Você está na página 1de 1

DIVINO 45

RESUMO

Início dos anos 1980, a voz envolvente de um jovem locutor da Rádio Planalto

expõe um mundo de violência e crimes na periferia do DF. Mário Eugênio,

conhecido como Gogó das Sete, era também editor do Caderno Policial no

Correio Braziliense. Como nos antigos filmes noir, frequentava pessoalmente

delegacias da capital atrás de furos, relatos bombásticos sobre os confrontos

entre forças de segurança e vilões arrepiantes dissimulados entre as massas

na região satélite. As manchetes anunciavam um verdadeiro “mundo cão”,

onde monstros e psicopatas oriundos da periferia precisavam ser combatidos

por justiceiros acima da lei. Nesse período, surgem os esquadrões da morte.

Mário era o exímio narrador dessa guerra, criando apelidos para os bandidos

e para os justiceiros. O mais mortífero esquadrão era chamado pelo repórter

de Equipe Satanás, e seu líder, o agente policial Divino de Matos, apelidado

de Divino 45 (em alusão ao seu revólver Magnum 45). O criador e a criatura

teriam seus destinos selados quando, em novembro de 1984, Mario Eugênio

é brutalmente executado no estacionamento da Rádio Planalto. As suspeitas

recaem sobre Divino, mas atingem também o alto escalão policial brasiliense,

inclusive o então secretário de Segurança Pública do DF, Coronel Lauro Rieth.

A quem interessava silenciar o Gogó das Sete? O documentário resgata um

crime bárbaro e um julgamento desconfiável, culminando na prisão de Divino,

mas livrando possíveis mandantes poderosos em Brasília. Sobretudo, porém,

o filme se debruça sobre uma construção contínua que estigmatiza a periferia

através da combinação explosiva entre medos e pavores popularescos com

políticas milicianas. O assassinato de Mário Eugênio abre uma porta para uma

época em que a capital estava em ponto de ebulição, repleta de monstros que

apavoravam as elites e abriam caminho para salvadores armados.

Você também pode gostar