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PRISCILA ALVA FERNANDES DOS SANTOS

UMA ANÁLISE SOBRE


O ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL

São José
2021
PRISCILA ALVA FERNANDES DOS SANTOS

UMA ANÁLISE SOBRE


O ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


à Anhanguera Educacional, como requisito
parcial para a obtenção do título de graduado
em Direito.

Orientadora: Marina Prado Bravo.

São José
2021
PRISCILA ALVA FERNANDES DOS SANTOS

UMA ANÁLISE SOBRE

O ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


à Anhanguera Educacional, como requisito
parcial para a obtenção do título de graduado
em Direito.

BANCA EXAMINADORA

Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)

Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)

Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)

São José, __ de novembro de 2021


Dedico este trabalho em primeiro lugar à
Deus, que me deu a oportunidade de
conquistar este sonho de cursar Direito.
Em segundo lugar ao meu esposo
Maylson que esteve ao meu lado durante
todo o curso, compreendendo esta fase
de conquista, também dedico à toda
minha família e amigos, profissionais e
mestres que sempre me incentivaram a
estar batalhando pelos meus sonhos.
AGRADECIMENTOS

Agradeço à Deus por ter me proporcionado esta conquista e por ter colocado
pessoas maravilhosas que fizeram toda a diferença em minha vida, ao meu esposo
Maylson Santos que esteve ao meu lado durante toda esta fase, à minha mãe Salete
e ao meu pai Reinaldo Alva Fernandes que sempre estiveram me dando apoio e
torcendo por mim em cada momento até aqui, gratidão às minha maninhas Patricia e
Suyane, por estarem sempre torcendo por mim e me dando palavras de
encorajamento. Não posso deixar de agradecer aos meus mestres que me
inspiraram tanto, meus professores que durante estes anos me proporcionaram
tanto aprendizado, cada um deles fazem parte desta conquista. Também ao Dr Aldo
Bonatto Filho, Dr Eduardo Franco Scangarelli e Dr Valdor Ângelo Montagna, a qual
tive a honra de trabalhar ao lado deles por um período de três anos, período em que
obtive a experiência do direito na prática, obrigada pelo apoio e compreensão, vocês
são inspiração para mim, gratidão à vocês. Por último mas não menos importante à
minha amiga Greyce Raquel, foi ela quem deu a primeira palavra de incentivo
quando soube que eu gostaria de cursar Direito, foi ela quem me encorajou a dar o
primeiro passo, minha eterna gratidão, você faz parte desta minha conquista e
consequentemente de toda a trajetória que me levará ao meu tão sonhado objetivo.
Minha eterna gratidão à todos, cada um, de uma forma ou e outra teve enorme
importância para que eu pudesse chegar aonde eu estou.
“A sabedoria é a coisa principal; adquire pois a
sabedoria, emprega tudo o que possuis na aquisição de
entendimento.”
(Provérbios 4:7)
SANTOS, Priscila Alva Fernandes. Uma Análise Sobre o Acordo De Não
Persecução Penal. 2021. 21. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em
Direito) – Anhanguera Educacional, São José, 2021.

RESUMO

O Acordo de Não Persecução Penal é um tema recente do qual merece ser


analisado em razão de sua importância para a sociedade atual, pois o conhecimento
raso dos indivíduos leva à não aceitação do referido acordo. Ora, é de suma
importância que este assunto seja analisado, a fim de que haja aceitação e
consequentemente resultados positivos tanto para os indivíduos que cometem
delitos com menor gravidade, mas principalmente para o Poder Judiciário. Esta
medida alternativa despenalizadora intermediária, quando exposta de forma clara e
objetiva traz celeridade, eficiência e economicidade ao Estado. A implementação
deste acordo traz consigo inúmeros benefícios que ainda permanecem obscuros
pela falta de conhecimento e informação. Existem discussões sobre a aplicação
desta lei, há discussões opostas e a favor, mas o mais importante é conhecer mais
profundamente os objetivos e critérios e quais as razões para a criação deste
acordo, que quanto mais profundamente analisado, melhor se torna a compreensão
desta lei importante em vários aspectos para a sociedade.

Palavras-chave: Acordo de Não Persecução Penal. Constitucionalidade. Princípio


da Obrigatoriedade. Celeridade. Despenalização. Justiça. Proporcionalidade.
SANTOS, Priscila Alva Fernandes. An Analysis of the Non-Persecution Agreement.
2021. 21. Course Conclusion Paper (Law Degree) – Anhanguera Educacional, São
José, 2021.

ABSTRACT

The Penal Non-Persecution Agreement is a recent topic that deserves to be


analyzed due to its importance for today's society, as the individuals' shallow
knowledge leads to non-acceptance of the agreement. However, it is extremely
important that this matter is analyzed, so that there is acceptance and consequently
positive results both for individuals who commit crimes with less seriousness, but
mainly for the Judiciary. This alternative depenalizing intermediate measure, when
exposed in a clear and objective way, brings speed, efficiency and economy to the
State. The implementation of this agreement brings with it numerous benefits that are
still obscured by the lack of knowledge and information. There are discussions about
the application of this law, there are opposing and in favor, but the most important
thing is to know more deeply the objectives and criteria and the reasons for the
creation of this agreement, the more deeply analyzed, the better the understanding of
this law becomes, important in many ways for society.

Keywords: Non-Persecution Agreement. Constitutionality. Principle of Obligation.


Speed. Decriminalization. Justice. Proportionality.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANPP Acordo de Não Persecução Penal


CNJ Conselho Nacional de Justiça
CNMP Conselho Nacional do Ministério Público
ADI Ação Direta de Inconstitucionalidade
AMB Associação de Magistrados Brasileiros
MP Ministério Público
CPP Código de Processo Penal
CP Código Penal
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO............................................................................................................13
O SURGIMENTO DO ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL E SUA
CONSTITUCIONALIDADE.........................................................................................15
REQUISITOS IMPOSTOS PARA A POSSIBILIDADE DE PROPOSITURA DO
ANPP AO INVESTIGADO..........................................................................................20
ANÁLISE DOS REQUISITOS OBJETIVOS DISPOSTO NO ARTIGO 28-A DO CPP,
SOBRE O NÃO CABIMENTO DO ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL E
SUA IMPORTÂNCIA..................................................................................................26
CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................33
REFERÊNCIAS...........................................................................................................34
13

1. INTRODUÇÃO

Na presente monografia pretende-se expor uma análise sobre o Acordo de


Não Persecução Penal (ANPP) através de um estudo sobre o surgimento deste
acordo, como também, quais são os benefícios ou não que este acordo traz em
meio à um contexto social específico para o seu surgimento e ainda quais são as
suas justificativas ante o ordenamento jurídico. Ressalta-se que não há possibilidade
de desenvolver um conhecimento jurídico sem o embasamento no contexto social,
desta forma analisar-se-á seu surgimento e aplicação prática.
Em um contexto de avanços tecnológicos e com a consequente globalização,
nasce a necessidade de uma mudança de perspectiva da função do Estado. Sendo
que a globalização anda de mãos dadas com os objetivos econômicos mundiais, o
Estado vem procurando medidas para cortar despesas, com o intuito de manter
apenas as despesas essenciais de sua administração com a finalidade de reduzir a
parcela de contribuição da sociedade em geral através de impostos, desta forma
trazendo como consequência maior poder de compra de sua população.
Cabe ressaltar que este acordo já existia, foi proposto através da Resolução
do Conselho Nacional do Ministério Púbico (CNMP) nº 181/2017, que levantou
discussões sobre sua inconstitucionalidade, através de Ações Diretas de
Inconstitucionalidade (ADI 5790 e 5793), suscitando a incompetência legislativa o
que trazia violação de direitos e garantias do investigado. Desta forma, o referido
ANPP, restou regularizado com a promulgação da Lei 13.964/2019, mais
precisamente em seu artigo 28-A, mais conhecida como “Pacote Anticrime”, sendo
assim, se flexibilizou o princípio da obrigatoriedade da ação penal pública, trazendo
desta forma, maior amplitude em relação às hipóteses em que o investigado poderá
celebrar o acordo, porém pela falta de conhecimento sobre suas hipóteses de
aplicação acaba sendo rejeitado pela sociedade.
Ante o exposto, demonstra-se a tamanha importância da presente análise
sobre este tema, para entender e analisá-lo devemos observar o seguinte
questionamento “Quais as vantagens e desvantagens, que o Acordo de Não
Persecução Penal trouxe para sociedade contemporânea como um todo?”, ora,
como supracitado ao analisar o contexto social deve-se chegar à uma conclusão.
14

Sendo este tema recente, merece ser analisado com a pretensão de se trazer
informações aos leitores para que compreendam o contexto e surgimento do ANPP,
através da então regulamentada Lei nº 13.964/2019, mais precisamente através do
artigo 28-A, compreender os critérios de aplicação deste acordo para o investigado,
quais as forma de acordo trazidas pelo legislador, conhecer quais os benefícios para
o acusado e também para a sociedade consequentemente para o Estado como um
todo.
Na presente análise serão apresentados autores que com olhar crítico
expõem suas ideias acerca do Acordo de Não Persecução Penal das mais diversas
formas tanto positivas como negativas, o ANPP, por alguns é visto de forma positiva
como uma medida salutar que tem por objetivo trazer ao sistema brasileiro maior
efetividade, desburocratizando o processo penal e dando celeridade nas respostas
às vítimas pelos danos causados.
15

2. O SURGIMENTO DO ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL E SUA


CONSTITUCIONALIDADE

O Acordo de Não Persecução Penal é uma importante solução alternativa


encontrada para dar celeridade à resolução de casos que se tratam de delitos
menos graves que abarrotam o Poder Judiciário com frequência trazendo prejuízo
aos demais casos, que de certa forma possuem uma maior gravidade. Este acordo
trazido pela Lei 13.964/2019, mais precisamente sancionado em 2019, conhecido
como “Pacote Anticrime”, aperfeiçoou a legislação penal e processual penal, haja
vista sua mudança em alguns dispositivos já existentes.
Porém, cabe ressaltar que o referido acordo já havia sido proposto através da
Resolução do CNMP nº 181/2017, o qual se tratava de uma regulamentação acerca
de uma nova possibilidade de acordo entre o MP e o investigado, acompanhado por
seu advogado ou defensor, com o intuito de que não houvesse a propositura de uma
ação penal pública, mas sim uma oferta ao investigado, caso este se enquadrasse
nas condições previstas, como por exemplo: pena mínima inferior a quatro anos,
crime cometido sem violência ou grave ameaça à pessoa e o investigado tivesse
confessado formal e circunstancialmente a sua prática delitiva, posteriormente
alterado pela Resolução do CNMP nº 183/2018.
Estas resoluções foram criadas a fim de que o Ministério Público pudesse
propor ao investigado um caminho alternativo para que quando cometesse um crime
enquadrado nas hipóteses previstas por estas Resoluções supramencionadas,
pudesse ser proposto um acordo a fim de dar celeridade sem que houvesse todo o
caminho de um processo costumaz.
Conforme Rodrigo Leite Ferreira Cabral(2017) já lecionava em defesa das
medidas alternativas:
Uma das alternativas mais promissoras para tornar o sistema mais eficiente e
adequado repousa na implementação de um modelo de acordo no âmbito criminal.
Com isso, seria estabelecido um sistema com a eleição inteligente de prioridades,
levando para julgamento plenário (é dizer, processo penal com instrução e
julgamento perante o Juíz) somente aqueles casos mais graves. Para os demais
casos, de pequena e média gravidades, restaria a possibilidade da celebração de
acordos que evitariam o full trial, economizando-se tempo e recursos públicos e
lançando mão de uma intervenção menos traumática para esses tipos de delitos.
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Contudo, levantaram-se discussões sobre sua inconstitucionalidade por meio


de duas Ações Diretas de Inconstitucionalidade, a ADI nº 5.793 que foi proposta pela
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e a ADI nº 5790 proposta pela Associação
de Magistrados Brasileiros (AMB), as quais suscitavam a ausência de previsão legal
específica, a incompetência legislativa, com a alegação de que as resoluções
traziam violação de direitos e garantias ao investigado, como do contraditório e da
ampla defesa, da segurança jurídica, da imparcialidade, do devido processo legal,
entre outros. Surgiram debates também de que a resolução citada mitigava o
princípio da obrigatoriedade, no qual é dever do Ministério Público oferecer a ação
penal, logo que se tenha notícia do crime, havendo indícios de sua materialidade,
indícios de autoria e não existam empecilhos para sua atuação, sendo assim, viu-se
a necessidade de trazer tal medida através desta Lei, perdendo relevância as
discussões propostas por ADI’s, que traziam à debate sua inconstitucionalidade e
ilegalidade.
Entretanto em 24 de dezembro de 2019 foi promulgada a Lei nº 13.964, que
pôs um fim à ilegalidade, agora sendo uma lei específica podendo ser aplicada de
forma que aperfeiçoa a legislação penal e processual penal. O que antes era tese de
inconstitucionalidade agora torna-se uma alternativa de acordo consensual aplicada
pelo Ministério Público em casos específicos e que entram nas regras para sua
aplicação.
Desta forma para Francisco Dirceu Barros e Jefson Romaniuc (2019) inicia-se
a “era da justiça criminal consensual”, através de sua obra trazem uma observação
muito importante acerca do processo penal no Brasil, que é moroso e extenso e
ainda que nos mais graves as lides se tornam eternas e nos crimes de menor e
médio potencial ofensivo acabam prescritos em sua maioria, o que gera uma
sensação de impunidade na sociedade brasileira.
Salienta-se que estes acordos não são uma exceção apenas aplicados no
Brasil, a ideia surgiu observando países de fora que pela razão de terem um
excessivo número de processos vem criando alterativas para a diminuição de tanto
trabalho pelo judiciário o que traz celeridade prática à diminuição de processos crime
de menor ou médio potencial ofensivo, Conforme se observa o autor Rodrigo Leite
Ferreira Cabral (2017):
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(...) a resolução é fortemente influenciada pela experiência alemã,


cuja possibilidade de acordo surgiu, mesmo sem previsão em lei, em
decorrência de práticas informais dos promotores, que constataram a
incapacidade do sistema de processar todos os casos. Essa prática
de celebrar acordos, posteriormente, acabou sendo chancelada pela
Suprema Corte alemã, que reconheceu a sua constitucionalidade,
ainda que sem previsão em lei.

No Brasil tal Acordo surge em meio à busca de novas formas e aplicações da


Justiça Penal Consensual, que têm ganhado espaço no ordenamento jurídico
brasileiro, aplicação esta proposta a fim de dar mais celeridade ao trâmite
processual e também à diminuição dos processos junto ao Poder Judiciário, tendo
em vista que os últimos dados de 2020 do CNJ, mostram um volume de 75,4
milhões de processos ativos, por este motivo têm havido uma busca por novas
formas de se obter mais resultados através da justiça consensual para a redução
destes dados e assim uma resposta rápida e eficaz à sociedade.
Cabe ressaltar que os legisladores brasileiros buscam bases em
ordenamentos jurídicos de outros países que se encaixem nos princípios da
Constituição Federal, conforme artigo de Camila Karem Pereira Bueno e Geovanna
Pinheiro da Silva (2019):

Dessarte, tendo sido inspirado pelos sistemas jurídicos de resolução


consensual de conflitos internacionais, exemplificados às linhas
pretéritas, cujas nações são precursoras dos modelos da
discricionariedade no exercício da ação penal pública sem revisão
judicial, a justiça brasileira enxergou a necessidade da introdução de
uma modalidade semelhante, que pudesse atender as necessidades
atuais.

Ora, as buscas dos legisladores por alternativas tem ocorrido com intuito de
serem as mais adequadas possíveis ao nosso ordenamento jurídico brasileiro para
consequentemente poderem ser implementadas. As grandes potências mundiais
têm criado formas de desenvolver uma saída aos problemas enfrentados nos
judiciários que na prática vem dando certo, estas ideias tem sido trazidas como
modelo para países como o Brasil, onde os crimes só têm aumentado prejudicando
economicamente o Estado com gastos demasiados com as custas processuais
causando transtornos ao Poder Judiciário o que por consequência suas prisões vem
sendo superlotadas sem que haja uma efetiva resposta didática aos apenados e que
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afeta à todos de modo geral, pois quanto maior os gastos do poder público maior a
conta que a sociedade paga.
Este formato de justiça consensual traz também ao investigado uma maior
celeridade, pois não necessita passar por todos as etapas de um longo processo e
ainda ter que aguardar por um longo tempo até seu julgamento, o qual muitas vezes
não se adquire seu real objetivo, nem mesmo traz ressarcimento ao dano causado à
vítima nem à sociedade como um todo.
Segundo o escritor Rogério Sanches (2019), O Acordo de Não persecução
penal é um ajuste celebrado entre o órgão de acusação e o investigado com
assistência do seu advogado ou defensor público, este acordo devidamente
homologado pelo juiz é o acordo no qual o investigado assume sua responsabilidade
e aceita o cumprimento de algumas condições mais brandas do que a sanção penal
e passa assim a não sofrer com os efeitos do processo criminal.
O Acordo de Não Persecução Penal deve ser aplicado em alguns casos
específicos, não sendo possível sua propositura à todos os casos, vejamos alguns
requisitos que devem ser observados, conforme o artigo 28-A do Código de
Processo Penal Brasileiro, o crime não pode ser caso de arquivamento, o acusado
deve ter confessado formal e circunstancialmente a prática de infração penal sem
violência ou grave ameaça, a pena mínima inferior a 4 (quatro) anos, nestas
hipóteses poderá o Ministério Público propor o Acordo de Não Persecução Penal
mediante algumas condições a seguir cumulativamente ou alternativamente, são
algumas delas: reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, renunciar
voluntariamente a bens e direitos provenientes de crime (indicados estes pelo MP),
prestar serviços à comunidade, pagar prestação pecuniária a ser estipulada e
indicada pelo juízo, cumprir outras determinações indicadas pelo MP por prazo
determinado.
Já as hipótese de não cabimento são: se for cabível transação penal não se
aplicará o ANPP, s o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios
que indiquem conduta criminal habitual, não caberá também ao agente beneficiado
nos 5 (cinco) anos anteriores à infração, por ANPP, por transação penal ou ainda
por suspensão condicional do processo, nos crimes de violência doméstica ou
familiar, ou ainda praticados em razão da condição do sexo feminino.
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O ANPP deve ser formalizado por escrito e firmado tanto pelo membro do MP
quanto pelo investigado e seu advogado ou defensor, desta forma se garante um
acordo justo sem que haja ferimento à dignidade da pessoa humana. O ANPP será
homologado em audiência no qual o Juiz ouvirá e verificará a voluntariedade do
investigado e a legalidade do acordo na presença do seu defensor. Caso o Juiz
considere inadequadas, insuficientes ou até mesmo abusivas as condições
dispostas no acordo, este devolverá os autos ao MP para que seja reformulada a
proposta com a concordância do investigado e de seu defensor. Após homologado o
acordo, será devolvido os autos ao MP para que inicie a execução perante o juiz de
execução penal. Cumprido integralmente o Acordo de Não Persecução Penal, o
juízo competente decretará a extinção de punibilidade.
Estas são algumas hipóteses e diretrizes para a propositura do ANPP, nesta
senda se vê, que o Acordo de Não Persecução Penal, não é medida que se impõe
de forma negligente simplesmente para beneficiar apenas o investigado, mas sim
com intuito de trazer benefícios à sociedade e ao Poder Judiciário, há também novos
debates que surgem com a prática do novo acordo que o que será apresentado ao
decorrer desta monografia.
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3. REQUISITOS IMPOSTOS PARA A POSSIBILIDADE DE PROPOSITURA DO


ANPP AO INVESTIGADO

O Acordo de Não Persecução Penal, já exposto anteriormente, conforme


conceito sintetizado por Cunha (2020) é o “Ajuste obrigacional celebrado entre o
órgão de acusação e o investigado (assistido por advogado), devidamente
homologado pelo juiz, no qual o indigitado assume sua responsabilidade, aceitando
cumprir, desde logo, condições menos severas do que a sanção penal aplicável ao
fato a ele imputado”.
Este será proposto apenas quando o investigado preencher os requisitos
elencados no caput do art. 28-A do CPP, não havendo a possibilidade de o MP
propor o acordo se um destes requisitos não forem preenchidos, como também o
Poder Judiciário não pode impor ao Ministério Público a obrigação de ser ofertado
ao investigado o referido acordo, pois conforme já reconhecido pelo STF, o Poder
Judiciário não detém atribuição para participar de negociações na seara
investigatória. Contudo há a possibilidade de o defensor do investigado requerer o
reexame da negativa da propositura do acordo em questão, porém não pode esta
negativa estar elencada nas hipóteses de manifesta inadmissibilidade para a
propositura do mesmo. Os demais incisos seguintes são as hipóteses cumulativas
ou alternadas que serão impostas ao investigado perante este acordo.
Verifica-se como critério principal no artigo 28-A, caput, que o crime a qual se
trata a investigação no Inquérito Policial (IP) não pode ser caso de arquivamento,
vejamos, o arquivamento pode-se dar através das seguintes hipóteses: ausência de
justa causa para a ação penal, que é a obrigatoriedade de haver fundamento da
denúncia, algo capaz de justificar a acusação do investigado, segundo dispõe o art.
395, inc. III, do CPP; Pode-se dar ainda, o arquivamento, através da existência de
manifesta atipicidade formal ou material do fato, ou seja, ausência de justa causa
para uma ação penal, conforme art. 397, inciso III do CPP o fato narrado precisa
constituir um crime propriamente dito; A incidência manifesta de causa excludente
de ilicitude, que conforme previsão legal no art. 23 do CPP são: o estado de
necessidade, a legitima defesa, o estrito cumprimento do dever legal e o exercício
regular de direito; A existência manifesta de excludente de culpabilidade, salvo a
inimputabilidade, ou seja, quando verificada a presença de coação moral irresistível,
obediência hierárquica e inexigibilidade de conduta diversa; E também a existência
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manifesta de causa de extinção da punibilidade do agente, que por exemplo pode-se


dar por meio da prescrição ou morte do agente, entre outras hipóteses.
Conclui-se ante o exposto que para a propositura do ANPP o crime não pode
estar elencado em nenhuma destas hipóteses supracitadas, mencionadas nos
artigos 395 e 397 do CPP, em que o Inquérito Policial (fase investigatória) pode vir a
ser arquivado.
O primeiro requisito a ser preenchido pelo investigado é a confissão formal e
circunstancial da prática de infração penal, ou seja, o investigado irá ter que expor
como se deu a prática do crime em detalhes e irá ter que fazê-lo de forma formal, ou
seja, escrita.
Ora, este tema vem sendo muito debatido entre os doutrinadores, a ideia de
que deve haver uma confissão para que haja um acordo causa divergência, pontua-
se o princípio do nemo tenetur se detegere, princípio este que garante ao indivíduo
acusado de um ato ilícito penal o direito ao silêncio e a não produzir provas em seu
desfavor.
Tal princípio tem previsão, segundo alguns escritores, é cláusula pétrea pois
esta no disposto no inciso LXIII do artigo 5º da Constituição Federal. Ademais o
mencionado princípio se classifica no rol dos direitos de primeira geração, ou seja,
faz parte dos direitos chamados “direitos de liberdade”, que torna o indivíduo titular
do direito frente ao poder estatal, cuja finalidade básica é "o respeito a sua
dignidade, por meio de sua proteção contra o arbítrio do poder estatal e o
estabelecimento de condições mínimas de vida e desenvolvimento da personalidade
humana pode ser definido como direitos humanos fundamentais" (Moraes, 2000, p.
39).
Ressalta-se ainda que a não autoincriminação é um direito fundamental do
investigado ou processado, tendo por objetivo a proteção do indivíduo ante aos
aparatos do Estado em relação ao investigado, que se comparado são infinitamente
desproporcionais, a fim de se evitar qualquer violência de ordem física ou moral,
inclusive em casos que se tem a finalidade de obrigar o cidadão a contribuir com a
investigação.
De acordo com Ceccato Jr., a exigência de confissão para que seja realizado
o acordo com o investigado é “bizarra e desnecessária”, levanta que a justificativa
para tal exigência, de que a confissão seria uma garantia de que o investigado
22

cumprirá o acordo negociado, é inconveniente. Aduz ainda que a simples ciência do


investigado que se ele deixar de cumprir o acordado, terá a denúncia oferecida em
seu desfavor e que responderá à todo um processo criminal, já é suficiente para
garantir o cumprimento das condições impostas no acordo.
Destaca-se a transcrição da referida Convenção Americana sobre Direitos
Humanos, artigo 8º, que trata das garantias judiciais:

2. Toda pessoa acusada de delito tem direito a que se presuma sua


inocência enquanto não se comprove legalmente sua culpa.  Durante
o processo, toda pessoa tem direito, em plena igualdade, às
seguintes garantias mínimas:
g. direito de não ser obrigado a depor contra si mesma, nem a
declarar-se culpada;
 

Vê-se que as discussões tratam do ferimento de leis em nosso ordenamento


jurídico brasileiro e que contrapõem normas internacionais já incorporadas em nosso
ordenamento jurídico e que são importantíssimas para fazer garantir os direitos
fundamentais.
Como segundo requisito, a prática de tal infração penal deve,
necessariamente, ter ocorrido sem violência ou grave ameaça, ou seja, não poderá
ser um crime elencado como violento, este requisito traz abordagens por diversos
autores que contrapõem esta ideia como sendo algo que fere a lógica, alegando em
tese que crimes muito mais graves são abrangidos pelo ANPP, de modo que a
exclusão desta espécie de delito, citando como exemplo um crime de ameaça, fere a
aplicação lógica.
Sobre o assunto, segundo Junqueira, Vanzolini, Fuller e Pardal (2020), colhe-
se que a violência ou a grave ameaça que integra infração penal de menor potencial
ofensivo não impede o ANPP, ou seja, se a conduta delituosa pode ser substituída
(excluída) do processo por meio da transação penal, que é medida aplicada apenas
em casos de menor potencial ofensivo, deve então haver a mesma possibilidade de
substituição (exclusão) do processo, com mais forte razão ainda em Acordo de Não
Persecução Penal, a medida mais ampla, que alcança os casos de médio potencial
ofensivo, ainda que praticada com violência ou grave ameaça.
Vê-se que tanto a transação penal quanto o Acordo de Não Persecução Penal
são instrumentos de negociação penal que dão a oportunidade de substituição do
23

processo, por medidas mais brandas, ambas mediante restrições de direitos trazidas
pelas respectivas leis, segundo os autores tal medida não é proporcional, pois
enquanto o primeiro mecanismo, para os casos de menor potencial ofensivo, admite
crimes praticados com violência ou grave ameaça, o segundo mecanismo, o ANPP,
não admite, ora este abrange os casos de médio potencial ofensivo e são os
principais e mais danosos à sociedade.
Desta forma, entende-se que o “sistema negocial penal” permite às infrações
penais de menor potencial ofensivo, quando da competência dos Juizados Especiais
Criminais, deslocamento por conexão, devem possibilitar o Acordo de Não
Persecução Penal, ainda que praticadas com violência ou grave ameaça.
Como exposto pelos autores, não há cabível razão para a não concessão do
Acordo de Não Persecução Penal em casos de crimes de menor potencial ofensivo,
que tenham sido executados com violência ou grave ameaça, mas que preencham
os demais requisitos expostos pelo artigo 28-A do CPP.
Como terceiro requisito exposto pelo caput do artigo 28-A do CPP, o acordo
pode ser proposto apenas à crimes que tenham como pena mínima inferior a 4
(quatro) anos, podemos citar como exemplo crimes como peculato (art. 312, do CP),
concussão (art. 316, do CP), corrupção passiva (art. 317, do CP), tráfico de
influência (art. 332, do CP), corrupção ativa (art. 333, do CP), lavagem de dinheiro
(art. 1º, da Lei nº 9.613/98), dispensa ou inexigibilidade ilegal de licitação (art. 89, da
Lei nº 8.666/93), fraude à licitação (art. 90, da Lei nº 8.666/93), furto (art. 155, do
CP), entre outros. Cabe ressaltar que a pena mínima deve ser inferior a 4 (quatro)
anos, ora em se tratando de crimes cuja pena é igual a 4 (quatro) anos, não cabe
aqui a propositura do referido acordo.
Acrescenta-se ainda, conforme caput do art. 28-A do CPP, que o acordo pode
ser proposto pelo MP desde que este acordo seja necessário e suficiente por si só
para reprovação e prevenção do crime. Como se nota, conforme escreve Couto
(2020) este ponto é bem subjetivo, já que a análise esperada pelo legislador é
altamente subjetiva e confere ao Ministério Público certa discricionariedade que na
prática pode causar problemas.
Como exposto a seguir, há certas obrigações a serem observadas e
cumpridas cumulativamente ou alternativamente pelo investigado para que seja, de
alguma forma, reparado o dano à vítima e à sociedade em geral.
24

No primeiro inciso verifica-se uma das principais funções do ANPP, a


necessidade de o investigado reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, vê-se a
tamanha importância deste acordo, pois por diversas vezes os criminosos são
presos cumprem suas penas que em nada satisfaz a sociedade, mantendo-se a
sensação de impunibilidade e ainda a vítima sequer recebe o tratamento adequado
pelo Estado, através de acompanhamento social ou psicológico por exemplo, quem
dirá a restituição do que lhe foi tomado.
Desta forma o legislador apresenta aqui duas hipóteses equivalentes, uma de
restituição da coisa, hipótese esta mais favorável à vítima na maioria dos casos, pois
irá restituir na proporção do que foi subtraído, e outra de reparação do dano, que é
quando o acusado devolve em valores na proporção do prejuízo causado à vítima.
Contudo, a não aplicação do referido inciso 1º não pode oferecer óbice à
celebração do acordo, pois o próprio dispositivo ressalta a hipótese de o investigado
não ter a possibilidade de fazê-lo, o que será comprovado por medidas específicas,
o que traz-nos à pensar em outra hipótese de “brecha” para o investigado, mesmo
estas medidas sendo tomadas através de investigação, causa-se certos
questionamentos. Entende-se como impossibilidade de reparação do dano a falta de
patrimônio por exemplo, enquanto a impossibilidade de restituição da coisa decorre
do seu extravio ou de sua inutilização.
No segundo inciso verifica-se a possibilidade de o investigado renunciar
voluntariamente a bens e direitos indicados pelo próprio Parquet como instrumentos,
produto ou proveito do crime. Ressalta-se que o entendimento por voluntariedade
não se compara com a espontaneidade, ora basta que o investigado concorde com
o acordo proposto á ele, não sendo necessário que a indicação de bens parta do
próprio investigado. Além do mais a renúncia também engloba a perda dos
instrumentos ilícitos do crime, do produto e proveito do crime, como também os
instrumentos lícitos empenhados a execução do crime, este justificável pela
expressa vontade do investigado.
No inciso III, trata-se da prestação de serviços à comunidade ou a entidade
pública. Para fixação do tempo em que este serviço será prestado, leva-se em
consideração o crime supostamente praticado, a pena mínima prevista ao crime e
dela diminuída de um à dois terços, observando-se o disposto no artigo 46 do CPP
menciona que a prestação de serviços é medida aplicável à condenações superior a
25

seis meses de privação de liberdade, sendo assim, a pena mínima do crime


cometido pelo investigado após diminuída de um a dois terços deverá ser superior a
seis meses, ainda no artigo 46 menciona como e onde se dará prestação de
serviços de forma que beneficiem a sociedade. De acordo com o entendimento será
negociado entre o Parquet e o investigado a melhor forma e tempo específico para a
execução das atividades pelo investigado. Já quanto ao local, este será fixado pelo
legislador como juízo da “execução penal”, cabe ressaltar que não há sentença
condenatória, mas o legislador deixa clara a competência do juízo, já que deverá ser
acompanhada a execução deste acordo firmado entre o Parquet e o investigado. Por
mais que discutida tal matéria, os autores reconhecem a competência do juízo de
execuções penais.
O inciso, VI por sua vez trata sobre o pagamento de prestação pecuniária,
estipulada nos termos do artigo 45 do Código Penal (CP), que explana a prestação
pecuniária como sendo o pagamento em dinheiro à vítima, a seus dependentes ou a
entidade pública ou privada que tenha destinação social, valor este não inferior à 1
(um) salário mínimo e não superior à 360 (trezentos e sessenta) salários mínimos,
que será fixado pelo juiz, ainda menciona que caso seja o mesmo beneficiário, o
valor pago será deduzido do valor da eventual condenação em ação de reparação
civil, podendo ainda, se aceito pelo beneficiário a prestação pecuniária, consistir em
prestação de outra natureza e menciona ainda que a perda de bens e de valores dos
condenados se dará, ressalvadas hipóteses especificas em lei especial, em favor do
Fundo Penitenciário Nacional. Aduz ainda no inciso VI, que em caso de os valores
serem direcionados à entidades, caberá ao juízo da execução indicá-las,
preferencialmente serão indicadas entidades semelhantes ou iguais às
aparentemente lesadas pelo delito cometido pelo investigado.
O inciso V, apresenta outra alternativa ao proposto no inciso anterior, que
dispõe cumprir por prazo determinado outra condição proposta pelo ministério
público, proporcionalmente e compativelmente com a infração imputada.
26

4. ANÁLISE DOS REQUISITOS OBJETIVOS DISPOSTOS NO ARTIGO 28-A


DO CPP, SOBRE O NÃO CABIMENTO DO ACORDO DE NÃO
PERSECUÇÃO PENAL E SUA IMPORTÂNCIA

O parágrafo 1º do artigo 28-A do CPP traz-nos esclarecimentos sobre a


obtenção da pena mínima imposta pela infração penal cometida, conforme
observação do caput, será calculada levando em consideração as causas de
aumento e de diminuição que se aplicam a cada caso concreto. Ou seja a redação
do § 1 º se trata da chamada Teoria da Pior das Hipóteses.
Já no parágrafo 2º do artigo 28-A do CPP, temos alguma exceções, hipóteses
em que não se aplicam as regras do caput supracitado, apresentadas a seguir.
A primeira hipótese elencada no inciso I do § 2º, expõe que se for um caso
cabível de Transação Penal de competência dos Juizados Especiais Criminais,
trazida pelo artigo 76 da Lei 9.099/95, que se aplicam aos crimes de menor potencial
ofensivo, que são as contravenções penais e os crimes que a lei impõe pena
máxima não superior a 2 (dois) anos cumulada ou não com multa, conforme
disposto no artigo 61 da Lei 9.099/95, neste casos não caberá o Acordo de Não
Persecução Penal.
Conforme a doutrina, temos que os crimes de menor potencial ofensivo são
aqueles que defrontam os princípios penais de subsidiariedade, da
fragmentariedade e da ofensividade. A prisão se dá por exemplo, pelas práticas das
infrações de injúria, calúnia, difamação, desacato, ameaças, resistência à prisões
entre outros, cabe dizer que estes delitos têm cunho de absolvição instaurados, já
que possuem sua lesividade reduzida, desta forma lavra-se o Termo de
Compromisso de Comparecimento, mantendo o autuado preso somente até o fim
dos procedimentos necessários e de sua assinatura, sendo em seguida liberado,
pois não existe nestes crimes algum risco de periculosidade aparente.
Como anteriormente disposto, estes tipos de crimes tem pena máxima de dois
anos não se encaixando assim nos requisitos referenciados no caput do art. 28-A
para obtenção do acusado à este tipo de acordo, pois há acordo específico para
aqueles. Contudo cabe aqui ressaltar que se os crimes cumulativamente
ultrapassarem pena máxima de dois anos, estes já não caberão a aplicação da
Transação Penal, mas sim o ANPP.
27

A segunda hipótese disposta no inciso II do § 2º, é quanto a reincidência do


investigado, ou se houver elementos probatórios que indiquem conduta habitual,
reiterada ou profissional, exceto se insignificantes as infrações penais pretéritas, ou
seja, para que o investigado tenha direito ao Acordo de Não Persecução Penal, deve
este ser primário, que significa dizer que este não teve contra si condenação
efetivada por nenhum outro crime; deve ainda, não haver provas contra ele,
conforme Monteiro (2021) conceitua a conduta criminal habitual um estilo de vida
que o agente ostenta, por cometer diversos fatos típicos, sendo como quase que
uma profissão.
Cabe ponderar que na habitualidade criminosa há uma pluralidade de crimes,
sendo que a habitualidade neste caso é uma característica do próprio agente, não
se refere à infração penal. Já o crime habitual se trata de uma prática de ato isolado
que não gera tipicidade, mas na habitualidade criminosa, tem-se uma sequência de
atos típicos que demonstram um estilo de vida do indivíduo que os comete.
Ainda ao final do inciso, tem-se o seguinte recorte: "Exceto se insignificantes
as infrações penais pretéritas", alguns autores relacionam esta observação, que a
intenção do legislador era de fato se referir aos crimes de menor potencial ofensivo,
outros questionam sobre a subjetividade da parte “b” referido inciso, relacionando
que não poderia ser possível esta disposição se comparado com o princípio da
insignificância, onde não há crime, há apenas tipicidade material, expondo assim a
infelicidade do legislador com o termo utilizado.
Disposto no inciso III, do § 2º, a terceira hipótese que impede a pactuação do
acordo, não pode o agente ter sido beneficiado por ANPP, Transação Penal ou
Suspensão condicional do processo nos últimos cinco anos anteriores à infração
cometida. Estes citados mecanismos delimitam benefícios aos acusados que se
envolvam rotineiramente com a prática de infrações penais, este inciso funciona
como uma garantia para que não haja estímulo ao investigado, pois não haverá a
possibilidade de a cada novo delito fazer um acordo e após extinta a punibilidade
continuar como réu primário.
Contudo caso o réu faça um desses acordos consensuais, fica registrado para
fins de novo processamento e ou investigação, apenas não aparecerá na certidão de
antecedentes criminais, logo após o período de cinco anos o histórico do réu torna-
se novamente “limpo”, podendo até mesmo realizar um novo acordo.
28

No inciso IV, vemos a quarta hipótese de impossibilidade de se realizar o


acordo, trata-se de crimes em que há violência doméstica ou familiar e crimes
praticados contra mulher por razão da condição do sexo feminino.
Cabe ressaltar que a violência doméstica, a que se refere o inciso, além de se
referir a casos elencados na Lei Maria da Penha, são também as disposições gerais
no âmbito doméstico, conforme artigo 129 do Código Penal, a qual trata de violência
praticada contra ascendente, descendente, irmão e cônjuge ou companheiro, ou
com quem conviva. Importante a exclusão desta tipificação de crime, como se sabe
os crimes do âmbito de violência doméstica tem aumentado drasticamente nos
últimos anos, há autores que defendam a ideia de que o aumento tem-se dado pelo
fato de ser mais acessível os canais de denúncias oferecidos na atualidade, mas
também há quem defenda a tese de que os crimes realmente vem aumentado a
cada dia que passa, muitos tratam desta questão se referindo à impunibilidade da
maioria dos casos, outros tratam da relevante quantidade de denúncias realizadas
geralmente por mulheres, esposas, namoradas etc., que após a denúncia voltam
atrás e a renunciam, muitas vezes por coação ou pelo sentimento que tem em
relação ao seu parceiro, o que acaba por muitas vezes sendo visto pelos infratores
penais como desestimulador o não cometimento de novos delitos como estes.
Também não cabe o ANPP em casos de crimes praticados contra mulher, em
razão de ser do sexo feminino, ora o legislador quis preservar a penalidade cabível
nestes casos, que são casos graves e responsáveis por boa parte do aumento das
denúncias, haja vista ainda imperar o machismo em muitos meios, mesmo em pleno
século XXI.
Há ainda autores que defendem que este tipo de violência deve ser pública
incondicionada, que é a ação cujo exercício não depende de prévia manifestação de
qualquer pessoa para ser iniciada. Em todas as hipóteses relacionadas ao âmbito de
violência doméstica ou em relação ao sexo feminino há grande importância esta
restrição imposta, pois é uma forma de desestimular estes crimes que vem
acontecendo com tanta frequência.
Tem-se no § 3º do art. 28-A, que o ANPP será formalizado por escrito e
firmado pelo membro do MP, pelo investigado e por seu defensor. Vê-se neste
parágrafo a importância deste dispositivo conter estas regras, pois é de suma
importância que seja formalizado o referido acordo e revisado tanto pelo investigado
29

quanto por seu defensor que observará o que se encontra pré-estabelecido no


acordo que seu cliente terá que cumprir, para que seja também garantido os direitos
também do investigado, ora a ideia de uma proposta consensual de acordo deve ser
benéfica para a sociedade em relação à sensação de punibilidade concretizada, mas
também em relação ao investigado mantendo-lhe garantidos seus direitos
fundamentais.
O Acordo de Não persecução Penal será homologado em audiência, como
disposto no § 4º, antes de homologar o juiz irá verificar alguns requisitos, são eles: a
voluntariedade, que será verificada através da oitiva do acusado na presença do seu
defensor, ora o juiz garantirá que o acordo seja realizado sem que haja
constrangimento ao investigado em aceitar as referidas diretrizes do acordo, se este
foi realizado de forma espontânea pelo investigado e ainda verificará também a sua
legalidade, o juiz, neste caso verificará se os requisitos elencados no caput do artigo
28-A, foram preenchidos, se o acordo foi devidamente aplicado para um caso em
que especificamente se encaixa na proposta da legislação pertinente.
Ora conforme § 5º, se o juiz verificar o proposto em acordo e, considerar
inadequadas, insuficientes ou abusivas as condições estabelecidas ele devolverá ao
Ministério Público para que reformule o acordo com a concordância do investigado e
seu defensor. Cabe salientar que o juiz não tem o poder de alterar as cláusulas
estabelecidas no acordo, mas pode não homologar, fazendo com que o MP fala as
alterações necessárias para que seja homologado dentro das regras previstas
observando os princípios constitucionais para assegurar os direitos do investigado e
para que também seja proporcional ao delito cometido, ou seja, se o juiz achar que o
acordo beneficia muito ao acusado ele poderá devolvê-lo também para que o
Parquet corrija as cláusulas com o intuito de cumprir os objetivos do caput, para
reprovação e prevenção do crime.
No § 6, após a audiência em que for homologado o acordo, o juiz devolverá
os autos ao Ministério Público a fim de se iniciar a execução perante o juízo de
execução penal.
O § 7º o juiz não é obrigado a homologar a proposta de acordo que não
atender aos requisitos legais nem mesmo quando não forem realizadas as
adequações dispostas no § 5º.
30

Expõe o § 8º que após recusada a homologação o juiz devolverá os autos ao


MP para analisar se há a necessidade de complementação das investigações ou até
mesmo o oferecimentos da denúncia.
Aduz o § 9º que a vítima será intimada da homologação do acordo e caso o
acusado o descumpra.
Demonstra o § 10º, que quando descumpridas as condições estipuladas no
ANPP pelo acusado, o MP deverá comunicar ao juízo, para que este seja rescindido
e posteriormente seja oferecida sua denúncia.
No § 11º, diz que o descumprimento pelo investigado poderá ser utilizado
como justificativa pelo MP para o eventual não oferecimento de suspensão
condicional do processo.
Ainda no § 12º trata-se da celebração e o cumprimento do ANPP não
contarão na certidão de antecedentes criminais, exceto para fins de se verificar pelo
MP se o agente se beneficiou nos últimos cinco anos de algum acordo de ANPP,
transação penal ou de suspensão condicional do processo.
Aduz o § 13º que cumprido integralmente o ANPP, o juízo decretará a
extinção de punibilidade, sendo este o último passo em toda a trajetória da
propositura do ANPP.
Nesta senda nota-se que com tamanha necessidade de se haver uma justiça
negocial consensual este acordo vem para somar esforços com os acordos já
existentes como o acordo de transação penal, previsto na Lei 9.099/95, artigo 76,
que já é aplicado em casos de crimes menos gravosos, com pena de até dois anos,
em termos doutrinários ela é definida por Bomfim (2009), como uma proposta de
aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multa feita pelo MP ao
investigado que só poderá ocorrer não sendo previsto como caso de arquivamento,
desde que tenha havido representação ou quando se tratar de ação penal pública
incondicionada; Já a suspensão condicional do processo, conhecida como sursis
processual, é uma medida que visa anular um processo criminal que trate de um
crime de menor potencial ofensivo, que tenha pena de até um ano, o que faz com
que a pessoa deixe de ter uma ficha criminal, este formato só se aplica à crimes de
pouco impacto ou potencial ofensivo à terceiros e à sociedade em geral.
Na senda dos crimes de maior gravidade, há aplicação de acordo, através da
colaboração premiada que ocorre quando o investigado fornece informações úteis e
31

determinantes para a resolução de um crime ou para que se esclareçam fatos


apurados, desta forma o delator ganha um benefício por auxiliar nas investigações,
este acordo está previsto na Lei nº 12.850/13, art. 3º- A e ss.
Ante o exposto verifica-se que não havia até então uma lei que propositava
um acordo para crimes de media gravidade, conhecidos pela doutrina como crimes
de médio potencial ofensivo, o ANPP veio para preencher esta lacuna e
proporcionar uma alternativa em relação ao poder Judiciário e ao sistema prisional
brasileiro que acabam abarrotados pela carga gigantesca de processos e apenados
que não cabem mais nos presídios, além do que a real função da punição do agente
é para reeducação do apenado e reinserção de maneira adequada de volta à
sociedade, como sabe-se não é isto que ocorre, a retribuição imposta pelo Estado
acaba sendo um grande fator e gerador de revolta, visto que o sistema prisional
brasileiro está longe de atender às necessidades e objetivos da penalidade imposta,
que conforme leciona Cleber Masson (2012), que a sanção penal possui três
finalidades, quais sejam, retributiva, preventiva e reeducativa, decorrentes da
evolução histórica da pena no Brasil.
Atualmente tem-se aplicado a finalidade reeducativa, a qual aponta para um
modelo em que não basta castigar o encarcerado, mas que este seja orientado em
seu cumprimento da pena que lhe retirou a liberdade, a ser reintegrado à sociedade
de maneira efetiva, evitando assim que este venha a reincidir.
Percebe-se o grande desafio do Direito Penal em fazer valer a função social
da pena ante a finalidade reeducativa, considerando a necessidade de readequação
da aplicação da justiça, o Direito Penal possui três modelos de Justiça a serem
aplicadas após o cometimento de um crime, isto é, justiça restaurativa, justiça
reparatória e justiça negociada. Nas palavras de Nucci (2019, p. 638): A justiça
retributiva desloca suas forças para punir o infrator; a restaurativa faz da prevenção
ao crime a sua bandeira. Assim mesmo depois de cometida a infração penal, a
justiça restaurativa continua insistindo em uma solução concreta, buscando conciliar
os interesses da vítima e do infrator.
Rogério Sanches Cunha e Renee do Ó Souza (2017): O Acordo de Não
Persecução Penal não implica qualquer desvantagem ao ofendido, notadamente nos
crimes em que ele é bem definido, visto que o primeiro requisito para a celebração
do Acordo de Não Persecução Penal é a necessidade imperiosa de reparação de
32

danos sofridos o que atende seus interesses imediatos e à moderna tendência


criminológica de revalorização da vítima no processo penal.
Em defesa dos benefícios do acordo, afirma Francisco Dirceu Barros (2018, p.
67), Não resta dúvidas, portanto, que o dito instrumento imprimirá maior rapidez na
resolução de conflitos menos graves, evitando a superlotação dos presídios e
permitindo, tanto ao Poder Judiciário quanto ao Ministério Público, a canalização das
forças no combate aos delinquentes contumazes e crimes mais graves, que geram
consequências muitas vezes transcendentes à esfera individual, causando
gravames a uma gama indeterminada de vítimas.
Desta forma, ressalta-se por fim a tamanha importância do Acordo de Não
Persecução Penal, mesmo tendo ainda discussões e questionamentos a serem
resolvidos, como toda lei nova aplicada principalmente ao Direito Penal, as
investigações se tornam mais céleres, eficientes e desburocratizadas, havendo
assim uma maior economia para o Estado e consequentemente à população que
acaba por arcar com as custas de um apenado, traz também uma maior resposta à
vítima em relação à rápida punibilidade e por consequência ao acusado que terá
benefícios e será instigado a não cometer tais crimes novamente, trazendo assim
resultados práticos à sociedade de modo geral.
33

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Analisando os textos verificamos a evolução do Direito Penal brasileiro rumo à


medidas alternativas pelo fato de que o sistema penitenciário brasileiro, como se
sabe, não atende aos reais objetivos da educação e ressocialização, sendo assim,
de nada adiantam alguns indivíduos que cometem certos delitos terem um processo
moroso e sua condenação decretada após muito tempo, gerando à vítima e à
sociedade a sensação de impunidade, além do mais podemos citar os excessivos
gastos do Poder Judiciário, a quantidade de trabalho que este tem e a morosidade
para resolução de outros delitos mais graves e, ainda, o gasto do Estado com todo o
aparato do sistema carcerário que gera consequências econômicas à nossa
sociedade.
Através da presente análise do Acordo de Não Persecução Penal, podemos
verificar desde o início do seu surgimento, quando ainda se tratava de Resoluções
do Conselho Nacional do Ministério Público, que há discussões e posicionamentos
favoráveis e contrários ao acordo. Ainda que sanadas as discussões sobre sua
inconstitucionalidade e legalidade com a promulgação da Lei nº 13.964/2019, com a
propositura em seu artigo 28-A, que nos trouxe o Acordo de Não Persecução Penal,
se discute ainda pontos que vão contra a norma Constitucional, como por exemplo a
necessidade de o investigado produzir prova contra si através da confissão, ponto
este primordial para a propositura do acordo entre o MP e o investigado.
Cabe ressaltar ainda que, conforme a análise feita, já existem medidas
alternativas que são propostas à crimes com maior gravidade, que é a colaboração
premiada e para crimes de menor potencial ofensivo, que é a suspensão condicional
do processo e o acordo de transação penal, por exemplo. Não há sentido que não
haja medidas alternativas para os crimes de médio potencial ofensivo, ora estes são
a maior parte das infrações penais que ocorrem nos dias atuais, logicamente com
suas especificidades tratadas nas hipótese de aplicação do ANPP.
Este trabalho não pretende concluir em definitivo o assunto até porque é
extenso e como ainda recente, tem muito a ser discutido e debatido, porém através
da análise realizada tem-se exposto os pontos positivos e negativos que ficam mais
claros à medida que estudado à fundo, sendo este o objetivo do presente trabalho,
trazer clareza ao leitor ponto a ponto das discussões levantadas em nossa
34

sociedade sobre o ANPP. Mas pode-se afirmar que a aplicação deste acordo é parte
da Justiça Penal Consensual que vem ganhando espaço no ordenamento jurídico,
não só brasileiro como também de outros países que já aderiram à tal, com o intuito
de gerar economia ao sistema e consequentemente à sociedade, o que sempre será
debatido pois gera-se em alguns casos a sensação de impunibilidade, ainda mais
em casos em que o investigado prospera com o delito e não paga a conta de forma
literal.
Ante o exposto, espera-se que as medidas alternativas sejam cada vez mais
discutidas e sanadas suas brechas, para que estas medidas não gerem apenas
economia e ao mesmo tempo desconforto à sociedade quanto à sua punibilidade,
mas que alcancem seus objetivos como um todo, que são de extrema importância
para aplicação da ordem e da justiça.
35

REFERÊNCIAS

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BUENO, Camila Karem Pereira; SILVA, Geovanna Pinheiro. Acordo De Não


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CUNHA, Rogerio Sanches. Pacote Anticrime – Lei 13.964/2019: Comentários às


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