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DIREITOS HUMANOS

Unidade III
7 DIREITOS HUMANOS: GRUPOS VULNERÁVEIS

7.1 Direitos Humanos das mulheres

Na história das sociedades humanas, podemos verificar o desequilíbrio presente e as desigualdades


perpetradas em matéria de Direitos Humanos das mulheres em relação aos direitos dos homens.

É sabido que existem diferenças biológicas entre os sexos que, contudo, não justificam o tratamento
desigual. Interessantes as palavras de Fátima Quintas ao discorrer sobre essas diferenças: “As diferenças
biológicas existem. Todavia, não são elas indutoras de inferioridades” (2005, p. 45). Nesse sentido, as
diferenças humanas não legitimam a violação de Direitos Humanos.

Simone de Beauvoir trouxe a ideia de independência e da individualidade da mulher, ao tratar da


condição feminina na obra “O Segundo Sexo” com a seguinte frase: ninguém nasce mulher, torna-se
mulher. Com esta frase, a autora estipula a diferenciação entre sexo e gênero.

A partir da construção social do gênero humano, vinculou-se padrões de comportamento que


edificaram alguns pilares da sociedade que nem sempre alcançaram os patamares de justiça, violando
dessa forma os Direitos Humanos.

A Revolução Francesa, com seus ideais de justiça e igualdade, promoveu a compreensão de que o
tratamento igualitário é a regra, independente do gênero.

O tratamento igualitário entre homens e mulheres não é condição indissociável do reconhecimento


da dignidade humana. Não se trata de privilégio, mas de medida isonômica.

A Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã de 1791 já preconizava a igualdade quanto aos atos
de poder de homens e mulheres. A mulher nasce livre e tem os mesmos direitos que o homem (USP).

Você sabia que no século XVIII, o Marquês de Condorcet já defendia o direito de as mulheres
exercerem sua cidadania?

Observação

O Marquês de Condorcet foi um filósofo francês que participou da


redação e da elaboração da Constituição Francesa. Crítico da condição de
inferioridade da mulher no séc. XVIII, com suas ideias feministas, Condercet
defendia a cidadania das mulheres.

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Na história da humanidade, as mulheres não nasceram com direitos iguais, elas conquistaram esses
direitos no decorrer da evolução da humanidade. Veja que o primeiro país a conceder o voto feminino
foi a Nova Zelândia (1893), seguido da Inglaterra (1897).

A Carta da ONU focalizou a igualdade de gênero ao declarar os direitos iguais entre homens e
mulheres; entretanto, as desigualdades de gênero continuam a refrear a atuação das mulheres no
mundo do trabalho, seja na igualdade de oportunidades ou na equiparação salarial.

Saiba mais

Sugestão de leitura:

MONTERO, R. Histórias de mulheres. Tradução: Joana Angélica d’Ávila


Melo. Rio de Janeiro: Agir, 2008.

CRÉMIEU, A.; JULLIEN, H. Mulheres livres. A resistência de 14 mulheres


no mundo. Tradução: Ana Luiza Ramazzina Ghirardi. São Paulo: Novo
Conceito, 2008.

Sugestão de filme:

AS SUFRAGISTAS. Dir. Sarah Gavron. Reino Unido da Grã-Bretanha e


Irlanda do Norte: Pathé, Film 4, Ingenious Media, 2015. 106 min.

No tocante aos Direitos Humanos das mulheres, a ONU recomendou o Plano de Ação de Pequim
e a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável para o cumprimento de normas internacionais
em favor dos direitos das mulheres nas seguintes áreas: o empoderamento econômico, a educação
inclusiva e equitativa, a saúde integral e inclusiva, o enfrentamento a todas as formas de violência,
o empoderamento politico e a representatividade, o orçamento e as políticas públicas além da
interseccionalidade de gênero, raça e etnia.(ONU)

Vejamos o que diz a Declaração e Plataforma de Ação da IV Conferência Mundial Sobre a Mulher
(Pequim/1995) quanto a implementação de medidas de tratamento igualitário com relação às mulheres
e meninas (ONU/Mulheres):

Estamos determinados a:

[...]

Assegurar o acesso das mulheres, em condições de igualdade, aos recursos


econômicos, incluindo terra, crédito, ciência e tecnologia, treinamento
vocacional, informação, comunicação e mercados, como meio de ampliar

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o empoderamento e o avanço das mulheres e das meninas, inclusive sua


capacidade de usufruir benefícios do acesso equitativo a esses recursos,
inter alia, por meio da cooperação internacional [...]

As iniciativas internacionais para consubstanciar o direito de igualdade entre homens e mulheres têm
contribuído para a conscientização mundial sobre a necessidade de se implementar políticas públicas
com vistas a construir bases mais seguras e legítimas que garantam o direito de igualdade e de isonomia
entre os gêneros.

Dessa forma, a Constituição de 1988, sob a influência internacional, cuidou de trazer as garantias
para edificar e solidificar os Direitos Humanos das mulheres. A Carta Magna referendou o princípio da
igualdade entre homens e mulheres (art. 5º, I) na promoção deste direito sem preconceitos (art. 3º) como
objetivo da República.

Veja que a Constituição ainda tratou de proteger o direito da mulher, no mercado de trabalho,
regrando o acesso ao trabalho de forma igualitária mediante incentivos específicos (art. 7º, XX).
A Carta Maior cuidou ainda da proteção da maternidade (art. 7º, XVIII) e do direito das presidiárias de
amamentarem seus filhos (art. 5º, L), além de outras garantias.

Entretanto, nem sempre foi assim. No âmbito infraconstitucional, o Código Civil de 1916, que vigorou
até o advento do Código Civil de 2002, definia a mulher casada como incapaz (art 6º, II) de realizar
determinados atos, a menos que houvesse autorização do marido, como no caso de a mulher desejar
exercer uma profissão, por exemplo (art. 233, IV). Segundo esta Lei, o marido era considerado o “chefe”
da sociedade conjugal (art. 233).

Como se vê, no Código de 2016, a mulher era considerada a partir da família, do marido e dos
filhos. Tanto é assim que, segundo este Código, a família se constitui por meio do casamento, cujo
vínculo era indissolúvel.

Em 1962 foi editado o Estatuto da Mulher Casada (Lei n. 4.121/62), ainda sob a égide do Código Civil
de 2016, dispondo sobre a situação jurídica da mulher. Esta Lei trouxe algumas contribuições para a
emancipação da mulher, como o compartilhamento do “pátrio poder”, podendo obter, assim, os direitos
sobre os filhos, com possibilidade de requisitar a guarda, no caso de separação.

Lembrete

A expressão “pátrio poder” utilizada no Código de 2016 foi substituída


pela expressão “poder familiar” no Código de 2002.

O Estatuto promoveu o resgate da identidade da mulher nos moldes dos Direitos Humanos de
liberdade e igualdade, bem como, permitiu o exercício desses direitos com autonomia e independência,
maximizando a capacidade da mulher em decidir e promover suas escolhas.

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É de notar que gradualmente a mulher foi conquistando espaço em vários segmentos da vida em
sociedade, tanto nos aspectos civis, quanto nos aspectos políticos, econômicos e culturais. Veja que as
Ordenações Filipinas, que vigoraram no Brasil até 1916, autorizavam ao marido aplicar castigos físicos
em sua esposa.

De toda forma, o Estatuto da Mulher Casada trouxe considerável avanço, pois eliminou discriminações
perpetradas contra a mulher. Em 1977, a Lei do Divórcio (Lei n. 6.515/77) promoveu, entre outras, mais
duas conquistas com relação aos Direitos Humanos das mulheres: o direito à separação judicial pelo
divórcio (art. 2º) além da opção em utilizar (ou não) o nome do marido (BRASIL, 1977, art. 17).

Já o Código Civil de 2002 (Lei 10.406), que revogou o Código de 1916, trouxe diversas modificações
normativas em relação a igualdade de gênero, inclusive na adoção de termos mais compatíveis com a
atualidade dos direitos conquistados pelas mulheres.

Este Código dispôs que a sociedade conjugal poderia ser dirigida em cooperação entre os cônjuges,
além da guarda compartilhada dos filhos, no caso de separação judicial entre outros.

Ainda no plano interno, merecem destaque algumas legislações que trouxeram um maior
empoderamento às mulheres com vistas à superação das desigualdades e discriminações, além de
sobrepujar a violência.

A Lei Maria da Penha (Lei n. 11.340/2006), considerada pela ONU um dos maiores avanços no
enfrentamento à violência doméstica e familiar contra as mulheres e pelo Banco Mundial, é referência
global e, sem dúvida, tornou-se um paradigma nacional e internacional.

Observação

Aproveite esta oportunidade para estudar a Lei Maria da Penha e analise


as inovações produzidas por esta norma.

Seguem a seguir algumas outras iniciativas legislativas de proteção aos Direitos Humanos das
Mulheres em nível nacional:

• Lei n. 7.353/85 que criou o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher.

• Lei n. 9.029/95 que proíbe a exigência de atestados de gravidez e esterilização, outras práticas
discriminatórias, para efeitos admissionais ou de permanência da relação jurídica de trabalho.

• Lei n. 10.778/ 2003 que estabelece a notificação compulsória, no território nacional, no caso de
violência contra a mulher que for atendida em serviços de saúde públicas ou privados.

• Decreto n. 7.393/2010 que dispõe sobre a Central de Atendimento à Mulher (180).

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• Lei n. 12.845/2013 que dispõe sobre o atendimento obrigatório e integral de pessoas em situação
de violência sexual.

• Lei n. 13.427/17 altera o art. 7º da Lei n. 8.090/90 para inserir o princípio da organização de
atendimento público específico e especializado para mulheres e vítimas de violência doméstica.

Vejamos, no quadro a seguir, dois importantes documentos internacionais que trataram do assunto:

Quadro 12

Convenção sobre Eliminação de todas Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e


as formas de Discriminação contra a Erradicar a violência contra a mulher (1994)
mulher (1979) (Convenção de Belém do Pará)
Objetivos: eliminar toda forma de violência contra a mulher para o seu
Objetivos: eliminar a discriminação e desenvolvimento individual e social e promover a participação igualitária das
assegurar a igualdade. mulheres em todas as esferas da vida
Adoção de políticas públicas para coibir a violência contra os Direitos
Adoção de ações afirmativas Humanos das mulheres
Violência: padrão específico - gênero Violência: padrão específico - gênero
Direitos protegidos: vida livre de violência Direitos protegidos: vida livre de violência no âmbito público e privado, além
no âmbito público e privado, além de de outros Direitos Humanos
outros Direitos Humanos
Os Estados se obrigam a condenar e Os Estados se obrigam a condenar e eliminar a toda e qualquer tipo de
eliminar a violência contra a mulher, não violência contra a mulher com adoção de políticas públicas e medidas
invocando qualquer costume, tradição legislativas e judiciais além de programas de prevenção e educação para a
ou consideração religiosa para se eximir conscientização sobre os problemas relacionados a violência contra a mulher
dessas obrigações

O Decreto n. 89.460/1984 regulamentou a Convenção sobre Eliminação de todas as formas de


Discriminação contra a Mulher, de 1979. Em 1999, foi criado o Protocolo Facultativo a esta Convenção,
que instituiu o Comitê sobre a Eliminação de Discriminação contra a Mulher cuja competência consiste
em receber as comunicações sobre graves e sistemáticas violações dos Direitos Humanos das Mulheres.

Veja que a Declaração e Programa de Ação de Viena, na Conferência Mundial de Direitos Humanos
(1993), considerou questões prioritárias para a comunidade internacional, ao reafirmar o compromisso
assumido no art. 56 da Carta das Nações Unidas. Trouxe ênfase na cooperação internacional para a
promoção dos Direitos Humanos e liberdades fundamentais de todas as pessoas, como também cuidou
dos Direitos Humanos das mulheres.

No programa de ação da Conferência de Viena consta, no art. 18, que os Direitos Humanos das
Mulheres e das Meninas constituem parte integral e indivisível dos Direitos Humanos universais,
portanto, são inalienáveis.

Ademais, este programa de ação estabelece que os Direitos Humanos das mulheres e das meninas
constituem-se em objetivos prioritários da comunidade internacional, instando todos os Governos,
instituições governamentais e não governamentais a intensificarem esforços para a proteção e promoção
desses Direitos.

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Nesse sentido, o programa inclui a previsão da plena participação das mulheres, em condições iguais,
na vida política, civil econômica, social e cultural dos países, nos níveis nacional, regional e internacional,
e além disso, obriga seja efetivada a erradicação de todas as formas de discriminação com base no sexo.

Ainda no plano internacional, verificam-se grandes conquistas em matéria de Direitos Humanos


das mulheres. Em 1975 aconteceu a I Conferência Mundial sobre a Mulher, na Cidade do México, cujo
tema foi “Igualdade, desenvolvimento e paz”. Nesta Conferência discutiu-se sobre a eliminação da
discriminação contra a mulher e sua contribuição para o desenvolvimento. No mesmo ano foi declarado
o Ano Internacional da Mulher.

Esta foi a 1ª Conferência de outras 14 que ocorreram no âmbito de discussão internacional sobre
os Direitos Humanos das Mulheres. A 14ª Conferência Regional sobre a Mulher da América Latina e
Caribe, ocorreu no Chile, entre 27 e 31 de janeiro de 2020, na qual discutiu-se sobre os direitos das
mulheres e a igualdade de gênero, tendo como tema central a autonomia das mulheres em cenários
econômicos em mudança.

Ainda no tema, a II Conferência Mundial de Direitos Humanos em Viena (1993) incluiu entre os
seus dispositivos os Direitos Humanos Universais das mulheres e das meninas como inalienáveis e
indivisíveis e reconheceu a participação plena das mulheres na vida civil, política, econômica, social
e cultural conferindo visibilidade à sua contribuição para a edificação do desenvolvimento da história
da humanidade.

Exemplo de aplicação

Outras iniciativas internacionais têm sido empreendidas, como a cooperação entre a ONU Mulheres
e o Pacto Global que deu origem aos sete Princípios do Empoderamento das Mulheres. Estes princípios
têm por finalidade promover o empoderamento das mulheres em todos os setores e em todos os níveis
da economia (ONU MULHERES).

Visite o site a ONU, leia e reflita sobre esses princípios.

A Agenda 2030, no seu objetivo n. 5, cuja meta é a igualdade de gênero e o empoderamento de


todas as mulheres e meninas com vistas a eliminar todas as formas de violência, tanto na esfera pública
quanto na esfera privada, incluiu, entre outras medidas, o combate ao tráfico e à exploração sexual de
mulheres e meninas, entre outras.

Por fim, não podemos deixar de mencionar, citando novamente a Declaração de Pequim adotada pela
Quarta Conferência Mundial sobre as Mulheres (1995) para a promoção da igualdade, do desenvolvimento
e da paz, que, dentre as determinações adotadas nesta Declaração, consta estimular o encorajamento
dos homens na participação plena de todas as ações orientadas para a busca da igualdade.

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Saiba mais

O movimento ElesPorElas (HeForShe) criado pela Onu Mulheres, Entidade


pelo Empoderamento das Mulheres, é uma iniciativa para que haja um
esforço global que envolva homens e meninos na remoção de barreiras
sociais e culturais com vistas à igualdade de gênero (ONU MULHERES).

Aprofunde-se sobre o assunto e reflita.

ONU. Eles por elas. [s.d.]. Disponível em: http://www.onumulheres.org.


br/elesporelas/. Acesso em: 16 jan. 2020.

Vimos, portanto, que na presença de um quadro evolutivo de conquista de direitos, notadamente,


os Direitos Humanos das Mulheres, a mulher tem enfrentado com resistência as violações contra ela
perpetradas. É preciso entender que, no combate à violação dos direitos das mulheres, a luta pelos
Direitos Humanos não se pauta apenas pela via legislativa, mas ocorre também por meio do diálogo e
da cooperação conjunta, tanto no plano internacional quanto no plano interno.

Por oportuno, não podemos deixar de mencionar a importância deste tema diante das diversas
atrocidades ocorridas no decorrer da história contra as mulheres, tais como: o espancamento, o abuso
psicológico, o feminicídio, a violência e o assédio sexual (estupro, abuso sexual infantil, casamento
forçado), tráfico de pessoas (a exploração sexual, por exemplo), a mutilação genital, entre outras formas
de violação de Direitos Humanos.

Essas atrocidades, que ainda ocorrem de forma recorrente em países da América Latina e países
da África, além de outras regiões, têm efeitos devastadores a longo prazo, pois impactam no pleno
desenvolvimento físico, mental, sexual e reprodutivo.

Lembrete

A Lei Maria da Penha trouxe uma mudança de paradigma, pois


incorporou a violência sob a perspectiva de gênero no aspecto preventivo
ao abrigo da proteção dos bens morais e materiais, de forma integrada e
multidisciplinar.

A narrativa da violência contra as mulheres ocorre num momento de mobilização global de indignação
e de repúdio, pois toda e qualquer violação por diferença de gênero acarreta graves problemas às
mulheres em diversas áreas de seu desenvolvimento humano.

Ações inovadoras nos campos da educação, informação, cultura, artes, esportes e comunicação são
formas de se investir na prevenção contra a violência e na promoção dos Direitos Humanos das mulheres.
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7.2 Direitos Humanos da criança

É sabido que a criança, face a sua imaturidade física e mental, necessita de proteção e cuidados
especiais, notadamente, por meio de legislação especial, dada a vulnerabilidade e especialidade desta
proteção. A Declaração de Genebra sobre os Direitos da Criança de 1924, sancionada pelas Nações Unidas,
não teve a mesma repercussão internacional que teve a Declaração dos Direitos da Criança de 1959.

A Declaração de 1959 dispõe que a criança gozará de todos os direitos, sem qualquer exceção e
sem discriminação por motivo de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião ou de outra natureza, origem
nacional ou social, riqueza, nascimento ou qualquer outra condição, quer sua ou de sua família (USP).

Na mesma esteira, a Declaração de Genebra orientou os países do mundo a observarem e respeitarem


os direitos mais básicos de todas as crianças, sem distinção, e conferiu a toda e qualquer criança
proteção especial no âmbito físico, mental, moral, espiritual e social. Nesta Declaração, além dos direitos
sociais (educação, saúde, alimentação, moradia) constou a previsão do direito ao amor e à compreensão,
elementos essenciais para o desenvolvimento emocional da criança.

As crianças, assim como outros grupos vulneráveis, têm direito à proteção do Estado, visto esta
proteção vincular-se à família e relacionar-se também a toda sociedade.

Nesse sentido, a Declaração Universal de Direitos Humanos de 1948 estabeleceu a obrigatoriedade


de cuidados e assistência especiais à infância, por parte dos países, além da proteção social para a
garantia dos Direitos Humanos a todas as crianças nascidas dentro ou fora do matrimônio (art. 25).

Segundo esta Declaração, toda criança tem direito à instrução, devendo ser obrigatória e gratuita,
pelo menos nos níveis elementares e fundamentais (art. 26), devendo ter acesso à cultura para a proteção
de seus interesses morais e materiais (art. 27).

Veja que a Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem, aprovada na Nona Conferência
Internacional Americana, em Bogotá, em 1948, também prevê o direito à proteção integral à criança,
além de cuidados e auxílios especiais (art. VII).

Com efeito, a criança, como pessoa, tem direito à saúde, à alimentação, ao vestuário e à habitação
(art. XI), e também deve ter acesso à educação, aos cuidados médicos e à solidariedade humana (art. XII).

Note-se que para a efetivação dos direitos da criança, a Conferência Mundial sobre Direitos Humanos
trouxe um apelo ao Estados para que integrem a Convenção sobre os Direitos da Criança em seus planos
nacionais de ação, de forma a projetá-los no combate às emergências devastadoras resultantes de
desastres naturais e dos conflitos armados, bem como da gravidade daquelas crianças que vivem em
extrema pobreza (SENADO, 2013, p. 52).

Esta Convenção foi adotada pela Assembleia Geral da ONU, em 20 de novembro de 1989, e entrou em
vigor em 1990, tendo sido ratificada e promulgada no Brasil pelo Decreto n. 99.710/1990 (BRASIL, 1990).

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Vejamos no quadro a seguir algumas disposições constantes nesta Convenção:

Quadro 13 – Convenção sobre os Direitos da Criança

Reconhece:
- o direito ao pleno e harmonioso desenvolvimento da personalidade;
Preâmbulo
- o direito de crescer no seio da família em um ambiente de felicidade, amor e compreensão;
- o direito de estar preparada para uma vida independente na sociedade.

Art. 1º Considera-se criança todo ser humano com menos de dezoito anos de idade, salvo, de acordo com a lei
aplicável, a maioridade seja alcançada antes.
Art. 6º Os Estados Partes reconhecem que toda criança tem o direito inerente à vida.

Art. 7º Toda criança tem o direito ao registro, ao nome, à nacionalidade, e na medida do possível, de conhecer os pais
e ser cuidada por eles.

Art. 12 Toda criança capacitada tem o direito de expressar suas opiniões livremente sobre assuntos a ela relacionados,
inclusive com a oportunidade de ser ouvida em todo o processo judicial ou administrativo que afete a mesma.
Art. 14 À toda criança será assegurada a liberdade de pensamento, de consciência e crença.

Art. 17 Toda criança terá acesso á informação e materiais que visem à sua formação educacional, consideradas as
necessidades linguísticas da criança que pertença a um grupo minoritário ou que seja indígena.
Os Estados Partes deverão adotar medidas legislativas, administrativas, sociais e educacionais para a proteção
Art. 19 da criança de todas as formas de violência mental ou física, abuso ou tratamento negligente, maus-tratos ou
exploração, inclusive abuso sexual.

Art. 23 A criança portadora de deficiências físicas ou mentais tem o direito de desfrutar de uma vida plena e decente,
em respeito a sua dignidade e com autonomia, de forma a facilitar sua participação ativa na comunidade.
Os Estados Partes devem adotar medidas apropriadas para: a) reduzir a mortalidade infantil; b) garantir a
prestação de assistência médica e cuidados sanitários; c) combater as doenças e a desnutrição; d) assegurar
Art. 24 às mães adequada assistência médica pré-natal e pós-natal; d) assegurar a conscientização de todos os
setores da sociedade sobre a importância desses cuidados básicos, inclusive as vantagens da amamentação,
da higiene e do saneamento ambiental e das medidas de prevenção de acidentes; e) desenvolver assistência
médica preventiva, orientação aos pais sobre a educação e serviços de planejamento familiar.

Art. 27 Os Estados Partes devem assegurar à criança o direito de receber o pagamento da pensão alimentícia pelos
pais ou pelo responsável financeiramente por ela, quer residam no Estado Parte ou no exterior.
Toda criança tem direito à educação de forma progressiva e em igualdade de condições, devendo o
Art. 28 ensino primário ser obrigatório e gratuito. Os Estados Partes se comprometem a tornar acessível o ensino
superior e a estimular a cooperação internacional relativas à educação para eliminação da ignorância e do
analfabetismo.

Art. 31 Toda criança tem direito à recreação, ao lazer, ao divertimento, assim como à livre participação na vida
cultural e artística.

Art. 34 Os Estados Partes se comprometem a envidar medidas de caráter nacional, bilateral e multilateral para
proteger a criança contra todas as formas de exploração e abuso sexual.
Nenhuma criança será submetida à tortura nem outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou
degradantes.
Art. 37
Nenhuma criança será privada de sua liberdade e forma ilegal ou arbitrária.
Toda criança que for privada de sua liberdade terá rápido acesso à assistência jurídica.

Em 2002, foi elaborado um Protocolo Facultativo à Convenção sobre os Direitos da Criança sobre
a Venda de Crianças, a Prostituição Infantil e Pornografia Infantil. Neste Protocolo considerou-se a
necessidade de institucionalizar um documento internacional que implementasse um programa de ação
para coibir e punir a exploração econômica de crianças e adolescentes no mundo.

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Neste mesmo ano (2002) foi adotado a Protocolo Facultativo à Convenção sobre os Direitos da
Criança relativo ao Envolvimento de Crianças em Conflitos Armados, integrado à ordem jurídica brasileira
pelo Decreto n. 5.006/2004 (BRASIL, 2004).

Veja que este documento dispõe que os menores de 18 anos não serão recrutados de forma
compulsória nas forças armadas dos Estados Partes (art. 2º) devendo estes apresentar, em dois anos
após a entrada em vigor do Protocolo, um relatório, incluindo as medidas adotadas para implementar
as disposições sobre participação e recrutamento (art. 8º).

Além da Convenção sobre os Direitos da Criança, tanto o Pacto de San José da Costa Rica quanto
o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, trazem proteção de forma direta ou indireta aos
direitos da criança.

Todas essas iniciativas internacionais, com vistas a proteção dos direitos da criança, buscam evitar
um mal maior, dadas as consequências que as violações promovem ao bem-estar físico e psíquico da
criança em face de seu desenvolvimento.

Nesse sentido, vale citar uma pesquisa publicada em 2015 que resultou num importante Relatório:
“Bem-estar e privações múltiplas na infância e na adolescência no Brasil”. No Relatório elaborado pela
Unicef com base no PNAD, verificou-se as consequências para o desenvolvimento físico e emocional de
crianças e adolescentes.

Saiba mais

A Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) foi criada em 1946
por decisão da Assembleia Geral da ONU, tornando-se um órgão permanente
das Nações Unidas em 1953. Faça uma visita ao site da Unicef e verifique as
importantes iniciativas deste órgão, notadamente, com relação ao processo
de inclusão de crianças e adolescentes nas políticas públicas.

Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/. Acesso em: 27 jan. 2020.

Pois bem, este Relatório oportunizou conhecer a extensão e a evolução de privações múltiplas, que
é o ponto de partida para a fixação de metas e avaliação sobre o progresso das políticas e combate a
esses graves problemas (UNICEF).

Assim, neste estudo, considerou-se, além da situação monetária, fatores como a educação,
informação, proteção contra o trabalho infantil, água, saneamento e moradia. Veja que esses fatores
constituem-se como condições mínimas para se alcançar a plenitude do desenvolvimento humano.

Você deve estar se perguntando: mas qual a utilidade deste relatório em termos práticos?

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DIREITOS HUMANOS

Segundo o Relatório, a medição de privações múltiplas permite assegurar quais as políticas e


programas se tornam adequados aos grupos que se pretende alcançar, no caso, de crianças e adolescentes.
Para isso, leva-se em consideração os grupos etários, suas necessidades e a região geográfica em que
se encontram. Ademais, o estudo permite que os gestores públicos estimem corretamente os custos de
programas e políticas para equalizar o orçamento público nos três níveis de Estado (federal, estadual e
municipal) (UNICEF).

Note-se que a Agenda 2030, com seus 17 objetivos, tem por meta vários compromissos para com
as crianças e adolescentes, dentre eles a erradicação da pobreza e da fome no mundo.

No âmbito nacional, a Constituição de 1988 recepcionou no art. 227 a proteção fundamental


da criança:

É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao


adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde,
à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar comunitária,
além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão (BRASIL, 1988).

Veja que, da leitura do texto constitucional se depreende a responsabilidade, em primeiro lugar, da


família; assim, a efetivação desses direitos fundamentais depende da boa convivência familiar. Pode-se
dizer que a entidade familiar é o início do aprendizado psíquico-social da criança, pois é na família, em
suas múltiplas configurações, que a criança edifica seus valores e seus vínculos emocionais.

Além disso, a Constituição instituiu a responsabilidade compartilhada na proteção da criança entre


a sociedade e o Estado. De fato, é na comunidade que a criança se socializa, que cria vínculos sociais e
externaliza seu aprendizado no intercâmbio de informações em diferentes vivências.

Assim, cabe à sociedade exercer o controle social por meio da fiscalização e da denúncia dos
maus‑tratos à criança e ao adolescente. Toda e qualquer violação aos direitos fundamentais da criança
e do adolescente deve ser denunciada e levada às autoridades públicas para as providências cabíveis.

Ao Estado caberá instrumentalizar os meios hábeis a propiciar os direitos elencados na Carta Magna.
Com a ajuda da sociedade, o Estado deverá trabalhar para que os direitos fundamentais da criança e
do adolescente sejam efetivados. Para isso, não basta normatizar, é necessário a execução de políticas
públicas de atendimento aos direitos e interesses da criança e do adolescente.

O Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n. 8.069/90), mais conhecido como ECA, dispõe sobre
a proteção integral da criança (pessoa até 12 anos incompletos) e do adolescente (entre 12 e 18 anos).

Este Estatuto impõe ao Estado, à família e à sociedade o dever de amparo e de assistência à criança
e ao adolescente. Justifica-se o dever de amparo e de assistência devido ao desenvolvimento específico
da criança e do adolescente, a saber: sua vulnerabilidade diante dos adultos.
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Unidade III

A Constituição de 1988 impõe a garantia de prioridade, razão pela qual o parágrafo único do art. 3º
do ECA, dispôs sobre a:

• primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;

• precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública;

• preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas;

• destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção da infância
e juventude.

O direito à vida e à saúde, além do direito ao desenvolvimento em plenitude, constituem os pilares dos
direitos da criança e do adolescente. Somem-se a esses direitos, outras medidas não menos importantes
tais como: a proibição de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade
e opressão, seja na modalidade de ação ou omissão, que, conforme o art. 5º da Lei n. 8.069/9, serão
punidas na forma da lei.

7.3 Direitos Humanos dos idosos

Segundo a Organização Mundial da Saúde, considera-se idosa toda pessoa que tiver mais de 60
(sessenta) anos. O Estatuto do Idoso (Lei n. 10.741/2003) estatui que idoso é a pessoa com idade igual
ou superior a 60 (sessenta) anos.

Observação

É fato que o número de pessoas idosas aumenta a cada ano. Estima-se


que entre 2015 e 2050, a proporção de pessoas idosas, ou seja, com mais
de 60 anos, irá de 12% para 22% (OPAS/BRASIL).

Eis um dos grandes desafios para os próximos 30 anos: implementar políticas públicas para promover
a qualidade de vida das pessoas idosas.

Você sabia que existe uma Lei que instituiu o Ano de Valorização e Defesa dos Direitos Humanos da
Pessoa Idosa?

Pois bem, a Lei 13.646/2018 faz alusão à Convenção Interamericana sobre a Proteção dos Direitos
Humanos dos Idosos e é mais um instrumento normativo a incrementar a Proteção dos Direitos Humanos
dos idosos.

Ações como: palestras e eventos sobre os direitos das pessoas idosas; divulgação sobre a
Convenção; articulação conjunta com os órgãos da Administração Pública, com o Poder Legislativo
e o Poder Judiciário para incentivar ações que valorizem as condições de vida da pessoa idosa, entre
124
DIREITOS HUMANOS

outras medidas que servem para esclarecer e sensibilizar a população sobre os direitos da pessoa
idosa são expedientes necessários e importantes para a conscientização de toda sociedade sobre a
condição do idoso.

Em 1982 foi realizado em Viena o 1º Fórum Mundial sobre população idosa trazendo 66
recomendações sobre diversos temas: “Plano de Ação Internacional sobre o Envelhecimento”. Veja a
seguir as políticas públicas a serem implementadas para que os idosos possam exercer seus direitos
de acordo com o Plano de Ação ONU):

Bem-estar social e Trabalho e


Saúde e nutrição apoio da família educação

Moradia e meio Proteção ao


Previdência social ambiente consumidor idoso

Figura 13 – Políticas públicas para o idoso

A Resolução n. 46/61, aprovada pela Assembleia das Nações Unidas em 16 de dezembro de 1991,
instituiu os Princípios das Nações Unidas para os idosos que passamos a listar (MAZZUOLI, 2017, p. 290):

1. INDEPENDÊNCIA – Este princípio consiste em propiciar autonomia


ao idoso, conferindo os direitos básicos à alimentação, vestuário, saúde,
moradia e apoio familiar e comunitário, o direito ao trabalho e à outras
formas de geração de renda. Ademais, o idoso deve ter acesso à educação e
à ambientes seguros e adaptáveis à sua preferência pessoal além do direito
de viver em sua casa pelo tempo viável.

2. PARTICIPAÇÃO – Este princípio tem por finalidade promover a integração


do idoso na sociedade, de forma a estimular a convivência do idoso com as
diversas faixas etárias.

3. ASSISTÊNCIA – O idoso tem direito à assistência da família e da


comunidade; por este princípio procura-se proporcionar ao idoso o acesso
aos instrumentos institucionais que lhe confiram melhores níveis de
autonomia, de independência e assistência protetiva.

4. AUTORREALIZAÇÃO – Ter acesso aos mais variados recursos que


possibilitem a integração do idoso na sociedade é a meta para alcançar um
envelhecimento ativo e o aproveitamento das potencialidades do idoso.

125
Unidade III

5. DIGNIDADE – O idoso deve ser tratado com justiça e respeito à sua


dignidade, sem discriminações de idade, sexo, raça, etnia, cultura,
nacionalidade, deficiência ou condições econômicas.

A 2ª Assembleia Geral da ONU sobre Envelhecimento ocorreu em abril de 2002. Neste evento
foram adotados dois documentos fundamentais: a Declaração Política e o Plano Internacional e Ação
de Madrid sobre o Envelhecimento. Nestes, os Estados se comprometeram a elaborar e implementar
medidas para o enfrentamento dos desafios do envelhecimento (ABRACS).

São várias as recomendações recepcionadas nestes documentos; contudo, três temas são
prioritários:

• a condição do idoso e o desenvolvimento.

• a promoção da saúde do idoso e o bem-estar na velhice.

• a viabilização de ambientes capacitadores e de apoio ao idoso.

Merece destaque ainda, a Carta de San José sobre os Direitos dos Idosos de América Latina e Caribe,
proclamada na Costa Rica em 2012. Este documento teve como propósito identificar as principais ações
e medidas a serem empreendidas para a proteção das pessoas idosas no Caribe e na América Latina
(MAZZUOLI, 2017, P. 292).

Segundo Valério de Oliveira Mazzuoli, o Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e


Culturais não traz uma proteção direta do idoso, mas implicitamente deixa claro esta proteção ao dispor
sobre o direito de toda pessoa à previdência social, inclusive ao seguro social. Também a Carta Africana
de Direitos Humanos prevê no art. 18, § 4º a proteção física e moral às pessoas idosas (2017, p. 293).

O Protocolo de San Salvador de 1988, no artigo 17, traz a proteção das pessoas idosas dispondo
sobre o direito de amparo à velhice e obriga os Estados Partes a promoverem as instalações necessárias
e adequadas, bem como a execução de programas específicos a fim de possibilitar aos idosos a
produtividade e a qualidade de vida. O Brasil promulgou este Protocolo por meio do Decreto n. 3.321/1999
(BRASIL, 1999).

Em 2015, os Estados Membros da OEA aprovaram a Convenção Interamericana sobre Proteção dos
Direitos Humanos das Pessoas Idosas, dentre eles o Brasil. Esta Convenção não só reconhece os direitos
dos idosos, mas institui a obrigatoriedade dos países membros implementarem medidas eficazes para
viabilizar às pessoas idosas igualdade de condições com as demais pessoas, através de tratamento
diferenciado e preferencial (BRASIL/MDH).

126
DIREITOS HUMANOS

Observação

Este documento, discorre sobre as violações contra os idosos: negligência,


maus-tratos, discriminação por idade, abandono entre outras espécies de
atitudes ofensivas e que desrespeitam os Direitos Humanos dos idosos.

Note-se bem: todos esses documentos internacionais têm por finalidade reforçar as obrigações
jurídicas assumidas pelos países signatários e cumprir os desígnios imprimidos na Declaração Universal
de Direitos Humanos (1948).

No Brasil, a proteção jurídica do idoso possui previsão constitucional. Dessa forma, a Constituição
Federal de 1988 dispõe que a família, a sociedade e o Estado têm obrigação de amparar as pessoas
idosas, devendo assegurar a participação deles na vida comunitária e o dever de exercer a defesa da
dignidade e do bem-estar dos idosos (art. 230, CF/88).

Veja que no âmbito infraconstitucional instituiu-se a Política Nacional do Idoso pela Lei n. 8.842/94.
Esta Lei criou o Conselho Nacional do Idoso e trouxe os princípios norteadores da Política Nacional do
Idoso, além das diretrizes gerais para valorizar a participação do idoso na sociedade.

De todo modo, o marco brasileiro que impactou a proteção dos Direitos Humanos dos idosos foi o
Estatuto do Idoso (Lei n. 10.741/2003).

Esta lei dispõe sobre os direitos fundamentais do idoso, bem como a garantia de prioridade de
tratamento e de preferência conferida a todos aqueles que tenham idade igual ou superior a 60 anos.
Além dessas disposições, a Lei 10.741/2003 confere prioridade especial aos maiores de 80 anos, que têm
preferência em relação aos demais idosos (BRASIL, 2003).

Lembremos que dentre os direitos fundamentais dos idosos estão os direitos ao respeito, à dignidade,
à vida, à liberdade, à saúde, à educação e à cultura, aos esportes, ao lazer, aos alimentos, ou seja, todos
os direitos civis, políticos, econômicos e sociais.

Nesse sentido, o Estatuto do Idoso, para priorizar a atividade produtiva, estabelece o direito
ao exercício de atividade profissional, respeitadas as condições físicas, intelectuais e psíquicas do
idoso (art. 26).

O Estatuto veda a discriminação e a fixação de limite máximo de idade, mesmo em concursos, salvo
nos casos em que a natureza do cargo o exigir (art. 27).

Você sabia que o primeiro critério de desempate em concurso público é a idade?

Pois bem, o parágrafo único do art. 27 do Estatuto do Idoso estabelece essa prerrogativa de lei,
dando-se preferência, no caso de empate em concurso público, àquele de idade mais elevada.

127
Unidade III

Lembrete

Discriminação contra pessoa idosa, deixar de prestar assistência ao


idoso, abandoná-lo ou expor a sua integridade física e mental são práticas
consideradas crimes, punidas por detenção ou reclusão e multa.

Veja que a Lei 10.741/2003 impõe ao Poder Público viabilizar estímulo à atividade profissional do
idoso por meio de programas de profissionalização especializada para idosos, devendo ser de forma
regular e remunerada, com vistas ao aproveitamento de suas habilidades e potencialidades (art. 28).

As empresas, por sua vez, devem ser estimuladas para admissão dos idosos em seus quadros
corporativos, de forma a dar cumprimento ao disposto no Estatuto do Idoso. Ademais, a experiência e
a maturidade do idoso agrega valor à empresa, tanto no que tange às equipes de trabalho quanto no
tocante aos projetos a serem desenvolvidos.

Segundo o IBGE, entre 2012 e 2017, a quantidade de idosos cresceu em todas as unidades da
federação. Os estados com maior proporção de idosos são: Rio de janeiro e Rio Grande do Sul (IBGE).

Veja que a reintegração no mercado de trabalho da crescente população de idosos (são mais de
23 milhões de idosos no Brasil) vai de encontro ao aumento de expectativa de vida em nível global.
Ao ser reintegrado no mercado de trabalho, o idoso mantém vínculos sociais, complementa a renda
familiar e agrega o trabalho ao seu desenvolvimento pessoal e profissional.

Além da reintegração do idoso na atividade laboral, o Estatuto do Idoso prevê a previdência e a


assistência social, além do direito de habitação de forma digna, e de preferência com os familiares. Se
não for possível a convivência com a família, o idoso poderá ser cuidado por instituições, que devem
manter padrões de habitação compatíveis com as necessidades do idoso (at. 37).

Um benefício muito importante alcançado pelo Estatuto é a gratuidade nos transportes públicos
coletivos urbanos e semiurbanos para aqueles que tenham acima de 65 anos de idade (art. 39).

Para finalizar esse item, vale ressaltar que, no tocante ao acesso à justiça, o Estatuto do Idoso
assegura a prioridade na tramitação de processos e procedimentos e na execução dos atos e diligências
judiciais em que o idoso figure como parte ou interveniente (art. 71).

7.4 Direitos Humanos da pessoa com deficiência

Segundo a OMS, com dados de 2011, 1 bilhão de pessoas vivem com alguma deficiência, ou seja,
uma em cada sete pessoas no mundo tem algum tipo de deficiência (ONU).

128
DIREITOS HUMANOS

Flavia Piovesan expõe interessante ensinamento a respeito da construção dos Direitos Humanos das
pessoas com deficiência. Segundo a jurista, essa evolução compreende quatro fases (2017, p. 312):

• 1ª Fase: uma fase de intolerância em relação às pessoas com deficiência, pois a deficiência, nesta
fase, simbolizava impureza, pecado ou mesmo um castigo divino.

• 2ª Fase: marcada pela invisibilidade das pessoas com deficiência.

• 3ª Fase: sob uma óptica assistencialista na perspectiva médica ou biológica que tinha como foco
a enfermidade.

• 4ª Fase: orientada pelo paradigma dos Direitos Humanos, com vistas à inclusão e à necessidade
de eliminar obstáculos e barreiras (culturais, físicas ou sociais) que impeçam o exercício de
Direitos Humanos.

Em 2009, o Decreto Legislativo n. 6.949 promulgou no Brasil a Convenção Internacional sobre os


Direitos das Pessoas com Deficiência (2006) e seu Protocolo Facultativo (2008).

Como marco normativo no que tange à proteção das pessoas com deficiência, esta Convenção
definiu a deficiência como um conceito em evolução. Vejamos, então, como evoluíram os Direitos
Humanos da pessoa com deficiência.

A Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, no art. 1º, define a deficiência
como uma condição que impõe limitações, mas que poderão ser superadas se forem conferidas às
pessoas com deficiência, condições de mobilidade e acessibilidade. Confira a seguir:

Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimento de longo


prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em
interação com diversas barreiras, podem resultar em obstrução à sua
participação plena e efetiva na sociedade em igualdades de condições
com as demais pessoas.

Note-se que esta Convenção, ao conceituar deficiência como um conceito em evolução, destacou
no Preâmbulo a importância de se eliminarem as barreiras que impeçam esta interação, seja nas atitudes
das pessoas ou no ambiente que possa comprometer a acessibilidade e a mobilidade de pessoas com
deficiência (PIOVEZAN, 2017).

Além disso, a Convenção estabelece os princípios gerais dos direitos das pessoas com deficiência;
veja na figura a seguir:

129
Unidade III

Dignidade

Não discriminação Participação

Inclusão Igualdade

Preservação
Acessibilidade da identidade

Figura 14 – Princípios gerais dos direitos das pessoas com deficiência

Além desses princípios, há a necessidade de conscientização da sociedade e das famílias sobre as


condições das pessoas com deficiência, bem como a necessidade de fomentar o respeito pelos seus
direitos e dignidade. No âmbito dos Direitos Humanos com vistas à igualdade há de se respeitar o direito
às diferenças.

Não podemos esquecer que, embora a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência, de 2006, tenha sido um marco importante no histórico de proteção de Direitos Humanos,
em 1999 já havia acontecido a Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação das Pessoas com Deficiência.

Observação

Ressalta-se que esta Convenção entrou em vigor em 2001 por meio


Decreto n. 3.956/2001 (BRASIL, 2001).

A Convenção Interamericana teve por objetivos prevenir e eliminar todas as formas de discriminação
contra as pessoas com deficiência e propiciar sua plena integração à sociedade (art. II).

Nesta Convenção, os Estados se comprometeram a tomar medidas de caráter legislativo, social,


educacional, trabalhista ou de qualquer outra natureza, que fossem necessárias para eliminar a
discriminação as pessoas com deficiência (art. III).

De acordo com o Preâmbulo da Convenção, ao reafirmar o conteúdo da Declaração Universal de


Direitos Humanos de 1948, ressaltou-se a importância de trazer as questões relativas à deficiência

130
DIREITOS HUMANOS

para o centro das preocupações da sociedade, como parte integrante das estratégias relevantes de
desenvolvimento sustentável.

Esta iniciativa interamericana, no âmbito dos Tratados Internacionais, que versam sobre Direitos
Humanos, notadamente, Direitos Humanos da pessoa com deficiência, além de outras, levou o direito
interno a buscar a proteção e a promoção dos direitos fundamentais das pessoas com deficiência.

Dessa forma, a Constituição Federal de 1988 trouxe diversos dispositivos protetivos às pessoas com
deficiência tanto no âmbito laboral (art. 7º, XXXI), quanto no âmbito da saúde, da assistência pública
(art. 23, II) e da assistência social (art. 203, IV e V).

A Carta Magna providenciou ainda a inclusão da pessoa com deficiência por meio da criação de
programas de prevenção e atendimento especializado, bem como a integração social com a facilitação
do acesso aos bens e serviços coletivos (art. 227, § 2º e 244, caput), além de prever critérios de admissão
para cargos e empregos públicos (art. 37, VIII).

Ainda mais, para promover a inclusão das pessoas com deficiência no âmbito socioeconômico,
político e cultural, foi editada a Lei n. 13.146/2015, conhecida como Estatuto da Pessoa com Deficiência
(BRASIL, 2015).

Esta Lei tem como finalidade assegurar e promover, em condições de igualdade, o exercício dos
direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência com vistas à sua inclusão social e à
sua cidadania (art. 1º).

De acordo com o Estatuto da Pessoa com Deficiência, considera-se pessoa com deficiência aquela
que tenha um impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial que
pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais
pessoas (art. 2º).

Veja que, segundo a Lei n. 13.146/2015 (art. 6º), a deficiência não afeta a plena capacidade da pessoa.

Note-se que o art. 8º dispõe que é dever do Estado, da sociedade e da família assegurar à
pessoa com deficiência, com prioridade, a efetivação dos seguintes direitos: à vida, à sexualidade,
à paternidade ou à maternidade, à alimentação, à habitação, à educação, à profissionalização, ao
trabalho, à previdência social, à habilitação, à reabilitação, ao transporte, à acessibilidade, à cultura, ao
desporto, ao turismo, ao lazer, à informação, à comunicação, aos avanços científicos e tecnológicos,
à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.

Da leitura deste artigo, fica claro que os direitos protegidos pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência
constituem um rol exemplificativo de direitos, já que o mesmo artigo recepciona outros direitos ínsitos
na Constituição Federal, oriundos da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e de seu
Protocolo Facultativo, além daqueles que advenham de leis e de outras normas que garantam o seu
bem-estar pessoal social e econômico.

131
Unidade III

Sob essa perspectiva, a Constituição de 1988 no art. 5º, § 2º reconhece que, em matéria de direitos
e garantias fundamentais nela expressos, não se excluem outros decorrentes do regime e dos princípios
por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.

Com forte inspiração na Convenção sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência, a Lei n. 13.146/2015
rompe com qualquer ideia de incapacidade e promove o empoderamento da pessoa com deficiência.
Veja que, os direitos elencados no art. 8, desta Lei, são tratados de forma criteriosa e explicativa, cujas
diretrizes são necessárias para a efetivação de direitos.

Exemplo de aplicação

Para uma melhor compreensão técnica documental sobre os direitos da pessoa com deficiência,
realize uma leitura do Estatuto da Pessoa com Deficiência, com ênfase no art. 8º em cotejo com os
demais artigos que discorrem sobre os direitos elencados neste artigo. Em seguida, leia os dispositivos
que versam sobre os Direitos Humanos da Pessoa com Deficiência na Convenção sobre os Direitos da
Pessoa com Deficiência e do Protocolo Facultativo. Analise os direitos recepcionados nesta Convenção.
Verifique os pontos de contato entre o Estatuto da Pessoa com Deficiência e a Convenção sobre os
Direitos da Pessoa com Deficiência.

Lei n. 13.146, de 6 de julho de 2015. Promulga a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência
(Estatuto da Pessoa com Deficiência). Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2015/lei/l13146.htm. Acesso em: 30 jan. 2020.

Decreto n. 6.949, de 25 de agosto de 2009. Promulga a Convenção Internacional sobre os Direitos


da Pessoa com Deficiência seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova York, em 30 de março de 2007.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/decreto/d6949.htm. Acesso
em: 29 jan. 2020.

A abordagem com relação à deficiência deve vir baseada, antes de tudo, na ideia de que se trata de
uma questão social, a ser enfrentada por todos os membros da sociedade e pelo Estado num modelo
social inclusivo na esteira dos Direitos Humanos e da dignidade da pessoa humana.

A ideia de independência e de autonomia é intrínseca a qualquer discurso sobre Direitos Humanos.


Nesse sentido, a ética dos Direitos Humanos demanda o respeito à diversidade e às diferenças, num
movimento contínuo de busca pela igualdade que deve ser efetivada por políticas públicas e iniciativas
legislativas que assegurem a inclusão e a interação social das pessoas com deficiência.

Saiba que antes do advento do Estatuto da Pessoa com Deficiência, a legislação brasileira já dispunha
de normas sobre acessibilidade tais como: a Lei n.10.098/2001 (estabelece normas gerais e critérios
básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade
reduzida, e dá outras providências) com alterações mais recentes promovidas pela Lei n. 13.443/2017 e
Lei n. 13.835/2019; a Lei n.10.257/2001(Estatuto da Cidade); e a Lei n. 12.587/2012 (Política Nacional de
Mobilidade Urbana).

132
DIREITOS HUMANOS

Vimos, portanto, que há um movimento internacional em evolução para efetivar os Direitos Humanos
da pessoa com deficiência com vistas a capacitá-las para o exercício dos Direitos Humanos.

Estudamos que, na esfera brasileira, não só os Tratados Internacionais, mas a própria Constituição e
as leis infraconstitucionais implementam novos critérios para a efetivação dos direitos fundamentais da
pessoa com deficiência, titular de Direitos Humanos.

Dessa forma, é reconhecido juridicamente que a deficiência não afeta a capacidade legal da pessoa.
Nos termos do art. 84 da Lei n. 13.146/2015, há o reconhecimento da igualdade perante a lei. Quando
necessário, a pessoa com deficiência será submetida à curatela, conforme a lei.

Por fim, vale lembrar que no dia 3 de dezembro comemora-se o Dia Internacional da Pessoa com
Deficiência, cujo objetivo é conscientizar a sociedade sobre a deficiência física ou mental e a importância
da inclusão das pessoas com deficiência na sociedade.

Observação

O Dia Internacional da Pessoa com Deficiência (3/12) foi criado em


1992 pela Assembleia Geral das Nações Unidas.

Há de se disseminar a cultura do acolhimento, da oportunidade e do respeito.

Saiba mais

Assista ao filme “Teoria de tudo”. Este filme relata a história de vida do


astrofísico Stephen Hawking e suas relevantes descobertas, que impactaram
o mundo e sua significante contribuição para a sociedade científica. As
limitações decorrentes das deficiências experimentadas por Hawking não o
impediram de se tornar um dos maiores cientistas do mundo.

TEORIA de tudo. Dir. James Marsh. Inglaterra: Universal Pictures,


2014. 123 min.

7.5 Direitos Humanos das minorias

A Resolução n. 47/135, aprovada pela Assembleia Geral das Nações Unidas, deu origem à Declaração
dos Direitos das Pessoas pertencentes a Minorias Nacionais ou Étnicas, Religiosas e Linguísticas,
em 1992 (OAS).

Esta Declaração confirma os compromissos assumidos na Carta das Nações Unidas e destaca a
importância da implementação eficaz e dos instrumentos internacionais na defesa dos Direitos

133
Unidade III

Humanos com relação aos direitos das pessoas pertencentes a minorias nacionais ou étnicas, religiosas
e linguísticas.

Nesse sentido, a Declaração define que as pessoas pertencentes às minorias nacionais ou étnicas,
religiosas e linguísticas, ou seja, “pessoas pertencentes a minorias”, têm o direito de usufruir a sua
própria cultura, de professar e praticar a sua própria religião, e de utilizar a sua própria língua, em
âmbito privado ou público, de forma livre e independente, sem qualquer tipo de discriminação.

Em 2018, o relator especial da ONU sobre as questões das minorias, Ferdinand Varennes, fez um
alerta global sobre os discursos polarizados a respeito da situação dos refugiados no Dia Mundial do
Refugiado, comemorado em 20 de junho. O relator alertou o mundo para o agir solidário, com tolerância,
empatia e respeito aos Direitos Humanos (ONU).

Mas o que são minorias?

As minorias consistem em grupos que sofrem discriminações nos aspectos econômicos, sociais,
culturais, físicos e religiosos dentro de uma sociedade. Estigmatizar certos grupos sociais pode ser causa
de diversas violações aos Direitos Humanos.

Veja que a Declaração Universal (1948) estabelece a igualdade formal de direitos sem qualquer
distinção. Ora, se todos nascem livres e iguais em dignidade e direitos, a Declaração inclui, embora não
expresse de forma direta, os direitos dessas minorias, ou seja, proíbe-se a discriminação de qualquer
pessoa ou grupo de pessoas.

Ademais, a história nos revela que esses grupos têm sido os mais afetados pelos crimes de genocídio.
Embora a Convenção para a Prevenção e a Repressão do Crime de Genocídio (1948) não recepcione um
dispositivo que especifique a tutela das minorias de forma direta, o art. 2º, ao definir como genocídio
atos tendentes a destruir, no todo ou em parte, grupos de origem nacional, étnico, racial ou religioso,
por certo alcança a proteção de minorias étnicas e religiosas.

O Pacto Internacional de Direitos Civis e Éticos, em seu art. 27, prevê que nos Estados em que haja
minorias étnicas, religiosas ou linguísticas, as pessoas pertencentes a essas minorias não devem ser
privadas do direito de ter, de forma conjunta com outros membros de seu grupo, sua própria vida
cultural, de professar e praticar a sua própria religião e utilizar sua própria língua.

Note-se que, ao identificar a vulnerabilidade de um grupo, buscar-se-á a sua proteção internacional,


sem descuidar da proteção nacional.

Veja que a Constituição de 1988 tratou da proteção das minorias. O art. 215 da Constituição Federal
dispõe que o Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e o acesso às fontes de
cultura nacional, apoiando e incentivando a valorização e a difusão das manifestações culturais.

134
DIREITOS HUMANOS

Nesse mesmo artigo (art. 215), o parágrafo único dispõe sobre a proteção das manifestações
das culturas populares, indígenas e afrobrasileiras, e das de outros participantes do processo
civilizatório nacional.

Importante entender que este dispositivo objetiva proteger a cultura dos povos, vinculada aos
costumes e tradições folclóricas de um determinado grupo. Tanto que no parágrafo 2º, do art. 215,
há a previsão do estímulo ao respeito à diversidade cultural no tocante aos direitos das minorias:
“A lei disporá sobre a fixação de datas comemorativas de alta significação para os diferentes segmentos
étnicos nacionais.

Vimos, portanto que a proteção conferida às minorias é parte do movimento em prol dos Direitos
Humanos, na consideração de que esta proteção contribui para a estabilidade política e social dos
Estados onde vivem as minorias.

Nesse sentido, dispõe a Declaração dos Direitos das Pessoas pertencentes à Minorias Nacionais
ou Étnicas, Religiosas e Linguísticas (1992). É fato notório que o problema das minorias nacionais ou
étnicas, religiosas ou linguísticas, tem escala planetária.

Antes de finalizarmos, é necessário discorrer sobre as minorias sexuais, que experimentam práticas
discriminatórias de todo tipo.

A Constituição Brasileira de 1988, no art. 3º, IV, proíbe a discriminação por raça, cor, sexo ou qualquer
outra forma de segregação violadora dos Direitos Humanos.

A prevalência dos Direitos Humanos (art. 4º, II, CF) impõe o respeito às diferenças e o convívio
harmônico com a diversidade, já que nos intitulamos um Estado Democrático fraterno e pluralista
(Preâmbulo) (BRASIL, 1988).

Veja que, a Constituição de 1988 recepciona a liberdade em todas as suas manifestações, notadamente,
a liberdade de orientação sexual e de identidade de gênero.

O direito à identidade de gênero, por ser uma liberdade de escolha, deve ser respeitada assim como
também a orientação sexual. Alguns países já evoluíram de forma a proteger os Direitos Humanos em
respeito as essas liberdades.

Em 2019, a Alemanha aprovou uma lei que define o registro de pessoas do terceiro gênero. Além
da Alemanha, a Holanda e a Áustria também já regulamentaram o direito à identidade de gênero e à
orientação sexual (UOL, s.d.).

O direito à igualdade e à não discriminação são princípios fundamentais dos Direitos Humanos e
encontram-se na Declaração Universal (1948), na Carta das Nações Unidas e em outros documentos
internacionais; entretanto, ainda há um longo caminho a percorrer para que sejam superadas as
diversidades com relação ao preconceito e à discriminação.

135
Unidade III

Além disso, vale enfatizar que, para as uniões estáveis entre pessoas do mesmo sexo, houve o
reconhecimento jurídico do Supremo Tribunal Federal no julgamento da ADPF 132. Essa decisão
determinou seja dada ao art. 1.723 do Código Civil interpretação conforme à Constituição, excluindo
assim, qualquer impedimento para união estável entre pessoas do mesmo sexo no reconhecimento de
entidade familiar.

Veja que, a partir dessa decisão, efetivou-se a igualdade de tratamento jurídico à entidade familiar
para as pessoas do mesmo sexo, bem como o direito de liberdade de escolha. Nesse sentido, o Superior
Tribunal de Justiça decidiu pela possibilidade do casamento civil entre pessoas do mesmo sexo.

Saiba mais

Leia na íntegra a decisão do STJ:

STJ – Resp. 1.183.378 RS 2010/0036663-8, Relator: Ministro LUIS FELIPE


SALOMÃO, Data do Julgamento: 25/10/2011, T4 – QUARTA TURMA, Data da
Publicação: DJe 01/02/2012).

7.6 Direitos Humanos dos refugiados

No dia 20 de junho comemora-se o dia mundial do refugiado. A razão de se instituir um dia


comemorativo para o refugiado reside no fato de que o mundo deve ter consciência de que a proteção
dos refugiados é uma questão de Direitos Humanos.

Apesar dos avanços em relação a proteção dos refugiados, ainda existem milhões de pessoas no
mundo que se encontram em situação de refúgio.

Uma das consequências mais drásticas da Segunda Grande Guerra foi a situação dos refugiados, ou
seja, pessoas que buscavam proteção de suas vidas em outros países.

É o Direito Internacional Público que trata das questões jurídicas relativas aos refugiados. Nesse
sentido, estudaremos a seguir alguns documentos internacionais que regem de forma direta e indireta
a proteção dos Direitos Humanos dos Refugiados.

Comecemos pela Declaração Universal de Direitos Humanos de 1948. Esta Declaração reconheceu a
vulnerabilidade dos refugiados diante das situações de guerra. Dessa forma, inseriu no art. 14 que toda
pessoa vítima de perseguição tem o direito de procurar e de gozar asilo em outros países.

Observação

O Brasil, desde 1960, mantém o compromisso para a proteção


dos refugiados.
136
DIREITOS HUMANOS

Ao ratificar a Convenção relativa ao Estatuto dos Refugiados (1951), o que foi feito por meio do
Decreto n. 50.215/1961, o Brasil se obrigou a aplicar as disposições ínsitas na Convenção sobre os
refugiados, ou seja, comprometeu-se a envidar esforços jurídicos e administrativos para coibir qualquer
tipo de discriminação à raça, à religião ou ao país de origem dos refugiados (art. 3º).

Em 1972, o Brasil aprovou ainda o Protocolo sobre o Estatuto dos Refugiados (1967), fazendo-o por
meio do Decreto n. 70. 946/72.

Pois bem, o refugiado, ao buscar asilo em outros países, o faz em razão de perseguição por motivos
de raça, de nacionalidade, de religião, grupo social ou mesmo por perseguição política.

É de muita relevância que os países providenciem medidas que coíbam e protejam os direitos dos
refugiados e que observem os documentos internacionais que regulamentam as questões a respeito de
Direitos Humanos desta categoria.

De acordo com a Convenção relativa ao Estatuto dos Refugiados, o refugiado tem deveres para com
o país em que se encontra (art. 2º). Por exemplo, ele deverá obedecer a leis e regulamentos e respeitar
as normas de ordem pública do país que lhe concedeu refúgio.

Ademais, lembremos o status jurídico do refugiado, cuja situação específica é receber proteção
internacional e a não devolução para seu país de origem. A Declaração de Nova York para Migrantes
e Refugiados de 2016, ao reafirmar a importância da proteção aos refugiados, instou aos países se
comprometerem a promover respostas emergenciais com abordagens sustentáveis e a serem mais
resilientes para com a situação dos refugiados (UNHCR).

Vejamos as evidências em números: segundo a Agência da ONU para refugiados (ACNUR), registra-se,
atualmente, um dos maiores níveis de deslocamento da história. Segundo essa Agência, a cada minuto,
25 milhões de pessoas são deslocadas, à força, em decorrência de conflitos e perseguições (ACNUR).

Em seu Relatório “Tendências Globais”, a ACNUR informa que 68,5 milhões de pessoas estavam
deslocadas por guerras e conflitos até o final de 2017. Desses 68,5 milhões, 25,4 milhões de refugiados
deixaram seus países para escapar de conflitos.

Veja que a complexidade do mundo contemporâneo apresenta um cenário sem precedentes quanto
à situação dos refugiados.

A Assembleia Geral da ONU lançou em 2018 o Pacto Global sobre Refugiados (ONU). Trata-se de um
acordo internacional cujos objetivos são:

• Aliviar pressão sobre países que abrigam um grande número de refugiados.

• Construir a autoconfiança dos refugiados.

137
Unidade III

• Expandir o acesso à países terceiros ou a refugiados através do reassentamento e de outras vias


de admissão.

• Condições de apoio que permitam aos refugiados regressarem aos seus países de origem.

No Brasil temos a Lei n. 9.474/97 que define os mecanismos para a implementação do Estatuto dos
Refugiados de 1951 e estabelece o conceito de refugiado no art. 1º (BRASIL, 1997). Veja a seguir:

Art. 1º Será reconhecido como refugiado todo indivíduo que:

I - devido a fundados temores de perseguição por motivos de raça,


religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas encontre-se
fora de seu país de nacionalidade e não possa ou não queira acolher-se à
proteção de tal país;

II - não tendo nacionalidade e estando fora do país onde antes teve sua
residência habitual, não possa ou não queira regressar a ele, em função das
circunstâncias descritas no inciso anterior;

III - devido à grave e generalizada violação de Direitos Humanos, é obrigado


a deixar seu país de nacionalidade para buscar refúgio em outro país.

Saiba que o Comitê Nacional para os Refugiados (CONARE) concedeu a condição de refugiados a
21.432 venezuelanos que se estabeleceram no Brasil.

Observação

O Conare é uma Comissão Interministerial do Brasil vinculada ao


Ministério da Justiça. É responsável por receber as solicitações de refúgio.

Alguns efeitos são decorrentes do reconhecimento da condição de refugiado. Assim, segundo


dispõe a Lei n. 9.474/97, esta condição obstará qualquer pedido de extradição baseado nos fatos que
ensejaram concessão de refúgio e qualquer processo de extradição pendente.

Note-se ainda que não será expulso do território nacional refugiado que esteja regularmente
registrado, salvo por motivos de segurança nacional ou de ordem pública. Assim o estrangeiro que
solicitar refúgio no Brasil não poderá ser deportado, pois correrá sérios riscos com relação à sua vida e
sua liberdade.

138
DIREITOS HUMANOS

Lembrete

Veja que para solicitar refúgio no Brasil é preciso estar no


território nacional.

Um refugiado poderá requerer asilo político?

Sim, poderá requerer asilo individualmente. Mas cuidado para não confundir os dois institutos:
refúgio com asilo político. O primeiro refere-se a fluxos de pessoas que estão deslocadas por força de
fundado temor de perseguição por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões
políticas. Já o asilo normalmente é caracterizado por perseguição política individualizada, motivada por
crimes políticos, conforme estudaremos em seguida.

Não se pode deixar de mencionar neste estudo que a questão do refúgio foi considerada pela ONU
uma das piores crises humanitárias do século, já que a situação do refugiado pode estar atrelada à fome
e às doenças (ONU). Segundo a ACNUR (2018), 60% da população mundial de refugiados vive em cerca
de 10 países, todos no hemisfério sul (ACNUR).

Exemplo de aplicação

Verifique no site da ACNUR a “Cartilha para Solicitantes e Refúgio no Brasil – ACNUR”. Nela, você terá
oportunidade de acessar os procedimentos, decisão dos casos, direitos e deveres, bem como informações
e contatos úteis.

Por fim, em sede de Direitos Humanos no plano internacional, é preciso mencionar sobre os apátridas,
que não se confundem com refugiados. E o que se entende por apátridas?

Apátridas são pessoas sem pátria, a saber: pessoas que não possuem vínculo jurídico-político com
qualquer Estado. Veja que esta circunstância acarreta uma série de dificuldades, pois em sendo desprovido
de nacionalidade, o apátrida tem dificuldade de exercer alguns direitos como cidadão configurando-se
uma situação que enfraquece e degrada a condição humana.

Veja que esta circunstância cria obstáculos no caso de o apátrida ter que ser hospitalizado, tentar abrir
uma conta bancária, trabalhar legalmente ou matricular-se numa escola, por exemplo. Já identificamos
aqui, por esses exemplos, os vários direitos violados: direito à saúde, direitos civis, direitos sociais ao
trabalho e à educação.

O art. 15º da Declaração Universal dos Direitos Humanos estipula que todo ser humano tem direito
a uma nacionalidade. Existem duas Convenções que tratam da situação dos apátridas: o Estatuto dos
Apátridas (1954) e a Convenção sobre a Redução dos Casos de Apátrida (1961).

139
Unidade III

Observação

De acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os


Refugiados (ACNUR), são aproximadamente 15 milhões de pessoas que
podem ser apátridas.

Segundo a ACNUR, não se trata de uma fatalidade o fato de o indivíduo ser um apátrida, pois,
alguns países permitem a obtenção de certificados de nacionalidade como o Sri Lanka, Bangladesh e o
Nepal (ACNUR)

Exemplo de aplicação

Em 2018, o Ministério da Justiça concedeu nacionalidade brasileira para duas irmãs que haviam
sido reconhecidas como apátridas pelo Brasil. Esse é o primeiro passo para a obtenção da naturalização.
Esse fato foi considerado um momento histórico para o Brasil, pois reafirma a política de acolhimento
aos vulneráveis e desassistidos no Brasil. A nova Lei de Migração que entrou em vigor em 2017,
repudia a xenofobia, o racismo ou qualquer outra forma de discriminação estabelecendo uma postura
humanitária no caso de acolhida de migrantes e apátridas. Verifique o caso das irmãs apátridas
que conseguiram a nacionalidade brasileira e depois faça uma leitura da Lei de Migração (Lei n.
13.445/2017). Veja a Seção II que trata da Proteção do Apátrida e da Redução da Apatridia e estude
o processo de reconhecimento.

MINISTÉRIO DA JUSTIÇA E SEGURANÇA PÚBLICA. Primeiras apátridas reconhecidas pelo Brasil


recebem nacionalidade brasileira. Disponível em: https://www.justica.gov.br/news/collective-nitf-
content-1538659939.43. Acesso em: 6 fev. 2020.

Lei n. 13. 445/2017. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/


Lei/L13445.htm. Acesso em: 6 fev. 2020.

7.7 Direito ao asilo

Migrar é um direito e a migração é um fenômeno que infere um deslocamento de pessoas num


determinado espaço geográfico que pode ser de forma permanente ou temporária.

O direito de migrar engloba inúmeros desafios como a estadia em um local com cultura e costumes
diversos do país de origem, a língua, a luta pela sobrevivência entre outros.

Por quais motivos uma pessoa ou grupo de pessoas migra de um espaço para outro?

140
DIREITOS HUMANOS

Pois bem, a migração pode ocorrer por diversos motivos: desastres ambientais, fuga de crises
econômicas e de conflitos políticos ou religiosos, entre outros. De todo modo, o fato é que as pessoas
migram com vistas a melhorar sua condição de vida.

Ninguém se desloca de um lugar para outro para começar uma nova vida num lugar estranho e por
vezes com costumes e tradições diferentes para piorar sua condição.

A migração faz história e é, portanto, parte da construção civilizatória. As grandes descobertas e o


desenvolvimento marítimo na história da humanidade fomentou os fluxos migratórios e fez surgir a
regulação internacional e nacional para a proteção dos Direitos Humanos dos migrantes.

A Revolução Industrial desencadeou um processo migratório sem precedentes, fazendo surgir a


necessidade de regulações nacionais para regulamentar o fluxo migratório de forma a conferir acolhida
às pessoas e grupos migrantes sem prejudicar os direitos dos nacionais.

Nessa toada surge o instituto do asilo cujo expediente político se caracteriza por regras instituídas
pelo Estado concedente. O asilo consiste no acolhimento de um estrangeiro em seu território com a
promoção de seus Direitos Humanos.

Veja que o asilo tem previsão na Declaração Universal (1948) no art. 14, ou seja, de que toda pessoa,
vítima de perseguição, tem o direito de procurar e usufruir de asilo em outros países. A Declaração
amplia esta garantia ao dispor sobre o direito à nacionalidade no art. 15.

Entretanto, é preciso salientar que esse direito não é irrestrito, pois o art. 14 da Declaração Universal
dispõe que as pessoas não podem utilizar este instituto simplesmente como forma de afastar a perseguição
por crimes que violam os objetivos e princípios das Nações Unidas. Assim, aqueles que cometeram
crimes de guerra ou crimes contra humanidade, por exemplo, não podem se valer desse direito.

O direito de asilo se justifica pela perseguição ao estrangeiro no seu país de origem, podendo ser de
ordem política, por motivos raciais ou convicções religiosas.

Existem duas espécies de asilo no Brasil: o diplomático e o territorial. O asilo diplomático ocorre
quando o requerente está em um país estrangeiro e solicita asilo à Embaixada Brasileira. O asilo territorial
ocorre quando o requerente está em território internacional.

O Brasil instituiu a possibilidade do asilo no art. 4º da Constituição Federal de 1988, erigindo-o


como um dos princípios regentes das relações internacionais (art. 4º, X). A Lei n. 13.684/2018 que dispõe
sobre medidas de assistência emergenciais para acolhimento a pessoas em situação de vulnerabilidade
decorrente de fluxo migratório provocado por crise humanitária, estabelece políticas que visem a ampliar
o espectro de proteção de Direitos Humanos dos migrantes (art. 5º) (BRASIL, 1988).

141
Unidade III

Saiba mais

O Decreto Brasileiro n. 9.285/2018 reconheceu a situação de


vulnerabilidade decorrente do fluxo migratório provocado pela crise
humanitária na República Bolivariana da Venezuela já que na 50ª Cúpula
dos Chefes de Estado do Mercosul e Estados Associados (2017) acolheu-se
a ruptura na ordem democrática naquele país. Nesse mesmo Decreto, ao
considerar os impactos nos serviços públicos de saúde, saneamento básico,
segurança pública entre outros, decorrente do aumento populacional
temporário, desordenado e imprevisível no Estado de Roraima em razão
deste fluxo migratório, reconheceu-se também a vulnerabilidade do Estado
de Roraima, provocado pela crise humanitária na Venezuela.

BRASIL. Decreto n. 9.285, de 15 de fevereiro de 2018. Reconhece a


situação de vulnerabilidade decorrente de fluxo migratório provocado por
crise humanitária na República Bolivariana da Venezuela. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Decreto/
D9285.htm. Acesso em: 6 fev. 2020.

Diante dos fluxos migratórios ocorridos nos últimos anos e da possibilidade de crise humanitária, a
ONU firmou acordo com 164 países para reforçar a cooperação internacional para uma migração segura,
ordenada e regular. Em 2018 foi assinado o Pacto Mundial para Migração durante uma conferência
intergovernamental em Marrakesh, no Marrocos, que, embora não se trate de instrumento vinculativo,
é mais uma iniciativa de cooperação internacional entre os países para estabelecer negociações sobre
esses fluxos migratórios (G1).

Por fim reitera-se a importância de não confundir o instituto do asilo com o instituto do refugiado.
Para uma melhor fixação, providenciamos a seguir uma tabela de diferenciação. Confira:

Quadro 14 – Refúgio e asilo

Refúgio Asilo
Tem alcance internacional de alcance universal Tem alcance regional
Perseguição política generalizada Perseguição política individualizada
Perseguição por motivos religiosos, raciais, de nacionalidade Perseguição por crimes políticos
e de opiniões
Justifica-se pelo fundado termor de perseguição Necessidade efetiva de perseguição
Proteção em território estrangeiro (territorial) ou na
A proteção ocorre foram do país Embaixada (diplomático)
Efeito declaratório Efeito constitutivo
Tem natureza humanitária Tem natureza política

142
DIREITOS HUMANOS

7.8 Direitos dos povos indígenas

Os povos indígenas têm uma identidade própria e a sua presença é de relevante contribuição para o
desenvolvimento, a pluralidade e a diversidade cultural da humanidade.

As injustiças históricas experimentadas pelos povos indígenas violaram os Direitos Humanos destes
povos no tocante à sua história, tradição, cultura e filosofia.

Os Tratados e Convenções internacionais em matéria de Direitos Humanos sempre combateram a


discriminação em todas as suas formas. Ademais, a pluridade cultural e a diversidade linguística dos
povos indígenas justificam esses povos como parte integrante da sociedade humana.

Nesse sentido, os povos indígenas devem ter preservados todos os Direitos Humanos indispensáveis
à sua existência além da coexistência harmônica com os membros da sociedade.

Lembrete

Em 2014, a Conferência Mundial dos Povos Indígenas, conduzida pela


ONU, consignou a necessidade de proteger e de promover os Direitos
Humanos dos povos indígenas.

Nesta Conferência firmou-se o compromisso de se adotar os princípios e objetivos da Declaração das


Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas (2007) e da necessidade dos Estados de aderirem
ou ratificarem, no âmbito da Organização Internacional do Trabalho (OIT), a Convenção dos Povos
Indígenas e Tribais (Convenção 169) (OLIVEIRA, 2016, p. 488).

A Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas (2007) reafirma que os povos
indígenas devem ser livres de toda forma de discriminação, além de reconhecer que a diversidade e a
riqueza cultural das civilizações constituem patrimônio da humanidade.

Essa Declaração enfatiza a contribuição da desmilitarização das terras e territórios dos povos
indígenas para a paz, o progresso e o desenvolvimento econômico-social, a compreensão e as relações
amistosas entre os povos.

Vale mencionar também a Declaração Americana sobre os Direitos dos Povos Indígenas, aprovada
em 15 de junho de 2016, na terceira sessão plenária da Organização dos Estados Americanos (OEA),
ao promover a defesa dos Direitos Humanos desses povos, imprimiu a igualdade de gênero, no
reconhecimento de que as mulheres indígenas gozam de proteção e liberdades fundamentais, devendo
os Estados envidarem medidas necessárias a coibir e erradicar todas as formas de violência e de
discriminação contra as mulheres indígenas (OEA, s.d.).

143
Unidade III

Esta Declaração recepcionou o direito à identidade e à integridade cultural dos povos indígenas no
entendimento de que a ancestralidade e a contribuição cultural desses povos configuram um patrimônio
cultural para a humanidade.

A igualdade, autodeterminação e a autonomia são direitos indissociáveis e inalienáveis dos povos


indígenas e por esta razão sua cultura e tradições devem ser preservadas para que se dê continuidade
deste legado às presentes e futuras gerações.

Por sua vez, a Convenção n. 169 da OIT sobre os Povos Indígenas e Tribais, promulgada pelo
Decreto Brasileiro n. 5.051/2004, reconheceu as aspirações desses povos em assumir o controle de
suas próprias instituições.

Nesta Convenção os Estados se obrigam a desenvolver ação coordenada e sistemática com vistas
a proteger os direitos desses povos e a garantir o respeito pela sua integridade (art. 2º), restando claro
e manifesto que os povos indígenas e tribais virão gozar plenamente dos Direitos Humanos e das
Liberdades Fundamentais.

No âmbito da proteção nacional, a Constituição de 1988 confere proteção especial aos índios nos
art. 231 e 232. Veja que esta proteção já foi referendada pelo Supremo Tribunal Federal (STF)
nos Embargos de Declaração na Pet. 3.388, pelo então Ministro Carlos Ayres Brito, na esteira do
constitucionalismo fraternal ou solidário (OLIVEIRA, 2016, p. 493).

Vejamos o voto:

Os arts. 231 e 232 da Constituição Federal são de finalidade nitidamente


fraternal ou solidária, própria de uma quadra constitucional que se volta
para a efetivação de um novo tipo de igualdade: a igualdade civil-moral
de minorias, tendo em vista o proto-valor da integração comunitária. Era
constitucional compensatória de desvantagens historicamente acumuladas,
a se viabilizar por mecanismos oficiais de ações afirmativas. No caso, os
índios a desfrutar de um espaço fundiário que lhes assegure meios dignos
de subsistência econômica para mais eficazmente poderem preservar sua
identidade somática, linguística e cultural. Processo de uma aculturação
que não se dilui no convívio com os não índios, pois a aculturação de que
trata a Constituição não é perda de identidade étnica, mas somatório de
mundividências. Uma soma, e não uma subtração. Ganho, e não perda.
Relações interétnicas de mútuo proveito, a caracterizar ganhos culturais
incessantemente cumulativos. Concretização constitucional do valor da
inclusão comunitária pela via da identidade étnica (STF).

De todo modo, a Constituição de 1988 significou um marco importante ao consignar a proteção dos
povos indígenas no entendimento de que a pluralidade abrange também as etnias, e, no reconhecimento
de que os índios têm direito a sua organização social, aos costumes, línguas, crenças e tradições, além de
poderem manter os seus direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam.
144
DIREITOS HUMANOS

8 A GLOBALIZAÇÃO E OS DIREITOS HUMANOS

8.1 A luta global pelos Direitos Humanos

A ideia de supremacia do Estado, consistente numa soberania absoluta, não prospera diante da
tutela universal dos Direitos Humanos. A legislação sobre Direitos Humanos vincula os países a atuar
segundo os compromissos assumidos nos Tratados e Convenções ratificados pelos Estados Partes.

Nesse sentido, a internacionalização do Direito se deu com a responsabilidade dos Estados tanto na
observação como na implementação dos Direitos Humanos no aspecto externo e interno.

As Nações Unidas deram o primeiro passo para essa internacionalização, não apenas pela Carta das
Nações Unidas em promover o progresso social e melhores condições de vida dentro de uma liberdade
ampla, mas também para a união de forças para manter a paz e a segurança no mundo.

Nesse sentido, os Direitos Humanos vocacionam-se a trazer a narrativa contemporânea sobre a paz,
a segurança e o desenvolvimento. A Declaração Universal (1948) foi o paradigma para a construção de
novos padrões de Direitos Humanos.

Note-se que, a partir desta Declaração, diversas medidas protetivas surgiram por meio de Sistemas
Regionais de proteção e diversos documentos internacionais, como Tratados, Convenções e Pactos que
proporcionaram uma sistematização de Direitos Humanos sob o consenso global de que violações contra
esses direitos deveriam ser denunciadas, julgadas e penalizadas.

O paradigma atual em matéria de Direitos Humanos é que o respeito à diversidade e às diferenças


são parte da Agenda Global cuja perspectiva temática não é mais apenas no sentido de proteção de
direitos, mas de implementação de metas a serem cumpridas a curto prazo.

Atualmente, assiste-se a uma conscientização sobre o respeito aos Direitos Humanos em nível global,
pois a institucionalização desses direitos ajudou a construir as constituições dos países e implementar
medidas e instrumentos de proteção para novos direitos.

O Marco Civil da Internet (Lei n. 12.965/2014) também se ombreia a outros instrumentos legislativos
na luta pelos Direitos Humanos.

Nesta toada, a internet atende aos anseios dos direitos informacionais, não só como um direito
humano, mas como exercício das liberdades em suas múltiplas dimensões. Assim, o Marco Civil da
Internet possibilitou o exercício dos direitos fundamentais na pluridade e na diversidade de meios
de comunicação.

Dentre os princípios do uso da internet no Brasil, segundo a Lei n. 12.965/2014, art. 3º estão:

• A garantia da liberdade de expressão, comunicação e manifestação do pensamento.

145
Unidade III

• A proteção da privacidade.

• A proteção dos dados pessoais.

• Proteção e a garantia da neutralidade da rede.

• A preservação da estabilidade, segurança e funcionamento da rede.

• Responsabilização dos agentes de acordo com as suas atividades.

• Participação da natureza participativa da rede.

• Liberdade dos modelos de negócios promovidos na internet, desde que não conflitem com os
demais princípios estabelecidos na Lei n. 12.965/2014.

Veja que a internet promoveu um estado de integração, ao lado da globalização que, por sua vez,
operou um fenômeno sem precedentes no âmbito da dinâmica social.

De fato, o processo de globalização propiciou aos Estados que tomassem providências para
que adequassem as suas constituições com a nova normatividade internacional em matéria de
Direitos Humanos.

A promoção dos Direitos Humanos é um dos principais fins das Nações Unidas; entretanto, para
cumprir os desígnios da Carta das Nações Unidas, é preciso força e empenho político dos Estados de
forma a prevenir as violações desses direitos, conforme acordado na Convenção de Viena.

Segundo a Carta das Nações Unidas, as controvérsias oriundas das ações de Estado, e que possam se
constituir como ameaças à paz e à segurança internacionais, serão resolvidas por meio do consenso, da
negociação e da mediação, baseadas na igualdade de direitos e na autodeterminação dos povos.

Nesse sentido, ações governamentais em nível global, consistentes em movimentos em prol dos
Direitos Humanos, de forma integrada e complementar às políticas nacionais tornam-se desafios a
serem enfrentados.

8.2 Movimentos de Direitos Humanos e construção da cidadania

A conquista pelos Direitos Humanos é um trabalho diário e contínuo, mas ainda existem muitos
desafios na busca da dignificação da pessoa humana. Apesar de que, desde a Conferência de Viena,
alguns progressos terem sido alcançados, ainda há um longo caminho a percorrer.

Vejamos os movimentos dos Direitos Humanos na construção da cidadania.

146
DIREITOS HUMANOS

De fato, após a guerra fria, primou-se pela urgência de um sistema de efetivação de Direitos Humanos
numa economia globalizada, bem como instituir órgãos de monitoramento sobre a implementação
desses direitos.

Nesse sentido, o Brasil ratificou uma diversidade de Tratados em matéria de Direitos Humanos,
incorporando na ordem interna constitucional e infraconstitucional, as normas protetivas de direitos
além das garantias de sua aplicação.

A conquista diária pelo respeito aos Direitos Humanos é também uma conquista pelos direitos
de cidadania.

A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789) deu o passo inicial para o exercício da
cidadania. Ao imprimir que o ser humano nasce livre e com direitos iguais, refutou a ideia de divisão
de classes com a supressão de direitos com base na condição econômica ou qualquer outra de ordem
político-cultural.

A ideia de se construir os Direitos Humanos por meio de uma Constituição contribuiu para que
o exercício da cidadania se edificasse num amplo leque de direitos fundamentais indispensáveis à
condição de vida digna.

A evolução dos Direitos Humanos se deu com ascensão de uma racionalidade sem precedentes: a
de que a dignidade humana está acima de qualquer viés normativo que possa imperar num país. Assim,
toda e qualquer norma de direito deve vir lastreada no princípio da dignidade da pessoa humana

Portanto, veja que o surgimento de um arcabouço de normas internacionais com vistas a erigir os
Direitos Humanos na sua universalidade contribuiu para expandir a cidadania.

A aquisição de direitos civis, sociais e políticos foi estruturada por meio dos vários movimentos
humanos em prol da cidadania, que só poderá se aperfeiçoar se os Estados aderirem à sistemática
proteção de Direitos Humanos por meio do cumprimento dos Tratados internacionais.

Lembrete

Considerando a hierarquia constitucional dos tratados internacionais, as


normas dispostas nos Tratados podem coincidir com as normas constitucionais,
complementar a Constituição ou contrariar o direito interno; no último caso
não haverá inserção dessas normas no ordenamento interno.

Saiba que a vigência dos Tratados requer uma revisão constante além de análise criteriosa dos
mecanismos de implementação dos Direitos Humanos no âmbito dos Estados.

147
Unidade III

Saiba mais

Acesse o site do Ministério Público Federal e verifique as recomendações


do 3º Ciclo da Revisão Periódica Universal. Disponível em: www.mpf.mp.br.
“Recomendações 3º ciclo – MPF”. Acesso em: 9 fev. 2020.

8.3 Políticas públicas de Direitos Humanos (órgãos de defesa, proteção e


promoção de Direitos Humanos)

Flavia Piovesan, ao discorrer sobre o direito ao desenvolvimento e as assimetrias globais, dispõe


que o direito ao desenvolvimento compreende duas dimensões: uma nacional e outra internacional.
Ao enfatizar sobre a Declaração de 1986, nos lembra que esta Declaração enfatiza importância da
cooperação internacional para a realização do direito ao desenvolvimento (2017, p. 70).

Pois bem, vejamos: como promover o direito ao desenvolvimento sem um sistema de cooperação
global alinhado às políticas públicas de Direitos Humanos?

Na contemporaneidade, a solidariedade é a tônica em matéria de Direitos Humanos, conquanto


hajam limites territoriais e de soberania nacional, a busca da harmonia na convivência humana vem
corroborada nos diversos documentos internacionais, e que foram estudados nesse Curso.

Permeia-se o entendimento de que a solidariedade é o terceiro eixo na conquista de dos Direitos


Humanos Universais.

Dessa forma, os direitos de solidariedade só se consolidam por meio de uma conscientização por parte
dos países, no sentido de que somente a cooperação internacional poderá promover o desenvolvimento, a
equalização de um sistema de proteção das liberdades, a sustentabilidade socioeconômica, a pacificação
entre os povos além de todo e qualquer movimento de inclusão, seja ele social econômico, cultural,
digital entre outros segmentos inclusivos.

A par disso, torna-se indispensável, o empreendimento de sistemas de políticas públicas, no âmbito


da implementação dos Direitos Humanos, tanto no plano internacional quanto no nível nacional, de
interesse dos Estados.

As Nações Unidas entendem que a implementação de políticas públicas de Direitos Humanos deve
possuir uma padronização internacional para que todos os envolvidos, Estados, indivíduos e organismos
internacionacionais, contribuam na defesa desses direitos.

Um dos grandes desafios para a implementação dos Direitos Humanos é a sua operabilidade. Ao
fazer parte do Sistema Interamericano e do Sistema das Nações Unidas de Proteção e Promoção dos
Direitos Humanos, o Brasil ratificou vários Tratados Internacionais que acarretam na responsabilidade
do Estado em fazer cumprir as obrigações assumidas nesses documentos.
148
DIREITOS HUMANOS

Alguns mecanismos internacionais foram criados para conferir operabilidade para a exigibilidade
dos Direitos Humanos. Apenas para exemplificar, veja na tabela a seguir, cinco desses mecanismos e seus
sistemas operacionais:

Quadro 15 – Mecanismos Internacionais de Políticas Públicas de Direitos Humanos

Instituído em 1985 pelo Conselho Econômico e Social (ECOSOC) as Nações Unidas cuja
Comitê de Direitos competência é exercer o controle a aplicação das disposições constantes e analisar os relatórios,
Econômicos, Sociais e submetidos ao Comitê, sobre as medidas de implementação de Direitos Humanos nesses países.
Culturais Após realizada a análise do relatório, o Comitê relaciona as recomendações que o Estado Parte
deverá implementar.
Previsão – Parte 4 (art. 28) do Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos. Objetiva exercer
Comitê de Direitos Civis o controle da aplicação das medidas estabelecidas no Pacto. Os Estados Partes enviam relatórios
e Políticos ao Comitê para que sejam analisados. Ao final, o Comitê salienta os aspectos positivos bem
como os problemas detectados e recomenda soluções aos Estados Partes.
Comitê para Eliminação Adotado pela Assembleia das Nações Unidas em 1979 com entrada em vigor em 1981, este
de Todas as Formas de Comitê, composto por 23 peritas, examina os relatórios periódicos apresentados pelos Estados-
Discriminação Contra as Partes, formula sugestões e recomendações gerais, podendo instaurar inquéritos confidenciais.
Mulheres O primeiro relatório nacional brasileiro foi apresentado em 2002.
Desde 1960 a CIDH recebe e processa denúncias ou petições sobre casos individuais. Poderá
Comissão realizar visitas in loco para observar as condições gerais dos Direitos Humanos em determinado
Interamericana e país além de trazer recomendações aos países membros da OEA sobre adoção de medidas que
Direitos Humanos contribuam para a promoção e garantia dos Direitos Humanos. Outra função deste Comitê é a
adoção de medidas cautelares específicas para evitar danos graves e irreparáveis aos Direitos
Humanos.
Criado a partir da Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de
Comitê para Eliminação Discriminação Racial, estabelecido na Parte II desta Convenção. Este Comitê trouxe diretrizes
da Discriminação Racial para elaboração dos relatórios periódicos enviados pelos Estados Partes para análise. Trata-se de
órgão autônomo que tem competência para exercer o controle de aplicabilidade das disposições
sobre Direitos Humanos da Convenção.

Por meio do quadro exemplificado acima, pudemos verificar que as competências dos Comitês de
Direitos Humanos, constituídos como mecanismos de implementação e fomento de políticas públicas
junto aos Estados, conferem operabilidade ao monitoramento de aplicação desses direitos nos países.

Alexandre Ciconello, ao discorrer sobre as políticas públicas em matéria de Direitos Humanos,


informa sobre as fases de implementação dessas políticas que, segundo ele, se configura por meio de
ciclos (2016, p. 174):

• Agenda.

• Formulação.

• Implementação.

• Monitoramento.

• Avaliação.

149
Unidade III

Alexandre Ciconello entende que há um ciclo de etapas para o desenvolvimento de políticas públicas.
Essa noção é importante, pois é por meio das etapas que se edifica um programa de ação, e que se
estabelecem objetivos e metas.

Nesse sentido, além dos instrumentos que conferem operabilidade aos Direitos Humanos, como
foi o exemplo dos Comitês, outros mecanismos buscam a promoção desses direitos com vistas a sua
exequibilidade no plano interno dos países.

Isso ocorre com o Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH), que teve origem na Convenção
de Viena (1993), conforme já estudamos, e teve sua primeira implementação em 1996 cujo objetivo foi
o de identificar os obstáculos que impedem a promoção de defesa dos Direitos Humanos no Brasil.

Atualmente estamos no PNDH3, aprovado pelo Decreto n. 7.037/2009, com alteração dada pelo
Decreto n. 7.177/2010. O PNDH3 contém seis eixos orientadores: (i) interação democrática entre Estado
e sociedade civil; (ii) desenvolvimento e Direitos Humanos; (iii) universalizar direitos em um contexto de
desigualdades; (iv) segurança pública, acesso à justiça e combate à violência; (v) educação e cultura em
Direitos Humanos; e (vi) direito à memória e à verdade.

Um outro mecanismo que fomenta as ações preventivas, protetivas, reparadoras e sancionadoras das
condutas violadoras de Direitos Humanos no Brasil é o Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH).
Este Conselho foi instituído em 1964 pela Lei n. 4.319 que criou o Conselho e Defesa dos Direitos da
Pessoa Humana (CDDPH).

O CNDH fiscaliza e monitora as políticas públicas de Direitos Humanos e o Programa Nacional de


Direitos Humanos. O Conselho sugere e recomenda diretrizes para a efetivação de Direitos Humanos e
também serve de entidade articuladora na cooperação com entidades públicas e privadas, municipais,
estaduais, do Distrito Federal além de nacionais e internacionais, especialmente com os órgãos integrantes
dos Sistemas Internacionais e Regional de Direitos Humanos.

É por meio das políticas públicas que se erigem as bases objetivas de promoção e defesa dos
Direitos Humanos.

Nesse sentido, não se pode esquecer do relevante papel do Ministério Público na promoção e
defesa dos Direitos Humanos, com competência instituída pelo art. 127 da Constituição Federal de
1988, inclusive na promoção e defesa dos direitos e interesses dos povos indígenas (art. 129, V), e
cuja função jurisdicional é a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais
e individuais indisponíveis.

Além do Ministério Público, no âmbito brasileiro, temos a Defensoria Pública, que não só promove a
defesa dos Direitos Humanos em nível nacional, mas em sede internacional também.

Esta Defensoria está prevista na Constituição de 1988 no art. 5º, LXXIV e se vocaciona a defender
judicial e extrajudicialmente aqueles que se encontram em situação de vulnerabilidade e que, por falta
de recursos, dependem do patrocínio da Defensoria Pública, de forma gratuita e com assistência integral.
150
DIREITOS HUMANOS

Saiba que, em repercussão internacional, vale mencionar que a 48ª Sessão da Assembleia Geral da
Organização dos Estados Americanos (OEA) ressaltou o papel da Defensoria Pública como instrumento
eficaz na garantia do acesso à Justiça das pessoas em condições de vulnerabilidade (ANADEP, s.d.).

Para finalizar sobre as políticas públicas dentre as medidas a serem adotadas pelas Defensorias
Públicas em toda América estão: a criação de mecanismos para monitorar os centros de detenção,
em especial para prevenir e denunciar tratamentos cruéis, desumanos e degradantes, incorporar uma
perspectiva de gênero e enfoques diferenciados para pessoas em condições de vulnerabilidade, garantir
às mulheres o acesso efetivo e igualitário à justiça.

Além dessas recomendações consta a importância de os Estados membros reafirmarem sua


solidariedade para com as vítimas de terrorismo e suas famílias, de forma a reconhecer a relevância da
proteção de seus direitos com oferecimento de assistência e mecanismos de reabilitação adequados.

No término deste capítulo, é importante mencionar que o mundo tem experimentado consideráveis
avanços no tocante à institucionalização das políticas públicas de Direitos Humanos. Entretanto, temos
ainda um longo caminho a percorrer diante de novos direitos que ainda vão surgir.

Resumo

No tocante aos direitos e às vulnerabilidades, vimos que, de forma


gradual, tem se alcançado conquistas no âmbito dos Direitos Humanos.

Assim ocorreu com os direitos das mulheres, que, tanto nos aspectos
civis, quanto nos aspectos políticos, econômicos e culturais, ganharam
contornos normativos e universais. No âmbito interno, legislações
conferiram maior empoderamento às mulheres com vistas à superação das
desigualdades e das discriminações.

Nesse sentido, vimos que a Lei Maria da Penha (Lei n. 11.340/2006) foi
considerada pela ONU como um dos maiores avanços no enfrentamento à
violência doméstica e familiar contra as mulheres e, pelo Banco Mundial,
foi referenciada globalmente, tornando-se um paradigma nacional
e internacional.

Na compreensão de que é necessário que ações inovadoras nos campos


da educação, informação, cultura, artes, esportes e comunicação invistam
na prevenção da violência e na promoção dos Direitos Humanos das
mulheres, estudou-se que, para uma evolução concreta e efetiva desses
direitos, a presença do diálogo e da cooperação conjunta, tanto no plano
internacional quanto no plano interno, é condição inarredável.

151
Unidade III

Estudamos sobre os direitos da criança, que se inserem entre os


grupos vulneráveis, tendo direito à proteção do Estado, vinculado à
família e à sociedade.

Tivemos a oportunidade de estudar, na Convenção sobre os Direitos


da Criança, o comprometimento dos Estados em implementar medidas
assecuratórias às crianças com deficiência física ou mental para desfrutarem
de uma vida digna com qualidade, de forma a dignificar sua participação
ativa na sociedade.

No âmbito brasileiro, vimos que o Estatuto da Criança e do Adolescente


(ECA) foi um grande avanço quanto à proteção integral e à garantia de
prioridade no tocante ao seu desenvolvimento, assistência e amparo
material, físico e psicológico.

Igualmente os idosos gozam de proteção prioritária por imposição


constitucional e infraconstitucional. A ONU, ao instituir os princípios da
independência, participação, assistência, autorrealização e dignidade,
priorizou a condição do idoso com respeito ao envelhecimento digno.

Da mesma forma, a Convenção Internacional sobre os Direitos das


Pessoas com Deficiência considerou a dignidade da pessoa humana
como princípio matriz de todos os outros princípios que norteiam os
Direitos Humanos.

Na esfera brasileira, a Lei n. 13.146/2015, ao instituir o Estatuto da Pessoa


com Deficiência, teve como finalidade assegurar e promover, em condições
de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais da
pessoa com deficiência, com vistas à sua inclusão social e ao exercício
de sua cidadania.

Na oportunidade de estudar sobre as minorias, ou seja, grupos que


sofrem discriminações nos aspectos econômicos, sociais, culturais, físicos
e religiosos dentro de uma sociedade, vimos o alerta da ONU para a
questão dos refugiados.

Verificamos a relevância desse problema, bem como a urgência para


que os países providenciem medidas que coíbam e protejam os direitos
dos refugiados. Estudamos que o status jurídico do refugiado é uma
situação específica.

Além disso, estudamos também o direito de migrar, que se define como


um direito humano, e que pode ocorrer por diversos motivos: desastres

152
DIREITOS HUMANOS

ambientais, fuga de crises econômicas e de conflitos políticos ou religiosos,


entre outros, portanto, o fato de migrar insere a melhora da condição de vida.

Para compreender melhor como ocorre este fenômeno humano e seu


desdobramento, discorremos brevemente sobre o instituto do asilo. Vimos
que este não se confunde com a condição do refúgio, que implica na
perseguição política.

Ainda na esteira das minorias, enfrentamos o tema dos povos indígenas,


utilizando a Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos
Indígenas (2007) para desenvolver o conteúdo de seus direitos.

Os povos indígenas têm o direito humano à liberdade, entre outros


inerentes a todo ser humano, não devendo experimentar nenhuma forma de
discriminação. Os índios possuem o reconhecimento de que sua diversidade
e sua riqueza cultural se constituem como patrimônio da humanidade.

O direito à identidade e à integridade cultural dos povos indígenas são


elementos indissociáveis de sua ancestralidade e, de fato, contribuem para
o seu crescimento cultural.

Estudamos o fenômeno da globalização e a luta pelos Direitos Humanos,


na ideia de que esses direitos vocacionam-se a trazer uma narrativa
contemporânea sobre a paz, a segurança e o desenvolvimento, inclusive
em termos tecnológicos.

Nesse sentido, vimos que o desenvolvimento tecnológico universaliza


culturas, tanto no âmbito informacional quanto na esfera comunicacional,
tendo na internet um meio para que esses direitos se efetivem.

Os Direitos Humanos são elementos estruturantes do desenvolvimento


da cidadania e racionalizam a ideia global da importância de sua
implementação diária.

Ao discorrer sobre a Declaração Universal dos Direitos Humanos,


finalizou-se este Curso com o discurso sobre a solidariedade como um
terceiro eixo na conquista dos Direitos Humanos Universais.

Não é por acaso, pois vimos que um dos grandes desafios para a
implementação dos Direitos Humanos é a sua operabilidade. Nesse
sentido, estudamos que sem um sistema de cooperação global alinhado
às políticas públicas de Direitos Humanos não será possível promover o
desenvolvimento, a equalização de um sistema de proteção às liberdades,
a sustentabilidade socioeconômica, a pacificação entre os povos além de
153
Unidade III

todo e qualquer movimento de inclusão, seja ele social econômico, cultural,


digital entre outros segmentos.

Daí a necessidade do estudo dos diversos Tratados e Convenções, pois


sem esses instrumentos internacionais, em nível global, a implementação
dos Direitos Humanos não seria factível.

154
FIGURAS E ILUSTRAÇÕES

Figura 1

GLOBE-4661518_960_720.JPG. Disponível em: https://cdn.pixabay.com/photo/2019/11/29/15/01/


globe-4661518_960_720.jpg. Acesso em: 3 dez. 2019.

Figura 2

732PX-ESCRAVOS_NAS_RUAS_DO_RIO_DE_JANEIRO_%282%29%2C_DA_COLE%C3%A7%C3%A3O_
BRASILIANA_ICONOGR%C3%A1FICA.JPG. Disponível em: https://upload.wikimedia.org/
wikipedia/commons/thumb/b/be/Escravos_nas_Ruas_do_Rio_de_Janeiro_%282%29%2C_da_
Cole%C3%A7%C3%A3o_Brasiliana_Iconogr%C3%A1fica.jpg/732px-Escravos_nas_Ruas_do_Rio_
de_Janeiro_%282%29%2C_da_Cole%C3%A7%C3%A3o_Brasiliana_Iconogr%C3%A1fica.jpg. Acesso
em: 4 dez. 2019.

Figura 3

FILE:CODE_OF_HAMMURABI_14.JPG. Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/


Category:Code_of_Hammurabi#/media/File:Code_of_Hammurabi_14.jpg. Acesso em: 4 dez. 2019.

Figura 5

800PX-UNO_NEW_YORK.JPG. Disponível em: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/


thumb/1/14/UNO_New_York.JPG/800px-UNO_New_York.JPG. Acesso em: 8 jan. 2020.

Figura 7

600PX-APARTHEID_MUSEUM_ENTRANCE%2C_JOHANNESBURG.JPG. Disponível em: https://upload.


wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/4/4b/Apartheid_Museum_Entrance%2C_Johannesburg.
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Informações:
www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000

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