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SNPTEE

SEMINÁRIO NACIONAL GLT-16


DE PRODUÇÃO E 19 a 24 Outubro de 2003
TRANSMISSÃO DE Uberlândia - Minas Gerais
ENERGIA ELÉTRICA

GRUPO III
GRUPO DE ESTUDO DE LINHAS DE TRANSMISSÃO - GLT

UMA AVALIAÇAO DA INFLUÊNCIA DO MÉTODO DE CÁLCULO DA CARGA DE VENTO


PARA O DIMENSIONAMENTO DE ESTRUTURAS DE LINHAS DE TRANSMISSÃO

Aureo Pinheiro Ruffier *


Luiz Felippe Estrella Jr. Érico Fagundes Anicet Lisboa
João Ignácio da Silva Filho
CEPEL Fundação Padre Leonel Érico Lisboa Pesquisa e
Centro de Pesquisas de Energia Elétrica Franca Desenvolvimento

RESUMO PALAVRAS-CHAVE

O objetivo do Informe Técnico (IT) é quantificar a Linhas de transmissão, velocidade do vento,


variação do peso de estruturas de linha de transmissão dimensionamento estrutural, hipóteses de cálculo
de energia elétrica (LT) com relação aos diversos
critérios e metodologias utilizados nos cálculos dos 1.0 - INTRODUÇÃO
esforços da pressão do vento sobre os componentes
da LT.
No dimensionamento das estruturas de LT's, os
esforços decorrentes da pressão do vento sobre os
É feita uma análise comparativa entre as metodologias
componentes da LT (condutores, ferragens, isoladores,
recomendadas nas normas técnicas NBR 5422 [1],
estrutura, etc.) são calculados utilizando-se fatores
IEC 60826 [2] e ASCE 74 [3]. Mesmo encontrando-se
multiplicativos que consideram a intensidade da
em processo de revisão, os atuais critérios e
turbulência do vento e a resposta dinâmica dos
procedimentos da NBR 5422 foram considerados no
componentes. Geralmente, esses fatores são definidos
estudo para efeito de comparação.
em normas técnicas nacionais e representam o
consenso da atual prática de engenharia de um país.
As características e os valores de velocidades de vento
utilizados no estudo têm como base a rede brasileira
Nas atuais propostas de revisão da NBR 5422, os
de coleta de dados anemométricos e foram
carregamentos devido ao vento seguem as
consideradas as ações das velocidades do vento
recomendações da IEC 60826 com as inclusões ainda
medidas em 10 minutos e 2 a 3 segundos (rajada).
não consensuais de hipóteses adicionais que
considerem os efeitos ciclônicos e as rajadas
O IT analisa padrões estruturais convencionais e
associadas a tempestades severas.
hipóteses de carregamentos normalmente praticadas,
que são cargas devidas ao vento, à ruptura de cabos
Na IEC 60826, esses fatores são definidos como
condutores e pára-raios, à construção e à manutenção.
fatores combinados do vento e são considerados
Outras hipóteses quando adicionadas às anteriores,
separadamente para cada tipo de componente da LT.
tais como, efeito de torção provocado pelo movimento
Todos esses fatores, todavia, têm como referência a
ciclônico do vento ou pela ação plena de fortes rajadas
velocidade média de 10 minutos.
ocasionadas por tempestades muito severas,
aumentam de 5 a 10% na média o peso das estruturas
Em medições de velocidades de ventos fortes,
em apreço, para um vento básico de projeto de
realizadas em diversas regiões do território brasileiro,
80 km/h. O acréscimo no peso total diminui com o
têm-se encontrado fatores de rajada com valores
aumento da velocidade do vento básico, sendo que
superiores aos indicados na IEC 60826. Entenda-se
para valores próximos a 110-130 km/h o acréscimo é
como fator de rajada a relação entre as velocidades
desprezível.
medidas com tempos de médias de 2 a 3 segundos e

*CENTRO DE PESQUISAS DE ENERGIA ELÉTRICA - CEPEL


Caixa Postal 68.007 - CEP 21.941-590 - Rio de Janeiro, RJ
Tel(21) 2598-6149 - Fax: (21) 2270-4189
e-mail: aureo@cepel.br
2

10 minutos. Uma vez que o fator de rajada é um fIEC


c = k r2 GIEC
c GL
IEC (4)
indicativo da intensidade de turbulência do vento, é
questionável o uso dos fatores combinados do vento, onde,
tal como apresentados na IEC 60826, sem uma kr - coeficiente de rugosidade do terreno;
discussão aprofundada das diferenças entre as GIEC
c - fator combinado de vento para cabo;
intensidades das turbulências dos ventos que ocorrem
GIEC
t - fator combinado de vento para torre;
no Brasil e os que serviram de base para o
desenvolvimento da IEC 60826. Um dos objetivos GIEC
L - fator de efetividade do vão de vento.
desse IT é promover essa discussão e, ainda,
comparar os fatores combinados dos ventos propostos Os valores dos fatores combinados Gt e Gc são
pela IEC 60826 com os da ASCE 74. expressos através de curvas, em função da altura
sobre o solo e da categoria do terreno. Ajustaram-se
Dentre as fontes de ventos fortes no Brasil, as modelos de correlação linear múltipla a essas curvas,
tempestades severas têm sido apontadas como uma expressos, genericamente, pela seguinte equação:
das causadoras de quedas de estruturas de LT’s, o
que tem levado alguns projetistas a considerar os GIEC = c1h + c 2 ln(h) + c 3 (5)
efeitos dessas tempestades como hipóteses de
cálculo, além da metodologia sugerida pela IEC 60826. Os valores dos coeficientes encontram-se na Tabela 1.
Até mesmo para cumprir as exigências dos editais de
licitação da ANEEL, essas hipóteses têm sido Tabela 1 – Coeficientes para obtenção de GIEC
t
e GIEC
c
consideradas em recentes projetos de LT’s, inclusive GIEC
t GIEC
c
para empreendimentos implantados em regiões onde

terr
sabidamente não há registro histórico de queda de c1 c2 c3 c1 c2 c3
estruturas pela ação do vento. A 3,44e-03 0,213 1,178 1,18e-03 0,249 1,146

Uma vez que as hipóteses adicionais atribuídas às B 1,61e-03 0,316 1,187 2,44e-03 0,305 1,122
ocorrências das tempestades severas podem levar a C 5,54e-03 0,294 1,817 2,06e-03 0,442 1,018
reforços na estrutura, o que aumenta o seu peso em D 1,59e-02 0,236 2,587 -1,55e-03 0,643 7,741
aço e, conseqüentemente, o seu custo, o IT faz uma
avaliação do aumento do peso de alguns padrões O fator de efetividade GIEC L , que varia com o
estruturais submetidos a regimes de vento que comprimento do vão de vento (L), é expresso por uma
ocorrem no Brasil. curva, à qual foi ajustada a seguinte equação:

2.0 - ANÁLISE DAS NORMAS TÉCNICAS GIEC


L = 1,067- 3,57.10-4 L + 1,19.10-7L2 (6)

Este item cuida da comparação entre as cargas de Os coeficientes f , segundo a NBR 5422, para a
vento calculadas segundo as normas NBR 5422, pressão de vento na torre e nos cabos são dados pelas
IEC 60826 e ASCE 74. Nas formulações apresentadas respectivas fórmulas:
neste item, as unidades estão no sistema internacional. 2
(7)
Os valores dos coeficientes e dos fatores de cada
fNBR
t (
= k r k 2dsk H2s )
formulação encontram-se em suas respectivas fNBR
c = (k k
r
30 s 30 s 2
d H k )G NBR
L
(8)
referências bibliográficas. Como essas normas têm 1 1

diferenças de abordagem, a comparação deve ser feita 2s Ê h ˆ n 2s 30s Êh ˆ n30 (9)


kH =Á ˜ kH =Á ˜
com certa cautela. Inicialmente estabelece-se uma Ë 10¯ Ë 10¯
fórmula geral para todas elas e, a seguir, o coeficiente
onde,
f é individualizado para cada norma. A formulação s - fatores de conversão da velocidade do vento
k d2s , k 30
d
geral se escreve: de 10 minutos para 2 s e 30 s;
2s , 30s - fatores de correção da velocidade do vento
1 2 (1) kH kH
p vt = rv 10 min f t C xt com a altura para os ventos de 2 s e 30 s;
2
1 2 (2) n2s , n30s - coeficientes para corrigir a velocidade do
p vc = rv 10 min f c C xc vento com a altura;
2
GNBR
L - fator de efetividade do vão de vento.
para as pressões de vento sobre a torre e o cabo,
respectivamente, onde: A ASCE 74 define o coeficiente f para a pressão de
3 vento na torre e nos cabos respectivamente pelas
r - densidade do ar (kg/m );
fórmulas:
v10min - velocidade média do vento de 10 minutos,
terreno de categoria B e altura de 10 m; f tASCE = z 2v GDave
t
(10)
Cxc - coeficiente de arrasto do cabo; (11)
f cASCE = z 2v GDave
Cxt - coeficiente de arrasto da torre. c

Os coeficientes de arrasto não foram considerados sendo:


1
nesta comparação. Ê h ˆa
z v = 1,61Á ˜ (12)
No caso da IEC 60826, os coeficientes f para vento Á zg ˜
Ë ¯
sobre a torre e sobre o cabo são dados, GDave
t = 1+ 2,7E B t GDave
c = 1+ 2,7E Bc (13)
respectivamente, por: 1
Ê 10ˆ a (14)
(3) E = 4,9 k Á ˜
fIEC
t = k r2 GIEC
t Ëh¯
3

1 1 (15)
Bt = Bc =
1+ 0,375H L S 1+ 0,8 L L S
2,9 Vento na torre

onde, 2,7
A
a - coeficiente para correção da velocidade de vento 2,5
B
A
com a altura h; A
C

2,3 B
zg - altura gradiente, a partir da qual a velocidade do
C
vento é considerada constante; f 2,1
t D
GDave
c - equação de Daveport que considera a resposta 1,9 B
dinâmica do cabo na amplificação de esforços D

devido a rajada de vento; 1,7

GDave
t - idem para a estrutura; 1,5
IEC 60826
k - coeficiente de arrasto de superfície; 1,3 C
NBR 5422
LS - escala de turbulência;
ASCE 74
1,1
H - altura total da torre; 10 20 30 40 50 60
L - vão de vento. Altura h(m)

Os coeficientes das equações da ASCE 74 dependem Figura 1 – Comparação dos coeficientes ft


da rugosidade do terreno. para vento na torre
Existem algumas diferenças entre a ASCE 74 e a
3,0
IEC 60826 que devem, ainda, ser consideradas: IEC 60826
Vento no cabo
• A classificação do tipo de terreno da ASCE 74 é NBR 5422
diferente da IEC 60826. Numa primeira aproximação, Vão 400m
ASCE 74 A
2,5
a classificação dos terrenos tipo D, C e B pela
ASCE 74 equivale à classificação A, B e C da A B
IEC 60826. Neste IT a classificação da rugosidade B
2,0
segue a nomenclatura da IEC 60828.
• A ASCE 74 considera um único painel de vento para f
c A
o cálculo da carga de vento atuando diretamente na C
1,5 C
torre. A altura h, do ponto de aplicação da força B
resultante deste painel, é dois terços da altura total da D
torre, H. Para comparar as normas, neste estudo foi C
1,0
considerado que H, altura da torre na equação (15), é
1,5 h.
D
• Na ASCE 74, o fator de efetividade do cabo está
0,5
considerado implicitamente na equação de Bc, que 10 20 30 40 50 60
depende do vão de vento L. Altura h(m)

A comparação da pressão do vento no cabo entre as Figura 2 – Comparação dos coeficientes fc para vento
três normas só pode ser feita para um determinado no cabo com vão de vento igual a 400 m
valor de vão de vento conhecido por causa da
consideração da efetividade da frente de vento ao Analogamente, a Figura 2 mostra uma comparação
longo do vão. Adotou-se, então, um vão de vento igual entre as normas para pressão de vento nos cabos.
a 400m. Novamente, observa-se uma boa proximidade entre as
curvas A e B da IEC 60826. Comparando a ASCE 74
A Figura 1 apresenta a variação do coeficiente ft para
com a IEC 60826, nota-se que ambas são muito
pressão de vento na torre com a altura h, para todas as
próximas para a curva A, enquanto que as curvas B e
categorias de terreno e para as três normas em C da ASCE 74 resultam em pressões de vento nos
questão. Do mesmo modo, a Figura 2 apresenta cabos bem inferiores às da IEC 60826. No caso da
variação do coeficiente fc para pressão de vento no NBR 5422, as pressões de vento no cabo são, de uma
cabo com a altura h para um vão de vento igual a forma geral, bem inferiores às das outras normas.
400m. Ressalta-se que os coeficientes de arrasto não
estão incluídos nesta comparação entre as normas. No caso de o projetista possuir a velocidade referida à
A Figura 1 mostra que a pressão de vento na torre para outra base de tempo, a IEC 60826 e a NBR 5422
a IEC 60826, segundo as categorias de terreno A e B fornecem o mesmo ábaco para mudança da base de
são muito próximas, havendo pouca diferença entre tempo da velocidade.
elas. O mesmo comportamento se observa para a Uma vez que a excitação do vento é um carregamento
NBR 5422. De uma forma geral, a pressão de vento na dinâmico sobre a LT, a resposta dos diversos
torre, segundo a NBR 5422, é mais elevada que a da componentes é sensível ao tempo de integração da
IEC60826 para todas as categorias de terreno. No que média da velocidade do vento. Como os diversos
tange a norma ASCE 74, a sua curva B é muito componentes de uma LT possuem características
próxima das respectivas curvas da IEC 60826 e dinâmicas distintas, devido às diferenças de inércia e
NBR 5422, ao passo que as curvas A e C destoam das rigidez que apresentam, resulta a necessidade de se
curvas das outras normas. A curva A da ASCE 74 conhecerem as velocidades do vento referidas a
fornece pressões de vento na torre da ordem 17% mais diferentes tempos de integração da média que sejam
elevadas que as outras, enquanto que a sua curva C compatíveis com o tempo da resposta dinâmica de
fornece valores de pressão de vento bem inferiores, da cada componente.
ordem de 40%, às das outras normas.
4

Os fatores combinados para cálculo da carga de vento 3.0 - QUANTIFICAÇÃO DO VENTO


na torre e no cabo preconizados pela IEC 60826 já
consideram implicitamente esta mudança do tempo de Para avaliar a mudança no peso total da estrutura ao
integração da média, característico de cada considerar as duas hipóteses adicionais de cargas de
componente. O ábaco apresentado na IEC 60826 para ventos de tempestades severas, foram definidos
conversão de base de tempo foi desenvolvido com valores máximos de velocidades compatíveis com
base em medições de vento realizadas no hemisfério medições realizadas no país.
norte. A comparação dos valores do ábaco, com os
obtidos nas medições anemográficas realizadas no Os valores adotados no estudo para a velocidade de
país, apresenta discrepâncias [4]. Esse ábaco fornece 10 minutos foram de 80 km/h, 110 km/h e 130 km/h,
o fator de 1,4 para mudança de base de tempo de que dependendo da região do Brasil têm períodos de
10 minutos para 3 segundos, em terreno de categoria retornos da ordem de 100 a 500 anos. Por exemplo, a
B, enquanto que o tratamento estatístico de ventos velocidade de 80 km/h tem um período de retorno de
fortes medidos no Brasil leva a valores entre 1,8 a 2,1 100 anos em alguns locais da região sudeste e de 500
o
nas latitudes menores que 16 , e entre 1,5 a 1,9 nas anos no nordeste.
demais [4]. Conseqüentemente, o uso da IEC 60826
deve ser feito com certa cautela, conforme pode ser Com base em fatores de rajadas medidos em
visto a seguir. tempestades locais, as velocidades das rajadas nas
tempestades severas devem variar entre 160 km/h a
Vamos tomar como exemplo um local com rugosidade 230 km/h, da mesma forma dependendo da região do
do terreno B, onde as velocidades foram medidas com país. Uma vez que o objetivo do IT é uma análise de
períodos de integração de 10 minutos e 3 segundos e sensibilidade da variação do peso da estrutura com
3s
que a relação entre essas velocidade é de k Br =1,9. essas velocidades, o estudo considerou rajadas de até
260 km/h.
Para um mesmo período de retorno, é bem provável
que o vento de projeto prognosticado com as medições 4.0 - ESTRUTURAS ANALISADAS
de 10 minutos seja menor que o prognosticado com as
medições de 3 segundos, corrigidos para 10 minutos A Figura 3 apresenta as silhuetas das três estruturas
utilizando a IEC 60826. A velocidade de 10 minutos analisadas no IT, identificadas como torres A, B e C,
adotada pelo projetista, segundo a IEC 60826, seria tendo as seguintes características:
igual a:
Torre A tensão de 230 kV CA, circuito simples, 2 condu-
IEC
real
v 3s 1,9 v10min (16) tores Hawk e pára-raios de 3/8 EHS,
v10min = =
1,4 1,4 Torre B: tensão de 500 kV CA, circuito simples, 4 condu-
tores Grosbeak e pára-raios de 3/8 EHS,
real
onde v 10 Torre C tensão de 500 kV CA, circuito duplo, 6 condu-
min é a velocidade de 10 minutos real da
tores Goose e pára-raios de 3/8 EHS.
região em questão. A pressão de vento, segundo a
IEC 60826, será então dada por:
1 IEC 2 IEC (17)
pv =
2
(
r v10min G) Cx

Substituindo a equação (16) na equação (17), obtém-


se:
2
1 Re al 2Ê 1,9 ˆ (18)
pv =
2
(
r v10 )
min ÁÁ ˜˜ GIECC x
Ë 1,4¯

o que sugere um valor de fator combinado adaptado


para as condições brasileiras dado por:
2
Ê k 3s ˆ IEC (19) (A) (B) (C)
GBr = Á 3Br ˜ G
Ák s ˜ Figura 3- Esquema das estruturas analisadas
Ë IEC ¯

Sendo assim, a equação a seguir forneceria a pressão Os vãos de peso, de vento e básico considerados no
de vento na sua forma final: dimensionamento das estruturas foram de 400 m,
500 m e 450 m, respectivamente.
1 real 2 Br (20)
pv =
2
(
r v10 )
min G C x
4.2 - Hipóteses de Carregamentos

Dependendo do valor do fator de rajada os valores de Os carregamentos aplicados às estruturas podem ser
Br
G podem ser consideravelmente superiores aos agrupados em 3 categorias: de vento, de ruptura dos
IEC
valores de G . cabos e de construção e manutenção [5].

Como o assunto ainda se encontra em discussão, o 4.2.1 - Carregamentos de Vento


uso das equações (19) e (20) ou dos valores de
Três casos de carregamento foram considerados e são
medições de 3 segundos deve ser tratado
denominados de vento básico, vento torsional e vento
criteriosamente ao se adotar a IEC 60826.
de rajada plena.
5

As velocidades de vento têm como referências a altura No eixo das abscissas, têm-se as velocidades dos
de 10 metros e rugosidade do terreno compatível com ventos de tempestades severas. O valor 0 km/h
a categoria B da IEC 60826. O vento básico tem um corresponde ao projeto da torre somente com o vento
período de integração da média de 10 minutos e os básico (10 minutos).
outros dois são rajadas.
4,0
O carregamento de vento básico têm ângulos de T130
o o o
ataque do vento de 0 , 45 e 90 , atuando sobre os 3,5
T110
cabos e a estrutura, calculado segundo a IEC 60826. T80
3,0
O efeito do vento torsional foi modelado por um binário
de forças paralelas ao eixo longitudinal da LT, atuando

Peso (kgf x 1000)


2,5 V130
diretamente na estrutura e resultando numa torção
V110
aplicada à torre, sem consideração de carga horizontal 2,0
nos cabos. R80 V80
1,5 R110
O esforço do vento de rajada plena é provocado por R130
rajadas localizadas, tendo uma pequena frente de 1,0
atuação. Para esse tipo de vento adotaram-se as CM80
hipóteses e critérios descritos em [6], onde a frente de 0,5 CM130
atuação do vento engloba a estrutura e 90 m dos CM110
o o o
cabos, com ângulos de ataque de 0 , 45 e 90 . 0,0 //
0 160 170 180 190 200 210 220 230
Velocidade dos ventos de tempestades severas (km/h)
Nas duas últimas hipóteses, considerou-se que a
velocidade de vento não varia com a altura sobre o Figura 4 – Variação dos pesos estruturais em função
solo. No caso específico do vento de rajada plena há dos ventos de tempestades severas - Torre A
ainda a consideração do fator de efetividade do cabo
igual a 1,0. 5,5

T130
4.2.2 - Carregamentos de Ruptura 5,0
T110
4,5 T80
Estes carregamentos têm como finalidade a prevenção
do efeito de quedas em cascata na LT e consideram o 4,0 R80
rompimento alternado dos cabos pára-raios e dos R130
R110
Peso (kgf x 1000)

3,5
feixes de cabos condutores de cada fase. No
rompimento, a carga longitudinal transmitida por cada 3,0
condutor ou pára-raios é de 70% da sua tração EDS,
2,5
que neste estudo é de 18% da tração de ruptura do
cabo. 2,0

4.2.3 - Carregamentos de Construção e Manutenção 1,5 V130


V110
Estes carregamentos agrupam, aqui, as hipóteses de 1,0 CM80
CM110
construção e manutenção usualmente adotados em 0,5
V80
CM130
prática corrente de projeto de LT's.
0,0 //
4.3 - Resultados do dimensionamento das torres 0 160 170 180 190 200 210 220 230
Velocidade dos ventos de tempestades severas (km/h)
Para consecução dos objetivos deste IT, a avaliação
Figura 5 – Variação dos pesos estruturais em função
do acréscimo do peso da estrutura pelas hipóteses
dos ventos de tempestades severas - Torre B
adicionais de carregamento de vento seguiu as
seguintes etapas: 14
• Inicialmente, as estruturas foram dimensionadas 13 T130
considerando o carregamento devido ao vento básico e
12
os demais carregamentos que independem do vento.
11
O carregamento do vento foi calculado segundo a
10 T110
IEC 60826, para as velocidades de 80, 110 e 130 km/h. V130
• Essas estruturas foram redimensionadas com a
Peso (kgf x 1000)

inclusão das outras duas hipóteses de carregamento 8 T80


do vento de tempestades severas, com velocidades 7 V110
variando entre 160 e 230 km/h. 6
V80
5 R80
Os pesos estruturais obtidos para as torres A, B e C
estão apresentados nas Figuras 4 a 6. Essas Figuras 4
R110
têm as seguintes notações, onde xxx é a velocidade do 3 R130

vento de 10 minutos: 2 CM110


• CMxxx - peso dos elementos dimensionados pelas 1
CM130
CM80
hipóteses de construção e manutenção (kgf), 0 //
• Vxxx - peso dos elementos dimensionados pelas 0 160 170 180 190 200 210 220 230
hipóteses de ventos (kgf), Velocidade dos ventos de tempestades severas (km/h)

• Rxxx - total de peso dimensionado pela hipótese de Figura 6 – Variação dos pesos estruturais em função
rompimentos dos cabos (kgf), dos ventos de tempestades severas - Torre C
• Txxx - peso total da estrutura (kgf).
6

Os resultados nas Figuras 4 a 6 permitem as seguintes 5.0 - CONCLUSÕES


observações quanto aos pesos dos elementos das
estruturas quando as hipóteses adicionais de Os carregamentos do vento atuando diretamente na
carregamento são introduzidas, sempre em função da estrutura calculados pelas normas IEC 60826,
variação dos ventos de tempestades severas: NBR 5422 e ASCE 74 para terrenos com rugosidade
• Os pesos dos elementos dimensionados pelos equivalente a locais abertos ou com poucos obstáculos
carregamentos de construção e manutenção são muito próximos. Para as demais categorias de
praticamente não se alteram. terrenos existem discrepâncias acentuadas entre as
• Os pesos dos elementos dimensionados pelas normas.
hipóteses de ruptura decaem com as velocidades de
tempestades. No caso dos carregamentos nos cabos, a igualdade
• O efeito inverso é observado no caso das hipóteses entre as normas IEC 60826 e ASCE 74 se dá para
dos ventos de tempestades, propriamente dito. áreas planas e desobstruídas. Para os terenos mais
• No geral, dependendo do tipo de estrutura, esse comuns ao longo de LT’s, abertos com poucos
efeito de troca, nos elementos dimensionados por obstáculos, a IEC 60826 conduz a um carregamento
ruptura e ventos de tempestade, resulta em variações maior que a ASCE 74. O aumento é da ordem de 10%
modestas no peso total da estrutura, sendo os maiores a 30%, dependendo da altura dos condutores.
acréscimos relacionados às velocidades básicas mais
Para os três padrões estruturais e as hipóteses de
baixas.
carregamentos considerados no IT, os pesos dos
Para se obter uma melhor sensibilidade de cada efeito elementos dimensionados pelas hipóteses de ruptura
dos carregamentos adicionais do vento, foi efetuada decaem com as velocidades de tempestades,
uma análise para a Torre B, onde para cada vento enquanto que o inverso é observado com os
básico foram desenvolvidos projetos considerando três carregamentos de ventos de tempestade severas
hipóteses de carga atuando nas estruturas: propiramente ditos. No geral, dependendo do tipo de
• apenas vento básico mais vento torsional, estrutura, esse efeito de troca, nos elementos
• apenas vento básico mais vento de rajada plena, dimensionados por ruptura e ventos de tempestade,
• vento básico mais os dois ventos de tempestades resulta em variações modestas no peso total da
severas. estrutura, sendo os maiores acréscimos relacionados
às velocidades básicas mais baixas. Os efeitos dos
Nessa análise estendeu-se a velocidade dos ventos de ventos de tempestades severas só começam a
tempestades severas até 260 km/h. influenciar o peso total das estruturas quando o seu
valor é duas vezes maior que o vento básico.
A Figura 7 apresenta a variação do peso total da torre
B em função da velocidade dos ventos de tempestades A hipótese associada ao vento torsional não tem efeito
severas, onde pode ser visto que: no dimensionamento dos padrões estruturais
• a hipótese associada ao vento torsional não tem analisados no IT. Como conseqüência, a hipótese do
efeito no dimensionamento desse padrão estrutural. vento de rajada plena leva ao mesmo resultado ao
Como conseqüência, a hipótese do vento de rajada considerar conjuntamente as duas hipóteses adicionais
plena leva ao mesmo resultado ao considerar do vento.
conjuntamente as duas hipóteses adicionais do vento.
• existe nitidamente uma velocidade limite para o 6.0 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
vento de tempestades severas acima da qual a mesma
passa a ser dominante no dimensionamento estrutural.
|1| IEC – International Electro Technical Comission,
Este limite é tão mais elevado quanto maior for a
"IEC 60826 - Design criteria of overhead transmission
velocidade do vento básico de projeto. 0
lines", Technical Comitee n 11, Secretariats 27 & 28,
5,6 Recommendations for Overhead Lines, Ed. 3, 2000.
5,5 |2| ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas,
5,4
"NBR 5422 - Projeto de Linhas Aéreas de Transmissão
Rajada plena e ambos
de Energia Elétrica – Procedimentos", 1985.
5,3
|3| ASCE – American Society of Civil Engineers,
Peso (kgf x 1000)

5,2 Torsional
T130 "ASCE 74 Guidelines for Electrical Transmission Line
5,1 Structural Loading", ASCE Manuals and Reports on
5,0
Engineering Practice, 1991.
Rajada plena e ambos

4,9 Torsional |4| Silva Filho, J.I.; Andrade, V.H.G.; Borges, J.B.S. e
T110
Coutinho, C.E.O., "Considerações Sobre o Vento no
4,8
Rajada plena e ambos
Projeto e Recapacitação de Linhas de Transmissão",
4,7
T80
Torsional Grupo III, GLT, XVI SNPTEE, Campinas, Brasil, 2001.
4,6
|5| Ruffier, A.P. e Lisboa, E.F.A., "Critérios de Cálculo
4,5 // de Carregamentos para Torres de Linhas de
0 160 170 180 190 200 210 220 230 240 250 260 Transmissão", Relatório Técnico CEPEL, Rio de
Velocidade dos ventos de tempestades severas (km/h)
Janeiro, Brasil, 2002.
Figura 7- Variação dos pesos estruturais de cada
|6| Silva, A.O. et al., "Reforço das Estruturas do
hipótese de carga em função da velocidade dos
Sistema de Transmissão em 765kV de Itaipu",
ventos torsional e de rajada plena para a torre B
International Seminar on Transmission Line
Innovations, Rio de Janeiro, Brasil, 1999.

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