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DULIO TEIXEIRA

THIAGO CARVALHO VILELA

Culturas da Beterraba e da Cebolinha Cultivadas em Consórcio e Monocultivo

Trabalho de conclusão de curso


apresentado ao curso de Engenharia
Agronômica do Centro Universitário
de Formiga – UNIFOR-MG, como
requisito parcial para obtenção do
título de Bacharel em Engenharia
Agronômica
Orientadora: Prof.ª Drª. Fernanda
Maria Rodrigues Castro
FORMIGA – MG

2020

DULIO TEIXEIRA

THIAGO CARVALHO VILELA

Culturas da Beterraba e da Cebolinha Cultivadas em Consórcio e Monocultivo

Trabalho de conclusão de curso apresentado


ao curso de Engenharia Agronômica do Centro
Universitário de Formiga – UNIFOR-MG, como
requisito parcial para obtenção de título de
Bacharel em Engenharia Agronômica.

BANCA EXAMINADORA
_______________________________________________________________
____

Profª. Drª. Fernanda Maria Rodrigues Castro

ORIENTADORA

_______________________________________________________________
____

Prof. Dr. Adriano Alves Da Silva

UNIFOR- MG

_______________________________________________________________
____

Prof. Dr. Ronan Souza Sales

UNIFOR - MG

FORMIGA, 23 de novembro de 2020


Culturas da Beterraba e da Cebolinha Cultivadas em Consórcio e
Monocultivo

Dúlio Assis Teixeira. Centro Universitário de Formiga, Formiga, Minas Gerais, Brasil.
E-mail: dulioteixeira@hotmail.com. Endereço para correspondência: Rua José Martins,
33 - apartamento 106, Formiga – MG.
Fernanda Maria Rodrigues Castro. Centro Universitário de Formiga, Formiga, Minas
Gerais, Brasil. E-mail:fefernandacastro@hotmail.com. Endereço para correspondência:
Rua Maria de Lourdes Giarola, 121, Formiga – MG.
Thiago Carvalho Vilela. Centro Universitário de Formiga, Formiga, Minas Gerais,
Brasil. E-mail: thorpe320@hotmail.com. Endereço para correspondência: Rua Tanjo
Silveira, 110 A, Formiga – MG.

Resumo

As oleráceas são muito importantes tanto para a agricultura quanto para garantir
a segurança alimentar da população. Dentre as culturas mais cultivadas, ressaltam-se a
beterraba e a cebolinha, que são produzidas tanto em escala comercial, quanto para
agricultura familiar. Neste trabalho, objetivou-se avaliar o desempenho das culturas da
beterraba e da cebolinha, em relação a parâmetros morfoagronômicos quando cultivadas
separadamente e em consórcio. O experimento foi conduzido na Horta Comunitária do
Banco Municipal de Formiga, município de Formiga em Minas Gerais. Foram
analisados cinco arranjos, em delineamento inteiramente casualizado: três consorciados
e dois solteiros. Os arranjos consorciados foram dispostos em canteiros seguindo as
seguintes alocações: Tratamento 1- seis fileiras de plantas, sendo as duas centrais de
beterraba e as duas externas de cebolinha; Tratamento 2- seis fileiras de plantas, com
plantio alternado na fileira de cebolinha e beterraba; Tratamento 3- seis fileiras de
plantas, sendo as duas centrais de cebolinha e as duas externas de beterraba; Tratamento
4- canteiro somente com beterraba; Tratamento 5- canteiro somente com cebolinha.
Foram coletadas dez plantas ao acaso, por parcela, avaliando-se os parâmetros: peso,
altura, número de folhas (cebolinha) e diâmetro (beterraba). Na cultura da beterraba
não houve diferenciação entre os parâmetros, considerando os tratamentos avaliados.
No cultivo da cebolinha, o Tratamento 5 (monocultivo), se diferenciou dos demais ao
apresentar maior altura e peso da touceira. A diversidade de arranjos possíveis entre
espécies olerícolas, bem como a determinação das diferentes culturas e suas variedades,
considerando as condições edafoclimáticas, oportuniza novos estudos com foco na
produção sustentável de alimentos.

Palavras-chave: Olericultura. Agricultura familiar. Hortaliças. Sustentabilidade.

Introdução

No Brasil, segundo Andriolo (2017), o ramo da horticultura, responsável pelos


estudos relacionados ao cultivo de hortaliças de modo geral, é a olericultura. A
importância do consumo desse tipo de alimento é destacada ainda nos séculos XV e
XVI, durante o período das Grandes Navegações, quando foi observado que a falta de
vitaminas era responsável por diversas patologias e que a ingestão de hortaliças poderia
minimizar tais ocorrências. A produção de hortaliças também foi responsável por
amenizar o problema de escassez de alimentos que caracterizou a realidade dos séculos
posteriores, tanto na América quanto na Europa.
No cenário econômico atual, constata-se o papel importante desempenhado pela
produção olerícola, uma vez que a safra 19/2020 corresponde a aproximadamente
125.013.854 toneladas de alimentos, dentre os quais, Minas Gerais é responsável por
27.674.602 toneladas de alimentos (COMPANHIA NACIONAL DE
ABASTECIMENTO (CONAB), 2020).
Em função da importância econômica e social, que a olericultura representou
durante a fase histórica e continua a representar, tanto no âmbito federal quanto
estadual, conforme os números supracitados, é importante estudar e implementar
técnicas que assegurem melhores índices produtivos. Tal fato se justifica, pois com o
aumento populacional, paralelamente, há maior demanda por alimentos, não somente
em quantidade, mas também em qualidade. A fim de contornar tais obstáculos, é
necessário a implementação de estratégias voltadas para o aumento produtivo, sem
causar maiores danos ao ambiente (SOUZA; SCHLEMPER; STÜRMER, 2017).
A preocupação em assegurar a produtividade, no caso específico da olericultura,
ainda é potencializada pelas características peculiares que interferem no fornecimento
contínuo das hortaliças, que são a sazonalidade e a perecibilidade. O aspecto sazonal
limita esse fornecimento em função das condições ambientais responsáveis por
dificultar ou mesmo impedir o cultivo em determinados períodos do ano. A
perecibilidade, por sua vez, refere-se às condições características de cada cultura, em
que se observa um período limitado em que o produto deva ser consumido, após sua
colheita (ANDRIOLO, 2017).
A olericultura também se caracteriza por ser uma atividade que exige muita mão
de obra em todo o seu ciclo, desde o plantio até a comercialização (MELO; VILELA,
2007). Além disso, a sustentabilidade tem sido cada vez mais incorporada nos sistemas
de produção olerícola, considerando os aspectos ambientais, sociais, econômicos e
técnicos das culturas.
Visando o aumento da produtividade e também a sustentabilidade, Resende et al.
(2010) destacam que o emprego do consórcio de culturas é uma técnica viável na
produção de hortaliças, uma vez que provê a redução de custos de produção, além de
assegurar produtos de melhor qualidade ao consumidor final.
Melo et al. (2015), por outro lado, reforçam que não é possível afirmar com
certeza que o consórcio reverterá de maneira positiva na produção. Por isso, são
necessários estudos e experimentos, a fim de dimensionar a real aplicabilidade do
consórcio das mais diferentes culturas olerícolas.
Há duas classificações em relação à associação de plantas, as companheiras e as
antagonistas. Quando se opta pelo emprego do consórcio de culturas, é importante que
sejam utilizadas plantas companheiras, uma vez que elas favorecem o resultado
produtivo obtido, melhoram o sabor, são capazes de repelir pragas e insetos, ajudam na
recomposição do solo, evitam doenças e minimizam a necessidade do emprego de
produtos químicos (EMPRESA DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO
RURAL (EMATER), 2011).
Visando o consórcio entre olerícolas, serão destacadas as características da
cultura da cebolinha e da beterraba:

▪ A cebolinha possui características similares à cebola, porém não


desenvolve bulbo. Pertence à família Alliaceae e no Brasil, foi introduzida pelos
portugueses. Duas espécies permitem o cultivo, que são: a cebolinha verde ou comum
(Allium fistulosum); e a cebolinha de folhas finas ou galega (Allium schoenoprasum). A
cebolinha verde é considerada a variedade mais implantada em hortas comerciais e
familiares no Brasil (GONSALVES, 2002).
▪ A beterraba (Beta vulgaris L.) pertence à família Chenopodiaceae e é
considerada uma das principais hortaliças tuberosas cultivadas no Brasil. Possui sistema
radicular do tipo pivotante, que pode atingir a profundidade de até 60 cm, com poucas
ramificações laterais; coloração vermelho escura que se encontra presente também nas
nervuras e nos pecíolos das folhas. Dentre as cultivares comercializadas, a cultivar
Ewtt–sk se caracteriza por ter uma folhagem vigorosa, raiz globular com coloração
interna vermelho intenso. Seu peso varia entre 220 a 250 g, enquanto a altura
aproximada fica entre 50 a 55 cm, dependendo do espaçamento empregado (TIVELLI
et al., 2011).

Granjeiro et al. (2011) analisaram o consórcio entre a beterraba (Beta vulgaris


L.) e o coentro (Coriandrum sativum L.). Os resultados alcançados ratificaram a
viabilidade econômica do consórcio, uma vez que os tratamentos dos cultivos solteiros
de beterraba e coentro obtiveram resultados inferiores quanto à altura das plantas, massa
fresca e seca da raiz e produtividade não comercial, além de resultados
significativamente inferiores quanto a massa seca da parte área quando comparados com
o tratamento do cultivo consorciado. Constatou-se também, que o plantio do coentro
deve ser feito de forma simultânea ou até sete dias após o período de semeadura da
beterraba. Tal procedimento, garantiu, segundo o experimento dirigido um aumento na
altura das plantas, assim como aumento da massa área seca e produtividade das plantas.
Melo et al. (2015) estudou a viabilidade do consórcio entre e beterraba e a couve
chinesa alternando os dias de transplantio das mudas. Os resultados do experimento
demonstraram que o consórcio entre as duas culturas é viável, uma vez que houve
ganhos de massa fresca e seca da cabeça, aumento do diâmetro vertical e horizontal da
cabeça e aumento da produtividade na couve chinesa, além disso, houve aumento na
altura das plantas, aumento do diâmetro vertical e horizontal e aumento da massa seca e
fresca das raízes na beterraba. Dentre as variáveis analisadas e mencionadas
anteriormente, observou-se que os melhores resultados foram obtidos com o
transplantio da couve chinesa 28 dias após o transplantio da beterraba. Isso garantiu as
duas culturas o melhor aproveitamento dos recursos disponíveis.
Outra pesquisa, realizada por Schmitt et al. (2016), avaliou a efetividade do
consórcio de salsa e cebolinha para a produção de maços comerciais prontos mistos de
cheiro-verde. O experimento foi realizado com oito tratamentos, quatro solteiros e
quatro consorciados. Os resultados evidenciaram que o arranjo de cultivo consorciado,
constituído por mudas de salsa e cebolinha oriundo de um único alvéolo das bandejas,
foi o que obteve o melhor resultado em relação ao ganho de massa verde e massa seca
da parte área das plantas, quando comparado aos experimentos de cultivo solteiro.
Por outro lado, os resultados de um outro experimento que avaliou sistemas de
cultivo solteiro e em consórcio, trabalhando as culturas de nabo e cebolinha,
demonstrou uma situação diferente das apresentadas anteriormente, uma vez que o
cultivo solteiro de ambas as culturas foi o que obtive as maiores produções de massa
fresca em relação aos arranjos consorciados. Para analisar os dois sistemas de cultivo
(solteiro e consorciado), foram avaliados, no cultivo de cebolinha o número de
perfilhos, o número e comprimento das folhas, a massa seca e o número de molhos, já
no cultivo de nabo foram avaliados o diâmetro, comprimento e massa seca do tubérculo,
além do cumprimento e número de folhas na parte aérea das plantas. Em resumo, o
sistema de monocultivo de ambas as culturas analisadas obteve a melhor rendimento
(ESPINOSO et al., 2017).
A partir dos experimentos supracitados, é possível constatar que a viabilidade da
consorciação depende das culturas empregadas no sistema e, por isso, é tão importante
diversificar, por meio de estudos, as espécies consorciadas, para poder assegurar a real
efetividade do consórcio de culturas implementadas.
Em função da importância alimentar das cultivares em estudo, objetivou-se
avaliar o desempenho das culturas da beterraba e da cebolinha, em relação a parâmetros
morfoagronômicos, quando cultivadas separadamente e em consórcio.

Material e métodos

O experimento foi conduzido em uma Horta Comunitária do Banco Municipal


de Formiga, no município de Formiga – MG (20º27’42” Sul, longitude 45º25’58”),
região Centro-Oeste de Minas Gerais, entre o período de 08/10/2019 a 04/12/2019. O
solo da área utilizada é classificado como latossolo amarelo, com textura argilosa. O
clima da região é Cwa, segundo a classificação Köppen, temperatura média de 20,6 ºC,
e precipitações médias anuais em torno de 1437 mm.
As cultivares utilizadas foram: para beterraba, cultivar Ewtt–sk (Sakata), que se
caracteriza por ter uma folhagem vigorosa, raiz que possui formato globular, com
coloração interna vermelho intenso. Seu peso varia entre 220 a 250 g, enquanto a altura
aproximada fica entre 50 a 55 cm, dependendo do espaçamento empregado (TIVELLI
et al., 2011); cebolinha, cultivar Wakasama (Sakata), que apresenta folhas numerosas,
fistulosas que possuem uma variação de comprimento, de 25 a 35 cm e coloração verde
claro (GONSALVES, 2002).
A análise do solo, no qual foi realizado o referido experimento, foi feita por
meio do laboratório Agrolab, localizado no município de Pimenta - MG. Os resultados
obtidos demonstraram as seguintes características do solo: pH de 7,7; matéria orgânica
de 41,5 g/kg; soma de bases de 82,5 mmolc dm-3; CTC de 90,10 mmolc dm-3; e V% com
valor de 91%.
Os arranjos do sistema de consórcio foram montados nos canteiros utilizando-se
espaçamento de 0,20 x 0,20 m, entre plantas. A dimensão do canteiro foi de 1,5 x 3,0 m,
totalizando seis linhas de plantio, onde foram utilizadas como parcelas úteis, somente as
quatro fileiras centrais. Os tratamentos adotados estão discriminados a seguir:

▪ Arranjo 1: seis linhas de plantas, sendo as duas centrais de beterraba e as duas


externas de cebolinha;
▪ Arranjo 2: seis linhas de plantas, com plantio alternado na fileira de cebolinha e
beterraba;
▪ Arranjo 3: seis linhas de plantas, sendo as duas centrais de cebolinha e as duas
externas de beterraba;
▪ Arranjo 4: somente beterraba;
▪ Arranjo 5: somente cebolinha.

O delineamento utilizado foi o inteiramente casualizado, coletando-se 10 plantas


ao acaso, em cada parcela, para mensuração dos seguintes parâmetros
morfoagronômicos de cada cultura:

Cebolinha:
a) Altura: medida utilizando-se régua graduada de 50 cm;
b) Peso: obtido através de pesagem utilizando-se balança digital com precisão de 4
dígitos, em que se pesou a parte foliar e a raiz simultaneamente; e
c) Número de folhas: foi mensurado através da contagem de todas as folhas da
touceira.

Beterraba:
a) Altura: medida utilizando-se régua graduada de 50 cm, da base da raiz até o final
da folha;
b) Peso: obtido através de pesagem utilizando-se balança digital com precisão de 4
dígitos, foram pesadas a parte foliar e a raiz;
c) Diâmetro: a medida foi realizada utilizando-se paquímetro digital, unidade em
milímetros.

Figura 1 – Croqui do canteiro com o arranjo dos tratamentos utilizados, considerando as culturas da
cebolinha e da beterraba (não se encontra em escala).
Fonte: O próprio autor, 2020.
A preparação do terreno foi feita utilizando-se enxada rotativa e anteriormente
ao plantio do experimento, foi realizado o plantio de feijão comum. A irrigação foi
realizada utilizando-se sistema de aspersão convencional. Durante o ciclo produtivo de
90 dias, para ambas as culturas, o controle de fitossanitário foi realizado com aplicação
do produto químico AMISTAR WG. A dosagem utilizada foi de 100g/ha, que foi
aplicada utilizando-se bomba costal de 20 litros, totalizando 3 aplicações. O controle de
plantas infestantes foi realizado utilizando-se enxada.
Os dados foram analisados utilizando o software Sisvar (FERREIRA, 2014),
onde foram submetidos à análise de variância, e as médias encontradas foram avaliadas
pelo Teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Resultados e discussão

A associação de culturas, considerando o cultivo no mesmo tempo e espaço,


além de promover benefícios agronômicos mútuos, também geram a possibilidade de
diversificação de produtos comerciais para o agricultor.
Avaliou-se o comportamento da cultura da beterraba em relação aos tratamentos
utilizados, considerando os parâmetros morfoagronômicos de diâmetro, peso e altura.
Realizou-se a análise de variância conforme demonstrado na Tabela1.

Tabela 1 – Análise de variância dos tratamentos relacionados à cultura da beterraba, avaliando-se


diâmetro (mm), peso (g) e altura (cm).
QM
FV GL
Diâmetro Peso Altura
ns ns
Tratamentos 3 227,767 0,005 44,825 ns
Erro 36 127,883 0,006 39,342
CV (%) 22,78 46,79 15,05
Média Geral 49,65 0,17 41,68
Fonte: Dados da Pesquisa, 2020.
Legenda: FV: fonte de variação; GL: grau de liberdade; QM: quadrado médio; ns: não significativo a 5%
pelo Teste F.

O primeiro parâmetro analisado foi o diâmetro, que apesar de não apresentar


diferença entre os tratamentos avaliados, demonstrou variação entre o Tratamento 4,
com valor de diâmetro de 54,10 mm e o Tratamento 3, com diâmetro de 44,90 mm,
conforme demonstrado no Gráfico 1 - a). O tratamento que apresentou menor valor de
diâmetro foi relacionado ao monocultivo.
Para altura, os valores também não foram influenciados pelos diferentes
tratamentos, de acordo com o Gráfico 1 – b), em que a maior média foi correspondente
ao Tratamento 3, com 44,10 cm. O peso também não foi influenciado pelos diferentes
tratamentos, apresentando valores menores quando a cultura foi realizada em
monocultivo, com 0,146 kg.
Gráfico 1 – Valores médios referentes aos parâmetros morfoagronômicos da cultura da beterraba para
quatro tratamentos avaliados, arranjo em consócio e monocultivo, considerando a) diâmetro (mm), b)
altura (cm) e c) peso (kg).

Fonte: Dados da Pesquisa, 2020.

Tais resultados corroboram com experimento desenvolvido por Ascari et al.


(2015), no qual foi analisado o cultivo consorciado entre a rúcula e a beterraba em
comparação com o monocultivo.
O aumento de diâmetro da beterraba em função do emprego do consórcio de
culturas foi observado no experimento de Reis (2013), que analisou o consórcio de
beterraba e alface. Neste caso específico, o diâmetro médio da raiz de beterraba foi de
7,1 cm, variando de 6,8 cm para o tratamento beterraba solteira com adubação
recomendada para beterraba a 7,3 cm para o consórcio de beterraba e alface com a
média de adubação recomendada para ambas as culturas analisadas.
Medeiros et al. (2019) concluíram em seu experimento que o consórcio de
beterraba e caúpi-hortaliça, regionalmente conhecido como feijão de corda, também se
mostrou viável em função da melhor produtividade do consórcio quando comparado à
monocultura. De acordo com o experimento realizado, houve aumento do peso e do
número de grãos por vargem na ordem de 32,1 g para cada 100 grãos e 7 grãos nas
vargens, respectivamente. No cultivo de beterraba observou-se um ganho de altura de
até 36,46 cm nas folhas, bem como um aumento no número destas, além disso, houve
também um ganho de produtividade, que chegou a 20 raízes por hectare.
A Tabela 2 refere-se aos dados pertinentes à cultura da cebolinha, em que se
analisou os parâmetros morfoagronômicos altura, peso e número de folhas.

Tabela 2 – Análise de variância dos tratamentos relacionados à cultura da cebolinha, avaliando-se número
de folhas, peso (g) e altura (cm).
QM
FV GL Altura Peso Número de
folhas
Tratamentos 3 459,300* 0,012* 233,367 ns
Erro 36 26,444 0,001 241,083
CV (%) 9,43 39,37 29,49
Média Geral 54,55 0,07 52
Fonte: Dados da Pesquisa, 2020.
Legenda: FV: fonte de variação; GL: grau de liberdade; QM: quadrado médio; * significativo a 5% pelo
Teste F; ns: não significativo a 5% pelo Teste F.

Em relação à cultura da cebolinha, os dados relacionados à altura, foram


dispostos no Gráfico 2, cuja média geral alcançada foi de 54,55 cm. O resultado mais
expressivo foi o de 61,70 cm de altura, relativo ao Tratamento 5; enquanto o menos
expressivo foi a altura do Tratamento 2, com 47,90 cm. Acerca da altura, o Tratamento
3, duas fileiras centrais de cebolinha e as duas externas de beterraba, apresentou o
segundo melhor índice, sendo que a monocultura da cebolinha alcançou uma altura
superior de 2,8 cm, (Tratamento 5) em relação a este tratamento.
Este resultado diferiu do experimento feito por Salvador, Zárate e Vieira (2004),
uma vez que estes autores verificaram que o consórcio por eles analisado, entre
cebolinha e almeirão, a altura da cebolinha por meio do referido consórcio obteve um
aumento de 9,8 cm em relação ao cultivo solteiro. Essa diferença pode ser relacionada
tanto às culturas consociadas quanto a fatores edafoclimáticos no momento do cultivo.

Gráfico 2 – Valores médios referentes ao parâmetro morfoagronômico da cultura da cebolinha para


quatro tratamentos avaliados, arranjo em consócio e monocultivo, considerando altura (cm).
70 61.70
58.90
60
49.70 47.90
50
Altura (cm)

40
30
20
10
0
1 2 3 4
Tratamentos
Fonte: Dados da Pesquisa, 2020.
*médias seguidas pelas mesmas letras não possuem diferença significativa entre si pelo Teste de Tukey a
5% de probabilidade.

O segundo parâmetro foi o peso. Observou-se que os resultados foram


significativos para os tratamentos, ou seja, em relação ao peso a cultura apresentou
comportamento distinto quando submetida aos diferentes tratamentos, conforme a
Tabela 2. O Gráfico 3 esboça os resultados referentes ao peso da cebolinha, em que o
maior peso verificado foi relacionado ao Tratamento 5, o monocultivo da cebolinha. Tal
resultado também foi verificado por Carvalho et al. (2016) que analisou o monocultivo
e o consórcio de alface e cebolinha, em que a massa fresca da alface e da cebolinha
foram maiores nos tratamentos em monocultivo.
Tal resultado reforça a percepção da Emater (2011) ao afirmar que o tipo de
cultura escolhida para compor o consórcio interfere em sua viabilidade. Essa
variabilidade é decorrência do aspecto descrito por Teixeira, Mota e Silva (2005) que
afirmam que o melhor aproveitamento do solo é obtido por meio do consórcio entre
culturas que apresentem tipo de raízes diferenciadas que tenham a capacidade de
explorar diferentes profundidades do solo, como no caso deste estudo em que a
beterraba é uma raiz tuberosa e a cebolinha possui raiz fasciculada ou em cabeleira.
Gráfico 3 – Valores médios referentes ao parâmetro morfoagronômico da cultura da cebolinha para
quatro tratamentos avaliados, arranjo em consócio e monocultivo, considerando peso (kg).

0.20
Fonte: Dados da
0.16 Pesquisa, 2020.
5
*médias seguidas pelas
0.12 0.112 mesmas letras não
Peso (kg)

0.090 possuem diferença


significativa entre si
0.08 pelo Teste de Tukey a
0.045 0.043 5% de probabilidade.
0.04
Por fim, não
0.00 houve diferença
1 2 3 4
entre o número de
Tratamentos folhas verificadas
nos diferentes tratamentos, apresentando uma média geral de aproximadamente 55
folhas. O Tratamento 3 foi o tratamento que apresentou um maior número de folhas (59
folhas), seguido pelo Tratamento 2 (54 folhas), conforme Gráfico 4.

Gráfico 4 – Valores médios referentes ao parâmetro morfoagronômico da cultura da cebolinha para


quatro tratamentos avaliados, arranjo em consócio e monocultivo, considerando número de folhas.
70
58.70
60 54.00
50.40
47.50
Número de Folhas
50
40
30
20
10
0
1 2 3 54
Tratamentos
Fonte: Dados da Pesquisa, 2020.

Montezano e Peil (2006) ao afirmarem que o consórcio de hortaliças é uma


prática de incremento que permite melhorar a produtividade das culturas analisadas,
sugerem a importância de estabelecer experimentos comparativos, como o empregado
neste estudo, a fim de analisar as culturas que melhor se beneficiam com o cultivo
consorciado.

Os sistemas de consórcio de hortaliças são práticas de manejo presentes no


cotidiano da pesquisa agronômica e do olericultor, tornando-se uma
estratégia fitotécnica importante sob o ponto de vista do incremento na
produtividade das culturas e do aumento da diversidade de espécies
cultivadas numa mesma área, favorecendo o equilíbrio ecológico deste
sistema. (MONTEZANO E PEIL, 2006).

Conclusão

Foi possível avaliar o desempenho das culturas da beterraba e da cebolinha, em


relação a parâmetros morfoagronômicos, quando cultivadas em consórcio e no sistema
de monocultivo.
Para a cultura da beterraba não houve diferença entre os tratamentos
relacionados aos arranjos estabelecidos para os parâmetros avaliados: peso, altura e
diâmetro. Para a cultura da cebolinha, o Tratamento 5, ou seja, o monocultivo, foi o que
apresentou maior incremento em altura e peso da touceira; o parâmetro número de
folhas não se diferenciou quando submetido aos diferentes tratamentos.
. A diversidade de arranjos possíveis entre espécies olerícolas, bem como a
determinação das diferentes culturas e suas variedades, considerando as condições
edafoclimáticas, oportuniza novos estudos com foco na produção sustentável de
alimentos.
REFERÊNCIAS

ANDRIOLO, J. L. Olericultura geral. Editora da UFSM, 3ª ed., Santa Maria, 2017.


96p.

ASCARI, João Paulo et al. Viabilidade agronômica e produtiva do consórcio de


beterraba e rúcula. Cadernos de Agroecologia, [S.l.], v. 10, n. 3, may 2016. ISSN
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agroecologia.org.br/index.php/cad/article/view/17107>. Acesso em: 01 ago. de 2020.

CARVALHO, Arnaldo Henrique de Oliveira et al. Viabilidade Agronômica e


Econômica do Cultivo Consorciado de Alface e Cebolinha. Cadernos de Agroecologia,
[S.l.], v. 11, n. 2, dec. 2016. ISSN 2236-7934. Disponível em: <http://revistas.aba-
agroecologia.org.br/index.php/cad/article/view/21026>. Acesso em: 01 ago. de 2020.

CONAB. COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO. CONAB.


Acompanhamento da safra brasileira. 2020. Disponível em: <
https://www.conab.gov.br/info-agro/safras>. Acesso em: 29 abr. 2020.

EMPRESA DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL. EMATER.


Plantas companheiras e indicadoras. Rio Grande do Sul: Ascar, 2011. Disponível em:
<http://dspace.emater.tche.br/xmlui/bitstream/handle/20.500.12287/52942/emater_rs_5
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ESPINOSO, S. Q. et al. Produção e renda bruta da cebolinha solteira e consorciada com


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FERREIRA, D. F. Sisvar: a guide for its bootstrap procedures in multiple comparisons,


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<http://dx.doi.org/10.1590/S1413-70542014000200001>. Acesso em: 10 jun. 2020.

GONSALVES, P. E. Livro dos alimentos. São Paulo: Summus Editorial, 2002.


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FORMATAÇÃO
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