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Triunfo dos Estados e dinâmicas económicas nos séculos XVII e XVIII

Reforço das economias nacionais e tentativas de controlo do comércio

Nos séculos XVII e XVIII, o comércio transoceânico adquiriu uma importância


económica fundamental. Novas rotas e áreas de comércio projetaram os negócios
europeus para fora do Velho Continente, consolidando um sistema económico que
designamos por capitalismo comercial.

Acumular riqueza tornou-se um objetivo dos Estados europeus, que, então, se


confortaram com as grandes despesas criadas pelo absolutismo régio. Os meios de o
conseguir foram teorizados pela doutrina mercantilista.

Segundo o Mercantilismo, a riqueza de um Estado contava-se pela quantidade


de metal precioso que conseguisse acumular. Canalizar dinheiro para dentro do reino,
através de um saldo positivo na balança comercial, tornou-se o foco das práticas
mercantilistas.

Em França, foi Colbert, ministro de Luís XIV, quem melhor pôs em prática as
ideias do Mercantilismo: fomentou as manufaturas nacionais através da concessão de
incentivos, económicos e privilégios; protegeu as produções francesas, aplicando
pesados direitos de entrada aos produtos importados e facilitando, de modo inverso,
as exportações; reforçou o comércio oceânico com a criação de companhias
monopolistas, às quais foi concedido o comércio exclusivo comercial de determinadas
áreas geográficas, bem como poderes para aí representarem o Estado, conquistando
terras, administrando os territórios e negociando tratados.

O protecionismo mercantilista teve também expressão em Inglaterra, onde se


promulgaram os Atos de Navegação, leis de carácter protecionista que obrigavam a
que o transporte de mercadorias para Inglaterra e suas colónias se efetuasse, com
poucas exceções, em navios ingleses. Deste modo, a marinha inglesa desenvolveu-se,
contribuindo para a supremacia marítima desta nação.

A importância dada ao comércio como fonte de riqueza e poderio traduziu-se


em intensas rivalidades entre os Estados europeus, que disputaram entre si rotas e
áreas de comércio. A Holanda, a Inglaterra e a França foram as principais protagonistas
destes conflitos. A vitória obtida pela Grã-Bretanha na Guerra dos Sete Anos (1756-
1763) determinou a supremacia colonial e marítima deste país, que se manteve ao
longo do século XIX.
A hegemonia económica britânica

A partir de meados do século XVIII, a economia britânica tornou-se a mais


poderosa da Europa. Para o sucesso económico inglês contribuiu um conjunto vasto de
fatores, dos quais se salientam:

 uma agricultura inovadora, capaz de aumentar significativamente a


produtividade, criando riqueza e libertando mão de obra para outros
setores económicos;
 um acentuado crescimento demográfico, que não só ampliou o
mercado consumidor, estimulando a produção, como forneceu os
trabalhadores indispensáveis ao desenvolvimento económico;
 um mercado interno onde os produtos circulavam de forma rápida e
barata. Sem barreiras alfandegárias e dotado de vias de circulação
eficientes (canais e estradas), o mercado inglês tornou-se um
verdadeiro “mercado nacional”, propiciador do consumo, da
importação de produtos manufaturados;
 um mercado externo amplo, no qual as colónias desempenhavam um
papel de vulto. Exploradas em sistema de exclusivo colonial, as áreas
coloniais forneciam matérias-primas a baixo preço e constituíam um
extenso mercado de consumo;
 um sistema financeiro avançado, capaz de apoiar os vários setores de
atividade. Em Londres funcionava a mais importante bolsa de valores da
Europa e o Banco de Inglaterra foi pioneiro na emissão de papel-moeda.
 um setor manufatureiro em mutação profunda. No último quartel do
século XVIII, uma vaga de inovações técnicas revolucionou o têxtil e a
metalurgia ingleses, inaugurando a maquinofatura, isto é, a era industrial.

Portugal – dificuldades e crescimento económico

No século XVII, Portugal vivia da reexportação dos produtos coloniais,


sobretudo daqueles que nos chegavam do Brasil.

Nas últimas três décadas do século, uma profunda crise comercial diminuiu
drasticamente o volume dos nossos negócios: as mercadorias não encontravam
comprador e o país viu-se sem meios para adquirir o muito que não produzia.

Inspirados pela atuação de Colbert, os ministros de Pedro II, em especial o


conde da Ericeira, procuram restringir as importações, levando a cabo uma política de
fomento manufatureiro: criam-se fábricas, concedem-se subsídios, publicam-se leis
antissumptuárias (as Pragmáticas). Paralelamente, protege-se o comércio colonial,
procedendo à criação de companhias monopolistas.
Embora consistente, este esforço não frutificou de forma duradoura. No fim do
século, a conjuntura altera-se: a crise comercial termina e os nossos produtos coloniais
tornam a dar bons lucros; o Tratado de Methuen permite a entrada, sem restrições,
dos têxteis ingleses, com os quais as nossas fábricas de fundação recente, não
conseguem competir. Ma, sobretudo, encontram-se as tão desejadas minas de ouro no
Brasil.

Este último fator traz a Portugal uma liquidez inesperada. Com o ouro do Brasil
adquirem-se novamente, ao estrangeiro, os produtos manufaturados. A produção
nacional esmorece e o ouro escoa-se para mãos estrangeiras, sobretudo para as
inglesas, que nos fornecem a maior parte do que consumimos.

Em meados do século XVIII, quando as remessas de ouro brasileiro diminuíram,


o défice comercial do país era enorme. Desta vez, coube a Sebastião José de Carvalho e
Melo, futuro marquês de Pombal, o fomento da economia portuguesa. Pombal
investiu fortemente na criação de manufaturas dos mais diversos ramos; reorganizou e
protegeu o comércio nacional, procurando subtraí-lo à influência inglesa; valorizou a
agricultura, com a agricultura, com a criação da Companhia das Vinhas do Alto Douro.

Graças às medidas económicas tomadas pelo Marquês de Pombal, no fim do


século XVIII Portugal viveu a sua melhor época comercial de sempre.

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