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REALIZAÇÃO:

PATROCÍNIO:

AGOSTO 2020
REALIZAÇÃO:

PATROCÍNIO:

APOIO:

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Liga Ventures para voltar ao
índice quando quiser

ÍNDICE
A Liga Ventures ………………………………..….………….…....…………….... 04
Metodologia …………………………………………….………...….…….……….... 06
Editorial …………………………………………………….………….…...….………….. 07
Entrevistados ………………………………………….….................................. 09
[STATE] Where Science Happens ……...…………….…........…… 11
Entrevista - Eduardo Sattamini [ENGIE] …………………….. 13
Introdução …………………………………..…...……..………………..…....….…... 14
Entrevista - Luiz Augusto Barroso [PSR] ……................... 18
O Mercado Livre de Energia ….…………………….…….…....……… 19
Entrevista - Bárbara Rubim [ABSOLAR] …………….…...….. 25
Energias Renováveis ………..………………...…………..……....…..….….. 26
Entrevista - Rodrigo Crisóstomo [Petz] ………………..…….. 32
O mercado de trading .....………………...…………..……......…..…….. 33
LegalTalks - Gustavo Dalcolmo [Derraik&Menezes].. 39
Referências …………………………………………………...………………………… 42

ÍNDICE CLICÁVEL
Você poderá navegar nas páginas
deste estudo clicando diretamente
no título desejado

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A LIGA
VENTURES
A Aceleradora
e o Liga Insights
Por meio de programas de aceleração em
diferentes verticais de mercado, eventos e inteligência
setorial, a Liga Ventures é a primeira aceleradora do
Brasil totalmente focada em conectar startups e
grandes corporações, gerando inovação e
oportunidades de negócios para ambos os lados.

Mais de 30 grandes corporações já estão com


a Liga Ventures, fazendo da inovação aberta uma
realidade, entre elas, a Unilever, Porto Seguro
(Oxigênio Aceleradora), BNDES, Colgate-Palmolive,
AES Tietê, EMBRAER, Bauducco, TIVIT, Mercedes-Benz,
Continental, Grupo Comporte, Leroy Merlin, Brink’s,
GPA, Edenred, Unimed, entre outras.

Por que conectar empresas com startups?

EMPRESAS STARTUPS
Inovar mais rápido e barato Oportunidades de negócios
Testar novos mercados Canais de distribuição
Novos modelos de negócio Networking
Atrair talentos Marca e Credibilidade
Cultura intraempreendedora Crescimento sustentável

Já são mais de 150 startups aceleradas e mais


de 300 projetos gerados entre elas e as corporações
parceiras, reforçando as possibilidades de inovações
conjuntas, codesenvolvimentos, cocriações, parcerias e
investimentos. Assim, as startups conseguem maior
alcance no mercado, mais recursos e aumentam sua
rede de contatos. Do outro lado, as corporações
inovam mais rápido, acessam novas tecnologias e
se aproximam da cultura empreendedora das
startups.

Quer conhecer mais sobre como se conectar com


startups em seu mercado?
contato@liga.ventures

4
PROGRAMAS:

NOSSOS EVENTOS:

5
Metodologia
O estudo tem como objetivo compreender como o setor de
energia está inovando e de que forma as startups que apresentam
soluções para esse mercado estão se desenvolvendo e ganhando
espaço no Brasil. Após entendimento do mercado e dos temas que
envolvem o setor, foi iniciada uma pesquisa para determinar quais
são as inovações tecnológicas disponíveis atualmente e de que forma
elas podem impactar os processos e o atual cenário do segmento.
Aqui foram considerados relatórios, estudos e informações de fontes
como Valor Econômico, Bloomberg, Correio Braziliense, Revista
Exame, Revista Auto Esporte, Market & Markets, Diário Catarinense,
Yahoo, Capgemini, PR Newswire, Money Times, Estado de Minas, O
Setor Elétrico, Época Negócios, Ambiente e Energia, Portal Solar e
outros.

Para entendermos melhor o cenário e importância das


inovações do segmento de energia, tanto no mercado brasileiro
quanto internacionalmente, entrevistamos 23 empreendedores,
profissionais e pesquisadores da área. Entre outras questões,
buscamos entender como eles interpretam as startups que
apresentam soluções e produtos para o setor, as oportunidades
geradas, de que forma estão afetando a área e os principais desafios
para o futuro.

Para complementar o conteúdo deste e de outros estudos,


recomendamos aos leitores a conhecerem as demais publicações do
Liga Insights, sendo elas pesquisas, estudos e mapeamentos de
startups brasileiras. Estes mapeamentos foram realizados a partir de
diversas fontes, como inscrições para os programas de aceleração e
eventos da Liga Ventures, a plataforma DisruptBox, recomendações,
notícias em portais de negócios, bases abertas e busca ativa de
startups. Por se tratar de um mercado com mudanças constantes,
estes estudos são dinâmicos e terão atualizações periódicas para
contemplar esses movimentos e expor novas startups que não
apareceram nesta versão.

CADASTRE SUA STARTUP

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EDITORIAL
O transformador momento do
mercado de energia

Powered by:

É cada vez mais comum conseguirmos


acompanhar todo o ciclo de transformação e
inovação em diversas etapas dos mais variados
mercados. Foi assim, com a evolução do uso de
smartphones em meados da década passada,
que com o passar do tempo, foi adquirindo suas
múltiplas funções, passando de tocador de
música por máquina fotográfica, trazendo a
agência bancária e virando nossa carteira.

Os ciclos são cada vez mais curtos e


aplicáveis, parte por nossa evolução no modo
de pensar e perceber nossas necessidades, mas
parte também pela democratização da Raphael Augusto, Head do Liga Insights
tecnologia como viabilizadora de várias
construções descentralizadas.

Quando fomos construir este estudo sobre as inovações no setor de Energia, uma das palavras
que mais ouvimos foi “transformação”, nos diversos contextos apresentados nas próximas páginas, mas
todas apontando para que estamos vivendo um momento de acompanhar essas mudanças de forma
direta e perceptível para todos, de produtores até consumidores.

E nessa junção, na minha opinião, temos um dos direcionadores mais interessantes deste
mercado, os prosumers. Acumular o papel de produtor e consumidor em um mesmo ponto é algo que
quebra uma lógica linear do ambiente tradicional e, como uma boa oportunidade, passa abrir uma
série de possibilidades de novas construções de soluções. Afinal, como se produz a energia que
preciso? E se sobrar? E se faltar?

Como parte desse novo contexto, também temos uma discussão sobre a descentralização,
dessa vez não só da capacidade de desenvolvimento de soluções, mas também na produção e
consumo, o que carrega consigo uma série de mudanças estruturais para garantir o funcionamento
em que a tecnologia, a criatividade e o empreender serão fortes aliados.

O copo meio cheio é de que não partimos do zero. No Brasil, ainda que não vivemos essa
liberdade mais ampla de escolha no setor ainda, já temos um ambiente empreendedor com startups
bem interessantes focadas no setor. Além disso, observar o que outros países onde já funcionam
modelos como este como referência, pode acelerar (e muito) a nossa forma de aproveitar (como já
estamos aproveitando) essas oportunidades que estão surgindo.

E como surgem estas soluções? Por fim, como uma reflexão sobre as matrizes de criação e
estímulo empreendedor em Energia, vale ressaltar o importante papel que a hélice tríplice de inovação
tem neste cenário no país. Universidade, Empresas e Governo hoje são os principais responsáveis pela
movimentação deste mercado tão fértil para novas soluções. Só resta agora, com este momento
criado, torcer para que os demais atores do ecossistema façam essa hélice girar ainda mais.

7
Quer levar a experiência de um
evento focado em inovação
aberta e muito networking com
startups ligadas ao seu mercado
ou a uma área da sua empresa?

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ENTREVISTADOS

Adriana Luz Ângela Menin Augusto Torrecilha


Consultora e Especialista no Mercado Professora & Coordenadora do Curso de Cofundador & CEO da Electrowave
Livre de Energia Engenharia de Energia da PUC Minas

Bárbara Rubim Benjamin Gerber Cesare Quinteiro


Vice-Presidente da Associação Diretor Executivo da Midwest CEO da MovE
Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica Renewable Energy Tracking System
(ABSOLAR) & Sócia Bright Strategies (M-RETS)

Derick Silva Eduardo Sattamini Fernando Giachini Lopes


Analista de Tecnologia da Informação Diretor-Presidente de Relacionamento Sócio-Diretor do Instituto Totum
na Vale S.A. com Investidores da ENGIE Brasil
Energia

Gabriel Mann Hamilton Ortiz José Otávio Carneiro Bustamante


Diretor Comercial da Engie Brasil Fundador do Energy Brain, Gerente e Fundador & CEO da Enercred
Consultor na Mitsidi Projetos

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ENTREVISTADOS

Leonardo Paz Neves Loana Nunes Velasco Luiz Augusto Barroso


Professor do IBMEC e Pesquisador do Professora-Doutora do Curso de Diretor-Presidente da PSR
Núcleo de Prospecção e Inteligência Engenharia Elétrica da Universidade de
Internacional da Fundação Getúlio Brasília (UnB)
Vargas

Márcia Rugna Rafael Estrela Rafael Turella


Gestora Técnica do Instituto do Câncer Assessor Financeiro na Astris Finance Cofundador & Diretor Comercial da
Arnaldo Vieira de Carvalho CUBi

Reginaldo Medeiros Ricardo Grassmann Rodrigo Crisóstomo


Presidente-Executivo da ABRACEEL Diretor da Vertical de Energia da ACATE Coordenador de Facilities e Contas
& CEO da Way 2 Technology Públicas da Petz

Sami Grynwald Thierry Mathieu Wilson Cabral


Gerente de Novos Negócios da Thymos Cofundador da TEO (The Energy Origin) Professor Associado & Pesquisador do
ITA, Especialista em Sustentabilidade e
Sócio da TecSUS

10
Where Science Happens é um programa voltado para o desenvolvimento de
cientistas empreendedores e startups de base científica focadas em deep tech
e hard science.

Como parte do propósito de desenvolver o ecossistema nacional de Startups de


Base Científica e Tecnológica, o STATE junto a uma rede de parceiros apresentam o
Where Science Happens.

O programa visa desenvolver startups em fase de operação e tração de forma


integral, trabalhando não apenas o produto/serviço e modelo de negócios, mas
também as pessoas, a cultura, a marca, a comunicação, a gestão e processos de
venda, além de conexões para a geração de negócios e recursos que serão
disponibilizados para o crescimento das startups, incluindo residência gratuita de 6
meses no STATE.

O programa selecionará startups das seguintes verticais, com uma vencedora em


cada uma delas: Life Sciences & Biotech, Deep Tech & Mercado Financeiro e
Sustentabilidade & Smart Cities. Se você possui uma startup de base científica com
sinergia com estes temas, registre-se abaixo para receber mais informações sobre o
lançamento do programa.

MORE ABOUT WHERE


SCIENCE HAPPENS
#hubquarter: um espaço para suportar iniciativas e promover conexões
para que o novo aconteça.

Muitas pessoas não precisam de um escritório para trabalhar. Graças a tecnologia, elas
podem fazer isso de qualquer lugar. Mas ter um ponto comum para reuniões,
relacionamentos, execução de projetos e workstations pode criar muito valor para todo o
ecossistema. ⠀

Um movimento previsto que pode se tornar o novo normal. Um novo normal mais
humano, flexível, colaborativo e inovador. ⠀

O STATE recebe times de grandes empresas e startups oferecendo a experiência de um


ambiente amplo, com luz natural, infra-estrutura de ponta e cuidados com a vida. Flexível
para atender diferentes formas de uso, tamanhos e mudanças, o STATE é um hub para
reunir pessoas, suportar iniciativas e promover conexões para que o novo aconteça. ⠀

Adaptado ao novo normal, o STATE apresenta o #hubquarter, um espaço privativo


customizável para empresas estabelecerem seu hub dentro de uma estrutura
ready-to-use com diversos serviços e benefícios.

Para receber mais informações sobre o #hubquarter, CLIQUE AQUI


ENTRE_
VISTA
Que novos modelos de negócio acreditam que
podem se fortalecer, ao longo dos próximos
anos, no segmento de energia do Brasil?

O modelo de autoprodução de energia tem sido


estudado por alguns grupos de clientes que tem
a rubrica de “energia” com alta
representatividade em sua base de custo. Dessa Eduardo Sattamini, Diretor-Presidente e de
forma, seguindo as necessidades e a evolução do Relacionamento com investidores da ENGIE
Brasil Energia
mercado, estamos trabalhando/avaliando essa
modalidade de negócio pensando em usinas O preço-horário vai melhorar a alocação de
centralizadas (a princípio eólicas) sendo custos no setor elétrico e, por conseguinte,
construídas em parceria com grandes clientes. melhorar a eficiência da sua infraestrutura. A
Esse modelo é capaz de otimizar o custo da medida que a energia se mostra mais cara em
energia para o cliente, que ainda conta com determinado momento do dia, essa sinalização
benefícios de redução de encargos setoriais, e de preço deslocará consumo destes períodos,
pode alavancar novos projetos para a companhia. desafogando a infraestrutura e aumentando a
sua utilização em momento de subutilização.
O custo das energias renováveis tem caído e Pensando no Trading, ainda temos a
aberto a oportunidades para que novos diversificação de produtos. Teremos condição de
consumidores possam aderir a estas fontes. aumentar a granularidade dos produtos e
Dentro deste contexto, que mudanças capturar oportunidades que antes não existiam,
positivas podem surgir no cenário de energia como um consumo diferente num determinado
do país? horário do dia, ou a geração de uma usina
concentrada em um período específico. Tudo
A busca pelo desenvolvimento sustentável tem isso é capaz de trazer um valor para a mesa que
exigido que a sociedade oriente suas atividades antes ninguém percebia.
para uma economia de baixo carbono. Além de
alterar matriz energética, para substituição de Como avalia as mudanças do perfil do
combustíveis fósseis, esse processo exige consumidor em relação ao mercado de
mudança de hábitos dos indivíduos, bem como energia?
de modelos de negócios. Novas tecnologias –
com destaque para dispositivos móveis, internet O consumidor tende a ser cada vez mais ativo no
das coisas e big data – permitirão ganhos em processo de transição energética, ao optar por
eficiência e automação de sistemas relacionados comprar uma energia com garantia de origem
à energia, visando redução de custos e renovável, ou certificados de energia, o
flexibilidade operacional. Além disso, mais consumidor tem o papel de contribuir
diretamente, a redução do uso de combustíveis ativamente para que essas fontes se viabilizem
fósseis minimiza as emissões de gases de efeito cada vez mais. Além disso, há também um papel
estufa, contribuindo para o combate às mais ativo em seu consumo, com as novas
mudanças climáticas. tecnologias, como o IoT, o consumidor pode
adquirir produtos que sejam programados para
Quais as vantagens e os desafios que a adoção consumir energia em horários no qual o recurso
do preço-horário devem trazer para o mercado energético está mais barato ou serem
de energia brasileiro? desligados automaticamente em momentos de
alta de preços.

13
Introdução
Caminhos e transformações do
Mercado de Energia no Brasil

Em uma primeira leitura, quando paramos para analisar as


forças que impulsionam o mercado global de energia, é possível
perceber movimentos que, a princípio, parecem caminhar em
direções opostas.

Segundo o World Energy Markets Observatory – pesquisa


referência para o setor energético da Capgemini –, por exemplo, ao
passo que os investimentos em energias renováveis cresceram
14,5% em 2019 e são as fontes de energia que mais se expandem do
ponto de vista econômico, nas principais economias do mundo
(China e Estados Unidos), por sua vez, o direcionamento de recursos
A energia “verde”, que engloba
para as chamadas energias limpas caiu, respectivamente, 39% e 4%.
as fontes renováveis e com
Além disso, mesmo com o crescimento da utilização e dos menor impacto ambiental é o
investimentos em energias renováveis, o fato é que os combustíveis insumo energético que dá
fósseis seguem como as principais fontes energéticas do planeta e suporte à sustentabilidade do
o desenvolvimento econômico de muitos países continua planeta
dependente de fontes não-renováveis como o carvão, as quais,
segundo o estudo da Capgemini, são desafios importantes para a
transição energética global. Os custos das principais fontes
de energia limpa vem caindo
Para entender esses movimentos, temos de levar em conta
gradativamente:
desde questões políticas até aspectos econômicos. Leonardo Paz
Neves, professor do IBMEC, pesquisador do Núcleo de Prospecção e
-14% -13% -13% -11%
Inteligência Internacional da Fundação Getúlio Vargas e um dos
autores de estudo da FGV que identificou as principais tecnologias
emergentes aplicáveis no contexto das energias renováveis,
destaca, por exemplo, o custo – que segue mais acessível – das
energias fósseis para os consumidores, como um fator importante
para o entendimento do cenário atual do segmento energético.

"Traçando uma linha comparativa, há uma distância


significativa em favor do uso de petróleo, carvão e de outros
combustíveis fósseis, que ainda têm um custo de implantação mais
baixo. Este cenário tem potencial para se transformar quando as
energias renováveis se tornarem mais eficientes e baratearem,
movimento que, aos poucos, vem ocorrendo. Já a tendência, a
longo prazo, é que as demais energias, advindas de combustíveis
fósseis, se tornem mais caras, além do fato de que, em algum
momento, elas podem ser taxadas pelo poder público, perdendo
seu apelo na sociedade", comenta Neves.

Sobre o barateamento das energias renováveis, vale Bio Solar Eólica


destacar – segundo o relatório já citado da Capgemini lançado em energia Hidrelétrica
aaaaaaaaaaaaaaa

14
2019 – que os custos das principais fontes de energia limpa vem caindo gradativamente, incluindo
quedas expressivas nos custos de bioenergia (-14%), solar (-13%), eólica (-13%) e hidrelétrica (-11%).

Para o professor, pesquisador do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e especialista em


sustentabilidade, Wilson Cabral de Sousa Júnior, as energias renováveis (também chamadas de energia
verde) assumem um papel decisivo para a expansão da sustentabilidade no planeta.

"A energia “verde”, que engloba as fontes renováveis e com menor impacto ambiental é o
insumo energético que dá suporte à sustentabilidade do planeta. A inserção destas fontes em um ritmo
cada vez maior é uma resposta do meio corporativo à demandas de sustentabilidade, a qual pode
impactar, direta ou indiretamente os próprios negócios. No Brasil, este crescimento tem sido lento,
porém gradual", explica Sousa Júnior. Também fundador da TecSUS – empresa de monitoramento e
telemetria e que investe na gestão de ativos monitorados como energia, água e gás – o pesquisador
acredita que a tecnologia tem um papel propositivo na busca pela difusão da sustentabilidade.

Dentro deste debate sobre energia limpa e busca pela diminuição do uso de combustíveis
fósseis, é possível afirmar que o mercado livre de energia tem sido um importante vetor para a
expansão do uso de energias renováveis no Brasil e no mundo. Segundo dados da consultoria
ePowerBay divulgados no Portal Solar, por exemplo, do total de 10,8 gigawatts em capacidade de
outorgas emitidas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em 2019, 82,8% foram para projetos
de energia limpa que serão negociados no Ambiente de Contratação Livre.

do total de Os projetos de usinas


82,8%
10,8 gigawatts em solares cresceram de
capacidade de outorgas
1,33 gigawatt em 2018,
emitidas pela agência para 5,8 gigawatts em
nacional de Energia 2019. Mas, somente 3,6%
Elétrica (Aneel) foram destas outorgas foram
para projetos de direcionadas para o
energia limpa mercado regulado

Ainda segundo a consultoria, os projetos de usinas solares cresceram de 1,33 gigawatt em 2018,
para 5,8 gigawatts no ano passado, sendo que somente 3,6% destas outorgas foram direcionadas para o
mercado regulado; enquanto as outorgas dos parques eólicos se expandiram de 2,35 gigawatts para 4,1 -
70% delas sendo negociadas no mercado livre de energia.

A nível global, a compra de energia limpa no ambiente empresarial cresceu 44% em 2019, por
meio dos chamados PPAs (Power Purchase Agreements - Contratos de Compra Energia), de acordo
com levantamento da BloombergNEF. Embora aponte que a maior parte destes contratos ocorreu nos
Estados Unidos, a consultoria destaca que houve crescimento em todo mundo deste movimento,
sobretudo em virtude de uma busca pela sustentabilidade corporativa.

Conceitualmente, o mercado livre de energia envolve um espaço de mercado nos quais agentes
podem negociar a comercialização e a compra de energia, desde que observada a regulamentação do
setor.

Conforme informações presentes no Portal Ambiente Energia, apenas 30% de toda a energia
consumida no Brasil está inserida no ambiente de contratação livre. Para Sami Grynwald, gerente de
novos negócios da Thymos, este cenário deve se expandir com a entrada de novos consumidores no
ambiente de contratação livre.

15
"Nós devemos seguir com esta tendência, de consumidores menores migrando para o mercado
livre. Hoje, o mercado livre abarca em torno de 30% do mercado. Só com a regulação atual, já deve se
expandir para até 45% do mercado. O crescimento de oferta de energia sempre foi propiciado pelo
mercado regulado de energia, no entanto, com a redução da economia e do consumo, já houve um
direcionamento de novos geradores para o mercado livre, e agora estamos vendo uma onda de que
grandes consumidores investem em geração própria, muito por conta da volatilidade de preço do
mercado de energia no Brasil; então os grandes consumidores estão amadurecendo, no sentido de
buscar contratos mais longos, justamente para evitar a volatilidade e um dos formatos que estão
buscando é a geração própria", explica Grynwald.

Ângela Menin, professora e coordenadora do curso de Engenharia de Energia da PUC-MG,


destaca, por sua vez, alguns dos benefícios que o ambiente de contratação livre pode trazer para os
consumidores, levando também em conta o Projeto de Lei (PLS 232/2016), que tem grande expectativa
de ser aprovado este ano e deve abrir espaço para a expansão do mercado livre de energia, inclusive
para usuários residenciais.

"A possibilidade da negociação direta de contratos de fornecimento de energia elétrica com os


geradores ou comercializadores tende a gerar uma redução de custos significativas para os
consumidores. Nos contratos bilaterais, são negociados livremente – entre fornecedores e consumidores
– o preço, o prazo, a quantidade. Assim, o mercado livre apresenta-se como um meio de obtenção de
energia elétrica confiável, por preço negociado. Registra-se ainda que tramita no Congresso Nacional, já
com aprovação na Comissão de Infraestrutura do Senado Federal, o Projeto de Lei (PLS 232/2016) que
abre caminho à portabilidade da conta de luz entre as distribuidoras. Esta possibilidade será um
facilitador para a consolidação do mercado, pois os consumidores de cargas superiores a 3 mil
quilowatts (kW) de energia poderão escolher livremente seu fornecedor", sintetiza Menin.

Para que haja uma maior adesão a este mercado, no entanto, existe o desafio educacional, no
sentido de conscientizar a população, em geral, sobre os benefícios e possibilidades do mercado livre de
energia.

"Pensando no mercado livre, ele já é conhecido pela maior parte das indústrias, varejo e
comércio. Mas sim, ainda acho que o consumidor poderia ser mais ativo e, neste sentido, há uma
necessidade de educar o mercado sobre novas possibilidades de consumo de energia. Mas, com a
economia crescendo abaixo do ritmo esperado, a tendência é que que os consumidores passem a olhar
com maior atenção para seus custos – e energia é sempre um fator importante de custo, logo, as
pessoas precisam pensar em formas de gerar mais economia e sustentabilidade energética", aponta o
gerente de novos negócios da Thymos, Sami Grynwald.

Diante de todo este cenário, uma análise minuciosa do mercado livre de energia no Brasil, das
oportunidades que ela gera para as empresas, startups e consumidores; bem como, de possíveis
modelos de negócio que podem se fortalecer ou se estabelecer mediante a expansão do ambiente de
contratação livre é o objetivo central deste estudo.

Nos contratos
86% de toda a energia
bilaterais, são
consumida no segmento
negociados
industrial brasileiro é
livremente – entre
negociada no mercado livre,
fornecedores e
todavia, apenas 30% de toda a consumidores – o
energia consumida no Brasil preço, o prazo, a
está inserida no ambiente de quantidade
contratação livre

16 16
Abordaremos também, com mais profundidade, as oportunidades de inovação dentro do
âmbito das energias renováveis, incluindo os processos de certificação e rastreamento dessas energias
limpas e as novas tecnologias que têm auxiliado as empresas a extrair mais benefícios de tais modelos
energéticos. Além disso, discutiremos o contexto do mercado de trading no Brasil e quais as tendências
que devem reger o futuro desta atividade no país.

Toda esta análise terá como pano de fundo, por fim, dois aspectos cruciais que devem ser
levados em conta quando almejamos obter uma percepção mais acurada do mercado de energia
brasileiro. São eles:

● O posicionamento do consumidor frente às mudanças que estão ocorrendo no segmento


energético;
● A digitalização e o surgimento de novas tecnologias no setor de energia.

Sobre o posicionamento do consumidor dentro do cenário atual do mercado de energia e da


expansão do uso de fontes renováveis, o professor e pesquisador do ITA, Wilson Cabral de Sousa Júnior,
destaca a tendência de fortalecimento de consumidores que também são produtores de energia
(também conhecidos como prosumers, na acepção internacional do conceito). Este movimento, por sua
vez, deve fomentar o surgimento de novas tecnologias no setor energético.

"O Brasil possui um grid elétrico abrangente, o Sistema Interligado Nacional (SIN). Neste
sistema, é possível a inserção de energia em qualquer de suas pontas, com consumo subsequente em
outra e perdas relativamente pequenas. Isso permite a inserção muito mais contundente de geração
distribuída, transformando o que hoje são apenas consumidores finais em microprodutores de energia.
No contexto das energias renováveis, isso se adequa à fonte solar fotovoltaica, mas também à energia
eólica (os geradores tipo Small Wind). Tais modalidades demandarão interfaces, rastreamento e
conectividade, as quais podem ser supridas por inovações tecnológicas em consolidação ou até mesmo
por tecnologias disruptivas", explica Sousa Júnior.
Ângela Menin aponta, por conseguinte, alguns dos benefícios que as novas tecnologias podem
trazer para o segmento energético.

"A digitalização de sistemas e processos está cada vez mais presente nas atividades humanas.
Sendo assim, não poderia deixar de influenciar o setor elétrico. Novas tecnologias conseguem
incorporar diversos melhoramentos, tais como aumento da capilaridade do sistema elétrico; uso, no
horário de ponta, de energia armazenada nos horários fora de ponta; disponibilização de bancos de
dados para usos em melhorias dos sistemas e processos de gestão, com reflexos importantes na
qualidade do monitoramento e uso dos equipamentos; aumento da eficiência energética", diz a
professora e coordenadora do curso de Engenharia de Energia da PUC-MG.

Dentro de todo este contexto, Leonardo Paz Neves, Professor do IBMEC e Pesquisador do
Núcleo de Prospecção e Inteligência Internacional da FGV, frisa a importância das startups para que se
possam trilhar caminhos que, de fato, tragam a disrupção e maior sustentabilidade para a realidade do
mercado de energia brasileiro e global.

"Temos um conjunto de tecnologias que nos permitem fazer coisas, hoje, que não podiam ser
feitas no passado. Hoje, temos soluções que te ajudam a determinar se a energia que você consome
veio de Itaipu ou de uma fazenda eólica no sul da Bahia. Com o blockchain, apenas para citar um
exemplo, você consegue validar a energia renovável e ter clareza de que a energia que você vai
consumir, através do mercado livre, virá sempre de eólica, solar, etc., aumentando assim o poder de
decisão do consumidor. E boa parte das soluções mais disruptivas estão vindo das startups. Um grande
desafio é levar estas novas tecnologias para além dos grandes centros, para cidades que também
possuem demanda por energia renovável, por rotas de entrada para o mercado livre e por maior
eficiência", conclui Neves.

17
ENTRE_
VISTA
Quais as perspectivas da PSR quanto ao
mercado livre de energia no Brasil?

As perspectivas para o mercado livre de energia


são bastante positivas, justificada por dois
fatores: a perspectiva de aprovação do projeto de
Lei PLS 232/2016, que permitirá que todos os
consumidores do país tenham o direito,
futuramente, de participar do mercado livre, Luiz Augusto Barroso, Diretor-Presidente da
além da presença abundante das fontes PSR
renováveis de produção de energia, cuja
competitividade econômica é bastante mais provocam riscos importantes. Todos estes
atrativa que a tarifa de energia da distribuidora. aspectos estão no radar das autoridades e sendo
tratados, reduzindo o custo de transação para
Acredita que a consolidação do mercado livre que o consumidor participe do mercado e
pode contribuir para a geração de novas assegure financeiramente suas transações.
tecnologias e novos modelos de negócio?
Como você avalia a percepção dos
O mercado livre já vem contribuindo. O melhor consumidores frente às mudanças no
exemplo é, mais uma vez, com as energias ambiente de energia brasileiro e global?
renováveis. Outro exemplo é a geração
distribuída, onde a geração solar fotovoltaica se É saudável permitir ao consumidor brasileiro a
destaca. Inúmeros novos modelos de negócios liberdade para escolher seu fornecedor de
vêm surgindo, como participação de energia. Uma outra discussão é sobre o real
consumidores em sociedades de autoprodução, interesse do consumidor em um mercado livre.
leasing de painéis solares e, no futuro, teremos Os consumidores para os quais a energia é mais
esta opção de suprimento oferecida ao importante em seu processo produtivo,
consumidor junto com planos de telefones obviamente estão mais "antenados". Já os
celulares, TV a cabo, etc. Neste mesmo futuro consumidores menores, talvez tenham menos
teremos a presença de algoritmos para tratar da interesse em serem "tão ativos" e é possível que
enorme quantidade de dados que estarão procurem por estruturas contratuais mais
disponíveis, do consumidor, e com isso permitir simples, que garantam uma economia de custos
que, de forma automatizada, ele se torne um em relação ao que já pagam. A forma como esta
agente ativo no mercado de eletricidade, estratificação ocorrerá irá definir muito sobre o
comercializando sua flexibilidade, respondendo a futuro do mercado livre no país.
preços, gerando eficiência energética.
Como a PSR tem atuado dentro de contexto
Quais os principais desafios para as empresas atual do mercado de energia?
que desejam realizar um processo de migração
para o mercado livre de energia? A PSR é uma empresa ativa no mercado global
de consultoria há mais de 30 anos. No Brasil
Existe um custo de transação. Hoje ainda temos temos apoiado vários geradores e consumidores
uma burocracia para a migração e existem em sua participação no mercado livre, com
desafios operacionais importantes. Além disso, o análises de riscos, estudos econômicos,
mercado é muito fragmentado, com assimetrias regulatórios e cenários e projeções de preços e
fortes de informação entre as partes vendedoras tarifas considerando toda a revolução
e compradoras e características peculiares que tecnológica pela qual passa este setor.

18
Aprofundamento
Dinamismo, oportunidades e
expansão: um panorama sobre o
Mercado Livre de Energia
Instituído em 1998, durante o governo do Presidente
Fernando Henrique Cardoso, o ambiente de contratação livre (ACL)
surgiu como uma alternativa para que grandes consumidores
conseguissem buscar valores mais competitivos de contratos de
energia, tendo a possibilidade de negociar diretamente o preço de
seu consumo com geradores e comercializadores.
340 empresas
De lá para cá, já são mais de 340 empresas que contam com
contam com autorização
autorização para atuarem como comercializadoras de energia. Por
para atuarem como
sua vez, só em 2019, o ambiente de contratação livre movimentou
R$134 bilhões no Brasil, indicando crescimento de 6%, de acordo com
comercializadoras de
dados da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia
energia
(Abraceel). Ainda de acordo com a entidade, os consumidores deste
mercado tiveram uma economia de 34% em seus custos com
energia.

Também segundo a Abraceel – por meio de seu boletim


oficial de março deste ano –, o país conta, atualmente, com 7.222
consumidores no mercado livre, sendo que, nos últimos 12 meses o
setor teve um crescimento de 22% no número de consumidores. Só
na indústria, vale frisar, mais de 86% das empresas já estão inseridas
no ambiente de contratação livre. O boletim dá destaque, por fim,
para os setores alimentício e comercial, que aumentaram de modo R$134 bilhões
expressivo seu consumo no mercado livre de energia. Ao todo, aponta
foram movimentados pelo
a associação, a redução de custos no ambiente de contratação livre
ambiente de contratação
pode chegar até a 45%.
livre em 2019, no Brasil
E as expectativas para o mercado livre de energia no Brasil,
envolvem um fluxo contínuo de expansão e a geração de novas
oportunidades de negócio, mediante a abertura plena desse
mercado que deve ocorrer ao longo dos próximos anos, se aprovados
os projetos de lei que tramitam no Congresso Nacional. Neste
contexto, no último mês de março, a Comissão de Serviços de
Infraestrutura do Senado aprovou a PL 232/16 que trata do tema e
propõe a liberação do acesso ao mercado livre de energia para todos
os consumidores do país, incluindo o uso residencial comum, de
baixa tensão. Os consumidores deste
mercado tiveram uma
Conforme noticiou o Valor Econômico, o PL segue agora para economia de 34% em
o plenário do Senado, depois para a Câmara e, se aprovado, irá
seus custos com energia
permitir o processo de abertura do mercado de energia de modo
gradual, ao longo de três anos e meio. Reginaldo Medeiros,
presidente-executivo da Abraceel, avalia as perspectivas em torno da
plena abertura do ambiente de contratação livre no país.

19
"Em 42 meses, a partir da homologação da nova lei, todos os consumidores poderão ser livres.
Neste período, será possível implementar as mudanças necessárias para que o mercado livre se torne,
de fato, acessível para todos os consumidores. Dito isso, a dinâmica que eu vejo no mercado vai ser
muito semelhante ao que se vê em outros países que abriram seu mercado de energia: até aqui, o
mercado livre tem sido permitido somente para um conjunto de consumidores, como se existissem dois
mercados - um para os consumidores que consomem acima de 500 kW de energia; e um mercado para
o consumidor abaixo de 500 kW. Isso não significa, necessariamente, que todos os consumidores vão
migrar para o ambiente de contratação livre após a abertura total. O que haverá é o estabelecimento de
forças competitivas, para que os próprios agentes já instalados possam competir de igual para igual –
tanto as comercializadoras independentes, quanto as distribuidoras", reflete Medeiros.

Para o executivo, um dos principais benefícios diretamente relacionados com a abertura do


mercado de energia no Brasil envolve uma mudança de postura do mercado em relação aos
consumidores que, por sua vez, também poderão assumir o papel de produtores de energia e gerar
renda dentro deste novo cenário.

"Teremos, certamente, uma mudança de postura por parte dos agentes que estão
acostumados com o mercado regulado. Surgirão empresas especializadas em consumidores de menor
porte (comercializadoras varejistas) e empresas especializadas em tratamentos diferenciados para
consumidores de maior porte. Além disso, em outros países, é muito comum os consumidores
instalarem painéis fotovoltaicos, conseguindo obter maior volume de energia; nessa nova dinâmica,
começam a surgir produtos customizados para o consumidor: assistência técnica para painéis
fotovoltaicos; automação da resistência para que o consumidor possa ter o menor consumo possível e
possa vender sua produção excedente de energia para o mercado. O fato é que o consumidor passa a
ser não só um ente de consumo, mas um ente de produção (prosumer)", explica o presidente-executivo
da Abraceel.

Apenas para efeito de contextualização, o termo prosumer, dentro do mercado de energia, se


refere a consumidores que consomem e, ao mesmo tempo, produz e comercializa seu excedente de
energia.
A fim de trazer mais O objetivo dessa mudança é
transparência para a atribuir valores de acordo
cobrança de energia no com o período de produção
mercado brasileiro, a partir energética e direcionar
de 2021, estuda-se adotar o preços maiores ou menores
modelo de preço-horário conforme a demanda do
(o modelo atual é semanal) horário

Rafael Estrela, assessor financeiro na Astris Finance, consultoria especializada em infraestrutura


e energia, por sua vez, destaca o crescimento dos contratos de longo prazo dentro do ambiente de
contratação livre.

"O mercado regulado sempre foi majoritário e as empresas em geral preferiram não estar muito
expostas à venda de energia no curto prazo no mercado livre, por conta da volatilidade de preço ou
mesmo ao risco de crédito. Entretanto, com os investidores de projetos de geração de energia migrando
do mercado regulado para o mercado livre e aliado à melhora na perspectiva econômica no Brasil
(pré-coronavírus), está se desenvolvendo um mercado de contratos de longo prazo no ambiente de
contratação livre, ou seja, grandes empresas (indústrias ou comercializadoras) comprando energia
diretamente do gerador via contratos de prazos mais longos – movimento esse que se intensificou nos
últimos 2-3 anos", analisa Estrela.

Outro movimento que cresce no mercado livre envolve a percepção do consumidor enquanto
produtor de energia. Nos Estados Unidos, por exemplo, o Departamento de Eficiência Energética e
aaaaaaaaa

20
Energias Renováveis do Governo Americano, destaca o crescimento dos prosumers em seu portal,
indicando que "a rede elétrica de hoje está borrando as linhas entre geração e consumo de energia" e
que o consumo de eletricidade hoje, não se dá em mão única.

Segundo o Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), uma das principais vantagens da geração
distribuída (conceito que traduz a geração de energia elétrica perto dos pontos de consumo), envolve
uma maior liberdade e independência para esses agentes produtores, "dando uma segurança extra ao
usuário".

De acordo com dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) divulgados em 2019, o
Brasil ultrapassou, no ano passado, a marca de 1 GW de potência instalada em micro e minigeração
distribuídas de energia elétrica. Segundo o órgão, este movimento foi possível, sobretudo, graças às
Resoluções Normativas 482/2012 e 687/2015, que permitem ao consumidor a troca com as distribuidoras
da geração de energia elétrica por ele produzida de fontes renováveis ou cogeração qualificada.

E a intersecção entre mercado livre de energia, geração distribuída e uma mudança na


perspectiva sobre os consumidores deve se expandir, caso mudanças políticas que seguem em
discussão sejam implementadas em curto ou médio prazo.

Tramita na Câmara, por exemplo, o Projeto de Lei 4530/2019, que prevê, justamente, a
possibilidade de comercialização de energia elétrica proveniente de microgeração no mercado livre. O
PL atuaria, pois, como um complemento das resoluções da ANEEL, uma vez que hoje, o excedente da
produção de pequenos consumidores deve ser fornecida, sem custo, para as redes de distribuição.
Outro ponto a ser considerado nessa equação envolve a mudança estrutural do cálculo do preço da
energia no Brasil, o qual, a partir de 2021, levará em conta o modelo de preço-horário, e não uma
contabilização semanal, como é feito atualmente. O objetivo dessa mudança é atribuir valores de
acordo com o período de produção energética e direcionar preços maiores ou menores conforme a
demanda do horário. Essa mudança trará mais transparência, inclusive, para a contabilização das
operações no mercado livre de energia, conforme aponta matéria do Portal Money Times.

Segundo Adriana Luz, consultora e especialista no mercado livre de energia, todos esses novos
fatores que se inserem na matriz energética brasileira e nos modelos de produção, distribuição e
comercialização de energia no país, geram oportunidades para startups e para o surgimento de novas
tecnologias que devem dar suporte para consumidores e empresas.

"Na minha opinião, com essa abertura do mercado e a precificação horária da energia que está
sendo implantada, abre-se uma grande janela de oportunidade para as empresas de tecnologia,
principalmente as startups. Considerando os preços horários, as empresas precisarão acompanhar bem
sua produção e os custos, e ferramentas que possam assessorar nesse acompanhamento ganham
força no mercado, incluindo, por exemplo, aplicativos que possam analisar essas duas variáveis e
aaaaaaaaaaaaaaaaaaaa

Geração Transmissão
O Brasil conta,
atualmente, com 7.222
consumidores no
Comercializadora mercado livre, sendo
Mercado livre
(opcional) que, nos últimos 12
de energia
meses o setor teve um
crescimento de 22% no
Ambiente Cativo
número de
Mercado livre consumidores)
Consumidor Distribuição

21
sinalizar ações como produzir mais quando a energia estiver mais barata, qual o momento de alocar
produção, etc. Para os consumidores residenciais, abre-se uma oportunidade de comprar energia por
aplicativos, incluindo por meio de sistemas pré-pagos", comenta Luz.

A pesquisadora observa ainda que, em países como a Irlanda, a venda de energia por meio de
sistemas pré-pagos já é uma realidade e é um modelo de negócio com potencial para se fortalecer
mediante a expansão do mercado livre. Segundo dados da Northeast Group divulgados pela PR
Newswire, até 2026, os investimentos em energia pré-paga devem superar US$ 11,4 bilhões em todo o
mundo, se tornando o próximo grande mercado pré-pago, depois da telefonia celular e dos cartões de
crédito.

Para Adriana Luz, outro ponto que deve ser considerado é a expansão do uso de fontes
renováveis e a consolidação da geração distribuída no mercado livre; elementos esses que, por sua vez,
devem impulsionar o surgimento de novos modelos de negócio e de novas tecnologias no segmento
energético.

"Não podemos esquecer que toda expansão da geração distribuída, do ambiente livre de
contratação e do uso de fontes como a energia solar irão demandar ferramentas tecnológicas,
aplicativos, sistemas, ampliando assim, as oportunidades para as empresas de tecnologia e para as
startups que souberem absorver estas oportunidades", conclui Luz.

Dentro deste contexto, vemos surgir no Brasil soluções inovadoras que vêm se consolidando
diante do movimento de amadurecimento do mercado livre, incluindo desde tecnologias para
monitoramento energético, até o apoio na migração para o Mercado Livre de Energia.

A Mitsidi Projetos – startup de consultoria e pesquisa focada na eficiência energética e as


energias renováveis – desenvolveu a Energy Brain, ferramenta de Diagnóstico Energético para
identificação rápida de alternativas de redução de custos e correção de falhas relacionadas ao uso da
energia.

"Desenvolvemos continuamente análises de migração ao mercado livre, dentro do serviço de


Diagnóstico Energético. Geralmente é uma ação administrativa recomendada, quando o cliente
cumpre as regras da Lei 9704/1995 e suas atualizações. As tarifas do Mercado Livre influenciam a
estrutura de custos variáveis. Portanto, o custo/benefício de projetos que consomem energia, sejam
reformas ou ampliações, muda consideravelmente para clientes cativos/livres", comenta Hamilton Ortiz,
fundador do Energy Brain, gerente e consultor na Mitsidi Projetos.

Ortiz acrescenta, no entanto, que para as startups e empresas que desejam atuar no ambiente
de contratação livre, há algumas questões que devem ser observadas, incluindo a atual volatilidade de
preços praticados neste mercado.

"O ambiente de contratação livre ainda precisa de mais transparência. Não há um registro
público de valores praticados, o que cria uma volatilidade muito grande no benefício da migração. Há
também um desafio para usuários que fazem a migração sem conhecer completamente o perfil de
carga, precisando fazer compras pontuais com tarifa maior (no curto prazo)", acrescentando, no entanto,
que esse cenário está em constante transformação e que oportunidades podem surgir nos âmbitos da
integração de dados com uso de blockchain. Com clientes como a Agência Internacional de Energia
(IEA/OCDE), Ministério de Minas e Energia (MME), Agência de Cooperação Brasil-Alemanha (GIZ) e
Nações Unidas (PNUD), a Mitsidi teve um crescimento médio de 34% nos últimos dois anos.

Focada no controle de danos elétricos e prevenção de riscos por meio do uso de IoT, outra
startup que vem ganhando destaque dentro do novo contexto do mercado brasileiro de energia é a
Electrowave.

22
Augusto Torrecilha, cofundador & CEO da startup, explica algumas das iniciativas da
Electrowave no contexto da expansão do mercado livre, a qual, segundo ele, está diretamente atrelada
ao novo perfil do consumidor de energia no país.

"O consumidor está a todo momento buscando formas de economizar ou ser cobrado de forma
justa. Quem se enquadra nas qualificações para utilizar o mercado livre de energia, mesmo após fechar
o contrato, já começa a estudar quem será a melhor alternativa para fornecimento de energia quando
seu contrato acabar. Já empresas que não se enquadram buscam formas alternativas – bancos de
capacitores, filtros harmônicos e até placas de células fotovoltaicas, por exemplo. Dito isso, acredito que
o potencial do mercado livre de energia no Brasil é imenso. Hoje, nós já monitoramos algumas
indústrias e comércios cuja energia é proveniente do mercado livre. Atuamos através de um indicador
de qualidade da energia que leva em conta normas de prestação de serviço da ANEEL que precisam ser
cumpridas", explica Torrecilha.

A startup, segundo o CEO da Electrowave, identificou uma oportunidade de mercado, uma vez
que o Brasil conta com cerca de 350 mil oscilações elétricas por ano. Através do monitoramento da
qualidade da energia que chega em edificações, é possível evitar perdas, geração de custos e a perda de
produtividade nas empresas.

A Enbox é uma startup de São Paulo que fornece uma plataforma para compra e
venda de energia, com o intuito de facilitar a entrada e aumentar a segurança no
ambiente de contratação livre. A Enbox faz parte do portfólio da Startup Farm,
aceleradora paulista.

A Fohat é uma startup paranaense que conta com um portfólio de ferramentas


focado em inteligência energética, integração de soluções para o controle de
ativos de geração e digitalização da comercialização de energia. Já recebeu R$ 1,9
milhões em investimentos.

A Prosume é uma startup italiana que construiu uma plataforma baseada em


blockchain, garantindo autonomia, independência e um local inteligente
digitalizado que permite aos usuários obter energia proveniente de fontes verdes
ou tradicionais, promovendo novos modelos de comunidades energéticas.

A startup americana LO3 Energy desenvolveu uma plataforma para conectar


distribuidores locais e consumidores, com objetivo de estimular a compra e
venda de energia em redes regionais. Já recebeu US$ 5,8 milhões em
investimentos.

23
CASES

A Vale teve contato com a CUBi por meio do programa de inovação


"Startup Indústria 4.0" – conduzido pela ABDI (Agência Brasileira de
Desenvolvimento Industrial) em parceria com Centre of Engineering and
Product Development (CEiiA) e o Grow+ –, durante a etapa de codiscovery do
programa.

Integrando o grupo de indústrias que fizeram parte desse programa,


a companhia expôs a necessidade de uma solução de TI, capaz de
Derick Silva,
Analista de Tecnologia da automatizar seus processos de conferência e gestão de faturas de energia
Informação na Vale S.A. elétrica.

Dentro deste contexto, a CUBi atuou em parceria com a equipe de


tecnologia e analistas de mercado de energia da Vale, com o intuito de
desenvolver esta solução durante o período do programa de inovação da
ABDI. O resultado foi satisfatório, com o desenvolvimento muito ágil de uma
prova de conceito funcional, que foi testada, validada com dados reais e
aprovada por todos os usuários finais da solução.

A CUBi realiza um trabalho muito forte no sentido de orientar seus


clientes sobre as etapas necessárias para que eles possam realizar uma
gestão energética adequada. Atuamos com médias e grandes indústrias,
sempre visando identificar oportunidades de redução de custos e aumento de
eficiência energética.

Nossa infraestrutura tecnológica inclui o processamento


automatizado de faturas de energia, o monitoramento de cargas por meio do
Rafael Turella,
Cofundador & Diretor uso de medidores inteligentes para geração de dados sobre consumo, além
Comercial da CUBi de análises de inteligência energética baseada nos dados monitorados, para
que as empresas possam criar seus próprios indicadores e utilizar a energia
de modo mais racional e financeiramente sustentável.

Por fim, trabalhamos com mais de 32 algoritmos para identificação


de oportunidades de economia e otimizamos o processo de gestão
energética, por meio de uma solução intuitiva, de fácil entendimento para
clientes de diferentes indústrias.

24
ENTRE_
VISTA
Como você enxerga o contexto atual do
mercado de energias renováveis no Brasil?

O setor vive um situação bastante difícil perante


a Covid-19. Apesar disso, é um mercado
extremamente sólido e que tem o necessário
para assumir um papel de destaque na
recuperação do país. Primeiro porque, em geral,
os projetos de renováveis têm um tempo de
entrega mais curto. Se a economia voltar forte e Bárbara Rubim, Vice-Presidente do Conselho
for necessário um planejamento energético a de Administração da Associação Brasileira de
Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR) & Sócia
curto prazo, esses projetos podem ser aliados. O Bright Strategies
segundo ponto são os benefícios sociais e
econômicos que elas podem trazer. As fontes
O carro elétrico também vai criar uma disrupção,
renováveis são as que mais geram emprego por
pois vai atuar como agente de armazenamento
cada MW instalado. No momento em que o
nas residências. Os smart grids, outra tendência,
Brasil sair da pandemia e começarmos a pensar
irão propiciar que os consumidores tenham uma
em pacotes de recuperação, é importante que os
consciência maior sobre seu papel no setor,
governos se lembrem desse fator de
entendendo quanto custa consumir em cada
desenvolvimento social.
momento e tudo isso deve trazer novas
O rastreamento de energias renováveis tem possibilidades de negócio. Falando da
ganhado maior destaque no Brasil e no digitalização, vamos começar a ver no setor
mundo. Quais as perspectivas para este elétrico mais aplicativos que devem tornar o
segmento? ambiente mais digital e prático para os
consumidores.
Temos no setor elétrico três grandes tendências:
descentralização, digitalização e Como você enxerga o papel das startups
descarbonização da geração de energia. dentro do mercado de energia?
Tecnologias como o blockchain, que estão
As startups têm um mercado de ouro no setor
inseridas no contexto do rastreamento,
de energia. Faço mentoria para algumas
contribuem para o avanço de novos modelos de
startups e, na minha visão, são elas que estão
negócio no mercado conectados com os 3 Ds,
realmente trazendo inovação para o setor
incluindo as chamadas relações peer to peer -
elétrico. Muitas vezes elas enfrentam desafio de
venda de energia de um consumidor para outro
capital, mas têm conseguido se capitalizar
de forma direta. Outras tendências de trackers
porque o setor sempre atraiu atenção de fundos
também tem o potencial de aumentar a
de investimento. Em nosso mercado, temos
performance das fontes renováveis. Todo este
empresas muito grandes que, apesar da solidez,
movimento está alinhado com tendências como
estão envoltas em burocracia para tomada de
o armazenamento de energia que devem trazer
decisões. Neste contexto, acho que as startups
mais previsibilidade para a nossa rede elétrica.
têm tudo para se destacar. Como outros setores
Pode comentar, um pouco mais, sobre as já mostraram, não são as grandes empresas que
tendências de inovação no âmbito das lideram movimentos de disrupção, são as mais
energias renováveis? ágeis. As startups têm agilidade para responder
aos anseios do consumidor e se adaptar às
O armazenamento de energias renováveis é uma grandes transformações que o setor verá nos
tendência muito forte. próximos anos.
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA

25
Aprofundamento
Sustentabilidade, confiabilidade e
mobilidade: seguindo os passos da inovação
no terreno das energias renováveis

A expansão das discussões sobre sustentabilidade, consumo


responsável e preservação do meio ambiente é um fato que extrapola
mercados. Segundo estudo da Challenge Advisory, 62% dos
executivos considera essencial uma estratégia de sustentabilidade.
Este movimento, por sua vez, se ancora em uma mudança de
perspectiva do consumidor. Segundo dados divulgados pela FIESP,
por exemplo, 87% dos consumidores brasileiros preferem comprar de
62%
empresas sustentáveis.
dos executivos considera
Neste sentido, é natural notarmos uma preocupação crescente
essencial uma estratégia de
em relação ao uso de fontes de energia renováveis – em
sustentabilidade
contraposição às energias fósseis. Analisando o mercado de energias Esse movimento se deve
limpas como um todo, tivemos investimentos na casa de US$ 217 também a mudança de
bilhões em 2019, de acordo com a Capgemini. Segundo a Agência perspectiva do consumidor, uma
Internacional de Energia, em relatório lançado ano passado, as fontes vez que,
renováveis já respondem por mais de 25% da produção global de
energia. Conforme aponta o relatório, a energia solar fotovoltaica, a 87% dos consumidores
energia hidrelétrica e a energia eólica são, respectivamente, as fontes brasileiros preferem comprar de
renováveis que mais crescem no mundo, seguida pela bioenergia, empresas sustentáveis
gerada a partir de materiais orgânicos.

Para Gabriel Mann, diretor de comercialização da ENGIE 25%


Brasil Energia, este movimento responde a uma necessidade de
reorientação da sociedade para uma economia mais sustentável e de
baixo carbono.

"O caminho do desenvolvimento sustentável requer que a


sociedade como um todo oriente suas atividades para uma economia
de baixo carbono. Isso inclui uma mudança na matriz energética, As fontes renováveis já
sendo feito a substituição de combustíveis fósseis por renováveis, mas respondem por mais de
também uma mudança de hábitos dos indivíduos, bem como de 25% da produção
modelos de negócios. Esse processo de descarbonização apresenta global de energia
desafios complexos, porém, ainda sim, a transição energética se
mostra acelerada, especialmente orientada pelo mercado
O RE100 é uma iniciativa que
consumidor, cada vez mais consciente do impacto ambiental e
reúne grandes empresas, as
climático de fontes não renováveis", reflete Mann.
quais pretendem usar 100%
de energia renovável como:
Por sua vez, Benjamin Gerber, diretor executivo da Midwest
Ab InBev, Apple, Coca-Cola,
Renewable Energy Tracking System (M-RETS) – companhia
Danone, Facebook, Google,
americana sem fins lucrativos que desenvolveu um sistema para o
HP, Johnson & Johnson,
rastreamento de energia renovável e lidera este mercado na América
Microsoft, Nike, Sony,
do Norte – aponta que, mesmo diante do momento de incerteza do
Unilever, etc.
aaaaaaaa

26
mercado, não haverá um retrocesso significativo no uso de energias renováveis.

“A importância dada para as energias renováveis tem crescido muito sob um ponto vista global.
Muitas companhias se comprometeram neste sentido, quando a economia seguia em bom ritmo, mas,
mesmo com o momento atual, não acredito que as organizações irão retroceder quanto ao uso de
energias renováveis. Em muitos casos, há contratos longos que asseguram o uso de energia solar e
eólica. Deste modo, acredito que continuaremos a ver um crescimento no uso de energias renováveis –
esse crescimento pode ser em ritmo um pouco mais lento ao longo dos próximos dois anos, mas eu não
vejo um movimento relevante de retração”, explica Gerber.

De fato, grandes companhias das mais diversas indústrias – de bancos a indústria


automobilística – estabeleceram compromissos no sentido de ampliarem o uso de fontes renováveis em
suas operações. Tal movimento é encabeçado, globalmente, pelo RE100, iniciativa que reúne algumas
das empresas mais influentes em todo o mundo, as quais têm comprometimento com as metas de
utilização de 100% de energia renovável. O RE100 conta com multinacionais e gigantes de diferentes
indústrias, como: Ab InBev, Apple, Bank of America, Barclays, Chanel, Coca-Cola, Danone, Facebook,
Google, HP, Johnson & Johnson, Microsoft, Nike, Sony, Unilever, dentre outras.

o crescimento do uso de Um fator que pode impulsionar seu


blockchain no mercado de uso é a gradativa descentralização do
energia pode se tornar uma mercado de energia e a busca por
tendência, atingindo confiabilidade em um mercado cada
US$ 7,1 bilhões até 2023 vez mais pulverizado

Mas não são apenas com grandes companhias que as fontes de energia limpa encontram
mercado. A evolução de uma mentalidade mais sustentável na sociedade faz com o que o campo de
possibilidades das energias renováveis seja mais amplo. Fernando Giachini Lopes, sócio-diretor do
Instituto Totum (Emissor Local do Brasil acreditado pelo IREC Standard) comenta esta mudança de
paradigma de caráter global.

“Atualmente, vivemos um movimento no mundo, em que, por um lado, temos uma pressão
socioambiental para o fim dos impactos dos combustíveis fósseis e que tem levado ao incremento das
renováveis. Ao mesmo tempo, as energias renováveis deixam, gradativamente, de ter necessidade de
subsídio para que possam ser implementadas com o mesmo nível de competitividade que as fósseis.
Ou seja: estamos vivendo uma mudança de paradigma, no qual as energias renováveis se tornam
economicamente viáveis. Aqui no Brasil, ainda temos subsídios nas tarifas de transmissão e distribuição
para energia incentivada, mas a tendência é que eles sejam eliminados muito rapidamente”, analisa
Lopes.

Esta mudança de paradigma, por sua vez, abre espaço para negócios focados nos consumidores
residenciais e em diferentes perfis de empresa. A Enercred, por exemplo, é uma startup mineira que
oferece créditos de energia limpa com desconto para clientes residenciais e negócios.

“Na prática o cliente aluga um percentual de uma usina renovável remotamente e recebe
descontos na conta de luz maiores que o valor pago pelo aluguel, de forma que ele tenha economia
real, todos os meses, utilizando energia limpa. Não há necessidade de nenhum investimento inicial e
nenhuma obra em casa. Todos os canais de contato com o cliente são digitais, o processo de
contratação web ou mobile, disponibilizamos um aplicativo onde o cliente consegue ver com muita
transparência a economia mensal, tirar dúvidas, atendimento, cadastrar cartão de crédito e chamar
amigos”, explica José Otávio Carneiro Bustamante, fundador e CEO da Enercred.

27
Para o empreendedor, a crescente abertura do mercado livre de energia deve beneficiar
modelos de negócio como o da Enercred. “Neste momento teremos uma grande vantagem
competitiva, por já estar trabalhando com clientes residenciais de uma forma muito pulverizada no
mercado de geração compartilhada”, diz Bustamante.

Dentro deste contexto de crescimento do uso de energias renováveis, um movimento que se


fortalece no mercado é o da busca por certificação e rastreamento da origem da energia, de modo que
seja possível validar que o consumo de uma determinada empresa advém, de fato, de fontes
renováveis.

Hoje, o processo de rastreamento conta padrões estabelecidos globalmente pela I-REC


Standard, organização que provê critérios que podem ser implementados pelos sistemas locais que
rastreiam os atributos de energia para que os consumidores, em todas as regiões do mundo, possam
ter acesso aos certificados de energia renovável (REC - Renewable Energy Certificate), os quais são
reconhecidos internacionalmente.

Gabriel Mann, da ENGIE Brasil Energia, comenta alguns dos benefícios dos certificados de
energia renovável.

"Os certificados de energia renovável comprovam que a eletricidade consumida pela sua
empresa é proveniente de fonte de energia renovável, podendo ser utilizados para neutralizar as
emissões de Escopo 2 (emissões indiretas pelo consumo de energia) do Inventário de Emissões de
Gases de Efeito Estufa (GEE) no âmbito do Programa Brasileiro GHG Protocol. Com isso, a empresa pode
comprovar o consumo de energia a partir de fonte renovável, ter ganho de imagem e criação de valor
pela iniciativa sustentável e contribuir em ações e iniciativas socioambientais vinculadas às usinas,
aponta Mann, acrescentando que, hoje, a ENGIE possui soluções de produtos renováveis que são
voltados a empresas que buscam soluções de descarbonização para suas atividades: os Certificados de
Energia Renovável (RECs), os Contratos de Energia Renovável (ENGIE-REC) e os Créditos de Carbono..

No Brasil, o rastreamento e fornecimento dos certificados de energia é realizado pelo Instituto


Totum que, desde 2012, atua no mercado de energia, quando desenvolveram um sistema para
valorização e validação da energia renovável produzida no país. Fernando Giachini Lopes, explica como
funciona o processo de rastreamento das energias renováveis.

“Em 2016, nós fomos procurados pela I-REC Standard para sermos o primeiro Emissor Local
credenciado pela organização, fora da Europa. Passamos então a adotar oficialmente os padrões
internacionais por meio do sistema de RECs. O Sistema de RECs, basicamente, funciona como um
sistema de registros e alegações no qual registramos as plantas de energia renovável e, para cara cada 1
MWh (Megawatt-hora) de energia efetivamente injetada no GRID, geramos um certificado de energia
aaaaaa
10,6 mil carros
Já no primeiro
elétricos
semestre de 2018,
foram vendidos no Brasil
a frota de carros
entre 2012 e 2018 – no
elétricos
mundo, os carros elétricos
mundialmente já
vem ganhando um
superava
espaço significativo,
sobretudo com a adesão 3,2 milhões
mais ampla de mercados de unidades
como o Chinês

28
renovável (REC). Esse certificado é transacionado no mercado para as empresas que compram energia
renovável e querem fazer alegação de uso dessa energia. Então nós temos, aqui no Brasil, uma
plataforma de sistema de informação, com uso de blockchain, que controla o sistema a nível local e essa
plataforma conversa com a base de dados do I-REC Standard, na qual estão 100% das transações
mundiais com energia renovável no padrão I-REC”, aponta Lopes, acrescentando que os principais
consumidores de RECs e energia renovável no país são “as empresas do grupo RE100; as empresas
brasileiras que reportam suas emissões de efeito estufa na plataforma do Protocolo GHC e que, por
meio dos RECs, podem reportar emissões baixas ou até emissão zero de gases de efeito estufa, além dos
prédios verdes certificados, em uma menor escala”.

Benjamin Gerber, diretor-executivo da M-RETS, aponta, por sua vez, o uso dos RECs como peça
importante para obtenção de investimentos no cenário atual do mercado.

“Temos visto um crescimento da importância do rastreamento da energia renovável como


consequência da expansão do uso de fontes renováveis em diferentes indústrias e no ambiente
corporativo como um todo. Em diversos contextos, empresas necessitam de relatórios de
sustentabilidade com uma validação externa do consumo de energias limpas para conseguirem
investimentos”, comenta Gerber.

Confirmando essa perspectiva, uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e da Federação
Brasileira dos Bancos (Febraban) divulgada no Jornal Diário Catarinense, apontou que 10% das carteiras
dos bancos brasileiros abarcam empresas que têm preocupações socioambientais dentre suas
prioridades. Na mesma reportagem, especialistas comentam que determinados fundos de
investimento só aplicam seus recursos em empresas que possuem relatório de sustentabilidade,
respeitam as diretrizes para a preservação ambiental e utilizam energias renováveis. Diante deste
cenário, inovações têm sido criadas visando reforçar a segurança em relação aos dados envolvendo a
produção e o uso de fontes renováveis de energia.

A startup francesa The Energy Origin (TEO), por exemplo, coleta dados de produção e utilização
de energia verde, fornecendo acesso às informações e certificados de consumo para seus clientes, tudo
isso por meio de uma plataforma online. A startup utiliza blockchain para validar seus certificados,
conforme explica Thierry Mathieu, cofundador da TEO.

“Utilizamos o blockchain para validar as informações sobre as fontes renováveis, com o objetivo
de evitar a contagem dupla destes dados. Cada certificado, cada atribuição, recebe um registro no
blockchain. Este registro, por sua vez, não pode ser alterado e pode ser auditado a qualquer momento.
Isso traz total transparência para as empresas e usuários de energia verde. O blockchain é uma ótima
ferramenta, pois faz o armazenando, criptografa, fornece acesso externo e criando trilhas auditáveis,
tudo na mesma operação”, explica Mathieu.

Com investimentos na casa de US$ 279 milhões em 2017, o crescimento do uso de blockchain no
mercado de energia pode se tornar uma tendência, atingindo US$ 7,1 bilhões até 2023, de acordo com
projeção da Markets and Markets. Outro fator que pode impulsionar o uso do blockchain é a gradativa
descentralização do mercado de energia e a busca por confiabilidade em um mercado cada vez mais
pulverizado. Thierry Mathieu avalia algumas das possibilidades para este cenário futuro.

“O mercado de energia está evoluindo, rapidamente, para um segmento descentralizado, com


muitos prosumers, mercados locais e redes inteligentes a vista. Dispositivos domésticos controlados por
IoT serão a ponta final desta revolução. Começando pelo grande consumidor, pelos grandes sites de
produção, a mudança para ativos cada vez menores será possibilitada pela tecnologia, teremos também
o gerenciamento da energia do lado da demanda por meio das baterias de veículos elétricos, dentre
outras inovações”, conclui Mathieu.

29
Os veículos elétricos e o próprio conceito de mobilidade elétrica, aliás, tem motivado o
surgimento de novos modelos de negócio dentro do mercado de energia e estão diretamente
conectados com a busca por produtos mais sustentáveis no mercado. A MovE, por exemplo, é uma
startup de São Paulo que desenvolve soluções embasadas nestes conceitos.

“A MovE é uma startup como uma plataforma de serviços digitais voltados para o segmento da
mobilidade elétrica, especificamente para o gerenciamento de estações de recarga de veículos
elétricos. A solução da Move engloba aplicativos para condutores de veículos elétricos, sistemas de
gestão e serviços para redes de eletropostos e painéis de operação para fabricantes de estações de
recarga”, explica Cesare Quinteiro Pica, CEO da MovE.

Embora um mercado ainda tímido no Brasil – segundo números da Associação Brasileira de


Veículos Elétricos (ABVE), foram vendidos 10,6 mil carros elétricos no país dentre os anos de 2012 e 2018 –
no mundo, os carros elétricos vem ganhando um espaço significativo, sobretudo com a adesão mais
ampla de mercados como o Chinês.

Já no primeiro semestre de 2018, a frota de carros elétricos superava 3,2 milhões de unidades e
segundo a Bloomberg New Energy Finance (BNEF), eles devem ser maioria até 2040. O próprio
mercado nacional deve enxergar uma expansão neste sentido, com a ABVE projetando um crescimento
de 300% na compra de veículos elétricos até 2026.

Para Cesare Quinteiro Pica, essa possível abertura do mercado para os veículos elétricos e para
outras tecnologias é fruto também de um processo de modernização do segmento de energia no país
que propicia, consequentemente, o surgimento de soluções inovadoras.

“O mercado de energia, em comparação com outros segmentos, levou um tempo maior para
iniciar investimentos consistentes em modernização, mas, de uns anos pra cá, tem intensificado de
forma significativa seu processo de digitalização. A maturidade deste processo ainda é inicial, mas o
setor tem mostrado motivação e abertura para novas soluções e iniciativas tecnológicas que podem
contribuir com o mercado”, encerra o CEO da MovE.

A Sun Mobi é uma startup que criou um aplicativo para fornecimento de


créditos de energia solar e gestão de consumo mobile para que o cliente saiba,
com antecedência, quanto gastou durante o mês. A startup já recebeu aporte
de R$ 952 mil da Agência de Desenvolvimento Paulista (Desenvolve SP).

A Metha é uma startup de Curitiba que desenvolveu uma micro-central


hidrelétrica capaz de produzir energia renovável em residências ou
propriedades rurais. Recebeu R$ 1 milhão em investimentos do Programa
Empresa Brasileira da FINEP, agência pública de fomento à inovação.

A Energy Vault é uma startup suiça que desenvolveu um modelo de


armazenagem de longa duração para energias renováveis (solar e eólica),
tendo como base o uso de energia cinética e gravidade. A startup já recebeu
US$ 110 milhões em investimentos.

A LanzaTech é uma startup americana que desenvolveu uma tecnologia para


reciclar resíduos sólidos urbanos, industriais e agrícolas, convertendo essas
emissões e poluentes em combustíveis e produtos químicos. Já recebeu US$
276,3 milhões em investimentos.

30
CASES

Conhecemos a Electrowave através de indicação de um de nossos


conselheiros. Nossa instituição está localizada em uma área com muitos
picos de energia, além de contarmos com uma estrutura física bem limitada
para evitarmos problemas de ordem elétrica. Neste sentido, com a tecnologia
apresentada pela Electrowave, foi possível trabalhar com mais segurança e
menor risco de prejuízos financeiros para instituição.

Os equipamentos monitorados pela Electrowave são específicos


Márcia Rugna,
Gestora Técnica do Instituto do para armazenamento de medicamentos quimioterápicos de alto custo e
Câncer Dr. Arnaldo também são muito sensíveis a alteração de temperatura. A vantagem é que,
havendo problemas com as câmaras de refrigeração, os dispositivos da
Electrowave enviam notificações e podemos salvar os medicamentos a
tempo. Ficamos felizes em saber que estão sendo desenvolvidas
ferramentas simples, com custo baixo, capazes de trazer mais segurança e
tranquilidade no ambiente hospitalar.

Por meio do monitoramento de oscilações, picos e quedas de energia,


visamos minimizar riscos e evitar danos elétricos nas empresas e indústrias.
Segundo nossa legislação, quando ocorre um dano cuja anomalia é
proveniente de um problema da rede de distribuição ou de geração de energia,
a concessionária local deve indenizar o cliente. Porém o processo é
extremamente burocrático devido à quantidade de fraudes recebidas.

Neste sentido, por meio de nosso dispositivo, é possível comprovar


Augusto Torrecilha,
Cofundador & CEO da danos de modo mais objetivo e acelerar o processo de indenização - vale
Electrowave lembrar que, no país, temos cerca de 350 mil oscilações elétricas por ano nas
rede de distribuição, as quais geram prejuízos significativos para o
consumidor.

Nosso objetivo, na atuação com instituições como o Instituto do


Câncer Dr. Arnaldo é trazer mais segurança para equipamentos que, sem o
devido controle, poderiam gerar perdas financeiras e de estoque significativas
para a organização.

31
ENTRE_
VISTA
Que oportunidades de negócio e inovação a
Petz enxerga dentro do contexto do mercado
livre de energia?
Hoje a Petz está com mais de 100 lojas e
praticamente todas dentro do mercado regulado
cativo. A ideia de migrarmos para mercado livre
de energia abre uma oportunidade de inovação
e amplo poder de escolha. A Petz pode escolher
o fornecedor de energia com maior flexibilidade Rodrigo Crisóstomo, Coordenador de Facilities
e Contas Públicas da Petz
na contratação, podemos adquirir previsibilidade
de custos, sendo que o contrato pode ser
negociado com preço fixo, indexando a um
índice de inflação. Bandeiras tarifárias impostas Qual o posicionamento da empresa, no âmbito
pelo governo não influenciam no preço, que está de energias renováveis?
previamente definido em contrato, diferente das Um dos nosso valores é “Respeitarmos uns aos
oscilações no mercado Cativo de Reajustes outros”, e isso está totalmente engajado com a
Tarifários. preocupação com nosso planeta. O tema
energias renováveis é uma preocupação e busca
Como tem sido o processo de migração para o constante da Petz, uma rede que respeita quem
mercado livre de energia, do ponto de vista de é apaixonado por pets e espera ser a maior e
desafios e benefícios? melhor rede de pet shops da América Latina,
Os desafio são grandes. Trata-se de um mercado podendo estar entre as 5 maiores operações
novo para a Petz, desde a adequação do centro mundiais até o fim de 2020.
de medição à negociação do BID da Energia no
chamado mercado de comercialização de Qual a maturidade tecnológica da Petz, em
energia elétrica. Entretanto, temos um time bem termos de transformação digital da área de
experiente e uma consultoria que nos auxilia. facilities e de gestão energética?
Nas duas áreas de atuação temos profissionais
Pensando em tecnologia, que tendência incríveis sempre buscando novas tecnologias e a
acredita que irão movimentar o setor transformação digital é um assunto diário.
energético no Brasil ao longo dos próximos Buscamos sempre tecnologia para melhorar
anos? nossos processos e aumentar o alcance do
O que acompanhamos constantemente são as grupo, garantindo resultados melhores.
mudanças do setor elétrico e a dificuldade de
geração de energia no Brasil, porque isso envolve A empresa tem acompanhado o cenário de
vários fatores políticos e regulatórios. Uma trading de energia? Se sim, qual a avaliação
tecnologia que acreditamos que está em alta é a que vocês têm sobre este setor?
geração distribuída no mercado de Energia Solar. Deixamos essa atividade com nossa Consultoria.
Últimos dados da ABSOLAR mostram que, entre Entretanto, estamos sempre acompanhando
2012 e 2019, o setor solar fotovoltaico brasileiro valores da energia semanal PLD (Preço de
gerou cerca de 4.899,1 MW de potência Liquidação das Diferenças) disponibilizados pela
operacional. A Petz já está com olhar no futuro e CCCE (Câmara de Comercialização de Energia
acompanhando mudanças regulatórias dentro Elétrica), até mesmo para ter uma maior
deste mercado, que é mais um dos focos da expertise de acerto para efetuarmos nossa
empresa, visando sempre o consumo de energia compra no mercado com sucesso no produto
renovável. final.

32
Aprofundamento
Novos atores, busca por eficiência e
perspectivas para o mercado de trading:
desenhando o futuro do setor elétrico no
Brasil
No último tomo deste estudo, nosso objetivo é conectar três
discussões que podem contribuir para o desenho de um panorama
sobre o futuro do mercado de energia no Brasil. São eles: a entrada
de novos agentes no setor elétrico; o amadurecimento do segmento
de trading de energia no ecossistema de negócios do país; além da
busca por eficiência energética como um motor para o surgimento
de inovações tecnológicas.

Estes tópicos, por sua vez, se ligam a temas que abordamos O anseio dos consumidores,
anteriormente, visto que a abertura do mercado de energia propicia, tanto empresariais quanto
dentre outros pontos, o surgimento de novos players no setor e residenciais, pela abertura
desenha perspectivas para a atividade de trading; ao passo que a do mercado de energia, está
busca por eficiência energética também está relacionada com a atrelado ao desejo de se
conscientização quanto ao uso de energia e com uma mentalidade obter maiores níveis de
mais sustentável propagada no ambiente de negócios atual. eficiência energética
atrelada a redução de
Dito isso, pensando em novos players do mercado de energia, custos
um primeiro movimento, comentado por muitos especialistas
consultados neste estudo, envolve a entrada dos bancos e de grandes
grupos financeiros no setor elétrico, por meio da criação de mesas de No ambiente de contratação
comercialização de energia nas instituições. livre, por exemplo, as empresas
conseguem absorver uma
É o caso do Banco Itaú e do Banco Indusval & Partners (BI&P), economia média de até
por exemplo, os quais, conforme destaca matéria do Portal Exame,
veem na abertura do mercado de energia, uma oportunidade para se
25%, quando comparamos os
posicionar neste segmento e disputar espaços com as empresas de valores do mercado livre de
trading que vem conquistando bons resultados no ambiente de energia com as tarifas médias
negócios nacional. praticadas pelas distribuidoras
do ambiente cativo
Além disso, o potencial de consumo dos clientes atuais do
mercado livre no Brasil é significativo, uma vez que estamos falando,
essencialmente, de um universo de consumidores (dentre grandes
empresas e negócios de menor porte) que consomem cerca de 30%
da demanda energética do país.

Em entrevista para o Valor Econômico, o diretor de


comercialização de energia do Banco Itaú, Oderval Duarte, aponta
que um dos diferenciais do banco é, justamente, uma estrutura mais O Brasil é apenas o
robusta para lidar com gestão de riscos dentro de um segmento vigésimo colocado em
ainda com bastante volatilidade nas operações de compra e venda. eficiência energética, dentro
Antes de chegar ao Itaú, é interessante observar que o executivo já
de um ranking que analisou
conduzia a área de comercialização de energia no Banco BTG
25 grandes economias
Pactual, um dos pioneiros da indústria bancária a atuar no nicho de
compra e venda de energia em território nacional, em conjunto com
outras instituições, como o Banco Santander.

33
Outro banco que deve se juntar a esse grupo é o Bradesco, segunda maior instituição bancária
do Brasil. Vale salientar que o número de comercializadoras de energia teve crescimento de 19% dentre
janeiro e outubro de 2019 – de acordo com dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica
(CCEE).

Para Adriana Luz, consultora e especialista no mercado livre de energia, os bancos,


possivelmente, irão aproveitar o seu potencial de digitalização para fomentar a venda de ativos de
energia por meio de apps, facilitando assim, a comunicação com seus clientes.

"Nós já tínhamos os bancos BTG, XP e Santander atuando nesse mercado. Com o anúncio da
abertura de comercializadoras de energia por parte do Itaú e do Bradesco, duas das maiores instituições
financeiras privadas do país, vemos uma consolidação deste movimento – bancos como players no
mercado livre, na área de trading da energia. Mas eu acredito que também estejam visualizando novas
possibilidades da venda de energia, como por meio de aplicativos para seus clientes (tanto residenciais
quanto empresariais). Afinal de contas, não é a toa que estão entrando nesse mercado no momento em
que está avançando a abertura dele para todos os perfis de consumidores", analisa Luz.

o mercado de trading de
O número de energia movimentou
comercializadoras de
energia teve US$ 1,3 bilhões
crescimento de 19% em 2019, devendo alcançar
dentre janeiro e um crescimento médio de
outubro de 2019
4,2% até 2026

Avançando nesta discussão, e pensando nas perspectivas para o mercado de trading no Brasil,
Sami Grynwald, Gerente de Novos Negócios da Thymos, concorda com a perspectiva do Banco Itaú e
aponta que a volatilidade do mercado de energia no Brasil abre um nicho de oportunidades para os
traders.

"A matriz energética brasileira é conhecida por ser prioritariamente térmica e hidrelétrica. O
custo hidrelétrico é baixo e o térmico, por sua vez, é alto. Quando temos a troca de um pelo outro, há
uma volatilidade de preços muito expressiva, surgindo uma oportunidade para o trader. Neste sentido,
eu acredito que o mercado de trading deve crescer muito no Brasil ainda. Estamos vivenciando
reduções nas taxas de juros e, com a volatilidade, é comum que o trading se torne uma alternativa para
novos entrantes. Com a entrada das grandes instituições financeiras no terreno da comercialização de
energia, acredito que o trading vai assumir um papel de índice financeiro, índice de mercado", comenta
Grynwald.

Não à toa, nos últimos anos, o segmento de trading vem impulsionando o surgimento de novas
comercializadoras de energia no Brasil. No ano de 2018, por exemplo, quando o número de
comercializadoras alcançou crescimento recorde de 23,3%, para especialistas consultados em
reportagem da Revista Época, cerca 95% destas novas comercializadoras estavam focadas no segmento
de trading de energia. A reportagem destaca, justamente, uma mudança de paradigma para as
comercializadoras: se antes, a maioria delas estava focada na intermediação de negócios entre
geradores e consumidores, com a expansão do ambiente de contratação livre, a tendência é de que,
cada vez mais, estas empresas foquem nas operações de compra e venda (trading).

Pensando em escala global, vale citar que o mercado de trading de energia movimentou US$ 1,3
bilhões em 2019, devendo alcançar um crescimento médio de 4,2% até 2026, de acordo com dados da
Market Watch. Rafael Estrela, Assessor Financeiro na Astris Finance, analisa algumas das perspectivas e
desafios para este segmento.

34
"O mercado de trading de energia é muito desafiador em qualquer lugar do mundo – no curto
prazo há muita volatilidade, impondo riscos ao comercializador, mas um upside enorme também. Até
recentemente já se precificava uma subida do preço de energia com a retomada da economia e logo o
mercado virou com a questão do coronavírus – o trader trabalha com estes riscos constantemente.
Neste sentido, ele tem o desafio de ter essa leitura de mercado, identificar ineficiências em
submercados e regiões específica, identificar grandes indústrias eletrointensivas demandando energia
e ao mesmo tempo gerenciando bem o risco de crédito de sua carteira. Além disso, seu conhecimento
técnico de aspectos que afetam o preço no curto prazo como o clima afetando nível de reservatórios de
usinas hidrelétricas, tendências de vento, crescimento da economia, demanda de submercados em
diferentes regiões do país pode fazer o trader de energia antecipar movimentos e apostar em subidas e
quedas de preço", analisa Estrela.

Vale salientar ainda que produtoras de energia, como no caso da ENGIE Brasil Energia – maior
produtora privada de energia elétrica do país – vem ampliando sua participação no mercado de trading.
É o que explica Gabriel Mann, diretor de comercialização da companhia.

"O trading de energia é um segmento que complementa as soluções que a Engie opera. Temos
um dos maiores e mais diversificado portfólio de usinas do país, bem como de clientes. Toda esta
diversidade traz riscos e oportunidades que, através do trading, conseguimos potencializar. O trading
traz a velocidade necessária para direcionarmos algumas “posições” do nosso portfólio. Além disso nos
proporciona uma diversificação de contrapartes necessária para que se diluam riscos. Este é um
mercado que vem crescendo e que acreditamos. Atuamos a muito tempo com o trading, mas nos
últimos três anos aprimoramos nossa participação, nosso foco e métricas de tomada de decisão e risco.
Acreditamos que temos muito para desenvolver este mercado, principalmente no que tange a risco de
contrapartes, alavancagem e liquidez. Já vimos isso acontecer em outros países e cada vez mais
precisamos de agentes fortes e com robustez financeira para operar neste mercado", explica Mann.

Dito isso, para que movimentos como o trading de energia e novas oportunidades de negócio
surjam no contexto do mercado livre, é importante notar alguns desafios importantes, tendo em vista
uma real consolidação do ambiente de contratação livre no país.

É o que comenta Ricardo Grassman, diretor da vertical de Energia da ACATE (Associação


Catarinense de Tecnologia) e CEO da Way 2 Technology, empresa de software e serviços focada no setor
elétrico que oferece soluções para telemedição e gestão de energia associados a aplicações de
inteligência sobre dados energéticos.

"Para que esses objetivos se realizem ainda precisamos de uma adequada alocação dos custos
da contratação de atributos para o sistema, mais alguns ajustes finos nos modelos computacionais
aaaaaaaaaaaaaa

No Brasil, o gasto com


energia pode representar até
40% dos custos de
produção
40%
Além disso, o Brasil possui a
segunda tarifa de energia
elétrica mais cara do mundo
para a indústria

35
para assegurar a implementação do preço horário com segurança e maior uso de contratos financeiros
pelo setor para alimentar e garantir mais liquidez ao mercado. Talvez um dos maiores desafios, apesar
de pouco falado na mídia, seja o avanço da medição inteligente no setor. Hoje a maioria do nosso
parque de medidores não é inteligente, isto é, não permite o acesso remoto aos dados de energia,
impossibilitando a consolidação digital online de consumos horários. Este último e importante desafio
poderia ser superado com pequenos ajustes na forma em que os sistemas de medição (principalmente
medidores) são contabilizados na tarifa de energia", analisa Grassmann.

Pode-se inferir que um dos principais motores para a busca por uma maior abertura do
mercado de energia e por novos modelos de compra e venda deste ativo envolve um anseio dos
consumidores, tanto empresariais quanto residenciais, por maiores níveis de eficiência energética
atrelada a redução de custos. No ambiente de contratação livre, por exemplo, as empresas conseguem
absorver – mesmo com uma eventual volatilidade no curto prazo – uma economia de até 34%, segundo
dados anteriormente citados da Abraceel.

Estamos falando de uma porcentagem de redução significativa, principalmente quando


levamos em conta que, em determinados mercados, como no setor industrial, por exemplo, o gasto
com energia pode representar até 40% dos custos de produção, segundo dados da Firjan (Federação
das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro). Além disso, de acordo com reportagem da Universidade
Federal de Santa Catarina, o Brasil possui a segunda tarifa de energia elétrica mais cara do mundo para
a indústria. A boa notícia, diante deste cenário, é uma oferta maior de alternativas para a redução de
custos com energia no país. É o que indica Ricardo Grassmann.

"O consumidor conta com uma gama de alternativas que vão desde a migração para o mercado
livre até a compra de créditos de geração distribuída de um terceiro e o abatimento destes créditos em
sua conta com a distribuidora, passando inclusive pela opção de contratar diversos projetos e
tecnologias ligadas a eficiência energética. Esta pluralidade de alternativas é algo muito bom, mas
trouxe uma complexidade para o consumidor na hora de escolher o que mais faz sentido para sua
operação. Nesta hora os serviços de gestão de energia baseados em monitoramento do consumo são
tremendamente eficazes pois ajudam o consumidor a entender seu próprio perfil de consumo e usar
ferramentas para auxiliá-lo na escolha da melhor opção", explica o diretor da vertical de Energia da
ACATE e CEO da Way 2 Technology.

Dentro deste contexto de surgimento de tecnologias em torno da eficiência energética e de


soluções para o monitoramento do consumo, as startups têm assumido um papel mais disruptivo no
país, por meio de inovações guiadas pelo princípio de uma gestão inteligente do uso de energia. É o
caso, por exemplo, da CUBi, que utiliza IoT e ciência de dados para auxiliar empresas e indústrias no
entendimento e gestão de seu consumo de energia, promovendo uma economia de até 18%,
dependendo da indústria e da disponibilidade da empresa para promover ações estratégicas de
redução de custos.

"Poucas empresas fazem uma gestão adequada do recurso energético. Hoje, a maior parte dos
gestores não sabem onde, quando ou como estão consumindo energia elétrica. Além disso, a alta
complexidade do ambiente regulatório combinada às múltiplas opções de ações de melhoria de
performance energética acabam paralisando ou levando esses gestores para soluções não ideais. Neste
sentido, temos um trabalho muito grande visando educar os clientes sobre as melhores práticas de uma
gestão baseada em dados. O que buscamos sempre é identificar o potencial de eficiência energética
dentro da empresa para colocar as ações mais atrativas para a indústria na mesa. Para tanto, realizamos
desde monitoramento em tempo real para captar dados sobre o consumo de energia, até a análise de
faturas, boletos e os processos do cliente, por meio de um sistema inteligente e automatizado", comenta
Rafael Turella, cofundador & diretor comercial da CUBi.

A busca por eficiência energética no país, vale salientar, é um movimento essencial, uma vez
aaaaaaaaaaaaaa

36
que estamos falando de um gargalo que diminui a competitividade das empresas brasileiras em escala
global. De acordo com o International Energy Efficiency Scorecard, relatório lançado em 2018 pela
ACEEE (American Council for an Energy-Efficient Economy), por exemplo, o Brasil é apenas o vigésimo
colocado em eficiência energética, dentro de um ranking que analisou 25 grandes economias, ao passo
que o potencial de economia com energia no país gira em torno de R$ 52 bilhões.

Para o cofundador da CUBi – que conta com clientes como Camargo Corrêa, Sodexo, Vale S.A.,
Itograss e FIESC – o mercado de energia já conta com soluções que podem ajudar as empresas nos
mais diversos aspectos; o grande desafio é colocar em prática uma mentalidade mais digital no setor.

"Nós falamos bastante na CUBi que as tecnologias para o mercado de energia já existem em
abundância. Temos uma série de opções para os clientes colocarem em prática. A grande dificuldade é
saber o que usar, quando usar e estar disposto a aproveitar ao máximo o potencial de uma solução",
conclui Rafael Turella.

A GreenAnt é uma plataforma baseada em inteligência de dados com foco


no aumento da eficiência energética e melhoria da tomada de decisões na
gestão de ativos de energia. A startup já recebeu R$ 2,3 milhões em
aportes.

A Navarra Tech é uma startup de Santa Catarina que desenvolveu uma


plataforma de trading e procurement de energia elétrica, com foco em
negociações de ativos dentro do ambiente livre de contratação. A startup
foi acelerada no programa Techstars da Energy Accelerator.

A Power Ledger é uma startup australiana que desenvolveu uma


plataforma de trading com foco em transações de energias renováveis. A
startup utiliza blockchain para assegurar suas operações e já recebeu US$
35 milhões em investimentos.

A Watty é uma startup sueca que desenvolveu uma solução baseada em


IoT para o monitoramento do uso de equipamentos eletrônicos em
residências, com foco no consumo consciente. Já recebeu investimentos
de € 4,1 milhões.

37
CASES

A Mitsidi nos foi indicada pela Companhia Energética de Brasília e


tem prestado serviço ao nosso grupo de pesquisa em duas frentes:
● Realização das atividades de Medição e Verificação de Performance
no âmbito do Projeto de Eficiência Energética da Universidade de
Brasília;
● Avaliação de desempenho energético segundo os parâmetros
necessários para obtenção da certificação PBE Edifica.

Loana Nunes Velasco,


Professora-Doutora do Curso de A startup apresenta um corpo técnico extremamente competente e
Engenharia Elétrica da comprometido, mesmo passando por esse momento de crise, relacionada ao
Universidade de Brasília (UnB)
COVID19 e, neste sentido, trabalhar com eles tem sido extremamente
positivo. Os resultados esperados vêm sendo alcançados de forma
satisfatória, com uma troca de experiências que tem agregado
conhecimentos também para nossa equipe. Acredito que o sucesso do
projeto deve render parcerias futuras, já que a empresa tem vocação para
trabalhos no âmbito da pesquisa e do desenvolvimento.

A UnB desenvolve projetos de pesquisa e aplicação da eficiência


energética, e a Mitsidi atua na medição e verificação desses projetos. Desde o
primeiro contato, foi identificada a possibilidade de que poderíamos auxiliar
tanto como prestadores de serviços, quanto como parceiros para construir
projetos e aplicações.

Até o momento o projeto de medição e verificação de performance


tem avançado satisfatoriamente, requerendo flexibilidade e resiliência para
Hamilton Ortiz,
Fundador do Energy Brain; combater as dificuldades de execução que a situação de saúde pública atual
Gerente e Consultor na Mitsidi nos trouxe. Entre 2019 e 2020, desenhamos em conjunto três projetos
Projetos
conceituais de gestão energética, aplicados a editais tanto de pesquisa e
desenvolvimento, quanto de aceleração de startups. Acreditamos que a
cooperação entre empresas que apostam na inovação e instituições de
ensino que visam aplicar ciências para a sustentabilidade seja uma
ferramenta de transformação do mercado.

38
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UMA VISÃO SOBRE INOVAÇÃO NO


SETOR DE ENERGIA

Poucos setores têm um ecossistema


regulatório tão complexo e volátil como o setor
elétrico brasileiro. Ao mesmo tempo agraciado
com uma matriz energética limpa, eficiente, Gustavo Dalcolmo, Advogado Sênior do
sustentável e complementar, o Brasil sofre com Derraik & Menezes Advogados
alterações legislativas e regulatórias constantes,
geralmente a cada ciclo presidencial, que, com o Não podemos ignorar também o avanço
poder de uma caneta, podem gerar uma da geração distribuída, que podemos tratar como
hecatombe, como a MP 579/2012, que causou o uma das grandes disrupções do setor elétrico
próprio “11 de Setembro” do setor elétrico. brasileiro. A geração distribuída reflete o poder
cada vez maior de escolha do consumidor, que
A falta de previsibilidade e insegurança hoje pode optar por também gerar energia,
jurídica existente no setor elétrico é um dos estocá-la (energia, e não vento) e comercializá-la,
maiores dificultadores e desafios para inovações. gerando assim uma compensação de seu
O empreendedor que deseja atuar no mercado consumo direto e colaborando para uma
de energia precisa esforçar-se e compreender descentralização da geração de energia.
como a regulação poderá afetar seu negócio.
Junte a isso um sistema tributário extremamente Acreditamos que a geração distribuída
complexo e oneroso, tem-se um setor muito tem potencial para ocupar espaço relevante na
desafiador, sedento principalmente por soluções matriz energética brasileira, dado seu
que reduzam custos para geradores, crescimento acelerado e facilidades criadas,
transmissores e distribuidores, agregando maior como a recente isenção de imposto de
eficiência ao sistema elétrico. importação sobre equipamentos de energia
solar. Ao mesmo tempo, ainda esbarra em um
Nesse sentido, enxergamos por parte dos ambiente extremamente burocrático para sua
grandes players do sistema elétrico, sejam operacionalização, o que gera oportunidades
geradores, distribuidores, transmissores ou para ideias inovadoras que possam reduzir o
consumidores, uma grande procura por soluções atrito, por exemplo, na criação de
de automação e IoT, big data, cybersecurity e empreendimentos de geração compartilhada.
desenvolvimento de sistemas de gerenciamento,
que consigam trazer maior eficiência e gerem O ecossistema de energia brasileiro, por
menor perda sistêmica e financeira aos atores do sua grandiosidade e complexidade, oferece
setor. inúmeras oportunidades, seja para inovações
tecnológicas nos sistemas já existentes ou oferta
Ao mesmo tempo, grandes consumidores de novos produtos aos consumidores. Como dito
estão buscando cada vez mais diversificar suas acima, acreditamos que a maior peculiaridade
fontes de consumo, seja por uma simples para os empreendedores atuantes no setor, além
tentativa de redução de custos ou maior daqueles desafios comuns à toda startup, é
preocupação com sustentabilidade, com compreender a regulação do setor e que como
investimentos cada vez maiores no ela pode afetar diretamente seu negócio,
desenvolvimento de plantas de geração ou especialmente para aqueles que atuam direta ou
contratação de fornecimento de energia limpa, indiretamente junto à cadeia geradora,
seja eólica ou fotovoltaica. distribuidora, transmissora e comercializadora.

39
FEVEREIRO 2020

INFORMAÇÕES PARA O USO


E REPRODUÇÃO DESTE MATERIAL

A Liga Insights produz estudos que têm por objetivo


aprofundar, explorar e divulgar as formas como as
startups brasileiras estão se desenvolvendo e rela-
cionando em suas áreas de atuação.

Todas as informações dispostas neste material são de


propriedade dos seus autores e envolvidos, podendo
ser usadas e reproduzidas, desde que sempre tenha
sua fonte citada.

Não é permitido o seu uso comercial sem autorização.

EQUIPE E CONTATOS

ROGÉRIO TAMASSIA MARÍA EDUARDA NADAL MARCELE ROCHA


Co-founder da Liga Ventures Marketing Community Manager
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JOÃO BARROS EDUARDO KENJI MISAWA GABRIELA JARDIM


Edição e Redação Direção de Arte Marketing
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HELENA PORTILHO LETICIA ALMEIDA IMPRENSA


Edição e Redação Direção de Arte insights@liga.ventures
helena@liga.ventures leticia@liga.ventures

40
REALIZAÇÃO:

PATROCÍNIO:

APOIO:

41
REFERÊNCIAS
Introdução

https://www.capgemini.com/wp-content/uploads/2019/11/WEMO-Global-Infographics.pdf
https://iiu.fgv.br/sites/iiu.fgv.br/files/u35/emerging_technologies_applied_to_the_renewable_energy_sec
tor_-_fgv_iiu-kas_ekla_report.pdf
https://www.portalsolar.com.br/blog-solar/energia-renovavel/projetos-solares-e-eolicos-avancam-no-me
rcado-livre-de-energia.html
https://about.bnef.com/blog/corporate-clean-energy-buying-leapt-44-in-2019-sets-new-record/
https://www.ambienteenergia.com.br/index.php/2019/07/mercado-livre-de-energia-realidade-brasileira/
35781

Aprofundamento - Mercado Livre de Energia

https://www.osetoreletrico.com.br/mercado-livre-de-energia-completa-20-anos-no-brasil/
https://www.em.com.br/app/noticia/economia/2020/01/13/internas_economia,1114074/mercado-livre-de-
energia-cresce-6-e-movimenta-r-134-bi-em-2019-diz.shtml
https://abraceel.com.br/biblioteca/boletim/2020/03/boletim-abraceel-marco-2020/
https://valor.globo.com/brasil/noticia/2020/03/03/comissao-do-senado-aprova-pl-de-abertura-do-merca
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