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Avaliação Final de Introdução ao Pensamento Econômico

1) Existe um fio condutor entre Smith, Ricardo e Marx no que se refere à compreensão
da relação entre valor, trabalho e lucro. Explique quais foram as conclusões destes autores
acerca desta relação apresentando as semelhanças e diferenças entre seus pontos de vista.
A teoria do valor-trabalho parte da ideia de que a atividade econômica é essencialmente
coletiva. Portanto, o valor econômico de uma mercadoria é determinado pela quantidade
de trabalho que, em média, é necessário para a produzir, incluindo aí todo o trabalho anterior
(para produzir suas matérias primas, máquinas, etc). Ou seja, pela teoria, quanto mais um
produto é difícil de encontrar, mais valioso é, o seu valor é mensurado por todo o esforço que
lhe foi executado durante o processo de produção. Marx utiliza, em sua teorização, as distinções
de valor de uso e valor de troca inicialmente concebidas por Adam Smith. O primeiro está
ligado à utilidade da coisa ou ao atendimento de uma necessidade social em particular, enquanto
o segundo estaria sujeito a flutuações geradas por fatores políticos
(intervenção cambial, medidas protecionistas, etc.) e da demanda. E os lucros são proporcionais
ao patrimônio empregado na produção.
De acordo com Marx, o assalariamento não é uma determinação primária do lucro, ou
seja, pode haver lucro sem que haja assalariamento. Basta que um determinado processo de
intercâmbio de mercadorias e/ou dinheiro permita a apropriação não se encontra referido a
qualquer contribuição ou remuneração do trabalho daquele que o apropria.
Ao que se diz respeito às diferenças dos pontos de vista desses autores, Smith trata do
trabalho comandado, que consiste na medida da riqueza produzida, isto é, a quantidade de
trabalho associado a uma mercadoria. Já o Marx, defende a substância do valor como o tempo
de trabalho humano abstrato socialmente necessário, assim se relacionando de forma mais
próxima a definição de trabalho incorporado, suas ideias são mais próximas ao que Ricardo
intervém. E por fim, Ricardo defende que a quantidade de trabalho que é usada para fabricar
determinado produto é que na realidade define o valor da mercadoria e sua relação de troca, o
preço.
2) A teoria neoclássica dos fundos emprestáveis justifica o fluxo circular da mesma
abordagem. Assim, sustenta-se a ideia de que existiria um equilíbrio geral em que o vazamento
pela poupança retorna para o sistema como investimento regulado pela taxa de juros. Explique
como Keynes subverte esta abordagem a partir da introdução da demanda por moeda e sua
relação com a taxa de juros. Responda também por que na visão Keynes o equilíbrio automático
entre poupança e investimento pode não ser alcançado?
De acordo com Keynes, a taxa de juros é um primeiro determinante do investimento.
Distingue-se da visão neoclássica, onde, de acordo com a Teoria dos Fundos de Empréstimos
(TFE), a taxa de juros é determinada conjuntamente pela poupança, a oferta de fundos
emprestáveis e pelo investimento, a demanda desses fundos. Nela, a poupança, necessária para
que haja investimento, possui uma prioridade causal. Keynes reverteu essa causalidade ao
destacar que o investimento pode se elevar independentemente da existência prévia de
poupança (abstenção de consumo), provocando elevação da demanda efetiva e,
consequentemente, da renda agregada.
A teoria neoclássica ignora as instituições, particularmente as instituições financeiras.
Dá ênfase no equilíbrio e/ou na tendência ao equilíbrio, ou seja, em como os mercados
descentralizados adquirem coerência e coordenação na produção e na distribuição. A teoria de
Keynes acha que as questões sobre evolução das rendas, produtos e preços devem ser
respondidas no contexto atual das instituições e práticas financeiras.
A causalidade do modelo neoclássico é a seguinte: o investimento e a poupança
determinam a taxa de juros (a partir da TFE), a qual determina a demanda por moeda. Ao
contrário, na Teoria Geral, a preferência pela liquidez determina a demanda por moeda e, num
segundo momento, as variações da taxa de juros que permitem igualar demanda e oferta por
moeda. Assim, na teoria neoclássica, a demanda por moeda é determinada pela taxa de juros,
enquanto na TG, a taxa de juros é determinada pela demanda por moeda.

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