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Liga Insights Energia - Ago - 20
Liga Insights Energia - Ago - 20
PATROCÍNIO:
AGOSTO 2020
REALIZAÇÃO:
PATROCÍNIO:
APOIO:
2
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Liga Ventures para voltar ao
índice quando quiser
ÍNDICE
A Liga Ventures ………………………………..….………….…....…………….... 04
Metodologia …………………………………………….………...….…….……….... 06
Editorial …………………………………………………….………….…...….………….. 07
Entrevistados ………………………………………….….................................. 09
[STATE] Where Science Happens ……...…………….…........…… 11
Entrevista - Eduardo Sattamini [ENGIE] …………………….. 13
Introdução …………………………………..…...……..………………..…....….…... 14
Entrevista - Luiz Augusto Barroso [PSR] ……................... 18
O Mercado Livre de Energia ….…………………….…….…....……… 19
Entrevista - Bárbara Rubim [ABSOLAR] …………….…...….. 25
Energias Renováveis ………..………………...…………..……....…..….….. 26
Entrevista - Rodrigo Crisóstomo [Petz] ………………..…….. 32
O mercado de trading .....………………...…………..……......…..…….. 33
LegalTalks - Gustavo Dalcolmo [Derraik&Menezes].. 39
Referências …………………………………………………...………………………… 42
ÍNDICE CLICÁVEL
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deste estudo clicando diretamente
no título desejado
3
A LIGA
VENTURES
A Aceleradora
e o Liga Insights
Por meio de programas de aceleração em
diferentes verticais de mercado, eventos e inteligência
setorial, a Liga Ventures é a primeira aceleradora do
Brasil totalmente focada em conectar startups e
grandes corporações, gerando inovação e
oportunidades de negócios para ambos os lados.
EMPRESAS STARTUPS
Inovar mais rápido e barato Oportunidades de negócios
Testar novos mercados Canais de distribuição
Novos modelos de negócio Networking
Atrair talentos Marca e Credibilidade
Cultura intraempreendedora Crescimento sustentável
4
PROGRAMAS:
NOSSOS EVENTOS:
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Metodologia
O estudo tem como objetivo compreender como o setor de
energia está inovando e de que forma as startups que apresentam
soluções para esse mercado estão se desenvolvendo e ganhando
espaço no Brasil. Após entendimento do mercado e dos temas que
envolvem o setor, foi iniciada uma pesquisa para determinar quais
são as inovações tecnológicas disponíveis atualmente e de que forma
elas podem impactar os processos e o atual cenário do segmento.
Aqui foram considerados relatórios, estudos e informações de fontes
como Valor Econômico, Bloomberg, Correio Braziliense, Revista
Exame, Revista Auto Esporte, Market & Markets, Diário Catarinense,
Yahoo, Capgemini, PR Newswire, Money Times, Estado de Minas, O
Setor Elétrico, Época Negócios, Ambiente e Energia, Portal Solar e
outros.
6
EDITORIAL
O transformador momento do
mercado de energia
Powered by:
Quando fomos construir este estudo sobre as inovações no setor de Energia, uma das palavras
que mais ouvimos foi “transformação”, nos diversos contextos apresentados nas próximas páginas, mas
todas apontando para que estamos vivendo um momento de acompanhar essas mudanças de forma
direta e perceptível para todos, de produtores até consumidores.
E nessa junção, na minha opinião, temos um dos direcionadores mais interessantes deste
mercado, os prosumers. Acumular o papel de produtor e consumidor em um mesmo ponto é algo que
quebra uma lógica linear do ambiente tradicional e, como uma boa oportunidade, passa abrir uma
série de possibilidades de novas construções de soluções. Afinal, como se produz a energia que
preciso? E se sobrar? E se faltar?
Como parte desse novo contexto, também temos uma discussão sobre a descentralização,
dessa vez não só da capacidade de desenvolvimento de soluções, mas também na produção e
consumo, o que carrega consigo uma série de mudanças estruturais para garantir o funcionamento
em que a tecnologia, a criatividade e o empreender serão fortes aliados.
O copo meio cheio é de que não partimos do zero. No Brasil, ainda que não vivemos essa
liberdade mais ampla de escolha no setor ainda, já temos um ambiente empreendedor com startups
bem interessantes focadas no setor. Além disso, observar o que outros países onde já funcionam
modelos como este como referência, pode acelerar (e muito) a nossa forma de aproveitar (como já
estamos aproveitando) essas oportunidades que estão surgindo.
E como surgem estas soluções? Por fim, como uma reflexão sobre as matrizes de criação e
estímulo empreendedor em Energia, vale ressaltar o importante papel que a hélice tríplice de inovação
tem neste cenário no país. Universidade, Empresas e Governo hoje são os principais responsáveis pela
movimentação deste mercado tão fértil para novas soluções. Só resta agora, com este momento
criado, torcer para que os demais atores do ecossistema façam essa hélice girar ainda mais.
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Quer levar a experiência de um
evento focado em inovação
aberta e muito networking com
startups ligadas ao seu mercado
ou a uma área da sua empresa?
CONHECER O FORMATO
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ENTREVISTADOS
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ENTREVISTADOS
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Where Science Happens é um programa voltado para o desenvolvimento de
cientistas empreendedores e startups de base científica focadas em deep tech
e hard science.
Muitas pessoas não precisam de um escritório para trabalhar. Graças a tecnologia, elas
podem fazer isso de qualquer lugar. Mas ter um ponto comum para reuniões,
relacionamentos, execução de projetos e workstations pode criar muito valor para todo o
ecossistema. ⠀
Um movimento previsto que pode se tornar o novo normal. Um novo normal mais
humano, flexível, colaborativo e inovador. ⠀
13
Introdução
Caminhos e transformações do
Mercado de Energia no Brasil
14
2019 – que os custos das principais fontes de energia limpa vem caindo gradativamente, incluindo
quedas expressivas nos custos de bioenergia (-14%), solar (-13%), eólica (-13%) e hidrelétrica (-11%).
"A energia “verde”, que engloba as fontes renováveis e com menor impacto ambiental é o
insumo energético que dá suporte à sustentabilidade do planeta. A inserção destas fontes em um ritmo
cada vez maior é uma resposta do meio corporativo à demandas de sustentabilidade, a qual pode
impactar, direta ou indiretamente os próprios negócios. No Brasil, este crescimento tem sido lento,
porém gradual", explica Sousa Júnior. Também fundador da TecSUS – empresa de monitoramento e
telemetria e que investe na gestão de ativos monitorados como energia, água e gás – o pesquisador
acredita que a tecnologia tem um papel propositivo na busca pela difusão da sustentabilidade.
Dentro deste debate sobre energia limpa e busca pela diminuição do uso de combustíveis
fósseis, é possível afirmar que o mercado livre de energia tem sido um importante vetor para a
expansão do uso de energias renováveis no Brasil e no mundo. Segundo dados da consultoria
ePowerBay divulgados no Portal Solar, por exemplo, do total de 10,8 gigawatts em capacidade de
outorgas emitidas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em 2019, 82,8% foram para projetos
de energia limpa que serão negociados no Ambiente de Contratação Livre.
Ainda segundo a consultoria, os projetos de usinas solares cresceram de 1,33 gigawatt em 2018,
para 5,8 gigawatts no ano passado, sendo que somente 3,6% destas outorgas foram direcionadas para o
mercado regulado; enquanto as outorgas dos parques eólicos se expandiram de 2,35 gigawatts para 4,1 -
70% delas sendo negociadas no mercado livre de energia.
A nível global, a compra de energia limpa no ambiente empresarial cresceu 44% em 2019, por
meio dos chamados PPAs (Power Purchase Agreements - Contratos de Compra Energia), de acordo
com levantamento da BloombergNEF. Embora aponte que a maior parte destes contratos ocorreu nos
Estados Unidos, a consultoria destaca que houve crescimento em todo mundo deste movimento,
sobretudo em virtude de uma busca pela sustentabilidade corporativa.
Conceitualmente, o mercado livre de energia envolve um espaço de mercado nos quais agentes
podem negociar a comercialização e a compra de energia, desde que observada a regulamentação do
setor.
Conforme informações presentes no Portal Ambiente Energia, apenas 30% de toda a energia
consumida no Brasil está inserida no ambiente de contratação livre. Para Sami Grynwald, gerente de
novos negócios da Thymos, este cenário deve se expandir com a entrada de novos consumidores no
ambiente de contratação livre.
15
"Nós devemos seguir com esta tendência, de consumidores menores migrando para o mercado
livre. Hoje, o mercado livre abarca em torno de 30% do mercado. Só com a regulação atual, já deve se
expandir para até 45% do mercado. O crescimento de oferta de energia sempre foi propiciado pelo
mercado regulado de energia, no entanto, com a redução da economia e do consumo, já houve um
direcionamento de novos geradores para o mercado livre, e agora estamos vendo uma onda de que
grandes consumidores investem em geração própria, muito por conta da volatilidade de preço do
mercado de energia no Brasil; então os grandes consumidores estão amadurecendo, no sentido de
buscar contratos mais longos, justamente para evitar a volatilidade e um dos formatos que estão
buscando é a geração própria", explica Grynwald.
Para que haja uma maior adesão a este mercado, no entanto, existe o desafio educacional, no
sentido de conscientizar a população, em geral, sobre os benefícios e possibilidades do mercado livre de
energia.
"Pensando no mercado livre, ele já é conhecido pela maior parte das indústrias, varejo e
comércio. Mas sim, ainda acho que o consumidor poderia ser mais ativo e, neste sentido, há uma
necessidade de educar o mercado sobre novas possibilidades de consumo de energia. Mas, com a
economia crescendo abaixo do ritmo esperado, a tendência é que que os consumidores passem a olhar
com maior atenção para seus custos – e energia é sempre um fator importante de custo, logo, as
pessoas precisam pensar em formas de gerar mais economia e sustentabilidade energética", aponta o
gerente de novos negócios da Thymos, Sami Grynwald.
Diante de todo este cenário, uma análise minuciosa do mercado livre de energia no Brasil, das
oportunidades que ela gera para as empresas, startups e consumidores; bem como, de possíveis
modelos de negócio que podem se fortalecer ou se estabelecer mediante a expansão do ambiente de
contratação livre é o objetivo central deste estudo.
Nos contratos
86% de toda a energia
bilaterais, são
consumida no segmento
negociados
industrial brasileiro é
livremente – entre
negociada no mercado livre,
fornecedores e
todavia, apenas 30% de toda a consumidores – o
energia consumida no Brasil preço, o prazo, a
está inserida no ambiente de quantidade
contratação livre
16 16
Abordaremos também, com mais profundidade, as oportunidades de inovação dentro do
âmbito das energias renováveis, incluindo os processos de certificação e rastreamento dessas energias
limpas e as novas tecnologias que têm auxiliado as empresas a extrair mais benefícios de tais modelos
energéticos. Além disso, discutiremos o contexto do mercado de trading no Brasil e quais as tendências
que devem reger o futuro desta atividade no país.
Toda esta análise terá como pano de fundo, por fim, dois aspectos cruciais que devem ser
levados em conta quando almejamos obter uma percepção mais acurada do mercado de energia
brasileiro. São eles:
"O Brasil possui um grid elétrico abrangente, o Sistema Interligado Nacional (SIN). Neste
sistema, é possível a inserção de energia em qualquer de suas pontas, com consumo subsequente em
outra e perdas relativamente pequenas. Isso permite a inserção muito mais contundente de geração
distribuída, transformando o que hoje são apenas consumidores finais em microprodutores de energia.
No contexto das energias renováveis, isso se adequa à fonte solar fotovoltaica, mas também à energia
eólica (os geradores tipo Small Wind). Tais modalidades demandarão interfaces, rastreamento e
conectividade, as quais podem ser supridas por inovações tecnológicas em consolidação ou até mesmo
por tecnologias disruptivas", explica Sousa Júnior.
Ângela Menin aponta, por conseguinte, alguns dos benefícios que as novas tecnologias podem
trazer para o segmento energético.
"A digitalização de sistemas e processos está cada vez mais presente nas atividades humanas.
Sendo assim, não poderia deixar de influenciar o setor elétrico. Novas tecnologias conseguem
incorporar diversos melhoramentos, tais como aumento da capilaridade do sistema elétrico; uso, no
horário de ponta, de energia armazenada nos horários fora de ponta; disponibilização de bancos de
dados para usos em melhorias dos sistemas e processos de gestão, com reflexos importantes na
qualidade do monitoramento e uso dos equipamentos; aumento da eficiência energética", diz a
professora e coordenadora do curso de Engenharia de Energia da PUC-MG.
Dentro de todo este contexto, Leonardo Paz Neves, Professor do IBMEC e Pesquisador do
Núcleo de Prospecção e Inteligência Internacional da FGV, frisa a importância das startups para que se
possam trilhar caminhos que, de fato, tragam a disrupção e maior sustentabilidade para a realidade do
mercado de energia brasileiro e global.
"Temos um conjunto de tecnologias que nos permitem fazer coisas, hoje, que não podiam ser
feitas no passado. Hoje, temos soluções que te ajudam a determinar se a energia que você consome
veio de Itaipu ou de uma fazenda eólica no sul da Bahia. Com o blockchain, apenas para citar um
exemplo, você consegue validar a energia renovável e ter clareza de que a energia que você vai
consumir, através do mercado livre, virá sempre de eólica, solar, etc., aumentando assim o poder de
decisão do consumidor. E boa parte das soluções mais disruptivas estão vindo das startups. Um grande
desafio é levar estas novas tecnologias para além dos grandes centros, para cidades que também
possuem demanda por energia renovável, por rotas de entrada para o mercado livre e por maior
eficiência", conclui Neves.
17
ENTRE_
VISTA
Quais as perspectivas da PSR quanto ao
mercado livre de energia no Brasil?
18
Aprofundamento
Dinamismo, oportunidades e
expansão: um panorama sobre o
Mercado Livre de Energia
Instituído em 1998, durante o governo do Presidente
Fernando Henrique Cardoso, o ambiente de contratação livre (ACL)
surgiu como uma alternativa para que grandes consumidores
conseguissem buscar valores mais competitivos de contratos de
energia, tendo a possibilidade de negociar diretamente o preço de
seu consumo com geradores e comercializadores.
340 empresas
De lá para cá, já são mais de 340 empresas que contam com
contam com autorização
autorização para atuarem como comercializadoras de energia. Por
para atuarem como
sua vez, só em 2019, o ambiente de contratação livre movimentou
R$134 bilhões no Brasil, indicando crescimento de 6%, de acordo com
comercializadoras de
dados da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia
energia
(Abraceel). Ainda de acordo com a entidade, os consumidores deste
mercado tiveram uma economia de 34% em seus custos com
energia.
19
"Em 42 meses, a partir da homologação da nova lei, todos os consumidores poderão ser livres.
Neste período, será possível implementar as mudanças necessárias para que o mercado livre se torne,
de fato, acessível para todos os consumidores. Dito isso, a dinâmica que eu vejo no mercado vai ser
muito semelhante ao que se vê em outros países que abriram seu mercado de energia: até aqui, o
mercado livre tem sido permitido somente para um conjunto de consumidores, como se existissem dois
mercados - um para os consumidores que consomem acima de 500 kW de energia; e um mercado para
o consumidor abaixo de 500 kW. Isso não significa, necessariamente, que todos os consumidores vão
migrar para o ambiente de contratação livre após a abertura total. O que haverá é o estabelecimento de
forças competitivas, para que os próprios agentes já instalados possam competir de igual para igual –
tanto as comercializadoras independentes, quanto as distribuidoras", reflete Medeiros.
"Teremos, certamente, uma mudança de postura por parte dos agentes que estão
acostumados com o mercado regulado. Surgirão empresas especializadas em consumidores de menor
porte (comercializadoras varejistas) e empresas especializadas em tratamentos diferenciados para
consumidores de maior porte. Além disso, em outros países, é muito comum os consumidores
instalarem painéis fotovoltaicos, conseguindo obter maior volume de energia; nessa nova dinâmica,
começam a surgir produtos customizados para o consumidor: assistência técnica para painéis
fotovoltaicos; automação da resistência para que o consumidor possa ter o menor consumo possível e
possa vender sua produção excedente de energia para o mercado. O fato é que o consumidor passa a
ser não só um ente de consumo, mas um ente de produção (prosumer)", explica o presidente-executivo
da Abraceel.
"O mercado regulado sempre foi majoritário e as empresas em geral preferiram não estar muito
expostas à venda de energia no curto prazo no mercado livre, por conta da volatilidade de preço ou
mesmo ao risco de crédito. Entretanto, com os investidores de projetos de geração de energia migrando
do mercado regulado para o mercado livre e aliado à melhora na perspectiva econômica no Brasil
(pré-coronavírus), está se desenvolvendo um mercado de contratos de longo prazo no ambiente de
contratação livre, ou seja, grandes empresas (indústrias ou comercializadoras) comprando energia
diretamente do gerador via contratos de prazos mais longos – movimento esse que se intensificou nos
últimos 2-3 anos", analisa Estrela.
Outro movimento que cresce no mercado livre envolve a percepção do consumidor enquanto
produtor de energia. Nos Estados Unidos, por exemplo, o Departamento de Eficiência Energética e
aaaaaaaaa
20
Energias Renováveis do Governo Americano, destaca o crescimento dos prosumers em seu portal,
indicando que "a rede elétrica de hoje está borrando as linhas entre geração e consumo de energia" e
que o consumo de eletricidade hoje, não se dá em mão única.
Segundo o Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), uma das principais vantagens da geração
distribuída (conceito que traduz a geração de energia elétrica perto dos pontos de consumo), envolve
uma maior liberdade e independência para esses agentes produtores, "dando uma segurança extra ao
usuário".
De acordo com dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) divulgados em 2019, o
Brasil ultrapassou, no ano passado, a marca de 1 GW de potência instalada em micro e minigeração
distribuídas de energia elétrica. Segundo o órgão, este movimento foi possível, sobretudo, graças às
Resoluções Normativas 482/2012 e 687/2015, que permitem ao consumidor a troca com as distribuidoras
da geração de energia elétrica por ele produzida de fontes renováveis ou cogeração qualificada.
Tramita na Câmara, por exemplo, o Projeto de Lei 4530/2019, que prevê, justamente, a
possibilidade de comercialização de energia elétrica proveniente de microgeração no mercado livre. O
PL atuaria, pois, como um complemento das resoluções da ANEEL, uma vez que hoje, o excedente da
produção de pequenos consumidores deve ser fornecida, sem custo, para as redes de distribuição.
Outro ponto a ser considerado nessa equação envolve a mudança estrutural do cálculo do preço da
energia no Brasil, o qual, a partir de 2021, levará em conta o modelo de preço-horário, e não uma
contabilização semanal, como é feito atualmente. O objetivo dessa mudança é atribuir valores de
acordo com o período de produção energética e direcionar preços maiores ou menores conforme a
demanda do horário. Essa mudança trará mais transparência, inclusive, para a contabilização das
operações no mercado livre de energia, conforme aponta matéria do Portal Money Times.
Segundo Adriana Luz, consultora e especialista no mercado livre de energia, todos esses novos
fatores que se inserem na matriz energética brasileira e nos modelos de produção, distribuição e
comercialização de energia no país, geram oportunidades para startups e para o surgimento de novas
tecnologias que devem dar suporte para consumidores e empresas.
"Na minha opinião, com essa abertura do mercado e a precificação horária da energia que está
sendo implantada, abre-se uma grande janela de oportunidade para as empresas de tecnologia,
principalmente as startups. Considerando os preços horários, as empresas precisarão acompanhar bem
sua produção e os custos, e ferramentas que possam assessorar nesse acompanhamento ganham
força no mercado, incluindo, por exemplo, aplicativos que possam analisar essas duas variáveis e
aaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
Geração Transmissão
O Brasil conta,
atualmente, com 7.222
consumidores no
Comercializadora mercado livre, sendo
Mercado livre
(opcional) que, nos últimos 12
de energia
meses o setor teve um
crescimento de 22% no
Ambiente Cativo
número de
Mercado livre consumidores)
Consumidor Distribuição
21
sinalizar ações como produzir mais quando a energia estiver mais barata, qual o momento de alocar
produção, etc. Para os consumidores residenciais, abre-se uma oportunidade de comprar energia por
aplicativos, incluindo por meio de sistemas pré-pagos", comenta Luz.
A pesquisadora observa ainda que, em países como a Irlanda, a venda de energia por meio de
sistemas pré-pagos já é uma realidade e é um modelo de negócio com potencial para se fortalecer
mediante a expansão do mercado livre. Segundo dados da Northeast Group divulgados pela PR
Newswire, até 2026, os investimentos em energia pré-paga devem superar US$ 11,4 bilhões em todo o
mundo, se tornando o próximo grande mercado pré-pago, depois da telefonia celular e dos cartões de
crédito.
Para Adriana Luz, outro ponto que deve ser considerado é a expansão do uso de fontes
renováveis e a consolidação da geração distribuída no mercado livre; elementos esses que, por sua vez,
devem impulsionar o surgimento de novos modelos de negócio e de novas tecnologias no segmento
energético.
"Não podemos esquecer que toda expansão da geração distribuída, do ambiente livre de
contratação e do uso de fontes como a energia solar irão demandar ferramentas tecnológicas,
aplicativos, sistemas, ampliando assim, as oportunidades para as empresas de tecnologia e para as
startups que souberem absorver estas oportunidades", conclui Luz.
Dentro deste contexto, vemos surgir no Brasil soluções inovadoras que vêm se consolidando
diante do movimento de amadurecimento do mercado livre, incluindo desde tecnologias para
monitoramento energético, até o apoio na migração para o Mercado Livre de Energia.
Ortiz acrescenta, no entanto, que para as startups e empresas que desejam atuar no ambiente
de contratação livre, há algumas questões que devem ser observadas, incluindo a atual volatilidade de
preços praticados neste mercado.
"O ambiente de contratação livre ainda precisa de mais transparência. Não há um registro
público de valores praticados, o que cria uma volatilidade muito grande no benefício da migração. Há
também um desafio para usuários que fazem a migração sem conhecer completamente o perfil de
carga, precisando fazer compras pontuais com tarifa maior (no curto prazo)", acrescentando, no entanto,
que esse cenário está em constante transformação e que oportunidades podem surgir nos âmbitos da
integração de dados com uso de blockchain. Com clientes como a Agência Internacional de Energia
(IEA/OCDE), Ministério de Minas e Energia (MME), Agência de Cooperação Brasil-Alemanha (GIZ) e
Nações Unidas (PNUD), a Mitsidi teve um crescimento médio de 34% nos últimos dois anos.
Focada no controle de danos elétricos e prevenção de riscos por meio do uso de IoT, outra
startup que vem ganhando destaque dentro do novo contexto do mercado brasileiro de energia é a
Electrowave.
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Augusto Torrecilha, cofundador & CEO da startup, explica algumas das iniciativas da
Electrowave no contexto da expansão do mercado livre, a qual, segundo ele, está diretamente atrelada
ao novo perfil do consumidor de energia no país.
"O consumidor está a todo momento buscando formas de economizar ou ser cobrado de forma
justa. Quem se enquadra nas qualificações para utilizar o mercado livre de energia, mesmo após fechar
o contrato, já começa a estudar quem será a melhor alternativa para fornecimento de energia quando
seu contrato acabar. Já empresas que não se enquadram buscam formas alternativas – bancos de
capacitores, filtros harmônicos e até placas de células fotovoltaicas, por exemplo. Dito isso, acredito que
o potencial do mercado livre de energia no Brasil é imenso. Hoje, nós já monitoramos algumas
indústrias e comércios cuja energia é proveniente do mercado livre. Atuamos através de um indicador
de qualidade da energia que leva em conta normas de prestação de serviço da ANEEL que precisam ser
cumpridas", explica Torrecilha.
A startup, segundo o CEO da Electrowave, identificou uma oportunidade de mercado, uma vez
que o Brasil conta com cerca de 350 mil oscilações elétricas por ano. Através do monitoramento da
qualidade da energia que chega em edificações, é possível evitar perdas, geração de custos e a perda de
produtividade nas empresas.
A Enbox é uma startup de São Paulo que fornece uma plataforma para compra e
venda de energia, com o intuito de facilitar a entrada e aumentar a segurança no
ambiente de contratação livre. A Enbox faz parte do portfólio da Startup Farm,
aceleradora paulista.
23
CASES
24
ENTRE_
VISTA
Como você enxerga o contexto atual do
mercado de energias renováveis no Brasil?
25
Aprofundamento
Sustentabilidade, confiabilidade e
mobilidade: seguindo os passos da inovação
no terreno das energias renováveis
26
mercado, não haverá um retrocesso significativo no uso de energias renováveis.
“A importância dada para as energias renováveis tem crescido muito sob um ponto vista global.
Muitas companhias se comprometeram neste sentido, quando a economia seguia em bom ritmo, mas,
mesmo com o momento atual, não acredito que as organizações irão retroceder quanto ao uso de
energias renováveis. Em muitos casos, há contratos longos que asseguram o uso de energia solar e
eólica. Deste modo, acredito que continuaremos a ver um crescimento no uso de energias renováveis –
esse crescimento pode ser em ritmo um pouco mais lento ao longo dos próximos dois anos, mas eu não
vejo um movimento relevante de retração”, explica Gerber.
Mas não são apenas com grandes companhias que as fontes de energia limpa encontram
mercado. A evolução de uma mentalidade mais sustentável na sociedade faz com o que o campo de
possibilidades das energias renováveis seja mais amplo. Fernando Giachini Lopes, sócio-diretor do
Instituto Totum (Emissor Local do Brasil acreditado pelo IREC Standard) comenta esta mudança de
paradigma de caráter global.
“Atualmente, vivemos um movimento no mundo, em que, por um lado, temos uma pressão
socioambiental para o fim dos impactos dos combustíveis fósseis e que tem levado ao incremento das
renováveis. Ao mesmo tempo, as energias renováveis deixam, gradativamente, de ter necessidade de
subsídio para que possam ser implementadas com o mesmo nível de competitividade que as fósseis.
Ou seja: estamos vivendo uma mudança de paradigma, no qual as energias renováveis se tornam
economicamente viáveis. Aqui no Brasil, ainda temos subsídios nas tarifas de transmissão e distribuição
para energia incentivada, mas a tendência é que eles sejam eliminados muito rapidamente”, analisa
Lopes.
Esta mudança de paradigma, por sua vez, abre espaço para negócios focados nos consumidores
residenciais e em diferentes perfis de empresa. A Enercred, por exemplo, é uma startup mineira que
oferece créditos de energia limpa com desconto para clientes residenciais e negócios.
“Na prática o cliente aluga um percentual de uma usina renovável remotamente e recebe
descontos na conta de luz maiores que o valor pago pelo aluguel, de forma que ele tenha economia
real, todos os meses, utilizando energia limpa. Não há necessidade de nenhum investimento inicial e
nenhuma obra em casa. Todos os canais de contato com o cliente são digitais, o processo de
contratação web ou mobile, disponibilizamos um aplicativo onde o cliente consegue ver com muita
transparência a economia mensal, tirar dúvidas, atendimento, cadastrar cartão de crédito e chamar
amigos”, explica José Otávio Carneiro Bustamante, fundador e CEO da Enercred.
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Para o empreendedor, a crescente abertura do mercado livre de energia deve beneficiar
modelos de negócio como o da Enercred. “Neste momento teremos uma grande vantagem
competitiva, por já estar trabalhando com clientes residenciais de uma forma muito pulverizada no
mercado de geração compartilhada”, diz Bustamante.
Gabriel Mann, da ENGIE Brasil Energia, comenta alguns dos benefícios dos certificados de
energia renovável.
"Os certificados de energia renovável comprovam que a eletricidade consumida pela sua
empresa é proveniente de fonte de energia renovável, podendo ser utilizados para neutralizar as
emissões de Escopo 2 (emissões indiretas pelo consumo de energia) do Inventário de Emissões de
Gases de Efeito Estufa (GEE) no âmbito do Programa Brasileiro GHG Protocol. Com isso, a empresa pode
comprovar o consumo de energia a partir de fonte renovável, ter ganho de imagem e criação de valor
pela iniciativa sustentável e contribuir em ações e iniciativas socioambientais vinculadas às usinas,
aponta Mann, acrescentando que, hoje, a ENGIE possui soluções de produtos renováveis que são
voltados a empresas que buscam soluções de descarbonização para suas atividades: os Certificados de
Energia Renovável (RECs), os Contratos de Energia Renovável (ENGIE-REC) e os Créditos de Carbono..
“Em 2016, nós fomos procurados pela I-REC Standard para sermos o primeiro Emissor Local
credenciado pela organização, fora da Europa. Passamos então a adotar oficialmente os padrões
internacionais por meio do sistema de RECs. O Sistema de RECs, basicamente, funciona como um
sistema de registros e alegações no qual registramos as plantas de energia renovável e, para cara cada 1
MWh (Megawatt-hora) de energia efetivamente injetada no GRID, geramos um certificado de energia
aaaaaa
10,6 mil carros
Já no primeiro
elétricos
semestre de 2018,
foram vendidos no Brasil
a frota de carros
entre 2012 e 2018 – no
elétricos
mundo, os carros elétricos
mundialmente já
vem ganhando um
superava
espaço significativo,
sobretudo com a adesão 3,2 milhões
mais ampla de mercados de unidades
como o Chinês
28
renovável (REC). Esse certificado é transacionado no mercado para as empresas que compram energia
renovável e querem fazer alegação de uso dessa energia. Então nós temos, aqui no Brasil, uma
plataforma de sistema de informação, com uso de blockchain, que controla o sistema a nível local e essa
plataforma conversa com a base de dados do I-REC Standard, na qual estão 100% das transações
mundiais com energia renovável no padrão I-REC”, aponta Lopes, acrescentando que os principais
consumidores de RECs e energia renovável no país são “as empresas do grupo RE100; as empresas
brasileiras que reportam suas emissões de efeito estufa na plataforma do Protocolo GHC e que, por
meio dos RECs, podem reportar emissões baixas ou até emissão zero de gases de efeito estufa, além dos
prédios verdes certificados, em uma menor escala”.
Benjamin Gerber, diretor-executivo da M-RETS, aponta, por sua vez, o uso dos RECs como peça
importante para obtenção de investimentos no cenário atual do mercado.
Confirmando essa perspectiva, uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e da Federação
Brasileira dos Bancos (Febraban) divulgada no Jornal Diário Catarinense, apontou que 10% das carteiras
dos bancos brasileiros abarcam empresas que têm preocupações socioambientais dentre suas
prioridades. Na mesma reportagem, especialistas comentam que determinados fundos de
investimento só aplicam seus recursos em empresas que possuem relatório de sustentabilidade,
respeitam as diretrizes para a preservação ambiental e utilizam energias renováveis. Diante deste
cenário, inovações têm sido criadas visando reforçar a segurança em relação aos dados envolvendo a
produção e o uso de fontes renováveis de energia.
A startup francesa The Energy Origin (TEO), por exemplo, coleta dados de produção e utilização
de energia verde, fornecendo acesso às informações e certificados de consumo para seus clientes, tudo
isso por meio de uma plataforma online. A startup utiliza blockchain para validar seus certificados,
conforme explica Thierry Mathieu, cofundador da TEO.
“Utilizamos o blockchain para validar as informações sobre as fontes renováveis, com o objetivo
de evitar a contagem dupla destes dados. Cada certificado, cada atribuição, recebe um registro no
blockchain. Este registro, por sua vez, não pode ser alterado e pode ser auditado a qualquer momento.
Isso traz total transparência para as empresas e usuários de energia verde. O blockchain é uma ótima
ferramenta, pois faz o armazenando, criptografa, fornece acesso externo e criando trilhas auditáveis,
tudo na mesma operação”, explica Mathieu.
Com investimentos na casa de US$ 279 milhões em 2017, o crescimento do uso de blockchain no
mercado de energia pode se tornar uma tendência, atingindo US$ 7,1 bilhões até 2023, de acordo com
projeção da Markets and Markets. Outro fator que pode impulsionar o uso do blockchain é a gradativa
descentralização do mercado de energia e a busca por confiabilidade em um mercado cada vez mais
pulverizado. Thierry Mathieu avalia algumas das possibilidades para este cenário futuro.
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Os veículos elétricos e o próprio conceito de mobilidade elétrica, aliás, tem motivado o
surgimento de novos modelos de negócio dentro do mercado de energia e estão diretamente
conectados com a busca por produtos mais sustentáveis no mercado. A MovE, por exemplo, é uma
startup de São Paulo que desenvolve soluções embasadas nestes conceitos.
“A MovE é uma startup como uma plataforma de serviços digitais voltados para o segmento da
mobilidade elétrica, especificamente para o gerenciamento de estações de recarga de veículos
elétricos. A solução da Move engloba aplicativos para condutores de veículos elétricos, sistemas de
gestão e serviços para redes de eletropostos e painéis de operação para fabricantes de estações de
recarga”, explica Cesare Quinteiro Pica, CEO da MovE.
Já no primeiro semestre de 2018, a frota de carros elétricos superava 3,2 milhões de unidades e
segundo a Bloomberg New Energy Finance (BNEF), eles devem ser maioria até 2040. O próprio
mercado nacional deve enxergar uma expansão neste sentido, com a ABVE projetando um crescimento
de 300% na compra de veículos elétricos até 2026.
Para Cesare Quinteiro Pica, essa possível abertura do mercado para os veículos elétricos e para
outras tecnologias é fruto também de um processo de modernização do segmento de energia no país
que propicia, consequentemente, o surgimento de soluções inovadoras.
“O mercado de energia, em comparação com outros segmentos, levou um tempo maior para
iniciar investimentos consistentes em modernização, mas, de uns anos pra cá, tem intensificado de
forma significativa seu processo de digitalização. A maturidade deste processo ainda é inicial, mas o
setor tem mostrado motivação e abertura para novas soluções e iniciativas tecnológicas que podem
contribuir com o mercado”, encerra o CEO da MovE.
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CASES
31
ENTRE_
VISTA
Que oportunidades de negócio e inovação a
Petz enxerga dentro do contexto do mercado
livre de energia?
Hoje a Petz está com mais de 100 lojas e
praticamente todas dentro do mercado regulado
cativo. A ideia de migrarmos para mercado livre
de energia abre uma oportunidade de inovação
e amplo poder de escolha. A Petz pode escolher
o fornecedor de energia com maior flexibilidade Rodrigo Crisóstomo, Coordenador de Facilities
e Contas Públicas da Petz
na contratação, podemos adquirir previsibilidade
de custos, sendo que o contrato pode ser
negociado com preço fixo, indexando a um
índice de inflação. Bandeiras tarifárias impostas Qual o posicionamento da empresa, no âmbito
pelo governo não influenciam no preço, que está de energias renováveis?
previamente definido em contrato, diferente das Um dos nosso valores é “Respeitarmos uns aos
oscilações no mercado Cativo de Reajustes outros”, e isso está totalmente engajado com a
Tarifários. preocupação com nosso planeta. O tema
energias renováveis é uma preocupação e busca
Como tem sido o processo de migração para o constante da Petz, uma rede que respeita quem
mercado livre de energia, do ponto de vista de é apaixonado por pets e espera ser a maior e
desafios e benefícios? melhor rede de pet shops da América Latina,
Os desafio são grandes. Trata-se de um mercado podendo estar entre as 5 maiores operações
novo para a Petz, desde a adequação do centro mundiais até o fim de 2020.
de medição à negociação do BID da Energia no
chamado mercado de comercialização de Qual a maturidade tecnológica da Petz, em
energia elétrica. Entretanto, temos um time bem termos de transformação digital da área de
experiente e uma consultoria que nos auxilia. facilities e de gestão energética?
Nas duas áreas de atuação temos profissionais
Pensando em tecnologia, que tendência incríveis sempre buscando novas tecnologias e a
acredita que irão movimentar o setor transformação digital é um assunto diário.
energético no Brasil ao longo dos próximos Buscamos sempre tecnologia para melhorar
anos? nossos processos e aumentar o alcance do
O que acompanhamos constantemente são as grupo, garantindo resultados melhores.
mudanças do setor elétrico e a dificuldade de
geração de energia no Brasil, porque isso envolve A empresa tem acompanhado o cenário de
vários fatores políticos e regulatórios. Uma trading de energia? Se sim, qual a avaliação
tecnologia que acreditamos que está em alta é a que vocês têm sobre este setor?
geração distribuída no mercado de Energia Solar. Deixamos essa atividade com nossa Consultoria.
Últimos dados da ABSOLAR mostram que, entre Entretanto, estamos sempre acompanhando
2012 e 2019, o setor solar fotovoltaico brasileiro valores da energia semanal PLD (Preço de
gerou cerca de 4.899,1 MW de potência Liquidação das Diferenças) disponibilizados pela
operacional. A Petz já está com olhar no futuro e CCCE (Câmara de Comercialização de Energia
acompanhando mudanças regulatórias dentro Elétrica), até mesmo para ter uma maior
deste mercado, que é mais um dos focos da expertise de acerto para efetuarmos nossa
empresa, visando sempre o consumo de energia compra no mercado com sucesso no produto
renovável. final.
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Aprofundamento
Novos atores, busca por eficiência e
perspectivas para o mercado de trading:
desenhando o futuro do setor elétrico no
Brasil
No último tomo deste estudo, nosso objetivo é conectar três
discussões que podem contribuir para o desenho de um panorama
sobre o futuro do mercado de energia no Brasil. São eles: a entrada
de novos agentes no setor elétrico; o amadurecimento do segmento
de trading de energia no ecossistema de negócios do país; além da
busca por eficiência energética como um motor para o surgimento
de inovações tecnológicas.
Estes tópicos, por sua vez, se ligam a temas que abordamos O anseio dos consumidores,
anteriormente, visto que a abertura do mercado de energia propicia, tanto empresariais quanto
dentre outros pontos, o surgimento de novos players no setor e residenciais, pela abertura
desenha perspectivas para a atividade de trading; ao passo que a do mercado de energia, está
busca por eficiência energética também está relacionada com a atrelado ao desejo de se
conscientização quanto ao uso de energia e com uma mentalidade obter maiores níveis de
mais sustentável propagada no ambiente de negócios atual. eficiência energética
atrelada a redução de
Dito isso, pensando em novos players do mercado de energia, custos
um primeiro movimento, comentado por muitos especialistas
consultados neste estudo, envolve a entrada dos bancos e de grandes
grupos financeiros no setor elétrico, por meio da criação de mesas de No ambiente de contratação
comercialização de energia nas instituições. livre, por exemplo, as empresas
conseguem absorver uma
É o caso do Banco Itaú e do Banco Indusval & Partners (BI&P), economia média de até
por exemplo, os quais, conforme destaca matéria do Portal Exame,
veem na abertura do mercado de energia, uma oportunidade para se
25%, quando comparamos os
posicionar neste segmento e disputar espaços com as empresas de valores do mercado livre de
trading que vem conquistando bons resultados no ambiente de energia com as tarifas médias
negócios nacional. praticadas pelas distribuidoras
do ambiente cativo
Além disso, o potencial de consumo dos clientes atuais do
mercado livre no Brasil é significativo, uma vez que estamos falando,
essencialmente, de um universo de consumidores (dentre grandes
empresas e negócios de menor porte) que consomem cerca de 30%
da demanda energética do país.
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Outro banco que deve se juntar a esse grupo é o Bradesco, segunda maior instituição bancária
do Brasil. Vale salientar que o número de comercializadoras de energia teve crescimento de 19% dentre
janeiro e outubro de 2019 – de acordo com dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica
(CCEE).
"Nós já tínhamos os bancos BTG, XP e Santander atuando nesse mercado. Com o anúncio da
abertura de comercializadoras de energia por parte do Itaú e do Bradesco, duas das maiores instituições
financeiras privadas do país, vemos uma consolidação deste movimento – bancos como players no
mercado livre, na área de trading da energia. Mas eu acredito que também estejam visualizando novas
possibilidades da venda de energia, como por meio de aplicativos para seus clientes (tanto residenciais
quanto empresariais). Afinal de contas, não é a toa que estão entrando nesse mercado no momento em
que está avançando a abertura dele para todos os perfis de consumidores", analisa Luz.
o mercado de trading de
O número de energia movimentou
comercializadoras de
energia teve US$ 1,3 bilhões
crescimento de 19% em 2019, devendo alcançar
dentre janeiro e um crescimento médio de
outubro de 2019
4,2% até 2026
Avançando nesta discussão, e pensando nas perspectivas para o mercado de trading no Brasil,
Sami Grynwald, Gerente de Novos Negócios da Thymos, concorda com a perspectiva do Banco Itaú e
aponta que a volatilidade do mercado de energia no Brasil abre um nicho de oportunidades para os
traders.
"A matriz energética brasileira é conhecida por ser prioritariamente térmica e hidrelétrica. O
custo hidrelétrico é baixo e o térmico, por sua vez, é alto. Quando temos a troca de um pelo outro, há
uma volatilidade de preços muito expressiva, surgindo uma oportunidade para o trader. Neste sentido,
eu acredito que o mercado de trading deve crescer muito no Brasil ainda. Estamos vivenciando
reduções nas taxas de juros e, com a volatilidade, é comum que o trading se torne uma alternativa para
novos entrantes. Com a entrada das grandes instituições financeiras no terreno da comercialização de
energia, acredito que o trading vai assumir um papel de índice financeiro, índice de mercado", comenta
Grynwald.
Não à toa, nos últimos anos, o segmento de trading vem impulsionando o surgimento de novas
comercializadoras de energia no Brasil. No ano de 2018, por exemplo, quando o número de
comercializadoras alcançou crescimento recorde de 23,3%, para especialistas consultados em
reportagem da Revista Época, cerca 95% destas novas comercializadoras estavam focadas no segmento
de trading de energia. A reportagem destaca, justamente, uma mudança de paradigma para as
comercializadoras: se antes, a maioria delas estava focada na intermediação de negócios entre
geradores e consumidores, com a expansão do ambiente de contratação livre, a tendência é de que,
cada vez mais, estas empresas foquem nas operações de compra e venda (trading).
Pensando em escala global, vale citar que o mercado de trading de energia movimentou US$ 1,3
bilhões em 2019, devendo alcançar um crescimento médio de 4,2% até 2026, de acordo com dados da
Market Watch. Rafael Estrela, Assessor Financeiro na Astris Finance, analisa algumas das perspectivas e
desafios para este segmento.
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"O mercado de trading de energia é muito desafiador em qualquer lugar do mundo – no curto
prazo há muita volatilidade, impondo riscos ao comercializador, mas um upside enorme também. Até
recentemente já se precificava uma subida do preço de energia com a retomada da economia e logo o
mercado virou com a questão do coronavírus – o trader trabalha com estes riscos constantemente.
Neste sentido, ele tem o desafio de ter essa leitura de mercado, identificar ineficiências em
submercados e regiões específica, identificar grandes indústrias eletrointensivas demandando energia
e ao mesmo tempo gerenciando bem o risco de crédito de sua carteira. Além disso, seu conhecimento
técnico de aspectos que afetam o preço no curto prazo como o clima afetando nível de reservatórios de
usinas hidrelétricas, tendências de vento, crescimento da economia, demanda de submercados em
diferentes regiões do país pode fazer o trader de energia antecipar movimentos e apostar em subidas e
quedas de preço", analisa Estrela.
Vale salientar ainda que produtoras de energia, como no caso da ENGIE Brasil Energia – maior
produtora privada de energia elétrica do país – vem ampliando sua participação no mercado de trading.
É o que explica Gabriel Mann, diretor de comercialização da companhia.
"O trading de energia é um segmento que complementa as soluções que a Engie opera. Temos
um dos maiores e mais diversificado portfólio de usinas do país, bem como de clientes. Toda esta
diversidade traz riscos e oportunidades que, através do trading, conseguimos potencializar. O trading
traz a velocidade necessária para direcionarmos algumas “posições” do nosso portfólio. Além disso nos
proporciona uma diversificação de contrapartes necessária para que se diluam riscos. Este é um
mercado que vem crescendo e que acreditamos. Atuamos a muito tempo com o trading, mas nos
últimos três anos aprimoramos nossa participação, nosso foco e métricas de tomada de decisão e risco.
Acreditamos que temos muito para desenvolver este mercado, principalmente no que tange a risco de
contrapartes, alavancagem e liquidez. Já vimos isso acontecer em outros países e cada vez mais
precisamos de agentes fortes e com robustez financeira para operar neste mercado", explica Mann.
Dito isso, para que movimentos como o trading de energia e novas oportunidades de negócio
surjam no contexto do mercado livre, é importante notar alguns desafios importantes, tendo em vista
uma real consolidação do ambiente de contratação livre no país.
"Para que esses objetivos se realizem ainda precisamos de uma adequada alocação dos custos
da contratação de atributos para o sistema, mais alguns ajustes finos nos modelos computacionais
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para assegurar a implementação do preço horário com segurança e maior uso de contratos financeiros
pelo setor para alimentar e garantir mais liquidez ao mercado. Talvez um dos maiores desafios, apesar
de pouco falado na mídia, seja o avanço da medição inteligente no setor. Hoje a maioria do nosso
parque de medidores não é inteligente, isto é, não permite o acesso remoto aos dados de energia,
impossibilitando a consolidação digital online de consumos horários. Este último e importante desafio
poderia ser superado com pequenos ajustes na forma em que os sistemas de medição (principalmente
medidores) são contabilizados na tarifa de energia", analisa Grassmann.
Pode-se inferir que um dos principais motores para a busca por uma maior abertura do
mercado de energia e por novos modelos de compra e venda deste ativo envolve um anseio dos
consumidores, tanto empresariais quanto residenciais, por maiores níveis de eficiência energética
atrelada a redução de custos. No ambiente de contratação livre, por exemplo, as empresas conseguem
absorver – mesmo com uma eventual volatilidade no curto prazo – uma economia de até 34%, segundo
dados anteriormente citados da Abraceel.
"O consumidor conta com uma gama de alternativas que vão desde a migração para o mercado
livre até a compra de créditos de geração distribuída de um terceiro e o abatimento destes créditos em
sua conta com a distribuidora, passando inclusive pela opção de contratar diversos projetos e
tecnologias ligadas a eficiência energética. Esta pluralidade de alternativas é algo muito bom, mas
trouxe uma complexidade para o consumidor na hora de escolher o que mais faz sentido para sua
operação. Nesta hora os serviços de gestão de energia baseados em monitoramento do consumo são
tremendamente eficazes pois ajudam o consumidor a entender seu próprio perfil de consumo e usar
ferramentas para auxiliá-lo na escolha da melhor opção", explica o diretor da vertical de Energia da
ACATE e CEO da Way 2 Technology.
"Poucas empresas fazem uma gestão adequada do recurso energético. Hoje, a maior parte dos
gestores não sabem onde, quando ou como estão consumindo energia elétrica. Além disso, a alta
complexidade do ambiente regulatório combinada às múltiplas opções de ações de melhoria de
performance energética acabam paralisando ou levando esses gestores para soluções não ideais. Neste
sentido, temos um trabalho muito grande visando educar os clientes sobre as melhores práticas de uma
gestão baseada em dados. O que buscamos sempre é identificar o potencial de eficiência energética
dentro da empresa para colocar as ações mais atrativas para a indústria na mesa. Para tanto, realizamos
desde monitoramento em tempo real para captar dados sobre o consumo de energia, até a análise de
faturas, boletos e os processos do cliente, por meio de um sistema inteligente e automatizado", comenta
Rafael Turella, cofundador & diretor comercial da CUBi.
A busca por eficiência energética no país, vale salientar, é um movimento essencial, uma vez
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que estamos falando de um gargalo que diminui a competitividade das empresas brasileiras em escala
global. De acordo com o International Energy Efficiency Scorecard, relatório lançado em 2018 pela
ACEEE (American Council for an Energy-Efficient Economy), por exemplo, o Brasil é apenas o vigésimo
colocado em eficiência energética, dentro de um ranking que analisou 25 grandes economias, ao passo
que o potencial de economia com energia no país gira em torno de R$ 52 bilhões.
Para o cofundador da CUBi – que conta com clientes como Camargo Corrêa, Sodexo, Vale S.A.,
Itograss e FIESC – o mercado de energia já conta com soluções que podem ajudar as empresas nos
mais diversos aspectos; o grande desafio é colocar em prática uma mentalidade mais digital no setor.
"Nós falamos bastante na CUBi que as tecnologias para o mercado de energia já existem em
abundância. Temos uma série de opções para os clientes colocarem em prática. A grande dificuldade é
saber o que usar, quando usar e estar disposto a aproveitar ao máximo o potencial de uma solução",
conclui Rafael Turella.
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LEGAL_
TALKS
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FEVEREIRO 2020
EQUIPE E CONTATOS
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REALIZAÇÃO:
PATROCÍNIO:
APOIO:
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REFERÊNCIAS
Introdução
https://www.capgemini.com/wp-content/uploads/2019/11/WEMO-Global-Infographics.pdf
https://iiu.fgv.br/sites/iiu.fgv.br/files/u35/emerging_technologies_applied_to_the_renewable_energy_sec
tor_-_fgv_iiu-kas_ekla_report.pdf
https://www.portalsolar.com.br/blog-solar/energia-renovavel/projetos-solares-e-eolicos-avancam-no-me
rcado-livre-de-energia.html
https://about.bnef.com/blog/corporate-clean-energy-buying-leapt-44-in-2019-sets-new-record/
https://www.ambienteenergia.com.br/index.php/2019/07/mercado-livre-de-energia-realidade-brasileira/
35781
https://www.osetoreletrico.com.br/mercado-livre-de-energia-completa-20-anos-no-brasil/
https://www.em.com.br/app/noticia/economia/2020/01/13/internas_economia,1114074/mercado-livre-de-
energia-cresce-6-e-movimenta-r-134-bi-em-2019-diz.shtml
https://abraceel.com.br/biblioteca/boletim/2020/03/boletim-abraceel-marco-2020/
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do-de-energia.ghtml
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ltrapassa-marca-de-1gw-em-geracao-distribuida/656877
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=2215677
https://www.moneytimes.com.br/calculo-horario-trara-mudanca-estrutural-em-preco-spot-da-energia-
diz-acende-brasil/
https://www.prnewswire.com/news-releases/electricity-to-be-next-major-prepaid-market-after-mobile-
phones-and-cards-300292787.html
https://www.challenge.org/insights/caring-about-sustainability-is-good-for-business-competitiveness-2/
https://agenciafiep.com.br/2019/02/28/consumidores-preferem-empresas-sustentaveis/
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http://there100.org/re100
https://www.nsctotal.com.br/noticias/negocios-que-investem-em-sustentabilidade-tem-crescimento
https://www.marketsandmarkets.com/Market-Reports/blockchain-energy-market-186846353.html
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REFERÊNCIAS
https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/economia/2019/07/21/internas_economia,772488/sust
entabilidade-se-impoe-e-industria-aposta-nos-carros-eletricos.shtml
https://revistaautoesporte.globo.com/Noticias/noticia/2019/05/carros-eletricos-serao-maioria-ate-2040.h
tml
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