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APOSTILA DE

APROFUNDAMENTO BÍBLICO

MINISTÉRIO DE PREGAÇÃO
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO........................................................................................................................................03

CAPÍTULO I: OBSERVAÇÃO, INTERPRETAÇÃO E APLICAÇÃO...................................................................09

CAPÍTULO II - PASSOS PARA A LEITURA DA MENSAGEM........................................................................12

CAPÍTULO III - MÉTODOS A TRABALHAR NO TEXTO...............................................................................15

CAPÍTULO IV - ELEMENTOS A PROCURAR OU DESVENDAR NO TEXTO....................................................17

CAPÍTULO V - OS SENTIDOS DOS TEXTOS DAS SAGRADAS ESCRITURAS..................................................19

CAPÍTULOVI - CHAVES PARA INTERPRETAR O TEXTO.............................................................................21

CAPÍTULO VII - COMO RECONHECER E INTERPRETAR OS SÍMBOLOS NA SAGRADA ESCRITURA..............24

CAPITULO VIII - ERROS NA INTERPRETAÇÃO DO TEXTO E COMO EVITÁ-LOS..........................................29

CAPÍTULO IX - A IMPORTÂNCIA DO CONTEXTO PARA A APLICAÇÃO......................................................31

CAPÍTULO X - PASSOS PARA FAZER UMA BOA APLICAÇÃO DA MENSAGEM...........................................36

CAPÍTULO XI - ROTEIRO DE PREGAÇÃO.................................................................................................39

CAPÍTULO XII - EXERCÍCIOS...................................................................................................................42


INTRODUÇÃO

O Padre Vieira e o Sermão da Sexagésima (análise)

O padre Vieira é a principal expressão do Barroco em Portugal. Sua obra pertence à literatura portuguesa
e também brasileira.

Nasceu em Lisboa em 1608, aos seis anos é trazido ao Brasil, estudou no colégio dos jesuítas na Bahia,
entrou na Companhia de Jesus em 1623, e foi ordenado em 1634. Quando Portugal foi liberto do julgo
espanhol em 1 de dezembro de 1640, segue com a delegação que promete lealdade ao Rei Dom João IV.
Em Portugal se destaca como orador e ganha prestígio junto à corte. É enviado a missões diplomáticas
para Haia, Paris e Roma, porém sem obter muito sucesso.

O Padre Vieira destacou-se pela sua incomparável qualidade como orador, aliando sua formação jesuítica
com a estética barroca, pronunciou sermões que se tornaram a expressão máxima do barroco em prosa
sacra, e uma das principais expressões ideológicas literárias da contra reforma.

O púlpito foi a maneira que Vieira usou para pregar para as massas no século XVII, pregou a índios,
brancos, negros, a brasileiros, africanos e portugueses, a dominados e dominadores. Além de catequizar,
defendia os índios.

A produção literária de Vieira conta com mais de duzentos sermões e quinhentas cartas. Os sermões que
mais se destacam são:”Sermão do bom sucesso das armas de Portugal contra as da Holanda”, proferido
na Bahia em 1640; “Sermão de Antônio aos peixes”, proferido no Maranhão em 1654; “Sermão do
mandato”, pronunciado na capela real Portuguesa em 1645; e o “Sermão da sexagésima”, proferido na
capela real de Lisboa em 1653, que tem como tema a arte de pregar.

O sermão da sexagésima será o objeto de estudo do texto seguinte. Tem esse título porque foi proferido
60 dias antes da Páscoa.

Parte I

O Padre Vieira pregou sobre a parábola do semeador, texto que se encontra no evangelho de Mateus, no
capítulo 13: 1-9, 19-23:

“Naquele dia, saiu Jesus e sentou-se à beira do lago. Acercou-se dele, porém, uma tal multidão, que
precisou entrar numa barca. Nela se assentou, enquanto a multidão ficava à margem. E seus discursos
foram uma série de parábolas. Disse ele: Um semeador saiu a semear. E, semeando, parte da semente
caiu ao longo do caminho; os pássaros vieram e a comeram. Outra parte caiu em solo pedregoso, onde
não havia muita terra, e nasceu logo, porque a terra era pouco profunda. Logo, porém, que o sol nasceu,
queimou-se, por falta de raízes. Outras sementes caíram entre os espinhos: os espinhos cresceram e as
sufocaram. Outras, enfim, caíram em terra boa: deram frutos, cem por um, sessenta por um, trinta por
um...

... Ouvi, pois, o sentido da parábola do semeador: quando um homem ouve a palavra do Reino e não a
entende, o Maligno vem e arranca o que foi semeado no seu coração. Este é aquele que recebeu a semente
à beira do caminho. O solo pedregoso em que ela caiu é aquele que acolhe com alegria a palavra ouvida,
mas não tem raízes, é inconstante: sobrevindo uma tribulação ou uma perseguição por causa da palavra,
logo encontra uma ocasião de queda. O terreno que recebeu a semente entre os espinhos representa
aquele que ouviu bem a palavra, mas nele os cuidados do mundo e a sedução das riquezas a sufocam e a
tornam infrutuosa. A terra boa semeada é aquele que ouve a palavra e a compreende, e produz fruto: cem
por um, sessenta por um, trinta por um.”

Como bom orador que era, Vieira tenta conquistar a docilidade de seu auditório com um discreto elogio,
também chama a atenção para a importância do tema pelo fato de ter viajado tão longe para pregar para
eles:

E se quisesse Deus que este tão ilustre e tão numeroso auditório saísse hoje tão desenganado da pregação,
como vem enganado com o pregador! Ouçamos o Evangelho, e ouçamo-lo todo, que todo é do caso que
me levou e trouxe de tão longe.

Segue falando sobre os pregadores que pregam em sua própria pátria, e os pregadores que pregam em
pátrias diferentes. Fala também sobre os diversos tipos de dificuldades que os pregadores enfrentam e
sobre a necessidade de serem perseverantes para superar as dificuldades.

Os argumentos que Vieira usa são citações de passagens bíblicas, no caso em questão a que se encontra
no livro de Ezequiel cap.1, que fala sobre animais que não olham para trás. Assim como esses animais, os
pregadores não podem desistir. Também cita Marcos 16:15, texto em que Jesus manda os apóstolos
evangelizarem toda criatura.

Parte II

Na parte II, Vieira dá prosseguimento à introdução da mensagem, explicando o significado da parábola do


semeador.

Ele encerra essa parte II, com a proposição da mensagem. A proposição é uma declaração simples do
assunto abordado, tem a finalidade de mostrar aos ouvintes o tema principal da mensagem. Geralmente
tem uma sentença interrogativa, a resposta a essa questão é o eixo sobre o qual os tópicos do sermão
vão girar. Vieira usa esse recurso com verdadeira maestria:

Nunca na Igreja de Deus houve tantas pregações, nem tantos pregadores como hoje. Pois se tanto se
semeia a palavra de Deus, como é tão pouco o fruto? Não há um homem que em um sermão entre em si
e se resolva, não há um moço que se arrependa, não há um velho que se desengane. Que é isto? Assim
como Deus não é hoje menos onipotente, assim a sua palavra não é hoje menos poderosa do que dantes
era. Pois se a palavra de Deus é tão poderosa; se a palavra de Deus tem hoje tantos pregadores, porque
não vemos hoje nenhum fruto da palavra de Deus? Esta, tão grande e tão importante dúvida, será a
matéria do sermão. Quero começar pregando-me a mim. A mim será, e também a vós; a mim, para
aprender a pregar; a vós, que aprendais a ouvir.

Parte III

Vieira finalmente entra no corpo do sermão, fala que existem três agentes na pregação: Deus, o ouvinte
e o pregador. Desses três, apenas um é responsável pelo sucesso na pregação, o pregador.
Argumentos:
- Não pode ser o ouvinte porque a Palavra de Deus tem o poder de convencer qualquer tipo de ouvinte:

É tanta a força da divina palavra, que, sem cortar nem despontar espinhos, nasce entre espinhos. É tanta
a força da divina palavra, que, sem arrancar nem abrandar pedras, nasce nas pedras. Corações
embaraçados como espinhos, corações secos e duros como pedras, ouvi a palavra de Deus e tende
confiança! Tomai exemplo nessas mesmas pedras e nesses espinhos! Esses espinhos e essas pedras agora
resistem ao semeador do Céu; mas virá tempo em que essas mesmas pedras o aclamem e esses mesmos
espinhos o coroem.

- Deus não pode ser o culpado porque Ele é infalível. Essa é uma declaração de fé defendida no concílio
de Tridentino. Vieira usa novamente (como em todo o sermão), a parábola do semeador para ilustrar a
pregação do evangelho comparando-a com o semear. As causas são terrenas, as pedras, o caminho, os
espinhos. O Céu sempre ajuda, com sol ou chuva.

Parte IV

Padre Vieira segue falando sobre a culpa do pregador. Cita cinco qualidades importantes do pregador: a
pessoa que é, o estilo, a matéria, a ciência e a voz. Passa então a falar sobra cada uma dessas qualidades.

A pessoa. O pregador prega não apenas aos ouvidos com suas palavras, prega também aos olhos com
suas atitudes. Mas as pessoas são falhas e esse não pode ser o principal problema.

Parte V

O estilo. Segundo padre Vieira, o estilo dos pregadores de sua época era ruim. O pregador deve ter um
estilo simples e natural.

Argumentos:

O céu (natureza) foi o primeiro pregador. Cita o salmo 19, que diz que “os céus declaram a glória de Deus
e o firmamento proclama a obra de suas mãos...”

O estilo pode ser muito claro e muito alto; tão claro que o entendam os que não sabem e tão alto que
tenham muito que entender os que sabem. O rústico acha documentos nas estrelas para sua lavoura e o
mareante para sua navegação e o matemático para as suas observações e para os seus juízos. De maneira
que o rústico e o mareante, que não sabem ler nem escrever entendem as estrelas; e o matemático, que
tem lido quantos escreveram, não alcança a entender quanto nelas há. Tal pode ser o sermão: estrelas
que todos veem, e muito poucos as medem.

Parte VI

A matéria. O sermão deve ser focalizado num único tema, muitos pregadores pregavam(e pregam) sobre
vários temas diferentes, isso apenas confunde os ouvintes. Fala sobre a estrutura dos sermões e com
domínio do assunto resume a arte homilética:
Há-de tomar o pregador uma só matéria; há-de defini-la, para que se conheça; há-de dividi-la, para que
se distinga; há-de prová-la com a Escritura; há-de declará-la com a razão; há-de confirmá-la com o
exemplo; há-de amplificá-la com as causas, com os efeitos, com as circunstâncias, com as conveniências
que se hão-de seguir, com os inconvenientes que se devem evitar; há-de responder às dúvidas, há-de
satisfazer às dificuldades; há-de impugnar e refutar com toda a força da eloquência os argumentos
contrários; e depois disto há-de colher, há-de apertar, há-de concluir, há-de persuadir, há-de acabar. Isto
é sermão, isto é pregar; e o que não é isto, é falar de mais alto.

Argumentos:
1.Ele cita uma metáfora sobre a árvore, e suas diversas partes, que exemplifica a estrutura de um bom
sermão:

Uma árvore tem raízes, tem tronco, tem ramos, tem folhas, tem varas, tem flores, tem frutos. Assim há-
de ser o sermão: há-de ter raízes fortes e sólidas, porque há-de ser fundado no Evangelho; há-de ter um
tronco, porque há-de ter um só assunto e tratar uma só matéria; deste tronco hão-de nascer diversos
ramos, que são diversos discursos, mas nascidos da mesma matéria e continuados nela; estes ramos hão-
de ser secos, senão cobertos de folhas, porque os discursos hão-de ser vestidos e ornados de palavras. Há-
de ter esta árvore varas, que são a repreensão dos vícios; há-de ter flores, que são as sentenças; e por
remate de tudo, há-de ter frutos, que é o fruto e o fim a que se há-de ordenar o sermão. De maneira que
há-de haver frutos, há-de haver flores, há-de haver varas, há-de haver folhas, há-de haver ramos; mas
tudo nascido e fundado em um só tronco, que é uma só matéria. Se tudo são troncos, não é sermão, é
madeira. Se tudo são ramos, não é sermão, são maravalhas. Se tudo são folhas, não é sermão, são versas.
Se tudo são varas, não é sermão, é feixe. Se tudo são flores, não é sermão, é ramalhete. Serem tudo frutos,
não pode ser; porque não há frutos sem árvore. Assim que nesta árvore, à que podemos chamar «árvore
da vida», há-de haver o proveitoso do fruto, o formoso das flores, o rigoroso das varas, o vestido das
folhas, o estendido dos ramos; mas tudo isto nascido e formado de um só tronco e esse não levantado no
ar, senão fundado nas raízes do Evangelho: Seminaresemen. Eis aqui como hão-de ser os sermões, eis aqui
como não são. E assim não é muito que se não faça fruto com eles.

2.Cita Aristóteles e Túlio, filósofos gregos e professores de retórica. Cita também grandes pregadores da
história da Igreja que deixaram sua marca usando esse método: S. João Crisóstomo, S. Basílio Magno, S.
Bernardo, S. Cipriano, S. Gregório, Santo António de Pádua e S. Vicente Ferrer.

Parte VII

Ciência. Nessa parte, Vieira fala sobre a falta de ciência dos pregadores. O pregador deve buscar
conhecimento e originalidade ao invés de imitar outros pregadores. O pregador que não possui ciência,
apenas imita os pregadores que ouviu; já os que têm ciência podem pregar de uma forma original.

Argumentos:
1.Faz uma metáfora comparando a pescaria com a pregação. Segundo Vieira, os apóstolos pescavam com
as próprias redes.

2.Fala também sobre as línguas de fogo que foram vistas sobre os apóstolos no dia de pentecostes quando
eles foram batizados com o Espírito Santo (Atos cap.2), referindo-se à forma diferente que eles tinham de
pregar:
Porque não servem todas as línguas a todos, senão a cada um a sua. Uma língua só sobre Pedro, porque
a língua de Pedro não serve a André; outra língua só sobre André, porque a língua de André não serve a
Filipe; outra língua só sobre Filipe, porque a língua de Filipe não serve a Bartolomeu, e assim dos mais. E
senão vede-o no estilo de cada um dos Apóstolos, sobre que desceu o Espírito Santo. Só de cinco temos
escrituras; mas a diferença com que escreveram, como sabem os doutos, é admirável.

Parte VIII
Voz. Padre Vieira segue a mensagem falando da voz. Seria ela a causa do fracasso de muitos
pregadores?Segundo ele a voz não é uma causa importante, isso porque uns têm a voz fraca; outros a voz
forte, e isso varia também pelo estilo do pregador.

Argumentos:
Cita a Bíblia que fala de Jesus como alguém que prega sem bradar e João Batista que bradava no deserto.

Vieira encerra essa parte levantando uma questão que aponta para o desfecho do sermão, e a principal
causa da falta de fruto que a pregação teve em seus dias:

Em conclusão que a causa de não fazerem hoje fruto os pregadores com a palavra de Deus, nem é a
circunstância da pessoa; nem a do estilo; nem a da matéria; nem a da ciência; nem a da voz. Moisés tinha
fraca voz; Amós tinha grosseiro estilo; Salomão multiplicava e variava os assuntos; Balaão não tinha
exemplo de vida; o seu animal não tinha ciência; e contudo todos estes, falando, persuadiam e
convenciam. Pois se nenhuma destas razões que discorremos, nem todas elas juntas são a causa principal
nem bastante do pouco fruto que hoje faz a palavra de Deus, qual diremos finalmente que é a verdadeira
causa?

Parte IX
Segundo Vieira, os pregadores não pregam a Palavra de Deus. Isso porque eles mudam o sentido do texto,
se mudam o sentido pregam suas próprias palavras. O pregador não deve impor significados ao texto,
usando a Bíblia para defender suas ideias. Deve, sim, extrair do texto o real significado.

Argumentos:
Para argumentar e exemplificar, ele cita a tentação de Cristo, texto que se encontra no evangelho de
Mateus, no capítulo 4:6-8. O diabo muda o sentido do que está escrito, querendo levar Jesus ao suicídio.
O Senhor confronta satanás com uma interpretação verdadeira das escrituras:
O demônio transportou-o à Cidade Santa, colocou-o no ponto mais alto do templo e disse-lhe: Se és Filho
de Deus, lança-te abaixo, pois está escrito: Ele deu a seus anjos ordens a teu respeito; proteger-te-ão com
as mãos, com cuidado, para não machucares o teu pé em alguma pedra {Sl 90,11s}. Disse-lhe Jesus:
Também está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus {Dt 6,16}.

Segundo Vieira, a mudança de sentido do que está escrito, transforma a Palavra de Deus em palavras da
pessoa que está falando, se homem palavra de homem, se demônio palavra de demônio.

Parte X
Nessa última parte, padre Vieira fala que um dos maiores problemas é os pregadores terem medo de cair
em descrédito. Ficam adulando o povo em vez de pregar as verdades divinas.Diz que o bom sermão não
é aquele que faz os ouvintes se sentirem bem, e sim aquele que faz os ouvintes se sentirem mal e
refletirem sobre suas vidas para que busquem o perdão dos pecados.

Argumentos:
1.Para argumentar, ele cita o maior pregador e teólogo da história da Igreja, Apóstolo S. Paulo, que
sempre ensinou que o pregador deve pregar: “com infâmia ou com boa fama”, e também:“se eu
contentasse aos homens, não seria servo de Cristo”.
2.Argumenta também citando o exemplo de um médico que não se preocupa se o tratamento do doente
é doloroso, e sim com o efeito benéfico desse tratamento, o importante é a recuperação do paciente.

Padre Vieira faz a conclusão de sua mensagem com uma aplicação prática, encerra a parte X chamando a
atenção dos ouvintes para a responsabilidade do pregador que prestará contas a Deus, e convida as
pessoas para se santificarem:

Advirtamos que nesta mesma Igreja há tribunas mais altas que as que vemos: SpectaculumfactisumusDeo,
Angelis et hominibus. Acima das tribunas dos reis, estão as tribunas dos anjos, está a tribuna e o tribunal
de Deus, que nos ouve e nos há-de julgar. Que conta há-de dar a Deus um pregador no Dia do Juízo? O
ouvinte dirá: Não mo disseram. Mas o pregador? Vae mihi, quiatacui: Ai de mim, que não disse o que
convinha! Não seja mais assim, por amor de Deus e de nós.
Estamos às portas da Quaresma, que é o tempo em que principalmente se semeia a palavra de Deus na
Igreja, e em que ela se arma contra os vícios. Preguemos e armemo-nos todos contra os pecados, contra
as soberbas, contra os ódios, contra as ambições, contra as invejas, contra as cobiças, contra as
sensualidades. Veja o Céu que ainda tem na terra quem se põe da sua parte. Saiba o Inferno que ainda há
na terra quem lhe faça guerra com a palavra de Deus, e saiba a mesma terra que ainda está em estado
de reverdecer e dar muito fruto: Et fecitfructumcentuplum.

Considerações finais

O sermão da sexagésima é um exemplo do estilo sofisticado da época do Barroco. Ele contém um


riquíssimo ensinamento cristão, mas pode ser apreciado também por pessoas de religiões diferentes, ou
até mesmo sem religião. Isso porque sua qualidade literária é algo admirável. É um clássico, e como todo
clássico merece ser lido e relido.

O Padre Antônio Vieira não marcou apenas o seu tempo, a influência de suas palavras tem um impacto
muito forte, principalmente para aqueles que são amantes da arte de pregar.

CAPÍTULO I

OBSERVAÇÃO, INTERPRETAÇÃO E APLICAÇÃO


1. Observação (descubra o que o texto diz)

Aprender nunca é fácil, exige um ato de vontade, precisamos ter a disposição e o desejo de aprender e
exige persistência e disciplina. Temos que registrar e anotar tudo que achar importante.

A observação requer que assumamos o papel de investigador bíblico, procurando pistas quanto ao
significado do texto. Observar significa estar mentalmente ciente do que vê. O propósito da observação
é extrair do conteúdo da passagem a revelação da mensagem. Na observação, fazemos perguntas e
respondemos ao texto: Em que tempo foi escrito? Para quem? Por quê? Qual o significado dos nomes,
dos lugares, dos números etc.?

No livro, A doutrina cristã, que é um manual de hermenêutica e pregação, Santo Agostinho estabeleceu
princípios importantes de interpretação bíblica. Entre esses princípios destacam-se os seguintes:

✓ O intérprete deve possuir fé cristã autêntica.


✓ Deve-se ter em alta conta o significado literal e histórico da Escritura.
✓ Há significado nos números bíblicos.
✓ O AT é documento cristão porque Cristo está retratado nele do princípio ao fim.
✓ Compete ao expositor entender o que o autor pretendia dizer, e não introduzir no texto o significado
que ele, expositor, quer lhe dar.
✓ O intérprete deve consultar o verdadeiro credo ortodoxo.
✓ Um versículo deve ser estudado em seu contexto, e não isolado dos versículos que o cercam.
✓ A passagem obscura deve dar preferência à passagem clara.
✓ O expositor deve levar em consideração que a revelação é progressiva.
Salmos 118:18

O salmista estava pedindo a Deus que abrisse seus olhos para que pudesse ver com visão e discernimento
a verdade que Deus revelará.

Temos que desenvolver a capacidade de enxergar com a mente sempre que ler um texto bíblico, observar
cuidadosamente as palavras, atento aos detalhes. Muitos pregadores têm o hábito de ler as escrituras
sem enxergar o escondido = mistério.

Quando lemos e não refletimos nas palavras, não sabemos o que dizer. Às vezes não vemos o foco da
mensagem no texto, porque somos observadores distraídos; com uma observação descuidada e
inadequada, muitas vezes fazemos interpretações errôneas e aplicações fracas.

A prática e a concentração são as prioridades que temos que exercitar. A observação é um processo a ser
desenvolvido. O pregador pode aumentar seu poder de observação quanto mais se dedicar à busca da
mensagem. As observações formarão a base da mensagem anunciada e construirão o significado do texto.

2. Interpretação
O significado de determinadas passagens bíblicas nem sempre estão claras. Existem razões para isso.
Trazemos certos métodos incorretos de conhecimentos, atitudes, convicções próprias sobre as escrituras
e sobre Deus.
Interpretar é explicar ou esclarecer o significado revelado da mensagem que já passou pela fase da
observação. O objetivo da interpretação é compreender o sentido que a passagem quer comunicar as
pessoas do seu tempo.

Quando o salmista orou a Deus (Salmos 118:34), ele estava batendo à porta da interpretação, ele sabia
que sem entendimento do significado do texto, não poderia haver aplicação da mensagem (atentar para
isso). Por outro lado, uma vez que o Espírito Santo abrisse a porta do entendimento, ele estaria preparado
para agir de acordo com o que Deus havia dito.

O auxílio do Espírito Santo para nós será na descoberta daquela intenção original, e em nos orientar
enquanto procuramos fielmente aplicar o significado as nossas mensagens. Nunca um texto vai significar
o que ele nunca significou.

Interpretar é explicar ou mostrar o significado de algo, não o que significa para o pregador, mas o que
Deus revelou pelo Espírito Santo ao autor.

O propósito da interpretação é entender a mensagem central da passagem. A interpretação da mensagem


bíblica é uma tarefa importante que deve ser feita em oração, com serenidade, humildade e cuidado.

3. Aplicação
A palavra de Deus não produz fruto na vida quando é entendida e sim quando é aplicada. Ela é o
instrumento pelo qual o Espírito de Deus transforma o homem. Por isso Tiago 1:21 exorta: deixe a palavra
de Deus criar raízes em sua vida. Como? Provando ser um praticante da palavra, não mero ouvinte. Após
as observações e a correta interpretação do texto, precisamos saber como as verdades e princípios
bíblicos podem ser aplicados em nossas vidas. O propósito das escrituras não é aumentar nosso
conhecimento, mas gerar em nós fonte de revelação aos ouvintes da mensagem por nós anunciada.

Quando a mensagem fica separada da aplicação ela se torna vazia. A aplicação deve ser rigorosa,
completa, correta, ela não pode ser uma parte isolada da mensagem; uma aplicação convincente deve
refletir com cuidado os dados da passagem.

Para aplicar uma passagem, é preciso focar o assunto central da mensagem.

As aplicações poderão ser de dois tipos: fé e ação. Na prática, fé e ação deveriam ser inseparáveis; no
entanto, há determinadas passagens em que se pode concentrar mais numa que na outra. Assim trabalhe
as áreas de aplicação com a observação e interpretação contida na passagem.

Procure decidir qual a aplicação mais centrada na mensagem anunciada. A aplicação deve mostrar os
“rhemas” da passagem para os ouvintes.

Cientes de que quando a Bíblia fala, Deus fala, quando o texto bíblico é exposto com fidelidade, o povo é
instruído e fortificado na fé e Deus é engrandecido e glorificado. Um compromisso fiel com a Palavra de
Deus é um compromisso inabalável com o Deus da Palavra. Que em tempos marcados pelo relativismo,
superficialidade e desvios na exposição bíblica, possamos dar aos ouvintes o que a Palavra tem de melhor.
Que Deus nos ajude a sermos expositores fiéis de Sua Palavra.
CAPÍTULO II
PASSOS PARA A LEITURA DA MENSAGEM

Depois de definido o tema a ser aplicado em uma pregação e escolhido o texto, devemos nos lembrar
que, nos capítulos e versículos a serem tratados, existe todo um contexto que não pode ser ignorado, pois
podemos distorcer o sentido do texto original, e a palavra perde seu efeito. Por essa razão, há alguns
passos que podem direcionar nossa leitura e entendimento da mensagem. São eles:

1º Passo:Ler com atenção, observando o contexto, tempo em que foi escrito, para quem, em que
condições etc. Ou seja, a leitura deve envolver estudo profundo, investigação acerca de tudo que está
envolto no texto. A palavra não produz fruto ao preguiçoso (Provérbios 2:1-6); não encontramos a
sabedoria na superfície, mas em um nível mais profundo. É preciso penetrar a superfície com mais do que
uma simples olhada apressada (Hebreus 2:1); sem atenção entramos em desvios.

2º Passo:Ler repetidamente. Leia repetidas vezes, e ainda verá coisas que você não tinha visto em suas
leituras anteriores.

3º Passo:Ler pacientemente. Numa época onde tudo se faz com rapidez, a tendência é querer dar
alimento instantâneo (miojo). Mas o aprofundamento da mensagem toma tempo. Não use atalhos, os
caminhos curtos levam a resultados vãos; deve haver persistência na leitura e compreensão do texto.

4º Passo:Ler a palavra com oração. A oração é uma chave para a busca da mensagem; aprenda a orar
antes, durante e depois da leitura das escrituras. O salmo 118 é um exemplo de oração de estudo da
mensagem: o versículo 18 pede entendimento, o 34 pede ajuda para observar.

5º Passo:Ler observando a gramática. É fundamental que você leia o texto prestando atenção às questões
que envolvem a clareza e a coerência da mensagem, a pontuação, a ortografia, a concordância entre as
palavras etc. Destacamos alguns pontos:

• Dicionário: é importante utilizar um dicionário para entender o significado de algumas palavras,


evitando-se equívocos no entendimento da mensagem. Veja um exemplo: em Gálatas 3, 14, está
escrito “Assim a bênção de Abraão se estende aos gentios, em Cristo Jesus, e pela fé recebemos o
Espírito prometido”. Algumas pessoas confundem o substantivo “gentio” (pagão) com o adjetivo
“gentil” (sinônimo de cortês, amável, generoso, nobre). Esse equívoco altera o contexto da
mensagem.

• Pronúncia correta: muitas palavras causam dúvidas em relação ao modo de pronunciá-las; o


dicionário também nos ajuda a saber a pronúncia correta. Por exemplo: ao ler uma passagem do
livro de Êxodo, não podemos pronunciar o título do livro como se a letra X tivesse som de “CH”; o
som é de “Z” e o dicionário nos mostra isso. Veja: ê.xo.do(z). A letra entre parênteses mostra a
pronúncia correta da palavra.
• Modos verbais (indicativo, subjuntivo e imperativo): os modos verbais ajudam a entender o
contexto da mensagem. Por exemplo, em Josué 1, 7, “Tem ânimo, pois, e sê corajoso para
cuidadosamente observares toda a lei que Moisés, meu servo, te prescreveu. Não te afastes dela
nem para a direita nem para a esquerda, para que sejas feliz em todas as tuas empresas.” Os três
verbos em negrito estão no modo imperativo (que é usado para ordens, sugestões, pedidos) e
indicam uma ordem de Deus para Josué. O verbo que está grifado está no modo subjuntivo (usado
para indicar possibilidades, incertezas). Nesse caso, fica evidente que a felicidade de Josué
somente será possível se obedecer as ordens de Deus; essa é a condição.

• Tempos verbais: muitos confundem a 3ª pessoa do plural do futuro do presente (entrarãona terra
prometida) com o pretérito perfeito (entraram na terra prometida). Ao estudar a passagem ou ler
o texto para a assembleia, o uso correto desse tempo verbal faz toda a diferença: quando uso o
pretérito perfeito, estou dizendo que a ação já aconteceu (passado); quando está no futuro, a ação
não aconteceu ainda (e pode ser que não aconteça).
• Substantivos e verbos: substantivos nomeiam tudo o que existe (pessoas, lugares, sentimentos
etc.); verbos indicam ação, estado ou fenômeno da natureza. Ocorre, às vezes, de confundirmos
essas duas classes gramaticais. Veja um exemplo: PERDA (substantivo feminino, sinônimo de
extravio, privação, destruição, prejuízo, dentre outros) e PERCA (flexão do verbo perder, que
significa deixar, desperdiçar, estragar, perecer, corromper, esquecer etc.). Em Filipenses 3,8, Paulo
diz: “Na verdade, julgo como perda todas as coisas, em comparação com esse bem supremo: o
conhecimento de Jesus Cristo, meu Senhor”. (sentido de prejuízo, privação). No evangelho de
Mateus, temos: “Assim é a vontade de vosso Pai celeste, que não se perca um só destes
pequeninos”. (sentido de corromper, perecer). É importante ficar atento a essas diferenças.

• Pontuação: a pontuação na linguagem funciona como uma espécie de sinalização, guiando e


organizando o texto a ser lido. Como num trânsito, os sinais apontam onde deve haver pausas ou
o que chama a atenção. Por isso, ao ler a passagem bíblica, fique atento aos sinais de pontuação,
que facilitarão o entendimento da mensagem.

6º Passo:Leia fazendo perguntas ao texto:

a) Quem escreveu? Quem está recebendo a mensagem? A quem se fala? Quem são as pessoas?
Procure saber.

b) O que está acontecendo? Quais são os eventos? Em que ordem ocorrem? O que acontece com os
personagens? Discuta com o texto a respeito do ponto de vista, do argumento, do que o escritor
sagrado está tentando comunicar. Por exemplo: Êxodo 16:19-21 - O que está errado nessa
situação?

c) Onde está acontecendo? Onde estão as pessoas? De onde estão vindo? Para onde vão? Essas
perguntas fornecem o local e podem ajudar a obter respostas. Por exemplo: Jonas 1:1-3 - Aonde
Deus mandou o profeta? Aonde ele foi? Onde ele foi parar? O texto vai falar.

d) Quando aconteceu? Quando vai acontecer? Essa pergunta indica e leva a observar o tempo; antes,
depois, quando, até, então etc. Exemplo: Lucas 21:17.

e) Por que isso foi colocado aqui? Por que isso vem depois daquilo? Por que esta pessoa fez isso? A
questão “por que” busca o significado ou o propósito, investiga o texto. Exemplo: Atos 9:10-16 –
Por que Ananias deveria ir a Saulo de Tarso? Porque Deus tinha um propósito.

f) Para quê? É a pergunta que nos faz começar a praticar algo sobre o que lemos. Lembre-se: a
palavra de Deus não foi escrita para satisfazer nossa curiosidade, precisamos perguntar para quê?
Na aplicação, você verá várias maneiras de se responder a essa pergunta. Como? Como as coisas
se deram? Qual foi o resultado? Como isso é feito? Como aconteceu? Exemplo: Mateus 16:21.
Para que ir a Jerusalém? Sofrer muito, ser morto, para salvar a humanidade.

7º Passo: Ler fazendo anotações: Anotar as palavras difíceis e traduzi-las (dicionário), anotar fatos
importantes, as ordens, os decretos de Deus, ler em outras traduções, anotar as semelhanças com outras
passagens. Ler em ordem a sequência dos acontecimentos bíblicos e anotá-los. Veja um exemplo: Isaías
10:20-27: Apoiar-se em quê? Voltar-se a quem? Não temer o quê? Que peso foi imposto? Onde foi
imposto? O que desaparecerá? Tudo isso está relacionado aos passos de leitura e deve ser anotado para
que a nossa mensagem fique clara e objetiva.

Para finalizar esse capítulo, devemos nos lembrar sempre que a palavra que pregamos precisa causar
primeiro o efeito em nós que a lemos e temos a missão de aplicar aos ouvintes. Por isso, orar e seguir
esses passos deve ser algo natural na vida do anunciador.

CAPÍTULO III

MÉTODOS A TRABALHAR NO TEXTO

Devemos extrair do texto a mensagem; temos que trabalhar o que se almeja transmitir. Para tanto,
precisamos conhecer os elementos que fazem parte do texto.

Os métodos apresentados a seguir nos ajudam a conhecer esses elementos e aplicá-los em nossa
pregação:
Métodos temáticos: esse método lida com um assunto específico. Podemos usar como tema: oração,
libertação, adoração, Amor de Deus etc. Por exemplo, em 1ª João 4:8, a mensagem é específica sobre o
Amor de Deus.

Método biográfico: utiliza a vida de personagens bíblicos, foca-se e observa-se a vida do personagem,
utiliza a sua história, os acontecimentos, a maneira pelo qual Deus operou em sua vida, dentre outros
aspectos.

Método de comparação: é a associação de duas ou mais coisas iguais ou parecidas. Às vezes, as palavras
“como”, “tal”, “igual a” darão a pista de que duas ou mais coisas estão sendo comparadas. Por exemplo,
Isaías 29:18 é uma comparação com Mateus 11:5, um texto do antigo testamento se completa com o
texto do novo testamento.

Método de causas: trata-se do motivo para se fazer algo e depois o resultado disso. Vários textos abordam
as causas e suas consequências, possibilitando que o pregador extraía conteúdo e objetivo para a
mensagem. Em Habacuque 2:5, temos uma causa, a ganância, e seu efeito, que foi a guerra.

Método geográfico: aqui a chave é o lugar; o acontecimento ocorre em um local específico ou a pessoa
está em um determinado lugar, e esse espaço fala, traz o sentido para a transmissão da mensagem. Temos
um exemplo em Rute 1:1-3: Elimelec, sua mulher Noemi e seus dois filhos Maalon e Quelion saíram de
Belém (casa do pão) para irem a Moab(terra desejável) e morreram lá.

Método cronológico: expressões relacionadas ao tempo (então, antes, neste tempo, até, depois disso
etc.) nos ajudam a perceber quando o fato aconteceu.

Método dos instrumentos: nesse método, o foco é a observação dos artifícios/ instrumentos/estratégias
utilizados para que algo aconteça. As palavras chaves utilizadas nesse método são os instrumentos; por
exemplo, as 5 pedras que Davi usou contra Golias (I Samuel 17:40) e as trombetas, ânforas e tochas
utilizadas por Gideão e seus batalhões (Juízes 7:20). No caso de Davi, ele pegou 5 pedras e usou somente
uma para derrubar o gigante; isso nos remete à palavra dos cincos primeiros livros da bíblia, o Pentateuco;
no novo testamento, Jesus também usa somente uma pedra, a do Deuteronômio, para derrubar o gigante
satanás no deserto da tentação (Mateus 4:1-11).

Se trabalharmos esses métodos de observação, encontraremos várias reflexões a serem aplicadas em


nossas mensagens.
CAPÍTULO IV

ELEMENTOS A PROCURAR OU DESVENDAR NO TEXTO

Na observação, se pergunta e responde a questão: O que vejo? O leitor assume o papel de detetive bíblico,
à procura de pistas; anota e faz uma lista dos detalhes e das relações que encontra para reflexão e
comparação nos passos seguintes do estudo.

Há algumas pistas importantes a se observar nas escrituras e você acha uma mina toda vez que as
identifica. Para encontrá-las, é necessário observar os elementos que são enfatizados. Abordaremos cinco
maneiras pelas quais os escritores bíblicos enfatizam seus pontos:
• Quantidade de espaço dado ao assunto: por exemplo, no livro de Êxodo, os capítulos 25-40, ocupam-
se do tabernáculo, com detalhes minuciosos sobre a sua construção, e também com o sacerdócio.
Uma das razões para tal quantidade de material sobre o tabernáculo é certamente impressionar com
a importância que Deus dá à adoração. Eles desejam relacionar-se com seu povo, um relacionamento
somente estabelecido e mantido na base do sacrifício de sangue.

• Ordem ou sequência estratégica: pela escolha da sequência em que se colocam as pessoas, os


eventos, as ideias e assim por diante, um escritor pode chamar a atenção para algo. Assim fique
atento à ordem cronológica dos fatos, pois podem revelar importantes critérios do texto.

• Elementos que se repetem: é provável que não haja ferramenta de ensino mais poderosa do que as
repetições; ela reforça, enfatiza a importância do que estudar na palavra, frase, ideia ou conceito
repetido, determinando porque se repetem e como se relacionam. Em Hebreus 11, a expressão “pela
fé”, aparece 18 vezes. No Eclesiastes, se repete “vento que passa”. Em Apocalipse, a repetição é o
“Cordeiro”. Outro exemplo: observando a passagem de 1ª Tessalonicenses 3:2-10, vemos que a
palavra “fé” aparece 5 vezes e você poderia perguntar: “Por que a fé é mencionada tantas vezes?”
Ao observar, nesse mesmo trecho, a repetição da palavra “tribulação”, poderíamos concluir que a fé
é fortalecida pela correta reação à tribulação.

• Elementos semelhantes e diferentes: As coisas que são semelhantes e as que são diferentes fazem
parte da forte tendência humana de comparar e contrastar. Conforme você estudar as escrituras,
atente para perceber alguns aspectos, a partir de algumas perguntas comparativas: “Isto é igual a
passagem que li ontem ou essa parte é diferente de tudo neste livro?”. Esses são claros sinais de que
o autor está usando semelhanças e diferenças para comunicar a sua mensagem.

Alguns exemplos:

✓ Gênesis 3:21, em comparação a Lucas 8:27 e v35


✓ Isaías 38:em comparação a 2Reis20
✓ Abordar semelhanças e diferença entre o lobo e cordeiro Eclesiástico 13:21(várias outras
realidades:santo e profano, justiça e injustiça, etc.)
✓ Diferenças entre Páscoa cristã e Páscoa judaica
✓ Diferenças entre Pentecostes no Cristianismo e o Pentecostes judaico

• Elementos que são da vida real: há um toque de autenticidade nos relatos dos personagens bíblicos;
suas experiências de vida são recortadas das mesmas realidades que vivemos. O que a passagem diz
sobre a realidade? Que aspectos do texto se repercutem em minha própria existência? As mesmas
coisas que os personagens bíblicos experimentaram, nós experimentamos, sentimos as mesmas
emoções que eles sentiram. Temos as mesmas dúvidas que eles tinham. Eles eram reais, pessoas
vivas que enfrentavam as mesmas lutas, os mesmos problemas e as mesmas tentações que nós
enfrentamos. Assim você precisa perguntar: Quais eram as ambições dessa pessoa? Quais seus
objetivos? Que problema estava enfrentando? Como se sentia? Qual a sua reação? Qual seria nossa
reação? Muitas vezes, passamos e ensinamos as escrituras como se fosse uma lição teológica ou
filosófica e não vida real. Estamos perdendo as melhores lições da palavra de Deus, quando deixamos
de considerar as experiências de pessoas da escritura.

Para finalizar, destacamos a importância de observar, atentamente, essas cinco formas de enfatizar os
elementos da passagem bíblica, para facilitar o entendimento da mensagem.

CAPÍTULO V
OS SENTIDOS DOS TEXTOS DAS SAGRADAS ESCRITURAS

Deus fala aos homens à maneira dos homens! O Catecismo aponta a didática de Deus para com o ser
humano. Para nos comunicar seu projeto de amor, Deus se faz igual a nós. Mesmo sendo Deus, vem ao
mundo e se faz igual a nós e fala a nossa maneira. Isto faz lembrar as palavras do Apóstolo Paulo na 1ª
Carta aos Coríntios, 9:20-23. Sabendo disso, é preciso estar atento ao que os autores humanos quiseram
transmitir, e ao que Deus quis manifestar através das palavras deles (CIC §109). Por isso, na continuidade
desse pensamento, o Catecismo alerta para a devida interpretação das intenções dos autores sagrados
(CIC 110). Para descobrir essa intenção, é preciso ter em conta as condições do seu tempo, porque a
verdade é proposta e expressa de modos diversos em textos históricos, proféticos, poéticos e de outros
gêneros.
Para interpretar a Bíblia, é preciso considerar as circunstâncias em que os textos foram escritos,
considerar o autor, o contexto, o estilo, etc. No §111 do CIC, temos um alerta de que é o Espírito Santo
que interpreta as escrituras, sem essa interpretação divina, a escritura seria uma letra morta. Ou seja,
todo e qualquer esforço humano para compreender as escrituras é válido, mas só é eficaz, quando se abre
à ação do Espírito Santo. Foi ele (o Espírito Santo) que inspirou os autores humanos e, portanto, é também
ele quem ensina a compreender.

Cabe a nós como pregadores o bom senso; não fechar os olhos e esperar que Deus interprete por nós
enquanto ficamos acomodados. Em contrapartida também não se deve ficar apenas nos estudos técnicos,
analisando o que foi escrito, e muito menos sem uma abertura de coração. Esse bom senso é necessário,
a fim de que Deus possa nos ensinar a ler e a compreender o que foi escrito.

A Sagrada Escritura deve também ser lida e interpretada com a ajuda daquele mesmo Espírito em que foi
escrita. O catecismo apresenta três critérios para a interpretação da Bíblia conforme foi inspirado pelo
Espírito Santo:

I. Estar atento ao conteúdo e à unidade da Bíblia inteira: significa que a Bíblia, mesmo tendo muitos
livros, é um só; é uma só verdade que se centraliza em Jesus Cristo, como já foi dito nos artigos
anteriores.
O antigo testamento anuncia e prepara a vinda de Cristo, enquanto o novo testamento é a realização da
vinda de Cristo, com seu nascimento, morte, ressurreição; é o início da igreja. Não faz sentido ler os
Evangelhos falando que Jesus veio nos salvar e nos libertar do pecado, sem considerar o livro de Gênesis,
onde está relatado que o pecado entrou no mundo.

II. Ler a Bíblia dentro da tradição viva da igreja, dentro daquilo que o Espírito Santo inspirar.
III. Estar atento à analogia da fé: as verdades de fé têm ligação entre si. Ou seja, os diversos mistérios
que vemos na Bíblia devem ser lidos de maneira harmoniosa. Por exemplo: o mistério da encarnação
ilumina o mistério da Eucaristia.
O catecismo ensina dois sentidos básicos da Sagrada Escritura: o sentido literal e o sentido espiritual.

a) Sentido Literal: é o que o texto bíblico diz em si, é o sentido que a exegese descobre. Exegese é a
ciência que estuda as características do texto, contexto de época, cultura, o autor etc.

b) Sentido Espiritual: refere-se ao que Deus quis comunicar através do texto bíblico. Graças à unidade
do projeto de Deus, não somente o texto da escritura, mas também as realidades e os
acontecimentos de que Ele fala podem ser sinais. Neste sentido, temos três dimensões (para
melhor exemplificar, vamos tomar como base a história da libertação do povo de Israel da
escravidão do Egito):

1) Dimensão alegórica: é a exposição de um pensamento de forma figurada. A partir do fato de Cristo


ser o centro das Escrituras, este sentido busca o significado dos acontecimentos em Jesus. Exemplo:
quando lemos a libertação do povo de Deus que estava escravizado no Egito e que caminha rumo à terra
prometida, sendo conduzido por Moisés, interpretamos assim: somos o povo de Deus, e o faraó é o diabo
que nos escraviza no pecado (o diabo é uma alegoria para o faraó). Jesus vem nos libertar e nos faz passar
pelas águas do Batismo, assim como o povo de Israel passou pelo Mar Vermelho. Passando pelo Batismo,
afogamos a tropa do Faraó (diabo), pois o Batismo nos abre caminho para a salvação. E por sermos Igreja
caminhamos peregrinos neste mundo (como o povo de Israel caminhou pelo deserto), para chegarmos à
terra prometida (alcançarmos a vida eterna junto do Senhor).

2) Dimensão moral: o sentido moral aponta para a nossa instrução, para o senso de justiça e
moralidade. Por exemplo: quando Moisés enfrenta o faraó por causa do povo de Deus ou ainda as
dificuldades enfrentadas pelo povo no deserto. É interessante observar que a Bíblia possui um teor moral,
mas não é moralista, porque não se resume a valores morais. Vejamos outros exemplos: Provérbios 3:27
- sentido de justiça. Provérbios 30:12 e Romanos 6:19 - sentido de moral.

3) Dimensão anagógica: a palavra “anagógico” significa ir para cima (elevação espiritual). Remete a
nossa salvação eterna, ao céu. Na prática, relaciona os acontecimentos com a nossa salvação, com a vida
eterna junto de Deus. Exemplo: o povo de Deus que caminha no deserto rumo à terra prometida. A terra
prometida é o céu, nós, que somos Igreja, caminhamos neste mundo rumo ao céu, rumo à eternidade.
Os sentidos das Escrituras ajudam a trilhar o caminho da correta interpretação. Para facilitar nosso
entendimento, o Catecismo apresenta uma expressão bastante antiga:

“A letra ensina o que aconteceu, a alegoria o que deves crer, a moral o que deves fazer, a anagogia para
onde deves caminhar. ”

CAPÍTULO VI

CHAVES PARA INTERPRETAR O TEXTO

Existem duas chaves fundamentais para a interpretação de um texto. São elas:

1. Conteúdo: Há uma relação direta de causa e efeito entre o conteúdo e o significado. O conteúdo
de uma passagem é a matéria-prima, a base de informações com a qual você irá interpretar o
texto. Por causa de seu trabalho na observação, você já sabe como determinar o conteúdo de uma
passagem.
Lembre-se: procuramos por termos literários, biográficos; fizemos uma série de perguntas
penetrantes (como, quem, o que, onde); procuramos coisas enfatizadas, repetidas, semelhantes,
diferentes etc. Cercamos o texto com vários elementos que visam responder a pergunta: O que
vejo? Se você fez bem sua lição, descobriu o conteúdo da passagem. Em outras palavras,
respondeu a pergunta e sabe o que o autor está dizendo.

2. Contexto: O que quer dizer contexto? O contexto se refere ao que vem antes e ao que vem depois
de algo. Todas as principais seitas são formadas a partir da violação do princípio do contexto: os
textos são arrancados de seu contexto e apresentados de maneira que o significado original seja
totalmente destorcido. Por exemplo: Êxodo 20 é usado para falar dos deuses falsos como apoio
para acusar sobre idolatria; só pode ser exposto, porque está fora do contexto.

O manuseio correto do texto e do contexto é a ajuda que o pregador pode dar a si mesmo no
sentido de compreender a mensagem. Quando estudar um versículo, parágrafo ou um capítulo
inteiro, consulte os “vizinhos” daquele versículo, parágrafo ou capítulo.

Há vários tipos de contexto e cada um expressa um ponto de vista diferente sobre a passagem que
está sendo meditada:

a) Contexto histórico: Quando o fato está acontecendo? Onde na história a passagem se encaixa?
O que está acontecendo no mundo na mesma época? Quais são as influências sociais, políticas,
etc? Por exemplo: em que tempo Noé estava construindo a Arca? (Gênesis 6:5-22/ Mateus
24:37-39).

b) Contexto cultural: A cultura tem poderosa influência sobre todas as formas de comunicação,
e as culturas nos tempos bíblicos tiveram profundo efeito na elaboração das Sagradas
Escrituras. Assim, quanto mais informações buscarmos sobre as culturas antigas e seus
costumes, mais visão teremos do texto. Um exemplo: não ter filhos era sinal de maldição
(Gênesis 30:1-2).

c) Contexto geográfico: A investigação do contexto geográfico nos responde as perguntas: Como


era o terreno? As características da região? Como era o clima? Qual a distância entre as cidades
e os lugares mencionados no texto? Quais eram as rotas de transporte para o povo? Qual o
tamanho da cidade? Por que tipos de lugares eram conhecidos? Podemos citar como exemplo
as viagens de Paulo: Atos 13:14 descreve a primeira viagem (várias cidades); Atos 15:36, a
segunda (Antioquia) e Atos 18:23, a terceira.

d) Contexto teológico: A questão aqui é compreender o que o autor sabia sobre Deus. Qual
relacionamento dos seus leitores com Deus? Como aquele povo adorava Deus naquela época?
A que parte das escrituras eles tinham acesso, antes ou depois de Cristo? Que outras religiões
e visões de mundo tinham influências sobre eles? Por exemplo: se você estiver meditando o
texto de Noé em Gênesis, estará antes dos dez mandamentos, antes do sermão da montanha;
na verdade, Noé não tinha fragmento de texto bíblico para consultar. O que isso lhe diz,
quando lê: “Noé achou graça diante do Senhor. ” (Gênesis 6:8)? Deus falava através da aliança
que fazia com os seus. Em Gênesis 9:8-13, Deus faz aliança com Noé.

A interpretação de uma passagem deve harmonizar-se com a situação histórica e cultural do livro. Você
deve observar a fundo, com a luz acesa sobre ela, para captar seu significado. Prestar atenção nos
contextos históricos e culturais, nos fatores que levaram à escrita da passagem, as influências que tiveram
sobre o texto e o que aconteceu como resultado da mensagem. Certifique-se de verificar o pano de fundo
da passagem, recrie a cultura e o texto passará a ter vida hoje.

O pregador deve procurar familiarizar-se com as histórias do velho e do novo testamento, conhecendo a
cronologia dos principais eventos. Todo conhecimento histórico sobre o período transforma-se em
ferramenta de interpretação. Só podemos entender o livro de Juízes, se antes lermos o de Josué, que por
sua vez, tem suas raízes no Pentateuco. Muitos dos oráculos dos profetas só podem ser entendidos se os
lermos à luz dos acontecimentos históricos, descritos nos livros de I e II Reis e I e II Crônicas, quando se
conhecem as condições políticas, militares, religiosas e sociais do povo de Israel e dos povos vizinhos. É
em Atos que lemos as condições da época em que as epístolas de Paulo foram escritas, ou sobre o que
aconteceu na fundação das comunidades.

O pregador que fizer uso inteligente de dados culturais e históricos enriquecerá sua compreensão e
aplicação da mensagem. Outro exemplo é o contexto histórico e cultural na personagem de Rute; não
podemos entender o livro de Rute sem compreender o direito e a responsabilidade que um parente
próximo tinha de resgatar a terra do parente morto e proporcionar um filho a viúva. No versículo 1 diz:
“Nos dias em que governaram os juízes, houve fome na terra.” Essa informação nos remete a Juízes, livro
anterior a Rute. Deste modo, para obtermos uma visão exata da época em que viveram os personagens
do livro de Rute, necessitamos conhecer as condições da terra de Israel descritas em Juízes. Ao lermos
esse livro, especialmente os capítulos 17 a 21, concluímos que o país era um caos, pois cada pessoa fazia
o que achava mais reto. Entretanto, no meio de lamentáveis circunstâncias, vemos no livro de Rute a mão
de Deus a mover-se silenciosa e discretamente, a fim de cumprir o seu propósito em duas pessoas
piedosas: Boaz e Rute. Assim o contexto histórico de Rute revela Deus no controle de tudo o que acontece
com os seus, e que, apesar das condições adversas, Ele é o Todo Poderoso para executar os seus desígnios
àqueles que lhe pertencem.

Algumas ferramentas úteis que servirão para o início da construção de uma valiosa caixa de ferramentas
para você usar no trabalho da interpretação:

Atlas: coleção de mapas que mostram lugares mencionados no texto; ajuda a superar barreiras
geográficas.

Dicionários de palavras bíblicas: explicam origens, significado e uso de palavras e termos do texto.
Superam barreiras linguísticas.

Manuais bíblicos: apresentam informações úteis sobre diversos assuntos dos textos bíblicos. Superam
barreiras culturais.

Concordância bíblica: lista todas as palavras do texto em ordem alfabética com as referências de onde
aparecem. É útil para localizar uma passagem quando não se lembra da referência.
Alguns desses materiais supracitados não encontraremos nas livrarias católicas. Todavia usamos o falar
do apóstolo Paulo, que diz: ”Examinai tudo, abraçai o que é bom”. I Tes 5,21.

CAPÍTULO VII

COMO RECONHECER E INTERPRETAR OS SÍMBOLOS NA SAGRADA ESCRITURA

Deus é o autor da Sagrada Escritura a inspirar seus autores humanos; age neles por meio deles. Fornece,
assim, a garantia de que seus escritos ensinem sem erro a verdade Salvífica.

A interpretação das Escrituras inspiradas deve, antes de tudo, estar atenta aquilo que Deus quer revelar
por intermédio dos autores sagrados para nossa salvação. O que vem do Espírito Santo só é plenamente
entendido pela ação do Espírito Santo(CIC§136-137). Com essa afirmação da Igreja, temos que trabalhar
todas as ferramentas necessárias para poder interpretar o texto e aplicar na mensagem; por isso o CIC
(§128-129) nos fala dos tipos (tipologia) como ferramenta que discerne as obras de Deus contidas na
antiga Aliança, que são prefigurações daquilo que Deus realiza na plenitude dos tempos na pessoa de seu
filho.

Usando o termo ferramenta como meio de interpretação, queremos ilustrar alguns exemplos e seu valor
quanto ao uso. Lembre-se que toda ferramenta tem um uso específico: tente desparafusar um parafuso
com um martelo, não será possível, porque este não foi inventado para esse propósito (haverá
consequência; algum dano acontecerá).

A) Um mapa: seu valor está na ajuda que oferece à pessoa para chegar ao destino desejado. Por isso não
pode ser muito complicado (texto bíblico). Deve ser simples, se não a gente se perde antes mesmo de
começar a viagem. O mapa não nos leva ao destino, só nos orienta como chegar, somos nós quem fazemos
o trajeto.

B) Um andaime: enquanto construímos nosso edifício, precisamos dos andaimes para fixar tijolos, para
rebocar, pintar etc., depois do edifício pronto, os andaimes são desfeitos.

A eficácia do uso das ferramentas depende da pessoa que utiliza, as informações que recebemos são base
para gerar entendimento. Por isso queremos usar a ferramenta da tipologia.

Nem todas as coisas preciosas afloram à superfície. Precisamos escavar a fim de achá-las. Assim como
escavar o primeiro poço, a obra pode ser laboriosa no início e exigir diligência; mas quando alcançamos
um rico filão de minério, somos bem recompensados ao descobrirmos que alcançamos uma mina de
riquezas preciosas.

É muito importante entendermos qual é o significado de um tipo. Em ICor 10:6, lemos no tocante às várias
experiências dos filhos de Israel no deserto que: “Estas coisas aconteceram a eles como exemplos (modo
típico).” Paulo explica que o registro desses eventos nos é oferecido na Bíblia visando ao propósito
especial que é ensinar-nos certas lições. Essa passagem parece abranger tudo quanto aconteceu ao povo
remido por Deus, na viagem do lugar da escravidão até à terra prometida. A partir daí, podemos também
chegar à conclusão de que as demais porções da história também nos foram dadas com propósito
semelhante. Mas esses incidentes, além de nos ensinar lições espirituais, realmente aconteceram.

Certas personagens são claramente referidas no AT como tipos. Aquelas eram pessoas vivas e reais, e não
mitológicas que nunca viveram; e fica claro que o registro da história delas foi dado para nos ensinar a
respeito daqueles cuja vinda prenunciavam. A história de José é exemplo notável desse fato; e quando
vemos na sua vida um retrato dos “sofrimentos de Cristo e da glória que se seguiria” e do livramento que
Cristo levou a efeito, entendemos por que uma porção tão grande do livro de Gênesis é dedicada à história
de José. Este é provavelmente o tipo mais completo do nosso Senhor que possamos descobrir; e, de modo
diferente de tantos heróis do AT, parece não existir nenhuma mancha em sua vida que maculasse o
quadro.

Em Apocalipse, é como o anti-tipo de todos os sacrifícios que Jesus é visto principalmente. É referido como
o Cordeiro nada menos do que 28 vezes. Mesmo no capítulo 5, onde o apóstolo está esperando que o
leão de Judá se apresente na sua força, este aparece como um Cordeiro; e o discípulo amado o vê de novo
como o viu pela primeira vez naquele dia inesquecível, quando João Batista o indicou como “o Cordeiro
de Deus que tira o pecado do mundo”.

Os tipos falam a respeito de Jesus. Se quisermos “crescer na graça e no conhecimento do nosso Senhor e
Salvador Jesus Cristo”, não podemos fazer nada melhor do que estudar o que eles nos contam a respeito
da sua pessoa e da sua obra. Disse aos judeus, enquanto estava na terra: “Se vocês cressem em Moisés,
creriam em mim, pois ele escreveu a meu respeito”. Com a exceção de algumas passagens, tais como
Deuteronômio 18:15-19, onde fica claramente predito o advento do Messias, era nos tipos que Moisés
escrevia a respeito de Cristo. Todos eles falavam a seu respeito: o Tabernáculo, as ofertas, as festas,
contavam a respeito de aspectos referentes da sua obra em nosso favor; e assim como “no seu templo
todos clamam Glória”, assim também em cada um desses tipos anteriores.

Os tipos são meras sombras dos bens que hão de vir e não a realidade dos mesmos (Hebreus 10:1).
Quando usamos essa ferramenta de interpretação, temos condições de enriquecer a mensagem e trazer
um melhor entendimento.

Quando estudamos a experiência de Israel no deserto, no livro de Êxodo: podemos tirar essa lição: nós
estamos, quanto ao nosso corpo, no Egito; quanto a nossa experiência no deserto; pela nossa fé, na terra
prometida.

Podemos agrupar vários tipos para nossa reflexão:

a) Tipos de calvário:

Gênesis 22: o Cordeiro preso pelo chifre nos remete ao Cristo crucificado. Pela observação do v 13, a
tipologia nos mostra a coroação de espinhos na cabeça de Cristo, pois os chifres estão na cabeça do
cordeiro. Noé foi conservado em segurança e as águas do Dilúvio não tocaram nele, pois estava em
segurança na arca, mas a arca precisava passar pelas águas e as ondas precisavam bater contra ela; assim,
a igreja de Cristo enfrenta a tempestade e se torna nossa segurança.

No incidente em Mara (Êxodo 15,22-27), onde as águas foram tornadas doces, por meio da árvore que
nela foi lançada, aqui vemos que Cristo foi lançado pela cruz nas águas amargas da morte, a fim de que
aquelas águas passassem a nos render a doçura da nossa Redenção.

b) Tipos de ressurreição

Vemos em Números 17, no florescimento da vara de Arão, doze varas foram depositadas diante do
Senhor. Todas eram igualmente mortas, não havia nelas nenhum sinal de vida; quando raiou a manhã,
aconteceu um milagre maravilhoso, uma das varas, no qual estava o nome de Arão, ficara cheia de vida:
brotos, flores e frutos tinham aparecido. Nenhum olho viu a transformação acontecer, mas quando
Moisés veio de manhã, havia evidência de vida, o que nos faz lembrar aquela manhã na qual as mulheres
chegaram até o sepulcro, quando o sol se levantou, e descobriram que aquele que procuravam não estava
morto, mas havia ressuscitado (Marcos 16:1-6). Em seguida, a vara com os brotos foi mostrada ao povo e
o milagre foi atestado por muitas testemunhas (assim lemos em Atos 1:3).

c) Tipos nas substâncias


O significado das substâncias tem um sentido esclarecedor para ser aplicado na mensagem. Exemplos:

Ouro: representa/realiza o Divino


Prata: usada para fazer moedas de redenção
Bronze: é geralmente interpretado como representação do juízo, o bronze resiste ao fogo
(Apocalipse 1:15)
Óleo: sinal da unção
Vinho: alegria
Cinza: arrependimento
Incenso: divindade de Cristo
Mirra: Paixão de Cristo

d) Tipos de roupas

A escritura está repleta de instruções quanto às roupas que devem despir e as que devem vestir. Essas
instruções são lindamente ilustradas por muitas cenas nas Escrituras.

Podemos dividir em três classes: as que nos falam de roupas feitas pelos homens, das roupas dadas por
Deus e das roupas preparadas pelo Espírito Santo. As primeiras devemos tirar, as do segundo tipo Deus
veste em nós, e as do terceiro tipo, o Espírito Santo tece por nosso intermédio.

Satanás, no jardim do Éden, despojou o homem do seu manto de inocência e o deixou nu na presença de
Deus. Em Lucas 10:30, fala que o espancaram e lhe tiraram as vestes. Na história do endemoniado, Cristo
o encontrou sem roupas (Lucas 8:27-36).

As roupas feitas de folhas de figueira não serviam para cobrir a nudez de Adão e Eva. Em Ageu 1:6, diz:
“Vestem-se mas não se aquece”; em Isaías 59:6, diz: “Suas teias não servem de roupas, eles não
conseguem cobrir-se com o que fazem.”

Mas, em Gênesis 3:21, fala que o Senhor fez roupas de pele para Adão e Eva. A mudança de roupa é
necessária a cada um de nós; não lemos que Adão e Eva vestiram a roupa de pele por cima das folhas.
Quando o filho pródigo voltou, o Pai disse trazei-me a melhor veste: essa roupa não foi revestida por cima
dos trapos que ele chegou.

O sacerdote Josué estava com roupas sujas diante de Deus (Zacarias 3:3-4) e o Senhor falou para os que
estavam a sua volta, que lhe tirassem as roupas sujas. “Depois disse a Josué: Eis que tirei de ti a tua
imundície e te revesti de roupa de festa”.

Os presos libertados não continuam usando as roupas da prisão. José, quando foi chamado para
comparecer diante do Faraó, é trazido às pressas do cárcere e mudou de roupas (Gênesis 41:14).

Quando o Rei da Babilônia soltou o Rei Joaquim, trocou-lhes as vestes (Jeremias 52:33-34) e em
Apocalipse 19:7-8, podemos ver com os vários exemplos como nos fala os tipos de roupas.

e) Lugares como tipos:

Há muito lugares na Sagrada Escritura, cujo nome é cheio de significado; muitos fatos bíblicos com
profundo significado espiritual, não poderiam ter ocorrido em nenhum outro lugar. Por exemplo:
- Belém, a casa do Pão (Rute 1:1).

- Hebrom: comunhão, onde aconteceram tantos incidentes sugestivos do que caracterizam o lugar da
comunhão (Josué 14:14).

- Getsêmani: prensa de azeite onde o Senhor foi prensado para produzir o óleo da nossa salvação e
redenção (Mateus 26:36).

- Monte Moriá: escolhido pelo Senhor; local onde Deus provou Abraão, pedindo o sacrifício de seu
filho(Gênesis 22).

- Cedrom: vale da escuridão, onde o Rei Davi foi traído por seu filho. Em contraste, temos João 18:1, em
que Jesus saiu com os seus discípulos e atravessou o vale de Cedrom. Davi é um tipo de Jesus; e o lugar
Cedrom é o mesmo para os dois Reis.

f) Personagens com o tipo de Jesus:

- Abel foi morto inocente (Gênesis 4:8) / Cristo foi morto sem culpa (Lucas 23:4)

- Isaac oferecido em sacrifício (Gênesis 22) / Cristo feito sacrifício perfeito (Filipenses 2:8)

- José vendido pelos irmãos (Gênesis 37:28) / Cristo vendido por 30 moedas (Mateus 26:14-15)

Moisés teve seu rosto iluminado (Êxodo 34:35) / Cristo transfigurou seu rosto (Mateus 17:1-5)

Davi enfrentou o gigante com 5 pedras e usou só uma (1 Samuel 17:40-51) / Cristo enfrentou satanás
tendo as 5 pedras do Pentateuco, mas só usou uma, o Deuteronômio para derrubar satanás.

g) Tipos que vão além da pessoa de Jesus:

Caim = os que confiam nas obras (Gênesis 4:3)

Abel = os que confiam no sangue (Gênesis 4:4)

Enoque = santos transladados (Gênesis 5:23-24)

Moisés = santos ressuscitados (Mateus 17:3)

Abraão = cristãos que andam pela fé (Gênesis 13:14)

Lot = cristãos que andam pela visão (Gênesis 13:10-11)

Ismael = a origem carnal (Gênesis 16:1-11)

Isaac = a origem espiritual (Gênesis 21:1-3)

Esaú = a velha natureza (Gênesis 25:31-34)

Jacó = a nova natureza (Gênesis 35:9-11)


Existem vários outros sentidos de tipologia, mas com esses temos amplos recursos para aprofundarmos
as nossas mensagens.

CAPITULO VIII
ERROS NA INTERPRETAÇÃO DO TEXTO E COMO EVITÁ-LOS

Há alguns erros que acontecem na interpretação de um texto. Nesse capítulo, vamos identificá-los e
refletir sobre as formas de evitá-los.

1 -Usar o texto fora do contexto: isso ocorre quando:

a) Omite-se parte do texto e ignora-se que toda a Bíblia é a palavra de Deus e, por isso, sua
mensagem deve ser aceita integralmente.
b) Acrescentam-se ideias pessoais às verdades sagradas, alterando o conteúdo da mensagem
original.
c) Força-se o texto a dizer algo que não condiz com o seu contexto e nem com o pensamento do
autor.

2 –Ir além do que a escritura diz: o perigo de colocar o nosso ponto de vista no texto bíblico, em vez de
extrair o que o texto realmente expressa. Existe a forte tentação de possuirmos um ponto de vista pessoal
a respeito de uma questão bíblica e buscamos então textos que justifiquem nossa opinião. Tal atitude
pode nos levar a diversos erros doutrinários.

3 –Padronizar o significado de uma palavra: por exemplo, em João 15, quando Jesus fala a respeito de
frutos, muitas vezes associamos o termo “fruto” sempre com a conversão de pessoas. No entanto, fruto
nas escrituras é um conceito mais amplo do que trazer pessoas para o grupo de oração. Há várias
realidades de frutos: em Gálatas 5:22, frutos do Espírito; em Marcos 11:12-14, fruto como obras a serem
apresentadas, dentre outros sentidos. Em resumo, fruto significa ter vida produtiva para Deus em diversas
áreas.

4 – Não diferenciar mandamento bíblico dos princípios bíblicos: há uma diferença fundamental entre
princípio e mandamento bíblico. Veja:

Princípio é uma afirmação que reflete o que Deus aprova e o que Deus desaprova. Exemplos:

- Deus ama o justo

- Quem busca conselho torna-se sábio

- Deus se aproxima de quem se aproxima dele

Há incontáveis princípios bíblicos e podemos aplicá-los com liberdade ao momento vivido, sem violar o
princípio.

Já o mandamento tem característica bem diferente. Mostra com vigor o que deve ser seguido. O
mandamento é uma ordem e sua obediência com fidelidade aos detalhes é exigida de quem crê em Cristo.
Exemplos:

• Ame o próximo como a si mesmo


• Comunhão (Eucaristia)
• Renuncie a si mesmo
• Confissão (arrependimento)

Uma vez que a clareza nas ordens do Senhor é explícita, não tem como fazer adaptações.

5 –Aplicar inadequadamente determinadas passagens bíblicas para os dias atuais: em Deuteronômio


22:5, utiliza-se o texto para proibir as mulheres de usarem calça, porque as calças não faziam parte do
vestiário da época. Outro exemplo: Levítico 20:10; hoje não se mata o adúltero, mas se respeita a pessoa;
Deus reprova o adultério, mas quer salvar o adúltero, como nos mostra a passagem de Jesus com a mulher
adúltera, em João 8:1-11.

6 – Desprezar os diferentes tipos de texto existentes na Sagrada Escritura. Encontramos textos que são:
• Poesias (Salmos)
• Narrativas (Rute, parábolas)
• Literatura apocalíptica (Apocalipse)
• História (Josué, I e II Crônicas, Reis etc.)
• Profecias (Daniel)
• Cartas (Epístolas de Paulo)

Não podemos interpretar o livro de Levítico do mesmo modo que interpretamos os Salmos. Da mesma
forma que interpretamos o livro de Reis, não podemos interpretar o Apocalipse.

Pontos a se observar para evitar esses erros:

• Aceitação cega de uma explicação sem investigação.


• Influência de programas e livros protestantes.
• Colocação de experiências acima de interpretação.
• Certifique-se de que suas conclusões não estão em desacordo com outras verdades bíblicas.
• Certifique-se de que suas conclusões não sejam tendenciosas ou influenciadas por conceitos
secundários.

CAPÍTULO IX

A IMPORTÂNCIA DO CONTEXTO PARA A APLICAÇÃO

A Palavra de Deus é eterna e imutável, mas nosso mundo não é; ela é a verdade que nunca muda em um
mundo que sempre muda. Como aplicar a fé aos assuntos de hoje? Como fazer a conexão? A sugestão é
que se comece pelo contexto – tanto o contexto original das Escrituras, quanto o contexto
contemporâneo no qual vivemos. O contexto faz uma profunda diferença na maneira como a verdade
bíblica é aplicada.

Para vivenciar a verdade de Deus, é preciso que a conectemos ao nosso conjunto particular de
circunstâncias. Mas por favor, note: não mudamos a verdade para adaptá-la à nossa agenda cultural, mas
mudamos nossa aplicação da verdade à luz de nossas necessidades.
Como pode isso acontecer? Como considerar uma mensagem escrita no ano 100 d.C ou antes, e fazer uso
dela no ano 2015 d.C. e depois? A chave é o contexto. Qual era o contexto então? Qual é o contexto
agora?

Vimos a importância do contexto na Interpretação. Agora descobrimos sua importância para a aplicação.
Precisamos entender a cultura antiga. Quanto mais soubermos sobre a cultura na qual uma determinada
passagem foi escrita e à qual foi originalmente aplicada, mais preciso será nosso entendimento e mais
capazes seremos de fazer uso dela em nosso próprio contexto cultural.

Mas isso não é tudo. Devemos também entender nossa própria cultura. Assim como buscamos uma visão
do contexto antigo, precisamos buscar visão de nosso próprio contexto. Onde estão os pontos de
urgência? Onde estamos especialmente necessitados da verdade bíblica? Quais as dinâmicas culturais
que fazem a prática da verdade bíblica difícil e, às vezes, aparentemente impossível? O que influencia
nossas atitudes e comportamentos espirituais? O que os apóstolos nos diriam se estivessem escrevendo
para nossas igrejas hoje? Onde Cristo seria ativo se andasse entre nós atualmente?

É interessante que, quando Davi estava reunindo seu exército para estabelecer o reino, recrutou os filhos
de Issacar. O texto os descreve como “conhecedores da época, para saberem o que Israel devia fazer” (I
Cr 12:32). Poderíamos usar muito mais os filhos de Issacar no corpo de Cristo hoje – aquelas pessoas que
entendem tanto a Palavra quanto o mundo, que sabem o que Deus quer que seja feito em sua sociedade,
pessoas que não são apenas bíblicas, mas contemporâneas também.

Estudando a cultura de hoje

Entender nossa cultura não é tão fácil quanto se pode pensar. O fato de vivermos nesta sociedade não
significa que estamos cientes de como ela funciona. Na verdade, a maioria de nós vive a vida sem notar
as forças que nos influenciam; faça uma avaliação do contexto cultural de hoje.

São pouco mais do que as seis chaves para a observação vistas anteriormente: Quem? O quê? Onde?
Quando? Por quê? Qual a razão? Vimos como usá-las no estudo das sociedades do mundo antigo, mas
elas também se aplicam à situação moderna.

Evidentemente, o problema ao fazermos essas perguntas sobre nosso próprio contexto é a tendência de
ficarmos satisfeitos com respostas superficiais. Lembre-se, um dos assassinos do estudo do texto bíblico
é a atitude: “Já sei isso. Já vi aquilo. Domino esta parte”. O mesmo acontece quando se faz um estudo da
própria sociedade. Nunca pense que você entende completamente o mundo em que vive. Há muitas
outras questões que se deve considerar, mas este é um bom começo.

Poder — Onde estão os centros de poder? Quem está no comando? Como adquirem o controle? Como
mantêm o domínio? Qual a sua efetividade em manter controle? Onde estão os desafios à sua
autoridade? Quem faz as decisões por nossa sociedade como um todo? Quem faz decisões no nível local
e individual?

Comunicação — Quais os meios de comunicação? Como as notícias e as informações são distribuídas?


Quem tem acesso a elas? Quem tem acesso à mídia? Como nossa sociedade determina a credibilidade e
a confiabilidade das informações? Como os meios de comunicação moldam as mensagens que são
comunicadas?
Dinheiro — Que lugar o dinheiro ocupa em nossos valores? Como as pessoas ganham suas vidas? Com
quem a sociedade comercializa? Que bens são cambiados? Quais são os meios de transporte? Como as
pessoas se locomovem? Que recursos temos? Que recursos não temos? Quais os empreendimentos
tecnológicos de nossa sociedade?

Etnia — Que pessoas compõem nossa cultura? De onde vêm? Que história e valores trazem? Como nossa
sociedade é organizada socialmente? Como é estratificada? Como é determinado o status? Quem está no
topo da pirâmide? Quem está na base da pirâmide? Por quê? Quais as barreiras e os problemas raciais
com que as pessoas têm de contender? Como isso afeta nossa vida diária? Que tradições e valores
caracterizam as várias subculturas?

Sexos — Qual o papel do homem e da mulher? Como os sexos se relacionam? Que problemas confrontam
cada um dos sexos?

Gerações — Qual o valor que nossa cultura atribui à família? Como as famílias são estruturadas? Quem
são as famílias chaves? Onde moram? Quais as suas histórias? Como mantêm a influência? Como o poder
é passado de geração a geração? Como é a vida escolar e social dos jovens? O que se ensina a eles? Quem
lhes ensina? Como uma pessoa se torna adulta nesta cultura?

Religião e visão de mundo — Quais as religiões dominantes? De onde vieram? Em que condição se
encontram agora? Quais as suas características? Que grupos estão crescendo mais rapidamente? Por
quê? A partir de que suposições filosóficas as pessoas agem? Que ponto de vista tem sobre o mundo e a
vida? Que exposição esta cultura teve ao Evangelho? Qual tem sido sua reação?

Artes — Que tipo de arte nossa cultura produz? O que a arte nos diz sobre nós mesmos? E sobre o mundo?
Que lugar damos ao artista em nossa sociedade?

História e tempo — Que lendas e mitos foram transmitidos? Que histórias são contadas repetidamente?
Quem escreve nossa história? Que histórias não foram contadas? Qual o ritmo de vida de nossa
sociedade? Como as pessoas medem o tempo? Que lugar damos aos idosos? O que as crianças
representam? Quem representa as crianças dentro do que elas representam?

Lugar — Onde nossa cultura está situada geograficamente? Que fatores topográficos e climáticos
influenciam nosso dia a dia? Quão versáteis somos em relação a outras sociedades? Quanto tempo as
famílias moram em um lugar? Que terra é transmitida pelas gerações? Que pessoas foram deslocadas?
Que lugares têm caracterizado proeminentemente a história de nossa cultura? Onde as guerras foram
travadas? Onde foram feitas as celebrações? Que monumentos e memoriais se encontram no local?

Utilizando informações

Se você responder diligentemente perguntas como essas sobre o mundo a seu redor, desenvolverá
profundas visões de como nossa sociedade opera. Mas como amarrar esses dados à verdade das
Escrituras? Como aplicar a Palavra de Deus ao contexto da sua própria situação? Afinal, não há
correspondência direta entre os versículos da Bíblia e a vida diária. Como fazer a conexão? Descubramos
no tópico seguinte.

A importância dos princípios


O que a Bíblia tem a dizer sobre engenharia genética; energia nuclear; gerenciamento para produtividade;
educação pública; seguro de saúde; problemas de transporte e moradia; internet; AIDS, câncer etc.? Se
vamos ler com a Bíblia numa mão e o jornal na outra, temos de encarar esses tipos de problemas. Temos
de perguntar qual a conexão existente entre a verdade revelada da Palavra e o mundo atual. De outro
modo, estaremos achando que a Bíblia tem relevância apenas como guia devocional, sem propósito nos
assuntos práticos da vida.

Entretanto, qualquer leitor sensato reconhecerá que não há correspondência direta entre os versículos
da Bíblia e os assuntos da vida contemporânea. Não podemos simplesmente “ligar os textos bíblicos na
tomada” para obter resposta às necessidades e problemas que enfrentamos. A vida é muito mais
complexa que isso. A Bíblia não foi escrita com esse propósito. Ela não é um texto de biologia, negócios,
economia ou mesmo de história. Quando fala sobre tais áreas, a Bíblia o faz verdadeiramente mas não
explicitamente. O assunto principal da Bíblia é Deus e Seu relacionamento com a humanidade; e é nossa
grande responsabilidade praticar as implicações disso na vida diária. Temos de pensar nelas e fazer
escolhas, escolhas biblicamente informadas.

Isso nos faz voltar ao dito mencionado anteriormente: Uma interpretação, várias aplicações. Sem dúvida,
há vários problemas específicos que a Bíblia nunca menciona, coisas que nem mesmo eram problemas na
época em que foi escrita. Mas isso não significa que não tenha nada a dizer sobre eles. Pelo contrário, ela
nos fala sobre verdades ou princípios fundamentais que Deus quer que apliquemos, englobando toda
extensão da necessidade humana. Um princípio é uma declaração sucinta de uma verdade universal.
Quando falamos sobre princípios, partimos do específico para o geral.

Princípios que governam princípios

1. Os princípios devem se correlacionar com o ensino geral das Escrituras.

Devemos aplicar a Palavra sensata e consistentemente. Isso nos traz de volta à prática de comparação de
Escrituras com Escrituras. Quando você declara um princípio de uma passagem específica, pense em
outras passagens que reforçam aquela verdade.

Exemplo: embora o apóstolo Paulo recomendasse aos efésios, em 6:5, que os escravos fossem obedientes
aos seus senhores, ele não estava com isso fechando os olhos à prática da escravidão. Na realidade, os
princípios traçados em suas epístolas, especialmente na carta a Filêmon, tinham o propósito de um dia
acabar com esse cruel tráfico de seres humanos, onde quer que o evangelho se estabelecesse.

2. Os princípios devem falar às necessidades, interesses, questões e problemas da vida real de hoje.

É aqui que o estudo de nossa cultura entra. Se você se tornou um estudante perceptivo de sua cultura,
deve saber onde estão as necessidades e os problemas. E, sabendo isto, pode começar a procurar as
verdades gerais das Escrituras que possam se aplicar à situação de cada realidade.

3. Os princípios devem indicar um curso de ação

Os princípios bíblicos para serem eficazes têm de produzir ação. A Palavra de Deus não foi dada para
aguçar nossa curiosidade, mas para transformar nossas vidas. Quando trazemos às claras os princípios
das Escrituras, precisamos constantemente perguntar: “O que vamos fazer em relação à verdade
encontrada? Onde, quando e como iremos aplicá-la?”
Exemplos:
Texto bíblico - Princípio
“Porque o Senhor Deus é sol e escudo; o Senhor dá graça e glória; nenhum bem sonega aos que andam
retamente.” (Sl83:12)

- O Senhor promete bênçãos aos que cumprem a vontade divina.


- Quando andamos em obediência ao Senhor, sentimos a sua bondosa solicitude para conosco.

“E então se dirigiu a seus discípulos: A messe na verdade é grande, mas os trabalhadores são poucos.
Rogai, pois, ao Senhor da messe que mande trabalhadores pra a sua seara.” (Mt 9:37-38)

- Oração é o método divino para levantar profetas para o trabalho do Senhor.


- É responsabilidade do povo de Deus apoiar com orações a missão do profeta.

Primeira Epístola aos Tessalonicenses: a segunda vinda de Cristo é a grande esperança da Igreja sob
provação. Certamente devemos investir tempo no estudo intensivo da Palavra de Deus. Mas
frequentemente lidamos com situações inesperadas que não nos permitem o privilégio de refletir, apenas
de reagir. Em situações assim, precisamos confiar nos reservatórios de conhecimento e experiência que
temos no momento. Então, a questão é: que familiaridade temos com a Palavra, que base de informações
bíblicas trazemos à situação? Não temos tempo para um estudo intensivo. Então o que usaremos no
momento? Se estocarmos princípios das Escrituras, teremos um poderoso conjunto de recursos para lidar
com praticamente todas as situações da vida. Os princípios nos capacitam a multiplicar a verdade.

A habilidade de declarar princípios das Escrituras é uma das habilidades mais poderosas que se pode
desenvolver em termos de Aplicação. Esta o capacitará a relacionar a Palavra de Deus a qualquer situação
que enfrentar. Entretanto, aprender a fazê-lo requer um pouco de prática. Não se pode considerar algo
que faça sentido para você e abençoá-lo com o prefácio:“A Bíblia diz...”. Não, o manuseio de princípios
úteis e precisos requer um entendimento exato do texto e uma visão perceptiva de nosso próprio
contexto. Abaixo estão várias perguntas que o ajudarão a desenvolver e aplicar biblicamente princípios
legítimos:

1. O que se pode descobrir sobre o contexto original no qual a passagem foi escrita e aplicada?
2. Dado o contexto original, o que o texto significa?
3. Que verdades fundamentais e universais são apresentadas na passagem?
4. Pode-se declarar a verdade em uma ou duas sentenças simples, uma declaração que todos pudessem
entender?
5. A que problemas de sua própria cultura e situação se refere esta verdade?
6. Quais as implicações deste princípio quando aplicado à sua vida e ao mundo ao seu redor? Que
mudanças ele requer? Que valores reforça? Que diferença faz?

Agora use essas perguntas para declarar princípios de aplicação em três passagens das Escrituras:
Provérbios 24:30-34; João 13:1-17 e Hebreus 10:19-25.

Por onde começo? Esta pode ser a pergunta mais determinante a se fazer na Aplicação. Até que responda
isso, tudo que você tem são boas intenções, e essas têm praticamente o mesmo valor de um cheque sem
fundo. Muitas “aplicações” ficam no nível da boa intenção porque falamos sobre o fim de uma jornada
sem especificar quando, onde e como daremos o primeiro passo. Como alguém bem disse: não
planejamos falhar, falhamos por não planejar. Quando fazemos a aplicação da mensagem, levamos a
pessoa a praticar a palavra: a sua aplicação requererá algo específico; por exemplo, a devolução de um
livro que tomou emprestado há meses, ou pedir desculpas a alguém que você ofendeu. A aplicação gera
entendimento sobre o que a pessoa deve fazer. Portanto, trabalhe e formule a proposta da sua aplicação.

Se não acontecer observação e interpretação, não podemos fazer a aplicação, sem esses dois elementos
podemos aplicar realidades que não são verdades de Deus. Exemplos:

Podemos falar que Deus proíbe aquilo que Ele não proíbe; podemos fazer promessas que Deus não está
fazendo. Veja Juízes 14:5-9: certa vez um pregador dizia a partir dessa passagem: “Você tem que enfrentar
o seu leão e o matar, e terá como recompensa a doçura do mel da vitória produzido pelas abelhas no leão
morto por nós”. Esse pregador não entendeu o texto, por isso aplicou errado. O mel do cadáver do leão
não era a recompensa, e sim impureza (Números 6:6). Se não entendemos o texto, aplicamos de forma
errada.

CAPÍTULO X

PASSOS PARA FAZER UMA BOA APLICAÇÃO DA MENSAGEM

Há um processo de quatro passos na aplicação, quatro princípios que ajudarão você a aplicar as Escrituras
em qualquer circunstância: são maneiras de transformar investigações bíblicas em aplicações práticas.

Primeiro Passo: Conheça

Se quiser aplicar a palavra, você precisará ter conhecimento de duas coisas:

Conhecimento do texto: há uma interpretação para uma passagem nas Escrituras. O texto não significa
uma coisa hoje e outra coisa amanhã. Seja qual o for o seu significado, este será para sempre. Tome
cuidado com a interpretação, quanto melhor for seu entendimento de uma passagem, melhor será sua
capacidade de usá-la. Uma aplicação adequada só poderá ser feita depois de você ter interpretado
corretamente a passagem.
Você não só deve conhecer a interpretação, mas a si mesmo. O apóstolo Paulo adverte Timóteo: “Olha
por ti e pela instrução dos outros” (I Timóteo 4:16). Note a ordem: olhe para si mesmo primeiro, então
cuide da comunicação da mensagem a outros. Por quê? Porque se não conhece a si mesmo, fica difícil
ajudar outras pessoas a aplicarem a palavra em suas vidas. Então fica claro que a mensagem deve ser
aplicada a mim primeiro e depois aos ouvintes. O texto fala comigo, e eu transmito e aplico.

Na verdade, uma das principais razões pelas quais a aplicação não é mais efetiva, para muitas pessoas é
que, francamente, elas não conhecem a si mesmas. E você pregador? Eis algumas perguntas:

a) Quais são as suas habilidades?


b) O que tem evoluído no seu ministério?
c) Quais são suas limitações?
d) Qual o maior obstáculo ao seu crescimento?

Agora junte as perguntas e você verá o valor delas na aplicação. Se conhecer suas habilidades, isso fará
desenvolver sua confiança. Se conhecer suas deficiências, sua fé será desenvolvida; suas vantagens
mostram o que Deus tem feito por você, e suas deficiências mostram o que Deus precisa desenvolver em
você. A razão pela qual a maioria dos pregadores não cresce no ministério é que não sabem o que
precisam (Romanos 12:3). Às vezes, temos uma opinião exagerada de nós mesmos. Outra vez, uma
opinião distorcida.

Segundo passo: Relacione

Uma vez que conhecemos a verdade da palavra de Deus, devemos relacioná-la a nossa experiência. Em
consequência disso, devemos levar os ouvintes a se relacionar com a mensagem aplicada na pregação,
ela renova a vida, em todos os sentidos. Uma vez que percebemos que a mensagem quer impactar a vida
do ouvinte de maneira profunda, você precisa levar as pessoas a procurar por áreas nas quais se relacionar
com a palavra.

Na observação e na interpretação, surgem novas visões; coisas que nunca tinha visto antes. Essas novas
visões produzem uma série de novos relacionamentos: com Deus, consigo mesmo, com outras pessoas;
gerando um novo posicionamento frente ao inimigo.

As novas visões do texto na mensagem pregada por nós precisam ser aplicadas em todas essas áreas de
relacionamentos:

A mensagem do texto expõe o pecado: II Timóteo 3:16.

A mensagem revela as promessas de Deus: Mateus 28:20.

A mensagem revela os mandamentos de Deus: Mateus 22:36-39.

A mensagem dá exemplos a ser seguido: Hebreus 11:17-19.


Terceiro passo: Medite

O hábito da meditação se tornou uma arte perdida para nós, pregadores, fato que a Lectio Divina nos
exorta a fazer. A meditação é ponderar a verdade com vistas a deixar que ela auxilie e reajuste nossas
vidas. Meditar é cultivar, pensar a respeito; consiste na prática de ouvir atentamente o Senhor. Meditação
é atenção com intenção, de maneira que possa ver e entender de modo claro o que o Senhor está lhe
dizendo e como isso se aplica à vida de quem nos ouve.

Quarto passo: Pratique

O objetivo da mensagem é a prática. O ser humano precisa de alimentos e de exercício. Comida demais
leva à obesidade; pouca comida faz desenvolver anemia. Porém o alimento é transformado em energia,
e a energia capacita a fazer aquilo que Deus quer que faça (prática) Tiago 1:22-23.

Perguntas a se fazer na aplicação do texto:

1º) Há um exemplo a seguir: você já notou quanto da Escritura é biográfica? Isso não é por acaso, é
proposital. O desafio é traçar paralelos entre a sua situação e a do personagem que está no texto.

2º) Há um erro que devo evitar? Há uma advertência que deve prestar atenção. Um dos valores da palavra
de Deus é que ela nos desperta a consciência a respeito das questões morais.

3º) Há uma promessa a se reivindicar? A palavra de Deus está repleta de promessas, feitas pelo próprio
Senhor. É claro que certas promessas foram feitas a pessoas específicas, por isso não podem ser aplicadas
no modo geral.

4º) Há uma oração ou louvor que devo repetir? Há grandes exemplos de oração nas Escrituras, Salmo 50,
Magnificat (Lucas 1:46-55), Pai Nosso (Mateus 6:5-15). Quando aplicar essas passagens, pergunte o que
contêm essas orações, que eu preciso estar orando.

5º) Há um mandamento para obedecer? A Escritura está repleta de mandamentos: Romanos 12:14-16/
Mateus 5:43-48.

6º) Há uma condição a se atender? Muitas das promessas do Senhor são baseadas em condições
estabelecidas no texto (Mateus 24:13).

7º) Há um desafio a enfrentar? Que ação prática devo empreender? Por exemplo, João 9:6-7.

Existem outros passos e meios para aplicação do texto, mas se praticarmos esses, teremos a colheita
necessária para o nosso anúncio.
CAPÍTULO XI

ROTEIRO DE PREGAÇÃO

O roteiro de uma pregação é composto por três partes:

1. INTRODUÇÃO: a introdução contém três itens:

a) Apresentação do pregador: o pregador deve se apresentar dizendo o seu nome, estado civil,
grupo de oração.

b) Apresentação do Tema: é de fundamental importância revelar o tema da pregação, para que a


assembleia possa ligar citações, histórias, testemunhos etc. com o tema, dando assim, sentido
à pregação.

c) Motivação: a motivação é muito importante. Seu objetivo é levar o público a se interessar a


ouvir o que vai ser falado, despertar uma curiosidade; pois sabemos que só temos 100% da
atenção do público nos primeiros 3 minutos. Precisamos usar bem este tempo; o seu bom ou
mau uso pode significar a atenção ou a desatenção do povo.
No roteiro a motivação é a última a ser preparada, pois ela sai do desenvolvimento. Ex: Se for
uma pergunta, ela precisa ser respondida dentro do conteúdo. Se for uma promessa, precisa
ser cumprida etc.

Citação Bíblica: a Palavra principal que será refletida deverá ser anunciada com clareza e calma,
para que a assembleia consiga achar e acompanhar. Não é obrigatório que a citação bíblica aconteça
neste momento; pode ser no decorrer do desenvolvimento.

2. DESENVOLVIMENTO
É a primeira parte que se elabora em um Roteiro. Todos os outros, introdução e conclusão, são
elaborados somente após ser concluído o Desenvolvimento.

Como preparar um desenvolvimento:

• Orar e acolher a revelação usando o ciclo carismático:

a) Perdão – faça um momento de perdão e reconciliação com Deus. Pedir perdão a Deus e aos
irmãos, perdoar os que nos ofendem, nos livrar de tudo aquilo que nos atrapalha a ouvir a Deus.

b) Louvor – faça um momento de louvor e glória a Deus. Louvar a Deus por todos os motivos...

c) Batismo no Espírito – peça fervorosamente o Batismo no Espírito, orando até silenciar.

d) Escuta – faça um momento de silêncio, meditação e escuta de Deus. Escute e anote tudo
fazendo, então, o que chamamos de chuva de ideias. Não deixe de anotar tudo: palavras soltas,
de ciência, de sabedoria, profecias, visualizações, histórias etc. Mesmo se tiver dúvidas anote.

• Após as anotações passa-se para o discernimento que ocorre em duas etapas:

a) Discernimento Reflexivo – também chamado de discernimento técnico. Nesse discernimento


faz-se um filtro usando o conhecimento humano e a intuição. As palavras ou frases precisam
estar de acordo com a doutrina da Igreja.

b) Discernimento carismático – Orar de novo e exercitar a escuta de Deus para identificar o que
realmente é para ser usado. Se necessário, fazer todo ciclo carismático novamente (perdão,
louvor, batismo no Espírito e escuta).

Como montar um desenvolvimento:

Montar o desenvolvimento que é o corpo da pregação (ou ensino) a partir da revelação, usando como
estrutura as ideias principais e as ideias secundárias.

Ideias principais

• As ideias principais são tópicos que se referem diretamente ao tema.


• O número de ideias principais é de acordo com o tempo de desenvolvimento e aplicação do
tema proposto.

Ideias secundárias

• As ideias secundárias são tópicos que se referem diretamente a cada ideia principal.
• O número de ideias secundárias é de acordo com o tempo de desenvolvimento e aplicação da
ideia principal, relacionado com a necessidade que se tem de para melhor trabalhar a ideia principal
proposta.
• A utilização das ideias secundárias vai variar de acordo com cada pessoa, uns usam somente
uma ou duas palavras como referência, outros usam frases dos santos, citações bíblicas, parágrafos
do Catecismo da Igreja Católica, histórias diversas etc.

3. CONCLUSÃO

É o fechamento da pregação ou ensino. Divide-se em três partes importantes:

- Peroração: é a parte final de um discurso, em que apresentamos a síntese da ideia central.

- Chamado à ação: levar o povo a viver aquilo que foi pregado “agora”. Levar o povo a experimentar
a graça “agora”.

- Oração final do pregador:

- Deve ocorrer de acordo com a moção do Espírito Santo, dando respostas e clamando o que foi
pregado.
- Importante cumprir e obedecer ao tempo destinado à pregação.
- Deve ser uma oração de preparação para entrega do povo a quem estiver conduzindo os momentos
do Grupo de Oração.
Veja um exemplo de um roteiro de pregação, com o tema “Ascensão de Jesus”:

INTRODUÇÃO: DESENVOLVIMENTO CONCLUSÃO

1. Apresentação do pregador 1. Ideia 1. Peroração:Após o mistério da


Principal:Ascensão do Cruz e ressurreição, Jesus reforça a
Nome: Senhor promessa do envio do Espírito
Estado Civil: Santo que agora vai, através dos
• Ideia apóstolos completar a obra da
Grupo de Oração: Secundária:Eles salvação.
têmcompreensão
2. Apresentação do Tema 2. Chamado à ação:Somos pelo
das escrituras
batismo continuador do projeto de
- Motivação:Jesus
ressuscitado vive em meio a • Ideia Deus no mundo resplandecendo a
nós pela força da palavra e Secundária:Eles face de Jesus pela graça do mesmo
do Espírito aguardam a espírito da promessa.
promessa
- Tema:Ascensão gloriosa do 3. Oração final do pregador:
Senhor
• Ideia Secundária: Vem Espírito Santo e abre nossa
- ItensCIC 663, 666 e 667 Consequência da inteligência para acolher a missão
ascensão de Cristo
de Jesus em nossa vida...
- Citação BíblicaLucas 24, 44 CIC 663
a 53

CAPÍTULO XII

EXERCÍCIOS

1 – Descubra no método de observação, o que está no texto de João 5:1-8. Faça a interpretação e
aplique a mensagem.

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2 – Faça a leitura do texto de Lucas 10:25-37, fazendo as perguntas ao texto. Quem? Aonde? Porquê? Etc.
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3 – Encontre em textos do Antigo Testamento:

Métodos temáticos/ Métodos biográficos/ Métodos geográficos/ Métodos cronológicos/ Recursos de


instrumento:

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Encontre em textos do Novo testamento os mesmos métodos:

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4 – Identifique elementos que se repetem no Antigo Testamento e Novo Testamento (Orações):

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5 – Procure textos para os sentidos das escrituras:

Sentido literal/ Sentido espiritual/ Sentido alegórico/ Sentido moral/ Sentido anagógico

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6 – Relacione realidades aos contextos:

Histórico/ cultural/ geográfico/ teológico


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7 – Encontre no Antigo Testamento:

05 tipos de personagens que representam Jesus Cristo:

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03 tipos de personagens que representam a Igreja:

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05 acontecimentos que são tipos das realidades do Novo Testamento:

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8 - Monte um roteiro para aplicação, de um tipo do Antigo Testamento revelado no Novo Testamento:

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9 – Dê um exemplo de interpretação errada de um texto do Antigo e do Novo testamento, e faça as


devidas correções dos mesmos. Explicando os erros.

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10 – Descubra o contexto de Atos 7:16-34 e aplique as questões que se deve ponderar, e os princípios a
se observar:
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11 – Faça uma aplicação do texto de Isaías 10:20-27, usando o recurso dos passos e das perguntas ao
texto.

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12 – Elabore uma mensagem com a estrutura (Introdução, Desenvolvimento e Conclusão), com no


máximo 20 linhas, tendo por base o texto de I Macabeus 9:43-48.

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