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santos.anacaraujo@gmail.com
Desenvolvimento e Gestão de Marcas Página 2
LISTA DE FIGURAS
Criar uma marca que consiga transmitir seus valores ao mercado não é uma
tarefa simples; criar uma brand equity é mais difícil ainda. Porém, é possível.
Trataremos, a seguir, das etapas para a criação e posicionamento de marcas –
conceitos e ferramentas que se aplicam a marcas totalmente novas e também a
marcas já existentes, mas que vinham sendo negligenciadas por seus donos.
Em 1999 foi criada a grife Jeep como uma nova opção de vestuário para os
jipeiros (pessoas que praticam direção off road), com mais de 120 produtos que variam
entre saias, bodys, regatas, tops, chaveiros, adesivos, entre outros. Desde 2002, a
Jeep está presente no ramo infantil com seus carrinhos para bebês de 3 rodas.
Não faria sentido para a Jeep estender sua marca a produtos mais “delicados”
– como, por exemplo, uma mochila de tecido pouco resistente. Manter a coerência
entre a marca e os produtos incluídos na sua extensão é uma preocupação central do
planejamento de marcas.
O mesmo raciocínio pode ser aplicado à linha de carrinhos para bebê da marca
Jeep (veja na Figura Carrinhos de bebê Jeep): a empresa caprichou em detalhes que
remetem ao estilo de vida aventureiro, dando uma aparência robusta aos produtos –
repare que uma das imagens mostra o revestimento usado na alça com a qual os pais
devem empurrar o carrinho: lembra o desenho do pneu off road característico do Jeep
Willys.
A marca Jeep está em diversos pontos dos carrinhos, sempre com grande
visibilidade e os materiais usados remetem à durabilidade e resistência que os
consumidores esperam de uma marca notabilizada pelo Jeep Willys.
Além disso, caso a comunicação não seja eficaz, o risco é o consumidor não
criar o vínculo mental entre a nova marca e o fabricante. Isso pode, no limite, causar
Conclui-se que não basta as empresas criarem uma marca sem haver um
planejamento adequado a cada produto. É necessário aplicar estratégias capazes de
fazer a marca ser reconhecida no mercado, levando a aumento no lucro e redução de
custos para a empresa e, ao mesmo tempo, aumento da satisfação e fidelização do
cliente.
Segundo Byrne (2004), o nome da marca pode ser algo abstrato, informativo,
descritivo ou sugestivo. Pode, ainda, ser uma palavra existente ou um termo novo. O
nome de uma marca deve transmitir:
Quando você olha para a marca da Casa do Pão de Queijo (Figura Logomarca
Casa do Pão de Queijo), qual a sua primeira impressão?
Byrne (2004) afirma, ainda, que um valor superior ao cliente decorre de alguns
fatores essenciais, quais sejam:
cliente. Após nova análise, devem-se escolher os cinco melhores nomes, usando
critérios coerentes com seu empreendimento e com as estratégias de marketing
(pronúncia, significado do termo em outros idiomas, estratégia competitiva, nomes da
concorrência, entre outros).
2.5 Brand-equity
Para falar de branding, deve-se falar também de brand equity. A marca (ou
brand) pode assumir dois aspectos: (1) em relação ao valor de mercado e (2) em
relação ao seu poder conceitual, sendo que, o valor de uma determinada marca varia
de acordo com o conceito ou o significado que ela transmite a seus consumidores.
Esse valor da marca representa tudo que ela adquire em seu processo de
construção. O brand equity representa justamente tudo o que a marca adquire em
todo o seu processo de construção, que pode ser traduzido por patrimônio da marca,
como falamos lá no início.
O brand equity é um processo ininterrupto. Não basta apenas criar uma marca,
um conceito para ela e esquecê-la: é preciso fazer um acompanhamento constante
de como esse conceito está sendo absorvido pelos consumidores, a fim de que o valor
patrimonial da marca não seja prejudicado (lembre-se do caso das Havaianas). Com
esse acompanhamento constante, pode-se manter a vantagem competitiva e
aumentar o lucro para empresa.
O valor da marca é expresso pelo seu valor de venda. Por exemplo, as marcas
Coca-Cola e Microsoft têm, por si só, um valor de venda superior ao do total de ativos
da empresa (AAKER, 1998). Essa ideia é apresentada de forma sintetizada na Figura
Brand Equity.
A análise das relações fundamentais entre cada uma das dimensões cria o que
o autor chama de “a essência da estratégia empresarial orientada para a marca”.
• Desconhecimento da marca;
• Reconhecimento da marca;
• Lembrança da marca;
• Top of mind.
O nível em que a marca é desconhecida significa que não houve nenhum meio
de divulgação para que ela seja lembrada pelos consumidores. O nível mais baixo,
que é o reconhecimento da marca, baseia-se em um teste de recall estimulado e é
particularmente importante para o comprador que escolhe a marca no ponto de venda.
Produtos comprados por impulso beneficiam-se bastante quando conseguem atingir
este nível mínimo.
A qualidade percebida difere da qualidade objetiva, que pode não existir, uma vez que
toda qualidade é percebida por alguém, seja um consumidor, pesquisador ou
administrador (AAKER, 1998).
Associações com a marca é outro aspecto que faz o consumidor querer (ou
não) adquirir uma marca. No centro da questão está o fato de que os consumidores
não são tão orientados para funcionalidade quanto costumavam ser no passado, se é
que realmente foram algum dia. Resumidamente, as pessoas compram coisas não
somente pelas suas funções, mas também pelo o que significam e/ou representam.
Por que os produtos da Mary Kay são mais caros do que os da Avon? Ambas
as empresas atuam em mais de 50 países, possuem mais de 50 anos de existência e
comercializam produtos com funções parecidas: maquiagem, por exemplo.
Símbolo é um termo geral para todas as ocasiões nas quais a experiência serve
de mediador, em que um objeto, ação, palavra, figura ou comportamento complexo é
compreendido por significar não somente ele em si, mas algumas outras ideias e
sensações. Essas ideias e sensações são também conhecidas como associações.
Desde que o conceito de imagem da marca foi consolidado, a ideia tem sido
enfraquecida e depreciada pelo uso corriqueiro para se referir a todo e qualquer
aspecto do produto e sua marca de identificação. Agora parece relevante redirecionar
atenção para a forma como os produtos transformam os pensamentos e sentimentos
das pessoas no sentido das implicações simbólicas, se isso é planejado pelo
fabricante ou não.
não somente como o objeto por ele vendido satisfaz certas necessidades práticas,
mas também como ele (o objeto) supre de significados a cultura de hoje. Desta forma,
ambos, a empresa e o consumidor, tendem a ganhar (AAKER, 1998).
Baseado no cliente, o brand equity pode ser definido como o efeito diferencial
que o conhecimento de uma marca exerce na resposta do consumidor ao marketing
desta marca. Uma marca possui brand equity baseado no cliente positivo se os
consumidores reagem mais favoravelmente a um produto e à forma como ele é
divulgado quando a marca é identificada, do que quando ela não é identificada.
Para estimar o valor da marca, é necessário: (1) identificar os ganhos reais que
podem ser atribuídos estritamente à marca e (2) capitalizar os ganhos aplicando um
múltiplo aos ganhos históricos como uma taxa de desconto ao fluxo de caixa futuro
(KOTLER; KELLER, 2006).
É preciso destacar, entretanto, que nem toda lucratividade de uma marca pode
ser aplicada à avaliação dessa marca. A marca pode ser essencialmente uma
commodity ou extrair a maior parte de sua lucratividade de aspectos não relacionados
a ela (como seu sistema de distribuição). Os elementos de lucratividade que não
derivam da identidade da marca devem, portanto, ser excluídos.
• Custos de marketing;
• Impostos.
Para ajustar esses ganhos, a Interbrand realiza uma avaliação que engloba
uma análise detalhada da marca, seu posicionamento, o mercado em que opera a
concorrência, o desempenho anterior, planos futuros e riscos a que está sujeita. Para
tanto, a Interbrand aplica um questionário para coletar informações de gerentes e
clientes. Examina também relatórios anuais e outros materiais impressos e chega até
a fazer visitas de inspeção a distribuidores e varejistas.
A marca deve estar sempre em evidência, seja para a empresa, seja para o
consumidor. A empresa precisa estar constantemente procurando ofertas de valor
novas e persuasivas para os consumidores e maneiras diversificadas de divulgá-las.
Para os autores, as marcas que vêm fracassando neste ponto estão vendo sua
liderança de mercado definhar ou até mesmo desaparecer.
Uma marca bem elaborada sinaliza aos consumidores a origem dos produtos
e, ao mesmo tempo, os protege, bem como o fabricante, dos concorrentes que
apresentam produtos que parecem ser idênticos aos olhos menos atentos. Pode-se
dizer, genericamente, que transmitir valores e diferenciação aos consumidores é o
objetivo final de qualquer marca.
claramente ligado aos lucros futuros, uma vez que a lealdade à marca se traduz
diretamente em vendas futuras.
Reposicionar uma marca, no entanto, assume riscos muito grandes, pois trata-
se de mudar os referenciais existentes na mente dos consumidores – e, dependendo
da idade da marca, estes referenciais podem estar fortemente enraizados no
inconsciente coletivo.
Depois de mais de dois anos insistindo neste novo formato e amargando uma
queda da primeira para a nona posição no Ibope, o grupo voltou atrás e retomou o
antigo posicionamento. Em menos de um ano, a Rádio Cidade era novamente a
emissora mais ouvida em São Paulo. Como Ries e Trout (1991, p.55) ressaltam:
A ideia de reposicionar uma marca tem como objetivo fazer com que
determinada marca/produto/serviço seja “re-aceita” pelo mercado e,
consequentemente, atraia atenção dos consumidores. Porém, antes desse processo,
é necessário fazer uma análise do ciclo de vida de determinado produto (CVP).
• As vendas dos produtos passam por estágios distintos, cada um deles com
desafios, oportunidades e problemas diferentes para as empresas;
Para Kotler e Keller (2006), não são todos os produtos que passam por todos
os estágios de ciclo de vida. Isso ocorre porque alguns produtos morrem antes de
chegar à maturidade ou até mesmo no primeiro estágio por erros de estratégia ou
posicionamento de mercado.
Kotler e Keller (2006) explicam algumas variações do CVP “normal”. Uma delas
é o que os autores chamam de “padrão de crescimento – queda – maturidade”. Nesse
ciclo, as vendas se elevam rapidamente logo que o produto é lançado e, em seguida,
caem para um nível estabilizado, sustentado por consumidores que só aceitem
comprar o produto pela primeira vez mais tarde ou por aqueles que compram no início
e precisam substituí-los.
Além dessas variações citadas, é possível encontrar uma dezena (ou mais) de
padrões de CVP. O importante é observar com atenção a relação entre o estágio de
uma marca ou produto e verificar se/quando é necessário proceder a um
reposicionamento. Como já foi dito, em virtude dos custos e riscos envolvidos, é
preciso fazer uma análise detalhada antes de decidir pelo reposicionamento de uma
marca.
REFERÊNCIAS
AAKER, David A. Marcas: Brandy equity - gerenciando o valor da marca. 3. ed. São
Paulo: Negócio Editora, 1998.
KOTLER, Philip; KELLER, Kevin Lane. Administração de marketing. 12. ed. São
Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006.
LAMB JR. Charles W.; HAIR JR. Joseph F.; MCDANIEL, Carl. Princípios de
marketing. São Paulo: Pioneira – Thomson Learning, 2004.
RIES, Al; TROUT, Jack. Posicionamento: a batalha pela sua mente. São Paulo:
Pioneira, 1997.
RIES, Al; TROUT, Jack. Posicionamento: como a mídia faz sua cabeça. 3. ed. São
Paulo: Pioneira, 1991.