Você está na página 1de 9

Superior Tribunal de Justiça

AgRg no HABEAS CORPUS Nº 615.820 - SC (2020/0252778-3)

RELATOR : MINISTRO NEFI CORDEIRO


AGRAVANTE : IGOR EUFRAZIO (PRESO)
ADVOGADOS : DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO
DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE SANTA CATARINA
LUDMILA GRADICI CARVALHO DRUMOND - SC036422
AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SANTA CATARINA
IMPETRADO : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SANTA CATARINA
EMENTA
AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. LATROCÍNIO. FRAÇÃO DA
DIMINUIÇÃO DA PENA PELO CRIME NA MODALIDADE TENTADA.
SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA. CRIME NÃO SE
CONSUMOU POR CIRCUNSTÂNCIAS ALHEIAS À VONTADE DO AGENTE.
AUTORIA E MATERIALIDADE. DILAÇÃO PROBATÓRIA. INVIÁVEL NO
PROCEDIMENTO DO WRIT. AGRAVO IMPROVIDO.
1. A questão relacionada à alteração da fração da tentativa não foi apreciada pelo
Tribunal de origem, o que obsta o conhecimento nesta Corte, sob pena de supressão de
instância.
2. A Corte estadual validamente afastou a teses da desistência voluntária na conduta
criminosa, pois destacou que "o conjunto probatório demonstra claramente que a
subtração apenas não se consumou por circunstância alheia à vontade dos
agentes, que não conseguiram romper os cadeados que guarneciam a galeria
comercial''. Quanto à desclassificação do delito para tentativa de roubo qualificado por
lesão corporal, ficou assentado no acórdão impugnado que "o conjunto probatório não
deixa dúvidas do animus necandi por parte do apelante e demais agentes".
3. Tendo as instâncias ordinárias concluído pela autoria e materialidade delitiva, com
base no acervo probatório dos autos, mormente porque não constatada a hipótese de
desistência voluntária, bem como demonstrado o animus necandi, é certo que a
desconstituição das premissas fáticas do julgado demandaria o revolvimento do conjunto
fático-probatório, inadmissível pela via do writ.
4. Agravo regimental improvido.
ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas,


acordam os Ministros da Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos
votos e das notas taquigráficas a seguir, por unanimidade, negar provimento ao agravo
regimental, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Antonio Saldanha
Palheiro, Laurita Vaz, Sebastião Reis Júnior e Rogerio Schietti Cruz votaram com o Sr.
Ministro Relator.

Documento: 2018240 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 08/02/2021 Página 1 de 4
Superior Tribunal de Justiça
Brasília (DF), 02 de fevereiro de 2021 (Data do Julgamento).

MINISTRO ANTONIO SALDANHA PALHEIRO


Presidente

MINISTRO NEFI CORDEIRO


Relator

Documento: 2018240 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 08/02/2021 Página 2 de 4
Superior Tribunal de Justiça
AgRg no HABEAS CORPUS Nº 615.820 - SC (2020/0252778-3)

RELATOR : MINISTRO NEFI CORDEIRO


AGRAVANTE : IGOR EUFRAZIO (PRESO)
ADVOGADOS : DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO
DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE SANTA CATARINA
LUDMILA GRADICI CARVALHO DRUMOND - SC036422
AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SANTA CATARINA
IMPETRADO : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SANTA CATARINA

RELATÓRIO

O EXMO. SR. MINISTRO NEFI CORDEIRO (Relator):


Trata-se de agravo regimental interposto em face da decisão de fls. 606-611 que
denegou o habeas corpus.
O agravante sustenta que "a tese ora levantada não enseja a análise do conjunto
fático probatório constante dos autos, o que é vedado na via estreita do habeas corpus,
mas, no máximo, a revaloração das provas já colhidas durante toda a instrução
probatória e, com isso, a correção da flagrante ilegalidade".
Pretende que seja reconhecida a desistência voluntária, com a punição do paciente
apenas pelos fatos anteriormente praticados. Subsidiariamente, pugna pela desclassificação da
tentativa de latrocínio para tentativa de roubo qualificado por lesão corporal e aplicação da
fração máxima da tentativa.
É o relatório.

Documento: 2018240 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 08/02/2021 Página 3 de 4
Superior Tribunal de Justiça
AgRg no HABEAS CORPUS Nº 615.820 - SC (2020/0252778-3)

VOTO

O EXMO. SR. MINISTRO NEFI CORDEIRO (Relator):


Consta dos autos que o paciente foi condenado por infração ao art. 157, §3º, II c/c
arts. 61, II, "c" e 14, inciso II, todos do Código Penal e ao art. 244-B, §2º do ECA, à pena
privativa de liberdade de 12 anos e 8 meses de reclusão, em regime inicial fechado, bem como
ao pagamento de 5 dias-multa.
Interposta apelação, o Tribunal de origem deu parcialmente provimento ao recurso
defensivo, apenas no que se refere à concessão do benefício da justiça gratuita. Os
aclaratórios não foram conhecidos.
A decisão agravada assim dispôs (fls. 606-611):
[...]
É o relatório.
DECIDO.
Inicialmente, a questão relacionada à alteração da fração da tentativa não foi
apreciada pelo Tribunal de origem, o que obsta o conhecimento nesta Corte, sob
pena de supressão de instância.
Acerca dos demais pleitos da defesa, o acórdão impugnado assim referiu (fls. 484/
491):
A defesa alega que, ao contrário do afirmado pela magistrada, "a desistência do
apelante de levar a cabo o roubo está sim demonstrada nos autos".
Aduz, em síntese, que: (a) "após golpeada a vítima, esta teria deixado o local dos
fatos, momento em que os autores teriam retornado para tentar abrir os cadeados
que eram utilizados para a segurança da galeria comercial"; (b) "neste momento,
conforme relatado perante a autoridade policial e em juízo, o apelante, assustado
pelo fato de ter acertado o rosto do vigilante, mentiu para os outros autores,
relatando que teria visto uma viatura da polícia passando pela rua onde estavam,
momento em que saíram do local e foram embora"; (c) "evidente, portanto, que o
recorrente, se deu início à execução de algum crime, desistiu de praticá-lo".
Os argumentos, com a devida vênia, não convencem.
Como se sabe, a desistência voluntária, também conhecida como tentativa
abandonada, ocorre quando o agente, voluntariamente, interrompe os atos de
execução, impedindo, por ato seu, a consumação da infração penal.
O instituto tem previsão no art. 15 do Código Penal, que assim dispõe:
"O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que
o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados".

Além disso, é ônus da defesa comprová-lo, nos termos do caput do art. 156 do
Código de Processo Penal: "A prova da alegação incumbirá a quem a fizer".
Na hipótese, como bem colocado pela magistrada do primeiro grau, não logrou a
defesa comprovar o alegado. Muito pelo contrário, o conjunto probatório
demonstra claramente que a subtração apenas não se consumou por
circunstância alheia à vontade dos agentes, que não conseguiram romper
Documento: 2018240 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 08/02/2021 Página 4 de 4
Superior Tribunal de Justiça
os cadeados que guarneciam a galeria comercial.
Sobre o ponto, a fim de evitar repetição desnecessária, valho-me dos brilhantes
fundamentos lançados na sentença, abaixo:
No que tange à tese de desistência voluntária, igualmente, carece a versão calcada
exclusivamente na fala do próprio denunciado na audiência de instrução, de
respaldo no conjunto das provas e elementos de informação que integram a
presente ação criminal.
Explicitando, no interrogatório judicial, Igor Eufrazio disse que "começou a serrar
o cadeado do estabelecimento comercial e não teve coragem de levar o roubo
adiante, motivo pelo qual mentiu aos seus colegas dizendo que havia avistado uma
viatura policial para que todos saíssem do local dos fatos".
Porém, a versão apresentada pelo acusado – de que teria motivado a desistência
da prática criminosa ao mentir para os outros agentes que tinha visto uma viatura
policial passando no local - não fora em nenhum outro momento relatada pelos
outros coautores do crime, não constando em nenhuma passagem dos
depoimentos prestados pelo adolescentes Carlos Eduardo e Gabriel que o motivo
de terem deixado de prosseguir na subtração do estabelecimento comercial teria
sido a fala do coautor Igor Eufrázio.
Com efeito, o adolescente Gabriel Oliveira Sousa, quando ouvido na fase
investigativa, declarou que serraram os cadeados, mas não conseguiram entrar na
loja e saíram do local porque "não ia dar certo". Aduziu que a porta era muito
forte e, mesmo depois de serrar, perceberam que "não dava pra abrir" e iria
demorar muito, motivo pelo qual se evadiram do local (fls. 24 e 61).
O adolescente Carlos Eduardo Antunes também nada referiu sobre a versão
apresentada pela defesa, reforçando o motivo da saída do local dos fatos que já
tinha sido apontado pelo outro adolescente (5'20'' – 5'40'').
Ademais, se percebe das imagens gravadas na data dos fatos pelas câmeras do
sistema de vigilância da galeria, claramente, que ao não conseguirem abrir o
portão que daria acesso ao interior da loja, cuja subtração era buscada pelos
autores, mesmo após terem cerrado a grade de segurança existente, os três
resolvem se evadir do local.
Logo, a sequência dos eventos dirime qualquer dúvida que poderia implicar o
acolhimento da versão apresentada pelo acusado - de que a fuga foi motivada pela
simulação por ele levada a efeito de quer teria avistado uma viatura policial nas
proximidades do local - sendo facilmente perceptível do conteúdo das
imagens fornecidas pelo equipamento de segurança da galeria, que os três
deixaram o local após constatarem a dificuldade de ingresso no interior do
estabelecimento comercial (fl. 61, vídeo B001, 5'54'' - 6'00'').
Nesse viés, tem-se que a versão apresentada por Igor Eufrazio em juízo no
sentido de que resolveu "mentir" aos coautores do crime que avistou a Polícia,
com vistas a cessar a prática delitiva, é limitada apenas às declarações do próprio
acusado e, assim, desprovida de prova suficiente para o acolhimento da versão
sustentada no ponto, a teor do que enuncia o art. 156 do CPP.
Por conseguinte, se conclui que ao verificarem que as ferramentas levadas
consigo (facas e serra) não seriam suficientes para uma ágil ação e a abertura
efetiva das portas da loja visada, os três autores da conduta delituosa
resolveram se evadir da galeria, de modo que a subtração somente não se
consumou por circunstâncias alheias às suas vontades, o que configura a
hipótese de tentativa (art. 14, II do CP).
Além disso, em relação à intenção de ceifar a vida do vigilante atingido pelo golpe
de faca desferido pelo acusado Igor, a tentativa se lastreia na circunstância alheia
Documento: 2018240 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 08/02/2021 Página 5 de 4
Superior Tribunal de Justiça
à vontade do agente, consubstanciada na fuga do local pelo vigilante ferido e no
fato de que mesmo saindo ao encalço da vítima, o acusado e o adolescente
Gabriel não lograram êxito em encontrá-lo, como se apurou.
Assim sendo, vai afastado o reconhecimento da desistência voluntária, nos
termos do art. 15 do CP, que reclama para a sua incidência in concreto que o
agente, possuindo condições de prosseguir com a execução do delito,
abandone-o, por sua liberalidade, deixando de atingir o resultado desejado, em que
pese tivesse perfeitas condições de lograr êxito se persistisse no 'iter criminis' –
na medida em que, no caso, o réu foi impedido de continuar por circunstâncias
que ultrapassavam a sua vontade (conduta da vítima que exitosamente se evadiu
do local e da insuficiência de ferramentas hábeis para violar o sistema de
segurança físico do estabelecimento comercial alvo da subtração pretendida).
Destaca-se, por oportuno, que a tentativa em se tratando de crime de latrocínio,
resta configurada quando o resultado morte não se consuma, apesar da intenção
do agente de atingi-lo, ainda que não se realize a subtração desejada
originariamente, conforme enuncia, aliás, a Súmula 610 do STF (Grifo nosso)

Ante o exposto, afasto a tese defensiva.


b) Da alegada ausência de animus necandi
Subsidiariamente, a defesa do apelante alega que: "a intenção dele de matar o
vigia não está suficientemente demonstrada nos autos".
Aduz, nesse sentido, que: (a) "apenas a violência dolosa (com intenção de matar
ou assumindo o risco do resultado morte) é apta ao aperfeiçoamento do crime";
(b) no caso, a intenção do apelante "era acertar o braço da vítima, com o fito de
assustá-la e fazê-la fugir do local, o que facilitaria a empreitada", sendo que
"apenas acertou o rosto por causa do movimento feito por ela"; (c) "a versão
narrada encontra guarida no depoimento prestado pelo policial civil (...) o qual
relatou que o apelante (...) teria dito que os golpes de faca tinham a intenção de
acertar a vítima na região do braço"; (d) "também no depoimento da vítima, que
confirma ter virado para o lado”; (e) "a versão apresentada judicialmente pelo
apelante é a mesma apresentada perante a autoridade policial"; (f) "a isto,
somam-se as informações constantes do laudo de fl. 15, o qual destaca que não
houve perigo de vida"; (g) "no que tange (...) à aventada perseguição à vítima,
essa circunstância embora por ela afirmada, não demonstra que pretendiam
matá-la (...), provavelmente pretendiam se certificar de que ela realmente se
afastaria do local".
Apesar do louvável esforço argumentativo da defesa, entendo que a tese
explanada não merece acolhida.
Conforme afirmado pela própria defesa, para configuração do latrocínio tentado, é
irrelevante a gravidade ou mesmo a ocorrência de lesão corporal de qualquer
natureza, bastando que o agente tenha agido com a intenção de matar ou tenha
assumido o risco de fazê-lo, para subtrair coisa alheia móvel.
[...]
Na hipótese, como acertadamente afirmado pela magistrada e diferentemente do
alegado pela defesa, tem-se que, a partir do farto conjunto probatório, restou sim
demonstrado o dolo de matar. Vejamos:
[...]
Como se vê, o conjunto probatório não deixa dúvidas do animus necandi por parte
do apelante e demais agentes.
Como bem colocado pela magistrada, se a intenção fosse apenas a de afastar o
Documento: 2018240 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 08/02/2021 Página 6 de 4
Superior Tribunal de Justiça
ofendido para facilitar a empreitada criminosa, o apelante poderia tê- lo ameaçado
ou se valido de outro artifício "menos agressivo", ao invés de ter dado uma
facada em seu rosto, ressalve-se, em um momento de distração seu, em
que sequer apresentava resistência à ação criminosa. Não bastasse, o
apelante anuiu a que um dos adolescentes comparsas desferisse novo golpe
contra o ofendido, que, por pouco, não o atingiu no pescoço (região vital). Não
fosse o suficiente, mesmo com a vítima já sangrando muito e correndo para deixar
o local, abrindo espaço para a pretendida subtração (suposta intenção dos
agentes), o apelante e o comparsa seguiram em seu encalço por quase 100
metros, mostrando-se absolutamente infundada a tese defensiva.
Ademais, ainda que, por amor ao debate, tenha-se por não comprovada a intenção
de matar (a qual, no meu entender, está bastante clara), não há dúvidas de que o
apelante, no mínimo, assumiu o risco de fazê-lo (dolo eventual),
ressaltando-se que a facada causou um corte de 3cm na face do ofendido,
para o qual foram necessários 12 (doze) pontos em procedimento médico,
além de ter gerado intenso sangramento e o impedido de trabalhar por 15
(quinze) dias.
Não merece prosperar, portanto, a tese defensiva.

Verifica-se que a desistência voluntária foi rechaçada na origem, porque o conjunto


probatório demonstra claramente que a subtração apenas não se consumou
por circunstância alheia à vontade dos agentes, que não conseguiram romper
os cadeados que guarneciam a galeria comercial.
Por sua vez, quanto à desclassificação do delito para tentativa de roubo qualificado
por lesão corporal, ficou assentado no acórdão impugnado que o conjunto
probatório não deixa dúvidas do animus necandi por parte do apelante e
demais agentes.
Desse modo, tendo as instâncias ordinárias concluído pela autoria e materialidade
delitiva, com base no acervo probatório dos autos, mormente porque não constatada
a hipótese de desistência voluntária, bem como demonstrado o animus necandi, é
certo que a desconstituição das premissas fáticas do julgado demandaria o
revolvimento do conjunto fático-probatório, inadmissível pela via do writ.
HABEAS CORPUS. ALEGAÇÃO DE NULIDADE. AUSÊNCIA DE
PREJUÍZO. A PARTE NÃO PODE ALEGAR A PRÓPRIA TORPEZA.
RECONHECIMENTO DA DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA. EXAME
APROFUNDADO DE PROVAS. NECESSIDADE. HABEAS CORPUS NÃO
CONHECIDO.
[...]
3. O Tribunal de origem entendeu que não era o caso de reconhecer a desistência
voluntária. Assim, é inadmissível o reconhecimento deste instituto na via estreita
do habeas corpus, ante a necessária incursão probatória.
4. Habeas Corpus não conhecido.
(HC 479.293/SP, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, QUINTA TURMA,
julgado em 07/02/2019, DJe 15/02/2019).

PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS.


CRIME MILITAR. LESÃO CORPORAL. ART. 209 DO CPM.
DESCLASSIFICAÇÃO. REVOLVIMENTO DO CONTEXTO
Documento: 2018240 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 08/02/2021 Página 7 de 4
Superior Tribunal de Justiça
FÁTICO-PROBATÓRIO. IMPOSSIBILIDADE. DECISÃO MANTIDA.
AGRAVO DESPROVIDO.
1. A desclassificação da conduta delitiva é questão que não pode ser dirimida na
via estreita do habeas corpus ou do recurso ordinário em habeas corpus, por
demandar o reexame dos elementos fático-probatórios coletados no curso da ação
penal na origem.
2. Agravo regimental desprovido.
(AgRg no HC 491.145/RJ, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA,
QUINTA TURMA, julgado em 06/10/2020, DJe 15/10/2020)

Ante o exposto, denego o habeas corpus.


Publique-se.
Intimem-se.

Não se verifica motivo para reformar a decisão agravada, porque a questão


relacionada à alteração da fração da tentativa não foi apreciada pelo Tribunal de origem, o que
obsta o conhecimento nesta Corte, sob pena de supressão de instância.
Quanto à teses da desistência voluntária, essa foi rechaçada pelo Tribunal de origem,
porque "o conjunto probatório demonstra claramente que a subtração apenas não se
consumou por circunstância alheia à vontade dos agentes, que não conseguiram romper
os cadeados que guarneciam a galeria comercial''.
Por sua vez, quanto à desclassificação do delito para tentativa de roubo qualificado
por lesão corporal, ficou assentado no acórdão impugnado que "o conjunto probatório não
deixa dúvidas do animus necandi por parte do apelante e demais agentes".
Portanto, tendo as instâncias ordinárias concluído pela autoria e materialidade delitiva,
com base no acervo probatório dos autos, mormente porque não constatada a hipótese de
desistência voluntária, bem como demonstrado o animus necandi, é certo que a
desconstituição das premissas fáticas do julgado demandaria o revolvimento do conjunto
fático-probatório, inadmissível pela via do writ.
Ante o exposto, voto por negar provimento ao agravo regimental.

Documento: 2018240 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 08/02/2021 Página 8 de 4
Superior Tribunal de Justiça

CERTIDÃO DE JULGAMENTO
SEXTA TURMA

AgRg no
Número Registro: 2020/0252778-3 HC 615.820 / SC
MATÉRIA CRIMINAL

Números Origem: 00065045520198240020 65045520198240020

EM MESA JULGADO: 02/02/2021

Relator
Exmo. Sr. Ministro NEFI CORDEIRO
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro ANTONIO SALDANHA PALHEIRO
Subprocuradora-Geral da República
Exma. Sra. Dra. ANA BORGES COELHO SANTOS
Secretário
Bel. ELISEU AUGUSTO NUNES DE SANTANA

AUTUAÇÃO
IMPETRANTE : DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE SANTA CATARINA
ADVOGADOS : DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE SANTA CATARINA
LUDMILA GRADICI CARVALHO DRUMOND - SC036422
IMPETRADO : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SANTA CATARINA
PACIENTE : IGOR EUFRAZIO (PRESO)
INTERES. : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SANTA CATARINA

ASSUNTO: DIREITO PENAL - Crimes contra o Patrimônio - Latrocínio

AGRAVO REGIMENTAL
AGRAVANTE : IGOR EUFRAZIO (PRESO)
ADVOGADOS : DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO
DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE SANTA CATARINA
LUDMILA GRADICI CARVALHO DRUMOND - SC036422
AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SANTA CATARINA
IMPETRADO : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SANTA CATARINA

CERTIDÃO
Certifico que a egrégia SEXTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
A Sexta Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos
do voto do Sr. Ministro Relator.
Os Srs. Ministros Antonio Saldanha Palheiro, Laurita Vaz, Sebastião Reis Júnior e
Rogerio Schietti Cruz votaram com o Sr. Ministro Relator.

Documento: 2018240 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 08/02/2021 Página 9 de 4

Você também pode gostar