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“Os desafios da engenharia de produção para uma gestão inovadora da Logística e Operações”
Santos, São Paulo, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2019.
IMPACTOS AMBIENTAIS DA
CONSTRUÇÃO CIVIL: ANÁLISE DA
GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS EM
UMA OBRA EM PETROLINA - PE
Isabela Xavier Cavalcanti
isabellaxavier_@hotmail.com
SAMARA ROCHA DOS ANJOS NASCIMENTO
samararocha.an@gmail.com
VIVIANNI MARQUES LEITE DOS SANTOS
vivianni.santos@univasf.edu.br
1. Introdução
O ser humano vem, ao longo dos anos, realizando transformações nas paisagens naturais e
impactando negativamente o meio ambiente. Além disso, promove uma geração significativa
de resíduos sólidos provenientes da produção de bens. É inegável a intrínseca relação entre a
humanidade e a construção civil, pois está presente desde os primórdios, sendo considerada,
portanto, uma atividade inerente a sobrevivência do homem.
Nesse contexto, a construção civil se caracteriza por ser o setor de produção que transforma o
meio ambiente em meio construído, em que propicia o desenvolvimento de diversas atividades.
Ainda, essa cadeia produtiva é considerada uma das maiores da economia brasileira (CALDAS
et al., 2000). Dessa forma, uma vez que há investimentos neste setor, a economia do país
encontra-se favorável e crescente, quando não há investimentos, a situação econômica é crítica.
Tal relação e importância, se dá pelo fato de que este ramo de atuação possui uma participação
significativa do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro.
De acordo com ACMA (2018) a construção civil é responsável por 6,2% do PIB do país, o
mercado corresponde a 34% do total da indústria brasileira. Somado a isto, este segmento
também é marcado pela geração de empregos, fomentando assim a economia. (OLIVEIRA,
2012).
Nesse contexto, diante da relevância da construção civil, vale salientar que, além da utilização
em grande quantidade dos recursos naturais, o setor é considerado um dos maiores geradores
de resíduos, causando gravíssimos impactos ambientais e sanitários negativos. Assim, a
conservação do ambiente e a sustentabilidade passam a ser uma questão estratégica da
organização, fazendo-se necessária uma avaliação de como balancear uma atividade produtiva
e lucrativa com o desenvolvimento sustentável e de conservação ao meio ambiente (CITADIN,
2017).
Frente a este cenário, e considerando um país abundante de recursos naturais e com pouca
fiscalização, segundo Leite (2003), é muito comum, além da extensa gama de resíduos sólidos
gerados, o desperdício de materiais dentro da Construção Civil. Esses desperdícios ocorrem
pela falta de acompanhamento dos processos produtivos dentro de obras.
Para minimizar os impactos resultantes do acompanhamento inadequado durante a execução de
obras, metodologias como o 5S e o lean construction podem ser utilizadas, tais como afirmam
os estudos de Almeida e Picchi (2017). Entretanto, ainda que ocorra a geração de resíduos na
presença de tais ações, o mesmo deve ser tratado de forma correta e sempre haver ações voltadas
para eliminação de resíduos ou minimização em todo o processo de construção.
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Sendo assim, tendo em vista que a ausência ou a má gestão dos resíduos sólidos advindos de
canteiros de obras, bem como uma disposição final inadequada, expõe impactos negativos ao
meio ambiente, o presente trabalho possui como objetivo analisar a gestão de resíduos de
construção civil, em uma obra na cidade de Petrolina - PE, com base na Política Nacional de
Resíduos Sólidos (PNRS) e Resolução do CONAMA nº 307/2002, possibilitando alternativas
para implantação de sistema de gerenciamento e referência para aplicação em outras empresas
que estão buscando atuar com responsabilidade e sustentabilidade ambiental.
A relevância da proposta de estudo se encontra em vista da elevada geração de resíduos sólidos
provenientes da construção civil e seus impactos causados pela má gestão ou inexistência de
destinação final adequada desses resíduos. Dessa forma, analisar e desenvolver boas práticas
de gestão em canteiros de obras contribui para a sociedade e para a empresa com um
desenvolvimento sustentável e responsável do ambiente.
2.Referencial Teórico
vem ocupando um espaço importante nas organizações, tendo em vista que, principalmente as
pressões da sociedade exige delas uma postura de responsabilidade social. Nesse sentido, para
empresas que almejam uma posição de destaque no mercado, faz-se necessária a inclusão da
gestão e práticas que envolvam a redução dos impactos dos resíduos ao meio ambiente em
âmbitos estratégicos.
A gestão de resíduos sólidos, portanto, é definida de acordo com VIANA (2018) apud US EPA
(1989) como “o uso de práticas administrativas de resíduos, com manejo seguro e efetivo, fluxo
de resíduos sólidos urbanos, com o mínimo de impactos sobre a saúde pública e o ambiente”.
Nesse contexto, de acordo com o estudo desenvolvido em âmbitos da construção civil, o
objetivo de uma boa gestão de resíduos, além do cumprimento da legislação, abrange a
qualidade e produtividade, segurança no trabalho e redução de custos de produção e de
destinação de resíduos. Sendo assim, para que haja resultado de uma gestão eficaz através da
redução de resíduos e menor utilização dos recursos naturais, torna-se necessária atenção desde
o treinamento do colaborador até a fase de coleta e destinação final dos resíduos
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DO DRYWALL, 2012)
A Lei 12,305/10 instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), com princípios,
objetivos e instrumentos importantes para lidar com os principais impactos ambientais, sociais
e econômicos resultantes do incorreto ou inadequado manuseio dos resíduos sólidos. De acordo
com o Ministério do Meio Ambiente (2011), tal política instituída em 2010, veio com intuito
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Classe B São os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como: plásticos,
papel/papelão, metais, vidros, madeiras e outros;
Classe D São resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais como tintas,
solventes, óleos e outros ou aqueles contaminados ou prejudiciais à saúde
oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas,
instalações industriais e outros, bem como telhas e demais objetos e materiais
que contenham amianto ou outros produtos nocivos à saúde.
Fonte: Resolução n° 307 do CONAMA (2002)
Nesse contexto, a PNRS requer dos serviços públicos e privados transparência na gestão de
seus resíduos, exigindo também a existência da preocupação em conhecer a destinação final e
correta dos seus resíduos. Além disso, requisita a divisão das responsabilidades entre os
diversos participantes de uma produção, forçando o envolvimento das partes na preocupação
ambiental e, consequentemente, na busca de soluções (ECYCLE, 2016).
Com a grande quantidade de resíduos geradas na execução das atividades da construção civil,
as políticas públicas, voltadas ao gerenciamento desses resíduos, procuram estimular uma nova
postura gerencial e uma implantação de condutas que buscam a diminuição da quantidade de
resíduos produzidos (SENAI, SEBRAE, GTZ, 2007).
As novas formas de gerir os resíduos precisam ter o foco no correto manuseio, buscando a
redução, a reutilização, a reciclagem e, só por último, o descarte dos resíduos (KARPINSKI et
al., 2009). Ainda segundo os autores:
A principal ação efetiva em termos legais, para a superação dos problemas ambientais,
foi a criação da Resolução 307 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA)
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Essa prática, conhecida como o princípio dos 3R’s, é classificada de acordo com o Ministério
do Meio Ambiente (2012) da seguinte forma:
Além destes, existe um quarto R (Repensar) - ao qual deve ser praticado antes dos 3R's
originais, com o intuito de refletir sobre as formas de consumos e os respectivos impactos.
3. Metodologia
O trabalho desenvolvido possui, quanto a natureza, uma pesquisa do tipo aplicada, visto que
busca a geração de conhecimento para resolução de problemas específicos. Envolve, a partir de
uma aplicação prática e de interesses locais, a busca da verdade (PRODANOV E FREITAS,
2013)
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O presente trabalho tem como objetivo uma pesquisa do tipo exploratória e descritiva. Sendo
exploratória à medida que objetiva a familiaridade com o problema, visando torná-lo mais
explícito ou a construir hipóteses acerca do assunto (GIL, 2007), e descritiva, ao passo que
pretende relatar os fatos e fenômenos de uma determinada realidade (TRIVIÑOS, 1989).
Com relação a abordagem, o presente estudo é qualitativo, uma vez que abrange a obtenção de
dados descritivos, sendo obtidos do contato direta dos responsáveis pelo estudo com o local
analisado e enfatizando mais o processo do que o produto (BOGDAN E BIKLEN, 2003).
3.5 Estratégia
Finalmente, para o desenvolvimento deste estudo foi elaborada a estratégia que se reflete na
realização das seguintes etapas:
a) Estudo bibliográfico;
b) Coleta de dados com profissionais da área da construção civil e de meio ambiente;
c) Visita na obra analisada;
d) Aplicação da ferramenta SWOT (strengths, opportunities, weaknesses, threats), que,
segundo Chiavenato e Sapiro (2003), permite rápida visualização das ameaças (threats)
e oportunidades (opportunities) que são externas, bem como as forças (strengths) e
fraquezas (weaknesses), que são fatores internos;
e) Descrição da gestão de resíduos até então praticada na empresa;
f) Proposição de ações para implantação de sistema de gerenciamento.
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4. Resultados e discussão
De acordo com os dados obtidos, a empresa analisada não faz uso de coleta seletiva em seu
canteiro, possuindo apenas alguns depósitos de lixo, em formato pequeno, dentro do canteiro
(Figura 1) e uma caçamba (Figura 2), localizada fora do canteiro, com capacidade de 5 metros
cúbicos.
A empresa reutiliza, na própria obra, uma pequena parte dos resíduos, tais como:
No caso da sobra de piso cerâmico, os excessos são doados para reaproveitamento externo,
dado que a construtora executa obras em paralelo.
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Para adequada análise foi elaborado fluxograma para destinação dos resíduos sólidos dentro da
empresa (Figura 3). Como pode-se observar, a maior parte dos resíduos segue para
armazenamento temporário em caçamba de entulho, os quais são recolhidos por uma empresa
terceirizada, responsável por realizar a destinação final dos resíduos gerados pela construtora.
Nesse caso, a empresa terceirizada se compromete a realizar a destinação conforme separação
e composição do entulho. No caso de materiais como plásticos e papéis, verificou-se que o
material é enviado para cooperativas que realizam coleta seletiva e que os demais são enviados
para compactação.
A retirada da caçamba (Figura 2) ocorre, sistematicamente, duas vezes por semana. No entanto,
em épocas onde os serviços em execução geram maior volume de resíduos, essa retirada chega
a ocorrer até seis vezes na semana. Verificou-se que o total coletado até fevereiro de 2019 (fase
final da obra), com base na retirada de duzentas e trinta e sete (237) caçambas de entulhos, foi
de, aproximadamente, mil e duzentos metros cúbicos de resíduos (~1.185 m-3). Adicionalmente,
ressalta-se que estes resíduos encontram-se, em sua maioria, na classe A, segundo a
classificação de resíduos da CONAMA.
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Com intuito de analisar a atual situação da obra, os autores desse estudo realizaram, junto a
administração da obra, a análise do ambiente interno e externo, com relação as suas forças,
fraquezas, oportunidades e ameaças (SWOT). Na figura 4, pode-se observar todos os pontos
indicados na análise.
Dado o encaminhamento dos resíduos para empresas terceirizadas que se comprometem a
adequada destinação dos resíduos, verifica-se que a empresa está atenta a ameaça relativa a
possibilidade de fiscalização (Figura 4). Entretanto, a análise SWOT também permite
identificar que há conhecimento sobre processos de reutilização e reciclagem e também
recursos financeiros para implantação de sistema de gestão ambiental, logo há oportunidade
para ganhos estratégicos oriundos da implantação de sistema de gestão ambiental.
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Dessa forma, uma ferramenta que possui potencial para um desenvolvimento sustentável e
promoção da saúde e segurança dos colaboradores é o 5S. A ferramenta tem por objetivo a
melhoria contínua e, segundo Kalkmann (2002), corresponde aos 5 sensos de: utilização,
ordenação, limpeza, saúde e autodisciplina.
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Além disso, manter o ambiente de trabalho sempre limpo, organizado e padronizado. Dessa
forma, realizando, também, a coleta seletiva dos resíduos sólidos. Somado a isso, a ferramenta
auxilia também no desenvolvimento da autorresponsabilidade do colaborador, incentivando
ações que fomentem a segurança e qualidade de vida. Sendo assim, os autores apresentaram as
etapas para uma implantação da ferramenta 5S que alcance o objetivo proposto, de forma eficaz
e eficiente (Figura 7).
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5. Considerações finais
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Isto posto, foram identificadas oportunidades estratégicas para a empresa, com grande
possibilidade de redução de custos. Além disso, espera-se que a experiência de implementação
de ações para gestão de resíduos promova a inovação organizacional na Construtora, permitindo
estudos de diagnóstico e monitoramento nas demais construções sob sua responsabilidade.
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