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Revista de Educação O PENSAMENTO CIENTÍFICO - ABORDAGEM DA

Vol. XII, Nº. 13, Ano 2009 PESQUISA NO ESTUDO INTERPRETATIVO

Débora Cristina Siqueira Aceti


FAENAC RESUMO
debora@faenac.edu.br
A dissertação de mestrado busca o conhecimento científico, alicerçada nos
métodos e técnicas metodológicas para a sua construção. O texto busca
Luis Paulo Dias Cesar instigar o leitor sobre o conhecimento e os métodos ao qual dispomos para
Faculdade Anhanguera de Campinas alcançá-lo, no que toca ao conhecimento científico que interessa ao se tratar
unidade 3 de uma dissertação de mestrado. Como base na elaboração do tema da
lp.cesar@terra.com.br dissertação, pretende-se com este trabalho compreender o conceito do
conhecimento e seus métodos de elaboração, para que possam dar subsidio
na elaboração do trabalho científico. A abordagem deste trabalho visa
alimentar com ferramentas metodológicas a elaboração de um trabalho
científico e os métodos ao qual dispomos para a sua construção.

Palavras-Chave: conhecimento científico; métodos; estudo interpretativo.

ABSTRACT

A Masters dissertation aims to build scientific knowledge, based on


methodological techniques and methods for its construction. This article
seeks to prompt the reader on the knowledge and methods available to
reach it, regarding to scientific knowledge that matters when dealing with a
master's dissertation. Developing the theme of the dissertation, it tries to
comprehend the knowledge concept and their preparation methods of it, in
order to allow in the preparation of the scientific work. The approach of this
work aims to feed tools to the development of a scientific work and the
methods which have for their construction.

Keywords: scientific knowledge; methods; interpretative study.

Anhanguera Educacional S.A.


Correspondência/Contato
Alameda Maria Tereza, 2000
Valinhos, São Paulo
CEP 13.278-181
rc.ipade@unianhanguera.edu.br
Coordenação
Instituto de Pesquisas Aplicadas e
Desenvolvimento Educacional - IPADE
Informe Técnico
Recebido em: 30/06/2009
Avaliado em: 21/09/2009
Publicação: 15 de outubro de 2009
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1. INTRODUÇÃO

Na busca da elaboração de uma pesquisa científica para a dissertação do mestrado, faz-se


necessário compreender as conjecturas do conhecimento e as interfaces da construção do
saber científico e de seus métodos.

Pretende-se alinhavar, através de um estudo interpretativo, o conceito do


conhecimento científico, sua construção e divisão pela literatura, e os métodos para que se
possa alcançá-los.
o conhecimento é o resultado de um processo histórico que supõe necessariamente
formas progressivas de educação, evolução e desenvolvimento, abrangendo sempre e
em todas as circunstâncias biopsicossociais do homem elementos básicos que o definem
como sujeito.
Dependendo da forma como o homem vê o mundo e de como o interpreta e o
interioriza, surge a dimensão de seu entendimento e ação. (BARROS; LEHFELD, 2000,
p.32)

O estudo interpretativo far-se-á necessário durante a estruturação da dissertação,


para que, através de uma discussão lógica dos conceitos açambarcados na literatura, se
possa trilhar uma pesquisa científica em torno do conhecimento real acerca do tema ao
qual se pretende investigar.

O estudo acerca do conhecimento e dos métodos para que se possa estruturar a


pesquisa científica, torna possível a concretização da dissertação de uma forma mais
lógica e correta.

2. CONHECIMENTO CIENTÍFICO

O homem emite juízos e sensos sobre a sua existência, e por “ser existencial, tem que
interpretar a si e ao mundo em que vive, atribuindo-lhes significações. Cria
intelectualmente representações significativas da realidade” (KÖCHE, 1997, p. 23).

Denominamos de conhecimento estas representações, a qual podem ser, através


da forma ao qual se atingiu este patamar, classificadas por Köche (1997, p. 23) em:
“mítico, ordinário, artístico, filosófico, religioso e científico”, em que pese que o
conhecimento está alicerçada, em seu cotidiano, nos conhecimentos do senso comum e no
científico.

O conhecimento pauta-se sempre no “conhecimento da verdade, do pensamento


verdadeiro. Um conhecimento falso não é propriamente conhecimento, e sim erro, ilusão”
(OLIVEIRA, 2002, p. 70)
Mas como na realidade nem todos os nossos conhecimentos são verdadeiros, utilizamos
esse termo de modo geral para o verdadeiro e o falso conhecimento. Dessa forma,
entendemos como sendo conhecimento, independente de ser falso ou verdadeiro, todo

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conhecimento que representa uma relação entre o sujeito cognoscente – nossa mente,
nossa consciência – e o objeto conhecido – os fatos, acontecimentos, objetos e fenômenos
da realidade exterior. O conhecimento pode significar tanto o processo de conhecer
como o produto desse processo.
Como processo, podemos conceituar o conhecimento como sendo o reflexo e a
reprodução do objeto na nossa mente, de forma objetiva ou subjetiva.
Como produto desse processo temos os conhecimentos sensíveis e racionais: os nossos
conhecimentos de física, química, biologia, matemática, comunicação social, direito,
administração, economia, contabilidade, [...], e assim por diante. (OLIVEIRA, 2002, p. 70)

De forma a corroborar com esta assertiva, Lakatos e Marconi apud Trujillo (1991,
p. 77-78), sistematizam o conhecimento em quatro esferas, como mostra o Quadro 1:

Quadro 1 – Quatro esferas do conhecimento.

Conhecimento Conhecimento Conhecimento Conhecimento Religioso


Popular Científico Filosófico (teológico)

Valorativo Real (factual) Valorativo Valorativo


Reflexivo Contingente Racional Inspiracional
Assistemático Sistemático Sistemático Sistemático
Verificável Verificável Não verificável Não verificável
Falível Falível Infalível Infalível
Inexato Aproximadamente exato Exato Exato
Fonte: Lakatos e Marconi (1991, p. 77-78).

Ressalta-se que neste trabalho busca-se estruturar as interfaces do conhecimento


científico, em que a investigação científica, pautada não apenas em “encontrar soluções
para problemas de ordem prática da vida diária, características essa do conhecimento do
senso comum, mas do desejo de fornecer explicações sistemáticas que possam ser testadas
e criticadas.” (KÖCHE, 1997, p. 28)

O conhecimento científico é um conhecimento contingente, pois suas hipóteses


“têm sua veracidade ou falsidade conhecida através da experiência e não apenas pela
razão” (LAKATOS; MARCONI, 1991, p. 80), sendo o saber ordenado logicamente,
formando um “sistema de idéias (teoria) e não conhecimentos dispersos e desconexos”
(id. ibid., p. 80).

Na elaboração deste conhecimento verdadeiro, existem métodos e técnicas que


nos auxiliam na construção deste conhecimento científico.
A investigação científica é estimulada a criar fundamentos mais sólidos para seus
conhecimentos e a testar permanentemente suas hipóteses de uma forma mais rígida e
severa.
Essa preocupação da ciência é constatada através de dois aspectos: o uso de enunciados
com elevado poder de discriminação de testagem e o uso de métodos de investigação o
máximo confiáveis (KÖCHE, 1997, p. 33).

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2.1. Métodos e técnicas

Observa-se que método “é o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com
maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo, [...], traçando o caminho a ser
seguido, detectando erros e auxiliando as decisões dos cientistas” (LAKATOS;
MARCONI, 1991, p. 83).
O método se faz acompanhar da técnica, que é o suporte físico, são os instrumentos que
o auxiliam para que se possa chegar a um determinado resultado: ensino, descoberta,
aprendizado, invenção, investigação.
A técnica é a parte material, é a parte prática pela qual se desenvolve a habilidade de
ensinar, aprender, produzir, descobrir e inventar.
[...]
O método é de certa forma o encaminhamento, a busca, contrapondo-se à obtenção de
um resultado qualquer ao acaso. Este conceito traz implícito o fato de que antes de se
desenvolver o método é preciso estabelecer os objetivos visados de forma muito clara
(OLIVEIRA, 2002, p. 58).

Desta forma o conhecimento somente ocorrerá com a organização sistemática e


racional na busca dos resultados, pois “não se buscam mais as causas absolutas ou a
natureza íntima das coisas; ao contrário, procura-se compreender as relações entre elas,
assim como a explicação dos acontecimentos” (LAKATOS; MARCONI, 1991, p. 84)

Há métodos demonstrados na literatura, que na busca de respostas na


investigação científica, nos conduzem a resultados diferentes, pois fixam formas distintas
de questionar o problema central ao qual se está investigando.

O método indutivo “é o método científico por excelência e, por isso mesmo, é o


método fundamental das ciências naturais e sociais” (OLIVEIRA, 2002, p. 61).

O método indutivo pressupõe o desenvolvimento de enunciados pré-


estabelecidos, que mesmo incertas e perenes de fundamentação, guardam em seu
conteúdo validades universais.
O ponto de partida da indução não são os princípios, como na dedução, mas a
observação dos fatos e dos fenômenos, da realidade objetiva. Seu ponto de chegada é o
estabelecimento de leis ou regularidades que regem os fatos ou fenômenos.
[...]
Na realidade, a indução não é um raciocínio único: ela compreende um conjunto de
procedimentos, uns empíricos, outros lógicos e outros intuitivos. (OLIVEIRA, 2002, p.
61)

O método dedutivo busca o raciocínio por dedução, levando-nos de enunciados


universais a conhecimentos particulares, “tendo como ponto de partida um princípio tido
como verdadeiro a priori. O seu objetivo é a tese ou conclusão, que é aquilo que se
pretende provar” (OLIVEIRA, 2002, p. 62).
O raciocínio divide-se, basicamente, em duas grandes formas: a dedução e a indução. O
raciocínio dedutivo é um raciocínio cujo antecedente é constituído de princípios
universais, plenamente inteligíveis; através dele se chega a um conseqüente menos
universal. As afirmações do antecedente são universais e já previamente aceitas: e delas
decorrerá, de maneira lógica, necessária, a conclusão, a afirmação do conseqüente.
Deduzindo-se, passa-se das premissas à conclusão.

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[...]
A indução ou o raciocínio indutivo é uma forma de raciocínio em que o antecedente são
dados e fatos particulares e o conseqüente uma afirmação mais universal. Na realidade,
há na indução uma série de processos que não se esquematizam facilmente. Enquanto a
dedução fica num plano meramente inteligível, a indução faz intervir também a
experiência sensível e concreta, o que elimina a simplicidade lógica que tinha a operação
dedutiva. (SEVERINO, 2002, p. 192)

O método hipotético-dedutivo parte de um problema, de uma suposição, ao qual,


através de críticas lógicas, busca-se encontrar dados concretos e reais, eliminando
possíveis erros.
Para Karl R. Popper, o método científico parte de um problema (P1), ao qual se oferecesse
uma espécie de solução provisória, uma teoria-tentantiva (TT), passando-se depois a
criticar a solução, com vista à eliminação do erro (EE) e, tal como no caso da dialética, esse
processo se renovaria a si mesmo, dando surgimento a novas problemas (P2).
Posteriormente, diz o autor, “condensei o exposto no seguinte esquema:
P1 TT EE P2
(LAKATOS; MARCONI, 1991, p. 95)

O método deve ser submetido a testes, partindo-se sempre que a suposição


inicial pode estar repleta de incertezas e falsas verdades. Desta forma o problema inicial
deverá sofrer testes e observações contínuas até que se possa isolar informações que
demonstrem as evidências da ausência de falseabilidade.
[...] as hipóteses devem ser submetidas a condições de falseabilidade através do método
crítico. Esse método consiste em propor hipóteses ousadas que possam ser submetidas a
testes cruciais, com o objetivo de oferecer as mais severas condições para a localização
de possíveis erros. Proposta a hipótese, deve-se dela deduzir logicamente conseqüências
expressas em uma linguagem comum em que predominam termos de observação. Essa
tradução proporciona a passagem da linguagem de um nível mais abstrato da ciência
para um menos abstrato que contenha um conteúdo diretamente empírico que
possibilite a observação e a testagem. Através desses enunciados de conteúdo
observacional, pode-se especificar antecipadamente quais são os confirmadores – as
evidências – e os falseadores potenciais – as contra-evidências – da hipótese e então
submetê-la à experimentação tentando falseá-la. A hipótese não será rejeitada se
agüentar os testes de rejeição e permanecerá provisoriamente como corroborada. Se no
confronto com a base empírica não agüentar às contra-evidências, será rejeitada.
É o método da tentativa e erro. O seu uso permite identificar os erros da hipótese para
posterior correção. Ela não imuniza a hipótese contra a rejeição, mas, ao contrário,
oferece todas as condições para, se não for correta, que seja refutada (KÖCHE, 1997, p.
74).

O método dialético consubstancia-se na discussão do problema frente a oposições


de idéias, conduzindo a união destes contrários em uma síntese, que seria a “fusão de
uma tese e de uma antítese numa noção ou numa proposição nova que retém o que elas
têm de legitimo e as combina mediante a introdução de um ponto de vista superior”
(AURÉLIO, 2004, s/p.).
A dialética é um debate de astúcia, onde se procura derrubar os argumentos dos
adversários, muito empregado na Grécia antiga. É um processo de comunicação que
prende muito a atenção das pessoas em virtude da habilidade dos protagonistas.
[...]
Era um método de pesquisa em busca da verdade, que consistia na formulação de
perguntas e respostas para trazer à tona todas as incongruências das concepções
vulgares ou falsas. (OLIVEIRA, 2002, p. 67)

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3. ANÁLISE INTERPRETATIVA

A elaboração de um texto passa necessariamente pela interpretação dos significados


expostos, muitas vezes nas entrelinhas do autor, extraído do conteúdo, dos conceitos, dos
significados expostos no texto o significado transparente, sem as interferências valorativas
daquele que busca os dados.
Interpretar, em sentido restrito, é tomar uma posição própria a respeito das idéias
enunciadas, é superar a estrita mensagem do texto, é ler nas entrelinhas, é forçar o autor
a um diálogo, é explorar toda a fecundidade das idéias expostas, é cotejá-las com outras,
enfim, é dialogar com o autor. Bem se vê que esta última etapa da leitura analítica é a
mais difícil e delicada, uma vez que os riscos de interferência da subjetividade do leitor
são maiores, além de pressupor outros instrumentos culturais e formação específica.
(SEVERINO, 2002, p. 56)

A dissertação de pós graduação stricto sensu, busca a reflexão, ordenada e


fundamentada acerca do tema abordado, sendo que a dissertação “deve ser um estudo, o
mais completo possível em relação ao tema escolhido. Deve procurar expressar
conhecimentos do autor a respeito do assunto e sua capacidade de sistematização”
(TAFNER; TAFNER; FISCHER, 1999, p. 17)
A dissertação pode caracterizar-se como um trabalho científico mais descritivo ou
argumentativo. Quando reúne e relaciona todo o material obtido expondo o assunto de
maneira explicativa, segue a linha da exposição (descritiva). A dissertação
argumentativa apresenta e descreve as idéias, os dados coletados possuindo uma base
interpretativa a partir do posicionamento teórico-filosófico do autor (MARCANTONIO;
SANTOS; LEHFELD, 1993, p. 68-69).

Verifica-se que o conceito de interpretar é “aclarar o sentido, explicar”


(AURÉLIO, 2004, s/p.).
Análise interpretativa e crítica. Individual. Procurar associar as idéias expressas pelo
autor com outras de conhecimento do estudante, sobre o mesmo tema. A partir daí, fazer
uma crítica, do ponto de vista da coerência interna e validade dos argumentos
empregados no texto e da profundidade e originalidade dada à análise do problema;
realizar uma apreciação pessoal e mesmo emissão de juízo sobre as idéias expostas e
defendidas. Elaborar um resumo para discussão. (LAKATOS; MARCONI, 1991, p. 32)

A abordagem interpretativa não pode estar permeada de posições pessoais, o que


lhe conferirá características subjetivas, e comprometerá o resultado final do trabalho
científico.

O que se almeja é que a “interpretação se faça a partir da ligação dos dados com
conhecimentos significativos, originados de pesquisas empíricas ou de teorias
comprovadas” (GIL, 1991, p.70).

A análise interpretativa inicia-se no levantamento do cenário que o autor estava


inserido – político, histórico, cultural, pedagógico etc – no momento da redação do texto e
confrontá-lo com as demais linhas de pensamento do autor, para que se possa situar no
espaço e no tempo a linha de pensamento e a motivação que deram origem ao material
que se está analisando.

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Todo este material deverá ser confrontando com autores que tiveram, ou
influenciaram, o autor no momento da confecção do texto que se está estudando,
possibilitando a compreensão e a coerência com o todo, possibilitando o enriquecimento
das bases estruturais e no enriquecimento do conteúdo científico ao qual se quer expor.
Em outro momento, estabelece-se uma aproximação e uma associação das idéias
expostas no texto com outras idéias semelhantes que eventualmente tenham recebido
outra abordagem, independentemente de qualquer tipo de influência. Faz-se uma
comparação com idéias temáticas afins, sugeridas pelos vários enfoques e colocações do
autor. Uma leitura é tanto mais fecunda quanto mais sugere temas para a reflexão do
leitor (SEVERINO, 2002, p. 57).

A visão crítica de todo o material, através de uma análise minuciosa do juízo


sobre o raciocínio de todo o material apresentado, conduz o autor a detectar a real
relevância e a importância do estudo para o tema, como também a dimensão da real
contribuição do material como diferencial teórico ao trabalho científico.
formula-se um juízo crítico sobre o raciocínio em questão: até que ponto o autor
consegue uma colocação original, própria, pessoal, superando a pura retomada de textos
de outros autores, até que ponto o tratamento dispensado por ele ao tema é profundo e
não superficial e meramente erudito; trata-se de se saber ainda qual o alcance, ou seja, a
relevância e a contribuição específica do texto para o estudo do tema abordado.
[...]
A atividade filosófica começa no momento em que se explica a própria experiência
(SEVERINO, 2002, p. 57-58).

4. CONCLUSÃO

O conhecimento científico é a busca do conhecimento real, verdadeiro, embasado em fatos


que fundamentem e tenham o condão de sustentar os argumentos apresentados, mesmo
que temporários, até que novas verdades possam ser expostas e apresentadas ao cenário
científico.

A análise do conhecimento científico e as interfaces de sua elaboração propiciam


o amadurecimento acadêmico e a imparcialidade da pesquisa científica ao qual se almeja
no trabalho de dissertação da pós-graduação stricto sensu.

Analisar os métodos metodológicos na estruturação do conhecimento, como o


indutivo que apresenta o desenvolvimento de enunciados pré-estabelecidos repletos de
validades universais e por outro lado, o dedutivo, que nos conduz na trilha do genérico
ao conhecimento particular do tema, propiciam na elaboração de uma análise
interpretativa do conteúdo, levando a discussão racional do conteúdo estudado,
instigando a descoberta da contribuição do raciocínio lógico na elaboração do material
científico.

Ao pretender elaborar um conhecimento científico, a dissertação terá


necessariamente a abordagem dos métodos aqui alinhavados, mas principalmente a

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análise interpretativa da literatura e das premissas legais, fazendo com que a análise
racional e lógica de todo o material, dentro do contexto que foram editados, possibilitam a
organização sistêmica do raciocínio na elaboração das respostas que embasarão a
dissertação.

A análise interpretativa é mais ampla que apenas uma interpretação do


conteúdo, ela passeia nas entrelinhas do texto, no pensamento e na produção do autor, no
confronto deste com os demais, e ao final, na discussão interna dos conceitos valorativos
do leitor frente aos itens apresentados, resultando em dados inovadores e com valor
científico.

Observa-se que não se deve confundir, a discussão interna dos conceitos do


leitor, com a colocação de posições subjetivas, repletas de conceitos tendenciosos, mas
sim, a exposição madura e consciente de dados científicos respaldados em dados e no
conhecimento científico da literatura acerca do tema.

REFERÊNCIAS
BARROS, Aidil J. da Silveira; LEHFELD, Neide A. de Souza. Fundamentos de Metodologia
Científica. Um guia para a iniciação científica. 2. ed. São Paulo: Makron Books, 2000.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Eletrônico Aurélio versão 5.0.
Corresponde à 3. ed., 1ª. impressão da Editora Positivo, revista e atualizada do Aurélio Século XXI,
O Dicionário da Língua Portuguesa, contendo 435 mil verbetes, locuções e definições.
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1991.
KÖCHE, José Carlos. Fudamentos de metodologia científica: teoria da ciência e prática da
pesquisa. Petrópolis: Vozes, 1997.
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de Metodologia
Científica. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1991.
MARCANTONIO, Antonia Terezinha; SANTOS, Martha Maria dos; LEHFELD, Neide A. de
Souza. Elaboração e Divulgação do Trabalho Científico. São Paulo: Atlas, 1993.
MARTINS, Gilberto de Andrade. Manual para elaboração de Monografias e Dissertações. 2.ed.
São Paulo: Atlas, 2000.
OLIVEIRA, Silvio Luiz de. Tratado de Metodologia Científica: projetos de pesquisas, TGI, TCC,
monografias, dissertações e teses. São Paulo: Pioneita Thomson Learning, 2002.
SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico. 22. ed. São Paulo: Cortez,
2002
TAFNER, Malcon Anderson; TAFNER, José; FISCHER, Julianne. Metodologia do Trabalho
Acadêmico. 1. ed., 2ª tiragem. Curitiba: Juruá, 1999.

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Débora Cristina Siqueira Aceti, Luis Paulo Dias Cesar 107

Débora Cristina Siqueira Aceti


Graduada em Ciências Sociais e Jurídicas pelo Centro
Regional Universitário de Espírito Santo do Pinhal
(2000), com pós graduação em Direito Processual
(PUC Minas), MBA em Gestão Estratégicas de
Negócios (FAC3), Mestranda em Educação (UNICID).
Atualmente é Diretora Assistente da
Anhanguera/FAENAC em São Caetano do Sul-SP.
Foi Coordenadora do Curso de Direito e do Núcleo
de Prática Jurídica da Faculdade Anhanguera de
Campinas - unidade 3, Professora da Faculdade
Anhanguera de Campinas, unidades 3 e 4 e da
Faculdade Anhanguera de Santa Bárbara. Membro do
comitê técnico de Avaliação do Anuário de Produção
Docente das Faculdades Anhanguera. Secretaria
jurídica voluntária da União de Assistência e Proteção
aos Animais de Andradas, Consultoria e Assessoria
Jurídica e Estratégica para o Mercado Pet e
palestrante. Tem experiência na área de Direito, com
ênfase em Direitos Humanos, Civil, Consumidor,
Difusos e Coletivos, Processual e Ambiental.

Luis Paulo Dias Cesar


Graduação em Medicina veterinária pelo Centro
Regional Universitário de Espírito Santo do Pinhal
(2002). Atualmente é professor de anatomia da
Faculdade Comunitária de Campinas, assistente de
laboratório da Faculdade Anhanguera de Campinas,
membro da Faculdade Anhanguera de Campinas,
médico veterinário responsável técnico - Clínica
Mundo Animal, diretor da União de Assistência e
Proteção aos Animais de Andradas, consultoria e
assessoria em animais silvestre - Mercado Ambiental
e professor de biologia celular prática da Faculdade
Anhanguera de Campinas. Tem experiência na área
de Administração, com ênfase em Administração
Veterinária.

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