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ÁGUAS LINDAS
2013
IVANI RODRIGUES PANFERRO
TARCÍSIO JOSÉ FERREIRA
ÁGUAS LINDAS
2013
Monografia de autoria de Ivani Rodrigues Panferro e Tarcísio José Ferreira,
intitulada A CAPOEIRA NA ESCOLA: A LEI 10.639/2003 COMO POLÍTICA
PÚBLICA AFIRMATIVA, apresentada como requisito parcial de avaliação para a
obtenção do grau de Bacharel em Administração Pública, pela Universidade
Estadual de Goiás (UEG), em 13 de Dezembro de 2013, defendida e aprovada pela
banca examinadora abaixo assinada:
______________________________________________
Prof. Esp. Wagner Rodrigues dos Santos
Orientador
______________________________________________
Prof. Esp. Neyde Maria Silva
Arguidor
_____________________________________________
Prof. Esp. Alberto Damião Lopes de Souza
Arguidor
ÁGUAS LINDAS
2013
DEDICATÓRIA
Agradeço a minha família pelo apoio dado durante todo o decorrer do curso
para enfrentar todas as dificuldades que apareceram nesse período. A minha mãe
Zilda, minha avó Ana e meu avô José, que nunca deixaram de acreditar em mim e
que me incentivaram todo o tempo, fazendo com que eu chegasse ao final dessa
longa caminhada com êxito. As minhas Tias: Ivaneide, Liliane, Lêda, Ivani e
Elisabete; meus tios José Carlos e Vinícius e as minhas primas.
Aos meus amigos de classe da UEG, que nos momentos em que precisei da
colaboração, nunca deixaram de ajudar-me e foram compreensivos comigo,
principalmente na reta final. A Dulcinéia como Tutora, Professora, Coordenadora,
Secretária e todas as funções que desempenhou para nos ajudar
E Por fim, o mais importante, Deus, o Todo Poderoso, que a ele sempre pude
recorrer nas horas mais difíceis e pedi-lhe toda a sabedoria e entendimento para
findar esse curso.
Agradeço a minha família pelo apoio dado durante todo o decorrer do curso
para enfrentar todas as dificuldades que apareceram nesse período. A minha mãe
Ana, e meu pai José, que nunca deixaram de acreditar em mim e que me
incentivaram todo o tempo, fazendo com que eu chegasse ao final dessa longa
caminhada com êxito. As minhas irmãs: Zilda, Ivaneide, Liliane, Lêda, e Elisabete;
meu irmão e meu cunhado José Carlos e Vinícius José.
Aos meus amigos de classe da UEG, que nos momentos em que precisei da
colaboração, nunca deixaram de ajudar-me e foram compreensivos comigo,
principalmente na reta final. A Dulcinéia como Tutora, Professora, Coordenadora,
Secretária e todas as funções que desempenhou para nos ajudar
E Por fim, o mais importante, Deus, o Todo Poderoso, que a ele sempre pude
recorrer nas horas mais difíceis e pedi-lhe toda a sabedoria e entendimento para
findar esse curso.
Capoeira has long been marginalized and criminalized, however, the passage of time
this was tentatively won their space, and expanding silently to gain their Certificate of
Registration of Capoeira as a Brazilian Cultural Heritage, delivered in 2008. The
practice of capoeira, as it is also known, when properly resolved, can bring forth good
fruit, and this, associated care practices and public policies bring amazing changes,
as the rescue of children and adolescents. Also in this work affirmative public policies
aimed at the affirmation of minority and / or historical disadvantages groups were
addressed, as well as an inclusive and less judgmental light of Law 10.639/2003
educational policy. The chapters are basically the history of capoeira, portraying from
its inception until today, the social-welfare and affirmative as public education policy
and public policy.
BA – Bahia
EC – Emenda Constitucional
SP – São Paulo
Introdução.................................................................................................... 11
2. Metodologia.............................................................................................. 13
Considerações Finais.............................................................................. 72
Referências Bibliográficas.......................................................................... 75
11
Introdução
O presente estudo traz como foco principal os ditos de Silva e Heine (2008),
onde diz que, a capoeira também pode dar às pessoas um sentido de dignidade
para a vida, esperança e força para lutar e construir um futuro melhor para todos.
Além de inclusão a capoeira também traz consigo outros valores, entre eles o fato
de o indivíduo se perceber como sujeito de sua própria vida e não como objeto e a
agregar valores para a sua vida e levá-los ao seu contexto social. O cotidiano dos
treinos de capoeira gerou nos jovens cumplicidade e companheirismo acentuado. O
que se viu foi à agressividade, a hostilidade e a desconfiança transformarem-se em
amizade, respeito, compreensão, alegria e apoio mútuos. Crianças que tinham
dificuldades em sentar em uma roda para uma conversa ao final da aula entenderem
o sentido da disciplina e organização que grassam na realização de uma roda de
capoeira. (2008, p. 32). Assim, este é o olhar do assistente social que busca por
meio da capoeira alcançar as pessoas e trabalhar com elas seus direitos, sua
cidadania. Também apresenta como objetivo principal, mostrar a importância da
12
2. Metodologia
Santos (2002) ainda diz que “a pesquisa científica pode ser caracterizada
como atividade intelectual intencional que visa responder às necessidades
humanas”. Percebe-se, neste trecho, qual a importância de uma pesquisa no meio
acadêmico e sua necessidade para a formação do indivíduo. Michaliszyn e Tomasini
(2006) consideram o projeto de pesquisa como “ponto de partida e elemento
fundamental em todo e qualquer processo de pesquisa científica”.
assunto ou fenômeno”. Este trabalho tem como objetivo maior servir de fonte de
referência para futuros trabalhos acadêmicos e, quem sabe, servir de fonte primária
para futuras pesquisas de campo. Santos (2000) reforça: “cada avanço científico é
um pequeno pedaço da história de uma necessidade humana, dividida e
reconhecida por meio dos diferentes nomes com que se identificam as diversas
ciências”. Depreende-se desse pensamento que a pesquisa científica para nascer
necessita de um pensamento inicial, de um estímulo, para que outros possam
desenvolver os pensamentos em todas as áreas possíveis.
Neste trabalho será apenas de cunho bibliográfico por não dispor de tempo
suficiente para ir a campo, captar dados e tabular os mesmo, porém não menos
importante que outros métodos, o bibliográfico requer uma leitura, minuciosa e mais
detalhada. Para tal, foi dependido horas e horas para a obtenção de tal
consideração.
16
Assim como relata Oliveira e Leal (2009, p. 44), “A história da capoeira foi
marcada por perseguições policiais, prisões, racismo, e outras formas de controle
social que os agentes dessa prática cultural experimentaram em suas relações com
o Estado Brasileiro”. Além disso, a história da capoeira como a história do Brasil é
cheia de controvérsias e falta de documentos comprobatórios de suas práticas, suas
ações, suas falhas e tantos outros que necessitam para se ter uma consistência
tanto documental como histórica.
O capoeira não tem lugar nesta galeria de heróis nacionais. Bêbado, vadio,
ocioso, mestiço, baderneiro, desordeiro, vicioso, vadio, era o paradigma da
escória urbana, pior que o preto africano ou que o índio puro. Mas como um
fantasma ele percorre em espectro as páginas do Instituto Histórico e
Geográfico Brasileiro, lugar privilegiado de construção de uma memória
nacional, em uma espécie de elogio invertido, onde a nobre classe dos
historiadores do Império usa os subterrâneos dos pés de páginas para dar
vazão aos seus “instintos mais primitivos.
Mas o capoeira nem sempre foi tratado dessa maneira como escória da
sociedade, ou como um vadio, ocioso como descrito dentre tantos adjetivos
degradantes, estes tiveram seus dias de glória e honra e deixaram suas marcas
como grandes homens e mulher cravadas na história do povo brasileiro.
Muito se fala sobre o surgimento da capoeira, se ouve muito que esta prática
nasceu na África e fora trazida para o Brasil, outros autores dizem que esta nasceu
entre os escravos que aqui se encontravam ou, dos escravos que queriam fugir das
17
Para Moura (2009 p. 9), este diz que: “trazida pelos negros que vinham da
África, e talvez aqui aperfeiçoada, a capoeiragem, no dizer de Melo Moraes, era
nada mais nada menos do que um jogo de destreza (...)”. Daí pode-se perceber que
o autor já caracteriza a capoeira como prática africana e aperfeiçoada aqui no Brasil.
Nesse parágrafo abordado pelo autor acima citado, nos traz reflexões
consideráveis de onde realmente a capoeira surgiu e se podemos considerá-la como
objeto nacional. De fato, são elementos que requer uma atenção especial, como
também relatam Oliveira e Leal (2009, p. 11), “um tema, por isso, cheio de
armadilhas e riscos (inclusive morais) para quem deseja abordá-lo”. Faz-se
necessário ter um conhecimento relativamente aprofundado para desenvolver este
tema ou pode-se cometer o erro de colocar as opiniões particulares dentro de um
assunto dúbio como o surgimento da capoeira.
18
A partir desse fragmento tem-se uma ideia de que uma parte das histórias,
contada sobre a capoeiragem, são oriundas de ficcionismo ideológico, a fim de
explicar algo desconhecido ou omitir algo indesejável, tanto a prática da omissão,
quanto invencionismo pode dificultar aspectos historiográficos da origem da
capoeira, porém, esses fragmentos também podem ser úteis para estudos
antropológicos do surgimento da capoeira.
Ainda Conde (2007 p. 27) diz que: “já a história baseada nos documentos
parece alongar o espaço e o tempo, al[em (SIC) de fragmentar a capoeira,
retratando-a como um grande quebra-cabeça no qual faltam diversas peças”.
Por esse motivo afirmam Oliveira e Leal (2009, p. 27), “A história da capoeira,
19
Mas, Conde (2007, p. 27) contradiz os ditos de Mora dizendo que “(...) sua
origem sempre retorna à Bahia, e o seu destino final é Salvador”. Como se pode ver
é um jogo de contradições que, infelizmente está longe de se chegar ao fim; mas
Oliveira e Leal (2009, p. 41) resume bem o impasse de muitos autores dizendo:
20
A esse respeito, Conde (2007, p. 28) ressalta o seguinte: “Alguns livros sobre
a capoeira fazem uma certa mixórdia histórica, apresentando um aspecto evolutivo
da cultura da capoeira, unindo a história oral a documentos históricos”. Lembrando
que na história oral há uma perda substancial e relevante dos fatos e na
documentada há lacunas imensas por consequência dos atos políticos da época.
1
Viagem Pitoresca Através do Brasil
2
Dança da Guerra
21
Segundo Soares (2001 apud Conde 2007 p. 32), “Ao longo do século XIX, tal
virtualidade acabou por se transformar em campo de ação: a capoeira passou a ser
vislumbrada apenas como uma luta perigosa que transformava o corpo em uma
potente arma de desferir golpes mortais, principalmente com a cabeça e com os
pés”. Pode-se perceber que a capoeira não mais tem seus elementos iniciais e sim
ganha a malícia das ruas passando a ser temida.
Contudo, vale ressaltar que além do artigo 402, os artigos 403 e 404 também
tratavam-se sobre a criminalização da prática da capoeiragem no Brasil.
Para Moura (2009, p. 51), em seu trabalho, relata que “exímios cultivadores
da capoeiragem, autênticos campeões, os mestiços concomitantemente também
contribuíram para sua desvirtuação, pois foram os responsáveis pela introdução de
armas na capoeira, o que não se registrava nas suas primitivas manifestações”.
Esses mestiços como eram chamados os capoeiras, eram os filhos dos negros que
outrora foram escravos, estes, já com um porte físico mais desenvolvido e com
agilidade superior ao dos seus mestres; essa herança genética se deu, talvez, pela
miscigenação da população.
Oliveira e Leal (2009), dizem que a capoeira ganhou esse aspecto criminoso
por ser:
3
BRASIl. Decretos do Governo Provisório da República dos Estados Unidos do Brasil. Décimo
fascículo de 01 a 301 de outubro de 1890, capítulo XIII. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1890. p.
2734-2735. Arquivo Público do Estado do Pará.
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Uma história que trata de certos indivíduos que estariam sendo apontados
como marginais em determinado momento – portanto, excluídos da
sociedade devido às suas qualificações “negativas” – e que seriam
“assimilados” em outra ocasião, graças aos benefícios que poderiam trazer
à mesma sociedade ou a grupos particulares.
E continua suas palavras dizendo que “poucas vezes ela foi compreendida
como uma prática cultural pertinente à sociedade brasileira”. E que diz que a
criminalização da capoeira no ano de 1890, “tratava-se de uma criminalização
política tanto quanto social”. Nas palavras do autor, subentende que o Estado queria
o embranquecimento da cultura brasileira e a supressão da cultura africana. Assim,
o único meio de imobilizá-los era criminalizando-os.
Outro fato intrigante são os relatos de Oliveira e Leal (2009, p. 118), onde
dizem “São poucos os registros de memória que identificam mulheres capoeiras
neste período. Há uma vasta documentação que identifica mulheres portadoras de
características semelhantes a Salomé4, no que se refere à sua valentia; talvez
muitos desses casos se referissem a mulheres capoeiras”. Confrontando as palavras
4
Salomé, que segundo o Mestre Antenilo, era o nome de uma mulher formosa por freqüentar rodas
de capoeira. Ao lembrar da capoeiragem das décadas de 1920 e 1930, afirmava que Salomé
“cantava no samba e jogava capoeira”. O mestre era enfático ao salientar na bravura da valente
mulher: “você encostava, ela passava a rasteira e te botava de pernas para o ar. Entrava no Batuque
e lhe derrubava duas três, vezes. E era valente!” (Oliveira e Leal; 2009, p. 117/118).
24
Essa arte marcial brasileira como fora conhecida, também soube sobressair
de episódios constrangedores e com pomposas congratulações por seus feitos e por
demonstrar a sua superioridade por outra arte marcial estrangeira, como por
exemplo, o combate entre Ciríaco, exímio capoeira e SadaMiako, lutador de jiu-jítsu
e nipônico. Depois de derrotar o nipônico com o rabo-de-arraia, Ciríaco ganhou fama
nas páginas dos jornais e nas ruas. Mas, Ciríaco não foi o primeiro a ganhar de um
nipônico, há relatos anterior de um marinheiro que em terras nipônicas, combatera,
no cais, alguns nipônicos e sozinho utilizando do rabo-de-arraia e a rasteira vencera
os mesmos.
Porém, nem sempre houveram dias bons para os capoeiras, onde estes
também foram perseguidos, presos e condenados como diz Moura:
5
Manoel dos Reis Machado (1900-1974), capoeirista baiano conhecido por mestre Bimba, foi
responsável pela criação do Centro de Cultura Física e Regional da Bahia, onde ensinava a capoeira.
Protagonista de uma das mais importantes transformações sofridas pela prática da capoeira nas
décadas de 1930 e 1940. Representa nos dias de hoje um dos mais significativos símbolos da cultura
afro-brasileira. (OLIVEIRA; LEAL. 2009, p. 22).
6
Vicente Ferreira Pastinha nasceu em 1889. No ano de 1941, fundou o Centro Esportivo de Capoeira
Angola, situado no Largo do Pelourinho. Pastinha trabalhou bastante em prol da Capoeira,
representando o Brasil e a Arte Negra em vários países. Em Abril de 1981, participou da última roda
de Capoeira de sua vida. Numa sexta-feira, 13 de novembro de 1981, Mestre Pastinha se despede
desta vida aos 92 anos, cego e paralítico, vítima de uma parada cardíaca fatal. (CARNEIRO; 2012).
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da primeira geração republicana. Essa mudança fora crucial para a (re) aceitação da
capoeira novamente na sociedade.
A partir desse relato, percebe-se que foram necessários mais 20 anos para
que a capoeiragem tivesse seu espaço tímido e sufocado, como um pontapé inicial
para a sua expansão e aceitação. Conde (2007) acrescenta “um ponto sobre os
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projetos de Bimba que parece consensual entre seus alunos è a sua tentativa de
ampliar o universo da capoeira. Possibilitar que a prática rompessem barreiras
sociais e étnicas, no que parece ter obtido pleno sucesso”.
Mestre Bimba buscou arquitetar uma capoeira que pudesse ser introduzida
socialmente, fugindo do estigma marginal, e para isso usou subsídios ligados à
influência do positivismo na educação física brasileira, a saber: o treinamento
sistematizado, a fragmentação e uniformização da técnica e uma plástica mais
retilínea. Tudo isto acompanhando a uma maior preocupação com a eficiência e
eficácia da luta. De forma análoga, Mestre Pastinha buscou edificar uma capoeira
que pudesse ser inserida socialmente, que fosse desmarginalizada, e para isso
também a institucionalizou, tirando a sua prática das ruas e criando os centros
esportivos, como sistematização do ensino, uniformes – como os abadás, camisas e
cordas -, estatutos, porém, amparada em um discurso de valorização dos antigos
fundamentos e da tradição da capoeira. Onde nasce a capoeira Regional, do Mestre
Bimba e a capoeira Angola, do Mestre Pastinhas.
Oliveira e Leal (2009, p. 48), destacam alguns autores que abordavam o tema
capoeiragem: “(...) (destacam-se nesse aspecto os trabalhos de Arthur Ramos,
Edson Carneiro e Gilberto Freyre). Posteriormente, a capoeira também seria
resgatada como cultura nacional, a partir das obras de Jorge Amado, Carybé e
Pierre Verger”. Pode-se perceber que a capoeira já estaria conseguindo o seu
espaço na literatura e consequentemente como cultura nacional, perdendo assim, o
título de marginalização.
(...) ela é uma rica expressão da cultura afro-brasileira, tanto no Brasil como
no exterior. A maior prova disso foi o registro da capoeira, em 2008, como
bem da cultura imaterial do Brasil, por indicação do Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional, órgão do Ministério da Cultura (IPHAN/MinC).
Seu registro foi votado no dia 15 de julho de 2008, em Salvador, capital da
Bahia, pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural do IPHAN, conselho
este constituído por 22 representantes de entidades e da sociedade civil, e
que tem o poder de deliberar a respeito dos registros e tombamentos do
7
patrimônio cultural brasileiro . O registro possibilita o desenvolvimento de
medidas governamentais de suporte à comunidade da capoeira, a exemplo
de um plano de previdência social para os velhos mestres da capoeiragem;
programas de incentivo para o desenvolvimento de políticas pelos próprios
7
As informações sobre a cerimônia de tombamento da capoeira, ocorrida em salvador, BA, tem como
fonte as notícias veiculadas na imprensa nacional e local, a exemplo dos jornais Folha de São Paulo
(SP), A Tarde (BA) e Correio da Bahia (BA), assim como o site oficial do Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
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Tudo isso se deu graças a Mestre Pastinha e Mestre Bimba, que lutaram e
idealizaram uma capoeira diferente daquela praticada outrora por criminosos
políticos e marginais, resgatando a capoeira de “raiz”, aquela que um dia fora
praticado por escravos, que lutavam e buscavam a sua liberdade em terras
desconhecidas longe de suas casas.
p. 69) dizem:
Nesse contexto, o conjunto das políticas sociais brasileiras vive há anos sob
forte embate entre duas correntes, que envolvem orientações teórico-metodológicas
e ideológicas distintas. De um lado, reconhece-se o aumento da cobertura e do perfil
redistributivo da política social, desde que os dispositivos infraconstitucionais da
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até meados de 1970, o padrão das políticas sociais brasileira poderia ser
classificado como meritocrático particularista, reproduzindo o sistema de
desigualdade sociais já existentes, com aspectos redistributivo e igualitários restritos
à educação básica e à saúde de emergências. No final da década de 1970 e a partir
de 1980, os programas assistenciais voltam-se para a “distribuição gratuita de bens
e serviços sociais”, atribuído a estes programas o estigma de “face pobre da política
social”, fértil campo para as práticas assistencialistas e clientelistas.
firmar como um autor da sua própria história e não como objeto passivo da mesma,
assim este pode ter o mínimo de dignidade assegurado para que os outros sejam
conquistados.
Além disso, não foi pequeno o preço cobrado pelos caminhos que foram
adotados pela política macroeconômica, principalmente os que recaíram sobre a
política social, que se encontrava em processo de afirmação e construção. Essas
políticas se viram forçadas e tensionadas a tratar com uma ampliação das
contradições sociais e com a conseqüente expansão das necessidades sociais
insatisfeitas, advindas da queda do rendimento e do nível do emprego formal e da
ampliação da pobreza, entre outras mazelas sociais.
39
No Brasil, porém, esse caminho foi lento, tendo seu início em 1979 com a
criação do Código de Menores. Somente em 1989 a Convenção Internacional dos
41
Não são mais entendidas ou vistas como simples objetos, por parte da
Família e do Poder Público. Não são mais os menores sociais em situação
irregular, possuem direitos tais como os adultos, mas que lhes são
peculiares. A política de atendimento fundamentada pelo art. 87 do ECA,
retrata a concepção de situação irregular para um grupo considerado
minoria para a doutrina de proteção integral extensiva a todas as crianças e
adolescentes. (GODOI et al: 2009, p. 90).
Além disso, possui carga discriminatória negativa por quase sempre se referir
apenas a crianças e adolescentes autores de ato infracional ou em situação de
ameaça ou violação de direitos. Os termos adequados são criança, adolescente,
menino, menina, jovem.
Em outras palavras, o autor nos afirma que o indicador social é útil para a
pesquisa acadêmica na área social, pois permite o estabelecimento de relações
entre a teoria estudada e os fenômenos sociais observados, servindo de instrumento
para que a academia aprofunde seus estudos sobre a realidade social, e para as
sociedades e seus respectivos governos, uma vez que é de grande utilidade no
monitoramento das condições de vida da população, podendo embasar a
formulação ou o ajuste de políticas públicas.
Neste mesmo viés, Heilborn et al (2010) diz que “a definição do que sejam
políticas públicas ainda é um campo em discussão”. Pois, as políticas estão sempre
em mutação, modificando-se para poder atender às necessidades desses grupos
que dela necessitam. E ainda acrescentam que “diferentes autores/as ressaltam o
crescimento desta área do conhecimento e têm produzido teorias sobre o tema”.
49
Essas teorias diversificadas podem ser um grande ganho para a população pois,
a cada definição está englobando um grupo diferenciado de minorias que forma
excluídos ou marginalizados pela sociedade.
Na fala da autora pode-se perceber que nesta definição, ela traz uma
diferenciação, porém interligada com decisões políticas, onde nem todas as
decisões são políticas públicas, como nem toda política pública derivam de decisões
políticas, assim, fica clara a ideia de que nem sempre as políticas estão ligadas ás
decisões governamentais.
termômetro que mede a aplicabilidade das mesmas e se elas estão de fato sendo
eficazes. Apartir da participação social, consequentemente virá o reconhecimento e
nem sempre à justiça. Há muitas razões para isso, mas, ao tentar simplificar, deve-
se insistir no fato que a própria nação supõe uma avaliação das situações em função
de realidade externa. Enquanto isso a nação exige que os parâmetros adotados
levem em conta realidade internas, inerentes à distribuição em classes da população
de cada país, considerando isoladamente. (SANTOS, 1979, p.77).
Vê-se que há muito que se trabalhar com relação à aceitação do outro, ou dos
outros, percebe-se que todos os indivíduos perpassam por muitos grupos sociais,
alguns são aceitos e outros não. Essa diversidade de grupos é o que vai formando a
identidade dos indivíduos. Porém, essa identidade não se consolida ou abstêm
somente a um grupo específico. Os grupos em que são inseridos e repelidos
também são os que deixam marcas e estas, leva-se para toda a vida ou apenas um
curto espaço de tempo. Contudo, o fato de serem repelidos por alguns grupos
sociais ou serem aceitos, podem gerar confrontos, desconfortos ou até mesmo
preconceitos por parte dos outros. E aí que nasce o problema com a aceitação da
diversidade.
Merlucci (1980) diz que "há outros fatores, além da exploração da força de
trabalho, que devem ser considerados na compreensão da acumulação e da
produção de desigualdade".
público LGBT, para as mulheres e as políticas afirmativas são algumas dessas para
públicos específicos.
O Brasil precisa melhorar muito com relação à tolerância, tanto religiosa, raça,
gênero, políticas e em todos os aspectos, a formação pode até contribuir para isso,
porém, não justifica que até hoje se valem disso para justificar atos delituosos com
relação a intolerância, pois se colocar tais questões a prova, se vê que se
perpassapor vários grupos diferentes e que linhagens puras também não existem.
8
Citações retiradas de: HEILBORN, Maria Luiza; ARAÚJO, Leila; BARRETO, Andreia (Org.). Gestão
de Políticas Públicas em Gênero e Raça. Brasília; Secretaria de Políticas Públicas para as
Mulheres: Rio de Janeiro, CEPESC, 2010. p. 97-98.
56
Vê-se algumas empregadas domésticas que são tidas como escravas dentro
da casa dos seus patrões, porém, estas se submetem a tal vida por medo ou receio
de não achar ou ser aceita em outra casa por conta da sua baixa escolaridade. Não
só as empregadas têm-se caseiros, prestadores de serviços, faxineiros e tantos
outros.
Brasil.
de ensino fundamental e médio com uma revisão dos conteúdos, onde foram
inseridos a formação sócio histórica do Brasil trazendo as questões de africanidades
e negritude para o discurso.
Assim, pode-se perceber que anos após anos sempre houve e haverá lutas
por reconhecimento em todo o mundo, e que essas se fazem importantes para a
manutenção e discussões na sociedade, afim de trazer melhorias e ajustes a esta.
Carneiro (2004), ainda acrescenta que ser mulher, negra e pobre é muito pior,
com relação ao preconceito, do que ser homem, ou seja, o “camaleonismo” do
preconceito atinge camadas diferentes de uma mesma classe, raça, gênero e
quanto mais adjetivos tem uma indivíduo, maior o preconceito sofrido por este e
mais o Estado deveria [grifo nosso] ampará-lo.
Às vezes é necessária uma visão ufanista para poder viver e ter sonhos, pois,
com tantas posturas que se ver em relação às questões de raça e etnia algumas
vezes traz sensações de desmoronamento, e outras força de vontade de lutar por
questões afirmativas com mais afinco.
60
Percebe-se que as políticas públicas afirmativas têm que ser mais expansivas
e necessita de um olhar mais clínico nas questões de desenvolvimento e
permanência. Também, se faz necessário uma política de continuidade das já
existentes, onde muitos indivíduos que conseguiram ingressar, por exemplo, nas
universidades, através das políticas afirmativas, tem extrema dificuldade na sua
permanência e continuidade na mesma, onde muitos são absorvidos pelo mercado e
poucos conseguem alcançar patamares almejados.
Essa Lei que assegura o direito a integridade da mulher diz que “(...)
disseminar boas informações nos ambientes de convívio, para que cidadãs e
cidadãos tomem consciência do quanto certas ações individuais fazem a diferença
em favor do todo”. Ou seja, o indivíduo precisa enxergar-se enquanto autor da sua
vida, e quando se tornar um indivíduo ativo, consequentemente também se torna na
sociedade.
Assim como vemos nas letras das músicas de Ary barroso, Aquarela do
Brasil, Elza Soares, a carne e de Candeias, dia de graça algo em comum sendo o
negro como forma de força de poder e a reafirmação e reconhecimento destes no
tocante ao poder, e suas dificuldade no enfrentamento das desigualdades sociais,
sempre achando meios de combater a exploração e a violência cotidiana.
da luta política.
Uma forma comum utilizada por aqueles que criticam as cotas é iniciar o
artigo com um discurso aparentemente favorável a elas, ou “politicamente
correto”, como, por exemplo, ressaltando a gravidade e a “inaceitabilidade”
da situação de precariedade dos negros no Brasil, para em seguida afirmar
que, apesar disso... é contrário à adoção das cotas.
Indo de encontro ao que disse a autora, nem sempre o que se pensa negativo
a respeito das cotas são cem por cento de forma a macular ou uma forma de
discriminação como afirmou esta, mas também, uma forma de melhorar para que
futuramente todos possam usufruir de tal recurso.
Nesse contexto, a cultura afro também tem seu espaço no ambiente escola,
contudo, esse espaço se torna restrito ao ensino de história, a capoeira, com suas
apresentações esporádicas e ao dia 20 de novembro, dia da consciência negra. Não
obstante, eventuais apresentações podem ocorrer decorrentes de trabalhos de
disciplinas em salas fechas com grupo de alunos restritos.
Dessa forma, pode-se perceber que o texto da lei, está restrito as áreas de
educação artística, a literatura e a história, não abrangendo a geografia, com os
espaços e sua distribuição geográfica, onde se localizam, por exemplo, as
comunidades Quilombolas, os Calungas e outros poucos restantes. Não
contemplando a Educação Física, com a capoeira, arte genuinamente brasileira,
dando espaços para artes, não menos importantes, porém excluindo a nossa como
65
sendo inferior. A biologia, que por sua vez, poderia fornecer dados importantes
sobre a biodiversidade local de tais comunidades e o porquê de escolher as
mesmas; e assim com outras disciplinas tão importantes que as deixaram de fora.
Para sanar tal “mal entendido” no corpo do texto da lei, foi acrescido de “todo
currículo escolar”, porém sabe-se que há uma exacerbação de conteúdo para serem
ministrado nas escolas que muitos não são contemplados por falta de tempo para
ministrar tais conteúdos.
Desde 1960, a capoeira tem adentrado as portas das escolas, fazendo parte
de uma instituição que, juntamente com a família tem papel central no
processo educativo de crianças e jovens. Nos últimos anos, a inserção da
capoeira nas escolas tem sido um processo bastante significativo nas
principais regiões do Brasil. Da mesma forma, nos diversos países em que
a capoeira se faz presente, observa-se processo semelhante. Frente a esse
fenômeno, ao qual chamamos de capoeira escolar.
Mais Silva e Heine (2008 p. 41) acrescenta que “em algumas escolas de
Educação Infantil, a capoeira é oferecida como única opção de atividade física para
as crianças por se acreditar que a gama de ações motoras presentes na capoeira
possibilita o desenvolvimento integral do aluno”. Assim, torna-se mais fácil crer que
muitas pessoas estão mudando sua concepção de atrelamento a objetos tão
somente religiosos e percebendo os benefícios que a capoeira pode oferecer.
A capoeira, como se sabe, teve seus altos e baixos durante toda a sua
trajetória desde a sua criação até os dias atuais. Esta mesma, também teve o seu
lado sombrio e sua fase de júbilo, mas hoje, depois de reformada e reformulada, a
capoeira ganhou outra cara e outro status dentro do seu contexto e objetivos. Pode-
se dizer que a capoeira é como o camaleão, assim como o nome de um dos seus
movimentos, pois, se adéqua a necessidade exigida nas circunstancias em que se
encontra, inclusive, já fora estudada por alguns autores essa faceta da capoeira e
suas transformações.
Dessa forma, a experiência social da capoeira é algo que vai bem mais
longe do que uma simples invenção (com o sentido de algo terminado,
acabado) de uma prática cultural. Ela é, na verdade, uma “constante”
reinvenção (algo que está em constante construção). Isso significa que em
cada momento histórico a prática da capoeira possui significados e
características próprias. (2009, p. 52).
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Mais é graças a essa constante mutação que a capoeira pode ser praticada
nas ruas, praças, academias, ginásios, se esgueirar pelas favelas, morros, becos e
tantos outros lugares que outras práticas esportivas, talvez, não fosse a tanto. E
também, a essas mudanças que a capoeira pode ser praticada por uma nação de
pessoas de diferentes aspectos em todo o mundo, utilizando-se da integração social
que esta pratica para a sua expansão, o seu convencimento e o seu
reconhecimento.
E acrescenta:
Considerações Finais
Essa prática parece ser melhor vista muitas vezes pelos gringos 9 do que pelo
próprio povo ao qual ela pertence, vendo tal arte sendo aclamada em muitas partes
do mundo e esquecida em seu colo materno.
Percebe-se que a capoeira está mais uma vez tímida e zoneada às periferias,
também está visível que este mesmo esporte que já fora um marco importante na
afirmação da democracia no Brasil, hoje, não é tão bem quista nas classes mais
abastarda da sociedade, dando espaços a outras atividades oriundas do ocidente e
eurocêntricas, desvalorizando as nossas raízes e nossa cultura.
O próprio preconceito escolar começa por aqueles que de fato não deveria
tem nenhum, os atores da escola – professores e gestores –, pois estes quando no
poder, ou de uma sala de aula ou de uma escola, coloca suas crenças e valores
como sendo único e perdendo o espaço onde todos deveriam ser respeitados e
acolhidos.
9
Pessoa estrangeira.
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Contudo, ainda há resistências que durante anos estão lutando pelos espaços
afirmativos da prática da capoeiragem, levando ao mundo e as ruas a importância
da prática desta e seus benefícios com programas e projetos, adentrando espaços
que mesmo sabendo que encontrará barreiras desenvolverá projetos grandiosos
como os grandes mestres do passado que lutaram, hoje, muitos mestres lutarão
para a perpetuação dessa arte, cultura, luta, filosofia.
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