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Art. 2º. O FGTS é constituído pelos saldos das contas vinculadas a que se refere
esta lei e outros recursos a ela incorporados, devendo ser aplicados com
atualização monetária e juros, de modo a assegurar a cobertura de suas
obrigações.
§ 1º Constituem recursos incorporados ao FGTS, nos termos do caput deste artigo:
[…]
d) multas, correção monetária e juros moratórios devidos;
Art. 13. Os depósitos efetuados nas contas vinculadas serão corrigidos
monetariamente com base nos parâmetros fixados para a atualização dos saldos dos
depósitos de poupança e capitalização de juros de 3 % (três por cento) ao ano.
Ressalte-se que o parâmetro fixado para a atualização dos saldos dos depósitos de
poupança e consequentemente dos depósitos do FGTS é a Taxa Referencial – TR,
conforme prescrevem os artigos 12 e 17 da Lei 8.177, de 1º de março de 1991, com
redação da Lei 12.703, de 07 de agosto de 2012 cuja dicção é a seguinte:
Art. 1º O Banco Central do Brasil divulgará Taxa Referencial (TR), calculada a partir da
remuneração mensal média líquida de impostos, dos depósitos a prazo fixo captados nos
bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos múltiplos com carteira comercial
ou de investimentos, caixas econômicas, ou dos títulos públicos federais, estaduais e
municipais, de acordo com metodologia a ser aprovada pelo Conselho Monetário
Nacional, no prazo de sessenta dias, e enviada ao conhecimento do Senado Federal.
§ 2º As instituições que venham a ser utilizadas como bancos de referência, dentre elas,
necessariamente, as dez maiores do País, classificadas pelo volume de depósitos a prazo
fixo, estão obrigadas a fornecer as informações de que trata este artigo, segundo normas
estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional, sujeitando-se a instituição e seus
administradores, no caso de infração às referidas normas, às penas estabelecidas no art.
44 da Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964.§ 3º Enquanto não aprovada a
metodologia de cálculo de que trata este artigo, o Banco Central do Brasil fixará a TR.
(sem grifos no original).
A metodologia de cálculo da TR, definida pelo Banco Central – Conselho Monetário
Nacional (CMN), hoje vigente sob a forma da Resolução nº. 3.354, de 31 de março de
2006, há muito tempo não reflete qualquer correção monetária, tendo se
distanciado completamente dos índices oficiais de inflação.
Com efeito, conforme será demonstrado adiante, referida taxa não reflete qualquer
recomposição da moeda, eis que sempre inferior a 1% (um por cento), portanto,
extremamente abaixo dos índices inflacionários nos respectivos períodos.
Desta forma, com o intuito de oportunizar ao cidadão a devida recomposição da moeda
através de um índice de correção monetária adequado é que se faz necessária a
propositura da presente ação.
II – PRELIMINARMENTE
(utilizar no caso do valor da causa ultrapassar o limite imposto aos juizados
especiais)
DA ASSISTÊNCIA JUDICICIÁRIA GRATUITA.
Preleciona o artigo 98 do Código de Processo Civil que a pessoa natural com
insuficiência de recursos para arcar com custas judiciais e honorários de advogado tem
direito à gratuidade de justiça, conforme segue:
Assim, considerando que o Requerente não possue condições de arcar com as despesas
da presente demanda sem o prejuízo do seus próprio sustento e de sua família, anexa a
devida Declaração de Insuficiência de Recursos (Doc. 5), requerendo seja-lhe deferido o
respectivo benefício, colocando-se à disposição para juntada de novos documentos caso
seja do entendimento de Vossa Excelência.
III – DO DIREITO
III. I – DA CORREÇÃO MONETÁRIA
Conforme leciona o advogado tributarista Bulhões Pedreira, um dos principais teóricos
acerca do instituto da Correção Monetária,
Por analogia com as unidades de medidas físicas podemos dizer que o nível geral dos
preços é o padrão primário do valor financeiro, enquanto que a unidade monetária serve
como padrão secundário – usado, na prática, para exprimir o valor financeiro, mas deve
ser aferido pelo padrão primário porque sujeito a modificações.[1]
Muito embora os Ministros vencidos Celso de Mello, Marco Aurélio e Ilmar Galvão
partiram do entendimento de que a estrutura de cálculo da taxa referencial não era
suficiente para impedir sua utilização como parâmetro de indexação de economia,
referida metodologia de cálculo não reflete, de maneira alguma, a recomposição
monetária a que, por força de lei, deveria espelhar.
Mesmo assim, naquela oportunidade, o STF entendeu que a TR possuía natureza de taxa
de juros e declarou inconstitucional o art. 18 da Lei 8.177/91, cujo texto original
estabelecia que os saldos devedores e as prestações dos contratos integrantes do SFH,
passariam a ser atualizados pela taxa aplicável à remuneração básica dos Depósitos de
Poupança, nos seguintes termos:
Com base neste entendimento, o Superior Tribunal de Justiça rejeitou a TR como índice
de correção monetária, tanto para a poupança quanto para o SFH, conforme se
depreende dos julgados abaixo transcritos:
Não podemos nos esquecer que a cultura da correção monetária está de tal forma
arraigada ao nosso sistema econômico, que o próprio Código Civil de 2002, traz
diversos dispositivos garantindo atualização monetária[3].
Este retrospecto da evolução legal e jurisprudencial a respeito da aplicação da TR como
índice de correção monetária e da própria correção monetária em si, representa o núcleo
central da presente argumentação.
Hoje no país, há dois tipos de correção monetária. Índices que refletem a inflação
e, portanto, recuperam o valor de compra do valor aplicado, a exemplo do IPCA e
INPC, e um índice que não reflete a inflação, e consequentemente não recupera o
poder de compra do valor aplicado – a Taxa de Referencial/TR.
Historicamente, é preciso lembrar que a Taxa Referencial nunca foi igual à inflação,
nem quando experimentamos a hiperinflação, nem quando experimentamos deflação.
Todavia, os índices da TR, do INPC e do IPCA sempre andaram próximos. Em outras
palavras, imperava a razoabilidade dos índices da TR para que pudessem atingir a
finalidade de correção do valor do capital.
Com efeito, levando em conta que a relação jurídica entre os trabalhadores e a Caixa é
de direito pessoal, o art. 233 do Código Civil se torna inafastável, na medida em que
determina que a obrigação de dar coisa certa abrange também os acessórios ainda que
não mencionados.
Art. 233 A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não
mencionados, salvo o contrário resultar do título ou das circunstancias do caso. (sem
grifos no original).
Art. 1º O Banco Central do Brasil divulgará Taxa Referencial (TR), calculada a partir da
remuneração mensal média líquida de impostos, dos depósitos a prazo fixo captados nos
bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos múltiplos com carteira comercial
ou de investimentos, caixas econômicas, ou dos títulos públicos federais, estaduais e
municipais, de acordo com metodologia a ser aprovada pelo Conselho Monetário
Nacional, no prazo de sessenta dias, e enviada ao conhecimento do Senado Federal. (Lei
nº 8.177/91).
Art. 5. Fica instituída Taxa Básica Financeira – TBF, para ser utilizada exclusivamente
como base de remuneração de operações realizadas no mercado financeiro, de prazo de
duração igual ou superior a sessenta dias.
Parágrafo único. O Conselho Monetário Nacional expedirá as instruções necessárias ao
cumprimento do disposto neste artigo, podendo, inclusive, ampliar o prazo mínimo
previsto no caput. (Lei nº 10.192/01).
No mister de regulamentar a TR, o Banco Central/CMN vem ao longo dos anos criando
e reinventando fórmulas para encontrá-la. Pelo menos desde a Resolução 2.075, de 26
de maio de 1994, há formulas para encontrar a TR. Todavia com a instituição da Taxa
Básica Financeira, pela Medida Provisória 1.053/95, de 30 de junho de 1995, que a
forma de cálculo da TR sofre uma expressiva reviravolta.
Desde a Resolução 2.437, de 30 de Outubro de 1997, a TR é calculada levando em
conta a Taxa Básica Financeira e um Redutor, sendo prevista na Resolução hoje
vigente (Resolução 3.354/06), nos seguintes termos:
Art. 1º Estabelecer que, para fins de cálculo da Taxa Básica Financeira – TBF e da Taxa
Referencial – TR, de que tratam os arts. 1º da Lei 8.177, de 1º de março de 1991, 1º da
Lei 8.660, de 28 de maio de 1993, e 5º da Lei 10.192, de 14 de fevereiro de 2001, deve
ser constituída amostra das 30 maiores instituições financeiras do País, assim
consideradas em função do volume de captação efetuado por meio de certificados e
recibos de depósito bancário (CDB/RDB), com prazo de 30 a 35 dias corridos,
inclusive, e remunerados a taxas prefixadas, entre bancos múltiplos, bancos comerciais,
bancos de investimento e caixas econômicas.
Art. 2º A TBF e a TR são calculadas a partir da remuneração mensal média dos
CDB/RDB emitidos a taxas de mercado prefixadas, com prazo de 30 a 35 dias corridos,
inclusive, com base em informações prestadas pelas instituições integrantes da amostra
de que trata o art. 1º, na forma a ser determinada pelo Banco Central do Brasil.
Art. 4º Para cada dia do mês – dia de referência -, o Banco Central do Brasil deve
calcular a TBF, para o período de um mês, com início no próprio dia de referência e
término no dia correspondente ao dia de referência no mês seguinte, considerada a
hipótese prevista no § 2º, inciso IV.
Art. 5º Para cada TBF obtida, segundo a metodologia descrita no art. 4º, deve ser
calculada a correspondente TR, pela aplicação de um redutor R, de acordo com a
seguinte fórmula:
TR = max {0,100 {[ (1 + TBF/100) / R ] – 1}} (em %).
§ 1º o Valor do redutor R deve ser calculado para todos os dias, inclusive não úteis, de
acordo com a seguinte fórmula:
R: (a+b. TBF/100), onde:
TBF = TBF relativa ao dia de referência;
a = 1,005;
b = valor determinado de acordo com a tabela abaixo, em função da TBF obtida,
segundo a metodologia descrita no art. 4º, em termos percentuais ao ano:
TBF (% a. A.) b
TBF maior que 16 0,48
TBF menor ou igual a 16 e maior que 15 0,44
TBF menor ou igual a 15 e maior que 14 0,40
TBF menor ou igual a 14 e maior que 13 0,36
TBF menor ou igual a 13 e maior ou igual a 11 0,32
§ 2º Fica o Banco Central do Brasil autorizado a determinar o valor do parâmetro b no
caso de a TBF obtida ser inferior a 11% a. A. (onze por cento ao ano)
Tem-se, em resumo, que a Lei nº 8.036/90, lei específica do FGTS, determina que
ao saldo de suas contas deve ser obrigatoriamente aplicado índice de correção
monetária. Não sendo a Taxa Referencial (TR), índice disposto pela Lei 8.177/91,
hábil a atualizar monetariamente tais saldos, e estando tal índice em lei não
específica do FGTS, entende-se que como inconstitucional a utilização da TR para
tal fim, subsistindo a necessidade de aplicar-se índice de correção monetária que
reflita a inflação do período, tal como prevê a Lei nº 8.036/90.
(Autos n.º 5009533-35.2013.404.7002/PR. JEF Foz do Iguaçu. Juiz Federal Diego
Viegas Véras. DJ. 15/01/2014).
Art. 2º (omissis).
§ 1º Os reajustes para a preservação do poder aquisitivo do salário mínimo
corresponderão à variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor – INPC,
calculado e divulgado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
– IBGE, acumulada nos doze meses anteriores ao mês do reajuste. (sem grifos no
original).
Não há porque ter dois pesos e duas medidas. Se o salário mínimo é corrigido
monetariamente pelo INPC, o depósito do FGTS que, em última análise, é um salário
indireto do trabalhador, eis que composto de parcelas subtraídas do próprio salário do
trabalhador, também há de sê-lo.
Neste sentido, observe que o objetivo da Lei em corrigir o salário mínimo pelo
INPC decorre exclusivamente da necessidade de preservar seu poder aquisitivo. A
necessidade de preservar o poder aquisitivo é uma constante em todas as transações
financeiras, e ela só se aperfeiçoa quando repõe efetivamente perdas inflacionárias, o
que não ocorre com a utilização da TR.
Neste ínterim, outro índice que se mostra aplicável na hipótese deste douto juízo
entender pela não aplicação do INPC, é o IPCA, índice oficial do Governo Federal para
medição das metas inflacionárias, contratadas com o FMI, a partir de julho de 1999[4].
Outro não é o entendimento exarado pelo Exmo. Juiz Federal Diego Viegas Véras, na já
citada decisão proferida nos autos n.º 5009533-35.2013.404.7002/PR conforme segue:
Tendo em conta que a Corte Constitucional ainda não decidiu sobre a modulação dos
efeitos da declaração de inconstitucionalidade do uso da TR na correção dos precatórios
e dívidas da Fazenda Pública, bem como em razão de ser vedado o non liquet (art. 126
do CPC), tem-se que o índice aplicável à atualização monetária, em substituição à
Taxa Referencial, deve ser o IPCA-E ao invés do INPC, calhando transcrever as suas
formas de cálculos e abrangências, consoante previsto no sítio eletrônico
(http://www.portalbrasil.net/ipca_e.htm, http://www.portalbrasil.net/inpc.htm, acessos
em 15/01/2014), a saber, respectivamente:
O que compõe o IPCA-E:
Por determinação legal (Medida Provisória número 812, de 30 de dezembro de 1994), o
IPCA – Série Especial está sendo divulgado trimestralmente pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística, baseado nos índices do IPCA-15. O Portal Brasil apresenta na
tabela também a variação mensal – apenas para efeito de estatística e estimativa futura
do índice. A sua validade e aplicabilidade, entretanto, é trimestral. Este índice é aqui
informado apenas para subsidiar expectativas de acúmulos trimestrais ou entre períodos.
O IPCA/IBGE verifica as variações dos custos com os gastos das pessoas que ganham
de um a quarenta salários mínimos nas regiões metropolitanas de Belém, Belo
Horizonte, Brasília, Curitiba, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador,
São Paulo e município de Goiânia. O Sistema Nacional de Preços ao Consumidor –
SNIPC efetua a produção contínua e sistemática de índices de preços ao consumidor,
tendo como unidade de coleta estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços,
concessionária de serviços públicos e domicílios (para levantamento de aluguel e
condomínio). O IPCA/E utiliza, para sua composição de cálculo, os seguintes setores:
alimentação e bebidas, habitação, artigos de residência, vestuário, transportes, saúde e
cuidados pessoais, despesas pessoais, educação e comunicação.
O que compõe o INPC/IBGE:
O INPC/IBGE foi criado inicialmente com o objetivo de orientar os reajustes de salários
dos trabalhadores. O Sistema Nacional de Preços ao Consumidor – SNIPC efetua a
produção contínua e sistemática de índices de preços ao consumidor tendo como
unidade de coleta de estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços,
concessionária de serviços públicos e domicílios (para levantamento de aluguel e
condomínio). A população-objetivo do INPC abrange as famílias com rendimentos
mensais compreendidos entre 1 (hum) e 5 (cinco) salários-mínimos (aproximadamente
50% das famílias brasileiras), cujo chefe é assalariado em sua ocupação principal e
residente nas áreas urbanas das regiões, qualquer que seja a fonte de rendimentos, e
demais residentes nas áreas urbanas das regiões metropolitanas abrangidas. Abrangência
geográfica: Regiões metropolitanas de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo
Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre, Brasília e município de
Goiânia. Calculado pelo IBGE entre os dias 1º e 30 de cada mês, compõe-se do
cruzamento de dois parâmetros: a pesquisa de preços nas onze regiões de maior
produção econômica, cruzada com a Pesquisa de Orçamento Familiar (POF).
Janeiro/2012 – Alterações Significativas: A partir de janeiro/2012 o INPC passou a ser
calculado com base nos valores de despesa obtidos na Pesquisa de Orçamentos
Familiares – POF 2008-2009. A POF é realizada a cada cinco anos pelo IBGE em todo
o território brasileiro o que permite atualizar os pesos (participação relativa do valor da
despesa de um item consumido em relação à despesa total) dos produtos e serviços nos
orçamentos das famílias. De julho de 2006 à dezembro de 2011 a base dos índices de
preços ao consumidor era a POF de 2002-2003. Outra mudança importante: Até
31.12.2011 eram consideradas no cálculo as famílias com rendimento de 1 à 6 salários
mínimos. A partir de 01.01.2012 isso diminuiu (de 1 à 5 salários mínimos) em função
da elevação real da renda do brasileiro evitando, assim, desvirtuação da faixa salarial.
Vê-se, pois que, enquanto o INPC abrange as famílias com rendimentos mensais
entre 1 a 5 salários mínimos e é calculado pelo IBGE com base em pesquisa de
preços nas 11 regiões de maior produção econômica cruzada com a Pesquisa de
Orçamento Familiar (POF) – encontro de 2 parâmetros, o IPCA-E, por sua vez,
alcança o patamar familiar de 1 a 40 salários mínimos é calculado também pelo
IBGE de forma direta, abrangendo os seguintes setores: alimentação e bebidas,
habitação, artigos de residência, vestuário, transportes, saúde e cuidados pessoais,
despesas pessoais, educação e comunicação, sendo este último (IPCA-E) mais
abrangente e refletindo a real inflação nos principais setores econômicos que
influenciam os gastos familiares de forma real (sem interferência da POF a qual
pode ficar congelada por 5 anos, diversamente do que ocorre na fórmula de cálculo
do INPC que deve ser cruzada com aquela pesquisa).
Não bastasse a eleição de tal índice pelos Tribunais Pátrios, a Lei de Diretrizes
Orçamentárias de 2014 (Lei 12.919/2013), previu no seu artigo 27 que os precatórios no
ano de 2014 serão corrigidos pelo IPCA-E do IBGE:
Corroborando, ainda, a eleição de tal índice, importa consignar que em sessão ordinária
do Conselho da Justiça Federal – CNJ, ocorrida em 25/11/2011, foi aprovado o novo
‘Manual de Cálculos da Justiça Federal’ onde passa a incidir o IPCA-e como indexador
de Correção Monetária para as sentenças condenatórias em geral, conforme se pode
verificar no sítio do cjf na internet (www.cjf.jus.br).
Assim sendo, entendo que deve ser aplicado, para fins de dar cumprimento à
atualização monetária dos saldos das contas do FGTS prevista no art. 2º da Lei
8.036/90, o IPCA-E do IBGE, em substituição à TR, desde janeiro do ano de 1999,
a partir de quando tal índice deixou de refletir a variação inflacionária da moeda.
Além disso, tais valores deverão ser acrescidos de juros de mora de 1% a. M. (um por
cento ao mês), a contar da citação, até o efetivo pagamento. (sem grifos no original).
[…] não há motivo para se desqualificar o IGPM como índice adequado para a
recomposição da perda inflacionária. O IGPM é, inclusive, índice de correção monetária
consagrado na Justiça Estadual e até utilizado como índice legal na atualização de
determinados tributos municipais.
[…].
(REsp 812.465/RS, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em
08/04/2008, DJe 29/05/2008).
No mesmo sentido:
Neste ponto, o que deve ser avaliado é que independentemente do índice a ser adotado
(INPC, IPCA ou IGPM) tais índices são infinitivamente mais adequados a preservar o
poder aquisitivo dos depósitos do FGTS do que a aniquilada TR, conforme já ampla e
exaustivamente demonstrado ao longo da presente, pelo que requer digne-se este
emérito magistrado a determinar a substituição da TR como índice de atualização
monetária do saldo do FGTS, uma vez que não atualiza nada, por um dos três índices
acima sugeridos, conforme o entendimento de Vossa Excelência.
IV – CONCLUSÕES
Para ser considerada como indexador idôneo, apto a refletir a inflação correspondente, a
TR deveria garantir o poder aquisitivo dos depósitos do FGTS levando em conta os
índices de inflação. Como visto, desde o mês de janeiro de 1999 a TR se distanciou dos
índices oficiais de inflação, impingindo profundas perdas aos depósitos do FGTS,
tornando-se inidônea para garantir a reposição das perdas monetárias.
A inidoneidade da TR como índice de correção monetária decorre de mudanças
introduzidas na sua metodologia de cálculo pelo Banco Central do Brasil/CMN que,
através do mecanismo econômico de um redutor, vem nitidamente manipulando o
índice para que ele se desprenda da inflação até anula-la completamente, a despeito de
um quadro de inflação persistente no País.
A Caixa Econômica Federal está se prestando ao papel de espoliador do FGTS, na
medida em que dispõe do patrimônio do trabalhador sem a devida contraprestação. A
correção monetária aplicada ao FGTS tem sido há muito tempo menor que a inflação
registrada, de forma que descumpre não só o art. 2º da Lei. 8.036/90, art. 233 do Código
Civil, mas também toda lógica e princípios do mercado econômico.
Quem empresta tem direito a ser remunerado com juros e a totalidade da correção
monetária. O trabalhador não pode ser obrigado a subsidiar ainda mais os projetos do
Governo Federal. O ‘ainda mais” decorre do fato de os juros de 3% do FGTS serem
menores que o do mercado, o que por si só, demonstra que ele já está fazendo sua parte
sob a perspectiva social.
Negar o direito de correção monetária aos depósitos do qual o trabalhador não pode
simplesmente sacar seu dinheiro para aplicar em outro fundo mais rentável ao seu
alvitre, configura ato de tirania, incompatível com um Estado Democrático de Direito e
deve ser de pronto rechaçado.
Se o Governo Brasileiro remunerasse os investidores internacionais com TR 3% a. A
como faz os trabalhadores, haveria uma fuga em massa nos investimentos no País, e
certamente estaríamos experimentando uma tsunami econômica e não uma simples
“marolinha”.
Sendo a TR inidônea para restabelecer o poder aquisitivo dos depósitos do FGTS, sua
substituição por outro índice que melhor recomponha as perdas monetárias e torna
imperioso, a fim de fazer prevalecer o art. 2º da Lei. 8.036/90 e art. 233 do Código
Civil.
Posto que desde janeiro de 1999 o redutor criado pelo Banco Central/CMN promoveu
o completo distanciamento da TR dos índices oficiais de inflação, temos que desde
então ela perdeu sua condição de repor as perdas inflacionárias dos depósitos do FGTS,
devendo desde esta data ser substituída pelo INPC, IPCA ou IGPM, conforme
demonstrado.
V – CÁLCULO DEMONSTRATIVO DA DIFERENÇA
Neste sentido, conforme se depreende dos cálculos em anexo (Docs. XXXXX), com
base nos extratos analíticos da conta do FGTS do Requerente (Docs. XXXX), verifica-
se que ao calcular a correção monetária pelos índices da TR e INPC, acrescidos de juros
moratórios de 03% (três por cento) ao ano, a diferença apurada entre os cálculos no
período compreendido entre janeiro de 1999 e junho de 2016, a título de exemplo,
reflete uma diferença de R$ XXXXXX (XXXXXXXXXXXX) a menor na atualização
monetária realizada pela TR, demonstrando de forma inequívoca e prática a
impossibilidade de aplicação deste indexador como hábil a refletir a depreciação da
moeda.
Adicionalmente, cumpre informar que o cálculo em anexo reflete apenas uma
demonstração da diferença apurada entre o índice da TR e do INPC, o que não impede
que seja utilizado outro índice a depender do crivo de Vossa Excelência e/ou outro a vir
ser arbitrado pelo Poder Judiciário e que reflita de forma adequada a corrosão
inflacionária que atingiu os valores depositados na conta vinculada do FGTS em nome
do Requerente.
VI – DOS REQUERIMENTOS
Desta forma, ante todo o exposto, requer:
PRELIMINARMENTE
a) seja concedido os benefícios da assistência judiciária gratuita nos termos da
fundamentação;
MÉRITO
b) seja declarada a inconstitucionalidade parcial superveniente do art. 13 da lei 8.036/90
c/c arts. 1º e 17 da lei 8.177/91, desde 01/06/1999, pela não vinculação da correção
monetária do FGTS a índice que venha recompor a perda de poder aquisitivo da moeda.
c) a substituição do indexador de correção monetária dos depósitos efetuados na conta
vinculada do FGTS do Requerente – TR – pelo índice de correção monetária do INPC,
IPCA ou IGPM, a partir de sua concessão até o trânsito em julgado da presente ação,
com a consequente aplicação do novo índice sobre os depósitos futuros a serem
creditados na conta vinculada do FGTS em nome do Requerente;
c.1) subsidiariamente, a aplicação de qualquer outro índice que reponha a real perda
inflacionária dos depósitos realizados nas contas do FGTS do Requerente, no entender
deste Juízo, a partir de sua concessão até o trânsito em julgado da presente ação, com a
consequente aplicação do novo índice sobre os depósitos futuros a serem creditados na
conta vinculada do FGTS em nome do Requerente;
d) a condenação da Requerida ao pagamento das diferenças apuradas no saldo da conta
do FGTS do Requerente em razão da substituição do indexador da TR pelo índice do
INPC, IPCA ou IGPM, nos meses em que a TR foi zero e/ou menor que a inflação,
recaindo tal condenação sobre os depósitos realizados desde janeiro de 1999 até o
trânsito em julgado da presente ação.
d.1) subsidiariamente, a condenação da Requerida ao pagamento das diferenças
apuradas no saldo da conta do FGTS do Requerente em razão da substituição do
indexador da TR por qualquer outro índice que reponha a real perda inflacionária dos
depósitos realizados nas contas do FGTS do Requerente, no entender deste Juízo, nos
meses em que a TR foi zero e/ou menor que a inflação, recaindo tal condenação sobre
os depósitos realizados desde janeiro de 1999 até o trânsito em julgado da presente
ação.
GENÉRICOS
e) a citação da Requerida para que apresente resposta no prazo legal, sob pena de
revelia;
f) a condenação do Requerido ao pagamento das custas processuais e honorários
advocatícios a serem fixados por este respeitável juízo nos termos do art. 85, § 2º do
Código de Processo Civil.
g) a produção de todos os meios de prova em direito admitidas, em especial a prova
documental e pericial;
Dá-se a causa o valor de R$ XXXXXXX (XXXXX).
Termos em que pede deferimento.
Local, data.
ADVOGADO – OAB XXXXX