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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

Faculdade de Arquitetura e Urbanismo


Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo

AUH 5859 –
ARQUITETURA, HISTORIOGRAFIA E CRÍTICA: OS ESTUDOS DE PRODUÇÃO
Quartas-feiras, das 9 às 13hs (a partir de 24/3)

Prof. Dr. José Tavares Correia de Lira (FAU-USP)


Prof. Dr. João Marcos de Almeida Lopes (IAU-USP)

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
A disciplina tem como foco a formação do campo historiográfico e crítico em arquitetura,
mapeando seus começos em meados do século XIX, transformações e rupturas ao longo dos
séculos XX e XXI, suas filiações teóricas e historiográficas, conceitos e noções chave,
coordenadas analíticas, impulsos ideológicos e interpretativos atuantes em cada momento. Os
recortes geracionais e bibliográficos variam a cada edição, mantendo-se como estratégia básica
a articulação entre discurso especializado, trajetórias intelectuais, objetos privilegiados e
compromissos operativos nos autores e livros examinados.
Nesse semestre, a disciplina focalizará um conjunto de temas histórico-críticos relacionados ao
que podemos chamar de “estudos de produção” em arquitetura. Em diálogo com o projeto de
pesquisa “Translating Ferro / Transforming Knowledges of Architecture, Design and Labour for
the New Field of Production Studies” (Universidade de São Paulo-Fapesp/ Universidade de
Newcastle-AHRC), a proposta é mapear (a) sua gênese e variações no campo historiográfico
mais geral, (b) sua elaboração peculiar na obra de Sérgio Ferro, e (c) seus rendimentos em um
conjunto de práticas arquitetônicas, históricas e contemporâneas.

OBJETIVOS
a) Apresentar e refletir sobre algumas das coordenadas teóricas mais influentes na historiografia
e na crítica de arquitetura entre o século XIX e o presente;
b) Investigar algumas das tradições analíticas da historiografia e da crítica de arquitetura em
diálogo com os temas da produção material da arquitetura;
c) Revisar a obra historiográfica de Sérgio Ferro à luz de seu arcabouço teórico-crítico, tendo em
vista a elaboração original dos estudos de produção por ele proposta;
d) Analisar um conjunto de práticas em arquitetura, históricas e contemporâneas, que sugerem
diálogos fecundos com algumas das problemáticas produtivas trabalhadas na disciplina.

DINÂMICA DAS AULAS


As aulas serão online, terão a duração de três e quatro horas, prevendo-se dois intervalos de
10mins ao longo da manhã. Além do formato expositivo, contarão com momentos de discussão
coletiva de textos e participação de convidados. Em algumas ocasiões específicas, as aulas
serão ministradas em língua inglesa.
CALENDÁRIO

Introdução

Aula 1 - 24/3 – 9 às 13hs


História da arquitetura como disciplina e a gênese dos estudos de produção no século XIX/
contexto do projeto de pesquisa “TF/TK”

Textos de discussão:
Sergio Ferro. Questões de método. Arquitetura e Trabalho Livre. São Paulo: Cosac Naify, 2006, p. 233-240.
Manfredo Tafuri. Arquitetura e historiografia: um problema de método. Desígnio, ns. 11-12. São Paulo, mar. 2011, p. 19-28.

Bibliografia complementar:
João Marcos de Almeida Lopes; José Lira. Memória, silêncio, duração. In João Marcos de Almeida Lopes; José Lira (orgs.).
Memória, Trabalho e Arquitetura. São Paulo: CPC-USP/Edusp, 2013, p. 9-30.

MÓDULO 1 – HISTÓRIA COMO PRODUÇÃO E A PRODUÇÃO COMO HISTÓRIA

Aula 2 – 7/4 – 9 às 13hs


Rendimentos da obra de Hegel e Marx para os estudos de produção em arquitetura

Textos para discussão:


Hegel. Três métodos de escrever a história. In A Razão na História: uma introdução geral à filosofia da história. São Paulo:
Moraes, 1990, p. 45-52
Karl Marx. Pósfácio da 2a. Edição; Divisão do trabalho e manufatura. In O Capital. São Paulo: Boitempo, 2013, p. 83-91; 411-443

Bibliografia complementar:
Herbert Marcuse. “O primeiro sistema de Hegel (1802-1806)”. In Razão e Revolução: Hegel e o advento da teoria social. Rio de
Janeiro: Saga, 1969, p. 67-91.
João Marcos de Almeida Lopes. Pensamento em construção: Excurso sobre as possíveis maquinações metodológicas de Sérgio
Ferro para orientar Estudos de Produção em Arquitetura, Projeto e Trabalho. In Arq.Urb, n. 29, set-dez 2020, p. 91-100.
https://www.revistaarqurb.com.br/arqurb/article/view/483

Aula 3 – 14/4 – 9 às 12hs


A historiografia de matriz arts and crafts e politécnica: Ruskin, Morris, Choisy

Textos para discussão:


John Ruskin. The Nature of Gothic. In The Stones of Venice, vol. 2. Londres: J.M. Dent & Sons Ltd., 1935, p. 138-157 (§1 a §25)
William Morris, Architecture and history. In On Architecture. Sheffield: Sheffield Academic Press, 1996, p. 99-121; A arte e os
seus produtores. In: Artes Menores. Lisboa: Antígona: 2003, p. 109-128.
Auguste Choisy. Aperçus des origines et de la formation de l’art gothique; Les influences, les architectes. In Histoire de
L’Architecture, vol. 2. Paris: Vincent, Fréal & Cie., 1954, p. 529-534.

Bibliografia complementar:
John Ruskin. Selvatiqueza (excerto de A Natureza do Gótico). In Risco: revista de pesquisa em Arquitetura e Urbanismo (Online),
(4), 2006, p. 67-76. https://doi.org/10.11606/issn.1984-4506.v0i4p67-76;
José Lira. Ruskin e o trabalho da arquitetura. In Risco: revista de pesquisa em Arquitetura e Urbanismo (Online), (4), 2006, 77-
86. https://doi.org/10.11606/issn.1984-4506.v0i4p77-86.
Santiago Huerta. Historia de la construcción: la fundación de una disciplina. In MATEUS, João Mascarenhas (org.). A história da
construção em Portugal: alinhamentos e fundações. Coimbra: Edições Almeida, 2011, p. 31-48.
Michael Baxandall. O objeto histórico: a ponte do rio Forth de Benjamin Baker. In Padrões de Intenção. São Paulo: Companhia
das Letras, 2006, p. 45-79.

Aula 4 – 21/4 – 9 às 12hs


Engenharia, mecanização e tecnologia na arquitetura: de Pevsner e Giedion a Banham.
Textos para discussão:
Sigfried Giedion. Anonymous history; Springs of mechanization. In Mechanization takes command: a contribution to anonymous
architecture. Minneapolis: University of Minnesota Press, 2013, p. 2-44.
Reyner Banham. Introduction. In A Concrete Atlantis: US Industrial Building and European modern architecture, 1900-1925.
Cambridge, Mass: The MIT Press, 1986, p. 1-21.

Bibliografia complementar:
Reyner Reyner Banham. Funcionalismo e tecnologia. In Teoria e Projeto na Primeira Era da Máquina. São Paulo: Perspectiva,
1979, p. 499-515.
Kenneth Frampton. Industrialization and the Crisis in Architecture. In HAYS, Michael (ed.). Oppositions Reader. Princeton:
Princeton Architectural Press, 1998, pp. 39-64.
Mauro Guillén. Organization, modernism and architecture. In The taylorized Beauty of the Mechanical: scientific management and
the rise of modernist architecture. Princeton: Princeton University Press, 2006, p. 1-14.

Aula 5 – 28/4 – 9 às 12hs


Manfredo Tafuri, a produção e a reprodução da arquitetura

Textos de discussão:
Manfredo Tafuri. Ideologia e Utopia; Arquitetura e seu duplo: semiologia e formalismo. In Projeto e Utopia. Lisboa: Presença,
1985, p. 41-55; 102-113.
Manfredo Tafuri. Arquitetura e historiografia: um problema de método. In Desígnio, ns. 11-12. São Paulo, mar. 2011, p. 19-28.

Bibliografia complementar:
Manfredo Tafuri. The historical project. In Oppositions, n.17, Nova York, 1979, pp.55-75
Andrew Leach. Critique of Architectural Ideology. In Manfredo Tafuri: choosing history. Gent: A&S Book/Ghent University, 2007,
p. 139-158.
Daniel Sherer. Progetto and Ricerca: Manfredo Tafuri as critic and historian. In Zodiac, n. 15, mar-ago, 1996, p. 33-51.

MÓDULO 2 – SÉRGIO FERRO E A HISTÓRIA DA PRODUÇÃO EM ARQUITETURA

Aula 6 – 5/5 – 9 às 13hs


A história da arquitetura vista do canteiro: De Estrasburgo a Paris; de Paris a Dubai
Convidados:
Felipe Contier (FAU-Mackenzie), Raíssa Oliveira (IAU-USP) e Icaro Villaça (FAUFBA)

Textos de discussão:
Sérgio Ferro. A história da arquitetura vista do canteiro. São Paulo: GFAU-USP, 2010, p. 13-57.
Sergio Ferro. Questões de método. In Arquitetura e Trabalho Livre. São Paulo: Cosac Naify, 2006, p. 233-240

Bibliografia complementar:
Sérgio Ferro. Concrete as weapon. In Harvard Design Magazine, n.46, dez. 2018.
Felipe Contier. An Introduction to Sérgio Ferro. In LLOYD THOMAS, Katie et al. (orgs). Industries of Architecture. London:
Routledge, 2015, p. 87-93

Aula 7 – 12/5 – 9 às 12hs


O Canteiro e o Desenho: de “a forma da forma-mercadoria” a “pour finir encore”
Convidados:
Will Thomson (MIT/Newcastle University) e Matt Davis (Newcastle University/ PUC-RJ)

Textos de discussão:
Sérgio Ferro. O Canteiro e o Desenho. In Arquitetura e Trabalho Livre. São Paulo: Cosac Naify, 2006, p. 105-138;
Sérgio Ferro. Dessin-Chantier: an introduction. LLOYD THOMAS, Katie et al. (orgs). Industries of Architecture. London:
Routledge, 2015, p. 94-105.

Bibliografia complementar:
Pedro Arantes. Apresentação. In Ferro, S. Arquitetura e Trabalho Livre. São Paulo: Cosac Naify, 2006, p. 9-30.

Aula 8 – 19/5 – 9 às 12hs


Construção do desenho clássico: um livro inédito
Convidada:
Silke Kapp (EA-UFMG)

Textos de discussão:
Sérgio Ferro. Contradição. In: Construção do Desenho Clássico, p. 161-188 (mimeo)

Bibliografia complementar
Sérgio Ferro. Michelangelo: Arquiteto e escultor da Capela dos Médici. São Paulo: Martins Fontes, 2016
Walter Benjamin. O autor como produtor. In Magia e Técnica, Arte e Política. São Paulo: Brasiliense, 1986, p. 120-136.

Aula 9 – 26/5 – 9 às 13hs

Novo campo dos estudos de produção / Discussão sobre os trabalhos finais (9 às 11hs)
Convidada:
Katie Lloyd Thomas (Newcastle University)

Textos de discussão:
Katie Lloyd thomas. ‘Of their several kinds’: forms of clause in the architectural specification. In Architectural Research Quaterly,
vol. 16, n.3, 2012, p. 229-237;
Katie Lloyd Thomas. Traduzindo Ferro para a Nova Área de Estudos da Produção: Uma colaboração entre Reino Unido e Brasil.
In Arq.Urb, n. 29, set-dez 2020, p. 87-90. https://revistaarqurb.com.br/arqurb/article/view/485

MÓDULO 3 – CANTEIROS CONTEMPORÂNEOS E PRÁTICAS CRÍTICAS

Aula 10 – 2/6 – 9 às 12hs


Sérgio Ferro e as práticas de produção
Convidados:
Pedro Arantes (Unifesp/ Usina) e Caio Santo Amore (FAU-USP/Peabiru)

Texto de discussão:
Sérgio Ferro. Reflexões para uma política na arquitetura. Arquitetura e Trabalho Livre. São Paulo: Cosac Naify,
2006, p. 203-213.

Bibliografia complementar:
Pedro Arantes. O fio da meada. Arquitetura Nova. São Paulo: Ed. 34, p. 2002, 163-224

Aula 11 – 9/6 – 9 às 12hs


Rodrigo Lefèvre e a utopia dos mutirões
Convidados:
Ana Paula Koury (FAU-Mackenzie), Kaya Lazarini e Flávio Higushi (Usina/ FAU-USP)

Texto de discussão:
Rodrigo Lefevre. Projeto de um acampamento de obra: uma utopia. In Koury, A.P. (org.) Arquitetura Moderna
Brasileira: uma crise em desenvolvimento. São Paulo: Edusp, 2019, p. 197-447.

Bibliografia complementar:
Ana Paula Koury. Da produção à gestão; do estudo da periferia à atuação na Guiné-Bissau: notas sobre a trajetória
de Rodrigo Lefèvre. In Koury, A.P. (org.) Arquitetura Moderna Brasileira: uma crise em desenvolvimento. São Paulo:
Edusp, 2019, p. 21-37

Aula 12 – 16/6 – 9 às 12hs


Canteiros da utopia hoje
Convidadas: Silke Kapp (EA-UFMG) e Mariana Borel (Arquitetura na Periferia)
Texto de discussão:
Sérgio Ferro. Prefácio. In Kapp, S. Canteiros da Utopia. Belo Horizonte: Mom, 2020, p. 11-20.
Silke Kapp. Utopias do canteiro. In Canteiros da Utopia. Belo Horizonte: Mom, 2020, p. 385-398.

Aula 13 – 23/6 – 9 às 12hs


O trabalho imaterial da arquitetura
Convidada Peggy Deamer (Yale University)
Balanço da disciplina das 11 às 12hs

Textos de discussão:
Peggy Deamer. O arquiteto como trabalhador. In Tonetti, A.C; Nobre, L.; Mariotti, g.; Barossi, J. (orgs).
Contracondutas. São Paulo: Associação Escola da Cidade, 2017, p. 215-221.

Bibliografia complementar:
Peggy Deamer. The architect as worker: imaterial labor, the creative class and the politics of design. Londres:
Bloomsbury, 2015.

AVALIAÇÃO
A atividade discente será avaliada através da participação nas discussões em sala de aula e da
realização de monografia relacionada aos temas trabalhados ao longo da disciplina

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