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DeProv II
DeProv II
[...] (9) Fujas dos prazeres; fujas desta felicidade sem vigor em que as almas se
amolecem, adormecidas em uma embriaguez perpétua se nada lhes ocorre para
advertir-lhes da condição humana. Este que as janelas sempre protegeram do vento,
cujos pés se aquecem graças a óleos sem cessar renovados, de quem as salas de jantar
conservam um calor propagado a partir do piso e das paredes, não será alcançado sem
perigo para si, por um ligeiro sopro. (10) Tudo o que ultrapassa a medida é nocivo; mas
o excesso de felicidade é o pior dos perigos; ele sacode o cérebro fazendo nascer vãs
imagens no espírito; ele por vezes, espalha uma névoa aonde o verdadeiro e o falso
não mais se distinguem. [...] (12) Porque espantar-se que Deus ponha à prova
duramente as almas generosas? A virtude jamais se mostra na frouxidão – mollitia. A
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[...] (V.7) Nossos destinos nos carregam e a primeira hora de nosso nascimento
determinou todo o tempo que nos resta. Uma causa depende de uma causa; uma
ordem eterna de coisas determina a vida privada e a vida pública. É por isso que é
preciso suportar tudo com coragem; é que nada ocorre por acaso como acreditamos;
tudo vêm à sua hora; antes o tempo decidiu o que te alegra e o que te faz chorar;
ainda que a vida pareça nuançar-se de uma grande variedade de eventos singulares ela
se reduz em suma à unidade de um princípio: seres perecíveis, nós recebemos dons
perecíveis. (8) Porque, portanto nos indignamos assim? Do que nós nos lamentamos?
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Somos nascidos para isso. Que a natureza use, como ela queira, dos corpos que a ela
pertencem. Para nós, sempre felizes e corajosos, pensemos que nada perece daquilo
que é verdadeiramente nosso. O que concerne ao homem de bem? Oferecer-se ao
destino. É uma grande consolação ser levado com o universo. Qualquer que seja o ser
que nos deu a ordem de viver e morrer assim, ele encadeia os deuses com a mesma
necessidade; um curso irrevogável transporta do mesmo modo as coisas divinas e as
coisas humanas. O criador e reitor de todas as coisas na verdade escreveu ele mesmo
os destinos, mas ele os segue. Ele sempre obedece ao mesmo tempo que ordena. [...]
Prosopopéia final