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ANUAL NOTURNO

Direito Administrativo
Celso Spitscovsky
Data: 25/11/2011
Aula 21

MATERIAL DE APOIO

SUMÁRIO
1) Desapropriação (continuação)
1.1 Competência para desapropriar
1.2 Fases da desapropriação

Competência para desapropriar

A competência para desapropriar foi repartida entre as três esferas de governo quando a motivação da
desapropriação for por razões de interesse público. Se for por razões de inconstitucionalidade, a competência vai
depender de ser a desapropriação motivada pelo descumprimento da função social ou pelo descumprimento do plano
diretor. Varia conforme o fundamento da desapropriação, pois se o fundamento for interesse público, as 4 esferas de
governo podem desapropriar e se for por razões de inconstitucionalidade, dependerá do seguinte: se for sobre
propriedade urbana, será competente o município e se rural, será competente a União. Isso tudo se a desapropriação
recair sobre propriedade particular. Quando o proprietário desrespeita o plano diretor, por exemplo, que é editado
pelo município, este é que terá a competência para desapropriação. Se for imóvel rural e este não cumprir sua função
social, será a União competente.

A desapropriação pode recair sobre bens públicos (a União desapropria os Estados; Os Estados desapropriam
os municípios e os municípios não desapropriam ninguém). Porém, isso não autoriza a proposição de que existe
hierarquia entre os entes, pois isto implicaria na “morte” do federalismo. O que existe entre os entes são os campos
diferentes de atuação.

Excepcionalmente, o particular pode promover desapropriações, desde que autorizado pelo poder público e
desde que exista previsão legal. Ex.: concessionários e permissionários - lei 8987/95, Art. 31: Incumbe à
concessionária: VI – promover desapropriações e constituir servidões autorizadas pelo poder concedente conforme
previsto no edital e no contrato. É necessário que haja autorização do poder público e também depende de previsão
no contrato e no edital de licitação (Incluir a minuta do contrato); Ver art. 175, CF.

Instrumento para desapropriar

A desapropriação é feita através de um decreto expropriatório. Trata-se de espécie normativa que somente
pode ser utilizada pelo Poder Executivo. Em tese, o Legislativo não tem competência para desapropriar.

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Resumindo:

Interesse público 4 esferas (U, E, DF, M)

A competência para desapropriar Urbana Municípios (182, §2º, CF)


pertence à administração Inconstitucionalidade
(função social)
Rural União (art. 184, CF)

Autorização da Administração
Particular Previsão no contrato
(Lei 8987, art. 31, VI) Previsão no edital

Fases da desapropriação
1ª. Fase declaratória
2ª. Fase executiva

Fase declaratória:
Na fase declaratória declara-se um bem como sendo objeto da desapropriação. A abertura se dá com a
publicação do decreto da desapropriação, que deve conter informações mínimas essenciais sob pena de ilegalidade.
Tais informações mínimas essenciais são:
a. Área (extensão da área que está sendo desapropriada).
b. Fundamento da desapropriação. Sem o fundamento, o decreto será ilegal. Para o proprietário é
importante para saber se a desapropriação é por interesse público ou inconstitucionalidade. Se por
interesse público, ele não fez nada de errado, sendo fundamentado na supremacia do interesse público. Se
for por inconstitucionalidade (por descumprimento da função social), o proprietário poderá exercer a
ampla defesa. Também importante saber a motivação porque interfere diretamente no perfil da
indenização devida. Se a desapropriação vier por razões de interesse público, a indenização será prévia,
justa e em dinheiro (Art. 5º, XXIV, CF). Se for por razões de inconstitucionalidade, a indenização não será
prévia justa e em dinheiro; será em títulos da dívida pública resgatáveis em até 10 anos (art. 182, §4º, III)
ou títulos da dívida agrária resgatáveis em até 20 anos se o imóvel for rural (art. 184, CF).
c. Destinação a ser atribuída ao bem. Entende-se por destinação a finalidade a ser dada para aquele imóvel.
Ex.: desapropriar para construir uma escola. É importante porque através da informação do destino a ser
atribuído ao bem, o expropriado poderá aferir se o interesse público invocado está sendo respeitado. Se
na prática a destinação não for respeitada, haverá um desvio de finalidade, que é uma forma de
ilegalidade, podendo ser apreciado pelo Judiciário. Em matéria de desapropriação, este desvio de

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finalidade tem o nome técnico de “tresdestinação” (mudança ilegal na destinação atribuída ao bem).
Retrocessão é o nome técnico para “querer o seu imóvel de volta” por demonstrar a tresdestinação.
Conforme o art. 519, CC, se a coisa expropriada para fins de necessidade ou utilidade pública ou interesse
social não tiver o destino para que se desapropriou ou não for utilizada em obras ou serviços públicos
caberá ao expropriado o direito de preferência pelo preço atual da coisa. O Dec. 3365/41, no seu art. 35,
diz que os bens expropriados, uma vez incorporados a Fazenda Pública, não podem ser objeto de
reivindicação ainda que fundada em nulidade do processo de desapropriação. Qualquer ação julgada
procedente resolver-se-á em perdas e danos. A atual posição dos Tribunais é que se o imóvel for
incorporado à Fazenda Pública, resolve-se em perdas e danos, tendo sido o respectivo decreto
recepcionado pela CF/88.

Fase executiva:
O objeto único desta fase é a fixação do valor a ser pago a título de indenização. Este objeto pode se resolver
na esfera administrativa ou na esfera judicial. Na esfera administrativa será resolvido o objeto quando houver acordo
ente o poder público e o expropriado quanto ao valor a ser pago a título de indenização, sendo desnecessária a
intervenção do Poder Judiciário.
Não havendo acordo na esfera administrativa, na esfera judicial será feito pela propositura de uma ação de
desapropriação pelo poder público sob as regras estabelecidas pelo dec. 3365/41 e em caráter subsidiário pelas regras
do CC; tramita pelo procedimento ordinário, que abre possibilidade da fase probatória.
Itens relacionados à petição inicial de uma ação de desapropriação:
Deve seguir os requisitos do CPC e alguns itens específicos. – próxima aula.

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