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9ºANO_ACADEMIA
ANO LETIVO 2021/2022
FICHA 3
PROVA FINAL DE PORTUGUÊS
1.ª Fase | 3.º Ciclo do Ensino Básico | 2017
LEITURA / PRODUÇÃO ESCRITA
GRUPO II
Lê o texto. Se necessário, consulta a nota.
O lançamento do livro Sopa de Pedra, com texto de Cas Willing e ilustrações da mãe, Paula Rego, a
pintora portuguesa mais (re)conhecida em todo o mundo, era o pretexto ideal para uma entrevista. A
resposta foi gentil, mas perentória: entrevistas só por e-mail, a mãe e filha, e sem sessões fotográficas.
Como recusar?
Paula Rego sempre adorou histórias. A Tia Ludgera contava-lhe muitas, algumas podiam durar dias e
dias, como uma série. «Todas as crianças gostam que lhes contem histórias, não é?», pergunta a pintora.
Sim. «Tudo são histórias. É através delas que descobrimos o mundo e quem somos. As portuguesas são as
melhores, porque nos fazem perceber o que é ser português. As antigas mostram a natureza humana tal qual
ela é. Não foram alteradas pelo sentimentalismo. Estão cheias de crueldade impensada e de atos de
bondade. Detestaria que perdêssemos o contacto com as nossas histórias», diz Paula Rego. Por isso, pinta-as.
Pintou-as a vida toda, seguindo talvez o conselho do marido e mentor, o pintor inglês Victor Willing (1928-
1988), que, como Paula Rego contou recentemente ao The Guardian, lhe dizia «lê um livro e “ilustra-o”».
Sopa de Pedra foi isso e o seu contrário. Paula tinha um conjunto de desenhos que queria que
ficassem juntos. Pertenciam uns aos outros. Teve-os guardados por algum tempo. Um editor e amigo,
Stephen Stuart Smith, queria fazer um livro, mas a pintora precisava de um texto e perguntou à filha se o
fazia. Cas Willing, relutante no início, acabou por ceder à persuasão materna.
«A Paula disse que o tema era a história da sopa de pedra», diz Cas. «Com uma história tão
conhecida, pensámos que poderíamos encontrar uma versão antiga que pudesse ser usada. Mas era muito
difícil encaixar os desenhos em alguma coisa que tivesse que ver com versões mais tradicionais. Acabei por
dizer que ia tentar ver o que conseguia inventar.»
Nesta nova Sopa de Pedra, a rapariga substitui o frade, conquista a aldeia e até cria novas receitas,
não parte à procura de outros a quem enganar. Mais uma vez, o trabalho de Paula Rego pinta-se do ponto de
vista feminino.
«Diferentes países têm diferentes versões desta história que não envolvem um frade. Por que não
uma rapariga?», questiona a pintora. Claro que a rapariga podia ter continuado a viajar e a ganhar a vida
enganando estranhos para lhe darem comida, mas essa seria uma vida triste, diz Cas. «Desta forma, ela dá-
lhes alguma coisa em troca. Ganha o seu sustento e tem um sítio para ficar. Todos beneficiam. É um final
(mais) feliz.» Nem Cas nem Paula pensaram numa moral para a história, mas, uma vez que o pai diz à
rapariga que ela é forte, que é bonita e que é esperta; que da mãe herda o cesto, o vestido e as receitas; e
que com a sua própria resiliência1 transforma a herança numa vida boa, a moral talvez seja que «não há
nenhum príncipe para a salvar, por isso tem de o fazer sozinha», diz Cas. «Tem de se esforçar para ser boa
em alguma coisa e sobreviver. É talvez mais acertado não ficar à espera do príncipe.»
1
Para responderes a cada item (1. a 4.), seleciona a opção que permite obter uma afirmação
adequada ao sentido do texto.
1. Segundo Paula Rego, as histórias são muito importantes, porque, entre outros aspetos,
(A) revelam elementos essenciais da identidade dos povos.
(B) denunciam a crueldade intencional dos seres humanos.
(C) oferecem uma visão simplificada da humanidade.
(D) contribuem para manter vivos os hábitos antigos.
GRUPO IV
Seleciona uma figura pública feminina, portuguesa ou estrangeira, que, do teu ponto de vista, tenha um
papel marcante no desporto, na música, na ciência ou na literatura.
Escreve um texto de opinião bem estruturado em que:
• apresentes a figura selecionada;
• fundamentes a tua escolha em, pelo menos, três razões;
• dês um exemplo de uma iniciativa que pudesse ser criada para homenagear essa figura pública.
Observações:
1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo
quando esta integre elementos ligados por hífen (exemplo: /di-lo-ei/). Qualquer número conta como uma única palavra,
independentemente dos algarismos que o constituam (exemplo: /2021/).
2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados, há que atender ao seguinte: – um desvio dos limites de
extensão implica uma desvalorização parcial até dois pontos; – um texto com extensão inferior a 55 palavras é
classificado com 0 (zero) pontos.