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Abrão Inácio Pinto

Ângela Inácio N`nema


António Armindo Charles
Awati Xavier Ámido

Biotecnologia
Licenciatura em Ensino de Filosofia com Habilidades em Ética

Universidade Rovuma
Extensão Cabo Delgado
2021
Abrão Inácio Pinto

Ângela Inácio N`nema

Armindo António Charles

Awati Xavier Ámido

Biotecnologia

Licenciatura em Ensino de Filosofia com Habilidades em Ética

Trabalho de carácter científico a ser


entregue no Departamento de Letras e
Ciências Sociais, recomendado pelo docente
da cadeira de Bioética, 2° Semestre, 3ºano.

Dr. Faruk Amede

Universidade Rovuma

Extensão Cabo Delgado

2021
Índice
Introdução........................................................................................................................................3

Conceito de Biotecnologia...............................................................................................................4

Origem de Biotecnologia.................................................................................................................5

Clonagem Humana e Células Tronco..............................................................................................6

A Ética da Clonagem Reprodutiva..................................................................................................7

Conclusão........................................................................................................................................9

Referência Bibliográfica................................................................................................................10
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Introdução

O presente trabalho, tem como tema: Biotecnologia, como nós sabemos, a utilização da
biotecnologia vem aumentando consideravelmente no mundo inteiro, apresentando várias
oportunidades como também desafios. A biotecnologia traz, de certa forma, esperança, pois com
ela existem várias possibilidades de se resolver muitos dos grandes problemas mundiais, através
da identificação e manipulação dos genes. O objectivo do grupo é propor uma reflexão a respeito
da clonagem e para tanto, preliminarmente pretendemos enfatizar que a referida técnica
científica comporta como significado, um verdadeiro paradoxo, por ser um procedimento
revolucionário, na seara da ciência e ao mesmo tempo, um risco de afronta à bioética, sob o
prisma da violação do princípio da dignidade da pessoa humana, então aí motivada a
imprescindível conceituação científica e jurídica.

No entanto, o nosso trabalho tem os seguintes objectivos:

Objectivos
Geral:

 Compreender e Descreves o conceito de Biotecnologia;

Específicos:

 Compreender a origem da Biotecnologia;

 Compreender o conceito de clonagem humana e células-tronco;

 Reflectir em torno da ética da clonagem reprodutiva.

Metodologia

O trabalho, foi desenvolvido por meio de pesquisa bibliográfica que traz uma abordagem
específica e clara sobre o tema, sendo que também foram feitas outras pesquisas em formato
electrónico para melhor desenvolver o tema, do tipo, qualitativo com uma abordagem centrada
em apresentar o tema compreendido as suas diversas abordagens, assim como seu
funcionamento.
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Conceito de Biotecnologia

Podemos encontrar, nos mais variados meios de comunicação, várias definições para o termo
biotecnologia. Uma definição ampla de biotecnologia é o uso de organismos vivos ou parte deles
para a produção de bens e serviços. Podemos dizer que, nessa definição, enquadram-se a
biotecnologia clássica e moderna. A biotecnologia clássica envolve um conjunto de actividades
que o homem vem desenvolvendo há milhares de anos, como a produção de alimentos
fermentados, como o pão e o vinho. A chamada biotecnologia moderna envolve tecnologias de
engenharia genética, DNA recombinante, cultura de células e embriões para o desenvolvimento
de produtos e processos. Entre as várias definições de biotecnologia, encontramos aquelas em
sentido amplo.

Scriban (1985) apresenta a Biotecnologia como o conjunto de conhecimentos técnicos e


métodos, de base científica ou prática, que permite a utilização de seres vivos como parte
integrante e activa do processo de produção industrial de bens e serviços.

Uma outra definição de biotecnologia é:

É o uso de conhecimentos sobre processos biológicos e sobre as propriedades dos seres vivos,
com o fim de resolver problemas e criar produtos de utilidade. (Faleiro, 2009 P. 183).

Algumas definições se enquadram mais dentro da biotecnologia clássica:

É o uso industrial de processos de fermentação, tecnologia que permite a utilização de material


biológico para fins industriais (BORÉM, 1998, P. 453).

É um conjunto de técnicas que utiliza seres vivos, ou parte desses, para produzir ou modificar
produtos, aumentar a produtividade de plantas e animais de maneira eficiente ou, ainda, produzir
microrganismos para usos específicos. (TORRES et all 1999, P. 354).

Por fim Borem e Santos, (2004) sustentam que:

É o desenvolvimento de produtos por processos biológicos, utilizando-se a tecnologia do DNA


recombinante. (BORÉM e SANTOS, 2008, P. 21).

Até aqui, o grupo concorda em definir a biotecnologia como sendo o uso da técnica medicinal
em combinação com a tecnologia com a finalidade de gerar um alavancamento na melhoria
económico e social. Mais adiante procuramos trazer o histórico e desenvolvimento desta área.
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Origem de Biotecnologia

O termo biotecnologia foi utilizado, pela primeira vez, no início do século passado. Apesar de o
termo ser novo, o princípio é muito antigo. Considerando o seu conceito amplo, podemos dizer
que a biotecnologia iniciou-se com a agricultura ou Agropecuária, ou seja, com a capacidade do
homem de domesticar plantas e animais para o seu benefício.

Estima-se que há 800 anos a.C., na Mesopotâmia, berço da civilização, os povos


seleccionavam as melhores sementes das melhores plantas para aumentar a colheita.
Outro exemplo histórico da biotecnologia é a utilização de levedura na fermentação da
uva e do trigo para produção de vinho e pão, o que já acontecia por volta de 7000 anos a.
C. Estima-se que a utilização de bactérias para a fermentação do leite para produção de
queijos já acontecia há 3000 anos a. C. (SILVA, 2004, P. 27-30).

Com a evolução da ciência em seus diversos sectores, inúmeras metodologias biotecnológicas


têm sido sistematizadas, aumentando seus benefícios económicos, sociais e ambientais. A
descoberta da utilidade dos microrganismos trouxe a primeira revolução biotecnológica, a qual
ocorreu na medicina com a produção das vacinas. Louis Pasteur foi o pioneiro.

Na óptica de Borem e Giudice, (2008, P. 510) entre outros cientistas importantes para o
desenvolvimento da biotecnologia, merecem destaque Gregor Mendel, considerado o
„pai da genética‟, com a descoberta da hereditariedade (como as características passam
de geração para geração) em 1865 e Alexander Fleming, descobridor do antibiótico
penicilina obtido a partir do fungo Penicillium.

Podemos dizer que a biotecnologia moderna nasceu com a descoberta da estrutura do DNA
(ácido desoxirribonucleico, molécula responsável pela informação genética de cada ser vivo) por
James Watson e Francis Crick em 1953. Essa descoberta foi fundamental para entender como o
DNA era capaz de codificar as proteínas responsáveis por todos os processos e pelo fenótipo de
todos os seres vivos. Esse entendimento foi concluído com a decifração do código genético por
Har Gobing Khorana e Marshall Niremberg em 1967.

Esses pesquisadores explicaram como apenas quatro nucleotídeos codificavam os 20 diferentes


aminoácidos que constituem as milhares de proteínas existentes (Borém e Santos, 2008).

A biotecnologia pode ser aplicada na área da medicina para:

Produção de medicamentos para diferentes situações, antibióticos., hormônios, vacinas, testes de


diagnóstico, pesquisa de novos medicamentos e terapias inovadoras.

Na agricultura pode ser usada para:

Adubos, biopesticidas, biofertilizantes, controle de pragas, mudas de árvores para


reflorestamento, Plantas transgénicas com características como maior valor nutritivo e resistência
a pragas e a condições adversas (ambientais ou de cultivo).
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Clonagem Humana e Células Tronco

A clonagem é um processo de que a própria natureza se serve muitas vezes para conseguir seres
que são cópias de outros que lhes deram origem. A reprodução de muitas plantas, das abelhas e
de alguns lagartos, por exemplo, ocorre através da clonagem. O que une estes seres tão diversos
é o facto de não se reproduzirem através do sexo.

De acordo com Silveira, (2004) clonagem é um mecanismo comum de propagação da


espécie em plantas ou bactérias. um clone é definido como uma população de moléculas,
células ou organismos que se originaram de uma única célula e que são idênticas à célula
original e entre elas. Em humanos, os clones naturais são os gémeos idênticos que se
originam da divisão de um óvulo fertilizado. (SILVEIRA 2004, P. 161).

Dois aspectos aqui são importantes para compreender o conceito de clonagem:

 A clonagem é um processo que permite fazer cópias de indivíduos sem recurso ao sexo;

 Um clone é um indivíduo que é a cópia genética de outro que esteve na sua origem – a
sua matriz.

Imaginemos um exemplo:

O casal Joana e Manuel, depois de sucessivos insucessos reprodutivos e de terem recorrido às


técnicas habituais, desejam ainda ter um filho que esteja relacionado geneticamente com ambos.
Decidem então clonar o Manuel. Para isso, será retirada uma célula ao Manuel da qual se
aproveitará o núcleo que contém o seu ADN. Este núcleo será transferido para o corpo celular de
um óvulo da Joana ao qual foi retirado o núcleo. O embrião que resulta da junção destas células é
então implantado no útero da Joana. Nove meses depois nascerá um bebé que será o clone do
Manuel e que terá o ADN mitocôndrico da Joana.

A clonagem pode fazer-se quer por transferência nuclear quer por divisão embrionária.

 Clonagem por transferência nuclear - Sempre que for feita com fins reprodutivos, a
clonagem por transferência nuclear será a técnica utilizada;

 Clonagem por divisão embrionária - a clonagem por divisão embrionária, como o próprio
nome indica, é o processo que permite formar dois ou mais indivíduos a partir de um só
embrião, que é dividido numa fase anterior à implantação no útero.

O corpo humano é formado por cerca de 200 tipos distintos de células, que se juntam de diversas
maneiras a fim de constituir nossos tecidos. Assim, temos células tão diferentes como as células
musculares, com a capacidade de se contraírem e de realizar trabalhos mecânicos; as células
nervosas, que geram e transmitem os impulsos nervosos; as células do fígado, responsáveis pela
desintoxicação do organismo; certas células do pâncreas, que produzem insulina; e outras.
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Uma célula-tronco (em inglês, stem cell) é, portanto, uma célula não especializada, ou
seja, que ainda não se diferenciou em nenhum tipo celular específico. Nesse sentido, o
termo tronco (ou “haste”, que é o significado da palavra stem na língua inglesa) é muito
adequado. Imagine uma árvore na qual o tronco principal, único, se ramifica em vários
galhos, e cada galho em outros ainda mais delgados, e assim por diante até chegarmos às
folhas. Essa árvore representaria então o desenvolvimento embrionário de um animal:
desde o zigoto até a efectiva formação de todos os diferentes tipos celulares presentes no
corpo do adulto. (MALAJOVICH, 2012, P.192).

Se em vez de inserirmos em um útero o óvulo cujo núcleo foi substituído por um de uma célula
somática deixarmos que ele se divida no laboratório teremos a possibilidade de usar estas células
que na fase de blastocisto são pluripotentes para fabricar diferentes tecidos. Isto abrirá
perspectivas fantásticas para futuros tratamentos, porque hoje só se consegue cultivar em
laboratório células com as mesmas características do tecido do qual foram retiradas.

É importante que as pessoas entendam que, na clonagem para fins terapêuticos, serão
gerados só tecidos, em laboratório, sem implantação no útero. Não se trata de clonar um
feto até alguns meses dentro do útero para depois lhe retirar os órgãos como alguns
acreditam. Também não há porque chamar esse óvulo de embrião após a transferência de
núcleo porque ele nunca terá esse destino. (HWANG et all., 2004).

A Ética da Clonagem Reprodutiva

Os cenários fantásticos criados em torno da clonagem humana podem ser ainda bastante remotos,
nos últimos anos têm sido avançadas várias objecções ao desenvolvimento desta tecnologia e
alguns governos aprovaram legislação com o objectivo de proibir a clonagem humana.

Mas existirão boas razões para esta proibição?

A questão torna-se mais importante porque a proibição parece entrar em confronto com um
direito que habitualmente se atribui aos seres humanos adultos: o direito à autonomia reprodutiva
e à constituição de uma família. Afirmar que uma pessoa tem este direito implica supor que deve
poder decidir quando e de que forma deseja reproduzir-se, controlando o seu papel reprodutivo.
Assim, a questão que se coloca é a seguinte:

 Se aceitarmos que os seres humanos adultos têm, em princípio, direito à autonomia


reprodutiva, que razão teremos para o negar proibindo a clonagem com fins
reprodutivos?

Uma objecção comum à clonagem reprodutiva é o argumento da identidade, que pode ser
formulado da seguinte forma:

 A clonagem reprodutiva é errada porque priva as pessoas de uma identidade própria, o


que é um mal e fere a sua dignidade.
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Segundo (SILVA, 2004, P. 27-30), sustenta que se os defensores deste argumento tiverem em
mente uma identidade que não é meramente genética, então é falso que a clonagem possa privar as
pessoas da sua identidade. Como vimos, a clonagem não produz cópias idênticas da mesma pessoa
– produz apenas pessoas com o mesmo ADN. E a experiência mostra-nos que duas pessoas que
têm o mesmo ADN podem ser muito diferentes. É o que acontece com os gémeos idênticos. Eles
desenvolvem muitas vezes personalidades distintas e têm relações sociais autónomas.

Se, pelo contrário, quem defende este argumento está a falar de uma identidade meramente
genética, então pode admitir-se que a clonagem privaria as pessoas de uma identidade própria o
clone e a sua matriz seriam privados da sua identidade por partilharem o mesmo ADN. No
entanto, também os gémeos idênticos estão privados de uma identidade própria neste sentido.
Mas, como a existência de gémeos idênticos seguramente não é um mal, também a existência de
clones não seria um mal por essa razão.

Podemos dizer que até aos nossos dias, têm discutido em torno desta questão, se a clonagem tem
um impacto positivo na sociedade ou não, e qual seria também o impacto da retirada de células-
tronco nos humanos, é com base nesse princípio, que Potter trouxe este campo de saber para
merecer nossas reflexões.

Segundo (Bórem 2008, P.18) Van Potter estava preocupado com a dimensão que os
avanços da ciência, principalmente no âmbito da biotecnologia, estavam adquirindo.
Assim, propôs um novo ramo do conhecimento que ajudasse as pessoas a pensar nas
possíveis implicações (positivas ou negativas) dos avanços da ciência sobre a vida
(humana ou, de maneira mais ampla, de todos os seres vivos). Ele sugeriu que se
estabelecesse uma “ponte” entre duas culturas, a científica e a humanística, guiado pela
seguinte frase: “Nem tudo que é cientificamente possível é eticamente aceitável”
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Conclusão

Tendo chegado a esta fase, o grupo percebeu que a biotecnologia visa esclarecer a cerca dos
meios de tecnologia usados na área da medicina, bem como sabemos, a ciência é ultimamente o
motor do mundo, o Homem quase sem ela não vive, e por conta disto avançou com a tecnologia
até aos mais altos níveis, e, até aqui o homem passa também a ser instrumento de pesquisa
durante estes avanços científicos.

E, a biotecnologia não esta isenta deste conceito, é por meio dela que o homem satisfaz seus
anseios de avançar com as descobertas tecnológicas e até certo ponto com o intuito de
proporcionar uma vida melhor para a humanidade, mais eis que surge aqui uma questão, será que
tudo o que é cientificamente provável é eticamente bom? Então é a partir daqui que abre-se uma
ponte para o futuro e, a fim de limitar as acções humanas com vista a manter a dignidade, o
respeito, e o amor pelo humanismo.

Por fim, o grupo acredita que a clonagem humana em si e a produção de células-tronco em


laboratórios não constitui um mal em si, mas o uso inapropriado destes meios é o que gera
conflitos e perda de vidas humanas.
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Referência Bibliográfica

BORÉM, A.; SANTOS, F. R. Entendendo a biotecnologia. Viçosa: Universidade Federal de


Viçosa, 2008.

BOREM, A. Melhoramento de plantas. 2. ed. Vicosa: Editora UFV, 1998.

BOREM, A.; GIUDICE, M. P. Biotecnologia e Meio Ambiente. 2. ed. Visconde do Rio Branco:
Suprema, 2008.

FALEIRO, F. G.; ANDRADE, S. R. M. Biotecnologia, transgénicos e biossegurança.


Planaltina, DF: Embrapa Cerrados, 2009.

HWANG, S. W.; RYU, Y. J.; PARK, J. H.; PARK, E. S.; LEE, E. G.; KOO, J. M. et al.
“Evidence of a Plurpotent Embryonic Stem Cell Line Derived from a Cloned Blastocyst”.
Scienceexpress, 12 fev. 2004.

MALAJOVICH, M. A. Biotecnologia. Rio de Janeiro: Instituto de Tecnologia ORT, 2012.

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SILVA, T. J. C. Clonagem: o que aprendemos com Dolly? Ciência e Cultura, v. 56, n. 3, p. 27-
30, 2004.

SILVEIRA, M. F. J.; DAL POZ, M. E.; ASSAD, A. L. Biotecnologia e recursos genéticos:


desafios e oportunidades para o Brasil. Campinas: Instituto de Economia/FINEP, 2004.

TORRES, A. C.; CALDAS, L. S. BUSO, J. A. (Ed.). Cultura de tecidos e transformação


genética de plantas. Brasília, DF: Embrapa SPI/Embrapa – CNPH, 1999.

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