periósteo e seus vasos contidos sob visão direta para evitar
quio para determinar a posição dos pinos. Aperte as dan ificar o fornecimento de sangue à cabeça fe mora l.
CAPÍTULO 36 FRATURAS E LUXAÇÕ ES EM CRIANÇAS

A B

E F

lj!§l!;tj Eil!D Osteotomia cuneiforme femoral de Dunn . A, Com uma se rra osci lante, otrocânter maior é so lto. B, Sinóvio é elevado
da superfície anterior e posterolateral do co lo femora l com elevador periosteal. C, A cabeça está livre de toda a fibrocartilagem e ca lo.
D, Linha de osteotomia na extrem idade superior do co lo femoral é feita para excisão do segmento do trapezoide. E, Cabeça do f êm ur
é recolocada no co lo fem oral, e três pinos rosqueados de Steinmann são utili za dos para a fi xaçã o do eixo, cabeça e colo do fêmur.
F, Doi s parafusos esponjosos são utilizados para fi xar o trocâ nter maior na posi ção norm al. VEJA A TÉCNICA 36-31.

-------~
TÉCNICA • Faça dois cortes de osteotom ia, um no longo eixo do colo
para remove r o bico ósseo, e o segundo em ângu los retos
para o co lo de modo a encurtá-lo por 3 a 4 mm (Fig.
(DUNN) 36-1 2 1D). Oponha as superfícies da osteotom ia, e insira
três pinos rosqueados até o colo femoral para a sua super-
•Através de uma abordagem lateral (Capítul o 1), faça uma fície de corte (Fig. 36-121E).
incisão no periósteo, e eleve a cobertura vascular poste- •Reduza a deformidade, e confirme a posição nas radio-
rior do colo femora l (Fig . 36-12 1C). grafias. Na visão latera l, a cabeça deve aparecer colocada )
PARTE XI FRATURAS E LUXAÇÕES EM CRIANÇAS

diretamente no colo, mas na vista anteroposterior, uma da inserção dos rotadores externos. Após a osteotom ia,
) o glúteo médio, o vasto lateral e o longo tendão do
cabeça deve ser inclinada em cerca de 20 graus de valgo
(Fig. 36-121 F). Quando a redução for satisfatória, conduza glúteo mínimo vão permanecer anexados ao fragmento
os pinos na cabeça femoral. trocantérico . A máxima espessura do fragmento trocan-
•Feche a ferida de maneira habitual. térico não deve exceder 1,5 cm, e a osteotomia deve ser
proximalmente logo anterior às fibras mais posteriores do
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Para uma criança madura glúteo méd io que estão se inserindo para manter a maior
e confiável, se a fixação interna for segura, é preferível parte da inserção piriforme no fêmur e não no
colocar a extremidade em suspensão equilibrada para fragmento.
movimento precoce . Caso contrário, um gesso é apli- • Exponha a articulação da cápsula do quadril por dissecção
cado a partir da linha do mamilo até os dedos dos pés entre o tendão piriforme e glúteo mínimo, um interva lo
no lado afetado, mantendo a extrem idade na rotação que oferece a melhor proteção no fornec imento de sangue
neutra e abdução moderada, e acima do joelho no lado para a cabeça femora l e permite preservação da anasto-
oposto. O gesso é removido em cerca de 4 semanas, e mose constante entre a artéria inferior do glúteo e o ramo
os movimentos ativo e passivo são iniciados e aumenta- profundo da artéria med ial femoral circunflexa.
dos gradua lmente. Cerca de 2 semanas depois, são per- • Vire o maior fragmento trocantérico anteriormente, ele-
mitidos caminhada com muletas, suportar o peso da vando o vasto latera l ao longo da sua borda posterior
extremidade afetada no chão, mas sem suportar o peso para o me io da inserção do tendão do glúteo máximo no
através do quadril. Em 3 a 4 meses após a cirurgia, o eixo do fêmur.
apoio parcial de peso é permitido. O apoio total de peso • Proximal mente, corte algumas fibras do glúteo médio
não é permitido até que as rad iografias mostrem a con- restantes no trocânter estável para perm itir a mobil ização
so lidação da osteotomia. anterior do fragmento trocan térico.
•Flexione e extern amente gire a perna para aumentar a
exposição da cápsu la dentro do espaço entre o piriforme
REALINHAMENTO SUBCAPITAL e o glúteo mínimo.
• Libere a inserção capsular anterossuperior do músculo
DA EPÍFISE glúteo mínimo, preservando o longo tendão do glúteo
Leunig, Slongo e Ganz descreveram um procedimento de mínimo que insere de modo anterior ao fragmento tro-
rea li nhamento subcapital em que a cabeça femora l é des- cantérico . Até esse ponto no proced imento, todos os
viada, uma osteotomia do trocãnter maior é feita, e a rotadores externos permanecem anexados ao trocânter
epífise proximal é realinhada e fixada internamente. A jus- estável e protegem a artéria medial femoral circunflexa.
tificativa por trás desta técnica é que o fornecimento de • Faça a incisão da cápsula próximo à borda anterossupe-
sangue para a cabeça femora l é preservado com a técnica rior do trocânter estável em uma direção axial para o colo.
de luxação, evitando a osteonecrose da cabeça femoral e Faça uma extensão perpendicu lar ao longo da inserçã o
evitando o impacto femoroacetabular, alinhando a fise ao do colo anterior a fim de criar um reta lho que pode ser
colo femora l. Esse é um procedimento complexo que deve levantado a f im de criar uma capsulotomia interna que
ser feito apenas por cirurgiões experientes do quadril. forneça proteção contra o corte na cartilagem e labrum .
• Estenda a capsulotomia em forma de Z (para o lado
TÉCNICA ~ di reito) ao longo da borda posterior do acetábu lo. Dire-
---~~~~~~~---'~ cione a extensão anteroinferior da capsulotomia pa ra a
(LEUNIG, SLONGO E GANZ) borda anteroinferior do acetábu lo. Essa extensão deve
permanecer anterior ao trocânter menor de modo a evitar
• Coloque o paciente na posição de decúbito dorsal lateral, danos ao ramo principal da artéria circunflexa femoral
com a perna livre e colocada em um saco estéri l f ixado media l, a qua l está localizada na proximidade do fêmur
na frente da mesa de cirurg ia. imediatamente superior e posterior ao t rocânter menor.
• Faça uma abordagem de Gibson (Técnica 1-6 1), posterior- • Retraia o reta lho capsular anteromed ial com um pequeno
mente retraindo o glúteo máximo. Essa abordagem afastador de Hohmann que é conduzido no osso supra-
permite a exposição semelhante daquela obtida com um a acetabular imediatamente lateral à espinha ilíaca anterior
abordagem de Kocher-Langenbeck, mas produz um inferior.
resu ltado estético ma is aceitável. •Uti lize dois afastadores adicionais de Langenbeck que
• Retra ia a camada da fáscia entre o glúteo máximo e possibi litem inspecionar a articulação para sinovite, cor e
médio juntamente com o glúteo máximo para preservar quantidade de fluido sinovia l, grau de inclinação da
a inervação ideal e o fornecimento de sangue até o cabeça femoral e estabilidade da epífise na metáf ise. Se
músculo. a epífise for móvel ou a estabilidade for questionável, a
•Gire internamente a perna e identifique a borda posterior pinagem profilática é recomendada; no entanto, qual-
do glúteo méd io através da dissecção do tecido ad iposo quer tentativa de reduzir uma ep ífise móvel anatomica-
sobreposto. mente deve ser evitada neste momento, porque há um
• Marque o nível e direção da osteotomia trocantérica com alto risco de alongamento patológ ico do retinácu lo antes
um bisturi, criando uma linha a partir da borda posteros- da remoção do calo posterior.
superior para a borda posterior do vasto lateral. Coloque • Antes da luxação cirúrgica, perfure um orifício de 2 mm na
essa linha anterior à crista trocantérica para evitar a lesão cabeça femoral para documentar a perfusão sanguínea .
CAPÍTULO 36 FRATURAS E LUXAÇÕ ES EM CRIANÇAS

A B

...
@

e D

ijtêill;füm!!) A-D, Realinhamento subcapital da epífise. (Redesenhado de Leu nig M, Slongo T, Ganz R: Subcapital rea lignment in slipped
cap ital fe moral epiphysis: surg ica l hip dislocation and trimmi ng of t he stable trochanter to protect the perfusion of t he epiphysis, lnstr Course Lect
57:499, 2008) VEJA A TÉCNICA 36-32.

A fluxometri a do laser Doppler pode fornecer controle do tecido co njuntivo. Umedeça constantemente a carti-
dinâmico da perfusão em toda a operação. lagem da cabeça femoral durante a exposição.
•Flexione e gire externamente o quadri l, e coloque a perna •Red uza a cabeça femora l no acetábulo para criação do
em um saco estéril sobre o lado anterior da mesa para retalho do tecido mole consistindo em retin áculo e rota-
subluxar a cabeça femora l. Utilize um gancho de osso em dores externos e conte ndo o fornec imento de sang ue
torno do ca lcar femoral a f im de melhorar a exposição da para a epífise.
articulação. • Com um osteótomo, cuidadosamente mobilize a área do
•Docu mente o dano pad rão para o labrum e cartilagem trocânter estável proxim al à fi se visível (Fig. 36-122 A) e,
do acetábu lo, e recrie o dano através da metáfise anterior em seguida, corte esse fragmento subperiostealmente de
acima do nível do contorno epifisário, reduzindo a cabeça dentro para fora.
femoral e move ndo-a através da flexão e rotação interna. •Faça a incisão do periósteo do colo anterior ao retinácu lo
Se a inclinação epifisária for pequena (<30 graus) em uma visível da bord a anterossuperior da fi se do trocânter em
situação estável e se o corte da metáfise anteri or for di reção à cabeça femoral. El eve o periósteo a partir do
sufi ciente sem causar grande encurtamento do colo colo posterior com um bisturi e elevadores periost ea is,
fem oral , a luxação não será necessá ria . Crie uma com - tomand o cu idado para evitar a sutura da inserção anterior
pensação normal , cortando o contorno metafisário e do reti náculo perto da epífise femoral .
fi xa ndo a epífise in situ . •Estenda a liberação periosteal dista lm ente para a base do
• Se o deslizament o for mais grave, desloque a ca beça trocânter menor, e nivele a borda óssea remanescente da
femoral. Com uma cabeça sublu xa da, seccione o liga- base troca ntérica .
mento redondo com tesouras curvadas. Com a manipu - •De forma semelhant e, libere o periósteo anteromedial
lação da perna e o uso de afastadores especiais na borda (isso é mais fácil com a cabeça luxada), tomando cu idado
acetabular e área da gota de lágrima, inspecione todo o para prevenir o rompimento do tubo periosteal da epífise
acetábulo (360 graus). (Fi g. 36-122 B)
• Gire a perna para tornar visível a diferença nas superfícies •Com a cabeça femoral luxada, utilize dois afasta dores
da cabeça femoral, e registre a quantidade rea l de desli- para expor o colo femoral media l e latera lmente, evitando
zamento ep ifi sá rio . O retináculo que protege os ramos qualquer along ame nto do reti náculo.
terminai s da artéria circunflexa femora l medial para a •Mobili ze a epífise em um a forma gradua l co m um
epífise femoral está claramente visível no contorno pos- osteótomo curvado de 1O mm colocado ante riormente
terossuperior do colo femoral como uma cama da móvel na fi se. )
PARTE XI FRATURAS E LUXAÇÕES EM CRIANÇAS

•A fise é local izada proxima l à borda distal da carti lagem CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O movimento passivo
da articulação epifisária. Normalmente, nenhuma ressec- contínuo é utilizado durante a estadia hospitalar pós-ope-
ção da cunha é necessária. Com alavancagem simultânea rató ria. As muletas são utilizadas para caminhada com o
com o osteótomo e rotação externa controlada da perna, toque dos dedos dos pés. A profi laxia de trombose venosa
entregue o coto metafisário do tubo periosteal, enquanto profunda com baixa dose de heparina é administrada
a epífise perm anece na posição posteromedial. A remoção somente para pacientes obesos. O apoio total é permitido
de uma ponte de calo posteromedial em rotação externa em 8 a 1O semanas, se as radiografias mostrarem cica-
de flexão pode facilitar essa etapa. trização da osteotomia trocantérica. O alongamento do
•A redução espontânea da epífise isolada no acetábulo glúteo médio é iniciado em 6 a 8 semanas, e a força
pode ocorrer neste momento. A nova luxação é difícil muscular deve ser alcançada em 1O a 12 semanas. Se a
mesmo com os fios de Kirschner inseridos na epífise. Para remoção do hardware for necessária, ela não deve ser
ajudar a evitar essa complicação, coloque um pequeno feita até pelo menos 1 ano após a cirurgia.
chumaço no acetábu lo.
•Remova a formação visível ou palpável do calo no aspecto
posterior e posteromedial do colo. Para fornecer uma OSTEOTOMIA BASILAR
grande área de contato com a ep ífise, cuidadosamente COMPENSATÓRIA DO COLO FEMORAL
arredonde a superfície frontal do coto metafisário. Utilize
as manobras de rota ção controladas do colo femoral para Uma osteotomia compensatória da base do colo femoral
permitir a fi xação manual da epífise, enquanto a cureta- que corrige o varo, e componentes de retroversão de EFP
gem do restante da f ise é real izada (Fig. 36-122C). Nor- moderada ou grave crônica foi sugerida para ser mais seg ura
ma lmente, o osso epifisário exposto mostra o sangramento do que uma osteotomia feita perto ou na fise, porque a linha
claro da perfusão intacta. da osteotomia é distal ao principa l fornecimento do sangue
•Após a remoção de tod as as partículas do calo, reduza a no retináculo posterior. Os pinos rosqueados são utilizados
epífise no colo sob controle visual da tensão retinacular; para f ixação de uma osteotom ia e epífi se. Não apenas é a
a redução é mais fáci l com a rotação interna da perna. relação anatômica do fêmu r proxima l restaurado, mas
Se qua lquer tensão no retináculo ocorrer durante essa também o deslizamento é prevenido.
manobra, imediatamente pare a red ução. Verifiqu e quais
partes do retalho do tecido mole posterior não são inver-
tidas e a necessidade de ser desdobrada. A altura da
TÉCNICA
-----'~
metáfise raramen te requer redução.
(KRAMER ET AL.)
•Determin e cuidadosamente a correta orientação espacia l
• Determ ine no modo pré-operatório o tamanho da cunha
da epífise. Utili ze um instrumento de palpação ou fluo-
a ser removida através da medição do grau do desliza-
roscop ia para garantir que a borda da epífise tenha uma
mento. Determine nas rad iografias anteroposteriores o
distância igu al ao colo em todos os planos. Verifique
ângulo da cabeça e colo. Utilize traços de papel das radio-
vis ualmente a rotação correta re lativa à local ização do
grafias anteroposterior e lateral, e corte com as t esouras a
retin áculo e à fóvea capitis. Utilize a fluoroscopia para
cunha no papel para determ inar a quantidade de osso a
obter a posição varo-va lgo correta.
ser removida e os resu ltados que devem ser obtidos.
•Quando a posição correta é obtida, temporariamente fixe
•Aproxime o quadril lateralmente. Comece a incisão da
a epífise no local com um fio de Kirschner totalmente
pele 2 cm distal e lateral à espinha ilíaca anterossuperi or,
rosqueado e inserido em uma direção retrógrada através
e curve-a dista l e posteriormente sob re o trocânter maior
da fóvea capitis, perfurando o córtex lateral do fêmur
e, em seg uida, distalmente ao longo da superfície lateral
imediatamente dista l ao vasto lateral.
do eixo do fêmur para um ponto 1O cm dista l à base do
•Puxe esse fio de volta até que a sua ponta seja nivelada
trocânter. Faça a incisão longitudinalmente da fáscia lata.
com a cartilagem da cabeça articular, e reduza a cabeça
Dese nvolva o intervalo entre o glúteo médio e tensor da
no acetábu lo para permitir o controle final do ali nha-
fáscia lata. Real ize a dissecção proximalmente para o
mento com fluoroscop ia. Se o alinhamento perfeito da ramo inferior do nervo do glúteo superior, que inerva o
epífise for alcançado, insira um ou dois f ios Kirschner último músculo. Faça a incisão da cápsula da articulação
tota lmente rosqueados adicionais no córtex latera l do do quadril longitudinalmente ao longo da superfície ante-
osso subtrocantérico. Verifiqu e o comprimento correto do rossuperior do colo femoral. Libere amplamente o anexo
fio visua lmente ou com fluoroscopia. Os fios devem ser capsu lar ao longo da linha intertrocantérica anterior.
idea lmente distribu ídos dentro da epífise. Afaste distalmente o vasto lateral para expor a base do
•Feche o tubo periosteal com algun s pontos, evitando trocânter maior e a parte proximal da diáfise do fêmur.
qualquer ten são. Feche a cápsu la, também sem qualquer •Com a cápsula da articulação do quadril aberta, identifi -
tensão. Se o tendão do múscu lo piriforme estiver produ- que a junção entre a cartilagem articu lar da cabeça
zindo tensão sobre a cápsu la, li bere-o. femora l e o ca lo e a junção do ca lo com o córtex do colo
•Fixe o fragmento trocantérico com dois parafusos de 3,5 femora l normal. Compare a distância entre essas duas
mm (Fig. 36-1 22D) junções com os cá lcu los feitos a partir dos recortes de
•Feche cuidadosamente o tecido adiposo subcutâneo em papel das radiografias. A parte ma ior da cunha está em
várias camadas; a drenagem por sucção normalmente linha com a parte maior do desl izamento, nos aspectos
não é necessária. anterior e superior do colo (Fig. 36-123A e B).
CAPÍTULO 36 FRATURAS E LUXAÇÕ ES EM CRIANÇAS lij&jM

B e D

h@lhijEII!!) A e B, Parte maior da cunha (n a base do co lo) está em lin ha com a parte maior do deslizamento, co rrigin do varo e
componentes de retroversão, e o pino de Steinmann é inserido no co lo f emoral para controlar o fragmento proxim al. Se a cunha for
muito grande anteriormente, a retroversão é corr igida em excesso. O erro mais comum é fazer a cunha mu ito estreita superiormente,
resultando em correção incompleta do varo. C e D, Osteotomia é fechada, e pinos rosq ueados de Ste inmann de 5 mm são inseridos do
có rtex externo da diáfise do fêmur através do co lo femora l, através do loca l da osteotomia e na cabeça femora l. Os pinos co rrigem a
osteotom ia; como cruzam a fise, eles previnem qualquer des liza mento. VEJA A TÉCNICA 36-33.

• Faça um primeiro corte de osteotomia mais distal, per- a amplitude de movimento do quadril em pacientes com
pendicular ao colo femoral e seguindo a linha intertro- deslizamentos crôn icos graves; no entanto, ela não afeta a
cantérica anterior de proximal a distal. Estenda esse corte discrepância do comprimento do membro. Com graves des-
de osteotom ia para o córtex posterior, mas deixe esse lizamentos, a quantidade de correção de varo e a incl inação
córtex intacto. Faça o seg undo corte de osteotomia com posterior da cabeça femora l são li mitadas, e a restau ração
a lâmina do osteótomo direcionada obliquamente de completa de um âng ulo normal do eixo da cabeça pode não
modo que a sua borda de corte fique dista l ao forneci- ser possível ou necessária. A remoção de uma cunha maior
mento de sa ngue retinacular posterior. A cápsula com o do que 20 mm compromete o comprimento do colo femoral
fornecimento de sangue chega à linha intertrocantérica e pode aumentar muito a anteversão femoral. Além disso, a
anteriormente, mas posteriormente o terço lat eral do colo pinagem através do local da osteotomia torna-se mais difíci l
é extracapsula r. De acordo com Kramer et ai. , uma oste- quando a correção de mais de 55 graus de varo ou valgo é
otomia fe ita através da região da li nha intertrocantérica tentada. Essas mesmas restrições também são aplicáveis para
anterior fica distal aos vasos retinaculares posteriores. as osteotomias intracapsulares na base do colo e para o pro-
• Perfure um ou dois pinos rosqueados de Steinmann de 5 cedimento de Southwick (osteotomia trocantérica).
mm no colo femo ral proximalmente para garantir que a

------~
porção proximal do fêmur seja mantida sob controle antes TÉCNICA
de completar uma osteotomia (Fig . 36-123A e B). Durante
a osteotomia, assegure que o osteótomo não penetre (A BRAHAM ET AL.)
tota lmente no córtex posteri or. Insira vários pinos rosque-
ados de Steinmann de 5 mm do córtex externo do eixo •Antes da cirurgia, um âng ulo do eixo da cabeça é deter-
do fêmur através do colo femoral. Comp lete a osteoto- minado nas radiografias latera is, medindo o ângu lo
mia por ramos verdes no córtex posterior e removendo a formado pe la linha epifisá ri a e o eixo do fêm ur no membro
cunha de osso. Avance os pinos rosqueados de Steinmann afetado (Fig. 36-124) e comparando-o com o lado contra-
através do local da osteotom ia e a fi se para prevenir o latera l (ou para 145 graus). O ângu lo do eixo da cabeça
deslizamento (Fig. 36-123C e D) . para inclinação posterior ou retroversão é determ inado em
•Feche a cápsu la do quadril com sutu ras ininterruptas. uma visão em batráquio e comparado com o lado contra-
Prenda os pinos próximo ao eixo do fêmur, e feche a lateral (ou para 1O graus). As diferenças entre os âng ulos
fe rida em camadas. Se a epifisiodese do trocânter maior anormal e normal são utilizadas para determinar o tamanho
é necessária, faça isso nesse momento. das cunhas removida s durante a osteotom ia.
•C oloque o paciente anestesiado em uma mesa de fratura,
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O repou so é prescrito e faça rotação interna máxima no membro envolvido por
por 2 a 3 semanas, seg uido por apoio proscrito não movimento suave dos pés. Abduza amplamente a perna
suportado. O apoio pa rcial de peso é permitido depen- contra latera l para tornar a co locação do eq uipamento
dendo da estabil idade da osteotomia e do peso do fluoroscóp ico mais fácil . Obtenha as radiografias laterais
paciente. Os pinos rosqueados de Steinmann devem ser permanentes anteroposterior e "misturadas" para confir-
removidos somente após a fise ter se fundido . mar a cron icidade do deslizamento e definir melhor a
cabeça f emoral. Prepare e estenda o quadri l e áreas pate-
lares de forma apropriada.
• Faça uma abordagem anterolateral padrão, e coloque um
OSTEOTOMIA EXTRACAPSULAR afastador de Charnley profundo para a banda da iliotibial.
NA BASE DO COLO Localize o tecido da anterior articulação ou linha intertrocan-
térica entre o glúteo médio e os músculos do vasto lateral.
A osteotomia extracapsular na base do colo foi recomendada
Com um elevador periostea l, eleve cuidadosamente o )
como segura e eficaz em prevenir o deslizamento e melhorar
PARTE XI FRATURAS E LUXAÇ ÕES EM CRIANÇAS

B
e D

mmJ~·~· ~ Osteotomia extracapsula r na base do co lo:


med ição dos âng ul os do ei xo da cabeça na rad iografia . A, Ângu lo
normal ant eroposterior comparado co m EFP. B, EFP moderada
mostra a dimi nu ição no ângu lo antero posterior do eixo da
ca beça . C, Ângu lo norma l agudo. D, Desli zamento grave mostra
o aumento no ângulo do ei xo da cabeça lateral de batráqu io. (De
Abraham E, Garst J, Barmada R: Treatment of moderate to severe
slipped cap ita l femo ral epiphysis with extraca psu lar base-of-neck oste- e D
otomy, J Pediatr Orthop 13:294, 1993.) VEJA A TÉCNICA 36-34.
H@ii;f!i ~ Osteotom ia extracaps ul ar na base do co lo (ver
texto) . A, Determ inação do corte de ost eoto mia proxima l. B,
Cortes de ost eot omi a. C, Remoção da cu nha óssea. D, Fi xação com
lig ame nto iliofemoral anterior. Coloq ue um afastador de
) parafusos can ul ados . (De Abraham E, Garst J, Barmada R: Treatment
Hohmann de pont a est reita em torno do colo femoral
of moderate to severe slipped capital femo ral epiphysis w it h extracap-
superiorm ente e prof undo ao ligamento isq ui ofemo ra l.
sular base-of-n eck osteotomy, J Pediatr Orthop 13:294, 1993.) VEJA A
Coloque outro afastador profundo ao ligamento proximal
TÉCNICA 36-34.
iliofemora l ao trocânter ma ior.
• Contorne um triâng ulo na superfície anterior do colo
femoral para indi ca r a osteotomia de dois planos da
cunha. Loca lize o corte proxima l, colocando um fi o de necessá ria. Faça os cortes de osteotomia com uma serra,
Kirschn er de comp riment o de 3 cm na superfície anterior convergindo-os posteriormente para faze r uma única
do f êmu r do trocâ nter maior para o menor na base do osteotomia ao longo do córtex posterior. Remova com -
colo ao longo da bo rd a da cápsula (Fig. 36-125A) Con- pletamente a cunh a de osso, especialmente supe rior-
firme essa posição por flu oroscopia. mente, para máxima correção (Fi g. 36- 125C).
• Utilize um grande osteótomo para marcar o osso ao longo • Mantendo a tração para prevenir a migração proximal do
do fi o. Faça rotação externa da perna, e perfure um fê mur, faça rotação intern a da pern a até que a cunha
segundo fi o de Kirschn er no plano anteroposterior imedia- feche completamente . Abduzir a perna ta mbém ajuda a
tamente distal ao f io-guia (Fig. 36-12 58). Coloque esse fio fechar a osteotomia . Quando a patela puder ser rodada
vertica l à superfíci e anterior do colo femora l. Gire o internamente 15 graus, a correção adequada terá sido
mem bro intern amente, e obtenh a uma vista fluoroscópica alcançada . Remova o osso adicional do lado metafisá rio,
lateral para confi rmar a colocação correta do f io. se necessário, mas re mova um máximo de 20 mm na
• Comece a segu nda linh a de ost eotomia distal do trocân- cunha óssea .
ter me nor pa ra a placa de cresci mento do t rocânter maior. • Fixe a osteotomia com três ou quatro pa raf usos canula -
O ângulo em que essa linha é feita a partir da prim eira linha dos (Fi g. 36-1 250) Utilize o prim eiro fio- guia para manter
de osteotomia depende da quantidade de correção neces- a osteotomia tempora riamente na posiçã o desejada .
sária. Normalmente, uma cunha de 15 mm de largura, Uti lize somente um parafuso para abranger a f ise da
medida superiormente na linha de base do triâng ulo, é cabeça fe mora l, evitan do o quadrante supero lateral.
CAPÍTULO 36 FRATURAS E LU XAÇÕES EM CRIANÇAS IG&j@
• Verifique o alinhamento e a colocação do parafuso nas
radiografias permanentes antes do fechamento da ferida.
Normalmente o ligamento iliofemoral e a cápsula não são
reanexados, mas se eles forem excessivamente elevados
do osso, suture ou prenda-os de volta ao fêmur anterior
'
1

para preservar a estab ili dade da articu lação ant erior. ''I
•Feche a ferida de forma rotineira e aplique um curativo
estéril.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O apoio parcial de peso


com muletas é permitido por 6 a 8 semanas e, em
seguida, o suporte de peso total é permitido. O apoio
total conforme tolerado é permitido após as osteotomias
bilaterais.

1 OSTEOTOMIA INTERTROCANTÉRICA
Quando a epífise femoral proximal está deslizada e cronicamente B
consolidada em uma posição ruim, a osteotomia trocantérica para
produzir uma deformidade oposta pode ser indicada. Embora a li[dl!;MIIl!Ii) Osteotomia intertrocantérica de fl exão . A, Loca-
nossa taxa de condrólise seja aproximadamente a mesma após a lização do frag mento femoral distal antes da osteotomia é indi-
osteotomia trocantérica logo após a osteotomia da cunha de fecha- cada por linhas sólidas paralelas. A seta maior indica a fle xã o do
mento do colo femora l, a taxa de osteonecrose foi suficientemente fragmento distal. O grau de fl exão na osteotom ia (9 0 ) combina o
menor para justificar o seu uso. Se a osteotomia trocantérica for ângulo do eixo ep ifisário (ângulo de deslizamento, 9). A seta
utili zada para um deslizamento crônico, a fise permanece aberta, e menor indica a rotação medial do fragmento distal. As linhas
deve ser fixada com pinos ou parafusos antes ou no momento da quebradas mostram como o eixo do fêmur se torna paralelo à
osteotomia. Isso é imperativo se um parafuso de compressão do epífise após a osteotomia intertrocantérica de fle xão. B, Osteoto-
qu ad ril precisar ser utilizado para fixação, porque a luxação da mia intertrocantérica de fl exão restaura a distância articulotro-
epífise femoral pode ocorrer durante a inserção do parafuso. cantér ica (OAD, distância trocânter - do centro da ca be ça (TCC),
Para corrigir a deformidade que consiste principalmente em e ângulo do eixo epifisário.
coxa vara, mas com alguma rotação externa e hiperextensão, uma
osteotomia trocantérica de cunha de fechamento é suficiente. A base
da cunha removida lateralmente deve ser ampla o suficiente para com correção secundária da rotação externa e varo; dessa
corrigir a coxa vara. A deformidade também pode ser corrigida por forma, uma osteotomia em cunha é apenas uma cunha de
uma osteotomia de cunha abertura baseada mediaimente e ampla o fechamento anteriormente . Em teoria , isso reduz o varo e
suficiente para corrigir a coxa vara. rotação externa e permite maior flexão, evitando impacto
Corrigir a deformidade consistindo em coxa vara, hiperexten- anterior com o acetábulo. Os resu ltados das osteotomias
são e rotação externa moderada ou grave é mais difícil. Essa tripla intertrocantéricas foram variáveis, mas elas parecem dimi-

_ ___
defo rmidade pode ser corrigida por uma osteotornia de bola e nuir a chance de condról ise e osteonecrose que ocorre com
soquete feita no nível do trocânter menor segLúndo as diretrizes de osteotomias em outras loca lizações, além de impedirem o
uma osteotomia de cunha de biplano como originalmente descrito impacto femoroacetabu lar correto.
por Southwick e feito no mesmo nível (Fig. 36-126). A osteotomia ____..~
de bola e soquete em que o fragmento proximal é côncavo e o frag- TÉCNICA
mento distal é convexo pode ser feita no nível do trocânter menor.
Ela permite a correção dos três componentes da deformidade: hip e- •Através de uma abordagem latera l reta para o quadril,
rextensão, coxa vara e rotação externa. Com planejamento cuida- estabilize a EFP com um parafuso esponjoso canulado de
doso, um parafuso de compressão do quadril com placa lateral ou 7,3 mm term ina lmente rosqueado colocado centra lmente
uma placa de lâmina pode ser curvado para o ângulo adequado e perpendicu lar à fise femora l proximal ou com fios de
antes da cirurgia e utili zado para fixação. A osteotomia biplana, que Kirschner.
corrige varo e hiperextensão, também corrige dinamicamente uma •Faça o ângu lo de inserção igua l ao âng ulo de inclinação
terce ira deformidade de rotação externa. Essa operação é melhor posterior da epífise proxim al; esse ângu lo é igual ao grau
tecnicamente do que a osteotomia de bola e soquete, mas é mais de flexão do eixo do fêmur que é necessário para posi-
difícil de realizar, e temos tido dificuldade em adquirir as placas do cionar a epífise ao longo do eixo do fêmur e serve como
lado direito e esquerdo em diferentes ângulos. um guia para o cinzel.
• Coloque o osteótomo em uma placa inclinada a 90 graus
na base do trocânter maior e gire-o até que a inclinação
OSTEOTOMIA INTERTROCANTÉRICA anterior antecipada da placa lateral corresponda ao grau
{IMHAUSER) de flexão desejado (Fig. 36- 127 A).
A osteotomia de lmhauser é semelhante à osteotomia de •Faça uma osteotomia transversa l 2 cm distal ao local de
Southwick, mas é tecnicamente mais fácil. Essa osteotomia entrada do osteótomo e proximal ao trocânter menor
trocantérica principa lm ente corrige a angu lação posterior (Fig . 36-1278).
)
MGH• PARTE XI FRATURAS E LU XAÇÕ ES EM CRIANÇAS

•Fixe a osteotomia com uma placa de lâmina de 90 graus


inclinada e 1O mm em recesso (Fig. 36- 1270)

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Um molde de gesso é


ap licado com o quadri l em flexão apropriada, ligeira
abdu ção e rotação interna e utilizado por 8 a 12 semanas.
Dependendo da quantidade de cica tri zação da osteoto-
mia na radiografia, o apoio do peso é lentamente aumen-
tado na perna operada. A placa da lâmina norma lmente
é removida cerca de 1 ano após a cirurgia.

• QUILECTOMIA
Quando a proemin ência no aspec to anterossuperi or do colo fe moral
bloqueia a rotação interna ou abdução por colidir contra o acetá-
bulo, ela é ressecada. A simples ressecção da prominência remove a
obstrução e melho ra o movimento. Quando a coxa vara e deformi-
dade em rotação externa não são graves, essa operação sozinha pode
ser suficiente. Quando a deformidade é grave, a ressecção da proe-
minência é combinada com osteo tomi a trocanté rica. A remoção de
toda a proemin ência pode envolver a rem oção de consideravelmente
mais osso do que fo i antecipado do exame das radiografias antes da
cirurgia. Deve-se ter cuidado para preservar a integridade do colo
do fê mur e a fise, porque as fraturas do colo do fêmur e o desliza-
mento agudo da epífise podem ocorrer quando este é cortado. A
epifisiodese intra-articul ar utilizando o osso da crista do íleo fo i
recomendada por Hernd on.

COMPLICAÇÕES
• OSTEONECROSE
H@il;MIIl!J) Osteotomia intertrocantérica (lmhãuser). A, O Há relatos de que a osteonecrose ocorre em 10% a 40% dos pacientes
osteótomo acomodado é inserido no co lo no â ngulo reto para o com EF P instável aguda, embora estud os mais rece ntes da pinage m
eixo . B, A osteotom ia femoral remove a cunha ventral. C, O oste- in situ com parafusos can ulados geralmente mostrem menores inci-
óto mo é trocado por uma placa de lâmina e é feita derrotação dências (0% a 5%). A osteonecrose é rara em pacientes não tratados
do fêmur. D, A placa de lâmina é fi xa da para o fê mur com para- e provavelmente resulta da interrupção do fornec imen to retrógrado
fusos. (Redesenhado de Parsch K, Zehender H, Bühl T, Weller S: lnter- de sangue pela lesão original e parece m ais com um em desli zam en -
trochanteric corrective osteotomy for moderate and severe chronic tos instáve is (agudos), por manipulações repetitivas vigorosas, por
slipped capita l femoral epiphysis, J Pediatr Orthop B 8:223, 1999.) VEJA redu ção aberta ou por osteotomia do colo femoral.
A TÉCNICA 36-35 .
Embora o tamponamento do fornecimento de sangue para a
epífise fe moral proximal co mo resultado da hemorragi a agud a
dentro da cápsula do quadril tenha sido sugerido co mo uma causa
de osteonecrose, nenhum a evidência indico u que a aspiração ime-
•Flexione o fragmento dista l e fi xe-o na placa lateral. diata da articu lação do quadril seja eficaz em preve nir a osteone-
)
•Se o periósteo posterior previn ir a flexão do fragm ento crose. A colocação superolateral dos pinos tamb ém estava associada
distal, libere-o. Com aumento da gravidade de desliza- ao desenvolvimento da osteonecrose ou pelo menos a exacerbação
mento, o aumento da flexão é necessário. A flexão é do processo.
acompanhada por translação anteri or para trazer o eixo Herman et ai. e Loder et al. sugeriram que a instabilidade pode
do fêmur em lin ha com a epífi se fem oral proximal. Essa ser o melhor predito da osteo necrose após os deslizamentos agudos,
combinação de movimentos neutral iza a deform idade e outros confirmaram que os desli zamentos instáveis são mais pro-
secundária em zigue-zague produzida por uma osteoto- váveis em resu ltar em osteonecrose do que os deslizamentos estáveis.
mia compensatória em um local diferente do local primá- Foi estimado que até 50% dos pacientes com EFP instável vão dese n-
rio da deformidade (o loca l do deslizamento). volver a osteonecrose.
• Realize uma capsulotomia anterior para permitir a total Há controvérsias, na recente literatura, não apenas quanto à his-
extensão do quad ril após a fixação do fragme nto dista l. tória natural da osteonecrose após EFP, mas também quanto ao trata-
•Gire o fragmento distal mediaimente a fim de equilibrar mento que altera a história natural. Embora a história natural não seja
a rotação externa e interna do quadril e combinar o quadril conhecida para alguns planos de tratamento, eles são baseados nessas
não envolvido como determinado pelo exame pré-opera- teorias de causa. Aqueles que acreditam que a osteonecrose ocorre no
tório (Fig . 36-127() momento de máxima instabilidade recomendam redução urgente,
enqu anto aqueles que acreditam que a osteo necrose é decorrente de
CAPÍTULO 36 FRATURAS E LUXAÇÕES EM CRIANÇAS

um efeito de tamponamento defendem a capsulotomia, especia l- • CONDRÓLISE


mente se a manipulação for feita. As pressões do quadril no lado O diagnóstico de condrólise requer o espaço de articulação menor
afetado foram mostradas, sendo o dobro daquelas no lado não do que 3 mm de largura (normal 4 a 6 mm) e uma diminuição do
afetado e maior do qu e aquelas síndrom es do compartimento arco de movimento da articulação do quadril (F ig. 36- 129). A
após a manipulação. Se uma efusão significativa for suspeita, o
ultrassom pode se r utili zado para determinar a quantidade de
fluid o e a necessidade de uma capsu lotornia. Se a estabilização
imed iata (em 24 horas) de um deslizamento ag udo não pode ser
acompanhada por causa da apresentação tardia, um atraso de
pelo menos 7 dias foi recomen d ado para evitar a "janela inse-
gura" durante o qual a intervenção cirúrgica pode aum entar o
risco de osteonecrose.
Ballard e Cosgrove cunharam o termo separação fisária, que é
definido como a quantidade de separação do lábio anterior da epífise
da metáfise em urna radiografia latera l de perna de sapo (Fig.
36- 128). Dos oito quadris que desenvolveram a osteonecrose em seu
estudo de 110 quadris, sete tiveram a separação fisária anterior. Foi
concl uído qu e a separação fisár ia anterior está associada a uma alta
incidência de subsequente osteonecrose após EFP.
O@l!;tijllfD Separação fisária anterior.

O@ll;MEil!li) A-E, Condrólise de 24 meses após a osteotomia de rotação interna da flexão para grave EFP.
PARTE XI FRATURAS E LUXAÇÕ ES EM CRI ANÇAS

h@ihMEIE!) A e B, EFP. C, Após a fixa ção do pino, vários orifícios desnecessários permanecem distais ao último pino. D, Após a
fratura patológica através do orifício . E, Um ano após a redu ção aberta e fixação interna com parafuso de compressão do quadril;
observe a evidência de consolidação da fratura subtrocantérica. O parafuso canulado do quadril foi deixado no local para prevenir o
deslizamento da epífise femoral proximal no momento da inserção do parafuso no quadril.

penetração persistente do pino na articulação foi a causa m ais fre- • FRATURA DO COLO FEMORAL
quentemente citada de condrólise, mas fo i sugerid o que algum outro As fra turas femorais fo ram relatadas raramente com o uma co mpli -
fator é necessário para produzir condrólise, como desli zamento ou cação da fixação in situ de EFP, embora vários autores tenh am rela-
uma resposta imlU1 e. tado fraturas subtrocantéricas. Tratamos alguns pacientes co m
Embora a anquilose fibro sa da articulação do qu adril muitas fraturas subtrocantéricas através de orifíc ios não utilizados abaixo
vezes ocorra após a condrólise, a rec uperação espontânea parcial da da fixação do parafu so (Fig. 36- l 30). Após te nta r vár ios métodos de
cartil agem foi rel atada. Repouso, tração, salicilatos, m edicamentos tratamento para a fratu ra su bt rocantéri ca, recomendam os a redução
anti-inflamatórios não esteroides, esteroid es e tratamento físico não aberta imed iata da fratu ra e fixação intern a co m um parafu so do
modificaram o curso da condrólise. Tivem os algum sucesso com qu adril e um a longa placa lateral, mantendo a redução de EF P.
injeção de co rtisona intra-articular e manipulação cirúrgica, seguido A fratura do colo femoral após a pinagem in situ de EFP é
por um vigo roso program a de exercício no hospital. Se o grave ainda menos com um. Tratamos dois pacientes com fra turas desvia-
estreitamento do espaço da articulação persistir com limitação do das do colo femoral após a fixação in situ de EFP. Em ambos os
movimento de arti culação, artro dese ou artroplasti a devem ser pacientes, o tratamento das fratu ras do colo fe moral era cirúrgico e
consideradas. difíc il, e os res ultados foram menos do que satisfatórios.
CAPÍTULO 36 FRATURAS E LUXAÇÕES EM CRIANÇAS

h@lhtjEml) Ângulo (Nõtzli) de compensação da cabeça-colo anterior. Ponto A, ponto anterior onde a distância do centro da cabeça
(hc) excede o raio (r) da superfície subcondral da cabeça femoral. a é, em seguida, medido como o ângulo entre A-hc e hc-nc, com nc
sendo o centro do colo no ponto mais estreito. A, Quadril em um indivíduo normal. B, A deformação típica . Quanto maior o ângulo
de compensação da cabeça-colo anterior, menor o arco de movimento necessário para causar impacto do tipo CAM na borda
acetabular.

Conforme mais relatórios são ac umul ados, as fraturas femo-


rais após a fixação in situ de EFP podem ser encontradas com mais
frequência do que o atualmente apreciado. A probabilidade dessa
complicação talvez possa ser diminuída, evitando a perfuração des-
necessária de orifícios no osso durante a cirurgia e evitando o
excesso de alargamento do colo femora l.
A necessidade de remoção do pino após a fixação de EFP
permanece uma área de controvérsia. A remoção do pino não está
livre de custos e riscos, e a questão se um pino deve ser removido A
no final do tratamento permanece sem resposta. Como tivemos
tantas complicações após a remoção do pino ou parafuso, atua l-
mente estamos deixando os pinos e parafusos no local após o trata-
mento de EFP.

• DESLIZAMENTO PROGRESSIVO
O deslizamento progressivo ocorreu em pacientes que recusaram o
tratamento e naqueles tratados por imobilização em moldes de gesso.
Ocasionalmente, a epífise continuou a deslizar, porque os pinos de
Knowles não foram colocados longe o suficiente proximalmente ou
foram removidos antes de a fise ter se fundido por completo.

1 IMPACTO FEMOROACETABULAR
B
Recentemente, o aumento da utilização da artroscopia do quadril
levou a um aumento no diagnóstico do impacto femoroacetabular
(IFA), que se tornou uma entidade bastante relatada e descrita que h!diJ@BE!) A, Impacto do tipo CAM . B, Aparência
causa dor, diminuição da amplitude de movimento e osteoartrite radiográfica .
precoce da articulação do quadril. Uma das causas de IFA é EFP que
curou menos do que a posição anatômica adequada. Um estudo
relatou uma alta proporção (32% a 38%) de jovens adultos com sinais
de impacto clínico após EFP. Embora a extrema angulação posterior (Fig. 36-131). Quanto maior o ângulo de compensação da cabeça-colo
(deslizamento) obviamente possa causar impacto, a real questão é a anterior, menor o arco de movimento necessário para causar o
pouca deformidade angular que vai causar impacto. Isso é fundamen- impacto do tipo CAM na borda acetabular.
tal na pinagem in situ, após o que geralmente bons resultados iniciais O efeito CAM em que a cabeça femoral ou cabeça do parafuso
podem ser esperados. A literatura não é clara sobre o quanto a angu- encosta no labrum acetabular (Fig. 36-132), e o efeito de pinça em
lação posterior pode ser aceita durante o tratamento inicial ou até que a borda acetabular colide no colo femoral (Fig. 36-133) foram
mesmo quanto a angulação tardia vai causar IFA. De acordo com a ambos descritos em adultos que tiveram tratamento de EFP quando
maioria das séries, o grau de deslizamento na adolescência não pode adolescentes. IFA pode ser identificado por artroscopia e RM; radio-
ser utilizado como preditor do desenvolvimento de IFA na vida grafias simples laterais de tabela cruzada drasticamente demonstram
adulta. Há relatos de que o ângulo de compensação da cabeça-colo o impacto de CAM e pinça descrito por Notzli como impacto em
anterior (ângulo a de Notzli) relaciona mais fortemente com IFA "borda com emperramento" (Fig. 36-134).
@§H:t PARTE XI FRATU RAS E LUXAÇÕ ES EM CRI ANÇAS

A.

Flexão

A Extensão

Flexão

O[ijlhfdEI!l!D A, Impacto do tipo pinça . B, Aparênc ia B Extensão


radiográf ica .
O@l@iEil!D Impacto da "borda emperrada". A, EFP leve a
moderada causa emperramento da metáfise femoral contra a
A osteotomia em va lgo ou o procedim ento de Imha user
cartilagem acetabular em flexão. B, EFP grave causa impacto do
(Técnica 36-35) fo ram recom end ados após a pinagem in situ para
co lo femoral contra a borda acetabu lar em flexão.
evitar o impacto acetabular.

FRATURAS DO FÊMUR Além dos habituais mecanismos de lesão, as fratu ras do fê mur
podem oco rrer no nascimento, podem ser causadas por abuso de
As fraturas do fêmur norm almente são classificadas de acordo com menores, ou podem se r patológi cas. Em cri anças com menos de 1
a localização co mo subtroca ntéri ca, eixo (proximal, médio e terço ano de idade, 70% das fraturas do fêmur são relac ionad as com
distal), sup racondil ar e fi se do fê mur di stal. As fra tu ras oco r rem abuso. Deve-se suspeitar de abuso se qu alquer um dos seguintes
co m mais fre quência no terço médi o. A taxa anual do eixo das esti ver presente: (1) históri a controversa, (2) atraso inapropriado em
fraturas do fê mur em crianças é de 20 por 100.000. Com relação à vir para o hospital, (3) históri a anterior de abuso, (4) evidência de
idade, a di stribui ção parece se r bimodal, com picos em 2 e 17 anos. outras fraturas em vários estágios de cicatrização, (5) múltiplas fra-
Os meninos têm maiores taxas de fratura do que as meninas em turas agudas e (6) padrões característicos da fratura.
todas as idades. Os meca nismos primári os da fratura são idade Muitas vezes, outras sérias lesões qu e exigem tratam ento
depend ente e inclue m quedas para crianças co m menos de 6 anos também es tão presentes. Se um a crian ça sustenta trauma sufi ciente
de idade, veícul o a motor - acidentes com pedes tres em crianças de para a fratu ra, o maior osso em seu corp o, a criança pode ter lesão
6 a 9 anos de idade, e acidentes co m veíc ulo a motor em adolesce n- abdomin al oculta ou outras lesões. O exa me do joelho ipsi lateral
tes. As condições socioeconômi cas adve rsas fo ram associadas a tamb ém é obrigatório porque há relatos de instabilidade em 4% da s
maiores taxas de fr atura. cri anças co m fraturas do fê mur.
A ma io ri a das fraturas do fê mur em cri anças são lesões
fec hadas e trad icionalmente foram tratadas por mé todos fechad os.
O ge renciam ento das fraturas pediátricas do fê mur evoluiu aos FRATURAS DA DIÁFISE FEMORAL {OU
poucos na década passada pa ra as abordagens cir úrgicas por causa FRATURAS DIAFISÁRIAS DO FÊMUR)
de um desejo de recuperação m ais rápida e reintegração dos pacien-
tes, com o reconhecimento de qu e a imobili zação prolongada pode Nas fraturas da diálise proximal e subtroca ntéricas, o fragmento
ter efeitos negativos até m esmo em crianças. As pressões econôm icas proxi m al no rmalmente está em um a posição de fl exão, ab dução e
tamb ém são fa tores para selecionar o tratamento cirúrgico. A fixação rotação externa por causa da tração se m oposição dos músculos
extern a, pontes, uso de placa bloqueada e hastes intramedulares iliopsoas, abdutor e curto ro tadores externos curtos (Fig. 36- 135) .
foram defend idas. Os adutores e extensores es tão intactos nas fr aturas do terço médio
CAPÍTULO 36 FRATURAS E LUXAÇÕES EM CRIANÇAS

da diáfise, e o fragmento distal normalmente está em alinhamento Se o alinhamento e comprimento forem mantidos, a má
satisfatório, exceto para alguma rotação externa. Em fraturas supra- rotação leve normalmente corrige com o crescimento. Em crianças
condilares individuais, o fragmento distal está em uma posição de com menos de 13 anos de idade, a consolidação viciosa de 25 graus
hiperextensão por causa da sobretensão do gastrocnêrnio. O dese- em qualquer plano deve remodelar suficientemente para fornecer o
quilíbrio muscular é importante ao alinhar o fragmento distal ao alinhamento normal das superfícies de articulação.
fragmento proximal em tração ou um molde de gesso. Staheli definiu o tratamento ideal das fraturas da diáfise do
Como existem diferentes definições de fraturas subtrocantéri- fêmur em crianças como aquele que controla o alinhamento e com-
cas pediátricas (terço proximal do eixo do fêmur, terço proximal do primento, é confortável para a criança e conveniente para a família,
fêmur, em 2 a 3 cm abaixo do menor trocânter), Pombo e Shilt e causa impacto psicológico menos negativo possível. Determinar o
propuseram uma fórmula para determinar se a fratura do fêmur em tratamento ideal para cada criança depende da idade da criança,
uma criança deve ser classificada corno subtrocantérica: localização e tipo de fratura, ambiente familiar, conhecimento e
Porcentagem de comprimento total do fêmur abaixo do menor capacidade do cirurgião, e em um menor grau, de considerações
trocân ter = financeiras. Heyworth et ai. revisaram as fraturas do fêmur em
crianças de 6 a 17 anos de idade a partir do banco de dados nacional
Distância abaixo do menor trocânter X 100 de admissões pediátricas ambulatoriais de 1997 a 2000 em cerca da
comprimento do fêmur metade dos Estados Unidos. A frequência do tratamento cirúrgico
na maioria das vezes consiste em fixação interna, aumento signi-
Se o resultado for menor do que 10%, a fratura se qualifica como ficativamente sobre esse período, enquanto o uso da imobilização
uma fratura subtrocantérica. por gesso diminuiu. Essa mudança na prática foi significativa-
mente maior em hospitais pediátricos do que hospitais gerais.
Sanders et a!. pesquisaram membros da Pediatric Orthopedic
Society ofNorth America para determinar as suas atuais preferên-
cias em tratar as fraturas do fêmur em quatro grupos etários. Para
cada padrão de fratura, o tratamento cirúrgico foi o preferido em
detrimento do tratamento não cirúrgico, conforme a idade do
paciente aumentava, e os tratamentos preferidos dentro das cate-
gorias cirúrgicas e não cirúrgica mudaram muito conforme a
idade do paciente aumentava. Houve uma tendência por ortope-
distas pediátricos a tratar as fraturas do fêmur cirurgicamente em
crianças mais velhas, e de modo não cirúrgico em crianças mais
jovens. O consenso sobre o tratamento foi de que ele é dependente
da idade (Fig. 36-136).
Recentemente, AAOS tem, após revisão extensiva da literatura,
feito 14 recomendações com base na evidência sobre a fratura do
fêmur em crianças. Cinco das recomendações com evidência sufi-
ciente para apoiar um grau de recomendação (grau A ou B, apoiado
por boa evidência; grau C, apoiado por evidência ruim) estão lista-
das no Quadro 36-4.
As nossas recomendações do tratamento geral estão listadas
A B na Tabela 36-4.
Vários autores avaliaram os fundamentos comparativos da
h!§il;@ IIl!D Fratura subtrocantérica pode ser estável ou ins- economia do tratamento cirúrgico e não cirúrgico. As taxas ou
tável. A, Se a espícula proximal do osso é posterior, muitas vezes a custos incluíram hospital e encargos do médico (ortopedistas, radio-
fratura é estável. B, Por outro lado, se a espícula proximal é anterior, logistas e anestesistas). A Tabela 36-5 fornece o custo ou encargos
muitas vezes a fratura é instável e a tração 90-90 é necessária. em diferentes séries de pacientes. As diferenças vistas em cada série

6 meses - 5 anos

Tratamento Suspensório Imobilização por


recomendado para de Pavlik gesso imediata
casos descomplicados

Considerações •Tração com • Haste IM bloqueada • Fixação externa


alternativas imobilização • Fixação externa • Utilização de
recomendadas atrasada • Utlização de placa da ponte
• Haste IM elástica placa da ponte submuscular
submuscular

O@ii;@ Eil!Ii) Algoritmo para tratamento de fraturas do fêmur em crianças.


PARTE XI FRATURAS E LUXAÇÕES EM CRIANÇAS

36-4'. .,. Diretrizes do Tratamento Geral em Crianças com Fraturas do Eixo Femoral

IDADE <6 meses 6 meses-5 anos 5-11 anos 11 anos-ADU LTO


TRATAMENTO INDICADO Suspe nsó ri o Imo b ilização Haste intramed ul ar Haste
Trat amento alternativo por ca usa de: de Pavli k p recoce com el ástica intra med ula r
Lesão na cabeça g esso Tra ção e im o bili zação por >8 m m
A lta ve locid ade (comi nu ída) Tração e gesso Pla ca de
Joelho flutu ante im o bili zação Placa de comp ressão da compressão
Difíci l loca lização (terço proximal por gesso pl aca de bl o quei o da pl aca de
e terço di stal) bl oq uei o
Obesid ade
Risco cirú rgi co (p o lit ra u mati smo)
FRATURAS EXPOSTAS Fi xação externa Fi xaçã o ext erna Fi xaçã o ext ern a

M"'Kit.il~#<!l~1~

36-Ç< Custo do Tratamento das Fraturas da Diáfise Femoral


'1' ,, <"~\!

ESQUELETO

IMEDIATO (GESSO TRAÇÃO POR


SÉRIE PRECOCE) GESSO HASTE INTRAMEDULAR FIXAÇÃO EXTERNA
Newton e Mubarak $5.494 $21.093 $213 59
Cli nksca les e Pet erson $5.490 $16.273 $16.056 $16.394
Stans et ai. $5.264 $15 .980 $15 .495 $14.478
Ya ndow et ai. $1.867 $11 .171
No rk e Hoffing er $22.396 $11. 520
Coyte et ai. $5. 970 * $7. 626*
·Canadense $

novas operações para rotação inadequada ou remoção de hardware


Recomendações do Tratamento também fo i semelhante para os três grupos.
36 4
- para Fraturas Diafisárias do Fêmur Em urna criança muito nova (nascimento a 6 meses), um cinto
de Pavlik pode ser utilizado em vez de um molde de gesso com
• Recomendamos que as crianças com menos de 36 meses
vantagens citadas de fác il aplicação sem anestesia; mínima hospita-
com uma fratura diafisária do fêmur sejam ava liadas para
lização ( <24 horas); fácil redução; capacidade de ajustar o cinto;
abuso de menores (A).
mínimos custos; e facilidade na troca de fraldas, enfermagem e
• Tratamento com um suspensório de Pavlik ou aparelho
ligação. A confiabilidade do pai, no entanto, deve ser cuidadosa-
de gesso é uma opção para crianças com 6 meses e
mente considerada antes de utilizar esse método de tratamento.
menos com uma fratura diafisária do fêmur (C).
A imob ilização imediata por gesso das fraturas do eixo do
• Sugerimos a imob il ização precoce por gesso ou tração
fêmur em crianças foi recomendada por vários autores; melhores
com imobi lização por gesso atrasada para crianças com
resultados com esse método parecem ser obtidos em crianças
idade de 6 meses a 5 anos com uma fratura diafisária do
jovens. Embora rara, a síndrome do compartimento secundário
fêmur com menos de 2 cm de encurtamento (B).
para imobilização por gesso também pode ocorrer. Os problemas
• Hastes intramedu lares flexíve is são uma opção para tratar
primários com imobilização por gesso imediata são encurta -
as fraturas diafisárias do fêmur em crianças de 5 a 11
mento e angulação da fratura nas fraturas de alta energia da
anos de idade (C)
diáfise do fêmur.
• Haste rígida com entrada trocantérica, placa submuscu lar
A imobilização por gesso precoce na posição 90-90 foi reco-
e hastes intramedu lares flexíve is são opções de trata -
mendada para evitar o encurtamento e a angulação em crianças com
mento para fraturas diafisá rias do fêmur em crianças com
menos de 6 anos de idade com uma fratura fechada da diáfise do
idade de 11 anos para maturidade do esqueleto, mas o
fêmur decorrente do trauma de baixa energia.
piriforme ou a haste rígida de entrada piriforme não é
Bons resultados também foram relatados com tração 90-90 do
uma opção de tratamento (C).
esqueleto e imobilização por gesso. Os pinos para tração do esque-
leto devem ser colocados paralelos ao eixo da articulação do joelho
(Fig. 36-137), e as fraturas em crianças com mais de 11 anos de idade
não são comparáveis por causa de muitas variáveis. Em média, no devem ser reduzidas sem sobreposição.
entanto, a imobilização por gesso imediata ou precoce (tração por Os adolescentes não toleram a imobilização prolongada, assim
gesso) custa menos do que a tração prolongada com imobilização como as crianças mais jovens, e dor no joelho, angulação na fratura
por gesso, hastes intramedulares, ou fixação externa. A tração pro- e dificuldade em manter o comprimento foram relatadas quando
longada do esqueleto e imobilização por gesso, hastes intramedula- a tração 90 -90 foi utilizada em crianças com mais de 10 anos de
res e fixação externa frequentemente custam o mesmo. O custo das idade, assim como encurtamento do membro e discrepância do
CAPÍTULO 36 FRATURAS E LUXAÇÕES EM CRIANÇAS IGrij@

H[dll;tJII!lm Posi ção do pino em tração é horizontal (ideal) ou oblíquo. Os pinos oblíquos são "para va ro" ou "para valgo", afas-
tando a tração resu ltante do arco de tra ção.

Imobilização
concluída

A B e
O@il;@Emll) Fatores patogênicos de tração, elevação e pressão durante a aplicação de um gesso curto de membro inferior utilizado
para tração podem causar a síndrome do compartimento. A, O gesso abaixo do joelho é aplicado, enquanto o paciente está em apa-
relho de gesso. B, Tra ção é aplicada no gesso curto de membro inferior para produzir distração no local da fratura . O restante do gesso
é aplicado, fi xan do a distância relativa entre a perna e tronco. C, Após a criança acordar da anestesia geral, há encurtamento do fêmur
da contração muscular, o que faz com que a coxa e perna deslizem um pouco de vo lta para o gesso. Isso causa pressão nos cantos do
gesso (setas). (Redesenhado de Mubarak SJ, Fri ck S, Sink E, et ai: Volkmann contracture and compartme nt syndromes after femur fractures in
ch ildren treated with 90/90 spica casts, J Pediatr Orthop 26:567, 2006.)

comp rimento da perna, consolidação viciosa, infecção do caminho ou tíbia proximal. Se um pino da tíbia for utilizado, ele deve ser colo-
do pino, perda do movimento da artic ulação e atrofia do músculo. cado distalmente ao tubérculo da tíbia e a fise da tíbia proximal para
Em nossa instituição, a tração do esqueleto ou pele é aplicada minimizar o risco de perturbação do crescimento e deformidade geno
em crianças com menos de 6 anos de idade, dependendo do tamanho recurvato. Um pino de tração femoral di stal pode ser necessário para
da criança e do nível da fratura. Recomenda-se tração longitudinal uma fratura supracondiliana distal por causa da angul ação posterior
ou tração em um ângu lo de 45 graus com 1,8 a 4,5 kg de peso. A ou para uma tração de 90-90 graus em uma fratura femoral proximal
tração suspensa da pele não deve ser utilizada para fraturas do fêmur com lu,xação anterior do fragm ento proximal. Um pino femoral geral-
nesse grupo etário por causa do aumento do risco do comprometi- mente não deve ser utilizado se as hastes intramedulares estiverem
mento neurovascular. O estado neurovascular e a condição da pele sendo contempladas no curso do tratamento.
devem ser monitorados cuidadosamente, enquanto a criança estiver A paralisia do nervo fibular é a rara complicação de tração do
em tração. Quando o comprimento e o alinhamento são alcançados, esqueleto ou pele e imobilização. Dois de nossos pacientes com
um molde de gesso é ap licado. Em crianças de 6 a 10 anos de idade, m enos de 2 anos de idade desenvolveram paralisias do nervo fib ular
a idade em que a maioria das fraturas do fêmur ocorre, a tração do após a tração da pele e imobili zação por gesso. A recup eração espon-
esqueleto norm almente é apropriada, com a aplicação de um molde tân ea ocorre na maioria dos pacientes.
de gesso após 2 a 3 semanas de tração. No início, mas não imediato, Mubarak et ai. descreveram o desenvolvimento de uma sín-
a imobilização por gesso pode ser utilizada para fraturas de baixa drome do compartimento no membro inferior mais baixo após a
energia com m enos de 2 a 3 cm de encurtamento. Em crianças mais aplicação de gesso curto de membro inferior utilizada para tração
velhas ou maiores em qu e a tração da pele pode não ser adequada, para reduzir as fraturas do fêmur durante a ap licação de um molde
um pino de Steinmann de 1,98 mm pode ser inserido no fêmur distal de gesso 90-90. Eles citaram como fatores patogênicos a tração,
PARTE XI FRATURAS E LUXAÇÕ ES EM CRIANÇAS

O!ftll_;f;!EIB) Técnica de aplicação do aparelho de gesso. A, O paciente é colocado em uma mesa de fratura infantil. A perna é
mantida em cerca de 45 graus de flexão no quadril e joelho, com tra ção aplicada na panturrilha proximal. B, Um e meio do aparelho
de gesso é aplicado abaixo da panturrilha proxima l. A modelagem da coxa é feita durante essa fase. e, Radiografias do fêmur são
obtidas, e qualquer cunha necessária do gesso pode ser feita neste momento. D, A parte da perna do gesso e a barra cruzada são
aplicadas. A parte da barriga do molde de gesso é cortada na altura do umbigo. (Redesenhado de Mubarak SJ, Fri ck S, Sink E, et ai: Volkmann
c~ntracture and compartme nt syndromes after femur fractures in children treated with 90/90 spica casts, J Pediatr Orthop 26:567, 2006.) VEJA A
TECNICA 36-36.

elevação e pressão (Fig. 36-138). Por causa da possibilidade dessa


joelho de menos de 50 graus pode resultar em uma
complicação potencialmente devastadora, o uso de gesso curto de
incidência de 20% de perda de redução.
membro inferior para aplicar a tração deve ser evitado durante a
•Aplique o gesso em um nível entre a linha do umbigo e
aplicação de um molde de gesso 90-90, e métodos de aplicação de
mamilo com uma toalha de espessura de 0,64 a 1,28 cm
gesso alternativo devem ser utilizados.
sobre o tórax e sob Webril (Kendal l Healthcare, Mansfield,
MA), que deve ser removido depois para permitir a expan-
APLICAÇÃO DO APARELHO são do tórax.
GESSADO PÉLVICO •Reforce as área s da virilha, inguinal e nádegas com talas
para evitar a ruptura.
TÉCNICA ~
•Após aparar o gesso e depois que as radiografias satisfa-
'---~~~~~~---1~
tórias forem obtidas, aplique uma barra de madeira que
•Após a anestesia geral, remova o pino de tra çã o do abrange as extremidades e incorpore-as no gesso.
esqueleto e limpe de modo estéril os loca is da ferida.
•Aplique gesso curto de membro inferior, em segu ida,
gesso longo de membro inferior com o joelho fletido de A fixação externa com ambas as estruturas monolateral e cir-
50 a 90 graus, dependendo da idade da cri ança. Molde cular foi recomendada para o tratamento das fraturas da di áfise do
a parte proximal para ajudar a evitar a angulação. A fim fêmur em crianças e adolescentes, com bons resultados relatados por
de evitar a síndrome do compartimento, não aplique a uma série de autores em pacientes variando em idade de 3 anos a
tração através desse gesso curto para efetuar a redução maturidade do esqueleto. As complicações, no entanto, também
foram frequentes com esse método de fixação. Ramseier et ai., em
ou evitar a ap licação de gesso curto.
uma comparação de quatro métodos de fixação - haste intramedu-
•Coloque a criança em uma "ca ixa de imagem de gesso"
lar elástica estável, haste intramedular rígida, placa e fixador externo
ou mesa de fratura, dependendo do tamanho da cria nça,
- descobriram que a fi xação externa estava associada ao número
e verifique a redução. Em nossa institui ção, as crianças
mais elevado de complicações. As principais complicações asso-
com mais de 6 ou 7 anos de idade geralmente são muito
ciadas à fixação externa de fraturas do fêmur em crianças e
grandes para a "ca ixa de gesso".
adolescentes incluem perda de redução, refratura e infecção pro-
•Aplique um a metade do aparelho gessado ou o aparelho
funda. A menor complicação mais comum é o local do pino ou
gessado total com o quadril ou quadris flexionados em
infecção do caminho do pino. A refratura foi relatada em 2% a 33%
50 a 90 graus (Fig. 36-139). As crianças com menos de
dos pacientes tratados com fixação externa. Foi indicado que a refra-
3 anos de idade toleram bem o molde de gesso 90-90
tura ocorre por causa do efeito prejudicial de rigidez prolongada
graus. Essa posição ajuda a prevenir o encurtamento e no
imposta pelo fixador externo. Uma associação foi observada entre o
transporte da criança. (De acordo com Flynn, as leis de
número de córtices mostrando calo (nas vistas anteroposterior e
retenção de automóvel em muitos estados tornam difíceis
lateral) no momento da remoção do fixador e a taxa de refratura.
ou impossíveis de transportar uma criança imobilizada
Kesemenli et al. relataram uma taxa de refratura de apenas l,8% em
por gesso em total extensão leg almente.) A flexão do
fraturas fechadas do fêmur e uma taxa de 20% de refratura em
CAPÍTULO 36 FRATURAS E LUXAÇÕ ES EM CRIANÇAS l§t%@

h!dlhHEJ:IC!) A e B, Fratura diafisária angu lada do fêmur em um paciente com 9 anos de idade gravemente espásico com extrema
contratura de flexão. C e D, Após a fixação percutânea com hastes medulares de Ender evitando as f ises proximal e distal.

fraturas abertas ou em pacientes que tiveram RAFI. Eles concluíram sem o risco de complicações cirúrgicas. Vários recentes relatórios
que a fixação externa em si não era um fator de risco para refratura. documentaram bons resultados com poucas complicações em crian-
Outros sugeriram que os fatores de risco incluem fraturas abertas e ças com idade pré-escolar (1,5 a 6 anos de idade) tratadas com hastes
fraturas bilaterais com o aumento de tempo no fixador. Os fatores que intramedulares flexíveis. O acompanhamento de longa duração (pelo
parecem ter um efeito inconclusivo sobre a refratura incluem padrão menos 24 meses) é recomendado para monitorar o excesso de cresci-
de fratura, estado de dinamização, tipo de fDcador, tamanho do pino mento, e as at ividades da criança devem ser monitoradas de perto.
e número de pinos. O mau alinhame nto e a discrepância do comprimento da perna são
As fratu ras expostas do fêmur foram tradicionalmente estabi- complicações relatadas com frequência de hastes intramedulares fl e-
li zadas com fixação externa. Uma recente comparação dos resulta- xíveis das fraturas do fêmur em crianças, mas isso raramente causa
dos de fixação externa e hastes intramedulares (tanto rígida quanto problemas funcionais . O aumento das taxas de complicação foi rela-
hastes flexíveis) descobriu que as hastes intramedulares estavam tado em fraturas instáveis e pacientes mais velhos tratados com hastes
associadas a algum as complicações, especialmente consolidação elásticas de titânio. Um estudo descobriu que a taxa de complicação
viciosa varo e refratura. As taxas de infecção pareceram as mesmas. foi melhorada de 52% para 23% quando o uso da haste elástica de
A fixação intramedular deve ser considerada, espec ialmente para titânio foi limitado para fraturas estáveis.
fraturas expostas de grau I. Se a fixação externa for escolhida como Uma haste intramedular flexível interbloqueada foi relatada para
o método de tratamento para fraturas pediátricas do fêmur, a reduzir complicações perioperatórias e melhorar os resultados, assim
atenção cuidadosa deve se r direcionada à técnica cirúrgica e ao como reduzir o tempo de cicatrização e tempo para apoio de peso, a
tratamento pós-cirúrgico para minimizar as complicações. fim de controlar melhor a instabilidade axíal e rotacional (Fig. 36-141).
Em nossa institui ção, em um a criança jovem com po litrauma, A haste é feita de um liga de titânio que permite a deformação plástica
com fratura expostas o u lesão grave da cabeça, um pequeno fixador da haste conforme introduzida através de um ponto de entrada lateral
externo do fragmento com pinos de 4 mm ocasionalmente é utili- trocantérico no canal femoral; a haste é bloqueada proximal e clistal-
zado. A técnica de fixação externa de fraturas do fêmur é descrita mente com parafusos de 4 mm. A complicação mais comum relatada
no Capítulo 54. com o uso dessa haste foi a ossificação trocantérica heterotópica (apro-
Os bons resultados utilizando hastes intramedulares flexíveis de ximadamente 14%); sem maiores complicações (consolidação viciosa,
aço inoxidável o u titânio foram relatados com vantagens sugeridas de refratura, osteonecrose) foram relatadas em pacientes com hastes flexí-
menor rompim ento da vida familiar, menor hospitalização, ambu la- veis bloqueadas, comparadas com 11 % dos pacientes com outros
ção independente precoce e retorno mais rápido para a escola (Fig. métodos de fixação (hastes flexíveis padrão, fixação externa, placa ponta
36-140). Com a tendência geral para fixação interna mais frequente e hastes intramedulares rígidas) . As hastes intramedulares flexíveis
de fraturas do fêmur, não é de estran har que as indicações expandiram interbloqueadas são recomendadas para fraturas distais ao trocânter
para incluir crianças mais jovens. O menor limite de idade para hastes menor e pelo menos 4 cm proximal às fises distais do fêmur.
intramedulares flexíveis ainda não foi definitivamente estabelec ido A fixação intramedular rígida das fraturas da diáfise do fêmur
(ver Diretrizes de AAOS, Quadro 36-4), mas certamente há urna em ado lescentes foi relatada por resultar em altas taxas de conso-
idade em que qualquer tipo de imobilização (p. ex., suspensório de lidação com curtos períodos de estadia hospitalar e breves perío-
Pavlik, aparelho pélvico-podálico) vai produzir um bom resultado dos de imobi li zação que podem ter vantagens psicológicas, sociais,
PARTE XI FRATURAS E LUXAÇÕES EM CRIANÇAS

Tmcânter
maior
[

--Trocânter
B maior
A

H@i!;f41&) A e B, Anatomia proximal femoral. (Redesenhado


de Kee ler KA, Dart B, Luhman n SJ, et ai: Anteg rade intramedullary
nailing of ped iatri c femo ral fractures using an interlocking pediatri c
fe moral nail and a lateral troc hante ric entry point, J Pediatr Orthop
29:345, 2009.)

H@ll;fflm?lD Hastes flexíveis interbloqueadas de uma fratura


da diáfise do fêmur através de um local de entrada lateral
trocantérico.

edu cacionais econômicas em rel ação ao tratamento conservador.


Em um a revisão dos nossos resultados de hastes intramedulares de
31 fraturas do fê mur em 30 adolescentes, variando em idade de 10
a 15 an os (média de 12,3 anos), descobrim os que todas as 31 fraturas
fo ra m co nsolidadas sem evidênci a de crescimento excessivo trocan -
térico, deformidade em coxa valga ou estreitamento do colo femoral.
Dois pacientes tiveram crescimento ósseo excessivo de mais de 2 cm
(2,5 cm e 2,8 cm). Outras complicações incluíram uma infecção da
ferid a superficial distal que se resolve u após o tratamento com anti-
biótico intravenoso e sensibilidade diminuída na distribuição do nervo
fibul ar profundo em um paciente e na distribuição do nervo pudendo
em outro; ambos os problemas neurológicos se resolveram espon -
tanea mente. A ossificação heterotópica sobre a has te proximal-
mente foi descoberta em três pacie ntes. A os teonec rose de segmento
ass intomática se dese nvo lve u em um paciente e não estava visível
nas radiografias até 15 meses após a frat ura. A ca usa pode ter sido
a lesão inicial, um a lesão não reconh ecida do qu adril, lesão para o H@ii;ME?lfiD Extremidade proximal da haste é deixada longa
fo rn ecimento de sangue da cabeça femoral e colo duran te a inserção (:s: 1 cm) para tornar a remoçã o posterior mais fácil.
da haste, ou dissecção durante a rem oção da haste. Todas as hastes
fo ram removidas em um a médi a de 14 meses após a lesão; nenhum a
refratu ra ou fr aturas do colo fe moral oco rreu após a remoção da 36- 142). A extremidade proxi mal da haste deve ser deixada longa
haste. Por causa das poucas complicações e alta taxa de consolida- (:S: l cm) para tornar a rem oção posterior mais fácil (Fig. 36- 143). As
ção em nossos pacientes, acreditam os qu e as has tes intramedulares hastes podem ser removidas de 9 a 18 meses após a consolidação
sejam um a escolha razoável para o tratamento das fr aturas da radi og ráfi ca para prevenir crescimento ósseo excessivo sobre a
diálise do fê mur em adolescentes mais velhos (12 a 16 anos de ponta da has te proxi mal.
idade) e em pacientes 10 a 16 anos de idade co m politraum atism o O comprimento e o diâmetro da haste intramedular podem
ou lesões na cabeça. li mitar o uso desta técnica, mas o desenvolvimento de uma menor
Para menor risco de osteonecrose, é importante limitar a dis- haste pediátrica (7 mm diâmetro) expande a sua aplicação. Utiliza-
secção à ponta do tro cânter maior, sem estender à cápsula ou à fossa mos uma has te pedi átrica que tem um parafuso de bloqueio pro-
pirifor me. A ponta do trocânter maior deve ser o ponto de entrada ximal transve rsal qu e pode se r dinamizada e evitar o m aior
da haste. Apenas um exempl o de osteonecrose fo i relatado quando trocânter e tem ori fíc ios do parafu so mais d istais na haste para
a ponta do trocânter foi utili zada com o o ponto de entrada. Isso evitar a fise (Fig. 36-1 44). As has tes delta do fêmur (10 ou 11 mm )
impede a dissecção perto da fossa pirifo rm e e a origem da artéria ou hastes padrão do fêmur (1 2 mm ) ta mbém podem ser utilizadas
ce rvical ascend ente lateral, que é medial à fossa piriforme (Fig. em adolescentes m ais velhos com m aiores canais medulares. As
CAPÍTULO 36 FRATURAS E LUXAÇÕES EM CRIANÇAS l§t}#

O@ii;MEI!llD Hastes intramedulares pediátricas TriGen. A, Fratura da diáfise


média do fêmur em um paciente de 15 anos de idade. B, Entrada na ponta do tro-
câ nter maior. C, Alargador do canal e colocação da guia. D, Uma haste de 9 mm
colocada através do local da fratura. E, Bloqueio de parafuso proximal. F e G, Técnica
de círculo concêntrico para bloqueio distal.

hastes menores e mais flexíveis estão disponíveis. A maioria das


fixação da haste retrógrada tem significativamente menor
hastes de pequeno diâmetro é sólida, tornando a passagem através
amplitude de movimento axia l e maior rigidez torsional do
do local da fratura um desafio. A técnica de hastes intrarnedulares
que a fixação anterógrada em modelos de fratura cominuída
bloqueadas do fêmur é descrita no Capítulo 54.
e transversal; (2) não há diferença significativa entre as pro-
priedades mecânicas de três diferentes construções de haste
FIXAÇÃO DA HASTE retrógrada (duas em forma de C e duas em forma de S, e
duas hastes flexíveis retas foram testadas), sugerindo que
INTRAMEDULAR FLEXÍVEL qualquer um dos três elementos poderia ser utilizado para
Os testes biomecânicos das hastes intramedulares flexíveis tratar fraturas do fêmur em crianças; e (3) comprimento e
utilizando modelos de osso sintético mostraram que (1) a controle de rotação com duas hastes flexíveis divergentes de )
PARTE XI FRATURAS E LUXAÇÕES EM CRIANÇAS

fraturas cominuídas do terço médio da diáfise podem ser adicionais podem ser adicionadas, se necessário. O conheci-
) mento especia l é necessário para estabilizar as fraturas sub-
suficientes para mobilização precoce (Fig. 36- 145) A maioria
das fraturas da diáfise do fêmur em crianças pode ser esta- trocantéricas e fraturas do terço distal do fêmur; inserção
bi lizada utilizando fixação retrógrada. Três pontos de fixação, anterógrada comumente é utilizada para a última. A ma ioria
estabelecidos em torno da fratura ou no cana l medular, concorda que a fixação de algumas fraturas longas em
devem ser "empi lhados" com mú lt iplas hastes na fratura a espi ral proximal e dista l pode fa ltar estabilidade ta nto quanto
f im de preven ir a angu lação. Norma lmente, os locais de a rotação, e são in dicados angu lação e testes para estabili-
inserção medial e lateral são util izados, mas um ún ico local dade depois das hastes na cirurg ia. Se houver instabilidade,
de inserção, seja media l ou lateral, pode ser utilizado na um gesso longo de membro inferior com uma banda pélvica
metáfise do fêmur distal. Duas hastes divergentes de confi- é util izado. Uma comparação prospectiva de f ixação haste
guração C ou uma de configuração C e uma haste de elástica de t itãnio e imobi lização por gesso para o trata-
configuração S (curva pelo cirurgião em um ponto aproxi- mento das fraturas da diáfise do fêmur em crianças desco-
madamente 5 cm distal ao orifício) são de rotina; hastes briu que as crianças tratadas com hastes flexíveis consegu iram
marcos de recuperação significativamente mais rápidos do
que aquelas t ratadas com t ração e imobilização por gesso.
Os encargos do hospita l para os dois métodos foram seme-
lhantes, e a taxa de complicação após as hastes fl exíveis
(2 1%) foi menor do que após a t ração e imobi lização por
gesso (34%).
Embora os estudos mecãnicos demonstrassem fixação
igual ou superior com hastes de titãnio em comparação
com as hastes de aço inoxidável, e as propriedades biome-
cânicas de t itânio fo ram sugeridas como sendo superiores
àquelas de aço inoxidável para f ixação intramedular, uma
comparação de dois dispositivos descobriu uma taxa de
conslidação viçosa aproximadamente quatro vezes ma ior
com o uso de hastes de titânio (23%) do que com hastes
de aço inoxidável (6%). Em geral, as pri ncipa is comp lica-
ções foram mais frequentes com as hastes de t itânio (36%)
do que com hastes de aço inoxidável (17%).

----~---'~
A B e TÉCNICA
O@lhHIE) A, Mod e lo de fr atu ra d iafisá ri a da d iáfise médi o •Coloque o paciente em uma mesa ortopédica, e reduza
estab ilizado com duas hastes em forma de C. B e C, Frat ura d ia- uma fratura parcialmente por tração orientada por fluo-
fi sá ria mé d ia l est ab ili zada com hastes em fo rma de S e e m fo rma roscop ia (Fig. 36-1 46A e B).
de C (B) e duas hast es retas (C).

O@mf4 ~ Técnica d e haste intra med ul a r fl ex íve l. A e B, Rad iografias de frat ura d o fêm ur a ntes (A) e a pós (B) a redu ção na mesa
de fra t u ra. C, Ambas as hastes de Nancy são co loca das (med ia l e latera l) para cr uzar bem aba ixo do loca l da fratu ra e pa ra das t em po-
ra ria me nte no loca l da fratura pa ra fac ilita r a passage m. D, Am bas as hastes são di reci o nadas no loca l da frat ura, ma nipuland o o
fr ag ment o di st a l, en vo lve ndo a pa rede do cana l int rame d ula r conforme necessá ri o . E, As hastes são co nd uz idas na maio r á rea t roca n-
t é rica e cervical. F, Porções d ista is das hastes são de ixa da s lig e ira me nte sa lie ntes para faci lita r a re moção, mas não muito lo ng as pa ra
preven ir o movime nto do joe lho. VEJA A TÉCN ICA 36-37.
CAPÍTULO 36 FRATURAS E LUXAÇÕES EM CRIANÇAS

• Utilize as hastes de ponta romba com aço de qualidade


(martelado a frio em 140 graus) ou titânio. As hastes devem
ter 45 cm de comprimento com diâmetros de 3,0, 3,5 ou
4,0 mm, dependendo do peso e da idade da criança.
•Prepare as hastes no modo pré-operatório, angulando em
45 graus a cerca de 2 cm de sua extremidade para facil itar
a penetração do cana l medu lar, e curve-a de modo igua l
ao longo de todo o seu comprimento.
•Com o auxílio de um suporte T e por movimentos de
rotação do punho, introduza as hastes através de um
orifício longitud ina l, 4 a 5 mm em diâmetro, feito na
metáfise do fêmur distal imediatamente acima da fise.
Utilize duas hastes, uma lateral e uma medial, para esta-
bilizar a fratura. Empurre cuidadosamente acima do canal
medular para o loca l já reduzido da fratura. Após tocar o
córtex interno oposto, as hastes dobradas em si devem ir
em direção ao eixo longo do osso. As hastes devem cruzar
distalmente ao local da fratura (norma lmente 4 a 6 cm
distal) (Fig. 36- 146C).
•Gire o suporte T ou man ipule o membro para direcionar
os pinos no fragmento oposto. Se o primeiro for impe-
O@ih@ III?!'> Uti lização de pl aca da ponte su bmu scular da
fratura gravem ente com inuída do fêmur.
dido, tente o segundo com o auxílio de um intensificador
de imagem. Assegure que ambas as hastes estejam no
canal através do local da fratura. Quando elas passam um
nível da fratura, libere a tração, empurrando as hastes
para posição distal e fixando as suas pontas no tecido hipertróficas. O uso de placa ponte submuscular também foi descrito
para fraturas instáveis pediátricas complexas do fêmur, com altas taxas
esponjoso da metáfise, sem passar através da fise (Fig.
de consolidação e algumas complicações (Fig. 36-147). As vantagens
36- 146D). As pequenas distrações podem ser corrigidas
sugeridas desta técnica incluem minimizar a dissecção do tecido mo le
por rotação dos pinos. Evite a angulação residual, garan-
e manter o comprimento e alinhamento. Simi larmente, as placas e os
tindo que as hastes sejam introduzidas no mesmo nível
parafusos de bloqueio também foram defendidos em crianças com
de modo que tenham curvaturas idênticas (Fig. 36-146E).
cominução, osteopen ia, mínimo estoque ósseo ou osso "patológico"
Deixe a porção dista l das hastes ligeiramente sa lientes
para fácil remoção (Fig. 36-146F) . que pode comprometer a fixação do parafuso.
• Se a técnica for realizada corretamente, a fratura é, por
fim, estabilizada por duas hastes, cada uma com três • COMPLICAÇÕES
A complicação mais comum após as fraturas da cliáfise do fêmur em
pontos de fixação. A fixação é elástica, mas suficiente-
crianças é a discrepância no comprimento da perna, normalmente
mente estável para permitir pequenas correções de
resultante de "crescimento excessivo" do fêmur lesionado. A exata causa
posição anatômica por movimentos limitados durante o
desse crescimento excessivo é desconhecida, mas foi atribuída a idade,
apoio do membro.
sexo, tipo de fra tura, nível da fratura, destreza manual e quantidade de
sobreposição dos fragmentos da fratura. A idade parece o fator mais
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO No pós-operatório, o
constante, mas as fraturas no terço proximal do fêmur e fraturas oblí-
membro é repousado em um travesseiro . Um imobilizador
quas cominuídas também foram associadas a aceleração relativamente
de joelho pode oferecer mais conforto. A mobi lização
maior do crescimento. De acordo com Staheli, o encurtamento é mais
utilizando muletas sem apoio de peso é permitida tão
provável em pacientes com idade superior a 10 anos, e o crescimento
logo a fratura não cause dor. Um aparelho gessado pode
ser utilizado se a rotação ou angulação for evidente após excessivo é mais provável em pacientes de 2 a 10 anos de idade, espe-
o procedimento. No início da terceira semana, o apoio cialmente se a tração foi utilizada. O tratan1ento com wn aparelho
parcial de peso é permitido. Após a aparência de calo gessado pélvico-podálico com ou sem tração pode resultar em encur-
externo ca lcificado, o apoio tota l de peso é permitido. As tamento significativo. Isso ocorre quando o encurtamento maior do que
hastes são removidas quando o cirurgião estiver certo de 2 cm é aceito e se o "tempo de tração" ainda não foi longo o suficiente
que a cicatrização foi obti da. Os ant ibióticos são desne- no momento da imobilização.
cessários após a cirurgia , a menos que a infecção ou Embora alguma deformidade angular ocorra após as fraturas
inflamação esteja presente. da diáfise do fêmur em crianças, essa normalmente remodela com
crescimento. A quantidade aceitável de deformidade angular é con-
troversa, mas como a diretriz geral, a angul ação maior que 15 graus
O uso de placas de compressão das fraturas do fêmur em crian- no plano coronal e 20 graus no plano sagital é inaceitável. No
ças e adolescentes foi relatado por vários autores, principalmente para entanto, esse valor varia de acordo com a idade da criança, e 45
pacientes com grave lesão na cabeça, politraumatismo ou fraturas graus de angulação no plano sagital pode ser aceitável em uma
instáveis comin uídas. Embora rara, a fratura por estresse pode ocorrer criança. A deformidade do geno recurvato da tíbia proximal foi
através dos orifícios do parafuso durante os primeiros meses após a relatada após o pino de tração ou colocação do fio através ou perto
remoção da placa. Outras complicações relatadas incluem discrepân- do aspecto anterio r da fise da tíbia proilimal, tração excessiva, infec-
cia no comprimento da perna, refratura, ruptura da placa e cicatrizes ção no cam inho do pino e imobilização prolongada por gesso.
PARTE XI FRATURAS E LUXAÇÕES EM CRIANÇAS

Ocasionalmente, uma deformidade significativa angular requer • Hastes de titân io, comparadas com hastes de aço inoxidável;
osteotomia corretiva, mas isso deve se r adiado por pelo menos um pseudo artrose são m ais frequentes com hastes fl exíveis de titânio.
ano, a menos que a fun ção seja prejudicada. Segundo relatos, as • Fraturas subtrocan téricas.
deformidades torcionais podem ocorrer em um a dois terços das • Cominução, maior do que 25% do eixo.
crianças com fraturas da diáfise do fêmur; no entanto, a maioria • Fratura exposta.
dessas deformidades é leve (<10 graus) e ass intomática e raramente • Múltiplas lesões.
exige tratamento. Muitas das complicações associadas a hastes intramedulares
A consolidação tardia e a pseudoartrose das fraturas da diáfise do flexíveis podem se r prevenidas por atenção cuidadosa à técni ca
fêmur são raras em crianças e ocorrem na maioria das vezes após as cirúrgica e acompanhamento cuidadoso.
fraturas expostas as fraturas com perda de segmento do osso ou tecido • Dor no local da inserção pode ser evitada por não curvatura das
mole interposto entre os fragmentos, e as fraturas subtrocantéricas que hastes no local da inserção (Fig. 36- 148) . As hastes devem ser
foram incorretamente alinhadas em tração. O retardo de consolidação cortadas perto do osso, deixando menos de 10 mm saliente, mas
em uma criança jovem cuja fratura do fêmur foi tratada com imobili-
zação provavelmente deve ser tratado por imobilização contínua por

36 _5 c.om~licações
gesso até que o calo se forme. Raramente, o enxerto ósseo e fixação QUADRO Relatadas após a
interna podem ser necessários para pseudoartrose em rnna criança F1xaçao da Haste lntramedular
mais velha; uma haste intramedular bloqueada normalmente é prefe- Flexível das Fraturas Pediátricas
rida para fixação em crianças com idade superior a 10 a 12 anos. Com do Fêmur
o aLUTiento do uso das hastes intramedulares flexíveis, temos observado,
como esperado, um aumento nas complicações. Além das habituais • Dor ou irritação no local de in serção da haste
complicações de retardo de consolidação e consolidação viciosa, cres- • Consolid ação viciosa
cimento excessivo e encurtamento, as complicações cirúrgicas incluem • Perda da redução (levando à nova operação ou consoli-
hastes curvadas e quebradas com deformidade varo resultante, hastes dação viciosa)
salientes com e sem erosão da pele, rigidez do joelho e artrite séptica. • Refratura
Narayanan et ai. relataram complicações em 45 (58%) das 78 fraturas • Déf icit neurológ ico (para lisia transitória do nervo pudendo,
tratadas com hastes intramedulares flexíveis (Quadro 36-5); a maioria neurapraxia ciática)
foi de complicações menores e não causaram sequelas sérias. • Infecção da ferida superficia l
Os fatores de risco sugeridos co mo sendo ass ociados a com- • Reopera ção antes da consolidação
plicações das hastes flexíveis incluem : • Migraçã o da haste/ perfuração da pele
• Idade superior a 10 ou 11 anos e peso excedendo 49 kg. • Perda de redução
• Obesidade, relacionada com as complicações no local da ferida • Refratura
ou falha no local da fratura (40% taxa de complicação em crian- • Déficit neurológico
ças obesas).

B
OMQl4Eil?Jl) A, Curvatura das hastes no loca l da inserção pode levar a ir ritação e dor pós-operatória, que pode exigir nova operação
para avan ça r, cortar ou remover as hastes. B, Posição ideal das extremidades da haste distal contra o surto supracondi lar da metáfise
deixa as hastes suficientemente fora do loca l da entrada cortica l para subsequente recupera ção, se necessário. (De Naraya nan UG, Hyman
JE, Wa inwri ght AM, et ai: Complications of elastic stable intramedu llary na il fixation of pediatric femoral fractures, and how to avo id them, J Pediatr
Orthop 24:363, 2004)
CAPÍTULO 36 FRATURAS E LUXAÇÕES EM CRIANÇAS

com comprimento suficiente deixado para permitir a recupera-


ção da haste. Se a migração da haste proeminente distalmente
ocorrer, ela pode ser gerenciada removendo a haste na consoli-
dação ou impactando a haste no osso na nova operação.
• Consolidação viciosa pode ser evitada, utili zando hastes de aço
inoxidável e hastes que não são compatíveis em termos de
tamanho, determinando que a cominução seja menor do que
25% da diáfise, utili zando a imobilização pós-operatória, se
necessário, e prestando cuidadosa .atenção à localização da
fratura (hastes podem ser colocadas mais proximalmente em
fraturas subtrocantéricas).
• Perda de redução é uma séria complicação que requer nova ope-
ração e consideração de outro método de fixação.
• Os déficits neurológicos podem ser prevenidos por atenção cuida- O@i@!l.I.lmi) Várias angulações de fratura s fisáriasdistais do
dosa à tração, especialmente com o uso de uma mesa de fratura. fêmur, incluindo angulação posterior, angulação varo e angula-
• As infecções da ferida superficial podem ser prevenidas, utili- ção va lgo.
zando antibióticos perioperatórios e evitando as hastes proemi-
nentes no local da inserção.

FRATURAS DA FISE FEMORAL DISTAL

As fraturas da fise femoral distal não são tão comuns como as lesões
fi sárias em outros lugares, representando apenas 7% das lesões fisá-
rias da extremidade inferior. No fêmur distal, as fraturas fisárias de
Salter-Harris do tipo II causam danos fisários mais graves do que
em outras partes do esqueleto. As fraturas de compressão de Salter-
Harris do tipo V com fechamento prematuro da fise também
ocorrem mais frequentemente nesta localização.
As fraturas de Salter-Harris do tipo I da fise femoral distal
raramente precisam de tratamento cirúrgico, a menos que sejam
desviadas. No passado, muitas dessas fratura s foram desviadas ante-
riormente, porque foram causadas por grandes "rodas de raio". Hoje
em dia, essas fraturas são causadas na maioria das vezes por aciden-
tes com ve ículo a motor ou por uma força varo ou valgo encontrada
em atividades atléticas, e muitas não são desviadas (Fig. 36-149). As
radiografias com estresse podem ser úteis em diferenciar uma lace-
ração de um ligamento colateral de uma separação epifisária do tipo
I. As fraturas de Salter-Harris do tipo II são mais comuns e ocorrem
em crianças mais velhas. A luxação normalmente ocorre no plano B
coronal, embora possa estar no plano anteroposterior. A lesão fisária
é mais frequente após essa fratura do que após as fraturas do tipo II Ot§ii@EEi) A, Fratura distal de Salter-Harris do tipo Ili da
em outras localizações.
fise do fêmur que requer redução anatõmica. B, Vários tipos de
Em um estudo experimental em coelhos, Makela et ai. desco-
sepa ra ções da fratura de Salter-Harris Ili e IV, incluindo unicondi-
briu que a destruição de 7% da área transversal da fise femoral distal
lar, bicondilar e combinação dos tipos Ili e IV, que é uma fratura
causa alteração permanente no crescimento e encurtamento do
triplana.
fêmur. A porção da fise abaixo da espícula da fratura metafi sária
(sinal de Thurston-Holland) normalmente é poupada. Se a espícula
metafisária for medial, a deformid ade valgo pode ocorrer por causa Salter-Harris do tipo V. Se isso for uma verdadeira lesão de com-
do fechamento lateral da fise. Se a espícula for lateral, a angulação pressão, com fechamento prematuro uniformemente através da fise
varo pode seguir. femora l distal, foi questionado por Peterson e Burkhart, que espe-
As fraturas de Salter-Harris do tipo III raram ente ocorrem. cularam se esse fechamento prematuro fisário uniforme poderia ser
A quantidade de luxação é importante porque pode resultar em causado por algum outro mecanismo, como a imobilização prolon-
incongruência da articulação se o alinhamento anatômico não for res- gada ou um mecanismo não descoberto.
taurado, e uma ponte óssea se desenvolve caso a fise não tenha sido Uma lesão por avulsão pode ocorrer na bo rda da fise, especial-
realinhada exatamente (Fig. 36-lSOA). Uma fratura de Salter-Harris do mente no lado medial. Um pequeno fragm ento, incluindo a porção
tipo IV é ainda mais incomum. Do mesmo modo requer redução do pericôndrio e osso subjacente, pode ser tirado do fêmur quando
precisa. A espícula metafisária de osso que ocorre com esse tipo de o anexo proximal de um ligamento colateral for avulsionado. Essa
fratura é preocupante por causa do aumento da possibilidade do impe- lesão incomum, embora assumida como sendo benigna, pode levar
dimento fisário para a formação da ponte óssea (Fig. 36-ISOB). ao fechamento fisário prematuro localizado. Se o fechamento fisário
Quando o fechamento prematuro fisário tardio ocorre, é feito secundário de uma ponte óssea es tiver localizado na borda mais
um diagnóstico retrospectivo de uma lesão de compressão de periférica da fise, pode ocorrer grave deformidade angular.
E':) PARTE XI FRATURAS E LU XAÇÕ ES EM CRIANÇAS

O@iif;im:lll) A e B, Fratura desviada de Salter-Harris do tipo li da fise femoral distal poderia ser reduzidapor meios fechados, mas
a redução não poderia ser mantida. C, Fios-guias mantêm a redu çã o da fratura antes da colocação do parafuso canulado. D e E, Fixação
com parafuso canulado.

A cirurgia muitas vezes é necessária em fraturas distais desvia- longo de membro inferior com uma banda pélvica. Essas fraturas
das dos tipos I e II e quase todas as fraturas fisárias dos tipos III e são observadas para a nova luxação, especialmente se fo rem, a prin-
IV do fêmur. A luxação deve ser reduzida por métodos fechados tão cípio, desviadas anteriormente (Fig. 36-1 51). A redução fechada
perfeitamente quanto possível sem traum a excessivo à fise. As mani- pode ser feita mais fácil através do uso de um arco de tração em um
pulações repetidas devem ser evitadas. fio de Kirschner na tíbia proximal. A redução deve ser 90% por
O va lor da classificação de Salter-Harris corno um indicador tração ou distração e apenas 10% por alavancage m ou manipulação.
do mecanismo de lesão e o prognóstico de lesões fisárias do fêmur A maioria das fraturas fisárias dos tipos I e II não exige redução
distal não são claros, com alguns autores observando que a maioria anatômica, porque a fratura ocorre através da zona de calcificação
das fraturas dos tipos I e II cicatriza bem, enquanto outros relataram provisória da fise, deixando as cél ulas responsáveis pelo crescimento
resultados insatisfatórios e frequentes perturbações mensuráveis do com a epífise ossificada, embora as fraturas de Salter- Harris dos
crescimento nas fraturas dos tipos 1 e II. Em um estudo de 73 pacien- tipos I e II no fêmur distal possam ser um a exceção. Se o resultado
tes com fraturas fisárias do fêmur distal, Arkader et ai. descobriram for uma redução próxima da anatômica, porém ainda não antômica,
que tanto a classificação de Salter-Harris quanto a luxação das fra- mas são obtidos alinhamento e posição aceitáveis, consolidação e
turas foram preditores significativos do resu ltado final. crescimento satisfatório e remodelagern podem ser esperados, espe-
As fraturas dos tipos I e II normalmente são reduzidas com o cialmente em crianças com menos de 10 anos de idade em que 20
paciente sob anestesia geral, e a redução é mantida em um gesso graus de angulação posterior remodelariam. Em pacientes mais
CAPÍTULO 36 FRATURAS E LUXAÇÕES EM CRIANÇAS

li@ll;tijmL!) Fixação com auxí li o do intensifica dor de imagem.


Os pinos lisos devem ser utilizados e devem penetrar o córtex
oposto. VEJA A TÉCNICA 36-38.

h[riil;fflE1'1Li)Espícula da fratura metafisária de Salter-Harris


do tipo IV é fixada transversalmente com parafusos esponjosos.
vel hos próximos da maturidade do esqueleto, são aceitáveis apenas
VEJA A TÉCNICA 36-38.
ligeiro desvio anteroposterior e não mais do que 5 graus de angu lação
varo e valgo. De acordo com Salter, é melhor aceitar uma próxima da
redução anatômica com a possibilidade de w11a osteotomia posterior
do que utilizar manipulação forçada e repetida. Em crianças mais
velhas, uma red ução fechada pode ser feita, mas por causa da instabili- (3/32 polegadas) de através dos côndi los media l e lateral
dade inerente, a fixação percutânea do fio cruzado com o auxíl io de e na metáfise (Fig. 36-152). Se a grande espícula metafi-
intensificação de imagem pode ser necessária para manter a redução sária (Sa lter- Harris do tipo li) estiver presente após a
(Fig. 36-152). Os pinos devem cruzar a metáfise a fim de prevenir a redução fechada, pinos percutãneos horizo ntais ou para-
rotação da epífise. Raramente, uma fratura de Salter-Harris dos tipos fusos podem ser utilizados.
I ou II não pode ser satisfatoriamente reduzida fechada por causa da •Se a fratura de Salter-Harris do tipo 1 ou li não pode ser
interposição do tecido mole, e RAFI torna-se necessária. reduzida fechada, exponha a epífise através da incisão
Em adolescentes, uma grande espícula metafisária (fragmento latera l ou medial longitudin al, como descrito no Capítulo
de Thurston-Holland) pode ser fixada com dois parafusos canulados. 1 para fraturas intercond ilares individuais.
As fraturas de Salter- Harris dos tipos III e IV exigem redução anatô- •Reduza a separação genti lmente e completamente quanto
mica. Se isso não puder ser conseguido por métodos fechados, RAFI possível por tração manual e mínima alavancagem. Se o
é indicada. A quantidade de luxação que é aceitável nas fraturas do uso de instrumentos for necessário, evite a lesão para a
tipo III não foi determinada de modo conclusivo, mas a maioria dos fise. Remova qualquer tecido mole interposto e manobra
autores relata 2 mm ou menos como aceitável para a redução fechada . suavemente a epífise na posição.
Acreditamos que se o ciru rgião pensar realisticamente que a quanti- •Após a redução ser alcançada, perfure 2,4 mm dos pinos
dad e de luxação pode ser diminuída realizando uma redução aberta, não rosqueados através dos côndilos medial e latera l de
isso deve ser feito. As varreduras por TC e cortes tomográficos são modo que eles cruzem perto do centro da fise e entrem
úteis. O problema com essas técnicas sofisticadas é a interpretação e na metáfise. Corte os pinos abaixo da pele.
padronização da quantidade de luxação que é aceitável com o trata- •Se os pinos forem inseridos como descrito e removidos
mento fechado. Geralmente, a luxação parece maior nas varreduras em 4 a 6 semanas, é improvável que causem qualquer
por TC e cortes tomográficos do que nas simples radiografias, e a perturbação do crescimento. Se uma fratura do tipo li ou
luxação aceitável não foi adequadamente documentada. IV tiver uma grande espícu la metafisária, em vez de utili-
zar pinos li sos cruzados, perfure dois pinos rosqueados
de 2,4 mm ou um parafuso esponjoso (Fig. 36-153)
REDUÇÃO FECHADA OU ABERTA através da metáfise do pico na porção metafisária proxi-
mal da fratura. Isso deve fornecer boa estabilidade, e
~
TÉCNICA evite cruzar a fise. Se o fragmento for muito pequeno,
"----~~~~~~---'~ atravesse a fise com pinos lisos cruzados.
REDUÇÃO FECHADA DAS FRATURAS DE SALTER-
REDUÇÃO ABERTA DAS FRATURAS DE SALTER-
·HARRIS DOS TIPOS 1 E li
•Realize a redução f echada para fratu ra s Sa lter-Harris dos ·HARRIS DO TIPO Ili
tipos 1e li. •Se a lesão for uma fratura desviada de Sa lter-Harris do
tipo Ili, exponha o côndilo desviado através de uma
•Se a redução é satisfatóri a, ap lique aparelho de gesso ou
gesso longo de membro inferior, dependendo da direção incisão anteromedia l ou anterolateral, dependendo do
do desvio original. côndilo que estiver envolvido.
•Uma artrotom ia é necessária para garantir uma redução
REDUÇÃO ABERTA DAS FRATURAS DE SALTER- anatôm ica da superfíci e articular.
·HARRIS DOS TIPOS 1 E li • Perfure um grande pino liso, um pino de Knowles, um para-
•Se a redução não pode ser mantida, insi ra os pinos cru - fuso espon1oso, ou um pino-guia para parafusos canulados
zados de Steinmann não rosqueados e li sos de 2,4 mm esponjosos no côndilo deslocado para manipu lá-lo. Suave e )
mi) PARTE XI FRATURAS E LUXAÇÕ ES EM CRIANÇAS

H!ijfi@E?!IED A e B, Fratura de Salter-Harris do tipo li da fise femoral dista l com pequeno pico metafisário. C e D, Após a redução
fechada e pinagem percutânea . E, Duas semanas após a cirurgia, a perda de redução ocorreu por causa da fixação inadequada somente
através da espícula metafisária. VEJA A TÉCNICA 36-38.

cuidadosamente reduza o côndilo desviado na posição com • Se, como em fraturas do tipo 11, uma grande espícu la
)
o pino ou parafuso. Insira o pino ou parafuso transversal- metafisá ri a desviada estiver presente, reduza a fratura
mente no côndilo intacto oposto sem cruzar a fise. Confirme anatomicamente com tração e prenda a espícula metafi-
a redução por radiografias. Os parafusos rosqueados ou sária ao fragmento metafisário proximal com pinos ros-
esponjosos podem ser utilizados através da epífise, desde que queados, parafusos ou osso de parafusos esponjosos (Fig.
não envolvam, penetrem ou atravessem a fise; no entanto, 36-154). Se a espícula metafisária não for grande o sufi-
os pinos lisos são preferíveis. Os pinos devem ser cortados ciente para garantir a fixação rígida, ou se a fixação
abaixo da pele para fácil remoção posterior. transversa l da epífise não puder ser garantida, os pinos
lisos poderão ser inseridos através da fise.
REDUÇÃO ABERTA DAS FRATURAS DE SALTER-
·HARRIS DO TIPO IV CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Quando a luxação in icial
• A perturbação do crescimento ocorre frequentemente fo r anterior, um aparelho de gesso longo ou curto, depen-
após as fraturas do tipo IV se uma redução anatômica dendo da estab ili dade, é ap licado com o joelho em 45
não for obtida e a fixação não for segura. A artrotomia graus de flexão. Essas fraturas são comparáveis às fraturas
norma lmente é necessária para garantir a redução ana- supracondi lares individuais do úmero em que o quadrí-
tômica na superfície articular. ceps e joelho flexionado são comparáveis ao tríceps e o
•Aproxime uma fratura anteromedialmente ou anterolate- cotovelo flexionado na manutenção da redução. Se a
ralmente, dependendo do côndilo que estiver envolvido luxação inicial for posterior, o joelho deverá ser imobili-
ou no lado que a espícula metafisária estiver presente. zado em extensão. A consolidação normalmente ocorre
•Reduza a superfície articular e a fise precisamente com os em 4 a 6 semanas. O gesso e quaisquer pinos temporários
pinos lisos, pinos de Knowles ou parafusos esponjosos. podem ser removidos, e um programa de exercício é
Prenda o fragmento ao côndi lo intacto com f ixação trans- iniciado. O apoio de peso pode ser permitido em 8 a 1O
versa l, sem cruzar a fise se possível. semanas.
CAPÍTULO 36 FRATU RAS E LUXAÇ ÕES EM CRIANÇAS

• COMPLICAÇÕES
As complicações imediatas da redução fechada ou aberta inclu em
comp rometim ento vascula r, paralisia do nervo fib ular e luxação
recorre nte e angulação. As complicações tardias incluem rigidez na
articulação e fechamento fis ári o. Uma rece nte metanálise que incl uiu
564 fr aturas fi sárias do fê mur distal descobriu qu e 52% tiveram
perturbações no crescimento, 36% em fraturas do tipo I, 58% em
fraturas do tipo II, 49% em fraturas do tipo III e 64% em fratu ras
do tipo IV. As discrepâncias do comprimento da perna de mais de
1,5 cm se dese nvolveram em 52%. Emb ora a perturbação do cres-
cimento tenha sido mais frequente naqueles tratad os com fi xação
(58%) do qu e naqu eles sem fi xação (63%), disc repância clini ca-
mente signifi cativa no co mprimento d a pern a fo i menos frequ ente
com fixação (27%) do qu e sem fixação (3 7%). Tod as as cri anças
com fratu ras da fise fe m oral distal devem ser obse rvadas period i-
camente até a maturidade do esqu eleto. A epifis iodese da ext rem i-
dade cont ra lateral pode se r necessá ri a p or ca usa do fechamento
fisári o prem aturo com encurtamento ou angulação ou amb os. A
deformid ade angular causada por fo rmação da ponte óssea é
comum em fra turas fisárias do fêmur dista l. A ressecção d a ponte
óssea e epi fisiodese da extrem idade oposta e osteo tomi a podem ser
necessári as para equ ali za r os comprimentos da perna e defo rmi -
dade angular correta (Capítul o 29).
O@i!;@E:I1:E9 Visão esq uemáti ca do proced imento 3-em-1 : 1,
libera ção latera l; 2, avanço do m úscul o vasto med ial; 3, t ransf e-
LUXAÇÕES E FRATURAS DO rência do terço medial do tendão patelar para o ligamento co la-
t era l medial, sut urado ut iliza ndo duas suturas de fi xação de
JOELHO
metal. (Redesenhado de Oliva F, Ro nga M, Longo UG , et ai: Th e 3-in- 1
procedure fo r recurre nt dislocation of t he patella in skeletally immatu re
LUXAÇÕES DA PATELA
child ren and adolescents, Am J Sports Med 37:18 14, 2009.) VEJA A
As luxações traumáticas agudas da patela normalmente ocorrem em TÉCNICA 36-41 .
adolesce ntes envolvidos em ati vidades atléticas. Os pacientes muitas
vezes relatam uma lesão de torção e veem ou sente m a patela deslo-
car e, em seguida, reduz espontaneamente com a flexão do joelho.
Em cri anças mais jovens, a displas ia patelofe moral em geral é uma exige m fixação. A estabilização cirúrgica pode ser considerada para
causa subj acente. Menos com umente, um im pacto direto ao aspecto atletas de alta demanda com uma luxação primária da patela.
medi al da patela resulta na luxação desta. Os fa tores associados à A subluxação ou luxação crôni ca reco rrente é um problem a
luxação da patela incluem patela alta, displas ia tro clear, hiperfro u- difíc il em cri anças co m fi ses abertas, po rqu e os procedimentos
xidão, um aumento no ângulo Q das defo rmid ades de torção do ósseos no tub ércu lo da tíbi a devem ser evitados de m odo a não
fêmur ou tíbi a, sexo feminin o e uma históri a fa miliar positiva. causar interrupção do crescimento anteri o rmente. Com isso em
O diagnóstico da luxação da patela, mesm o com redu ção mente, os procedim entos fo ram descritos para corrigir a instabili-
espontânea, na m aioria dos casos é facilm ente feito por meio de dade da patela utili zand o o avanço d o tecido mole (vas to medial ),
sintomas clínicos: a sensibilidade difusa e inchaço em torno da patela liberação lateral e, quando necessário, algum tecido m ole que res-
pior no lado medial, teste de apreensão positiva com translação tringe o procedim ento, co mo transferência do terço medial do
lateral da patela e hemartrose. As rad iografias devem ser obtidas para tend ão patelar para o li gamento colateral medi al (Fig. 36-1 55), a
detectar um a fratura osteoco ndral; RM ou TC tamb ém pode ser liberação do trato iliotibi al e passage m anteri ormente através do
valiosa na avaliação de um a fratura osteocondral. As radiografias por tún el sup rapatelar para o ligam ento colateral ulnar medial, além
estresse podem ser necessárias se a fratura fi sária ou lesão do liga- da transfe rência do tend ão semitendin oso através do tendão
mento for suspeita. patelar (Galeazzi). Nietosvaara et ai. compara ram o tratamento
O tratam ento d as primeiras luxações da patela normalm ente cirúrgico (reparo direto das es truturas medi ais danificadas e libe-
é não cirúrgico, consistindo em imobilização por cerca de 2 ração lateral) para o tratamento não cirúrgico em um es tudo ran -
sem anas, segui do por órtese e rea bilitação e reto rn o às ativida des domi zado envo lvendo 74 luxações sem grandes corpos soltos em
esportivas em 6 a 12 sem anas. O tratamento é na maioria das vezes 71 pacientes com menos de 16 anos de idade. O reparo cirúrgico
necessário para uma fra tura os teoco ndral assoc iada, mas fo i reco- inicial das est ruturas med iais co mb inado com a liberação lateral
mendado para reduzi r o ri sco de nova luxação, qu e fo i relatado em não melhora o resu ltado a longo prazo. Os res ultados subj etivos
15% a 75 % dos pac ientes. A nova luxação é m ais frequ ente em fo ram bons ou excelentes em 75% daqueles tratados de m odo não
pacientes jove ns ( <15 an os de idade), e a frequ ência diminui com cirúrgico, comp arados co m 66% daqueles tratados ci ru rgicam ente;
o aumento da idade. taxas de luxação reco rrentes foram 71% ap ós o tratamento não
O tratamento cirúrgico é na maioria das vezes indicado para ci rúrg ico e 67% após o tratamento cirúrgico. Uma históri a fam iliar
luxações recorrentes da patela que causam incapacidade fun cional e positiva fo i identifi cada co mo um fa tor de risco para recor rência
luxações da patela com grand es fraturas osteocondrais do fê mur que e instabilidade patelar co ntralateral.
_, PARTE XI FRATURAS E LUXAÇÕES EM CRIANÇAS

•Em pacientes esqueleticamente maduros com um ângu lo


RECONSTRUÇÃO DOS LIGAMENTOS Q de mais de 20 graus, transfira o tubérculo da tíbia 8 a
FEMOROPATELAR E PATELOTIBIAL 12 mm mediaimente e fixe-o com dois parafusos inter-
COM UM ENXERTO DO TENDÃO fragmentá rios de 6,5 mm.
•Libere o torniquete e feche as incisões de forma pad rão.
SEMITENDINOSO

-------~
TÉCNICA CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O apoio de peso e exe r-
cícios ativos da amplitude de movimento são perm itidos
(NIETOSVAARA ET AL.) imediatamente. Os pacientes com tubérculo de transfe-
rência da tíbia são permitidos apenas para o apoio parcial
• Coloque o paciente em decúbito dorsal em uma mesa de peso em muletas du rante as prim eiras 6 semanas .
padrão de sala de cirurgia. Após a indução da anestesia O retorno para a participação nos esportes é permitido
geral, examine ambos os joelhos, incluindo o tracking femo- após 4 meses.
ropatelar antes da preparação estéril e do membro. Aplique
e infle um torniquete de coxa (pressão de 250 mmHg).
• Através dos portais padrão (Cap ítul o 51 ), examine artros-
cop icamente o joelh o para ava liar tracking patelar, pro- LIBERAÇAO DO TRATO ILIOTIBIAL
fundid ade da tróclea f emoral e condição das superfícies E RETINACULO LATERAL PARA
da articulação femoropatelar. Remova quaisquer corpos LUXAÇÃO DA PATELA
soltos.
~
•Faça uma incisão longitudinal de 4 cm da pele medial ao • ' t
t ubércu lo da tíbia. ~~~~~~~~--~
• Identifique o semitendinoso e colete o seu tendão com (HUNG)
um removedor de tendão, deixando a inserção dista l
intacta. • Coloque o paciente em decúb ito dorsal em uma mesa de
•Coloque uma sutu ra cruzada de 2-0 Vicryl (Ethicon, Som- sala de ci rurgia padrão com a coxa anterolateral exposta.
mervil le, NJ) na extremidade proxima l do tendão. •Após a indução da anestesia geral, faça uma abordagem
• Faça duas incisões ad icionais de 2 cm nas bordas infero- anterolate ral, estendendo a partir do terço méd io da coxa
med ial e superomedial da patela. pa ra a tuberosi dade da tíb ia. Curve a incisão ligeiramente
•Com uma broca canu lada de 3,2 mm, cri e um túnel para seg uir a bord a latera l da patela.
longitudinal intraósseo no quadrante med ial da pateta; • Enfraqu eça os tecidos subcutâneos suficientemente para
ampliando o túnel com uma broca de 4 mm. criar um retalho de pele que expon ha o múscu lo quadrí-
•Crie um túnel subfascial entre a inserção semitendinosa ceps, o retinácu lo medial e lateral da patela, o trato ilio-
e a incisão patelar inferomedial. tibial, a inserção semitend inosa e o tendão patelar. Evite
• Passe o enxerto do tendão através deste túnel e através da a penetração na cápsula e no nervo infrapatelar.
patela de distal a proximal, saindo no polo superomedial. •Libere o retináculo lateral e restaure o tendão do retiná-
• A partir da sua saída no aspecto superior da patela, faça cu lo med ial com suturas de Ethibond nº 3, mantendo a
um túnel do enxerto no plano subfascial ao tubércu lo patela na posição normal e permitindo 25% de transla-
ad utor e faça uma incisão de 3 cm. ção lateral com o joelho fl exionado.
• Tensione o enxerto com o joelho em 30 a 45 graus de •Li bere o trato iliotibia l 7,6 cm sob re a borda su perolatera l
fl exão, ce rtificando-se de que a pate la esteja bem da patela e suture a extrem idade proxim al resta nte para
acomodada na tróclea. Verifique a tensão com o a coxa da fáscia.
joel ho totalmente estend id o (o enxerto deve permitir •Crie um tún el entre a face front al da patela e a aponeu-
pouco movimento lateral da patela, apenas até um rose patelar a partir da borda superolateral para a borda
quarto da largura da pate la). A tensão do enxerto inferomedial, e passe o trato iliotibial através do túnel,
correta também permite acompanhamento suave enquanto a patela se desloca medial e distalmente.
congruente da pat ela. • Suture o trato iliotibial com a patela, e suture a extremi-
•Teste o acompanhamento da patela e estabi lidade em dade livre do trato iliotibial com a inserção do músculo
toda a amplitude de movimento do joel ho. semitend inoso com o joelho flexionado 45 a 60 gra us.
•Perfure um ori fício de 7 mm no tubércu lo adutor, e • Se o joe lho não tiver flexão por causa da contratura
prenda o enxerto com um parafuso absorvível 8 x 23 do quadríceps, identifique qua lquer componente con -
mm Biotenodese (Arthrex, Naples, FL). traído do músculo quadríceps através da flexão
•E m pacientes esqueleticamente imaturos, não uti lize um forçada do joelho; reconstrua-os por quadricepsp las-
parafuso de Biotenodese; em vez disso, passe o enxerto tia (Capítulo 45) e alongue o tendão por pla stia V-Y
em torno do tendão do músculo adutor magno e sutu- (Capítulo 34) para permitir flexão passiva comp leta do
re-o para esse tendão e para si com Vicryl O. joelho.
•Se o aperto do retináculo lateral não permitir o acompa- •Obtenha a hemostasia, feche a pele de forma padrão, e
nhamento congruente da patela, real ize uma liberação aplique um gesso longo de membro inferior com o joelho
lateral retinacular através de um portal artroscópico ante- flexionado 45 a 60 graus. Divida o gesso em duas partes,
rolatera l estendido para perm it ir 45 graus de rotação da anterior e posterior, de modo que possa ser facilmente
patela acima da horizontal. removido e reaplicado.
CAPÍTULO 36 FRATURAS E LUXAÇÕES EM CRIANÇAS

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O gesso é removido CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O apoio parcia l de peso


para tratamento fisioterápico e reaplicado após o exercí- é permitido na tala, progredindo para suporte total do
cio. A mobilização da patela nas direções superoinferior peso após 2 semanas. A tala é removida em 6 semanas,
e mediolateral é in iciada 3 dias após a cirurgia para pre- e a suave mobi lização do joelho é inicia da. Para as pri-
ven ir as contraturas parapate lares. Durante as prim eiras meiras 3 semanas, os pacientes são encorajados a fazer
2 semanas após a cirurg ia, a amplitude de movimento um exercício com bicicleta, mantendo o assento da bici-
passivo de até 60 graus é obtida; após 2 semanas isso cleta alto. O assento é abai xa do a cada segundo dia para
aumenta para 90 graus, e após 3 semanas, para no rmal. aumentar a flexão do joelho. Normalmente, 90 graus de
O gesso é descontinuado em cerca de 6 semanas, mas o flexão do joel ho deve ser possível em 7 ou 8 semanas após
apoio total de peso não é permitido. Os pacientes podem a cirurg ia . O treinamento concêntrico suave e o treina-
apoiar até 25% do seu peso corporal nas primeiras 2 mento de propriocepção também são iniciados. Em 8
semanas, 50% após 2 semanas, e peso total do corpo semanas, a corrida no local em uma "minirram pa " é ini-
entre as se manas 4 e 6 após a remoção do gesso. ciada e progredida ao longo das próximas 4 semanas. Em
12 sema nas, a reabilita ção específica do esporte é iniciada.
O retorno progressivo às atividades diárias é permitido ao
longo dos próximos 3 meses, com retorno às atividades
esportivas norma lmente possíveis em 6 meses.
PROCEDIMENTO 3 EM 1 PARA
LUXAÇÃQ RECORRENTE DA PATELA:
Ll~ERAÇAO LATERAL, AVANÇO ,DO
MUSCULO VASTO MEDIAL OBLIQUO E FRATURAS DA PATELA
TRANSFE~ÊNCIA DO TERÇO MEDIAL É estimado que apenas 1% de todas as fraturas ocorre na patela e
DO TENDAO PATELAR PARA O que apenas 1% destas ocorre no esqu eleto imaturo, desse modo as
LIGAMENTO COLATERAL MEDIAL fraturas da patela em crian ças são ex tremamente raras. Elas nor-
ma lmente ocorrem em cri anças m ais ve lhas. Algumas fraturas,
TÉCNICA
-----~~
espec ialmente osteocondrais e pequenas fraturas periféricas e fratu-
ras de marge m, podem se r causadas por luxação aguda da patela,
(OLIVA ET AL.) que é comum em crian ças. Em adolescentes, "joelho de saltador" e
a síndrom e de Sinding-Larsen-Johansson ocorrem com frequência.
• Coloque o paciente em decúbito dorsal em uma mesa de Estas são lesões por avu lsão dos polos proximal e distal da patela e
sala de cirurgia padrão e aplique um torniquete para a coxa. devem ser consideradas lesões liga mentosas crônicas rep etitivas.
• Após a indução da anestesia geral, examine o joelho A patela bipartida não deve ser confundida com uma fratura da
cl ínica e artroscopicamente. patela, embora ela possa ser confundida porque a patela bipartida
•Faça uma incisão de 1O cm a partir do ponto médio da ocasionalmente é dolorosa em atletas adolescentes. Na patela bipar-
patela inferiormente para o aspecto medial da tuberosi- tida, as bordas do defeito normalmente são arredondadas, a condi -
dade da tíbia (Fig. 36-155) a fim de expor o retináculo ção é bilateral em cerca de 50% das crian ças, e é quas e sempre no
lateral e media l, o tendão patelar e o aspecto superome- quadrante sup erolatera l do osso. A ausência congênita da patela ou
dial da patela na área de inserção do tendão vasto medial hipoplasia congênita pode se r vista na onico-osteodisplasia ou sín-
oblíquo (VMO) drom e da patela-unha e pode ser confundida. As fraturas do polo
•Divida o retin áculo lateral proximal para o polo superior distal da patela e mesmo as fraturas transversais da patela ocorrem
da patela (l iberação latera l), tom ando cuidado para não muitas vezes em crianças com paralisia cerebral e espasticidad e do
violar o sinóvio . músculo quadríceps.
•Exponha o tendão patelar medial através da divisão do Um tipo de margem de fratura do polo distal da patela foi
ret in áculo medial, e exponha e libere a inserção do VMO. descrito; muitas vezes apenas urn a mancha de osso é vista na radio-
• Avance a inserção do VMO 1O mm distal e lateralmente, grafia, dando urna apa rênci a falsamente benigna; no entanto, um a
e seg ure-a com suturas contínuas Vycri l nº 1 na super- grand e "marge m" cartilaginosa é anexada ao tendão patelar que, se
f ície da patela, que foi suave mente esca rifi ca da com um não for reduzida adequadamente quando curada e ossificada, se
escarificador. torna mal alinhada e produz urna patela e um mecanismo patelar
•Prepare o terço medial do tend ão patelar, soltando-o tão anorma lmente alongados (Fig. 36- 156). Se essa fratura ocorrer em
di sta lmente quanto possível a partir da inserçã o da tíbia; conjunção com a luxação ou subluxação da patela, o alongamento
deixe-o anexado à patela proximalmente. do mecanismo patelar torna a luxação mais instável.
•C om o joelho flexio nado 30 graus, transfira o tendão As fraturas da patela devem se r class ificadas de acordo com
patelar mediaimente com um ângulo de 45 graus com o localização, tipo e quantidade de luxação (Fig. 36-157). Uma revisão
principal corpo do tendão patelar. Faça uma incisão no de 67 fraturas da patela em 66 cri anças (média de idade de 12,4 anos)
periósteo, insira duas fixações metálicas de sutura, e na nossa instituição determinou que 19 fra turas foram corninuí-
suture o tendão patelar ao aspecto medial da tíbi a proxi- das, 18 foram fraturas transve rsais, 15 foram fraturas de lasca, seis
mal e ao ligamento colateral ulnar medial. foram fraturas verticais e duas foram fraturas de margem; sete
•Feche a ferida em camadas, e ap lique curat ivos de rotina, fr at uras não poderiam ser classificadas a partir das radio grafias
bandagens e uma tala reta de joelho. disponíve is. O tratamento seguiu as diretri zes geralmente aceitas
para fraturas da patela em adu ltos, mas inúmeras frat uras ipsilaterais
lllllJD PARTE XI FRATURAS E LUXAÇÕES EM CRIANÇAS

da extremid ade inferior muitas vezes ditaram qu e o tratam ento seja A fratura foi permitida para cicatrizar em urn a posição alongada e
determin ado de acordo com a lesão associada. Os resultados em ma l alinhada, e quando a ossificação ocorre u, a patela dista l estava
geral foram bons em apenas 50% dos pacientes. Algum as tendências alinhada de modo incorreto. Aproximada mente 18 meses após a
gerais eram evidentes: (1) restauração do mecan ismo extensor é lesão, o fragme nto inferior alongado da fratura fo i cortado por causa
essencial; os resultados estavam abaixo do ideal quando não foi da dor. A dor foi aliviada, mas a luxação recorrente da patela foi um
realizado, (2) RAFI produ ziu bons res ultados se m perturbação do problema; após a fise da tíbia proximal fechada, o m ecanismo patelar
crescimento após o uso de fios de cercl age rn em pacientes perto da di stalrn ente fo i realinh ado. Se o defeito ou o tamanho do fragmento
maturidade do esqueleto, e (3) patelectomi a total para fraturas des-
viadas e co minuídas sem fraturas ipsil atera is da tíbia ou fraturas do
fêmur não estava associada a um resu ltado ru im. Por causa da pos-
sibilidade de perturbação do crescimento, e por causa da ruptura
frequente dos fios em crianças, rotineiramente removemos os fios,
pinos e parafu sos, de preferênci a antes qu e eles se quebrem. Se a
fratura ocorrer em conjunção com uma luxação aguda ou recorrente
da patela, um a li beração li mitada lateral e reforço medial do retiná-
culo podem ser indicados; temos tid o pouca experiência com isso.
Uma fratura osteoco ndral da patela ou côndilo femo ral lateral deve
se r suspeita quando a luxação aguda da patela oco rrer.
Vimos um paciente com urn a fratura da ma rgem não reconhe-
cida em conj un ção com um a luxação aguda da patela (F ig. 36-158).
Em urn a radiografia, apenas uma rad iolucência de osso foi obse r-
vada no polo di stal da patela; no entanto, a patela estava alta e um
defeito estava presente, o qu al deve ria ter sido notado clinica mente.

O@i!;Mllllm) Porção substa nci al da carti la gem avulsa quando


vista na radiografia parece apenas como "mancha" de osso e HtijiJ;MEIIJm) A, Menor fratura da margem do polo da patela
parece benigna . aparente. B, Imagem RM revela a extensão da fratura da marg em.

li@ii;H El:ll:Li) Tipos de fratura da patela. A, Polo inferior. B, Pol o su perior. C, Substâ ncia média transversal não desviada . D, Substância
média transversa l desviada.
CAPÍTULO 36 FRATURAS E LUXAÇÕES EM CRIANÇAS

for incerto, a RM pod e revelar a extensão do fragmento da cartil a-


•Após a redução da fratura, coloque dois pinos de
gem do osso.
Steinmann paralelos e long itudinai s através do local da
Como em uma fratura da margem um grande fragmento car-
fratura. Deixe-os salientes cerca de 1/4 polegadas (0,5
tilaginoso normalmente é anexado à man cha do osso, a redução
cm) distalmente para fá cil remoçã o. Coloque um f io da
anatômica fechada ou aberta será necessária. A consolidação viciosa
banda de tensão do polo superior ao inferior da patela,
da fratura pode ser dolorosa e exige excisão do fragmento di stal. Se
cruzan do em si e incorporando os pinos para lelos (Fig.
a fratura da margem for causada por luxação da patela, a cicatri zação
36-15 9). Aperte o fio suficientemente, mas não a ponto
em urna posição alongada poderá contribuir para a luxação recor-
de comp rimir e inclinar os fragmentos da fratura.
rente crôni ca.
•Feche a ferida em camadas, e ap lique gesso apropriado
A técnica para RAFI das fraturas da patela em crianças é a
com o joelho em leve flexão .
m esma qu e em ad ultos (Capítulo 54). Como a fratura da margem
da patela é peculiar às crian ças, no entanto, a técnica de redução e CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Em 3 a 4 semanas, o
fixação está descrita aqui.
gesso é removido, e os exercícios de arco de movimento são
iniciados. O grupo AO recomenda o movimento precoce em
flexão após a fi ação da banda de tensão, que de acordo

_ ____
REDUÇÃO ABERTA E FIXAÇÃO
INTERNA DA MARGEM DA FRATURA
TÉCNICA
(HOUGHTON EACKROYD)
___.~
com o princípio da banda de tensão, mantém a redução.
Isso é desnecessário em uma crian ça jovem, entretanto.

FRATURAS DA EMINÊNCIA
INTERCONDILAR DA TÍBIA
• Coloque o paciente em decúbito dorsal na mesa de cirurgia
e prepare a perna de modo habitua l; utilize um torniquete. As fraturas da eminência intercondilar da tíbia foram classificadas
•Aproxi me o polo inferior da patela através de uma inci são em três tipos: tipo I, pouca ou nenhuma luxação; tipo II, elevado
parapatelar 7 cm medial, utilizando apenas a porção anterior e proximalmente, com alguma luxação, mas com urna arti-
distal. Exponha a fratura da patela do polo distal. culação car tilaginosa; e tipo III, luxação completa (Fig. 36-160). O
• Irrigue a fratura abundantemente com solução sali na, e com objetivo do tratamento é redu zir o fragmento tão bem quanto pos-
uma pequena cureta remova quaisquer coágulos e osso sível; isso foi feito tradicionalmente estendendo o joelho. Simples-
esponjoso solto. Reduza o fragmento com um pequeno mente estender pode não reposicionar o fragmento satisfatoriamente,
suporte de osso. Observe os fragmentos da fratura anterior- no entanto, e ele pode cicatrizar com o ligamento cruzado anterior
mente, e tente observar a redução posteriormente na super- relaxado.
fície articu lar. Se isso for impossível, utilize um dedo da luva Um número cresce nte de relatos associou às lesões do liga-
para sentir qualquer angulação ou compensação na super- mento em crian ças co m fraturas da eminência intercondilar da tíbia.
fície arti cu lar. Real ize a fiação da banda de tensão com dois Vários autores relataram quantidades variáveis de froux idão liga-
fios de Kirschn er (Capítulo 54). mentar após essas fraturas, independentemente dos métodos de
tratamento, incluindo tratamento cirúrgico. As crianças mais jovens

o@•l;MED> A, Fratura da "ma rgem" da pate la. B e e, Após a redução e f ixação com f ios de Kirschner e fiação da banda de te nsão.
VEJA A TÉCNICA 36-42 .
lllllfP PARTE XI FRATURAS E LUXAÇ ÕES EM CRIANÇAS

O@ii;J4mm!) Classificação de Meyers e


Tipo 1 Tipo li Tipo Ili Tipo Ili com rotação McKeever das fraturas de em inência da tíbia .

compensam qualquer instabilida de anteri or co nfo rm e o esqu eleto


cresce, mas em cri anças mais velhas, alguma instabilid ade anteri or
persiste e o reparo cirúrgico pode ser indicado, especialmente em
crianças mais velhas com fra turas do ti po II ou III, se a redução
satisfatória fec hada não puder ser obtida. A complicação mais fre-
quente desta fratu ra, se ela permanecer desviada, é a fa lta de total
extensão do joelho em vez da instabilidade anteri or. Nenhuma
relação fo i descoberta entre a estabilidade a longo prazo e o método
de tratamento (aberto ou fe chado ) e a maioria das fraturas de emi-
nência an teri or da tíbia pode ser tratada por red ução fechada e
imobilização em extensão, com RAFI rese rvada para fraturas irre-
dutíveis; a artroscopia pode ser útil para gara ntir a redução ade-
quada do frag mento.
A maioria dos autores concord a que a colocação da articulação
do joelho em total extensão reduz o frag mento satisfatoriamente nas
fraturas dos tipos I e II. A aspiração da hemartrose de um a articu-
lação tens a do joelho também pode ser benéfi ca. Em algumas oca-
siões, nas fraturas dos tipos II e III, a interposição (impacto) de um li@il;fmiml!D A, Fratura do tipo Ili da tíbia que poderia não
menisco ou ligamento meniscofemoral pode prevenir a redução. ser reduzida fechada . B, Radiografia lateral após a redução aberta
Nesses casos, a redução aberta deve ser realizada. Para as fratu ras e fi xação com suturas não absorvíveis. O menisco preso que impediu
dos tipos I e II, aspiramos qu alquer hemartrose significati va e apli- a redu çã o fechada foi encontrado no momento de cirurgia .
camos um cilindro ou gesso longo de membro inferior com o joelho
em total extensão. As frat uras do tipo III também são tratadas ini-
cialmente por aspiração e extensão. Se a redu ção for bem -s ucedida, 51. Os fragm entos com consolidação viciosa e com pseud oartrose
a perna será imobilizada em um gesso longo de membro inferior. que causam dor, instabilidade e déficit de extensão fo ram relatados.
Caso contrário, para as fraturas dos tipos II e III, RAFI será feita As técnicas de RAFI e plastia da fossa intercondilar femoral também
(Fig. 36- 161). Preferim os uma incisão medial parap atelar para expor foram descritas para aliviar esses sintomas. A artro fib rose pode
a espinha da tíbia, ligamento cruzado anterior e cornos anterio res ocorrer ap ós o tratamento cirúrgico e, raramente, a manipulação do
de ambos os meniscos de modo a ga rantir que eles não sejam presos joelho pode ser necessári a.
abaixo do fragmento. Utilizamos uma sutura absorvível ou um fi o
passa do através da porção mais distal do ligamento cruzado ante rior

_ ____
e trazido distalmente através dos orifícios perfurados na epífise pro - REDUÇÃO ABERTA E FIXAÇÃO
ximal da tíbia, evitand o a fise. INTERNA DA FRATURA DE
Um número crescente de relatos descreveu as técni cas artros- EMINÊNCIA DA TÍBIA
cópicas para redu ção e fixação. Um guia de liga mento cruzado an te-
rio r pode ser utili zado para garantir a redução e para orifíc ios e TÉCNICA
.
~

sutura. As técnicas de fixação podem ser divididas em métodos


baseados no ligamento ou baseados na fratura. Os parafusos anteró- •Exponha o joelho através da porção distal de uma incisão
grados e parafusos bioabso rvíveis "in teligentes" foram util izados anteromedia l parapatelar (Técni ca 1-3 1). Abra a cá psul a
pa ra fixação do osso. Se um ligamento por avulsão com um frag- med iaime nte para expor os fragme ntos da fratura e o
mento pequeno ou praticam ente nenhum frag mento do co rpo defe ito na t íbia proxi mal.
estiver presente, as suturas retrógrad as, suturas de fixação utili zando •Exa min e o men isco med ial e com retração exa mine o
os passadores de sutura através dos orifíc ios, podem ser utilizadas corn o anterior do men isco latera l pa ra ga rantir que os
para fi xação. As técnicas artroscópi cas estão descritas no Capítulo
CAPÍTULO 36 FRATURAS E LUXAÇÕ ES EM CRIAN ÇAS

iâ[ijil;taEill'!f) Reparo da fratura de em inência intercondi lar


com sutura abso rvíve l. (Redesen hado de Owe ns BD, Crane GK, Plante
T, et ai: Treatment of type Ili t ibial interco ndyl ar eminence fractures in
skeletal ly immature athletes, Am J Orthop 2 103, 2003.) VEJA A
TÉCNICA 36-43.
W§ii;M ~ Redução artroscópica d a fratura de eminência
da t íbia. (De Liljeros K, Werner S, Janarv PM: Arthroscop1c f1xat1on of
anterior tibial spine fractures with bioabsorbable nails in ske letally imma-
meniscos não estão imped indo a redução. Coloque o
ture pati ents, Am J Sports Med 37 923, 2009.) VEJA A TÉCNICA 36-44.
joel ho em ext ensão, e reduza o fragmento após qualquer
coágu lo e osso esponjoso ter sido removido do defeito.
•Perfure dois orifícios de d ist al a proximal através da epífise
da tíbia. Tome cu idado pa ra perfurar os orifícios proximais
•Remova o ligamento mucoso e pa rte do coxim de gordura
à fise. Os orifícios devem entrar na articu lação (1) imedia- infrapatelar para melhor expor a área lesionada.
tamente medial e lateral aos fragmentos da fratura ou (2)
•Remova os coágulos de f ibrina e pequenos fragmentos
dentro do defeito e no fragmento em si se for grande o
da fratura abaixo do frag mento anterior da esp inha e da
suficiente. Passe um fio de calibre 19 ou calibre 18, ou uma
dep ressão da tíbia.
sutura não absorvível 1-Ó, através da porção ma is distal do
•Se o ligamento intermenisca l esti ver preso na fratura,
ligamento cruzado anterior imediatamente proximal ao
interferindo na redução, libere-o com uma sonda.
fragm ento da fratura (Fig. 36-1 62). Com porta-agulha,
•Com o joelho flexionado a 45 graus, reduza o fragmento
passe as extrem idades da sutura através dos orifícios e
com uma sonda e tempora riam ente f ixe-o com um f io
amarre-os para si depois que a redução for satisfatória.
AO de 1,6 mm introduzido através da entrada média
•Flexione e estenda o joel ho para garantir que a redu ção
patel ar próxima à margem medial da patela (Fig . 36-1 63).
esteja estável. Irrigu e e feche a ferida.
•Mantendo o ma is próxi mo possível à patela e l1ge1ra -
mente proximal ao fi o AO, insi ra a guia de perfuração na
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Um gesso é aplicado
articulação e prenda o fragmento com 1,5 mm SmartNai ls
com o joelho em tota l ext ensão. Em 4 a 6 semanas, o
bioabsorvíveis (ConMed Linvatec, Largo, FL). O polímero
gesso é removido, e exercícios do arco de movimento são
polilático Sma rtNail s é construído proximalmente com a
in iciados.
cabeça e d istalmente com reentrâncias para fo rn ecer
compressão durante a cicat ri zação da fratura.
•Coloqu e duas ou três hastes através deste loca l de
entrada. Se necessário, reforce a f ixação com uma ou
REDUÇÃO ARTROSÇÓPICA DA duas hastes in seridas a partir do lado correspondente da
FRATURA DE EMINENCIA DA pate la. Um t ota l de três ou quatro hastes, 20 ou 25 mm
TÍBIA E FIXAÇÃO IN1ERNA COM de comprimento, pode ser utiliza do.
•Feche os portais de forma padrão e apli que gesso com o
HASTES BIOABSORVIVEIS
joelho em ligei ra fl exão.

-------~
TÉCNICA
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O gesso é utilizado por
(LILJEROS ET AL.) 5 semanas, com apoio tota l de peso com muletas sendo
perm itido. Após a remoção do gesso, os pacientes com -
•Com um torniquete de coxa aplicado e inflad o, realize o pletam um programa de tratamento físico de 2 meses.
exame artroscópico padrão do joelho através dos porta is O acompanhamento regular é continuado até que o
anteromedial e anterolateral (Capítulo 51 ). movimento satisfatório do joelho seja obtido.
lllll!m> PARTE XI FRATURAS E LU XAÇ ÕES EM CR IANÇAS

FRATURAS DA TUBEROSIDADE DA TÍBIA através da fise e superfície articular proximal da tíbia (fratur a fisá ria
de Salter-Harris do tipo III [Fig. 36-165]). Ogden et ai. class ificaram
As fraturas da tuberosidade da tíbia n ormalmente ocorrem em as fraturas do tipo III co mo co mponente rotacional, cominuíd o ou
crianças mais velhas, muitas vezes durante esportes de salto com o epifisári o. Essa class ifi cação é impo rtante porque as fratu ras do tip o
basquete (Fig. 36- 164). Essas fraturas fo ram classificadas por Wat- III em crian ças mais jovens, se n ão an atom icamente redu zidas e
son-Jon es como tipo I, um pequ eno fragmento que é deslocado mantid as, podem res ultar em fo rmação da ponte óssea, ca usa ndo a
superiormente; tip o II, um maior fragmento envolvend o o ce ntro de parada do crescimento anteri or e deformid ade da hip erextensão; n o
ossificação secundário e a fise da tíbia proximal, que é articul ado entanto, essa complicação é improvável, porque essas fra turas nor-
para cima; e tipo III, a fratu ra que passa p roximal e posteriormente malmente ocorrem em adolescentes mais velhos (Fig. 36-1 66).
Frank! descreveu uma lesão do tip o I- C co mo uma fra tura por
avulsão da tuberosidade da tíbi a com um a ruptura do tend ão patelar
a partir da sua inserção proximal. As m odifi cações ao esquema de
class ificação foram adicionadas para inclui r lesões em toda a fise da
tíbia proxi mal. Ryu e Debenh am suge riram a adi ção de um a lesão
do tipo IV, em que a linha do tubérculo anteri or da fratura se es tende
co mpletam en te através da fise da tíbia em um padrão de Salter-Har-
ris do tip o I. Donahue et ai. subdiv idiram as lesões do tipo IV em
lesões do tipo IV- A, uma lesão estritam ente fisá ria, e lesões do tipo

H@il;MEill'!D Tipos de fratura por avulsão da tuberosidade da


tíbia. Tipo 1, através do centro secundário de ossifi cação. Tipo li,
na junção dos centros de ossificação primário e secundário. Tipo Ili,
H@lhWEill!D Mecanismo de lesão das lesões de fle xão-avul- através do centro de ossifica ção primário (Salter-Harris do tipo Ili)
são. Essas lesões são mais comuns em adolescentes do sexo mas- com fise perto do fechamento posterior. (Redesen hado de Roberts
culino e na maioria das vezes ocorrem ao tentar deslizar em um JM: Fradures and dislocations of the knee. ln Rockwood CA Jr, Wilkins KE,
salto no basquete . Kin g RE , editors: Fractures in children, Philadelphia, 1984, Lippincott.)

H@il;tgiEJ:!lm Fratura da tuberosidade da tíbia . A, Fratura de Watson-Jones do t ipo Ili (Salter-Harris do tipo Ili ) estendendo a arti -
cu lação do joelho. B e C, Após a redução aberta e fixação interna com p inos lisos.
CAPÍTU LO 36 FRATURAS E LUXAÇÕES EM CRIANÇAS Cm:llll

IA 18 ll A 118

lll A 111 8 IV V

H@ii;Mmr!D Classificação das fraturas da tuberos idade da tíbia (ver texto).

IV-B, aquelas com um fragmento metafisário posterior, consistente A redução deve ser feita com o joelho em extensão, seguida por
com uma lesão de Salter-Harris do tipo II. Finalmente, uma lesão imobilização. Se o desvio de mais de 0,5 cm persistir, a redução
do tipo V foi descrita por Curtis e depois classificada por McKoy et anatômica aberta estará indicada. Se os métodos fechados forem
al. com uma extensão intra-articular de Salter-Harris III e uma utilizados, as radiografias em série, especialmente no plano lateral,
fratura associada do tipo IV, fornecendo uma fratura com configu- deve m ser feitas com frequência para garantir que a luxação proxi-
ração Y (Fig. 36- 167). Vimos um número de pacientes, todos ado- mal não ocorra por causa da tração do quadríceps. Uma fratura
lescentes do sexo masculino, com fraturas da tuberosidade anterior desviada de Salter-Harris do tipo III deve ser tratada por RAFI,
combinadas com um fragmento metafisário posterior (Fig. 36-168). como descrito para fraturas fisárias proximais da tíbia. Para avulsões
A diferenciação entre a doença de Osgood-Schlatter e lesões de Watson-Jones dos tipos I e II da tuberosidade da tíbia, fixação do
de Salter-Harris do tipo III da fise da tíbia proximal pode ser confusa. parafuso pode ser utilizada em um grande fragmento em crianças
Na doen ça de Osgood-Schlatter, a lesão muitas vezes é traiçoeira mais velhas. Os fios ou pinos lisos devem ser utilizados, no entanto,
com leves sintomas e parcial incapacidade; o tratamento sintomático se o fragmento for menor ou cominuído em crianças mais jovens.
e de apo io é suficiente, o prognóstico é bom e apenas ocasionalmente Um grande retalho periosteal pode estar avulso da metáfise adja-
são sintomas prolongados por um ossículo não unido. Por outro cente medial, lateral, ou distalmente e deve ser suturado em sua
lado, em avulsões traumáticas agudas da tuberosidade da tíbia, dor posição original no momento do reparo, que adiciona a estabilidade
e inchaço ocorrem imediatamente, e ficar em pé ou caminhar é intrínseca à redução. É esperado que, com a cicatrização, a fusão
impossível. A doença de Osgood-Schlatter em geral está presente ocorra através da apófise da tração. Descobrimos que, as fraturas da
antes da fratura da tuberosidade da tíbia ocorrer. A RAFI muitas tub erosidade anterior combinadas com um fragmento metafisário
vezes é necessária e é seguida por rápida cicatrização e retorno para posterior estão em alto risco de refratura após o tratamento conser-
atividade completa. vador, e tratamos essas frat uras com RAFI, o que inclui os fragmen-
A cirurgia normalmente é recomendada para (1) luxação sig- tos anterior e posterior (Fig. 36-169).
nificativa de um ou mais fragmentos da tuberosidade anterior e As fraturas metafisárias das margens caracterizadas por
superiormente e (2) extensão da fratura através da epífise proximal avulsão de uma grande área de anexo periosteal do tendão patelar
da tíbia na articulação do joelho, com rompimento da superfície de com pequenos fragmentos de osso subcondral foram descritas
articulação (Salter-Harris do tipo III). Tratamos a maioria dessas em crianças esqueleticamente imaturas. Estas podem ser tratadas
fraturas de modo fechado, especialmente as fraturas dos tipos I e II. com redução aberta e pequena fixação do parafuso esponjoso e
O[ê\lhffl11Il9 Tuberosidade anterior da tíbia
fratura combinada com uma fratura metafisária pos-
ter ior em um adolescente do sexo masculino. A,
Radiografia. B, Imagem de RM. C, Varredura por TC.

O[rilhfflE:Il:m!) A, Tub erosidade


anterior da tíbia combinada com uma fratura metafisária posterior. B, Fi xação com parafusos que
incluem os fragmentos anterior e posterior.
CAPÍTULO 36 FRATURAS E LUXAÇÕ ES EM CRIANÇAS

ifüii!;HIIllZ!) A e B, Vistas anterior e lateral


da apófise da tíbia mostrando a extensão da
avulsão periosteal. C, Fratura parcial da margem
da metáfise da tíbia, mostrando a avulsão do
periósteo com pequenos fragmentos ósseos
A B e associados.

imobilização por gesso (Fig. 36-170). Observamos uma ruptura


associada do tendão patelar. Tecnicamente, essas são difíceis de
tratar, mas, em geral, devem ser reduzidas e o tendão reparado se
necessário será reanexado a um fragmento da fratura.

REDUÇÃO ABERTA E
FIXAÇAO INTERNA
TÉCNICA -----~
•Faça uma incisão anteromedia l de 5 cm de comprim ento
adjacente à tuberosidade da tíbia e paralela ao tendão
patelar. Realize a dissecção lateralmente sobre a tubero-
sidade da tíbia e a inserção do tendão patelar.
•Exponha a fratura, e limpe a sua base com uma cureta.
Não faça a dissecção completa dos anexos da tuberosi-
dade da tíbia.
•Identifique qualquer grande retalho periostea l, que
w:.1:,1.111'lill' ~ Fragmento osteocondral solto do côndilo femoral
pode estar avuls ionad o medial, lateral, bi late ral ou dis-
lateral secundário à lu xação aguda da patela.
talmente. Se estive r degenerado, faça a ressecção de
algum. Se não estiver desgastado, mantenha-o para
estab ilid ade.
•Reduza a fratura com o joelho em total extensão.
•Insira dois pequenos pinos ou um ou dois parafusos canu-
lados através da fratura. Se o fragmento for grande e em
uma criança mais velha, um parafuso de osso esponjoso
pode ser utilizado satisfatoriamente; assegure que a
cabeça do parafuso seja enterrada profundamente o sufi- A B e
ciente para não causar desconforto crônico das contusões
na área.
•Verifique a redução com radiografias. Suture qualquer
mm
lll~!Al·il· Três localizações de fraturas osteocondrais cau-
sadas por lu xação de patela. A, Superfície inferior da patela. B,
reta lho periostea l e feche a ferida em camadas. Côndilo do fêmur. C, Superfície medial da patela.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Um gesso de cilindro é patela (Fig. 36-171). Elas podem ser causadas por forças diretas
ap licado com o joelho em total extensão. Em 4 a 6 aplicadas contra o fêmur ou patela ou por luxação da patela em si
semanas, o gesso é removido, e se os pinos lisos foram (Fig. 36-172). As fraturas osteocondrais foram relatadas na metade
utilizados, eles também serão removidos neste momento. das luxações agudas da patela, com números iguais de avulsões
capsulares da margem medial patelar e fragmentos intra-articula-
FRATURAS OSTEOCONDRAIS res soltos da patela ou dos côndilos laterais do fêmur. Os fragmen-
tos intra-articulares podem ser identificados somente após a
As fraturas osteocondrais do joelho ocorrem principalmente nas redução espontânea da patela. As fraturas do fêmur normalmente
superfícies cartilaginosas do côndilo femoral medial ou lateral ou a envolvem a borda da superfície articular e o terço médio do arco
11111!1) PARTE XI FRATURAS E LU XAÇÕ ES EM CRIANÇAS

condilar (Fig. 36-173). Normalmente, uma hemartrose significativa LESÕES DO JOELHO FLUTUANTE
segue o episódio traumático. Se a instabilidade ligamentar não
estiver presente, e o aspirado do joelho for sangu inolento (hemar- Embora não seja uma lesão da articulação do joelho, "joelho flu-
trose), uma fratura osteocondral deve ser suspeitada, embora tuante" descreve o segmento da artic ulação do joelho resultante de
muitas vezes o fragmento não seja ósseo e não possa ser visto nas urna fratura do eixo ou rnetáfises adjacentes do fêmur e tíbia ipsi-
radiografias. Ocasionalmente, apenas uma hipodensidade ou lateral. Essa é uma lesão incomum em crianças; ela na maioria das
mancha de osso subcondral pode ser identificada. Esse pequeno vezes resulta de acidentes do veíc ul o a motor e normalmente está
fragmento ósseo normalmente faz parte de um corpo solto oste- associada a maior dano ao tecido mole, fraturas expostas e lesôes
ocartilaginoso que na cirurgia é surpreendentemente gra nde. A na cabeça. Letts et ai. propuseram urna classificação de cinco partes
artroscopia é indicada para localizar, identificar e remover o dessas lesões (Fig. 36-174): tipo A, fraturas do fêmur e da tíbia são
corpo livre. O defeito na patela ou fêmur também deve ser iden- fraturas diafisárias fechadas; tipo B, uma fratura é diafisária, urna
tificado. Todos, mas excepcionalmente os grandes fragmentos, é rnetafisária, e ambas são fechadas; tipo C, urna fratura é diafisária,
devem ser excisados. Um fragmento, se for recentemente des- e as outras têm uma luxação epifisário; tipo D, urna fratura é
viado de um a fa lha óssea, pode ser recolocado na cratera e fixado exposta com maior lesão ao tecido mole; e tipo E, ambas as fraturas
internamente, como para o tratamento da osteocondrite disse- são expostas com maior lesão ao tecido mole. A recomendação
cante (Capítulo 32). básica dos autores para o tratamento dessas lesôes é que pelo
menos urna fratura (normalmente a da tíbia) precisa ser rigida-
mente fixada por RAFI. Se a mobilização da criança for essencial,
a fixação interna de ambas as fraturas pode ser indicada. Em crian-
ças mais velhas, as hastes intramedulares podem ser mais apropria-
das do que a fixação da placa. As fraturas expostas com maior lesão
ao tecido mole devem ser deixadas abertas e estabilizadas com
fixação externa (Fig. 36-175). Essa classificação foi expandida para
incluir os tipos I a IV (Tabela 36-6). Os resultados dessas fraturas
parecem estar relacionados com a idade, com o tratamento fechado
bem-sucedido das crianças com menos de 10 anos de idade, mas
as frequentes complicações e lesões concomitantes ligamentares
em crianças com mais de 10 anos de idade tratadas com redução
IU§li;tijmfi) Os tipos mais comuns de fraturas osteocondrais e fixação (hastes intramedulares, placas, fixador externo) da fratura
em lu xações agudas da patela. A, Avulsões patelares marginais do fêmur. Os piores resultados foram relatados em 50% das crian-
mediais. B, Faceta patelar inferomedial. C, Côndilo femoral lateral. ças mais velhas por causa da discrepância do comprimento do

Tipo A Tipo B Tipo e


Diafisária Metafisária Epifisá ria
fechada e diafisária e
fechadas diafisária

Tipo D Tipo E
Uma fratura Ambas
exposta expostas
com maior
lesão ao lí!êJl!;MEI'llZ) Classificação das lesões do joelho flutu-
tecido mole ante em crianças (ver texto).
CAPÍTULO 36 FRATURAS E LUXAÇÕES EM CRIAN ÇAS Gm


?ir'''P".~)f,.

36.-6 . Modi_fi_caç~o do Sistema de .


::f • ' ;_ Class1f1caçao de Bohn e Durbm

TIPO PADRÃO DA FRATURA


1 Fratura dupla da diáfise
li Uma fratura juxta-articular
Ilia Uma fratura epifisária, uma fratura
metafisária ou diafisária
lllb Ambas as fraturas epifisárias (fêmur
Artéria
distal, tíbia prox imal) poplítea-
IV Fratura do fêmur e/ou tíbia em dois locais
De Arsl an H, Kapukaya A, Kesemenli C, et ai : Floating knee in children, J
Pediatr Orthop 23:458, 2003.

h@l!;M ~ Fraturas de Salter-Harris dos tipos 1 e li com


lu xação posterior da diáfise da tíbia podem lesionar a artéria
poplítea .

velhas, e uma pon te óssea po de ser fo rm ada, causando d eform idad e


angul ar em crianças mais jovens.

FRATURAS FISÁRIAS PROXIMAIS DA TÍBIA

Aitke n relatou 14 crianças com fraturas fisár ias p roxim ais d a tíbia e
fez d uas observações pertin entes. Em primeiro lugar, uma menor
quantidade d e ligam entos é anexada à fi se da tíbia prox im al do que
à fi se femora l dis tal. Co m o res ultad o, um a fi se fem o ral distal separa
m ais fragm e ntos do qu e a fi se d a tíbia proxim al. Nesta clínica, vem os
aproximadamente sete ou oito separações d a fise do fêmu r di stal por
O@i!;Mll'IB) A e B, Lesão g rave do joelho flutuante co m
an o e m com paração com uma separação fi sária proximal d a tíbia
fratura no ei xo médio do fê mur, fratura de Salter-Harris do tipo
por ano. Vim os u m aumento no núm ero, n o entanto, d as fra turas
1 da fise femoral di stal, e fratura cominuída da di áfise da tíbi a.
do tipo língua d e Salter- Harr is do tipo III através da fise d a tíbia e
C, Após a fi xaçã o interna da fratura da fi se do fêmur distal com
na arti culação. A segunda observação d e Ai tken foi que o eixo p ro -
pinos cru zados e fi xa ção e xterna das fratura s dos ei xos do fê mur
ximal da tíbia q uando deslocado posterio rmente vem em estreita
e da t íbia .
proximid ade à artéria poplítea, q ue p o de se r lesionad a nas fra turas
de Salter-Harris d os tipos I e II (F ig. 36-1 76) .
Urna revisão das 39 fra turas epifisárias proximais d a tíbia tra -
m embro, defor m idad e angular ou instabilidad e d o joelh o, pa rti cu- tad as nesta clínica d escobriu que elas ocorreram em crian ças m ais
lar m ente a instabilidad e li gamen tosa. velhas (m édia de idad e d e 14,2 anos). D as fra turas, 23 eram d esvia-
d as e 16 eram não desviad as; nove eram fratu ras d o tipo I, 17 eram
do tipo II, 10 eram d o tipo III, e três era m do tipo IV. O tratam en to
FRATURAS DA TÍBIA E FÍBULA estava de acord o com as recom end ações d e Salter-Harris (ver Lesões
Fisárias, anterio res). Das nove fraturas do tipo I, oito foram tratadas
As fraturas da tíbia e fíbula exigem tratam ento cirúrgico apenas satisfato riam ente por redução fechada. Urna teve luxação posterior
q uando não podem ser redu zi d as, qu and o são exp ostas, o u ocasio- persistente, e um a tran secção da artéria poplítea com subsequente
nalmen te quando ocorrem na fi se proxim al o u d istal d a tíbia. Caso amputação transm etata rsal e d efo rmidade equina do pé.
con trário, as fraturas d a tíbia e fí bula p o dem ser tratad as fec hadas. Os resultad os fo ram satisfatórios n a m aioria d as fraturas d o tipo
A fratura preocupante é a metafi sária in completa d a tíbi a p roxim al. II, embora urna criança d epois tenha tido 5 cm de encurtam ento. A
A fratura d a epífise da tíbia proximal também m erece atenção espe- maioria d essas fraturas poderia ser reduzida fac ilmente e m antida em
cial por ca usa d a sua proxi midad e com a ar téria poplítea, que po d e um gesso d e joelho fl etido. Foi necessária fasc iotomia em um paciente
ser lesionada quan do o eixo d a tíbia estiver posteriorm en te d eslo - e urna artrotom ia em outro. Um a fratura foi m anipulad a 8 semanas
cado (Fig. 36- 176). As fra turas das fi ses distais da tíbia e fíbu la após a lesão, porque fo i permitido que essa fratura em uma criança
tamb ém são de interesse especial, porqu e se não tratad as ad equada- mais velha consolidasse em 40 graus de angul ação, o que fo i conside-
mente, a angulação varo e va lgo po d e o co rre r em cr ian ças mais rado inaceitável.
~ PARTE XI FRATURAS E LUXAÇÕES EM CRIANÇAS

Das 10 fraturas do tipo III, dois diferentes tipos ocorreram: um As três fraturas do tipo IV foram tratadas principalmente
foi basicamente uma fratura platô da tíbia (Fig. 36-177 A), e as outras como frat uras do platô da tíbia. Uma teve redução incompleta e
foram uma fratura do tipo III começando na li.se da tuberosidade desenvolveu artrite traumática. Outra teve instabilidade ligamen-
da tíbia e se estendendo até a articulação, e outra através da li.se da tar, e rad iografias por estresse ajudaram a fazer o diagnóstico
tíbia proximal. Essas fraturas não são consideradas avulsões da tube- (Fig. 36-179).
rosidade da tíbia, mas em vez disso são fraturas da li.se da tuberosi- As variantes das fraturas de Salter-Harris dos tipos III e IV
dade da tíbia que estendem as fraturas de Salter-Harris do tipo III foram descritas como "fraturas triplanas da epífise proximal da
na articulação; elas quase sempre exigem RAFI (Fig. 36-178). Estas tíbia". Estas são semelhantes às fraturas que ocorrem no tornozelo
são fraturas grandes do tipo língua que se estendem do lado medial em pacientes adolescentes. Geralmente, são fraturas de duas partes
a lateral do joelho, levantando a tuberosidade da tíbia e a li.se da tíbia que são do tipo IV e do tipo III (componente de Tillaux) ou com-
proximal até anterior e superiormente. Para cada um dos dois tipos binações da fratura do tipo II. Se desviadas, ambas as variantes
de fraturas do tipo III, a exposição necessária é extensa e deve ser exigem RAFI (Fig. 36-180).
reali zada somente após o completo entendimento da anatomia. A As radiografias por estresse também podem ajudar no diag-
fixação com parafusos esponjosos ou rosqueados ou pinos lisos é nóstico de uma fratura não desviada do tipo l. A RM e TC podem
feita para a maioria delas. Em dois pacientes, os resultados foram ajudar a determinar a quantidade de luxação. Como mencionado
insatisfatórios por causa da incongruência da articulação e artrite anteriormente na discussão das lesões da lise femoral distal, a
traumática tardia. interpretação adequada destas técnicas especiais, sofisticadas,
radiográficas é necessária para determinar quanto desvio é exces-
sivo e requer RAFI.
Em nossos pacientes, as complicações incluíram síndrome do
compartimento anterior, paralisia transitória e permanente do
nervo li.bular, trombose arterial, deformidade angular e desigual-
dade do comprimento da perna. Qualquer sugestão de alterações
isquêmicas, um a síndrome do compartimento (Capítulo 45), ou
paralisia do nervo libular requer ação imediata no departamento
de emergência. A discrepância do comprimento da perna de mais
de 1 polegada (2,5 cm) ocorreu em duas das 39 crianças. Duas
crianças tiveram incongru ência da articulação e deformidade
angular. Essas complicações podem ser tratadas por epifisiodese,
osteotomia e ressecção da ponte óssea.

REDUÇÃO ABERTA E FIXAÇÃO


INTERNA DA FRATURA DA
TUBEROSIDADE DA TÍBIA
A fratura da tuberosidade da tíbia é rara e normalmente
ocorre em ado lescentes maduros, em especia l aqueles
h@i!;füEl'llD Fratura de Salter-Harris do tipo Ili de tíbia pro-
ximal. A, Fratura análoga à fratura do platô da tíbia. B, Fratura
envolvidos em esportes. As radiografias muitas vezes
mostram pouca evidência de lesão, mas a varredura por TC
através da tuberosidade da tíbia e através da epífise na articulação
do joelho semelhante à avulsão da epífise da tuberosidade da tíbia .
e cortes tomográficos podem revelar lu xação significativa.

O[riihf!iE?li!) A, Fratura de Salter-Harris do tipo Ili da fise da tíbia proximal. B e e, Após a redução aberta e fixação interna.
CAPÍTULO 36 FRATURAS E LUXAÇÕES EM CRIANÇAS Gim

H!dlh@ ~ Fratura fisária com maior lesão ligamentosa. A, Fratura não desviada de Salter-Harris do tipo IV. B, Radiografia por
estresse mostra a fratura-lu xação e abertura da linha de articulação medial, o que implica na lesão do ligamento colateral medial. C,
No momento da redução aberta e fi xação interna.

ser loca lizada na porção méd ia da articulação ou


posteriormente.
• Eleve todo o fragmento fisário . Lave quaisquer restos, e
remova todos os tecidos moles como o periósteo de uma
fratura de modo que a redução não seja impedida .
•Reduza a fratura anatom icamente. Isso deve ser seme-
lhante ao fechamento de uma dobradiça, e se qualquer
tecido mole for aprisionado, o traço de fraturas não vai
fechar por completo quando o joelho for estendido. Após
a redução, observe a cong ru ência da articul ação e a
redu ção da fratura nas suas marg ens periféricas.
• Em uma fratura vertica l, insira os pinos transversais para
fixação. Como o paciente norma lmente é uma criança mais
velha, os pinos rosqueados, parafusos ou parafusos do osso
esponjoso podem ser utilizados. Em crianças mais jovens,
utilize pinos lisos transversal ou horizonta lmente.
•Irrigue a ferida abundante mente com solução sa lina, e
feche a ferida de modo habitua l. Ap lique um gesso de
H[êjii@E'll'lI!> Vista sagital do joelho que descreve o padrão da joelho fletido.
fratura epifisária. Fragmentos anterior e posterior da fratura são
mostrados.
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O gesso permanece no
local por 4 a 6 semanas. Em 2 semanas, uma janela é
As radiografi as podem fornecer um senso falso de segu- feita nela para remoção das suturas e troca de curativo.
rança em uma lesão que pode produzir deformidade e A suave mobil ização do joelho deve ser in iciada entre 4
in capacidade. e 6 sema nas, dependendo da idade da criança .

TÉCNICA ~
--~~~~~~----'~
FRATURAS METAFISÁRIAS PROXIMAIS
•Prepare o paciente e estenda o joelho no modo habitual.
Infle o torniquete.
DA TÍBIA
• Faça uma longa incisão parapatelar medial ou latera l, As fraturas desviadas da metáfise proximal da tíbia são motivo de
dependendo da localização da fratura. Realize a dissecção preocupação por causa da sua proxímidade com a ar téria tibial
do tecido mole abaixo da fratura, e exponha uma fratura posterior, como é o caso das fraturas da li.se da tíbia proxi mal, e da
amplamente. A lesão de Salter-Harris do tip o Ili ou IV em possibilidade de danificar a vasculatura da perna. As fraturas da
geral é uma fratura do tipo língua anteriormente com metáfis e proximal da tíb ia, especialmente as fraturas que não são
toda a tuberosidade da tíbia elevada e articul ada poste- desviadas, podem produzir, com ou sem uma fratura da fíbu la pro-
riorm ente . Faça a dissecção medial e latera lmente na ximal associada, uma defo rmidade valgo angular. As rad iografias
articulação até que a fratura fisária seja vista. Ela pode revelam um padrão de fratura não desviad a "galho ve rde" benigna
em uma cri ança de 3 a 8 anos de idade. Freq uentem ente, a frat ura
11111) PARTE XI FRATURAS E LUXAÇÕES EM CRIANÇAS

é tratada em um gesso de joelho fletido ou extendido e cicatriza sem separados leve a moderadamente na porção medial, como é a
intercorrências com alinhamento aparentemente satisfatório. Mais remoção do material interposto.
tarde, a tíbia é observada tendo uma angulação valgo significativa 6. A lesão fisária ocorre causando o fechamento prematuro da
em comparação com a tíbia oposta. Esse excesso de valgo pode não fise lateralmente, deixando uma fise aberta mediaimente com
ter sido evitável, e por esse motivo, os pais devem ser informados angulação valgo resultante.
no início do tratamento sobre a possibilidade dessa complicação. Como incidência, etiologia e prognóstico desta deformidade
Em que ponto a angulação valgo ocorre e por que isso ocorre são desconhecidos, a prevenção e o tratamento são controversos. As
são desconhecidos. Inúmeras explicações foram avançadas, no fraturas normalmente ocorrem entre a idade de 3 e 8 anos, quando
entanto, incluindo o seguinte: o valgo fisiológico normal está no seu máximo. Tratamos oito crian-
1. Estímulo do crescimento assimétrico da fise da tíbia proximal ças com essa deformidade, cujas idades variaram de 2 a 9 anos.
foi sugerido. Houghton e Rooker laceraram cirurgicamente o Semelhante a outras, temos certeza da causa exata da deformidade
periósteo proximal da tíbia mediaimente em animais e obser- ou como evitá- la. A fratura deve ser tratada de forma precisa, no
varam uma angulação valgo resultante. entanto. Em primeiro lugar, os pais devem ser alertados antes de o
2. Estímulo do crescimento assimétrico da metáfise medial pro- tratamento ser iniciado sobre a possibilidade de deformidade valgo.
ximal da resposta vascular assimétrica foi sugerido por vários Em segundo lugar, um gesso de perna estendida deve ser aplicado,
autores que postularam que uma resposta de cicatrização não e radiografias da tíbia fraturada e tíbia oposta devem ser tiradas com
equilibrada ocorre após a lesão na metáfise, causando um cres- frequência e comparadas. Se qualquer angulação valgo ocorrer, o
cimento do lado medial do tíbia maior que o do lateral. gesso deve ser firmado em uma posição corrigida. Recomenda-se
3. A fise da tíbia é estimulada mais ou por um maior período do redução, com o paciente sob anestesia geral, de qualquer fratura com
que a fise da fíbula, que pode ou não ter sido fraturada. Isso uma ruptura no córtex medial e até mesmo a mínima deformidade
causaria um efeito de constrição, com a tíbia crescendo mais valgo. Em terceiro lugar, os pais devem ser alertados de que uma
mediaimente do que a fíbula lateralmente, puxando a extremi- deformidade angular pode aumentar mesmo após o tratamento de
dade em urna posição valgo. gesso ser descontinuado e a cicatrização ser completa. Em quarto
4. A angulação valgo ocorre no momento da fratura. Muitas lugar, nós tentamos, quando apropriado, colocar a tíbia fraturada em
vezes, as radiografias dessas fraturas são tiradas em um gesso ligeiramente menos valgo do que a tíbia oposta.
com o joelho fletido e a angulação valgo não é aparente. As Das oito crianças que tratamos, a deformidade aumentou em
radiografias da extremidade contralateral não são tiradas para cerca de 12 meses após o tratamento. Em algumas, a deformidade
comparação, e a quantidade de valgo não é apreciada. Também melhorou espontaneamente para 3 anos após a lesão (Fig. 36-182).
foi sugerido que o apoio de peso antes da consolidação sólida Essa melhoria pode ter sido causada pela correção normal do valgo
da fratura pode ser causa da angulação valgo. fisiológico observada em crianças de 2 a 9 anos de idade. A órtese
5. O tecido mole, corno a pata de ganso, é interposto entre os foi benéfica em dois pacientes. A osteotomia proximal da tíbia para
fragmentos, prevenindo uma redução adequada e cicatrização deformidade significativa deve ser adiada, porque a deformidade
completa da fratura, que causa um estímulo exagerado da fise pode ser corrigida espontaneamente. A osteotomia corrige a defor-
no lado medial da tíbia, resultando em crescimento excessivo midade, mas também pode estimular o lado medial da tíbia e fazer
e deformidade valgo (Fig. 36-181). A redução aberta é reco- a deformidade se repetir depois, como observado em algumas de
mendada, especialmente quando os fragmentos da fratura são nossas crianças.
Alguma correção espontânea ocorre na maioria das crianças.
A órtese pode aumentar a correção natural do geno valgo fisiológico.
A osteotomia da tíbia proximal deve ser realizada somente para a
deformidade significativa e deve estar relacionada com a idade da
criança, o va lgo normal fisiológico, a quantidade de deformidade,
cosmese e a percepção dos pais do problema. Menos de 12 graus de
aumento na angulação valgo (ângulo do fêmur e da tíbia) em uma
radiografia de pé em comparação com a perna oposta deve ser
tratada de forma conservadora. Se mais de 15 graus de aumento da
angulação estiverem presentes, uma osteotomia deve ser conside-
rada, mas com a advertência de que após a osteotomia, a deformi-
dade valgo pode se repetir.

REDUÇÃO ABERTA E REMOÇÃO


DO TECIDO INTERPOSTO
Se a interposição do tecido mole for fortemente suspeita
ou confirmada por radiografias com estresse em valgo
apropriadas e com espaçamento da fratura, e se a fratura
não é uma fratura por estresse, pode ser necessária
O[riil;fflEIII!D Abertura do espaço da fratura mediaimente mos- remoção cirúrgica dos tecidos, incluindo o periósteo e pata
trando que o periósteo ou tendões da pata de ganso poderiam de ganso, a partir de uma fratura.
ser interpostos.
CAPÍTULO 36 FRATURAS E LUXAÇÕ ES EM CRIANÇAS l@i:p@

H!ijii;f4El'IE!) Correção espontãnea da defor-


midade valgo. A, Fratura metafisária proxim al no
momento da lesão sem angulação va lgo ao ficar
em pé . B, Em 8 meses, a angulação valgo de 15
graus está presente. C, Em 16 meses, alguma cor-
reção espontânea da angulação ocorreu. D, No
acompanhamento de 2 anos, a angulação va lgo
quase desapareceu.

----------~
TÉCNICA • Deslize um elevador periosteal sob os tecidos interpostos,
e extra ia-os da fratura. Segure o periósteo de volta com
(WEBER ET AL.) o afastador (Fig. 36-183( e D), e irrig ue a fratura.
• Suture o periósteo e os tendões da pata de ganso nas
suas posições originais, se possível.
• Coloque o paciente em decúbito dorsal na mesa de cirur- •Observe a fratura antes do fec hamento para garantir que
gia, e prepare e estenda a área envolvida no modo ha bi- o espaço seja f echado e que nenhuma interposição do
tual. Aborde o local da fratura mediaimente através de periósteo ten ha ocorrido.
uma incisão vertical de 6 cm . • Feche a ferida em camadas, e apl ique gesso longo gesso
• Realize a dissecção do tecido mole abaixo da superfí- de perna estendida.
cie medial da tíb ia, e id ent ifi que a fratura. Observe
que o periósteo é arrancado da superfície medial da CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Radiografias de ambos
t íbia e, junto com os tendões da pat a de ganso, é os membros inferiores em t otal exte nsão devem se r
aprisionado no espaço da fratura transversal (Fig . feitas pa ra garantir que nenhum aumento de va lgo
36-183A e B). Limpe tod os os resto s da fratura, estej a presente na t íbi a lesionada em comparação co m
in clu indo o hematoma. a tíbia oposta.
PARTE XI FRATURAS E LUXAÇÕ ES EM CRIANÇAS

A B

e D

O@ll;MEillll!) Técnica de Weber para remover o tec ido mole da fratura metafisária proximal. A, Expos ição da fratura. B-D, Remoção
dos tendões da pata de ganso e periósteo da fratura com elevador periostea l e afastador. VEJA A TÉCNICA 36-47.

FRATURAS DA DIÁFISE MÉDIA E DISTAL relatos indicam que algum a correção espontânea ocorre indepen-
DA TÍBIA denteme nte da idade da cri ança.
Por causa da possibilidade de síndromes de compartimento,
As fraturas da diálise da tíbi a, com ou sem fraturas da fíbula asso- ambos os ossos da fratura da extremid ade inferior não devem ser
ciadas, normalmente podem se r tratadas por redução fechada e tratados casualmente. Se a lesão vascular for suspeita, uma síndrome
imobilização. Isso também se aplica às fraturas metafisárias da tíbi a do compartimento anteri or pode estar se desenvolvendo; um cura-
distal. Em um a grand e sé rie de fraturas do eixo da tíbia tratadas co m tivo de tecido mole deve se r aplicado em vez de um gesso circul ar,
gessos acima do joelho, (1) encurtamento inicial de 10 mm fo i e a extremidade deve ser monitorada co m um cateter medid or de
compensado totalmente ou parcialmente por aceleração do cresci- pressão ou algum outro dispositi vo de medição da pressão do com-
mento; (2) leves deformidad es varo co rrigidas es pontaneamente; (3) partimento adequado. Se o inchaço for extremo, e a síndrome do
deformidade va lgo e angu lação posterior persistiram até certo compartimento antecipada, um fixador extern o pode ser utilizado
ponto; e (4) defo rmidades rotacionais persisti ra m, especialmente a para es tabilizar a fratura. O tratamento de iminente e síndromes do
rotação interna. comparti mento estabelecidas estão desc ritos em out ros lugares
Em geral, as fraturas transversais isoladas não deslocam cedo (Capítulo 48) .
ou tard e, enquanto estão no aparelho de gesso, mas as fraturas espi - As indicações para o tratamento cirúrgico das fraturas da tíbi a
rais e oblíquas têm tend ência a luxação em varo por 2 semanas após e da fíbul a em uma criança são:
a lesão e exigem acompanh amento cuidadoso. As fraturas man ipu- 1. As fraturas qu e não podem ser gerenciadas por métodos fecha-
ladas em 2 semanas foram encont radas sendo ainda ligeiramente dos, como as fra tu ras em uma criança com uma lesão na
maleáveis, mas as fraturas deixadas por 3 semanas não são. Uma cabeça, em bora a cirurgia para as frat uras da tíbia e da fíb ul a
fíbu la intac ta pode agir como uma tala, produzindo um momento pareça se r menos frequentemente necessária do qu e para as
de flexão que res ulta em angu lação varo. A angul ação (recu rvatum) fraturas do fêmur.
posterior das fraturas metafisá rias da tíbia distal pode ocorrer, es pe- 2. As fraturas da tíbi a abertas, que devem se r tratadas corno
cial mente quando o tornozelo for mantido em dorsiflexão. emergências com irrigação e desbridamento. Se o da no ao
Foi relatado que a correção espontânea da deformidade tec ido mole é exte nsivo, um fixa dor externo é utilizado como
angular após as fraturas da tíbia ocorre em menin os de até 10 anos em ad ultos. Deve-se ter cuidado para não cru zar a lise co m
de idade e em meninas de até 8 anos de idade; no entanto, outros pinos ao aplicar o fixa dor.
CAPÍTULO 36 FRATURAS E LU XAÇÕES EM CRIANÇAS 4Jm

H@ih!jll?IED Pseudoartrose da tíbia e fíbula na criança. A e B, Pseudoartrose antes do tratamento. C, Radiografia por estresse
mostra ndo o movimento na fratura . D e E, Conso lid ação precoce após o enxerto ósseo e fi xação da placa de compressão .

3. As pseudoartroses de fraturas da tíbia, que são raras em crian- fratura se necessário para a redução adequada da fratura. As hastes
ças, são provavelmente mais sé rias e mais difíceis de gerenciar Bailey-D ubow ou Mancy, Ender, ou maiores hastes intramedulares
do que em adultos. Tratamos várias crianças com pseudoartro- podem ser utilizadas, mas o canal medular da tíbia deve ser medido
ses óbvias da tíbia sem outra anomalia patológica ou congênita cuid adosam en te, porque a menor haste intramed ular comercialmente
em que a fixação interna e enxerto ósseo foram necessários para disponível no momento é de 7,0 mm. As complicações relatadas após
conseguir a consolidação (Fig. 36-184). as hastes int ramedulares de fraturas da tíbia em crianças incluem
A sup osição geral de que m esmo as fraturas diafisárias abertas complicações neurovasculares (80%), infecção (8%), consolidação
de graus II e III em cri anças cicatrizam rapidamente fo i refutada em viciosa (8%) e discrepância no comprimento da perna (4%).
um a grande série destas fraturas : 55% tiveram consolidação primá-
ria, 30% tiveram retardo de consolidação, 7,5% foram classificadas
como pseudoartrose, e 7,5% (todas com fraturas de Gustil o de gra u HASTES INTRAMEDULARES ESTÁVEIS
IIIC) precisara m de amputação cedo. Os mesmos fato res que pre- E ELÁSTICAS DA FRATURA DA TÍBIA
dispõem essas complicações em adultos (grau de luxação, com inu -
~
ção, dano ao tecido mole e remoção peri osteal) também co ntribuem TÉCNICA ---~~~~~~~~~
para a consolidação e pse ud oartroses consolidadas tard ias em crian-
ças. As incidênci as relatadas de síndrome do co mpartimento, lesão (O'BRIEN, WEISMAN, RONCHETTI, ET AL.)
vascular, infecção e retardo de consolidação são semelhantes às dos
adul tos. Duas complicações são únicas às crianças: defo rmidades •Após a indução da anestesia gera l e colocação de um
angul ares e crescimento excessivo da tíbia. torn iquete bem acolchoado na coxa proximal, prepare e
As hastes in tram edul ares podem ser indicadas por causa de estenda a perna afetada. O torn iquete normalmente não
um a incapacidade de ob ter ou manter a redução em uma criança é inflado.
mais velha ou para múltiplas fraturas patológicas em um a criança • Com o uso de fluoroscopia, marque na pe le um loca l da
jovem, como ocorre em osteogê nese imperfeita ou pseudartrose fratura, a f ise da tíb ia proximal e os pontos de início para
congênita da tíbia. As indicações em constante expansão para hastes entrada da haste. O ponto de início para o orifício de
intramedulares do fêm ur em crianças foram extrapoladas para as entrada da haste é 1,5 a 2,0 cm distal à fise .
hastes da tíbia, e as fraturas da tíbi a em crianças com apenas 4 anos • Faça in cisões latera is longitud inais 2 cm sobre a metáfise
de idade foram tratadas com hastes intra.medu lares flexíveis. Uma proxima l da tíb ia imed iatamente proximal aos pontos de
análise retrospec tiva das fraturas da tíbia em 31 pacientes com fises início.
abertas descobriu tempos menores para consolidação e melhores •Selecione duas hastes dimensionadas de forma apro-
resultados fun cionais para aq ueles tratados com has tes intra.medu- priada (2, 3, ou 4 mm) com base na largura do cana l
lares do que os tratados com fixação externa. medu lar, escolhendo o maior diâmetro possível das hastes
Se as hastes intra.medulares forem feitas, as fises proximal e que vão se encaixar no canal medular; por exemplo, se o
distal, se abertas, devem ser evitadas. As hastes intram edulares foram cana l mede 6 mm, utilize duas hastes de 3 mm.
relatadas como sendo bem-sucedidas em estabili zar as fraturas grave- •As hastes vêm com uma ponta romba cha nfrada. Dobre a
mente cominuídas da tíbia de modo que a consolidação é obtida sem ponta da haste para 4 5 graus a fim de facilita r a passagem
deformidade angular. Se possível, as técnicas fechadas de inserção da ao longo do córtex oposto e auxílio na redução da fratura. )
haste devem ser utilizadas, com urna pequena incisão sobre uma
llllliD PARTE XI FRATURAS E LUXAÇÕ ES EM CRIANÇAS

H@ll;b)m Fraturas fisárias de Salter-Harris do tipo li são


produzidas por rotação externa, abdução e forças de flexão plantar.

H@li;f4El'1E9 Fratura aberta de grau li em um menino de 7


anos de idade. A e B, Radiografias pós-operatórias anteroposterior
e latera l de tíbia e fíbu la. (De O'Brien T, Weisman DS, Ronchetti P, et ai:
Flexible titanium nailing for the treatment of the unstable pediatric tibial
fracture, J Pediatr Orthop 24:601, 2004.) VEJA A TÉCNICA 36-48.

O@ll;b)E?!IED Fraturas de Salter-Ha rr is dos tipos Ili e IV são


•Contorne todo o comprimento da haste para uma curva produzidas por forças de ad ução (supinação-inversão).
)
suave tal que o ápice vai ficar no ou próxi mo ao local da
fratura após a redução. A profundidade da curva deve ser
de aproximadamente três vezes o diâmetro do cana l para
da haste f iquem profundas à fáscia do compartimento,
obter um equi líbrio ideal entre a faci li dade de inserção e
mas estejam protusas o suficiente para fáci l recuperação .
estabilidade.
•Feche as feridas com um fio absorvível e subcuticu lar e
•Utilize uma broca de 0,5 cm maior do que a haste em
aplique um gesso curto de perna.
um tecido mole da margem para criar o orifício de
entrada, confirmando-o com fluoroscopia em ambos os
planos anteroposterior e lateral. Tome cu idado para evitar
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O apoio de peso é ini-
ciado quando a evidência de calo está presente, normal-
o tubércu lo da apófise da tíbia.
mente em cerca de 5 semanas. As hastes são removidas
• Perfure o orif ício no ponto médio da dimensão antero-
em 6 a 12 meses após a fratura; nenhuma imobil ização
posterior, começando perpendicular à fise . Sob orienta-
é necessária após a remoção da haste.
ção fluoroscópica, incline a broca em sentido caudal até
45 graus a partir do longo eixo da tíbia, tomando cuidado
para não perfurar o córtex ou migrar para uma f ise.
• Coloque a haste pré-curvada em um dispositivo de inser- FRATURAS EPIFISÁRIAS DA FÍBULA E TÍBIA
ção e insira-a a partir do lado oposto à luxação distal de DISTAIS
forma anteróg rada .
•Sob orientação fluoroscópica, deslize a haste ao longo do Carothers e Crenshaw descreveram o mecanismo de lesão das fra-
córtex oposto até que a fratura seja atingida. turas fisárias distais da tíbia utiliza ndo um a classificação de abdução,
•Reduza a fratura e avance a haste através da fratura . rotação externa e flexão plantar; adução; e compressão axial. A
Incorpore a haste na metáfise da tíbia distal sem violar o abdução, rotação externa e flexão plantar frequentemente produzem
córtex ou a fise. fraturas fi sárias de Salter-Harris do tipo I ou II (Fig. 36-186); a
•Coloque a segunda haste do outro lado de uma maneira adução produ z fraturas do tipo III ou IV (Fig. 36- 187); e a compres-
semelhante. são axia l produz fraturas do tipo V. Neste estudo original, nós revi-
• Se necessário, gire as pontas dobradas das hastes após samos 100 fraturas do torn ozelo em crianças. As mais comuns foram
passar o local da fratura para efetua r uma redu çã o anatô- as fraturas de Salter-Harris do tipo II (26). As fraturas do tipo III
mica, tomando cuidado para não distrair o local da fratura . foram mais comuns do qu e o previsto (19), e as fraturas do tipo I
• Dobre as extremidades da haste proximal e corte-as 1 cm (nove) e fraturas do tipo IV (seis) foram relat ivamente raras. Além
a partir da superfície cortical de modo que as extremidades disso, estud amos seis fraturas triplanas e seis fraturas de Tillaux. O
restante eram fraturas distais da fíbula, e todas eram fraturas de
CAPÍTULO 36 FRATURAS E LUXAÇÕES EM CRIANÇAS

O[dii@EIII'l'E) A redu ção aberta da fratura


de Salter-Harris do tipo 1. A, Antes do trata-
mento. B, Após a redução fechada, angulação
residual é de 17 graus nesta criança mais velha.
C, Após a redu ção aberta e fixação interna com
pinos lisos, o retalho de periósteo foi encontrado
preso na fratura. D, No acompa nhamento inicial,
nenhuma evidê nci a da ponte óssea é vista.

Salter-Harris do tipo I ou II, exceto uma fratura de Salter-Harris do


tipo IV. A maioria das fraturas da fise da fíbu la ocorre em conjunção
com fraturas distais da tíbi a; as fraturas de Salter-Harris do tipo III
norm almente são lesões isoladas.
As fraturas fisárias da fí bula são tratadas por 3 a 6 semanas
em um gesso de perna curta. As fraturas de Salter- Harris dos
tipos I e II da fise distal da tíbia norm almente são tratadas por
redução fec hada e aplicação de gesso longo co m o joelho fletido.
Em crianças jove ns, pode ser aceita luxação mod erada após a
redução fechada, especialmente no plano anteroposte rior. A
ang ul ação varo ou valgo em crianças mais ve lh as com fraturas do
tipo I ou II não corrige espontaneamente, no entanto, e a ang ula-
ção excessiva não deve ser ace ita (Fig. 36- 188) . Como o pé tem
pequ ena tolerância a essas posições, o resultado é inaceitável. Dois
de nossos pacientes tiveram redução aberta, porque tal deformi- O@ilm.iEI'll:Im> Fi xação do parafuso esponjoso na espícula meta-
dade não poderia se r reduzida fechada (Fig. 36-189). Os espaços fi sária da fratura de Salter-Harris do tipo li.
residuais na fise após a redução fechada de fraturas de Salter-Harris
dos tip os I e II podem rep resentar periósteo apris ionado, que
podem leva r ao fec ham ento prematuro fisário. A red ução aber ta A maioria das fraturas de Salter- Harr is dos tipos III e IV, as
e rem oção do periósteo aprisionado podem ser benéficas em uma triplanares e fraturas de Tillaux exigem RAFI. Os métodos de fixação
criança mai s jovem. intern a incluem pinos lisos ou fios se a fise tiver sido cruzada, para-
Em uma série de 91 fra turas fisárias distais da tíbia de tip os I fusos can ul ados esponjosos e, mais recentemente, parafusos bio-
e II, Rohmiller et ai. relataram fechamento prematu ro fisário em absorvíveis. Os parafusos bioabsorvíveis têm a vantagem de não
40%. Eles encontraram um a diferença nas taxas de fec hamento pre- precisar de segu nda cirurgia para remoção, mas deve-se ter cuidado
maturo fisário entre as fraturas ca usadas por um mecanismo de para não danificar a fise durante a sua inserção. A qu antidade de
supinação-rotação externa (35%) e aqu elas causadas por um meca- luxação ace itável para tratamento fechado não foi definida. Se, após
nismo de pronação e abdução (54%). O indicador mais signifi cativo a redução fec hada, o ciru rgião acreditar qu e a quantidade de luxação
do fechamento prematuro fisário não era a luxação inicial da fratura, puder ser reduzida cirurgicamente, RAFI estará justificada (Fig.
mas a luxação de pós-redução. Depois é recomendada a redução 36-190). A ciru rgia tradicionalmente fo i recomendada para 2 a 3
anatômica, independentemente do método de tratamen to, para mm ou maior luxação. Mais recentemente, fo i sugerida luxação de
dimi nuir o risco de fechamento prematuro fisá ri o. mais de 1 mm co mo um a indicação para redução anatômica para
~ PARTE XI FRATURAS E LUXAÇ ÕES EM CRIANÇAS

e
O[ril!;tijlD) A e B, Rad iograf ias anteroposter iores da fratura desviada de Salter-Harris do tipo Ili do maléolo medial e fratura de
Salter-Harris do tipo 1 do maléolo lateral. C e D, Após a redu ção aberta e fixação inte rn a da fratura do maléolo medial com parafuso
rosqueado através da epífise.

B IV (F ig. 36- 192). No mom ento da redu ção aberta, remove mos esse
pedaço de osso para ver m elhor a fise e tentar prevenir a formação
d e uma ponte óssea periférica nesta área. Os centros d e ossificação
sin tomáticos no maléolo medial não devem se r confu ndidos com
fratura s de Salter-Harris do tipo III .
É m elhor não cru za r a fise com qualqu er tipo de pino a m enos
que absolutamente necessá rio para fixa ção a fim de minimi za r o
ri sco de uma ponte óssea se desenvolve r onde os pinos cru zam a
fise. O ane l pericondral pode ser avulso nesta área, tal como a partir
da fis e fem oral distal, da m enor fratura ou lesão li gamentar ou outras
lesões e pode causar parada periférica do crescimento com d efo rmi-
dad e angu lar resultante.
Das no ssas 100 fratu ras do tornozelo, o res ultado foi ruim em
Htdlhf4Eilm) Fraturas fisárias distais da tíbia. Diferença no quatro lesões da tíb ia do tipo III e uma lesão da tíbia do tipo IV por
ponto de entrada e d ireção do parafuso entre a posição id ea l (A) causa d a deformidade varo ou valgo secundária à pa rada do
e a posição observada (B) . (Redesenhado de Cutler L, Molloy A, crescimento e uma lesão d a tíbia do tip o II por causa d a refratur a .
Dhu ku ram V, et a i: Do CT scans aid assessment of di stal t ibi al physea l A osteotom ia supramaleolar foi necessária em duas lesões.
fracture s? J Bane Joint Surg 868 :239, 2004.) O d ese nvo lvimento d e um a linha escleróti ca d e perturbação
d o cresc im ento qu e ap arece d e 6 a 12 se m anas a pós a fratur a foi
sugerido como preditor d e parada do c resc im ento a partir da pre-
sença da luxação da linh a. Se a linha se es tende através d e to d a a
diminuir a formação da ponte óssea no local da luxação. Para a largura d a m e táfi se em ambos os pla no s, e se a linha co ntinu a r a
m aior parte, os padrões para luxação aceitáveis utili zan do técnicas crescer longe d a fise que permanece para lela a ela, a perturbação
de TC não foram refin ados ou defi nid os. A quantidade d e luxação, do crescim e nto provave lmente não ocorrerá. Uma ausência desta
a extensão da com inu ção e a colocação ad eq uada da fixação d o formaçã o e a luxação d a linh a pod em indi ca r o crescimento
parafuso (no ângu lo reto para os fragmentos da fratura) podem se r anorma l que vai re sultar e m a ngulação va ro ou valgo. Letts et a i.
determinadas (Fig. 36-191). propusera m a cl ass ific ação d e fratura s pilão p ediátricas seme-
As fraturas d e Salter-H a rris d os tipos III e IV são quase lh an tes à cl assificação do adulto, ma s alterara m -na p ara incluir a
sempre medi a is e ocorrem no plafo nd , com a exceção das frat uras luxação d a sup erfíc ie ar ticul a r d e mais d e 5 mm e luxação fi sár ia
d e Tillaux e triplana. Muitas vezes, um pequeno ped aço tri angular (Tabela 36-7). Essas fr aturas dos tipo s II e III parece m m ais
de osso está presente no lado metafi sário em um a fratura d o tipo graves e envolver cominução da superfíc ie articular e de ve m ser
CAPÍTULO 36 FRATURAS E LUXAÇÕES EM CRIANÇAS

O@ihhi!Ilm A, Fratura de Salter-Harris


do tipo IV do ma léo lo medial. B, Após a
redução aberta e fixação interna com para-
fusos esponjosos rosqueados na metáfise e
epífise, evitando a fise .

36-'f . Classificação Pediátrica da Fratura Pilon

LUXAÇÃO DA SUPERFÍCIE ARTICULAR


TIPO (mm) LUXAÇÃO FISÁRIO (mm) COMINUIÇÃO LESÕES ADJACENTES
>5 Nenhum Nenhum Nenhum
li >5 <5 2-3 fragmentos Nenhum
Ili >5 >5 Mú ltiplos Fratura da diáfise ipsilateral
fragmentos da tíbia e/ou lu xação do
tornozelo
De Letts M, Davidson D, McCaffrey M: The adolescent pilon fracture: management and outcome, J Pediatr Orthop 21 :20, 2001 .

consideradas mais complexas do que as fraturas de Salter-Harris a dissecção do tecido mole abaixo da fratura. Limpe tud o
dos tipos II, III e IV e fraturas triplanares. do tecido mole da área, mas preserve o periósteo se pos-
Os acidentes co m veícul o a m otor de alta ve locidade ou lesões sível. Expon ha suavemente a fratura. Remova qualquer
do cortador de grama muitas vezes produzem fraturas graves expos- tecido mole interposto de dent ro da fratura, em especial
tas do tornozelo. Essas lesões podem envolver a fise distal da tíbia; o periósteo e pequenos fragmentos ósseos.
um a fratura por cisalhamen to do corpo do tálus também pode estar • Exponha a arti cu lação do tornozelo anteriormente, e com
presente. O resultado é a parada fisária e rugosidade da articulação. o auxílio de um suporte de osso, reduza a fratura anato-
Após uma fratura expos ta, a infecção pode desenvolver-se. Os fixa- micamente. Se a fratura for de Salter-H arris do tipo IV
dores externos podem ser utili zados no gerenciamento inicial até com uma pequena espícula metafisária, re mova a espí-
que a ferida seja lim pa. A ressecção da ponte óssea e osteotomia para cula para ver melhor a redução e prevenir uma ponte
deformidade angul ar podem se r necessárias depois. Se a infecção se óssea posterior na periferia.
desenvolver ou o envolvimento da articul ação for grave, a artrodese • Insi ra pequenos pinos lisos para lelos de Stein mann hori-
do tornozelo pode se r necessária (Fig. 36-193). No momento da zontalmente através da fratura. Não cruze a fise a menos
artrod ese, a fise deve ser preservada, e os grampos de co mpressão que necessário. Utili ze um parafuso canu lado ou espon -
devem ser utilizados para acelerar a fusão. Um enxerto ósseo ilíaco joso se desejado, garantindo, no entanto, que os f ios não
interposto pode ser utilizado (Capítulo 11). dan ifiquem a fise e o parafuso esteja horizontal através
da fratura (Fig . 36-194). Verifique a redu ção e a co locação
do pino ou parafuso com radiografias.
•Reduza manua lmente qua lquer fratura da fíbula.
REDUÇÃO ABERTA E •Feche a ferida, e apl ique um gesso longo com o joelh o
FIXAÇAO INTERNA fletido com o tornozelo na posição neutra.

-------~
TÉCNICA
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O apoio de peso não é
•Coloque o pacie nte em decúbito dorsal na mesa de cirur- permitido por 4 a 6 semanas, dependendo da id ade do
gia; prepare e estenda a área envolvida no modo habitual, paciente. Um gesso curto com suporte de peso é utilizado
e util ize um torniquete. por 3 semanas. Os pinos ou parafuso podem ser removi-
• Faça uma incisão reta longitudinal sobre o maléolo medial, dos em 6 a 8 se manas. Os parafusos bioabsorvíveis não
anterior e pouco lateralmente, para cerca de 4 cm. Realize exigem remoção.
MGpt$ PARTE XI FRATURAS E LUXAÇ ÕES EM CRIANÇAS

O@il;@E?lm Grave lesão f isária causada por um cortador de grama . A, Grave


lesão com perda do domo ta la r e parte da tíbia distal e separa ção da fise d istal
da tíbia. B e C, No momento da artrodese de compressão utilizando o grampo de
D
com pressão triangular de Calandruccio. D, Fu são só lida co m a fise ainda aberta.

de lesões consistind o em três fragmentos: (1) a porção anterolate-


ral da epífise distal da tíbia, (2) o restante da epífise (porções
anteromedi al e posterior) com um a espícula anexad a posterolate-
ral da metáfi se distal da tíbi a, e (3) o restante da metáfise distal da
tíbia e da di áfise da tíbi a.
Foi relatado que a fra tura triplanar teri a duas partes em vez
de três partes. É causada por uma fo rça de rotação externa, e se for
uma fratura de três partes, será considerada uma combinação das
fraturas de Salter-Harris dos tipos II e III. Se for um a fratu ra de duas
partes, ela será um a fratura de Salte r-Harr is do tipo IV (Figs. 36- 195
e 36-1 96). Vários autores sugeriram o uso de cortes tomográficos
para determinar a qu antidade de luxação. A avaliação por TC fo i
recomendada, porque as simples radiografi as sozinhas não mostram
O!§i!;tjEl'lm) Fratura de Salter-Harris do tipo Ili ou IV deve ser a configuração da fratur a precisamente. Foi relatado qu e a RM
fixada por pinos horizonta is o u parafusos de osso espo njoso não forn ece detalhes e info rmações superiores às simples ra diografia s.
envo lve ndo a f ise. VEJA A TÉCNICA 36-49. No rm almente, a redu ção fec hada pode ser alcan çada por ro tação
interna do pé e imobil ização em um gesso longo. Se a redução
fechad a não puder ser alcançada, RA FI estará indicad a. Quando a
redução adequada ( <2 mm de luxação) não é alcançada, podem
FRATURAS TRIPLANARES ocorrer alterações degenerativas. Por causa do padrão de fratura
complexo e grandes frag mentos, essa fratu ra não é fá cil de reduzir,
As fratur as triplanares são causadas por um a fo rça de rotação e a dissecção extensiva é muitas vezes necessári a para obter a
externa e são considerad as um a combinação das fr aturas de Salter- redução. Se for uma fra tu ra de três pa rtes, a redução aberta dos
-Harris dos tipos II e III. Marm or primeiro cunhou o termo comp onentes de Salter- Ha rris do tipo II e tip o III pode ser neces-
''fra tura triplana da parte distal da tíbia" em 1970 em sua desc rição sária ass im como a exposição adequada. As fr aturas triplanares
CAPÍTULO 36 FRATURAS E LUXAÇÕES EM CRIANÇAS

O[iji@iE?lm Fratura triplana distal da tíbia . A, Visão


anteroposter ior mostrando a fratura tr iplana . B, Visão lateral
da fratura de Sa lter-Harris do tipo IV (duas partes da fratura
de três partes, tipo li mais tipo Ili) . C, Após a redu ção aberta
e fixação interna . D, Resultado satisfatório em 2 anos.

e parada fisária. Quando uma redução aberta desta fratura intra-arti-


cul ar é necessária, ela normalmente é uma fratura de três partes.
Aproximamos o componente de Salter-Harris do tipo III lateralmente.
Se a redução aberta adeq uada puder ser alcançada, o componente de
Salter-Harris do tipo II (med iaimente) poderá ser tratado fechado; se
não, ambos os componentes exigirão redução aberta.

REDUÇÃO ABERTA E FIXAÇÃO


INTERNA
~
TÉCNICA
--~~~~~~~-'~
(DIAS E GIEGER ICH)
B
•Faça uma incisão medial long itudina l sobre a área meta-
fisária distal da tíbia abaixo da articu lação do tornozelo.
O@ii@E.I!lm A, Exemp lo da fratura triplana de dois fragmen- •Exponha os fragmentos da fratura, mas não faça a res-
tos, que é a fratura de Salter- Harris do t ipo IV. B, Exemplo de
secção de qualquer periósteo. Exam ine o espaço da
fratura triplana de três fragmentos, consistindo em fraturas de
fratura, e assegure que nenhum periósteo seja invertido
Salter-Harris dos tipos li e Ili.
para ele . Reduza o fragmento metafisário.
•Se a redu ção não for anatômica, não uti lize fixação
frequentemente ocorrem em crianças ma is velhas, e embora a parada interna neste momento, mas prossiga para o fragmento
fisá ria e deformidade angu lar possam ocorrer, elas são raras. lateral. Se a redu çã o for satisfatória , no entanto, insira
A técnica cirúrgica para fraturas triplanares depende se é uma dois parafusos esponjosos paralelos e transversais através
fratura de duas partes ou de três partes. A maioria das fraturas de do fragmento metafisário. A fratura trip lana agora foi
dois fragmentos trip lanas pode se r tratada por redução fechada. convertida para a fratura de Tillaux ou a fratura de Salter-
A redução fechada deve ser satisfatória, porque essa é uma fratura Harris do tipo Ili lateralmente. )
de Salter-Harris do tipo IV com possível incongruência da articulação
PARTE XI FRATURAS E LUXAÇÕ ES EM CRIANÇAS

anterior, causando avulsão da li.se distal da tíbia anterolateralmente


•Faça uma incisão anterolatera l longitudinal, exponha o
) (Fig. 36-198). Isso ocorre após a parte medial da li.se ter se fechado
fragmento latera l, e reduza-o anatomicamente, garan-
tindo que nenhum periósteo seja preso dentro da fratura. (Fig. 36- 199), mas antes da parte lateral se fechar. A fratura resul-
tante através da li.se atravessa a epífise e distalmente a articulação,
•Insira pinos lisos transversalmente através da fratura, ou
utilize um parafuso de osso esponjoso ou bioabsorvível, criando uma fratura de Salter-Harris do tipo III ou IV. Se não des-
assegurando que os fios não danifiquem a fise (Fig . viada, essas fraturas podem ser tratadas de forma conservadora com
36-197) observação rigorosa para garantir que a pseudoartrose ou retard o
•Confirme a redu ção, inspecionando a articu lação. Além de consolidação não ocorra. Se houver qualquer dúvida, no entanto,
disso, confirme a redução e a colocação dos pinos por a fixação interna deve ser utili zada. RAFI é indicada se a fratura for
radiografias . desviada (Fig. 36-200) . A luxação de mais de 2 mm geralmente é
•Feche as feridas, e apl ique gesso de perna longa. considerada uma indicação para redução e fixação da fratura .
O fragmento da fratura, porque ela é puxada por fora pelo
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O apoio de peso não é ligamento tibiofibular anterior, é quas e sempre anterior, e a fíbula
permitido por 8 semanas. Em 6 semanas, o gesso longo não precisa ser osteotomizada ou "tirada de baixo" para expor um
ou curto poderá ser removido. Os pinos são removidos fragmento da fratura. Em uma criança, utilizando a abordagem de
em 8 semanas, se necessá rio. Os pa rafusos bioabsorvíveis Gatellier (Capítulo 1), osteotomizamos a fíbula e, enquanto puxá-
não exigem remoção. vamos distalmente, criamos uma fratura de Salter-Harris do tipo
I na li.se distal da fíbula. Essa abordagem deve ser evitada em
crianças, e é desnecessário aqui, porque a fratura pode ser vista
anter iormente de modo adequado. Em geral, as fraturas de Tillaux
ocorrem em adolescentes pouco antes de toda a li.se (não im edia-
FRATURAS DE TILLAUX tamente a parte medial) se fechar, e houve pouca preocupação
sobre utili zar a fixação do parafuso através da li.se como na Figura
Uma fratura especial que ocorre em adolescentes mais velhos origi- 36 -201. Se a criança for jovem ou se houver qualquer dúvida, os
nalmente foi descrita por Tillaux. O mecanismo de lesão é uma força pinos lisos ou um parafuso transversal através da epífise devem ser
em rotação externa com estresse colocada no ligamento tibiofibular utili zados como na Figura 36- 194.

O@il;f4m Exemplo de fratura triplana com pico metafisá-


rio medial e fratura lateral de Tillaux, ambas fixadas com parafu- mê(ll;MID> Fratura de Tillaux. Ver a Figura 36-198 para
sos transversais. VEJA A TÉCNICA 36-50. mecanismo de lesão.

H@ii;M ~ Mecanismo de lesão na fratura de Tillau x. A, Fechamento da fise em criança mais ve lha mediaimente, mas ainda aberto
lateralmente. B, Força de rotação externa causa avulsão do ligamento tibiofibular anterior da fise anterolateralmente. e, A avulsão
produz a fratura de Salter-Harris do tipo Ili, porque a parte medial da fise é fechada .
CAPÍTULO 36 FRATU RAS E LUXAÇÕ ES EM CRIANÇAS iij@M

h!§l!;t.) ~ Fratura de Tillau x. A e B, Fratura aparentemente não desviada do tipo Tilla ux e Salter-Harris do tipo Ili. C, TC reve lando
lu xação significativa. D e E, Após a redução aberta e fixa çã o interna satisfatórias.

A B e
h@ii;HEI!ll!D Redu ção percutânea e fixação da fratura desviada de Till aux. A, Incisão da pele. B, Pino de Steinmann utilizado para
reduzir a fratura. C, Enquanto a fratura é mantida reduzida com o pino de Steinmann, o fio de Kirschner é inserido no fragmento e
através da fratura. VEJA A TÉCNICA 36-52.
PARTE XI FRATURAS E LUXAÇÕ ES EM CRIANÇAS

REDUÇÃO ABERTA E
FIXAÇAO INTERNA
TÉCNICA _____ ___,~

• Exponha a fratura do tipo Ili ou IV anterolatera lmente


•Feche as ferida s, e apl ique um gesso de perna curta de
suporte de peso.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O gesso é utilizado por


6 a 8 sema nas. O pino é removido no momento de
remoção do gesso.
através da incisão anterolateral de 6 cm.
•Limpe suavemente e observe os fragmentos da fratura.
Tome cuidado para não tocar no periósteo, mas remo- FRATURAS DO PÉ E TORNOZELO
ve ndo-o de dentro da fratura.
•Utilize um suporte de osso para reduzir a fratura suave- FRATURAS DO TÁLUS
mente. Verifique a redu ção examinando o fragmento na
articulação do tornozelo . • FRATURAS DO DOMO TALAR
•Insira dois pinos lisos paralelos ou um pequeno parafuso As fraturas do tálus compreendem três tipos básicos: (1) fraturas do
esponjoso transversalmente através da fratura, mas não domo talar, (2) fraturas do corpo e domo talar e (3) fraturas trans-
penetrando a fise. condrai s ( osteocondrais).
•Verifique a redução com radiografias . É importante estar ciente do fornecim ento retrógrado do
•Feche a ferida, e ap lique um gesso longo com o joelho sangue, que está presente em um modo de alça em torno da cabeça
fletido. e colo talar. Esse fornecimento de sangue entra no osso em três
formas principais: (1) através do colo talar, (2) através do forame no
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O apoio de peso é proi- seio do tarso e canal do tarso, e (3) em profundidade no forame na
bido por 6 a 1O semanas. Quaisquer fios lisos subcutâ- superfície medial do corpo talar. Utilizamos a classificação da fratura
neos devem ser removidos em 4 a 6 sema nas, dependendo proposta por Hawkins, que é baseada na quantidade de rompimento
da idade da criança . do fornecimento d e sangue para o tálus. Uma lesão do tipo I é a
fratura através do colo do tálu s com mínima luxação e mínim o dano
ao fornecimento de sa ngue do tá lus, teoricamente d anificando
REDUÇÃ.9 PERCUTÂNEA apenas um vaso, aquele qu e entra através do colo talar. Em lesões
E FIXAÇAO INTERNA do tipo II, a articulação subtalar é subluxada ou luxada, e pelo menos
duas das três fontes de fornecimento de sangu e são perdidas através
Schlesinger e Wedge descreveram a técnica para redução do colo tal ar e entra ndo no canal do tarso e seio do tarso. Em lesões
percutânea e f ixação das fraturas de Tillaux que parecem do tipo Ill, o corpo do tálus é deslocado da tíbia e do calcâneo, e
ser satisfatórias quando o tratamento fechado não conse- todas as três fontes de fornecimento de sangue são interrompidas.
gue restaurar a su perfície articular. Nós preferimos um A incidência de osteonecrose é alta em fraturas do tipo III.
parafuso canu lado em vez de um fio de Kirschner ao utili- Descrevemos uma fratura do tipo IV que não está relacionada
zar essa técnica. com o fornecimento d e sa ngue, em que o corpo do tálus é luxado
ou sublm:ado na articulação subtalar, o corpo do tálus é desviado
TÉCNICA ~ na articulação do tornozelo, o colo talar é fraturado, e a cabeça do
'-"~~~~~~---'~ tálus é desv iada na articu lação talonavicu lar. A maioria das fraturas
(SCHLESINGER E WEDG E) em nossa série foi do tipo I, II, ou III.
Utilizamos o trata mento recomendado por Boyd e Knight.
•Com o paciente sob anestesia geral, real ize a redução A red ução fechada seguida por apoio suspenso de peso é o trata-
fechada da fratura com o auxílio da intensificação de m ento pre ferido para fraturas desviadas do tipo I levemente ou
imagem. moderadamente. Se uma redução adequada não puder ser obtida ou
•Aplique (mas não infle) um torniquete para o membro mantida, RAFI é recom endada. A redução de menos de 5 mm de
inferior a ser utilizado se a redução fechada fa lhar e a luxação e menos de 5 graus de m au alinhamento é considerada ade-
redução aberta for necessária. Prepare e estenda o pé e quada. A maioria das reduções fechada s é feita nas fraturas do tipo I.
tornozel o de modo habitual. Em fraturas dos tipos II, III e IV, a redução aberta com ou sem fixação
•Marque a pele entre a borda anterior do maléolo lateral interna é utili zada com frequ ência por causa da dificuldade de manter
e fibular terceiro que recobre o ligamento ta lofibular uma redução adequada por métodos fechados em fraturas significa-
anteroinferior (Fig. 36-201A). tivamente d esviadas. As fraturas expostas são tratadas por irrigação e
•Com o auxíl io da intensificação de imagem, insira um desbridamento, e a fixação interna é feita apenas o necessá rio para
pino de Steinmann de 2 mm em um fragmento da fratura estabilidade de redução. As feridas são deixadas abertas. As 12 crian-
e utilize-o para manipular o fragmento no local (Fig . ças em nossa série foram tratadas dessa maneira.
36-201 B) . Confirme a redução com intensificação de O mau alinhamento varo é um problema frequente. Uma
imagem. Se a redução fo r satisfatóri a, insira um fio de técnica radiográfica especia l é utilizada pa ra d eterminar a quanti-
Kirschner de 1,6 mm centra lmente no fragmento através dad e de a ngulação varo no plano anteroposterior. Um cassete é
da fratura (Fig . 36-201 C). Veri f ique a redu ção com inten- colocad o diretamente sob o pé, e o tornozelo é colocado em máxima
sificação de imagem. Se satisfat ória, remova o pino de posição eq uin o, a posição habitua l após a redução da fratura do colo
Steinmann; deixe o fio de Kirschner sa liente através da talar. Essa posição pode ser m antida mais faci lmente por máxima
pele, ou enterre-o imediatamente abaixo da pele. flexão do quadril e joelho. O pé está em pronação de JS graus, e o
tubo de raios X é direcionado cefálico em um ângu lo de 75 graus a
CAPÍTULO 36 FRATURAS E LUXAÇÕ ES EM CRIANÇAS G1m

iâ!iji!@II!E!D Varredura de osso 8 dias após a redução aberta


da fratura do co lo ta lar do tipo IV com luxação ta lonavicu lar
mostra a captação diminuída indicando a área de osteonecrose .

A maioria das crianças com osteonecrose não exige cirurgia, e, como


O!§lhMllll!D Linhas de Ha wki ns não é visível na cúpula tala resultado, deve-se experimentar um período prolongado de apoio
esclerótica (osteonecrose latente) 3 meses após a lesão. de peso ou o uso de um suporte de tendão patelar, a brace, aliviando
o peso antes de a cirurgia ser considerada. De acordo com recentes
relatos, as crianças com menos de 12 anos de idade tiveram melhores
resultados, e a osteonecrose tem um resultado mais favorável do que
em crianças m ais velhas.
partir do tampo de mesa horizo ntal. Essa técnica nos permitiu As consolidações viciosas das fraturas do tálus foram frequen-
detectar qualquer compensação ou deformidade varo da cabeça e tes em adultos; no entanto, apenas duas das 12 crianças tiveram
colo do tálus. consolidação viciosa. A consolidação viciosa normalmente ocorre
Para redução aberta, uma abordagem anteromedial é utilizada, com o fragmento distal dorsifletido ou em uma posição varo e com
retraindo o fe ixe neurovascular latera lmente. A fixação em geral é a fíbula virada mais anteriormente do que o normal. A maioria dos
com um parafuso esponjoso a partir de uma direção medial a lateral. nossos pacientes adultos suporta uma quantidade excessiva de peso
Como alternativa, um parafuso esponjoso interfragmentário pode na lateral do pé, e muitos desenvolveram a artrite traumática no
se r inse rido percutanearnente de posterior a anterior. tornozelo e articu lação subtalar. Por enquanto, as crianças ainda não
As complicações incluem osteonecrose do corpo talar, conso- tiveram esse problema.
lidação viciosa, artrite traumática do tornozelo e art iculação subta- Uma criança teve um a fratura exposta no colo ta lar e desen-
lar, e infecção. Uma lucência subcond ral presente 12 semanas após volveu drenagem e infecção significativas. Como o tálus é composto
a lesão (linha Hawkins) é uma indicação de que a osteonecrose não quase inteiramente de osso esponjoso, e como a fratura através do
vai ocorrer, mas isso não é um prognosticador absoluto. Por outro colo pode interromper seriamente o fornecimento de sangue, uma
lado, a fa lta de uma lucência subcondral em 3 meses indica que a osteomielite es tabelecida do tálus pode se r resistente ao tratamento.
osteonecrose ocorreu (Fig. 36-202), e a varredura do osso pode A sequestrectomia repetitiva ou a excisão e drenagem tentadas no
mostrar absorção diminuída, que também indica osteonecrose (Fig. trato do seio não são indicadas n a osteomielite estabelecida do
36-203). tálus. Os res ultados de talectomia sem fu são foram ruins. O trata-
Avaliamos todos os pacientes, crianças e adultos, para uma mento preferido para as fraturas do tálus complicadas pela infec-
linha de Hawkins a fim de determinar precocemente se a osteone- ção é a excisão do osso afetado seguid a por artrodese, m es mo em
crose estava presente. A osteonecrose não ocorreu em qu alquer crianças. As operações, quando necessárias, para osteonecrose,
paciente em que uma linha de Hawkins estava presente. Uma grande consolidação viciosa ou infecção incluem tripla artrodese (Capí-
porcentage m de pacientes em que a linha de Hawkins esteve ausente tulo 34), fusão do tornozelo (Capítulo 11) e fusão talocalcaneal
em 12 semanas desenvol ve u a osteonecrose. Alguns pacientes que (Capítulo 11), todas as quais produzem melhores resultados do que
foram imobilizados apenas por um curto tempo não tiveram uma a talectomia sozinha.
linha de Hawkins, no entanto, e não desenvolveram a osteonecrose.
Nem todos os pacientes que desenvolve ram osteonecrose precisa-
vam de tratamento cirúrgico. Alguns fi ze ram satisfatoriamente com
• FRATURAS DO DOMO E PROCESSO LATERAL
brace de sup orte do tendão patelar. Das 12 crianças, a osteonecrose DO TÁLUS
se desenvolve u em cinco, e todas as cinco cicatrizaram sem inter- As fraturas do domo e corpo do tál us são raras em crianças, mas
corrências. O processo de osteonecrose nessas crianças foi diferente oco rrem em lesões de corte, especialmente cortador de grama, raio
do processo em adultos. Eles desenvolveram uma lesão esclerótica da bicicleta e lesões de "desluvamento''. Muitas vezes graves, as lesões
no domo e corpo do tálus que se tornou um a lesão cística nas radio - de corte expostas dos cortadores de grama e outros equipamentos
grafias; durante um período de 2 a 3 anos, a área se resolveu, e tudo em elétricos exigem excisão de um a porção do tálus. A fer ida deve ser
um acompanhamento a longo prazo era assintomático (Fig. 36-204). irrigada, desbridada e deixada aberta; fec hamento tardio e enxerto
PARTE XI FRATURAS E LU XAÇ ÕES EM CR IANÇAS

O@ii;!ijl&) A e B, Fratura do colo do tipo Ili com luxação posteromedial em uma crian ça de 9 anos de idade . C, Após a redução
fechada e imobilização por gesso . D e E, Em 9 meses após a lesão, há evidência de cicatrização, mas a osteonecrose do tálus com alte-
rações escleróticas e císticas é evidente. F e G, Em 6 anos após a lesão, as fises ainda estão abertas, e alguma cicatrização de osteonecrose
do tálus ocorreu; o paciente não tem sintomas.
CAPÍTULO 36 FRATURAS E LUXAÇÕES EM CRIANÇAS Gmlll
de pele, se necessário, podem ser reali zados depois. O objetivo pri- • FRATURAS OSTEOCONDRAIS DO TÁLUS
mário do tratam ento é recuperar o comprimento e a função do pé Em nossa expe riência, os sintomas de fra turas talares osteocondrais
e torno zelo tanto quanto possível. Uma fratura grande do domo na maioria das vezes começam na segunda década de vida, suge-
talar não desviada e fechada ou frat ura do corpo pode ser tratada rindo que essa é uma lesão de adolescência que progride na vida
satisfatoriamente por métodos fec hados, especialmente em uma adulta precoce. ós utilizamos a classificação de Berndt e Harty:
cri ança, e bons resultados podem ser esperados. Se a fratura for estágio I, um a pequena área de compressão subcondral; estágio II,
bastante desviada, fo r intra -a rti cul ar e ap resentar um osso espon - um fragmento parcialmente solto; estágio III, um fragmento com-
joso anexado ao fragme nto, RAFI através de uma abordagem ante- pletamente solto restante na cratera; e estágio IV, um fragmento que
rior (Capítulo 1) normalmente será necessária. Apenas em alguns é solto e separado na articu lação (Fig. 36-206). As lesões medial e
casos, a osteotorn ia do maléolo medial é necessária para exposição. lateral parecem ocorrer com frequência quase igual, enquanto as
Deve-se ter cuidado para evitar a fise nessa área. Os parafusos espon- lesões centrais são raras.
josos oblíquos ou transversais inseridos através do corpo do tálus, A maioria das lesões laterais é causada por trauma. Morfolo-
normalmente sem osteotom ia maleolar medial, são todos necessários. gicamente, as lesões laterais são finas e em forma de wafer e se
Os menores fragmentos desviados muitas vezes podem ser removi- assemelh am às fraturas osteocond rais. A maioria das lesões mediais
dos e manipulados da mesma forma que os fragmentos osteocondrais. é profunda e morfologicamente em forma de taça, não se asseme-
As fraturas do processo lateral do tálus em crianças podem ocorrer lhando a uma frat ura traumática (F ig. 36-207).
com snowboard. Uma varredura por TC pode ser necessária para fazer
o diagnóstico quando a dor subtalar lateral persistente estiver pre-
sente. Os fragmentos não desviados podem ser tratados fechados.
Os gra ndes fragmentos desviados podem precisar de RAFI, enquanto
os pequenos fragmentos deslocados podem se r co rtados para preve-
nir a artrite subtalar (Fig. 36-205).
) \
)

iê@iüf4 E:ll!I) Reconstru ção coronal TC destacando a natureza


intra-articular da fratura do processo talar lateral. (De Le ibner ED,
Simanovsky N, Abu-Sneinah K, et ai: Fractures of the lateral process of H@ll;ffll&'> Morfo log ia das lesões medial e lateral (ver
the ta lus in chi ldren, J Pediatr Orthop 108:68, 2001.) texto).

~)

li Ili IV

h!§ll;tijl&) Quatro tipos ou estágios de fraturas osteocondra is (osteocondrite dissecante do tálus) . Estágio 1, "blister"; estág io li,
fragmento elevado, mas anexado; estágio Ili, fragmento solto, mas ainda em cratera; estágio IV, fragmento desviado.
llllE!) PARTE XI FRATURAS E LUXAÇÕ ES EM CRIANÇAS

A cirurgia normalmente é necessária por causa dos si ntomas média ou posterior do tálus, no entanto, uma osteo tomi a m ale-
persistentes ou um corpo solto na art iculação do tornozelo, na olar medi al mui tas vezes é necessária em pacientes esqu eleti -
maioria das vezes em lesões laterais nos es tágios III ou IV: As lesões camente maduros. Osteotomizam os o m aléolo medi al no
de es tág ios I e II geralmente podem ser tratadas com sucesso sem plafond horizontal ou obliquamente. O maléolo deve se r pré-
operação. O tratamento não cirúrgico de lesões mediais do es tágio -perfurado para ace itar um para fu so esponj oso. O frag mento
III é co mp ara do favoravelmente aos resul tados do tratamento cirúr- maleolar pode ser desviado com um clipe de toalha, e a lesão
gico; a maioria é assintomáti ca após o tratamento conservador. Po r é vista muito fa cilmente.
outro lado, as lesões laterais do estágio III geralmente têm melhores Substituím os vários grandes fragmentos e os mantivemos com
res ultados após a excisão cirúrgica do que após o tratamento con- pinos subcond rais (Fig. 36-2 10), semel hantes à técnica descrita para
se rvador. Recomend am os tratamento cirúrgico das lesões laterais de osteocondrite dissecante do joelho (Capítulo 32). Os resultados a
estág io II e todas as lesões de estágio IV; todas as lesões de estágios curto prazo foram vari áve is.
I e II e lesões mediais de estágio III podem ser observadas para As lesões dos tipos ! , II e III são muitas vezes difíceis de ver
cicatri zação, especialmente em cri anças jovens e adolescentes. na cirurgia e podem apenas ser apalpadas ou "ba llotted" para deter-
A análise histológi ca tem mostrado que, embora morfologica- min ar a sua localização. Utili zar um a agulha de Keith ou um hemos-
mente, as lesões foram em fo rm a de wafe r na lateral e em fo rma de tato para "ballotte" ajuda a delinea r a extensão da lesão. Bons
taça no lado medial, histologicamente elas foram as mesmas. Não resultados fo ram relatados com excisão artroscópica de lesões oste-
podemos dizer definitivamente que as lesões laterais são fraturas ocondrais do tálus, mas é algum as vezes difíc il encontrar e defini r
osteoco ndrais e que as lesões mediais são a ve rd adeira osteoco ndrite as margens das lesões oc ultas. Com as técnicas e os equipamentos
dissecante. Em nossa experi ência, as lesões laterais têm sintom as de artroscopia m ais rece ntes, as lesões posteriores e especialmente
mais persistentes e alterações degenerativas do que as lesões mediais
e exigem cirurgia na maioria das vezes.
Três observações cirúrgicas técnicas devem ser feitas:
l. Se o fragmento osteocond ral apa rece nas radi ografi as fl utu-
ante na sua cratera elevad a, com um fragm ento de osso pro-
ximalmente que parece es tar na articulação, o fr ag mento
provavelmente é inve rtid o na crate ra. Isso significa qu e o osso
sub cond ral é proximal na articul ação do torn ozelo, e a po rção
ca rtilagi nosa es tá na cratera (Fig. 36-208) . Nessa posição, o
fragmento cartilaginoso não cicatri zaria o osso na cratera, e
a excisão é indicada. Esse fragmento elevado, aparente mente
"flu tuante", é patognom ôni co de um fragme nto inve rtido
dentro da cratera.
2. É difícil locali zar nas radiografi as laterais uma lesão medi al ou
lateral e determinar se é an teri or, no meio ou posterior. Resol-
vem os esse problema através do uso de TC no plano coronal
(axial). As seções coronais através do dom o e corpo do tálus
revelam a localização exata da lesão e ajudam no planejamento
da abordagem cirúrgica (Fig. 36-209).
3. Co mo a fí bula é m ais posterior do que o maléolo media l, a
osteotomia raramente é necessá ria para atingir as lesões late- O[ijl!;ffll&l) Fragmento "flutuante" na realidade é o frag-
ra is. Se um a varredu ra por TC m ostrar a lesão med ial na parte mento solto virado de cabeça para cima abai xo da cratera.

h@ll;HI&) Lesão osteocondral no domo anteromed ial do tálus na porção anteromed ia l. A, Varredura por TC no plano axial mostra
cratera e fragmentos. B, Varredura coronal por TC locali za a lesão se anterior, médio ou post erior, o que muitas vezes é difícil de
determinar na radiografia .
CAPÍTULO 36 FRATURAS E LUXAÇÕ ES EM CRIANÇAS

O@l!;f!imii) A, Grande fragmento osteocondra l no tálus lateral. B, Após a pinag em retrógrada do fragmento; a osteotom ia do
maléolo foi rea li zada para melhor expos ição. C, Lesão cicatrizada após a remoção do parafuso de sindesmose.

posteromediais podem ser vistas mais fac ilmente. Muitas vezes, as •Com um cli pe de toa lha, vire o maléolo medial dista l-
lesões do tipo III, se não completamente soltas, podem ser perfuradas, mente. Inverta o tornozelo até que os aspectos medial e
especialmente em crianças. A perfuração pode ser fei ta por via artros- posteri or da cúpu la do ta lar possam ser vistos.
copica, percutânea ou transmaleolar (através do maléolo). Os grandes
• Ballotte para qualquer lesão oculta com uma agulha de
fragmentos podem ser reanexados, e os enxertos osteocondrais podem Keith; com uma pequena cureta, remova a área necrótica
ser inseridos. O uso concomitante de um intensificador de imagem, central e determ ine as margens da lesão. O fragmento
embora complexo, pode ser benéfico. Além disso, o tratamento mini- muitas vezes é solto, e o osso subcond ral é amarelado e
mamente invasivo auxiliado por computador foi descrito. Veja a dis- duro. Remova a cratera e o fragmento e irrigue abundan-
cussão da artroscopia da articulação do tornozelo no Capítulo 50. temente a articulação.
•Com uma pequena broca, faça quatro ou cinco orifícios
EXCISÃO DO FRAGMENTO na cratera subcondra l para crescimento vascu lar.
•Realinhe a osteotomia maleolar media l, e insira um pa ra-
OSTEOCONDRAL DO TÁLUS fuso de osso esponjoso no orifício pré-perfurado. Faça
Se a osteotom ia do maléolo medial for necessária, a ciru r- radiografias para verificar o alin hamento anatôm ico do
gia no lado med ial deve ser ad iada até após o fechamento parafuso e a osteotomia.
da fi se. •Feche a ferida em camadas, e ap lique um gesso cu rto de
membros inferiores.
TÉCNICA ~
:-...~~~~~~----'~
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O paciente deve utiliza r
•Coloque o paciente em posição supina. um gesso ou brace de suporte do tendão patelar por 1O
•Faça a incisão longitudinal de 7 cm de comprimento sobre a 12 sema nas, de preferência sem apoio de peso, enquanto
o aspecto anteromed ial do tornozelo. Coloque a in cisão o tecido fibrocartilaginoso na cratera preenche o defeito.
lon ge o sufi ciente media imente para permitir uma oste-
otom ia do ma léolo med ial a ser feita se necessário e pa ra
perm itir a inspeção do aspecto media l na articulação.
Realize a dissecção do tecido mole aba ixo da arti cu lação FRATURAS DO CALCÂNEO
do tornozelo; retraia o feixe neurovascular, o tendão
anterior da t íbi a e os tendões extensores comuns . Faça a As fraturas do calcâneo são raras em crianças. Elas diferem das
incisão da cápsu la, e exponha a articulação do tornozelo. frat uras do calcâneo em adultos porque (1) ocorrem muito menos
Faça flexão planta r do pé tanto quanto possível para frequentemente; (2) não apresentam os mesmos padrões de fratura,
tentar ver a lesão. Se a lesão fo r posterior, uma osteoto- tendo menos envolvimento intra-articular; (3) são menos graves por
mia norma lmente será necessária. causa da elast icidade das estruturas em crianças; e (4) remodelam
• Pré-perfure o parafuso esponjoso de distal a proximal através (Fig. 36-211). Schmi dt e Wei ner relataram 62 fraturas do calcâ-
do maléolo medial na tíbia distal e remova o parafu so. neo em crianças, as quais classificaram utilizando um sistema
•Faça uma osteotom ia obl iquamente através do maléolo semelhante ao de Essex-Lopresti (Capítulo 88). Eles incluíram
medial na arti cu lação do nível do tornozelo perpendicular fraturas fisárias na tuberosidade e uma frat ura quase exclusiva
ao orifício pré-perfurado para o parafuso esponjoso. para crianças que envolve o aspecto posteri or do calcâneo com
significativa perda de osso que ocorre em lesões. Das fraturas, 63%
O(êiii;fr1 EIIJD A e B, Radiografias laterais das fraturas bilaterais graves do calcâneo com depressão do ângu lo crucial em criança que
também teve fratura de compressão T12 resultante de queda . C e D, Varredura por TC em dois diferentes níveis, revelando a grave
cominução e luxação. E, Reconstrução tridimensional das fraturas laterais do calcâneo . F e G, Radiografias laterais após a redução aberta
e fixação interna com placas e parafusos . H-J, Radiografias bilaterais obliquas e anteroposteriores no acompanhamento.
CAPÍTULO 36 FRATURAS E LUXAÇÕES EM CRIANÇAS 1&i1f8
eram extra-articulares e apenas 37% eram intra-articulares, que é o equitação. O mecanismo de lesão é a abdução forçada do antepé,
inverso do padrão de fratura do adulto. A luxação das fraturas intra- normalmente em combinação com uma força axial. As fraturas de
articulares fo i mínima comparada às fraturas de adulto, e apenas compressão do cuboide rara.mente são lesões isoladas, pois, em
dois exigiram RAFI. Em várias crianças mais velhas, a articulação geral, que ocorrem com outras fraturas no meio do pé ou luxações.
subtalar estava obviamente envolvida e incongruente, no entanto, A identificação de uma fratura de "quebra-nozes" do cuboide na
semelhante à fratura de Essex-Lopresti do tipo II, com um ângulo radiografia deve levar a avaliação da TC a excluir ou identificar
"crucial" diminuído e a presença da frat ura da articulação de com- outras lesões. As fraturas de "quebra-nozes" do cub oide minima-
pressão. As fraturas expostas do calcâneo ocorrem mais em crianças mente desviadas e isoladas podem ser tratadas de forma conser-
do que em adultos, provavelmente por causa do aumento da inci- vadora, mas os resultados ruins são comuns após o tratamento não
dência de lesões com cortadores de grama. cirúrgico de fraturas desviadas, e o tratamento cirúrgico é reco-
Como a luxação é incomum em fratu ras extra-articulares e mendado para evitar alterações na mecânica do pé e função,
intra-articulares, é esperado que a maioria das fraturas do calcâneo levando a dor e rigidez do pé.
em crianças cicatrize sem qualquer perda funcional. O prognóstico
em fraturas do calcâneo em crianças é bom, a menos que a lesão
com cortador de grama resulte em perda de osso e tecido mole do REDUÇÃO ABERTA E FIXAÇÃO
calcanhar.
INTERNA DA FRATURA
As incidências de Harris (incidências de salto de esqui) do
calcanhar devem ser obtidas, e uma varredura por TC pode ser útil, ("QUEBRA-NOZES") DE
porque o diagnóstico pode ser obscuro secundário a perturbação COMPRESSÃO DO CUBOIDE
mínima na arquitetura óssea e a alta porcentagem de cartilagem no ~
TÉCNICA
calcâneo de crianças comparado com os adultos. O tratamento ~~~~~~~~--~
cirúrgico das frat uras do calcâneo em crianças não é indicado a
(CERONI ET AL.)
menos que o rompimento da articulação subtalar seja significativo.
A TC é obrigatória no planejamento cirúrgico pré-operatório.
•Faça a incisão latera l ao longo do eixo a partir da ponta
Recentemente, bons resultados clínicos foram relatados em pacien-
da fíbula para a ponta do quinto metatarso.
tes com fraturas intra-articulares desviadas do calcâneo tratadas
•Retraia os tendões dos fibulares plantarmente, e parcial-
com RAFI. As fraturas por estresse do calcâneo foram relatadas em
mente eleve o músculo cu rto extensor dos dedos.
crianças, a cintilografia óssea pode ser útil em fazer o diagnóstico.
•Eleve a parede lateral extrusa do cuboide e inspecione a
Trott observou que os cistos no espaço triangular do calcâneo ficam
fratura e articulação adjacente.
grandes o suficiente em atividades comuns para produzir fraturas
•Eleve os fragmentos comprimidos com um espaçador
patológicas ou por estresse.
laminar até que as superfícies de articulação adjacentes
sejam congruentes.
•Quando a forma do cuboide é restaurada, preencha o grande
FRATURAS DO TARSO
defeito corticoesponjoso com um grande bloco de aloen-
xerto ósseo para fornecer o suporte ósseo estável. Corte o
As fraturas dos ossos do tarso são incomuns em crianças por causa da
bloco do aloenxerto ósseo excessivamente grande que se
flexibilidade do pé. As fraturas, especialmente dos ossos naviculares,
encaixa no defeito com alguma resistência.
cuboides, ou cuneiforme em geral fazem parte de uma grave lesão do
•Esse elemento é estável o suficiente de modo que
pé, como um espremedor, grave compressão, ou lesão com cortador de
nenhuma fixação será necessária.
grama. O segLmdo metatarso foi descrito como a base do pé, e fortes
•Obtenha uma radiografia oblíqua para confirmar a
anexos ligamentosas estão presentes entre os metatarsos em si e entre
reconstrução articular e o reestabelecimento do compri-
os cuneiformes. As características anatômicas mais relevantes são a
mento da coluna lateral.
posição de fixa em morta.lha da base do segundo metatarso e os anexos
•Feche a fe rid a em camadas, e aplique um gesso curto de
ligamentares na sua base. Se houver w11a fratura da base do segundo
membro.
metatarso, com ou sem wna fratura de "curvatura" do cuboide, ocorreu
lesão significativa da articulação do tarso metatarso, embora oculta. As
recomendações do tratamento incluem redução fechada para luxação
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O gesso de não apoio
de peso é utilizado por 6 semanas, seguido por um gesso
ou instabilidade, com redução aberta sendo apenas raramente necessá-
para caminhar por outras 6 semanas. O apoio de peso
ria. Por causa da instabilidade inerente, no entanto, a fixação percutânea
não protegido totalmente é permitido em 12 semanas
do fio de Kirschner pode ser utilizada para manter a redução e o ali-
após a cirurgia.
nhamento após a redução aberta ou fechada. Os fios são removidos
após cerca de 4 semanas.
Em nossa experiência, uma luxação dorsal persistente, mesmo
em uma criança, produz uma área óssea hipertrófica dolorosa no As fraturas pediátricas de Lisfranc muitas vezes são chamadas
dorso do pé. Além disso, a angulação varo muitas vezes está pre- de fraturas "beliche" porque a lesão ocorre a partir de uma força de
sente. Com o paciente sob anestesia geral, quaisquer articulações torção quando o pé é estendido, como quando a criança pula de um
desviadas do tarso metatarso devem ser reduzidas. Se isso não beliche. Essa fratura da área do primeiro tarso metatarso produz uma
puder ser feito fechado, RAFI da luxação é indicada (Fig. 36-212) . deformidade sutil que pode ser negligenciada, e a lesão do tecido mole
Deve-se ter cuidado para não violar a fise proximal do primeiro é mais grave do que é indicado pela lesão óssea vista nas radiografias.
metatarso. Muitas vezes, há uma fratura-luxação ou uma fratura-subluxação da
As fraturas "quebra-nozes" do cuboide fo ram recentemente primeira articulação do tarso metatársica ou o primeiro e segundo
descritas em quatro crianças, todas foram les ionadas durante a metatarsos podem ser envolvidos (Fig. 36-2 13) .
@&itl:I PARTE XI FRATURAS E LUXAÇÕES EM CRIANÇAS

O[rii!;f411'1If) A, Radiografia anteroposterior parece


normal. B, Radiografia oblíqua revela a subluxação sutil
da articulação metatarsocuneiforme . C, Na cirurgia, a
intensificação da imagem revela a extensão do envol-
vimento . D, A redução e fixação percutâneas abertas
da luxação de Lisfranc. A fise do primeiro metatarso é
fechada .

FRATURAS DO METATARSO E FALANGE crianças jovens; no entanto, se a luxação e a deformidade forem sig-
nificativas, especialmente no plano anteroposterior, e múltiplas fratu-
Embora as fraturas do metatarso e da falange em crianças sejam ras do colo estiverem presentes, ocasionalmente RAFI com fios
comuns, pouco foi escrito sobre elas. Talvez porque normalmente longitudinais será necessária, especialmente em crianças mais velhas.
curem sem intercorrências e raramente precisem de tratamento cirúr- As fraturas por estresse do eixo do metatarso ou colo ocorrem
gico. Por causa dos seus fortes ligamentos interósseos, as fraturas dos em crianças. A varredura do osso pode ser útil no diagnóstico, e
metatarsos prox.imais normalmente não se tornam desviadas de modo essas fraturas devem ser tratadas com expectativa. Vimos uma
significativo. As fraturas desviadas em geral são produzidas por grave criança de 10 anos de idade com uma fratura do metatarso por
trauma. Além dessas fraturas, os tecidos moles são danificados de estresse, e embora essas fraturas ocorram com menos frequência em
forma considerável e o inchaço pode ser excessivo. Essas graves lesões crianças do que em adultos, elas podem ser produzidas por atividade
devem ser tratadas por elevação e observação e não por gesso circun- crônica, repetitiva estressante. As fraturas da base do quinto meta-
ferencial. Quando o inchaço se resolver, a fratura desviada poderá ser tarso em crianças e adultos tradicionalmente foram chamadas de
reduzida fechada, se necessário, por tração longitudinal. Para grave fratura de Jones, embora a descrição original de Jones de 1896
trauma produzindo múltiplas fraturas com significativa luxação, pareça uma frat ura diafisária em vez de uma fratura por avulsão da
quando o inchaço diminuir, a redução aberta e a fixação suave do pino base do quinto metatarso causada por sobretensão do músculo
serão realizadas, se necessário. Isso às vezes é necessário no primeiro fibular curto. Vários estudos observaram a incerteza de cicatrização
metatarso de crianças mais velhas, em que pouca remodelagem pode desta fratura diafisária e sugeriram que em atletas de alto desempe-
ser esperada (Fig. 36-214). A maioria das fraturas desviadas do colo nho, atletas recreacionais e não atletas o retardo de consolidação
do metatarso cicatriza e normalmente remodela muito bem em com RAFI com um parafuso medular deve ser feito. Um estudo mais
CAPÍTULO 36 FRATURAS E LUXAÇÕES EM CRIANÇAS

h!§lhHE?!IJE) Radiografias anteroposteriores e em estresse do pé com sutil lu xação de Li sfranc. A, Radiografia parece normal.
B, Com estresse na posição invertida, os metatarsos subluxam lateralmente. C, Radiografia de pós-redução revela redução e fi xação
interna satisfatórias. D, Redução mantida na radiografia por estresse de eversão.

recente também sugeriu que a fixação das fraturas de Jones em


adolescentes ativos deva ser considerada para permitir o retorno
mais rápido a atividades regulares e preve nir a refratura. As avulsões
da base mais proximal do quinto metatarso também ocorrem em
crianças e cicatrizam sem intercorrências, exceto para alguma hiper-
trofia óssea no local da fratura . Essa lesão deve ser diferenciada de
um centro secundário de ossificação observado em vistas oblíquas
em urna criança de 10 a 13 anos de idade que quando dolorosa é
denominada doença de Jselin .
As fraturas das fa langes são causadas principalmente por bater
em um objeto duro ou comprimi r o dedo do pé com um objeto
pesado. As fraturas expostas da fa lange distal do hálux (dedo é
arrancado) podem ser preocupantes. As luxações das falanges nor-
malmente são dorsais e podem ser reduzidas faci lmente. Alguns
distúrbios de dese nvolvimento das falanges não devem ser confun-
didos com fraturas. A fragm entação da epífise proximal do hálux
ocorre frequentemente (Fig. 36-215). A epífise pode ser fissurada,
comprimida ou fragmentada. Normalmente a fise não é fraturada.
As fraturas e luxações das falanges devem ser reduzidas por
tração longitudinal e mantidas por bandagem funciona l com o
próximo dedo do pé. RAFI é apenas raramente indicada. Se a
fratura de uma falange for causada pela ferida de penetração, como
pisar em uma haste, a infecção de Pseudomonas deve ser suspeita.
Se a ferida se tornar infectada, ela deverá ser irrigada e desbridada,
e o tratamento antibiótico intravenoso deverá ser administrado.
Para fraturas infectadas da falange, o desbridamento, curativo
molhado, administração intravenosa de antibióticos e fechamento
iitdll;fflEIIJD Método de pinagem aberta da diáfise do meta- tardio podem salvar alguns dedos do pé, especialmente o maior
tarso ou fraturas do colo no modo retrógrado através da primeira dedo do pé, qu ando a iminente infecção ou gangrena sugerir ampu-
cabeça do metatarso. tação. As fraturas graves abertas ocorrem no antepé e as falanges
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PARTE

1
ANATOMIA DA COLUNA Abordagem Anterior, Occipita l Abordagem Anterior para a
VERTEBRAL 1522 a C3 1528 Transição Toracolombar 1540
ANATOMIA DAS Maxilotom ia Estendida e Abordagem Anteri or
ARTICULAÇÕES DA Maxilectomia Subtotal 1529 Retroperitoneal, L1 a L5 1542
COLUNA VERTEBRAL 1522 Abordagem Anterior, C3 a C7 1533 Abordagem Lateral Percutânea
ANATOMIA DA MEDULA E Abordagem Anterolateral, para Col una Lombar, L1 a L4-5
DOS NERVOS ESPINHAIS 1523 C2 a C7 1534
(DLI F ou XLI F) 1544
ANATOMIA DOS Abordagem Anterior
PEDÍCULOS CERVICAL, Abordagem Anterior
para junção
TORÁCICO E LOMBAR 1524 Cervicotorácica, C7 a T1 1535 Tra nsperitoneal para a Tra nsição
CIRCULAÇÃO DA Abordagem Anterior para a Lombossacral, L5 a 51 1546
MEDULA ESPINHAL 1526 Col una Torácica 1538 Cirurg ia Lombar Assistida por
ABORDAGENS CIRÚRGICAS 1527 Cirurgia Torácica Assistida Vídeo 1547
ABORDAGENS ANTERIORES 1527 por Vídeo 1540 ABORDAGENS POSTERIORES 1549

ANATOMIA DA COLUNA ANATOMIA DAS ARTICULAÇÕES


VERTEBRAL DA COLUNA VERTEBRAL
A coluna vertebral compreende 33 vértebras di vididas em cinco As vértebras individuais são conectadas por articulações entre os
segmentos (sete cervicais, 12 torácicas, cinco lombares, cinco arcos neurais e entre os corpos vertebrais. As articulações entre os
sacrais e quatro coccígeas) (Fig. 37-1). O sacro e as vértebras coc- arcos neurais são as articulações zigapofisári as ou articulações face-
cígeas se fundem , o que normalmente proporciona 24 segmentos tári as. Elas existem entre o processo ar ticular inferior de uma vér-
móveis. As anomalias congênitas e as variações da segmentação são tebra e o processo articular superior da vér tebra imediatamente
comuns. Os segmentos cervicais e lombares desenvo lvem lordose caud al. Estas constituem as articulações sinoviais com as sup erfícies
conforme uma postura ereta é adquirida. Os segmentos torácicos e recobertas por cartilagem articular, uma membrana sinovial que liga
sacra is mantêm posturas cifóticas, as quais são encontradas no as margens da cartilagem articular e uma cápsula articular que as
útero, e servem como pontos de fixação para a caixa torácica e a envolve. Os ramos das divisões primárias posteriores inervam essas
cintu ra pélvica. Em geral, cada corpo vertebra l móvel aumenta de articulações.
ta manho de cranial para caudal. Uma vértebra típica compreende As articulações entre os corpos vertebrais contêm estruturas
um corpo anterior e um arco posterior que cerca o canal vertebral. especializadas chamadas discos intervertebrais. Esses discos são
O arco neura l é composto por dois pedícu los latera lmente e du as enco ntrados em toda a coluna vertebral, exceto entre a primeira e a
lâm inas posteriormente que se unem para fo rmar o processo espi- segunda vértebra cervical. Os discos são projetados para suportar o
nJ1 oso. Nos dois lados do arco do corpo vertebral encontram-se um movimento, a carga e o impacto por serem fortes, mas deformáveis.
processo transverso e processos arti cul ares superiores e inferiores. Cada disco tem um par de placas terminais, com um núcleo pulposo
Os processos articul ares se articul am com as vértebras adjacentes no centro e um anel periférico (ânulo fi broso), que es tá localizado
para fo rm ar as articulações si noviais. A orientação relativa dos pro- en tre eles. Eles fo rmam uma articulação cartilaginosa secundária,
cessos articul ares representa o grau de flex ão, extensão ou rotação ou sí nfise, em cada nível vertebral.
possível em cada um dos segmentos da coluna vertebral. Os pro- As placas terminais são lâminas de 1 mm de espessura de
cessos espinhosos e transversos servem de alavanca para os nume- cartilagem, fibrocartilagem e cartilagem hialina, com aumento da
rosos músculos ligados a eles. O comprimento médio da coluna proporção de fibro cartilagem conforme aum enta a idade. O núcleo
vertebral varia de 72 cm nos homens e 7 a 1O cm a menos nas pulposo é uma massa semifluida de material mucoide, composto
mulheres. O canal vertebral se estende por todo o comprimento da por 70% a 90% de água, com os proteoglicanos constituindo 65%
coluna e proporciona uma proteção para a medu la espinhal, o cone e o colágeno co nstituindo 15% a 20% do peso corporal sem água.
med ular e a cauda equi na. O ânulo fibroso consiste em 12 lamelas concêntricas, com alternância

1522
CAPÍTULO 37 ANATOM IA DA COLUNA VERTEBRAL EABORDAGENS CIRÚRGICAS

Anterior Posterior
Occipital-C2

C3-C7

S1

1
1
1
Nervos
Dermátomos : Dermátomos
cutâneos
1

h[dll;fu1!19 Coluna vertebral : vértebras cervicais superiores O@li;h)Eia Distribui ção dermatomal e sensorial. (Redese-
(occipital a C2), vértebras cervicais inferiores (C3-7), vértebras nhada de Patton HD, Su ndsten JW, Crill W E, et ai, editors: lntroduction
torácicas (T1-12), vértebras lombares (L 1-5), sacro e cóccix. to basic neurology, Philadelphi a, 1976, WB Sa un ders.)

de orientação das fibras colágenas em lamelas sucessivas para elas ascendentes (sensoriais) e descendentes (moto ras). Essas vias geral-
resistirem aos esforços multidirecionais. O ânulo é composto por mente são organizadas com tratos cervicais localizados no centro
60% a 70% de água, com o colágeno constituindo 50% a 60% e os e tratos torácico, lombar e sacra! localizados progressivamente na
proteoglicanos cerca de 20% do peso corp oral sem água. Com a periferia. Isso explica os achados clínicos da síndrome centrom e-
idade, a proporção de proteoglicanos e de água diminui. O ânulo e dul ar e da seringomielia. Compreend er a localização destes tratos
o núcleo fundem-se em um a zona juncional sem uma demarcação auxilia na compreensão de di ferentes sínd ro mes da medul a espi-
rigorosa. Os discos são as maiores estruturas avasc ulares no corpo nhal (Figs. 37-2 e 37-3; Tabela 37-1).
e dependem de difusão a partir de um a rede de vasos sanguíneos Os nervos espinhais saem do canal em cada nível. Os nervos
especializados das placas terminais para a nutrição. espin hais C2-7 saem acima do pedículo para os quais eles são
nomeados (a raiz nervosa C6 sai do foram e entre os pedículos C5
e C6). A raiz nervosa CS sai do forame entre os pedículos C7 e Tl.
ANATOMIA DA MEDULA E DOS Todos os nervos espinhais caudais a partir de CS saem do forame
NERVOS ESPINHAIS abaixo do pedículo para o qual são nomeados (a raiz nervosa L4
sai do forame entre os pedículos L4 e L5). O dermátomo final e as
A medu la espinhal é mais curta que a coluna ve rtebral e termina distribuições dos nervos senso riais são mostrados na Figura 37-2.
como o cone medular na segunda vér tebra lombar em adultos e na Como a medula espinhal é mais curta do qu e a coluna vertebral,
terceira vé rtebra lombar em neonatos. A partir do cone, um cordão os nervos espinhais têm curso mais vertical à medida que se
fibroso denominado filum termina/e estende-se para o dorso do movem caudalmente. Cada nível dá origem a uma raiz dorsal
primeiro segmento do cóccix. A medula espinhal é cercada por (sensorial) e a uma raiz ve ntral (principalmente motora), as quais
três membranas protetoras - a pia-máter, a arac noide e a dura - se combinam para for mar o nervo espinhal misto. A raiz dorsal de
máter. As membranas pia-máter e aracn oide são separa das pelo cada nervo espinhal tem um gângli o locali zado perto da zona de
espaço subaracnoide, qu e co ntém o lí quid o cefalorraquidiano. saída de cada fo rarn e. Este gânglio da raiz dorsal é o ponto de
A medula espinhal tem ampliações nas regiões cervical e lombar sinapse para os corpos celulares sensoriais ascendentes. Esta estru -
que se correlacionam com o plexo braquial e o plexo lombar. tu ra é sensível à pressão e ao calor e pode provocar urna resposta
Dentro da medula espinhal existem tratos de fibras nervosas de dor disestésica se manipul ada.
~ PARTE XII A COLUNA

ANATOMIA DOS PEDÍCULOS de massa lateral. Embora os pedículos cervicais possam ser adequa-
dos para a fixação de parafusos, parafusos pediculares cervicais de
CERVICAL, TORÁCICO E LOMBAR
tamanho uniforme não podem ser usados em todos os níveis. A
Vários estudos têm documentado a morfologia anatômica das vér- colocação de parafuso nos pedícul os em C3, C4 e C5 exige parafusos
tebras cervical, torácica e lombar. Técnicas de fixação interna pequenos (<4,5 mm) e mais cuidado na colocação do que os das
avançadas, incluindo os parafusos pediculares, foram desenvolvi- outras vértebras cervicais. As medições de TC da morfologia do
das e amplamente utili zadas nas cirurgias da coluna, n ão apenas pedículo cervical constataram que os pedículos C2 e C7 apresenta-
para lesões traumáticas, mas também para doenças degenerativas. ram interdiâmetros médios de maior dimensão do que todas as
Como o papel da instrumentação da coluna anter ior e posterior demais vértebras cervicais e que C3 apresentou o menor interdiâ-
continu a a evoluir, a compreensão das características morfológicas metro médio. A relação largura-altura da parte exterior do pedículo
das vértebras humanas é fundamental para evitar complicações aumentou de C2 a C7, indicando que os pedículos na coluna cervical
durante a fixação. superior (C2-4) são alongados, enquanto os pedículos na coluna
A colocação de parafusos nos pedículos cervicais é controversa cervical inferior (C6-7) são arredondados. Também é importante
e traz mais riscos do que a fixação com placa anterior ou com parafusos saber que os pedículos cervicais fazem ângul os mediaimente em
todos os níveis, com angulação mais medial em C5 e menos em C2
e C7. Os pedículos inclinam para cima em C2 e C3, são paralelos
em C4 e C5, e se inclinam para baixo em C6 e C7.
A artéria vertebral de C3 a C6 corre um risco sign ificativo de
lesão iatrogênica durante a colocação do parafuso pedicular. A cor-

D Motor
D Vias
S = sacral
T =torácico
C =cervical DSensorial
tical do pedículo não é de espessura uniforme. A parte mais fina da
cortical (cortical lateral) protege a artéria vertebral e a cortical
medial em direção à medula espinhal tem quase o dobro da espes-
(vias descen- bidirecionais (vias
dentes) ascendentes) sura da cortical lateral. As variações no decorrer da artéria vertebral
1
r1-i r1-i também a colocam em risco durante a colocação de parafusos no
.-----------+ 6 pedículo. Nos níveis C2 e C7-Tl, a artéria vertebral apresenta menor
-,.._,.-- - - - - - - - t - ? risco durante a fixação do parafuso pedicular. A artéria vertebral
3 segue um curso mais posterior e lateral em C2, enquanto em C7-Tl
está fora do forame transverso.
As dimensões e os ângulos pediculares mudam progressiva-
mente a partir da coluna torácica superior distalmente. Um conhe-
cimento profundo dessas relações é importante quando se considera
o uso do pedículo como um local para colocação de parafusos. Um
estudo de 2.905 medições de pedículo feitas de Tl a L5 verificou que
os pedículos eram mais largos em L5 e mais estreitos em T5 no plano
9 horizontal (Fig. 37-4). Os pedículos mais largos no plano sagital
estavam em T ll e os mais estreitos estavam em Tl. Por causa da
forma oval do pedículo, a largura no plano sagital geralmente era
Artéria espinhal nervo anterior maior do que a largura no plano horizontal. O maior ângulo pedi-
anterior cul ar no plano horizontal encontrava-se em L5. No plano sagital,
os pedículos angulam-se caudalmente em LS e cefalicamente em
li!§l!;H1i.19 Seção transversal esquemática da medula espi- L3-Tl. A profundidade até o córtex anterior era significativamente
nhal cervical. (Redesenhada de Patton HD, Sundsten JW, Crill WE, maior ao longo do eixo do pedículo do que ao longo de uma linha
et ai, editors: lntroduction to basic neurology, Philadelphia, 1976, WB paralela à linha mediana do corpo vertebral, em todos os níveis, com
Saunders.) exceção de Tl2 e Ll.

37-1 Tratos Ascendentes e Descendentes {Motores)

NÚMERO (Fig. 37-3) VIA FUNÇÃO LADO DO CORPO


1 Trato corticoespinhal anterior Movimento fino Oposto
2 Trato vestibuloespinhal Facilita tônus do músculo extensor Mesmo
3 Corticoespinhal lateral (trato piramidal) Movimento fino Mesmo
4 Fascículo Dorsolateral Dor e temperatura Bidirecional
5 Fascículo próprio Ligações espinhais curtas Bidirecional
6 Fascículo grácil Posição/toque fino Mesmo
7 Fa scículo cuneiforme Posição/toque fino Mesmo
8 Trato espinotalâmico lateral Dor e temperatura Oposto
9 Trato espinotalâmico anterior Toque leve Oposto
Modificada de Patton HD, Sundsten JW, Crill WE, Swanson PD, editors: lntroduction to basic neuro/ogy, Philadelphia, 1976, WB Saunders.
CAPÍTULO 37 ANATOM IA DA COLUNA VERTEBRAL EABORDAGENS CIRÚRGICAS

T3 TS

;;b 1
h@l@i li.19 Dimensões do pedículo de T3
(A), T8 (B) e L4 (C). Diâmetro vertical (c) aumenta
de 0,7 a 1,5 cm, diâmetro horizontal (d) aumenta
de 0,7 a 1,6 cm com mínimo de 0,5 cm em T5.
A direção é quase sagital de T4 a L4. O ângulo
(e) raramente se estende além de 10 graus.
Mais proximamente, a direção é mais oblíqua:
T1 = 36 graus, T2 = 34 graus, T3 = 23 graus. L5
é oblíquo (30 graus), mas é grande e fácil de
perfurar. (Redesenhada de Roy-Camille R, Sai ll ant
G, Mazel CH: Plating of thoracic, thoracolumbar,
and lumbar injuries with pedicle screw plates,
e e
Orthop Clin North Am 17: 147, 1986.)
A B e
O pedículo torácico é uma estrutura complicada, tridimensio-
nal, que é preenchida com osso esponjoso na maior parte (62% a
79%) . Panjabi et ai. verificaram que a casca cortical apresenta den-
sidade variável ao longo do seu perímetro e que a parede lateral é
consideravelmente mais fin a do que a parede medial. Isso parecia
ser verdadeiro para todos os níveis de vértebras torácicas.
Os locais para a inserção de parafuso têm sido iden tificados e
desc ritos em vários estudos. O respectivo espaço da articulação face-
tária e no m eio do processo transverso são os pontos de referência
mais importantes. É feita uma abertura no pedículo com uma broca
ou cureta de mão, após o que um parafuso automacheante é passado
através do pedículo para dentro do corpo vertebral. Os pedículos
das vértebras torácicas e lombares são estruturas ósseas em forma
de tubo que ligam as colunas anteriores e posteriores da coluna.
Mediaimente à parede medial do pedículo, encontra-se o saco durai.
Inferiormente à parede medial do pedículo, está a raiz nervosa no
forame neural. As raízes lombares geralmente estão situadas no
terço superior do forame; é mais perigoso penetrar no pedículo
medial ou inferiormente do que lateral ou superiormente.
Nós usamos três técnicas para localizar o pedículo: a técnica
de intersecção, (2) a técnica da pars interarticularis e (3) a técnica
do processo mamilar. É importante no planeamento pré-operatório
avaliar a anatomia espinhal do individual com o uso de radiografias
anteroposter iores e perfil de alta qualidade da espinha torácica e
lombar e TC axial ao nível do pedículo. Na coluna lombar, imagens
de tluoroscopia coaxiais são um guia confiável para a verdadeira A B
cortical óssea do pedículo. A técnica de intersecção talvez seja o
m étodo mais comumente usado de localização do pedículo. Trata-
h@ii;@Ei19 Ponto de entrada do pedículo na coluna torá-
se de deixar cair um a linha a partir do aspecto lateral da articula-
cica, na interseção das linhas traçadas no meio das facetas articu-
ção facetária, a qual cruza uma linha que corta o processo
lares inferiores e no meio da inserção dos processos transversos
transverso em um local qu e se sobrepõe ao pedículo (Figs. 37-5 e
(1 mm abaixo da art iculação facetária). A, Uma visão anteropos-
37-6). A pars interarticularis é a área do osso onde o pedículo se terior. B, Vista lateral . (Redesenhada de Roy-C amille R, Saillant G,
conecta com a lâmina. Como as lâminas e a pars interarticularis
Mazel CH: Plating of thoraci c, thoracolumbar, and lumbar injuries with
podem ser identificadas facilmente no momento da cirurgia, elas
pedicle screw plates, Orthop Clin North Am 17:147, 1986.)
fornecem pontos de referência pelo qual um ponto de partida de
perfuração pedicular pode ser feito. A técnica do processo mamilar
baseia-se em uma pequena proeminência óssea na base do pro- da pars interarticularis. Com isto em mente, diferentes ângulos
cesso transverso. Es te processo mamilar pode ser usado como devem ser utilizados quando a perfuração for feita a partir destes
ponto de partida para a perfuração transpedicular. Normalmente, o locais. Com a ajuda de verificação de TC pré-operatória ao nível do
processo m amilar é mais lateral do que o ponto de partida da técnica pedículo e radiografias intraoperatórias, o ângulo do pedículo nos
de intersecção, que também é mais lateral do que o ponto de partida planos sagital e horizontal pode ser determinado.
~ PARTE XII A COLUNA

Ramo
ventral

Artéria
segmentar
A B

O@lh6'1i19 Fornecimento de sangue vertebra l. A, Vista pos-


terior; lâminas removidas para mostrar ramos espin hais anasto-
mosantes de artérias segmentares. B, Vista ax ia l; suprimento
arteria l de anast omose do corpo vertebra l, cana l medular e e le-
mentos posteriores. (Redese nhada de Bul lough PG, Oheneba BA:
Atlas of spinal diseases, Philadelphia, 1988, JB Lippincott.)

seis a 25 posteriormente. As artérias vertebrais suprem 80% das


O@li;H1!19 Po nto de entrada do pedícu lo na co luna lombar,
artérias radiculares do pescoço; as artérias nas áreas torácica e
na intersecção de duas linhas. Na crista óssea norma l, fica 1 mm
abaixo da articu lação. A, Vista anteroposterior. B, Vista lateral. lombar surgem a partir da aorta. Artéria sacra! lateral, a quinta
(Redesenhada de Roy-Camil le R, Sai ll ant G, Mazel CH: Plati ng of tho- lombar, a artéria ileolombar e as artérias sacrais médias são
racic, thoracolumbar, and lumbar injuries with pedicle screw plates, importantes na região sacra!.
4. Fonte suplementar de fornecimento de sangue para a medula
Orthop Clin North Am 17:147, 1986.)
espinhal. As artérias ver tebrais e cerebelares posteroinferiores
são importantes fontes de suprim ento arterial. Fontes medula-
res sacrais surgem das artérias sacrais laterais e acompanham
as raízes distais da cauda equin a. O fluxo destes vasos parece
reversível e o volume ajustável em resposta às necessidades
m etabólicas.
CIRCULAÇÃO DA MEDULA 5. Artérias segmentares da co lun a. Em cada nível ve rtebra l,
ESPINHAL um par de artérias segm entares nutre as estruturas extra e int ra-
medulares. As artérias segmentares torácicas e lombares surgem
O suprimento arterial da medula espinhal foi determinado a partir da aorta; as artérias segmentares cervica is surgem das artérias
de dissecção anatôm ica m acroscópica, injeções de látex arteriais e vertebrais e dos troncos costocervical e ti reocervica l. Em 60%
arteriog rafia intercostal. Dommisse contribuiu significativamente dos indivíduos, uma fonte ad icional surge do ramo faríngeo
para o conh ecimento do suprim ento de sangue, afirmando que os ascendente da artéria carótida extern a. As artérias sacrais
princípios que regem o fornecimento de sangue da medula são cons- laterais e, em m enor grau, a artér ia quinta lombar, a ileolom-
tantes, enqu anto os padrões variam de acordo com o indivíduo. Ele bar e as artér ias sacrais médias fornece m vasos segmentais
enfatizou os seguintes fatores: na região sacra!.
1. Dependência de três vasos. São eles: o sistema da artéria espinal 6. "Po nto de distribuição" das artérias segmentares. As artérias
anterior e um par de troncos poterolaterais perto das raízes segm entares dividem- se em numerosos ramos no forame
nervosas posteriores. interve rtebral, o qual tem sido chamado de ponto de distribui-
2. Demandas relativas da substância cinze nta e da substância ção (Fig. 37-7). Uma segunda rede de anastomose encontra-se
branca . Os troncos ar ter iais lo ngi tudin ais são mai ore s nas dentro do canal espinhal, no tecido conjuntivo frouxo do
regiões cervical e lomb ar, perto da s ampliações gangliona- espaço extradu ral. Isso ocorre em todos os níveis, com maior
res e são muito menores na região torác ica . Isso ocorre concentração nas regiões cervical e lomb ar. A presença dos
porq ue as exigênci as metabólicas da sub stância cinzenta são ricos canais de anastomose oferece caminh os alternativos para
maiores d o que as d a substância branca, que con tém menos o fluxo arterial, preserva ndo a ci rculação da medula espinhal
red es capilares. após a ligadura das artérias segm entares.
3. Artérias radiculares da medula. Estas artérias reforçam os canais 7. Artéria de Adamkiewicz. A artéria de Adamkiewicz é a maior
arteriais longitudinais. Existem de dois a 17 anteriormente e de fonte de suprimento arteri al da medula lombar; situa-se no lado
CAPÍTULO 37 ANATOMIA DA COLUNA VERTEBRAL EABORDAG ENS CIRÚRGICAS (lm
esquerdo, geralmente no nível de T9-ll (em 80% dos indiví-
duos). O canal arterial longitudinal anterior da medula, em vez
de qualquer outra fonte única de suprimento medular é crucial.
A preservação da artéria de Adamkiewicz não garante a circu-
lação contínua satisfatória para a medula espinhal. Em princí-
pio, seria de va lor prático proteger e preservar cada artéria
contribuinte na medida do possível cirurgicamente.
8. Variabilidade dos padrões de abastecimento da medula espinhal.
A vari abilidade do suprimento sa nguíneo é uma característica
marcante, no entanto ainda há absoluta conformidade com um
princípio de uma fonte rica para os alargamentos da medula
cervical e lombar. O fornecimento para a medula torácica de
aproximadamente T4 a T9 é muito mais pobre. Plexo venoso externo
9. Direção do fluxo nos vasos sanguíneos da medula espinhal. Os
três canais arteriais longitudinais da medula espinhal podem h[riii;@Ei19 Drenagem venosa dos corpos vertebrais e for-
ser comparados com o polígono de Willis na base do cérebro, mação de plexos venosos verteb rai s internos e externos. (Redese-
mas é mais extenso e mais complicado, embora ele funcione nhada de Bullough PG, Oheneba BA: Atlas of spinal d1seases, Philadelphia,
com princípios idênticos. Estes canais per mi tem reversão do 1988, JB Lippincott.)
fluxo e alterações no volume do fluxo sanguíneo em resposta
às demandas metabólicas. Este círculo arterial interno da
medula está cercado por pelo menos dois círculos arteriais
exteriores, o primeiro dos quais está situado no espaço extra-
dural e o segundo nos planos teciduais extravertebrais. Em
virtude deste último, a medula espinhal goza de fontes de dissem inação metastática de neoplasias ou doenças infecciosas da
reserva de fornecimento de sangue através de um grau de pelve para a coluna vertebral.
anastomose que fa lta no círculo interno. Entretanto, os "Pontos Durante a cirurgia por via anterior da coluna, nós seguimos
de saída" são limitados para as artérias sulcais perfurantes e as empiricamente estes princípios: (1) ligar as artérias espinhais seg-
artérias piais da medula. mentares apenas o necessá rio para ganhar exposição; (2) ligar as
O suprimento sanguíneo para a medula espinhal é rico, mas o artérias espinais segmentares perto da aorta, em vez de perto da
canal medular é mais estreito e o suprimento de sangue é mais pobre foramina vertebral; (3) ligar artérias espinais segmentares de um
em T4-9. T4-9 deve ser considerada a zona vascu lar crítica da lado apenas, quando possível, deixando intacta a circulação no lado
m edula espinhal, uma zo na em que a interferência na circulação oposto; e (4) limitar a dissecção no forame vertebral em um único
provavelmente tem maior probabilidade de res ultar em paraplegia. nível, quando possível, de modo que a circulação colateral seja per-
O domínio do sistema da artéria espinhal anterior foi con- turbada o menos possível.
tes tado pelo fato de que muitas cirurgias da coluna por via
an terior foram realizadas nos últimos anos, sem aumento na
incidência de paralisia. Isto parece indica r que existe um a fonte ABORDAGENS CIRÚRGICAS
rica de anastomose e que ela protege a medula espinhal. A evi-
dência sugere que as artérias espinhais posteriores podem ser tão ABORDAGENS ANTERIORES
importantes quanto o sistema da artér ia espin h al anterior, mas
ainda são m al compreendidos . A drenagem ve nosa da m edula Com a abordagem posterior para correção de deformidades da coluna
espinhal é mais difícil de definir claramente do que o supri- bem estabelecida, mais atenção tem sido colocada na abordagem ante-
m ento arterial (Fig. 37 -8). É bem conhecido que o sistema rior da coluna vertebral. Muitos pioneiros no campo da cirurgia da
venoso é altame nte variável. Dommisse apontou que existem dois coluna por via anterior reconheceram que a descompressão medular
conjuntos de veias: as veias da medula espinhal e as veias que se anterior era necessária na tuberculose da coluna e que a laminectomia
enquadram dentro da rede plexiforme de Batson. As veias da medula não só não conseguiu aliviar a pressão anterior, como também
espinhal são um pequeno componente de todo o sistema e drenam removeu a estabilidade posterior importante e produziu piora da
p ara o plexo de Batson. O plexo de Batson é um canal venoso grande cifose. Avanços em procedimentos cirúrgicos maiores, incluindo
e complexo que se estende a partir da base do crânio até o cóccix. anestesia e cuidados intensivos, tornaram possível a realização de
Ele se comunica diretamente com o sistema da ve ia cava superior e cirurgia da coluna vertebral com segurança aceitável.
inferior e do sistema ázigos. Os troncos venosos longitudinais da Em gera l, as abordagens anteriores da coluna são indicadas
medula espinhal são os canais venosos anterior e posterior, que são para descompressão dos elementos neurais (medula espin hal, cone
os homólogos dos troncos arteriais. Os três componentes do plexo medular, cauda equina ou raízes nervosas) quando a compressão
de Batson são o plexo venoso vertebral extradural; o plexo venoso neural anterior foi documentada por mielografia, mielo-TC ou RM.
extravertebral, que inclui as veias segmentares do pescoço, as veias Muitas entidades patológicas podem causar compressão significa-
intercostais, as comunicações azygos no tórax e pélvis, as veias lom- tiva dos elementos neurais, elas podem ser traumáticas, neoplás icas,
bares e as com un icações com o sistema da veia cava inferior; e as inflamató rias, degenerativas e lesões congênitas. Na coluna lombar,
veias das estruturas ósseas da coluna espinhal. O sistema venoso esta indicação tem sido expandida para incluir fusões intersomáticas
não desempenha um papel específico no metabolismo da medula anteriores para dor discogênica e instabilidade.
espinal; ele se comunica diretamente com o sistema venoso de As abordagens anteriores da coluna geralmente são feitas por
drenagem da cabeça, tórax e abdome. Esta interligação permite a um cirurgião experiente em coluna e, em geral, não são apropriadas
lllllm) PARTE XII A COLUNA

Indicações Relativas das ABORDAGEM ANTERIOR TRANSORAL


QUADRO 37-1 Abordagens Anteriores da
Coluna Vertebral TÉCNICA ~
"'----~~~~~~~-'~
1. Traumáticas (SPETZLER)
a. Fraturas com compressão neurológica documentada
secundária a fragmentos de osso ou de disco ante- • Posicione o paciente em posição supina uti liza ndo um dis-
riormente à dura-mater positivo de retenção de cabeça de Mayfield ou com tração
b. Lesão medular incompleta (para recuperação da medula) esquelética por meio de pinças de Gardner-Wells. É reco-
com compressão extradural anterior mendado o monitoramento da medula espinhal através de
e. Lesão medular comp let a (pa ra recuperação de ra iz) potenciais evocados somatossensoriais. O cirurgião pode
com compressão extradural anterior sentar-se diretamente acima da cabeça do paciente .
d. Dor tard ia ou paralisia após lesões remotas com com - •Passe um cateter de borracha vermelh a em cada narina
pressão extradural anteri or e suture-o na úvula. Aplique tração nos cateteres para
e. Hérnia de disco intervertebral puxar a úvu la e o palato mole para fora do campo cirúr-
2. Infecciosas gico, tomando cuidado para não ca usa r necrose da car-
a. Bi ópsia aberta para diag nóstico
t il agem se ptal pe la pressão excessiva. .
b. Debridamento e enxertia anterior de su porte •Insira um afastador McGarver na boca e use-o para retrai r
3. Degenerativas e segurar o tubo endotraqueal afastado. O microscópio
a. Rad iculopatia espondilótica cervical ci rúrgico é útil para melhorar a exposição limitada .
b. Mielopatia espondi lótica cervical •Prepare a orofaringe com hexaclorofeno (p HisoHex) e
e. Hérnia de disco torácico iodopovidona (Betadine).
d. Fusões intersomáticas cervicais, torácicas, lombares
• Apal pe o anel anterior de C 1 sob a faringe posterior e
4. Neoplásicas
faça uma incisão na parede posterior da faringe do
a. Doença metastática extradural
aspecto superior de C1 para o início de C3.
b. Tumor primário do corpo verteb ra l
•Obtenha hemostasia com um eletrocautério bipolar,
5. Deformidades
tomando cuidado para não hipercauteriza r, produzindo
a. Cifose - co ngênita ou adquirida
necrose térm ica do tecido e aumento do risco de infecção.
b. Escoliose - congênita, adquirida ou idiopática
•Com um elevador periostea l, disseque subperiostea l-
mente as bordas da incisão da faringe do anel anterior
de C 1 e a face anterior de C2. Use pontos de t ração para
manter as abas afastadas.
• Sob visão direta, com um microscópio cirúrgico ou com
lupas de ampliação e foco, realize um desbrid amento meti-
para cirurgiões que apenas ocasionalmente utili zam técnicas da culoso de C 1 e C2 com uma broca de ar de alta velocidade,
rug ina ou cureta. Quando se aproximar do ligamento lon-
coluna vertebral que realizem esse tip o de cirurgia. Em muitos
gitudinal posterior, uma broca diamantada é mais segura
centros, se prefere uma abordagem em equipe para utilizar as habi -
lidades de um cirurgião ortopedista, neurocirurgião, cirurgião torá- para remover os últimos remanescentes do osso.
•Quando o desbridamento adequado do osso infectado e
cico ou cirurgião de cabeça e pescoço. O ortopedista ainda deve ter
um conhecimento prático de vísceras subj acentes, equilíbrio hídrico, do tecido necrosado foi rea liza do, descomprima a medu la
fisio logia e outros elementos de cuidados intensivos. As complica- esp inhal cervica l superior.
• Se a coluna cervica l tiver que ser fundida anteriormente,
ções da cirurgia da coluna anterior são raras; no entanto, há um risco
alto de morbidade significativa, e por isso estas abordagens devem col ha um enxerto cortical da crista ilíaca do paciente, de
ser utilizadas com cuidado e apenas em circunstâncias apropriadas. forma que se encaixe, e insi ra -o.
Os perigos potenciais incluem lesão iatrogênica vascular, visceral ou •Lave o local da cirurgia com uma solução antibi ótica e
de estruturas neurológicas. feche a faringe posterior em camadas.
A incidência exata de complicações graves da cirurgia ante-
rior da coluna é desconhecida. Um profundo conhecimento dos
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Um tubo endotraqueal
é deixado no local durante a noite para manter a via res-
planos teciduais anatômicos e um a técn ica cirúrgica meticulosa
piratória adequada. Um colete pode ser ap licado ou tração
são necessários para evitar complicações graves. A escolha da
esquelética pode ser mantida antes da mobi lização.
abordagem depe nde da preferência e da expe ri ência do cirurgião,
da idade do paciente e sua condição médica, de segmentos da
colun a verteb ral envolvidos, de processo patológico subj acente e
de presença ou ausência de sinais de compressão neural. As indi-
cações comumente ace itas para abordagens anterio res estão lista-
das no Quadro 37- 1. ABORDAGEM RETROFARÍNGEA
ANTERIOR
• ABORDAGEM ANTERIOR, OCCIPITAL A C3 A abordagem retrofaríngea anterior da coluna cervical supe-
A abordagem anterior para a coluna cervical superior (occipital a
rior, como descrita por McAfee et ai., é excelente para o
C3) pode ser transoral ou re tro farí ngea, dependendo do processo
desbridamento anterior da coluna cervical superior e permite
patológico presente e da experiência do cirurgião.
CAPÍTULO 37 ANATOMIA DA CO LU NA VERTEBRAL EABOR DAG ENS CIRÚRG ICAS

•Resseque a glându la sub mandibul ar (Fig. 37-1 OB) e ligue


o duto para evitar a formação de uma fístula sa livar.
• Identifique os múscu los digástrico e esti lo-h ióideo e
marque e incise o tendão do primeiro. O nervo facia l pode
ser prejudicado por retra ção superior no músculo esti loide;
no entanto, pela divisão dos múscu los digástrico e estilo-
-hióideo, o osso hioide e a hipofaringe podem ser mobili-
zados mediaimente, evitando a exposição do esôfago,
hipofaringe e nasofa ringe.
• Identifique o nervo hipog losso e recolha-o superiormente.
•Continue a dissecção no espaço retrofaríngeo entre a
bainha carotídea latera lmente e a laringe e afarin ge
mediaimente. Aumente a exposição através da ligação dos
ramos da artéria carótida e da veia jugular interna, que
impedem a retração da bainha carotídea lateralmente (Fig.
h!ijll;f!j1i19 Abordage m transora l a nter ior (ver texto). 37- 10CeD)
(Redesenhada de Spetzler RF: Transoral approach to the upper cervica l •Identifique e mobil ize o nervo laríngeo superior.
spine . ln Evarts CM, editor: Surgery of the muscu/oskeletal system, New •Após retração adequada da bainha carotídea lateral-
York, 1983, Churchill Livingstone.) VEJA A TÉCNICA 37-1. mente, divida as camadas fasciais alar e pré-vertebrais
long itudinalmente para expor os músculos longus coll i.
Tome cu idado para manter a cabeça em posição neutra
e identifique com precisão a linha média.
a colocação de enxertos ósseos para estabilização, se neces-
•Retire os múscu los longus col li subperiostealmente do
sário. Ao contrário da abordagem transora l, é inteiramente
aspecto anterior do arco de C 1 e o corpo de C2, evitando
extramucosa e os rel atos apontam que ela apresenta menos
lesão nas artérias vertebra is.
complicações por infecção da ferida e déficit neurológico.
• Meticulosamente debride as estruturas ósseas envolvidas

-"""------'~
(Fig . 37-1 OE); se necessário, rea lize enxertia com osso
TÉCNICA autólogo do ilíaco ou fíbula .
•Feche a incisão sobre drenas de sucção e repare o tendão
(MCAFEE ET AL.) digástrico. Feche o platisma e as abas da pele em camadas.

• Posicione o paciente em posição sup ina, de preferência CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O paciente é mantido
em um quadro articu lado com tração esquelética através em tração esquelética com a cabeceira da cama elevada
de pinças ou um ha lo. O monitoramento somatossenso- para reduzir o in chaço. Continua-se a intuba ção até que
rial do potencia l evocado das fun ções da medu la é suge- o edema da faringe tenha sido resolvido, gera lmente
rido durante o proced imento. durante 48 horas. O paciente pode ser extubado e mobi-
•Realize intubação nasotraquea l de fibra óptica para evitar lizado em um halo-vest, ou, se ind icado, um procedi-
movimento excessivo do pescoço e manter a orofaringe mento de estabilização posterior pode ser feito antes da
livre de tubos que poderiam diminuir a mandíbu la e inter- mobilização.
ferir na exposição subsequente.
• Faça uma incisão transversal na pele do lado direito na
região submandibula r com extensão vertical conforme
necessário para propiciar uma exposição adequada (Fig .
37-10A) . Se a abordagem não t iver que ser estendida • MAXILOTOMIA ESTENDIDA E MAXILECTOMIA
abaixo do nível da qu inta vértebra cervical, não haverá
aumento do risco de lesão do nervo laríngeo recorrente.
SUBTOTAL
Cocke et ai. descreveram uma maxilotomia estendida e uma maxi-
• Leve a dissecção atravé s do músculo platisma com a
lectomia subtotal como alternativa à abordagem transara! para a
fáscia superf icial do pescoço e mobilize as abas desta
exposição e remoção do tumor ou do osso anteriormente na base
área.
do crânio e da co luna cervica l em CS. Es te procedim ento é tecnica-
•Identifique o ramo mandibu lar margina l do sétimo nervo
mente exigente e exige um con hecimento profundo de anato mia da
com a ajuda de um estimu lador de nervo e li gue as veias
cabeça e do pescoço. Ele deve ser reali zado por uma equ ipe de
retromandibulares superiormente.
cirurgiões, incluindo um otorrinolaringologista, um neurocirurgião
•Mantenha a dissecção profunda da ve ia retromandibular
e um ortopedista.
para evitar acidentes com os ramos superfici ais do nervo
facial. Antes da cir urgia, o tam anho, a posição e a dimensão do tumor
ou do osso a ser removido devem ser determinados, utilizan do -se
• Ligue a ve ia retromandibula r quando se unir com a ve ia
jugular interna. as técnicas de im agem apropriadas. Três a 5 dias antes da cirurgia,
secreções nasais, orais e da faringe são cultivadas para dete rminar
•Mobil ize a borda anterior do músculo esternocleidomas-
os antibióticos adequados necessários. Antibióticos da classe das
tóideo dividindo longitudina lmente a camada superficial
cefalosporinas e am inoglicosídeos são administrados an tes e depois
da fáscia cervical profunda. Sinta as pu lsações da artéria
carótida e proteja o conteúdo da bainha carotídea. d a cirurgia se as culturas forem normais, e são aj ustadas se a flor a
for anorma l ou resistente a esses m edicamentos.
lllm> PARTE XII A COLUNA

Músculo
esternomastóideo ----+=li',

hipoglosso

A B

submandibular
ressecada
Nervo
hipoglosso ----t;<"'ii~~

Divisão das
artérias facial
e Divisões das
comum e lingual
Artéria
veias facial carótida
comum , lingual superior
e tireóidea
superior

Incisão no
E músculo
longus colli

O[êii!ifiimI!I A-E, Abordagem anterior retrofaríngea (ver texto) . (Redesenhada de McAfee PC, Bohlman HH , Riley LH Jr, et ai: Th e anterior
retropharyngea l approach to the upper part of th e ce rvical spi ne, J Bane Joint Surg 69A: 1371, 1987.) VEJA A TÉCNICA 37-2.
CAPÍTULO 37 ANATOM IA DA CO LUNA VERTEBRAL EABORDAGENS CIRÚRGICAS GiJllll
r
.l-!~,,,...::,~'<--- Base da turbina
superior

li- - - - ' - - - - ' - Deferia


\ srnonasal
1
--"~---'----.;,:..__'----'-' Base do

pterrgorde Músculo

A L ____ B e

H@ll;fflE!lll A-G, Maxilotomia estendid a e maxilectomia subtotal (ver texto). (Redesen hada de Cocke EW Jr, Robertson JH, Robertson
JR, et ai: The extended maxillotomy and subtotal maxi llectomy for excision of skull base tumors, Arch Otolaryngol Head Neck Surg 116:92, 1990.)
VEJA A TÉCNICA 37-3.

• Preencha ca da cavidade nasal com cotonoide embebido


MAXILECTOMIA SUBTOTAL em fenilefrina 1%.

--------~
TÉCNICA •Prepa re a pele com iodopovidona e, em seguida, álcool.
Cubra o local da cirurgia com campos de pano mantidos
(COCKE ET AL.) no lugar com sut uras ou grampos cirúrgicos e cobertos
com um adesivo cirúrg ico transparente.
•Posicione o paciente na mesa de cirurg ia com a cabeça •Exponha a maxi la su perior por meio de uma incisão de
elevada a 25 graus. lntube o paciente por via oral e mova pele Webe r-Ferguson modificada (Fig. 37-11 A) Faça
o tubo para o lado contra latera l da boca . uma incisão ve rti cal através do lábio superior no f iltro
•Execute uma gastrostomia endoscópica percutânea se a labial do sulco nasoge niano até a borda do ve rmelh âo.
incisão tiver que ser deixada aberta ou se problemas Estenda a extremidade inferi or para a linh a méd ia e
forem antecipados . verticalm ente na linh a média através da mucosa até o
•Realize uma t raq ueostomia, se a exposição puder ser sulco gingivojuga l. Divida o lábio superior e ligue as arté-
limitada ou se houver problemas pulmonares graves. Esse rias labiais. Estenda a incisão na pele transversalmente a
passo normalmente é desnecessário. partir da extremid ade do láb io superior pelo sulco naso-
•Insi ra um cateter de Foley e sutu re as pálpebras fechadas labial para além da asa nasal e superiorment e ao longo
com nylon 6-0 . do su lco nasofacial até a pálpebra infer ior.
•Infiltre os tecidos moles do lábio superior, bochecha, •Extraia o dente incisivo central.
gengiva, palato, fossa pterigoide, nasofaringe, septo nasa l, •Faça uma in cisão na linha média ve rt ica l através do
assoa lho nasal e parede nasal lateral com lidocaína a 1% mucope ri ósteo da max il a anterior da calha gengivobu -
e epinefrina 1: 100.000. ca l ao defeito incisivo central e transversalmente através )
lllD PARTE XII A CO LU NA

) da ge ngiva buca l adjacente aos dent es pa ra a reg ião


retromo lar.
trás da placa pt erigoide. Use um amplo elevador perios-
tea l sob a serra, na placa pterigoide, pa ra manter a
• Eleve a pele, o t ecido subcutâneo, o periósteo e o muco- posição elevada (Fig. 37 -11 F).
periósteo da maxila para expor as paredes anterior e • Posicione a menor serra de Gigli passando uma pinça de
latera l da maxi la, o osso nasal, o forame piriforme do Kelly (Fig. 37-11 E) através do nariz até a nasofaringe por
na ri z, o nervo orbital inferior, o osso ma lar e o múscu lo t rás das narin as posteri ores do palato duro. Envo lva a
masseter (Fig. 37-11 D). serra entre as lâm inas do grampo e passe-a pelo na ri z em
• Divida a margem anterior do músculo masseter em sua posição para a divisão do palato duro (Fig. 37- 11C).
origem malar e remova uma cunha de osso malar. Uti lizar •D ivida as paredes ósseas da maxila (Fig. 37-11 C) . Pri -
essa cunha para acomodar a serra de Gigli, quando se mei ro divida o palato duro e, em segu id a, a maxil a
dividi r a maxila (Fig . 37-11 E e F). superior. Evite enreda r as serras e protej a os tecidos
•Faça uma incisão no mucoperiósteo do pa lat o duro moles de lesões.
li ng ual adjacente aos dentes do defeito incisivo central • Retire a maxila após a divisão de seus anexos muscu lares.
pa ra junta r a incisão retromo lar. •Ligue a extrem idade distal da artéria maxilar interna.
•Estenda a incisão medial retromolar à mandíbu la lateral • Coloque suturas de tração nos tecidos moles do lábio de
para a amígda la e para o espaço retrofaríngeo no nível ambos os lados da incisão inicial do lábio e no mucope-
do osso hioide o u farin ge infe ri or, se necessário. ri ósteo dos pa lat os duro e mole. A fa ri nge posterior está
•El eve o mucoperiósteo do pa lato duro do defeito in cisivo agora tota lme nte exposta.
central e da crista alveolar e para além da linha média do •I nfi ltre a membrana mucosa que cobre a parede pos-
palato duro. terior da nasofa ringe, orofaringe e a área tonsi lar no
• Retire o pa lato mole com seu forro nasa l da margem níve l do osso hioide com lidoca ína a 1 % e ep inefri na
posterior do pa lato duro. 1: 100.000.
• Divida e eletrocoagule os ma iores vasos e nervos palati - •Faça uma incisão vert ica l na linh a média através dos
nas. Envolva os fo rames palatinas com cera de osso. tecidos moles da pa rede posterior da nasofaringe que se
• Recolh a o mucoperiósteo do palato duro, o pa lato mole, estende do seio esf enoida l para o fo rame magno. Outra
o pi lar tonsilar anterior, as amígdalas e a faringe mediai- opção é fazer uma incisão transversal do seio esfenoidal
mente da fásc ia pré-vertebral. Geralmente, é necessário para a parede posterior da nasofa ringe lateral pa ra a tuba
separa r e reco lher o pa lato mole da parte posterior ou audit iva ao longo da pa rede lat eral da faringe infe ri or-
das pa redes laterais da faringe. mente, posteriormente ao pil ar amigda liano posterior
• Exponha a cavidade nasa l ao dissociar os tecidos moles atrás do pa lato mole (Fig. 37-11 B).
nasais da margem latera l e da base da abertura piriforme •Repita essa incisão no lado oposto, produzindo uma aba
nasal (Fig. 37-1 18). da fa ringe com base inferior (Fi g. 37- 11 B).
•Remova uma cunha óssea do processo ascendente da • Faça uma exposição ma is ampla estendendo a incisão da
maxila pa ra acomoda r a serra de Gigli superior (Fi g. parede lateral da fa ringe através do pi lar anteri or to nsila r
37-11 E). para se junta r à incisão retromolar. Estenda esta incisão
•Remova o processo coronoide da mandíbula acima do no espaço retrofaríngeo e retraia o pi lar anterior tonsilar,
nível de entrada dos vasos e dos nervos alveolares infe- amígdalas e palato mole em direção à linha média com
riores, depois dividindo a sua fixação do múscu lo tempo- uma sutura de tração. Não é necessário separar o palato
ra l, exponha a placa pterigo ide lateral e a artéria maxilar mole com pl etamente da pa rede da farin ge.
interna. •Estenda a incisão da pa rede farín gea inferiormente ao
• Divida os músculos pterigóideos com um bisturi elétrico nível do osso hioide ou além.
até que a borda acentuada do osso posterior da placa •Eleve, divida e separe o múscu lo constritor superior, a
pterigoide latera l seja vista ou palpada. f áscia pré-vert ebra l, o múscu lo longus capitis e os liga-
• Mobilize, grampeie, ligue e divida a artéria maxilar interna, mentos anteriores longitudina is da base óssea do crân io
perto da placa pterigoide. e coluna cervica l superi or ventralmente.
•D irecione a sut ura atrás da placa pterigoide lateral pa ra •Expon ha a qua nti dade de osso a ser operada a pa rt ir do
a nasofaringe e atrás da margem posterior do pa lato duro fo rame magno para CS. Use um microscóp io ci rúrgico ou
na orofaringe (Fig. 37-11F) ampliação com lupa para melhorar a visão.
• Passe uma pinça de Kelly através do nariz para t rás do • Remova o osso responsável pela compreensão com uma
pa lato duro pa ra recupera r a extremidade medial da broca de alta velocidade, evitan do a penetração da dura-
sut ura de seda no suporte da li gadu ra. máter.
• Anexe uma serra de Gig li à extremidade lateral da sutura • Feche a membrana mucosa da nasofaringe e do tecido
e passe a serra em posição para dividir a maxila superior. subcutâneo em uma camada com suturas interrompidas .
•Posicione a serra de Gig li superior (Fig. 37- 11 E e F) uti li- • Use uma pele de espessura parcial ou enxerto dérmico da
zando um suporte de ligadura com rosca de tamanho coxa para ressurgir da mucosa bucal e quaisquer defeitos
médio, pontiagudo, curvado, em ângulo reto com a de superfície nasal do palato duro.
sut ura de seda preta nº 2. •Use um po nto de aproximação para manter o enxerto no
•E nvolva o braço medial da serra na cunha do processo lugar, sem curativo compressivo.
ascendente e o seu braço lateral na cunha malar. Tome • Substitua o zigomático e estabilize com fio de aço se ele
cuidado para posicionar a serra o mais alto possível por tiver sido mobilizado.
CAPÍTULO 37 ANATOM IA DA COLUNA VERTEBRAL EABORDAG ENS CIRÚRGICAS C.mllll
•Volte a maxi la para sua posição orig ina l e a mantenha no A lesão do nervo laríngeo recorrente pode ser menos comum no lado
lugar com placas de metal ou de compressão. esquerdo porque o nervo tem w11a trajetória mais vertical e encontra-se
•Coloque um chumaço de gaze im pregnado com antib ió- em uma posição protegida no interior da bainh a esofagotraqueal.
tico na cavidade nasal. À direita, o nervo deixa o tronco principal do nervo vago e passa
• Feche a incisão da cavidade ora l com suturas verticais anteriormente e sob a artéria subclávia, enquanto, na esquerda, ele
interrompidas mattress 3-0 de ácido poligl icólico (Fig. passa por baixo e posteriormente à aorta no local de origem do liga-
37 -11G ). mento arterioso. O nervo corre para cima, tendo uma relação variável
•Feche a incisão facial com sutu ras cromadas 5-0 e de com a artéria tiroide inferior, fazendo com que o nervo laríngeo recor-
nylon 6-0. rente, no lado direito, torne-se altamente vulnerável à lesão se os vasos
inferiores da tiroide não estiverem ligados o mais lateralmente pos-
sível ou se as estruturas da linha média, juntamente com o nervo
laríngeo recorrente, não estiverem afastadas de forma intermitente.
A posição mais curta, mais lateral, do nervo laríngeo recor-

TÉCNICA ..
MAXILOTOMIA ESTENDIDA

•Expon ha a base do crân io e a coluna cervical superior


como se fosse pela técn ica de maxilectomia, mas omita
~
rente direito o coloca em risco de lesão por trauma direto ou por
retração, que é necessária para expor as vértebras cervicais ante-
riores. Uma exposição do lado esquerdo mediaimente à artéria
carótida e à veia jugular interna pode ser utili zada para minimizar
o risco de lesão. Embora muitos ciru rgiões de coluna usem a abor-
dagem do lado direito com uma baixa incidência de paralisia sin-
tomática do nervo laríngeo recorrente, a incidência de paralisia
a extração do incisivo centra l e a incisão gengivol in gual.
temporária, parcial ou assintomática pode ser sub estimada. Nós
•Use um proced ime nto de desenluvamento para a eleva-
acred itamos que o uso da abordagem do lado esquerdo pode
ção da pele facial sobre o maxi lar e o nariz para evitar
reduzir o risco de tais lesões.
cica tri zes fac iais.
•Divida a origem f ibromuscula r do palato mole para a placa
pterigoide e o palato duro, expondo a nasofaringe.
•Coloque a serra de Gigli superi or com a ajuda de um
ABORDAGEM ANTERIOR, C3 A C7

~---------'~
porta-agulhas para a divisão da maxil a sob o nervo
TÉCNICA
infraorbita l.
•Eleve o mucoperióst eo do piso nasal do forame piriforme
(SOUTHWICK E ROBINSON)
até o palato mole. Estenda essa elevação mediaimente
até o septo nasal e latera lmente at é a turbina inferior.
Tal como com outras abordagens à col una verteb ra l cervi-
•Divida o osso do assoalho nasa l com uma serra sem
ca l, a tração esquelética é sugerid a e o monitoramento da
lacerar o periósteo subjacente do palato duro.
medula espinal deve ser usado. A exposição pode ser rea-
• Articule a maxi la no palato duro, no mucoperiósteo nasal
lizada tanto por uma incisão transversal quanto longitudi-
e no palato mole e gire-a mediaimente.
na l, dependendo da pref erência do ciru rg ião (Fig. 37- 12A).
A incisão da pele no lado esquerdo é a preferida por causa
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO A drenagem contín ua
da anatomia mais constante do nervo laríngeo recorrente
de líquido cefa lorraquidian o é mantid a e a cabeça é
e do risco menor de lesão acidental do nervo. Em geral,
elevada a 45 graus se a dura-máter tiver sido reparada
uma incisão de três a quatro dedos acima da clavícul a é
ou substituída. Esses procedimentos são omitidos se não
necessária para expor C3-5; uma incisão de dois a três
houver ruptura ou defeito durai. Uma camada de gelo é
dedos acim a da clavícula permite a exposição da C5-7.
usada na bochecha e na t êmpora para reduzir o edema.
•Central ize a incisão transversa sobre a borda medial do
A terapia com antibióticos continua at é que o risco de
músculo esternocleidomastóideo . A infiltração da pele e
infecção seja minimizado. Peróxido de hidrogênio é utili-
do tecido subcutâneo com uma solu ção de 1: 500 .000
zado para irrigação da boca para ajudar a manter a
de epinefrina ajuda a hemostasia.
cavidade bucal limpa . O tubo endotraquea l é removido
•Incise o múscu lo platisma em linh a com a incisão na pe le
quando o risco de oclusão por inchaço for minimizado.
ou abra-o verticalmen te para mais exposição.
A cavidade nasofa rín gea é limpa com soro fisiológico
•Identifique a borda anterior do músculo esternocle ido-
duas vezes ao dia durante 2 meses após a retirada das
mastóideo e longitud inalmente incise a camada superfi -
gazes. As suturas faciais são removidas em 4 a 6 dias e
cia l da fáscia cervical profunda; loca lize o pulso carotíd eo
assuturas ora is em 2 semanas.
por palpação.
•Divida com cuidado a camada média da f áscia cervical
profunda q ue envo lve o omo-hi ó ideo mediaimente à
• ABORDAGEM ANTERIOR, C3 A C7 bainha carotídea.
A exposição da região cervical média e inferior da coluna é mais •Como o esternomastó ideo e a bainha carotíd ea estão
comumente feita por meio de uma abordagem anterior mediaimente retraídos lateralmente, o aspecto anterior da coluna cer-
à bainha carotídea. Um conhecimento profundo dos planos fasc iais vica l pode ser palpado. Id entifique o esôfago que se
anatômicos permite uma abordagem segura e direta para esta área. encontra posteriormente à traqueia e retra ia a traqueia,
A complicação mais frequente da abordagem anterior é a paralisia o esôfago e a tireoide mediaimente (Fig. 37-128). )
das cordas vocais causada pela lesão do nervo laríngeo recorrente.
ED PARTE XII A COLUNA

A Glândula tireoide

O@ihfiiE:il!I Abordagem anterior para C3-7 (ver texto) . A, Incisão. B, Glândula tireoide, traqueia e esôfago foram retraídos mediai-
mente e a bainha carotídea e o seu conteúdo fo ra m retraídos lateralmente na direção oposta. VEJA A TÉCNICA 37-5 .

• Divida por dissecção romba as camadas profundas da


)
fáscia cervical profunda, que consiste na fáscia pré-traqueal
e pré-vertebral que recobrem os músculos longus colli.
• Subperi ost ealmente reflita o longus colli do aspecto ante-
rior da coluna latera lmente até o nível das articulações
uncovertebrais. A exposição res ultante é suficiente para
um amp lo desbridamento e enxerti a óssea.
•Feche a incisão sobre um dreno para evitar a formação
de hematoma e possível obstrução das vias aéreas.
•Aproxim e as bordas da platisma e da pele de forma
rotineira.

• ABORDAGEM ANTEROLATERAL, C2 A C7 H@il;f41i19 Dissecção anatômica mostrando a relação da


cadeia simpática cervical (SC) com o músculo longus col/i (LC).
Chibbaro et ai. e Bruneau et ai. descreveram uma abordagem ante-
Também são mostrados o músculo esternocleidomastóideo (SMC),
rolateral da colu na cervical que permite a descompressão do corpo
o ligamento longitudinal anterior (ALL), o músculo longus capitis
e das raízes que estão afetadas por mielopatia e/ou radic ulopatia
(Lc), a artéria tireoidiana inferior (ita) e o gânglio superior do
unilateral. Esta técnica permite a remoção de uma cunha de vértebra
tronco simpático (sg) . (O lado esquerdo é cran ia l e o lado direito
cervical, sem a necessidade de um enxerto ou de instrumentação.
é cauda l.) (De Civelek E, Karasu A, Cansever T, et ai. Surgical anatomy
Ela também permite a exposição direta da artéria vertebral e veias
of the cervica l sympathetic trunk during anterolateral approach to the
por exposição direta do fora me vertebra l. Ela é reco mendada para
cervical spine, Eur Spine J 17:99 1, 2008.)
pacientes idosos e fumantes com compressão óssea uni late ral ante-
ri or ou lateral sem instabilidade. As vantagens citadas dessa técnica
incluem ampla descompressão no mesmo nível ou em vários níveis
enquanto proporciona visão direta da artéria vertebral e das raízes
nervosas. A desvantagem é a dificuldade de dissecção com lesão
potencial na artér ia ve rtebral, veias, XI nervo craniano e da cadeia há um a curva de aprendi zagem com este procedimento. A partir de
simpática, o que pode resultar na síndrome de Horner (ptose, estudos anatôm icos, Civelek et al. determinaram que a cadeia sim-
miose ipsolateral e anidrose). Em 459 procedimentos realizados pática cer vical estava em média a 11,6 mm da borda medial do
desde 1992, Chibbaro et ai. não observaram nenhuma lesão na músculo longus colli (Fig. 37-1 3). O gânglio superior estava sempre
artéria vertebral, vazamento de líquido cefalorraq uidiano, disfagia no nível de C4, ao passo que o gânglio intermediário variou em
ou paralisia da raiz nervosa; no entanto, 14 pacientes (3%) desen- relação ao nível da coluna ce rvical. O maior risco para a cadeia
volveram sínd rome de Horner, que se tornou permanente em simpática é durante o corte do músculo longus colli transversalmente
quatro, e três tiveram infecção. A frequência da síndrome de e a dissecção da fásc ia pré-vertebral.
Horner relatada na literatura chega a 4%. Os autores ressaltam que Nós não temos experiência com esse procedimento.
CAPÍTULO 37 ANATOM IA DA COLUNA VERTEBRAL EABORDAG ENS CIRÚRG ICAS Gim
• ABORDAGEM ANTERIOR PARA JUNÇÃO
ABORDAGEM ANTERO LATERAL, C2 A C7
CERVICOTORÁCICA, C7 A T1
TÉCNICA ~
--------'~ Não existe um acesso anterior preparado para a junção cervicotorá-
cica. A rápida transição da lordose cervical para cifose torácica
(BRUNEAU ET AL; CHIBBARO ET AL)
resulta em uma mudan ça brusca na profundidade da incisão. Além
• Coloque o paciente em posição supina com a cabeça disso, esta é uma área confluente de estruturas vitais que não são
virada para o lado oposto da incisão e do pescoço em prontamente retraídas. As três abordage ns para esta área são (1)
extensão. Prepare o pescoço como para qua lq uer cirurgia abordagem cervical anterior baixa, (2) abordagem transtorácica
de discectomia cervical anterior habitual. elevada e (3) abord agem transesternal.
•Identifique o nível envolvido radiograficamente. A abo rd agem cervical anterior baixa fornece acesso a Tl no
•Faça uma incisão longitudinal ao longo da borda medial ponto inferior e da coluna cervical inferior na extensão superior da
do músculo esternocleidomastóideo . (Ao nível da C2-3, dissecção. A exposição é limitada na região torácica superior, mas
a incisão se prolonga desde a ponta do processo mastoide ge ralmente é adequad a para a colocação de um enxerto de suporte,
superiormente até a fúrcula para exposição de C7-T1 se necessário. A estrutura anatôm ica individual deve ser considerada
inferi ormente.) com cuidado no planejamento pré-operatório.
•Incise o músculo platisma ao longo do plano de incisão
na pele.
•Abra o espaço entre o músculo esternocle idom astóideo ABORDAGEM CERVICAL
e a veia jugu lar interna com dissecção romba. Afaste o ANTERIOR BAIXA
músculo esternocleidomastóideo lateralmente e os grandes

---------'~
vasos não dissecados, a traqueia e o esôfago medial TÉCNICA
(Fig. 37-14A)
•Identifique a bainha de gordura em torno do XI nervo • Entre no lado esquerdo por uma incisão transversal colo-
craniano e exponha o nervo de C2 a C4. cada a um dedo acima da clavícula.
•Identifique os processos transversos com um dedo. • Estique-a bem do outro lado da linha média, tendo
•Divida a aponeurose do !ongus colli longitudinalmente cuidado especia l ao dissecar ao redo r da bainha carotídea
para identificar a cadeia simpática, que se encontra na na área de entrada do dueto torácico . Este último se
parte superior do longus colli. aproxima da veia jugular a partir da sua face latera l, mas
•Recolha a aponeurose e a cadeia simpática latera lmente. é comum haver va riações.
•Divida o longus colli longitudina lmente no interva lo da •Novas medidas de exposição seguem as abordagens cer-
junção do corpo vertebra l e dos processos transversos. vica is anteriores convencionais.
•Tome cuidado para ter certeza de que a artéria vertebral
não está entrando em um nível anormalmente elevado,
como C3, C4 ou CS.
•Limpe os processos transversos e o aspecto lateral
ABORDAGEM TRANSTORÁCICA
do corpo vertebra l. Confirme o nível de dissecção radio- ELEVADA
graficamente.
• Subperiostealmente disseque o aspecto lateral da articu la- TÉCNICA
ção uncovertebral e a borda media l da artéria vertebra l.
•Uma deformidade cifótica da coluna vertebral torácica
•Abra o forame vertebra l latera lm ente removendo a parte
tende a forçar a co lun a cervica l para dentro da caixa
anterior do forame transverso com um Kerrison. Isto
torácica, no qual uma abordagem transtorácica elevada
libera a raiz cervical da raiz da dura-máter para a margem
da artéria vertebra l. é uma escol ha lógica.
• Confirm e o nível de descompressão novamente radiogra- •Faça uma incisão periscapu lar (Fig. 37 -15) e remova a
ficamente . segunda ou a terceira costela; removendo a última, é
• Realize uma corpectomia oblíqua na vértebra, usando necessário proporcionar um espaço de trabalho suficiente
uma broca de corte para remover longitud inalm ente o no caso de uma criança ou se uma deformidade cifótica
osso a partir do espaço do disco superior para o inferior estiver presente. Isso expõe o interva lo entre C6 e T4. A
(Fig. 37-14B-D). excisão da primeira ou da segunda costela é adequada
•Comece com uma ressecção longitudinal imed iatamente em adultos ou na ausência de uma cifose exagerada.
medial à artéria vertebral e continue a remoção do osso
mediaimente. Preserve a cortical posterior até que a Para exposição igual da colu na torácica e cervical de C4 a T4,
cunha ficar completa. recomenda-se a abordagem de divisão esternal; ela é comumente
• Ressequer a cortical posterior e o lig amento longitudinal usada em cirurgia cardíaca.
posterior para descomprimir a medula.
• Cheque novamente a descompressão radiograficamente.
• Obtenha boa hemostasia, irrigue a incisão e retire os ABORDAGEM TRANSESTERNAL
afastadores. Os tecidos vão cair no lugar.

-------'~
•Feche o tecido subcutâneo e a pele, como desejado. TÉCNICA
•Um dreno pode ser util izado, se necessário.
• A imobi lização com um colar pode ser necessária para a •Faça uma incisão em forma de Y ou em linha reta com
cicatrização dos tecidos moles. o segme nto vertica l que passa ao longo da área médio- )
~ PARTE XII A COLUNA

Artéria carótida
externa-----
~
Artéria carótida •

esternomastóideo

li@ii;@Ei.19 A, Abordagem anterolateral da coluna ce rv ica l através do intervalo entre o esternocleidomastóideo (SCM) lateral-
mente e ao longo da veia jugular interna (IJV) mediaimente com as outras estruturas vasculares incluindo a ca rótida interna (IC) e a
carótida externa (EC). O nervo cra niano XI é identificado em C2 a 4. A aponeurose do longus colli é aberta longitudinalmente, e a cadeia
simpática é identificada e cuidadosamente protegida, enquanto são expostas as articulações uncovertebrais e a superfície anterior do
processo transverso. O forame é aberto sobre a artéria vertebral (V). B, A exposição do osso através de descompressão lateral em forma
de cunha . C, TC após cunha de descompressão. D, RM pós-o perató ria mostrando descompressão. (De Chibbaro S, Mirone G, Bresson D,
George B: Cervical spine lateral approach for myeloradiculopathy: technique and pitfalls, Surg Neurol 72:318, 2009.) VEJA A TÉCNICA 37-6.
CAPÍTULO 37 ANATOMIA DA COLUNA VERTEBRAL EABORDAGENS CIRÚRGICAS GiDll
esternal da fúrcula até um pouco abaixo do processo recomendaram esta divisão. Uma desvantagem da laque-
)
xifoide (Fig . 37-16A). adura é que ela deixa um leve alargamento no pós-ope-
• Estenda a extremidade proximal na diagonal para a direita e ratório na extremidade superior esquerda, que não é
a esquerda, ao longo da base do pescoço, para uma distân- visível a não ser quando cuidadosamente avaliado.
cia curta. Para evitar entrar na cavidade abdominal, tenha •Esta abordagem fornece acesso limitado e o seu sucesso
cuidado de manter a dissecção sob o periósteo, enquanto depende da precisão da interpretação pré-operatória da
expõe a extremidade distal do esterno. Na extremidade pro- deformidade e um alto grau de precisão cirúrgica.
ximal do entalhe esternal, evite a veia tireóidea inferior.
•Por dissecção romba, reflita a pleura parietal da superfície
posterior do esterno e das cartilagens costais e desenvolva
um espaço. Passe um dedo ou um instrumento acima e ABORDAGEM ANTERIOR MODIFICADA
abaixo do espaço supraesternal e insira uma serra de Gigli
e divida o esterno. Espalhe o esterno dividido e ganhe
PARA TRANSIÇÃO CERVICOTORÁCICA
acesso ao centro do peito (Fig. 37-16B). Em crianças, a parte Vários autores descreveram uma abordagem anterior à tran-
superior da exposição é posterior ao timo e delimitada pelas sição cervicotorácica usando uma esternotomia mediana
artérias inominada e carótida e os seus homólogos venosos. total combinada e uma incisão cervical. Outros combinaram
•Desenvolva o lado esquerdo da área com dissecção romba. essa abordagem com a osteotomia da clavícula ou ressecção
•Em pacientes com deformidade cifótica, a veia inominada da articulação esternoclavicular esquerda. A abordagem des-
agora pode ser dividida à medida que atravessa o campo; crita por Darling et ai. proporciona uma exposição excelente
ela pode estar muito tensa e sujeita à ruptura. Fang et ai. de C3 a T4, sem a morbidade associada relacionada com a
divisão do manúbrio ou da veia inominada . Este procedi-
mento é tecnicamente simples e evita o risco de lesão dos
vasos subclávios que pode ocorrer com a ressecção da cla-
vícu la ou da articulação esternoclavicular.

TÉCNICA
(DARLING ET AL.)

•Coloque o paciente em decúbito dorsal. Se o pescoço


estiver estável, coloque um saco de areia transversalmente
u[ijil;MUID Posicionamento do paciente e incisão periscapu- atrás dos ombros para estender o pescoço e posicionar )
lar para abordagem transtorácica elevada. VEJA A TÉCNICA 37-8.

T3

Corte no

Artéria
Veia subclávia
esquerda

Artéria
A carótida
esquerda

Arco
B da aorta

O@ii;hililD Abordagem transesternal para a coluna cervicotorácica (ver texto). A, Incisão. B, Abordagem concluída. (Redesenhada
de Pierce DS, Nickel VH, editors: The total care of spinal cord injuries, Boston, 1977, Little, Brown.) VEJA A TÉCNICA 37-9.
PARTE XII A COLUNA

a cabeça em um anel de cabeça virada para a direita . O que a exposição de T3 e T4 pode exig ir uma ressecção
lado esquerdo é usado para proteger o nervo laríngeo manubrial median a.
recorrente esquerdo.
~
•Faça uma incisão ao longo da borda anterior do músculo TÉCNICA
esternocleidomastóideo esquerd o ao nível do esterno e ~~~~~~~----~
continue na linha méd ia no nível da terceira ca rtilag em (POINTILLART ET AL.)
costal.
•Di vida o platisma na linha da in cisão, retire o ester- •In cise a pele ao longo da borda medial do músculo ester-
noc leidomastóideo lateralm ente e divida o músculo nocleidomastóideo e estenda-a distalm ente sobre o
omo-hióideo. manúbrio (Fig. 37-18A).
•Recolha a bai nha carotídea lateralmente, entre no espaço •C omece a dissecção como em uma abordagem cervical
pré-vertebral e desenvolva um plano de dissecção . anterior padrão; em segu ida , estend a-a caudalmente
• Retraia suavemente o esôfago, a traqueia e o nervo larín- seg uindo a área livre de vasos anteriormente às vértebras
geo recorrente adjacente para a direita e eleve-os para ao longo da fá scia cervical profunda.
longe da coluna vertebral. • Identifique e corte as extremidades esternais do músculo
•Incise a fáscia esternal e divida o esterno na linh a médi a esternocleidom astóideo e dos músculos infra-hióideos a
a partir do nível do esterno até o nível do segundo espaço 2 cm de suas in se rções esternai s.
intercostal. •Exponh a o manúbrio para a parte medial da articulação
•Recolh a o esterno lateralm ente para a esquerda através esternoclavicular.
da sinostose entre o manúbrio e o corpo do esterno . •Use a dissecção a dedo para liberar o aspecto posterior
•Divi da os múscu los da cintura perto da sua origem a do manúbrio para ressecção.
partir do esterno para permitir a reconstrução, conec- •Com um a broca de alta ve locid ade, faça a ressecção do
tando as du as partes da incisão. Não divida o músculo manúbrio para baixo, para a cortical posterior a fim de per-
esternocleidomastóideo. mitir a exposição desejada (Fig . 37-1 88) Excise o osso rema-
•Coloque um pequeno afastador de peito e abra a ester- nescente com um Kerrison para completar a exposição.
notomia parcial. •Corte o lig amento esternoclavicular com uma teso ura.
•Ligue e divida a artéria tireóidea inferior e as veias t ireói - •Retra ia a gordura retroesternal e grandes vasos cau dal e
deas média inferior. To me cuidado para não lesa r o nervo anteriormente para expor a vértebra torácica superior.
la ríngeo recorrente ou o nervo laríng eo superi or por meio
de pressão ou tra ção.
•Disseque a gordura do timo e do med iastin o para longe
da veia inominada esquerda. • ABORDAGEM ANTERIOR PARA A COLUNA
•Se for necessária a exposição da T3-4, divida o ti mo
e deixe as veias inominad as, se necessá rio, para expo r
TORÁCICA
o níve l do arco aó rti co ante ri o rm ente e T4-5 poste- A abordagem transtorácica para a coluna torácica proporciona acesso
riormente (Fig . 37 - 17). Ao completar a dissecção, direto aos corpos vertebrais T2- 12. Os corpos vertebrai s m edio to rá-
evite lesionar o duto torácico que ascende para a cicos são mais bem expostos por esta abordagem, enquanto os acessos
esquerda do esôfago em relação ao nível da T4 em dos extrem os superio r e infer ior da coluna são mais limitados. Em
sua junçã o co m as veias jugular e subcl áv ia interna geral, uma in cisão de toracotomia do lado esquerd o é a preferida,
esquerda. embora alguns cirurgiões favoreçam uma toracotomia do lado
•Após a conclusão da descompressão medular e da esta- direito para se aproxim ar da coluna ve rtebral to rácica sup erior a fim
bilização, feche a incisão atra vés da aproximação do de evitar as artéri as subclávia e carótida n o m ediastin o superior
manúbrio com dois ou três fios de aço inoxidável de esqu erdo. Em uma abordagem por toracotomia do lado esquerdo, o
pesado calibre usando técnicas padrão. coração pode ser retraído anteriormente, enquanto em uma abor-
•Volte a colocar os múscu los da cintura no esterno e feche dagem do lado direito o fígado pode representar um obstáculo sig-
a fascia pré-esternal. nificativo para a expos ição. O nível d a incisão deve ser posicionado
•Dren e o espaço pré-vertebral com um dreno Silastic suave para alcançar o nível de exposição necessário. Normalmente, um
através de um a abertura com lâm ina separada e anexe o espaço intercostal é selecionado no segmento envolvid o ou imed ia-
dreno para aspiração fechada. tam ente acima dele . Se apenas um segm ento vertebral est iver
•Feche o platisma e a pele. en vo lv ido, a cost ela naquele nível pode ser removida; entre-
tanto, se vár ios níve is es tive rem envo lvi d os, a costela no nível
su per ior da dissecção proposta d eve ser removida. Por causa da
cifose tor ácica normal, a dissecção é mais fác il d e proximal para
distal. A expos ição melhora co m a ressecção de urn a costela e
ABORDAGEM ANTERIOR PARA A a costela fornece um e n xerto ósseo sa ti sfatório, mas a ressecção
TRANSIÇÃO CERVICOTORÁCICA será desnecessária se urna expos ição limitada fo r adequada para
SEM ESTERNOTOMIA a biópsia, descompressão o u fusão. A abordagem transtorácica
ac rescenta um risco cirúrgico significativo e é mais perigosa do que
Pointill art et ai. relataram que a exposição da transição as abordagens posteriores ou posterolaterais mais co murnente
cervicotorácica pode ser conseguida com a abordagem usadas. O aume nto do risco de uma toracotomia deve ser pesado
anterior habitual sem uma est ernotom ia. Eles observaram em relação à expos ição mais limitada proporcionada pelas abord a-
gens posteriores alternativas.
CAPÍTULO 37 ANATO MIA DA COLUNA VERTEBRAL EABORDAG ENS CIRÚRGICAS

Esôfago

iâ!ijii;f~ Eilfl Abordag em anterior modifi-


cada para transi çã o cervicotorácica. (Redesenhada
de Darling GE, McBroom R, Perrin R: Modified ante-
rior approach to the cervicothoracic junction, Spine
20: 151 9, 1995.) VEJA A TÉCNICA 37-10.

Acima

L Esquerda

H@ii\t·$iilEI Abordagem anterio r para tran sição cervicotorácica sem esternotomia. A, Incisão para exposição na transi ção cervico-
torác ica . B, Corte sagital do t órax refletindo a exposi ção da co luna toráci ca possíve l com ressecção do manúbrio superior e retra ção.
(Redesenhada de Pointillart V, Aurouer N, Gangnet N, Vital JM: Anterior approach to the cervicothoracic junction witho ut sternotomy: a report of
37 cases, Spine 32:2875, 2009.) VEJA A TÉCNICA 37-11.

ABORDAGEM ANTERIQR •Faça uma incisão sobre a costela correspondente à vértebra


envolvida e exponha-a subperiostealmente. Use um eletro-
PARA A COLUNA TORACICA cautério para manter a hemostase durante a exposição .
TÉCNICA ~ •Desarticule a costela do processo transverso e as hemifa-
--~~~~~~--'~ cetas do corpo vertebra l. Identifique e preserve o nervo
• Colocar o paciente em decúbito latera l com o lado direito intercosta l que se encontra ao longo do aspecto inf erior
para baixo; um pufe insuflável é útil para manter a posição da costela, pois ele localiza o fora me neural que leva para
do paciente e a mesa pode ser flexionada para aumentar dentro do canal espinhal. Incise a pleura parietal e a reflita
a exposição (Fig. 37-19A). fora da colun a vertebra l, gera lmente uma vértebra acima )
IEI> PARTE XII A COLUNA

) e uma abaixo do segmento envolvido, a fim de permiti r


a exposição adequada para o desbridamento e a en xertia
mm em ângu lo de 30 graus através do trocate de 1O mm.
Use um alcance de visualização fina l de O grau e um
(Fig . 37-19B). alcance de 30 graus para visão direta do espaço discai
• Identifique os va sos segmentares que atravessa m a parte intervertebral para evitar que haja dificuldade com a ins-
média de cada corpo vertebral e ligue-os e di vid a-os trumentação cirúrgica ou que o campo cirúrgico fique
(F ig . 37-19C) . obscuro. Mack et ai. recomendaram colocar o porta l de
•Cuidadosa mente reflita o periósteo que recobre a coluna visualização na linha axilar posterior diretamente sobre a
com elevadores para expor as vértebra s envolvidas. coluna vertebra l e dois ou três locais de acesso aos portais
• Use um pequeno elevador para delinear o pedículo da de trabalho na linha axilar anterior para permitir um acesso
vértebra e um Kerrison para remover o pedícu lo, expondo melhor à coluna vertebral. Este arranjo de " L invertido"
o saco durai. pode ser movido cefálica ou cau dalmente, dependendo do
• Identifique os espaços discais acima e abaixo das vérte- nível da coluna vertebral torácica a ser abordada .
bras e incise o ânulo. Remova material do disco usa ndo •Use os portais para a colocação de instrumentos cirúrgi-
pinças e curetas. cos (Fig . 37-20)
• Toda uma secção transversal do corpo da vértebra é desen- • Gire o paciente anteriormente e coloque-o na posição de
volvida e a margem anterior do ca nal neural é identificada Trendelenburg para coluna torácica inferior ou Trende-
com o ligamento longitudinal posterior que se encontra na lenburg reversa para a coluna torácica superior.
ligeira concavidade na parte posterior do corpo vertebra l. • O pu lmão geralmente se afasta para longe do campo
• Expo nha vasos segmentares suficientes e espaços de cirúrgico quando colapsa completamente, eliminando a
disco para realizar o procedimento pretendido: geral- necessidade de instrumentos de retração.
mente, corpectomia com enxerto estruturado. • O ponto de partida da abordagem CTAV padrão é o posi-
cionamento da equipe cirúrgica. Os procedimentos ci rúrgi-
cos de rotina são realizados por um cirurgião de coluna e
cirurg ião torácico. Ao contrário de outros processos de
• CIRURGIA TORÁCICA ASSISTIDA POR VÍDEO CTAV em que o cirurgião e o assistente ficam posicionados
A cirurgia torácica assistida por vídeo (CTAV) tem sido utilizada com em lados opostos da mesa de cirurgia, os cirurgiões ficam
sucesso na coluna torácica e toracolombar anterior para o tratamento posicionados do lado anterior do paciente visua lizando um
da escoliose, cifose, tumores e fraturas e parece ter menos morbidade monitor do lado oposto. Além disso, a câmera e o campo
do que a toracotomia padrão, a qual pode resultar em problemas de visão giram 90 graus a partir da abordagem CTVA padrão
respiratórios ou dor após a toracotomia. A toracoscopia tem evoluído de modo que a coluna vertebra l é vista horizontalmente.
rapidamente e é capaz de propiciar exposição adequada para todos os • Realize uma toracoscopia inicial de exploração para deter-
níveis da coluna torácica de T2 a Ll; entretanto, a curva de aprendi- minar o nível da coluna vertebral correto para a interven-
zagem é significativa e a equipe cirúrgica deve sincluir sempre um ção cirúrg ica.
cirurgião torácico, que é competente em toracoscopia, e um cirurgião • Conte as costelas por "pa lpação" com um instrum ento
de coluna, que é bem treinado em técn icas endoscópicas. rombo de dissecção.
As complicações relatadas incluem neuralgia intercostal, ate- • Quando o nível-a lvo for def inido, coloque uma agu lha
lectasia, perda sanguínea epidural excessiva (2.500 mL) e parapare- longa calibre 20 percutaneamente no espaço disca i do
sia temporária relacionada com o posicionamento cirúrgico. aspecto lateral e confirme radiograficamente.
Embora as indicações da abord age m toracoscópica aparen- •Quando o nível correto for determinado, realize o proce-
temente sejam as mesmas da to racotom ia aberta, alguns proce- dimento de coluna específico.
dim entos exigem extensa fixação interna e podem n ão ser
adequ ados para CTAV. Além disso, os pacientes devem ser infor-
mados antes da cirurgia que o procedimento toracoscópico pode
ter que ser abandonado em favo r de um procedimento aberto. As • ABORDAGEM ANTERIOR PARA A TRANSIÇÃO
co ntraindicações relativas incluem doen ça pleural preexistente TORACOLOMBAR
de cirurgias an teriores. Ocasionalmente, pode ser necessário expor simultaneamente os
corpos vertebrais torácicos inferiores e lombares sup eriores. Tec-

POR VÍDEO
TÉCNICA
(MACK ET AL. )
_ ____
CIRURGIA TORÁCICA ASSISTIDA

.......... ~
nicamente, esta é uma exposição mais difícil por causa da presença
do diafragma e do aumento do risco envolvido na exposição simul-
tânea da cavidade torácica e do espaço retroperitoneal. Na maioria
dos casos, as lesões torácicas devem ser expostas através do peito,
ao passo que as lesões qu e envo lvem predominantemente a parte
superi or da coluna lombar podem ser expostas através de uma
incisão retroperitoneal anterior. O diafragma é um órgão que tem
• O monitoramento intraoperatório de rotina para procedimen- a forma de cúpula, que é muscular na periferia e tendinoso no
tos torácicos é usado, incluindo uma linha de pressão arterial, centro. Posteriormente, ele se origina a partir das vérteb ras lom-
oxímetro de pulso e medição de dióxido de carbono expirado. bares sup erio res através da crura, dos ligamentos arqueados e da
Os potenciais evocados somatossensoriais devem ser monito- 12ª costela. Anterior e lateralmente, se anexa às extremidades car-
rados rotineiramente em pacientes submetidos à correção da tilaginosas das seis costelas in feriores e xifoide. O diafragma é
deformidade da coluna vertebral ou corpectomia . inervado pelo nervo frênico, o qual desce através da cavidade
• Coloque o trocarte inicia l no sétimo espaço intercostal na torácica no pericárdio. O nervo frênico se junta ao diafragma
lin ha axilar posterior. Coloque um telescópio rígido de 1O adjace nte ao peri cárdio fibroso, dividindo-se em três grand es
ramos que se estendem p erifericamente nas direções anterolateral
CAPÍTULO 37 ANATOMIA DA COLUNA VERTEBRAL EABORDAG ENS CIRÚRGICAS Cmllll

A B

h[ril!;HE!ID Abordagem transtorácica (ver texto) . A, Posi cio nam ento do paciente e da incisão. B, Remoção da costela e divisão da
pleura, expondo pulmão. C, Expos ição da coluna e divisão dos vasos segmentares de um corpo vertebral. VEJA A TÉCNICA 37-12.

e posterior. A divisão desses ramos principais pode interferir na •Para obter o melhor acesso ao interva lo de T1 2-L 1, res-
função diafragmática. É melhor fazer uma incisão em volta da seque a 1Oª costela, o que permite exposição entre T1 O e
periferia do diafragma para minimizar a interferência nas suas L2. A ún ica dificuldade consiste em identificar o diafrágma
funções quando se faz uma abordagem toracoabdominal para a como uma estrutura separada; ele tende a se aproximar
coluna vertebral. Nós recomendamos uma abordagem do lado de perto da parede da caixa torácica, permitindo que a
esquerdo, na junção toracolombar, porque a veia cava no lado extremidade do pulmão penetre no espaço por baixo do
bisturi enquanto a pleura é dividida (Fig. 37-21B).
direito é menos tolerante à dissecção e pode resultar em hemorra-
•Tome cuidado ao entrar na cavidade abdominal. Como a
gia problemática e pode ser difícil retrair o fígado.
fáscia transversa l e o peritônio não divergem, disseque
com cautela e identifique as duas cavidades de cada lado
do diafragma. Para alcançar a confluência das duas cavi-
ABORDAGEM ANTERIOR PARA dades, disseque o diafragma das costelas inferiores e o
A TRANSIÇÃO TORACOLOMBAR pilar do lado da coluna vertebra l (Fig . 37 -21 C) .
• Alternativamente, incise o diafragma a 2,5 cm de distân-
TÉCNICA ~
cia de sua inserção e marque-o com suturas para um
~--~---_J~
fechamento preciso mais tarde.
• Posicione o paciente em decúbito latera l direito e coloque •I ncise a fáscia pré-vertebral .
suportes abaixo da nádega e do ombro. • Id entifique as artérias segmentares e veias sobre a parte
•Faça a incisão curvilínea com capacidade de estender a média de cada corpo vertebral. Isole-os, ligue-os na linha
extremidade cefálica ou cauda l (Fig. 37-21 A). média e exponha o osso, como descrito anteriorm ente.
ED PARTE XII A COLUNA

• ABORDAGEM ANTERIOR RETROPERITONIAL,


L1 A LS
A abordagem retroperitoneal anterior para os corpos vertebrais
lombares é uma modificação da abordagem anterolateral comu -
mente usada por cirurgiões gerais para simpatectomia. É uma
excelente abordagem que deve ser considerada para ressecção
ampla, desbridamento ou enxertia em vários níveis da coluna
lombar. Dependendo da parte da coluna lombar que será abor-
dada, a incisão pode ser posicionada entre a 12ª costela e o aspecto
superior da crista ilíaca. A principal dissecção nessa abordagem é
trás do rim no espaço potencial entre a fáscia renal e o quadrado
lombar e os músculos psoas.

ABORDAGEM ANTERIOR
RETROPERITONEAL, L1 A LS

--------~
TÉCNICA
• Posicione o paciente em decúbito lateral, geralmente com o
lado direito para baixo. A abordagem é feita mais frequente-
mente do lado esquerdo para evitar o fígado e a veia cava
füdlhMllE!) Colocação de instrumento de toracoscopia para inferior, a qual é mais difícil de reparar do que a aorta se ocorrer
procedimentos da coluna torácica . (Redesenhada de Regan JJ, lesão vascular durante a abordagem da coluna vertebral.
McAfee PC, Mack MJ, editors: Atlas of endoscopic spine surgery, St. •Flexione a mesa para aumentar a exposição entre a 12ª
Louis, 1995, Quality Medical Publishing. ) VEJA A TÉCNICA 37-13. costela e a crista ilíaca. Flexione os quadris levemente para
liberar a tensão sobre o músculo psoas.

H!ijii@l!IJI Abordagem toracolombar (ver texto) . A, Incisão da pele. B, Deslocamento transtorácico do diafragma. e, Descolamento
retroperitoneal do diafragma. VEJA A TÉCNICA 37-14.
CAPÍTULO 37 ANATOM IA DA COLUNA VERTEBRAL EABORDAGENS CIRÚRGICAS Glllll

L1~
L2
L3
L4

A B

e
H[dll;f;.)EEl!I Abordagem anterior retroperitonea l (ver texto). A, Incisões na pele para vértebras lombares. B, Incisão de fibras de
músculo oblíquo ext erno. C, Incisão nas fibra s de músculo ob líqu o interno. D, Exposição da co luna antes da ligadura dos vasos segmen-
tares. VEJA A TÉCNICA 37-15.

•Faça uma incisão ob líqua sobre a 12ª costela da borda •Coloque um afastador de costela Finochietto entre a
lateral do quadrado lombar à borda lateral do músculo margem costal e a crista ilíaca para ajudar a exposição .
reto abdominal para permitir a exposição da primeira e da • Apalpe os corpos vertebrais de T1 2 a LS e identifique e proteja
segunda vértebra lombar (Fig. 37-22A). com um afastador de Deaver os grandes vasos que se encon-
•Alternativamente, coloque na incisão vários dedos abaixo tram anteriormente à coluna vertebral. Os vasos segmentares
e paralelamente à margem costal quando for necessária a lombares se encontram na parte média dos corpos vertebrais
exposição da vértebra lombar inferior (L3-5). e os discos relativamente avasculares são proem inentes em
•Use o eletrocautério para dividir o tecido subcutâneo, a cada lado adjacente dos vasos (Fig. 37-22 0).
fásc ia e o músculo ob líquo externo, o ob líq uo intern o, o •Quando a vért eb ra envolvid a adequada for identificada,
t ransverso abdominal e a fáscia tra nsversa l em li nha com eleve o múscu lo psoas de modo rombo fora das vértebras
a incisão na pele (Fig. 37-22B e C). lombares e o retraia lat eralmente para o nível do processo
• Proteja cuidadosamente o peritônio e refl ita-o anterior- transverso com um afastador de Richardson. As vezes, a
mente por dissecção romba. Se o peritônio for perfurado remoção do processo transverso com uma rugina é útil
durante a abordagem , ele deverá ser reparado. para possibilitar a retração adequada do múscu lo psoas.
•Identifique o músculo psoas no espaço retroperitoneal e •Ligue e divida o vaso segmentar lombar que recobre a
permita que o ureter caia anteriormente com a gordura vértebra envolvida.
retroperitoneal. •Deli mite o pedículo da vértebra envolvida com um pequeno
• A cadeia simpática encontra-se entre os corpos vertebrais elevador e localize o forame neural com a raiz nervosa
e o músculo psoas lateralmente, enquanto o nervo geni- emergente. Recomenda-se a coagulação bipolar dos vasos
tofemoral encontra-se na face anterior do múscu lo psoas. ao redor do forame neura l. )
llllD PARTE XII A COLUNA

) • Remova o pedícu lo com um Kerrison angular e exponha


a dura .
• Após a conclusão do procedimento na coluna, obtenha
a hemostasia meticulosa e feche a incisão por planos
sobre um dreno no espaço retroperitoneal.

• ABORDAGEM LATERAL PERCUTÂNEA


PARA COLUNA LOMBAR, L1 A L4-5
(DLIF OU XLIF)
Ozgur et ai. descreveram pela primeira vez a téc nica de fusão
intersomática extremo -lateral (XLIF) como um refinamento da
abordage m lateral laparoscópica. O uso principal desta aborda-
gem tem sido a colocação de enxerto intersomático lombar ante-
rior para a do ença degenerativa do disco sem estenose do canal li!§lhffllil!I Zonas do corpo vert ebral lombar. (Redesenhada
central, escol iose ou espondilolistese. Park et ai. analisaram a de Hu WK, He SS, Zhang SC. et ai: An MRI study of psoas major and
distância de um fio-guia colocado em 10 cadáveres humanos abdominal large vessels with respect to the X/DLI F approach, Eur Spine
usando a abordage m lateral habitual e concluíram que os nervos J 20:557-562, 20 11 .)
intrapsoas estão a uma distância segura do centro radiográfico
do disco na maioria dos casos. Por causa do risco de lesão do
nervo em um pequeno núme ro de indivíduos, o monitoramento
neural é recomendado ao atravessar o psoas. Exames de RM
foram analisados para determinar as zonas de segurança para um
acesso lateral minimamente invasivo tanto em colunas no rmais ABORDAGEM PERCUTÂNEA
como anormais. A maioria dos níveis avaliados (247) estava LATERAL, L1 A L4-5
normal, 18 eram degenerativos e 19 eram escolióticos. Nas
~
imagens de RM, a sobreposição entre as estruturas neurovasc u- TÉCNICA
lares adjacentes e a placa terminal do corpo vertebral aumentou ~--------1~
gradu almente de Ll-2 para L4-5, res ultando em uma zon a segura (OZGUR ET AL.)
muito estreita em L4- 5. Alterações da local ização anatômica da
rai z do nervo e dos vasos retroperitoneais em pacientes com • Após a indução de anestesia geral endotraqueal, coloque
escoliose diminui ainda mais esta zona segura. o paciente em decúbito latera l direito em uma mesa de
Knight et ai. reportaram que 13 (22%) de 58 pacientes tiveram cirurgia radiotran sparente .
complicações após uma fusão intersomática lombar anterior lateral • Ajuste o paciente para que uma imagem lateral de 90 graus
direta minimamente invas iva (DLIF ) e XLIF. Complicações rela- verdadeiros possa ser obtida com intensificador de imagem.
cionadas com a abordagem incluíram lesão radicular ipsolateral • Fi xe o paciente nesta posição com fita e um coxim ou
de L4 em dois pacientes, irritação do n ervo cutân eo femoral dispositivo semelhante.
lateral em seis pacientes, espas mo signifi cativo do psoas que • Ajuste a mesa para permitir a dist ãncia máxima entre a
alongo u o período de internação de um paciente e irritação do caixa torácica esquerda e a crista ilía ca.
psoas menos significativa em cinco. As principais complicações • Prepare e coloque os campos no paciente para uma abor-
ocorreram em cinco (8,6%) pacientes, incluindo reoperação por dagem lombar latera l direta.
subsidência de implante em um pac iente e persistência da lesão • Identifique a posição mediolateral do espaço do disco a ser
da raiz de L4 em 1 ano em dois pacientes. Não foram observadas inserido usando um marcador de fio de Kirschner e imagem
diferenças sign ificativas na in ci dência de complicações entre os por fluoroscopia (Fig . 37-26) . Marcar este ponto na pele .
procedimentos XLIF e DLIF. • Faça uma segunda marca posterior à primeira marca na borda
Utilizando imagens de RM da coluna vertebral lombar com o do eretor da coluna e nos músculos oblíquos abdominais.
corpo vertebral dividido em quatro zonas, tend o cada uma 25% do • Faça uma incisão de 2 cm na pele nesta segunda marca
diâmetro vertebral (Fig. 37-23), Hu et ai. identificaram as zonas de e use di ssecção romba com o dedo indicador através das
segurança para abordagem usando a fusão intersomática lombar camadas musculares até o espaço retroperitoneal; evite
lateral minimamente invasiva para zonas II-III em Ll-2 e L2-3, zona entrar no peritônio (Fig. 37 -27A).
II em L3-4 e zo nas I-II na esquerda em L4-5 e zona II na direita em • Percorra o espaço retroperitonea l anteriormente e palpe
L4-5 (Fig. 37-24A e B). Benglis et ai. avaliara m a posição do plexo o músculo psoas (Fig. 37-27 B).
lombar do músculo psoas de três cadáveres humanos congelados • Vi re o dedo indica dor para cima em uma posição lateral
frescos e notaram que o plexo lombar repousa na sup erfície dorsal direta para a marca lateral na pele e faça uma incisão
do músculo psoas na fenda criada pelo processo transverso/junção nesta marca.
do corpo vertebral. O plexo progrediu de forma dorsal de perto da • Insi ra o dilatador inicial e use o dedo indicador para direcionar
face posterior do corpo vertebral em Ll-2 a 0,28 do diâmetro ver- com segurança o dilatador para o músculo psoas (Fig 37-27C);
tebral em L4-5 (Fig. 37-25). O plexo estava em maior risco de lesão confirme o posicionamento do dilatador com fluoroscopia .
no nível L4-5.
CAPÍTULO 37 ANATO MIA DA COLUNA VERTEBRAL EABORDAG ENS CIRÚRGICAS IH&#
A P IV Ili li 1 A
1 1 1 1
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L4/5
1

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Distribuição da veia cava Distribuição neural Zona segura

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Distribuição da Zona segura


Distribuição neural
aorta abdominal
B iii

O[§ihfiilillt A, Abordagem X LIF do lado direito em relação à estrutura anatômica : a, distribu ição da veia cava; b, distribuição
neural, c, zona segura. B, Abordagem XLIF do lado esquerdo associa da a estrutura s anatômicas: a, distribui ção da aorta abdominal; b,
distribuiçã o neural; c, zona segura . (De Hu W K, He SS, Zhan g SC, et ai: An MRI study of psoas major and abdominal large vessels w ith respect
to the X/D LIF approach, Eur Spine J 20:557 -562, 201 1.) VEJA A TÉCNICA 37-15.

• Sepa re suavemente o psoas com o dilatador inicial, utili- • Continue a dissecção sepa rand o as f ibras mediais do
zando dissecção romba ao nível determinado para estar psoas lateralmente (Fig . 37-270).
na zona de segurança para o nível a ser acessado. •Evite o nervo genitofemoral observando-o diretamente
• Monitore o progresso do dilatador no múscu lo psoas por até que o disco seja atin gido.
eletromiografia. O impu lso necessário para provocar uma • Reconfirme a coloca ção do dilatador inicial com fluoros-
resposta EMG irá variar com a distâ ncia a pa rti r do nervo. copia .
Os valores de limiar superiores a 1O mA indicam uma •I ntroduza dilatadores subsequentes até que o afastador
distância que é segura para os nervos e adequada para possa ser inserido (Fig . 37-28). (Este instrum ento varia de
traba lh ar. acordo com o sistema usado.) Expanda as lâm inas retra-
•Tome cuidado para minimizar o trauma ao músculo psoas. toras para minimizar a pressão do nervo e maximiza r a
• Observe o progresso do dilatador diretamente para exposição do disco.
verificar se há nervos que podem estar na zona de • Confirme a posição final com fluoroscopia anteroposte-
seguran ça. rior e lateral antes da excisão do disco .
PARTE XII A COLUNA

O@il;Ml'ila As linhas brancas mostram as medidas de pro-


porção: plexo para placa final posterior (linha branca curta) para
o compr im ento total do disco (linha branca longa). A linha escura
longitudinal é o curso do plexo lombar como visto na vista lateral
da coluna de um cadáver humano congelado. (De Benglis DM Jr,
Vann i S, Levi AD: An anatomical study of the lumbosacral plexus as
related to the minimally invasive transpsoas approach to the lumbar
spine, J Neurosurg Spine 10: 139, 2009 .)

• ABORDAGEM ANTERIOR TRANSPERITONEAL


PARA A TRANSIÇÃO LOMBOSSACRAL, LS A 51
A exposição transperitoneal da coluna lombar é uma alternativa
para a abordagem retroperitoneal. A vantagem da via transperito-
neal é uma expos ição mais ampla, especialm ente ao nível de LS-S l.
A desvantagem é que os grandes vasos e os nervos do plexo hipo-
gást rico d evem ser mobilizados antes de a co lun a ser ex pos ta.
O plexo hipogástrico superior contém a função simpática dos siste-
mas urogenitais e danos dessas estruturas em homens podem causar Htijil;hi&llll Abordagem lat e ra l percutânea para L1 a L4-5.
complicações, como ejaculação retrógrada; entretanto, os danos ao A, Posicionamento do pacie nte e co locação de fios de Kirsch ner.
plexo hipogástr ico superior n ão devem provocar imp otência ou falta B, Imagem flu oroscóp ica mostrando a co locação do fio. (Rede-
de ereção. A lesão ao plexo hipogástrico pode ser evitad a pela abe r- senhada de Ozgur BM, Aryan JE, Pimenta L, Taylor WR: Extreme
tura cuid adosa do peritônio posterior e dissecção romba do tecido latera l interbody fusion (XLIF): a novel surgica l technique for anterior
pré-vertebral, da esquerda para a direita, e pela abertura do peritô- lumbar interbody fusion, Spine J 6:435, 2006 .) VEJA A TÉCNICA 37-16.
nio posterior superiorm ente à bifurcação da aorta e estendendo a
abertura para baixo sobre o promontório sacra!. Além disso, a ele-
• Identifique e abra a bainha e corte transversalmente o
trocauterização deve ser mantida no mínimo quando se estiver dis-
músculo reto abdominal. A bainha do reto posterior, a
secando dentro da bifurcação aórtica e, até o ânulo do disco LS-Sl
fáscia abdomina l e o peritônio são conjugados nessa área.
ficar claramente exposto, não devem ser feitos cortes transversais
•Abra a bainha posterior do músculo reto e a fáscia abdo-
com bisturi na parte da frente do disco.
minal até o peritônio.
•Cu idadosamente, abra o peritôneo para evita r danos ao
conteúdo do intestino.
•Cuidadosamente retire o conteúdo abdom ina l e identifi-
ABORDAGEM TRANSPERITONEAL que o peritônio posterior sobre o promontório sacra l.
ANTERIOR, LS A 51 •Palpe a aorta e os vasos ilíacos comuns através do peri-
tônio posterior.

---------~
TÉCNICA •Faça uma incisão longitudinal no peritônio posterior na
linha média ao redor da bifurcação aórtica.
• Posicione o paciente em decúbito dorsa l na mesa de •Estenda a incisão dista lmente e para a direita ao longo
cirurgia e faça uma incisão vertical na linha média ou uma da artéria ilíaca comum direita até a sua bifurcação nas
transversal (Fig . 37-29A). A incisão transversal é estetica- artérias ilíacas interna e externa.
mente superior e dá excelente exposição; exige transec- •Identifique o ureter direito, cruzando a artéria ilíaca direita,
ção da bainha do músculo reto abdominal . e curve a incisão mediaimente para evitar essa estrutura.
CAPÍTULO 37 ANATOM IA DA COLUNA VERTEBRAL EABORDAG ENS CIRÚRGICAS

e
O!§lhfriEilfl Abordagem lateral percutânea para L1 a L4-5. A, Dedo indicador do cirurgião inserido no local da incisão paraespinhal.
B, Identificação do espaço retroperiton ea l. C, Orientação do dilatador inicial para a posição. D, Retrator inserido no espaço retroperi-
t onea l, penetrando o psoas maior, posicionado diretamente no espaço do disco intervertebra l latera l. (Redesenhada de Ozgur BM, Aryan
JE, Pimenta L, Taylor WR: Extreme lateral interbody f usion (XLIF): a novel surgical techniq ue fo r anterior lumbar interbody fusion, Spine J 6:435,
2006) VEJA A TÉCNICA 37-16.

• Evite o uso de eletrocautério anteriormente ao espaço do


disco L5-S 1 para prevenir danos ao plexo hipogástrico
superior.
• A veia ilíaca comum esquerda frequentemente encontra-se
como uma estrutura plana através do disco L5-S 1 dentro
da bifurcação aórtica. Após a identificação da artéria e
da veia ilíaca comum esquerda, use dissecção romba para
a direita da artéria e do plexo hipogástrico e mobi lize o
tecido mole da esquerda para a direita.
•Disseque cu idadosamente a artéria e a veia sacra l mediada
esquerda para a direita (Fig. 37-29B). Dissecção romba
longitudinal permite uma mobilização melhor dessas estru-
tu ras vascula res.
• Se for encontrado sangramento, use pressão do dedo direto
e esponja em vez de eletrocautério. Se o eletrocautério for
utilizado nessa área, recomendamos o bipolar, e não a
máquina unipolar, porque há menos probabilidade de lesão
do plexo hipogástrico com uma queimadura térmi ca.
• Após exposição adequada do disco L5-S 1, obtenha uma
rad iografia após a inserção de uma agu lha vertebral
ca libre 22 no espaço do disco. Como o disco L5-S1 e o
sacro frequentemente são angulados na horizontal, o
corpo de L5 pode ser confundido com o sacro.
•O desenvolvimento da exposição prossegue como nas
outras abordagens anteriores para as vértebras lombares.

mijii;@Eillll Fotografia rnurgica de dilatadores inseridos


lateralmente . Com o paciente em decúbito lateral, dilatadores
sequencialmente maiores são mostrados inseridos, penetrando o • CIRURGIA LOMBAR ASSISTIDA POR VÍDEO
psoas maior e descansando no espaço do disco desejado . (De As abordagens padrão anteriores para a coluna lombar inferior e a
Ozgur BM, Aryan JE, Pimenta L, Taylor WR: Extreme lateral interbody colu na lombossacral incluem as abordagens transperitoneal anterior,
fusion (XLI F): a novel surgical techn ique for anterior lumbar interbody extraperitoneal anterolateral e anterior retroperitonial. Tal como
fusion, Spine J 6:435, 2006.) VEJA A TÉCNICA 37-16. acontece com a toracoscopia, a técnica endoscópica está evoluindo
lllm) PARTE XII A COLUNA

Veia e
artéria
"====--- ilíaca
comum

sacral
média

A B

O@il;f.!Em:I Abordagem transperitoneal para coluna lombar e lombossacral (ver texto) . A, Incisão de Pfannenst iel medial longitu-
d inal ou tra nsversa l. B, Dissecção da artéria sacra l méd ia e veia. VEJA A TÉCNICA 37-17.

rapidamente em termos do seu papel nos procedimentos que envol- L5-S1. Nas mulheres, uma incisão suprapúbica horizontal
vem a face anterior da coluna lomb ar. As abordagens transperito- mais estética está disponível para a abordagem de L5-S 1.
neais laparoscópicas, que foram utilizadas para discectomia ou •Após a divisão da linha alba, disseque no lado esque rdo
fusão, são procedimentos endoscópicos verdadeiros que são execu- entre a bainha posterior do músculo reto abdominal e a
tados com insufl ação de dióxido de carbono e podem ser impedidos face posterior do músculo.
por aderências da parede abdominal. As complicações incluem •D ivida a bainha posterior na borda lateral do músculo reto
lesões vasculares e peritoneais. McAfee et ai. desc reveram uma abor- retornando à fásc ia subperitonea l. A divisão começa na
dagem retroperitoneal anterior minimamente invasiva para a coluna linha arqueada. Use dissecçã o romba com um dedo e
lombar, utili zando uma técnica endoscópi ca; e Onimus, Papin e algodão de dissecção.
Gangloff descreveram uma abordagem extraperitoneal, na linha • O próximo marco é a proeminência do músculo psoas e
média padrão, menos invasiva, que preserva integralmente a iner- os vasos ilíacos. Reflita o ureter e o peritôn io juntos. A
vação abdominal e é otimizada com a ajuda de vídeo. Esse procedi- cliva gem latera l do peritôn io pode ser aumentada com a
mento evita complicações peritoneais e é orientado na linha média utilização de um balão inflável .
e anterior, dando acesso direto à face anterior do disco. A assistência •I ntroduza um endoscóp io de 1O mm através de um porta l
por vídeo permite uma incisão menor, melhora a iluminação e torna latera l, entre o umbigo e espinha ilíaca anterossuperior
a dissecção pré-sacra! mais fáci l. Além disso, consegue-se uma boa para exposição de L5 -S1 e, ao níve l do umbigo, para a
exposição das placas terminais ver tebrais, permitindo uma ressec- exposição de L4-5 . A introdu ção do endoscópio pro-
ção melhor e talvez, embora não relatado, um índice de fu são mais porciona uma boa exposição da área pré-vertebral e
adequado. Além disso, os auxiliares cirúrgicos podem observar a possibilita que a cirurgia tenha continuidade sob visão
cirurgia, apesar da pequena incisão e, se necessá rio, a incisão pode endoscóp ica e direta .
ser estendid a cefálica ou caudalmente se a co nversão para uma lapa- • Exponh a a face anterior do disco intervertebral por dis-
rotomia fo r necessária. secção romba através da incisão na linha média .
• Para a exposição de L5-S 1, clipe os vasos sacra is mediais
CIRURGIA LOMBAR ASSISTIDA e divida-os. Afaste os vasos ilíacos comuns cranialmente
POR VÍDEO com um retrator especialmente projetado que é introdu-
zido através da incisão na linha méd ia e mantido em

---------"~
TÉCNICA posição por dois pinos Steinmann inseridos em L5 e S1.
•Para a exposição de L4-5, retraia os vasos ilíacos caud al-
(ONIMUS ET AL.) mente. Divida a veia ileolombar para permitir a retração
• Co loque o paciente em decúbito dorsal e angule a ca udal da veia ilíaca esquerda.
mesa cirúrgica para co locar a co luna lombar em ligeira • Exposição endoscópica mais aguda das placas vertebrais
extensão. é possível usando um artroscópio angulado de 30 graus.
• Faça uma incisão vertica l de 4 cm na linha média, no •A distração intervertebral permite inserção de enxerto
umbigo, para a abordagem de L4-5 e a meio caminho ilíaco autógeno . O procedimento pode ser concluído com
entre o umbigo e a sínfise púbica para a abordagem de ressecção do disco e da placa vertebral.
CAPÍTULO 37 ANATOMIA DA COLUNA VERTEBRAL EABORDAGENS CIRÚRGICAS

K~~-'---Artéria
vertebral

h@ilij·'E!II!) Distância entre a linha média posterior e a ext re- h@il;MUlll Abordagem posterior para coluna cervical supe-
midade medial do sulco da artéria vertebral no córtex exterior (A) rior (ver texto). VEJA A TÉCNICA 37-19.
e interior (8) e o comprimento do sulco da artéria vertebral (C) .
(Redesenhada de Gupta T: Quantitative anatomy of vertebral artery
groove on the posterior arch of atlas in relation to spinal surgical pro-
cedures, Surg Radio/ Anat 30:239, 2008 .)
ABORDAGEM POSTERIOR PARA

• Feche a incisão em um tubo de sucção retroperitoneal


inserido através da porta latera l do endoscóp io.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Fi car em pé e deambu-


TÉCNICA
-
COLUNA CERVICAL, OCCIPITAL A C2

•Posicione o paciente em posição prona em um quadro


articu lado com tra ção esquelética através de pinças, evi-
tando pressão excessiva sobre os olhos. Como alternativa,
~
lação são permitidos 2 a 3 dias após a cirurgia. Um colete um descanso de cabeça de três pontos pode ser usado
é usado durante 3 meses. para proporcionar imobilização rígida da coluna vertebral
cervica l durante a cirurgia.
•Após a preparação de rotina da pele, anexe os campos
para o pescoço com suturas de ancoragem ou grampos.
ABORDAGENS POSTERIORES •Faça uma incisão na pele na linha média longitudinal do
A abordagem posterior através de uma incisão longitudinal mediana occipita l a C2 (Fig . 37-31). A infiltração da pele e do
proporciona acesso aos elementos posteriores da coluna vertebral tecido subcutâneo com uma solução diluída de epinefrina
em todos os níveis, incluindo cervical, torácico e lombossacro. É o a 1:500.000 ajuda a proporcionar hemostasia.
acesso mais direto aos processos espin hosos, lâminas e facetas. Além •Usando eletrocautério e elevadores, exponha os elemen-
disso, o canal medular pode ser explorado e descomprimido em uma tos posteriores subperiostealmente e insira afastadores
grande área após lam inectomia. Sob muitas circunstâncias, a escolha autoestáticos.
da abordagem para a coluna deve ser ditada pelo local da condição • É importante aprofu ndar a incisão na linha média atra vés
patológica principal. As abordagens posteriores para a coluna ver- da rafe mediana branca fina e evitar o corte do tecido
tebral raramente são indicadas quando a coluna vertebral anterior é muscular. A rafe mediana da coluna cervical é um liga-
o local de um processo infeccioso ou de uma doença metastática. mento avascular errante e não segue uma incisão em
Os elementos posteriores geralmente não estão envolvidos no pro- linha reta. Em crian ças, não exponha qualquer nível da
cesso patológico e proporcionam a estabilização para as estruturas colun a vertebra l desnecessariamente para evitar fusão
não envolvidas da coluna vertebral. A remoção dos elementos espontânea em níveis adjacentes, inclui ndo o occipital.
posteriores não envolvidos, como na laminectomia, pode resultar •Quando da exposição da coluna cervica l superior, não
em subluxação, luxação ou grave angu lação da coluna, causando leve a dissecção mais do que 1,5 cm lateralmente em
aumento da compressão dos elementos neurais e agravamento de ambos os lados para evitar as artérias vertebrais.
qualquer déficit neurológico. As abordagens posteriores para a •Quando necessário, exponha o occipital com elevadores
coluna vertebral comumente são utilizadas para alterações degene- e insira os afastadores autoestáticos para expor a base do
rativas ou traumáticas da coluna vertebral e para permitir uma expo- crânio e a espinha dorsal de C2. A área entre os dois
sição excelente a fim de realizar uma grande variedade de técnicas contém o arco de C 1; este, muitas vezes, é profundo em
de fu são, com ou sem a estabilização interna. Gupta mediu a distân- comparação com o processo espinhoso de C2.
cia da linha média da Cl até a incisura da artéria vertebral em 55 •E nquanto mantiver retração latera l dos tecidos moles,
vértebras de adulto e constatou que, pelo menos, 1,5 cm do arco identifique o tubérculo posterior de e 1 longitudinalmente
posterior poderia ser exposto de forma segura, sem mobilização da na linha média e comece a dissecção subperiostealmente
artéria vertebral (Fig. 37-30). Com mobilização da artéria vertebral, ao osso. Muitas vezes, o anel de C 1 é fino e pressão direta )
mais 10 mm de arco pode ser exposto em qualquer direção.
PARTE XII A COLUN A

pode fraturá-lo ou fazer com que o instrumento deslize


)
fora do anel e penetre a membrana atlantoccipita l. A
dura-máter pode ser vuln eráve l nas bordas supe riores e
inferiores do anel de e 1.
• O seg undo gânglio cervica l é um marco im porta nte no
anel de C 1 latera lmente. Encontra -se aproximadamente
a 1,5 cm latera lme nte sobre a lâmina de C 1, no su lco da
artéria vertebral. Existem poucas, se alguma, indicações
para a dissecçâo lateral nesse sulco.
• A artéria vertebra l pode se r danificada pela penetração
da membrana atlantoccipital fora da borda superior do
anel de C 1 mais latera lmente do que o geralmente seguro
1,5 centímetro a partir da linha média.
• Aba ixo de C2, as margens laterais das articu lações face-
tárias são a extensão latera l segura de dissecção.
• Após a exposição do occipital posterior, o anel de C 1, e
os elementos posteriores da C2, o procedimento cirúrgico
pretendido pode ser realizado.
•Após isso, a incisão é fechada em camadas sobre um dreno .

ABORDAGEM POSTERIOR PARA A O!§il;t.)Ei19 Abordagem posterior para coluna cervica l infe-
rior (ver texto). VEJA A TÉCNICA 37-20.
COLUNA CERVICAL, C3 A C7
TÉCNICA ~
---~~~~~~----'~
•Posicione o paciente em posição prona em um quadro
arti cu lado com tração esque lética através de pinças ou
com a cabeça posicionada no dispositivo de fixação de
cabeça de três pontos que é anexado à mesa.
• Os grandes processos espinhosos de C2 e C7 são proe-
minentes e podem ser identifi cados por palpação. É
importante observar nas radiografias pré-operatórias
quaisquer deficiências de elementos posteriores, como
uma espinha bífida oculta, antes da exposição dos ele-
mentos posteriores .
•Faça uma incisão na pele da linha média sobre a vérteb ra
apropriada (Fig 37-32.) e injetar na pele e nos tecidos
subcu tâneos uma solução de epinefrina de 1:500 .000 1
Ligamento nucal
pa ra ajudar na hemostasia.
• Aprofunde a dissecção na linha média, utilizando o ele-
troca utério e permaneça dentro da rafe branca fina O!ijl!;fü&19 Abordagem posterior para coluna cervical inferior.
mediana para evitar o corte do tecido muscu lar vascu lar O ligamento nucal está irregu lar. Para manter o campo seco, o cirur-
(Fig. 37-33). É útil manter a tensão sobre o tecido mole gião deve permanecer dentro do ligamento. VEJA A TÉCNICA 37-20.
inserindo afastadores autoestáticos . '
• Usando eletrocautério e elevadores, ret ire os ligamentos
anexa dos aos processos espinhosos e exponha os elemen- ABORDAGEM POSTERIOR PARA A
tos posteriores subperiostealmente até a borda lateral das COLUNA TORÁCICA, T1 A T12
articulações facetárias, a qua l é a extensão da dissecção
de cada lado da linh a média. A abordagem posterio r pa ra a coluna torácica pode ser
• Depois de identificar a borda latera l da articulação face- feita através de uma exposição padrão na linha média
tária, preencha cada nível com uma gaze úmida pa ra longitudinal com retração do múscu lo eretor da esp inha
manter a perda de sangue em um nível mínimo. lateralmente para as pontas dos processos transversos.
• É útil expor os processos esp inh osos de distal para proxi- Alternativa mente, as vérteb ras torácicas podem ser abor-
mal, porque os músculos podem ser retirados dos proces- dadas por meio de uma costotransversectomia quando o
sos espinhosos no ângu lo agudo entre as suas inserções acesso direto aos processos transversos e aos pedícu los da
e o osso. Se a exposição na direção oposta for tentada, coluna torácica e o acesso limitado aos co rpos verte bra is
a lâm ina do bisturi ou o elevador periosteal tenderiam a fo rem in dicados. A costotransversecto mia deve ser con -
segu ir a direção das fibras no músculo e divid ir os vasos, siderada pa ra biópsia simples o u desbridamento local.
aumentando a hemorragia. Esta abordagem não fornece campo cirúrg ico ou área de
CAPÍTULO 37 ANATOMIA DA COLUNA VERTEBRAL EABORDAG ENS CIRÚRGICAS

COSTOTRANSVERSECTOMIA

-------~
TÉCNICA
•C oloque o paciente em posi ção prona em uma mesa
cirú rgi ca acolchoada para colun a.
•Faça uma incisão reta long itudinal de aproximadamente
6,3 cm, lateralmente aos processos esp inhosos, centrali-
~ T1 zada sobre o nível da dissecção vertebra l desejada (Fig .
37-35A). (Como alternativa, faça uma incisão curva com
o seu ápice latera l à linha media.)
• Apalpe a ligeira depressão entre a massa muscular dorsal
paraverteb ral e o ângulo posterior proemi nente da costela
e centra lize a incisão sobre este sulco lateralmente aos
processos espinhosos.
•Aprofunde a dissecção através dos tecidos subcutâneos
e os múscu los trapézio e grande dorsa l e as fáscias dor-
so lombares, que são divididas longitudina lmente.
•Disseque de modo rombo os múscu los paravertebrais de
suas inserções nas costelas e nos processos transversais e
retra i-os mediaimente.
•Exponha o processo transverso e os aspectos posteriores
da costela associada subperiostealmente e remova uma
seção da costela de 5 a 7,5 cm de comprimento no nível
de envolvimento. A costela geralmente é transeccionada
com cortadores de costela de cerca de 9 cm, latera lment e
H[dil;fu&III Abordagem posterior para co lun a torácica (ver à vértebra no seu ângu lo posterior proem inente. O liga-
texto) . VEJA A TÉCNICA 37-21. mento costotransversário e a cápsula arti cu lar são fortes
e aumentam a estab ilidade inerente da colun a torácica.
• Permaneça subperiosteal e extrapleu ra lmente durante esta
trabalho para os corpos vertebra is torácicos, o que é pro- parte da exposição e proteja o feixe neurovascular intercostal.
porcionado por uma abordagem transtorácica ou uma Anteriormente ao processo transverso está o pedículo verte-
abordagem mediana posterior. bral e, acima e abaixo do pedícu lo, está o forame neural .
As raízes nervosas emergem da parte superior do forame,
TÉCNICA ~ dando um ramo dorsal e ventral. O ramo ventral torna-se o
~~~~~~~~---'~ nervo intercostal e é acompanhado pelos vasos intercostais.
•Quando os pedículos, o forame neural e as estruturas
• Posicione o paciente em posição prona em uma mesa
neurovasculares tiverem sido identificados, proceda à dis-
cirúrgica acolchoada para coluna.
secção direta e anteriorme nte no pedículo para o corpo
•Fa ça uma incisão longa na linha média sobre a área a ser
vertebral ao longo de um caminho que é relativamente
exposta (Fig. 37-34) . Uma infiltração na pele, no tecido
livre de grandes vasos e nervos (Fig . 37-358).
subcutâneo e no eretor da espinha no nível da lâmina
• Disseque cu idadosamente a pleura parietal com elevadores
com uma solução de 1 :500 .000 de epinefrina ajuda a
anteriormente para expor o aspecto anterolateral do corpo
proporcionar hemostasia.
vertebral, elevando o tronco simpático e a pleura parietal.
•Aprofunde a dissecção na li nha média, usando um bisturi
• A exposição pode aumentar com a remoção dos proces-
ou eletrocautério através das fáscias superficiais e dorso-
sos transversos, do pedícu lo e articu lações facetárias,
lombares para as pontas dos processos espinhosos.
quando necessário.
•Exponha subperiostealmente os elementos posteriores
• Após a conclusão do procedimento na coluna vertebral,
refletindo o músculo eretor da espinha lateralmente para
preencha a incisão com so ro f isiológico e infle os pulmões
as pontas do processo transverso, de dista l para proximal ,
para verificar se há vaza mentos de ar.
util izando elevadores de periósteo.
•Feche a incisão em camadas sobre um dreno para evitar
•Repita o procedimento até que o número desejado de co leção de hematom a.
vérteb ras esteja exposto; quando os dois lados da coluna •Obtenha uma radiografia de tórax para documentar a ausên-
verteb ral precisarem de exposição, use a mesma técnica cia de ar no espaço pleural, a qual pode ocorrer se a pleura
em cada lado. for inadvertidamente perfurada durante a exposição.
•Preencha cada segmento com uma gaze úmida imediata-
mente após a exposição para diminuir o sangramento.
• Após a exposição satisfatória dos elementos posteriores,
obtenha uma radiografi a pa ra confirmar a localização ABORDAGEM POSTERIOR PARA
correta do nível pretendido. A COLUNA LOMBAR, L1 A LS
•Após a conclusão do procedimento na coluna vertebra l, A abordagem posterior para a coluna lombar proporciona
feche a incisão em camadas sobre um dreno de sucção. acesso diretamente aos processos espi nhosos, lâminas e )
PARTE XII A COLUNA

O@IJ;tij1!19 Costotransversectomia. A, Incisão longitudinal em linha reta com cerca de 6,3 cm lateralmente aos processos espinho-
sos, centralizada sobre o nível de dissecação vertebral. B, Ressecção de articulação costotransversária. VEJA A TÉCNICA 37-22.

) articulações facetárias em todos os níveis. Além disso, os


processos transversos e os pedículos podem ser alcançados
por meio dessa abordagem. Wiltse e Spencer refinaram a
abordagem paravertebral para a coluna lombar, a qual
envolve uma separação longitudinal do grupo muscular
sacroespinal para expor o aspecto posterolateral da coluna
lombar. Essa abordagem é especialmente útil na remoção
de hérnia de disco extremo-lateral, descomprimindo a sín-
drome far out, e na inserção de parafusos pediculares.

TÉCNICA ~
~~~~~~~--'~
• Coloque o paciente em posição prona ou na posição
ajoelhada sobre uma mesa cirúrgica acolchoada para
coluna. Ao permitir que o abdome fique livre, a pressão
intrave nosa diminui e a perda de sang ue diminui como
resultado do colapso do plexo venoso epidural.
•Faça uma incisão na pele na linha média centralizada
sobre o segmento lombar envolvido (Fig. 37-36). Infiltrar
a pele e o tecido subcutâneo com 1 :500.000 de epine-
frina ajuda a hemostasia .
•Leve a dissecção para baixo na linha média através da
pele, do tecido subcutâneo e da fáscia dorsolombar para
as pontas dos processos espinhosos. Use afastadores
autoestáticos para manter a tensão sobre os tecidos O@ii;fijlil?ll Abordagem posterior para coluna lombar (ver
moles durante a exposição. texto) . VEJA A TÉCNICA 37-23.
• Exponha subperiostealmente os elementos posteriores de
distal para proximal com eletrocautério e elevadores de peri-
ósteo para separar os músculos dos elementos posteriores. •Nós recomendamos a localização exata do segmento
• Preencha cada segmento com uma gaze úmida imediata- envolvido com uma radiografia permanente na sala de
mente após a exposição para diminuir o sangramento. cirurgia.
• Se o procedimento exigir exposição de ambos os dois lados •Após a conclusão do procedimento na coluna vertebral,
da coluna vertebral, use a mesma técnica em cada lado. feche a incisão em camadas sobre um dreno.
CAPÍTULO 37 ANATOMIA DA COLUNA VERTEBRAL EABORDAGENS CIRÚRGICAS

A B e

Longuíssimo

0!§11;(.)Eil!I Abordagem paravertebral para coluna lombar (ver texto). A, Incisão na linha média da pele. B e C, Incisões fasciais .
D e E, Dissecção com dedo sem corte entre os grupos musculares para apalpar as articulações facetárias. (Redesenhada de W iltse LL,
Spencer CW: New uses and refinements of the paraspinal approach of the lumbar spine, Spine 13:696, 1988.) VEJA A TÉCNICA 37-24.

ABORDAGEM PARAVERTEBRAL •Faça uma incisão fascial aproximadamente 2 cm lateral-


mente à linha média (Fig . 37-378 e C).
PARA A COLUNA LOMBAR
TÉCNICA mm_ ___ •Após as camadas fasciais terem sido divididas, um plano
natural de clivagem é inserido entre os músculos multífido
e longuíssimo. Usando dissecção romba a dedo entre os
(WILTSE E SPENCER) grupos muscu lares (Fig. 37-37D e E), apalpe as articula-
ções em L4-5. Coloque afastadores autoestáticos Gelpi
• Coloque o paciente em posição prona ou na posição ajo- entre os dois grupos musculares.
elhada sobre uma mesa cirúrgica para coluna vertebral. Ao •Usando o eletrocautério ou um elevador, separe as
permitir que o abdome se pendure livre, a pressão intrave-
fibras transversais do multífido de seus anexos fasciais
nosa diminui e a perda de sangue diminui como resultado
robustos.
do colapso do plexo venoso epidural.
•Faça uma incisão na pele na linha média centralizada • Exponha os processos transversos lombares, as articulações
sobre o segmento inferior lombar envolvido (Fig. 37-37 A). facetárias e as lâminas subperiostealmente, e desnude-os
Infiltração com 1:500.000 de epinefrina ajuda a propor- de tecidos moles. Evite levar a dissecção anteriormente aos
cionar hemostasia . processos transversos, porque os nervos espinhais emer-
• Leve a dissecção até a fáscia dorsolombar e retraia a pele gentes ficam logo na frente dos processos transversos e
e o tecido subcutâneo lateralmente em ambos os lados. podem ser lesionados. )
PARTE XII A CO LU NA

•Use cauterização bipolar para controlar a hemorragia das


)
artérias lombares e veias que cursam acima da base dos
processos transversos.
• Rea lize descompressão unilateral ou bilateral e fusão da
coluna lombossacral.
•Fechar a incisão sobre um dreno de sucção e sutu re os
reta lhos de pele até a fáscia para remover o espaço morto.

ABORDAGEM POSTERIOR PARA A


ESPINHA LOMBOSSACRAL, L1 A SACRO
TÉCNICA ~
""--~~~~~~---'~
(WAGONER)

• Faça uma incisão longitud inal ao longo dos processos espi-


nhosos das vértebras adequadas e incise a fáscia superficial,
a fáscia dorsolombar e o ligamento supraespinhal longitu-
dinalmente, precisamente sobre as pontas dos processos. A B
•Com um bistu ri, divida longitudinalmente o ligamento
entre os dois processos esp in hosos na parte mais distal
da incisão.
• Insira um pequeno elevador periosteal sem corte através
desta abertura, de modo que a sua extremidade repouse
sob re a transição do processo espinhoso com a lâmina da
vértebra mais proximal (Fig. 37-38A). Mova a alavanca do
elevador proximal e lateral mente para colocar sob tensão
os múscu los li gados a esse processo espinhoso.
•Com um bisturi em movimento de distal para proxima l,
ret ire os músculos subperi ost ealmente da superfície
lateral do processo.
•Coloque a extrem idade do elevador na incisão de modo
que a sua extremidade repouse sobre a transição do H@lhfdDIIlt Abo rdagem para o aspecto posterior da co lun a
processo espin hoso com a lâmina da vertebra proxima l ve rtebral. A, Cursos de artérias que suprem os músculos espinhais
ma is próxima e repita o processo como descrito. posteriores, mostrando proximidade dos ramos musculares inter-
• Repita o procedimento até que o número desejado de nos com os processos espi nhosos. B, Inserções musculares são libe-
vértebras ten ha sido exposto (Fig. 37-388). radas subperi ostealmente do lado latera l dos processos espin hosos
• Para cirurgias que precisam de exposição de ambos os e dos ligamentos inte resp inh osos; a dissecção prosseg ue proximal-
lados da coluna vertebral, use a mesma técnica em cada lado. mente, com elevador periosteal sendo colocado contra as bases dos
• Essa abordagem expõe os processos espinhosos e a pa rte processos espinhosos. C, Processos espinhosos, lâm in as e facetas
medial das lâm inas. articulares expostas. (Modificada de Wagoner G: A technique for
•Aumente a exposição, se desejado, por uma reflexão subpe- lessening hemorrhage in operations on the spine, J Bane Joint Surg
riosteal mais aprofund ada ao longo da lâmina; exponha a 19:469, 1937.) VEJA A TÉCNICA 37-25.
superfície posterior da lâmina e as facetas articulares.
•Preencha cada segmento com uma gaze úmida imedia-
•Se fo r tentada exposição na direção oposta, a lâmina do
tamente após a exposição para dim inuir o sa ngramento.
bistu ri ou do elevador periosteal tende a seguir a direção
• Divida o ligamento supraespinhoso precisamente sobre a ponta
das fibras no múscu lo e dividir os vasos, aumentando a
dos processos espinhosos e disseque subperiostealmente os
hemorragia.
lados dos processos porque esta via leva a um campo relativa-
mente avascular; caso contrário, o fornecimento arterial para
os músculos será encontrado (Fig . 37-38C).
•A perda de sang ue pode ser ainda mais reduz ida pela
utilização do eletrocautério e um aparelho de sucção.
ABORDAGEM POSTERIQR PARA O ,
Reponha o sangue, conforme haja perda.
SACRO E A ARTICULAÇAO SACROILIACA
•Exponha os processos espinhosos de distal para proximal, O sacro posterior e a articu lação sacroilíaca são abordados
como se acabou de descrever, porque os músculos podem, mais comumente por uma exposição posterior padrão;
então, ser removidos dos processos espinhosos no ângu lo entretanto, o acesso à articulação sacroi liaca é limitado.
agudo entre as suas inserções e o osso. Ebrahe im et ai. descreveram uma abordagem transóssea à
CAPÍTULO 37 ANATOM IA DA COLUNA VERTEBRAL EABORDAG EN S CIRÚRGICAS

Superior

Posterior Anterior

EIPI
3 35
- ·ec'j\.
> i
2-2,5 cm

1,5 cm
cm - - Corte ciático
1 1
1 1
..+
1 cm
Inferior

A B

h!ijihf4EflD Abordagem posterior para articulação sacroilíaca. A, Incisão na pele. B, Triângulo retângulo na tábua externa do ílio
posterior. EIPI, espinha ilíaca posteroinferior; EIPS, espinha ilíaca posterossuperior. (Redesenhada de Ebraheim NA, Lu J, Biyani A, et ai:
Anatomi c co nsiderations for posterior approach to the sacroi liac joint, Spine 21 :2709, 1996.) VEJA A TÉCNICA 37-26.

articu lação sacroilíaca que eles sugeriram melhorar o acesso • Depois da remoção da carti lagem articular, coloque a
para o desbridamento e a artrodese com apenas mínima janela óssea previamente elevada para a sua posição ori-
dissecção dos tecidos moles e ressecção do osso ilíaco. As ginal e cuidadosamente tampe-a no lugar.
indicações incluem trauma, infecção, doença degenerativa •A loca lização precisa da janela óssea na crista ilíaca é
e processos inflamatórios. Essa abordagem permite a expo- importa nte para evitar a laceração da artéria glútea supe-
sição direta das superfícies articulares sacrais correspondentes. ri or, a qual pode-se retra ir para a pélvis, tornando a
hemostasia difícil. A lesão do nervo glúteo superior pode
TÉCNICA ~ denervar o glúteo médio, provocando disfunções na
:....---~-----'~ abdução do quadril. As dimensões do triângulo em
(EBRAHEIM ET AL.) ângulo reto na tábua externa do ílio posterior estão ilus-
tra das na Figura 37-398.
• Coloque o paciente em decúbito ventral em almofadas acol-
choadas ou uma mesa cirúrgica para coluna vertebral.
•Faça uma incisão começando no nível da espinha ilíaca
REFERENCIAS
posterossuperior e que se prolongue distalmente para o
Beisse R: Video-assisted techniques in the management of thoraco-
ponto médio entre a espinha ilíaca posterossuperior e a
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PARTE XII A COLUNA

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MANEJO INICIAL DA PADRÕES DE LESÕES DE Fratura da Faceta com
LESÃO DA COLUNA 1557 DISSOCIAÇÃO OCCIPITOCERVICAL 1574 Sub luxação 1596
AVALIAÇÃO INICIAL DA COLUNA 1558 FRATURAS DO CÕNDILO Fratura-luxação 1596
PROTEÇÕES DA COLUNA 1559 OCCIPITAL 1579 ESPONDILITE ANQUILOSANTE 1602
DIAGNÓSTICO POR IMAGEM 1559 RUPTURA DO LIGAMENTO LESÕES DA ARTERIA VERTEBRAL 1603
IMAGENS ADICIONAIS 1563 TRANVERSO 1579 LESÕES LOMBARES
AVALIAÇÃO NEUROLÓGICA 1564 Técnicas de Fusão E TORÁCICAS 1603
LESÃO DA MEDULA Posterior C1 -C2 1580 CLASSIFICAÇÃO 1603
ESPINAL 1568 FRATURAS DO ATLAS 1582 TRATAMENTO 1605
CHOQUE NEUROGÊNICO E Tratamento 1583 FRATURAS POR COMPRESSÃO 1606
CHOQUE MEDULAR 1568 FRATURAS DO ÁXIS 1583 FRATURAS TIPO EXPLOSÃO 1607
REDUÇÃO VERTEBRAL IMEDIATA 1568 Fraturas do Odontoide 1584 LESÕES POR DISTRAÇÃO 1608
Técnica de Redução Fechada 1569 Espondilolistese LESÕES POR EXTENSÃO 1608
TRATAMENTO DE LESÃO Traumática do Áxis FRATURA-LUXAÇÃO 1608
DA MEDULA ESPINAL 1569 (Fratura do Enforcado) 1590 DESCOMPRESSÃO 1608
SÍNDROMES DA MEDULA ESPINAL 1570 LESÕES DA COLUNA VERTEBRAL Estabi lização Posterior 1610
LESÕES DA COLUNA SUBAXIAL (C3-T1) 1591
Estabilização Anterior 1613
CERVICAL 1570 Classificação 1591
FRATURAS SACRAIS E
IMOBILIZAÇÃO HALO VESTE Tratamento 1593 LESÕES !:?E DISSOCIAÇÃO
E ÓRTESE CERVICAL 1570 Lesões em Extensão 1595 ESPINOPELVICA 1615
PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO Fraturas do Tipo Explosão 1596 CLASSIFICAÇÃO 1615
RADIOGRÁFICA 1574 Luxações da Faceta 1596 TRATAMENTO 1616

Existem muitos fatores que tornam a avaliação e o tratamento de as sequ elas da lesão medul ar. As causas mais comuns dessas lesões
pacientes com lesões na coluna vertebral e medula espinal prioritários. são acidentes com ve ículos automotores (40,4%), quedas (27,9% ),
As responsabilidades mais críticas são o reconhecimento precoce das violência (1 5%; principalmente fe rim entos por projétil de arma de
lesões, a prevenção da deterioração neurológica, a otimização da fo go) e acidentes esportivos (8%). Ao longo das últimas décadas,
conduta médica inicial, a interpretação correta de todas as avaliações a média de idade no mom ento da lesão aum entou de 28,7 para 40,7
diagnósti cas e o emprego do tratamento definitivo mais adequado. anos, e as causas mudaram ligeiramente para quedas de altura e
A coluna cervical é, fun cionalmente, a região mais importante não de acidentes automobilísticos e da violência. A maioria dos
da coluna. A anatomia complexa, a biomecânica espinal e os meca- pacientes com lesão med ul ar é do sexo m asculino (80,7%). Os
n ismos traum áticos comuns envolvidos fazem a coluna cervical afro-ameri canos são mais represe ntados com base nas tendên cias
também a mais difícil de avaliar. É necessária uma avaliação cuida- gerais da população, apesar de 66,5% dos pacientes serem de cor
dosa de cada região. Há estudos sem evidência científica nível I ou II branca. A lesão neurológica mais comum a partir de 2005 tem sido
para orientar os médicos por grande parte desse processo, e erros a tetraplegia incompleta (39,5%), seguida por paraplegia completa
podem ter consequências devastadoras para os pacientes. O processo (22, l %), paraplegia incompleta (2 1,7%) e, menos comumente,
torna-se ainda mais difícil por lesões concomitantes e comorbidades tetraplegia completa (1 6,3 %). As lesões completas têm diminuíd o
que muitas vezes estão presentes em pacientes gravemente trauma- um pouco nos últimos anos.
ti zados, que es tão em risco por uma lesão medular significativa.
Uma abordagem ordenada e inteligente, que é baseada na melhor
evidência disponível, dá aos pacientes a maior probabilidade de um MANEJO INICIAL DA LESÃO DA
res ultado otimizado. COLUNA
A dimensão do problema é demonstrada pela informação do
Na tional Spinal Cord Injury Statistical Center, em Birmingham , A avaliação e o manejo do paciente começam no local da lesão, e o
Alabama (https://www. nscisc.uab.edu ) A incidência anual esti- transporte adequado do paciente é muito importante. Uma análise
mada para lesão da medul a espinal é de, aproximadamente, 12 mil retrospec tiva mostrou que mais de 26% das lesões da medula espinal
novos casos po r ano (2011 ). Lesões significativas da coluna ve rte- ocorreram durante o transporte ou as fases iniciais de avaliação na
bral são cerca de duas vezes tão comuns quanto as que caus am unidade médica primária. A deteri oração foi atribuída, principal-
lesão da m edula espinal. Além disso, um número estimado de mente, à fa lta de imobilização e manuseio inicial inadequado dos
23 2.000 a 316.000 pessoas nos Estados Unidos estão vivendo com pacientes. Os protocolos padronizados nos serviços de emergência

1557
PARTE XII A COLUNA

ifü:ljij 38-1 Critérios para Pacientes Considerados Assintomáticos

CRITÉRIO COMENTÁRIO
Nenhuma sensibilidade A sensibilidade da linha média posterior é considerada presente se o paciente relatar dor à palpação
da linha média posterior da linha média posterior do pescoço a partir da crista da nuca para a proeminência da vértebra T1,
da coluna cervical ou se o paciente evidenciar dor com palpação direta de qualquer processo espinhoso cervical..
Nenhuma evidência de Os pacientes devem ser considerados intoxicados se tiverem um dos seguintes procedimentos:
intoxicação história recente fornecida pelo paciente ou por um observador de intoxicação ou ingestão de
bebida alcoólica ou evidência de intoxicação no exame físico, tais como odor de álcool, fala
arrastada, ataxia, dismetria, ou outros achados cerebelares ou qualquer comportamento
consistente com intoxicação. Pacientes também podem ser considerados intoxicados se os
testes de fluidos corporais forem positivos para álcool acima 0,08 mg/dl ou outras drogas que
afetam o nível de alerta.
Um nível normal de Uma alteração do nível de alerta pode incluir qualquer um dos seguintes : a pontuação da
alerta Escala de Coma de Glasgow de 14 ou menos; desorientação quanto a pessoas, tempo, espaço
ou eventos; incapacidade de se lembrar de três objetos em 5 minutos; uma resposta atrasada
ou inadequada aos estímulos externos; ou outros achados.
Nenhum déficit Um déficit neurológico focal é qualquer achado neurológico focal no exame motor ou
neurológico focal sensitivo.
Nenhuma lesão de Nenhuma definição precisa de lesão de distração dolorosa é possível. Esta categoria inclui
distração dolorosa qualquer condição considerada pelo médico estar produzindo dor suficiente para ocasionar ao
paciente uma segunda lesão cervical. Tais lesões podem incluir, mas não estão limitadas a,
qualquer fratura de ossos longos; lesão visceral necessitando consulta cirúrgica; grande
laceração; lesão por desluvamento; lesão por esmagamento; grandes queimaduras; ou
qualquer outra lesão que cause o comprometimento agudo funcional. Os médicos também
podem classificar qualquer lesão como sendo uma distração à lesão principal se for levada
em conta a habilidade do paciente de reconhecer outras lesões.
Adaptado de Stiell IG, Clement CM, McKnight RD: The Canadian C-spine rule versus the NEXUS low-risk criteria in patients with trauma, N Eng/ J Med
349:251 O, 2003.

médica têm melhorado a segurança do transporte, mas algumas história ortopédica completa deve ser obtida, e deve ser feito um
controvérsias ainda permanecem. A imobilização total da coluna é exame físico completo. Informações importantes incluem o meca-
recomendada para todos os pacientes com um potencial de lesão na nismo da lesão, nível func ional pré-lesão do paciente, relato do
coluna vertebral. Um colar rígido com os suportes ao lado da cabeça paciente quanto a fraqueza ou mudanças na sensibilidade, sinais de
sobre uma prancha rígida envolvendo a coluna vertebral por completo trauma contuso na cabeça, dor à palpação na coluna cervical, desa-
e em tamanho adequado à idade do paciente é usado. Isso permite linhamento da coluna e alargamento da distância entre os processos
que o paciente possa ser movido e inclinado conforme necessário para espinhosos. Achados de flacidez nas extremidades, incontinência
o transporte. Uma almofada occipital de 2 a 3 cm é utilizada em urin ária ou priapismo podem indicar lesão da medula espinal. Um
adultos para evitar extensão cervical. Em crianças, uma prancha, com exame neurológico detalhado, registrado no formulário da Amer i-
um recesso occipital é usada para evitar a região cervical. Diversos can Spinal Injury Association (ASIA), e um a avaliação do estado
estudos têm questionado se todos os pacientes com lesão potencial mental fazem parte desse exame. O diagnóstico por imagem de um
precisam dessa forma de imobilização, devido ao risco de úlceras de paciente está ligado ao exame neurológico. A avaliação inicial da
pressão causadas pelo encosto. Além disso, os estudos revelaram que a coluna vertebral de paciente politraumatizado tem por objetivo deter-
pressão intracraniana pode ser elevada para 25 mmHg devido utiliza- minar se o paciente tem uma lesão da medula espinal. Se uma lesão
ção de um colar cervical rígido. A importância clínica desse fato, em for encontrada, as imagens de TC iniciais, incluindo a da coluna
ll111 paciente com um ferimento na cabeça, não foi determinada. No vertebral, são concluídas o mais rapidamente possível, e o tratamento
presente momento, esse tipo de imobilização com a cabeça fixada à iniciado. Se um paciente não tiver uma lesão da medula espinal, deve
prancha e o dorso seguro continua a ser o método mais aceito para o ser determinado se ele cumpre os critérios para ser considerado assin-
transporte de pacientes. Essa recomendação é baseada na evidência tomático em relação à coluna cervical. Se o paciente for assintomático,
nível III e é improvável que exista um a melhor evidência desenvolvida, em seguida, a coluna cervical pode ser liberada clinicamente, se m a
por causa de limitações éticas e questões práticas de movimentação de necessidade de uma radiografia. Há cinco critérios específicos descritos
pacientes feridos. O paciente deve ser movido da prancha rígida e ter a no National Emergency X-Radiography Utilization Study (NEXUS),
coluna cervical liberada o mais rápido e seguramente possível. É melhor que devem ser cumpridos para classificar um paciente como assinto-
fazer isso depois que o paciente chega a uma instalação capaz de avaliar mático. Esse estudo, que pelo projeto e pela execução fornece evidên-
plenamente e tratar todas as lesões que estão presentes. cias de nível I, é derivado de 21 instituições e 34.069 pacientes.
O objetivo do estudo foi desenvolver uma regra de decisão que iria
reduzir o número de exames radiográficos em pacientes vítimas de
AVALIAÇÃO INICIAL DA COLUNA trauma, sem perder lesões significativas. Os cinco critérios específicos
são observados na Tabela 38-1.
Após o ABC (vias respiratórias, respiração e circulação) do proto- Usando esses critérios, um terço dos pacientes com trauma
colo Advanced Trauma Life Support (ATLS) ter sido concluído, uma avaliados nos 21 serviços de urgência ou centros de trauma nível 1
CAPÍTULO 38 FRATURAS, LUXAÇÕE S E FRATURA-LUXAÇÕES DA COLUNA VERTEBRAL

foram co nsiderados como ass intom áticos (variam d e 14% a 58%). movido para a cam a, mas m antido com um colar cervi cal em um
A determinação do nível de alerta d e um paciente é a primeira etapa travesseiro, se necessá rio, para evitar exten são cervical (pacientes
no processamento, espec ificamente para um a lesão espi nal, que deve com espondilite anquilosante po dem exigir vários travesseiros por
começar logo após o ABC ser avaliado. Se o paciente for assi ntomá- causa de sua rígid a cifose cervicotorácica) (ve r adiante). Se um
ti co pelos critérios de julgam ento do NEXUS, n enhuma rad iogra - pac iente for co locad o em tração cer vical, a haste para a roldana
fia da co lun a cervical é necessári a, e a co luna ce rvical pode ser m otriz é fixada à armação d e cama d e modo a que o ve tor de tração
"lib erada" por razões clínicas, o qu e agi li za sign ificativamente o m antenha o alinh amento neutro e não se altere se a posi ção de cama
c uidado. Pacientes que não são alertas o u que n ão atend am aos for alterada. Co m esse nível de precaução, um paciente pode ser
cr itérios d e jul gamento NEXUS , por outras razões requerem ava- colocado d e ca beça para cima usando a função de Trendelenburg
li ação radiográfi ca. O exame motor e sensitivo do pacien te de ve reve rsa d a ca m a. Se a TC cervical for negativa para lesão e a imobi-
se r documentado completamente; o formul ário AS IA é o instru- li zação cervical for continuada até um a nova avali ação, o paciente
mento ace ito qu e melhor serve a essa importante funç ão. Para os pode estar n a posição vertica l em uma ó rtese ce rvical r ígida, d evi-
pacientes que têm um d é ficit neurológi co, um a séri e d e exam es d amente ajustada até que a liberação espinal seja possível, a m en os
neurológ icos é d oc umentada utilizando esse formulário que provou que o utras lesões não permitam isso.
ser útil n a detecção de deterioração clínica e orientação das decisões Os pacientes com lesões torácicas o u lombares instáveis, como
em im agens adicionais ou outras interven ções que podem se tornar fratura- luxação ou outras lesões que serão tratadas com estabiliza-
necessári as. Para pacientes com déficits neurológicos, os formu lários ção in terna, são mantidos em posição plana na cama (utili zando a
ASIA são concluídos a cada 4 a 6 horas, ge ralm ente durante as pri- posição de Tre ndelenburg reversa para elevar a cabeça) e mudança
meiras 24 horas após a chegada, mas isso varia de acordo com a de decúb ito lateral a cada 2 horas enquanto acordado até a coluna
evolução do paciente. Se um paciente sofrer um a lesão da medula vertebral for estabili za da. Para pacientes com lesões na m edula
es pinal cervical, em seguid a, a gestão médica e obtenção de im agem espinal em quem a estabilização cirúrg ica será adiada m ais de 24 a
deverão tratar a lesão, que terá prioridade acima das demais nos 48 horas, um tipo de cama RotoRest (KCI, San Antonio, TX) é prefe-
pacientes m ais gravemente fe ridos. Em algun s pacientes, a redução rido (também usado em pacientes com lesões cervicais). Uma vez que
imediata de fraturas ou luxações pode ser mais aprop ri ada, enquanto a fratura toracolomba r está estabili zada, ou para aqueles pacientes que
o utros pacientes podem se beneficiar de RM antes d e prosseguir estão sendo tratados em uma órtese, elevar a cabeceira da cama O a
com o tratamento. 30 graus é permitido sem vestir a órtese. A órtese é necessária qu ando
A controvérsia persiste sobre o protocolo idea l para exames d e a cabeceira d a cama é posicionada acima de 30 graus.
im agem de diagnóstico d e pacientes com traumatismos n o qu e se Manter a cabecei ra da ca ma elevada é bastante encorajado, se
re fere à colun a ve rtebral. Existem vár ios objetivos para os quai s a p ressão arterial, pressão intracraniana o u outros parâmetros v ita is
há consenso entre os ciru rgiões d e traum a e c irurg iões d e co lun a. permitirem , para reduzir o risco de úlceras de d ecúbito de uma
A primeira é a detecção d e qu a lquer lesão na co luna ve rtebral órtese cervica l e risco de aspiração e para ajudar com a fisioterapia
s ignificat iva, que coloca o paciente em risco de d eterioração neu- pulmonar. Uma vez qu e a estab ilidade esp inal é conseguid a, mudança
rológ ica. Esta pode ser um a lesão óssea, um a lesão d e partes moles de dec úbito freq uente contínu a do p aciente o u do uso um colchão
("lesão d e li gamentos" não é a terminologi a porqu e dispensa deter- de ar terapêutico são importantes enq uanto a mobilidade é grave-
minadas lesões, tais como lesões do ânulo fibroso, um imp ortante m en te limitada por qualquer razão.
subtipo de lesão), ou uma combin ação dos dois. Em segundo lugar,
é importante fa zer uma determinação de que não há lesão significa-
tiva, o m a is ced o possível, para p ermitir a interrupção da imo biliza- DIAGNÓSTICO POR IMAGEM
ção cervical e a retirada d as imobilizações da colun a, de m odo a
evitar as morbidades reconhecidas de imob ilização prolon gada e A repe tição d os exames é cru cial para a condução do paciente.
fac ilitar o u tros aspectos do tratamento do paciente. Além disso, a Os pacientes que são sin tomáticos n a coluna cervical exigem ava li a-
imagem deve ava li ar lesões associadas, incluindo lesões d a artéria ção por im agem, e as reco me nd ações para esse processo mudaram
vertebra l na região cervical ou lesões visce rais envolvend o tórax, nos últimos anos. As lesões qu e envolvem as regiões torácica, lombar
abdome e áreas da pelve quando se avali am as reg iões torácica, ou sac ra! da coluna ve rtebral ge ralmente podem ser diagnosticad as
lombar, sacra!. A avaliação inicial da colun a vertebra l (torácica até através de TC, que fo i es tabelec ida como a modalidad e de diagnós-
sacro) é m elhor realizada através de tomografia computadorizada tico por imagem d e esco lh a nessas áreas. Geralm ente é obtida como
co m multidetectores (TCMD) co m im age ns com reconstrução parte d os exa mes pr im ário s pelos cirurgiões de trauma ou os
sagital e co ronal (Fig. 38-1). m édicos do serviço d e emergência. A avaliação adicional com RM
nessas áreas ou o uso de outras modalidades normalm ente não é
necessária, embora haja casos em qu e seja apropriada. Pelo fato de
PROTEÇÕES DA COLUNA esses exames de TC se rem obtidos rotin eiram ente por o utras razões,
as indi cações especí fic as para avaliações radiográficas d essas áreas
O tema proteções espinais muitas vezes é mencion ado, mas rara- não têm sid o extensivamente estudadas. Maior atenção é dada a es te
m ente d esc rito em publicações sob re trauma na co luna vertebral. tópi co em seções posteriores, que tratam espec ificam ente de lesões
Práticas específi cas são inconsistentes entre as institui ções. O proto- nessas áreas.
co lo a seguir é der ivado de nossa experiência. A imobilização da A avali ação radio gráfica padrão d a colun a cervical em pacien-
coluna vertebral já fo i d escrita n o que se refere ao tra nsporte de um tes com traum a, até há relativamente po uco tempo, tem sido as
paciente lesionado, mas, como mencionado, um dos objet ivos da incidências anteroposterior, lateral e in cidência transara! do odon-
avaliação inicial é poder retirar o paciente da imobili zação, rapida- toide. Esse protocolo d e três incidências provou ser confiável, mas
mente, um a vez que a estabilidad e hemodinâmica fo i obtida e a tem sido doc umentada a fa lh a na demonstração de um pequeno
ava liação tomográfica concluída. Mesmo que uma lesão medular número de lesões cervicais significativas. Como a in cidência d e
significativa, em qualquer nível, seja encontrada, o p aciente pode ser lesões cervicais em pacientes com trauma é entre 2% e 6%, uma
PARTE XII A CO LU NA

1 Protocolo de imagem da coluna cervical 1

loe acordo com o critério NEXUS de estado mental 1

Sim Não

Nenhuma imagem
indicada. '. ,. Lesão
Sim cervica l Iniciar
Descontinuar a Atende aos 4 crité rios TC 1
r administração
imobilização ~
NEXUS restantes multicanais
1 1 de lesão
da "coluna ce rvical
específica
avaliada"

Lesão
,,
Iniciar '
administração -
~
cervical Scan
multicanais
Tratar lesões não
vertebrais emergentes
1

de lesão
TC
específica

Reavaliar: Coluna
1 Tratar lesões não 1
vertebrais emergentes
o paciente atende
a 5 critérios NEXUS
Sim
-
r cervical
"avaliada"
Lesão
específica
Coluna Reavaliar: o paciente
Sim
ce rvical ~

atende a 5 critérios
"avaliada" NEXUS
~ Lesão
cervical Iniciar conduta
RM da
Lesão co luna -
~
de lesão
específica
específica cervical
-
~

Lesão
,, '~
Coluna
Sim
Iniciar co nduta
de lesão - cervical RMda
RM completa
em 48 horas
1

1
-
r cervical
~

coluna 1 "avaliada"
específica
cervical

1 Reavaliar 1

Coluna 1 diariamente
Sim 1 RM comp leta Continuar o
cervical ~
uso de colar
em 48 horas
"avaliada" 1 1
cervica l por
até 6 semanas '~
Coluna
~ ~ Atende a 5 Sim
-
r cervica l
critérios NEXUS
1 Reavaliar
diariamente
1

1
. "avaliada"

Continuar o
uso de colar
cervical por
~
até 6 semanas
Coluna
cervical ~
Sim 1 Atendea5 ~
"avaliada" 1
critérios NEXUS

h@li;MEID Imagem da co luna cerv ica l em pacientes sem lesão med ular.

sensibilidade muito alta é necessária para otimizar a avaliação de pacientes da série tiveram leituras incorretas de filmes adequados, e
pacientes sintomáticos. Em um a série de 32.117 pacientes, Davis apenas um paciente fo i documentado ter radiografias adequadas que
encontrou 34 lesões não di agnosticadas. Como também tem sido não demonstraram a lesão, mesmo em retrospecto. A maioria dos
documentado em inúmeros outros estudos, a razão mais comum estudos sobre este tema descobriu que a junção occipitocervical e a
para a lesão não diagnosticada na série de Davis foi a insuficiência junção cervicotorácica são as áreas onde as lesões são mais propen-
de radiografias adequadas do nível acometido (23 pacientes). Oito sas a serem não diagnosticadas. Vários estudos têm fornecido evidência
CAPÍTULO 38 FRATURAS, LUXAÇÕES E FRATURA-LUXAÇÕES DA COLUNA VERTEBRAL

de que o valor preditivo negativo de uma série de três incidências ocorrem em até 15% dos pacientes. Devido a essa alta taxa de lesões
adequada é de 93% a 98%. No entanto, nesses estudos a mesma adicionais, os pacientes com lesões cervicais demonstradas em
sensibilidade foi de apenas 62% a 84%. Assumindo uma série de 100 MDCT em nossa instituição são avaliados com RM para verificação
pacientes, 6% dos quais têm lesão cervical, cinco das seis lesões das lesões dos tecidos moles. Essa prática resultou na alteração do
cervicais podem ser detectadas como anormais em uma série radio- plano de tratamento de uma porcentagem significativa de pacientes,
gráfica de três incidências, e um paciente realmente com lesão não quando são detectadas lesões adicionais. O uso da RM para auxi-
seria distinguido radiograficamente a partir de 94 exames negativos liar na "liberação" da coluna cervical permanece controverso neste
verdadeiros identificados corretamente. Essa deficiência de radio- momento. Embora muitas dessas lesões adicionais sejam significa-
grafias simples não é melhorada com a adição de filmes oblíquos tivas e alterem o tratamento, algumas das lesões não são clinica-
para uma série de cinco incidências. mente importantes, assim indicações específicas para a obtenção de
Com maior disponibilidade de tomografia computadorizada RM precisam ser definidas. Determinar quais resultados de RM se
multislice (MDCT) houve uma transição para a utilização dessa relacionam com instabilidade clínica também precisa ser mais bem
modalidade de avaliação primária da coluna cervical em pacientes definido. Se um paciente tem achados anormais da TC, sugerindo
traumatizados com base nos níveis de evidência II e III. Combin ar a lesão de tecidos moles, tais como imagem de densidade de tecidos
TC cervical com a cabeça-tórax, abdome e varredura da pelve, o que moles anterior na altura do corpo vertebral de C3 superior a 5 mm,
muitas vezes é pedido para esses pacientes, resultou em um custo um espaço de disco alargado (> 1 a 2 mm), em um nível em relação
menor do que se o estudo cervical for feito separadamente. Também, aos níveis de disco adjacentes, especialmente se existe uma avulsão
devido ao fato de o paciente já estar no scanner e os tempos de varre- de osteófito anterior a esse nível (Fig. 38-2), ou alargamento exces-
dura serem muito mais rápidos com MDCT em comparação com sivo da distância interespinhosa posteriormente, a RM deve ser
uma TC convencional, realmente leva menos tempo para obter um obtida. Um problema de controvérsia adicional é o momento da
MDCT do que para uma série de três incidências de radiografias ressonância magnética. Devido ao fato de a RM ser mais eficaz para
simples. Quando a proporção relativamente alta de estudos inadequa- avaliar lesão dos tecidos moles, seja mostrando descontinuidade das
dos tecnicamente, que exigem TC, é considerada, a MDCT foi mais estruturas anatômicas, como o ligamento amarelo e anulo fibroso ou
rentável em relação a radiografias simples. Apesar dessas vantagens, a hemorragia e edema associado ao rompimento do tecido, o momento
maior dose de radiação para o paciente continua sendo uma preocu- do estudo é muito importante. Se a RM for obtida nas primeiras 48
pação com MDCT. Embora as comparações entre MDCT com plano horas após a lesão, a sensibilidade para a hemorragia e edema é ideal.
coronal e reconstruções no plano sagital e radiografias simples encon- A capacidade da RM para identificar lesões após 48 horas é depen-
trem maior sensibilidade na detecção de lesões com MDCT, vários dente da demonstração direta de ruptura de tecido ou subluxação
estudos comparando resultados da autópsia com lesões observadas na da coluna vertebral. Emery et ai. descobriram que a RM feita em
TC, antes da morte, descobriram que nem todos os ferimentos pre- média de 11 dias após uma lesão não conseguiu demonstrar lesões
sentes na autópsia foram demonstrados pela TC. Molina et ai. encon- objetivas dos tecidos moles em dois dos 19 pacientes. A avaliação
traram lesões significativas em um pequeno número de pacientes que da literatura disponível revelou nível de evidência III para apoiar a
não foram demonstradas nas imagens de TC. Isso indica que a TC "liberação" da coluna cervical em um paciente sintomático se TC e
pode não ser o "padrão ouro" para julgar todas as outras técnicas de RM feitas em 48 horas após a lesão forem normais. O nosso processo
diagnóstico por imagem. é a obtenção de uma RM no paciente obnubilado nessa janela de 48
O papel da RM na avaliação da coluna cervical em pacientes horas, se o paciente for suficientemente estável para se submeter ao
sintomáticos para complementar MDCT continua a desenvolver-se estudo. Um paciente não é considerado obnubilado se o estado
à medida que as deficiências da MDCT são mais bem compreendi- mental estiver alterado devido à presença de substâncias que apenas
das. O elevado custo, a disponibilidade limitada, a monitoração transitoriamente comprometem o paciente. Nesse caso, o paciente
restrita e o acesso ao paciente impostos pela RM continuam a limitar tem exame de tomografia computadorizada e permanece em uma
a sua utilização. Apesar dessas deficiências, wn número significativo órtese rígida com exames repetidos, até que a alteração no exame
de estudos demonstra maior sensibilidade diagnóstica com o uso de clínico tenha se resolvido e então seja determinada "liberação" da
ressonância magnética. Sarani et ai. retrospectivamente encontra- coluna cervical sem imobiolização ou realização de RM em 48 horas.
ram lesões na ressonância magnética em 42 de 164 pacientes (26%) Caso o paciente permaneça obnubilado, uma RM deverá ser obtida
de trauma. Todos os 164 pacientes tiveram exames negativos na TC, tão logo o paciente possa realizar uma forma segura de estudo, e
e o tratamento foi alterado em 74% deles ou com cirurgia ou com a quaisquer lesões identificadas serão tratadas. No entanto, se a RM
continuação de imobilização. No subgrupo de pacientes que não atrasada não demonstrar diretamente uma lesão, o paciente será
puderam ser avaliados devido ao status mental alterado, Sarani et ai. mantido em uma órtese rígida durante 6 semanas, assim como o
encontraram lesões na RM em cinco dos 46 pacientes (11 %) que tratamento para a lesão presumida de tecidos moles ou até que o seu
tinham exames negativos na TC, e 80% desses pacientes necessita- estado mental melhore e ele possa ser liberado por motivos clínicos
ram de cirurgia. pelo cumprimento dos critérios de NEXUS. Esse protocolo tem sido
A indicação mais clara de ressonância magnética em um eficaz em evitar qualquer deterioração neurológica catastrófica, por
paciente de trauma é para a avaliação de um déficit neurológico causa de lesões não diagnosticadas, embora tenha havido morbidade
inexplicável em qualquer nível da coluna vertebral. A RM tem uma ocasional, como úlceras de decúbito atribuíveis à órtese. A ruptura
maior sensibilidade na detecção de lesões de tecidos moles, que não da pele no couro cabeludo posterior, acima da órtese, resulta a partir
estão bem demonstradas na TC. A RM pode detectar uma lesão de do ajuste inadequado da órtese, sem manter o paciente em pé e não
medula espinal não visibilizada ou processos patológicos de com- virando o paciente de forma adequada. As morbidades menos
pressão, tais como fragmentos de disco, hematoma epidural ou a graves de imobilização têm ocorrido, embora a assistência de
presença significativa de estenose do canal de outras causas. Para enfermagem, especialmente o cuidado de traqueostomia, seja um
pacientes com uma lesão demonstrada e déficit neurológico em um pouco mais difícil. Assim, as principais indicações para RM cervi-
nível correspondente, a RM normalmente oferece pouca informação cal são déficit neurológico inexplicável, lesão cervical identificada,
adicional para aquela lesão. No entanto, os ferimentos não contíguos achados tomográficos sugestivos de lesão dos tecidos moles, ou um
111111'!) PARTE XII A COLUNA

li@ilif4E!lm A, A lteração de osteófito C6 sugerindo interrupçã o através do d isco (seta) . B, Aumento do sinal no d isco C6 indica
ruptura do d isco (seta) . C, Tecidos mo les retrofaríngeos aumentado s mais que 5 mm na imagem sag ita l mediana (seta) . D, Seta a indica
hemorrag ia causando aumento da densidade do tecido mo le ao nível C3. Seta b indica rupt ura do anel anterior. Seta e indica ruptura
de ligamento amare lo . Também nota-se edema da medula .
CAPÍTULO 38 FRATU RAS, LUXAÇÕES E FRATU RA-LUXAÇÕES DA COLUNA VERTEBRAL 1&1%@

h!§ii;M ll:fj(.],j E, Seta a indica mais de 5 mm de aumento na densidade de tec ido mo le no níve l de C3 . Seta b indica angu laçã o
sutil através níve l do disco de CS. F, Seta a indica uma hemorragia no nível de C3 . Seta b ind ica ruptura através do anel anterior e
através do espaço do disco .


paciente com estado mental alterado depois do uso de entorpecentes
me tabolizados. Quando possível, a resso nância magnética é reali- _ Re~ultados para o Teste de
38 1
zada em 48 horas. Estiramento

• Mudança no estado neurológico


• Aumento de 1,7 mm entre as verteb ras adjacentes em
IMAGENS ADICIONAIS
qua lquer nível
• M udança angu lar de 7,5 graus em qu alquer nível de disco
É incomLm1 que a imagem adicional seja exigida além do descrito. Não
• Atin ge um terço do peso do corpo ou li mite de peso para
encont ramos estudos úteis para avaliação na fase aguda da coluna
as pi nças, o que for meno r
cervical. Existe uma elevada taxa de estud os que se mostram inade-
quados por uma série de razões, a primeira sendo a variedade de
movimentos in adequados para reali za r os exames. Em pacientes neurológico, aumento de 1,7 mm entre as vértebras adj acentes, em
obnubilados existem relatos de grandes da nos neurológicos causa- qualquer nível, mudança de angul ação de 7,5 graus em qualquer
dos pela obtenção de image ns din âmicas. Se um paciente não obnu- nível do disco, ao alcançar um terço do peso corporal ou 29,5 kg,
bilado apresentar movimento suficiente para realizar radiografias na ou menos. Um pré- requisito para a realização de um "teste de esti -
incidência lateral em flexão e extensão, geralmente a dep uração ramento" é que o paciente deve esta r alerta e capaz de forn ecer um
pode ser fe ita por motivos clíni cos utiliza ndo os critérios NEXUS feedback consistente para exame neurológico (Quadro 38-1). Ares-
sem mais imagens. suscitação deve ser completa e o paciente deve estar hem odinami-
Em raras ocas iões, um pac iente po de suscitar conclusões camente estável. TC de crâni o deve confi rmar a existência ou não
so bre MDCT sugestiva, mas não defini tiva de um a lesão dos tecidos de fratura perto dos locais dos pinos crani anos planejados.
moles. Normalmente, um estudo de ressonância m agnética se ria
obtido, mas em alguns pacientes isso é contraindicado (p. ex., se o
paciente tiver um marca-passo). Nesses casos, um "teste de estira- APLICAÇÃO DE PINÇAS DE
me nto" como descrito por Wh ite, Southwick e Panjabi, é feito para GARDN ER-WELLS
ava liar mais completamente a estabilidade da coluna. Esse ensaio

-----~
pe rmite a medição da luxação de um segmento no movimento, sob TÉCNICA
co ndi ções controladas para identificar lesões dos tecidos moles.
Pinças de Gardn er-Wells são aplicadas antes de o teste ser realizado. •Estabi liza r o pescoço do paciente com uma órtese cervica l
Um halter de cabeça pode ser usado, mas é menos desejável por rígida . Um pequeno reforço pode ser necessário sob o occi-
causa da quantidade de peso que pode ser potencialmente prej udicial. pital ou ombros para manter o alinhamento cervica l neutro. )
Os possíveis pontos fin ais para o tes te são uma mud ança no status
PARTE XII A COLUNA

apenas se uma pequena quantidade de peso estiver prevista


para ser usada. Se um halter de cabeça for usado, colocar
um pequeno pedaço de gaze entre os molares para o con-
forto do paciente. Com cuidado, colocar uma toalha ou
lençol enrolado sob a cabeça do paciente ou no pescoço,
conforme necessário para manter o alinhamento neutro.
• Co loca r o filme radiográfico tão perto quanto possível do
pescoço do paciente, posicionar o tubo de raios X 1,8 m
a partir do filme e realizar uma incidência lateral. Isso
servirá como a imagem de base .
• Começar com 4,5 kg de peso e aumentar a tração em
incrementas de 1,4 a 2,3 kg. Realizar um exame neuro-
lógico completo e obter uma radiografia de perfil antes
de adicionar o próximo incremento de peso.
o@•l;MEil9 Pinças de Gardner-Wells colocadas apenas acima • O teste será considerado positivo e deve ser descontinu -
das orelhas, abaixo do diâmetro maior do crânio. VEJA A TÉCNICA 38-1. ado e a tração removida se ocorrerem alterações neuro-
lóg icas ou se ocorrer qualquer separação ou angulação
anorma l. O critéri o radiográfico é um aumento de 1, 7
• Identificar um ponto de 1 a 2 cm acima do topo da orelha e mm entre as vértebras adjacentes ou uma alteração de
)
de O a 2 cm posterior ao meato auditivo bilateralmente. Puxe 7,5 graus no nível do disco interverteb ral, em re lação à
o cabelo para trás sobre essa área. Se necessário, remova uma imagem de ref erência que foi obtida.
pequena quantidade de cabelo para expor a pele. • Ao completar um exame neurológ ico e permitindo que a
• Se for desejada ligeira extensão, coloca r os pinos em linha imagem radiográfica seja processada, um tempo ade-
com o conduto auditivo, mas sem avançar mais para evitar quado de pelo menos 5 minutos decorre entre o aumento
lesão da artéria temporal. Colocar os pinos mais posterior- de peso para superar qua lquer espasmo muscular que
mente resultará em ligeira flexão. Flexão ou extensão possa ocorrer.
também pode ser realizada por ajuste do nível da roldana • Certifique-se de comparar as medidas em cada nova radio-
de tração ou pela co locação de uma almofada sob os grafia para a imagem de base e não a imagem anteri or.
ombros, conforme necessário. • O estudo é considerado negativo para instabilidade, se a
•Limpar os locais de pinos com uma solução degermante tração igua l a um terço do peso do corpo ou 29 kg for
e sabão antisséptico . alcançada sem alterações radiográficas ou neurológ icas.
•I nfiltrar os loca is de entrada dos pinos com lidocaína a
1% ou 2% até o periósteo.
• Verifica r as pinças para assegurar que o pino central seja
rebaixado, os pontos de pinos não sejam danificados e o
gancho S esteja no lugar para prender o peso .
AVALIAÇÃO NEUROLÓGICA
• Delicadamente, colocar o alicate sobre a cabeça do
paciente e posicionar os pinos em direção à pele . Colocar Para orientar adequadamente a imagiologia de diagnóstico neces-
os pinos em uma posição simétrica. sária a um paciente, os resultados de exame neurológico desempe-
•Para evitar a rotação, centralizar as pinças observando o nham um papel fundamental. A avaliação do estado mental,
nariz do paciente, no meio das pinças . utilizando a Escala de Coma de Glasgow (GCS) (Tabela 38 -2)
• Avançar os pinos até que o pino central projete-se em 1 determina o nível de consciência. Se o valor na GCS não for 15,
mm . Isso ocorrerá em apenas um lado. Apertar as porcas então a imagem será necessária, conforme descrito anteriormente.
de forma segu ra depois que os pinos estejam sentados. É muito importante documentar com clareza o exame motor e
• As pinças estão agora fixadas, e a t ração pode ser apli- sensitivo, incluindo a função do esfíncter retal e a condição de
cada. Os outros sistemas de imob ilização podem ser reti- sensibilidade perianal. Temos usado o formu lário ASIA fornec ido
rados. Nenhum curativo é necessário . no site da ASIA (ver a publicação listada "JSNCSCI" em http: //
• Colocar a polia para o cabo de tração a um nível a f im de www.asia-spinalinjury.org/publications/59544_sc_ Exam_Sh eet_
alcançar a tração alinhada à coluna cervical (Fig. 38-3). r4.pdf). Usando o formu lário ASIA, a sensibili dade é registrada
por toque leve e picada em 28 distribuições dos dermátomos em
cada lado do corpo (Fig. 38 -4). Teste Pinprick é feito usando uma
agulha estéril, em vez de um alfinete. A pontuação de 2 (normal) ,
TESTE DE ESTIRAMENTO 1 (alterada) ou O (ausente) é determinada para cada dermátomo, e
áreas-c have específicas são identificadas no diagrama em cada der-
Este teste deve ser feito sempre com a supervisão direta do mátomo assim como locais de teste específicos. Além disso, a pre-
cirurg ião ortopédico participante. sença de sensibilidade de pressão anal profunda é feita para ajudar
a determinar se uma lesão da medula espinal é completa ou incom-

--------'~
TÉCNICA pleta. Marcas dermatomais importantes são a linha dos mamilos
(T4), processo xifoide (T7), cicatriz umbilical (TIO), região ingui-
• Aplicar tração através da tração esquelética cranial segura. nal (Tl2, Ll) e região perianal (S4 e S5). A função motora é
A utilização de um halter de cabeça pode ser considerada marcada 0/5 para 5/5 em cada um dos 10 miótomos específicos de
cada lado (Tabela 38-3). Além disso, a presença ou ausência de
CAPÍTULO 38 FRATURAS, LUXAÇÕ ES E FRATURA-LUXAÇÕES DA COLUNA VERTEBRAL 1'1$#
f'/~~·'\'\~o."'~~
Na página 2 do documento ASIA, os requisitos para cada grau
3.8-2,., ;~~
""'
Escala de Coma de Glasgow
:;,,:,"
motor são dados junto com as definições da Escala de Disfunção
ASIA e um gráfico para interpretá-la corretamente. Usando a
PONTOS
Escala de Disfunção ASIA, é feita uma determinação para classifi-
OLHOS ABERTOS
car o paciente com lesão da medula espinal. O nível de lesão é
Espontâneo 4 nomeado pelo miótomo mais caudal e o nível de dermátomo com
Para som 3 função motora e sensitiva normais. Pacientes tipo A têm função
Para dor 2 motora e sensitiva completas, sem função motora ou sensorial
Nunca mais de três segmentos caudal no nível da lesão nomeada. A
MELHOR RESPOSTA VERBAL função dentro da zona de preservação parcial deve ser registrada,
porque uma mudança, até mesmo por um único nível, pode ser
Orientado 5
muito significativa, especialmente na região cervical. Pacientes do
Fala confusa 4 tipo B têm função motora completa, mas sensoriais incompletas
Palavras inapropriadas 3 (perda incompleta sensorial, perda completa motora, sem função
Palavras incompreensíveis 2 motora mais de três segmentos caudal no nível da lesão nomeada);
Nenhum a função sensitiva pode ser apenas leve toque, alfinetada nos seg-
MELHOR RESPOSTA MOTORA mentos perianal ou pressão anal profunda. Pacientes do tipo C têm
Obedece aos comandos 6 contração voluntária do esfíncter ou função motora voluntária
mais de três segmentos abaixo do nível da lesão nomeada com
Localiza a dor 5
preservação sensitiva sacra!. Essa função motora pode ser poupa-
Descontinuação da flexão 4
dora em m iótomos não chave de acordo com o padrão no momento.
Anormal 3 Mais da metade do funcionamento dos miótomos-chave é classi-
Extensão 2 ficada inferior a 3/5. Pacientes do tipo D têm pelo menos metade de
Nenhum funcionalidade dos miótomos-chave igual ou superior ao grau 3/5.
De Teasdale G, Jennett B: Assessment and prognosis of coma after head Pacientes do tipo E têm uma lesão medular que é considerada
injury, Acta Neurochir 34:45, 1976. normal. Esse tipo não é usado para descrever um paciente sem uma
lesão da medula espinal, inicialmente. Esse exame deve permitir que
o clínico possa distinguir lesões da medula espinal de raiz nervosa
isolada ou lesões dos plexos nervosos.

TABELA ~~j'~~r, Pri_n_cipais Grupos Musculares


O exame neurológico inicial deve ser concluído o mais rapi -
damente possível, após a chegada do paciente para estabelecer a
>..~-..~· . : Utilizados na ASIA Fonte de
linha de base correta, de modo que todos os exames subsequentes
"'' ·" Avaliação Motora de Lesões da
sejam comparados. É nossa prática completar avaliações neurológi-
Medula Espinal
cas seriadas em pacientes com lesões na medula espinal ou lesões
da coluna vertebral instáveis a cada 4 a 6 horas, por pelo menos, as
NÍVEL GRUPO MUSCULAR
primeiras 24 horas e continuar com reavaliações menos frequentes
cs Flexores do cotovelo (bíceps, braquial)
após, com base no quadro clínico do paciente. Esse regime é deri-
C6 Extensores do punho (extensor radial longo e vado da experiência em um centro de referência de trauma nível I,
curto do carpo)
mas não está fundamentado e é pouco provável que as práticas
C7 Extensores do cotovelo (tríceps) baseadas em evidências possam ser usadas para examinar a frequên-
C8 Flexores dos dedos (flexor profundo dos dedos e cia com que as avaliações ideais devam ser realizadas. Além de
para o dedo médio) exames motor e sensitivo, é importante incluir o exame dos reflexos
T1 Abdutor curto do dedo (abdutor minimi digiti) dos tendões profundos. Lesões da medula espinal aguda resultam
L2 Flexores do quadril (iliopsoas) em paralisia flácida e arreflexia. A presença de reflexos patológicos,
L3 Extensores do joelho (quadríceps) tais como reflexo Babinski ou Hoffmann ou clônus, indica um pro-
L4 Dorsiflexores do tornozelo (tibial anterior) cesso mais crônico, que pode ser agravado por trauma agudo, tal
como uma lesão central da medula na condição de estenose cervical
LS Extensores longos do hálu x (hálux)
crônica. O propósito para exames seriados é detectar qualquer alte-
S1 Flexores plantares do tornozelo (gastrocnêmio, sóleo)
ração neurológica e mudança da conduta do serviço de emergência
De Beaty JH, editor: Orthopaedic knowledge update, home study para melhorar o resultado neurológico final do paciente. A deterio-
syl/abus 6, Rosemont, IL, 1999, American Academy of Orthopaedic ração da função neurológica pode ser causada por processos, tais
Surgeons, p 654. como hemorragia intracraniana, processos metabólicos, como a
acidose, ou processos patológicos da coluna vertebral. Mau alinha-
mento ósseo causando compressão da medula espinal, hipotensão,
contração do esfíncter anal voluntário é detectada. Em algumas expandindo o hematoma epidural, infarto da medula espinal, imo-
circunstâncias, a designação de "NT" por não testável ou 5*/5 bilização inadequada ou mobilização inadequada de um paciente
(fraqueza como esperado, considerada a força normal devido a são algumas das razões para a deterioração que devem ser conside-
fatores como fraturas inibindo) são mais apropriados. Antes de radas pelo cirurgião ortopédico em colaboração com outros consul-
tomar uma decisão definitiva do tipo de lesão, o paciente deve estar tores, então o tratamento pode ser ajustado adequadamente. Da
fora de choque medular. Isso geralmente ocorre em 24 a 48 horas, mesma forma, se um paciente melhorar, a conduta pode necessitar
mas pode demorar muito mais tempo e é indicado pelo retorno do ser alterada, bem como em relação ao planejamento de estabilização
reflexo de piscadela anal e bulbocavernoso anal (Figs. 38-5 e 38-6). da coluna vertebral ou de intervenções não cirúrgicas da coluna.
Nome do Paciente __________________

Nome do Examinador _________________ Data/Hora do Exame _ _ _ _ __


1
~
~
m
CLASSIFICAÇÃO NEUROLÓGICA
?!:
AMERICAN SPINAI. lNllJRY A.\SOCIAT ION
PADRÃO DE LESÃO MEDULAR DO ISC<ft;S )>

AMERICAN SPINAL INJURY ASSOCIATION n


o
,-
e
MOTORA SENSITIVO z
)>
MÚSCULOS PRINCIPAIS PONTOS SENSITIVOS PRINCIPAIS
D E (marcado no verso) TOQUE PICADA DA
LEVE AGULHA
C5 Flexores do cotovelo

íl íl
O = ausente
Extensores do punho
D E D E 1 = prejudicado
C6
Extensores do cotovelo C2 2 =normal
C7 NT =n ão testável
CB Flexores de dedos (dis tai phatanx ot middte ti1ger) C3
T1 Abdutores de dedos (liffte tingerJ C4
TOTAL DO C5
MEMBRO D+D= L==:J C6
C7
SUPERIOR (25) (25) (50)
(M ÁXIMO) CB
T1 ' 54-5
!-----+-----;-
Comentários:
T2
T3
T4
T5
T6
T7
T8
T9
T10
T11
T12
L1
~---------------------~
L2

íl ~
L2 Flexores do quadril L3
L3 Extensores do joelho
L4 Dorsif/exores de tornozelo
L5 Exten sor do hálux •Pontos
S1 Flexores plantares do tornozelo Sensitivos
Principais

TOTAL DO D+D= C==:J PONTUAÇÃO DA PICADA POR AGULHA (max 112)


D+D • =C==:J PONTUAÇÃO DO TOQUE LEVE (max 112)
M EMBRO
SUPERIOR
(MÁXIMO)
D+ D=L==:J
(25) (25)
(50)
TOTAIS
(MÁXIMO) (56) (56) (56) (56) j
NÍVEL
NEUROLÓGICO SENSITIVO
D
D D
E COMPLETA OU INCOMPLETA? LJ
Jncompleta=quaiqueriunçãosensiUvaoumotoraemS4ouS5
ZONA DE PRESERVAÇÃO
PARCIAL SENSITIVO
D E
LJ LJ
1
51 71•
O segmento mais caudal
sem função normal
MOTORLJLJ ESCALA DE DEFICIÊNCIA ASIA LJ Exte;~~~~e~~~1%e~;;;ntos MOTOR LJ LJ

Este formulário pode ser copiado livremente, mas não deve ser alterado sem permissão do Americal Spinaf lnjury Association. FfEV 03/06

A
ljICIIDl!11ID A, Classificação neurológica padrão de lesão medular do American Spinal lnjury Association (ASIA).
ESCALA DE
CLASSIFICAÇÃO MUSCULAR COMPROMETIMENTO ASIA ETAPAS NA CLASSIFICAÇÃO
A seguinte ordem é recomendada para determinar a
O Paralisia total D A = Completa: Nenhuma função motora
classificação de indivíduos com trauma arquimedular.
ou sensitiva é preservada nos
Contração palpável ou visível segmentos sacrais S4-S5.
1. Determinar os níveis sensitivos para os lados direito e esquerdo.
2 Movimento ativo, variedade completa D B = Incompleta: Função sensitiva, mas
2. Determinar os níveis motores para os lados direito e esquerdo.
de movimento, sem vencer a gravidade não motora, é preservada
Nota: nas regiões em que não há miótomo para testar, presume -se
abaixo do nível neurológico e inclui os
que o nível motor seja o mesmo que o nível sensitivo.
3 Movimento ativo, variedade completa segmentos sacrais S4-S5.
de movimento, contra a gravidade
3. Determinar o nível neurológico único.
D C = Incompleta: A função motora está
Este é o menor segmento onde a função motora e sensitiva é
4 Movimento ativo, variedade comp leta preservada abaixo do nível
normal em ambos os lados e é o mais caudal dos níveis sensitivos
de movimento, contra a gravidade e neurológico, e mais da metade dos
e motores determinados nos passos 1 e 2.
fornece alguma resistência músculos-chave abaixo do nível
neurológico têm um grau muscular ~
4. Determinar se a lesão é comp leta ou incompleta )>
5 Movimento ativo, variedade completa inferior a 3. ""C
(poupança sacral). Após choque medular resolvido:
de movimento, contra a gravidade e ::::r
Se voluntárias e contração = Não e todas S4-5 pontuações sensoriais = O e
fornece resistência normal D D = Incompleta: A função motora está r--
E qualquer sensibilidadeperianal = Não, então lesão é COMPLETA. 0
preservada abaixo do nível
Caso contrário lesão é incompleta. w
5* Músculo capaz de exercer, no neurológico, e pelo menos metade 00
julgamento do examinador, a resistência dos músculos-chave abaixo do nível ,.,
5. Determinar Grau da Escala de Comprometimento ASIA (AIS) : ;:J;J
suficiente para ser considerado normal neurológico têm um grau muscular
se não estiverem presentes fatores inferior a 3 ou mais. A Lesão é Completa? Se SIM, AIS=A Gravar ZPP ~
(Para ZPP gravar o menor dermátomo ou miótomo e
inibidores identificáveis. NÃO! de cada lado com alguma (pontuação diferente de zero)
;:J;J
)>
D E= Normal: Funções motora e sensitiva A Lesão é prese~vação)
_Vl

NT não testável. Paciente incapaz de estão normais r-


motora Incompleta? Se NAO , AIS = B c
confiave lmente exercer um esforço X
(Sim = contração anal voluntária ou função
l
)>
muscular ou indisponível para testes
devido a fatores como imobilização, SÍNDROMES CLÍNICAS
SIM motora mais de três níveis abaixo do nível
motor em um determinado lado.)
""
º'
rn
Vl
dor do esforço ou contratura.
(OPCIONAL) Pelo menos metade dos músculos-chave estão rn
,.,
abaixo do (único) nível neurológico de grau 3 ou melhor? ;:J;J
D Medula Central
D Brown-Séquard
D Medula anterior
NÃO! SIM ! ~
e
;:J;J
J;>
D Cone medular AIS = C AIS = D r-
c
D Cauda Equina Se a sensação e a função motoras forem normais em todos X
)>
os segmentos, AIS = E
Nota: AIS E é utilizado em testes de acompanhamento quando
""º '
rn
Vl
um indivíduo com um trauma raquimedular documentado o
recuperou a função normal. Se no teste inicial nenhum déficit for )>
B n
encontrado, o indivíduo é neurologicamente intacto; a Escala o
de Comprometimento AS/A não se aplica. r-
c
z
)>
li![ê1<1ljl}1 38-4, cont. B, Classificação muscular e Escala de Comprometimento ASIA. <
rn
~
rn
OJ
;:J;J
)>
r-

~
~ PARTE XII A COLUNA

a recuperação n eurológica e funcional final. A subsequente lesão


secundária refere-se à lesão neurológica adicional qu e resulta da
isquemia da medula, levando a alterações eletrolíticas com altera-
Medula espinal
ções na membrana celular e acúmulo de neurotransmissores e
S2 e S3
mediadores inflamatórios, incluindo os radicais livres que preju-
dicam ainda mais o tecido neural. Uma d iscussão detalhada desses
mecanismos está além do escopo deste texto, no entanto, deve-se
reconhecer que a conduta médica adequada de um paciente com
lesão medular é um componente importante no cuidado geral. Os
mecanismos secundários seguem a lesão mecânica inicial ou pri-
mária provocada por compressão, distração, corte ou laceração da
medula espinal. A cascata de lesão secundária ocorre ao longo de
um período de horas a dias, dependendo da gravidade da lesão e
outras lesões que podem estar presentes. Baseado em uma série de
modelos animais e evidência nível III, parece qu e o prejuízo
causado pela isquemia da medula espinal é a característica central
desse processo de lesão secundária. Evitar ou minimi zar a isque-
Compressão Contração do
da glande esfíncter anal mia da medul a espinal parece melhorar o resultado n eurológico.
Isquemia med ular resulta em mudanças locais, com perda da
O@ii;MIID Reflexo bulbocavernoso. autorregulação do fluxo sanguíneo medular e alterações no sistema
vascular sistêmico. Essas alterações sistêmicas incluem irregulari-
dades do ritmo cardíaco, bradicardia, redução da pressão arterial
média, débito cardíaco diminuído e redução da resistência vasc u-

/ lar periférica. Todas as anormalidades têm o efeito de um ciclo de


feedback positivo para agravar a isquemia m edular e, assim, inten-

/ sificar os parâmetros hemodinâmicos. Todos esses parâmetros


hemodinâmicos tendem a ser pior com lesões mais graves e mais
ventrais ou anteriores. Insuficiência respiratória muitas vezes
acompanha a lesão da medula espinal por causa da fraqueza dos
músculos respiratórios, resultando em hipoxemia, que, por sua vez,
piora a isquemia da medula espinal. A detecção e o tratamento da
disfunção cardiopulmonar precoce reduzirão a morbidade e a mor-
O!§il;MEia Piscadela anal. Contratura de esfíncter externo talidade causadas por esses mecanismos. A meta para a manutenção
causada pela picada da agulha. ideal da pressão arterial é uma pressão arterial média de 85 a 90
mmHg, com manutenção da saturação de oxigênio a 100%. Isso é
baseado em observações clínicas e evidências nível III, que conti-
nuam se ndo a melhor orientação disponível até o momento. Para
tratar adequadamente esses pacientes, acessos arteriais e venoso
LESÃO DA MEDULA ESPINAL central ou até mesmo cateteres Swan-Ganz podem ser necessários.
Inicialmente, a hipotensão deve ser tratada como de origem
CHOQUE NEUROGÊNICO E CHOQUE hemorrágica, e reanimação com líquidos deve ser uma solução
MEDULAR equilibrada (p. ex., a solução de Ringer lactato). Após a reposição
de vo lume de cristaloide adequada, pode ser necessária a transfu-
Choque n eurogênico refere-se à instabilid ade hemodinâmica que são de sangue. Se a hipotensão não responder após reanimação
ocorre com lesões na região anterior da medula espinal, relaciona- com líquidos e transfusão com pressão venosa central normal,
das com a perda do tônus simpático para o sistema vascular perifé- agentes pressórico s devem ser administrados para manter a pressão
rico e coração, cujas consequências são bradicardia, hipotensão e arterial média na banda desejada. Agentes, como dobutamina, dopa-
hipotermia devido a termorregulação ausente. A combinação de mina ou norepinefrina, com ambas as propriedad es a e ~- ago nista ,
hipotensão e bradicardia deve alertar o clínico a esta causa de são prefe ridos em vez de a-agonistas puros, tais como a fenilefrina,
choque, em vez de choque hemorrágico, o que pode coexistir, par- que pode levar a bradicardia reflexa. A duração do suporte de
ticularmente, em pacientes com outras lesões. O tratamento agres- pressão p ara manter a pressão arterial média foi arbitrariamente
sivo de hipotensão de qualquer causa é um a prioridade em pacientes indicada para se r de 7 dias, mas não há qualqu er evidência para
com lesão medular. O choque medular refe re-se a uma disfunção apoiar ou um período mais longo ou mais curto de tempo. O
temporária da fw1ção da medula espinal, com perda de reflexos e oxigênio suplementar deve ser administrado e a ventilação deve
fun ções se nsoriais caudal no nível da lesão. Manifesta-se por ausên- ser ajustada para manter a oxigenação em 100% ou perto disso
cia de piscadelas anais e reflexo bulbocave rnoso e por paralisia durante esse período também .
flácida. É um fenômeno temporário e se recupe ra geralmente de 24
a 48 horas, m esmo em lesões graves. Não há tratamento específico
para choque medular. REDUÇÃO VERTEBRAL IMEDIATA
Para os pacientes com lesão m edular, o diagnóstico rápido e
a instituição de medidas para minimi zar a lesão m edular secundária O objetivo primário para a redu ção rápida da coluna cervical e
podem ser as interve nções mais importantes possíveis para melhorar estabilização é o de melhorar o fluxo de sangue da medula espinal
CAPÍTULO 38 FRATURAS, LUXAÇÕ ES E FRATURA-LUXAÇÕ ES DA COLUNA VERTEBRAL 1&1%8
e, assim, minimizar os efeitos prej udiciais da isquemia. Em modelos significativo, recomendamos a redução rápida e sem a obtenção de
animais, rapidamente aliviar a compressão da medula espinal tem uma RM. Lesão neurológica significativa em nosso protocolo foi
se demonstrado benéfico. O curto período de tempo a partir do determinada arbitrariamente para significar menos de grau 3/5 em
momento da lesão até a descompressão determinado nesses estudos mais de metade dos miótomos-chave caudal no nível da lesão
como ideal não foi clinicamente reprodutível. Uma intervenção que (Escala de Comprometimento ASIA A, B, ou C). Ao utilizar esse
pode ser conseguida em alguns do entes para aliviar a compressão regime, a maioria dos pacientes acordados e alertas tem reduções
da medula espinal e melhorar o fluxo de sangue da medula é antes de obter uma ressonância magnética. Esses pacientes fazem
reduzir fraturas e luxações que utili zam tração esquelética . Se a RM após a redução, antes do tratamento definitivo para auxíliar no
lesão for reconhecida e o paciente for emergencialmente enviado planejamento cirúrgico. Para o paciente com lesão bilateral das
para a sala de radiologia, muitas vezes, a redução pode ser con- facetas ou mais provavelmente, uma lesão unilateral da faceta, e mais
seguida nas primeiras 1 a 2 horas depois da chegada do paciente de metade dos miótomos-chave caudal para o grau de lesão nível
no hospital. Para ser eficaz, este tem de ser fe ito absolutamente 3/5 ou superior, uma ressonância magnética é obtida antes da
o mais rápido possível, mesmo se o processo de avaliação inicial redução, mesmo que o paciente esteja acordado e alerta. A justifica-
não tiver sido completado. No entanto, há pouca evidência de tiva é de que, se a função neurológica do paciente for de grau 3/5
como isso pode ser benéfico, e existe algum risco de outras lesões ou superior, inicialmente, há mais potencial para danos com redução
não detectadas nessa condição. A redução fechada geralmente imediata e menos benefícios. Se durante o processo de redução
pode ser conseguida bem mais rápida do que por meios de ope- ocorrer agravamento de déficit neurológico, a tentativa de redução
ração, e pode-se completar a avaliação em um paciente hemodi- é interrompida. RM imediata é obtida e o tratamento cirúrgico é
namicamente estável, em geral com segurança, após a redução realizado, de acordo com o presente processo patológico. Se o
definitiva. A red ução fechada nem sempre é possível, e não é paciente for obnubilado, a redução fechada não pode ser realizada
apropriado tentá -la, por exemplo, em pacientes com lesões do com segurança, e a redução imediata não é tentada. Para pacientes
tipo de distração em outros níveis, em pacientes obnubilados, em nos quais a redução fechada é tentada, mas não bem-sucedida, a RM
pacientes com certas fraturas cranianas ou se o paciente tornar-se é concluída para ajudar a orientar a abordagem cirúrgica.
hemodinamicamente instável.
Há uma grande controvérsia a respeito do tempo das reduções • TÉCNICA DE REDUÇÃO FECHADA
cervicais e da necessidade de ressonância magnética cervical, parti- Após a colocação de pinças cranianas, a técnica utilizada é a mesma
cularmente no contexto de um paciente com fraturas unilateral ou que a descrita para o teste de estiramento (Técnica 38-2) e deve ser
bilateral da faceta ou luxações. A controvérsia tem sido centrada no supervisionado pelo cirurgião assistente. Os pontos finais são os
fato de que há uma necessidade de obter pré-redução antes da rea- mesmos, bem como todos os segmentos de movimento sem a
lização da ressonância magnética para determinar se há uma hérnia fratura ou luxação e a tentativa de alcançar uma redução no nível
de disco. O valor dessa informação comparado ao risco do aumento da lesão. É importante não realizar distração em excesso no seg-
do tempo para a redução ainda não foi estabelecido. Deve-se consi- mento lesionado mais do que 1,7 mm em relação ao nível de não
derar todos os dados de informação ao tratar esses doentes. O pri- lesionado adjacente durante a redução. Uma vez que a redução é
meiro é que a luxação da coluna vertebral com compressão da realizada, a tração é reduzida para 4,5 a 6,8 kg e a avaliação do
medula espinal está definitivamente associada a uma lesão neuroló- diagnóstico do paciente é concluída. O paciente é mantido em
gica. Rizzolo et al. informaram que em 55% dos pacientes com lesões tração com a cabeceira da cama elevada a 30 graus até a estabilização
da faceta, ocorreram hérnias discais ou rotura discai e que muitas definitiva ser realizada, a menos que outras lesões tornem necessário
vezes o material do disco migrou para dentro do canal vertebral. A alterar essa posição. Como observado anteriormente, um pequeno
importância disso não está clara no que se refere à redução da coluna reforço pode ser necessário sob a cabeça do paciente ou ombros para
vertebral. Vaccaro et ai. documentaram, por RM, que mais hérnias alcançar um alinhamento neutro em tração. A redução fechada deve
discais estavam presentes após a redução do que antes desta, mas a ter sucesso em cerca de 80% dos casos. A continuação do tratamento
luxação do disco não se relacionou com deterioração neurológica após a redução bem-sucedida ou não é discutida na seção sobre
em uma pequena série de pacientes. Grauer et al. observaram a lesões subaxiais.
variabilidade significativa do uso de RM no cenário das luxações
cervicais entre os cirurgiões de coluna como sua especialidade prin-
cipal. O segundo fato importante é que raramente a redução da TRATAMENTO DE LESÃO DA MEDULA
coluna vertebral fechada tem sido associada à piora neurológica, se ESPINAL
o paciente estiver acordado e alerta no momento da redução.
Embora não haj a evidência nível I sobre este tema, verifica-se que o Neste momento ainda não existe um tratamento eficaz para reverter
aspecto importante é se o paciente está acordado e alerta no a lesão medular que foi estabelecida por evidências nível I. Muitos
momento de redução, não a presença de uma lesão no disco. Muitas pacientes melhoram neurologicamente, e em alguns a melhora é
séries clínicas que foram relatadas ao longo de um período de considerável. As medidas que foram estabelecidas até o momento são
décadas encontraram apenas 11de1.200 pacientes acordados ( <l %) as detalhadas anteriormente que reduzem a lesão secundária. Estas
que desenvolveram agravamento neurológico permanente após incluem realinhamento rápido da coluna vertebral quando apropriado,
redução fechada. Pelo menos dois foram lesões no nível de raiz. mantendo a pressão arterial média em 85 a 90 mmHg, e manutenção
Além disso, um ou dois pacientes teve piora transitória que voltou da saturação de oxigênio a 100%. Houve wna extensa pesquisa sobre
ao valor inicial. A redução foi realizada em 80% dos pacientes, o que várias condutas para descobrir qualquer benefício clínico possível que
deve permitir uma melhor perfusão da medula espinal. Assim, o possa ajudar pacientes com lesão medular. Uma conduta que inicial-
risco de causar danos adicionais com o paciente acordado e alerta mente ganhou aceitação clínica foi o uso de elevadas doses de metil-
com uma fratura ou luxação cervical da faceta e um déficit neuro- prednisolona usando o National Acute Spinal Cord Injury Study
lógico significativo é muito baixo. Em um paciente acordado e (NASCIS) e, em seguida, os protocolos NASCIS III. As avaliações
alerta com uma fratura ou luxação cervical e déficit neurológico subsequentes desses estudos encontraram falhas significativas na
lllm> PARTE XII A COLUNA

anál ise dos dados, e os benefícios suge ridos de utili zação de corti- medula espinal é comprimida entre o corpo vertebral ventralmente e
costeroides não foram concretizados. Esses protocolos são ofereci- o ligamento amarelo e lâmina posteriormente (Fig. 38-7 A). Também
dos co mo opções de tratamento para os pacientes, pois complicações pode oco rrer em pacientes mais jovens com lesões de flexão.
significat ivas estão assoc iadas a do ses muito elevadas de co rti cos- A síndro me de Brown-Séqu ard é uma lesão em hem issecção da
teroides, que podem superar qu alquer benefício comprovado. No medula espinal (Fig. 38-?C) e, geralmente, é o resultado de um a
ent anto, o diagnóstico de um a grave lesão na medula espinal é fratura de lâmina unilateral ou fratura do pedículo, lesão penetrante,
devas tador para os pacientes, e eles são informado s quanto aos ou lesão por rotação, resultando em uma sublu:xação. É caracteri zada
protocolos, caso preencham os critérios de inclusão. Se, de pois de por fraqueza motora no lado da lesão e perda co ntralatera l da sensi-
uma cons ulta aprofund ada sobre as co nsequ ências no civas que bilidade dolorosa e sensibilidade térmica. O prognóstico para a recu-
estão assoc iadas ao protocolo, um paciente escolher a terapi a, ela peração é bom, com melhora neurológica significativa ocorrendo
é administrada, e o co nse ntimento esclarecido é co mpletamente frequ entemente. Pollard e Apple observaram que apenas a sindrome
documentado. medu lar central e a sí ndrome de Brown-Séquard foram estatisti ca-
mente assoc iadas a melhor recuperação em 2 anos após a lesão.
Síndrome anterior da medula é geralmente causada por uma
SÍNDROMES DA MEDULA ESPINAL lesão em hip erfl exão em que os fragmentos ósseos ou de di sco
comprimem a artéria espinal anterior e a m edula. É caracterizada
Ao ava liar pacientes co m lesões na medul a espinal, é importante por perda completa motora e perd a de sens ibilidade dolorosa e
distinguir lesões incompletas das qu e são completas, pois as decisões disc riminação de temp eratura abaixo do nível da lesão. Região pos-
de tratamento são baseadas nessas determinações. Se existir um a terior da medula é poupada em graus variados (Fig. 38-?D), resu l-
lesão co mpleta da medula espinal, o paciente pode recuperar alguma tando na preservação do toque profundo, sensação de posição
função dentro da zona de preservação parcial, mas precisa entender (propriocepção) e sensação vibratória. O prognóstico para a recu-
que a recuperação funcional em um nível mais caudal não é de se peração significativa nessa lesão é ruim.
esperar. Essas determinações não podem se r feitas até que o choque A sí nd rom e posterior da medula envolve a região dorsal da
medul ar seja resolvido e um exame neurol ógico deta lhado confiável medula espi nal e produz perda de propriocepção e sensação vibra-
seja possível. No caso de uma lesão da med ula espinal incompleta, tória, preser va ndo outras fun ções sensitivas e motoras. Essa sín-
existem várias síndromes reconhecidas. Se a lesão puder ser catego- drom e é rara e geralmente é causada po r um a lesão por exte nsão.
rizada como um a das síndromes, a informação de prognóstico pode A sínd ro me do cone m edul ar, ou lesão da medula sacra!
se r fornec ida ao paciente, em termos gera is, mas a determinação da (cone) e raízes nervosas lomb ares dentro do canal espinal, gera l-
recuperação fun cional específica permanece impossível nesse mente resu lta em arreflexia do esfí ncter ves ical, anal e m emb ros
mom ento. Existem, no enta nto, algumas ge nerali zações que ajudam in fer iores. A maior parte das lesões ocorre entre Tl 1 e L2 e em
a informar o pac iente: (1) quanto maior for a prese rvação da fun ção co nsequência a paralisia fl ácida dos membros inferiores e perda de
motora e da sensitiva caud al para a lesão, maior se rá a rec uperação todo o controle musc ul ar e dos esfí ncteres. A irreve rsibilidade
espe rada; (2) quanto mais cedo a recuperação aparecer e quanto dessa lesão é evidenciada pela pers istente ausê ncia do reflexo bul-
m ais rapidamente ela progredir, maio r será a expectativa de recupe- bocavernoso e piscadela ana l. A fun ção motora nas extremidades
ração; e (3) a recuperação pode ocorrer ao longo de 12 a 15 meses, in fe riores entre Ll e L4 pode esta r presente, se ocorrer preservação
mas um a vez que o progresso cessar, a recuperação mais longa não da raiz nervosa .
deve ser esperada. As síndromes mais conh ecidas são a sí nd rome A síndrome da caud a equina, ou lesões entre o co ne e as
medular centra l, síndrome de Brown-Séquard, síndrome medular raízes nervosas lombossacrais dentro do canal vertebral, também
anteri or, sí ndrome medular poste ri or, síndrome do cone med ular e pode res ult ar em urn a arreflexia d os esfíncteres ves ical e ana l e
síndrome de ca uda equina. Existem algum as lesões que não se encai- m embros inferiores. Co m um a lesão co mpl eta da ca uda equin a,
xa m bem nas síndromes descritas, e informações de prognóstico não todos os nervos periféricos para esfín cteres, área per ianal e extre-
podem se r dadas para essas síndromes mistas. midades inferiores são perdidos, e o reflexo bulbocavernoso, pis-
A síndrome cen tral da medula é a mais comum. É constituída cadela ana l e toda a atividade refl exa nas ext remidades inferiores
de lesão na área central da medul a espinal, incluindo substância estão ausentes, indicando fa lta de qu alque r funç ão na caud a
cinzenta e branca (Fig. 38-?B). Os tratos envolvidos com a fun ção equina. As lesões da cauda equin a são lesões dos neurônios
da extremidade superior com localização cent ral na área da coluna motores inferiores, e existe a possibilidade de retorno da fun ção
vertebral cortical são os mais afe tados, e os tratos responsáveis pelos d as raízes nervosas que não tenh am sido completamente lesio na-
membros inferiores são afetados em menor grau. Geralmen te, os d as transversalmente ou comprometidas. Na maiori a das vezes, a
pacientes têm um a tetraparesia envolvendo as extremidades supe- síndro me da ca uda equina se manifesta com o um a lesão neuro ló-
riores a um grau maior do qu e as ex tremidades inferiores, com gica incompleta.
maior di sfunção distalrnente das extremidades do que proximal-
mente. A preservação sensitiva va ri a, mas em ge ral o exame de toque
do alfinete sacra! é preservado. Na maioria dos casos, os pacientes LESÕES DA COLUNA CERVICAL
mostram recup eração parcial antecipada e podem ter co mp ressão
da medu la preexistente e não costumam ter instabilidade espinal. IMOBILIZAÇÃO HALO VESTE E ÓRTESE
O prognóstico varia, mas mais de 50% dos pacientes têm retorno de CERVICAL
controle do esfíncter anal e da bexiga, e tornam- se deamb ul adores
e me lh oram a fun ção da mão (Tabela 38 -4*). Essa síndrome geral- Im obili zação cervical é um pi lar do tratamento para muitas lesões
men te res ulta de uma lesão em hiperexte nsão em um indivíd uo ce rvicais. Há uma extensa experiência clín ica descrita na li teratura
mais idoso com osteoartrose preexistente na coluna verteb ral. A o rtopédica ao lon go de muitos anos a respeito da imobili zação
ce rvical. Essa literatura é baseada, em sua maioria, em estudos de
*Disponível, em inglês, em www.expe rtconsult. co m. evidência níveis III e IV. Infeli zm ente, os dados randomizados
CAPÍTULO 38 FRATURAS, LUXAÇÕES E FRATURA- LUXAÇÕ ES DA COLUNA VERTEBRAL

Síndrome medular
ce ntral

Síndrome de
Brown -S équard

Síndrome
medular

Artéria espinal
D anterior

h@ii;fii!Ilm Lesões da medula espinhal. A e B, Síndrome central da medula : medula espinal é presa entre o corpo vertebral e o
contorno do ligamento amarelo. C, Síndrom e de Brow n-Séquard. D, Síndrome anterior da medula cervical.

controlados coletados prospectivamente em meios específicos de lesões cervicais instáveis. O papel coadjuvante é a imobilização tem-
imobilização para lesões específicas não estão disponíveis. É porária no pré-operatório ou proporcionar imobilização após a esta-
improvável que tais dados estejam disponíveis dada a dificuldade bilização cirúrgica. As metas de fixação estável e mobilização precoce
de elabo ração de um estudo ético que poderia, apropriadamente, são apropriadas com lesões na coluna vertebral, mas muitas vezes
coletar essas in formações . um curto período de suporte externo é recomendado após a
O primeiro halo veste moderno foi desenvolvido no Ranchos cirurgia.
Los Amigos e descrito por Perry e Nickels em 1959. Inúmeras modi- Imobilizações tipo colares não são adequadas para o trata-
ficações têm sido feitas para o halo veste, e outros aparelhos ortopé- mento, porque são muito restritivas e causariam lesões na pele com
dicos para a coluna cervical têm sido desenvolvidos. Essas órteses o uso prolongado. Elas devem ser trocadas ou removidas se a
geralmente foram projetadas para servir um dos dois propósitos: imobilização não for necessária após a avaliação inicial do paciente.
imobilização durante os procedimentos de retirada do paciente de Os tipos mais usados de órteses para a coluna cervical incluem
escombros, de veículos e tratamento adj uvante ou definitivo para um colar macio, um colar de duas peças "rígidas'; um Imobilizador
1111» PARTE XII A COLUNA

Mandibu lar Occipital Sternal (SOMI), um Minerva (sem elhante a veste. Esse estudo, qu e foi uma aná lise retrospectiva de todos os
um SOMI com algum controle d e tes ta) e um halo veste. Vários pacientes em um centro de traum a nível I por 8 anos, avali ou os
autores compararam a capacidade relativa d esses di spositivos parem d esfechos dos tratam entos, complicações, tipo de lesão e idade do
limi tar o movimento da colun a cerv ical. Estudos comparando a paciente. O sucesso d o tratamento foi relatado em 85% dos pacientes
limitação de movimento em voluntários no rmai s usando os dispo- tratado s com imobilização ha lo veste, ap esar d e 11 % dos pacientes
sitivos do mesmo tipo básico, geralmente, n ão encontraram diferen- terem o tempo de halo veste encurtado por causa de complicações
ças estati sticam ente significantes entre os di spositivos dentro d a co mo infecções lo cais dos pinos. O sucesso do tratamento fo i
mesma classe. Esses estudos têm , progress ivame nte, mostrado em d efinido como a conso lidação d a lesão e m alinhamento satisfató-
geral maior limitação de movim ento pelo tip o d e órtese, na sequ ên- rio, sem interve nção adicional ou deterioração neurológica sec un-
cia em qu e são listados anteriormente. Esses estudos geralmente d ária. O evento adverso enco nt ra do nesse estudo incluiu morte,
m ed em o movimento global da região cerv ical e são incluídos par- problemas no local de inse rção do pino, deterioração pulmonar,
ticipantes do estudo que não tenham lesões cervicais e, como ta l, lesões n a pele, disfagia, d ete rioração neurológica e outras complica-
sua biomecâni ca da coluna verteb ral pode ser diferen te da dos ções diversas. Vinte e dois dos 311 pacientes morreram após a imo -
pacientes. Outros autores utilizaram m od elos de cadáveres para bilização halo veste fo i iniciada, e 19 d essas mortes foram n o prazo
avaliar a eficácia de diferentes órteses na limitação de movimento, d e 21 dias após o início da imobilização. Em cada caso foi feita um a
após a instabilidade ser criada em um nível ce rvical específico. revisão por um grupo de se te membros quanto à causa das mortes,
Richter et ai. estudaram um modelo de fratura do odontoide e como rbidades contribuintes, especificam ente, se a imobili zação halo
encontraram o halo veste sendo mais eficaz do qu e um colar de duas veste foi uma causa associada à morte. Determinou-se que todos os
peças ou um tipo de órtese de Minerva. Em outro es tudo em cadá- 22 pacientes morreram por razões que n ão eram atribuíveis a imo -
veres, Horodyski et ai. descobriram que um cola r rígido de duas bili zação halo veste. A região m ais co mum tratada com imobilização
peças não limita o movimento de forma eficaz após criação de grave halo veste fo i d o occipício à C2, especialmente fratur as do odon-
instabilidade de C5-C6. Outros es tud os descobriram movimento to ide, embora cerca d e um terço dos pacientes tivessem lesões
atípico, como "serp entear'; em nível indi vidual, qu e é causado por subaxiais. Além disso, havia um a proporção significativa de pacien-
órteses, especialmente os tipos mais restritivos, durante as atividad es tes do estudo com mais de uma lesão.
d a vida diária. Mais estudos são necessários para avaliar o efe ito Co mplicações da imobilização halo veste são frequentes, em
d esses dispositivos na m astigação, deglutição e hi giene oral, embora algun s es tudos com t<L""<as d e compli cações tão elevadas quanto 59%,
tenham mostrado que afetam essas atividades. embora a maioria dos es tudos identifique complicações em cerca d e
O halo veste foi estudado ma is do que o utro s tipos d e órteses, 35% dos pacientes. O tipo m ais comum de complicações envolve
e vários resultados foram determinad os. O hal o ves te é a imobili- infecção no local de ins erção do pino ou afrouxamento, que repre-
zação mai s e fica z para limitar o mov im ento no inte rior d a colun a se ntam ce rca d e 40% d e todas as complicações. A maioria das infe c-
cerv ical. Isso parece verdadeiro para a junção craniocervical, ções no loca l do pino responde bem aos antibióticos orais se
região subaxial e a junção cervicotorácica. O movi m ento é pe rmi- introdu zid os precocemente. A limpeza no lo cal do pino diariam ente
tido em m aior exten são nas áreas d e junção d o que na região e o acompanhamento rigoroso d esses pacientes perm item a detec-
cervical m édia no halo ves te. No en ta nto, é ev id ente que o movi- ção precoce d esses problemas. Ocasionalmente, as infecções são
m ento continua durante toda a co lun a cerv ical, m es mo com um mais g raves e requerem torção do local do pino ou interrupção
ha lo veste adequadam ente aplicado. Apesar desse movimento pe r- precoce da imobilização halo veste. As infecções mais graves, que
sistente, o halo veste tem se m os trad o eficaz n o tratam ento de ocor rem raram ente, pod em levar à formação de abscesso intracra-
muitos tipos d e lesões cervicais, especialm ente lesões ósseas e nvo l- niano requerendo desbridamento e resultam em possibilidade de
vendo a junção craniocervical. Co mo m éto do s c irúrgicos têm óbito. Outras complicações m enos frequ entes relacionadas com
melhorado, o halo veste permanece u útil , em parte, por ca usa de pinos incluem penetração durai, so ltura asséptica ou mesmo fratura
os muitos movimentos normais d a co lun a cervical superior d e crânio ou perto do local d e entrad a do pino. Outra complicação
podere m ser preservados após a co nso lid ação da fratura. Essa co mum d e im obilização halo veste é a incapacidade de m anter a
região é responsável por uma grand e parte da mobilidad e da redu ção d a fratura adequada e alinhamento da coluna vertebral. As
colun a cervical normal, e esse movim e nto é muitas vezes sac rifi - taxas de instabilidade persis tente com imobilização halo veste são
cado permanentemente com es tabili zação o pera tó ria. de 30% a 35% na maiori a das séri es. A maioria das complicações é
O uso d e imobilização halo veste tem compli cações associadas d etectada nos primeiros 7 a 10 dias, se a imagem radiográfic a do
significativas. Recentemente, vários estudos têm examinado a mor- tempo de imobilização halo veste for iniciad a e comparada com as
bidad e e mortalidade associadas à imobili zação em um halo veste imagen s obtidas após a imobilização ser realizada. A conversão d e
em idosos, vítimas de trauma fechado. No entanto, não existem um trata mento alternativo pode se r necessária se o alinhamento não
estudos d e alta qualidade que tenham ava li ado prospectiva me nte, for mantido, d evido ao aum ento da probabilidade de falha de co n-
esse subgrupo de pacientes. Os estud os retrospectivos na literatura so lid ação. A pseudoartrose detectada após a imobili zação adequ ad a
sobre trauma têm observado um aumento da taxa d e mortalidad e d e ha lo veste entre 12 a 16 se manas também pode exigir estabiliza-
em pacientes idosos com traum a, com fraturas ce rvicais tratad as ção cirúrgica. A deterioração n eurológica secundária à instabilidade
com imobili zação do tipo halo veste em co mpa ração com aqu eles pe rsiste nte ta mb ém é um a preocupação, embora isso não seja
tratados operatoriamente ou com um cola r. comum co m imobili zação hal o ves te. Com pli cações mais graves,
Em instituições com m aiores taxas de mortalid ad e em pacien- como pneumonia ou insuficiência respiratória, podem ocorrer, m as
tes com lesões da coluna cervical, mai ores taxas d e compli cações na m aio ri a d as vezes estão relacionadas com a inadequada mobili-
respiratórias e trombose venosa profund a ta mbém foram observa- zação do paciente. Se for feita uma determinação de que a estab ili-
das, sugerindo que esse grupo p od e não ter sid o m ob ili zad o, ass im dade ad equad a não será ati ngida com a imobili zação halo veste para
como os o utros subgrupos ava liad os. Em um a ava li ação m ais co m - permitir a imobili zação em tod a a extensão que outras lesões do
pl eta, m as a inda retrospectiva, Bransford et a i. não encontraram paciente permitiriam, então, outro trata mento deve ser realizado, se
um aumento da taxa d e mortalid ad e assoc iada ao uso d e um hal o possível. Dessa forma, a maioria das co mplicações graves pode ser
CAPÍTULO 38 FRATURAS, LUXAÇÕ ES E FRATURA- LU XAÇÕ ES DA COLUNA VERTEBRAL

O@il;f4'1Il19 Ao aplicar o anel halo, os locais dos pinos devem ser 1 cm acima latera l, um terço das sobrancelhas e mesma distância
acima os topos dos ouvidos na região occipital (área mastoide). VEJA A TÉCNICA 38-3.

evitada. A maioria das complicações tardias, mas menos graves,


relacionadas com os pinos são evitadas pelo uso de cuidado na •Os pinos anteriores devem estar acima do terço latera l da
aplicação da imobilização halo veste e por ter um acompanhamento sobrancelha. Essa posição evita os nervos supraorbita l e
adequado. supratrocleares e o múscu lo temporal. Os pinos posterio-
res, no gera l, são ligeiramente mais baixos do que os
pinos anterior e posterior à orelha (Fig. 38-8).
APLICAÇÃO HALO VESTE • Posiciona r a parte posterior da veste por bai xo do paciente
Há uma variedade de modelos de halo veste disponível. para que a alça de ombro esteja loca lizada corretamente.
Normalmente temos usado um anel de grafite em formato •Raspar o cabelo, se necessário e limpar cada local do pino
de ferradura e quatro pinos de titânio. Em pacientes com com solução antisséptica três vezes.
menos de 1O anos de idade, podem ser utilizados seis ou •Utilizan do os pinos de posicionamento do anel, ajustar a
oito pinos (ver Capítulo 40). O dimensionamento correto e posição do anel com um assistente mantendo o anel
a localização do anel são importantes para reduzir o afrou- nesta posição.
xamento dos pinos ou migração do anel. O anel selecio- •Coloca r uma ag ulha atra vés da localização do pino no
nado deve ter o menor diâmetro que possa ser colocado anel para ser ut ilizado e injetar 0,5 ml de anestésico local
abaixo do equador do crânio e permitir pelo menos 1 cm subperiostea lmente. Evitar a formação de elevação na
de folga em toda a circunferência. Um anel maior que é pele ao injetar, pois isso leva a tra ção na pele após a
mais distante do osso irá aumentar o movimento da inter- colocação do pino.
face de pinos de ossos, como ocorre com os outros elemen- •Pedir ao paciente para fechar suavemente os olhos e
tos de f ixação externa quando colocados mais distante do manter assim durante a colocação do anel para assegurar
osso. A localização planejada dos pinos também deve ser que as pálpebras superiores possam ser fechadas após a

_ ,. ._____
cui dadosamente ava liada na TC de crânio em razão de uma colocação dos pinos.
possível fratura, para colocar os pinos em segurança. •Colocar cada pino para bai xo da superfície da pele.
•Apertar com a mão um oposto par de pinos (p. ex.,
TÉCNICA __._~ anterior direita com posterior esquerdo) uma volta com-
pleta e depoi s apertar o outro pa r, repitindo até que todos
•Selecionar o menor anel que permita pelo menos 1 cm os pinos estejam tão apertados quanto possível com a
altura da pele quando colocado abaixo do maior diâmetro mão. Isso evita mover o anel em uma direção enquanto
do crânio. aperta os pinos. )
llllEiD PARTE XII A COLUNA

As reconstruções coronais são as melhores para avaliar as arti-


•Usando uma chave de fenda limite de torque fixada em
) culações occipital-Cl, as articulações Cl-C2, bem como a integri-
45 cm/kg, apertar os pinos em uma sequência figura-de-
oito, uma rotação completa cada, até que os quatro dade óssea do dente.
A continuidade do arco posterior em cada nível cervical e o
estejam a 45 cm/kg. Torque inferior irá aumentar o afrou-
occipital é melhor determinada nas imagens axiais. As fraturas envol-
xamento dos pinos e um torque mais elevado aumentará
vendo o corpo, pedículo, forame transverso, massa lateral, lâmina e
o risco de penetração do crânio .
processo espinhoso podem ser vistas em nível individual (Fig. 38-9).
•Apertar bem a porca em cada pino .
•Aplicar o pedaço da veste anterior e fixar o ombro e alças
abdominais.
•Envolver os quatro suportes da veste para o anel e ajustar
PADRÕES DE LESÕES DE DISSOCIAÇÃO
a posição para permitir o movimento irrestrito da dobra- OCCIPITOCERVICAL
diça xifoide, se necessário. Apertar todos os parafusos de
fixação com o torque sugerido pelo fabricante. As lesões da junção craniocervical podem ocorrer em uma varie-
dade de locais. Luxações do atlas, luxações Cl-C2 ou combinações
• Radiograficamente, verificar que a redução da fratura e
alinhamento da coluna vertebral estejam aceitáveis . de fraturas e luxações envolvendo o occipital, atlas e o áxis podem
•Em 24 horas, voltar a apertar os pinos para 45 cm/kg de romper a membrana tectoral, ligamentos alar e apical, ligamento
torque. transverso e cápsulas articulares no occipital-Cl ou Cl-C2. Algumas
•Começar a limpeza do pino diariamente com H202 ou lesões como fratura do côndilo occipital ou lesões das cápsulas arti-
solução de iodo-povidona. culares isoladas podem ser estáveis. No entanto, essas lesões podem
ocorrer como componentes de urna lesão mais complexa com ins-
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Limpeza dos pinos dia- tabilidade ocipto-cervical, o que pode ser fatal se não for tratado.
riamente é mantida e, dependendo do grau de atividade Muitas vezes, essas lesões resultam em óbito antes que o paciente
do paciente, a superestrutura do halo veste é apertada a seja transportado. O diagnóstico das lesões da transição craniocer-
cada 2 a 4 semanas. O paciente está mobilizado tão com- vical requer consciência e desconfiança para os padrões de lesão
pletamente quanto as lesões não cervicais permitirão, e esperados. A presença dos nervos cranianos (NC) VI, NC X ou NC
a coluna cervica l é radiografada para verificar que a XII paralisia, hemorragia subaracnoide na junção craniovertebral ou
redução da fratura e alinhamento geral estejam estáveis. edema dos tecidos moles anterior à coluna cervical superior deve
Após o período de imobi lização com halo veste estiver aumentar a suspeita de uma lesão craniovertebral. Os déficits mais
terminado e os pinos forem retirados, os locais dos pinos graves, incluindo monoparesia, herniparesia, tetraparesia, apneia ou
devem ser limpos. Mobilizando manua lmente a pele para outros sintomas da região alta da medula, também têm sido relata-
evitar aderências ao periósteo permite a expressão facia l dos com essas lesões. É necessária avaliação cuidadosa das imagens
mais norma l e cicatrizes menos visíveis. tomográficas, especialmente as imagens de reconstrução, pois essas
lesões são frequentemente luxações e apenas a posição relativa de
uma estrutura óssea em relação à outra pode ser anormal, sem a
presença de uma fratura. A luxação atlanto-occipital tornou-se reco-
nhecida com mais frequência, assim como a suspeita da lesão
PROTOCO~O DE AVALIAÇÃO aumentou e o atendimento inicial do paciente melhorou. O melhor
RADIOGRAFICA método para o diagnóstico de luxação atlanto-occipital não foi
determinado definitivamente. Os métodos mais antigos baseados
O exame de TC helicoidal é a modalidade de imagem de escolha em radiografias em incidências laterais, como o índice de Power 's
para o diagnóstico de fraturas cervicais e luxações. Imagens axiais, (básio à distância do arco posterior!opisthion para distância do arco
reconstruções sagitais e cada reconstrução no plano coronal pro- anterior) e o intervalo básio-atlas/intervalo básio-odontoide (BAI-
porcionam visualização ideal para lesões específicas. Ter uma BDI) têm sido descritos (Fig. 38-10). O método BAI/BDI como
rotina sistemática e metódica para visualização dessas séries é neces- descrito por Harris et ai. é o método mais confiável por meio de
sário a fim de detectar lesões. Começando com as reconstruções radiografias em incidências laterais. Com a utilização de exames de
sagitais, três incidências são de particular valor. Estas são a imagem TC helicoidais, uma análise mais pormenorizada das relações ósseas
da linha média, cada uma das imagens planas parassagital através é possível. O método que temos utilizado para diagnosticar a pre-
do occipital côndilo-Cl e as articulações de cada lado. Essas sença de luxação atlanto-occipital é avaliar cada uma das articula-
imagens parassagitais devem ser avaliadas, especificamente, para ções occipitais côndilo-Cl para congruência e concentricidade. Se
(1) a congruência do occipital côndilo-Cl, que deve ser concên- ambas as articulações forem normais, não há nenhuma luxação
trica e não deve ser superior a 2 mm de largura lateralmente; (2) atlanto-occipital. Além disso, a relação entre a linha Wackenheim ao
istmo intacto no nível C2; e (3) uma relação normal em cada faceta odontoide é avaliada. Se essa relação também for normal, não há
articular e massas laterais intactas . A imagem da linha média deve lesão por distração entre Cl e C2. O sistema de classificação mais
ser especificamente avaliada para (1) a relação da linha Wacke- comumente utilizado para a luxação atlanto-occipital é o sistema
nheim às covas (normalmente tangenciais à metade posterior das Traynelis, que é descrito pela direção de luxação, mas que não se
covas); (2) aumento do intervalo atlantodental (normal < 3 mm; relaciona com a orientação de tratamento. A classificação Traynelis
anormal > 5 mm); (3) aumento do volume dos tecidos moles do inclui tipo I (anterior); tipo II (longitudinal); tipo III (posterior);
corpo C3 (normal < 5 mm); (4) a integridade óssea do processo e "outros'', que inclui a luxação lateral ou multi direcional. A revisão
odontoide; (5) o alinhamento anterior dos corposvertebrais; (6) da literatura revelou que pacientes com luxação occipitocervical,
alinhamento posterior dos corposvertebrais; (7) o alinhamento da que não foi inicialmente diagnosticada, tiveram piora neurológica
linha espinolaminar; e (8) a avaliação de aumento na angulação ou em 73% do tempo antes que o diagnóstico fosse reconhecido, e cerca
alargamento de cada espaço do disco. de metade não melhorou. Dez por cento dos pacientes colocados
CAPÍTULO 38 FRATURAS, LU XAÇÕES E FRATURA-LUXAÇÕES DA COLUNA VERTEBRAL 6im

O@mf4EID A, Seta a indica a congruência articular occipital-C1 normal . Seta b indica istm o de C2 intacto. Suporte c indica relações
normais da faceta através de toda a coluna cervical. B, Seta a indica linha de Wackenheim com relação normal entre clivus e o odon-
toide. Seta b indica intervalo atlanto-odontal, que é normal em largura . Seta e indica densidade de tecido mole normal com largura
inferior a 5 mm no C3 meio corpo.

de piora neurológica no pré-operatório. Essa evidência é nível III,


mas nos levou a recomendar a estabilização operatória para todos
os pacientes com luxações occipitocervicais. A conduta inicial é a
colocação de um halo veste para proporcionar a estabili zação pro-
visó ri a até que o paciente possa sofrer a fusão occipitocervical pos-
terior. A tração não é usada em circunstâncias habituais.
No rm alm ente, a fusão é a partir do occipício a C2 ou C3, co m
múltipl os pontos de fixação no crâni o e parafusos de massa lateral
em C l , parafusos no istmo de C2, e, quando necessário, C3 ou
parafu sos na m assa lateral de vé rtebras inferiores com enxe rto ósseo
autólogo. Algum as lesões nas es truturas craniocervicais indi viduais
sem luxação podem se r tratadas sem estabilização.

FUSÃO OCCIPITOCERVICAL
USANDO PLACA MODULAR E
INSTRIJMENTAÇÃO COM HASTES,
O@IJ;f4EIJD Técnica de medição para o BDI e BAIS descrita ~IXAÇAO SE~MENTAR ASSOCIADAS
por Harris et ai. A COLOCAÇAO DE PLACAS NO OSSO
OCCIPITAL, PARAFUSO DE MASSA
em tração tiveram piora neurol ógica em um pequ eno número de LATERAL EM C1, PARAFUSOS
casos relatados. Além disso, os pac ientes tratados defi nitivamente ÍSTMICOS (PARES) EM C2 E
com imobilização exte rn a, excluindo a tração, tinham uma taxa de
40% de piora neurológica que necessitaram de estabi li zação. Outros
FIXAÇÃO DA MASSA LATERAL
27% que não pioraram neurologicamente não conseguiram alcançar O método preferido para fusão cervical utiliza um sistema
a estabilidade, mesmo após uso da órtese por 22 semanas de imobi- de placa e haste modular que inclui múltiplos pontos de
li zação. Os pacientes tratados co m imobilização tipo halo ves te tem- fixa ção no crânio e vá ri os pontos de fi xação simultâneos . )
porária, enquanto aguardam a esta bilização operatória, tive ram 0%
llll&D PARTE XII A COLUNA

H@ll;b'DJI A, Seta indica fratura do côndilo occipital direito em paciente com lesão occiptocervical de dissociação. B, Seta indica
articulação occipital côndilo-C1 alargada e incongruente. C, Seta indica que a fratura do côndilo occipital direito foi reduzida . Seta
indica que o côndilo-C1 occipital esquerdo é congruente. D, Alinhamento anatômico com fixação ao crânio, massa lateral de C1, C2 e
istmo. E, Radiografia lateral da instrumentação placa-haste occipitocervical. VEJA A TÉCNICA 38-4.

-------'~
) se a lesão for de tecido mole só no nível occipita l-e 1, a TÉCNICA
construção gera lmente pode parar no nível C2. Se a fi xação
for comprometida pela lesão no nível C 1 ou C2, a f ixação •Realizar tricotomia no couro cabeludo vários centímetros
deve ser estendida caudalmente ao C3 ou menor, depen- acima do ínion (protuberância occipital externa).
dendo do padrão de lesão. • Preparar e fixar a região posterior da cabeça e pescoço,
O paciente acordado é movido para a maca e colocado em bem como o local da crista ilíaca posterior doadora.
decúbito dorsal. A anestesia geral é iniciada, associada a neu- • Demarcar a pele nitidamente da protuberância ociptal externa
romonitoramento para pacientes apropriados. Normalmente, ao nível cauda l planejado e injetar uma soluçã o diluída de
o paciente estará em um halo veste na chegada à sala de epinefrina (1 mg em 500 ml de solução salina normal) através
cirurgia. Um apoio de cabeça tipo Mayfield está diretamente da incisão pontuada na derme e musculatura paravertebral.
ligado ao anel de halo, e suportes anteriores são removidos. • Completar a incisão na pele rapidamente e, ent ão, usar
Se o paciente não estiver em um halo veste, o suporte da eletrocautério para dissecar o crânio e processos espinho-
cabeça do pino Mayfield será usado. Depois de virar o decú- sos para, pelo menos, no nível de C3 (se a construção
bito, a porção posterior da veste é removida . Imagens de flu- estiver prevista para o nível C2).
oroscopia são obtidas para verificar a redução da lesão e •Usando ruginas de Cobb e eletrocautério, subperiostea l-
garantir que a posição da cabeça é satisfatória para a fusão. mente, expor o occipital e o forame magno.
A posição de ligeira flexão occipitocervical é preferível para •Expor o arco posterior de C 1 lateralmente a uma distância
permitir que o paciente potencialmente deambule e realize de 15 mm da linha média ou no sulco da artéria vertebral,
atividades diárias com menos dificuldade (Fig. 38-11 ). o que for menor. Tomar cuidado para manter o bisturi
CAPÍTULO 38 FRATURAS, LU XAÇÕES E FRATURA- LU XAÇÕ ES DA COLUNA VERTEBRAL GiDlll
elétrico no arco posterior de C 1 e não ca uterizar a mem- Magerl modificada por Anderson . Identificar os quatro
brana atlanto-ociptal, que é fina . limites da massa lateral e determinar o centro geométrico
•Expor a extremidade bífida do processo espinhoso C2, e do retângulo definido por esses li mites. Penetrar a cortical
elevar os grupament os musculares subperiostealmente, 1 mm medial ao ponto central usando uma broca de alta
para que no fechamento, os dois lados possam ser sutu- velocidade. Usando esse ponto de partida, oriente a broca
rados através do osso para o processo espinhoso de C2 . manual lateral e cefa licamente, apoiando a manga broca
•Expor o processo espinhoso, lâm ina e toda massa latera l na margem da ponta do processo espinhoso do próximo
bi lateralmente em cada nível, conforme necessário, pre- nível mais caudal (processo espinhoso C4 para um para-
servando a cápsu la da faceta em níveis para não serem fuso C3). Incrementalmente, avançar a broca até a perfu-
inclusos na fusão. ração da cortical oposta e colocar bicorticalmente o
•O nervo espinal C2 (nervo occipital maior) atravessa pos- parafuso de comprimento adequado. Parafusos unicorti-
terior para o istmo C2 em um plexo venoso denso. Usando cais de 14 mm têm sido utilizados proporcionando fixação
cautério bipolar e um elevador Penfield nº 4, gentilmente satisfatória e podendo ser utilizados se desejado.
mobilizar este plexo cefalicamente, começando na margem •Após a colocação desses parafusos, a posição da haste no
lateral superior da lâmina de C2 até que a borda medial crânio pode ser determinada. Alguns sistemas modulares
do istmo C2 esteja visível. Realizar hemostasia durante esta permitem uma única placa de linha média ou duas placas
etapa e controla r o sang ramento com cautério bipolar, unilaterais para serem utilizadas. O osso occipital é mais
Gelfoam® ou Surg icel® e cotonoides. espesso ao longo da crista da linha média, e o parafuso de
•De modo semelhante, expor apenas a extremidade caudal tração pode ser utilizado caso a estrutura óssea perm ita .
do anel de C 1, lateralmente, para um ponto até mesmo No entanto, se a placa de linha média não se alinha bem
com o istmo C2 e mobilizar o plexo venoso e raiz de C2 com os parafusos colocados, placas bilaterais são preferi-
caudalmente, de modo a permitir a exposição da massa das. Se duas placas forem utilizadas, moldar e fixá-las na
inferior C 1 lateral para o arco posterior e artéria vertebral. reg ião com osso mais espesso possível.
•Usando um intensificador de imagem, verifique se o ali- • Para cada parafuso occipital colocado através da placa,
nhamento cervical e a redução da lesão são satisfatórios . usar uma broca de mão para a colocação do parafuso no
• O parafuso de C 1 é colocado como descrito por Harms osso bicortica l lateral mais fino, o que é muitas vezes só
e Melcher. Usando uma broca manual colocada logo 5 a 6 mm de espessura. Parafusos unicorticais podem ser
cauda l ao arco de C 1 e 3 a 4 mm lateral à borda medial colocados na linha média na região mais espessa de osso.
da massa lateral, avançar a broca em um ângulo de 1O •Após a co locação da placa pa ra o contorno occipital,
graus medial e ligeiramente de modo cefál ico, a um cortar e ligar a haste aos parafusos cervicais e placa em
ponto apenas posterior à margem anterior do processo cada lado. Se forem utilizadas duas placas, muitas vezes é
odontoide em uma vista lateral no intensificador de mais fácil conectar a haste moldada à placa . Fixar a barra
imagem. Isso permite a colocação do paraf uso unicortical nos parafusos cervicais e em seguida, colocar os parafusos
e reduz o risco de lesão da artéria carótida interna e através da placa depois que eles estiverem na posição.
anterior do nervo hipoglosso à massa lateral de C 1 . •Apertar todas as conexões de forma segura.
•Colocar um parafuso poliaxial com uma extensão longa •Coletar enxerto do osso ilíaco, conforme descrito na
suave de 10 mm para a profundidade perfurada. Técnica 1-8.
• Colocar o parafuso ístmico em C2 em um método seme- • Decorticar o osso occipital e os elementos posteriores dos
lhante ao descrito por Magerl e Seeman (Técnica 38-9). níveis expostos usando uma broca de alta ve locid ade.
Colocar um eleva dor Penfield nº 4 para palpar e se possível, •Com cu idado, colocar o enxerto ósseo autólogo dividido
visibi lizar o córtex media l do istmo, e determinar a linha de sobre as áreas descorticadas. Evite coloca r o osso sobre a
ponto de entrada na faceta inferior de C2, que permitirá membrana atlanto-ociptal , porque a comp ressão pode
a broca mediaimente direcionada para introduzir ao istmo. resultar em apneia de compressão do tronco cerebral. Por
Usando a incidência lateral do intensificador de imagem, esta razão, a hemostasia final deve ser minuciosa.
selecione o ponto nesta linha que ori entará a broca até o •Verificar o alinhamento final e redução.
centro do istmo. Usar uma broca de alta velocidade para •Fechar a fáscia voltada ao osso, quando possível, com
penetrar apenas o osso cortical naquele ponto. Normal- especial atenção para o nível de C2 sobre um dreno.
mente, a broca será direcionada 25 graus mediaimente e •Fechar a fe rid a em camadas com sutura de pele com
20 a 30 graus cefa licamente, mas a anatomia varia consi - pontos subcutâneos.
deravelmente, e a revisão cuidadosa da tomografia com -
putadorizada é necessária. Direcionar a mão e perfurar o TÉCNICA ALTERNATIVA DE PARAFUSO NO
istmo sob controle fluoroscópico para um ponto na PEDÍCULO C2
margem posterior do forame transverso de C2 como visto Um parafuso de pedículo C2 é colocado uti lizando uma
na incidência lateral no intensificador de imagem. técnica similar à descrita anteriormente para o parafuso
•Colocar o parafuso poliaxial de comprimento apropriado ístmico. A diferença principal é que o parafuso de pedículo
para parar no forame transverso posterior. Em nossa é mais longo e passa para dentro do corpo de C2. Ao fazê-
experiência, isso proporciona excelente fixação sem lo, o curso da artéria vertebra l é atravessado e, portanto, a
colocar a artéria vertebral em risco ao cruzar o forame artéria está em maior risco de lesão. A outra diferença é que,
transverso no corpo C2. com parafusos pediculares, a trajetória é orientada menos
• Se os parafusos adicionais de massas laterais forem usados, mediaimente. O cu idado no planejamento pré-operatório é
eles são colocados utilizando a técnica com a técnica de necessário, porque pelo menos 8% a 10% dos pacientes )
~ PARTE XII A COLUNA

e
O@ii;@Eim Método de fus ão occipitocervical de Wertheim e Bohlman. A, Broca é utilizada para criar escavação na prot u berância
occipital externa e furo é feito nesta área. B, Fios são passados at ravés da tábua externa do occipita l, sob o arco do atlas e através de
processo espinhoso do ax is. C, Os enxertos são co locados nos fios. D, Os fio s são apertados para garantir enxertos no lugar. VEJA A
TÉCNICA 38-5.

não têm um a anatomia que permita a colocação seg ura do forma r uma ligação ent re as duas aberturas no córtex.
)
parafuso pedículo. Isto é especialmente verdadeiro nas Tomar cuida do para não penetrar na cortical interna do
mulheres. A vantagem biomecânica do parafuso do pedículo osso occipita l.
já não parece clinicamente importante e, em geral, obtém-se •Fazer um furo na base do processo espinhoso de C2
pouco para o paciente considerando o risco adicional. A usando uma pinça de Backhaus ou punctor ósseo.
técnica de parafuso ístmico é nosso método preferido. • Passar um f io de cali bre 20 através, em torno e para t rás
através do orifício no processo espinhoso de C2, a f im de
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O paciente é mantido ci rcundar a parte caudal do processo C2 , e um segundo fio
em um colar cervical durante 8 a 12 semanas após a cirur- através do canal no osso occipital de forma semelhante.
gia, até a conso lidação avançar de forma satisfatória. •Usar uma pequena cureta angulada para dissecar o lado
O dreno é removido no primeiro dia de pós-operatório. ventral da lâmina C 1 bi latera lmente, de modo a permitir
a passagem do f io sublam in ar na linha média.
• Cortar um comprimento de 61 cm, do fio de calibre 20
e dobrá-lo muito bem sobre si mesmo. O contorno circu-
FUSÃO OCCIPITOCERVICAL lar do fio é rea lizado em fo rm ato de "C''.
UTILIZANDO FIOS E ENXERTOS • Passar o laço de f io de ca libre 20 de caudal a sublam inar-
DE OSSO mente rostral no nível C 1. Achatar a curva no fio con-

------~
forme necessário para minimizar a intrusão do fio dentro
TÉCNICA
do cana l espinal. Um pequeno gancho sem corte passado
(WERTHEIM E BOHLMAN) do lado rostral pode ser usado para engatar a alça do fio
e puxar o fio de modo que a intrusão do fio seja minimi-
• O posicionamento inicial, a indução da anestesia, a pre- zada, uma vez que é avançado rostra lmente (Fi g. 38-12B).
paração, o neuromonitoramento e a exposição são como • Passar as extremidades livres do fio sublaminar através da
descritos na Técn ica 38-4. porção laçada e apertar o fio em torno da lâmina C 1 na
• Usar uma broca de alta velocidade para penetrar o osso linha média.
cortica l de cada lado da linha média da crista do osso, que •Medir a distância entre o fio occipital e o fio através do
se estende a partir da proeminência ociptal externa para o processo espinhoso C2 e coletar um enxerto ósseo corti-
forame (Fig. 38- 12A). Usar uma pinça de Backha us para coesponjoso da tábua externa do osso ilíaco, que pode
CAPÍTULO 38 FRATURAS, LU XAÇÕ ES E FRATURA-LUXAÇÕES DA COLUNA VERTEBRAL

H[dll;h'Elm A e B, Fratura do cônd il o occipital direito (setas).

das vezes é relatada qu ando as fraturas do cô ndilo occipital são


ser dividido em dois fragmentos de enxerto de largu ra de
tratadas. Essas fraturas ocorrem co mo lesões isoladas, mas são mais
1,5 cm, que são longos o suficiente para abra nger a
significativas qu ando ocorrem como parte de uma lesão mais grave
distância de todos os fios passando através do enxerto.
na região craniocervical, como luxação occiptocervical. Os côndil os
• Decorticar o osso occipital e a lâmina de C 1 e C2 com
occipitais articul am-se com as massas laterais de Cl e estão ligados
broca de alta velocidade.
ao odontoide através de um par de ligamentos alares. Os ligamentos
•Furar através de cada fragmento de enxerto ósseo para
func ionam para limitar a rotação do occipital e atlas em relação a
permitir que o f io o atravesse em cada nível (Fig. 38-1 2C).
C2. Os mecanismos de fraturas do côndilo occipital, geralmente, são
• Apertar as pontas do fio occipital na linha média, até o
de carga axial e flexão lateral. Anderson e Montesano descreveram
cabo do fio enrrolar um pouco e virar para baixo o corte
a classificação que é mais comumente usada: o tipo 1, impactação;
final dos fios entre os dois enxertos .
tipo II, frat ura da base do crâ ni o associada; e tipo III, fratura por
• Apertar os f ios C 1 e C2 em conjunto sobre o enxerto de
av ulsão. As fra turas dos tipos l e II são estáveis e podem ser tratadas
osso de uma form a semelhante. Os enxertos devem esta r
com um a órtese ou hal o ves te rígida por 8 a 12 semanas. As fr atu-
muito seguros (Fig . 38-120)
ras do tipo III são potencialmente instáveis, especialmente se
• Fecha r a f áscia sobre um dren o voltado ao osso, sempre
houver desvio m aior qu e 2 mm decorrente de avulsão do ligam ento
que possível, com especia l atenção ao nível C2 .
alar que pode ser bilateral, sendo recome nd ado 12 sem anas de
•Fechar a ferida restante em planos e a pele com sutura
imobili zação em halo veste. Se a instabilidade persistir após um
subcutâ nea.
período de imobilização adeq uado, fusão occiptal até C2 pode ser
•Reaplicar o halo veste.
indicada. O tratamento cirúrgico rara mente é necessário.
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO A imobilização halo veste
é mantida até a consolidação do enxerto, o que gera l-
mente ocorre em 12 a 16 semanas. O dreno é removido RUPTURA DO LIGAMENTO TRANSVERSO
no primeiro dia de pós-operatório.
A ruptura do liga mento transverso ou ligamento cruciforme ge ral -
mente ocorre a partir de um a força aplicada à parte de trás da
ca beça, tal como ocorre em uma queda. Assim , as lesões envolve nd o
FRATURAS DO CÔNDILO OCCIPITAL o ligame nto transve rso podem ser so mente uma laceração, um a
ruptura pa rcial ou uma avulsão da inserção na massa lateral de C l.
As fraturas do côndilo occipital são reconhecidas com mais freq uên- Dickman et al. classificaram essas lesões como tipo I, inter rupções
cia agora, com o aum ento da suspei ta diagnóstica decorrente da da substância do liga mento, e tip o II, fraturas e avulsões envol-
utili zação de TC com imagens de reconstrução (Fig. 38 -1 3). Elas vendo a inserção do tubérculo do ligamento transverso na massa
oco rrem em associação co m as lesões cran ianas traumáticas em late ral de Cl. O tratamento é baseado no tipo de classificação.
mais de metade dos casos e, frequentemente, os pacientes apresen- Segund o Dickman et ai., as lesões do tipo I são incapazes de cura
tam fraturas cervicais adicionais. A disfunção de nervos cranianos sem fixação interna e devem ser tratadas com cirurgia precoce. As
é incomum, mas o envolvimento de NC VI, NC IX, NC X, NC XI e lesões do tipo II, que resultam em disfunção do ligamento trans-
NC XII tem sido relatado. Paralisia de nervos crani anos na maioria verso, mes mo que a substância do liga mento não seja rompid a,
llllm> PARTE XII A COLUNA

H@lhh'm l Paciente recebeu um grave golpe na região posterior do crânio, resultando em instab il idade do comp lexo C1-2, devido
a rotura do li gamento transverso. A e B, Observar o alargamento do intervalo atlantodental em flexão (A) e a redução na extensão (B).
C, Após a cerclagem de Gallie.

devem ser tratadas inicialmente com uma órtese cervical rígida. do ligamento transverso, Levine e Edwards encontraram uma perda
Dickman et ai. tiveram uma taxa de sucesso de 74% com o trata- média de correção de 4 mm, após técnicas de bloco ósseo e l mm após
mento conservador das lesões do tipo II , reserva nd o a cirurgia para a cerclagem de Gallie.
pacientes que tiveram uma instabilidade persistente sem consolida-
ção após 3 a 4 meses com a imobilização. Por outro lado, 26% das • TÉCNICAS DE FUSÃO POSTERIOR C1-C2
lesões tipo II desse estudo não conseguiram cura após a imobilização, O método preferido para a fu são Cl -C2 para a maioria das lesões é
sugeri ndo que o acompanhamento ri go roso seja necessário para a utili zação de um parafuso poliaxial colocado na massa lateral de
determinar quais pacientes necessitam de intervenção cirúrgica C l e parafuso ístm ico colocado em C2, com enxe rto ósseo autólogo
tardia. Normalm ente, a subluxação anterior do arco de Cl pode ser extraído do osso ilíaco. Esta é um a construção estável e pode ser
detectada em radiografias dinâmicas em flexão, e a instabilidade pode utili zada na prese nça de uma fratura do arco posterior de Cl. Téc-
ser redu zida em extensão (Fig. 38- 14) . Incidências laterais devem ser nicas de cerclagem são menos rígidas, mas têm se mostrado efica zes
verificadas com cuidado observando o edema retrofaríngeo, o que por muitos anos quando feitas corretamente e no contexto apro-
sugere uma lesão aguda, e para as pequenas imagens de avulsão e priado. A técnica de Gallie cria uma força direcionada posterior-
fragmentos ósseos fora das massas laterais de C!, que podem indicar a mente em C 1 e pode ser usada em lesões de ligamento transverso e
avulsão do ligamento. A principal indicação dessa lesão é a instabilidade outras lesões que requerem um vetor de força posterior para manter
no Cl-2 em radiografias em flexão e extensão. A ampliação anterior do a redução. A técnica de Gallie não resiste bem às forças de rotação,
intervalo atlantodental de mais de 3 mm na TC de reconstrução sagital pois a fixação é a linha média. O paciente acordado é movido para
ou em uma visão flexão sugere que o ligamento transverso é incompe- maca na posição supina, e a anestesia geral é iniciada. O suporte da
tente. A RM tornou-se a modalidade de imagem padrão para avaliar a cabeça do pino de Mayfield é aplicado para evitar a pressão sob re os
integridade do ligamento transverso. Incidências radiográficas em olhos, e o paciente é colocado na posição de decúbito ven tral.
flexão e extensão devem ser feitas sob a supervisão do médico, e o
paciente deve ser cuidadosamente monitorado para alterações na
função neurológica ou respiratória. Conforme descrito por Dickman et
ai., a lesão parcial na substância do ligamento transverso não vai cica-
FUSÃO POSTERIOR C1 -C2 USANDO
tri zar com imobilização e tratamento cirúrgico é indicado. A fusão INSTRUMENTAÇÃO DE HASTE E
posterior Cl-C2, utilizando a técnica de fixação descrita por Harms e PARAFUSO COM PARAFUSOS DE
Seeman e enxerto ósseo autólogo é a prefe rida. Esta é mais estável do MASSA LATERAIS C1
que a cerclagem e tem a vantagem técnica sobre os demais métodos, na
~
medida em que pode ser utilizada na presença de fraturas do arco TÉCNICA
posterior de Cl. Um método de fixação alternativa é o método de Gallie -----------------~
de cerclagem, o que cria uma força dirigida posteriormente em Cl, para (HARMS)
reduzir qualquer intervalo atlantodental alargand o (Fig. 38-14C). O
processo odontoide intacto impedirá a sobrerredu ção de Cl. Uma •Raspar a cabeça no nível do ín ion (protuberância occipital
técnica de bloco ósseo de Brooks-Jenkins não deve ser utilizada, porque externa) .
não é possível manter a redução também. Em 12 pacientes com ruptura
CAPÍTULO 38 FRATURAS, LUXAÇÕES E FRATURA-LUXAÇÕES DA COLUNA VERTEBRAL Gim
•Realizar tricotomia e posicionar a cabeça e pescoço, bem orientará a broca até o centro do istmo. Usar uma broca
como o local doador da crista ilíaca posterior. de alta velocidade para penetrar apenas a cortical naquele
• Marcar a pele acentuadamente, do forame magno ao ponto. Normalmente, a broca será direcionada 25 graus
nível de C3 e injetar uma solução diluída de epinefrina (1 media imente e 20 a 30 graus cefa licamente, mas a anato-
mg em 500 ml de solução sa lina normal) através da mia varia consideravelmente, e a revisão cuidadosa da TC
incisão da pontuação dentro da derme e muscu latura é necessária. Direcionar a mão e furar o istmo sob contro le
paravertebral. fluoroscópico para um ponto na margem posterior do
• Completar a incisão na pele profundamente e então usar forame transverso de C2, como visua lizado na incidência
eletrocautério para dissecar ao crânio e processos espi- lateral no intensificador de imagem. (Técnica 38-4).
nhosos até o nível de C3. • Colocar o parafuso poliaxial de comprimento apropriado
• Usando ruginas de Cobb e eletrocautério subperiosteal- para terminar na região posterior do forame do processo
mente, expor o occipital pouco acima do forame magno transverso. Em nossa experiência, isso proporciona excelente
bilateralmente. f ixação sem colocar a artéria vertebral em risco ao cruzar o
• Expor o arco posterior de C 1 lateralmente a uma distância forame do processo transverso dentro do corpo de C2.
de 15 mm da linha média ou para o sulco da artéria •Cortar e moldar a haste como desejado. Colocar a haste
vertebra l, o que for menor. Tomar cuidado para manter e apertar os parafusos bloqueadores de forma segura.
o eletrocautéri o no arco de C 1, e não cauteriza r a mem- •Coletar enxerto do osso ilíaco, conforme descrito na
brana atlanto-occip ital , que é fina. Técnica 1-8.
•Expor a porção bífida do processo espinhoso de C2, e • Decorticar as lâminas de C 1 e C2 usando uma broca de
elevar os anexos musculares subperiostealmente, para alta velocidade.
que no fechamento, os dois lados possam ser suturados • Com cu idado, colocar o enxerto ósseo autólogo dividido
através do osso para o processo espinhoso de C2. sobre as áreas descorticadas. Evite colocar o osso sobre a
•Expor o processo espinhoso C2, lâmina e massa lateral membrana atlanto-ociptal, porque a compressão aqui pode
inteira bilateralmente, preservando a cápsula da faceta resultar em apneia de compressão do tronco cerebral. Por
em C2-C3. essa razão, a hemostasia fina l deve ser minuciosa.
• O nervo espina l de C2 (nervo occipital maior) atravessa •Verificar o al inhamento final e a redução.
posterior para o istmo de C2 em um plexo venoso denso. • Fechar a camada fascial, incorporando de forma segura o
Usando cautério bipolar e um elevador Penfield nº 4, sua- osso no nível do processo espinhoso de C2 sobre um dreno.
vemente, mobilizar esse plexo cefalicamente, começando • Fecha r a ferida em camadas com sutura de pele subcu-
na margem latera l superior da lâm ina de C2, até que a tânea.
borda media l do istmo de C2 esteja visível. Rea lizar hemos-
tasia durante este passo, o sangramento pode ser signifi- CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O paciente é mantido em
cativo e pode ser controlado com Gelfoam® ou Surgicel® uma órtese cervical rígida durante 8 a 12 semanas. O pro-
e cotonoides. Alguns autores defendem sacrifi car o nervo, gresso clínico do paciente e radiografias em flexão e exten-
mas em nossa experiência isso é desnecessário. são são usados para verificar a estabi li dade e a progressão
• De um modo semelhante, expor apenas a extremidade da consolidação. O dreno é removido no primeiro dia de
caudal do arcode C 1, lateralmente, para um ponto até pós-operatório.
mesmo com o istmo de C2 e mobilizar o plexo venoso e
nervo de C2 caudalmente, para permitir a exposição da
massa latera l inferior de C 1 para o arco posterior e artéria
vertebral. FUSÃO POSTERIOR DE C1-C2
• Usando um intensificador de imagem, verificar se a redução USANDO A TÉCNICA DE CERCLAGEM
da lesão é satisfatória. DE GALLIE MODIFICADA
• O parafuso de C 1 é colocado como descrito por Goel e

-----~
Harms e Melcher. Usando uma broca manual colocada TÉCNICA
logo cauda l ao arco de C 1 e 3 a 4 mm lateral à borda
medial da massa lateral, avançar a broca em um ângulo (GALLIE, MODIFICADA)
de 1O graus medial e li geiramente de modo cefá lico a um
ponto apenas posterior à margem anterior do odontoide •O posicionamento do paciente, a admin istração de anes-
em uma vista latera l intensificadora de imagem. Isso tesia, a preparação e a exposição são como descritos na
permite a colocação do parafuso unicortica l e redu z o Técn ica 38-6.
risco de lesão da artéria carótida interna e anterior do •Após expor o processo espinhoso de C2, a lâm ina e a
nervo hipoglosso à massa lateral de C 1. massa lateral inteira bilateralmente e preservando a cápsu la
• Colocar um parafuso poliaxia l com uma extensão longa da faceta de C2-C3, usar uma pequena cu reta angulada
de 1O mm para a profundidade perfurada. para dissecar o lado ventral da lâm ina C 1, de modo a
• O parafuso ístmico de C2 é colocado em um método perm it ir a passagem do fio da linha média sublaminar.
semelhante ao descrito por Magerl. Colocar um elevador •Corte um comprimento de 61 cm de um f io de calibre
Penfield nº 4 para permitir uma visão do istmo cortical 20 e dobre-o muito bem sobre si mesmo, em seu meio.
medial e determinar a linha de pontos de entrada na faceta O contorno circular de fio será de uma forma "C ".
inferior de C2, que permitirá a broca guiada mediaimente •Passar o laço de fio de calibre 20 de caudal a ventral
perfurar o istmo. Usando a in cid ência lateral do inten- sublaminarmente ao nível C 1. Achatar a curva no fio con-
sifi cador de imagem, selecion e o ponto nesta linh a que forme necessário para minimizar a intrusão do fio dentro
PARTE XII A COLUNA

m§ii;Mmrlt A, Visão axial da fratura de Jefferson estável


(ligamento transve rso intacto). B, Visão axial da fratura de Jeffer-
son instável (ligamento transverso rompido).

•Fazer um furo na base do processo espinhoso de C2 usando


uma pinça de Backha ls ou gancho ósseo.
•Coletar um enxerto ósseo corticoesponjoso e enta lhá-lo
de um lado para enca ixa r sobre a extrem idade ventra l do
processo espinhoso de C2. Decorticar as lâminas de C 1
e C2 e coloca r o enxerto como um enxerto tipo in situ.
B •Colocar uma das extremidades livres do fio sob re o
enxerto e através do processo espinhoso C2 e aperta r a
outra extrem idade livre do fio até que o cabo do fio
comece a torcer (Fi g. 38-15)
•Verificar o alinh amento final e a redu ção.
•Fechar a camada fascia l de forma seg ura, incorporando
o osso no nível do processo espinhoso de C2 sobre um
dreno.
•Fechar a ferida em camadas com sutura de pele subcu-
tânea .

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O paciente é mantido


em halo veste durante 1O a 12 semanas. O progresso
clínico do pacie nte e rad iografias nas incidências de
fl exão e extensão são ava liados pa ra verifi car a estabi li-
dade e a progressão da consolidação . O dreno é removido
no primeiro dia de pós-operatório.

FRATURAS DO ATLAS

A primeira descrição de uma fratura Cl foi por Cooperem 1822, e


h@ii;HEIID Método Gallie de usar fios para segurar enxerto Jefferson publicou sua revisão do caso adicionando quatro novos
no loca l. A, Fio passa sob lâmina do atlas e áxis e é amarrado
casos em 1920. Esse docum ento continha o seu sistema de classifi-
sobre o enxerto. B, Fio passa sob lâm ina do at las e através da
cação, que fo i posteriormente revisado por vários autores, mas sua
espi nha do áxis e é amarrado sobre o en xe rto. C, Fi o passa através
descrição de uma fratura explosão do arco de Cl continua a receber
de orifícios perfurados na lâm ina do atlas e através da co luna do
a denominação de "fratura de Jefferson" (Fig. 38- 16) . Spence et ai.
áxis; furos são feitos através do enxerto. D, Fio passa embaixo da
publicaram seu trabalho em 1970 sobre as lesões do ligamento trans-
lâmina do atlas e através da coluna do áxis; furos são feitos
verso, em associação com fraturas de Cl em 10 espécimes de cadáver.
através do enxerto. VEJA A TÉCNICA 38-7.
Eles descobriram que, se a luxação latera l total das massas laterais
fo r de 6,9 mm ou mais, en tão o ligamento transverso será provavel-
do cana l esp inal. Um pequeno gancho sem corte passado mente incompetente. Essa determinação com base em radiografias
)
do lado ventra l pode ser usado para engatar a alça do f io simples é conhecida como a regra de Spence. Mais tarde, este foi
e puxá-lo, de modo que a intrusão do fio seja minimizada, revisto para 8, 1 mm em razão da distorção com ampliação nas
uma vez que é avançado ventra l mente. Alternativamente, radiografias simples. Dickman et al. estudaram 39 pacientes com
passar uma sutura para amarrar o fio e usar isso para lesões do ligamento transverso com radiografias simples, TC de
puxar o f io ventra lmente. corte fino e ressonância magnética de alta resolução. RM mostrou-
•Passar as extrem idades livres do fio sub iaminar através da se muito sens ível na detecção de ruptura do ligamento transverso,
porção laça da e apertar o fio em torno da lâmina de C 1 e sua classificação dessas lesões foi descrita anteriormente. Esses
na linha média na margem ventra l do arco de C 1. autores verificaram que com a aplicação da regra de Spence somente
teriam perdido 61% das lesões ligamentares transversais.
CAPÍTULO 38 FRATU RAS, LU XAÇÕ ES E FRATURA-LUXAÇÕ ES DA COLUNA VERTEBRAL Cm:lllll
Estudos biomecân icos por Panj abi et ai. e Oda et ai. demonstra-
ram que a carga a.,xial é a fo rça principal que leva a fraturas de Cl.
Devido às massas laterais de Cl serem em fo rma de cunha, a carga
axial cri a uma pressão circular, e a fa lha óssea ocorre nos pontos mais
fracos que estão apenas anteri ores e posteri ores às massas laterais.
Menos força é necessária se a cabeça estive r em extensão quando a
fo rça fo r aplicada. Mesmo qu ando o ligamento transverso é lesionado,
os ligamentos alares, as cápsulas articulares e a membrana tectoral são
po upados com lesões de carga axial. Essa é uma dife rença importan te
para lesões de ligamento transverso associadas a fratu ras de Cl e
aq uelas associadas a lesões m ais complexas da junção craniocervical.
Lan dells e Van Peteghem modi ficaram a classificação de Jefferson em
três tipos de fra tura, o que é útil para o tratamento. Lesões do tipo I
incluem fra turas isoladas anteri ores ou do arco posterior, lesões do
tipo II envolve m a parte anteri or e pos terior do arco, e as lesões
do tipo III envolvem a massa lateral com ou sem fratura do arco.

• TRATAMENTO
O tratamento de fraturas do atlas é principalmente determinado pela
prese nça ou ausência de lesões cervicais associadas. Fraturas em
outros níveis cervicais ocorrem em 30% a 70% dos pacientes com
fratura de Cl. De longe, as fra tu ras do odontoide e ístmicas de C2
(hangman , ou fratura do enforcado) são as lesões mais comuns asso-
ciadas a fratu ras de Cl. Landells e Van Peteghem encontraram lesões
do tipo I sendo as mais comuns e não foram associadas a lesões neu-
rológicas. Nosso regime de tratamento para fra turas isoladas de Cl é
usa r um colar rígido para fraturas dos tipos I e III sem luxação e
fra turas da massa lateral do tipo III se o arco não fo r ro mpido. Pa ra h@il;@ EI19 A-C, Três t ipos de fraturas do processo odon-
fra turas do tipo I com luxação, fraturas tipo II e tipo III que rompem toide como visto em pla nos anteroposteriores e late ra is. O t ipo 1
o arco, um halo veste é usado para imobilização externa. A imobili- é fratura ob líqua atra vés da parte superior do processo odon-
zação é mantida durante 6 a 8 sem anas se o arco estiver intacto (alguns t o id e. Tipo li é a fratura na ju nção do processo odonto ide e corpo
de tipo III ), e de 10 a 12 semanas se o arco for rompido. É raro esta- da segunda vértebra ce rvical. Ti po Il i é a fratura por parte supe-
bilizar ci rurgicamente fraturas do atlas isoladas, mesmo que o liga- rio r do corpo da vértebra .
mento transverso esteja rompido. Es tabilidade após imobilização é
demonstrada em radiografias em flexão-extensão, se o intervalo atlan -
to dental for m antido com menos de 3 mm. Se essa distância fo r maior ligamentares do ligamento transverso associadas à flexão ou a meca-
do que 5 mm, é recomendada fu são posterior de Cl -C2. As técn icas nismos de distração. As lesões ligamentares do transverso por meca-
são as mes mas descritas anteriormente pa ra as lesões do ligamento nismos de carga a.,xíal foram associadas à preservação das cápsulas
transverso, com alguns autores recomendand o a utilização de uma articulares e ligamentos alares. Isso explica por que a luxação da massa
co mbinação com o método do parafu so e haste para ajudar a manter lateral reduz com tração e por que a imobilização externa pode ser
a redução de Cl. A imobilização extern a adequ ada tem sido demons- bem-sucedid a em alcançar a estabilidade qu ando lesões ligam entares
trada em vários es tudos de níve is III e IV para resultar em consolida- do ligam ento transverso estão presentes na ressonância magnéti ca em
ções estáveis em uma alta porcentagem de pacientes, m as as medidas assoc iação co m fraturas de Jefferson. A caracterização de fra turas de
de resultado para a amplitude de movimento e dor persistente não Cl como "instáveis': com base na presença de ruptura do ligamento
têm sido amplamente estudadas. Ruf et al. descreveram uma técnica transverso, é baseada em um a simplificação da anatomia e não pode
transoral para estabilização da fra tura prim ária sem fu são, mas a ser um critério adequ ado para a intervenção operatóri a.
ind icação para essa técnica continua indeterminada no momen to em Para o paciente raro que requ er estabilização operatóri a como
que fore m dados resultados confiáve is com imobilização. tratamento primári o ou após imobi lização fa lhar, a fu são posterior
O tratamento de fra turas do atlas que oco rrem com lesões liga- C l -C2 é feita (Técnica 38-6).
mentares ou outras fraturas baseia-se, prin cipalmente, nas lesões con-
co mitan tes. As fra turas adicionais aumentam o nível de instabilidade,
mas a imobilização externa com um halo veste por 12 a 16 seman as FRATURAS DO ÁXIS
provou ser sufic iente na maioria dos casos que geralmente envolvem
o áxis. Se o halo veste não mantiver o alinham ento suficientemente As fra turas mais comuns do áxis são aquelas que envolve m o pro-
quando o paciente for mobilizado, estabilização ci rúrgica estará indi- cesso odonto ide. As fra turas restantes são aquelas qu e envolvem o
cada. A tração pode ser usada para redu zir a lmcação da massa lateral, istmo (hangman , ou fratura do enfo rcado), que são os próxim os
antes do tratamento com halo veste, mas o halo não pode manter a pad rões de fraturas mais comuns do corpo do áxis. Emb ora qu al-
fo rça d istrativa, e 3 semanas de tração podem ser necessárias para quer um desses tipos de fratura possa oco rrer com lesões cervicais
permitir a cura adequada, evitando a perd a de redução uma vez que conco mitantes, em geral ocorrem como fraturas isoladas e são dis-
a imobilização halo veste é iniciada. Pacientes com ruptura do liga- cuti das separadamente. Fraturas do odontoide são especialmente
mento transverso podem ter lesões instáveis, independentemente do comuns em idosos, e nesse grupo de pacientes, o mecanism o mais
tip o de fra tura de Cl ; no entanto, essa lesão é diferente de lesões comum é a qu eda com mecanismo de trauma de baixa energia.
lllllE.I> PARTE XII A COLUN A

• FRATURAS DO ODONTOIDE se os pacientes foram tratad os em um colar ou com imobilização


A cl ass ifi cação d as fraturas do od on toide d escr itas por Anderso n e halo veste, sugerindo que o utros fa tores d o que o simples tratam ento
D'Alon zo em 1974 con tinua a se r o sistem a ma is usado. Seu esquema com imobilização halo ves te resultam em elevad as taxas d e m orta-
tem três tip os d e fratura: ti po I, avulsão d a po nta d o o d ontoid e; tipo lidade observad as em pacientes id osos. Em seu estudo, os pacientes
II, fratu ra através d a base o u d a cin tura do processo o donto ide; e com fraturas do tipo II tratad os cirurgicam ente tiveram m en o r mo r-
tip o III, o rigin alm ente d esc rito com o fraturas d o co rpo abaixo d a talidad e do que aqu eles tratados conservad ora mente. Scho enfeld et
base d o o dontoide (Fig. 38- 17). Ca rac terísti cas adicion ais d e fratura a i. enco ntraram uma m o rtalidade progressivam ente m aior em
têm sido estudadas em vá ri as publicações, incluindo o grau de a mbos os grup os de tratam ento cirúrgico e não cirúrgico conform e
luxação d a fra tu ra inicial, angulação através da fratura, a idad e do a idad e, e os benefícios da cirurgia eram naqueles com 74 an os de
paciente, ori entação d o traço d e fra tura e hi stória d e tabagism o d o id ad e e mais jovens. Geralmente reservam os o tratamento ci rúrgico
pac ien te. Co m relação aos res ultad os do tratam ento, os p rincipais para fraturas d o tip o II, em pacien tes n os qu ais a redu ção an atômica
fa tores que têm sid o mostrados signi fica tivos são o tipo d e fratura, não pod e ser alcançad a em tração o u não é mantida com a imobi-
lux ação ini cial d a fratura acim a de 6 mm e id ad e (resultados pro- lização. A estabili zação ta mb ém é recom endada se a transação d a
gressivam ente pio res são observad os quand o os pacientes são estra- fratu ra inicial fo r igual ou sup erio r a 6 mm e em pacientes qu e não
ti fica d os po r idade) . se esperam que sejam capazes de se m obili zar por causa d e o utras
lesões e comorbidades. Vários estudos têm obser va do urna tendên -
1TRATAMENTO cia para o trata mento cirúrgico d as fraturas do tip o II em id osos,
Vá ri os méto dos de tratam ento fo ra m d escritos para fr aturas d o em particular. Essa recom endação é basead a em evidências nível III.
o d onto id e, incluindo sem tratamen to, tração e um colar, imobili za- Nesses pacientes, a fu são posterio r C l- C2 o u osteoss íntese primári a
ção rígida, osteossíntese primária a nte ri o r e fu são pos terio r da a rti- anterio r pod e ser recome ndada. A pri ncipa l vantagem da fixação da
cul ação C l -C2. Uma revisão multi cên trica que incluiu pacientes q ue fra tura anterior é a manutenção do m ov imento em C l -C2 que res-
não recebe ram tratam en to d em onstro u qu e nenhum d eles alcanço u ponde po r 50% da rotação cervical, e espe ram- se taxas d e consoli -
a consol idação da fra tu ra. An tiga li teratura descreveu mielopatia dação na fratura aguda d e 80% a 95%. A fu são p osterior de Cl-C2
tardia e m orte em pacientes com h is tó ri a d e fra turas do odonto ide sacrifica esse m ovimento, m as po d e atingir confiantemente a esta-
não tratad as o u não consolidadas, indi ca nd o a importãncia d e bilidad e em 85% a 98% dos pacientes e é preferida por alguns
alcançar a con solidação da fratura. Nenhum a evidência nível I está auto res. Parafu so anterior não é apropriad o para fa lhas d a consoli-
dispon ível para faze r recom endações d e trata mento. No entanto, há dação qu e são tratadas com fu são p osterio r.
evidênc ias de nível III nas qu ais se po dem basear as opções d e tra-
tam ento. Julien et ai. constatara m qu e fra turas dos tipos I e III
po dem se r tratadas com im obilização rígid a, tal como um halo veste. FIXAÇÃO DO PARAFUSO ODONTOIDE
Cem por ce nto de taxas de consolid ação fo ram relatados p ara fra-
tu ras do tipo I, 65% p ara fra turas d o tipo II e 84% para as fraturas
ANTERIOR
d o tipo III . G reene et ai. obse rvaram um índi ce d e consolidação d e Parafu so anterior pod e ser reali zad o com um parafuso único o u
80% nas frat uras tipo II com im obili zação, embo ra em pequen o técnica d e d o is parafu sos. Foram relatadas taxas d e consolidação
n ú mero, a imobilização fo i prorrogada para aci m a d e 13 sem an as. comparáveis d e 81% e 85% para as técnicas de um único p arafuso e
A maior taxa d e sucesso com a imobili zação no estudo d e G reene dois parafusos, respectivam ente. Mais importante d o que o número
et ai. pode ser devid o a uma in d icação c irúrgica precoce, em 20 de parafu sos utili zados é a o rientação d a fra tura e uma técnica ad e-
pacientes q ue tinh am mais d e 6 mm de d esvio ou fraturas m ais qu ada p ara con seguir um efe ito de compressão. Fraturas que são
cominutivas que não eram estáveis após a colocação inicial do halo. tran sversas ou oblíquas d e anterossuperior a posteroinferior são as
Ma is um a vez, este estudo encontro u taxas d e co nsolidação de 100% m ais ad equadas para es ta técnica, pois a compressão do pa rafuso
pa ra fratu ras d o tipo I e taxas de consolidação d e 98,5% para as será aplicada perp endicularmente à linh a d a fratura. Esta técnica é
fra turas d o tipo III tratad as com im o bilização. As fraturas do tip o um desafio, pois a obtenção de uma redução anatômica requer visuali -
III tratad as com colares ce rvicais tiveram tax as de consolidação zação em incidências anterop osteri o r e perfil simultân eas, necessi-
significativam ente mais baixas d e 50% pa ra 65%, em comparação tand o d e dois intensificad ores d e im agem que são ambos envoltos
com as tax as d e em pacientes utilizan do imo bilização halo ves te. n o camp o operató rio simultanea m ente (F ig. 38-1 8).
Imobilização com colar cerv ical foi eficaz em fraturas d o tipo I em
pequenas séries, po is esse pad rão é mui to in fre quente.
TÉCNICA ~
Nosso esqu em a de tratamento tem sido o uso de imobilização ----~~~~~~----~
rígid a para fra tu ras isolad as tipos 1 e III. Na m aioria d as vezes, a (ETTER)
imobili zação halo veste é usa da, m as os colares rígidos são uma
opção, especialm ente para fraturas raras ti po !. Para o tratamento • Após a anestesia geral e intubação endotraqu ea l induzida
d as fra tu ras d o tip o II, que são minim a mente d esviad as , im obiliza- e o paciente posicionado em decúb ito dorsa l na mesa de
ção halo veste é recom endad a, pois res trin ge o mov imento na junção operação, reduzir as fraturas desviadas em tração ou co m
atlas -dente C l -C2. Se a redução an atômica fo r atin gid a e não h o uver um halter de ca beça, pinças de Gard ner-Wells o u um halo
perd a d e red ução após a m ob ilização, a consoli dação d a fratura com cran iano.
a preservação do m ovimento pode se r esp erad a em 80%. Todos os • A redução anatômica deve ser obtida antes da fi xaçã o
p acien tes tratad os com im o bili zação halo veste d eve m ser inten - interna com o sistema de parafuso can ulado.
sam ente m obi li zados e es timulad os a d eambu lar se possível, espe- •Inserir uma grande sonda nasogástrica para perm iti r a
cialme nte id os o s. As t axas d e m o rta lida d e tão eleva d as qu an to loca lização do esôfago e evitar a perf uraçã o .
42% fo r a m rela tad as em p acientes co m im o bili zação h alo veste •Usar um arco occipital almofa da do ligado à mesa de
qu e são não d ea mbulado res e n ão m o biliza d os. Schoenfeld et a i. cirurgi a para estabili zar a ca beça do paciente . A cabeça
descobriram qu e a mortalid ad e fo i a m esm a em diferentes etapas,
CAPÍTULO 38 FRATURAS, LUXAÇÕES E FRATURA-LUXAÇ ÕES DA COLUNA VERTEBRAL

e o pescoço devem ser posicionados para permitir o acesso •Antes de iniciar o procedimento cirúrgico, confirmar um
máximo à região anterior da coluna cervica l. Uma grande caminho de trabalho livre para a instrumentação, colo-
distância mand ibular-esternal vertica l é necessária por cando um extenso fio de Kirschner ao longo da lateral do
causa do tamanho dos instrumentos e do ângulo inferior pescoço na direção da colocação do parafuso pretendida,
íngreme da abordagem necessária para a colocação do e confirmar a trajetória segura na visão de intensif icador
parafuso. Com tração ap li cada, as fraturas desviadas, de imagem lateral. Se a fo lga do esterno for inadequada,
mesmo posteriormente, irão norma lmente reduzir em modificar a posição do paciente (Fig . 38-188 a D).
extensão cervical máxima. Essa posição melhora o acesso • Prepara r e armar o campo operatório de forma estéril, com
ao nível de C2. Intensificação de imagem fluoroscópica de cobertura estéril de am bos os intensificadores de imagem.
alta resolução nos planos anteroposterior e lateral é neces- •Realizar uma abordagem anteromedia l da coluna cervica l,
sá ria para a inserção dos parafusos. Colocar as esponjas através de uma incisão cutânea transversal de 6 a 7 cm
de algodão na boca de modo a abrir ao máximo a mandí- de comprimento no nível do espaço do disco de C5-C6,
bu la para uma visão tranora l adequada (Fig. 38-18A) ta l como determin ado e usando o fio de Kirschner. )

H@ii;f!jlIIJ!I Frat ura do odonto ide. A, Paci ente pos icionado com tração ap licada e intensificadores de imagem para boca abert a e
imagens latera is na posição. B, Fio man tid o no luga r enq uanto visão lateral é obt ida para indicar o níve l de rea li zação da incisão .
C, Imagem com f io segu ro. Continua
PARTE XII A COLUNA

O[dil;(41f:jl:4;.],!M D, Incidência transoral. E, Incid ência


latera l após a colocação do primeiro fio-guia . F, Colocação do
parafuso bicortical. VEJA A TÉCNICA 38-8.

•Devido ao ângulo íngreme de inclinação necessário, em •Identificar com intensificador de imagem na incidência
)
re lação ao plano anterior do pescoço, minar a pele pro- latera l, o local de entrada, através da placa terminal de
funda para a camada de tecido ad iposo subcutâneo e C2 e nâo através do corpo na margem anterior apenas
dividir o platisma long itudina lmente, em conformidade proximal à placa terminal (Fi g. 38-18 E).
com as suas fibras de 2 a 3 cm latera l à linha média. • Usando uma broca canu lada longa, insira um ou dois fios
•Rombamente, dissecar a fáscia pré-traquea l e desenvolver de Kirschner de 1,2 mm. Se um parafuso estiver previsto,
um interva lo entre a ca rótida, lateralmente, e os músculos deve ser colocado na linha média na incidência anteropos-
que recobrem a traqueia e o esôfago med iaimente. terior. Se usar dois parafusos, os f ios-gu ias deverão convergir
• Rombamente, desenvolver o espaço pré-vertebral anterior- ligeiramente, mas permanecerem sepa rados o suficiente
mente, ao longo da frente da coluna vertebral cervical até para permitir que ambos penetrem totalmente a ponta do
a margem anterior inferior do corpo de C2 ser atingida . odontoide. Na visão lateral, a entrada do fio está na borda
•Colocar um retrator radiotransparente na regiâo anterior anterior da placa e orientada para sair imediatamente pos-
do corpo de C2, retraindo suavemente a traqueia e o terior à ponta do odontoide. Verifique o avanço do fio com
esôfago, para perm iti r a visualização direta do disco de frequência para confirmar a trajetória correta. Redirecionar
C2. Delimitar o espaço do disco intervertebral C2 -C3, e esses fios após a colocação incorreta é difíci l.
vertica lmente incisar o ligamento long itudinal anterior a •Verificar a penetração da cortical do odontoide e alinha-
esse nível, o que confirm a o ponto de entrada desejado mento do fi o apropriado pela intensifi cação de imagem
na vista anteroposterior do parafuso. A ligadura da artéria em dois planos.
t ireóidea superior pode ser necessária para a exposição • Medir diretamente a prof undidade de inserçâo do fio-
do nível C2-C3 . gu ia. Inserir a broca canu lada para o parafuso canulado
CAPÍTULO 38 FRATURAS, LUXAÇÕES E FRATURA-LUXAÇÕES DA COLUNA VERTEBRAL

de 3,5 mm sobre cada fio-guia e perfurar o comprimento paciente pode conformar um ângulo de abordagem necessário difícil,
do fio para penetrar a ponta do odontoide. Monitorar se não houver cifose cervicotorácica excessiva.
frequentemente com intensificadores de imagem para Fusão Posterior de Cl -C2. O método de Harms (Técnica 38-6),
evitar o avanço do fio-guia em direção ao tronco cerebral. geralmente é preferido, pois as limitações anatômicas são incomuns
Também certifique-se de que a broca está perfeitamente em Cl, e a or ientação do parafuso ístmico de C2 pode var iar para
alinh ada em ambos os planos, para evitar quebra do fio acomodar a anatomia do paciente.
devido à fixação dentro do osso.
•I nserir parafusos de 3,5 mm autoperfurantes de compri- PARAFUSOS TRANSARTICULARES
mento adequado sobre cada fio-guia, e avançá-los com POSTERIORES C1-C2
a chave de fenda canulada até que o osso cortical apical
~
oposto seja fixado novamente, usando imagens de inten- TÉCNICA
sificadores de imagem para ter certeza de não avançar o ---~~~~~~---~
fio em concomitância com o avanço do parafuso, que (MAGERL E SEEMAN N)
ocorre facilmente após a perfuração (Fig. 38-18F) .
• As cabeças dos parafusos tendem a invadir a margem •Planejar o pré-operatório cuidadosamente é necessário
anterior do disco intervertebral C2 -C3, frequentemente para avaliar a segurança da colocação do parafuso.
exigindo a remoção de uma pequena quantidade de •A preparação do paciente, o posicionamento, as adminis-
ânulo para criar um recesso . O ideal é que as cabeças dos trações de anestesia são como descritas na Técnica 38-6.
parafusos sejam rebaixadas ou penetradas para o espaço •Usar intensificação imagem lateral para verificar a redução
do disco apenas inferior à placa. do complexo C1-C2.
•Sempre utilizar proteção de tecido durante a perfuração •Realizar a exposição cervical de linha média posterior na
para evitar danos às estruturas dos tecidos moles. forma rotineira a partir de C2 a C3. A exposição deve ser
•Fechar o platisma e as camadas restantes sobre um dreno a borda lateral da massa latera l de C2.
de esti lo Blake, o qual é removido no dia seguinte. •Expor a parede medial do istmo até a junção C 1-C2. Se
possível, curetar ou curetizar com broca a junção. A área
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O paciente é observado ao redor do nervo occipita l maior é altamente vascu lar.
intensamente em relação à sua condição respiratória em •Colocar o enxerto ósseo intra-articular.
unidade de terapia intensiva para as primeiras 24 horas • Identifica r os pontos de referência para o portal de entrada
após a cirurg ia. Uma órtese cervica l rígida é aplicada e do pa rafuso transarticu lar, na borda inferior medial do
usada de 6 a 8 semanas. A órtese pode ser removida para processo articu lar inferior de C2 (Fig. 38-20A). Determinar
comer. As avaliações clín icas e radiográficas são realizadas a trajetória adequada do parafuso e fazer uma incisão na
em 6, 12 e 24 semanas. pele, se necessário, para atingir a trajetória correta, o que
pode estar na altura de C7.
•Usando uma broca de 2 mm, de forma incremental,
Estabilização Posterior. Os critérios para a estabilização posterior perfurar o istmo perto da sua superfície posteromedial,
são os mesmos que para a fixação anterior e baseiam-se principal- saindo a partir da superfície articu lar de C2 no aspecto
mente em série retrospectiva. A fixação posterior usando uma de posterior da superfície articular superior e entrar na massa
várias técnicas geralmente oferece va ntagens biomecânicas sobre a latera l do atlas. Se o istmo for atingido muito medial, a
fixação anterior, mas não permite a preservação do movimento da saída da broca va i perder a massa lateral de C 1 ou a broca
articu lação C l- C2, que é responsável por uma morbidade significa- va i sair do istmo latera lmente e arriscar uma lesão da
tiva. A fusão posterior Cl-C2, utilizando a técnica da haste e parafuso artéria vertebral. A broca deve apenas perfurar o córtex
popularizado por Harms (Técnica 38-6) é o método geralmente pre- anterior da massa lateral de C 1 (Fig. 38-208).
ferido usando parafusos Ístmicos em C2 em vez de parafusos pedicu- • Determinar o comprimento apropriado do parafuso (Fig.
lares na maioria dos casos. Outras técnicas foram descritas e são de 38-20C). Usar um parâmetro cortical de 3,5 mm para cortar
utilização no tratamento de fraturas odontoide. Outras técnicas que f ios na perfuração e inserir parafusos corticais apropriados
podem ser úteis são fixação do parafuso transarticular Cl-C2 e a de 3,5 mm através da junção C1-C2. Normalmente, os
fixação do parafuso translaminar Cl-C2. A fixação do parafuso tran- parafusos têm 34 a 43 mm de comprimento. Tomar cuidado
sart icular Cl-C2, tal como descrito por Magerl e Seemann, precedeu para não estender mais de 1 mm anterior à massa lateral
o método Harms e proporciona uma fixação mais rígida do que os de C 1. Parafusos canu lados podem ser usados.
métodos tradicionais de cerclagem posterior, tais como o método de •Depois de colocar os parafusos transarticulares C 1-C2,
Ga lli e ou Brooks-Jenkins. A co locação do parafuso transarticular é real izar uma fusão posterior de C 1-C2 trad icional , usando
tecnicamente difícil, e é ev idente que existem alguns pacientes que a técnica de Gallie ou Brooks se o enxerto intra-articular
não podem ser tratados com esse método devido a restrições ana- não for possível (Fig . 38-20D).
tômicas que estão presentes em até 23% dos pacientes. Um parafuso •Fechar a ferida em camadas sobre um dreno, tendo o
transarticular corretamente colocado atravessa o istmo de C2 e atra- cuidado de reco locar a fáscia ao osso no nível de C2. Usar
vessa a faceta articular de Cl-C2 e a porção anterior da massa lateral um fechamento de pele subcutâneo.
de Cl (Fig. 38-19). Uma revisão cuidadosa da anatomia de C2 é
necessária, pois em algumas pessoas, a artéria vertebral é muito CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Como esta técnica pro-
medial para permitir a colocação do parafuso, ou o istmo é muito porciona excelente estabilidade rotacional, a imobilização
pequeno para aceitar o parafuso. Outras estruturas de risco incluem pós-operatória com halo veste, geralmente, é desneces-
a artéria carótid a interna e nervo hipoglosso, que normalmente se sária . Um colar cervical pode ser usado de 8 a 12 semanas.
encontram menos de 3 mm anterior à massa lateral de Cl e podem O dreno é removido no primeiro dia de pós-operatório .
se r feridos se o parafuso for muito longo. Além disso, o biotipo do
lll:EI) PARTE XII A COLUNA

H[riih@mJ!I A, Fratu ra odontoide desviada anteri o r B,


Redu ção anatômica alcançada. C, Parafu so de massa latera l de
C1 e parafuso no istmo de C2 em boa posição.

mais cauda l de um lado e cefalicamente gu iados a um


PARAFUSOS TRANSLAMINARES
ângu lo mais inclinado do que o out ro parafuso. Os parafusos
DE C2 COM FUSÃO translaminares são então conectados aos parafusos na
POSTERIOR DE C1-C2 massa lateral de C 1. Biomecanicamente, esse método tem
Esta t écnica fo i descrita em 2004 como uma técnica alter- equ iva lência com a técnica de fusão para C1-C2 descrito por
nativa, com menos risco de lesão da artéria vertebra l, apesa r Harmn, mas não para a fusão occipita l-C2. Se a instrumen-
de existirem outros riscos, tais como lesões na medu la tação for se estender abaixo de C2, o contorno da haste
espinal ou lesão durai. Quando o procedimento for feito pode ser problemático, pois os parafusos translaminares não
corretamente, estes são riscos pequenos. A técnica emprega estão alinhados com os parafusos de massas laterais. Geral-
dois parafusos, inseridos através da base do processo espi- mente, esse método é usado se as restrições anatômicas
nhoso de C2 e contidos no interior da lãmina, no lado im pedem a colocação do parafuso ístmico de C2 ou com
contralateral. Os parafusos devem ser colocados um pouco lesão na artéria vertebra l conhecida no pré-operat óri o.
CAPÍTULO 38 FRATURAS, LUXAÇÕES E FRATURA-LUXAÇÕES DA COLUNA VERTEBRAL 1'1:ij@

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e D

h(dii;@E!m C1 -2 Fi xação do parafuso transarticul ar (Magerl e Seeman n). A, Marcas de ponto de entrada do pa rafuso tra nsa rti cul ar.
B, Fi os são traz idos ao red or do arco de C1 e processo espinhoso de C2 para manipu lar estas duas vé rteb ras. Os ori fíc ios dos pa rafusos são
perfurados atra vés do istm o perto de sua superfície posterior e med ial de C2 e massa lateral extern a do atlas. C, M edin do o co mprimento
do parafuso e uti liza ndo um marcador cortical de 3,5 mm. D, Colocação do parafuso adequado para a f usão C1-2. VEJA A TÉCNICA 38-9.

~ •Colocar o parafuso contralatera l de forma similar.


TÉCNICA
~~~~~~~~--~ • Contornar a haste para encaixar os parafusos na massa
(WRIGHT) lateral de C 1 e proteger as conexões.
•Realizar uma fusão posterior de C 1-C2 tradiciona l usando
• A preparação do paciente, o posicionamento, as admin is- a técnica de Gal lie ou Brooks. Alternativamente, o enxerto
trações da anestesia são como descritas na Técnica 38-6 . ósseo processado pode ser utilizado.
•Usa r intensif icador de imagem latera l para verificar a •Fechar a fe ri da em camadas sobre um dreno, te ndo o
redução do complexo C 1-C2. cuidado para recolocar a fáscia ao osso no nível C2. Usa r
• Real izar a exposição da linha média posterior da coluna um fechamento de pele subcuticu lar.
cervical a partir da região occipital a C2.
•Colocar os parafusos de massa latera l de C 1, conforme CUIDADO PÔS-OPERATÓRIO A imobilização pós-ope-
descrito na Técnica 38-6. ratória com halo veste geralmente é desnecessária. Um cola r
• Expor tota lmente a borda caudal da lâmina de C2 na linha cervical pode ser usado durante 8 a 12 semanas. O dreno
média e estendê-la lateralmente. é removido no primeiro dia de pós-operatório.
• Usar uma cu reta angu lada para separar o ligamento amarelo
da superfície ventral e margens cefá lica e caudal de C2 de
modo que um dissecador Penfield nº 4 ou outro instru-
mento de corte possa ser utilizado para palpar a lâmina de
C2 anterior, durante a colocação do parafuso.
•Com um dissecador Penfield nº 4 ou gancho ventral para
a lâm ina, util izar a broca pa ra penetrar o córtex, na base
CERCLAGEM POSTERIOR DE C1-C2
do processo espinhoso de C2 no loca l determi nado no As técnicas de cerclagem, raramente, são util iza das como o
pré-operatório, a fim de permitir espaço para ambos os principal método de estabilização, mas continuam a ser úteis
parafusos. Usando o Penfield nº 4 como guia, direcionar para a estabilização adjuvante e pa ra manter em posição os
a parte posterior da broca para o cana l e fazê-la avançar enxertos corticoesponjosos. O método de Brooks e Jenkins
latera lmente na massa articu lar inferior de C2. A broca fornece um bloco ósseo ent re o arco de C 1 e a lâmina de
não deve penetrar o córtex anterior ou posterior, uma vez C2. Os fios situam-se lateralmente e fornecem maior esta-
que for avançada. O comprimento do parafuso norma l- bi lidade de rotação do que é proporcionado pela cerclagem
mente é de 25 a 35 mm. de linha média de Ga ll ie. )
PARTE XII A COLUNA

apertar os fios dobrados sobre eles e torcer e amarrar os


fios pa ra f ixa r os enxertos (Fig. 28-21 C e D).
•Irri ga r e fechar a ferida por planos sobre o dreno de
sucção.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Quando utilizada como


um método de fu são primária, a imobilização halo veste
é mantida durante 1O a 12 semanas. Se a cercla gem for
adj uva nte, a imobilização é baseada no método de esta-
bilização primária.
A B

• ESPONDILOLISTESE TRAUMÁTICA DO ÁXIS


{FRATURA DO ENFORCADO)
As fraturas dos elementos posteriores do áxis através da pars inte-
rarticularis são relativamente com uns. O termo fratura do enforcado
foi criado por Schneider em 1965, emb ora o mecanismo de lesão
típica seja bastante diferente do que ocorre no enforcamento. O meca-
nismo usual causando esse padrão de fratura é a hiperextensão e a
carga axial, apesar de alguns padrões de lesões envolverem flexão
também. Effendi et al. classificaram a lesão em três tipos com base
e D no mecanismo aparente de lesão e nas características radiográficas.
Lesão tipo I é causada por hiperextensão e é minimamente desviada
li!ijl@!IIIJI Técnica de fusão atlantoaxial de Brooks e Jenkins. (O a 2 mm de translação do corpo de C2 em relação a C3), sem a
A, Inserção de fios sob o atlas e áxis. B, Fios no lugar com enxertos cifose através do espaço do disco. Lesão tipo II é causada por hipe-
sendo inseridos. C e D, en xertos ósseos fi xados por fios (visões rextensão e carga axial seg uid o de flexão. A linha da fratura é
anteroposterior e lateral) . VEJA A TÉCNICA 38-11. relativamente vertical na orientação, com pelo menos 3 mm de
translação at ravés do disco de C2. As fraturas do tip o III são lesões
de flexo-compressão, além de ocorrerem luxação e espondilolis-
tese traumática das jun ções da face ta C2-C3. Levine e Edwards
modificaram a fratura de Effend i tipo II para incluir uma lesão de
flexão-distração, que tem uma linha de fra tu ra relativamente hori-
zontal e cifose significativa at ravés do disco de C2 com ruptura do
•A preparação do paciente, o posicionamento, as adminis- anuloposterio r, mas translação mínima de C2 sobre C3 (Fig. 38-22).
trações da anestesia são como descritas na Técn ica 38-6. As fraturas do tipo III são lesões de flexão-compressão, e, além de
•Expor o nível C 1-C2 através de uma incisão na linha média. espondilolistese traumática, ocorre luxação das facetas C2 -C3.
•Usar uma pequena cu reta angu lada para limpar a super- Um padrão de fratura adicion al de n ota, re latado por Starr e
fície ventral de C 1 e a lâmina de C2. Eism ont, ocorre quand o a fratura se estende para dentro da
•Usando uma agulha de aneurisma, passar uma sutu ra de porção posterior do corpo áxis, de um ou ambos os lados. Essa
Mersilene nº 2 em cada lado da linha média em uma varian te é impor tante porque está associada a um aum ento da
direção cef ál ica para caudal, primeiro sob o arco do atl as taxa de lesão neuro lógica (Fig. 38-23).
e, em seguida, sob a lâmina do áxis (Fi g. 38-21A). Essas
suturas servem como guias para introduzir dois fi os de 1TRATAMENTO
aço inoxidável dobrados de ca li bre 20 no loca l. A lterna- O tratamento da espondi lolistese traumática do áxis é baseado no
tivamente, os cabos trançados podem ser passados no tipo de fratura e na imobilização da fratura, o que geralmente, é
lu ga r dos fios para aumentar a flexibilidade e res istência . suficiente. Francis et al. re lataram 95 de 123 pacientes tratados de
A sutura está ligada ao f io ou cabo, que é, então, puxado, fo rma satisfatória com a imobilização. Na maioria das séries, o tra-
utilizando fio de sutura para manter a tensão sob re o tamento cirúrgico fo i realizado em pacientes com instabilidade
cabo e minimizar a possibilidade de intrusão do fio no radiográfica, apesar da órtese externa apropriada, para os pacientes
cana l vertebral , uma vez que está passado. com lesões do tipo III e para pacientes que demonstram instabili-
•Obter um enxerto ósseo retangular de espessura tota l de dade após a imobilização.
aproximadamente 1,5 cm x 4,0 cm a partir da crista Lesões do tipo I geralmente não têm lesões ligamentares asso-
ilíaca. Dividir o enxerto na metad e ao longo do eixo curto. ciadas, dado o mecanismo de trauma, e pode ser tratada com um
Chanfrar os enxertos para caber anatomicamente no colar rígido. Lesões tipo II e IIa devem ser distinguidas uma da
intervalo entre o arco do atlas e cada lâmina do áxis com outra, pois o tratamento é bem diferente. Lesões de tipo II podem,
a parte esponjosa do enxerto em contato com o arco de normalmente, ser reduzidas com tração, se for necessário, e, em
C 1 e a lâm in a de C2 (Fig . 38-21 B). seg ui da, o paciente é colocado em halo veste duran te 12 semanas.
•Enquanto segura os enxertos em posição de cada lado da O paciente com uma fratura do tipo Ila não deve ser colocado em
li nha média e mantendo a largura do espaço interlaminar, tração por causa do rompimento discai posterior, o que perm ite
sobredistração e potencial lesão neurológica. Lesões tipo !Ia devem
CAPÍTULO 38 FRATURAS, LUXAÇÕES E FRATURA-LUXAÇÕ ES DA COLUNA VERTEBRAL cm

Tipo 1 Tipo li Tipo li-A Tipo Ili

O!§l@iEim Fratura de enforcado (ver texto).

LESÕES DA COLUNA VERTEBRAL


SUBAXIAL (C3-T1)
• CLASSIFICAÇÃO
Embora o áx is seja a vé rtebra individ ual m ais lesionada, a região
subaxial da coluna cervical é respo nsável por cerca de 65% de tod as
as lesões da coluna cervical e lesões da med ul a espinal cervical.
Apesar da elevada incidência de lesões sub axiais (C3 -Tl ), a conduta
ideal, muitas vezes, não es tá clara na literatura médica existente. Há
vár ias razões para isso, incluindo o desenvolvimento de melhores
métodos cirú rgicos e opções co m melhores resultados e menor mor-
bidade. Além disso, não existe um sistema de classificação ideal que
permite a ca racterização reprodutível e válida de lesões específicas
que são necessárias para comparar tratamentos e resultados. Tem
hav ido muitos esforços para class ificar essas lesões, e os avanços
co ntinuam oco rrend o. Po nto centra l para qualqu er classificação é o
co nceito de estabilidade da coluna vertebral, que fo i class ica mente
H!§ii;@E&I Fratura do enforcado atípica, com compressã o definida por W hite e Panjabi como "a capacidade da coluna sob
da medula descrita por Starr e Ei smont. cargas fisiológicas para manter a assoc iação entre os segm entos ve r-
tebrais, de ta l forma qu e não há nenhum dano ou prejuízo subse-
qu ente na med ula espinal ou raízes nervosas, e, além disso, não há
desenvolvimento de defo rmidade incapacitante ou dor devido a
ser reduzidas com extensão manual suave, leve compressão, e o mudanças estruturais''. A capacidade para fazer urna determ inação
paciente é mantid o em hal o veste durante 12 semanas. Fratura-lu- de es tab il idade atual e futura é dependente de uma completa com-
xação tipo III exige redução aberta da luxação, pois o fragmento do pree nsão da biomecânica espinal e da capacidade de determin ar,
arco não pode ser control ado co m tração por causa da presença da definitivame nte, a presença de lesão para todos os vários co mp onen-
fratura . Em alguns pacientes, a estabili zação direta da fratura com tes anatôm icos da coluna ve rtebral. A instabilidade aguda é causada
parafusos pedicul ares em C2, colocados como descrito anteri or- por comprometimento ósseo ou em lesão dos tecidos mol es, qu e
mente, é possível como tratamento definitivo. Mais comumente, colocam os elementos neurais em risco de lesão com qualquer ca rga
esses parafusos são combin ados com parafusos de massa lateral em ou deformidade subsequ ente. A instabilidade crônica é resultado de
C3 e um a co nstru ção de has te para rea li zar fu são ao nível C2 -C3 . deformidade progressi va qu e pode causar deterioração neurológica,
Se o nível C2 não puder se r es tabilizado co m a colocação do para- impedir a recu peração do tecido neural lesado ou causar aumento
fuso, é recomendada um a fu são C l -C3 com parafusos de massas da dor ou função decrescente.
latera is em cad a nível. A es tabilização anterior C2-C3 é um a opção. Em um a série de estud os de cadáveres, White e Panjab i corta-
A varia nte de Starr e Eismont é tratada inicialmente em tração e ram sistemati ca mente as vári as estruturas de sustentação e obse rva-
depois com imobilização halo ves te durante 12 se man as. Se a ram as instab ilidades decorrentes na coluna ve rtebral. As estruturas
redução não puder ser mantida, a fusão posterior usand o parafu- de suporte da coluna su baxial podem ser divididas em dois grupos:
sos Ístmicos ou pedicul ares em C2 e parafusos de massa latera l ante rior e posterior (Fig. 38-24). Um segmento de movi mento é
com um a instrumentação até C3 é mais adequad a. Essa fi xação co nstituído por duas vértebras adj acentes e os tecidos moles entre
posterior é biomecanicamente mais es tável que a estabilização es tas. Se um seg mento de movimento tem todos os elementos ante-
anteri or de C2-C3 . A colocação dessa instrum entação é descrita ri ores e um elemento pos terior, ou todos os elementos posteriores e
na Técn ica 38-6. um elem ento anterior, ele se mantém es tável sob cargas fisiol ógicas.
PARTE XII A COLUNA

F~

Posterior Anterior

Facetas\
Ligamento
capsular~
Li gamentos J
'\ :
G:
F _ :
/
E r ligamento
i nte rtransve rso

interespinhoso e : Í l igamento

(i r-
1
supraespinhoso/J 1 1 \ anteri or
..__.,,.....-- 1 1 • l A longitudinal
9
o~
: e~:
~Metade
1
H anterior
1 do ânulo fibroso
:
Ligamento 1
amarelo ~1 E Metade posterior
F G : do ânulo fibroso
1
1 Ligamento
longitud inal
posterior H@li;@EID Tran slação do plano sagital de mais de 3,5 mm
sugere instabi lidade clínica . (Redesenhado de White AA, Johnson
ii'êjlljtijlmJ Estruturas de suporte anterior e posterior impor- RM, Panjabi MM: Biomechanica l analysis of clinicai stabil ity in the cer-
tantes da co lun a. vica l spine, Clin Orthop Relat Res 109:85, 1975 .)

Esse conjunto de recursos de informação e de imagem continua


QUADRO
38 _2 Checklist para o Diagnóstico de
Instabilidade Clínica na Coluna a melhorar. O sistema de classificação descrito por Allen e Ferguson
continua sendo o m ais utili zado, apesar de vários sistemas alterna-
Cervical Inferior*
tivos que foram descritos. O sistema de Allen e Ferguson baseia-se
Elemento Pontuação em uma descrição mecanicista da lesão, co m base na imagem radio-
Elementos anteriores acometidos ou 2 gráfica da coluna cervical. Esses autores revisaram 165 lesões subaxiais
incapazes e categorizaram em seis padrões co muns e, em seguida, subdividi-
Elementos posteriores acometidos ou 2 ram cada padrão em estágios de gravidade da lesão óssea e ligamen-
incapazes tar (Tabela 38-5) .
Translação do plano sag ital re lativo >3,5 mm 2 A terminologia desse sistema tornou-se fami liar a cirurgiões de
Rotação do plano sagital relativo > 11 graus 2 coluna e é aceita para descrever as lesões, mas as definições precisas de
Teste de estiramento positivo 2 cada etapa estão faltando. Um sistema de classificação alternativo foi
Dano medular 2 proposto por Moore et ai. e, posteriormente, modificada por Vaccaro
Dano medular et ai. e ap resenta-se como o Sistema de Pontuação de Classificação de
Estreitamento anormal do disco Lesão Subaxial (SLIC). Esse sistema, em particular, tem três categorias
Antecipação por carga perigosa que são pontuadas e somadas. Os autores propuseram que o valor
numérico obtido possa então ser usado para determinar se o trata-
De White AA, Southwick WO, Panj abi MM: Clinica i instability in the lower mento não ci rúrgico ou ci rúrgico deve ser realizado. As categorias que
cervical spine: a review of past and current concepts, Spine 1:15, 1976. estão pontuadas são morfologia da lesão, integridade do complexo de
*Tota l of 5 or more= unstable. disco-ligamentar e estado neurológico do paciente. Uma pontuação
crescente dentro de cada categoria se destina a refletir as lesões cada
vez mais graves (Tabela 38-6). O avanço principal desse sistema de
pontuação de gravidade é a incorporação do estado neurológico do
White, Southwick e Panjabi desenvolveram critérios de verificação paciente, o que é essencial para a determinação da estabilidade ver-
para o diagnóstico de instabilidade clínica da coluna cervical tebral. Essa pontuação com gravidade progressiva foi comparada
subaxial (Quadro 38-2). Essa lista inclui critérios radiográficos a com o sistema de Allen e Ferguson, entre um grupo de cirurgiões
considerar na determinação da instabilidade clínica. Os critérios experientes de coluna, e os dois sistemas tiveram confi abilid ade
incluem translação sagital de 3,5 mm em uma incidência radiográ- semelh ante para as recomendações de tratamento. Com melho-
fica lateral (Fig. 38-25). Um critério adicional é mais de 11 graus de rias continuadas em imagem, particularmente, dos tecidos moles da
angulação de uma vértebra em relação à outra, em uma radiografia coluna vertebral, a determinação da classificação ideal de tratamento
em incidência latera l (Fig. 38-26). ou de um a lesão em particular pode ser decid ida com mais clareza.
CAPÍTULO 38 FRATU RAS, LUXAÇÕES E FRATU RA-LUXAÇÕ ES DA COLU NA VERTEBRA L 1&.:Pi@
neurológica incompleta ou lesões completas são geralmente tratados
de forma cirúrgica, enquanto aqueles com exame neurológico normal
ou lesões radiculares isoladas podem ser tratados com imobili zação.
Outras lesões, comorbidades, anomalias congênitas e doenças dege-
nerativas podem influ enciar a decisão de tratam ento.
Os objetivos da estabilização são realinhar a coluna vertebral,
evitar a perda da fun ção neurológica, melhorar a rec up eração neu-
rológica, restaurar a integ ri dade biomecâ ni ca da coluna ve rtebra l e
promover a rec uperação fun cional precoce. O tratam ento cirúrgico
para lesões da colu na subaxial pode se r po r meio de uma abo rdage m
anterior, posterior ou com binada (360 graus). Há uma variedade de
opções de tratamento ace itáve is qu e podem alcançar esses objetivos
em um determin ado paciente. A estratégia m ais simples e direta é
basear a abord age m sobre a área de maior lesão estrutural. Lesões
que necessitam de reco nstrução do supor te da coluna anterior ge ral-
me nte são abord adas anteri orm en te, e lesões posteriores que exigem
redução dire ta das luxações são abordados posteriormente.
As principais vantagens da cirurgia anterior incluem descom-
pressão de elementos neurais e restauração da função de suporte de
carga axial da coluna co m uso de enxe rto escora e sustenção anterior,
Ângulo} = 20 - (-2) particul armente ao longo de um a dois segmentos de movimento.
= 22} > 11 º
a normal = 20 - (- 4) = 24 Manter o paciente em dec úbito dorsal tam bém é uma vantagem se ele
tiver disfu nção pulmonar significativa secu ndária ao trauma ou infec -
li(ijll;J41Im Rota ção signif icativa do pla no sagital (> 11 graus) ção. As complicações com a via de acesso an terior não são frequentes,
sugere instabilidade. (Redesenhado de White AA, Johnson RM, Panjabi embora a disfagia tenh a sido reconhecida com mais frequ ência nos
MM: Biomechanical analysis of clinicai stabil ity in the cervical spine, Clin últi mos anos. O acesso a qualquer nível, a partir do disco de C2 até o
Orthop Relat Res 109:85, 1975) disco de C7, é possível na maioria dos pac ientes, mas pode ser bastante
desafiador em pacientes obesos ou com pescoço curto. A descompres-
são adequada pode, muitas vezes, ser co nseguida com urna discecto-
rni a. Em cenári os de trauma, essa via é prefe rível do que reali zar um a
• TRATAMENTO corpec tomia, que é inerenteme nte menos estável. Por vezes, tais como
Até que haja um sistema de classificação validado, que melhore subs- um a fratura explosão, é necessária uma corpectomia, e a estabilidade
tancialmente os sistem as disponíve is, os cirurgiões de coluna conti- adeq uada é obtida com a montagem cuidadosa e colocação do enxerto
nuarão a usar a melhor info rm ação d ispo nível, juntam ente com a escora ou gaiola, além do uso de parafu sos unicorticais e uma placa
experiência para determ inar os tratamentos. Uma abordagem siste- do tipo de bloqueio. As placas tipo dinâm icas são de benefício ques-
mática, como discu tida anteriorme nte neste capítulo, é necessária a tionável em indicações degenerativas, mas realmente não têm um
fim de determi nar o tratam ento. Após a imagem se r obtida e qualquer lugar no tratam ento de trauma de pacientes, devido ao maior nível de
tentativa de redução ernergencial fechada concluída, a decisão para o instabilidade. A prese rvação de placas termin ais intactas e dimensio-
tratamento definitivo é necessári a. namento cuidadoso do ta manho do enxerto sem sobredistração das
A maioria das lesões cervicais não afeta a integrid ade estrutural face tas posteriormente também são fund amentais a fim de alcança r a
da coluna, suficientemente para exigir um a intervenção cirúrgica. es tabilidade suficiente para permi ti r a consolidação óssea primári a
Avaliar as lesões individuais com base no modelo de biomecâni ca de na interface enxerto-h ospedeiro. Existem várias sé ries na li teratura
três colunas tem sido a base para a lógica de tratam ento em cada demonstrando bo ns resultados com esse tipo de construção apenas
região da coluna. A coluna anterior consiste no ligam ento longitudi- por abordagem anterior, mesmo com lesões ligarnentares posteriores.
nal anterior e a metade anterior do co rpo da vértebra e do disco, a A imobilização pós-operatória em LUTia órtese com revestimento
coluna média consiste na metade posterior do corpo e do disco e o macio geralmente é adequada. Se a fixação estiver comprometid a
ligamento longitudinal posterior, e a colu na posterior inclui os pedí- devido ao padrão de lesão ou a qualidade óssea, deve considerar-se
culos e todas as estruturas ósseas e ligarnentares posteriores. O prin - afixação por via de acesso posterior ou imobilização halo veste, que
cípio de controle é de que as lesões isoladas de urna coluna sem déficit pode ser vantajoso para o paciente, em vez de um a cirurgia ad icional.
neurológico irão, em geral, ser estáveis, sem deformidade progressiva, A reconstrução ante rior e a fixação com placa foram mostradas por
lesão neurológica ou dor pós-lesão. Esse dado tem sido co nsistente Johnson et ai. tendo uma alta taxa de fa lha se as placas termin ais não
co m a nossa experiênci a, e os pacientes se dão bem com a imobiliza- estiverem intactas, especialmente se houver fraturas das face tas asso -
ção. Em contraste, as lesões qu e envolvem três colunas são co nsidera- ciadas ao nível abord ado com discectomia e reconstrução. Corpecto-
das instáveis, mesmo quando não há qualquer défi cit neurológico mias em mais de dois níveis são raras para indicações de trauma, mas
(rara), e geralme nte requerem estabilização operatória. Isso, é claro, se for necessári o devem ser complementadas com instrumentação
exclui as lesões que acomentem duas colunas, que são consideradas posterior. As abordagens combinadas raramente são necessárias para
instáveis. Estas tend em a ser tratadas cirurgicamente, mas algumas um bom resultado, exceto conforme discutido.
podem ser tratadas com imobilização. Em nossa experi ência, a A fixação pos teri or com sistemas de fixação segmentar permite
imobilização tem baixa morbidade quando o paciente é capaz de o tratamento das lesões mais instáveis, mes mo aquel as que se es ten-
mobili zar-se imedi atamente. Em pacientes com lesões de du as dem através das jun ções craniocervicais ou cervicoto rác icas. Essas
colunas, o es tado neurológico mu itas vezes é o fa tor determin ante co nstruções usam has tes co m fixação da massa lateral de C3 -C6 e
se o tratamento cirúrgico fo r recomendado. Os pacientes com lesão colocação do parafuso no pedículo em C2 a C7 e na região torác ica
PARTE XII A COLUNA

ifü@!4 '3s~ S &J1·~ Classificação de Allen e Ferguson


<fio"'"~",.;.

FLEXÃO COMPRESSIVA - CINCO ESTÁGIOS


Flexão Achatamento da margem vertebral anterossuperior a um contorno arredondado, sem evidência de
compressiva falha do complexo ligamentar posterior.
estágio 1
Flexão Em adição às mudanças observadas na fase 1, obliquidade do corpo vertebral anterior com a perda
compressiva de altura anterior do corpo. O corpo vertebral anteroinferior tem uma aparência em forma de
estágio 2 "bico", concavidade da placa terminal inferior pode ser aumentada e o corpo vertebral pode ter uma
fratura vertical.
Flexão Além das características de uma lesão de estágio 2, linha de fratura que passa obliquamente pela
compressiva superfície anterior da vértebra através do centro do corpo e se estende através da placa subcondral
estágio 3 inferior e uma fratura da porção anterior.
Flexão Deformação do corpo vertebral e fratura da extremidade anterior com luxação média (<3 mm) da
compressiva margem vertebral inferoposterior dentro do canal vertebral.
estágio 4
Flexão Lesões ósseas, assim como no estágio 3, mas com mais de 3 mm de luxação da porção posterior do
compressiva corpo vertebral dentro do canal vertebral. O arco vertebral permanece intacto, as facetas articulares
estágio 5 são separadas e o espaço dos processos espinhosos é aumentado no nível da lesão, sugerindo uma
lesão dos ligamentos posteriores em um modo de tensão.
COMPRESSÃO VERTICAL -TRÊS ESTÁGIOS
Compressão Fraturada placa terminal superior ou inferior com uma deformidade tipo "escavação". A falha da
vertical placa term inal é mais central do que anterior, e a falha dos ligamentos posterior não é evidente .
estágio 1
Compressão Fratura de ambas as placas vertebrais com deformidades tipo escavação. Linhas de fratura, através da
vertical compressão do centro do corpo, podem estar presentes, mas a luxação é mínima.
estágio 2
Compressão Progressão do dano do corpo vertebral descrito no estágio 2. O corpo é fragmentado e a luxação é
vertical periférica em várias direções. Mais comumente, o corpo vertebral falha com impacção e
estágio 3 fragmentação significativa. O aspecto posterior do corpo vertebral é fraturado e pode ser desviado
dentro do canal vertebral. O arco vertebral pode estar intacto, sem evidência de insuficiência de
ligamentos ou pode ser mantido com falha significativa do complexo ligamentar posterior; a ruptura
dos ligamentos está entre a vértebra fraturada e o que está abaixo dela.
FLEXÃO DISTRATIVA - QUATRO ESTÁGIOS
Flexão Insuficiência do complexo ligamentar posterior, como evidenciado pela subluxão da faceta na flexão,
distrativa com divergência anormal dos processos espinhosos.
estágio 1
Flexão Luxa ção unilateral da faceta (grau de insuficiência ligamentar posterior varia de falha parcial
distrativa suficiente apenas para permitir a lu xação anormal para uma insuficiência completa dos complexos
estágio 2 anterior e posterior, que é incomum) . Subluxação da faceta do lado oposto da luxa ção sugere lesão
ligam entar grave. Além disso, um pequeno fragmento de osso pode ser desviado a partir da
superfície posterior do processo articular, que é desviado anteriormente. O alargamento da
articulação uncovertebral no lado da luxação e a luxação da ponta do processo espinhoso para o
lado da lu xação podem ser vistos . Beatson, seriamente, dividiu os ligamentos posteriores
interespinhosos, cápsula da faceta , ligamento longitudinal posterior, ânulo fibroso e ligamento
longitudinal anterior, e descobriu que a luxação unilateral da faceta pode ocorrer com a ruptura
apenas do ligamento interespinhoso posterior e a cápsula da faceta.
Flexão Luxações da faceta bilaterais, com aproximadamente 50% de subluxação anterior do corpo vertebral.
distrativa Apagamento da margem anterossuperior da vértebra inferior a um canto arredondado pode ou não
estágio 3 estar presente. Beatson mostrou que a ruptura do ligamento interespinhoso, das cápsulas de ambas
as articulações da faceta, do ligamento longitudinal posterior e ânulo fibroso do disco intervertebral
foi necessária para criar essa lesão.
Flexão Lu xação completa de largura do corpo vertebral, anteriormente ou um segmento de movimento
distrativa grosseiramente instável, dando a aparência de uma vértebra "flutuante".
estágio 4
EXTENSÃO COMPRESSIVA- CINCO ESTÁGIOS
Extensão Fratura do arco vertebral unilateral com ou sem luxação vertebral rotatória anterior. Insuficiência do
compressiva elemento de extensão posterior pode consistir em uma fratura lin ear através do processo articular,
estágio 1 impactação do processo articular e fraturas pediculares ipsilaterais e da lâmina, o que resulta na
"faceta transversal" aparente em radiografias anteroposteriores, ou uma combinação de fraturas de
pedículo e processo articular ipsilateral.
Extensão Fratura s bilaminares sem evidência de outra insufici ência de tecido. Normalmente, as fraturas
compressiva laminares ocorrem nos níveis contíguos múltiplos de extensão.
estágio 2
CAPÍTULO 38 FRATURAS, LUXAÇÕES E FRATURA-LUXAÇ ÕES DA COLU NA VERTEBRAL i&jf#
IM@§ 38-5· ~-;\!y';\$

~ Classificação de Allen e Ferguson-cont.


Extensão Fraturas do arco vertebral bilateral com fraturas do processo articular, pedículos, lâmina ou alguma
compressiva combinação bilateral, sem luxação do corpo vertebral.
de estágio 3
Extensão Fraturas do arco vertebral bilateral com luxação de largura do corpo vertebral parcial anteriormente.
compressiva
de estágio 4
Extensão Fraturas do arco vertebral bilateral com luxação de largura do corpo vertebral completa
compressiva anteriormente. A porção posterior do arco vertebral da vértebra fraturada não desvia, e a porção
de estágio 5 anterior do arco permanece com o corpo. Insuficiência do ligamento ocorre em dois níveis:
posteriormente entre a vértebra fraturada e aquela acima dela, e anteriormente, entre a vértebra
fraturada e a que está abai xo dela. Caracteristicamente, a parte anterossuperior da vértebra aba ixo é
cortada fora pelo corpo vertebral desviado anteriormente .
EXTENSÃO DISTRATIVA- DOIS ESTÁGIOS
Extensão Qualquer falha do complexo ligamentar anterior ou uma fratura transversa do corpo vertebral.
distrativa do A lesão geralmente é ligamentar e pode haver uma fratura da margem anterior vertebral adjacente.
estágio 1 A característica radiográfica desta lesão é o espa ço de disco aumentado.
Extensão A evidência de insuficiência do complexo ligamentar posterior, com a luxação do corpo da vértebra
distrativa do superior desviada posteriormente no canal vertebral, em adição às modificações observadas nas
estágio 2 lesões do estágio 1. Como a luxação deste tipo tende a reduzir-se espontaneamente quando a cabeça
é colocada na posição neutra, a evidência radiográfica de luxação pode ser mínima, raramente
superior a 3 mm em radiografias iniciais, com o paciente em decúbito dorsal.
FLEXÃO LATERAL - DOIS ESTÁGIOS
Flexão lateral Fratura de compressão assimétrica do corpo vertebra l e fratura do arco vertebral ipsilateral, sem
do estágio 1 luxação do arco na incidência anteroposterior. A compressão do processo articular ou fragmentação
da extremidade do arco vertebral pode estar presente .
Flexão lateral Compressão assimétrica lateral do corpo vertebral e tanto fratura do arco vertebral desviado
do estágio 2 ipsilateral ou insuficiência de ligamentos no lado contra lateral, com separação dos processos
articulares. Lesões do arco vertebral com rupturas contralatera l e ipsilateral e compressiva podem
estar presentes .


superi or. Pa rafu sos pedi cu lares podem se r colocados em C7 e são
_ Escala (SLIC) de Classificação de
38 6 biomecani camente sup eri ores a parafusos de massas laterais de C7,
·w··c.,>.
.,,, ,_" Lesões Subaxiais
qu e são tecnicamente mais difíceis do qu e em C3 a C6. Quando
necessári o, a fi xação pode se r es tendid a acima de C3, tal co mo já foi
PONTOS discutid o. Como a fixação posterior res taura a banda de tensão
MORFOLOGIA posterior e fixação segmentar é possível, essas construções são mais
Nenhuma anormalidade o rígidas do que co nstruções anteriores sob fo rças de flexão e torção,
Compressão + pressão 1+ 1 = 2 por isso, as taxas de fu são são superiores para fusõ es multinível
Distração (p. ex., faceta elevada, hipextensão) 3 tratados po r via de acesso pos terior do qu e pa ra constru ções seme-
Rotação ou translação (p. ex., luxação da faceta, 4 lh antes po r vias anteri ores semelh antes. A descompressão fe ita
lágrima instável, ou estágio avançado de flexão po r via poste ri or não es tá associada ao mes mo nível de rec uperação
de lesão compressiva) neurológica em alguns estud os, provavelmente por causa de restau-
COMPLEXO DISCOLIGAMENTAR
ração menos efi caz do fluxo de sangue para a medula na sua porção
anterior, como foi mostrado por Brodke et ai. Se a descompressão
Intacto o posteri or fo r fe ita, deverá se r sempre acompa nh ada pela estabiliza-
Indeterminado (p. ex., alargamento ção e fusão na co ndi ção do traum a. Por causa da d issecção mais
interespinhoso isolado, alteração de sina l
extensa necessári a posteriorm ente, tem hav ido um a maior incidên-
apenas na ressonância magnética)
cia de infecção da ferida e maior sangramento cirúrgico em relação
Interrompido (p. ex., alargamento do espaço de 2 a procedim entos anteriores. No entanto, pa ra as abord age ns pos-
disco anterior, faceta elevada ou luxação)
teriores li mitadas, tal com o redução direta das luxações da fa ceta
ESTADO NEUROLÓGICO e a fusão, as complicações relacionadas com a ferida são raras. Os
Intacto o pacientes co m condi ção socioeconômica in fe rio r são mais propen -
Lesão na raiz sos a se r osteoporóti cos, e, em ge ral, são preferidos os métodos
Lesão medular completa 2 posteriores, pois a fi xação segmentar é possível.
Lesão medular incompl eta 3
Compressão contínua da medula +1
(neuromodificador na defin ição de um déficit • LESÕES EM EXTENSÃO
neurológico) Urn a lesão em extensão é res ultado da hiperextensão da coluna
ce rvical (F ig. 38-27). Muitas vezes, o paciente é mais idoso e sofre
De Dorak M, Fisher CG, Fehlings MG, et ai: The surgical approach to
uma lesão relativamente de baixa energia, co mo uma queda do
subaxial cervical spine injuries, Spine 32:2620, 2007.
mes mo níve l. A lesão oco rre, em parte, a pa rtir de um a perda de
~ PARTE XII A COLUNA

com ruptu ra das cápsu las da faceta, que são os mais importantes
estabilizadores ligamentares posteriores. Urna lesão adicional ocorre
aos ligamentos interespinhosos e ligam ento longitudinal posterior, e
a porção posterior do disco é rompid a com um a possível herniação.
A translação anterior que ocorre é de até 50% da dimensão do corpo
ve rtebral. O algoritmo para exames de imagem e redução deve ser
seguido. Após a redução fechada com fa lha ou sucesso, a RM é obtida.
Se houver urna herniação de disco sig nificativa presente, deve ser
realizada discectomia cervical por via anterior com fu são e enxerto
ósseo. Se a redução foi conseguida no pré-operatório, ou na altura
de discectomia e fusão, um a placa de travamento an terior é aplicada.
Essa instrum entação é estável para um a ltLxação da faceta reduzida
que não tem nenhuma lesão óssea. Se a redução não puder ser rea-
lizada no momento da discectomia, o enxerto deve ser colocado, e o
fer imento anterior, fechado, seguido por redução por via de acesso
posterior aberta e fusão com a instrumentação. Se a redução fechad a
fa lhar e a RM não demonstrar qualquer hérnia de disco significativa,
a redução por via posterior aberta com a estabilização é o tratam ento
de escolha. A redução aberta em um paciente anestesiado está asso-
ciada a uma taxa mais elevada de lesões da medula espi nal do que a
redução fechada com o paciente acordado, tal como discutido ante-
ri ormente. Luxações da face ta unilaterais geralmente têm apenas cerca
de 25% de translação, mas a conduta é semelhante. Em alguns pacien-
tes com luxações da faceta unilaterais, com redução fechada bem-
Eill!I
Ml~ílil·llíll· Fratura em extensão através do nível do disco de sucedida, a co nsideração do tratamento conservador é razoável, se
C3 em um paciente com hiperostose esquelética idiopática difusa . não houver compressão neural persistente, mas acompanhamento
radiográfico frequente é essencial, pois a subluxação pode recorrer até
mesmo semanas depois.

movimento na coluna vertebral, qu e é capaz de dissipar a energia • FRATURA DA FACETA COM SUBLUXAÇÃO
sem fal ha. O paciente pode apresentar a hiperostose esquelética Q uando houver uma fratura da faceta associada a subluxação, a
idiopática ou espo ndilite anqu ilosante que predispõe a esse padrão lesão geralme nte redu zirá fac ilmente com a tração, mas não per-
de lesão. Os pacientes com espondilite anq uilosa nte, na verdade, têm manecerá red uzida por causa da lesão óssea. Se não houver fra tura
uma fratura através do espaço do di sco e são tratados um pouco nem da placa terminal ou da cirurgia de discectorni a anterior com
difere nte (ver seção mais adian te) . Pacien tes com ruptura parcial do fu são, o enxerto ósseo e aplicação de placa de bloqueio anter ior
disco geralmente podem se r tratados com imobili zação. Os pacie n- são opções, mas devem se r feitos co m cautela. Essa instrumen-
tes com um a ruptura do ânulo, que se estende at ravés das margens tação está suj e ita a forças de cisalh ame nto, d ev ido à faceta(s)
anterior e posterior do anel fibroso, são tratados com discectomia in co rnpetente( s), e pode ocorre r a luxação. Embora a piora neu-
por via de acesso ante ri or e fusão com enxe rto ósseo e um a placa de rológica seja inco mum , certamente tem sido relatada. A perd a
trava mento anterior. d e fixação exigirá rev isão. O aco mpanh amento cuid ado so é
recomendado e o paciente deve estar compatível com o uso de
• FRATURAS DO TIPO EXPLOSÃO órteses . Alterna tivamente, a in strumentação por via posterior e
Esta lesão é exemplificada pelo achatame nto do corpo ve rtebral, a fusão proporcionam mais esta bilidade e vão manter o alinha-
com fragmentação e retropulsão de fragme ntos do corpo ve rtebral m ento de forma m ais consistente, mas um ní vel adiciona l de
para dentro do ca nal (Fig. 38-28) . Estas lesões geralmente são fusão geralm ente será necessá rio, po is muitas vezes a fixação não
tratada s com corpectornia e recons tru ção anterior com enxerto de é possível no nível fraturado.
osso ilíaco tricortica l, enxerto fibular ou gaiola ci líndrica de malha
substituindo o co rp o ver tebral ressecado e osteossíntese com placa • FRATURA-LUXAÇÃO
por via anterior. As placas termi nais são preparadas para manter Estas são as lesões m ais graves, geralmente com tecidos moles e
o osso subcondral in tacto, como um fundamento seguro para o lesões ósseas, luxação translacional em um ou mais planos, e asso-
tipo de sup orte escolhido. Geralmente, os pacientes são relat iva- ciadas a lesão medular. A redu ção fec had a deve ser feita com
m ente jovens e não têm doença preexistente do li gamento longitu- ca utela para evitar a distração excessiva do seg mento lesionado e,
dinal posterior, o que não é lesionado por carga axial. O ligamento potencialm ente, o agravame nto da lesão medular. Neste grupo de
longit ud ina l posterior deve ser prese rvado e irá fornece r uma fo rça lesão, a cirurgia anterior e a posterior combinadas, muitas vezes,
contrária para o sup orte do osso impl antado, a menos qu e a des - é a abordagem mais indicada, emb ora um a abordagem combinada
compressão não possa se r satisfatoriam ente rea li zada, sem ressec- nem sempre seja necessá ri a. O princípio de tratar a área mais
ção do ligamento longit ud inal poste rior. Urna placa de bloqueio gravemente lesionada p ri meiro é seguid o para restabelecer o al i-
an terior é então ap licada. nhamento ve rtebral e descomprimir a medula espinal. Isto é rea-
li zado, gera lmente, por via de acesso anterior primeiro, e, se
• LUXAÇÕES DA FACETA necessário, posterior estabi li zação suplementar e de fusão são adi-
Luxações de faceta devem ser distinguidas de fraturas da faceta com cionados a um a seg unda fase, que pode se r retardada de acordo
subl uxação. Luxações bilaterais da faceta são as lesões do tecido mole com o es tado geral do paciente (Fig. 38 -29) .
CAPÍTULO 38 FRATURAS, LUXAÇÕES E FRATURA-LUXAÇÕES DA COLUNA VERTEBRAL

O!§ijitjEIE!I A, Fratura de exp losão típica em CS, com fragmentos de ossos e discos retropu lsado no canal espina l, comprimindo
os elementos neurais. B, O material do disco acima e abaixo da vértebra fraturada foi re movido, e a broca de alta veloc idade foi uti-
lizada para retirar o osso de vo lta ao nível de li gamento lon gitudinal posterior. C, A margem vertebra l posterior residual é removida
com uma pequena cureta para descomprimir os elementos neurais. D, Extensão da co rp ectom ia cerv ica l anterior. E, co locação de enxerto
de crista ilíaca tricort ica l após a descompressão cervica l adequada. VEJA A TÉCNICA 38-12.

DISCECTOMIA CERVICAL ANTERIOR E exposição extensível. Localizar a incisão na pele com o


FUSAO COM PLACA DE TRAVAMENTO ponto médio na borda lateral da traqueia, no lado da
abordagem.
TÉCNICA ~ •Fazer uma incisão na pele e dissecar através da camada
~~~~~~~~--~ subcutãnea e do platisma. Remover a gordura fora da
• Se o paciente já estiver em tração, manter a tração e o fáscia platisma, pelo menos, 1O mm em todas as direções
alinhamento. Coordenar com o anestesiologista uma a partir da incisão.
intubação acordada ou manter manua lmente a posição •Fazer uma incisão no platisma, verticalment e em linha
da cabeça e usar um nasofibroscópio (Veriathon lnc. , com suas fibras.
Both ell , WA) . Se o paciente tiver uma lesão da medula • Na parte latera l da ferida, identifi ca r a borda med ial do
espinal, manter uma pressão arterial média de 85 a 90 músculo esternocleidomastóideo e rombamente, desen-
mmHg, durante o procedimento. volver o plano para a bainha carótida. No nível do disco
•Expor a coluna vertebral , tanto através de um plano trans- de CS, será coberto pelo músculo omo-hióideo.
versal quanto de uma incisão longitudinal, dependendo •Expor o omo-hi óideo superiormente ou inferiormente (no
da preferência do cirurgião. Gera lmente preferimos uma nível do disco CS), conforme necessário e agudamente,
incisão transversal do lado esquerdo (Fi g. 38-30) por incisar a fáscia pré-traquea l ao longo da borda med ial da
causa da anatomia mais constante do nervo laríngeo bainha carotídea.
recorrente e menor risco de lesão inadvertida. • Com dissecção romb a de dedo, desenvolver o plano do
•Fazer uma in cisão de 3 cm no nível da carti lagem cri- espaço pré-vertebral. Usar um dissecador Kitner para melhor
coide para o disco de C 5 ou ajuste de acordo. Uma definir a porção anterior da coluna que é visível entre os
in cisão t ransversa l pode ser usada, mesmo para uma músculos longus colli. )
PARTE XII A COLUNA

lâ@ll;ME!m A, Desvio da fratura envo lvendo os níveis de


C6 e C7 . Observar a fratura de C2. B, A linhamento foi melho-
rado com tra çã o esquelética. C, Im agem RM após tra ção reve la
edema grave da medula esp inal com aumento de sinal.

) • Rad iograficamente, identificar o nível lesionado com um • Incisar o disco lesionado amplamente no nível do processo
marcador metá lico dentro do disco lesionado ou osso e uncinado bilateralmente. Usar curetas para remover a maior
armazenar permanentemente a imagem. parte do disco e claramente ver o processo uncinado
•Com afastadores rombos, mobil izar a traqueia e o esôfago, bilateralmente.
apenas o suficiente para elevar de forma segura os mús- • Sob o microscópio cirúrgico, usar uma broca de alta velo-
culos longus co//i bilateralmente, a partir do segmento cidade para retirar a porção mais anterior do corpo inferior
centra l da vértebra final superior à seção central da vérte- da vértebra cefálica. Essa remoção de osso é apenas no
bra fina l inferior, mas evitando a exposição desnecessária nível do ponto mais alto da concavidade da placa terminal
que pode levar à degeneração do segmento adjacente. inferior. Isso permite que a placa termina l seja plana, e
• Colocar um afastador de autostático com a lã mina de ela forma um ângulo reto com as paredes anterior e
fundo para a borda medial do longus colli, em cada lado posterior do corpo e preserva o osso subcondra l (Fig .
da coluna verteb ral no nível afetado. 38-28). Remover também qualquer osteófito anterior.
CAPÍTULO 38 FRATURAS, LUXAÇÕES E FRATURA-LUXAÇÕES DA COLUNA VERTEBRAL 1&fp#

Vasos
vertebrais ---"""'""""~ - - 5ª vértebra
cervica l

5ª vértebra
cervical

O@li;f;1EJI!I A, Ab ordagem anteri or à co luna ce rvica l


média e inferior, através de incisão tra nsversa lado esq uerdo
é rea lizada media imente à bai nha carotídea e lat eral mente
à traque ia e esôfago. B, Dissecção profunda a coluna cer-
vica l média e ba ixa. O co nhecim ent o profund o dos planos
faciais anatômicos é obrigatório para obter a exposição
adequada do aspecto anterior da co luna cervica l. VEJA AS
B TÉCNICAS 38-12 E 38-13.

Com esta resseção óssea anterior, a visibilidade é aumen- • Perfurar e colocar parafusos unicorticais, mais comumente,
tada, e o material da reg ião posteior do disco, o liga- de 14 mm de comprimento. Ter certeza de que os parafusos
mento longitudinal posterior e os osteófitos posteriores estão colocados no ângulo correto pa ra otimizar o trava-
podem ser removidos conforme necessário. Se os forames mento do parafuso e placa. Envolver o mecanismo antiex-
forem apertados, realizar foraminotomia. Contornar a trusão da placa depois de colocar os quatro parafusos.
placa terminal superior da vértebra inferior com uma •Verifica r meticulosa mente a hemostasia e f echar o pla-
broca, preservando o osso subcondra l e criando uma tisma sobre um dreno esti lo Blake; fechar os planos teci-
superfície plana com um interva lo igual entre as placas duais restantes.
adjacentes, da esquerda para a direita e de frente para trás.
•Cuidadosamente, medir a altura do espaço do disco, com
Ver também, em inglês, o Vídeo 38-1. ~
tração aplicada e sem tração. Não aumentar o enxerto para
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO A órtese rígida é usada
manter o intervalo de tração se houver mais do que 1 mm
de 4 a 6 semanas, até que haja evidência radiográfica de
de diferença entre as medições. O tamanho do enxerto deve
consolidação nas interfaces do enxerto . Rad iografias de
permitir o ajuste estável sem ser excessivamente apertado.
flexão e extensão são obtidas para verificar a estabilidade
• Pode ser utilizado o enxerto ilíaco tricortical quanto selecio-
e determinar se a órtese pode ser descontinuada.
nar um produto de enxerto corticoesponjoso composto.
O enxerto é, norma lmente, de 12 a 13 mm de dimensão
no sentido anterior para posterior, para que ele possa ser
rebaixado 2 mm e não invadir o canal. Adaptar o enxerto CORPECTOMIA CERVICAL
no lugar e verificar radiograficamente ou por visão direta se ANTERIOR E FUSÃO COM
o enxerto na porção posterior está no canal. Com a tração PLACA DE TRAVAMENTO
removida, o enxerto deve ser suficientemente estável para
aguentar ser puxado, a partir do espaço de disco. ~
TÉCNICA
•Selecionar a placa de travamento mais curta possível, a ~~~~~~~~--~
fim de evitar ferimentos de col isão nos discos adjacentes. •Preparação, posicionamento e exposição são como
As placas terminais preparadas devem ser apenas visíveis descrito na Técnica 38-12 com a exceção de que a
através dos orifícios dos parafusos da placa, quando está incisão de 4 cm é feita no nível da cartilagem cricoide
posicionada corretamente (Fig. 38-31). em C5 (Fig. 38-30) . )
Mlg1li) PARTE XII A COLUNA

10º

A E

hliji!;f;i1IE9 Discectomia cerv ica l anterior.

• Incisar o disco amplamente no nível do processo uncinado, imediatamente acima do uncinado do nível abaixo. Essas
) bilateralmente acima e abaixo da vértebra fraturada. Usar marcações definem a área de osso a ser removido . Usando
curetas para remover a maior parte do disco e ver de modo a broca, remover todo o osso entre as duas marcas,
claro processo uncinado bilateralmente em cada nível. Se uma aprofundando cada escavação, conforme necessá rio. Isso
gaiola de metal for usada, retirar o corpo lesionado pouco a pode ser feito muito rapidamente, até o osso esponjoso
pouco e coletar para preencher a gaiola. Se o enxerto ósseo do corpo dar caminho ao osso cortica l, ind icando que o
estrutural for utilizado, remover o corpo com uma broca de córtex posterior tenha sido atingido . Medial ao processo
alta velocidade. Este é o nosso método preferido. uncinado, a artéria vertebra l deve ser evitada , embora,
•Sob o microscópio cirúrgico, usar uma broca de alta velo- raramente, uma artéria tortuosa possa erodir a porção
cidade para fazer uma escavação vertica l de cada lado do med ial ao processo uncinado, e isso deve ser detectado na
corpo a ser removido, que se estende a partir do processo TC durante o planejamento pré-operatório . Retirar o
uncinado do nível lesionado, cauda lmente, para um ponto córtex posterior com broca também.
CAPÍTULO 38 FRATURAS, LU XAÇÕES E FRATURA-LUXAÇÕES DA COLUNA VERTEBRAL cm
•Remover o ligamento longitudinal posterior e osteófitos para a cabeça do parafuso de T1 e um parafuso em C7
posteriores e real iza r foram in otomia conforme necessá- na haste. Se a fi xação de C7 for desejável, a colocação
rio. Normalmente, o tamanho da corpectom ia é, pelo do parafuso de ped ícu lo é, usualmente, preferida em
menos, de 17 mm de largura. Remover a porção anterior relação à fixação massa lateral, a esse nível. A técnica para
da vértebra cefál ica terminal para deixar uma superfície a colocação do parafuso de massa lateral é a de Mage rl ,
plana, com a preservação do osso subcondra l. Da mesma modificado por Anderson.
forma, contorne a placa term inal superior da vértebra

---------'~
cauda l fina l. As duas placas term inais devem ser planas e TÉCNICA
para lelas entre si.
•Cuidadosamente, medir a distância entre as placas termi- (MAGERL)
nais com e sem tração aplicada. Quando houver pouco ou
nenhum movimento assim que a tração for descontinuada, •Se o paciente já estiver em tração, manter a tração e o
o dimensionamento cuidadoso com o enxerto será neces- alinhamento. Coordenar com o anestesiolog ista por uma
sá rio para evitar afundamento do enxerto ou luxação. intubação acordada ou manualmente, manter a posição
•Obter um autoenxerto de comprimento adequado, alo- da cabeça e usar um nasofibroscópio. Se o paciente t iver
enxerto f ib ular ou ga iola preench ida com osso local. uma lesão da medu la espinal, manter uma pressão arte-
• Reapl icar tra ção e aumentar ligeiramente, se necessário, rial média de 85 a 90 mmHg, durante o proced imento.
para inserir o suporte e cuidadosamente apertar a escora Usar uma mesa cirúrgica, como a mesa de Jackson, para
no lugar. Devido à inclin ação das placas terminais, o posicionar o paciente em decúbito ventral.
enxerto será mais posterior na extremidade caudal do que • Radiografi came nte, verificar a redução da lesão; se os
superiormente, quando estiver em repouso de forma qua- parafusos do pedículo forem usados, certi f ique-se de que
drada em cada placa terminal. Verificar rad iograficamente as imagens podem ser adequadamente re al iza das antes
ou por visão direta se o enxerto não se estende para da preparação e colocação dos campos cirúrg icos.
dentro do cana l. Com a tração removid a, o enxerto deve • Incisar a pe le sobre a área de exposição. Infiltrar o tecido
ser suficientemente estável para resistir a ser puxado faci l- subcutâneo e músculo com 1 mg de epinefrina em 500 ml
mente, a partir do leito da corpectomia. de soro fis iológico normal.
•Selecionar a placa de travamento mais curta possível para •Expor subperiostea lmente a colu na cervical posterior para
evitar ferimentos de impacto aos discos adjacentes. As a borda lateral longe das articu lações após ve rifi car os
placas term inais preparadas devem ser apenas visíveis níveis.
através dos orifícios dos parafusos da placa, quando •Se uma luxação não reduzida estiver presente, usar um
estiver posicionada corretamente. Perfurar e colocar os dessecador Penfield nº 4 ou elevador Freer para desbloquear
parafusos unicorticais, mais comumente, de 14 mm de suaveme nte o(s) conjunto(s). Fazer um furo na base do
comp rimento. Ter certeza de que os pa rafusos estão colo- processo espinhoso de cada uma das vértebras envolvidas.
cados no ângu lo correto, para otimizar o travamento do Usando uma pinça de Backhals através de cada processo
parafuso e placa. Envolver o mecanismo antiextrusão da espinhoso, cuidadosamente, distrair e posteriormente tra-
placa depo is de co loca r os quatro parafusos. Os parafusos duzir a vértebra desviada para reduzir ambas as facetas
não são colocados na escora. enquanto um assistente utiliza, ao mesmo tempo, um des-
• Realizar a hemostasia meticulosa e fechar o platisma sobre secador Penfield nº 4 para orientar a faceta inferior na
um dreno estilo Blake; fechar os planos teciduais restantes. posição reduzida . Se isso não puder ser feito, remover uma
pequena quantidade de osso a partir da margem superior
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO A órtese rígida é usada da faceta superior e repetir o processo. A estabilidade pós-
durante 6 a 8 semanas, dependendo da estabi lidade da -redução é diminuída quanto mais o osso for ressecado.
estrutura fina l e evidência rad iográfica de incorporação • Rem over quaisquer cápsu las da faceta na área a ser sub-
do enxerto. Radiografias de flexão e extensão são obtidas metida à artrodese e identificar os limites da massa latera l,
para verificar a estabil idade e descontinuar a órtese. que consistem na linha superi or da ju nção, a linha de
junção inferior, a borda lateral e o sulco med ial na junção
com a lâmina (Fig. 38-32A).
•Se uma lam inectomia ou laminoplastia estiver planejada,
FIX~ÇÃO SUBAXIAL POSTERIOR E não realizá-la até que os furos estejam concluídos de
FUSAO modo que as marcas ósseas possam ser utilizadas.
•Selecionar uma entrada portal 1 mm med ial ao centro da
Os sistemas de instrumenta ção para a fi xação posterior massa latera l e penetrar apenas o córtex com uma broca .
são parafusos po li axiais, que podem ser colocados na •A perfuração da massa latera l deve ser dirigida de 25 a
massa lateral com fixação unicortical ou bicorticai s ou 35 graus lateralmente e 25 graus cefá lica (para lela ao
podem se r colocados no pedículo. A fi xação da m'assa plano da superfície da faceta) para os níveis C3 a C6 (Fig.
late ral demonstrou ser eficaz e seg ura e é o método pre- 38-32 B). Essa trajetória pode ser confiavelment e reali-
ferido na maioria dos casos. A exceção primaria é a massa zada, colocando a gu ia de perfuração contra o ponto
latera l de C7, que é menor e a f ixação é biomecan ica- médio da ponta posterior (remover grandes osteófitos se
mente inferior a o utros níveis. Se a construção for conti - presentes) do processo espinhoso da vértebra caudal pa ra
nuada na regi ão torácica, o que é norma lmente o caso se o níve l a ser perfu rado. Usar uma broca bloqueada para
C7 for in cluído na fusão, então, a fixa ção de C7 normal- uma profundidade de 14 mm, que va i proporcionar a
mente não será in cluíd a, pois não existe espaço suficiente f ixação un icortica l na ma iori a dos pacientes. )
PARTE XII A COLUNA

O!rii!;f4!19 Colocação de placa por via de


Lâmina _ _=:;;a.~~:::: acesso posterior cervica l. A, Marcas utilizadas para
C6 -----:::;d~--=- identifica r o centro da massa latera l e ponto de
perfuração. B, Relação da junção da faceta, ra iz
nervosa e ângu lo de perfuração . C, Visão superior
da vértebra cervical, mostrando re lacionamento do
ângu lo do furo, forame transverso e artéria verte-
A bral. VEJA A TÉCNICA 38-14.

•Se a fixação bicortical estiver prevista, usar uma broca de ESPONDILITE ANQUILOSANTE
)
comprimento preestabelecido e furar em incrementas de
2 mm. Usar um fio com ponta romba para fazer soar o Os pacientes com espondilite anquilosante formam um subgrupo
furo após cada avanço da broca e sentir o córtex longe. que merece uma atenção especial no que diz respeito a lesões na
O idea l é que a broca saia imediatamente latera l à artéria coluna vertebral em geral e lesões da coluna cervical em particu-
vertebral, mas a artéria ficará em risco se a broca for muito lar. Esses pacientes podem apresentar lesões de mecanismos de
mediaimente direcionada. alta energia, mas muitas vezes há um mecanismo relativamente
•Se um parafuso de pedículo cervical for colocado, analisar de baixa energia, como uma queda do mesmo nível. Se não houver
cuidadosamente a TC no pré-operatório para medir o nenhum déficit neurológico, um alto nível de suspeita clínica deve
tamanho e a orientação do pedículo. O ponto de entrada ser mantido para evitar danos potencialmente graves ao paciente.
no pedículo, tal como descrito por Abumi e Kaneda, é O mecanismo de lesão é mais frequentemente em extensão, como
imediatamente latera l para o centro da massa lateral. um sopro no rosto ou na cabeça ao cair. Por causa da ossificação
Penetrar o córtex e avançar uma sonda no pedículo. A das partes exteriores do disco, a coluna vertebral é incapaz de
direção da sonda é de 30 a 40 graus, mediaimente, re la- absorver a energia transmitida, ocorrendo uma fratura. Os achados
tiva ao plano sagital, que também se verificou ser de 90 radiográficos podem ser muito sutis e muitas vezes necessitam de
graus re lativos para a lâm ina ipsi latera l. No que diz res- TC para serem apreciados . Essas fraturas são as mais comuns na
peito à orientação na direção cefá lica para caudal, varia de região CS a T l, e as lesões não contíguas são relatadas em l 0%
acordo com nível e, geralmente, é um pouco caudal no dos pacientes. Pacientes com história de espondilite anquilosante
nível de C7 e pode ser identificado util izando intensifica- ou aqueles que têm uma deformidade cifótica característica na
ção de imagem. Ludwig et ai. recomendaram fazer uma junção cervicotorácica devem ser apoiados para manter a cifose
laminoforaminotomia e pa lpação direta do pedícu lo supe- durante o pro cesso de avaliação e não devem ser deitados em
romedia l para orientar a sonda. plano reto. Se a fratura for identificada, esses pacientes quase
•Se um parafuso de pedículo torácico for colocado, será sempre vão requerer tratamento cirúrgico com fixação posterior
usada a técnica descrita para todos os parafusos pedicu- segmentar com montagens relativamente longas, pois o osso com
lares torácicos (Técnica 38-15). osteoporose geralmente coexiste com espondilite anquilosante.
• Colocar cada parafuso. Decorticar a massa lateral e a lâmina, Antes de estabilização, o paciente deve ser movido o menos pos-
e cruentizar cada articulação. Cortar e moldar a haste e sível para minimizar o risco de piora neurológica. Um colar rígido
garantir a haste para os parafusos com os bloqueadores. não é adequado para imobilização, deve ser instituída precocemente
• Destribuir o enxerto ósseo no local. imobilização halo veste como medida temporária. Ela também é útil
•Fechar a incisão por planos sobre um dreno. ao mover o paciente para a cirurgia. Virar o paciente em decúbito
ventral requer planejamento e cuidado. Esses pacientes estão em
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO A órtese rígida é utilizada risco de hemorragia epidural significativa; um declínio da função
por 6 semanas e é removida se a redução for mantida, e neurológica requer investigação imediata e descompressão precoce
as radiografias em flexão e extensão indicam que não há para otimizar os resultados. A avaliação cuidadosa de toda a
movimento no(s) nível(is) estab il izado(s) coluna vertebral é necessária, devido à alta incidência de lesões
não contíguas.
CAPÍTULO 38 FRATURAS, LUXAÇÕES E FRATURA-LUXAÇÕES DA COLUNA VERTEBRAL '8
LESÕES DA ARTÉRIA VERTEBRAL especificidade superior e sensibilidade para a detecção de lesões, em
comparação com radiografias simples. Além disso, a TC do tórax,
Uma controvérsia considerável permanece sobre os critérios de abdome e pelve permite a conclusão da avaliação de forma mais
seleção ideais e tratamento de lesões da artéria vertebral associados rápida e com menor mobilização do paciente. Hauser et ai. descobri-
a fraturas cervicais há mais de 50 anos, após a primeira descrição ram que nem a TC de tórax, abdome e pelve, nem radiografias simples
dessa relação por Carpenter. Houve inúmeros estudos com dados falharam em demonstrar qualquer lesão da coluna torácica ou lombar
coletados prospectivamente, em especial para estabelecer a incidên- instáveis nos 222 pacientes estudados. A identificação de lesões adi-
cia e avaliar opções de tratamento. Com base em uma revisão da cionais consideradas menores por tomografia computadorizada do
literatura, Fassett et ai. encontraram uma incidência de 0,5% de tórax, abdome e pelve, em comparação com radiografias simples,
lesões na artéria vertebral em pacientes vítimas de trauma; no mostrou alterar o tratamento com respeito ao manejo da dor e como
entanto, 70% tinham fraturas cervicais associadas. As fraturas mais os pacientes foram mobilizados. As lesões menores incluíram o pro-
comumente associadas à lesão da artéria vertebral são aquelas que cesso espinhoso e fraturas do processo transverso, sem luxação.
envolvem o forame transverso no nível Cl até C3 e fraturas ou
luxações desviadas. A apresentação clínica da lesão da artéria verte-
bral é altamente variável. Os pacientes podem permanecer assinto- CLASSIFICAÇÃO
máticos ou desenvolver sinais clínicos de acidente vascular encefálico
na área cerebral posterior, com uma taxa de mortalidade alta rela- A classificação das lesões da coluna torácica e lombar ainda está
tada em algumas séries de até 33%. Fraturas do forame transverso evoluindo, mais de 80 anos após o primeiro relatório publicado de
no nível da entrada da artéria vertebral são, provavelmente, mais Bõhler. A classificação dessas lesões permanece difícil, em parte,
importantes do que os outros níveis e, embora em geral ocorra em porque as metas de classificação, as estruturas anatômicas a consi-
C6, em 5% das pessoas a artéria entra no forame transverso de C7. derar e as definições não foram acordadas pela comunidade de
Até o momento, o método de diagnóstico mais confiável tem sido cirurgiões de coluna. Assim, alguns sistemas têm sido desenvolvidos
a angiografia cerebral, embora arteriografia por TC e angiotomo- para o tratamento direto, enquanto outros não são destinados a
grafia continuem a melhorar o diagnóstico. Há complicações asso- essa finalidade. Ainda não há um consenso na terminologia, em
ciadas a diagnóstico o que em algumas séries incluem incidência especial a relacionada com "estabilidade" da coluna, sobre a defi-
de acidente vascular encefá li co iatrogênico de 1%. O tratamento nição, que apresenta significados conflitantes em diferentes esque-
é a anticoagulação com heparina em altas doses e pode ser mantido mas (Quadro 38-3). Nicoll et ai. foram os primeiros a se concentrar
de 3 a 6 meses; em algumas séries, é recomendada observação. nos resultados dos pacientes e descobriram que a redução anatômica
Como nenhuma evidência nível I guia o tratamento, está indicado
o tratamento coordenado cuidadoso para cada paciente, pois
ainda não está claro se o atual tratamento melhora os resultados _ Fatores Relacionados com a
dos pacientes.
38 3 Instabilidade Espinal
Outro aspecto importante de lesão da artéria vertebral é a
influência que pode ter sobre o planejamento operatório em relação Função Neurológica
à coluna vertebral. Devido à artéria vertebral estar em risco com •Grau de déficit neurológico
certas técnicas de instrumentação, a presença de uma lesão da •Potencial de lesão neurológica adiciona l
artéria vertebral deve ser prevista no plano de tratamento, bem Rompimento Estrutural
como os efeitos da terapia de anticoagulação se isso for instituído. •Gravidade do dano estrutura l geral
•Fragmentação do corpo vertebral
•Grau de comprometimento do canal
LESÕES LOMBARES E TORÁCICAS • Romp imento de ligamentos espina is
•Rompimento de facetas articulares, lâmina e pedícu los
Lesões toracolombares geralmente são resultantes de trauma de alta •Rompimento do disco intervertebral
energia e muitas vezes lesões viscerais associadas estão presentes em • Presença de múltiplas lesões contíguas
pacientes que sofreram lesões significativas nessa região. Como foi •Efeito dos procedimentos desestabilizantes prévios
discutido para lesões cervicais, os pacientes com suspeita de lesão
Deformidade
torácica ou lombar necessitam de avaliação rápida na área de trauma.
•Gravidade da deformidade (cifose ou escoliose)
Esta deve seguir o protocolo ATLS, com uma pesquisa secundária,
• Encurvamento da coluna vertebral (perda de comprimento)
que inclui inspeção e palpação de toda a coluna vertebral, observa-
• Potencial de progressão da deformidade
ção da condição da pele, sensibilidade, estado mental, exames motor
• Reincidência de luxação após a redução
e sensitivo nas extremidades e um exame retal para verificar o tônus
•Colapso final potencial
e a presença ou ausência de reflexos. O formulário ASlA é usado
para registrar os resultados neurológicos. A avaliação radiográfica Função Antecipada
deve ser concluída o mais rapidamente possível, para permitir a •Perda de rigidez
liberação e remover o paciente da prancha rígida ou, se a lesão • Futuro esforço físico esperado
estiver presente, para identificar a lesão de modo que o tratamento •Potencial de desenvolver dor crônica
imediato possa ser realizado. Para esse fim, a TC tornou-se o método •Potencial de interferência em ocupação futura
padrão para a avaliação das regiões torácica e lombar. A TC de tórax,
abdome e pelve com contraste é rotineiramente obtida na mesma De Mirza SK, Mirza MJ, Chapman JR, Anderson PA: Classifications of thoracic
população em risco para fraturas de coluna torácica ou lombar a and lumbar fractures: rationale and supporting data, J Am Acad Orthop Surg
fim de avaliar a lesão visceral. Vários autores têm demonstrado 10:364, 2002.
que a tomografia computadorizada do tórax, abdome e pelve tem
PARTE XII A COLUNA

- -Ligamento
longitudinal
ante rior

A A1 A2 A3

);
Ligamecto
longitu ndinal
posterior
J B B1 B2 B3

e C1 C2 C3

OM'l;@Em AO/Magerl Classificação das lesões da co luna . A,


Lesões de compressão: A1, lmpacção; A2, Separação; A3, Explo-
são . B, Lesões d istração: 8 1, liga mentar posterior; 82, ósseo pos-
terior; 83, anterior através de disco. C, Lesões com rotação: C1,
t ipo A com rotação C2, tipo 8, com rotação; C3, rotação e
cisa lhamento.

H!§il;MEIE:I Classificação das três colunas da instabi lidade


vertebral. Ilustrações de co lunas a nterior, média e posterior (ver cada tipo de lesão. Esses subtipos estão subdivididos em 53 possíveis
texto). padrões. Em 2005, um esforço de colaboração do Spine Trauma
Study Group produziu o sistema de pontuação de gravidade da lesão
toracolombar (TLISS) . Esse sistema incorpora o exame neurológico
não foi fundam ental para bons resultados em uma população de do paciente de forma mais direta, se comparado com os sistemas
mineiros, que foi a base de seus estudos. Eles também classificaram anteriores, e usa essas informações com a morfologia da fratura e da
como fraturas estáveis ou instáveis com base na probabilidade de integridade do complexo ligamentar posterior para obter uma pon-
aumentar a deformidade e lesão medular. Outros sistemas usam tuação numérica de uma determinada lesão. O valor numérico é
"instabilidade" como um termo substituto para lesão neurológica e então utili zado para orientar as opções de tratamento, as quais são
consideram lesões instáveis se uma lesão neurológica estiver pre- baseadas em opiniões consensuais. Esse sistema foi posteriorm ente
sente, sem considerar o padrão da fratura. Para classificar as fraturas modificado para tornar-se a Thoracolumbar Injury Classificatio-
é necessário imagem da coluna, mas a imagem mudou significativa- nand Severity Score (TLICS) pelo autor original, em um esforço de
mente nos últimos anos; a TC é agora a modalidade de escolha na melhorar a confiabilidade da classificação (Tabela 38-7). Houve inú-
maioria dos centros. O uso da RM ainda é controverso e tem um meros artigos avaliando a con fiabilidade dos diversos sistemas de
papel limitado nas regiões torácica e lombar. Houve alguns relatos classificação e comparação de um sistema para outro, ou compa-
indicando que a RM pode mostrar claramente as estruturas ligamen- rando os resultados dos mesmos cirurgiões classificando os mesmos
tares, mas até agora eles não foram corroborados por grandes casos em diferentes momentos. Geralmente, esses estudos não têm
estudos multicêntricos. Os sistemas de classificação têm seguido as mostrado um sistema de classificação superior ao outro. O sistema
opções de tratamento, que se tornaram mais diversos, à medida que TLICS é atraente, pois incorpora a função neurológica do paciente,
instrumentação para a fixação posterior segmentar, reconstrução e que é o determinante mais importante do prognóstico funcional de
fixação anterior, técnicas de artrodese e sistemas minimamente inva- um paciente com lesão na coluna vertebral. Embora a confiabilidade
sivos têm sido utilizados na condição do trauma. do sistema seja equivalente a outros sistemas, a validade dos parà-
A maioria dos vários sistemas de classificação atualmente em metros não foi demonstrada, o que também é o caso para as outras
uso é baseada em um mecanismo presumido de lesão com o padrão classificações. Além disso, as recomendações de tratamento são de
de lesões específicas reconhecidas ou com base na morfologia da evidência nível IV, tal como opinião consensual.
fratura. A classificação de Denis, com base em um modelo das três Denis desenvolveu o modelo de três colunas como uma ex ten-
colunas das vér tebras (Fig. 38-33), é um exemplo de um sistema são do trabalho de vários outros autores, com base em sua revisão
mecànico que permanece em uso generalizado. O sistema AO (Fig. de 412 lesões toracolombares, apenas 53 dos quais tinham tomogra-
38-34) baseia-se na morfologia da fratura com lesões mais graves, fias . Seu objetivo era destacar os padrões de lesões resultantes, tais
que evoluíram a partir de tipo A a C com subtipos 1 a 3, dentro de como compressão, flexão lateral ou rotação. Há uma tendência para
CAPÍTULO 38 FRATURAS, LU XAÇÕES E FRATURA-LUXAÇÕES DA COLUNA VERTEBRAL

:t;;';rSi';'~·: Classificação de Lesão 2. Em frat uras explosão estáveis, a coluna anterior e a média
ifABELA -~"'~ /:i: Toracolombar e Pontuação de falham devido a uma carga de compressão, sem a perda de
,'·· , Gravidade* integridade dos elementos posteriores.
3. Nas fraturas explosão instáveis, a coluna anterior e a média
falham em compressão e a coluna posterior é rompida. A coluna
PONTOS
posterior pode falhar em comp ressão, flexão lateral, ou rotação.
MECANISMO DE FRATURA Existe uma tendência a cifose pós-traumática e sintomas pro-
Fratura por compressão gressivos neurais devido a instabilidade. Se as colunas anterior
Fratura do tipo explosão 1 e média falham em compressão, a posterior não pode falhar
Translação/rotação 3 em distração.
Distra ção 4 4. As fraturas de Chance são as lesões por avulsão horizontal dos
ENVOLVIMENTO NEUROLÓGICO corpos vertebrais, causadas por flexão em torno de um eixo
fixo anterior ao ligamento longitudinal ante rior. Toda a vérte-
Intacto o
bra é separada por uma grande força de tensão.
Raiz nervosa 2
5. Nas lesões de compressão com flexão, a flexão do eixo é pos-
Medula, cone medular, incompleto 3 terior ao 1igamento longitudinal anterior. A coluna anterior
Medula, cone medular, completo 2 falha em compressão, enquanto as colunas média e posterior
Cauda equina 3 fa lham em tensão. Esta lesão é instável porque o ligamento
INTEGRIDADE DO COMPLEXO LIGAMENTOSO amarelo, ligamentos interespinhosos e ligamentos supraespi-
POSTERIOR nhosos geralmente são rompidos.
Intacto o 6. As lesões translacionais são caracterizadas por wn mau alinha-
Lesão suspeita/indeterminada 2 mento do canal neural, que foi totalmente rompido. Em geral,
Lesionado 3 todas as três colunas falharam em cisalhamento. No nível afetado,
uma parte do canal vertebral foi desviada no plano transversal.
*Pontuação ::; 3 - tratamento sem operação; pontuação ~ 5 - tratamento
com operação; pontuação 4 - tratamento com ou sem operação, depen-
dendo de qualificadores como condições médicas comórbidas e outras lesões.
De Vaccaro AR, Zeiller SC, Hulbert RJ, et ai: The thoracolumbar injury TRATAMENTO
severity score: a proposed treatment algorithm, J Spinal Disord Tech
18:209, 2005. O tratamento das fraturas que envolvem a coluna toracolombar
permanece controverso por várias razões. O primeiro é a determi-
nação de quais lesões são na verdade mais bem tratadas cirurgica-
mente e quais são mais bem tratadas conservadoramente; a segunda
cifose pós-traumática e sintomas neurológicos progressivos, por é a melhor abordagem para os pacientes que serão tratados cirurgi-
causa da instabilidade. Se as colunas anterior e média fa lham em camente; e a terceira é se o tratamento cirúrgico deve incluir uma
compressão, a coluna posterior não pode falhar em distração, e descompressão direta ou indireta ou se a descompressão é suficiente.
esse sistema leva em conta mecanismos de lesões específicas e não O tratamento não cirúrgico ideal também não é concordante no que
considera o tratamento ou resultados funcionais que se tornaram diz respeito ao fato de se um a redução postural deva ser realizada,
cada vez mais importantes demonstrar. Denis introduziu a ideia se o gesso inicial ou uma órtese toracolombossacral (TLSO) deve
abstrata da "coluna média", que não é uma estrutura anatômica ser usada para completar o tratamento, ou se o tratamento deve
distinta, mas sim a metade posterior do corpo vertebral, metade incluir um período de decúbito ou se a mobilização deve ser iniciada
posterior do disco intervertebral e o ligamento longitudinal pos- rapidamente. Até o momento, existem apenas dois ensaios clínicos
terior. O modo de insuficiência da colun a média foi utilizado randomizados que comparam o tratamento cirúrgico com trata-
para determinar o tipo de lesão e o risco de lesão neurológica. mento conservador da fratura toracolombar. No estudo de Wood et
Sua descrição não inclui uma definição de estabilidade. As lesões aL de 53 pacientes, não houve vantagens significativas nos resultados
foram designadas como menores (p. ex., processo transverso, radiográficos ou funcionais no tratamento cirúrgico. Além disso, os
pars interarticularis, processo es pinhoso) ou como maiores. As pacientes tratados cirurgicamente tiveram um custo muito mais
principais lesões foram divididas em quatro categorias, com base elevado de atendimento e maior taxa de complicações do que aqueles
no mecanismo presumido de compressão, explosão, do tipo cinto tratados conservadoramente. Em um segundo estudo, no entanto,
de segurança (lesão de Chance), ou fratura-luxação. Em um Siebenga et ai. apresentaram vantagens de resultados da fixação
estudo de TC em 100 pacientes consecutivos, com fraturas poten- curta posterior, em comparação com o tratamento conservador.
cialmente instáveis e fraturas-luxações, McAfee et aL determina- A maior série de pacientes ocorre u mais recentemente, com uma
ram os mecanismos de in suficiência do complexo osteoligamentar nova metodologia baseada na experiência do cirurgião como crité-
da coluna média e desenvolveram um novo sistema com base rio de inclusão para limitar viéses sem as limitações graves de um
nesses mecanismos. McAfee et aL categorizaram a insuficiência estudo prospectivo, randomizado e controlado. Nesse estudo, Sta-
do complexo osteoligamentar da coluna média em um dos três dhouder et aL compararam, retrospectivamente, 190 pacientes tra-
modos: compressão axial, distração axia l ou translação. Achamos tados em dois centros diferentes, cirúrgica ou conservadoramente
se u sistema simplificado útil para classificar as lesões da coluna para lesões toracolombares, independente do estado neurológico,
vertebral toracolombar. com os 190 pacientes selecionados de 636 pacientes no total, com
1. Fraturas por compressão em cunha causam insuficiência isolada base em recomendações de tratamento discordantes dos dois
da coluna anterior resultado de flexão para a frente. Eles rara- centros. O acompanhamento médio foi de 6 anos com um mínimo
mente são associados a déficit neurológico, exceto quando múl- de 2 anos. Os resu ltados funcionais em relação à dor e ao retorno
tiplos níveis vertebra is adjacentes são afetados. ao trabalho foram determinados para 137 desses pacientes. Eles
PARTE XII A COLUNA

concluíram que em relação à recuperação funcional e retorno ao magnitude da deformidade presente. A maioria dos pacientes com
trabalho, não houve diferença significativa entre os dois grupos. trauma torácico ou lombar não tem comprometimento neurológico,
O grupo submetido ao tratamento cirúrgico tinha mais pacientes e a maioria deles é tratada conservadoramente. Uma parcela relati-
com déficits neurológicos e mostrou uma tendência de melhora vamente pequena de pacientes tem padrões de lesões que necessitam
neurológica, mas esta não atingiu significância estatística. Em uma de tratamento cirúrgico. Déficit neurológico progressivo é uma cir-
revisão de 5.748 pacientes, Verlaan et al. constataram que o emprego cunstância que resulta em uma mudança para tratamento cirú rgico.
da pontuação ASIA é o melhor preditor de recuperação neurológica Isso ocorre com pouca frequência; na maioria dos estudos, a inci-
e que esta não é prevista vinculada ao tratamento cirúrgico ou con- dência está entre 0% e 2% dos pacientes, o qu e é consistente com a
servador. Até o momento, nenhum benefício claro para a recupera- nossa experiência. Os doentes que desenvolvem agravamento signi-
ção neurológica foi observado após o tratamento operatório. Vários ficativo da sua deformidade, com desequilíbrio global no plano
estudos têm demonstrado que a recup eração neurológica ocorre em sagital ou coronal, em vez de deformidade regional, são tratados
pacientes com fratura toracolombar tratados conservadoramente. operatoriamente. Existe uma relação fraca entre a cifose localizada
Normalmente, as lesões incompletas (ASIA B-D) vão melhorar um no nível lesionado e resultado funcional, apesar de a lesão do com-
grau com uma das formas de tratamento e diversos estudos, incluindo plexo ligamentar posterior ser considerada estruturalmente impor-
aquela de Wood et ai. que não mostrou benefício para cirurgia com tante. Para detectar alterações no alinhamento geral, radiografias
respeito à correção de estenose do canal espinal, causada por retro- ortostáticas são obtidas após o paciente começar a se mobili zar.
pulsão de fragmentos ósseos. Daniels et ai., em uma série retrospec- Os pacientes que têm lesão neurológica, lesões do cone medular
tiva de 24.098 pacientes com lesões toracolombares de 25 hospitais ou lesões da cauda equina são tratados com cirurgia mais freq uen-
dos Estados Unidos, constataram que 91,7% dos pacientes não temente. Instrumentação posterior de curto-segmento é a constru-
tinham lesões neurológicas. Cerca de 9% dos pacientes sem lesão ção mais usada, mas o desenho da instrumentação específica é
neurológica foram tratados cirurgicamente, em comparação com ditado pelo padrão da lesão e da alteração neurológica do paciente.
61,4% dos pacientes que tiveram um déficit neurológico. O tipo de A redução da fratura anatômica, embora desejável, não tem sido o
ambiente hospitalar onde o tratamento foi realizado foi um deter- objetivo do tratamento primário. Os limites acei táveis de deformi-
minante importante quando o paciente recebeu tratamento opera- dade res idual nos planos sagital e coronal associados ao resultado
tório ou conservador. Os pacientes, com ou sem lesão neurológica, funcional não são determinados. Em sua série original dos pacien-
tratados em um hospital de ensino urbano ou um hospital de grande tes, Nicoll et ai. constataram que dos 50 pacientes que retornaram
demanda eram mais propensos a ter cirurgia indicada do que em ao pleno funcionamento, trabalhando como mineiros por pelo
um hospital não envolvido com ensino. Esses números foram signi- menos 2 anos, 24 (48%) tinham alguma deformidade residual.
ficativamente diferentes. O que não está claro é se esses mesmos pacientes teriam atingido a
As questões de abordagem e a necessidade de descompressão recuperação funcional mais rápida e com menos dificuldade se a
muitas vezes estão ligadas. Embora não haja nenhuma literatura defi- deformidade não estivesse presente.
nitiva provando os benefícios da descompressão cirú rgica em fraturas O tratamento não operatório consiste em uma órtese torcolom-
toracolombares, a maioria dos cirurgiões de coluna não recomendaria bossacral (TLSO) para a maioria dos pacientes com lesões caudais a
permitir a compressão neural persistente na presença de um déficit T7 para aj udar a controlar flexão lateral, embora órteses tipo Jewett
neurológico. Isto é baseado em vários estudos com animais, que também sejam utilizadas com bastante frequência quando a flexão
datam de várias décadas e que têm mostrado relação entre a recupe- lateral é uma preocupação menor e ditada pelo hábito corporal.
ração neurológica e a descompressão do tecido neural, permitindo a Lesões que são proximais a T7 são difíceis de imobilizar, especial-
restauração do fluxo sanguíneo regional. Além disso, um estudo feito mente se ocorrerem frat uras de costelas no nível lesionado. Comor-
por Bohlman et ai. demonstrou recuperação neurológica ocorrendo bidades, lesões concomitantes e nível antecipado de atividade do
depois que um platô de recuperação foi alcançado quando uma des- paciente são alguns dos fatores individuais considerados ao determi-
compressão tardia foi feita. Não há valor absoluto para o comprome- nar se o tratamento com uma órtese é uma opção razoável para um
timento do canal que teve relação com déficit neurológico. Panjabi et paciente em particular. O tratamento com órtese é iniciado o mais
ai. demonstraram, com um modelo de lesão dinâmico, que a invasão rápido possível para começar a mobilização, e uma redução postural
do canal no momento da lesão era 85% maior do que era evidente em geralmente não é feita. Depois que o paciente foi mobilizado suficien-
imagens estáticas pós-lesão. Isso explica por que não há relação entre temente, as radiografias na posição ortostática centrada no nível da
o comprometimento do canal em exames de imagens estáticas pós-le- lesão são revisadas para confirmar a manutenção adequada do alinha-
são e déficit neurológico. A descompressão direta não é indicada se o mento, e radiografias de corpo inteiro (panorâmicas) são obtidas
paciente não tem qualquer déficit neurológico, mesmo com invasão assim que possível. A órtese é usada em todos os momentos em que
significativa do canal no momento da apresentação, porque este não o paciente está na posição ortostática, além de 30 graus a partir da
está relacionado com o desenvolvimento de um déficit subsequente. hori zontal por 12 semanas ou mais, se a evolução clínica não for tão
Uma descompressão indireta, muitas vezes, é realizada durante a esta- rápida como o esperado.
bilização operatória de lesões toracolombares. A abordagem que
oferece a melhor oportunidade para a descompressão é selecionada
quando a descompressão direta é considerada segura, pois as opções FRATURAS POR COMPRESSÃO
de fixação tornam-se mais versáteis, e a fixação estável geralmente será
possível com a fixação anterior ou posterior se a fixação raramente As fraturas por compressão são caracterizadas pela perda de altura do
combinada for necessária, dependendo de quais estruturas anatômi- corpo vertebral anterior, sem perda de altura na região vertebral pos-
cas foram lesionadas. terior e nenhuma lesão ligamentar ou óssea posterior. A RM não é
Em nossa prática, o tratamento de fraturas toracolombares é indicada rotineiramente, a menos que lesão ligamentar seja suspeita
determinado, principalmente, pelo estado neurológico do paciente, por causa de mais de 25 graus de cifose segmentar. O tratamento de
uma determinação da integridade funcional da coluna vertebral fratura por compressão é com um TLSO por 12 semanas, com trata-
baseada em estruturas especificamente lesionadas e o tipo e a mento medicamentoso da dor, qu e é sign ificativa, e retorno gradual à
CAPÍTULO 38 FRATURAS, LUXAÇÕES E FRATURA-LUXAÇÕES DA COLUNA VERTEBRAL

Fragmentação

Grau 1 Grau 2 Grau 3


<30% de fragmentação 30%-60% de fragmentação >60% de fragmentação

Aposição

Grau 1 Grau 2 Grau 3


Luxação TC Pelo menos 2 mm Pelo menos 2 mm
axial mínima de luxação de < 50% de de luxação de > 50% de
secção transversal do corpo secção transversa l do corpo

Cifose

Grau 1 Grau 2 Grau 3


Correção da cifose Correção da cifose Correção da cifose
3º da radiografia lateral 4%-9% da radiografia lateral 2:1Oº da radiografia lateral

O!§i!;JfiEim Valores de gravidade da fratura atribuídos por McCormack et ai.


atividade. A dor mais intensa geralmente melhora após 3 a 6 semanas. requ er intervenção cirúrgica. Estas fraturas podem, no entanto, apri-
As radiografias ortostáticas devem ser revistas após imobilização, para sionar as raízes nervosas e, se houver déficit neurológico necessitam
verificar que não há agravamento da deformidade. Se o paciente tiver de descompressão, em seguida, a estabilização será necessária após
uma lesão ligamentar posterior e uma fratura do corpo anterior, o a descompressão. Se o paciente tem déficit neurológico que envolve
tratamento cirúrgico será uma opção. A reconstrução da banda de mais de uma única raiz, a descompressão e estabilização operatória
tensão posterior de curto segmento que pode ser colocada por via serão recomendadas. A descompressão pode ser indireta usando a
percutânea tem se mostrado promissora nesse cenário, mas estudos distração e a ligamentotaxia através do ligamento longitudinal pos-
de longo prazo são necessários. Os procedimentos intraósseos, como terior in tacto ou uma descompressão direta, que pode ser feita ante-
a cifoplastia, devem ser reservados para fraturas patológicas de baixa riormente ou posteriormente. Se houver uma lesão orientada
energia. As fraturas de alta energia podem ter linhas de fratura que horizontalmente, posteriormente nas pars interarticularis, lâminas
não estão visíveis na TC, que podem estender-se através do córtex ou um a ruptura da faceta, isso sugeriria urna força de distração e
posterior, permitindo a entrada de cimento ósseo no canal medular. não uma lesão de carga axial, e o ligamento longitudinal posterior
poderia ser rompido, então a ligamentotaxia não deve ser empre-
gada. Para os pacientes sem déficit neurológico, que são tratados
FRATURAS TIPO EXPLOSÃO cirurgicamente, é usada a redução por via de acesso posterior indi -
reta. Os termos explosão estável e explosão instável são ambíguos e,
As principais características desta lesão são fraturas do corpo verte- em nossa opinião, devem ser evitados em favor de uma avaliação
bral na região posterior com retropulsão de osso em direção ao canal est ru tural de cada porção específica de vértebras. Isso permite urna
vertebral e ampliação da distância interpedicular relativa aos níveis avaliação global da integridade estrutural da coluna e forma a base
adjacentes. Vários estudos têm demonstrado que não existe uma para o tratamento mais lógico. Caso o tratamento seja escolhido, ele
correlação de confiança entre o grau de comprometimento do canal também pode aj ud ar a direcionar a abordagem anatômica e da
e da função neurológica, de modo que a porcentagem de estenose extensão da estabi lização que for necessária. Se a estabilização ope-
do canal não é usada como uma indicação isolada para cirurgia. ratória for realizada, instrumentação de segmento curto para pre-
É muito incomum um paciente desenvolver um déficit neurológico servar os segmentos de movimento será desejável, especialmente,
com a imobilização adequada para uma frat ura explosão, mesmo em nos níveis lombares médio e inferior. A classificação da fratura de
uma co ndi ção de grave comprometimento do canal. As fraturas das sup orte de carga de McCormack et al. (Load Shering) é útil para
lâminas qu e são não desviadas e orientadas verticalmente não determinar se uma artrodese curta tem probabilidade de falhar com
afetam de forma significativa a capacidade da coluna de suportar base nas características da fratura (Fig. 38-35). Para lesões que não
forças de carga axial, e a mera presença de uma linha de fratura não podem ser estabilizadas utili zando instrumentações curtas, uma
~ PARTE XII A COLUNA

construção longa pod e ser utili zada na colun a torácica sem sacri ficar LESÕES POR EXTENSÃO
m ov im ento clinica m ente imp ortante. Na co luna lomb ar, a d esco m -
pressão anterior e recon stru ção geralm ente permitem a prese rva- Lesões por m eca nism o de extensão são id entificadas pelo alon ga -
ção d e segm entos d e m ovimento e ra ra mente necessitam d e m ento da coluna anteri or e ocor rem mais comumente na colun a
es tabili zação p oste ri o r suplem enta r n os m esm os níve is. Lesões to rácica. Ao contrário d as lesões cer vica is em extensão, qu e po d em
coexistentes e status neu rológ icos do p ac iente d eve m ser consid e- ser apenas ligam entares ou fraturas, as lesões na região toracolombar
rados no planejam en to o pera tó rio. O objeti vo é alcançar a es tabi- são quase sempre de fraturas em pacientes com espondilite anqui-
lid ad e sufic iente pa ra p ermitir co nsolidação d a a rtrod ese, de m odo losante o u hiperostose esqu elética idiopática dissem in ada. Para os
a ava nça r à es ta bilid ad e d efi nitiva. Pa ra pacientes qu e n ecess itam pac ientes com défi cit n eurológico mínimo na apresentação, o reco-
d e d esco mpressão m ais completa d a m ed ula espin al, a d esco m - nh eci m ento precoce d este padrão de lesão é crucial p ara evitar lesão
pressão anterior direta é favo recida. iatrogênica assoc iad a ao mover o paciente para pos terior avali ação
o u tratam ento d e o utras lesões. Estas lesões são muito instáve is, e
translação, ge ra lmente a retrolistese, po d e causar lesão d a m edul a
LESÕES POR DISTRAÇÃO espinal. É fund am ental evitar colocar o paciente em dec úbito d o rsal
h o rizontal. A es tabilização preco ce com um a construção posterior
A ca rac terística fu nd amental d este tip o de lesão é o estiram ento longa utilizando fixação seg mentar é o tratamento recomend ad o.
d a colun a posterio r, que se es tend e p ara a p arte m édi a o u p oss i- Além dos d éfi cits neurológicos decorrentes de translação da coluna
velm ente todo o trajeto através da p o rção m ais anterior da co lun a vertebral, os pac ientes estão em risco d e desenvolv im ento d e hem a-
vertebra l. É imp o rtante di stin guir entre lesões d e fl exão distração tom as epidurais. Se um paciente tem piora n eurológica, a ressonân -
e lesões de fl exo-co mpressão. Amb as as lesões têm p osterior alon - cia m agnética d e em ergên cia é indicad a pa ra avaliar o alinham ento
gam ento, indi ca nd o lesão d o co mpl exo pos terior osteoligam entar. do can al espinal e por um hem ato ma. Durante a avali ação, o p aciente
A dife re nça é que o centro insta ntân eo d e rotação n o momento d a é apoiado na sua posição em cifose es truturada.
lesão é localizad o dife rentem en te. Lesões po r flexão- di stração são
m ais bem representa das p ela lesão "Ch an ce", d escrita em 1948.
Essa lesão é classicam ente locali zad a na co lun a lombar superi o r FRATURA-LUXAÇÃO
em p essoas envolvidas em co lisões d e ve íc ulos automotores, que
es tava m usando cintos d e segurança d e do is pontos d e fixaç ão em A característica patogn o m ônica para este tipo de lesão é a luxação
volta d a cintura. Com o im pac to, a co luna lomb a r fl exiona em e tran slação n o pla no axial. A luxação po d e se r m ais evid en te na
torn o d o cinto d e seguran ça e a lesão ocorre, assim co m o a es tru - reco nstrução sagita l ou coron al, mas n ão po de ser assim d em on s-
tura óssea, ligam ento s ou amb os falh am em tensão em torno d o trado nas im agens axiais, ao menos qu e doi s corpos vertebrais
centro d e rotação, e m virtud e do cinto d e seg uran ça, co mprimind o esteja m prese ntes na image m axial d a to m ografi a. Ta mb ém po d e
o co nteúd o ab do minal co nt ra a colun a anterio r. Pelo fato d e a haver um comp onente d e ro taçã o (fl exão ou exte nsão) prese nte;
rot ação ocorrer em to rn o d e um ponto a nteri or à colun a verteb ra l, alguma s lesõ es têm distração como um compon ente impo rtante,
o es tira m en to o co rre m esm o qu e o liga mento lo ng itu d inal ante- m as a luxação e translação id entifica a fra tura -luxação. Esse padrão
r ior fa lh e em ten são, d e m o d o q ue ne nhum a estrutu ra perm a nece d e lesão é o m ais grave e é ge ralmente assoc iad o a uma lesão ne u-
intac ta. É impo rtante reconh ecer qu e q uand o esse fa tor estiver ro lóg ica significa tiva. Es tas lesões são instáveis em cisalhamento e
presente, o tratam ento cirúrg ico d eve rá se r realizad o. C onstru - re querem instrum enta çõ es longas com fixação segm entar. A
ções p os teriores d e compressão são utili zadas pa ra estabili zar redu ção da fratura e alinham ento da co lun a vertebral são objetivo s
lesões, e a distração d eve se r evitad a, po is n ão existe uma es tru - m a is importantes, do qu e a d escompressão, p ois muito s têm lesões
tura intac ta p ara im pedi r o a lo ngam en to excessivo d a coluna ver- n eu rológicas completas qu e n ão serão benefi ciad as p ela d escom -
tebral e dos elem entos n eu ra is. Lesões d e fl exão d e compressão pressão. Alcançar a estabilid ad e final d epende d a o btenção de uma
ocorre m quand o o ce ntro d e rotação es tiver loca li zado dentro d a fu são sólida.
colun a, ta l que as es truturas poste riores fa lham sob ten são e es tru-
turas anteriores fa lh am em comp ressão. A compressão é um m o d o
de insufic iên cia d e osso, m as não p ara es truturas ligam entos as, p or DESCOMPRESSÃO
isso, n es te exe mplo, o ligam ento longitudinal anterior é preserva d o
e pode se r utili zad o com o um ponto d e artic ul ação durante a O papel da desco mpressão cirú rgica é controverso. H á diferenças
estabili zação op eratória. A esta bilização operató ri a po d e ser alcan- regio nais no fluxo d e sangu e d a m edula e diferen ças na suscetibili -
çada pos teriorm en te, usando a distração cuidadosa e co ntrola d a e dade à lesão n eural por região anatômica, progredindo a pa rtir da
urn a h as te m olda da liger am e nte em lo rd ose. Isso per mite um a m edul a espinal p ara o con e m edular e cauda equina. O canal verte-
m elh or co rreção d a cifose que está p resente co m esse tip o d e bra l n a região to rácica é pequ eno, e o suprimen to d e sangue d a
lesão d o qu e um a con stru ção d e co mpressão. Co m o a lesão óssea m edula é escasso; a lesão neurológica significativa é comum com
posteri o r o corre em di stração e há co minuição mínim a, um a vez fraturas graves e lux ações n a colun a to rácica. Fratu ras ou fratura-lu-
alca nça d a a r ed ução, as lesões são ca pazes de res istir a algum a xação na região lombar podem resultar em luxação grande e ainda
carga axial, então, as co nstru ções curtas geralmente são su fic ie n- causam pouco o u nenhum d éficit neu rológico. O can al verteb ra l é
tes. As lesões d e d istração, e m geral, es tão ass o cia d as a d efic iên - maior não só nesta área, m as tamb ém a m edula espina l termina
cia ne urol ógi ca, e essas lesões são tra ta d as cirurgicam ente co m aproximad am ente no nível da primeira vértebra lomb ar e a cauda
in strum entaçã o c urta e re m oção d o liga m e nto am are lo ro mpid o, equina é menos vulnerável do que a m edula p ara lesões. Wilcox et ai,
que po d e p rotrui r d entro d o ca na l, espec ia lm ente se uma técn ica em um m o d elo d inâm ico in vitro, m ostraram que a compressão
d e compressão fo r utiliza d a. Se a lesã o for lesão óssea d e C hance m áxim a da m edula e o estreitam ento d o can al vertebral ocorrem no
verdade ira, sem d éfi cit n eurol óg ico, a re dução sati sfa tó ria p ode rá mo mento d o impac to; ambos m elhoraram após rec uo d os fragm e n-
se r obtid a com um a órtese em hip erexte nsão tip o TLSO durante tos ósseos em repouso. O grau de estreitam ento fin al do canal foi
12 se m a nas. m al relac ion ado com a TC o btida após a lesão. Kro mpinger et ai.
CAPÍTULO 38 FRATURAS, LUXAÇÕES E FRATURA-LUXAÇÕES DA COLUNA VERTEBRAL

Otrii@imr!I Técnica de descompres-


são posterolateral. A, Fratura explosão L1.
B, Pedículo, processo transverso e porções
laterais da faceta T12-L 1 são removidos
após raiz L1 ser isolada . C, Depois de os
fragmentos terem sido rebai xados, eles são
reduzidos no corpo vertebral.

informaram que a análise final da TC de pacientes com fratura tipo para descompressão do canal espinal usando ligarnentotaxia é uma
explosão, tratados conservadoramente, mostrou resolução significa- técnica qu e utiliza a instrumentação posterior e urna força aplicada
tiva de comprometimento do canal ósseo. Essa conclusão foi também ao liga mento longitudinal posterior intacto, para reduzir o osso
demonstrada por Wood et ai. O processo de remodelação parece ser retropulsado no canal vertebral pelo tensionarnento do ligamento
relacionado com a idade e o tempo e segue os princípios esperados longitudinal posterior. Vários autores têm documentado excelentes
de remodelação óssea para estresse aplicado. Fontijne et ai. mostra- resultados com esta técnica, a qual é fam iliar à maioria dos cirurgi-
ram que a remodelação e a reconstituição do canal medular ocorrem ões ortopédicos. Problemas com esta técnica ocorrem se a cirurgia
nos primeiros 12 meses após a lesão (50% do diâmetro normal da fo r adiada por mais de 10 a 14 dias, pois a redução indireta do canal
lesão e 75% em 1 ano de acompanhamento). Esses autores concluí- vertebral não pode ser obtida após o início da consolidação da
ram qu e o tratamento conservador da fratura explosão toracolom- frat ura. Além disso, as fraturas muito cominuídas com vários frag -
bar é seguido por um acentuado grau de remodelação espontâneo mentos de osso endereçados para dentro do canal vertebral podem
do canal vertebral deformado, que apoia o tratamento conservador não ser completamente reduzidas pela instrumentação de distração.
de fraturas explosão toracolombares em pacientes selecionados. Se o si nal da cortical inversa estiver presente, o ligamento longitu-
Déficits neurológicos não se desenvolveram nesses pacientes. O tra- dinal posterior provavelmente não estará íntegro, e a ligarnentotaxia
tamento das frat uras explosão torácicas e lombares deve ser indivi- não vai ocorrer.
duali zado, e o comprometimento do canal a partir de fragmentos A técnica posterolateral para descompressão do canal vertebral
ósseos retropulsados não é uma indicação absoluta para a descom- é eficaz na transição toracolombar e na coluna lombar. Esse proce-
pressão cirúrgica. dimento envolve hemilaminectomia e remoção de um pedículo com
É importante distinguir entre o comprometimento do canal broca de alta velocidade, para permitir a descompressão posterola-
sem tecido neural residual, que não está relacionado com a lesão teral da dura-máter ao longo de seu aspecto anterior (Fig. 38-36).
neuronal, e compressão neural residual, que se relaciona com a lesão Na coluna torácica, onde menos espaço está disponível para a
neuronal. A compressão dos elementos neurais por fragmentos de medula, esta técnica envolve maior risco para os elementos neurais.
osso retropulsados pode ser aliviada indiretamente através da apli- A abordagem anterior permite descompressão direta do saco durai,
cação de forças distrativas através de instrumentação posterior ou mas é uma abordagem menos familiar para muitos cirurgiões. As
diretamente pela exploração do canal vertebral, através de urna estruturas viscerais e vasculares podem ser lesionadas, e essa abor-
abordagem posterolateral ou anterior. Não há um consenso univer- dagem traz o maior risco potencial de morbidade. Além disso, a
sal quanto a indicações para cada uma delas. A abord agem indireta descompressão anterior e a colocação de um enxerto de sustentação
~ PARTE XII A COLUNA

ou gaiola proporciona estabilidade imediata pequena para a fratura


em uma haste individual, será possível uma excelente
se o ligamento longitudinal anterior for preservado. Para se ter uma
redução de fratura. A maioria dos sistemas atua is oferece
estabilidade adequada, a fixação anterior é necessária se a descompres-
uma variedade de opções de tamanho de parafusos e
são anterior for feita. O papel dos dispositivos de fixação interna ante-
escolhas do material da haste para o cirurgião rea lizar a
rior tem evoluído nos últimos anos, e esses dispositivos têm provado
estab ilização de acordo com a necessidade do paciente
ser seguros e benéficos para alcançar a estabilização da coluna. A neces-
específico. As técn icas minimamente invasivas atua lmente
sidade de procedimentos adicionais de estabilização posterior foi elimi-
não são tão versáteis, mas permitem a aplicação de força
nada em alguns pacientes. Quando a descompressão anterior e enxerto
corretiva, t ais como compressão ou distração. O papel da
de sustentação ou colocação de gaiola são realizados na presença de
estabi li zação minimamente invasiva não está bem estabe-
instabilidade posterior, a instrumentação posterior e fusão podem ser
lecido e neste momento nós raramente usamos essas téc-
feitas para melhorar a estabilidade. Essa fixação combinada posterior e
nicas. Acreditamos que im plantes vertebra is devem ser
anterior permite construções mais curtas.
usados apenas por cirurgiões experientes da coluna, que
Neste momento, somos a favor da instrumentação posterior
têm um con hecimento profundo de anatomi a da coluna,
precoce, com descompressão direta ou indireta posterolateral na
para reduz ir a incidência de complicações, inclui ndo frat ura
maioria dos pacientes que necessitam de tratamento cirúrgico. Se a
do pedículo, laceração durai, lesão da ra iz nervosa, lesão
compressão neural residual significativa (não pequeno estreita-
da medu la esp ina l e lesões vasculares. Intensificação de
mento do canal vertebral) existe no pós-operatório em um paciente
imagem é util izada rotineiramente pa ra aju da r na co loca-
com lesão medular incompleta, uma descompressão anterior e
ção do parafuso; não foi considerada útil a im agem-gu iada
reconstrução são feitas se não houver melhoria clínica significativa
por navegação, exceto em casos incomuns.
ao longo de um período de tempo razoável ser observado. A des-
compressão posterior deve ser cuidadosamente considerada em
TÉCNICA ~
todos os pacientes com fraturas laminares ver ticais posteriores, por :...-~~~~~~--~
ca usa do aumento da frequência de lesões durais com raízes nervo- • Uma mesa totalmente rad iotransparente é usada. Posicionar
sas expostas e a possibilidade de aracnoidite pós-traumática grave. o paciente para permitir a redução postural quando colocado
O exame neurológico cuidadoso é necessário para detectar algum as em decúbito ventral usando coxins adaptados colocados
deficiências; no entanto, em pacientes gravemente feridos ou obn u- transversal ou longitudinalmente, dependendo da extensão
bilados, o exame neurológico confiável pode não ser possível. Ozturk do suporte postural desejado. Se o paciente for neurologica-
et ai. encontraram lesões durais em 25% dos 25 pacientes com fra- mente intacto ou com lesão incompleta, o neuromonitora-
turas explosão torácica e lombar com frat ura da lâmin a vertical mento é utilizado se as dimensões do canal da coluna forem
associada. Eles foram mais comuns em L2 a L4. Para pacientes com indiretamente manipuladas durante a operação.
lesões graves na medula espinal, mas incom pleta nos níveis de Tl2 •Obter im agens da colu na para confirmar o grau de
para L3, a descompressão anterior e reconstrução é o tratamento de redução vertebral postu ral após o posicionamento, e
escolha. Uma abordagem minimamente invasiva é utilizada sempre determ inar os limites da incisão. Preparar a região da
que possível. coluna vertebral toracolombar para ser instru ment ada
No pós-operatório, uma TC da coluna com reconstrução junto com a crist a ilíaca.
sagital é obtida através do segmento lesionado para melhor aval iar •Fazer uma incisão de marcação pontuação de um processo
a adequação da descompressão medular. Em um a revisão retrospec- espinhoso acima da área a ser instrumentada para um
tiva de 49 pacientes não paraplégicos que apresentaram uma fratura processo espinhoso abaixo da área a ser instrumentada .
tipo explosão toraco lombar, instável, aguda, Danisa et ai. concluí- •Infiltrar a incisão, o te cido subcutâneo e muscu lar com
ram que os pacientes tratados com cirurgia posterior tiveram um solução de epinefrina (1 mg em 500 ml de solução sa li na)
tempo de cirurgia menor, estatisticamente, e perda de sangue menor. e, em segu ida, completar a incisão em planos profundos.
Eles observaram não haver diferenças significativas de intergrupos • Continuar a dissecção com eletrocautério até a fáscia.
entre aqueles tratados com descompressão e fusão anterior, descom- Delinear a fáscia para o fechamento mais tarde. Conti-
pressão posterior e fusão, e cirurgia anterior e posterior combinadas, nuar a dissecção através da fáscia.
quando se considera a correção cifótica pós-operatória, a função •Usar eletrocauterização para li bertar o músculo do osso,
neuro lógica, ava liação da dor ou a capacidade de retornar ao traba- cu idadosamente no nível da fratura. Fiqu e ate nto para
lho. A cirurgia por via de acesso posterior mostrou ser tão eficaz evidências de um extravasamento de líquido cefalorraqu i-
quanto a por acesso anter ior ou cirurgia por dupla via no tratamento diano ou a presença de ra ízes nervosas livres.
de fraturas tipo explosão toracolombares instáveis. Dos três proce- •Continuar a ampliar a dissecção até as pontas dos pro-
dimentos, a cirurgia posterior demora menos tempo, causa menor cessos transversos da coluna toracolombar.
perda de sangue e é a menos dispendiosa. •Usar intensificação de imagem pa ra identifica r o nível
superior a ser instrumentado.
• ESTABILIZAÇÃO POSTERIOR
COLOCAÇÃO DO PARAFUSO PEDICULAR TORÁCICO
FIXAÇÃO SEGMENTAR LOMBAR E •Obter uma visão anteroposterior verdadeira da vértebra.
TORACICA COM PARAFUSOS Deste ponto de vista da placa terminal superior, deve
aparecer como uma linha acentuada com a porção mais
PEDI CU LARES superi or do ped ículo, apenas superi or à placa term inal.
O uso de parafuso pedicu lar e haste contin uo u a aumentar Os pedículos devem ser sim étri cos um com o outro, e a
para ambas as fraturas da colu na toracolombar durante a ponta do processo esp inhoso deve ser sobreposta na
última década. Usa ndo a f ixação segmentar, moldagem da linha média da vértebra. É fundamenta l ajustar a imagem
hast e e as forças de compressão e distração, como indicado até essa visão ser adquirida.
CAP ÍTU LO 38 FRATURAS, LUXAÇÕ ES E FRATURA-LUXAÇÕES DA COLUNA VERTEBRAL

• Posicionar uma broca perto da base superior medial do pro- bissetriz do pedículo na incidência lateraldo intensificador
cesso transverso, de tal modo que se sobreponha à posição de imagem. Penetrar na cortical neste loca l, que fica perto
de 2 horas no pedículo direito ou na posição de 1O horas no da junção da pars interarticularis e a superfície articular
pedículo esquerdo, na incidência anteroposterior. Utilizar a superior. Decorticar o processo transverso antes da inser-
broca para penetrar a cortical nesta localização. Usar isso ção do parafuso, melhorar a eficácia de decorticaçã o e
como o ponto de partida para um perfurador pedicular. aumentar o leito de fusão óssea.
•Avançar o perfurador em pequenos incrementas, monito- •Utiliza r a abertura cortica l como o ponto de partida e
rando a imagem anteroposterior e dirigindo o perfurador ou avança r um perfurador de pedículo no pedícu lo. O perfura-
punctor mediaimente de tal modo que atravessa desde o dor é avançado anterior e med iaimente, de modo simu ltâ -
córtex lateral do pedículo para o córtex medial do pedículo, neo . Dirigir o perfurador mais med iaimente nos níveis
uma vez que penetra mais profundamente no pedículo. A lombares inferiores (em geral, 20 a 30 graus em LS e O a
trajetória do perfurador deve ser escolhida de ta l modo que 1O graus no nível L1). A orientação cefálica para caudal é
a ponta dele repouse na imagem do corticomedial após o guiada pela intensificação de imagem. Avançar a perfura-
avanço a uma profundidade de 18 mm. Isso irá permitir que ção para o terço anterior do corpo.
o perfurador atravesse o comprimento do pedículo e entre • Uma pequena sonda com ponta romba ou palpador é
no corpo vertebral posterior, na maioria dos pacientes antes usada para palpar o pedículo em todos os quatro qua-
de se tornar medial, para a margem medial do pedículo. Isso drantes e palpar o corpo vertebral lateral e ant eriormente
pode ser confirmado na incidência lateral de intensif icadores pa ra se certif icar de que não há quebras cort ica is.
de imagem se a anatomia for atípica. Assim que o perfura- • O parafuso de diâmetro maior que o pedícu lo aceitará (até
dor for avançado, dirigi-lo um pouco caudal. um parafuso de 6,5 mm) é normalmente colocado. Os
• Com o perfurador confirmado no corpo vertebral, avan- parafusos maiores podem ser colocados, mas são ma is pro-
çá-lo para a profundidade desejada . Não é necessário pensos a causar fratu ra do pedícu lo e perda de do orifício
ava nçar dentro do terço anterior do corpo vertebral. do pa rafuso. Parafusos poliaxiais são mais comumente
• Usar uma pequena sonda de ponta romba ou pa lpador usados, mas os parafusos monoaxia is podem ser úteis
para fazer liberar o pedículo por quebras corticais em quando das construções curtas, com um ún ico nível de
todos os quatro quadrantes e confirmar se o corpo ver- fixação acima ou abaixo da fratura. A uti lização de um
tebral não foi penetrado anteriormente . " macho" vai reduzir o risco de fratura do pedículo no
• Inserir o parafuso com maior diâmetro que o pedícu lo acei- osso esclerótico . Colocar o parafuso após a colocação do
tará . Isso pode ser determ inado a partir da incidência ante- enxerto ósseo na superfície decorticada.
roposterior do pedícu lo. Os pedículos mais estreitos são • Ajustar o intensificador de imagem a fim de obter uma
geralmente em níveis de T4 a T6 . Se o osso for muito denso imagem "final" do parafuso para verificar radiografi ca -
ou o parafuso for muito grande em relação ao pedículo, um mente que o parafuso está dentro do pedícu lo.
dilatador deverá ser usado antes da colocação do parafuso. •Colocar os parafusos restantes da mesma forma.
• Se o pedícu lo for estreito demais para aceitar até mesmo
COLOCAÇÃO DA HASTE
o parafuso de menor diâmetro, essa mesma técnica per-
•A descompressão direta é concluída antes da coloca ção
mitirá a colocação segura do pa rafuso com uma passa-
da haste. A costotransversectomia não é usada com tanta
gem do perfurador "dentro-fora-dentro". Ele vai entrar
frequência como a descompressão transped icu lar, mas
no osso e, em seguida, sair do osso para dentro da arti-
cula ção costovertebral e reentrar através da pa rede latera l ambas são técnicas úteis.
do pedículo para entrar no corpo vertebral. Isso perm ite •Corta r a haste, permitindo um excesso de comprimento
a colocação segura do parafuso, embora a fi xaçã o deste se a distração for aplicada.
seja menor do que com um pedículo intacto. •Moldar a haste para auxi liar na rea lização da redu ção.
• O mais comum é utilizar parafusos poliaxiais, embora Isso geralmente significa moldar pouco a cifose para
parafusos monoaxiais sejam usados ocasionalmente, se ajudar a reduzir a deformidade cifótica, quando a haste
for necessária mais rigidez. for reduzida no parafuso "tulipa" .
• Colocar todos os parafusos torácicos de forma seme- •Adaptar a haste nos parafusos, usando vá rios instrumentos
lhante (Fig . 38-37). de redu ção, se necessário, de modo a evitar a tração exces-
siva de qualquer parafuso individua l e inserir os bloquea-
COLOCAÇÃO DO PARAFUSO PEDICULAR LOMBAR dores no parafuso "tu li pa", frouxamente em cada nível.
• Nos segmentos lombares superiores, a mesma técn ica des- •Ap licar distração ou compressão, assim a lesão se adapta
crita para a coluna torácica é útil , pois os pedícu los podem ao contorno da haste in situ se necessário, para reduzir
ser mu ito estreitos, especialmente em L1 e L2. Para os a fratura . Aplicar o aperto fina l dos bloqueadores e colocar
níveis mais baixos com pedícu los ma iores, norma lmente, as ligações cruzadas .
preferimos colocar os parafusos lombares uti lizando uma •Confirmar a adequação da redução em incidências ante-
incidência lateral da vértebra sendo instrumentada, para roposterior e lateral.
ajudar a colocação do parafuso-guia . •Coletar enxerto ósseo esponjoso da crista ilíaca ou usar
• Obter uma visão lateral verdadeira da vértebra, assim como enxerto processado se não ti ver sido feito antes da colo-
indicado por placas terminais def inidas nitidamente, com cação do parafuso.
pedículos perfeitamente sobrepostos. Ajustar o intensifica- • Decorticar os elementos posteriores e processos transver-
dor de imagem até que esta seja obtida. sos em cada nível instrumentado e colocar o enxerto de
• Colocar a broca apenas posterior à junção do processo osso na superfície decorticada. Aloenxerto esponjoso pode
transverso e a reg ião articu la r superior, de acordo com a ser usado se fo r necessário osso ad iciona l. )
lllm) PARTE XII A COLUNA

Ponto de entrada
nas posições
horárias 1O e 2

e
O@ih!·'m9 Imagens de reconstru ção axial (A) e sagita l (B) em paciente com fratura-lu xação T12-L 1. C, Pedículos são perfurados
a uma profundidade de 18 mm, a partir de pontos de entrada, nas posições de 1O horas e 2 horas. D e E, Parafusos pediculares no
luga r com restauração do alinhamento anatômico. VEJA A TÉCNICA 37-15.
CAPÍTULO 38 FRATURAS, LU XAÇÕES E FRATURA-LUXAÇÕES DA COLUNA VERTEBRAL cm:m
•Fechar a fáscia sobre um dreno com sutura através dos placas term inais com as quais o suporte tem contato, a qualidade do
) osso do paciente e as propriedades do dispositivo de fixação ineren-
processos espinhosos.
• Fechar os planos teciduais restantes usando um fechamento tes, que podem ser diminuídas com erros técn icos na colocação.
subcutâneo de pele para menos problemas com as feridas.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO No pós-operatório, uma


ESTABILIZAÇÃO POR VIA ANTERIOR

------~
TC pode ser obtida para verificar a posição do parafuso e
determinar se há alguma compressão neural residual em um
TÉCNICA
paciente com déficit neurológico. O paciente é mobilizado no
primeiro dia de pós-operatório, com uma órtese, a menos •Após a indução da anestesia, colocar o paciente em decúbito
que outras lesões impeçam isso. A órtese é continuada de 8 lateral direito, com coxins adequados para permitir uma abor-
a 12 semanas, dependendo da resolução da dor e do acom- dagem torácica ou retroperitoneal do lado esquerdo. Apenas
panhamento radiográfico, para a evidência de consolidação raramente é indicada uma abordagem do lado direito. Fixar
e manutenção do alinhamento da coluna vertebral. o paciente à mesa, para evitar que ele se desloque para a
frente ou para trás durante o procedimento, que se não
detectado, pode levar a aumento do risco de lesão neuroló-
gica ou vascular. É importante que o paciente permaneça em
• ESTABILIZAÇÃO ANTERIOR posição lateral verdadeira, de modo que a trajetória do para-
A reconstrução anterior pode proporcionar uma estabilidade satisfató- fuso possa ser corretamente determinada (Fig. 38-38A).
ria, sem que isso implique necessariamente em um procedimento pos- • Concluir a rotina de preparação da pele, incluindo a crista
terior. Sasso et ai. analisaram uma série de 40 pacientes com lesões de ilíaca se esta for usada como uma área doadora de enxerto.
três colunas que foram tratados com reconstrução por via anterior, e •Usar o intensificador de imagem para localizar a incisão
descobriram que 91 % das pessoas com déficits neurológicos incomple- pretendida, diretamente latera l ao segmento lesado. Na
tos melhoraram a um grau modificado de Frankel e 95% dos pacientes coluna torácica isto é normalmente através da costela,
tiveram consolidação satisfatória com a manutenção do alinhamento. que é dois níveis acima do nível lesionado. Para as lesões
O estudo foi retrospectivo, mas incluiu vários cirurgiões e dois locais. lombares, uma abordagem retroperitoneal através da 1Oª
A abordagem para a reconstrução anterior varia cons ideravel- ou 11 ª costela, normalmente, é usada.
mente de acordo com o nível de lesão (T4 a L3), e muitos centros • Fazer uma incisão na área da costela e dissecar para baixo
têm um a abordagem conjunta, usando um cirurgião card iovascu lar ao periósteo costela com eletrocautério. Elevar o periósteo,
ou cirurgião geral, juntamente com um cirurgião da co lun a. As circunferencialmente, em torno da costela e elevar o fei xe
principais vantagens de uma reconstrução anterior são descompres- neurovascular da margem da costela inferior. Ressecar a
são direta e restauração da porção de suporte de carga axial da porção da costela necessária para o acesso à coluna. Cer-
colun a com um dispositivo d e suporte. Com a restauração de sus- tificar-se de remover costela suficiente posteriormente. A
tentação de carga através da coluna anterior, instrumentações mais costela pode ser utilizada ao longo com o corpo vertebral
curtas são possíveis, que podem permitir a preservação de mais ressecado para o enxerto ósseo e deverá ser preservada.
segmentos normais de movimento em a lgumas situações clínicas. A • Para uma abordagem transtorácica (T4 a T1 O), entrar no
correção da cifose também é reforçada com uma abordagem ante- espaço pleural e retrair o pulmão com uma esponja molhada
rior direta. A construção anterior pode consistir em enxerto ósseo de laparotomia. Adaptar um afastador maleável para manter
ou em uma gaiola metálica que pode ser aj ustável com respeito ao o campo operatório. Alguns preferem esvaziar o pu lmão e
comp rim ento, em conjunto com uma placa ou dispositivo de haste usar um tubo endotraqueal de lúmen duplo, mas, rotineira-
com fixação do parafuso. Além disso, com uma descompressão ante- mente, não achamos que isso seja necessário para manter
rior direta do canal espinal, é possível remover completamente os o pu lmão afastado do campo cirúrgico. Identificar a aorta
fragmentos de osso retropu lsados o u mater ial de disco. A morbidade por palpação e ligadura dos vasos segmentares 1 cm da
das abordagens padrão de toracotomia e acessos retroperitoneais aorta. Dividir entre as ligaduras no nível lesionado e no nível
proíbe seu uso em muitos pacientes, tornando essas vantagens acima e abaixo do nível da lesão. Clipes vasculares podem
menos atraentes em relação à abordagem posterior mais comum. No ser utilizados para complementar as ligaduras. Ligar a artéria
entanto, com avanços nos sistemas de afastadores e dispositivos de de Adamkiewicz, que tem uma localização variável, é um
fixação de modo que a fix ação posterior adjuva nte não seja neces- risco inerente a este procedimento.
sária, um a proporção maior de lesões pode agora ser tratada cirur- • Para uma abordagem retroperitoneal (T1 1 a L3), manter a
gicame nte por via de acesso anterior isolada. A lém disso, as pleura intacta, se possível, e entrar no espaço retroperito-
d imensões dos implantes diminuíram um pouco, permitindo o uso neal, dissecando rombamente para baixo até o múscu lo
seguro dos dispositivos. Mesmo com esses avanços, as lesões com il iopsoas. Usar uma esponja molhada de laparotom ia e um
ruptura co mplexa ligamentar posterior devem ser consideradas com afastador maleável para manter o campo operatório. Ligar
muito cuidado antes de recomendar somente estabilização por via as artérias segmentares no nível lesionado e no nível acima
anterior. Lesões com luxação e translação são geralmente tratadas e abaixo de 1 cm, a partir da aorta. Dividir entre as liga-
com construções posteriores. Os dispositivos de fixação anterior duras com clipes vasculares suplementares, se necessário.
consistem em uma placa ou hastes emparelhadas à coluna, com A artéria de Adamkiewicz pode ser tão baixa quanto L2.
parafusos com fixação óssea ou parafusos que são associados à placa O pi lar do diafragma é rebaixado conforme necessário,
bloqueada e aceitam uma porca para fixação da placa. A maioria dos dependendo do grau da lesão. Elevar o iliopsoas da coluna,
sistemas tem dois pontos de fixação em cada nível ve rtebral para a partir da margem anterior, tendo o cuidado de evitar o
melh or resistir a flexão. O ga nho de es tabilidade depende mais do nervo genitofemoral e o ureter. )
enca ixe do suporte (osso ou ga iol a), seguido pela integridade das
llllD PARTE XII A COLUNA

A B

O@il;tJIIm Técnica de estabilização anterior. VEJA A TÉCNICA 38-16.

•Incisar os discos acima e aba ixo do seg mento lesionado •Toma r todo cuidado para não vio lar as placas terminais
)
e remover a maior parte do disco, deixando o disco mais da vértebra intacta que irão apoiar o supo rte.
anterior e ligamento longitudinal anterior intactos. Prote- •M eticu losamente lim par as duas placas terminais de
ger a aorta de instrumentos cortantes com um afastador toda s as ca rti lag ens e tecidos mo les. Um assistente cirúr-
maleável colocado delicadamente entre a aorta e a porção gico deve aplicar pressão firme, anteriormente direcio-
anterior da coluna vertebral. nado sobre a co lu na para corrigir a cifose. Medir o
•U sando o espaço criado pela remoção dos discos, remover espa ço resultante da corpectomia para comprimento da
o corpo vertebra l, na sua porção média, mais uma vez escora na posição corrigida. Distração anterior adicional
deixando o ligamento longitudinal anterior e osso mais com um espalhador de lâmina pode ser aplicada, mas
anterior no lugar. O osteótomo é útil para remover o osso não deve preju dicar as placas terminais . O reparo do
na região posterior, que é preservado para enxerto . ligamento longitudin al anterior é raramente necessário
Durante a remoção do osso, certificar-se de que a posição em lesões agudas.
do paciente não se alterou, para evitar a entrada inadver- •Obter um enxerto ósseo ou dispositivo de gaiola com o
tida dentro do cana l vertebral (Fig . 38-388). comprimento desejado . Preencher uma gaiola com alo-
• Após a criação de uma cavidade na porção média do enxerto da diáfise do úmero ou com o osso disponível
corpo, remover o osso posterior diluindo progressivamente do campo operatório. Com a correção da cifose mantida,
o osso remanescente e puxando-o no espaço criado através impactar a escora no lugar. A escora deve ser segura,
do canal para o nível da parede medial do pedículo dis- uma vez que está na posição, mas evitar comprimento
tante, a fim de conseguir uma descompressão satisfatória. excessivo, porque aumenta o risco de insuficiência
Se a descompressão da cortical posterior for iniciada no mecânica através de subsidência . Visões de intensifica-
lado mais distante do canal, abau lamento problemático da ção da imagem são usadas para ve rificar o alinhamento
dura-máter dentro do espaço criado pela remoção do da coluna ve rtebral e posicionamento satisfatório da
corpo vertebral é minimizado e a visão do cirurgião é escora (Fig. 38-38C e D)
menos obstruída. •Determ inar o comprimento apropriado e a posição da placa.
CAPÍTULO 38 FRATURAS, LU XAÇÕES E FRATURA- LU XAÇÕES DA COLUNA VERTEBRAL

As lesões do sacro também podem danificar os gânglios simpáticos


•Determinar a dimensão transversal da vértebra intacta, do plexo hipogástrico inferior, que são mediais ao forame e lo cali-
então parafusos de comprimento adequado podem ser zam-se anteriormente de 52 a S4. O nervo LS está em risco na junção
util izados para a fixação bicortical, dependendo do dis- anterior da asa e o promontório sacra], e a raiz do nervo Sl que
positivo utilizado. podem ser lesionados dentro do forame. Avaliação motora e sensi-
• Identificar os pontos de entrada dos parafusos, como tiva das extremidades e avaliação anal com o teste de picada de
mostrado (Fig. 38-38E) agulha e exame de toque leve nos dermátomos concêntricos da
•Colocar o primeiro parafuso na posição posterior da vér- região perianal devem ser feitos para ava li ar a função 52 a SS, bem
tebra cauda l. Tomar cuidado ao determinar a colocação como provocando a piscadela ana l e reflexo bulbocavernoso e
desse parafuso para perfurar e colocar o parafuso para- reflexo cremastérico.
lelo à placa terminal e direcionada longe do cana l espinal. A radiografia simples não se provou sensível em demonstrar
•Colocar os parafusos adjacentes, novamente em paralelo lesões no sacro e na região Jombossacral. TC de tórax, abdome e pelve
à placa terminal e ligeiramente inclinado posteriormente. é a modalidade de imagem de escolh a para triagem de lesões da pelve
•Colocar os parafusos no nível cefál ico semelhante. Alguns e sacro. Se as lesões forem identificadas, uma tomografia computado-
dispositivos permitem que a compressão adicional seja rizada da pelve direcionada, com cortes de 2 mm e imagens de recons-
apli cada se desejado. trução sagital e coronal deve ser obtida. Quando ocorrem lesões
• Uma vez que todos os parafusos estejam seguros, obter a neurológicas associadas a fraturas-luxações, RM também pode ser d e
hemostasia e fechar a ferida de forma rotineira sobre drenas valor, mas as melhores indicações para RM hoje em dia não foram
de sucção ou dreno de tórax, conforme apropriado. totalmente delineadas.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O paciente é mantido


em repouso até que o dreno de tórax seja removido. O CLASSIFICAÇÃO
paciente é então mobilizado em um colete TLSO, que é
usado em todos os momentos em que a coluna vertebral A discussão de todas as fraturas da pelve está fora do escopo desta
esteja mais vertical do que 30 graus do plano horizontal. seção; são descritas apenas as lesões relativamente raras, com sublu-
O TLSO é utilizado durante 12 a 16 semanas, depen- xação o u luxação da articulação LS-Sl e fraturas do sacro que estão
dendo da situação clínica. associados à instabilidade lombopélvica.
Vár ios esquemas de classificação foram criados para estas
lesões ao longo das últimas décadas, mas não existe um sistema
único que engloba lesõ es sacrais e lombop élvicas. Denis et ai. cate-
FRATURAS SACRAIS E LESÕES DE gorizaram 236 fraturas sacrais em três tipos, com base em três zonas
DISSOCIAÇÃO ESPINOPÉLVICA
O sacro desempenha um papel central na estabilidade de ambas
Forame
tanto da pélvis quanto d a coluna vertebral. O complexo de ligamen-
sacral
tos que revestem o sacro anterior e posteriormente, os ligamentos Região
li li
do assoa lho pélvico e da estrutura óssea do sacro e pelve, todos da asa
contribuem para a estabilidade lombopélvica e aj udam a prevenir a
lesão das estru turas neurovasculares na região. As estruturas neuro-
lógicas importantes em risco com lesões sacrais incluem não só as
raízes LS e Sl, mas também as raízes sacras inferiores e nervos
autonómicos, que são importantes para a cont in ência do intestino,
bexiga e função sexual. As lesões do sacro são frequentemente não
diagnosticadas na avaliação inicial, pois esses pacientes muitas vezes
estão envolvid os em trauma de alta energia e se apresentam com
múltiplas lesões e podem ser hemodinamicamente instáveis na
chegada à instalação de tratamento. Denis relatou uma grande série
de pacientes com fraturas sacrais e 30% foram identificadas tardia-
mente. Isso indica a importância de um exame cuidadoso e o alto
índice de suspeita para a detecção dessas lesões. Como discutido
anteriormente, o protocolo ATLS deve ser seguido para os pacientes
de trauma, incluindo palpação e inspeção da coluna vertebral e da
pelve posterior. Lesões dos tecidos moles são comuns em pacientes
com fraturas sacrais, incluindo lesões de Morel-Lavallée, que podem
comp licar bastante a assistência final ao paciente. A avaliação neu-
rológica deve incluir um exame retal para avaliar o tônus retal e
contração máxima do esfíncter ana l. O formulário de exame neuro-
lógico ASIA deve ser concluído para documentar possíveis lesões
radiculares de LS ou Sl. A presença usual de um cateter de Foley
prejudica a avaliação da continência da bexiga. Da mesma forma,
não há nenhum exame clínico para detecção de lesões do s ramos
anterior de 52 a SS, que contribuem para o sistema parassimpático, H@l!;J.!&a Três zonas de sacro descritas por Denis et ai,
importantes à função sexual e da bexiga e função normal retal. região da asa, região foraminal sacral e região do canal sacral central.
ED PARTE XII A COLUNA

Tipo 1 Tipo 2 Tipo 3 Tipo 4

H@il;Mm?!I 5ubclassificações de Roy-Camille e 5trange-Vognsen e Lebechde das fraturas de zona 3 de Denis. Tipo 1, angu lação
sem trans lação; tipo 2, angula ção e trans lação; tipo 3, luxação completa da porção cefálica e cauda l do sacro; t ipo 4, cominuição segmentar.
(Reproduzido de Vaccaro AR, Kim DH, Brodke 05, et ai: Diagnosis and management of sacral spine fractures, lnstr Course Lect 53:375, 2004.)

ii@l@imD Classificação de ls ler


para fraturas do sacro e art icu lação
lombossacral. Tipo 1, lesão lateral para
a articulação da faceta LS-51 afetando
a estabilidade do ane l pé lvico; t ipo li,
lesão através da art iculação da faceta
LS-51 associada a 1uxação e sintomas
neuro lógicos; tipo Ili, lesão envolvendo
cana l espina l que é instável. (Reprodu-
zido de Vaccaro AR, Kim DH, Brodke DS,
et ai: Diagnosis and management of sacra l
spine fractures, lnstr Course Lect 53:375,
Tipo 1 Tipo li Tipo Il i 2004)

(Fig. 38-39). Lesões da zona 1 da porção lateral do sacro ao neuro- TRATAMENTO


forame foram as mais com uns na série responsáveis por 50% das
lesões, com uma incidência de 6% de lesões de LS e Sl. Lesões de Muitas fraturas sacrais podem ser tratadas conservadoram ente, bem
zona 2 ocorrem através dos neuroforames e foram responsáveis por como algumas fraturas pélvicas, e uma discussão mais completa
34% das lesões, e 28% desses pacientes tiveram déficits neurológicos dessas lesões é apresentada em outros capítulos. As fraturas do sacro
unilateralmente nos níveis de LS, Sl ou S2. Algum as lesões de zona que são desviadas e instáveis ou estão associadas a instabilidade
2 têm um componente de cisalharnento, que aum enta a instabilidade pélvica ou instabilidade espinal necessitam de tratamento cirúrgico.
da lesão e aumenta o risco de não consolidação. Lesões de zona 3 Interrupções da articulação sacroilíaca e algumas fraturas sacrais ver-
ocorrem m ediais ao foram e e envolvem o canal espinal, que com - ti calmente instáveis podem ser tratadas com parafusos iliossacrais
preende os 16% restantes das lesões. Cerca de 60% dos pacientes têm percutâneos. A melhor trajetória é horizo ntal com a fixação no corpo
sintomas neurológicos que envolvem disfunção do intestino e da de Sl. Para as lesões de zona 2 de Denis, a compressão deve ser evitada
bexiga, e 76% apresentam disfunção sexual. Roy-Cam ille et ai. e de modo a reduzir o risco de lesão à raiz de LS, que está em risco de
Strange Vognsen e Lebech subclassificaram as lesões de zona 3 de ser iatrogenicamente comprimida dentro da fratura. Se a compressão
Denis, que têm um componen te transversal que assoc ia a fratura de não for alcançada, a estab ilidade da fratura estará comprometida.
zona 3 para outra fratura no lado contralateral, na zona de 1 ou 2 Lesões com subluxação ou luxação na junção lombossacral ou
(F ig. 38-40). Isler desenvolve u uma classificação para descrever que envolvam dissociação espinopélvica podem ser tratadas com
lesões no nível da articulação lombossacral, co m o aumento da construções de fixação lombopélvica ou lombossacral. O tratamento
probabilidade de subluxação lornbossacral progredindo de lesões não operatório dessas lesões geralmente não é recomendado por
tipo 1 para tipo 3 (Fig. 38-4 1). causa das altas taxas de co nsolidação viciosa, a dor crônica é intensa
CAPÍTULO 38 FRATURAS, LUXAÇÕES E FRATURA-LUXAÇÕES DA COLUNA VERTEBRAL

muitas vezes é difícil, e é vá lido utilizar os pinos de Schanz inseridos


Classificação de
iTABELA 38-8 Comprometimento da Cauda no corpo S1 para auxiliar na desempactação da fratura e restaurar
o comprimento, assim como é o uso de um elemento de distração
Equina de Gibbons
femoral ligado a um pino de Schanz no pedículo LS e um pino no
ílio. Uma vez que a redução é conseguida, hastes bilaterais são mol -
TIPO DÉFICIT NEUROLÓGICO
dadas e fixadas aos parafusos. Moldar as hastes antes de determinar
Nenhum
o local para os parafusos ilíacos é muito útil. Após colocar as barras
2 Apenas parestesias bilateralmente, elas são comprimidas uma contra a outra, e uma
3 Déficit moto r de ext rem idade ba ixa ligação-cru zada é aplicada (Fig. 38-43). A fixação não permite mobi-
4 Disfunção intesti no/bexiga lização sem órtese, mas dor persistente, disfunção neurológica nas
De Sh ildhauer TA, Bellabarba C, Nork SE, et ai: Decompression and lum- extremidades inferiores, disfunção sexual e incontinência, muitas
bopelvic fixation for sacral fracture-dislocatio ns with spino-pelvic disso- vezes, são problemáticas, e as recomendações de tratamento devem
ciation, J Orthop Trauma 20:447, 2006. ser individualizadas (Fig. 38-44).
Para lesões que envolvem subluxação lombossacral ou luxação
sem anel pélvico ou fratura sacra] vertical, a estabilização é realizada
com a fixação do parafuso pedicular em L4 e LS do lado cefálico da
e piora neurológica pode ocorrer, além de poder ser muito difícil de lesão e fixação de Sl e S2 no lado caudal da lesão. Enxerto de osso
tratar tardiamente (Tabela 38-8). é utilizado posteriormente. Se a fixação Sl não for possível por ca usa
A estratégia cirúrgica que usamos para estabilizar estas lesões do padrão de lesão, a fixação para a pelve é usada sem fusão da
é semelhante ao descrito por Schildhauer et ai. Os pacientes são articulação sacroilíaca.
inicialmente reanimados e estabilizados em relação a outras lesões
e a fixação espinopélvica definitiva é concluída assim que o paciente
for capaz de tolerar a cirurgia. O tempo médio até a cirurgia relatado FIXAÇÃO ~OMBOPÉLVICA
por Schildhauer et ai. foi de 6 dias. Se o paciente tiver instabilidade (OSTEOSSINTESE TRIANGULAR)
pélvica, esta é reconstruída em primeiro lugar. A estabilização pos-
terior é então feita quando os tecidos moles são considerados satis-
fatórios. Essa estabilização é feita através de uma abordagem na
TÉCNICA
--------~
linha média, usando fixação do parafuso pedicular na região lombar (SHILDHAUER)
inferior e segmento Sl, se possível e parafusos ilíacos. Devido às
grandes forças que estão sendo neutrali zadas pelos parafusos pedi- •O preparo intestina l é concluído no pré-operatório. Após
culares, usamos pelo menos quatro pontos de fixação na coluna a indução da anestesia, posicionar o paciente em decúbito
lombar, esta foi também a recomendação Schildhauer et ai. Normal- ventral em uma mesa cirúrgica radiotransparente de quatro
mente, a construção começa em L4 com parafusos bilaterais a este colunas, que pode acomodar um fixador pélvico anterior,
nível e o nível de LS. Os pedículos de Sl, muitas vezes, são fragmen- se necessário, assim como um quadro de Jackson. Poten-
tados e não estão disponíveis para a colocação do parafuso, mas se ciais evocados somatossensoriais e mon itoramento eletro-
estiverem intactos, L4 pode ser deixado de fora da instrumentação. miográfico são iniciados. Usar intensificação de imagem
A fusão é feita em todos os níveis da coluna vertebral instrumenta- para obter uma visão lateral do sacro.
dos. As articulações sacroilíacas não são fundidas. A fixação ilíaca é •Após a preparação da pele de rotina e colocação dos campos
composta por parafusos ilíacos inseridos na espinha ilíaca posteros- cirúrgicos, fazer uma incisão na linha média que se estende
superior e atravessadas pela região do contraforte isquiático, em cauda lmente longe o suficiente para perm itir a descompres-
direção à coluna anterior ilíaca superior e, quando possível, parafu- são adequada, sem tensões desnecessárias da pele.
sos iliossacrais são colocados. Normalmente temos utilizado um •Dividir o tecido para baixo da fáscia com eletrocautério e
único parafuso ilíaco de cada lado (8,5 mm X 100 a 120 mm) e elevar cuidadosamente os tecidos moles subperiosteal-
complementado com parafusos iliossac rais se a redução permitir. mente de modo a expor a segmentos lombares e sacro
Schildhauer et ai. recomendaram dois parafusos ilíacos de cada lado necessários. Expor os processos transversos em cada nível
ou um parafuso iliossacral e um parafuso ilíaco de cada lado. Em lombar e o ligamento intertransverso. Subperiostealmente,
ambos os casos, os dados biomecãnicos não estão disponíveis. A expor a asa sacral, pelo menos 1,5 cm lateral à face lateral
proeminência dos implantes é uma questão a considerar, devido à da faceta sacral. Expor o sacro posterior caudalmente ao
alta incidênci a de complicações da ferida . Ao colocar os parafusos local da fratura e lateralmente tão largo quanto o cana l
ilíacos, todo esforço é feito para não elevar os tecidos moles desne- espinal. A espinha ilíaca posterossuperior irá sobressa ir
cessariamente, e a espinha ilíaca posterossuperior é a instrumentada nessa área, mas não é necessário elevar o tecido mole a
usando a visão radiográfica na intensificação de imagem com visu- partir da articu lação socroil íaca e a espinha ilíaca posteros-
alização direta mínima. O parafuso ilíaco é iniciado na porção superior, e esse tecido deve ser retirado para a extensão
ventral da espinha ilíaca posterossuperior, perto da articulação máxima possível. Apenas uma pequena área da porção
sacroilíaca, a fim de min imi zar a proeminência da cabeça do para- ventral da espinha ilíaca posterior deve ser visível.
fuso (Fig. 38-42). Isso também ajuda a conectar a haste. Esta, geral- • Usando fórceps de Kerrison e pequenas curetas, expor o
mente, pode ser feita sem uma haste de ligação separada e minimiza canal espinal e descomprimir as estruturas nervosas com-
o perfil do implante. Uma grande descompressão das raízes nervosas primidas por fragmentos ósseos. Reparar a lesão durai,
sacrais é completada com osso removido usado para enxerto ósseo se possível . Mobi lizar as raízes sacra is e empurrar o osso
em L4 e para segmento de Sl. Lacerações durais são diretamente ventra l anterior, se necessário, para aliviar a tensão sobre
reparadas quando possível e suturadas com enxerto durai e cola de
fibrina se o fechamento primário não puder ser obtido. A redução
as raízes.
)
llllm9 PARTE XII A COLUNA

O@ihMmfa Imagens de obturator de saída e de entrada e imagens intraoperatórias oblíquas guiam a inserção precisa do parafuso.
A, Corredor de osso entre PSIS e AllS, em que os parafusos ilíacos estão em uma posi çã o ideal, se projeta como lágrima na combinação
de imagem oblíqua de obturado r de saída. B, Parafuso extraósseo se estende além dos limites corticais de lágrima radiográfica .
A coloca ção do parafuso intraósseo entre as tábuas interna e externa do ílio também pode ser guiada e confirmada com incidência
obturadora de entrada oblíqu a. C, Imagem oblíqua ilíaca garante o comprimento preciso do parafuso e local apropriado acima do furo
na região isquiática maior. D, Dois parafu sos ilíacos paralelos posicionados ou mais cefáli cos (E) podem ser utilizados para a coloca ção
do segundo parafuso ilíaco, obtendo-se a configura ção triangular. (De Shi ldhauer TA, Bellabara C, Nork SE, et ai: Decompression and lum-
bopelvic fixation for sacral fracture-dislocations with spino-pelvic dissociation, J Orthop Trauma 20:447, 2006.)
CAPÍTULO 38 FRATURAS, LU XAÇÕ ES E FRATURA-LUXAÇÕES DA COLUNA VERTEBRAL

• A redução da fratura é difícil. Colocar um pino de Schanz colocados como parafusos de transfixação, tomando
)
no corpo posterior de S1 entre os forames S1 e S2 para cuidado para não comprimir os forames através das fra-
manipular a coluna em relação à pélvis. A tração femoral turas verticais. A anatomia individua l e redução incom-
e um distrator femoral entre a espinha e o ílio podem ser pleta podem imped ir a colocação segura de parafusos
utilizados. Se a redução puder ser atingida de forma iliossacrais.
adequada, parafusos iliossacrais, às vezes, podem ser •A correção da angulação e alguns encurtamentos através
do local da fratura melhoraram a descompressão.
• Decorticar os processos da asa do sacro e transversos, e
comprimir a região lateral para hemostasia. A decortica-
ção após a colocação do parafuso pedicular é menos
eficaz e pode limitar a fusão .
• Obter uma incidência lateral verdadeira da vértebra, assim
como indicado por placas terminais definidas claramente,
com pedículos perfeitamente sobrepostos . Ajustar o inten-
sificador de imagem até que esta imagem seja obtida.
• Colocar a broca apenas posterior à junção do processo
transverso e a superfície articular superior em linha, com
a bissetriz do pedícu lo na incidência lateral no intensifi-
cador de imagem. Penetrar a cortical neste local, que
ficará perto da jun ção da pars interarticularis e a faceta
articu lar superior.
• Utilizar a abertura cortical como o ponto de partida e
avançar um perfurador pedicular no pedículo. Avançar o
perfurador anterior e mediaimente, de modo simultâneo .
O perfurador pedicular deve ser avançado cuidadosa-
mente, devido à mobilidade da coluna. Se os parafusos de
S1 forem colocados, fi xação bicortical é ideal com parafu-
sos que saem do promontório sacral anterior apenas caudal
à placa terminal S1. Os parafusos S1 devem ser medializa-
dos, de modo que as pontas dos parafusos estejam na
iâ@m@m!I Fixação lombopé lvica de fratura sacra ! com d is- linha média ou próximo dela. )
sociação espinopélvica.

O@ii;@El19 A, TC sagital de fratura transversa através de 53 resu ltando em transecção das raízes nervosas sacrais (cabeça de seta).
B, Imagem de fratura sacral de RM resultando em comprometimento completo do cana l. C, Tomografia computadorizada no pós-ope-
ratório mostra a descompressão do canal espinal sacra ! após Jaminectom ia (cabeças de setas).
lll:rD> PARTE XII A COLUNA

American Spinal lnjury Association (ASIA) : www.asia-spinalinjury.org/


•Uma pequena sonda com ponta romba ou palpador é
) publications/index.html. 2006.
usada para checar o trajeto no pedículo em todos os
Bhandari M, Tornetta P: Issues in the design , analysis, and criticai appraisal
quatro quadrantes e apalpar o corpo vertebral lateral e of orthopaedic clini cai research, Clin Orthop Relat Res 413:9, 2003.
anteriormente, para se certificar de que não há quebras Bono CM, Heggeness M, Mich C, et ai: Commentary North American Spine
corticais. A sonda deve sair anteriormente em S1. Society. Newly released ve rtebroplasty randomized controlled triais: a
•O parafuso de diâmetro maior que o pedículo aceitará (até tale of two triais, Spine f 10:238, 2010.
um parafuso de 6,5 mm) é normalmente colocado. Parafu- Bracken MB: Methylp rednisolone and acute spinal cord injur y: an update of
sos maiores podem ser colocados, mas o pequeno é geral- the randomized evidence, Spine 26(24 Suppl):S47, 2001.
mente suficiente, e os parafusos maiores são mais propensos Carreon LY, Dimar JR: Ea rly versus late stabilization of sp in e injuries: a
a causar fratura do pedículo e perda de f ixação do parafuso. systematic review, Spine 36:E727, 2011.
Coleman WP, Benzei D, Cahill DW, et ai: A criticai appra isal ofthe reporting
Parafusos poliaxiais são utilizados. Usar um suporte para o
of the National Acute Spi nal Cord Injury Studies (II and III ) of methyl-
córtex anterior de S1 vai reduzir o risco de fratura pedicular
prednisolone in acute spinal cord injury, f Spinal Disord 13:1 65, 2000.
no osso esclerótico. Colocar o enxerto ósseo sobre a super-
Croce MA, Bee TK, Pritchard E, et ai: Does optima l timing for spine fracture
fície decorticada antes da inserção do parafuso. fixation exist? Ann Surg 233:851, 2001.
•Ajustar o intensifi cador de im agem para obter uma visão Dinar JR, Carreon LY, Riina ), et ai: Early versus late stabilization of the spine
"final" do parafuso a fim de verificar radiograficamente in the polytrauma patient, Spine 21S:S l 87, 2010.
que o parafuso está dentro do pedículo. Fehlings MG, Rabin D, Sears W, et ai: Current practice in the tim ing of
•C olocar os parafusos restantes da mesma forma. surgical intervention in spinal cord injury, Spine 35:Sl66, 2010.
• Moldar as hastes de modo que elas fiquem adjacentes à Fehlings MG, Wilson JR: Timing of surgical intervention of spinal trauma:
espinha ilíaca posterossuperior quando conectada aos para- what does the evidence indicate? Spine 35:Sl59, 2010.
Fisher CG, Noonan VK, Smith DE, et ai: Motor recove ry, functiona l status,
fusos lombares. Ajustar o intensificador de imagem para a
and health-related quality of life in patients with complete spinal cord
incidência que permite visibilizar a " lágrima" após verificar
injuries, Spine 30:220, 2005.
que uma incidência lateral verdadeira da pelve com sobre-
Grauer )N, Vaccaro AR, Be in der )M, et ai: Similarities and differences in the
posição das incisuras ciáticas pode ser obtida (Fig . 38-42). treatment of spine trauma between surgical specia lties and location of
Selecionar o ponto de entrada da espinha ilíaca posterossu- practice, Spine 29:685, 2004.
periorr na incidência da lágrima e avançar o perfurador Harris MB, Sethi RK: The initial assessment and management of the
pedicular reto ou perfuração de 3,2 mm a uma profundi- multiple-trauma patient with an associated spine injury, Spine 31:59,
dade de 100 a 140 mm permanecendo dentro dos limites 2006.
da lágrima. Checar o furo para defeitos corticais e colocar Huang TJ, Hsu RW, Fan GF, et ai: Two -level burst fractures: clinicai evalua-
um parafuso de grande calibre. Temos usado um único tion and treatment options, f Trauma 41:77, 1996.
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não possam ser colocados. Schildhauer et ai. recomendam
Kallmes DF, Comstock BA, Heagerty PJ, et al: A random ized triaJ of verte-
dois parafusos ilíacos que podem ser um pouco menores,
broplasty for osteoporotic spinal fractures, N Eng/ f Med 36 1:569, 2009.
dependendo do tamanho da lágrima.
Kerwin A), Riffen MM, Tepas JJ, et ai: Best practice determination of timing
•Confirmar se os parafusos ilíacos são penetrados intraósseos of spinal fracture fixation as defined by analysis of the National Trauma
bilaterais, usando incidência radiog ráfi ca obturadora de Data Bank, f Trauma 65:824, 2008.
saída oblíqua e obturadora de entrada oblíqua e confirmar Levi AD, Hurlbert ), Anderson P, et ai: Neurologic deterioration secondary
suas extensões sobre as visualizações ilíacas oblíquas. to unrecognized spinal instabi li ty following trauma-a multicenter study,
•Fixar as hastes para os parafusos. Spine 31:451, 2006.
•Comprimir as hastes de um para o outro, e ligação Matsumoto T, Tamaki T, Kawakami M, et ai: Early complications ofhigh-dose
cruzada no nível lombossacral para minimizar a proemi- methylprednisolone sod ium succinate treatment in the fo ll ow-up of
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• Decorticar as junções da faceta e cobrir com osso adicional.
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•Fechar cuidadosamente a fáscia de volta ao osso, se
solone administration and hospitalization, f Trauma 56:1076, 2004.
possível, sobre um dreno de sucção. Merola A, O'Brien MF, Castro BA, et ai: Histologic characterization of acute
•Fechar a camada subcutânea fina e, em seguida, a pe le spinal cord injury treated with intravenous methylprednisolone, f Orthop
com sutura subcutânea. Trauma 16: 155, 2002.
Molina DK, Nichols )), Dimalo V): The sensitivity of computed tomography
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O paciente é mantido em (CT) scans in detecting trauma: are CT scans reliabl e enough for cour-
decúbito sem apoiar na ferida, tanto quanto possível para os troom testimony? f Trauma 63:625, 2007.
primeiros dias. O dreno é removido no primeiro dia do pós- Oleson CV, Burns AS, Ditunno )F, et ai: Prognostic value of pinprick preser-
operatório, e mobilização sem uma órtese é permitida. vation in motor complete, sensory incomplete spinal cord injury, Arch
O suporte de peso total é permitido, a menos que impedido Phys Med Rehabil 86:988, 2005.
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ENXERTOS ÓSSEOS E A COLUNA LOMBAR E Fusão Posterolateral ou
CONSOLIDAÇÃO DA TORÁCICA 1638 lntertransversal 1643
ARTRODESE 1627 ARTRODESE ANTERIOR 1639 Fusão Lombar Posterior
AUTOENXERTOS 1628 Abordagem Transtorácica Minimamente Invasiva 1645
PRODUTOS DE ENXERTO ÓSSEO para a Coluna Torácica 1639 FIXAÇÃO INTERNA NA FUSÃO
PARA FUSÃO DA COLUNA 1628 Excisão Anterior do Disco e DA COLUNA LOMBAR 1646
COLUNA CERVICAL 1630 Fusão lntersomática para a TRATAMENTO APÓS A ARTRODESE
ARTRODESE ANTERIOR 1630 Coluna Lombar 1639 POSTERIOR 1646
Complicações Gerais 1631 Fusão Anterior Minimamente PSEUDOARTROSE APÓS
Compl icações Pós-Operatórias 1632 Invasiva da Co luna Lombar 1640 A FUSÃO DA COLUNA 1647
Tipos 1633 ARTRODESE POSTERIOR 1641
ARTRODESE POSTERIOR 1638 Fusão de Hibbs 1642

A artrod ese ou fusão da coluna para o tratamento da tuberculose da es tado nutri cional e os distúrbi os metabólicos nos pacientes, ass im
coluna foi descrita pela primeira vez por Hibbs e Albee, em 1911 , co mo o ambiente mecâni co, todos demonstram que afetam a fo rm a-
em artigos separados. Atualmente, mais de 100 anos depois, ainda ção óssea.
é o procedimento principal para o tratamento de infecções, fratu ras, Nos últimos anos, muitos autores tentaram definir essa com-
deformidades congênitas e de desenvolvimento e doenças degene- plexa cascata de eventos. Boden et ai. utili zaram um m odelo animal
rativas e artríti cas da coluna. O uso de implantes na coluna e enxe r- pa ra inves ti gar o acoplamento dos meca nismos membranoso e
tos ósseos adjuvantes melhoraram substan cialmente as taxas de encondral da fo rm ação óssea nas fu sões entre os processos transve r-
fu são desses pro cedimentos. O desenvo lvimento das técnicas de sos da colu na, que, em hum anos, perm anece o tipo mais comum de
fu são percutânea e minimamente invasiva tem, na sua m aior parte, artrodese. O trabalho pioneiro de Urist na identificação das pro teí-
melhorado a taxa de complicação e diminuíd o o número de segmen- nas morfoge néticas ósseas (BM Ps) explodiu na identificação de
tos que exigem artrodese. muitos fatores de crescimento.
Desde as descrições de fus ão da coluna por Hibbs e por Albee Embora muitas questões per maneçam, foi mostrado em
para o tratamento de espondilite tub erculosa, a artrodese da coluna modelos de coelho qu e três fases primári as qu e ocorrem co m a
foi utili zada para muitas condições da coluna, incluindo tuberculose enxe rti a óssea são qualitativa mente diferentes daquelas que oco rrem
e outras infecções, fraturas, deformid ades congênitas e de desenvol- na consolidação das fraturas. Além disso, diferentes áreas da m assa
vimento, doenças artríticas e outras dege nerativas e lesões do disco. de fu são co nsolidam em taxas di fe rentes, dependendo da distância
Embora seja difícil separar as discussões sobre artrodese e as co n- entre a decorticação e o crescimento vascular.
dições para as quais é reali zada, o foco da discussão está nas vá ri as Durante o estágio inicial ou inflamatório, o hematoma for mado
técnicas de artro dese úteis para os distúrbi os traumáti cos e não a partir da decorti cação é invadido por células inflamatórias e o
traum áticos de toda a coluna. As técnicas de ar tro dese da coluna es trom a fi brovascular é for mado. O osso membranoso é for mado
utilizando instrumentais, com o has tes, placas e parafu sos, e fios, nas superfí cies deco rti cadas e BMP-6, BMP-4, fosfatase alcalina e
estão descritas nos Capítulos 38, 41 e 42. osteonectin a são todas aum entadas. A fase média ou reparató ri a
co nsiste na revasculari zação aum entada, reabsorção do osso necró-
ti co e diferenciação das células osteoblásticas e condroblás ti cas. A
ENXERTOS ÓSSEOS E A ossificação encondral oco rre centralmente para unir as du as áreas
CONSOLIDAÇÃO DA ARTRODESE fo rm adas a partir de processos transve rsos adj acentes. Durante essa
fase, há um pico nos níveis de osteocalcina e osteopontina e há um
Apesar dos avanços significativos nas técnicas e em nosso entendi- segund o pico de BMP-6. A fase mais ta rdi a ou de rem odelagem
mento da fisio logia do processo de incorporação dos enxertos co meça duran te a sexta semana. Uma quantidade mínima de ca rti -
ósseos, a pseudoartrose continua send o um problema importante. lagem é observada e há uma acentuada remodelagem e fo rm ação da
O con hecimento das sequências e dos eventos histológicos necessá- borda cortical periférica a partir da qual o osso trabecular se estend e.
rios conduz a uma apreciação da fu são bem-sucedid a. A incorpora- Geralmente, à exceção do BMP-6, há um retorno à linha de re ferên-
ção do enxerto realmente é uma parceria entre o enxerto (autoenxerto, cia da expressão dos genes. No nível celular, as células osteoproge-
aloenxerto ou substituto sintético) e o local receptor e cada um deve nitoras são recrutadas a pa rtir das superfícies decorticadas, ass im
fornece r contribuições específicas. A idade, os medicamentos, o como a partir do enxerto (qu and o o autoenxerto é utilizado) . Isso é

1627
~ PARTE XII A COLUNA

seguido pela reabsorção do osso acoplado por osteoclastos e, então, neuromas, frat uras e fo rm ação óssea heterotópica. A técnica de
há a osteoindução em que as células osteoprogenitoras dão origem coleta do enxerto ósseo da crista ilíaca é descrita no Capítul o 1
aos osteoblastos. A nova matriz óssea é formada na estrutura trabe- (Técnica 1-8).
cular do su bstrato. Esse processo começa onde o crescimento vas- A fíbula pode ser usada como enxerto estrutural e as costelas
cular ocorre primeiro (isto é, nas áreas de decorticação) e passa para podem ser usadas para enxertos estruturais ou morcelizados.
o exterior a partir daí. O novo osso assim fo rmado, em seguid a, é Embora a tíbia mu itas vezes seja utilizada para longos enxertos
remodelado de acordo com a lei de Wolff. estruturais corticoesponjosos, o uso desses enxertos es truturais
A compreensão desta in for mação torna evidente a importân- diminuiu com o advento da fixação interna rígida e dos aloenxertos
cia da técnica cirúrgica conforme ela se relaciona com a preparação confiáveis. Mais recentemen te, um cortador/ irrigador/asp irador
do leito receptor, a coleta e a preparação do enxerto autólogo e o uso (RIA, do inglês reamer/irri gator/aspirator) especializado (Synthes,
apropriado de aloenxerto ou substitutos ósseos. Inc., West Chester, PA) fo i utilizado para obter quantidades signifi-
cativas da medula óssea a partir do fêmur; no entanto, essa técnica
pode exigir a obtenção do enxerto antes do procedimento da colun a
AUTO ENXERTOS com um posicionamento diferente e colocação de campos cirú rgi-
cos. Na coluna, os enxertos est ru turais geralmente são usados ante-
Os enxertos ósseos autólogos são a fonte mais frequente de osso para riormente com enxertos morcelizados adju ntos, sendo que os
artrodese e são o padrão-ouro com o qual todos os outros tipos de enxertos morceli zados são predominantemente utilizados posterior-
enxertos são comparados. Os enxertos ósseos autó logos contêm os mente. As técnicas para coleta de autoenxertos da tíbia e da fíbu la
três componentes necessários para a formação do osso: osteocondu- estão descritas no Capítulo 1 (Técnicas 1-6 e 1-7, respectivamente);
ção, osteoindução e osteogênese celular. A osteocondução refere-se a coleta com RIA de médula óssea femoral está descrita no Capítulo 53
à estrutura que permite o crescimento ósseo. A osteoindução é a (Técnica 53-3).
capacidade de induzir a produção de osteoblastos. A osteogênese
celular refere-se à diferenciação de células mesenquimais e células
mais primitivas para formar osteócitos ativos. A maioria dos subs- PRODUTOS DE ENXERTO ÓSSEO PARA
titutos ósseos é classificada de acordo com a sua capacidade de FUSÃO DA COLUNA
replicar partes desses componentes.
Os enxertos autó logos podem ser obtidos a partir de vár ias Há um determinado número de produtos de enxe rto ósseo dispo-
áreas. O osso local removido no momento da artrodese pode ser nível; eles estão descritos em detalhes no Capítulo 53. Clinicamente,
reutilizado após a remoção de todas as partes mo les e, em seguid a, esses produtos podem ser utilizados corno extensores de enxer to
deve-se morcelizar o osso em pedaços muito menores. Um moedor ósseo, intensificadores ou substitutos; existem diferentes relatos de
de osso também pode ser usado para morcelizar finamente esse sua eficácia em fusões lombares (Tabela 39-1). Os extensores de
osso; isso aum enta o número de células at ivas e proteínas para enxerto ósseo aumentam o vo lume geral de um autoenxerto, mas
osteoindução. não aumentam a sua eficácia ou osteoindutividade; os intensificado-
A crista ilíaca é a área mais comum para coleta do autoenxerto res de enxer to ósseo também aum entam o volume do auto enxer to
para fusão da coluna. A crista ilíaca posterior oferece mais osso para ósseo, mas também aumentam ligeiramente a sua osteoindutivi-
o enxerto do que a superfície anterior. O enxerto ósseo da crista dade. Nem os extensores de enxe rto ósseo, nem os inten sificado-
ilíaca pode ser usado como osso moído osso estruturado como um res devem aumentar o vo lu me do enxerto em mais de 25%, por
enxerto tricortical. In felizme nte, a coleta do enxerto a partir da causa da diminuição da capacidade osteoindutiva do autoen-
crista ilíaca é propensa a complicações como dor no local da doação, xerto. Os substitutos do enxer to ósseo são utilizados no lugar de um

39-1 Estudos de Enxertos Ósseos para Fusões Lombares

AUTOR(ES) Nº DE PROJETO DE TIPO DE FUSÃO RESULTADO NIVEL DE


(ANO) PACIENTES ESTUDO LOMBAR TIPO DE SUBSTITUTO (FUSÃO%) EVID~NCIA
GEL DE PLAQUETAS (PG)
Weiner e 59 Estudo caso- Posterolateral PG 82 % com PG + IV
Walker controle autoenxerto
(2003) retrospectivo 91 % somente com
autoenxerto
Ca reon 76 Estudo caso- Posterolateral PG 75 % com PG + IV
et ai. controle autoen xerto
(2005) retrospectivo 85 % somente com
autoenxerto
MATRIZ ÓSSEA DESMINERALIZADA (DBM)
Sassard 108 Estudo caso- Posterol ateral DBM 60% autoen xerto + Ili
et ai. controle DBM
(2000) retrospectivo 66 % somente com
autoen xerto
Girardi e 65 Estudo de caso Posterolatera l Autoenxerto + DBM 100% (acompanha- IV
Cammisa retrospectivo aloenxerto injetável menta de
(2003) somente 1 ano)
CAPÍTULO 39 ARTRODESE DA COLUNA era
IM@'ª ~ ~~~~wi-1"'~:
Estudos de Enxertos Ósseos para Fusões Lombares-cont.

AUTOR(ES) Nº DE PROJETO DE TIPO DE FUSÃO RESULTADO NÍVEL DE


(ANO) PACIENTES ESTUDO LOMBAR TIPO DE SUBSTITUTO (FUSÃO%) EVIDÊNCIA
Cammisa 120 Teste Posterolateral DBM 48% com li
et ai. controlado autoenxerto +
(2004) prospectivo DBM
multicêntrico 46% somente com
autoenxerto
Thalgott 50 Estudo de lntersomático Cages tipo mesh de 96% IV
et ai. coorte titânio preenchidas
(2009) com DMB com
hidroxiapatita de
coral
Kang et ai. 41 Teste controle- Posterolateral DBM 84% com DBM li
(2011) -randomizado 92% somente com
multicêntrico autoenxerto
~-TRICÁLCIO FOSFATO (TCP)
Epstein 40 Série de casos Posterolateral TCP + colágeno bovino 96% nível 1 IV
(2006) prospectivos tipo 1 +aspirado de 85% nível 2
medula óssea +
autoenxerto local
Neen et ai. 50 Estudo caso- Posterolateral, Matriz sintética: 80% 84% com substituto Ili
(2006) -controle instrumen- colágeno bovino tipo 94% com
prospectivo, tada 1 e 20% hidroxiapatita autoenxerto
controles
históricos
Epstein 60 Série de casos Posterolateral TCP + colágeno bovino 85% IV
(2008) prospectivos tipo 1 + aspirado de
(pacientes medula óssea +
com idade ?: autoenxerto local
70 anos)
Dai and 62 Prospectivo, Posterolateral, TCP + autoenxerto local, 100% nos dois li
Jiang randomizado, instrumen- comparado com grupos
(2008) sem grupo- ta da autoenxerto da crista
-controle ilíaca
PROTEÍNAS ÓSSEAS MORFOGENÉTICAS (BMP)
Mummaneni 44 Estudo caso- Posterolateral rhBMP-2 + autoenxerto 100% com rhBMP-2 Ili
et ai. -controle local ou da crista e autoenxerto
(2004) retrospectivo ilíaca 94% somente com
autoenxerto
Burkus et ai. 131 Estudo ALIF com cages rhBMP-2 em esponja de 95% com rhBMP-2 li
(2006) randomizado rosqueadas colágeno absorvível 89% somente com
prospectivo de titânio autoenxerto
mu lticêntrico
Kanayama 19 Prospectivo Posterolateral Massa OP-1 comparada 77% com massa li
et ai. multicêntrico a autoenxerto local OP-1
(2006) (estudos com grânulos de 90% com
histológicos) hidroxiapatita-TCP autoenxerto
Vaccaro 335 Teste controle- Posterolateral Massa rhBMP-7 68% com massa li
et ai. randomizado 50% com
(2008) prospectivo autoenxerto
multicêntrico
Dimar et ai. 463 Teste controle- Posterolateral rhBMP-2 em matriz 96% com rhBMP-2 li
(2009) randomizado resistente a 89% com
prospectivo compressão autoenxerto
multicêntrico (colágeno,
hidroxiapatita e TCP)
Delawi et ai. 36 Teste controle- Posterolateral rhBMP-7 63% com rhBMP li
(201 O) randomizado 67% com
prospectivo autoenxerto
multicêntrico
Modificada de Guerado E, Fuerstenberg CH: What bane graft substitutes should we use in post-traumatic spine fusion? Jnjury 42 :S64, 2011.
~ PARTE XII A COLUNA

BMP 2, 6 , 9 BMP 2 , 4, 7 , 9 Maioria dos BMP

MSC Célula
Osteoblasto Osteócito
pluripotente osteoprogenitora

O@ihfuB19 Representação esquemática dos vários locais de a çã o de BMP. (De Kuklo TR: Eviden ce-based approach to bone grafting in
the lumbar spine, U S Musculoskeletal Review 2007.)

autoenxerto e teorica mente ap resentam osteoindutividad e equiva- osteólise, deterioração neu rológica, formação óssea ectópica e hiper-
lente o u m elho r. trófica, com plicações da in cisão ci rúrgica e seromas. Muitas d essas
Das quase 200 "opções de enxertos ósseos" o u produtos atu- co mpli cações res ulta ram em hosp itali zações prolongadas. Uma
alm ente em es tudo na Food and Drug Admini strati o n (FDA), as co mpa ração entre 260 pacientes subm etidos à fusão cervical da
mai s utilizadas nos pro cedimentos d e fu são d a coluna são o co lun a com BMP e 520 pacientes submetidos a fusões cervicais sem
rhBMP-2 e o rhBMP-7 . Embora os mecanismos de ação dessas BMP constatou que, naqueles em que o BMP foi usado, a hospitali-
duas substâncias sejam semelh antes (quimio taxia, mito gênese e zação fo i ma is longa e os custos foram maiores. As complicações
di fe renciação celular), elas diferem em relação ao tipo d e célula sign ifi cativamente associadas ao uso d e BMP incluíram traqueosto -
indu zida para diferenciar: o rhBMP-2 atu a na célul a-tronco mias, intub ações não planejad as após a cirurgia, disfagia, dispneia,
mesenquimal e pré-osteoblasto para diferen ciar dos os teoblastos, insuficiência respiratória, readmissões hosp italares, admissões em
os quais, então, forma m o osso; o rhBMP-7 atua ape nas no pré-os- unidades de terapia intensiva e taxas d e mortalidade de 90 dias.
teoblasto (Fig. 39-1 ). Ambos exigem um a m at riz transportadora. Em um a revisão d a literatura, o risco de eventos adversos
Até o momento, o FDA aprovou o rhBMP2 (Infuse, Medtronic, associad os ao rhBMP-2 foi es tim ado como sendo 10 a 50 vezes
EUA) som ente para uso em fusõe s lomb ares anter io res em nível maior d o qu e as estim ativas originais relatadas nas publicações revi-
único co m um dispositivo de ga iola cham ad o cage LT, aprovad o sadas por pares patrocinados pela indústria. Citando a documenta -
para o tratamento da doen ça degenerativa do di sco, espondilolis- ção da FDA, os autores relataram mais dor lombar e nas pernas em
tese gra u 1 ou retrolistese entre L2 a S 1. Esse procedimento pode pacientes com fu sões posterolaterais com rhBMP-2 do que n aqueles
ser feito com uma técnica aberta o u minim am ente invas iva. Outros com enxe rtos ósseos da cri sta ilíaca, ass im como infecções tardias
usos aprovados incluem o trata mento das fraturas abertas d a tíbia m ais frequentes (2 a 12 m eses) e problemas urogenitais, disfunção
e algumas aplicações maxilofaciais. As limi tações rígidas de apro- sexual , os teólise, subsid ên cia ou migração do enxerto, formação de
vação res ultaram no uso off-label frequente , relatado por algun s cisto e neurite. Uma taxa mai or d e novas malignidades foi relatada
com o send o d e 85%. A Medicare e algum as emp resas de seguro com o esta ndo ligad a ao uso d e altas doses de rhBMP-2.
têm negado a cober tura do uso off-label d esses produtos, e com- Entretanto, outros estudos não registraram tais complicações com
plicações em vi rtude do uso off-label têm sido relatadas. frequência. Em uma grande série de fusões cervicais anteriores de
As complicações do uso aprovado de rhBM P2 incluem problem as vários níveis aumentadas com rhBMP2, a taxa de pseudoartrose foi de
com o implante, como cmvatura, quebra, subsidência ou migração e 10% em 6 meses. O único fator de risco estatistican1ente significativo
afrou,""<am ento, bem como complicações neurológicas, como paralisia, para o desenvolvimento de uma pseudoartrose foi o número de níveis
dano nervoso e à medula espinhal, ruptura durai, disfunção sexual e de fusão, com o atunento do risco de acordo com o número de níveis
disfunção do intestino e bexiga. Complicações gerais do organismo, fundidos. Em urna comparação entre 11.933 fusões da coluna com
como insuficiência respiratória, problemas gastrointestinais e óbito, BMP e 43.929 sem BMP, as únicas diferenças significativas foram nos
também foram reportadas. Complicações locais, como dano aos tecidos índices obtidos de fusões cervicais anteriores; o uso de BMP não foi
adjacentes, formação de cicatrizes, complicações no desenvolvimento, associado ao aumento de complicações nas fu sões toracolornbares e
sangram ento excessivo e outros problemas vasculares, também estão cervicais posteriores. Em um acompanhamento médio de quase 4 a.nos,
listadas como possíveis complicações na bula do produto. não foram registradas complicações em 23 pacientes com artrite reu-
Na coluna cervical anterior, as co mplicações d o uso ojflabel matoide que haviam sido submetidos a fusões instrumentadas na parte
inclu em um a incidência de 5% a 6% de in chaço d as partes moles posterior das junções atlantoa.xia l ou craniovertebral com rhBMP-2.
anteriores e disfagia. Um estudo com 151 pac ientes que se subm e- Apesa r de ter sido relatado que o plasma rico em plaquetas
teram à fusão cervical anterior com a ita dose de rhBMP2 relatou melhorar a cicatri zação das lesões do tecido mole, ele não parece
co mplicações em 23%, principalmente fo rmação de hem atom a o u in centiva r a consolidação após a fu são da coluna; na verdade, a
dificuldades com deglutição e respiração. Quando comparad os com ad ição de plasma rico em plaquetas ao enxerto ósseo parece reduzir
um grup o se melhante de pacientes sem rhBMP2, aqueles co m a taxa de fusão da coluna em animais e humanos.
rhBMP2 aprese ntavam aum ento significat ivo das compli cações rela-
cionadas com as vias aéreas. Essas comp licações ge ra lmente ocor re-
ram entre o segundo e o sétim o dia no período pós-operatório. Na COLUNA CERVICAL
coluna cervical posterior, a deterioração neurológ ica causada por
um seroma que pressiona a m edu la esp inh al fo i relatad a. Na colun a ARTRODESE ANTERIOR
lombar anter ior, as complicações do uso ojflabel em cages inclu íram
mais d e 25% d e frequência de reabsorção, subsidência e migração. A di scecto mia cervical anterior com fusão intersom ática ganhou
Na coluna lombar posterior, as co mpli cações relatadas incluíram ampla aceitação de cirurgiões or topedistas e neurocirurgiões no
CAPÍTULO 39 ARTRODESE DA COLUNA G!Jlll
tratamento de si ntomas refratários da doença do disco cervica l. pinças Kerr ison, a excisão segura de osteófitos anteriores e outras
A li teratura confirma um a baixa incidênc ia de maiores complicações est ru turas ofe nsivas do ca nal espinhal podem ser completados antes
e morbidade pós-operatória e um grau elevado de sucesso no alívio dos enxe rtos e da es tabilização. Em casos selecionados, é útil o
desses sintomas. A diferença fund amental em muitas técn icas co n- monitoramento de pote nciais evocados somatossensoriais e m oto res,
siste em saber se a cirurgia será limi tada a um a discectomia sim ples principalmente em pac ientes com mielopati a ou anormalidade do
e fu são intersomática ou se se rá fe ita uma tentativa de entrar no sinal da medula espinhal, para m inimi zar o risco de lesão da medula
ca nal espinh al para remove r os teófitos ou, de outra form a, desco m- espinhal a partir do pos icionamento ou por hip otensão, enquanto a
primir a medul a espinhal e as raízes nervosas. exposição e a fase inicial de descompressão são concluídas.
Deve-se ter extrem o cuidado ao se faze r um a fu são anteri or da
coluna cervical por causa de possíveis complicações significativas, • COMPLICAÇÕES GERAIS
incl uindo lesão às vísceras ce rvicais e lesão neurológica e vascul ar. Para cada estru tura anatôm ica presente no pescoço, há a possibili-
As ca usas relatadas de complicações relac ionadas com a fusão pelo dade de um erro cirúrgico; no en tanto, resul tados ruins tam bém
método de perfuração e colocação de um tarugo ósseo incluem a ocorrem por causa de más indi cações e técnica cirúrgica.
operação de um a broca sem a proteção da tam pa da broca com um O paciente errado pode se r operado, uma vez que a cervical é
ponto de parada, o qu e permite a broca penetrar o canal espinhal; um alvo co mum para a dor psicogênica. A avaliação pré-operatóri a
deslocamento do tarugo de enxe rto ósseo dentro do canal espinh al, cuid adosa é essencial para excluir uma personalidade histérica ou
qu e pode ocorrer durante a cirurgia ou no período pós-operatóri o, um estado crôni co de ansiedade. Na ausência de ach ados neuroló-
lesionand o a medula espinhal ce rvical; e o uso da eletro coagu lação gicos significativos para locali zar o nível da condição patológica, um
so bre o ligamento longitudinal posteri or. Reco mend a-se o uso de grande cuidado na ava liação da dor do paciente é essencial. A inci-
um enxe rto da crista ilíaca trico rti cal para fu sões interso máti cas. dência relativamente alta de anorm alidades nas image ns dos exames
A d iscectomia anterior e a fusão in tersomática têm ampla ap li - em voluntários assintom áti cos deve ser mantida em mente. Os
cação, produzindo excelentes resultados em praticamente todas as estu dos adjuvantes, incluind o a d iscografia, podem ser benéficos. A
fo rmas de doença do disco ce rvical e espo ndilose, indepe nd ente- dege neração do disco pode ser uma doença multifoca l na coluna
mente dos sinais neurológicos objeti vos. Apesar das diferenças sutis cervical e lombar; portanto, mesm o se um exame parece apontar
na técnica cirúrgica, a intenção do procedimento é a discectomi a e para um único nível, é possível que dentro de pouco tempo outros
fu são interso mática sem tentativa de rem over os osteófitos. A exten- segmentos to rn em-se sintomáti cos e a cirurg ia não tenha nenhum
são pela qual os osteófito s posteriores e posterolaterais prese ntes no benefício a longo prazo. Com a degeneração do disco em vári os
quadro de espondilose co ntr ibuem para os sintomas da doe nça do níveis, os res ultados não são gratificantes. Os melhores resultados
disco cervical e suas indi cações para removê-los ainda não fo ram são obtidos com um úni co segmento de discectomia e fu são para o
completamente definid as. Muitas vezes, é impressionante a discre- comprometimento definitivo da raiz nervosa, compressão da medul a
pâ ncia entre o grau de osteofitose ou outras alterações radi og ráficas espinhal ou, com menos frequência, doe nça de disco locali zada sem
e os si ntomas aprese ntados. Além disso, o nível de envo lvi mento co mpressão da raiz. As fusões de mais de dois segmentos realizadas
neurológico nem sempre coincide com o local dos achados radi o- para alívio da dor isoladamente produzem resultados razoáveis ou
gráficos principais. Como as radiografias simples não podem fo rn e- ruin s; melhora, e não cu ra, é o melhor resultado possível.
cer as in fo rmações necessá ri as pa ra identificar o nível ou níve is de A cirurgia pode se r fe ita no nível errado se uma contagem
co mpressão neural, a rnielografi a por TC ou RM é fo rtemente reco- vertebral inco rreta fo r fe ita no momento da cirurgia. O uso de um
mendada no planejamento cirúrgico; ambas fo rn ecem as informa- film e de locali zação co m um marcador de metal é obrigatório e a
ções de di agnóstico detalhadas necessá ri as. Em ordem decrescente primeira ou a segund a vértebra cervical devem sempre ser m ostra-
de freq uência, os níveis de disco envolvidos com as mudan ças dege- das neste fil me de ve rifi cação. A agulha do m arcador deve ser dire-
nerati vas são CS, C6 e C4. A correlação dos sintom as do paciente cionada cranialmente de modo que as pontas entrem na vértebra
com estudos de diagnósti co é fundamental porque 14% dos pacie n- ac ima e evitem o saco durai. Além disso, ao coloca r duas curvas em
tes ass intomáticos com menos de 40 anos de idade e 28% deles co m ângulo reto, co meça nd o 1 cm proximal à ponta da agulha espinhal,
mais de 40 anos têm anorm alidades signi ficativas, confo rme mos- a penetração da agulh a além de uma profundidade de 1 cm é
trado nos estudos de RM. Os sintom as dos processos degenerativos impedida.
estão relac ionados co m a interação de vários aspectos do processo A cirurgia pode se r feita da maneira errada; por exemplo, o
da doe nça, e não exclusivamente co m a qu antidade de esporões nervo larín geo recorrente, o esôfago ou a fa ringe podem ser lesio-
ósseos presentes. A obse rvação de pacientes qu e tiveram fusões nados po r ret ratores. As lesões do sistem a nervoso simpático são
mostra uma porcentagem signi fica tiva de osteófitos reabso rvidos no evitadas com a d issecção dos planos co rretos. Manter a dissecção
pós-operatório na presença de urna fusão intersom ática estável, medial para a carótid a evita o sistema nervoso si mpáti co. Um a abor-
emb ora nem todos sejam reabsorvíveis. dagem a partir da esqu erda é a que tem menor probabilidade de
Em nossa experiência, a discectomi a simples e a fu são inter- causar dano ao nervo laríngeo recorrente. Em uma abordage m a
somática sem a remoção do liga mento longitudinal posterior ou dos partir d a direita, o nervo larín geo recorrente está em risco m ais
osteófitos fo ram adequ adas no tra tamento da compressão neural ca udal a C6, devend o ser especificamente identificado e protegido.
causada por material de disco mole. Se a compressão do tecido Esse nervo entra no sulco entre a traqueia e o esôfago no ponto ond e
neural, especialmente a medul a espinhal, é causada por grandes a artéria tireóidea inferi or entra no polo menor da glândul a tireoide.
osteófitos ou um ligamento longi tudin al pos terior ossificado, a des- Uma grande sé rie suge riu qu e a compressão do nervo laríngeo
co mpressão direta através da remoção das estruturas de compressão reco rrente tem grand es chances de ser causada pela posição do tub o
proporciono u resultados sup eriores e é recomendada (Fig. 39-2). endotraqu eal combin ada co m a retração traqueal e pode se r dim i-
Isso é especialmente válido para sequ ências de T2 em RM que nuída por deflação e nova inflação do balão do tubo endotraqueal
demonstram anormalidade do sinal da medula. Nas mãos de ci rur- após a colocação do retrator para permitir que o tubo seja reposi-
giões habilidosos, com o uso de um microscópio cirúrg ico, um a cio nado dentro da traqueia. Os instrumentos podem romper a dura
broca de alta velocidade, pequ enas curetas angulares e pequenas ou co mprimir o tecido neural e devem se r usados com extrem o
m!) PARTE XII A COLUNA

Compressão da
medula espinhal ~ Compressão da
/ \ medula espinhal
Colapso
do enxerto- -Distração
em cavilha ligamentar

A B

e D

O!iji!;fiim!m A, Pseudoartrose típ ica com cana l comprometido por f ibrocartilagem. B, Colapso do enxerto provoca cifose angular,
a qual, combinada com a pseudoartrose, causa compressão da medula . C, Descompressão pela abordagem anterior. Hemicorporectomia
realizada cefálica e caudalmente ao espaço do disco com broca de alta velocidade para criar superfícies paralelas de osso esponjoso .
Descompressão completada com curetas angu ladas. D, En xertia óssea anterior realizada com escarificador de enxerto ósseo Smith-Ro-
binson tricortical impactado na posi çã o.

cuidado para remover os fragmentos discais posteriores e osteófitos. e suave geralmente é inserido profundamente na incisão. A obstru-
As curetas pequenas e angulares e pinças Kerrison devem ser afiadas ção das vias respiratórias, embora rara, em geral ocorre entre 12 e
para evitar a necessidade de força excessiva e perda de controle dos 36 horas após a ci rurgia.
instrumentos. Os enxertos devem ser precisamente medidos e fir- A extrusão de um enxerto normalmente observada no trata-
memente aj ustados sob compressão. mento de fraturas-luxações da cervical com instabilidade posteri or.
A cirurgia pode ser feita no momento errado. O momento de Não é com um em fusões para degeneração do disco quando a esta-
uma ciru rgia é importante; a cirurgia não deve ser adiada se a con- bilidade posterior das estruturas ligamentares não é prejudicada.
dução da raiz estive r significativamente prejud icada. Em pacientes Neste cenário, a estabilização com placa anterior ou fixação intern a
nos quais os achados clínicos são puramente subj etivos, deve-se posterior é uma rotina adjunta quando a estabilidade ligamentar
co nsiderar adiar a cirurgia até que qualquer possível litígio seja posterior é perdida por qualquer motivo e a abordagem anteri or
resolvido. No entanto, isso pode levar a padrõ es crônicos de dor que para artrodese é necessária. Geralmente, com instrumentação ante-
são di fíceis de erradicar. Raramente, tratamos de fo rm a cirúrgica os rior, a imobilização com uma órtese cervical é o suficiente, embora a
pacientes que não demostraram obj etivamente compressão neural fixação externa com um halocolete, por vezes, seja usada. O uso do
ou déficits neurológicos. Caso co ntrário, os resultados parecem ser, halocolete pode evitar a necessidade de fixação interna posterior, a
na melhor das hipóteses, imprevisíveis. qual é reservada para pacientes nos quais o uso do halocolete é com-
plicado por outras lesões, debilidade geral ou pela constituição fís ica
• COMPLICAÇÕES PÓS-OPERATÓRIAS do paciente. Nós constatamos que a combinação da reconstrução
Todas as incisões cirúrgicas anteriores devem ser devidamente dre- estável do enxerto anterior e instrumentação anterior é eficaz na
nadas para diminuir os riscos de um hematoma retrofaríngeo, os maioria dos pacientes e o uso de instrumentação posterior adicional
quais podem produzir obstrução das vias aéreas com suas subse- ou imobilização com um halocolete nesta situação não é frequ ente. Um
quentes complicações. Um sistema de drenagem de sucção fechada enxerto retangular fornece a melhor estabilidade quando comparado
CAPÍTULO 39 ARTRODESE DA COLUNA ~

a outros tipos de enxerto. A menos que o enxerto esteja mais de 50% a técnica de Robinson e Smith tornou-se a técnica mais popular uti-
de sua profundidade extruso ou cause disfagia, a cirurgia de revisão lizada para fusão cervical anterior, embora o enxerto tricortical da
geralmente não é indicada. A parte extrusa será reabsorvida, e o crista ilíaca muitas vezes seja trocado por um substituto de enxerto
enxerto vai ossificar conforme a evolução da artrodese. Se o tempo ósseo estabilizado por outra fixação interna.
de consolidação for demorado, o tempo de imobilização externa Em nossa clínica, a remoção da parte ma.is posterior das placas
deve ser ajustado em conform idade. termina.is vertebrais, para se alcançar uma descompressão anterior mais
Complicações relacionadas com a instrumentação anterior completa quando o osteófito compressivo é grande, não criou lll11 pro-
tem sido relatadas. Os dispositivos de placa do tipo bloqueio mini- blema sério, exceto quando o osso estava muito osteoporótico. Mesmo
mizam o risco de soltura de parafusos e perfuração do esôfago ou assim, apenas w11 colapso parcial do interespaço ocorreu durante a
da traqueia. Esse tipo de dispositivo também exclui a necessidade consolidação. Acreditan10s que a descompressão completa é mais
de perfuração bicortical e, assim, diminui o risco de lesão da medula importante para alívio dos sintomas neurais que a rigorosa preservação
espinhal durante a perfuração ou colocação do parafuso. das placas terminais, especialmente em sua porção posterior. A remoção
A não consolidação d.e uma fusão cervical anterior é incomum. da parte mais anterior da placa terminal inferior da vértebra cefálica
No entanto, com fusões intersomáticas de vários níveis, a taxa de rotineiramente é feita para melhorar a exposição do espaço do disco e
pseudoartrose aumenta de forma não linear. Para fusões de único garantir a remoção adequada da placa terminal cartilaginosa que impe-
nível, a literatura relata uma taxa de pseudoartrose de 3% a 7%, diria a fusão. Isso também permite que as placas termina.is sejam para-
mesmo com autoenxerto ósseo. As taxas de pseudoartrose semelhan- lelas. Se lUTia ressecção mais ampla que a normal for necessária, nossa
tes são observadas com fusões de único nível, utilizando o aloenxerto. técnica torna-se mais parecida com o enxerto "keystone" de Simmons
Com enxertos tricorticais ilíacos autógenos, a taxa de pseudoartrose e menos com o da técnica de Smith-Robinson. As várias abordagens
em fusões intersomáticas de dois níveis sem instrumentação anterior para o aspecto anterior da coluna cervical são descritas no Capítulo 37.
varia de 12% a 18%. No entanto, a adição da fixação interna estável a As fusões de Smith-Robinson são facilitadas com a utilização
reduz significativamente. Isso também é válido para três ou mais de um sistema de retratores e instrumentação projetados especifica-
níveis de fusão. O aloenxerto ósseo não deve ser utilizado para fusões mente para esta finalidade. No entanto, acreditamos que os pinos de
intersomáticas de vários níveis sem placa anterior por causa da alta distração não devem ser utilizados em pacientes nos quais se planeja
taxa de pseudoartrose. As fusões anteriores de vários níveis utilizando a fixação com placa anterior, porque esses pinos podem causar
a fixação da placa anterior adjunta ao aloenxerto ósseo podem forne- microfraturas que comprometem a pega dos parafusos; nesta situa-
cer taxas de fusão satisfatórias, embora os resultados não sejam tão ção, nós preferimos utilizar a tração do suporte de cabeça.
bons como com autoenxerto. Quando as pseudoartroses ocorrem,
normalmente elas se localizam no segmento mais caudal.
Se uma pseudoartrose cervical é definida como sendo sinto- FUSÃO CERVICAL ANTERIOR DE
mática, geralmente é mais bem tratada com fusão cervical posterior. SMITH-ROBINSON
Se uma condição patológica anterior significativa persiste, a cirurgia

---------'~
de revisão por via anterior pode ser realizada de forma satisfatória TÉCNICA
(Fig. 39-2).
Quando a artrodese cervical anterior está sendo feita para distúr- (SMITH-ROBINSON ET AL.)
bios traumáticos com instabilidade resultante das rupturas ligamentares
ou fraturas dos elementos posteriores, o tratamento pós-operatório •Coloque o paciente na posição supina na mesa de cirur-
deve ser planejado para acomodar esse fator agregado. Em geral, o gia com um pequeno rolo na área interescapular.
cuidado pós-operatório descrito aqui se aplica à artrodese para condi- •Aplique um suporte de cabeça se a fixação da placa
ções "estáveis" degenerativas ou outras condições não tralUnáticas. Se anterior for utilizada. Aplique 2,3 a 4,5 kg de tração para
houver instabilidade cervical ou se dois ou ma.is níveis discais estiverem o suporte de cabeça, se assim o desejar. Caso contrário, o
fundidos, tal como com lUna corpectomia, fixação interna anterior e suporte não é necessário porque os pinos de distração e
imobilização por até 3 meses são rotineiramente utilizadas. o conjunto de retração podem ser utilizados para abrir o
espaço do disco e permitir a exposição.
• TIPOS •Gire a cabeça do paciente ligeiramente para o lado
Historicamente, havia três técnicas que eram comumente utilizadas oposto da abordagem planejada.
para fusão cervical anterior - as de Robinson e Smith, Bailey e • Marque a pele cervical anterior, de preferência utilizando
Badgley e Cloward. A técn ica de Robinson e Smith usava um autoen- uma prega cutânea curva existente antes de colocar o
xerto tricortical da crista ilíaca, a técnica de Bailey e Badgley usava. campo adesivo cirúrgico. A cartilagem hioide (C3), a car-
um enxerto de encaixe ou enxerto do tipo cavilha e a técnica de tilagem tireoide (C4-5) e cartilagem cricoide (C6) são
Cloward utilizava um enxerto de pino circular. A configuração de marcos úteis. A incisão da pele do tipo transversal pode
Robinson e Smith foi considerada a mais forte no carregamento com- ser utilizada, mesmo para corpectomias de três níveis se
pressivo. Todos esses enxertos podem suportar cargas de 2,5 a 5 vezes for bem posicionada; caso contrário, uma incisão ao
o peso do corpo, muito mais do que as cargas que a coluna cervical longo da borda esternocleidomastóideo é útil. Ao longo
normalmente suporta. Assim, o fator limitante não é o enxerto em si, da exposição, deve-se manter uma hemostasia meticu-
mas a construção vértebra-enxerto (Fig. 39-3). A maior carga nas losa para permitir melhor identificação dos planos de
vértebras in vivo é a de compressão axial, mas o deslocamento rota- dissecção e das estruturas anatômicas importantes.
cional também ocorre na coluna. A forte configuração da artrodese •Após in cisar a pele, realize a dissecção da camada sub-
de Robinson e Smith resulta do fato de ela deixar intacta a proteção cutânea fora da fáscia anterior do platisma para permitir
cortical do corpo vertebral. Como tem sido demonstrado que 40% a a mobilidade da incisão até o nível desejado.
75% da força da vértebra vem do osso cortical, a preservação da placa •Divida o platisma vertica lmente perto da linh a média,
terminal é muito importante porque ela evita o colapso na parte levantando-o entre dois pares de afastadores e dividindo-o )
esponjosa do corpo com subsequente deslocamento. Como resultado,
llllr!D PARTE XII A COLUNA

Tipo 1 (50,9) KP/cm2

Anteroposterior

Tipo li (41,6) KP/cm2

Anteroposterior

Tipo Ili (35,2) KP/cm2

lâ[€!ii;HE1!19 Tipos (configurações) de


enxertos utilizados na artrodese anterior da
coluna cervical. Tipo/, Robinson e Smith; tipo li,
Cloward; tipo Ili, Bailey e Badgley. Os números
Anteroposterior representam a capacidade de suporte de carga
para cada um.

claramente nas direções cefá lica e cauda l. Isso permite a que os retratores autoestáticos possam ser colocados pro-
)
exposição da borda do esternocleidomastóideo. fundamente nas bordas mediais destes músculos.
•Desenvolva o interva lo apenas mediaimente ao esterno- •Obtenha uma radiografia para local ização, utilizando uma
cleidomastóideo para permitir a palpação e exposição da agu lha espinha l pré-curvada para marcar o espaço do disco
bainha carótica e o músculo omo-hióideo sobrejacente. antes de proceder com a excisão do disco ou corpectomia.
•Mobilize o omo-hióideo e retraia-o de modo cauda l para •Se os vasos tireoidianos superior ou inferior estiverem
acessar os níveis cefál icos a CS ou mobilize-o cranial- limitando a exposição, ligue e divida os vasos.
mente para acesso a CS ou aos níveis cauda is. • Ao elevar os músculos longos do pescoço, não estenda lateral-
•Incisivamente, divida a fáscia pré-traqueal mediaimente à mente até os processos transversos para evitar a cadeia simpá-
bainha carótica. Tome cuidado para evitar qua lquer dis- tica e a artéria vertebra l. Essa dissecção, no entanto, deve
secção lateral à bainha carótica, o que colocaria em risco estender-se lateralmente o suficiente para expor o aspecto
a cadeia simpática. anterior das articulações uncovertebrais bilateralmente.
•Uma vez que a fáscia pré-traqueal tenha sido cortada, •Coloque as lâminas do retrator autoestático profunda-
desenvolva adequadamente o espaço pré-vertebral utili- mente ao músculo longo do pescoço, bi lateralmente, e
zando a dissecção digital romba direcionada media l e prenda o retrator autoestático.
posteriormente. • Para discectomia de ún ico nível, os pinos de distração
• Coloque os retratores portáteis rombos media imente para podem ser inseridos. Para procedimentos de vários níveis ou
visualizar os múscu los longos do pescoço. Para evitar uma se a fixação com parafusos estiver planejada, os pinos de
lesão das estrutu ras da linha méd ia, utilize o cautério distração devem ser evitados por causa das microfraturas
bipolar e pequenos elevadores do tipo chave para elevar potenciais nos locais dos pinos que irão comprometer a
subperiostea lmente o músculo lon go do pescoço de modo pega dos parafusos.
CAPÍTULO 39 ARTRODESE DA COLU NA era
haverá um sangramento significativo a partir do ponto médio
posterior do corpo, o qual pode ser facilmente controlado
com o cautério bipolar, uma vez que o osso cortical tiver sido
perfurado. Não utilize o cautério unipolar em estreita proxi-
midade com o tecido neural.
•Afine o osso cortica l com a broca de alta velocidade e o

-
remova com cu reta s angu lares ou remova cuidadosamente
com a broca. Se necessário, remova o ligamento longitu-
dinal posterior elevando-o anteriormente com um pequeno
gancho sem corte e abrindo o espaço epidura l com uma
pinça Kerrison de 1 mm. Isso deve ser feito com excelente

l visua lização e cuidado para evitar uma lesão dura i.


•Após o espaço epidural tiver sido alcançado, remova o liga-
mento longitudinal posterior totalmente se necessário. Se o
canal estiver significativamente comprometido, libere-o cuida-
dosamente da dura-máter subjacente com dissecção romba.
•Rea lize as foraminotomias neste momento e remova os
osteófitos se necessário. Um pequeno probe rombo deve
passar fac ilmente na face anterolatera l ao processo unci-
forme após a foraminotomia. Quando possível, preserve
ii[§i!;fijE11:9 Diagrama de remoção do osso com broca de alta o ligamento longitudinal posterior para melhorar a esta-
ve locidade do lábio anterior da vértebra cefá li ca para o níve l bilidade da constru ção.
co rresponde nte de osso subcond ral no terço méd io do corpo. •Prepare cuidadosamente as placas term inais adjacentes
VEJA A TÉCNICA 39-1. de modo que toda a cartilagem seja removida, o osso
subcondral seja preservado, toda a descompressão seja
da largura da placa termina l entre os processos uncinados
•Uma vez que todos os níveis estejam adequadamente
e as placas terminais f iquem paralelas entre si.
expostos, utilize um bisturi com lâm ina nº 11 para remover
• Meça cuidadosamente a dimensão anteroposterior em cada
o ânu lo anterior em cada nível, cortando a partir de cada
placa terminal. A profundidade do enxerto deve ser de 3 a
articulação uncovertebral em direção à linha média.
4 mm a menos do que o menor dos dois para permitir ao
• Remova o ânulo com pinças pituitárias e curetas para permitir
enxerto ser rebaixado 2 mm anteriormente e não compro-
a exposição de cada processo uncinado, os quais aparecem
meter o canal espinhal posteriormente. Além disso, meça
como uma ligeira curva para cima da placa terminal do seg-
cuidadosamente o comprimento do enxerto necessário para
mento caudal. Isso marca a extensão segura da dissecção
a dimensão cefa locauda l. Lembre-se de medir com e sem
latera l para evitar a artéria vertebra l. Remova da metade ante-
tração que esteja sendo aplicada através do suporte de
rior até dois terços do disco em cada nível desta forma . cabeça, de modo que o enxerto esteja sob compressão
•Utilize um microscópio cirúrgico para a remoção segura adequada. Além disso, certifique-se neste ponto de que as
do disco posterior, osteófitos ou ligamento longitudinal placas terminais estejam paralelas entre si.
posterior, conforme necessário . •Remova o disco lateralmente para permitir a visualização
• Com uma broca de alta velocidade, remova o lábio anterior do processo uncinado bi lateralmente, o qua l vai aparecer
da vértebra cefálica para nivelar com o osso subcondral do como uma ligeira eleva ção da placa terminal e marca a
meio do corpo (Fig. 39-4). Isso forma uma superfície com- extensão segura da descompressão latera l.
pletamente plana e melhora a visibilidade para remover o •Obtenha um enxerto tricortical da cri sta ilíaca util izando
materia l de disco restante e as placas terminais cartilagino- uma pequena serra oscilante (Fig. 39-5), conforme des-
sas no nível do ligamento longitudinal posterior. crito na Técnica 1-8 .
• Se a imagem pré-operatória demonstrar um fragmento •Durante a preparação da placa term inal, tome cu idado
de disco macio e isso for encontrado sem violação do para preservar o córtex anterior da vértebra cefálica e caudal.
ligamento longitudinal posterior, não será necessária uma •Molde o enxerto ósseo para a profundidade apropriada .
exploração maior do canal. Posicione o enxerto com a superfície esponjosa direcio-
•Se necessário, realize uma foram inotomia para remover nada posteriormente e corte ligeiramente em bisei as
o tecido uncovertebral com pequenas pinças Kerrison. Se margens cefálica e caudal posteriores para faci lita r a
for encontrado um defeito através do ligamento longitu- impactação. Com a tração ap licada, impacte o enxerto
dinal posterior, aumente-o e explore o canal à procura de no local de modo que a porção cortical seja rebaixada
fragmentos adicionais . de 1 a 2 mm posteriormente ao córtex anterior dos
• Se o plano cirúrgico exigir a remoção do ligamento longitu- corpos vertebrais . Deverá haver 2 mm de espaço livre
dinal posterior, complete primeiro todas as corpedomias. entre a margem posterior do enxerto e o canal espinhal.
•Para realizar as corpectomias, utilize uma broca de alta O enxerto deve ficar bem encaixado, mesmo quando a
velocidade para criar uma calha lateral no nível do pro- tração estiver sendo aplicada.
cesso uncinado, bilateralmente, o qual se estende a partir •Libere a tração e verifique o ajuste do enxerto utilizando
de um espaço do disco para o outro . uma pinça de Kocher para segurá-lo. Repita esse proce-
• Remova o osso da linha média até a mesma profundidade dimento para cada espa ço discai adicional.
das calhas e continue posteriormente até que o sangramento •Aplique a instrumentação com placa cervical anterior, se
do osso esponjoso dê lugar ao osso cortical. Geralmente, necessário com toda a tração liberada. Vários sistemas )
~ PARTE XII A COLUNA

ARTRODESE OCCIPITOCE,BVICAL
ANTERIOR,POR EXPOSIÇAO
EXTRAFARINGEA
Raramente, uma fusão occipitocervical anterior para uma
coluna cervical grosseiramente instável é necessária quando a
fusão posterior não é viável, como em pacientes que foram
submetidos alaminectomias extensas e na artrite reumatoide,
quadriparesia traumática, metástase neoplástica da coluna e
anormalidades congênitas. Essa cirurgia é uma extensão
cranial da abordagem descrita por Robinson e Smith e por
Bailey e Badgley; ela permite o acesso à base da reg ião occi-
pital e do aspecto anterior de todas as vértebras cervicais. Nós
não temos experiência com esse procedimento.

~
TÉCNICA ;.....__ _ _ _ _ _...s.~

(DE ANDRADE E MACNAB)

• Mantenha a estabilidade espinhal inicial aplicando um


dispositivo de halo craniano com o paciente em uma
estrutura que permita rotação. Mantenha o paciente na
Enxerto ósseo ilíaco estrutura e mantenha a tração ao longo da cirurgia.
• Faça a exposição a partir do lado direito com uma incisão
h@ii;@ ~ Técnica de Robinson et a i. para fusão anterior correndo ao longo da borda anterior do músculo ester-
da co luna cervical. VEJA A TÉCNICA 39-1 . nocleidomastóideo desde acima do ângulo da mandíbula
até abaixo da cartilagem cricoide (Fig. 39-6)
estão disponíveis e devem ser aplicados de acordo com • Divida o platisma e a fáscia cervical profunda alinhando com
) a incisão e exponha a borda anterior do esternocleidomas-
as recomendações do fabricante.
• Obtenha as radiografias intraoperatórias para verificar a tóideo. Tome cuidado para não lesionar o nervo acessório
posição do enxerto e da instrumentação. espinhal conforme ele entra no aspecto anterior do ester-
• Feche a camada do platisma sobre um dreno de sucção nocleidomastóideo no nível do processo transverso do atlas.
fechado e macio e feche as camadas cutânea e subcutâ- •Retra ia o músculo esternocleidomastóideo latera lmente e
nea. Ap lique um curativo fino. Coloque o paciente em a cinta pré-traqueal anteriormente e palpe a artéria caró-
uma órtese cervical antes da extubação . tida em sua bainha . Exponha a última .
• Divida o músculo omo-hióideo conforme ele cruza no
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O paciente é autori- nível da cartilagem cricoide.
zado a deixar a cama mais tarde no dia da cirurgia ou na •Identifique o músculo digástrico e o nervo hipoglosso na
manhã seguinte. O dreno é removido no primeiro dia do extremidade crania l da incisão. Faça uma dissecção romba
pós-operatório. A órtese cervical é utilizada durante 4 a 6 do espaço retrofaríngeo e entre nele no nível da carti la-
semanas pelos pacientes submetidos a discectomias e de 8 gem tireoide.
a 12 semanas pelos pacientes submetidos às corpectomias, • Divida as artérias e as veias tireoidiana superior, lingual e
dependendo da conformidade do paciente e da aparência fascial para obter acesso ao espaço retrofaríngeo na parte
radiográfica do enxerto. Ocasionalmente, um colar macio é superior da incisão.
útil durante um período adicional de 1 ou 2 semanas. As •Continue a dissecção romba no espaço retrofaríngeo e
radiografias de flexão e extensão latera l da coluna cervical pa lpe o arco anterior do atlas e o seu tubérculo anterior na
não devem revelar evidência de movimento no local da linha média. Continue acima desta área explorando com o
f usão e a trabeculação deve estar presente antes da inter- dedo e entre na cavidade da base da região occipital. A
rupção da órtese cervical rígida. dissecção não pode ser realizada de forma cefálica por causa
do tubérculo da faringe, ao qual a faringe está conectada.
• Insira um retrator em ângulo reto largo sob a faringe e
Inverter a orientação do enxerto ilíaco conforme ele é inserido desloque-o de modo anterossuperior. Utilize tração inter-
de modo que a borda cortical arredondada do córtex ilíaco seja colo- mitente nos ramos faríngeo e laríngeo do nervo vago
cada posteriormente e a borda esponjosa fique anteriormente é a durante essa manobra para minimizar o risco de rouqui-
recomendação para permitir que porções salientes do enxerto sejam dão. O aspecto anterior da coluna cervical superior e a
cortadas facilmente com uma goiva sem sacrificar a parte cortical e base da reg ião occipita l agora estão expostos.
sem diminuir a resistência do enxerto. Nós temos experimentado o • Coagule o plexo profuso das veias sob a borda anterior do
colapso da borda não cortical anterior do enxerto e uma leve defor- músculo longo do pescoço. Separe os músculos a partir do
midade cifótica resultante no nível fundido quando "invertemos" o aspecto anterior da coluna através da incisão do ligamento
enxerto, especialmente em mulheres mais velhas, cujas corticais dos longitudinal anterior, vertical e transversalmente, e exponha
ossos pélvicos foram diluídos por causa da osteoporose.
CAPÍTULO 39 ARTRODESE DA COLUNA

Artéria tireóidea superior

H@l!;f41D'i9 Técnica de Andrade e


de Macnab para artrodese occipitocer-
e vical anterior. VEJA A TÉCNICA 39-2.
Linhas de incisão no músculo
e na fáscia pré-vertebrais

o arco anterior de C 1 e os corpos de C2 e C3. O espaço ENXERTO ESTRUTURAL FIBULAR NA


de trabalho é de aproximadamente 4 cm, porque o nervo
hipoglosso sai do crânio através do forame condilar ante-
ARTRODESE DA COLUNA CERVICAL
rior cerca de 2 cm lateralmente à linha média. COM CORPECTOMIA

---------'~
•Torne áspera a superfície anterior da base da regi ão occi-
pital e as vértebras cervicais superiores com uma cureta. TÉCNICA
•Obtenha a partir dos fragmentos da crista ilía ca do osso
(WHITECLOUD E LAROCCA)
esponjoso autógeno fresco e coloque-as na superfície
anterior das vértebras a serem fundidas. Faça fragmentos
•Utilize a abordagem cirúrgica de Robinson et ai. (Técnica
com espessuras não maiores do que 4,2 mm para evitar
39-1 ). Conforme descrito nesta técnica, os retratores auto-
compressão excessiva na faringe.
estáticos são úteis. Eles podem ser colocados para a retra-
•Feche a incisão com sutura do platisma e pele usando
ção cefálica e cauda l, assim como a retração da linha média
apenas um dreno de sucção deixado no espaço retrofa-
é alcançada ao coloca r as lâminas profundas nos músculos
ríngeo por 48 horas.
longos do pescoço que foram elevados.
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O paciente é colocado •Remova um segmento retang ular do ligamento longitu-
em uma estrutu ra que permita rotação, e a tração é dinal anterior e remova o ânulo anterior em cada nível de
mantida durante 6 semanas. Um conjunto para traque- disco que será excisado.
ostomia deve ser mantido ao lado do leito no caso de • Remova da metade anterior a dois terços do disco com
ocorrer obstrução da via aérea superior. Para deambula- uma cureta e pinças pituitárias e identifique as articula-
ção mais precoce, um halocolete pode ser ap licado; o ções uncovertebrais em cada nível lateralmente .
halocolete é removido 16 semanas após a cirurgia. A •Com as articulações uncovertebrais claramente identifi-
consolidação do enxerto deve ocorrer neste momento. cadas com o microscópio cirúrgico, utilize uma broca de )
PARTE XII A COLUNA

alta velocidade, pequenas cu retas e pequenas pinças Ker- • A fixação da placa cervical anterior pode ser adicionada,
rison para remover o material restante do disco de volta se desejado. Tome cuidado ao selecionar o comprimento
para o ligamento longitudinal posterior em cada nível de adequado da placa para que os parafusos não f iquem
disco e remova os corpos vertebrais intervenientes, con- demasiadamente perto da interface enxerto-local receptor.
forme descrito na técn ica de Robinson. • Verifique a posição do enxerto com radiografias e feche
• A largura da corpectomia que deverá ser mantida corres- a incisão em camadas sobre os drenas de sucção.
ponde à largura entre os processos uncinados. A porção Uma técnica alternativa foi descrita anteriormente na
medial do processo uncinado pode ser removida, mas a técnica de Robinson; ela consiste em um enxerto ilíaco autó-
remoção não deve ser realizada lateralmente ao processo logo e colocação de placa cervical anterior. Isso proporciona
uncinado porque isso coloca em risco a artéria vertebral. estabilidade adequada de modo que apenas a órtese cervica l
•Leve a dissecção através do corpo vertebral até que o seja necessária após a cirurgia. No entanto, se a pega dos
córtex posterior seja encontrado. O padrão de sangra- parafusos não estiver aceitável, a imobilização com haloco-
mento do osso vai mudar de um padrão esponjoso para lete deve ser utilizada com a técnica fibular não instrumen-
um padrão cortical neste ponto. tada. Sem instrumentação, a imobilização com halocolete
• Execute a vertebrectomia e a discectomia posterior em cada deve ser utilizada durante 3 meses. A imobilização pós-ope-
nível com o auxíl io do microscópio cirúrgico ou da ampliação ratória pode ser necessá ria por mais de 3 meses, especial-
de uma lupa associada a um foco frontal de cabeça. mente com aloenxertos fibulares, porque a incorporação do
•M antenha a hemostasia cuidadosamente e utilize o cau- osso cortica l é um pouco mais lenta do que a incorporação
tério bipolar nas estruturas do tecido mole posterior, do osso ilíaco. No entanto, Hughes et ai. relataram excelen-
como o ligamento longitudinal posterior. tes resultados com o uso de enxertos fibulares no trata-
• Aplique cera óssea nas superfícies esponjosas lateral- mento da mielopatia espondilolítica cervical.
mente sobre as arestas do sulco.
• Mantenha as laterais do sulco em um plano parassagital. CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Dependendo do tipo de
• Quando o córtex posterior tiver sido alcançado e reduzido à f ixação interna, a imobi lização inicial é continuada por
espessura de um papel, utilize uma pequena cureta para tração esquelética, um halocolete, um colar de plástico,
puxar o osso anteriormente, soltando-o do ligamento longi- um imobilizador Filadélfia ou um imobilizador cervicodor-
tudinal posterior. Desta forma, o ligamento longitudinal pos- sal. O tempo necessário da fusão será mais longo com o
terior pode ser reduzido e os processos patológicos, como a osso cortica l do que com um enxerto ósseo corticoespon-
ossificação do ligamento longitudinal posterior, onde a com- joso. A imobilização prolongada é necessária. Nós gera l-
pressão da medula espinhal ocorre, podem ser tratados. mente utilizamos enxertos da crista ilíaca anterior e
• Remova o ligamento longitudinal posterior reduzindo-o e instrumentação anterior com uma órtese cervical para
desenvolvendo um plano ventral à dura. A dura pode ser imobilização pós-operatória durante 8 a 12 semanas.
bastante atenuada em algumas circunstâncias e é faci lmente
rompida. Tenha muito cuidado durante essa parte do procedi-
mento. Pequenas curetas, pinças pequenas Kerrison e micro- ARTRODESE POSTERIOR
gancho rombo e microdissector rombo são bastante úteis na
remoção do ligamento longitudinal posterior e de osteófitos As técnicas de artrodese posterior da coluna cervical são discutidas
no aspecto posterior das articulações uncovertebrais. na seção sobre fraturas, luxações e fraturas-luxações da coluna cer-
• Após a conclusão da descompressão, utilize um seg- vical (Capítulo 38).
mento completo de fíbula para colocação do enxerto
estrutural.
• Coloque o enxerto fibular dentro dos entalhes preparados COLUNA LOMBAR E TORÁCICA
na vértebra em ambas as extremidades do segmento a
serem ca lib radas. A artrodese da região lombossacra é feita para lesões degenerativas,
• Enca ixe o enxerto fibular em cada extrem idade de modo traumáticas e congênitas. As indicações e técnicas de fusão da
que o mesmo entre no entalhe preparado em cada placa coluna e cuidados pós-cirúrgicos variam de um centro ortopédico
terminal. Coloque-o abaixo da placa termina l cefálica para outro. Muitos ortopedistas preferem a artrodese posterior,
ligeiramente mais posterior que no recesso através da geralmente alguma modificação do tipo de processo intertransverso
placa termina l na extremidade cauda l para tornar a inser- da fusão, utilizando uma grande quantidade de osso ilíaco autógeno.
ção do enxerto mais fác il. A fixação interna pode ser utilizada com artrodese posterior. Antes
• Prepare as placas terminais superior e inferior para aceitar do uso da instrumentação, o estado atua l do implante - seus riscos
o enxerto removendo a placa termina l cartilagin osa e e indicações e aprovação pelo FDA - deve ser revisado cuidadosa
preparando os enta lhes. Preserve a parte anterior do e completamente com o paciente. As fusões posteriores interfacetá-
córtex vertebral para impedir o deslocamento anterior do rias ou intertransversas são utilizadas mais frequentemente, sozi-
enxerto. nhas ou ocasionalmente em combinação com uma fusão anterior e
• Após o enxerto fibular tiver sido cortado e moldado para com ou sem fixação interna posterior. As fusões intersomáticas a
as dimensões apropriadas, aumente a tração na cabeça partir das abordagens posterior, anterior, retroperitoneal ou trans-
e insira-o no interior da vértebra superior, utilizando um peritoneal são preferidas por outros cirurgiões ortopédicos.
impactar pa ra afundar a parte inferior do enxerto no Para a fusão lombar, a melhor técnica para determinado paciente
recesso da placa terminal, e puxe dista lmente, bloquean- permanece controversa. A decisão deve ser baseada na entidade pato-
do-o no local. Dois terços do enxerto vão ficar posteriores lógica a ser tratada, na biomecânica aplicável esperada e no potencial
de consolidação de diferentes construções e a experiência do cirurgião.
ao aspecto anteri or da coluna vertebral.
Com relação à entidade patológica, deve ser dada consideração à coluna
CAPÍTULO 39 ARTRODESE DA COLUNA

espinhal e aos elementos neurais. Desta forma, o equilíbrio adequado as dificuldades diagnósticas sempre estão presentes. O tratamento
pode ser obtido entre a necessidade de um eventual aumento da insta- varia de acordo com o perfil físico e emocional do pacien te e a
bilidade da descompressão neural e as estratégias de aumento da esta- experiência do cirurgião envolvido. A hemilaminectomia e a des-
bilidade para promover a fusão. Após a determinação do plano cirúrgico compressão das raízes nervosas ainda constituem o procedimento
ideal para um determinado paciente, há controvérsia adicional em ci rúrgico mais amplamente utili zado para dor lombar incessante.
relação à melhor técnica para executar o plano, isto é, uma técnica Com a instabilidade contínua dos elementos anteriores e posterio-
aberta ou wna abordagem minimamente invasiva. res, a fusão complementar posterior ou posterolateral geralmente
prova se r satisfatóri a.
Há um grupo de pacientes para os quais os procedimentos
ARTRODESE ANTERIOR cirúrgicos padrão não são bem-sucedidos. As seguintes causas de
sintomas persistentes após a cirurgia de disco foram identificadas:
• ABORDAGEM TRANSTORÁCICA PARA A l. Diagnóstico original errado
COLUNA TORÁCICA 2. Hérnia disca! recorrente (também remoção incompleta)
Para ar trodese anterior da coluna torác ica, um a abordagem transto- 3. Hérnia de disco em outro nível
rácica fo rn ece acesso direto aos corpos ver tebrais de T2 a T l 2. Os 4. Compressão óssea da raiz nervosa
co rpos vertebrais da coluna torácica média são mais bem expostos 5. Adesões perineurais
por essa abordagem, enqu anto as visões dos extremos sup erior e 6. Jnstabilidade dos segmentos vertebrais
inferior da coluna torácica são mais limitadas. 7. Psicone urose
Neste grupo, a melhori a da precisão do diagnóstico atualmente
~ pode ser obtida com o uso de eletro mi ografia, uma avaliação do
TÉCNICA
----~~~~~~~---~ perfil psicológico, TC pós-mielografia, RM com e sem contraste por
• Aborde a vértebra comprometida conforme descrito na gadolínio e possivelmente discografia. Finalmente, bloqueios anes-
Técnica 37-12. tésicos espinhais diferenciais são úteis na discriminação entre os
• Remova o material do disco no nível confirmado com vários tipos de dor.
dissecção cortante dos dois terços laterais do disco. Como regra, a incapacidade dos métodos posteriores com uns
• Remova cuidadosamente o material do disco remanes- de fusão para aliviar a dor na presença de uma artrodese sólida e na
cente com pi nças Kerrison e curetas, sempre utilizando a ausência de outra patologia confo rm e listado anteriormente dita a
amp liação. co nsideração da excisão do disco intervertebral anterior e fus ão
• Com o disco re movido e o cana l livre de todas as obstru- intersomática da coluna. Os resultados relatados da fus ão interso-
ções, prepare as placas termin ais removendo a ca rtila gem mática ante rior foram va ri áveis, co m taxas de sucesso vari ando de
sem penetrar no osso cortica l dos platôs. 36% a 90%. Embora os relatórios dos resultados de longo prazo
•I nsira o enxerto ósseo tricortical, o aloenxerto estrutura l sejam inconclusivos, o alívio da dor parece ser obtido em 80% a 90%
preparado ou uma gaiola com enxerto ósseo conforme dos pacientes.
desejado. As indicações sugeridas incl uem (1) instabilidade que causa
• Se necessária, pode ser adicionada fixação interna . dor lombar e ciática, (2) espondilolistese de todos os tipos, (3) dor
• Feche a cavidade torácica em camadas e adicione um
após várias explorações posteriores e (4) fa lha das fusões posterio-
dreno torácico.
res. Bons resu ltados fo ram relatados com o uso de três enxertos da
crista ilíaca para doença degenerativa e um enxerto em bloco para
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O paciente é autorizado
espondilolistese (Fig. 39-7).
a se movimentar rapid amente após o procedimento. O
dreno torácico é removido, uma vez que a drenagem seja
mínima e não houver vazamento de ar. Inicialmente, um
imobilizador removível, como o imobi lizador de Jewett, ou
uma órtose toracolombossacra podem ser utilizados para
locomoção. O imobilizador pode ser interrompido conforme
a dor melhore e a fusão radiográfica seja observada.

Várias indicações da artrodese ante rior para a coluna lombar


são relatadas na literatura. Nessa clíni ca, as indicações incluem
debridam ento de infecções, tub erc ul ose, ressecção tumoral, corre-
ção de cifose, escoliose, descompressão neura l pós-fratura e para A
atingir estabilidade quando a artrodese posterior não é possível.
Me nos frequentemente, nós temos uti li zado essa técnica para o tra -
tam ento da espondilolistese ou para o tratamento do desarranjo
interno do disco intervertebral. A abordage m cirúrgica utilizada na
tuberculose, descrita por Hodgson e Stock, deve ser aplicada na
maioria das circunstâncias (Capítulo 43).

B
• EXCISÃO ANTERIOR DO DISCO E FUSÃO
INTERSOMÁTICA PARA A COLUNA LOMBAR O!fti!@EIJI Técnica de corpo livre para fusão intersomática
O fu ndamento do tratamento da dor lombar deve ter co mo base um a nterior na co luna lom bar bai xa. A, Técnica para doença degene-
d iagnóstico preciso. Muitas são as sínd romes dolorosas nesta área e rativa . B, Técnica para espondi lolistese .
lllm> PARTE XII A COLUNA

FUSÃO INTERSOMÁTICA ANTERIOR DA


COLUNA LOMBAR

--------'~
TÉCNICA
(GOLDNER ET AL.)

• Administre a anestesia gera l e coloque o paciente na


posição de Trendelenburg.
• Desenvolva a abordagem retroperitoneal para os corpos A
vertebrais e identifique o músculo psoas, a veia e a artéria
ilíaca e o ureter esquerdo. Se mais de três interespaços
tiverem que ser fundidos, retraia o ureter para a esquerda.
•Identifique o promontório sacral por pa lpação.
• Injete a solução salina sob a fáscia pré-vertebral da vértebra
lombar e levante a cadeia simpática para dissecção mais fácil.
•Exponha o espaço lombossacral do disco retra indo a veia
e a artéria ilíaca esquerda para a esquerda. e
• Ao expor o quarto interespaço lombar, desloque a veia e
a artéria esquerda e o ureter para o lado direito. O@ii@m9 Técni ca de Goldner et ai. para fusão intersomá-
•Eleve o ligamento longitudinal anterior como uma aba tica anterior da articulação lombossacra . VEJA A TÉCNICA 39-5.
com a base para a esquerda .
• Marque a aba com suturas e retraia-a para fornecer pro-
teção adicional para os vasos. pós-operatória conforme tolerado. As radiografia s pós-
• Separe o disco intervertebral e o ânulo das placas termi- -operatórias são feitas antes da alta hospitalar para servir
nais carti laginosas das vértebras com um fino osteótomo como base para julgar a aparência do enxerto . Três meses
e remova-os com pinças pituitárias e grandes curetas. mais tarde, radiografias de inclinação lateral e flexão e
• Limpe o espaço completamente até o ligamento longitudinal extensão são feitas na posição em pé para fornecer infor-
posterior sem remover o osso, mantendo o sangramento no mações sobre o sucesso da artrodese . Em seguida, as
mínimo até que o local esteja pronto para receber o enxerto. radiografias são repetidas em 6 e 12 meses após a cirur-
• Remova as placas terminais carti laginosas dos corpos ver- gia, com a fusão sól ida não confirmada até 1 ano após
tebrai s com um osteótomo até que o osso sangrante seja a cirurgia. As tomografias podem ser úteis para ava liação
encontrado. de suspeita de pseudoartrose.
•Corte enta lh es rasos nas superfícies opostas das vértebras
e meça as dimensões dos entalhes cuidadosamente com
um calibrador. Nós temos utili zado uma abordagem retroperitoneal para os
• Corte os enxertos da asa ilíaca, tornando-os maiores do discos L2, L3, L4 e LS. Para o LS ou disco lombossacral, alguns
que os entalhes para posterior impacção firme (Fig . 39-8) preferem uma abordagem transperitoneal se for necessário um bom
• Hiperestenda a colu na, insira vários enxertos e alivie a acesso anterior. A incidência de trombose venosa profunda após
hiperextensão. essas abordagens, especialmente a abordagem transper itoneal da
• O eletrocautério bipolar é útil na obtenção da hemostasia, linha média, é muito maior do que após a ciru rgia da coluna com um.
mas tome cuidado para não coagular as fibras simpáticas A profilaxia adequada é indicada, mesmo que possa não ser bem-
sobre o aspecto anterior da articulação lombossacral. A -sucedida na prevenção dessa complicação.
uti lização de grampos de prata nesta área é preferida.
• Após a conclusão da fusão, feche todas as camadas com • FUSÃO ANTERIOR MINIMAMENTE INVASIVA DA
suturas absorvíveis.
COLUNA LOMBAR
•Estime a quantidade de sangue perdido e reponha-o.
Nos campos da cirurgia geral e da cirurgia torácica, o desenvol-
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO A sucção nasogástrica vimento das técnicas cirúrgicas laparoscóp icas e cirurgia torácica
pode ser necessária para descompressão gástrica por assistida por vídeo (VATS) permitiram melhorias significativas a
cerca de 36 horas. Deve ser dada atenção à mobilização serem feitas no que diz respeito à diminuição da dor, dura ção da
das extremidades inferiores para prevenir a dependência hospitalização e tempo de recuperação de uma variedade de pro-
e a estase sanguínea. Meias antitrombóticas do compri - cedimentos (Fig. 39-9) . Da mesma forma , as técnicas laparoscó-
mento do membro até a coxa, botas de compressão picas e VATS têm sido aplicadas à cirurgia da coluna anterior
intermitentes e heparina de baixo peso molecular são com melhorias significativas nestas mesmas áreas. A VATS é
utilizadas na profilaxia da trombose venosa profunda. Os discut ida no Capítu lo 41. Nós temos expe ri ência limitada com
exercícios na cama com elevação da perna reta são inicia- essa técnica; no entanto, ela parece fornecer uma excelente forma
dos no primeiro dia do pós-operatório e continuados por de realizar a liberação anterior e a discectomia com fusão inter-
tempo indeterminado. O paciente é autorizado a se sentar somática anterior.
e andar com um colete baixo utilizado para imobilização A instrumentação e a fusão lombar transperitoneal laparoscó-
pica também foram desenvolvidas, e vários sistemas estão atualmente
CAPÍTULO 39 ARTRODESE DA COLUNA

A B

h@lhMEI!m A cirurgia torácica assistida por vídeo (VATS) é utilizada para liberação anterior e fusão intersomática. A, Paciente
posicionado em decúbito lateral esquerdo e posições marcadas dos portais. B, Portais.

disponíveis. Esses sistemas permitem a remoção do disco e a inserção ~


TÉCNICA
----------'~
de dispositivos cilíndricos rosqueados, assim como gaiolas trapezoi-
dais preenchidas com osso autógeno nos espaços dos discos, tipica-
mente nos níveis de LS-Sl e L4-L5. Embora essas técnicas forneçam • Após a confirmação da posição correta do retrator (Técnica
um meio eficaz de alcançar a fusão intercorporal anterior com 37-16) co m fluoroscopia anteroposterior e lateral, cen t ra-
manutenção da distração do espaço do disco, elas parecem exigir lize a jan ela de anulotomia anterior na metade anterior
uma curva de aprendi zagem significativa. Tanto as técnicas VATS do disco.
quanto as laparoscópicas devem ser realizadas por cirurgiões expe- • Faça a abertura da janela ampla o suficiente para acomo-
ri entes nestas técnicas para minimizar complicações potencialmente dar o implante.
catastróficas. O sucesso final do procedimento depende do diagnós- •Remova o disco com instrumentos convencionais.
tico adequado e da seleção do paciente. Cada dispositivo tem um •Deixe o ãnulo posterior intacto.
guia técnico específico, e o leitor deve consultá-los para uso do •Libere o ãnu lo contralateral uti lizando um dissector de
dispositivo específico. Cobb para permitir distração do espaço do disco para
inserir o implante.
•Insira um impl ante que vai repousar em ambas as margen s
laterais do anel epifisá rio .
ARTRODESE LOMBAR PERCUTÂNEA •Irrigu e a cavidade copiosamente.
ANTERIOR - ABORDAGEM LATERAL •Remova cuidadosamente o retrator, observando o músculo
PARA L1 A L4-5 psoas que cobre o defeito e observe o sangramento.
A f usão lombar anterior lateral direta e a fusão intersomática •Feche as camadas fasc ial e subcutânea .
latera l extrema podem ser feitas por meio de uma aborda- • A pele pode ser fechada com um método subcuticular.
gem lateral direta minimamente invasiva (Técnica 37-16); no •A in strumenta ção posterior complementar deve ser uti li-
entanto, há definitiva mente uma curva de aprendizagem zada para manter a estabilidade.
para as técni cas de excisão e fusão do disco feitas através
do pequeno acesso fornecido pelos sistemas de retratores
de dilatação. As comp licações, principalmente relacionadas
com a lesão ou irritação da raiz nervosa, foram relatadas ARTRODESE POSTERIOR
em 22% dos pacientes após uma fu são lombar anterior
lateral direta minimamente invasiva e fu são intersomática As artrodeses posteri ores da coluna lombar e torácica geralmente
lateral extrema. O conhecimento de "zonas seguras" dessa são baseadas nos princípios originados por Hibbs em 1911. Na
abordagem (Fi g. 37-24) e a fami liaridade com os sistemas cirurgia de Hibbs, a fusão dos arcos neurais é induzida pela sobre-
retratores de dilatação são essenciais para evitar essas posição de inúmeros pequenos retalhos ósseos nas lâminas contí-
comp licações. guas, processos espinhosos e facetas articulares. Na coluna torácica,
a artrodese geralmente é estendida lateralmente até as pontas dos
BD PARTE XII A COLUNA

processos transversos de modo que o córtex posterior e partes do


com ângulo em 30, 45 ou 60 graus, conforme necessário.
osso esponjoso da vértebra são utili zados para ampliar a massa de
A. D. Sm ith enfatizou que as articulações laterais da
fusã o. A identificação visual precisa de um nível ve rtebral específico
vértebra acim a da área de fusão não devem ser pertur-
é sempre difícil, exceto quando o sacro pode ser exposto e, portanto,
badas, uma vez que isso pode causar dor mais tarde . No
identifi cado. Em qualquer outro nível, mesmo que a identificação de
entanto, é importante inclu ir articu lações laterais dentro
determ inada vérteb ra possa ser possível por ca usa das peculiarida-
da área de fusão, porque se elas não forem obl iteradas,
des anatômicas dos processos espinhosos, lâminas e facetas art icu-
toda a f usão será prejud icada. Depo is da curetagem das
lares, é sempre aconselhável fa zer radiografias com marcador na
arti cu lações latera is na área da fusão, ele reduz iu o
cirurgia. Ocasionalmente, os film es com marcador são feitos antes
defeito remanescente fazendo pequenos cortes nos pro-
da cirurgia, utilizando um marcador de metal na pele com um
cessos articulares para lelos com a linha de junção de
rabisco na pele para identificar o nível. Nós recomend amos um
modo que essas fatias finas de osso se separassem li ge i-
método que consiste na identificação radiográfica de um marcador
ramente e preenchessem o espaço. Isso, ele acreditava,
de tamanh o adequ ado preso aos processos espinhosos dentro do
era preferível para im pactar os espaços de articu lação
campo cirú rgico. Quanto mais próximo da base do processo espi-
com fragmen t os de osso esponjoso.
nhoso o marcador puder ser inserido, mais precisa e mais fáci l será
•Utilizando uma go iva, corte fragmentos da fossa abaixo
a identificação. As radiografias laterais ou anteroposteriores através
de cada articu lação lateral e vire-as no espaço deixado
da mesa cirúrgica tirad as na mesa de cirurgia são comparadas com
pela remoção da carti lagem articu lar ou insira um frag-
as radiografias de boa qualidade pré-operatórias e geralmente são
mento dos processos esp inhosos no espaço.
suficientes para a identificação precisa do nível vertebral, embora a
•Desnude a fossa do osso cort ical e impacte-a totalmente
qualidade das rad iografias realizadas em aparelhos portáteis possa,
co m os frag mentos.
por vezes, tornar isso difícil. O posicionamento do paciente para
•Também com uma goiva, remova os fragmentos das
manter a lordose lombar também é importante.
lâm inas e coloque-os no espaço interlam inar em cont ato
com o osso em cada lado. Uti lize os fragmentos dos proces-
• FUSÃO DE HIBBS
sos espin hosos para colmatar a lâmina. Além disso, utilize o
Com a técnica de Hibbs, a fusão é realizada em quatro diferentes
osso adicional do ílio perto da coluna posterossuperior ou
pontos - as lâminas e os processos articulares em cada lado. O pro-
dos processos espinhosos através da área de fu são.
cedimento tem sido modificado ligeiramente ao longo dos anos.
•Quando enxertos grandes ou extensos forem tirados do
ílio posterior, a dor pós-operatória o u a sensib ilidad e da
TÉCNICA
-----------~ área podem ser acentuadas . Deve-se t omar cu idado para
evitar lesão aos nervos cluneais com form ação subse-
(HIBBS, COMO DESCRITA POR HOWORTH) quente de neuromas. Pode-se usa r osso do banco de
ossos, especialmente se o osso disponível loca lm ente é
•In cise a pele e os tecidos cutâneos na linha médi a ao escasso por causa de uma espinh a bífida.
longo dos processos espinhosos e f ixe compressas às • O enxerto ósseo não deve se estender além das lâm inas
bordas da pele com cl ipes ou utilize um cam po plástico das vértebras fin ais, porque as pontas sa lientes dos en xer-
adesivo. Divida a fásc ia profunda e o ligamento supraespi- tos podem causar irritação e dor.
nhoso em linha com a in cisão na pele. Com um elevador • Se o núcleo pu lposo precisa ser removido, os fragmentos
Kirm isson ou Cobb, remova o ligamento supraespinhoso são cortados antes da exposição do núcleo e são manti-
das pontas dos espinhosos. dos até serem necessá rios. A cama da remanescente do
•Retire o periósteo das laterais dos processos espinhosos lig amento amarelo é li berada como uma aba com a sua
e da superfície dorsa l da lâmina com um eleva dor curvado. base na li nha média, é retra íd a para exposição da raiz
Controle o sangramento com longos pacotes de gaze nervosa e núcleo e, após a rem oção do núcleo, deve ser
aberta (gazes de Hibbs) recoloca da em seu loca l para proteger a dura.
• Incise os ligamentos interespinhosos na direção do seu com- • Suture o periósteo, os ligamentos e os músculos de modo
primento, fazendo uma exposição longitudinal contínua. confortável sobre os frag mentos com suturas ininterruptas.
•El eve os múscu los do ligamento amarelo e exponha a Em segu ida, suture o tecido subcutâneo cuidadosamente
fossa distalmente à articu lação latera l que cobre a pars para eli minar o espaço morto e feche a pele com uma técnica
interarticularis e a base do processo transverso . Excise a de sutura subcuticular ou sutura da pele não absorvível.
almofada de gordura na fossa com um bisturi ou cu reta. Nesta clínica, rotin eiramente utilizamos um material de
•Desnude comp letament e os processos espinhosos do f ilme plástico adesivo para isolar a superfície da pele da
peri ósteo e ligamento com um elevador e cureta, divida-os incisão, em vez de prender gazes nas bordas da pele com
long itudin al e transversa lmente com um ost eótomo e clipes, porque os clipes têm uma tendência lamentável de se
remova-os com o fórceps de Hi bbs. deslocar e podem-se perder dentro da incisão. Nós rotineira-
•Utiliza ndo um elevador espesso, retire as cápsu las das mente utilizamos elevadores Cobb modificados que, quando
arti cu lações laterais. afiados, são eficientes para retirar as cápsulas das articulações
•Libere com uma cureta a camada posterior (cerca de dois laterais. O projeto mais importante no momento da ci rurgia
terços) do ligamento amarelo a partir das margens da é preparar um extensivo leito esponjoso para receber os
lâm in a dista l e proximal em sucessão e libere-o da camada enxertos. Isso sign if ica desnudar as facetas articu lares, proces-
anterior; deixe a última para cob rir a dura. sos articu lares, pars interarticulares, lâminas e processos espi-
• Excise a cartil agem articul ar e o osso cortica l das articu - nhosos. O fechamento da incisão subcuticular é utilizado
lações laterai s com osteótomos finos especiais, retos ou rotineiram ente para melhorar o conforto do paciente.
CAPÍTULO 39 ARTRODESE DA COLUNA

Quinto
processo O@ih@IDI!) Fusão posterolateral
tra nsverso -~F~ "'""""'of=~--Loca l de Watkins. A, Incisão. B, Incisão da fáscia
lomba r doador lombotorácica, afastamento medial dos
músculos paraespinhais; as pontas dos
processos transversos são agora palpá-
veis. A crista ilíaca seccionada e os en xer-
tos menores foram colocados contra a
A B coluna . VEJA A TÉCNICA 39-8.

por McElroy e outros são úte is. No entanto, deve-se estar aten to à
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Nós rotin eiramente isquemi a causada pelos afastadores, e eles devem ser periodi camente
utiliza mos a drenagem a vácuo da incisão durante 12 a liberados para perm iti r a perfusão da musculatura paraespinhal. Ao
36 horas, com remoção obri gatóri a do disposit ivo de colocar os afastadores, aqueles de menor dimensão e tensão devem
sucção dentro de 48 horas. Dependendo do nível de artro- ser empregados. A técn ica desc rita por Watkins permi te a exposição
dese, da idade do paciente e da presença ou ausência de para uma fusão posterolateral sem grande necessidade de afasta-
fixação int ern a, é permiti da a dea mbulação em 24 a 48 mento do tecido mole.
horas, qua ndo a dor permit ir. Para pacientes obesos, todos
os ti pos de f ixação ext erna ou suporte provavelmente
serão inadeq uados, e a li mitação de atividade pode ser a FUSÃO LOMBAR POSTEROLATERAL
única altern ativa razoável. A adequação da imobi lização

---------~
perma nece cont roversa. Geralmente, para fu sões com ins- TÉCNICA
tab ilidade pré-operatóri a acentuada (p. ex., fraturas do
tipo explosão), a imobilização rígid a é usada du ra nte 12 (WATKINS)
sema nas. Para fu sões sem instabilid ade ace ntuada (p. ex.,
espo ndilolistese degenerati va), a imob ilização geralmente, • Faça um a in cisão longitudinal na pele ao longo da bord a
se ut ilizada, é menos rígid a e de menor duração. latera l da muscu latura para espinhal , cu rva ndo-a medi ai-
mente na extre midade distal at ravés da crista ilíaca pos-
t erio r (Fig. 39- 1OA). A ltern ativamente, uma única incisão
da pele na li nha média pode se r utili za da com incisões
• FUSÕES POSTEROLATERAL OU fasciais bi latera is.
INTERTRANSVERSAL • Divida a fáscia lombodorsal e esta beleça o plano de cli-
Em 1948, Cleveland, Bosworth e Th om pso n desc reveram urna vagem entre a borda da muscul atura paraespi nhal e a
técnica para reparo da pse udoartrose após a fu são da coluna em que fáscia que cobre o músculo tran sverso abdo minal. As
os enxe rtos são colocados posteriormente em um lado sobre a po ntas dos processos transve rsos podem ag ora ser pa l-
lâmin a, marge ns laterais das fa cetas arti cul ares e base dos processos padas nas profu ndid ades da in cisão (Fi g. 39-108).
tra nsve rsos. Watkins descreveu o que ele chamou de fusão postero - •Libere a jun ção entre o ilíaco e a mu scul atura com um
lateral da coluna lomb ar e lornbossacra na qual as facetas, pars ost eótom o, removend o um a fina ca mada do íli o. Conti-
interarticul ares e as bases dos processos tra nsversos são fundidos nu e a exposição da crist a ilíaca posterior por dissecção
com fragmentos de enxerto, e um grande enxerto é colocado poste- subperiostea l e remova a cri sta quase ao mesmo nível da
ri or mente nos processos transversos. Quando a arti culação lornb os- articu lação sacroilíaca, retirando osso sufi ciente para fo r-
sacra é incl uída, os enxertos se estend em ao aspecto posterior do necer um ou dois enxertos. A remoção da crista ilíaca
primeiro segmento sacra!. au menta a exposição da coluna.
Nós, co mo muitos outro s, util izam os essa ciru rgia e as suas • Afaste o múscu lo sacroespinhal em direção à linha méd ia
modi ficações para as fu sões lombares e lombossacrais primárias e e desnude os processos transversos do músculo dorsa l e
em pacien tes com pse ud oartroses, defeitos lam inares congênitos ou inserções lig amenta res; exponha as fa cetas articu lares por
cirúrgicos ou espo ndilolistese com do r crônica por in stabilidade. excisão da cáps ula arti cular.
A ciru rgia pode ser unilateral ou bilateral, mas geralmente é bilate- • Remova a ca rtil agem das fa cetas com um ost eótomo e
ral, cobrindo urna ou mais articulações, depe nd end o da estabilidade nive le a área abaixo para perm it ir que o enxerto se ajust e )
da área a ser fundid a. Os instrumentos de afas tamento proj etados
lllD PARTE XII A COLU NA

) de modo confortável contra as facetas, pars interarticu -


laris e a base do processo transverso em cada nível.
FUSÃO LOMBAR INTERTRANSVERSA

------~
•Frag mente as facetas com uma peq uena go iva ou oste-
ót omo e vire os fragmentos de osso acima e aba ixo da
TÉCNICA
área da faceta, da área sacra l superior e dos processos (ADKINS)
transversos .
• Divida o fragment o de crista ilíaca ressecado long itud ina l- • Disseque os músculos eretores da espinha lateralmente a
mente em dois enxertos . Modele um para se ajustar no partir dos pedículos, expondo os processos transversos e a asa
leito preparado e ajuste-o firmemente no local com sua
do sacro. Isso é mais fácil quando as facetas são removidas,
superfície de corte contra a coluna (Fig. 39- 108). Preserve
o enxerto remanescente para util izar no lado oposto, com
ou sem osso adicional da outra crista il íaca. Músculo
• Preencha a região do enxert o com fragmentos e fa ixas sacroespinhal
ad icionais de osso esponjoso do il íaco.
• Permita que os múscu los paraespinha is voltem à sua
posição sobre a área de fusão e feche a incisão.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O cu idado pós-operató-


rio é o mesmo que o descrito para artrodese posterior
(Técn ica 39-7)

As modi ficações da técn ica de Watkins incl uem a separação


do músculo sacroespinha l longi tudinalmente; incl usão das lâminas,
Músculo psoas
bem como das facetas art iculares e dos processos transversos, na maior
fusão (Figs. 39-11 e 39- 12); e a combinação da fusão posterolateral
usand o uma abordagem da linha média com uma fusão do tipo L5
Hibbs mo dificada nas fusões lombares e lombossacrais de rotina
(Fig. 39- 13). Adkins uso u uma fusão intertransversa ou alar trans- iiijlll;j.jmJI Técni ca de f usão post erolate ral em qu e o
versal, na qual enxertos tib iais são inseridos entre os processos múscul o sacroespinhal é dividido lo ngitudinalme nte e as lâminas,
transve rsos de L4 e LS e ent re os de LS e a ala do sacro em um ou as facet as arti culares e os processos transversos estã o tod os incluí-
ambos os lados. dos na fusão.

O(riii;fumfa Fusão postero lat eral bil at era l para espond ilolist ese em adu ltos . As radiog rafi as anteropost eriores (A) e laterais (B) 6
meses após a ciru rgi a.
CAPÍTULO 39 ARTRODESE DA COLUNA

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O cu idado pós-opera-


tório é o mesmo que o descrito para a artrodese posterior
(Técn ica 39-7)

• FUSÃO LOMBAR POSTERIOR MINIMAMENTE


INVASIVA
Vários inves tigadores desenvolveram técn icas endoscópicas para
fusões posteriores, muitas das quais utilizaram um sistema de afas-
tador tubular in serido através dos fascículos musculares conforme
descrito para a fusão lombar lateral anterior direta (Técnica 39-6).
Como a incisão necessária é mínima, o uso de retratores tub ul ares
elimina a necessidade de técnicas tradicionais de dissecção do
músculo e minimiza o trauma nos tecidos moles. Uma vantagem
da manutenção do envelope no rma l de tecido mole dos músc ulos
paraespinhais é que ele permite movimento fisiológico mais
norma l da coluna. Além de reduzir a perda sanguínea, diminuir a
dor nas costas pós-operatória, diminuir o tempo de início da
deambulação e reduzir a estadia hospitalar, também fo i relatado
h!§il;f4mD Técnica de Slocum combinando a fusão poste- que as técnicas minimamente invasivas resultam em reduções sig-
rior (Hibbs modificada) e a fusão posterolateral. A incisão na linha nificativas no total dos custos hospitalares em comparação com as
média é utilizada . Detalhe, Todo osso posterior à lin ha em desta- técnicas de padrão aberto.
que é removido.

~
mas se elas permanecerem intactas, a exposição pode ser TÉCNICA '--~~~~~~---~
obtida sem perturbá-las.
•Corte um sulco na borda superior ou inferior de cada (GARDOCKI)
processo transverso com um fórceps ou goive afiada.
Tome cu idado para não fratu rar o processo transverso. • Após a indução da anestesia endotraqueal geral, coloque o
•Na asa do sacro, faça primeiro cortes paralelos em sua paciente em posição prona em uma mesa radiotransparente.
borda posterossuperior com um osteótomo. Em seguida, •Obtenha imagens fluoroscóp icas do braço C nas incidên-
conduza uma goiva através das extremidades dos cortes cias latera l e anteroposterior para garantir que os pedícu-
e levante o osso interven iente fora do encaixe fe ito. los possam ser adequadamente visualizados.
• Para fusões da quarta para a quinta vértebra lombar, corte • Insira uma agu lha esp inha l através da musculatura no
um enxerto da tíbia com extremidades em forma de V; insi- interespaço de interesse, 40 a 60 mm lateralmente à linha
ra-o obliquamente entre os processos transversos e, então, média, dependendo da profund idade do paciente e con-
gire-o na posição de modo que provoque ligeira distração dos f irme a sua posição com fluoroscopia em incidência latera l.
processos e torne-se f irmemente impactado entre eles. •A trajetória deve-se aproxima r dos terços anterior e médio
• Para a articu lação lombossacra, corte um enxerto de modo do espaço disca i.
que fique em forma de V na sua extremidade superior e •Remova a agu lha e faça uma incisão vertica l de 20 mm
reto, mas ligeiramente oblíquo em sua extremidade inferior. no loca l da punção.
Insira um braço do V na frente do processo transverso e • Insira a extremidade romba de um fio-guia através da
perfure a extremidade inferior no encaixe no sacro. Se incisão e direcione-a para a anatomia apropriada sob
apenas um lado for enxertado, arrume o paciente de modo orientação fluoroscópica. Avance o f io-gu ia apenas
que haja uma leve curva convexa da coluna no lado operado; através da fásc ia lombodorsal, tomando cuidado para
assim, um firme impacto ocorre quando a coluna é end irei- não penetrar no ligamento amarelo e evitar a pun ção
tada. Os enxertos bilaterais são preferi dos. Os enxertos dura i inadvertida.
devem ser colocados tão lateralmente quanto possível para • Insira o d il atador de tecidos moles canu lado sob re o
evitar as raízes nervosas e ganhar estabil idade máxima. fio-guia com um movimento de torção.
•Alternativamente, tiras do córtex da asa ilíaca não mais •Uma vez que a fáscia tenha sido penetrada, remova o
do que 2 a 3 mm de espessura são colocadas anterior- fio-guia e uti lize dilatadores progressivamente maiores
mente aos processos transversos de L4 e LS para colmatar para criar um campo cirúrgico preserva dor de músculo
o espaço e permanecer na fáscia intertransversa. Da em direção ao espaço interlaminar apropriado, permane-
mesma forma, outra tira é colocada entre a asa do sacro cendo ortogonal ao disco.
e LS f irmando-a no espaço após a asa ser encaixada e •Encaixe o retrator tubu lar de comprimento apropriado,
decorti cada. Deve tomar cuidado para que esses enxertos 18 ou 20 mm, no complexo articular facetário e no
não se projetem muito longe anteriormente ao plano dos espaço interl am inar.
processos transversos. Essa modificação não exige um •Com o uso de um microscópio cirúrg ico ou magnificação
enxerto da tíbia e é recomendada. por lupa, rea lize uma facetectomia tota l com uma broca )
PARTE XII A COLUNA

de alta velocidade (preferida) ou osteótomos. A osteotomia é e, portanto, acelerar a consolidação e reduzir a dor e a incapaci-
)
em forma de L e deve conectar-se com o espaço interlaminar dade após a cirurgia. Além disso, a instrumentação mantém a
na base do processo espinhoso com a pars interarticularis, correção de deformidade e contornos normais durante a consoli-
logo acima do espaço do disco mas abaixo do pedículo. dação da massa de fusão. Por muitos anos, os ci rurgiões fixaram
• Desnude todo o osso removido de tecido mole e morcelize-o os processos espinhosos da coluna lombar com anéis metálicos
para uso posterior como material de enxerto intersomático. pesados, conforme descrito por Rogers para fratura- luxação da
•Execute uma discectomia convencional por meio de uma col una cervical.
incisão no ânu lo com uma lâmina de bisturi nº 15, late- Os primeiros métodos de fixação das facetas articu lares uti -
ra lmente ao saco durai, enquanto retrai a raiz nervosa li zavam blocos de osso ou enxertos ósseos cilíndricos para trans-
transversa l. Não há necessidade de retrair a raiz emer- fixar as facetas, particularmente na articulação lombossacra. Em
gente. Toda a cartilagem deve ser removida do espaço do uma técnica de enxertia óssea (McBride), a inserção de tecidos
disco até o ânu lo externo. moles nos processos espinhosos e na lâmina foi elevada, os pro-
•Distraia sequencia lmente o espaço do disco até que o cessos espinhosos de L4, LS e Sl foram removidos nas suas bases
espaço original da altura do disco seja obtido e a abertura e ferramentas especiais de corte do tipo trefina foram utili zadas
normal fora minai seja restaurada. Isso pode ser feito com para cortar os enxertos ósseos. As lâminas foram, então, afastadas
shavers, pinças de prova, ou distratares mecânicos, forçosamente com distratares e, novamente com o uso de ferra-
dependendo do sistema que está sendo utilizado. mentas especiais de corte do tipo trefina, um orifício arredondado
•Remova o tecido mole e a cobertura cartilaginosa da foi feito através de cada articulação facetária rumo ao pedículo
placa terminal com ra spagem ou curetagem. Ra spe subjacente. Os enxertos ósseos foram, então, impactados firme-
mediaimente sob a linha média e traba lhe gradualmente mente através de cada articulação no sentido do pedículo e os
em direção à lateral em um movimento de va rredura até distratares foram removidos. Os enxertos em forma de H entre os
que ambas as placas term inais cauda l e cefálica estejam processos espi nhosos também foram descritos para fixação da
limpas do tecido mole, expondo a placa termin al espon-
faceta art icular.
josa de ambas as vértebras.
A fixação interna (assim como parafusos pediculares e placas)
• Insira um enxerto de tamanho aprop riado com base nos
é descrita no Capítulo 38. Mais uma vez, entretanto, antes de utilizar
distratares ou provas. O material de enxerto pode ser
essas técnicas, as indicações e o estado atual do uso desses implantes,
osso, polímero ou metal. Não coloque um enxerto muito
conforme aprovados pela FDA, devem ser revisados cuidadosa-
grande, já que mais tarde isso pode aumentar o risco de
mente com o paciente. Um formulário de consentimento especial
deslocamento posterior.
deve ser assinado pelo paciente se esses dispositivos estiverem sendo
•Faça a impactação do enxerto até que ele f ique 4 a 5 mm
utili zados para quaisquer outras coisas que não sejam as indicações
abaixo da margem posterior do espaço do disco.
rigorosamente aprovadas.
•Investigue o espaço extradura l e o forame para garantir
descompressão adequada dos elementos neurais.
• Uma vez que o enxerto esteja no local, confirme o posicio-
namento com imagens fluoroscópicas anteroposteriores e TRATAMENTO APÓS A ARTRODESE
laterais. Se adequadamente posicionado com restauração POSTERIOR
adequada da altura do disco e lordose, posicione os para-
fusos pediculares percutâneos bilateralmente para permitir As opiniões variam em relação ao tratamento adequado após a
um ambiente estável à fusão através do espaço do disco. fusão da coluna. Geralmente, o paciente é colocado em repouso
• Utilize imagens anteroposteriores e laterais do pedículo para durante um período de 12 a 24 horas; a mobilização é, então, ini-
canulação com uma agulha Jamshidi de tamanho apro- ciada. Não existe consenso claro sobre a duração do repouso ou o
priado, utilizando a técnica " lápis na xícara". A técnica res- tipo de órtese que deve ser utilizado ou mesmo se órteses devem
tante varia dependendo do fabricante dos instrumentais. se r utili zadas. Isso depende da condição patológica que está se ndo
•Uma vez que todo hardware tenha sido adequadamente tratada e da localização e extensão da fusão. A preferência do
colocado, feche as incisões de modo subcutâneo com cirurgião também é importante nesta decisão e, muitas vezes, é
Vicryl 2-0 e utilize cola de pele (p. ex., Dermabond ou baseada mais no conforto do paciente do que na promoção da
Histacryl) para fechamento final da pele. Quando se fusão, especialmente se a instrumentação foi utili zada para um
utiliza um tubo de 20 mm ou menos, não há necessidade processo degenerativo, e não para o tratamento da instabilidade
de fechamento da fáscia. traumática. A imobilização tem continuidade até que o paciente
esteja confortável ou até que a consolidação da massa de fusão
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Os pacientes são enco- ocorra corno visto nas radiografias. As radiografias anteroposterio-
rajados a andar o máximo possível imediatamente após res são feitas com o paciente na posição supina e nas inclinações
a cirurgi a. Curvar-se, levantar peso e virar-se bruscamente direita e esquerda, e uma radiografia lateral é feita com o paciente
são movimentos restritos durante 3 meses. Tod as as res- em fl exão e extensão entre 3 e 4 meses após a cirurgia para con-
trições são retiradas dentro de 3 meses se as radi ografias firmar a consolidação da massa de fusão. Um período mais longo
mostrarem progressão apropriada da fusão. pode ser necessário, especialmente em fusões sem instrumentação.
No entanto, mesmo com a instrumentação, a massa de fusão pode
exigir 1 ano ou mais para consolidar.
FIXAÇÃO INTERNA NA FUSÃO DA Com técnicas mais recentes, menos invasivas, normalmente, a
COLUNA LOMBAR imobilização no pós-operatório não é necessária e os pacientes são
encorajados a retornar gradualmente às atividades normais o mais
Vários tipos de fixação interna têm sido utilizados na fusão lombar rápido possível, evitando inclinar-se, levantar peso e virar-se subita-
da coluna. O objetivo é imobilizar as art iculações durante a fusão mente durante 3 meses.
CAPÍTULO 39 ARTROD ESE DA COLUNA

PSEUDOARTROSE APÓS A FUSÃO de movimento nas radiografias de flexão e extensão que seja consistente
com fusão sólida é controversa, variando de zero a 5 graus de movi-
DA COLUNA mento. Quando se utiliza instrwnentação rígida, a falta de movimento
A possibilidade de pseudoartrose após a artrodese da coluna deve ser não necessariamente indica fusão sólida; a presença de implantes que-
relembrada a partir do momento em que a cirurgia é proposta até que brados na coluna in1plica pseudoartrose. As análises por TC com cortes
a massa de fusão esteja sólida. Uma discussão franca deste problema finos parecem ser mais confiáveis para avaliar a fusão do que as radio-
com cada paciente antes da cirurgia é importante. A taxa de pseudoar- grafias: um estudo prospectivo comparand o os achados de imagens
trose relatada varia de 9% a 30%. Alguns autores correlacionaram com os achados intraoperatórios mostrou que a TC se aproxima mais
maiores taxas de pseudoartrose com um maior 111'.m1ero de níveis artro- dos achados intraoperatórios em comparação com as radiografias
desados, mas vários estudos relataram taxas de até 30% para pseudoar- simples e a RM. O custo da RM e a sua suscetibilidade ao artefato
trose de úni co nível. Uma análise crítica da literatu ra determinou que metálico da instrumentação permanecem desvantajosas para o seu uso
a instrumentação, a localização da fusão, o tipo de enxerto e o tipo de rotineiro na avaliação da fusão da coluna. A exploração é a única forma
imobilização tiveram efeito sob re as taxas de fusão da lombar (Tabela de assegurar que a massa de fusão está completamente sólida.
39-2). A seleção cuidadosa do paciente e a técnica cirúrgica meticulosa O tratamento de um paciente com pseudoartrose dolorosa envolve
de preparação do local receptor e de coleta e preparação dos enxertos wna segunda tentativa de fusão e pode exigir w11a abordagem diferente
ósseos são necessárias para otim izar as taxas de fusão independente- da utilizada na primeira cirurgia de artrodese, assim como o uso de ins-
mente de quaisquer outras técnicas que possam ser utilizadas. trwnentação adicional, enxerto ósseo e agentes osteobiológicos.
Estima-se que 50% dos pacientes com pseudoa rtrose não possuem
sintomas. Presume-se que a dor persistente após a fusão da coluna sem
outra causa identificável seja causada por pseudoartrose, quando essa
REPARO DA PSEUDOARTROSE
condição está presente. No entanto, em alguns pacientes, a dor continua ~
TÉCNICA
após wn reparo bem-sucedido. Mesmo que a dor possa persistir, o 1

---~~~~~~---"~
reparo de uma pseudoartrose é indicado qu ando a dor incapacitante
(RALSTON ETHOMPSON)
persiste; o reparo é contraindicado quando a dor é leve ou ausente.
Os achados a seguir são úteis para fazer um diagnóstico de pseu-
•Exponha toda a placa de fusão subperiostea lmente
doartrose: (l) dor discretamente localizada e sensibilidade sobre a área
através da antiga incisão; se o defeito for amplo e preen-
de fusão, (2) progressão da deformidade ou doença, (3) movimento
chido com tecido f ibroso denso, a dissecção subperiosteal
localizado na massa de fusão, conforme encontrado e (4) movimento
nesta área pode ser difícil. Muitas vezes, é difícil localizar
na massa de fusão encontrad o na exploração cirúrgica. A quantidade
um defeito pequeno, porque a superfície da placa gera l-
mente é irregu lar e a lin ha de pseudoartrose pode ser
iTABELA _ Fat~res qw~ Afe~am as Taxas de sinuosa nos planos coronal e sagital. Na nossa experiên-
.mlílíi. 39 2 Fusao na Cirurgia da Coluna
Lombar
cia, a aderência do tecido fibroso sobrejacente constitui
o principa l fato r que auxi lia na identificação de uma
pseudoartrose . A característica da superfície cortica l lisa
FUSÃO BEM-SUCEDIDA e o "peri ósteo" f ibroso facilmente dissecável de uma
(%) massa de fusão sólida e madura são bem diferentes do
TIPO DE INSTRUMENTAÇÃO tecido f ibroso adjacente que recobre uma pseudoartrose.
Nenhum 84 A inspeção meticulosa da região das facetas é necessária .
Algum 89 Muitas vezes, uma massa de fu são madura e sólida se
Semirrígida 91 estende através dos processos transversos, mas o movi-
Rígida mento é detectável na articulação facetária, ind icando
88
que a massa de fusão não se incorporou ao leito de
LOCALIZAÇÃO DA FUSÃO
artrodese (isto é, os processos transversos).
Posterolateral 85 •Limpe cuidadosamente o tecido f ibroso da massa de
lntersomática posterior 89 fusão nas proximidades da pseudoa rtrose. As bordas
lntersomática anterior 86 adjacentes superior e inferior da massa de fusão em cada
Circunferencial (360 º) 91 lado da pseudoartrose geralmente serão vistas movimen-
TIPO DE ENXERTO tando-se quando pressão for aplicada com um instru-
Somente ósseo autógeno 87 mento rombo, como uma cureta.
Somente aloenxerto • Como o defeito atravessa toda a massa de fusão, ele será
86
enco ntrado nas articulações laterais de cada lado . Explore
Ósseo autógeno + cage 90
cuidadosa mente essas articul ações e realize a excisão de
intersomático
todo o tecido fibroso e qua lquer cartilagem articular
Misto de aloen xerto/osso autógeno 86 remanescente até o sang ramento do osso.
TIPO DE IMOBILIZAÇÃO • Se o defeito for amplo, excise o tecido fibroso que o
Nenhuma 89 preenche a um a profundidade de 3 a 6 mm através da
Alguma 88 massa e proteja a dura-máter adjacente.
Semirrígida ou não rígida 87 •Renove completamente as bordas expostas do defeito.
Rígida 88 •Quando o defeito for estreito e o movimento for mínimo,
limite a excisão do tecido mole interposto para evitar a
De Raizman NM, O'Brien JR, Poehling-Monaghan KL, Yu WD: Pseudarthro-
perda de f ixação. )
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PARTE XII A COLUNA

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•Molde um sulco de 6 mm de largura e 6 mm de profun-
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•Obtenha enxertos ósseos da própria massa de fu são and fusion , Eur Spin e j 18:449, 2009.
acima ou abaixo ou a partir do íleo, de preferência o último. Chen NF, Smith ZA, Stiner E, et ai: Symptomatic ectopic bone formation after
•Arrume esses enxertos com força nas articulações laterais, off-label use of recombinant human bone morphogenetic protein-2 in
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no defeito da pseudoartrose e nos su lcos longitudinais.
Dai LY, Jiang LS: Single- level instrumented posterolateral fusion of lumbar
•Coloque pequenos enxertos em toda a linha da pseudo-
spine with ~-tricalcium phosphate ve rsus autograft: a prospective rando-
artrose e aponte a borda cortical de cada osso transplan- mized study with 3-year fo llow-up, Sp ine (Phi/a Pa 1976) 33: 1299, 2008.
tado para baixo. Utilize todo o material de en xerto Delawi D, Dhert W ), Rillardon L, et ai: A prospective, randomized, control-
remanescente e impacte-o dentro e sobre os enxertos já led, multicenter study of osteogenic protein-1 in instrumented postero-
posicionados. lateral fu sions: report on sa fety and feas ibility, Spine (Phila Pa 1976)
•A fixação interna (Capítulo 38) pode ser utilizada para 35: 11 85, 2010.
melhorar a taxa de consolidação após o reparo da pseu - Dimar JR 2nd, Glassman SD, Burkus JK, et ai: Clinicai and radiographi c
doartrose, mas frequentemente não é necessária, e a analysis of an optimized rhBMP-2 formu lation as an autograft replace-
remoção de peças soltas melhora o padrão de imagem ment in posterolateral lumbar spi ne arthrodesis, f Bane foint Swg Am
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no pós-operatório.
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CAPÍTULO 39 ARTRODESE DA COLUNA

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EMBRIOLOGIA, CRESCIMENTO TRATAMENTO 1675 SUBLUXAÇÃO ROTATÓRIA
E DESENVOLVIMENTO INSTABILIDADE ATLANTOAXIAL 1682
NORMAIS 1651 IDIOPÁTICA ACHADOS RADIOGRÁFICOS 1682
ANOMALIAS DO ATLANTOCCIPITAL 1675 TRATAMENTO 1683
DENTE DO ÁXIS 1652 SÍNDROME DE INSTABILIDADE CERVICAL
DIAGNÓSTICO 1653 KLIPPEL-FEIL 1675 NA SÍNDROME DE DOWN 1684
ACHADOS RADIOGRÁFICOS 1653 PATOLOGIAS ASSOCIADAS 1676 ACHADOS NEUROLÓGICOS 1684
TRATAMENTO 1654 Escoliose 1676 ACHADOS RADIOGRÁFICOS 1684
Abordagem Cervica l Posterior 1655 Anoma lias Renais 1676 TRATAMENTO 1685
Abordagem Cervica l Anterior 1664 Anomalias cardiovasculares 1676
DISPLASIA CERVICAL FAMILIAR
Imobilização por Haloco lete 1669 Surdez 1676 1685
IMPRESSÃO BASILAR 1671 Sincinesia 1677 ANOMALIAS CONGÊNITAS
ACHADOS RADIOGRÁFICOS 1672 Anoma lias Respiratórias 1677 DO ATLAS 1685
TRATAMENTO 1674 Deformidade de Sprengel 1677 SÍNDROME DE LARSEN 1686
Costelas Cervica is 1677
FUSÃO CALCIFICAÇÃO DO DISCO
ATLANTOCCIPITAL 1674 ACHADOS CLÍNICOS 1677 INTERVERTEBRAL 1686
ACHADOS RADIOGRÁFICOS 1674 ACHADOS RADIOGRÁFICOS 1677
TRATAMENTO 1678

Uma var iedade de doenças e anomalias congênitas podem afetar região occipital, e a porção caudal do oitavo esclerótomo cervical
a coluna cervical pediátrica e aumentar o risco de comprometi- contribui para a formação da vértebra Tl.
mento neurológico por causa da instabilidade ou da compressão O mecanismo de formação da articulação occipital-cervical é
da medula espinal. Mais de uma anomalia da coluna cervical diferente e mais complexo. Os quatro primeiros esclerótomos espi-
superior são comuns no mesmo paciente; por isso, quando uma nhais se fundem para formar o occipício e o forame magno poste-
única anomalia é vista em um paciente, outras devem ser procu- rior. A porção cranial do primeiro esclerótomo cervical permanece
radas. Tem sido relatada uma média de 3,4 anomalias ósseas da como metade de um segmento, tornando-se, eventualmente, parte
coluna cervical por paciente. do côndilo occipital e ponta do odontoide (proatlas). O atlas é
formado por contribuições celulares a partir do primeiro escleró-
tomo cervical e o quarto esclerótomo occipital. No entanto, ao con-
EMBRIOLOGIA, CRESCIMENTO E trário dos outros esclerótomos, o arco vertebral do primeiro
DESENVOLVIMENTO NORMAIS esclerótomo se separa do centro para se tornar o anel de Cl e se
funde com o proatlas acima e o centro mesenquimal (centrum) de
A maioria dos distúrbios da coluna é res ultado de processos de C2, tornando-se o processo odontoide e o corpo de C2. Assim, o
crescimento e de desenvolvimento anômalos. O conhecimento da áxis (C2) é criado por contribuições celulares a partir da metade
embriologia, do crescimento e do desenvolvimento normais da coluna cranial do primeiro esclerótomo cervical (ponta do odontoide), do
cervical pediátrica é necessário para auxiliar na compreensão destes segundo esclerótomo cervical e do centro mesenquimal, que se
distúrbios. No desenvolvimento embrionário da espinha, 42 a 44 torna o corpo do odontoide. A porção inferior do corpo do áxis é
pares de somitos (quatro occipitais, oito cervicais, 12 torácicos, formada a partir do segundo esclerótomo cervical.
cinco lombares, cinco sacrais e oito a 10 coccígeos) irão se formar Acredita-se que os genes regu ladores HOX e PAX tenham um
cran iocaudalmente a partir da mesoderme em ambos os lados da papel na diferenciação embrionária. Os genes HOX especificam o
notocorda. Cada somito se diferencia em esclerótomos ou dermo- fenótipo da morfologia vertebral ao longo do áxis (C2) embrionário.
miótomos. Os esclerótomos, precursores do arco e do corpo verte- Os genes PAX também são essenciais no desenvolvimento vertebral
bral, migram para a linha primitiva, em torno do tubo neural e da e acredita-se que eles estabelecem os limites intervertebrais dos
notocorda, e prosseg uem para se separar nas porções cranial e esclerótomos. As anormalidades da sequência PAXI em humanos
caudal. A porção cranial de cada esclerótomo, então, se recombina são associadas à síndrome de Klippel -Feil.
com a porção caudal do esclerótomo superior adjacente, formando Ao nascimento, o atlas tem três centros de ossificação, um para
as vértebras. Na coluna cervical, oito pares de somitos embrionários o corpo e um para cada arco neural. Embora os arcos posteriores
criam sete vértebras cervicais, sendo que a porção cranial do pri- ge ralmente se fundam aos 3 anos de idade, ocasionalmente a sin-
meiro esclerótomo cervical contribui para o desenvolvimento da condrose posterior entre os dois não se funde, resultando em um

1651
PARTE XII A COLUNA

H@mJ.!E!19 Tipos de anomalias do dente do áxis . A, Odontoide normal . B, Odontoide hipop lásico. C, Ossicu lum termina/e .
D, Os odontoideum . E, Aplasia do odontoide.

arco bífido. As sincondroses neurocentrais que ligam os arcos e a aplasia do odontoide têm sido associadas a displasia espondiloe-
neurais ao corpo se fecham por volta dos 7 anos de idade. pifisária e mucopolissacaridose (síndromes de Hunter, Hurler,
O áxis tem quatro centros de ossificação separados: um para o Morquio e de Maroteaux-Lamy). No os odontoideum, o odontoide é
dente do áxis (processo odontoide), um para o corpo e dois para os um ossículo oval ou redondo com uma borda esclerótica e suave.
arcos neurais. As sincondroses neurocentrais conectam o corpo às Ele é separado do áxis por um vazio transversal, deixando o seg-
massas laterais adjacentes e a sincondrose dentocentral o conecta ao mento apical sem suporte (Fig. 40-1). O ossículo é de tamanho
processo odontoide. A sincondrose dentocentral se fecha por volta variável e geralmente está localizado na posição do odontoide
dos 6 a 7 anos de idade; podendo persistir como uma linha esclerótica normal (ortotópico ), embora ocasionalmente ele apareça perto do
até os 11 anos de idade. Os arcos neurais de C2 se fundem aos 3 a 6 occipício, na área do forame magno (distópico) . Como, frequente-
anos de idade. Ocasionalmente, a ponta do odontoide tem a forma de mente, esta lesão é assintomática e só se torna conhecida quando
V (dente bicorno) ou um pequeno centro de ossificação separado no chama a atenção do médico por causa de um trauma ou do início
ápice do odontoide pode estar presente (ossiculum termina/e). dos sintomas, a incidência exata do os odontoideum é desconhecida,
A ossificação da terceira a sétima vértebras cervicais é seme- mas, provavelmente, ela é mais comum do qu e apreciada. As ano-
lhante: um único centro de ossificação para o corpo vertebral e um malias do dente do áxis têm sido relatadas como mais comuns em
para cada arco neural. Entre as idades de 2 e 3 anos, o arco neural pacientes com síndrome de Down, síndrome de Klippel Feil, sín-
posterior se funde e, entre 3 e 6 anos, as sincondroses neurocentrais drome de Morquio e displasia espondiloepifisária.
entre os arcos neurais e o corpo vertebral se fundem. Até os 7 a 8 anos O conhecimento da embriologia e da vascularização do dente
de idade, estas vértebras normalmente apresentam a forma de cunha. do áxis é essencial para entender as teorias etiológicas das anomalias
As apresentações clínicas de pacientes com distúrbios da congênitas do odontoide. O odontoide é derivado do mesênquima
coluna cervical pediátrica são variáveis; no entanto, as apresentações da primeira vértebra cervical. Durante o desenvolvimento, ele se
mais comuns são: deformidade, dor, limitação de movi mento ou separa do atlas e se funde com o áxis. Um espaço vestigial de disco
comprometimento neurológico. entre Cl e C2 forma uma sincondrose dentro do corpo do áxis. O
ápice, ou a ponta, do odontoide é derivado do esclerótomo occipital
mais caudal, ou proatlas. Este centro de ossificação separado,
ANOMALIAS DO DENTE DO ÁXIS chamado ossiculum termina/e, aparece com 3 anos de idade e se
funde aos 12 anos. As anomalias desta porção terminal raramente
Embora as anomalias congênitas do dente do áxis, ou processo têm significado clínico (Fig. 40-2).
odontoide, sejam raras, elas podem causar instabilidade atlantoaxial O suprimento de sangue arterial para o dente do áxis deriva
significativa. Geralmente, estas anomalias são detectadas como das artérias vertebrais e carótidas (Fig. 40-3). A artéria vertebral
achados incidentais após um trauma ou quando os sintomas libera uma artéria ascendente anterior e uma artéria ascendente
ocorrem. A instabilidade atlantoaxial pode causar mielopatia com- posterior que começam ao nível do C3 e ascendem anterior e pos-
pressiva, compressão da artéria vertebral, ou ambas. teriormente ao odontoide, encontrando-se superiormente para
As anomalias congênitas do odontoide podem ser divid idas formar uma arcada ap ical. A parte extracranial, mais rostral, da
em três grupos: aplasia, hipoplas ia e odontoideum. A aplasia, ou artéria carótida interna libera "perfurantes da fissura", os quais abas-
agenesia, é a ausência completa do odontoide. A hip oplasia é o tecem a porção superior do odontoide. Es te arranjo peculiar de
desenvolvimento parcial do odontoide; o osso varia de uma projeção fornecimento de sangue é necessário por causa do desenvolvimento
pequena, como cavilha, até um tamanh o quase normal. A hipoplasia embrionário e da fun ção anatômica do odontoide. A sincondrose
CAPÍTULO 40 COLUNA CERVICAL PEDIÁTRICA

que o espaço entre o ossiculum e o áxis se localiza no nível das facetas


articulares de C2, em vez de se localizar abaixo do nível das facetas
articulares, onde a sincondrose ocorre durante o desenvolvimento.
Uma etiologia congênita é sustentada pelo aumento da incidência
entre os pacientes com síndrome de Down, malformação de Klippel-
Feil, displasia epifisária múltipla e outras displasias esqueléticas em
comparação com a população em geral. .O os odontoideum pode ser
ad qui rido após infecção ou trauma ou pode res ultar de osteone-
crose. Vários autores sugeriram que urna fratura não reconhecida na
base do odontoide seja a causa mais comum. Urna força de tração
pelo ligamento alar puxa o ápice do dente fraturado para fora de sua
base para produzir urna pseudoartrose. A osteonecrose após tração
halopélvica tem sido relatada.

h!ftihHE!m Incidência anteroposterior transora l, mostrando DIAGNÓSTICO


o dente do áxis em forma de V (dente bicorno) e o ossiculum
termina/e . A apresentação do os odontoideum varia. Os sinais e sintomas
podem variar de mielopatias compressivas leves a francas ou com -
pressão da artéria vertebral. Os sintomas apresentados podem
incluir dor no pescoço, torcicolo ou dor de cabeça causada por
irritação local da articulação atlantoaxial. Os sintomas neurológicos
variam entre episódios transitórios de paresia após trauma e mielo-
patia completa causada por compressão da medula. Os sintomas
podem consistir em fraqueza e perda de equilíbrio, com sinais do
neurôn io motor superior, embora os sinais do neurônio motor supe-
rior possam estar completamente ausentes. Distúrbios propriocep-
tivos e esfi ncteri anos são achados comuns. A compressão da artéria
vertebral ca usa isquemia cervical e do tronco cerebral, res ultando
em convulsões, síncope, vertigem e distúrbios visuais. A falta de
envolvimento dos nervos cranianos ajuda a dife renciar os odontoi-
deum de outras anomalias occipitovertebrais, já que o pinçamento
medular ocorre abaixo do foram e magno.
_.,r-Artéria ascendente
/ posterior
LRamo perfurante ACHADOS RADIOGRÁFICOS

As anomalias do odontoide podem ser diagnosticadas em radi ogra-


fias de rotina da coluna cervical, que incluem urna incidência tran -
sara! do odo ntoide (Fig. 40-4). A TC com reconstrução e a RM são
úteis para fazer o diagnóstico inicial do os odontoideum. Radiogra-
fias laterais de flexão e extensão podem detectar qu alquer instabili-
dade. A aplasia do odontoide aparece como urna ligeira depressão
entre as facetas articulares superiores na visão do odontoide com
incidência transara!. A hip oplasia do odontoide é vista como um
fragmento ósseo remanescente curto. No os odontoideum, um
espaço está presente entre o corpo do áxis e o ossículo. O ossículo
O!ftil;fijm!19 Suprimento sanguíneo para o dente do áxis: livre do os odontoideum normalmente tem a metade do tamanho de
artérias ascen dentes anterior e posterior e arcada apical.
um odo ntoide normal e é oval ou redondo, com bord as escleróticas
suaves. O espaço difere daqu ele de uma fratura aguda, em que a
falha é fina e irregular, em vez de larga e lisa. Este espaço não deve
evita a vascularização direta do odontoide a partir de C2 e vascula- ser confundido com a sincondrose neurocentral em crianças com
rização proveniente do suprimento sanguíneo de C l não ocorre po r menos de 6 a 7 anos de idade.
causa da cavidade da ar ti culação sinovial ao redor do dente do áxis. A quantidade da instabilidade pode ser documentada por
Já foram sugeridas causas congênitas e adqu iridas (pós- trau- radiografias si mples laterais de fl exão e extensão, que permitem a
máticas) para as anomalias co ngênitas. Um estudo relato u que medição da quantidade de deslocamento anterior e posterior do
metade dos seus pacientes teve um trauma prévio. As causas congê- atlas sobre o áxis. Nas crianças, o movimento entre o odontoide e o
nitas incluem fa lha de fusão do ápice, ou ossiculum te rminale, e fa lha corpo do áxis deve ser mostrado antes que a instabilidade com os
de fusão do odontoide ao áxis, nenhuma das quais explica todos os odontoideum possa ser diagnosticada, já qu e o ossículo é fixado ao
achados no os odontoideum . O ossiculum terminale normalmente é arco anterior de Cl e se move com ele durante a flexão e a extensão.
muito pequeno para influenciar signifi cativamente a estab ilidade e A medição da relação de Cl com o ossículo livre é de pequeno va lor,
a teoria da fa lha da fu são do odo ntoide ao áx is não explica o fato de porque eles se movem corno urna unidade. Urna medição mais
llllm> PARTE XII A COLUNA

e
O@l!;@E!m Parâmetros ra d iográficos. Distância mínima (A)
e máx ima (B) da bo rd a posterior do corpo do C2 em rela ção ao
arco posterio r do atl as. C, Altera ção do â ng ul o at lant o axial entre
a pos ição em fl exão e extensão. a, Rotação no pl ano sag ita l.

O ângulo de rotação do plano sagital é medido pela variação do


ângulo atlantoaxial entre flexão e extensão (Fig. 40-5). A RM pode ser
útil na identificação de lesões retrodentais reativas, que podem oco rrer
co m a instabilidade crônica. Este tecido reativo não é visto na radio-
grafia de rotina, mas pode ser responsável pela diminuição do espaço
O@ihf!m!19 Rad iografia lateral (A) e rad iografia transoral
disponível para a medula espinal e a mi elopati a compressiva. O prog-
(B) mostrando um os odontoideum .
nóstico do os odontoideum depende da apresentação clínica. O prog-
nóstico é bom se existir apenas sintomas mecâ ni cos (torcicolo ou dor
no pescoço) ou sintom as neurológicos transitóri os. É ruim se existi r
signi fica tiva é fe ita pela projeção de uma linha, superiormente, a déficits neurológicos com progresso lento.
pa rt ir do co rp o do áxis, a uma linha projetada inferior mente, a
partir da bord a posterior do arco anterior do atlas. Medid as maiores
que 3 mm em adultos e 4 a 5 mm em crianças indicam uma insta- TRATAMENTO
bilidade significativa.
O espaço disponível para a m edula espinal também é um a A principal preocupação quanto às anomalias congênitas do odon-
med ida útil. Este espaço é determin ado por meio da medição da toide consiste em que um a articu lação atl antoaxial já anormal pode
distância do aspecto posterior do odontoide ou do áxis à estrutu ra subluxa r ou deslocar com um traum a leve e causar dan os neuroló-
posteri or mais próxima. Field ing relatou que a maioria dos pacientes gicos permanentes ou m esmo a morte. Pacientes com sintomas
sintom áticos em se u estudo tinha um a m édia de 1 cm de m ovi- locais geralm ente melhoram co m o tratamento conservador, como
mento. A cinerradi ografia também pode ser útil para determin ar o tração cervical ou imobilização. As ind icações pa ra a es tabili zação
movimento em torno da articulação C l- 2. cirúrgica são: (1) sintoma neurológico (m esmo que este seja transi-
Wa tanabe, Toyam a e Fuj imura desc reveram duas med idas tório), (2) instabilidade superior a 5 mm anterior ou posteriormente,
rad iog ráficas qu e se correlacionam co m sinais e sintomas neuro - (3 ) instabilidade progressiva e (4) qu eixas persistentes de dor no
lógicos . Eles desco briram qu e, se existe um ângulo de rotação do pescoço associadas à instabilidade at lantoaxial e não aliviadas por
plano sagital de mais d e 20 graus ou um índice de instabilidade tratam ento co nservador (Q uad ro 40-1) .
m aior que 40%, o paciente é susce tível de ter sinais e si ntomas A estabilização cir úrg ica p ro fil áti ca em pacientes ass into-
neuro lógicos. O índi ce de instabilidade é m edido a par tir de rad io- máti cos com instabilid ad e in fe ri or a 5 mm é controve rsa. Co m o
grafias latera is em fl exão e extensão. As dis tâncias m ínimas e pode se r di fíc il ou imp ossível restr ingir as at ividades da criança,
máximas são med idas a partir da bord a posteri or do co rpo C2 ao a seg u ran ça da estabilidad e, se m a res tri ção d as atividades, deve
arco pos terio r do atlas. O índice de instabil idad e é calculado pela se r po nderad a diante das possíveis com plicações d a ciru rg ia. A
seg uinte equ ação: d ecisão em relaçã o à artro d ese profil áti ca d eve se r feita após um a
di sc ussão co m o paciente e a sua fa mília so bre os ri scos poten-
Índice de instabilidade = di stância m áxima
- di stância mínima + ciais d o tratamento cirúrgico e não cirúrgico. A lesão neuro lógica
distância m áxima X 100 (%) tardi a foi relatada em três pacientes qu e, inicialm ente, receb eram
CAPÍTULO 40 COLUNA CERVICAL PEDIÁTRICA

••



4 _
0 1
Indicações para Estabilização
Cirúrgica do Os Odontoideum

Envolvimento neurológico (mesmo transitório)


Instabilidade anterior ou posterior maior do qu e 5 mm
Instabi lidade progressiva
Queixas persistentes de dor no pescoço
Qlihi·M·I 40-2 Técnicas de Artrodese Posterior

Artrodese Atlantoaxial
Gallie
Vantagem: um fio é passado por bai xo da lãmina da C 1.
Desvantagem: o fio pode luxar posteri orm ente a vértebra já
instável de C 1 e artrodesa r em uma posição deslocada.
Brooks e Jenkins
Vantagem: maior resistê nci a ao movimento rotacional,
flexão late ral e extensão.
Desvantagem: são necessários fios sob as lãm inas de C 1 e C2.
o tratamento conservador. Nós, portanto, recomendamos a esta- Harms e Melcher
bilização profilática do os odontoideum. Vantagem: Colocação individual de parafusos poliaxiais
Em pacientes com déficits neurológicos, a tração do crânio simplifi ca a t écn ica e envolve menos risco para articulação
deve ser usada antes da cirurgia para conseguir a redução, permitir facet ária C 1-C2 e artéria vertebral.
a recuperação da função neurológica e diminuir a irritação da Desvantagem: possível irritação do gãnglio de C2 pela inter-
medul a espinal. Alcançar e manter a red ução são, provavelmente, os venção. A técn ica não é possível em pacientes com cu rso
aspectos mais importantes do tratamento desta anomalia. anorma l da artéri a vertebral (20%).
Antes da fusão Cl -2, a integridade do arco posterior de C l Magerl e Seeman
deve ser documentada. O desenvolvimento incompleto do anel pos- Vantagem. melhora significativa das taxas de fusão em
terior de Cl é incomum (três casos em 1.000), mas, de acordo com relação à estabi lização posterior trad icional por f io com
os relatos, ocorre com maior frequência em pacientes com os
enxerto ósseo.
odontoideum. Desvantagem: tecnicamente difícil e deve ser combinada com
a técnica de Gallie ou Brooks para maximizar a estabilidade.
• ABORDAGEM CERVICAL POSTERIOR
Artrodese occipitocervical
1ARTRODESE ATLANTOAXIAL Cone e Turner; Willard e Nicholson; Rogers
Existem muitas variações das du as técn icas básicas de artrodese Necessária quando existem outras ano malias ósseas na
atl antoaxial (Q uadro 40-2). As técn icas de Gallie e de Brooks e jun ção occipitocervical.
Jenkins têm sido as mais freq uentemente utilizadas na artro dese Wertheim e Bohlman
atlantoaxial posterior (F igs. 40-6 a 40-8). A técnica de Galli e tem Os fi os são passados através da tábu a externa do crân io na
a vantagem de utili zar apenas um fio que passa sob a lâmina de protu berâ ncia occipital, e não atra vés das tábuas interna
Cl, mas apertar o fio pode causar deslocamento da vértebra Cl e externa nas proximidades do forame magno.
instável e, posteriormente, a fusão em uma posi ção luxada (Fig. Reduz o ri sco aos seios sag itais superi ores (q ue ficam acima
40 -6). A técnica de Brooks e Jenkins tem a desvantagem de neces- da protuberância occipital).
sitar de fios sublaminares em Cl e C2, mas proporciona maior
Koop, Winter, lonstein
resistência ao movimento de rotação, flexão lateral e extensão. O fio
Nenhuma f ixação interna é necessária.
util izado va ria de tamanho, do calibre 22 ao 18, dependendo da
En xerto ósseo autóge no corticoesponjoso do ilíaco.
idade do paciente e do tamanho do canal espinal. Cabos de Songer
também podem ser utilizados em vez de fios para a fusão de Brooks Dormans et ai.
e Jenkins. Em uma criança muito jovem, a fixação por fio pode ser A fi xação estável é ating ida pelo encaixe exato do enxerto
desnecessária; em vez disso, o enxerto é colocado ao longo do local ósseo autógeno da crista ilíaca nos processos espinhosos
decorticado para fusão e um halo ou gesso de Minerva é utilizado com fio e fixação do occipício com fi os passando pelos
para a imobilização no pós-operatório. Com a utilização de fluoros- orifícios criados.
copia e sistemas guiados por imagem, parafusos transarticulares Pode ser usado em pacientes de alto risco (síndrome de Dow n)
C 1-2 podem ser usados para a estabilização de crianças dimensio- com maior estabilização e menor tempo de imobilização.
nadas adequadamente. Haste Moldada em U, Parafuso ou Placa Contornada
de Fixação
Tem a vantagem de atingir a estabilidade im ediata da arti-
cu lação occipitocervical.

ARTRODESE ATLANTOAXIAL
POSTERIOR
TÉCNICA ~
--~~~~~~----'~ paciente na mesa de operação em posição prona com a
(GALLIE) cabeça suport ada por tração, mantendo a relação cabeça-
tórax em todos os momentos enquanto virar o paciente.
• Entube cuidadosamente o paciente em posição supina, Faça uma radiografia da coluna cervical lateral para
enquanto o paciente está em uma maca. Coloque o garantir o alinhamento adeq uado antes da cirurgia. )
PARTE XII A COLUNA

H@ii@rJa Translação posterior do atlas após artrodese


posterior de C1-2 pela técnica de Gallie.

• Degerme e coloque os campos na pele de forma estéril


)
e injete uma solução de epinefrina (1 :500.000), intrader-
micamente, para ajudar na hemostasia.
•Faça uma incisão na linha média da região occipita l baixa,
ao nível da extremidade inferior da artrodese, estenden-
do-a profundamente dentro das estruturas relativamente
avascu lares da linha média, o septo intermuscular ou o
ligamento nucal . Não exponha mais do que a área a ser
artrodesada, para diminuir a possibi lidade de extensão
espontânea da fusão.
•Por meio de dissecção subperiosta l, exponha o arco pos-
terior do atlas e as lâminas de C2.
•Remova os anexos musculares e ligamentares de C2 com
uma cureta; disseque lateralmente ao longo do atlas, para
evitar danos às artérias vertebrais e ao plexo venoso ver- H@ii;f4E!m Modificações de Fielding das técnicas de aplica-
tebral, que se encontram sobre a face superior do anel ção de fio metálico para manter o enxerto no lugar. A, O fio passa
de C 1, a menos de 2 cm latera lmente à linha média. sob as lâminas do atlas e do áxis e é amarrado sobre o enxerto.
• Exponha a superfície superior de C 1, lateralmente, não mais B, O fio passa por orifícios perfurados nas lâminas do atlas e
do que 1,5 cm da linha média em adultos e 1 cm em crianças. através do processo espinhoso do áxis; os orifícios são feitos
A decorticação de C1 e C2 geralmente é desnecessária. através do enxerto. C, O fio passa sob as lâminas do atlas e através
•A partir de baixo, passe um fio com um laço na ponta de do processo espinhoso do áxis e é amarrado sobre o enxerto. Este
tamanho apropriado para cima, sob o arco do atlas, direta- método é o mais usado. D, O fio passa sob as lâminas do at las e
mente ou com o auxíl io de um fio de sutura não absorvível, através do processo espinhoso do áxis; orifícios são feitos através
que pode ser passado com uma agu lha de aneurisma. do enxerto.
•Passe as extremidades livres do fio através do laço, pren-
dendo o arco de C 1 no laço.
•Pegue um enxerto corticoesponjoso da crista ilíaca e colo- Fieldin g descreveu várias modificações da artrodese de
que-o contra as lâminas de C2 e o arco de C 1 sob o fio. Gal li e, conforme mostrado na Figura 40-7.
•Passe uma extrem idade do fio através do processo espi-
nhoso de C2 e gire o fio em si mesmo para fixar o enxerto CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O paciente é imobilizado
no lugar. com um gesso Minerva, halogesso ou halocolete ou com
•Irrigue o ferimento e feche-o em camadas com drenas de uma órtese cervicotorácica. A imobilização geralmente é
sucção. mantida durante 12 semanas.
CAPÍTULO 40 COLUNA CERVICAL PEDI ÁTR ICA G'D.1111

r
B

lj@IJ;f4m!IJI Técn ica de Brooks-Jenkins para artrodese


atlantoaxial. A, Inserção de fios metálicos sob o atlas e o áxis. B,
e D Fios posicionados com enxerto sendo inserido. C e D, En xertos
ósseos presos pelos fios (visão anteroposterior e lateral). VEJA A
TÉCNICA 40-2.

1 FIXAÇÃO DE PARAFUSO TRANSARTICULAR C1-2


ARTRODESE ATLANTOAXIAL
A instrumentação de adulto e as técnicas de fusão podem ser usadas
POSTERIOR USANDO AMARRILHO
TÉCNICA
(BROOKS E JENKINS)
;_.. _____ ____.~
~
na coluna cervical pediátrica. A utilização desta instrumentação
depende da anatomia pré-operatória, que permitiria que os parafu-
sos de tamanho adequado fossem colocados de forma segura. A
instrumentação de adulto da coluna cervical geralmente pode ser
usada em adolescentes e pré-adolescentes. Em crianças menores, o
• Entu be e vire o paciente na mesa de operação, como na
uso destas técnicas de instrumentação de adulto se torna mais difícil,
técnica de Ga llie. Degerme e co loque os campos no local mas podem ser usadas com segurança em certos pacientes. Wang et
da operação, conforme descrito. al. relataram bons resultados no tratamento da instabilidade atlan-
• Exponha C 1 e C2 através de uma incisão na linha média.
toaxial pediátrica com a fixação de parafusos transarticulares Cl -2
•Usando uma agu lha de aneu ri sma, passe um fio de sutura e artrodese, utilizando um parafuso de 3,5 mm em crianças de 4
de Mersilene, de cranial para cauda l, em cada lado da anos de idade. Originalmente descrita em pacientes adultos, tecni-
linha média por baixo do arco do atlas e, em segu id a, por camente, ela exige muita habilidade e precisa de assistência fluoros-
ba ixo das lâm in as de C2 (Fig. 40-8A). Estas suturas servem cópica ou estereotáxica para a colocação correta do parafuso
como gu ias para introduz ir dois fios dup los de ca libre 20.
transarticular (Fig. 40-9) . Harms e Melcher relataram a artrodese
O tamanho do fio utilizado varia dependendo do tamanho posterior de Cl-C2, usando um parafuso poliaxial e haste de fixação,
e da idade do paciente. em adultos e crianças, com bons resultados. Eles citaram as seguin-
•Obtenha dois enxertos ósseos com espessura tota l de tes vantagens: o posicionamento individual de parafusos poliaxiais
1,25 a 3,5 cm da crista ilíaca e chanfre-os de forma que em Cl e C2 permite a manipulação direta de Cl e C2, simplificando
o áp ice do enxerto se enca ixe no intervalo entre o arco a redução e a fixação; o posicionamento superior e medial do
do atlas e a lâmina do áxis (Fig . 40-8B). parafuso C2 é menos arriscado para a artéria vertebral; a integri-
•Faça "trincheiras" em forma de V nas superfícies cortica is dade do arco posterior de Cl não é necessária para a fixação estável
superior e inferior, para segurar os f ios circunferenciais e (Fig. 40-10). Por favor, consulte o Capítulo 38 para a técnica de
im ped i-los de escorregar. fixação do parafuso transarticular em adultos.
•Aperte os fios dup los sobre o enxerto e torça-os em cada
lado (Fi g. 40-8C e D). FIXAÇÃO DE PARAFUSO
•Irrigue e feche o ferimento em camadas associado a
drenos de sucção.
TRANSLAMINAR DE C2
A fixação do parafuso translaminar pode ser utilizada como uma
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O pós-operatório é o alternativa ao parafuso pol iaxial e a haste de fixação, quando
mesmo descrito para a técnica de Gallie. o istmo C2 ou o pedícu lo não puderem ser instrumentados. )
lllmi,) PARTE XII A COLUNA

~ ?r 2 mm
3r.nmr •

A B e
O[riil;fj1mJt Técnica de Magerl.

•Sinta o comprimento do furo com um palpador para veri-


ficar se nenhum avanço cortical no cana l medular ocorreu.
•Insira um parafuso poliaxial com 4 mm de diâmetro ao
longo da mesma trajetória. Na posição fin al, a cabeça do
parafuso ficará na junção do processo espinhoso e a
lâmina do lado esquerdo, com o comprimento do para-
fuso dentro da lâm ina direita.
•Crie uma pequena abertura cortical na junção do pro-
A cesso esp inhoso e a lâmina de C2 do lado direito, perto
da parte cauda l da lâmina .
•Utilizando a mesma técn ica descrita acima, insira um
parafuso de 4 mm de diâmetro na lâmina esquerda, com
a cabeça do parafuso permanecendo no lado direito do
processo espinhoso.
• Posicione as hastes apropriadas nas cabeças dos parafu-
sos e anexe aos parafusos C 1 ou aos parafusos na massa
lateral abaixo de C2 (Fig . 40-11 B).

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O paciente é imob ili-


zado em órtese cervical ou cervicotorácica de 8 a 12
O@il@rJ:!ID Técnica de Harms e Melcher. Coluna cervical alta semanas.
após a fixação C1-C2 por parafuso poliaxial e haste.

Aproximadamente 20% dos pacientes apresentam um per-


1ARTRODESE OCCIPITOCERVICAL
curso anorma l da artéria vertebra l, o que irá impedir a
Quando houver outras anomalias ósseas na junção occipitocervical,
colocação do parafuso C2 pela técn ica de Harms e Melcher.
como a ausência do arco posterior de Cl , a artrodese pode-se esten-
A fixação do parafuso translaminar também pode ser uti-
der ao occipício. A técnica a seguir para artrodese occipitocervical
lizada na coluna cervica l inferior, se necessário.
inclui recursos de técnicas descritas por Cone e Turner, Rogers,
Willard e Nicholson e Robinson e Southwick.
TÉCNICA
• Posicione o paciente pronado com a cabeça em posição
neutra em um suporte de cabeça de Mayfield .
•Exponha o arco posterior de C 1 e o processo espinhoso, ARTRODESE OCCIPITOCERVICAL
lâmina e massas lateral e media l de C2.
•Faça uma pequena abertura na cortica l, na Junção do
processo espinhoso com a lâmina de C2 à esquerda,
TÉCNICA ~~~~~~~----'~
perto da margem rostral da lâm ina de C2 (Fig. 40-11A). • Atinja a base do occipital e do processo espinhoso das
•C om uma broca manual , perfure cuidadosamente ao vértebras cervicais superiores através de uma incisão lon-
longo do comprimento da lâm ina contra lateral (direita), gitud inal na linha média, estendendo-a profundamente
com a broca visualmente alinhada ao longo do ângu lo de dentro do septo intermuscular relativamente avascu lar.
exposição da superfície lam inar contralateral. •Exponha toda a área subperiosta lm ente.
CAPÍTULO 40 COLUNA CERVICAL PEDIÁTRICA 4mllll

iâ[ijii;tjmJI A, Colocação do parafuso translaminar em C2. B, Visão lateral e anteroposterior


da fixação pronta de C1-C2 com parafusos de massa lateral em C1 conectados a parafusos laminares
em C2. VEJA A TÉCNICA 40-3.

•Disseque o occipício posterior lateralmente, ao nível da •Passe os fios através dos furos no enxerto e coloque o
protuberância occipital externa . enxerto contra o occipício e as lâminas de C2 e C3.
•Faça dois buracos com broca no occipital posterior a cerca •Aperte os fios para manter o enxerto firme no lugar (Fig.
de 7 mm do forame magno e 1O mm lateralmente à linha 40-12, inserção).
média (Fig. 40-12) •Coloque tiras finas de osso esponjoso em torno dos
•Separe a dura-máter da tábua interna do crânio por dis- enxertos corticais para ajudar na fusão.
secção romba com uma espátula em ângulo reto. • Inspecione o enxerto e os f ios para garantir que eles não
•Passe pequenos comprimentos do fio através dos buracos pincem a dura-máter ou as artérias vertebrais. Irrigue e feche
na região occipital e através do forame magno . o ferimento em camadas associado a drenos de sucção.
• Passe fios abaixo do arco posterior de C 1 em cada lado, Robinson e Southwick passam fios individuais abaixo da
se o arco estiver intacto. lâmina de C2 e C3, e não através dos processos espinhosos
•Faça furos na tábua externa dos processos espinhosos de (Fig. 40-12).
C2 e C3, completando-os com uma pinça de Backaus ou
grampo de Lewin e passe uma parte curta dos fios através CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Alguma forma de
dos furos. apoio externo é recomendada. Este suporte pode variar
•Obtenha um enxerto corticoesponjoso da crista ilíaca e de um gesso Minerva, ou halocolete ou halogesso, a uma
faça furos em intervalos apropriados para aceitar as extre- cinta cervicotorácica, dependendo do grau de instabili-
midades dos f ios. dade pré-operatória e da estabilidade de fixação.
PARTE XII A COLUNA

ARTRODESE OCCIPITOC~RVICAL, tábuas. Os seios sagitais t ransversa is e superiores são cefá -


licos à protuberância e estão fora de perigo.
PASSA~DO FIOS ATRAVES DA TABUA
DO CRANIO TÉCNICA
Wertheim e Bohlman descreveram uma técn ica de artro-
dese occipitocervical semelhante àquela descrita por Gran- (WERTHEIM E BOHLMAN)
tham et ai., na qual os fios são passados através da tábua
ext erna do crânio, na protuberância occipita l, e não através •Estab ilize a coluna verteb ral no pré-operatóri o com tração
das tábuas internas e externas do crânio, perto do forame esquelética craniana, com o paciente sobre a mesa cirúr-
magno. Acima do forame magno, o osso occipital é muito gica e coxins de cabeça.
fino, mas, na protuberância occip ital externa, ele é espesso • Coloque o paciente em posição prona e obtenha uma radio-
e perm ite a passagem de f ios sem atravessar ambas as grafia lateral para documentar o alinhamento adequado.
•Faça a assepsia da pele e injete, no tecido subcutâneo,
uma solução de epinefrina (1: 500 000)
• Faça uma incisão na linha média que se estende a partir da
protuberância occipital externa à terceira vértebra cervical.
• Disseque os músculos pa ravertebra is, subperiosta lmente,
com um bisturi e um elevador periost eal para expor o
occipício e as lâminas cervica is, tendo o cuidado de f icar
na lin ha média para evita r o plexo venoso paramediano.
• No ponto 2 cm acima da borda do forame magno, utilize uma
- -Enxerto
broca de diamante de alta velocidade para criar um buraco em
ósseo
ambos os lados da protuberância, fazendo uma crista no
centro (Fig. 40-13A). Com uma pinça de Backaus, faça um
buraco nesta crista apenas através da tábua externa do osso.
•Faça uma volta (looping) com um fio de ca lib re 20 pas-
sa ndo-o através do buraco e ao redor da crista, e faça
mais uma volta, com outro fio de cal ibre 20, em t orno
do arco do atlas.
•Passe um terceiro fio, através de um f uro, na base do
processo espinhoso do áxis e em torno desta estrutu ra;
três fios separados são usados para prender os enxertos
h@IJ;ME!J:9 Método de Robinson e So uth wick de a rtrod ese ósseos em cada lado da coluna vertebral (Fig. 40-13B).
occipitocervical. VEJA A TÉCNICA 40-4.

O!diiítj ~ MétododeWertheimeBohlman
de artrodese occipitocervical. A, Com uma broca,
cria-se um a crista na protuberâ ncia occipital
exte rna e, em seg uida, é feito um orifício nessa
crista. B, Os fios são passados através da tábua
externa do occi pício, so b o arco do atlas e através
de processo espinhoso do áxis. C, Os en xertos são
colocados nos fios. D, Os fios são apertados para
e D manter os enxertos no lugar. VEJA A TÉCNICA40-5.
CAPÍTULO 40 COLUNA CERVICAL PEDIÁTRICA CD

A B e D

li[rimfde!19 Método de Koop, Winter e Lonstein de artrodese occipitocervical utilizado quando o arco posterior de C1 está ausente.
A, Exposição do occipício, atlas e áxis. B, Rebatimento do retalho periosteal para cobrir o defeito no atlas. C, Decorticação de elementos
vertebra is expostos. D, Colocação de enxertos ósseos autógenos esponjosos retirados da cri sta ilíaca. VEJA A TÉCNICA 40-6.

•Exponha a crista ilíaca posterior e obtenha um enxerto •No nível do occipício, disseq ue o tecido da nuca a partir
espesso, ligeiramente curvado, de osso corticoesponjoso, do periósteo e retraia-o latera lmente (Fig. 40- 14A)
de comprimento e largura previamente medidos. •Eleve o periósteo occipital em um retalho com base trian-
•Divida-o horizontalmente em duas partes e faça três furos gular preso junto à margem do forame magno.
em cada enxerto (Fig. 40- 13C). •Reflita esse retalho caudalmente para cobrir os defeitos
• Decortique o occipício e ancore o enxerto no local, com nos elementos vertebrais posteriores e suture-o no lugar
os fios em ambos os lados da coluna vertebral (Fig . (Fig . 40-148) .
40· 13D). Coloque enxerto ósseo esponjoso adicional ao • Decortique o occipício e os elementos vertebra is expostos
redor e entre os dois enxertos. restantes com uma broca de ar (Fig . 40-14C).
• Feche o ferimento em camadas associado a drenas de sucção. •C oloque tiras de osso esponjoso autógeno, no local,
sobre toda a área (Fig . 40- 14D).
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Uma órtese cervica l rígida •Feche o ferimento em camadas ao longo de um dreno
ou um halogesso é usado de 6 a 16 semanas, seguido por de sucção.
um colar cervical simples, que é usado por um período •Gire a criança em posição supina e molde um halogesso.
adiciona l de 6 semanas.
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O halogesso é usado até
a fusão tornar-se radiograficamente evidente, geralmente
cerca de 5 meses. Quando a artrodese é documentada por
ARTRODESE OCCIPITOCERVICAL radiografias latera is de flexão e extensão, o halogesso é
SEM FIXAÇÃO INTERNA removido, e um colar cervical simples é usado por 1 mês.

Koop, Winter e Lonstein descreveram uma técnica de artro·


dese occipitocervical sem fixa ção interna para uso em crian-
ças. A coluna vertebral é decorticada, e o osso ilíaco autógeno
corticoesponjoso é colocado sobre a área a ser artrodesada.
Em crianças com defeitos no arco vertebral, um retalho perios- ARTRODESE OCCIPITOCERVICAL
teal occipital é refletido sobre o defeito ósseo para fornecer USANDO AMARRILHO CRUZADO
uma camada de tecido osteogênico para o enxerto ósseo. Um
halogesso é utilizado para a estabilidade pós-operatória. Dormans et ai. descreveram a artrodese occipitocervica l
usando uma técnica de fiação diferente em 16 crianças
TÉCNICA com idade média de 9,6 anos (variação de 2,5 a 19,3 anos).
A fusão foi obtida em 15 pacientes. As complicações inclu-
(KOOP ET AL.) íram infecção no trajeto do pino (quatro pacientes), pneu-
monia (um paciente), nível adiciona l de fusão (um paciente)
•Após a administração de anestesia endotraquea l, fixe um e fratura do enxerto e pseudoartrose (um paciente). A
halo craniano com a criança em posição supina . utilização da fixação com fio, combinada com a estabil i·
• Vire a criança em posição prona e prenda a cabeça com dade inerente da construção com enxerto ósseo, permitiu
o pescoço em leve extensão, fixando o halo craniano em a remoção relativamente precoce do halo (6 a 12 semanas).
um aparelho de tração .
•Faça uma incisão na linha média . Em pacientes com ele- TÉCNICA
mentos posteriores intactos, exponha as vértebras por
dissecção com bisturi. (DORMANS ET AL.)
• Decortique os elementos vertebra is expostos e coloque
faixas de osso ilíaco autógeno esponjoso sobre o osso • Após a aplicação do halo craniano, posicione o paciente
decorticado. Exponha apenas as vértebras que serão inclu- pronado e fixe o ha lo à mesa cirúrgica. Confirme o ali-
ídas na fusão. Em pacientes com defeitos nos elementos nhamento da coluna vertebra l cervica l e da região occi-
posteriores, não exponha a dura-máter, se possível. pital com radiografias laterais. )
~ PARTE XII A COLUNA

A B

H!ijil;fijrl!ID Artrode se occipitocer-


vical conforme descrito por Dormans et ai.
A, Posição dos quatro orifícios. B, En xerto
corticoesponjoso obtido da crista ilíaca .
C, Fios de calibre 16 ou 18 enrolados e
passados através dos orifícios e laça dos
sobre si mesmos. En xerto posicionado na
depressão occipital e em torno do pro-
cesso espinhoso das vértebras cervicais na
extensão caudal da fusão e mantido no
lugar por meio de um contorno preciso
do enxerto. D, Os fios cruzados, torcidos e
cortados. VEJA A TÉCNICA 40-7.
D

•Exponha a linha média do occipício à segunda ou terceira braço esquerdo do enxerto através do processo espinhoso
)
vértebra ce rvica l. Limite a dissecção lateral pa ra não dani- da direita para a esquerda. Pos icione o enxerto na depres-
ficar as artérias vertebra is. são occipital superiormente e em torno do processo espi-
• Em pacientes que necessitam de descompressão por nhoso da vértebra que deve estar no nível cauda l da
causa da estenose cervica l ou para a remoção de um artrodese (a segunda ou terceira vértebra cervical).
tumor, remova o arco da primeira ou da segunda vértebra •C ont orne o enxerto precisamente, para que ele se encaixe de
cervica l, ou de ambas, com ou sem remoção de uma forma segura na depressão occipital e ao redor do processo
porção de osso occipital para amp liar o forame magno. espinhoso inferior antes de os fios serem bem apertados.
•U se uma broca de alta velocidade para faze r quatro f uros • Cruze os fios, torça e corte (Fig . 40-15D).
através de ambas as cortica is occipitais, alinha ndo-os •O btenh a uma radiografia, neste momento, para avaliar a
transversalmente com dois de cada lado da linh a média posição do enxerto e dos fios e o alinhamento da região
e deixando uma ponte óssea de 1 cm entre os dois furos occipital com as vértebras cervica is proximais. A extensão
de cada pa r. Os furos são co locados em sentid o caudal da co luna cervica l pode ser co ntrolada pelo posiciona-
ao seio transversa l (Fig. 40-15A). mento da cabeça com halo craniano, ajustando o tamanho
•Faça uma depressão na base do occipício para assenta r a e o formato do enxerto e, em menor extensão, apertando
extrem idade cefá lica do enxerto ósseo. adequadamente dos fios.
• Obtenha um enxerto corticoesponjoso da crista ilíaca e •Nos pacientes que não tiveram descompressão, passe o
molde-o em um retângulo, com um enta lhe criado na fio sublaminar cauda lmente ao anel da primeira vértebra
base inferior, para se enca ixar em torno do processo cervical para garantir uma fixação adicional. Em crianças
esp inhoso da segunda ou terceira vértebra cervica l (Fig. jovens, isso pode ser difícil ou indesejável em virtude do
40-158). O limite ca udal da artrodese pretendida (segunda pequeno tamanho do ane l da prim eira vértebra cervica l
ou terceira vérteb ra cervical) é determinado pela presença ou da falha de formação do arco posterior da prime ira
ou ausência de uma lam in ectom ia anteri or, anomal ias vérteb ra cervica l.
congênitas ou nível de instab il idade.
•Passe um f io de Luque enrolado de calibre 16 ou 18
através dos furos de cada lado e enrole-o em si mesmo. CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Uma órtese personal i-
•Passe f ios de Wisconsin (Zimmer, Warsaw, IN), através da zada com halo ou ha logesso é usada até que uma artro-
base do processo esp inh oso ou na segunda ou na terceira dese sólida seja obtida; depois, um colar cervical é usado
vértebra cervical (Fi g. 40-15C) . Passe o fio que vai para o por 1 mês.
CAPÍTULO 40 COLUNA CERVICAL PEDI ÁTRI CA Gm

Seio
sigmóideo--
Ín io - -

IUriil;MrJ!ID A e B, Artrod ese occipitocervi cal usando um a hast e mo ld ada em U e fi xação co m fi os ou cabos segmentares. VEJA
A TÉCNICA 40-8.

ARTRODESE OCCIPITOCERVICAL COM


HASTE MOLDADA EM U E FIXAÇÃO
SEGMENTAR COM FIOS
A artrodese occipitocervical com haste moldada, fixada
com fio ou cabos. que fo i descrita por vários autores, tem
a vantagem de co nsegu ir a estab ili dade imed iata da ju nção
occipitocervica l. Esta estabili dade pe rmite que o paciente
se mova com um colar cervica l após a ciru rgia, evitando a
necessidade de imobilização com halogesso. Smith et ai.
descreveram a art rodese occip itocervica l usa ndo uma placa
contornada em vez de uma haste para fixação.

TÉCNICA
• Atinja a base do occipita l e do processo espinhoso das H@ihfümg A rtrod ese occi pitocervi cal usando pla ca occipital
vértebras cervica is superiores através de uma incisão lon- co ntornada, parafuso e hast e de fi xaçã o (VertexSelect, Medtro nic,
gitud inal na linh a médi a, estendendo-a prof unda ment e M emphis, TN) . VEJA A TÉCNICA 40-9.
dentro do septo intermuscular re lativamente avascu lar.
•Expon ha todo o campo subperiosta lmente.
• Contin ue a dissecção proxima lmente acima do ínion e
latera lmente ao nível da protuberância occipital externa. CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Um colar Filadélfia ou
• Faça um molde da forma pretend ida da barra de aço ino- uma órtese occipitocervica l é usado até que a artrodese
xidável com o comprimento apropriado com f io de Luque. fique estável.
• Faça dois furos de cada lado, cerca de 2 cm latera lmente
à linha média e 2, 5 cm acima do forame magno. Evite o
seio transverso e o sig moide ao fazer esses f uros. Deixe
pelo menos 1O mm de osso cortical intacto entre os f uros ARTRODESE OCCIPITOCERVICAL USANDO
pa ra assegurar a f ixação sólida.
UMA PLACA OCCIPIT~L CONTORNADA E
• Passe os f ios de Lu que ou os ca bos de Songer em um
plano extrad ura l através dos dois f uros em cada lado da
PARAFUSO DE FIXAÇAO
linha média. Passe os fios ou cabos sublam inares na Esta t écnica uti liza uma haste de ângu lo ajustável, bem
coluna cervical superior. como uma placa occipita l contornada (VertexSelect, Med-
• Dobre a haste para combi nar com o molde; isso, gera l- tron ic, Mem phis, TN) para a fixação.
mente, forma um ângu lo cabeça -pescoço de cerca de
135 graus e uma lordose cervical leve. Um moldador tipo TÉCNICA
Bend Meister (Sofamor/ Danek, Memphis, TN) pode ser
útil na moldagem da haste. • Exponha a coluna post eriorment e, conform e descrito na
• Fixe os fios ou cabos à haste. Técn ica 40-8.
• Decortique a colu na ve rtebra l e o occipício e enxerto • Aj uste o ângu lo de cada haste para o alinhamento ma is
ósseo autógeno esponjoso . adequ ado; aperte os pa rafu sos de fi xação intern os para )
PARTE XII A CO LU NA

trava r o ângulo. Além disso, dobre as hastes para elas QUADRO 40-3 Vias de Acesso Cervicais
adapta rem melhor à anatomia do paciente. Corte ambas as Anteriores
extrem idades das hastes nos compri mentos necessários.
• P_osicione as hastes nos implantes cervicais previamente posi- Transara! (Fang et ai.)
oona_dos para determinar o tamanho adequado da placa Alta taxa de compl icações na ferida e de infecção
occipital e faze r ajustes, se necessário, para alinhar a haste. Tran.soral com Divisão da Mandíbula e da Língua (Hall,
• Posicione a placa occip ital na li nha média (qui lha occipital) Denis e Murray)
ent re a protuberância occipita l externa e a borda posterior Exposição ma is extensa da coluna cervical alta
do fo rame magno. Contorn e a placa para um aj uste ana-
Maxilectomia Subtotal (Cocke et ai.)
tôm ico contra o occipício. Evite a moldagem repetit iva da
Maxil otom ia estend ida e maxilectomia subtota l são usadas
placa, pois isso pode comprometer a sua integridade. Pode
qua ndo a exposição da base do crânio é necessária e não
ser necessário contornar o osso occipita l.
pode ser obti da por meio de outra via de acesso
•Com uma broca de taman ho adeq uado e um gu ia que
corresponda ao diâmetro do parafuso, faça um furo na Retrofaríngea Lateral (Whitesides e Kelly)
Extensão da via de acesso clássica de Henry à artéria vertebral.
região occipital na profundidade desejada predeterm inada.
Músculo esternocleidomastóideo evertido e afast ado
A perfuração deve ser feit a através da placa occipital para
poste riormente
ga rant ir a profundidade de perfuração adequada.
Dissecção no plano posterior à ba inha carotídea
• Macheie o furo, após usar um medidor para verifica r a
Possibilidade de edema pós-operatóri o e obstrução das vias
profund idade. O osso occip ital é muito denso e cada
aéreas
buraco deve ser t ota lmente macheado.
• Insira o parafuso occipit al de tamanho apropriado e aper- Modificações da Via de Acesso de Robinson e
te-o provisoriamente. Insira o restante dos pa rafusos como Southwick (deAndrade e Macnab)
Anterior ao músculo esternocleidomastóideo
anteriormente e aperte manualmente cada um deles.
Dissecção anteri or à ba inha ca rotídea
•Coloq ue as hastes nos im plantes e estab ilize-as, aper-
Risco de lesão do nervo laríngeo superior
tando os parafusos de fixação. Faça o aperto final dos
parafusos de aj uste da placa occipital e verif ique nova- McAfee et ai.
mente todas as conexões da estrutura fina l antes do Exposição do atlas até o corpo de C3
fec hamento da fe ri da. Sem dissecção post eri or da bainha carót ica
Sem invasão da cavidade ora l
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Imobil ize a coluna cer- Adequada para a inserção de enxertos estrut ura is da f íbula
ou do ilíaco
vica l com uma órtese por 8 a 12 semanas .

~
' 1
~~~~~~~---'~
• ABORDAG EM CERVICAL ANTERIO R (FANG E ONG)
A subluxação ou a luxação Cl -2, às vezes, não pode ser reduzida
• A nt ibióticos profil áti cos paren t era is são adm inist rados
com tração. Se o paciente não apresenta déficits neurológicos, uma
com base em culturas pré-opera t órias da nasofaringe. A
simples fusão posterior in situ pode ser fe ita com pouco aumento
entubação endotraquea l é feita com tubo não dobrável
no risco. A descompressão posterior por lami nectomia tem sido
e ba lonet e. Se uma dissecção extensa estiver planejada,
associada ao aumento da morbidade e mo rta li dade. A descompres-
uma traq ueostom ia deve ser rea lizada.
são posterior aumenta a instabilidade de Cl -2, a menos que seja
• Coloque o paciente na posição de Trendelenburg e insira
acompanhada por artrodese do occipício em C2 ou C3. Se a estabi-
uma mordaça na boca para fornece r retração. Identifique
lização posterior não pode ser realizada por causa da situação clínica
os corpos verteb rais por pa lpação.
ou se a subluxação anterior associada à compressão da medula
•O anel da primeira vértebra tem um tubérculo na li nha média
estiver presente, então uma abordagem anterior deve ser conside-
anterior, e o disco entre a segu nda e a terceira vértebra é
rada. Uma maxilectomia subtotal, uma abordagem retrofaríngea
proeminente, proporcionando outro marco de loca lização.
lateral ou uma abordagem transoral podem ser realizadas. Em geral,
Faça uma incisão longitudinal na linha méd ia da fa ringe pos-
a abordagem retrofaríngea geralmente é preferida em virtude da
terior (Fig. 40- 18A). O palato mole pode ser dividido na linha
incidência maior de complicações no ferimen to e infecções associa-
média, tornando a paresia pós-retração menos provável, ou
das às abordagens transoral e maxilectomia (Q uadro 40-3).
ele pode ser dobrado em cima dele mesmo.
•Continue a dissecção da li nha média até o osso e reflita o
tecido latera lmente para o exterior da margem das massas
ABORDAGEM TRANSORAL latera is do áxis (Fig. 40- 18B). Além dessas margens, estão
as artéri as vertebra is, e precauções devem ser t omadas
Fang e Ong consegu iram a fusão co locando enxertos
para não lesá-l as. O reta lho de tecido mole pode ser retra-
retangu lares em leitos de enxerto de formato seme lhante
ído com pontos de longa permanência.
que se estendem desde a massa lateral do atlas à massa
•Depo is que o proced imento fo r concluído, irrig ue e feche
latera_I e ao co rpo do áx is. Se apenas uma descompressão
o ferimento fo lgadamente com suturas por pon t os sepa-
anterior for real izada, ela deve ser segu ida por uma artro-
rados absorvíveis. Continue os antibióti cos dura nte pelo
dese posterior.
menos 3 dias após a ciru rgia.
CAPÍTULO 40 COLUNA CERVICAL PEDIÁTRICA ifü#

úvula
Palato mole-~~

Incisão-~~~~ ~~d.==,- Processo odontoide


Língua---"~~ -fo~""='~-Áxis

~--""-~
li Borda da parede
posterior da faringe

O@ii;Hm!19 A e B, Abordagem transoral à coluna cervical superior para a exposição da face anterior do atlas e do áxis. VEJA A TÉCNICA
40-10.

A B

O!§l!if;.imli) A-C, Abordagem transoral com separação da mandíbula e da língua . VEJA A TÉCNICA 40-11.

•Com o paciente sob anestesia geral, prepare o campo


ABORDAGEM TRANSOR)\L COM operatório com iodopovidona (Betadine®) e fixe os
OSTEQTOMIA J>A MANDIBULA E campos para iso lar o halogesso e o tubo de traqueos-
DIVISAO DA LINGUA tomia.
Hall, Denis e Murray descreveram uma abordagem transoral •Faça uma incisão a part ir da margem anterior da
para a coluna cervical, com osteotomia da mandíbula e divisão gengiva através de ambas as superfícies do lábio infe-
da língua, que proporciona uma exposição mais extensa da rior e no meio da mandíbula até a cartilagem hioide
coluna cervical superior do que a abordagem de Fang e Ong. (Fig. 40-19A).
•Divida a língua na linh a média com eletrocautério.
TÉCNICA •Coloque suturas de tração para melhorar a exposição da
rafe mediana.
(HALL, DENIS E MURRAY) •Remova o incisivo inferior e faça uma osteotomia em
degrau com uma serra oscilante na mandíbula.
•Molde um halogesso no pré-ope ratório e reali ze uma •Divida a língua longitudinalmente até a epiglote através
traqueostomia através do quarto anel traqueal. de sua rafe central (Fig. 40-19B) . )
~ PARTE XII A COLUNA

• Dobre a úvu la em si mesma e a suture no topo do palato


)
mole; retraia a mandíbula e a língua para cada lado para
melhorar a exposição.
•Abra a mucosa sobre a parede posterior da faringe oral
para expor a coluna cervical anterior da primeira vértebra
cervical até a porção superior da quinta vértebra cervica l Músculo
(F ig. 40-19C) . esternocleido- -
•Divida o ligamento longitudinal anterior na linha méd ia e mastóideo
rebata-o latera lmente para permitir uma exposição sufi-
ciente para a remoção da porção anterior da coluna cer-
vica l e a inserção de enxertos ósseos para a fusão. A
•Fixe o reta lho posterior da faringe com sutura crômica 3-0.
•Passe um dreno de sucção através do nariz e insira-o
profundamente no retalho faríngeo.
•Repare a língua com suturas crômicas 2-0 e 3-0 e fixe a
mandíbu la com f ios inseridos através de fu ros em cada
lado da osteotomia. Músculo
• Feche a mucosa infra lingual com suturas crômicas 3-0 e esternocleido -
feche o tecido subcutâneo e a pele. mastóideo
•Antibióticos no pré e no pós-operatório são recomendados.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Um ha logesso é usado


B
até que a fusão se torne evidente nas rad iografias. O
halogesso é removido e um colar macio é usado durante
1 mês.
O@ii;@C!E!) Acesso anteri or à co luna ce rvica l. A, Abordage m
de Whit esides e Ke lly ante ri or ao músculo esternoc leidomastói-
deo e posterior à ba inha carot ídea. B, Acesso ante rior ao múscu lo
esternocleidomastó ideo e antero med ial à bain ha carot ídea . VEJA
1 MAXILECTOMIA SUBTOTAL A TÉCNICA 40-12 .
Cocke et ai. descreveram uma maxilotom ia estendida com maxi-
lectomia subtotal para ser utilizada quando a exposição da base do
crânio é necessária e não pode ser obtida por outros métodos. Esta
abordagem exige muita habilidade e um conhecimento profundo •No polo superior da incisão, está a veia jugular externa,
da anatomia da cabeça e do pescoço. Uma eq uipe de cirurgiões, que atravessa a margem anterior do esternocleidomastói-
incluindo um otorrinolaringologista, um neurocirurgião e um deo; ligue e corte esta veia. Ramos do nervo auricular
ortopedista, deve realizar esta cirurgia. Por favor, consulte as também podem ser encontrados e exigir separação.
edições mais antigas de Operative Orthopaedics de Campbell para • Everta o múscu lo esternocleidomastóideo e identifique o
a descrição completa . nervo esp inal acessório à med ida que ele se aproxima e
passa pelo músculo.
•Divida e ligue as estruturas vascu lares que acompanham
ABORDAGEM LATERAL o nervo.
RETROFARÍNGEA • Continue a abordagem posterior à bainha carotídea e
anterior ao músculo esternocleidomastóideo (Fig. 40-20A).
A abordagem latera l retrofaríngea descrita por W idesides Os processos transversos de todas as vértebras cervicais
e Kelly é uma extensão da abordagem clássica de Henry da expostas são pa lpáveis neste interva lo.
artéria vertebra l. Nesta abordagem, o múscu lo esternoclei- •Usando dissecçâo aguda e romba, disseque o plano entre
domastóideo é invertido e posteriormente retraído. O res- a fáscia alar e a pré-vertebral ao longo do aspecto anterior
tante da dissecção segue um plano posterior à bainha da dos processos transversais dos corpos vertebrais. O plano
carótida. de dissecção é anterior aos múscu los longo do pescoço
e da cabeça e ao tronco simpático sobrejacente e ao
TÉCNICA ~ gânglio cervical superior. (Uma abordagem alternativa é
~~~~~~~~--~ elevar os múscu los longos do pescoço e da cabeça de
(WHITESIDES E KELLY) suas inserções ósseas, nos processos transversais, e retrair
os múscu los anteriormente, mas esta abordagem pode
•Faça uma incisão long itudina l ao longo da margem ante- atrapa lhar os ramos comun icantes simpáticos e causar a
rior do múscu lo esternocleidomastóideo. Na extremidade síndrome de Horner.)
superior do múscu lo, continue a incisão posteriormente, •Quando o nível vertebra l for identificado, faça uma
através da base do osso tempora l. incisão longitudinal ao osso, através do ligamento longi-
•Divida o músculo em sua origem mastoide. tudina l anterior.
• Divida parcialmente o múscu lo esplênio da cabeça em sua •Disseque os ligamentos e os tecidos moles subperiostal-
inserção na mesma área. mente para expor os corpos vertebra is.
CAPÍTULO 40 COLUNA CERVICAL PEDI ÁTRICA Ullll
•Para a artrodese, coloque as tiras corticoesponjosas em •Continue a incisão através do músculo platisma e mobi-
uma depressão longitudina l feita nos corpos vertebrais. lize a pe le e a fásc ia superficial no plano subp latisma l da
•Irrigue e feche o ferimento em camadas sob re drenas de fáscia superficial.
sucção no espaço retrofaríngeo . •Localize o ramo mandibular marginal do nervo fac ial com
a ajuda de um estimulador de nervo e, por ligadura e
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Por causa do potencial dissecção, as veias retromandibulares superiormente. Os
de edema pós-operatório e obstrução das vias aéreas, o ramos dos nervos mandibulares gera lmente atravessam a
paciente deve ser mon itorado atentamente. A tração pode veia retromandibular superficial e superiormente. Ao ligar
ser necessária durante 1 ou 2 dias após a cirurgia. Quando esta veia conforme ela se junta à veia jugul ar intern a e
a tra ção for removida, o paciente é imobilizado em um se a dissecção for mantida profunda e inferior à veia
colete cervicotorácico ou halocolete ou halogesso. conforme a exposição se estenda superiormente, os
ramos superficiais do nervo fac ial estão protegidos.
•Libere a borda anterior do múscu lo esternocleidomastói-
deo, corta ndo transversa l e longitudinalmente a camada
deAndrade e Macnab descreveram uma abordagem para a
superficial da fáscíà cervica l profunda.
colu na cervical superior que é uma extensão da abordagem des-
•Local ize a bainha carotídea por pa lpação.
crita por Robinson e Southwick e Bailey e Badgley. Esta abordagem
• Resseque a glândula salivar submandibular e suture o seu
é anterior ao músculo esternocleidomastóideo (Fig. 40-20B), mas
duto para evitar uma fístu la salivar. Identifique o ventre pos-
a dissecção é anterior à bainha carótida, e não posterior. Esta
terior do músculo digástrico e do músculo estilo-hioide.
abordagem envolve um risco maior de lesão do nervo laríngeo
•Divida e marque o tendão digástrico para reparo poste-
superior.
rior. A divisão dos músculos digástrico e estilo-h ioide
permite a mob il ização do osso hioide e da hipofaringe
mediaimente (Fig. 40-2 1B).
•Libere o nervo hipoglosso a partir da base do crânio até
ABORDAGEM ANTERIOR a borda anterior do músculo hipoglosso e retraia-o supe-
RETROFARÍNGEA riormente durante todo o restante do procedimento (Fig.
McAfee et ai. utilizaram uma extensão superior da aborda- 40-21 C).
gem anterior de Robinson e Sm ith para a coluna cervica l. •Continue a dissecção entre a bainha carotídea lateral-
Esta abordagem proporciona a exposição do atlas ao corpo mente e a laringe e a faringe anteromed ialmente.
da terceira vértebra cervica l, sem a necessidade de dissec- •Começando inferiormente e progredindo superi ormente,
ção posterior da bainha carotídea ou a entrada na cavidade as segu intes artérias e veias podem precisar ser ligadas por
oral e proporciona uma exposição adequada para a inser- exposição: a artéria e a ve ia superior da tiroide, a artéria e
ção de enxertos ilíacos ou fibulares. a veia lingual e a artéria e a veia facia l (Fig. 40-21 C) .
•Libere o nervo laríngeo superior desde a sua origem,

-------~
TÉCNICA perto do gângl io nodoso, até a sua entrada na laringe
(Fi g. 40-210)
(MCAFEE ET AL.) •Corte de ma neira transversa l a fáscia alar e a fáscia pré-
vertebral, long itud inalm ent e, para expor os múscu los
•Coloque o paciente em posição supina na mesa cirúrg ica longos do pescoço (Fi g. 40-21 E).
e rea lize um exame neurológico. Monitore a medula •Garanta orientação à linha média observando a fixação
esp inal durante a operação usando cortica lmente regi s- dos músculos longos do pescoço direito e esquerdo con -
tros dos potencia is evocados somatossensoriais. forme eles convergem em direção ao tubérculo ante ri or
•Aplique pin ças Gardner-Wells com 4,5 kg de tra ção , se já do atlas . So lte os músculos longos do pescoço da super-
não estiver posicionado. Estenda cu idadosamente o fície anterior do atlas e do áxis.
pescoço com o paciente acord ado. Marque o ponto •Divida o li gamento longitudin al anterior e exponha a
máximo de extensão segura e não exceda este ponto, em superfície anterior do atlas e do áxis . Não continue a
nenhum momento, durante o procedimento cirúrgico. dissecção muito latera lmente e não danifique a artéria
• Realize a entubação nasotraqueal por f ibroscopia com o vertebra l.
paciente sob anestes ia loca l. Quando as vias aéreas esti- • McAfee et ai. uti liza ram um enxerto fibular ou bicortical
verem protegidas, coloque o paciente sob anestesia geral. il íaco contornado no fo rm ato de um prendedor. O corpo
Mantenha a boca do paciente livre de todos os tubos para anterior de C2 e os discos de C2 e C3 podem ser rem o-
impedir qualquer depressão da mandíbula, inferiormente, vidos. Coloque as duas pontas do prendedor superior-
que possa comprometer a exposição cirúrgica. mente para f icarem em cima do arco anterior do atlas.
•Faça uma incisão submandibu lar transversal modificada Tampe a borda inferior do enxerto no aspecto superior
(a incisão pode ser feita no lado direito ou esquerdo, de do corpo de C3, que é reduzida para receber o enxerto.
acordo com a preferência do cirurg ião) (Fi g. 40-21 A). Se o aspecto anterior do atlas tiver que ser removido, o
Desde que a dissecção não se estenda para a área caudal aspecto superior do enxerto poderá ser fixado ao clívus.
da quinta vértebra cervica l, esta exposição é suficiente- • Comece o fechamento aproximando o tendão digástrico.
mente superior à do nervo laríngeo recorrente direito, • Coloque drenas de sucção no espaço retrofaríngeo e no
para evitar danos a esta estrutura. espaço subcutâneo.
)
_, PARTE XII A COLUNA

Músculo
esternocleido- _ ____._
mastóideo

A B

submandibular
ressecada
Nervo
hipoglosso ---f-f~!f--iii

e Divisões das
comuns
lingual e Artéria
veias comuns facial jugular carótida
facial , lingual interna comum
e tireóidea
superior

Incisão no
E músculo longo
do pescoço

H!§ili!'.·'E I Via de acesso cirúrgica retrofaríngea anterior à coluna cervical alta descrita por McAfee et ai. A, Incisão submandibular.
O segmento inferior da incisão é utilizado apenas se as vértebras cervicais suba xiais tiverem que ser expostas. B e C, A glândula
submandibular é ressecada e o tendão do músculo digástrico é di vidido. A artéria e a veia tireóidea superior também são divididas.
D, O nervo hipoglosso e o nervo laríngeo superior são mobilizados . O conteúdo da bainha carotídea é mobilizado lateralmente, e a
hipofaringe é mobilizada mediaimente. E, O músculo longo do pescoço é dissecado lateralmente para expor a face anterior do atlas e
do áxis. VEJA A TÉCNICA 40-13.
CAPÍTULO 40 COLUNA CERVICAL PEDIATRICA

•Suture o platisma e a pele na forma padrão. a dissecção do tronco braquiocefá lico pode ser feita até
)
•Se a coluna vertebra l se torna r instável pe la descomp res- a reflexão do pericá rdio, sem abertura do pericárdio.
são anterior, rea lize uma fusão cervica l posterior ou • Retra ia a traqueia e o esôfago levemente afastados da
occipitocervical. linha média com um retrator de ângu lo reto.
•Se a hipofaringe for inadvertidamente inserida, o anestesista •Co loque um retrator de profundidade de ângu lo reto
deve inserir uma sonda nasogástrica no intraoperatório. abaixo da artéria inom inada e puxe-o para frente e para
•Feche o furo em duas camadas com suturas absorvíveis. baixo, conforme necessá rio, pa ra fo rn ecer acesso à
coluna torácica superior e cervica l inferior (Fig. 40-22C) .
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO • A extensão distal da exposição neste ponto depende da
Antibióticos parenterais
anatomia do paciente e da deformidade; na maioria dos
eficazes contra organismos anaeróbicos devem ser adicio-
pacientes, T4 já pode ser acessado e a remoção do disco e
nados aos antibióticos prof iláticos de rotina do pós-ope-
a instrumentação podem ser feitas com segurança. A expo-
ratório. A sonda nasogástrica é deixada por 7 a 1O dias.
sição distal agressiva coloca o nervo laríngeo recorrente sob
A tração do crânio é mantida com a cabeça elevada a 30
tração e deve ser feita com cuidado. Embora as abordagens
graus para reduzir o edema na hipofaringe. A entubação cervicais anteriores do lado esquerdo sejam tipicamente pre-
nasa l é mantida durante 48 horas. Se a extubação não feridas por causa do curso distal do nervo laríngeo recor-
for possível em 48 a 72 horas, uma traqueostomia pode rente neste lado, Mulpuri et ai. utilizaram uma abordagem
ser rea lizada. As pinças Gardner Wells são removidas 2 a do lado direito com a mobilização do tronco braqu iocefá-
4 dias após a cirurgia e um halocolete é apl icado e usado lico, porque o deslocamento media l do tronco expõe mais
por cerca de 3 meses . Quando o ha locolete for removido, segmentos da coluna torácica no lado direito (Fig. 40-220).
um colar cervical será usado por ma is 1 mês. •Após a conclusão do proced imento ortopédico, obtenha
uma hemostasia e aproxime o esterno com f ios ou
suturas, dependendo da idade da criança.
•Reconecte os múscu los esternotireó ideo e omo-hióideo.
ABORDAGEM POR OSTEOTOMIA DO • Feche a incisão no pescoço de forma habitual. Um
pequeno dreno si lástico pode ser necessário sob o
ESTERNO múscu lo esternotireóideo, se a hemostasia for um pro-
Mulpuri et ai. descreveram uma abordagem de divisão do blema na porção cervica l da abordagem.
osso esterno para acessar a junção cervicotorácica em •Coloque um tubo med iasti nal como em proced imentos
crianças, que é útil para deformidades complexas da coluna cirúrg icos card íacos.
vertebral em torno da junção cervicotorácica. A abordagem
exige a assistência de um cirurgião cardiotorácico.
• IMOBILIZAÇÃO POR HALOCOLETE
TÉCNICA O halo craniano, introduzido por Perry e Nickel em 1959, fornece
imobilização quando a coluna cervical apresenta-se instável e pode ser
(MULPURI ET AL. )
utilizado para tração pré-operatória em certas situações. O uso bem-
-sucedido do halo foi mostrado em lactentes e crianças com instabili-
• Faça uma abordagem extensa anterior padrão da coluna dades causadas por lesões ou por malformações cervicais, embora as
cervical, incorporando uma extensão esterna l anterior complicações sejam mais frequentes em crianças do que em adultos.
(Fig. 40-22A).
A maioria dos autores concorda que o halo craniano propor-
•Comp lete a dissecção cervica l de forma padrão.
ciona uma imobilização da coluna cervical melhor do que todos os
• Faça uma incisão ao longo da borda media l do músculo
métodos de imobilização externa, mas os artigos demonstraram
esternocleidomastóideo, estendendo-a até o manúbrio
movimento aumentado da coluna vertebral (até 70% além do normal)
esterna l.
e a perda de redução durante o uso do halo. O halocolete tem sido
•Retraia o múscu lo esternocleidomastóideo latera lmente
bem aceito por pacientes adultos, podendo o colete, em geral, ser
com a bainha neurovascular, inclu indo a artéria carótida,
facilmente ajustado; em crianças, no entanto, o ajuste apropriado rara-
a veia jugu lar e o nervo vago . A divisão dos músculos
omo-hióideo, esterno-hióideo e esternotireóideo facilita mente é atingido com um halocolete pré-fabricado e, assim, a utiliza-
a exposição extensa. ção de um halogesso ou halocolete personalizado é a melhor escolha.
•Estenda a incisão como uma abordagem por esternoto- Mubarak et ai. recomendam os seguintes passos para a fabri-
mia na linha méd ia. cação de um halo personalizado para crianças: (1) o tamanho e a
• Use a dissecção digita l romba para mobilizar os tecidos configuração da cabeça são obtidos com a utilização de um fio de
moles retroesternais. ligação flexível colocado em volta da cabeça; (2) o anel do halo é
• Divida o esterno usando uma serra esternal de forma padrão. fabricado por me io da construção de um anel com diâmetro 2 cm
•Após a abertura do esterno, resseque a glându la timo maior do que o fio usado como modelo; (3) um molde de gesso do
para proporcionar a exposição e mob ilize e contro le o tronco é obtido para a fabricação de um colete de polipropileno
tronco braquiocefá lico com uma fit a nos vasos. bivalvado personalizado; e (4) são feitas medições lineares para
•Neste ponto, a coluna cervical anterior e a coluna torácica garantir o comprimento apropriado da superestrutura. A TC ajuda
superior podem ser acessadas de forma contígua (Fig. a determinar a estrutura óssea para planejar os locais dos pinos,
40-228) . evitando, assim, linhas de sutura ou malformações congênitas.
•Se necessário, o pericárd io pode ser aberto para aumen- A espessura do crânio em crianças var ia muito até a idade
tar a mobi lidade do tronco braqu iocefá lico; no entanto, de 6 anos; ela aumenta entre 10 e 16 anos e, após esse período,
é semelhante a dos adultos. Um estudo descobriu que um crânio de
lllm> PARTE XII A COLUNA

~~f-- Jugu lar


interna
~~~- Nervo vago
esque rdo

A B

O@il;f;ie!m Acesso de Mulpur i et a i. por osteotomia esternal para a junção ce rvicot o rácica . A, Incisão pa ra u ma a bordagem pe lo
lado d ire ito. B, O este rn o é aberto, a gl â ndu la timo é ressecada e o tronco b ra q uiocefá li co é mobilizado para permitir o acesso co ntíg uo
à co lu na cervical e t o rác ica supe ri or. C, A retra ção da traque ia, do esôfago e da artéria ino mi nada dá acesso à co lu na cervica l infe ri o r e
torácica superior. D, O afastamento medial do tro nco braquiocefálico pe rmite o acesso mais d ist al à co luna torácica . VEJA A TÉCNICA 40-14.

2 mm pode ser completamente penetrado com wna carga de 72,5 kg, o cra nian o em pacientes com m en os d e 2 anos d e idad e. A interd igi -
que está abaixo da pressão de torque recomendada para crânios de adulto. tação d a sutura cra ni an a po de estar incomp leta e as fo nta nelas
Mub arak et ai. descreveram um a técnica para a aplicação d e pod em estar abertas anteri o rmente em pacientes com m eno s de 18
um h alo cranian o em cria nças co m menos de 2 anos d e idade. Esta meses d e id ad e e p oster io rm ente em pacientes com men os de 6
técnica de múlti plos pin os di fe re d as recom end ações previam ente meses. Po r esse m otivo, o halo crani ano provavelm ente não deve se r
aceitas em cr ianças m ais velh as em relação ao núm ero de pin os, a uti li zado em crian ças com m en os d e 18 m eses.
colocação de pinos e o torq ue. Com o uso de vár ios pinos, a pressão
de to rqu e po d e ser signifi cativa m ente meno r, permitin do urn a
m aior varied ad e d e lo cais de colocação dos pinos nas áreas onde o
APLICAÇÃO DO HALO CRANIANO
crân io, de outra fo rma, po de ser conside rad o muito fi no. A inserção Em crianças nessa faixa etária, o anel do halo e a jaqueta de
perp e nd icula r do pin o d o halo tem s id o recom end ad a e m um mat eri al plásti co devem ser confecc ionados sob med ida.
esqueleto imatu ro, p o rque essa co nfigu ração resulta em aum en to Podem ser util izados de 1O a 12 pi nos convencionais para o
d e carga na interface pino-osso e aumen ta a estabilidade. É impor- halo cra niano. Uma vez confeccionado, o anel do halo é
tante consid erar o desenvolv im ento d o crân io n a aplicação do ha lo
CAPÍTULO 40 COLUNA CERVI CAL PEDIÁTRICA (mlill
instalado com o paciente sob anestesia gera l. Em crianças
mais velhas e adolescentes, pode ser aplicada anestesia local.

TÉCNICA
(MUBARAK ET AL.)
• Coloque o paciente em decúbito dorsa l, com a cabeça
apoiada por um assistente ou uma extensão de met al em
forma de cá lice que acolha a cabeça. Se uma extensão de
metal for usada, não coloque o pescoço em flexão; a cabeça
de uma criança é relativamente grande em relação ao corpo.
• Raspe as áreas imed iatas à inserção do pino e prepare a
pele com solução antisséptica.
A B
•Infiltre a pele e o peri ósteo nas zonas selecionad as com
anestésico loca l.
•Apoie o halo ao redor da cabeça do paciente com o dispo- iâtijii;f!im!'BI A, Dez loca is pa ra colocação de pinos para
sitivo de aplicação ou a ajuda de um assistente. Seg ure-o f ixação do a nel do halo cra niano em lactentes usando a técnica
abaixo da área de maior diâmetro do crânio, logo acima das de vá ri os pinos e bai xo torq ue . Normalmente, quatro pinos são
sobrancelhas e cerca de 1 cm acima das pontas das orelhas. co locados anter iormente, evitando a área te mpora l, e os seis
• Escolha com cuidado os locais de inserção dos pinos, de pinos restantes são colocados na área occipita l. B, Halocolete
modo que eles penetrem no crânio o mais perpendicu- personal izado e sup erestrutura leve. VEJA A TÉCNICA 40-15.
larmente possíve l. A melhor posição para os pinos ante-
riores é na região anterolatera l do crân io, acima dos dois
terços lat era is da órbita e abai xo da área de maior ci rcun-
f erência do crânio; est a área é uma zona re lativamente 1 COMPLICAÇÕES
segura. Evite o músculo tempora l, porque a penetração As complicações incluem afro uxamento do pino, infecção, hemorra-
deste múscu lo pelo pino de fi xação do halo pode ser gia no local dos pinos e punção na dura-máter. Se um dos pinos ficar
dolorosa e impedi r os movimentos da mandíbula durante frouxo, ele pode ser reapertado até encontrar resistência. Se não
a mastigação ou a fa la; o osso nessa área também é houver resistência, o pino deve ser removido e outro pino deve ser
muito fino e, ass im , o pino pode fi car frouxo. inserido em um local alternativo. Qualquer drenagem em torno de
• Insira os pinos posteriores em sentido diagonal em relação um pino deve ser tratada com antibióticos oi·ais e cuidados com a pele
aos pinos anteriores, se possível, e inferiormente à linha do local. Se a drenagem não responder a estas medidas ou se desenvol-
equador do crân io. Introduza os pinos através do disposi- ve rem celulite ou um abcesso, o pino deve ser removido e outro pino
tivo em ha lo e aperte os dois pinos diagonalmente opostos deve ser inse rid o em um local altern ativo. Se ocorrer punção da dura-
simu ltaneamente. máter, o pi no deve ser removido e outro pino deve ser inserido em
• Certifique-se de que os olhos do paciente est ejam fecha- um local altern ati vo; neste caso, o paciente deve receber antibiotico-
dos enquanto os pinos são apertados para garantir que a terapia profilática. A lesão durai geralmente cicatriza em 4 ou 5 dias,
pele da testa não fique esticada de tal forma que im peça momento em que os antibióticos podem ser suspensos.
o fech amento das pál pebras após a aplicação do halo.
• Em um lactente ou criança pequena, insira 1O pinos com
aperto manua l ou 2 libras-polegada em sen tido antero- IMPRESSÃO BASILAR
latera l e posterior (Fig . 40-23A). Se a espessura do crânio
for motivo de grande preocupação, use apenas o aperto
A impressão basilar (invaginação basilar) é uma deformidade rara na
manual para evitar a penetração do crânio.
qual a ponta do dente do áxis encontra-se em posição mais superior
• Em crian ças um pouco mais velh as, use 2 libras-polegada
do qu e o normal. O processo odontoide pode-se projetar no forame
de torque (para ap licação de halo em ad ultos, consulte o
magno e invad ir o tronco ce rebral, causando sintomas neurológicos
Capítu lo 38).
•Em adolescentes próximos da matu ridade esquelética, por causa do espaço limitado disponível para o tron co cerebral e a
cuja espessura é praticamente a do crânio de um adulto medul a espinal. A lesão neuro lógica pode ser causada por pressão
(como determinado por TC ), a pressão de torqu e pode direta do dente do áxis ou de ou tras estruturas const ritivas ao redor
ser au mentada para 6 a 8 libras-po legada. do forame magno, comprometimento circulatório das artérias verte-
• Prenda os pinos ao anel do halo com porcas de seg urança brais ou impedimento do fluxo de fluido cerebrospinal. É importante
adequ adas ou parafusos. qu e o ortopedista esteja fam iliari zado com a impressão bas ilar e a sua
• Apliq ue o colete de pol ipropileno e a superestrutu ra após apresentação, porque esta defo rmidade da coluna vertebral, muitas
o anel e os pinos do halo crani ano estiverem posi cionados vezes, passa desperceb ida ou é diagnosticada como um tumor na fossa
(Fig . 40-238). posterior, paralisia bulbar da poliomielite, siringomi elia, esclerose
lateral amiot rófica, tumor medular ou esclerose múltipla.
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Os pinos devem se r A impressão basilar pode ser primária (congê ni ta) ou secund á-
limpos diariamente na interface da pele com peróxido de ria (adquirida). A impressão basi lar primária é uma anor malidade
hid rogênio ou uma pequena quantidade de solução de estrutu ra l congênita da junção craniocervical que, mu itas vezes, está
iodopovidona. Os pinos são reapertados uma vez após 48 associada a outros defeitos vertebrais (fusão atlantoccipital, síndrome
horas da ap licação. de Klippel-Feil, malformação de Arnold-Chiari, siringomielia, ano-
malias do dente do áxis, hipopl as ia do atlas e arco posterior do atlas
Ili&» PARTE XII A COLUNA

Normal Acomodação craniana

Ab

Tração

Cb

O[rimlijm!EJ Diagrama esquemático demonstrando acomodação craniana e possíveis lesões na artéria vertebral decorrentes da
tração. A, Posi ção normal da artéria vertebral. Aa e Ab, Alinhamento vertebral normal. B, Posi ção da artéria vertebral após acomodação
do crânio. Ba e Bb, Alinhamento vertebral após acomodação do crânio. C, Efeito da tração nas artérias vertebrais. Ca e Cb, Efeito do
alinhamento vertebral.

bífido); estas patologias associadas podem causar os sintomas predo- nos membros, enquanto os pacientes com malformação de Arnold -
minantes. A impressão basilar secundária é uma deformidade adqui- Chiari tinham sintomas de distúrbios cerebelares e vestibulares,
rida do crânio decorrente de doença sistêmica que provoca como ataxia, tontura e nistagmo. O envolvimento dos nervos cra-
amolecimento das estruturas ósseas na base do crânio, como a doença nianos inferiores também ocorre na impressão basilar. Os nervos
de Paget, osteomalacia, raquitismo, osteogênese imperfeita, artrite trigêmeo, vago, glossofaríngeo e hipoglosso podem ser comprimi-
reumatoide, neurofibromatose e espondilite anquilosante. A impres- dos no ponto em que emergem da medula oblonga. DeBarros et ai.
são basilar secundária ocorre mais comumente nos tipos III e IV do também observaram distúrbios sexuais, como impotência e dimi-
que no tipo I da osteogênese imperfeita. nuição da libido em 27% dos seus pacientes.
A impressão basilar causa sintomas neurológicos em virtude A compressão das artérias vertebrais, conforme elas passam
da aglomeração das estruturas nervosas conforme elas passam através do forame magno, é outra fonte de sintomas. Bern ini et al.
através do forame magno. A apresentação clínica varia e os pacien- encontraram uma incidência significativamente maior de anomalias
tes com impressão basilar grave podem-se apresentar totalmente das artérias vertebrais em pacientes com impressão basilar e fusão
assintomáticos. Os sintomas geralmente aparecem durante a atlantoccipital. Os sintomas causados por insuficiência da artéria ver-
segunda e a terceira décadas de vida, provavelmente por causa do tebral, como tonturas, convulsões, deterioração mental e síncope,
aumento da frouxidão ligamentar e da instabilidade com a idade podem ocorrer sozinhos ou em combinação com outros sintomas de
e diminuição da tolerância à compressão da medula espinal e das impressão basilar. As crianças com anomalias occipitocervicais podem
artérias vertebrais. ser mais suscetíveis à lesão da artéri a vertebral e à isquemia do tronco
A maioria dos pacientes com impressão basilar tem pescoço cerebral se forem submetidas a um a tração craniana (Fig. 40-24) .
curto, assimetria da face ou crânio e torcicolo, mas esses resultados
não são específicos para impressão basilar e podem ser visto em
pacientes com outras anoma lias vertebrais congênitas. Dor de ACHADOS RADIOGRÁFICOS
cabeça na distribuição do nervo occipital maior é uma queixa fre-
quente. DeBarros et ai. dividiram os sinais e os sintomas em duas Várias medidas foram sugeridas para o diagnóstico de impressão
categorias: aqueles causados por impressão basilar pura e aqueles basilar (Q uadro 40-4), refletindo a dificuldade de avaliar esta área
causados pela malformação de Arnold-Chiari. Eles descobriram que da coluna radiograficamente, e diversos métodos de avaliação
os sintomas causados pela impressão basilar pura eram principal- (radiografia simples, TC e RM) podem ser necessários para confir-
mente distúrbios motores e sensoriais, como fraqueza e parestesia mar o diagnóstico. As med idas mais utilizadas são as linhas de
CAPÍTULO 40 COLUNA CERVICAL PEDIÁTRICA 4mlll

McGregor J

A ~~~~-.,,--~~~~~~~~~.,,....~~~~

B ~~~~~~~-'--7--'-:~~~~~~-

Impressão
basilar

H@mJ.!C!m Base do crânio e da coluna cervical su perior mos-


trando a localização das linhas de McRae, McGregor e Chamberlain.
O!dih!U :I!m Linh as de Fischgold e Metzger. A linha foi origi-
nalmente traçada do polo inferior do processo mastoide (B), mas
em virtude da variabilidade do tamanho dos processos mastoides,
Métodos para o Diagnóstico de esses pesquisadores recomendam traçar a linha entre as incisuras
QUADRO 40-4 Impressão Basilar: Radiografia mastóideas (A).
· Lateral

Linha de Chamberlain
magno na incidência lateral padrão e, muitas vezes, esta ponta é
Estende-se desd e a borda posterior do palato duro à borda
invaginada. McGregor modificou a linha de Chamberlain, tra-
posterior do forame magno.
çando uma linha da superfície superior da borda posterior do
A impressão basilar sintomática pode ocorrer se a ponta
palato duro ao ponto mais caudal da curva occipital, que é muito
do odontoide estiver acima dessa linha.
mais fáci l de identifi ca r em uma radiografia latera l padrão. A
Linha de McGregor posição da ponta do odontoide é medida em relação à linha de
Estende-se da face superior da borda posterior do palato McGregor, e uma distância de 4,5 mm acima desta linha é consi-
duro até o ponto inferior da curva occipital. derada o limite sup erior do normal. A linha de McRae determina
Mais fácil de identificar na incidência late ral padrão. a dimensão anteroposterior do forame magno e é traçada a partir
Ponta do odontoide situada a lé m de 4,5 mm acima desta da ponta anterior do forame magno até a sua ponta posterior.
linha é considerada anormal. McRae observou que, se a ponta do dente do áx is está abaixo dessa
Exame de triagem de rotin a; marcos anatômicos faci lm ente linha, então o paciente geralmente é assintomático.
identifi cados. As linhas laterais de McGregor e Chamberlain foram criticadas
Linha de McRae porque o ponto de referência anterior (palato duro) não faz parte do
Dimensão anteroposterior do forame magno; linha se crânio e as medições podem ser distorcidas por uma configuração
estende da ponta anterior do forame magno à ponta facial anormal ou um palato ai to arqueado. Para resolver esses pro-
posterior. blemas, Fischgold e Metzger descreveram um método para avaliar
Paciente geralmente assintomático se a ponta do odon- a impressão basilar que usa uma tomografia anteroposterior ou TC
toide estiver abaixo dessa linh a. com visões de reconstrução anteroposterior (Fig. 40-25). Esta ava-
Útil para determinar a significânc ia clínica. liação é baseada em uma linha traçada entre as incisuras mastóideas
(a junção da área medial do processo mastoide na base do crânio).
Linha de Fischgold e Metzger (Digástrico) Normalmente, a linha digástrica passa por cima da ponta do odon-
Estende-se entre as incisu ras mastóideas (junção da face toide (10,7 mm) e da junção atlantoccipital (11 ,6 mm).
medial do processo mastoide na base do crânio). A estação de Clark, o critério de Redlund-Johnell e o critério
Linha normalmente passa 1O,7 milímetros acima da ponta do de Ranawat se revelaram úteis para medir a impressão basilar em
odontoide e 11,6 mm acima da articu lação atlantoccipital. adultos com artrite reumatoide. A estação de Clark é determinada
Confirma o diagnóstico . pela divisão do processo odontoide em três partes iguais no plano
sagital (Fig. 40-27). Se o anel anterior do atlas estiver nivelado com
o terço médio (estação II) ou o terço caud al (estação III) do processo
odontoide, é feito o diagnóstico de invaginação basilar. O critério de
Chamberlain, McGregor, McRae e Fischgold e Metzger. As linhas de Redlund-Johnell é a distância en tre a linha de McGregor e o ponto
Chamberlain, McGregor e McRae são traçadas em radiografias late- médio da margem caudal do segundo corpo vertebral cervical.
ra is do crân io (Fig. 40-25); as linhas de Fischgold e Metzger são A invaginação basilar estará confirmada, se a medida for
traçadas na incidência anteroposterior (Fig. 40-26). inferior a 34 mm nos homens e menor que 29 mm nas mulheres.
A linha de Chamberlain é traçada a partir da borda posterior O critério de Ranawat é a distância entre o centro do segundo pedí-
do palato duro à borda posterior do forame magno. A impressão culo cervical e o eixo transverso do atlas. A invaginação basilar
basilar sintomática pode ocorrer quando a ponta do dente do áxis estará confirmada, se a distância for inferior a 15 mm nos homens
se estende acima desta linha. A linha de Chamberlain aprese nta e menor que 13 mm nas mulheres. Os critérios de Redlund John ell
duas desvantagens: é difícil definir a ponta posterior do forame e Ranawat podem não ser aplicáveis em crianças pequenas.
llllD PARTE XII A COLUNA

FUSÃO ATLANTOCCIPITAL
A fu são atlanto cc ipit al (occ ipita li zação ) é uma fu são con gê nit a
pa rcial o u co mpl et a, entre o atla s e a base do o cc ip íc io, qu e va ria
d e uma fu são óssea co mpleta a uma p o nte óssea, o u mesm o uma
fa ix a fibro sa que un e uma p equ ena área d o atla s e do o cc ipí c io.
A occipit ali zação é um a falh a d e segm entação entre o qu a rto
es cle rót om o occipita l e o primeiro es cleróto m o espinal. Es te
qu a dro pod e prov o ca r instabilid ade a tlantoaxial crô nica ou in va-
g ina çã o b as ila r e p ro du zir um a ampl a ga ma d e sintom as po r
causa d a co mpressão d a m edul a e do co mprom e tim e nto vasc ular
d as artéri as ve rtebrai s. Tem sido rela tad o qu e a incidênc ia d e
Ili
fu sã o atl a ntoccipita l va ria d e 1,4 a 2,5 po r 1.000 crian ças, a fe -
ta ndo igua lm e nte h o m en s e mulh eres. O s sinto mas ger alm ente
aparece m na terce ira e n a qu arta dé cad a d e v id a. A fu são atl an-
O!§ll@il!m As estações de Clark na primeira vértebra cervi- toccipital fr equente m ente está ass ociada à fusão co n gê nita entre
cal são determ inadas pela div isão do processo odontoide em três C2 e C3 ( relatad a em 70% d os pacientes) . C erca d e m etad e d os
partes iguais no plano sag ital. Se o anel a nterior do atlas estiver pacientes co m fu são atlanto cc ipital d esenvolve instab ilida d e
nivelado com o terço méd io (esta ção li) ou o terço inferior (estação Ili) atlantoax ial. A cifose e a escoliose, fr equ entem ente, tamb ém
do processo odontoide, a im pressão bas il ar estará presente . estão as soc iadas a es ta deformidade. Outras an o m a lias congê ni -
tas ass ociadas, como a no m ali as da m andíbula, fend a incompleta
d a cartilage m nasal , fe nda palatina, malformaçõ es d a orelh a, co s-
telas cerv ica is e an o m alias d o trato urin á rio , o co rrem em 20 %
d os p acientes com fusão at lantoccipital.
Geralm ente, os pac ientes com fu são atlanto ccipital aprese n-
A linh a d e M cG regor é utili zad a co mo tes te d e tri age m d e tam a linh a do cabelo baixa, to rcicolo, p escoço curto e movim ento
rotin a, pois os marcos anatô mi cos d essa linh a p o d em ser d e fini- rest rito d o p escoço. Muitos pacientes se queixam d e uma d or in cô -
d os facilm e nte em um a ra di og rafia later al padrão. Se fo re m m o d a na regi ão o cc ipital posterior e no pescoço, co m episó dio s d e
n ecessárias mais in fo rmaçõ es, uma ress onância m agnéti ca da ri gidez na nuca, m as os sintom as vari a m d e acord o co m a área d e
jun ção crani ocerv ica l é usad a para co nfirmar o di agnó stico d e co mp ressão da m edu la espinal. Se a co mpress ão fo r anteri o r, os
impressã o bas ilar. A T C e a RM sã o re com endadas; a T C prop or- s in ais e os sintom as d as vias piramida is são pred o minantes; se a
c ion a melhores detalh es ósseos e a RM ofe rece reso lu ção supe ri o r compressão fo r posterior, o s sin ais e os sintomas d a coluna posterior
d os tecid os mol es. A RM "fun c ion al" o btid a com a colun a ce r vi- predominam.
ca l em fle xã o e, d ep ois, em exten são m os tra a din â mica da co m - A form a e a p os ição do d ente do áxis são as ch aves pa ra os
press ão d a m edula espinal causad a p ela instabilidade o u anom a lia s intomas neurológi cos. Quand o o odonto id e está ac ima do foram e
vertebral. m agno, um a impressão basilar relativa ou real está presente. Se o
d ente d o áxis se enco ntra aba ixo do fo ram e m ag no, o pac ien te
ge ralmente é assintom ático. Nes ta condição, o o d ontoide é exces-
TRATAMENTO sivam ente lon go e an gulado posteriorm ente, diminuindo o di âme -
tro anteropo sterior d o cana l vertebral. Res ultad os de autópsia
O tratam ento conserva dor de pacientes s into máticos com um co lar m os traram o tron co e ncefálico recortado pelo od o ntoide an o rmal.
o u ó rtese cervical não tem sido bem- sucedido. Muitos pac ientes A compressã o anterior da m edula espinal com irritação do trato
com impressão basilar não apresentam sin tomas neurológicos e piramida l provoca fra qu eza mu scular e atrofia, ataxia, espas tici-
algun s têm sintomas mínimos com nenhum sinal d e les ão neuroló- d ad e, refl exos patol ógicos (Babinski e Ho ffman ) e hip er-refl exia. A
gica progress iva. Esses pacientes devem ser obser vad os e examin a- co mpressão posteri or p rovoca pe rda da se nsibilidad e profund a e
dos periodicam ente; a cirurgia é indicad a ape nas se o quadro clínico sup erficial , d a propriocep ção e da sen sibilidade vibratóri a. É
se agravar. As indicações para cirurgia são basead as em sintom as comum encontrar ni stagm o. O envolv im ento de ne rvo s crani a nos
clínicos, e não no grau de impressão bas il ar. Quand o um paciente po d e causar diplopia, di sfagia e di stúrbios auditivos. Distúrbi os d a
se torna sinto mático, é provável qu e haja progressão d a doença e dos artéria ve rtebral resultam em síncop e, convu lsões, ve rti gen s e
sintomas. m archa osc il ante.
Se os sinto ma s fo rem causados p o r co mpressão anterior pelo Ge ralmente, os sintom as neurol óg icos começam na terce ira e
d ente do áx is, indica-se a estabili zação e m exten são p or um a fu sã o na quarta d écada d e vida, p oss ivelmente porque a m edula es pinal
d o occipício a C l-2. Se os sinto m as e a co mpressão pers istire m , a do paciente m ais velho e as artérias vertebrais se tornam m enos
excisão anterior do o d ontoide po d e se r fe ita ap ós a estabili zação resistente à compressão. Os sin tom as po dem ser iniciad os por
pos terior. Urn a compressão posterior ex ige crani ec to mia sub occ i- trauma ou infecção na fa ringe o u na nasofa ringe.
pital e lamin ectomia d e C l e, poss ivelmen te, d e C2, pa ra desco m -
primir o tronco cerebral e a m edul a espin al. A dura- m áte r po d e
precisar se r aberta du ra nte este p ro cedim e nto p a ra verificar se há ACHADOS RADIOGRÁFICOS
uma faixa durai poste rior constritiva qu e po d e es ta r causando os
sintomas em vez d as anorm ali dad es ósseas. Se ho uve r dúv id as Co mo essa anomali a varia de um a incorporação completa do atlas ao
quanto à estabilidad e, além da d esco mpressão, reco m end a -se a occipício a uma pequena faixa fibro sa qu e liga parte d o atlas ao occi-
fu sã o poste rior. pício, as radiografias de rotina geralm ente são difíceis d e interpretar
CAPÍTULO 40 COLUNA CERVICAL PEDIÁTRICA (rim
INSTABILIDADE IDIOPÁTICA
ATLANTOCCIPITAL
A instabilidade idiopática atlantoccipital fo i relatada em cinco
pacientes em um estud o. Os sinais neurol ógicos incl uí ram verti-
ge ns, síncope e vô mitos em jato, provavelmente ca usados pela
insufi ciência da artéri a vertebral por ca usa da mobilidade na
jun ção occipício -C l. A artrodese atlantoccipital posteri or foi bem-
sucedid a nes tes pacientes.

SÍNDROME DE KLIPPEL-FEIL
A sínd ro me de Klippel- Feil é um a fus ão congênita de vértebras
cervicais que pode envo lve r dois segmentos, uma vértebra em
bloco congênita ou toda a coluna cervical. A fu são cervical co ngê-
li[rii@Hl'!III Radiografia lateral do paciente com sinostose nita é res ultado de um a fa lha de segmentação normal dos so mitos
occipitocervica l. ce rvicais durante o período entre a terce ira e a oitava se mana de
vid a. O sistema esqu elético pode não se r o único sistema afe tado
durante es te período; os sistem as ca rdiorres pi ratório, geniturin ário
e a TC ou a RM podem ser necessárias para mostrar a fusão occipito- e auditi vo frequentemente es tão envolvidos. Na m aioria dos
cervical (Fig. 40-28). Mais co mumente, o arco anterior do atlas escon- pacientes, a causa exa ta é desconhecida. Suspeita-se que um a
tra-se assimilado ao occipício e deslocado posteriormente em relação a ruptura vasc ular primária, durante o dese nvolvimento embrion á-
este osso. Cerca de metade dos pacientes apresenta impressão bas ilar rio, aca rrete a fus ão das vértebras cervicais e outras anomalias
relativa causada pela perda de altura do atlas. Em geral, a fusão posterior asso ciadas. Estud os têm suge rido que isso pode ser um a condição
é tm1a pequena margem óssea ou uma faixa fibros a que frequentemente hereditári a em alguns pac ientes e foi descoberto qu e há um a
não é observada na radiografia. Esta marge m é dirigida para baixo e herança autossômica dominante naqueles co m fusão de C2-3 . Evi-
para dentro do canal vertebral e pode causar sintomas neurológicos. dências de um gene familiar da síndrome de Klippel-Feil foi iden -
Incidências latera is em flexão e extensão da coluna ce rvi cal devem fazer tifi cado no braço longo do cro mossomo 8. O alcoo lismo materno
parte da avaliação inicial em virtude da frequência de instabilidade também fo i suge rid o co mo um fa tor causal; uma incidência de 50%
atlantoaxial. McRae e Barnum mediram a clistãncia da face posterior de fu sões ve rtebrais ce rvicais foi encontrad a em radiografias de
do odontoide ao arco posterior do atlas ou ao lábio posterior do forame cri anças co m síndrome alcoólica fetal.
magno, o que estivesse mais perto. Quando a distância era de 19 mm A occ ipitalização do atlas, a hemivértebra e a impressão basilar
ou menos, um déficit neurológico normalmente estava prese nte em ocorrem co m frequ ência em pacientes com síndrome de Klippel-
suas séries. Um diâmetro sagital de 13 mm tem sido associado a sinto- Feil, mas a sua ocorrência isolada não é considerada parte da sín -
mas neurológicos. Esta medi ção deve ser feita em uma visão de flexão drome. As ca racterísti cas cláss icas da síndrome de Klipp el-Feil são:
porque o estreitamento máximo do canal geralmente ocorre em flexão. pescoço curto, implantação poste rior baixa do couro cabeludo e
A mielografia ou a RM podem detectar áreas de compressão ou pinça- limitação dos movimentos do pescoço. Os pacientes podem consul -
mento na medula espinal e são especialmente úteis quando uma banda tar um ortopedista por causa dos sintom as neurológicos, sinais de
fibrosa constritiva ocorre posteriormente. instabilidade da coluna cervical ou por ra zões estéticas. Como
muitos pacientes são ass intomáti cos, a incidência real da doença é
desconhecida, mas se estima, na literatura, um a variação de 1 em
TRATAMENTO 42 .400 nasc imentos a 3 em 700. Há uma ligeira predominância do
sexo masc ulin o (1,5 : 1). Feil classificou a síndrome em três tipos:
Os pacientes qu e apresentam sintomas leves ou se tornam sintomá- tipo I, fu são em bloco de tod as as vértebras cervicais e torác icas
ticos após um pequeno trauma ou uma infecção podem ser tratados sup eri ores; tipo II, fu são de um ou dois pares de vértebras ce rvicais;
de forma conservadora com imobilização por órtese cervical. e tipo III , fusão cervical em com binação com fusão d as vértebras
Quan do surgem si ntomas neurológicos, indica-se fusão ou desco m- torácicas in feriores ou fusão lom bar. Os pacientes com sí ndrom e
pressão da coluna cervical. Os sintomas anteriores geralmente são de Klippel-Fe il com envolvi m ento mínim o levam um a vida normal
causados por hipermobilid ade do dente do áxis; a redução prelimi- e ativa, se m restriçõ es ou sintomas significativos. Os pacientes com
nar do odontoide com tração, seguida pela fu são do occipício até envolvimento mais grave têm um bom prognóstico se os proble-
C2, geralmente, a livia os sintomas. Se o odontoide for irredutíve l, m as geniturin ár ios, ca rdiopulmonares e auditivos forem tratad os
será preciso ava liar a co nve ni ê nci a d e se reali za r um a fu são in precocemente. Sam artzis dese nvolveu a seguinte classificação
situ, se m redu ção ou fu são acompanh ad a por excisão d o dente radiográfi ca: tipo ! , um úni co segmento ce rvical com fus ão con-
do áxis, com os ri scos e co mplicações associados desses procedi- gê nita; tipo II , vári os seg mentos não contíguos com fu são co ngê-
mentos. Os sinais e os sintomas poste riores norm almente são cau- nita; e tip o III, segmentos cervicais múltiplos contíguos com fu são
sados por compressão óssea ou compressão a partir de uma ad erência congênita. Os pacientes com tip o I têm m ais dor no pescoço axial
da dura -máter. Quando isso é docum entad o por RM ou mi elog rafia, a longo prazo e aqu eles com tipos II e III são mais propensos a ter
craniectomia suboccipital, excisão do arco pos terior do atlas e radiculopa ti a e mi elopatia.
remoção da aderência da dura- máter são indicadas. Pode ser neces- Os pacientes co m a síndrome de Klippel-Feil podem aprese n-
sário combinar esse procedim ento com um a fu são posteri or para tar comprometimento neuro lógico, variando desde radiculopatia até
evitar instabilidade. Os res ultados cirúrgicos têm sido variáveis. quadriplegia e óbito. Os sintomas neurológicos são causados por
lllliiD PARTE XII A COLUNA

anomalias occipitocervicais, instabilidade ou do ença articul ar ou Patologias Comumente


discai degenerativa. A instabili dade e a doe nça degenerativa das QUADRO 40-5 Associadas à Síndrome de
articul ações são comuns qu ando du as áreas fundidas são separadas Klippel-Feil
por um úni co segmento m óvel. Pacientes com vár ias áreas curtas de
fu são (três ou mais vértebras) separadas por mais de um espaço
Escoliose
aberto e móvel, frequentemente, não desenvolvem instabilidade ou
Comp licação ortopédica mais frequ ente (60 % dos casos).
doença articul ar degenerativa, possivelmente em virtude de uma
Obtenha radiografias da coluna vertebra l inteira.
distribui ção mais equitativa do esfo rço na coluna cervical. Três
padrões de fu são da coluna cervical co m um prognóstico potencial- Anomalias Renais
mente ruim por causa da instabilidade tardia ou doença articular Ocorre em aproximadamente 30% dos casos.
degenerativa foram iden tifi cados. O padrão 1 co nsiste na fusão de Gera lmente é assintomática.
C l-2 co m occipitalização do atl as. Este padrão concentra o movi- Obtenha uma ultrassonografia ou pielografia intravenosa.
mento de flexão e extensão na arti cula ção atlantoaxial; o odontoide Anomalias Cardiovasculares
se torna hip erm óvel e pode-se deslocar posteriormente, estrei- En contradas em 4 % a 14 % dos casos.
tando o canal vertebral e causando comprometimento neuroló- Comunicação interventricular é a mais comum.
gico. O padrão 2 consiste em um a fusão longa com um a junção
Surdez
occipitocervical anormal, concentrando as forças de flexão, exte nsão
Ocorre em aproximadam ente 30% dos casos.
e rotação através de um dente do áx is anormal ou anel Cl pouco
Providencie uma audiometria.
desenvo lvido; com o tempo, esta articulação anormal se torna ins-
tável. Este padrão deve ser diferenciado de uma fusão longa com a Sincinesia (Movimentos Espelhados)
articul ação C l -2 e a junção occipitocervical normais. Os pacientes Ocorre em ap roximadamente 20% dos casos.
com o padrão 2 de fusão não cor rem risco elevado de sofrer insta- Pode restringir as atividades bimanuais .
bilidade e problemas neurológicos e aprese ntam uma expectati va de Geralmente diminui com a idade.
vida norm al. O pad rão 3 consiste em um úni co interespaço aberto Anomalias Respiratórias
e móvel entre dois seg mentos fundidos, com o movimento da coluna Falha na formação do lobo.
cervical co ncentrado neste único nível, que se torn a hipermóvel e Pulmões ectópicos .
provoca instabilidade e doença articular degenerativa. Em um a Restri ção da função pulmonar por encurtamento do tronco,
radiografia lateral, a coluna cervical com esse padrão parece faze r escol iose, f usão de costelas ou articu lações costoverte-
uma dobradiça neste segm ento aberto. brais deformadas.
Deformidade de Sprengel
PATOLOGIAS ASSOCIADAS Ocorre em aproximadamente 20% dos casos.
Unilaterais ou bilaterais.
Vários problemas congênitos foram associados à fusão congênita das Aume nta a apa rência anti estética .
vértebras ce rvicais, mais comumente escoliose, anomalias renais, Pode afetar os movimentos do ombro.
deformid ade de Sprengel, surdez, sincinesias e defeitos cardíacos
congênitos (Quadro 40-5) .

• ESCOLIOSE Klippel-Feil. Estas anom alias renais geralmente são assintomáticas,


A anomalia ortopédica mais co mum é a escoliose. Os es tud os e as crianças com síndrom e de Klippel-Fei l devem ser ava liadas por
mostraram que 60% a 70% dos pacientes com síndrome de Kli - meio de ultrasso nografi a ou pielograma intravenoso, porque os pro-
ppel- Feil têm escoliose (c urvas > 15 graus), cifose, ou ambas. Esses blemas renais podem ser fatais. A anomalia renal mais com um é a
pacientes podem precisar de trata mento e devem ser seguid os ausê ncia de um dos rins. O utras anomalias incluem rotação patoló-
atentamente até qu e o crescimento esteja co mpl eto. Dois tip os de gica dos rins, rim ectópico, rim em ferradura e hidron efrose decor-
escoli ose fo ram identificado s. O primeiro é a escoliose congên ita rente de obstrução ureteropélvica.
causada por anomali as ver tebrais. O seg und o oco rre em um a
coluna apa rentemente normal aba ixo de um a área de escoliose • ANOMALIAS CARDIOVASCULARES
co ngênita ou fu são ce rvical; este tipo de curva tend e a ser progres- A incidência de anomalias ca rdiovasculares em crianças co m sín-
siva. A progressão pode ser cont ro lada com um colete. A cirurgia drom e de Klippel-Feil varia de 4,2% a 29%. Defeitos do septo inter-
pode se r necessária para prevenir a progressão em ambos os tipos ventri cular, isoladas ou em co mbin ação, são os problemas mais
de escoliose assoc iad as à sínd ro me de Klippe l-Feil. Rad iografias de com un s. Os pacientes podem ter dispneia e cianose signifi cativas.
toda a coluna vertebral devem se r ob tidas porque, caso a atenção Outras anomalias cardiovasc ul ares relatadas incluem insufic iência
es teja focada apenas na escoliose co ngênita ou na fusão ce rvical, da vá lvul a mi tral, coa rctação da aorta, curvatura da ao rta para a
urna curva progressiva pode não ser identificada até que ocorra dire ita, persistência do dueto arterial patente, estenose pulmonar,
um a defo rmid ade signifi cativa . dextrocardia, com uni cação interartrial, ap las ia do pericárdio, per-
sistência do forarne oval, át ri o único, ve ntr íc ulo único e va lva do
• ANOMALIAS RENAIS tron co pulmonar bicúspide.
Ce rca de um terço dos pacientes com a síndrome de KJipp el-Feil
têm anoma lias urogenitais. Como as vértebras cervicais e o trato • SURDEZ
geniturin ário se diferenciam ao mesmo tempo no embrião, o mau Aproximadamente 30% das crianças com sí nd ro me de Klippel-Fei l
desenvolvimento fetal entre a quarta e a oitava semana de desenvol- ap rese ntam algu m grau de perda auditiva. McGaughran, Kuna e Das
vimento pode produ zir anom alias geniturin ári as e a síndrome de relataram qu e 80% do s 44 pacientes estudados tinh am algum tipo
CAPÍTULO 40 COLUNA CERVICAL PEDIÁTRICA «!Ili
de problema audi ológico. Vários artigos docum entaram defeitos de menos da metade do s pacientes com síndrome de Klippel-Feil apre-
condução com anqu ilose dos ossículos da audi ção, fi xação da base se nta a tríad e co mpleta. Muitos pacientes com a síndrome de Kli-
do estribo ou ausência do meato acústico externo. Outros art igos ppel -Feil têm um a aparência normal e, assim, a sí nd rome é
sugerem um transtorno neurossensitivo. Não há um a lesão anatô- di agnosticada por meio de rad iografi as incidentais. O encurtamento
mica comum, e a perda auditiva pode ser de condu ção, neurossen- do pescoço e a implan tação pos terior baixa do couro cabeludo, não
sori al ou mi sta. Todos os pac ientes com síndrome de Klippel-Fe il são resu ltados constantes e podem ser ignorados; o pterígio do
devem fa ze r o teste audiométrico. A detecção precoce de defe itos pescoço (pterygium colli ou "pescoço alado") é visto no envo lvi-
au ditivos em um a criança pequena pode melh orar o dese nvolvi- mento grave. O sinal clínico mais frequ ente é a limitação dos movi-
mento da fala e da linguagem, permitindo o in ício precoce da fa la mentos do pescoço. A rotação e a inclinação lateral são mais afetadas
e a forma ção linguística. do que a flexão e a extensão. Se men os de três vértebras estiverem
fundid as ou se as vé rtebras cervicais in feriores forem fundida s, o
• SINCINESIA movimento é apenas levemente limitado. Hensinger relatou que
A sincinesia (movimentos espelhados) co nsiste em movimentos alguns de seus pacientes tivera m flexão e extensão quase completas
pareados involuntários das mãos e, ocas ionalmente, dos braços. através de um único interspaço aberto (não fundido).
Uma das mãos é incapaz de se mover sem um movimento recíproco Os sintomas norm almente não são causados por vértebras ce r-
semelhante do lado oposto. A si ncinesia pode se r observada em vicais fundidas, mas por segmentos abertos adj acentes a áreas de
crianças normais com menos de 5 anos de idade e está presente em sinostose, qu e se to rn am hiperm óveis em resposta ao aum ento da
20% dos pacientes com a síndrome de Klippel-Feil. A sincinesia sobreca rga mecânica exercida sobre a área. Os sintomas podem ser
pode ser tão grave quanto a restri ção de at ividades bimanuais. Os causados por problemas mecâni cos ou neurol ógicos. Os problemas
movimentos em espelho se tornam menos evidentes com o aum ento mecâ ni cos são causados por estiramento da cápsula e estruturas
da idade e, geralmente, não são clinicame nte evidentes após a ligamentosas próximas do segmento hipermóvel, res ultando em
segunda década de vida. artrite degenerat iva precoce com dor locali zada no pescoço. Proble-
Em estud os realizados em cadáveres, fo i observada a dec ussa- mas neurológicos resu ltam de irritação ou co mpressão direta de
ção incompleta do trato piramidal na medul a espinal cervical sup e- uma raiz nervosa ou de compressão da medula espinal. O envolvi-
ri or, o qu e suge re que um caminho extrapiramidal altern ativo é mento da rai z nervosa sozinha provoca sintomas radiculares; a com-
necessá rio para controlar o movimento na extremidade supe rior. pressão da medula espinal pode causar espasticidade, hiper-reflexia,
Pacientes clinicamente normais com síndrom e de Klippel-Feil fraqu eza muscular e até paralisia completa.
demonstraram ter movimento pareado eletricamente detectável na
ext remidad e oposta. Estes pacientes podem se r desajeitados em ati-
vidades co m as du as m ãos. A terapia ocupaciona l pode ajudar a ACHADOS RADIOGRÁFICOS
criança a dissociar os movimentos em espelho e melhorar a destreza
bimanual. Radiografias de rotin a, cinerradiogramas, TC e RM podem se r úteis
na ava li ação da síndrome de Klippel -Feil. Pode se r difícil obter
• ANOMALIAS RESPIRATÓRIAS radiografi as adequadas em crianças gravemente envolvidas, mas o
Foram desc ritas complicações pulmonares qu e envolvem a fa lha na exame inicial deve incluir incidências anteroposteriores, transo rais
fo rm ação do lobo, pulmão ectópico ou do ença pul monar restritiva e laterais em fl exão e extensão da coluna ce rvical. As visões da
resultante de um tronco encurtado, escoliose, fusão da costela e flexão-ex tensão lateral são as mais importantes para iden tifi car a
articulações costovertebrais deformadas. instab ili dade atlantoaxial ou a instabilidade perto de um segmento
aberto entre duas áreas com fusão co ngênita (Fig. 40-30). Pode
• DEFORMIDADE DE SPRENGEL have r es treitamento do canal vertebral por ca usa de osteófitos dege-
A deformid ade de Sprengel oco rre em cerca de 20% dos pacientes nerativos o u de estenose do canal vertebral congênita. Se as rad io-
com a síndrome de Kl ippel-Feil e pode ser unilateral ou bilateral. A grafias evidenciarem alarga mento do canal ve rtebra l, deve-se
descida da escápul a coincide com o período de desenvolvimento das suspeitar de siringomielia, hidromielia ou malfor mação de Arn old -
anomalias de Kl ippel-Feil e uma má formação durante esta época (3 Chiari. Em pacientes jovens co m síndrome de Klippel-Feil, as inci-
a 8 semanas de gestação) pode causar ambas as anomal ias. A defor- dências latera is seri adas em flexão-extensão devem ser obtidas para
midade de Sprengel aumenta a aparência antiestética de um pescoço avali ar a instab ilidade na ar ti cul ação at lantoaxial ou em um inte-
já curto e pode afetar a ampli tude dos movimentos do ombro. respaço aber to entre as áreas fund idas. O desenvo lvimento de esco-
liose co ngê nita ou idiopática deve se r docum entado por meio de
• COSTELAS CERVICAIS análise radi og ráfica de toda a coluna vertebra l. A cinerradiografia
As costelas cervicais oco rrem em 12% a 15% dos pacientes com a também pode se r úti l na determinação da quantidade de instabili-
síndrome de Kli ppel-Feil. Ao avaliar um paciente com sintomas dade verteb ral. Além da fu são vertebra l, é co mum haver achata-
neurológicos, deve-se inves tigar a presença de costela cervical e da mento e alarga mento dos co rpos vertebrais afetados, ass im como a
sí ndrom e do desfilad eiro to rác ico. ausênc ia de espaços discais. Em crianças pequ enas, a co luna pode
parecer normal por ca usa da fa lta de ossificação. Os eleme ntos
posteriores ge ralmente são os primeiros a ossificar e a se fundirem,
ACHADOS CLÍNICOS o qu e aj ud a no diagnóstico precoce da síndrome de Klippel-Feil. A
TC é útil no diagnóstico de co mpressão da raiz nervosa e da med ula
A aprese nta ção clínica cláss ica da síndrome de Klippel-Feil é a espina l pela formação de os teófitos. Para ava li ar a instab ilidade e o
tríade: implantação posterior baixa do co uro ca beludo, pescoço risco de comprometimento neurológico, pode ser necessária um a
curto e limitação dos movimentos do pescoço (Fig. 40-29). Esta RM ce rvical em flexão e exte nsão para dar a defin ição dos tecidos
tríade indica o envolvimento cervical quase completo e pode ser moles necessária para most rar instabilidade ou comprometimento
clinicamente evidente no momento do nascimento; no entanto, da medula es pinal.
lllm) PARTE XII A COLUNA

O!ijihfflm!m Características clínicas (A e B) e radiográficas (C e D) da sín drom e de Klippel-Feil em um menino.

TRATAMENTO de defo rmidade anatômica e da locali zação da instabilidad e, pode


ser necessá ri a uma fusão posterior ou um a fu são anterior ou ainda
Em geral, os sintomas mecãnicos ca usados pela doença articular urna com bin ação das dua s. Se a descompressão e fusão anter ior
dege nerativa respondem à tração, a um colar cervical e a analgé- forem necessárias, elas podem se r feitas com uma abordagem
sicos. Os sin tomas neurológicos deve m se r ava liados com cuidad o anterior. A descompressão anter ior e a fus ão interco rp oral podem
para localiza r a patologia exata; pode haver a necessidade de esta- se r realizadas com placa e parafuso de fi xação semelh antes aos
bi lização cirú rgica com ou se m descompressão. A artrodese profi- dos adu ltos, se a anatomia permite isso (Capítulo 38). A melhora
lática de um segmento hipermóvel é co ntroversa. O risco de em termos esté ticos, após a ci rurgia, tem sido limitada, mas a
comprometimento neurológico deve se r pesado contra um a correção cirúrgica da deformidade de Sprengel pode melhorar
red ução maior do movimento do pescoço; essa decisão deve se r significativa mente a aparência e, ocasionalmente, os procedimen-
tomada indivi dualmente para cada paciente. Dependendo do tipo tos de tecidos mo les, como a ze taplastia e a ressecção musc ular,
CAPÍTULO 40 COLUNA CERVICA L PEDIÁTRICA (g

htijil;@C!II!I Características rad iográficas da sínd rome de Klippel-Feil em adolescentes. A, Incidência anteroposterior mostra ano-
malias congênitas da coluna cervica l e deformidade de Sprenge l à esquerda . B, Incidência transoral mostra anomalias ósseas da coluna
cerv ica l. C, Incidênc ia latera l em extensão mostra o dente do áx is na posiçã o norm a l. D, Inc idênc ia latera l em flexão mostra aume nto
do intervalo atlantodental.

h@ihHm!ll) Amarri lho de Rog e rs mod ifi cado da co luna cervica l. VEJA A TÉCNICA 40-16.

m elho ram o aspecto estético. Bonola descreveu um m étodo de


ressecção da costela para se obter um aum en to apa rente do com- ARTRODESE POSTERIOR DE C3-7
primento do pescoço e de movimento, mas trata-se de um proce-
dim ento extenso co m risco sign ificativo. A toracoplastia parcial é
um procedimento em d o is es tágios : primeiro, removem- se as
quatro costel as superiores d e um lado e, depois que o paciente se
TÉCNICA
II!lrm"-----------------------------~
•Administre anestesia geral com o paciente em decúbito
recuperou da primeira cirurgia, removem-se as quatro cos telas
superiores do o utro lado.
dorsal.
)
llllm!Ii> PARTE XII A COLUNA

•Vire o paciente em decúbito ventral na mesa de operação,


)
mantendo a tração e o alinhamento adequado da cabeça
e do pescoço . A cabeça pode ser posicionada em um
suporte cefálico ou mantida em tração esquelética.
•Obtenha radiografias para confirmar o alinhamento ade-
quado das vértebras e para localizar as vértebras a serem
expostas. Existe uma alta incidência de extensão da massa
de fusão quando outras vértebras ou processos espinho-
sos são expostos na coluna cervical .
• Faça uma incisão na linha mediana, ao longo dos processos
espinhosos escolhidos, e exponha os processos espinhosos e
as lãminas subperiostealmente até as articu lações facetárias.
•Se o processo espinhoso for suficientemente grande, faça
um orifício na sua base com uma pinça de Backaus ou
uma pinça de Lew in .
•Passe um fio de calibre 18 por esse orifício, enrole-o sobre
o processo espinhoso e passe-o através do mesmo orifício
novamente.
O@i@JC!l!I Técnica de fi xaçã o de Hall para artrodese poste-
rior da coluna cervical. VEJA A TÉCNICA 40-17.
•Faça um orifício semelhante na base do processo espi-
nhoso da vértebra inferior a ser fundida.
•Passe o fio por este orifício, enrole-o sob a parte inferior ARTRODESE POSTERIOR COM PARA-
do processo espinhoso e passe-o de volta através do
mesmo orifício .
FUSO DE FIXAÇÃO DE MASSA LATERAL
Os parafusos de fixação de massa lateral da coluna cervica l
•Aperte o fio e coloque enxerto ósseo corticoesponjoso ao
baixa podem ser usados em crianças mais vel has ou ado-
longo da lâmina exposta e dos processos espinhosos.
lescentes. A instrumentação deve corresponder ao tamanho
•Suture a ferida por planos.
da criança. As técnica s descritas diferem principa lmente
•Se o processo espinhoso for muito pequeno para passar fios,
nos pontos de entrada e trajetórias dos parafusos.
faça uma fusão in situ associada a uma imobilização externa.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O paciente deve usar


uma órtese cervical rígida até que uma fusão sólida seja
TÉCNICA
IIIIm~~~~~~--~
(ROY-CAM 1LLE)
confirmada por radiografia.
•Crie um ponto de entrada para o parafuso 5 mm mediai-
mente à borda latera l e no meio do cam inho entre as
articulações facetárias, ou no centro da face retangular
ARTRODESE POSTERIOR DE C3 A C7 posterior da massa lateral (Fig. 40-33A).
•Direcione a broca perpendicu lar para a parede posterior
USANDO UM FIO CALIBRE 16 E FIOS do corpo vertebra l com um ângulo lateral de 1O graus
DE KIRSCHNER ROSQUEADOS (Fig . 40-338) Esta trajetória usa a saída ligei ra mente
lateral à artéria vertebral e aba ixo da ra iz do nervo emer-
TÉCNICA ~ gente. Use imagem fluoroscópica em perfi l para evitar a
------------------~ penetração da faceta subjacente .
(HALL) •C onfigure o guia de profundidade para 1O a 12 mm para
evitar penetração para além do córtex anterior. Para os
•Passe os f ios de Kirschner rosqueados através das bases homens, a profundidade da massa latera l de C3 a C6
dos processos espinhosos das vértebras a serem fundidas, varia de 6 a 14 mm (média de 8, 7 mm) e em mulheres
seguidos por um amarrilho em formato de oito com um de 6 a 11 mm (média de 7,9 mm) A profundidade pode
f io de calibre 16. ser aumentada se a anatomia local permitir. Se desejar
20% adiciona is da força de arranque da fixação bicortical,
•Depois que o fio de ca libre 16 fo i apertado em torno dos
posicione o parafuso para sai r na junção da massa lateral
fios de Kirschner rosqueados, enrole tiras de osso espon-
com o processo transverso (Fig. 40-33C) .
joso e corticoespo nj oso ao longo dos arcos posteriores
das vértebra s a serem fundidas (Fig. 40-32).
•A exposição e os cuidados pós-operatórios são semelhantes
aos descritos para uma fusão posterior de Rogers e fiação.
ARTRODESE POSTERIOR COM
PARAFUSO DE MASSA LATERAL E
FIXAÇÃO COM HASTE
As técnicas de inst rum entação posteriores (Cap ítulo 38),
que são usadas na coluna de adulto (placa ou hastes e parafusos de
massas laterais), podem ser utilizadas na coluna cervical pediátrica.
TÉCNICA
~~~~~~~--~
Antes de as téc ni cas se rem ut ili zadas, o tamanho das massas laterais •Selecione o porta l de entrada 1 mm med iaimente ao
deve ser avaliado para garantir que haverá espaço suficiente para centro da massa lateral.
colocar os parafusos.
CAPÍTULO 40 COLUNA CERVICAL PEDIÁTRICA cm.

A e
H@ii;@E!l!I Técn ica de Roy-Cami lle de inserção do parafuso de massa lateral. A, Ponto de entrada do parafuso . B, Broca direcionada
pe rpe ndicular à parede posterior do corpo ve rtebra l em um ângu lo de 1O graus. C, Posição fin al do parafuso. VEJA A TÉCNICA 40-18.

A B

O!ijil;@m!19 A e B, Toracoplasti a parcia l de Bonola para o


tratamento do pescoço cu rto na síndrome de Klippe l-Fei l. VEJA A
TÉCNICA 40-20.

h!Hll;@E t Parafuso de massa lateral e haste de f ixação .


RESSECÇÃO DA COSTELA
Perfuração da massa lateral para a inserção do parafuso . VEJA A

~~~~~~~~---~
TÉCNICA 40-19.
TÉCNICA
(BONOLA)
•Perfure a massa lateral 25 a 35 graus lateralmente e 15
gra us cra ni almente (para lela ao plano da articulação face- • Bonola descreveu a toracoplastia parcial com a uti lização de
tária) para C3 a C6 (Fi g. 40-34). A perfuração deve ser anestesia loca l, mas a anestesia geral pode ser utilizada.
de 1O a 25 graus mediaimente e 25 graus crania lmente •Através de uma incisão paravertebral do lado direito, em
em C2, para evitar lesão da artéria vertebra l. Use uma um ponto equidistante entre os processos espinhosos e a
broca manua l co m um guia de parada para evitar a per- margem medial da escápu la, divida os músc ulos trapézio
fu ração do córtex oposto. Macheie o orifício feito pela e romboide para expor a face posterior das quatro pri-
broca, se necessário. meiras costelas (Fig. 40-3 5A).
•Insira o parafuso poliaxial de comprimento adequado em •Corte essas costelas com um cort ador de costela a alguns
cada massa lateral a ser instrumentada e verifiqu e a posição centímetros da articulação costovertebral.
dos parafusos com imagens anteroposteriores e latera is na •Continue a dissecção anteriormente ao longo das coste-
fluoroscopia. Faça os ajustes conforme necessário. las, divid indo e removendo as costelas, tão anteriormente
• Insira as hastes pré-moldadas nos suportes da cabeça do quanto a dissecção permitir (Fig. 40-358)
parafuso. Aperte as hastes aos parafusos . •Suture a ferida em camadas.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Uma órtese cervica l (colar CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Um colar cervical é ajus-
cervical) é coloca da e usada por 6 a 8 semanas . A tado para ajudar a molda r a área ressecada. A seg unda
imobi lização com halo pode ser considerada se houver fase do procedimento é rea lizada no lado oposto, após o
f ixação não confiável. paciente ter se recuperado da ciru rgia inicial.
lllm) PARTE XII A COLUNA

A B

O[êjl!;fflm!m Classificação de Fielding e Hawkins da subluxação rotatória atlantoaxial. A, Tipo 1, subluxação rotatória simples, sem
desvio anterior; o dente do áxis age como pivô . B, Tipo li, subluxação rotatória com desvio anterior de 3 a 5 mm; processo articular
latera l atua como pivô. C, Tipo Ili, sub luxa ção rotatória com desvio anterior de mais de 5 mm. D, Tipo IV, subluxa çã o rotatória com
desvio posterior.

SUBLUXAÇÃO ROTATÓRIA
ATLANTOAXIAL
A subluxação rotatória atlantoaxial é uma causa co mum de torcicolo
na in fânc ia, mas a subluxação e o torcicolo geralmente são tempo-
rários. Raramente, eles persistem e se torn am o qu e é mais bem
descrito co mo "fixação" rotatór ia atlantoaxial. A subluxação rotató-
ria atlantoaxial ocorre quando o movimento nor mal en tre o atlas e
o áxis se torna limitado ou fixo; isso pode ocorrer espontaneamente,
pode estar associado a um pequeno traum a ou pode seguir um a
infecção do trato respiratório sup erior. A causa dessa subluxação
não é completamente compreendida. Várias causas foram propostas
e incluem descalcificação do arco do atlas por hiperemi a, ca usando
insufici ência dos ligamentos transversais; inílamação das bordas
sinoviais, que atuam como urn a obstrução para a red ução da sublu-
xação; e ruptura de um ou de ambos os liga mentos alares com o
ligamento transversal intacto. Uma plica sinovi al parecida com a do
menisco nas articu lações facetár ias Cl-2, qu e é observada principal- O@il;ME!lil Subluxação rotatória atlantoaxial. Observe as
mente em cri anças, causou a subluxação em um estudo. A maioria massas laterais.
dos autores concorda que a subluxação es tá relacionada com o
aum ento da frouxid ão ligamentar e das estruturas capsul ares causa-
das por inflamação ou traum a.
Fielding e Hawkins classificaram a subluxação rotatória atlan- ACHADOS RADIOGRÁFICOS
to axia l em quatro tipos (Fig. 40-36): tipo I, subluxação rotatória
simples, sem translação anterior de Cl; tipo II, subluxação rotatória Radiografias adequadas da coluna cervical podem ser difíceis de
com translação anter ior de C l sobre C2 de 5 mm ou men os; tipo obter em crianças com torcicolo. O exame inicial deve incluir inci-
III, subluxação rotatória com translação anterior de Cl sobre C2 dências anteroposteriores e transora is da coluna cervical. Na inci-
maior que 5 mm; e tipo IV, sublLL""<ação rotatória com translação dência transara!, a m assa lateral que está girada para fren te aparece
posterior. A subluxação tipo I é a mais comum e ocorre principal- mais larga e mais próxima da linha med iana, ao passo que a massa
mente em crianças. O tipo II é menos co mum, mas tem maior lateral oposta aparece mais es treita e mais longe da linha medi ana
potencial de lesão neurológica. Os tipos III e IV são raros, mas têm (Fig. 40-37). A aparente sobreposição pode obscurecer uma das
alto potencial de lesão neurol ógica. articulações facetár ias do atlas e do áxis. Na incidência latera l, a
Em geral, a subluxação rotatória atlantoaxial ocorre em massa lateral anteriormente rodada aparece em formato cuneiforme
crian ças após um a infecção do trato respiratório superior ou na frente do dente do áxis. O arco posterior do atlas pode pa recer
traum a de qualqu er intensidade. A cabeça fica inclinada para um semelh ante ao occipício por causa da inclinação da cabeça. Uma
dos lados e girad a para o lado oposto, co m o pescoço ligeira- radiografia lateral do crâni o pode mostrar a posição relativa de C l
mente fletido (posição de "pardal"). Ocorrem espasmos do e C2 com mais clareza do que urna radiografia lateral da coluna
múscul o es ternocleidomastóideo, no lado longo, em urn a te nta- cervical. Incidências laterais de fl exão e extensão devem ser obtidas
ti va de co rrigir esta deformid ad e. Quando a su bluxação é ag ud a, para do cum entar qua lquer instabilidade atlantoaxial. A cinerradio-
as tentati vas de move r a ca beça ca usam d or. Os pac ientes são grafia co nfirma o diagn óstico, demonstrando o movimento do atl as
capazes de aum entar a deformid ade, mas não co nseguem corri- e do áx is como uma úni ca unidade, mas é difí cil realizá-la durante
gi-la além da linha mediana. Co m o tempo, os espas mos muscu- a fase aguda, porque o movimento do pescoço é doloroso. A ciner-
lares d imi n uem e o torcicolo se torna menos doloroso, mas a radiografia não é empregada rotineiramente por causa da maior
deformidade persiste. Um exame neurol ógico cuidad oso deve exposição à rad iação. A TC com a cabeça virada o máximo possível
determin ar se há compressão neurológica ou comprom etimento para a esqu erda e para a direita, durante o exame, para confirmar a
da artéria vertebra l. perda de rotação normal da arti culação at lantoaxial, corrobora o
CAPÍTULO 40 COLUNA CERVICAL PEDIÁTRICA cmm
diagnóstico de subluxação rotatór ia. McGuire et ai. classificaram os somente se não houver deslocamento anterior significativo ou ins-
resultados encontrados nas TC din âmicas (TCD) em três fases: fase tabilidade na avaliação radiográfica.
O, torcicolo, mas TCD normais; fase l , limitação de movimento (<15 Fielding relacionou as segu intes indicações para o tratamento
graus de diferença entre Cl e C2, mas C l cruza a linha med iana de cirúrgico: (1) envolvimento neurológico, (2) desvio anterior, (3)
C2); e fase 2, fixa (C l não cruza a linha mediana de C2). Eles encon- falha em obter e manter a correção, caso a deformidade exista por
traram uma tendência significativa entre o aum ento da intensidade mais de 3 meses, e (4) recidiva da deformidade após uma tentativa
do tratamento e a fase da TCD. No entanto, a utilidade da TCD para adequada de tratamento conse rvador, qu e consiste em pelo menos
o diagnóstico da subluxação atlantoaxial rotatória tem sido questio- 6 semanas de imobilização. Se o tratamento cirúrgico for indicado,
nada. A RM pode ser benéfica para a avaliação da patologia liga- deve ser realizada uma artrodese posterior de Cl a C2 (Fig. 40-38).
mentosa ou a compressão da medula espinal. Fielding e Hawkin s recomendaram tração pré-operatória, durante
2 a 3 semanas para corrigir a defo rmidade o quanto for possível.

Plano de !ratame'"!t~ para


TRATAMENTO
QUADRO 140 _6 Subluxaçao Rotatona
O plano de tratamento deve ser baseado na duração da subluxação (Phillips e Hensinger)
(Q uadro 40-6). Se a subluxação rotatória existe há menos de 1
semana, são recomendad os: imobilização com um colar macio, anal- Presente menos de 7 semana: imobilização no colarinho
gésicos e repouso durante 1 semana. Se não ocorrer redução espon- macio, ana lgésicos, repouso por 1 semana; se não houver
tânea, são indicadas: hospitalização e tração. Se a subluxação redu ção espontânea: hospitalizaçã o, tração.
rotatória estiver presente por mais de 1 semana, mas menos de 1 Presente mais de 7 semana, mas menos de 1 mês: hospi-
mês, são indicadas: hospitalização e tração cervical. Geralmente, é talização, tração cervica l (cabeça-halter), colar cervica l 4
empregada a tração cervical mecâni ca com fixador cefálico; mas a 6 semanas.
quando o torcicolo persiste por mais de 1 mês, a tração esquelética Presente mais de 7 mês: hospitalização, tração cervica l
pode ser necessária. A tração é mantida até qu e a deformidade estej a (esquelética), colar cervical 4 a 6 semanas.
corrigida; em seguida, um colar cervical é usado por 4 a 6 semanas. O tratamento conservador é usado somente se a radiogra-
O sucesso do uso de tração cefálica com fixador cefálico seguida por fia mostrar que não há um deslocamento significativo
imobilização com colete foi relatado em um paciente com fixação anterior ou instabilidade.
rotatória atlantoaxial. O tratamento conservador pode ser usado

O(rimtJCI!Ell Fixação rotatória atlantoaxial. A, A radiografia lateral mostra massa cuneiforme anterior ao odontoide. B, Incid ência
transoral. C, Imagem de TC. D, Após a fusão in situ de C1 -2 .
1119 PARTE XII A COLUNA

A artrodese é fe ita com a cabeça em posição neutra. A tração con-


tinua sendo feita durante 6 semanas após a cirurgia para manter a
co rreção enqu anto a fusão se torna sólida. Isso pode ser fe ito co m
um halogesso ou halocolete. A imobilização é mantida até que haja
evidência rad iográfica de fusão.

INSTABILIDADE CERVICAL NA
SÍNDROME DE DOWN
Em crianças co m síndrome de Down, a frouxidão ligamentar gene-
ralizada causada pelo defeito do coláge no pode resultar em instabi -
lidade atlantoaxial e atlantoccipital. Pizzutillo e Herman fizeram do áxis
um a di stinção entre instabilid ade ce rvical e hipermobilidade em
pacientes com síndrome de Down. A instabilidade implica movi-
mento patológico interseg mental, que põe em risco a integridade
neurol ógica. A hip ermobilidade se refere ao aumento das exc ursões H@ii;f!iDID Dese nho da linha clivoca nal de Wa cken heim .
que oco rrem na coluna cervical de pacientes co m síndrom e de Esta linha é traçada ao longo do clivo para o interi o r do canal
Down em comparação com control es normais, mas não provoca vertebral cervical e deve passar ime diatamente posterio r à ponta
perda da integridade estrutu ra l dos restritores anatômicos que pro- do dente do áxis.
tege m os tecidos neurais. A instabilidade atlantoaxial, descrita pela
primeira vez por Spitzer, Rabinowitch e Wybar, em 1961, ocorre em
10% a 20% das cri anças com síndrome de Down. A instabilidade
pode ocorrer em mais de um nível e em mais de um plano. A ins-
tabi lidade atlantoccipital também pode ocorrer em pacientes com
síndrome de Down; a incidência relatada chega a 60%. Apesar desses
relatos de instabilidade at lantoaxial e atlantocc ipital em pacientes
com sí ndrom e de Down, a história natural exata relacionada com
esta instabilidade é desco nh ecida. Em pacientes co m síndrom e de
Down, pode ser difícil diferenciar aque les com hipermobilidade e
aqueles com instabilidade clinicamente significativa.
A coluna cervical em crian ças com síndrome de Down pode
estar associada a anomalias co ngênitas da coluna ce rvical superior, 2
mas ainda é cont roverso se as anoma lias ce rvicais são a causa ou o
res ultado da frouxidão ligamentar.

ACHADOS NEUROLÓGICOS

Os sin tomas neurol ógicos estão presentes em 1% a 2,6% dos pacien-


tes com instabilid ade cervical; a instabilidade, geralmente, é desco-
berta em exames de rotina ou em radiografias cervicais obtidas por
outros motivos. A instabilidade progressiva que provoca si ntomas
neurológicos é mais comum em meninos com idade superior a 10,5 O@i@imI!I Método de med içã o da instab il idade at la ntocci-
anos. O envolvimento do trato piramidal geralmente provoca alte- pital segundo Wiesel e Rothm a n. Estas linhas são tra çadas em
rações da marcha, hiper- reflexia e fraqueza motora. O utros si ntomas radiografias laterais em flexão e extensão e a transla ção não deve
neurol ógicos incluem dor no pescoço, dores de cabeça occipitais e ser supe ri o r a 1 mm . A linha atlantal une os pontos 1 e 2. Linha
torcicolo. O exame neurológico detalhado, muitas vezes, é difícil em tra çada perpendicu larmente à lin ha at lantal na margem posterior
pacientes com sí ndrome de Down, sendo, ass im , potenciais evoca- do arco anterior do atlas. O ponto 3 é o básio. A di stância do
dos somatossensoriais podem ser benéficos na documentação da ponto 3 à linha perpendicu lar é medida em fle xã o e em extensão.
lesão neurológica. A diferen ça representa a translação anteroposterior.

ACHADOS RADIOGRÁFICOS muitas vezes, é difícil obter um exame neuro lógico detalhado.
A evidência radiográfica de instabilidade at lantoccipital não é tão
O exa me radiográfico deve incluir incidências anteropos teri ores, bem-definida como aq uela para instabilidad e atlantoax ial, mas as
laterais em flexão e extensão e transorais. A TC em fl exão e extensão medidas descritas por Wacken heim (Fig. 40-39), Wiesel e Rothman
ou a ci nerradi ografia em flexão e extensão também podem ser (Fig. 40-40), Powers (F ig. 40-4 1) e Tredwell et ai. são úteis. A pro-
necessá rias para avaliar a insta bilidade da arti cu lação occipitoatlan- porção de Powers m aior do que 1 indica translação anterior anormal
tal e da articulação atlantoaxia l. A RM é úti l na detecção de qualquer do occipício e, de aco rd o com Parfenchu ck et ai., um a proporção
mudança de sinal na medul a espinal quando há suspeita de instabi- inferior a 0,55 indica deslocamento posterior. No entanto, alguns
lidade e compro metim ento neurológico nestes pacientes, nos quais, estudo s relataram a baixa reprodutibilidade e confiabilidade dessas
CAPÍTULO 40 CO LU NA CERVICAL PEDIÁTRICA 4mi1lll
recomenda -se a artrodese posterior com amarrilho. Antes da fusão e
da passagem do fio, a articu lação instável em Cl -2 deve ser reduzida
por tração. Se a redução não puder ser obtida, um a fusão in situ reduz
o risco de comprometimento neurológico, que pode ocorrer se a
redução i ntraoperató ria fo r realizada e os fios forem passados através
de um espaço disponível ape rtado para a medula espinal.
A As co mp licações são relativamente co mun s após fu sões cer-
vicais em crianças co m síndrome de Down. Sega i et ai. relataram
a ocorrênc ia fre qu ente de reabsorção do enxer to após 10 fusões
posteriores e sugeriram como causa urn a resposta inflamatória
insufici ente e alterações na síntese do coláge no. Msall et al. relata -
ram o dese nvo lvim ento fr equ ente de instabilidade acima e abaixo
da fusão de C l -2 em pacientes com síndrome de Down. A imobi-
li zação pós-operatór ia em halogesso o u halocolete deve se r
O@il;WE!IJI A relação de Powers é determinada pelo desen ho mantid a o qu anto fo r possível, pois já fo i descrita rea bsorção do
de uma linha traçada a partir do básio (B) até o a rco posterior do enxerto após 6 meses de artrodese. Fixações mais estáveis devem
atlas (C) e um a segunda li nha do opístio (O) ao a rco a nterior do diminuir es ta complicação.
atlas (A). O comprimento da li nha BC é dividido pe lo comprimento A fixação de parafuso transarticular C l -C2 (Figs. 40-9 e 40- 10)
da linha de OA. Uma razão maior do que 1 é d iagnóst ica de ou a instr um entação do occipício até C2 com placa e hastes (Técni-
luxação atlantoccipital anterior e uma razão inferior a 0,55 é d iag- cas 40-8 e 40-9) pode ser utilizada com sucesso.
nóstica de luxação posterior.

DISPLASIA CERVICAL FAMILIAR


técnicas de medição em cri anças com sí ndrom e de Down, impossi-
bilitando o médico de prover recomendações terapê uticas concretas. Saltzman et ai. descreveram um a displasia cervical famil iar que afeta
A TC em flexão e extensão ou a cinerradiografia podem ser neces- a primeira vértebra cervical. Nove dos 12 membros de um a família,
sári as para dar melhores detalhes e info rm ações so bre a possível distribuídos em três gerações foram afetados por essa for ma here -
instabilidade atlantoccipital. ditária de d isplas ia ve rtebral cervical. O modo de transmissão desta
Um interva lo atlantod ental (IAD) de 4,5 a 5 mm indica insta- doença é autossô mi co dominante, com penetrância aparentemente
bilidade em pacientes pediátricos normais. O aum ento do IAD em completa e expressividade va ri ável. A m aiori a dos pacientes é assi n-
pacientes com síndrome de Down não fo i diretam ente correlacio- tomática, e a aprese ntação clínica vari a de um achado incidental no
nado ao au mento do co mprometimento neurológico. Isto sugere que exame radiográfico a uma inclinação da cabeça que pode ser corri-
radiografias da coluna cervical na síndrome de Down deve m ser gida passivamente. Sintomas como dores de cabeça suboccipital ou
avaliadas por padrões específicos daquela população, e não pelos redução dos movim entos ce rvicais podem estar presentes. A TC e
padrões tradicionais para pacientes pediátri cos em geral, pois isso as recons tru ções tridim ensionais delineiam melhor a anatomia
pode resultar em diagnósti co superestimado de um processo pato- patológica. A RM é útil para identificar um possível co mprometi-
lógico. O co mprometimento neurológico ocorre com uma incidên- mento neurol ógico e a necessidade de estabili zação cirúrgica. Se fo r
cia semelh ante em indivíduos com síndrome de Down que têm um necessária urna intervenção cirúrgica para estabilização, deve ser
IAD normal e naqueles com um IAD de 4 a 10 mm. Na síndrome feita urna fusão do occipício até C2.
de Down, um IAD inferior a 4,5 mm é norm al; um IAD de 4,5 a 10
mm é considerado hipermóvel, m as não instável, a menos que
estejam presentes sintomas neurológicos; e um IAD superior a 10 ANOMALIAS CONGÊNITAS
mm é considerado instável, se ndo que o paciente apresenta risco de DO ATLAS
lesão neu rológica por causa da redução do espaço disponível para a
med ula espinal. Tanto D ubousse t como Winter et ai. descreveram casos de herniatlas
congênito ou hipopl as ia do atlas que, se não tratado, pode causar
torcicolo acentuado. Dubo usset relatou 17 pacientes com ausência
TRATAMENTO da faceta de Cl, que provocou torcicolos graves progressivos e fixos.
Inicialmen te, a deformidade ou o torcicolo eram flexíveis, mas com
A hipermobilidade da junção atl antoccipital fo i observada em mais o tempo se torn aram fixo s.
de 60% dos pacie ntes co m sínd rome de Down, mas isto geralmente Na maioria dos pacientes, a deformid ade é notada ao nasci-
não está associada a um aum ento do risco neurológico. Se a hipermo- mento co mo uma translação lateral da cabeça sobre o tronco, com
bilidade desta articulação for documentada e o paciente estiver neu- algum gra u de inclinação lateral e rotação. O diagnóstico é confir-
rologicamente normal, recomend a-se, então, a restrição de atividades mado pela TC. Outras anomalias da m edula espinal podem ser
de alto risco. Se houver hipermobilidade e um déficit neurológico ou detectadas por RJvl, como malformações de Arnold- Chiari e este-
um a mud ança de sinal anormal na m edula espinal, na RM, então nose do forame magno. Deve se r reali zada angiografia pré-operató-
recomenda-se um a artrodese do occipíc io de C2 ou C3 . ria, já qu e as anomali as arteriais vertebra is podem ocorrer no lado
Quando o IAD for in ferior a 4,5 mm, a restrição de atividades aplástico. Este distúrbio foi classificado em três tipos: o tipo I consiste
não é necessária. Naqueles que apresentam IAD de 4,5 a 10 mm, sem em um hemiatlas isolado; o tipo II é uma aplasia parcial ou completa
sintomas neurológicos, as atividades de alto risco devem ser limitadas. de um hemiatlas com outras anomalias associadas da coluna cervical;
Se houver um déficit neurológico ou alterações medulares na RM, e o tipo III é uma fusão atlantoccipital parcial ou completa e aplasia
indica-se um a artrodese C l -2. Se o IAD fo r de 10 mm ou mais, simétrica ou assimétri ca do hemi atlas, com ou sem ano malias do
~ PARTE XII A COLUNA

dente do áxis e da coluna cervical inferior. Dubousset recomendou •Libere e corte o tecido cartilaginoso e o ligamento longi-
o uso de um halogesso para corrigir o to rcicolo e obter uma posição tudinal anterior inserido nas vértebras cervicais vent ra lmente.
aceitável da cabeça e do pescoço, seguido por fusão posterior do •U sando um microscópio cirúrgico, exponha a face lateral
occipício até C2. Sete de seus 17 pacientes necessitaram de correção da dura-máter de C4 a CS, removendo as massas laterais
cirúrgica. Embora a idade em que o torcicolo poderia ser corrigido esquerd as e os pedículos das vértebras C4 e CS com um
não tenha sido especificada, Dubousset obteve bons resultados em saca-bocado e uma broca diamantada. Isto permite a
pacientes com idades entre 13 e 15 anos. remoção dos corpos verteb rai s de C4 e CS, incluindo os
discos entre C3 e C4 e CS e C6, com a exposição ampla
das raízes nervosas e da dura-máter.
SÍNDROME DE LARSEN •Remova os corpos vertebrais e discos começando pelo
meio dos corpos e discos. Usando uma broca de dia-
A síndrome de Larsen é uma doença rara que pode apresentar ano- mante, afine o córtex dorsal dos corpos de acord o com
malias vertebrais associadas, como espinha bífida, vértebra hipoplás- a largura do canal espina l.
tica, cifose cervical e dissociação anteroposte ri or. Os pacientes com • Se a cifose não puder ser corrigida manualmente, então,
cifose cervical que pode provocar dissociação anteroposterior são insira uma espátula fina entre o li gamento longitudin al
difíceis de tratar. Provavelmente, esta é a manifestação mais grave posterior e a dura-máter, para evitar lesão durai, e corte
da síndrome de Larsen, em virtud e do risco de paralisia. A história o ligame nto longitudinal posterior no meio da área
natural da cifose cervical é variável. O tratamento também é variável exposta (Fig. 40-420). As vértebras se tornam ligei ra-
e tem como base a idade do paciente, a quantidade e a flexibilidade mente móveis, e a dura-máter se desloca ventralmente.
da cifose, e a presença de qualquer déficit neurológico. Johnston Sob correção manual, insira um enxerto estrutural cortical
defendeu a artrodese posterior precoce em pacientes com síndrome retirado da tíbia .
de Larse n e cifose cervical. Ele observou melhora gradual da cifose •Imobilize o paciente em um dispositivo com halo.
cervical a partir do crescimento contínuo do corpo vertebral, quando
uma fusão posterior sólida é realizada. Em um paciente, a lordose CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O paciente é imobi li-
excessiva ocorreu após uma artrodese apenas posterior. Sakaura zado em um halogesso ou um colete ou uma órtese
recomendou a artrodese vertebral posterior para pacientes com cervicotorácica durante 12 semanas.
cifose cervical leve e flexível e a descompressão anterior e artrodese
circunferencial para aqueles com deformidade cifótica grave ou em
pacientes com déficit neurológico.

CALCIFICAÇÃO DO DISCO
INTERVERTEBRAL
ARTRODESE POSTERIOR DA COLUNA
PARA CIFOSE CERVICAL ATRAVÉS DE A calcificação do disco intervertebral não é comum em crianças,
UMA ABORDAGEM LATERAL mas pode acontecer. Esta síndrome é caracterizada por um início
agudo de dor cervical associado a torcicolo e limitação de movi-
TÉCNICA ~ mento da coluna cervical. Embora nenhuma etiologia definida
--~~~~~~----'~ ten ha sido determinada, as causas possíveis incluem doen ças meta-
(SAKAURA ET AL.) bólicas, infecções locais e trauma. A maioria das crianças com cal-
cificação do disco vertebral tem entre 5 meses e 11 anos de idade,
• Coloque o paciente em decúbito lateral direito. send o que os meninos são afetados com maior frequência. A calci-
•Faça uma incisão ao longo da margem posterior do ficação sintomática do disco ocorre mais comumente na coluna
músculo esternocleidomastóideo (Fig. 40-42A) e realize cervical in ferior, geralmente no nível C6-7, e aproximadamente um
dissecção romba da fáscia do triângulo posterior do terço dos pacientes apresenta vários níveis envolvidos. Em crianças,
pescoço para identificar o músculo elevador da escápula. a calcificação envolve o núcleo pu lposo, ao contrário dos adultos,
•Retra ia a bainha carotíd ea e o músculo esternocleidomas- nos qua is envolve o anel fibroso.
tóideo ventra lmente e o músculo elevador da escápula Os sintomas mais comuns de calcificação do disco interverte-
dorsalmente para expor os músculos escalenos. bral são dor no pescoço, limitação de movimento e torcicolo. Dor
•Identif ique o nervo frênico e disseque cuidadosamente as rad icul ar ou sinais de compressão da raiz nervosa são raros. Apro-
inserções dos músculos esca leno anterior dos tubércu los ximadamente 25% dos pacientes apresentaram febre; 30% dos
anteriores dos processos transversos das vérteb ras de C3 pacientes têm um histórico de trauma; e 15% já contraíram infecções
a C6. Disseque também os múscu los longos do pescoço do trato respiratório superior. A dor geralmente começa de repente
e longo da cabeça dos tubérculos anteriores para identi- e persiste durante 2 a 3 semanas; 75% das crianças ficam assintomá-
ficar a face anterior da coluna cervical. ticas por 3 semanas e 95% são assintomáticas dentro de 6 meses. Dai
• Identifique a artéria vertebral e a raiz dos nervos de C4 a et ai. descobriram que o tempo médio para os sintomas desaparece-
C6 que se encontram posteriormente à artéria vertebra l rem era de 34 dias e a resol ução das calcificações foi observada em
(Fig. 40-42A e B). Retraia a artéria vertebral anterior- radiografias por 15 meses. O déficit neurológico, caso esteja pre-
mente e resseque o processo transverso de C3 a C6 (Fi g. sente, melhora em 90% dos pacientes. A hérnia de disco é rara, mas
40-42C). hérnias posteriores podem causar compressão da medula espinal e
hérn ias anteriores podem resultar em disfagia.
CAPÍTULO 40 COLUNA CERVICAL PEDIÁTRICA

Esternocleido- - -- - - - Levantador
mastóideo da escápula

A B

e D

u(êji);@Ci19 Descompressão e artrodese anterior através do acesso cirúrgico late ral pela técnica de Sakaura et ai. A, Imagem axial
do acesso lateral à coluna cervica l. B, Artéria vertebral e raiz nervosa de C4 a C6 posterior à artéria vertebral. C, Artéria vertebral afas-
tada anteriormente através da ressecção dos processos transversos de C3 a C6. D, Remo ção subtotal dos corpos de C4 e CS e corte de
ligamento lo ngitudinal posterior. (A De Sakaura et ai: Surgica l treatment of cervical kyphosis in Larsen syndrome , Spine 32: E39, 2007.) VEJA A
TÉCNICA 40-21.

Hosalkar HS, Gerardi )A, Shaw BA: Combined asyrnptomati c congen ital
O tratamento adequado consiste em repouso, imobilização
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200 L.
da raiz nervosa ou da medula espinal exige discectomia anterior e
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PARTE XII A COLUNA

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ESCOL/OSE 1690 FIXAÇÃO PEDICULAR 1737 LESÃO DA MEDULA ESPINHAL 1791
ESCOLIOSE IDIOPÁTICA Inserção de Parafusos Tratamento Ortopédico 1792
INFANTIL 1690 Pediculares Lombares 1740 Tratamento Cirúrgico 1792
TRATAMENTO 1692 1nserção de Parafusos POLIOMIELITE 1793
Imobilização 1692 Pediculares Torácicos 1741 ATROFIA MUSCULAR ESPINHAL 1793
Tratamento Cirúrgico 1693 CURVATURAS RÍGIDAS 1745 Tratamento Ortopédico 1794
ESCOLIOSE IDIOPÁTICA COMPLICAÇÕES DE CIRURGIAS Tratamento Cirúrg ico 1795
JUVENIL 1694 POSTERIORES PARA ESCOLIOSE 1751 DISAUTONOMIA FAMILIAR 1795
TRATAMENTO 1694 Complicações Precoces 1751 ARTROGRIPOSE MÚLTIPLA
Instrumentação com Hastes de Complicações Tardias 1752 CONGÊNITA 1795
Crescimento 1696 TORACOPLASTIA DISTROFIA MUSCULAR
Instrumentação com Fusão 1701 POSTERIOR 1753 DE DUCHENNE 1796
ESCOLIOSE IDIOPÁTICA COMPLICAÇÕES E PROBLEMAS 1755 DE DISTROFIA MUSCULAR
ADOLESCENTE 1701 OSTEOTOMIAS DE COSTELAS NÃO RELACIONADAS AO
ETIOLOGIA 1701 DO LADO CÔNCAVO 1756 TIPO DUCHENNE 1797
HISTÓRIA NATURAL 1701 INSTRUMENTAÇÃO ESCOLIOSE CONGÊNITA 1797
AVALIAÇÃO DO PACIENTE 1704 ANTERIOR PARA CLASSIFICAÇÃO 1797
AVALIAÇÃO RADIOGRÁFICA 1704 ESCOLIOSE IDIOPÁTICA 1756
AVALIAÇÃO DO PACIENTE 1798
Medição das Curvaturas 1707 COMPLICAÇÕES E PROBLEMAS DA
HISTÓRIA NATURAL 1799
Rotação Vertebral 1708 INSTRUMENTAÇÃO ANTERIOR 1764
TRATAMENTO NÃO CIRÚRGICO 1801
Equilíbrio Sagital 1709 TORACOPLASTIA
1765 TRATAMENTO CIRÚRGICO 1801
17 10 ANTERIOR
Padrões de Curvatura Fusão Posterior sem
TRATAMENTO NÃO CIRÚRGICO 1713 TORACOSCOPIA
1765 1nstrumentação 1801
ASSISTIDA POR VÍDEO
Observação 17 13 Fusão Posterior com
COMPLICAÇÕES E PROBLEMAS 1768
Tratamento Ortopédico 17 13 Instrumentação 1801
Imobilização 17 15 INSTRUMENTAÇÃO ANTERIOR
ENDOSCÓPICA DA Fusão Anterior e Posterior
TRATAMENTO CIRÚRGICO 1715 ESCOLIOSE IDIOPÁTICA 1768 Combinada 1801
Preparação Pré-operatória 1715 Hemiepifisiodese Convexa
ESCOLIOSE
Considerações lntraoperatórias 1716 NEUROMUSCULAR 1776 Anterior e Posterior Combinada
Metas Cirúrgicas 171 7 TRATAMENTO NÃO CIRÚRGICO 1777 (Parada de Crescimento) 1803
CIRURGIAS POSTERIORES PARA Observação 177 7 Excisão da Hemivértebra 1804
ESCOLIOSE IDIOPÁTICA 1717 1777 SÍNDROME DA INSUFICIÊNCIA
Tratamento Ortopédico
FUSÃO POSTERIOR 171 9 1777 TORÁCICA 1810
TRATAMENTO CIRÚRGICO
ENXERTOS ÓSSEOS 1720 1777
Considerações Pré-operatórias
Complicações dos Enxertos Ósseos 172 1 C/FOSE 18 17
Considerações Cirúrgicas 1778
INSTRUMENTAÇÃO 1778 DOENÇA DE
Considerações Pós-operatórias
ESPINHAL POSTERIOR 1722 SCHEUERMANN 1818
Instrumentação com Haste de
Manobras Corretivas 1723 CLASSIFICAÇÃO 18 18
Luque e Cabos Sublaminares 1779
INSTRUMENTAÇÃO SEGMENTAR ETIOLOGIA 1818
Fixação Sacropélvica 1780
COM MÚLTIPLOS GANCHOS 1723 ACHADOS CLÍNICOS 1818
PARALISIA CEREBRAL 1788
Plano Cirúrg ico 1723 ACHADOS RADIOGRÁFICOS 18 19
Classificação 1788
Níveis de Fusão e Loca is de HISTÓRIA NATURAL 1820
1723 Tratamento não Cirúrgico 1789
Co locação dos Ganchos CONDIÇÕES ASSOCIADAS 1820
Preparação do Local e Colocação Tratamento Cirúrgico 1789
1790 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 182 1
dos Ganchos 1724 Complicações
ATAXIA DE FRIEDREICH 1790 TRATAMENTO 1821
Complicações e Armadilhas em
DOENÇA DE CHARCOT- Tratamento não Cirúrg ico 182 1
Sistemas de Instrumentação
MARIE-TOOTH 1791 Tratamento Cirúrgico 182 1
Segmentar com
Múltiplos Ganchos 1733 SIRINGOMIELIA 1791 CIFOSE CONGÊNITA 1828

1689
Mt@•I PARTE XII A COLUNA

AVALIAÇÃO CLÍNICA E TRATAMENTO DA Avaliação Radiográfica e


RADIOGRÁFICA 1829 ESPONDILOPTOSE 1853 Tratamento 1870
TRATAMENTO CIRÚRGICO 1830 CIFOESCOLIOSE 1854 Biópsia 1871
Tratamento da Deformidade MIELOMENINGOCELE 1854 Tumores Benignos da Coluna
do Tipo 1 1831 Incidência e História Natural 1854 Vertebral 1872
Tratamento da Deformidade Ava liação Clínica 1855 Tumores Malignos Primários
do Tipo li 1832 Achados Radiográficos 1855 da Coluna Vertebral 1875
Complica ções do Tratamento Escoliose e Lordose 1856 DEFORMIDADES ESPINHAL
Cirúrg ico 1835 Cifose 1860 PÓS-IRRADIAÇÃO 1875
FUSÃO VERTEBRAL AGENESIA SACRAL 1862 Incidência 1875
ANTERIOR PROGRESSIVA 1835 Tratamento 1863
Achados Radiográficos 1876
HIPOPLASIA LOMBAR CAUSAS INCOMUNS
INFANTIL 1836 Tratamento 1876
DE ESCOLIOSE 1865
ESPONDILÓLISE E NEUROFIBROMATOSE 1865 Complicações e Imprevistos 1877
ESPONDILOLISTESE 1836 Tratamento de Curvas OSTEOCONDRODISTROFIA 1877
CLASSIFICAÇÃO 1837 não Distróficas 1865 Nanismo Diastrófico 1877
ETIOLOGIA E HISTÓRIA NATURAL 1838 Tratamento da Escoliose Distrófica 1865 Displasia Espondiloepifisária 1877
ACHADOS CLÍNICOS 1839 Escoliose sem Cifose 1866 OSTEOGÊNESE IMPERFEITA 1877
ACHADOS RADIOGRÁFICOS 1839 Cifoescol iose 1866 Problemas de Anestesia 1878
TRATAMENTO DA Cifoescoliose com Compressão da Tratamento Ortopédico 1878
ESPONDILÓLISE ADQUIRIDA 1840 Medula Espinhal 1867 1879
Tratamento Cirúrgico
Reparo do Defeito Espondilolítico 1841 Tratamento Pós-operatório 1867
CAUSAS INCOMUNS
Fusão Posterolateral 1843 Comp licações da Cirurgia 1867
DE CIFOSE 1879
TRATAMENTO DA ESPONDILOLISTESE SÍNDROME DE MARFAN 1868
DEFORMIDADE ESPINHAL
DO DESENVOLVIMENTO 1843 Diagnóstico 1868
1843 PÓS-LAMINECTOMIA 1879
Tratamento não Cirúrgico Tratamento não Cirúrgico 1869
Tratamento Cirúrgico 1843 Tratamento Cirúrgico 1869 Tratamento 1881
TRATAMENTO DA TUMORES DA COLUNA DISPLASIAS ESQUELÉTICAS 1881
ESPONDILOLISTESE GRAVE VERTEBRAL 1870 Acondroplasia 1881
(ALTAMENTE DISPLÁSICA) 1844 Achados Clín icos 1870 MUCOPOLISSACARIDOSES 1883

Deve-se realizar uma distinção entre a escoliose de início


ESCOLIOSE precoce e a escoliose de início tardio uma vez que a deformid ade
pode afetar o desenvolvimento cardiop ulmonar. Durante a infância,
A palavra "escoliose" vem da palavra grega que significa "tortuo so". os pulmões não crescem apenas em tamanho, também há multipli -
A escoliose é definida como um desvio lateral da lin ha vertical normal cação dos alvéo los e das artérias e alterações do padrão vascu lar.
da espinha. A curvatura lateral da espinha também está associada à Os alvéolos no tronco pu lmonar aumentam cerca de 10 vezes da
rotação das vértebras. Isso produz uma deformidade tridimensional infânc ia até os 4 a.nos de idade, não se desenvolvendo completa-
da espinha que ocorre nos planos sagital, frontal e coronal. mente até os 8 anos de idade. A deformid ade escoli.ótica limita o
A Scoliosis Research Society recomenda que a escoliose idio- espaço disponível para o crescimento pulmonar e crianças com
pática seja classificada de acordo com a faixa etá ria do paciente na escoli ose significativa antes dos 5 a.nos de idade gera lm ente apresen-
ocasião do diagnóstico. A escoliose infantil ocorre do nascimento tam disp neia incapacitante ou problemas cardiorrespiratórios.
até os 3 anos de idade; a escoliose idiopática juveni l, entre 4 e 10
anos de idade; e a escoliose idiopática adolescente, entre os 10 anos
de idade e a maturidade esquelética. Essa defin ição cronológica tra- ESCOLIOSE IDIOPÁTICA INFANTIL
dicional da escoliose é importante porque h á grandes diferenças
entre os subtipos (Tabela 41-1). A escoliose idiopática infantil é uma curvatura estrutura l e lateral
A escoliose também pode ser classificada com base na etiologia da espinha que oco rre em pacientes com menos de 3 anos de idade.
e nas condições assoei.adas. A escoliose idiopática é a mais com um, James, o primeiro a utilizar o termo escoliose idiopática infantil,
mas a etiologia exata deste tipo de escoliose é desconhecida. A notou qu e tais cu rvaturas ocorriam antes dos 3 anos de idade, eram
escoliose congênita é causada por uma fa lha na formação vertebral mais frequentes em meninos do que em meninas e eram principal-
ou pela segmentação da vértebra envolvida. A escoliose tamb ém mente torácicas e convexas para a esquerda.
pode se r classificada com base nas condições associadas, corno dis- Wynne-Davies observou plag iocefa li a em 97 crianças nas
túrbios neuromusc ul ares (paralisia cerebral, distrofia muscul ar ou quais as cur vat ura s desenvo lvera m- se nos primeiros 6 meses de
out ros distúrbios neuromusculares), síndromes associadas ou vida, com o lado plano da cabeça no lado convexo da curvatura .
doenças generalizadas (neurofibromatose, síndrome de Marfan, dis- Outras con dições associadas observadas por ela foram deficiên-
plasia óssea, tumores ou pós-irradiação). cias intelectuais em 13%, hérn ias inguina is em 7,4% do s meninos
CAPÍTULO 41 ESCOLIOSE E CIFOSE ~
"'";: :::._.,. -_.-).'"'.~

•M=H'-i 41-1 - Classificação da Escoliose Idiopática de Acordo com a Idade

PARÂMETRO INFANTIL JUVENIL ADOLESCENTE


Idade de apresentação Nascimento aos 3 anos 4 a 9 anos 10a20anos
Homens: mulheres 1:1 a 2:1 < 6 anos : 1:3 1 :6
> 6 anos: 1:6
Incidência Estados Unidos: 2%-3% Estados Unidos: 12%-15% Estados Unidos: 85%
Grã-Bretanha: 30% Grã-Bretanha: 12 % -15% Grã-Bretanha: 55%
Tipos de curvas Torácica esquerda Torácica direita Torácica direita
E:D (2 :1) D:E (6:1) D:E (8:1)
Torácica esquerda/lombar
direita
Achados associados Deficiência mental, DCQ, Nenhum Nenhum
plagiocefalia, defeitos
cardíacos congênitos
Risco de Alto Médio Baixo
comprometimento
cardiopulmonar
Risco de progressão da < 6 meses : bai xo 67 % 23%
curva > 1 ano: alto
Ta xa de progressão da Progressão gradual: 2 a 3 Progressão na a 2 graus/mês durante
curva graus/ano puberdade: 6 graus/ano a puberdade
Progressão maligna : 1O Progressão maligna: 1O
graus/ano graus/ano
Resolu ção da curva < 1 ano: 90 % 20 % Rara
> 1 ano: 20%
Magnitude e Progressão gradual: 70 a 90 Progressão na puberdade : Curvas > 90 graus são
maturidade da curva graus 50 a 90 graus raras
Progressão maligna: > 90 Progressão maligna : > 90
graus graus

Controle ortopédico Eficaz em atrasar e Diminui a taxa de Controla efetivamente


diminuir a ta xa de progressão até a curvas < 40 graus (taxa
progressão puberdade (ta xa de de sucesso: 75 a 80 % )
Progressão final: 100% falha: 30 a 80%)
Tratamento cirúrgico Instrumentação sem fusão Instrumentação sem FEP com instrumentação
< 8 anos fusão < 8 anos FEA se menor de 11 anos
Após 8 anos : FEA-FEP Após 8 anos: FEA-FEP de idade com cartilagem
Após 11 anos: FEP Após 1 anos: FEP trirradial aberta
Risco do fênomeno do Alto Alto Bai xo
virabrequim
FEA, fusão espinhal anterior; DCQ, displasia congênita do quadril. FEP, fusã o espinhal posterior.
Modificada de Mardjetko SM : lnfantile and juvenile scoliosis. ln Bridwell KH, DeWald RL, editors: The textbook of spinal surgery, ed 2, Philadelphia, 1997,
Li ppincott-Raven .

co m escoli ose prog ressiva, d es locam e ntos d e d esen volvim ento d o A maiori a d as cur va turas na escoli ose idiopáti ca infantil são
qu adril em 3,5% e d oe nças ca rdíacas co n gê nit as em 2,5% d os autolimitad as e resolve m -se es po ntaneam ente (70% a 90%), mas
p acie ntes . Essas o bse rvações leva ra m - na a ac red it ar qu e os algu mas po d em se r progressivas, gera lm ente aumentando rapid a-
fa to res e tio lógico s da es coliose idi op áti ca in fa ntil são múltiplo s, mente e muitas vezes de difícil controle, podendo resultar em deformi-
co m um a te ndên cia ge néti ca qu e po d e se r "d esencad ea da" ou dades significativas e defi ciências pulmonares. Infelizmente, quando a
preve nid a por fa to res extern os. curvatura é leve, não há critérios absolutos para diferenciar os dois tipos
A escoliose id iopática in fantil é m ais comum na Eu ropa do que e predizer a progressão. James et ai. constataram que aqueles com reso-
na América do Norte. No início da década de 1970, a escoliose infantil lução de escoliose já tinham uma deformidade que havia sido obser-
era observada em 4 1% dos pac ientes com escoliose idiopática na vada antes de 1 ano de idade; a maioria tinha curvas pequenas na
Grã-B retanh a, em contraste com menos de 1% nos Estados Unidos. apresentação e nenhum dos pac ientes apresentava curvas compensató-
Acreditava-se que essa diferença era deco rrente do posicionam ento rias. Lloyd-Roberts e Pilcher descobriram que as curvas associadas à
d a criança (F ig. 4 1-1). A posição supin a era recomendad a na Europa plagiocefalia ou outras ano rmalidades de modelagem eram m ais pro-
enquanto a posição p rona era reco mendad a nos Estados Unidos. pensas a se resolverem , indicando o posicionam ento intrauterino com o
D esde a alteração para a posição prona, a ocorrência de escoliose causa dessa escoliose. D e aco rd o co m Jam es, quando h á o d ese nvol-
idiopáti ca in fa ntil na Grã- Bretanha diminuiu de 41% para 4%. vim ento d e c urvas compensató ri as o u sec undárias o u quando a
llllm) PARTE XII A COLUNA

Fase 1

Fase 2
h@ii;MB19 Diagrama ilustrando a moldagem postural do
tórax quando a criança é colocada em decúbito dorsal e parcial-
mente virada .

h@ihMGm Duas fases em progressão da esco liose infantil


O!ê\il;MB:m Construção do ângulo costovertebral conforme observadas em radiografias posteroanteriores. Fase 1: a
(RVA, do inglês rib-vertebral angle). cabeça da costela no lado convexo não se sobrepõe ao corpo ver-
tebral. Fase 2: a cabeça da costela no lado convexo se sobrepõe ao
corpo vertebral. (Redesenhado de: Herring JA, editor: Tachdjian's pedia-
curva ultrapassa os 37 graus pelo método de Cobb, durante a pri-
tric orthopaedics, ed 4, Philadelphia, Elsevier Saunders, 2008, p. 337.)
meira observação, a escoliose provavelmente é progressiva.
Mehta desenvolveu um método para diferenciar entre curvas
progressivas e curvas com resolução na escoliose idiopática infantil com resolução corrige-se até os 3 anos de idade, mas o acompanha-
com base na medição do ângulo costovertebral (RVA, do inglês rib- mento deve co ntinuar mesmo após a resolu ção pois a escoliose pode
vertebral angle). Ela avaliou a relação entre a cabeça da costela no lado reaparecer na adolescência.
convexo e o corpo vertebral da vértebra apical traçando uma linha
perpendicular à placa termi nal da vértebra apical e outra linha no eixo • IMOBILIZAÇÃO
do colo e da cabeça da costela correspondente. O ângulo formado pela As opções de tratamento para crianças com escoliose idiopática infantil
intersecção dessas linhas é o RVA (Fig. 41-2). A diferença en tre os progressiva incluem imobilizações gessadas seriais, utilização de órteses
RVAs (RVAD) representa a diferença entre os valores do RVA no lado sob re medida e fusão subsequente a tração pré-operatória para corrigir
côncavo e no lado convexo da curva. Mehta relatou que 83% das a curvatura seguida de fusão; e a instrumentação com hastes de cresci-
curvas resolveram-se quanto a diferença medida era inferior a 20 mento ou implante torácico vertical expansivo de titânio (VEPTR, do
graus e que 84% das curvas progrediram quando a diferença era inglês vertical expandable prosthetic titanium rib) sem fusão (Synthes,
superior a 20 graus. Ela descreveu a aparência radiográfica em duas West Chester, PA). Uma vez realizado o diagnóstico de curvatura pro-
fases com base na relação entre as costelas apicais e a vértebra apical. gressiva com base tanto no ângulo de Cobb progressivo como na RVAD
Na fase 1, a cabeça das costelas em ambos os lados da vértebra apical superior a 20 graus, recomenda-se o tratamento para costelas em fase
não se sobrepõe ao co rpo vertebral. Na fase 2, a cabeça da costela 2 ou para curvatura dupla. A indicação de uma órtese toracolombossa-
sobrepõe-se ao lado convexo do corpo vertebral. As curvas da fase 2 cra (TLSO) ou cervicotoracolombossacral (CTLSO) pode ser satisfató-
são progressivas e, portanto, a medição do RVA é desnecessária. Essas ria para as curvas pequenas. A progressão de muitas curvaturas infantis
medições são úteis para prever a progressão das curvas, mas deve-se pode ser evitada e uma melhora significativa pode ser proporcionada
realizar o monitoramento cuidadoso para evitar progressões graves com a utilização de uma órtese bem encaixada durante o período inicial
com risco de doenças pulmonares restritas (Fig. 41 -3). de crescimento esquelético. Em crianças muito novas, imobilizações
Um aumento na incidência de anormalidades do eixo neural seriais com anestesia geral podem ser necessárias até que a criança se
(má formação de Chiari, siringe, subj acência do co ne e tumores no torne suficientemente grande para a util ização satisfatória de uma
tronco cerebral) foi observado em RM de pacientes com escoliose órtese. O intervalo de troca das imobilizações é determinado pela taxa
idiopática infantil (2 1,7%). Recomenda-se atualmente a avaliação por de crescimento da criança, mas a troca geralmente é necessária a cada
RM da escoliose infantil para curvas medindo mais de 20 graus. Esses 2 ou 3 meses. A utilização de suportes é realizada em tempo integral até
pacientes geralmente precisam se r sedados para a realização da RM. que a curvatura permaneça estável por pelo menos 2 anos. Neste ponto,
a utilização de suportes pode ser gradativan1ente interrompida. McMas-
ter relatou o controle de curvaturas em 22 crianças com escoliose infan-
TRATAMENTO til com tempo médio de utilização de suportes de 6 anos.
Sand ers et ai. relataram bons resultados com imobilizações
Po r causa da histó ria natural favorável em 70% a 90% dos pacientes precoces para escoliose idiopática infantil utili zando a técnica de
com escoliose idiopática infantil, geralmente não são necessários correção por imobilização de Cotrel e Morei (extensão, derrotação,
tratamentos ativos. Caso a curva inicial seja inferior a 25 graus e a flexão). Os melhores resultados foram obtidos quando a imobiliza-
RVAD seja inferior a 20 graus, recomenda-se a observação com ção foi iniciada antes dos 20 meses de idade e a curvatura era inferior
acompanhamento radiográfico a cada 6 meses. A maiori a das curvas a 60 graus. A correção por imobili zação em pacientes m ais velhos com
CAPÍTULO 41 ESCOLIOSE E CIFOSE umg@

O!rii@iB19 A, Pos ição da mesa com tração apl icada ao


ha lter e à pe lve. B, Exemp lo de manobra cor reti va para der-
rotação de uma curvatura t orácica esq uerda. C, Im ob ili zação
abaixo dos braços com j anelas . (Redesenhado de Sanders et ai:
Derotational casting for progressive infantile scoliosis, J Pediatr
Orthop 29:581, 2009.) VEJA A TÉCNICA 41 -1.

curvaturas superiores a 60 graus frequentemente resultou em melho- • Caso haja curvatura lombar, flexione ligeiramente o
ras. As imobili zações foram trocadas a cada 2 a 4 meses com base na quadril para diminuir a lordose lombar e faci litar a corre-
idade e no crescimento da criança. Uma vez corrigidas as curvaturas ção da cu rvatura .
para menos de 10 graus, utilizou -se um suporte personalizado. •É preferível a utilização de gesso à f ibra de vi dro por causa
da ma ior ma lea bilidade. A parte pélvica é o alicerce da
imob ilização e deve ser bem moldada.
IMOBILIZAÇÃO • Aplique pressão sobre as costelas rotacionadas posterior-
Uma mesa de imobilização adequada é crucial para esse pro- mente em uma tentativa de rotacionar tais costelas ante-
cedimento. Apesar de um quadro Risser padrão ser suficiente, riormente e criar uma configuração torácica mais norma l

_____
ele é muito grande para crianças. Sanders et ai . criaram uma com uma contrarrotação aplicada no molde pélvico e no
mesa que sustenta a cabeça, os braços e as pernas, mas torso. Essa é uma manobra de derrotação e não deve
mantém o tronco livre para a aplicação da imobilização. pressionar as costelas em direção à espinha para tentar
corrigir a curvatura (Fig . 4 1-4B).
_______,~
TÉCNICA •C aso o ápice seja T9 ou abaixo, pode-se uti lizar uma
imob ilização debaixo dos braços, mas a técni ca orig inal
• Entube o paciente. A pressão torácica durante a imobili- uti lizava uma imobi lização sobre os ombros.
zação pode dificultar temporariamente a resp iração . •Crie uma janela anterior para aliviar o tórax e o abdome
• Utilize uma cam isa impregnada com prata na camada e evitar a rotação das costelas inferiores. Crie uma janela
ma is interna . A tração do halter e da pelve são utilizadas posterior no lado côncavo para permitir que as costelas
para ajudar na estabilizaçã o do paciente e no estreita- pressionadas naquele lado e a coluna movam-se poste-
mento do corpo (Fig . 41-4A). riormente (Fig. 41-4C)
•Um espelho colocado sob a mesa é útil para visualiza r a
proeminência das costelas, a imob ilização posterior e os
moldes.
•Aplique uma fina camada de fe ltro sobre as proeminên- • TRATAMENTO CIRÚRGICO
cias ósseas. Caso uma curvatura seja grave ou aumente independentemente da
utilização de uma órtese o u imobil ização, é n ecessária a estabilização
PARTE XII A COLUNA

CJ rurgica. Idealmente, a cirurgia não d eve ape nas interrompe r a podem argum entar sobre a necessid ade de uma RM em um pro cedi-
progressão da curvatura, m as também permitir o c resc im ento co n- mento pré-operatório rotin eiro, mas a maioria concorda que fa tores
tínuo do tórax e o desenvolvim ento d o tron co pulmon ar. Hastes de específicos indicando a necess idade de avali ações por RM m ais d eta-
crescim ento podem ser utili zadas para controlar a progressão da lhadas incluem dor, progressão rápida, deformidade torácica esque rda,
curvatura e ai nd a permitir o crescimento vertebral (Vídeo 41-1). anormalidades neurológicas (alterações no reflexo abdomin al super-
Geralmente, é necessário rea li zar uma cirurgia a cada 6 meses para ficial) e outros achados neuro lógicos, com o a perda do controle sobre
a longar as hastes (Técnica 41-2 e Vídeo 41-2). A instrumentação os intestinos e a bexiga. Caso planeje-se uma intervenção cirúrgica,
com VEPTR fo i relatada como um a altern ativa para corri gir a cur- recomenda-se a avaliação por RM no pré-operatório.
vatura e permitir o crescimento da colun a (Técnica 4 1-41). Sch ulz
et ai. relata ram -na corno sendo um tratam ento seguro e efi caz de
curvaturas progressivas nessa população de pacientes. Quando a TRATAMENTO
fusão cirúrgica é necessária, deve-se considerar artrodeses cur tas
anteriores e posteriores, incluindo apenas a curvatura es trutura l o u Apesar d a probabilidade d e progressão e d a frequente necessidad e
primária. A combin ação da artrodese anter io r e posterior é neces- de cirurgia, a escoliose idi opática juvenil é tratad a de acordo com
sária para ev itar o "fenôm eno de virabreq uirn". O problema d essa diretri zes similares àqu elas para pacientes com escoliose idiopática
abordagem é que ela deixa a criança com uma coluna reta e mais adolescente. Para curvatu ras com m en os d e 20 graus, ind ica-se a
curta em vez de uma coluna deformada de comprimento norma l. observação co m exames e radiografias tom adas a cada 4-6 meses.
Karol relatou que, apesar d e cirurgia de fu são precoce, foi necessá ri a Evidências d e progressão nas radiografias indicadas por alterações
cirurgia d e revisão em 24% a 39% dos pacientes. Doe nças pulmo- de pelo menos 5 a 7 graus são indicativas de tratam ento com coletes.
nares restritivas, definidas como capacidade vita l forçada in ferio r a Caso a curvatura não esteja progredindo, d eve-se continuar a obser-
50% do normal, ocorre em 43 % a 64% dos pacientes que passam por vação até a maturidade esquelética.
cirurgias d e fusão precoces. O crescimento torácico após a cirurgia Apesar de grande parte da literatura anterior sobre o tratamento
é, em médi a, 50% d o observado em cri anças com escoliose que não ortopéd ico da escoli ose idiopáti ca juve ni l enfa tizar o colete d e
passaram po r cirurgias. Por ca usa d esse efeito prejudicial no desen - Milwaukee, qu e é uma órtese cervicotoracolombossacral (CTLSO) ,
volvim ento da caixa torác ica e d a função pulmonar, prefere-se a uma TLSO pode ser utili zada para curvaturas torác icas com áp ice
utilização de técnicas de instrumentação sem fusão. em T8 o u abaixo. Inicialmente, o colete é utilizado integralmente
(de 22 a 24 horas). Caso a curvatura m elhore após 1 ano com a
utilização em tempo integra l, as horas de utili zação podem ser dimi -
ESCOLIOSE IDIOPÁTICA JUVENIL nuídas gradualmente até um programa de utili zação apenas durante
a noite, o qual é muito mais tolerável, especialmente quando a
A escoliose idiopática juvenil ocorre entre 4 e 10 anos de idade. Podem criança atin ge a pub erdad e. Entretanto, o paciente deve se r obser-
ocorrer múltiplos padrões, mas a convexidade da curvatura torácica vado cuidad osamente quanto a sin ais de progressão da curvatura
geralmente é para a direita. A escoLiose idiopática juvenil engloba de durante esse processo. Caso seja notad a um a progressão, deve-se
12% a 21% dos casos de escoliose idiopática. A relação da ocorrência retornar ao programa de uso em tempo integral.
em h om ens e mulheres é de 1:1 em crianças entre 3 e 6 anos de idade. O sucesso do tratamento não cirúrgico é va ri ável; 27% a 56%
Essa relação aumenta com a id ade, se ndo 4:1 dos 6 aos 10 anos de idade dos pacientes necessitam d e fusão espinhal para curvaturas progres-
e 8: 1 em crianças com 10 anos de idade. A história natural da escoLiose sivas. Geralmente, não é possível predizer quais curvaturas aumen-
idiopática juvenil geralmente é uma progressão lenta ou m oderada até tarão a partir do p ad rão e do grau d a curvatura ou d a id ade do
o crescimento na puberdade. Lonstein descobriu que 67% dos pacientes paciente na ocasião d o diagn óstico. Medições seriais da RVAD têm
com m enos de 10 anos apresentaram progressão da curvatura e que o sido úteis na avaliação do tratamento com coletes. Diversas diretri-
risco de progressão foi de 100% em pacientes com menos de 10 anos zes podem ser formul ad as para a avaliação do tratame nto co m
com curvaturas com mais de 20 graus. Robinson e McMaster relataram coletes (Quadro 41-1 ).
progressão da curvatura em 95% das crian ças com escoliose idiopática Evidências de progressão devem ser obtidas antes da aplicação
juvenil. Dos pacientes que foram acompanhados até a maturidade, 86% de um colete, a não ser quando a curvatura exceda 30 graus na pri-
necessitaram de fusão espinhal. A maioria das cu rvaturas juvenis são meira visita do paciente juvenil. Algumas curvaturas, mesm o na faixa
curvaturas torácicas convexas para a direita ou padrões de curvaturas entre 20 e 30 graus, não progridem durante um período de diversos
torácicas dupl as e se assemel ham muito aos da escoliose idiopática
adolescente. Alguns pacientes com escoliose idiopát ica juvenil apre-
Avaliação do Tratamento com
sentam curvaturas toracolombares ou lombares. Dobbs et a i. modifi- QUADRO 41-1 Colete da Escol iose ld iopática
caram o sistema de classificação da escoliose idiopática adolescente
Juvenil pela Diferença do Ângulo
criado por Lenke para a escoli ose idiopática juven il (Fig. 4 1-30). (Há
Costovertebral (RVAD)
os mesmos se is tipos de curvatura, mas em vez de utilizar radiografias
laterais para distinguir curvaturas estruturais pequenas de curvaturas •C aso os va lores da RVAD progridam mais de 1O graus
não estrutu rais, os autores utilizaram o desvio da linha média do ápice durante a utilização do colete, deve-se esperar progressão.
da curvatura em C7 para curvatu ras torácicas e o centro da linha •C aso os valores da RVAD diminuam com o tratam ento,
vertical sacra! para curvaturas toracolombares e lombares. Caso o pode-se uti liza r um colete em tempo parcial.
ápice d a curvatura esteja completamente desa linhad o, há uma curva- •Pacientes com curvas com valores de RVAD próximos ou
tura estrutural pequena. Caso o ápice não esteja fo ra da linha, há um a abaixo de O graus na ocasião do diagnóstico geralmente
curvatura não estrutu ral pequena.) necessitam apenas de um pequeno período com colete
Assim como na escoliose idiopática in fa ntil , uma alta in cidência em tempo integral antes do início da uti lização do colet e
de anormalid ades do eixo neural fo i descoberta em RM de crianças em tempo parcial.
com meno s d e 11 anos de idade com escoliose (26,7%). Alguns
CAPÍTULO 41 ESCOLIOSE E CIFOSE U©f#
meses em um estudo. Mannherz et ai. desco briram que RVADs co m
progressões superiores a 10 graus estão associadas à progressão da T1-L5
curvatura, sendo notada um a incidência maior de progressão em
pacientes com menos de 20 graus de cifose torácica. Curvaturas 2
dup las grandes tendem a progredir mais frequentemente.
Kahanovitz, Levine e Lardone descobriram que pacientes que
utili zavam coletes de Milwaukee em meio período (após a escola e T1-T12
o
durante a noite) apresentaram bons resultados com curvaturas infe- e
ri ores a 35 graus e RVADs inferiores a 20 graus. Pacientes com ~
E
curvaturas supe riores a 45 graus no início da utili zação dos coletes o
L 1-L5
e cujas RVADs excediam 20 graus eve ntu almente passaram por
fu são espinhal. Pacientes com cur vaturas de 35 a 45 graus no início
da utilização do colete apresentaram prognósticos muito menos pre-
visíveis. O programa de utili zação de ór tese em meio período co n-
sis tiu na utili zação desse dispositivo após a escola e durante toda a
noite por aproxi madamente 1 ano. Os pacientes então mantive ram
o uso desse di spositivo à noite apenas por mais 2,5 anos. A partir de
5 10 15
então, fo i utili zado em noites alternadas por em média 1,2 ano. Em
geral, a utili zação do colete fo i interrompid a em média aos 14 anos Anos
de idade. Individualmente, entreta nto, o número de horas co m o
colete dep endi a da quantidade de melhora e da estabilidade da cur- O[riil;fiirJm Velocidade de crescimento do segmento TH5,
vatura. O tratam ento com utili zação de colete em meio período do segmento torácico T1 - 12 e do segmento lombar L1 -5. (De
pode proporcionar a essas crianças benefícios sociais e psicológicos Dimegl io A: Growth of the spi ne before age 5 years, J Pediatr Orthop
que não existe m no programa de utilização integral. O colete de B 1 102, 1993 .)
Milwa ukee pode ser preferível por não comp rimir a parede torácica
de pacientes jovens. Em ge ral, um TLSO de contato total é presc rito,
mas pode oco rrer distorção da caixa torácica por causa do longo
período de utilização. Robin son e McMaster descobriram qu e o
nível da vértebra mais rotacionada no ápice da curvatura primária
é o fator mais útil na determinação do prognóstico em pac ientes
com escoliose idiopática juvenil. Pacientes com ápices de curvatura
em T8, T9 ou TlO apresentaram 80% de chance de necessitar de
artrodese espinhal até os 15 anos de idade.
Mesmo que a curva progrida, a utili zação do colete pode retar-
dar a progressão e adiar a cirurgia até que a criança seja mais velha,
o que pode evitar o encurtamento do tronco e diminuir a probabili-
dade do "fenômeno do virabrequirn''. Caso o tratamento ortopédi co
fa lhe, o controle cirúrgico da curvatura deve ser avaliado. Considera-
ções importantes sobre o tratamento cirúrgico de pacientes co m
escoliose idiopática juvenil incluem a perda prevista de altura da
coluna e a limitação do crescimento das paredes torácicas e do desen -
volvimento dos pulmões após a fusão espinhal. O utra consideração
importante é o "fenômeno do virabrequim''. Com urna fusão posterior
sólida, o crescimento anterior contínuo dos corpos vertebrais faz com
que os corpos e os discos vertebrais movam-se lateralmente em
A
direção à convexidade e girem sobre a fusão posterior, resultando em
perda da correção, aumento da rotação vertebral e recorrência da
h@'h@Dm Fenôme no do Virabrequim. A, Espinha com esco-
li ose. B, Apesar da fusão posterior sólida, o crescimento anterior
protuberância das costelas. Dimeglio descobriu que, durante os pri-
contínuo causa aumento da deformidade.
meiros 5 anos de vida, a coluna de Tl a Sl cresce mais de 2 cm por
ano. Entre 5 e 10 anos, ela cresce 0,9 cm por ano e, em seguida, cerca
de 1,8 cm por ano durante a puberdade (Fig. 4l-5). Uma fus ão espi- Uma cartilagem trirradiada aberta na pelve indica a necessidade de
nh al sólida impede o crescimento longitudinal dos elementos poste- uma fu são anterior suplementar. Com a correção superior e o controle
riores, mas os corpos vertebrais continuam a crescer anteriormente. rotacional disponível com instrumentação por parafusos pedi culares,
Não há aco rdo completo sobre os parâmetros exatos para que a necessidade de fusão anterior possa, talvez, ser diminuída.
uma criança necessite de fusão anteri or e posterior para evitar esse Caso a criança tenh a menos de 8 anos de idade e seja pequena,
fenômeno (F igs. 41-6 e 4 1-7) . Shuffi ebarger e Clarke recome nd a- o tratamento ideal é o siste ma de hastes de crescimento sem fus ão
ram que os pacientes com sinal de Risse r grau O ou 1, grau de ou técnicas de modulação do crescimento. Caso a criança tenha 9
Tan ner inferi or a 2 e uma defo rmid ade tridim ensional significativa ou 10 anos de idade ou seja grande, as hastes de crescimento ou
passem por uma fusão periapical ante rior preliminar antes da ins- técn icas de modul ação do crescimento ainda podem ser utili zadas,
trum entação e fusão posterior. Sanders et ai. observaram qu e 10 mas a instrumentação e a fu são podem se r adequadas. Nesse caso,
de 43 pacientes com cartilagem trirradiad a desenvolveram defor mi- deve-se realizar a fusão anterior e posterior para evitar o fenômeno
dad e em virabrequim após passarem apenas por fusão posterior. do virabrequ im.
wrm1$ PARTE XII A COLUNA

H@ii;MrJm Curvatura de 57
graus (A) foi corrigida para 39 graus
com fusão posterior e instrumenta-
ção (B). C, Três anos após a cirurgia, a
deformidade recorreu por causa do
fenômeno do virabrequim.

• INSTRUMENTAÇÃO COM HASTES DE imobi lização externa até que o sistema possa ser convertido
CRESCIMENTO para um sist ema de hastes pediátricas de diâmetros maiores.
A instrumentação com hastes de crescimento é uma técnica de
instrumentação posterior que é sequencialmente alongada para per- TÉCNICA ~
----~~~~~~__,~
mitir o crescimento longitudinal e controlar a deformidade espinhal
progressiva. •Coloque o paciente em decúbito ventral sobre a mesa ou
Moe et ai. descreveram a utilização de uma haste Harrington quadro de cirurgia. Prepare e esterilize as costas como de
subcutânea sem fusão, seguida pela utili zação de uma órtese externa costume .
em tempo integral, em certas curvaturas flexíveis em crianças em fase • Tome cuidado para selecionar as vértebras neutras em
de crescimento. Os autores notaram um ganho médio de compri- ambas as extrem idades da curvatura e faça uma incisão
mento na área instrumentada de 3,8 cm que acabou por necessitar de longa e reti línea no tecido subcutâneo da vértebra neutra
fusão. Complicações, a mais frequente das qua is foi o deslocamento superior até a vértebra neutra inferior.
dos ganchos, ocorreram em 50% dos pacientes. • Confirm e os níveis com uma radiografia.
As técnicas com hastes de crescimento devem ser consideradas •Real ize a dissecção até as lâminas e os processos espinho-
em pacientes cooperativos com unidades familiares estáveis. A ci rur- sos da vértebra terminal.
gia é necessária a cada 6 meses para alongar o construto. Em geral, •Remova o periósteo das lâm in as côncavas e convexas até
uma TLSO é necessá ria pelo menos nos primeiros 6 meses para a face articula r das duas vértebras selecionadas para os
proteger os níveis superiores e inferiores da instrumentação. Hastes ganchos em cada uma das extremidades da curvatura.
de crescimento duplas mostraram-se eficazes no controle de defor- •As fundações superiores e inferiores para as hastes de cresci-
midades espinhais graves e permitiram o crescimento espinhal. mento podem ser realizadas com ganchos ou parafusos. Caso
Com a utilização de hastes duplas, a fusão apical não parece ser sejam utilizados ganchos para formar a garra superior, insira
necessária durante o curso do tratamento. Nós tivemos menos pro- um gancho pedicular na mais inferior das duas vértebras
blemas de instrumentação com a técnica de haste dupla do que com superiores e outro no processo transverso superior da mais
as técnicas anteriores de haste simples. superior das duas vértebras, nos lados côncavo e convexo.
•Forme a garra inferior colocando um gancho supra lam i-
nar na vértebra superior e um gancho infra laminar na
INSTRUMENTAÇÃO COM HASTES _DE vértebra inferior. Caso seja anatomicamente possível, a
CRESCIMENTO DUPLAS SEM FUSAO fixação com parafusos pediculares pode ser utilizada
tanto na fundação superior quanto na inferior.
Um sistema de instrumentação segmentar com múltiplos •Utilize duas hastes no lado côncavo e duas hastes no lado
ganchos, como o sistema CD Horizon Legacy (Medtronic convexo.
Sofamor Danek, Memphis, TN) é utilizado. Caso a criança • Ajuste o contorno das hastes para corresponder aos con-
pese menos de 13,6 kg, pode ser necessário um instrumen- tornos naturais de cifose e lordose.
tal vertebra l infantil. Nesse caso, a haste é bem flexível e, • Insira as hastes sob visualização direta e utilize parafusos ade-
portanto, é necessária proteção ad icional na forma de quados para fixá-las nos ganchos ou parafusos pediculares.
CAPÍTULO 41 ESCOLIOSE E CIFOSE

construto são instrumentadas com parafusos que não são travados à


haste. Teoricamente, isso permite o controle a.picai da deformidade e o
alongamento axial contínuo da espinha em crescimento.
As hastes de crescimento apresentam complicações potenciais.
As mais comuns são: (1) quebra das hastes, (2) deslocamento dos
ganchos ou a falha dos pontos de fixação proximais ou distais, (3)
infecção, (4) rompimento da pele sobre as hastes proeminentes e (5)
autofusão da espinha.
A instrumentação com VEPTR também pode ser utilizada
como um sistema de hastes de crescimento (Técnica 41-41). As
construções podem ser de costela para costela, costela para lâmina
ou costela para pelve. Essa técnica possui a vantagem de apresentar
exposição mínima da coluna e uma possível diminuição do risco de
fusão espontânea da coluna vertebral. Outra técnica possível é a
utili zação de um instrumental em forma de garra ao redor das cos-
telas para agir como a fixação proximal para as hastes de cresci-
mento duplas. A vantagem da utilização das costelas como âncoras
em vez das vertebras é a preservação do movimento entre as vérte-
bras, evitando ou retardando, assim, a fusão espontânea. Esse pro-
cedimento é contraindicado em pacientes com cifose (a cifose
torácica superior é mal controlada com as âncoras nas costelas) e
pacientes que não podem suportar repetitivos procedimentos cirúr-
gicos. Essa técnica utiliza implan tes tradicionais com ganchos que
se encaixam ao redor das costelas. É importante colocar os ganchos
o mais próximo possível do processo transverso para evitar que eles
deslizem lateralmente (Fig. 41-11).

B
FIXAÇÃO DAS HASTES DE
iâ@ii;@B1'9 Técnica de instrumentação com hastes duplas. A, CRESCIMENTO COM ANCORAGEM
Vista anteroposterior. B, Vista lateral mostrando o constructo

-----
contorn ado para manter o a linhamento sagita l. Pares de conec- NAS COSTELAS
tores estendidos são co locados na espi nha toracolombar para TÉCNICA
min im iza r o perfil. VEJA A TÉCNICA 41 -2.
(SANKAR E SKAGGS)
•U na as hastes com um conector específico pequeno (Fig .
4 1-8). • Posicione o paciente em pronação tomando cuidado para
•Utilize lascas ósseas ao redor das fundações superiores e forrar todas as proeminências ósseas. O neuromonitora-
inferiores. mento é essencial durante esse procedimento e deve
•N ão tente realizar uma dissecção subperiosteal entre os incluir as extremidades superiores e inferiores.
locais dos ganchos. • Rea lize uma incisão cutânea na li nha méd ia ou duas
incisões sepa radas nas partes superior e inferior do cons-
Ql!l1J4t!1J41fj1]Qji!!j(l];Jt1• A criança utiliza uma órtese truto, dependendo da cirurgia .
nos primeiros 6 meses . Nessa ocasião, a utilização da •Disseque os tecidos subcutâneos e eleve um retalho
órtese pode ser interrompida caso os locais dos ganchos superficial até os músculos paraespinhais lateralmente
estejam fundidos de modo sólido. As hastes são alongadas passando pelos processos transversos. Confirme a locali-
rotineiramente a cada 6 meses. O alongamento é rea lizado zação fluoroscopicamente .
expondo o conector e afrouxando os parafusos. Realiza-se •Alternativamente, caso o paciente possua diversas costelas
a distração e os parafusos são reapertados. Os alonga- fundidas e esteja planejada uma toracostomia aberta,
mentos são interrompidos quando não for possível rea lizar coloque o paciente em decúbito lateral. Realize uma incisão
mais distrações. Neste ponto, o paciente é submetido à curvilínea em forma de J, começa ndo no ponto médio entre
artrodese final. Ela gera lmente necessita da remoção das a margem medial da escápu la e o processo espinhoso pos-
hastes e, de acordo com a nossa experiência, caso as terior de T1-T2 . Realize a incisão distal e lateralmente através
âncoras proximal e distal ainda estejam solidamente fixas da décima costela. Transeccione as camadas musculares em
e bem fundidas, elas são utilizadas como parte do cons- linha com a incisão cutânea para baixo até o nível das cos-
trudo final (Figs. 41-9 e 41-1 O). telas e eleve o reta lho anterior até a junção costocondral.
Os músculos paraespinhais são elevados de lateral para
medial até as extremidades do processo transverso. Em
Outros instrumentais com hastes de crescimento duplas incluem pacientes com mú ltiplas fusões de costelas e paredes torá-
as técnicas de Luque e de Shilla. A técnica de Luque consiste em cabos cicas duras, a toracotomia aberta em cunha é indicada.
e hastes sub laminares sem fusão. A técnica de Shilla consiste no implante •Na maioria dos pacientes, uma toracostom ia geralmente
de um parafuso pedicular sem trava. O ápice da deformidade é fixado não é necessá ria e tem sido mostrado que ela interrompe )
e fundido com parafusos pediculares, enquanto as extremidades do
llllmD PARTE XII A COLUNA

iâ[rii!jlijBIJI A e B, Radi ogra fi a post eroanterior co m o


paciente em pé mostrando a esp in ha de uma criança de 6 anos
de idade co m neurofibromat ose. Apesa r da utili zação de
suporte, a curvatu ra au mentou de 38 graus (A) para 67 graus
(B). e, O pacie nte apresenta um neurofib ro ma não resseccio-
náve l virtua lm ente oclui ndo um dos pulmões. Acredita va-se
que t odas as medid as possíve is deveria m ser tom adas para
permi t ir o crescimento da cavidade to ráci ca e a expan são dos
pu lm ões . Fora m inseri das hast es de cresci mento dupl as. Poste-
riorm ente a este caso, conect ores de hast e de crescim ento, q ue
t êm perfil mais baixo, enco nt ram-se agora di sponíve is. D,
Radiog rafi a posteroante ri or co m a pacie nte em pé após alon-
gamento rot ineiro das hastes 6 meses mais ta rd e. A curva mede
agora 45 graus. E, Ra diog rafi a anteroposterior em pé após o
alongament o. VEJA A TÉCNICA 41-2 .

a função pulmonar. A utilização de implantes de costela mantenha-se subperiosteal à dissecção da costela. Utilize
)
baseados em distração é útil na abertura de espaços de um elevador de Freer tanto na direção superior quanto
costelas. Ganchos de coluna padrão podem ser uti lizados. inferior ao redor da costela para criar um cana l. Insira a
Realize uma incisão transversa de 5 mm distalmente ao capa do alojamento na extrem idade superior do cana l e
feixe neurovascu lar utilizando um cautério (lateralmente o alojamento na extremidade inferior. Al inhe os dois dis-
ao processo transverso) Certifique-se de que a dissecção positivos e conecte-os com a trava.
na parte superior da costela seja imediatamente adjacente •Coloque um gancho espinhal ascendente convencional
apenas ao processo transverso (Fig. 41-11 A) Se os tecidos no intervalo entre o periósteo e a pleura utilizando um
moles forem dissecados muito lateralmente, os ganchos insersor específico ou uma haste parcial. Geralmente, um
tendem a deslizar. Utilize um elevador de Freer para disse- segundo gancho ascendente é colocado ao redor da
car o tecido mole anterior à costela (Fig. 41-11 B). Preserve costela adjacente para dividir a carga. Não há necessidade
o periósteo ao redor da costela para permitir que ela de utilizar ganchos descendentes pois as forças de distra-
hipertrofie em resposta ao estresse. ção mantêm a costela no gancho.
•Caso seja necessário utilizar um dispositivo de alojamento •Após a fixação proximal, deve-se voltar a atenção para a
especializado, util ize uma técn ica de inserção simi lar, mas colocação da âncora distal. Pela mesma incisão, disseque
CAPÍTULO 41 ESCOLIOSE E CIFOSE i(fij@
•Caso seja rea lizada uma toracostomia de abertura, um
seg undo dispositivo costela-costela pode ser utiliza do
lateralmente para auxiliar na correção e reduzir a carga
sobre o dispositivo costela-espinha medial. Coloque o
alojamento superior nas mesmas costelas que possuem o
dispositivo media l híbrido e o alojamento inferior em uma
costela estável acima da 1Oª costela.
•Antes de fechar a incisão, preencha o local de ancoragem
superior com solução sa li na morna e realize a manobra
de Va lsa lva para descartar perfurações pleurais. Caso haja
bolhas, apl ique um Hemovac (Zimmer, lnc, Warsaw, IN)
ou tubo torácico no espaço pleura l por alguns dias.
•Feche a incisão em cama das utilizando uma sutura absor-
vível trançada 1-0 para o retalho musculocutâneo, uma
sutura 2-0 para a derme e uma sutura absorvível mono-
filamentar contínua 3-0 para a camada subcuticular final.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO A fi sioterap ia é iniciada


no primeiro dia após a cirurgia. Deve-se utiliza r um TLSO por
3 meses caso a artrodese tenha sido realizada em um local
de ancoragem distal. Os pacientes podem voltar a praticar
esportes após 3 meses. Os alongamentos são planejados
para cada 6 meses após a cirurgia inicial (Fig . 41-11 C).

1 CRESCIMENTO GUIADO E FIXAÇÃO DAS FISES


A modulação do crescimento é um a tentativa de ap licar os princí-
pios do crescimento gui ado nas extremidades inferiores com a
O@li;HBII!) Haste de crescimento. VEJA A
fixação das ti.ses. A fixação intervertebral é utilizada para criar uma
TÉCNICA 41-2.
conexão no lado co nvexo da coluna vertebral . Essa conexão teo-
ricamente perm ite o crescimento contínuo do lado côncavo da
deformidade espinhal e um a correção gradual da deformidade por
as lâminas das vértebras em questão subperiostea lmente. meio do crescimento.
Podem ser utilizadas tanto fi xação em um ún ico nível,
utili za ndo um gancho supralaminar descendente, como
fixação em dois níveis com parafusos pediculares . Caso
FIXAÇÃO INTERVERTEBRAL
se uti lize f ixação em um único nível, preserve o ligamento As indicações atuais para a fixação do corpo vertebral na
interespinhal para evitar cifose progressiva do segmento escoliose incluem idade abaixo de 13 anos para as meninas
distal com a distração. Caso se utilizem parafusos pedi- e 15 anos para os meninos, maturidade esquelética grau
culares, coloque-os em dois níveis adjacentes pois a colo- O ou 1 de Ri sser, restando 1 ano de crescimento pe la idade
cação dos im plantes pode lesionar as raízes nervosas. óssea do punho, rotação mínim a das curvatu ras torácicas
•C aso a ancoragem distal em dois níveis seja escolhida, e lombares de 45 graus e fl exibi li dade inferior a 20 graus,
utilize uma goiva estreita para destruir a articulação face- além de curvaturas torácicas sagita is com menos de 40
tária e apliqu e um aloenxerto esponjoso na articu lação. graus. Caso a curvatura torácica coronal tenha entre 35 e
Reali ze a descorticação do osso exposto e aplique um 45 graus e não seja corrigid a em imagens com incli nação
enxerto ósseo antes da haste para maximizar o co ntato . lateral para um va lor aba ixo de 20 graus, a adição de uma
•Caso tenha sido utiliza da apenas uma incisão e hastes instrumentação posterior híbrida costela-vértebra pode ser
separadas superiores e inferiores, elas podem ser conec- considerada. Caso a primeira radiografia ereta não meça
tadas por meio de um conector long itud in al ou de um 20 graus ou menos após a f ixação do corpo vertebra l, Betz
conector lateral com as hastes sobrepostas. É prudente et ai. recomendam a utilização de uma órtese corretiva até
utiliza r mais de um conector. Caso t enham sido utilizadas que a cu rvatura seja inferior a 20 graus.
duas in cisões separadas para a exposição, deve-se cri ar
um túnel pelo tecido mole entre os dois locais de anco- TÉCNICA ~
ragem para passagem das hastes. Sankar e Skaggs uti li- ~~~~~~~~--~
zam um tubo torácico para facilitar a passagem da haste. •Aplique uma anestesia geral e coloque o paciente em
•Apesa r de as hastes unilaterais serem menos invasivas, decúbito latera l com o lado convexo da escoliose voltado
elas possuem menos pontos de ancoragem para dividir a para cima .
ca rga e pode ser difícil equ ilibrar a curvatura. Hastes •Pode-se uti lizar estudos de imagem por fluoroscopia.
duplas são mais estáveis e menos propensas a perder a Planeje a fixação de todas as vértebras na curvatura de
f ixação, fac ilitando o ba lanceamento da espinha . Ao uti- Cobb med ida.
lizar hastes duplas, deve-se utilizar também um conector • Para curvatu ras torácicas, prefere-se uma abordagem assis-
tran sverso. tida por toracoscopia.
)
PARTE XII A COLUNA

HMll$i~ A, Modelo da câmara torácica. Coloca ção correta das âncoras nas costelas (setas brancas) lateralmente às extremidades
dos processos transversos (setas pretas). B, Di ssecção do tecido mole anterior à costela. C, Radiografias pós-operatórias posteroanterior
e lateral após a colocação de hastes de crescimento duplas com ancoragem nas costelas proximais (setas brancas) . As setas pretas indicam
os conectores e a haste transversal. (De Sankar WN, Skaggs DL: Rib anchors in distraction-based growing spine implants. ln Wang JC, editor:
Advanced reconstruction spine, Rosemont, IL, 2011, America n Academy of Orthopaedic Surgeons.) VEJA A TÉCNICA 41-3.
CAPÍTULO 41 ESCOLIOSE E CIFOSE

)
•Crie um portal na_ linha axilar posterio! para inserção das
fixações . Alternativamente, duas 1nC1Soes de toracotom1a
pequenas (<5 cm) podem ser utilizadas, uma centralizada
em T4-5 e a outra em T9-10. Na maioria dos casos, a
pleura parieta l não é removida e os vasos segmentares
são preservados.
•Utilize um instrumento de teste radiopaco para determi-

ÂNGULO DE
COBB
(GRAUS)
>10
MULHERES:
HOMENS
1,4-2: 1
PREVALÊNCIA
(%)
2-3
nar as dimensões das fixações (3 a 12 mm) e crie orifícios- >20 5,4: 1 0,3-0,5
piloto. Deve-se utilizar a menor f ixação que tenha as >30 10: 1 O, 1-0,3
dimensões do disco e da placa de crescimento .
>40 <0,1
• Insira uma fixação, previamente resfriada em uma vasi lha
com água gelada, no orifício pi loto. Duas fixações simples From Weinstein SL: Adolescent idiopathic scoliosis: prevalence and natural
(duas pontas) e uma fixação dupla (quatro pontas) são history. ln Weinstein SL, editor: The pediatric spine: principies and practice,
colocadas lateralmente, cobrindo cada disco da curvatura New York, 2001, Raven.
de Cobb medida. Ocasionalmente, em T4 e TS , as vérte-
bras são muito pequenas e podem acomodar apenas uma
única fixação de duas pontas. idade, mas antes da maturidade esquelética. Este é o tipo mais
•Caso haja hipocifose significativa (cifose < 1O graus) no comum de escoliose idiopática. As características da escoliose idio-
ápice da espinha torácica, coloque as fixações mais ante- pática adolescente incluem uma deformidade tridimensional da
riormente na parte intermediária do corpo vertebra l ou espinha com curvatura lateral e rotação dos corpos vertebrais. Em
coloque uma terceira fixação simples ao longo do aspecto sua maioria, as curvaturas idiopáticas são lordóticas ou hipocifóticas
anterolateral do corpo vertebra l. na região torácica, podendo representar um fator importante na
• Fixações que cruzam a ju nção toracolombar necessitam etiologia da escoliose idiopática.
de reflexão parcial do diafragma anteriormente à esp in ha
para que a aplicação seja rea lizada na posição correta. O
diafragma deve ser então rep arado. ETIOLOGIA
•Para as vé rtebras lombares, utilize uma abordagem retro-
peritoneal aberta pequena .
A causa exata da escoliose idiopática ainda é desconhecida. O con-
•Ligue os vasos segmentares de um ou dois níveis para
senso é que há uma predisposição hereditária e que a causa real é
permitir a retração posterior do psoas. Coloque as fixa -
multifatorial. Diversos fatores etiológicos foram propostos, mas eles
ções no terço posterior do corpo vertebral para permitir
podem ser divididos em seis categorias gerais: (1) fatores genéticos,
a lordose normal.
(2) distúrbios neurológicos, (3) disfunções hormonais e metabólicas,
•Em todos os casos, a correção máxima é obtida na mesa
(4) crescimento esquelético, (5) fatores biomecânicos e (6) fatores
da sala de cirurgia, primeiro pelo posicionamento, mas
ambientais e relacionados com o estilo de vida.
também pela pressão com o instrumento de teste de
grampo (Fig. 41-12)

HISTÓRIA NATURAL
• INSTRUMENTAÇÃO COM FUSÃO O conhecimento sobre a história natural e a prevalência da escoliose
Se a criança tiver mais de 9 ou 10 anos ou for incapaz de cooperar idiopática é essencial para determinar se é necessário tratamento.
com as demandas das hastes de crescimento, deve-se considerar a Três questões importantes devem ser respondidas:
instrumentação e a fusão espinhal. Deve-se considerar uma combi- 1. Qual a prevalência da escoliose idiopática na população geral?
nação de procedimentos anteriores e posteriores caso o paciente 2. Qual a probabilidade da progressão da curvatura que necessite
apresente risco de desenvolver o fenôme no do virabrequim (Figs. de tratamento em uma criança com escoliose?
41 -6 e 41-7). 3. Quais problemas podem ocorrer na vida adulta caso a esco-
Preferencialmente, caso seja realizado um procedimento ante- liose não seja tratada e a curvatura progrida?
rior, a liberação anterior e a fusão devem ser realizadas sem sacrificar Estima-se que curvaturas de escoliose idiopática com mais de
os vasos segmentares. A instrumentação anterior não é utilizada caso 10 graus ocorram em 2% a 3% das crianças com menos de 16 anos
a instrumentação posterior esteja marcada para um segundo proce- de idade. Weinstein criou uma tabela de cálculos que mostra a
dimento. Posteriormente, deve-se utilizar um sistema segmentar de diminuição da prevalência com o aumento da magnitude da curva-
ganchos múltiplos ou parafusos pediculares. Muitos desses sistemas tura (Tabela 41-2). A importância dos estudos sobre a prevalência
possuem ganchos, parafusos e hastes de tamanho variável, depen- mostra-se no fato de que graus pequenos de escoliose são comuns,
dendo do tamanho da criança. Obtivemos sucesso razoável, especial- mas curvaturas maiores ocorrem com muito menos frequência.
mente em crianças mais jovens, com a utilização de aloenxertos de Menos de 10% das crianças com curvas de 10 graus ou mais neces-
osso esponjoso liofilizado, obtendo uma fusão bem-sucedida sem a sitam de tratamento.
morbidade associada ao enxerto autólogo da crista ilíaca posterior. Uma vez descoberta a escoliose na criança, a curvatura deve
ser avaliada quanto à probabilidade de progressão. A maioria dos
autores define a progressão como um aumento de 5 ou mais graus
ESCOLIOSE IDIOPÁTICA de acordo com a medição de Cobb ao longo de duas consultas ou
ADOLESCENTE mais. O que se desconhece é se a progressão vai continuar e qual
será a curvatura final. A melhoria espontânea pode ocorrer em 3%
A escoliose idiopática adolescente está presente quando a deformi- dos adolescentes com escoliose idiopática, a maioria dos quais apre-
dade espinhal é reconhecida após a criança ter mais de 1O anos de senta curvaturas inferiores a 11 graus. Descobriu-se que certos
PARTE XII A COLUNA

H@il;f4tDm Crescimento orientado e grampeamento das fises . VEJA A


TÉCNICA 41-4.

fatores estão relacionados com a progressão da curvatura (Q uadro do pac iente ao longo do tempo e sendo em média 8 cm por ano
41-2). A progressão é mais provável em meninas do que em meninos. para as meninas e 9,5 cm por ano para os meninos. Mostrou-se
O período de progressão da curvatura na escoliose idiopática adoles- que a incidência da progressão também está ligada ao padrão da
cente ocorre, geralmente, durante a fase de crescimento rápido na curva tura. Em geral, as curvaturas duplas são mais propensas a
adolescência e antes do início da menstruação. Esse período de cres- progredir do que as cur vaturas simples e as curvaturas torácicas
cimento rápido foi chamado de velocidade de crescimento (PHV, do simples tendem a ser mais prog ressivas do que as curvaturas lom-
inglês peak height velocity) , calculada a partir das alterações na altura bares simples. A incidência da progressão também aumenta com
CAPÍTULO 41 ESCOLIOSE E CIFOSE

Fatores ~elacionad~s com a


A incidência de dores nas costas na população geral é de 60% a
QUADROl 41 _2 80% e a incidência em pacientes com escoliose idiopática é comparável.
Progressao da Escohose
A incidência de dores frequentes nas costas é significativamente maior
Idiopática Adolescente
em pacientes com escoliose (80% a 86%) do que em pacientes sem
•Meninas> meninos escoliose. Pacientes com curvaturas lombares ou toracolombares, espe-
• Pré-menarca l cialmente aqueles com deslocamentos na parte inferior da curvatura,
• Sinal de Risser de O apresentam incidência ligeiramente maior de dores nas costas do que
•Curvas duplas > curvas simples pacientes com outros padrões de curvatura, mas elas raramente são
•Curvas torácicas > curvas lombares incapacitantes e não estão relacionadas com a presença de alterações
•Curvas mais graves osteoartríticas nas radiografias. Entretanto, constatou-se que as dores
nas costas são mais graves do que em adultos sem escoliose.
Em um estudo de acompanhamento de 50 anos, a incidência de
dores nas costas em pacientes com escoliose foi de 77% em compara-
ção com 37% em indivíduos de controle. Dores crônicas nas costas
foram relatadas em 61 % dos pacientes com escoliose e em 35% do
grupo de controle. Entretanto, a habilidade dos pacientes com esco-
liose de realizar ativ idades do dia a dia e trabalhar foi similar aos
indivíduos do grupo de controle. Estudos mostraram que o sintoma
mais comum em pacientes com escoliose é a dor nas costas após um
dia cansativo ou após atividades incomuns, sendo aliviada através de
repouso. A localização da dor nesses estudos variou, geralmente não
estando relacionada com o local e o grau da curvatura.
1 1 1 1 1 1 Em contraste, curvaturas lombares e toracolombares podem
30 28 2624 22 20
aparecer na vida adulta e ca usar dores graves e desconforto. Esse
Ângulo de Cobb
90 tipo de escoliose degenerativa não deve ser confundido com a his-
80 .~
70 ()
,g
C1)
tória natural da escoliose idiopática adolescente não tratada . Por
60 (fü 25 fim, é importante determinar se a dor está relacionada com a esco-
50 ~ o, liose antes de se realizar deliberações sobre o tratamento.
40 ~
30 - o_
e
Urna correlação direta foi notada entre a diminuição da capa-
20 (f!.. Cl)
10 TI cidade vital e o aumento da curvatura. Fumantes foram afetados
o
6 8 10 12 141 6 18 20 22 2426 2830 muito mais gravemente do que não fumantes. Limitações significa-
tivas da capacidade vital forçada de não fumantes não ocorreram até
lê@li;@B1:9 Monograma para predição da progressão da a curvatura aproximar-se de 100 a 120 graus.
curva esco li ótica. (De Lonstein JE, Carlson JM: The prediction of curve A mortalidade em pacientes com escoliose idiopática adulta
progression in untreated idiopathic scoliosis during growth, J Bane Joint também parece estar relacionada com curvaturas torácicas superiores
Surg 66A: 106 1, 1984 ) a 100 graus, com resultante cor pulmonale. Em um estudo de longo
prazo de 40 anos, a taxa de mortalidade foi de 15%, mas apenas um
paciente apresentou cor pulmonale sec undária à escoliose corno causa
a magnitude da curvatura. Bunnell estimou que o risco de progres- da morte. Em um subsequente acompanhamento de 50 a.nos, o
são de uma curvatura de 20 graus é aproximadamente 20% e que o número de mortes aumentou conforme esperado, mas estava de
risco para uma curvatura de 50 graus é de 90%. Lonstein e Carlson acordo com as taxas previstas para pacientes nascidos no mesmo ano.
desenvolveram um monograma para predizer a progressão de uma Em outro estudo, nenhum paciente com escoliose idiopática iniciada
curvatura durante a primeira visita do paciente (Fig. 41-13) . na adolescência morreu por causa de insuficiência respiratória. Os
Suh e MacEwen estud aram a história natural da escoliose efeitos pulmonares mais graves da escoliose idiopática ocorrem em
idiopáti ca apenas em meninos. O sinal de Risser foi um indicador curvaturas que se desenvolvem antes dos 5 anos de idade.
importante da maturidade esq uelética. A taxa média de progressão O efeito psicológico da escoliose foi estudado por diversos
da curvatura da apresentação até a maturação no grau 4 de Risser autores. A infelic idade com a aparência está frequentemente relacio-
foi de 3 graus por ano. As curvaturas continuaram a progredir até nada com o tamanho da proeminência das costelas. Pacientes de
o grau 5 de Risser (fechamento completo da apófise da crista ilíaca) meia-idade toleram os efeitos psicológicos da escoliose melhor do que
ser alcançado, o que não ocorre até os 18 ou 19 anos de idade em os adolescentes; entretanto, muitos pacientes adultos que buscam tra-
alguns pacientes. Em meninas, a escoliose idiopática além do grau tamento para a escoliose idiopática adolescente não tratada estão mais
4 de Risser é considerada uma curvatura adulta. Meninos com preocupados com os aspectos estéticos da doença.
curvaturas entre 40 e 50 graus não apresentaram evidências de As curvaturas podem continuar a progredir por toda a vida
co ntinu ação da progressão da curvatura além do grau 5 de Risser, adulta. Weinstein et al. identificaram diversos fatores que predizem
co ntradi zendo outros estudos mostrando que tais curvas tendem a probabilidade de progressão da curva após a maturidade (Tabela
a progredir 1 grau por ano ao longo da vida. 41-3). Em geral, curvaturas em qualquer área com menos de 30
O efeito de curvaturas progressivas em adultos com escoliose gra us na maturidade esquelética tendem a não progredir na vida
não tratada foi estudado por diversos pesquisadores. As cinco prin- adulta. Curvaturas maiores mostraram-se mais propensas a progre-
cipais considerações na história natural da escoliose idiopática ado- dir na vida adulta, especialmente curvaturas torácicas entre 50 e 75
lescente não tratada em ad ultos são: (1) dores nas costas, (2) função graus. Curvaturas lombares também tendem a progredir na vida
pulmonar, (3) efeitos psicossociais, (4) mortalidade e (5) progressão adulta para curvaturas inferiores a 50 graus caso sejam acompanha-
da curvatura. das por deslocamentos transitórios entre as vértebras inferiores.
lllD!D PARTE XII A CO LU NA

iTABELA ~;~~~. Fatores de Progress~o em


inferiores a 7 graus podem ser considerados nos limites da normali-
Míiilii. '· ·' .
-· ·
Curvaturas com mais de 30 Graus
na Maturidade Esquelética
dade. Os comprimentos dos membros devem ser medidos, pois uma
discrepância pode causar uma inclinação da pelve e uma escoliose
compensatória. Deve-se realizar um exame neurológico completo
TORÁCICA
para determ inar se um neoplasma intraespinhal ou um distúrbio neu-
LOMBAR TORACOLOMBAR
rológico é a causa da escoliose. Deve-se prestar atenção especialmente
Cobb > 50 graus Cobb > 30 graus Cobb > 30 graus
aos reflexos abdominais, pois eles representam a única anormalidade
Rotação vertical Rotação vertical Rota ção vertical neurológica presente em alguns distúrbios intraespinhais.
apical > 30 apica l > 30 apical > 30%
graus graus
Ângulo de Direção da curva Deslocamentos AVALIAÇÃO RADIOGRÁFICA
Mehta > 30 Relação LS à linha de transla ção
graus intercristal
Radiografias posteroanteriores e laterais da coluna vertebral,
Deslocamentos de
incluindo a crista ilíaca distalmente e grande parte da coluna
translação
cervical proximamente, devem ser tomadas com o paciente em pé.
De Weinstein SL: Natura l history, Spine 24:2592, 1999. A inclusão da crista ilíaca e da coluna cervical geralmente demanda
cassetes de 3,5 X 9 cm ou equipamentos digitais que permitam a
união precisa de imagens. Os pacientes devem ficar em pé com os
AVALIAÇÃO DO PACIENTE joelhos travados, os pés separados e olhando diretamente para a
frente. Os ombros devem ficar flexionados para frente, os cotovelos
A avaliação inicial do paciente deve incluir uma história minuciosa, completamente flexionados e os punhos em repouso sobre as claví-
exames físicos e neurológicos completos e radiografias panorâmicas culas. Os órgãos com mais riscos decorrentes da radiação são os
da coluna vertebral. Após o exame físico geral, a espinha deve ser seios em desenvolvimento e a radiação é diminuída em um fa tor de
examinada cuidadosamente e as características da deformidade 5 para 11 por meio do uso da vista posteroanterior. Filmes radio-
devem ser registradas. gráficos mais rápidos e dispositivos protetores ajudam a proteger o
A maioria dos pacientes com escoliose apresenta-se para ava- paciente contra a exposição à radiação.
liação por causa da deformidade. Dores nas costas estão presentes A avaliação da flexibilidade de um padrão de curvatura esco-
em cerca de 32% dos pacientes com escoli ose idiopática (23% na liótica é importante quando o paciente está se ndo avaliado para
apresentação e 9% durante o tratamento). Mais exames podem cirurgia ou utilização de suporte. Ela pode ser realizada com radio-
ser necessários se as dores nas costas forem persistentes, interfe- grafias com o tronco fletido para a esq uerda ou direita, radiografias
rirem nas atividades diárias, ocorrerem durante a noite ou em tração, radiografias com dobra do tronco para frente. Caso a
estejam associadas a quaisquer anormalidades neurológicas desco- junção lombossacral não possa ser vista com clareza na radiografia
bertas. O estado menarcal, a altura dos pais e a história fam iliar de lateral co m o paciente em pé, uma radiografia lateral da articulação
escoliose devem ser determinados. lombossacral deve ser tomada para descartar espondilolistese.
Durante o exame físico, a altura do paciente deve ser medida. Vistas anteroposteriores convencionais da curvatura escolió-
A medição serial da altura determinará se a velocidade máxima de tica podem subestimar a magnitude da curvatura. Além disso, vistas
crescimento está ocorrendo em associação com aumento da pro- laterais ve rdadeiras mostram uma lordose quando as vistas laterais
gressão da curvatura. A altura do paciente em pé e sentado deve ser mais convencionais transmitem a impressão errônea de cifose (Fig.
medida e registrada. Essas medições serão comparadas com medi- 41-14). Stagnara descreveu um a técnica radiográfica para eliminar
ções posteriores para determinar alterações na altura total do esse componente rotacional da curvatura. Nessa técnica, uma radio-
paciente e se quaisquer alterações estão sendo ca usadas pelo cresci- grafia oblíqua é tomada com o cassete paralelo ao aspecto medial da
mento das extremidades inferiores ou pelo aumento ou diminui- proeminência rotacional da costela e o feixe de raios X é posicionado
ção da altura do tronco. Durante o exame físico da coluna vertebral, em ângulo reto com o cassete (Fig. 14-15) . Um filme tomado com
o examinador deve procurar verrugas, locais com pelos ou anor- ângulo de 90 graus proporciona uma vista lateral verdadeira, permi-
malidades na pele, como hemangiomas ou manchas café com leite. tindo uma medição muito mais precisa do tamanho da curvatura e
A assimetria dos ombros, escápulas, costelas e cintura devem ser urna avaliação melhor da anatomia vertebral (Fig. 41-16).
registradas. O equilíbrio vertebral pode ser determinado pelo ali- Apesar de não haver um método absolutamente preciso dispo-
nhamento da cabeça e da pelve. A cabeça deve estar posicionada nível para determinar a maturidade esquelética de um adolescente
diretamente acima do sulco glúteo. Isso pode ser determinado tra- ao longo da puberdade, diversos parâmetros radiográficos podem
çando-se uma linha a partir da base do crânio ou do processo espi- ser utilizados para avaliar a maturidade. O método mais comum é
nhoso de C7. A linha não deve desviar do centro do sulco glúteo em a avaliação da idade óssea na mão e no punho e do desenvolvimento
mais de 1 a 2 cm . No plano sagital, a coluna torácica frequentemente da apófise ilíaca (sinal de Risser), da cartilagem trirradiada, da ossi-
é hip ocifótica. Caso não haja hipocifose clínica e radiograficamente, ficação da apófise do olecrano e a ossificação digital.
a siringe pode ser descartada por RM. O melhor teste clínico para O sinal de Risser é uma medição baseada na ossificação da
avaliar a curvatura espinhal é o teste de flexão para frente de Adams. apófise ilíaca, a qual é dividida em quatro quadrantes. O sinal de
O adolescente é observado por trás conforme dobra-se para frente Risser progride do grau O, sem ossificação, para o grau 4, no qual
da cintura até que a espinha esteja horizontal. "Os joelhos devem todos os quatro quadrantes da apófise apresentam ossificação. O grau
estar retos, os pés juntos, os braços dependentes e as palmas em 5 ocorre quando a apófise se funde completamente com o ílio,
oposição:' Por causa da rotação verteb ral, isso criará uma proemi- quando o paciente atinge a maturidade esquelética. O sinal de Risser
nência das costelas na região torácica ou uma massa paraespinhal pode não ser tão útil para predizer a progressão da curvatura pois
na região lombar. O escoliômetro pode ser utilizado em conjunto descobriu-se que o grau 1 começa após o período de crescimento
com o teste de Adams para avaliar a rotação do tronco. Ângulos rápido na adolescência ou pico da velocidade de crescimento.
CAPÍTULO 41 ESCOLIOSE E CIFOSE

H@i!ajD19 Radiografias em quatro pontos durante o ciclo rotacional de uma coluna vertebral escoliótica articulada mostram
mudan ças do ângulo de Cobb com rotação. Na vista anteroposterior, o ângu lo de Cobb aparente é de 87 graus (A) e o ângulo de Cobb
real é de 128 graus (B). Na vista lateral, a cifose aparente de 61 graus (C) e a lordose apical real de 14 graus (D). (De Deacon P, Flood
BM, Dickson RA: ldiopath ic scoliosis in th ree dimensions: a radiographic and morphometric analysis, J Bone Joint Surg 668:509, 1984.)

em meninos com escoliose e relataram urna precisão de 91 % para a


predição da progressão para 45 graus ou m ais. Tanto em meninas
como em meninos, eles descobriram que o PHV é superior ao sinal
de Risser, à idade cronológica e à idade menarcal como indicador
de maturidade.
A cartilagem trirradiada começa a ossificar-se nos estágios
iniciais da puberdade. Em meninas, ela está completamente ossifi-
cada após o período de PHV e antes do grau 1 de Risser e da
rnenarca. Em meninos, ela está nos estágios iniciais de ossificação,
no início da puberdade. Sanders et ai. avaliaram a relação entre o
PHV e a ocorrência do fenômeno do virabrequim após a artrodese
posterior e a instrumentação. Eles descobriram que em pacientes
com cartilagens trirradiadas abertas, as cirurgias realizadas antes ou
durante o período de PHV constituíam um forte preditor do fenô-
meno do virabrequim (Fig. 14-17).
O@i@1mJL9 Diagrama da vista da derrotação de Outros métodos de avaliação da maturidade e do risco de
Stagnara. progressão da curvatura são baseados em radiografias da mão e do
punho ou do cotovelo. O método de Sauvegrain determina a idade
O pico da velocidade de crescimento (PHV) tem sido rela- esquelética a partir de radiografias anteroposteriores e laterais do
tado por diversos autores como um indicador de maturidade cotovelo esquerdo. Trata-se de um sistema de 27 pontos baseado em
melhor do que o sinal de Risser, a idade cronológica ou a idade quatro estruturas anatômicas ao redor do cotovelo: o côndilo lateral,
menarcal. O PHV é calculado a partir de medições seriais da altura, a tróclea, a apófise do olécrano e a epífise radial proximal. A idade
sendo expresso em centrímetros de crescimento por ano. Os valores esquelética é determinada a partir desses resultados. Charles et ai.
médios do PHV são de 8 cm por ano para as meninas e 9,5 cm por relataram um método para avaliar a maturidade com base na apófise
ano para os meninos. Little et ai., em um estudo com 120 meninas do olécrano. Cinco rad iografias demonstraram as características
com escoliose, descobriu que o PHV predizia com precisão a inter- típicas do olécrano durante o crescimento na puberdade: dois
rupção do crescimento (3,6 anos após o PHV em 90%) e a probabi- núcleos de ossificação, uma imagem em meia-lua, uma forma retan-
lidade de progressão da curvatura. De 60 pacientes com curvaturas gular, o início da fusão e o término da fusão. Trata-se de um método
superiores a 30 graus quando no PHV, 50 (83%) apresentaram pro- simples, mas confiável de avaliação da idade esquelética durante a
gressão da curvatura para 45 graus ou mais; de 28 pacientes com fase do pico da velocidade de crescimento, permitindo que a idade
curvaturas de 30 graus ou menos no PHV, apenas um (4%) progre- esquelética seja determinada em intervalos de 6 meses para idades
diu para 45 graus ou mais. Little et ai. obtiveram resultados similares entre 11 e 13 anos em meninas e entre 13 e 15 anos em meninos.
~ PARTE XII A COLUNA

H[êjil;HBllD A, Radiografia posteroanterior padrão de uma escoliose grande. B, Vista de Stagnara mostrando mais detalhes da
curvatura, do tamanho e da anatomia vertebral.

PHV Diagrama da Puberdade


Fechamento do cotovelo

Cartilagem
trirradiada
Fechada

Sem virabrequim
Risser O

Idade D Zona 1 Risse r O, trirradiada aberta


D Zona 2 Risse r O, trirradiada fechad a
D Zona 3 Risse r 1-11 , trocanter maior aberto
H@ii;bjBlf» Velocidade de crescimento. O fechamento da D Zona 4 Risser Ili-IV, trocanter maior fechado
cartilagem trirradiada (CTR) ocorre após o período do pico da velo-
cidade de crescimento (PHV) e antes do grau 1 de Risser e da lj!§lhfflB19 Diagrama da puberdade dividido em quatro
menarca . (Modificada de Sanders JO, Little DG, Richards BS: Prediction of zonas. Zona 1, lado ascendente, cartilagem trirradiada aberta,
the crankshaft phenomenon by peak height velocity, Spine 22: 1352, 1997.) idade óssea entre 11 e 13 anos em meninas e meninos (Risser O) .
Zona 2, lado ascendente, cartilagem trirradiada fechada, idade
Eles descobriram que essa informação complementava o grau O de óssea entre 11 e 13 anos em meninas e entre 13 e 15 anos em
Risser e as informações sobre o fechamento da cartilagem trirra- meninos (Risser O) . Zona 3, lado descendente, cotovelo fechado,
diada (Figs. 41- 18 e 41-19). mas sem fusão do trocanter maior, idade óssea entre 13 e 16 anos
Tanto a classificação Tanner-Wh itehouse-IIIRUS, baseada em meninas e entre 15 e 18 anos em meninos (Risser 1-2). Zona
na aparência rad iográfica das epífises do rádio distal, ulna e ossícu- 4, lado descendente, cotovelo fechado e trocanter maior fundido,
los das mãos, corno o sistema de classificação digital da maturidade idade óssea entre 13 e 16 anos em meninas e entre 15 e 18 anos
esquelética, baseado nos metacarpos e nas fa langes, se correlacio- em meninos (Risser 3-4). (Redesenhada de Dimeglio A, Canavese F,
nam altamente com o pico da velocidade de crescimento e a pro- Charles P: Growth and adolescent idiopathic scoliosis: when and how
gressão da curvatura. Entretanto, esses sistemas são complicados e much7 J Pediatr Orthop 31 :528, 2011.)
pouco práticos para serem utilizados no ambiente clínico que é
muito ocupado. Por causa disso, Sand ers et ai. apresentaram uma
classificação simplificada com base nas epífises das fa langes, meta- Davies et ai. descobriram uma incidência de 10% de anorma-
carpos e rádio distal. Eles foram capazes de demonstrar que esse lidades do sistema nervoso central em pacientes com suspeita de
método predizia confiavelmente a maturidade e a probabilidade de escoliose idiopática adolescente com leves anormalidades no histó-
progressão para cirurgia (Fig. 41-20 e Tabela 41-4). rico, exame fís ico ou exame radiográfico (Fig. 41-21). O sinal mais
CAPÍTULO 41 ESCOLIOSE E CIFOSE

Fusão
Risser O do cotovelo

t Menarca

cartilagem Y

11 11,5 12 12,5 13 13,5 14 14,5 15 15,5 anos

13 13,5 14 14,5 15 15,5 16 16,5 17 17,5 anos

O[§iht;)lll:D Avaliação simplificada da idade esquelética pelo método do olécrano durante a fase de aceleração do crescimento
puberal do pico da velocidade de crescimento e grau O de Risser para idades entre 11 e 13 anos em meninas e 13 e 15 anos em meninos,
com desaceleração da fase de crescimento após a fusão do cotovelo. Fechamento da cartilagem Y = fechamento da cartilagem trirra-
diada. (Redesenhada de Charles YP, Dimeglio A, Canavese F, Dauers JP: Skeletal age assessment from the olecranon for idiopathic scoliosis at Risser
grade O, J Bane Joint Surg 89A:737, 2007.)

Estágio 1 Estágio 2 Estágio 3 Estágio 4 Estágio 5 Estágio 6 Estágio 7 Estágio 8

O[§ihMDE!I Classificação de Sanders da maturidade esquelética. Estágio 1, juvenil lento. Estágio 2, pré-adolescente (Tanner 2).
Estágio 3, adolescente rápido-precoce (Tanner 2-3, Risser O). Estágio 4, adolescente rápido-tardio (Tanner 3, Risser O). Estágio 5, adoles-
cente estável precoce (Risser O). Estágio 6, adolescente estável tardio (Risser > O). Estágio 7, maduro precoce. (De Crawford AH, et ai:
Clinicai and radiographic evaluation of the scoliotic patient. ln Newton PO, et ai, editors: Jdiopathic scoliosis: the Harms study group treatment
guide, New York, 201 O, Thieme, p. 60 )

valioso foi a ausência de lordose segmentar apical torácica. Nós • MEDIÇÃO DAS CURVATURAS
fazemos uma RM total da espinha quando a curvatura da escoliose O método de medição de Cobb recomendado pelo Terminology
idiopática adolescente parece incomum ou quando há uma história Committee of the Scoliosis Research Society (Fig. 41-22) consiste
ou achados físicos questionáveis, uma curvatura com progressão em três etapas: (1) localizar a vértebra da extremidade superior, (2)
rápida ou curvaturas grandes na primeira consulta do paciente. localizar a vértebra da extremidade inferior e (3) traçar linhas
MfN:I PARTE XII A COLUNA

iTABELA 41-4 · Projeção Logística da Probabilidade de Curvas Lenke Tipo 1 e Tipo 3 Progredirem para
Cirurgia, Assumindo um Limite Superior a 50 Graus*t

CURVA ESTÁGIO 1 ESTÁGIO 2 ESTÁGIO 3 ESTÁGIO 4 ESTÁGIO 5 ESTÁGIO 6 ESTÁGIO 7, 8


1Oº 2% 0% 0% 0% 0% 0% 0%
(0% a (0% a (0% a (0% a (0% a (0% a (0% a
40%) 15%) 0%) 0%) 0%) 0%) 1%)
15º 23% 11% 0% 0% 0% 0% 0%
(4% a (1% a (0% a (0% a (0% a (0% a (0% a
69%) 58%) 2%) 0%) 0%) 0%) 7%)
20º 84% 92% 0% 0% 0% 0% 0%
(40% a (56 % a (0% a (0% a (0% a (0% a (0 % a
98%) 99%) 14%) 1 %) 1%) 1%) 26 %)
25 º 99% 100 % 29% 0% 0% 0% 0%
(68% a (92% a (3% a (0% a (0% a (0% a (0 % a
100 %) 100%) 84%) 5%) 5%) 2%) 64 %)
30º 100% 100% 100 % 0% 0% 0% 0%
(83 % a (98% a (47% a (0% a (0% a (0% a (0% a
100%) 100%) 100%) 27%) 22%) 11%) 91 %)
35º 100% 100% 100% 0% 0% 0% 0%
(91 o/o a (100 % a (89 % a (0% a (0% a (0% a (0% a
100%) 100 %) 100%) 79%) 65%) 41%) 98%)
40º 100 % 100 % 100 % 15% 0% 0% 0%
(95 % a (100% a (98% a (0 % a (0% a (0% a (0 % a
100 %) 100 %) 100 %) 99%) 94%) 83%) 100%)
45 º 100 % 100 % 100% 88% 1% 0% 0%
(98 % a (100% a (100 % a (2% a (0% a (0% a (0% a
100 %) 100 %) 100 %) 100 %) 99%) 98%) 100 %)
*Células não sombreadas correspondem a combinações entre o tamanho da curva e o estágio de maturidade para as quais a cirurgia é um tratamento
plausível caso inferi or a 50 graus na maturidade seja o limite aceitável para tratamento cirúrgico. Células sombreadas correspondem a combinações para
as quais a cirurgia não seria um tratamento plausível.
' Células com intervalos de confiabilidade (mostrados entre parênteses) superiores a 95% correspondem a grupos com pacientes insuficientes para esti-
mativas precisas (ou grupos sem pacientes) e devem ser interpretadas com cautela.
Reproduzido de Sanders JO, et ai: Predicting scoliosis progression from skeletal maturity: a simplified cl assification during adolescence, J Bane Joint Surg
90A:540, 2008.

perpend iculares da superfície superior da vér tebra d a extremidade eq uidi stantes d as laterais dos co rp os vertebrais, n ão há rotação ver-
sup er ior e da sup erfície inferior da vértebra da ex tremidade inferior. tebral (rotação O). Os graus progridem até a rotação grau IV, na qual o
O ângu lo de desvio dessas linhas perpendiculares em relação a uma pedículo está além do centro do corpo vertebral (F ig. 41-23) . O m edidor
linh a reta rep resenta o ângulo da curvatura. Caso as placas terminais de torção de Perdriolle é um modelo que mede o grau de rotação
não estejam claras, pode-se utilizar os pedículos. A vértebra term i- vertebra l em uma radiografia da colun a vertebral. O deslocame nto
na l da curvatu ra é aquela que mais se incl ina para d entro da conca- das somb ras dos pedículos das vértebras e as margens do corpo
vidade da curva que está sendo medid a. De modo geral, ao se vertebral são marcados e med id os com o medidor de to rção (F ig.
distanciar do áp ice da curvatura, o próximo espaço in tervertebra l 41-24). O advento de sistemas de instrumentação seg mentar co m
aba ixo da vé rtebra da extremidade in ferior ou aci ma da vértebra da diversos ganch os e parafusos torácicos pedic ul ares aumento u a
extremidade superior é mais larga no lad o côncavo d a curvatura. consc ienti zação so bre o componente rotacion al da esco li ose e,
Dentro d a curva tura, os espaços interve rtebrais gera lm ente são mais sub sequentem ente, o interes se na m ed ição pós-operatória da
largos no lado convexo e mais estreitos no lado cô ncavo. Quando há rotação. Co m o ambos os métodos estão suj eitos a erros de medição,
um encaixe significativo, as vértebras propr iame nte ditas, e m vez dos deve-se tomar cuidad o na avaliação pós-operatória da ro tação co m
espaços in tervertebra is, podem ser mais largas no lado convexo d a base nos méto d os de Nash e Moe o u de Perdriolle e Vid a!. Teori ca-
cur vatura e m ais estreitas no lado côncavo da cur vatura. As varia- mente, uma TC é muito mais prec isa na avaliação da rotação verte-
ções inter e intraobse rvador das medi ções de Cobb são em média bral, mas por causa da maior expos ição à rad iação, ela não é utili zad a
de 5 a 7 graus. Esses números devem ser considerados ao se dete r- na avaliação rotineira da escol iose. As técnicas de Nas h e Moe e de
minar se uma curvatura está de fato progredindo. Perdriolle e Vid a! estão suj eitas a erros de medição porque a torção
tridimensional ou a disp lasia dos seg mentos rotacionados e as med i-
• ROTAÇÃO VERTEBRAL ções pós-operatórias podem ser d ifíceis ou impossíveis porque a
Os dois métodos mais comumente utilizados para determinar a instrumentação pode obscurecer os marcos radiográficos. Kuklo et
rotação vertebral são o m étodo de Nas h e Moe e o método de Per- ai. avaliaram a utili dade de medi ções rad iográficas alternativas da
dr iolle e Vida!. No método de Nash e Moe, caso os pedícu los sejam rotação vertebral. Eles d escobrira m que a protuberância das costelas
Dtijii@Bm Avaliação pré-operatória por RM do que se pre- Grau:++++
o
sumia ser uma escoliose id iopática adolesce nte rotineira agen-
dada para instrumentação cirúrg ica e fus ão. A imagem total da Pedículo Convexo Côncavo
co luna por RM revela um cisto epidural em T8-9. Grau: Ne utro Sem assimetria Sem assimetria
Grau:+ Migra dentro do Pode começar
primeiro segmento a desaparecer
Distorção precoce Distorção precoce
Grau: ++ Migra para o Desapa rece
segundo segmento gradualmente
Migra para o
Grau:+++ Não visíve l
seg mento
inte rm ediário
Grau : ++++ Migra a lém da Não visível
linha média para
o lado côncavo
do corpo ve rtebral

H@ll;fflBm Método do pedículo para determ inação da


rotação ve rtebra l. O corpo vertebral é div id ido em seis segmentos
e graus de O a 4+ são atr ibuídos dependendo da localização do
pedículo dentro dos segmentos. Como o pedícu lo do lado côncavo
desaparece no início da rotação, o pedícu lo do lado convexo, facil -
mente visua li zado ao lon go da rotação, é uti li zado como padrão .

O!§mt.J91D Diagrama do método de Cobb.

corpos vertebra is e o disco interpo sto. O equilíbrio sagital regio-


n al inclui o eq uilíbri o d as colun as cervical, torácica e lomb ar. A
medida em radiografias laterais (Fig. 41 -25A) e a relação entre o corpo junção toracolombar freq uentem ente é considerada isolada-
vertebral ap ical e a costela (F ig. 41-25B) mostravam uma forte corre- mente. O alinhamento global ge ralmente é considerado um a
lação com a rotação vertebral, podendo ser utilizadas quando não é indicação do eq uilíbrio sagital geral.
possível uma TC ou quando a instrumentação obscurece os marcos O eq uilíbri o sagital gera l da coluna vertebral é determinado
necessários para a avaliação da rotação por outras técnicas. por urna linha traçada a partir do processo odontoide. Essa linha de
prumo desce an teri orm ente à coluna torácica, posteriormente à
• EQUILÍBRIO SAGITAL coluna lomba r e pelo canto superior posterior de Sl (Fig. 41-26).
A importân cia do alinhamento sagita l normal tem sido reconh e- Em radiografias laterais longas com o paciente em pé geralmente
cid a na gestão de pacientes com deformidades espinhais. O a li - utilizadas para avaliação de deformidades da coluna vertebral , o
nham en to sagital pode se r considerad o segm entar, regional ou processo odontoide não é facilmente observado. A linha de prumo,
globalmente. A aná lise segmen tar refere-se às relações entre dois portanto, é traçada a partir do centro do corpo da vértebra C7. Essa
PARTE XII A COLUNA

Na espinha torácica, a curva tu ra sagital no rm al é cifó ti ca.


A cifose co meça na primeira vértebra torácica e alcança a cifose
seg mentar m áxi ma em T6 ou T7. Faixas de cifose torácica em
pacientes normais, tanto adultos quanto crianças, têm sido relatadas.
Apesa r de a cifo se começar em T l , essa vértebra frequentemente não
pode ser visualizada em cassetes laterais longos com o paciente em pé.

B.
As vértebras T 4 ou T5 são visuali zadas e medidas com m ais fac ili-
dade. Gelb et ai. descobriram que a cifos e torácica superi or de T I a
\\\ T5 em 100 adultos era em média de 14 ± 8 graus. Ao som ar esse
A 1 1 - \ ~A' número à cifose medida de T5 a T l 2, obtém-se uma estim ativa
razoável da cifose regional total.
O alinhamento sagital lomb ar reg ional norm al é lord ótico.
O áp ice normal dessa lordose es tá no corpo vertebral de L3 ou L4
ou no espaço intervertebral em si. Os segmentos de L4-5 e L5-S l
respond em por 60% da lordose lombar total. Wam boldt e Spencer
relataram qu e os discos lombares representam -47 graus de lordose;
os ve rtebra is representam eles próprios apenas - 12 graus. Essa des-
~
o
·;::
coberta enfatiza a importân cia da preservação da altura do disco
"E durante procedimentos anteri ores para tratamento de deformid ades
Q)
o... espinhais. Como 40% da lordose lomb ar total está no segmento
Q)
"O L5-Sl, é importante medir até a parte superior do sacro, m as essa
ãi pode ser uma tarefa difícil em imagens laterais com o pac iente em
.r:
e
·o..
({)
pé. A lord ose lombar é uma var iável dependente baseada no grau
Q)
de cifose. Para que o equilíbr io sagita l seja mantido, a lordose é de
o
•Cll
O>
20 a 30 graus m aior que a cifose torácica.
2Q)
A ori entação do sacro, a inclinação sacra! e a incidência pélvica
"O estão estreitamente relacionadas com as características da lord ose
o
"O
lombar e a localização de se u ápice (Fig. 41-29) . Inclinações sac rais
'6 in fe ri ores a 35 graus e incidências pélvicas baixas estão associadas a
Q)
2 lord oses lombares relativamente chatas e curtas. Inclinações sacrais
superio res a 45 graus e incidências pélvicas altas estão assoc iadas a
lord oses lombares longas e curvilíneas.
A jun ção toracolombar é a área de transição da espin ha torá-
cica cifó ti ca relativamente rígida para a espinha lom bar lordótica
relativamente m óvel. Bernhard t e Bridwell demonstraram que a
junção toracolombar é qu ase reta. Essa relação deve ser mantid a
du rante os procedimentos de reconstrução para evitar uma cifose
juncional.

• PADRÕES DE CURVATURA

1 CLASSIFICAÇÃO DE PONSETI E FRIEDMAN


90 90 As curvaturas da escoliose idiopática fo ram inicialmente classifica-
das por Ponseti e Friedm an em cinco padrões principais. Um sexto
h@ii@iDIZ> Med idor de torção de Perdriol le para med ição pad rão de curvatura fo i descrito por Moe.
da rota ção vertebral. 1. Curvatura lombar simples significativa. A curvatura lombar
tem seu ápice entre o disco Ll -2 e L4. Essas curvaturas produ-
ze m uma assimetria na ci ntu ra com um a proeminência do
qu ad ril contralateral que os pais fre quentemente atribuem a
uma perna mais curta no lado da curvatura.
linha de prumo é chamada de eixo vertebral sagital. Um eixo verte- 2. Curvatura toracolombar simples significativa. O ápice da cur-
bral sagital positivo está presente qu ando a linha de prumo é ante- vatura toracolombar está em T l 2 ou Ll . A curvatu ra tende a
rior ao aspecto anterior de Sl. Um eixo vertebral sagital negativo ca usa r mais desequilíbri o do tronco do que as outras cu rvas.
ocorre quando a linha de prumo passa poste ri orm ente ao corpo Essa descompensação da linha médi a frequ entemente causa
anterior de Sl (Fig. 41-27). O equilíbrio sagital geral provavelmente é uma defo rmidade estética grave.
uma medição mais importa nte do que med ições reg ionais e seg- 3. Curvaturas torácicas e lombares combinadas (curvaturas duplas sig-
men tares. De m odo geral, pa ra que o equi líbrio sagital seja nificativas). Curvaturas duplas significativas simétricas geralmente
mantido, a lordose lombar deve med ir de 20 a 30 graus a mais d o causam deformidades menos visíveis pois as curvaturas têm quase
que a cifose. Caso o equil íbrio sagita l não seja co nsiderado, a co r- o mesmo grau e o tronco permanece bem equilibrado.
reção da fa ixa normal de lord ose sem um a correção similar da 4. Curvatura torácica simples significativa. Esse padrão de cu rva-
espinha torácica cifó tica pode ca usar um desequilíbrio sagital sig- tura geralmente é convexo para a direita. Por causa da locali-
nificativo (Fig. 41-28). zação torácica da curva tu ra, a rotação da vértebra comprometida
CAPÍTULO 41 ESCOLIOSE E CIFOSE

H@i@HJ:ID A, Diagrama da técnica de medição


para avaliar deformidade da corcova da costela (RH).
RH é a distância linear entre as proeminências esquerda
e direita da costela posterior no ápice da deformidade em
uma radiograf ia lateral. B, Diagrama da técnica de
medição da relação apical corpo vertebral/costela (AVB-
R). AVB-R é a relação das medições lineares das
margens laterais das vérte bras torácicas a picais à
parede do tórax em radiografias anteroposteriores.
(Redesenhada de Kuklo TR, Potter BK, Le nke WG : Ve rtebral
rotation and thoracic torsion in ado lesce nt idiopathic sco-
liosis: what is the best radiographic correlate? J Spinal
Disord Tech 18139, 2005)

Positivo Negativo

0[dll;MBm A linha de prumo sagital C7 é uma medida útil do SVA


equilíbrio sagital. A linha de prumo cai do meio do corpo vertebral
C7, desce perto do canto superior posterior do corpo vertebral 51. h!§i!;t!jBIJa Método para medição de diversos parâmetros
de alinhamento sagital da coluna vertebral. O eixo vertical sagital
(5VA) é a distância hori zo ntal da linha de prumo ao canto frontal
do sacro. Valores positivos indicam posição anterior ao sacro. Valores
pode ser óbvia. A curvatura produz uma proeminência das negativos passam pelo sacro ou atrás dele. ~. Ângulo de inclinação
costelas no lado convexo, depressão das costelas no lado sacral, é o ângulo subtendido pela tangente à margem posterior de
côncavo e elevação de um dos ombros, resultando em uma 51 e o e ixo vertica l. o, Ângulo de Cobb entre duas vértebras.
deformidade inestética.
5. Curvatura torácica elevada simples significativa. Havia apenas
cin co pac ientes com esse padrão d e curvatura nas séries de curta, frequentemente indo de Tl até TS ou T6 e apresentando
Ponseti e Friedman . Apesar de nenhuma delas haver se tornado uma rotação considerável das vértebras e outras alterações
grand e, a deformidad e é inestética por causa do ombro elevado estruturais em combinação com uma curvatura torácica inferior
e do tórax deformado. O ápice geralmente estava em T3, com que estende-se d e T6 até Tl2 ou Ll. A curvatura superior geral-
a curvatura estendendo-se de C7 ou Tl até T4 ou TS. mente é co nvexa para a es querda e a c urvatura inferior
6. Curvatura torácica dupla significativa. Esse padrão foi des- geralmente é convexa para a direita. As deformidades em
crito por Moe e consiste em uma curvatura torácica superior pacientes com esse padrão de curvatura geralm ente não são
llllllD PARTE XII A COLUNA

H@i!ifJiBm A, Radiografia lateral pré-operatória em pé de um paciente com escoliose neuromuscular. B, Vista lateral em pé 1 mês
depois indica desequilíbrio entre a correção da cifose e da lordose com sinais precoces do aumento da cifose torácica . C, A cont inua ção
do acompanhamento do mesmo paciente mostra queda do aumento da cifose torác ica acima da instrumentação .

tão graves quanto em pacientes com c ur vaturas torácicas


simples, mas por causa da assimetria da linha do pescoço
produzida pela curva superior, o padrão é mais deformante
do que a combinação de curvaturas torácicas e lomb ares.
Nessa curva padrão, a c urvatura es trutural superior pode
passar despercebida caso as radiografias não sejam tomad as
com cassetes de 14 X 36 polegadas e não incluam a parte
inferior da co luna cervical. Se apenas a curvatura torácica
inferior for corrigida por fusão e instrumentação, a cur vatura
superior pode não ser suficientemente flexível para permitir
uma postura correta, produzindo um resultado esteticamente
inaceitável.

1 CLASSIFICAÇÃO DE KING
O sistema de classificação de King et ai. é utilizado para descrever
curvatura s torácicas. Foi relatada uma variabilidade inter e intra-
observador s ignifi cativa com o uso dessa classificação. A identi-
ficação dos tipos de curva pelo sistema de classificação de King
começa com um exame fís ico cuidadoso. A locali zação e a mag-
H@ilitjB!D A inclinação sacra l (55) é o ângulo subtendido nitude da proeminência das costelas torácicas e da rotação
pela linha de referência horizontal (HRL) e a linha da placa ter- lombar devem ser registradas, bem como qualquer elevação dos
minal do sacro (bc). A 55 compartilha a linha de referência comum ombros . A ava liação radio gráfica deve incluir radiografias poste-
(bc) com a incidênci a pélvica (PI) e a inclinação pélvica (PT) . PI é roanteriores, laterais e com torção lateral. As radiografias com
med ida a part ir de estruturas anatômicas estáticas. PT e 55 depen- torção latera l são utili zadas para determinar a fl exibilidade das
dem da posição angular do sacro e da pelve em relação às cabeças curvas individuais.
femorais, a qual muda com o pac iente em pé, sentado e deitado . 1. Uma curvatura King tipo I pode ser reconhecida facilmente
A re lação entre PT e 55 é afetada pe la flexão e pe la extensão porque a curvatura lombar é maior do que a curvatura torácica.
lombosacropélvica. VRL, linha de referência vert ica l. (Redesenhada Ocasionalmente, a curvatura torácica e a curvatura lombar são
de O'Brien MF, Kuklo TR, Blanke KM, Lenke LG, editors: Spinal defor- quase iguais, mas a curvatu ra lombar é menos flexível na torção
mity study group radiographic measurement manual, Memphis, TN, lateral. No exame clínico, a proeminência rotacional lombar é
2004, Medtronic Sofamor Danek, p. 99 ) maior do que a proeminência das costelas.
CAPÍTULO 41 ESCOLIOSE E CIFOSE IHFM
2. As curvaturas do tipo II criaram mais confusão do que qual- TRATAMENTO NÃO CIRÚRGICO
qu er outro padrão de curvatura. Conforme defin ida por King,
a escoliose torácica tipo II é a combinação de urn a curvatura Diversos métodos têm sido utilizados para tratar a escoliose idiopá-
torác ica e de uma curvatura lombar. Em radiografias, a tica adolescente ao longo dos anos, incluindo fisioterapia, manipu-
curvatura lombar é maior ou igual à curvatura lombar. A lação e estimulação elétrica, mas não há evidências científicas
curvatura lombar deve cruza r a linha sacra! central. Em sustentando a sua eficá cia. As duas técnicas não cirúrgicas mais
rad iog rafias de torção lateral supin as, a cur va tura lombar é amplamente aceitas para a escoliose idiopática são a observação e a
mais flexíve l do que a curvatura torá cica . No exame clínico, utilização de suportes.
a proeminência das costelas é maior do que a proeminência
rotaciona l lombar. • OBSERVAÇÃO
3. Uma curvatura tipo III é uma escoliose torácica na qual a Algum grau de escoliose é frequente na população geral, mas poucos
curvatura não cruza a linha média. A cur vatura lombar é indivíduos apresentam curvaturas que necessitam de tratamento. Infe-
muito fl exível em radiografias de torção latera l. No exame lizmente, não há nenhum método confiável para predizer com precisão
clínico, a proeminência torácica das costelas é aparente e a quais curvaturas irão progredir durante o diagnóstico inicial. Portanto,
proeminência lombar pode ser pequena ou inexistente. a observação é o tratamento principal para todas as curvaturas. Radio-
4. Uma curvat ura tipo IV é uma curvatura torácica longa grafias da espinha são atualmente a única docw11entação definitiva para
simples, com L4 inclinada na curva e L5 equilibrada sob re a o tipo de cmvatura e sua progressão. Foram feitas tentativas de moni-
pelve. torar os contornos externos com a medição da proeminência das cos-
5. Uma curvatura tipo V é uma curvatura torácica estrutural telas, a medição do ângulo de rotação do tronco com w11 "escoliômetro"
dupla. Em radiografias, a primeira vértebra torácica está incli- e a utilização de dispositivos de contorno, como a topografia moiré e a
nada para dentro da concavidade da curvatura superior, a qual varredura ISIS. Esses métodos podem ser úteis em algtunas curvaturas
é estrutural em radiografias com torção lateral. O exame pequenas e para pacientes de baixo risco, mas a avaliação periódica por
clínico frequentemente encontra urn a elevação no ombro meio de radiografias ainda é necessária.
esquerdo. Na flexão para a frente, há um a proeminência supe- De modo ge ral, pacientes jovens com curvaturas leves de
rior das costelas no lado esquerdo e um a proeminência infe- menos de 20 graus, podem ser examinados a cada 6 ou 12 meses.
rior das costelas no lado direito. Adolescentes com graus de curvatura maiores devem ser examina-
dos a cada 4 ou 6 meses. Pacientes esqueleticamente mad uros com
1 CLASSIFICAÇÃO DE LENKE curvaturas inferiores a 20 graus geralmente não necessitam de mais
Lenke et al. propuseram um sistema de classificação em três etapas avaliações. Curvaturas com mais de 20 graus em pacientes que ainda
para a escoliose idiopática adolescente. As med ições são tomadas não alcançaram a maturidade esquelética necessitam de exames
a partir de radiografias posteroanteriores, laterais e com inclina- mais frequentes, geralmente a cada 4 ou 6 meses, por meio de radio-
ções para a direita e para a esquerda. As três etapas nesse sistema grafias posteroanteri ores com o paciente em pé. Caso a progressão
de classificação são (1) a identificação da curvatura primária, (2) da curvatura (um aumento de 5 graus em um período de 6 meses)
a determinação do modificador lombar e (3) a determinação do esteja além dos 25 gra us, deve-se considerar o tratamento ortopé-
modificador torácico sagital. O primeiro passo é identificar a cur- dico. Para curvaturas de 30 a 40 graus em pacientes esqueletica-
vatura primária. Essas curvas devem ser divididas por região: torá- mente imaturos, recomenda-se o tratamento com órteses na
cica proximal, torácica principal e toracolombar ou lom bar. As avaliação inicial. Curvaturas de 30 a 40 graus em pacientes esquele-
curvaturas são consideradas curvas est ruturais se aprese ntarem ticarnente mad uros geralmente não necessitam de tratam ento, mas
mais de 25 gra us em radiografias posteroanteri ores e não curva- como os estudos indicam um potencial de progressão na vida adulta,
rem-se para menos de 25 graus em radiografias de inclinação esses pacientes devem ser observados anualmente com radiografias
lateral. Com base nessas medições, a cur vatura pode ser classifi- posteroanteriores em pé por 2 ou 3 anos após a maturidade esque-
cada em seis tipos (Fig. 41-30). O segund o passo é a determ inação lética e, em seguid a, a cada 5 anos ao longo da vida.
do modificador lombar. Ele é determinado traçando-se uma linha
vertical asce nden te a partir do centro do sacro (linha ver ti cal sacra! • TRATAMENTO ORTOPÉDICO
central [CSVLJ). O modificador lombar é então determinado pela O objetivo do tratamento com órteses é limitar a progressão da
relação entre CSVL e o pedículo cô ncavo da vértebra lombar curvatura escoliótica e evita r a cirurgia. Pode ocorrer a correção
ap ical, podendo ser nomeado por A, B ou C. A terceira etapa é a durante a uti lização do colete, mas a curvatura geralmente estabi-
determinação do modificador sagital torácico. O modificador liza-se de aco rd o com o grau de pré-tratamento quando o uso do
sagital pode ser hipocifótico ( < 10 graus), normal ( 10 a 40 gra us) colete é interrompido. A correção de curvaturas espinhais por meio
ou hipercifót ico (> 40 graus). Podem ser identificadas 42 classifi- da utilização de órteses ocorre pela modelagem da colu na vertebral,
cações distintas de curvatura através desse processo de três etapas. tronco e caixa torácica durante o crescimento, especialmente pelo
Recomendações de níveis de fusão podem ser feitas com base carregamento transversal da coluna vertebral com o uso de disposi-
nesses tipos de curvatura. A recome ndação é que cur vaturas estru- tivos corretivos. A efi cácia do tratamento com órteses em pacientes
turais maiores e menores sejam incluídas para instrum entação e com escoliose idiopática adolescente permanece co ntroversa. Diver-
fus ão e que curvaturas não estruturais sejam excl uíd as. De modo sos estudos na literatu ra sustentam a eficácia das órteses para evitar
ge ral, a classificação é direcionada para o tratamento, sendo que a progressão da cur vatura e a necessidade de intervenção cirúrgica.
se u propósito é permitir uma melhor organi zação de padrões de En tretanto, há outros estudos que sugerem que o uso de coletes
curva tura similares e proporcionar comparações de diversos pode não ser eficaz. Por ca usa dessa controvérsia, o Scoliosis Rese-
métod os de tratamento, servindo como um gui a para o tratamento arch Society (SRS) Commi ttee on Bracing and No noperative
cirúrgico idea l para cada paciente com escoliose idi opática adoles- Management recomendou a padronização dos critérios para est udos
cente. Esse sistema é atualmente o mais popu lar para classificação sobre a utilização de coletes em pacientes com escoliose idi opática
da escoliose idiopática. adolescente de modo que comparações válidas e confiáveis possam
llDD PARTE XII A COLUNA

Tipo de Curvatura

Tipo Torácica Torácica Toracolombar/ Tipo de


Proximal Principal Lombar Curva

1 Não estrutural Estrutural (grande) Não estrutural Torácica principal (MT)


2 Estrutural Estrutural (grande) Não estrutural Torácica dupla (DT)
3 Não estrutural Estrutural (grande) Estrutural Grande dupla (DM)
4 Estrutural Estrutu ral (grande) Estrutural Grande tripla (TM)
5 Não estrutural Não estrutural Estrutural (grande) Toracolombar/lombar (TUL)
6 Não estrutural Estrutural Estrutural (grande) Toracolombar/lombar-
MT estrutural
(Curva lombar > torácica 2 1Oº)

Critérios Estruturais Localização do Ápice


(definição de SRS)
Torácica proximal: Cobb torção lateral 2 25º Curva Ápice
Citose T2-T5 2 120 º Torácica Disco T2-T11-1 2
Toracolombar T12-L 1
Torácica principal: Side-bending Cobb 2 25º
Lombar L1-2 Disco L-4
Toracolombar/lombar: Cobb torção lateral 2 25º
Cifose T1 O-L2 2 +20º

Modificadores

)
~~
Modificador Perfil Sagital
CSVL ao
Lombar Torácico
Ápice Lombar
T5-T12

A CSVL entre pedículos - (Hipo) < 10º


B CSVL toca corpo(s)
apical(is)
ti! \1 N (Normal) 10º-40º

e CSVL comp letamente medial A B e + (Hiper) > 40º

Tipo de curva (1-6) +Modificador da co luna lombar (A, B ou C) +Modificador sagital torácico(-, N, ou+)
Classificação (p. ex., 1 B +):

O[riil;@GJID Tip os de curva, critér ios para curvas estruturais e localização do áp ice. (De Lenke LG, Betz RR, Harms J, et ai: Adolescent
idiopathic scol iosis: a new classification to determine extent of spinal arthrodesis, J Bane Joint Surg 83A: 1169, 2001.)

ser feitas. Os critéri os ideais de inclusão consistem em idade de 10 As órteses sub axil ares (Boston, Wilmington, Miami e Provi-
anos ou mais quando o colete é prescrito, graus Oa 2 de Risser, ângulos dence) têm substituído o colete de Milwaukee na maioria dos centros.
de curvatura primária de 25 a 40 graus, ausência de tratamento prévio Entretanto, esses coletes de baixo perfil são restritos a pacientes cujos
e, se for do sexo femin ino, pré-menarcal ou menos de 1 ano pós- áp ices das curvaturas estão em T7 ou menos. A órtese noturna de
menarcal. As nossas indicações para o tratamento ortopédico da esco- flexão Charleston mantém o paciente em correção máxima de torção
liose idiopática adolescente são semelhantes aos critérios de inclusão e é usado apenas durante a noite por 8 a 10 horas. Esta órtese é a mais
da SRS. Nós reco mendamos a utilização de uma órtese para curvatu- adequada para curvaturas toracolombares ou lombares simples.
ras flexíveis de 20 a 30 graus em crian ças em fase de crescimento com Originalmente, as órteses eram destinadas a serem usadas 23
progressões do cumentadas de 5 graus ou mais. Curvaturas na faixa horas por dia, mas preocupações quanto à adesão do paciente levaram
de 30 a 40 graus em crianças em crescimento são tratadas desde a à criação de regimes de utilização de tempo parcial. A maioria dos
avaliação inicial. Apesar de a cirurgia geralmente ser indicada para protocolos de tempo parcial recomenda a utilização do colete por
curvaturas na faixa de 40 a 50 graus em crianças em crescimento, o aproximadamente 16 horas ou menos todos os dias. Uma metanálise
tratamento ortopédico pode ser considerado para algumas curvatu - da literatura desco briu um a relação entre a duração da utilização do
ras, como curvaturas dupl as significativas esteticamente aceitáveis e colete e a preve nção da progressão da curvatura, sugerindo que,
de 40 a 50 graus. O tratamento ortopédico não é utilizado em pacien- quanto maior o tempo que o paciente passa com a órtese, menor a
tes com curvaturas com m ais de 50 graus. chan ce de progressão da curvatura. Katz et al. também verificaram
CAPÍTULO 41 ESCOLIOSE E CIFOSE

que o número total de horas de utilização do suporte estava relacio-


1ridicações do Tratamento
nado com a falta de progressão da curvatura. Esse efeito era mais QUADRO 41-3 Cirúrgico da Escoliose Idiopática
significativo em pacientes com graus O ou 1 de Risser no início do 1

tratamento e em pacientes com cartilagens trirradiadas abertas n o •Aumento da curva durante o crescimento da criança
início do tratamento. As curvaturas não progrediram em 82% dos •Deformidades graves (> 50 graus) com assimetria do
pacientes que utilizaram o colete por mais de 12 horas por dia e em tronco em adolescentes
apenas 31 % naqueles que utilizaram o colete menos de 7 horas por •Dores incontroláveis com tratamento não cirúrgico
dia. O número de horas de utilização do colete também estava inver- • Lordose torácica
samente relacionado com a necessidade de tratamento cirúrgico. •Deformidade cosmética significativa

• IMOBILIZAÇÃO
curvatura atinja uma magnitude que possa represe11tar problemas na
IMOBILIZAÇÕES SUBAXILARES vida adulta. Apesar de a maioria dos autores recomendarem a cirurgia
quando a curva atinge 50 graus, outros fatores precisam ser considera-
Com sistemas de instrumentação mais novos, a imobilização dos. Curvaturas lombares e toracolombares menores podem causar um
pós-operatória raramente é utilizada. Se a imobilização pós deslocamento significativo do tronco, descompensação coronal e defor-
-operatória for necessária, um ortopedista pode fazer uma midades estéticas. Curvaturas duplas de 50 graus não são tão estetica-
TLSO comparável a uma imobilização pós-operatória. Ao con- mente inaceitáveis quanto curvaturas simples e, caso ocorra progressão
trário da imobilização, a TLSO permite o aperto ou o afrouxa- em pacientes esqueleticarnente maduros, provavelmente ela será gradual.
mento, conforme necessário, e o ajuste para aliviar áreas de Em pacientes imaturos, por outro lado, a cirurgia pode ser considerada
pressão. Entretanto, caso não haja ortopedistas disponíveis, para curvaturas entre 40 e 50 graus dependendo da aparência clínica.
uma imobilização subaxilar pós-operatória pode ser utilizada É mais provável que a cirurgia seja necessária em pacientes com curva-
caso seja necessário imobilizar no pós-operatório. tmas que progridem apesar do tratamento com órteses . Pacientes com
~ dores nas costas devem passar por avaliações mais detalhadas antes da
TÉCNICA
----~~~~~~~---'~ cirurgia. Dickson et al. enfatizaram a i111po1tância da lordose na tornada
• Coloque o paciente sobre uma mesa de Risser e apli que de decisões de tratamento. A lordose torácica tem um efeito negativo
um invólucro de algodão para estender a partir de cima sobre a função p ulmonar e a órtese piora a lordose. Portanto, a cirurgia
da cabeça aos joelhos. tem mais probabilidade de ser i11dicada em um adolescente com uma
•Posicione a barra tran sversal removível no nível da parte curvatura progressiva associada a lordose torácica significativa. As i11di-
superior dos ombros. Utilize feltro para proteger a alça cações gerais do tratamento cin'.ugico estão reswnidas no Quadro 41-3.
sobre a qual o paciente está em repouso.
•Passe faixas de musselina ao redor da cintura sobre o • PREPARAÇÃO PRÉ-OPERATÓRIA
invólucro de algodão e amarre-as no nível do trocânter Uma vez tomada a decisão de realizar a fusão espinhal, certas precau-
maior do lado oposto. Em segu ida, passe as faixas pelo ções preliminares devem ser tomadas e testes realizados para garantir
molinete no final da mesa e aplique uma pequeana quan- que o paciente esteja devidamente preparado para o procedimento.
tidade de tração. Produtos que co ntenham aspirina ou agentes anti-inflamatórios não
•Acolchoe a crista ilíaca com feltro. esteroides devem ser interrompidos antes da cirurgia porque podem
•Utilize gesso ultrarresistente reforçado com resina e aumentar a perda de sangue durante a cirurgia. Pílulas anticoncepcio-
estenda a imobilização até o esterno anteriormente e à nais devem ser interrompidas 1 mês antes da cirurgia pois aumentam
parte superior das costas posteriormente. a possibilidade de tromboflebite no período pós-operatório. A avalia-
•Molde a imobilização ao redor da pelve e da crista ilíaca. ção radiográfica pré-operatória com radiografias posteroanteriores,
• Conforme o gesso seca, apare-o anteriormente no nível da laterais e com torção lateral dos níveis espinhais que passarão por
sínfise púbica, estendendo proximalmente ao nível da fusão é essencial. Técnicas de imagem especiais, corno TC, RM e
espinha ilíaca superior para permitir uma flexão de 100 mielografias ocasionalmente são necessárias para descartar condições
graus do quadril. Posteriormente, apare abaixo das nádegas como siringomielia, diastematomielia e síndrome da medula presa.
no nível dos trocanteres maiores. Em seguida, apare proxi- Pacientes com escoliose idiopática adolescente devem passar
malmente para aliviar a pressão sobre a proeminência sacra!. por estudos pré-operatórios sobre a função pulmonar caso apresen-
•Remova uma janela abdominal para liberar a parte supe- tem história de pouca tolerância ao exercício, uma curvatura de mais
rior do abdome, a margem costal inferior e o processo de 60 gra us associada a uma história de doença reativa das vias
xifoide. aéreas ou uma curvatura superior a 80 graus. Newton et al. avaliaram
a magnitude da curvatura torácica, o número de vértebras envolvidas,
a hipocifose torácica e o desequilíbrio coronal em pacientes e desco-
TRATAMENTO CIRÚRGICO briram que tais fatores estavam associados ao aumento do risco de
insuficiência pulmonar moderada ou grave, mas havia alguns pacien-
As indicações aceitas para correção cirúrgica de deformidades da colLma tes com insuficência pulmonar clinicamente relevante com curvatu-
são baseadas na história natural da deformidade e nas consequências ras muito menores. De fato, em alguns pacientes a insuficiência
potenciais da deformidade na vida adulta do paciente. Os estudos sobre pulmonar não era proporcional à gravidade da escoliose. Estudos
a história natural têm sido utilizados para demonstrar as consequências sobre a função pulmonar geralmente são indicados para pacientes
potenciais de deformidades e dores significativas. Acredita-se atual- com escoliose paralítica ou aqueles com escoliose idiopática ou con-
mente que as complicações pulmonares são decorrentes principalmente gên ita e curvaturas graves ou cifose significativa ou lordose signifi-
de deformidades iIKomw1s e do início precoce da doença. Em crianças cativa. N ickel et al. defenderam a traqueostomia antes da cirurgia
e adolescentes, a cirurgia deve ser considerada se for provável que a em algu ns pacientes com escoliose paralítica e capacidade vital
llllDD PARTE XII A COLUNA

• CONSIDERAÇÕES INTRAOPERATÓRIAS
-~~' Quantidade de Sangue Tomada
TABEl!~ ~1,,~.~~,; na Primeira Flebotomia com Base Independentemente de a cirurgia se r rea li zad a anteriormente, pos-
teriormente ou por m eio de ambas, ce rtas considerações intraope-
"· ·· ·· · no Peso Corporal do Paciente
ratórias são importantes. Como a c irurgia espi nhal exige di ssecções
extensas que podem resultar em grave perda de sangu e, um acesso
PESO DO PACIENTE (kg) VOLUME DE SANGUE (ml) *
intrave noso ca libroso é necessário. Um acesso arterial é útil para o
23,0-29,5 125-175
monitoramento contí nu o d a pressão sangu ínea. Um cateter urinário
30,0-42,5 175-275 é utili zado para monitorar a sa ída urin á ri a. Terminais eletrocardio-
43,0-50,0 400-450 gráficos, medidores d e pressão sa nguín ea e estotoscópios esofágicos
2:50,0 450-500 também const ituem mon itoramentos de rotina. Um oxímetro de
*Caso o nível de hematócritos permaneça satisfatório, a quantidade de pu nho é um acessório útil para o acesso arterial.
sangue a ser retirada aumentará dentro da fa ixa na flebotomia subsequente. O monitoramento da med ul a espinh al utilizando tanto potenciais
Dados de MacEwen GD, Benn ett E, Guill e JT: Autologous blood transfu- evocados so matossensoriai s como potenciais evocados motores tor-
sions in children and young adults with low body weight undergoing nou -se o padrão de atend imento du rante cirurgias para escoliose.
spinal surgery, J Pediatr Orthop 10:750, 1990. Terminais cervicais e corticais na área cirúrgica podem registrar a esti-
mulação dos nervos se nsoriais distais e ale rtar o cirurgião quanto à
possibilidade de alterações da transmissão da medula espinhal. O moni-
inferi or a 30% do qu e é previsto no rm alm ente. Nós d escobrimos que toramento pré-operatório é útil co mo uma "base" para fazer compara-
as indi cações para a traqueostomia pod em se r reduzidas com segu - ção durante o procedimento cirúrgico. Quando os potenciais evocados
ra nça se o paciente passar vários dias após a cirurgia em uma unidade somatossensoriais são usados, vários locais de registro devem ser utili -
d e tratamento intensivo com pessoa l ad equ ado, na qual o paciente zados, incluindo locais corticais, subcort icais e periféricos, devendo- se
possa perma necer entub ado, as funções respiratórias possam ser evitar certos agentes in alató rios, como o halotano ou fluotano, bem
constantemente supervionadas e o aux ílio mecâ nico à respiração como o diazepan1 e o droperidol. O potencial evocado somatossensorial
esteja prontamente disponível. Caso haja dúvida sobre o estado pul- é útil no monitoramento das funções da medula espinhal, mas não é
monar do paciente co m tais m edid as, a traqueostom ia é feita d e infalível, havendo relatos de resultados falso-positivos e falso-negativos.
m aneira mais adequada no momento da cirurgia. Uma limitação importante do potencial evocado somatosensori al é o
Doações de sangu e autó logas pré-operatórias podem ser utili- fato de m edir apenas a integridade do sistema sensorial.
zadas em pacientes que se q uali fiquem pa ra diminuir o risco de A utili zação de potenciais evocados motores irá monitorar os
t ransfusões d e sangue homólogas. Os riscos d e transfusão de sangue tratos motores da medula espinhal. A co m bin ação de potenciais
homológa inclu em a transmissão de do enças, co mo a hepatite evocados motores e potenciai s evocados so matossensoriais pode
(parti cularme nte não A não B), a malária, infecções por citomega- diminuir significativam ente a chance de lesões desperceb id as na
lovírus e infecção pelo vírus d a imunodeficiência humana, bem medula espinh al. A est imulação elét ri ca transcraniana no có rtex
como a alo imuni zaçã o e as rea ções enxe rto versus hospede iro . motor cria um impulso elétri co que desce pelo trato corticoespinhal
A maioria dos pacientes que são subm etidos a cirurgias eletivas para e entra nos músculos periféricos , onde o impu lso elétrico pode ser
escoli ose pode evitar transfusões homólogas por meio de transfu - registrado. Isso perm ite o monitoramento da medul a espinhal
sões autólogas. Trata-se de um método seguro de reposição de sangue ve ntral , a qual é vuln erável à isq uemi a medular.
em crianças que pesam menos de 45,5 kg (100 lb). Os pacientes O monitoramento eletrom iográfico provocado é útil na detec-
recebem suplementos orais de ferro três vezes ao dia. As crianças ção de possíve is rompimentos d a pa red e ped icular po r um d os para-
m aiores são autorizad as a doar uma unidad e de sangue por semana. fusos. Um limi ar in fer ior a 6 mA d eve alertar o ci rurgião sobre
O nível de hematócritos do paciente deve ser verifi cado antes de possíveis ro mpim entos.
cada doação, devendo se r pe lo m enos de 34%. Caso o nível esteja Caso informações sobre as fw1ções de raízes nervosas individuais
baixo, o paciente deve retornar na semana seg uinte. Para pacientes sejam desejáveis, métodos neurofisiológicos alternativos são necessários.
menores, deve-se co lh er um a vo lum e m eno r de sangue em cada A prim eira técnica disponível de monitoram ento da medula
v isita (Tabela 41-5) . Com a melhoria das técn icas d e coleta e arma- espinh al foi o teste do despertar de Stagnara, descri to por Vauzelle,
zenam ento, o sa ngue pode se r arma zenado em estado líquido por Stagnara e Jouvinroux em 1973. Nesse teste, a anestesia é diminuída
até 45 dias. O sa ngue autó logo criopreservado também é um método ou invertida após a correção da defo rmidade espinhal. O pacien te é
efica z para armazenar um volume sufici ente de sa ngue antes da trazido até um estado co nsc iente e soli cita-se que ele mova ambas as
cirurgia para escoliose; entretanto, necess ita d e equipamentos caros extremidades inferiores. Uma vez que o movi mento voluntário seja
que podem não esta r disponíve is unive rsa lm ente. Além disso, após observado, a anestesia retorna ao nível apropri ado e o procedimento
o sa ngue se r desco ngelado, o gli cero l d eve se r removido. Uma vez cirúrgico é co ncluído. Engler et a i. apo ntaram possíveis riscos em
que o sangue esteja d escongelado e lavado, ele deve ser utilizado d espertar um paciente em posição prona, entubado, da anestesia,
dentro d e 24 horas. Bess et a i. constatara m que, em 51 % d os pacien- enquanto Brown e Nash enfati za ram que esse teste documenta apenas
tes, pelo me nos uma unidad e de sangue autó logo doada no pré-ope- que a medula espinhal não sofre u um comprometimento significativo
ratório foi desperdiçada ou os pacientes receberam uma transfusão no momento em que o teste era rea lizado. Ele também não permite o
com níve l alto de hematócritos (>30). Eles suge riram que uma dire- monitoramento contínuo da medula. Rotineiramente, nós utilizamos
triz mais precisa para a doação de sangue autó logo é necessária para o teste do despertar no fina l do proced imento ou caso as leituras
limitar as transfusões desnecessárias e o desperdício de recursos. mudem ou diminuam durante a ci rurgia. O teste do clônus do torno-
Roye et ai. demonstraram que a eritropo ietina é um meio zelo tem sido relatado como uma alternativa ao teste do despertar.
efic iente de aumentar a massa de glób ul os verm elhos e diminuir a Deve haver clônus por um período curto de tempo durante a saída da
necess id ade d e produtos d e sangue homó logo. A dificuldade com a anestesia. A ausência de clônus durante esse mo m ento é anorm a l.
utili zação da e ritropoietina é se u custo, o q ue faz com que n ão A combinação dos potenciais evocados somatossensori ais e motores
a utili zemos rotineiramente. to rnou o teste do despertar mu ito m enos freque nte.
CAPÍTULO 41 ESCOLIOSE E CIFOSE GDll
A anestesia hipotensiva, na qual a pressão média do sangue
arterial é mantida em 65 mmHg, tem sido defendida como uma
maneira eficaz de diminuir a perda de sangue intraoperatória. Um
acesso arterial é essencial durante esse tipo de anestesia. Deve-se
tom ar cuidado também em reduzir a pressão sanguínea de modo que
não provoque isquemia da medula. A anestes ia hipotensiva não deve
se r considerada em pacientes com problemas cardíacos ou em pacien-
tes com compressão da medula espin hal nos quais a diminuição do
sup rim ento de sangue arterial poderia restringir um fluxo sanguíneo
já comprometido para a medula. A hemodiluição normovolêmica
aguda é uma técnica que comprovadamente reduz a necessidade de
transfusões alogênicas. Realiza-se a remoção de um determinado
volume da quantidade total de sangue do paciente antes da cirurgia,
sendo substituído por coloide ou cristaloide. Os hematócritos são
reduzidos até 28% durante a cirurgia e todo o sangue que foi retirado
é então transfundido no final do procedimento. Essa técnica de hemo-
diluição necessita de um anestesiologista perito em sua utilização.
Demonstrou-se que a rec up eração intraoperatória de sang ue
(cell saver) é capaz de recuperar aproximadamente 50% da massa
de glób ulos vermelhos, reduzindo a necessidade de transfusões.
A recuperação intraoperatória de sangue encarece o procedimento,
mas é uma opção razoável caso se antecipe a perda sanguínea. Mann
et ai. relataram a recuperação de 40% da massa de glóbulos verme-
lhos durante uma cirurgia espin hal. A taxa de recuperação foi menor
do que em outros procedimentos porque a cirurgia espinhal não
permite o armazena mento do sangue perdido. A técnica cirúrgica
envolve o uso liberal de esponjas para tamponar os vasos. A neces-
sidade de um dispositivo de sucção de diâmetro estreito resulta em
maiores danos celulares e, portanto, em um a recuperação menor.
A recuperação intraoperatória de sa ngu e é contraindicada em
pacientes com doenças malignas ou infecções. O cirurgião deve
tentar estimar no pré-operatório se a quantidade de sa ngue que será
recuperada é bastante para tornar o custo da recuperação intraope-
ratória de sangue eficaz. Em nossa institui ção, o custo da utilização O@i!if;iDIJI Posicionamento do paciente em uma mesa de
do sistema de recuperação intraoperatória desague é equivalente ao Jackson com os quadris em extensão para manter a lordose
custo da transfusão de duas unidades de sangue antólogo. lombar. VEJA A TÉCNICA 41 -6.
Em nossa instituição, os métodos mais comuns para reduzir a
necessidade de transfusão de sangue são: técnica cirú rgica meticulosa,
proporciona uma abordagem extensa e segura que expõe
coleta de sangue intraoperatória e uso de sangue autó logo pré-depo-
toda a coluna vertebral.
sitado. Outras técnicas são utili zadas conforme necessário.

------~
TÉCNICA
• METAS CIRÚRGICAS
As metas da cirurgia para deformidades espinhais são a correção ou •Posicione o paciente em pronação sobre uma mesa
a melhora da deformidade, a manutenção do equilíbrio sagital, a Jackson (Mizuho OS!, Union City, CA) com os braços
preservação ou a melhora da função pu lmonar, a minimização da cuidadosamente sustentados e com os cotovelos protegi-
morbidade e da dor, a maximização das funções pós-operatórias e dos. A mesa Jackson elimina a pressão intra-abdom inal e
a melhora ou pelo menos não prejudicar a função da coluna lombar. ajuda a reduzir a perda sanguínea (Fig. 41-31).
Para que tais metas sejam atingidas em pacientes com escoliose
• Não abduza os ombros mais do que 90 graus para evitar
idiopática, as técnicas cirúrgicas podem incluir procedimentos ante-
pressão ou alongamento do plexo braquial.
riores, procedimentos posteriores ou uma combinação de ambos. As •A mesa Jackson mantém os quadris em extensão, o que
indicações, técnicas e procedimentos cirúrgicos são di vid idos em mantém a lordose lombar. Isso é extremamente impor-
seções sob re procedimentos anteriores e posteriores.
tante para que se obtenha o alinhamento sagita l correto
da espinha com a instrumentação. Os joelhos são bem
protegidos e ligeiramente flexionados para aliviar alguma
CIRURGIAS POSTERIORES PARA pressão dos músculos da coxa.
ESCOLIOSE IDIOPÁTICA •Cuidadosamente proteja os pontos de pressão . As almo-
fadas superiores do quadro devem estar posicionadas no
tórax, e não nas axi las para evitar a pressão dos nervos
ABORDAGEM POSTERIOR do plexo braquial.
A abordagem posterior à coluna é a mais comumente •Quando o paciente é posicionado no quadro com os
utilizada. Ela é fam ili ar a todos os cirurgiões ortopédicos e quadris flexionados, a lordose lombar é parcialmente )
lllDD PARTE XII A COLUNA

A B e
h[§ll;MBl!a A, Incisões cutâneas para fusão posterior e enxerto ósseo autógeno. B, Incisões sobre os processos espinhosos e ligamentos
interespinhosos. C, Retratores Weitlaner utilizados para manter a tensão e expor a coluna durante a dissecção. VEJA A TÉCNICA 41-6.

elimi nada. Caso a fusão deva ser este ndida para a espinha
)
lombar infer ior, eleve os joe lh os e as coxas de modo que
o paciente esteja deitado com as articulações do quadril
estendidas para manter a lordose lombar normal.
•Limpe as costas do paciente com uma solução de limpeza
cirúrg ica por cerca de 5 a 1O minutos e prepare a pele com
solução antisséptica. Prepare a área da cirurgia e uti lize
uma Steri-Drape (3M, St Paul, MN) para selar a pele. B
•Faça a incisão cutãnea em uma linha a parti r de uma
vértebra superior à área proposta para a fusão até uma O@li;fflmlil A e B, Curetas de Cobb utilizadas para limpar as
vérteb ra inferior à ela. Uma cicatriz reti línea melhora a faces das inserções dos ligam entos. VEJA A TÉCNICA 41-6.
apa rência pós-operatória das costas (Fig . 41-32A). Faça a
incisão inicial apenas na camada dermal. Inf iltre a intra-
derme e as áreas subcutâneas com uma solu ção de ep ine- •Após a exposição de todos os processos esp inhosos,
frina (1:500000). deve-se toma r uma radiografia de loca lização. A lternati-
• Aprofunde a incisão até o nível dos processos esp inh osos vamente, a coste la T1 2 e o processo transverso de L1
e utilize retratores Weitla ner para retrair as margens da podem se r utilizados para loca liza r os níveis. Continue
pele. Controle o sangramen to com um eletrocautério. com a exposição subperiostea l da área a ser fundida,
Identif ique o ligamento interespinhoso entre os processos mantendo semp re os retratores tensionados (Fi g. 41 -32C).
esp inh osos; ele gera lm ente parece uma linh a branca. É mais fáci l rea liza r a dissecção de cauda l para cefá lico
Conforme a incisão é aprofundada, mantenha os retra- por causa das fixações oblíquas dos músculos rotadores
tores Weitlaner firmes para ajudar na exposição e mini- curtos e dos ligamentos da espinha.
mizar o sangramento. Realize então uma incisão na capa • Estenda a dissecção subperiostea l primeiramente às arti-
cartilaginosa sobrejacente aos processos espin hosos tão cu lações facetárias de um lado e, em segu ida, do outro
próximo da linha méd ia quanto possível (Fig. 41 -328), lado, aprofundando os retratores conforme necessário.
Essa li nha média pode va riar por causa da rotação dos Continue com a dissecção lateralmente até as extrem ida-
processos esp inhosos. des dos processos transversos em ambos os lados.
•Com um elevador de Cobb e um eletrocautério, exponha •Coagule o ramo do vaso segmentar imediatamente lateral
os processos espinhosos subperiostealmente após as a cada face .
capas ca rtil ag inosas serem movidas para um dos lados . •Coloque os retratores de autorretenção mais profunda-
•Após a exposição de diversos processos espinhosos, mova mente pa ra manter toda a incisão aberta e exposta.
os retratores Weit laner para um nível mais profundo e •Podem-se utilizar esponjas embebidas em solução 1:500.000
mantenha a tensão para retra ção e hemostasia. de epi nefrin a para manter a hemostasia.
CAPÍTULO 41 ESCOLI OSE E CIFOSE ai.
) •Utilize uma cu reta e um rongeur pituitário para limpar
completamente os ligamentos interespinhosos e todas as
faces das fixações e cápsulas ligamentares, procedendo
da linha méd ia para as laterais (Fig . 41 -33), de modo a
diminu ir a possibilidade de que a cureta escorregue e
penetre o cana l espinha l.
• Agora, toda a espinha está exposta de um processo trans-
verso ao outro, t odos os tecidos moles foram removidos
e a espinha está pronta para a instrumentação e a artro-
dese, conforme indicado pelo procedimento escolhido.

FUSÃO POSTERIOR
O sucesso em longo prazo de qualquer procedimento cirúrgico para B
escoliose depende de urna artrodese sólida. A técnica extra-articular clás-
sica. de Hibbs fo i substituída por técnicas de fusão intra-articulares que O@ihfüBJII A e B, Técnica de Moe para fusão facetár ia torá-
incluem as articulações facetárias. O sucesso da a.iirodese da espinha cica. VEJA A TÉCNICA 41 -7.
depende da preparação cirúrgica do local da fu são, fatores sistêmicos e
locais, capacidade de os enxertos estimula.i·em o processo de cura e carac-
terísticas biomecãnicas do posicionamento do enxerto. Para se obter o •Inicie o corte sob re os processos articu lares cefá licos na
mell10r ca.i11po para a fusão, os traw11as aos tecidos moles devem ser base da lâmina e estenda-o ao longo do processo trans-
mínimos. Tecidos avasculares devem ser removidos do leito do enxerto. verso até quase sua extrem idade. Dob re esse fragmento
A superfície e as facetas ósseas devem ser decorticadas pa.i·a proporcionar lateralmente, colocando-o entre os processos transversos
Lm1a área de superfície exposta grmde para o crescimento vascular e para e mantendo-o articu lado, caso possível.
permitir a chegada de mais células osteoprogenitoras. A condição do •Remova completamente a cartilagem do processo articu-
paciente deve ser melliorada ta.i1to qua.i1to possível por meio da nutrição lar superior.
e do controle de problemas médicos. Descobri u-se que o tabagismo inibe • Faça outro corte na área da faceta articu lar superior com
significativa.inente a fusão, devendo se r interrompido antes da cirur- uma goiva de Cobb, começando mediaimente e prosse-
gia. Enxertos ósseos autógenos da crista ilíaca ainda são o "padrão ouro" guindo lateralmente para criar outro fragmento articulado.
para enxertos, combina.i1do propriedades osteogênicas, osteoconduti- •Aplique um enxerto de osso esponjoso no defeito criado
vas e osteoindutivas. O utra excelente fonte de osso autógeno são as (Fig. 41-34).
costelas obtidas de uma toracoplastia. Aloenxertos proporcionam pro- •Na coluna lombar, as articulações facetárias estão orien-
priedades osteocondutivas e apresentaram resultados similares aos tadas mais sagitalmente e a fusão facetária pode ser
enxertos autógenos da crista il íaca em pacientes mais jovens. Em certas realizada mais facilmente por meio da remoção da super-
condições, como a escoliose paralítica, na quais grandes quantidades fície articular adjacente com um pequeno osteótomo ou
de enxerto ósseo são necessárias e as cristas ilíacas frequentemente rongeur. Isso cria um defeito que deverá ser preenchido
pequenas ou utilizadas dura.i1te a instrumentação, aloenxertos são uti- com osso esponjoso (Fig. 41-35)
lizados rotineiramente. Mate ri ais altern ati vos para enxerto incluem •Realize a descorticação de toda a espinha exposta utili-
o fosfato tri cá lcico, a hidroxiapatita e matrizes ósseas desmineraliza- zando goivas de Cobb, iniciando na linha média e prosse-
das. A proteína morfogêni ca dos ossos pode fornecer propriedades gu indo lateralmente de modo que, caso a goiva escorregue,
osteoindutivas, mas não é rotineiramente utili zada em fusões de vários ela esta rá movendo-se para longe do ca nal espinhal.
níveis necessárias pa.i·a o tratamento da escoliose. O futuro dessas subs- •Aplique enxertos de osso esponjoso. Caso a fusão seja
tâncias provavelmente será em combinação com agentes osteocondu- sendo rea lizada pa ra escol iose e a quantidade de osso
tivos e osteoinduto res. Quanto ao posicionm1ento dos enxertos, seja lim itada, concentre o enxerto ósseo no lado côncavo
deve-se lembrar que enxertos ósseos geralmente apresenta.in melhor da cu rvatura pois o osso estará sujeito a forças de com -
desempenho quando comprim idos, sendo menos eficazes com a dis- pressão em oposição às fo rças de tensão no lado convexo.
tração. Q uanto mais distante a fusão estiver do eixo de rotação instan - As áreas toracolombares e lomba res são as mais associa-
tâneo, melhor ela será, evitando ou minimizando o movimento do eixo das à incidência de pseudoartrose.
de rotação.
Com as melhorias das técn icas cirúrgicas e a inclusão da fusão
int ra-art icul ar, em conjunto com a dissecção m eticulosa dos
FUSÃO FACETÁRIA
FUSÃO FACETÁRIA ~
TÉCNICA
~ '--~~~~~~--'~
TÉCNICA
'----~~~~~~---'~ (HALL)
(MO E)
•Primeiramente, corte a faceta inferior com uma goiva,
• Exponha a espinha até as extremidades dos processos trans- remova esse fragmento ósseo para expor a cartilagem face-
versos, conforme descrito anteriormente (Técn ica 41-6). tária superior e remova a cartilagem com uma cureta afiada. )
llESi> PARTE XII A COLUNA

H@lhf.!B19 A e B, Técnica de fusão facetária lomba r de Moe. VEJA A TÉCNICA 41-7.

A B e
IUê\mHrJl?lt A-C, Técn ica de fusão facetária de Hall. VEJA A TÉCNICA 41-8.

•Crie um su lco removendo o córtex externo da faceta supe- procedimento. Outros tratamentos pós-operatórios, como
)
rior e aplique enxertos de osso esponjoso (Fig. 41-36). imobil ização, suporte ou ambulação, dependem do t ipo
•Prossiga com a descorticação descrita na técnica de Moe. de fixação interna utilizada no proced imento.
•Após a conclusão da fusão, feche os tecidos profundos
com sutura s absorvíveis.
•Coloque um dreno no tecido subcutâneo ou na camada processos transversos, a taxa de pseudoartrose diminuiu para 2% ou
profunda, mantendo o reservatório de drenagem sepa- menos em adolescentes com escoliose idiopática.
rado do reservatório de enxerto ósseo pa ra permitir o
mon itoramento da hemorragia nos locais das incisões.
• Aproxime os tecidos subcutãneos com suturas absorví- ENXERTOS ÓSSEOS
ve is 2-0 e as marg ens da pele com pontos absorvíveis
su bcuticu lares. Enxertos ósseos autógenos da crista ilíaca são considerados o "padrão
•Ap lique um curativo estéril volu moso. ouro''. A coleta do enxerto ósseo autógeno do íleo pode introduzir um
potencial para morbidade intraoperatória e pós-operatória ao proce-
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O paciente é transferido dimento. Betz et ai. descreveram 91 pacientes com escoliose idiopática
da mesa de operação para a cama. Os fluidos intraveno- adolescente. Os resultados sugeriram que a utilização de uma fixação
sos devem contin uar até que o paciente seja capaz de rígida proporcionada pelos ganchos multisegmentares, parafusos e
tolerar a ingestão oral e não necessite mais de medicação sistemas de hastes modernos, em conjunto com a descorticação, face-
intravenosa. Deve-se ap licar antib ióticos profil áticos intra- tectomia e co m o potencial osteogênico inerente dos ossos imaturos,
venosos antes, durante e após o proced imento. Um proporcionou taxas de fusões bem-sucedidas sem a utilização de
cateter Foley é inserido na maioria dos pacientes durante enxertos autógeno suplementares. Violas et ai. descobriram que
a cirurgia; ele é removido de 48 a 72 horas após o enxertos autoenxe rtos ósseos locais geraram taxas de fusão iguais àquelas
encontradas com autoenxe rtos da crista ilíaca. O uso de aloenxertos
CAPÍTULO 41 ESCOLIOSE E CIFOSE

apresenta o risco teórico de transmissão de doenças. Os aloenxertos enca- a utilização de aloenxertos diminui o tempo de cirurgia, as dores
recem o procedimento, mas a despesa deve ser pesada contra a diminui- pós-operatórias e a perda de sangue. Até o momento, não notam os
ção da morbidade e do tempo de cirurgia. Igualmente, descobrimos qu e nenhum aumento das taxas de pseudoartrose com a utilização de
aloenxertos em relação aos casos nos quais foram utilizados enxertos
autógenos da crista ilíaca.
ENXERTOS ÓSSEOS AUTÓGENOS DA
CRISTA ILÍACA • COMPLICAÇÕES DOS ENXERTOS ÓSSEOS
A complicação mais co1mun associada à coleta do enxerto ósseo da crista

-------~
TÉCNICA ilíaca posterior é a dormência transitória ou permanente da pele das
nádegas causada pela lesão dos nervos clúneos superiores (Fig. 4 1-38A).
•Faça uma incisão sobre a crista ilíaca que será uti lizada Os nervos clúneos superiores fornecem sensibilidade a uma grande área
(Fi g. 41-37 A). Caso a incisão original estenda-se de modo das nádegas. Eles perfmam a fáscia lombossacral e atravessam a crista
suficiente distal mente at é a esp inh a lombar, a crista il íaca ilíaca superior começando 8 cm lateralmente à espinha ilíaca posterossu-
pode ser exposta pela mesma incisão por meio de dissec- perior. Recomenda-se uma incisão limitada, que fique a 8 cm da espinha
ção subcutânea. ilíaca posterossuperior, que evite os nervos clúneos superiores.
•Infiltre as áreas intraderm ais e subcutâneas com um a A artéria glútea superior sai da pelve, entra na região glútea pela
solução 1 :500.000 de epinefrina. parte mais superior da in cisura isquiática e envia ramos extensos para
• Exponha a apófise carti laginosa sobreposta à crista il íaca os músculos glúteos. Deve-se to mar cuidado quando o retrator for
posterior e divida-a no meio. inserido na incisura isqui ática. Lesões à artéria glútea superior causam
•Util izando um elevador de Cobb, exponha o íleo subperios-
tealmente.
• A artéria glútea superior emerge da área da incisu ra isqui-
ática (Fig . 41-37 A) e deve ser evitada durante esse pro-
ced imento de enxerto ósseo .
•Caso enxertos bicorticais sejam desejáveis, exponha a
crista poste rior do íle o no lado interno e obtenha duas
ou três tiras de enxerto bicortical com uma goiva grande.
Caso contrá ri o, colete tiras corticais e esponjosas da parte
ext erna do íleo (Fig. 41 -378)
•C oloqu e esses enxertos ósseos em uma vasilha e cubra-os
com uma esponja embebida em solução sal ina ou sangue.
•C on trol e o sang ramento da crista il íaca com cera óssea
ou Gelfoam.
• Aproxime a capa ca rtil ag in osa da crista ilíaca posterior A B
com um ponto absorvível.
• Coloque um dreno de sucção no loca l doador e conecte-o O@ii;HrJm A, Arté ria glútea superior conforme emerge da
a um reservatório separado para monitorar a hemorragia área da in cisura isquiática. B, Tiras corticais e esponjosas removi-
pós-operatória separadamente do local da fusão espinha l. das da parte externa do íleo para enxerto ósseo autógeno. VEJA
A TÉCNICA 41-9.

Nervos clúneos
superiores

r1n Espinha ilíaca


posterossuperior
Espinh a
ilíaca
posterossuperio r-----..........

A
O[êjii;@BI!> A, O nervo clúneo superior pode ser lesionado durante a coleta do enxerto ósseo da crista ilíaca. Uma inc isão
limitada (linha verde), mantida a 8 cm da espinha ilíaca posterossuperior, evita esse nervo. B, O comp lexo do ligamento posterio r
proporciona a maior parte da estabilidade da articula ção sacroilíaca .
Ili&!) PARTE XII A COLUNA

L1gamentos sacroilíacos

Q
pos terior e
Espinha ilíaca 1nterósseo
posterossuperior--
75º 30°
Sacro
30 kg 30 kg

Ílio "~-~-Cartilagem

- - - Ligamento
articular

sacroilíaco ventral
!
Sem

M = 20 kg x 8 cm
= 240 kg cm
!
3cm

M = 30 kg x 3 cm
= 90 kg cm

O@il;HOID Enxertos de espessura total não devem ser


obtidos muito próximo da articula ção sacroilíaca para evitar
danos ao complexo ligamentoso posterior.

hemorragia volumosa e a ar téria geralmente se retrai proximalmente


na pelve. O controle da hem orragia frequentem ente demanda a
remoção de osso da incisura isquiática para qu e se obtenha exposição
suficiente. Pode se r necessário par a fechar a lesão, virar o paciente e
que um cirurgião geral locali ze e ligue a artéria hipogástrica. Lesões
ureterais também podem ocorrer na incisura isquiática por causa das h!riil;MBII!) Comparação entre as forças de torção exercidas
extremidades pontiagudas do retrator. nos ápices de uma curva de 75 graus e uma curva de 30 graus.
A m a io r p arte da es ta bilidade d a articul ação sacroilíaca é
prop o rcion ad a pelo co mpl exo d o li gam ento posterior (Fig.
41- 38B). Lesões na ar ticul ação sac roilí ac a causadas p ela remo ção
d esses li ga m entos po d em var iar d es d e sintom as clínicos de ins-
tabilid ad e até luxações . A lu xação d a a rticul ação sa croilíaca tem
sido relata d a com o urn a co mpli cação d a retirada d e en x erto d e
espess ura to tal d o íli o p oste ri or. Se um en xe rto d e espessura
tota l for o btid o, ele não d eve se r o btid o mui to próx im o da arti -
culação sacro ilíaca (F ig. 4 1-39) .

INSTRUMENTAÇÃO ESPINHAL POSTERIOR

Os objetivos d a instrumentação na cirurgia de escoli ose são a cor-


reção d a d eformid ade, tanto quanto possível, e a estabilização da
espinha na posição correta enqu anto a massa de fu são se torna
só lida. A m assa de fu são e m um a espinha bem corrigida é submetida
a mom entos de fl exão e fo rças d e tensão muito menores do que a
massa de fu são em uma espinha não corrigida (Fig. 41-40).
O sistem a de instrum entação ideal para a espinha é seguro e
confiável, com falh as e qu ebras d e instrum entos pouco frequentes.
Ele deve ser fo r te o suficiente p ara res istir a cargas de todas as dire-
ções, sem ap oio externo, se r fácil d e usar, com pouco aumento no
tempo d a cirurgia e restau ra r os co ntorn os normais da coluna ver- OC§IJ;tgiBIJI Efeitos da haste de distração na coluna lombar.
tebral nos pl anos sagital, coronal e transverso. Ele não deve criar Caso o contorno da lordose seja inadequado, a coluna lombar
n ovas defo rmidad es confo rme a instrumentação é aplicada. Ele pode ser achatada por meio de força de distração. Observe
também d eve se r um sistem a d e baixo custo. Num erosos implantes também a deformidade cifótica superior à haste de distração.
es tão dispon íveis, emb ora nenhum atenda to dos os critério s de um
sistem a id eal. Nen hum di spos itivo rep rese nta a melhor escolha para
to dos os cirurgiões e tod os os pacientes.
Em 1962, Harringto n introduziu o primeiro sistem a de instru- Apesar do sucesso, o sistema de instrumentação de H arrington
m entação efi caz para escoli ose. Por ma is d e 30 anos, o uso da haste apresenta diversas desvantagens. A correção com esse sistem a é obtida
d e distração de Harrington , combinado com a artrodese posterior por m eio da distração. Confo rme a curva é corrigida por essa força,
compl eta e a im obili zação co m gesso ou órtese por 6 a 9 m eses, foi a eficiência da correção diminui. As forças de distração são aplicadas
o tratam ento cirúrgico pad rão d a escoli ose idiopática ad olescente. apenas nas extremidades do constructo, n o local onde os ganchos
A incidência de lesões neurológicas co m essa técnica é inferior a 1% estão aloj ados. Caso a carga exerça a resistência da lâmina, podem
e a taxa de pseudoa rtrose é inferior a 10%. A p rin cipal força corre- ocorrer fraturas e perda da correção. Com a distração, a coluna fica
tiva na instrumentação de Ha rrington é a distração. alongada e ocorre a perda do contorno sagital (Fig. 41-41). Por fim, a
CAPÍTULO 41 ESCO LI OSE E CIFOSE GZ!llll
distração não lida com o componente rotacional das curvas escolióticas
idiopáticas adolescentes. Sistemas de instrumentação segmentar pos-
Posição do
teriores com vários ganchos, cabos sublam inares ou parafusos pedi- gancho - -
culares substituíram o sistema de Ha rrington. inferior
Sistemas de instrumentação vertebral segmentar posteriores
possuem vários pontos de fixação para a espi nl1a e aplicam forças de +--Limite da
compressão, distração e rotação por meio da mesma haste. Esses sis- zona estável
temas geralmente não necessitam de qualquer imobilização pós-ope-
ratória. Eles proporcionam mna correção melhor do plano coronal e
um controle melhor do plano sagital. A hipocifose na coluna torácica
pode ser reduzida e a lordose lombar preservada quando a instrumen-
tação estende-se até a parte inferior da coluna lombar. Com o uso de
parafu sos pediculares, parece haver um a correção melhor do plano
transverso (rotação vertebral). Esses sistemas geralmente apresentam
taxas de fa lha do implante e pseudoartrose inferiores às da instrumen-
tação de Harrington (Vídeo 41-3).
Três tipos de dispositivos estão disponíveis para a fixação da
instrumentação segmentar posterio r: ca bos, ganchos e parafusos.

• MANOBRAS CORRETIVAS
Diversas técnicas e man obras podem ser utilizadas para corrigir
deformidades da coluna . A distração do lado côncavo de uma cur-
vatura torácica diminuirá a escoliose a a cifose torácica. A compres-
são aplicada no lado convexo de um a curvatura lomb ar corrigirá
O@l!;frlr'Jl:9 Zona estáve l para a vértebra inferior conforme
descrita por Harrington.
a escoliose e permitirá a restauração ou a manutenção da lo rdose
lombar. A co rreção da curvatura escoliótica também pode ser
alcançada pela translação do ápice da curvatura para uma posição
mais norm al. A translação pode ser reali zada por meio de uma • NÍVEIS DE FUSÃO E LOCAIS DE COLOCAÇÃO
manobra de derrotação da has te. Essa manobra clássica de derro- DOS GANCHOS
tação de Cotrel e Dubousset é realizada conectand o uma haste Deve-se considerar diversos princípios básicos para determinar os
côncava pré-con tornad a a cada um dos pontos de fixação e gi rando níveis de fu são para a instrumentação segmentar com múltiplos
a has te no plano sagital. Essa derrotação em bloco resulta em urna ganchos.
transl ação lateral da vértebra apical ou uma relocação in situ do 1. Filmes anteroposteriores, laterais e de torção lateral são essen-
ápice da curvatura . ciais. Como os fi lmes de torção com o paciente em pé não
A translação pura é outro método para a correção de curvatu- revelam ta nto, recomenda-se imagens com torção supina.
ras. Ela pode ser realizada com cabos subl arninares ou com parafu- 2. No plano sagital, todas as curvaturas patológicas devem ser
sos de redução no lado côncavo. A haste é contornada com a inclusas. O objetivo dos sistemas com múltiplos ganchos é
quantidade desejada de correção nos planos coronal e sagital e colo- criar con tornos sagitais normais, caso possível. A instrumen-
cada nos pontos de fixação proximais e distais. A espinha é, então, tação não deve se r interrompida no meio de uma curva sagital
lenta e sequencialmente tracionada até a haste pré-contornada uti- patológica, corno um a cifose juncional toracolombar. O gancho
lizando cabos sublamin ares ou parafusos de redução. supe ri or não deve parar no ápice da cifose proximalmente.
O contorno in situ constitui outra técnica de correção. Com o Esses níveis são determinados em radiografias laterais com o
uso das ferramentas de torção adequadas, o contorno in situ nos paciente em pé.
planos coronal e sagital pode melhorar o alinhamento de uma 3. No plano transverso, a instrumentação deve estender-se até
espinha escoliótica. A técn ica de cantiléver pode ser utilizada para uma vértebra de rotação neutra, se possível. Isso é determi-
reduzir a deformidade da coluna vertebral. Com essa técnica, a haste nado em radi ografias posteroanteriores em pé ou com torção.
pré-contornada é inserida e fixada proximal ou distalrnente e então 4. A inst rum entação deve ser interrompida no nível acima da
reduzida sequencialmente até cada local de fixação com a manobra neutralização do disco, conforme determinado em radiografias
de cantiléver. Esse proced imento geralmente é seguido pela com- com torção, co ntanto que esse nível não seja conflitante com as
pressão e distração adequ adas para finalizar a correção. Com o necessidades nos planos sagital e transverso. Em outras palavras,
aumento do uso de parafusos pediculares na espinha torácica, a a altura do disco deve ser igual nos lados esquerdo e direito e
correção também pode ser obtida com a rotação vertebral direta. deve abrir-se em ambos os lados em radiografias com torção
supina. O segmento rígido da curvatura torácica também é
determinado em radiografias de torção coro nal e determina a
IN~TRUMENTAÇÃO SEGMENTAR COM colocação dos ganchos intermediários.
MULTIPLOS GANCHOS 5. O nível distal deve estar dentro da zona estável de Harrington
(Fig. 41-42) . Idealmente, a vé rtebra infer ior deve ser cortada
• PLANO CIRÚRGICO pelo cent ro da linha sacra!, mas isso é necessário apenas em
radiografias com torção, e não naquelas com o paciente ereto.
Radiografias pré-operatórias, incl uindo imagens posteroanteriores e Uma vez determinados os níveis proximal e distal da fu são, os
laterais e com torção latera l em pé devem ser ava liadas e um plano padrões de colocação dos ganchos devem se r determinados. Para
cirúrgico concebido. determinar os padrões adequados, o tipo de fo rça que deve ser
lll!iD PARTE XII A COLUNA

gerada sobre a espinha e seus resultados no plano sagital devem ser • A cápsu la da faceta é removida e uma parte do processo
determ inados. Os princípios básicos são os seguintes: facetário inferior é removida para facilitar a inserção do
1. Forças de distração (forças direcionadas para longe do ápice
gancho (Fig. 41 -49A)
da curvatura) diminuem a lordose ou contribuem para a • Após a remoção de parte do processo facetário inferior,
cifose. utilize uma cureta pa ra remover a cartilagem hialina da
2. Forças de compressão (direcionadas para o ápice da curvatura) articulação facetá ria.
diminuem a cifose ou criam lordose. •Introduza o loca lizador de pedícu lo na articu lação face-
3. Para criar cifose, o lado côncavo deve ser abordado primeiro. tária e pressione cuidadosamente contra o pedículo (Fig.
4. Para criar lordose, o lado convexo deve ser abordado primeiro 4 1-49B). Certifique-se de que o instrumento seja inserido
e as forças devem ser direcionadas para o ápice da curvatura. no espaço intra-articu lar, e não no osso da face articular
5. Na junção toracolombar, não se deve aplicar forças de distra- inferior. Ele deve encontrar o seu caminho, deslizando ao
ção. Na torção da haste, a torção lordótica da haste deve ser longo da face articu lar superior.
iniciada no interespaço T l 2-Ll .
Alguns constructos típicos com ganchos e a ordem de aplica-
ção das hastes podem ser vistos nas Figuras 41-43 a 41-48.

• PREPARAÇÃO DO LOCAL E COLOCAÇÃO DOS


GANCHOS
Basicamente, há dois tipos de ganc hos: pediculares e laminares. Os
ganchos pediculares são projetados para propo rcionar um a fixação
firme à espinha torácica por meio da inserção na faceta com pres-
sionamento sobre o pedículo torácico. Os ganchos pediculares são
utilizados na direção ascendente em TlO ou superior. Os ganchos
laminares podem ser uti li zados nas espinhas torácica e lombar. Eles
podem ser colocados ao redor das margens superior ou inferior da
lâmina ou do processo transverso de acordo com a direção e o ponto
de aplicação das forças desejados.

IMPLANTE DE GANCHOS
PEDI CU LARES t
TÉCNICA
lllI:m~~~~~~--~
• O gancho pedicular é inserido em direção ascendente de
T1 a T10. o@•l;MBl!t Seleção tí pica dos loca is dos ga nc hos e m Len ke
1A (King Ili ).

t- 1
1

t 1
1
1
1
1
1

t1 1
1
1
1
1
1

fi 1
1
1 0@11;'4EJ9 Inst rumenta ção da curva

~
Lenke 3 (g ran de d u pl a) (ver t ext o). A, Posi-
cionamento do ga ncho para a haste esq ue rda.
1
1 B, Dois ga nchos lombares a pi cais podem ser
1
1 uti lizados pa ra aplicar compressão no áp ice

~ 1
da curva lo mbar. C, Co locação d o gancho
pa ra a haste d ire ita a pós rot ação da hast e
e l esquerda.
CAPÍTULO 41 ESCO LI OSE E CIFOS E Glll

O@i!;f4B19 Instrumentação de curva


t orácica d up la Lenke 2 (King tipo IV) com
hast e superior temporária . A, Colocação do
gancho para inserção de uma haste segmen-
tar curta na concav idade da cu rva torácica
alta. B, Uma leve distração é ap licada e a
hast e é travada no loca l. C, A hast e esquerda
é inserida para incl uir ambas as curvas é ap li-
cada comp ressão à convexidade da curva
superior e é aplica da d ist ração à concavida de
da curva inferior. A haste curta é removida e
a hast e longa é cont ornada in sit u.
e

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H@il;MBm Instrumentação de curva Lenke 5 (toracolombar)


O@ii;f4B1Il9 Instrumentação de curva Lenke 5 (toraco lombar) com a técn ica da hast e côncava, na qua l a correção é prod uzida
pela técnica da haste co nvexa . A, Padrão dos ganchos para inserção por um mecan ismo de canti léver. A, A haste côncava é inserida e
da haste convexa; os ganchos são comprimidos e a hast e é girada g irada para converter a esco li ose lomba r em lordose durant e o
para obter o co ntorno sag ita l norma l. B, A haste côncava é inserida asse ntament o seq uencia l em ga nchos ca da vez mais cefá licos. B,
e assentada com dist ração. Ba rras t ransversais são aplicadas. A haste co nvexa é inserida com o padrão de ga nchos mostrado .

•Quando o loca lizador de pedícu lo estiver no lugar, verifi -


que o posicionamento aplicando uma força dirigida lateral-
IMPLANTE DE GANCHOS NO
mente ao localizador. Caso a vértebra se mova lateralmente PROCESSO TRANSVERSO
durante a translação, o local izador de pedícu lo está no local
correto. TÉCNICA
• Insira o gancho pedicu lar com um insersor de gancho e
um suporte, se necessário. Mais uma vez, certifique-se de •O gancho do processo transverso faz part e de um sistema
que as protuberâncias do gancho permanecem dentro da de garras pedicular-transversa l. Na ma ioria dos procedi-
articu lação facetária, e não no osso remanescente da face mentos para escoliose, uti lize essa garra na extremidade
inferior (Fig. 41-50) superior do lado convexo. O gancho do processo transverso )
~ PARTE XII A COLUNA

O@ll;@Bm A e B, Fixação híbrida da curva Lenke 1A (King Ili)


com parafusos pediculares na extremidade inferior do constructo.

O!§i!;HBE!J Implantação do gancho pedicular CD Horizon


Legacy. A, Colocação correta do gancho. B, Colocação incorreta
do gancho. VEJA A TÉCNICA 41-10.

gera lmente é um gancho laminar largo inserido de forma


)
descendente ao redor da parte superior do processo
transverso.
•Prepare a área ao longo da margem superior do processo
transverso utilizando um elevador do processo transversal
para separar as fixações ligamentares entre a superfície
inferior do processo transverso e o arco posterior da
costela medial à articulação transversa (Fig. 41-51 ).
•Utilizando um suporte de gancho, insi ra o gancho ao
redor da margem superior do processo transverso.

IMPLANTE DE GANCHOS LAMINARES


TÉCNICA ~
~~~~~~~~~~
• Coloque ganchos laminares ao redor da margem superior
O!§ii;@BID Implantação do gancho pedicular CD Horizon ou da margem inferior da lâmina, de acordo com a direção
Legacy. A e B, Preparação do loca l do gancho e colocação. VEJA desejada para a força que será aplicada. Cuidadosamente
A TÉCNICA 41-10.
CAPÍTULO 41 ESCOLIOSE E CIFOSE

,-\
,_, ,-\
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,_ ,-_
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I
I \
I

A B

O[§l!@Bm Área ao longo da margem superior do processo A


transverso preparada utilizando um elevador do processo trans-
verso. (Redesen hada de W inter RB, Lonstei n JW, Den is F, Smith MD,
editors: Atlas of spine surgery, Philadelph ia, 1995, WB Saunders, p.
263 ) VEJA A TÉCNICA 41-11.

)
B

O!§IJ;f+iBm A, Inserção de gancho supralaminar. Essa inser-


ção ap lica dois ganchos côncavos inferiores em uma única instru-
mentação de curva torácica . A lam inotomia é mantida tão
pequena quanto possível para minim izar o risco de penetração
O@ii;MBB O gancho laminar deve ser escol hido cuidadosa- profunda no canal espinhal durante a inserção da haste. É neces-
mente para coincidir com a forma da lâmin a e obter o melhor sário um bom encaixe e o gancho lam in ar torácico é utilizado se
ajuste possível a fim de evitar o impacto do gancho no canal a espessura lami nar for muito pequena para permitir a estabili-
espinhal. VEJA A TÉCNICA 41-12. dade no plano anteroposterior do gancho laminar lombar. B,
Inserção do gancho infralaminar. O gancho convexo inferi o r na
curva torácica direita é inserido desse modo . O ligamento amarelo
é dissecado na parte infe ri or da lâmina . Uma laminotom ia in f e-
combine o tipo de gancho laminar com o formato da
r ior pequena proporciona um ponto de fixação horizonta l para
lâmina para obter o melhor ajuste possível a fim de evitar
o gancho. A cáps ula facetária adjacente deve ser poupad a porque
a possibil idade de choque do gancho cana l esp inha l (Fig .
ela não está incl uída na fu são. VEJA A TÉCNICA 41-12.
41-52 )
•Para inserir o gancho supra lam inar, remova o ligamento
amarelo utilizando rongeurs Kerrison e curetas (Fig. •Quando o gancho infralamin ar for inserido, remova par-
41-53A). Na área lombar, geralmente, há espaço sufi- cialmente o ligamento amarelo ou separe-o da superfície
ciente entre as vértebras para permitir o implante do inferior da lâm ina . Caso necessá rio, remova parte da
gancho sem a remoçâo de osso . Na área torácica, entre- margem inferior da lâmina para permitir o assentamento
tanto, o processo espinhoso da vértebra superior deve ser adequado do gancho na lâmina (Fig. 4 1-53B) Tenha
removido. cuidado de preservar a parede lateral da face inferior para
• Após a abertura do canal, estenda a área lateralmente evitar o deslocamento latera l do gancho.
realizando a excisâo da parte medial da face articular •Quando o gancho laminar mais inferior for inserido, pre-
inferior da vértebra superior. Isso deixará espaço sufi- serve o ligamento interespinhoso e a cápsu la facetária
ciente pa ra a inserção do gancho laminar torácico. para evitar cifose dista l às hastes.
llllJiJ) PARTE XII A CO LU NA

A e

O!ijii;fgHIEJ~ A-F, Sequência de instrum entaçã o para curva Lenke 1A (King Ili) com o sistema para deformidades espinhais CD Hori zon
Legacy (consulte o text o). Descorti cação, co ntorno da hast e e redução. (Redesenhada de Lascombes P: CD Horizon Legacy Spinal System-deformity,
surgical technique manual, Memphis, TN, 2005, Medtronic Sofamor Danek.) VEJA A TÉCNICA 41-13.

• Curete a carti lagem interveniente para expor o osso sub-


SEQUÊNCIA DE INSTRUMENTAÇÃO EM
condral. A descorticação das lâminas, dos processos espi-
UMA CURVATURA LENKE 1A TIPICA nhosos e dos processos transversos, assim como a
O seguinte procedimento é uma sequência de instrumen- apl icação de um enxerto ósseo, serão rea lizadas após a
tação típica para uma curvatura Lenke 1A (King Ili) com a conclusão da instrumentação.
uti lização do sistema para deform idades esp inhais CD • Após a facetectomia , coloque os ga nchos laminares de
Horizon Legacy. Há muitos outros sistemas capazes de volta em suas posições orig inais.
obter o mesmo resu ltado. Os leitores devem consu ltar o • Nesse ponto, corte a haste de correção que será colocada
manua l técnico para mais detalhes sobre o sistema que no lado côncavo no comprimento adequado, o qua l
melhor se enquadra a suas práticas . geralmente é de 2 a 3 cm maior do que o comprimento
total gancho-gancho.
TÉCNICA ~ • Dobre a haste para obter o contorno correto do plano
~~~~~~~~---'~ sagital. Esse processo pode ser realizado progressivamente
• Uma vez preparados os locais para colocação dos ganchos, com o uso de um arqueador francês (Fig. 41-548). A haste
remova os ganchos laminares. Eles não ficam estáveis CD Horizon Legacy possui uma linha entalhada para manter
antes da inserção da haste e podem soltar-se durante a o mesmo plano de orientação da haste e evitar uma torção
descorticação. espiral. Caso a escoliose seja fl exível, dobre a haste para
• Nesse ponto da cirurgia, realiza a facetectom ia (Fig. 41-54A) . obt er os contornos sagita is planejados. Caso a curvatura seja
CAP ÍTULO 41 ESCO LI OSE E CIFOSE 'mllil
Utilizando duas pinças de haste (Fig. 41-55A), gire a haste
para transladar o ápice da curvatura em direçã o à linha
média. Caso os ganchos comecem a se soltar, coloque
uma das garras da haste ao lado do gancho e reco loque
o gancho usa ndo um dist ratar. Uma vez concluída a
rotação da haste, aperte os parafusos de f ixação.
•Arqueadores in situ são então util izados para correções e
aj ustes f inais da haste no plano sag ita l. Arque ie a haste
um pouco por vez util izando uma das extremidades do
arqueador (Fig. 41-55B) .
• Quando o contorno estiver completo, real ize a distração ou
a compressão para acomodar os ganchos em suas posições
finais. Recomenda-se o uso de uma pinça para manobras
de distração em vez de qualquer parte do implante (Fig.
41 -56A). Manobras de compressão gera lmente são real iza-
das em dois ganchos (Fig. 41 -56B). Certifique-se de que
B
esses instrumentos sejam colocados contra o corpo do
implante, e não contra o parafuso de ajuste.
O@ii;MBm A e B, Correção de deform idade util izando o
•Após concluídas as manobras, aperte mais os parafusos de
sistema para deformidades espinhais CD Horizon Legacy. Consu lte
ajuste . Co loque a haste estabilizadora convexa, meça o
o text o para descri ção. (Redesenhada de Lascombes P: CD Honzon
comprimento e corte a haste. Ut ilizando um arqueador
Legacy Spinal System-deformity, surgical technique manual, Memphis,
francês, defina o contorno da haste de acordo com a
TN, 2005, Medtronic Sofamor Danek) VEJA A TÉCNICA 41 -13.
curvatura da espinha na posição de ali nhamento residua l
da haste de correção. Coloque a haste nos ganchos e f ixe-a
provisoriamente com pa rafusos de ajuste (Fig . 4 1-56C)
rígida, molde seu contorno para que possa ser faci lmente •Uma vez que as hastes estejam fixas aos implantes,
encaixada nos ganchos. Essa escoliose rígida será corrigida apl ique distração e compressão.
principa lmente com a derrotação e com a torção in situ. • Meça o comprimento e aplique as barras transversa is ade-
• Coloque a haste contornada nos implantes. O processo quadas. Elas são necessárias pa ra proporcionar estabilidade
pode ser iniciado tanto do gancho superior quanto do rotacional ao construto, devendo idea lmente ser colocadas
inferior. Coloque os parafusos nos primeiros ganchos onde próximas às extremidades. Aperte os parafusos de ajuste.
a haste f ique perfeitamente assentada. Após a inserção da •Coloque o inst rumento de contratorque sobre o imp lante
haste no primeiro ou nos dois primeiros ganchos, torna-se e a haste (Fig. 4 1-560). Insira a chave de quebra pe lo
necessário utilizar um método para faci litar a redução da cana l da ferramenta. A chave cria uma alavanca para a
haste e seu assentamento tota l nos implantes. quebra das cabeças do pa rafuso de ajuste. Aperte a ala-
•O método com um balancim é eficaz no assentamento vanca no sentido horário e corte a cabeça do parafuso
da haste quando há apenas uma pequena diferença de de ajuste (Fig. 41-56 E)
altura entre a haste e a sela de imp lante. Para uti lizar o •Nesse sistema, a parte quebrada do parafuso de ajuste é
ba lancim, segure as latera is do imp lante com um fórceps capturada na parte canu lada do condutor.
acima da haste e com as extremidades vol tadas para a •Após o aperto fina l, as partes cortadas dos parafusos que
mesma direção das lãminas dos ganchos (Fig. 41 -54C). ficam acumu ladas na chave são removidas com um obtu-
Alavanque o ba lancim para trás por cima da haste para rador (Fig. 4 1-56F), sendo então contadas e comparadas
enca ixá -la na sela do imp lante. O parafuso de fixação é com o número de implantes.
então inserido no gancho (Fig. 41-540) • Rea lize a descorticação com um raspador ou uma go iva
•Em situações nas quais a diferença entre o gancho e a de Cobb.
haste é tal que impossib ilite o uso de um ba lancim, utilize •Aplique o enxerto ósseo.
um redutor de hastes Beale. Esse redutor é colocado •Feche a incisão de modo rotineiro.
sobre o implante com a catraca paralela à haste.
• Lentamente feche o redutor pressionando os cabos, aper- CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO No pós-operatório, a
tando as alças em conjunto, e perm it indo que a luva ma ioria dos pacientes apresenta uma para lisia temporária
deslize para baixo e acomode a haste na sela do implante do íleo. Portanto, alimentos e líqu idos devem avança r
(Fig. 4 1-54E). lentamente. Frequentemente, eles apresentam atelectasia
•Coloque um parafuso de ajuste através do tubo de ajuste e febre baixa, devendo-se ministrar antibióticos intrave-
de parafuso do reduto r, utilizando o controlador provisó- nosos por 24 horas . O dreno é removido após 24 a 48
rio (Fig. 4 1- 54F) . horas, dependendo da quantidade de drenagem . O
•Uma vez que a haste contornada e todos os parafusos de paciente é mob il izado da cama para uma cadeira tão
ajuste t enham sido colocados, real ize a manobra de rapidamente quanto a dor perm ita. A instrumentação
rota çã o da haste. Isso deve ser feito lentame nte e é gera lmente é suficientemente estável, não sendo neces-
essencia l observar todos os ganchos porque eles, às sária a utilização de suportes externos. Os pacientes
vezes, se desalojam durante a manobra de rotação. Os recebem alta do hosp ita l assim que possam tolerar a
ganchos no centro do construto são os que têm ma is ingestão de al imentos e líquidos, sua temperatura diminua
probab ilidade de escapar durante a rotação da haste. e sejam independentes nas atividades domésticas.
llllmi> PARTE XII A COLUNA

A B e

U@il;@m::lml A-F, Compressão e distração da haste, estabilização e aperto final para o sistema para deformidades espinhais CD
Horizon Legacy (consulte o texto) . Descorticação, contorno da haste e redução. (Redesenhada de Lascombes P: CD Horizon Legacy Spinal
System-deformity, surgica/ technique manual, Memphis, TN, 2005, Medtronic Sofamor Danek.) VEJA A TÉCNICA 41-13.

~
FIOS SUBLAMINARES TÉCNICA '---~~~~~~~--~
Em geral, os f ios sublaminares não são utilizados sozin hos • Exponha a espinha conforme descrito anteriormente na
como âncoras em vértebras instrumentadas superiores ou Técnica 41-6.
inferiores porque eles não proporcionam estabi lidade axial. •Com uma goiva em saca-bocado, afine gradualmente a
Nós descobri mos que os cabos e os fios sublaminares são úteis lâm ina até que o ligamento amarelo no plano da linha
no ápice da curvatu ra e ao seu redor para auxi liar na manobra média esteja visível. Na esp in ha torácica, os processos
de translação, na qual a espinha pode ser tracionada por uma esp inhosos incl inam-se dista lmente e devem ser removi-
haste pré-contornada, minimizando assim a necessidade de dos antes que o ligamento amarelo possa ser visto de
manobras de derrotação. Quanto mais rígida for a curvatura, forma adequada (Fig. 41-58). Uma vez visível a clivagem
mais úteis são os fios ou os cabos sublaminares (Fig. 41-57). da linha méd ia, cu id adosamente passe um dissector
CAPÍTULO 41 ESCOLIOSE E CIFOSE

O@l!;MrJD A e B, Radiografias pré-operatórias anteroposteriores e laterais com o paciente em pé. A curva toracolombar mede
77 graus . C e D, Correção pós-operatória com ganchos e cabos sublaminares, corrigindo a curva toracolombar para 22 graus. VEJA A
TÉCNICA 41-14.

A e
O[êjl!JijBE!I A-C, Remo ção dos processos espinhosos inclinados em sentido caudal para expor o ligamento amarelo. VEJA AS TÉC-
NICAS 41-14 E 41 -1S.

Penfield nº 4 pela superfície profunda do ligamento amarelo


no lado esquerdo e no lado direito (Fig. 41-59). Utilize uma
pinça Kerrison para remover o restante do ligamento
amarelo (Fig. 41-60). Tome cuidado durante essa etapa para
evitar danos à dura ou aos vasos epidurais.
• Johnson et ai. demonstraram que a penetração do cabo no
canal neural durante a passagem do cabo é substancia l (até
1 cm). Como a profundidade da penetração é menor
quando um cabo semicircular é utilizado, molde o cabo
conforme mostrado na Figura 41-61. O maior diâmetro da
torção deve ser ligeiramente maior que a lâmina. Sempre
passe o cabo na linha média e nunca lateralmente, remo-
vendo os processos espinhosos antes da passagem do cabo.
É importante que tanto o cirurgião quanto os assistentes
estejam completamente preparados para cada uma das
etapas antes da passagem do cabo e tomem cuidado com
movimentos súbitos e com toques em cabos que já tenham
sido passados.
•A passagem do cabo é dividida em quatro etapas : (1)
introdução, (2) avanço, (3) rolagem e (4) puxada. Passe os
lij!§l!;f!!Bm Dissecador Penfield nº 4 para liberar as superfí- cabos mais cefálicos primeiro e avance na direção cauda l. )
cies profundas do ligamento amarelo. VEJA AS TÉCNICAS 41-14 E 41-1S.
PARTE XII A COLUNA

h[§l@HJB Pin ça de Kerrison para remoção do restante do


ligamento amarelo. VEJA AS TÉCNICAS 41-14 E 41-1S.
A

~ 90º
180º ( r=====
\ Y B e
O@il;§iBm Forma do fio duplo ant es de ele passar sob a
lâmina. VEJA AS TÉCNICAS 41-14 E 41-15.
W~">i·il' BID A-C, Passagem do fio segmentar sob a lâmina.
VEJA AS TÉCNICAS 41 -14 E 41-15.

•Cuidadosamente coloque a extrem idade do cabo no cana l •En gaste cada cabo na superfície da lâm ina para evitar que
)
neural, na margem inferior da lâmina na linha média. Segure eles sejam puxados acidentalmente para dentro do canal
a extremidade longa do cabo com uma mâo e avance a neural (Fig. 41-63) .
extremidade com a outra . Apoie a mão que está avançando •Conforme mais cabos são passados, au menta a probabi-
o cabo com firmeza sobre as costas do paciente. Levante li dade de outros cabos serem atingidos acidenta lmente.
ligeiramente a parte traseira do cabo, puxando-o para man- Apesar de os cabos esta rem engastados na lâm ina , acer-
tê-lo próximo à superfície inferior da lâmina (Fig. 41-62A). tá -l os pode ser perigoso e deve-se toma r cuidado para
• Uma vez que o cabo tenha sido introduzido, avance-o 5 ou evitar esses cabos colocados anteriorm ente. Engaste o
6 mm. Iniciar a rolagem muito cedo pode fazer com que a cabo superior em direção à linha média e engaste o cabo
extremidade do cabo bata na parte inferior do arco vertebral, inferior latera lm ente.
empurrando-o mais para dentro do canal neural (Fig . 41-62B).
• Após o avanço, gire a extrem idade do cabo de modo que
ela apareça na extrem idade superior da lâmina (Fig . 41-62C).
Conforme a extrem idade do cabo emerge, utilize um
gancho de nervo para puxá-la mais para cima da lám ina a
fim de criar espaço suficiente para que um suporte para
CABOS SUBLAMINARES
agu lha, um suporte para cabo ou grampo Kocher sejam Songer et ai. recomendaram a utilização de cabos subia-
colocados na argola do cabo por um assistente. Pegue o minares em vez de cabos de aço inoxidável monofilamen-
grampo do assistente e puxe o cabo até que ele esteja tares porque a quebra dos cabos e a migração tem sido
posicionado sob a lâmina, com metade do seu comprimento comp licações sérias da f iação sub laminar. Eles também
protraindo acima e metade abaixo da lámina. Conforme o sugeriram que a flexibilidade do cabo evita co ntusões
grampo é puxado, cuidadosamente alimente o cabo supe- repet idas na medu la esp inhal que podem ocorrer durante
riormente na extrem idade longa. Essa deve ser uma manobra a inserção da haste e o aperto dos cabos.
coordenada e deve ser realizada pelo cirurg ião.
•Uma vez que o cabo tenha sido puxado, corte a extremi- TÉCNICA
dade do cabo e coloque uma extensão do cabo no lado
direito e a outra extensão no lado esquerdo da lâmina . • Remova os processos esp in hosos e o ligamento amarelo
• Como alternativa, mantenha os cabos dup los de um lado (Figs. 41-58 a 4 1-60)
e passe outro cabo para que hajam cabos duplos de •Molde o cabo de monofi lamento líder em forma de C e
ambos os lados. passe-o sob a lâmina. Segure o líder e puxe-o, deixando
CAPÍTULO 41 ESCOLIOSE E CIFOSE IQ+
quantidades iguais de cabo acima e abaixo da lâmina (Fig .
41-64A). Corte a extrem idade do líder e separe os dois
cabos. Passe um braço do cabo pela argola inferior para
" laça r " a lâm ina (Fig. 41-648).
•Após a passagem dos cabos, molde as hastes conforme
indicado. Coloque as hast es pelo nó corredio do cabo e
use o cabo para laçar a haste em posição (Fig. 41-64C ).
Os cabos atualmente possuem uma trava integral. Passe
uma trava provisória sob re o cabo .
• Prepare o tensionador do cabo pressionando a alavanca de
liberação e deslizando o botão de liberação, o que permite
que a tensão seja totalmente retraída (Fig. 41 -65A).
•Insira o cabo no te nsionador. O cabo líder deve ser reto
e curto . Uma vez que o cabo tenha sido passado pelo
tensionador, levan t e a alavanca de carne para travar o
cabo. Pressione repetidamente o braço de tensão até
que a tensão desejada seja obtida. Após a tensão apro-
priada ter sido obtida, encaixe a trava provisória (Fig.
41-658) A tensão em qualquer cabo pode ser ajustada
e reapertada com o uso da trava provisória e do
A ten sionador.
•Após todos os cabos terem sido apertados, comprima a
trava integra l (Fig. 41-65C).

• COMPLICAÇÕES E ARMADILHAS EM SISTEMAS


DE INSTRUMENTAÇÃO SEGMENTAR COM
MÚLTIPLOS GANCHOS
Além das complicações inerentes a qualquer artrodese espinhal, os
sistemas de instrumentação segmentar com múltiplos ganchos apre-
sentam várias armadilhas potenciais, as quais geralmente podem ser
divididas em erros estratég icos e erros técnicos.
B Um dos erros estratégicos mais comuns é a interrupção da
instrumentação no meio de uma curvatura sagital ou frontal pato-
li(riihf4Dm A e B, Após a divisão, o fio é engastado na lógica. Caso a instrum entação seja interrompida no nível da cifose
superfície laminar em cada lado do processo espinhoso. VEJA AS toracolombar, uma cifose juncional distal frequentemente ocorre no
TÉCNICAS 41-14. pós-operatório (Fig. 4 1-66). Esse erro pode ser evitado seguindo os

iê[rii@HIIJD Técnica de cabos


sublaminares. A, Cabo líder em
forma de e é passado através da
lâmina . B, As extremidades do cabo
são passadas através dos ganchos
inferiores para laçar a lâmina. e,
Haste em posição sob o cabo. VEJA
B A TÉCNICA 41-15.
MQ!I PARTE XII A COLUNA

Retraind o
Ten sionador de cabo

Botão de
! Retmt
Completamente retraído

liberação--

Alavanca de
liberação'

Eixo
inferior

O[riil;fdBID A, Dispositivo tensionador. B, Após uma tensão apropriada ter sido aplicada, a trava provisória é bloqueada no local.
C, Após todos os cabos terem sido esticados, os passantes são travados. (Redesenhada de Cable tensioner instruction sheet, Danek Cable
lnstruments, Memphis, TN, Sofamor Danek.) VEJA A TÉCNICA 41-15.

princípios de seleção dos locais de ancoragem e evitando o término relação à medição pré-operatória qu ando medida do ponto da extre-
da instrumentação no nível da cifose toracolombar identificada em midade inferior da vérteb ra instrumentada mais superior e à placa
radiografi as laterais com o paciente em pé. terminal superior de du as vér tebras supra-adjacentes. Eles relataram
Kim et ai. definiram a cifose juncional proximal como um que 7,3 anos após a cirurgia havia um a incidência de 26%. A cifose
ângulo de Cobb superior a 10 graus e com mais de 10 graus em juncional proximal não progred iu após 2 anos.
CAPÍTULO 41 ESCOLIOSE E CIFOSE Gim

18

li@i;fuBm Cifose juncional pós-operatória em uma curva


torácica King tipo li; a instrumentação é interrompida no nível da li@l!;friBm Elevação do ombro causada por uma hipocorre-
cifose toracolombar. ção da curva torácica superior.

Outro erro estratégico comum é a falha em reconhecer a sig- Esquerda Direita


nificância da curvatura torácica superior no pré-operatório. Caso a
curvatura torácica superior não esteja corrigida em filmes com A
torção supina até a correção prevista da curvatura torácica inferior,
podem ocorrer a elevação do ombro esquerdo e uma deformidade
feia (Fig. 41-67). Esse erro pode ser evitado por meio da avaliação
cuidadosa da aparência clínica dos ombros e por meio de radiogra -
fias com torção e radiografias com o paciente em pé, devendo -se
prestar atenção especial à curvatura superior. Medições úteis em
radiografias com o paciente em pé são o ângulo de inclinação de T l ,
o ângulo da clavícula e a altura radiográfica do ombro. O ângulo de
inclinação de Tl é medido pela intersecção de uma linha traçada ao
longo da placa terminal cefálica de Tl e uma linha paralela à linha
de referência horizontal (Fig. 41-68). O ângulo da clavícula é medido
pela intersecção de uma linha que toca os dois pontos mais altos da
clavícula e uma linha paralela à linha de referência horizontal (Fig.
41-69). A altura rad iográfica do ombro é determinada pela diferença h@il;fll m Quando a margem direita do corpo vertebral
entre as sombras dos tecidos moles diretamente superiores a cada está elevada, o ângulo de inclinação é definido como negativo .
articulação acromioclavicular em uma radiografia posteroanterior Quando a margem esquerda do corpo vertebral está elevada, o
com o paciente em pé (Fig. 41-70) . Uma curvatura proximal deve ângulo de inclinação é definido como positivo. (Redesenhada de
ser considerada estrutural (1) se o tamanho da curvatura for supe- O'Brien MF, Kuklo TR, Blanke KM, Lenke LG, editors: Spinal deformity
rior a 30 graus e permanecer acima de 20 graus em radiografias com study group radiographic measurement manual, Mem phis, TN, 2004,
torção lateral, (2) se a rotação apical de Nash-Moe for superior ao Medtronic Sofamor Danek, p. 55.)
grau l , (3) se houver mais de 1 cm de translação apical a partir da
linha transversal de C7, (4) se houver uma inclinação positiva em
T 1 e (5) se for observado que a elevação clínica de um dos ombros Lenke e pela aparência clínica da curva lombar. Caso a curvatura
(frequentemente o esquerdo) depende do tipo de curvatura. Outro apresente clinicamente uma rotação grave, provavelmente será
problema frequentemente descrito no plano coronal é a descompen- necessário incorporá-la à fusão. Caso seja realizada uma fusão torá-
sação com fus ão seletiva da curvatura torácica (Fig. 41 -71). Como cica seletiva, a vértebra instrumentada mais inferior deve, pelo
utili zamos atualmente mais parafusos pediculares para a fixação menos, tocar a linha sacra! central em radiografias posteroanteriores
distal, nós descobrimos que esse problema pode ser minimizado por em pé durante o pré-operatório. Uma correção bem equilibrada da
uma avaliação cuidadosa das curvaturas lombares pelos critérios de espinha após uma fusão torácica seletiva é mais provável se a razão
~ PARTE XII A COLUNA

Esquerda Direita

Negativo(-)
-==~a..:;;;;.,,,=-~~:;,;,~~_..:;,....,,...-r~~~ CHRL

e= Ângulo da clavícula
43

O!dlht\iBm Ângulo clavicular. CHRL, Linha de referência


horizontal da clavícula. CRL, Linha de referência da clavícula .
4
(Redesenhada de O'Brien MF, Kuklo TR, Blanke KM, Lenke LG, editors:
Spinal deformity study group radiographic measurement manual,
Memphis, TN, 2004, Medtronic Sofamor Danek, p. 56.)
----
Esquerda Direita A

--ç---------
~
Negativo(-)
Positivo(+)
IHRL
lâ@i@.iBm A, Curva King tipo li. B, Curva lombar descom-
pensada após a fusão da curvatura torácica isoladamente.

baixo. Portanto, quando os ganchos infralaminares são inseridos


na espinha lombar, eles devem ser inseridos na mesma direção.
Muitas vezes, é necessário raspar embaixo da lâmina para permitir
o assentamento correto do gancho.
O objetivo da cirurgia é restaurar os contornos sagitais
normais. Ao moldar o contorno da haste, deve-se evitar torção
excessiva, se possível Caso haja uma grande curvatura lombar e a
haste seja moldada no plano coronal para corresponder exatamente
iâ[dl!;@Dm Altura radiográfica do ombro. IHRL, Linha de à curvatura lombar, conforme a haste é girada, uma força posterior
referência horizontal inferior. SHRL, Linha de referência horizon- excessiva é aplicada nos ganchos inferiores e eles podem então sol-
tal superior. (Redesen hada de O'Brien MF, Kuklo TR, Blanke KM, Lenke tar-se posteriormente (Fig. 41-72). Entretanto, se a distância entre a
LG, editors: Spinal deformity study group radiographic measurement haste e o gancho for muito grande, a lâmina pode quebrar quando
manual, Memphis, TN, 2004, Medtronic Sofamor Danek, p. 57.) a haste estiver sendo inserida no gancho. Nesse caso, pode ser neces-
sário modelar a haste ainda mais.
pré-operatória entre as magnitudes da curvatura torácica e da cur- Durante a manobra de rotação da haste, os ganchos interme-
vatura lombar for superior a 1,2, se a relação entre a rotação verte- diários na espinha torácica tendem a se soltarem e podem ser remo-
bral apical da curvatura torácica e da curvatura lombar for superior vidos com a rotação. Esses ganchos geralmente devem ser reinseridos
a 1 e se a relação entre as translações vertebrais apicais da curvatura pelo menos uma vez durante a manobra de rotação. Além disso,
torácica e da curvatura lombar for 1,2. quando uma haste com torção lordótica com padrão de ganchos
Deve-se evitar diversos problemas técnicos potenciais durante invertido é aplicada na junção toracolombar, o gancho infralaminar
o procedimento cirúrgico. Durante a inserção dos ganchos pedi- na extremidade distal frequentemente deve ser reposicionado com
culares, os ganchos não devem ser inseridos muito horizontal- a rotação da haste. Conforme a haste é girada, os ganchos das
mente senão a faceta inferior da vértebra superior pode sofrer uma vértebras superiores tendem a girar mediaimente para dentro do
fratura. Caso os ganchos sejam inseridos muito verticalmente, a canal e podem causar danos neurológicos sérios, como a síndrome
faceta superior da vértebra inferior pode sofrer uma fratura. O gancho de Brown-Séquard. Deve-se observar esse gancho cuidadosamente
pedicular deve ser inserido com cuidado no espaço intra-articular, durante a manobra de rotação.
devendo-se ter certeza de que o pedículo está incorporado à área O gancho intermediário inferior no lado côncavo pode ser
bífida do gancho. Durante a inserção de ganchos laminares, o acidentalmente forçado para dentro do canal espinhal durante a
problema mais frequente é a inserção insuficiente do gancho sob inserção da haste. A medula espinhal geralmente move-se para o
a lâmina. Caso o gancho não esteja bem assentado, quando a lado côncavo da curvatura escoliótica e, portanto, deve-se tomar
haste for aplicada e girada e uma força direcionada posterior- cuidado durante a inserção da haste. Entretanto, quando a haste é
mente for aplicada, o gancho frequentemente se solta e a lâmina girada, o gancho intermediário inferior é puxado para trás e para
quebra. A margem laminar inferior prossegue para trás e para longe da medula espinhal. Portanto, o gancho intermediário inferior
CAPÍTULO 41 ESCOLIOSE E CIFOSE tijf8
é mais preocupante durante a inserção da haste enquanto o gancho ser pedicular, e não laminar. Em geral, a vértebra da extremidade
vertebral da extremidade superior é mais preocupante durante a superior na escoliose deve ser instrumentada em ambos os lados
rotação da haste. com pelo menos uma garra no pedículo ou processo transverso. Por
Durante a aplicação de uma haste convexa, uma força descen- causa da compressão aplicada à haste convexa, a garra no pedículo
dente é aplicada sobre a vértebra apical. Portanto, esse gancho deve ou processo transverso geralmente deve ser utilizada no lado
convexo. O gancho mais frequentemente deslocado é o gancho
convexo inferior direcionado cranialmente. Um gancho adicional
direcionado caudalmente no nível superior pode proporcionar uma
configuração com dois níveis de garras para esse gancho e diminuir
a possibilidade de recorte do gancho.

FIXAÇÃO PEDICULAR

A fixação com parafusos pediculares com abordagem posterior para


o corpo vertebral tem se tornado uma forma cada vez mais popular
de fixação espinhal. Hamill et ai. constataram que os parafusos pedi-
culares no lado convexo da espinha lombar melhoraram a correção
coronal e sagital, permitiram que a vértebra instrumentada inferior
fosse transladada para a linha média e trazida para uma posição
hori zontal, além de permitirem uma restauração melhor da lordose
segmentar. Um estudo similar descobriu que os parafusos pedicula-
res proporcionaram maior correção de curvaturas lombares, melhor
manutenção da correção e maior correção de espinhas sem instru-
mentação abaixo de curvaturas duplas significativas em comparação
com os ganchos laminares. Nenhum estudo relatou complicações
associadas à colocação de parafusos pediculares.
O uso de parafusos pediculares torácicos no tratamento da
escoliose idiopática adolescente tornou-se mais comum (Fig.
41-73). Estudos realizados para comparar a fixação com ganchos
h!§ihfuGm Corte dos ganchos inferiores causado pelo con- com a fixação com parafusos pediculares, constataram que os
torno inapropriado das hastes. constructos torácicos apenas com parafusos pediculares posteriores

h@ihf!i ~ A e B, Radiografias pré-operatórias posteroanteriores e laterais de paciente com escoliose idiopática tratada com
parafusos pediculares lombares e torácicos. C e D, Radiografias pós-operatórias posteroanteriores e laterais mostrando a quant idade
de correção e restauração do equ ilíbrio sagital possível com esse tipo de instrumentação.
MQl:t PARTE XII A COLUNA

proporcionaram melhor correção do que os constructos com ganchos. pediculares e observamos uma melhor correção tanto no plano
A correção obtida com ganchos fo i de 55%, enquanto a correção coronal como no plano axia l. A lordose lombar pode se r controlada
com parafusos pediculares torácicos segmentares fo i de 72%. Noto u- satisfatoriamente com parafusos ped iculares, mas os parafusos torá-
se uma taxa de posicionamento incorreto de 3% para parafusos cicos tendem a produzir mais hipocifose do que a instrumentação
pediculares torácicos com base em radiografias simples. A utilização com ganchos segmentares posteriores.
de inst rumentações com parafusos pediculares torácicos elimina a É necessário um conhecimento profundo da anatomia dos
necessidade de utilizar abordagens anteriores, melhora a função pul- pedículos para a utilização da fixação pedicular. O pedícul o conecta
monar e exige um tempo de fusão ligeiramen te menor. os elementos posteriores do corpo vertebral. Mediaimente ao pedí-
Entretanto, na ava liação por TC de 120 parafusos pediculares culo, estão o espaço epid ura l, a raiz nervosa e o saco durai. A ra iz
torácicos, descobriu-se que 25% dos parafusos haviam penetrado o nervosa que sai no nível do pedículo fica próxima ao córtex medial
córtex pedicular ou o córtex anterior do corpo vertebral. Não houve e caudal do pedículo (Fig. 41-75). Próximo aos aspectos latera l e
complicações neurológicas. A penetração anteri or do córtex do superior do córtex pedicular está a raiz nervosa do nível superior.
corpo vertebral por um parafuso pedicular na espinha torácica apre- Nos corpos vertebrais de L3 e L4, a artéria e as veias ilíacas comuns
senta mais relevância clínica por causa da proximidade da aorta estão locali zadas diretamente anteriores aos pedículos (Fig. 41-76).
torácica (Fig. 41-74). Na região sacra!, os grandes vasos e os seus ramos estão loca li zados
Rotineiramente, nós utilizamos instrumentação com parafu- latera lmen te ao longo da asa sacra!. Na linha média do sacro, a
sos pediculares da espinh a lombar em todas as fusões da escoliose artér ia sacra! intermediária pode estar localizada diretamente ante-
idiopática adolescentese se fo r anatomicamente possível. Conforme rior ao corpo vertebral de Sl. A penetração anterior de um corpo
ga nh amos mais experi ênci a, começamos a utilizar mais parafusos ve rtebral pode ocorrer sem ser aparen te na rad iografia, a menos que
um a vista "quase abordagem" seja obtida (Fig. 41-77).
Em um estudo sobre o tamanho dos pedículos em espinhas
maduras e imaturas, a largura do pedículo transverso nos níveis L5
e L4 chego u a 8 mm ou mais em crianças de 6 a 8 anos de idade,
mas larguras transversais próximas a 8 mm não foram observadas
em L3 até idades de 9 e 11 anos (Fig. 41-78). A distância até o córtex
ante ri or aum ento u dramaticamente do grupo de menor idade até a
idade ad ulta em todo s os níveis (Fig. 41-79). Em pacientes com
deformidades espinhais, os pedículos, sobretudo os côncavos, fre-
quentemente estavam defo rmados, devendo-se tom ar cuidado
durante a inserção de qualquer fixação pedicular. Watanabe et ai.
estudaram os pedículos em ado lescentes (14 a 16 anos) com

h@i@UJEI Penetração lateral completa de um parafuso


pedicular em T10 no lado côncavo de uma escoliose King li. O
pequeno hematoma provavelmente resultou da lesão dos vasos
segmentares. (De Liljenqvist UR, Ha lm HFH , Link TM: Pedicle screw O@ii;f4Dm Danos vasculares causados pela inserção do
instrumentation of the thoracic spine in idiopathic scoliosis, Spine parafuso além do córtex anterior.
22:2239, 1997.)

O!ril!;f4Bm Erros na colocação de parafusos pediculares.


A, Pressionamento da raiz nervosa pelo parafuso violando
a parede pedicular medial. B, Parafuso pedicular saindo
inferiormente.
CAPÍTULO 41 ESCOLIOSE E CIFOSE lf#P*
escoliose para fornece r uma classificação que possa se r utilizada
para a colocação segura e precisa de parafusos pediculares. Eles
descobriram quatro tipos de p edícul os (F ig. 41-80). O tipo A poss ui
um grande canal esponjoso no qual uma sonda pedicular pode se r
facilmente inserida. O tipo B possui um pequeno canal esponjoso
no qual a so nda se encaixa perfeitamente. O tipo C possui um canal
co rtical no qual a so nd a deve ser pressionada com um martelo para
penetrar no co rpo. O tipo D é um pedículo com canal ausente qu e
Oº 30º precisa do posicionamento justapedi cular dos parafusos. Os pedícu-

3 los tipos A e B não necessitam de técn icas especiais para a inserção


da sonda, enqu anto o tipo C e especialmente o tipo D necessitam
de métodos especiais. Os pedículos locali zados no lado côncavo das
curvaturas foram co nsiderados sig nifi cativamente menores do que
O[riihf4a:IZI Vista radiográfica de uma abordagem próxima aqueles no lado convexo, indepe nd entemente de serem esponjosos
para diminuir a probabilidade de penetração anterior do para- ou corticais. Dos 1.021 pedículos em que parafusos pediculares
fuso. Quando a ponta da broca (ou o parafuso ou a sonda) está foram colocados, 61% era m do tip o A, 29,2% do tipo B, 6,8% do tipo
realmente no córtex anterior, a vista lateral (O graus) enganosa- C e 3% do tipo D. A TC validou a sua avaliação morfológica e a
mente mostra a ponta ainda estando a alguma distância (A) longe descrição do s quatro tipos de pedículo s.
do córtex. Quando o ângulo de visão é muito oblíquo (60 graus},
a ponta parece estar a alguma distância (B) a partir do córtex.
Apenas quando a vista está tangente ao ponto de penetração (30
graus nessa ilustração}, ela faz a ponta parecer mais perto de se D Ao longo do eixo do pedículo
aproximar do avanço real. ~
E
_s
2
X
60

50 -
-
D Ao longo do eixo paralelo à linha média

-
l - t
·o
o 40 -
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1.1 "i k
o 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
L5 L4 L3 L2 L 1 T12 T1 1 T10 T9 TB T7 T6 T5 T4 T3 T2 T1
Nível espinhal
L5 L4 L3 L2 L1 T12T11 T10 T9 TB T7 T6 T5 T4 T3 T2 T1
Nível espinhal O@il;f4a&I Distância até o córtex anterior pelo ei xo do
ângulo pedicular versus pela linha paralela ao eixo da linha média
O@ll;him l Larguras do istmo do pedículo da vértebra.
transverso.

A B e D

O[ril!;tJmD Classificação do canal pedicular (ver texto) . (De Watanabe K, et ai: A novel pedicle chann el class ification describing osseous
anatomy, Spine 35 1836, 201 O.)
llllmi> PARTE XII A COLUNA

li!ijl!;fljmJD A, Zona de abordagem ped icular em forma de


funi l na região lombar superior (L 1). B, Zona de abordagem pedi- A
cular em forma de funil na região lombar inferior (LS). Com o
aumento do tamanho do pedículo, a zona de abordagem pedi- h@l!m,imJD Pontos de entrada para colocação de parafuso
cu lar aumenta, especialmente na co luna lombar inferior, permi- pedicular na coluna lombar co nforme descritos por Roy-Cami ll e
tindo uma maior latitude na inserção do parafuso pedicu lar em (X) e Weinstein (•). A, Vista lateral. B, Vista posterior. A aborda-
comparação com os pedículos menores na co luna lombar superior gem de Weinstein reduz a interferência no segmento lombar
e na coluna torácica . (De Zind ri ck MR: Clinica i pedicle anatomy, Spine: superior.
State of the Art Reviews 6: 11 , 1992 .)

Vár ios métodos foram descritos para identificar o pedículo e


colocar parafusos pediculares, mas as etapas básicas incluem (1) a
remoção dos tecidos moles, (2) a exposição do osso esponj oso do
canal pedicular pela descorticação na intersecção na base da face e
na parte intermediária do processo transverso, (3) a sondagem do
pedículo, (4) a verificação das quatro paredes do canal pedicular por
sonda ou confirmação radiográfica, (5) pré-rosqueamento do pedí-
cul o e (6) a colocação do parafuso.
Na espinha lombar, os parafusos pediculares comumente são
inseridos por meio de marcos anatôm icos, devendo-se obter radiogra-
fias confirmatórias. Em virtude da deformação pedicular associada à
escol iose, muitos cirurgiões utilizam orientação fluoroscópica. A colo-
cação manual de parafusos pediculares na espinha torácica pode ser
segura com cirurgiões experientes. A técnica reduz significativamente iâ@l!;tijBJD Vista posterior coronal da contribuição do sacro
a exposição do cirurgião e do paciente à radiação. Por causa dos limites e do e lemento posterior para a zona de abordagem pedicular.
estreitos do pedículo na espinha torácica e das frequentes alterações da
anatomia normal, ainda utilizamos a fluoroscopia para identificar o
local de entrada nos pedículos torácicos e para confirmar a colocação Caso os parafusos sejam de autorrosqueamento, o próprio parafuso é
do parafuso. A tecnologia estereotática.fiwne/ess disponível atualmente inserido. Caso os parafusos exijam rosqueamento, a rosca é inserida
permite uma navegação tridimensional. Ela pode ser combinada com prin1eiro e, em seguida, o parafuso. Os pontos de entrada comuns na
a flu oroscopia intraoperatória tridimensional para registrar marcos e, espinha lombar são mostrados na Figura 41-82. A posição do pedículo
consequentemente, eliminar a necessidade de TC pré-operatórias. Essa no sacro é mostrada na Figura 41-83. Na espinha lombar, o parafuso
tecnologia tem potencial para din1inuir bastante a exposição do cirur- direcionado mediaimente permite o uso de um parafuso mais longo e
gião e do paciente à radiação e permitir a visualização espontânea das poupa a articulação facetária, com menos chance de lesão aos vasos
posições dos instrumentos em tantas projeções quanto desejado. ilíacos comuns. De modo similar, um parafuso sacra! direcionado
mediaimente reduz a possibilidade de lesão das estruturas anteriores
caso o parafuso penetre no córtex anterior.
• INSERÇÃO DE PARAFUSOS PEDICULARES Quando parafusos pediculares são usados na coluna lombar,
LOMBARES os parafusos geralmente são colocados em todos os níve is tanto no
Zindrick descreveu uma "zona de abordage m pedicular" (Fig. 41-81) lado cô ncavo quanto no lado convexo. Cada vertebra individual-
que é descorticada antes da canul ação do pedículo com uma sonda mente pode se r derrotacionada mais adequadamente se ela for
ou um perfurador de pedículos. Deve-se tornar muito cuidado e instrum entada em ambos os lados (correção da defo rmidade por
avançar o instrumento lenta e cuid adosamente. Se for encontrada rotação vertebral direta na Técnica 4 1-16). Ao escolher a menor
resistência, a sond a deve ser reposicionada. Uma radiografia intraope- vértebra instrum en tada, rad iografias posteroanteriores em pé e com
ratór ia ou uma imagem de braço C podem ser utilizadas para ve rificar torção devem ser consideradas. As radi ografias com torção devem
o posicionamento correto. Os instrumentos devem passar de forma se r utili zadas para escolher a menor vértebra lombar instrumen -
relativamente fác il e não devem ser forçados a entrar no pedículo. tada. A instrum entação é interrompida na vér tebra logo acima do
Além de radiografias ou intensificação de imagem, a laminotomia e a primeiro espaço discai na concavidade da curva lombar que se abre
exposição da parede medial do pedículo ajudam a confirmar a passa- na radiografia em torção longe da concavidade. A menos que a
gem intraped icular do instrumento. Uma vez que se tenha entrado curvatura seja muito flexível, a menor vértebra instrumentada mais
no pedículo satisfatorian1ente e a palpação dentro do pedículo encontre inferior deve, pelo menos, tocar a linha sacra! cent ral em radiogra-
margens ósseas sólidas em 360 graus, o parafuso pode ser inserido. fias posteoanteriores com o paciente em pé.
CAPÍTULO 41 ESCOLIOS E E CIFOSE GDll

•Vantagens
41 -4
Vantagens e Desvantagens dos
Parafusos Pediculares Torácicos

•Quan do colocados de forma ideal, os parafusos ficam


completamente externos ao ca nal esp inh al (gan chos
supralaminares e infralam inares, por outro lado, fi cam
a entrada no osso esponjoso, na base do pedículo, mas
isso pode não ser observado em pedículos menores por
causa do osso esponjoso intrapedicular limitado .
•Uti lize uma sonda torácica para encontrar o osso espo n-
joso que indica a entrada do pedículo.
• Posicione a ponta late ralmente para evitar a penetração
do córtex media l (Fig. 4 1-84C) .
dentro do cana l). • Avance a ponta 20 a 25 mm (Fig . 41 -840).
•É possível uma fi xação mais forte do que com ganchos. • Remova a sonda para reo ri entá-la de modo que a ponta
• Os parafusos são fixados em todas as três colunas, pro- aponte media imente e, em segu ida, coloque a sonda
porcionando constructo triangular rígido com barras cuidadosament e de volta na base do orifício anterior e
transversa is apenas com imp lant es posteriores. avance-a até a profund idade desejada (Fig. 41-84E). Em
• Articu lações facetárias, lâm inas e processos transversos adolescentes, a profund idade média é de 30 a 40 mm na
ficam livres de implantes; portanto, teoricamente, há mais região torácica inferior, 20 a 30 mm na região torácica
área de superfície para a decorticação. intermediária e 20 a 25 mm na região torácica próxima.
•H á correção corona l superior e derrotação axial. •Gi re a sonda 180 graus para garantir espaço adequado
• A maioria dos estudos tem mostrado comprimentos de para o parafuso. A sond agem do pedículo com a gearshift
fu são ligeiramente mais curtos do que com as estruturas de deve se r fe ita de forma harmoniosa e coerente, com um a
gancho. Com a melhora da correção, há uma redução da sensação confortavel. Qua lquer avanço súbito da gear-
necessidade de procedimentos anteriores e toracoplastias. shift sugere penetração nos tecidos moles e na parede
Desvantagens pedicular ou violação do corpo vertebral.
• Os implantes aumentam significativamente o custo do • Depois de remover a sonda gearshift, observe o percurso
proced imento. para certifi car-se de que está sai ndo apenas sa ngue, e
• As complicações potenciais da inserção de parafusos ped i- não líquido cefa lorraqu id iano.
cu lares torácicos incluem lesões na medula espinhal, nas •Com uma sonda flexível com ponta arredondada, avance
raízes nervosas, na cavidade pleural e na aorta. a sonda feeler até a base (assoalho) do orifício para con -
• A exposição à radiação é significativa para o cirurgião e firmar as cinco margens ósseas distintas: o assoa lho e
para o paciente caso seja uti li zada fluoroscop ia . quatro paredes (medial, latera l, superior e inferior) (Fig.
41-84F). Tome cuid ado ao sentir as paredes nos primeiros
1O a 15 mm . Se for necessário, pode-se uti lizar FloSeal
(Baxter, Deerfield, IL) no orifício pedicu lar para limitar a
• INSERÇÃO DE PARAFUSOS PEDICULARES hemorragia.
• Caso seja notada uma penetração nos tecidos moles,
TORÁCICOS
red irecio ne o parafuso. Com a sonda feeler na base do
O uso rotineiro de parafusos pediculares torácicos em pacientes com
percurso pedicular, marque o comprimento do percurso
escoliose idiopática adolescente tornou-se mais comum. As va nta-
com uma pinça hemostática e meça-o (Fig. 41-84G).
gens e desvantagens dos parafusos torácicos são mostradas no
• Crie a rosca cerca de 0,5 a 1 menor do que o diâmetro
Q uadro 41-4.
f in al do parafuso (Fig . 4 1-84H) Após fazê-lo, pa lpe o
pedículo novame nte com a sonda feeler flexíve l. Essa
seg unda palpação perm ite a identificação de marg ens
TÉCNICAS DE INSERÇÃO DE , ósseas distintas, con firm ando o posicionamento intraós-
PARAFUSOS PEDICULARES TORACICOS seo do orifício.
• Selecione um parafuso de diâmetro e comprimento ade-
TÉCNICA
"'---~~~~~~~ ..... ~~ quados por meio das rad iografias pré-operatórias e das
medições intraoperatórias.
•Limpe as articulações facetá rias de t odo o tecido capsu lar. • Coloque o parafuso em uma chave de ângulo fixo ou
Realize uma osteotomia parcial do processo articular infe- multiaxia l e avance-o lentamente pelo pedículo para
rior para melhorar a fusão e a exposição no local de garantir o percurso correto e permiti r a expansão visco-
entrada dos parafusos pediculares torácicos (Fig. 41-84A). elástica (Fig. 41-841). Pedículos de diâmetros menores
A visua lização dos processos transversos, da parte latera l estão local izados nos níveis de T6 e T7, bem como na
dos pares intera rti cu lares e da base do processo articular concavidade torácica proximal (po r exemp lo, T3 e T4).
superior ajuda a identifica r os pontos de início. Em geral, •C onfirme a colocação intraóssea do parafuso.
inicie a inserção do parafuso pela vértebra mais distal com •Em um dispositivo de intensifica ção de imagem, certifique-
rotação neutra que será instrumentada . Marcos anatômi- se de que os parafusos estejam posicionados corretamente
cos podem ser utilizados como guias para os pontos de em re lação uns aos outros. Os parafusos não devem ultra-
início e para a trajetória dos parafusos (Fig. 41-848). passar a lin ha méd ia nas imagens anteroposteriores. Uti lize
Parafusos com ângulos fixos proporcionam rotação supe- uma imagem latera l para ava liar o comprimento dos para-
rior na coluna torácica e na coluna lombar. Pode-se utili- fusos. Nenhum parafuso deve ultrapassar a margem ante-
zar parafusos multiaxiais caso seja necessário. rior do corpo vertebral.
• Realize a perfuração cortica l posterior utilizando um •Utilize estimulação eletromiográfica com monitoramento
esmeril de alta velocidade . Um pedículo "corado" sugere em tempo real da rai z do nervo torácico, registrando o )
PARTE XII A COLUNA

músculo reto abdominal. Abaixo de T12, os parafusos • Segure a haste com uma pinça para evitar que ela gire
)
pediculares lombares devem ser testados por meio do durante o processo (Fig. 41-84J). Para deformidades hipo-
monitoramento da raiz adequada do nervo lombar. Um cifóticas, que são as mais comuns, coloque a haste pri-
limite eletromiográfico inferior a 6,0 mA ou uma diminui- meiro na concavidade.
ção significativa da média dos demais parafusos pode • Coloque a haste nos parafusos. Há diversos instrumentos que
indicar a perfuração da parede pedicu lar. Nesse caso, podem ser utilizados para assentar completamente a haste
remova o parafuso e palpe a parede antes de decidir entre nos implantes. Um fórceps com balancim é eficaz no assen-
a substituição e o descarte do parafuso. tamento da haste quando há pouca diferença de altura entre
a haste e o implante. Para utilizá-lo, segure as laterais do
CORREÇÃO DE DEFORM IDADES UTILIZANDO implante acima da haste (Fig. 41 -84K) Em seguida, alavan-
TÉCNICAS DE TRANSLAÇÃO COM MÚLTIPLOS que para trás sobre a haste. Essa alavancagem permite que
PARAFUSOS PEDICULARES TORÁCICOS a haste seja assentada completamente no implante.
• Uma vez verificada a colocação correta do parafuso por •Introduza um novo bujão no parafuso (Fig. 41 -84L).
meio de imagens e eletrom iografia, molde uma haste de • Caso a haste esteja sobre o implante, mas não seja pos-
teste nos planos coronal e sag ital. sível utilizar um balancim, utilize um redutor. )

---. / Nível
Ponto de Início
Cranial-Caudal
Ponto de Início
Medial-Lateral

---.
~
Junção:
T1 Ponto médio TP
TP-Lâmina

Junção:
8:::-. .. T2 Ponto médio TP
TP-Lâmina

~ / T3 Ponto médio TP
Junção:
TP-Lâmina

~ / T4
Junção: Terço
proximal-Ponto
Junção:

.... /
TP-Lâmina
médioTP

8l9 f T5 Terço proximal TP


Junção:
TP-Lâmina

I T6
Junção: Margem
proximal- Terço
proximal TP
Junção:
TP -Lâmina-Face

d
ô
.... ~ T7

TB
Proximal TP

ProximalTP
Faceta
Ponto Médio

Faceta
Ponto Médio

.. l
Faceta
T9 ProximalTP
Ponto Médio
Junção: Margem
Junção:
T10 proximal-Terço
proximalTP TP-Lâmina-Face

f T11 Terço Proximal TP


Imediatamente
medial ao

• T12 Ponto médio TP


pars lateral

No nível do
pars lateral
A B

O@lhf.)Bm A-T, Técn icas de inserção de parafusos ped icula res torácicos com o sistema para deform idades espin ha is CD Horizon
Legacy. (Redesenhada de Lascombes P: CD Horizon Legacy Spinal System-deformity, surgical technique manual, Memphis, TN, 2005, Medtronic
Sofamor Danek.) VEJA A TÉCNICA 41 -1 6.
CAPÍTULO 41 ESCOLIOSE E CIFOSE

ii@IJ;f4tll:§Mg.J,i#
MQO PARTE XII A CO LU NA

ljlijil;!''''':tii·'·'•
CAPÍTULO 41 ESCOLIOSE E CIFOSE ifA~#

•Coloque o redutor sobre o implante com a catraca para- • Uma vez obtida a correção coronal, aperte temporaria-
)
lela à haste (Fig. 41-84M). mente os parafusos .
•Lentamente feche o redutor, permitindo que a manga •Coloque o dispositivo de derrotação sobre o parafuso
desl ize e assente a haste no implante. pedicular adequado e um dispositivo de derrotação de
• Coloque um parafuso pelo bujão e aperte-o provisoria- hastes convexas sobre o parafuso pedicular do lado
mente (Fig. 41-84N). Os parafusos devem ser apertados oposto da mesma vértebra .
nas extrem idades, mas mantidos frouxos no centro. •Solte o parafuso do lado côncavo, realize a derrotação da
•Lentamente, end ireite a haste côncava com os arqueado- vértebra no sentido horário e aperte o parafuso . Desse
res corona is esquerdo e di reito. Cada endireitamento modo, pode-se realizar a derrotação ind ividual de cada
deve ser rea lizado sobre um parafuso pedicular. Deve-se vértebra.
realizar apenas pequenas correções por vez, sendo neces- •Após esse proced imento, apl ique a haste estabilizadora
sárias diversas passagens para perm itir o re laxamento aos parafusos do lado convexo e fixe os parafusos.
viscoelástico (Fig. 41-840). •Aplique as barras transversais adequadas. Corte as
•Uma vez obtida a correção, realize a compressão ou a cabeças dos parafusos, realize a descorticação do ele-
distração desejada (Fig. 41-84P). A distração pode oca- mento posteri or e ap li que o enxerto ósseo.
siona lmente ser útil na correção de inclinações residuais
da placa termi nal proximal ou distalmente.
• Molde o contorno da segunda haste e coloque-a nos CURVATURAS RÍGIDAS
parafusos da convexidade (Fig. 41-840).
•Aplique forças de compressão nos segmentos do lado TRAÇÃO HALOGRAVITACIONAL
convexo para horizonta lizar a vértebra instrumentada
Historicamente, as curvaturas rígidas da coluna vertebra l
mais inferior e comprimir levemente a convexidade (Fig .
em adolescentes têm sido tratadas com tração halógena
41 -84R).
com um complemento da cirurg ia. Entretanto, ela não é
• A torção in situ no plano sagita l pode ser necessária para
sempre indicada, especialmente se a deform idade incluir
recriar o equilíbrio sagital.
a colu na cervica l ou a coluna dorsal com contraturas
•Aplique barras transversais de tamanho adequado (Fig.
flexionais do quadril, cifose ou estenose. Ela também está
41-845).
associada a comp licações que demandam internações
•Nesse sistema de instrum entação específico, chaves de
hospitalares prolongadas.

mm_____~
contratorque e de quebra são utilizadas. Corte as cabeças
dos parafusos e trave a haste em posição (Fig. 41-84T).
•Realize a descorticação dos elementos posteriores com TÉCNICA
um escareador e aplique o enxerto ósseo.
(SPONSELLER E TAKENAGA)
CORREÇÃO DE DEFORMIDADES POR ROTAÇÃO
VERTEBRAL DIRETA •Deve-se utilizar sedação e anestesia local nesse procedi-
•Nessa técnica, rotineiramente uti lizamos parafusos pedi- mento.
cu lares bilaterais em todos os níveis que deverão ser •Coloque o halo imediatamente inferior ao equador do
fundidos. A rotação vertebra l direta é oposta à rotação crânio, acima das sobrancelhas e das pinas da orelha.
vertebra l em curvaturas torácicas. As vértebras apicais e • Deve-se uti lizar de seis a oito pinos em crianças com menos
justa-apicais são giradas no sentido horário no plano de 6 anos de idade, sendo apertados com torquimetro regu-
transversal. lado em 4,6 kgf-cm. Em crianças mais velhas ou adultos
•Insira dispositivos de derrotação de parafusos nos para- (caso haja densidade óssea normal), os pinos devem ser
fusos pediculares da vértebra justapical nos lados côncavo apertados com 9,2 kgf-cm. Coloque os pinos anteriores
e convexo e realize tanta derrotação das vértebras quanto lateralmente à parte intermediária das sobrancelhas para
possível. evitar os nervos supraorbitais. Coloque os pinos posteriores
• Remova os dispositivos de derrotação no lado côncavo e diametricamente opostos aos pinos anteriores. Reaperte os
molde o contorno da haste para que esta se encaixe nos pinos após 24 a 48 horas. Caso haja afrouxamento após
parafusos pediculares do lado côncavo com as vértebras esse período, os pinos devem ser realocados.
mantidas em derrotação. •Inicie a tração imed iatamente com 2,2 kg de peso para
• Gire a haste com os parafusos do lado convexo mantidos crianças mais jovens e 4,5kg para crianças próximas da
em derrotação (Fig . 41-85). Durante o procedimento, gire matu rid ade.
os parafusos convexos na direção oposta (sentido horário) •Aumente gradualmente a tração de 1 a 1,3 kg por dia,
à manobra. conforme for tolerável, com a meta de 33% a 50% do
•Após a conclusão do procedimento, trave a haste em peso corporal do paciente. Incline a cama para baixo
posição apertando completamente os parafusos. caudalmente.
• Caso a curvatura seja rígida, nós constatamos que apenas •Inspecione a pele do paciente regularmente, pois pres-
pouca derrotação da haste é possível. Nesses casos, man- sões nas proeminências ósseas são comuns, sobretudo
tendo os parafusos do lado convexo derrotacionados, em pacientes com dificuldade para virar o corpo .
utilize um arqueador coronal para corrigir a deformidade •Continue a tração ao longo do dia. Os pacientes devem
no plano corona l. Esse procedimento deve ser realizado permanecer eretos em uma cadeira de rodas específica
incrementa lmente. ou andador durante parte do dia. O objetivo é suspender )
~ PARTE XII A COLUNA

A lém disso, RM e TC das espinhas cervica l, torácica e


lombar devem ser realizadas para ava liar com precisão a
anatomia da coluna vertebral. Deve-se min istrar antibióti -
cos pré-operatórios.

~
TÉCNICA ;,,,,_~~~~~~__,~
(BUCHOWSKI ET AL.)

•Posicione o paciente em pronação em uma mesa Jackson


ou mesa rad iolucente plana. Ap lique rolos torácicos lon-
gitudin ais. O objetivo ao posicionar o paciente é obter
tanta correção no al inhamento do corpo quanto possível
pa ra diminuir a força necessária para a correção intraope-
rat óri a. Pinças de Gardner-Wells podem ser úteis na
obtenção de tração intraoperatória temporári a. As pinças
podem ser removidas quando a instrumentação for colo-
cada e a distração da esp inha for realizada.
•O neuromonitoramento é abso lutamente necessá rio
durante a distração da espinha.
•Faça uma incisão cu t ânea de modo rotineiro. Por meio de
uma incisão na lin ha méd ia, rea lize a dissecção subperios-
O@ll;fflGJm Rota ção verte bral direta . (Redesenhada de
teal ao longo das lâminas até os pontos de ancoragem
Newton PO, et ai, editors: ldiopathic scoliosis: the Harms Study Group
ósseos cefá licos.
treatment guide, New York, 2010, Thieme.)
• Coloque dois ganchos infralaminares ou pedicu lares de
modo padrão nas lâminas que não serão pontos de fi xação
f inais. Alternativamente, as costelas podem ser utilizadas
o tronco do paciente tanto quanto possível. A tração
) como pontos de ancoragem temporários. Isso exige dissec-
também pode ser ap licada quando o paciente está em pé
ção subperi osteal ao longo da lâmina e, em seg uida, lateral-
com o uso de um andador especia lizado . Diminu a a
mente sobre os processos transversos até que os aspectos
tração durante o sono, especia lmente quando o peso está
mediais das costelas possam ser palpados. Para evitar a pene-
próximo ao máximo.
tração torácica, disseque as costelas subperiostealmente ao
•Verifique o estado neurológico do paciente nas extrem i- longo das superfícies anteriores (antes de fechá-las, certifi-
dades superiores e inferiores três vezes por dia, verifi - que-se de que o tórax não foi penetrado). Coloque ganchos
cando também o funcionamento do nervo cranial. lami nares padrão na costela de modo ascendente.
•A duração da tração halogravitacional pré-operatória pode •Para a colocação das ancoragens ca udais, utilize parafu-
variar de 2 a 12 semanas dependendo da gravidade da cur- sos pedicu lares lombares, co loca ndo dois parafusos (o u
vatu ra, da resposta à tração e da condição geral do paciente. ma is, dependendo da qua lidade do osso) nas vé rteb ras
•Obtenha radiografias sema nalmente pa ra ava li ar a adjacentes. Alternativamente, pode-se utiliza r ganchos
melhora obtida. sub laminares. As vérteb ras loca lizadas cefa licamente às
•Períodos longos de tração podem ajudar a otim izar a vértebras termin ais do constructo f inal devem ser esco-
nutrição e minimizar problemas pu lmo nares em pacientes lhidas, pois certo afrou xame nto dos pontos de ancora-
com reservas pulm onares e nutricionais limítrofes. gem temporários é esperado com a distração.
• Caso a pelve seja utilizada como ponto de ancoragem,
exponha a espinha il íaca. Coloque um parafu so ilíaco na
crista ilíaca posterossuperior próximo (mas sem penetrar) a
HASTE DE DISTRAÇÃO TEMPORÁRIA incisura isquiática. Ele deve ser colocado paralelamente e
pelo menos 2 cm lateralmente ao local onde o parafuso ilíaco
A utilização de hastes de distração internas te mporárias
perm anente será colocado. Alternativamente, um gancho
antes do procedimento cirúrgico corretivo fo i descrita
em forma de S pode ser utilizado, podendo ser mais fáci l
como uma alternativa para a tração ha logravitacion al em
conectá-lo à haste de distração com um conector lateral.
curvaturas com rigidez grave. A melhora da correção da
•Apesar de haver diversas possibi lidades para a colocação
curvatura e a restauração dos contornos sag itais e coronais
de hastes de distração interna, a mais simples é a f ixação
foram citados como vantagens dessa técnica. A colocação
de uma hast e de distração aos pontos de ancoragem cefá-
de uma ou duas hastes temporárias, a liberação dos tecidos licos e uma seg unda aos pontos de ancoragem caudais.
moles e as osteotomi as gera lmente são rea lizadas 1 semana Conecte as duas hastes utilizando um conector latera l,
antes da colocação dos im plantes finai s e da rea lização da mantendo a sobreposição das hastes. Em alguns pacientes
fusão. O tempo entre os proced imentos pode ser superior com deformidades extremas, pode ser necessá rio fixar
a 1 semana, caso necessário. duas hastes curtas (u ma cefa licamente e a outra cauda l-
Antes da cirurgia, radiografias anteropost eriores e laterais mente) à uma terceira haste de distração utilizan do
padrão da espinha devem ser tomadas com o paciente em conectores transversa is mu ltiaxiais.
pé ou sentado, dependendo do estado neurológ ico. Radio- •Aplique distração nas duas hastes seri almente afrouxando
graf ias com tra ção são úteis para a predição do grau de e apertando o conector lateral. Deve-se tomar cuidado
correção que pode ser obtido com uma haste temporária. com o fun cionamento da medula espinha l durante o
CAPÍTULO 41 ESCOLIOSE E CIFOSE

processo de distração. Caso seja notada diminuição no •Tanto na coluna torácica quanto na lombar, remova o
sinal da medula espinhal, o grau de correção deve ser disco e o ânu lo posterior. Solte o ligamento longitudinal
diminuído e um teste de despertar realizado. posterior.
•Uma vez colocadas as hastes temporárias, exponha o res- •Realize a ressecção da placa terminal inferior convexa
tante da espinha subperiostea lmente . Realize liberações e com ou sem a ressecção da placa terminal superior
osteotomias, conforme necessário para proporcionar cor- convexa para perm iti r a mobi lização e a correção no
reção ad iciona l à espinha. Apesar de tecnicamente mais plano coronal. Ao encu rtar a coluna anterior, a hipocifose
difícil, é possível criar pontos de ancorag em adicionais após pode ser corrigida no perfil torácico sagital.
as liberações e osteotom ias, caso seja necessário. •Recomenda-se o suporte estrutural anterior da espinha
•Pequenas quantidades de distração devem ser realizadas
lombar e da junção toracolombar para evitar cifose .
ao longo do procedimento para permitir a correção
•Após finalizar a soltura anterior, a instrumentação ante-
máxima com estresse mínimo. Com o tempo, liberação
rior pode ser rea lizada, caso a curvatura não seja exces-
dos tecidos moles, facetectomias e osteotomias, uma cor-
sivamente rígida ou grande.
reção ad iciona l pode ser obtida, com a meta no final da
cirurgia sendo superi or à observada em radi ografias de
tração supina e 50% ou mais de correção no ângu lo de
Cobb. Enxertos ósseos não serão ap licados nessa ocasião,
mas podem ser guardados para o procedimento final.
•Irrigue bem a incisão. Buchkowski et ai. recomendaram a
lavagem com jatos e uma solução de detergente e anti-
OSTEOTOMIA EM DEFORMIDADES
bióticos para diminuir o risco de infecção. ESPINHAIS COMPLEXAS
• O fechamento é difícil por causa do alongamento substan-
A osteotomia vertebra l deve ser considerada para pacientes
cial dos tecidos moles que ocorre com a distração e ao fato
com cu rvaturas grandes e rígidas para os quais apenas a
de as hastes geralmente estarem posicionadas lateralmente
instrumentação não é capaz de corrigir a deformidade e
aos processos transversos. Caso necessário, eleve retalhos
loca is espessos incluindo os músculos paraespinhais para restaurar o equi líbri o. Classicamente, esse procedimento
tornar o fechamento possível. Utilize drenos de sucção era indicado para uma cifose longa arred ondada, como a
fechados no espaço criado durante o fechamento. cifose de Scheuermann, mas trata-se de um procedimento
versáti l que pode ser utilizado com segurança para auxi liar
ESTÁGIO li: CIRURGIA DEFINITIVA na correção gradual de curvaturas escoliótica ríg idas. Caso
•Exponha a espinha novamente. É possível manter as as li berações de tecidos moles não sejam suficientes para
hastes temporárias em posição, criando pontos de anco- obter correção, a realização da osteotomia é o próximo
ragem para o constructo final. Deve haver aumento subs- passo. A osteotomia de Ponte e Smith-Petersen é realizada
tancia l na habilidade de correção da espinha nesse ponto, para escolioses superiores a 70 ou 75 graus que não se
sendo possível obter distração ad icional. reduzam para menos de 40 graus com o corpo em flexão
•Remova a instrumentação temporária e insira os implan- ou para cifoses com 40 a 50 graus em hiperextensão. Cada
tes finais. milímetro de ressecção corresponde a 1 grau de correção,
•Realize uma irrigação em pulsos repetidamente, drene a com uma correção possível de 5 a 1O graus por nível.
incisão e fec he-a . Diversos níveis podem ser resseccionados para se obter
mais correção. Discos em colapso ou imóveis podem repre-
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Entre o primeiro estágio sentar uma contraindicação para essa técnica . A escolha
e o segundo estágio, recomenda-se a nutrição parenteral pela osteotomia depende do ápice da deformidade.
até que o paciente possa ingerir alim entos ora lmente.
Encoraja-se que o paciente sente-se, fique em pé e ande TÉCNICA
para evitar complicações pulmonárias. Não é necessário
imobilizar ou utilizar suportes. (OSTEOTOMIA DE SMITH-PETERSEN E PONTE)

•Coloque o paciente em pronação sobre uma mesa radio-


lucente aberta que permita que o abdome f ique suspenso
LIBERAÇÃO ANTERIOR e que a espinha lombar fique em lordose.
A li beração anterior comp leta da coluna torácica, da lombar •Após expor a espinha conforme descrito na Técnica 4 1-6,
ou de ambas permite a melhora da mobilização da curva- rea lize as facetectomias para obter exposição completa.
tura e da correção da deformidade. Pode ser necessária a •Desenvolva tratos de parafusos para subsequente coloca-
li beração posterior adicional com instrumentação em ção dos parafusos pedicu lares (sem colocar de fato os
deformidades mais graves ou rígidas. parafusos) para ajudar a orientar a osteotomia.
•Remova a lâmina, o li gamento amarelo e os processos

------~
TÉCNICA articulares superior e inferior bilateralmente, ressecc ione
o processo esp inh oso da vértebra im ediatamente cefá lica
(LETKO ET AL.) ao local da osteotom ia.
•Faça uma osteotomia em formato de cunha com 7 a 1O
•Na coluna torácica, rea lize a ressecção das cabeças das mm de largura e estenda-a lateralmente até a incisura
costelas no lado convexo e tente romper as articulações intervertebral utilizando pinças de Kerrison pequenas. A
costovertebra is no lado côncavo. ponta deve estar orientada distalmente. Ambos os lados )
MfZi:I PARTE XII A COLUN A

)
da cun ha devem ser simétricos a não ser que certa corre-
ção no plano coronal seja desejável. Tome cuidado para
RES~ECÇÃO DA COLUNA VERTEBRAL
evitar os pedícu los acima e aba ixo da osteotomia, bem TORACICA POSTERIOR
como as ra ízes nervosas. Se não houvera uma deform i- A ressecção da coluna verteb ral (vertebrectom ia) é ind icada
dade rotaciona l sign ificativa, ab ra a osteotomia em um para pacient es com deform idades espinhais ríg idas e com-
grau ma ior no lado convexo. plexas que não podem ser corrig idas com osteotom ias
• Ao fecha r o local da osteotom ia, o alargamento da osteo- menos agressivas. O acesso circunferencia l à coluna verte-
tom ia por me io da re moção da faceta mais superior pode bral e aos elementos neura is é criado para descompressão
evita r o pressionamento da raiz nervosa superi or. e estabilização. Trata -se de um proced imento desafi ador
• Nesse ponto, pode-se ad icionar inst rumentação, con- que exige a ressecção de um ou ma is segment os vert ebrais,
forme ind icado, pa ra obter a correção necessária. inclu indo os elementos posteriores, o corpo vertebra l e os
discos adjacentes. Pacientes com comorbidades ca rdiopu l-
monares podem não ser candida tos adequados .

TÉCNICA ~
'---~~~~~~---'~
(POWERS ET AL.)
Antes Depois

•Posicione o paciente sobre uma mesa Jackson com almo-


fadas aj ustáveis. Neuromon itoramento é necessário para

i esse proced imento.


•Expon ha a espin ha subperi ostea lmente até as ext rem ida-

t t des do processo transverso (Fig . 4 1-87 A).


• Co loque parafusos pedicu lares man ualmente nos níve is
pla nej ados para a fusão, pe lo menos t rês níveis acima
e t rês níve is abaixo da ressecção da co luna vertebral
(Fig. 41 -87C) A co luna é conside rada instáve l desde o
início da ressecção até a obtenção da co rreção final.
Recomendam -se pelo menos se is pont os de f ixação,
tanto cefálica quanto caudalmente à ressecção. Para-
fusos de redução multiaxiais podem ser colocados nas
reg iões apicais côncavas de escol iose grave ou nas
Htijii;HBm Ost eot o mia de Sm ith-Pet ersen. VEJA A TÉCNICA regiões proxima is ou d istais de cifoesco liose ou cifose
41-20.

L 4-5cm
Deformi dade da costela
fixa - - - -·,

A Exposição B Costotransversectomia C Colocação dos parafu sos


pediculares

O!ijii;@mJa A, Ressecção da co lun a vertebral t o rácica post eri o r. A co lun a verteb ral é expost a at é as extremid ades dos processos
t ransve rsos. B, Os 4 a 5 cm medi ais das cost elas f ixa das à vértebra excisa dos at é a base do co rpo vert ebral. C, Parafu sos pedicu lares
co loca dos seg mentarm ente, peria djacent es ao loca l p lanej ado pa ra a ve rtebrect omia. (Redesenhada de Powers AK et ai: Posterior thoracic
vertebral column resection. ln Wang JC: Advanced reconstruction, Rosemont, ll, 20 11, American Academy of Orthopaedic Surgeons, p. 265.) VEJA
A TÉCNICA 41-21.
CAPÍTULO 41 ESCO LI OS E E CIFOSE

grave. Na esp inha lombar, eles devem ser colocados na Complete a corpectom ia curetando o osso esponjoso do
concavidade da região lombar. corpo vertebral. Guarde esse osso para posteriores enxertos.
• Exponha 4 a 5 cm das costelas med iais correspondentes A maioria do corpo vertebra l removido deve ser da conve-
ao nível da ressecção. Remova as costelas cortando-as xidade da curvatura. Powers prefere rea lizar a ressecção do
latera lmente e desarticu lando as articu lações costoverte- lado côncavo antes do lado convexo pa ra minim iza r a
brais ou resseccione o processo transverso bilatera lmente hemorragia e remove r um pouco da t ensão do lado côncavo
no nível da ressecção para enfraquecer a f ixação à cabeça antes de prossegu ir. Exceto para a estrutura ant erior, remova
da costela. A remoção das costelas e do processo trans- todo o corpo vertebral. Mantenha uma f ina ma rgem óssea
verso perm ite o acesso à parede lateral do ped ícu lo e ao intacta no ligamento long itudinal anterior para f usão. Afine
corpo vertebral, podendo ser uti lizada como enxerto para o osso anterior caso seja espesso e cortica l.
preencher a lam inect om ia posteri ormente . • Faça as discectom ias necessárias acima e aba ixo do corpo
• Após a costotransversectom ia bilatera l, disseque a parede resseccionado para expor as placas term inais dos corpos
do corpo vertebral anteriormente até o corpo vertebral ante- vertebrais adjacentes, mas evite violá- las pois fazê-lo pode
rior estar exposto. Proteja a cadeia simpática torácica, os provocar subsidência (Fig. 4 1-89)
vasos anteriores e posteriores e a pleura com um retrator. •Para a remoção da pa rede poste ri or, inspecione a dura e
•Faça lam inectomias e facetectom ias bilaterais nos níveis livre-a de quaisquer f ixações, como o plexo venoso epi-
que serão resseccionados e complete a descomp ressão dura l anterior, o ligamento longitud ina l posterior ou oste-
posterior removendo a lâmina posicionada cefa licamente ófitos. Controle a hemorragia ep idura l, a qua l pode ser
aos pedícu los acima da ressecção e cauda lmente aos significativa, utiliza ndo um eletrocautério bipolar. Uma
pedículos aba ixo da ressecção (Fi g. 41 -88A). A exposição vez que a dura esteja li berada, o corpo vertebral posterior
da coluna posterior deve ser de 5 a 6 cm para perm itir o f ino pode ser separado da medu la espinha l e levado pa ra
acesso à medula esp inha l e evitar compressão ou pressio- o defeito criado na corpectom ia (Fig. 41-90A) . Inspecione
namento du rai. Lig ue as raízes nervosas correspondentes a dura após a remoção do corpo vertebra l posterior e
media l e dorsa lme nte ao gâng lio da ra iz. remova qua isquer pontos de f ixação ou compressão.
•Uma vez concluídas as osteotomias, insira uma haste • Uma vez concluída a ressecção, deve-se fecha r o defeito
estabilizadora temporá ria e f ixe-a com dois ou três para- e corrigir a deform idade. Nesse procediment o, a coluna
fusos pedicu lares acima e aba ixo da ressecção da co luna vertebra l é sempre encurtada, e não alongada com a
vertebra l (Fig. 4 1-88 B e C) Dependendo da deform idade, compressão. Obtenha a correção com pa rafusos pedicu-
uma ou duas hast es podem ser ut ilizadas para evitar a lares ou uti lizando um método de fechamento conectores
subluxação da espinha. barra-barra com a colocação de uma haste acima e uma
• Identif ique os pedículos que serão resseccionados e pene- aba ixo pa ra distrib uir as forças corretivas ao longo de
tre a pa rede latera l pa ra obter acesso ao corpo verteb ral. vários níve is de parafusos pediculares. A comp ressão deve )

A Laminectomia B Colocação de haste temporária C Expos ição do corpo vertebral

iâ[§lhHGm A, La min ect o mi a co mpl eta reali za da dos pedícul os inf eri ores do níve l acima at é os ped ícu los sup eriores do níve l abaixo
da ressecção pl anej ada. B, Hast e tem porá ri a co locada de forma uni lat era l ou bil atera l, depe ndendo da quantid ade prevista de inst a-
bilid ade. C, Co rpo ve rtebral exposto superperi ostealment e ou subpe ri ostea lmente lat eralm ente e, então, anteri ormente. Um retrat or
em fo rma de co lh er é co loca do anteri ormente ao corpo. (Redesenhada de Powers AK et ai: Posterior thoracic vertebral col umn resection. ln
Wang JC: Advanced reconstruction, Rosemont, IL, 2011, American Academy of Orthopaedic Surgeons, p. 265.) VEJA A TÉCNICA 41-21.
PARTE XII A COLUNA

ser realizada lentamente pois pode ocasionar sublaxação •Aplique autoenxertos da costela sobre o defeito criado na
)
ou pressionamento dura i (Fig. 41-90B). laminectomia e fixe-o às hastes utilizando suturas ou uma
•Em deformidades com graus de cifose, Powers et ai. barra transversa l.
recomendaram a utilização de uma gaiola estrutural ante- •Irrigue a incisão com solução sa li na . Realize a descortica-
rior para evitar o encurtamento excessivo e proporcionar ção da espinha posterior e das articulações facetária s com
correção adicional para a cifose . uma broca de alta velocidade e aplique quantidades
•Uma vez concluída a ressecção da coluna vertebral, generosas de enxerto ósseo.
coloque uma haste contralatera l permanente e remova a •Coloque drenas Hemovac subfasciais e suprafasciais sepa-
haste temporária. Coloque uma segunda haste perma- rados por meio de incisões diferentes e feche a incisão em
nente no lado ipsilateral e realize as manobras de com - camadas utilizando suturas absorvíveis interrompidas.
pressão ou dist ração necessárias para a correção.
•Confirme o alinhamento por meio de radiografias intra- CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Os drenas devem ser
operatórias e realize uma inspeção durai circunferencial removidos quando a drenagem for inferior a 50 ml a cada
(Fig . 41-91). 8 horas ou após 48 horas. A maioria dos pacientes desen-
volve um íleo paralítico pós-operatório. A ingestão de ali-
mentos e líquidos começa lentamente, sendo avançada
Tubo conforme tolerável. A maioria dos pacientes também
durai- desenvolve atelectasia pós-operatória e apresenta aumento
da temperatura corporal. Esses sintomas podem ser trata-
dos com "limpezas pu lmonares " rotineira e um espirõme-
tro de incentivo. Antibióticos intravenosos devem ser
admin istrados por 24 horas. Caso o paciente tenha idade
suficiente, deve-se utilizar uma bomba de medicação para
dor controlada pe lo paciente. A analgesia epidura l contí-
nua utilizando agentes anestésicos, opioides ou ambos
pode ser utilizada em situações adequadas. O paciente
gradualmente é removido da cama conforme tolerável.
Suportes ou imobilizações pós-operatórias podem ser uti-
lizadas dependendo da estabilidade da instrumentação.
Acesso ao corpo Remoção do Discectomia Quando a temperatura diminui e o paciente é capaz de
vertebral lateral corpo vertebral se mover independentemente e ingerir alimentos e líqui-
dos, ele pode receber alta. Caso a fusão pareça sóli da em
o@•i;MmD Corpectomia e discectomia do corpo vertebral. uma avaliação após 6 meses, a maioria das limitações é
(Redesenhada de Powers AK et ai: Posterior thoracic vertebral column removida. Nós desaconselhamos a prática de esportes de
resection. ln Wang JC : Advanced reconstruction, Rosemont, IL, 2011 , Ame- contato após esse tipo de cirurgia espinhal.
ri can Academy of Orthopaedic Surgeons, p. 26 5.) VEJA A TÉCNICA 41-21.

A lmpactação do corpo vertebral posterior B Fechamento por compressão

O@ii;f4Dm A, lmpactação da parede posterior do corpo vertebral para o defeito criado. B, Correção da deformidade utilizando
compressão. (Red esenhada de Powers AK et ai: Posterior thoracic vertebral column resection. ln Wang JC : Advanced reconstruction, Rosemont,
IL, 2011, American Aca demy of Orthopaedic Su rgeons, p. 265. ) VEJA A TÉCNICA 41-21.
CAPÍTULO 41 ESCOLIOSE E CIFOSE GDll
irrigadas com solução salina morna para tentar aumentar a perfu-
são. Caso a lesão neurológica esteja associada à correção da curva-
tura, deve-se permitir que a espinha retorne ao seu estado inicial e
deve-se considerar a remoção dos implantes. O uso de corticoeste-
roides é controverso, devendo ser determinado de acordo com cada
caso. (O monitoramento da medula espinhal e o teste do despertar
são discutidos na seção sobre considerações intraoperatórias sobre
o tratamento cirúrgico da escoliose idiopática adolescente.)

1 INFECÇÕES
Moe et al. relataram dois tipos de infecções após cirurgias para
escoliose. A primeira é óbvia por causa do desenvolvimento de febre
alta, geralmente 2 a 5 dias após a cirurgia, e a aparência infectada
das lesões. No segundo tipo, a temperatura apresenta-se apenas leve
ou moderadamente elevada e a incisão parece estar relativamente
normal. O diagnóstico desse segundo tipo de infecção pode ser
difícil. Os pacientes frequentemente apresentam elevação da tempe-
ratura de até 39ºC, a qual deve diminuir gradualmente durante os 4
próximos dias. Qualquer aumento da temperatura superior a 39ºC
é sugestivo de infecção, especialmente se a condição geral do
paciente não melhorar constan temente. A aparência da inósão pode
ser enganosa, sem eriterna significativo ou sensibilidade. Reco-
menda-se a pronta asp iração da incisão. Deve-se obter espécimes
para cultura, mas não se deve aguardar pelos resultados e a reope-
ração deve ser planejada imediatamente.
O organismo mais comumente associado às infecções pós-
operatórias é o Staphylococcus aureus. Quando é rea lizado o diag-
Enxerto de ponte de costela nóstico de infecção, a incisão deve ser aberta e deve-se realizar
irrigação e desbridamento. Os implantes e a maior parte dos enxer-
h!rii!@BIJI Hastes permanentes com enxerto de ponte de tos ósseos geralmente são mantidos e a incisão é fechada com
coste la. (Redesenhada de Powers AK et ai: Posterior thoracic vertebra l drenas, mas Ho et al. relataram uma taxa de aproximadamente
column resection. ln Wang JC: Advanced reconstruction, Rosemont, IL, 50% de infecções persistentes apesar do desbridarnento com a
2011, American Academy of Orthopaedic Surgeons, p. 265.) VEJA A manutenção da instrumentação. Os antibióticos adequados devem
TÉCNICA 41-21. ser administrados por 3 a 6 semanas dep endendo da gravidade da
infecção. Caso a infecção seja descoberta tardiamente, pode ser
necessário desbridar a incisão, irrigá- la em abundância e aplicar
urna esponja de fechamento assistido a vácuo (VAC). O paciente
deve retornar à sa la de cirurgia em 3 a 5 dias e a incisão deve ser
COMPLICAÇÕES DE CIRURGIAS fechada com tubos de sucção. Nas infecções graves ou gram-nega-
tivas, como as ca usadas por Pseudomonas ou Escherichia coli, pode
POSTERIORES PARA ESCOLIOSE
ser necessário manter a incisão compactada ou utilizar urna
esponja VAC por longos períodos para permitir a granulação pela
• COMPLICAÇÕES PRECOCES parte inferior. Ocasionalmente, isso também pode ser necessário
caso a infecção volte alguns di as após a ferida ter sido fechada
1 LESÕES NEUROLÓGICAS sobre drenas de sucção.
As mais temidas e imprevisíveis complicações das cirurgias de esco- Com a utili zação de antibióticos profiláticos antes, durante e
liose ainda são as lesões neurológicas. Em pacientes passando por após a cirurgia, a incidência de infecções pós-operatórias em cirur-
fusão espinhal para a correção da escoliose idiopática adolescente, gias para escoliose idiopática são infe riores a 1%.
a incidência de lesões neurológicas é relativamente baixa, variando
entre 0,32% e 0,69% . Elas podem ser causadas pela penetração equi- 1 ÍLEO PARALÍTICO
vocada da instrumentação no canal espinhal. Sistemas de instru- O íleo paralítico é uma complicação comum após fusões espinhais
mentação mais modernos e complexos exigem que o cirurgião esteja anteriores e posteriores. A ingestão oral é retomada lentamente após
ciente a respeito dos problemas potenciais da instrumentação a cirurgia. Os fluidos intravenosos são aplicados até a tolerância à
(Quadro 41-4) . Outros possíveis casos de lesões neurológicas ingestão de urna dieta completa. A desnutrição não é comum em
durante a cirurgia são danos despercebidos e outras anomalias na adolescentes com escoliose idiopática, mas pacientes que necessitam
medula espinhal e danos isquêmicos causados pelo alongamento de procedimentos corretivos em dois estágios podem apresentar-se
da espinha durante o procedimento corretivo. O controle dos desnutridos como resultado da ingestão calórica oral limitada asso-
danos neurológicos intraoperatórios começa com uma série de ciada aos procedimentos cirúrgicos. Procedimentos combinados
ações corretivas. O primeiro passo é elevar a pressão arterial média anteriores e posteriores são mais prováveis em pacientes com dis-
do paciente para acima de 90 mmHg e a administração de uma túrbios neuromusculares, devendo-se considerar a hiperalimenta-
concentração maior de oxigênio. As incisões no paciente devem ser ção parenteral nesses casos.
PARTE XII A COLUNA

1 ATELECTASIA junção toracolombar e o segmento fundido distalmente. Com


A atelectasia é uma causa comum de febre após cirurgias para esco- implantes mais rígidos e resistentes, a pseudoartrose pode não ser
liose. A alteração frequente da posição do paciente, a respiração aparente por anos. Em uma revisão de casos de não união com
profunda e a tosse geralmente controlam ou evitam atelectasias instrumentação segmentar, o tempo médio de apresentação da não
sérias. Terapias de inalação com respiração por pressão positiva união foi de 3,5 anos. Em 23% dos pacientes com não união, fa lhas
intermitente podem ajudar em pacientes cooperativos, mas deve-se dos implantes foram detectadas 5 a 10 anos após a cirurgia. O diag-
evitar a inflação do estômago durante esse tipo de tratamento, sendo nóstico de pseudoartrose geralmente é obtido por meio de radiogra-
atualmente substituída pela espirometria. A atelectasia e a febre fias oblíquas, implantes quebrados, tomogramas, TC e cintilografias
secundária à atelectasia geralmente resolvem-se rápido com a mobi- ósseas. Após a fusão posterior bem-sucedida, a altura do disco deve
lização do paciente. diminuir anteriormente conforme o corpo vertebral continue a
crescer em detrimento do espaço intervertebral. Um espaço grande
1 PNEUMOTÓRAX anteriormente pode indicar uma pseudoartrose posterior. Frequen-
Durante a exposição posterior subperiosteal da espinha, a pleura temente, entretanto, a pseudoartrose não pode ser confirmada
pode ser penetrada inadevertidamente entre os processos transver- mesmo com a mais sofisticada avaliação radiográfica, podendo ser
sos no lado côncavo da escoliose. Caso uma toracoplastia seja rea- detectada apenas cirurgicamente.
lizada na mesma ocasião, é provável que ocorra um pneumotórax. Caso uma pseudoartrose não cause dores ou perda da corre-
A observação do pneumotórax provavelmente é adequada se ele for ção, a cirurgia pode não ser necessária. Pseudoartroses assintomá-
inferior a 20%, mas a inserção de um tubo torácico é necessária para ticas são mais comuns em segmentos fundidos distalmente. Uma
pneumotóraces maiores. pseudoartrose na junção toracolombar é mais propensa a causar
perda da correção e dores.
1 ROMPIMENTO DURAL Na exploração cirúrgica, o córtex é liso e firme sobre áreas
Caso ocorra rompimento durai durante a remoção do ligamento maduras e intactas da fusão, sendo que os tecidos moles podem ser
amarelo ou inserção de um gancho ou cabo, deve-se tentar realizar facilmente removidos. Por outro lado, na pseudoartrose, os tecidos
reparos. A laminotomia frequentemente tem de ser alargada para moles geralmente são aderentes e contínuos ao defeito, mas uma
permitir o acesso às extremidades do rompimento durai. Caso os pseudoartrose estreita pode ser de difícil localização, especialmente
reparos não sejam realizados, a drenagem do líquido cefalorraqui- se o movimento for pequeno. Nesses casos, a descorticação da fusão
diano através da ferida pode causar problemas pós-operatórios. em áreas suspeitas é indicada, devendo-se sempre realizar uma
busca por diversas pseudoartroses. Um tipo de pseudoartrose de
1 NÍVEIS INCORRETOS determinação extremamente difícil é uma fusão sólida posterior-
Deve-se tomar cuidado na sala de cirurgia para identificar os níveis mente que não seja bem aderente a espinha e lâmina subj acentes.
vertebrais corretamente. Caso a fusão estenda-se até o sacro, ele Uma vez identificada a pseudoartrose, os tecidos fibrosos são remo-
pode ser utilizado com um marco para a contagem precisa da vidos e a curvatura é reinstrumentada, aplicando-se compressão
coluna. Para outras curvaturas, deve-se tomar uma rad iografia intra- sobre a pseudoartrose. Caso contrário, a deformidade cifótica pode
operatória com um marcador na vértebra a ser identificada. Alter- piorar por causa da incompetência dos músculos extensores da
nativamente, o nível pode ser confirmado pela palpação da costela espinha em decorrência da exposição cirúrgica. As pseudoartroses
Tl2 e do processo transverso de Ll. são tradadas como articulações comuns a serem fundidas: suas
margens são limpas e descorticadas, sendo aplicados enxertos ósseos
1 COMPLICAÇÕES URINÁRIAS além de instrumentação.
A síndrome da secreção inadequada do hormônio antidiurético
desenvolve-se no período pós-operatório imediado em um percen- 1 PERDA DA LORDOSE LOMBAR
tual dos pacientes que passam por fusão espinhal. Isso causa dimi- Caso a distração seja aplicada na espinha lombar, a lordose lombar
nuição da capacidade urinária, atingindo o pico na noite após a normal pode ser reduzida ou eliminada, fazendo com que o paciente
cirurgia. Caso a osmolalidade do soro seja diminuída e a osmolali- fique inclinado para frente e resultando em dores nas partes superior
dade da urina esteja elevada, deve-se considerar essa síndrome e e inferior das costas e até mesmo nos quadris (Fig. 41-92). Deve-se
evitar a sobrecarga de líquidos. A capacidade urinária aumenta gra- tornar cuidado também quanto ao posicionamento do paciente no
dualmente nos próximos 2 ou 3 dias após a cirurgia. quadro espinhal, garantindo que os quadris não estejam flexionados
(Técnica 41-6). O posicionamento dos pacientes em um quadro de
1 PERDA DE VISÃO Jackson equipado com duas almofadas torácicas, duas almofadas
A perda de visão pós-operatória apresenta incidência de 0,02% a pélvicas e duas almofadas para as coxas mostrou-se eficaz na manu-
0,2% . O posicionamento em pronação, particularmente na posição tenção da lordose lombar quando medida de Tl2 a Sl e de Ll a LS .
de Trendelenburg, foi relatada como um dos fatores que aumenta a Constatou-se estatisticamente que os pacientes com colocação de
pressão intraocular. Acredita-se que esse seja um fator de risco da parafusos pediculares em L3 ou L4 apresentam um aumento maior
perda de visão pós-operatória como resultado da menor perfusão na lordose lombar instrumentada, após a conclusão do processo de
do nervo óptico. A perda de visão manifesta-se durante os primeiros instrumentação, do que os pacientes com a colocação de ganchos de
2 dias após a cirurgia. A maioria dos déficits é permanente. Tl2 a L2. O melhor tratamento para a perda da lordose lombar é a
prevenção, que inclui o posicionamento cuidadoso do paciente, a
• COMPLICAÇÕES TARDIAS não utilização da distração na espinha lombar e a utilização de sis-
temas de instrumentação mais novos.
1 PSEUDOARTROSE
Em adolescentes com escoliose idiopática, a taxa de pseudoartrose 1 FENÔMENO DO VIRABREQUIM
é de aproximadamente 1%, sendo maior em pacientes com escoliose Caso somente a fusão posterior seja realizada em pacientes com um
neuromuscular. As áreas mais comuns de pseudoartrose são a grau significativo de crescimento anterior pela frente, o fenômeno do
CAPÍTULO 41 ESCOLIOSE E CIFOSE ifti*
órtese para tratar a curvatura lombar. Caso esse tratamento seja
malsucedido pode ser necessário estender a fusão à vertebra distal
estável da curva lombar.
Como observado na seção anterior Complicações e Problemas
com Sistemas de Instrumentação Segmentar com Múltiplos Ganchos,
uma curvatura proximal deve ser considerada estrutural se (1) o
tamanho da curva for superior a 30 graus e permanecer acima de 20
graus em radiografias com torção lateral; (2) a rotação apical Nash-
Moe for superior ao grau l; (3) existe mais de 1 cm de translação apical
a partir da linha transversal C7; (4) existe uma inclinação positiva em
Tl; e (5) elevação clínica do ombro esquerdo é observada.
Foram relatadas infecções tardias de incisões profundas neces-
sitando da remoção da instrumentação em decorrência de dor,
inchaço e drenagem espontânea. As causas foram atribuídas a uma
resposta inflamatória aos micromovimentos dos componentes, cor-
rosão e a incubação intraoperatória de microrganismos de baixa
virulência. O tratamento pode incluir a remoção da instrumentação
e o fechamento da incisão primária com antibióticos parenterais
seguidos por antibióticos orais.

TORACOPLASTIA POSTERIOR
De todas as deformidades causadas pela escoliose idiopática, a proemi-
h@ii;MBm Perda da lordose lombar ("costas planas"). nência das costelas posteriores geralmente são a principal preocupação
do paciente. Com instrumentações pediculares torácicas e técnicas de
derrotação mais novas, a necessidade de realizar uma toracoplastia atu-
almente é rara. Chen et ai. observaram que a instrumentação posterior
virabrequim geralmente ocorre (consulte a seção sobre o tratamento da em combinação com urna toracoplastia causou diminuição significativa
escoliose idiopática juvenil). Ele pode ser evitado por meio da combi- da função pulmonar após 3 meses. Eventualmente, a função retornou ao
nação de fusões anteriores e posteriores em crianças mais jovens. normal 1 ano após a cirurgia. De acordo com a nossa experiência, a
adição de uma toracoplastia também aumenta significativamente as
1 SÍNDROME DA ARTÉRIA MESENTÉRICA SUPERIOR dores pós-operatórias e frequentemente demanda a inserção de um tubo
A síndrome da artéria mesentérica superior pode, algumas poucas vezes, torácico ou, pelo menos, aspiração pleural. Caso necessária por razões
causar urna pequena obstrução intestinal após a fusão espinhal. A parte estéticas, a ressecção das costelas do lado convexo pode melhorar os
transversal do duodeno cruza a linha média anterior à espinha e à aorta resultados estéticos após a cirurgia.
e posterior à artéria mesentérica superior. Como o espaço entre essas
estruturas diminui, pode ocorrer obstrução do duodeno. O paciente
apresenta náusea e bile no vômito. Uma série gastrointestinal superior
frequentemente é necessária para a realização do diagnóstico. O início TORACOPLASTIA
da síndrome da artéria mesentérica superior se dá, em média, 5 a 7 dias

------~
após a cirurgia. O tratamento inicial deve consistir em drenagem naso- TÉCNICA
gástrica, substituição dos fluidos intravenosos, alimentação por tubos ou
hiperalimentação intravenosa. Essas medidas geralmente permitem que (BETZ)
o inchaço do duodeno diminua. Caso o tratamento não cirúrgico falhe,
procedimentos cirúrgicos gerais, como a liberação do ligamento de •Posicione o paciente como para uma fusão espinhal pos-
Treitz ou a duodenojejunostomia, podem ser necessários. terior normal para correção de escoliose idiopática (Técnica
41-6). Prepare o paciente como de costume. Para obter
1 DESCOMPENSAÇÃO DO TRONCO uma exposição adequada da proeminência das costelas,
Problemas com a descompensação do tronco foram observados com ap lique os panos cirúrgicos laterais na linha axilar poste-
sistemas de instrumentação mais novos no tratamento de curvaturas rolateral ou em um ponto mais largo.
King tipo II. Como observado anteriormente, a descompensação • Faça uma incisão na linha média de rotina (Técnica 41-6).
pode ser evitada e uma correção bem equilibrada, obtida se a relação •Execute a toracoplastia por essa incisão posterior na linha
pré-operatória entre a magnitude da curvatura torácica e a magni- média retraindo a fáscia e trabalhando sob ela e o Iatíssimo
tude da curvatura lombar for sup erior a 1,2, se a relação entre a do dorso. Alternativamente, faça uma incisão vertica l para-
rotação vertebral ap ical entre a curvatura torácica e a curvatura lela centrada sobre a proem inência das costelas, conforme
lombar for superior a 1 e se a relação entre a translação vertebral descrito por Steel. Caso tenha-se optado pela incisão simples
apical da curvatura torácica e da curvatura lombar for superior a na linha média, estenda a incisão cutânea distalmente até
1,2. Caso haj a uma descompensação leve com desequilíbrio mínimo aproximadamente o nível de L2 ou L3 para curvaturas
do tronco, o tratamento pode ser desnecessário. O paciente deve ser torácicas direitas de modo a retrair adequadamente a
observado periodicamente para detectar a progressão da curvatura fáscia toracolombar da linha média. )
lombar. Para descompensações mais graves, pode-se utilizar uma
MAjl PARTE XII A COLUNA

H[dil;@Bm Toracoplastia (consulte o texto). A, A


fáscia toracolombar é removida do processo espinhoso. B,
A fáscia toraco lombar é elevada da fáscia muscular para-
vertebra l. C, Através da incisão na linha média, nos mús-
cu los paraespinh ais, as coste las são delimitadas para o
corte periostea l. Um elevador é utilizado para pu xar
o periósteo da coste la (D) e para remover o periósteo e o
músculo ao redo r da margem inferior da costela (E) . VEJA
A TÉCNICA 41-22.

• Parar a incisão cut ãnea em T1 2 não proporciona exposição e romba, eleve esta fásc ia da f áscia muscul ar paraverte-
)
latera l adequada. Do mesmo modo, real izar uma incisão bral traba lhando lateral e proxima lmen t e, ao mesmo
proximalmente de cerca de 1,27 a 2,54 cm mais longe. t empo, de modo a desenvolver um plano. Em segu ida,
Apesa r do compri mento ligeiramente ma ior, essa incisão remova a fásc ia toracolo mbar dos processos espinhosos,
apresen ta um resu ltado muito melhor esteticament e do prosseguindo proximalmente (Fig. 41-93B).
que a técnica com duas incisões. A vantagem das duas •Uma vez retraída latera lmente a fáscia, pa lpe as coste las
incisões é o acesso mais fácil à costela lateral. Com técn icas começando pelo áp ice da deform idade. Deve-se rea liza r
de instrumentação mais novas é possível uma translação a ressecção simétrica de uma costela por vez, trabalhando
melhor do ápice da curvatura até a li nha média, sendo distal e proximalmente.
necessário resseccionar uma porção menor da costela late- •Marque a costela apical com um eletrocautério.
ra lmente em contraste com as técnicas de Harrington. •Faça uma incisão na linha méd ia até os múscu los paraes-
•Após a rea lização da incisão cutânea, delimite os proces- pinhais media imente e delim ite as costelas para o corte
sos espinhosos e remova a fáscia toracolombar dos pro- periostea l (Fig. 41 -93C).
cessos espinhosos (Fig. 41 -93A) •Utilize um elevador para remover o periósteo da superfí-
•Na reg ião de L2-3, certifique-se de identificar a camada cie da costela até a margem lateral (Fig. 4 1-93D). O ele-
fin a da f áscia toracolombar. Com uma dissecção corta nte vador deve ser puxado, e não emp urrado, de modo a
CAPÍTULO 41 ESCOLI OS E E CIFOSE

h!flihHBm Retrat or de Doye n passado circ unferenc ial mente H@il;@Dm A costela é segu rada co m uma p inça Kocher e
so bre a costel a exposta. VEJA A TÉCNICA 41 -22. cortada med iaimente. VEJA A TÉCNICA 41 -22.

evitar a penetração da pleura. Gera lmente, de quatro a •Corte os segmentos removidos da costela em pedaços
seis costelas são deli neadas. pequenos para uti lização como enxerto autógeno na
• Uma vez que o periósteo tenha sido deslocado para a artrodese da espinha.
lateral da costela, utilize o elavador para separar o periós- •Alternativamente, o procedimento de toracoplastia pode
teo e o músculo ao redor da margem inferior da costela ser rea lizado após a instrumentação espin hal. Isso permite
(Fi g. 4 1-93 E) uma ava liação me lhor da proeminência das cost elas após
• Ut ilizando um elevador de Cobb, remova o periósteo do a instrumentação, mas também pode causar uma perda
aspecto anterior da costela no sentido media l para lateral. maior de sangue caso o procedimento seja real izado após
Essa manobra representa o ma ior risco de penetração da a dissecção da espinha na lin ha méd ia.
pleura.
•Uma vez que o aspecto anterior da costela tenha sido CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Após o fechamento da
li mpo com um elevador de Cobb, passe um retrator de pele e a aplicação dos curativos, deve-se aplica r uma
Doyen circunferencia lmente e no sentido media l-lateral à camada protetiva de gesso sobre a área da ressecção das
costela exposta (Fig . 4 1-94). Identifique a fixação mais costelas. Essa camada é essencia l para evitar a instabilidade
medial da costela ao processo transverso e passe o dis- do tórax e minimizar o movimento das costelas cortadas
posi ti vo de corte ao redor da costela, pressionando-o sobre a pleura e, portanto, a probabi lidade de uma efusão
tanto quanto possível mediaimente. pleural. A camada é feita de gesso com uma camada
•Segure a coste la com uma pinça de Kocher para evitar subjacente de espuma para proteger a pele O molde deve
que ela perfu re a pleu ra durante o corte . Corte a costela ser feito com o paciente em pronação na mesa de cirurg ia
med iaimente (Fig. 4 1-9 5), mantendo o corte tão paralelo para evitar queimadu ras, mas a camada de gesso não deve
quanto possível ao assoa lho e, em seguida, faça o corte ser aplicada até que o paciente esteja na sa la de recupe-
latera l. Pa ra uma ressecção convenciona l em um paciente ração. Deve-se toma r uma rad iograf ia do tórax na sa la de
com uma cu rvatura torácica direita de 55 graus, inicia l- recuperação para descartar pneumotórax e, em seguida ,
mente deve-se corta r 2 cm da costela. uma camada de gesso é aplicada e envolvida com 15,24
• Tome cu idado pa ra não resseccio nar a costela excessiva - cm de faixas elásticas. Alternativamente, a camada poste-
mente pois é possível remover uma quantidade maior, rior de uma TLSO feita pré-operatoriamente pode ser uti-
quando for necessário. lizada. As costas do paciente devem ser exam inadas 2 dias
• Caso a toracoplastia seja rea lizada antes da instrumentação após a cirurgia. Caso não haja evidência de instabilidade
vertebral , o ápice da curvatura será t ransladado para a lin ha torácica e a ressecção das costelas meça menos da largura
méd ia durante a correção, criando um espaço maior do que da palma da mão do ciru rgião, não é necessário continuar
o aparente durante a ressecção ori ginal das costelas. a imobi lização pós-operatória. Caso o espaço seja maior
•Ap li que cera óssea nas extrem idades da costela e apl ique ou haja instabilidade, deve-se aplicar um protet or pós-
Gelfoam no leito periosteal. -operatório para costelas, como a parte posterolateral de
•Corte as demais costelas de modo idêntico, mas segu indo uma TLSO. O protetor deve ser utilizado durante 3 meses.
proxima l e dista lmente a parti r do áp ice, removendo pro- Altern ativamente, um suporte complet o pode ser utilizado
gressivamente menos costela. nos primeiros 3 meses após a cirurg ia para proteger a caixa
• Uma vez concluída a ressecção, levante as margens da incisão torácica durante a regeneração das costelas.
e aplique solução sali na. O anestesiologista deve rea lizar a
manobra de Valsalva para procurar vazamentos na pleura.
•Coloque um dreno sobre o leito da costela resseccionada. COMPLICAÇÕES E PROBLEMAS
•Feche a fásc ia toracolombar com uma sutu ra absorvível,
começando pe lo aspecto dist al da incisão. Durante a ressecção das costelas, um orifício pode ser feito na pleura
parietal. Não se deve tentar repará- la nesse caso. O orifício no leito da
~ PARTE XII A COLUNA

H@ii;f!iDD Osteotomia de costela . A, A costela


é exposta subperiostealmente 1 cm latera lmente ao
processo transverso. A osteotom ia é concluída com
uma serra microssagital. B, Sobreposição do seg-
B mento lateral da costela. VEJA A TÉCNICA 41-23.

costela deve ser cuidadosamente preenchido com Gelfoam e os mús- de osteotomias nas costelas em vez de ressecções. Eles relataram duas
culos intercostais devem ser fechados com uma sutura corrente do efusões pleurais e um pneumotórax em 10 pacientes. Embora as oste-
aspecto mais medial até o aspecto distal. Conforme as últimas suturas otomias côncavas possam aumentar a flexibilidade em curvaturas para
são apertadas, o anestesiologista deve expandir os pulmões do paciente, a direita, com a fixação e a correção de parafusos pediculares mais
removendo tanto ar da cavidade pleural quanto possível antes do aperto recentes, nós raramente necessitamos incluí-las como parte do nosso
das suturas finai s. O propósito do fec hamento do orifício é impedir procedimento. Caso seja realizada a osteotomia das costelas do lado
que o sangue entre na cavidade pleural. Pneumotoráces em expansão côncavo, deve-se inserir um tubo torácico profilático.
não devem ocorrer, pois apenas a pleura parietal é violada e a pleura
visceral permanece intacta. Drenos de sucção são utilizados rotin ei-
ram ente. Menos de 50% dos pacientes com perfurações pleurais OSTEOTOMIA DAS COSTELAS
necessitam de tub os torácicos. Deve-se tomar radiografias semiere-
tas e em decúbito lateral diariamente durante 3 dias. Deve-se realizar
um a toracocentese caso o acúmulo de fluido persista e o paciente seja
TÉCNICA
-------~
sintomático. Caso seja necessária uma segunda toracocentese, deve-se (MANN ET AL.)
considerar a utilização de um tubo torácico.
Ocasionalmente, mesmo sem uma perfuração pleural, pode •Aborde as costelas do lado côncavo pela incisão na linha
haver o desenvolvimento de uma efusão. O uso da imobilização pro- média utilizada para a instrumenta ção e fusão espinhal.
tetiva pós-operatoriamente minimiza essa complicação. Para efusões •Retraia os músculos paraespinhais latera is às extremida-
si ntomáticas com expansão, deve-se rea li zar uma toracocentese. No des dos processos tran sversos do lado cônca vo. Quando
caso de recorrência, deve-se inserir um tubo torácico. necessá rio, utilize um eletrocautério para rea lizar a incisão
A ressecção excessiva das costelas pode causar um a concavi- do tecido sobrejace nte ao eixo das costelas.
dade. Essa complicação é evitável, sendo preferível remover insufi- •In cise o periósteo ao longo do eixo das costelas 1,5 cm
cientemente do que excessivamente. Deve-se remover no máximo seis lateralmente ao processo transverso e uti lize pequenos
costelas e nunca se deve remover mais de 8 cm de comprimento. elevadores para expor a costela periostealmente.
O erro mais comum qu e resulta na proeminência residual das •Proteja a pleura com os elevadores e utilize um dispositivo
costelas é a ressecção insuficiente das costelas e a ressecção insufi - de corte para costelas para seccionar a costela cerca de
cientemente medial. Esse risco deve ser ponderado contra o risco de 1 cm lateralmente ao processo transverso (Fig . 41-96A).
causar uma concavidade. Caso uma deformidade longa nas costelas •Eleve o segmento lateral da costela com um a pinça de
necessite da ressecção de mais de seis costelas, o risco de criar uma Kocher e permita que ela sobreponha-se posteriormente
concavidade é alto. Nessa situação, é prefe rível realizar um segundo ao segmento medial (Fi g. 41 -96B)
procedimento posteriormente do que arriscar a co ncavidade. • Remova quaisquer extremidades irregulares e aplique um
pequeno pedaço de Gelfoam embebido em trombina entre a
costela e a pleura para proporcionar proteção e hemostasia.
OSTEOTOMIAS DE COSTELAS DO · •Faça de quatro a seis osteotom ias próximo às vértebras
LADO CÔNCAVO apica is do lado côncavo.
•Aproxime os músculos paraespinhais com uma sutura
O conceito da osteotomia de costelas do lado côncavo foi introdu- absorvível.
zido por Flinchum em 1963. Kostuik, Tolo, Goldstein e Mann et ai. •C omp lete a instru mentação e a fu são e insera um tubo
relataram a utili zação de osteotomias no lado côncavo e seu possível torácico.
valor com um procedimento de liberação. Halsa ll et ai. tes taram em
um estudo com cadáveres, a flexibilidade antes e após a ressecção
das costelas no lado com tensão. Eles observaram um aumento
médio na deflexão de 53%. A flexibi lidade atingiu o maior aumento INSTRUMENTAÇÃO ANT~RIOR
com a ressecção de cinco ou seis costelas. A adição de osteotomias PARA ESCOLIOSE IDIOPATICA
de costelas do lado côncavo em procedimentos de instrumentação
e fusão aumenta o risco de morbidade pulmonar. Goldstein relatou A instrumentação e a fusã o anterior para o tratamento da escoliose
cinco efusões pleurais e três pneumotóraces em 17 pacientes que pas- idiopática é um proced imento com boa ace itação para certas curva-
saram pela ressecção de 5 a 6 cm das costelas do lado côncavo. Mann turas toracolombares e lombares. Um padrão de curva Lenke tipo 4
et ai. diminuíram a incidência de complicações por meio da realização no qual a curva toracolombar ou lombar seja o componente
CAPÍTULO 41 ESCOLIOSE E CIFOSE

0!§11;'4 ~ A, Curva torácica flexível de 43 graus. B, Correção em radiografia com torção. C, Correção da curva fracionária em
radiografia com torção. D e E, Após fusão anterior com instrumentação do Texas Scottish Rite Hospital (TSRH).

estrutural e as principais curvas torác icas ou torácicas proximais não deve ser suficientemente flexível para apresentar correção em radio-
sejam estruturais representa a situação ideal para esse tipo de proce- grafias com inclinações (Fig. 41-97). A criança deve ter idade sufi-
dimento. A instrumentação anterior pode proporcionar derrotação e ciente para que as vértebras permitam a fixação de parafusos. Deve-se
correção da curva no plano coronal. Ocasionalmente, a deformidade tomar cuidado ao utilizar esses sistemas em crianças com menos de
pode ser corrigida pela fu são de menos segmentos com movimento 9 anos de idade. De modo geral, a vértebra instrumentada mais infe-
do que se a mesma curva fosse abordada posteriormente, embora rior deve ser a vértebra terminal na medição de Cobb. O nível proxi-
com instrumentação com parafusos pediculares, isso nem sempre mal geralmente é a vértebra neutra. A fusão não deve estender-se até
seja o caso. As curvaturas toracolombares ou lombares devem ser a curvatura torácica compensatória acima. Em radiografias com
flexíveis. A curvatura torácica não deve ser estrutural e deve ser torção convexa, o disco abaixo da vértebra instrumentada mais infe-
redu zível até 25 graus ou menos em radiografias com inclinações. rior deve abrir-se para ambos os lados. Isso indica que a vértebra
A curvatura incompleta entre as curvaturas lombares ou toracolom- inferior selecionada pode ser horizontalizada pela abordagem ante-
bares e o sacro deve ser avaliada cuidadosamente pois ela também rior. Caso haja um a discrepância nos níveis indicados em radiografias
lllllm) PARTE XII A COLUN A

A B e
O@ii;f4Bm Abordagem posterior e fixa çã o por parafusos pediculares . A, As áreas em azu l indi cam a ressecção óssea que deve ser
realizada para o procedimento de encurtamento posterior. O li gamento interespinha l e o ligamento amare lo devem ser removidos,
incluindo a parte intracanal do ligamento capsul ar da articu laçã o facetária . B, As articulações facetár ias e todas as estruturas ligamen-
tares posteriores fo ram excisad as. C, A capacidade de produz ir lordose após o encurtamento posterior é mostrada. (Redesenhada de
Shufflebarger HL, Geck MJ, Clark CE: The posterior approach for lumba r and thoraco lum ba r adolescent idiopathic sco liosis: posterior shorte ni ng
and pedicle screws, Spine 29:269, 2004.)

H!§i1;§1Bm A e B, Radiografi as pré-operatórias anteroposteriores e laterais mostram uma curva toracolombar significativa de 55
graus de T10-L3 com o des locamento da linha de prumo de C7 do centro da linha sacra l com angula ção de 27 graus e transla ção sig-
nificativa da vértebra da extremid ade distal. Há deslocamento do tronco . A lordose sagita l lombar tem apenas 32 graus. C e D, Radio-
grafias pós-operatórias com o paciente em pé mostrando a centralização e o nivelamento da vértebra instrumentada mais inferior, no
final da medição de Cobb . A lordose lombar foi normal izada em 45 graus. (De Shu ffleba rger HL, Geck MJ, Clark CE: Th e posteri or approach
fo r lu mbar and tho racolumbar adolescent idiopathic scoliosis: posterior shortening and ped icle screws, Spine 29:269, 2004.)

com torção e nas radiografias posteroanterio res com o paciente em corpos ve rtebrais relativamente espo njosos, send o que o desloca-
pé com medi ção de Cobb, deve-se selecionar o método que indica mento proximal dos parafusos também é um risco. Muitos cirurgi-
o segmento de instrumentação e fusão mais longo. ões ortopédicos necessitam da ass istência de um cirurgião torác ico
A abord agem anterior para curvatu ras toracolomabares e lom- ou de um cirurgião geral durante abordagens anteriores.
bares poss ui diversas desvantagens: quilotórax, lesões no ureter, Shuffiebarger et ai. recomendaram um a abordagem posterior
baço ou grandes vasos, fib rose retroperitoneal e instrumentação em vez da abord agem anterior para escolioses lombares e toraco-
proeminente, qu e deve ser cuidadosamente isolada dos grand es lombares com encur ta mento posterior e fixa ção por parafusos pedi-
vasos. Sem atenção aos detalhes, pode ocorrer um efeito cifosante culares. Após um a liberação posteri or ampla (Fig. 41-98), a espinha
mesmo com sistemas de instrumentação anterior mais novos com é instrum entada com pa rafusos pediculares e um a haste de 5 mm.
hastes sólidas ou hastes duplas. A fixação à espinha é realizada em Com essa técnica, os mesmos níveis são fundidos em relação à
CAPÍTULO 41 ESCOLIOSE E CIFOSE lftt@

h(dl!;ijml!Ii) A, Radiografia posteroanterior em pé de um paciente com escoliose idiopática . Com a abordagem posterior, esse
paciente necessitaria de fusão bem abaixo da espinha lombar. B e C, Radiografias pós-operatórias posteroanteriores e latera is após a
instrumentação anterior. Apesar de certa perda de fixação do parafuso proximal, o paciente obteve correção satisfatória e uma espin ha
bem equilibrada nos planos corona l e sag ital com a instrumentação apenas da deformidade da espinh a torácica.

instrum entação anterior. Desse modo, evita-se a morbidad e da abor- et ai. compararam a correção da curvatura por fusão espinhal poste-
dagem anterior e o paciente é tratado por meio de uma abordagem rior e parafusos pediculares torácicos com a fusão espinhal anterior
posterior que é familiar a todos os cirurgiões de coluna. Eles relataram com instrumentação por haste simples em curvaturas Lenke tipo 1.
correções excelentes de deformidades coronais e sagitais (Fig. 41-99). Eles descobriram que a fusão espinhal posterior com parafusos pedi-
A instrumentação e a fusão anterior em curvaturas torácicas é culares torácicos proporcionava uma correção melhor das curvaturas
mais controversa. Betz et ai. formaram um grupo de estudos para torácicas principais e a correção espontânea das curvaturas toraco-
avaliar prospectivamente a instrumentação e a fusão espinhal anterior lombares e lombares. Eles também descobriram que a abordagem
com um sistema de hastes com rosca e compará-la com sistemas de posterior apresentava melhor correção da torção e da rotação torácica.
hastes e ganchos segm entados em pacientes com escoliose idiopática Nossa experiência é semelhante: raramente vemos necessidade de
adolescente torácica. Inicialmente, houve uma taxa de quebra das hastes instrumentações anteriores para curvaturas torácicas.
inaceitavelmente alta, mas esse número foi reduzido com a utilização Caso deva-se instrumentar uma curvatma toracolombar, deve-se
de um sistema de hastes sólidas mais forte. As vantagens da abordagem utilizar a abordagem toracoabdominal. Caso a curvatura seja puramente
torácica anterior são uma correção tridimensional mais completa por lombar, pode-se utilizar uma abordagem lombar extraperitoneal.
causa da excisão completa do disco e do ânulo; da correção da curvatura
pela compressão convexa que encurta a coluna e evita a distração de ABORDAGEM TORACOABDOMINAL
elementos neutros; da fusão de vértebra terminal à vértebra terminal
frequentemente resultando em uma fusão mais curta do que o neces- ~
TÉCNICA '--~~~~~~~--~
sário posteriormente (Fig. 41-100); da possível redução dos níveis de
fusão superior e lombar intermediária; da evitação do fenôm eno do •Coloque o paciente em decúbito lateral com o lado
virabrequim em pacientes esqueleticamente imaturos; da diminuição convexo da curva tura elevada.
da frequência de descompensações em curvatm as torácicas primárias •Faça uma incisão curvi línea ao longo da costela um nível
com curvaturas lombares compensatórias; da escolha entre cifose ou acima do nível mais proximal que será instrumentado.
lordose do segmento vertebral para melhorar o perfil sagital após a Geralmente, essa é a nona costela para a maioria das
excisão do disco; e da evitação de problemas que ocorrem em pacientes curvaturas toracolombares. Faça a incisão ao longo da
magros com a proeminência da instrumentação posterior, mesmo com costela e estenda-a dista l mente ao longo da parede abdo-
os instrumentos mais recentes de baixo perfil. minal anterolateral imed iatamente lateral ao músculo
As desvantagens dessa abordagem incluem rompimento da reto abdomina l.
caixa torácica com efeitos sobre a função pulmonar; necessidade da •Exponha e real ize a excisão da costela.
assistência de um cirurgião torácico; maior risco de cifose progressiva •Penetre o tórax e retraia o pulmão.
por causa do crescimento espinhal posterior em pacientes esqueleti- •Identifique o diafragma como uma estrutura separada.
camente imaturos (Risser grau O); e presença de vértebras menores e Ele tende a se aproximar da parede da caixa torácica. O
fixação menos segura, especialmente do parafuso proximal (Fig. diafragma pode ser removido de dois modos. Preferimos
41-100). A aorta pode ficar muito perto das extrem idades dos para- removê-lo da cavidade torácica e, em seguida, continuar )
fusos com a utili zação de uma fixação bicortical (F ig. 41- 101 ). Potter
lllm> PARTE XII A COLUNA

•Identifique as artérias segmentares sobre a cintura de


cada corpo vertebral, isole-as e ligue-as na linh a média.
•Expo nha o osso extraperiostealmente.
• A exposição de T1 O a L2 ou L3 com essa abordagem é
sim ples, mas mais distalmente os vasos il íacos estão
sobrepostos às vértebras L4 e LS . A exposição nessa área
exige uma dissecção mais meticulosa e o deslocamento
desses vasos.

ABORDAGEM EXTRAPERITONEAL
LOMBAR

--------'~
TÉCNICA
• Coloq ue o paciente em decúbito latera l com o lado
convexo para cima.
•Faça um a inci são da parte intermediária do fl anco da
linha média anteriormente à linha média posteriormente.
(Fig . 41-102A) .
•Divida os músculos abdom inais oblíqu os em linh a com a
incisão (Fig. 41-102B e C)
•Conforme a di ssecção prossegue lateralme nte, id entifi -
que o Iatíssimo do dorso conforme ele ad iciona outra
camada: a fáscia transversal e o peritônio. A fáscia trans-
versa l e o peritônio divergem posteriorm ente conforme a
fáscia transversal reveste a parede do tronco e o peritônio
vira anteri ormente para revestir as vísceras. A dissecção
posterior nesse plano permite o acesso à espinha sem
penetração na cavida de abdominal.
•Repare qualquer penetração no peritônio imediatamente,
pois elas podem não ser identifi cáveis posteriormente.
• Reflita todo o tecido areolar contendo gord ura até a
fáscia transversa l e a fáscia lombar, refletind o o ureter ao
O!ijii;fuBII!D A, CTC de TS mostrando um bom posiciona- longo do peritônio (Fig . 41-102D)
mento do parafuso. B, Com a aorta descendente na posição de 2 •Loca lize os principais vasos na linh a média, divida a f áscia
horas, acreditava-se que 26% do parafu so distal estava adjacente lombar e retrai a os vasos cuidadosamente.
à aorta 2 mm ou menos. (De Kuklo TR, Lehma n RA Jr, Lenke LG: •D ivida as artérias e veias segmentares conforme cruzam
Structures at risk fo llowing anterior instrumented spinal fus ion for tho- a cintura da vértebra na linha média e ligue-as para con-
racic adolescent idiopathic scoliosis, J Spinal Disord Tech 18:558, 2005.) trolar a hemorrag ia.
• A incisão cutânea deve ser posicionada cuidadosamente
para garantir que a vértebra mais cefálica que será ins-
com a dissecçã o retroperitoneal distalmente. Alternativa - trumentada possa ser fac ilmente vista .
)
mente, o retroperitôn io pode ser penetrado aba ixo do dia-
fragma, o qual pode ser então dividido. Para remover o
diafragma da cavidade torácica, penetre a cavidade trans- EXCISÃO DO DISCO
pleuralmente pelo leito da costela. Ut ilize um eletrocautério
~
para dividir o diafragma próximo à parede torácica. Mante- TÉCNICA ~~~~~~~---'~
nha um pequeno pedaço do diafragma para refixação.
•Uma vez refletido o diafragma, expon ha o espaço retro- •U ma vez exposta a parte anterior da espi nh a, os discos
peritonea l. podem ser pa lpados como áreas protuberantes arred on-
• Disseque a cavidade peritonea l sob o múscu lo ob líquo dadas e macias na espinha em comparação com a super-
interno e a muscul atu ra abdom inal. f ície côncava do corpo vertebral.
•Divida o oblíquo interno e os múscu los abdom ina is trans- •Divi da o ânulo penetrantemente com um bisturi de ca bo
versos em linha com as incisôes cutâneas. Estenda a expo- longo (Fig. 41-103) e remova -o.
sição distalmente tanto quanto necessário. •Remova o núcleo pu lposo com rongeurs e curetas. Não
•Identifique os corpos vertebrais e cu idadosamente disse- é necessá rio remover o ligamento longitud inal anterior e
que o músculo psoas lateralmente aos espaços dos discos o ligamento lon gitudina l posterior.
vertebra is. A origem do mú sculo psoas geralmente é no •Uma vez concluíd a a excisão do disco, re mova as placas
nível de L1. term inais ca rtilaginosas utilizando uma cu reta em forma
•Divida a fáscia pré-vertebral na direção da esp inh a. de anel ou um ost eótomo. Os aspectos posteriores das
CAPÍTULO 41 ESCOLIOSE E CIFOSE cm

A B

e D

O[dil;t.)Bll!!) A, Incisão cutânea para abordagem extraperitoneal à espinha lombar e lombossacral. B, Incisão das fibras do músculo
oblíquo externo. C, Incisão das fibras do músculo oblíquo interno. D, Exposição da espinha antes da ligação dos vasos segmentares.
VEJA A TÉCNICA 41-25.

INSTRUMENTAÇÃO ANTERIOR DAS


CURVATURAS TORACOLOMBARES
COM O SISTEMA DE HASTES DUPLAS
CD HORIZON LEGACY
TÉCNICA
--~---~
•Após a exposição da espinha e a remoção dos discos,
grampos e parafusos são inseridos em cada um dos
corpos vertebrais, começando proximalmente e progre-
dindo distalmente.
•Coloque um grampo CD Horizon Legacy (Medtronic
Sofamor Danek, Memphis, TN) de tamanho adequado
no aspecto lateral do corpo vertebral, certificando-se
de estar suficientemente posterior para permitir a colo-
O@il;MBII!D Excisão do disco. O ânulo é dividido com um cação do parafuso anterior. Há grampos de vários
bisturi de cabo longo e removido . VEJA A TÉCNICA 41-26. comprimentos disponíveis para acomodar pacientes de
diferentes tamanhos. Normalmente, na espinha torácica
placas termina is cartilaginosas podem ser mais facilmente inferior, o grampo é colocado imediatamente inferior
removidos com curetas anguladas. à cabeça da costela.
•Obtenha a hemostasia utilizando Gelfoam embebido em •Impacte o grampo ao corpo vertebral (Fig. 41-104A
trombina, exceto se for utilizado um sistema de recupe- e B). Crie um orifício-piloto no corpo vertebral com
ração de sang ue. um puncionador, eliminando a necessidade de rosquear
•Uma correção significativa da curvatura geralmente os parafusos (Fig. 41-104C).
ocorre durante as discectom ias e ela se torna mais flexível • No orifício posterior, insira um parafuso de diâmetro
e mais facilmente corrigível. e comprimento adequados com angulação de aproxima- )
lllD PARTE XII A COLUNA

) damente 1O graus no sentido posterior-anterior, per-


pendicularmente à base do grampo. Mantenha o parafuso
• Coloque os parafusos anteriores com uma posição angular
neutra, mas ligeiramente de anterior para posterior.
ligeiramente elevado da superfície do grampo até O objetivo é colocar o parafuso perpendicularmente à
que o parafuso anterior esteja completamente assen - base do grampo (Fig. 41-104E). A fixação bicortical é
tado de modo a evitar a inclinação do grampo (Fig. necessária nas extremidades do constructo e sugerida
4 1- 1040). também para os níveis intermediários. A Figura 41- 104F

A B

e D

E F

T11
L2 L1 T12

G H

H!§iiij·$Blm) A-Q, Instrumenta ção anterior da curva t oracolombar com instrumentação de hastes duplas CD Horizon Legacy. Con-
sulte o texto para descrição. (Redesenhada de Lenke LG: CO Horizon Legacy Spinal System anterior dual-rod surgical technique manual, Memphis,
TN, 2002, Medtronic Sofamor Danek.) VEJA A TÉCNICA 41-27.
CAPÍTULO 41 ESCOLIOSE E CIFOSE Cm:llll

o p Q

iâi§IJ;fij jl§ltzjMg.J,l#

mostra os grampos e os parafusos inseridos de T11 um dos níveis com os parafusos (Fig. 41-104H). A orien-
a L3 antes da inserção da haste. tação da haste posterior antes da manobra de rotação
•Real ize a descorticação das placas term in ais antes da é mostrada na Figura 41-1041.
colocação dos enxertos. • Segu re a haste com uma pinça e gire-a 90 graus de
• Aplique enxertos intervertebrais estruturais começando pelo posterior para anterio r. Isso facilitará tanto a correção
disco mais caudal e prosseguindo proximalmente. Enxertos da escoliose quanto a produção da lordose sag ita l
estruturais devem ser aplicados no aspecto anterior do (Fig. 4 1-104J).
disco para facilitar a lordose (Fig . 41 -104G). Posteriormente, •Realize a compressão intervertebral nos parafusos pos-
enxertos autógenos com pedaços das costelas são colocados teriores após travar o parafuso apical, prosseguindo
contra as placas terminais descorticadas. do ápice para ambas as extremidades (Fig . 41-104K).
•Real ize a moldagem bip lanar adequada da haste • Coloque a haste anterior sequencialmente nos parafusos,
posterior. assente-a e trave-a com forças de com pressão leves.
• Insira a haste posterior proximalmente e alavanque-a para Essa é apenas uma haste estabilizadora, não se devendo
dentro dos parafusos distais. Captu re a haste em cada aplicar maiores correções. A correção no plano coronal )
~ PARTE XII A COLUNA

H(riii;f.j ~ A, Imagens clínicas e radiográficas de um paciente de 12 anos de idade, esqueleticamente imaturo. B, Imagens clínicas
e radiográfi cas após a fusão espinha l anterior e instrumentação de T11-L3. (De Lenke LG: CD Horizon Legacy Spinal System anterior dual-rod
surgica/ technique manual, Memphis, TN, 2002, Medtronic Sofamor Danek .) VEJA A TÉCNICA 41-27.

e no plano sag ital pode ser determinada por rad iografias quando a drenagem ca i aba ixo de 50 ml por dois perío-
)
anteroposteriores intraoperatóri as. dos consecutivos de 8 horas. Pode-se utili za r uma TLSO
•Uma vez confirmada a posição final, quebre os para- para imobilização, mas ela é desnecessária se os parafu-
fusos com um dispositivo de contraforça (F ig. 41-104L). sos aprese ntarem boa fixação. Um cateter de Fo ley é
•Aplique uma ou duas placas transversais para criar um necessário para monitorar a capacidade urinária pois a
constru cto retangu lar, o que aumenta a rigidez do sistema. retenção é comum. O desenvolvimento de um íl eo para-
Utili ze as ferramentas de medição da placa transversal líti co é esperado após a cirurgia anteri or, geralmente
para determinar o t amanho necessário para o implante durando po r 2 a 3 dias. El evações de temperatura con-
(Fig . 41-104M), segu re a haste do tamanho adequado siste ntes com atelectasia são com uns, geralmente respon-
e coloq ue sobre as hastes (Fig. 41-104N e O). dendo à terap ia pulmonar e à terapia ambulatória assim
•O menor corte transversal desta instrumentação anterior que o paciente puder suportá-la (Fig . 41-105).
(Fig . 41-104P e Q) permite o fechamento da pleura dis-
tal mente e a junção da pleura e do diafragma.
•Compl ete o fechamento. Feche o diafragma, as camadas
abdominais profundas, a parede torácica (após a colo-
cação de um tubo torácico), as camadas musculares,
os tecidos subcutâneos e a pele. COMPLICAÇÕES _E PROBLEMAS DA
INSTRUMENTAÇAO ANTERIOR
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Épermitido que o paciente
levante-se no primeiro dia após a cirurgia. O tubo torácico Os problemas e as complicações podem estar relacionados à seleção
geralmente é mantido de 48 a 72 horas, sendo removido inadequada do paciente, à seleção inadequada do nível ou a dificul-
dades técnicas com a instrumentação. Um problema técnico comum
CAPÍTULO 41 ESCO LI OSE E CI FOS E Gm
é a falha da maioria dos parafusos proximais (Fig. 41-100), podendo TORACOSCOPIA ASSISTIDA
ser evitada pela observação cuidadosa desse parafuso durante a
manobra de derrotação. Deve-se interromper a manobra a qualquer
POR VÍDEO
sinal de afrouxamento do parafuso. Outro problema técnico é encon-
trado caso as cabeças dos parafusos não estejam alinhadas adequada- A cirurgia toracoscópica assistida por vídeo é comumente utili -
mente e uma das cabeças esteja deslocada em relação às demais. Caso zada no tratamento de deformidades espinhais pediátricas para
um dos parafusos esteja apenas um pouco deslocado, a colocação da a liberação anterior. A instrumentação endoscópica anterior da
haste pode ser difícil. Parafusos de ângulo variável ou poliaxiais per- escoliose torácica representa um tópico mais controverso. Atual-
mitem certo ajuste para compensar esse desvio. mente, preferimos uma abordagem posterior com instrumenta-
Vários estudos enfatizaram as complicações potencias associa- ção segmentar por ganchos, cabos ou parafusos pediculares para
das à abordagem anterior da coluna vertebral, incluindo insuficiên- curvaturas torácicas . As vantagens da cirurgia toracoscópica
cia respiratória com necessidade de suporte ventilatório, pneumonia, sobre a toracotomia aberta, além da melhor iluminação e mag-
atelectasia, pneumotórax, efusão pleural, infecção do trato urinário, nificação no local da cirurgia, são: menos lesões no músculo
íleo paralítico prolongado, hemotórax, lesões esplênicas, fibrose Iatíssimo e na parede torácica, com menos dores em longo prazo,
retroperitoneal e simpatectomia parcial. diminuição da perda de sangue, melhor aparência estética, tempo
Lesões neurológicas podem ocorrer durante a discectomia ou de recuperação mais curto, melhora da função pulmonar pós
inserção dos parafusos. Os parafusos devem ser colocados paralelos -operatória e, potencialmente, internação hospitalar mais curta.
às placas terminais das vértebras. Durante a ligação dos vasos, As principais desvantagens da toracoscopia estão relacionadas
deve-se evitar a anastomose no forame intervertebral para minimi- com a curva de aprendizado íngreme e as exigências técnicas do
zar as chances de lesões ao suprimento vasc ular da medula espinhal. procedimento.
As deformidades escolióticas são abordadas pelo lado convexo da Equipamentos especializados são necessários para esses pro-
curvatura pois, como os grandes vasos estão invariavelmente loca- cedimentos. Um cirurgião geral, pediátrico ou torácico familiari-
lizados do lado côncavo, a chance de lesioná-los é baixa. Para melho- zado com a toracoscopia e com toracotomias abertas deve estar
rar a fixação dos parafusos, entretanto, o córtex oposto da vértebra disponível nos estágios iniciais do procedimento, devendo perma-
deve ser penetrado, devendo-se tomar cuidado para que o parafuso necer preparado durante todo o procedimento. O anestesiologista
não fique proeminente no lado côncavo. deve ser habilidoso na utilização de tubos de duplo lúmen com
ventilação de um pulmão.
As indicações da toracoscopia assistida por vídeo incluem a
TORACOPLASTIA ANTERIOR escoliose neuromuscular em pacientes com função pulmonar com-
prometida necessitando de liberação anterior, curvaturas rígidas
As vantagens da toracoplastia anterior são as mesmas da toracoplas- necessitando de liberação anterior e fusão posterior e imaturidade
tia posterior. Para o paciente, a redução da deformidade das costelas esquelética em pacientes em que é necessária a cirurgia anterior para
está entre os aspectos mais importantes da correção cirúrgica e evitar o fenômeno do virabrequim. Indicações relativas incluem
fusão. Os enxertos ósseos obtidos em uma toracoplastia podem curvaturas idiopáticas torácicas rígidas que não se corrijam com a
aliviar a necessidade de enxertos da crista ilíaca que contribuem torção e deformidades cifóticas rígidas. Com os sistemas de instru-
para a morbidade pós-operatória. mentação posterior mais rígidos atualmente disponíveis, a liberação
anterior é desnecessária na maioria das deformidades espinhais
TORACOPLASTIA ANTERIOR idiopáticas. Crawford estendeu suas indicações para incluir todos os
procedimentos na espinha torácica anteriormente abordados por

---------"~
TÉCNICA toracotomia.
As contraindicações do procedimento incluem a incapacidade
(SHUFFLEBARGER) de tolerar a ventilação por um pulmão, insuficiência respiratória
grave ou aguda, altas pressões nas vias aéreas com ventilação por
•Após a toracotom ia, reflita a pleura parieta l sobre a parede pressão positiva, enfisema e toracotomias anteriores.
torácica, expondo as cost elas. A toracoscopia assistida por vídeo é um procedimento tecni-
•A partir do interior da toracotom ia, divida o periósteo em camente complexo. Deve-se ganhar experiência por meio da prática
linha com a costela. em animais ou cadáveres, bem como pela observação de outros
•Utilize um elevador para completar a dissecção subperios- cirurgiões adeptos desse procedimento.
tea l circunferencia l da coste la na li nha axilar posterior. Os equipamentos necessários para a cirurgia toracoscópica da
•Divida a costela com um instrumento adequado. Segure espinha são semelhantes àqueles necessários para a toracoscopia
a costela e traga-a para dentro do tórax . geral. Os equipamentos básicos incluem telescópios, fontes de ilu-
• Rea lize a dissecção circunferencial do periósteo e múscu - minação, câmeras, monitores e instrumentação adequada. O teles-
los intercostais até a articu lação costotransversa. cópio mais comumente utilizado tem ângu lo de 30 graus e lente de
• Desarticu le a cabeça da costela da articu lação costro- 10 mm . Em alguns casos pediátricos, pode ser necessário um teles-
transversa e da articu lação costocorpórea. cópio menor, mas eles não proporcionam o mesmo grau de ilumi-
• Remova a parte posterior das costelas remanescentes de nação e resolução do que os telescópios de 10 mm. Os telescópios
modo simi lar para concluir a toracop lastia. Esse tipo de com sistema de limpeza da lente e irrigação local são úteis para
toracoplastia não apenas melhora a aparência e proporciona desembaçar e limpar a extremidade do telescópio. Outros equipa-
enxertos ósseos, mas também amolece significativamente a mentos incluem portais flexíveis e instrumentos manuais de cabo
parede torácica para facilitar a exposição em pacientes com longo, como curetas, rongeurs pituitários, retratores, sistemas de
deformidades rígidas. irrigação/sucção, aplicadores de grampos endoscópicos e elevadores
periosteais.
~ PARTE XII A COLUNA

Anestesiologista

Suporte Mayo

Monitor do Cirurgião
Mon itor do espinhal

Monitor Monitor
Cirurgião Cirurgião
espinhal espinhal

A B

O(dll;fumJI!D A, Técn ica toracoscó pica tradicional. B, Técn ica t oracoscóp ica com inversão . VEJA A TÉCNICA 41 -29.
~
DISCECTOMIA TORACOSCÓPICA TÉCNICA
~~~~~~~~-~
ASSISTIDA POR VÍDEO
(CRAWFORD)
Alguns cirurgiões preferem trabalhar de frente para o
paciente posicionado em decúbito lateral (Fig . 41-106A), • Após anestesia geral por tubo endotraquea l de duplo
enquanto outros preferem trabalhar atrás do paciente, tra- lúmen ou bloqueio bronquia l para ventilação por um único
balhando longe da medula espinhal (Fig. 4 1- 1068) . Dois pu lmão, posicione o paciente em decúbito lateral. Prepare
monitores são posicionados de modo que possam ser vistos o campo cirú rgico enquanto o anestesiolog ista esvazia o
de ambos os lados da mesa. Como a configuração trad icio- pu lmão. São necessários cerca de 20 minutos para que se
na l da maioria dos proced imentos endoscópicos exige atinja a atelectasia de reabsorção completa.
membros da equ ipe em lados opostos ao paciente e como • Coloque o braço superior sobre um suporte com o ombro
o traba lho com a imagem da câmera pode causa r desorien- ligeiramente abduzido e flexionado mais de 90 graus para
tação, Horton sugeriu a inversão do mon itor do assistente. permitir a colocação de portais na axila. Utilize um rolo
O monitor no aspecto posterior do paciente é invertido e, axilar para reduzir a pressão sobre as estruturas axilares.
uma vez estabelecida a porta de visualização da câmera, o •Identifique as bordas escapulares, a 12ª costela e a crista
endoscópio é inserido na câmera e girado 180 graus sobre ilíaca, delimitando-as com um marcador.
o suporte de modo que a câmera fique invertida. O assis- • Coloque o primeiro portal no espaço intervertebral de T6
tente segurando a câmera invertida vê o monitor invertido, ou T7 na linha axilar posterior (Fig. 4 1-108A).
o qua l projeta uma imagem de monitor norma l como seria • Faça uma incisão cutânea com um bisturi e continu e com
vista em uma toracotomia aberta (Fig. 41 -107 A e B). um eletrocautério pelo múscu lo intercosta l pa ra entrar na
CAPÍTULO 41 ESCOLIOSE E CIFOSE GmJlll

Linha axilar Linha axilar


A posterior anterior B e
iâ@il;tijrllml) A, Primeiro portal para liberação toracoscópica anterior da espinha criado ao longo da linha axilar posterior entre os
espaços intercostai s T6 e T8 . Porta is su bsequ entes são criados ao longo da linha axilar anterior. B, Técnica de inserção do portal. Uma
incisão de 15 a 20 mm é f eita paralelamente à superfície superi or da costela. O portal flexível é inserido com um trocarte . C, O trocarte
é removi do, deixando o portal fle xíve l em posição. VEJA A TÉCNICA 41-29.

cavidade torácica. Para evitar causar danos aos vasos e •Coloque o gancho na pleu ra parieta l na região do disco,
nervos intercostais, f aça a incisão sobre a costela. Insira no ponto intermediário entre a cabeça da costela e a
um dedo para confirmar a defl ação do pulmão e seu espinha anterior.
posicionamento lo nge da parede torácica, de modo que • Puxe a pleura para cima e cauterize -a com movimentos
não seja danificado durante a inserção do trocarte. sucessivos proximal e distalmente, evitando os vasos
•I nsira portais flexíveis pelos espaços intercostais util izando segmenta res.
um trocarte (Fig. 41-1 08B e C) •Identifique os discos intervertebrais como elevações na
•I nsira um toracoscópio rígido de 1O mm e angulação de coluna espinha l e os corpos vertebra is como depressões.
30 graus. Evite o embaçamento do endoscópio pré-aque- •Para a li beração anterior sim ples, não ligu e os vasos seg-
cendo com solução de irrigação morna e limpando a lente mentares por causa do risco de rompimento. Pode ser
com uma solução estéril para reduzir embaçamentos. difícil controla r a hemorragia endoscopicamente. Craw-
Limpe a lente do endoscópio intermitentemente com essa ford recomendou a coagu lação de quaisquer vasos que
solução para otimizar a visib ilidade. Alguns endoscópios apresentem risco de hemorragia.
possuem mecanismos de irrigação e limpeza seme lh antes •Um a vez que a pleura seja comp let ame nte resseccio-
ao de um para-brisas incorporados pa ra simpl ificar ainda nada, pross ig a diretamente para a excisão do ânu lo no
ma is o proced imento. nível dos discos inte rve rt ebrais que se rão removid os.
• Ava lie o espaço intratorácico para determinar a anatomia As cabeças das coste las proporcionam exce lentes
e possíveis locais para outros portais. A espinha toráci ca marcos para loca li zação. A cabeça da cost ela arti cu la-
superior geralmente pode ser vista sem a retração do se com a base do pedículo e do corpo vertebral ime-
pulmão uma vez que este esteja completamente vazio, diatamente cauda l ao níve l do espaço do disco . Por
mas certa retração geralmente é necessária abaixo de exemplo, a cabeça da coste la T9 leva ao espaço T8-9
T9-1 O pois o diafragma bloqueia a visão. (Fig. 41 - 109).
•U ma vez identificada a anatom ia espinhal, continue a •Faça um corte transversa l com um cau tério no corpo
identificar os níveis. A primeira costela geralmente não verteb ral, para lelamente ao disco, cranial e cauda lmente
pode ser vista , sendo que a primeira costela identificável a ele.
visualmente é a segunda. Conte as costelas seq uencial- •Eleve o periósteo em direção à placa terminal para isolar
mente para identifi car os níveis que devem ser liberados. o disco.
Insira uma agulha longa de extremidade romba no espaço •Faça um corte transversa l no ânu lo fibroso, descendo até
do disco e obtenha uma radiografia para confirmar os o nível do núcleo pu lposo.
níveis intraoperatoriamente. •Utilize rongeurs, curetas e elevadores periostea is, con -
• Selecione outros locais para portais após a visua lização forme necessário para garantir a remoção completa do
interna. Visua lize os trocartes com o endoscópio conforme disco e das placas terminais.
são inseridos. Tome cuidado ao inserir o portal inferior para • Controle a hemorragia do osso subcondral preenchendo
evitar a perfuração do diafragma. Utilize um retrator para o espaço do disco com Surg icel (Johnson&Johnson,
retrair o diafragma, mas tome cuidado para não lacerar o Somervi lle, NJ).
pulmão. • Apl ique uma força moderada sobre o segmento da colu na
•Divida a pleu ra parietal com um gancho no cautério após cada libera ção para verifica r se a mobilidade fo i
endoscópico. alcançada.
)
Em> PARTE XII A COLUNA

O@lhMOIIm> A, Anatom ia vertebral torácica. As costelas fixam-se às vértebras pelos ligamentos costotransversos e costovertebra is.
As cabeças das coste las art iculam-se com a base do pedículo e com o corpo vertebral logo abaixo do disco ou no espaço do disco . Os
vasos segmentares cruzam a parte intermediária da superfície côncava dos corpos vertebrais. B, Cort e transversa l de uma vértebra
torácica mostrando a re lação da coste la e do pedícu lo com a medu la espinhal. VEJA A TÉCNICA 41-29.

hemostasia. Caso sejam necessários, grampos endoscópicos ou outros


agentes hemostáticos devem ser utili zados. A instrumentação
para toracotomia aberta deve ser colocada sobre uma mesa estéril para
evitar atrasos ou confusões, caso seja necessária uma toracotomia
imediata para controlar a hemorragia.
O tecido pulmonar pode ser danificado durante o procedimento.
Caso ocorra vazamento de ar, ele pode ser reparado com um grampe-
ador endoscópico. Rompimentos durais podem ser reconhecidos por
meio do vazamento de líquido cefalorraquidiano claro do espaço dos
discos. Agentes hemostáticos podem ocasionalmente selar pequenos
vazamentos de líquido cefalorraquidiano. Caso um rompimento durai
continue a vazar líquido cefalorraquidiano, pode ser necessário realizar
uma toracotomia e vertebrectomia com reparação durai.
Fluidos turvos no espaço intervertebral após irrigação e sucção
podem indicar lesões linfáticas, as quais podem ser fechadas com
A B grampos endoscópicos. O duto torácico é especialmente vulnerável a
lesões no nível do diafragma. Caso seja descoberto um quilotórax após
O!§ii;@Bm:> A e B, Três ou quadro seções da coste la removi- o fechamento, ele deve ser tratado com uma dieta com pouca gordura.
das e morselizadas até que se tenha obtido enxerto ósseo sufi- A cadeia nervosa simpática no lado operado frequentemente
ciente. VEJA A TÉCNICA 41 -29. é transeccionada. Isso causa pouca ou nenhuma morbidade, mas o
cirurgião deve informar o paciente e os familiares sobre a possibili-
dade de alterações de temperatura e da cor da pele abaixo do nível
) •Após as discectomias, pode-se realizar a coleta de enxer-
da cirurgia.
tos ósseos das costelas pelos portais, caso seja necessário
(Fig . 41-110). Problemas pulmonares pós-operatórios frequentemente envol-
vem o pulmão do lado inferior, no qual podem se formar tampões
•A pleura pode ser fechada ou mantida aberta.
mucosos. O anestesiologista deve realizar a sucção de ambos os
•Coloque um tubo torácico pelo porta l mais inferior e pos-
pulmões antes da extubação.
terior. Utilize o endoscópio para observar o tubo durante
a colocação ao longo da coluna vertebral. Conecte o tubo
torácico a um selo de água .
•Uma vez que o anestesiolog ista tenha inflado o pulmão
INSTRUM,ENTAÇÃO ANTERIOR
para determinar se há vazamento de ar, feche os portais ENDOSCOPICA DA ESCOLIOSE
como de costume. IDIOPÁTICA

Conforme a experiência com toracoscopias assistidas por vídeo


COMPLICAÇÕES E PROBLEMAS aumentou, foram desenvolvidas técnicas para instrumentação ante-
rior da espinha torácica pela abordagem toracoscópica. O objetivo
Pode ser difícil controlar a hemorragia com a cirurgia endoscópica. é permitir uma discectomia, fus ão e instrumentação anterior tora-
Uma esponja radiopaca com sutura pesada e colocada em uma haste coscópica comparável com os procedimentos de toracotomia aberta.
específica de ve estar sempre disponível para ap licar pressão. De acordo com nossa experiência, a correção e a estabilidade da
A sutura permite a recuperação posterior da esponja. Após a apli- instrumentação são muito mais previsíveis posteriormente do que
cação de pressão direta, deve-se utilizar um eletrocautério para obter anteriormente, apesar de diversos centros haverem relatado bons
CAPÍTULO 41 ESCOLIOSE E CIFOSE -

JJ. \

A B e

D E

li@l!;fdmlD) A, Posicionamento do paciente. B, lntensificador de imagem no plano posteroanterior utilizado para determinar a
local ização adequadaa da incisão. C, Marcador posicionado posteriormente ao paciente e al inhado com todos os outros corpos verte-
brais. D, Três a cinco incisões são feitas dependendo do número de níveis que serão instrum enta dos. E, A marca transversal é então
colocada na linha anterior. Essa é a localização do centro dos portais. (Redesen hada de Picetti GD Ili : CD Horizon Eclipse Spinal System surgica/
technique manual, Memphis, TN, 1999, Sofamor Danek.) VEJA A TÉCNICA 41-30.

resultados com a instrumentação endoscópica anterior em pacientes


•Após a anestesia geral por meio da técnica de intubação de
selecionados com escoliose idiopática.
duplo lúmen (crianças pesando menos de 45 kg podem
requerer intubação seletiva do pulmão ventilado) e ventila-
ção de um pulmão, coloque o paciente em decúbito latera l
INSTRUMENTAÇÃO ESPINHAL COM CD direto com os braços em 90/90 e o lado côncavo da curva-
HORIZON ECLIPSE tura para baixo. É imprescindível que haja o colapso pulmo-
nar completo para esse procedimento. Caso a saturação de
TÉCNICA ~ oxigênio do paciente caia durante a colocação em decúbito
~~~~~~~~--~ lateral, o anestesiologista deve reajustar o tubo.
(PICETTI) •Prenda os quadris e os ombros do paciente à mesa de
cirurg ia (Fig. 41-111 A) . Um cirurgião geral ou torácico
• Obtenha radiografias pré-operatórias adequadas e deter- deve auxiliar na primeira parte do procedimento, caso
mine os níveis de fusão por meio dos ângu los de Cobb. seja necessário. )
mm> PARTE XII A COLUNA

mmi~·~· ~ A, Incisão da pleura ao longo de todo o comp rimento sem lesões aos vasos segme ntares. B, A pl eu ra é dissecada dos
cor pos e d iscos vertebrais, anteriormente ao ligamento longitudina l anterior e poste ri ormente às cabeças das coste las uti li za ndo uma
pinça endoscóp ica. C, Um fio de Kirschner é colocado no espaço do disco e um inte nsifi cador de imagens deve ser uti li zado para con-
f irmar o níve l. Um eletrocautério é usado para real izar a incisão do ânu lo do di sco. (Redesenhada de Picetti GD Ili: CO Horizon Eclipse Spinal
System surgical technique manual, Memphis, TN, 1999, Sofamor Danek .) VEJA A TÉCNICA 41-30.

•Utili zando um intensificador de imagem, identifique os EXPOSIÇÃO E DISCECTOMIA


)
níveis vertebrais e os locais dos portais. Um objeto metá lico •Prepare o paciente, incluindo a axi la e a escápula.
reti líneo deve ser utilizado como marcador para identificar • Verifique o posicionamentG para confirma r que o paciente
os níveis vertebrais e os loca is dos portais. As incisões de continua em decúbito lateral. Essa orientação propor-
acesso superior e inferior são as mais importantes pois as ciona uma referência para medir a direção anteroposte-
vértebras nesses níveis apresentam os maiores ângulos em rior e lateral dos cabos e parafusos.
relação ao ápice da curvatura. • Faça uma incisão de toracotomia modificada na marca
• Visual ize os planos com um intensificador de imagem no centra l. A incisão pode ser menor pois será uti lizada apenas
plano posteroanterior e certifique-se de que as placas para as discectomias centrais, para a colocação de parafu-
terminais estejam paralelas e bem definidas. Gire o inten - sos e para visualização. As demais discectomias e coloca-
sifi cador até que ele fique parelelo às placas terminai s, e ções de parafusos serão rea lizadas pelos portais de acesso
não perpendicular à mesa (Fig. 41-111 B). porque eles proporcionam um ali nhamento melhor com os
•Posicione o marcador posteriormente ao paciente e ali- espaços dos discos e com os corpos vertebra is.
nh e-o com cada corpo vert ebra l (Fig. 41-11 1C). •Após a deflação completa do pu lmão, faça o porta l inicia l
•Obtenha uma imagem pa ra cada níve l com o intensifi- no sexto ou sétimo espaço uti liza ndo as marcas de ali-
ca dor. nhamento criadas anteriormente. Certifique-se de que o
•Uma vez que o marcador esteja centralizado e paralelo às portal esteja alinhado com a espinha e posicionado de
placas terminais, trace uma linha no paciente no local de acordo com o grau de rotação espinha l. A inserção do
cada portal em linha com o marcador. As marcas devem primeiro portal nesse nível evita lesões no diafragma, o
estar distanciadas dois espaços intervertebrais para permitir qua l normalmente é mais caudal.
a colocação dos portais acima e abaixo da costela em ca da • Uma vez criado o portal, uti lize um dedo para confirmar a
nível e permitir o acesso a dois níveis por uma única incisão. deflação do pu lmão e certificar-se de que não há adesões.
Ut il ize de três a cinco incisões dependendo do número de •Crie portais de acesso de 10,5 a 12 mm sob observação
níveis que serão instrumentados (Fig. 4 1- 111 D). direta nas posições predeterminadas. Conte as costelas
•Uma vez que tenham sido feitas marcas para todos os para garantir que os níveis corretos ten ham sido identifi-
portais, gire o intensificador de imagem para a posição ca dos com base nos planos pré-operatórios.
lateral. Coloque a extremidade do marcador sobre cada • Realize uma incisão longitud inalmente na pleura ao longo
linh a e ajuste sua posição até que a imagem mostre a da parte da espinha que será instrumentada .
extremidade no nível da cabeça da costela sobre as vér- •Coloque um gancho de Bovie na pleura sobre um disco
tebra s. Faça uma marca em forma de cruz sob re a linha e crie uma abertura. Insira o gancho sobre a pleura,
anterior (Fig. 41-111 E). Essa será a loca lização do centro eleve-a e realize uma incisão ao longo de todo o compri-
do portal e mostrará o grau de rotação da espinha. mento (Fig. 41-112A). Utili ze sucção para retirar o ar da
•O posicionamento do cirurgião de coluna nas costas do cavidade torácica.
paciente permite que tod os os instrumentos sejam dire- •D isseque a pleura dos corpos e discos vertebra is. Conti-
cionados para longe da medu la espinhal. nue a dissecção pleura l anteriormente ao ligamento
CAPÍTULO 41 ESCOLIOSE E CIFOSE GiJllll
longitudinal anterior e posteriormente às cabeças das •Coloque um cabo-guia Kirschner sobre o corpo vertebral
costelas utilizando uma pinça endoscópica (Fig. 41-1128). imediatamente anterior à cabeça da costela (Fig. 41-1138).
• Coloque um cabo Kirschner no espaço do disco e con- Verifique essa posição com o intensificador de imagem
firme o nível com o intensificador de imagens. para garanti r que o cabo esteja para lelo às placas termi-
• Com um eletroca utério, realize a incisão do ânulo do nais e central izado ao corpo (Fig. 41-113C e D).
disco (Fig. 41 -112C). •Verifiqu e a inclinação do cabo-guia no plano lateral exa-
• Remova o disco de modo padrão com o uso de várias minando a parede torácica e a rot ação. O guia deve
curetas e rong eurs endoscópicos. Caso necessário, utilize apresentar inclinação li geiramente no sentido posterior
raspadores endoscópicos para auxiliar na discectomia . -anterior, direcionando o cabo para longe do cana l. Caso
•Uma vez que o disco tenh a sido completamente remo- haja dúvidas ou preocupações quanto à inclinação ante-
vido, afine o ligamento longitud ina l anterior de dentro do rior, utilize o intensificador para verificar a posição.
espaço do disco utilizando um rongeur pituitá rio. Afin e o •Uma vez corrigido o al in hamento do guia, insi ra o cabo
ligamento para obter um resq uício flexível que não seja Kirschner na cânula do guia posicionado centralmente no
estrutural, mas que contenha enxerto ósseo. corpo vertebral.
•Remova o disco e o ânu lo posteriormente até pelo menos •Passe o cabo-guia até o córtex oposto, garantindo que
a cabeça da costela . Utilize uma pin ça de Kerri son para ele esteja para lelo ao corpo vertebral.
remove r o ân ulo posteriormente às cabeças das costelas. •Confirme a posição com o intensificador de imagem con -
Mantenha a costela intacta nesse ponto, porque ela será forme o cabo é inserido. Tome cu idado pa ra não perfurar
utilizada para guiar a colocação dos parafusos . o córtex oposto, pois fazê -lo pode lesar os vasos segmen-
•U ma vez removido o disco, remova comp letamente a tares e o pulmão do lado oposto.
placa term inal e inspecione o espaço do disco direta- •A marca mais superior do guia representa um comprimento
mente com um endoscópio. Preencha o espaço com Sur- de 50 mm e as linhas gravadas (ou marcadas) representam
gicel para controlar a hemorragia da placa terminal. incrementos de 5 mm. O comprimento do cabo Kirschner
no corpo vertebral pode ser determin ado por meio dessas
COLETA DE ENXERTO marcas. Começando pela marca de 50 mm, subtraia 5 mm
•Uti lize um retrator Army-Navy para estabilizar a costela. para cada marca adicional visível (Fig . 41 - 113E). Por exemplo,
• Com um cortador de costela, faça dois cortes verticais no caso haja quatro marcas além da marca de 50 mm, o com-
aspecto superi or da costela, perpendicularmente à costela primento do cabo Kirschner deve ser 30 mm.
que estende-se até sua metade. Utilize um osteótomo •Remova o gu ia e co loque o puncionador sob re o cabo
para conectar os dois cortes enquanto o retrator sustenta Ki rschner no corpo ve rtebral. Para maximizar a f ixação,
a costela. utili ze o maior diâmetro possível para preencher o corpo
•Remova e morcelize a seção da costela . vertebral com base nas radiografias pós-operatórias. Segure
• Remova outras três ou quatro seções de costelas de modo a extremidade distal do cabo (Fig. 41-113F) durante a
semelhante até obter enxerto ósseo suficiente (Fig. 41-11 O). inserção de modo que o cabo não avance. Isso é impor-
• Caso uma costela seja removida por uma incisão de acesso, tante para evitar um pneumotórax na cavidade torácica
retraia o portal anteriormente o máximo possível. Disseque oposta . Puncione apenas o córtex próximo (Fig. 41-113G).
a costela subperiostea lmente e realize a dissecção posterior Utilize o intensificador de imagem para monitorar a pro-
conforme perm it ido pela retração do porta l. Essa técnica fundidade e a posição do cabo Kirschner.
proporciona uma quantidade adequada de enxerto e pre- •Insira um parafuso de tamanho adequado com base na
serva a integridade da costela, protegendo o nervo inter- medição do cabo Kirschner e no diâmetro do furo utili-
costa l e diminuindo as dores pós-operatórias. zando uma chave Eclipse e avance-o (Fig. 41-113H), Para
• Caso o paciente apresente uma deformidade torácica garantir a fixação bicortical, selecione um pa rafuso 5 mm
grande, realize toracop lastia e uti lize secções das costelas mais comprido do que a largura do corpo vertebral
como enxerto. medida com o cabo Kirschner. Segure o cabo novamente
• Não remova as cabeças das costelas nessa ocasião, pois elas pa ra evitar o avanço du rante a inserção do parafuso.
funcionarão como marcos para a colocação dos parafusos. • Remova o cabo quando o parafuso estiver aproximada-
mente na metade do corpo vertebral.
COLOCAÇÃO DOS PARAFUSOS • Verifique a direção do parafuso com o intensificador de
•Posicione o intensificador de imagem no corpo vertebra l imagem durante o avanço e assentamento contra o corpo
mais superior que será instrumentado. É imprescindível vertebra l. O parafuso deve penetrar o córtex oposto para
que o intensificador esteja paralelo à esp inh a para cria r que se obtenha f ixação bicortica l.
uma imagem precisa. •Instrumente todos os níve is de Cobb.
• Os vasos estão localizados na depressão ou na parte •Utilize a cabeça de cada costela como referência para a
intermediária do corpo vertebral e funcionam como um colocação do parafuso subsequente de modo a garantir
guia anatômico para a colocação dos parafusos. que os parafusos fiquem alinhados e proporcionar a
•Segure os vasos segmentares e coagule o nível interme- rotação espinhal correta quando a haste for inserida.
diário do corpo vertebral com um eletrocautério (Fig. Com os parafusos devidamente ali nhados, as cabeças dos
41 -1 13A). Pince e corte os grandes vasos segmentares, parafusos formam um arco que pode ser verificado em
caso seja necessário. uma imagem lateral (Fig. 41-1131).
• Verifique o posicionamento novamente para garantir que • Aj uste as paredes laterais dos parafusos (sela) de modo que
o paciente ainda esteja em decúbito lateral. estejam alinhadas para a inserção da haste (Fig. 41-113J) . )
PARTE XII A COLUNA

Caso um parafuso esteja mais profundo do que os demais •Corte a haste de 4,5 mm de diâmetro no comprimento
mais de que alguns milímetros, pode ser difícil reduzir a obtido e insira-a na cavidade torácica pela toracotomia.
haste nos parafusos. O intensificador de imagens pode con- A haste apresenta uma ligeira flexibilidade e não deve ser
firmar a profundidade dos parafusos durante a inserção. torcida antes da inserção.
• Uma vez que todos os parafusos tenham sido colocados, •Aplique compressão anterior para obter cifose na esp inha
remova o Surgice l e uti lize um funil de enxerto e um torácica.
êmbolo para inserir o enxerto nos espaços dos discos (Figs. •Não corte a haste mais do que o medido pois a distância
41-113K e L). Preencha cada espaço completamente até o entre os parafusos será reduzida com a compressão.
lado oposto . • Manipule a haste para dentro do parafuso inferior uti lizando
uma pinça de haste (Fig. 41-1148) A extremidade da haste
MEDIÇÃO E COLOCAÇÃO DA HASTE deve estar rente à sela do parafuso para evitar a protube-
• Determine o comprimento da haste com o medidor de rância da haste e a irritação ou perfuração do diafragma.
comprimento de haste. Coloque a esfera fi xa na extremi- •Uma vez que a haste esteja em posição, remova o portal
dade do dispositivo dentro da sela do parafuso inferior. e insira o guia para a introdução do tampão sobre os
Então, guie a esfera na extremidade do cabo por todos os parafusos para guiar o tampão e manter a haste em
parafusos utilizando um rongeur pituitário até o parafuso posição (Fig. 41-114C)
mais superior, inserindo-a na sela (Fig. 41-114A). Aperte o •Caso necessário, coloque o obturador no tubo para auxi-
cabo e leia a esca la, a qua l está em centímetros. liar na inserção através da incisão.

E F
O[§ii;füBIJ!) A, Vasos segmentares segurados e li gados no nível intermed iário do corpo vertebral com um eletrocautério. B, Guia
para fios de Kirschner colocado sobre o corpo vertebral imediatamente anterior à cabeça da coste la. C e D, O posicionamento é veri -
ficado com o intensificador para garantir que o fio ficará paralelo às p lacas terminais no centro do corpo. E, A marca mais superior no
guia para fios representa um comprimento de 50 mm e as linhas representam incrementos de 5 mm. O comprimento do fio Kirschner
é determinado por essas marcas. F, Extremidade distal do fio de Kirschner segurada com uma pinça durante a inserção.
CAPÍTULO 41 ESCOLIOSE E CI FOSE lfii@

H@l!;@tHHFM;,],!• G, Apenas o córtex lateral é perfurado . H, Um parafuso de tamanho adeq uado é co loca do so bre o fio de
Kirschner com uma chave Ecl ipse e então avançado. 1, O alin hamento das cabeças dos pa raf usos é ve rifi cado com uma imagem lat eral.
J, As paredes lat erais dos parafusos são aj ustadas para estarem ali nhadas para a inserção da hast e. K e L, O enxe rto é apli cado ao
espaço do d isco por meio de um fun il e um êmbo lo. O espaço deve ser tota lmente preenchido até o lado opost o. (Redesenhada de Picetti
GD Ili : CD Horizon Eclipse Spinal System surgical technique manual, Memphis, TN, 1999, Sofamor Danek.) VEJA A TÉCNICA 41-30.

• Coloque o tampão em um plug capturando T25 (Fig. 41 -1140). • Uma vez que o tampão tenha sido inserido corretamente,
Insira o tampão com o lado plano voltado para cima. seg ure a luva de trava mento para evitar sua rotação. Isso
•Uma vez que o tampão esteja na chave, gire a luva no soltará o tampão do insersor durante a colocação do
sentido horário para encaixá-la no tampão. tampão no parafuso (Fig . 41-114E).
•Coloque o tampão através do guia de introd ução e insi- •Remova a chave e o guia . Aperte o parafuso com uma
ra -o no parafuso. Não coloque o tamp ão sem utiliza r o chave limitadora de torque. Esse é o único tampão que
guia e o plug de inserção. deve ser completamente apertado nessa ocasião.
•Para garantir o rosqueamento correto, gire a luva uma •In sira a haste sequencia lmente nos parafusos remanes-
vez no sentido anti-horário antes de avançar o t ampão. centes com a utilização de um pressionador (Fig. 41- 11 4F). )
PARTE XII A COLUNA

o
o

D E

H@llih.i ~ A, A esfera na extremidade do cabo é guiada por todos os parafusos com uma pinça pituitária até o parafuso mais
superior e inserido na sela. B, A haste é manipulada dentro do parafuso inferior com um suporte da haste. C, O guia para introduçã o
de tampões é colocado sobre o parafuso para gu iar o tampão e manter a haste em posição. D, O tampão é inseri do em uma chave T25 .
E, A luva de travamento é segurada para evitar que a rota ção so lve o tampão durante a inserção no parafuso. F, A haste é redu zida
nos parafusos restantes com um pressionador. (Redesenhad a de Pi cetti GD Ili: CD Horizon Eclipse Spinal System surgical technique manual,
Memphis, TN, 1999, Sofamor Danek.) VEJA A TÉCNICA 41-30.
CAPÍTULO 41 ESCOLIOSE E CIFOSE Gilll

A e
Olijl!;HDE) A, Suporte e pinhão de compressão assentado sobre duas cabeças de parafusos na haste. B e C, Constructo completo.
(Redesenhada de Picetti GD Ili : CD Horizon Eclipse Spina/ System surgical technique manual, Memphis, TN, 1999, Sofamor Danek .) VEJA A TÉCNICA 41-30.

Coloque o pressionador na haste alguns parafusos acima • Passe a extremidade do compressor pelo portal distal. Com
)
do parafuso no qual a haste está sendo inserida. o porta l removido, coloque um guia para introdução do
•Aplique os tampões pelo guia de introdução conforme des- tampão por uma incisão adjacente, passando pelo laço e
crito. Para permitir a compressão, não aperte os tampões sobre o próximo parafuso a ser comprim ido.
completamente nessa ocasião. Uma vez que a haste esteja • Coloque o pé do compressor sobre a haste e contra o lado
assentada e todos os tampões tenham sido inseridos nos inferior do parafuso termin al (Fig . 41-116C )
parafusos, aplique compressão entre os parafusos. • Aperte completamente o tampão no parafuso termina l.
Aperte o cabo do compressor várias vezes para aplicar
COMPRESSÃO - SUPORTE E PINHÃO compressão.
•I nsira o compressor pela incisão da toracotom ia. Uma vez • Uma vez obtida compressão satisfatória em um nível,
na cavidade t orácica, manipule-o segurando pela fixação aperte o parafuso superior com uma chave pelo guia.
esférica com uma pinça específica. O suporte e o pinhão • Para desencaixar o compressor, incline-o em direção ao para-
do compressor é enca ixa do sobre dois parafusos da haste. fuso superior até que o pé solte-se do parafuso inferior.
Ao girar a chave do compressor no sentido horário, os dois •Gire o mecanismo atuador 90 graus para soltar a catraca
parafusos são comprimidos (Fig. 41 - 11 5A). Inicie a com - (Fig. 41-1160)
pressão na extremidade inferior do constructo com o • Com o laço ainda ao redor do guia de introdução de
tampão do parafuso mais inferior totalmente apertado. tampões no parafuso superior, pu xe o compressor até que
•U ma vez obtida compressão satisfatóri a em um nível, o atuador esteja do lado do corpo do compressor.
aperte o tampão superior com um plug por meio do guia . • Repita as etapas descritas para os parafusos subsequentes.
• Aplique compressão sequencia lmente até que todos os Aplique a compressão sequencialmente até que todos os
níveis ten ham sido comprimidos. Em seguida, aperte cada níveis ten ham sido comprimi dos e aperte cada tampão com
tampão com 86 kgf/cm utilizando uma chave limitadora 75 in-lb com uma chave limitadora de torque. O construto
de torque. O constructo está completo nesse ponto (Fi gs. está completo nesse ponto.
41- 115B e C). • Coloque um tubo torácico 20-French pelo portal inferior e
feche as incisões. Tom e rad iografias anteroposteriores e
COMPRESSÃO - COMPRESSOR DE CABOS laterais antes que o paciente seja transferido para a sa la
• Insira cada uma das extremidades do ca bo por um dos de recuperaçã o.
orifícios distais na latera l do guia (não no orifício central,
que é maior). O atuador deve estar na posição mais
próxima ao corpo do compressor. CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O tubo torácico deve ser
•Forme um laço de 7,5 cm na extremidade do guia (Fig. mantido até que a drenagem ca ia abaixo de 100 ml a cada
41-116A), com as extremidades do cabo passando pelo 8 horas. Os pacientes podem ser liberados para ambulação
corpo do atuador. no primeiro dia após a operação e podem receber alta
• Encaixe o braço da alavanca utilizando um dos plugues ho spi talar no dia após a remo ção do tubo torácico.
pelo mecanismo do carne (Fig. 41-116B). O paciente deve utilizar uma braça deira durante 3 meses.
~ PARTE XII A COLUNA

e
H@li;f4BJm A-D, Compressão do cabo. Consulte o texto para descrição . (Redesenhada de Picetti GD Ili : CD Horizon Eclipse Spinal System
surgical technique manual, Memphis, TN, 1999, Sofamor Danek.) VEJA A TÉCNICA 41-30.

ESCOLIOSE NEUROMUSCULAR
As causas específicas da escoliose neuromuscular são desconhecidas, QUADRO 41 _5 Cla~sific~ção das Deformidades
mas diversos fatores contribuintes são bem conhecidos. Acredita-se que Espmha1s Neuromusculares
a perda da fo rça muscular ou do controle volw1tário dos músculos,
além da perda das habilidades sensoriais, como a propriocepção, em Neuropáticas
colunas espinhais flexiveis e em crescimento rápido de pacientes juvenis Neurônios motores superiores
são fatores que contribuem para o desenvolvimento dessas curvaturas. Paralisia cerebra l
Durante o colapso da coluna vertebral, o aumento da pressão no lado Degeneração espinocerebel ar
côncavo da curvatura resulta em um crescimento menor desse lado Ataxia de Friedreich
do corpo vertebral e em um corpo ve rtebral com formato de cunha. C harcot-Marie-Tooth
As vérteb ras também podem ficar co mprometidas estruturalmente Ro ussy-Levy
pela desnutrição ou osteopenia por desuso. Siringomielia
A Scoliosis Research Society es tabelece u uma classificação Tumores da medula espinha l
para a escoliose neuromuscular (Quadro 41-5). Traumas da medula espinhal
As curvaturas neuromusculares desenvolve m-se quando o Neurônios motores inferiores
paciente é mais jovem em comp aração com as curvaturas idiopáti- Pol iomi el ite
cas. Ao contrário das curvaturas idiopáticas, até mesmo curvaturas Outras mielites vi rai s
neuromusc ulares pequenas podem co ntinu ar a progredir além da Trau mática
maturid ade esquelética. Muitas curvaturas neuromusculares são Atrofia muscular esp inhal
longas, em forma de C, que incluem o sacro, sendo comum a obli - Werdnig- Hoffmann
quid ade pélvica. Pacientes com escoliose neuromuscular também Kugel berg-We lander
podem desenvolver obliquidade pélvica a partir de outras fonte s, Disa utonomia (síndrome de Riley-Day)
como contraturas da articulação do qu adril e outras contraturas das Miopática
extremidades inferiores, todas as quais podem afetar a espinha Artrogripose
lombar. A progressão da doença neurológica ou muscular também Distrofia muscular
pode interferir na estabilidade do tro nco. Esses pacientes geralmente Duchenne
são menos toleran tes ao tratamento com órteses do que os pacientes Cinturas pélvica e escapular
com escoliose idiopática, sendo que o tratamento com ór teses fre- Facioesca puloumeral
quentemente é malsucedido na prevenção da progressão da curva- Desproporçã o fibrosa
tura. A cirurgia espinhal nesse grup o está associada a maior Hipoto ni a congênita
hemorragia e qualidade óssea menos satisfatória, sendo necessárias Miotonia distrófica
fu sões mais longas, frequentemente até a pelve.
CAPÍTULO 41 ESCOLIOSE E CIFOSE

Muitas deformidades espinhais neuromusculares precisam da decisão de fundir o sacro ou tentar parar antes dele. Ocasional-
de intervenção cirúrgica. O objetivo do tratamento é manter a mente, a fusão pode excluir o sacro se o paciente for um ambulatório
colun a ver tebral equilibrada nos planos coronais e sagitais sobre que precise de movimento lombossacral, não tenha obliquidade
uma pelve nivelada. Os métodos de tratamento básicos são seme- pélvica significativa e apresente o corpo vertebral de L5 horizonta l.
lhantes àqueles para escoliose idiopát ica: observação, tratamento Muitos desses pacientes, infelizmente, não são ambu latórios e possuem
ortopédico e cirurgia. obliquidade espinopélvica fixa. Caso a obliquidade seja fixa em film es
com flexão ou tração (> 1O a 15 graus da inclinação de L4 ou L5 em
relação à linha da crista ilíaca), a extensão caudal da fusão geralmente
TRATAMENTO NÃO CIRÚRGICO é o sacro ou a pelve. A manutenção da lordose fisiológica da espinha
lombar é importante em pacientes sem sensibilidade que necessitem
• OBSERVAÇÃO de fu são da pelve. Isso permite que o peso do corpo seja distribuído
igualmente abaixo da tuberosidade isquial e da região posterior da
Nem todas as deformidades espinhas neuromusculares necessitam coxa, reduzindo o risco de úlceras de pressão no cóccix. Aloenxertos
de tratamento imediato. Curvaturas pequenas com menos de 20 ou tomados de bancos de enxertos são utilizados para a fusão.
25 graus podem ser observadas cuidadosamente quanto a presença
de progressão antes do início do tratamento. Da mesma forma, • CONSIDERAÇÕES PRÉ-OPERATÓRIAS
podem ser observadas curvaturas grandes em pacientes com retardo Os pacientes com escoliose neuromuscular devem passar por ava-
menta l nos quais as curvaturas não causam incapacidades funcio- liações médicas completas, incluindo avaliação cardíaca, pulmonar
nais ou não dificultam os cuidados de enferm agem. Caso seja notada e nutri cional. Muitas condi ções, como a distrofia muscular de Duchenne
uma pequena progressão da curvatura, pode-se considerar o trata- e a ataxia de Fried reich, es tão associadas ao comprometimento car-
mento ortopédico caso o paciente possa tolerar essa forma de trata- díaco. A maioria dos pacientes com escoliose neuromuscular apre-
mento. Se a habilidade funcional de pacientes com retardo mental senta diminuição da função pulmonar, sendo essencial urna avaliação
grave estiver comprometida pelo aum ento da curvatura, pode-se pré-operatória minuciosa. Nickel et ai. constataram que os pacientes
instituir o tratamento. com capacidade vital inferior a 30% do normal previsto precisam de
suporte respiratório no pós-operatório e aqueles com diminuição
semelhante da capacidade vital sem reflexo de tosse necessitaram de
TRATAMENTO ORTOPÉDICO traqueostomias. Alguns cirurgiões preferem utilizar tubos nasotra-
quai s para assistência respiratória pós-operatória por tanto tempo
A escoliose neuromuscu lar progressiva em pacientes muito jovens quanto seja necessário. No pré-operatório, o paciente deve reali za r
pode ser tratada com órteses. A escoliose frequentemente continua estud os da função pulmonar, caso possa cooperar, e a capacidade
a progredir apesar do tratamento ortopédico, mas a taxa de progres- vita l e o volume expiratório fo rçado no primeiro segundo são
são pode ser abran dada, podendo ocorrer continuação do cresci- avalidos. Essas informações são consideradas juntamente com a
mento espinhal antes da fusão definitiva. A braçadeira também pode habilidade de o paciente tossir e com as medições dos níveis
oferecer apoio ao tronco em pacientes fl ácidos, permitindo o uso gasosos no sa ngue arteri al. O man ejo pulmonar pós-operatório é
das extrem idades superiores. então formulado em estreita cooperação com um especialista pul-
Uma TLSO de contato total personalizada geralmente é neces- monar antes da cirurgia .
sária para essas crianças, pois os contornos de seus troncos não Os pacientes com escoliose neuromuscular frequentemente
acomodam braçadeiras padrão. A maioria dos pacientes com esco- apresentam níve l nutricional abaixo do ideal por causa de problemas
liose neuromuscular não possui controle voluntário sobre os mús- gastrointestinais, como hérnia no hiato ou refluxos gastro esofágicos.
culos, reflexos de adequação normais e a habilidade de cooperar A cirurgia intensifica os estados preexistentes elevando as necessi-
com um programa ativo de utilização de braçadeira. Portanto, dades metabólicas do paciente. A falta de coordenação dos músculos
órteses passivas têm sido mais bem-sucedidas no controle dessas ao redor da boca e da faringe frequentemente causam dificuldades
curvaturas neuromusculares. Pacientes com envolvimento grave ou de deglutição. Uma terapia nutricional adequada, incluindo hipera-
sem co ntrole da cabeça frequentemente necessitam de dispositivos limentação pré-operatória, pode ajudar na cicatrização de ferimen-
de assentamento personalizados em conjunto com órteses ou dispo- tos e diminuir a possibilidade de infecções. Nós constatamos que,
sitivos de controle da cabeça. em muitos desses pacientes, procedimentos cirúrgicos, como um a
Um tipo de colete espinhal mais maleável, a órtese Boston gastrotomia, podem ser úteis para melhorar a nutrição pré-opera-
macia, é fabricada de um material macio que é bem tolerado pelos tória e diminuir a possibilidade de refluxo gastroesofágico. Os pro-
pacientes, mas ainda assim é resistente o sufi ciente para proporcio- cedimentos para controle das secreções orais também podem ser
nar um bom apoio ao tronco. A principal queixa com o uso dessa úteis, especialmente em pacientes com paralisia cerebral.
braçadeira é a retenção de calor. Distúrbios convulsivos são com un s em pacientes com esco-
liose neuromuscu lar e os níveis de medicamentos anticonvulsivos
• TRATAMENTO CIRÚRGICO devem ser ajustados no pré-o peratório para uma faixa terapêutica.
O objetivo da fusão em pacientes com escoliose neuromuscular é a Pode haver osteopenia por causa de medicamentos anticonvulsivos.
produção de uma artrodese sólida da espinha, o equilíbrio no plano Também tem sido observado que o uso pré-operatório de ácido
coronal e sagital, além do nivelamento da pelve. Ao fazê- lo, a cirurgia va lproico está associado ao aumento da perda sanguínea e à neces-
deve maximizar o funcionamento e melhorar a qualidade de vida. sidade de transfusões.
Para atingir esse objetivo, é necessária uma fusão muito mais longa O estado ambulatório do paciente deve ser cuidadosamente
do que a necessária para a escoliose idiopática. Por causa da tendência avaliado antes da cirurgia. Muitas vezes, um paciente com capaci-
de progressão cefálica da deformidade quando a fusão termina abaixo dades amb ul atór ia marginal e escoliose progressiva pode não voltar
da quarta vértebra torácica, a fusão deve ser estendida até T4 ou a andar após a cirurgia da coluna vertebral. O paciente e os pais
acima. A decisão sobre a extensão dista l da fusão geralmente depende devem estar cientes disso antes da cirurgia.
PARTE XII A COLUNA

O@il;@BIJF> A, Obliquidade pélvica . B, Caso a obliquidade pélvica seja eliminada com abdução ou adução do quadri l, a causa é
uma contratura do músculo pélvico-femoral. C, Caso a obl iq uidade persista apesar da abdu ção ou adução do quadril, há uma defor-
midade espinha l-pélvica fi xa. (De Shook JE, Lubicky JP: Para lytic scoliosis. ln Bridwell KH, DeWa ld RL, edito rs: The textbook of spinal surgery,
ed 2, Philadelphia, 1997, Lippincott-Raven.)

Devem es tar disponíve is téc ni cas para minimi za r a perd a • CONSIDERAÇÕES CIRÚRGICAS
de sa ngue durante a cirurgia, incluindo eletro ca utérios, aneste- O potencial de complicações intraoperató ri as em pacientes com
sias hip otensivas, técnicas de hemo diluição e sistem as de recu - escoliose neuromuscular é alto. Pode oco rrer óbito por causa de
peração int raoperatóri a de sa ngue. Em fun ção d a anemi a crônica problemas com a anestesia, apesar da deteri oração pulmonar pós-
e d a m á nutri ção, a m aioria d os pac ientes co m escoliose neuro- -operató ri a ser m ais fre quente. Pode ocor rer hipotermia relativa em
musc ul ar não são candid atos adequ ados à auto doação pré-ope- cirurgias espinhais longas nas quais uma grande área de tecido fiqu e
ratória de sa ngue. exposta, podendo causar depressão miocá rdica e arritmia. A cirur-
A maiori a dos pac ientes com doenças neuro musc ul ares apre- gia espinhal está associada com maior perda de sangue em pacientes
senta insufic iência de osso autógeno. Aloenxe rtos ge ralmente são com doenças neuromusculares do quem em pacientes com escoliose
uti li zados para a fusão, sendo uma alte rn ativa aceitável. idiopática. O anestesiologista deve estar ciente desses potenciais pro-
Com o em outras cirurgias para escoliose, os níveis de fusão e blemas e es tar preparado para eles com um cateter arterial, um cateter
instrumentação deve m ser determin ados no pré-operatório. A de pressão venosa central, sondas de temperatura e controle cuida-
ori gem da obliquidade pélvica deve ser determinada (Fig. 41- 11 7). doso do débito urinário. Como as curvaturas frequentemente são
Pode ser necessári o uma artrodese co mbinada anterior e posterior maiores, mais rígidas e mais difíceis de instrumentar, podem oco rrer
para obliquidades pélvicas graves. O utras indicações da abordage m complicações neurológicas durante a cirurgia. Muitos pacientes com
comb inada anterior e posterior incluem a necessidade de uma libe- escoliose neuromuscular são incapazes de cooperar no teste intraope-
ração anterior para mais correção de cifoses graves, escolioses graves ratório do despertar. O monitoramento da medula espinhal pode ser
e rígidas, qu e não possam ser corrigidas pela to rção ou tração para uma técnica valiosa nesses pacientes.
menos de 60 graus, e elementos posteri ores deficientes, como ocorre A técnica cirúrgica deve incluir o desbridamento cuidadoso dos
em pacientes co m mielomenigocele. Com o uso de parafusos pedi - tecidos moles dos elementos posteriores da coluna vertebral. A ablação
culares, a necessidade de ciru rgia anterior diminui. das articulações facetárias e uma grande quantidade de enxerto ósseo
Nossa preferência para a maiori a das deformidades neuromus- são necessárias. O osso frequ entemente é osteopênico, devend o-se
cul ares é a instrumentação segmentar com cabos sublaminares utilizar um a instrumentação segmentar estável adequada, qu e em
supl ementada por parafusos ou ga nchos pedicul ares torácicos ou nossa prática, co nsiste ge ralmente em cabos sublaminares combin a-
lombares, co nfo rme necessá ri o. Fo ram relatados resultados ace itá- dos co m parafu sos pedi cul ares ou ga nchos confo rm e necessá rio.
ve is com o uso da instrumentação segmentar de Luque ou a instru - A liberação e a fusão anterior podem ser consideradas em pacientes
mentação de Cotrel- Dubousse t para fu sões espinh ais à pelve. com curvaturas grandes e obliquidade pélvica espinhal fixa ou em
Por fim , a fa mília do pac iente deve ser in fo rm ada com clareza pacientes com deficiências dos elementos posteriores. A instrumen-
sobre os benefícios potenciais e os riscos de qualquer procedim ento tação anterior pode ser utilizada em curvaturas neuromusc ulares caso
cirúrgico. A cirurgia é di recionada para obj etivos fun cionais, co mo seja necessária, mas seu uso é raro.
o equilíbrio ao sentar, o alívio da dor e a melhora da fad iga, em vez
de melhoras es téti cas. Esses objetivos fun cionais devem ser pesados • CONSIDERAÇÕES PÓS-OPERATÓRIAS
contra os riscos potenciais do proced imento e deve m se r docum en- Os problem as pulmonares são as complicações m ais prováve is no
tados no registro médico do pac iente. período pós-operatório imediato, sendo imprescindível o am.ílio de
CAPÍTULO 41 ESCOLIOSE E CIFOS E

um especialista pulmonar. O suporte ventilató ri o pode se r necessário, As hastes originais de Luque tinham a forma de L e eram
e técnicas como sucção, uso de espirômetros e respiração in termi- moldadas em contornos sagitais aprop riados. Nossa prefe rência atu-
tente com pressão positiva podem ser adequadas. Possivelmente, a almente é pela utili zação de hastes de aço inoxidável de tamanhos
melhor medida de prevenção de problemas pulmonares pós-opera- adequados moldadas de acordo com os contornos sagitais e conec-
tórios consiste em uma instrumentação espinhal forte o sufic iente tadas proximal e dista lmen te por hastes transversais. Originalmente,
para permitir a mobilização precoce. utili zava-se cabos de aço inoxidável com diâmetros entre 16 e 18.
O equilíbrio de fluidos deve ser monitorado cuid adosamente. Atualmente utilizamos cabos lam inares (Técnica 41-1 5).
Após a cirurgia espinhal, especialmente em pacientes com escoliose
neuromuscular, os níveis de horm ônio ant idiurético podem cair
provocando oligúria. Caso o nível de fluíd os aumente para suplantar
INSTRUMENTAÇÃO COM HASTES DE
a oligúria, pode oco rrer uma sobrecarga. Isso é pa rti cu larmente LUQUE E CABOS LAMINARES SEM
ruim em pacientes com as funções renais prejudicadas, comprome- FIXAÇÃO PÉLVICA
timento pulmonar e dificuldad es cardíacas.
A necessidade do sup orte ortótico pós-operatório deve ser
determinada para cada paciente. Caso uma com plicação, como a
TÉCNICA --------~
osteopenia extrema, comprometa a fixa ção espinhal ou caso não seja •A esp inh a é exposta posteriormente co mo descrito na
utilizada a instrumentação ideal, o uso de suportes externos pode Técnica 4 1-6.
ser recomendado. Caso o paciente seja tão grande, espático ou dis- •Os cabos são passados como descrito na Técnica 4 1-15.
cinético que a instrumentação espinhal possa ser tensionada, pode-se •São utilizadas duas hastes para a maioria das correções
considerar o uso de uma órtese pós-operatória. esco lióticas, co m a primeira ap licada no lado convexo ou
A infecção é um problema frequente em pacientes com esco- côncavo da curvatu ra. Em geral, a escoliose lombar é ma is
liose neuromuscular, provavelmente em virtude do hospedeiro faci lmente corrig ida com a técnica da haste côncava.
metabolicamente comprometid o e da necessidade de longas fusões Como a ma ioria das curvaturas neuromusculares incluem
da coluna vertebral. Os pacientes com mielomeningocele e paralisia a espinha lombar e a pelve, a técnica da haste côncava é
cerebral apresentam as taxas de infecção mais altas. A maior fonte utilizada com mais frequência.
de infecções pós-operatórias é o trato urin ário. Quaisquer organis- •Aplique as quantidades adequadas de lordose e cifose às
mos descobertos na urina devem ser tratados agressivamente hastes com um arqueador.
durante 48 horas antes da cirurgia e 3 meses após ela. A infecção •Coloque a primeira hast e com o membro curto passando
espinhal é tratada da mesma m aneira que em pacientes com esco- t ran sversa lmente pela lâm ina da vértebra mais infe rior
liose idiopática (co nsulte a seção sobre complicações da cirurgia que será instrumentada no lado côncavo.
posterior para escoliose) . • Passe-a através do orifício na base do processo espinhoso,
A pseudoartrose com subsequente falha da instrumentação se possível.
representa um problema tard io potencial. Se a pseuda rtrose causar •Aperte os fios ou cabos duplos inferiores o u o cabo no
dor ou perda da co rreção, provavelmente se rá necessário repará- la, lado côncavo pa ra proporcionar uma f ixação f irm e no
mas pseudo artrose assi ntom áticas sem progressão da curvatura ou nível distal. Agora, aperte os fios ou cabos da lâm ina da
dores podem ser observadas. vérteb ra acima da cu rvatura.
• Fi xe frouxamente a haste convexa proxima lmente após a
extremidade curta ter sido colocada sob a extrem idade
• INSTRUMENTAÇÃO COM HASTE DE LUQUE E longa da haste côncava. Uma vez que a haste côncava
CABOS SUBLAMINARES esteja comp leta mente apertada, é difícil passa r essa extre-
É atr ibuída a Eduardo Luque a popularização do uso de hastes mid ade curta sob a extremidade longa.
longas em forma de L e cabos sublaminares no tratamento cirúrgico • Reduza a espinha à haste por meio da correção manual
de deformidades espi nhais. Essas hastes podem ser moldadas e a com um esticador de fios ou cabos. Um assistente pode
espinha é corrigida co m o aperto dos cabos. aplicar a correçã o manua l adeq uada por meio de pressio-
W ilber et ai. notaram alterações neurológicas em 17% dos namento do tronco durante o aperto dos cabos aba ixo
pacientes com escoliose idiopática, m as conforme os cirurgiões do áp ice da curvatura (Fig . 4 1-11 8).
tornaram-se m ais proficientes na técn ica, a incidên cia de lesões •Conforme cada fio ou cabo é apertado, obtém-se um
neurológicas tornou-se muito menor. As complicações neurológi- grau ma ior de correção. A manobra de torção deve ser
cas causadas pelos cabos sublam inares são de três tipos: lesões repetida duas a três vezes em cada cabo para garantir um
medulares, lesões nas raízes e rompimentos durais. As lesões nas encaixe f irme.
raízes são as mais comuns e provoca m hiperes tesia, mas geralmente •Aperte bem a haste convexa, apertando os fios ou cabos
resolvem-se em 2 semanas. Paraplegia tardia e déficits neurológicos de crania l para ca udal.
foram relatados em pacientes meses após técnicas com cabos subla- • Uma vez em posição, ambas as hastes podem ser colocadas
min ares. Em um mode lo canino, foram relatadas hemorragias epi- em contato com a lâm ina pressionando-as com o aproxima-
durais e intramed ul ares, fibro se epidural reativa, afi namento e dor. Conforme isso é feito, os fios ou cabos do lado côncavo
perfuração durai, indentação da superfície dorsal da colun a verte- se afrouxarão novamente, devendo ser apertados.
bral, destruição celular na medu la espinhal e deslocamen to des- •Corte os fios com cerca de 1,25 cm de comprimento e
controlado das extremid ades afi adas dos cabos no saco durai dob re-os em direção à lin ha méd ia.
durante a remoção dos cabos. Apesar de os cabos sublaminares •Com o disposit ivo de f ixação interna em posição, há pouco
apresentarem riscos potenciais, descobrimos que, para curvaturas osso exposto para descorti cação e excisão facetá ri a. Pre-
neuromusc ulares, as vantage ns desse tip o de instrum entação seg-
mentar são maiores que os riscos.
ferim os rea li zar a excisão das facetas, se fo r possível.
)
llllm> PARTE XII A COLUNA

A B

1&1o::.t.:.1.i.;"~· Biii!)
A e B, Técni ca de haste cô ncava para correção da esco liose lombar. (De Segmentai spinal fixation and correction using
Richards' L-rod instrumentation, Memph is, TN, Smith & Nephew Richards.) VEJA A TÉCNICA 41-31.

•É necessário um grande volume de enxerto ósseo e osso


)
espo njoso é coleta do na crista ilíaca posterior. Como a
instrumentação freq uent emente inclui a crista il íaca
(Técn ica 41 -33), aloenxertos ósseos geralmente são
necessários . Coloqu e o enxerto lateralmente às hastes de
ambos os lados da espi nha e at é as extrem idades dos
processos transversos . Se possível, coloque enxertos entre
Zon a 1~.......,.~~~~­
os f ios, ao longo das lâm inas.
Zon a 2 ~~.;.-~~~.......,.-

• FIXAÇÃO SACROPÉLVICA
Muitos pacientes co m problemas neuromusc ul ares necess itam da
instrum entação e fu são do sacro. O'Bri en descreveu três zo nas pa ra
a fixação sacropélvica (Fig. 41-11 9) . Exemplos da zona de fixação I
O@i!;ij ~ Zo nas de fi xação sacropélv ica .
incluem parafusos sacrais Sl e hastes em S de McCa rthy. A zona de
fixação II inclui pa rafu sos em S2 e a técnica da haste intrassacral de
Jackson (co nsulte a seção seg uin te sobre fu são co mbinada anteri or
e posteri or para escoliose em pacientes com mi elomeningocele). A
zona de fixação III inclui a técn ica da haste em L de Galvesto n e 41-121) e, em seguida, fixa das com um a co mbinação de ganchos,
parafu sos sacroilíacos. parafu sos ped ic ulares e fios ou cabos subl aminares bilateralme nte
Caso seja necessária a fixação à pelve, McCarthy descreve u ao longo da espinha lombar e torácica. As hastes geralmente são
uma técn ica com um a haste em S (Fig. 41-120). Essas duas has tes unidas abaixo da fixação supe ri or para proporcionar um a es tabili -
são unid as por barras transversais na articulação lomb ossacral (Fig. dade melhor contra a mi gração ou rotação das has tes. Descobrimos
CAPÍTULO 41 ESCO LI OS E E CIFOS E Gmll

h@l@im:IE'!) A-C, Hastes e m S fab ri cad as


e m pa r pa ra e nca ixe nas asas sac ra is esq ue rd a
e d ire ita para fi xação ao sacro se m cruza r a
art icul ação sacroilíaca. El as estã o d isponíve is
em hastes d e 4, 8 mm e 6, 3 mm .

que se os parafusos ou os ganchos não forem utilizados na extremi-


dade superior, os cabos sozinhos não proporcionam suporte contra FIXAÇÃO SACROPÉLVICA DE
a carga axial. GALVESTON
As vantagens da técnica com a haste em S são uma fixação firme,
Outro método popu lar para a f ixação sacropélvica é a t écnica
é proporcionada em toda a asa sacra! sem cruzar a articulação sacroilí-
de Ga lveston, descrita por A llen e Ferguson, na qua l a pelve
aca e a coleta de enxerto do íleo não constitui um problema uma vez
é estabilizada pela inserção de um segmento da haste em L
que ele não é violado, assim como quando a técnica de Galveston é
em cada ílio (Fig. 41 -1 22) A haste é inserida na crista ilíaca
usada. Há hastes em S pré-torcidas, visto que hastes complexas não
posterior e f ica entre os córtices sobre a incisura isquiática.
podem ser feitas eficientemente durante a cirurgia. As hastes podem
Essa fixação permite uma estabilidade imediata e f irme,
ser moldadas ainda mais com um arqueador para acomodar o
sendo um constructo biomeca nicame nte estável. Entretanto,
tamanho do sacro e proporcionar correção no plano sagital.
há algumas desvantagens potenciais, pois as hastes cruzam
a articulação sacroilíaca . Postula-se que o movimento na
articu lação sacroilíaca é responsáve l por um " halo" frequen-
FIXAÇÃO SACROPÉLVICA temente observado ao redo r da extremidade da haste de
Galveston, na asa ilíaca. Não se sabe se esse fenômeno
~
TÉCNICA "---~~~~~~-----'~
radiográfico resulta rea lmente em problemas clín icos. Em
uma comparação biomecân ica entre 1O técn icas de fixação
(MCCARTHY) lombossacrais, McCord et ai. descobriram que a fixação mais
segura da articu lação lombossacra l foi obtida pela extensão
• Exponha a espinha posteriormente conforme descrito na da fixação anterior até a imagem latera l projetada da coluna
Técnica 41 -6. intermediária, como na técn ica de Ga lveston.
•Realize a dissecção cuidadosa da asa sacral utilizando
uma cu reta para limpa r a margem superior. Utilize o dedo
para uma dissecção ventra l.
•As hastes possuem diferentes tamanhos e contornos . Na
TÉCNICA
-------~
(ALLEN E FERGUSON)
ma ioria dos casos, as hastes de 5 mm proporcionam um
enca ixe satisfatório com a asa sacral. • Exponha ambas cristas ilíacas pela incisão na linha média no
• Molde as hastes com os contornos sag itais adequados. nível da espinha ilíaca superior posterior. Exponha a crista
•Coloque a haste em S sobre a asa sacra l de posterior para il íaca até a incisura isquiática. A área imediatamente proximal
anterior em uma posição adjacente à margem anterior da à incisura isquiática proporciona a f ixação mais satisfatória.
articulação sacroil íaca. Ela fica posterior à raiz nervosa de •Util ize um pino Steinmann liso e grande correspondente
LS e ligeiramente para lela à ela. ao tamanho do diâmetro da haste para criar um túne l
•Assente a parte em S da haste firmemente contra a asa para a haste. O loca l da inserção é imed iatamente poste-
sacra! por meio de distração entre um gancho ou parafuso rior à articu lação sacroi líaca no nível da esp inha ilíaca
pedicular no nível de L4. Em segu ida, as hastes podem ser posteroinferior, distal à espinha il íaca posterossuperior, ao
util izadas como um ponto de fixação f irme para a translação longo da barra transversal do ílio. A área para inserção
ou correção de deformidades escolióticas ou para a coloca- frequentemente é difícil de ser identif icada e a haste pode
ção simu ltânea das hastes da esquerda e da direita e sua ser inserida em uma posição demasiadamente superior.
ligação, aplicando uma grande força de correção cantiléver •Identifique a área de inserção cuidadosamente e util ize
para correção da obliquidade pélvica. A ligação das duas um rongeur com atenção para remover os tecidos moles
hastes em S proporciona estabilidade e elimina o tempo e os ossos para expor as mesas interna e externa do íleo.
excessivo e a dificuldade da inserção das hastes no ílio. • Insira o pino Steinmann até uma profundidade de 6 a 9 cm.
• Eleve o aspecto med ial da apófise il íaca e gire-o sobre a •Em vez de inserir o pino Steinmann, Asher et ai. re lataram
haste em S na asa sacra !. o uso de uma sonda ped icu lar para a inserção do pino.
•Providencie enxerto ósseo para encerra r a haste em S no Isso perm ite que a percepção táctil determ ine se a sonda
sacro. está perfurando o córtex do íl io. )
PARTE XII A COLUNA

h@lh@a:l!D A e B, Esta bili zação da pelve com a técnica de


Galveston . O segmento da haste é inserido em cada ílio. VEJA A
TÉCNICA 41-33.

h[dll;tijBIEJ) Garota de 9 anos de idade com atrofia muscular


espinha l e curva de 54 graus e obl iqu idade pélvica de 15 graus. h@i!;fijmf!) Passagem intracortica l da sonda pedicu lar no íli o .
Ela foi tratada com a combina çã o de hastes em 5, ganchos TSRH VEJA A TÉCNICA 41-33.
e cabos Songer. Sua curva pós-operatória media 19 graus com
obl iquidade pé lvica de O graus. A e B, Vistas laterais e anteropos-
ter iores pré-operatórias, C e D, Vi stas laterais e anteroposteriores
pós-operatórias. (De McCarthy RE, Saer EH: The t reatment of flaccid •Di recione a sonda 1 a 2 cm acima da incisura isquiática
neuromuscular scoliosis. ln Bridwell KH, DeWald RL, editors: The tex- e ava nce-a até a profundidade adequada para a haste no
tbook of spinal surgery, ed 2, Philadelphia, 1997, Lippincott-Raven.) íli o (Fi g. 41-123 ).
•Uti lize agora uma sonda pedicular fl exíve l com ponta
esférica para ga rantir que o orifício feito pela sonda com
ponta esf érica seja completamente intracortical. Coloque
) • Utilize uma goiva em saca-bocado para remover carti lagem o pino Steinmann liso no orifício ilíaco.
e osso cortical suficiente para criar um ponto de entrada
de 1 x 1 cm para a parte inferior da espinha ilíaca poste- MOLDAGEM DA HASTE (ASHER)
rossuperior. Isso expõe o espaço intramedular. • A preparação da haste é facilitada com a uti lização de um
•I ntroduza uma sonda pedicu lar com ponta romba no arqueador de raio variável. Para preparar a haste para a
espaço intracortical e avance-a com suave pressão osci- colocação ilíaca (Galveston), são necessárias quatro
lante sob re o cabo da sonda. med idas: (1) o comprimento da parte intrailíaca da haste
CAPÍTULO 41 ESCOLIOSE E CIFOSE ifl:f@

z
. y_J
e

D G H

h@iii4Bm) Técnica de Asher. A, Comprimento da parte intrailíaca da haste. B, Ângulo transversal do local de fi xação ilíaca no
plano sagital intermediário. C, Distância no plano corona l do loca l de entrada ilíaco até a linh a prevista de passagem longitudina l ao
longo da espinha. D, Torção em ângulo reto. E, Torção iliossacral no plano axial. F, Colocação de lordose de ângulo lon go e ângulo
curto. G, co locação de cifose torácica long a e curta . H, Ajuste do ângulo ilíaco no plano sagital. (Redesenhada de Boachie-Adjei O, Asher
MA: Isola instrumentation for scol iosis. ln McCa rthy R, editor: Spinal instrumentation techniques, vol 2, Rosemont, IL, 1998, Scol iosis Research
Society.) VEJA A TÉCNICA 41-33.

(Fig. 41-124A), (2) o ângulo do plano transverso do ponto separa a parte iliossacral da haste na parte ilíaca e na
de fixação ilíaco ao plano sagita l intermediário (Fi g. parte sacral.
41-1248), (3) a distância media l-lateral do ponto de entrada •Adicione as torções no plano sagita l, começando em
ilíaco à linha projetada para a passagem long itud inal da L5-S1 e deixando uma parte reta sobre o sacro. Como a
haste ao longo da espinha (Fig. 41-124C) e (4) o compri- lordose não é uniforme, sendo maior na espin ha lombar
mento da haste necessário do sacro até o ponto instru- inferior, são necessários dois contornos. O contorno pa ra
mentado mais crania l. toda a espinha lombar é um raio longo, enquanto que para
• Aplique suturas ao longo da linha da espinha do sacro a espinha lombar inferior é mais curto (Fig. 4 1-124F).
até a faceta acima da última vértebra instrumentada. O •Adicione a cifose torácica novamente utilizando arquea-
comprimento acrescido de 1 cm é o comp rim ento para dores planos (Fig. 41- 124G).
essa parte da haste. •Faça um teste de coloca ção para verificar se a dobra do
•Adicione a primeira e a terceira medida . Um ângulo reto plano sagita l da dobra sacroilíaca está correta . Isso pode
é colocado nessa distância de uma extremidade (Fig. ser determinado pela medição da dist ância da haste à
41 -1 240). Essa é a parte il iossacra l da haste. espinha nos níveis cran iais e cauda is da haste.
•A distância media l-lateral (medida 3) menos aproximada- •Faça os ajustes f inais do ângu lo ilíaco no plano sagita l
mente 3 mm permite que a torção seja do meio do ângu lo com arqu eado res e um tubo bender (Fig . 41 -1 24H) .
reto. Marque esse ponto na parte iliossacral da haste. •A técnica de Galveston pode ser combinada com um
• Após a verificação da orientação direita-esquerda, coloque sistema segmentar de múltiplos ganchos ou parafusos
um ângulo idêntico ao do ponto de fixa çã o ilíaca no plano pediculares com barras transversais, caso desejado (Fig .
sagita l mediano nessa segunda marca (Fi g. 41-124E) . Isso 41-125AeB).
Mij:§I PARTE XII A COLUNA

IU§l!;l;ja:l:f» A e B, Instrumentação com fixação segmentar mriii;f!im:l:fn A e B, Unidade da haste para escol iose neuro-
por múltiplos ganchos e barras transversa is do tipo dominó. VEJA muscular desenvolvid a por Bell, Moseley e Koreska . Uma ún ica
A TÉCNICA 41 -33. haste contínua de aço inoxidáve l e 6,3 mm em formato de U na
parte superior e extremidades em formato de ba la para inserção
na pelve. VEJA A TÉCNICA 41-34.
INSTRUMENJAÇAO DE HASTE ÚNICA
COM FIXAÇAO PELVICA
~
Quando são util izadas duas hastes em L sem barras transver- TÉCNICA '----~~~~~~----"~
sais, as hastes podem deslocar-se uma em relação à outra e
comprometer o controle da obliquidade pélvica. Além disso, a • Exponha a espinha conforme descrito na Técnica 41-6.
torção dentro dos cabos laminares pode causar a rotação de Exponha am bas as cristas ilíacas até a espinha ilíaca pos-
uma haste em relação à outra. As hastes de 6 mm geralmente terossuperior e a incisura isquiática.
utilizadas em pacientes neuromusculares não são facilmente •Marque uma broca de 6 mm utilizando um marcador em
torcidas para que possam contornar as complexas curvaturas uma distância 15 mm mais longa do que a incisura isqu i-
tridimensiona is da espinha. Em resposta a esses problemas, ática caso a criança pese mais de 45 kg e 1O mm caso a
Bel l et ai. desenvolveram a haste única, que é uma haste única criança pese menos de 45 kg.
e contínua de 6 mm feita de aço inoxidável com uma curva • Insira o guia adequado esquerdo ou direito na incisura
em U na parte superior e extremidades pélvicas em "formato isquiática. Mantenha o cabo lateral do guia paralelo à
de bala" para implante na pelve (Fig. 41-126). As pernas pelve (Fig. 41-127 A) e o cabo axial da broca para lelo ao
cifóticas, lordóticas e pélvicas pré-moldadas foram projetadas eixo do corpo (Fig. 4 1-1 27 B)
a partir de uma base de dados de pacientes sem deformidades • Comece a perfurar o orifício tão inferiormente quanto
espinhais. Há oito comprimentos disponíveis em incrementos possível na crista ilíaca superior posterior (Fig. 41-1 27C)
de 20 mm , variando de 3 1O a 450 mm. Os guias ilíacos •Perfure um orifício no ílio até a profund idade marcada e
esquerdo e direito facilitam a perfuração no ílio posterior e a verifique-o com um fio para certificar-se de que o córtex
subsequente introdução das pernas pélvicas. O comprimento não fo i penetrado.
das pernas diminui proporcionalmente conforme o tamanho •Util ize uma t écnica semel hante na crista ilíaca oposta.
da haste diminu i. A haste única tenta normalizar o ali nha- • Passe os f ios sublamina res.
mento do corpo no plano sagital e no plano coronal estabe- • Meça o comprimento da haste colocando-a de cabeça
lecendo a lordose e a cifose normais e corrigindo a obliquidade para baixo com o canto da haste no orifício perfurado na
pélvica. Nós constatamos que a haste única é insatisfatória parte elevada da pelve. Caso a cifose seja grave, escolha
para curvaturas extremamente rígidas a menos que uma libe- uma haste um comprim ento menor pois a espinha cifó -
ração anterior ou osteotomias em cunha tenham sido feitas tica encolhe durante a correção. Caso a obliquidade
para reduzir a rigidez. Entretanto, caso as curvaturas pareçam pélvica seja grave, teste o comprimento tanto do lado alto
relativamente flexíveis em filmes com torção ou durante o quanto do lado bai xo e escolha um comprimento inter-
exame físico, corrigindo-se para menos de 40 graus, os resul- mediário. Caso a haste seja colocada e descubra-se que
tados com a haste única foram excelentes. ela é excessivamente longa, pode ser necessário cortar a
CAPÍTULO 41 ESCOLIOSE E CIFOSE

e
O!§ii;@GI&) Instrumentação com haste única. A, O cabo lateral da guia de perfuração é mantido paralelo à pelve. B, O cabo axial
é mantido paralelo ao eixo do corpo . C, Orifício iniciado infer iormente na crista ilíaca posterossuperior. (C redesenhada de Mi ller F, Dabney
KW: Unit rod procedure for neuromuscular scol iosis. ln McCarthy R, editor: Spinal instrumentation techniques, vol 2, Rosemont, IL, 1998, Scoliosis
Research Society. ) VEJA A TÉCNICA 41-34.

extremidade superior, a qual deve ser então conectada a •Após o aperto de todos os cabos, verifique se todos os
uma barra transversa l. fios previamente apertados estão bem assentados.
•Cruze as pernas da haste de tamanho adequado e insira- •Corte os fios com comprimentos entre 1O e 15 mm.
as no orifício do lado ba ixo da obli quidade pélvica (Fig . •Dobre todos os fios na linha média da haste e direcione-
41-128A). Cruze a haste de modo que a perna do lado os caudalmente (Fig. 41-128D).
baixo passe sob a outra perna. •Aplique os enxertos ósseos. Geralmente são necessários
•Insira aproximadamente um comprimento de metade a enxertos de um banco de enxertos pois a crista il íaca é
três quartos da perna no orifício. Então, insira a outra utilizada para a fixação pélvica.
perna seguran do-a com uma pinça e guiando-a na
direção do orifício.
•Utilize um impactar e insira as pernas alternadamente
impactando cada perna (Fig . 41-128B). Certifique-se de
que cada perna seja impactada na direção exata do ori- FIXAÇÃO ILÍAC,A COM
fício. Caso contrário, o córtex pode ser penetrado.
•Uma vez que a haste esteja firmemente assentada, utilize
PARAFUSOS ILIACOS
a extremidade proxima l da haste como um " leme" para A fixação ilíaca com parafusos ilíacos mostrou-se segura e
trazer a extremidade distal da haste até a espinha (Fig. rígida. Quando ela é tecnicamente possível, ela é a nossa
41-128C). técnica preferida para fixa ção pélvica em pacientes com
• Não pressione a haste completamente para dentro da escoliose neuromuscular.
incisão de uma só vez pois fazê-lo pode remover as
pernas da pelve ou fraturar o ílio. Pressione a haste
apenas até que ela alinhe-se com a lâmina de LS e amarre
os cabos com um dispositivo de torção.
TÉCNICA
---~---'~
•Após a exposição da coluna, disseque latera lmente sob a
• Então, pressione a haste até a vértebra L4, torça os fios fásc ia espinha l para alcan çar o aspecto medial da asa
e corte-os. il íaca em seu aspecto mais distal.
•Aperte os fios de crania l para cauda l um nível por vez. Não • Identifique a esp in ha ilíaca posterossuperior. O ponto de
relaxe a pressão sobre a haste entre os níveis da curvatura partida para a colocação dos parafusos está loca lizado 1
para não aplicar tensão demais sobre a vértebra terminal. cm inferior à esp inha ilíaca posterossuperior e 1 cm pro-
Não utilize os próprios fios para puxar a haste para bai xo xim al à margem distal da espinha ilíaca posterossuperior
da lâmina para que os fios não cortem a lâmina. (Fig. 41-129A). Caso seja necessário, exponha o aspecto )
PARTE XII A COLUNA

O@lhf;'iDIEE) Instrumentação com haste única, continuação. A, Uma perna da haste é colocada no lado bai xo da obliquidade pélvica
primeiro. B, Um impactor é utilizado para conduzir as pernas da haste na pelve. C, Uma vez que a haste esteja firmemente assentada,
a extremidade proximal pode ser utilizada como leme para trazer a extremidade dista l até a espinha. D, Os fios são dobrados na linha
média da haste e direcionados ca udalmente. VEJA A TÉCNICA 41-34.

latera l da asa ilíaca para ajudar na trajetória para baixo •Uma vez criado o túnel, utilize uma sonda flexível com
)
pelo osso ilíaco (Fig. 41-129B). ponta esférica pa ra pa lpar as margens intraósseas do íli o
• Com uma broca de 4 mm, crie um defeito cortical medial e confirmar o posicionamento intraósseo do parafuso.
no ponto de partida adequado. Toque o túnel caso seja necessário.
•Utilizando uma sonda ilíaca ou uma sonda pedicular com •Há diversos ângu los disponíveis nas cabeças dos parafu-
a extremidade voltada mediaimente e com trajetória de sos para permitir uma colocação fácil das hastes conec-
45 graus no sentido caudal e lateral, crie um túnel entre taras . Deve-se utilizar testes para determinar qual tipo de
os córtices do ílio (Fig. 41-129C) . É mais provável que ele parafuso melhor se encaixa na anatomia do paciente.
termine latera lmente, e não mediaimente. Esta é a razão Selecione um parafuso de tamanho adequado.
de a sonda ser guarnecida mediaimente. A localização •Insira o parafuso com uma chave de parafuso. Caso sejam
ideal do parafuso é imediatamente cran ial à incisura utilizadas cabeças anguladas, cada parafuso de ângulo
glútea superior, a qual é a parte mais espessa do ílio. tem a sua própria chave de fenda. Uma vez que o
CAPÍTULO 41 ESCOLIOSE E CIFOSE flij:fW

A B e

D E F

O@il;ijjBm) A-F, Fi xaçã o ilíaca com o sistema espinha l CD Horizon Legacy. Consu lte o texto para descrição. (Redesen h_ada de Lenke
LG, King AG: CD Horizon Legacy ifiac fixation spinal system technica/ guide, Memphis, TN, 2004, Medtronic Sofamor Danek.) VEJA A TECNICA 41-35.

parafuso seja colocado firmemente no ílio, é importante osteoporose, espaticidade e incapacidade de cooperação do
que a parte superi or da cabeça do parafuso f ique aba ixo paciente e cu rvaturas graves, a imobilização pós-operatória
da parte superior da espinh a ilíaca posterossuperior (Fig. com uma TLSO por 3 a 6 meses pode ser necessária se
41-129D). Isso garante que o parafuso não ficará proe- houver alguma dúvida sobre a estabilidade do constru cto.
minente após a cirurgia.
•Posicione a cabeça do parafuso voltada med iaimente para
permitir a união do conector latera l e a manutenção da
orientação vertical da haste.
COLOCAÇÃO DE PA~AFUSOS
• Determine o comprimento do conector latera l após colocar LOMBOPELVICOS ILIACOS EM 52
e alinhar a instrumentação espinhal mais cranial. O obje- Os parafusos nessa técnica não necessitam de separação
ti vo é uma haste vertical com torção apenas no plano da pe le ou incisão fasc ial e podem-se atingir comprimentos
sagita l e torção mínima no plano coronal. médios de 70 a 100 mm . A lém disso, essa fi xação não
• Uma vez determinado o deslocamento, corte o conector interfere na agressiva coleta na crista il íaca. Entretanto,
lateral com o comprimento adeq uado e insira-o na cabeça O'Brien et ai. relataram violação da carti lagem articul ar em
do parafuso, o qual deve ser apertado temporariamente. 60% dos casos e notaram que a força biomecânica da
•Insira a haste no conector latera l e alavan que-a para técnica com parafusos il íacos em S2 não foi avaliada. As
dentro da instrumentação espinhal cran ial (Fig . 41-129E) vantagens da técn ica são: redu ção da proeminência do
•C oloque o parafuso de aj uste do conector lateral e aper- implante e ali nhamento do parafuso ilíaco com outras
te-o temporariamente. ânco ra s espi nh ais, evitando assim torções agudas na haste
•Quando todos os imp lantes estiverem firmemente em para criar a fixação pélvica.
posição, faça o aperto f inal e quebre a cabeça do para-
fuso de ajuste (Fig. 41-129F). ~
TÉCNICA
"---~~~~~~---'~
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO A imobilização pós- ope- (SPONSELLER)
ratória não é recomend ada após a instrum entação com
hastes em L ou haste ún ica. Entretanto, como as curvatu - •Faça uma incisão na lin ha média e expon ha o forame
ras neuromusculares frequentemente estão associadas a dorsa l de S1. )
PARTE XII A COLUNA

A B

iâl§ihMml!) A e B, Curvas dup las do grupo 1 co m componentes torác icos e lombares e pouca ob liquidade pé lv ica . C e D, Curvas
lombares ou toraco lombares grandes do grupo li co m obliquidade pélvica acentuada.

• Selecione um ponto de partida 1 mm inferior e 1 mm latera l da curvatura antes que a deformidade se torn e grave. Ao contrário
)
ao forame dorsal de S1. Selecione um ponto de partida para dos pacientes com escoliose idiopáti ca, a escoliose causada por para-
o parafuso ilíaco na asa do sacro aproximadamente 25 mm lisia cerebra l pode ser dolorosa. Caso a escoliose não seja tratada, a
caudal à placa terminal superior de S1 e 22 mm lateral à função pode se r perdida. Caso o paciente seja ambulatório, o tronco
linha média ou 1 mm lateral e inferior ao forame dorsal de pode distorcer-se tanto que o impossibilite de ficar em pé. Torna-se
S1. Utiliza ndo uma broca de 2,5 mm, avance pela asa sacral difíci l sentar-se co m o aum ento da obliquidade pélvica. Caso seja
com a broca direcionada inferiormente em direção ao tro- necessário suporte suplementar com as mãos para que o paciente
canter maior. Direcione a broca lateralmente com aproxima- co nsiga sentar, o paciente perderá a habilidade de reali zar atividad es
damente 40 graus em relação à linha horizontal e 40 graus que necessitam do uso das extremid ades sup eriores.
ca udalmente. Isso permite que o parafuso f ique na parte Bonnett et ai. listaram os seguintes se te objetivos para o trata-
mais larga da asa sacral e na parte mais espessa do ílio, m ento de escoliose em pacientes com paralisia cerebral:
imediatamente acima da incisura isquiática. 1. Possibilitar que o paciente sente- se com mais facilidade para
•Utilize um a fluoroscopia com intensifi cação de imagem fac ilitar a transferência para enfermeiros e famili ares.
para verifi car a posição adequada cranialmente à incisura 2. Alívio das dores nos quadr is e nas costas.
isquiática maior. 3. Aum ento da independência em virtude da diminui ção da
necessidade de ass istência, ta nto para posicionamento neces-
sário para o alívio da dor quanto para evitar áreas de pressão
PARALISIA CEREBRAL e para alimentação.
4. Melhora das fun ções das extremidades superiores e atividades
A prevalência de deformidades espinhais em pacientes com paralisia à mesa pela eliminação da necessidade de utilizar as extremi-
cerebral varia de acordo com o grau de comprometimento neuromus- dades superiores para sup orte do tronco.
cular. Menos de 10% dos pacientes ambulatoriais com hemiplegia 5. Redu ção dos equipamentos necessários, possibilitando o uso
espástica apresentam escoliose. Entretanto, destes, 21% apresentam de outros equipamentos.
escolioses superiores a 10 graus e 6% apresentam escolioses superiores 6. Colocação do paciente em um a instalação diferente, na qual
a 30 graus. Madigan e WalJave relataram a presença de escoLiose em menos cuid ados são necessá ri os.
65% dos pacientes com quadriplegia espástica que necessitaram de cui - 7. Melhora da habilidade de alimentação em decorrência da al te-
dados totais. A maioria dos autores concorda que a gravidade da cur- ração na posição.
vatura é diretamente proporcional ao grau de deficiência neurológica. Cada paciente deve se r ava liado individualmente para determinar o
A escoLiose em pacientes com paralisia cerebral pode continu ar a pro- potencial para alca nçar esses objetivos de reabilitação.
gredir na terceira década de vida. A maior progressão fo i observada em
pacientes incapazes de andar e com curvaturas toracolombares ou lom- • CLASSIFICAÇÃO
bares (progressão média de 0,8 grau por ano em curvaturas com menos Lo nstein e Akba rnia class ificaram as curvaturas decorrentes de para-
de 50 graus e 1,4 grau por ano em curvaturas com mais de 50 graus). lisia cerebral em dois grupos (Fig. 41-130). Curvaturas do grupo I
A escoliose em pacientes com paralisia cerebral é control ada - são curvaturas duplas co m componentes torácicos e lombares
mais adequadamente quando há recon heci mento precoce e controle - que ocorrera m em 40% dos pacientes. Essas curvaturas, similares
CAPÍTULO 41 ESCOLIOSE E CIFOSE

às curvaturas da escoliose idiopática, ocorreram mais co mumente Foi relatada uma taxa de pse udoartrose de 20% em pacientes com
em pacientes com deficiências apenas intelec tu ais que eram ambu - fu são espinhal posterior e instrumentação de Harrington. Procedi-
latórios e viviam em casa. As curvaturas do grupo II estavam pre- mentos co mbinados anteriores e posteri ores com instrumentações
sentes em 58% dos pacientes. Essas curvaturas eram curvaturas anteri ores e posteriores resultam na correção adequada com baixa
lombares ou toracolombares mais graves que estendiam-se até o incidência de pseud oa rtrose. A introdução das hastes de Luque e das
sacro com obliquidade pélvica ace ntuada. Pacientes com tais cu rva- instru mentações segmentares também melhoraram bastante os
turas ge ralmente eram não ambul atórios com quadriplegia espás- resultados da cirurgia de escoliose em pacientes com paralisia cere-
tica, geralmente não recebiam cuidados em casa e frequentemente bral. Em um estudo co mparativo de uma técnica de dois es tágios
aprese ntavam a fo rm a cláss ica de paralisia ce rebral em vez de apenas (instrumen tação espinhal anteri or e fu são utili zando o aparato de
deficiência intelectual. Zielke seguida por procedim entos posteriores de Luque na pelve)
com um técnica posteri or de estágio único utili zando hastes de
• TRATAMENTO NÃO CIRÚRGICO Luque, a taxa de pse udoa rtrose foi de 40% no procedimento de
Se a curvatu ra for pequena, indica-se a obse rvação cuidadosa. Caso estágio úni co e apenas 9,5% no procedim ento combinado. Allen e
a curvatura progrida ou seja superior a 30 graus em um a criança em Ferguson qu estionaram a necessidade de instrumentação anterior,
crescimento que seja ambulatória independente, deve-se instituir o pois ela geralmente diminui a correção geral. Eles recomendaram a
tratamento. Se a criança for esqueleticamente madura, o tratamento liberação e a fusão anteri or seguidas por um procedimento de
com suportes provavelmente será ineficaz e a cirurgia é indicada segundo es tág io de Luqu e para a pelve. Sistemas de instrumentação
caso a curvatura seja sup erior a 50 graus. Se o envolvimento neuro- anteri or fl exíve is provavelmente não inibem a correção pos terior e
lógico fo r extrem o em um paciente com retard o mental grave e a aumentam a estabilidade da fixação em curvatu ras com m ais de 80
curvatura não cause pro blemas funcionais signi fica tivos ou dores, a graus. Com os sistem as de instrumentação posterior mais novos, a
observação é apropriada. técnica da liberação e fu são posterior sem instrumentação seguida
A maioria dos pacientes não ambulatóri os com paralisia cere- por uma instrumentação posterior também apresentou resultados
bral não poss ue controle sobre a cabeça ou o pescoço du rante os satisfatórios. Em pacientes com paralisia cerebral e escoliose, a ins-
primeiros 5 anos de vida. Um assento perso nali zado pode se r efi caz trumentação de Co trel-Dubousset tem a va ntagem de permitir a
para proporcionar a esses pacientes uma espinha reta e um a pelve distração e a compressão ao longo das hastes, além de forças de
nivelada, podendo tamb ém acomodar efetiva mente diversas defor- torção e rotação. Os princípios perman ecem os mesmos: curvaturas
midades espin hais e possibilitar uma postura ereta em indivíduos grandes e rígidas antes da cirurgia necessitam de liberação anterior,
com co mp rometimento grave. discectomi a e enxe rtos ósseos anteriores. A instrumentação poste-
Se a curva fo r urna órtese pode ser útil com o dispositivo tem- rior da pelve é concluíd a em um segundo estágio. Foi recomendado
porizador, mas não proporciona um controle permanente da curva- o uso de parafusos sacrais duplos ou parafu sos iliossacrais para a
tura. Ge ralmente, as órteses são utilizadas para controlar a curvatura fixação à pelve. Altern ativamente, pode-se configurar um a haste
du rante o crescimento de crianças ambulató rias ou capazes de se pequena co mo na técn ica de Galveston (Técnica 41-33), a qu al deve
sentarem independentemente. A órtese frequentemente pro por- se r fixa da à haste maior. Provavelmente, não há uma técnica ideal
ciona suporte suficiente para o tronco de m odo a liberar as extremi - para o tratamento de cur va turas complexas. De modo geral, utiliza-
dades sup eri ores para uso fun cional. A órtese escolhida é uma TLSO mos uma combinação de cabos subl aminares, ganchos e parafu sos
passiva de contato total com uma abertura na fre nte, um a órtese de pediculares. As hastes sempre possuem barras transversais. Atual-
duas pa rtes ou um a órtese Boston macia. mente, nossa preferência para a fixação pélvica é a técnica com
parafusos ilíacos (Técnica 41-35). Caso a pelve seja demasiadamente
• TRATAMENTO CIRÚRGICO pequena para ace itar a fixação por parafusos, nós utili zamos a
O tratamento cirúrgico da escoliose em pacie ntes com paralisia técnica da haste em S de McCarthy (Técnica 41-32) com barras
cerebral é complexo. A determinação do tipo de cirurgia necessária transversa is para fi xação pélvica.
ou mes mo a necessidade de algum procedim ento ci rúrgico é difícil. O ti po de cirurgia também depende do tipo de escoliose. De
Antes da in trodu ção de técn icas e instrum entações ma is novas, o acordo co m Lonstein e Akbania, os pacientes com curvaturas do
tratamento cirúrgico desses pacientes frequ entemente fa lhava, m as grupo I geralmente precisam de urn a fu são posterior, com a fusão
a habilidade de tratar esses indivíduos melhorou muito. até o sacro sendo rara (Fig. 41 -131). Um a abordagem combinada
As indicações da estabilização cirúrgica dependem do grau de anterior e pos terior é necessária para curvaturas do grupo I apenas
envolvimento men tal e do estado funcional do indivídu o com para- quand o há um componente lombar significativo, com liberação e
lisia ce rebral. A determin ação de quais habilidades fu ncionais fusão ante ri or em conjun to com a instrumentação posterior aumen-
melhorariam com a cirurgia nem sempre é fác il. Certam ente, em tando a co rreção e redu zindo a taxa de pseudoartrose. As curvaturas
crianças ambulatórias e em indivíduos com inteligê ncia quase do grupo II geralmente necessitam de uma fu são longa até o sacro
norm al, as indicações cirúrgicas são semelhantes às de indivíduos pois este é parte da cur va tura e há a presença de obliquidade pélvica.
com escoliose idiopática (c ur vaturas de 40 a 45 graus ou m ais Deve-se tom ar radiografia s com tração. Caso seja possível obter uma
durante a adolescência; curvaturas superi ores a 50 a 60 graus em pelve ni velada e um a espinha equilibrada, a abordage m posteri or em
pacientes jovens e esqu eleticamente madu ros; e curvaturas progres- um estág io é indicada. Entretanto, se a radiografi a com tração
sivas qu e não respondem ao tratamento não cirúrgico) . A decisão mostrar um a obliquidade pélvica residual significativa ou se o torso
sobre o tratam ento de urna cri ança com co mpro metim ento total do não estiver equilibrado so bre a pelve, indica-se uma abordagem em
corpo, distúrbios convulsivos, sem controle so bre a ca beça ou o dois es tágios. De mod o geral, quanto maior a curvatura lombar, mais
tron co e problemas nutricionais importantes é difícil. Caso um grave a obliquidade pélvica e, quanto mais rígida a curvatura, mais
ganho fun cional e prático seja improvável, os riscos da cirurgia provável é a necessidade de um procedimento em dois estágios.
podem não se r ace itáveis. A avaliação rad iográfica de pacientes co m contraturas nos
As técn icas cirú rgicas disponíveis para tratamento da escoliose quadris pode levar a co ncl usões equivocadas. As radiografi as geral-
em pac ientes com paralisia ce rebral melhoraram significativamente. mente são tomadas co m o paciente em posição supina e com os
PARTE XII A COLU NA

fixa ção interna. Entretanto, se o suporte externo prejudicar signifi -


cativam ente a habilidade fun cional do paciente e a fixação interna
fo r firm e, ele não deve ser utili zado. Caso o osso seja obviamente
osteopênico ou a instrum en tação não seja a ideal, pode ser necessá-
rio utili zar sup ortes extern os pós-operatóri os.

• COMPLICAÇÕES
O aperfeiçoam ento das técnicas de instrumentação e do acom pa-
nham ento pré-operatório e pós-operatório diminuiu as compli ca-
ções, mas deve-se esperar uma taxa muito maior para esse tipo de
cirurgia de escoliose de que para cirurgias de escoliose idiopática.
As complicações em pacientes com paralisia cerebral fo ram relata-
das em até 81%, incl uindo infecções em 15% a 19% dos pacientes.
Acredita-se que pacientes com paralisia ce rebral apresentam maior
risco de in fecções. As infecções profund as podem se r tratadas com
a rem oção de todas as suturas até a instrumentação e o enxerto, a
irrigação e o desbridamento, a adm inistração de antibi óticos sistê-
micos, o preenchimento da incisão, trocas frequentes dos curati vos
até qu e o tecido de granulação cubra a instrum entação e o enxe rto
e a postergação do fe chamento primário.
Compli cações pulm onares fre qu entemente desenvolvem -se
nesses pacientes porqu e eles não são capazes de cooperar com os
exercícios de respiração profunda e tosse, se ndo necessá rias medid as
profiláti cas pulmonares adequadas.
Caso o limite superior da fu são não seja cuidadosam ente sele-
cionado (acima de T4), pode ocorrer uma cifose cranialmente ao
limite superior da fu são. A pseudoartrose é menos fre quente co m
sistem as de instrumentação mais novos. O utras possíveis compli ca-
ções são aqu elas inerentes a cirurgias de coluna, como infecções no
H@ll;l';ial!D A, Radiografia pré-operatória em pé de um trato urin ário, íleo paralítico e perd a de sangue.
paciente com paralisia cere bral e escoliose sign ificativa do grupo 1. Embora as complicações possam ser significativas nesses pacien-
B, Aparência pós-operató ria 4 an os após inst rumentação poste- tes, as melhoras funcionais ou a prevenção da deterioração das habi-
rio r sem inclusão do sacro . lidades funci onais podem compensar o esforço e os riscos da ciru rgia.
As complicações devem se r esperadas e previstas; o tratamento ime-
diato irá diminuir a sua gravidade.
quadris esten tidos. Caso um quadril possua urna contratura de adu ção
e o quadril opos to possua um a contratura de ab du ção, pode parecer
que há urna obliquidade pélvica. Urna avaliação rad iográfica ade- ATAXIA DE FRIEDREICH
quada deve incl uir um a vista supin a com os qu ad ris relaxados,
quaisqu er que sejam as co ntraturas impos tas. Isso permite que a A ataxia de Friedreich é um a condição hereditári a recessiva ca rac-
espinha e a pelve ass umam um alinhamento neutro se m a influência terizada pela degeneração espinocerebelar. Foi constatado que a
das contraturas do quadril. A cifose pode ser causada pelos jarretes causa ge nética é um defeito no gene frataxi na no cromossomo 9q l3.
e deve ser ava liada cuidadosamente pois, se o jarrete não for libe- O in ício clí nico oco rre entre 6 e 20 anos de idade. Os sintom as
rado, a instrume ntação recebe rá u m estresse intenso. principais incluem marcha atáxica progressiva, disartria, diminu i-
Dive rsos pontos técnicos deve m se r considerados na instru - ção da propriocepção ou se nsibilidade vibratória, fra qu eza m uscular
mentação de pac ientes com paralisia ce rebral. O nível mais proximal e falta de refl exos dos tend ões profundos. Os sintomas secundári os
da fusão deve estar ac ima de T4 para evitar o "caimen to" da cifose incluem pé cavo, escoliose e mio card iopatia. As crianças afetadas
acima da instru mentação. Apenas pequenas partes do ligamento frequentemente ficam confinadas a cadeira de rodas na primeira ou
am arelo de am bos os lados do espaço interespinhal supe ri or devem na segund a década de vida. A mi ocardi opatia mu itas vezes provoca
ser rem ovidas. Se possível, os ligamentos supraesp inhal e interespi- a morte na te rceira ou na qu arta década de vida.
nhal no n ível sup erior devem ser preservados para evitar aum ento Labelle et ai. avaliaram 56 pacientes com diagnós ti co de ataxia
da cifose ac ima da instrumen tação. Ganchos e pa rafu sos pediculares de Friedreich e descobriram que todos os 56 pacientes apresentavam
são util izados para fixação nos níveis mais proximais pa ra adicionar escoliose. O padrão mais co mum eram curvas torácicas e lomb ares
suporte de cargas axia is ao sistema. As hastes moldadas devem ser estruturais duplas (57%) . A curva neuromuscu lar toracolombar
un idas proxima lmente por barras tra nsversais caso sejam instru - típ ica com obliquidade pélvica fo i encontrada em som ente 14%.
mentadas na pelve. Caso a instrum entação pare próximo à pelve, as Como não foi estabelecida uma correlação signi fica tiva entre a fr a-
barras transversais devem se r apli cadas proximal e di stalmente para queza musc ular global e a progressão da curva, como seria esperado
evitar o deslocam ento das has tes em relação uma a outra. na escoliose neuromuscu lar, Cady e Bobec hko postu laram que a
A imobili zação após a fusão espin hal depende do n ível de patogenia da escoliose em pacientes com ataxia de Friedreich pode
atividade da criança e da fir meza da fixação interna. Se a criança ser um d istúrbio do equilí brio e dos re fl exos posturais, em vez de
puder tolerar o suporte exte rno sem quaisquer efeitos fun cionais fraqueza musc ular. Nem todas as curvas em pacie ntes com ataxia de
prejudiciais, ele pode ser utili zado independ en temente da rigidez da Friedreich são progressivas (49% são progressivas); o início da
CAPÍTULO 41 ESCOLIOSE E CIFOSE

d oença em uma idad e precoce e a presença de escoliose antes da C hiari I. A e ti o log ia proposta d a sirin go mielia asso cia d a à mal -
puberd ade foram considerados fa tores importa ntes na progressão. for m ação d e C hi ari I é o fluxo d e líquido cefalorra qu iano p e r-
A esco li ose co m surgim ento no final da adolescência o u no in ício turbado o u o bstruíd o. A sir in gomieli a sem m alfo rmação d e
d os 20 anos tem menos chan ces d e p rogredir. C hiari I associa d a é d esc rita co mo uma sirin ge n ão co munica nte.
A m a iori a dos auto res não considera que o uso de órteses seja A esco li ose foi re latad a em 63 % a 73 % d e crian ças com sir in go -
útil para curvas progressivas em p acientes com ataxia de Friedreich. rn ielia. Os achad os fí sicos qu e p o d em indicar a siringomi elia
A órtese não consegu e co ntrolar a curva, e p elo temp o que a esco- incluem d éfi cits ne u ro lóg icos e d or associada à escoliose, atro fi a
li ose se desenvolve, frequentem ente os pacientes já apresentam um dos m úsc ulos in trín secos d as mãos, p é cavo, m assa musc ular ass i-
grau significativo de ataxia e a restrição por órtese espinhal to rn a a métrica, cefale ia ce rv ica l superi or e o ccipital e perda de refl exos
d eambulação m ais difícil. Curvas com menos de 40 graus d evem ser abd ominai s sup erfic iais. Os asp ectos radi og ráfi cos que sugerem a
o bservadas, curvas com mais de 60 g raus d evem ser tratadas c irur- siringomi eli a incluem alte rações nas articulações d e Cha rcot e um a
gicam ente, e curvas en tre 40 e 60 graus devem ser observad as o u curvatura torácica à esquerd a. Foi obse rvad o que os pacientes co m
tratad as com ci rurgia, dependend o da idade d o pacie nte e do in íc io siringo mi elia e escoli ose apresentam cifose torácica (> 40 graus) em
da doença, além das características d a escoliose, com o a idad e do vez d e hipocifose to rácica observad a na escoliose idiopática. A
paciente q uan do ela é reconhecida e a evidênc ia de progressão d a lo rdose cervica l tamb ém está aumentada nessa população d e pac ien-
cu rva. Se a curva fo r observad a por muito temp o, a miocar d io patia tes. Se h ouver suspeita d e diagn óstico d e siringornielia, d eve-se faze r
po de te r progredido ao ponto d e a cirurgia se torn ar arriscada, senão uma RM (F ig. 4 1-132) . N a rea li zação d o estu do d e RM, deve-se
imp oss ível; o tratamento cirúrgico precoce, portanto, é recom en- tom ar cuid ad o para incluir a junção craniocervical, a fim d e descar-
d ado para curvas progressivas. tar a presença d e um a ma lformação d e Arn old -Chiari .
A aval iação ca rdi ológica é m andatária a ntes de qu alquer A assoc iação ent re s irin go mi eli a e esco li ose p o d e ter urn a
cirurg ia ser co nsiderad a nesses pac ientes. O s pac ientes com ataxia in fl uên c ia signifi ca ti va no tratam e nto. A p araplegia e a ruptura
d e Fri edreich fre quentem ente são in capazes de a nda r co m im o bi- d e um g rand e c isto n a m edul a, res ultand o em morte, fo ram rela-
li zação p ós-ope ratóri a. O rep ouso pro lo n gado n o pós-operató ri o tadas em pac ientes com sirin go mi eli a subm etido s à instrum e n-
deve ser redu zido ao mínim o, po is a fra q ueza po d e aum en ta r tação e fusão. Po r causa da p oss ibili dade d essas compli cações, a
ra pida m ente. Por essas razõ es, a instrum entação idea l para esses cirurg ia para esco li ose e m p ac ientes co m siringomi eli a d eve se r
pacientes é a instrum entação segm enta r d a co lun a verteb ral com abor da d a com cautela. D eve-se con sid era r co m cuid ad o a taxa d e
vári os disp os itivos d e fixação, corno ga nchos, cabos sublarn inares p ro gressão d o d éfi cit ne urol óg ico e o p rogn ós tico d a curva a ntes
ou pa rafu sos p ediculares, que não necessitam d e sup o rte exte rn o de q ua lq uer ci ru rgia extensa ser cog itad a. A drenagem do c isto,
no pós -opera tór io. Em geral , esses pac ientes necess itam de uma seguid a pela o bse rvação para de termin a r se a c urva sub sequ e nte
lo nga fu são co m aten ção aos contornos sagi ta is, a fim d e evit ar es tá es tabil iza d a, tem s id o reco m enda d a como tratam e nto ini cia l.
prob le m as poste riores com cifose to rác ica. Milbran dt recomendo u Em um estu do, h o uve m elhora d e t rês dos 15 p ac ientes e não
a instrumentação segm entar e a fu são de T2 ao sacro. A pelve oco rre u prog ressão em nenhum d eles. O u tro es tudo m os trou qu e
geralm ente n ão es tá incluída n essas fu sões, a m enos que a o bliq ui- a dren age m d a sirin ge retardo u, m as n ã o imp ediu a pro gressão
d ade p élv ica seja signifi cativa . A m o nitoração d a medul a espi nh al da cur va em pac ient es im a tu ros; no entanto , a d ren agem d a
geralm ente não é efica z n esses pacientes e antes da cirurgia deve-se s iringe pe rmitiu o uso d e instrum entação d o tip o di straçã o se m
planejar o teste d e d es pertar pa ra ava li a r o estad o ne urol óg ico ap ós co mpli cações . Em nossa institui ção, os ne u roc irurgiões p edi átri-
a instrumentação e a co rreção. cos ac red ita m qu e a s iringe gera lmente es tá ass ocia da a mal fo r-
m ações de C hi a ri I. Se u trata m ento pre fe rido é a d escompressão
da fossa pos te ri or. Se a c urva co ntinu ar a prog red ir após a d es-
DOENÇA DE CHARCOT-MARIE-TOOTH compressã o d a fossa pos teri o r, a cirurg ia p od e se r indicada. Se
fo r n ecessár ia a instrument ação n esses pacientes, a distração
A doen ça cláss ica de C harcot-Marie-Tooth é u ma ne u ropatia d es- deve se r ev ita d a, se possível. Par a isso, p o d e-se reali za r a in stru -
mielini zante. A condição é herdad a e m fo rm a d omin ante, com m entação a nte ri o r o u a instrum entação to rácica p os te rior com
variação conside rável d e gravidad e. A in cidência relatad a d e d efor- pa rafu sos p ed icular es co m um a téc nica d e rotação ve rte bral
midad e espinhal nessa d oen ça varia d e 10% a 26%. Algun s au tores d ireta. A com uni cação dire ta com o ne u rocirurgião sempre é
obser va ram que o trata mento com ó rtese é bem tolerad o, enquanto indi ca d a no p ré-o pe ra tó ri o d esses pac ientes, a fim d e minim iza r
outros tiveram pouco sucesso, com a progressão d e curva relatada a poss ibili dade de lesão d a m ed ul a espinha l.
em 71 % e com 33% exigindo instrum entação e fusão. Frequ ente-
mente, a d efo rmidade no plan o sagita l que acompanh a essa esco-
li ose é a cifose, e a fu são à pelve geralmente não é necessária, a LESÃO DA MEDULA ESPINHAL
menos que exista obliquidade pélvica. O monito ram ento intraope-
ratório raram ente é poss ível em pacientes com a doença de Charcot- Várias séri es na literatu ra rel ata ram uma incidência de d eformid ade
Marie-Tooth ; po rtanto, deve-se considerar pl anos pré-operatórios espinh al em 99% d as cri a nças co m lesões d a medula es pinhal antes
para a avaliação intraoperató ria com tes te de despertar de um pos- do pico d e c rescimen to pub eral. A d efor midad e espinhal é muito
sível comprom etimento neurológico. mais co mum e a taxa d e progressão d a curva muito m aio r em pré-
adol esce ntes d o que em pacientes m ais velhos.
O aumento d a cu rvatura com obliquidade pélvica em uma
SIRINGOMIELIA crian ça co m lesão d a medula esp inhal po d e causa r perd a d o equilí-
brio ao sentar, o que ex ige o uso das extremidad es sup eriores para
A siringom ieli a é um a cavitação cística cheia de líquido na medula ap oio d o tron co em vez d e tarefas fun cio nais. As úlceras d e pressão
espinhal. A esco liose p o de ser a primeira manifestação d e um a sir in- podem oco rre r no lad o inferi o r d o ísquio e a subluxação d o
gomielia. A doença pod e existi r com ou se m malformações d e qu adril pod e ocorre r no lado superior d a obliquidad e pélvica.
Mijfl PARTE XII A COLUNA

O!§ihtijDl:Ef) Curva progressiva em paciente com siringom ielia . A, Curva inicial. B, Um ano depois. C, Imagem de RM mostra siringe
na C7 (seta).

• TRATAMENTO ORTOPÉDICO pós-operatória pode ser evitada (Fig. 41-133). A avaliação completa
Embora alguns auto res acreditem que a alteração da progressão do trato urin ári o deve ser realizada antes da cirurgia, um a vez que
natural da escoliose nesses pacientes seja impossível com o uso de as in fecções do trato urin ário são comuns em pacientes com lesões
dispositivos, como ci ntas e coletes, ou tros autores indicam que o da medula espinhal. A urocultura deve ser feita 2 sem anas antes da
tratamento ortopédico de fato desempenha um papel no tratamento cir urgia. Se a cultura for positiva, o paciente será tratado com anti-
da escoliose em pacientes pré-adolescentes com lesão da medula bióticos durante 10 dias e, em seguida, a cultura será repetida. Se o
espinhal. O tratamento ortopédico é difícil em virtude de problemas orga nismo fo r sensível a um medicamento administrado por via
cutâneos potenciais, mas fo i observado um retardamento eficaz da oral, a cirurgia é realizada quando a cultura for negativa e o antib i-
progressão. O uso de uma órtese pode retardar a necessidade de ótico é conti nu ado através da cirurgia. Se o organismo for sensível
cirurgia em pacientes pré-adolescentes até que o crescimento longi- somente aos antibióticos intravenosos, a cirurgia é adiada até qu e as
tudinal da coluna vertebral esteja mais completo. O tratamento orto- culturas sejam negativas durante 10 di as após a interrupção dos
pédico exige uma estreita coope ração entre o médico, a famí lia e o antibióticos. No pós-operatório, a profilaxia antibiótica oral deve
paciente. Geralmente, é utilizada um a TLSO plástica, personalizada, prosseguir durante 3 meses. As curvas rapidamente progressivas em
bem acolchoada e de contato total. Deve-se ter muita aten ção para pac ientes com lesão da medula espin hal devem ser avaliadas por RM
qua lquer evidência de alterações da pressão sob re a pele. A órtese para a possibilidade de uma siringe pós-traumática.
pode ser removida durante a noite e usada somente quando o pas- Se possível, a ci rurgia deve ser adiada até que o paciente
ciente estiver sentado. adquira peso sup erior a 45 kg. Isso permite o uso de hastes maiores
e um a fixação mais estável. Com o aumento do uso de parafusos
• TRATAMENTO CIRÚRGICO pediculares to rácicos e parafusos pediculares lombares, a liberação
A maioria dos pré-adolescentes com lesões da medula espinhal anterior está se torna nd o cada vez menos necessária. No entanto, ela
acabará precisand o de estabilização cirúrgica da escoliose (50% a ainda deve se r considerada em um paciente com uma curva grande
60%). Se a curva progredir apesar do tratamento ortopédico, a inter- e rígida. Em pacientes com menos de 10 anos de idade com curvas
ve nção cirúrgica é indicada. Se a curva for maior do que 60 graus progressivas com mais de 50 graus, ainda há um dilema. A instru-
quando a criança for observada pela primeira vez, a cirurgia deve mentação com haste de Luqu e ou hastes subcutâneas de Harrington
ser considerada. As curvas tratadas com ór tese são consideradas sem fu são fa lhou em todos os quatro pacientes tratados dessa
para cirurgia caso ultrapassem 40 graus e as curvas entre 40 e 60 m ane ira por Dearolf et ai. Se a criança for muito nova, nós acred i-
graus são consideradas individualmente. tamos que a técnica com haste dupla de crescimento pode propor-
A prevalência de pseud oartrose nesses pacientes, relatada na cio nar uma fi xação mais estável e menos falhas do que a técnica com
literatura, varia de 27% a 53%. Dearolf et al. observaram pseudoar- haste subcutânea de Harrington. Se a fusão defi nitiva for necessári a
trose em 26% dos seus pacientes e eles atribuíram esse número em uma criança com risco de problemas futu ros de virabrequim,
menor ao uso de fixação segmentar nos últimos anos. A instrumen- deve-se considerar a li beração anterior de primeiro estágio e fusão,
tação segmentar permite um a fixação m ais rígida e a imobilização seguida por instrumentação segmentar posterior e fusão.
CAPÍTULO 41 ESCOLIOSE E C/FOSE

O@iiiMm:llD Escoliose paralítica progressiva após ferimento por arma de fogo. A, Curva inicial de 30 graus. B, Sete anos depois, a
curva tem 11 O graus. C, Após fusão e instrumentação segmentar, correção para 53 graus.

Dearolf et al. relataram pseudoartroses em três dos l Opacien-


Indicações para a Correção e a
tes pré-adolescentes e em um paciente maduro submetido à fusão QUADRO 41-6 fusão Espinal Posterior em
ao sacro. Eles acreditam que, se há pouca obliquidade pélvica
Pacientes com Poliomielite
residual, a fusão de L4 ou LS é suficiente. Se, por outro lado, a pelve
estiver significativamente envolvid a na curva, a fusão provavel- •Deformidade da coluna vertebral em colapso devido à
mente deve incluir o sacro. Em pacientes que estão deambulando paralisia acentuada
e nos quais a correção adequada pode ser obtida sem envolver a •Deformidade da coluna vertebra l progressiva que não
pelve, deve ser feito um esforço para terminar a instrumentação responde ao tratamento não cirúrgico
acima da pelve. Em pacientes cuidadosamente selecionados, Shook •Redução da função cardiorrespiratória associada à doença
e Lubicky utili zaram fusão espinhal curta anterior com instrumen- pulmonar restritiva progressiva
tação isolada. Eles relataram que esse método proporcionou um a •Diminuição da independência em atividades funcionais
excelente correção da curva sobre um segmento curto e permitiu devido à instabilidade espinhal, que exige o uso das extre-
uma série de espaços de disco abertos abaixo do segmento fundido midades superiores para suporte do tronco, e não para
(Fig. 41-134). as atividades de mesa
Se a laminectomia foi usada para tratar a lesão inicial da •Dor lombar e perda do equi líbrio sentado associados à
medula espinhal, pode-se esperar um aumento da incidência de obliquidade pélvica, a qual frequentemente provoca dor
cifose. Uma cifose rígida que não pode ser corrigida para menos do isquiática e necrose por pressão no lado inferior da região
que 50 graus em vistas em hiperextensão pode precisar ser tratada glútea
com liberação anterior de primeiro estágio e fusão espinhal, seguid a
por fusão posterior longa com instrumentação segmentar.
que naqueles com escoliose idiopática. A instrumentação segmentar
é recomendada. Ao avaliar a extensão distal da fusão em um paciente
POLIOMIELITE com poliomielite, deve-se determinar se a obliquidade pélvica é
causada pela própria curvatura espinhal ou por outros fatores, como
Como as vacinas de Salk e Sabin tornaram a poliomielite rara em contraturas da banda iliotibial.
crianças nos Estados Unidos, a experiência mais recente no trata-
mento de deformidades espinhais pós-pólio é voltada para pacientes
adultos. No entanto, os princípios básicos de tratamento não são ATROFIA MUSCULAR ESPINHAL
diferentes daqueles utilizados no tratamento de deformidades espi-
nhais resultantes de outras doenças neuromusculares. Bonnett et ai. A atrofia muscular espinhal é uma doença autossômica recessiva
descreveram as indicações para correção e fusão espinhal posterior na qual as células do corno anterior da medula espinhal e, ocasio-
em pacientes com poliomielite (Quadro 41-6). nalmente os núcleos bulbares, se atrofiam. Daher et al. propuseram
Assim como ocorre em qualquer curva neuromuscular, o com- que esse distúrbio é causado por um episódio de destruição neural
primento da fusão é muito maior em pacientes com poliomielite do em diferentes momentos da infância. As crianças afetadas mais
PARTE XII A COLUNA

@i@i!ihirJ:m) Menino de 14 anos de idade que ficou parap légico por causa de fer ime nto por arma de fogo na coluna vertebra l.
A e B, Vistas anteroposterior e lateral da coluna toracolombar na posição sentada mostram a curva lombar d ireita de 45 graus com
obliquidade pélvica mínima. A vista lateral mostra a junção toracolombar razoave lmente reta . Como o paciente queria cont inuar
andando com a órtese, a preserva ção do maior número de segmentos móveis abaixo da fusão foi considerada vantajosa. Por causa do
comportamento da curva lombar em flexão lateral, acreditava-se que a fusão anterior isolada com instrumentação proporcionaria a
correção da esco li ose e manteria o contorno sagita l. C, Vista anteroposterior da colu na toraco lombar na posição sentada no pós-ope-
ratório mostra exce lente corre ção da esco li ose e preservação do contorno sag ita l. O proced imento anterior foi feit o com dissecção
subperiostea l da co luna vertebra l e a fusão se conso lidou rapidamente em alguns meses. (De Shook JE, Lubicky JP: Paralytic scoliosis. ln
Bri dwell KH, DeWald RL, editors: The textbook of spinal surgery, ed 2, Philadelphia, 1997, Lippincott-Raven.)

precocemente na vida apresentam um comprometimento mais idade e, quanto mais grave for a doença, mais provável é a pro-
grave do que aquelas afetadas mais tarde. A atrofia muscular espi- gressão da curva. A escoliose é um a deformidade espinh al neu-
nh al pode ser classificada em três tipos, com base na gravidade e romuscu lar típica, com um padrão de curva longa em forma de
na idade do paciente no momento de início da doença. O tipo I, C. Curvas toracolombares são vistas em 80% dos pacientes e
ou doença de Werdnig-Hoffmann aguda infantil, é a forma mais curvas torácicas são observadas so mente em 20%.
grave e geralmente é diagnosticada nos primeiros 6 meses de vida .
A evolução da doença é progressiva e a maioria dessas crianças • TRATAMENTO ORTOPÉDICO
fa lece nos primeiros 2 a 3 anos de vida. As crianças com atrofia Foi relatado que o uso de órtese redu z a progressão da curva e
muscular espinh al tipo II (forma crônica ou intermediária) conse- permite que o paciente se sente por períodos mais longos. No
guem alca nçar marcos motores normais até 6 a 8 meses de id ade. enta nto, Furumasu, Swank e Brown observaram que os pacientes
Em gera l, elas são muito fracas , mas normalmente podem sentar- tratados com órtese eram menos funcionais por causa da diminui-
se sem apoio. Os pacientes geralmente sobrevivem até a terceira ção da flexibilidade da coluna ve rtebral, o que resulta em não
ou a quarta década. O tipo III, ou doença de Kugelberg-Welander, adesão. Nós acreditamos que, quando a escoli ose em um paciente
normalmente é observado após 2 anos de idade. A doença é mais com esqueleto imaturo chega a 20 graus na posição sentada, o
lentamente progressiva e a maioria dos pacientes é capaz de deam- tratamento or topédico deve ser considerado, geralmente com um a
bular de forma independente. TLSO de contato total, a qual é usada somente na posição se ntada
No exame clínico, as crianças com atrofia muscular espinha l para minimi za r a progressão da curva e ofe recer um apoio estável
ap resenta m fraqueza grave dos músculos do tronco e dos a um a cr iança ext remam ente fraca quando ela se se nta. Podem
membros. Fasciculações da língua e tremores das extremidades oco rrer deformidades graves da parede torácica a partir do uso de
são freq uentes. Há diminui ção dos refle xos . A m aioria dos órtese, se nd o que o desenvol vimento dessas deformidades constitui
pacientes tem inteligência norm al e o coração não é afetado pelo um a contraindicação ao tratamento com órtese. Embora as órteses
processo da doença. As velocidades de condução dos nervos possam não eliminar a necessidade de estabilização cirú rgica,
motores e se nsoriais são normais, mas a eletromiografia demons- podem ad iar a cirurgia até um momento mais próximo do fim do
tra desnervação com potenciais de fibrila ção. A causa da morte crescimento. Numa idade jovem, a cirurgia exigiria as abordagens
geralmente é a insuficiência pulmonar. Noventa por cento desses anterior e posterior para prevenir o fenômeno do virabrequim e a
pacientes apresentam escoliose, que é o problema mais grave fusão anterior aumentaria co nsideravelmente o risco do procedi-
daqueles que sobrevivem à infância . Uma vez que os pacientes mento nesses pacientes. A abordagem anterior quase que invar iavel-
com atrofia muscular espinhal são confinados a cadeira de rodas, mente envolve "derrubar" o diafragma, que é o principal músculo
sua esco liose se desenvolve rapidamente. Aprin et ai. observaram respiratório em pacientes com atrofia muscular espinhal. A liberação
que a esco liose geralmen te é diagnosticada entre 6 e 8 anos de toracoscópica anterior e a fusão (Técn ica 41-28) podem ser uma
CAPÍTULO 41 ESCOL/OSE E CIFOSE IQ}W
alternativa satisfatória para esses pacientes com grande risco de derramamento de lágrimas e sudorese, instabilidade vasomotora,
desenvolvimento de virabrequim. que muitas vezes provoca hipertermia, e relativa indiferença em
relação à dor. Outros achados frequentes incluem hipertensão epi-
• TRATAMENTO CIRÚRGICO sódica, hipotensão postural, manchas transitórias na pele, hiperi-
O tratamento cirúrgico da deformidade espinhal é a fusão espinhal drose, episódios de vômito, deglutição desordenada, disartria, e fa lta
posterior com instrumentação segmentar posterior e enxertia óssea de coordenação motora. A morte é causada com mais frequência
adequada. Como a fusão do sacro é necessária em muitos desses por uma doença pulmonar. A escoliose é o principal problema orto-
pacientes, a fixação à pelve pode ser obtida pela técnica de Galveston pédico em pacientes com essa doença, podendo ser progressiva e
ou parafuso ilíaco (Técnicas 4 1-33 e 41-35). Geralmente, o aumento grande o suficiente para contribuir para a morte precoce por causa
da fusão com aloenxerto proveniente de banco de ossos é necessário. da descompensação cardiorrespiratória cifoescoliótica. A cifose
Se as vér tebras estiverem extremamente osteoporóticas, pode-se também é uma deformidade no plano sagital frequente nesses
usar um suporte externo, como um envoltório de corpo bivalvu- pacientes. No entanto, se a cirurgia para a escoliose for considerada,
lado. Para um a curva lombar fixa grave com obliquidade pélvica, os aspectos da síndrome, como instabilidade vasomotora e térmica,
a 1iberação anterior e a fu são podem ser necessárias, além de podem causar complicações, às vezes fatais, durante e depois da
instrumentação posterior. No entanto, deve-se entender que a cirurgia. O tratamento com órtese, embora benéfico em alguns
cirurgia anterior em pacientes com comprometimento pulmonar pacientes, frequentemente é complicado pela tendência ao desenvol-
grave representa um grande risco, sendo qu e ele deve ser avaliado vimento de úlceras de pressão.
cuidadosamente antes da cirurgia. Se possível, deve-se considerar A fusão espinhal posterior com instrumentação foi necessá-
técnicas endoscópicas de liberação anterior e fusão. A tração pré ria em 13 dos 51 pacientes na série israelense de Kaplan et ai. Todas
-operatória oferece um excelente método para melhorar a fl exibi- as crianças submetidas à cirurgia apresentaram problemas pulmo-
lidade da coluna vertebral e também a função pulmonar antes da nares graves. As complicações respiratórias e disautonômicas no
fusão posterior e instrumentação. intra e pós-operatório foram frequentes. Por causa do osso osteo-
Devem ser esperadas complicações nesse grupo de pacientes pênico, uma melhora mínima da deformidade espinhal foi possível
(45%). Foram relatadas pseudoartrose, atelectasia, pneumonia e e uma pequena perda de correção foi com um; no entanto, os sobre-
morte. Brown et ai. reduziram a sua taxa de complicação de 35% viventes observaram diminuição acentuada na frequência de pneu-
para 15% com o uso de instrumentação segmentar de Luque e a monia e, por alguma ra zão, uma melhora no grau de ataxia.
eliminação de imobilização pós-operatória. Albanese e Bobechko relataram a estabilização cirúrgica da cifo-
As frequentes complicações pulmonares em pacientes com escoliose em sete pacientes. As complicações intraoperatórias
atrofia muscular espinhal exigem suporte respiratório por um incluíram hipertensão transitória, falha da lâmina em virtude da
período maior do que o normal após a cirurgia e a mobili zação osteopenia e um tubo endotraqueal que foi ligado por causa de
rápida, quando possível. Os pacientes com atrofia muscular espinhal secreções espessas após o pulmão ter sofrido colapso por uma
podem ser especialmente sensíveis a medicamentos que deprimem abordagem anterior. Todos os pacientes tiveram pelo menos uma
os centros respiratórios e, assim, o uso desses medicamentos no complicação, embora não tenha havido mortes in traoperatórias ou
período pós-operatório deve ser mínimo. Lonstein e Renshaw imediatamente no pós-operatório.
observaram que os pacientes com capacidade vital forçada abaixo Um problema técnico na instrumentação dessas curvas é a
de 20% do previsto correm grande risco de morte pós-operatória. ocorrência frequente de cifose grave combinada com osso fraco. Os
Um programa de fisioterapia pré-operatório e pós-operatório vigo- procedimentos anteriores devem ser abordados com cautela em
roso é mandatório. virtude da frequência de problemas respiratórios. Apesar dos perigos
O paciente e a família devem ser advertidos quanto à possibi- significativos e das altas taxas de complicação em pacientes com
lidade de alguma perda de função após a instrumentação e fusão disautonomia familiar, a cirurgia pode ser bem-sucedida com as
espinhal. Uma col una vertebral fl exível permite que um tronco fraco precauções adequadas e pode melhorar a qualidade de vida.
entre em colapso para frente para aumentar o alcance da extremi-
dade superior. Além disso, a flexibilidade da coluna vertebral e das
extremidades permite que o centro de gravidade seja colocado onde ARTROGRIPOSE MÚLTIPLA CONGÊNITA
os músculos fracos têm a melhor va ntagem mecânica. A fusão espi-
nhal cria um braço de alavanca mais longo, que os músculos fracos A artrogripose múltipla congênita é uma síndrome de contraturas
do quadri l são incapazes de controlar. Foi observado que atividades articulares persistentes que estão presentes ao nascimento. Um
motoras grossas, como transferências, rolamento, tomar banho, ves- subtipo miopático é caracterizado por alterações musculares seme-
tir-se e ir ao banheiro, diminuem após a fusão espinhal. No entanto, lhantes às encontradas na distrofia muscular progressiva. No subtipo
essa perda de função deve ser pond erada contra a perda funcional neuropático, as células do corno anterior estão reduzidas ou ausen-
prevista e o comprometimento pulmonar a partir da deformidade tes nos segmentos cervical, torácico e lombossacral da medula espi-
espinhal grave e sem tratamento. Durante a evolução longa e pro- nhal. No terceiro subtipo, os principais problemas são a fibrose
gressiva da doença, as vantagens de um tronco estável superam as articular e as contraturas isoladas.
desvantagens. A escoliose é comum em pacientes com artrogripose múltipla
congênita (20% a 66%). Uma única curva toracolombar é o padrão
de curva predominante. A escoliose geralmente é detectada ao nas-
DISAUTONOMIA FAMILIAR cimento ou nos primeiros anos de vida. O tratamento com órtese
raramente é bem-suced ido e deve ser usado somente para curvas
A disautonomia familiar (síndrome de Riley-Day), descrita pela pri- pequenas e flexíveis ( <30 graus) em pacientes que estão deambu-
meira vez em 1949, é um distúrbio autossômico recessivo raro, lando. Em pacientes não deambuladores ou que têm curvas com
encontrado principalmente em crianças judias provenientes de mais de 30 graus, a órtese é ineficaz no controle da curva. O início
países do Leste Europeu. Seus aspectos clínicos incluem ausência de da obliquidade pélvica é um sério problema. Se o tratamento da
M@UI PARTE XII A COLUNA

li!§lh@Bl!D A e B, Escoliose progressiva em paciente com distrofia muscular de Duchenne. C, Após fusão com instrumentação com
haste de Luque.

obliquidade pélvica por liberação das contraturas na área do quadril geralmente ocorre após o paciente se tornar confinado a um a
não impedir a progressão da curva, a fusão espinhal ao sacro pode cadeira de rodas, embora tenha sido detectada escoliose muito
ser necessária. O início da lordose torácica também exige tratamento precoce em algu ns pacientes deambuladores. Predominantemente,
imediato. Por causa da gravidade e rigidez das curvas, complicações as curvas são toracolombares longas com obliquidade pélvica e se u
pós-operatórias são frequentes. O tecido conjuntivo é resistente e os colapso é causado pela ausência de músc ulos, e não pela atividade
ossos estão osteoporóticos. Foi relatada uma perda sanguLnea média muscular assimétrica ou contratura. Uma vez que a curva se desen-
de 2.000 mL e Herron et al. obtiveram uma correção máxima de volva, ela ge ralmente é progressiva e não pode ser controlada por
apenas cerca de 25% com instrumentação de Harrington e fusão pos- órteses o u sistemas de assento para cadeira de rodas. Em pacientes
terior. A artrodese espinhal por via anterior e posterior combinada foi com distrofia muscular de Duchenne, a função pulmonar se dete-
recomendada para esses pacientes por ser mais eficaz em termos de riora aproximadamente 4% a cada ano após os 12 anos de idade.
correção da curva e perda mínima de correção no acompanhamento. Se o tratam ento ortopédico tiver continuidade enquanto a função
Se os pacientes apresentam menos de 90 graus de flexão passiva do pulmonar se deteriora de forma significativa, a estabi lização cir úr-
quadril, deve-se ter cuidado ao estender a artrodese espinhal até a gica pode se tornar impossível. Quando a capacidade vital forçada
pelve, uma vez que é provável que isso torne o ato de sentar-se difícil. diminui para menos de 35%, a cirurgia provavelmente não é acon-
Se houver uma obliquidade pélvica significativa que não está corrigida selhável por causa dos problemas pulmonares potenciais no pós-
em níveis aceitáveis nos filmes em flexão pré-operatórios, a liberação -operatório. Os pacientes co m essa condição apresentam função
anterior de primeiro estágio e a fusão são indicadas. Isso é seguido cardíaca reduzida, o que pode al terar a cond uta anestésica. A anes-
por instnunentação posterior e fusão à pelve. tesia hipotensiva para minimi za r a perda sanguínea pode não ser
possLvel. O aumento da perda sanguín ea intraoperatória é com u-
rnente visto em pacientes com distrofia musc ular de Duchenne.
DISTROFIA MUSCULAR DE DUCHENNE Isso pode ocorrer porque a dissecação é feita através de um
músculo distrófico e fibrótico, por causa da perda de vasoconstri-
A distrofia muscular de Duchenne é uma condição hereditária ção dos vasos sanguíneos em virtude d a ausência de distrofin a e
recessiva ligada ao X causada pela mutação por deslocamento do da função plaquetária alterada.
quadro de leitura no gene da distrofina no locus Xp21.2 do cro- As indicações de Lonstein e Renshaw para a fusão espinhal
mossomo X. A evolução clínica é a fraque za progressiva na qual em pacientes com distrofia musc ular de Duchenne são curvas com
se perde a capacidade de andar entre os 10 e 14 anos de idade, mais de 30 gra us, capacidade vital forçada de mais de 30% do
tornando-se dependente de cadeira de rodas. A morte por com- normal e prognóstico de pelo menos 2 anos de vida restantes.
prometimento pulmonar ou ca rd íaco ocorre geralmente na Corno a escoliose invariavelmente aum enta, muitos autores reco-
segu nda ou na terce ira década de vid a. A escoliose se desenvolve mendaram a fusão espinhal no início da deformidade em pacientes
na maioria dos pacientes com distrofia muscular de Duchenne, que usa m cadeira de rodas em tempo integral, mesmo quando as
embora o uso de corticosteroides possa diminuir o desenvolv i- curvas são inferiores a 20 graus ou menos. Na tomada de decisão,
mento da deformidade espinhal nesses pacientes. (O uso de este- a funç ão pulmonar do paciente provavelmente é mais importante
roides alterou o desenvolvimento da escoliose de >90% para do que o tamanho da curva. A capacidade vital deve ser de 40% a
somente 10% a 20%.) (Fig. 41- 135). A deformidade espinhal 50% do normal. Se se permite que a curva progrida para além de
CAPÍTULO 41 ESCOLIOSE E CIFOSE lfaj!M
30 a 40 graus, a capacidade vital forçada pode ser infe ri or a 40% do
normal previsto. A maioria dos pacientes com distrofia muscular de QUADRO 41 _7 Classi!ic.ação da Escoliose
Duchenne geralm ente têm uma capacid ade vital forçada de 50% a
Congemta
70% do normal quando eles começam a usar a cade ira de rodas em
Falha de formação (Fi g. 41-136)
tempo in tegral. A cirurgia é recomendada durante os primeiros anos
Fa lha pa rcia l de formação (vérteb ra em cunha)
de uso de cadeira de rodas em tempo integral, quando o paciente
Falha tota l de formação (hem ivértebra)
q uase sempre apresenta uma curva flexível pequena e pouca ou
Falha de segmentação
nenhuma obliquidade pélvica, mas aind a tem uma capacidade v ital
Falha unilateral de segment ação (barra não segmentada
forçada de 40% ou mais.
unilateral; Fig. 4 1-1 42)
O tratamento da escoli ose em pacientes com distrofia muscu-
Fal ha bi lateral de segmentação (vé rtebra em bloco; Fig.
lar de D uchenne cons iste na instrumentação segmentar com fios ou 41 -1 37)
cabos sublaminares, ganchos o u parafusos pediculares e fusão de T2 Mista
na pelve. Em pacientes com curvas m en ores e sem obliquid ade
pélvica fixa, a fu são e a instrumentação podem term in ar em L5. Se
a obliqui dade pélvica fixa for maior do que 15 graus, é indicada a
fusão à pelve com parafuso ilíaco ou fixação pélvica com h aste em
S. Bronson et al. observaram que a correção da obli quidade pélvica controlou a curva até o pico d e cresc imento puberal, quando ocorreu
era mais certa com instrumentação e fusão ao sacro em curvas a progressão. No entanto, a órtese não deve ser usada quando há
maiores (média, 61 graus) . Brook et a i. também observaram uma lo rdose torácica. A fusão espinhal é eficaz na manutenção da corre-
melhor man utenção da correção da ob li quid ade pélvica em pacien- ção e n a prevenção da progressão da curva nesses pacientes.
tes subm etidos a fusões que se estenderam até a pelve do que em
pacientes nos quais a extensão d ista l da fu são estava na coluna
lombar. A fusão deve se es tender à colun a torácica su perior alta ESCOLIOSE CONGÊNITA
(T2), para evitar a cifose proximal ou juncional. Os contornos
sag itais da colun a ve rtebral, especialmente a lordose lombar, A escoliose congên ita é um a curvatura lateral da coluna vertebral
devem ser mantido s para o equilíbri o sentado e a di stribui ção de ca usada pela presença de anomalias vertebrais que resu ltam em um
pressão. Um alo enxerto proveniente d e banco de ossos é necessá- desequilíbri o do crescim ento longitudinal d a coluna. Acredita-se
r io, pois uma enorme quantidade de enxerto ósseo se rá necessária q ue a taxa de prevalência de escoliose congênita seja de aproxima-
para obter uma fu são sólida. Por causa do comprometimento pul - damente 1 em cada 1.000 bebês nascidos vivos. O momento críti co
monar desses pacientes, a rápida mobilização pós-operatória é im por- do desenvo lvimento embriológico da coluna vertebral é d a quinta a
tante. Q uando a inst rumentação espinhal segmentar é usada, a sexta semana - o momento dos processos de segmentação -, e as
ór tese pós-operatória geralmente não é necessária. anomalias congênitas da co luna se desenvolvem durante as primei-
Lonstein e Renshaw listaram os seguintes benefícios da fusão ras 6 semanas de vid a intrauterina. Algum tipo de anomali a deve
espin hal em pacientes com distrofia muscul ar de Duchenne: pre- estar visível nas rad iografias da coluna antes que um diagnóstico d e
serva o equilíbrio quando o paciente está se ntado, previne a dor escoli ose congênita possa ser fe ito. Como, muitas vezes, a escoliose
lombar, melhora a descompensação espinha l, libera os braços da congênita é rígida e a correção pode ser difícil, é importan te detectar
necessidade de suporte ao tronco, melhora a im agem corporal e essas curvas precoce mente e instituir o tratam ento apropriado
possivelmente reta rda a deterioração da função pu lmonar. No enquanto a cu rva é pequena, em vez de tentar pro cedi mentos de
entanto, a taxa de declínio da capacidade vital forçada não é alterada salvamento que são necessários quando a deformidade é grave.
pela prevenção da escoliose com fusão espinhal. Foi demonstrado Não foi encontrada nenhuma etiologia genética, como as hemi-
qu e o uso de corti costeroides em pacientes com distrofia muscular vértebras, para as anormalidades congênitas isoladas da collma verte-
de Duchenne prolonga o tempo em que os pacien tes se tornam bral. A pesquisa sugere que a exposição materna a toxinas, como o
capazes de caminhar. O uso de corticosteroides também parece ter monóxido de carbono, pode causar escoliose congênita. Associações
um efeito positivo na prevenção da deformidade espinhal. com diabetes materno e ingestão de medicamentos antiepilépticos
durante a gestação também têm sido postuladas como possíveis causas.
No entanto, acredita-se que a maioria dos casos de escoliose congênita
VARIANTES DE DISTROFIA MUSCULAR seja causada por fato res ambientais fetais não genéticos, mas geralmente
NÃO RELACIONADAS AO TIPO DUCHENNE esses fato res não podem ser determinados pela história.

A cu rvatu ra espinhal em associação com a d istrofia mu sc ular não


relacionada com D uchenne é rara. A ocorrência de escoliose em CLASSIFICAÇÃO
pacientes co m distrofia muscular não Duchenne depende do tipo
específico da doen ça distrófica e o prognóstico está relacionado com A classificação proposta por MacEwen et al. e modificada posterior-
a gravidade do problema pr imário. Por exemplo, Siegel d escobriu mente por Winter, Moe e Eilers é a mais uniform emente aceita
que a distrofia miotônica infantil não está associada à curvatura (Q uadro 41-7; Figs. 4 1-1 36 e 4 1- 137). As anomali as vertebrais
espinhal. A distrofia fac ioescapuloumeral é m ais rapidamente pro- podem ser causadas por fa lha de formação, fa lha d e segmentação
gress iva quando o início ocorre na in fância. Frequentemente, o u por um a combinação desses dois fatores, resultando na deform i-
também é assimét ri ca em sua distribuição e pode ocorrer escoli ose dade mista. A curva congênita também deve ser classificada de
estrutural. Nenhum dos 11 pacientes d escritos por Daher et al. apre- acordo com a área da colun a vertebra l envolvida, uma vez que isso
sento u obl iquidade p élvica. A lordose torácica estava presente em indi ca o prognóstico da deformidade esp ecífica. As áreas geralmente
36% dos seus pacientes, com todos d ese nvolvendo pouca capacidade distinguidas são a colun a cervicoto rácica, coluna torác ica, colun a
vita l e falta de ar. O uso de uma órtese durante os anos juvenis toracolomb ar e coluna lombossacral.
PARTE XII A COLUNA

A B

0!§11;'4 ~ Defe itos de formação . A, Defe ito central anterior. B, Hemivértebra encarcerada. C, Hemivértebra livre. D, Vértebra em
cunha. E, Mú ltiplas hemivértebras.

iâ@il;f4rll!J!) A espícula da diastematomie lia invagina a dura-


máter e d ivide a medu la espinha l, parcial ou tota lmente.
iâ!§i@iBIEi) Vértebra em bloco.

musc uloesqueléticas tamb ém ocorrem frequentemente em associa-


ção com anomalias congênitas da coluna (Figs. 41-138 e 41-1 39).
AVALIAÇÃO DO PACIENTE Uma série de radiografias de rotin a de alta qualidade é
essencial para avaliar a deformidade. A curva congênita deve se r
Além da avaliação de rotina da coluna vertebral, alguns achados classificada como falha de segmentação ou falha de formação, e
físicos específicos devem ser procurados em pacientes com escoliose as radiografias devem ser cuidadosamente exa min adas para qu al-
congênita. A pele das costas deve ser examinada cuidadosamente quer evidência de alargamento do s pedículos ou de defeitos
em busca de sinais como tufos de cabelo, lipomas, cavidades e cica- ósseos na linha média, qu e podem indicar uma anomalia med ul ar
tri zes, qu e podem indicar uma vértebra anômala subjacente. A ava- subj acente.
liação neurológica deve ser minuciosa. Deve- se observar com Provavelmente, mais importante do que a classificação da
cuidado a evidência de comprometimento neurológico, como pé curva é uma análise do poten cial de se u crescimento, a fim de deter-
torto, atrofia da panturrilha, ausência de reflexos e atrofia de um a minar melhor a possibilidade de progressão da curva. Todas as
extremidade mais inferior em comparação com a outra. Muitas curvas congênitas devem ser cuidadosamente medidas com a técn ica
crianças co m escoliose co ngênita apresentam outras anomalias. de Co bb, incluindo as curvas compensatórias ou secundárias em
As anormalidades do eixo neural estão presentes em até 35% partes aparentemente normais da coluna ve rtebral. As medições
dos pacientes. Foi relatado que a cardiopati a congê nita está presente devem incluir cada extremidade da área anômala, bem como cada
em até 25% dos pacientes com escoliose congênita. Os pacientes ext remidade de toda a curva geralmente considerada para trata-
submetidos à cirurgia para escoliose congênita devem reali zar um mento. A TC e a RM nos permitiram estudar melhor a anatomia da
ecocardiograma de tri age m e passar por avaliação de um cardiolo- coluna vertebral e fazer a triagem para disrafi smo espinhal (Fig.
gista. Ano malias geniturinárias têm sido relatadas em 20% a 40% 41-139). Existe um alto risco de anomalias intraespinais co ngênitas
dos pacientes co m escoliose congê nita. A ultrassonografia renal con - em pacientes co m escoliose congê nita e uma fa lta de manifestações
tinua sendo o padrão da triagem urológica nesses pacientes. cutâneas em um núm ero significati vo de pacientes. A RM durante
MacEwen, Winter e Hardy enfa tizaram a importância de uma ava- a infância pode aj udar a delinear a deformidade anatômica, que
liação completa do sistema ge niturinário: 18% de seus pacientes pode não ser visível em radiografias simples, e tamb ém delinear
apresentaram anomalias urológicas, incluindo 2,5% qu e tinham melhor a fise . A RM é útil na avaliação de pacientes cujas curvas não
urna doença obstrutiva que poderia ser fatal. Outras anomalias são muito grandes, porém os exames são difíceis de interpretar em
CAPÍTULO 41 ESCOLIOSE E CIFOSE GJmllll
pacientes com escoliose sign ificativa. Winter et al. observaram uma for esperado crescimento convexo normal e houver probabilidade
incidência de 10% de disrafismo espinhal. A taxa de prevalência de de crescimento côncavo defici ente, ocorrerá uma deformidade
disrafi smo espinhal no exame de RM chega a 30% em pacientes co m importante (Fig. 41-1 41); no entanto, se o crescimento for deficiente
deformidades espinhais congênitas. em ambos os lados côncavo e convexo, a deformidade lateral pro-
gressiva pode não ocorrer. Se ambos os lados forem deficientes no
crescimento potencial ao longo de muitos níveis, o encurtamento do
HISTÓRIA NATURAL tronco pode ocorrer se m curvatura lateral.
Vári os es tudos excelentes descreveram a histó ria natura l da
A progressão da escoliose congên ita dep end e do tipo e da locali za- escoliose congênita e descobriram que a taxa de deterioração e a
ção da anomalia vertebral. A progressão da curva ocorre mais rapi- gravidade final da curva dependem tanto do tipo de anomalia
damente durante os primeiros 5 anos de vida e durante o surto de quanto do local em qu e ela oco rre. A mais progressiva de todas as
crescimento puberal. Esses doi s períodos representam os estágios anomalias é a barra n ão seg mentad a, unilateral e côncava com uma
mais rápidos de crescimento espinhal. A an álise do estado de cres- hemivértebra convexa (Fig. 4 1-1 42). Em segundo lugar, em termos
cimento é o fa tor mais importante na previsão da possibilidade de
progressão dessas deformidades congênitas. Dubousset et ai. enfati-
zaram a importância de considera r o crescimento do can al espinhal
em três dimensões (Fig. 41-140) . A análise do crescimento poten cial
em ambos os lados da curva ajudará o prognóstico. Por exemplo, se

3 YR
A B
iâ[rimf;iBm) A, Alargamento do canal espinhal de T12-L5. B,
Mie lograma mostra defe ito clássico na linha média em L2 de dias- O[riil;HGD) Progressão da curva com crescimento convexo
tematomielia. (De Winter RB, Haven JJ, Moe JH, et ai: Diastematomyelia norma l e crescimento côncavo deficiente por causa de barra não
and congen ital spine deformities, J Bane Joint Surg 56A:27, 1974.) segmentada. A, Curva in icia l de 35 graus. B, Três anos depois, a
curva tem 48 graus.

A
1_
--L

1
A

h@lh'dBIE!) Crescimento vertebral. Placas ter-


minais do corpo (superior e inferior) (A); fusão
neurocentral (b ipolar) da cartilagem aos 7 ou 8
anos de idade (B); cartilagem dos elementos pos-
teriores (C) . P, periósteo; L, apófise do anel (início
aos 7 a 9 anos de idade, fechamento aos 14 a 24
anos de idade). (Redese nh ada de Dubousset J, Katti
E, Seringe R: Epiphysiodesis of the spi ne in young ch il -
dren for congenital spin al deformations, J Pediatr
Orthop B 1 123, 1993 .)
PARTE XII A COLUNA

de gravidade, está a barra não segm entada unilateral, seguida por unilaterais. Uma hemivértebra pode fi car escondida na coluna entre
dupla hemivértebra convexa. Para cada tipo de anomali a, a taxa d e as vértebras normais adjacentes se m causar uma d eformidade cor-
deterioração geralmente é m enos grave se a ano rmalidade estive r na respondente. Winter deu a isso o nom e de "hemi vértebra encarce-
região torácica superior, mais grave, se na região torácica, e a mais rada". Q uando a hemivértebra estiver separada de qualquer uma das
grave se na região toracolombar (F ig. 41-143). A taxa de d eteriora - vértebras adj acentes por um disco, ela é uma hemivértebra segm en-
ção da curva não é constante, porém, se a curva es tiver presente tada co m duas fises fun cionais em ambos os lados e pode causar
antes de o paciente co mpletar 10 anos d e idade, ela ge ralm ente uma curva le ntamente progressiva (Fig. 41-144).
aumenta, especialmente durante o pico de crescimento puberal. A
escoliose d e menor gravidade é causada por uma vértebra em bloco.
A d efo rmidade produzida por um a falha d e formação é
muito mais difí cil de prever do qu e aquela ca usada por fa lha de
segm entação. A hemi vértebra produz escoliose através de uma
cunha alargada no lado afetado d a coluna ve rtebral, enquanto a
barra não segmentada unil ateral retarda o crescimento no lado
afetado. O desequilíbrio d e crescimento em pacie ntes com hemivér-
tebras não é tão grave quanto naqueles com barras não segmentadas

h!§i!m!Dm) Barra uni latera l e não segmentada com hemi- O!§ii;fü&lm Hemi vérteb ra segmentada com duas f ises fun -
vértebra co ntra lateral. cionais pode causar uma curva le ntamente progressiva.

D Tratamento não é necessário


D Pode precisar de fusão espinhal Tipo de anomal ia congên ita
D Fusão espinhal é necessária
* Pouca ou nenhuma curva Barra não
Hem ivértebra Barra não segmentada
segmentada unilateral e
Vértebra Vérteb ra hemivértebra
Local da cu rvatura uni latera l
em bloco em cunha Simples Dupla contra late ral

Torácica s uperi or < 1º -1 º * -2º 1º - 2º 2º - 2,5º 2° -4º 5° - 6º

Torácica inferior < 1º -1 º 1° - 2º 2º - 2 ,5° 2º - 3º 5º - 6,5° 6º - 7º

Toraco lombar < 1º - 1º 1. 5º - 2º 2º - 3,5° 5º - * 6º - 9º > 10º - *

Lombar < 1º - * < 1º - * < 1º - 1º * > 5º - * *

Lombossacral < 1o 1,5º


* * -
* * *

h[§il;J.jBll!) Ta xa méd ia a nu a l de deterioração sem tratamento para cada tipo de escoli ose congên ita iso lada em cada reg ião da
co lun a verte bra l. Os números à esquerda em cada co lu na referem-se a pacientes atend idos antes dos 1O a nos de idade; os números à
dire ita referem-se a pac ientes atend id os aos 1O anos de idade o u mais.
CAPÍTULO 41 ESCOLIOSE E CIFOSE cmm
QUADRO 41 _ Trata'!'~nto da Escoliose QUADRO 1 _ Erros ~omuns na lnstru_mentação
8 Congemta 41 9 de Pacientes com Escohose
Congênita
Prevenção de deformidade futura
Fusão in situ • Uso de hastes em crianças pequenas, cuja estrutura óssea não
Correção de deformidade - gradual é forte o suficiente para oferecer qualquer estabilidade
Hemiepifisiodese e hemi artrodese •Distra ção excessiva leva ndo à paralisia
Não fusão com hastes de crescimento •Falha ao avaliar no pré-operatório a presença de medul a
Prótese vertical expansível de titânio para costela presa ou outras anomalias intraesp inhais
Correção de deformidade - aguda •Falha ao rea liza r um t est e de despertar após a inserção
Instrumentação e fu são de hastes
Excisão da hemivértebra •Falha ao realizar a fusão adequada devido à confian ça na
Osteotomia estab il idade interna
•Falha ao complementar a instrumentação com imobiliza-
ção externa adequada

TRATAMENTO NÃO CIRÚRGICO


apenas a vértebra envolvida. Um nível cefálico e um nível caudal
O tratamento não cirúrgico é de valor limitado em pacientes com para as vértebras envolvidas são incluídos na fu são.
escoliose congênita. As curvas não progressivas exigem observação A técnica bás ica de fusão espi nhal posterior é descrita na
regular com radiografias de qu alidade duas vezes por ano. A obser- Técnica 41-6. A correção é alcançad a no pós-operatório por um
vação também é útil em pacientes com vá ri as anomalias, nos quais apare lho gessado corretivo o u órtese. Implantes reduzidos mais
é difícil determinar o prognóstico. rece ntes podem se r usados para a estabilização da fusão in situ,
Às vezes, a órtese pode ser usada para con trolar curvas secun- diminuindo o tempo necessário de uso de aparelho gessado ou
dárias quando a curva primária congênita está sendo tratada de órtese.
maneira conservadora. Além disso, a órtese pode impedir a progres-
são de um a curva secundária que está causando problemas de equi- • FUSÃO POSTERIOR COM INSTRUMENTAÇÃO
líbrio. Se o tratamento ortopédico fo r escolhido, deve-se fazer a As vantagens da instrumentação na escoliose congênita incluem
medição cuidadosa e a comparação de radiografias da coluna verte- uma correção ligeiramente maior pode ser obtida, a taxa de pseu-
bral em intervalos de 6 meses. Em virtude da lenta progressão de doartrose pode ser reduzida um pouco e o aparelho gessado ou a
algumas curvas, é importante comparar as radiografias atuais com órtese pós-operatória é menos desagradável. Essas vantagens
todos os filmes anteriores, incluindo os filmes originais, para detec- devem ser ponderadas co ntra os riscos de paralisia e infecção. A
tar a progressão da curva. escoliose congê nita é a condição na qual a paraplegia ocorre com
mais freq uência após a instrumentação de Harrington. O risco de
lesão neurológica pode ser reduzido, m as não eliminado, com uma
TRATAMENTO CIRÚRGICO cuidadosa avaliação pré-operatória por mielografia ou RM, pelo
monitoramento intraoperatório da medula espinhal e pelo uso
Como 75% das curvas congênitas são progressivas, a cirurgia con- rotineiro do teste de desp er tar. A instrumentação não altera o
tüma a ser o tratamento fund amental. A deformidade espinhal con - comprimento da fu são ou a necessidade de fusão facetária, decor-
gênita pode ser tratad a por procedimentos que evitam uma ticações ou enxerto ósseo abundante (Quadro 41-9). Geralmente,
deformidade maior ou procedimentos que corrigem a deformidade a instrumentação deve ser reservada para curvas maiores em
presente. Se o tratamento visa corrigir a defo rmidade presente, a crianças mais velhas, nas quais a obtenção e a manutenção da
curva pode ser corrigida gradual ou imediatamente. Os métodos correção das curvas seriam di fíce is somente com um aparelho
cirú rgicos disponíveis para o tratamento da escoliose congênita gessado. As curvas devem ser fl exíveis e as anormalidades intraes-
estão descritos no Quadro 4 1-8. pinhais não devem estar presentes. Idealmente, a cifose não deve
ser significativa. O objetivo dessa cirurgia é a correção modesta e
• FUSÃO POSTERIOR SEM INSTRUMENTAÇÃO o co ntrole da curva. É mand atár io realizar o teste de despertar
A fusão in situ permite a estab ilização de uma curva que mostrou nesses pacientes. A instrumentação é us ada para aumentar a taxa
progressão documentada ou cuja progressão é prevista. De modo de fus ão e atuar como estrutura estabilizadora, e não para obter
ideal, é realizada precocemente para curvas peq uenas, a fim de evitar uma correção significativa.
que se tornem inaceitavelmente grandes. Uma controvérsia em
relação à fu são in situ consiste em saber se um a fu são posterior e • FUSÃO ANTERIOR E POSTERIOR COMBINADA
anterior combin ada é necessária. A fusão posterior isolada pode As principais indicações para a fusão anterior e posterior, em vez de
controlar a progressão da curva, m as se houver um crescimento fusão posterior isolada, são para tratar problemas no plano sagital,
anterior signifi cativo da vértebra envolvida, a progressão da defor- aum entar a flexibilidade da escoliose por discectornia, eliminar a fise
midade pode ocorrer em algu mas crianças novas por causa do fenô- anterior para evitar a flexão ou torção da massa de fusão com maior
meno do virabrequim. Se a fu são anterior fo r necessária, pode ser crescimento (fe nômeno do virabrequim) e tratar as curvas com um
realizada por meio de um a técnica aberta anterior, por toracoscopia, potencial significativo de progressão. O procedimento anterior con-
ou com uma abordagem posterior através dos pedículos. A fusão in siste na remoção do disco, das placas terminais de cartilagem e das
situ para barras não segmentadas unilaterais, geralmente inclui placas terminais ósseas. O enxerto ósseo em forma de fragmentos
llllEi!) PARTE XII A COLUNA

e
O!§lh§ill:l:m A, Como os pedicu los são cu reta dos. B, Vista anterior do osso removido durante o proced imento de "casca de ovo".
C, O osso fi ca quase comp letamente oco e as placas term inais e os d iscos foram removidos. VEJA A TÉCNICA 41-37.

ósseos é colocado no espaço do disco para a fusão. A instrumentação


ao corpo vertebral, e Heinig, que descreveu o procedi -
anterior não é usada. A coluna vertebral é exposta no lado convexo,
mento de "casca de ovo", assim chamado porque o corpo
mas a abordagem é ditada pelo nível da curva. A fusão anterior
vertebral é escavado até se tornar fino como uma casca de
pode ser realizada por meio de uma abordagem aberta anterior ou
ovo antes de sofrer o colapso . King et ai. observaram que
por toracoscopia. Após a fusão anterior, um procedimento poste-
as dimensões do pedículo são adequadas para essa técnica
rior é feito. A instrumentação pode ou não ser usada, dep endendo
mesmo em lactentes; no entanto, recomendaram inclu ir na
de alguns fatores, como a gravidade da curva . A conduta pós-ope-

.......
epifisiodese uma TC pré-operatória através do centro de
ratória é a mesma feita após a fusão posterior com ou sem instru -
cada pedícu lo.
mentação. Dubousset et ai. recomendaram a fusão anterior e
~
posterior em pacientes jovens que estão fundidos no nível lombar TÉCNICA '--~~~~~~----'~
antes de Risser grau O e que apresentam deformidade residual
significativa de 30 graus e 10 graus de rotação. Nas curvas toráci- (KING)
cas, a quantidade de efeito do virabrequim que pode ser tolerada
é ponderada contra os ris cos da toracotomia, necessária para rea- •Coloque o paciente na posição prona em uma mesa
lizar a epifisiodese anterior. cirúrgica radiolucente, com um suporte ou rolos de tórax.
Após a preparação e o campeamento, obtenha uma
radiografia sobre um marcador de pele para identificar o
HEMIEPIFISIODESE TRANSPEDICULAR níve l adequado para a incisão.
CONVEXA ANTERIOR E ARTRODESE •Faça uma única incisão posterior na li nha média e retraia
POSTERIOR os músculos paraespinais em ambos os lados da curva até
as pontas dos processos costotransversários na coluna
King et ai. descreveram uma técnica de hemiepifisiodese torácica e lateralmente às articulações facetárias na
transpedicular convexa anterior combinada com a artro- coluna lombar.
dese posterior para o tratamento da escoliose congênita •Remova o osso cortical na área do pedículo a ser extraído
progressiva. Na realidade, uma fusão anterior e posterior cauda lmente à articulação facetária e na base do pro-
combinada pode ser feita através de uma única abordagem cesso costotransversário na coluna torácica.
posterior. Esses autores re lataram a paralisação da progres- •Use a cu reta para remover o osso esponjoso. A cavidade
são da curva em todos seus nove pacientes após esse pro- medular do pedículo pode agora ser vista. O córtex indica
ced imento. A idade média dos pacientes na cirurgia era de mediaimente o limite do canal espinhal e indica caudal e
9 anos . Sua técn ica é baseada no traba lho de Michel e cranialmente as margens dos forames intervertebra is
Krueger, que descreveram uma abordagem transpedicular neurais. Use curetas progressivamente maiores até que
CAPÍTULO 41 ESCOLI OSE E CIFOSE (Eim
1
somente a borda cortical do pedículo permaneça (Fig. AL
1
AR
41-145A). Então, as margens do pedícu lo se expandem
ao corpo vertebral. -----, L
•Remova o osso esponjoso, criando um orifício na metade PL
latera l do corpo vertebral, e use curetas curvas para
remover o osso esponjoso do corpo vertebral nas direções A e
cefá lica e caudal até encontrar o osso da placa terminal,
a f ise e o disco intervertebra l. Pode ocorrer rápido san - 1
1
gramento e o cirurg ião deve estar preparado para isso.
•Para uma única hemivértebra, mine o pedículo da própria
hem ivértebra, juntamente com o da vértebra adjacente
_____cfl_
nas direções cefálica e caudal (Fig. 41-1458) A comuni-
cação com cada orifício do pedícu lo oposto à fise e ao
espaço do disco é faci lmente alcançada (Fig. 41-145C) D F
•Acondicione o osso autógeno da crista ilíaca inferior aos
pedículos e através das placas term inais vertebrais e dos h@i@.1 ~ A, Crescimento vertebra l no plano horizontal ,
discos. quatro segmentos: AL, anter ior esq uerdo; AR, anter ior d ire ito;
•Posteriormente, excise as articulações facetárias convexa PL, posterior esquerdo; e PR, posterior d ireito. B, Barra posterior
e côncava e coloque o osso esponjoso. Realize a decorti- congênita envolvendo PL e PR; níve l de ep ifis iodese deve ser AL
cação bilateralmente. e AR. C, Defe ito anterior e nvo lvendo AL e AR; epif isiodese deve
•Use o enxerto ósseo autólogo da crista ilíaca em todos os envolver PL e PR . D, Excesso anter ior do potencial de crescimento
pacientes e aumente-o com aloenxerto, se necessário. envolvendo tanto AR e AL; epif isiodese deve envolver tanto AR
•Se a fi xação interna for necessária, um fio ou um dispo- e AL, acima e abaixo. E, Barra posterolatera l congênita envolvendo
sitivo de compressão pode ser usado. somente PL; epifisiodese deve envolver somente AR. F, Crescimento
em excesso (hemivértebra) envolvendo somente AR e parte de
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O paciente é colocado PR; hemiepifisiodese deve envolver AR e PR. (Modificada de Dubou-
em uma TLSO durante 4 a 6 meses . Após esse período, sset J, Katti E, Seringe R: Epiphysiodesis of spine in young children for
não é usada imobilização adicional. congenital spinal deformation, J Pediatr Orthop B 1:23, 1993.)

transpedicular com hemiartrodese posterior em pacientes selecio-


• HEMIEPIFISIODESE CONVEXA ANTERIOR E
nados com hemivértebras únicas.
POSTERIOR COMBINADA (PARADA DE
CRESCIMENTO)
A correção gradual da escoliose congênita pode ser obtida através
da utilização de uma hemiepifisiodese convexa. Essa técnica é usada HEMIEPIFISIODESE CONVEXA
para curvas que resultam da falha de formação; ela não é utilizada ANTERIOR E POSTERIOR E FUSÃO
em fa lhas de segmentação. A correção da deformidade baseia-se no
~
futuro crescimento da coluna vertebral no lado côncavo. Em defor- TÉCNICA
midades ca usadas pela falha de segmentação, não há potencial de
1
~~~~~~~~-~
crescimento no lado côncavo. Essa técnica é a melhor para tratar (WINTER)
hem ivértebras únicas que não resultaram em uma grande curva no
momento da cirurgia, sendo adequada para crianças com menos de •Coloque o paciente em uma posição lateral reta com a
5 anos de idade que preencham determinados critérios: uma curva convexidade da curva voltada para cima. Prepare e drapeje
progressiva documentada, uma curva com menos de 50 graus, uma a parte dorsal e latera l no mesmo campo. A técnica de
curva de seis segmentos ou menos, potencial de crescimento côncavo abordagem anterior varia de acordo com o nível a ser
e ausência de cifose ou lordose congênita patológica. Mesmo se o lado fundido (Técnicas 41-24 e 41 -25). A abordagem posterior
côncavo parar de crescer, a fusão anterior e posterior obtém um bom é uma exposição subperiosteal padrão (Técnica 41-6), mas
resultado em termos de estabilização da curva. A epifisiodese de toda é sempre apenas no lado convexo da curva.
a curva, e não apenas o segmento apical, deve ser feita . A imobilização • Uma vez que a curva esteja exposta, insira agu lhas ou
espinhal rígida é usada até que as fusões estejam sólidas, geralmente outros marcadores anterior e posteriormente, para que
cerca de 6 meses após a cirurgia. ambos os lados sejam visíveis em uma radiografia em
O planejamento pré-operatório é importante. Cada vértebra cross-table (perfil cirúrgico de Arcelin). A fa lha em colocar
deve ser considerada um cubo dividido em quatro quadrantes, com a fusão precisamente na área adequada pode causar um
cada um crescendo simetricamente em torno do canal espinhal (Fig. resultado ruim.
41-146). Quando o crescimento é desequilibrado, as zonas que •Uma vez identificada a área adequada, incise o periósteo
d:vem ser fundidas par~ restab~le.cer o !crescimento equilibrado dos corpos vertebrais anteriores e descole-o para frente
sao det~rmmadas no p.re -.operaton~. K1rg et ai. observaram um da margem lateral do ligamento long itudina l anterior e
verdade iro efeito de ep1fis10dese apos a nem1ep1fis10dese transpe- para trás da base do pedícu lo (Fig. 41- 147A)
dicular convexa anterior (Técnica 41-37) lem quatro dos seus nove •Incise o ânu lo do disco em suas margens superior e infe-
pacientes, - todos os quatro apresentando hemivértebras únicas. rior e remova a porção superficial do núcleo pu lposo. )
Com base nesses resultados, eles recomendaram a hemiepifisiodese
PARTE XII A COLUNA

O@ii;tijtllli) Hemiepifisiodese convexa anterior e posterior


combinada. A, Periósteo dos corpos vertebrais anteriores incisado
e descolado para frente e para trás. B, Depressão criada no lado
lateral dos corpos vertebrais. O enxerto autógeno da costela é
colocado na depressão. C, Área a ser fundida é exposta através da
exposição subperiosteal unilateral padrão. A área é decorticada e e
o enxerto ósseo é aplicado. VEJA A TÉCNICA 41-38.

•Remova cuidadosamente as placas terminais cartilagino-


)
sas, que são espessas em crianças, retirando pelo menos
um terço das fises, mas nunca mais do que a metade. CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O uso de aparelho gessado
•Uma vez removidas as placas terminais cartilag inosas, continua durante 6 meses, sendo trocado com a frequência
remova a placa terminal óssea cortica l com uma cureta. necessária. O acompanhamento deve ser continuado até o
•Faça uma calha no lado latera l dos corpos vertebrais (Fi g. fim do crescimento. Os resultados podem parecer excelentes
41 -147B) e coloque nela o enxerto autógeno da costela. por anos, mas podem deteriorar durante o pico de cresci-
Use o osso esponjoso para aumentar o enxerto. Se a mento puberal.
costela autógena não estiver disponível, use o osso ilíaco
ou um proveniente de banco de ossos.
•O procedimento posterior consiste em uma exposição
subperiostea l unilateral padrão da área a ser fundida (Fig . • EXCISÃO DA HEMIVÉRTEBRA
41-147 C). A excisão da hemivértebra pode produzir a correção imediata de
• Excise as articulações facetárias, remova qualquer carti la- uma deformidade espinhal congênita. Essa técnica removerá a causa
gem da faceta, faça a decorticação de toda a área e e evitará o agravamento da deformidade. A excisão da hemivértebra
ap liqu e um enxerto ósseo. geralmente é reservada para pacientes com obliquidade pélvica (Fig.
•Aplique um gesso corretivo de Risser enquanto a criança 41-148) ou translação lateral fixa do tórax, que não podem ser cor-
ainda estiver anest esiada, a fim de evitar o uso de uma rigidas por outros meios. Na área lombossacral, a excisão da hemi-
segunda anestesia. vértebra pode melhorar o desequilíbrio do tronco. O L3-L4, ou nível
lombossacral, abaixo do nível do cone medular, é o nível mais seguro
CAPÍTULO 41 ESCOLIOSE E CIFOSE lf:!tf#

iê!§ii;HDllI!) A e B, Hemivértebra . C, Após excisão da hemivértebra e fusão com hastes de segmento curto e ligações transversa is.
D, Após a remoção da haste.

para fazer essa excisão. A excisão da hemivértebra na área torácica Winter enfatizo u que a exc1sao da hemivértebra deve ser
apresenta mais riscos, uma vez que essa área do canal espinhal é mais considerada uma osteotomia convexa no ápice da curva. Toda a
estreita e tem o menor suprimento sanguíneo. parte frontal e dorsal da curva deve ser fundida. O risco neuroló-
As curvas que melhor recebem o tratamento por excisão da gico é in erente a essa excisão, uma vez que o canal espinhal é
hemivértebra são as curvas angulares, nas quais a hemivértebra é o acessado tanto po r via anterior quanto posterior. Winter descreveu
ápice. Essa técnica tem sido relatada principalmente em hemivérte- dois pacientes com problema de rai z lombar após a excisão da
bras lombossacrais que prod uzem a descompensação espinhal hemivértebra.
lateral em pacientes para os qu ais as técnicas de estabilização da Leatherman e Dickson recomendaram um procedimento de
curva não conseguem obter o alinhamento adequado. A indicação dois estágios, no qual o corpo vertebral é removido através de uma
ótima de ressecção da hemivértebra é para um paciente com menos exposição anterior; en tão, num segundo estágio, os elementos pos-
de 5 anos de idade com uma hemivértebra toracolombar, lombar ou teriores são removidos e a fusão é feita . Outros autores relataram
lombossacral que está associada ao desequilíbrio do tronco. resultados aceitáveis com a ressecção da hemivértebra de único
PARTE XII A COLUNA

O!ijii;HB:l:B) Escoliose congênita progress iva do tipo 1em menino de aproximadamente 2,5 anos de idade. A, Radiografia na posição
ortostática mostra curva toracolombar significativa com descompensação do tronco acentuada . B, Tomografia anteroposterior mostra
a natureza da anomalia congênita. Observe os espaços de disco saudáveis em ambos os lados. C, Vista posteroanterior intraoperatória
obtid a com intens ifi cador de imagem, identifi cando o pedícu lo da hemivértebra. A hemivértebra foi removida pela técnica da "casca
de ovo". D, Imagem posteroanterior com intensificador de imagem mostrando que a hemivértebra foi excisada. O espaço foi preench ido
com enxerto ósseo, um fio sublaminar foi inserido e apertado entre duas lâminas adjacentes e o enxerto ósseo foi ap licado à lâmina
no lado convexo. E, Imagem com intensificador de imagem da estrutura e correção conc luídas. F, Radiograf ia posteroanterior na posição
ortostática obtida com o paciente gessado. Observe a excelente correção da curvatura e a centra lização do tronco sobre a pe lve . (De
Lubi cky JP: Congenital scoliosis. ln Bridwell KH, DeWald RL, ed itors: The textbook of spinal surgery, ed 2, Philadelphia, 1997, Lippincott-Raven.)

estágio por via anterior e posterior. Se houver cifose sign ificativa fixação interna e a imobilização extern a com essa técnica. Ele obser-
associada, a hemivértebra pode ser excisada por uma técn ica poste- vo u qu e a quantidade de correção imediata a partir dessa técnica era
rior isolada, conforme descrita por Rufe Harms, ou através de uma imprevisível, mas geralmente acarretava uma hemiepifisiodese
costotransversectomia, descrita por Smith. Em geral, a imobilização quando combinada com fusão convexa posterior no mesmo nível.
pós-operatória com aparelho gessado ou órtese é prescrita por 6 Recomendou que a técn ica fosse realizada com controle de imagem
meses. O uso de instrumentação com implantes reduzidos fornecerá em arco cirúrgico (Figs. 41- 149 a 41-151). Heinig e Lubicky acon-
a fixação adequada e pode permitir o uso de órtese em vez de apa- selharam deixar a hemilâmina no lugar até a ressecção do corpo
relho gessado, mas o estoque ósseo deve ser adequado para aceitar vertebral ser concluída, a fim de proteger o tubo neural durante o
a instrumentação. uso da cureta. Essa técnica pode ser útil se a hemivértebra estiver
Heinig descreveu um procedimento de descancelamen to rea- localizada posteriormente ao lado do canal espinhal, onde pode ser
lizado com curetas através do pedículo. Lubicky recomendou a difícil visuali zar a hemivértebra anteriormente.
CAPÍTULO 41 ESCOLIOSE E CIFOSE (lm

O!§l!;fflBmi) Escoliose congênita progressiva do tipo 1em menina de 23 meses de idade. A, Vista posteroanterior na posição ortos-
tática mostra curva significativa com deslocamento do tronco para a direita. A criança foi submetida à vertebrectomia de "casca de
ovo" e hemiartrodese e hemiepifisiodese com correção aguda fornecida pelo sistema de compressão CD pediátrico. B, Vista intraope-
ratória do sistema de compressão posicionado. As setas fechadas indicam a posi ção do gancho, com a seta superior a dois níveis acima
da hemivértebra e a seta inferior a um nível abaixo da hemivértebra . A seta aberta indica onde a hemivértebra estava localizada antes
da vertebrectomia de "casca de ovo". A estrutura está no lado conve xo da curva. C, Vista posteroanterior na posição ortostática obtida
com órtese no pós-operatório mostra a correção significativa da curva e a melhor centra li zação do tronco sobre a pelve. (De Lubicky JP:
Congenital scoliosis. ln Bridwe ll KH, DeWald RL, editors: The textbook of spinal surgery, ed 2, Philadelphia, 1997, Lippincott-Rave n.)

EXCISÃO DA HEMIVÉRTEBRA
TÉCNICA
(HEDEQUIST E EMANS)

•Coloque o paciente em decúbito latera l para a aborda-


gem anteroposterior simu ltânea. A abordagem anterior é
no lado convexo e deve ser marcada antes da cirurgia
(Fig. 41-152A).
•Para o procedimento anterior, acesse a coluna vertebral
através de uma abordagem transtorácica, transtorácica-
retroperitoneal ou retroperitonea l padrão, dependendo
da localização da hemivértebra. Só é necessário expor a
hemivértebra e os discos acima e abaixo dela.
•Para a abordagem posterior, faça uma incisão posterior
padrão na linha média e rea lize a dissecção até as pontas
do processo transverso, tomando cuidado ao dissecar
sobre as áreas de deficiência laminar.
•Depois de concluir a dissecção, obtenha uma radiografia
localizada ou vista fluoroscópica para confirmar o nível
adequado.
O[rill;flOIED Vista posteroanterior na posição ortostática da
coluna vertebral de uma menina de 8,5 anos de idade mostra EXCISÃO DA HEMIVÉRTEBRA
uma co luna bem equilibrada e hemiepifisiodese sólida à • Inicie a excisão dissecando sobre a margem do processo
esquerda na coluna lomba r 7 anos após um procedimento seme- transverso e abaixo da parede lateral do corpo com
lhante à técnica da "casca de ovo". (De Lubi cky JP: Congen ital um elevador de Cobb e um dispositivo de ponta curva.
scoliosis. ln Bridwell KH, DeWald RL, editors: The textbook of spinal Coloque um afastador curvo. Se a hem ivé rtebra estiver )
surgery, ed 2, Philadelphia, 1997, Lippincott-Raven.)
~ PARTE XII A COLUNA

~~~--~~-Ligam ento
amarelo
""

Fórceps de
extração - - --Elevador
da raiz de Cobb

Córtex posterior
da hemivértebra

E Pedículo
F
O[rii!@GIE!) Excisão da hemivértebra . A, Posicionamento do paciente para excisão anteroposterior. B e C, Ressecção da hemilâmina
posterior com pinça de Kerrison. D, Compressão de ganchos laminares com fechamento do local de excisão . E, Ressecção anter ior.
F, Ressecção levada ao pedículo. (De: Hedequist DJ, Ema ns JB : Hemive rteb ra excision. ln Wiesel SW, ed itor: Operative techniques in orthopaedic
surgery, Phil adelphia, 20 11, Wo lte rs Kluwer/ Li ppincott Will iams & W il kins, p. 1466.) VEJA A TÉCNICA 41-39 .
CAPÍTULO 41 ESCOLI OSE E CI FOSE iimp@
na região torácica, resseque primeiro a cabeça da costela EXCISÃO ANTEROPOSTERIOR
)
para obter acesso. • Se for realizada excisão anteroposterior, coloque as
•Resseque as superfícies carti laginosas da faceta côncava âncoras posteriores de implante antes da ressecção. Uma
para incentivar a fusão. vez realizada a exposição completa, coloque os parafusos
•Com uma pinça de Kerrison, inicie a ressecção na linha posteriores.
média com o ligamento amarelo, seguida pela ressecção •Crie um retalho subperiosteal de espessura tota l sobre a
da hemilâm ina (Fig. 4 1- 152B). Estenda a ressecção até a hemivértebra após a loca lização ser confirmada (Fig.
faceta, protegendo as raízes nervosas acima e aba ixo da 41-152E).
hemivértebra. Resseque o processo transverso e o osso •Iniciando na placa termina l inferior do corpo superior
cortical sobre o pedículo até visua lizar o osso esponjoso adjacente e na placa terminal superior do corpo inferior
do pedícu lo e os contornos corticais de suas paredes. adjacente, crie cortes longitud ina is de espessura total no
Novamente, tome cuidado para evitar as raízes nervosas. periósteo, trabalhando anteriormente para o lado contra-
Gelfoam e cotonoides podem ser usados para proteger a lateral. Em seguida, prossiga posteriormente até o pedí-
dura-máter durante a ressecção . culo hemivertebral ser visto.
•Desenvolva o plano subperiostea l em direção inferior à •Resseque os discos acima e abaixo da hemivértebra pos-
parede lateral do pedícu lo e do corpo, usando um eleva- teriormente até o li gamento longitud ina l posterior.
dor de Cobb para faci litar a retração e a proteção. O •Resseque o corpo hemivertebra l acima e abaixo da parede
conteúdo da du ra-máter pode ser proteg ido por um afas- cortica l posterior do corpo com pinças e uma broca com
tador de raiz nervosa. A perda sanguínea pode ser con- ponta de diamante. A parede posterior pode ser resse-
trolada por vedação bipolar dos vasos epidurais. Use uma cada para fora do ligamento longitudinal posterior, ini-
broca com ponta de diamante para continuar a ressecção ciando no nível das ressecçôes do disco. A parte visível
até o pedícu lo e o corpo hemivertebra l, protegendo os do pedícu lo pode ser ressecada .
tecidos moles contra lesôes indesejadas. Trabalhe gradu- • Para a ressecção posterior, inicie com a hemilâm ina e
almente dentro das paredes do pedículo e dos limites do prossiga até o pedículo (Fig . 41-152F) Com ambas as
corpo para remover as camadas corticais mais facilmente incisões abertas e os campos expostos, o pedículo pode
(Fig. 4 1-152C). Resseque as paredes do pedícu lo e as ser ressecado através das incisões.
paredes remanescentes do corpo hemivertebral. Gera l- •Uma vez que a hemivértebra tenha sido ressecada, o
mente, o córtex dorsa l do corpo vertebral é removido por fechamento em cunha e a correção da deformidade
último. A ressecção é em forma de cunha e inclui os podem prossegu ir conforme descrito anteriormente.
discos acima e aba ixo, bem como a sua área côncava.
•Enquanto protege a dura-máter e seu conteúdo, remova CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O cuidado pós-operató-
o material do disco com uma pinça pituitária e cureta. rio é semelhante àqueles de outros procedimentos de
Não remova o material do disco acima ou abaixo, senão correção espinhal. Se a fixação for adequada, os pacien-
a correção será lim itada. Prossiga o fechamento em tes podem ser colocados em uma TLSO moldada sob
cunha e a correção da deformidade. medida durante 3 meses. Em crianças com menos de 2
anos de idade, ou se a fixação não for adequada, um
FECHAMENTO DA RESSECÇÃO EM CUNHA
aparelho gessado do tipo Risser é recomendado por 2
• Coloque o osso esponjoso vertebral ressecado e os frag- meses, seguido pelo uso de órtese por 6 meses. A
mentos de aloenxerto no loca l da ressecção em cunha remoção de imp lantes pode ser necessária após 1 ano se
anteriormente.
a proeminência for um problema.
•O fechamento da ressecção em cunha é realizado com o
uso de ganchos laminares e pressão externa em três
pontos sobre o corpo .
•Coloque um gancho supralaminar voltado para baixo, no
nível superior, e um gancho infralam inar voltado para OSTEOTOMIAS TRANSPEDICULARES
cima, no nível inferior. DE "CASCA DE OVO" COM
•Para fechar o local de ressecção, insira a haste, usando
compressão para obter a correção. O uso de haste evita
ORIENTAÇÃO ESTEREOTÁXICA SEM
que grandes forças de compressão sejam colocadas nos MOLDURA
parafusos ped icu lares e permite que eles mantenham a Mikles et ai. descreveram uma técnica pa ra osteotomias
correção sem abri-los no osso imaturo. A compressão transpediculares de "casca de ovo" para a escol iose con-
deve ser lenta e controlada. Observe a dura-máter para gên ita com orientação estereotáxica sem moldura. Essa
se certificar de que não fique presa no fechamento dos técn ica é recomendada para pacientes ma is velhos que
elementos posteriores (Fig. 41 - 152D). Se uma correção apresentam escoliose congênita com anormalidades espi-
insuficiente for obtida, resseque mais ao longo das nhais multiplanares. O sistema de orientação foi usado para
margens das lâminas. localizar os pedículos intraoperativamente para o posicio-
• Coloque duas hastes adicionais, em ambos os lados da namento preciso dos parafusos. Eles acreditavam que o
coluna vertebra l, ligadas aos parafusos correspondentes. posicionamento do parafuso era difíci l em virtude da ana-
Aplique uma ligação transversal se possível. tomia anormal e observaram que o uso do sistema de
• Faça a decorticação da coluna e coloque o aloenxerto orientação era útil no posicionamento proxima l e dista l, )
corticoesponjoso vertebra l. criando assim uma estrutura de instrumentação ríg ida.
lllEID PARTE XII A COLUNA

TÉCNICA ~ remanescentes do pedículo. Use curetas ang uladas para


'"-~~~~~~--~ remover o osso esponjoso do corpo vertebral. Remova os
espaços do disco, se necessário. Empurre o assoalho do
) (MIKLES ET AL. )
canal para dentro do espaço criado com cu retas reversas
e, subsequenteme nte, remova-o. A vertebrectom ia com-
•Obten ha uma TC cirúrgica com cortes de 1 mm de um
pleta é tentada, mas nem sempre isso é possível. Isso
nível acima a um nível abaixo da deformidade espinhal,
permite a melhor correção da curva.
usando o protocolo adequado para o sistema de orien-
•Após a conclusão da osteotomia, aplique uma leve
tação estereotáxica sem moldura. As reconstruções tri-
pressão na coluna posterior com extensão dos quadris
dimensionais são assimiladas. Com os sistemas de
para fechar o local da osteotomia. O monitoramento da
orientação por fluoroscopi a mais recen tes, a TC pode
medula espinhal é acompanhada com atenção durante
não ser necessária.
esse período. A dura -máter e as raízes nervosas são
•Determine o nível de osteotomia antes da cirurgia. Isso
continuamente observadas para evitar o aprisionamento.
geralmente corresponde a uma osteotomia de "casca de
A instrumentação de titânio é usada. Alguma correção
ovo" da hemivértebra, mas é individualizado para cada
coronal adicional é obtida com compressão e distração
paciente.
do local da osteotomia. É possível obter lordose adicional
• Monitore a fun ção da medula espinhal e da cauda equina
com o contorno in situ.
com potenciais evocados somatossensoriais.
•Coloque duas ligações transversais e um enxerto ósseo
•Coloque o paciente na posição prona em uma mesa de
autógeno local, que foi retirado do corpo vertebral, late-
Jackson para coluna. Forre cuidadosamente as proemi-
ralmente ao longo dos processos transversos decorticados
nências ósseas.
do segmento instrumentado.
•Faça uma incisão posterior na linha média e disseque
•Feche a camada fascial profunda e coloque um dreno de
subperiostealmente até a deformidade.
sucção por via subcutânea.
•Confirme a localização e a identificação dos elementos
•Realize um teste de despertar de Stagnara na sala de
vertebrais por radiografias simples.
cirurgia.
•Coloque um arco de referência adequado sobre os pro-
cessos espinhais torácicos superi ores.
• Registre vários locai s esqueléticos pelas técnicas de pontos
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Cada paciente é provido
com uma TLSO bem moldada, que é usada por 12
pareados e de correspondência de superfície. Os pontos
semanas, com início no segundo dia pós-operatório.
de registro são determinados somente para dois níveis
acima e abaixo do local da osteotomia.
• Usando o sistema de orientação, loca lize os pedículos
com a sonda digitalizada, um guia de broca digitalizada SÍNDROME DA INSUFICIÊNCIA TORÁCICA
ou uma punção pedicular digitalizada. As técnicas com haste de crescimento podem ser usadas para tratar
•Sonde o pedículo com uma sonda pedicular até a profun - deformidades congênitas que envolvem longas seções da coluna ver-
didade e o ângulo adequados . Insira uma sonda com tebral ou deformidades com grandes curvas compensatórias em
ponta em bola digitalizada no orifício pedicular para regiões normalmente segmentadas acima e abaixo de uma deformi-
checar o comprimento do orifício e verificar a posição dade congênita. A síndrome da insuficiência torácica pode estar asso -
intrapedicular. ciada à escoliose congênita e costelas fundidas. Quando isso ocorre, é
•Coloque os parafusos aproximadamente dois níveis acima melhor tratada durante o crescimento por toracotomia de expansão e
e abaixo do loca l da osteotomia escolhido. inserção de dispositivos VEPTR expansíveis.
•Após o posicionamento do parafuso, identifique os pro- Campbell definiu a síndrome da insuficiência torácica como a
cessos transversos no nível da osteotomia bilateralmente; incapacidade de o tórax sustentar a respiração normal ou o cresci-
identifique os forames acima e abaixo do pedículo e mento pulmonar. Essa condição ocorre em pacientes com sú1dromes
verifique com fluoroscopia. hipoplásicas do tórax, como as síndromes de Jeune e de Jarcho-Levin,
• Apare cuidadosamente a região da linha média com uma escoliose infantil progressiva com distorção redutiva do volume torá-
broca em direção inferior até deixar um a fina camada de cico a partir da rotação da coluna e escoliose congênita associada a
lâmina. costelas fundidas no lado côncavo da curva. Em um tórax hipoplásico
•Reali ze uma laminectomia central no nível escolhido, associado à escoliose congênita, a doença pulmonar restritiva "extrín-
incluindo qualquer lâmina pendente dos níveis acima ou seca" pode ser causada pela limitação do volume dos pulmões subja-
abaixo. centes em desenvolvimento e pela restrição de movimento das costelas
• In icie a osteotom ia posterior de descancelamento no lado com redução do mecanismo de respiração secundário, bem como pela
da anatomia mais precisamente detalhada. Identifique o alteração da mecânica do diafragma. O volume torácico e, portanto,
pedículo de modo circunferencial e remova -o junto com pulmonar, aumenta para 30% do tamanho adulto até 5 a.nos de idade
o seu processo transverso enquanto a proteção visual da e para 50% do tamanho adulto até 10 anos de idade.
raiz nervosa é mantida. O crescimento pulmonar é limitado às margens anatômicas
•Identifique o pedículo em frente à osteotomia proposta do tórax; portanto, qualquer malformação da colun a ou caixa torá-
e faça uma exposição semelhante. cica que reduza o volume torácico no início da vida pode afetar
•Após a remoção do pedículo, exponha o corpo vertebra l adversamente o tamanho dos pulmões na maturidade esquelética
e o assoalho inferior do canal espinhal. (Fig. 41-153). O aumento da altura e do volume torácico é espe-
•Eleve a dura-máter da parede posterior do corpo verte- cialmente importante em pacientes muito jovens, porque o cresci-
bral e inicie o descancelamento do corpo através dos mento pulmonar entre o nascimento e 8 anos de idade está
relacionado com o aumento da quantidade e do tamanho alveolar e
CAPÍTULO 41 ESCOLIOSE E CIFOSE Gilllll

h@ll;!ijCJm> A, Radiografia ao nascimento de uma menina


com escoliose congênita de 50 graus em virtude de várias ano-
malias vertebrais. B, Aos 3 anos de idade, a curva havia aumen-
tado para 83 graus. Ela foi submetida à fusão espinhal convexa
anterior e desenvolveu insuficiência respiratória 6 meses após a
cirurgia, necessitando de oxigên io nasal suplementar. C, Vista
"fa lsa" em decúbito lateral, mostrando melhor as alterações nas
dimensões do tóra x, além da curvatura espinhal. D, TC mostra
extrema hipop lasia do tóra x e pulmões subjacentes. (De Campbell
RM: Congenita l scoliosis dueto mu ltiple vertebral anoma lies associated
with thoracic insufficiency syndrome, Spine: State of the Art Reviews
14210, 2000)

porque o crescimento do pulmão entre 8 anos de idade e a maturi- constritivo, o tórax fica equilibrado, com correção indireta da escoliose.
dade resulta principalmente do aumento no tamanho alveolar. A correção é mantida com uma prótese expansível de titânio para
Foi constatado que os pacientes com escoli ose de início precoce costela. Também se observou uma correção substancial da deformidade
têm uma taxa de mortalidade maior do que aqueles com escoliose hemitorácica, uma média de correção da curva de aproximadamente
idiopática adolescente a partir da insufic iência respiratória. Uma 20 graus, e o crescimento contínuo da coluna vertebral. Também foi
revisão recente da literatura verifico u que os pacientes jovens trata- obse rvado o alongamento das barras não segmentadas unilaterais ao
dos com fusões torácicas tiveram uma taxa alta de cirurgia de longo do tempo em pacientes tratados com técnicas de distração da
rev isão (24% a 39%) e doença pulmonar restri tiva (43% a 64%), com parede torácica (Fig. 41- 154). A vantagem dessa técnica é o tratamento
os pacientes submetidos a fusões torácicas superiores apresentando direto das causas anatômicas da síndrome da insuficiência torácica, sem
maior risco. Fusões torácicas longas para limitar o crescimento torá- interferir com quaisquer procedimentos espin hais subsequentes que
cico e pulmonar em pacientes jovens devem ser evitadas, a fim de possam ser necessários posteriormente na vida.
prevenir o desenvolvimento de insuficiência torácica iatrogênica. Campbell tratou 34 pacientes que apresentavam escoliose congê-
Por causa da incapacidade de as técnicas tradicionais de cor- nita progressiva associada a costelas fundidas do hemitórax côncavo
reção espinhal aumentarem as di mensões do tórax, Campbell desen- com toracoplastia de expansão e w11a prótese de titânio para costela.
volve u uma técnica para tratar diretamente a deformidade da parede Ele recomendou a consideração das técnicas de limitação do cresci-
torácica com a correção indireta da escoliose congênita. Esse proce- mento espinhal, como hastes de crescimento e toracoplastia de expan-
dimento trata a deformidade total global do tórax, permitindo que são, para pacientes com vários níveis de malformação na coltma torácica
a coluna vertebral cresça sem ser perturbada pela intervenção cirúr- ("coltma desordenada") com áreas associadas de deteção ou fusão da
gica, com aumento da altura da coluna torácica e do tórax. costela ("tórax desordenado"). Os pacientes tratados com distração
Gruca descreveu uma técnica de compressão cirúrgica das coste- baseada na costela mostraram uma melhora em suas deformidades da
las para obter a correção da escoliose idiopática no lado convexo da coluna coronal e sagital, estado pulmonar, níveis de hemoglobina e
curva; no entanto, há preocupações sobre esse crescimento torácico estado nutricional. Embora a correção do ângulo de Cobb com essa
limitado e, portanto, pulmonar. Campbell desenvolveu técnicas de técn ica tenha sido bem descrita, foi demonstrado que se correlaciona
instrumentação com distração da costela para o tratamento da cons- precariamente com a função pulmonar e, assim, o(s) método(s) exato(s)
trição hemitorácica primária na deformidade espinhal grave em de melliora fisiológ ica permanece(m) desconhecido(s).
cri anças novas. Ele postulou que a correção indireta da escoliose Desde os relatos iniciais, a distração baseada na costela tem sido
podia ser obtida pela expansão cirúrgica do tórax através da distração utilizada no tratamen to da insuficiência torácica e da escoliose em
da costela no lado côncavo da curva. Ele comparou essa técnica com outras condições, como escoliose neuromuscular e mielomeningo-
uma osteotomia em cunha de abertura de uma co nsolidação viciosa cele. Como essa é uma técnica de distração baseada posteriormente,
de um osso longo. Nessa técnica, a deformidade torácica é corrigida existe um potencial para o desenvolvimento de cifose aumentada,
por uma "toracostomia em cunh a de abertura" no centro da deformi- especialmente em pacientes com aum ento da cifose pré-operatória.
dade do hemitórax côncavo constritivo. Após alongar o hemitórax O aumento da cifose também pode desempenhar um papel na fa lha
llllBf) PARTE XII A COLU NA

H(iji!if;iBIL?) A, Várias anomalias co ngênitas da


coluna torácica, incluindo hemi vé rtebra no lado
convexo da curva e barra não seg mentada unilateral
longa no lado côncavo (setas) , em uma menina d e 2,5
anos de idade com escoliose de 87 graus. B, No acom-
panhamento de 6 anos, a curva foi corrigida para 65
graus. O comprimento da barra segmentada unilate-
a
ral central grande, de T5 T11, no lado côncavo da
cu rva (setas), em comparação pré-o peratória e pós-
operatória, sugere o crescimento no lado côncavo da
curva . (De Campbell RM: Congen ital scoliosis dueto mul-
tiple vertebral anomal ies associated with t horacic insuffi-
ciency synd rome, Spine: State of the Art Reviews 14:21 O,
2000)

de ancoragem proximal da costela. Estruturas mais lon gas da pelve


até as costelas têm sido usadas para prevenir a cifose excessiva; no
entanto, devem ser evitadas em pacientes deambuladores por causa
do aumento da incidência de marcha agachada pós-operatória,
causada pelas alterações na mecânica lombossacral. O neuromoni-
toramento intraoperatório é recomendado para todas as inserções
iniciais e para o alongamento no qual os pacientes apresentam alte-
rações neurológicas no momento de sua inse rção inicial. O papel de
se u uso em alongamentos de rotina em pacientes neurologicamente
normais continua a ser controverso. Um grande estudo multicên-
tri co observou uma taxa de oito lesões neurológicas em 1. 736 pro-
cedimentos consecutivos (0,5%), das quais cinco ocorreram no
momento da implantação inicial (1 /5%). Quando usada, deve incluir
o monitoramento das extremidades superio res, uma vez que a extre-
midade superior estava envolvida em seis dos oito casos, podendo
estar relac ionada com a lesão do plexo braquial.

TORACOPLASTIA DE EXPANSÃO
O dispositivo de prótese expansível de titân io para costela
está disponíve l em duas formas. O dispositivo com um rai o
de 220 mm é o mais comumente usado no trata mento de
costelas fundidas e da escoliose . A liga de titânio permite o
uso da RM no pós-operatório. Existem três âncoras disponí-
veis : costela, coluna vertebral e pelve. A âncora de costela lj@ilijijB& Dispositivo protético expansível para costela.
consiste em dois grampos em forma de C que, quando (Redese nhada de Campbel l RM, persona l comm unication.) VEJA A
fechados, fo rmam um cerco frouxo ao red or da costela, TÉCNICA 41-41.
evitando o comprometimento vascular da coste la subja-
ce nte. A estab ilidade lateral é fornec ida pelos tecidos moles
circundantes. A âncora da coluna vertebral consiste em um da costela. Isso proporciona capacidade de expansão va ri-
gancho laminar fechado de baixo perfil. A âncora pélvica ável para o dispositivo em incrementas de 5 mm. É im por-
co nsiste em um gan cho de McCarthy modifi cado em forma tante inserir o dispositivo com as mangas comp letamente
de S, qu e é colocado sobre a crista ilíaca. A parte centra l sobrepostas, a f im de maximizar a excu rsão da estrut ura
do dispositivo é composta por duas mangas deslizantes da antes de a revisão ser necessária (Fig. 41-155) .
costela. A ma nga superior é inseri da na âncora cra niana,

--------'~
que gera lmente é uma costela, e a manga inferior é inse- TÉCNICA
rida na âncora cauda l, que pode ser uma costela, a coluna
vertebral ou a pelve. Através de um dos dois orifícios, o (CAMPBELL)
dispositivo é fechado inferiormente por uma trava seme-
lhante a pinos, a 5 mm da manga dist al da costela, nos •Coloque o paciente em decúbito lateral com o lado
orifícios de espessura parcial na colu na de suporte inferior côncavo do hemitórax voltado para cima. Um pequeno
CAPÍTULO 41 ESCOLIOSE E CIFOSE cmllll
travesseiro acolchoado pode ser colocado no ápice da •Selecione o local do suporte inferior da costela esco-
curva para ajudar na correção . lhendo uma costela de fixação que está clinicamente
•O monitoramento espinhal intraoperatório das extremi- estável, o mais horizontal possível, e na margem inferior
dades superiores e inferiores é usado. Inicie a profilaxia da constrição torácica . Evite inserções instáveis da costela
antibiótica intravenosa. dista lmente (costela vestigi al), por causa das altas cargas
•Faça uma incisão de toracotomia ao redor da ponta da co locadas no dispositivo na expansão de uma parede
escápula e leve-a anteriormente. Frequentemente, em torácica fundida.
pacientes com costelas fundidas, a escápula é hipoplásica •Insira o suporte superior antes de a toracotom ia em
e proximalmente elevada. Nesses pacientes, a incisão da cunha de abertu ra ser realizada. O suporte inferior não é
pele pode precisar ser levada mais distal ao percorrer ao colocado nesse momento, pois o tamanho do dispositivo
redor da escápula . necessário para manter a correção aguda do hemitórax
•Se um dispositivo híbrido for usado, faça uma segunda não é conhecido até que o hemitórax seja alongado pela
incisão a 1 cm lateralmente à linha média sobre a coluna toracostom ia em cunha de abertura.
lombar proximal (Fig. 41-156A) . •A deformidade do hemitórax côncavo é corrigida por
•Através da incisão de toracostomia, eleve os retalhos uma toracostomia em cunha de abertura (Fig. 41-156F) ,
muscu lares e identifique proximalmente o músculo esca- que corrige o "tórax angulado" de maneira semelhante
leno médio . Coloqu e os dispositivos na segunda costela a uma osteotomia em cunha de abertura feita para cor-
posterior ao múscu lo escaleno. A inserção não é feita rigir a consolidação viciosa de um osso longo.
proximalmente ao lado anterior do dispositivo do músculo •Coloque a toracostomia no ápice da constrição torácica,
esca leno médio, por causa do ri sco de impacto no feixe onde pode corrigir melhor o hemitórax côncavo, alongar
neurovascu lar (Fig. 41-1568). o segmento constritivo e alargar as costelas superiores
•Uma vez concluída a exposição, identifique a massa de lateralmente para aumentar o volume torácico. Na maioria
fusão central da costela por meio da ausência de múscu- dos pacientes, essa linha de correção não passa através
los intercostais. Esse é o centro do ápice da deformidade do ápice da escol iose, mas sim acima dela.
torácica, onde o hemitórax côncavo está mais fortemente •Para confirmar a posição correta, coloque marcadores de
comprimido pela fusão da costela e é mais bem visto nas metal na parede torácica e veri f ique a local ização com
radiografias em flexão pré-operatórias. radiografias em braço C, comparando-as com o plano
•Antes de rea lizar a toracostomia em cunha de abertura, pré-operatório.
prepare os locais de suporte da prótese de costela proximal •A linha de clivagem para a toracostomia em cunha de
e distalmente. Usando um eletrocautério, faça incisões de abertura primária pode ser através de uma massa de
1 cm nos músculos intercosta is abaixo da segunda costela, costelas fundidas, de uma área de aderências fibrosas
com uma segunda incisão de 5 mm acima dela no músculo. entre duas costelas, ou do músculo intercosta l vestig ial.
•Use um elevador para retirar cuidadosamente apenas a Se o interva lo escolhido for ósseo, use pinças rongeur e
porção anterior do periósteo da costela, sem violar a de Kerrison para fazer a toracostomia. Tome cuidado para
pleura (Fig . 41-156C). não refletir o periósteo do local da incisão da costela, o
•Insira um segundo elevador dentro da incisão proximal que irá desvascularizá-la . Retire o periósteo subjacente
do músculo intercostal para circundar a costela. com um elevador de Penfield nº 4. A linha da toracosto-
•Prepare o local de suporte inferior da costela da mesma mia se estende posteriormente desde o esterno, ao longo
forma. dos contornos das costelas, até os processos transversos
•Insira lateralmente a capa do suporte na incisão proxima l da colu na vertebral.
do músculo intercostal, e, então, vire-a distalmente para •Reflita os músculos paraespinhais de lateral para medial .
circundar a costela de maneira semelhante à inserção de Tome cu idado para não expor a coluna, para minimizar
um gancho laminar esp inhal. o risco de fusão inadvertida.
•Passe o suporte superior da costela pela incisão inferior •Uma vez concluída a exposição, afaste cuidadosamente
do músculo intercostal (Fig. 41-1560), junte-o à capa do o intervalo da toracostomia com dois afastadores venosos,
suporte e fixe-o com um alicate (Fig . 41-156E) para perm itir que um separador de lâmina seja inserido
•Os locais dos suportes devem estar imediatamente late- entre as costelas na linha axilar média do tórax. Em
rais aos processos tran sversos da coluna verteb ral. O loca l segu ida, conclua a toracostomia em cunha de abertura,
do suporte superior deve ser no topo da área do hemitó- alargando gradua lmente o separador de lâmina em
rax comprimido. Se esse local não fornecer uma distância cerca de 5 mm a cada 3 minutos (Fig. 41- 156G) até que
suficiente entre os suportes para um dispositivo com com- o intervalo torácico esteja ampliado para aproximada -
primento suficiente para ter uma capacidade de expansão mente 1 cm.
razoáve l, o local pode ser movido superiormente. No •Se as costelas forem facilmente afastadas e houver pelo
entanto, em colunas muito flexíveis, deve-se ter cuidado menos 0,5 cm de tecido mole entre as costelas conforme
para não induzir uma grande curva compensatória acima se articulam com a coluna medial, não há necessidade de
da constrição primária do hemitórax ao colocar o suporte fazer mais ressecção.
de costela a uma distância muito superior. O loca l do • Se a distração da costela for difícil, uma massa de fusão da
suporte inferior deve ser uma base estável da área do costela adicional provavelmente exigirá ressecção medial. Se
hemitórax comprimido, abaixo da linha da toracostomia uma ressecção maior for necessária, corte um canal com 1
em cunha de abertura e geralmente circundando duas cm de largura mediaimente no ápice posterior da toracosto-
costelas fundidas. mia em cunha de abertura, ressecando a costela fund ida )
lllllBD PARTE XII A COLUNA

A B

e D

E F
O[§ii;H ~ A-J, Técn ica de Campbell de toracoplastia de expansão. Consulte o texto para descrição. (Redesenha da de Campbell RM,
comunicação pessoa l, 2000). VEJA A TÉCNICA 41-41.
CAPÍTULO 41 ESCOLIOSE E CIFOSE Gnlll

iij@IJ;ffl jll&i.801,\M

remanesc_ente anterior ~o processo transverso e levando-a •Se a distra ção máxima do interva lo de toracostomia for
)
em d1reçao inferior ate o corpo vertebral para a remoção de 2 cm ou menos, a pleura subjacente gera lm ente se
completa. estende e permanece intacta. Se a distração for maior do
•Exponha o osso a ser removido, por poucos mil ímetros que 2 cm, a pleu ra pode começa r a lacerar. Pequenas
por vez, por dissecção subperiostea l com um elevado r lacerações na pleura não exigem tratamento, mas os
de Freer. defe itos substanciais são tratados com uma membrana
•Use uma rongeur para remover o osso exposto. Tome de Gore-Tex (WL Gore and Assoe., Fl agstaff, AZ) suturada
cu idado para ressecar somente o osso visível, evitando às margens da pleura intacta. Evite inserir essa membrana
o canal esp inha l posteriormente e o esôfago e grandes na costela, músculo ou periósteo, pois ela f icará presa.
vasos anteriormente. Preserve os vasos segmentares Uma membrana de Gore-Tex com 0,6 cm de espessura é
anôma los. usada para defeitos pequenos, e uma camada de 2 mm
•Desarticule os últimos 5 mm da costela fund ida a partir é usada para defeitos maiores. A camada de Gore-Tex
da coluna com uma cureta angular, evitando o neurofo- normalmente é colocada após o dispositivo ter sido
rame, até que o disco de ca rtilagem articu lar esteja visível. implantado, de modo a perm itir o dimensionamento
•M antenha a hemostasia com cauterização bipolar. preciso da camada necessária para o máximo vo lu me
•Coloque a cera para osso sobre quaisquer superfícies torácico. A superfície da camada é levada para fora pa ra
ósseas cruas . maximizar o vol ume. )
PARTE XII A COLUNA

•Após o tórax ser expandido pelo separador de lâm ina, que 3 cm podem precisar de um aumento para fornecer
)
meça a distância entre os locais de suporte inferior e estabi lidade da parede torácica, por meio da centra lização
superior para determinar o tamanho necessário do dispo- das "pseudocostelas" criadas cirurgicamente no defeito,
sitivo. O suporte inferior de costela e a manga da costela adição de ma is dispositivos ou implantação de uma mem-
devem ter tamanhos compatíveis . Um suporte inferior de brana de Gore-Tex (2 mm de espessura) sobre o defeito.
costela que seja substancialmente menor do que a manga •Na primeira técnica, chamada centra lização de trans-
da coste la reduzirá a capacidade do dispositivo para porte, separe uma ún ica coste la ou pseudocoste la de
expansão posterior e exigirá reposições mais frequentes. duas ou três costelas fundidas na borda superior da tora -
•Aval ie a orientação do dispositivo e do suporte após a cotom ia em cunha de abertura e gire-a para ba ixo, como
toracotomia de expansão aguda, de modo que possam uma "alça de balde", para situá-la centra lmente no
se adaptar melhor à anatom ia corrigida. defeito da parede torácica. O objetivo dessa técnica é
•Após o dispositivo ser dimensionado e a orientação do dividir o defeito da parede torácica em uma série de
suporte inferior ser escolh ida, relaxe o separador de defeitos menores, não maiores do que 2 cm. Se o defeito
lâmina para faci litar o acesso aos locais de suporte. for muito grande para uma única costela, sepa re outra
•Insira a capa do suporte inferiormente, implante o suporte costela ou pseudocostela da borda inferior da toracoto-
inferior e trave os componentes com uma trava de suporte. mia em cunha de abertura e leve-a para o defeito, divi-
•Se um dispositivo híbrido fo r usado para se estender até dindo o defeito maior em três menores. Tome cu idado
a colu na lombar, coloque-o em posição sup ralaminar, para preservar tod as as inserções de tecid os moles, pa ra
ressecando o ligamento interespinhal e o ligamento evitar a desvascularização da costela.
amarelo usando uma pinça de Kerrison. • O segundo método de aumento é acrescentar dispositivos
•Coloque um enxerto ósseo na lâmina emba ixo do gancho adicionais se a centralização de transporte não for viável ou
para estabili zar ainda mais um construto com fusão de se o estoque ósseo for inadeq uado. Esse método é prático
um níve l. A lternativamente, um construto com garras de somente para pacientes maiores com tecido mole adequado
dois níveis pode ser usado para aumentar a estabi lidade, para a cobertura do dispositivo e, geralmente, três disposi-
especia lmente em pacientes mais velhos. tivos são o máximo que pode ser usado com segu rança.
•Se o suporte superior não tiver sido previamente inserido, •Finalmente, uma membrana de Gore-Tex de 2 mm pode ser
implante-o agora. usada para complementar qualquer um dos outros dois
•Reinsi ra o separador de lâm ina entre as costelas mediais métodos. Quando a escoliose se estender desde o tórax até
no áp ice da toracostomia em cunha de abertura. Expanda a coluna lombar, use uma extensão lombar de haste híbrida.
novamente o intervalo, expandindo o tórax e trazendo os Essa extensão lombar só pode ser usada em pacientes com
componentes para fora do comprimento do dispositivo. tamanho adequado do cana l lombar para o posicionamento
• Monte o dispositivo, rosqueando a manga da costela sobre de ganchos e, gera lmente, o paciente deve ter pelo menos
o suporte inferior e alavancando-a alin hada ao suporte 18 meses de idade. No pré-operatório, aval ie a largura do
posterior com as chaves do dispositivo. A correção aguda cana l por TC . O local habitual de inserção distal é em L1 ou
obtida pela toracotomia em cunha de abertura está agora L2; porém, se a escoliose se estender distalmente até a
estabilizada pelo dispositivo de costela (Fig. 41-1 56H) coluna lombar, L3 pode ser uti lizado. Evite locais de inserção
•Para a escol iose torácica primária em crianças com menos mais distais na coluna vertebral, se possível.
de 18 meses de idade, somente um único dispositivo •O disrafismo espinhal da col un a lombar proximal pode
torácico é colocado posteriormente, adjacente aos pro- exigi r que o gancho laminar seja colocado na coluna
cessos transversos da coluna vertebra l. Se o paciente tem lombar distal ou que um gancho de McCarthy modificado
mais de 18 meses e apresenta tamanho adequado do para a pe lve seja acoplado à extensão lombar híbrida.
canal lombar e lâminas, pode-se obter um suporte maior •Através de outra incisão na pele sobre a colu na lombar,
de toracotomia por meio de um dispositivo híbrido e uma insira o dispositivo híbrido de distração e passe-o por via
segunda prótese torácica, ad icionados posteriormente. percutânea de proxima l para distal através dos múscu los
•Coloque a prótese torácica na linh a axi lar posterior para paraespinhais. Por causa da cifose do tórax, se o disposi-
expandir ain da mais o hemitórax comprim ido, com tivo for passado em direção proximal, pode inadvertida-
fixação proxima l imed iatamente posterior ao músculo mente penetrar no tórax. Dimensione o dispositivo de
escaleno méd io com pelo menos 0,5 cm entre os suportes maneira semel hante à técnica torácica tota l e conclua a
superiores da costela. toracostom ia em cunha de abertura.
•Depois de montado, tencione ambos os dispositivos, •Implante o suporte superior com uma manga de costela
expand in do-os por 0,5 cm para ajustá-l os confortave l- vazia dimensionada para estender até a borda inferior do
mente sem pressão de distração excessiva e, em seguida, tórax na 12ª costela.
coloque duas travas de distração na manga da costela. •Dimensione a extensão lombar da haste híbrida para
• Se o defeito da parede torácica criado pela toracotom ia combinar com o tamanho da manga e selecione para a
em cunha de abertura for maior do que 2 cm, a instabil i- im plantação.
dade potencial da parede torácica precisará ser conside- •Insira o gancho sub laminar inferior. Dimensione a exten -
rada. Um defeito da parede torácica de até 3 cm de largura são lombar da haste híbrida para combinar com o
é bem tolerado proxima lmente por causa do efeito de tamanho da manga.
imobi lização da escápu la posteriormente e do músculo •Com um separador de lâmina posicionado para manter
peitora l anteriormente. Um defeito distal da parede torá - a correção obtida com a toracostom ia em cunha de aber-
cica maior do que 2 cm e um defeito proximal ma ior do tura, use dobradores in situ para dobrar a haste híbrida
CAPÍTULO 41 ESCOLIOSE E CIFOSE Gim
em uma leve cifose proximalmente e um leve valgo e
lordose distalmente para ajustar melhor o gancho da
lâmina. O comprimento da hast e deve permitir a extensão
da haste 1 cm distalmente ao gancho.
• Com uma pinça de Kelly, crie um túnel a partir da incisão
proximal através dos músculos paraespinhais, movendo
de proximal para distal, com um dedo na in cisão lombar
para apa lpar a ponta da pinça conforme sai do músculo.
Use a pinça de Kelly para segurar um tubo torácico
pequeno e puxe-o para a incisão proximal.
•Fixe o dispositivo híbrido ao tubo e, usando o tubo, ros-
queie-o proximalmente para envolver o suporte da costela
e depois o gancho.
•Distraia a costela e aperte o gancho.
•Coloque o enxerto ósseo sobre as lâminas. Equilíbrio Equilíbrio
• Uma grande quantidade de correção pode empurrar a positivo negativo
porção anterior das costelas fundida s proximais proximal-
mente para o plexo braquial . Para verificar se há síndrome
do desfiladeiro torácico agudo, leve a escápula de volta
pa ra a posição original, enquanto o anestesista monitora
o pulso e a função do nervo ulnar é monitorada por poten-
ciais somatossensoriais . Se ambos estiverem normais, feche
os retalhos musculares com sutura absorvível e feche a pele
de maneira padrão com suturas absorvíveis subcutâneas.
• Se o pulso ou a função do nervo ulnar estiver anormal,
H@il;t!iBIJi> O fio de prumo cai do meio da corpo vertebral
retra ia a escápu la e resseque subperiostealmente 2 cm
de C7 para o canto posterossuperior do corpo vertebral de S1.
das duas costelas proximais que estão anteriormente sob
(Redesenhada de Bernhardt M: Normal spinal anatomy: normal sag ittal
o plexo braquial .
plane alignment ln Bridwell KH, DeWald RL, editores: The textbook of
•Traga a escápula de volta à posição original e verifique os
spinal surgery, ed 2, Phil adelphia, 1997, Lippincott-Raven.)
potenciais somatossensori ais novamente. Se estiverem
normais, feche a incisão.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O paciente é colocado pequenas incisões transversais proximais e distais. As


na unidade de terapia intensiva até a extubação, que mangas são removidas e substituídas por componentes
dependerá da gravidade do comprometimento pulmonar maiores (implantes). Os dispositivos que se estendem sob
pré-operatório. Em geral, nós deixamos os pacientes sub- a escápu la podem ser difíceis de trocar e frequentem ente
metidos à toracostomia sem complicações entubados precisam da abertura de uma grande parte da antiga
durante a noite e reduzimos o suporte respiratório con- incisão de toracostomia para alterar seus componentes.
forme tolerado. órteses não são usadas no pós-operató-
rio para evitar a constrição do cresci mento da parede
torácica. Em intervalos de aproximadamente 6 meses
após a implantação inicial, o dispositivo é expand ido em CIFOSE
um procedimento ambulatorial. A profilaxia antibiótica é
administrada por via intravenosa e a extremidade distal
do dispositivo é exposta com uma incisão através da No plano sagital, a coluna vertebra l normal tem quatro curvas equi-
incisão de toracostomia, se possível. Depois de o músculo libradas: a coluna cervical é lordótica; a coluna torácica é cifótica (20
subjacente ser exposto, é dividido ao longo de suas fibras a 50 graus), com a curva que se estende desde T2 ou T3 a Tl2; a
ou cortado vertica lmente no lado medial ou lateral do região lombar é lordótica (31 a 79 graus); a curva do sacro é cifótica.
dispositivo para formar um retalho muscular espesso. Inci- Em posição ortostática, a cifose torác ica e a lordose lombar são
sões feitas diretamente sobre o(s) dispositivo(s) devem ser eq uilibradas. O equilíbri o sagital normal é definido como um fio de
evitadas por ca usa do potencial de degradação da pele prumo que cai de C7 e está interceptando o ca nto posterossuperior
ou infecção do implante. A trava de distração sob re o da vértebra Sl (Fig. 4 1-1 57). O equilíbrio sagital positivo ocorre
dispositivo é removida e um alicate distratar é inserido quando o fio de prumo cai na frente do sacro e o equilíbri o sagital
para alongar o dispositivo (Fig. 41-1561 e J). A prótese é negativo ocorre quando o fio de prumo cai at rás do sacro.
alongada lentamente, cerca de 2 mm a cada 3 minutos, Na posição vertical, a coluna vertebraJ é submetida a forças de
para evitar fratura. Uma vez alcançada a pressão reativa gravidade e várias estruturas mantêm a sua estabilidade: o complexo
máxima, o dispositivo é travado em sua posição com uma de disco (núcleo pulposo e ânulo), os ligamentos (ligamento longitu-
nova trava de distração. Normalmente, o alongamento é dinal anterior, ligamento longi tudinal posterior, ligamento amarelo,
de no mínimo 0,5 cm até 1,5 cm. Uma vez que o dispo- ligamentos das articulações apofisárias e ligamento interespinhal) e os
sitivo tenha esgotado a sua capacidade de expansão, um músculos (músculos longos da coluna vertebral, músculos intrínsecos
procedimento cirúrgico de rep osição é feito através de curtos da coluna vertebraJ e músculos do abdome) . A cifose de 50
graus ou mais na coluna torácica geralmente é considerada anormal.
~ PARTE XII A COLUNA

ETIOLOGIA
A causa da d oença d e Scheuermann é provavelm ente multifatorial.
Sche uerm ann acreditava qu e a cifose resultava da osteonecrose d a
apófi se do anel do corpo vertebral. No entanto, a apófise do anel
encontra-s e fora da verdad eira fise cartilaginosa e não contribui para
o crescimento longitudin al d o co rpo ; portanto, um di stúrbio na
apófi se do an el não d eve afe tar o crescimento da vértebra ou causar
o enc unhamento vertebral. Em 1930, Schmorl sugeriu qu e o encu-
nh am ento ve rtebral seria causado por herniação do m aterial d o
di sco no corp o vertebral; essas herniaçõ es agora são conhecidas
com o nódulos d e Schmorl. Schmorl teo rizo u que, conforme o mate-
rial do disco é exp elido pa ra o co rpo vertebra l, a altura d o disco
intervertebral diminui, causand o o aumento d a pressão anterior-
m ente e distúrbi os do crescim ento endo condral do corpo vertebral
e encunham ento subsequente. No entanto, os nódulos d e Schmorl
são relativam ente comuns e frequ entemente ocorrem em pacientes
sem evid ência d e d oença de Scheuermann . Ferguson supôs a p er-
sistência d os sulcos vasc ulares anteriores nos corpos vertebrais
du rante a pré-adolescência e adolescência. Ele sugeriu qu e esses
defeitos vascul ares criam um ponto de fraqu eza estrutural n o corpo
vertebral, levando ao encunha mento e cifose.
Bradfo rd e Moe e Lop ez et ai. constata ram que a osteoporose
po de ser responsável p elo d esenvolvimento da do en ça d e Scheuer -
H@ii;@Bm Forças que contribuem para a deformidade cifó-
m ann. No entanto, um estudo da densidad e óssea em um grupo d e
tica da coluna torácica . Os corpos vertebrais anteriores estão em
pacientes com trauma e adolescentes com doença de Scheuermann,
compressão e os elementos vertebrais posteriores estão em tensão.
bem como um es tudo d e cad áve r não enco ntraram evidência de
osteoporose nas vértebras.
A doença de Scheuermann provave lmente é causada por
A deformidade cifótica pode ocorrer se a coluna espinhal anterior é fa tores m ecâni cos. Lambrinudi e outros suge riram que a postura
incapaz de suportar a compressão, provoca ndo o encurtam ento d a ereta e o en curtam ento do li ga mento longitudinal anterior d a coluna
colun a anterior. A ruptura da coluna posteri or e a in capacidad e de vertebral contribu em para a deformidade. A cifose d e Scheuermann
resistir à tensão podem levar ao alongam ento relativo da coluna pos- é mais comum em pacientes qu e realizam levantam ento de peso ou
terior e à cifose (Fig. 4 1- 158) . trabalhos manu ais. O fato de que alguma co rreção da cifose pode
se r obtida po r ó rtese, aliviando a pressão sobre as regiões vertebrais
an teriores, tamb ém indica qu e os fatore s m ecânicos são importan-
DOENÇA DE SCHEUERMANN tes. A cifose p rovavelmente aum enta a pressão sobre as pl acas ter-
minais vertebrais anteriorm ente, causando o crescimento des igual
Scheuerm ann d escreve u o ri ginalmente uma cifos e rígid a juvenil em dos corpos ve rtebrais em respos ta à lei d e Wolff.
1920. A doença de Scheuermann é um a cifose estrutural do tórax Uma anormalidade bio química do colágeno e da matriz d e
ou d a colun a to racolomb ar qu e ocorre em 0,4% a 8,3% da população ca rtilagem da placa terminal vertebral tamb ém tem sido sugerida
geral. A d oe nça ocorre com um pouco m ais frequ ência no sexo como um fato r importante na etiologia. Fibras colágenas anormais
masculino. O início oco rre geralmente du rante o pico d e cresci- e a diminuição da proporção entre colágeno e proteoglicanos foram
m ento pube ra l, entre 10 e 12 anos de id ad e. observadas na matriz d e cartilagem da placa terminal em pacientes
com do ença d e Scheuerm ann.
Vários autores têm encontrado apoio p ara uma base genética da
CLASSIFICAÇÃO doença de Scheuermann. Um a alta predileção familiar tem sido
observada em vários estudos. A doença pod e ser herdada na form a
A doen ça d e Scheuerm ann é dividid a em d ois grupos distintos: uma autossômica dominante. Ca rr et al. oferecem um apoio m aior para a
forma típi ca e uma form a atípi ca. Esses d o is tipos são d eterminados base genéti ca em um rel ato sobre a doença de Scheuerm ann em
p ela locali zação e hi stó ria natural d a cifose, incluind o sintom as gêmeos idênticos. Em resumo, muitas causas têm sido sugeridas, mas
ocorridos durante a ad o lescên cia e ap ós o fim do crescimento. A nenhuma foi comprovada. É necessário faze r pesquisas adicionais
d oen ça d e Scheuermann tí pica norm alm en te envolve a colu na torá - para investigar melh or as causas finais d a doença de Scheuerm ann.
cica. Essa fo rma clássica de cifose de Scheuermann aprese nta três
ou m ais vértebras consecu tivas, cada um a em cunh a d e 5 graus ou
m ais, produ zindo uma cifose estrutural. Em cont ras te, a d oença d e ACHADOS CLÍNICOS
Scheuerm ann atípica geralm ente es tá locali zad a n a junção toraco-
lombar o u na coluna lombar e se ca racte ri za por alterações da placa A doença de Scheuermann geralmente aparece por volta do pico de
terminal vertebral, estreitam ento d o espaço de disco e nó dulos d e crescimento puberal. A queixa apresentada é dor na região média ou
Schmorl anter iores, m as não necessari a mente apresenta três vérte- lombar da colun a verteb ral ou preocupação com a postura. Frequen-
bras con secutivamente em cunha d e 5 graus. A do ença d e Scheuer- temente, os pais acreditam que a cifos e é postural e, assim , o di agnós-
m ann torác ica é a form a ma is comum . tico e o tratam ento são adiados. A dor geraL11ente está lo calizada na
CAPÍTULO 41 ESCOLIOSE E CIFOSE Gm

O@il;@Bmi) Cifose de Scheuermann . Deformidade cifótica


de 81 graus e nódulos de Schmorl.

O[ijil;@Bllm) A, Cifose de Scheuermann . B, Cifose postural.


(De Warner WC: Kyphosis. ln Morrissy RT, We instein SL. editors: Lavei/ ACHADOS RADIOGRÁFICOS
and Winters Pediatric orthopaedic, ed 6, Ph iladelphia, 2006, Lippincott
Wi lliams & Wilkins, p. 797.) Rad iografias anteroposteriores e late rais na posição ortostática da
colun a ve rtebral devem se r obtidas. A quantidade de cifose é deter-
min ada pelo método de Co bb em uma radiografia lateral da coluna.
área da deformidade ou na região lombar, é agravada por atividades As vé rtebras inclinadas mais cran ial e caudalmente na deformidade
e normalmente melhora com a cessação do crescimento. Se a dor está cifótica são selecionadas. Uma linha é desenhada ao longo da placa
presente na área lombar e a deformid ade está na região torácica, termin al superior da vértebra cranial e da placa terminal inferior da
deve-se considerar a possibilidade de espondilólise. vértebra mais caudal. As linhas são traçadas perpendicularmen te à
O exame físico mostra um a cifose angular torácica ou toraco- linha ao longo das placas te rminais, e o ângulo formado é o grau de
lombar co m hiperlordose compensatória da coluna lombar. A cifose cifose. Os critérios para o di agnóstico da doença de Scheuermann
é ace ntuadamente angular e não é corrigida com teste de exte nsão típica são o encunhamento acima de 5 graus em pelo menos três
em posição prona (Fig. 41- 159). Geralmente, a lordose lombar vértebras adj ace ntes ao áp ice da cifose e as irregularidades da placa
abaixo da cifose é flexível e é cor ri gida com flexão anterior. É comum termin al vertebral com um a cifose torácica com mais de 50 graus
a presença de músculos isqu io tibiais e peitorais encurtados. Em (Fig. 41- 160). Bradford sugeriu que três vértebras em cunha não são
flexão anter ior, um a pequena escoliose estrutural pode esta r pre- necessárias para o diagn ós tico; em vez disso, uma cifose anorm al e
sente em até 30% dos pacientes. rígida é indicativa da doença de Scheuermann . A flexibilidade e a
Os achados físicos em pacientes com doença de Scheuermann natureza estrutural da defo rmidade são dete rminadas por meio de
atípica (lombar) podem ser di fe rentes dos achados em pacientes um a rad iografia posteroa nte ri or late ral, obtida com o paciente
com deformidade torácica. Esses pacientes geralmente apresentam dei tado sobre um travesse iro colocado no ápice da deformidade para
dor lom bar, porém, ao contrário dos pacientes com a forma mais hiperes tender a coluna vertebral. Na radiografia lateral, a maioria
co mum da doença de Scheuermann, eles não apresentam um a dos pac ientes apresentará equilíbri o sagital negativo, medido pela
defo rmidade tão perceptível. A dor co m o movimento da coluna queda de um fio de prumo do ce ntro do corpo vertebral de C7 e
vertebral é o principal si ntoma. A condi ção é especialmente comum pela di stância entre essa linha e o promontório sacra!. A escoliose é
em homens envolvidos em atletis mo competitivo e em trabalhado - evidente na radiografia posteroanteri or em aproximadamente um
res rurais, o que suge re que a dor representa um a lesão às fises terço dos pacientes. A rad iografia lateral deve ser feita com o
vertebrais a partir de trauma repetido em vez de uma verdadeira paciente sobre um travesse iro na posição hiperestendida, para deter-
doença de Scheuerm ann . minar a natureza estru tu ra l da deform idade.
Anorma lidades neurológicas geralmente não estão presentes, A doença de Scheuermann atípica da colw1a lombar é caracteri-
m as a compressão da medul a espinhal a partir da ci fose, hérnia de zada pela irregul aridade das placas terminais vertebrais, presença de
disco torácica e cistos epidurais têm sido relatados ocasionalmente. nódulos de Schmorl e estreitamento dos discos intervertebrais, sem
Se for detectada fraqueza da extremidade inferior, hiper-reflexia, encunhamento dos corpos vertebrais ou cifose. Alterações degenerativas
alterações sensoriais ou outros achados neurológicos, um a RM da tardias, como estreitamento do espaço de disco e nódulos de Schrnorl,
área cifótica deve ser feita. ocorrem corno na doença de Scheuerma.nn da coltma torácica.
111111> PARTE XII A COLUNA

h!§l!;tj ~ A e B, Rad iografias laterais mostram espondi lo l istese com cifose. (De Warner WC: Kyphosis. ln Morrissy RT,
Weinstein SL, editors: Lavei/ and Winter's pediatric orthopaedics, ed 6, Ph ilade lphia, 2006, Lippin cott Wil liams & Wilkins.)

HISTÓRIA NATURAL normal da função pulmonar foram observadas em pacientes nos


quais a cifose era inferior a 100 graus. Os pacientes com cifose de
Na maioria dos casos, a doença de Scheuermann resulta em deformi- Scheuermann podem ter alguma limitação funcional, m as isso não
dade mínima e poucos sintomas. A deformidade cifótica pode pro- afeta a vida deles de maneira significativa. Os pacientes que não
gredi r rapidamente durante o pico de crescimento puberal. Bradford foram subm etidos à cirurgia para cifose adaptaram -se razoavel-
et ai. observaram a progressão em 96 de 168 pacientes antes de o mente bem à sua condição.
tratamento com órtese ser instituído. Dor lombar e fa diga são queixas A doença de Scheuermann lombar, que normalmente está
comuns duran te a adolescência, mas geralmente desaparecem com a associada à atividade física exten uante, geralmente torna-se assinto-
m aturid ade esquelética. Os fatores que contribuem para o risco de mática alguns meses após a restrição das atividades. A doença não
progressão continuada da ci fose incluem o número de anos restantes mostrou ter quaisquer sequelas em longo prazo na vida ad ulta, con-
de crescimento e o número de vértebras em cunha. A lesão neuroló- tanto que as pessoas afe tadas evitem trabalhos extenuantes.
gica tem sido ocasionalmente relatada em adolescentes por causa da
hérnia de disco torácica, cisto epidural ou deformidade cifótica grave
isolada com subsequente compressão da medula. CONDIÇÕES ASSOCIADAS
A verdadeira história natural da doença de Scheuerrnann não
tratada na idade adulta não está bem estabelecida. Travaglini e Co nte A escoliose leve a moderada está presente em cerca de um terço dos
observaram que a cifose aumentou durante a idade adulta em 80% de pacientes com doença de Scheuermann, mas as curvas tend em a ser
seus pacientes, embora poucos tenham desenvolvido uma deformi- pequenas (10 a 20 graus). A escoliose associada à doença de Scheuer-
dade grave. Durante a meia-idade, a espondilose degenerativa é rnann geralmente tem um a história natura l benigna. Deacon et ai.
com um, mas os achados radiográficos nem sempre se correlacionam dividiram as curvas escolióti cas em pacientes com doença de
com a presença ou ausência de dor lombar. Se a cifose for in ferior a Scheuermann em doi s tipos com base na locali zação da curva e na
60 graus, essas alterações geralmente não ocorrerão na idade adulta. rotação das vértebras para ou longe da concavidade da curva esco-
Em um estudo, observou-se que os pacientes com cifose de liótica. No primeiro tipo de curva, os ápices da escoliose e da cifose
Scheuerrnann têm dor lombar mais intensa, traba lhos que tendem são os mes mos, e a curva está voltada em direção à co nvex idade.
a ter menos exigê ncias de atividade, perda de extensão do tronco e A rotação da curva escoliótica é contrária àquela normalmente
locali zação diferente da dor. No en tanto, o nível de educação, o observada na escoliose idiopática. Eles sugeriram que a diferença na
número de dias de falta ao trabalho por causa da dor lombar, dor direção da rotação é causada porque a escol iose ocorre em urna
que interfere nas atividades do dia a dia, autoestima, li mitações coluna cifótica, e não em urna col un a hipocifót ica ou lordótica, o
sociais, uso de medicação para dor lombar ou o nível de atividades qu e é comum na escoliose idiopática. No segun do tipo de curva, o
recreativas não eram significativamente diferentes daqueles se m a ápice da escoliose está acima ou abaixo do ápice da cifose e a curva
doença de Scheuer man n. A maioria dos paci entes relatou pouca escoliótica está voltada para a co ncavidade da escoliose, de maneira
preocupação com sua aparência física. Médi as normais ou acima do mais simil ar à escoliose idiopática. Esse tip o de escoliose observada
CAPÍTULO 41 ESCOLIOSE E CIFOSE G!Jll
na cifose de Scheuermann é a mais com um e raramente progride ou Pacientes com doença de Scheuermann lombar e dor lombar devem
precisa de tratamento. evitar trabalhos pesados e um programa de exercícios deve ser pres-
A espondilólise lombar frequentemente é observada em pacien- crito para a região lombar.
tes com cifose de Scheuermann (Fig. 41-161). A razão sugerida para
o atm1ento da incidência de espondilólise (50% a 54%) é o aumento 1 TRATAMENTO ORTOPÉDICO
do estresse exercido sobre a pars interarticularis, em vir tud e da hiper- O colete de Milwa ukee é recomendado para o tratamento da doença
lordose compensatória associada da coluna lombar. Esse aumento do de Scheuermann. Esse colete atua como uma órtese dinâmica de três
estresse provoca uma fratura de fadiga na pars intraarticularis, resul- pontos que promove a extensão da coluna torácica. Órteses de baixo
tando em espondilólise. Outras cond ições relatadas em pacientes com perfil, sem suporte mentoniano e com ombreiras anteriores, podem
a doença de Scheuermann incluem anormalidades endócrinas, hipo- ser usados para curvas com ápice no nível de T9 ou inferior. As
vitaminose, distúrbios inflamatórios e cistos durais. indicações para tratamento com órtese são: pelo menos 1 ano de
crescimento restante da coluna vertebral, certa flexibilidade da curva
(40% a 50%) e cifose com mais de 50 graus. A órtese é usada em
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL tempo integral durante os primeiros 12 a 18 meses. Se a curva esta-
bilizou e não foi observada progressão, um programa de órtese em
A entid ade mais comum a ser diferenciada da doença de Scheuer- tempo parcial pode ser usado até a maturidade esqu elética. Trinta e
mann é a deformidade do dorso curvo postural. De maneira caracte- ci nco por cento de melhora da lordose lombar e 49% de melhora da
rística, essa deformidade produz um leve aum ento da cifose torácica, cifose torácica têm sido relatados em adolescentes com cifose de
que clinicamente é móvel e facilmente corrigível no teste de extensão Scheuermann tratada dessa maneira. Em geral, no acompanha-
em posição prona. As radiografias mostram contornos normais do mento em longo prazo, houve alguma perda de correção, mas 69%
corpo vertebral sem encunhamento vertebral. A cifose é mais gradual dos pacientes apresentaram melhora da cifose inicial. Outros relata-
do que a cifose angular comumente vista na doença de Scheuermann. ram menos correção (30% inicialmente), mas a correção final da
No entanto, uma radiografia normal pode não descartar a doença de cifose teve uma média de apenas 10%.
Scheuermann, uma vez que as alterações radiográficas podem não ser Embora tenha sido mostrado que o colete de Milwaukee
aparentes até a criança ter 1O a 12 anos de idade. previne de maneira eficaz a progressão da cifose e oferece modesta
Se a dor for um sintom a presente, a espondi lite infecciosa deve correção permanente, os adolescentes frequenteme nte resistem ao
ser considerada. No entanto, geralme nte, ela pode ser excluída por uso da órtese em tempo integral. Gutowski e Renshaw observaram
estudos clínicos e laboratoriais e por RM, TC ou cintilografia óssea que o colete de Boston para cifose lombar é satisfatório para a cor-
da coluna vertebral. Ocasionalmente, lesões tra um áticas podem reção das curvas com menos de 70 gra us e oferece melhor adesão.
confu ndir o diagnóstico diferencia l, mas normalmente o enc u- Eles recomendaram o uso do colete de Boston lombar como um a
nhamento causado pela fratura de compressão envolve apenas alternativa aceitável ao colete de Milwaukee em pacientes com
uma única vértebra, em vez das três ou mais vértebras envolvidas curvas cifóticas flexíveis inferiores a 70 graus e para aqueles cuj a
na verdadeira cifose de Scheue rm ann. Osteocondrodistrofias, adesão pode ser um problema . A justificativa para o uso desse colete
como as síndromes de Morquio e de Hurler, bem como tumores é que a redução da lordose lombar fará com que o paciente alongue
e deformidades congênitas, espec ialmente a cifose congênita, dinamicamente a cifose torácica para manter uma postura ereta. Isto
também devem ser consideradas. Em homens jovens, a espondi- pressupõe uma cifose flexível, um eixo neurovestibular normal e a
lite anquilosante deve se r descartada e isso pode exigir um exame ausência de contraturas de flexão do quadril. ·
de sangue HLA-B27. Lowe usou uma TLSO axilar modificada com acolchoado ante-
rior e estabilizadores infraclaviculares para pacientes com doença de
Scheuerman n de padrão toracolombar (ápice em T9 e abaixo) e
TRATAMENTO observou que foi tão eficaz quanto o colete de Milwaukee e estetica-
mente mais aceitável para os pacientes.
As indicações para o tratamento de pacientes com cifose de Scheuer- O aparelho gessado de hiperextensão tem sido usado com
mann podem ser agrupadas em cinco categorias gerais: dor, progres- excelentes resultados na Europa, mas não é popular nos Estados
são dadeformidade,comprometimento neurológico,comprometimento Unidos por causa de problemas com a pele, restrições de atividade
cardiorrespiratório e estética. As opções de tratamento incluem fís ica e necessidade de trocas frequentes de gesso.
observação, métodos conservadores e ciru rgia.
• TRATAMENTO CIRÚRGICO
• TRATAMENTO NÃO CIRÚRGICO As indicações para ci rurgia em pacientes com cifose de Scheuer-
mann são : cifose progressiva com mais de 75 graus e cifose signi -
1 OBSERVAÇÃO ficativa assoc iada à dor que não é aliviada por métodos de
Aos adolescentes com cifose levemente aumentada com menos de tratamento conservador. Os princípios biomecânicos da correção
50 graus, sem evidência de progressão, podem ser avaliados com da cifose incluem alongar a col un a anterior (liberação anterior),
radiografias laterais na posição ortostática, repetidas a cada 4 a 6 fornecer suporte anterior (fusão intercorporal) e encurtar e esta-
meses. Quando o crescimento estiver completo, não é necessário bilizar a coluna posterior (instrumentação com compressão e
fazer o acompanhamento adic ional. Não foi constatado que exercí- artrodese). A correção cirúrgica pode ser alcançada por uma abor-
cios isolados forneçam qualquer correção da deformidade em dagem posterior, abordagem anterior ou uma abordagem anterior e
pacientes com doença de Scheuermann . No entanto, um programa posterior combinada. A abordagem anterior e posterior combinada
de exercícios pode ajudar a manter a flexibilidade, corrigir a lordose tem sido recomendada com mais frequência. Com o desenvolvi-
lombar e for talecer os músculos extensores da coluna vertebral, mento da fixação de parafuso pedicular e técnicas de osteotomia
podendo melhorar qualquer componente postural da deformidade. espinhal posterior, como o procedimento de Ponte, a cirurgia
Exercícios de alongamento devem ser prescritos para pacientes com posterior isolada tornou-se mais popular em casos selecionados.
encurtamento associado dos músculos isquiotibial ou peitoral. Um procedimento posterior sem osteotomia pode ser considerado se a
mm> PARTE XII A COLUNA

cifose for flexível e puder ser corrigida e mantida em menos de 50 graus,


enquanto ocorre uma fusão posterior. Historicamente, o uso de hastes LIBERAÇÃO E FUSÃO ANTERIOR

------~
de compressão de Harrington era comum, mas isso foi substituído pelo
gancho segmentar e a instrumentação com parafuso pedicular. TÉCNICA
A instrum en tação anterior foi descrita por Kostuik e consis-
•Os níveis da liberação anterior são aqueles com ma io r
tia em fusão intercorpora l anterior e instrumentação anterior com
encunhament o e menor flexib il idade nas vistas latera is de
um sistema d e distração d e Harrington aumentado por órtese pós-
hiperextensão. Essa região geralmente inclui sete ou oito
operatória. Embora Kostuik te nh a relatado bons res ultados com
interespaços central izados no áp ice da cifose.
essa técnica , a abordagem com instrumentação anterior iso lada
•Selecione a abordagem anterior adequada para os níveis
para o tratam en to da cifose d e Sche uermann não é amplamente
a serem fundidos. Se não houver escoliose associada,
uti lizada.
realize a abordagem através do lado esquerdo. Se houver
Quando um procedimento anterior e posterior combinado é
uma escol iose concom itante, aborde a coluna vertebral
usado para a doença d e Scheuermann, a liberação anterior e a fu são
pela convexidade da escoliose; use a costela ressecada
são feitas em primeiro lugar. A lib eração anterior pode ser reali zada
posteriormente para um enxerto ósseo .
por meio de um procedimento aberto anterior ou por toracoscopia.
• Libere o ligamento longitudinal anterior e excise todo o disco
Herrera-Soto et ai. mostraram uma boa correção sagital, sem perda
e a placa terminal cartilaginosa, deixa ndo somente a parte
de correção ou cifose juncional, com uma técn ica de toracoscopia.
posterior do ãnu lo e o ligamento longitud inal posterior.
Cages intercorporais têm sido usadas em um esforço para melhorar
• Curete as placas terminais ósseas, mas não as remova
a correção sagita l; entretanto, Arun et ai. não observaram d iferença
completamente.
nos resultados entre pacientes co m fusão anterior usando cages
•Use um separador de lã mina para soltar ou mobilizar cada
intercorporais e aqueles com fusão anterio r usa ndo enxerto autó-
articulação.
geno de costela. A fusão posterior e a instrumentação podem se r
•Acondicione temporariamente Gelfoam ou Surg icel em
rea lizadas no mesmo di a que a lib eração anterior e a fusão ou como
cada espaço de disco para min imizar a perda sanguínea .
um proced imento em estágios. Os sistemas de instrumentação seg-
•Real ize uma f usão intercorpora l com o uso de enxerto
mentar com múltiplos ganchos ou parafusos pediculares são utili -
morsel izado de costela.
zados para a fusão espinhal poste rior.
Outras técnicas d e instrum entação têm sido usadas para a
correção da cifose de Scheuermann. Sturm, Dobson e Armstrong
re lataram bons resultados com a fusão posterior iso lada usando INSTRU MENTAÇÃO ~EGMENTAR
hastes de compressão de Harrington grandes e rosqueadas, em vez POSTERIOR COM MULTIPLOS
d e hastes pequenas. Coscia et ai. relataram urna m elhora m édi a de
23 graus com uma abordagem por via anterior e posterior combi-
GANCHOS E PARAFUSOS
nada com fio s sublaminares e hastes de Luqu e usadas posterior- Várias técn icas estão disponíveis para a redução da cifose
mente para fixação interna. No entanto, a cifose juncional se com os sistemas de instrumentação segmentar com múlti-
desenvolveu acima da área instrumentada em 13 de seus 19 pacien - plos ganchos e parafusos. O método padrão (Fig. 4 1-162)
tes, provavelm ente porque o li gam ento interespinhal e o ligam e nto consiste em inserir a haste pré-contornada nos ganchos
amarelo d evem ser removidos para permitir a passagem do fio. As pediculares do processo transverso ou parafusos pedicula-
hastes de Luqu e podem fazer a translação da cifose posteriormente, res torácicos acima do ápice da cifose. A extremidade distal
mas não podem encurtar a coluna posterior, o que é um aspecto da haste é então empurrada para dentro da coluna inferior
importante no tratamento da d efo rmidad e cifótica. com um empu rrador. A desvantagem desse método é que
O uso de osteotomias espinhais posteriores, como a osteotomia a correção é uma manobra de canti léver de três pontos que
d e Ponte, permite o encurtamento relativo da coluna posterior e uma é feita de maneira um pouco abrupta . A correção gradua l
correção maior da cifose. Vários estudos têm mostrado urna correção da cifose com essa força de cantiléver foi descrita com a
sagital sem elhante com procedimentos por via anterior e posterior fi xação semi rrígida com fios, ou ferramentas externas. Atu-
combinada e procedimentos posteriores isolados com as osteotomias almente, estão disponíveis os parafusos ped icu lares de
de Ponte. A fusão posterior e a instrumentação devem incluir a vér- redução, tornando possível combinar o encurtamento da
tebra proximal na deformidade cifótica medida e o primeiro disco coluna posterior com a produção de cantiléver e uma cor-
lordótico distalmente. Se a fu são e a instrumentação terminam na reção gradua l da cifose. Os sistemas mais rígidos de instru-
deformidad e cifótica, uma cifose juncional pode ocorrer na extremi- mentação posterior, combinados com a comp leta ressecção
dade da instrumentação. extensa de lãminas e articulações posteriores, podem acar-
A ocorrência de d escomp ensação juncional foi relatada em até retar o encurtamento posterior da cifose e a correção da
30% dos pacientes. A correção excessiva da d eformidade deve ser cifose sem a necessidade de liberação e fusão anterior.
evitada para prevenir a cifose juncional. Não mais do que 50% d a
~
cifose pré-operatória deve ser corrig ida e a cifose final não deve se r TÉCNICA ;........~~~~~~---'~
inferior a 40 graus. Lowe o bservo u que os pacientes com doença d e
Scheuermann tendem a ficar em equilíbrio sagital negativo e qu e, (CRANDALL)
após a cirurgia, esse equilíbrio se torna ainda mais negativo, o qu e
pode predispo r o desenvolvimento de uma cifose juncional. Lonner •Coloque o paciente em posição prona em um suporte de
et ai. observaram que a incidência pélvica pode estar relac ionada Jackson . A coluna vertebra l é abordada posteriormente .
co m a quantidade de cifose juncional proximal e que a cifose jun- A instrumentação frequentemente se estende proximal-
cional distal es tava relacionada com a fu são que termina cranial- mente de T2 para T3.
mente à vértebra sagital n eutra.
CAPÍTULO 41 ESCOLIO SE E CIFOSE G!Jlll
•Corte as extremidades distais das hastes no comprimento
adequado (Fig 41-163C).
•Quando os pontos intermediários de fi xação entrarem
em contato com a haste, trave-os a ela e comprima-os
para os pontos de f ixação proxima is. A tensão gradua l
e repetida, apl icada uma de cada vez com força de "dois
dedos" no condutor, tra rá a coluna para cima de maneira
segura e controlada (Fig. 41-164). A coluna vertebra l é
transladada diretamente para a haste de qualquer
direção, alcançando a correção simultânea tanto no plano
coronal quanto no sagita l. É importante ressaltar que
essa correção não deve ser feita muito rapidamente. A
redução gradual permite que a coluna alongue as estru-
turas de tecido mole contra ídas na cifose e perm ite uma
quantidade menor de estresse sobre a estrutura e a
medula espinha l. O processo de redução deve levar de
30 a 90 minutos, dependendo da rigidez da cifose.
•Após a correção comp leta da cifose, comprima tota l-
mente a coluna posterior e trave-a na posição. Coloque
A uma placa de ligação transversa l, dista l e proximalmente
(Figs. 41-165 e 41-166).
•Durante o aperto dos grampos de redução (a cada 3 a
H@ilajall!!) Redução de cifose, método padrão. A, Inserção
5 minutos), colete o enxerto ósseo e faça a decorticação
de ganchos. Observe os três conjuntos de ganchos pediculares
da coluna vertebral e facetas.
para o processo transverso acima do áp ice da cifose . B, A haste
•Após a conclusão da instrumentação, ad icione abun-
passou através dos ganchos do segmento proxim al e a extrem i-
dante enxerto ósseo autógeno.
dade distal da haste foi empurrada para a co lun a inferior co m
empurrador de hastes. Observe que a curva inferior da ponta na
haste fac ilita a inserção do ga ncho sob a lâmina distal.
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO A menos que a quali-
dade óssea seja precária e a f ixação seja tênue, o uso
de órtese no pós-operatório não é necessário. Se há qua l-
quer preocupação quanto à fixação, uma órtese de exten-
• Determine o ápice da cifose com radiografias pré-opera- são, como o colete de Jewett, pode ser usada até que a
tórias. f usão comece a se consolidar, norma lmente em 3 a 6
meses. A deambulação é iniciada o mais cedo possível.
•Use pelo menos dois conjuntos de ganchos pediculares
Todos os pacientes iniciam programas de exercícios iso-
do processo transverso ou parafusos pediculares torácicos
métricos e isotônicos para coluna quando a fusão parecer
acima do ápice se a curva for flexível. Em pacientes
sólida. Em adolescentes, a fusão geralmente fica sólida
muito gra ndes com curvas rígidas, podem ser necessários
em cerca de 6 meses, permite-se que o paciente se sente
loca is de fixação extra. Um t erceiro conjunto de pontos
no segundo ou terceiro dia pós-operatório.
de fixação pode ser usado. Abaixo do ápice, parafusos
pedicu lares de redução são usados. Pelo menos três con-
juntos de parafusos são recomendados.
• Debride as articu lações facetárias em cada nível para PROCEDIMENTO DE ENCURTAMENTO
permitir a compressão da coluna posterior e proporcionar DA COLUNA POSTERIOR PARA CIFOSE
uma superfície óssea para a fusão . DE SCHEUERMANN
• Realize osteotomias em extensão de chevron, se necessário.
Ponte, Gebbia, e Eliseo descreveram uma técnica de encur-
• Dobre ambas as hastes acima da cifose para se aproximar
tamento da coluna posterior para a correção de cifose de
do contorno espinhal normal. O contorno adequado da haste
Scheuermann. As potenciais vantagens dessa técnica
é importante. Deixe as hastes distais sem contorno.
incluem: é um procedimento posterior de único estágio; a
•I nsira a extremidade superior de ambas as hastes nos
coluna posterior é encurtada, em vez de a coluna anterior
pontos proximais. Se estão sendo usados ganchos, com-
ser alongada, aumentando assim a segu ran ça; uma correção
prima cada estrutura de garras para ga ranti r que cada
gradua l é obtida; não há complicações provenientes de tora-
gancho permaneça no lu gar. Aperte os plugues rosque-
cotom ia ou toracoscopia; e não há interferên cia cirúrgica no
ados para prender os ganchos superiores ou parafusos
suprimento sanguíneo anterior para a medula espinhal.
pediculares na haste com segurança.
• Depois de todas as hastes estarem nos pontos de fixação
prox1ma1s, coloque uma placa de ligação t ran sversa l nas
hastes. Insira as extremidades dista is não contornadas de
TÉCNICA
(PONTE)
mm ~
ambas as hastes nos parafusos de redução (Fig. 41- 163A)
• ln1c1e o processo de redução incremental com todos os •Uma abordagem posterior na linha média é rea lizada.
parafusos de redução para puxar a coluna até a haste •Exponha a coluna subperiostea lmente para incluir uma
(Fig. 41 -1 638). vértebra acima e uma vérteb ra aba ixo dos níveis de fusão. )
_, PARTE XII A COLUNA

H(êiil;füBll!!) Instrumenta ção segmentar posterior com múltip los ganchos e


parafuso. A, Term inais de redução são inseridos. B, Redu ção incremental. C, Extremi-
dade distal da haste cortada para o comprimento adequado. VEJA A TÉCNICA 41-43. C

H@ii;HmmDA. Início da correção, 70


graus de cifose. B, Ponto médio da corre-
ção, 47 graus de cifose. C, Estrutura final,
40 graus de cifose . VEJA A TÉCNICA 41-43.
O[§ii;tijB:IJ:!D A-C, Radiografias pré-operatórias de um paciente com cifose de Scheuermann. D, Fotografia clínica pré-operatória.
E-G, Radiografias pós-operatórias. H, Fotografia pós-operatória . VEJA A TÉCNICA 41-43.

H[§'hMBIJm) A, Cifose de 80 graus. B e C, Após fusão posterior e instrumentação com quatro hastes conectadas por ligações trans-
versais tipo dominó. VEJA A TÉCNICA 41-43.
PARTE XII A COLUNA

A extensão proxima l da f usão pode precisa r incl uir T1 • Remova completamente o ligamento amarelo em todos os
)
para minimizar o ri sco de cifose junciona l cranial. O limite níveis. As lacunas se estendem uniformemente ao longo
cauda l deve ser sempre incluído e é determinado pelo de tod a a largu ra da coluna posterior (Fig. 4 1-167B a D)
prim eiro disco lordótico (a berto anteriorm ent e) em film es •Insira as hastes nos ganchos supra laminares. A instrumen -
latera is na posição ortostática. tação consiste em duas hastes sem irrígidas, geralmente
•Resseque os processos espinhosos e rea lize facetectomias com 4,8 a 5 mm de diâmetro. Se forem usados gan chos
largas e laminectom ias parciais de ambas as bordas lam i- fechados, coloque os ga nchos na haste previamente e,
nares inferior e superior em todos os níveis intersegmen- em seguida, insira-os como uma unidade. A haste é
tares da área de fusão. Idea lmente, devem-se obter passada através dos ganchos imediatamente proxima l ao
lacun as de 4 e 6 mm (Fi g. 41-167A) A ressecção gene- ápi ce . Se forem usados ganchos abertos, utilize os para-
rosa das articulações facetárias até os pedículos é um fusos de fixação adequados para manter a haste nos
passo fundamenta l dessa técnica. ganchos acima do ápice da cifose. A vantagem de uma

B e

C7_/ /
T1 _ / /
T2_/'

D
E

h[ijiJ;f.SrJIElD Encurtamento da co lun a posterior para cifose de Sch e ue rmann. A, Ressecção posterior amp la (partes so mbreadas) em
cada nível intersegmentar de toda a á rea de fus ão e instrumentação. B, Vista poste rior mostrando os níveis da s ressecções co ncluídas.
C, Vista latera l mostrando os espaços das osteotomias. A correção é a lcançada por meio do fechame nto desses espaços. D, Vista oblíqua
most rando três vértebras a picais após a conclusão das ressecções ósseas. A vértebra a picai é de ixa da sem instrumentação. E e F, Repre-
sentação esque mática da redução d e cifose.
CAPÍTULO 41 ESCOLIOSE E CIFOSE

C7_/
T1 ____/"/
T2 _ /

H!iji@Ul§(ifi!! !1I#0 G, Representa ção esquemática da redu ção de cifose . H, Vista posterior mostrando o padrão de gancho de
estrutura e dois conectores transversais. 1, Cifose torácica grave em uma mu lher de 42 anos de idade no pré-operatório (à esquerda) e
31 meses após a cirurg ia (no meio); a radiografia anteroposterior na posição ortostática mostra a estrutura segmenta r total de T1 a L1
(à direita). (Redesenhada de Ponte A: Posterior co lumn shortening for Scheuermann's kyphosis. An innovative one-stage technique. ln Haher TR,
Merola AA, editors: Surgical techniques for the spine, New York, 2003, Th ieme.) VEJA A TÉCNICA 41-44.

haste semirrígida é que ela pode ser inserida sequencial- •Repita a mesma sequência pa ra a segunda haste. Aplique
mente nos ganchos infralaminares abaixo do ápice. forças de compressão, começando com os dois ganchos
• Deixe a vértebra apical sem instrumentação (Fig. 41 -1670 a 1). opostos em frente ao ápice e, em seguida, continuando
•Aplique o mínimo de força de compressão para manter em sequência até as extremidades cran ial e caudal (Fig.
os ganchos no lugar. Qua lquer encurtamento corretivo 41-167G).
nesse ponto estreitaria as lacunas e dificultaria o posicio- • Repita essas manobras alternadamente em ambos os lados
namento dos ganchos para a segunda haste. e várias vezes, sempre começando no ápice. Conforme a )
PARTE XII A COLUNA

H@l!;f4Bm') Classificação da cifose con-


gênita. A e B, Tipo 1. e, Tipo li. (Tipo Ili não é
mostrado.)

de comprometimento e a quantidade de crescimento normal res-


compressão prossegue, as hastes gradualmente se alongam
) tante nas vértebras afetadas. Winter et al. descreveram 130 pacientes
e as lacunas intersegmentares se fecham. A criação de
com cifose congênita de três tipos. O tipo I é a fa lha congên ita da
pequenas incisuras para as lâminas dos ganchos evitará a
sua interferência no fechamento das lacunas.
formação do corpo vertebral. O tipo II é a fa lha de segmentação do
•O btenha uma radiografia intraoperatória para avaliar a
corpo vertebral (Fig. 41- 168). O tipo III é uma combinação dessas
magnitude da correção. O ajuste é feito, conforme neces-
duas condições. McMaster e Singh subd ividiram a cifose congênita
sário, para obter uma distribuição harmoniosa da corre- tipo I em vértebras no quadrante posterolateral, hemivértebras pos-
ção intersegmentar. teriores, vértebras em borboleta (fenda sagital) e vértebras em cunha
• Fixe dois conectores transversais.
anterior ou anterolateral (Fig. 41-169). Essa classificação é impor-
• Faça a decorticação e adicione o enxerto ósseo morselizado.
tante para prever a história natural dessas deformidades cifóticas
congên itas. Dubousset e Zeller et al. adicionaram uma luxação rota -
O mesmo princípio, com as osteotomias de Ponte, pode tória da coluna vertebral e Shapiro e He rring subdividiram o deslo-
ser usado com uma instrumentação diferente, incluindo camento do tipo III em tipo A (somente plano sagital) e tipo B
parafusos pediculares. Os parafusos pediculares fornecem (plano rotatório, transverso e sagital). Qualquer classificação pode
um a fixação segura sem o problema de múltiplos ganchos ser ainda subdividida em deformidades com ou sem comprometi-
dentro do canal espinhal e sem o problema de ganchos mento neurológico.
potencialmente bloqueando o fechamento das osteotomias. A história natural da cifose congênita é bem conhecida e
Os parafusos pediculares do tipo redução gradual estão agora baseia-se no tipo de cifose. As deformidades do tip o I são mais
disponíveis e podem ser usados distalmente para permitir comuns do que as deformidades do tipo II e ocorrem mais fre -
uma correção mais gradual da cifose. quentemente na coluna torác ica e na jun ção toracolombar. Elas são
extremamente raras na coluna cervical. Nas séries de McMaster e
Singh, a progressão fo i mais rápida na cifose tipo III, seguida pelo
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Permite-se que o paciente
tipo I. A cifose causada por duas anomalias vertebrais do tipo I
sente-se fora do leito no primeiro dia pós-operatório. Não
adjacentes progrediu mais rapidamente e produ ziu uma deformi-
há necessidade de suporte externo, como órteses. As
dade mais grave do que uma única anomalia. Aproximadamente
atividades físicas, como esportes ou levantamento de
25% dos pacientes com deformidades do tipo I apresentaram défi-
mais de 2,3 kg ou 4,5 kg, são restritas durante 3 a 6
cits neurológicos e as deformidades na coluna torácica superior
meses. A avaliação radiográfica da fusão é realizada em
eram mais provavelmente associadas aos problemas neurológicos.
6 meses e, se ela parecer sólida, perm ite-se o retorno
Nenhum paciente cujo ápice da cifose estava na 12ª vértebra torá-
gradual a todas as atividades. Pacientes com coluna oste-
cica ou era caudal a ela apresentou anormalidades neurológicas.
opênica ou que estão acima do peso ou que não coope-
No entanto, a cifose tipo I progrediu implacavelmente durante o
ram no tratamento podem precisar de órtese até que a
crescimento e, geralmente, acelerou durante o pico de crescimento
fusão esteja sólida.
puberal antes de se estabilizar na maturidade esquelética. Uma
fal ha anter ior da formação do corpo vertebral produz uma cifose
angu lar acen tu ada, qu e é muito mais deformante e potencialmente
CIFOSE CONGÊNITA perigosa neurologicamente do que uma curva com uma medição
de Cobb semelhante, por causa de uma fa lh a an terior de segmen-
A cifose congênita é uma deformidade rara, mas os déficits neuro- tação que afeta vár ias vértebras adjacentes e produz uma deformi-
lógicos resultantes dessa deformidade são frequentes . A cifose con- dade leve e menos óbvia.
gênita ocorre por causa do desenvolvimento anormal das vértebras, As deformidades do tipo II (falha de segmentação) são menos
que consiste em uma falha de formação ou falha de segmentação comuns. Uma ausência de fises e discos anteriormente em uma ou
dos segmentos em desenvolvimento. A coluna vertebral pode ser mais vértebras resulta no desenvolvimento de uma barra não seg-
estável ou instável ou pode tornar-se instável com o crescimento. mentada anterior. A quantidade de cifose prod uzida é proporcional
A deformidade espinhal na cifose congênita geralmente progride à diferença entre as quantidades de crescimento nas partes anterior
com o crescimento, sendo que a quant idade de progressão é direta- e posterior dos segmentos vertebrais defeituosos. Mayfield et al.
mente proporcional ao número de vértebras comprometidas, o tipo relataram que essas deformidades progridem a uma taxa média de
CAPÍTULO 41 ESCOLIOSE E CIFOSE

Efeitos da Segmentação
Defeitos da Formação do Corpo Vertebral Anomalias Mistas
do Corpo Vertebral

Parcial Aplasi a anterior Aplasia anterior e mediana


e unilateral

~ ' /
is' /

Vértebra no quadrante Barra anterolateral


Barra não seg mentada anterior Vértebra em borboleta
posterolateral e vértebra no
Completa Aplasia anterior quadrante contralateral

Vértebra em bloco
* ' /

Hemivértebra posterior Vértebra em cunha

li@il;h.iDIJm) Diferentes tipos de anomalias vertebrais que produzem cifose congênita ou cifoescoliose. (De McMaster MJ ,
Sing h H: Natural history of co ngenita l kyphosis in kyp hoscol iosis: a study of 11 2 patients, J Bane Joint Surg 81A: 1367, 1999 .)

5 graus por ano e não são tão graves quanto às defo rmi dades do tipo
I. A parapl egia geralmente não é relatada em pacientes com cifose
tipo II; no entanto, a dor lombar e as deformidades es téticas são
significativas e o tratamento precoce é justificado.

AVALIAÇÃO CLÍNICA E RADIOGRÁFICA

O diagnóstico de um problema congê nito da coluna vertebral geral-


mente é feito por um pediatra antes de o paciente ser visto por um
ortopedista. A defo rmidade pode ser detectada an tes do nascimento
em um exame de ultrassom pré- natal ou pode ser observada como
uma deformidade clínica no neonato. Se a deformid ade fo r leve, a
cifose congênita pode ser negligenciada até que um pico de cresci-
mento rápido faça com que a condição fiqu e mais evidente. Algumas
deformid ades leves são encontradas por acaso em radi ografias
obtidas por outras razões. As defo rmid ades clínicas observadas em
neonatos tendem a ter um prognóstico pior do qu e aquelas desco-
bertas como um achado incidental em radiografias simples.
O exame fís ico normalmente revela uma deformidade cifótica
na junção toracolombar ou na coluna torác ica inferior. Um exame
neurológico detalhado deve ser feito para buscar quaisquer sinais
sutis de comprometimento neurológico. Anomalias musculoesque-
léticas e não musculoesqueléticas associadas devem ser procuradas
no exame físico. Rad iog rafi as detalhadas e de alta qu alidade na vista
anterop osterior e lateral forn ecem o máximo de informações na
avaliação da cifose congênita (Fig. 41-1 70). A fa lha de segmentação
e a verdadeira extensão da fa lha de fo rmação podem ser di fíce is de lii§ii;b,iBlfl!) Criança de 2 anos de idade com cifose congênita
detectar nos film es iniciais em virtude da ossificação incompleta. do tipo 1 medindo 40 graus. A radiografia mostra a falha da for-
Radiografias laterais em flexão e extensão são úteis para determinar ma ção da parte anterior da primeira vértebra lombar. (De Warn er
a rigidez da cifose e a possível instabilidade da coluna vertebral. Uma WC: Kyphosis. ln Morrissy RT, Wei nstei n SL, editors : Lavei/ and Winter's
TC com reconstruções tridimensionais pode identificar a quanti- pediatric orthopaedics, ed 6, Philadelphia, 2006, Lippincott W illiams &
dade de comprometimento do corp o vertebral e determinar se mais Wil ki ns.)
lllm> PARTE XII A COLUNA

h@ii:tJ.im:lfD Cifose congên ita . A e B, Radiografias anteroposterior e latera l. Observe o detalhe inadequado da cifose na radiografia
lateral da co luna vertebral. C-E, Vistas da TC com reconstrução tridimensional que mostram clarament e a anatomia óssea da cifose
congênita. (De Warner WC: Kyphosis. ln Morrissy RT. Weinstein SL, editors: Lavei/ and Winter's pediatric orthopaedics, ed 6, Ph iladelphia, 2006,
Lippincott Wi lliams & Wilkins.)

cifose ou escoliose pode ser esperada (F ig. 4 1-17 1). A TC só pode Wi11ter et ai. enfatizaram que o paciente deve ser colocado em decúbito
identificar a natureza da deformidade óssea e o tamanho do anl age dorsal para a avaliação mielográfica, de modo que o meio de contraste
ca rtilaginoso; ela não m ostra a quantidade de potencial de cresci- demonstre o pool no áp ice da cifose. Se houver escoliose, o paciente
mento no an lage ca rtilaginoso e, portanto, esti ma so mente a possível deve ser virado para uma posição semilateral, a fim de colocar a con-
progressão. Um estudo de RM deve ser ob tid o na maioria dos vexidade da cifoesco liose em posição dependente.
pacientes por causa da incidência signifi cativa de anorm alidades
intraespinhais. Além disso, a locali zação da medul a espinhal e de
quaisquer áreas de compressão da mesma, causada pela cifose, pode TRATAMENTO CIRÚRGICO
ser vista na RM. O anlage ca rtil ag inoso apresenta-se bem defi nid o
na RM de pacientes com fa lha de forma ção (Fig. 4 1-1 72). A história natural dessa condi ção geralmente consiste em progressão
Anormalidades genituri.nárias, cardíacas e i11traesp inhais, além de continuada e maior ri sco de comprometimento neurol ógico. Por-
síndrome de Kl ippel-Feil, são frequentes nesses pacientes. Deve-se rea- tanto, a cirurgia é o método de tratamento prefe rido. Se o diagnós-
li zar urna avaliação cardíaca e a ultrassonogra.fia renal. Mielograrnas tico for incerto ou a deform idade for leve, a observação rigorosa
têm sido usados para documentar a compressão da medula espinhal, pode se r um a opção. A menos que as curvas compe nsatórias estejam
mas, em geral, fora m substitu ídos por RM. Se for usada mielografia, send o tratad as acima ou abaixo da cifose congênita, a órtese não tem
CAPÍTULO 41 ESCO LIOSE E CIFOSE lf:H@

h(ê\l!;f'JiBm) A, Preparação de túneis para enxertos estrutu-


rais. B, Inserção de e nxertos estruturais em túne is pre parados com
H!§li;f'JiBm) RM de cifose congênita do tipo 1. A fa lh a da enxerto ósseo esponjoso nos espaços de disco.
forma ção do corpo vertebral anterior é mostrada, mas não é
possível determinar o pote ncia l de cre scimento d a vértebra e nvo l-
vida . Observe a pressão no saco dura i. (De Warne r WC: Kyphosis.
ln Morrissy RT, Weinstei n SL, ed itors: Lavei/ and Winter's pediatric ortho-
paedics, ed 6, Philadelphia, 2006, Lippincott Williams & Wilkins. ) co mo as fises anteriores estão ablacionadas, não há possibilidade de
correção com o crescimento.
A fu são posteri o r isolada pode ser bem-sucedida se a cifose
um papel no tratam ento dessa condição, uma vez que não corrige a fo r menor do que 50 a 55 graus em pacientes mais vel hos co m
defo rmidade nem interro mp e a prog ressão da cifose. defo rmid ade cifótica tip o I. Se a deformid ade tiver mais do qu e 55
A cirurgia é recomendada para cifose co ngê nita. O tip o de graus, a fusão anterior e posterior produ z resultados mais confi-
cirurgia depend e do tip o e tamanh o da deformid ade, idade do áve is. A fu são anterior isolada não co r rigirá a deformidade, e a
pac iente e prese nça de défi cits neu ro lógicos. Os procedim entos enxe rti a es trutural a nterior com di stra ção temporária e fu são
incluem fu são poste rior, fu são ante ri or, fu são anteri or e posterior pos teri o r, co m ou sem in strum enta ção d e compressão posterior,
co mbin ada e osteotomia anteri or com fu são poste rior. A fu são pode se rá n ecessá ria para a correção d a defo rmid ade (Fig. 4 1- 173). A
se r fe ita com ou sem instrumentação. instrum e ntação pos te rior pode possibilitar alguma co rreção d a
ci fase, mas deve se r co nsid erada m ais um a estabili zação intern a
• TRATAMENTO DA DEFORMIDADE DO TIPO 1 do qu e um di spositi vo co rreti vo. Emb ora tenha sido relatado qu e
O tratamento da deformi dade do tipo I depende do estágio da a instrum entação redu z a oco rrência de pseudoartros e, ela deve
doe nça. Para a deformidade tipo 1, o melhor trata mento é a fusão se r usada com cuidad o em curvas angulares rígidas por ca us a d a
pos terior precoce. Em um paciente com menos de 5 anos de idade alta in cid ência de co mplicações neurológicas. Se a enxe rtia es tru -
co m defo rmidade menor do que 50 ou 55 graus, a fu são posterior tural anterior for reali zada, o enxerto es tru tural deve ser co lo -
isolada, es tend end o-se de um nível ac ima da deformidade cifótica cado anteriormente sob compressão. Se o objetivo da ciru rgia for
até um nível abaixo, é reco mendada. Isto permite algum a m elhora, interromp er progressão da deform idade sem correção, uma fusã o
uma vez qu e o crescimento continu a anteriormente a partir das interco rpo ral anteri or co m fu são posterior pode ser feita. Foi des-
placas termin ais anteri ores das vér tebras um nível acima e abaixo crita um a abordagem simultânea por vi a anterior e posterior por
das vé rtebras cifó ticas qu e estão inclu ídas na fu são posterior. Embora meio de um a costotransversectomia, que permite a ressecção da
McMaster e Singh te nh am relatado 15 graus de co rreção na maior ia hem ivérte bra posteri or e a co rreção da cifose com instrumentação
dos pacientes tratados com essa técni ca, Kim et al. relatara m qu e a de co mpressão poste rior. Ap ós a remoção d a hemivértebra, a cor-
co rreção da cifose ocorreu com o crescimento so mente em pacientes reção pode se r obtida com segurança e o saco teca! é observado
co m menos de 3 anos de idade co m deformid ades do tipo II e III. du ran te a co rreção. O uso de tra ção esqueléti ca (halopélvica, halo-
Nas curvas com mais de 60 graus, as fu sões ante rior e posterior em femoral ou halogravidade) para co rrigir a deformidade é tentador,
pelo menos um nível acima e um abaixo da cifose são indicad as. As mas não é recomendado em virtude do risco de paraplegia (Fig.
fu sões interrompem a progressão da defo rmidade cifótica, porém, 41-174). A tração puxa a m edu la espinhal contra o ápice da cifose
Ml:if» PARTE XII A COLUNA

rígida, o qu e pode ocasionar o comprometimento neuroló gico em posterior, é então realizada. O suporte pós-operatório com o uso de
um paciente com um a deformid ade gibosa rígida. aparelho gessado, órtese ou halogesso pode ser necessário.
O tratamento tardio de uma deformidade cifótica congênita
grave que é acompanhada por compressão da medula espinhal é • TRATAMENTO DA DEFORMIDADE DO TIPO li
difícil; a laminectomi a não tem um papel no tratamento dessa con- Se a cifose tip o II for leve ( <50 graus) e detectada precocemente,
dição. Se houver uma escoliose associada, a abordagem anterior para a fusão posteri or com instrumentação de compressão pode ser
descompressão talvez tenha que ser feita na concavidade da escoliose feita. Todas as vértebras envolvidas, além de uma vé rtebra acima
para permitir que a medula espinhal se mova para frente e para a linha e uma abaixo da cifose congênita, devem se r incluídas na fu são
média após a descompressão. Após a descompressão adequada, as posterior.
vértebras envolvidas são fundidas com lUTI enxerto estrutural anterior. Como a cifose é arredondada e afeta vários segmentos na
A fu são posterior, co m ou sem instrumentação de estabilização deformidade do tipo II, em vez de ser acentuad amente angular como
no tipo I, a instrumentação de compressão pode ser usada com
segurança. Se a deformidade for grave e detectada tardiamente, a
correção só pode ser obtida com osteotomia e fusão anterior, segui -
das de fu são posterior e instrumentação de compressão.

OSTEOTOMIA E FUSÃO ANTERIOR


~
TÉCNICA
~~~~~~~~-~
(WINTER ET AL.)

•Exponha a coluna através de uma abordagem anterior


adequada (Capítu lo 37).
•Faça a ligadura dos vasos segmentares e exponha a
colu na por dissecção subperiosteal (Fig. 4 1- 175A). O liga-
mento longitudinal ant erior gera lmente está espesso e
deve ser dividido em um ou mais níveis . Certifique-se de
que a exposição circunferencial seja fe ita até o forame
oposto antes de inici ar a osteotomia.
A •Divida a barra óssea com um osteótomo af iado ou uma
broca de alta vel ocidade. Inicie a divisão anteriormente e
H@l@HilfD Efe ito da tração na cifose congên ita rígida. A, A trabalhe posteriormente até que o materia l restante do
área ap ica l não se a ltera com a tra ção, mas a co luna adjacente é disco seja inserido.
a lo ngada . B, Com o a longamento da co luna, a medula espinha l •Quando o material restante do disco estiver visível, use
também aumenta, produz indo aumento da tensão na medu la e um separador de lâmina e excise o materia l de disco de
ag rava ndo os déficits neu ro lógicos existentes.

li@l!;l;.iBlfD A, Exposição ante-


ro latera l da coluna vertebra l em
preparação pa ra osteotom ia ante-
rior. B, Conclusão da osteotomia com
A B osteótomo. VEJA A TÉCNICA 41-45 .
CAPÍTULO 41 ESCOLIOSE E CIFOSE

A B e
O@i!;QBm A, Exposição anterolateral da coluna vertebral e remoção parcial do ápice da cifose. B, O córtex posterior é removido,
permitindo a descompressão da medula espinha l. C, A medula é descomprimida e os enxe rtos estruturais são posicionados. VEJA A
TÉCNICA 41-46.

volta ao nível do ligamento longitudinal posterior (Fig . •Identifique a vértebra apica l e o local de compressão e
41-1758). Se a barra óssea estiver com pl eta, faça a oste- remova o disco intervertebra l completamente em cada
otomia através de todo o córtex posterior no nível dos lado do corpo ou corpos vertebrais.
forames. Tome cuidado na área do ligamento longitudinal • Remova o corpo ve rtebra l lateralmente no ápice da cifose
posterior, pois ele pode estar ausente. com curetas, rongeurs ou brocas de alta ve locidade.
•Uma vez concluídas as osteotomias, insira os enxertos • Remova o osso esponjoso de volta ao córtex posterior do
estruturais, enca ixa ndo-os nos corpos acima e abaixo da corpo vertebral , de pedículo a ped ícu lo, removendo um a
área dos cifos. Esvazie o osso esponjoso de cada corpo área óssea em forma de cunha (Fi g. 4 1-1 76A).
com um a cu reta. Com enxertos de costela, f íbula ou crista • Começando no lado mais distante do cirurgião, use
ilíaca de comprimento suficiente, primeiramente insi ra a curetas anguladas para re mover a camada cortica l poste-
extrem idade superior do enxerto na fenda. Como a rior. A remoção do osso mais di stante evita, primeira-
pressão manual é apl icada posteriormente contra os cifos, mente, que a medu la espinha l caia dentro do defeito,
use um impactar para coloca r a extremidade inferior do impedindo a visão do outro lado (Fig. 41-1768).
enxerto no lugar. Coloque enxertos ad icionais nos defei- •Em seguida, retire a camada óssea ma is próxima, traba-
tos do espaço de disco e feche a pleura sobre eles, se lhando em direção ao áp ice. Controle o sang ramento
possível. Mais do que um enxerto estrutura l pode ser epidura l co m Gelfoam embebida de trombina.
necessário, dependendo da gravidade da curva. Os enxer- • Após a medula ser descomprimida, rea lize uma fusão do
tos devem ser colocados em um ponto mais anterior enxerto estrutura l anterior (Fig . 41 -1 76C).
possível ao eixo da deform idade de flexão. •Feche e drene a incisão conforme a rotina.
• No segundo estágio, é fe ita a fusão posterior com ou sem
instrum entação.
Winter et ai. observaram que as falhas da fusão anter ior em
se us pacientes geralmente estavam associadas aos enxertos estrutu -
rais, que eram muito curtos ou foram colocados muito perto do
ápice da cifose ou com remoção inadequada dos discos interverte-
brais na área de fusão. ENXERTIA ÓSSEA VASCULAR
ANTERIOR DE COSTELA
DESCOMPRESSÃO MEDULAR 8radford et ai. observaram a fratura frequente dos enxertos
ANTERIOR E FUSÃO estruturais qua ndo não estava m em contato com os corpos

, TÉCNICA mm.._______
(WINTER E LONSTEIN)
~
vertebra is e sim plesmente se est endiam por uma área
aberta entre as vérteb ras. O enxerto de costela ou de fíbula
pode levar até 2 anos para ser substituído e fica mai s fraco
aproximadamente 6 meses após a cirurgia . Para evitar a
fratura do enxerto, 8radford desenvolveu uma t écnica de
•Exponha a coluna através de uma abordagem anterior enxerto ósseo vascular pedicular para o tratamento da
adequada. cifose grave, na qual a estrutura deve ser colocada a mais )
PARTE XII A COLUNA

Superfície cranial da
costela livre de excesso
de músculo intercostal
1

\lil ,.
Superf1c1e caudal da costela
~ Pedirnlo ""º'"
intercostal livremente
dissecado com base
com músculo intercostal retido de balão
para proteger o pedículo

Costela
envolvendo o vascularizada
pedículo vascular \
1

e D

O[rim@Gllll) A, Coleta de coste la vascula rizada. B, Base de balão co locada atrás do pedículo vasc ular intercosta l. Norma lmente, não
é necessário dissecar o pedículo vascular. C e D, A retenção de parte do múscu lo intercosta l com o vaso, co nforme mostrado aqui, reduz
a probabilidade de lesão do pedícu lo durante a coleta. (De Shaffer JW, Bradford DS: The use of and techniques fo r vascularized rib pedicle
grafts. ln Bridwell KH, DeWald RL, ed itors: The textbook of spinal surgery, ed 2, Philadelphia, 1997, Lippincott-Raven.) VEJA A TÉCNICA 41-47,

de 4 cm da coluna vertebral. Ele creditou a primeira des- inseridos para fornecerem proteção para os vasos intercos-
)
crição da técnica para Rose et ai., em 1975. tais que perfundem a costela.
•No nível da osteotom ia proxim al da coste la, mobilize o
TÉCNICA ~
periósteo para longe da costela.
~~~~~~~~--~
• Após concluir a osteotomia, a costela está ligada somente ao
(BRADFORD) músculo intercostal caudal e seu pedículo intercostal vascular.
Divida cuidadosamente os vasos intercostais abaixo da costela
• Planeje a toracotomia para remover costela suficiente na direção da articulação costovertebral, retendo o músculo
para fazer a ponte com a cifose. em torno do pedículo intercostal. Não disseque a artéria e a
•Para uma deformidade cifótica grave de T6 a T12, a veia intercostal.
quinta costela vascularizada seria usada para estruturar a •Se a costela e o músculo estiverem mal perfundidos,
deformidade. disseque o pedículo vascu lar para longe dos vasos inter-
• Faça uma incisão na pele como na exposição transtorácica costais (Fig. 41-177).
de rotina. Tom e cu idado para identificar a costela adequada •Mobil ize a costela com sua musculatura intercostal intacta
e evitar o uso de eletrocautério sobre o periósteo da costela. e o complexo de artéria e veia (Fig. 41-178A).
•Divida os músculos intercosta is acentuadamente para fora • Descole cuidadosamente o periósteo do enxerto de costela
da porção cranial da costela. Essa dissecção da costela é por 2 ou 3 mm em cada extremidade para fornecer
sempre extraperiosteal. Divida a costela distalmente para contato osso a osso sem a intervenção do tecido mole
fornecer comprimento suficiente para abranger a área de quando o enxerto for girado para a posição.
deformidade. • Identifique proximal e distalmente os corpos vertebrais a
• No nível da osteotomia distal da costela, faça a ligadura dos serem incluídos na fusão.
vasos intercostais e corte acentuadamente o nervo intercos- • Faça um orifício no aspecto anterior do corpo vertebra l
tal, permitindo que se retraia. Os músculos intercostais acima e abaixo, para aceitar as extremidades do enxerto
fixados na parte caudal da costela devem permanecer de costela.
CAPÍTULO 41 ESCOL/OSE E CIFOSE

Veia
intercostal--''----'--'""

Artéria

........
g__ Nervo, artéria
Jt:l: e veia intercostais,
'J B ligados

A B

O@il;J4Blm) Toracotomia . A, Uma ampla margem de músculo intercostal permaneceu inserida na costela para garantir o suprimento
sanguíneo intacto. B, Enxerto de costela girado em 90 graus em seu eixo e introduzido nos corpos vertebrais ao longo do comprimento
da cifose a ser fundida. VEJA A TÉCNICA 41-47.

•Apare a costela de modo que as extremidades tenham o se fo r descoberta tardiamente. No entanto, é distinguível da cifose
mesmo comprimento da coluna vertebral a ser fundida. congênita do tipo II porque os espaços de disco e os corpos verte-
•Gire a costela em seu eixo em aproximadamente 90 graus brais são normais ao nascimento e mais tarde tornam-se anterior-
e pressione-a para dentro das vértebras acima e abaixo mente fundidos. Knutsson descreveu a fusão vertebral anterior
(Fig. 41- 1788). progressiva pela primeira vez em 1949 e menos de 100 casos foram
• Feche o tórax de maneira rotineira sobre os tubos torácicos. relatados desde então. A etiologia é desconhecida, sendo provavel-
•A imobilização da coluna vertebral após a enxertia vascu- mente uma condição clínica distinta; no entanto, é possível que
lar é a mesma realizada após os procedimentos de enxerto represente uma cifose congênita do tipo II retardada.
não vascular. Certas formas de cifose congên ita do tipo II (falha de segmen-
ta ção) podem ser herdadas com falha de segmentação e fusão retar-
dada dos elementos vertebrais anteriores, que não são visíveis em
radiografias até 8 ou 10 anos de idade. A ocorrência familiar tem
• COMPLICAÇÕES DO TRATAMENTO CIRÚRGICO sido relatada por vários autores. Anomalias associadas, incluindo
Algumas das complicações mais frequentes do tratamento da cifose defeitos de audição, agenes ia tibial, deformidades nos pés, síndrome
congênita são a pseudoartrose, a progressão da cifose e a paralisia. de Klippel-Feil, síndrome de Ito, estenose da artér ia pulmonar e
A pseudoartrose e a progressão da deformidade cifótica podem ser hemissacralização de L5, também foram relatadas.
minimizadas por meio de fusõe s anterior e posterior para deformi- Déficits neurológicos normalmente não ocorrem em pacientes
dades com mais de 50 graus. A fusão posterior deve se este nder de com fusão vertebra l anterior progressiva, mas foi relatada a compres-
um nível acima até um nível aba ixo da vértebra envolvida. são da medula espinhal resultante de uma cifose agudamente angular.
A paralisia é talvez a complicação mais temida da cirurgia espi- Van Buskirk et ai. descreveram cinco estágios da fusão verte-
nhal. O risco dessa complicação pode ser diminuído se não se tentar bral anterior progressiva: estágio 1, estreitamento do espaço de
corrigir ao máximo a deformidade com instrumentação. A instru - disco, que ocorre em maior extensão anteriormente do que poste-
mentação deve ser usada mais para a estabilização das deformidades riormente; estágio 2, aumento da esclerose das placas termin ais ver-
rígidas em vez de correção. A tração com halo em deformidades tebrais das colunas anterior e média; estágio 3, fragmentação das
cifóticas congênitas rígidas tem sido associada a um aumento do risco placas terminais vertebrais anteriores; estágio 4, fusão da coluna
de comprometimento neurológico. Outro problema em longo prazo, anterior e, às vezes, da coluna média; e estágio 5, desenvolvimento
que ocorre em aproximadamente 38% dos pacientes com cifose, é a de uma defo rmidade cifótica.
dor lombar causada pelo aumento da lordose lombar que é necessária A cifose que ocorre no último estágio da fusão vertebra l ante-
para compensar a deformidade cifótica. rior progressiva resulta da fusão do espaço de disco anterior
enquanto o espaço de disco posterior permanece aberto. O cresci-
mento contin ua no espaço de disco posterior e na coluna posterior.
FUSÃO VERTEBRAL ANTERIOR Os pacientes com fusão vertebral torácica anterior progressiva têm
PROGRESSIVA melhor prognóstico do que aqueles com comprometimento lombar.
Isso provavelmente ocorre por causa da postura cifótica normal da
A fusão vertebral anterior progressiva é uma causa rara de cifose em coluna torácica. O tratamento não cirúrgico é recomendado para a
crianças, que pode ser confundida com a cifose congênita do tipo II maioria das deformidad es de fusão vertebral torácica anterior
Ml:fI$ PARTE XII A COLUNA

O!C\ii;füBIBi) A e B, Hipoplasia de L2 em um paciente com reso lução espon-


tânea. Observe o embicamento da vértebra em L2. C, TC tridimensional mos-
tran do o embicamento da vértebra L2 . (De Campso MA, et ai: lnfantile thoracolumbar
kyphosis secondary to lumbar hypoplasia, J Bone Joint Surg 90A:1726, 2008.)

progressiva. Se ela ocorre na coluna lombar, uma fusão espinhal pos- radiografias, tinham uma cifose angular relativamente acentuada
terior é indi cada para deformidades do estágio 1 ao 3. Para os estágios com o ápice na vértebra afetada (Fig. 4 1- 179A) . A vér tebra afetada
4 e 5, a deformidade cifótica já ocorreu em uma colun a lomba r lor- era em forma de cunha com uma ind entação anterossupe ri o r, dando
dótica normal e a fu são posterior só iri a parar a progressão da defor- a aparência d e um bico (Fig. 4 l -l 79B e C) . Somente uma vértebra
midade. Uma osteotomiaanteriorcom fusão posterior e instrum entação estava envolvida em todas as sete cria nças, Ll ou L2. Ca mpos et a i.
é necessária para obter o alinhamento sagital nor mal. recomendaram um período inicial d e o bservação para o bter uma
avaliação melh o r da deformid ad e confo rm e o progresso d a ossifica-
ção e para evita r o excesso de tratamento d a hip oplasia lombar, que
HIPOPLASIA LOMBAR INFANTIL melhorará co m o crescimen to.

A cifose toraco lomba r secu ndár ia à hipoplasia lombar fo i relatada


por Campos et ai. em sete cria nças norma is, nas quais a cifose to ra- ESPONDILÓLISE E
colombar teve resolu ção espontânea co m o crescimento. A d efo rmi - ESPONDILOLISTESE
d ade começou a m elh orar com a id ad e de aqui sição da marcha e foi
co rrigida à condi ção normal aos 6 anos de id ade. A cifose ini cia l He rbiniaux, um obstetra belga, obse rvou uma proeminência óssea
m édi a era d e 34 grau s. Os pac ientes ap rese ntaram um a d efor mid ade na frente do sacro que causava problemas n o par to. Ele geralm ente
cifótica clinicamente aparente durante o primeiro ano d e vida e, em é c reditad o como o primeiro autor a descreve r a espondi lolistese.
CAPÍTULO 41 ESCO LI OSE E CIFOSE u:h#

li Ili

IV V

O@ih!·!alEI.i) Cinco tipos de espondilolistese: tipo 1, displásica; tipo 11, ístmica; tipo Ili, degenerati va; tipo IV, traumática; tipo V,
patológica . (Redesenhada de Hensinger RN: Spondylolysis and spondylolisthesis in children, lnstr Course Lect 32:132, 1983.)

O termo espondilolistese fo i usado por Kilian em 1854; esse termo


deriva do grego spondylos, que significa "vértebra'; e olisthenein, que
significa "deslizar". A espondilolistese é definida como o desliza-
mento anterior ou posterior de um segmento da coluna ve rtebral
para o próximo segmento mais inferi or.

CLASSIFICAÇÃO
• Classificação de
41-1 O Espondilolistese (Wiltse et ai.)

Tipo 1, displásica - Anormalidades congênitas das facetas


sacrais superiores ou facetas inferiores da quinta vértebra
lombar que permitem o deslizamento de LS sobre S1. Não
há defeito no istmo vertebra l (pars interarticularis) neste tipo.
A classificação de Wiltse, Newman , e Macnab da espondilolistese é Tipo li, ístmica - Defeito no istmo vertebral (pars interar-
ilustrada na Figura 41-180 e no Quadro 41-10. Marchetti e Bartolo- ticularis) que permite o deslizamento para frente de LS
zzi sugeriram que a classificação de W il tse et ai. é baseada em um a sobre S1. São reconhec idos três tipos de espondilolistese
mi stura de critérios et iológicos e topográficos, que é difícil preve r a ístmica:
progressão ou a resposta à cirurgia co m essa classificação e qu e Lítica - fratura por estresse da pars interarticu!aris
também é difícil identificar o tipo d e espondilolistese precisamente. Pars interarticularis alongada, mas intacta
Por isso, eles tentaram classificar melh or a condição, dividindo-a em Fratura aguda da pars interarticularis
formas de desenvolvimento e adquirida (Quadro 41-11 ). Sua classifi- Tipo Ili, degenerativa - Essa lesão resulta de instabilid ade
cação retira a parte ístmica ou lítica da espondilolistese do principal intersegmenta r de longa duração com subsequente
papel causador e enfatiza os aspectos displásicos e de desenvolvi- remodelamento dos processos arti culares no nível
mento. Ao analisar a espondilolistese, o cirurgião deve primeiro envolvido.
decidir se a condição é de desenvolvim ento ou adquirida. Se for de Tipo IV, traumática - Este tipo resulta de fraturas na área
desenvolvimento, o grau de displasia deve ser determinado como alto do gancho ósseo que não envolvem a pars interarticularis,
(grave) o u baixo (leve) por m eio da avaliação da qualidade do gancho como pedículo, lâmina ou facetas.
ósseo posterior (Fig. 41 -1 81). O grau de lordose e a posição da linh a Tipo V, patológica - Este tipo resulta de doença óssea
de gravidade também são importantes; quanto mais anterior está a localizada ou generalizada e de fraqueza estrutura l do
li nha de grav idade, mais provável é o aume nto da espondilolistese. osso, como osteogênese imperfeita .
A competência do disco no nível da espond ilolistese também é
Ml:il:t PARTE XII A COLUNA

Classificaç_ão de Espon~ilolistese Classificação de


QUADRO
41 _1 1 (Marchett1 e Bartolozz1) QUADRO 41-12 Espondilolistese e Espondilólise
(Herman e Pizzutillo)
Do Desenvolvimento
A ltamente displásica Ti po 1-Displásica
Com lise Tipo li- De Desenvolvimento
Com alongamento Tipo Ili-Traumática
Pouco displásica A. Aguda
Com lise B. Crônica
Com alongamento Reaçã o por estresse
Adquirida Fratura por estresse
Defeito espond ilolítico
Traumática
Pseudartrose da pars interarticu!aris
Fratu ra aguda
Fratu ra por estresse Tipo IV-Patológica
Pós-cirúrgica
Cirurgia direta De Herman MJ, Pizzutillo PD: Spondylolysis and spondylolisthesis in the child
Cirurgia indireta and adolescent, Clin Orthop Relat Res 44:46, 2005.
Patológ ica
Patologia local
Patologia sist êmica
Degenerativa na aprese ntação clínica e na morfo logia da anormalidade espinhal.
Primária O tipo 1 é um a espo ndilólise e espondilolistese displásica semelhante
Secundária à categori a displásica de W il tse et al. O tipo II refere-se à espondi-
lólise e espondilolistese de desenvolvimento. Esse tipo geralmente é
De DeWald RL: Spondylolisthesis. ln Bridwell KH, DeWald RL, editors: The
en contrado como um achado incidental. O tipo III refere-se à
textbook of spinal surgery, ed 3, Philadelphia, 2011, Lippincott Williams &
espondilólise e espondilolistese traumática e subdivide-se em agudo
Wilkins.
e crônico. O tipo crônico é subdividido ainda em (1) reação po r
es tresse, (2) fratura por estresse e (3) defeito espondilolítico ou pseu-
doartrose das pars intera rticularis ou istmo vertebral. O tipo IV é a
espond ilólise e a espondilolistese patológica (Quadro 41-1 2).

i A maioria das espondilolisteses em crianças e adolescentes é


de dese nvolvimento ou traumát ica (t ipo crônico) . A criança nasce
com um gancho ósseo displás ico. Assim que ela começa a deambu-

/ lar, vá rias fo rças mecânicas entram em jogo. A pars interarticularis


está sob maior estresse, podendo alongar ou fraturar. Subsequen te-
mente, o disco também sofre maior estresse e sua fa lha precoce pode
ocorrer. Conforme esses eventos ocorrem, a situação se torna mais
instável, resultand o em progressão. Se essa condição instável puder
A B ser reconhecida precocemente em crianças, a estabilização precoce
pode preve nir a espo ndilolistese ou a es pondiloptose grave e evitar
H@ii@rJIED A, Pedículo, pars interarticularis, facetas inferio- intervenções cirúrgicas mais ex tensas e arriscadas.
res de LS e faceta s sacrais formam um gancho ósseo que impede Essa seção se concentra na espondilolistese de desenvolvimento
qu e a vértebra LS deslize para fre nte ao longo da inclinação da e na espondilose adquirida do tipo fratura por estresse. A espondilo-
placa terminal sacral. B, Diferença e ntre gancho ósseo normal e listese adquirida degenerativa é discutida no Capítulo 44.
gancho ósseo di splásico, qu e é incapaz de oferecer resistência ao
deslizamento para frente da vérteb ra LS sob tensões de suporte
de carga na coluna vertebral em posição vertica l. ETIOLOGIA E HISTÓRIA NATURAL

A prevalência de espondilolistese na pop ul ação gera l é de 5% a 8%,


importante; a RM pode ser necessária para determinar isso. As indi- ocorrendo de maneira mais ou menos igual em homens e mulheres.
cações de um a situação instável incluem um a cifose localizada sig- A espondilolistese de desenvolvimento co m lise parece resultar de
nificativa do desli zamento (â ngulo alto de desli za mento). Alterações um a fratura por estresse que ocorre em cri anças com predisposição
ósseas, como um corpo vertebral de LS em forma de trapézio e um genética para o defeito. O defeito não fo i observado ao nascim ento
sacro em forma de cúpul a, também são indicativas de instabilidade ou em pacientes cronicam ente acamados. Wiltse et ai. postularam
e di splasia significativa. As implicações do sistema de classificação que a lordose lombar é acentuada pelas contraturas em fl exão
são que, quanto mais displás ica e instável for a situação, mais agres- normais do quadril na infância e que essa postura exerce forças de
sivo deve ser o procedimento cirúrgico para resolver o problema. suporte de carga sobre a pars interarticularis. Letts et al. sugeriram
Herman e Pi zzutillo propuseram um a nova classificação, para que os estresses de cisa Lhamen to são maiores na pars interarticularis
a espondilólise e a espondilolistese em crian ças e adolescentes, que quand o a coluna lombar está este ndid a. Cyron e Hutton descobri -
usa elementos pertinentes das classificações de W iltse et al. e Mar- ram que a pars interarticularis é mais fin a e o disco vertebral é menos
chetti e Bartolozzi. Essa classificação em quatro partes foi baseada res istente ao cisalham ento em cri an ças e adol escen tes do que em
CAPÍTULO 41 ESCOLIOSE E CIFOSE il:iiji
adultos. Ela também é mais comum em ce rtos tipos de atividades coluna lombar é restrito e o encurtamento do s músc ul os isquioti-
desportivas com hiperextensão repetitiva e ca rgas rotacionais apli - biais é evidente quando se levanta a pern a reta. À m edida que o
cadas à coluna lombar. A incidênci a é de até 47% em atletas de elite corpo vertebral é deslocado anteriormente, o paciente assume uma
que participam de esportes de alto risco, como mergulho e ginástica. postura lordótica acima do nível do desli za men to para co mpensar
Essas observações indica m que a condição é adquirida, em vez de esse deslocamento. O sac ro se torna mais ve rtical e as nád egas apa-
congênita. No entanto, cerca de 50% dos esquimós foram relatados recem em forma de coração, por causa da proeminência sac ra!. Com
como portadores de espondilolistese, enqu anto somente 6% a 7% de deslizamentos mais graves, o tron co se torna encurtado e, muitas
homens brancos e 1,1 % de mulh eres negras adultas apresentam a vezes, causa a ausê ncia total da cintura. Estas crianças and am com
condição, o qu e indica um a predisposição genética definida . urn a marcha peculiar, descrita como "marcha de pato" por Newman,
Beutler et ai. continuaram um estudo prospectivo, iniciado no em virtude do encurtamento dos músculos isquiotibiais e da cifose
in ício dos anos 1950 pelo Dr. Daniel Baker, para determinar a inci- lombossacral. As crianças, ao contrário dos adultos, raramente apre-
dência e a história natural da espondi lólise e da espondilolistese. De sentam sinais objetivos de compressão da raiz nervosa, como fra-
1955 a 1957, foram obtidas radiografias de todas as cri anças do queza motora, alteração do reflexo ou déficit sensorial. Com
primeiro grau em uma cidade do norte da Pensilvânia, um a pop u- frequência, os músculos isquiotibiais encurtados são o único achado
lação de estudo de 500 cri anças. Um defeito lítico da pars interarti- físico positivo.
cularis foi encontrado em 4,4%. Na idade ad ulta, as lesões líticas A escoliose é relativamente comum em pacientes m ais jovens
lombares tinha se desenvolvido em mais indi víd uos, levando à inci- com espondilolistese, sendo dividida em três tipos: (1) ciática, (2)
dência total de 6%. Quatro década s depois, todos os indivíduos com olistética e (3) idiopática . A escoliose ciáti ca é uma curva lombar
um defeito da pars interarticularis foram observa do s. Indivídu os causada por espasmo muscular. Normalmente, ela não é um a curva
com defeitos unilaterais nunca apresentaram deslizamento durante estrutural e resolve-se co m repouso ou alívio de sintomas. A esco-
o período de es tudo. A progressão da espondilolistese desacelerou a liose olisté ti ca é uma curva lombar em torção com rotação que se
cada década. Não houve associação entre progressão do desliza- mistura com o defeito espondilolítico e resulta de um deslizamento
m ento e dor lombar. Não houve diferença es tatisticamente signifi - assimétrico da vér tebra. Estas curvas lombares geralm ente desapa-
cativa entre as pontuações de SF-36 da população do es tudo e as da recem após o tratamento da espo ndil olistese. No entanto, as curvas
população gera l da m esma idade. Seus achados indicaram uma evo- graves podem tornar-se estruturais e o tratame nto é mais compli-
lução benigna para os primeiros 50 anos de vida. Somente um a cado. Foi observado que a fu são da área lombossacral não tem efeito
pequ ena porce ntagem dos indivíduos desenvo lve u a progressão sin- corretivo nas curvas torác icas ou toracolombares. Quando a esco-
tomática de deslizamento nos es tudos de aco mpanhamento de longo liose idiopática e a espondilolistese ocorrem juntas, elas devem ser
prazo. Os achados confirm am qu e não há justifi cativa para aconse- tratadas como problemas separados.
lhar crianças e adolescentes com espondilólise e espondilolistese de
baixo grau a não participar de esportes competitivos.
A progressão da espondilolistese é incomum se for inferior a ACHADOS RADIOGRÁFICOS
30%. Se houve r aumento do desli za mento, geralmente ocorre entre
9 e 15 anos de idade, e raramente após os 20 anos. Harris e Weins- A chave do diagnósti co da espondilólise e da espondilolistese está
tein , em um acompanhamento de longo prazo de pacientes não nas radiografias de rotin a. A ava liação inicial deve incluir vistas
tratados com espondilolistese grau III e gra u IV, observaram que anteroposteriores, vistas late rais na posição ortostática e uma vista
36% dos pacientes eram ass intomáticos, 55% apresentaram sintomas coronal de Ferguson . A vista coronal de Fe rguson é obtida colo-
leves e some nte um paciente apresentou sintomas significativos. cando o feixe de raios X em ângulo paralelo ao disco L5-Sl. Com
Todos os pacien tes levavam uma vida ativa, sendo necessários essa vista, os perfis d os pedículos de L5, os processos transversos
somente pequ enos ajustes em se us estilos de vida. Ne nhum deles e a asa do sac ro são mais facilmente observados. A vista lateral
estava insatisfeito com a sua aparência e nenhum afirmou qu e a deve se r obtida co m o pac iente na posição ortostática, uma vez qu e
condição interferia em suas relações sociais ou profissionais. Em um se tem observado aum ento de 26% no desli zamento em film es
grupo similar de pacientes tratados com artrodeses interlaminares feitos nessa posição em co mparação com filme s obtid os em decú -
posteriores in situ, 57% eram assintomáticos e 38% apresentaram bito. Na espo ndilólise sem deslizam en to, muitas vezes é difícil ver o
sintomas leves. defeito da pars articularis. Vistas oblíquas da coluna lombar podem
colocar a área da pars interarticularis em relevo, separada dos ele-
mentos ósseos subj acentes, tornando a visua li zação do defeito mais
ACHADOS CLÍNICOS fácil. A cintilografia óssea pode se r indicada em crianças nas quais
se acredita que haja presença de um defeito adqu irido pars interar-
A espondil ólise e a espondilolistese muitas vezes não causa m sinto- ticularis, qu e não pode se r confirmada por radiografias simples. A
m as em crianças e muitos procuram a ava liação médica em virtude cintilografia óssea pode detectar o estágio da reação por estresse
de uma deformidade postural ou anormalidades de marcha. Geral- antes de a fratura ocorrer. A cintilografia óssea por tomografia co m-
mente, ocorre dor durante o pico de crescimento puberal, send o putado ri zada por emissão de fóton único (SPECT) é necessária para
predominantemente dor lombar, e apenas ocasional mente dor nas mostra r se a captação aumentou na pars interarticularis. Se o
pernas. Os sintomas são agravados por altos níveis de atividade ou aumento da captação for confirmado, uma TC pode ser obtida para
esportes competitivos e diminuem com a restrição de atividade e avaliar se há có rtices espessos consistentes com um a reação por
repouso. A dor lombar provavelmente resulta da instabilidade do estresse ou se há uma fratura aguda por estresse. Es tudos adicionais,
segmento afetado e a dor nas pernas geralmente es tá relacionada como a RM, podem se r úteis para determinar a condição do disco
com a irritação da raiz nervosa de L5. no nível da espondilolistese. A herniação do núcleo pulposo é rara
Os achados físicos va riam de acordo com a gravidade do des- em crianças, mas o estado do disco pode ser preditivo de instabili-
lizamento. Com um desli zamento significa ti vo, uma deformidade dade. A comp ressão da rai z nervosa também deve se r avaliada.
local (step-ofj) na junção lombossacral é palpável, o movimento da Sinais objetivos de compressão específica da raiz nervosa geralmente
MHt.> PARTE x11 A co LuNA

iâ(ijl!;fdBJED Sist ema de classificação de espondil o li stese de


S.58% Newma n modificado. O gra u de deslizamento é medido por dois
números - um ao longo da placa termi nal sacra [ e o segundo ao
longo da parte anteri or do sacro: A = 3 + O; B = 8 + 6; e C = 10 + 10.

,,., 22
/.'-"'.,J'l ]
~ 38
d e uma linha traçada paralelamente ao aspecto inferior o u superior
; ..---i l\,\/
., L _,, _____ ,~ d a vértebra L5 e uma linh a traçada perpendicularmente ao aspecto
posterior do corpo da vértebra SI (Fig. 4 1-184). O ângulo de desliza-
( ºDeslizamento\
mento norm al em um paciente sem espondilolistese deve ser lordó-
A tico. Com um a espondilolistese de alto grau, o ân gulo é comumente
cifótico. O grau de cifose pode tornar-se grande, o que representa uma
Hlrimf.jBIJ:l!) A e B, Percentual de deslizamento calculado forma grave de cifose segmentar em L5-S 1. Boxall et ai. observaram
pe la med ição da distância a partir da linha paralela à parte poste- uma associação entre um ângulo de alto deslizam ento (>55 graus) e
rior do prime iro corpo vertebra l sacral até a linha para lela à parte a progressão da deformidade, mesmo depois de uma artrodese pos-
posterior do corpo de L5; a dimensão anteroposterior de L5 infe- terior sólida.
riormente é usada para calcular o percentual de deslizamento. A res tau ração d o equilíbri o espinopélv ico é imp ortante no
tratamento d e espondiloli stese. Hresko et ai. d escreveram doi s
padrões de deformidade em pacientes com um espondilolistese d e
estão ausentes em crianças, embora o espasmo o u o encurtamento alto grau, com base no alinhamento do sacro e da pe lve. O pri -
dos músculos isquiotibiais normalm ente esteja presente. m e iro grupo fo i class ificado como equilibrado, sendo qu e as incli-
A RM usa ndo cortes axiais através do pedíc ul o e espaço d e nações sacra ! e pélvica eram semelhantes às de paci entes sem
di sco, com vistas parassagitais no nível d as pars interarticularis, espo ndilolistese neste g rupo. O seg undo grupo foi classificado
também pode se r diagnósti ca no estadiamento de lesões. Em lesões como desequilibrado e apresentava retrovers ão acentu ada d o com-
agudas, as alterações de alto sinal indi cando ed ema de medula óssea plexo sacropélvico. O g rupo equilibrado é ca racteriza do por alta
podem ser vistas nas image ns ponderadas em T2 do pedículo adja- inclinação sacra! e baixa incl inação pélvica. O grupo d ese quili -
cente às pars interarticularis afe tad as. brado aprese n ta um sacro vertica l, baixa inclinação sacra! e alta
O sistema de classificação radiográfica m ais comumen te utili - inclinação pélvica (Fig. 4 1-1 85).
zad o para a espon dilolistese é o d e Meyerding. Nesse sistem a, o grau
d e deslizamento é calculado pe la d eterminação d a proporção entre
o diâmetro anteroposterior da parte super ior da primei ra vértebra TRATAMENTO DA ESPONDILÓLISE
sacra! e a distância em que a vértebra L5 d esl izou anteriorm ente ADQUIRIDA
(Fig. 41- 182). A espondiloli stese grau 1 é o des loca mento d e 25% o u
m enos; grau II, entre 25% e 50%; grau III, entre 50% e 75%; e grau O tratamento da espondi lólise por causa de um a fratura por estresse
IV, mais de 75%. Um grau V representa a posição de L5 completa- em crian ças e adolescentes depende d a espondiló lise ser aguda o u
m ente abaixo da parte superior do sacro. Isso também é chamado crôni ca. Micheli, Jackson et al. e Rabushka et ai. descreveram crian -
de espondiloptose. ças e adolescentes nos quais os defeitos espondi lolíticos agudos se
DeWald recomendou uma modificação do sistema de Newm an co nso lidaram co m imob ili zação com aparelho gessad o ou órtese.
para d efinir m elh or a qua ntidade de deslizamento ante rior de L5 No rm almente, essas crianças apresentam um início agudo de sinto-
(F ig. 4 1- 183). A cúpula e a superfíci e anterior d o sacro estão dividi - m as e o ep isódio d e lesão está claramente documentado. Muitas
das em 10 pa rtes iguais. A pontuação é baseada n a posição do ca nto vezes, elas participam de um esporte, como gi n ástica, qu e causa a
inferior posterior do corp o da quinta vértebra lomba r em relação à hiperextensão repetitiva da coluna ve rtebral. Uma SPECT ou RM
cúpu la do sacro. O segund o número indica a posição do ca nto in fe- pode ser útil para d eterminar se o processo é agudo ou c rô nico. Se
rior anterior do corpo d a vértebra L5 em relação à sup erfície anter io r a SPECT d etectar um a anorm alid ade ou a RM mostrar edema no
do primeiro segmento sacra!. pedículo, um a TC da área suspeita pode ser obtida. Se a TC mostrar
As relações angulares constituem os melh ores indicadores de o espessame nto d a pars, é recomendado evitar at ividades agravantes
instabilidade ou de progressão da espondilolistese. Estas relações são e exe rcícios de forta lecimento dos músculos abdominais. Se a TC
expressas no ângulo de desli zam en to, que é formado pela intersecção ind icar um a fratura por estresse ag ud a, um es tudo d e 3 m eses de
CAPÍTULO 41 ESCOLI OSE E CIFOSE

Se a criança não responder às medidas conservadoras, devem-se des-


cartar outras causas de dor lombar, como infecção, tumor, osteoma
osteoide e hérnia de disco. Deve-se dar especial atenção às crianças
cujos sintomas não respondem ao repouso ou têm achados neuroló-
gicos objetivos. Urna porcentagem muito pequena de crianças com
espondilólise que não responde às medidas conservadoras e nas quais
as outras possíveis causas de dor nas costas foram eliminadas pode
necessitar de tratamento cirúrgico.

• REPARO DO DEFEITO ESPONDILOLÍTICO


Em pacientes sintomáticos com um defeito das pars interarticularis
estabelecido, a possibilidade de reparo direto pode ser considerada.
Os princípios desse reparo de pseudoartrose são os mesmos para
qualquer osso longo: desbridamento, enxertia do local com enxerto
ósseo autógeno e compressão através da fratura. Se o reparo direto
da espondilólise for considerado, o estado do disco deve ser avaliado
com RM. Se a degeneração do disco for significativa, uma artrodese
neste nível pode ser uma escolha melhor.
Foram descritas várias técnicas para o reparo do defeito
espondilolítico. Buck descreveu uma técnica que usa parafusos
para o reparo. As lâminas frouxas e os defeitos das pars interarti-
cularis são expostos e os defeitos das pars são debridados e decor-
ticados. Sob visão direta, urna via é perfurada e um parafuso de
osso cortical é colocado através do defeito. Resultados bons ou
excelentes têm sido relatados em 80% dos pacientes e uma sólida
fusão do defeito das pars interarticularis tem sido relatada em mais
de 90% dos pacientes com o uso de fixação de fio segmentar e
enxertia óssea. Melhores resultados clínicos foram obtidos em
pacientes com menos de 30 anos de idade, possivelmente porque
a instabilidade crônica causa doença degenerativa do disco em
pacientes mais velhos, o que faz com que os sintomas continuem
apesar da fusão do defeito.
Kakiuchi relatou a consolidação bem-sucedida dos defeitos
das pars interarticularis com o uso de um parafuso pedicular,
gancho laminar e sistema de hastes. Um parafuso pedicular é colo-
cado no pedículo acima do defeito das pars. O defeito recebe o
osso enxertado. Uma haste é colocada no parafuso pedicular e, em
Hldii;f4mD Represent ação esquemática do ângulo de desli- seguida, inserida no gancho laminar caudal e aplica-se compres-
zamento ou mau al inhamento cifót ico da j unção lombossacra l são. Isso oferece uma estrutura mais estável do que a conferida
presente na espondilo listese disp lásica ístmica de alto grau. A, pelas técnicas com fios. Uma segunda cirurgia para a remoção dos
Método padrão de medição. B, Método usado quando a placa implantes proeminentes após a consolidação pode ser necessária.
term ina l inferior de LS está com formato irregular.

REPARO DA ESPONDILÓLISE
tratamento ortopédico é justificado. Se o defeito não cicatrizar em 3
~
meses, o uso ortopédico continuado geralmente não é indicado. A TÉCNICA
TC é a técnica radiográfica mais útil para determinar a presença ou ----~~~~~~----~
a ausência de cicatrização. (KAKIUCHI)
As crianças e os adolescentes com espondilólise de longa
duração são tratados com medidas não cirúrgicas de rotina. As ativi- •Coloque o paciente em posição prona em um suporte
dades vigorosas são restritas e são prescritos exercícios de fortaleci- de Hall.
mento da coluna e dos músculos abdominais. Se os sintomas forem •Exponha a vértebra envolvida, inclu indo o defeito das
mais graves, pode ser necessário um breve período de repouso em pars interarticu!aris através de uma incisão posterior na
leito ou imobilização com órtese. Após a dor melhorar e o encurta- linha média. Remova o tecido fibroso dentro e atrás do
mento dos músculos isquiotibiais ter diminuído, permite-se que a defeito com um elevador de Cobb, rongeur ou cureta.
criança realize atividades progressivas. Exames anuais com radiogra- Para manter o comprimento da pars interarticularis, não
fias localizadas laterais na posição ortostática da coluna lombossacral remova o osso esclerótico em ambos os lados do defeito.
são aconselhados para descartar o desenvolvimento de espondilolistese. • Limpe o aspecto latera l da metade inferior do processo
Se o paciente permanecer assintomático, a limitação das atividades ou articular superior e o terço médio do aspecto posterior do
dos esportes de contato não é necessária. A maioria das crianças com processo transverso do tecido mole, sem interferir na
espondilólise apresenta excelente alívio dos sintomas ou somente cápsu la da faceta. )
um desconforto mínimo no acompanhamento em longo prazo.
PARTE XII A COLUNA

Espondilolistese de Alto Gra u

H!§i!;Ma1E.9 Vista sag ital do alinha -


mento espinopélvico na espondilolistese
de alto grau . (De Hresko MT. et ai: Classifi-
cation oi high-g rade spondylolisthesis based
on pelvic version and spi ne balance, Spine
Pelve equilibrada Pelve desequilibrada 32:2208, 2007.)

• Faça a decorticação do aspecto posterior da pars interar- multífido e longu íssimo até o ponto de inserção sobre o
)
ticularis e da porção adjacente da lãmina, usando um pedículo.
pequeno cinzel (Fig. 4 1-186A *) Não faça a decorticação •Corte a haste com o comprimento adequado e fi xe-a na
dos aspectos latera l e inferior do processo articu lar supe- cabeça do parafu so de ângul o variável. Insira um gancho
rior, de modo a manter a força das estruturas ósseas para laminar na margem inferior da lâmina e fi xe-o na haste
o posici onamento do parafuso pedicu lar. (Fi g. 4 1-1 86E*)
• Se a descompressão da raiz nervosa for indicada, remova •Para red uzir o tamanho do defeito da pars interarticularis,
as espícu las ósseas sobre a raiz nervosa com um osteó- ap lique um a leve força de com pressão entre o gancho e
tom o (Fig. 41-186B*). Encubra o tecido adiposo livre no a cabeça do parafuso com o compressor de gancho antes
defeito criado acima da raiz nervosa para evitar que o de apertar o parafuso de olho.
enxerto ósseo caia sobre a mesma. • Rep ita o procedimento no lado contralatera l.
•Para alca nçar uma área mais larga para a enxertia óssea,
o ponto de partida para a inserção do parafuso pedicular CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Normalmente, permite-
é perto da intersecção de uma lin ha verti ca l através do se que os pacientes se levantem e andem no segundo ou
eixo central do pedículo e uma linha horizonta l na borda terceiro dia pós-operatório. Um colete lombossacral ríg ido
superior do pedículo (Fig. 41- 186(). é usado por 2 meses, mas seu uso deve se r determinado
•Direcione o parafuso ligeiramente cauda l, de modo que ele em base individu al. A atividade sem restri ções é permitida
entre no corpo vertebral no eixo centra l do pedículo. depois de 6 meses.
• Após a inserção do parafuso pedicu lar, retire ti ra s de osso
esponjoso do aspecto posterior do ílio através da mesma
incisão na pele.
• Coloque o osso esponjoso como um enxerto onlay a
partir do terço méd io do processo transverso até a porção REPARO PELA TÉCNICA DE SCOTT
decorticada da lâmina para formar um folheto ósseo com MODIFICADA
cerca de 1 cm de espessura (Fig. 41 -1 86C*).
Van Dam relatou sucesso em 16 pacientes com uma mod i-
• Se o múscu lo multifido estiver muito apertado para a inser-
fi cação da técnica de reparo de Scott. Em 26 reparos diretos
ção do parafuso pedicular por meio dessa abordagem de
da pars interarticularis, a consolidação fo i alca nça da em 22.
linha média (que é mais comum em LS do que nos níveis
mais cefá licos), o ponto de partida para a inserção do ~
TÉCNICA ~~~~~~~~~~
parafuso pedicular no processo articular superior deve ser
a exposição do pedículo, por meio da abordagem paraes- (VAN DAM)
pinhal, através da mesma incisão da lin ha méd ia na pele e
de pequenas incisões fasciais ad icionais feitas a 2 a 3 cm • Aborde a coluna lombar posteriormente.
latera lmente à linha média (Fig. 4 1-1860*). Insira um dedo •Identifique e debride a área da pseudoartrose das pars
através do plano de clivagem natural entre os músculos interarticularis.

*Disponível , em inglês, em www.expertconsult. com. *Dispo nível, em inglês, em www.expertconsult. com .


CAPÍTULO 41 ESCOLIOSE E CIFOSE lf:h@
•C oloqu e um parafuso esponjoso de 6,5 mm a aproxima-
damente dois terços do cam inho do pedículo ipsilateral.
• Com um fio de calibre 18, faça um laço ao redor da
cabeça do parafuso e passe-o através de um orifício na
base do processo esp inhoso .
•Passe as extremidades do fi o através de um botão de
metal e aperte o laço do fio ao redor da cabeça do
parafuso.
•Torça as extrem idades do fio firm emente contra o botão
de metal e corte o excesso do fio.
• Coloque um osso esponjoso autógeno ao redor e no
defeito das pars interarticularis debridada.
•Posicione totalmente o parafuso para real izar o aperto
final do fio (Fig. 41-187)
• Taddonio descreveu o uso de parafusos pediculares inse-
ridos nas hastes de CD e ganchos laminares deslocados
para alcançar a mesma estab ilidade mecânica como nas
técn icas de Buck e de Bradford. Roca et ai. descrevera m
o uso de um gancho-parafuso pedicu lar-laminar de titânio O@il;tj91Ii> Técnica com fio de Scott. (Redesenhada de Rechtine
com ângulo va riável especialmente projetado para o G li: Spondylolysis repair. ln Vaccaro A, Albert TJ, ed itors: Spine surgery
reparo direto da espondil ólise. tricks of the trade. New York, 2003, Thieme.) VEJA A TÉCNICA 41-49.

CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O paciente deve usar uma


órtese lombossacral por um período mínimo de 3 meses e
até 6 meses após a cirurgia. A consolidação das pars interar- do crescimento. Isso é especialmente importante em pacientes do
ticu/aris é avaliada pela TC de acompanhamento. sexo fem inino e em pacientes que apresentam características de alto
risco para a progressão do deslizamento.

• TRATAMENTO CIRÚRGICO
As indicações para a cirurgia incluem sintomas persistentes apesar
• FUSÃO POSTEROLATERAL do tratamento conservador realizado durante 9 meses a 1 ano, mús-
A fusão posterolateral é o tratam ento ci rúrgico convencional da culos isquiotibiais encurtad os persistentes, marcha anormal e defor-
espondilólise sintomática que não respond e ao tratamento conser- mid ade tron copélvica. O desenvolvimento de um déficit neurológico
vador. A instrumentação e a fusão do pedículo frequentemente são é um a indicação para a intervenção cir úrgica, assim como a progres-
reali zadas para evitar a necessidade de órtese no pós-operatório. Se são do deslizamento, que é indicativa de uma displasia grave. A
a fixação interna não for usada, o pac iente é imobilizado em uma ci rurgia precoce pode evitar cirurgias mais difíceis ou arriscadas no
TLSO. Um aparelho gessado tipo pantalona ou uma TLSO com futuro. Se um paciente for assi ntomático e tiver um deslizamento de
extensão para coxas também pode ser usado para maior imobi li za- mais de 50%, provavelmente há um a displasia grave (espondilolis-
ção. Taxas de fusão de aproximadamente 90% têm sido relatadas tese altamente displásica) e a cirurgia é indicada.
co m percentuais semelhantes de alívio dos sintomas após a fu são de Uma fusão posterolateral entre L5 e o sacro é recomendada
L5 ao sacro. A extensão da fu são a L4 não é necessária. O procedi - para desli zamentos inferiores a 50% em crianças e adolescentes
mento de Gill ou uma ampla laminectomia em um a criança não é cujos sintomas persistem apesar do tratamento conservador. Este
necessário e pode causar espondilolistese. grau de desli zamento é um a displas ia leve (tipo pouco displ ásico),
geralmente sem um ângulo de deslizamento significativo. Em nossa
experiência, essas crianças respondem bem à fusão posterolateral in
TRATAMENTO DA ESPONDILOLISTESE DO situ. Nós não vimos a necessidade de qualquer tentativa de redução
DESENVOLVIMENTO instrumentada desses pacientes. Ge ralmente, para estes pacientes,
utili zamos a instrumentação por fixação de parafuso pedicular, a fim
• TRATAMENTO NÃO CIRÚRGICO de evitar a necessidade de imobilização pós-operatória. Músculos
isquiotibiais extremamente encurtados, diminuição dos reflexos do
A cirurgia nem sempre é necessá ri a para a espondilolistese. A res- tendão de Aquiles e mesmo o pé caído podem melhorar após uma
tri ção das atividades do paciente, a reabilitação muscular (espinhal, artrod ese sólida. A laminectomia co mo técnica isolada em uma
abdomin al e do tron co) e outras medidas conservad oras, incluindo criança em crescimento é co ntraindicada, porque ocorrerá mais des-
o uso intermitente de um colete rígido, frequ entemente são sufi- lizamento. Hensinger et ai. e Boxall et ai. expressaram dúvidas sobre
cientes se os sintomas são mínimos e o deslizamento é leve. Se os se a descompressão com remoção do elemento posterior de L5
sintomas melhorarem, são perm itidos aumentos progressivos da nunca deve se r fei ta em crianças com deslizamentos infer iores a
atividade. A restrição de atividades é desnecessária em pacientes 50%, independente mente dos sinais e sintomas de comprometi-
com graus leves de espondilolistese. Para pacientes sem sintomas, com mento neurológico. A obtenção de uma vista anteroposterior (Fer-
deslizamento superior a 25%, mas inferior a 50%, esportes de contato guson) verdadeira da junção lombossacral é importante para avali ar
e atividades que apresentam alta probabilidade de lesão à coluna o sucesso da artrodese. Esta vis ta fornece um verdadeiro pe rfil
devem ser evitados. Rad iografias localizadas laterais na posição ortos- coro nal da região da asa L5-sacral. Para a fus ão de L5-Sl com para-
tática da junção lom bossacral são feitas a cada 6 a 12 meses até o fim fu sos pediculares, veja a Técnica 41-50.
PARTE XII A COLUNA

TRATAMENTO DA ESPONDILOLISTESE em quase todos os parâmetros clínicos medidos. Estes achados


sugerem que a fusão in situ deve ser considerada o método de
GRAVE (ALTAMENTE DISPLÁSICA)
escolha para a espondilolistese ístmica grave de L5. Em pacientes
imaturos com espondilolistese grau III ou IV, que pode estar par-
O tratamento cirúrgico da espondilolistese altamente displásica é cialmente reduzida em radiografias em flexão e extensão, uma
mais controverso. A maioria dos autores concorda que o desliza- fusão posterolateral pode ser feita em conjunto com a redução com
mento superior a 50% necessita de fusão. No entanto, há muitas opções aparelho gessado. A redução diminui o ângu lo de deslizamento e
cirúrgicas: fusão posterior in situ, com adição de instrumentação para exerce menos estresse de tração na fusão. Ela também descomprime
fusão posterior in situ; descompressão posterior, redução parcial, ins- a porção anterior do sacro, permitindo o remodelamento sacra!. Foi
trumentação e fusão; descompressão posterior, redução total, instru- relatado que os adolescentes tratados dessa maneira apresentaram
mentação e fusão posterior; fusão posterior com redução por aparelho progressão menos tardia da deformidade, mais melhorias na quan -
gessado no pós-operatório; instrumentação posterior e fusão com- tidade de translação sagital e cifose lombossacral e uma incidência
binada com fu são intercorporal lombar posterior; liberação ante- menor de pseudoartrose. Existem várias vantagens potenciais da
rior; enxerto intradiscal ou cage estrutural combinado com red ução da espondilolistese de alto grau, incluindo a redução do
instrumentação posterior e fusão; e redução e fusão circunferencial ângulo de deslizamento (cifose lombossacral), que melhora a orien-
com ou sem instrumentação. Para pacientes com espondiloptose de tação lombossacral sagital e exerce mais compressão na massa de
grau V, Gaines e Nichols descreveram uma espondilectomia de L5 fusão e melhora o equilíbrio sagital global, bem como a aparência
com fusão de L4 ao sacro. estética. A descompressão neural direta também é possibilitada com
Lenke et ai. observaram que 21 % das 56 fusões bilaterais in situ este procedimento. As desvantagens incluem a necessidade de uma
do processo transverso para espondilolistese definitivamente não cirurgia mais extensa e, muitas vezes, de um procedimento anterior
foram fundidas, mas apesar dessa baixa taxa de fusão, a melhora adicional, além de existir um risco maior de lesão neurológica. As
clínica global foi observada em mais de 80% dos pacientes. Outros vantagens teóricas da redução total da espondilolistese devem ser
autores recomendaram a fusão anterior combinada e a redução com ponderadas contra os estudos da história natural de Murray et ai.
instrumentação espinhal posterior para desli zamentos altamente sobre a espondilolistese não tratada, bem como os estudos reali za-
displásicos, por causa de problemas com a consolidação de uma dos por Poussa et ai. e Freeman e Donati que indicam resultados
artrodese posterior isolada. Além de melhorar a aparência, a redução clínicos satisfatórios com a fusão in situ.
da espondilolistese com instrumentação melhora a probabilidade de Podem ocorrer lesões da cauda equina após as fusões in situ.
fusão, mas estes procedimentos apresentam muitos riscos e compli- Na espo ndilolistese grave, as raízes sacrais estão alongadas sobre a
cações potenciais (Fig. 41-188). Johnson e Kirwan e Wiltse et ai. parte dorsal do corpo de Sl e são sensíveis a qualquer movimento
relataram excelentes resultados em pacientes com deslizamentos de L5 em Sl. Acredita-se que o relaxamento muscular após anestes ia
superiores a 50% tratados com fu sões laterais bilaterais. Freeman e geral e dissecção cirúrgica pode provocar deslizamento adicional
Donati encontraram resultados semelhantes após a fusão in situem que estende ainda mais essas raízes sacrais. Os pacientes com maior
pacientes observados durante uma média de 12 anos (Fig. 41-189). risco apresentam um ângu lo de deslizamento inicial de mais de 45
Poussa et ai. compararam os resultados de mais de 50% da fusão in graus. A avaliação neurológica minuciosa antes e depois da artro-
situ de espondilolistese com os resultados da redução por um dese in situ é recomendada para todos os pacientes com espondilo-
sistema transpedicular e não observaram diferenças entre os grupos listese grau III ou IV. O exame deve incluir uma avaliação clínica
quanto à melhora funcional ou o alívio da dor. A fusão in situ ofe- da sensibilidade perineal, função vesical e tônus retal. Se um
receu urna aparência estética satisfatória; os procedimentos de paciente possui um déficit neurológico detectável no pré-operató-
redução foram associados ao aumento do tempo de cirurgia, com- rio, pode-se fazer a descompressão da cauda equina no momento
plicações e reoperações. Além disso, os achados em longo prazo da artrodese com remoção do lábio superior posterior do sacro
mostraram que o grupo da fusão in situ obteve melhores resultados (Fig. 41-190). Como es ta descompressão provoca instabilidade

Hl§mt4Bllll!) A, Espondilolistese grave. B, Imagem de RM mostra o deslizamento. C, Após redução anterior e posterior e fusão com
instrumentação posterior.
CAPÍTULO 41 ESCOLIOSE E CIFOSE

SA 53

O@il;MBl!m)A, Espondilolistese grave. B e e, Após fusão in situ.

A B

h!§ii;H ~ A, Espondilolistese grave. B, Aumento que pode ocorrer no intraoperatório. C, Descompressão cirúrgica da cauda
equina com sacroplastia. D, Aparência do sacro após a excisão do aspecto posterossuperior.

adicion al, é necessári a a imobilização pós-operatória em aparelho


gessado com o paciente em decúbito ou a instrumentação segmentar
FUSÃO POSTEROLATERAL E FIXAÇÃO
com parafusos pediculares. Corno alternativa, a descompressão da DE PARAFUSO PEDICULAR
caud a equina pode ser combinada com a redu ção do deslizamento ~
TÉCNICA
para frente com instrumentação segmentar posteri or do pedículo.
Se houve r lesão à cauda equin a evidente após urna artro dese in situ
1
---~~~~~~--~
realizada sem problemas, é recomendada a descompressão imediata (LENKE E BRIDWELL)
com remoção do aspecto posterior de Sl. A instrumentação seg-
mentar in situ do pedículo deve ser considerada para estabilizar • Coloq ue o paciente em posição prona sobre uma mesa
ainda mais a área ou o paciente deve ser tratado com imobilização rad iolu ce nte . Ini cialmente, o paciente pode ser posicio-
pós-operatória em dec úbito até a fu são ocorrer. nado com os joelhos e os quadris fl exionados para faci li-
Não há orientações defi nitivas sobre o tratamento cirúrgico ta r a descomp ressão.
adequado de crianças e adolescentes com espondilolistese altamente •Aborde a coluna vertebral através de uma incisão lom-
displásica. In tuitivamente, parece que quanto mais displásica e ins- bossacral posterior na linha média padrão .
tável a coluna está, o mais justificável é a realização de algum tipo •Execute uma laminectom ia de Gill e descompressões
de redu ção e instrumentação. Boachie-Adjei et ai. propuseram urna bil atera is da ra iz nervosa de LS e S1. É extremamente
técnica ajustada de redução parcial da cifose lornbossacral, descom - importante descomprim ir as raíze s nervosas de LS
pressão das raízes nervosas, fusão posterolateral e fi"Xação transver- pa ra mu ito além das pontas dos processos tran sve rsos
tebral do parafuso pedicular da junção lom bossacral. Esta técnica de LS .
tem a va ntagem de propiciar uma fixação de três colunas por trans- •Coloque os parafusos pedicu lares em LS e S1. Para pontos
fixação lombossacral, ainda que seja reali zada através de um a única adicion ais de fi xação sacropélvica, uti lize parafusos bil a-
abordage m posterior. Ela também permite que a enxertia in tercor- tera is da asa ilíaca dista l.
poral seja feita, se necessá rio, sem um procedimento anterior for mal. •Ap lique uma leve distração ao segmento LS-S 1 e realize
Da mesma forma, Lenke e Bridwell constataram que es ta abordagem uma sacro plastia para encurtar o sacro e diminuir o alon-
oferece as melhores taxas de fusão e resultados clínicos com taxas
de complicações aceitáveis.
gamento das raízes nervosas de LS .
)
PARTE XII A COLUNA

•Neste ponto, se os qu adris e os joelhos estiverem flexio- Quando a biomecânica normal é restaurada pela correção
)
nados, estenda-os para flexionar a pelve até alcançar o da deformidade, pode ser possível fundir menos segmentos
segmento LS. lombossacrais. Teoricamente, a restauração da postura cor-
•Tente acessar o espaço de disco LS-S 1 a partir da abor- pora l e da mecânica normal pode dim inuir problemas
dagem posterior. Se isso for possíve l, remova o disco e futuros nas áreas proximais da co lun a vertebra l. A aparên-
use um enxerto ósseo morselizado ou coloque cages cia física é uma preocupação dos adolescentes com espon-
estruturais no disco de LS . dilolistese de alto gra u, o que pode ser melhorado com a
• Contorne a haste e coloque-a no segmento de fi xação redução da deformidade.
dist al; flexione o sacro com a haste até alcançar o seg- No entanto, estas vantagens teóricas devem ser cuida-
mento LS. dosamente ponderadas em função dos riscos pote nciais da
• Coloque o enxerto anterior um pouco antes de travar a ci rurgia . Estes procedimentos são tecn icamente exigentes
instrumentação no lugar. e contêm um risco significativo de lesão à rai z nervosa.
•Revise as radiografias intraoperatória s anteroposteri ores Como as técnicas estão evoluindo, estes riscos estão dimi-
e laterais. nuindo, mas ainda estão inegave lmente presentes. Foram
•Realize um teste de despertar forma l para aval iar o movi- descritas diversas técnicas para obter a redução t ota l da
mento bilateral do pé e do tornozelo. espondilo li stese displásica de alto grau. A técnica a seguir
•Coloque o enxerto ósseo da cri sta ilíaca coletado proximal é somente uma dessas.
ao loca l do parafuso ilíaco sobre o processo transverso

------~
decorticado e a asa sacra! bilateralmente (F ig . 41-191 ).
• Se a fusão espinha l anterior adequada não puder ser
rea lizada posteriormente, o paciente retorna após 5 a 7 (CRANDALL)
dias para um proced im ento anterior.
•Dependendo do grau de redução obtida, uma discecto- • Após a anestesia gera l ser obtida, co loque o paciente em
mia fo rm al com enxertos estruturais ou cages metá licas posição prona em uma mesa radiol ucente.
é usada co m enxerto de crista ilíaca anterior para a fusão. •U se um a abordagem de linha média de rotina para a
•Se o ângu lo de deslizamento e a correção de translação co luna lombossacra l.
não tiverem sido suficientes pa ra perm itir o acesso ao •Faça uma laminectomia total de LS , uma facetectomia
disco de LS anteriormente, alargue o aloenxerto fibular inferior e a descompressão da raiz nervosa. Uma discec-
ao longo de um fio de Kirschner que é colocado a partir tom ia em LS-S1 também tornará a LS mais móvel para a
da porção média de LS até o disco de LS-S 1 e para dentro redução.
do sacro proximal . •Prepare e toque os pedículos em LS-S 1 e insi ra parafusos
em poste longos bilateralmente em LS .
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O paciente é colocado • Os parafusos também devem ser colocados bi lateral-
em um a cinta tipo pantalonas ou TLSO , e inicia a deam- mente em S1.
bu lação logo após a ci ru rg ia, dependendo da segurança •Para a espondilolistese de alto grau, é necessário um ponto
da fi xação obtida. O uso da órtese pode ser interrompido dista l de f ixação para formar uma base forte e estável a
quando a fusão parecer sólida o sufici ente para que isso partir da qua l LS pode ser puxada para a sua posição . As
possa ser feito com segurança, gera lmente 3 a 4 meses opções incluem pa rafusos ilíacos (Fig. 41-1 93A) e parafu-
após a cirurgia. sos alares de S2 (Fig. 41-1 93 8 e C).
•Aponte os parafusos mu ltiaxiais de S2 lateralmente para
o bico da asa sacra l.
REDUÇÃO INSTRUMENTADA • Depois de t odos os parafusos t erem sido colocados, sele-
cione a haste de comprimento adeq uado juntamente
Na espondilolistese altamente displásica, a redução e a com os conectores tridimensionais correspondentes e pré-
fusão com fixação interna e uma coluna sag italmente ali- monte a estrutura.
nhada podem elimin ar a comp li cação da progressão da •Coloqu e os ext ensores de parafuso no poste dos parafu-
deformidade que pode ocorrer após a fusão in situ. A dor sos de S1 pa ra fac ilitar a inserção.
ou o déficit da ra iz lombar pode exig ir a descompressão •Deslize a est rutura pré-montada para baixo dos exten -
das raízes sintomáticas de LS e fixação intern a. A fixação sores de parafuso em S1 e o poste rosqueado do para-
interna faz com que seja possível descomprimir estas raízes fuso lon go em LS e nas cabeças dos parafusos multiaxiais
tota lmente, sem temer a instabil idade residual ou o desli- em S2.
za mento progressivo (Fi g. 41-192) A radiculopatia sacra ! •Rep ita o mesmo processo no lado contralateral da coluna
causada pelo alongamento das raízes sacra is sobre o canto vertebral.
superior posterior do sacro pode, teoricamente, ser aliviada • Uma vez posicionados os conectores, f ixe-os temporaria-
pela reposição da co luna lombar de volta à sua posição mente em S1 com um pa rafuso de fixação. Quando a
correta sobre o sacro. Isso al ivia a pressão anterior a pa rti r estrutura estiver no lugar, cada haste cria um " trampol im"
das raízes sacra is, encurta a sua evolução e relaxa a ca uda sobre LS (Fig. 41-193D)
eq uin a. A correção do âng ul o de deslizamento (cifose) •C oloque uma placa de ligação transversa l de baixo perfil
reduz bastante o momento de flexão e o estresse de tração entre os níveis de S1 e S2 da estrutura. Se forem usados
que trabal ham contra o enxerto lombossacral posterior. parafusos ilíacos, isso não é necessário.
)
CAPÍTULO 41 ESCOLIOSE E CIFOSE

h@li@ m:m. Radiografias de uma menina de 12 anos de id ade com espondilol istese displásica ístmica de alto grau do tipo IV.
A paciente tem pou ca esco li ose ciát ica na vista co ronal (A e B). O sacro está vertical na radiografia sag ital (C) e ela está posicionada
com seu tronco anterior à pe lve, mostrando desequi líbrio sagita l anterior. A paciente foi submetida à descompressão posterior, redução
parcial, osteotom ia da cúp ul a sacral e fu são posterolateral com instrumentação de LS ao sacro . Uma semana depois, ela foi submetida
à co locação de enxerto fibular de p ino anterior de LS ao sacro. As rad iografias D a F mostram uma posição melhor de LS sob re o sacro
e exce lente alinh amento nas radiografia s gerais nos planos corona l (D) e sagita l (E). F, A seta aponta para a margem anterior do enxerto
fibular. (De Lenke LG, Bridwell KH: Evaluation and surgical treatment of high-grade isthm ic dysp lastic spondylolisthesis, lnstr Course Lect 52:525,
2003.) VEJA A TÉCNICA 41-50.
MHJ:t PARTE XII A COLUNA

O@ii;Mm::lli!) A, Radiografia lat era l na posição ortostáti ca da espondilolistese altamente disp lásica, LS sobre S1, em um paci ente de
12 anos de idade que apresentou dor significativa na perna . Acredita-se que a descompressão das raízes nervosas de LS foi parte
im portante do procedimento cirú rg ico. B e C, Vistas pós-operatórias lateral e de Fergu son da junção lombossacral após a descompressão
das raízes nervosas de LS com redução limitada e fixação interna de L4 a 51. Após a ciru rgia, os sintomas na coluna e na perna do
paciente foram completamente aliviados.

•Coloque terminai s de redução provisórios em ambos os • Use um "cortador" para nivelar o poste longo com a estru-
)
parafusos em poste tridimensiona is longos em LS (Fig . tura (Fi g. 4 1-1 93M e N).
4 1-1 93 E). Insira o condutor term in al nos postes ros-
qu eados dos parafusos. Avance o condu t or em direção
infer ior ao poste até o term in al de redução provisório.
Aperte sequencia lm ente o condutor, girando no sentido REDUÇÃO PARCIAL E FUSÃO
horário e empurrando para baixo nos term in ais (Fig.
INTERCORPORAL
41- 193F). Com o uso dos term in ais de redução provisó-
ri os, a coluna verteb ral é levada para a sua posição A redução parcial e a fusão intercorporal posterior foram
anatôm ica correta de mane ira gradua l e altamente con- re latadas para o controle da espondi lolistese de alto grau em
trolada (F ig . 4 1-1 93G e H) pacientes pediátricos e adultos com resultados satisfatórios.
•Se o conector de LS "chegar ao fundo" da cabeça do

------~
parafuso antes de a redução total ser alcançada (Fig. TÉCNICA
4 1-193 1), existem duas opções para obter os últimos milí-
metros de correção . (SMITH ET AL.)
•Contorne a haste com mais lordose em LS para aumentar
a distâ ncia de redução para que LS possa se r puxada •Coloque o paciente em posição prona em um suporte de
para trás (Fig. 41-193J), ou coloque o conector em S1 no quatro co lunas. O neuromonitoramento é fo rtemente
topo do poste, criando uma distância maior de redução recomendado para esta técn ica, inclu indo um teste de
(Fig . 41 -1 93K). despertar intraoperatório em pacientes adultos.
•Após a espondilolistese estar totalmente corrig id a, •Rea lize a dissecção subperiosteal padrão dos elementos
comprim a LS em S1 com o compressor, para tornar o posteriores de L2 ao sacro. Execute a descompressão e as
alinhament o o mais estáve l possível. É mais provável lam inectomias sacrais de 51 e 52.
que a correção seja mantida se o osso ou uma pequena •Coloque uma haste de distração temporária do aspecto
cage forem colocados no espaço de disco por meio de inferior da lâm ina de L2 até a asa sacra!, perm itindo que
fusão in tercorporal lombar posterior ou fusão intercor- a distração com momento de extensão concomitante seja
pora l lombar transfo raminal, antes de LS ser compri- aplicada pela extensão das coxas. Se a distração impedir
mida em 51. a red ução do ângulo de deslizamento, a manobra de
•Coloque parafusos de f ixação nos conecto res tridimen- redução primária é a extensão das articulações do quad ril.
sionais em LS e S1 (Fig. 41 -1 93L) e aperte todos os •Caso se considere que a cúpula sacra! causará impacto
quatro parafusos. Conforme o aperto ocorre, a porção anterior significativo no saco dura i, reali ze a ressecção
de ruptura do parafuso de ajuste lace rará e permanecerá parcial da cúpu la sacra! para descomprim ir ma is os ele-
na manga do condutor. mentos neurais. )
CAPÍTULO 41 ESCOLIOSE E CIFOSE Gllll

H@mHBIJ:i!) A-N, Redução e fusão de espondi lo listese altamente displásica com fi xação interna. Con sulte o texto para descrição.
(Redesenhada de Crandall D: TSRH-30 Plus MPA spinal instrumentation-deformity and degenerative, surgical technique manual, Memphis, TN,
2005, Medtronic Sofamor Danek.) VEJA A TÉCNICA 41-51. Continua
mi) PARTE XII A COLUNA

14m11:r4e11pg1;.1.1e

• Va rra o saco dura i em direção à linha média na vizinh ança •Para aumentar a fíbu la transacra l, coloque a fixação de
)
do disco 51-52 . parafuso pedicu lar em L4 e parafusos pediculares transa-
• Enq ua nto se protege os elementos neurais sob controle cra l capturando LS . Direcione os parafusos sacrais ao longo
fluoroscópico, avance um fio-guia através do corpo de da mesma trajetória sag ital da fíbu la para capturar LS
S1, passando pelo espaço de disco LS-S 1 e até o córtex com o posicionamento posterior das hastes em contato
anterior de LS . com os parafusos pediculares.
• Alargue o fio-guia sob orientação fluoroscópica, come- •Faça a fusão posterolateral de L4 à asa sacra! após a
çando a 6 mm e aumentando em incrementos de 2 mm , coleta do enxerto ósseo de crista ilíaca.
gera lmente até 12 mm.
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O cuidado pós-operató-
• Meça um único aloenxerto fibular. Corte-o e pressione-o em
rio é o mesmo realizado após a descompressão de único
sua posição . Remova a haste de distração temporária.
estág io e fusão intercorpora l posterolateral.
CAPÍTULO 41 ESCOLIOSE E CIFOSE cm

14trilJ;t41'1Pi'!·'.i#

DESCQMPRESSÃO DE ÚNICO ESTÁGIO •Remova os elementos posteriores da quinta vértebra


lombar e da primeira vértebra sacra! (e quarta vértebra
EFUSAOINTERCORPORAL lombar, se necessário).
POSTER OLATERAL •Rea lize uma ampla foraminotomia para descomprimir as
TÉCNICA ~ raízes nervosas da quinta lombar e primeira sacra !.
----~~~~~~___.~ •Libere cuidadosamente a dura-máter da proeminência
(BOHLMAN E COOK) posterossuperior do primeiro corpo vertebra l sacra ! com
um elevador de Penfield. Faça a osteotom ia da proemi-
•Coloque o paciente em posição prona sem drapejar a nência sacra! com um osteótomo curvo para criar uma
perna direita, que será o local doador do enxerto. depressão ventral para a dura-máter e eliminar toda a
•Aborde a coluna vertebra l através de uma incisão padrão pressão sobre ela (Fig . 41- 194A)
na linha média, a partir do terceiro nível lombar até o •Introduza um pino-guia entre as raízes nervosas da
segundo nível sacra!. Subperiostealmente, retire o músculo quinta lombar e primeira sacra! em cada lado. Cada pino
da ponta do processo transverso e asa sacra ! em cada lado. está a aproximadamente 1 cm lateralmente à linh a )
PARTE XII A COLUNA

H(ê\!itfijrJIED A, Quantidad e do primeiro corpo vertebral sacral resseca do para descomprimir ª. dura-má_ter (/i~ha azul) .. B,
Inserção do enxerto fibul ar intercorp ora l e descompressão posterior. C, Após descompressão posterior e fu sao._ A area colonda
representa as fusões posterolaterais. As extremida des dos dois enxertos fibul ares são mostrad as imediatamente ac ima das primeiras
raízes nervosas do sacro. (De Bohlman HH, Cook SS: One-stage decompression and posterolateral and interbody fusion for lumbosacral
spondyloptosis t hrough a posterior approach, J Bane Joint Surg 64A:4 15, 1982 .) VEJA A TÉCNICA 41-53.

------~
média e é direcionado através do primeiro corpo verte- TÉCNICA
)
bral sacra! ante ri orm ente. Confirme a posição adequada
de cada fio-g ui a com radiografias. (HELENIUS ET AL.)
• Perfure uma epifisiodese de 9,5 mm em cada pino-guia
até a profundidade adequada, tomando cuidado para • Coloque o paciente em posição prona em um suporte de
não violar o córtex anterior da quinta vértebra lombar quatro colunas de Relton .
(aproximadamente 5 cm). •Faça uma incisão de pele posterior na linha média e
• Obtenha um enxerto fibular da perna direita e divida-o desenvolva o espaço bilateralmente através dos músculos
longitudinalmente . Insira uma metade do enxerto em eretores da espinha a 3 cm da linha média. Identifique o
cada orifício e escareie 2 mm, de modo a não colid ir com processo transverso de LS , a articu lação facetária de
a dura-máter (Fig. 41-194B).
LS-S1 e a asa sacral.
•Realize uma fusão posterolatera l bilateral pad rão do pro-
• Exponha a asa ilíaca posterior através da mesma incisão
cesso transverso a partir da terceira ou quarta vértebra
e obtenha o enxerto ósseo corticoesponjoso.
lombar até a asa sacra l, usando enxertos da crista ilíaca
• Abra a articulação facetária de LS -S1 com um osteó-
(Fig. 41 -1 94B e C).
tomo e faça a decorticação e a cu retagem do processo
•Feche a ferida sobre um dreno.
transverso de LS e da asa sacral. Coloque o enxerto
autógeno sobre o osso decorticado e pressione-o no
CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO O paciente é mantido espaço da articu lação facetária de LS-S 1.
em repouso por 7 a 1O dias e, então, se mobil iza em uma • Feche as fáscias em ambos os lados, bem como os tecidos
órtese lombossacral. O dreno é removido em 48 horas. subcutâneos e a pele com sutura contínua absorvível.
• Coloque o paciente em posição supina com ambos os
quadris estend idos e as extremidades inferi ores afastadas.
Coloque um pequeno travesseiro sob a colun a lombar
para obter a lordose lombar. A posição de Trendelenburg
FUSÃO CIRCUNFERENCIAL IN SITU da mesa ajuda a manter o conteúdo abdominal em
SEM INSTRUMENTAÇÃO posiçã o cefálica à área de cirurgia.
•Faça uma incisão longitudinal na linha média a partir de
A fusão circunferencial in situ tem sido uti lizada para o
imed iatamente caudal ao umbigo até imed iatamente
tratamento de espondi lolistese de alto grau em crianças,
cefálica à sínfise púbica.
com melhores resultados em longo prazo do que a fusão
•Abra a fáscia sobre o músculo reto do abdome e desenvolva
posterolateral ou anterior isoladas. A Scoliosis Research
Society recomenda que, se a redução for realizada, a fusão o plano internervoso entre os músculos abdom inais.
circunferencial com instrumentação deve ser fe ita no • Depois de abrir o peritônio, estenda a abordagem em
momento da redução. direção cefá lica , mas cortando através da linha alba e
CAPÍTULO 41 ESCO LI OS E E CIFOSE

H[riil;frUJIEI'i) A-C, Di agrama da vertebrect o-


mia de LS de do is est ág ios pa ra espon diloptos e.
VEJA A TÉCNICA 41-55 .

colocando o conteúdo abdom ina l superiormente. Tome um reta lho osteoperi ostea l sobre o corpo vertebral de S1.
cu idado para não penetrar cauda lmente na cúpula da Ap lique enxertos ósseos corticoesponjosos aba ixo desse
bexiga. reta lho para aumentar a área de fusão intervertebra l
•Abra o peritônio posterior (Fi g. 4 1-195A *) e aval ie a anterior.
anatomia dos vasos ilíacos. Normalmente, o disco inter- •Reinsira o ligamento long itud ina l anteri or com sut uras
vertebral pré-sacra l pode ser abordado entre os grandes absorvíveis através de canais ósseos na vértebra L5.
vasos. Proteja a ve ia ilíaca esq uerda em todo o corpo • Fec he a incisão peritonea l posterior e a incisão de lapa-
vertebral de L5 e cauda lmente até a bifu rcação da aorta. rotomia (Fig. 4 1-195 0 *)
•Com um fórceps, use a dissecção romba para expor o
disco de L5-S 1. CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO Uma TLSO pós-ope rató-
• Identif ique o ligamento long itu din al anterior e faça a ria moldada sob med ida é usada; pe rm ite-se que o
ligadura da artéria sacra l média. Para aj uda r a retra ir os paciente se mobi lize 2 a 3 dias após a cirurgia. Flexão,
vasos ilíacos, dois pinos de Steinmann podem ser inseri- levantamento e práti ca de esportes são restritos durante
dos em qua lquer um dos lados do corpo vertebral de L5. 3 a 6 meses ou até que a f usão só lida seja obtida.
Tente preservar todas as f ibras do nervo parassimpático
nesta área, abordando o espaço de disco na linha méd ia.
•Abra o ligamento long itudina l anterior horizonta lmente, TRATAMENTO DA ESPONDILOPTOSE
imediatamente cefá lica ao espaço de disco de L5-S 1 (Fig.
4 1- 1958*). O láb io inferi or anteri or da vértebra L5 pode
ser ressecado ao longo do ligamento long itudinal anterior
para expor melhor o espaço de disco.
VERTEBRECTOMIA DE LS
• Remova cuidadosa mente todo o material do disco inter- Existe espond iloptose quando todo o corpo de L5 está
vertebra l até o li game nto longitud inal posterior, bem tota lme nte aba ixo do topo de S1 em um a rad iog rafia
como a apófise do anel em ambos os lados. Prepare as lateral em posição ortostática. Ga ines pop ularizo u um pro-
placas term inais com cu retagem. ced imento de vertebrectom ia de L5 de dois estágios pa ra
• Obtenha dois a três enxertos ósseos tricorti cais em forma este problema difícil (Fig. 4 1-196) O objetivo é resta urar o
de cunha (1 5 mm de dimensão anterior e 1O mm poste- equ ilíbrio do plano sag ita l, pa ra evitar da nos à raiz nervosa
rior) de qualquer uma das asas ilíacas anteriores. O com - a partir da cauda equina, e o alongamento da raiz nervosa
primento desse enxerto é de aproximadamente 20 mm, durante a redução. Este é um proced iment o desafiador e
mas pode variar um pouco. Os enxertos devem caber no só deve ser fe ito por ciru rg iões com expe ri ência no t rata -
espaço de disco, co nforme prepa rado (Fig. 4 1- 19 5C*). mento cirúrg ico de pacientes com espond ilo listese displá-
Um aumento moderado na altura do disco e o posicio- sica ístmica de alto gra u.
namento adequado do paciente reduzem a espond ilolis-

----------~
tese e a cifose lombossacral. O uso de t rês enxertos TÉCNICA
autógenos estrutu rais fornece a melhor estabilidade.
•Em deslizamentos de quase 100%, pode ser necessário (GAINES)
aumentar a área de fusão espinha l anterior. Nestes casos,
uma osteotomia do sacro pode ser necessá ri a. Continue a • Esta técn ica é rea lizada em do is estág ios co m um úni co
li beração do ligamento anterior inferiormente, produzin do proced imento anestésico ou dois separados. )

*Disponível, em inglês, em www.expertconsult.com . *Disponível, em inglês, em www.expertcons ul t.com.


~ PARTE XII A COLUNA

'.111~~---Artéri a e veia
ilíaca interna

.Uf.'.---Artéria e ve ia
ilíaca externa

RS
10·86
A

o@•i;Mrilm A, A abordagem anterior para ressecção do disco


L4-5, corpo vert ebra l de L5 e disco L5-S1 é feita através de uma
incisão que se estende transversalmente por ambos os músculos
retos do abdome. Grandes vasos são mobilizados latera lmente
depois de serem cuidadosamente identificados e as estruturas a
serem ressecadas são vistas entre a bifurcação da veia cava e aorta.
B, Radiografia lateral pré-operatória e pós-operatória. C, Rad iogra-
fi as do mesmo paciente 7 anos depois. Sólida fusão intertransversa
e fusão intercorpora l são mostradas. O forame intervertebral de

8-92
s L4-S1 reconstruído está bem aberto na radi ografia latera l. (A (rede-
senhado) B e C de Gaines RW Jr: The L5 vertebrectomy approach for the
treatment of spondyloptosis. ln Bridwell KH, DeWa ld RL, ed itors: The
textbook of spinal surgery, ed 2, Phi ladel phi a, 1997, Lippincott-Raven.)
VEJA A TÉCNICA 41-55.

)
•No primeiro estág io, realize um vertebrectom ia de LS e CIFOESCOLIOSE
rem ova tota lmente os discos de L4-5 e LS -S1 através de
uma in cisão abdom inal transversal (Fi g. 41-197A). MIELOMENINGOCELE
• Excise o co rpo de LS de vo lta à base dos pedícu los e
co ntrole o sa ngramen to epidura l com Gelfoam. O tratamento de pacientes com defor midades espinhais de mi elo-
•N ão tente a redução da deformidade neste momento. meningocele é o mais desafiador na cirurgia da coluna vertebra l. Ele
•Remova a placa term ina l caudal de cartil age m de L4 após exige um esforço em equipe com a cooperação de cons ultores em
a ve rtebrectomi a de LS ser conc luída. vá rias especialidades. Essas crianças frequentemente apresentam
•Para o seg undo estágio, co loque o pacient e em posição várias disfunções sistêm icas que influenciam o tratamento de sua
pro na. deformidade espinhal.
•Por meio de uma abordagem posterior, ret ire os pedícu-
los, facetas e arco lam in ar de LS bil ateralmente. • INCIDÊNCIA E HISTÓRIA NATURAL
•Coloqu e os parafusos pediculares em L4 e S1. A escoliose e a cifose com alterações adap tativas secundárias são
•Limpe a superfície superior do sacro da placa terminal de comuns em pacientes com mielomeningocele. A deformidade espi-
carti lagem, mas preserve a placa term inal co rti ca l para o nhal pode ser o res ultado de deformidades do desenvolvimento que
enca ixe da pl aca terminal inferior de L4. O osso da ver- são adquiridas e relacionadas com o nível de paralisia ou deform i-
tebrectomia é deixado entre os parafusos em L4 e S1 dades congênitas que são o resultado da malformação vertebral. Nos
posterola teralmente (Fi g . 41-1978 e C). A L4 deve tocar pacientes com mielomeningocele, podem existir simultaneamente
S1 d ireta mente após a redução e as raízes nervosas de LS as form as de desenvolvimento e congên ita da deform idade espinhal.
e S1 devem est ar livres. A exposição direta das raízes Estas deformidades muitas vezes são progressivas e podem causa r
nervosas de LS e do tubo durai é a forma ma is importante deficiências sign ificativas. A incidência de escoliose é maior com o
para evita r uma g rave lesão iatrogênica da cauda equ ina. aum ento da idade e o nível neurológico. Trivedi et ai. observaram
que a prevalência de escoliose é de 93%, 72%, 43% e menos do que
CAPÍTULO 41 ESCOLIOSE E CIFOSE Gim

H@ii;fflBll!D A, Deformidade escolió-


tica em um paciente com mielomeningo-
cele. B, Após fusões anterior e posterior e
instr umenta ção posterior. (De Warner WC:
Scol iosis in mye lomen ingoce le. ln Sarwark JF,
Lubicky JP, editors: Caring for the chi/d with
spina bifida, Chicago, 2001, American Academy
of Orthopaedic Surgeons.)

1%, respectivamente, em pacientes com níveis motores torácicos, pacientes com escoliose paralítica progressiva, a hidromielia, shunts
lombares superiores, lombares inferiores e sacrais. A escoliose con- ventriculares alterados, siringomielia, medula presa ou compressão
gênita na mielomeningocele está associada à desorganização estru- proveniente da síndrome de Arnold-Chiari podem contribuir para
tura l das vértebras com o crescimento assimétrico e inclui todas as a progressão da escoliose. A maioria dos pacientes com mi elome-
anoma lias co ngênitas associadas à escoliose: hemivértebras, barras ningo cele apresenta constrição radiográfica da medula espinh al no
não segme ntadas unilaterais e vár ias combinações das duas. A esco- local do fechamento do saco, mas a mera presença dessa constrição
liose co ngên ita ocorre em 15% a 20% dos pacientes com mi elome- rad iográfica não implica necessariamente a tração na m edula.
ningocele e escoliose e as curvas norm almente são paralíticas. Outros sinais e sintomas clínicos de medula presa devem ser obser-
Nesses pacientes, a coluna vertebral é reta ao nascimento e gradual- vados, incluindo dor lombar, espasticidade nova ou aumentada,
mente desenvolve a curvatura progressiva por causa de problemas alterações na força muscular, dificuldade de marcha, alterações na
neuromusculares. Es tas geralmente são curvas longas em forma de função ves ical e intestinal e o aparecimento de deformidades nas
C com o ápice na coluna toraco lombar ou lombar (Fig. 41-198) . extremidades inferiores.
Estas cur vas paralíticas muitas vezes se estendem até a junção lom- A avaliação cuidadosa de qualquer obliquidade pélvica é
bossacral e com frequência estão associadas à obliquidade pélvica. necessária. Como os pacientes com mielomeningocele são propen-
Nessas crianças, as curvaturas espinhais frequentemen te se desen- sos ao desenvo lvimento de contraturas em torno dos quadris, o
volvem em uma idade mais jovem do que em crianças com escoliose exame físico cuidadoso dos músc ulos adutor, extensor e flexor do
idiopática, iniciando aos 3 a 4 anos de idade e podendo tornar-se quad ril é importante na ava liação da causa de obliquidade pélvica.
grave antes de o paciente completa r 10 anos de idade. O futuro Lubicky observou um problema difícil, mas incomum em alguns
crescimento do tronco e a sua altura final são considerados no tra- pacientes com mielomeningocele e co ntraturas de extensão dos
tamento, embo ra Lindseth tenha observado que as crianças com quadris. Nesses pacientes, a flexão através da coluna toracolombar
mielomeningocele têm um crescimento lento, por causa da defici- foi necessá ria para que eles possam se sentar em posição ereta.
ência do hormônio de crescimento, e amadurecem mais precoce- A fu são espinhal tornaria o ato de sentar-se impossível e colocaria
mente do que o habitual, muitas vezes aos 9 a 10 anos em meninas estresses mecânicos significat ivos na instrumentação (Fig. 41-199) .
e 11 a 12 anos em men inos. A flexão fisiológica do qu adril deve ser restaurada nestes pacientes
antes da realização da instrumentação e fusão espinhal.
• AVALIAÇÃO CLÍNICA
A ava liação minuciosa é fundamental para dete rmin ar o tratamento • ACHADOS RADIOGRÁFICOS
adeq uado de pacientes com mi elomen ingocele e deformidade espi- As rad iografias devem ser obtidas com o paciente em posição ereta
nh al. As seguintes áreas são rigorosamente investigadas: presença de e supin a. Se o paciente puder deambular, devem -se obter film es na
hidrocefalia, quaisquer procedimentos cirúrgicos para shunting, posição ortostática . Se o paciente não puder, devem-se obter film es
fun ção ves ical e intesti nal, freq uência de infecções do trato urin ário, na posição sentada. Os film es em posição ereta permitem uma
uso de um cateter permanente ou cateteri smo interm itente, possí- ava liação melhor da defo rmidade real da coluna e demonstrarão a
veis alergias ao látex, medicamentos atua is, estado mental, método contribuição do compon ente paralítico para a deformidade espi-
de deambulação, nível do defeito, qualquer progressão visível da nhal. Filmes em supina mostram com m ais detalhes as várias
cu rva e quaisquer contraturas das ex tremidades in fer iores. A coluna deformidades espinhais assoc iadas. A flexibilidade das curvas é
vertebral é examinada para determinar o tipo e a flexibilidade da determin ada co m film es em flexão ou tração.
deformidade e para detectar qualque r evidência de úlceras de A avaliação radiográfic a da obliquidade pélvica deve incluir
pressão ou fa lta de equilíbrio quando o paciente está sentado. Em um a vista em supina obtida com os quadris na posição "relaxada".
~ PARTE XII A COLUNA

O!§illtJBm) Mielomeningocele em nível torácico em um menino de 16 anos de idade que teve escoliose progressiva e foi submetido
à fusão intercorporal anterior e instrumentação posterior com haste de Luque. Infelizmente, a sua fle xão de quadril era extremamente
precária. Três anos depois, ele apresentou uma deformidade crescente . As rad iografias anteroposterior (A) e latera l (B) no momento
da apresentação mostram hastes quebradas e deformidade cifótica grave . A pseudoartrose forneceu a flexão na posição sentada, uma
vez que o quadril não era capaz disso. Radiografias anteroposterior (C) e lateral (D) feitas após a revisão da pseudoartrose anterior e
posteriormente. Após esses procedimentos e durante a mesma internação, o paciente fo i submetido à osteotomias de encurtamento
femoral, que permitiram que o paciente pudesse se sentar corretamente e evitaram estresse na instrumentação (E) . (De Lubi cky JP: Spinal
deformity in myelomeni ngocele. ln Bridwell KH, DeWa ld RL, edito rs: The textbook of spinal surgery, ed 2, Philadelphia, 1997, Lippincott-Raven. )

Nesta vista, os quadris estão flexi o nados e abduzidos ou ad uzidos, congênitas associadas. Ultrassonografias renais ou pielografia intra-
conforme ditado pelas contraturas. Como a ltern ativa, as radi ografias ve nosa d eve m ser feitas em interva los regulares de acordo com a
podem ser feitas co m o pac iente em posição prona e os quadris recomendação do urologista.
colocados para fora da margem da mesa radiog ráfica em abdução
ou ad ução (F ig. 41- 11 7) . • ESCOLIOSE E LORDOSE
Várias radio g rafias especializadas são úteis. A mi e lo g rafia
e a RM são úteis para avaliar d e term in adas co ndi ções como 1 TRATAMENTO ORTOPÉDICO
hidromi e li a, m ed ul a presa (F ig. 41-200), diastematomielia e Embora a hi stória natura l das curvas paralíticas em pacientes com
malformação d e Arnold -Chiari. A TC co m vistas d e reconstrução m ielo m eningocele n ão seja alterad a pelo tratamento ortopédico, o
proporcionará m elhores detalhes ósseos para anomalias espinhais uso de órtese pode ser útil para reta rd ar a fusão espinhal até ocorrer
CAPÍTULO 41 ESCOLIOSE E CIFOSE

cirurgias sejam responsáveis pela sensibilização desses pacientes ao


látex natural. A alergia ocorre em resposta às proteínas de plantas
residuais nos produtos de látex natural, sendo do tipo hipersensibi-
lidade imediata mediada por imunoglobulina E. A anafilaxia pode
ocorrer no intraoperatório e ser fac ilmente confundida com outras
situações de emergência intraoperatórias. Os pacientes com mielo-
meningocele devem ser cuidadosamente questionados sobre quais-
quer reações pré-operatórias ao látex. Testes de alergia ao látex
podem agora ser realizados. Rotineiramente, nós tratamos todos os
pacientes com mielomeningocele como se fossem alérgicos ao látex.
As anormalidades congênitas que causam a escoliose nos
pacientes com mielomeningocele são tratados com intervenção
cirúrgica precoce, da mesma maneira que os outros pacientes com
escoliose congênita. A escoliose paralítica é mais comum do que a
congênita e a lordoescoliose é o tipo mais comum. O método de
fusão anterior e posterior combinada oferece a melhor chance de
alcançar uma fu são durável. Stella et ai. também relataram que a
melhor correção foi obtida em pacientes submetidos à fusão anterior
e posterior instrumentada. Altas taxas de pseudoartrose foram rela-
tadas em pacientes com mielomeningocele e estão relacionadas com
h[ijll;!•!BEi?D RM mostra a medula presa em L3 em um paciente a abordagem cirúrgica, o tipo e a presença de instrumentação ou
com cifoescoliose. com o uso de uma abordagem posterior isolada. As taxas de pseu-
doartrose relatadas são de 0% a 50% para fusão anterior, 26% a 76%
o crescimento adequado da coluna vertebral. A órtese pode faze r para fusão posterior isolada e 5% a 23% para fusões anterior e
isso em curvas paralíticas, mas não afeta as curvas congên itas. Ela posterior combinadas. As taxas de infecção se aproxi maram de 43%
também pod e melhorar o equilíbrio ao sentar-se e liberar as mãos e são mais elevadas quando a ciru rgia é realizada com infecções
para outras atividades. Órteses personalizadas são usadas, mas simultâneas do trato urinário. Culturas de urina pré-operatórias são
exigem a observação rigorosa e frequent e por parte dos pais. A pele mandatárias, assim como o tratamento com antibióticos no pré e
deve ser examinada com frequência para áreas de pressão; qual- pós-operatório. O uso de profilaxia antibiótica reduziu a taxa de
quer sinal de pressão exige o ajuste imediato da órtese. O uso de infecção para 8%.
órtese normalmente não é instituído até que a curva comece a
causar problemas clínicos e geralmente ela é usada apenas quando 1 SELEÇÃO DOS NÍVEIS DE FUSÃO
o paciente está na posição ereta. Se a curva não responder à órtese Os níveis de fusão dependem da idade da criança, localização da
ou se o uso dessa se tornar impossível por causa das úlceras de curva, nível de paralisia, estado de deambulação e presença ou
pressão ou não adesão, a cirurgia é indicada. O paciente e os pais ausência de obliquidade pélvica. Geralmente, a fusão espin hal deve
devem compreender que a órtese não é o tratamento definitivo para estender-se de vértebra neutra para vértebra neutra, com a vértebra
essas curvas. fina l da curva escoliótica localizada dentro da zona estável. Com
frequência, as curvas paralíticas tendem a ser fundidas de modo
1 TRATAMENTO CIRÚRGICO muito encurtado, espec ialmente na direção proximal. Ao decidir
Vários autores têm indicado que a cirurgia da coluna vertebral com se a fusão deve terminar em um ponto curto ou longo, a fusão mais
mielomeningocele é acompanhada por graves complicações poten- longa é ge ralmente mais segura. No passado, a instrumentação se
ciais. Embora os procedimentos cirúrgicos variem consideravel- estendia até a pelve, urna vez que os elementos posteriores defi-
mente nesses relatos, algumas observações podem ser feitas. Em cientes da coluna lombar tornavam a fixação adequada impossível.
virtude da presença de tecido mole densamente cicatrizado e ade- Com a fixação do parafuso pedicular, a fusão e a instrumentação
rente, a exposição da coluna vertebral muitas vezes é demorada e podem, às vezes, parar em um ponto curto da pelve. Mazur et ai.
hemorrágica. A defo rmidade frequent emente é rígida e a correção e Müller et ai. mostraram que a fusão espinhal à pelve em pacientes
pode ser limitada. Muitas vezes, a qu alidade do osso oferece um deambuladores diminuiu o seu estado de deambulação. Assim, eles
posicionamento precário para os sistemas de instrumentação e a recomendaram a fusão curta da pelve, se possível, em pacientes
inadequação da massa óssea posterior oferece um leito precário deambuladores. Term inar a fusão ac ima da pelve elimina os estres-
para a enxertia óssea. A ausência de elementos vertebrais posterio- ses na instrumentação e nas áreas de fusão da junção lombossacral
res normais faz com que seja difícil reali zar a instrumentação e e permite algum movimento para o ajuste da lordose em pacientes
alcançar uma fusão sólida. O posicionamento anorma l dos mús- com contraturas leves em flexão do quadril. Em pacientes não
cu los paraespinhais resulta na falta de cobertura habitual de tecido deambuladores, a escoliose contin uará a progredir se a junção
mole da coluna vertebral e dos sistemas de instrumentação. Téc- lombossacral não estiver fundida, a menos que a curva lombar
nicas mais recentes de cirurgia e instrumentação, banco de ossos possa ser corrigida para menos de 20 graus e a obliquidade pélvica
e profilaxia antibiótica têm diminuído, mas não eliminado esses para menos de 15 graus.
problemas. Os pais devem estar cientes desses problemas poten- A atenção ao contorno sagital é extremamente importante.
ciais antes da cirurgia e devem ace itá-los como inerentes ao trata- Mesmo em um paciente não deambulador, a manutenção da lordose
mento cirúrgico. lombar é fundamental. Se a lordose lombar es tiver aplanada, a pelve
Einans et ai. chamaram a atenção para o problema da alergia gira e grande pa rte do peso ao sentar-se é colocada diretamente
ao látex em pacientes com mielomeningocele. É muito provável que sobre os túberes isquiáticos, o que pode resu ltar no desenvolvimento
a exposição repetida ao látex durante o cateterismo diário e várias de úlceras de pressão.
llllJE'!) PARTE XII A COLU NA

H@il;HBE!D Correção da escoliose em


mielomeningocele. A, Exposiçã o da coluna
vertebral; o saco durai não é dissecado . B, Fi os
sublaminares co locados na coluna normal; na
área da espinha bífida, os fios circundam o
A B pedículo para fi xação seg mentar. VEJA A
TÉCNICA 41-56.

• No lado côncavo da curva, caso a distração aju de a cor-


INSTRUMENTAÇÃO E FUSÃO
rigir a ob liquid ade pélvica, um gancho pedicular ou para-
POSTERIOR fu sos ped iculares podem ser usados na área torácica.
A instrumentação e a fusão posterior isolada têm sido reser- • Se a asa ilíaca for grande o suficiente para aceitar a fixação
vadas para curvas flexíve is com a maior parte dos elementos de Ga lveston, faça uma flexão de Galveston em uma haste
posteriores intactos, de modo que a fi xaçã o adequada pode curta e insira-a nas cristas ilíacas. Como alternativa, pode
ser obtida com parafusos pediculares . Entretan to, a curva ser utilizado um parafuso ilíaco com conectores.
deve ser flexíve l e a correção deve perm it ir o equilíbrio • Conecte duas hastes mais longas à coluna com os fios
coronal e sag ital quase normal. A instrumentação e a fusão segmenta res e co necte as hastes longas às hastes do
posterior isolada t êm sido associadas às taxas de pseudoar- ti po Galveston com li gações transve rsais tipo dom inó
trose mais altas. (Técnica 41-33).
• Como alternativa, se as asas ilíacas estiverem muito peque-

---------'~
TÉCNICA nas, use a técnica de McCarthy (Técn ica 41-32 ). Tome
cuidado para preservar a lordose lom bar normal e fixe-as no
• Coloque o paciente em posição prona em um su porte lugar apertando os fios segmentares.
radiolucente . • Ap lique um abunda nte aloenxerto proveniente de banco
• Prepare e drapeje a coluna de maneira estéril . de ossos em todas as áreas de estruturas ósseas posterior-
• Faça uma incisão da linha média da área da vé rtebra mente.
superior a ser instrumentada para ba ixo até o sacro . •É importante li gar as duas hastes com um sist ema de
•Na área da coluna vertebral normal, realize a dissecção 1igação transversa 1.
subperiosteal . Foi descrito que uma incisão em Y invertid o
evita a exposição do saco na linha média, mas nós tivemos
dificu ld ade com a necrose da pele usando esta técnica e 1 FUSÃO ANTERIOR E POSTERIOR COMBINADA
obtivemos melhores resultados com uma incisão da linha O procedimento mais comumente necessário para a escoliose pro-
média que segue a área cicatrizada da pe le posterior- gressiva em pacientes com mielomeningocele combina as fusões
mente e com a dissecção cu idadosa em torno do saco na anterior e posterior com a instrumentação posterior. A instrumen-
área de linha média. tação posterior consiste em uma haste padrão com ganchos, para-
•Faça a incisão com cuidado, pois o saco dura i está logo fusos pediculares, fios sublaminares, cabos ou uma combinação
abaixo da pele. Se for observado um extravasamento desses nas áreas dos elementos posteriores normais. Os ganchos e
durai, repare-o im ed iatamente. os parafusos pediculares permitem que forças de distração ou com-
• Leve a dissecção lateralmente sobre as áreas facetárias pressão sejam aplicadas e os fios ou cabos permitem a aplicação de
convexa e côncava em direção inferior à asa do sacro (Fig . uma força de translação. Os fios ou cabos também têm a vantagem
41-201 A), para expor a área da coluna vertebral normal a ser de distribuir as forças corretivas ao longo de vários níveis vertebrais,
fundida e os elementos ósseos na região do saco anormal. fornecendo uma fixação segura de todos os níveis instrumentados.
•Passe os fios sublaminares por ba ixo da lâm ina da vérte- A ausência de elementos posteriores na porção disráfica da
bra norma l acima da área do saco. coluna vertebral faz com que a fixação se torn e um problema; por isso,
•Na área do defeito, t ente obter uma fixa ção segmentar. vários sistemas de instrumentação precisam estar disponíveis (Fig.
Passe um fio ao redor de um pedículo e torça-o nele 41-202). Rodgers et ai. observaram que os parafusos pediculares
próprio para garantir a f ixação (Fi g. 4 1-201 B). Passe os melhoraram consideravelmente a fixação e a correção da porção dis-
fios por ambos os lados côncavo e convexo da curva. ráfica da coluna. Em vértebras amplamente disráficas, a orientação e
Como estes pedículos muitas vezes estão osteoporóticos, as características do pedículo estão alteradas (Fig. 41-203), e a vista
tome cu idado ao apertar os fios para que eles não direta do pedículo é necessária para inserir os parafusos pediculares
"atravesse m ". nestas áreas. O pedículo é exposto por ressecção de uma quantidade
suficiente de faceta ou por dissecção ao longo da parede medial do
CAPÍTULO 41 ESCOLIOSE E CIFOSE Gm

O@i@.iaB Diagrama da fixação de vértebra disráfica com


h@ll;fdBE!!) TC mostra a orientação anorma l do pedículo na fios -botão de Wisconsin.
vértebra disráfica. (De Rodgers WB, Frim DM, Emans JB: Surgery of
the spine in myelodysplasia: an overview, Clin Orthop Relat Res 338: 19,
1997.)
Duas outras técn icas podem se r usadas para a fixação da
coluna disráfica. Fios-botão de Drummond para o processo espi-
nhoso podem ser passados através de rem anescentes laminares (Fig.
4 1-205), ou fios segmentares podem ser enlaçados ao redor de cada
pedículo. Q uando os fios-botão de Drummond são usados, as
Pedículo normal lâm inas di sráfic as são expostas e a d issecção é feita entre o saco e as
lâm inas adjacentes, enqu anto o saco é cuidadosamente retraído na
direção medial. Um orifício é fe ito através da porção mais forte
disponível do remanescente laminar e o fio é passado de medial para
latera l, de ixa ndo o botão na superfíci e interior da lâm ina. Os fios
segme ntares podem se r enlaçados ao redor de cada pedículo por
meio da passagem de um for ame ao seu redor e de outros remanes-
Mielopedículo centes posteriores med iaimente ao pedículo e, então, de volta através
do próximo forame, retornando ao fio original. A passagem desses
fios geralmente é feita às cegas. Em seguida, eles são inseridos à
H@ll;fflB&D Diagrama mostra alteração na relação anatô- haste. O fio também pode se r enlaçado ao redor de um parafuso
mica do processo transverso do pedículo. pedicular ósseo se for difícil con torna r a haste para caber facilmente
no parafuso (Fig. 41-20 1A e B).
A instrumentação da pelve frequentemente é necessária para
co rrigir a obliquidade pélvica associada em crianças não deambula-
doras. A fixação da pelve e do sacro é especialmente difícil em
crian ças co m mielomeningocele, uma vez que o osso muitas vezes
es tá osteoporótico e a pelve é peq uena, tornando difícil a instrumen-
tação segura. Os es tresses exe rcidos sobre a fixação distal na esco-
liose tendem a deslo car a instrum entação sacra! ou sacropélvica
lateralmente. Se houver cifose assoc iada, es tas forças tendem a des-
locar a inst rum entação sac ra! ou pélvica dorsalmente.
Vár ias técn icas têm sido descritas para estend er fixação à pelve,
incluindo Galveston, Dunn-McCarthy, Jackson, Fackler, barra sacra[
e parafusos pediculares. Nossa técnica preferida para a fixação
pélvica em pacientes co m escoliose paralíti ca é a técnica de Galves-
O(§il;fflm:E!D Inserção do parafuso pedicular.
ton (Técnica 41-33). Nós acreditamos qu e ela fornece a fixação
pélvica mais segura para curvas escolióticas. No entanto, muitos
canal espinhal e retração do saco da meningocele, para identifica r a pacientes co m mielomenin gocele apresentam cristas ilíacas hipopl á-
parede medi al do pedículo. Durante a sond age m do pedículo, é impe- sicas e, nesses pacientes, as hastes em L são fixadas ao sacro co m a
rativo permanecer dentro de seus có rtices. Os parafusos pediculares técnica descrita por McCarthy (Técnica 4 1-32). Esta técni ca não
não precisam necessariam ente penetrar no córtex vertebral anterior. restringe o deslocamento lateral tão bem quanto a fixação intrapél-
Na coluna disráfica, os parafusos pediculares frequentemente preci- vica de Ga lveston, mas a ligação transversal das duas hastes pode
sam ser inseridos em um ângulo lateral para medial (Fig. 41-204). Isso ajudar a diminuir este deslocamento. Após ser feita a ligação trans -
exige urna atenção especial para o contorno da haste ao fixá-la no versa l das hastes, a obliquidade pélvica pode ser corrigida aplicando
parafuso, por causa da posição lateral da cabeça do parafuso. Os a manobra de cantiléver às hastes. A técnica com haste intrassacral
pequenos corpos vertebrais e o osso osteopênico muitas vezes tornam de Jackson consiste na inserção de hastes através da massa sac ra!
questionável a compra de parafusos pediculares. lateral e ao sacro. A haste então penetra no córtex anterolateral e,
1111!!> PARTE XII A COLUNA

O!§ll;@BE!I!> A, Passagem correta da barra sacral


através do corpo do sacro, posteriormente aos
grandes vasos e anteriormente ao cana l espinhal. B,
Conexão entre barra sacral e hastes vertica is.

geralmente, é fi xada a um parafu so sac ral, forn ece ndo a fixa ção em
flexão e extensão. A anatomi a do sacro em pacientes com mielome-
ningocele torn a esta técnica bas tante d ifíc il. Widm ann et al. descre-
veram uma técnica usando uma barra sacra[ ligada às hastes pad rão L1
"'""'~~~~~--crura do
semelhantes a CD em 10 pacientes e obse rvaram qu e ela é efi caz
diafragm a
(Fig. 41-206). A fixação pélvica por parafusos pediculares sacrais
não é confiável nestes pequ enos pacientes osteopênicos.
Em pacientes tratados co m fusão anterior e posterior combi-
nada, a necessidade de urna instrumentação anterior é controversa.
Um estudo não co nstato u d ife renças estatísticas na taxa de fu são,
co rreção da curva ou alteração da obliquidade pélvica com a ins-
trumentação e fusão anteri or e posterio r, em co mp aração com a
artrodese anterior com instrumentação e fu são posterior isolada.
L5
Entretanto, outros estudos relataram uma correção melhor e di minui-
A
ção da taxa de falha do im plante e perda de correção pós-operatória
com fusões an terior e posterior instrumentada. Se a instrumentação Dura-máter
1
anterior fo r usada, deve-se tomar cuidado para não causar urna defor-
midade cifó tica da coluna vertebral.
equina
• CIFOSE -Pedículo

1 INCIDÊNCIA E HISTÓRIA NATURAL Processo


transverso
A cifose em pacientes com mielomeningocele pode ser congên ita ou
de desenvolvimen to. A cifose de desenvolvimento não está presente
ao nascimento e progride lentamente. Ela é um a cifose paralítica qu e
é agravada pela fa lta de estabilidade posterior. A cifose congênita,
que é um problema muito m ais difícil, geralmente mede 80 graus ou Camada anterior
mais ao nascimento. O nível da lesão normalmente está em T1 2 com B Camada posterior
paraplegia total. A cifose é rígida e progrid e rapidamente durante a
infân cia. Crianças com cifose grave são incapazes de usar órteses e, O@l@iall!D A, Diag rama sagital mostrando o efeito defor-
muitas vezes, têm dificu

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