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Projeto Integrador do terceiro ano de Redes de Computadores 
 

 
 
Guilherme Lannes Rodrigues,  
Heloiza Vieira de Souza,   
Kaylan Sanciani Andrade Silva 
Leticia Salesi Pereira 
Millena Menezes Lins  
 
 

 
A Inteligência Artificial 
A democratização do acesso às suas informações 
 
 

São Paulo 
2021
 
Guilherme Lannes Rodrigues,
Heloiza Vieira de Souza,
Kaylan Sanciani Andrade Silva,
Leticia Salesi Pereira,
Millena Menezes Lins.
 
 
 
 
 
 

A Inteligência Artificial 
A democratização do acesso às suas informações 

Trabalho realizado no curso de Ensino Médio


integrado ao Técnico de Redes de
Computadores do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo
– Campus Pirituba. 
Orientador: Adriano Jose Ferruzzi 
Co-orientador: Ricardo Normanha Ribeira de
Almeida 
 

São Paulo 
2021
RESUMO

A sociedade em rede é uma estrutura social baseada na tecnologia como


centro social de distribuição e processamento de informações a partir do
conhecimento acumulado sobre a sociedade e as pessoas. O objetivo central
do trabalho é construir um meio de comunicação com a população que seja
acessível e contenha informação sobre tecnologia, assim como abordar a
existência da desigualdade tecnológica dentro da sociedade atual e discutir a
importância da democratização da tecnologia utilizando as inteligências
artificiais como objeto de estudo. A presente pesquisa foi elaborada procurando
entender a existência da desigualdade tecnológica como problema estrutural e
seus efeitos na sociedade. A metodologia baseia-se em pesquisas
bibliográficas acerca da história das inteligências artificiais e das razões e
efeitos da infoexclusão, bem como a elaboração de um questionário que coleta
informação acerca do conhecimento tecno-social populacional. Ao fim da
pesquisa teórica e com o encerramento da coleta de respostas, obteve-se
estatísticas que comprovam a falta de conhecimento popular sobre
inteligências artificiais e a existência da desigualdade tecnológica, juntamente
com seus efeitos na mentalidade e habilidades da população, contribuindo, por
fim, para a percepção da necessidade da democratização tecnológica.

Palavras-chave: Inteligência Artificial, desigualdade tecnológica, sociedade em


rede, democratização.

ABSTRACT

The network society is a social structure based on technology as a social center


for distributing and processing information based on accumulated knowledge
about a society and people. The main objective of this article is to build a form
of communication with the population that is accessible and contains
information about technology, as well as addressing the existence of
technological inequality within today's society and discussing the importance of
the democratization of technology using artificial intelligences as an object of
study. This research was designed to understand the existence of technological
inequality as a structural problem and its effects on society. The methodology is
based on bibliographical research about the history of artificial intelligences and
the reasons and effects of infoexclusion, as well as the preparation of a
questionnaire that collects information about the population's techno-social
knowledge. At the end of the theoretical research and with the collection of
answers, statistics were obtained that prove the lack of popular knowledge
about artificial intelligences and the existence of technological inequality,
together with its effects on the mentality and skills of the population,
contributing, finally, for the perception of the need for technological
democratization.

Key words: Artificial intelligence, technological inequality, network society,


democratization.
Sumário
1. Introdução.........................................................................................................1

1.1 Objetivos.........................................................................................................4

1.1.2 Objetivos Gerais..........................................................................................4

1.1.3 Objetivos Específicos..................................................................................4

1.2 Justificativa.....................................................................................................5

2. Revisão Literária...............................................................................................5

2.1 Desigualdade tecnológica..............................................................................5

2.2 História das Inteligências Artificiais................................................................7

2.3 Machine Learning e Deep Learning...............................................................8

2.3.1 Machine Learning........................................................................................8

2.3.1.1 Redes Neurais Artificiais..........................................................................9

2.3.1.2 Rede Multiplayer Perceptron..................................................................10

2.3.1.3 Redes Neurais Convolucionais..............................................................11

2.3.2 Deep Learning...........................................................................................11

3. Materiais e Métodos.......................................................................................12

3.1 Montagem e criação do servidor web e do site............................................13

4. Resultados e Discussão.................................................................................14

5. Conclusão.......................................................................................................20

Referências Bibliográficas..................................................................................22
1. Introdução
O desenvolvimento de tecnologias inovadoras, em tempos de guerra, se
mostrou necessário para cumprimento de metas e a possível vitória do lado mais
desenvolvido (BRAGA, 2020). Na segunda Grande Guerra (1939-1945) os
avanços tecnológicos foram de extrema relevância para a época – em relação à
rede de comunicação militar, científica e acadêmica – e nos influenciam até o dia
de hoje (GOETHALS, 1999).

Segundo Goethals (1999, p.5-6), no início da década de 1970, houve a


criação da ARPANET (Rede de Agência para Projetos de Pesquisa Avançada)
como uma rede de comunicação local dos Estados Unidos da América. Após a
criação da ARPANET, no início da década de 1980, com a descentralização dos
servidores e o agrupamento das esferas militar, acadêmica e científica dos EUA,
ocorreu a criação de duas redes acadêmicas e científicas mais avançadas
tecnologicamente, visando um maior avanço nas pesquisas e nos projetos em
desenvolvimento, a BitNET (universitária) e a CSNET (científica).

Em 1982 ocorreu a padronização do uso de protocolos TCP-IP nas redes


da época. Posteriormente, já no final do século XX, o novo sistema de informação
desenvolvido por Tim Berners-Lee, o World Wide Web (Rede mundial de
Computadores), possibilitou o avanço na troca de informações pela rede, visando
a criação de uma rede global de computadores (GOETHALS, 1999).

Em 1985, a internet já estava mais estabelecida como uma tecnologia de


comunicação entre pesquisadores e desenvolvedores, mas o nome só começou a
se popularizar no começo da década de 1990, quando as redes começaram a
formar uma estrutura sólida e com mais funcionalidades, aos poucos saindo das
universidades e começando a ser adotada pelo mundo corporativo e por último
para o público consumidor (KLEINA, 2018).
Ao final dos anos 80, o público viu que o nascimento e crescimento da
internet já era algo muito mais avançado do que inicialmente pensavam. Na
primeira metade da década nasce o primeiro computador pessoal, e outros tipos
de protocolos são aderidos ao meio tecnológico, entre 87 e 91, foi liberado nos
Estados Unidos o uso da internet para meio comercial, com provedores privados
e novos, fora da área das universidades (KLEINA, 2018) .
1
A concepção de Inteligência Artificial foi introduzida nos anos 50, no artigo
“Computing Machinery and Intelligence” de Alan Turing, com o Teste de Turing,
que consiste em testar a capacidade de inteligência de uma máquina e compará-
lo ao de um ser humano. A década de 60 foi marcada por grandes expectativas
sobre o desenvolvimento da IA, onde já previam que os computadores seriam
capazes de jogar xadrez e resolver teoremas matemáticos, mas foi com o
programa DENDRAL, da Universidade de Stanford, que um sistema
computacional foi capaz de realizar um conhecimento intensivo, sendo o primeiro
sistema bem-sucedido nessa área (RUSSELL; NORVIG, 2004).  
Foi a partir dos anos 1980, com o desenvolvimento rápido das tecnologias,
que a IA ganhou um rumo industrial, sendo projetada principalmente pelos
Estados Unidos e Japão, visando a produção de componentes computacionais e
a interface humana. Nos dias de hoje, praticamente toda empresa de médio ou
grande porte utiliza de Inteligência Artificial, seja para produção ou voltada a
consumidores (GOMES, 2010). O investimento nessa área em 2021, de acordo
com a IDC, pode chegar a R$ 2,4 bilhões apenas no Brasil, comprovando assim o
quão necessário e promissor é esse mercado que vem ganhando mais
importância em diversos setores.    
O volume de pessoas que possuem acesso à internet vem aumentando
substancialmente; contudo, ainda se nota uma distância entre pessoas
conectadas e a massa dos que não possuem acesso tecnológico (QUEIROZ,
2013). 
Dentro desse aspecto, o sociólogo Manuel Castells reconhece a formação
de uma nova organização social – a sociedade em rede – que é
consideravelmente mais aberta e adaptável que a sociedade industrial. Contudo,
ressalta a urgência de se reconhecer novas modalidades dentro da sociedade em
rede que contribuem para manter e renovar barreiras econômicas e sociais.
Castells (2007) ainda menciona a possibilidade do surgimento de uma
“infoexclusão” (p. 287) – resultante de “uma nova tecno-exclusão” (p. 297) e da
“nova fratura do conhecimento” (p. 299). 
A “infoexclusão” se baseia no fato de que a sociedade em rede não se
baseia somente no amplo acesso a meios tecnológicos e na difusão de
informação, como também nas divergências de capacidade que a população tem

2
em utilizar esses meios para ter acesso a novas formas de poder, seja ele social
ou econômico. Tal capacidade informacional-comunicacional dentro das
sociedades dependeria de diversas condições sociais, culturais e institucionais
que dariam aos indivíduos o poder da conectividade (CASTELLS, 2006). 
Com isso, as experiencias relacionadas as novas tecnologias se tornam
consequências do acesso a renda, riqueza e poder. No Brasil, cerca de 40
milhões de pessoas não usam as redes (IBGE, 2019), esse fato está diretamente
relacionado com as condições sociais e econômicas nas quais a população
brasileira se encontra. 
Pensando na camada populacional que está conectada nas
redes, Hargittai cita que os aproveitamentos relacionados ao acesso à tecnologia
estão diretamente relacionados com o uso que se faz dela. Aproveitar mais e
melhores oportunidades oferecidas pela rede depende, é claro, do conhecimento
e competências do utilizador, o que, por sua vez, está relacionado com a posição
social dos indivíduos.  
Nesse sentido, é imprescindível entender as oportunidades abertas e os
recursos proporcionados pelo acesso e uso adequado da rede. Segundo
especialistas, o eficiente uso das tecnologias seria capaz de aumentar o capital
humano, económico, cultural, social e político dos indivíduos (HARGITTAI, 2008,
KRUEGER, 1993 e DIMAGGIO et al., 2004). 
Os seres humanos possuem a capacidade do raciocínio, e durante muito
tempo quis se compreender como o homem é capaz de manipular, modificar e
perceber um mundo muito maior que ele próprio. As inteligências artificiais agem
de maneira semelhante, são criadas por humanos, ou seja, com base no
raciocínio e ideário humano. São consideradas um campo universal, pois são
capazes de sistematizar e automatizar tarefas em qualquer esfera humana
(RUSSELL; NORVIG, 2004). De acordo com Kurzweil, Inteligência artificial é “a
arte de criar máquinas que executam funções que exigem inteligência quando
executadas por pessoas”. Logo, a inteligência artificial é um ramo da Ciência da
Computação que tem como objetivo fazer com que os computadores pensem ou
se comportem de forma inteligente (GOMES, 2010).   
Segundo o raciocínio de Morais e Araújo (2018, p. 2), o objetivo das
Inteligências artificiais é aplicar na tecnologia um tipo de inteligência baseado no

3
principal modelo de inteligência que se conhece, a inteligência humana. De
acordo com Elaine Rich, conforme citado por Moraes e Araújo (2018, p. 2), são
realizados cada vez mais estudos dentro da área da IA (inteligência artificial) para
que sistemas possam realizar tarefas melhor do que os seres humanos.   
O uso das IA’s está se tornando cada vez mais presente nas sociedades
contemporâneas, seja em redes sociais, como o Facebook, em assistentes
virtuais, como a Siri e o Google Assistente, ou utilizando-as como produto, como
a Alexa da Amazon. Por conta disso, as suas influências têm aumentado cada
vez mais, de uma maneira sutil, sem questionamento ou mesmo sem
conhecimento de sua existência por parte da sociedade. A banalização de sua
grande influência é algo que precisa ser questionado, bem como exposta a forma
de seu funcionamento, para que não haja persuasão e/ou indução de pensamento
para consumo de determinados produtos, exibidos principalmente através de
anúncios em redes sociais.  
Como as Inteligências Artificiais funcionam? Como aprendem tanto sobre o
perfil de cada usuário e oferecem um conteúdo personalizado? Quanto a
população sabe sobre as inteligências artificiais? Essas são algumas questões
que a pesquisa buscará explorar durante sua realização.  
O presente estudo tem como finalidade entender o funcionamento das
inteligências artificiais e tornar esse conhecimento acessível ao público. O seu
propósito é pesquisar sobre informações relevantes acerca de algo que se torna
cada vez mais presente na sociedade, mas que não é ampla e popularmente
discutido, e expor a investigação realizada. Baseando-se na pesquisa, será
desenvolvido um site como meio de divulgação das informações encontradas, de
modo que seja fácil compreender como as IA’s funcionam.  
 

1.1 Objetivos 

1.1.2 Objetivos Gerais


 Elaborar um meio de comunicação com a sociedade que explique de maneira
acessível temas referentes a tecnologia das inteligências artificiais; 

1.1.3 Objetivos Específicos


 Pesquisar o que são inteligências artificiais; 
4
 Pesquisar em artigos o funcionamento das inteligências artificiais; 
 Desenvolver um site interativo sobre inteligências artificiais; 
 Explicar de maneira descomplicada como as inteligências artificiais
funcionam; 
 Elaborar um relatório sobre o funcionamento e as características das
inteligências artificiais; 
 Promover a divulgação sobre a pesquisa realizada; 
 Questionar quem teve acesso ao site e pesquisas se o material produzido
pode ser considerado eficiente. 

1.2 Justificativa
O principal motivo para a realização de um projeto integrador focado nas
inteligências artificiais e sua relação com a sociedade se dá pela atualidade do
tema. Sua relação com a população, que interage com a inteligência artificial sem
o conhecimento fundamental sobre o funcionamento dessa ramificação
tecnológica, é popularmente pouco dialogada. 
Apesar de extremamente presente nas sociedades do século 21, o entendimento
sobre a tecnologia ainda é algo distante das camadas populares. 
Transformar o conhecimento tecnológico em algo que promova
acessibilidade à todas as camadas populacionais têm extrema importância, uma
vez que possibilitará o entendimento sobre as inteligências artificiais e suas
características no cotidiano. 
A acessibilidade a temas como Inteligência artificial seria capaz de
promover mais busca acadêmica e aumento na procura de formação e empregos
na área. O que se faz necessário, tendo em vista que, segundo o Banco Nacional
de Empregos (BNE), a demanda por profissionais de TI cresceu 63% em 2020.
Além disso, a Brasscom ressalta que a falta de mão de obra qualificada na área
tecnológica é um problema atual e muito presente.  
Em momentos de crescente desigualdade social, a busca por uma maior
veiculação de conhecimento pode ser vista como uma fomentação por
transformações na sociedade. 

5
2. Revisão Literária

2.1 Desigualdade tecnológica

Segundo o IBGE, um a cada cinco brasileiros não possui acesso à internet.


Totalizando cerca de 40 milhões de pessoas ou, 21,7% da população acima de
dez anos. Nos 12,6 milhões de domicílios do país em que não havia utilização da
internet, os três motivos que mais se destacaram foram: falta de interesse em
acessar a internet (32,9%), serviço de acesso à internet muito caro (26,2%) e
nenhum morador sabia usar a internet (25,7%). Em outros 6,8% das residências
os moradores disseram que não havia disponibilidade de rede na área do
domicílio e 5,0% alegaram o alto custo do equipamento eletrônico para conexão. 

 O mundo digital e todas as suas vantagens não chegam a todos de


maneira uniforme, o que está sendo considerado um novo indicador de
desigualdade social: De acordo com Spagnolo (2003) a exclusão digital é um
termo que sintetiza os contextos que impedem as pessoas de participar dos
benefícios fornecidos pelas inovações dentro das tecnologias da informação. 

Já a inclusão digital, teorizada no pensamento de sociedade em rede de


Castells, visa a democratização do acesso digital e melhora na vida de todos os
cidadãos, possibilitando maiores possibilidades de adquirir conhecimento em
diversas áreas.  

Trazendo a discussão para um contexto mais atual: como a desigualdade


tecnológica se demonstrou em plena pandemia? A fome, saúde, o
desenvolvimento e avanço tecnológico estão diretamente relacionadas as
desigualdades sociais. No período corrente, principalmente, é possível notar as
discrepâncias no acesso tecnológico e, consequentemente, na realidade
econômica brasileira. A exclusão digital em tempos de pandemia prejudica
inúmeras crianças, adolescentes e adultos e dita os níveis de conhecimento da
sociedade, limitando as oportunidades e acentuando as já existentes
desigualdades sociais.  

Tendo isso em vista, a implementação de uma era digital igualitária se


torna um novo desafio nos tempos atuais. De acordo com Blanca Carazo, diretora
6
do Comitê Espanhol de Programas do Unicef: “O mundo tecnológico se move tão
rápido que, se forem adotadas as medidas necessárias para que o acesso
chegue a todas as partes, provavelmente esse será um dos campos em que
poderemos avançar mais depressa”. 

Porém, a inclusão digital é uma ação que demanda mais que o


oferecimento de equipamentos e plataformas digitais. Incluir tecnologicamente é
dar a população a oportunidade de desenvolver habilidades que vão desde o nível
básico até conhecimentos complexos, como: capacidade de entender e trabalhar
com tecnologia (ASSUMPÇAO E MORI, 2006). Dessa forma, diversos autores
reforçam, que a inclusão tecnológica deve ser tida como política pública universal
e como estratégia de manutenção e estruturação de novos direitos sociais. 

A inclusão digital como política pública significa que ela seja assumida
ativamente pela sociedade para proporcionar o acesso aos equipamentos,
linguagens, tecnologias e habilidades necessárias para usufruir das tecnologias
de informação e comunicação. Essas iniciativas podem ser desenvolvidas por
indivíduos, empresas, governos, organizações não-governamentais, coletivos,
movimentos sociais, grupos informais, mas principalmente de maneira
coparticipativa. 

Os caminhos para a igualdade tecnológica ainda não estão bem


delineados, porém, a iniciativa trazida pelo presente trabalho visa disponibilizar
materiais acessíveis acerca da tecnologia da informação, podendo despertar
interesse e incentivar a busca autônoma por conhecimento tecnológico.  

2.2 História das Inteligências Artificiais

Apesar de a questão da inteligência artificial estar sendo mais comentada


nos últimos tempos, seu surgimento vem de muitos anos atrás, bem antes do
surgimento da tecnologia. 

7
Desde o início o ser humano quer alguém que possa fazer seu trabalho de
maneira mais rápida e dinâmica, e por conta disso sempre tentou usar a IA ao seu
favor, mesmo quando este termo nem existia. 

Em 1943, Warren McCulloch e Walter Pitts apresentam um artigo que fala


pela primeira vez de redes neurais, estruturas de raciocínio artificiais em forma de
modelo matemático que imitam o nosso sistema nervoso. Com esse passo inicial
logo foram surgindo outros artigos muito importantes como a criação de uma
máquina que era capaz de jogar xadrez sozinha, feito por Claude Shannon, a
calculadora SNC (uma calculadora de operações matemáticas simulando
sinapses, que são as ligações entre neurônios) entre outros (FABRÍCIO, 2013). 

Todas essas contribuições fizeram que no ano de 1956, ocorreu a


conferência de Dartmouth, denominassem esse campo de pesquisa
como Inteligência Artificial. Desde esse momento apoiadores da ideia começaram
a realizar pesquisar e mais pesquisas para tirar a IA do papel e se tornar algo
real. A expectativa era tão grande que órgãos privados e governamentais como a
ARPA investiram na área (FABRÍCIO, 2013). 

No começo as IA'S eram apenas usadas para aprimorações de


computadores, mas com o passar do tempo ela começou a ser utilizada em
muitas outras áreas, como biológica, que estuda o desenvolvimento de conceitos
que pretendiam imitar as redes neurais humanas (FABRÍCIO, 2013). 

Apesar de as expectativas estarem super altas em relação as IA'S e as


pesquisas acadêmicas cada vez maiores, ela não se desenvolvia com a rapidez
que esperavam, e robôs não surgiam com softwares super
avançados. Portanto na década de 70 até o começo dos anos 80, ocorreu
um período sombrio, onde não se descobria nada novo, conhecido como inverno
da inteligência artificial, uma era de poucas novidades, cortes nos investimentos e
baixa atenção ao setor (FABRÍCIO, 2013). 

Depois de um período negro, o estudo sobre redes neurais volta à tona nos
anos 1980, mas é nos anos de 1990 que ela tem um grande impulso,
consolidando-a verdadeiramente como a base dos estudos da IA. 

8
Hoje em dia a inteligência artificial é usada em praticamente tudo e está
mais presente no nosso dia a dia do que imaginamos, até no
mundo cinematográfico este assunto é abordado de forma espetacular. 

2.3 Machine Learning e Deep Learning


Para uma máquina adquirir capacidades lógicas e cognitivas como de um
ser humano, é necessário que ela aprenda sobre o ambiente e espaço que está
inserida. A fim de que isso ocorra, são utilizados dois modos de aprendizado, o
Machine Learning, ou Aprendizado de Máquina, e o Deep Learning, ou
Aprendizado Profundo, sendo, ambos, camadas internas de uma Inteligência
Artificial, ou seja, fazem parte da composição principal de uma IA.

2.3.1 Machine Learning


O Machine Learning (ML) utiliza de algoritmos1 para processar dados,
aprender e tomar decisões, possuindo diversas técnicas diferentes de
implementação. Entrando em maiores detalhes, os algoritmos recebem exemplos
e a partir desses tem o trabalho de chegar a conclusões, seja para formulação de
hipóteses ou funções, e assim resolver problemas com base nos dados
fornecidos (PACHECO; PEREIRA, 2018).

Existem dois métodos de aprendizado dentro do ML, o supervisionado e o


não supervisionado. O método supervisionado apresenta dados e exemplos, por
meio de uma programação básica sobre o ambiente, e fornece entradas e saídas
relacionadas, e a partir do algoritmo aprendido, o computador consegue juntar
novas entradas as suas respectivas saídas (PACHECO; PEREIRA, 2018). Um
exemplo de relação com o modo de aprender de um humano é quando um bebê
começa a reproduzir sons e gestos que ele vê todos os dias, e com essa entrada
de informação ele imita, aprendendo a falar e a sinalizar o que quer ou precisa.

O método não supervisionado não apresenta nenhum exemplo ou pré-


programação para a máquina, e seu aprendizado surge através de similaridades
entre os dados fornecidos, ou seja, o algoritmo separa as entradas pelos seus

1
Uma sequência finita de ações executáveis que visam obter uma solução para um determinado tipo de problema.
9
tipos e as agrupam em grupos de saída. Esse método é mais usado para análises
de padrões e de tendências (PACHECO; PEREIRA, 2018).

2.3.1.1 Redes Neurais Artificiais


É o método de aprendizado que simula o cérebro humano, ou seja, suas
redes neurais, chamadas de redes neurais artificiais nas máquinas, usando os
princípios dos neurônios2 de receber, processar e passar informações. Nesses
neurônios computacionais, existem três elementos que são similares aos três
elementos dos neurônios humanos, sendo o conjunto de sinapses3, que ligam os
neurônios uns nos outros, composto pelas entradas e os pesos sinápticos (atribui
um valor as entradas), equivalentes aos dendritos4, um somador, conhecido como
bias5, que soma os sinais de entrada pelo seu valor de peso, equivalente ao corpo
celular, e a função de ativação, que restringe a amplitude de sinal de saída do
neurônio, equivalente ao axônio6 (PACHECO; PEREIRA, 2018).

Figura 1. Neurônio Computacional

Fonte: (BIANCHINI, 2001)

2.3.1.2 Rede Multiplayer Perceptron


Igualmente a rede neural humana, a rede neural artificial conta com vários
neurônios ligados, possuindo alguns modelos de arquitetura, uns mais básicos e
outros mais complexos. O modelo mais conhecido que utiliza o modo de

2
Células do sistema nervoso que estão relacionadas com a propagação do impulso nervoso, sendo consideradas as unidades
básicas desse sistema.

3
Região responsável por realizar a comunicação entre dois ou mais neurônios.
4
Prolongamentos do neurônio que garantem a recepção dos estímulos, levando o impulso nervoso em direção ao corpo
celular.
5
Uma entrada de valor "1" associada a um peso "b" em cada neurônio.
6
Prolongamento único de uma célula nervosa, por onde se transmite o influxo nervoso.
10
aprendizado supervisionado é chamado de Multilayer Perceptron, ou perceptron7
multicamadas, e sua arquitetura se forma por entradas, pesos e uma única saída.

As entradas possuem valores binários8 que se relacionam aos pesos, e


esses agregam a importância para o resultado, dando saídas de valores também
binários (PACHECO; PEREIRA, 2018).

Figura 2. Arquitetura Perceptron Multicamada.

Fonte:(PONTI; PARANHOS DA COSTA, 2017)

2.3.1.3 Redes Neurais Convolucionais


Sendo o tipo de rede mais utilizada, a Rede Neural Convolucional é um
modelo de Aprendizado Profundo que usa o processamento de imagens, filtrando
com base na estrutura bidimensional e fazendo o reconhecimento de padrões de
pixels9. Esse processo ocorre em três etapas: a convolução 10 da entrada, que
passa a imagem pelo núcleo neural e devolve um mapa de características, a
aplicação da função de ativação e a subamostragem, que agrupa os padrões
recolhidos em camadas superiores (PACHECO; PEREIRA, 2018).

Figura 3. Exemplo de Camadas Convolucionais.

7
Rede neural de camada única.
8
Um sistema que utiliza apenas dois valores para representar suas quantias, sendo o 0 e 1.

9
O menor ponto que forma uma imagem digital.
10
Representação matemática de como um sistema linear opera sobre um sinal.
11
(PONTI; PARANHOS DA COSTA, 2017)

2.3.2 Deep Learning


O Deep Learning, ou Aprendizado Profundo, é uma camada interna do
Machine Learning, sendo o seu diferencial a utilização de mais camadas de
processamento, entre a entrada e a saída, tornando assim sua arquitetura mais
complexa. Uma característica importante das redes Deep Learning é a
identificação de abstrações nos dados de todos os níveis, sendo os níveis
superiores formados a partir dos níveis inferiores, criando camadas interligadas
(PACHECO; PEREIRA, 2018).

Diferente do Machine Learning, o Deep Learning trabalha com inúmeras


funções na camada de processamento, ou seja, um dado entra e é analisado pela
primeira função, que irá recolher uma certa característica, e então o dado passará
para a segunda função que analisará uma outra característica, e assim o dado é
fracionado até que tenha passado por todas as funções da camada de
processamento, fazendo todo o mapeamento necessário para se chegar ao
resultado desejado (PACHECO; PEREIRA, 2018).

Figura 4. Arquitetura Deep com Duas Camadas Ocultas

12
Fonte:(PONTI; PARANHOS DA COSTA, 2017)

3. Materiais e Métodos
 Artigos e documentos acadêmicos para pesquisa e produção do documento,
através, principalmente, do Google Acadêmico;
 Uma máquina virtual utilizada para hospedagem do servidor web para a
criação do site.

 Criação de um formulário no Google Forms.

O principal objetivo do trabalho é verificar como a Inteligência artificial se


relaciona com as camadas sociais e analisar a necessidade da democratização
tecnológica.
Para tal, foi feita uma pesquisa teórica exploratória acerca da Inteligência
Artificial e seu desenvolvimento e uso ao longo dos anos. Além disso, a pesquisa
explora a desigualdade tecnológica nos tempos atuais e qual é o papel da
inteligência artificial nessa realidade. Considerando o tema como objeto de
questionamento da desigualdade tecnológica.
Para recolher informações da sociedade, foi feito um levantamento acerca
do conhecimento das pessoas sobre tecnologia através de um formulário
disponibilizado na internet, considerando principalmente a faixa etária e o acesso
diário as redes sociais. As perguntas foram elaboradas de forma simples para que
fosse possível obter o maior número possível de respostas.
Os dados serão analisados considerando as informações obtidas na
primeira parte da pesquisa e considerando fatores sociais e econômicos. Com os
resultados obtidos, será produzido um material acessível sobre o tema, como uma
13
solução temporária ao problema da desigualdade tecnológica encontrada durante
as pesquisas.

3.1 Montagem e criação do servidor web e do site


 Instalação da ISO do sistema operacional Linux UbuntuServer 18.04 LTS;
 Criação de uma máquina virtual no software Oracle VM VirtualBox com
100GB de armazenamento dinamicamente alocado, ou seja, só consome
armazenamento para aquilo que é usado, e com 2048 MB de memória RAM;
 Configuração do sistema operacional na máquina virtual criada;
 Acesso remoto através do protocolo SSH no MobaXterm, com o nome do
usuário e o IP da máquina;
 Mudança de nome da máquina para web 1, através do comando: sudo
hostnamectl set-hostname web1;
 Modificação do arquivo /etc/hosts para o DNS estar devidamente configurado
e garantir o acesso à Internet, modificando a segunda linha para o nome
web1;
 Instalação do servidor web Apache através do código sudo apt-get install
apache2 wget;
 Instalação da linguagem de programação PHP e de seu suporte com o
código: sudo apt-get install libapache2-mod-php7.2 php7.2 php7.2-curl
php7.2-gd php7.2-intl php7.2-xmlrpc php7.2-mysql php-pear;
 Instalação do MySQL Server através do código sudo apt-get install mysql-
server;
 Configuração do MySQL: sudo mysql_secure_installation; e a criação de um
banco de dados para o Wordpress;
 Instalação e configuração do sistema de gerenciamento de conteúdo (CMS)
Wordpress;
 Configuração do site de acordo com a preferência do administrador.

14
4. Resultados e Discussão
Foi composto um formulário para questionar o que a população sabe sobre
Inteligência Artificial. Compartilhado majoritariamente em redes sociais, foram
obtidas 161 respostas. As perguntas realizadas foram: 
  Qual a sua idade? 
 Você possui acesso à internet? 
 Como é feito esse acesso? 
 Qual é seu conhecimento sobre inteligência artificial? 
 Já ouviu falar de desigualdade tecnológica? 
 Acha importante o processo de democratização de conhecimento
tecnológico? 

O questionário atingiu de forma mais abrangente o público que varia de


menos de 18 anos até 25 anos. 
Observando os dados coletados referente à faixa etária do público que
colaborou ao projeto, percebe-se que jovens menores de 18 a 25 anos, que
representam 57,8% da totalidade de respostas, expressam, além de um maior
alcance proveniente das relações sociais e virtuais dos integrantes do grupo, um
maior direcionamento aos debates e pesquisas atuais sobre inteligências
artificiais e a crescente área das tecnologias da informação.
Enquanto isso, os colaboradores de 36 a 49 anos (21,7%), além de 26 a 34
anos (13,7%), demonstram prontidão de um público majoritariamente inserido no
mercado de trabalho, que vem sendo impactado diretamente por novos cenários
guiados a partir das tecnologias inteligentes. Essas faixas etárias não se
equiparam aos mais jovens, que cresceram inseridos em uma sociedade já
voltada para a internet e aos moldes das principais tecnologias difundidas
atualmente.
Por fim, os indivíduos de 50 anos ou mais (6,8%) caracterizam-se
minoritariamente, informação que presume uma significativa desigualdade
tecnológica entre gerações. Essa desigualdade relaciona-se à limitação de
acesso e disposição de recursos e conhecimentos básicos da área tecnológica,
um dos principais recortes temáticos desenvolvidos ao decorrer do presente
projeto integrador. Nesse sentido, o anseio por diferentes métodos de
15
democratização dos princípios do campo das inteligências artificiais faz-se
necessário, visto que a exclusão de minorias corrobora a uma gradual
desinformação e vulnerabilidade diante do que, para muitos, ainda é
desconhecido.

Tabela 1 – Faixa etária

Fonte: Acervo dos próprios autores (2021)

Todas as 161 pessoas possuem acesso diário a internet, das quais


majoritariamente possuem internet ou dados móveis próprios. Além disso
algumas pessoas alegaram que utilizam a Internet por meio de equipamentos ou
dados móveis emprestados e redes públicas de acesso, o que dificulta o acesso
ao conhecimento em geral.
A principal limitação da pesquisa, nesse aspecto, é o público atingido, visto
que 100% dos entrevistados possuem internet diária, ou seja, podem pesquisar
sobre inteligência artificial e outros tópicos a qualquer momento. Em outras
palavras, a tendência é que o público atingido tenha um maior conhecimento
sobre o assunto (inteligência artificial) do que um público que não tenha acesso a
internet, seja diário ou semanal.

Tabela 2 – Conexão com a internet

16
Fonte: Acervo dos próprios autores (2021)
Tabela 3 – Tipos de conexão dos entrevistados

Fonte: Acervo dos próprios autores (2021)

A grande maioria alegou ter conhecimento básico sobre inteligência


artificial, e em segundo lugar ficam as pessoas que alegam não saber nada sobre
o assunto. Dentre os que afirmam possuir conhecimento, recebemos diversas
respostas dissertativas que definem inteligência artificial como robôs,
computadores exercendo funções, programas inteligentes, entre outros, bem
como definições deturpadas e/ou não condizentes com a realidade.
O fato da maioria dos resultados ser voltada para um conhecimento nulo ou
básico sobre inteligência artificial, mostra que, embora essa tecnologia esteja em
praticamente todos os lugares e participando da vida de muitas pessoas, as
pessoas não se interessam pelo assunto, nunca pesquisaram sobre ou não têm
conhecimento sobre as suas aplicações da IA no cotidiano. O conhecimento
básico ou nulo sobre IA abre uma vasta gama entre pessoas que vão atrás do
conhecimento real sobre o que são/o que fazem e pessoas que não pesquisam e
acabam sendo influenciadas por diversos meios, principalmente midiáticos –
cinema, mídia jornalística e as redes sociais –, gerando uma espécie de senso
17
comum deturpado sobre o assunto. Esse senso comum deturpado, de uma
perspectiva mais ampla, cria uma sociedade que banaliza a mudança e as
tecnologias inseridas repentinamente (como é o caso da inteligência artificial),
com cada vez menos pensamento crítico e, consequentemente, uma sociedade
mais “maleável”, ou seja, uma sociedade que é influenciada mais facilmente.
Além disso, foi questionado acerca da existência de desvantagens no uso
das inteligências artificiais e, com 126 respostas, a maioria afirma haver
desvantagens em seu uso, algumas pessoas afirmaram não haver e poucas
afirmaram não saber opinar sobre. Por conta da principal faixa etária atingida e de
pouco conhecimento avançado sobre o assunto, é esperado que os comentários
sejam mais especulativos, ou seja, não sejam baseados em fatos apenas, mas
junto de opiniões pessoais.
A evolução da tecnologia referente às inteligências artificiais pode
revolucionar muitos setores da nossa atual sociedade, principalmente em relação
ao mercado de trabalho, com a criação de novos empregos e ocupação em
determinados cargos atualmente, e a tecnologia propriamente dita.
É reforçado, logo, que o conhecimento sobre o que é e como funciona a IA
seja melhor informado na sociedade, para que essa esteja ciente das possíveis
mudanças e que não se baseie no conhecimento advindo do senso comum,
muitas vezes com um conhecimento deturpado/errôneo sobre o assunto,
totalmente distorcido.

Tabela 4 – Conhecimento dos entrevistados sobre IA

Fonte: Acervo dos próprios autores (2021)

18
Quando questionados sobre desigualdade tecnológica, a maioria (52,2%)
alegou não saber do que se trata o termo. Os 47,6% que afirmaram saber o
significado de desigualdade tecnológica definiram, em sua maioria, como falta de
acesso a internet e equipamentos.

A porcentagem de entrevistados que não sabem o significado de


desigualdade tecnológica é muito relevante, o que demonstra a falta de
conhecimento geral sobre a realidade do país, onde muitos não possuem internet
ou aparelhos celulares. A desigualdade tecnológica é vista quando colocadas
cidades interiores e grandes polos industriais lado a lado, sendo na primeira uma
taxa de acesso a tecnologias menor do que na segunda, levando a desinformação
populacional sobre esse tema atual.

Ainda que a pesquisa não tenha sido realizada com uma quantidade
expressiva de pessoas, as respostas coletadas são de diversas regiões do Brasil,
o que manifesta uma questão nacional de conhecimento que não é distribuído
adequadamente para todos os brasileiros, independentemente da idade, tendo
em vista que de acordo com o gráfico 1, a maioria dos participantes são
adolescentes e jovens.

Tecnologia e Internet não são mais um tabu para o Brasil, mas a


disponibilidade e distribuição não é disposta de forma correta e igualitária,
ocorrendo diversos furos de proporção a regiões e habitantes menos favorecidos,
e essa desproporção ser desconhecida pela população geral gera uma
acomodação com a situação em que tantas pessoas estão incluídas.

Portanto, a relevância dessa pesquisa se comprova, pois dispondo o saber


sobre Inteligências Artificiais de forma simplificada, crianças, adolescentes,
jovens, adultos e idosos estarão aptos a entender essa tecnologia que é
considerada tão complexa e até mesmo fictícia, e esse conhecimento poderá
influenciar nessa taxa de ignorância sobre as desigualdades tecnológicas do
nosso país.

Tabela 5 – Desigualdade tecnológica

19
 
Fonte: Acervo dos próprios autores (2021)
Como pergunta final, questionamos se existe a necessidade da
democratização de assuntos tecnológicos num geral e, como foco do trabalho, da
inteligência artificial. 83,2%, ou, 133 pessoas responderam que Sim.

Quando questionados sobre a utilidade de iniciativas que promovam a


popularização e democratização a tópicos como inteligência artificial, 83,4% dos
participantes consideraram importante que esse e outros conhecimentos
tecnológicos fossem debatidos de forma que abrangesse e incluísse mais
pessoas. Algumas respostas individuais alegam que não adiantaria democratizar
o conhecimento sobre IA’s para quem mal sabe usar o celular ou que tal iniciativa
só geraria efeito caso as pessoas se interessassem mais.

Essa argumentação reforça a problemática que a crescente desigualdade


social fundou em território nacional há muitos anos, trazendo na população uma
mentalidade de que não tem como “arrumar”, pois o erro é muito grande,
contribuindo para a manutenção do sistema exclusivo em que vivemos
atualmente. Tal pensamento pode ser reafirmado com os 10,4% participantes que
assinalaram que esse tipo de iniciativa não faria tanta diferença. Ademais, reforça
a narrativa falha de que “quem quer vai atrás”, que demonstra uma visão elitista e
a falsa sensação de democratização, visto que é necessário considerar inúmeros
contextos para analisar as escolhas dos indivíduos e seus interesses.

Tabela 6 – Opinião dos entrevistados sobre a democratização do


conhecimento sobre IA

20
 
Fonte: Acervo dos próprios autores (2021)

5. Conclusão
Tendo em vista o crescente avanço tecnológico atualmente no mundo, com
o aprimoramento das inteligências artificiais, juntamente com a desigualdade
tecnológica presente na nossa sociedade e a infoexclusão das camadas
populares, o presente trabalho visa explicar, de forma didática e compreensível, o
que são as inteligências artificiais e como elas estão presentes em nosso
cotidiano.
Com a realização do formulário feito no Google Forms e a disponibilização
para as pessoas próximas do grupo, aproximadamente 160 pessoas, pode-se
concluir que boa parte destas não possuem conhecimento detalhado ou básico
sobre as inteligências artificiais, bem como cerca de metade dos entrevistados
não conhecem o termo desigualdade tecnológica e, portanto, não sabem o que
significa. Isso reforça a importância da realização desse trabalho, para uma
comunicação educativa com a sociedade sobre a tecnologia que está
constantemente mudando ao seu redor.
A montagem do protótipo do site possibilitou a simulação da montagem de um
website autêntico que demonstra o desenvolvimento do projeto e da
transformação de assuntos complexos em textos simples e instrutivos para a
sociedade, mais precisamente sobre inteligência artificial e a democratização ao
acesso de seu conhecimento e sobre a desigualdade tecnológica.
O presente trabalho contribuiria com a sociedade de forma geral, informando
e educando sobre a relevância das inteligências artificiais, pois atinge desde
21
pessoas com maior acessibilidade de dados e informações até pessoas com
menos acessibilidade, seja de camadas populares ou pessoas que não possuem
acesso à internet.
Embora esperado a criação de um meio de comunicação acessível à
sociedade sobre uma temática complexa e atual, não foi possível a criação de um
website autêntico e, portanto, não foi possível concretizar tal meio de comunicação.
Além disso, o website iria se limitar apenas a pessoas que possuem acesso à
internet, não sendo possível a comunicação com as pessoas que não a possuem.
A partir do que foi estudando podemos considerar que estes resultados não
são o final de toda essa discussão, e sim a porta para novos conhecimentos e
avanços, de modo que se possa cada dia mais integrar a sociedade com a
tecnologia para que essa desigualdade diminua. Os próximos passos devem ser
pensados com cautela e dedicação a fim de promover para a sociedade um maior
conhecimento sobre o que é a inteligência artificial e como elas impactam em
nossas vidas. Possibilitando assim que os números abordados neste projeto,
possam mudar para melhor futuramente, tornando as pessoas mais integradas com
a tecnologia, que só vem crescendo dia após dia.
Devido ao fim deste estudo, é evidente que vem ocorrendo um grande
aumento na área da inteligência artificial, que vem crescendo nos últimos anos em
disparada. Infelizmente ainda ocorre desigualdade tecnológica de forma global,
trazendo assim um país estar mais desenvolvido do que outro em relação a esses
recursos, com a disponibilidade de mais acesso a essas informações, podemos ter a
oportunidade igualitária de desenvolver níveis de habilidade que vão desde o básico
até o conhecimento mais complexo, levando assim conhecimento para todos e
possibilitando um melhor avanço em questão da Inteligência Artificial.

22
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