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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ – UFPA


CAMPUS UNIVERSITARIO DO MARAJO- BREVES
FACULDADE DE LETRAS

GABRIELA FERREIRA SARGES


JOINE CHAVES LIMA
MARIA VITÓRIA COSTA FERNANDES

Quais as explicações para o aparecimento de um a- nestes verbos? A análise dos dados


inclui o tratamento qualitativo; o texto acima trata apenas quantitativamente.

Avaliação: 4,0

METAPLASMO POR ACRÉSCIMO: PRÓTESE


BREVES-PA
2019

1. Introdução

Como é sabido, a língua está em constante transformação, seja fonético, morfológico e


lexical. Logo, observa-se que toda e quaisquer língua sempre passou por processos de
transformações, mutações, e variações e essas transformações podem vim de mutações
arcaicas.

“As línguas estão envolvidas num complexo fluxo temporal de


mutações e substituições, de aparecimentos e desaparecimentos, de
conservação e inovação. Vale dizer, as línguas têm história, constituem
uma realidade em constante transformação no tempo. ” (FARACO,
2009, p.91) Cf. ABNT

Vale destacar, que a língua portuguesa chegou ao Brasil pelos colonizadores no século
XVI. Contudo, a língua no Brasil não acompanhou as mudanças com a mesma velocidade e
isso fez com que a língua permanecesse em seu estado “ estático” por muito tempo (BAGNO,
2006, p. 143).

Entretanto, com a chegada da língua portuguesa no Brasil, vieram as variações


linguísticas que chamamos. Dentre vários tipos de variações linguísticas, vale destacar neste
trabalho os metaplasmos -variação fonética-, no português podemos encontrar quatro formas
de metaplasmos; por acréscimo; supressão; transposição; transformação.

Evidentemente que todas línguas mantem suas formas arcaicas, e muitas dessas
formas ainda se perduram até os dias atuais, isso é notório nos verbos; ex, levantar ~alevantar.
Formas essas que são mantidas principalmente por populações que estão mais “ isoladas” ou
que não sofrem tantos impactos da evolução linguística.
Nesse sentido, a proposta desse trabalho é mostrar como as variações de metaplasmos
(no caso, metaplasmo por acréscimo) estão presente no cotidiano dos entrevistados, dentro do
campo do nível de escolaridade e analisar os motivos dessa variação.

2. Metaplasmos por acréscimo

O metaplasmo destacado para desenvolvimento dessa pesquisa foi o metaplasmo por


acréscimo, na qual se divide em três partes: Prótese, Epêntese e Paragoge. Vale destacar nesta
pesquisa a Prótese.

Segundo Faraco (ANO) “a prótese é o acréscimo de um segmento sonoro no início da


palavra: A prótese é fenômeno constante na língua. Em diversas variedades do português
brasileiro, por exemplo, é comum encontrarmos palavras acrescidas de um a- protético: voar
> avoar; lembrar > alembrar; sentar > assentar; repugnar > arripunar; pois > apois etc. Muitos
desses vocábulos são também formas arcaicas e clássicas conservadas em dialetos regionais.
Que podem ser encontrados em todas as variações linguísticas. ”

3. Metodologia

Neste referido trabalho de pesquisa (em campo), realizado na cidade de Breves no dia
05/07/2019, aos redores da Feira Municipal de Breves, foram identificadas seis pessoas
distintas, entre eles homens e mulheres, com funções diversas.
• Identificação e introdução da pesquisa;
• Aproximação, gerar empatia e explanação do objetivo da pesquisa; apresentação dos
pesquisadores, estudantes da Universidade Federal do Pará (UFPA);
• Levantamento de dados;
• Apresentação das imagens correspondentes à pesquisa; voar; limpar; levantar; sentar e
suspender.

3.1.Perfil dos entrevistados


Seis pessoas distintas foram escolhidas para fazer a pesquisa, pessoas essas com funções
distintas, entre eles homens e mulheres trabalhadores no município de Breves. Foram
divididos em nível escolar, grupo; A e B.

Grupo A: Analfabeto – Ensino Fundamental Completo

Grupo B: Ensino Médio (em andamento) e Superior (em andamento)

3.2. Coleta de Dados

Neste referido trabalho, foram formulados critérios para a obtenção dos dados, entre eles

Fonte: http://secretofflight.files.wordpress.com/2012/02/white-flying-bird.jpg

imagens, vídeos, gestos e ações do cotidiano. Assim foram abordadas oito pessoas, na qual
apenas seis concordaram em participar da entrevista. Segue abaixo as imagens utilizadas para
o desenvolvimento da pesquisa:
1-

2-

Fonte: https://assets.almanaquesos.com/wp-content/uploads/2012/10/PRATELEIRA-COMO-MEDIR.jpg

Fonte: http://htesports.com.br/wpcontent/uploads/2016/06/
levantamentopeso_jaquelineferreira_reu_951.jpg

3-
4-

Fonte: https://i.pinimg.com/originals/67/da/02/67da020509bf25d3267364ffc58cc5b7.jpg

5-
Fonte: https://tudoparahomens.com.br/wp-content/uploads/2016/07/homem-faxinando.jpg

Seguindo a ordem, imagens referentes a: 1- Voar; 2- Levantar; 3-Suspender; 4- Sentar; 5-


Limpar.

3.3.Hipótese inicial
Nossa pesquisa é voltada no campo da escolaridade, subdividem-se em dois grupos: A
e B. Nesse sentindo, a hipótese formulada pelo grupo visa mostrar que as pessoas do
grupo A comentem mais variações em relação ao grupo B, haja vista que, o nível de
escolaridade que os entrevistados possuem influencia na fala dos mesmos.

• O grupo menos escolarizado, grupo A, teve o contato reduzido com a norma

culta da Língua Portuguesa. Sendo assim, são mais sujeitos a cometer variações
de prótese.

• Tendo o nível de escolaridade mais elevado em relação ao grupo A as pessoas

do grupo B propendem a cometer menos desvios de fonéticos de prótese.

4. Apresentação e discussão dos resultados

TABELA 1

VARIAÇÃO [ a ] em “Voar”

GRUPO VARIÁVEL RESULTADO


(A) VOAR 1
AVOAR 2
VOAR 3
(B) AVOAR 0

Na primeira tabela, é possível notar que o verbo VOAR, sofrera apenas duas
alterações “avoar”, este dado é comprovado diante dos resultados apresentados. No grupo A,
houveram 2 (duas) variações, entre três entrevistados, apenas duas pessoas usaram a forma
variada. Já no grupo B, as três pessoas entrevistadas, nenhuma cometeu a variação “ avoar’,
como o esperado.

TABELA 2

VARIAÇÃO [ a ] em “Limpar”

GRUPO VARIÁVEL RESULTADO


(A) LIMPAR 1
ALIMPAR 2
LIMPAR 2
(B) ALIMPAR 1

Na segunda tabela, analisa-se que o verbo LIMPAR, apresenta a variação “ alimpar”,


contudo nos dois grupos houveram alterações no verbo. No grupo A, três pessoas
entrevistadas, duas cometeram a variação linguística e, apenas uma não cometera. Já no grupo
B, duas pessoas não usaram a variação, apenas uma.

TABELA 3

VARIAÇÃO [ a ] em “Levantar”

GRUPO VARIÁVEL RESULTADO


(A) LEVANTAR 0
ALEVANTAR 3
LEVANTAR 3
(B) ALEVANTAR 0
Na tabela acima, a referente ao verbo LEVANTAR, é possível observar que há apenas
uma variação linguística, “alevantar”. As seis pessoas entrevistadas, apenas três cometeram a
variação. No grupo A, todos usaram a forma variada do verbo, já no grupo B, nenhuma das
pessoas entrevistadas cometeram alteração verbal.

TABELA 4

VARIAÇÃO [ a ] em “Sentar”

GRUPO VARIÁVEL RESULTADO


(A) SENTAR 2
ASSENTAR 1
SENTAR 3
(B) ASSENTAR 0

Na tabela referente ao verbo SENTAR, vale observar que houve apenas uma variação,
“assentar”, no grupo A, apenas uma pessoa variou “Assentar”, já no grupo B, não ocorreu a
variação “assentar”, novamente como o esperado.

TABELA 5

VARIAÇÃO [ a ] em “Suspender”

GRUPO VARIÁVEL RESULTADO


(A) SUSPENDER 1
ASSUSPENDER 2
SUSPENDER 3
(B) ASSUSPENDER 0

Por fim, na última tabela, observa-se que o verbo SUSPENDER, apresenta apenas
uma alteração, “ assuspender”. No grupo A, duas pessoas variaram a forma verbal, contudo no
grupo B, não houvera nenhuma alteração, fato este já esperado.

Considerações finais

É com o resultado deste trabalho que entendemos que a língua portuguesa desde sua
origem vem sofrendo uma constante variação na sua estrutura, e da importância dessas
transformações para o desenvolvimento e sobrevivência da língua portuguesa.

Urge, portanto, que a língua sofreu modificações e sofre até hoje. Isso devido as várias
influencias absorvidas pela Língua Portuguesa, assim algumas variações do “passado” estão
presente até hoje. Nesse sentido, a hipótese incialmente levantada pelo grupo se confirmou na
pesquisa em campo. Logo, as pessoas do grupo A de fato tendem a cometer mais a variação
colocada em questão neste presente trabalho, condigno a sua escolaridade ser mais baixa, isso
em relação ao grupo B, no qual cometia menos alterações. Entretanto, é importante ressaltar
que mesmos as pessoas pertencentes ao grupo B, acabam por cometer essas modificações,
fato que se justifica no ambiente que vive.

Quero mostrar que muita coisa que a gente pensa que está “errada”, que é fala de gente
ignorante”, na verdade não é nada disso. De fato, esses supostos “erros” são heranças muito
antigas, vestígios de outros tempos, verdadeiros “fósseis” linguísticos. (BAGNO, 2006, p.
141).

Referências

ARAÚJO, Ruy Magalhães de. Metaplasmos: um paralelo diacrônico. Disponível


em:http://www.filologia.org.br/cluerjsg/anais/ii/completos/palestras/
ruymagalhaesdearaujo.dpf. Acesso em: 4 jul. 2019.
BAGNO, Marcos; Novela Sociolinguísticas. 15º ed. São Paulo: Contexto, 2006.

Uol. Metaplasmos língua portuguesa no Brasil. Disponível em:<https://


meuartigo.brasilescola.uol.com.br/português/metaplasmos-na-língua-portuguesa-no-
brasil.htm> . Acesso em: 4 jul. 2019.

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