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Faltei a 2 aulas
Onde está regulada? (uma lei 7/2001) mas há outros pontos que estão por exemplo do C.C e
mas o grosso está nessa lei.
Nem todo o regime da união de facto está nesse diploma.
Relação da união de facto com a constituição (já tinha sido falado quando falamos dos
princípios constitucionais da família) – principalmente o 36º/1 - o direito de constituir família e
ainda deve haver autores que acreditam nisso como o direito de união de facto mas talvez não
seja a melhor interpretação a dar e não seriam os propósitos do legislador constituinte e será
mais o de constituir família (procriar, etc.)
Tendo isso em conta o artigo 36/1 não reconhece explicitamente o direito a união de facto.
Se isto é verdade de não resultar esse reconhecimento também é verdade que haverá outras
disposições da constituição das quais resultam um reconhecimento indireto da união de facto.
E qual é essa outra disposição?
Uma muito ampla que consagra o direito ao livre desenvolvimento da personalidade (tem
várias faces) e cabe este direito de livremente exprimir-mos a nossa personalidade quase um
direito à liberdade. Deste direito resulta também o reconhecimento da união de facto (se essa
é a sua personalidade devem ter direito a isso.
Tudo isto para dizer que embora a CRP não reconheça explicitamente a união de facto
permitirá a mesma e há cobertura.
Mas não significa que lá por a união de facto ser reconhecida pela CRP não significa que seja
igual ao casamento e é diferente apesar das semelhanças.
O Casamento é um contrato firmado entre duas pessoas e a união de facto não.
Não devem ter o mesmo tratamento até por serem coisas diferentes na sua génese.
Como se constitui? – Sendo a união de facto um facto, duas pessoas que vivem em condições
análogas às dos conjugues ela constitui-se quando se constituir, quando se praticar o facto da
união. Pessoas que vivam em condições análogas às dos cônjuges por mais de dois anos, mas o
professor vê isto como condição de eficácia jurídica da união de facto mais do que uma
eficácia fáctica.
Como se prova? – Até 2010, pequena reforma da lei união de facto (lei 7/2001), não falava da
prova desta união então se estas pessoas em união precisassem de provar que vivem ou
viveram em união de facto sempre se entendeu que podiam recorrer a qualquer meio de
prova e desde de 2010 que se fala das juntas de freguesia passaram certificados ou atestados
em como estão em união de facto ( as juntas de freguesia sempre puderam passar certificados
ou atestados relativos à vida das pessoas então perguntava-se se podia abranger esta matéria
de união de facto e entendia-se que era possível e a partir de 2010 o artigo 2-Aº da tal lei).
Isto diz que continua a haver alguma restrição de meios de prova, como as mais poderosas
tipo a testemunhal.
Fala-se explicitamente no nº2 da possibilidade das JF passarem uma declaração no sentido de
confirmar a situação dos indivíduos sob compromisso de honra os indivíduos fazem essa
declaração e estando mentindo pode ter consequências penais (nº5 deste artigo)
No casamento podes casar-te a partir dos 16 (emancipado) e na união de facto 18. Não
obstante diz, a partir da data do reconhecimento da união de facto (2 anos depois da união de
facto) então tecnicamente podemos ter uniões de facto a começar aos 16 cujo
reconhecimento de eficácia efetua-se aos 18 anos.
Há efeitos que se produzem quando a união de facto cessa (princípio geral – não
temos aqui um contrato, mas sim duas pessoas normais que vivem uma com outra;
aqui aplicamos as regras gerais das obrigações, contratos, etc. apesar disto):
o Cessação da união de facto por rutura (o divórcio da união de facto, mas que
não necessita de qualquer formalização e basta deixarem de viver um com o
outro)
A lei da união de facto (artigo 4º) manda aplicar o 1105 e 1793 do CC e
estas disposições referem-se aos efeitos de quando duas pessoas
casadas se divorciam e aplica-se quando há rutura da união.
O 1793º e 1105º referem-se à continuidade de morada de casa de
família e pode pôr-se o problema de quem vai continuar a morar na
casa onde viviam e aqui pode haver interesses específicas que
justifiquem que um cônjuge more lá que normalmente não moraria
(ex.: a casa era do marido antes de casarem mas pode suceder que ela
tenha interesse em morar lá porque vai ficar com os filhos, os filhos
moram lá e o dano que ela e os filhos deixaram de morar lá é maior do
que as vantagens que o marido tem em mantê-la e o 1793º permite ao
tribunal dar de arrendamento a qualquer dos cônjuges a casa de vida
comum e é uma relação de arrendamento que se decide por decisão
judicial quer seja própria (de outro) ou comum quer considerando as
necessidades de ambos os cônjuges e os filhos do casal.
E o tribunal vai ver quem precisa mais da casa, dos filhos, com quem
os filhos vão ficar a morar, etc. e o juiz tem que considerar estas
coisas. Esta norma também se aplica à união de facto com a remissão
que vemos no artigo 4º da lei de união de facto.
Já o artigo 1105º refere-se a uma hipótese diferente que é de não
viverem em casa própria de um deles ou ambos, mas de viverem em
casa arrendada (juridicamente há outras hipóteses, mas em Portugal
só consideramos as duas hipóteses porque normalmente também é
assim que é). O tribunal pode decidir no sentido de o arrendamento
ser transmitido e pode haver uma concentração de arrendamento a
um deles.
o Cessação da união de facto por morte (a diferença entre o casamento e a
união de facto na morte; aquando o casamento se o cônjuge morre o
sobrevivente é o maior dos herdeiros e nada disto acontece na união de facto
e o cônjuge não é herdeiro e não recebe nada enquanto no casamento o
cônjuge é o que recebe e muito sendo o mais importante.
Há uma desconsideração sucessória na união de facto que deve ser a diferença
mais importante aqui. Apesar disto a lei estabelece algumas formas de
proteção e atende a necessidades específicas. O cônjuge não é herdeiro(a)
mas atende a certas necessidades específicas na união de facto que podem
passar por):
Suponhamos uma união de facto que dura muitos anos e o cônjuge
que trabalhava morreu e o outro que não trabalhava vê-se agora sem
rendimento, no entanto a lei considera essa eventual necessidade de
alimentos e então nessa hipótese de ela precisar a lei no artigo 2020º
do CC dá-lhe o direito de exigir alimentos. “O membro sobrevivo da
união de facto tem o direito de exigir alimentos da herança do
falecido”.
O Sobrevivo pode bater à porta dos herdeiros e pode exigir destes
alimentos pelas forças dessa herança.
Reparemos que os alimentos são exigidos à herança e não das forças
pessoais da própria herança (não vai captar da sua própria distribuição
sucessória). Não obstante a força do morto ter deixado um
testamento da herança disponível (fora dos 2/3 que são para os filhos
– o legítimo) para o seu sobrevivo.
Também se estabelece algumas medidas relativas à casa de morada de
família e também em caso de morte pode haver medidas de proteção
(artigo 5º da lei de união de facto) e diz basicamente:
Artigo 5.º
Proteção da casa de morada da família em caso de morte
1 - Em caso de morte do membro da união de facto proprietário da casa de morada da família e do respetivo
recheio, o membro sobrevivo pode permanecer na casa, pelo prazo de cinco anos, como titular de um direito real de
habitação e de um direito de uso do recheio.
Então por motivos de equidade (quase tudo realisticamente) podemos ter aqui motivos
para prorrogar este direito de uso (seja determinada carência do sobrevivo, cuidados
perante o companheiro, etc.
E mais ainda, no nº7:
7 - Esgotado o prazo em que beneficiou do direito de habitação, o membro sobrevivo tem o direito de permanecer no
imóvel na qualidade de arrendatário, nas condições gerais do mercado, e tem direito a permanecer no local até à
celebração do respetivo contrato, salvo se os proprietários satisfizerem os requisitos legalmente estabelecidos para a
denúncia do contrato de arrendamento para habitação, pelos senhorios, com as devidas adaptações.
3ª consequência – tem a haver com o artigo 496 – quando uma pessoa morre e é
causada por um ato ilícito de alguém (assassinada) o autor desse ato ilícito além de
sofrer as consequências penais também tem de indemnizar alguém… Não o morto mas
quem cá está como os familiares por danos patrimoniais mas interessam mais os não
patrimoniais (danos que essas pessoas familiares mais próximos da vítima sofreram
ligados à morte, mas também pelo dano sofrido pela própria vítima (o própria dano da
morte) que é o maior dano que pode existir que é o da privação ao direito de vida e
nessa indemnização a pagar aos familiares da vítima temos os danos sofridos pelos
familiares como a da privação da vida e isto resulta mais coisa menos coisa a partir do
496º.
Até à tal reforma de 2010 deste regime de união de facto a lei não previa entre os tais
conviventes da vítima com direito a indemnização o unido de facto e falava dos filhos e
familiares próximos mas não se lembrou do unido de facto.
Adicionaram neste artigo o nº3:
4º efeito – tem a haver com as tais pensões/subsídios a que as pessoas têm direito
resultantes de regimes da segurança social que familiares próximos podem ter direito
quando uma pessoa morre. Há o sistema comum e depois os específicos como o dos
funcionários públicos.
Quando uma pessoa morre o familiar próximo pode receber uma pensão de
sobrevivência (ex.: Os filhos se tiverem deficiências podem receber se a mãe ou pai
morre). Esta pensão de sobrevivência existe em relação ao cônjuge sobrevivo e também
relativo ao unido de facto sobrevivo.
Isto sempre esteve mesmo antes de 2010, foi uma das primeiras expressões do
reconhecimento jurídico da união de facto, e esta possibilidade sempre esteve no
sistema mas em 2010 houve uma alteração importante que facilitou muito porque antes
não era tão fácil para o companheiro sobrevivo a receber por duas razões
(tinha que ser o próprio sobrevivo a dirigir um pedido (de ação
judicial) à segurança social;
só tinha o direito de receber a pensão de sobrevivência se tivesse
necessidade de alimentos)
Já falámos de alguns efeitos que se produzem durante a união de facto e depois da sua
cessação.
Falamos do artigo 2020 e direito aos alimentos.
Ideia geral da noção de casamento (artigo 1577º sobre o direito da família e temos
essa noção)
Estado Novo – o sistema de casamento civil obrigatório esteve durante algum tempo
até que foi assinado com a santa sé (vaticano) uma concordata uma convenção
internacional (porque foi entre dois estados) em 1940 e de acordo com esta foi
reintroduzido o sistema de casamento civil facultativo e o estado passa a reconhecer
os católicos (que na altura era o único que existia na nossa sociedade)
Não só o estado PT reconhece o casamento civil como também permite que o
casamento seja regulado não por normas civis mas sim católicas em parte dos seus
efeitos e deixa certas competências para o regime canônico. (um dos aspetos mais
sensíveis que este direito canônico tocava era do princípio da indissolubilidade do
casamento e este sensível ponto era regulado pela lei canônica)
Da constituição até hoje o que acontece de novo? Em relação a estas coisas que
dissemos houve duas alterações com importância (de 76 até hoje)
o Uma é uma pequena revolução neste direito matrimonial e até há pouco
tempo (até ao princípio deste milénio) os únicos casamento religiosos eram o
católicos mas é claro que sabemos que há mais religiões neste país apesar da
católica ser maioritária e por uma questão de respeito da liberdade religiosa e
de igualdade das religiões e de não confessionalidade do estado (tem que
estar equidistante entre todas as religiões) porque não são reconhecidos
todos os casamentos religiosos e portanto vem uma lei normalmente
conhecido como “lei da liberdade religiosa” lei 16/2001.
Esta lei traz a novidade de reconhecer o casamento das outras religiões para
esse efeito.
Que religiões? Bem poderemos pensar que as religiões são todas iguais pelos
princípios antes ditos mas nem todas servem porque há religiões que são
fenómenos recentes e não se sabe bem se são mesmo religiões e podem
esconder outras coisas então chegou-se ao consenso que para os efeitos de
reconhecimento do casamento só se reconheceu as religiões que se
considerem radicadas em Portugal (tenham raízes em Portugal)
Como é que uma religião é radicada em Portugal? Os representantes da
religião fazem um requerimento ao ministério da justiça para que a religião
seja radicada em Portugal depois o MJ vê conforme a histórica e nº de crentes
se deve ser ou não radiada em Portugal.
Mas esta lei diz que os representantes têm de requerer essa radicação só que
este requerimento só é aceite se essa religião já existir em Portugal há pelo
menos 30 anos com presença social organizada (e não coisas esporádicas) ou
mesmo que não existam em Portugal (porque há religiões a sério fora de
Portugal) há 60 anos no estrangeiro.
Uma vez aplicado este requisito o MJ tendo em conta a história e os crentes
desta o MJ pode atribuir este estatuto radicado.
Nós até temos um registo de pessoas coletivas religiosas separado das
pessoas coletivas e a partir do momento que a religião passa a ser radicada
em Portugal este estatuto está registado neste registo.
E as pessoas que casam com uma destas religiões radicadas vêm o seu
casamento dotado de direito civis tal como os católicos.
Mas há uma diferença que é enquanto os casamentos católicos ainda são
regulados pelo direito católico os outros casamentos religiosos são só pelo
direito civil. (tirando obviamente o ritual que é de competência exclusiva a
cada religião)
É a própria lei que os considera casamentos civis celebrados sobre forma
religiosa enquanto o casamento católico é chamado de casamento católico.
Há aqui mais algumas coisas mas são efetivamente regulados sobre o direito
civil.
E a lei diz, na liberdade religiosa, que antes de se casarem o conservador tem
que explicar a estes futuros cônjuges a igualdade entre os cônjuges, a
aplicação do direito civil para não acharem que se aplique a lei religiosa deles.
Em Portugal quase todas as religiões são radicadas em Portugal (as que
tenham os requisitos ditos lá)
o Hoje temos uma nova concordata de 2004 que vem trazer de especial
por um lado o facto do Estado Português deixar de estar obrigado
como estava a reservar para a competência da lei canónica o
conhecimento daqueles aspetos que estão contidos no artigo 1625º
do CC. O Estado português já não é obrigado a deixar a competência
de certos aspeto à Santa Sé.
Com mais importância processual – de acordo com o primeiro âmbito
da concordata sempre que o tribunal eclesiástico proferir-se uma
anulação de casamento católico era automaticamente inválido no
Direito civil mas agora para ser inválido no direito civil tem que ocorrer
um processo de conhecimento e confirmação (mais ou menos um
processo de reconhecimento das sentenças estrangeiras) e tem de
haver um requerimento dos interessados ao tribunal da relação mas é
uma coisa simples e prática com nada de especial.
Em relação às pessoas que confessam a outras religiões radicadas em Portugal temos outra vez
sistema de casamento civil facultativa e podem optar entre religioso ou civil, mas naquela
primeira modalidade que vimos, pois, este casamento religioso vai reger-se apenas pelo direito
civil.
Em relação às religiões que ficaram de fora, que ainda não foram radicadas em Portugal?
Quanto a estas fica o casamento civil obrigatório porque se querem ver o seu casamento
reconhecido têm que obrigatoriamente casar pelo meio civil e o mesmo para as pessoas sem
religião.
Sendo mais rigorosos: que aspetos do casamento católico são regulados pela lei canónico e
quais pelo direito civil.
Temos requisitos relativos ao consentimento – neste aspeto decorre à lei canónica
1
O casamento católico só pode ser celebrado por quem tiver a capacidade matrimonial
exigida na lei civil.
só aplicam a lei canónica e não podia ser invalidado pelos tribunais civis (1625º) nem pelos
eclesiásticos porque estes só aplicam a própria lei.
Como é que a nossa lei faz? Considerando que foi de facto celebrado o casamento para
respeito o 1596º o truque foi considerar o casamento válido, mas os casamentos religiosos
(todos estes só produzem efeitos civis depois de serem registados no conservatório do registo
civil e é uma coisa simples pois o padre manda um transcrito da declaração e o conservador
regista, mas tem de haver este passo par que haja efeitos civis. Então o casamento não pode
ser anulado, mas vai-se recusar o registo (situação prevista no código de registo civil) e é um
fundamento previsto de recusa de registo e não o registando temos um casamento na prática
válido, mas sem efeitos civis e é o truque da lei para salvaguardar a aplicação do artigo 1596º
do CC.
Estes dois requisitos formam um e outro os chamados requisitos de fundo (que se contrapõem
aos requisitos de forma) Capacidade + registo.
Formalidades anteriores – aqui há requisitos quer na lei canónica quer na lei civil.
Formalidades do próprio casamento – aqui rege exclusivamente a lei canónica (o que
padre diz, se abençoa ou não, etc.)
Formalidades pós-casamento – temos formalidades de ambos lados:
o O direito canónico tem o próprio sistema de registo
o O direito civil também o seu registo civil (um assento paroquial é mandado
para o conservador que este mesmo registará.
Questões de constitucionalidade:
-Hoje já não se põe tanto mas na história pôs-se que é sobre a constitucionalidade deste
regime.
Depois de 1976 questionou-se o 1625 mas afastamos isso mas houve quem dissesse que a
própria aplicação de direito civil ao casamento católico era inconstitucional mas a própria
constituição diz que a lei civil regula o regime do casamento independentemente da forma de
celebração então abre essa possibilidade de regular o casamento religioso com direito civil.
-Depois temos esse problema do 1625 e o obstáculo do 85º/2, mas já falámos disso.
-Outro princípio era sobre o direito à liberdade religiosa e o sistema que só reconhecia os
casamentos religiosos seria contrário à liberdade religiosa e as outras religiões seriam menos
livres sendo a única a católica e as outras pessoas que confessassem as outras religiões seriam
menos livres.
O professor não concorda porque a liberdade religiosa significa que as pessoas têm a liberdade
de na sua cabeça adotar uma religião e praticar esse culto e dentro desse culto temos a
possibilidade de casar dentro da sua religião mas não um direito a que a religião seja
reconhecido pelo estado e esse direito não cobre a parte do estado reconhecer o casamento
das religiões.
-Outro princípio mais delicado é o da igualdade das religiões e sobre isto já houve grande
desigualdade e hoje ainda podemos ter:
Estas coisas de tratamento igual são difíceis e tudo isto foi discutido quando se fez a lei de
liberdade religiosa e fez-se um compromisso quando se decidiu aceitar só as religiões que
existem há x tempo.
O casamento é um negócio jurídico no qual dois indivíduos emitem uma declaração com
intenção de produzir efeitos práticos e querem viver um com o outro e partilhar vida comum e
querem que esse efeito prático seja tutelado pelo direito. É certo que aqui não há muita
liberdade na regulação dos efeitos e apenas em matéria patrimonial, mas em matéria de
efeitos pessoais não há grandes.
Podendo escolher apenas a contraparte, as contribuições para o encargo da vida comum, a
morada de família.
(tem efeitos pessoais (não apenas no plano patrimonial, mas também no plano
pessoal e resultam obrigações pessoais importantíssimos talvez como o plano mais
importante)
E que em princípio o casamento só pode ser celebrado pessoalmente, mas não é bem
assim porque vamos ver que também pode ser realizado por procuração embora seja
com um procurador com poderes limitadíssimos.
Aqui rege um princípio diferente dos negócios jurídicos no casamento pois quando há um
contrato que vai contra a norma imperativo (de acordo com o 294 do CC a consequência é a
nulidade a não ser que a lei fixe outra consequência) mas isto não acontece no casamento e
não basta para ser inválido ser realizado contra uma disposição legal imperativa e isto é dito
no 1627º2 do CC que por contrário estabelece uma regra de validade (“em princípio o
casamento é válido”) e portanto só se o código disser que é nulo o casamento é que podemos
ter anulação de resto se nada for dito é válido.
2
É válido o casamento civil relativamente ao qual não se verifique alguma das causas de
inexistência jurídica, ou de anulabilidade, especificadas na lei.
Casamento como ato (requisitos do contrato (os de fundo (os relativos ao consentimento e
depois à capacidade) e os de formas)
Requisitos do contrato:
-De fundo
Relativos ao consentimento:
o O casamento tem que ser pessoal, puro e simples, perfeito e livre
Quanto a ser puro e simples - não pode ser aposta condição nem
termos (artigo 1618/2 do CC) e consideram-se não escritas tais
cláusulas.
Relativos à capacidade
3ª observação: No casamento há uma coisa exclusiva que a lei tem tanta preocupação que os
casamentos sejam casamentos a lei organiza antecipadamente um processo próprio para
avaliar incapacidades na lei. Este processo próprio é chamado processo preliminar de
casamento (procedida pelas conservatórias do registo civil).
Com isto vamos avançar para o estudo dos impedimentos para casar (que é incapacidades
mais ou menos) e temos distinção entre dois tipos de impedimentos:
3
São impedimentos dirimentes, obstando ao casamento da pessoa a quem respeitam com
qualquer outra:
a) A idade inferior a dezasseis anos;
b) A demência notória, mesmo durante os intervalos lúcidos, e a decisão de
acompanhamento, quando a sentença respetiva assim o determine;
c) O casamento anterior não dissolvido (por morte ou por divorcio mas não esquecer
quanto a morte o caso da morte presumida (ex.: pode acontecer um dos cônjuges estar
viúvo por o outro cônjuge ter sido presumido morto (115º e 116 do CC) e mesmo que
tenha havido declaração de morte presumida a simples de declaração de morte presumida
não dissolve o casamento (principio do 115º) mas o 116º permite-me que eu me case
todavia e o cônjuge do ausente pode contrair novo casamento e se o fizer das duas uma
(se o cônjuge regressar o que a lei faz e considerar o casamento anterior por divorcio; se a
cônjuge não regressar a lei não diz nada mas considera-se o casamento anterior como
dissolvido por morte), católico ou civil, ainda que o respetivo assento não tenha sido
lavrado no registo do estado civil. (ex.: se A foi casado em Las Vegas, mas ainda não foi
registado em Portugal, mas mesmo ainda não tendo sido lavrado no registo civil basta a
prova de casamento para isso constituir impedimentos e aqui a lei não exige um efeito no
registo civil, mas que já tenha acontecido).
Impedimentos dirementes relativos (1602º CC 4 (daqui resulta os impedimentos
resultantes da relação com outrem)) (que impedem) (menos grave) – estes
impedimentos (ex.: parentesco em linha reta)
16045 impedimento impediente a realização do casamento no processo preliminar,
mas se o menor conseguir casar mesmo sem autorização o casamento continua válido
e não é dirimido e por isso dizemos que é impedientes porque apenas impede de o
celebrar no eventual processo preliminar pois se se celebrar continua válido. O
conservador ainda pode autorizar (no no código de registo civil dira o que o
conservador pode autorizar se:
o A pessoa mostre consciência e racionalidade e maturidade suficiente para
consumar o ato
4
São também dirimentes, obstando ao casamento entre si das pessoas a quem respeitam,
os impedimentos seguintes:
a) O parentesco na linha reta; (parentes diretos não podem casar uma com outra mas é
apenas relativo (nota: vamos supor que há um senhor que casa com uma jovem e nos
sabemos que ele e pai dela mas essa relação de paternidade não foi juridicamente
estabelecida e para isto há o artigo 1603º (diz que se pode fazer prova de paternidade
nesta situações só para o efeito de impedir o casamento entre estes (antes de acontecer
para impedir; ou para anular o casamento)) e sem mais nenhumas obrigações da
paternidade adjacentes.
b) A relação anterior de responsabilidades parentais; (acrescentada em 2015 e isto
significa que pode haver situações em que uma pessoa não seja pai nem mãe e não há
relação de paternidade mas anteriormente exerceu as responsabilidades parentais como
se fosse pai ou mãe e a que situações exatas pretende referir esta alínea (há varias
situações em que podemos ter o exercer de responsabilidades parentais não sendo pai ou
mãe mas a lei s se refere as situações do 1903º, 1904º e 1904-A e a mesma pessoa que
introduziu esta alínea também pôs estes 3 artigos com esta redação mas não vamos
entrar nestes. (ex.: se o pai e a mãe ficam impedidos de exercer a parentalidade então a lei
tenta arranjar alguém para assumir essas responsabilidades parentais (alguém próximo
dos pais (ex.: o cônjuge dos pais depois de se separarem))
c) O parentesco no segundo grau da linha colateral; d) A afinidade na linha reta; (enteada
com padrasto; genro com a nora; etc.)
e) A condenação anterior de um dos nubentes, como autor ou cúmplice, por homicídio
doloso, ainda que não consumado, contra o cônjuge do outro. (A quer casar com B e B
antes era casado com C, mas foi morto pelo A com qual quer casar agora e pode não ser
consumado e portanto a tentativa também conta e tem de ser doloso mas não e forçoso
que o dolo envolva que o dolo tenha o propósito de casar com a pessoa e basta o dolo.
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São impedimentos impedientes, além de outros designados em leis especiais:
a) A falta de autorização dos pais ou do tutor para o casamento do nubente menor, quando
não suprida pelo conservador do registo civil; (explicado acima)
b) (Revogada); (isto era o prazo internupcial (as pessoas tinham que esperar para casar
depois do seu anterior ser dissolvido mas isso hoje já não existe)
c) O parentesco no terceiro grau da linha colateral; (tios e sobrinhos neste caso mas este
impedimento pode ser dispensável pelo conservador havendo as razoes ponderosas e o
que acontece em relação a esta dispensa de impedimento pelo conservador também
acontece na próxima alínea (1609ºdo CC))
d) O vínculo de tutela, acompanhamento de maior ou administração legal de bens; (ex-tutor
quer casar com a ex-pupila; ou o acompanhante com a acompanhada; ou no caso de
administração de bens (tem pais que consegue administrar a pessoa mas não os bens
o Tenha razoes ponderosas que justificam o casamento (podemos ver situações
como uma gravidez seria uma boa razão antigamente) mas hoje é difícil
perceber exatamente quais são essas razoes e será que e mesmo preciso isto e
tendo em conta o espirito atual do casamento (as pessoas casam porque
querem) não faz sentido ter isto dando uma ideia de isto só acontecer em
casos de necessidades (só é porque e algo que tem de ser)
Não esquecer que há consequências sancionatórias (1649º) para um casamento com
impedimentos impedientes que se fez e (ex.: este menor que se casou) emancipar-se-
ia mas como se deu esta circunstancia de se casar com este impedimento a lei diz que
continua a ser incapaz para certos efeitos e continua a ser representado pelos pais em
relação a certos bens e a sua administração.
1650 – se o tio casou com uma sobrinha o tio não pode ter redações testamentarias a
favor da sua nubente.
Esta grande distinção é a feita em matéria de direito (há mais, mas pronto)
Com isto já falamos quanto aos requisitos de fundo no geral e agora requisitos de forma.
-De forma – o casamento e um negócio soleníssimo primeiro com uma ideia do casamento
como um ato grave e marcante para a vida das pessoas e por isso e preciso uma forma pesada
para mostrar aos nubentes a seriedade do ato que praticam.
Depois também há razoes de ordem histórica que e praticamente imitando o cerimonial
religioso.
Qual a forma do casamento (falando só do civil):
Mais coisas sobre o regime do casamento – este registo pode ser feito de
duas formas:
Temos as formas especiais (há várias formas especiais, mas só referimos 2):
o Casamentos urgentes (1622º e ss.) que condições para celebrar um casamento
assim:
6
2 - Ficam, porém, ressalvados os direitos de terceiro que sejam compatíveis com os
direitos e deveres de natureza pessoal dos cônjuges e dos filhos, a não ser que, tratando-
se de registo por transcrição, esta tenha sido feita dentro dos sete dias subsequentes à
celebração
Resposta no 1622º/1 – quando algum dos nubentes esta para morrer
(como o processo preliminar, etc. demora) então como há urgência
em praticar o casamento podemos agilizar o processo
ou também iminência de parto.
(segundo o nosso ordenamento ate há uma vantagem objetiva aqui
porque temos a ativação de uma presunção de paternidade no
casamento (com uma mãe casada podemos presumir que o pai seja
marido)
Este casamento pode ser celebrado sem a presença de um funcionário de
registo civil e alem disso pode ser celebrado sem a presidência de um processo
preliminar de casamento.
Então e realizado com urgência e alguém vai a porta e diz que este casamento
vai acontecer, arranjam algumas testemunhas, elas próprias organizam o
casamento e escrevem uma ata que elas próprias assim e as testemunhas.
Mas e claro que as coisas não ficam assim e depois desta cerimonia e que a
coisa entra no terreno oficial e o próprio casamento so entra depois no registo
civil aquele processo de casamento (um processo posterior de casamento em
vez de preliminar) mas tem de correr esse processo.
Depois desse processo o conservador pode chegar a conclusão:
De que não há impedimento e e homologado e e basicamente igual
aos outros havendo uma pequena diferença que depois em sucessões
no 4º ano e a lei, sobre suspeita que pode haver alguma coisa a lei
estabelece uma regime imperativo de separação de bens.
Se verificar impedimento dirimentes então deve recusar a
homologado e para esses casos a lei define a sanção mais grave que e
a inexistência jurídica do casamento (1628º/b))
Casamentos civis celebrados sobre forma religiosa (celebrados sobre outras religiões que não a
católica (aqueles radicados em Portugal))
São regulados integralmente pela lei civil e celebram-se no local de culto onde o casamento for
realizado (celebrado por um ministro de culto e devera ser esse estatuto do ministro de culto
pelo registo civil previamente e terá de saber quem ira realizar e comprovar essa qualidade e
alem disso o conservador também avisa os nubentes que o casamento que realizam e regulado
pelo direito civil e informa sobre os princípios do casamento civil.
Vamos só falar de um ultimo capitulo sobre casamento como ato (quando corremos os
requisitos de fundo e de forma do casamento) não falamos das consequências de faltar um
requisito (falamos mas não integralmente).
Há duas diferenças entre:
Regime da inexistência:
-Quem pode invocar – qualquer pessoa
Quanto ao regime da inexistência – 1630º/2 – qualquer pessoa pode invocar uma inexistência.
(nem é dito qualquer interessado como nas nulidades e sem declaração de inexistência porque
ele é já inexistente (ipso iuri) e não é preciso uma declaração judicial para que ele o seja.
E portanto pode ser invocado por qualquer pessoa sem qualquer declaração judicial.
No que toca aos efeitos não produz quaisquer efeitos e é isso que o distingue da nulidade e
não produz efeitos e nem é visto como putativo qualquer efeito.
Vamos ver que os casamentos nulos ou anulados ainda podem produzir efeitos.
Está no artigo 1631º e se o lermos reencontramos alguns dos requisitos de que falámos sobre
requerimentos de consentimento, etc.
Ou, por exemplo, numa vertente mais formal, quando não sejam reunidas as testemunhas de
casamento quando exigidas por lei.
-Anulabilidades estabelecidas no interesse não apenas dos nubentes mas também dos
familiares e do interesse público – anulabilidade por impedimentos dirimentes porque são
envolvidos os interesses desta gente e portanto entende-se que este regime seja referido em
função desta características (uma anulabilidade estabelecida no interesse de muita gente e por
isso esta anulabilidade poderá ser invocada por muita gente mas não vamos entrar nisto
porque há muitos artigos mas se quisermos ver (1639º) e em regra os prazos são longos.
Agora os efeitos.
imaginemos um casamento que já foi anulado e vemos se ainda pode produzir algum efeito.
-Sabemos que em regra no regime geral do negócio jurídico e das invalidades deste negócios
sabemos que quando há essa anulabilidade tem efeito retroativo (artigo 289º) e portanto esta
é a consequência normal da declaração de anulabilidade no quadro jurídico comum do
negócio jurídico.
E portanto todos os efeitos que o negócio jurídico tenha produzido sejam destruídos
retroativamente com certas exceções mas essa é a regra.
Nâo há nenhuma razão a que obrigue que todos os efeitos do casamento sejam destruídos
retroativamente e portanto a lei estabelece que em termos práticos esta anulação ou
anulabilidade vão produzir os mesmos efeitos que o divórico e esta declaração só tem efeitos
prospetivos e em princípio a declaração de nulidade deve valer como divorcio porque apesar
de tudo estiveram casadas.
-mas que depois vem a ser vitimado por uma declaração de nulidade ou anulação.
-Ambos os nubentes ou pelo menos um tem que estar de boa fé (para definir que um dos
nubentes está de boa fé ou não a própria lei define o que é a boa fé (neste caso subjetiva) eles
teriam de desconhecer o vício do casamento (1648º do CC) e considera-se de boa fé o nubente
contraente que o assume numa ignorância desculpável (sem cognoscibilidade) do vício causar
da nulidade ou anulabilidade.
(nos casos de coação física ou moral evidentemente ele conhece o vício mas está a ser coagido
mas evidentemente também está de boa fé porque se trata de uma coação. (está no artigo
1648º também). Duas observações:
Dentro dos efeitos do casamento há efeitos pessoais e patrimoniais, mas só vamos estudar os
pessoais porque os patrimoniais (que são mais importantes e têm mais artigos dedicados
vamos estudar em sucessões)
Apesar disso podemos ser obrigados a referir algum efeito patrimonial porque pode ser
essencial à explicação de pontos que vamos referir.
-Princípio de direção conjunta dos cônjuges (princípio de exigência de acordo) – ambos têm
que estar de acordo na vida comum.
Pode parecer resultado deste texto um acordo inicial sobre a orientação da vida comum e isto
não é necessário e nem deve existir mas quando e´preciso tomar uma decisão relativo a isto
deve ser feita e resultar de acordo destes e há certas partes da vida que em nada têm a haver
com a vida familiar e não precisam de ser acordadas portanto este acordo inicial seria
desproporcional.
Não é por o facto das pessoas serem casadas que perdem a vida particular.
O professor disse que a profissão é a decisão de cada um e não tem que fazer satisfações ao
outro e quanto a isso o nosso código, depois da reforma do código (1977), deu-se ao trabalho
de os cônjuges exercerem ou não trabalho 1677-Dº e aqui está dito claramente que cada um
dos cônjuges pode exercer qualquer profissão ou atividade sem consentimento do outro.
Agora é assim mas antes da reforma o cônjuge podia opor (sobretudo o marido perante a
mulher) podia opor-se ao outro cônjuge de desempenhar trabalho privado (em questões de
trabalho publico ou profissões liberais não mas trabalho privado ele podia opor-se.
Este artigo é fácil de entender mas também é casado e implica obrigações e tendo em conta o
quadro de obrigações do casamento pode haver certos trabalhos que colidam com as
obrigações do tratamento (ex.: Uma profissão excessivamente trabalhosa que nunca o/a deixe
estar em casa ou profissões duvidosas de outro tipo) até porque pode levar ao divorcio.
Quanto à exigência de acordo temos que reconhecer que tem de haver acordo mas e senão
houver?
Qualquer dos cônjuges sobre qualquer hipóteses pode recorrer ao tribunal?
Não porque a lei diz que em regra os cônjuges não podem recorrer ao tribunal só por decisões
sobre a vida comum então se chegaram a acordo sobre uma decisão tão importante como esta
então chegariam presume-se a estas mais pequenas.
A lei previu que só em certos casos essa possibilidade e se o fez quer dizer que é exceção.
Esses casos referidos são poucos e principalmente em relação à escolha de residência da
família (artigo 1673º); Quanto ao nome a dar aos filhos (artigo 1875º); quanto a questões de
exercício de responsabilidades parentais (decisão relativa à vida do filho) e havendo indecisões
dos pais o tribunal pode ser chamado a intervir.
A pergunta é se esta lista é taxativa mas parece que não e pode haver mais deveres
envolvidos. E portanto todas as obrigações e deveres que resultam de viver em comum eles
assumiram eventualmente e portanto estes deveres aqui não são taxativos.
Se pensarmos assim é verdade mas ao mesmo tempo é difícil arranjar algum dever fora deste
quadro porque são amplos.
Que dever poderia estar fora (os autores esforçam-se para encontrar como um dever de ser
sincero ou de prestar informações mas podemos argumentar que pode vir de um eventual
dever de respeito e portanto não há nada que justifique uma taxatividade desta lista mas ao
mesmo tempo é difícil arranjar algo fora desta lista.
Este efeito é um efeito imperativo e portanto os cônjuges não podem afastar estes
deveres/obrigações e isto é verdade como um direito imperativo.
Mas ao mesmo tempo também é verdade que os deveres e obrigações são aquilo que forem e
vão ser cumpridos de forma subjetiva e resultará conforme o funcionamento do casamento e
da capacidade de tolerância e compreensão dos cônjuges e será executado de forma maleável
e conforme a personalidade do cônjuge e do curso normal do casamento e da vida.
Há divergências doutrinais mas não se entende que não há consequências sancionatórias pela
violação destes deveres e, apesar de discutido pelos tribunais, não parece resultar deste
incumprimento alguma indemnização por danos não patrimoniais.
Ex.: por questões de infidelidade e a mulher entra em depressão e este dano deve ser
indemnizado ou a questão é de outro tipo mas a lei parece não querer essa indemnização mas
haverá outro tipo de consequências mas como vamos ver hoje o divorcio não é um sanção em
face de um comportamente culposo e o divorcio hoje no nosso ordenamento é a constatação
de um rutura que objetivamente já ocorreu e portanto a lei não pareceu atribuir qualquer
consequência indemnizatória proveniente desta violação dos deveres.
E portanto estes deveres estão enumerados e são imperativos com a flexibilidade mas parece
que a violação destes deveres não têm grande consequência sancionatória.
Mas senão forem cumpridos estes deveres estará verificada uma rutura objetiva que pode
levar ao divórcio mas isso não leva a sanção e portanto se os cônjuges não cumprirem estes
deveres de forma continuada podemos configurar um quadro de rutura objetivo que será (Esta
rutura) a causa de divorcio. Antes da reforma do regime de divórcio a principal causa de
divórcio é pela violação destes deveres e antes de 2008 se a maior causa de divorcio é a
violação dos deveres conjugais era portanto muito tratado mas hoje perderam praticamente
todos os seus poderes práticos.
Deveres:
-Respetio – é uma coisa muito ampla e em parte confunde-se com a obrigação de respeitar os
direitos de personalidade do outro mas sim já existe enquanto sujeitos da sociedade mas a lei
parece querer cirar uma obrigação acrescida quanto a isso.
E ao inicio dizia-se que esta obrigação era negativa (não mal tratar o direito do outro) mas
também positiva (pelo menos a obrigação de se interessar pelo outro)
Isto tudo antes de 2008 e agora o quadro, principalmente a do interesse pode configurar a
situação de rutura objetiva apenas.
-Coabitação – o artigo 1673º (residência da família) – coabitar não é só residir no mesmo sítio
mas há também uma tripla comunhão (leito, mesa e habitação).
Quanto à obrigação de prestar alimentos (tudo aquilo que for necessário para os
sustento, habitação e vestuários, etc. do alimentante) mas enquanto vivendo juntos os
cônjuges este princípio não tem autonomia própria e faz parte dos “encargos da vida
familiar” e apenas assume efeito autónomo quando os cônjuges ficam separados
(separação de facto) quando não estão juntos e porque não há encargos para a vida
familiar há uma obrigação de prestar alimentos.
Temos nos nºs 2 e 3 do 1675º a falar sobre isto duas exigências:
o O dever de alimentos mantém-se quando a separação de facto de não for
imputável a nenhum dos cônjuges
o Se a separação de facto for imputável só a um só esse estará obrigado a
prestar alimentos.
Primeira observação sobre isto: de haver culpas ou não no divorcio e na separação de
facto era importante e muitas decisões sobre divórcio tinham essa indicação de quem
era mais julgado e era importante porque só o culpa é que prestada alimentos ao
outro designadamente para a prestação de alimentos do divorcio além doutros
consequências patrimoniais para o culpa do divorcio.
Hoje já não há culpados no divórcios e não existe só ficar obrigado o cônjuge culpado a
prestar e hoje qualquer um pode desde que tenha capacidade de os prestar.
Se em matéria de divorcio a culpa deixou de ser relevante parece que neste caso de
separação de facto a culpa não deve ser relevante e em 2008 houve preocupação em
alterar o regime do divórcio e entre essas a existência de culpa deixou de existir mas
parece que a lei terá se esquecido de alterar isto.
Parece que resulta de uma interpretação sistemática de disposições pertinentes do CC
deve considerar-se revogado sabendo-se da eliminação da relevância da culpa no
divorcio e aqui também será.
Alias o professor tem um confissão pessoal do autor da reforma de 2008 (Dr. Miguel
Oliveira) de que se esqueceu de alterar o 1675º.
No 1676 diz que a obrigação de contribuição para os encargos da vida familiar diz que
ambos têm que contribuir mas logo a seguir diz que é conforme conseguem fazendo
uma ideia de proporcionalidade (proporcionalidade às suas possibilidades).
Como é que conseguimos cumprir esta lei desta obrigação?
Cumpre-se através da forma simples (o cônjuge que ganha tem o seu emprega e o seu
salário e todos os meses ou periodicamente vai depositando num mealheiro familiar
um tanto (das duas partes conforme o que cada um ganha) e é a mais normal. pela
afectação dos seus recursos àqueles encargos
Mas não é a única forma e o artigo faz referência de outra forma que é pelo trabalho
despendido no lar ou na manutenção e educação dos filhos. Por isso o trabalho
também vale para contribuição.
O que é acontece se um dos cônjuges (no resto deste artigo) contribuir mais do
que devia (por ventura com muito mais do que devia em relação ao outro)?
A nossa lei no artigo 1676º considera esta possibilidade mas só o considera para
dai tirar as consequências numa única hipótese que está no nº2 deste artigo
2 - Se a contribuição de um dos cônjuges para os encargos da vida familiar for
consideravelmente superior ao previsto no número anterior, porque renunciou de
forma excessiva à satisfação dos seus interesses em favor da vida em comum,
designadamente à sua vida profissional, com prejuízos patrimoniais importantes,
esse cônjuge tem direito de exigir do outro a correspondente compensação.
E esta superior só é valorizada pela lei se se suceder a renuncia de forma excessiva
à satisfação dos seus interesses em favor da vida comum (ex.: Antigamente a
mulher quando casava renunciava os estudos,trabalho, etc. e portanto sacrificava
a satisfação dos seus interesses em favor da vida comum (designadamente a vida
proifsisonal)
E pode exigir do outro, no divorcio, compensação (o chamado crédito
compensatório) subsequente ao divórcio.
Ainda sobre efeitos pessoais temos pouca coisa a sobrar e vamos falar ainda o
efeito pessoal ligado ao nome dos cônjuges:
-Há normas sobre o nome (1677º e SS)
Basicamente são coisas que sabemos tipo 1. Cada um dos cônjuges conserva os seus
próprios apelidos, mas pode acrescentar-lhes apelidos do outro até ao máximo de dois. E
portanto não é nada de novo mas normalmente era só um dos cônjuges que adotavam o
cônjuge de outro.
A lei fixa um limite no caso de casamentos sucessivos e esta faculdade não pode ser exercida
por alguém que conserva apelidos de um outro casamento.
No 1677-Aª diz que quando uma pessoa se enviúva ela preserva os nomes que adquiriu do
casamento.
Vamos fazer referencia 1677-Cº e pode acontecer a pessoa se divorciar ou enviuvou e continua
a usar os apelidos dos ex cônjuges e começa a desenvolver atividades criminosas e aquele
apelido começa a aparecer nas noticias e aqueles nomes não é dela, mas sim do cônjuge e a lei
prevê a privação judicial do nome.
E portanto o cônjuge que conserve apelidos do outro pode ser privado pelo tribunal do direito
de os usar quando esse uso lese gravemente os interesses morais do outro cônjuge ou da sua
família.
Sobre o nome é isto basicamente e o professor não vai dizer mais nada.
Pode acontecer que duas pessoas não se divorciem mas que fiquem separadas de pessoas e
bens e normalmente é um ante divorcio mas ficam separadas de pessoas e bens sem se
divorciar e faz-se a partilha do património comum e as pessoas não estão juntas.
Ainda estão juntas mas há certos efeitos do casamento que cessam.
Ainda não é um divorcio mas já há efeitos que cessam e uma pequena dissolução.
Nota histórica: esta separação de pessoas e bens já perdeu quase todo o seu interesse prático
porque dantes ainda tinha interesse porque noutros tempos quando não era admitido o
divorcio em relação às pessoas casadas catolicamente (antes de 1975) e se o casamento
entrava em crise a única solução era esta (chamavam de divorcio dos católicos).
Nesse sentido nessa altura a situação de separação de pessoas e bens era uma situação
duradoura.
Hoje a coisas não são assim e qualquer pessoa pode divorciar-se e quando acontece uma crise
de casamento mais vale divorciar-se (para quê meias-tintas) e portanto quando esta separação
acontece será uma situação temporária.
Portanto no regime anterior a 75 tinha a sua prática e era uma situação duradoura e hoje é
raramente usado e é para uma situação temporária e muito.
O professor conhece casos que se acham muito católicas então não se separam e só por
pessoas e bens(será que é a Mafalda?!)
Em termos processuais como é que começa (artigo 1794º remissão para as normas do
divórcio) Sem prejuízo dos preceitos desta secção, é aplicável à separação judicial de
pessoas e bens, com as necessárias adaptações, o disposto quanto ao divórcio na secção
anterior.- daqui resulta muita coisa e portanto os decretos para a separação é a mesma do
divorcio e se o divorcio tem dois regimes (por mutuo consentimento; sem consentimento dos
cônjuges) e a separação também tem; e as partes processuais são as mesmas.
Temos aplicação das mesmas regras do divorcio.
Eu disse que os processos são os mesmos e precisamente por serem os mesmos é que hoje tal
como para o divorcio com mutuo consentimento este não tem que ser judicial e pode ser
administrativo (nas conservatórias) o mesmo acontecerá para o processo de separação de
pessoas e bens e portanto não é forçosamente judicial.
Daí estar mal os títulos que está nos códigos quando diz no 1794º “separação judicial de
pessoas e bens” assim como diz no título da secção.
Já houve tempos em que era forçosamente judicial mas há muito tempo que não o é e
podemos riscar o “judicial”.
Os efeitos principalmente porque o casamento não se resolve mas há alguma coisa que cessa
nos efeitos.
Os efeitos estão previstos no 1795-Aº A separação judicial de pessoas e bens não dissolve o
vínculo conjugal, mas extingue os deveres de coabitação e assistência, sem prejuízo do
direito a alimentos; relativamente aos bens, a separação produz os efeitos que produziria a
dissolução do casamento. –
Vinculo conjugal
Dever de fidelidade (o que é estranho, mas pronto)
-O que desaparece:
Deveres de coabitação
Deveres de assistência (pelo menos quanto aos encargos da vida familiar, mas ainda
pode haver o dever de alimentos e esse mantém-se)
-Claro que para separação de bens é os mesmos efeitos do divórcio (ainda neste artigo 1795-
Aº).
Primeiro desfecho possível - Imaginemos que estão por separação de pessoas e bens e depois
reconciliam-se (1795-Cº):
1. Os cônjuges podem a todo o tempo restabelecer a vida em comum e o exercício pleno
dos direitos e deveres conjugais.
2. A reconciliação pode fazer-se por termo no processo de separação ou por escritura
pública, e está sujeita a homologação judicial, devendo a sentença ser oficiosamente
registada.
3 - Quando tenha corrido os seus termos na conservatória do registo civil, a reconciliação
faz-se por termo no processo de separação e está sujeita a homologação do conservador
respectivo, devendo a decisão ser oficiosamente registada.
4. Os efeitos da reconciliação produzem-se a partir da homologação desta, sem prejuízo
da aplicação, com as necessárias adaptações, do disposto nos artigos 1669.º e 1670.º -
E o que é dito a seguir do nº1 são coisas processuais mas que não vamos falar pois é muito
diferente hoje em dia pois depois de 2001 houve muitas competências do tribunal que foram
passadas para outras entidades (ex.: conservador de registo civil, MP, etc.) e esta competência
da reconciliação foi uma dessas que passou para o conservador.
Naturalmente para haver reconciliação tem que haver declaração da parte de ambos
Há muitos anos – introdução histórica – a grande questão do divórcio era a questão da própria
admissibilidade do divórcio e antes d 1975 os divórcios não eram possíveis nos católicos e
portanto a questão da admissibilidade era existente.
Hoje esta ultrapassada.
Depois que fundamentos pode invocar-se para invocar os divórcios litigiosos (que causas
podiam fundar) é a questão das causas ou fundamentos do divórcio e esta questão ainda está
viva e temos o nosso regime atual e há um certo conjunto de causas objetivas de divórcio mas
esta questão ainda é discutida e se será mesmo necessário haver um causa para ter um
divorcio unilateral.
A terceira questão que são as mais discutidas que é a questão dos efeitos do divórcio – há
muitos efeitos do divórcio que são discutidos e como regular certos como eventual obrigação
de alimentos depois do divórcio e como e se os cônjuges devem ficar obrigados a prestar
alimentos ou outros; obrigações parentais depois do divórcio.
Feita eta pequena introdução vamos ver o regime do divórcio entre nós.
-divórcio a mal – que até à grande reforma de 2008 chamava-se divórcio litigioso e agora é o
divórcio sem consentimento de um dos cônjuges.
Divórcio por mútuo consentimento – temos os cônjuges e ambos querem divorciar-se e existe
acordo quanto ao este e além de estarem de acordo com o divórcio nesta não existe
apresentação de causa (divórcio sem causa) ou talvez um divórcio de causa não revelada (mais
preferida pelo nosso livro).
-Houve tempos não muito antigos que para os cônjuges se divorciarem por mútuo
consentimento tinha de haver certos requisitos para se divorciarem e sem esses não podiam:
Hoje as coisas estão facilitadas e portanto já não há um requisito temporal e também não
precisam de estar de acordo sobre as matérias procedimentais mesmo que não estejam de
acordo com mais nada têm a garantia que vão conseguir divorciar-se pelo sistema.
Não temos um divórcio por mutuo consentimento, mas dois processos diferentes:
Ou a coisa nas conservatórias do registo civil e por isso chamamos a este processo
cível – processo administrativo do divórcio por mútuo consentimento.
Ou a coisa pode correr nos tribunais – processo judicial do divórcio por mútuo
consentimento.
Estes acordos permite-se que sejam redigidos (ex.: imaginemos que as pessoas estão de
acordo quanto ao divórcio e chegaram a acordo sobre isto mas não têm jeito para escrever
coisas em papel e há a possibilidade de serem os próprios funcionários da conservadora a
redigir o documento mas sempre de acordo com o que os cônjuges lhe disserem que foi
acordado.
O conservador tem que avisar (e isto existe para todos os divórcios) que antes do início do
processo de divórcio eles têm de ser avisados que há serviços de mediação familiar e os
objetivos deste (está no 1774º8 essa obrigação) e perguntam se querem utilizar mas sem os
poder obrigar.
Depois desta fase há uma conferência (1776) que é mais um reunião (pequena audiência) no
qual o conservador verfica os pressupostos formais e vai apreciar os acordos que os cônjuges
tinham apresentado (juntado).
Vai apreciar os acordos todos? Não todos porque há uma acordo específico em que a
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1 - O divórcio por mútuo consentimento pode ser instaurado a todo o tempo na
conservatória do registo civil, mediante requerimento assinado pelos cônjuges ou seus
procuradores, acompanhado pelos documentos seguintes:
a) Relação especificada dos bens comuns, com indicação dos respetivos valores, ou, caso
os cônjuges optem por proceder à partilha daqueles bens nos termos dos artigos 272.º-A a
272.º-C do Decreto-Lei n.º 324/2007, de 28 de Setembro, acordo sobre a partilha ou pedido
de elaboração do mesmo;
b) Certidão da sentença judicial que tiver regulado o exercício das responsabilidades
parentais ou acordo sobre o exercício das responsabilidades parentais quando existam
filhos menores e não tenha previamente havido regulação judicial;
c) Acordo sobre a prestação de alimentos ao cônjuge que deles careça; (Pressupõem-se
uma necessidade dele e sem esta não há a prestação)
d) Acordo sobre o destino da casa de morada de família;
e) Certidão da escritura da convenção antenupcial, caso tenha sido celebrada.
f) Acordo sobre o destino dos animais de companhia, caso existam.
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Antes do início do processo de divórcio, a conservatória do registo civil ou o tribunal
devem informar os cônjuges sobre a existência e os objetivos dos serviços de mediação
familiar.
competência de apreciação que cabe ao conservador mas há uma entidade com mais jeito
nessa apreciação que é da responsabilidade parental e portanto o conservador envia essea
cordo para o MP que vai apreciar o acordo e que está habituado a apreciar esse acordo (artigo
1776-Aº). Portanto os outros acordos sobre a casa e alimentos vão ser apreciados pelo próprio
conservador e sobre os filhos pelo MP.
O que o conservador e o MP nesta apreciação vão ver se os acordos são razoáveis e senão
desprotegem os cônjuges ou os filhos.
Se entenderem que os acordos são bem feitos vão ser homologados pelo conservador.
Se o MP acha que é razoável ele põe visto no acordo e envia para o conservador que vai
homoluga-lo e senão desprotegerem de forma excessiva o interesse dos cônjuges ou dos filhos
e forem razoáveis então estes vão ser homologados pelo conservador.
E depois disso o divórcio é decretado e como vemos é uma coisa simples e apenas houve uma
conferência reunião.
Sendo o divórcio decretado (uma espécie de despacho do conservado (acho que é o nome
técnico) vai ter o mesmo valor que uma sentença judicial isto se os acordos forem bons).
Se os acordos ou algum acordo for achado não razoável então esse não vai ser homologado e o
que vai acontecer é que todo o processo (como o divórico só pode ser decretado pelo
conservador se tiver havido homologação dos acordos e só pode ser decretado por ele com a
homologação dos acordos o processo é remetido para o tribunal e a coisa passa a correr no
tribunal e então ficamos com a idea que o conservador só pode decretar o divórcio se forem
homologados acordos complementares.
Se váriso acordos não forem homologados não é logo enviado para o tribunal e há uma
primeira tentativa de reformular os acordos por alguma razão e são convidados a alterá-lo em
conformidade com as indicações que receberam (o filho não tem proteção suficiente por
exemplo) e se alterarem os acordos como deve ser ele ainda pode decretar.
Só se não acordarem à segunda vez então é que será remetido ao tribunal (1778º do CC)
Então aqui falamos do divórcio por mútuo consentimento judicial.
Em que casos tem lugar este tipo de divórcio? (+ 2 além do que já vimos)
Um acabamos de conhecer nos quais nos termos de 1778 temos uma remissão para o
tribunal
Vamos supor que logo no início quando os cônjuges resolvem divorciar-se (a vontade
comnum) mas não estão de acordo com mais nada (basta uma das matérias
completares) e nessa hipótese não se podem dirgir à conservatória porque para que o
processo seja aberto é necessário haver acordo sobre isso e apresentaream papeis de
acordo e aqui o que fazem é ir ao tribunal diretamente).
Esta hipótese de ir diretamente é prevista no artigo 1773/2 do CC 9 e depois está
repetido no 1778-A/1
Hipótese marginal, mas prevista no 1779º que é o que acontece em caso seguinte.
Imaginemos que temos um divórcio litigioso e uma ação de divórcio intentada por um
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2 - O divórcio por mútuo consentimento pode ser requerido por ambos os cônjuges, de
comum acordo, na conservatória do registo civil, ou no tribunal se, neste caso, o casal não
tiver conseguido acordo sobre algum dos assuntos referidos no n.º 1 do artigo 1775.º
cônjuge contra outro e nessa ação é possível que os cônjuges divorciados é possível
que cheguem a acordo quanto a que o divórcio passe a ser um por mútuo
consentimento e continuam a querer divorciar-se mas chegam a acordo que deixe de
ser litigioso e agora é de mutuo consentimento mas como a coisa já está no tribunal
continua no tribunal (por uma questão de economia processual)
O processo nos tribunais está mais ou menos descrito no 1778-A e há mais alguns dos artigos
994 e ss. do CPC que repetem mais ou menos isso.
Este é um processo de mútuo consentimento no tribunal e não há uma petição inicial mas
ambos assinam um requerimento e não tem natureza contenciosa.
mais uma vez temos a obrigação de que existem e os objetivos do serviço de mediação familiar
também aqui mas pelos tribunais.
Se os cônjuges tiverem algum acordo para apresentar (podem ter 1 mas não todos senão iam
ao conservatório) e o juiz aprecia 1778-Aº).
Aqui o juiz também pode convidar os cônjuges a alterarem o acordo se não acautelar o
interesses deles ou dos filhos, etc.
Em relação às matérias sobre as quais os conjhges não tenham apresentado acordo o juiz deve
promover acordo e é sempre melhor um acordo do que uma decisão do juiz e portanto em
relação a essa matérias ele deve promover os acordos, está no nº6 do 1776º.
Portanto o juiz vai apreciar o acordo na matéria em que existe e onde não houver deve
promover.
Se os acordos iniciais ou os resultantes desta promoção do juiz forem considerados bons
acordos tanto à primeira como segunda tentativa então é essa que vale em matéria
complementar.
Se continuar a haver desacordo ou maus acordos entre acordos como não pode ser decretado
divórcio caberá ao juiz definir o regime que vai valer em relação a matérias complementares.
Senão resultar de acordo ou forem maus como em qualquer caso as matérias têm que ficar
reguladas como não ficam através de acordo vai ser o juiz a definir como estas são reguladas
(1776º/3).
Portanto, não houve acordo ou não serviam e vai ser o juiz a fixar os termos no qual estas
matérias vão ficar reguladas e em qualquer caso no fim o juiz decreta o divórcio porque aqui
também existe uma única reunião/conferência e o divorcio é decretado numa sentença.
Dantes falava-se do divórcio como sendo uma sanção (um castigo/pena) aplicada a um
cônjuge pelo outro; uma sanção do contrato por incumprimento aplicada ao cônjuge
infrator que tinha infringido os deveres conjugais e a consequência
sancionatória/punitiva era a sanção).
Esta ideia de divórcio como divórcio-samção estava ligada a uma ideai de divórcio com
principal fundamento como violação dos deveres conjugais e mesmo nessa altura o
divórcio como sanção era descabida porque quem quer mais o divórcio é o
prevaricador e portanto esta ideia era descabida porque quem o mais queria era o
infrator e portanto não era uma sanção porque era o que ele queria
Agora o divórcio não era uma sanção castigo aplicado ao infrator mas sim o remédio
para o cônjuge inocente que não tem outra alternativa senão o divórcio para se
libertar de um casamento que é um peso para ele.
Não aguenta mais a situação e o casamento tornou-se insuportável e portanto o
remédio é o divórcio.
Ainda está um bocado subjacente ao nosso sistema pelo menos relativamente a
algumas causas de divórcio.
A atual: é apenas a constatação da rutura do casamento.
No plano dos factos já não existe casamento e, portanto, este não mais é a
confirmação no plano de direito de aquilo que já existe no plano dos factos e serve
para constatar a rutura objetiva que já se deu (divórcio constatação da rutura ou
divórcio rutura).
Comecemos pela alínea d) porque é uma cláusula indeterminada e as outras são exemplos
desta cláusula.
Não é fácil de densificar o que é isto de facto que mostrem a rutura do casamento e as
situações variam até porque isto pode ser um coisa que não são de um dia para o outro.
A lei parece que quis que não bastasse um começo de rutura e não basta um começo de rutura
(mau ambiente em casa não basta) mas é preciso haver mais do que isso (rutura deifinitvo)
mas também não um corte absoluto de relações.
A visão da lei parece que é quando chegamos a um ponto em que já não há retorno possível
10
São fundamento do divórcio sem consentimento de um dos cônjuges:
a) A separação de facto por um ano consecutivo;
b) A alteração das faculdades mentais do outro cônjuge, quando dure há mais de um ano
e, pela sua gravidade, comprometa a possibilidade de vida em comum;
c) A ausência, sem que do ausente haja notícias, por tempo não inferior a um ano;
d) Quaisquer outros factos que, independentemente da culpa dos cônjuges, mostrem a
rutura definitiva do casamento.
(não é preciso um corte completo de relações mas no sentido em que no ambiente que se
gerou não há retorno).
E se quisermos dizer é que um critério bom é o que resulta das alíneas restantes (a), b) e c)) e
podemos considerar como rutura definitiva algo tão grave como estes exemlpos que a lei
considera como rutura definitiva.
a)A separação de facto por um ano consecutivo; (o que é separação de facto? E para este
efeito temos o artigo seguinte 1782º11)
b) A alteração das faculdades mentais do outro cônjuge, quando dure há mais de um ano
e, pela sua gravidade, comprometa a possibilidade de vida em comum; - não basta as
alterações mentais por um ano e além de ser grave que também comprometa a
possibilidade de vida em comum. Estes requisitos de grave e comprometer é cumulativa
sendo chamada de prova facultativa.
Na causa anterior basta a prova de separçaõa de facto mas aqui não basta a prova de
alteração de mental mas também que foi grave e compromete a possibilidade de vida
comum (a primeira é uma prova absoluta e esta seria apenas relativa (a primeira vale por si
e a outra não).
Se o cônjuge perde a sanidade pode sair do casamento validando o divórcio remédio
apesar das promessas do casamento (na saúde e na doença)
Neste caso a lei tem em conta a situação em que está o cônjuge com as reservas
possíveis (se é deonte ou não) e tem em conta o facto de perfeitamente acontecer que
quando o cônjuge pede o divórcio isso agravar mais a situação do cônjuge em
consequência do pedido de divórcio e como existe essa possibilidade a lei tem em conta
esse dano não patrimonial e previu expressamente no artigo 1792º/2 12 tendo que reparar
os danos não patrimoniais.
Este requerimento é contornável se criar as condições da alínea a) por exemplo não tendo
que pagar.
c) A ausência, sem que do ausente haja notícias, por tempo não inferior a um ano;
ausência que conhecemos das normas civis; se há ausência já há separação de facto e
podemos pensar assim mas se já é separação de facto então porque é que a lei
autonomizou a ausência?
Porque pode haver ausência sem separação de facto porque falta o segundo elemento de
11
1. Entende-se que há separação de facto, para os efeitos da alínea a) do artigo anterior,
quando não existe comunhão de vida entre os cônjuges e há da parte de ambos, ou de um
deles, o propósito de não a restabelecer. (dois requisitos: separação física (já não vivem
juntos); mas não basta isto (porque um deles pode viver longe noutro país porque arranjou
lá trabalho ou foi condenado a uma pena de prisão) e isto não é necessariamente
separação de facto tendo como segundo requisito a intenção de o não restabelecer (das
duas ou só uma das partes) tendo também ambos os requisitos de de durar pelos menos
um ano consecutivo (se se separam durante 8 meses e depois reconciliam-se e este
tempo de reconciliação anula os 8 meses anterior e portanto a lei exige o ano consecutivo
para considerar isto se bem que foi meio discutido)
12
2 - O cônjuge que pediu o divórcio com o fundamento da alínea b) do artigo 1781.º deve
reparar os danos não patrimoniais causados ao outro cônjuge pela dissolução do
casamento; este pedido deve ser deduzido na própria ação de divórcio.
não querer reestabelecer (imaginemos que um deles foi raptado e ainda quer reestablecer
a conjuntura depois de se libertar e quem tiver em casa também).
Ou seja a ausência não pressupõe a separação de facto porque pode não haver o elemento
espiritual e por isso a autonomização por parte da lei.
Senão conseguir reconciliá-los pelo menos vai tentar conseguir que o divórcio prossiga por
mútuo consentimento como já vimos (1779º do CC)
Vimos que tinha que ficar no divórcio por mutuo consentimento que as matérias
complementares tinham que ficar definidas para acontecer mas aqui não e não é forçoso
ficarem definidas logo para haver divórcio.
O juiz pode convidar os cônjuges a formular acordo; e um projeto provisório de
responsabilidades enquanto dura o processo mas pode o divórcio ser decretado sem que fique
definido os regimes.
É certo que o divórcio pode sair sem que estas coisa sejam definidas porque não chegaram a
acordo e o juiz apenas pode impor regimes provisórios durante o processo e isto está nos
artigos do CPC.
Embora pelo menos em relação que regula o exercício das responsabilidades parentais as leis
processuais estabelecem prazos para resolver as coisas rápidas mesmo depois do divórcio já
sair ou devem intentar uma ação em relação às responsabilidades parentais.
Só para terminar, como sabemos a sentença decreta o divórcio (sentença constitutiva) e agora
depois de 2008 já não há declaração de culpa (onde havia uma declaração do cônjuge mais
culpado que tinha que constar da sentença de divórcio).
Hoje sabemos que não existem cônjuges culpados e resulta apenas de causas objetivas com a
velha ideia que no divórcio a culpa é dos dois e assenta na causa de haver uma rutura objetiva
de casamento e o divórcio serve para confirmar essa rutura e como não há culpados não há
declaração de tal.
Uma referência que pode aparecer nessas sentenças é poder interessar saber se a convivência
ou coabitação entre os cônjuges já tinha cessado há mais tempo e se do processo resultar a
prova que os cônjuges já estavam separados de facto há muito tempo e ser for feita a data a
partir de que foram essa indicação dessa data a requerimento de qualquer dos cônjuges deve
constar da sentença porque essa data vai poder interessar para efeitos de consequências
patrimoniais do divórcio como vamos ver amanhã-
Efeitos do divorcio
Quanto a isto o cc tem 1788 e ss quanto a estes efeitos e é a volta disto que vamos andar.
O 1778 diz logo o efeito geral ( o divorcio dissolve o casamento) e tem os mesmos efeitos da
dissolução por morte (que é a outra forma de dissolução) claro que há diferenças porque
depois temos o direito sucessório
(Artigo 1789.º
(Data em que se produzem os efeitos do divórcio)
TEXTO
1 - Os efeitos do divórcio produzem-se a partir do trânsito em julgado da respetiva
sentença, mas retrotraem-se à data da proposição da ação quanto às relações
patrimoniais entre os cônjuges.
2 - Se a separação de facto entre os cônjuges estiver provada no processo, qualquer deles
pode requerer que os efeitos do divórcio retroajam à data, que a sentença fixará, em que a
separação tenha começado.
3 - Os efeitos patrimoniais do divórcio só podem ser opostos a terceiros a partir da data do
registo da sentença.
Com esta ajuda da lei podemos reler este 1779/1 adicionando “ou a partir de decreto do
conservador e este se torna definitivo sendo que este também pode ser objeto de recurso em
certas situações”
Mais uma vez (“diz ação “) pressupondo a lei que só se faz divorcio por ação e há divórcios em
que não existe propositura de ação e não só nos administrativos, mas também nos de mutuo
consentimento em que não há ação e o que equivalerá será o requerimento de divorcio a
propositura da ação
Mas o nº2 deste artigo ainda acrescenta que se houver uma separação de facto antes de se
divorciarem em que se divorciam agora mas já estavam separados de facto a alguma tempo e
faz-se prova de data em que já tinha havido separação de facto e se estiver provada no
processo qualquer deles pode requerer que os efeitos do divorcio (parece que a lei esta a
pensar apenas nos efeitos patrimoniais) retroajam ainda a uma data anterior do nº1 – a data
em que a separação tenha começado (que consta sentença) e apenas para efeitos patrimoniais
já que segue do nº1 deste artigo.
O 1790º fala da partilha (antes de ler isto o que já sabemos e que o casamento se dissolve com
o divorcio, há efeitos patrimoniais e cessam as suas relações patrimoniais (1788º do CC) e aqui
cada um recebe os seus bens próprios e e feita a divisão pela metade do património comum
(1778 e 1779 – ver este artigo)
(Em caso de divórcio, nenhum dos cônjuges pode na partilha receber mais do que
receberia se o casamento tivesse sido celebrado segundo o regime da comunhão de
adquiridos.)
Isto aplica-se a hipótese – A casa com B e quando casaram A tinha muito dinheiro e B não
tinha nada e casaram no regime de comunhão geral e, portanto, esse milhão ficou a pertencer
a dois e, portanto, A e B ficaram cada com uma quota ideal de 500.000.
Senão houvesse este artigo a partilha era metade para cada, mas este artigo permite que A
recebia 1 milhão porque era um bem que já tinha quando casou porque era um bem que já
tinha antes de casar.
(nota aparte: se uma casa for comprada em nome de B (já em casamento) é dos dois mas se
provarem que o dinheiro veio só de um pode haver compensação ou mais)
O espírito que existe nesta norma e para evitar que o divorcio se torne um bom negocio para
as pessoas. E este regime de comunhão de bens e para vigorar enquanto estamos no
casamento, mas quando se divorcia o quadro muda que esta presente. Há muita gente
discorde disto, mas o legislador esteve bem na opinião do professor quando pôs isto.
Antes era formulado “só o cônjuge mais culpado e que noa podia receber mais do que
receberia se tivessem casado em comunhão de adquiridos”
Não interessa perceber como se faz a partilha e vemos isto para o ano.
Imaginemos que o divorcio foi realizado mas ainda não foi feita a partilha e em ambos os
regimes de divorcio vimos que não e forçoso haver partilha para haver divorcio mas
normalmente e um pouco depois do divorcio sair.
Nesse momento em que se divorciaram mas ainda existe um património comum qual sera o
estatuto deste património.
-Antes nenhum dos cônjuges podia dispor da sua quota (ex.: vender a um terceiro a sua quota
comum e estava ligado a sua qualidade de cônjuge)
-Em resultado do casamento há certos atos e contreatos um dso cônjuges não pode realizar
sozinho (ilegitimidades conjugais) e evidentemente estas ilegitimidades cessam com o
divorcio.
-Há efeitos que não vamos desenvolver e já falamos na união de facto (ex.: o destino da casa
de morada da família – a le iestabelece varias formas de tutela de um dos companheiros em
relação a casa de morada de família (artigos 1793º (no caso de eles residirem em casa própria
(era do A e prevê proteçao para B que pode ter mais necessidade e por causa dos filhso e
prevê situação de arrendamento); na hipótese de casa arrendada (1105º (também da
possibilidade do arrendamento em nome de A passar para B ou estar em nome de ambos e
passar so para um)
-Efeito patrimonial importante que não esta na secção em que estamos – a partir do momento
em que se divorciam deixam de ser herdeiros um do outro (2133º/3 (o das classes sucessíveis))
(aplica-se aqui o regime de retroação do 1789º)
Ex.: se um dos cônjuges recebe uma doação em vista do casamento ou pelo estado de
casado (uma doação com este condição aposta (se bem que não é bem uma condição)) e
se um dos cônjuges tinha recebido uma doação ou foi beneficiado por um deixa
testamentaria que recebeu ou haja de receber de um terceiro são perdidos.
Isto não se aplica aos donativos conforme aos usos sociais (ex.: prendas de casamento)
(se formos ao artigo 940º/2 diz: (2. Não há doação na renúncia a direitos e no repúdio de
herança ou legado, nem tão-pouco nos donativos conformes aos usos sociais.)
- Outra coisa (2016º direito aos alimentos) e portanto esta obrigação pos divorcio não esta
prevista na secção sobre divorcio e esta neste 2016º e 2016-Aº sobretudo.
Quanto a este obrigação depois do divorico o que dizemos?
1º - nos termos do nº1 do 2016º (1 - Cada cônjuge deve prover à sua subsistência, depois
do divórcio.) O professor não sabe bem o que quer dizer e provavelmente e dizer que cada
um tem obrigação de tratar da sua vida e não descansar sobre os alimentos do outro e
qual a consequência pratica disto?
parece uma grande pretensa mas depois nos nºs seguintes deste prevê a obrigação de
alimentos.
No projeto que esteve na base do projeto em 2008 previa-se que a obrigação de alimentos
pos divorcio não seria vitalícia mas temporária mas depois não se transpôs aqui e parece
que se a lei considerou este exigência do nº1 então vamos considerar que a obrigação de
alimentos se mantem enquanto o cônjuge alimentando sem culpa nenhuma sua não
consiga prover a sua subsistência ( e tem que prover ónus de procura de emprego) e a
partir do momento que teria possibilidades de subsistir sozinho então deixaria de receber.
Agora imaginemos que duas pessoas se separam já idosos e já não tem possibilidade de
encontrar de trabalho e não conseguem subsistir então não prevemos culpa aqui.
Hoje, de acordo com a nova ideologia ao regime do divorcio (hoje qualquer dos cônjuges
pode ter direito a alimentos desde que esse tenha necessidade e o outro possa prestar).
Antes de 2008 só o cônjuge menos culpa e que tinha esse direito e o culpado tinha que
prestar e era com base no sentido da culpa e hoje já não e assim e qualquer dos cônjuges
pode alimentar o outro ate porque já não há declaração de culpa.
(mas podemos pensar assim: imaginemos um divorcio num clima de violência domestica
e o cônjuge agressor precisa de meios de subsistência e a agredida tinha dinheiro e
segundo a regra geral tinha ela que prestar alimentos a ele mas em questões de equilíbrio
isto não parece muito justo e portanto o nº3 do 2016º diz que por razoes de equidade (e
aqui cabe tudo e mesmo razoes não estritamente jurídicas (emocionais, racionais,
compreensão da situação) ele pode ser negado e era mais nestas hipóteses que o
legislador estava a pensar quando escreveu este numero.
Os alimentos pós-divorcio – antes havia a ideia que estes alimentos procuravam manter o
mesmo nível de vida que tinham antes e não apenas a sobrevivência do alimento nesse
sentido (não estava na lei, mas era uma jurisprudência consolidada)
A reforma acabou com isso (2016º-A – o cônjuge credor não tem o direito de manter o padrão
de vida do património.
Hoje em dia não é o máximo (o manter do padrão) nem o mínimo só sobrevivência mas será
um pouco mais que isso (o suficiente para que o alimentando tenha uma vida razoável).7
No nº1 do 2016-A está um monte de coisas que o tribunal tem de ter em conta e outras coisas
(tipo qualificações tribunais, tempo a dedicar a criação de filhos)
Nem muito. Nem pouco, aquilo que corresponderá a uma vida razoável.
Como se prestam?
Pagamento de quantias periódicas (todos os meses o alimento paga X ao alimentado tal como
diz no artigo 2005º e esta é a forma normal da prática e de acordo com a lei supletiva é a
forma de funcionar o alimentos (supletiva porque pode as partes ou tribunal fixar outra
conforme o caso).
Em relação a esta forma tem-se discutido porque são pessoas que se divorciaram e que se
pagaram e já se discute em vez de pagar mensalmente um tanto talvez fosse melhor fazer este
pagamento e cumprimento de obrigação através de prestação única isto para fechar logo o
assunto e em vez de todos os meses um dos ex-cônjuges estar a pagar alguma coisa e a
revisitar as feridas do divórico porquê não pagar tudo de uma vez num pagamento único mas
as contas são difíceis de fazer e háá que fazer num tempo previsível de vida do cônjuge e
talvez fosse melhor em vez de pagamentos mensais talvez um único mas não é fácil ver os
critérios dessas contas (o tempo previsível de ele precisar, etcc. Mas a ideia é de ele ficar com
o assunto fechado.
Mas mesmo isto não é suficiente porque poderia haver revisões supervenientes do montante
dos alimentos porque podia haver circunstâncias posteriores (afinal o tempo era maior, as
contas foram mal feitos)
E portanto os elementos na base da ideia podem estar errados.
Outro ponto sobre alimentos – este direito a alimentos é ou parece ser um direito indisponível
(tratando-se de garantir da subsistência do alimentante compreende-se que este não seja
disponível (o alimentante não pode dispor desse direito ou renunciar a ele porque está em
causa a sua sobrevivência e não pode ser penhorado em processo executivo (3 ideias sobre
esta indisponibilidade (2008 do CC).
Em relação ao específico deste direito de alimentos pós divorcio vale este ponto?
Sim porque deve ser indisponível mas como já vimos neste campo os alimentos são mais do
que isso (porque tenta manter a tal vida razoável e nessa faixa superior à sobrevivência parece
que esta obrigação de alimentos já será disponível no caso do divorcio e portanto na parte que
correspondera à sobrevivência mínima do alimentante não pode ser disponível mas no plus
relativo a esses alimentos já pode ser.
Por último, para terminar os alimentos, fazer referência à norma de quando cessa esta
obrigação.
Um dos ex-cônjuges está a pagar a obrigação e esta obrigação cessa (além das causas gerais
sobre a circunstância de deixar de existir os próprios pressupostos desta obrigação (a
necessidade de alimentos por parte do alimentado e a possibilidade de os prestar por parte do
alimentante) e sendo estes os pressupostos quando estes pressupostos desaparecem a
obrigação também mas estas são as condições gerais. (artigo 2013º)
Agora temos também cláusulas específicas ao divórcio (2019º):
Já vimos os artigos dos efeitos dos negócios (partilha, regra do 1790º); da perda dos benefícios
que tinham recebidos os cônjuges (1791º também)
Agora falta falar da 1792º “reparação dos danos não patrimoniais”.
O nº2 deste artigo já cá estava antes da reforma: ( 2 - O cônjuge que pediu o divórcio com o
fundamento da alínea b) do artigo 1781.º (sobre a alteração grave da saúde mental de um
dos cônjuges que dure mais de um ano e comprometa a viabilidade do casamento) deve
reparar os danos não patrimoniais causados ao outro cônjuge pela dissolução do
casamento; este pedido deve ser deduzido na própria ação de divórcio. )
A reforma de 2008 veio acrescentar o nº1: (1 - O cônjuge lesado (não se diz que são danos
não patrimoniais porque a epígrafe já diz não patrimoniais) tem o direito de pedir a
reparação dos danos causados pelo outro cônjuge, nos termos gerais da responsabilidade
civil e nos tribunais comuns.)
Portanto aqui o cônjuge lesado tem o direito de pedir a reparação dos danos casusados pelo
outros nos termos gerais da resp. civil e nos tribunais de comum.
Há uma duvida na doutrina que pergunta que danos são suscetíveis de serem reparadas e que
danos é que este legislador de 2008 tinha em vista.
A dúvida é saber se estes danos são todos os danos não patrimoniais que durante o casamento
o cônjuge causou ao outro ou simplesmente os danos não patrimoniais que um causou ao
outro mas apenas aquele relativo ao divorico.
(ex.: Um cônjuge agride B durante um cônjuge e este dano é indemnizável (violação do dirieto
à integridade física que um dos cônjuges já tinha de qualquer modo independentemente do
casamento e cabe nesta disposição e estes danos por violação dos direitos que os cônjuges já
tinham de qualquer modo são sujeitos a indemnização)
Esta é a duvida:
Como a lei não faz distinções há quem entenda que todos os danos devem ser indemnizados.
A lei também não ajudou muito porque disse nos termos gerais da responsabilidade ciivl
E estes termos gerais pode ser tanto a extracontratual e a contratual e podemos dizer que esta
remissão admite as duas hipóteses que no caso violação dos direitos pessoais como os
contratuais e pode-se entender assim.
Mas também se pode entender de outro modo, nos termos gerais, diz que pode pedir
reparação independentemente do facto jurídico de que estão casados e portanto ignorar a
circunstância especial de estarem casados e considerar apenas os termos gerais da resp. civil e
podemos dizer que existem os termos gerais da resp. civil contratual.
A seguir diz que estes danos devem ser deduzidos no tribunal comum e se a lei quisesse
abranger os danos dos direitos matrimoniais os lugares mais adequados seriam os tribunais ou
juízos de competência especializada (os de família comum) e se diz que os mais adequados são
os tribunais comuns então pensa mais nos direitos comuns e isso é o que professor pensa.
-Tendo em conta o espritio da reforma de 2008 foi suprimida a relevância da culpa (acabar
com o relevo da culpa no divórcio) e não apenas como fundamento do divorico mas também
como critério de efeitos do património (ex.: a culpa não é relevante na partilha, restituição das
doaçãos, quem presta alimentos a quem e o legislador acaba com este relevo).
E se a culpa deixa de estar presente em 2008 estranharia que reaparecesse para estes danos
não patrimoniais (e se os cônjuges não são culpas depois da reforma era estranho aparecer
esta culpa no pedido de indemnização porque teriam de aparecer culpas isto no sentido aos
direitos que resultam do casamento porque aos direitos anteriores ainda é.
Lembramo-nos que no incio falamos dos princípios constitucionais (de constituição da família
(artigo 26 º da CRP) e dentor disso a proibição de discriminação entre filho fora e dentro do
casamento) e não vamos repetir mas talvez acrescentar algumas princípios aos que já vimos.
Principios constitucionais não haverá mais (dirieto à identidade pessoal (invocado nas
questões de filiação (ex.: para saber se o filho tem sempre o direito de investigar a paternidade
ou maternidade e é um dos direitos constitucionalmente mais falados sobre esta área)
Além dos constitucionais ainda há outros que são estruturantes da relação de direito da
afiliação e estão mais ou menos subjacentes regulantes desta matéria:
-Princípio da taxatividade dos meios de estabelecimento de afiliação (a afiliaçaõa só se pode
estabelecer a partir dos meios na lei)
Este princípio subjaz claramente ao nosso sistema de afiliação comum mas sendo
medicamente assistida há alguma erosão a este princípio e talvez aqui domine a tal vontade de
assumir o projeto parental.
Mas quanto à afiliação comum é clara a existência deste princípio da verdade biológica.
-Outro princípio não tanto sobre estabelecimento de afiliação mas sobre efeitos da afiliação –
princípio da primazia do interesse do filho e em matéria de estabelecimento de filiação não
está tão presente a ideia do superior interesse da criança mas sim depois nos efeitos de
afiliação e essa ideia existe em muitos regimes.
O interesse da criança prevalece sobre outros interesses (princípios que vale sobretudo
quando não apenas (na opinião do prof.) em matéria de efeitos de afiliação.
Além da afiliação já vimos alguns princípios constitucionais e outras que não fazem parte da
CRP.
O outro ponto desta introdução tem a haver com as normas gerais sobre a afiliação (antes das
normas de estabelecimento) 1796 e ss.º
Quando seja importante apurarmos o momento da conceção para situações legais está neste
artigo.
Agora, se continuarmos a ler, o momento de conceção do filho é fixado nesses dias mas se
continuarmos a ler vemos que é apenas uma presunção e alías estão aplicadas duas
presunções:
-1ª presunção – que a conceção foi feita dentro dos 120 dias e não foi feita nem antes nem
depois (resulta o artigo 1800/1/2ª parte dizendo que se tem de provar se houve uma gestação
excecionalmente curta ou longa e tem de haver uma declaração judicial nesse sentido (não é
preciso uma ação autónoma e pode ser feito dentro do mesmo processo corrente))
-2ª presunção – de que a conceção se daqueles 120 dias num qualquer destes 120 dias e
qualquer um deles serve nem que haja só um disponível.
Imaginemos uma criança que nasce de um senhora que enviuvou há muito tempo (há 299 dias
do nascimento) a pergunta é se se pode presumir que esse marido é pai da criança?
O marido morreu no primeiro do 120 dias e dos 300 e pode presumir-se isso? Porque qualquer
dia dos 120 serve e nem que haja só um dia disponível e esta ideia designa-se como
indivisibilidade do período legal de conceção.
Esta expressão costuma-se usar para dizer que este período de legal de conceção (120) não é
divisível e não se pode dividir e qualquer dia serve.
Esta indivisibilidade é também ela uma presunção apenas porque a lei presume que ela pode
se ter dado num qualquer 120 dia mesmo que só haja um disponível mas mais uma vez é só
presunção e pode provar-se o contrário dizendo que só se podia ter dado naquela semana,
dias, dia e afinal pode haver divisões de período legal (e isto está no 1800/1/1ª parte).
Isto está dentro deste período e de acordo com a ideia de indivisibilidade não se podiam fazer
divisões mas contrariando esta presunção a lei permite que se faça prova do contrário.
[O leitor menos atento pode ficar a pensar que esta averiguação é mais uma forma de
estabelecimento da maternidade só que não é bem assim.
Esta averiguação consiste, e pode acontecer que na altura do registo não fique
estabelecida a maternidade e nessas alturas diz o 1808º/1 que o funcionário do registo
civil vê a situação da falta de maternidade então ele perante esse facto estranho deve
remeter ao tribunal uma certidão integral do registo em que tinha ficado omissa a
identificação da mãe e mais algumas coisas a fim que o tribunal averigue
oficiosamente a maternidade. A parte que mais interessa na averiguação é que vai se
tentar quem é a mãe e posso recolher provas, ouvir pessoas de quem a será e no fim
desta coisa toda podemos ter resultados como (não chegar a resultado nenhum e não
sabermos e o processo é arquivado; mas pode ficar o tribunal com uma ideia segura de
quem poderá ser mãe e o artigo 1808º diz que o tribunal, tendo essa ideia, deve ouvir
a mãe em declarações (chama a mãe e é ouvida em declarações) e se essa pretensa
mãe confirmar a maternidade será lavrado o tal termo lavrado em juízo e portanto se
ela própria confirmar que é mãe fica estabelecida a maternidade (mas fica como
declaração de maternidade não por averiguação oficiosa sendo que esta não é uma
forma de estabelecimento).
Se a suspeita mãe disser que não é a mãe mas o tribunal continuar convencido que é
deve remeter o processos ao MP para ele intentar a corresponder ação de
investigação de maternidade e se essa ação tiver sucesso então a maternidade fica
estabelecida por reconhecimento judicial e mais uma vez esta averiguação não é o
modo de estabelecimento da maternidade.
Isto para sabermos que a averiguação não é o modo próprio de estabelecimento de
maternidade mas pode conduzir a outros modos (por declaração de maternidade ou
por reconhecimento judicial (através de uma ação de investigação de maternidade
intentada pelo MP)<
É sempre obrigatória a averiguação oficiosa havendo exceções no artigo 1809 (ex.: no
caso de incesto até porque já se sabe que houve incesto é porque já houve
investigação sobre isso; em relação à alínea b) – se houver decorridos 2 anos passado
o nascimento aqui a lei não quer obriga às entidades públicas que custam e são difíceis
e a lei aqui não quer onerar o estado com estas tarefas complicadas e caras]
Quem tem legitimidade? Estas ações de investigação são penas pela lei tipicamente
propostas pelo filho contra o pretenso pai ou mãe (são ações com o filho já com certa
idade e senão tiver idade para o fazer autonomamente representado por alguém à
condenação de alguém para ser sua mãe (condenação é apenas o termo processual)).
Portanto a legitimidade ativa típica é do filho e é isto que começa por dizer o CC no
1814º.
Sucede que há outras entidades em determinadas circunstâncias com legitimidade
ativa para propor a ação e em que circunstâncias:
-A hipótese do 1822/2 que confere ao marido da pretensa mãe (suponhamos que a
maternidade via ser investigada e o filho foi concebido quando a mãe era casada e
sendo reconhecida judicialmente a maternidade implicará que fique estabelecida a
paternidade e portanto se a mãe era casada na altura me que o filho nasceu o 1822/2
diz que durante a menoridade do filho a ação de investigação da maternidade pode
ser intentada pelo marido da pretensa mãe até porque a sua paternidade ficaria em
processo com essa mesma ação (o prazo é a menoridade do filho mas o propósito é de
ficar logo resolvida a questão da paternidade também)
-A mãe poderia fazer a declaração de maternidade mas não o poderia fazer casada e
se o fizesse teríamos o conflito entre o homem que já aperfilhou e o marido e para que
a coisa ficasse esclarecia tinha que declarar a maternidade mas através de ação no
tribunal (é uma ação de investigação da maternidade (1824º) em que a mãe aciona
contra si mesmo)
-O MP pode intentar nos termos daquela investigação oficiosa da maternidade nos
termos que discutimos ontem.´
O que temos de falar é sobre os prazos porque há prazos para instituição de ação de
investigação. O 1817 estabelece os prazos havendo dois prazos:
-Prazo primário /principal (nº1) – (só pode ser proposta durante a menoridade do
investigante ou nos dez anos posteriores à sua maioridade ou emancipação. ) No
fundo até 28 anos.
-Depois a lei permite uma reabertura do prazo mesmo que já se tenha fechado nestas
hipóteses do nº3 (ex.: suponhamos que o filho nunca soube quem era a mãe e
entretano foi crescendo e neste momento tem 50 anos e só agora é que lhe chegava
ao conhecimento quem era a mãe sem nunca saber (porque foi falar com os antigos da
aldeia ou viu os documentos numas gavetas) e em situações deste tipo em que seria
impossível até lá enviar a ação de investigação de maternidade (porque tem de ser na
direção de uma específica pessoa) e diz que a ação pode ser proposta nos 3 anos
seguintes à ocorrência de um dos seguintes factos (há duvidas se alguns não se
sobrepõe (nesta caso alínea c)):
(3 - A ação pode ainda ser proposta nos três anos posteriores à ocorrência de
algum dos seguintes factos:
a) Ter sido impugnada por terceiro, com sucesso, a maternidade do investigante;
b) Quando o investigante tenha tido conhecimento, após o decurso do prazo
previsto no n.º 1, de factos ou circunstâncias que justifiquem a investigação,
designadamente quando cesse o tratamento como filho pela pretensa mãe;
c) Em caso de inexistência de maternidade determinada, quando o investigante
tenha tido conhecimento superveniente de factos ou circunstâncias que
possibilitem e justifiquem a investigação.(os tais papeis de que falámos que
encontrou passado de muitos anos e partir daqui tem mais 3 anos) )
Antes do regime atual de fixar os 10 anos, portanto na versão inicial da disposição, o
prazo era do mais curto e não era 10 anos depois da maioridade, mas sim 2 anos
depois (só até aos 20 anos) enfim, este curtíssimo prazo que o filho dispunha (dizendo
mais uma vez que esta norma está na secção da maternidade, mas aplica-se também
na paternidade por força de uma remissão que está mais à frente). Era um prazo
curtíssimo e de acordo com as divergências sobre isso e sobre a constitucionalidade de
um prazo tão curto tendo em conta o direito à identidade pessoal e dentro deste inclui
saber de quem somos filhos.
E atendendo a isso o anterior prazo que terminava aos 20 anos é contrário à
constituição e contraria o direito à identidade pessoal.
Houve um acórdão do TC com força erga omnes em 2006 (23/2006) e o anterior prazo
de 2 anos diz-se inconstitucional aqui.
Uma coisa interessante é que este acórdão apenas declarou inconstitucional o tal
prazo de 2 anos e apenas esse prazo (assim como lhe era apenas competente) e não
fixou nenhum prazo então durante algum tempo vivemos sem prazo e essas ações de
investigação tiveram algum tempo sem prazo e a única norma que fixava o prazo era
inconstitucional então como não tinham fixado prazo novo então algumas pessoas
aproveitaram para impor ações de investigação de paternidade.
Até que a lei acabou por fixar este prazo e esta espécie de lacuna do sistema foi
preenchida pela lei 14/2009, de 1 de abril.
A questão continuou a ser discutida nos tibunaos e no TC assistiu-se desde cedo a uma
jurisprudência uniforme sobre isso dizendo que não é inconstitucional ao contrário do
que os tribunais diziam até que a certa altura houve tanta repetição foi proferido um
acórdão em plenária (sobre questões mais difíceis e sobre uniformidade de
jurisprudência (401/2011) e nesse acórdão de plenário por ser uma questão complexa
e importante confirmou a sua doutrina (do TC) no sentido que o artigo 1817/1 não é
inconstitucional.
Isto só para dizer que há prazos e para nós pode parecer algo pouco importante mas
mesmo sendo um prazo longo pode haver uma restrição a um direito fundamental
então quais são as razões de existência desse prazo? (3 razões):
-1º - a ideia que o investigado (pai ou mãe) não pode ficar toda a vida à espera se
aparece uma proposta de investigação ou não (ideia de segurança de investigado) e
esta ideia podemos dizer que se ele está tão inseguro então será o pai então deve
aperfilhar mas esta ideia da segurança está mais ligada a interesse patrimoniais.
mas em termos pessoasi não faz tão sentido mas o patrimonial sim.
Hoje em dia não se denota tanto a segurança da pessoa mas sim a reserva da vida
privada e familiar do investigado (o investigado não sabe que tem um filho e tem
tranquilidade familiar enão se fala de segurança mas proteção de um reserva da vida
privada e familiar)
Também se fala de um direito à identidade do pai neste caso; o investigado foi
construindo a sua identidade (isto não são palavras do prof. Mas do TEDH eestá em
causa a defesa da identidade que o inestigado construir como sendo pai daqueles
filhos e foi essa identidade que foi construindo à volta de si mesmo e em si mesmo se
fosse muitos anos mais tarde.
1ª forma- presunção de paternidade do marido da mãe – esta presunção diz isso mesmo no
artigo 1826º e ss. (sempre que a mãe é casada e tem um filho presume-se que o pai é o marido
dela).
Esta paternidade pelo marido da mãe expressa numa frase latina “pater is est quen nuptiae
demonstrant” (o pai é aquele que as núpcias mostram). A parte “pater is est” (o pai é aquele) é
usada pelos juristas muita vez apenas como referência à expressão toda e isto aparece em
textos jurídicos, (1. Presume-se que o filho nascido ou concebido na constância do
matrimónio tem como pai o marido da mãe.)
Temos várias hipóteses:
-O filho nasce e foi concebido dentro do casamento da mãe
-Mas basta ter acontecido uma delas (“ou”) e portanto pode ter nascido durante o casamento
da mãe ter sido concebido antes
-Pode ter sido concebido num casamento e nascido depois
Estas são as 3 hipóteses mas há certas situações:
-Agora supomos que o filho foi concebido antes do casamento mas antes da mãe ter o filho o
marido morreu e neste caso o filho foi concebido antes do casamento e nasce depois do
casamento se dissolver e aparentemente o filho não nasceu nem concebido durante o
casamento mas como um casamento pode presumir-se parentalidade como houve um
casamento no meio.
-Pode haver um conflito de presunções de paternidade e temos dois pais presumidos (um em
consequência da conceção e outro do nascimento) mas a lei costuma atribuir e resolve ao
segundo pai.
não obstante isto são apenas presunções e apenas se presume que o pai é marido da mãe mas
o pai pode ser outro e a lei estabelece apenas uma pressuposição que pode ser afastada e
vamos ver a seguir como contraiar essa presunção.
Mas antes de ir aí devemos acrescentar algumas coisas do 1826º - presume-se que o filho que
nasce durante o casamento da mãe será pai o marido mas há casos em que não é assim e
apesar de verificarem esses factos a presunção não funciona e são aqueles hipóteses (para
usar a expressão da lei – casos de cessação da presunção da paternidade (a expressão de
cessação indica que já funcionou e o professor diria que a expressão é equivoca porque ela
nem sequer funciona) (são 3 – previstas no 1828º, 1829º e 1833º):
-1828 (Relativamente ao filho nascido dentro dos cento e oitenta dias posteriores à
celebração do casamento, cessa a presunção estabelecida no artigo 1826.º se a mãe ou o
marido declararem no acto do registo do nascimento que o marido não é o pai. ). Portanto
nos casos de filhos concebidos antes do casamento a presunção é tão mais fraque que para ela
não funcione basta essa declaração e embora ela esteja lá é mais fraca e basta a simples
declaração para que esta presunção não funcione.
Pode haver ainda o reinicio da presunção de paternidade no 1830º (Para o efeito do disposto no
n.º 1 do artigo 1826.º, são equiparados a novo casamento:
a) A reconciliação dos cônjuges separados judicialmente de pessoas e bens;
b) O regresso do ausente;
c) O trânsito em julgado da sentença que, sem ter decretado o divórcio ou a separação
judicial de pessoas e bens, pôs termo ao respetivo processo.)
-1832º
1- A mulher casada pode fazer a declaração do nascimento com a indicação de que o filho
não é do marido.
2 - A declaração prevista no número anterior faz cessar a presunção de paternidade.
3 - Cessando a presunção de paternidade, no caso previsto no n.º 2, pode, desde logo, ser
aceite o reconhecimento voluntário da paternidade.
4- Sem prejuízo do disposto no n.º 1, não são admissíveis no registo de nascimento
menções que contrariem a presunção de paternidade enquanto esta não cessar.
5- Se a mãe fizer a declaração prevista no n.º 1, o poder paternal só caberá ao marido
quando for averbada ao registo a menção da sua paternidade.
6- Quando a presunção de paternidade houver cessado nos termos do n.º 2, é aplicável o
disposto no artigo 1831.º
) Este artigo, diz efetivamente, que pode haver uma declaração de nascimento com a
indicação de que o filho não é do marido aquando o registo de nascimento. Vemos isto e o
efeito de declaração faz cessar a presunção de paternidade.
Vemos isto e estranhamos isto um bocado porque se é assim tão fácil fazer cessar a
presunção então para que serve o artigo 1828 (que tem aquela fragilidade e fica a parecer
que é só nos casos de conceção antes do casamento).
O 1828 ainda tem alguma utilidade porque diz que cessa a presunção se na altura do
nascimento a mãe ou o marido declararem que não tem a paternidade e portanto lá pode
ser um dos dois e também na medida no quadro do 1832º a mulher casada pode fazer a
declaração do nascimento com a indicação mas o seu nº6 que quando essa declaração é
feita prevista no nº1 é aplicado o 1831 (renascimento da presunção) e portanto a
presunção de paternidade que é feita cessar pode renascer nos termos do 1831 se se
provar que tiveram relações no período de conceção e o filho benifiiciou da tal posse de
estado e portanto esta presunção que cessa pode renascer e a do 1828 não pode renascer
e é essa a utilidade do 1828º.
Coisa diferente é funcionar a presunção de paternidade e depois é ilidida a tal presunção por prova
em contrário e para a semana vamos dar isto (este afastamento da presunção da paternidade (terá
que haver uma ação judicial desta prova em contrario (refutação da presunção por prova em
contrario) terá uma ação judicial própria que é a ação de impugnação da paternidade presumida
(1838 e ss.).
((Fundamento e legitimidade)
TEXTO
1. A paternidade do filho pode ser impugnada pelo marido da mãe, por esta, pelo filho ou,
nos termos do artigo 1841.º, pelo Ministério Público.
2. Na ação o autor deve provar que, de acordo com as circunstâncias, a paternidade do
marido da mãe é manifestamente improvável.
3. Não é permitida a impugnação de paternidade com fundamento em inseminação
artificial ao cônjuge que nela consentiu.
)
-Quem está dentro da relação (pai, mãe, filho) e eventualmente desta relação uma quarta pessoa
(quem se pensa ser o pai do filho (quem se declarar como tal mas através do MP (próximo ponto))
-O MP (1841º (1. A ação de impugnação de paternidade pode ser proposta pelo Ministério
Público a requerimento de quem se declarar pai do filho, se for reconhecida pelo tribunal a
viabilidade do pedido.) Ou seja, por requerimento de quem se achar pai do filho e terá de o fazer
através do MP para ter cautela e evitar se um brincalhão que quer atrapalhar as pessoas tendo o
MP que analisar e o tribunal reconhecer a viabilidade do pedido.
Nesta ação de impugnação o que se tem provar? Objeto da prova – se é para determinar a
paternidade teria de se provar o facto contrário do facto presumido para se refutar o ilidido da
presunção então temos que refutar a paternidade do marido da mãe só que a lei não exige tanto e
sel ermos oo 1839/2 lemos que na ação de impugnação o autor deve provar que de acordo com as
circunstâncias a paternidade do marido da mãe é manifestamente improvável e não exige a prova
que ele não o seja mas que se prova a inexistência de uma certeza (manifesta improbabilidade).
Ainda sobre a prova acrescentamos que há uma determinada situação em que o autor da ação nem
sequer tem de provar nada e basta propor a ação (1840º):
(1. Independentemente da prova a que se refere o n.º 2 do artigo anterior, podem ainda a
mãe ou o marido impugnar a paternidade do filho nascido dentro dos cento e oitenta dias
posteriores à celebração do casamento (foi concebido antes do casamento) , exceto:
a) Se o marido, antes de casar, teve conhecimento da gravidez da mulher;
b). Se, estando pessoalmente presente ou representado por procurador com poderes
especiais, o marido consentiu que o filho fosse declarado seu no registo do nascimento;
c). Se por qualquer outra forma o marido reconheceu o filho como seu.
2. Cessa o disposto na alínea a) do número anterior se o casamento for anulado por falta
de vontade, ou por coação moral exercida contra o marido; cessa ainda o disposto nas
alíneas b) e c) quando se prove ter sido o consentimento ou reconhecimento viciado por
erro sobre circunstâncias que tenham contribuído decisivamente para o convencimento da
paternidade, ou extorquido por coação.)
Aqui a impugnação da paternidade presumida pode ser feita sem necessidade de prova bastando
impugnar.
Já falamos da legitimidade e da prova (neste caso específico em que não é preciso prova)
Por último podemos referir que nestas ações também há prazos e estão definidos no 1842º (que
muda conforme a pessoa que impugna):
Além disso também é possível perfilhar uma pessoa que já morre (1856º) mas para evitar
esta perfilhações só para herdar do filho o artigo diz que só produz efeitos favoráveis aos
seus descendentes e não ao próprio perfilhante.
Esta gente toda pode impugnar a perfilhação provando que o pai efetivamente não é pai
do perfilhado.
No caso desta ação ser impugnada pela mãe ou pelo filho não têm de juntar qualquer
prova e se o perfilhante provar que era verossímil que tinha relações com mãe no período
de conceção só então é que a mãe e o filho terão de provar que o perfilhante não é o pai.
Esta ação não tem prazo (ainda no artigo 1859 (“pode intentada a todo o tempo” (nº2)).
Esta é uma forma de atacar a perfilhação e há muitos casos assim e havia pessoas com
boas intenções que faziam uma perfilhação (uma espécie de adoção) mas a lei
efetivamente não quer esses casos e a lei quer que o perfilhante seja efetivamente o pai.
Se quero adotar há procedimentos próprios para isso.
Outra forma possível de atacar a perfilhação é através da anulação (por não terem sido
observados os requisitos de capacidade (1861º a ação por incapaz é anulável; ou por erro
(1860º)). E o único erro relevante para esta ação é o erro sobre circunstância que tenham
contribuído decisivamente para o convencimento do perfilhante da paternidade (ex.: o
perfilhante só perfilhou porque julgava que era pai e julgava que era porque no momento
da conceção era o único homem com que ela tinha relações mas mais tarde descobre que
houve outro e com base nesta descoberta (tinha havido um erro sobre circunstância que
contribuíram para o convencimento da sua paternidade) e só este erro é que releva,
Pode haver anulação com base em erro, incapacidade ou coação.
Vemos aqui outra vez que esta averiguação oficiosa da paternidade não é uma forma de
estabelecimento mas é uma procedimento que pode levar a reconhecer a paternidade e pode
conduzir ao estabelecimento da paternidade através das formas que conhecimento (perfilhação e
reconhecimento judicial da paternidade).
Agora quanto ao reconhecimento judicial da paternidade o mais importante é os prazos, mas meio
que já demos isso aquando o reconhecimento judicial da maternidade.
E depois na próxima semana damos os efeitos da filiação.
Gap de aula (a Bianca mandou)
Pode ficar a viver com um; ou com ambos em condições de igualdade alternadamente. (O que
interessa é que os progenitores podem chegar a acordo (acordo sobre responsabilidades parentais)
ou o tribunal pode decidir tendo em conta o superior interesse do filho.
-Saber quem é que decide nas decisões relativas ao filho? Inicialmente de acordo com o modelo
consagrado a este respetio que resultou na grande reforma de 1977 e de acordo com o modelo de
77 as coisas eram assim (o progenitor a quem o filho tivesse sido confiado (e residisse) seria esse o
que teria competência para tomar decisões relativas ao filho e o mesmo progenitor ficava com a
guarda do filho teria competência decisória e tomava decisões relativas ao filho (que fazem parte
do exercício das responsabilidades parentais).
Com o tempo isto foi evoluído e em finais do séc. passados (em 95 e 99) houve umas alterações
que continuavam a manter este princípio segundo quem tem a guarda tomava as decisões mas já
não era um princípio imperativo mas sim supletivo porque os próprios progenitores podiam chegar
a acordo noutro sentido no sentido em que certas decisões pelo menos as mais importantes seriam
tomadas pelos dois sendo agora este princípio supletivo (podia ser afastado por acordo) e não
imperativo.
Pós reforma de 2008 (que nos trouxe a lei 61/2008 – sobre o divórcio e responsabilidade parental)
a regra é que em certas matérias a tomada de decisões pertence a ambos progenitores (1906 do
CC)
Nº1: (1 - As responsabilidades parentais relativas às questões de particular importância
para a vida do filho são exercidas em comum por ambos os progenitores nos termos que
vigoravam na constância do matrimónio, salvo nos casos de urgência manifesta, em que
qualquer dos progenitores pode agir sozinho, devendo prestar informações ao outro logo
que possível.)
A competência para decidir sobre questões de particular importância são exercidas em comum por
ambos progenitores e tem de haver acordo entre eles apesar de não viverem um com o outro e por
ventura dão-se mal mas têm de decidir. Portanto sempre que seja algo importante a lei exige
acordo entre os progenitores.
Então e senão chegarem a acordo? Então a lei remete para o regime que vigorava enquanto eram
casados (vimos ontem que qualquer um deles pode recorrer ao tribunal para esta decisão – artigo
1901 e 1902)
Portanto temos uma exigência de acordo.
Quanto ao exercício das responsabilidades parentais dizem que cabe ao pai com quem o filho está
naquele momento.
Agora há aqui um limite – porém este último (ex.: suponhamos que o filho vive habitualmente com
a mãe mas durante o fim de semana está com o pai e ele estando esse fim de semana toma as
decisões todavia quando exerce as suas repsonsabildiades não devem contrariar as orientações
educativas mais relevantes tal como elas são estabelecidas pelo progenitor com que o filho vive
habitualmente (isto são aqueles pequenos hábitos (a que horas se deita; quanto tempo deve
dedicar ao estudo e quanto tempo à brincadeira) e o pai não pode sabotar as orientações
educativas da mãe sobre pena de sabotar todo esse esforço educativo.
Portanto essas orientações cabe ao progenitor com que o filho vive mais habitaulemtne (havendo
um) e as horas de deitar, acordar, a comida que deve comer, tempo de estudo, de lazer ,etc. e se o
outro não pode contrariar significa que cabe ao progenitor com que o filho vive habitualmente
definir essas orientações.
No fundo temos 3 categorias de decisões:
-Atos de particular importância (decisões por acordo)
-Definição das orientações educativas mais importantes (tomadas pelo progenitor com que o filho
vive habitualmente)
-Outras decisões relativos aos outros atos da vida correntes (podem ser tomadas por um ou por
outro consoante aquele progenitor que esteja naquele momento com o filho)
É assim que a lei organiza sobre a tomada de decisões quando os pais estão separados.
Outras situações parecidas sobre esta tomada de decisões (que não são divórcios mas é lá perto):
Para concluir, falar apenas de umas normas que vêm logo a seguir relativas à inibição e limitações
do exercício das responsabilidades parentais.
Os pais têm esse exercício nos termos que vimos mas os progenitores ou só um deles podem ser
inibidos ou afastados dessa responsabilidade parental.
Há dois tipos de inibição:
-De pleno direito (1913º) – espécie de inibição automático quando um progenitor foi condenado a
crime que preveja essa inibição – é um efeito de decisão judicial e no caso dos ausentes a partir da
declaração de curador provisório e é automática.
-Inibição judicial (1915º) - a requerimento de várias pessoas o tribunal pode decretar quando
qualquer dos pais infrija culposamente os deveres para com os filhos com graves prejuízos destes.
Ou então quando ainda que sem culpa nenhuma destes por inexperiência, ausência, enfermidade
não se mostrem em condições de exercer as obrigações perante os filhos e não estão aptos a
cumpri-las bem.
Segundo isso poderão ser inibidos por sentença judicial e ambas podem ser levantadas se se
levantar os pressupostos da decisão.
Mesmo os progenitores inibidos embora não possam tomar decisões e ficam sem contacto com o
filho mas continuam a ter de pagar as despesas porque continuam a ser pais (1917º)
Coisa diferente são as limitações a este exercício (aqui não são completamente afastados e
podemo manter contacto com o filho e podem exercer as responsbailidades parentais em tudo o
que não for limitado.
Temos dois tipos de limitações:
-de tipo pessoal (1918º) – (Quando a segurança, a saúde, a formação moral ou a educação
de um menor se encontre em perigo e não seja caso de inibição do exercício das
responsabilidades parentais, pode o tribunal, a requerimento do Ministério Público ou de
qualquer das pessoas indicadas no n.º 1 do artigo 1915.º, decretar as providências
adequadas, designadamente confiá-lo a terceira pessoa ou a estabelecimento de
educação ou assistência.) Por ex.: os pais são mais educadores mas a coisa não justifica inibição
então justifica-se apenas uma limitação e poderá o tribunal a requerimento de várias pessoas as
providências adequadas e a lei fala de algumas e há mais algumas novas que está noutra lei (lei de
proteção das crianças e jovens em perigo (147/99) que é mais importante nesta matéria que o CC
em si e aqui discriminam-se muitas medidas possíveis para salvar as crianças).
Há limitações de natureza pessoal que pode justificar apenas a limitação e não inibição (com
providências como confiar o menor a terceira pessoa, centro de educação, etc.)
-de tipo patrimonial (1920º) (1. Quando a má administração ponha em perigo o património
do filho e não seja caso de inibição do exercício das responsabilidades parentais, pode o
tribunal, a requerimento do Ministério Público ou de qualquer parente, decretar as
providências que julgue adequadas.) Os pais gerem bem a pessoa do filho mas não têm jeito
para administrar os bens dos filhos (maus administradores) e portanto quando não seja justificada
a inibição e apenas a limitação podemos ter medidas como prestação de contas, caução, etc.