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VOL. 22 | N. 38 | 2017 | http://dx.doi.org/10.15448/1980-3710.2017.2

Dossiê
Game Studies
Crédito: Sessões do Imaginário - n. 1 - 1996.

A estética doRammstein
Caravaggio, imaginário Hipermodernidade,
Materialidades sociabilidade
fílmicas, magia e Manifestações
Videogames, e mídias e
transgressão
eno cinema
Madonna e tecnologias digitais
montagem alternativasno Brasil
criatividade
Ticiano
DemianPaludo
Garcia e André A. Medeiros Erika Oikawa
Ednei de Genaro Antonio Brasil
Emmanoel e Samira Moratti Frazão
Ferreira

P.79 P. 94 P.89 P. 112 P.127 P. 72


Recebido em 3 de agosto de 2017. Aprovado em 26 de abril de 2018.

Resumo Abstract
Pretende-se, nessa pesquisa, anali- In this research, we intend to analyze
Do Conto ao Seriado: sar a estrutura narrativa dos seriados
contemporâneos, com a estrutu-
the narrative structure of contempo-
rary serials, with the narrative struc-
duas histórias ra narrativa do conto, para verificar
se essas duas formas de expressão
ture of the story, to verify if these two
forms of expression present com-
apresentam características comuns, mon characteristics, and if there is an
e se existe uma influência do forma- influence of the narrative format of
From Tale to Series: two stories to narrativa do conto literário, nos the literary tale, in the contemporary
seriados televisivos contemporâne- television serials. It starts from the
os. Parte-se da hipótese de que o hypothesis that the former influenc-
primeiro influencia o segundo. Para es the latter. In order to carry out this
realizar essa comparação serão uti- comparison, the analyzes and con-
lizadas, principalmente, as análises cepts of the narrative structures of
e conceitos das estruturas narrati- TV and the series by Arlindo Macha-
vas da TV e dos seriados de Arlindo do and Marshall Mcluhan, studies on
Patricio Dugnani1 Machado, e de Marshall Mcluhan, the story by Ricardo Píglia and Nádia
os estudos sobre o conto de Ricar- Gotlib, the concept of intertextuality
do Píglia e Nádia Gotlib, o concei- by Roland Barthes and Leda Tenório
to de intertextualidade de Roland da Motta.
Barthes e Leda Tenório da Motta.

Palavras-chave Keywords
Comunicação; seriado; conto; liter- Communication; series; story; litera-
atura; televisão. ture; television.

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DOI: http://dx.doi.org/ 10.15448/1980-3710.2017.2.28145
Sessões do Imaginário
Do Conto ao Seriado: duas histórias

Introdução tipo de narrativa pode ser classificada como sendo Tenório da Motta (2011). Além desses conceitos, pre-
Percebe-se atualmente um crescente interesse pe- uma construção teleológica, e trata-se de um tipo de tende-se eleger alguns casos para serem analisados,
los seriados, não que eles não fossem cultuados des- narrativa comum de serialização que ocorre na TV. entre eles destacam-se o seriado The Blacklist (2013), e
de o início da TV, e até anteriormente, nos cinemas, O que chama a atenção desse tipo de estrutura nar- dos contos do livro Ficções (1999), de Jorge Luis Borges.
no entanto parece que uma nova maneira de assistir rativa dos seriados, é que ele, na verdade, não conta ape-
os seriados tem se destacado na contemporaneidade, nas uma história, mas duas, que por vezes são indepen- As duas histórias e o conto
juntamente com os novos modelos de distribuição de dentes, e por outras estão relacionadas a uma narrativa Uma primeira dificuldade em se desenvolver esse
conteúdo on demand, como Netflix. maior, que percorre todos os episódios. Esse fator cha- tema, esbarra, segundo Nádia Gotlib (2006), em como
Essa nova maneira de assistir os seriados, que tem ma a atenção, não quando comparamos às estruturas se definir o conto, pois trata-se de uma forma narrati-
contaminado o espectador, provém do poder desse narrativas da própria TV, ou dos seriados, mas, de uma va muito antiga, que vai desde sua forma mais literária
mesmo consumidor de conteúdo (e, hoje, graças aos maneira intertextual e interdisciplinar, quando compa- pura da contemporaneidade, até se cruzar em um tem-
novos meios de comunicação, também produtor ati- ramos essa estrutura narrativa a um formato literário, po místico com as narrativas fundadoras das socieda-
vo de conteúdos de informação) de escolher a hora, anterior mesmo à invenção da TV, de todos os meios elé- des humanas, um tempo que pertence ao estudo da
o local, e a quantidade de episódios que ele pretende tricos, e dos meios de comunicação de massa: o conto. antropologia. Por isso apresenta os formatos mais di-
assistir, pois com esses novos meios de distribuição de Essa comparação se dá à partir da visão de Ricar- versos em suas diferentes construções, conforme os au-
conteúdos on demand, fica à critério do espectador, do Píglia (2004) para quem a narrativa de um conto é tores, conforme a cronologia e a cultura da produção.
quando, onde, e quanto tempo ele pretende assistir dupla, pois esse tipo de texto literário acaba por abar-
seu seriado favorito. Existem alguns relatos de pessoas car sempre duas histórias, uma que fica na superfície, e Vários atentam para a dificuldade também de se
que ficam, por exemplo, o final de semana inteiro, para uma que emerge durante a história. explicar o conto. Julio Cortázar, em “Alguns aspec-
ver toda uma temporada de sua série favorita, e isso Em virtude dessa semelhança, pretende-se anali- tos do conto”, refere-se a “esse gênero de tão difícil
se torna, muitas vezes, um acontecimento, um evento sar a estrutura narrativa dos seriados contemporâneos, definição, tão esquivo nos seus múltiplos e antagô-
que reúne grupos de pessoas, familiares e amigos, em principalmente de formato teleológico, com a estrutu- nicos aspectos”. Porque se, de um lado, “é preciso
torno da TV, para ver o desenrolar das intrincadas his- ra narrativa do conto, para verificar se, realmente, essas chegarmos a ter uma idéia viva do que é o conto”,
tórias narradas pelos seriados. duas formas de expressão apresentam estruturas co- isto torna-se difícil “na medida em que as idéias
Observando as estruturas narrativas dos seriados, muns, e se existe uma influência da estrutura narrativa tendem para o abstracto, para a desvitalização do
percebe-se uma constante interessante, e crescente, do conto literário, nos seriados televisivos contemporâ- conteúdo” (Gotlib, 2006, p. 10).
em suas histórias, uma característica cada vez mais co- neos. Parte-se da hipótese de que o primeiro, influên-
mum: Os episódios apresentam, tanto uma ação indi- cia o segundo. Nesse embate, Gotlib (2006), se apoiando em Julio
vidual e independente, ou seja, uma história que co- Para realizar essa comparação serão utilizadas, Casares e Julio Cortázar, nos apresenta o conto a partir
meçará e acabará naquele espaço do episódio do dia, principalmente, as análises das estruturas narrativas de três possibilidades. Na primeira, o conto é apresen-
quanto apresentam uma parte de uma segunda nar- da TV e dos seriados de Arlindo Machado (2000), e de tado como um “relato de um acontecimento” (Gotlib,
rativa simultânea. Uma narrativa que apresenta uma Marshall McLuhan (1996), os estudos sobre o conto de 2006, p. 11), ou seja, o contar de um fato que aconte-
ação contínua, que vai se desenrolando no decorrer de Ricardo Píglia (2004) e Nádia Gotlib (2006), o conceito ceu, à princípio, no campo mais próximo da realidade.
todos os episódios. Para Arlindo Machado (2000), esse de intertextualidade de Roland Barthes (2004) e Leda Já, na segunda concepção, o conto é apresentado, não

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Do Conto ao Seriado: duas histórias

como um recorte da realidade, mas sim, um “aconteci- ral, pretende-se agora procurar as características dessa aparentemente independente, mas que se revela no
mento falso” (Gotlib, 2006, p. 11), uma ficção. Enquanto estrutura literária, que pode ter pontos de intersecção decorrer do mesmo episódio, ou, em outros episódios
na terceira, apresenta o conto como se fosse apenas com a organização narrativa dos seriados de TV. Para da temporada, uma parte maior de uma grande tra-
uma fábula. De qualquer forma, ela conclui que o con- essa análise será utilizada o conceito que Ricardo Píglia ma, que se desenrola durante todas as temporadas da
to tem em comum, o ato de contar, narrar. Dessa forma desenvolve em seu livro Formas Breves (2004). Píglia série. Ou seja, existe uma história mais aparente, que
é que pretende-se entender o conceito de conto, para apresenta, no capítulo Teses sobre o Conto uma primei- causa surpresas no final de cada episódio, mas existe
essa análise: um conto é uma narrativa. ra tese, onde afirma que esse tipo de texto tem uma uma “história secreta”, a qual também vai apresentan-
narrativa dupla, ou seja, “um conto sempre conta duas do suas surpresas, mas que será revelada apenas em
Para Julio Casares há três acepções da palavra con- histórias” (Píglia, 2004, p. 89). sua totalidade no final da última temporada. Bem, essa
to, que Julio Cortázar utiliza no seu estudo sobre Uma estaria na superfície, à mostra, evidente, e se é, pelo menos, a promessa feita, aquela que se espera
Poe: 1. relato de um acontecimento; 2. narração apresentaria facilmente, porém, a outra, estaria mais na ser cumprida, mas que pode ser cortada caso o seriado
oral ou escrita de um acontecimento falso; 3. fábu- profundidade do texto, surgindo devagar, no decorrer não tenha uma boa audiência.
la que se conta às crianças para diverti-las. Todas da narrativa, e muitas vezes nas entrelinhas. As histó- Assim é o seriado, assim é o conto, segundo Píglia:
apresentam um ponto comum: são modos de se rias são apresentadas de maneira independente, mas “O efeito de surpresa se produz quando o final da his-
Contar alguma coisa e, enquanto tal, são todas nar- apresentam pontos de intersecção. tória secreta aparece na superfície” (Píglia, 2004, p. 90).
rativas (Gotlib, 2006, p. 11, grifos no original). A partir dessa ideia pretende-se comparar e entender
Cada uma das duas histórias é contada de modo as duas histórias do conto e do seriado.
distinto. Trabalhar com duas histórias quer dizer tra-
Sendo uma narrativa, espera-se do conto, no míni-
mo, ainda com base em Gotlib (2006), três estruturas
balhar com dois sistemas diferentes de causalida- As duas histórias e o seriado
de. Os mesmos acontecimentos entram simultane- A televisão nasce sob a marca da comunicação de
básicas: uma ação, que se desenrole durante um tem- amente em duas lógicas narrativas antagônicas. Os massa. Ou seja, três coisas são indispensáveis para a
po como uma “sucessão de acontecimentos”, que não elementos essenciais de um conto têm dupla função sua sobrevivência: a produção em massa de progra-
necessariamente tenha que obedecer às leis da física e são empregados de maneira diferente em cada mação para satisfazer os seus milhares de receptores,
em relação ao seu espaço e tempo. uma das duas histórias. Os pontos de interseção são a tecnologia de transmissão, e a audiência. Nesse senti-
o fundamento da construção (Píglia, 2004, p. 90). do não se pode enganar, pois um dos grandes poderes
De fato, toda narrativa apresenta: 1. uma sucessão na decisão se uma produção deve ser exibida, ou deve
de acontecimentos: há sempre algo a narrar; 2. de continuar a ser exibida, é a estatística, a média de audi-
Esse é o ponto que interessa para essa análise,
interesse humano: pois é material de interesse hu- ência, que deve manter um determinado valor.
essa duplicidade do conto, pois nessa questão é que
mano, de nós, para nós, acerca de nós: “e é em rela-
será feita a intersecção entre o texto literário e a pro-
ção com um projeto humano que os acontecimen- O meio frio da TV incentiva a criação de estrutu-
dução de séries de TV. Assim como o conto, boa parte
tos tomam significação e se organizam em uma ras em profundidade no mundo da arte e do en-
dos seriados de TV contemporâneos apresentam essa
série temporal estruturada”; 3. e tudo “na unidade tretenimento criando ao mesmo tempo um pro-
duplicidade narrativa, pois enquanto o episódio é exi-
de uma mesma ação” (Gotlib, 2006, p. 11). fundo envolvimento da audiência. Quase todas as
bido, uma história se apresenta na superfície: um cri-
Depois de conceituar o conto, dessa maneira ge- me, um mistério, um roubo. Fato que, muitas vezes, é tecnologias e entretenimentos que se seguiram a

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Gutenberg não têm sido meios frios, mas quentes; ais. Para muitos, a televisão, muito mais do que os para o seu final. Essas aventuras parecem desenvolver
fragmentários, e não profundos; orientados no meios anteriores, funciona segundo um modelo in- as habilidades necessárias para que o protagonista
sentido do consumo e não da produção (McLuhan, dustrial e adota como estratégia produtiva as mes- possa cumprir a sua sina.
1996, p. 350). mas prerrogativas da produção em série que já vigo- Essa produção em série é traduzida nos meios de
ravam em outras esferas industriais, sobretudo na comunicação de massa pela criação de programas que
indústria automobilística (Machado, 2000, p. 85-86). também são emitidos através de uma serialidade. Para
Não é à toa que Paul Lazarsfeld e Robert Merton
Arlindo Machado “Chamamos de serialidade essa apre-
acrescentaram às funções sociais da comunicação de
Contudo, antes de continuar esse debate, cabe sentação descontínua e fragmentada do sintagma tele-
Harold Lasswell, uma quarta função: o entretenimen-
lembrar que esse formato de produção em série não visual” (Machado, 2000, p. 83, grifos no original). Essa es-
to. Afinal, através desse formato, é que, muitas vezes
foi, segundo Arlindo Machado (2000), criado para a TV, trutura das séries, comuns aos programas televisivos, é
as emissoras de TV, conseguem aumentar as suas audi- denominado por Lev Manovich como estruturas fractais:
ências, valorizando o espaço de mídia vendido para os ou para os meios elétricos em geral, mas que já era uti-
lizado na produção escrita, desde a antiguidade.
anunciantes. “Dois sociólogos, Paul F. Lazarsfeld (1901- Estrutura fractal da nova mídia [...]. Da mesma for-
1976) e Robert Merton (nascido em 1910), acrescentam ma que um fractal apresenta a mesma estrutura
Mas é preciso considerar que não foi a televisão
a essas três funções (sociais de Harold Lasswell) uma em diferentes escalas, o objeto da nova mídia sem-
que criou a forma seriada de narrativa. Ela já existia
quarta, o entertainment ou diversão (...)” (Mattelart, pre apresenta a mesma estrutura modular. Os ele-
antes nas formas epistolares de literatura (cartas,
1999, p. 42, grifo no original). Sendo assim, a TV mentos da mídia, sejam imagens, sons, formas ou
sermões, etc.), nas narrativas míticas intermináveis
reforça a produção industrial de cultura denominada (As mil e uma noites), depois teve um imenso de-
comportamentos, são representados como cole-
Indústria Cultural (Adorno e Horkheimer, 2000), tão cri- ções [...], elementos que são agrupados em objetos
senvolvimento com a técnica do folhetim, utilizada
ticada pela Escola de Frankfurt, por Theodor Adorno e em uma escala maior, mas que ainda mantêm suas
na literatura publicada em jornais no século pas-
Max Horkheimer. Essa produção industrial de cultura é identidades separadamente. Os objetos em si po-
sado, continuou com a tradição do radiodrama ou
criticada, pois segue o tipo de produção realizada em dem ser combinados, dando origem a objetos ainda
da radionovela e conheceu a sua primeira versão
qualquer indústria: produção em larga escala, padro- maiores; sem nenhum deles perder, sua indepen-
audiovisual com os seriados do cinema. Na verda-
dência (Manovich, 2005, p. 75-76, tradução nossa)2.
nizada e em série. Ou seja, para otimizar os custos e de, foi o cinema que forneceu o modelo básico de
ampliar os lucros, a indústria pratica uma produção se- serialização audiovisual de que se vale hoje a tele-
riada. Deixando a questão crítica para outros debates, visão (Machado, 2000, p. 86, grifos no original). As estruturas fractais das séries seguem uma forma
essa produção seriada é uma das características mais comum, onde as histórias são apresentadas em episó-
marcantes, segundo Arlindo Machado, da linguagem Mesmo num olhar antropológico, pela oralidade, dios, onde cada episódio pode apresentar uma aven-
desenvolvida pela Televisão. através das histórias épicas contadas nas tribos e per- tura independente, mas com personagens fixos, ou, o
petuadas de geração em geração desde o período ne- que ocorre mais frequentemente na contemporanei-
Há várias explicações sobre as razões que levaram olítico, já se observa esse tipo de narrativa que se apre- dade, episódios com histórias às vezes independentes,
a televisão a adotar a serialização como a principal senta através de diversas aventuras independentes mas ligadas a uma trama maior, que envolve um de-
forma de estruturação de seus produtos audiovisu- que vão se ligando a uma história maior, e que caminha senrolar mais lento, por uma temporada, ou por todas.

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Muito frequentemente, esses blocos incluem, no pação convulsiva e sensorial que é profundamente A elipse, o labirinto e a comparação do
início uma pequena contextualização do que es- cinética e tátil, porque a tatilidade é a inter-relação conto e do seriado
tava acontecendo antes [...] e, no final um gancho, dos sentidos, mais do que o contato isolado da Talvez um dos mais conhecidos contos de Jorge
que visa manter o interesse do espectador até o re- pele e do objeto (McLuhan, 1996, p. 352). Luis Borges, O Jardim de Veredas que se Bifurcam, pu-
torno da série depois do break ou no dia seguinte blicado no livro Ficções (1999), pode-se considerar um
(Machado, 2000, p. 83, grifos no original). modelo exemplar da estrutura narrativa de um conto,
Essa participação no imaginário das tramas que a
TV, através dos seriados possibilita, mostra-se também principalmente dos contos de Borges. Nele, como é co-
Apesar da crítica da Escola de Frankfurt, que vê na muito interessante para os novos meios digitais, a In- mum nos textos de Borges, a narrativa começa em uma
reprodução industrial de expressões culturais, segun- ternet e as redes sociais, pois a fragmentação, a mobi- história, baseada em algum documento incompleto,
do Walter Benjamin (2000), a perda da “Aura”, da origi- lidade e a interação são características básicas desses secreto ou recém descoberto, que levanta dúvidas so-
nalidade, Arlindo Machado, rejeita essa visão de mera novos canais, e qualidades esperadas pelo grande pú- bre algumas questões, e se desdobra em outras histó-
reprodução, e afirma que a TV e sua serialidade aca- blico. Todo meio de comunicação atual, que espera al- rias, antes de retornar à inicial. Esses desdobramentos
bam por criar uma “estética da repetição” (Machado, cançar uma audiência de expressão, precisa possibilitar para dentro das diversas histórias constitui-se em um
2000, p. 90). cada vez mais a participação dos espectadores. efeito que cria uma estrutura enigmática. A história
Por essas questões que a estrutura do seriado se dentro de outra história, dentro de outra história: essa
Omar Calabrese, por sua vez, rejeitando o senso co- encaixa tão bem com a dinâmica da programação tele- é uma estratégia do escritor, que vai construindo sua
mum que considerava o repetitivo e o serial como visiva, ambos funcionam bem em um sistema de pro- narrativa de forma labiríntica. Propondo diversas histó-
o contrário do original e do artístico, vem a afirmar dução industrial: seriado, flexível (apresenta a possibi- rias em que o leitor vai caindo no abismo de cascatas,
que a produção seriada da televisão nos permite lidade de ser adequado conforme o público e as taxas que são as tramas intrincadas propostas pelo autor, de
pensar numa coisa nova, uma espécie de “estética de audiência) e passível de ser feito em larga escala. O forma que vai se perdendo e, ao mesmo tempo, bus-
da repetição”, baseada na dinâmica que brota da seriado, também, promove a participação do espec- cando o fio de Ariadne na narrativa, para que possa sair
relação entre os elementos invariantes e os varian- tador no preenchimento de espaços em sua trama, do vertiginoso conto labiríntico.
tes (Machado, 2000, p. 90). característica valorizada e esperada em meios de co- Em particular, no conto O Jardim de Veredas que
municação como a TV e, mais contemporaneamente, se Bifurcam, Borges inicia a trama na “página 242 da His-
Finalmente, o seriado, com a sua história secreta, pelos meios digitais e a Internet, com suas redes so- tória da Guerra Européia, de Liddel Hart” (Borges, 1999,
apresenta a possibilidade de participação do espec- ciais. Além disso, os debates que essas redes sociais e p. 88) e descreve acontecimentos da II Guerra Mundial.
tador, pois deixa espaços na trama entre um episódio os meios digitais possibilitam entre os fãs de seriados, Esses acontecimentos nos levam a Ts’ui Pen, através de
e outro. Espaços na história a serem preenchidos por criam interações constantes que interferem no interes- um bisneto dele envolvido na trama atual da guerra.
quem assiste. A participação, segundo McLuhan, é uma se do público por determinada série contribuindo com Ts’ui Pen, segundo a narrativa, teria se retirado em de-
característica da TV. o aumento e diminuição da audiência o que pode defi- terminado momento para escrever um livro e construir
nir a sua continuidade ou o seu encerramento. Essa é a um labirinto. O livro já havia sido localizado, mas o la-
A imagem da TV exige que, a cada instante, “feche- dinâmica dos meios de comunicação atuais, e o todos birinto não, o que aumentava o mistério em torno de
mos” os espaços da trama por meio de uma partici- esperam um espaço para interagir com a programação. Ts’ui Pen. Mistério esse solucionado, quando se desco-

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bre que, na verdade, livro e labirinto se constitui como cidade é percebida, e este lugar [...] é o leitor: o artigo, que, tanto atinge a estrutura narrativa do conto,
sendo o mesmo objeto. leitor é o espaço em que se inscrevem, sem que como a estrutura narrativa do seriado de TV.
nenhuma se perca, todas as citações que cons-
Ts’ui Pen teria dito uma vez: ‘Retiro-me para escre- tituem a escritura: a unidade do texto não resi- Uma emissão diária de um determinado programa
ver um livro’. E outra: ‘Retiro-me para construir um de em sua origem, mas em seu destino, e este é normalmente constituída por um conjunto de
labirinto’. Todos imaginaram duas obras; ninguém destino não pode ser pessoal: o leitor é alguém blocos, mas ela própria também é um segmento
pensou que livro e labirinto eram um único objeto sem história, sem biografia, sem psicologia; ele de uma totalidade maior – o programa como um
(Borges, 1999, p. 95). é, simplesmente, um qualquer que articula, em todo – que se espalha ao longo de meses, anos, em
um único campo, todos os traços a partir dos alguns casos até décadas, sob a forma de edições
Acabou a trama? Não. Borges (1999) nesse mo- quais se constitui a escritura (Barthes, 2004, p. 64). diárias, semanais ou mensais (Machado, 2000, p.
mento nos transporta novamente para a trama inicial e 83, grifos no original).
nos surpreende com a saída do labirinto que alinhava Mas, além do sujeito pós-moderno, o período Barro-
todas as histórias, quando um espião alemão apenas co também apresenta esse gosto pela intertextualida- Assim como o conto de Borges, os seriados de TV
queria transmitir a informação de qual cidade deveria de e, assim como no momento contemporâneo, ambos parecem desenvolver essas estruturas elípticas e labi-
ser bombardeada. Segundo Píglia “Um relato visível es- apresentam características similares na produção esté- rínticas, percebido nesse desdobramento interno das
conde um relato secreto, narrado de um modo elíptico tica e no pensamento: uso de paródias e citações/in- histórias, como Machado:
e fragmentário” (Píglia, 2004, p. 90), enfim, labiríntico. tertextualidade, jogos poéticos, estruturas labirínticas,
Essa estrutura labiríntica e elíptica parece agra- excessos decorativos, identidade inconstante e adapta- No primeiro caso, temos uma única narrativa (ou
dar o sujeito da contemporaneidade, denominado, por ção constante de suas metanarrativas, entendendo me- várias narrativas entrelaçadas e paralelas) que se
Stuart Hall (2004): sujeito pós-moderno. O sujeito pós- tanarrativas como os discursos internos e fundadores sucede(m) mais ou menos linearmente ao longo de
-moderno está acostumado a constituir suas represen- que compõem o pensamento de uma cultura (Strinati, todos os capítulos. [...] Esse tipo de construção se diz
tações estéticas à partir da intertextualidade, que seria, 1999). Esses discursos se apresentam nas narrativas fa- teleológico, pois ele se resume fundamentalmente
segundo Roland Barthes (2004), o cruzamento de cul- miliares, na mídia, na religião, no ambiente familiar e aca- num (ou mais) conflito(s) básico(s), que estabelece
turas e das mais diferentes referências. Leda Tenório da bam por influenciar a formação dialética da cultura me- logo de início um desequilíbrio estrutural, e toda
Motta diz que “[...] a teoria da intertextualidade supõe diando as relações entre cultura, humano e sociedade. evolução posterior dos acontecimentos consiste
uma apropriação mútua dos autores e dos textos [...]” Severo Sarduy (1987) reconhece essa proximi- num empenho em restabelecer o equilíbrio perdi-
(Motta, 2011, p. 241), concordando dessa maneira com dade entre esses períodos, a saber o Barroco (por vol- do, objetivo que, em geral, só se atinge nos capítu-
Barthes que afirma: ta dos séculos XVII, XVIII), e da Pós-modernidade (por los finais (Machado, 2000, p. 84, grifos no original).
volta dos séculos XX e XXI), e prefere denominar o
[…] um texto é feito de múltiplas escrituras, ela- momento contemporâneo como Neobarroco. Dessa
boradas a partir de diversas culturas e ingressante Once Upon a Time (2011), Grimm (2011), Superna-
forma, a narrativa contemporânea, inserida na Pós-mo-
em uma relação mútua de diálogo, paródia, con- dernidade, não poderia deixar de apresentar essas ca- tural (2005), The Ranch (2016), 3% (2016), A Lenda de Sle-
testação; mas há um lugar em que esta multipli- racterísticas elípticas, e como se tem observado nesse epy Hollow (2013), How to get Away with Murder (2014),

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O Hipnotizador (2015), são alguns exemplos de seriados por vezes, parece ser filha de Reddington. Essa estrutu- Considerações Finais
que se organizam nessa estrutura em abismo/Mise en ra de texto lembra muito as peripécias e os reconheci- Após a observação e análise das semelhanças entre
Abyme: elíptica e labiríntica. Ou seja, cada capítulo pa- mentos utilizados nas tragédias gregas e descritas por a estrutura dos contos e a dos seriados televisivos, po-
rece buscar uma independência, ao mesmo tempo que Aristóteles em seu livro Arte Poética (2004). de-se destacar, principalmente, o uso da segunda tra-
faz parte de uma história maior que se desenrola entre- ma, a qual somente é revelada após um contato maior
meada às tramas dos capítulos. Onde inicia e termina A peripécia é a mudança da ação no sentido con-
com as histórias que permeiam essas duas formas de
essa relação, qual o limite para cada uma das tramas trário ao que parecia indicado e sempre, como
linguagem: a escrita e a visual. Percebe-se também que
está sempre envolta de névoas, obscura, misteriosa e dissemos, em conformidade com o verossímil e o
o formato seriado se encaixa bem, tanto às formas de
indefinida, pelo menos até os episódios finais. necessário. [...] 4. O reconhecimento, como o nome
produção contemporâneo dos meios de comunicação
The Blacklist (2013) é um dos modelos exempla- indica, faz passar da ignorância ao conhecimento,
de massa, meios digitais (redes sociais, internet), como
res de seriado, tramas individuais que vão se solucio- mudando o ódio em amizade ou inversamente nas
também ao gosto do público, que se envolve com as
nando, a maioria das vezes, no próprio episódio, e a pessoas votadas à infelicidade ou ao infortúnio
séries e desenvolve uma busca. Esse público busca
história secreta, a grande trama que amarra todas as (Aristóteles, 2004, p. 16).
não apenas pela solução do mistério do episódio, mas
temporadas da série, aquela que cria constantemente como nas tragédias gregas, o espectador se interessa
os espaços para serem preenchidos pela imaginação Assim como em uma tragédia grega, The Blacklist pelas peripécias e reconhecimentos que os seriados
dos espectadores, e que mantém a proliferação de e outros seriados apresentam em sua história secreta vão criando. Dessa maneira, esse espectador busca
debates sobre a série nas redes sociais, possibilitando, momentos em que você reconhece na trama algumas participar do esclarecimento de toda a intrincada tra-
assim, a ampliação do interesse do público e o conse- informações que possibilitariam você, espectador, a re- ma, que, na maioria das vezes, somente se resolve no
quente aumento da audiência. solver o mistério. No entanto, isso não é tão fácil, pois final da série.
A lista negra que é sugerida pelo título da série, existem muitas temporadas ainda a serem transmitidas, Um fator que também impulsiona a audiência das
se trata de uma lista de criminosos que Raymond Re- pois a cada reconhecimento, quando parece que tudo séries televisivas é a possibilidade de acompanha-las
ddington passa a entregar às autoridades americanas. será resolvido, aparece uma peripécia, ou seja, uma in- em qualquer hora, em qualquer lugar. Outrora, aque-
Um por vez, um por episódio. Cada um dos episódios, a versão na trama. Na peripécia, o que parecia se resol- le que acompanhava as séries pela televisão, ficava à
princípio, é organizado para revelar um criminoso, seus ver, acaba tornando mais obscura a solução da trama. mercê dos horários das emissoras, e tinha que compati-
hábitos, características e habilidades, além de mostrar Enfim, de peripécias e reconhecimentos é que um bilizar suas disponibilidades com esses horários. Agora,
como ele seria preso através do protagonismo, tanto da seriado consegue envolver seu espectador, consegue com os meios de comunicação digital, a internet, e as
agente Keen, como por Reddington. Contudo, a histó- manter o interesse e levar o público à participação. Dessa plataformas on demand, como o Netflix, ou a Amazon,
ria não acaba nesse episódio. Existe uma trama maior, forma, assim como o conto literário, os seriados utilizam o espectador pode acompanhar suas séries favoritas
mais intrincada, que a cada momento parece querer se a história secreta na sua estrutura narrativa, e essa es- na hora que ele desejar ou puder.
resolver, mas que acaba por criar outras novas interpre- tratégia parece alimentar e cativar o interesse, tanto do
tações, outras tramas a serem resolvidas. Nessa segun- leitor, quanto do espectador, transformando-se assim, “Nós descobrimos que a forma como as pessoas
da trama, a história secreta, que se desenrola por todas uma técnica que deve ser observada e compreendida assistem às séries mudou. Não é mais apenas pela
as temporadas, um dos maiores mistérios envolve a pa- por quem quer estudar ou produzir qualquer um des- manhã ou à noite, mas em dispositivos móveis a
ternidade e a infância misteriosa da agente Keen, onde, ses suportes de comunicação: seja o conto, seja a série. caminho do trabalho e ao longo do dia”, diz André

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Sessões do Imaginário
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por fazer proliferar a produção e transmissão das séries, PÍGLIA, R. Formas Breves. São Paulo: Companhia da Le-
assim como a multiplicação da sua audiência. Com isso, GOTLIB, N. B. Teoria do Conto. São Paulo: Brasiliense, tras, 2004.
para dar conta dessa nova relação entre o público e as 2006.
séries, os produtores tiveram que utilizar de estratégias SARDUY, S. Ensayos Generales Sobre el Barroco. Bue-
que aumentassem o envolvimento do espectador, fa- nos Aires: FCE, 1987.
HALL, S. A Identidade Cultural na Pós-modernidade.
zendo com que ele participasse mais ativamente das Rio de Janeiro: DP&A, 2004.
tramas, e que se torna-se um verdadeiro coadjuvante da STRINATI, D. Cultura Popular. São Paulo: Hedra, 1999.
disseminação e do sucesso dessas criações televisivas. LIMA, L. C. (org.). Teoria da Cultura de Massa. São Pau-
Observando a proliferação das séries e o aumento
lo: Paz & Terra, 2000. Referências Audiovisuais
da audiência, acredita-se, nessa pesquisa, que o estu-
AGUILERA, Pedro. 3%. [Tv-series]. Produção de Bouti-
do da estrutura dos contos, com suas complexidades, e que Filmes. Brasil, 2016, 49 min. Cor. Som.
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com as suas histórias múltiplas, pode servir como uma
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além de possibilitar as reflexões para o desenvolvimen- Paulo, 6 abr. 2014. Disponível em: <http://f5.folha.uol.
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ISCOVE, Phillip. KURTZMAN, Alex. ORCI, Roberto. Sleepy como colecciones de musestras discretas [...], unos
Hollow. [Tv-series]. Produção de Sketch Films, K/O Pa- elementos que se agrupan en objetos a mayor esca-
per Products, 20th Century Fox Television. Estados Uni- la, pero que siguen manteniendo sus identidades por
dos, 2013, 45 min. Cor. Som. separado. Los propios objetos pueden combinarse
a su vez dando lugar a objetos aún más grandes; sin
KRIPKE, Eric. Supernatural. [Tv-series]. Produção de perder, ellos tampoco, su independencia” (Manovitch,
Kripke Enterprises, Warner Bros. Television, Wonderland 2005, P. 75 e 76).
Sound and Vision. Estados Unidos, 2005, 45 min. Cor.
Som.

NOWALK, Peter. How to get away with murder. [Tv-se-


ries]. Produção de Shondaland, Nowalk Entertainment,
ABC Studios. Estados Unidos, 2014, 43 min. Cor. Som.

PATTERSON, Jim. REO, Dom. The Ranch. [Tv-series].


Produção de Ranch Hand Productions. Estados Unidos,
2016, 30 min. Cor. Som.

Notas
1 Doutor em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo (2013). Mestre em
Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universida-
de Católica de São Paulo (2001). Professor das áreas
de Comunicação e Artes da Universidade Presbiteria-
na Mackenzie (Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Rua da Consolação, 930. Consolação. Cep: 01302907 -
São Paulo, SP – Brasil). E-mail: patricio@mackenzie.br.

2 No original: “Estructura fractal de los nuevos medios


[...]. De la misma manera que un fractal pose ela misma
estructura a diferentes escalas, el objeto de los nuevos
medios presenta siempre la misma estructura modu-
lar. Los elementos mediáticos, ya sean imágenes, so-
nidos, formas o comportamientos, son representados

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