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Direito de família e menores

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Faltei a 2 aulas

Introdução à união de facto

Onde está regulada? (uma lei 7/2001) mas há outros pontos que estão por exemplo do C.C e
mas o grosso está nessa lei.
Nem todo o regime da união de facto está nesse diploma.

Relação da união de facto com a constituição (já tinha sido falado quando falamos dos
princípios constitucionais da família) – principalmente o 36º/1 - o direito de constituir família e
ainda deve haver autores que acreditam nisso como o direito de união de facto mas talvez não
seja a melhor interpretação a dar e não seriam os propósitos do legislador constituinte e será
mais o de constituir família (procriar, etc.)
Tendo isso em conta o artigo 36/1 não reconhece explicitamente o direito a união de facto.

Se isto é verdade de não resultar esse reconhecimento também é verdade que haverá outras
disposições da constituição das quais resultam um reconhecimento indireto da união de facto.
E qual é essa outra disposição?

Uma muito ampla que consagra o direito ao livre desenvolvimento da personalidade (tem
várias faces) e cabe este direito de livremente exprimir-mos a nossa personalidade quase um
direito à liberdade. Deste direito resulta também o reconhecimento da união de facto (se essa
é a sua personalidade devem ter direito a isso.

Tudo isto para dizer que embora a CRP não reconheça explicitamente a união de facto
permitirá a mesma e há cobertura.
Mas não significa que lá por a união de facto ser reconhecida pela CRP não significa que seja
igual ao casamento e é diferente apesar das semelhanças.
O Casamento é um contrato firmado entre duas pessoas e a união de facto não.

Não devem ter o mesmo tratamento até por serem coisas diferentes na sua génese.

Regime da união de facto

Como se constitui? – Sendo a união de facto um facto, duas pessoas que vivem em condições
análogas às dos conjugues ela constitui-se quando se constituir, quando se praticar o facto da
união. Pessoas que vivam em condições análogas às dos cônjuges por mais de dois anos, mas o
professor vê isto como condição de eficácia jurídica da união de facto mais do que uma
eficácia fáctica.
Como se prova? – Até 2010, pequena reforma da lei união de facto (lei 7/2001), não falava da
prova desta união então se estas pessoas em união precisassem de provar que vivem ou
viveram em união de facto sempre se entendeu que podiam recorrer a qualquer meio de
prova e desde de 2010 que se fala das juntas de freguesia passaram certificados ou atestados
em como estão em união de facto ( as juntas de freguesia sempre puderam passar certificados
ou atestados relativos à vida das pessoas então perguntava-se se podia abranger esta matéria
de união de facto e entendia-se que era possível e a partir de 2010 o artigo 2-Aº da tal lei).

 Artigo 2.º-A (o “A” normalmente significa reforma (artigos aditados posteriormente))


Prova da união de facto
1 - Na falta de disposição legal ou regulamentar que exija prova documental específica, a união de facto prova-se
por qualquer meio legalmente admissível.
2 - No caso de se provar a união de facto por declaração emitida pela junta de freguesia competente, o documento
deve ser acompanhado de declaração de ambos os membros da união de facto, sob compromisso de honra, de que
vivem em união de facto há mais de dois anos, e de certidões de cópia integral do registo de nascimento de cada um
deles.
3 - Caso a união de facto se tenha dissolvido por vontade de um ou de ambos os membros, aplica-se o disposto no
número anterior, com as necessárias adaptações, devendo a declaração sob compromisso de honra mencionar
quando cessou a união de facto; se um dos membros da união dissolvida não se dispuser a subscrever a declaração
conjunta da existência pretérita da união de facto, o interessado deve apresentar declaração singular.
4 - No caso de morte de um dos membros da união de facto, a declaração emitida pela junta de freguesia atesta que
o interessado residia há mais de dois anos com o falecido, à data do falecimento, e deve ser acompanhada de
declaração do interessado, sob compromisso de honra, de que vivia em união de facto com o falecido há mais de dois
anos, à mesma data, de certidão de cópia integral do registo de nascimento do interessado e de certidão do óbito do
falecido.
5 - As falsas declarações são punidas nos termos da lei penal.

Isto diz que continua a haver alguma restrição de meios de prova, como as mais poderosas
tipo a testemunhal.
Fala-se explicitamente no nº2 da possibilidade das JF passarem uma declaração no sentido de
confirmar a situação dos indivíduos sob compromisso de honra os indivíduos fazem essa
declaração e estando mentindo pode ter consequências penais (nº5 deste artigo)

Como se torna eficaz? – tem que compreender certas condições basicamente 2:

 Uma já conhecemos – a duração por dois anos (que o professor considera) –


compreende-se que a lei exija um mínimo de tempo de duração (eficácia de ordem
temporal)
 Requisitos de capacidade – assim como para o casamento há requisitos de capacidade
(ex.: pessoa inferior a x anos; impedimentos matrimoniais de outro tipo (não pode
casar com a mãe, pai, irmão, uma pessoa já casada não pode casar com outra). Tal
como a lei estabelece impedimentos para o casamento a lei também estabelece
impedimentos quase idênticos para instituir uniões de facto parecidas.
No fundo tratar a união de facto como se fosse um casamento.
Tal como uma pessoa de 10 anos não pode casar não pode também instituir uma
união de facto e todas as consequências jurídicas associadas. Artigo 2º da lei da união
de facto.
Estas exceções correspondem às situações mais graves do casamento.
A outra diferença é aparente entre casamento e união de facto

No casamento podes casar-te a partir dos 16 (emancipado) e na união de facto 18. Não
obstante diz, a partir da data do reconhecimento da união de facto (2 anos depois da união de
facto) então tecnicamente podemos ter uniões de facto a começar aos 16 cujo
reconhecimento de eficácia efetua-se aos 18 anos.

Efeitos da união de facto (artigo 3º da lei)

 Há efeitos que se produzem durante a vigência da união de facto:


o Efeitos pessoais (as obrigações que surgem com o casamento aqui não existem
e as pessoas efetivamente fazem isso (fidelidade, etc.) mas não há
juridicamente obrigatoriedade para isto (não é um contrato) ou seja os efeitos
centrais pessoais do casamento não existem juridicamente nesta união de
facto. Apesar disso há certos efeitos indiretos/laterais/menos importantes do
casamento semelhantes a alguns que encontramos aqui)
 Tal como as pessoas casadas podem fazer uma adoção conjunta assim
também as pessoas que vivem em união de facto também o podem
fazer (artº 7 da união de facto)
 Duas pessoas vivem em união de facto e têm um filho. Como depois
exercem as suas responsabilidades parentais para com o filho que é
dos dois (o artigo 1911 do CC – manda aplicar as mesmas que valem
para o casamento sobre o exercício de responsabilidades parentais)
o Efeitos patrimoniais (todo aquele conjunto de efeitos patrimoniais do
casamento que é algo enorme e complexo (maior parte dos efeitos do
casamento costumam ter a haver com os vários efeitos patrimoniais do
casamento, mas não existem para a união de facto estes efeitos centrais
patrimoniais então aplicam-se as regras gerais sobre efeitos patrimoniais,
regras gerais do contrato e obrigações como se fossem duas pessoas comuns e
como senão houvesse união de vida. Apesar disto há sempre algo a dizer…
primeira questão – pergunta-se se as pessoas em união de facto podem
realizar um contrato parecido com a convenção antenupcial e se podem
realizar um contrato que permite regular o seu relacionamento patrimonial
(bens em comum, quem pagas as dívidas, etc.) porque já se forma uma
economia comum e pergunta-se isso e efetivamente o podem celebrar desde
que as cláusulas deste contrato não violem qualquer norma imperativa (ex.:
com quanto vão entrar para o bolo familiar, que bens são comuns, quem paga
dívidas, etc. e esse contrato costuma ter o nome de contrato de coabitação))
 Há certas normas patrimoniais do casamento que podem ser aplicadas
analogicamente à união de facto. (um dos exs.: responsabilidade por
dívidas (quando um dos cônjuges contrai uma dívida temos que
perceber (1690 do CC) quem paga a dívida, apenas quem contraiu ou
os dois) e uma destas normas que têm a haver com isto é aquela que
está no 1691/1/b) que diz que a dívida contraída por qualquer um dos
cônjuges para recorrer aos encargos normais da vida familiar é da
responsabilidade de ambos e portanto esta norma está aqui para o
casamento mas é usada analogicamente também na união de facto)
Tem se entendido que estas normas não fazem parte dos efeitos
centrais do casamento e são consideradas uma coisa natural e pouco
importante e pode ser analogicamente aplicada à união de facto.
 Questão que tem a haver com um efeito patrimonial desvantajoso
(imaginemos que uma pessoa se divorcia e as pessoas estão
divorciadas e mesmo depois pode acontecer que um dos ex-cônjuges
fique a receber uma pensão de alimentos do outro e está previsto na
lei dentro de certas condições e limites (ex.: há um divórcio e alguém
começa a receber pensão de alimentos do outro e entretanto quem
recebe entra em união de facto e na lei diz que quando casasse com
alguém deixava de receber e a partir de 2010 o caso de entrar em
união de facto também se incluiu. Antes de 2010 as pessoas não
casavam para continuar a receber e mantinham-se me união de facto
para continuar a receber essa pensão). (isto está no CC artigo 2019º
que foi precisamente alterado em 2010)
Isto também acontece aquando a pensão de sobrevivência para o
cônjuge sobrevivente assumindo que o cônjuge que morreu
descontou durante muitos anos para a segurança social e a certa
altura o sobrevivente começa a viver em união de facto com outrem.
Quando casasse com outra pessoa deixava de receber a pensão mas
nada dizia sobre união de facto e havia pessoas que começavam a
viver com outros e não casavam para continuar a receber.
A partir de 2012 (lei 12/2012) a lei prevê também a união de facto.
Em qualquer dos factos deixa de receber a pensão de sobrevivência.

 Há efeitos que se produzem quando a união de facto cessa (princípio geral – não
temos aqui um contrato, mas sim duas pessoas normais que vivem uma com outra;
aqui aplicamos as regras gerais das obrigações, contratos, etc. apesar disto):
o Cessação da união de facto por rutura (o divórcio da união de facto, mas que
não necessita de qualquer formalização e basta deixarem de viver um com o
outro)
 A lei da união de facto (artigo 4º) manda aplicar o 1105 e 1793 do CC e
estas disposições referem-se aos efeitos de quando duas pessoas
casadas se divorciam e aplica-se quando há rutura da união.
O 1793º e 1105º referem-se à continuidade de morada de casa de
família e pode pôr-se o problema de quem vai continuar a morar na
casa onde viviam e aqui pode haver interesses específicas que
justifiquem que um cônjuge more lá que normalmente não moraria
(ex.: a casa era do marido antes de casarem mas pode suceder que ela
tenha interesse em morar lá porque vai ficar com os filhos, os filhos
moram lá e o dano que ela e os filhos deixaram de morar lá é maior do
que as vantagens que o marido tem em mantê-la e o 1793º permite ao
tribunal dar de arrendamento a qualquer dos cônjuges a casa de vida
comum e é uma relação de arrendamento que se decide por decisão
judicial quer seja própria (de outro) ou comum quer considerando as
necessidades de ambos os cônjuges e os filhos do casal.
E o tribunal vai ver quem precisa mais da casa, dos filhos, com quem
os filhos vão ficar a morar, etc. e o juiz tem que considerar estas
coisas. Esta norma também se aplica à união de facto com a remissão
que vemos no artigo 4º da lei de união de facto.
Já o artigo 1105º refere-se a uma hipótese diferente que é de não
viverem em casa própria de um deles ou ambos, mas de viverem em
casa arrendada (juridicamente há outras hipóteses, mas em Portugal
só consideramos as duas hipóteses porque normalmente também é
assim que é). O tribunal pode decidir no sentido de o arrendamento
ser transmitido e pode haver uma concentração de arrendamento a
um deles.
o Cessação da união de facto por morte (a diferença entre o casamento e a
união de facto na morte; aquando o casamento se o cônjuge morre o
sobrevivente é o maior dos herdeiros e nada disto acontece na união de facto
e o cônjuge não é herdeiro e não recebe nada enquanto no casamento o
cônjuge é o que recebe e muito sendo o mais importante.
Há uma desconsideração sucessória na união de facto que deve ser a diferença
mais importante aqui. Apesar disto a lei estabelece algumas formas de
proteção e atende a necessidades específicas. O cônjuge não é herdeiro(a)
mas atende a certas necessidades específicas na união de facto que podem
passar por):
 Suponhamos uma união de facto que dura muitos anos e o cônjuge
que trabalhava morreu e o outro que não trabalhava vê-se agora sem
rendimento, no entanto a lei considera essa eventual necessidade de
alimentos e então nessa hipótese de ela precisar a lei no artigo 2020º
do CC dá-lhe o direito de exigir alimentos. “O membro sobrevivo da
união de facto tem o direito de exigir alimentos da herança do
falecido”.
O Sobrevivo pode bater à porta dos herdeiros e pode exigir destes
alimentos pelas forças dessa herança.
Reparemos que os alimentos são exigidos à herança e não das forças
pessoais da própria herança (não vai captar da sua própria distribuição
sucessória). Não obstante a força do morto ter deixado um
testamento da herança disponível (fora dos 2/3 que são para os filhos
– o legítimo) para o seu sobrevivo.
 Também se estabelece algumas medidas relativas à casa de morada de
família e também em caso de morte pode haver medidas de proteção
(artigo 5º da lei de união de facto) e diz basicamente:

  Artigo 5.º
Proteção da casa de morada da família em caso de morte
1 - Em caso de morte do membro da união de facto proprietário da casa de morada da família e do respetivo
recheio, o membro sobrevivo pode permanecer na casa, pelo prazo de cinco anos, como titular de um direito real de
habitação e de um direito de uso do recheio.

Aqui o membro sobrevivo pode permanecer na casa como titular de


um direito real de habitação (um direito real menor ou limitado e
temos o direito real máximo (sobre a propriedade) e aqueles menores
que estão tipificados na lei e um dos quais este – e é um direito de uso
(confere ao titular a faculdade de usar uma coisa e quando se refere a
uma casa torna-se um direito real de habitação porque dá o direito de
usar a casa e é este o título pelo qual o companheiro sobrevivo pode
morar na casa) quando já são bens móveis é o direito de uso.
Poderá ficar lá por 5 anos mas esta lei não fica por aqui:
2 - No caso de a união de facto ter começado há mais de cinco anos antes da morte, os direitos previstos no número
anterior são conferidos por tempo igual ao da duração da união.

Portanto, aqui o sobrevivo pode continuar a morar na casa pelo


mesmo tempo que durou a união (uma lógica que o professor não
compreende e o professor não concordar muito com este regime.
Mas pode ser ainda mais porque o nº4:
4 - Excecionalmente, e por motivos de equidade, o tribunal pode prorrogar os prazos previstos nos números
anteriores considerando, designadamente, cuidados dispensados pelo membro sobrevivo à pessoa do falecido ou a
familiares deste, e a especial carência em que o membro sobrevivo se encontre, por qualquer causa.

Então por motivos de equidade (quase tudo realisticamente) podemos ter aqui motivos
para prorrogar este direito de uso (seja determinada carência do sobrevivo, cuidados
perante o companheiro, etc.
E mais ainda, no nº7:

7 - Esgotado o prazo em que beneficiou do direito de habitação, o membro sobrevivo tem o direito de permanecer no
imóvel na qualidade de arrendatário, nas condições gerais do mercado, e tem direito a permanecer no local até à
celebração do respetivo contrato, salvo se os proprietários satisfizerem os requisitos legalmente estabelecidos para a
denúncia do contrato de arrendamento para habitação, pelos senhorios, com as devidas adaptações.

Ainda podemos ter ainda o direito do sobrevivo de permanecer no imóvel como


arrendatário desta vez nas condições gerais do mercado.
Enquanto morar lá, se o proprietário quiser vender a casa este tem o direito de
preferência, mas já vem de outras normas do nosso ordenamento jurídico por analogia
já uma certa qualidade de arrendatário ou até mesmo como titular do direito real de
habitação.

 3ª consequência – tem a haver com o artigo 496 – quando uma pessoa morre e é
causada por um ato ilícito de alguém (assassinada) o autor desse ato ilícito além de
sofrer as consequências penais também tem de indemnizar alguém… Não o morto mas
quem cá está como os familiares por danos patrimoniais mas interessam mais os não
patrimoniais (danos que essas pessoas familiares mais próximos da vítima sofreram
ligados à morte, mas também pelo dano sofrido pela própria vítima (o própria dano da
morte) que é o maior dano que pode existir que é o da privação ao direito de vida e
nessa indemnização a pagar aos familiares da vítima temos os danos sofridos pelos
familiares como a da privação da vida e isto resulta mais coisa menos coisa a partir do
496º.
Até à tal reforma de 2010 deste regime de união de facto a lei não previa entre os tais
conviventes da vítima com direito a indemnização o unido de facto e falava dos filhos e
familiares próximos mas não se lembrou do unido de facto.
Adicionaram neste artigo o nº3:

3 - Se a vítima vivia em união de facto, o direito de indemnização previsto no número


anterior cabe, em primeiro lugar, em conjunto, à pessoa que vivia com ela e aos filhos ou
outros descendentes.

 4º efeito – tem a haver com as tais pensões/subsídios a que as pessoas têm direito
resultantes de regimes da segurança social que familiares próximos podem ter direito
quando uma pessoa morre. Há o sistema comum e depois os específicos como o dos
funcionários públicos.
Quando uma pessoa morre o familiar próximo pode receber uma pensão de
sobrevivência (ex.: Os filhos se tiverem deficiências podem receber se a mãe ou pai
morre). Esta pensão de sobrevivência existe em relação ao cônjuge sobrevivo e também
relativo ao unido de facto sobrevivo.
Isto sempre esteve mesmo antes de 2010, foi uma das primeiras expressões do
reconhecimento jurídico da união de facto, e esta possibilidade sempre esteve no
sistema mas em 2010 houve uma alteração importante que facilitou muito porque antes
não era tão fácil para o companheiro sobrevivo a receber por duas razões
 (tinha que ser o próprio sobrevivo a dirigir um pedido (de ação
judicial) à segurança social;
 só tinha o direito de receber a pensão de sobrevivência se tivesse
necessidade de alimentos)

Em 2010 estas dificuldades desaparecem e não é preciso fazer o pedido à


segurança social a não ser que a segurança social tenha dúvidas se havia união de
facto mas aí o ónus é da entidade e a outra dificuldade da lógica dos alimentas
desaparece e passa a ter direito aos alimentos tal como o cônjuge tinha e portanto
deixa de precisar desse requisito. (estas duas alterações estão no artigo 6º da lei)

Com isto acabamos isto e entramos no casamento

Já falámos de alguns efeitos que se produzem durante a união de facto e depois da sua
cessação.
Falamos do artigo 2020 e direito aos alimentos.

Ideia geral da noção de casamento (artigo 1577º sobre o direito da família e temos
essa noção)

Quais são algumas características fundamentais do casamento (quando falamos disto


referimos características do casamento importantes quer do casamento como ato
tanto como estado e a nossa matéria vai ser estruturada assim onde falamos do ato e
depois do estado, mas primeiro falamos coisas gerais do casamento):
 O casamento é tanto regulado pelo ordenamento jurídico do estado como das igrejas
e havendo estes dois ordenamentos a concorrer para a regulação do mesmo ato
temos que ver como se articulam e ver como os dois ordenamentos o fazem e os
problemas associados:
o Quando o legislador português vai escrever lei sobre este problema entre a
melhor articulação entre a vertente civil e religiosa que interesses temos que
preservar?
 a liberdade religiosa (se as pessoas têm uma certa religião têm a
liberdade de casar segundo os rituais da sua religião)
 a igualdade das religiões (o nosso estado laico ou não confessional
está equidistante a todas as religiões então à partida devem ser
tratadas por igual)
 Depois há interesses de ordem prática que podem surgir e há em
alguns países e outros não – há pessoas que se casaram
religiosamente e para ter efeitos civis há que poupá-los a outro
casamento.
 O interesse que o estado tem em que tanto quanto possível que em
todos os casamentos mesmo religiosos sejam significativamente
regulados pelo direito civil pelo menos substancialmente da mesma
forma e devem estar submetidos ao mesmo regime fundamental.
o Como é que estes interesses são articulados? O livro fala a propósito disto
sobre vários sistemas matrimoniais de vários países que são sistemas
diferentes de regulação pelo estado e das religiões em relação ao casamento e
por haver várias formas de articulação fala-se em vários sistema matrimoniais
(vamos enunciar os mais importantes e existem hoje em muitos países parte
da nossa família jurídica – já houve outros mas que foram desaparecendo – e
hoje há 2 principais):
 Um sistema chamado de sistema de casamento civil obrigatório – se
as pessoas que têm uma religião quiserem casar e ver o seu
casamento reconhecido pelo estado e dotado de efeitos civis (não
uma simples cerimónia na igreja) então têm de casar civilmente e não
reconhece efeitos civis a casamentos religiosos e o único casamento
ao qual reconhece efeitos civis é o seu casamento civil e isto existe
muito na europa central ou no leste (bélgica, frança, etc.) e as pessoas
podem casar religiosamente mas aqui não é reconhecido pelo estado.
No fundo salvaguarda a ideia de tratamento igual das religiões
negando todas em vez de aceitar todas preservando o segundo
interesse referido de forma perfeita.
 Outro sistema (o nosso) é o sistema de casamento civil facultativo e
isto quer dizer que as pessoas religiosas se quiserem casar e ter o seu
casamento reconhecido pelo estado podem facultativamente podem
celebrar casamento civil, mas também podem celebrar casamento
religioso que a este são logo atribuídos efeitos de casamento civil.
Verão logo o seu casamento religioso aplicar efeitos civis.
dentro deste sistema de casamento civil facultativo pode considerar-
se 2 modalidades:
 Existe por exemplo no Brasil segundo a qual a pessoa pode
celebrar casamento por exemplo católico e tem efeitos civis,
mas apesar de haver uma única cerimónia, mas depois em
todos os outros aspetos vai ser regulado apenas no direito civil
mesmo sobre o casamento religioso e não temos
verdadeiramente um instituto diferente (católico) e é regulado
por inteiro pelo regulamento civil e a única diferença é mesmo
o ritual de celebração (de forma religiosa)
 (a nossa modalidade e ao lado em Espanha, Itália, etc.) onde
se reconhece os casamentos religiosos pelo estado atribuindo
efeitos civis a este mas agora em parte este casamento vai ser
regulado pela lei canónica e o casamento (ex.: católico) vão
ser regulados pela lei canónica e o estado demite-se da sua
competência e permite que seja outro ordenamento jurídica a
regular esta vida matrimonial e isto sucede em Portugal.
Estavamos a falar antes do modo de articulação do casamento civil com o casamento religioso
e dos vários modos dos campos de regulação podíamos falar de vários sistemas matrimoniais e
só falámos de dois que são os mais importantes e os que existem pelo menos no nosso espaço
jurídico.

Vamos ver um bocado do nosso sistema…


Retrospetiva histórica (como as coisas eram antes no casamento )

 Código de Seabra que em termos práticos era um sistema de casamento facultativo)

 Na primeira república e institui o casamento civil obrigatório e deixa de reconhecer o


católico, portanto (logo o 1º decreto da república nº1 e foi no dia de natal 25/12) e
estivemos neste sistema e foi passando até que

 Estado Novo – o sistema de casamento civil obrigatório esteve durante algum tempo
até que foi assinado com a santa sé (vaticano) uma concordata uma convenção
internacional (porque foi entre dois estados) em 1940 e de acordo com esta foi
reintroduzido o sistema de casamento civil facultativo e o estado passa a reconhecer
os católicos (que na altura era o único que existia na nossa sociedade)
Não só o estado PT reconhece o casamento civil como também permite que o
casamento seja regulado não por normas civis mas sim católicas em parte dos seus
efeitos e deixa certas competências para o regime canônico. (um dos aspetos mais
sensíveis que este direito canônico tocava era do princípio da indissolubilidade do
casamento e este sensível ponto era regulado pela lei canônica)

 Chega o 25 de Abril e mesmo antes de ser aprovada a constituição houve um


movimento cívico (toda gente em PT era casada catolicamente e o casamento civil era
marginal) e portanto em PT haviam milhares de casais que já não viviam um com o
outro mas não podiam se divorciar por ser impossível no casamento católico e havia
um movimento para alterar a concordata e o primeiro passo era adicionar um
protocolo adicional à concordata (chamado mesmo assim) em Fevereiro de 1975 e de
acordo com esse protocolo o Estado Português deixou de acolher esse princípio de
direito canônico da indissolubilidade deste direito.
Em relação a este aspeto da possibilidade de divórcio começa a aplicar-se a lei civil
mas continua a haver certos aspeto do regime que aplica o direito canónico (1625º do
CC) onde estão estes aspetos onde se aplicam a lei canónica.

 Da constituição até hoje o que acontece de novo? Em relação a estas coisas que
dissemos houve duas alterações com importância (de 76 até hoje)
o Uma é uma pequena revolução neste direito matrimonial e até há pouco
tempo (até ao princípio deste milénio) os únicos casamento religiosos eram o
católicos mas é claro que sabemos que há mais religiões neste país apesar da
católica ser maioritária e por uma questão de respeito da liberdade religiosa e
de igualdade das religiões e de não confessionalidade do estado (tem que
estar equidistante entre todas as religiões) porque não são reconhecidos
todos os casamentos religiosos e portanto vem uma lei normalmente
conhecido como “lei da liberdade religiosa” lei 16/2001.
Esta lei traz a novidade de reconhecer o casamento das outras religiões para
esse efeito.
Que religiões? Bem poderemos pensar que as religiões são todas iguais pelos
princípios antes ditos mas nem todas servem porque há religiões que são
fenómenos recentes e não se sabe bem se são mesmo religiões e podem
esconder outras coisas então chegou-se ao consenso que para os efeitos de
reconhecimento do casamento só se reconheceu as religiões que se
considerem radicadas em Portugal (tenham raízes em Portugal)
Como é que uma religião é radicada em Portugal? Os representantes da
religião fazem um requerimento ao ministério da justiça para que a religião
seja radicada em Portugal depois o MJ vê conforme a histórica e nº de crentes
se deve ser ou não radiada em Portugal.
Mas esta lei diz que os representantes têm de requerer essa radicação só que
este requerimento só é aceite se essa religião já existir em Portugal há pelo
menos 30 anos com presença social organizada (e não coisas esporádicas) ou
mesmo que não existam em Portugal (porque há religiões a sério fora de
Portugal) há 60 anos no estrangeiro.
Uma vez aplicado este requisito o MJ tendo em conta a história e os crentes
desta o MJ pode atribuir este estatuto radicado.
Nós até temos um registo de pessoas coletivas religiosas separado das
pessoas coletivas e a partir do momento que a religião passa a ser radicada
em Portugal este estatuto está registado neste registo.
E as pessoas que casam com uma destas religiões radicadas vêm o seu
casamento dotado de direito civis tal como os católicos.
Mas há uma diferença que é enquanto os casamentos católicos ainda são
regulados pelo direito católico os outros casamentos religiosos são só pelo
direito civil. (tirando obviamente o ritual que é de competência exclusiva a
cada religião)
É a própria lei que os considera casamentos civis celebrados sobre forma
religiosa enquanto o casamento católico é chamado de casamento católico.
Há aqui mais algumas coisas mas são efetivamente regulados sobre o direito
civil.
E a lei diz, na liberdade religiosa, que antes de se casarem o conservador tem
que explicar a estes futuros cônjuges a igualdade entre os cônjuges, a
aplicação do direito civil para não acharem que se aplique a lei religiosa deles.
Em Portugal quase todas as religiões são radicadas em Portugal (as que
tenham os requisitos ditos lá)
o Hoje temos uma nova concordata de 2004 que vem trazer de especial
 por um lado o facto do Estado Português deixar de estar obrigado
como estava a reservar para a competência da lei canónica o
conhecimento daqueles aspetos que estão contidos no artigo 1625º
do CC. O Estado português já não é obrigado a deixar a competência
de certos aspeto à Santa Sé.
 Com mais importância processual – de acordo com o primeiro âmbito
da concordata sempre que o tribunal eclesiástico proferir-se uma
anulação de casamento católico era automaticamente inválido no
Direito civil mas agora para ser inválido no direito civil tem que ocorrer
um processo de conhecimento e confirmação (mais ou menos um
processo de reconhecimento das sentenças estrangeiras) e tem de
haver um requerimento dos interessados ao tribunal da relação mas é
uma coisa simples e prática com nada de especial.

Que sistema(s) matrimoniais temos hoje entre nós?

Em relação aos católicos temos o sistema de casamento civil facultativo na segunda


modalidade que tínhamos falado (as pessoas católicas podem celebrar facultativamente civil
ou católica em que em qualquer dos casos são atribuídos efeitos civis, mas ao católico é
aplicado também parcialmente regulado pelo canónico.

Em relação às pessoas que confessam a outras religiões radicadas em Portugal temos outra vez
sistema de casamento civil facultativa e podem optar entre religioso ou civil, mas naquela
primeira modalidade que vimos, pois, este casamento religioso vai reger-se apenas pelo direito
civil.

Em relação às religiões que ficaram de fora, que ainda não foram radicadas em Portugal?
Quanto a estas fica o casamento civil obrigatório porque se querem ver o seu casamento
reconhecido têm que obrigatoriamente casar pelo meio civil e o mesmo para as pessoas sem
religião.

Sendo mais rigorosos: que aspetos do casamento católico são regulados pela lei canónico e
quais pelo direito civil.
Temos requisitos relativos ao consentimento – neste aspeto decorre à lei canónica

Temos requisitos relativos à capacidade – aqui aplicam-se simultaneamente os dois


ordenamentos jurídicos.
Aplica-se o canónico porque se uma pessoa casar com um impedimento à luz da lei canónico
os tribunais são competentes e aplica-se o conjunto de incapacidades da lei canónica.
Além disso também se aplicam os conjuntos de incapacidades de direito civil (1596º do CC 1)
Ex.: alguém casa canonicamente e são capazes à luz da lei canónica mas não no direito civil e
este casamento não deve ser celebrado por força do 1596º do CC e antes do casamento há um
processos preliminar do casamento para ver senão há impossibilidade e é o conservador que
vê estes processos mesmo nos católicos e se vir que um deles ou os dois não é capaz ele deve
enviar essa informação ao padre e o padre está proibido de realizar o casamento sobre pena
de incorrer em crime de desobediência qualificada.
Supúnhamos que o padre não quer saber e pensa que a sua lei é outra ou que o conservador
falhou nalguma coisa e houve o casamento católico apesar de haver incapacidade só no direito
civil mas não no canónico.
Há aqui um fenómeno estranho onde, por um lado este casamento não pode ser anulado
porque se fosse um casamento civil podia ser anulado pelos tribunais civis mas neste caso são
exclusivamente exclusivos os tribunais eclesiásticos (artigo 1625º) e os tribunais civis não
mandam nada no que toca à invalidade do casamento católico e só este poderá invalidar o
casamento mas este pode fazê-lo conforme o requisito de invalidade da lei civil? Não porque

1
O casamento católico só pode ser celebrado por quem tiver a capacidade matrimonial
exigida na lei civil.
só aplicam a lei canónica e não podia ser invalidado pelos tribunais civis (1625º) nem pelos
eclesiásticos porque estes só aplicam a própria lei.
Como é que a nossa lei faz? Considerando que foi de facto celebrado o casamento para
respeito o 1596º o truque foi considerar o casamento válido, mas os casamentos religiosos
(todos estes só produzem efeitos civis depois de serem registados no conservatório do registo
civil e é uma coisa simples pois o padre manda um transcrito da declaração e o conservador
regista, mas tem de haver este passo par que haja efeitos civis. Então o casamento não pode
ser anulado, mas vai-se recusar o registo (situação prevista no código de registo civil) e é um
fundamento previsto de recusa de registo e não o registando temos um casamento na prática
válido, mas sem efeitos civis e é o truque da lei para salvaguardar a aplicação do artigo 1596º
do CC.

Estes dois requisitos formam um e outro os chamados requisitos de fundo (que se contrapõem
aos requisitos de forma) Capacidade + registo.

Em relação aos requisitos de forma, que lei se aplica?

Há formalidades anteriores ao casamento, o próprio casamento e o pós-casamento:

 Formalidades anteriores – aqui há requisitos quer na lei canónica quer na lei civil.
 Formalidades do próprio casamento – aqui rege exclusivamente a lei canónica (o que
padre diz, se abençoa ou não, etc.)
 Formalidades pós-casamento – temos formalidades de ambos lados:
o O direito canónico tem o próprio sistema de registo
o O direito civil também o seu registo civil (um assento paroquial é mandado
para o conservador que este mesmo registará.

Agora quais os efeitos do casamento?


Aqui é competente exclusivamente a lei civil e todos os efeitos matrimoniais aplicam-se ao
casamento católica e à face do estado os únicos efeitos do casamento é o civil.

Quanto à dissolução do casamento?


Aplicam-se as regras do código civil mas há uma regra que vem na lei canónica que também se
aplica que falamos quando referimos o 1625º que é o casamento rato e não consumado que é
uma causa de dissolução da lei canónica específica desta e a este aplica-se a lei canónica.

Questões de constitucionalidade:

-Hoje já não se põe tanto mas na história pôs-se que é sobre a constitucionalidade deste
regime.
Depois de 1976 questionou-se o 1625 mas afastamos isso mas houve quem dissesse que a
própria aplicação de direito civil ao casamento católico era inconstitucional mas a própria
constituição diz que a lei civil regula o regime do casamento independentemente da forma de
celebração então abre essa possibilidade de regular o casamento religioso com direito civil.

-Depois temos esse problema do 1625 e o obstáculo do 85º/2, mas já falámos disso.

-Também se questionou a propósito do princípio da não confessionalidade do estado por só


permitir que houvesse casamentos católicos e permitissem que esses casamentos fossem
regulados pela própria lei e diziam que estava a adotar uma religião, mas hoje não é assim
depois de 2001 apesar do católico ter uma posição diferente.
Mas isto não quer dizer que tenha favorecimento com o catolicismo e pode celebrar acordos
com outras religiões.

-Outro princípio era sobre o direito à liberdade religiosa e o sistema que só reconhecia os
casamentos religiosos seria contrário à liberdade religiosa e as outras religiões seriam menos
livres sendo a única a católica e as outras pessoas que confessassem as outras religiões seriam
menos livres.
O professor não concorda porque a liberdade religiosa significa que as pessoas têm a liberdade
de na sua cabeça adotar uma religião e praticar esse culto e dentro desse culto temos a
possibilidade de casar dentro da sua religião mas não um direito a que a religião seja
reconhecido pelo estado e esse direito não cobre a parte do estado reconhecer o casamento
das religiões.

-Outro princípio mais delicado é o da igualdade das religiões e sobre isto já houve grande
desigualdade e hoje ainda podemos ter:

 Logo entre as radicadas e as não radicadas em Portugal pois só as primeiras são


consideradas e as outras não valem nada e já não temos aqui equidistância.
 Dentro das radicadas há um tratamento diferente da católica porque só neste há a
possibilidade do próprio ordenamento religioso vigorar em certos aspetos do
casamento.

Estas coisas de tratamento igual são difíceis e tudo isto foi discutido quando se fez a lei de
liberdade religiosa e fez-se um compromisso quando se decidiu aceitar só as religiões que
existem há x tempo.

O casamento é um negócio jurídico no qual dois indivíduos emitem uma declaração com
intenção de produzir efeitos práticos e querem viver um com o outro e partilhar vida comum e
querem que esse efeito prático seja tutelado pelo direito. É certo que aqui não há muita
liberdade na regulação dos efeitos e apenas em matéria patrimonial, mas em matéria de
efeitos pessoais não há grandes.
Podendo escolher apenas a contraparte, as contribuições para o encargo da vida comum, a
morada de família.

Dentro de um negócio jurídico é um contrato, houve quem dissesse que é um contrato


trilateral entre o A e B que casam e o conservador do registo civil (mas o papel dele é só para
formalizar o casamento) mas é estúpido porque quando compram uma casa o notário não é
parte do contrato. Mas é um contrato celebrado entre duas pessoas e depois de 2010 entre
pessoas do mesmo sexo ou sexo diferente. (A Suíça foi a última a adotar esse regime em julho
deste ano (2022) e a Itália é a única do Oeste da Europa que ainda não reconheceu):

 Foi reconhecido também os efeitos jurídicos à união de facto homossexual


anteriormente ao casamento.
 Depois desse passo ainda não se permitiu um casamento mas sim um contrato com
efeitos muito próximos do casamento mas havia um pudor para chamar isso de
contrato de casamento estabelecendo vários nós e ainda existe hoje em Itália
(chamado de União Civil Registada (é traduzida de várias línguas mas está é a tradução
com consenso).

Neste percurso sobre o casamento também surgiram questões de constitucionalidade quer:

 Quanto ao regime de casamento anterior (de heterossexualidade) - e seria


inconstitucional por violação do princípio de igualdade e foi suscitada pois havia duas
jovens que queriam casar e foram à conservatória do registo civil (e lá tem quer ir ter
se for casamento civil) e aí fazem uma candidatura ou declaração de casamento e a
conservadora dizia que não porque não é o regime que têm e impugnaram a recusa
até chegar ao TC.
O TC aqui considerou que não havia violação do princípio de igualdade e com alguma
razão porque o pressuposto do anterior modelo era de procriação e portanto entende-
se que não há violação de princípios e como esse era o modelo de casamento virado
para a procriação e portanto era forçoso que o casamento fosse celebrado entre
pessoas de sexo diferente e de nada discriminatório tinha.
 Quer ao regime atual (que configura o casamento homossexual) - agora também
suscitaram questões constitucionais e saber se a constituição impõe o modelo de
casamento constitucional mas o trabalho já estava feito e foi-se buscar a
argumentação do acórdão antes falado e dizer que o legislador tem a liberdade de
estabelecer o modelo que quiser e altera-se o modelo de casamento apenas a
instituição da plena comunhão de vida das pessoas (mutua afeção efetiva; partilha de
sacrifícios e recursos, etc.)
E há garantia constitucional de que tem de existir um casamento mas quanto às
funções do casamento são da liberdade do legislador e foi esta a linha de
argumentação.

Outras características do casamento:

-É um negócio jurídico/contrato pessoal (pessoal em dois sentidos):

 (tem efeitos pessoais (não apenas no plano patrimonial, mas também no plano
pessoal e resultam obrigações pessoais importantíssimos talvez como o plano mais
importante)
 E que em princípio o casamento só pode ser celebrado pessoalmente, mas não é bem
assim porque vamos ver que também pode ser realizado por procuração embora seja
com um procurador com poderes limitadíssimos.

-É um negócio solene (talvez o mais solene de todos pela execução de um ritual


complicadíssimo que até assusta) e para alguns autores este ritual até faça parte da existência
do contrato e o professor diz que talvez não estão muito longe da verdade:

-É um contrato só entre duas pessoas e é o nosso modelo de casamento e isso é indiscutível

-Tem uma perpetuidade tendencial ou vocação de perpetuidade e, portanto, na prática esta


perpetuidade vê-se onde na lei?

 Sabemos que na generalidade dos contratos patrimoniais podem impor termos


resolutivos (e podem impor uma condição resolutiva ou até um termo resolutivo (por
eventos certos ou incertos)).
Já no casamento não há essa possibilidade (1618 do CC) por uma questão de dignidade
do casamento.
Há autores que defendem que as partes poderiam fazer isso com casamentos a prazo
e depois era renovável e tudo é possível e as ideias mudam, mas nunca se sabe (há
uma autora no nosso livro que defende isso)
Mas no nosso sistema não existe a possibilidade de estabelecimento de prazos nem
condição ou termo resolutivo e pela sua importância não deixam as partes brincar com
termos e condições e isso é o que mostra que o casamento é mais perpétuo que os
outros.
 O segundo aspeto que mostra isso é que nos restantes contratos patrimoniais
duradouros podem invocar a denúncia dos contratos para a pessoa não ficam
eternamente vinculada ao contrato (denúncia dos contratos patrimoniais duradouros)
que não está prevista na lei em geral, mas há muitos contratos que têm essa
possibilidade.
Esta possibilidade não existe no casamento e não há hoje entre nós a possibilidade dos
cônjuges acabarem com o casamento por uma das partes (na Espanha não é assim e
há possibilidade) cá não basta uma declaração não fundada em qualquer causa para
acabar e a lei impõe a alegação e prova de um facto e é uma declaração fundada na
verificação e na prova de um facto e não existe portanto essa figura da denúncia de
um casamento como na Espanha.
Também há a possibilidade de acordo entre os dois (revogação por mútuo
consentimento nos contratos normais e para o casamento é chamado de divórcio por
mútuo consentimento)
Mas isto mostra a maior perpetuidade do casamento por ser mais difícil o casamento
terminar do que terminar um contrato duradoura patrimonial.

Quanto a estas características fundamentais como ato ou estado é isto.

Agora vamos entrar no estudo do direito do casamento.

Começamos pelos requisitos de casamento (e vamos seguir a ordenação já dita, primeiro


requisitos de fundo e depois de forma)
Falemos primeiro de casamento como ato e depois como estado (efeitos do casamento) e
depois falamos do fim do casamento (divórcio).
Contrato – Efeitos- Dissolução.

Aqui rege um princípio diferente dos negócios jurídicos no casamento pois quando há um
contrato que vai contra a norma imperativo (de acordo com o 294 do CC a consequência é a
nulidade a não ser que a lei fixe outra consequência) mas isto não acontece no casamento e
não basta para ser inválido ser realizado contra uma disposição legal imperativa e isto é dito
no 1627º2 do CC que por contrário estabelece uma regra de validade (“em princípio o
casamento é válido”) e portanto só se o código disser que é nulo o casamento é que podemos
ter anulação de resto se nada for dito é válido.

2
É válido o casamento civil relativamente ao qual não se verifique alguma das causas de
inexistência jurídica, ou de anulabilidade, especificadas na lei.
Casamento como ato (requisitos do contrato (os de fundo (os relativos ao consentimento e
depois à capacidade) e os de formas)

Requisitos do contrato:

-De fundo

 Relativos ao consentimento:
o O casamento tem que ser pessoal, puro e simples, perfeito e livre

 Quanto à pessoalidade o que estamos a falar é a questão de o


casamento em princípio ser um negócio pessoal e ser realizado pelo
próprio nevente embora não seja bem assim porque prevê um
casamento por procuração embora limitado (1620º do CC) e isto é
uma excentricidade da nossa lei porque as restantes não costumam
admitir isto. (havia pessoas que emigraram e a guerra colonial que
forçou muitas a sair então provavelmente por causa disso para casar à
distância)
 mas atenção que só um deles se pode fazer representar
 e também esse artigo que essa procuração deve conceder
uma declaração e poder especial para o ato e não uma geral
tendo de haver uma para especificamente casar.
 Além disso também a procuração tem que ter uma designação
específica do cônjuge para o procurador não poder escolher
outro e a autonomia do procurador é aqui mínima
 e conter a indicação da modalidade do casamento (se é civil
ou religioso)
 Mas aqui não seria o procurador um núncio praticamente sendo que
não tem autonomia? Mas talvez não seja bem assim porque pensa-se
que (supúnhamos que quando o procurador for celebrar descobre
qualquer facto do cônjuge que pensa desconhecido do representado e
pensa que conhecendo o facto ele não o celebrava então talvez o
procurador nestas circunstâncias deva recusar-se a celebrar e ainda
que com poderes mínimos ainda é procurador)

 Quanto a ser puro e simples - não pode ser aposta condição nem
termos (artigo 1618/2 do CC) e consideram-se não escritas tais
cláusulas.

 Quanto a ser perfeito diz que o consentimento não deve ter


divergência entre a vontade e a declaração (o sim dos nubentes deve
corresponder à sua vontade) e essa perfeição do consentimento é isto.
 Quais as divergências entre vontade e declaração no
casamento (há um regime diferente) e temos um artigo que
enumera as situações de divergência relevantes (1635º do CC).
Em relação a esta divergência e vícios de vontade talvez nos
lembremos de TGDC do ano passado quando uma pessoa
emite uma declaração negocial e se engana e escreve aquilo
que não quer ou diz aquilo que não quer e fiz um negócio que
não queria e depois há um nítido conflito de interesses (eu
que quero desfazer o negócio e contra este interesse há um
interesse típico conflituante da contraparte que acreditou nas
minhas palavras e montou um projeto de vida conforme as
palavras (interesse na confiança da contraparte) que quer
manter o negócio).
No casamento não é bem assim porque se disser que quero
casar, mas não queria então tenho o interesse de o acabar
(imaginemos que o padre pergunta se quero casar e tenho um
tique de abanar a cabeça e ele pensa que sim) e aqui quero
acabar o casamento e a contraparte tem algum tipo de
confiança digna de tutela jurídica? Achamos que não porque
ela não deve ter interesse de manter o casamento sabendo
que origina do meu não interesse e como o casamento tem
como base na confiança entre os dois então não há um
interesse digno de tutela jurídica do declaratário e, portanto,
não temos essa proteção da confiança de declaratário mas há
o interesse geral da estabilidade do casamento que aponta
para a manutenção deste.
Este interesse já não vale o que vale e fala-se de um
vago/genérico interesse de geral estabilidade do casamento.
O único erro-obstáculo relevante é o erro sobre a identidade
física da pessoa (uma pessoa podia casar com uma e casou
com outra) mas isto é difícil e talvez no com procuração. O
erro acerca da identidade física do outro nubente é o único
que importa.
E fazer referência à simulação e há casamentos simulados e é
algo com importância e simulam casamentos normalmente e
houve estrangeiros que queriam obter a nacionalidade
portuguesa e se seguissem o caminho normal tinham que
esperar muitos anos e casavam com portugueses e através
disso conseguiam nacionalidade muito mais rápido mas claro
que não queriam casar com eles sem comunhão de vida e
normalmente divorciavam-se logo a seguir e está tudo no
1635º.

Relativos à capacidade

2ª observação: sempre que houvesse um casamento celebrado com um incapaz a


consequência seria a nulidade (conhecimento do regime geral do negócio jurídico) mas
chegamos a ver que a aqui só temos a anulabilidade.
Mas ainda assim a anulabilidade aqui tem um regime mais gravoso e tão gravoso que aproxima
este regime ao da nulidade.

3ª observação: No casamento há uma coisa exclusiva que a lei tem tanta preocupação que os
casamentos sejam casamentos a lei organiza antecipadamente um processo próprio para
avaliar incapacidades na lei. Este processo próprio é chamado processo preliminar de
casamento (procedida pelas conservatórias do registo civil).
Com isto vamos avançar para o estudo dos impedimentos para casar (que é incapacidades
mais ou menos) e temos distinção entre dois tipos de impedimentos:

 Impedimentos dirimentes (1601º e 1602º CC 3 (neste aqui é mais na qualidade do


próprio sujeito de que resulta o impedimento e, portanto, tem em conta uma
característica do sujeito como impedimento)) (mais graves) – neste caso se for
celebrado um casamento com este impedimento ele é inválido, mas claro que se for
conhecido antes do casamento no processo preliminar o casamento não pode ser
celebrado, mas se por acaso for celebrado este impedimento leva à invalidade do
casamento (anulado).

3
São impedimentos dirimentes, obstando ao casamento da pessoa a quem respeitam com
qualquer outra:
a) A idade inferior a dezasseis anos;
b) A demência notória, mesmo durante os intervalos lúcidos, e a decisão de
acompanhamento, quando a sentença respetiva assim o determine;
c) O casamento anterior não dissolvido (por morte ou por divorcio mas não esquecer
quanto a morte o caso da morte presumida (ex.: pode acontecer um dos cônjuges estar
viúvo por o outro cônjuge ter sido presumido morto (115º e 116 do CC) e mesmo que
tenha havido declaração de morte presumida a simples de declaração de morte presumida
não dissolve o casamento (principio do 115º) mas o 116º permite-me que eu me case
todavia e o cônjuge do ausente pode contrair novo casamento e se o fizer das duas uma
(se o cônjuge regressar o que a lei faz e considerar o casamento anterior por divorcio; se a
cônjuge não regressar a lei não diz nada mas considera-se o casamento anterior como
dissolvido por morte), católico ou civil, ainda que o respetivo assento não tenha sido
lavrado no registo do estado civil. (ex.: se A foi casado em Las Vegas, mas ainda não foi
registado em Portugal, mas mesmo ainda não tendo sido lavrado no registo civil basta a
prova de casamento para isso constituir impedimentos e aqui a lei não exige um efeito no
registo civil, mas que já tenha acontecido).
 Impedimentos dirementes relativos (1602º CC 4 (daqui resulta os impedimentos
resultantes da relação com outrem)) (que impedem) (menos grave) – estes
impedimentos (ex.: parentesco em linha reta)
 16045 impedimento impediente a realização do casamento no processo preliminar,
mas se o menor conseguir casar mesmo sem autorização o casamento continua válido
e não é dirimido e por isso dizemos que é impedientes porque apenas impede de o
celebrar no eventual processo preliminar pois se se celebrar continua válido. O
conservador ainda pode autorizar (no no código de registo civil dira o que o
conservador pode autorizar se:
o A pessoa mostre consciência e racionalidade e maturidade suficiente para
consumar o ato

4
São também dirimentes, obstando ao casamento entre si das pessoas a quem respeitam,
os impedimentos seguintes:
a) O parentesco na linha reta; (parentes diretos não podem casar uma com outra mas é
apenas relativo (nota: vamos supor que há um senhor que casa com uma jovem e nos
sabemos que ele e pai dela mas essa relação de paternidade não foi juridicamente
estabelecida e para isto há o artigo 1603º (diz que se pode fazer prova de paternidade
nesta situações só para o efeito de impedir o casamento entre estes (antes de acontecer
para impedir; ou para anular o casamento)) e sem mais nenhumas obrigações da
paternidade adjacentes.
b) A relação anterior de responsabilidades parentais; (acrescentada em 2015 e isto
significa que pode haver situações em que uma pessoa não seja pai nem mãe e não há
relação de paternidade mas anteriormente exerceu as responsabilidades parentais como
se fosse pai ou mãe e a que situações exatas pretende referir esta alínea (há varias
situações em que podemos ter o exercer de responsabilidades parentais não sendo pai ou
mãe mas a lei s se refere as situações do 1903º, 1904º e 1904-A e a mesma pessoa que
introduziu esta alínea também pôs estes 3 artigos com esta redação mas não vamos
entrar nestes. (ex.: se o pai e a mãe ficam impedidos de exercer a parentalidade então a lei
tenta arranjar alguém para assumir essas responsabilidades parentais (alguém próximo
dos pais (ex.: o cônjuge dos pais depois de se separarem))
c) O parentesco no segundo grau da linha colateral; d) A afinidade na linha reta; (enteada
com padrasto; genro com a nora; etc.)
e) A condenação anterior de um dos nubentes, como autor ou cúmplice, por homicídio
doloso, ainda que não consumado, contra o cônjuge do outro. (A quer casar com B e B
antes era casado com C, mas foi morto pelo A com qual quer casar agora e pode não ser
consumado e portanto a tentativa também conta e tem de ser doloso mas não e forçoso
que o dolo envolva que o dolo tenha o propósito de casar com a pessoa e basta o dolo.
5
São impedimentos impedientes, além de outros designados em leis especiais:
a) A falta de autorização dos pais ou do tutor para o casamento do nubente menor, quando
não suprida pelo conservador do registo civil; (explicado acima)
b) (Revogada); (isto era o prazo internupcial (as pessoas tinham que esperar para casar
depois do seu anterior ser dissolvido mas isso hoje já não existe)
c) O parentesco no terceiro grau da linha colateral; (tios e sobrinhos neste caso mas este
impedimento pode ser dispensável pelo conservador havendo as razoes ponderosas e o
que acontece em relação a esta dispensa de impedimento pelo conservador também
acontece na próxima alínea (1609ºdo CC))
d) O vínculo de tutela, acompanhamento de maior ou administração legal de bens; (ex-tutor
quer casar com a ex-pupila; ou o acompanhante com a acompanhada; ou no caso de
administração de bens (tem pais que consegue administrar a pessoa mas não os bens
o Tenha razoes ponderosas que justificam o casamento (podemos ver situações
como uma gravidez seria uma boa razão antigamente) mas hoje é difícil
perceber exatamente quais são essas razoes e será que e mesmo preciso isto e
tendo em conta o espirito atual do casamento (as pessoas casam porque
querem) não faz sentido ter isto dando uma ideia de isto só acontecer em
casos de necessidades (só é porque e algo que tem de ser)
Não esquecer que há consequências sancionatórias (1649º) para um casamento com
impedimentos impedientes que se fez e (ex.: este menor que se casou) emancipar-se-
ia mas como se deu esta circunstancia de se casar com este impedimento a lei diz que
continua a ser incapaz para certos efeitos e continua a ser representado pelos pais em
relação a certos bens e a sua administração.
1650 – se o tio casou com uma sobrinha o tio não pode ter redações testamentarias a
favor da sua nubente.

Esta grande distinção é a feita em matéria de direito (há mais, mas pronto)

Com isto já falamos quanto aos requisitos de fundo no geral e agora requisitos de forma.

-De forma – o casamento e um negócio soleníssimo primeiro com uma ideia do casamento
como um ato grave e marcante para a vida das pessoas e por isso e preciso uma forma pesada
para mostrar aos nubentes a seriedade do ato que praticam.
Depois também há razoes de ordem histórica que e praticamente imitando o cerimonial
religioso.
Qual a forma do casamento (falando só do civil):

 Temos as formalidades comuns:


o Formalidades antes do casamento: processo preliminar – as pessoas chegam
ao conservatório e fazem uma declaração para casamento e e acompanhada
de um requerimento de instauração do processo preliminar do casamento. E
temos que ver se há impedimentos e qualquer pessoa que saiba de um
impedimento pode aparecer caso saiba de alguma coisa e antes eram
publicados editais para caso alguém o queira denunciar mas hoje não há tanta
publicidade assim mas qualquer pessoa pode chegar a conservatória e inteirar-
se da situação e não havendo impedimentos temos um despacho a autorizar o
casamento (se for religioso ele manda ao ministro do culto que vai celebrar o

então a lei organiza a possibilidade de um administrador de bens e aparece sempre ao


lado dos pais ou tutor mas este impedimento pode ser dispensável)
e) (Revogada); (caso da adoção restrita)
f) A pronúncia do nubente pelo crime de homicídio doloso, ainda que não consumado,
contra o cônjuge do outro, enquanto não houver despronúncia ou absolvição por decisão
passada em julgado.
Acrescentado pelo professor) previsto noutra lei (que criou o instituto do apadrinhamento
civil) e e uma espécie de adoção (um casal que não adota uma criança mas apadrinham
uma criança e isto e instituto criado em 2009 (lei 103/2009) e quando este instituto foi
criado acreditava-se que podia ter algum sucesso mas em Portugal praticamente não
existe (mesmo que seja um processo mais simples que a adoção e há muitos poucos
padrinhos nesta quase-adoção e tentou cobrir o buraco da adoçao restrita) e em causa
disto os padrinhos não podem casar com a afilhada e portanto tem consequências do
anterior de casar entre tio e sobrinha ou tutor e pupilo, etc. (incapacidade de receber por
doação ou testamento)
casamento alem deste despacho manda também um certificado de
capacidade para casar)
o Formalidades na celebração do próprio casamento: nada de especial a dizer e
sabemos como se passa nos casamentos civis isto é e há uma cerimónia
publica que qualquer pessoa pode ir e fazem as perguntas (por exemplo:
alguém conhece algum impedimento) e ate vemos o conservador a ler alguns
artigos do CC aos nubentes (artigo 1672º etc.) e depois pergunta aos nubentes
se querem casar eles dizem que sim e pronto.
o Formalidades posteriores ao casamento: isto tem a haver com o registo de
todos os casamentos (tanto civil como religioso) pois ambos se tem de
registar.
Algumas ideias gerais/principio (não específicos do casamento) do registo civil:
 Única prova admitida relativa de provar o facto e, portanto, se duas
pessoas se casarem a única forma de provar o casamento e através do
registo, única prova admitida dos factos sujeitos a registo. E resulta do
CRC.
 Esta prova e plena (há provas mais fortes e menos fortes) e a plena
não e a mais forte, mas há as pleníssimas (que são as mais fortes) mas
ainda assim e forte e só pode ser contrariada esta prova se se provar o
facto contrario e provar que aquele facto não existiu.
O professor acrescente uma coisa pois no caso do casamento (a prova
do registo (geral) e plena e portanto só se afasta a prova do registo do
casamento se se provar a inexistência do casamento mas neste caso o
casamento e uma prova plena qualificada e portanto essa prova do
facto contrario tem de resultar de uma sentença judicial (está no
conjunto de disposições do CC e do CRC.))

Mais coisas sobre o regime do casamento – este registo pode ser feito de
duas formas:

 Inscrição – normalmente acontece quando há casamento civil e,


portanto, quando e feito o casamento e em lugar publico e o
conservador inscreve o casamento que ele realizou no livro de
registos.
 Transcrição – neste caso não foi perante o conservador realizado, mas
sim religiosamente por exemplo e nessa igreja foi feito um assento (no
seu sistema de registo) e de pois o pároco envia ao registo civil um
copia desse assento e o conservador vai transcrever (copiar) aquilo
naquele assento. (normalmente se passa nos casamentos realizados
fora do espaço publico (religioso, no estrangeiro, etc.)
Qual o efeito do registo (o que acrescenta ao ato do casamento?) embora a lei
não seja claro devemos distinguir entre civil e religioso (o professor acredita
ser importante dizer isso):
 Civil: apenas tem o efeito de constituir meio de prova (e uma prova
plena (poderosa) mas só serve para isso.
 Religioso (claramente o católico): ganha efeitos civis e passa a produzir
efeitos civis se e quando for registado e, portanto, e uma condição de
produção de efeitos civis e aquele casamento celebrado ao abrigo do
ordenamento religioso só passa a ter efeitos civis se e quando for
registado.
No C.C temos que ter em conta os artigos (1670º princípio do efeito retroativo
do registo) – se o casamento católico for celebrado hoje, mas o registo só e
efetuado daqui a 3 dias a lei determina neste artigo que efetuado o registo os
efeitos civis do casamento retroatuam a data da celebração.
Tem que haver transcrição, mas havendo tem eficácia retroativa do registo.
Portanto, afinal, em virtude de uma eficácia retroativa os efeitos era como se
fosse do momento da celebração mas o nº2 desse artigo diz que pode
acontecer que nesse intervalo de tempo entre a celebração e registo pode
acontecer qualquer vicissitude na qual efeitos adquiram direitos (A e B casam
religiosamente e o registo e o so daqui a uns dias e nesse intervalo de tempo
um dos cônjuges morre (e o outro cônjuge que já casou mas não foi registado
e herdeiro ou não).
Este artigo se fosse uma eficácia retroativa seria herdeira, mas a lei protege
direitos que terceiros adquiram nesse intervalo de tempo (1670º/2 6) com uma
ressalva (e uma ressalva a ressalva):
 Ou seja, o cônjuge não seria herdeira e era como senão fossem
casados e sendo assim o cônjuge não e herdeiro e não tem essa
qualidade e os direitos dessas pessoas seriam ressalvados.
Mas ficam ressalvados os terceiros que sejam compatíveis com os
direitos e deveres de natureza pessoal dos cônjuges e dos filhos e
portanto só esses direitos são protegidos.
E portanto neste caso a herança seria compatíveis com os direitos de
natureza pessoal adquirido pelo cônjuge e pelos filhos?
A questão sucessória é sobretudo patrimonial e de transmissão de
património e não esta em causa o estatuto de pessoas e portanto eles
não são herdeiros porque protege.
Imaginemos que A casa com B católico e registam depois e depois uma
das pessoas que casou pensa que não foi registado e não tem efeitos
civis então para efeitos civis e como se fosse solteiro então casa com
outra pessoa e este direito do cônjuge são compatíveis com os direitos
pessoais dos cônjuges e filhos? Não.
 Agora se as coisas forem feitas no seu tempo normal
(transcrição antes de 7 dias) então haverá essa proteção, mas
se ultrapassar os 7 dias esta transcrição aí nem mesmo esses
direitos patrimoniais são protegidos.

 Temos as formas especiais (há várias formas especiais, mas só referimos 2):
o Casamentos urgentes (1622º e ss.) que condições para celebrar um casamento
assim:
6
2 - Ficam, porém, ressalvados os direitos de terceiro que sejam compatíveis com os
direitos e deveres de natureza pessoal dos cônjuges e dos filhos, a não ser que, tratando-
se de registo por transcrição, esta tenha sido feita dentro dos sete dias subsequentes à
celebração
 Resposta no 1622º/1 – quando algum dos nubentes esta para morrer
(como o processo preliminar, etc. demora) então como há urgência
em praticar o casamento podemos agilizar o processo
ou também iminência de parto.
(segundo o nosso ordenamento ate há uma vantagem objetiva aqui
porque temos a ativação de uma presunção de paternidade no
casamento (com uma mãe casada podemos presumir que o pai seja
marido)
Este casamento pode ser celebrado sem a presença de um funcionário de
registo civil e alem disso pode ser celebrado sem a presidência de um processo
preliminar de casamento.
Então e realizado com urgência e alguém vai a porta e diz que este casamento
vai acontecer, arranjam algumas testemunhas, elas próprias organizam o
casamento e escrevem uma ata que elas próprias assim e as testemunhas.
Mas e claro que as coisas não ficam assim e depois desta cerimonia e que a
coisa entra no terreno oficial e o próprio casamento so entra depois no registo
civil aquele processo de casamento (um processo posterior de casamento em
vez de preliminar) mas tem de correr esse processo.
Depois desse processo o conservador pode chegar a conclusão:
 De que não há impedimento e e homologado e e basicamente igual
aos outros havendo uma pequena diferença que depois em sucessões
no 4º ano e a lei, sobre suspeita que pode haver alguma coisa a lei
estabelece uma regime imperativo de separação de bens.
 Se verificar impedimento dirimentes então deve recusar a
homologado e para esses casos a lei define a sanção mais grave que e
a inexistência jurídica do casamento (1628º/b))

Casamentos civis celebrados sobre forma religiosa (celebrados sobre outras religiões que não a
católica (aqueles radicados em Portugal))

São regulados integralmente pela lei civil e celebram-se no local de culto onde o casamento for
realizado (celebrado por um ministro de culto e devera ser esse estatuto do ministro de culto
pelo registo civil previamente e terá de saber quem ira realizar e comprovar essa qualidade e
alem disso o conservador também avisa os nubentes que o casamento que realizam e regulado
pelo direito civil e informa sobre os princípios do casamento civil.

Vamos só falar de um ultimo capitulo sobre casamento como ato (quando corremos os
requisitos de fundo e de forma do casamento) não falamos das consequências de faltar um
requisito (falamos mas não integralmente).
Há duas diferenças entre:

-O quadro de consequência para o regime do casamento –


Primeira diferença - no casamento prevê-se situações explicitas de inexistência (são poucas
mas prevê-se) no 1628º.
Segunda diferença – alem da inexistência a única consequência invalidatoria em matéria de
casamento civil e a anulabilidade embora haja varias anulabilidades com regimes diferente
mas não existem casamentos civis nulos embora haja vários regimes consoante a causa do
regime. Mas, se folhearmos o CC podemos ver vários artigos sobre casamentos nulos mas essa
consequência tem a haver com o casamento católico e nos tribunais católicos pode haver essa
consequência de declaração de nulidade.

-O quadro de consequências do regime geral dos negócios jurídicos (estudamos a nulidade e


anulabilidade e no negocio jurídico temos raramente negócios jurídicos inexistentes e portanto
não temos explicitamente prevista essa outra consequência mais gravosa que e a inexistência
embora há muita gente que pense que a lei queria estabelecer uma consequência com maior
gravidade (ex.: na coação física) e teríamos a inexistência e a lei não queria produzir efeitos
nenhuns mas seja como for as únicas previstas seriam a nulidade e anulabilidade e não há
declaração expressa sobre inexistência.

Quanto à inexistências do casamento são poucos e estão todos no 1628 do CC e são


circunstâncias particularmente graves que justificam uma consequência tão graves e as
circunstâncias neste artigo são graves.
Ex.: Casamento urgente que não tenha sido homologado (que tinha vícios)
Casamento que faltava uma das declarações dos nubentes.

Regime da inexistência:
-Quem pode invocar – qualquer pessoa

-Efeitos do casamento inexistentes

Quanto ao regime da inexistência – 1630º/2 – qualquer pessoa pode invocar uma inexistência.
(nem é dito qualquer interessado como nas nulidades e sem declaração de inexistência porque
ele é já inexistente (ipso iuri) e não é preciso uma declaração judicial para que ele o seja.
E portanto pode ser invocado por qualquer pessoa sem qualquer declaração judicial.

No que toca aos efeitos não produz quaisquer efeitos e é isso que o distingue da nulidade e
não produz efeitos e nem é visto como putativo qualquer efeito.

Vamos ver que os casamentos nulos ou anulados ainda podem produzir efeitos.

Quanto à inexistência é isto.

Quanto à outra consequência a anulabilidade.

Está no artigo 1631º e se o lermos reencontramos alguns dos requisitos de que falámos sobre
requerimentos de consentimento, etc.
Ou, por exemplo, numa vertente mais formal, quando não sejam reunidas as testemunhas de
casamento quando exigidas por lei.

Anulabilidade – regime da anulabilidade e os efeitos.


Não há apenas um regime de anulabilidade, mas sim vários regimes e podemos distinguir 3
grupos de anulabilidades:

-Anulabilidades estabelecidas no interesse não apenas dos nubentes mas também dos
familiares e do interesse público – anulabilidade por impedimentos dirimentes porque são
envolvidos os interesses desta gente e portanto entende-se que este regime seja referido em
função desta características (uma anulabilidade estabelecida no interesse de muita gente e por
isso esta anulabilidade poderá ser invocada por muita gente mas não vamos entrar nisto
porque há muitos artigos mas se quisermos ver (1639º) e em regra os prazos são longos.

(Muitas pessoas e prazos longos)

- Aquele vício de natureza formal (casamento celebrado sem presença de testemunhas) e


verificando este vício, tratando-se de um problema formal é estabelecido em função apenas
do interesse público e em consonância com este pensamento só o estado pode invocar esta
anulabilidade (1642º)
Este segundo grupo é um grupo pequeno de anulabilidade

-Aquelas anulabilidades estabelecidas apenas do interesse do nubente – ex. principalmente


nas divergências entre a vontade e a declaração do nubente e há anulabilidades estabelecidos
no interesse do errante.
Com base nesta ideia compreende-se que a única pessoa que pode invocar esta anulabilidade
é o nubente da qual a anulabilidade nasce (o errante).
Artigos 1640; 1641º do CC.
Atribuem legitimidade para invocar a anulabilidade às pessoas a qual a anulabilidade faltou ou
na qual houve divergência.
No caso de a divergência que levou ao casamento for a simulação pode compreender-se que
esteja em causa interesse de terceiros e esses terceiros que os nubentes quiseram enganar ou
prejudicar e quanto a isso diz o 1640º que ação por simulação pode ser requerida pelos
cônjuges ou quaisquer pessoas prejudicadas pelo casamento.
Estes são os regimes da anulabilidade do casamento civil.

Agora os efeitos.
imaginemos um casamento que já foi anulado e vemos se ainda pode produzir algum efeito.

-Sabemos que em regra no regime geral do negócio jurídico e das invalidades deste negócios
sabemos que quando há essa anulabilidade tem efeito retroativo (artigo 289º) e portanto esta
é a consequência normal da declaração de anulabilidade no quadro jurídico comum do
negócio jurídico.
E portanto todos os efeitos que o negócio jurídico tenha produzido sejam destruídos
retroativamente com certas exceções mas essa é a regra.

No casamento não é bem assim - havendo um casamento já celebrado mantém-se certos


aspes-tos.
As pessoas julgavam que havia um casamento válido (os nubentes) e mais tarde vem a ser
declarado nulo (católico) ou anulado (civil) e a lei permite que certos efeitos do casamento se
mantenham.
Há uma certa razão para isso porque de facto estiveram casados e tiveram convivência e se o
tempo de convivência não vale-se nada e soubessem que não tavam casados isso poderia
resultar em consequências desproporcionais porque era como se estivessem em união de
facto mas parece que não há razões que justifiquem isso.

Nâo há nenhuma razão a que obrigue que todos os efeitos do casamento sejam destruídos
retroativamente e portanto a lei estabelece que em termos práticos esta anulação ou
anulabilidade vão produzir os mesmos efeitos que o divórico e esta declaração só tem efeitos
prospetivos e em princípio a declaração de nulidade deve valer como divorcio porque apesar
de tudo estiveram casadas.

Para efetivamente manter os efeitos produzidos (efeitos do elemento putativo) primeiro é


preciso x condições:

-Precisamos de estar a tratar de um casamento existente

-mas que depois vem a ser vitimado por uma declaração de nulidade ou anulação.

-Ambos os nubentes ou pelo menos um tem que estar de boa fé (para definir que um dos
nubentes está de boa fé ou não a própria lei define o que é a boa fé (neste caso subjetiva) eles
teriam de desconhecer o vício do casamento (1648º do CC) e considera-se de boa fé o nubente
contraente que o assume numa ignorância desculpável (sem cognoscibilidade) do vício causar
da nulidade ou anulabilidade.
(nos casos de coação física ou moral evidentemente ele conhece o vício mas está a ser coagido
mas evidentemente também está de boa fé porque se trata de uma coação. (está no artigo
1648º também). Duas observações:

 Há certos efeitos putativos que se mantêm mesmo quando ambos os cônjuges


estarem de má fé mesmo em caso de invalidade e mesmo se estiverem em caso de má
fé que é o efeito de funcionamento da presunção de paternidade do marido da mãe
(se nasce uma criança de uma senhora que é casado é presumido que o pai será o
marido (1626 do CC)). Esta parte da má fé e de manter os efeitos está no artigo
1827º/1 do CC
 Se só um dos cônjuges tiver de boa fé a lei diz no 1647/2 que se apenas um cônjuge
estiver de boa fé só um deles pode arrogar dos benefícios patrimoniais e só se
produzem os efeitos vantajosos para o cônjuge de boa fé.
Os únicos efeitos putativos que se mantém são aqueles vantajosos para o cônjuge de
boa fé.
Se, quando o casamento for anulado, um dos cônjuges morrer, então se o cônjuge vivo
estiver de boa fé os efeitos sucessórios produz-se mas se o cônjuge vivo for o de má fé
já só se produzem os efeitos para o de boa fé e o de má fé não tem direito sucessório.

Casamento como estado.

Dentro dos efeitos do casamento há efeitos pessoais e patrimoniais, mas só vamos estudar os
pessoais porque os patrimoniais (que são mais importantes e têm mais artigos dedicados
vamos estudar em sucessões)
Apesar disso podemos ser obrigados a referir algum efeito patrimonial porque pode ser
essencial à explicação de pontos que vamos referir.

Efeitos pessoais do casamento

Princípios fundamentais que regem esta matéria dos pessoais e patrimoniais:

-Principio da igualdade entre os cônjuges (está na constituição, mas também no CC 1671/1)


Havendo princípio de igualdade como é que os cônjuges vão dirigir a família e como é que esse
princípio de igualdade se exprime (quem toma a decisão na família, etc.) e a nossa lei apenas
diz que a direção da família diz respeito a ambos os cônjuges fazendo o:

-Princípio de direção conjunta dos cônjuges (princípio de exigência de acordo) – ambos têm
que estar de acordo na vida comum.
Pode parecer resultado deste texto um acordo inicial sobre a orientação da vida comum e isto
não é necessário e nem deve existir mas quando e´preciso tomar uma decisão relativo a isto
deve ser feita e resultar de acordo destes e há certas partes da vida que em nada têm a haver
com a vida familiar e não precisam de ser acordadas portanto este acordo inicial seria
desproporcional.
Não é por o facto das pessoas serem casadas que perdem a vida particular.
O professor disse que a profissão é a decisão de cada um e não tem que fazer satisfações ao
outro e quanto a isso o nosso código, depois da reforma do código (1977), deu-se ao trabalho
de os cônjuges exercerem ou não trabalho 1677-Dº e aqui está dito claramente que cada um
dos cônjuges pode exercer qualquer profissão ou atividade sem consentimento do outro.
Agora é assim mas antes da reforma o cônjuge podia opor (sobretudo o marido perante a
mulher) podia opor-se ao outro cônjuge de desempenhar trabalho privado (em questões de
trabalho publico ou profissões liberais não mas trabalho privado ele podia opor-se.
Este artigo é fácil de entender mas também é casado e implica obrigações e tendo em conta o
quadro de obrigações do casamento pode haver certos trabalhos que colidam com as
obrigações do tratamento (ex.: Uma profissão excessivamente trabalhosa que nunca o/a deixe
estar em casa ou profissões duvidosas de outro tipo) até porque pode levar ao divorcio.
Quanto à exigência de acordo temos que reconhecer que tem de haver acordo mas e senão
houver?
Qualquer dos cônjuges sobre qualquer hipóteses pode recorrer ao tribunal?
Não porque a lei diz que em regra os cônjuges não podem recorrer ao tribunal só por decisões
sobre a vida comum então se chegaram a acordo sobre uma decisão tão importante como esta
então chegariam presume-se a estas mais pequenas.
A lei previu que só em certos casos essa possibilidade e se o fez quer dizer que é exceção.
Esses casos referidos são poucos e principalmente em relação à escolha de residência da
família (artigo 1673º); Quanto ao nome a dar aos filhos (artigo 1875º); quanto a questões de
exercício de responsabilidades parentais (decisão relativa à vida do filho) e havendo indecisões
dos pais o tribunal pode ser chamado a intervir.

Quais os efeitos pessoais mais importantes do casamento:


-O mais importante (como marca características) é o facto dos cônjuges ficarem vinculados a
certas obrigações de natureza pessoal (1672º) e aqui aparece os chamados de facto deveres
pessoais dos cônjuges. (aparece uma lista de 5 deveres)

Os cônjuges estão reciprocamente vinculados pelos deveres de respeito, fidelidade,


coabitação, cooperação e assistência.

A pergunta é se esta lista é taxativa mas parece que não e pode haver mais deveres
envolvidos. E portanto todas as obrigações e deveres que resultam de viver em comum eles
assumiram eventualmente e portanto estes deveres aqui não são taxativos.
Se pensarmos assim é verdade mas ao mesmo tempo é difícil arranjar algum dever fora deste
quadro porque são amplos.
Que dever poderia estar fora (os autores esforçam-se para encontrar como um dever de ser
sincero ou de prestar informações mas podemos argumentar que pode vir de um eventual
dever de respeito e portanto não há nada que justifique uma taxatividade desta lista mas ao
mesmo tempo é difícil arranjar algo fora desta lista.
Este efeito é um efeito imperativo e portanto os cônjuges não podem afastar estes
deveres/obrigações e isto é verdade como um direito imperativo.
Mas ao mesmo tempo também é verdade que os deveres e obrigações são aquilo que forem e
vão ser cumpridos de forma subjetiva e resultará conforme o funcionamento do casamento e
da capacidade de tolerância e compreensão dos cônjuges e será executado de forma maleável
e conforme a personalidade do cônjuge e do curso normal do casamento e da vida.

Há divergências doutrinais mas não se entende que não há consequências sancionatórias pela
violação destes deveres e, apesar de discutido pelos tribunais, não parece resultar deste
incumprimento alguma indemnização por danos não patrimoniais.
Ex.: por questões de infidelidade e a mulher entra em depressão e este dano deve ser
indemnizado ou a questão é de outro tipo mas a lei parece não querer essa indemnização mas
haverá outro tipo de consequências mas como vamos ver hoje o divorcio não é um sanção em
face de um comportamente culposo e o divorcio hoje no nosso ordenamento é a constatação
de um rutura que objetivamente já ocorreu e portanto a lei não pareceu atribuir qualquer
consequência indemnizatória proveniente desta violação dos deveres.
E portanto estes deveres estão enumerados e são imperativos com a flexibilidade mas parece
que a violação destes deveres não têm grande consequência sancionatória.
Mas senão forem cumpridos estes deveres estará verificada uma rutura objetiva que pode
levar ao divórcio mas isso não leva a sanção e portanto se os cônjuges não cumprirem estes
deveres de forma continuada podemos configurar um quadro de rutura objetivo que será (Esta
rutura) a causa de divorcio. Antes da reforma do regime de divórcio a principal causa de
divórcio é pela violação destes deveres e antes de 2008 se a maior causa de divorcio é a
violação dos deveres conjugais era portanto muito tratado mas hoje perderam praticamente
todos os seus poderes práticos.

Deveres:

-Respetio – é uma coisa muito ampla e em parte confunde-se com a obrigação de respeitar os
direitos de personalidade do outro mas sim já existe enquanto sujeitos da sociedade mas a lei
parece querer cirar uma obrigação acrescida quanto a isso.
E ao inicio dizia-se que esta obrigação era negativa (não mal tratar o direito do outro) mas
também positiva (pelo menos a obrigação de se interessar pelo outro)
Isto tudo antes de 2008 e agora o quadro, principalmente a do interesse pode configurar a
situação de rutura objetiva apenas.

-Fidelidade – fala por si mesmo

-Coabitação – o artigo 1673º (residência da família) – coabitar não é só residir no mesmo sítio
mas há também uma tripla comunhão (leito, mesa e habitação).

 Quanto à obrigação de habitação temos esse 1673º (residência da família) e assume


que em princípio os cônjuges vivem um com o outro mas há outros países em que não
se entende assim (nos EUA temos o L.A.T (living apart together) onde se prevê este
casar e não viver junto.
E a lei pode admitir motivos ponderosos em contrário.

-Cooperação – está definido

-Assistência – 1675º anuncia o conteúdo deste dever “ 1. O dever de assistência compreende


a obrigação de prestar alimentos e a de contribuir para os encargos da vida familiar.” Então
temos estes dois deveres:

 Quanto à obrigação de prestar alimentos (tudo aquilo que for necessário para os
sustento, habitação e vestuários, etc. do alimentante) mas enquanto vivendo juntos os
cônjuges este princípio não tem autonomia própria e faz parte dos “encargos da vida
familiar” e apenas assume efeito autónomo quando os cônjuges ficam separados
(separação de facto) quando não estão juntos e porque não há encargos para a vida
familiar há uma obrigação de prestar alimentos.
Temos nos nºs 2 e 3 do 1675º a falar sobre isto duas exigências:
o O dever de alimentos mantém-se quando a separação de facto de não for
imputável a nenhum dos cônjuges
o Se a separação de facto for imputável só a um só esse estará obrigado a
prestar alimentos.
Primeira observação sobre isto: de haver culpas ou não no divorcio e na separação de
facto era importante e muitas decisões sobre divórcio tinham essa indicação de quem
era mais julgado e era importante porque só o culpa é que prestada alimentos ao
outro designadamente para a prestação de alimentos do divorcio além doutros
consequências patrimoniais para o culpa do divorcio.
Hoje já não há culpados no divórcios e não existe só ficar obrigado o cônjuge culpado a
prestar e hoje qualquer um pode desde que tenha capacidade de os prestar.
Se em matéria de divorcio a culpa deixou de ser relevante parece que neste caso de
separação de facto a culpa não deve ser relevante e em 2008 houve preocupação em
alterar o regime do divórcio e entre essas a existência de culpa deixou de existir mas
parece que a lei terá se esquecido de alterar isto.
Parece que resulta de uma interpretação sistemática de disposições pertinentes do CC
deve considerar-se revogado sabendo-se da eliminação da relevância da culpa no
divorcio e aqui também será.
Alias o professor tem um confissão pessoal do autor da reforma de 2008 (Dr. Miguel
Oliveira) de que se esqueceu de alterar o 1675º.

Segunda observação : sobre montante de alimentos – antes de 2008 havia uma


jurisprudência estabilizada sobre os alimentos a prestar e tanto em divorcio como em
separação de facto os alimentos eram conforme o padrão de vida antes da separação
ou divorcio e deviam refletir a manutenção do mesmo nível de vida que gozavam
antes do divorcio ou na vida comum.
Hoje não é assim em matéria de divorcio e se formos às normas sobre alimentos pos
divoricos (artigo 2016-Aº/3)

3 - O cônjuge credor (o alimentante) não tem o direito de exigir a manutenção do


padrão de vida de que beneficiou na constância do matrimónio.

Agora a ideia já não é de manutenção portanto. O montante já não é o do manter o


nível de vida mas sim o estritamente necessário à sobrevivência mas parece ser um
bocado mais (os autores dizem que é para levar uma vida decente/razoável) e não tem
de ser a grande vida de quando era casado mas sim um montante intermédio e isto
resultará do conjunto de circunstância do nº1 deste mesmo artigo 2016-Aº.
Ora isto se é assim para o alimento para os divórcio não parece haver razões para
situações de separação de facto porque já não vivem um com o outro.

No 1676 diz que a obrigação de contribuição para os encargos da vida familiar diz que
ambos têm que contribuir mas logo a seguir diz que é conforme conseguem fazendo
uma ideia de proporcionalidade (proporcionalidade às suas possibilidades).
Como é que conseguimos cumprir esta lei desta obrigação?
Cumpre-se através da forma simples (o cônjuge que ganha tem o seu emprega e o seu
salário e todos os meses ou periodicamente vai depositando num mealheiro familiar
um tanto (das duas partes conforme o que cada um ganha) e é a mais normal. pela
afectação dos seus recursos àqueles encargos

Mas não é a única forma e o artigo faz referência de outra forma que é pelo trabalho
despendido no lar ou na manutenção e educação dos filhos. Por isso o trabalho
também vale para contribuição.

O que é acontece se um dos cônjuges (no resto deste artigo) contribuir mais do
que devia (por ventura com muito mais do que devia em relação ao outro)?
A nossa lei no artigo 1676º considera esta possibilidade mas só o considera para
dai tirar as consequências numa única hipótese que está no nº2 deste artigo
2 - Se a contribuição de um dos cônjuges para os encargos da vida familiar for
consideravelmente superior ao previsto no número anterior, porque renunciou de
forma excessiva à satisfação dos seus interesses em favor da vida em comum,
designadamente à sua vida profissional, com prejuízos patrimoniais importantes,
esse cônjuge tem direito de exigir do outro a correspondente compensação.
E esta superior só é valorizada pela lei se se suceder a renuncia de forma excessiva
à satisfação dos seus interesses em favor da vida comum (ex.: Antigamente a
mulher quando casava renunciava os estudos,trabalho, etc. e portanto sacrificava
a satisfação dos seus interesses em favor da vida comum (designadamente a vida
proifsisonal)
E pode exigir do outro, no divorcio, compensação (o chamado crédito
compensatório) subsequente ao divórcio.
Ainda sobre efeitos pessoais temos pouca coisa a sobrar e vamos falar ainda o
efeito pessoal ligado ao nome dos cônjuges:
-Há normas sobre o nome (1677º e SS)

Basicamente são coisas que sabemos tipo 1. Cada um dos cônjuges conserva os seus
próprios apelidos, mas pode acrescentar-lhes apelidos do outro até ao máximo de dois. E
portanto não é nada de novo mas normalmente era só um dos cônjuges que adotavam o
cônjuge de outro.
A lei fixa um limite no caso de casamentos sucessivos e esta faculdade não pode ser exercida
por alguém que conserva apelidos de um outro casamento.

No 1677-Aª diz que quando uma pessoa se enviúva ela preserva os nomes que adquiriu do
casamento.

No 1677-Bº no caso de divorcio só pode conservar os nomes do cônjuge se o ex-cônjuge der o


seu consentimento ou o tribunal autorizar logo no nº1, mas em princípio em caso de divórcio
não se mantém.

Vamos fazer referencia 1677-Cº e pode acontecer a pessoa se divorciar ou enviuvou e continua
a usar os apelidos dos ex cônjuges e começa a desenvolver atividades criminosas e aquele
apelido começa a aparecer nas noticias e aqueles nomes não é dela, mas sim do cônjuge e a lei
prevê a privação judicial do nome.
E portanto o cônjuge que conserve apelidos do outro pode ser privado pelo tribunal do direito
de os usar quando esse uso lese gravemente os interesses morais do outro cônjuge ou da sua
família.

Sobre o nome é isto basicamente e o professor não vai dizer mais nada.

Agora falamos da disciplina da separação das pessoas e bens (1794º e SS)

Pode acontecer que duas pessoas não se divorciem mas que fiquem separadas de pessoas e
bens e normalmente é um ante divorcio mas ficam separadas de pessoas e bens sem se
divorciar e faz-se a partilha do património comum e as pessoas não estão juntas.
Ainda estão juntas mas há certos efeitos do casamento que cessam.

Ainda não é um divorcio mas já há efeitos que cessam e uma pequena dissolução.

Nota histórica: esta separação de pessoas e bens já perdeu quase todo o seu interesse prático
porque dantes ainda tinha interesse porque noutros tempos quando não era admitido o
divorcio em relação às pessoas casadas catolicamente (antes de 1975) e se o casamento
entrava em crise a única solução era esta (chamavam de divorcio dos católicos).
Nesse sentido nessa altura a situação de separação de pessoas e bens era uma situação
duradoura.

Hoje a coisas não são assim e qualquer pessoa pode divorciar-se e quando acontece uma crise
de casamento mais vale divorciar-se (para quê meias-tintas) e portanto quando esta separação
acontece será uma situação temporária.
Portanto no regime anterior a 75 tinha a sua prática e era uma situação duradoura e hoje é
raramente usado e é para uma situação temporária e muito.

O professor conhece casos que se acham muito católicas então não se separam e só por
pessoas e bens(será que é a Mafalda?!)

Em termos processuais como é que começa (artigo 1794º remissão para as normas do
divórcio) Sem prejuízo dos preceitos desta secção, é aplicável à separação judicial de
pessoas e bens, com as necessárias adaptações, o disposto quanto ao divórcio na secção
anterior.- daqui resulta muita coisa e portanto os decretos para a separação é a mesma do
divorcio e se o divorcio tem dois regimes (por mutuo consentimento; sem consentimento dos
cônjuges) e a separação também tem; e as partes processuais são as mesmas.
Temos aplicação das mesmas regras do divorcio.

Continuando nestas linhas «, as causas de um divorico litigioso (divorcio sem consentimento


de um dos cônjuges) será a mesma de uma separação judicial de pessoas e bens e as causas
para fundamento de divórcio serão as mesmas.

Eu disse que os processos são os mesmos e precisamente por serem os mesmos é que hoje tal
como para o divorcio com mutuo consentimento este não tem que ser judicial e pode ser
administrativo (nas conservatórias) o mesmo acontecerá para o processo de separação de
pessoas e bens e portanto não é forçosamente judicial.

Daí estar mal os títulos que está nos códigos quando diz no 1794º “separação judicial de
pessoas e bens” assim como diz no título da secção.
Já houve tempos em que era forçosamente judicial mas há muito tempo que não o é e
podemos riscar o “judicial”.

O que é diferente nesta remissão?

Os efeitos principalmente porque o casamento não se resolve mas há alguma coisa que cessa
nos efeitos.

Os efeitos estão previstos no 1795-Aº A separação judicial de pessoas e bens não dissolve o
vínculo conjugal, mas extingue os deveres de coabitação e assistência, sem prejuízo do
direito a alimentos; relativamente aos bens, a separação produz os efeitos que produziria a
dissolução do casamento. –

Quanto a efeitos pessoais:

-Portanto o que se mantém:

 Vinculo conjugal
 Dever de fidelidade (o que é estranho, mas pronto)

-O que desaparece:

 Deveres de coabitação
 Deveres de assistência (pelo menos quanto aos encargos da vida familiar, mas ainda
pode haver o dever de alimentos e esse mantém-se)

Quanto a efeitos patrimoniais:

-Claro que para separação de bens é os mesmos efeitos do divórcio (ainda neste artigo 1795-
Aº).

Dois desfechos para esta separação possíveis:

Primeiro desfecho possível - Imaginemos que estão por separação de pessoas e bens e depois
reconciliam-se (1795-Cº):
1. Os cônjuges podem a todo o tempo restabelecer a vida em comum e o exercício pleno
dos direitos e deveres conjugais.
2. A reconciliação pode fazer-se por termo no processo de separação ou por escritura
pública, e está sujeita a homologação judicial, devendo a sentença ser oficiosamente
registada.
3 - Quando tenha corrido os seus termos na conservatória do registo civil, a reconciliação
faz-se por termo no processo de separação e está sujeita a homologação do conservador
respectivo, devendo a decisão ser oficiosamente registada.
4. Os efeitos da reconciliação produzem-se a partir da homologação desta, sem prejuízo
da aplicação, com as necessárias adaptações, do disposto nos artigos 1669.º e 1670.º -

E o que é dito a seguir do nº1 são coisas processuais mas que não vamos falar pois é muito
diferente hoje em dia pois depois de 2001 houve muitas competências do tribunal que foram
passadas para outras entidades (ex.: conservador de registo civil, MP, etc.) e esta competência
da reconciliação foi uma dessas que passou para o conservador.
Naturalmente para haver reconciliação tem que haver declaração da parte de ambos

Segundo desfecho possível – contrato (1795-Dº) – que é a conversão da separação em divórcio


e se forem separados há menos de 1 ano a conversão só pode ser feita por declaração de
ambos os cônjuges.
Passado um ano basta declaração de um (passado 1 ano a lei perde a esperança da
reconciliação e exige menos).

Para a semana falamos do divórcio

Divórcio – como introdução a isto

Há muitos anos – introdução histórica – a grande questão do divórcio era a questão da própria
admissibilidade do divórcio e antes d 1975 os divórcios não eram possíveis nos católicos e
portanto a questão da admissibilidade era existente.
Hoje esta ultrapassada.

Depois que fundamentos pode invocar-se para invocar os divórcios litigiosos (que causas
podiam fundar) é a questão das causas ou fundamentos do divórcio e esta questão ainda está
viva e temos o nosso regime atual e há um certo conjunto de causas objetivas de divórcio mas
esta questão ainda é discutida e se será mesmo necessário haver um causa para ter um
divorcio unilateral.

A terceira questão que são as mais discutidas que é a questão dos efeitos do divórcio – há
muitos efeitos do divórcio que são discutidos e como regular certos como eventual obrigação
de alimentos depois do divórcio e como e se os cônjuges devem ficar obrigados a prestar
alimentos ou outros; obrigações parentais depois do divórcio.

Feita eta pequena introdução vamos ver o regime do divórcio entre nós.

Há duas modalidades de divórcio:


-divórcio a bem – divórcio por mútuo consentimento

-divórcio a mal – que até à grande reforma de 2008 chamava-se divórcio litigioso e agora é o
divórcio sem consentimento de um dos cônjuges.

Divórcio por mútuo consentimento – temos os cônjuges e ambos querem divorciar-se e existe
acordo quanto ao este e além de estarem de acordo com o divórcio nesta não existe
apresentação de causa (divórcio sem causa) ou talvez um divórcio de causa não revelada (mais
preferida pelo nosso livro).

Quais são os pressupostos (a que obedeceu) que já não existem:

-Houve tempos não muito antigos que para os cônjuges se divorciarem por mútuo
consentimento tinha de haver certos requisitos para se divorciarem e sem esses não podiam:

 Requisito de ordem temporal (só depois do casamento durar o mínimo de tempo é


que podiam se divorciar assim (pelo menos 3 anos) mesmo que entrasse o casamento
em crise antes disso) Que era para prevenir as desilusões depois de casamento que
podiam suscitar divórcio mas foi este limite tirado em 1998.
 O segundo limite durou mais tempo e só foi eliminado em 2008 – o limite entendia
que os cônjuges só se podiam divorciar (por acordo) se estivessem de acordo em
outras matérias além do divórcio. Ex.: se tivessem filhso menores como ficariam a
exercer as responsabilidades parentais; como ficaria a casa de morada; se um dos
cônjuges precisa-se de alimentos pos divorcio como ficaria. E portanto só poderiam
divorciar-se se também estivessem de acordo nestas 3 matérias.
Foi assim até 2008 (designados pela lei como acordos complementares ao acordo do
divórcio). (chamado pressuposto procedimental

Hoje as coisas estão facilitadas e portanto já não há um requisito temporal e também não
precisam de estar de acordo sobre as matérias procedimentais mesmo que não estejam de
acordo com mais nada têm a garantia que vão conseguir divorciar-se pelo sistema.

Entrando em pormenor no nosso regime.

Não temos um divórcio por mutuo consentimento, mas dois processos diferentes:

 Ou a coisa nas conservatórias do registo civil e por isso chamamos a este processo
cível – processo administrativo do divórcio por mútuo consentimento.
 Ou a coisa pode correr nos tribunais – processo judicial do divórcio por mútuo
consentimento.

Começando pelo primeiro : os cônjuges querem divorciar-se e dirigem-se à conservatória


apresentando um requerimento na conservatória e para os cônjuges poderem divorciar-se
desta forma (mais rápida e mais barata) e para não serem forçados a ir ao tribunal eles têm de
juntar os tais acordos complementares.
Estes acordos estão numerados no artigo 1775º do CC 7
Além destes acordos foi acrescentado recentemente quando foi integrado os pactos sobre
direitos do animais foi acrescentado mais um acordo que tem de existir que é sobre os animais
de companhia (alínea f) do 1775º CC)
Este artigo tem mais alíneas que não são bem acordos (ex.: alínea a) que não envolve
propriamente um acordo de vontades como os outros e até refere um acordo sobre a partilha
mas esse é apenas uma opção deles)
então os acordos que é os alimentos, casa de morada e filhos + sobre os animais de
companhia.

Estes acordos permite-se que sejam redigidos (ex.: imaginemos que as pessoas estão de
acordo quanto ao divórcio e chegaram a acordo sobre isto mas não têm jeito para escrever
coisas em papel e há a possibilidade de serem os próprios funcionários da conservadora a
redigir o documento mas sempre de acordo com o que os cônjuges lhe disserem que foi
acordado.

O conservador tem que avisar (e isto existe para todos os divórcios) que antes do início do
processo de divórcio eles têm de ser avisados que há serviços de mediação familiar e os
objetivos deste (está no 1774º8 essa obrigação) e perguntam se querem utilizar mas sem os
poder obrigar.
Depois desta fase há uma conferência (1776) que é mais um reunião (pequena audiência) no
qual o conservador verfica os pressupostos formais e vai apreciar os acordos que os cônjuges
tinham apresentado (juntado).
Vai apreciar os acordos todos? Não todos porque há uma acordo específico em que a

7
1 - O divórcio por mútuo consentimento pode ser instaurado a todo o tempo na
conservatória do registo civil, mediante requerimento assinado pelos cônjuges ou seus
procuradores, acompanhado pelos documentos seguintes:
a) Relação especificada dos bens comuns, com indicação dos respetivos valores, ou, caso
os cônjuges optem por proceder à partilha daqueles bens nos termos dos artigos 272.º-A a
272.º-C do Decreto-Lei n.º 324/2007, de 28 de Setembro, acordo sobre a partilha ou pedido
de elaboração do mesmo;
b) Certidão da sentença judicial que tiver regulado o exercício das responsabilidades
parentais ou acordo sobre o exercício das responsabilidades parentais quando existam
filhos menores e não tenha previamente havido regulação judicial;
c) Acordo sobre a prestação de alimentos ao cônjuge que deles careça; (Pressupõem-se
uma necessidade dele e sem esta não há a prestação)
d) Acordo sobre o destino da casa de morada de família;
e) Certidão da escritura da convenção antenupcial, caso tenha sido celebrada.
f) Acordo sobre o destino dos animais de companhia, caso existam.
8
Antes do início do processo de divórcio, a conservatória do registo civil ou o tribunal
devem informar os cônjuges sobre a existência e os objetivos dos serviços de mediação
familiar.
competência de apreciação que cabe ao conservador mas há uma entidade com mais jeito
nessa apreciação que é da responsabilidade parental e portanto o conservador envia essea
cordo para o MP que vai apreciar o acordo e que está habituado a apreciar esse acordo (artigo
1776-Aº). Portanto os outros acordos sobre a casa e alimentos vão ser apreciados pelo próprio
conservador e sobre os filhos pelo MP.
O que o conservador e o MP nesta apreciação vão ver se os acordos são razoáveis e senão
desprotegem os cônjuges ou os filhos.
Se entenderem que os acordos são bem feitos vão ser homologados pelo conservador.
Se o MP acha que é razoável ele põe visto no acordo e envia para o conservador que vai
homoluga-lo e senão desprotegerem de forma excessiva o interesse dos cônjuges ou dos filhos
e forem razoáveis então estes vão ser homologados pelo conservador.

E depois disso o divórcio é decretado e como vemos é uma coisa simples e apenas houve uma
conferência reunião.
Sendo o divórcio decretado (uma espécie de despacho do conservado (acho que é o nome
técnico) vai ter o mesmo valor que uma sentença judicial isto se os acordos forem bons).

Se os acordos ou algum acordo for achado não razoável então esse não vai ser homologado e o
que vai acontecer é que todo o processo (como o divórico só pode ser decretado pelo
conservador se tiver havido homologação dos acordos e só pode ser decretado por ele com a
homologação dos acordos o processo é remetido para o tribunal e a coisa passa a correr no
tribunal e então ficamos com a idea que o conservador só pode decretar o divórcio se forem
homologados acordos complementares.
Se váriso acordos não forem homologados não é logo enviado para o tribunal e há uma
primeira tentativa de reformular os acordos por alguma razão e são convidados a alterá-lo em
conformidade com as indicações que receberam (o filho não tem proteção suficiente por
exemplo) e se alterarem os acordos como deve ser ele ainda pode decretar.

Só se não acordarem à segunda vez então é que será remetido ao tribunal (1778º do CC)
Então aqui falamos do divórcio por mútuo consentimento judicial.

-DIvórico por mútuo consentimento judical

Em que casos tem lugar este tipo de divórcio? (+ 2 além do que já vimos)

 Um acabamos de conhecer nos quais nos termos de 1778 temos uma remissão para o
tribunal
 Vamos supor que logo no início quando os cônjuges resolvem divorciar-se (a vontade
comnum) mas não estão de acordo com mais nada (basta uma das matérias
completares) e nessa hipótese não se podem dirgir à conservatória porque para que o
processo seja aberto é necessário haver acordo sobre isso e apresentaream papeis de
acordo e aqui o que fazem é ir ao tribunal diretamente).
Esta hipótese de ir diretamente é prevista no artigo 1773/2 do CC 9 e depois está
repetido no 1778-A/1
 Hipótese marginal, mas prevista no 1779º que é o que acontece em caso seguinte.
Imaginemos que temos um divórcio litigioso e uma ação de divórcio intentada por um
9
2 - O divórcio por mútuo consentimento pode ser requerido por ambos os cônjuges, de
comum acordo, na conservatória do registo civil, ou no tribunal se, neste caso, o casal não
tiver conseguido acordo sobre algum dos assuntos referidos no n.º 1 do artigo 1775.º
cônjuge contra outro e nessa ação é possível que os cônjuges divorciados é possível
que cheguem a acordo quanto a que o divórcio passe a ser um por mútuo
consentimento e continuam a querer divorciar-se mas chegam a acordo que deixe de
ser litigioso e agora é de mutuo consentimento mas como a coisa já está no tribunal
continua no tribunal (por uma questão de economia processual)

O processo nos tribunais está mais ou menos descrito no 1778-A e há mais alguns dos artigos
994 e ss. do CPC que repetem mais ou menos isso.
Este é um processo de mútuo consentimento no tribunal e não há uma petição inicial mas
ambos assinam um requerimento e não tem natureza contenciosa.
mais uma vez temos a obrigação de que existem e os objetivos do serviço de mediação familiar
também aqui mas pelos tribunais.
Se os cônjuges tiverem algum acordo para apresentar (podem ter 1 mas não todos senão iam
ao conservatório) e o juiz aprecia 1778-Aº).
Aqui o juiz também pode convidar os cônjuges a alterarem o acordo se não acautelar o
interesses deles ou dos filhos, etc.

Em relação às matérias sobre as quais os conjhges não tenham apresentado acordo o juiz deve
promover acordo e é sempre melhor um acordo do que uma decisão do juiz e portanto em
relação a essa matérias ele deve promover os acordos, está no nº6 do 1776º.
Portanto o juiz vai apreciar o acordo na matéria em que existe e onde não houver deve
promover.
Se os acordos iniciais ou os resultantes desta promoção do juiz forem considerados bons
acordos tanto à primeira como segunda tentativa então é essa que vale em matéria
complementar.
Se continuar a haver desacordo ou maus acordos entre acordos como não pode ser decretado
divórcio caberá ao juiz definir o regime que vai valer em relação a matérias complementares.
Senão resultar de acordo ou forem maus como em qualquer caso as matérias têm que ficar
reguladas como não ficam através de acordo vai ser o juiz a definir como estas são reguladas
(1776º/3).
Portanto, não houve acordo ou não serviam e vai ser o juiz a fixar os termos no qual estas
matérias vão ficar reguladas e em qualquer caso no fim o juiz decreta o divórcio porque aqui
também existe uma única reunião/conferência e o divorcio é decretado numa sentença.

Agora vamos ao divórcio antigamente litigioso e agora é sem consentimento de um dos


cônjuges.
Esta alteração terminológica deu-se na reforma que se deu em 2008 (lei 61/2008) que não era
só do divórcio mas foi maioritariamente isso. Tiraram este termo porque litigioso parece que
há um combate e tentou arranjar uma designação mais neutra que foi esta.
A lei não quer ouvir falar de litígios mas sabemos que há um e em sentido técnico há um mas
materialmente a lei não quer ouvir falar de litígio.
No livro fala-se das várias concessões de divórcio (historicamente) relativa a este:

 Dantes falava-se do divórcio como sendo uma sanção (um castigo/pena) aplicada a um
cônjuge pelo outro; uma sanção do contrato por incumprimento aplicada ao cônjuge
infrator que tinha infringido os deveres conjugais e a consequência
sancionatória/punitiva era a sanção).
Esta ideia de divórcio como divórcio-samção estava ligada a uma ideai de divórcio com
principal fundamento como violação dos deveres conjugais e mesmo nessa altura o
divórcio como sanção era descabida porque quem quer mais o divórcio é o
prevaricador e portanto esta ideia era descabida porque quem o mais queria era o
infrator e portanto não era uma sanção porque era o que ele queria
 Agora o divórcio não era uma sanção castigo aplicado ao infrator mas sim o remédio
para o cônjuge inocente que não tem outra alternativa senão o divórcio para se
libertar de um casamento que é um peso para ele.
Não aguenta mais a situação e o casamento tornou-se insuportável e portanto o
remédio é o divórcio.
Ainda está um bocado subjacente ao nosso sistema pelo menos relativamente a
algumas causas de divórcio.
 A atual: é apenas a constatação da rutura do casamento.
No plano dos factos já não existe casamento e, portanto, este não mais é a
confirmação no plano de direito de aquilo que já existe no plano dos factos e serve
para constatar a rutura objetiva que já se deu (divórcio constatação da rutura ou
divórcio rutura).

Vejamos como funciona este divórcio:

 É um divórcio sem consentimento de um dos cônjuges


 Para este divórcio há uma causa (no nosso sistema atual os cônjuges só se podem
divorciar desta forma se alegar uma causa ( um conjunto de factos que vai formar uma
causa de pedir)

Quais as causas possíveis de divórcio (prevista no 1781º 10)

Comecemos pela alínea d) porque é uma cláusula indeterminada e as outras são exemplos
desta cláusula.

Não é fácil de densificar o que é isto de facto que mostrem a rutura do casamento e as
situações variam até porque isto pode ser um coisa que não são de um dia para o outro.
A lei parece que quis que não bastasse um começo de rutura e não basta um começo de rutura
(mau ambiente em casa não basta) mas é preciso haver mais do que isso (rutura deifinitvo)
mas também não um corte absoluto de relações.
A visão da lei parece que é quando chegamos a um ponto em que já não há retorno possível
10
São fundamento do divórcio sem consentimento de um dos cônjuges:
a) A separação de facto por um ano consecutivo;
b) A alteração das faculdades mentais do outro cônjuge, quando dure há mais de um ano
e, pela sua gravidade, comprometa a possibilidade de vida em comum;
c) A ausência, sem que do ausente haja notícias, por tempo não inferior a um ano;
d) Quaisquer outros factos que, independentemente da culpa dos cônjuges, mostrem a
rutura definitiva do casamento.
(não é preciso um corte completo de relações mas no sentido em que no ambiente que se
gerou não há retorno).

E se quisermos dizer é que um critério bom é o que resulta das alíneas restantes (a), b) e c)) e
podemos considerar como rutura definitiva algo tão grave como estes exemlpos que a lei
considera como rutura definitiva.

a)A separação de facto por um ano consecutivo; (o que é separação de facto? E para este
efeito temos o artigo seguinte 1782º11)
b) A alteração das faculdades mentais do outro cônjuge, quando dure há mais de um ano
e, pela sua gravidade, comprometa a possibilidade de vida em comum; - não basta as
alterações mentais por um ano e além de ser grave que também comprometa a
possibilidade de vida em comum. Estes requisitos de grave e comprometer é cumulativa
sendo chamada de prova facultativa.
Na causa anterior basta a prova de separçaõa de facto mas aqui não basta a prova de
alteração de mental mas também que foi grave e compromete a possibilidade de vida
comum (a primeira é uma prova absoluta e esta seria apenas relativa (a primeira vale por si
e a outra não).
Se o cônjuge perde a sanidade pode sair do casamento validando o divórcio remédio
apesar das promessas do casamento (na saúde e na doença)
Neste caso a lei tem em conta a situação em que está o cônjuge com as reservas
possíveis (se é deonte ou não) e tem em conta o facto de perfeitamente acontecer que
quando o cônjuge pede o divórcio isso agravar mais a situação do cônjuge em
consequência do pedido de divórcio e como existe essa possibilidade a lei tem em conta
esse dano não patrimonial e previu expressamente no artigo 1792º/2 12 tendo que reparar
os danos não patrimoniais.
Este requerimento é contornável se criar as condições da alínea a) por exemplo não tendo
que pagar.
c) A ausência, sem que do ausente haja notícias, por tempo não inferior a um ano;
ausência que conhecemos das normas civis; se há ausência já há separação de facto e
podemos pensar assim mas se já é separação de facto então porque é que a lei
autonomizou a ausência?
Porque pode haver ausência sem separação de facto porque falta o segundo elemento de

11
1. Entende-se que há separação de facto, para os efeitos da alínea a) do artigo anterior,
quando não existe comunhão de vida entre os cônjuges e há da parte de ambos, ou de um
deles, o propósito de não a restabelecer. (dois requisitos: separação física (já não vivem
juntos); mas não basta isto (porque um deles pode viver longe noutro país porque arranjou
lá trabalho ou foi condenado a uma pena de prisão) e isto não é necessariamente
separação de facto tendo como segundo requisito a intenção de o não restabelecer (das
duas ou só uma das partes) tendo também ambos os requisitos de de durar pelos menos
um ano consecutivo (se se separam durante 8 meses e depois reconciliam-se e este
tempo de reconciliação anula os 8 meses anterior e portanto a lei exige o ano consecutivo
para considerar isto se bem que foi meio discutido)
12
2 - O cônjuge que pediu o divórcio com o fundamento da alínea b) do artigo 1781.º deve
reparar os danos não patrimoniais causados ao outro cônjuge pela dissolução do
casamento; este pedido deve ser deduzido na própria ação de divórcio.
não querer reestabelecer (imaginemos que um deles foi raptado e ainda quer reestablecer
a conjuntura depois de se libertar e quem tiver em casa também).
Ou seja a ausência não pressupõe a separação de facto porque pode não haver o elemento
espiritual e por isso a autonomização por parte da lei.

Com isto temos o elemento do divórcio.

Quanto ao processo de divórcio é um litigioso, temos uma petição; um autor e um réu e é


uma ação contenciosa.
Aqui também existe a obrigação de um juiz informar e os objetivos dos tais serviços de
mediação familiar.
Falamos de processo de divórcio litigioso e aqui no código civil para saber onde estão as
norma que regulam o andamento do processo não há quase nada no CC mas sim no CPC
(931 e 932 do CPC)
Sobre este processo não há muito a dizer e há tribunais nestas matérias de divórcio e haá
e pode haver juízos de competência especializada (os de família e menores) e dentro
destes juízos uma das mais importantes competências destes é precisamente o de
conduzir os processos de divórcio.
Nestes processo há uma tentativa de conciliação (1779 do CC)
No de mútuo de consentimento não havia tentativa de conciliação havendo só a
informação sobre a mediação familiar e portanto já tinham acordo entre eles então não
havia essa tentativa se bem que antigamente era assim mas hoje entende-se que não é
assim e se se querem divorciar os dois porque tentar convence-los.

Senão conseguir reconciliá-los pelo menos vai tentar conseguir que o divórcio prossiga por
mútuo consentimento como já vimos (1779º do CC)

Vimos que tinha que ficar no divórcio por mutuo consentimento que as matérias
complementares tinham que ficar definidas para acontecer mas aqui não e não é forçoso
ficarem definidas logo para haver divórcio.
O juiz pode convidar os cônjuges a formular acordo; e um projeto provisório de
responsabilidades enquanto dura o processo mas pode o divórcio ser decretado sem que fique
definido os regimes.
É certo que o divórcio pode sair sem que estas coisa sejam definidas porque não chegaram a
acordo e o juiz apenas pode impor regimes provisórios durante o processo e isto está nos
artigos do CPC.

Embora pelo menos em relação que regula o exercício das responsabilidades parentais as leis
processuais estabelecem prazos para resolver as coisas rápidas mesmo depois do divórcio já
sair ou devem intentar uma ação em relação às responsabilidades parentais.

Só para terminar, como sabemos a sentença decreta o divórcio (sentença constitutiva) e agora
depois de 2008 já não há declaração de culpa (onde havia uma declaração do cônjuge mais
culpado que tinha que constar da sentença de divórcio).
Hoje sabemos que não existem cônjuges culpados e resulta apenas de causas objetivas com a
velha ideia que no divórcio a culpa é dos dois e assenta na causa de haver uma rutura objetiva
de casamento e o divórcio serve para confirmar essa rutura e como não há culpados não há
declaração de tal.
Uma referência que pode aparecer nessas sentenças é poder interessar saber se a convivência
ou coabitação entre os cônjuges já tinha cessado há mais tempo e se do processo resultar a
prova que os cônjuges já estavam separados de facto há muito tempo e ser for feita a data a
partir de que foram essa indicação dessa data a requerimento de qualquer dos cônjuges deve
constar da sentença porque essa data vai poder interessar para efeitos de consequências
patrimoniais do divórcio como vamos ver amanhã-

Efeitos do divorcio

Quanto a isto o cc tem 1788 e ss quanto a estes efeitos e é a volta disto que vamos andar.

O 1778 diz logo o efeito geral ( o divorcio dissolve o casamento) e tem os mesmos efeitos da
dissolução por morte (que é a outra forma de dissolução) claro que há diferenças porque
depois temos o direito sucessório

Problemas destes artigos?

Quando e que se produzem os efeitos do divorcio?

A resposta e dada no artigo 1789 que tem 3 números:

(Artigo 1789.º
(Data em que se produzem os efeitos do divórcio)
TEXTO
1 - Os efeitos do divórcio produzem-se a partir do trânsito em julgado da respetiva
sentença, mas retrotraem-se à data da proposição da ação quanto às relações
patrimoniais entre os cônjuges.
2 - Se a separação de facto entre os cônjuges estiver provada no processo, qualquer deles
pode requerer que os efeitos do divórcio retroajam à data, que a sentença fixará, em que a
separação tenha começado.
3 - Os efeitos patrimoniais do divórcio só podem ser opostos a terceiros a partir da data do
registo da sentença.

O problema quanto ao 1º número porque se e conforme transito em julgado como se o


divorcio resultasse sempre de sentença judicial mas pode ser por despacho de registo civil.
Falta alguma coisa porque este texto vem do tempo em que so havia divórcios judiciais.
Consideramos isso, porque há outra norma (mas mesmo que noa houvesse podíamos pensar
que no processo administrativo haveria equivalência) que e o 1776/3 que equivale as decisões
do registo a sentenças judiciais.

Com esta ajuda da lei podemos reler este 1779/1 adicionando “ou a partir de decreto do
conservador e este se torna definitivo sendo que este também pode ser objeto de recurso em
certas situações”

Para efeitos patrimoniais vamos considerar os cônjuges divorciados não no momento de


transito em julgado mas no momento anterior em foi proposta a ação (mas só para efeitos
patrimoniais (ainda estamos no 1779/1/2ª parte).
Para efeitos pessoais (o cônjuge ainda não pode cassar com outro)
Mas para efeitos patrimoniais (se estamos num regime de comunhão geral de bens e estão a
divorciar-se e processo esta a correr e se um dos cônjuges recebe uma herança durante o
processo já conta como dele porque para efeitos patrimoniais já estão divorciados por isso
temos uma retroação ao momento da propositura da ação para efeitos patrimoniais (claro que
isto vai depender do sucesso da ação)

Mais uma vez (“diz ação “) pressupondo a lei que só se faz divorcio por ação e há divórcios em
que não existe propositura de ação e não só nos administrativos, mas também nos de mutuo
consentimento em que não há ação e o que equivalerá será o requerimento de divorcio a
propositura da ação

Mas o nº2 deste artigo ainda acrescenta que se houver uma separação de facto antes de se
divorciarem em que se divorciam agora mas já estavam separados de facto a alguma tempo e
faz-se prova de data em que já tinha havido separação de facto e se estiver provada no
processo qualquer deles pode requerer que os efeitos do divorcio (parece que a lei esta a
pensar apenas nos efeitos patrimoniais) retroajam ainda a uma data anterior do nº1 – a data
em que a separação tenha começado (que consta sentença) e apenas para efeitos patrimoniais
já que segue do nº1 deste artigo.

Agora vamos ver os efeitos do divorcio

O 1790º fala da partilha (antes de ler isto o que já sabemos e que o casamento se dissolve com
o divorcio, há efeitos patrimoniais e cessam as suas relações patrimoniais (1788º do CC) e aqui
cada um recebe os seus bens próprios e e feita a divisão pela metade do património comum
(1778 e 1779 – ver este artigo)

O 1790 vem introduzir uma coisa nova:

(Em caso de divórcio, nenhum dos cônjuges pode na partilha receber mais do que
receberia se o casamento tivesse sido celebrado segundo o regime da comunhão de
adquiridos.)

Isto aplica-se a hipótese – A casa com B e quando casaram A tinha muito dinheiro e B não
tinha nada e casaram no regime de comunhão geral e, portanto, esse milhão ficou a pertencer
a dois e, portanto, A e B ficaram cada com uma quota ideal de 500.000.
Senão houvesse este artigo a partilha era metade para cada, mas este artigo permite que A
recebia 1 milhão porque era um bem que já tinha quando casou porque era um bem que já
tinha antes de casar.
(nota aparte: se uma casa for comprada em nome de B (já em casamento) é dos dois mas se
provarem que o dinheiro veio só de um pode haver compensação ou mais)

O espírito que existe nesta norma e para evitar que o divorcio se torne um bom negocio para
as pessoas. E este regime de comunhão de bens e para vigorar enquanto estamos no
casamento, mas quando se divorcia o quadro muda que esta presente. Há muita gente
discorde disto, mas o legislador esteve bem na opinião do professor quando pôs isto.
Antes era formulado “só o cônjuge mais culpado e que noa podia receber mais do que
receberia se tivessem casado em comunhão de adquiridos”

Este desvio e importante em relação à partilha.

Não interessa perceber como se faz a partilha e vemos isto para o ano.

Imaginemos que o divorcio foi realizado mas ainda não foi feita a partilha e em ambos os
regimes de divorcio vimos que não e forçoso haver partilha para haver divorcio mas
normalmente e um pouco depois do divorcio sair.
Nesse momento em que se divorciaram mas ainda existe um património comum qual sera o
estatuto deste património.

Que figura e esta?


Ainda e um património comum e indiviso e parece corresponder mais ou menos a heranças
indivisas.
Quando estavam casados havia um património comum e enquanto estavam casados nenhum
podia requerer a partilha (e possível em alguns casos mas isso não interessa).
Agora, já divorciados, qualquer eles pode requerer a partilha é o normal e fazê-lo o mais
brevemente possível.

A diferença entre as duas fases:

-Antes nenhum dos cônjuges podia dispor da sua quota (ex.: vender a um terceiro a sua quota
comum e estava ligado a sua qualidade de cônjuge)

Outros efeitos (ainda ligado a parte patrimonial)

-Em resultado do casamento há certos atos e contreatos um dso cônjuges não pode realizar
sozinho (ilegitimidades conjugais) e evidentemente estas ilegitimidades cessam com o
divorcio.

-Há efeitos que não vamos desenvolver e já falamos na união de facto (ex.: o destino da casa
de morada da família – a le iestabelece varias formas de tutela de um dos companheiros em
relação a casa de morada de família (artigos 1793º (no caso de eles residirem em casa própria
(era do A e prevê proteçao para B que pode ter mais necessidade e por causa dos filhso e
prevê situação de arrendamento); na hipótese de casa arrendada (1105º (também da
possibilidade do arrendamento em nome de A passar para B ou estar em nome de ambos e
passar so para um)

-Efeito patrimonial importante que não esta na secção em que estamos – a partir do momento
em que se divorciam deixam de ser herdeiros um do outro (2133º/3 (o das classes sucessíveis))
(aplica-se aqui o regime de retroação do 1789º)

O 1791º estabelece uma coisa


1 - Cada cônjuge perde todos os benefícios recebidos ou que haja de receber do outro
cônjuge ou de terceiro, em vista do casamento ou em consideração do estado de casado,
quer a estipulação seja anterior quer posterior à celebração do casamento.
2 - O autor da liberalidade pode determinar que o benefício reverta para os filhos do
casamento.

Ex.: se um dos cônjuges recebe uma doação em vista do casamento ou pelo estado de
casado (uma doação com este condição aposta (se bem que não é bem uma condição)) e
se um dos cônjuges tinha recebido uma doação ou foi beneficiado por um deixa
testamentaria que recebeu ou haja de receber de um terceiro são perdidos.

Isto não se aplica aos donativos conforme aos usos sociais (ex.: prendas de casamento)
(se formos ao artigo 940º/2 diz: (2. Não há doação na renúncia a direitos e no repúdio de
herança ou legado, nem tão-pouco nos donativos conformes aos usos sociais.)

- Outra coisa (2016º direito aos alimentos) e portanto esta obrigação pos divorcio não esta
prevista na secção sobre divorcio e esta neste 2016º e 2016-Aº sobretudo.
Quanto a este obrigação depois do divorico o que dizemos?

1º - nos termos do nº1 do 2016º (1 - Cada cônjuge deve prover à sua subsistência, depois
do divórcio.) O professor não sabe bem o que quer dizer e provavelmente e dizer que cada
um tem obrigação de tratar da sua vida e não descansar sobre os alimentos do outro e
qual a consequência pratica disto?
parece uma grande pretensa mas depois nos nºs seguintes deste prevê a obrigação de
alimentos.
No projeto que esteve na base do projeto em 2008 previa-se que a obrigação de alimentos
pos divorcio não seria vitalícia mas temporária mas depois não se transpôs aqui e parece
que se a lei considerou este exigência do nº1 então vamos considerar que a obrigação de
alimentos se mantem enquanto o cônjuge alimentando sem culpa nenhuma sua não
consiga prover a sua subsistência ( e tem que prover ónus de procura de emprego) e a
partir do momento que teria possibilidades de subsistir sozinho então deixaria de receber.

Agora imaginemos que duas pessoas se separam já idosos e já não tem possibilidade de
encontrar de trabalho e não conseguem subsistir então não prevemos culpa aqui.

Hoje, de acordo com a nova ideologia ao regime do divorcio (hoje qualquer dos cônjuges
pode ter direito a alimentos desde que esse tenha necessidade e o outro possa prestar).
Antes de 2008 só o cônjuge menos culpa e que tinha esse direito e o culpado tinha que
prestar e era com base no sentido da culpa e hoje já não e assim e qualquer dos cônjuges
pode alimentar o outro ate porque já não há declaração de culpa.
(mas podemos pensar assim: imaginemos um divorcio num clima de violência domestica
e o cônjuge agressor precisa de meios de subsistência e a agredida tinha dinheiro e
segundo a regra geral tinha ela que prestar alimentos a ele mas em questões de equilíbrio
isto não parece muito justo e portanto o nº3 do 2016º diz que por razoes de equidade (e
aqui cabe tudo e mesmo razoes não estritamente jurídicas (emocionais, racionais,
compreensão da situação) ele pode ser negado e era mais nestas hipóteses que o
legislador estava a pensar quando escreveu este numero.

Ainda dentro dos efeitos do divórcio:

Os alimentos pós-divorcio – antes havia a ideia que estes alimentos procuravam manter o
mesmo nível de vida que tinham antes e não apenas a sobrevivência do alimento nesse
sentido (não estava na lei, mas era uma jurisprudência consolidada)

A reforma acabou com isso (2016º-A – o cônjuge credor não tem o direito de manter o padrão
de vida do património.
Hoje em dia não é o máximo (o manter do padrão) nem o mínimo só sobrevivência mas será
um pouco mais que isso (o suficiente para que o alimentando tenha uma vida razoável).7

No nº1 do 2016-A está um monte de coisas que o tribunal tem de ter em conta e outras coisas
(tipo qualificações tribunais, tempo a dedicar a criação de filhos)

Nem muito. Nem pouco, aquilo que corresponderá a uma vida razoável.

Quanto ao montante dos alimentos é isto

Como se prestam?
Pagamento de quantias periódicas (todos os meses o alimento paga X ao alimentado tal como
diz no artigo 2005º e esta é a forma normal da prática e de acordo com a lei supletiva é a
forma de funcionar o alimentos (supletiva porque pode as partes ou tribunal fixar outra
conforme o caso).

Em relação a esta forma tem-se discutido porque são pessoas que se divorciaram e que se
pagaram e já se discute em vez de pagar mensalmente um tanto talvez fosse melhor fazer este
pagamento e cumprimento de obrigação através de prestação única isto para fechar logo o
assunto e em vez de todos os meses um dos ex-cônjuges estar a pagar alguma coisa e a
revisitar as feridas do divórico porquê não pagar tudo de uma vez num pagamento único mas
as contas são difíceis de fazer e háá que fazer num tempo previsível de vida do cônjuge e
talvez fosse melhor em vez de pagamentos mensais talvez um único mas não é fácil ver os
critérios dessas contas (o tempo previsível de ele precisar, etcc. Mas a ideia é de ele ficar com
o assunto fechado.

Mas mesmo isto não é suficiente porque poderia haver revisões supervenientes do montante
dos alimentos porque podia haver circunstâncias posteriores (afinal o tempo era maior, as
contas foram mal feitos)
E portanto os elementos na base da ideia podem estar errados.

Outro ponto sobre alimentos – este direito a alimentos é ou parece ser um direito indisponível
(tratando-se de garantir da subsistência do alimentante compreende-se que este não seja
disponível (o alimentante não pode dispor desse direito ou renunciar a ele porque está em
causa a sua sobrevivência e não pode ser penhorado em processo executivo (3 ideias sobre
esta indisponibilidade (2008 do CC).

Em relação ao específico deste direito de alimentos pós divorcio vale este ponto?
Sim porque deve ser indisponível mas como já vimos neste campo os alimentos são mais do
que isso (porque tenta manter a tal vida razoável e nessa faixa superior à sobrevivência parece
que esta obrigação de alimentos já será disponível no caso do divorcio e portanto na parte que
correspondera à sobrevivência mínima do alimentante não pode ser disponível mas no plus
relativo a esses alimentos já pode ser.

Por último, para terminar os alimentos, fazer referência à norma de quando cessa esta
obrigação.
Um dos ex-cônjuges está a pagar a obrigação e esta obrigação cessa (além das causas gerais
sobre a circunstância de deixar de existir os próprios pressupostos desta obrigação (a
necessidade de alimentos por parte do alimentado e a possibilidade de os prestar por parte do
alimentante) e sendo estes os pressupostos quando estes pressupostos desaparecem a
obrigação também mas estas são as condições gerais. (artigo 2013º)
Agora temos também cláusulas específicas ao divórcio (2019º):

 Se o alimentado contrair novo casamento


 Iniciar união de facto
 Esta é mais uma questão de interpretação “se o alimentado se tornar indigno do
alimento pelo seu comportamento moral” – o professor não sabe se alguma vez isto
foi invocado, mas está aqui. Estas indignidades na base do comportamento moral já
nem é datado, mas está aqui.

Quanto ao efeito divorcio é tudo a dizer.

Já vimos os artigos dos efeitos dos negócios (partilha, regra do 1790º); da perda dos benefícios
que tinham recebidos os cônjuges (1791º também)
Agora falta falar da 1792º “reparação dos danos não patrimoniais”.

O nº2 deste artigo já cá estava antes da reforma: ( 2 - O cônjuge que pediu o divórcio com o
fundamento da alínea b) do artigo 1781.º (sobre a alteração grave da saúde mental de um
dos cônjuges que dure mais de um ano e comprometa a viabilidade do casamento) deve
reparar os danos não patrimoniais causados ao outro cônjuge pela dissolução do
casamento; este pedido deve ser deduzido na própria ação de divórcio. )

A reforma de 2008 veio acrescentar o nº1: (1 - O cônjuge lesado (não se diz que são danos
não patrimoniais porque a epígrafe já diz não patrimoniais) tem o direito de pedir a
reparação dos danos causados pelo outro cônjuge, nos termos gerais da responsabilidade
civil e nos tribunais comuns.)

Portanto aqui o cônjuge lesado tem o direito de pedir a reparação dos danos casusados pelo
outros nos termos gerais da resp. civil e nos tribunais de comum.

Há uma duvida na doutrina que pergunta que danos são suscetíveis de serem reparadas e que
danos é que este legislador de 2008 tinha em vista.
A dúvida é saber se estes danos são todos os danos não patrimoniais que durante o casamento
o cônjuge causou ao outro ou simplesmente os danos não patrimoniais que um causou ao
outro mas apenas aquele relativo ao divorico.
(ex.: Um cônjuge agride B durante um cônjuge e este dano é indemnizável (violação do dirieto
à integridade física que um dos cônjuges já tinha de qualquer modo independentemente do
casamento e cabe nesta disposição e estes danos por violação dos direitos que os cônjuges já
tinham de qualquer modo são sujeitos a indemnização)

Agora e os outros danos?


Não da violação dos direitos que já itnham mas violação que adquirem durante o casamento
(ex.: direito à fidelidade que surge com o casamento (e um trai o outro e em consequência
disso entra em depressão e sofre este dano e tem de recorrer a acompanhamento
psiquiátrico)
Este dano deve ser indemnizado? Tem a haver com o estatuto contratual do casamento e não
pessoal (tinha antes do casamento)
Este artigo é sobre os danos sobre direitos antes do casamento ou já da violação do contrato
de casamento? (corrigir a anterior)

Esta é a duvida:

Como a lei não faz distinções há quem entenda que todos os danos devem ser indemnizados.
A lei também não ajudou muito porque disse nos termos gerais da responsabilidade ciivl

E estes termos gerais pode ser tanto a extracontratual e a contratual e podemos dizer que esta
remissão admite as duas hipóteses que no caso violação dos direitos pessoais como os
contratuais e pode-se entender assim.

Mas também se pode entender de outro modo, nos termos gerais, diz que pode pedir
reparação independentemente do facto jurídico de que estão casados e portanto ignorar a
circunstância especial de estarem casados e considerar apenas os termos gerais da resp. civil e
podemos dizer que existem os termos gerais da resp. civil contratual.

A seguir diz que estes danos devem ser deduzidos no tribunal comum e se a lei quisesse
abranger os danos dos direitos matrimoniais os lugares mais adequados seriam os tribunais ou
juízos de competência especializada (os de família comum) e se diz que os mais adequados são
os tribunais comuns então pensa mais nos direitos comuns e isso é o que professor pensa.

Depois há outros elementos importantes nesta questão:

-Tendo em conta o espritio da reforma de 2008 foi suprimida a relevância da culpa (acabar
com o relevo da culpa no divórcio) e não apenas como fundamento do divorico mas também
como critério de efeitos do património (ex.: a culpa não é relevante na partilha, restituição das
doaçãos, quem presta alimentos a quem e o legislador acaba com este relevo).
E se a culpa deixa de estar presente em 2008 estranharia que reaparecesse para estes danos
não patrimoniais (e se os cônjuges não são culpas depois da reforma era estranho aparecer
esta culpa no pedido de indemnização porque teriam de aparecer culpas isto no sentido aos
direitos que resultam do casamento porque aos direitos anteriores ainda é.

É a maneira de ver as coisas do professor e também do principal autor da reforma de 2008


(feita sobretudo pela mão do Dr. Vieira de Oliveira).
Com isto acabamos os efeitos do divórcio que nós vamos dar (ainda existe por exemplo o
modo de exercício das repsonsabilidades parentais mas não damos agora).

Agora vamos dar o direito da afiliação

Nós já sabemos mais ou menos como vai ser estruturada:

-Primeiro como se estabelece a relação jurídica de filiação (estabelecimento da afiliação)

-Uma vez constituída (os efeitos de afiliação)

Antes de entrar neste estabelecimento – uma introdução

Lembramo-nos que no incio falamos dos princípios constitucionais (de constituição da família
(artigo 26 º da CRP) e dentor disso a proibição de discriminação entre filho fora e dentro do
casamento) e não vamos repetir mas talvez acrescentar algumas princípios aos que já vimos.

Principios constitucionais não haverá mais (dirieto à identidade pessoal (invocado nas
questões de filiação (ex.: para saber se o filho tem sempre o direito de investigar a paternidade
ou maternidade e é um dos direitos constitucionalmente mais falados sobre esta área)

Além dos constitucionais ainda há outros que são estruturantes da relação de direito da
afiliação e estão mais ou menos subjacentes regulantes desta matéria:
-Princípio da taxatividade dos meios de estabelecimento de afiliação (a afiliaçaõa só se pode
estabelecer a partir dos meios na lei)

-Princípio da verdade biológica – em princípio a verdade jurídica (a parentalidade jurídica de


corresponder à verdade biológica) a primazia da verdade biológica.
E em matéria de afiliação que vai ser juridicamente estabelecida deve corresponder à verdade
biológica (princípio adjacente ao nosso sistema)
Hoje há certos regimes em que esta ideia de primazia da verdade biológica entra em crise (ex.:
regime da procrariação medicamente assistada e dentro desse regime temos a procriação
medicamente assistida heterólogo (a que se recorre a um matéria genético externo (M ou F)
de um terceiro que doa o seu material genético (terceiro dador) e nesta hipóteses o facto de
haver um terceiro dador não afasta a possibilidade de admitir uma paternidade (no caso do
doação de sémen) de quem recorreu ao serviço (o beneficiário fica a ser o pai) e a própria lei
sabe que o pai jurídico não é o pai biológico e aqui não é tão importante o critério da verdade
biológica e neste regime o mais importante será a vontade de assumir o projeto parental ( e o
querer ter o filho é o importante para estabelecer a parentalidade e o critério biológico passar
a ser a vontade de assumir o projeto parental mas tem de haver sempre alguma contribuição
biológica por parte do casal (o mínimo de um ou outro).

Este princípio subjaz claramente ao nosso sistema de afiliação comum mas sendo
medicamente assistida há alguma erosão a este princípio e talvez aqui domine a tal vontade de
assumir o projeto parental.
Mas quanto à afiliação comum é clara a existência deste princípio da verdade biológica.

-Outro princípio não tanto sobre estabelecimento de afiliação mas sobre efeitos da afiliação –
princípio da primazia do interesse do filho e em matéria de estabelecimento de filiação não
está tão presente a ideia do superior interesse da criança mas sim depois nos efeitos de
afiliação e essa ideia existe em muitos regimes.
O interesse da criança prevalece sobre outros interesses (princípios que vale sobretudo
quando não apenas (na opinião do prof.) em matéria de efeitos de afiliação.

Além da afiliação já vimos alguns princípios constitucionais e outras que não fazem parte da
CRP.

O outro ponto desta introdução tem a haver com as normas gerais sobre a afiliação (antes das
normas de estabelecimento) 1796 e ss.º

Devemos chamar à importância 1798º (momento da concessão do filho) ( O momento da


concepção do filho é fixado, para os efeitos legais, dentro dos primeiros cento e vinte dias
dos trezentos que precederam o seu nascimento, salvas as excepções dos artigos
seguintes.)

Quando seja importante apurarmos o momento da conceção para situações legais está neste
artigo.

Voltamos 300 dias atrás e depois andamos 120 para a frente.


E está sobre isto a ideia que a gestação normal de uma criança nunca é superior a 10 meses
nem inferior a 6.
Na prática não vai haver gestações superiores de 10 e inferiores a 6.

Agora, se continuarmos a ler, o momento de conceção do filho é fixado nesses dias mas se
continuarmos a ler vemos que é apenas uma presunção e alías estão aplicadas duas
presunções:

-1ª presunção – que a conceção foi feita dentro dos 120 dias e não foi feita nem antes nem
depois (resulta o artigo 1800/1/2ª parte dizendo que se tem de provar se houve uma gestação
excecionalmente curta ou longa e tem de haver uma declaração judicial nesse sentido (não é
preciso uma ação autónoma e pode ser feito dentro do mesmo processo corrente))

-2ª presunção – de que a conceção se daqueles 120 dias num qualquer destes 120 dias e
qualquer um deles serve nem que haja só um disponível.
Imaginemos uma criança que nasce de um senhora que enviuvou há muito tempo (há 299 dias
do nascimento) a pergunta é se se pode presumir que esse marido é pai da criança?
O marido morreu no primeiro do 120 dias e dos 300 e pode presumir-se isso? Porque qualquer
dia dos 120 serve e nem que haja só um dia disponível e esta ideia designa-se como
indivisibilidade do período legal de conceção.
Esta expressão costuma-se usar para dizer que este período de legal de conceção (120) não é
divisível e não se pode dividir e qualquer dia serve.
Esta indivisibilidade é também ela uma presunção apenas porque a lei presume que ela pode
se ter dado num qualquer 120 dia mesmo que só haja um disponível mas mais uma vez é só
presunção e pode provar-se o contrário dizendo que só se podia ter dado naquela semana,
dias, dia e afinal pode haver divisões de período legal (e isto está no 1800/1/1ª parte).
Isto está dentro deste período e de acordo com a ideia de indivisibilidade não se podiam fazer
divisões mas contrariando esta presunção a lei permite que se faça prova do contrário.

A introdução acaba aqui.


Agora sobre o estabelecimento da filiação:
-Estabelecimento da maternidade (formas possíveis de estabelecimento desta relação
jurídica)

 1ª forma: a menção da maternidade feita na declaração de nascimento prestada no


registo civil (sempre que nasce uma criança alguém vai ao registo civil registá-la
(declaração de nascimento) preenche um formulário com essa declaração)
Nessa declaração de nascimento efetuada no registo civil basta a menção da
identidade da mãe para automaticamente ou praticamente automaticamente ficar
estabelecida a maternidade e basta a menção desta identidade. Esta declaração não
tem de ser feita pelos pais (normalmente é) e no Código Registo Civil (o 17º-B eu acho)
pode ser feito pelos familiares que assistiram ao parto, diretor da unidade de saúde,
etc. e, portanto, há outras pessoas).
Nem sempre as coisas são automáticas e a lei prevê assim (18004 e 1805 fazem
distinção entre registos de nascimento)

o Normalmente quando o registo de nascimento é feito logo a seguir (a menos


de 1 depois do nascimento) as coisas passam como ditas (1804º/1) e a
maternidade indicada considera-se estabelecida logo e automaticamente.
o Senão for o caso e o registo seja feito há mais de 1 ano do nascimento (artigo
1805º do CC) e nesses casos a memória já pode estar um bocado obscurecida
de quem era a mãe e portanto nessa caso então pode haver dúvidas da
identidiade mãe e suspeitam um registo tão tardio.
Nesse caso a maternidade indicada só se considera estabelecida se a própria
mãe for declarante ou estiver presente no ato ou se encontrar representada
no ato.
Mas se for outra pessoa no ato (que como vimos é possível) aí a lei tem certas
cautelas e a lei não vê a maternidade como imediatamente estabelecida e a
pessoa declarada como mãe será notificada para em 15 dias vir declarar-se
/confirmar-se como mãe e se confirmar tudo bem, senão o fizer é omissa
(crianças sem mãe (se bem que acontece mais sem pai)).
o Esta maternidade na primeira forma pode estar certo mas também pode estar
errada (a pessoa pode identificar-se como mãe mas não o ser (alguém que não
queria aparecer como mãe então pediu a uma irmã para se identificar como
mãe (porque era muito jovem ou outra coisa)). Em princípio da declaração
corresponde à verdade mas senão corresponder à verdade biológica é
evidente que esta maternidade é suscetível de ser impugnável (1807º) e existe
a possibilidade de impugnar a maternidade se a verdade biológica não
corresponder à verdade jurídica desde que não seja verdadeira a maternidade
estableceida e pode ser impugnada pelo próprio filho, qualquer interessado
moral e patrimonial na ação, ou pelo MP e portanto temos muita gente que
pode impugná-la.
 Vamos supor agora que houve um registo de nascimneto onde foi identificada a mãe
mas já vimos registo em que fique vaga o tal espaço do formulário desitnado à
identidiade da mãe (a pessoa que encontrou a criança na escada e não sabe quem é a
mãe; ou passado um ano a pessoa identificada não se confirma como mãe).
Nestes casos de registo omisso relativo a mãe a lei prevê que a mãe possa aparecer e é
a declaração de maternidade do artigo 1806º e é um espécie de
confissão/reconhecimento de um facto.
Declaração posterior ao registo de nasxcimento e a própria mãe faz depois o
reconhecimento que é mãe.
O 1806/1 diz que há situações só pode fazer esta declaração de maternidade em
Tribunal (ex.: a mãe vem fazer a declaração de maternidade só que acontece que
naquela altura em que a criança nasceu e concebida a mulher era casada e
estabelecida a maternidade isso implicaria o estabelecimento da paternidade
(princípio da presunção da paternidade). Mas a hipótese da lei vai mais do que isso e
no momento do nascimento ela era casada e agora a criança já tem pai a paritr de um
processo de aperfilhação (declaração de paternidade – confissão da sua paternidade) e
nesse caso se já existe um pai existe um problema proque existem duas partenidades
conflituantes.
Para resolver essa embrulhada a lei impõe que se a pessoa quer declarar a
maternidade tem que ser por ação judicial para resolver logo tudo, tanto a
maternidade como a paternidade efetivamente.
Em princípio a segunda forma é esta.
Esta declaração de maternidade posterior, tal como aquela feita a seguir ao
nascimento senão for verdadeira pode ser impugnada e o artigo 1807º cobre ambas as
formas de estabelecimento de maternidade (a do registo e de declaração posterior) e
pode ser impugnada nos termos deste artigo.
Esta segunda forma (a declaração posterior feita pela própria mãe) ainda devemos
dizer:
o (sobre a capacidade) temos aqui uma declaração/confissão de um facto (o
reconhecimento do facto (os italianos dizem que é uma declaração de ciência
mas caiu em desuso)) para o qual pode ser necessário definir o limear de
capacidade e qual a capacidade mínima.
 Em relação à perfilhação (o equivalente para os homens)
 Fixa a capacidade de perfilhar nos 16 (e pergunta-se se esta
deve valer para as mulheres e no geral entende-se que não
porque é mais fácil uma mulher perceber um nascimento do
que um homem perceber as consequências da concessão e
diz-se que basta para m
Esta situação está resolvida para os homens mas para as
mulheres não.
o A forma exigida
 Para a perfilhação (1853º) prevê quatro formas possíveis para
perfilhação (registo civil, testamento, escritura pública, se houver um
processo judicial por termo lavrado em juízo) E em relação à a
perfilhação por homens temos quatro formas para a realizar e para as
mulheres não se diz nada e só fala de registo (quase que admitimos
que só por registo civil mas no código do registo civil o artigo 129º
prevê para esta declaração de maternidade as mesmas quatro formas
da perfilhação e afinal são as mesmas apesar do CC parecer falar só de
registo.
 A 3ª forma ainda não falamos porque esta forma aparece muita adiante (o
reconhecimento judicial de maternidade) nos artigos.
Uma ação intentada pelo próprio filho contra aquele que ele pensa ser a mãe ou pai
(ações de investigação da maternidade/ da paternidade) e essa terceira forma será o
reconhecimento judicial feito no termo dessa ação só que isto só aparece nos 1814º e
SS. porque antes desses fala de outra coisa que é a averiguação oficiosa da
maternidade.

[O leitor menos atento pode ficar a pensar que esta averiguação é mais uma forma de
estabelecimento da maternidade só que não é bem assim.
Esta averiguação consiste, e pode acontecer que na altura do registo não fique
estabelecida a maternidade e nessas alturas diz o 1808º/1 que o funcionário do registo
civil vê a situação da falta de maternidade então ele perante esse facto estranho deve
remeter ao tribunal uma certidão integral do registo em que tinha ficado omissa a
identificação da mãe e mais algumas coisas a fim que o tribunal averigue
oficiosamente a maternidade. A parte que mais interessa na averiguação é que vai se
tentar quem é a mãe e posso recolher provas, ouvir pessoas de quem a será e no fim
desta coisa toda podemos ter resultados como (não chegar a resultado nenhum e não
sabermos e o processo é arquivado; mas pode ficar o tribunal com uma ideia segura de
quem poderá ser mãe e o artigo 1808º diz que o tribunal, tendo essa ideia, deve ouvir
a mãe em declarações (chama a mãe e é ouvida em declarações) e se essa pretensa
mãe confirmar a maternidade será lavrado o tal termo lavrado em juízo e portanto se
ela própria confirmar que é mãe fica estabelecida a maternidade (mas fica como
declaração de maternidade não por averiguação oficiosa sendo que esta não é uma
forma de estabelecimento).
Se a suspeita mãe disser que não é a mãe mas o tribunal continuar convencido que é
deve remeter o processos ao MP para ele intentar a corresponder ação de
investigação de maternidade e se essa ação tiver sucesso então a maternidade fica
estabelecida por reconhecimento judicial e mais uma vez esta averiguação não é o
modo de estabelecimento da maternidade.
Isto para sabermos que a averiguação não é o modo próprio de estabelecimento de
maternidade mas pode conduzir a outros modos (por declaração de maternidade ou
por reconhecimento judicial (através de uma ação de investigação de maternidade
intentada pelo MP)<
É sempre obrigatória a averiguação oficiosa havendo exceções no artigo 1809 (ex.: no
caso de incesto até porque já se sabe que houve incesto é porque já houve
investigação sobre isso; em relação à alínea b) – se houver decorridos 2 anos passado
o nascimento aqui a lei não quer obriga às entidades públicas que custam e são difíceis
e a lei aqui não quer onerar o estado com estas tarefas complicadas e caras]

Voltando à terceira forma, o reconhecimento judicial de maternidade, é uma ação com


o nome de ação de investigação de maternidade.
Esta terceira forma decorre dos artigos 1814 e ss. e o que há a dizer:

Quem tem legitimidade? Estas ações de investigação são penas pela lei tipicamente
propostas pelo filho contra o pretenso pai ou mãe (são ações com o filho já com certa
idade e senão tiver idade para o fazer autonomamente representado por alguém à
condenação de alguém para ser sua mãe (condenação é apenas o termo processual)).
Portanto a legitimidade ativa típica é do filho e é isto que começa por dizer o CC no
1814º.
Sucede que há outras entidades em determinadas circunstâncias com legitimidade
ativa para propor a ação e em que circunstâncias:
-A hipótese do 1822/2 que confere ao marido da pretensa mãe (suponhamos que a
maternidade via ser investigada e o filho foi concebido quando a mãe era casada e
sendo reconhecida judicialmente a maternidade implicará que fique estabelecida a
paternidade e portanto se a mãe era casada na altura me que o filho nasceu o 1822/2
diz que durante a menoridade do filho a ação de investigação da maternidade pode
ser intentada pelo marido da pretensa mãe até porque a sua paternidade ficaria em
processo com essa mesma ação (o prazo é a menoridade do filho mas o propósito é de
ficar logo resolvida a questão da paternidade também)
-A mãe poderia fazer a declaração de maternidade mas não o poderia fazer casada e
se o fizesse teríamos o conflito entre o homem que já aperfilhou e o marido e para que
a coisa ficasse esclarecia tinha que declarar a maternidade mas através de ação no
tribunal (é uma ação de investigação da maternidade (1824º) em que a mãe aciona
contra si mesmo)
-O MP pode intentar nos termos daquela investigação oficiosa da maternidade nos
termos que discutimos ontem.´

Mais algo a dizer sobre a ação da investigação:


-Âmbito da prova – o ónus da prova é de quem pede a ação e tem de provar os factos
alegados na ação.
Se for o filho tem que provar que foi ele que nasceu no parto e as várias entidades (…).
Esta é a prova direta da maternidade.
A lei tem outras coisas e estabelece a lei que estas coisas da prova está mais
simplificada as provas através de métodos científicos (os de ADN) e fica mais fácil.
Para casos que seja mais difícil a prova de maternidade e não seja fácil a prova do
facto (de ter nascido naquele dia, daquela mãe) ou que seja difícil aceder às provas
cientificas a lei dá uma ajuda ao filho e estabelece umas presunções de maternidade
que SÓ FUNCIONAM NO AMBITO DE UMA AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO DE MATERNIDADE
no artigo 1826 e diz que presume-se:
(2. A maternidade presume-se:
a) Quando o filho houver sido reputado e tratado como tal pela pretensa mãe e
reputado como filho também pelo público; (o filho chamado assim pela mãe
(nomen); o ser tratado como filho pela mãe (tractatus); e o filho reputado pelo
publico assim (fama) e este é o quadro legal sistemático para definir a chamada
posse do estado do filho (tal como o direito real da posse)
b) Quando exista carta ou outro escrito no qual a pretensa mãe declare
inequivocamente a sua maternidade. )
Imaginemos que o filho não consegue provar o parto mas se conseguir provar que
sempre foi tratado como filho, toda gente achava que era filho dela então isto serve de
base de presunção.
A outra presunção é existindo uma carta ou outro escrita na qual a mãe declara
inequivocamente (informal) a sua maternidade. (ex.: a mãe publica um diário ou
mandou uma carta ou publicou um artigo no jornal onde falava do filho e há muitos
casos possíveis).
Portanto estas presunções funcionam apenas no quadro desta ação e têm pouca força
(não são como as presunções normais) porque são aplicadas de forma supletiva.
(aquilo que no processo jurídico (normalmente as presunções são prova plena porque
têm que ser contrariadas) mas neste caso basta que sejam criadas duvidas na cabeça
do juiz sobre maternidade para ficar inibida esta presunção de maternidade).

Estas questões de ação de investigação também são de paternidade (apesar de não


haver quase nenhum de maternidade) e por isso há muitas coisas que não falamos
agora e só se fala quando for a de paternidade.

O que temos de falar é sobre os prazos porque há prazos para instituição de ação de
investigação. O 1817 estabelece os prazos havendo dois prazos:

-Prazo primário /principal (nº1) – (só pode ser proposta durante a menoridade do
investigante ou nos dez anos posteriores à sua maioridade ou emancipação. ) No
fundo até 28 anos.
-Depois a lei permite uma reabertura do prazo mesmo que já se tenha fechado nestas
hipóteses do nº3 (ex.: suponhamos que o filho nunca soube quem era a mãe e
entretano foi crescendo e neste momento tem 50 anos e só agora é que lhe chegava
ao conhecimento quem era a mãe sem nunca saber (porque foi falar com os antigos da
aldeia ou viu os documentos numas gavetas) e em situações deste tipo em que seria
impossível até lá enviar a ação de investigação de maternidade (porque tem de ser na
direção de uma específica pessoa) e diz que a ação pode ser proposta nos 3 anos
seguintes à ocorrência de um dos seguintes factos (há duvidas se alguns não se
sobrepõe (nesta caso alínea c)):
(3 - A ação pode ainda ser proposta nos três anos posteriores à ocorrência de
algum dos seguintes factos:
a) Ter sido impugnada por terceiro, com sucesso, a maternidade do investigante;
b) Quando o investigante tenha tido conhecimento, após o decurso do prazo
previsto no n.º 1, de factos ou circunstâncias que justifiquem a investigação,
designadamente quando cesse o tratamento como filho pela pretensa mãe;
c) Em caso de inexistência de maternidade determinada, quando o investigante
tenha tido conhecimento superveniente de factos ou circunstâncias que
possibilitem e justifiquem a investigação.(os tais papeis de que falámos que
encontrou passado de muitos anos e partir daqui tem mais 3 anos) )
Antes do regime atual de fixar os 10 anos, portanto na versão inicial da disposição, o
prazo era do mais curto e não era 10 anos depois da maioridade, mas sim 2 anos
depois (só até aos 20 anos) enfim, este curtíssimo prazo que o filho dispunha (dizendo
mais uma vez que esta norma está na secção da maternidade, mas aplica-se também
na paternidade por força de uma remissão que está mais à frente). Era um prazo
curtíssimo e de acordo com as divergências sobre isso e sobre a constitucionalidade de
um prazo tão curto tendo em conta o direito à identidade pessoal e dentro deste inclui
saber de quem somos filhos.
E atendendo a isso o anterior prazo que terminava aos 20 anos é contrário à
constituição e contraria o direito à identidade pessoal.
Houve um acórdão do TC com força erga omnes em 2006 (23/2006) e o anterior prazo
de 2 anos diz-se inconstitucional aqui.
Uma coisa interessante é que este acórdão apenas declarou inconstitucional o tal
prazo de 2 anos e apenas esse prazo (assim como lhe era apenas competente) e não
fixou nenhum prazo então durante algum tempo vivemos sem prazo e essas ações de
investigação tiveram algum tempo sem prazo e a única norma que fixava o prazo era
inconstitucional então como não tinham fixado prazo novo então algumas pessoas
aproveitaram para impor ações de investigação de paternidade.
Até que a lei acabou por fixar este prazo e esta espécie de lacuna do sistema foi
preenchida pela lei 14/2009, de 1 de abril.
A questão continuou a ser discutida nos tibunaos e no TC assistiu-se desde cedo a uma
jurisprudência uniforme sobre isso dizendo que não é inconstitucional ao contrário do
que os tribunais diziam até que a certa altura houve tanta repetição foi proferido um
acórdão em plenária (sobre questões mais difíceis e sobre uniformidade de
jurisprudência (401/2011) e nesse acórdão de plenário por ser uma questão complexa
e importante confirmou a sua doutrina (do TC) no sentido que o artigo 1817/1 não é
inconstitucional.
Isto só para dizer que há prazos e para nós pode parecer algo pouco importante mas
mesmo sendo um prazo longo pode haver uma restrição a um direito fundamental
então quais são as razões de existência desse prazo? (3 razões):
-1º - a ideia que o investigado (pai ou mãe) não pode ficar toda a vida à espera se
aparece uma proposta de investigação ou não (ideia de segurança de investigado) e
esta ideia podemos dizer que se ele está tão inseguro então será o pai então deve
aperfilhar mas esta ideia da segurança está mais ligada a interesse patrimoniais.
mas em termos pessoasi não faz tão sentido mas o patrimonial sim.
Hoje em dia não se denota tanto a segurança da pessoa mas sim a reserva da vida
privada e familiar do investigado (o investigado não sabe que tem um filho e tem
tranquilidade familiar enão se fala de segurança mas proteção de um reserva da vida
privada e familiar)
Também se fala de um direito à identidade do pai neste caso; o investigado foi
construindo a sua identidade (isto não são palavras do prof. Mas do TEDH eestá em
causa a defesa da identidade que o inestigado construir como sendo pai daqueles
filhos e foi essa identidade que foi construindo à volta de si mesmo e em si mesmo se
fosse muitos anos mais tarde.

Ainda sobre isto estávamos a acabar o reconhecimento judicial de maternidade


(sentença de determinação de maternidade – na sequencia da investigação de
maternidade).
No final falamos de prazos para a investigação (1817º sobre isto) e neste capitulo da
maternidade aplica-se também ao estabelecimento da ação de investigação de
paternidade.
As questões sobre estes prazos que suscitam já vimos, a discussão sobre isto no TC à
cerca disto e vimos que o nosso TC continua a sustentar de forma estável que é
necessário prazos e não se devem mandar abaixo.
Outras razões de existências de prazo foram avançadas por autores:
-A ideia de que se fosse proposta uma ação de investigação muito depois do
nascimento então as provas tinham envelhecido mas não faz muito sentido porque só
influencia na facilidade de prova mas hoje em dia não faz sentido porque as provas
mais usadas são as científico-materiais e isso não envelhece. E esse envelhecimento
que justificaria a não ação numa avançada época não faz sentido e não foi considerada
sequer pelo TC.
-Pode parecer ter sentido – se fosse aceite uma ação de investigação muito depois do
nascimento pode levar a situações concretas (ex.: uma criança que sempre soube que
tinha pai mas nunca fez uma ação de investigação e só muitos anos mais tarde quando
o pretenso pai ou mãe já está muito velho e quase a morrer é que o filho a pensar na
herança é que se lembra de intentar essa ação e se fosse aceite essa ação tardia podia
abrir as portas a condutas deste tipo (ações muito tardias que sempre souberam quem
era o pai ou mãe e só depois se lembram de propor a ação a pensar na herança)). Estes
comportamentos não podem existir mas acontecem efetivamente mas talvez não seja
razão para vedar uma ação de investigação porque pode haver outra forma de compor
as coisas (Ex.: no C.C de Macau (que tem grande base no C.C PT) tem uma disposição
curiosa porque eles não estabelecem prazos para esta investigação mas para evitar
estas ações com propósitos de benefício patrimonial tardias dizem que mesmo que o
investigante tenha sucesso na ação a sentença não tem efeitos patrimoniais.

Com isto terminamos as 3 formas de estabelecimento de maternidade..

-Estabelecimento da paternidade (aqui há também 3 formas de estabelecimento da


paternidade):

1ª forma- presunção de paternidade do marido da mãe – esta presunção diz isso mesmo no
artigo 1826º e ss. (sempre que a mãe é casada e tem um filho presume-se que o pai é o marido
dela).
Esta paternidade pelo marido da mãe expressa numa frase latina “pater is est quen nuptiae
demonstrant” (o pai é aquele que as núpcias mostram). A parte “pater is est” (o pai é aquele) é
usada pelos juristas muita vez apenas como referência à expressão toda e isto aparece em
textos jurídicos, (1. Presume-se que o filho nascido ou concebido na constância do
matrimónio tem como pai o marido da mãe.)
Temos várias hipóteses:
-O filho nasce e foi concebido dentro do casamento da mãe
-Mas basta ter acontecido uma delas (“ou”) e portanto pode ter nascido durante o casamento
da mãe ter sido concebido antes
-Pode ter sido concebido num casamento e nascido depois
Estas são as 3 hipóteses mas há certas situações:
-Agora supomos que o filho foi concebido antes do casamento mas antes da mãe ter o filho o
marido morreu e neste caso o filho foi concebido antes do casamento e nasce depois do
casamento se dissolver e aparentemente o filho não nasceu nem concebido durante o
casamento mas como um casamento pode presumir-se parentalidade como houve um
casamento no meio.
-Pode haver um conflito de presunções de paternidade e temos dois pais presumidos (um em
consequência da conceção e outro do nascimento) mas a lei costuma atribuir e resolve ao
segundo pai.

A presunção de paternidade só existe em relação a maridos e não companheiros (Em união de


facto) mas podemos discordar mas a lei estabelece de forma taxativa que estabelece o
estabelecimento da paternidade só para maridos e quando temos taxatividade não podemos
aplicar analogicamente à união de facto mas podemos discordar e talvez haja razão nisso
porque quais as razões para este presunção?
-A relação intima que existe na união de facto então talvez haja (eu discordo porque não há
deveres de fidelidade então a lei não assume que haja sempre relações com o mesmo? )

não obstante isto são apenas presunções e apenas se presume que o pai é marido da mãe mas
o pai pode ser outro e a lei estabelece apenas uma pressuposição que pode ser afastada e
vamos ver a seguir como contraiar essa presunção.
Mas antes de ir aí devemos acrescentar algumas coisas do 1826º - presume-se que o filho que
nasce durante o casamento da mãe será pai o marido mas há casos em que não é assim e
apesar de verificarem esses factos a presunção não funciona e são aqueles hipóteses (para
usar a expressão da lei – casos de cessação da presunção da paternidade (a expressão de
cessação indica que já funcionou e o professor diria que a expressão é equivoca porque ela
nem sequer funciona) (são 3 – previstas no 1828º, 1829º e 1833º):
-1828 (Relativamente ao filho nascido dentro dos cento e oitenta dias posteriores à
celebração do casamento, cessa a presunção estabelecida no artigo 1826.º se a mãe ou o
marido declararem no acto do registo do nascimento que o marido não é o pai. ). Portanto
nos casos de filhos concebidos antes do casamento a presunção é tão mais fraque que para ela
não funcione basta essa declaração e embora ela esteja lá é mais fraca e basta a simples
declaração para que esta presunção não funcione.

-1829º ((Filhos concebidos depois de finda a coabitação)


TEXTO
1. Cessa a presunção de paternidade se o nascimento do filho ocorrer passados
trezentos dias depois de finda a coabitação dos cônjuges, nos termos do número
seguinte.
2. Considera-se finda a coabitação dos cônjuges:
a) Na data da primeira conferência (agora é só uma e antes havia duas por isso
não faz sentido falar de “primeira”), tratando-se de divórcio ou de separação por
mútuo consentimento;
b) Na data da citação do réu para a ação de divórcio ou separação litigiosos, ou na
data que a sentença fixar como a da cessação da coabitação;
c) Na data em que deixou de haver notícias do marido, conforme decisão proferida
em ação de nomeação de curador provisório, justificação de ausência ou
declaração de morte presumida.)
Imaginemos que quando o filho foi concebido já está a correr o processo de divórcio e nasceu ainda
dentro do processo (esta parte não forçosa) e só depois é que o divorcio se faz e nesta situações e
situações deste tipo a lei diz que se o filho foi concebido em que a mãe era casado, mas foi
concebido em que já tinha cessado a coabitação entre os cônjuges a lei diz que nesses casos não
funciona a presunção de paternidade. E a lei só considera finda a situação de coabitação (para
estes efeitos) nas hipóteses enumeradas das alíneas deste artigo.

Pode haver ainda o reinicio da presunção de paternidade no 1830º (Para o efeito do disposto no
n.º 1 do artigo 1826.º, são equiparados a novo casamento:
a) A reconciliação dos cônjuges separados judicialmente de pessoas e bens;
b) O regresso do ausente;
c) O trânsito em julgado da sentença que, sem ter decretado o divórcio ou a separação
judicial de pessoas e bens, pôs termo ao respetivo processo.)

E é como se eles voltassem a casar


Depois no 1831º temos o renascimento da presunção (1. Quando o início do período legal da
conceção seja anterior ao trânsito em julgado da sentença proferida nas ações a que se
referem as alíneas a) e b) do n.º 2 do artigo 1829.º, renasce a presunção de paternidade
se, em ação intentada por um dos cônjuges ou pelo filho, se provar que no período legal da
conceção existiram relações entre os cônjuges que tornam verosímil a paternidade do
marido ou que o filho, na ocasião do nascimento, beneficiou de posse de estado
relativamente a ambos os cônjuges.
2. Existe posse de estado relativamente a ambos os cônjuges quando se verifiquem,
cumulativamente, os seguintes requisitos:
a) Ser a pessoa reputada e tratada como filho por ambos os cônjuges;
b) Ser reputada como tal nas relações sociais, especialmente nas respetivas famílias.
3. Se existir perfilhação, na ação a que se refere o n.º 1, deve ser igualmente demandado o
perfilhante.)
Se estiverem divorciados mas se houve relações (ex.: se se dão bem) e houver suspeita da
possibilidade de eles ainda terem tido relações então essa presunção renasce.

-1832º

1- A mulher casada pode fazer a declaração do nascimento com a indicação de que o filho
não é do marido.
2 - A declaração prevista no número anterior faz cessar a presunção de paternidade.
3 - Cessando a presunção de paternidade, no caso previsto no n.º 2, pode, desde logo, ser
aceite o reconhecimento voluntário da paternidade.
4- Sem prejuízo do disposto no n.º 1, não são admissíveis no registo de nascimento
menções que contrariem a presunção de paternidade enquanto esta não cessar.
5- Se a mãe fizer a declaração prevista no n.º 1, o poder paternal só caberá ao marido
quando for averbada ao registo a menção da sua paternidade.
6- Quando a presunção de paternidade houver cessado nos termos do n.º 2, é aplicável o
disposto no artigo 1831.º

) Este artigo, diz efetivamente, que pode haver uma declaração de nascimento com a
indicação de que o filho não é do marido aquando o registo de nascimento. Vemos isto e o
efeito de declaração faz cessar a presunção de paternidade.
Vemos isto e estranhamos isto um bocado porque se é assim tão fácil fazer cessar a
presunção então para que serve o artigo 1828 (que tem aquela fragilidade e fica a parecer
que é só nos casos de conceção antes do casamento).
O 1828 ainda tem alguma utilidade porque diz que cessa a presunção se na altura do
nascimento a mãe ou o marido declararem que não tem a paternidade e portanto lá pode
ser um dos dois e também na medida no quadro do 1832º a mulher casada pode fazer a
declaração do nascimento com a indicação mas o seu nº6 que quando essa declaração é
feita prevista no nº1 é aplicado o 1831 (renascimento da presunção) e portanto a
presunção de paternidade que é feita cessar pode renascer nos termos do 1831 se se
provar que tiveram relações no período de conceção e o filho benifiiciou da tal posse de
estado e portanto esta presunção que cessa pode renascer e a do 1828 não pode renascer
e é essa a utilidade do 1828º.
Coisa diferente é funcionar a presunção de paternidade e depois é ilidida a tal presunção por prova
em contrário e para a semana vamos dar isto (este afastamento da presunção da paternidade (terá
que haver uma ação judicial desta prova em contrario (refutação da presunção por prova em
contrario) terá uma ação judicial própria que é a ação de impugnação da paternidade presumida
(1838 e ss.).

Já falamos da primeira forma de estabelecimento da paternidade (a presunção da paternidade) –


presume-se que sendo a mãe casada o filho concebido pela mãe terá como pai o marido da mesma
mas poderá refutado por prova em contrário ( de acordo com o regime geral das presunções
comum e é feito através de uma ação de impugnação da paternidade presumida (artigos 1838º e
ss.)
Legitimidade ativa (desta ação de impugnação da paternidade) (1839ª):

((Fundamento e legitimidade)

TEXTO
1. A paternidade do filho pode ser impugnada pelo marido da mãe, por esta, pelo filho ou,
nos termos do artigo 1841.º, pelo Ministério Público.
2. Na ação o autor deve provar que, de acordo com as circunstâncias, a paternidade do
marido da mãe é manifestamente improvável.
3. Não é permitida a impugnação de paternidade com fundamento em inseminação
artificial ao cônjuge que nela consentiu.
)

-Quem está dentro da relação (pai, mãe, filho) e eventualmente desta relação uma quarta pessoa
(quem se pensa ser o pai do filho (quem se declarar como tal mas através do MP (próximo ponto))

-O MP (1841º (1. A ação de impugnação de paternidade pode ser proposta pelo Ministério
Público a requerimento de quem se declarar pai do filho, se for reconhecida pelo tribunal a
viabilidade do pedido.) Ou seja, por requerimento de quem se achar pai do filho e terá de o fazer
através do MP para ter cautela e evitar se um brincalhão que quer atrapalhar as pessoas tendo o
MP que analisar e o tribunal reconhecer a viabilidade do pedido.

São só estas pessoas.

Nesta ação de impugnação o que se tem provar? Objeto da prova – se é para determinar a
paternidade teria de se provar o facto contrário do facto presumido para se refutar o ilidido da
presunção então temos que refutar a paternidade do marido da mãe só que a lei não exige tanto e
sel ermos oo 1839/2 lemos que na ação de impugnação o autor deve provar que de acordo com as
circunstâncias a paternidade do marido da mãe é manifestamente improvável e não exige a prova
que ele não o seja mas que se prova a inexistência de uma certeza (manifesta improbabilidade).
Ainda sobre a prova acrescentamos que há uma determinada situação em que o autor da ação nem
sequer tem de provar nada e basta propor a ação (1840º):

(1. Independentemente da prova a que se refere o n.º 2 do artigo anterior, podem ainda a
mãe ou o marido impugnar a paternidade do filho nascido dentro dos cento e oitenta dias
posteriores à celebração do casamento (foi concebido antes do casamento) , exceto:
a) Se o marido, antes de casar, teve conhecimento da gravidez da mulher;

b). Se, estando pessoalmente presente ou representado por procurador com poderes
especiais, o marido consentiu que o filho fosse declarado seu no registo do nascimento;

c). Se por qualquer outra forma o marido reconheceu o filho como seu.

2. Cessa o disposto na alínea a) do número anterior se o casamento for anulado por falta
de vontade, ou por coação moral exercida contra o marido; cessa ainda o disposto nas
alíneas b) e c) quando se prove ter sido o consentimento ou reconhecimento viciado por
erro sobre circunstâncias que tenham contribuído decisivamente para o convencimento da
paternidade, ou extorquido por coação.)
Aqui a impugnação da paternidade presumida pode ser feita sem necessidade de prova bastando
impugnar.

Já falamos da legitimidade e da prova (neste caso específico em que não é preciso prova)

Por último podemos referir que nestas ações também há prazos e estão definidos no 1842º (que
muda conforme a pessoa que impugna):

(1 - A ação de impugnação de paternidade pode ser intentada:


a) Pelo marido, no prazo de três anos contados desde que teve conhecimento de
circunstâncias de que possa concluir-se a sua não paternidade;
b) Pela mãe, dentro dos três anos posteriores ao nascimento;
c) Pelo filho, até 10 anos depois de haver atingido a maioridade ou de ter sido emancipado,
ou posteriormente, dentro de três anos a contar da data em que teve conhecimento de
circunstâncias de que possa concluir-se não ser filho do marido da mãe. (os mesmo da
investigação de p(m)aternidade.)
2 - Se o registo for omisso quanto à maternidade, os prazos a que se referem as alíneas a)
e c) do número anterior contam-se a partir do estabelecimento da maternidade.)

O importante é só saber que há prazos e não tanto quais são.


Esta é a primeira forma de estabelecimento da paternidade essencialmente (podíamos dizer mais
mas o tempo é curto).

-2ª forma de estabelecimento. perfilhação (artigo 1849º e ss.)


Já fomos falando disto – ato através do qual o indivíduo declara a sua paternidade (o homem diz
que é pai – reconhece que é pai do filho) – ato de declaração de paternidade tal como vimos em
relação à maternidade (pode mais tarde confessar a sua p(m)aternidade sendo que em relação aos
pais usa-se o termo perfilhação e em PT é apenas a declaração da paternidade dos pais (no Brasil
não)
Características do ato:
 Ato unilateral (na intuição dá para presumir isso mas há casos em que a lei exige o
consentimento do próprio perfilhado no caso de ele ser maior (1857º) e pode recusar a
perfilhação. Sendo esta hipótese uma exceção à regra porque normalmente é unilateral)
 Pessoal (além de ter efeitos pessoais sobretudo no sentido que em regra a perfilhação não
pode ser feita por procurador (1849º) embora a lei dizer neste artigo que pode ser feita
por procurador com poderes especiais para perfilhar certa pessoa e portanto sendo um
ato pessoal a lei abre as portes para uma procuração com poderes especiais para executar
este tipo de ato.
 O art.1849º diz que é um ato pessoal e logo depois que é um ato livre - livre na medida
em que a perfilhação resulta na manifestação de vontade livre e esclarecida (a perfilhação
tem de assentar numa declaração de perfilhante livre (sem coação) e esclarecida (sem
erro, na medida em que é esclarecido para este propósito); mas também é livre no sentido
que o pai tem liberdade de perfilhar, só perfilha se quiser.
O dr. Guilherme de Oliveira tem no livro uma resposta negativa e pergunta-se que se o pai
sabe que é pai de uma criança tem que perfilhar ou não (pressupondo que sabe que é pai)
e será que tem dever jurídico de o fazer ou se tem liberdade de o fazer ou não?
O professor responde que enquanto for possível haver uma ação de investigação da
paternidade ou da maternidade e se alguém pode propor uma ação de investigação contra
o pai e dessa pode resultar ele ficar investido na qualidade de pai é porque ele tem um
dever de alguma forma porque se alguém tem um direito a que ele seja declarado como
pai é porque tem dever (para todo o direito há um dever (à luz do personalismo ético) e
por isso terá um dever jurídico social.
A partir de que já não possível intentar essa ação de investigação da paternidade então
também se esgota o dever porque não há direitos que lhe imponham a paternidade e é a
opinião do professor mas meio que resulta do sistema que temos.
Apesar da lei dizer que é um ato livre podemos dizer que enquanto houver a possibilidade
de intentar uma ação dei nvvestigação ele não tem liberdade porque pode ser condenado
a tal então tem esse dever.
Regras da perfilhação:
 Forma/formalidades da perfilhação (1853º)
o Declaração prestadas perante o funcionário do registo civil (ex.: filhos que nascem
de uniões de facto como não há presunção de paternidade então temos de ter
declaração de paternidade)
o Testamento
o Escritura pública
o Termo lavrado em juízo.
 A lei estabelece requisitos de capacidade para perfilhar (1850º)
o Só a partir dos 16 anos se pode perfilhar (menos de 16 anos a lei entende que não
há maturidade suficiente para perceber o que é a paternidade)
o Se maiores acompanhados e tiverem restrições ao exercício de direito pessoais
então será vedado. Ou seja, só se a incapacidade for denotada no momento da
sentença (de não poder perfilhar)
o Não se tiver perturbação mental notório ao momento da perfilhação (se no
momento da perfilhação estiver num “intervalo lúcido” não estava notoriamente
demente no momento então não havia razões para pensar que não dizia verdade)
 A lei permite que quando perfilhar uma pessoa pode ser um nascituro, ainda não nasceu
(1854 e 1855º). No entanto esta perfilhação só é válida posteriormente à conceção e o
perfilhante tem de identificar a mãe (excerto do 1855º)

 Além disso também é possível perfilhar uma pessoa que já morre (1856º) mas para evitar
esta perfilhações só para herdar do filho o artigo diz que só produz efeitos favoráveis aos
seus descendentes e não ao próprio perfilhante.

Como atacar uma perfilhação (2 formas)


 Com fundamento da perfilhação não corresponder à verdade (o fundamento da
perfilhação é a lei acreditar que A é pai de B) e se esta base falha e a perfilhação não
corresponder à verdade então há razões para impugnar a perfilhação (1859º) e pode
proposta por muita gente (mais do que a impugnação da paternidade presumida – (“2. A
acção pode ser intentada, a todo o tempo, pelo perfilhante, pelo perfilhado, ainda
que haja consentido na perfilhação, por qualquer outra pessoa que tenha interesse
moral ou patrimonial na sua procedência ou pelo Ministério Público.”)

Esta gente toda pode impugnar a perfilhação provando que o pai efetivamente não é pai
do perfilhado.
No caso desta ação ser impugnada pela mãe ou pelo filho não têm de juntar qualquer
prova e se o perfilhante provar que era verossímil que tinha relações com mãe no período
de conceção só então é que a mãe e o filho terão de provar que o perfilhante não é o pai.

Esta ação não tem prazo (ainda no artigo 1859 (“pode intentada a todo o tempo” (nº2)).

Esta é uma forma de atacar a perfilhação e há muitos casos assim e havia pessoas com
boas intenções que faziam uma perfilhação (uma espécie de adoção) mas a lei
efetivamente não quer esses casos e a lei quer que o perfilhante seja efetivamente o pai.
Se quero adotar há procedimentos próprios para isso.

 Outra forma possível de atacar a perfilhação é através da anulação (por não terem sido
observados os requisitos de capacidade (1861º a ação por incapaz é anulável; ou por erro
(1860º)). E o único erro relevante para esta ação é o erro sobre circunstância que tenham
contribuído decisivamente para o convencimento do perfilhante da paternidade (ex.: o
perfilhante só perfilhou porque julgava que era pai e julgava que era porque no momento
da conceção era o único homem com que ela tinha relações mas mais tarde descobre que
houve outro e com base nesta descoberta (tinha havido um erro sobre circunstância que
contribuíram para o convencimento da sua paternidade) e só este erro é que releva,
Pode haver anulação com base em erro, incapacidade ou coação.

O perfilhantne não pode simplesmente arrepender-se (1858º) sendo irrevogável e ainda


diz este artigo que se a perfilhação estiver feita no testamento (que depois é revogável até
à data da morte do testador até ele morrer) e mesmo nessa hipótese de haver a
perfilhação no testamento e é revogado o testamento ele mantém com o testamento.
Portanto podemos ter impugnação ou ação de anulação.

Última forma de estabelecimento da paternidade – reconhecimento judicial.

Antes de falar do reconhecimento judicial da paternidade temos outro parágrafo sobre a


averiguação oficiosa da paternidade (como vimos também antes do reconhecimento da
maternidade). Vemos uma criança sem pai no registo civil e é mandado para o para tribunal e
depois averiguar-mos a mesma (1864 e ss.)
O tribunal tenta por iniciativa averiguar a paternidade e pode levar:
-Em nada e não descobrir – processo arquivado
-Pode chegar a uma ideia segura de quem é o pai e nessa altura com esse resultado das
averiguações o tribunal chama essa pessoa para confirmar que é mesmo o pai e se essa pessoa
confirmar é estabelecida a paternidade (mas aqui como perfilhação)
-Ele é chamado diz que não é o pai, mas se o tribunal estiver convencido que é então o processo ao
MP e o MP intenta uma ação de investigação de paternidade contra ele e se ação tiver sucesso
ficará estabelecida a paternidade através de uma decisão de reconhecimento judicial da
paternidade.

Vemos aqui outra vez que esta averiguação oficiosa da paternidade não é uma forma de
estabelecimento mas é uma procedimento que pode levar a reconhecer a paternidade e pode
conduzir ao estabelecimento da paternidade através das formas que conhecimento (perfilhação e
reconhecimento judicial da paternidade).

Agora quanto ao reconhecimento judicial da paternidade o mais importante é os prazos, mas meio
que já demos isso aquando o reconhecimento judicial da maternidade.
E depois na próxima semana damos os efeitos da filiação.
Gap de aula (a Bianca mandou)

Bloco de exercícios de responsabilidade parental e como pai e mãe articulam entre si as


competências.

Nestas coisas de falar deste exercício de responsabilidades pareantais há 3 questões fundamentais


(nesta fase em que estão divorciados, no gap foi quando estavam casados):
-Quem paga as despesas (ambos têm que faze-lo nos mesmo termos de antes mas agora separados
há que regular isto e saber quanto é que um paga ao outro para despesas relacionadas com o filho
mas mantém-se essa regra de igualdade de manitenção das despesas)
-Com quem é que o filho fica? (vimos que embora o nosso regime anterior na impusesse nenhuma
via o pressuposto na lei era que em principio ficaria com um dos progenitores e outro teria direito à
visita mas não havia nenhuma norma a dizer isso mas era de alguma forma pressuposto a via
normal de arrumar as coisas.
Hoje no 1906 temos uma via específica para além da possibilidade pressuposta e havia outro modo
que não estava explicito na lei que era a residência alternada (1906) que agora está no CC.
Hoje já há referência específica a esta outro forma que não era proibida e havia uma cláusula
aberta.

Pode ficar a viver com um; ou com ambos em condições de igualdade alternadamente. (O que
interessa é que os progenitores podem chegar a acordo (acordo sobre responsabilidades parentais)
ou o tribunal pode decidir tendo em conta o superior interesse do filho.

-Saber quem é que decide nas decisões relativas ao filho? Inicialmente de acordo com o modelo
consagrado a este respetio que resultou na grande reforma de 1977 e de acordo com o modelo de
77 as coisas eram assim (o progenitor a quem o filho tivesse sido confiado (e residisse) seria esse o
que teria competência para tomar decisões relativas ao filho e o mesmo progenitor ficava com a
guarda do filho teria competência decisória e tomava decisões relativas ao filho (que fazem parte
do exercício das responsabilidades parentais).
Com o tempo isto foi evoluído e em finais do séc. passados (em 95 e 99) houve umas alterações
que continuavam a manter este princípio segundo quem tem a guarda tomava as decisões mas já
não era um princípio imperativo mas sim supletivo porque os próprios progenitores podiam chegar
a acordo noutro sentido no sentido em que certas decisões pelo menos as mais importantes seriam
tomadas pelos dois sendo agora este princípio supletivo (podia ser afastado por acordo) e não
imperativo.
Pós reforma de 2008 (que nos trouxe a lei 61/2008 – sobre o divórcio e responsabilidade parental)
a regra é que em certas matérias a tomada de decisões pertence a ambos progenitores (1906 do
CC)
Nº1: (1 - As responsabilidades parentais relativas às questões de particular importância
para a vida do filho são exercidas em comum por ambos os progenitores nos termos que
vigoravam na constância do matrimónio, salvo nos casos de urgência manifesta, em que
qualquer dos progenitores pode agir sozinho, devendo prestar informações ao outro logo
que possível.)
A competência para decidir sobre questões de particular importância são exercidas em comum por
ambos progenitores e tem de haver acordo entre eles apesar de não viverem um com o outro e por
ventura dão-se mal mas têm de decidir. Portanto sempre que seja algo importante a lei exige
acordo entre os progenitores.
Então e senão chegarem a acordo? Então a lei remete para o regime que vigorava enquanto eram
casados (vimos ontem que qualquer um deles pode recorrer ao tribunal para esta decisão – artigo
1901 e 1902)
Portanto temos uma exigência de acordo.

Mas há exceções em que dispensamos este regime do acordo:


-Situações de urgência (1906/1 – “salvo casos de urgência manifesta”)
-Situações em que o exercício em comum (exigência de acordo) seja julgado contrária aos
interesses do próprio filho (se formos exigir o acordo poderia resultar em prejuízo do próprio filho)
(1906/2). A lei dá uma ajuda de interpretação deste artigo dando exemplos de situações em que se
considera prejuízo para o filho se se for exigir sempre acordo entre eles – 1906-Aº (adicionadas em
2017).
(Para efeitos do n.º 2 do artigo anterior, considera-se que o exercício em comum das
responsabilidades parentais pode ser julgado contrário aos interesses do filho se:
a) For decretada medida de coação ou aplicada pena acessória de proibição de contacto
entre progenitores, ou (há uma relação tão azeda entre os progenitores então numa
situação desta é de recear que havendo um conflito aceso um progenitor pode tentar
sempre boicotar a posição doutro e prejudicar o filho)
b) Estiverem em grave risco os direitos e a segurança de vítimas de violência doméstica e
de outras formas de violência em contexto familiar, como maus tratos ou abuso sexual de
crianças. (ex.: o filho é vitima de violência domestica pelo pai e então agora vai ouvir-se o
pai para ser tomada uma decisão? Podem estar em risco os direitos deste ou até da mãe
e nestas situações a lei abre mão do princípio de exigência de acordo))

Mas esta exigência de acordo é só em relação a questões de particular importância (pressuposto


em todo o artigo 1906 e esta distinção entre atos da vida corrente e de particular importância).
A lei não nos diz nada sobre estes “atos de particular importância” mas na doutrina e
jurisprudência temos opiniões e há discordâncias.
Há casos em que é indiscutível:
-Ex.: intervenção cirúrgica arriscada (mas se for cirurgia benigna (ex.: arrancar o dente) não parece
ter risco e talvez não caberá nestes atos)
-Da mudança de residência para o estrangeiro (a mãe vai mudar-se para o estrangeiro e leva o filho
com ela e parece ser um ato importante) agora se for uma ida ao estrangeiro em férias já e
discutível e normalmente os pais teriam de assinar o papel mas hoje em dia como o estrangeiro
está perto de nós e não tem o mesmo dramatismo e se for uma saída curta o professor não vê que
isto seja uma coisa de particular importância ou gravidade mas há vozes discordantes por aí.
-Uma mudança de residência de Portugal não parece um ato de particular importância mas há
casos judiciais em Portugal que consideraram como de particular importância e exigiram acordo.
-O menor passar a praticar um desporto arriscado (riscos para saúde e integridade física) e isto
parece ser um ato de partiucalr importância.

Que critérios podemos recolher desta amostra?:


-Estarem em causa direitos fundamentais do filho (sempre que possam ser postos em perigo ou
sejam lesados)
-Impacto efetivo na vida do filho (a intensidade do impacto na vida do filho – que consequências a
decisão vai ter na vida do filho)

Outros critérios lançados por outros autores:


-Atos raros (que não sejam habituais) – o professor não concorda porque não é por ele ser raro que
é importante.

Quanto ao exercício das responsabilidades parentais dizem que cabe ao pai com quem o filho está
naquele momento.
Agora há aqui um limite – porém este último (ex.: suponhamos que o filho vive habitualmente com
a mãe mas durante o fim de semana está com o pai e ele estando esse fim de semana toma as
decisões todavia quando exerce as suas repsonsabildiades não devem contrariar as orientações
educativas mais relevantes tal como elas são estabelecidas pelo progenitor com que o filho vive
habitualmente (isto são aqueles pequenos hábitos (a que horas se deita; quanto tempo deve
dedicar ao estudo e quanto tempo à brincadeira) e o pai não pode sabotar as orientações
educativas da mãe sobre pena de sabotar todo esse esforço educativo.
Portanto essas orientações cabe ao progenitor com que o filho vive mais habitaulemtne (havendo
um) e as horas de deitar, acordar, a comida que deve comer, tempo de estudo, de lazer ,etc. e se o
outro não pode contrariar significa que cabe ao progenitor com que o filho vive habitualmente
definir essas orientações.
No fundo temos 3 categorias de decisões:
-Atos de particular importância (decisões por acordo)
-Definição das orientações educativas mais importantes (tomadas pelo progenitor com que o filho
vive habitualmente)
-Outras decisões relativos aos outros atos da vida correntes (podem ser tomadas por um ou por
outro consoante aquele progenitor que esteja naquele momento com o filho)

É assim que a lei organiza sobre a tomada de decisões quando os pais estão separados.

Outras situações parecidas sobre esta tomada de decisões (que não são divórcios mas é lá perto):

-Separação de facto (1909º - manda aplicar as regras do divórcio (1906))


-Situação em que os pais não estão cassados mas vivem em união de facto (a lei equipara a união
de facto ao casamento e é a mesma coisa (1911º/1))
-Quando acaba a união de facto (também neste caso, tal como a união de facto funciona como um
casamento para este facto, o rompimento desta funciona como um divórcio para este efeito e
aplica-se o 1906 ao caso de cessação ou rompimento da união de facto (1911/2).
-Por último, outra situação, até agora falamos de situações de união de facto ou casamento mas
imaginemos que A e B tiveram um filho e tiveram uma relacionamento fogaz e não mais do que
isso e nunca casaram nem viveram com outro. O que se faz neste caso? Não estão nem estiveram
casados nunca, nem houve união de facto e se calhar mal se conhecem e conheceram-se nesse
contexto e já nem se lembram um do outro.
O artigo 1912º fala disto

(1 - Quando a filiação se encontre estabelecida relativamente a ambos os progenitores e


estes não vivam em condições análogas às dos cônjuges, aplica-se ao exercício das
responsabilidades parentais o disposto nos artigos 1904.º a 1908.º) Assume este artigo que
a paternidade ou maternidade está estabelecida aplica-se as regras do divórcio (1906) e terá de
haver acordo sobre as questões de particular importância e tendo uma paternidade e maternidade
estabelecida a lei exige este acordo.
Em 2008 esta lei foi criticado mas está aqui e temos que lidar com esta e embora teremos este
princípio de acordo também sabemos que há situações em que este não valha então é menos mau.

Para concluir, falar apenas de umas normas que vêm logo a seguir relativas à inibição e limitações
do exercício das responsabilidades parentais.
Os pais têm esse exercício nos termos que vimos mas os progenitores ou só um deles podem ser
inibidos ou afastados dessa responsabilidade parental.
Há dois tipos de inibição:
-De pleno direito (1913º) – espécie de inibição automático quando um progenitor foi condenado a
crime que preveja essa inibição – é um efeito de decisão judicial e no caso dos ausentes a partir da
declaração de curador provisório e é automática.
-Inibição judicial (1915º) - a requerimento de várias pessoas o tribunal pode decretar quando
qualquer dos pais infrija culposamente os deveres para com os filhos com graves prejuízos destes.
Ou então quando ainda que sem culpa nenhuma destes por inexperiência, ausência, enfermidade
não se mostrem em condições de exercer as obrigações perante os filhos e não estão aptos a
cumpri-las bem.
Segundo isso poderão ser inibidos por sentença judicial e ambas podem ser levantadas se se
levantar os pressupostos da decisão.
Mesmo os progenitores inibidos embora não possam tomar decisões e ficam sem contacto com o
filho mas continuam a ter de pagar as despesas porque continuam a ser pais (1917º)

Coisa diferente são as limitações a este exercício (aqui não são completamente afastados e
podemo manter contacto com o filho e podem exercer as responsbailidades parentais em tudo o
que não for limitado.
Temos dois tipos de limitações:

-de tipo pessoal (1918º) – (Quando a segurança, a saúde, a formação moral ou a educação
de um menor se encontre em perigo e não seja caso de inibição do exercício das
responsabilidades parentais, pode o tribunal, a requerimento do Ministério Público ou de
qualquer das pessoas indicadas no n.º 1 do artigo 1915.º, decretar as providências
adequadas, designadamente confiá-lo a terceira pessoa ou a estabelecimento de
educação ou assistência.) Por ex.: os pais são mais educadores mas a coisa não justifica inibição
então justifica-se apenas uma limitação e poderá o tribunal a requerimento de várias pessoas as
providências adequadas e a lei fala de algumas e há mais algumas novas que está noutra lei (lei de
proteção das crianças e jovens em perigo (147/99) que é mais importante nesta matéria que o CC
em si e aqui discriminam-se muitas medidas possíveis para salvar as crianças).
Há limitações de natureza pessoal que pode justificar apenas a limitação e não inibição (com
providências como confiar o menor a terceira pessoa, centro de educação, etc.)
-de tipo patrimonial (1920º) (1. Quando a má administração ponha em perigo o património
do filho e não seja caso de inibição do exercício das responsabilidades parentais, pode o
tribunal, a requerimento do Ministério Público ou de qualquer parente, decretar as
providências que julgue adequadas.) Os pais gerem bem a pessoa do filho mas não têm jeito
para administrar os bens dos filhos (maus administradores) e portanto quando não seja justificada
a inibição e apenas a limitação podemos ter medidas como prestação de contas, caução, etc.

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